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Inovação com Tecnologia: o pedagogo e a aprendizagem do século XXI
MINIOLI, Célia Scucato1,2,3; FREITAS, Maria do Carmo Duarte3,4;
TONO, Cineiva Campoli Paulino1,2,3,5
1Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE. da Secretaria de Estado da Educação - SEED.
2Área: Gestão Escolar. 3Departamento de Ciência e Gestão da Informação - UFPR.
4Doutorado (2003) em Engenharia de Produção - Universidade Federal de Santa Catarina. 5Mestrado (2003) em Educação - UFPR.
RESUMO – Este artigo discute, sob a ótica da Didática, o papel do pedagogo no assessoramento do professor e na construção do saber pedagógico com o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs). Tendo como eixo principal a Gestão da Inovação, o estudo pesquisou as atitudes do professor em relação ao uso das TICs no espaço escolar e de que forma a Equipe Pedagógica das escolas públicas, de Ensino Fundamental e Médio estão assessorando e subsidiando o trabalho docente, a partir do uso das tecnologias (computador e televisão Pendrive). Aplicou-se um instrumento de pesquisa com questões fechadas e abertas, fundamentadas na Escala Likert e questões abertas nas quais se analisa o real panorama de articulação e de assessoramento por parte do pedagogo, na implantação destas tecnologias, na escola. A análise dos resultados de pesquisa aponta para a necessidade de instrumentalização do pedagogo e do professor com base nos procedimentos didático-pedagógicos necessários ao trabalho de construção deste novo saber, no espaço escolar e de um amplo assessoramento com relação às efetivas e reais potencialidades do uso do computador bem como da TV Pendrive em sala de aula.
Palavras-chave: Gestão da Inovação; Tecnologia da Informação e Comunicação; Ação Pedagógica; Assessoramento; Criatividade.
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1 INTRODUÇÃO
A Comunicação Pedagógica Midiatizada designa toda forma de comunicação
com intenção educativa que utiliza um dispositivo tecnológico seja ele pertencente
aos recursos tradicionais como a televisão, o vídeo ou inovador como a rede
Internet. Com o advento do uso destes dispositivos pela sociedade, grande parte
dos profissionais da educação (gestores, pedagogos e professores), têm encontrado
dificuldades em lidar e explorar pedagogicamente e de modo efetivo as Tecnologias
da Informação e Comunicação (TICs) - Computador e TV - como ferramentas
complementares ao processo de ensino e de aprendizagem.
Dentro da perspectiva da Gestão da Inovação a escola, no inicio deste século
volta-se para a incorporação efetiva da tecnologia na educação, assumindo um
modelo de gestão escolar com caráter democrático-participativo, no qual o
assessoramento do fazer pedagógico com tecnologias passa a ser um compromisso
a ser assumido por todos os agentes que integram o processo educativo, exige-se
daí responsabilidades na tomada de decisões e principalmente um
comprometimento dos profissionais da educação com esta ação, enriquecida pela
variedade de saberes e experiências.
Juntamente com o processo de gestão, a escola passa a construir a Gestão
do Conhecimento e a Gestão da Tecnologia ampliando sua ação pedagógica, tendo
em vista as exigências postas pela sociedade e pelas mudanças necessárias, em
seu processo ensino-aprendizagem como forma de indução, do jovem usuário do
computador, na construção de seu conhecimento.
Neste processo o pedagogo como detentor de saberes relativos à didática e a
metodologia é agente fundamental, na articulação e assessoramento do professor
na implementação das tecnologias na prática pedagógica e na construção do
processo ensino-aprendizagem.
A mudança a ser implementada no espaço escolar consiste em tarefa difícil,
pois exige o envolvimento de toda a comunidade escolar.
A decisão implica em identificar e conhecer as diversas ferramentas que
deverão ser utilizadas para a realização das mudanças necessárias e para o registro
do conhecimento construído na instituição, seja através do levantamento de dados;
e informações resultantes do registro do setor administrativo, seja como resultado da
elaboração, criação, reestruturação de conhecimentos, pedagogicamente construído
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que fazem parte do dia a dia do professor e do aluno bem como do diretor e do
pedagogo.
2 OBJETIVO GERAL
Analisar o papel do pedagogo como articulador do processo de implantação,
facilitação e articulação do uso das TICs no espaço escolar.
3 GESTÃO DA INOVAÇÃO NA ESCOLA
A gestão, enquanto ação mediadora entre as diretrizes educativas e os
sujeitos implicados no processo educacional, - alunos, professores, diretores,
técnicos, pais e outros, estabelece-se a partir das relações pedagógicas que se
desencadeiam nessa mediação.
Segundo Ferreira (2004), o termo gestão significa: “ato de gerir; gerência,
administração”. Em outras palavras, gestão é a manutenção de controle sobre um
grupo, uma situação ou uma organização, de forma a atingir da melhor forma as
metas propostas pelo planejamento estratégico.
A ciência da gestão traz no seu bojo o gérmen da aprendizagem. Constitui-se
na verdade, a ciência de aprender a entender as circunstâncias e agir de acordo
com elas.
Assim, parece lógico que, qualquer intervenção que tenha como objetivo
melhorar os processos de aprendizagem e de desenvolvimento da capacidade dos
alunos, em uma unidade escolar, deve se posicionar a partir da idéia de
compreendê-los. Desta forma qualquer ação de gestão desencadeada deve partir de
análises que envolvam as causas e os mecanismos dos processos analisados.
3.1 O PAPEL INOVADOR DO INDIVÍDUO NA INSTITUIÇÃO
O processo de inovação dentro do espaço escolar procura converter a escola
em lugar mais democrático, atrativo e estimulante, visando o enriquecimento do
processo ensino-aprendizagem.
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São três as categorias de análise relativas ao ato de mudança: o indivíduo
que adota a mudança, o grupo no qual a mudança é construída e o quadro
institucional e cultural.
A escola inovadora precisará se converter em um espaço coletivo de
aprendizagem, de tomada de decisões e de gerenciamento de projetos educacionais
inovadores. Este processo exige percepção da realidade da escola a qual deve
incluir aspectos relacionados não somente à sua natureza educativa, mas á
reconstrução do currículo, a reorganização do seu espaço físico, por mais moderno
que seja; ao comprometimento das pessoas envolvidas, isto é, do corpo de
professores, dos alunos e funcionários da escola. Por fim, o processo de
inovação/mudança deve fazer parte das ações previstas no Projeto Político
Pedagógico da instituição e também do Plano de Ação do gestor, com
direcionamentos destinados a reverter o quadro observado em relação a questão da
aquisição do conhecimento, tanto relativo ao aluno como ao professor, dado o
volume de informações processado diariamente na sociedade do conhecimento.
(VALLADARES, 2003).
Desta forma, o gestor escolar deve estimular e gerir condições para que a
inovatividade esteja presente em todas as fases do ciclo de vida profissional de cada
indivíduo que faça parte da comunidade escolar.
Guerra1 apud Eyng (2001) apresenta três idéias básicas que perfazem a
definição de escola como organização que aprende. A primeira é constituir-se como
comunidade, a segunda é assumir a aprendizagem como foco central da
comunidade e a terceira exige que esta comunidade de aprendizagem seja crítica. A
escola que aprende é sem dúvida a escola capaz de inovar-se.
Para produzir a inovação, o gestor precisa não só de sua Equipe Pedagógica,
mas do comprometimento de todos os componentes da comunidade escolar. Assim
no desenvolvimento de um trabalho colaborativo é importante o espírito de equipe.
3.2 GESTÃO COMO MEDIAÇÃO
A gestão, enquanto ação mediadora entre as diretrizes educativas e os
sujeitos implicados no processo educacional, - alunos, professores, diretores,
1 GUERRA, M. A. S. La escuela que aprende. Madrid: Morata, 2000.
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técnicos, pais e outros, estabelece-se a partir das relações pedagógicas que se
desencadeiam nessa mediação.
Ao se analisar as dificuldades apresentadas pela escola em produzir uma
aprendizagem que venha a despertar no aluno o envolvimento, o comprometimento
e a satisfação em aprender, não se pode deixar de pensar em mudança.
