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7/17/2019 Informativos Do STF http://slidepdf.com/reader/full/informativos-do-stf 1/53  Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 Márcio André Lopes Cavalcante DIREITO CONSTITUCIONAL CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Impossibilidade de reabertura da discussão sobre a modulação se o Plenário já discutiu e rejeitou a proposta, proclamando o resultado Importante!!! O STF, ao apreciar uma ADI, julgou que determinada lei é inconstitucional. No dia que ocorreu o julgamento, havia apenas 10 Ministros presentes. Na oportunidade, discutiu-se se deveria haver ou não a modulação dos efeitos da decisão. 7 Ministros votaram a favor, mas como são necessários, no mínimo, 8 votos, a proposta de modulação foi rejeitada e o resultado final do julgamento foi proclamado. No dia seguinte, o Ministro que estava ausente compareceu à sessão e afirmou que era favorável à modulação dos efeitos da decisão que declarou a lei inconstitucional no dia anterior. Diante disso, indaga-se: é possível que o Plenário reabra a discussão sobre a modulação? NÃO. Depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e encerrado e, por isso, mostra-se inviável a sua reabertura para discutir novamente a modulação dos efeitos da decisão proferida.  A análise da ação direta de inconstitucionalidade é realizada de maneira bifásica: a) primeiro, o Plenário decide se a lei é constitucional ou não; e b) em seguida, se a lei foi declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade de modulação dos efeitos. Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com a votação sobre a modulação (que não foi alcançada), não há como reabrir o caso, ficando preclusa a possibilidade de reabertura para deliberação sobre a modulação dos efeitos. STF. Plenário. ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 8/4/2015 (Info 780). NORMAS DE CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS PELO STF Modelo de fiscalização exacerbado sobre titulares de cargos públicos do Executivo  A Assembleia Legislativa do Estado de Roraima editou emenda, de iniciativa parlamentar, à Constituição do Estado prevendo duas regras: 1) O Governador seria obrigado a submeter à análise da ALE os nomes que ele escolheu para serem nomeados como membros do TCE, Defensor Público-Geral, Procurador-Geral do Estado, diretores de fundações e autarquias e Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas. 2) Os titulares da Universidade Estadual, da Companhia de Águas do Estado, da Companhia Energética do Estado e inúmeras outras autoridades deveriam comparecer anualmente à ALE para apresentar relatório de atividades, que seria referendado ou não pelos Deputados e, caso fosse rejeitado, isso implicaria o afastamento imediato do titular do cargo.

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADEImpossibilidade de reabertura da discussão sobre a modulação se o Plenário já discutiu e

rejeitou a proposta, proclamando o resultado

Importante!!!

O STF, ao apreciar uma ADI, julgou que determinada lei é inconstitucional. No dia que ocorreuo julgamento, havia apenas 10 Ministros presentes. Na oportunidade, discutiu-se se deveriahaver ou não a modulação dos efeitos da decisão. 7 Ministros votaram a favor, mas como sãonecessários, no mínimo, 8 votos, a proposta de modulação foi rejeitada e o resultado final dojulgamento foi proclamado. No dia seguinte, o Ministro que estava ausente compareceu àsessão e afirmou que era favorável à modulação dos efeitos da decisão que declarou a leiinconstitucional no dia anterior.

Diante disso, indaga-se: é possível que o Plenário reabra a discussão sobre a modulação?

NÃO. Depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e

encerrado e, por isso, mostra-se inviável a sua reabertura para discutir novamente amodulação dos efeitos da decisão proferida. A análise da ação direta de inconstitucionalidade é realizada de maneira bifásica:

a) primeiro, o Plenário decide se a lei é constitucional ou não; e

b) em seguida, se a lei foi declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade de modulaçãodos efeitos.

Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com a votação sobre amodulação (que não foi alcançada), não há como reabrir o caso, ficando preclusa apossibilidade de reabertura para deliberação sobre a modulação dos efeitos.

STF. Plenário. ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,

julgado em 8/4/2015 (Info 780).

NORMAS DE CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS PELO STFModelo de fiscalização exacerbado sobre titulares de cargos públicos do Executivo

 A Assembleia Legislativa do Estado de Roraima editou emenda, de iniciativa parlamentar, àConstituição do Estado prevendo duas regras:

1) O Governador seria obrigado a submeter à análise da ALE os nomes que ele escolheu para seremnomeados como membros do TCE, Defensor Público-Geral, Procurador-Geral do Estado, diretores defundações e autarquias e Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas.

2) Os titulares da Universidade Estadual, da Companhia de Águas do Estado, da CompanhiaEnergética do Estado e inúmeras outras autoridades deveriam comparecer anualmente à ALEpara apresentar relatório de atividades, que seria referendado ou não pelos Deputados e,caso fosse rejeitado, isso implicaria o afastamento imediato do titular do cargo.

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Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

Sob o ponto de vista formal, essa emenda é inconstitucional porque como trata sobre regimejurídico de servidores públicos não poderia ser de iniciativa parlamentar (art. 61, § 1º, “c”, CF/88).

Sob o aspecto material, quanto à regra 1, o STF entendeu que a nomeação do Procurador-Geral

do Estado e dos Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas não podemser submetidas ao crivo da ALE. O cargo de Procurador-Geral do Estado é de livre nomeação eexoneração, sendo um cargo de confiança do chefe do Poder Executivo. As empresas públicas esociedades de economia mista submetem-se a regras de direito privado e não podem sofreringerência por parte do Legislativo.

Quanto à regra 2, esta também é materialmente inconstitucional porque institui um modelo defiscalização exacerbado e, desse modo, viola o princípio da separação de Poderes.STF. Plenário. ADI 4284/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/4/2015 (Info 780).

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

Súmula vinculante 46

Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento dasrespectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.STF. Plenário. Aprovada em 09/04/2015 (Info 780).

TRIBUNAL DE CONTASAnulação de acordo extrajudicial pelo TCU

O TCU tem legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a Administração Pública, quando não homologado judicialmente.

Se o acordo foi homologado judicialmente, o TCU não pode anulá-lo porque a questão jápassou a ser de mérito da decisão judicial, o que não pode ser revisto pelo Tribunal de Contas.

Contudo, sendo o acordo apenas extrajudicial, a situação está apenas no âmbitoadministrativo, de sorte que o TCU tem legitimidade para anular o ajuste celebrado.

STF. 1ª Turma. MS 24379/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2015 (Info 780).

DIREITO ADMINISTRATIVO

LICITAÇÕES

É constitucional lei estadual que determina que a Administração Públicairá, preferencialmente, utilizar “softwares” livres 

O Governo do Rio Grande do Sul editou uma lei estadual determinando que a administraçãopública do Estado, assim como os órgãos autônomos e empresas sob o controle do Estadoutilizarão preferencialmente em seus sistemas e equipamentos de informática programasabertos, livres de restrições proprietárias quanto à sua cessão, alteração e distribuição(“softwares” livres). 

Determinado partido político ajuizou uma ADI contra essa lei afirmando que ela teriainconstitucionalidades materiais e formais.

O STF julgou improcedente a ADI e afirmou que a lei é constitucional.

 A preferência pelo “software” livre, longe de afrontar os princípios constitucionais daimpessoalidade, da eficiência e da economicidade, promove e prestigia esses postulados, alémde viabilizar a autonomia tecnológica do País.

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Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

Não houve violação à competência da União para legislar sobre licitações e contratos porque acompetência da União para legislar sobre licitações e contratos fica restrita às normas gerais,podendo os Estados complementar as normas gerais federais.

 A referida lei também não viola o art. 61, II, “b”, da CF/88 porque a competência para legislarsobre “licitação” não é de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo, podendo serapresentada por um parlamentar, como foi o caso dessa lei.

STF. Plenário. ADI 3059/RS, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado m

9/4/2015 (Info 780).

CONCURSO PÚBLICOSúmula vinculante 43

Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie aoservidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento,em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780).

CONCURSO PÚBLICOÉ inconstitucional lei estadual que cria Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual

O Estado de Goiás editou uma lei criando algo que ele chamou de Serviço de Interesse MilitarVoluntário Estadual (SIMVE). Esse SIMVE funcionaria, em linhas gerais, da seguinte forma: aspessoas poderiam se alistar para trabalhar “voluntariamente” como soldado na Polícia Militar

ou no Corpo de Bombeiros Militar. Haveria uma espécie de seleção (menos rigorosa que um

concurso público) e, se a pessoa fosse escolhida, ela receberia, como contraprestação pelotrabalho desempenhado, um subsídio e atuaria como se fosse um soldado. Esse contrato seriapor um prazo determinado.

O STF entendeu que esse SIMVE é formal e materialmente inconstitucional.O SIMVE viola a regra do concurso público (art. 37, II, da CF/88).

 Além disso, o STF afirmou ainda que a Lei estadual possui um vício formal, já que trata sobreprestação voluntária de serviços na PM e Corpo de Bombeiros de forma diametralmenteoposta ao que diz a Lei federal 10.029/2000.

STF. Plenário. ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/3/2015 (Infos 880 e 881).

CONCURSO PÚBLICOSúmula vinculante 44

Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação decandidato a cargo público.

STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780).

SERVIDORES PÚBLICOSInconstitucionalidade de subsídio vitalício a ex-governador

 Algumas Constituições estaduais preveem que a pessoa que tiver exercido o cargo deGovernador do Estado fará jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e vitalício. Algunschamam isso de representação, outros de pensão vitalícia e outros de pensão civil. A previsão

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Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4

desse pagamento é compatível com a CF/88?

NÃO. Essa regra fere o princípio da isonomia. Não há uma justificativa razoável para que sejaprevista genericamente a concessão da “pensão” para ex-governadores, configurando um

tratamento privilegiado sem haver fundamento legítimo.STF. Plenário. ADI 4552 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 9/4/2015 (Info 780).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

COMPETÊNCIASúmula vinculante 45

Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre oforo por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780).

PROGRESSÃO DE REGIMENovo requisito para progressão de regime: pagamento integral da pena de multa

Importante!!!

Não tem nos livros!!!

O não pagamento voluntário da pena de multa impede a progressão no regime prisional?

SIM. O Plenário do STF decidiu o seguinte:•  Regra: o inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada aosentenciado impede a progressão no regime prisional.

•  Exceção: mesmo sem ter pago, pode ser permitida a progressão de regime se ficarcomprovada a absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa, ainda queparceladamente.STF. Plenário. EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/4/2015 (Info 780).

DIREITO INTERNACIONAL

EXTRADIÇÃONão é possível conceder a extradição de estrangeiro se o crime está prescrito no Brasil

O Governo da Itália pediu a extradição de nacional italiano que está no Brasil em virtude de eleter sido condenado por crimes de falência fraudulenta naquele país.

O STF negou o pedido já que houve a prescrição da pretensão executória da pena do referidodelito segundo a lei brasileira.

Em outras palavras, estando o crime prescrito, não é possível conceder a extradição por faltaro requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, do Estatuto do Estrangeiro).

STF. 2ª Turma. Ext 1324/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2015 (Info 780).

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Informativo 781-STF (24/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

CNMPCNMP não possui competência para realizar controle de constitucionalidade de lei

 Atenção! Ministério Público

O CNMP não possui competência para realizar controle de constitucionalidade de lei,considerando que se trata de órgão de natureza administrativa, cuja atribuição se resume afazer o controle da legitimidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãosdo Ministério Público federal e estadual (art. 130-A, § 2º, da CF/88).

 Assim, se o CNMP, julgando procedimento de controle administrativo, declara ainconstitucionalidade de artigo de Lei estadual, ele exorbita de suas funções.

STF. 1ª Turma. MS 27744/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/4/2015 (Info 781).

DIREITO ADMINISTRATIVO

ORGANIZAÇÕES SOCIAISConstitucionalidade da Lei 9.637/98

Importante!!!

Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, prestadorasde atividades de interesse público e que, por terem preenchido determinados requisitosprevistos na Lei 9.637/98, recebem a qualificação de “organização social”. 

 A pessoa jurídica, depois de obter esse título de “organização social”, poderá celebrar com o

Poder Público um instrumento chamado de “contrato de gestão” por meio do qual receberáincentivos públicos para continuar realizando suas atividades.

Foi ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e também contra o art. 24,XXIV, da Lei 8.666/93, que prevê a dispensa de licitação nas contratações de organizaçõessociais.

O Plenário do STF não declarou os dispositivos inconstitucionais, mas deu interpretaçãoconforme a Constituição para deixar explícitas as seguintes conclusões:

a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido de formapública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37  da CF, e deacordo com parâmetros fixados em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98;

b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública, objetiva eimpessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;

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Informativo 781-STF (24/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) eoutorga de permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, § 3º) são válidas, masdevem ser conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios

do “caput” do art. 37 da CF;d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma pública,objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF, e nos termos

do regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e

e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo Tribunal deContas da União, da aplicação de verbas públicas deve ser afastada.STF. Plenário. ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 15

e 16/4/2015 (Info 781).

