plano de saneamento caruaru

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 1 PREFEITURA MUNICIPAL DE CARUARU SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E POLÍTICAS AMBIENTAIS PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO SETORIAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 2012  

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    PREFEITURA MUNICIPAL DE CARUARU

    SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E POLTICAS AMBIENTAIS

    PLANO DE SANEAMENTO BSICO SETORIAL DE RESDUOS SLIDOS

    2012

  • 2

    PPLLAANNOO DDEE SSAANNEEAAMMEENNTTOO BBSSIICCOO SSEETTOORRIIAALL DDEE RREESSDDUUOOSS SSLLIIDDOOSS

  • 3

    CCOONNSSIIDDEERRAAEESS IINNIICCIIAAIISS

    A elaborao do Plano de Saneamento Bsico Setorial de Resduos Slidos,

    programa que ora se apresenta, mais um passo fundamental na busca da melhoria

    do Saneamento Bsico no Municpio de Caruaru, em conformidade com a Lei

    Federal N 11.445 de 05 de janeiro de 2007 que estabelece diretrizes nacionais para

    os servios pblicos do setor e com a Lei Federal N 12.305 de 02 de agosto de 2010

    que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    A definio de Saneamento Bsico segundo o Art. 3 da Lei 11.445/2007 :

    I - saneamento bsico: conjunto de servios, infraestruturas e instalaes

    operacionais de:

    a) abastecimento de gua potvel: constitudo pelas atividades, infraestruturas e

    instalaes necessrias ao abastecimento pblico de gua potvel, desde a

    captao at as ligaes prediais e respectivos instrumentos de medio;

    b) esgotamento sanitrio: constitudo pelas atividades, infraestrutura e

    instalaes operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposio final

    adequados dos esgotos sanitrios, desde as ligaes prediais at o seu lanamento

    final no meio ambiente;

    c) limpeza urbana e manejo de resduos slidos: conjunto de atividades,

    infraestruturas e instalaes operacionais de coleta, transporte,

    transbordo, tratamento e destino final do lixo domstico e do lixo originrio

    da varrio e limpeza de logradouros e vias pblicas;

  • 4

    d) drenagem e manejo das guas pluviais urbanas: conjunto de atividades,

    infraestruturas e instalaes operacionais de drenagem urbana de guas pluviais,

    de transporte, deteno ou reteno para o amortecimento de vazes de cheias,

    tratamento e disposio final das guas pluviais drenadas nas reas urbanas;

    Referente ao tema abordado neste trabalho, especificamente o conjunto de

    servios descritos no artigo anterior em destaque, dita a mesma Lei em seu Art. 7o:

    Para os efeitos desta Lei, o servio pblico de limpeza urbana e de manejo de

    resduos slidos urbanos composto pelas seguintes atividades:

    I - coleta, transbordo e transporte dos resduos relacionados na alnea c do inciso I

    do caput do art. 3o desta Lei;

    II - triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por

    compostagem, e de disposio final dos resduos relacionados na alnea c do inciso

    I do caput do art. 3o desta Lei;

    III - varrio, capina e poda de rvores em vias e logradouros pblicos e outros

    eventuais servios pertinentes limpeza pblica urbana.

    No Art. 9 da Lei 11.445/2007 fica estabelecido que o titular dos servios

    pblicos ser o responsvel por formular a respectiva poltica de saneamento bsico

    devendo, para tanto:

    I - elaborar os Planos de Saneamento Bsico;

  • 5

    II - prestar diretamente ou autorizar a delegao dos servios e definir o ente

    responsvel pela sua regulao e fiscalizao, bem como os procedimentos de sua

    atuao;

    III - adotar parmetros para a garantia do atendimento essencial sade pblica,

    inclusive quanto ao volume mnimo per capita de gua para abastecimento

    pblico, observadas as normas nacionais relativas a potabilidade da gua;

    IV - fixar os direitos e os deveres dos usurios;

    V - estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do caput do

    art. 3o da referida Lei;

    VI - estabelecer sistema de informaes sobre os servios, articulado com o

    Sistema Nacional de Informaes em Saneamento;

    VII - intervir e retomar a operao dos servios delegados, por indicao da

    entidade reguladora, nos casos e condies previstos em lei e nos documentos

    contratuais.

    J o Art. 19 da Lei em questo, determina que a prestao de servios pblicos

    de saneamento bsico observar plano, que poder ser especfico para cada

    servio e dever abranger, no mnimo:

    I - diagnstico da situao e de seus impactos nas condies de vida, utilizando

    sistema de indicadores sanitrios, epidemiolgicos, ambientais e socioeconmicos

    e, apontando as causas das deficincias detectadas;

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    II - objetivos e metas de curto, mdio e longo prazo para a universalizao,

    admitidas solues graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os

    demais planos setoriais;

    III - programas, projetos e aes necessrias para atingir os objetivos e as metas,

    de modo compatvel com os respectivos planos plurianuais e com outros planos

    governamentais correlatos, identificando possveis fontes de financiamento;

    IV - aes para emergncias e contingncias;

    V - mecanismos e procedimentos para a avaliao sistemtica da eficincia e

    eficcia das aes programadas.

    1o Os planos de saneamento bsico sero editados pelos titulares, podendo ser

    elaborados com base em estudos fornecidos pelos prestadores de cada servio.

    2o A consolidao e compatibilizao dos planos especficos de cada servio

    sero efetuadas pelos respectivos titulares.

    3o Os planos de saneamento bsico devero ser compatveis com os planos das

    bacias hidrogrficas em que estiverem inseridos.

    4o Os planos de saneamento bsico sero revistos periodicamente, em prazo no

    superior a 04 (quatro) anos, anteriormente elaborao do Plano Plurianual.

    5o Ser assegurada ampla divulgao das propostas dos planos de saneamento

    bsico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a realizao de

    audincias ou consultas pblicas.

  • 7

    6o A delegao de servio de saneamento bsico no dispensa o cumprimento

    pelo prestador do respectivo plano de saneamento bsico em vigor poca da

    delegao.

    7o Quando envolverem servios regionalizados, os planos de saneamento bsico

    devem ser editados em conformidade com o estabelecido no art. 14 desta Lei.

    8o Exceto quando regional, o plano de saneamento bsico dever englobar

    integralmente o territrio do ente da Federao que o elaborou.

    Com relao a Lei 12.305/2010, seu artigo 19 dispe sobre o Plano Municipal de

    Gesto Integrada de Resduos Slidos, conforme segue:

    Art. 19 1 - O plano municipal de gesto integrada de resduos slidos pode

    estar inserido no plano de saneamento bsico previsto no art. 19 da Lei n

    11.445, de 2007, respeitado o contedo mnimo previsto nos incisos do caput...,

    sendo ele:

    I - diagnstico da situao dos resduos slidos gerados no respectivo

    territrio, contendo a origem, o volume, a caracterizao dos resduos e

    as formas de destinao e disposio final adotadas;

    II - identificao de reas favorveis para disposio final

    ambientalmente adequada de rejeitos, observado o plano diretor de que

    trata o 1 do art. 182 da Constituio Federal e o zoneamento

    ambiental, se houver;

    III - identificao das possibilidades de implantao de solues

    consorciadas ou compartilhadas com outros Municpios, considerando,

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    nos critrios de economia de escala, a proximidade dos locais

    estabelecidos e as formas de preveno dos riscos ambientais;

    IV - identificao dos resduos slidos e dos geradores sujeitos a plano de

    gerenciamento especfico nos termos do art. 20 ou a sistema de logstica

    reversa na forma do art. 33, observadas as disposies desta Lei e de seu

    regulamento, bem como as normas estabelecidas pelos rgos do Sisnama

    e do SNVS;

    V - procedimentos operacionais e especificaes mnimas a serem

    adotados nos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de

    resduos slidos, includa a disposio final ambientalmente adequada

    dos rejeitos e observada a Lei n 11.445, de 2007;

    VI - indicadores de desempenho operacional e ambiental dos servios

    pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos;

    VII - regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de

    resduos slidos de que trata o art. 20, observadas as normas

    estabelecidas pelos rgos do Sisnama e do SNVS e demais disposies

    pertinentes da legislao federal e estadual;

    VIII - definio das responsabilidades quanto sua implementao e

    operacionalizao, includas as etapas do plano de gerenciamento de

    resduos slidos a que se refere o art. 20 a cargo do poder pblico;

    IX - programas e aes de capacitao tcnica voltados para sua

    implementao e operacionalizao;

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    X - programas e aes de educao ambiental que promovam a no

    gerao, a reduo, a reutilizao e a reciclagem de resduos slidos;

    XI - programas e aes para a participao dos grupos interessados, em

    especial das cooperativas ou outras formas de associao de catadores de

    materiais reutilizveis e reciclveis formadas por pessoas fsicas de baixa

    renda, se houver;

    XII - mecanismos para a criao de fontes de negcios, emprego e renda,

    mediante a valorizao dos resduos slidos;

    XIII - sistema de clculo dos custos da prestao dos servios pblicos de

    limpeza urbana e de manejo de resduos slidos, bem como a forma de

    cobrana desses servios, observada a Lei n 11.445, de 2007;

    XIV - metas de reduo, reutilizao, coleta seletiva e reciclagem, entre

    outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para

    disposio final ambientalmente adequada;

    XV - descrio das formas e dos limites da participao do poder pblico

    local na coleta seletiva e na logstica reversa, respeitado o disposto no art.

    33, e de outras aes relativas responsabilidade compartilhada pelo

    ciclo de vida dos produtos;

    XVI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalizao, no mbito

    local, da implementao e operacionalizao dos planos de

    gerenciamento de resduos slidos de que trata o art. 20 e dos sistemas de

    logstica reversa previstos no art. 33;

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    XVII - aes preventivas e corretivas a serem praticadas, incluindo

    programa de monitoramento;

    XVIII - identificao dos passivos ambientais relacionados aos resduos

    slidos, incluindo reas contaminadas, e respectivas medidas saneadoras;

    XIX - periodicidade de sua reviso, observado prioritariamente o perodo

    de vigncia do plano plurianual municipal.

    Art. 19 2 - Para Municpios com menos de 20.000 (vinte mil) habitantes, o

    plano municipal de gesto integrada de resduos slidos ter contedo

    simplificado, na forma do regulamento.

    Art. 19 3 - O disposto no 2o no se aplica a Municpios:

    I - integrantes de reas de especial interesse turstico;

    II - inseridos na rea de influncia de empreendimentos ou atividades com

    significativo impacto ambiental de mbito regional ou nacional;

    III - cujo territrio abranja, total ou parcialmente, Unidades de Conservao.