Schön2 apud Jordão, (2007) apontou possibilidades de mudanças,
introduzindo a necessidade de se repensar a epistemologia da prática,
fundamentada na reflexão a partir de situações concretas.
A vida na sala de aula, dos indivíduos e dos grupos que nela se desenvolvem
e interagem, apresenta para o professor problemas de ordem conceitual,
instrumental e, portanto técnicos, como a aplicação de recursos e as estratégias
necessárias para se atingir os objetivos constantes nas Diretrizes Curriculares.
A mudança na forma de conduzir a ação pedagógica dentro do espaço
escolar e para além deste, implica em inovação. Böeme e Stehr argumentam que os
tipos de mudanças que ocorrem atualmente, em todas as áreas, dizem respeito às
formas e ao domínio do próprio conhecimento.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1995) o desafio hoje nas grandes instituições é
a transferência do conhecimento tácito (que já existe na cabeça das pessoas) para o
conhecimento explícito, que deve acontecer em uma “Espiral do Conhecimento”
aumentando quando há um domínio completo sobre os conhecimentos adquiridos
no ciclo anterior. Em cada ciclo, através de interações sociais, montam-se conexões,
constroem-se esquemas mentais e desenvolvem-se novos conceitos a partir das
interações com os pares e os mais experientes, num processo de construção em
que se acumula sucessivamente o saber.
Uma das formas de aperfeiçoar o mundo corporativo está relacionado ao
conceito da Espiral do Conhecimento, a partir da qual, todos os componentes de
uma instituição , nas conversas e na troca de conhecimento entre si, adquirem novas
idéias para desenvolverem seu trabalho. Assim, não existe evolução sem inovação.
Mas como desenvolver a capacidade de inovar? Onde e como agir?
Mañas (1999, p. 79), falando sobre a capacidade de inovar engloba três
atitudes: 1. Inventar (nova idéia ou nova abordagem); 2. Conduzir um projeto
2 SCHÖN, D. The reflexive practitioner. Londres: Temple Smith, 1983.
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(passando de uma invenção a um produto ou ação); 3. Inventar o interlocutor de sua
ação conceitual, caso seja necessário.
3.3 O PAPEL DA CRIATIVIDADE NA TOMADA DE DECISÕES
A análise das fases ou ciclos históricos demonstram que periodicamente, a
sociedade assume formas de organização diferentes em virtude das novas
percepções dos acontecimentos mundiais, da adoção de novos valores
considerados básicos, bem como da implantação de novas estruturas econômicas,
políticas, sociais e de diferentes manifestações da criatividade.
Esta forma de pensar tem influenciado professores e gestores, mas sabe-se
que na realidade a verdade é outra. A criatividade existe também em pessoas
comuns e pode ser expressa de várias maneiras, desde pequenas formas de
resolver problemas cotidianos até invenções e descobertas do mundo científico.
Segundo Moraes (2001, p. 81),
As pessoas, em geral, não se consideram criativas, pois associam a criatividade à genialidade dos cientistas, ao senso estético dos artistas ou à descoberta de algum produto ou processo novo, diferente, inédito. É comum ver as pessoas mentalmente acomodadas, satisfeitas com a rotina diária que estabelecem e resistentes a questionamentos ou inovações sugeridas.
A criatividade pode, portanto, ser despertada e desenvolvida, pois se encontra
implícita (latente) ou explícita (aparente) em todas as pessoas.
Este atributo inato ou desenvolvido é especialmente útil aos gestores no
processo de tomada de decisões. Como a criatividade não está restrita ao cargo que
o indivíduo ocupa e muito menos a sua posição hierárquica, a receptividade dos
gestores às idéias dos outros é condição indispensável à existência de um ambiente
criativo. (PEREIRA, 2001, p. 81).
Assim, o gestor ou o tomador de decisão, precisa ter criatividade, ou estimular
a criatividade, isto é, a habilidade de gerar idéias novas e úteis. Essas idéias devem
ser diferentes daquilo que já foi feito, e deve ser apropriado para o problema ou
oportunidade presente.
Outro fator importante na tomada de decisão é a percepção, que pode ser
definida como o processo pelo qual os indivíduos organizam e interpretam as suas
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impressões sensoriais com a finalidade de dar sentido ao que vêem e ao que fazem,
isto é, a sua percepção da realidade.
Percebe-se que certas pessoas têm naturalmente a percepção e a
criatividade mais desenvolvidas que outras. Quando dotadas também de habilidades
específicas como persistência, mente aberta e capacidade de convencimento
tornam-se pessoas-chave dentro do processo de inovação.
Para Tidd et al.3 apud Valladares, (2003, p. 225)
Inovações de sucesso dependem de dois ingredientes: recursos técnicos e capacidade organizacional de gerenciá-los. Recursos técnicos representam a matéria-prima principal para a inovação. Um grupo deve possuir ou saber onde encontrar todos os ingredientes técnicos necessários para o seu trabalho.
No processo de implementação das TICs no Estado do Paraná, a matéria-
prima (computadores e TV Pendrive) já se encontram disponíveis na maioria das
escolas públicas.
Cabe agora a estas escolas públicas estaduais a implementação de
metodologias criativas que tornem capaz a sua eficaz utilização. Portanto, as
escolas como centros de produção do conhecimento podem hoje criar, inovar e
diversificar conteúdos e metodologias que possam dar conta das necessidades de
aprendizagem utilizando-se das TICs para dinamizar a construção do saber.
Para esta implementação, gestores e pedagogos precisam munir-se de
técnicas que conduzam ao envolvimento dos componentes da comunidade escolar
(professores, alunos pais e funcionários) com as ações necessárias à mudança.
Segundo Valladares (2003, p. 324), Osborn foi um dos pioneiros a estudar e
criar técnicas de desenvolvimento da criatividade em grupos. A mais conhecida é a
“brainstorming”4. Na primeira etapa dessa técnica, os participantes têm a
oportunidade de colocar suas idéias sem serem questionados ou criticados. A idéia é
deixar fluir a criatividade pela eliminação de barreiras como o medo de ser
ridicularizado ou de falar em público. Os participantes têm o direito de utilizar a idéia
dos outros, fato conhecido como “pegar carona” na idéia de outro participante,
3 TIDD, J. et. Al. Managing innovation: integrating technological, market and organizational change.
West Sussex: John Wiley and Sons, 1997. 4 Brainstorming termo que significa “Tempestade de Idéias”.
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melhorando-a ou combinando-a com outras idéias. Um dos participantes anota todas
as idéias e pode coordenar o grupo para que uma pessoa fale de cada vez e todos
tenham a oportunidade de falar. Em uma segunda fase, as idéias são analisadas
pelo grupo, onde se descartam as idéias consideradas não-aplicáveis. Essa
ferramenta também pode ser feita por escrito, conhecida como “brainwriting”.
4 OS NATIVOS DIGITAIS
Um dos grandes desafios para que ocorra uma adequação da educação às
exigências da modernidade, está na inserção das novas tecnologias nas escolas,
tendo em vista o perfil dos “nativos digitais5,” isto é, aluno-usuário do século XXI.
Com a Internet, os nativos digitais têm acesso instantâneo a todo e qualquer tipo de informação. Eles não precisam mais de ajuda dos pais e dos livros para responder a determinadas questões. Já são estimulados a terem desde cedo um comportamento pró-ativo para pesquisar qualquer assunto tanto para fins de estudo como para tirar dúvidas de questões em sua vida cotidiana. Essa geração também desenvolve uma rede de trocas de conhecimento sobre diversos assuntos. [...] Eles já estão acostumados a consultar cada amigo para saber determinado assunto. (MACEDO; LIMOEIRO, 2006, p. 36).
Os autores traçam o perfil da criança e do jovem desta sociedade do século
XXI. A observação no seu dia-a-dia nos mostrará o seguinte perfil: o jovem estará
realizando várias ações ao mesmo tempo - navegando na Internet ao mesmo tempo
em que envia torpedos de seu celular, ouve música em um MP3 player, seu ou do
colega, dá uma espiadinha na TV, vigia a vida alheia no Orkut e ainda marca com
seus amigos no MSN, a programação do final de semana. (MACEDO; LIMOEIRO,
2006).