SERVIDORES PÚBLICOS

Remunerações acima do teto constitucional e base de cálculopara incidência do IR e da contribuição previdenciária

Existem determinados servidores, especialmente aposentados, que, por terem vantagens pessoaisincorporadas em seus vencimentos (ex: quintos), “no papel”, deveriam receber mais do que o teto.

Ex: João, Desembargador aposentado, incorporou diversas gratificações pessoais ao longo de suacarreira. Assim, a remuneração bruta de João é de R$ 50 mil, mas ele só receberá, de fato, até ovalor do teto, devendo ser ressaltado que a quantia que superar o limite constitucional não lheserá paga. O valor que, no momento do pagamento, é descontado da remuneração total doservidor por estar superando o teto const itucional é chamado de “abate-teto”. 

O servidor público, antes de receber sua remuneração líquida, é obrigado a pagar imposto de

renda e contribuição previdenciária. Esse valor já é descontado na folha pela entidade pagadora. Assim, o Tribunal de Justiça, antes de pagar a remuneração de um Desembargador, já desconta osvalores que ele deverá pagar de IR e contribuição previdenciária. As alíquotas do IR e dacontribuição previdenciária incidem sobre o valor da remuneração do servidor público. Ex: valordo IR = 27,5% multiplicado pela remuneração do servidor. Em termos tributários, podemos dizerque a base de cálculo do IR e da contribuição previdenciária é a remuneração do servidor.

Se o servidor tem uma remuneração “no papel” superior ao teto, o imposto de renda e acontribuição previdenciária incidirão sobre essa remuneração total ou sobre a remuneraçãototal menos o abate-teto? Em outras palavras, a remuneração de João é 50 mil; ocorre que oteto do funcionalismo é 33 mil; João pagará IR e CP sobre 50 mil ou sobre 33 mil?

Sobre os 33 mil. A base de cálculo para se cobrar o IR e a contribuição previdenciária é o valor

da remuneração do servidor depois de ser excluída a quantia que exceder o teto.Como o recurso extraordinário foi julgado sob a sistemática de repercussão geral, o STFdefiniu, em uma frase, a tese que será aplicada em todos os demais casos idênticos. A tesefirmada foi a seguinte: “Subtraído o montante que exceder o teto e subteto previsto no artigo

37, inciso XI, da Constituição Federal, tem-se o valor que vale como base para o Imposto deRenda e para a contribuição previdenciária”. STF. Plenário. RE 675978/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/4/2015 (repercussão geral)

(Info 781).

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Informativo 781-STF (24/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

SERVIDORES PÚBLICOSAposentadoria dos policiais civis e militares

Foi ajuizada ação direta de inconstitucionalidade por omissão contra o Governador e a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo afirmando que eles estavam sendo omissosporque ainda não haviam editado lei complementar estadual prevendo critérios diferenciadospara aposentadoria de policiais civis e militares do sexo feminino nos termos do art. 40, §§ 1º e4º, da CF/88. O STF julgou a ação improcedente por dois motivos:

  Quanto às policiais civis, o pleito formulado na ação já foi atendido com a edição, peloCongresso Nacional, da Lei Complementar federal 144/2014, de abrangência nacional, quedeu à policial civil o direito de se aposentar voluntariamente, com proventos integrais,independentemente de idade, após 25 anos de contribuição, desde que conte pelo menos15 anos de exercício em cargo de natureza estritamente policial.

  Quanto às policiais militares, o STF entendeu que não se aplica a regra de aposentadoria

especial do art. 40, § 4º, da CF/88, porque os militares não podem ser considerados,atualmente, como servidores públicos, sendo a eles aplicável um regime jurídico própriodisciplinado pelo art. 142, § 3º, X (e não pelo art. 40, § 4º). Não havendo determinaçãoconstitucional expressa, a decisão de conceder aposentadoria com critérios facilitados parapoliciais militares mulheres é uma escolha discricionária de cada Estado-membro.

STF. Plenário. ADO 28/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/4/2015 (Info 781).

DIREITO ELEITORAL

CRIMES ELEITORAISRequisitos para a configuração do crime de desobediência eleitoral

O juiz eleitoral de uma zona eleitoral do interior do Estado expediu um ofício-circularproibindo que os candidatos fizessem carreatas em determinas ruas do Município. Alguns diasdepois, determinado candidato fez uma carreata no Município e passou por algumas ruas quetinham sido proibidas. Diante disso, foi denunciado pela prática do crime de desobediênciaeleitoral (art. 347 do Código Eleitoral). Houve a prática de crime?

NÃO. Para configuração do crime de desobediência eleitoral é necessário que:• a ordem descumprida tenha sido emitida de forma direta e individualizada; e

• que o agente (réu) tinha ciência da ordem tida por descumprida.

 A ordem foi emitida de forma geral e não individualizada e, além disso não havia nenhumoutro indício de que o agente tinha ciência da proibição.STF. 2ª Turma. AP 904/RO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/4/2015 (Info 781).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 781-STF (24/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

MANDADO DE SEGURANÇADesistência de MS após já ter sido prolatada sentença de mérito

É possível que o impetrante desista do MS após já ter sido prolatada sentença de mérito?

Em regra, SIM. Existem julgados do STF e STJ admitindo (STF. RE 669367/RJ, Min. Rosa Weber,julgado em 02/05/2013; STJ. 2ª Turma. REsp 1.405.532-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgadoem 10/12/2013. Info 533).

O entendimento acima parecia consolidado. Ocorre que, em um caso concreto noticiado nesteInformativo, o STF afirmou que não é cabível a desistência de mandado de segurança, nashipóteses em que se discute a exigibilidade de concurso público para delegação de serventiasextrajudiciais, quando na espécie já houver sido proferida decisão de mérito, objeto de sucessivos

recursos. No caso concreto, o pedido de desistência do MS foi formulado após o impetrante terinterposto vários recursos sucessivos (embargos de declaração e agravos regimentais), todos elesjulgados improvidos. Dessa forma, o Ministro Relator entendeu que tudo levaria a crer que oobjetivo do impetrante ao desistir seria o de evitar o fim da discussão com a constituição de coisajulgada. Com isso, ele poderia propor uma ação ordinária em 1ª instância e, assim, perpetuar acontrovérsia, ganhando tempo antes do desfecho definitivo contrário. Assim, com base nessaspeculiaridades, a 2ª Turma do STF indeferiu o pedido de desistência.

STF. 2ª Turma. MS 29093 ED-ED-AgR/DF, MS 29129 ED-ED-AgR/DF, MS 29189 ED-ED-AgR/DF, MS

29128 ED-ED-AgR/DF, MS 29130 ED-ED-AgR/DF, MS 29186 ED-ED-AgR/DF, MS 29101 ED-ED-

AgR/DF, MS 29146 ED-ED-AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2015 (Info 781).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

COMPETÊNCIAMesmo tendo cessada a competência do STF para julgar a ação penal, é possível a concessão de

habeas corpus de ofício em caso de flagrante atipicidade

Importante!!!

Determinado réu foi denunciado pela prática de crime contra a Lei de Licitações. Como ele eraDeputado Federal, seu processo estava tramitando no STF. Após toda a instrução, o MinistérioPúblico apresentou alegações finais, no final de 2014, pedindo a absolvição por atipicidade daconduta. O STF designou a sessão para julgar o réu. Ocorre que essa sessão somente foimarcada para abril de 2015 e o problema é que o referido réu não conseguiu se reelegerDeputado Federal e deixou o cargo em 31/12/2014. Desse modo, no dia marcado para a sessãode julgamento, o acusado já não era mais Deputado Federal.Como o réu deixou de ser Deputado Federal, a solução tecnicamente “mais correta” a ser

tomada pelo STF seria reconhecer que não era mais competente para a ação penal e declinar oprocesso para ser julgado por um juiz de direito de 1ª instância. A Corte adotou, no entanto,uma postura mais “moderna” ou de “vanguarda” para o caso: o STF reconheceu que não era

mais competente para julgar a ação penal, mas considerou que a situação era de flagranteatipicidade (tanto que o PGR pediu a absolvição) e, por isso, entendeu que deveria ser

concedido habeas corpus, de ofício, em favor do réu, extinguindo o processo penal.STF. 1ª Turma. AP 568/SP, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2015 (Info 781).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 782-STF (05/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

PUBLICIDADE DE BEBIDAS ALCÓOLICASO legislador, ao editar a Lei 9.294/96, atendeu a regra do art. 220, § 4º, da CF/88

O art. 220, § 4º da CF/88 prevê que lei poderá impor restrições às propagandas de bebidasalcoólicas.

Com o objetivo de regulamentar esse dispositivo, foi editada a Lei 9.294/96.Ocorre que a Lei 9.294/96 afirmou expressamente que só haveria restrições para as propagandasde bebidas alcoólicas com teor alcoólico superior a 13

 

GL (art. 1º, parágrafo único).O PGR não concordou com a medida e ajuizou ação direta de inconstitucionalidade por omissãoafirmando que o Congresso Nacional estaria em mora legislativa, considerando que deveria imporrestrições à propaganda de bebidas alcoólicas independentemente do seu teor de álcool.

O STF julgou improcedente o pedido. A Corte entendeu que não é possível que o Poder Judiciáriocrie norma geral e abstrata em substituição ao legislador definindo o que é bebida alcoólica parafins de propaganda. Além disso, o STF considerou que não existe a alegada omissão. O legisladorfederal aprovou a Lei 9.294/96, que foi objeto de amplo debate no Congresso Nacional. Foi feitauma escolha política de só serem impostas restrições para propagandas de bebidas alcóolicas comgrau superior a 13

 

GL, não podendo o STF rever essa decisão.Por fim, o STF entendeu que a Lei 9.294/96 não contraria a Lei 11.705/2008 (Lei Seca),considerando que são diplomas legislativos com âmbitos de incidência totalmente diversos. Aprimeira lei cuida de restrições à propaganda e liberdade de expressão. Nela não se estájulgando o teor alcoólico da bebida e sim até que limite pode ir a sua publicidade. Na segunda,estão sendo discutidos os efeitos do álcool para pessoas que dirigem veículo automotor e aproibição imposta para essa prática.

STF. Plenário. ADO 22/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/4/2015 (Info 781).

DIREITO ADMINISTRATIVO

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADEDivulgação de vencimentos dos servidores públicos com relação nominal

É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dosnomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagenspecuniárias.

STF. Plenário. ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão geral)(Info 782)

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Informativo 782-STF (05/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

CONCURSO PÚBLICOControle de questões de concurso pelo Poder Judiciário

É possível que o Poder Judiciário anule questão objetiva de concurso público que foi elaboradade maneira equivocada? É possível que seja alterada a pontuação dada ao candidato naquestão sob o argumento de que a correção feita pela banca foi inadequada?

Regra: NÃO. Os critérios adotados por banca examinadora de concurso público não podem serrevistos pelo Poder Judiciário. Não é possível controle jurisdicional sobre o ato administrativoque corrige questões de concurso público. Não compete ao Poder Judiciário substituir a bancaexaminadora para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados.

Exceção: apenas em casos de flagrante ilegalidade ou inconstitucionalidade, a Justiça poderáingressar no mérito administrativo para rever critérios de correção e de avaliação impostospela banca examinadora.

STF. Plenário. RE 632853/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/4/2015 (repercussão geral)

(Info 782).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

COMPETÊNCIACausa que interessa a todos os membros da magistratura

O STF tem competência para processar e julgar causas em que se discute prerrogativa dosjuízes de portar arma de defesa pessoal, por se tratar de ação em que todos os membros da

magistratura são direta ou indiretamente interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88). STF. Plenário. Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,

julgado em 22/4/2015 (Info 782).

AÇÃO RESCISÓRIAAnálise do art. 485, V, do CPC 1973 (art. 966, V, do CPC 2015)

Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e,posteriormente, esse entendimento foi alterado (ou puder ser alterado), não se pode dizer queessa decisão impugnada tenha violado literal disposição de lei.

Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação, estavaem conformidade com a jurisprudência predominante do STF.

STF. Plenário. AR 2199/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em

23/4/2015 (Info 782).

STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2014 (Info 764).

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Informativo 783-STF (11/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO ADQUIRIDO E ATO JURÍDICO PERFEITOAplicação imediata aos contratos em curso da lei que fixa novos índices de correção monetária

 A Lei 9.069/95 (Lei do Plano Real) estabeleceu, em seu art. 21, que os índices de correçãomonetária previstos nos contratos de locação comercial que já existiam antes mesmo da suavigência deveriam ser alterados.

Essa medida não violou direito adquirido nem ato jurídico perfeito.

Segundo a jurisprudência do STF, nas situações de natureza contratual, a lei nova pode incidirimediatamente sobre as cláusulas presentes no contrato, desde que as normas legais sejam denatureza cogente, ou seja, aquelas cujo conteúdo foge do domínio da vontade dos contratantes.

 Assim, se estivermos diante de um contrato de trato sucessivo e execução diferida, se surgiruma lei nova que determine, de forma cogente, sua aplicação imediata, os contratantes nãopodem invocar direito adquirido ou ato jurídico perfeito com o objetivo de manter o teor dascláusulas na forma como originalmente foram previstas no contrato.STF. Plenário. RE 212609/SP, RE 215016/SP, RE 211304/RJ, RE 222140/SP e RE 268652/RJ, red. p/

o acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 29/4/2015 (Info 783).