    Com base nestes artigos e utilizando-se do carter de especificidade destacado,

    o Municpio de Caruaru apresenta neste documento, parte integrante do Plano de

    Saneamento Bsico, o Plano de Resduos Slidos, elaborado por intermdio dos

    conceitos e parmetros envolvidos, que constituem o embasamento fundamental

    para o alcance de solues factveis e eficazes.

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    A elaborao do Plano de Saneamento Bsico Setorial de Resduos Slidos

    do Municpio de Caruaru exigiu a definio de uma metodologia capaz de

    diagnosticar satisfatoriamente o quadro do saneamento ambiental, no que tange aos

    resduos slidos, e de propor aes a serem implementadas na soluo gradual e

    global das carncias deste servio na cidade. Dessa forma, a metodologia utilizada nas

    diversas etapas incluiu tanto a tomada de decises relativas a aspectos conceituais,

    quanto o desenvolvimento de trabalhos especficos e interdisciplinares.

    Inicialmente e, para subsidiar o conhecimento dos servios de saneamento no

    municpio, foi elaborado diagnstico setorial relativo aos resduos slidos. Esse

    diagnstico foi produzido com base nos dados e informaes disponveis nos diversos

    rgos da Administrao Municipal.

    Alm da elaborao deste diagnstico, foi realizada uma sntese dos planos e

    programas prioritrios do Executivo Municipal que incluem o componente

    saneamento, possibilitando assim uma anlise mais abrangente da realidade

    municipal.

    Cabe ressaltar a possibilidade de atualizao permanente do banco de dados

    gerador do indicador escolhido, desde que se mantenha a deciso poltica, a unidade

    de propsitos e a disposio das instituies envolvidas na produo do Plano de

    Saneamento Bsico Setorial de Resduos Slidos.

    fundamental compreender que este Plano de Saneamento Bsico Setorial

    de Resduos Slidos no se encerra com a produo e publicao deste trabalho. O

    Plano ora exposto , na verdade, um processo absolutamente dinmico de

    planejamento das aes e servios de saneamento de Caruaru. Para tanto,

    indispensvel um monitoramento permanente dessas aes e servios, de forma que

    seja possvel aprimorar a sua gesto, atravs da produo e divulgao sistemtica de

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    dados e de informaes atuais e confiveis, da consequente gerao de indicadores e

    de ndices setoriais, da valorizao e garantia do controle e da participao popular.

    Esse processo ir assegurar a permanente atualidade do Plano, que dever

    sofrer ajustes em funo de eventuais mudanas conjunturais.

    Destacamos, mais uma vez, que este estudo est articulado com a Poltica

    Nacional de Resduos Slidos, Lei Federal N 12.205 de 02 de agosto de 2010,

    conforme dispe o Artigo 5 da referida Lei.

    Art. 5 - A Poltica Nacional de Resduos Slidos integra a Poltica Nacional do

    Meio Ambiente e articula-se com a Poltica Nacional de Educao Ambiental,

    regulada pela Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999, com a Poltica Federal de

    Saneamento Bsico, regulada pela Lei n 11.445, de 2007, e com a Lei no 11.107,

    de 6 de abril de 2005.

  • 13

    SSUUMMRRIIOO

    Captulo I: Conceituao do Sistema de Limpeza Urbana

    I.1. - Objeto do Estudo

    I.2. - A Problemtica dos Resduos Urbanos

    I.3. - Aspectos Legais

    Captulo II: Diagnstico da Situao do Sistema e seus Impactos

    II.1.- Caracterizao do Municpio

    II.2.- Estrutura Atual do Sistema

    II.3.- Impactos Ambientais

    Captulo III: Objetivos e Metas do Programa

    III.1.- Objetivos

    III.2.- Aes e Metas

    III.3.- A Estrutura para a Gesto das Aes Propostas

    Captulo IV: Projetos para Implementao do Programa e Aes para Emergncias e Contingncias

    IV.1.- Projeto da Limpeza Urbana

    IV.2.- Projeto para o Tratamento de Resduos

    IV.3.- Estimativa de Investimentos dos Projetos

    IV.4.- Aes para Emergncias e Contingncias

    IV.5.- Concluses

    Captulo V: Procedimentos para Avaliao das Aes Programadas

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    CCAAPPTTUULLOO II:: CCOONNCCEEIITTUUAAOO DDOO SSIISSTTEEMMAA DDEE LLIIMMPPEEZZAA UURRBBAANNAA

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    CCAAPPTTUULLOO II:: CCOONNCCEEIITTUUAAOO DDOO SSIISSTTEEMMAA DDEE LLIIMMPPEEZZAA UURRBBAANNAA

    A realidade social mundial e brasileira identifica a crescente urbanizao como

    um processo de aumento do nmero de cidades ou de inchao horizontal das j

    existentes e, expe a necessidade de se estabelecer uma poltica administrativa cuja

    gesto esteja conectada s exigncias decorrentes destas aglomeraes urbanas.

    A estrutura dos servios pblicos deve se fundamentar numa anlise precisa e

    concludente que caracterize o nvel de adensamento e de uso e ocupao do solo

    urbano, como o objetivo de atender as necessidades relacionadas gua, ao esgoto e

    limpeza urbana.

    A fim de que possam ser antevistas as solues, so abordados a seguir os

    principais aspectos da limpeza urbana, no que concerne coleta e, principalmente, ao

    tratamento e disposio dos resduos urbanos.

    Nessas condies destacam-se os seguintes assuntos:

    Objeto do Estudo;

    A Problemtica dos Resduos Urbanos; e

    Aspectos Legais.

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    I.1 OBJETO DO ESTUDO

    Este estudo refere-se reviso do Plano de Saneamento Bsico Setorial de

    Resduos Slidos do Municpio de Caruaru, conforme as diretrizes indicadas na Lei

    Federal 11.445/2007 e na Lei Federal 12.305/2010, j que o referido Plano foi

    elaborado em novembro de 2005, antes da existncia das Leis citadas. Este estudo

    possui, ainda, como objetivo diagnosticar e estabelecer um novo projeto para a cidade

    de Caruaru.

    A finalidade principal da coleta regular do resduo gerado pela comunidade

    evitar a multiplicao de vetores geradores de doenas, tais como: ratos, baratas e

    moscas, que encontram nos resduos descartados as condies ideais para se

    desenvolverem. Assim, a falta de regularidade deste servio pode afetar a sade

    pblica, uma vez que os vetores proliferam doenas.

    DAlmeida e Vilhena (2000) apontam algumas dificuldades enfrentadas pelos

    administradores na gesto de limpeza urbana municipal, como:

    inexistncia de uma poltica brasileira de limpeza pblica;

    limitaes de ordem financeira, como oramentos inadequados, fluxos de caixa

    desequilibrados, tarifas desatualizadas, arrecadao insuficiente e inexistncia

    de linhas de crdito especficas;

    deficincia na capacitao tcnica e profissional do gari ao engenheiro chefe;

    descontinuidade poltica e administrativa;

    ausncia de controle ambiental.

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    Salienta-se que para a cidade permanecer limpa deve-se existir um bom

    relacionamento entre a Prefeitura, a populao e os grandes geradores, com

    responsabilidade de ambas as partes:

    So deveres da administrao municipal:

    adotar as providncias para que todos os cidados sejam atendidos pela coleta

    de resduos domiciliares;

    assegurar que os veculos coletores passem regularmente nos mesmos locais,

    dias e horrios e,

    divulgar com antecedncia, o programa de coleta dos resduos domiciliares,

    bem como, de outros tipos de resduos.

    So deveres dos cidados:

    colocar os resduos em locais de fcil acesso aos caminhes da coleta,

    acondicionados em sacos plsticos fechados, evitando assim o acesso de insetos,

    roedores e outros animais;

    colocar os resduos nos contineres para que a Prefeitura realize a coleta

    mecanizada dos mesmos;

    colocar os resduos, acondicionados de forma adequada, no mximo duas

    horas antes da execuo do servio de coleta;

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    dispor os recipientes em locais fora de alcance dos animais, como, por

    exemplo, sobre lixeiras altas, o que evitar o espalhamento dos resduos no

    passeio pblico e,

    acondicionar adequadamente objetos cortantes, especialmente, garrafas e

    lmpadas quebradas.

    So deveres dos grandes geradores de resduos:

    Possuir responsabilidade e arcar com todos os custos envolvidos no

    gerenciamento dos resduos gerados, perigosos ou no, abrangendo manuseio,

    acondicionamento adequado, documentao correta, coleta, transporte,

    destinao e disposio final,

    Assim, acredita-se ser de fundamental importncia investigar quais so os

    principais desafios logsticos enfrentados pelos administradores dos servios de

    limpeza urbana, especificamente na operao da coleta, transporte e tratamento dos

    resduos slidos urbanos.

    Para tanto, inicialmente apresenta-se uma explanao terica a respeito da

    classificao dos resduos slidos urbanos (RSU).

    1. CLASSIFICAO DOS RESDUOS SLIDOS

    1.1 NBR 10.004/2004

    Segundo a NBR 10.004/04, avaliando o grau de periculosidade dos resduos

    slidos, ou seja, os riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica, os mesmos

    podem ser classificados em:

  • 19

    Resduos Classe I - Perigosos

    Os Resduos Classe I Perigosos so aqueles que apresentam periculosidade e

    caractersticas como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e

    patogenicidade. Um resduo considerado inflamvel quando este for um lquido com

    ponto de fulgor inferior a 60C, quando no for lquido, mas for capaz de produzir

    fogo por frico, absoro de umidade ou por alteraes qumicas nas condies de

    temperatura e presso de 25C e 1atm, ou quando for um oxidante, assim entendido

    como substncia que pode liberar oxignio ou ser um gs comprimido inflamvel.

    Um resduo caracterizado como corrosivo se este for aquoso e apresentar pH

    inferior ou igual a 2 ou superior ou igual a 12,5, ou sua mistura com gua, na

    proporo de 1:1 em peso, produzir uma soluo que apresente pH inferior a 2 ou

    superior ou igual a 12,5, for lquida ou quando misturada em peso equivalente de

    gua, produzir um lquido e corroer o ao a uma razo maior que 6,35mm ao ano, a

    uma temperatura de 55C.

    Um resduo considerado como reativo se ele for normalmente instvel e reagir

    de forma violenta e imediata, sem detonar, reagir violentamente com a gua, formar

    misturas potencialmente explosivas com a gua, gerar gases, vapores e fumos txicos

    em quantidades suficientes para provocar danos sade pblica ou ao meio

    ambiente, quando misturados com a gua, possurem em sua constituio os ons CN-

    ou S2- em concentraes que ultrapassem os limites de 250 mg de HCN libervel por

    quilograma de resduo ou 500 mg de H2S libervel por quilograma de resduo,

    quando for capaz de produzir reao explosiva ou detonante sob a ao de forte

    estmulo, ao cataltica ou temperatura em ambientes confinados, for capaz de

    produzir, prontamente, reao ou decomposio detonante ou explosiva a 25C e 1

    atm, for explosivo, assim definido como uma substncia fabricada para produzir um

    resultado prtico, atravs de exploso ou efeito pirotcnico, esteja ou no esta

    substncia contida em dispositivo preparado para este fim.