Esta criança ou este jovem, independente da classe social a que pertençam,
diferem muito da criança e do jovem de alguns anos atrás, que tinham somente a TV
e o vídeo-game como aparato tecnológico.
Em contraposição a esta terminologia, os autores se referem a nós como
“imigrantes digitais”.
5 “O termo ‘nativos digitais’ foi criado pelo educador norte-americano Marc Prensky e define o grupo
de jovens consumidores da mídia, jovens nascidos a partir de 1994 já imersos na era tecnológica e que possuem uma vida fortemente influenciada pela Internet e pelos aparatos tecnológicos”. (MACEDO; LIMOEIRO, 2006, p. 36).
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Por mais que estejamos conectados às novas tendências tecnológicas, nunca conseguiremos adquirir as peculiaridades deles, pois nos enquadramos no que Prensky define como ‘imigrantes digitais’, ou seja, migramos para esse novo mundo e ainda temos algumas raízes fincadas no passado (MACEDO; LIMOEIRO, 2006, p. 2).
Partindo da análise deste perfil, é possível deter-se nos seguintes
questionamentos:
- Que preocupações deve ter o gestor da Escola Pública, bem como a sua
Equipe Pedagógica com relação ao arcabouço pedagógico, que venha a
despertar o interesse deste jovem “nativo digital” e passe a envolvê-lo no
processo ensino-aprendizagem?
- Que perfil de professor deverá ser desenvolvido/estimulado para dar conta
de uma ação pedagógica que envolva o jovem que já nasce dominando a
linguagem tecnológica?
- Que saberes/conhecimentos o pedagogo e o professor como “imigrantes
digitais” precisam dominar para poderem trabalhar com este perfil de
aluno?
É em razão dessas demandas que a didática precisa incorporar as investigações mais recentes sobre modos de aprender e ensinar e sobre o papel mediador do professor na preparação dos alunos, para o pensar. Mais precisamente, será fundamental entender que o conhecimento supõe metodologia e procedimentos sistemáticos do pensar. Nesse caso, a característica mais destacada do trabalho do professor é a mediação docente pela qual ele se põe entre o aluno e o conhecimento para possibilitar as condições e os meios de aprendizagem, ou seja, as mediações cognitivas. (LIBÂNEO, 2004, p. 6).
4.1 MEDIAÇÃO OU INTERAÇÃO?
Mediação supõe interação. Segundo Pérez Gómez (2000 p. 74) a análise e
considerações dos processos mentais de mediação provoca o desenvolvimento de
duas correntes de investigação: a que se centra na análise dos processos mentais
do professor ou professora quando planeja, organiza, intervém e avalia; e a que se
preocupa fundamentalmente dos processos mentais e afetivos do aluno ou aluna
quando participa em atividades de aprendizagem.
Assim, a forma de atuar do docente nas trocas educativas, a maneira de
planejar sua intervenção, de reagir frente às exigências prevista ou não, o modo de
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refletir sobre sua prática são o resultado de seu próprio processo de socialização,
isto é, são resultantes de suas experiências vividas, quando era aluno e ao longo da
sua vida escolar e profissional. Já no modelo mediacional, centrado no aluno,
considera-se que, para compreender o que realmente acontece no processo ensino
aprendizagem, deve-se levar em conta a forma de atuar do aluno frente as
atividades propostas, como conseqüência de suas elaborações pessoais, o que
influencia nos resultados do processo Estas variações constituem-se em efeitos
causados pelas respostas às atividades significativas propostas. O comportamento
do professor, bem como os materiais e estratégias de ensino, não causam
diretamente a aprendizagem, mas influenciam nos resultados na medida em que
ativam no aluno a resposta de processamento de informação. Frente ao mesmo
comportamento docente ou mesma estratégia de ensino, alunos distintos podem
ativar diferentes processos cognitivos e afetivos provocando diversos resultados de
aprendizagem.
Já na concepção de Vygotsky (1984) quando o indivíduo interage com o
mundo pode fazer mais do que parece se capaz e extrair muito mais de uma
atividade, se há um adulto ou um participante com mais experiência para mediar a
aprendizagem. Para o autor, a aprendizagem corresponde a um processo de
articulação de fatores externos e internos, com a intenção de internalizar os signos
culturais pelo indivíduo, o que propicia a mediação cultural do processo do
conhecimento. Na apropriação da experiência sócio-cultural como ser ativo, sua
ação envolve a interação com os outros já portadores desses saberes e
instrumentos.
Mas, como se processa esta interação entre o aluno, o computador ou com a
TV Multimídia no processo ensino-aprendizagem?
Segundo Bartolomé Pina apud Sancho (2007 p.213)
[...] entende-se por interatividade o fato de que ambos os extremos do canal de comunicação participam, emitindo mensagens que são recebidas e interpretadas pelo outro extremo e que, de alguma maneira, influem no modo como o diálogo continua a se desenvolver.
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Os termos “interativo” e “multimídia” são usados de modo semelhante. Os
sistemas multimídia possuem esta característica: baseiam se no sujeito e são
altamente interativos com ele
Para Preece et al (2005, p107), crianças e adultos geralmente apresentam
dificuldades para aprender coisas difíceis , fórmulas matemáticas, notações, leis da
física e outros conceitos abstratos. Uma das principais razões é acharem difícil
relacionar suas experiências concretas do mundo físico com estas abstrações de
alto nível. No entanto, as pesquisas têm mostrado ser possível facilitar este tipo de
aprendizagem com o uso de: multimídia interativas.tais como simulações, objetos
de aprendizagem , ou através de materiais preparados pelo professor, com o uso do
computador e da TV Pendrive (multimídia).
Para tanto, Gestor, Pedagogo e Professor considerados os “imigrantes
digitais” precisam se preparar para o enfrentamento deste novo desafio: o uso
pedagógico das tecnologias em sala de aula pois,
[...] uma vez que a escola é responsável pela transmissão e renovação do conhecimento, não é possível ignorar as mudanças no próprio conhecimento decorrentes das profundas transformações sociais e tecnológicas e da revolução delas decorrentes, nos sistemas de informação e comunicação. (HARGREAVES, 2001, p. 14).
Neste contexto torna-se de vital importância e compreensão do sentido do
uso das TICs no trabalho de Gestão Escolar o que significa introduzir o gestor e o
pedagogo no campo da tecnologia, aproximá-los do computador, fazê-los explorar
os diversos recursos disponíveis e sobretudo, refletir sobre o significado do próprio
trabalho nos dias atuais, ampliando a visão da função exercida.
Em última análise, buscava-se mais do que a simples apropriação e utilização das TICs por parte dos gestores, espereva-se que eles, movidos pelas novas aprendizagens fossem levados a identificar as contribuições das TICs em seu trabalho e nos processos de ensino e aprendizagem, o que evidencia uma reconcepção do seu papel de gestor, buscando novas alternativas de ação que se afastem daquelas condicionadas à visão administrativa-burocrática da gestão escolar. (ALMEIDA; ALONSO, 2003, p. 15).
As autoras acrescentam também que: a função social da escola ganhou
novas dimensões, para além da sala de aula e/ou dos muros da escola, portanto, ela
terá de se abrir para o mundo real e reinterpretar seu papel dentro do social. Da
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mesma forma, é fundamental que ela esteja atenta às mudanças sociais e aos
avanços tecnológicos, a fim de se beneficiar deles, trazendo para si novas propostas
de ação que favoreçam o desenvolvimento do professor e a aprendizagem do aluno,
para colocá-los em sintonia com o mundo atual.
4.2 O PEDAGOGO E O ASSESSORAMENTO
Na perspectiva da gestão democrática o pedagogo para realizar o
assessoramento do fazer pedagógico com tecnologias, para articular e gerenciar a
implementação didática das tecnologias na prática pedagógica do professor
desenvolve ações relacionadas a facilitar, orientar e assessorar o trabalho do
professor. Sua ação, portanto deve constituir-se de colaboração, atuando pela via do
convencimento e não da obrigação.