DIREITO CIVIL

USUCAPIÃOPode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja inferior ao módulo

mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor

Determinada pessoa preencheu os requisitos para obter o direito à usucapião especial urbana,prevista no art. 183 da CF/88. Ocorre que o juiz negou o pedido alegando que o plano diretorda cidade proíbe a existência de imóveis urbanos registrados com metragem inferior a 100m2.Em outras palavras, fixou que o módulo mínimo dos lotes urbanos naquele Município seria de100m2 e, como a área ocupada pela pessoa seria menor que isso, ela não poderia registrar oimóvel em seu nome.

 A decisão do magistrado está correta? O fato de haver essa limitação na lei municipal impedeque a pessoa tenha direito à usucapião especial urbana?

NÃO. Se forem preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito àusucapião especial urbana e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo dos

módulos urbanos exigidos pela legislação local para a respectiva área (dimensão do lote) não émotivo suficiente para se negar esse direito, que tem índole constitucional.

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 783-STF (11/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

Para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento dosrequisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor obstáculos, deíndole infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte interessada, o

modo originário de aquisição de propriedade.STF. Plenário. RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2015 (repercussão geral) (Info 783).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

COMPETÊNCIACriação de nova vara e “perpetuatio jurisdictionis” 

Importante!!!

Em 2004, três Auditores-Fiscais do Trabalho foram assassinados na zona rural do Municípiode Unaí (MG) em virtude do trabalho de fiscalização que vinham realizando no local.

Na época dos fatos, não havia vara federal em Unaí, motivo pelo qual a denúncia do MPF foirecebida pelo juízo da 9ª Vara Federal de Belo Horizonte (MG).

 Alguns anos depois, foi criada a Vara Federal de Unaí (MG) e, em razão disso, o juízo da 9ª VaraFederal de Belo Horizonte declinou a competência para julgar o processo para a recém criadaVara Federal.

Tanto o STF como o STJ discordaram da decisão declinatória e reafirmaram o entendimento deque a criação superveniente de vara federal na localidade de ocorrência de crime dolosocontra a vida não enseja a incompetência do juízo em que já se tenha iniciado a ação penal.

Incide, no caso, o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” que, apesar de só estar previsto no

CPC (art. 87 do CPC 1973 / art. 43 do CPC 2015), é aplicável também ao processo penal porforça do art. 3º do CPP.

 Assim, o juízo da Vara de Belo Horizonte, que recebeu a denúncia (iniciando a ação penal),continua sendo competente para julgar o processo mesmo tendo sido criada nova vara.

STF. 1ª Turma. HC 117871/MG e HC 117832/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Rosa

Weber, julgados em 28/4/2015 (Info 783).

PRISÃO E LIBERDADEDecisão no HC que substituiu a prisão preventiva dos réus da operação Lava Jato por outras

medidas cautelares (art. 319 do CPP)

O STF concedeu parcialmente a ordem em “habeas corpus” para os réus da operação “Lava

Jato” substituindo a prisão preventiva por outras medidas cautelares (art. 319 do CPP).

 A prisão é a medida acauteladora mais grave no processo penal, razão pela qual somente deveser decretada quando absolutamente necessária.

 A prisão somente é legítima em situações nas quais seja o único meio eficiente para preservaros valores jurídicos que a lei penal visa a proteger, segundo o art. 312 do CPP (garantia daordem pública, da ordem econômica, conveniência da instrução criminal, ou para assegurar aaplicação da lei penal). Fora dessas hipóteses excepcionais, a prisão representa meraantecipação de pena, o que é inadmissível.

O STF entendeu que o fato de o réu ser dirigente de empresa com filial no exterior e de fazerconstantemente viagens internacionais, por si só, não é suficiente para a decretação da preventiva.

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 783-STF (11/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

Não há risco à conveniência da instrução penal, considerando que a instrução criminal estápraticamente concluída, tendo sido colhida toda a prova acusatória, e resta apenas a tomadade alguns depoimentos da defesa.

Por mais graves e reprováveis que sejam as condutas praticadas, isso não é suficiente parajustificar a prisão processual. Da mesma maneira, não é legítima a decretação da preventivaunicamente com o argumento da credibilidade das instituições públicas. Ainda que asociedade esteja, justificadamente, indignada com a notícia dos crimes em comento, a exigirresposta adequada do Estado, também deve compreender que a credibilidade das instituiçõessomente se fortalece na exata medida em que seja capaz de manter o regime de estritocumprimento da lei, seja na apuração e julgamento dos delitos, seja na preservação dosprincípios constitucionais em jogo.

STF. 2ª Turma. HC 127186/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/4/2015 (Info 783).

DIREITO DO TRABALHOPLANO DE DISPENSA INCENTIVADA

Plano de dispensa incentivada e validade da quitação ampla de parcelas contratuais

Importante!!!

 A transação extrajudicial que importa rescisão de contrato de trabalho, em razão de adesãovoluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestritade todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constadoexpressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos

celebrados com o empregado.STF. Plenário. RE 590415/SC e RE 590415 AgR/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em

30/4/2015 (repercussão geral) (Info 783).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 784-STF (04/05 a 08/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

CNMPSTF não têm competência para ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e do CNJ

 A competência para julgar mandados de segurança impetrados contra o CNJ e o CNMP é do STF(art. 102, I, “r”, da CF/88). Algumas vezes o interessado provoca o CNJ ou o CNMP, mas tais órgãos recusam-se a tomaralguma providência no caso concreto porque alegam que não tem competência para aquelasituação ou que não é hipótese de intervenção. Nessas hipóteses, dizemos que a decisão do CNJou CNMP foi “NEGATIVA” porque ela nada determina, nada aplica, nada ordena, nada invalida.

Nesses casos, a parte interessada poderá impetrar MS contra o CNJ/CNMP no STF?

NÃO. O STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisõesnegativas do CNMP e do CNJ. Segundo entende o STF, como o conteúdo da decisão doCNJ/CNMP foi “negativo”, ele não decidiu nada. Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato.

Se não praticou nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no STF.STF. 1ª Turma. MS 33163/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,

julgado em 5/5/2015 (Info 784).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

AÇÃO CIVIL PÚBLICALegitimidade da Defensoria Pública

 A Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos eindividuais homogêneos.

É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo a DefensoriaPública como um dos legitimados para propor ação civil pública.

STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015 (Info 784).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 784-STF (04/05 a 08/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

DIREITO PENAL EPROCESSUAL PENAL MILITAR

CRIME DE DESERÇÃO (ART. 187 DO CPM)Período de graça e configuração do crime de deserção

Eventual equívoco na lavratura do Termo de Deserção apenas tem o condão de afastar atipicidade da conduta quando, a partir dele, as forças armadas excluírem o militar durante operíodo de graça.

 A literalidade do art. 452 do CPPM deixa claro que o Termo de Deserção tem o caráter deinstrução provisória e destina-se a fornecer os elementos necessários à propositura da açãopenal, não significando prova definitiva, que será formada durante a instrução, sob o crivo docontraditório e da ampla defesa.

STF. 2ª Turma. HC 126520/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 5/5/2015 (Info 784).

DIREITO PROCESSUALDO TRABALHO

EXECUÇÃO DE SENTENÇA NORMATIVAExecução de sentença normativa e ofensa à coisa julgada

Não ofende a coisa julgada decisão extintiva de ação de cumprimento de sentença normativa,

na hipótese em que o dissídio coletivo tiver sido extinto sem julgamento de mérito. A extinção da sentença proferida em ação de cumprimento, quando decorrente da perda daeficácia da sentença normativa que a ensejou, não implica violação da coisa julgada. Essamodalidade de ação é ajuizada visando ao cumprimento de cláusula de acordo coletivo.

STF. Plenário. RE 428154/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,

julgado em 7/5/2015 (Info 784).

Page 16: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 785-STF (11/05 a 15/05)  – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO ADMINISTRATIVO

PENSÃO POR MORTEAdoção de descendente maior com o único objetivo de deixar pensão por morte

Não é legítima a adoção de descendente maior de idade, sem a constatação de suporte moral

ou econômico, com o fim de induzir o deferimento de benefício previdenciário.

No caso concreto, militar reformado do Exército, antes de falecer, adotou sua própria neta, que

na época tinha 41 anos de idade e era professora do ensino público estadual. Quando faleceu, a

neta habilitou-se para receber a pensão por morte como dependente do militar. O Exército fez

a concessão inicial do benefício, mas o TCU negou registro à pensão.

O STF considerou que a decisão do TCU foi correta porque a adoção não tinha suporte moral

nem econômico e tinha sido feita com o objetivo de induzir o deferimento do benefício

previdenciário. Logo, não foi legítima, tendo sido praticada com simulação e fraude à lei.

STF. 1ª Turma. MS 31383/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/5/2015 (Info 785).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

EMBARGOS DE DECLARAÇÃONão cabem para corrigir erros de julgamento

Os embargos de declaração não se prestam a corrigir possíveis erros de julgamento.

STF. Plenário. RE 194662 Ediv-ED-ED/BA, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min.

Marco Aurélio, julgado em 14/5/2015 (Info 785).

Page 17: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 785-STF (11/05 a 15/05)  – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

DIREITO PROCESSUAL PENAL

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

STF fixa requisitos para atuação do Ministério Público em investigações penaisO STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade

própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá

respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados:

1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;

2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por

membros do MP;

3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja,

determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em

que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc);

4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados;5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito dodefensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já

documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de

polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”); 

6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;

7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder

Judiciário.

 A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte:

“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e porprazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias

que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,

observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e,

também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os

advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem

prejuízo da possibilidade –  sempre presente no Estado democrático de Direito –  do

permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da

Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.” 

STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,

julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).

Page 18: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 786-STF (29/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

PEC DA BENGALAADI proposta contra a EC 88/2015

Importante!!!

No dia 08/05/2015, foi publicada a EC 88/2015, que ficou jocosamente conhecida como “PEC

da Bengala” em virtude de aumentar o limite de idade da aposentadoria compulsória dos

Ministros de Tribunais Superiores.

Foi proposta uma ADI contra essa EC, tendo o STF julgado a medida liminar. Veja o que foidecidido:

O art. 100 do ADCT afirma que os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU irão seaposentar compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, “  nas condições do art. 52da Constituição Federal ”   . O que quer dizer essa parte final?

O objetivo dessa parte final do dispositivo foi o de exigir que o Ministro que complete 70 anossomente possa continuar no cargo se for submetido a nova arguição pública (“sabatina”) e

votação no Senado Federal. Em outras palavras, o Ministro, quando completasse 70 anos,poderia continuar no cargo até os 75 anos, mas, para isso, seu nome precisaria ser novamenteaprovado pelo Senado.

Essa exigência é compatível com a CF/88?

NÃO. Essa exigência é INCONSTITUCIONAL. O STF suspendeu a aplicação da expressão “nas

condições do artigo 52 da Constituição Federal”, contida no final do art. 100 do ADCT.

Essa exigência de nova sabatina acaba “por vulnerar as condições materiais necessárias ao

exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação de

Poderes, cláusula pétrea inscrita no artigo 60, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal”.Em simples palavras, o STF entendeu que há violação ao princípio da separação dos Poderes.

Desse modo, os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCUpossuem o direito de se aposentar compulsoriamente somente aos 75 anos e, para isso, nãoprecisam passar por uma nova sabatina e aprovação do Senado Federal.

É possível estender essa regra da aposentadoria compulsória aos 75 anos para juízes eDesembargadores?O STF afirmou que o art. 100 do ADCT da CF/88 não pode ser estendido a outros agentespúblicos até que seja editada a Lei Complementar Nacional a que se refere o art. 40, § 1º, incisoII, da CF/88.

Page 19: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 786-STF (29/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

Essa LC nacional ampliando a aposentadoria compulsória dos juízes e Desembargadores para75 anos pode ser apresentada ao Congresso Nacional pelo Presidente da República ou por algum parlamentar?

NÃO. Todas as leis que trazem regras gerais sobre a magistratura nacional devem ser iniciadaspelo STF, nos termos do art. 93 da CF/88.

O que acontece com os mandados de segurança que haviam sido impetrados pelosDesembargadores que queriam prorrogar a aposentadoria compulsória para 75 anos?

O STF declarou que fica sem produzir efeitos todo e qualquer pronunciamento judicial eadministrativo que tenha interpretado que a EC 88/2015 permitiria, mesmo sem LC, ampliarpara 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para outros agentes públicos que nãosejam Ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU.

Em outras palavras, o STF afirmou que nenhuma decisão judicial ou administrativa podeestender o limite de 75 anos da aposentadoria compulsória para outros agentes públicos.

STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786).

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADECumulação de ADI com ADC

Importante!!!

O legitimado poderá ajuizar uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) requerendo ainconstitucionalidade do art. XX da Lei ZZZ e, na mesma ação, pedir que o art. YY sejadeclarado constitucional? É possível, em uma mesma ação, cumular pedido típico de ADI compedido típico de ADC?