  • 20

    Um resduo caracterizado como patognico se uma amostra representativa

    dele contiver ou houver suspeita de conter, microrganismos patognicos, protenas

    virais, cidos desoxirribonuclicos (ADN) ou cido ribonuclico (ARN)

    recombinantes, organismos geneticamente modificados, plasmdeos, cloroplastos,

    mitocndrias ou toxinas capazes de produzir doenas em homens, animais ou

    vegetais.

    Resduos Classe II No Perigosos

    Resduos Classe II A No Inertes: so aqueles que no se enquadram nas

    classificaes de resduos Classe I ou de resduos Classe II B. Os resduos Classe

    II A podem ter propriedades tais como: biodegradabilidade, combustibilidade

    ou solubilidade em gua.

    Resduos Classe II B Inertes: quaisquer resduos que, quando amostrados de

    forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato

    dinmico e esttico com gua destilada ou deionizada, temperatura ambiente,

    conforme ABNT NBR 10006, no tiverem nenhum de seus constituintes

    solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua,

    excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme Anexo G da

    referida norma.

    1.2 Segundo a origem:

    O resduo tambm poder ser classificado, de acordo com a sua origem, isto :

    resduo comercial, de varrio e feiras livres, servios de sade e hospitalares, portos,

    aeroportos e terminais ferro e rodovirios, industriais, agrcolas, da construo civil e

    os resduos slidos domiciliares urbanos.

  • 21

    Resduo comercial

    aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais, tais como,

    supermercados, estabelecimentos bancrios, lojas, bares, restaurantes, etc. O resduo

    destes estabelecimentos e servios tem um forte componente de papel, plsticos,

    embalagens e resduos de asseios dos funcionrios, tais como, papis toalha, papel

    higinico etc.

    Resduo pblico

    So aqueles originados dos servios de limpeza pblica urbana, incluindo todos

    os resduos de varrio das vias pblicas, limpeza de praias, de galerias, de esgotos,

    de crregos e de terrenos, restos de podas de rvores e de feiras livres.

    Resduo hospitalar

    Constituem os resduos spticos, ou seja, que contm ou potencialmente podem

    conter germes patognicos. So produzidos em servios de sade, tais como:

    hospitais, clnicas, laboratrios, farmcias, clnicas veterinrias, postos de sade etc.

    So agulhas, seringas, gases, bandagens, algodes, rgos e tecidos removidos, meios

    de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descartveis,

    remdios com prazos de validade vencidos, instrumentos de resina sinttica, filmes

    fotogrficos de raios X, etc.

    Resduos asspticos destes locais, constitudos por papis, restos da preparao

    de alimentos, resduos de limpezas gerais (ps, cinzas etc.), e outros materiais que

    no entram em contato direto com pacientes ou com os resduos spticos

    anteriormente descritos, so considerados como domiciliares.

  • 22

    Resduo de portos, aeroportos, terminais rodo e ferrovirios

    Constituem os resduos spticos, ou seja, aqueles que contm ou potencialmente

    podem conter germes patognicos, trazidos aos portos, terminais e aeroportos.

    Basicamente, originam-se de material de higiene, asseio e restos de alimentao que

    podem veicular doenas provenientes de outras cidades, estados ou pases.

    Resduo industrial

    aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indstria, tais como,

    metalrgica, qumica, petroqumica, papelaria, alimentcia etc. O resduo industrial

    bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodo, leos, resduos alcalinos

    ou cidos, plsticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escrias, vidros,

    cermicas etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria dos resduos considerados

    txicos.

    A NBR 10.004 disponibiliza uma lista de resduos e contaminantes perigosos.

    Em alguns casos, de acordo com a NBR 10005, podem ser necessrios testes de

    lixiviao para determinar e classificar os resduos.

    Com relao ao gerenciamento dos resduos, de acordo a Lei 12.305 de 02 de

    agosto de 2010 que estabelece a Poltica Nacional de Resduos Slidos, o gerador

    responsvel pelo plano de gerenciamento dos resduos slidos deve disponibilizar ao

    rgo municipal competente, ao rgo licenciador do Sisnama e a outras autoridades,

    informaes atualizadas sobre a implementao e a operacionalizao do plano sob

    sua responsabilidade, devendo ser implementado o sistema declaratrio com

    periodicidade, no mnimo, anual, na forma do regulamento.

  • 23

    Resduo agrcola

    So os resduos slidos das atividades agrcolas e da pecuria, como embalagens

    de adubos, defensivos agrcolas, rao etc. Em vrias regies do mundo, estes

    resduos j constituem uma preocupao crescente, destacando-se as enormes

    quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuria intensiva. Tambm

    as embalagens de agroqumicos diversos, em geral altamente txicos, tm sido alvo

    de legislao especfica, que define os cuidados com a sua disposio final e, por

    vezes, co-responsabilizando a prpria indstria fabricante destes produtos.

    Resduo da construo civil

    So os resduos provenientes de demolies e restos de obras, construes,

    reformas, reparos, entre outros, e os resultantes da preparao e da escavao de

    terrenos, tais como: tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,

    resinas, colas, tintas, madeiras, compensados, forros e argamassas, gesso, telhas,

    pavimento asfltico, vidros, plsticos, tubulaes e fiao eltrica, comumente

    chamados de entulhos de obras.

    Resduo domiciliar

    aquele originado da vida diria das residncias, constitudo por restos de

    alimentos (tais como, cascas de frutas, verduras etc.), produtos deteriorados, jornais e

    revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higinico, fraldas descartveis e uma

    grande diversidade de outros itens. Contm, ainda, alguns resduos que podem ser

    potencialmente txicos.

    Qualquer material descartado que possa por em risco a sade do homem ou o

    meio ambiente, devido sua natureza qumica ou biolgica, considerado perigoso.

  • 24

    No resduo municipal so grandes as variedades de produtos com substncias

    que conferem caractersticas de inflamabilidade, corrosividade, xido-reduo ou

    toxidade.

    Pilhas, lmpadas fluorescentes e frascos de aerossis esto presentes no resduo

    domiciliar em quantidades significativamente maiores em relao a outros resduos

    potencialmente perigosos, principalmente, em cidades de mdio e grande porte. As

    pilhas e as lmpadas fluorescentes so classificadas como resduos perigosos por

    terem metais pesados que podem migrar e vir a integrar a cadeia alimentar do

    homem.

    O fato dos frascos de aerossis serem classificados como resduos perigosos no

    se d em face das suas embalagens, mas sim em face dos restos de substncias

    qumicas que essas contm quando descartadas. Com o rompimento do frasco, essas

    substncias podem contaminar o meio ambiente, migrando para as guas superficiais

    e/ou subterrneas.

    2. COMPOSIO DO RESDUO

    A composio fsica e qumica do resduo, assim como as demais caractersticas

    resultam das anlises e determinaes descritas nos itens anteriores. Estes mtodos

    so recomendados por organizaes internacionais como o Institute of Solid Waste da

    American Public Works Association - APWA.

    A indicao de normas tcnicas (NBR 10.004; NBR 10.005 e NBR 10.007) uma

    tentativa de padronizao que alguns especialistas em limpeza pblica recomendam

    no sentido de reduzir as incertezas nas anlises e na formulao das composies do

    resduo. Desse modo, importante seguir as normatizaes para que, em futuro

    prximo, seja possvel obter resultados mais consistentes e homogneos.

  • 25

    Os procedimentos bsicos normalmente adotados para a caracterizao

    gravimtrica dos resduos slidos domiciliares esto descritos a seguir:

    descarregamento dos veculos coletores em ptio coberto;

    separao de uma amostra inicial com aproximadamente 300 kg, formada de

    resduos retirados de diversos pontos do resduo descarregado;

    rompimento dos sacos plsticos e revolvimento dos resduos

    (homogeneizao);

    execuo do quarteamento, que consiste em repartir a amostra de resduo em

    quatro montes de forma homognea, escolhendo-se dois montes de maior

    representatividade;

    mistura e revolvimento dos montes escolhidos e execuo de novo

    quarteamento, escolhendo-se dois montes significativos para que seja efetuada

    a triagem. A triagem ser realizada separando-se os seguintes componentes:

    papel, papelo, madeira, trapos, couro, borracha, plstico duro, plstico mole,

    metais ferrosos, metais no ferrosos, vidro, entulho e alumnio;

    os materiais orgnicos sero deixados sobre o solo e pesados ao trmino da

    operao e;

    pesagem dos componentes com uma balana de sensibilidade de 100 gramas.

    Aps o trmino dessas atividades de campo, os dados de pesagem obtidos sero

    tabulados e, para equacionar corretamente o servio de limpeza pblica, faz-se

  • 26

    necessrio conhecer as caractersticas do resduo, que so variveis conforme a

    cidade.

    Esta variabilidade se d em funo de fatores como, por exemplo, a atividade

    dominante (industrial, comercial, turstica etc.), os hbitos e costumes da populao

    (principalmente quanto alimentao), o clima e a renda.

    Estas variaes acontecem mesmo dentro de uma cidade, de acordo com o

    bairro considerado e, tambm podem se modificar durante o decorrer do ano ou de

    ano para ano, tornando necessrios levantamentos peridicos para atualizao de

    dados.

    As caractersticas do resduo podem ser divididas em fsicas, qumicas e

    biolgicas (SUCEAM, 1994).

    Caractersticas fsicas

    Composio gravimtrica, peso especfico, teor de umidade, compressividade e

    gerao per capita.

    Composio gravimtrica

    o percentual de cada componente em relao ao peso total do resduo.

    Peso especfico

    a relao entre o peso do resduo e o volume ocupado, expresso em Kg/m3.

    Sua determinao fundamental para o dimensionamento de equipamentos e

    instalaes. O peso especfico poder variar de acordo com a compactao.

  • 27

    Teor de umidade

    uma caracterstica decisiva, principalmente nos processos de tratamento e

    disposio final, bem como para a avaliao do poder calorfico. Varia muito em

    funo das estaes do ano e incidncia de chuvas.

    Compressividade

    Indica a reduo de volume que a massa de resduo pode sofrer, quando

    submetida determinada presso. A compressividade situa-se entre 1:3 e 1:4 para

    uma presso equivalente a 4 kg/cm2. Estes dados so utilizados para o

    dimensionamento dos equipamentos compactadores.