Entretanto, a participação na construção deste saber passa a ser um
compromisso a ser assumido por todos os envolvidos no processo educativo,
exigindo responsabilidades na tomada de decisões e principalmente um
comprometimento com a ação, enriquecida pela variedade de saberes e
experiências.
Esta decisão implica em identificar e conhecer as ferramentas a serem
utilizadas para a realização das mudanças necessárias a realização do processo de
inovação realizando-se o registro do conhecimento construído na instituição, através
do levantamento de dados; e informações resultantes do registro do setor
administrativo, bem como na elaboração, criação, reestruturação de conhecimentos,
pedagogicamente construídos que fazem parte do dia a dia do professor e do aluno
bem como do diretor e do pedagogo.
O uso criterioso da Tecnologia da Informação e Comunicação como apoio no processo ensino-aprendizagem proporciona ao aluno o acesso a uma poderosa ferramenta coadjuvante da construção de novos conhecimentos. Também contribui, sobremaneira, para a superação de barreiras vinculadas à estrutura curricular tradicional, possibilitando a integração do aluno às diferentes maneiras de aprender. (OLIVEIRA, 2007, p. 29).
Desta forma, se faz necessário um assessoramento que privilegie o
pedagógico sobre o tecnológico.
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Para Monereo (2007, p. 14), assessorar significa, ajudar, mediar, colaborar,
apoiar, guiar. Entre as muitas formas de entender este trabalho de apoio e de ajuda
a alguém, parece haver um consenso de que a atividade de assessoramento
educacional, para ser efetiva, deve nascer de uma atitude de colaboração, de
construção dessa prática entre assessor e assessorado.
Mas o que significa colaborar? Monereo (2007, p. 28) apresenta o seguinte
conceito:
[...] colaborar é trabalhar com alguém, isto é realizar em conjunto uma atividade significativa, com o propósito de atingir uma meta relevante e compartilhada, por certos meios ou ações que deverão ser definidas de forma coordenada, conforme as possibilidades das diferentes partes envolvidas.
Assim, colaborar significa compartilhar os mesmos conceitos e
representações do problema a ser enfrentado.
Para o autor uma situação de assessoramento é definida de acordo com os
seguintes critérios:
- a existência de um problema a resolver;
- a observação de como esse problema afeta determinados protagonistas;
- a definição de um contexto espaço-temporal.
O processo de assessoramento visando a apropriação, por parte dos
professores de metodologia de uso pedagógico das TICs envolve ações
colaborativas que estabeleça relação entre conhecimento e ação docente e
discente, apontando para uma ação condizente com as expectativas do aluno-
usuário do computador.
O pedagogo, como agente inconteste deste assessoramento deve estar
consciente deste processo para poder colaborar em sua implementação, desde o
planejamento, acompanhamento e avaliação de cada fase do mesmo.
Oliveira (2007, p. 28) coloca algumas vantagens no uso da informática no
processo de ensino e aprendizagem: motivos psicopedagógicos e tecnológicos;
ausência do bloqueio cognitivo; relacionamento interativo; diferentes modos de
resolução para um mesmo problema; prazer da descoberta; motivação; alegria;
emoção; cooperação; interação; a criança aprende brincando; aprendizagem com
significado; promoção de indagações e possibilidade de desafios.
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O autor aponta também algumas desvantagens: individualidade; aceitação
das informações retiradas do computador; softwares educativos desvinculados da
realidade do aluno; falta de clareza nas telas e nos menus e feedback inadequado.
Elena Martin et al apud Sancho (2007, p. 65), apresenta seis dimensões onde
pode ocorrer a colaboração do pedagogo à pratica docente: 1) A relação entre os
conteúdos e as capacidades; 2) A motivação; 3) A avaliação; 4) O ensino e a
aprendizagem de conceitos; 5) O ensino e a aprendizagem dos procedimentos; 6) O
ensino e a aprendizagem das atitudes.
Estes âmbitos de decisão ou dimensões da prática docente relacionadas a
incorporação do computador e da TV Pendrive às construções de conhecimento
relativas às várias disciplinas no dia-a-dia escolar, constituem-se em âmbitos nos
quais professores e assessores podem compartilhar suas representações visando a
colaboração.
Para Gomes (2006) a tecnologia, como recurso no processo de
aprendizagem, pode acontecer de duas formas:
- com a função de tornar mais fáceis as rotinas de ensinar e aprender;
nesse caso, o computador é utilizado como máquina de ensinar, repetindo,
portanto, os mesmos esquemas do ensino tradicional;
- com a função de organizar os ambientes de aprendizagem nos quais os
alunos são encorajados a resolverem situações-problema, e o professor
tanto identifica e respeita o estilo de pensamento de cada um, quanto os
convida a refletirem sobre o seu pensar (pensamento reflexivo). Nesse
caso, o ensino é inovador.
Para construir este material significativo para o uso do computador como
ferramenta complementar ao processo ensino-aprendizagem o professor necessita
apropriar-se de conhecimentos sobre as várias possibilidades de uso do computador
nos contextos de ensino-aprendizagem.
Cano apud Sancho, (2007, p. 163) apresenta uma classificação em torno das
possibilidades de utilização do computador no ensino. Com base no trabalho de
Solomon (1987), o autor citado parte de quatro outros autores para estabelecer uma
relação entre diferentes teorias de aprendizagem e o uso de computadores na
educação: o computador como livro-texto com uma função interativa (Suppes:
exercício e aprendizagem da memória); Davis e a interação socrática e
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aprendizagem como descobrimento; Dwyer e o computador como meio de
expressão; Papert com o construtivismo e a aprendizagem piagetiana.
Um assessoramento para ser efetivo deve, portanto considerar as várias
formas de aplicação da Internet na área da educação: como recurso educacional,
como instrumento de comunicação, para a realização de projetos, para transmitir
conteúdos, como auxílio a pesquisa e ao desenvolvimento profissional dos
professores.
5 METODOLOGIA
O encaminhamento metodológico utilizado na elaboração deste artigo segue
os pressupostos da pesquisa-ação, considerada por Moreira e Caleffe (2006) como
uma intervenção em pequena escala, no mundo real e um exame muito efetivo desta
intervenção. Ao observar as características de uso do método na pesquisa é
possível identificar: a) pesquisa-ação é situacional - está preocupada com o
diagnóstico do problema em um contexto específico para tentar resolvê-lo neste
contexto; b) é colaborativo, exigindo equipes de pesquisadores que trabalhem
juntos; c) ela é participativa, pois os participantes da equipe tomam parte
diretamente ou indiretamente na implementação da pesquisa; e d) ela é auto-
avaliativa, isto é, as modificações são continuamente avaliadas, pois o principal
objetivo é melhorar a prática.
A pesquisa classifica-se também como qualitativa, pois explora as
características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos
numericamente.
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Compreendendo a educação como uma prática social que se concretiza nas
dimensões macro e micro, a pesquisa em educação deve representar um processo
de investigação no sentido de construção de um saber científico que tem como base
o estudo do “fazer” pedagógico. Desta forma o objetivo da investigação educativa é
a transformação e o aperfeiçoamento da prática.
Para Gómez (2000, p. 111) investigar para intervir na escola requer, portanto
compreender o meio complexo que preside e medeia as trocas simbólicas entre os
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indivíduos e os grupos que a compõem. Como qualquer outro meio social o escolar
não é nem exclusiva, nem fundamentalmente o cenário físico ou psicossocial
observável, não é somente o contexto real, mas o percebido e sentido pelos
indivíduos e grupos. Isso implica compreender a inter-relação entre os dois sistemas
que compõem a vida da aula:
- a cultura acadêmica que se vive na escola, que se reproduz tanto quanto
se transforma, abrangendo tanto os conteúdos quanto os métodos, as
experiências e as estratégias de aprendizagem, a interação e o controle;
- os modos, as normas e os princípios que regem os intercâmbios sociais
no grupo de classe e no contexto social; o clima social de relações; os
canais de participação na vida social da aula e da escola, os
conhecimentos tácitos e explícitos.