SIM. O STF entendeu que é possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma únicademanda de controle concentrado.

 A cumulação de ações, neste caso, além de ser possível, é recomendável para a promoção dosfins a que destinado o processo objetivo de fiscalização abstrata de constitucionalidade,destinado à defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional.

 A cumulação objetiva permite o enfrentamento judicial coerente, célere e eficiente dequestões minimamente relacionadas entre si.Rejeitar a possibilidade de cumulação de ações, além de carecer de fundamento expresso naLei 9.868/1999, traria como consequência apenas o fato de que o autor iria propor novamentea demanda, com pedido e fundamentação idênticos, ação que seria distribuída por prevenção.

STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786).

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADEControvérsia judicial relevante

 A Lei 9.868/99, ao tratar sobre o procedimento da ADC, prevê, em seu art. 14, os requisitos dapetição inicial. Um desses requisitos exigidos é se demonstre que existe controvérsia judicialrelevante sobre a lei objeto da ação.

Em outras palavras, só cabe ADC se houver uma divergência na jurisprudência sobre a

constitucionalidade daquela lei, ou seja, é necessário que existam juízes ou Tribunaisdecidindo que aquela lei é inconstitucional. Se não existirem decisões contrárias à lei, não hárazão para se propor a ADC.

Page 20: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 786-STF (29/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

É possível que uma lei, dias após ser editada, já seja objeto de ADC? É possível preencher orequisito da “controvérsia judicial relevante” com poucos dias de vigência do ato normativo?

SIM. Mesmo a lei ou ato normativo possuindo pouco tempo de vigência, já é possível preencher

o requisito da controvérsia judicial relevante se houver decisões julgando essa lei ou atonormativo inconstitucional.

O STF decidiu que o requisito relativo à existência de controvérsia judicial relevante équalitativo e não quantitativo. Em outras palavras, para verificar se existe a controvérsia nãose examina apenas o número de decisões judiciais. Não é necessário que haja muitas decisõesem sentido contrário à lei. Mesmo havendo ainda poucas decisões julgando inconstitucional alei já pode ser possível o ajuizamento da ADC se o ato normativo impugnado for uma emendaconstitucional (expressão mais elevada da vontade do parlamento brasileiro) ou mesmo em setratando de lei se a matéria nela versada for relevante e houver risco de decisões contrárias àsua constitucionalidade se multiplicarem.STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786).

TRIBUNAL DE CONTASCompetência para declarar a inidoneidade de empresa para licitar

Importante!!!

O TCU tem competência para declarar a inidoneidade de empresa privada para participar delicitações promovidas pela Administração Pública. Essa previsão está expressa no art. 46 daLei 8.443/92, sendo considerada constitucional:

 Art. 46. Verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação, o Tribunal declarará a

inidoneidade do licitante fraudador para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal.

STF. Plenário. MS 30788/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,

julgado em 21/5/2015 (Info 786).

DIREITO ADMINISTRATIVO

NEPOTISMONorma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de provimento efetivo

 A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, que é “vedado ao servidor

público servir sob a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil”. 

Foi proposta uma ADI contra esta norma.

O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação conforme à Constituição,no sentido de o dispositivo ser válido somente quando incidir sobre os cargos de provimentoem comissão, função gratificada, cargos de direção e assessoramento. Em outras palavras, oSTF afirmou que essa vedação não pode alcançar os servidores admitidos mediante préviaaprovação em concurso público, ocupantes de cargo de provimento efetivo, haja vista que issopoderia inibir o próprio provimento desses cargos, violando, dessa forma, o art. 37, I e II, daCF/88, que garante o livre acesso aos cargos, funções e empregos públicos aos aprovados em

concurso público.STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min. Ricardo

Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (Info 786).

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Informativo 786-STF (29/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4

PENSÃO POR MORTE NO SERVIÇO PÚBLICOParidade e integralidade

Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC 41/2003 terão direito à paridade e àintegralidade?

PARIDADE

  Em regra, eles não têm direito à paridade com servidores em atividade;  Exceção: terão direito à paridade caso se enquadrem na regra de transição prevista no art.

3º da EC 47/2005.

INTEGRALIDADE

 

Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC 41/2003 não possuem direito àintegralidade (CF, art. 40, § 7º, I), não havendo regra de transição para isso.

 A tese firmada pelo STF em sede de repercussão geral foi a seguinte:

“Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à Emenda Constitucional 41/2003 têmdireito à paridade com servidores em atividade (artigo 7º EC 41/2003), caso se enquadrem naregra de transição prevista no artigo 3º da EC 47/2005. Não têm, contudo, direito àintegralidade (artigo 40, parágrafo 7º, inciso I, CF).” STF. Plenário. RE 603580/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (repercussão

geral) (Info 786).

DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL

CONCURSO E PROVA DE TÍTULOSPontuação atribuída por tempo de serviço em serventias notariais e registrais

Lei estadual previu como títulos em concursos de cartório:

I - tempo de serviço prestado como titular, interino, substituto ou escrevente em serviçonotarial ou de registro;II - apresentação de temas em congressos relacionados com os serviços notariais e registrais.

O STF decidiu que:Para o concurso de INGRESSO, tal previsão é inconstitucional.

Para o concurso de REMOÇÃO, essa pontuação é constitucional, desde que as atividades listadasnesses dois incisos tenham sido realizadas após o ingresso no serviço notarial e de registro.

STF. Plenário. ADI 3580/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/2/2015 (Infos 773 e 786).

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Informativo 786-STF (29/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

JUIZADOS ESPECIAIS

Competência da União para legislar

É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de admissibilidade para ainterposição de recurso inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de100% do valor da condenação. Tal norma viola a competência privativa da União para legislarsobre direito processual, além de vulnerar os princípios do acesso à jurisdição, docontraditório e da ampla defesa.STF. Plenário. ADI 2699/PE, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 20/5/2015 (Info 786).

DIREITO PENAL

CRIMES TRIBUTÁRIOSAplicação da SV 24-STF a fatos anteriores à sua edição

Importante!!!

 A SV 24-STF diz que o crime tributário material só se consuma com o lançamento definitivo dotributo. Em outras palavras, não existe crime antes da constituição definitiva do créditotributário. Logo, indiretamente, a SV afirma que o prazo prescricional só começa a ser contadono dia da constituição definitiva do crédito tributário já que é nessa data que o delito se

consuma (art. 111, I, do CP).Perceba, portanto, que sob o ponto de vista da prescrição, a SV 24-STF é prejudicial para o réuporque mesmo ele tendo praticado a conduta anos antes, o prazo prescricional nem começou acorrer se ainda não houve constituição definitiva do crédito tributário. Fica assim mais difícilde o agente escapar da prescrição. O Estado-acusação acaba “ganhando” mais tempo para

oferecer a denúncia antes que o crime prescreva.Desse modo, surgiu a tese defensiva de que a SV 24-STF, por ser mais gravosa ao réu, nãopoderia retroagir para ser aplicada a fatos anteriores à sua edição, sob pena de isso serconsiderado aplicação retroativa “in malam partem”. Esse argumento foi aceito? É proibidoaplicar a SV 24-STF para fatos anteriores à sua edição?

NÃO. A tese não foi aceita. A SV 24-STF pode sim ser aplicada a fatos anteriores à sua edição.

Não se pode concordar com o argumento de que a aplicação da SV 24-STF a fatos anteriores àsua edição configura retroatividade “in malam partem”. Isso porque o aludido enunciado

apenas consolidou interpretação reiterada do STF sobre a matéria.

 A súmula vinculante não é lei nem ato normativo, de forma que a SV 24-STF não inovou noordenamento jurídico. O enunciado apenas espelhou (demonstrou) o que a jurisprudência jávinha decidindo.

STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/5/2015 (Info 786).

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Informativo 786-STF (29/05/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6

DIREITO PROCESSUAL PENAL

NULIDADE

Constituição de novo mandatário, sem qualquer ressalva,enseja a revogação tácita da procuração anterior

Importante!!!

João respondeu a ação penal e foi condenado em 1ª instância. Seu advogado constituído naépoca era Dr. Pedro que interpôs recurso de apelação.

 Algumas semanas depois, João outorga procuração para outro advogado (Dr. Carlos)conferindo-lhe poderes para representá-lo neste processo criminal. Vale ressaltar que nestasegunda procuração não há qualquer menção ao mandato que havia sido dado a Dr. Pedro.

Dr. Carlos peticiona, então, ao Tribunal de Justiça (onde tramita a apelação) juntando aprocuração e informando que deseja ser intimado de todos os atos judiciais.

Ocorre que a petição do Dr. Carlos foi ignorada e, quando marcaram o dia do julgamento daapelação, o advogado intimado foi o Dr. Pedro.

No julgamento da apelação, que não foi acompanhado nem pelo Dr. Carlos nem pelo Dr. Pedro,o TJ manteve a sentença condenatória. Houve nulidade no presente caso?SIM. Houve nulidade do julgamento da apelação considerando que o novo advogado constituído doréu não foi intimado. A jurisprudência do STF é firme no sentido de que a não intimação deadvogado constituído configura cerceamento de defesa e, portanto, nulidade dos atos processuais.

Mesmo sem ter havido revogação expressa do mandato outorgado ao primeiro advogado, ficouclara a intenção do réu de alterar seu causídico. Podemos dizer que houve revogação tácita.

Para o STF, a constituição de novo mandatário para atuar em processo judicial, sem ressalva

ou reserva de poderes, enseja a revogação tácita do mandato anteriormente concedido.STF. 2ª Turma. RHC 127258/PE, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 19/5/2015 (Info 786).

DIREITO PENAL EPROCESSUAL PENAL MILITAR

CONDENAÇÃO CRIMINAL E PERDA DO CARGOA pena acessória de perda do cargo pode ser aplicada a praças mesmo sem processo específico

 Atenção! DPU

 Se uma praça (exs: soldados, cabos) for condenada por crime militar com pena superior a 2 anos,receberá, como pena acessória, a sua exclusão das Forças Armadas mesmo sem que tenha sidoinstaurado processo específico para decidir essa perda?

SIM. A pena acessória de perda do cargo pode ser aplicada a PRAÇAS mesmo sem processoespecífico para que seja imposta. Trata-se de uma pena acessória da condenação criminal.

E se um OFICIAL for condenado?

Neste caso, será necessário um processo específico para que lhe seja imposta a perda do postoe da patente (art. 142, § 3º, VI e VII, da CF/88).  Para que haja a perda do posto e da patente doOficial condenado a pena superior a 2 anos, é necessário que, além do processo criminal, eleseja submetido a novo julgamento perante Tribunal Militar de caráter permanente para

decidir apenas essa perda.STF. Plenário. RE 447859/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/5/2015 (Info 786).

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Informativo 787-STF (08/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADECabimento de nova ADI por inconstitucionalidade material contra

ato normativo já reconhecido formalmente constitucional pelo STF

Importante!!!

 A Lei “X” foi questionada no STF por meio de ADI. Na ação, o autor afirmou que a lei seriaformalmente inconstitucional. O STF julgou a ADI improcedente, declarando a leiconstitucional. Quatro anos mais tarde, outro legitimado ajuíza nova ADI contra a Lei “X”, mas

desta vez alega que ela é materialmente inconstitucional.

Essa ação poderia ter sido proposta? O STF poderá, nesta segunda ação, declarar a leimaterialmente inconstitucional?

SIM. Na primeira ação, o STF não discutiu a inconstitucionalidade material da Lei “X” (nem

disse que ela era constitucional nem inconstitucional do ponto de vista material).

Logo, nada impede que uma segunda ADI seja proposta questionando, agora, ainconstitucionalidade material da lei e nada impede que o STF decida declará-lainconstitucional sob o aspecto material.O fato de o STF ter declarado a validade formal de uma norma não interfere nem impede queele reconheça posteriormente que ela é materialmente inconstitucional.

STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787).

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADEEfeitos da declaração de inconstitucionalidade e ação rescisória

Importante!!!

 A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceitonormativo não produz a automática reforma ou rescisão das decisões proferidas em outrosprocessos anteriores que tenham adotado entendimento diferente do que posteriormentedecidiu o Supremo.Para que haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do recurso próprioou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC1973 (art. 966, V do CPC 2015), observado o prazo decadencial de 2 anos (art. 495 do CPC 1973/ art. 975 do CPC 2015).

Segundo afirmou o STF, não se pode confundir a eficácia normativa de uma sentença quedeclara a inconstitucionalidade (que retira do plano jurídico a norma com efeito “ex tunc”)

com a eficácia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa decisão.STF. Plenário. RE 730462/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/5/2015 (repercussão geral)

(Info 787).

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Informativo 787-STF (08/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

NORMAS DE CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS JULGADAS COMPATÍVEIS COM A CF/88CE pode prever que as proibições e impedimentos dos Deputados Estaduais são aplicáveis

também aos Governadores de EstadoÉ constitucional norma da Constituição estadual que preveja que as proibições e osimpedimentos estabelecidos para os Deputados Estaduais deverão ser aplicados também parao Governador e o Vice-Governador do Estado.

STF. Plenário. ADI 253/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/5/2015 (Info 787).