    Gerao per capita

    Relaciona a quantidade de resduos gerados diariamente e o nmero de

    habitantes de determinada regio. No Brasil, segundo a ABRELPE, no estudo

    Panorama dos Resduos Slidos no Brasil 2009, a faixa mdia de variao de 0,7

    a 1,1 kg/habitante/dia, dependendo da quantidade de habitantes.

    Caractersticas qumicas

    Definio de tratamentos, grau de degradao da matria orgnica e teor

    calorfico.

    Dados para definio de tratamentos: teores de cinzas totais e solveis, pH,

    matria orgnica, carbono, nitrognio, potssio, clcio, fsforo e gorduras.

  • 28

    Grau de degradao da matria orgnica

    Relao carbono/nitrognio ou C/N que indica o grau de degradao da matria

    orgnica e um dos parmetros bsicos para a compostagem.

    Poder calorfico

    Indica a capacidade potencial de um material desprender calor quando

    submetido queima.

    Caractersticas biolgicas

    o estudo da populao microbiana e dos agentes patognicos presentes no

    resduo urbano.

  • 29

    I.2 - A PROBLEMTICA DOS RESDUOS URBANOS

    Na tentativa de retratar a problemtica dos resduos urbanos, enfocando tanto

    as necessidades regionais de processamento e disposio final, quanto o potencial de

    recuperao destes, recentes trabalhos tm se destinado ao levantamento e

    compilao de dados referentes a esta questo.

    A consistncia de dados extrados de fontes diversas constitui uma primeira

    preocupao quando se analisa a questo dos resduos slidos. Neste sentido, os

    dados aqui apresentados sofreram um intenso tratamento, com vrias checagens e

    cruzamento de informaes de fontes diversas, o que no significa uma fiel

    representao da realidade, mas sim uma melhor aproximao. Aps a

    homogeneizao dos dados, foi possvel a montagem de um conjunto agregado de

    informaes que permite, se no concluir acerca da questo, pelo menos perceber sua

    gravidade.

    Quanto aos dados populacionais, a deteco de diferenas entre os dados

    obtidos atravs das pesquisas e estimativas do IBGE permite constatar as incertezas

    associadas tambm a esses levantamentos.

    Uma dificuldade adicional com relao aos dados levantados surge ao se tentar

    atribuir nveis de confiabilidade para quaisquer das fontes utilizadas.

    Tomando-se, por exemplo, as estimativas do IBGE, nota-se que a despeito da

    homogeneidade metodolgica, estas estimativas no conseguem captar alteraes

    populacionais de curto e mdio prazo, induzidas por mudanas estruturais e

    funcionais em uma dada regio. Por outro lado, os dados fornecidos por entidades

    estaduais ou municipais apresentam como principal causa de distores, as

    diferenas metodolgicas e de qualidade ou confiabilidade dos levantamentos.

  • 30

    Com relao aos dados de resduos urbanos, os problemas vo desde a prpria

    conceituao de resduo urbano, at a precariedade das condies, materiais e

    humanas, encontradas nas execues dos levantamentos.

    Quanto abrangncia da amostragem, no que diz respeito ao percentual da

    populao urbana regional inserida nos centros pesquisados, os dados apresentados

    na referida pesquisa tm uma significativa representatividade.

    A gerao de resduos vem tomando propores assustadoras em funo dos

    hbitos, cada vez mais reforados, da chamada sociedade de consumo, que veem com

    absoluta naturalidade e imparcialidade, a substituio massificada de produtos e bens

    durveis por outros descartveis.

    Aliada ao descarte, a falta de racionalidade no estabelecimento de tecnologias

    de produo, no uso de energia, de matrias-primas, de recursos no renovveis,

    entre outros, compem um triste quadro de contraste.

    Para a superao deste cenrio e em consonncia com os princpios do

    desenvolvimento sustentvel deve-se buscar a implantar um sistema que possa

    promover a segregao nas fontes geradoras, visando a minimizar os efeitos

    ambientais negativos decorrentes da gerao dos resduos e a maximizar os

    benefcios sociais e econmicos para o municpio.

    O modelo de gerenciamento de resduos deve incentivar a participao popular

    na discusso e implantao de vrias aes, reservando ao poder pblico o papel de

    articulador de solues integradas por intermdio de parcerias com setores da

    sociedade civil, empresarial e tecnolgica.

    Ultimamente, alguns os municpios tm procurado adotar um Programa de

    Manejo Integrado e diferenciado dos resduos, que viabiliza a gerao de novos

  • 31

    empregos, permite descentralizar o tratamento e, nestes casos, reduz o percurso de

    transporte do resduo dentro do municpio. O Programa visa ao mximo

    aproveitamento dos materiais com a sua reintroduo no sistema produtivo atravs

    da reciclagem, ou retornando-os ao meio ambiente de forma recuperadora.

    certo que a composio do resduo varia de municpio para municpio, porm,

    se uma parte deste resduo for utilizada em produo de composto orgnico e outra

    reciclada em indstria, o volume final com destino a aterros sanitrios ser bastante

    reduzido.

    Em Caruaru, com o crescimento da cidade e considerando sua vocao para o

    turismo, principalmente no ms de junho, o desafio da limpeza urbana no consiste

    apenas em coletar o resduo de logradouros e edificaes, mas, principalmente, em

    dar um destino final adequado a esses resduos.

    Perante o grande volume de resduo slido recolhido, observa-se cada vez mais

    a dificuldade no tratamento e na disposio destes.

    O crescimento populacional de Caruaru e, ao mesmo tempo, a mudana no

    consumo dos cidados so fatores que influenciam na questo da gerao de resduos

    e que modicam a composio e o volume dos resduos slidos gerados pela populao

    se comparado com dcadas anteriores. Sabe-se que o crescimento considervel da

    populao eleva a demanda de consumo de alimentos e a utilizao de gua, e

    consequentemente a liberao de esgotos, a gerao de resduos slidos, podendo

    comprometer os servios de saneamento ambiental.

    Muito se tem ouvido falar em sustentabilidade nos dias atuais, e embora a maior

    parte das abordagens, at agora, tenha privilegiado o impacto no meio ambiente

    (biodiversidade, nvel de tolerncia da natureza e dos recursos), esta comea a mudar

  • 32

    (ou a ser ampliada), especialmente nos pases no desenvolvidos, entre eles o Brasil,

    envolvendo tambm os aspectos econmicos, sociais e culturais.

    Quanto reciclagem, do ponto de vista econmico, segundo Calderoni (2003),

    no reciclar significa deixar de auferir rendimentos da ordem de bilhes de reais

    todos os anos. Segundo o mesmo autor, a reduo no consumo de matria-prima

    constitui o principal fator de economia, seguida da reduo no consumo de energia

    eltrica.

    E do ponto de vista social, a tecnologia de reciclagem apontada como uma das

    alternativas para a gerao de emprego e renda. O resultado que alm da economia

    de matria-prima e energia na produo de novos agregados, a reciclagem de

    resduos da construo e demolio proporcionam novas oportunidades de emprego

    para uma parcela da populao que frequentemente excluda. inegvel, portanto,

    o benefcio trazido para a indstria, sucateiros, carrinheiros e catadores em geral.

  • 33

    I.3 ASPECTOS LEGAIS

    Os aspectos legais relativos aos resduos slidos tm sido disciplinados pela

    Unio, que legisla sobre normas de mbito federal, pelos Estados, que legislam de

    forma complementar Unio e, pelos Municpios que legisla de forma detalhada,

    atravs de suas posturas municipais, quando se tratam de assuntos ligados aos

    resduos slidos domiciliares e aos servios de limpeza pblica.

    A seguir so apresentadas as principais normas legais e atualmente vigentes,

    tanto no mbito federal, como no mbito estadual e, as normas tcnicas relativas aos

    resduos slidos.

    Aspectos Legais Unio

    Decreto n 50.877, de 29/06/61 Dispe sobre o lanamento de resduos txicos

    ou oleosos nas guas interiores ou litorneas do pas e d outras providncias.

    Decreto Lei n 1.413, de 14/08/75 Dispe sobre o controle da poluio do meio

    ambiente provocada por atividades industriais.

    Decreto Lei n 76.389, de 03/10/75 Dispe sobre as medidas de preveno e

    controle da poluio que trata o Decreto Lei 1.413 e d outras providncias

    (alterada pelo Decreto n. 85.206, de 25/09/80).

    Portaria do Ministrio do Interior n 53, de 01/03/79 Dispe sobre os

    problemas oriundos da disposio dos resduos slidos.

  • 34

    Resoluo CONAMA n 3, de 03/06/90 Dispe sobre padres de qualidade do

    ar;

    Portaria Normativa do IBAMA n 1.197, de 16/07/90 Dispe sobre a

    importao de resduos, sucatas, desperdcios e cinzas.

    Resoluo CONAMA n 2, de 22/08/91 Estabelece que as cargas deterioradas,

    contaminadas, fora de especificao ou abandonadas so tratadas como fonte

    especial de risco ao meio ambiente.

    Resoluo CONAMA n 6, de 19/09/91 Dispe sobre o tratamento de resduos

    slidos provenientes de estabelecimentos de sade, portos e aeroportos.

    Resoluo CONAMA n 5, 05/08/93 Dispe sobre o gerenciamento de resduos

    slidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferrovirios e rodovirios.

    Lei n 9.055, de 01/06/95 Disciplina a extrao, industrializao, utilizao,

    comercializao e transporte do asbesto/amianto e dos produtos que o

    contenham, bem como das fibras naturais e artificiais, de qualquer origem,

    utilizada para o mesmo fim.

    Portaria IBAMA n 45, de 29/06/95 Constitui a Rede Brasileira de manejo

    Ambiental de resduos REBRAMAR, integrada Rede Pan Americana de Manejo

    Ambiental de resduos REPAMAR, coordenada para a Amrica Latina e Caribe

    pelo Centro Pan Americano de Engenharia sanitria e Cincias Ambientais CEPIS.

    Resoluo CONAMA n 4, de 09/10/95 Probe a instalao de atividades que se

    constituam em foco de atrao de pssaros em rea de Segurana Aeroporturia.

  • 35

    Resoluo CONAMA n 23, de 12/12/96 Dispe sobre o movimento

    transfronteirio de resduos.

    Portaria IBAMA n 113, de 25/09/97 Obriga ao registro no Cadastro Tcnico

    Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras de Recursos Ambientais, s

    pessoas fsicas ou jurdicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras

    e/ou extrao, produo, transporte e comercializao de produtos

    potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de minerais, produtos e

    subprodutos da fauna, flora e pesca.

    Decreto n 2.350, de 15/10/97 Regulamenta a Lei n. 9.055, de 1 de junho de

    1995 que disciplina a extrao, industrializao, utilizao, comercializao e

    transporte do asbesto/amianto e dos produtos que o contenham, bem como das

    fibras naturais e artificiais, de qualquer origem, utilizada para o mesmo fim.