Assim toda e qualquer pesquisa que esteja relacionada à escola ou ao
processo ensino-aprendizagem tem a ver com a realidade da mesma e com o
reflexo da sociedade em que ela está inserida.
Na pesquisa-ação, os atos de investigação pressupõem uma obrigação de
beneficiar pessoas que não pertencem à comunidade científica, e em sua essência
passam a beneficiar também a aprendizagem dos alunos ou o desenvolvimento
profissional dos professores.
Essa nova concepção de construção do saber baseia-se na idéia de que o
professor deve desenvolver a capacidade de refletir sobre a sua própria prática, de
modo a tornar explícitos os saberes tácitos, provenientes de sua experiência. Para o
autor, ao conscientizar-se de seus saberes tácitos o profissional efetua o primeiro
passo que lhe permite questionar sobre as estratégias e as teorias nas quais
acredita, o que lhe possibilita transformar seus modos de atuação.
Com o advento do uso dos dispositivos tecnológicos pela sociedade, grande
parte dos profissionais da educação (gestores, pedagogos e professores), têm
encontrado dificuldades em explorar pedagogicamente e de modo efetivo as TICs -
Computador e TV - como ferramentas complementares ao processo ensino-
aprendizagem. A observação desta realidade aponta para a necessidade de se
reverter este quadro criando possibilidades pedagógicas para a incorporação pelas
escolas, desta tecnologia
O principal desafio que se coloca hoje ao papel do assessoramento, está
ligado a questão da exploração pedagógica do uso das TICs e à necessidade de se
17
incorporar na prática pedagógica as várias possibilidades que as TICs oferecem
para a prática, no espaço escolar, tendo em vista o desenvolvimento de um modelo
de formação baseado mais na aprendizagem colaborativa e no intercâmbio de
experiências do que na mera transmissão.
Schön (1983 apud Jordão) aponta possibilidades de mudanças, introduzindo
a necessidade de se repensar a epistemologia da prática, fundamentada na reflexão
a partir de situações concretas.
Ao colocar-se em processo de pesquisa-ação, os professores, assumem a
postura de observadores participantes nas aulas e na escola, e são estimulados a
tomarem decisões e a assumirem responsabilidade sobre o processo educativo, no
espaço escolar.
A prática da intervenção sugere também que se assuma uma postura
interpretativa dos elementos componentes do objeto de estudo, com perspectiva
voltada para a reflexão, planejamento, transformação e aperfeiçoamento da
realidade.
Para Schön (1983 apud Jordão) existem três conceitos básicos que se
incluem no termo mais amplo do pensamento prático: o conhecimento na ação; a
reflexão na ação e a reflexão sobre e na ação.
Ao refletir criticamente sobre sua ação, o professor desenvolve a
compreensão da sua própria prática pedagógica e analisa os resultados
educacionais alcançados. Se esta reflexão é feita no coletivo de professores, a
mesma, integra-se ao processo de transformação, e a partir de elementos de
indagação e de diálogo com a realidade, torna a sua contribuição mais efetiva.
Este desafio, portanto exige uma mudança de atitude frente à concepção de
ensino, de sala de aula, assumindo a idéia do trabalho colaborativo, e da troca de
conhecimento.
5.2 AMBIENTE DA PESQUISA
O presente estudo pretende, através de pesquisa qualitativa e da elaboração
de um instrumento válido, diagnosticar que enfoque está sendo dado às TICs nas
escolas públicas do Estado do Paraná, pertencentes ao Núcleo Regional de Ensino
(NRE) - Área Metropolitana Norte e de que maneira os Pedagogos como
articuladores de todo o processo ensino aprendizagem e como coadjuvantes no
18
processo de Gestão Pedagógica destas escolas estão, juntamente com os Gestores
Escolares (Diretores e Conselho Escolar), articulando, assessorando e motivando o
desenvolvimento de um trabalho colaborativo entre pedagogo, professor e aluno
tendo em vista a utilização das TICs como recursos facilitador e de enriquecimento,
nas salas de aula; na parte administrativa e na comunicação interna e externa ao
espaço escolar.
O trabalho desenvolveu-se a partir das seguintes bases de pesquisa:
Pesquisa de campo: a) Questionário envolvendo diretor e equipe pedagógica de
escolas públicas estaduais do NRE - Área Metropolitana Norte, pertencentes ao
Programa SuperAção, como registro de estratégias metodológicas já utilizadas pelos
Gestores e Equipe Pedagógica para implementação pedagógica das TICs; b)
Análise dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas pesquisados, a cerca das
ações planejadas e das estratégias de operacionalização quanto ao uso dos
recursos tecnológicos disponíveis.
5.3 SELEÇÃO DA AMOSTRA
Selecionou-se a população objeto de estudo e a amostra da pesquisa em
função das seguintes eixos de atitudes:
- o grau de apropriação do uso das TICs, pelos professores das escola
públicas pertencentes ao NRE - Área Metropolitana Norte de Curitiba;
- atitudes dos professores em relação ao processo de incorporação das
TICs na sala de aula;
- atitudes dos pedagogos em relação ao assessoramento na incorporação
do “fazer pedagógico”com tecnologias,no espaço escolar.
Sendo necessário delimitar uma amostra escolheu-se para esta pesquisa, dez
escolas das vinte e oito pertencentes ao Projeto SuperAção/SEED. Dentre os
quatorze municípios pertencentes ao NRE - Área Metropolitana Norte, sete possuem
escolas incluídas neste Projeto. Para restringir-se a pesquisa escolheu-se dez
escolas deste NRE pertencentes a três Municípios. São eles: Colombo (três
escolas), Pinhais (três escolas) e Almirante Tamandaré (quatro escolas).
O Programa SuperAção/SEED, constitui-se em um programa composto por
ações integradas entre os diversos Departamentos, Coordenações e NREs da
19
Secretaria de Estado da Educação, com o objetivo de potencializar a qualidade
educacional no Paraná, superando problemas constatados e localizados em
determinadas escolas da rede pública estadual de ensino e que apresentam altos
índices de evasão e repetência,
5.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA
Para Lüdke e André (1986, p. 25) planejar a observação significa determinar
com antecedência “o quê” e “o como” observar.
Para a coleta de dados aplicou-se como instrumento de pesquisa um
questionário, com o objetivo de medir as atitudes dos Pedagogos em relação ao uso
das TICs e ao assessoramento da incorporação das mesmas na ação pedagógica
do professor no espaço escolar.
Usou-se como parâmetro um pedagogo por escola.
Considerou-se um conceito de atitude baseado nos três componentes: o
cognitivo, o afetivo e o comportamental o que contribuiu para que a investigação
abrangesse aspectos psico-sociais e sócio-cognitivos do uso das TICs no espaço
observado. O instrumento utilizado permitiu também conhecer e compreender o grau
e tipo de envolvimento dos sujeitos objetos de estudo Gestores Escolares (Diretores
e Conselho Escolar) e Pedagogos em atividades relativas ao assessoramento,
inovação e implantação do uso do computador e da TV multimídia na realidade do
professor como ferramentas que possibilitam a construção do conhecimento, tanto
para o enriquecimento de sua prática como para subsidiar o trabalho docente no
processo de construção do conhecimento pelo aluno.
Como ponto de partida realizou-se um teste piloto para validar o instrumento
de pesquisa em relação à problematização levantada. O instrumento continha 40
itens para as respostas fechadas, que posteriormente foram sintetizados para 28
apenas.
Montou-se o instrumento de pesquisa (Apêndices 1 e 2) a partir de dois tipos
de questões: as questões de resposta fechada e as de resposta aberta. As questões
de resposta fechada são aquelas nas quais o inquirido apenas seleciona a opção,
dentre as apresentadas, que mais se enquadra à sua opinião. As questões de
resposta aberta permitem ao inquirido construir a resposta com as suas próprias
palavras, permitindo deste modo a liberdade de expressão.