DIREITOS POLÍTICOSPerda do mandato por infidelidade partidária não se aplica a cargos eletivos majoritários

Importante!!!

 Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido político no qual foi eleito,

ele perderá o cargo que ocupa?

a) Se for um cargo eletivo MAJORITÁRIO: NÃO

 A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelosistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor.

No sistema majoritário, o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não importandoo quociente eleitoral nem o quociente partidário.Nos pleitos dessa natureza, os eleitores votam no candidato e não no seu partido político.Desse modo, no sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por infidelidadepartidária é antagônica (contrária) à soberania popular.

b) Se for um cargo eletivo PROPORCIONAL: SIM

O mandato parlamentar conquistado no sistema eleitoral proporcional pertence ao partidopolítico.

 Assim, se o parlamentar eleito decidir mudar de partido político, ele sofrerá um processo naJustiça Eleitoral que poderá resultar na perda do seu mandato. Neste processo, comcontraditório e ampla defesa, será analisado se havia justa causa para essa mudança.

O assunto está disciplinado na Resolução 22.610/2007 do TSE, que elenca, inclusive, ashipóteses consideradas como “justa causa”. STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787).

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOBNDES é obrigado a fornecer ao TCU documentos e informações sobre contrato de

financiamento celebrado com empresa privada

Importante!!!

O BNDES celebrou um contrato de financiamento com um grande grupo empresarial de carnesbovinas. A Comissão de Controle Externo da Câmara dos Deputados solicitou ao TCU querealizasse auditoria neste contrato. O TCU instaurou o procedimento e determinou ao BNDESque enviasse os documentos relacionados com a operação.

O BNDES impetrou mandado de segurança no STF contra o TCU pedindo para não ser obrigadoa fornecer as informações solicitadas, sob o fundamento de que isso violaria o sigilo bancário eempresarial da empresa que recebeu o financiamento.

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Informativo 787-STF (08/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

O STF concordou com as razões invocadas no MS?

NÃO. O STF denegou (indeferiu) o mandado de segurança impetrado e determinou que oBNDES enviasse as informações.

O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias de recursospúblicos não é coberto pelo sigilo bancário. O acesso a tais dados é imprescindível à atuaçãodo TCU na fiscalização das atividades do BNDES.O STF possui precedentes no sentido de que o TCU não detém legitimidade para requisitardiretamente informações que importem quebra de sigilo bancário. No entanto, a Cortereputou que a situação acima relatada seria diferente dos demais precedentes do Tribunal, jáque se trata de informações do próprio BNDES em um procedimento de controle legislativofinanceiro de entidades federais por iniciativa do Parlamento.

STF. 1ª Turma. MS 33340/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/5/2015 (Info 787).

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃONatureza do TCU

O TCU ostenta a condição de órgão independente na estrutura do Estado brasileiro, cujas funçõesestão elencadas nos incisos do art. 71 da CF/88. Seus membros possuem as mesmas prerrogativasque as asseguradas aos magistrados (art. 73, § 3º da CF/88), tendo suas decisões a naturezajurídica de atos administrativos passíveis de controle jurisdicional. Trata-se de um tribunal deíndole técnica e política, criado para fiscalizar o correto emprego dos recursos públicos.

Os Tribunais de Contas realizam controle de legitimidade, economicidade e de eficiência,verificando se os atos praticados pelos entes controlados estão de acordo com a moralidade,eficiência, proporcionalidade.

No atual contexto juspolítico brasileiro, o Tribunal de Contas possui competência para aferirse o administrador atuou de forma prudente, moralmente aceitável e de acordo com o que asociedade dele espera.

O TCU representa um dos principais instrumentos republicanos destinados à concretização dademocracia e dos direitos fundamentais, na medida em que o controle do emprego de recursospúblicos propicia, em larga escala, justiça e igualdade.

STF. 1ª Turma. MS 33340/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/5/2015 (Info 787).

DIREITO ELEITORAL

INFIDELIDADE PARTIDÁRIAPerda do mandato por infidelidade partidária não se aplica a cargos eletivos majoritários

Importante!!!

 Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido político no qual foi eleito,

ele perderá o cargo que ocupa?

a) Se for um cargo eletivo MAJORITÁRIO: NÃO

 A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelosistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor.

No sistema majoritário, o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não importandoo quociente eleitoral nem o quociente partidário.

Nos pleitos dessa natureza, os eleitores votam no candidato e não no seu partido político.

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Informativo 787-STF (08/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4

Desse modo, no sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por infidelidadepartidária é antagônica (contrária) à soberania popular.

b) Se for um cargo eletivo PROPORCIONAL: SIMO mandato parlamentar conquistado no sistema eleitoral proporcional pertence ao partidopolítico. Assim, se o parlamentar eleito decidir mudar de partido político, ele sofrerá umprocesso na Justiça Eleitoral que poderá resultar na perda do seu mandato. Neste processo,com contraditório e ampla defesa, será analisado se havia justa causa para essa mudança.

O assunto está disciplinado na Resolução 22.610/2007 do TSE, que elenca, inclusive, ashipóteses consideradas como “justa causa”. 

STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787).

DIREITO PROCESSUAL CIVILHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Honorários advocatícios constituem-se em verba de natureza alimentar

Súmula vinculante 47-STF: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacadosdo montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cujasatisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observadaordem especial restrita aos créditos dessa natureza.

STF. Plenário. Aprovada em 27/05/2015, DJe 01/06/2015.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

INVESTIGAÇÃO CRIMINALLegitimidade do MP para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal

O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e porprazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantiasque assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado.

 A controvérsia sobre a legitimidade constitucional do poder de investigação do MinistérioPúblico foi pacificada pelo STF com o julgamento do RE 593.727/MG (Info 785).STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787).

TRANSAÇÃO PENALEm caso de transação penal, não se aplicam os efeitos do art. 91 do CP

Importante!!!

 As consequências jurídicas extrapenais previstas no art. 91 do Código Penal são decorrentesde sentença condenatória. Tal não ocorre, portanto, quando há transação penal, cuja sentençatem natureza meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade

criminal do aceitante. As consequências geradas pela transação penal são essencialmenteaquelas estipuladas por modo consensual no respectivo instrumento de acordo.

STF. Plenário. RE 795567/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/5/2015 (Info 787).

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Informativo 787-STF (08/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5

DIREITO TRIBUTÁRIO

ICMSICMS importação e desembaraço aduaneiro

Súmula vinculante 48-STF: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima acobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.

STF. Plenário. Aprovada em 27/05/2015.

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 788-STF (11/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

RECURSO EXTRAORDINÁRIONão cabimento de decisão monocrática do relator

O recurso extraordinário é inadmissível quando interposto após decisão monocráticaproferida pelo relator, haja vista não esgotada a prestação jurisdicional pelo tribunal deorigem. Aplica-se, no caso, o enunciado 281 do STF:

Súmula 281-STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na justiça deorigem, recurso ordinário da decisão impugnada.

STF. 2ª Turma. ARE 868922/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/6/2015 (Info 788).

AÇÃO CIVIL PÚBLICAACP proposta contra Prefeito e previsão na lei estadual de que tal atribuição é privativa do PGJ

É constitucional lei complementar estadual que afirme que somente o Procurador-Geral deJustiça poderá ajuizar ação civil pública contra Secretários de Estado, Deputados Estaduais,Prefeitos, membros do MP ou membros da Magistratura (STF. Plenário. ADI 1916, Rel. Min.Eros Grau, julgado em 14/04/2010).

O PGJ poderá, no entanto, delegar essa atribuição para Promotores de Justiça, sendo, nestecaso, legítima a ACP proposta contra tais autoridades, ainda que por Promotor de Justiça.

STF. 2ª Turma. ARE 706288 AgR/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/6/2015 (Info 788).

DIREITO PENAL

PRESCRIÇÃONão se admite a denominada prescrição em perspectiva

 A prescrição virtual ccorre quando o juiz, verificando que já se passaram muitos anos desde odia em que o prazo prescricional começou ou voltou a correr, entende que mesmo que oinquérito ou processo continue, ele não terá utilidade porque muito provavelmente haverá aprescrição pela pena em concreto.Para isso, o juiz analisa a possível pena que aplicaria para o réu se ele fosse condenado e, apartir daí, examina se, entre os marcos interruptivos presentes no processo, já se passaram

mais anos do que o permitido pela lei. A prescrição virtual é também chamada de prescrição “em perspectiva”, “por prognose”,

“projetada” ou “antecipada”. 

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Informativo 788-STF (11/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

O STF e o STJ afirmam que é inadmissível a prescrição virtual por dois motivos principais: a)em virtude da ausência de previsão legal; b) porque representaria uma afronta ao princípio dapresunção de não-culpabilidade.

O STJ tem, inclusive, um enunciado proibindo expressamente a prática (Súmula 438-STJ).STF. 1ª Turma. Inq 3574 AgR/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2015 (Info 788).

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS PREFEITOSDelito do inciso I do DL 201/67

O crime do art. 1º, I, do Decreto-Lei 201/1967 é próprio, somente podendo ser praticado porprefeito, admitida, porém, a participação, nos termos do art. 29 do CP.

Exemplo: Deputado Federal apresentou emenda parlamentar ao orçamento da União

autorizando o repasse de recursos para o Município “X”, verba destinada à aquisição de umaambulância. O recurso foi transferido, foi realizada a licitação, mas o certame foi direcionadoem favor de determinada empresa que superfaturou o preço. Ficou demonstrado que oPrefeito, o Deputado e os donos da empresa vencedora estavam em conluio para a práticadessa conduta. Desse modo, todos eles irão responder pelo delito do art. 1º, I, do DL 201/67.

STF. 2ª Turma. Inq 3634/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/6/2015 (Info 788).

Page 31: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 789-STF (18/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

LIBERDADE DE EXPRESSÃOBiografias: autorização prévia e liberdade de expressão

Importante!!!

Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduobiografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização préviaseria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagradapela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes:

“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literáriasou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas comocoadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”. 

Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitosforam violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por

meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação deressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.

STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

DIREITO ADMINISTRATIVO

APOSENTADORIA ESPECIALOficiais de justiça não têm direito à aposentadoria especial

Importante!!!

 Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são maisfavoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas.

 A CF/88 prevê que os servidores que exerçam atividades de risco têm direito à aposentadoriaespecial, segundo requisitos e condições previstas em lei complementar (art. 40, § 4º, II, “b”). 

O sindicato dos Oficiais de Justiça ajuizou, no STF, mandado de injunção coletivo alegando queos oficiais de justiça exercem atividades de risco, nos termos do art. 40, § 4º, II, da CF/88 e que,apesar disso, até agora, não foi editada uma lei complementar nacional prevendoaposentadoria especial para eles. Argumentou, então, que estaria havendo omissão legislativa.

O STF concordou com o pedido formulado?

NÃO. Os Oficiais de Justiça, no exercício de suas funções, até sofrem, eventualmente, exposiçãoa situações de risco, mas isso, por si só, não confere a eles o direito subjetivo à aposentadoriaespecial.

Page 32: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 789-STF (18/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

Os Oficiais de Justiça podem até, a depender do caso concreto, estar sujeitos a situações derisco, notadamente quando no exercício de suas funções em áreas dominadas pelacriminalidade, ou em locais marcados por conflitos fundiários. No entanto, o STF entendeu que

esse risco é contingente (eventual), e não inerente ao serviço. Não se pode dizer que as funçõesdos Oficiais de Justiça são perigosas (isso não está na sua essência). Elas podem sereventualmente perigosas.

Se uma atividade é eventualmente perigosa, o legislador pode prever que os servidores que adesempenham tenham direito à aposentadoria especial com base no art. 40, § 4º, II, da CF/88.Se o legislador não fizer isso, não haverá omissão de sua parte porque o texto constitucionalnão exige. Ex: Oficiais de Justiça. Reconhecer ou não o direito à aposentadoria especial é umaescolha da discricionariedade legislativa.

Se uma atividade é perigosa por sua própria natureza, o legislador tem o dever de prever queos servidores que a desempenham terão direito à aposentadoria especial com base no art. 40,§ 4º, II, da CF/88. Se o legislador não fizer isso, haverá omissão inconstitucional de sua parte

porque o texto da CF/88 exige. Aqui não existe discricionariedade, mas sim um dever dolegislador. Ex: carreira policial.

STF. Plenário. MI 833/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em

11/6/2015 (Info 789).

DIREITO CIVIL

DIREITOS DA PERSONALIDADEBiografias: autorização prévia e liberdade de expressão

Importante!!!

Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária a autorização prévia do indivíduobiografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização préviaseria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagradapela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes:

“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literáriasou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas comocoadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”. 

Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitosforam violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas pormeio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação deressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.

STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 789-STF (18/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

DIREITO PENAL

TORTURA

Regime inicial de cumprimento de pena

O STF já decidiu que é inconstitucional a Lei que impõe o regime inicial fechado para os crimeshediondos e equiparados (STF. HC 111.840-ES).