    Resoluo CONAMA n 237, de 19/12/97 Dispe sobre o processo de

    Licenciamento Ambiental, e estabelece a relao mnima das atividades ou

    empreendimentos sujeitos a este Licenciamento. Dentre eles consta: tratamento

    e/ou disposio de resduos slidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de

    fossas.

    Resoluo CONAMA n 235, de 07/01/98 Altera o anexo 10 da Resoluo

    CONAMA n 23/1996.

    Lei n 9.605, de 28/01/98 Dispe sobre as sanes penais e administrativas

    derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e d outras

    providncias (conhecida como lei de crimes ambientais).

    Resoluo CONAMA n 244, de 16/10/98 Exclui item do anexo 10 da Resoluo

    CONAMA n 23/1996.

  • 36

    Portaria MME-MMA n 1, de 29/07/99 Declara responsveis pelo recolhimento

    de leo lubrificante usado ou contaminado, o produtor, o importador, o

    revendedor e o consumidor final de leo lubrificante acabado.

    Decreto n 3.179, de 21/09/99 especifica as sanes administrativas aplicveis

    s condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, dispostas, dentre outras

    normas, na Lei 9.065, de 28/01/98.

    Resoluo CONAMA n 275, de 25/04/01 Estabelece o cdigo de cores para os

    diferentes tipos de resduos, a ser adotado na identificao de coletores e

    transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

    Resoluo CONAMA n 307, de 05/07/02 Estabelece diretrizes, critrios e

    procedimentos para a gesto dos resduos da construo civil.

    Resoluo CONAMA n 313, de 29/10/02 Dispe sobre o Inventrio Nacional de

    Resduos Slidos Industriais.

    Resoluo CONAMA n 316, de 29/10/02 Dispe sobre procedimentos e

    critrios para o funcionamento de sistemas de tratamento trmico de resduos.

    Resoluo CONAMA n 348, de 16/08/04 Altera a Resoluo CONAMA n

    307/2002 incluindo o amianto na classe de resduos perigosos.

    Resoluo CONAMA n 358, de 29/04/05 Dispe sobre o tratamento e a

    disposio final dos resduos dos servios de sade e d outras providncias.

    Resoluo CONAMA n 362, de 23/06/05 Dispe sobre o recolhimento, coleta e

    destinao final de leo lubrificante usado ou contaminado.

  • 37

    Resoluo CONAMA n 386, de 27/12/06 Altera o art. 18 da Resoluo

    CONAMA n 316/02.

    Lei n 11.445, de 05/01/07 Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento

    bsico.

    Lei n 12.305, de 02/08/10 Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos;

    altera a Lei n 9.605 de fevereiro de 1998; e d outras providncias.

    Resoluo CONAMA n 431, de 24/05/11 Altera o art. 3 da Resoluo CONAMA

    n 307/2002, estabelecendo nova classificao para o gesso.

    Resoluo CONAMA n 448, de 18/01/12 Altera os arts. 2, 4, 5, 6, 8, 9, 10

    e 11 da Resoluo CONAMA n 307/2002, estabelecendo nova classificao para o

    gesso.

    Resoluo CONAMA n 450, de 06/03/12 Altera os arts. 9, 16, 19, 20, 21 e

    22, e acrescenta o art. 24-A Resoluo CONAMA n 362/2005, que dispe sobre

    recolhimento, coleta e destinao final de leo lubrificante usado ou contaminado.

    Aspectos Legais Pernambuco

    Lei 12.195, de 26/04/2002 - Considera no Estado de Pernambuco, a coleta

    seletiva e a reciclagem do lixo como atividades ecolgicas, de relevncia social e

    de interesse pblico.

    Lei 12.524, de 30/12/2003 - Altera e consolida as disposies da Lei n 12.126,

    de 12 de dezembro de 2001, que cria a Agncia de Regulao dos Servios

    Pblicos Delegados do Estado de Pernambuco - ARPE, e d outras providncias.

  • 38

    Lei 12.753, de 21/01/2005 - Dispe sobre o comrcio, o transporte, o

    armazenamento, o uso e aplicao, o destino final dos resduos e embalagens

    vazias, o controle, a inspeo e a fiscalizao de agrotxicos, seus componentes e

    afins, bem como o monitoramento de seus resduos em produtos vegetais, e d

    outras providncias.

    Lei 13.047, de 26/06/2006 - Dispe sobre a obrigatoriedade da implantao da

    coleta seletiva de lixo nos condomnios residenciais e comerciais, nos

    estabelecimentos comerciais e industriais e rgos pblicos federais, estaduais e

    municipais no mbito do Estado de Pernambuco, e d outras providncias.

    Lei 13.316, de 15/10/2007 - Determina a substituio do uso de sacos plsticos

    de lixo por sacos de lixo ecolgicos, pelos rgos da Administrao Pblica Direta

    e Indireta do estado de Pernambuco.

    Lei 13.361, de 13/12/2007 - Institui o Cadastro Tcnico Estadual de Atividades

    Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e a Taxa de

    Controle e Fiscalizao Ambiental do Estado de Pernambuco - TFAPE, e d outras

    providncias.

    Lei 14. 236, de 13/12/2010 - Dispe sobre a Poltica Estadual de Resduos

    Slidos, e d outras providncias.

    Lei 14.249, de 17/12/2010 - Dispe sobre licenciamento ambiental, infraes e

    sanes administrativas ao meio ambiente, e d outras providncias.

    Decreto 25.387, de 14/04/2003 - Regulamenta o Programa Agenda 21 Estadual,

    e d outras providncias.

  • 39

    Decreto 26.054, de 23/10/2003 - Regulamenta o Projeto de Proteo e

    Conservao Ambiental, e d outras providncias.

    Decreto 31.246, de 28/12/2007 - Regulamenta a Lei N 12.753, de 21 de janeiro

    de 2005, que dispe, no mbito do Estado de Pernambuco, sobre o comrcio, o

    transporte, o armazenamento, o uso e aplicao, o destino final dos resduos e

    embalagens vazias, o controle, a inspeo e a fiscalizao de agrotxicos, seus

    componentes e afins, bem como o monitoramento de seus resduos em produtos

    vegetais, e d outras providncias.

    Decreto 33.528, de 08/06/2009 - Institui o Programa Agenda Ambiental na

    Administrao Pblica Estadual A3P, no mbito do Poder Executivo do Estado, e

    d providncias correlatas.

    Aspectos Legais Municpio de Caruaru

    Lei Orgnica do Municpio de Caruaru;

    Lei 4.093, de 19/12/2001 Dispe sobre a execuo dos servios de coleta,

    transporte, disposio e destinao final de resduos oriundos da construo civil

    no abrangidos pela coleta regular, estabelecendo penalidades e d outras

    providncias;

    Lei complementar 5, de 27/07/2004 Plano Diretor de Caruaru;

    Lei 4.866, de 20/11/2009 Considera de utilidade pblica Associao dos

    Protetores do Meio Ambiente (ASPROMA) e d outras providncias;

  • 40

    Lei 4.951, de 07/05/2010 Dispe sobre a coleta seletiva nas escolas

    municipais e institui programa contnuo para recolhimento de reciclado, e d

    outras providncias;

    Lei 5.058, de 25/11/2010 Dispe sobre o licenciamento, as infraes

    ambientais, no Municpio de Caruaru e d outras providncias.

  • 41

    A POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS LEI 12305/2010

    A Lei 12.305/2010 define estratgias que viabilizem a agregao de valor aos

    resduos, propicia a incluso social e estabelece o papel dos Estados e Muncipios na

    gesto dos resduos, bem como direciona as condies de acesso a fontes de recursos

    federais (NETO; MOREIRA, 2010). Portanto, essa poltica trar benefcios para a

    gesto de resduos slidos e contribuir para a melhoria do panorama nacional

    referente a esta questo.

    No Brasil, as primeiras aes voltadas para a definio de diretrizes legais

    relacionadas questo dos resduos slidos surgiram no final da dcada de 1980, no

    entanto, a tomada de aes direcionadas construo da Poltica Nacional de

    Resduos Slidos (PNRS) ocorreu efetivamente na dcada de 1990 (LOPES, 2006 apud

    NETO; MOREIRA, 2010). Desde ento, mais de 100 projetos de lei foram elaborados e

    posteriormente vinculados ao Projeto de Lei (PL) n 203/91, que inicialmente foi

    criado para tratar especificamente do acondicionamento, coleta, tratamento,

    transporte e destinao dos resduos de servios de sade.

    A partir desse PL a questo dos resduos slidos comeou a ser amplamente

    discutida pela sociedade civil que, aps o ano 2000, estabeleceu diversos debates de

    carter nacional, como o Frum Nacional Lixo e o Frum Mundial Social, com o intuito

    de discutir e formular coletivamente proposies para a PNRS. Mas, a falta de

    consenso entre os diversos setores envolvidos impossibilitou a apreciao do Projeto

    de Lei no Congresso Nacional.

    Posteriormente, para consolidar as informaes levantadas nas diversas

    discusses de mbito nacional e congrega-las com os anteprojetos de lei existentes no

    Congresso Nacional, no ano de 2005, foi formado um grupo interno na Secretaria de

    Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos do Ministrio do Meio Ambiente.

  • 42

    Este trabalho resultou na construo do PL n 1991/07 Poltica Nacional de

    Resduos Slidos (NETO; MOREIRA, 2010).

    Aps 2 dcadas de discusses, o PL referente Poltica Nacional dos Resduos

    Slidos foi encaminhado ao Senado Federal que, aps avaliao conjunta das

    Comisses de Constituio e Justia, Assuntos Econmicos, Assuntos Sociais, Meio

    Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalizao e Controle, o aprovou, em julho de

    2010, em regime de urgncia. Em agosto de 2010, o presidente da repblica

    sancionou a Lei n 12.305/10 Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    A) Principais Definies

    Destinao final ambientalmente adequada: destinao de resduos que

    inclui a reutilizao, a reciclagem, a compostagem, a recuperao e o

    aproveitamento energtico ou outras destinaes admitidas pelos rgos

    competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposio final,

    observando normas operacionais especficas de modo a evitar danos ou riscos

    sade pblica e segurana e a minimizar os impactos ambientais adversos.

    Por esta definio, a destinao final inclui a disposio no solo.

    Disposio final ambientalmente adequada: distribuio ordenada de

    rejeitos em aterros, observando normas operacionais especficas de modo a

    evitar danos ou riscos sade pblica e segurana e a minimizar os impactos

    ambientais adversos.

    Por esta definio, somente rejeitos podem ser dispostos em aterros

    sanitrios, sendo proibida a disposio de resduos (com prazo para atendimento

    de at 4 anos a partir da publicao da Lei).