20
As questões de respostas fechadas foram montadas com base na Escala
Likert. A escala é usada quando o pesquisador quer coletar os sentidos, opiniões e
atitudes dos pesquisados.
Esta escala requer que os entrevistados (avaliados) indiquem seu grau de
concordância (aprovação) ou discordância (reprovação) com relação às declarações
(informações) que estão sendo medidas (avaliadas).
A Escala Likert apresenta uma série de cinco proposições, das quais o
inquirido deve selecionar uma, podendo estas ser: concorda totalmente, concorda,
indiferente, discorda, discorda totalmente. É efetuada uma cotação das respostas
que varia de modo consecutivo: +2, +1, 0, -1, -2. É necessário ter em atenção
quando a proposição é negativa. Nestes casos a pontuação atribuída deverá ser
invertida.
Mattar (1997, p. 15) acrescenta que os respondentes são solicitados não só a
concordarem ou discordarem das afirmações, mas também a informarem qual o seu
grau de concordância/discordância. A cada célula de resposta é atribuído um
número que reflete a direção da atitude do respondente em relação a cada
afirmação. A pontuação total da atitude de cada respondente é dada pela somatória
das pontuações obtidas para cada afirmação.
As questões de resposta aberta foram construídas com a intenção de se
investigar:
- De que forma os pedagogos estão assessorando os professores na
utilização das TICs em sala de aula?
- As tecnologias e os resultados para a aprendizagem.
- A integração (mediação) entre os recursos tecnológicos, a sala de aula e a
ação docente do professor.
- De que forma a Equipe Pedagógica das escolas públicas do NRE - Área
Metropolitana Norte estão assessorando e dinamizando o processo ensino
aprendizagem a partir das TICs.
- Como o uso das TICs está previsto no Projeto Político Pedagógico, da
escola.
21
5.5 COLETA DE DADOS
As variáveis constantes nos Apêndices 1 e 2, foram utilizadas para a análise
das atitudes do gestor e pedagogo na assessoria do processo de inserção de
recursos tecnológicos na ação pedagógica do professor, isto é, em relação ao uso
das TICs no espaço escolar.
Coll et al. (1998, p. 122) define as atitudes como tendências ou disposições
adquiridas e relativamente duradouras a avaliar de um modo determinado, um
objeto, acontecimento ou situação e a atuar de acordo com essa avaliação.
A formação de uma atitude é resultante de: crenças, reflexos condicionados,
fixações, julgamentos, estereótipos, experiências, exposições a comunicações
persuasivas, trocas de informações e experiência com outros indivíduos, entre
outros.
Uma análise das atitudes desenvolvidas no espaço escolar com relação às
TICs assinala os pontos críticos no processo e orienta a tomada de decisões com
relação ações desenvolvidas tendo em vista a incorporação das TICs pelo professor.
A medição de atitudes é muito complexa. Para Mattar (1996, p. 87) há dois
fatores que dificultam sua medição: as atitudes existem somente na mente das
pessoas, não sendo diretamente observáveis; o conceito de atitude é complexo,
envolve três componentes, o cognitivo, o afetivo e o comportamental e dependendo
do componente que se quer medir, haverá um tipo escala mais apropriado.
6 RESULTADOS E ANÁLISE
Na primeira parte da pesquisa pretendeu-se observar o número de
pedagogos em cada escola realizando a atividade de assessoramento ao professor
em sua atividade docente.
Através de pesquisa realizada no Grupo de Apoio aos Recursos Humanos do
NRE - Área Metropolitana Norte em relação ao número de Pedagogos pertencentes
às dez escolas investigadas constatou-se que:
22
TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DOS PEDAGOGOS POR PERÍODO
FONTE: Grupo de Apoio aos Recursos Humanos (GARH), Área Metropolitana Norte (2008).
A análise da tabela acima demonstra que o número de pedagogos
disponibilizados à escola para atender a demanda das duas dimensões de trabalho:
a de assessoramento ao professor e atendimento ao aluno, nos três períodos de
atividade da escola é insuficiente em determinados períodos, necessitando de uma
redistribuirão para que o trabalho de assessoramento do “fazer pedagógico” possa
ser realizado.
A investigação sobre o acervo tecnológico na escola mostrou que mais de
50% das escolas possuem laboratório recebido através do Programa Paraná Digital.
Trinta por cento, além de possuírem computadores adquiridos através do Programa
Paraná Digital, possuem também computadores adquiridos do Programa de
Expansão e Inovação do Ensino Médio (PROEM). Outros 20% indicaram que estão
implantando laboratório.
Inquiridos sobre a questão dos laboratórios de informática atenderem as
demandas da escola, 80% responderam que não.
Quando questionados sobre como a instituição viabiliza o acesso aos
microcomputadores todos responderam que de acordo com a orientação do Núcleo
Regional de Ensino, neste primeiro momento, o laboratório será utilizado somente
por professores. Uma pequena parte, 10% respondeu que a escola viabiliza a
utilização dos microcomputadores somente para os professores e que o professor
pode usá-los de forma limitada.
Os pedagogos acrescentaram também que a Biblioteca das escolas já
estavam conectadas à Internet, no ano de 2007.
Nº PEDAGOGOS POR PERÍODO ESCOLAS
Manhã Tarde Noite
3 2 2 2
1 1 _ 1
2 3 3 2
1 2 2 1
1 1 1 _
1 1 1 1
1 3 1 1
23
A segunda parte do Instrumento de Avaliação dividiu-se em três blocos: 1)
Conhecimento do uso do computador pelo professor; 2) Incorporação das TICs na
sala de aula; 3) Processo de ensino e aprendizagem com o uso das TICs, nos quais
se formulou questões relativas aos seguintes âmbitos de decisão ou dimensões da
prática docente, entendidos como alguns dos âmbitos nos quais professores e
assessores podem compartilhar suas representações visando a colaboração.
O primeiro bloco discute a relação entre o professor e o seu conhecimento de
uso do computador.
As atitudes apontadas no quadro abaixo serão analisadas a partir das
respostas interpretadas no Gráfico 1.
QUADRO 1 - CONHECIMENTO DO USO DO COMPUTADOR PELO PROFESSOR
1. A maioria dos professores usa o computador como uma máquina de escrever sofisticada.
2. A maioria dos professores desconhece a potencialidade de uso do computador.
3. Os cursos em sua maioria não privilegiam os conhecimentos que auxiliam ao professor na questão pedagógica.
4. O trabalho com TICs exige do professor conhecimentos sobre como se processa a relação de interação aluno-computador.
5. O professor apresenta receio face à possibilidade de solicitação para a realização de uma tarefa.
FONTE: A autora.
O instrumento de coleta de dados (questionário) que tratou das variáveis de
análise das atitudes do pedagogo na assessoria da ação pedagógica do professor
com relação ao uso do computador em sala de aula torna evidente que: os
pedagogos inquiridos demonstraram ter consciência da realidade posta nas escolas
e dos fatos em relação ao conhecimento do uso do computador pelo professor.
(Gráfico 1).
24
GRÁFICO 1 - CONHECIMENTO SOBRE O USO DAS TICs PELO PROFESSOR - 2007
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5
Concordo Total
Concordo
Indiferente
Discordo
Discordo Total
FONTE: A Autora
Ao analisar-se o resultado do instrumento utilizado como medida para avaliar
a questão do assessoramento da ação pedagógica do professor pelo pedagogo
observou-se o seguinte: os pedagogos reconhecem que, uma parte dos professores
tem um grande conhecimento sobre o uso do computador, mas ainda existe uma
grande parcela que precisa dominar o seu uso. Os índices apontam fortemente para
o grau de concordância total.
Entretanto não existe uma opinião fechada sobre o assunto.
O resultado das respostas pertinentes ao Gráfico 1, aponta quanto a Questão
2, uma discordância, indicando que as respostas estão no patamar da dúvida.
Houve uma semelhança na percentagem de respostas: concordo totalmente e
discordo, mostrando que a maioria dos pedagogos tem opinião conflitante quanto ao
grau de conhecimento da potencialidade de uso do computador, pelo professor.