Para o STJ, isso se aplica também ao delito de tortura, por ser este equiparado a crimehediondo. Logo, o juiz deve desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei nº9.455/1997, por ser esta norma também inconstitucional. Assim, não é obrigatório que ocondenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. Ojuiz, no momento da dosimetria da pena, deverá seguir as regras do art. 33 do CP.

No julgado noticiado neste Informativo, o Min. Marco Aurélio manifesta posição pessoal de queo art. 1º, § 7º, da Lei nº 9.455/1997 seria constitucional, ou seja, seria legítima a regra queimpõe o regime inicial fechado para o crime de tortura. O inteiro teor do julgado ainda não foidivulgado, mas penso que se trata de uma posição minoritária e isolada do Min. Marco Aurélio.Os demais Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão de praticidade do que detese jurídica. Isso porque os demais Ministros entendiam que, no caso concreto, nem caberiahabeas corpus considerando que já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não aderiramexpressamente à tese do Relator.

STF. 1ª Turma. HC 123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/6/2015 (Info 789).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PRISÃO E LIBERDADEPrisão domiciliar e gestante a partir do 7º mês de gravidez

 A CF/88 assegura às presidiárias condições para que possam permanecer com seus filhosdurante o período da amamentação e enfatiza a proteção à maternidade e à infância (art. 5º,“L”, e art. 6º, caput). 

No caso concreto, a acusada encontrava-se presa preventivamente, em estágio avançado degravidez (7 meses), em penitenciária insalubre e sem condições para acompanhamento pré-natal.

 Assim, objetivando efetivar o direito acima mencionado, reconheceu-se que a acusada teria

direito à prisão domiciliar, nos termos do art. 318, IV, do CPP: Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:

IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco.

STF. 2ª Turma. HC 128381/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/6/2015 (Info 789).

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Informativo 790-STF (26/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

HABEAS DATAPossibilidade de se obter dados do contribuinte que constem nos sistemas dos órgãos fazendários

Importante!!!

O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentesao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados deapoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais.

No caso concreto, o STF reconheceu que o contribuinte pode ajuizar habeas data para ter acesso àsinformações relacionadas consigo e que estejam presentes no sistema SINCOR da Receita Federal.

O SINCOR (Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica) é um banco de dados da ReceitaFederal no qual ela armazena as informações sobre os débitos e créditos dos contribuintespessoas jurídicas.

 A decisão foi tomada com base no SINCOR, mas seu raciocínio poderá ser aplicado para outrosbancos de dados mantidos pelos órgãos fazendários.

STF. Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/6/2015 (repercussão geral) (Info 790).

NORMAS DE CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS JULGADAS COMPATÍVEIS COM A CF/88CE pode prever que a Lei Orgânica da Polícia Civil tenha status de lei complementar

Constituição estadual poderá prever que a Lei Orgânica da Polícia Civil daquele estado tenhastatus de lei complementar.

Não há nada na CF/88 que impeça o constituinte estadual de exigir quórum maior (lei

complementar) para tratar sobre essa questão.Seria uma demasia (um exagero) negar à Constituição estadual a possibilidade de escolherdeterminados temas como mais sensíveis, exigindo, para eles, uma aprovação legislativa maisqualificada por meio de lei complementar.

STF. Plenário. ADI 2314/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,

julgado em 17/6/2015 (Info 790).

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Informativo 790-STF (26/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

PROCESSO LEGISLATIVOEmenda parlamentar em projeto de lei do Poder Executivo

 A iniciativa de competência privativa do Poder Executivo não impede a apresentação deemendas parlamentares, presente a identidade de matéria e acompanhada da estimativa dedespesa e respectiva fonte de custeio.

 Assim, é possível que haja emenda parlamentar em um projeto de lei de iniciativa reservadaao Chefe do Poder Executivo, desde que cumpridos dois requisitos:

a) haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto original); e

b) a emenda não acarrete aumento de despesas originalmente previstas (art. 63, I, da CF/88).

STF. Plenário. ADI 4433/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/6/2015 (Info 790).

LIVRE CONCORRÊNCIALei municipal que impede instalação de estabelecimentos comerciais

Súmula vinculante 49-STF: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impedea instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

DIREITO ADMINISTRATIVO

SERVIDORES PÚBLICOSRevisão geral dos servidores antes da EC 19/98

Súmula vinculante 51-STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelasLeis 8.622/1993 e 8.627/1993, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadasas eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmosdiplomas legais.

STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

DIREITO TRIBUTÁRIO

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADENorma que altera o prazo de pagamento do tributo

Súmula vinculante 50-STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigaçãotributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

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Informativo 790-STF (26/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

IMUNIDADE TRIBUTÁRIAImunidade tributária e imóvel alugado

Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU oimóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que ovalor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

ICMSSomente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por estimativa

Quando se fala em regime de apuração, isso significa a forma por meio da qual o valor tributoserá calculado. No caso do ICMS, existem vários regimes de apuração do imposto.

 A LC 87/96 autoriza que os Estados membros adotem o regime de apuração por estimativa.O Estado-membro pode estabelecer o regime de estimativa por meio de Decreto?

NÃO. Somente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS porestimativa.

STF. Plenário. RE 632265/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/6/2015 (Info 790).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 791-STF (02/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO ADMINISTRATIVO

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOSPrincípio da intranscendência subjetiva na

inscrição de unidade federativa em cadastro de inadimplentes

 Atenção! Advocacia Pública

O Estado de Pernambuco celebrou convênio com a União por meio do qual recebeudeterminadas verbas para realizar projetos de interesse público no Estado, assumindo ocompromisso de prestar contas da utilização de tais valores perante a União e o TCU. Ocorreque o Estado não prestou contas corretamente, o que fez com que a União o inserisse no CAUC. Ao julgar uma ação proposta pelo Estado-membro contra a União, o STF exarou duasimportantes conclusões:

1) Viola o princípio do devido processo legal a inscrição de unidade federativa em cadastros deinadimplentes antes de iniciada e julgada tomada de contas especial pelo Tribunal de Contasda União. Em casos como esse, mostra-se necessária a tomada de contas especial e sua

respectiva conclusão, a fim de reconhecer que houve realmente irregularidades. Só a partirdisso é possível a inscrição do ente nos cadastros de restrição ao crédito organizados emantidos pela União.

2) O princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições superem adimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadorasdo ato ilícito. Assim, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a aplicação desanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores. Ainscrição do Estado de Pernambuco no CAUC ocorreu em razão do descumprimento de convêniocelebrado por gestão anterior, ou seja, na época de outro Governador. Ademais, ficoudemonstrado que os novos gestores estavam tomando as providências necessárias para sanar asirregularidades verificadas. Logo, deve-se aplicar, no caso concreto, o princípio da

intranscendência subjetiva das sanções, impedindo que a Administração atual seja punida com arestrição na celebração de novos convênios ou recebimento de repasses federais.

STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015

(Info 791).

CONCURSO PÚBLICOMomento para comprovação do limite de idade

 Atualize seu livro de 2014

O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concursopúblico, há de ser comprovado no momento da inscrição no certame.

STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 791-STF (02/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

DIREITO NOTARIAL /REGISTRAL

REGIME JURÍDICO DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORESNão aplicação da Resolução 187/2014-CNJ a concursos

que já estavam em andamento quando ela entrou em vigor

 A Resolução 187/2014 do CNJ disciplinou a contagem de títulos em concursos públicos paracartórios (outorga de serventias extrajudiciais).

Imagine que em 2013 iniciou um concurso para cartório. Em 2015, chega ao fim a fase deprovas e inicia a análise dos títulos. O STF decidiu que, como esse concurso iniciou antes daResolução 187/2014, as regras por ela impostas não poderão se aplicar para este certame.

Em suma, a Resolução 187/2014 não se aplica a concursos que já estavam em andamento

quando ela iniciou a sua vigência, sob pena de isso representar um abalo à confiança doscandidatos e à segurança jurídica.

STF. 1ª Turma. MS 33094/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

DIREITO PENAL

MAUS ANTECEDENTES (DOSIMETRIA DA PENA)Inquéritos policiais e ações penais sem trânsito em julgado

 A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser

considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena.STF. Plenário. HC 94620/MS e HC 94680/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgados em 24/6/2015

(Info 791).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

NULIDADEIntimação da Defensoria Pública com remessa dos autosmesmo que a decisão tenha sido proferida em audiência

Importante!!!

 A LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê, como uma das prerrogativas dosDefensores Públicos, que eles devem receber intimação pessoal (arts. 44, I, 89, I e 128, I).

Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz na própria audiência, estando o DefensorPúblico presente, pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente naquele ato ou seránecessário ainda o envio dos autos à Defensoria para que a intimação se torne perfeita?

Para que a intimação pessoal do Defensor Público se concretize, será necessária ainda aremessa dos autos à Defensoria Pública.

Segundo decidiu o STF, a intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensorna audiência de leitura da sentença condenatória, se aperfeiçoa com sua intimação pessoal,

mediante a remessa dos autos.STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 791-STF (02/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

HABEAS CORPUSProibição da reformatio in pejus 

 A proibição da “reformatio in pejus”, princípio imanente ao processo penal, aplica-se ao“habeas corpus”, cujo manejo jamais poderá agravar a situação jurídica daquele a quem busca

favorecer.

STF. 2ª Turma. HC 126869/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

DIREITO PENAL /PROCESSUAL PENAL MILITAR

INTERROGATÓRIOMomento do interrogatório no rito do CPPM

 A Lei 11.719/2008 alterou o art. 400 do CPP estabelecendo que o interrogatório deve ser feitodepois da inquirição das testemunhas e da realização das demais provas.

Essa alteração repercutiu no CPPM? No procedimento do CPPM, o interrogatório deve ser oúltimo ato da instrução?

  SIM (1ª Turma do STF)  NÃO (2ª Turma do STF)

E se o interrogatório foi realizado no começo da instrução, mas este ato ocorreu antes da Lei11.719/2008, haverá nulidade?

NÃO. Não haverá nulidade porque a Lei 11.719/2008 não pode ser aplicada para atos processuaispraticados antes de sua entrada em vigor (20/8/2008). Incide o princípio do tempus regit actum,de forma que deve ser aplicada a legislação em vigor no momento da sua prática.

Ex: João foi denunciado pela prática do crime de concussão (art. 305 do CPM). Em 2007, foirealizado seu interrogatório como primeiro ato do processo (antes da oitiva das testemunhas).Em 2009, o réu foi condenado e a defesa suscitou nulidade afirmando que a Lei 11.719/2008teria alterado o momento do interrogatório para o final. O STF considerou que não houvenulidade, já que, quando o ato processual foi aplicado, não havia nenhuma dúvida de que ointerrogatório era o primeiro ato do processo, pois assim dispunha a legislação.

STF. Plenário. HC 123228/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/6/2015 (Info 791).

Page 40: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 792-STF (03/08/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO PROCESSUAL PENAL

HABEAS CORPUSPedido para autorização de visita

O habeas corpus não é meio processual adequado para o apenado obter autorização de visitade sua companheira no estabelecimento prisional.STF. 2ª Turma. HC 127685/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/6/2015 (Info 792).

INDULTO NATALINOPeríodo de prova no sursis não pode ser equiparado a cumprimento de pena

Em 2013, a Presidente da República editou o Decreto 8.172/2013 concedendo o indultonatalino para os condenados que cumprissem os requisitos ali estabelecidos.

No art. 1º, XIII e XIV, o Decreto concedeu indulto para os réus condenados a pena privativa deliberdade, desde que tivessem cumprido, até 25/12/2013, 1/4 (um quarto) da pena.

Se o condenado foi beneficiado com sursis e já cumpriu mais de 1/4 do período de prova elepoderá ser beneficiado com o indulto? É possível afirmar que cumprimento do período deprova no sursis é a mesma coisa que cumprimento de pena?

NÃO. O sursis não tem natureza de pena. Ao contrário, trata-se de uma alternativa à pena, ouseja, um benefício que o condenado recebe para não ter que cumprir pena. Por essa razão, nãose pode dizer que a pessoa beneficiada com sursis e que esteja cumprindo período de prova seencontre cumprindo pena. Cumprimento de período de prova não é cumprimento de pena.STF. 1ª Turma. RHC 128515/BA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/6/2015 (Info 792).

DIREITO PENAL EPROCESSUAL PENAL MILITAR

CORREIÇÃO PARCIALNão cabimento de correição parcial como sucedâneo de ação rescisória

É incabível o manejo de correição parcial para rever decisão que declarou extinta apunibilidade do réu pelo reconhecimento da prescrição, decisão esta que já havia transitadoem julgado.

 A correição de processos findos somente é possível para verificar eventuais irregularidades oufalhas administrativas a serem corrigidas no âmbito da Justiça Militar. Não cabe seu uso,

porém, como substituto de ação rescisória.STF. 2ª Turma. HC 112530/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 30/6/2015 (Info 792).

Page 41: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 793-STF (13/08/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante| 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

NORMAS DE CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS JULGADAS COMPATÍVEIS COM A CF/88CE pode proibir que servidores estaduais substituam trabalhadores privados em greve

CE estadual pode prever que é proibido que os servidores estaduais substituam trabalhadoresde empresas privadas em greve.STF. Plenário. ADI 232/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 5/8/2015 (Info 793).