  • 43

    Rejeitos: resduos slidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades

    de tratamento e recuperao por processos tecnolgicos disponveis e

    economicamente viveis, no apresentem outra possibilidade que no a

    disposio final ambientalmente adequada.

    Resduos slidos: material, substncia, objeto ou bem descartado

    resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se

    procede, se prope proceder ou se est obrigado a proceder, nos estados slido

    ou semisslido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas

    particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos

    ou em corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente

    inviveis em face da melhor tecnologia disponvel.

    B) Princpios Bsicos

    Regularidade, continuidade, funcionalidade e universalizao da prestao

    dos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos, com

    adoo de mecanismos gerenciais e econmicos que assegurem a recuperao

    dos custos dos servios prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade

    operacional e financeira, observada a Lei n 11.445, de 2007.

    Prioridade nas aquisies e contrataes governamentais para produtos

    reciclados e reciclveis e bens, servios e obras que considerem critrios

    compatveis com padres de consumo social e ambientalmente sustentveis.

    C) Instrumentos

    Planos de resduos; inventrios; Sistema Declaratrio Anual; coleta seletiva;

    logstica reversa; incentivo criao de cooperativas; monitoramento e fiscalizao

  • 44

    ambiental; cooperao tcnica e financeira entre o setor pblico e privado; incentivos

    fiscais, financeiros e creditcios; educao ambiental; FNMA; FNDCT; Sistema

    Nacional de Informaes sobre a Gesto de Resduos Slidos (Sinir); Sistema Nacional

    de Informaes em Saneamento Bsico (Sinisa); Cadastro Nacional de Operadores de

    Resduos Perigosos; Cadastro Tcnico Federal, entre outros.

    D) Diretrizes

    Incumbe ao Distrito Federal e aos Municpios a gesto integrada dos

    resduos slidos gerados nos respectivos territrios.

    A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios organizaro e

    mantero, de forma conjunta, o Sistema Nacional de Informaes sobre a Gesto

    dos Resduos Slidos (Sinir), articulado com o Sinisa e o Sinima.

    Incumbe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios fornecer ao rgo

    federal responsvel pela coordenao do Sinir todas as informaes necessrias

    sobre os resduos sob sua esfera de competncia, na forma e na periodicidade

    estabelecidas em regulamento.

    E) Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida do Produto:

    Conjunto de atribuies individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

    importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos

    servios pblicos de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, para

    minimizar o volume de resduos slidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os

    impactos causados sade humana e qualidade ambiental decorrentes do ciclo de

    vida dos produtos, nos termos desta Lei.

  • 45

    Deve haver integrao dos catadores de materiais reutilizveis e reciclveis nas

    aes que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

    F) Logstica Reversa

    So obrigados a estruturar e implementar sistemas de logstica reversa,

    mediante retorno dos produtos aps o uso pelo consumidor, de forma independente

    do servio pblico de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, os

    fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: agrotxicos; pilhas e

    baterias; pneus; leos lubrificantes, seus resduos e embalagens; lmpadas

    fluorescentes, de vapor de sdio e mercrio e de luz mista; produtos

    eletroeletrnicos e seus componentes.

    G) Outras consideraes

    A elaborao de plano municipal de gesto integrada de resduos slidos

    condio para o Distrito Federal e os Municpios terem acesso a recursos da

    Unio, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e servios

    relacionados limpeza urbana e ao manejo de resduos slidos, ou para serem

    beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crdito

    ou fomento para tal finalidade.

    A existncia de plano municipal de gesto integrada de resduos slidos no

    exime o Municpio ou o Distrito Federal do licenciamento ambiental de aterros

    sanitrios e de outras infraestruturas e instalaes.

    O titular dos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos

    slidos responsvel pela organizao e prestao direta ou indireta desses

    servios.

  • 46

    As etapas sob responsabilidade do gerador que forem realizadas pelo poder

    pblico sero devidamente remuneradas pelas pessoas fsicas ou jurdicas

    responsveis.

    O poder pblico poder instituir medidas indutoras e linhas de financiamento

    para atender determinadas iniciativas.

    proibida a importao de resduos slidos perigosos e rejeitos, bem como de

    resduos slidos cujas caractersticas causem dano ao meio ambiente, sade

    pblica e animal e sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma,

    reuso, reutilizao ou recuperao.

  • 47

    CCAAPPTTUULLOO IIII:: DDIIAAGGNNSSTTIICCOO DDAA SSIITTUUAAOO DDOO SSIISSTTEEMMAA EE SSEEUUSS IIMMPPAACCTTOOSS

  • 48

    CCAAPPTTUULLOO IIII:: DDIIAAGGNNSSTTIICCOO DDAA SSIITTUUAAOO DDOO SSIISSTTEEMMAA EE SSEEUUSS IIMMPPAACCTTOOSS

    As atividades pertencentes ao sistema de limpeza pblica esto diretamente

    associadas ao bem estar da populao, sade pblica e, por que no dizer, imagem

    da cidade, lembrando ainda que, de acordo com a Constituio Brasileira de 1988, em

    seu art. 23, inciso IX, os Servios de Limpeza Pblica no Brasil so de

    responsabilidade dos municpios.

    Nesse sentido os resduos slidos urbanos, denominados popularmente de lixo,

    so uma das principais preocupaes da sociedade contempornea. O crescimento da

    populao, o desenvolvimento industrial e a urbanizao acelerada vm contribuindo

    para o aumento do uso dos recursos naturais e consequentemente na gerao de

    resduos.

    Na gesto da limpeza urbana, em Caruaru, consideram-se os aspectos

    tecnolgicos e operacionais aliados mobilizao da populao e qualificao dos

    trabalhadores num conjunto articulado de aes visando um salto ambiental da

    cidade e da qualidade de vida dos cidados.

    Aplicando princpios preconizados na Agenda 21, busca-se agir localmente,

    pensar globalmente provocar mudanas no comportamento de cada cidado no

    sentido de estabelecer a manuteno da limpeza na cidade como uma

    responsabilidade da coletividade e no somente do poder pblico.

    Na Prefeitura Municipal de Caruaru essas articulaes e as aes da limpeza

    urbana, ficam sob responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura e Polticas

    Ambientais.

    Os principais objetivos so:

  • 49

    Promoo de servios de limpeza pblica e destinao final dos

    resduos;

    Conservao e manuteno de parques, praas e jardins pblicos;

    Arborizao de logradouros pblicos;

    Administrao de oficinas artesanais;

    Execuo de outras atribuies afins.

    Entre os servios que realiza e supervisiona na Limpeza Urbana esto: coleta de

    resduos domiciliares, da construo civil, de feiras livres e hospitalares, coleta

    seletiva, lavagem de vias pblicas, operao e manuteno do aterro municipal,

    varrio manual de vias pblicas e servios complementares.

    Apresentar-se- a seguir, o diagnstico da limpeza urbana a fim de repassar, ao

    conjunto de interessados neste estudo, as informaes didaticamente sistematizadas

    acerca da infraestrutura e servios implantados neste Municpio.

    Ao longo da apresentao do Plano de Saneamento Bsico Setorial de

    Resduos Slidos percebe-se que toda a lgica de planejamento proposta pretende

    gerar uma abordagem de diagnstico e de proposio de intervenes em

    consonncia com o que h de mais avanado no setor.

    O diagnstico apresentado reflete o conhecimento da realidade dos servios e

    aes locais associadas limpeza urbana, baseado nos dados, cadastros e informaes

    disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Caruaru, por intermdio da

    Secretaria de Infraestrutura e Polticas Ambientais, no ano de 2012.

  • 50

    II.1 CARACTERIZAO DO MUNICPIO

    Caruaru uma cidade nordestina

    que possui localizao privilegiada,

    pois considerada, geograficamente, a

    cidade Centro da Regio Nordeste.

    Localiza-se no Agreste Central,

    com rea de 920,606 km2 e populao

    estimada em 314.912 habitantes

    (IBGE, 2010).

    Limita-se ao norte com Toritama,

    Vertentes e Frei Miguelinho; a oeste

    com Brejo da Madre de Deus e So

    Caetano, a sul com Altinho e Agrestina

    e a leste com Bezerros e Riacho das

    Almas.

    O Municpio de Caruaru

    encontra-se distante da capital em 132

    km.

    Figura 1: Localizao da sede de Caruaru.

    Fonte: IBGE, 2012.

    Politicamente o municpio est

    dividido em 4 (quatro) distritos: Sede

    Caruaru, Carapots, Gonalves Ferreira

    e Lagedo do Cedro. O Distrito Sede

    corresponde a 99,4% da populao

    urbana do municpio, portanto os

    demais distritos caracterizam-se como

    rurais.

    HISTRIA

    H teorias divergentes sobre a origem do nome Caruaru. De acordo com

    Teodoro Sampaio, a palavra caruaru significa aguada das caruaras, aluso feita fonte

  • 51

    ou gua que na localidade pernambucana produzia molstia que atacava os rebanhos,

    ocasionando inchao e paralisia das pernas.

    Segundo o historiador e folclorista pernambucano Alfredo de Carvalho a palavra

    caruaru era corruptela de caruari, significando rio das caruaras. Outra verso faz

    derivar o topnimo do nome de uma planta vulgarmente conhecida por caruru e que

    outrora cobria um poo na margem do rio Ipojuca, em local que, por isso, passou a ser

    denominado Poo ou Stio do Caruru. Por acrscimo de uma vogal, o nome teria

    alterado para caruaru.

    Na poca da colnia os primitivos colonizadores lusos invadiram a Borborema

    pela Serra Comprida, em busca do Pau-Brasil, destruindo a floresta e quase

    transformando-a em deserto. Tal fato demandou uma grande quantidade de mo de

    obra escrava, trazidos da frica e por haver diversas fugas pelos negros, os

    portugueses permitiram que eles trouxessem algumas lembranas de suas terras,

    entre elas o Kalulu (erva silvestre comestvel). Aproveitando os rios e brejos os

    negros instalaram o Kilombo de Kalulu que, mais tarde, passou a se chamar Lugar do

    Caruru (PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESDUOS SLIDOS DE

    CARUARU, 2005).

    No final do sculo XVII membros da famlia de S se estabeleceram na regio e

    no incio do sculo XVIII o senhor Simo Rodrigues de S fundou a fazenda Caruru, na

    margem esquerda do Rio Ipojuca. (PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE

    RESDUOS SLIDOS DE CARUARU, 2005).

    Em uma poca em que o transporte de gado para o serto era feito a p a

    Fazenda Caruaru possuia uma localizao privilegiada, j que o gado passava

    obrigatoriamente pela rea da fazenda, contribuindo para o desenvolvimento da

    regio.