Entretanto só conhecer a utilização do uso do computador não implica em
saber utilizá-lo de forma pedagógica que pode ser evidenciado pelas respostas às
questões 3) Os cursos em sua maioria não privilegiam os conhecimentos que
auxiliam ao professor na questão pedagógica, e a questão 4) O trabalho com TICs
exige do professor conhecimentos sobre como se processa a relação de interação
aluno-computador.
25
QUADRO 2 - INCORPORAÇÃO DAS TICS NA SALA DE AULA
6. A maioria dos professores usa o computador como uma máquina de escrever sofisticada.
7. A maioria dos professores desconhece a potencialidade de uso do computador.
8. Os cursos em sua maioria não privilegiam os conhecimentos que auxiliam ao professor na questão pedagógica.
9. O trabalho com TICs exige do professor conhecimentos sobre como se processa a relação de interação aluno-computador.
10. O professor apresenta receio face à possibilidade de solicitação para a realização de uma tarefa.
FONTE: A Autora
GRÁFICO 2 - INCORPORAÇÃO DAS TICs NA SALA DE AULA - 2007
0
12
14
10
8
-10 -5 0 5 10 15
Q6
Q7
Q8
Q9
Q10Discordo Total
Discordo
Indiferente
Concordo
Concordo Total
FONTE: A Autora
26
A tendência apontada no quadro 2, e relacionadas e analisadas no Gráfico 2
indicam um grau total de concordância por parte dos pedagogos em relação à:
Questão 7 “A maioria dos professores desconhece a potencialidade de uso do
computador”; Questão 8 “Os cursos em sua maioria não privilegiam os
conhecimentos que auxiliam o professor na questão pedagógica”; Questão 9 “O
trabalho com TICs exige do professor conhecimentos sobre como se processa a
relação de interação aluno-computador” e Questão 10 “O professor apresenta receio
face à possibilidade de solicitação para a realização de uma tarefa” relacionadas ao
grau de conhecimento do uso das TICs pelo professor em sala de aula. Ficou
evidenciado pelos dados coletados que: a maioria dos professores desconhece a
potencialidade de uso do computador; que os cursos em sua maioria não privilegiam
os conhecimentos que auxiliam ao professor na questão pedagógica; que o trabalho
com TICs exige do professor conhecimentos sobre como se processa a relação de
interação aluno-computador; que o professor apresenta receio face à possibilidade
de solicitação para a realização de uma tarefa.
Neste gráfico o grau de discordância recai sobre a Questão 6 “A maioria dos
professores , segundo a resposta dos pedagogos, usa o computador como uma
máquina de escrever sofisticada” quando há um grande incidência de respostas
apontando para o discordo totalmente e discordo, mostrando que a maioria dos
pedagogos divergem de opinião sobre o fato da maioria dos professores usarem ou
não o computador como uma máquina de escrever sofisticada. Para comprovar em
que grau este fato ocorre na realidade, seria necessário um estudo mais
aprofundado.
No Quadro 3, constam atitudes relacionadas ao processo ensino-
aprendizagem referentes ao uso do computador pelos professores e alunos e que
fazem parte do processo de instrumentalização do pedagogo e do professor com
base nos procedimentos didático-pedagógicos necessários ao trabalho de
construção de um novo saber, no espaço escolar.
27
QUADRO 3 - PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM COM O USO DAS TICS
11. A aprendizagem com o uso do computador prepara o aluno para um bom desempenho em sua vida profissional.
12. A qualidade do material de aprendizagem interfere no aprendizado.
13. No uso das TICs o docente transforma-se em mediador de aprendizagem.
14. O uso do computador desenvolve no aluno a capacidade de trabalho em grupo. (Colaborativo).
15. O trabalho com o computador desenvolve a autonomia do aluno.
16. O trabalho com o computador desenvolve no aluno a capacidade de buscar a informação, de pesquisar.
17. As novas tecnologias oferecem suporte às pessoas em seu dia-a-dia.
18. Um dos desafios a ser enfrentado pelo professor consiste em utilizar sistemas que permitam as pessoas comunicarem-se umas com as outras quando estiverem em locais fisicamente diferentes para realizarem trabalhos e discussões. (Fórum, chat, blog, messenger, e-mail e ambientes virtuais).
FONTE: A Autora
GRÁFICO 3 - PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM COM O USO DAS TICs
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
Concordo Total Concordo Indiferente Discordo Discordo Total
Q11
Q12
Q13
Q14
Q15
Q16
Q17
Q18
FONTE: A Autora
28
O Gráfico 3 construído a partir das respostas às questões do Quadro 3,indica
uma significativa concordância com as atitudes apontadas no instrumento de
pesquisa, pois a incidência maior de respostas recaiu no concordo totalmente e
concordo.
Entretanto, o gráfico aponta uma discordância em relação às atitudes
apresentadas nas seguintes questões: Questão 11 “A aprendizagem com o uso do
computador prepara o aluno para um bom desempenho em sua vida profissional”
aparece (-1) uma resposta negativa; Questão 13 “No uso das TICs o docente
transforma-se em mediador de aprendizagem” onde aparecem duas (-2) indicações
discordantes e na Questão 14 “O uso do computador desenvolve no aluno a
capacidade de trabalho em grupo. (Colaborativo).” onde o grau de discordância
corresponde a quatro indicações (-4).
Analisando estas respostas do instrumento de pesquisa conclui-se que os
inquiridos demonstram um desconhecimento em relação aos procedimentos
didático-pedagógicos necessários ao trabalho de construção deste novo saber e da
importância do uso de atividades colaborativas em trabalhos que utilizem as TICs no
espaço escolar.
Com as Questões Abertas investigou-se de que forma o pedagogo assessora
a ação pedagógica do professor quanto ao uso do computador como ferramenta
complementar ao processo ensino-aprendizagem.e de que maneira a escola realiza
o registro das ações efetuadas..
Quando se perguntou se a escola realiza integração (mediação) entre
recursos tecnológicos, sala de aula e ação docente do professor os números
demonstram que a estratégia é via agendamento prévio (3); outros afirmaram ser
necessário capacitação (2); e os demais colocaram que somente os professores
estão se apropriando destes meios, quem sabe ajuda aquele que nada sabe e, de
modo geral, a mediação não acontece.
A abordagem relacionada à forma como a Equipe Pedagógica assessora o
professor na utilização de metodologias que dinamizam o processo ensino-
aprendizagem encontrou as seguintes citações:
- afirmam não auxiliarem por não serem capacitados no uso das
ferramentas (2);
- alegam falta de pedagogo ou que o laboratório encontra-se em fase de
implantação (3);
29
- quando da implantação do laboratório não tinham pedagoga (2);
- assessoramento ocorre quando solicitado ou durante a construção do
plano de trabalho docente (2);
- não fazem por falta de tempo (1).
Perguntou-se ainda se a utilização das TICs está prevista no Projeto Político
Pedagógico? As respostas foram:
- As TICs não estão presentes Projeto Político Pedagógico (3);
- A utilização das TICs não está especificada no projeto, como tal, mas
como uma ferramenta metodológica a ser utilizada de forma a facilitar o
processo ensino-aprendizagem (3);
- Explicam que as TICs estão inseridas no Projeto Político Pedagógico em
forma de conscientização dos professores (1);
- Consideram as TICs como um apoio pedagógico, ou seja, um recurso para
o professor utilizar em sua aula (2);
- Aparecem no Projeto Político Pedagógico como parte do planejamento de
cada disciplina, pois o aluno precisa ter o mínimo de domínio das
tecnologias (1).
As resposta não evidenciaram as formas de assessoramento realizadas e
nem possíveis experiências que as mesmas O trabalho com TICs exige do professor
conhecimentos sobre como se processa a relação de interação aluno-computador.
estivessem realizando.
Finalmente as questões de interatividade e discussão das experiências, troca
de material, informações com colegas da Escola ou de outras Escolas, foram ainda
questionados.
As atitudes apontam que as trocas de material e de informações ocorrem
através das Jornadas Pedagógicas, cursos de capacitação, e-mails, bilhetes e
telefones. Acrescente-se a criação de modelos de materiais para tornar o trabalho
mais objetivo, produtivo, enfim para facilitar a interpretação de dados para as
intervenções e superação das dificuldades.