PROCESSO LEGISLATIVOEmenda parlamentar em projeto de lei do Poder Executivo e pertinência temática

 A iniciativa de competência privativa do Poder Executivo não impede a apresentação deemendas parlamentares, presente a identidade de matéria e acompanhada da estimativa dedespesa e respectiva fonte de custeio.

 Assim, é possível que haja emenda parlamentar em um projeto de lei de iniciativa reservadaao Chefe do Poder Executivo, desde que cumpridos dois requisitos:

a) haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto original); eb) a emenda não acarrete aumento de despesas originalmente previstas (art. 63, I, da CF/88).

STF. Plenário. ADI 3926/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/8/2015 (Info 793).

TRIBUNAL DE CONTASAnálise de aposentadoria e gratificação recebida por força de decisão judicial transitada em julgado

 A sentença que reconhece ao trabalhador ou a servidor o direito a determinado percentual de

acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir da superveniente incorporaçãodefinitiva do referido percentual nos seus ganhos.

Sendo uma relação de caráter continuativo (todos os meses a servidora recebe aquelaremuneração) e tendo havido superveniente modificação na situação de fato (o referidoreajuste foi incorporado, por lei, aos vencimentos da servidora), essa alteração no status quoproduz, de forma imediata e automática, a cessação da eficácia da decisão acobertada pelacoisa julgada. E para essa cessação não é necessária ação rescisória ou ação revisional.

 Assim, se o TCU, ao analisar uma aposentadoria, percebe que determinada gratificaçãorecebida por servidor público por força de sentença transitada em julgado já foiincorporada/extinta por leis posteriores, este Tribunal poderá determinar a sua supressãosem que isso viole a coisa julgada. Neste caso, a mudança no estado das coisas faz com que esta

coisa julgada não mais subsista.STF. 2ª Turma.MS 32435 AgR/DF, rel. orig. Min. Celso de Mello, red. p/ o acórdão, Min. Teori Zavascki,

4/8/2015 (Info 793).

Page 42: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 793-STF (13/08/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante| 2

DIREITO ADMINISTRATIVO

PODER DE POLÍCIA

Poder de polícia de trânsito e guardas municipais

Importante!!!

 As guardas municipais podem realizar a fiscalização de trânsito?SIM. As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência parafiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas.

O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício dopoder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções administrativas legalmenteprevistas (ex: multas de trânsito).STF. Plenário.RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,

julgado em 6/8/2015 (Info 793).

DIREITO NOTARIALE REGISTRAL

CONCURSO PÚBLICOServentias judiciais disponíveis, mas que estejam “sub judice” 

Nos concursos de cartório, o TJ deverá incluir no edital do certame como vagas as serventiasextrajudiciaisque estão “sub judice”? 

SIM. O TJ deverá incluir no concurso público as serventias consideradas disponíveis, mas queestejam “sub judice”, devendo, no entanto, ser cumpridas duas cautelas: 

• O edital do certame deverá informar que as serventias estão “sub judice”; 

•Tais serventias não poderão ser providas até o trânsito em julgado dos processos judiciais.STF. 1ª Turma.MS 31228/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/8/2015 (Info 793).

DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Aplicação em caso de reincidência e furto qualificado

É possível aplicar o princípio da insignificância em favor de um réu reincidente ou que járesponda a outros inquéritos ou ações penais?

É possível aplicar o princípio da insignificância em caso de furto qualificado?

O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é possível fixar uma regra geral (umatese) sobre o assunto. A decisão sobre a incidência ou não do princípio da insignificância deveser feita caso a caso.

 Apesar disso, na prática, observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ negam a aplicaçãodo princípio da insignificância caso o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos

ou ações penais. De igual modo, nega o benefício em situações de furto qualificado.STF. Plenário.HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados

em 3/8/2015 (Info 793).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 793-STF (13/08/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante| 3

APROPRIAÇÃO INDÉBITARessarcimento do prejuízo em acordo homologado no juízo cível

e sua repercussão no processo criminal

 A advogada ficou com o dinheiro recebido pelo cliente e só devolveu a quantia após serdemandada judicialmente e fazer acordo em ação de cobrança.

Vale ressaltar que, a esta altura, já havia um inquérito policial instaurado para apurareventual crime de apropriação indébita.

O STF, com base em peculiaridades do caso concreto, decidiu trancar a ação penal por falta dejusta causa.

Salientou-se que o acordo firmado no juízo cível que colocou fim à pendência ocorreu emnovembro de 2012 e a denúncia só foi formalizada quase um ano após. Além disso, o juiz do processo cível determinou a comunicação à Delegacia de Polícia sobre o acordo.

Diante desses fatos, a 1ª Turma entendeu que a situação seria excepcional e suficiente para setrancar a ação penal. Entendeu-se que a relação jurídica cível repercute porque o acerto decontas se deu em data anterior à propositura da ação penal.

STF. 1ª Turma.RHC 125283/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/8/2015 (Info 793).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

EXECUÇÃO PENALCalendário de saídas temporárias (saídas temporárias automatizadas)

Importante!!!

Pela literalidade da Lei de Execução Penal, a cada saída temporária deve ser formulado umpedido ao juiz que, então, ouve o MP e a administração penitenciária, e, após, decide.

Em algumas partes do Brasil, no entanto, como é o caso do RJ, os juízes da execução penaladotaram um procedimento para simplificar a concessão dessas saídas temporárias.Quando o condenado formula o primeiro pedido de saída temporária, o juiz ouve o MP e odiretor do Presídio, e, se estiverem preenchidos os requisitos, concede o benefício. No entanto,nesta primeira decisão o juiz já fixa um calendário de saídas temporárias.

Desse modo, após o juiz deferir o benefício para o apenado nesta primeira vez, as novas saídastemporárias deste mesmo reeducando não mais precisarão ser analisadas pelo juiz e pelo MP,

sendo concedidas automaticamente pela direção do Presídio, desde que a situação disciplinardo condenado permaneça a mesma, ou seja, que ele tenha mantido o comportamentoadequado no cumprimento da pena. Se cometer falta grave, por exemplo, é revogado obenefício. A esse procedimento simplificado deu-se o nome de “saída temporária

automatizada” ou “calendário de saídas temporárias”. 

O calendário de saídas temporárias é permitido? A prática da saída temporária automatizada éválida?

  STJ: NÃO. O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicionalinsuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional(Súmula 520-STJ).

  STF: SIM. É legítima a decisão judicial que estabelece calendário anual de saídas

temporárias para visita à família do preso.STF. 2ª Turma.HC 128763/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/8/2015 (Info 793).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 777-STF (24/03/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVASA competência para legislar sobre serviços de telecomunicações é privativa da União

 A competência para legislar sobre serviços de telecomunicações é privativa da União.Logo, é inconstitucional lei estadual que verse sobre este tema, como é o caso de lei estadualque dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamentode um órgão regulador e outros aspectos institucionais.

STF. Plenário. ADI 2615/SC, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/3/2015 (Info 777).

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

SÚMULA VINCULANTE 38-STF:É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimentocomercial.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

SÚMULA VINCULANTE 39-STF:Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das políciascivil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.

CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA

SÚMULA VINCULANTE 40-STF: A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Federal, só éexigível dos filiados ao sindicato respectivo.

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Informativo 777-STF (24/03/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCURSO PÚBLICO

Critério de desempate em concursos de remoção de serventias notariais e registrais

Importante!!!

 A lei estadual do Estado “X” prevê que, em caso de empate entre os candidatos em concurso de

remoção para serventias notariais e registrais, o primeiro critério de desempate é o maiortempo de serviço público.

Ocorre que a Lei Federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) determina que o primeiro critériode desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade maiselevada (art. 27, parágrafo único).

Qual das duas legislações deverá prevalecer no caso? A legislação estadual. O Estatuto do Idoso, por ser lei geral, não se aplica como critério dedesempate, no concurso público de remoção para outorga de delegação notarial e de registro,quando existir lei estadual específica que regule o certame e traga regras aplicáveis em casode empate. Desse modo, em nosso exemplo, a vaga deve ficar com o candidato que tiver maiortempo de serviço público (e não necessariamente com o mais idoso).

STF. 1ª Turma. MS 33046/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/3/2015 (Info 777).

SERVIDORES PÚBLICOS

SÚMULA VINCULANTE 42-STF:É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais oumunicipais a índices federais de correção monetária.

REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIALLei estadual não pode incluir os titulares de serventias extrajudiciais

no regime próprio de Previdência Social

Duas Leis estaduais incluíram no regime próprio de Previdência Social os titulares deserventias extrajudiciais (notários e registradores).

Tais leis foram declaradas inconstitucionais.Os titulares de serventias notariais e registrais exercem atividade estatal, entretanto não sãotitulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidorespúblicos. Logo, a eles não se aplica o regime próprio de Previdência Social previsto para osservidores públicos (art. 40 da CF/88).Desse modo, a lei estadual não poderia tê-los incluído no regime próprio de previdência social. As leis estaduais acima desviaram-se do modelo previsto na CF/88 e usurparam a competênciada União para legislar sobre o tema.

STF. Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 11/3/2015 (Info 777).

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Informativo 777-STF (24/03/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL

CONCURSO PÚBLICO

Critério de desempate em concursos de remoção de serventias notariais e registrais

Importante!!!

 A lei estadual do Estado “X” prevê que, em caso de empate entre os candidatos em concurso de

remoção para serventias notariais e registrais, o primeiro critério de desempate é o maiortempo de serviço público.

Ocorre que a Lei Federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) determina que o primeiro critériode desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade maiselevada (art. 27, parágrafo único).Qual das duas legislações deverá prevalecer no caso?

 A legislação estadual. O Estatuto do Idoso, por ser lei geral, não se aplica como critério dedesempate, no concurso público de remoção para outorga de delegação notarial e de registro,quando existir lei estadual específica que regule o certame e traga regras aplicáveis em casode empate. Desse modo, em nosso exemplo, a vaga deve ficar com o candidato que tiver maiortempo de serviço público (e não necessariamente com o mais idoso).

STF. 1ª Turma. MS 33046/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/3/2015 (Info 777).

APOSENTADORIALei estadual não pode incluir os titulares de serventias extrajudiciais

no regime próprio de Previdência Social

Duas Leis estaduais incluíram no regime próprio de Previdência Social os titulares deserventias extrajudiciais (notários e registradores).

Tais leis foram declaradas inconstitucionais.

Os titulares de serventias notariais e registrais exercem atividade estatal, entretanto não sãotitulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidorespúblicos. Logo, a eles não se aplica o regime próprio de Previdência Social previsto para osservidores públicos (art. 40 da CF/88).

Desse modo, a lei estadual não poderia tê-los incluído no regime próprio de previdência social. As leis estaduais acima desviaram-se do modelo previsto na CF/88 e usurparam a competênciada União para legislar sobre o tema.

STF. Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 11/3/2015 (Info 777).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROGRESSÃO DE REGIMEEstrangeiro com pedido de extradição já deferido

Importante!!!

O estrangeiro que cumpre pena no Brasil pode ser beneficiado com a progressão de regime?SIM. Não existe motivo para negar aos estrangeiros que cumprem pena no Brasil os benefíciosda execução penal, dentre eles a progressão de regime. Isso porque a condição humana da

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Informativo 777-STF (24/03/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4

pessoa estrangeira submetida a pena no Brasil é protegida constitucionalmente e no âmbitodos direitos humanos. Assim, em regra, é plenamente possível a progressão de regime paraestrangeiros que cumpram pena no Brasil.

Vale ressaltar, no entanto, que essa providência (progressão) será ineficaz até que o STFdelibere acerca das condições da prisão para extradição. Em outras palavras, é possível queseja deferida a progressão de regime ao apenado que aguarda o cumprimento da ordem deextradição, mas isso só poderá ser concretizado pelo juízo das execuções (juiz de 1ª instância)depois que o STF concordar. Cabe ao STF deliberar acerca de eventual adaptação dascondições da prisão para extradição ao regime prisional da execução penal. Assim, depois queo juízo da execução afirmar que os requisitos para a progressão estão preenchidos, deveráainda o STF verificar se a concessão do regime semiaberto ou aberto ao extraditando não irácausar risco à garantia da ordem garantia da ordem pública, da ordem econômica, àconveniência da instrução criminal, nem à aplicação da lei penal pública (art. 312 do CPP).

STF. 2ª Turma. Ext 893 QO/República Federal da Alemanha, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em

10/3/2015 (Info 777).

DIREITO TRIBUTÁRIO

TAXAS

SÚMULA VINCULANTE 41-STF:O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

ICMSÉ inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o ICMS sem a

prévia celebração de convênio intergovernamental

É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o ICMS sem aprévia celebração de convênio intergovernamental (art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88  e LC24/1975).

No caso concreto, o STF julgou inconstitucionais dispositivos da lei estadual que previam

parcelamento do pagamento de ICMS em quatro anos sem juros e correção monetária etambém os artigos que conferiam créditos fictícios de ICMS de forma a reduzir artificialmenteo valor do tributo. Além disso, a Corte entendeu inconstitucional dispositivo que autorizava oGovernador do Estado a conceder benefício fiscal por ato infralegal, tendo havido violação àregra da reserva legal (art. 150, § 6º, da CF/88).