  • 52

    Em 1.782 Jos Rodrigues de Jesus e sua esposa construram uma capela com a

    invocao de Nossa Senhora da Conceio, aps autorizao do Bispo de Pernambuco

    D. Toms da Encarnao Costa e Lima, sendo que, posteriormente nos arredores da

    capela surgiu um pequeno arruado que durante o sculo XIX se transformou no

    povoado de Caruaru. Em 1941 Caruaru recebe o cognome Capital do Agreste devido

    composio de Nelson Barbalho interpretada por Luiz Gonzaga.

    CLIMA

    O clima semirido quente, com mdia de 22C a 30C. O agreste uma regio

    de transio situada entre a zona mida costeira e a zona semirida do serto. Com

    relao a precipitao pluviomtrica, a mdia anual de aproximadamente 660 mm,

    sendo que os meses de fevereiro a agosto so os de maiores precipitaes.

    As temperaturas mdias mensais variam entre 21C e 25C, sendo que os

    valores mximos ocorrem de dezembro a fevereiro. A umidade relativa do ar varia

    entre 56% a 76% e a velocidade do vento maior durante os meses de julho a

    setembro, com valores prximos a 5 m/s (PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO

    DE RESDUOS SLIDOS DE CARUARU, 2005).

    ECONOMIA

    As atividades econmicas esto diretamente ligadas com a potencialidade

    turstica da regio. De acordo com o Plano Diretor Municipal, em Caruaru, as

    atividades tursticas e culturais podem ser agrupadas em dois plos:

    Rede de Plos Culturais, envolvendo o Alto do Moura; o Espao Cultural; e o

    Ptio de Eventos Luiz Gonzaga.

  • 53

    Rede de Feiras, envolvendo a Feira da Sulanca; a Feira de Artesanato; a Feira

    de Gado e; a Feira Livre.

    RELEVO

    O relevo do Municpio de Caruaru classificado como ondulado a semi-

    ondulado e a altitude mdia do municpio de aproximadamente 550 metros,

    contrastando com os 620 metros de altitude do Morro Bom Jesus, carto postal da

    cidade (PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESDUOS SLIDOS DE

    CARUARU, 2005).

    DEMOGRAFIA

    Populao: 314.912 habitantes (IBGE, 2010).

    Estimativa da populao 2012: 324.095 habitantes (IBGE, 2012).

    Taxa de crescimento da populao: 1,16%

    IDH-M: Segundo o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    (PNUD, 2000) o IDH-M do Municpio de Caruaru foi de 0,713, representando um

    municpio com mdio desenvolvimento humano. Caruaru deu um salto no

    desenvolvimento considerando que em 1.996 o IDH-M foi de 0,607 e parte dessa

    melhoria possui relao com o aumento da renda per capita decorrente da

    industrializao e de sua localizao privilegiada considerando os municpios do

    plo da moda.

  • 54

    HIDROGRAFIA

    O Municpio de Caruaru encontra-se inserido em rea de abrangncia da Bacia

    do Rio Ipojuca e da Bacia do Rio Capibaribe. A drenagem principal o rio Ipojuca que

    corta a cidade no sentido oeste-leste, passando pelos bairros Caiuc, Pinheirpolis,

    So Francisco, Petrpolis, Vassoural, Centro, Riacho, Indianpolis, Cedro, Inocoop,

    loteamento Jos Libeiro, Cohab III at Malhada das Caveiras.

    INFRAESTRUTURA BSICA

    O abastecimento de gua realizado atravs da COMPESA, no entanto no

    atinge 100% do municpio. No que se refere energia eltrica, a CELPE promove sua

    administrao.

    Com relao ao esgotamento sanitrio, o sistema ainda precrio e parte

    coletada no tratada, ocorrendo lanamento in natura de efluentes nos cursos

    dgua. Na periferia da cidade possvel observar ruas com esgoto a cu aberto e as

    galerias pluviais recebem ligaes de guas servidas, tendo o rio Ipojuca como

    receptor e consequentemente poluindo-o.

    No tocante aos resduos slidos, 100 % da populao atendida pelo servio de

    coleta e a destinao final ocorre no aterro municipal.

    INDICADORES SOCIOECONMICOS

    Existe uma correlao entre a gerao de resduos slidos domiciliares e o nvel

    de renda da populao. A composio e o volume de RSD so diretamente

    influenciados pela renda. Em relao distribuio de renda, trs indicadores so

  • 55

    comumente utilizados para montar o perfil bsico: renda per capta mdia, proporo

    de pobres e ndice de GINI. Este indica a desigualdade da apropriao da renda.

    Cidade IDHM Pobreza PIB per capita ndice de GINI

    Mossor 0,713 33,69% R$ 8.108,52 0,44

    Quadro 01: Indicadores socioeconmicos.

    Fonte: IBGE, CENSO DEMOGRFICO 2000 E PESQUISA DE ORAMENTOS FAMILIARES - POF 2002/2003.

    INDICADORES DE SADE

    Caruaru teve 1.130 bitos decorrentes de morbidades hospitalares (IBGE,

    2010), sendo 498 homens e 632 mulheres, conforme apresentado na figura a seguir:

    Figura 2: Morbidade hospitalar em Caruaru.

    Fonte: IBGE, 2010.

    De acordo com o IBGE, em 2009, o Municpio de Caruaru contava com 176

    estabelecimentos de sade, pblicos e privados.

  • 56

    INDSTRIA

    O Municpio de Caruaru possui um Distrito Industrial instalado ao oeste da sua

    sede, s margens da BR-232 e do Rio Ipojuca, sendo que de acordo com o Plano

    Diretor Municipal, fundamental implantar o plo industrial e de servios

    contemplando o setor qumico e farmacutico, o setor metal-mecnico, o setor

    eltrico-eletrnico e o porto seco em Caruaru.

    Cabe mencionar que o gerenciamento de resduos industriais, perigosos ou no,

    de responsabilidade do gerador, no sendo funo do municpio colet-los, trat-los

    e/ou destin-los. Todas as etapas do gerenciamento, desde o manuseio dos resduos

    industriais at a destinao final, devem seguir a legislao e normas tcnicas

    vigentes.

  • 57

    II.3 ESTRUTURA ATUAL DO SISTEMA

    A estrutura do sistema de limpeza urbana em Caruaru conta com a

    administrao da Secretaria de Infraestrutura e Polticas Ambientais e sua

    operao realizada por empresas da iniciativa privada na seguinte distribuio de

    responsabilidades:

    a) LOCAR SANEAMENTO AMBIENTAL

    Coleta de resduo domiciliar e transporte at o destino final.

    Coleta e transporte de resduos da construo civil.

    Varrio manual de vias e logradouros pblicos.

    Servios especiais de limpeza urbana, como pintura de guias.

    Servios complementares de limpeza urbana, como coleta e transporte de

    poda, roada, capina e limpeza de locais de feiras-livres.

    Operao e manuteno do aterro municipal.

    c) STERICYCLE

    Coleta, transporte e tratamento de resduos slidos de servios de sade.

    Os principais pontos que caracterizam o atual modelo praticado na limpeza

    urbana no Municpio de Caruaru esto a seguir destacados:

  • 58

    A. COLETA DE RESDUOS SLIDOS

    O principal objetivo da remoo regular de resduos slidos gerados pela

    populao evitar a proliferao de vetores causadores de doenas (MANSUR;

    MONTEIRO, 1990).

    D Almeida e Vilhena (2000) reforam que a coleta de resduos e seu transporte

    para reas de tratamento ou disposio final so aes do servio pblico municipal,

    de grande visibilidade para a populao.

    O sistema logstico de coleta e transporte dos resduos slidos de Caruaru

    dispe de diferentes constituies de equipamentos e guarnies para a coleta,

    definidos em conformidade com o tipo de resduo a coletar. A sntese do modelo

    praticado est descrita a seguir.

    Coleta dos Resduos Slidos Domiciliares

    Diariamente foram coletados e transportados cerca de 270 toneladas de

    resduos slidos no Municpio de Caruaru. Essa gerao decorre de uma produo

    mdia per capta de 0,86 kg por habitante dia, para uma populao levantada pelo

    IBGE de 314.912 habitantes. Essa faixa de produo mdia per capta enquadra-se

    abaixo da massa diria de resduos coletados, que de 0,97 kg para a Faixa 4

    (Municpios entre 250.001 e 1.000.000 habitantes), segundo o Diagnstico de

    Manejo de Resduos Urbanos de 2010 do SNIS.

    O modelo praticado o direto, ou seja, os resduos so coletados pelo servio de

    coleta manual existente no municpio, desde que devidamente acondicionados em

    sacos plsticos, atravs de conjuntos coletores compactadores de 15 m e de 6m3.

    Esse mtodo direto requer a conscientizao e participao da comunidade no

  • 59

    sentido de acondicionar os resduos em sacos plsticos, ou vasilhas apropriadas, bem

    como a disposio em lixeiras.

    Como mtodo bsico de trabalho, com a chegada da equipe ao setor de trabalho,

    inicia-se a coleta de resduos em obedincia ao itinerrio e ao mapa que est em

    poder da contratada, comeando o servio sempre pela mesma via pblica.

    As tcnicas bsicas de trabalho a serem observadas pelos coletores podem ser

    resumidas nas seguintes observaes:

    Os coletores devem pegar e transportar os recipientes com precauo,

    esvaziando-os completamente, com os cuidados necessrios para no danific-los

    e evitar a queda dos resduos nas vias pblicas;

    Os resduos que tiverem tombado dos recipientes ou que carem

    durante a coleta, devem ser varridos e recolhidos;

    vedado transferir o contedo de um recipiente para outro ou projet-

    lo de um ajudante a outro, bem como o vasilhame vazio, quando for o caso, deve

    ser recolocado onde se encontrava, de p; e

    Todas as operaes devero ser executadas sem rudo e sem danificar

    os recipientes.

    Ao completar uma carga, o motorista conduz o veculo ao local de disposio

    dos resduos slidos indicado pela Fiscalizao, atualmente o Aterro Municipal. O

    trajeto em questo ocorre sempre atravs de percursos pr-determinados.

  • 60

    Ao chegar ao local de disposio o motorista estaciona o veculo junto cabine

    de controle e entrega sua ficha de controle a um funcionrio responsvel pelo

    acompanhamento das viagens. Aps este procedimento o veculo deslocado para o

    local de descarga.

    Na sada do local de descarga o motorista recebe sua ficha de controle

    devidamente registrada com o peso transportado, o nmero do ticket utilizado e os

    horrios indicados, retornando assim ao seu setor, tambm por trajetos previamente

    definidos, para dar continuidade s tarefas do dia.

    A composio da equipe padro que realiza os servios referentes coleta

    regular dos resduos domiciliares a seguinte:

    01 Caminho Coletor-Compactador;

    01 Motorista; e

    03 Coletores.

    Existem 23 (vinte e trs) equipes padres disponveis para a realizao dos

    servios, com o seguinte quantitativo de equipamentos: 15 (quinze) caminhes

    compactadores de 15 m, 2 (dois) caminhes compactadores de 6 m e 2 (duas)

    caambas basculantes de 6 m para a zona rural.