30
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão da inovação na escola a partir da utilização de uma metodologia
própria aponta também para a necessidade do professor incorporar na sua prática
as atitudes necessárias para produzir a transformação do espaço escolar.
O assessoramento do fazer pedagógico com tecnologias exige um
comprometimento dos profissionais da educação com a ação, enriquecida pela
variedade de saberes e experiências. Entretanto, é na prática que estes saberes
serão construídos.
O pedagogo como agente inconteste e articulador do assessoramento e da
implementação didática das tecnologias na prática pedagógica devem incentivar e
participar da construção do processo de inovação, pois é o responsável pela tomada
de decisão.
Esta decisão implica em identificar e conhecer as diversas ferramentas que
serão utilizadas para a realização das mudanças necessárias e para o registro do
conhecimento construído na instituição, seja através do levantamento de dados e
informações resultantes do registro do setor administrativo, seja como resultado da
elaboração, criação, reestruturação de conhecimentos pedagogicamente
construídos que fazem parte do dia-a-dia do professor e do aluno bem como do
diretor e do pedagogo.
O pedagogo, através de seu assessoramento pode estimular também a
Gestão do Conhecimento na escola que segundo Nonaka e Takeuchi (1995)
constitui-se no maior desafio hoje nas grandes instituições. Com a Gestão do
Conhecimento realiza-se a transferência do conhecimento tácito (que já existe na
cabeça da pessoas) para o conhecimento explícito, que deve acontecer em uma
“Espiral do Conhecimento” aumentando quando há um domínio completo sobre os
conhecimentos adquiridos no ciclo anterior.Aproveitando-se o conhecimento
construído em cada ciclo, através de interações sociais, montam-se conexões,
constroem-se esquemas mentais e desenvolvem-se novos conceitos a partir das
interações com os pares e os mais experientes, num processo de construção em
que se acumula sucessivamente o saber.
Com esta postura e a partir desta prática o pedagogo produzirá a
transformação das escolas em centros de produção do conhecimento abrindo
caminhos para que professor e equipe pedagógica possam de forma colaborativa
31
criar, inovar e diversificar conteúdos e metodologias que possam realmente dar
conta das necessidades de aprendizagem do aluno usuário do computador,
utilizando-se das TICs para dinamizar a construção do saber.
REFERÊNCIAS
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34
APÊNDICES
35
APÊNDICE 1 - CARACTERIZAÇÃO DO SUJEITO DE PESQUISA - PEDAGOGO
INSTRUÇÕES:
• Leia as perguntas atentamente.
• As questões devem ser respondidas de forma detalhada e de acordo com o seu entendimento.
• Utilize o tempo que for necessário.
QUESTIONÁRIO 1 - CARACTERIZAÇÃO DO SUJEITO DE PESQUISA - PEDAGOGO
SUJEITO ( )
ESCOLA ( )
DIREÇÃO ( )
DIREÇÃO AUXILIAR ( )
PEDAGOGO ( )
A) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1. Município: _____________________________________________________
2. NRE: _________________________________________________________ 3. Sexo: M ( ) F ( ) 4. Formação: ______________________________________________________
B) ACERVO TECNOLÓGICO NA ESCOLA: 5. Sua escola possui instalações físicas (laboratórios de Informática):
Ofertados pelo Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) ( ) Programa Expansão, Melhoria e Inovação no Ensino Médio do Paraná (PROEM) ( )
Adquiridos pela escola ( ) Pertencentes ao Programa Paraná Digital ( ) O Projeto está em fase de implementação ( ) Não possui laboratório de Informática ( )
6. O espaço pedagógico do laboratório é adequado ao número de alunos? Computadores ( ) alunos ( ) 7. Como a sua instituição viabiliza o acesso dos alunos aos microcomputadores, para atender às necessidades
discentes? Plenamente ( )
De forma limitada ( ) Não viabiliza para o uso de alunos ( ) Viabiliza somente para o uso do professor ( ) Os microcomputadores não são utilizados ( )
8. A biblioteca de sua instituição está conectada a Internet? Sim ( ) Não ( )
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C) VARIÁVEIS OBSERVÁVEIS: As variáveis a seguir são utilizadas para a análise das atitudes do pedagogo na assessoria do processo
de inserção de recursos tecnológicos na ação pedagógica do professor, isto é, em relação ao uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em sala de aula.
Em relação á observação quanto ao conhecimento sobre o uso das TICs, pelo professor, assinale o seu grau de concordância ou discordância para cada uma das afirmações a seguir: LEGENDA: CT = Concordo Totalmente C = Concordo I = Indiferente D = Discordo DT = Discordo Totalmente
1. A maioria dos professores usa o computador como uma máquina de escrever sofisticada.
CT CI I D DT
2. A maioria dos professores desconhece a potencialidade de uso do computador.
CT C I D DT
3. Os cursos em sua maioria não privilegiam os conhecimentos que auxiliam ao professor na questão pedagógica.
CT C I D DT
4. O trabalho com TICs exige do professor conhecimentos sobre como se processa a relação de interação aluno-computador.
CT C I D DT
5. O professor apresenta receio face à possibilidade de solicitação para a realização de uma tarefa.
CT C I D DT
Em relação aos processos de incorporação das TICs, na sala de aula, assinale o seu grau de concordância ou discordância para cada uma das afirmações a seguir:
LEGENDA: CT = Concordo Totalmente C = Concordo I = Indiferente D = Discordo DT = Discordo Totalmente
6. O processo de otimização dos recursos tecnológicos já existe nas escolas.
CT C I D DT
7. São necessárias mais atividades que desenvolvam e favoreçam o uso do computador de forma pedagógica.
CT C I D DT
8. É importante a incorporação do computador como ferramenta de trabalho.
CT C I D DT
9. O computador facilita o desenvolvimento de aprendizagens significativas.
CT C I D DT
10. As potencialidades pedagógicas e criativas do computador estimulam os jovens a realizarem as atividades de sala de aula.
CT C I D DT
37
Em relação ao processo de ensino e aprendizagem com o uso das TICs, assinale o seu grau de concordância ou discordância para cada uma das afirmações a seguir:
LEGENDA: CT = Concordo Totalmente C = Concordo I = Indiferente D = Discordo DT = Discordo Totalmente
11. A aprendizagem com o uso do computador prepara o aluno para um bom desempenho em sua vida profissional.
CT C I D DT
12. A qualidade do material de aprendizagem interfere no aprendizado. CT C I D DT
13. No uso das TICs o docente transforma-se em mediador de aprendizagem.
CT C I D DT
14. O uso do computador desenvolve no aluno a capacidade de trabalho em grupo. (Colaborativo).
CT C I D DT
15. O trabalho com o computador desenvolve a autonomia do aluno. CT C I D DT
16. O trabalho com o computador desenvolve no aluno a capacidade de buscar a informação, de pesquisar.
CT C I D DT
17. As novas tecnologias oferecem suporte às pessoas em seu dia-a-dia. CT C I D DT
18. Um dos desafios a ser enfrentado pelo professor consiste em utilizar sistemas que permitam as pessoas comunicarem-se umas com as outras quando estiverem em locais fisicamente diferentes para realizarem trabalhos e discussões. (Fórum, chat, blog, messenger, e-mail e ambientes virtuais).
CT C I D DT
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APÊNDICE 2 - QUESTÕES ABERTAS
A UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR COMO FERRAMENTA COMPLEMENTAR AO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
1. Como é realizada nesta Escola a integração (mediação) entre os recursos
tecnológicos, a sala de aula e ação docente do professor?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2. De que forma a Equipe Pedagógica deste Estabelecimento de ensino assessora
o professor na utilização de metodologias que dinamizem o processo ensino-
aprendizagem no Laboratório de Informática?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Como a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) está
prevista no Projeto Político-Pedagógico da Escola?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Você tem o hábito de discutir suas experiências, trocar material, informações com
seus colegas da Escola ou de outras Escolas. Explique como.
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________