Por outro lado, o STF considerou constitucional dispositivo de lei estadual que estabeleceu asuspensão do pagamento do ICMS incidente sobre a importação de matéria-prima ou dematerial intermediário, e transferiu o recolhimento do tributo do momento do desembaraçoaduaneiro para o momento de saída dos produtos industrializados do estabelecimento. OSupremo entendeu que tais dispositivos são constitucionais porque a jurisprudência permite olegislador estadual, mesmo sem convênio, preveja o diferimento (retardamento) dorecolhimento do valor devido a título de ICMS se isso não implicar redução ou dispensa dovalor devido. Diferir o recolhimento do valor não significa benefício fiscal e, portanto, nãoprecisa da prévia celebração de convênio.

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Informativo 777-STF (24/03/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5

Modulação dos efeitos. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para que ela tenha eficáciasomente a partir da data da sessão de julgamento. Ponderou que se trata de benefíciostributários inconstitucionais, mas que se deveria convalidar os atos jurídicos já praticados,

tendo em vista a segurança jurídica e a pouca previsibilidade, no plano fático, quanto àsconsequências de eventual decretação de nulidade desses atos, existentes no mundo jurídicohá anos. Deve-se chamar atenção para esse fato porque, em regra, a jurisprudência doSupremo não tem admitido a modulação dos efeitos nessas hipóteses.

STF. Plenário. ADI 4481/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/3/2015 (Info 777).

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTARCompetência da Justiça estadual para julgar complementação de

aposentadoria por entidades de previdência privada

Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, compete à Justiça COMUM ESTADUAL (e não àJustiça do Trabalho) julgar demandas que envolvam a complementação de aposentadoria porentidades de previdência privada.STF. Plenário. CC 7706 AgR-segundo-ED-terceiros/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/3/2015

(Info 777).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 778-STF (27/03/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCURSO PÚBLICOQuestão da prova objetiva que exige do candidato saber quantas afirmações estão corretas

Determinada candidata impetrou mandado de segurança questionando três questões da provaobjetiva do concurso para Procurador da República. As questões impugnadas foramformuladas da seguinte forma: eram apresentadas quatro afirmações; após essas assertivas,existiam quatro alternativas; a letra “A” dizia: “apenas uma está correta”; letra “B”: “duas estão

corretas”; letra “C”: “três estão corretas”; letra “D”: “todas estão corretas”. 

Segundo a autora, essa forma de questão objetiva estaria em desacordo com as Resoluções doCNMP e do CNJ sobre concursos públicos.

O STF concordou com a tese da impetrante? Essa forma de questão objetiva violou a resoluçãodo CNMP?

NÃO. Apesar de as referidas questões apresentarem realmente uma estrutura objetiva diversa

das demais perguntas normalmente feitas em prova objetiva, isso não significa qualquernulidade, sendo apenas uma forma de dificultar o nível da prova igualmente a todos oscandidatos e condizente com o objetivo de um concurso destinado a medir conhecimentos devários tipos, ou seja, não só jurídicos, mas também lógicos e gramaticais.

 Ademais, entendeu-se que não se poderia invocar a Resolução 57/2009 do CNJ porque,embora o CNJ e o CNMP possuam estruturas semelhantes e mesma origem constitucional, sãoórgãos autônomos, de forma que o CNMP disciplinou o tema na forma que entendeu melhor enão vedou esse tipo de questão.STF. 1ª Turma. MS 31323 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 17/3/2015 (Info 778).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PRISÃO DE ADVOGADOConceito de sala de Estado-Maior

Importante!!!

Os advogados, membros da Magistratura, do MP e da Defensoria Pública, se forem presos antesdo trânsito em julgado da sentença penal condenatória, possuem o direito de ficar recolhidosnão em uma cela com grades, mas sim em uma sala de Estado-Maior.

 A palavra “Estado-Maior” representa o grupo de Oficiais que assessora o Comandante das

Forças Armadas, do Corpo de Bombeiros ou da Polícia Militar. Logo, sala de Estado-Maior é ocompartimento localizado na unidade militar que é utilizado por eles para o exercício de suasfunções.

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Informativo 778-STF (27/03/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

 A jurisprudência do STF confere uma interpretação teleológica a essa garantia e afirma que osintegrantes dessas carreiras, quando forem presos provisoriamente, não precisam ficar emuma sala dentro do Comando das Forças Armadas, mas devem ser recolhidos em um local

equiparado à sala de Estado-Maior, ou seja, em um ambiente separado, sem grades, localizadoem unidades prisionais ou em batalhões da Polícia Militar, que tenha instalações ecomodidades adequadas à higiene e à segurança do preso.

STF. Plenário. Rcl 5826/PR e Rcl 8853/GO, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Dias

Toffoli, julgados em 18/3/2015 (Info 778).

HABEAS CORPUSDesnecessidade de prequestionamento em HC

O réu impetrou habeas corpus contra determinada decisão do TRF.

O STJ não conheceu da impetração afirmando que a tese alegada no habeas corpus não foipreviamente enfrentada pelo TRF. Assim, para o STJ, somente após o Tribunal enfrentar erechaçar essa tese é que a defesa poderia impetrar HC questionando a decisão.

O entendimento do STJ foi correto?

NÃO. É desnecessária a prévia discussão acerca de matéria objeto de habeas corpus impetradooriginariamente no STJ, quando a coação ilegal ou o abuso de poder advierem de ato de TRF noexercício de sua competência penal originária.

 Ao fazer essa exigência, o STJ está impondo para o habeas corpus o requisito do“prequestionamento”, que somente é aplicável nos casos de recurso especial ou recurso

extraordinário.

STF. 1ª Turma. RHC 118622/ES, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/3/2015 (Info 778).

DIREITO PENAL EPROCESSUAL PENAL MILITAR

COMPETÊNCIAFurto praticado por militar contra outro militar dentro das instalações militares

Militar do Exército subtraiu de seu colega de farda, em quartel militar, cartão magnético,

juntamente com a respectiva senha. Após, efetuou empréstimo em nome da vítima, bem comosaques de valores. A competência para julgar esse crime é da Justiça Militar?

SIM. Compete à Justiça castrense processar e julgar militar pela prática de crime de furto (art.240 do CPM) perpetrado contra outro militar em ambiente sujeito à administração militar(art. 9º, II, “a” do CPM).

STF. 1ª Turma. HC 125326/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 17/3/2015 (Info 778).

Page 51: Informativos Do STF

7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 779-STF (08/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

TRIBUNAL DE CONTASMedida cautelar de indisponibilidade de bens

O TCU possui competência para decretar, no início ou no curso de qualquer procedimento deapuração que lá tramite, a indisponibilidade dos bens do responsável por prazo não superior a1 ano (art. 44, § 2º da Lei 8.443/92).O STF entende que essa previsão é constitucional, de forma que se admite, ainda que de formaexcepcional, a concessão, sem audiência da parte contrária, de medidas cautelares, pordeliberação fundamentada do Tribunal de Contas, sempre que necessárias à neutralizaçãoimediata de situações que possam causar lesão ao interesse público ou ainda para garantir autilidade prática do processo que tramita no TCU. Isso não viola, por si só, o devido processolegal nem qualquer outra garantia constitucional, como o contraditório ou a ampla defesa.

STF. 2ª Turma. MS 33092/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 24/3/2015 (Info 779).

DIREITO ADMINISTRATIVO

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOSObservância do devido processo legal, contraditório e ampla defesa antes da inclusão de entes

federativos nos cadastros federais de inadimplência

 Atenção! Concursos federais

 A União, antes de incluir Estados-membros ou Municípios nos cadastros federais deinadimplência (exs: CAUC, SIAF) deverá observar o devido processo legal, o contraditório e aampla defesa.

STF. Plenário. ACO 1995/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/3/2015 (Info 779).

CONCURSO PÚBLICOConstitucionalidade do art. 19-A da Lei 8.036/90

É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de préviaaprovação em concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos válidosem relação aos empregados eventualmente contratados, ressalvados os direitos à percepçãodos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, aolevantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS.

Neste julgado, o STF declarou que o art. 19-A da Lei 8.036/90 é CONSTITUCIONAL.STF. Plenário. ADI 3127/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/3/2015 (Info 779).

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7/17/2019 Informativos Do STF

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Informativo 779-STF (08/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

ECA

CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

Caráter não-vinculante do parecer psicossocial na progressão da medida socioeducativa

Imagine que determinado adolescente cumpre medida socioeducativa de internação. Após seismeses de cumprimento, o parecer psicossocial apresentado pela equipe técnica manifesta-sefavoravelmente à progressão para o regime de semiliberdade. O juiz pode decidir de formacontrária ao parecer e manter a internação?

SIM. O parecer psicossocial não possui caráter vinculante e representa apenas um elementoinformativo para auxiliar o magistrado na avaliação da medida socioeducativa mais adequadaa ser aplicada. A partir dos fatos contidos nos autos, o juiz pode decidir contrariamente aolaudo com base no princípio do livre convencimento motivado.

STF. 1ª Turma. RHC 126205/PE, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/3/2015 (Info 779).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

PRECATÓRIOSModulação dos efeitos da ADI que julgou inconstitucional

o novo regime de precatórios estabelecido pela EC 62/2009

Importante!!!

 A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios. Taisalterações foram impugnadas por meio de ações diretas de inconstitucionalidade que foramjulgadas parcialmente procedentes. No entanto, o STF decidiu modular os efeitos da decisão,ou seja, alguns dispositivos, apesar de terem sido declarados inconstitucionais, ainda irãovigorar por mais algum tempo. Veja o resumo do que foi decidido quanto à modulação:

1. O § 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (que tratam sobre o regime especial depagamento de precatórios) ainda irão valer (poderão ser aplicados) por mais cinco anos(cinco exercícios financeiros) a contar de 01/01/2016. Em outras palavras, tais regras serãoválidas até 2020.

2. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 (previam a possibilidade de compensação obrigatória dasdívidas que a pessoa tinha com a Fazenda Pública com os créditos que tinha para receber comprecatório): o STF afirmou que são válidas as compensações obrigatórias que foram feitas até25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação). A partir desta data, não será possível mais arealização de compensações obrigatórias, mas é possível que sejam feitos acordos entre aFazenda e o credor do precatório e que também possua dívidas com o Poder Público paracompensações voluntárias.

3. Leilões para desconto de precatório: o regime especial instituído pela EC 62/2009 previauma série de vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido que tais entes realizassemuma espécie de “leilão de precatórios” no qual os credores de precatórios competem entre si

oferecendo deságios (“descontos”) em relação aos valores que têm para  receber. Aqueles queoferecem maiores descontos irão receber antes do que os demais. Esse sistema de leilões foideclarado inconstitucional, mas o STF afirmou que os leilões realizados até 25/03/2015 (diaem que ocorreu a modulação) são válidos (não podem ser anulados mesmo sendoinconstitucionais). A partir desta data, não será possível mais a realização de tais leilões.

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7/17/2019 Informativos Do STF

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4. Vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dosprecatórios e sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao

pagamento de precatórios: as regras que tratam sobre o tema, previstas nos §§ 2º e 10 do art.97 do ADCT da CF/88 continuam válidos e poderão ser utilizados pelos Estados e Municípiosaté 2020.

5. Expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” prevista no § 12

do art. 100:5.1 Para precatórios da administração ESTADUAL e MUNICIPAL: o STF disse que a TR (índiceda poupança) poderia ser aplicada até 25/03/2015.

5.2 Para os precatórios da administração FEDERAL: o STF afirmou que se poderia aplicar a TRaté 31/12/2013.

 Após essas datas, qual índice será utilizado para substituir a TR (julgada inconstitucional)?

• Precatórios em geral: IPCA-E.

• Precatórios tributários: SELIC.

CNJ deverá apresentar proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50%dos recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii)a possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com oestoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25.03.2015, por opção do credor doprecatório.

CNJ deverá monitorar e supervisionar o pagamento dos precatórios pelos entes públicos naforma da presente decisão.

STF. Plenário. ADI 4357 QO/DF e ADI 4425 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 25/3/2015 (Info 779).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

TRIBUNAL DO JÚRIReferência ou leitura da decisão de pronúncia durante os debates no júri

Importante!!!

O art. 478, I, do CPP afirma que, durante os debates, as partes não poderão, sob pena de

nulidade, fazer referências à decisão de pronúncia ou às decisões posteriores que julgaramadmissível a acusação como argumento de autoridade para beneficiar ou prejudicar oacusado. Isso não significa, contudo, que qualquer referência ou leitura da decisão acarretará,obrigatoriamente, a nulidade do julgamento.

Na verdade, somente haverá nulidade se a leitura ou as referências forem feitas comoargumento de autoridade para beneficiar ou prejudicar o acusado. Assim, por exemplo, não haverá nulidade se o MP simplesmente ler, no Plenário, trecho dadecisão do Tribunal que manteve a sentença de pronúncia contra o réu, sem fazer a utilizaçãodo artifício do “argumento de autoridade”