    Os caminhes coletores compactadores so equipados com carrocerias

    especiais, dotadas de dispositivos de compactao, com capacidade adequada ao

    chassi e fechadas para evitar despejos nas vias pblicas. Cada veculo conta com

    ferramentas de apoio, tais como p, garfo, vassouro e outros, para auxiliar no

    recolhimento de resduos eventualmente derramados nas vias pblicas.

  • 61

    Cabe mencionar que as guarnies operam com frequncia de coleta diria

    diurna em 2 (dois) setores; diria noturna em 2 (dois) setores); alternada diurna em

    15 (quinze) setores e alternada noturna em 7 (sete) setores. O total do pessoal

    operacional efetivo envolvido de 121 (cento e vinte e um) agentes de limpeza.

    Atualmente o modelo praticado de servios de coleta de resduos slidos atende

    a 100 % da populao de Caruaru.

    Coleta dos Resduos Slidos de Servios de Sade

    Define-se como coleta de resduos slidos de servios de sade, conforme NBR

    10.004 da ABNT, os gerados por estabelecimentos como hospitais, pronto-socorros,

    farmcias, postos de sade, laboratrios, ambulatrios, clnicas mdicas,

    odontolgicas e veterinrias.

    O modelo praticado para a coleta dos resduos de servios de sade (RSS)

    diferenciado pelo seu nvel de periculosidade, efetuado por intermdio da coleta

    com conjunto coletor sem compactao, sendo utilizadas 03 guarnies constitudas

    por 01 (um) motorista e 03 (trs) coletores, e 01 (um) veculo coletor wolk-8-150,

    sem compactao.

    Esta guarnio coleta a mdia diria de 440 kg, que totaliza cerca de 8.812

    toneladas mensais, e opera no perodo diurno com frequncia diria para

    recolhimento dos grandes geradores e com frequncia alternada para recolhimento

    dos pequenos e mdios geradores.

    Segundo o Relatrio de Gerenciamento de Resduos a rede pblica municipal de

    sade composta por 65 estabelecimentos de sade geradores de resduos

    infectantes, sendo que 49 funcionam na zona urbana e 17 na zona rural. Cabe

  • 62

    mencionar que 64 prestam atendimento sade humana e 01 sade animal

    (PREFEITURA MUNICIPAL DE CARUARU, 2012).

    A gesto dos resduos spticos (hospitalares) tambm responsabilidade do

    gerador (Resoluo Conama n 358/2005), com o objetivo de propiciar o manejo

    seguro dos resduos infectantes, ao evitar a contaminao, a destinao para

    tratamento adequado e a disposio final apropriada, conforme segue:

    Art. 3 - Cabe aos geradores de resduos de servio de sade e ao responsvel legal,

    referidos no art. 1 desta Resoluo, o gerenciamento dos resduos desde a gerao at a

    disposio final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de sade pblica e

    sade ocupacional, sem prejuzo de responsabilizao solidria de todos aqueles,

    pessoas fsicas e jurdicas que, direta ou indiretamente, causem ou possam causar

    degradao ambiental, em especial os transportadores e operadores das instalaes de

    tratamento e disposio final, nos termos da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981.

    O gerenciamento responsvel dos resduos gerados nos servios de sade uma

    ao fundamental para impedir que esses materiais ofeream perigo para a

    populao e para o meio ambiente. Em dezembro de 2004, a Agncia Nacional de

    Vigilncia Sanitria (Anvisa) - rgo do Ministrio da Sade - publicou resoluo

    definindo diretrizes gerais para o gerenciamento de resduos de sade, levando em

    conta a questo ambiental. A resoluo entrou em vigor em junho. Para contribuir

    com o cumprimento da legislao de controle desses resduos, a Anvisa iniciou

    treinamento de inspetores sanitrios.

    O quadro adiante mostra o tempo de sobrevivncia de alguns micro-organismos

    presentes nos resduos de servios de sade.

  • 63

    Quadro 2: Tempo de sobrevivncia dos microrganismos.

    ORGANISMO TEMPO DE VIDA (dias)

    Salmonella Typhi 29 70

    Entamoeba Histolytica 8 12

    Ascaris Lumbricoides 2000 2500

    Leptospira Interrogans 15 43

    Polio Vrus 20 170

    Bacilo Tuberculose 150 180

    Larva e Vermes 25 - 40

    At antes da resoluo, principalmente no setor de sade, poucas aes se

    concretizaram para que houvesse o manejo adequado dos RSS. Tambm existiam

    poucas iniciativas no setor do meio ambiente colocadas em prtica, embora desde

    1993 uma resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) tratasse da

    questo e definisse normas para o tratamento e disposio final dos resduos de

    servios de sade.

    A medida da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria enfoca a separao dos

    resduos na fonte, no momento em que so gerados. A agncia classifica esses

    resduos de acordo com o risco de manejo. Segundo a Anvisa, a maior parte dos

    resduos de servios de sade hoje transportada de forma errada. "O manejo do lixo

    hospitalar realizado de modo inadequado.

  • 64

    A Agncia de Vigilncia Sanitria tambm constata que a maioria dos locais

    onde os resduos hospitalares so dispostos no est devidamente licenciada e

    monitorada pelas autoridades. Essa situao oferece risco para a sade da populao

    e dos trabalhadores e para preservao do meio ambiente. Ainda segundo a Agncia

    de Vigilncia Sanitria, muitas vezes esses espaos no seguem critrios de segurana

    ecolgica.

    Na concepo da Anvisa, para que haja um controle dos resduos de servios

    hospitalares importante avaliar o que pode ser reutilizado, reciclado ou tratado e o

    que deve ser encaminhado para um lugar seguro, evitando riscos populao e ao

    meio ambiente.

    No caso de Caruaru, os resduos dos servios de sade do grupo A, B e E so

    destinados para tratamento em unidade licenciada da STERICYCLE, cuja Planta est

    localizada no Municpio de Paulista - PE e o processo de tratamento utilizado o de

    incinerao.

    Coleta de Resduos da Construo Civil (RCC)

    Os servios de coleta, transporte e descarga de resduos da construo civil

    consistem no recolhimento de todos e quaisquer resduos ou detritos provenientes de

    entulhos e restos de construo civil. Na maioria das vezes, o entulho retirado da

    obra e disposto clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de

    crregos e rios e ruas da periferia.

    Assim, as prefeituras comprometem recursos, nem sempre mensurveis, para a

    remoo ou tratamento desse entulho, tanto para retir-lo da margem de um rio,

    como para limpar galerias e desassorear o leito de crregos onde o material termina

    por se depositar.

  • 65

    De um jeito ou de outro, toda a sociedade sofre com a deposio irregular de

    entulho e paga por isso. O ideal reduzir o volume e reciclar a maior quantidade

    possvel do que for produzido. O custo social total praticamente impossvel de ser

    determinado, pois suas consequncias geram a degradao da qualidade de vida

    urbana em aspectos como transportes, enchentes, poluio visual, proliferao de

    vetores de doenas, entre outros.

    Para solucionar o problema, a criao de Ecopontos ou Pontos de Entrega

    Voluntria (PEVs) pelo Municpio um passo fundamental para atender os geradores

    que produzem at 1 m/dia de entulho. Com relao aos grandes geradores de

    resduos de construo civil, eles devero ser responsabilizados pelo gerenciamento

    do material da obra.

    Caruaru coleta uma mdia de 1.500 toneladas por ms de resduos da

    construo civil e a equipe padro que executa o servio de coleta de transporte de

    RCC composta de:

    01 Caminho Caamba Basculante;

    01 Motorista; e

    02 Coletores.

    No total o Municpio conta com 5 (cinco) equipes e nos equipamentos

    disponveis so 5 (cinco) caminhes caambas basculantes de 6 m.

    Atualmente, os entulhos so destinados inadequadamente para reas de bota-

    fora.

  • 66

    Coleta Seletiva

    O Municpio de Caruaru conta com 02 (duas) associaes para a realizao da

    coleta seletiva, a ASPROMA e a Associao de Catadores de Resduos de Caruaru.

    ASPROMA

    A ASPROMA possui 19 (dezenove) associados e recebe doaes de uma ONG

    Irlandesa, alm dos materiais reciclveis provenientes de campanhas nas escolas e

    UPA, doados pela Prefeitura.

    A Associao est estabelecida em 02 (dois) galpes localizados em terrenos

    doados pela Prefeitura, sendo que o galpo situado no Padre Incio est estruturado

    com 2 (duas) prensas, 1 (uma) balana e 1 (uma) fragmentadora de papel. J o Galpo

    localizado no Salgado possui 1 (uma) prensa, 1 (uma) balana e 1 (uma)

    fragmentadora.

    Os associados realizam a triagem, prensagem e venda dos materiais reciclveis e

    rateiam o valor comercializado por produtividade.

    ASSOCIAO DE CATADORES DE RESDUOS DE CARUARU

    A Associao de Catadores de Resduos de Caruaru possui 230 (duzentos e

    trinta) associados e recebe doaes pontuais de materiais sob a forma de cesso de

    material.

  • 67

    Tal Associao no est estabelecida em uma rea do Municpio e funciona na

    casa dos associados, sem equipamentos. Os reciclveis no so triados j que os

    catadores realizam a coleta nas ruas, com bicicletas com reboques.

    Resduos Industriais

    O gerenciamento dos resduos industriais de responsabilidade dos geradores,

    portanto, estes so obrigados a transportar, tratar e dispor adequadamente seus

    resduos. O resduo industrial pode ser composto por produtos qumicos (cianureto,

    pesticidas, solventes, etc.), metais (mercrio, cdmio, chumbo, etc.) e solventes

    qumicos que ameaam os ciclos naturais onde so despejados. Assim, a falta de um

    acondicionamento adequado, tratamento eficiente e disposio em locais aptos a este

    fim causam a poluio de guas, solos e ar, colocando em risco a sade das

    populaes e degradando o meio ambiente.

    Em relao aos metais pesados, estes podem colocar em risco a sade da

    populao atravs do consumo habitual de gua e alimentos - como peixes de gua

    doce ou do mar contaminados. As populaes que moram no entorno das fbricas

    de baterias artesanais, indstrias de cloro-soda que utilizam mercrio, indstrias

    navais, siderrgicas e metalrgicas, correm risco de serem contaminadas.

    As indstrias tradicionalmente responsveis pela maior produo de resduos

    perigosos so as metalrgicas, as indstrias de equipamentos eletroeletrnicos, as

    fundies, a indstria qumica e a indstria de couro e borracha.

    Desde os anos 50, os resduos perigosos tm causado desastres ca