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8/7/2019 STF - informativos penais e processuais penais_2 http://slidepdf.com/reader/full/stf-informativos-penais-e-processuais-penais2 1/39 WWW . BLOGKAFKADOCERRADO . BLOGSPOT . COM _________________________________________________________________________ 1 ESTUDO DOS INFORMATIVOS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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ESTUDO DOS INFORMATIVOS PENAIS E

PROCESSUAIS PENAIS DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL

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APRESENTAÇÃO

O presente arquivo trata-se de um estudo sobre osinformativos penais e processuais penais do Supremo Tribunal Federal,colhidos dos últimos três anos. A necessidade da elaboração do material

surgiu em razão das dificuldades sempre constantes de se acompanhar aevolução do entendimento jurisprudencial de nossas cortes superiores. Háinúmeros conflitos entre as turmas dos tribunais, conflito entre os própriostribunais, além de decisões dos respectivos plenários que, não raro,possuem duração efêmera. 

A velocidade da mutação do pensamento jurisprudencialde nossas cortes superiores exige do operador do direito muita cautela.

Dessa forma, procurou-se, ao longo deste arquivo, transcrever os julgadosreferentes aos temas objetos de maior debate, organizados de formasistematizada, além de outras decisões que, no entender desteorganizador, foram de maior importância nos últimos anos. Constam domaterial diversas notas pessoais, com o intuito de esclarecer econtextualizar o leitor com os temas em referência. Houve também apreocupação em citar o posicionamento do Superior Tribunal de Justiçasobre as matérias de maior relevância, permitindo a melhor compreensãodo assunto, com o intercâmbio entre as posições das Cortes Superiores. 

Kafka do Cerrado

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ÍNDICE

.. 05 06

09

11

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Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos crimes de

14

Crimes hediondos e possibilidade de fixação do regime inicial de cumprimento da

15

Investi 16

18

20

Tribunal do Júri e princípio da ne reformatio in pejus   21

22

Sonegação fiscal e esgotamento da via admi 23

Art. 290 do CPM e Princípio da Insignificância 23

24

24

25

26

Substituição de testemunha não encont 27

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28

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Execução penal. Perda dos dias remidos em processo administrativo disciplinar e

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30 30

30

31

31

Princípio da insignificância: modus operandi  e elementos subjetivos

desfavoráveis 32

32Prisão preventiva e modus operandi   33

34

34

35

35

Crimes contra idosos 36

36

36

37

Portador de H 37

37

Sequestro e roubo de veículos   38

38

Redime 39

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TRÁFICO DE DROGAS E COMBINAÇÃO DE LEIS INCRIMINADORAS

Nota: Muito se discutiu e ainda tem-se discutido sobre a possibilidade de combinação de

dispositivos mais benéficos ao acusado das Leis 6.368/76 e 11.343/2006 para aqueles

agentes que praticaram o crime sob a vigência da revogada Lei n. 6.368/76. O STJ, após

longo debate, pacificou o entendimento contrário à combinação dos dispositivos legais,

ao argumento de que o Judiciário, caso assim procedesse, estaria atuando como

legislador positivo, criando uma nova lei ao caso concreto. O julgador deveria, então,

aplicar apenas uma das leis, após verificar no caso concreto qual delas se afiguraria mais

vantajosa ao acusado. A propósito, conferir decisão proferida Pela Terceira Seção do STJ

no EREsp nº 1.094.499/MG

No STF, há divergia entre suas turmas. A 1ª turma defende a impossibilidade da

combinação de dispositivos de leis e a 2ª Turma, por sua vez, advoga pela possibilidadeda combinação de leis. A matéria hoje está submetida à apreciação do Plenário do STF,

devendo-se acompanhar a conclusão do julgamento do RE 596152/SP (informativo 611).

Tráfico de Drogas e Combinação de Leis (1ª Turma) 

A Turma indeferiu habeas corpus em que condenada por crime de tráfico dedrogas praticado sob a vigência Lei 6.368/76 pretendia fosse aplicada à sua pena-  

Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas dedireitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique -se, deinício, que a sentença condenatória considerara diversos fatores que afastariam adiminuição da pena, tais como maus antecedentes, quantidade de drogaapreendida, entre outros. Destacou-se, ademais, que a nova lei majorou a penamínima aplicada a tal crime de três para cinco anos, daí o advento da referidacausa de diminuição. Por fim, considerou-se não ser lícito tomar preceitosisolados de uma e outra lei, pois cada uma delas deve ser analisada em suatotalidade, sob pena de aplicação de uma terceira lei, criada unicamente

pelo intérprete. Declarou-se, ainda, o prejuízo do pedido de substituição da penaprivativa de liberdade por restritiva de direitos.HC 103153/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, 3.8.2010. (HC-103153) 

Tráfico de Drogas e Combinação de Leis Incriminadoras (2ª Turma)

A Turma, em conclusão de julgamento, deferiu, por maioria, habeas corpusimpetrado em favor de condenado por tráfico ilícito de entorpecentes (Lei6.368/76, art. 12, c/c art. 29 do CP) para que se aplique, em seu benefício, acausa de diminuição trazida pela Lei 11.343/2006 v. Informativo 523. Centrava-se a questão em apurar o alcance do princípio da retroatividade da lei penal mais

benéfica, em face da nova Lei de Tóxicos, que introduziu causa de diminuição dapena para o delito de tráfico de entorpecentes, mas aumentou-lhe a pena mínima.

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Inicialmente, salientou-se a necessidade de se perquirir se seria lícita a incidênciaisolada da causa de diminuição de pena aos delitos cometidos sob a égide da leianterior, tendo por base as penas então cominadas. Entendeu-se que aplicar acausa de diminuição não significa baralhar e confundir normas, uma vezque o juiz, ao assim proceder, não cria lei nova, mas apenas se movimentadentro dos quadros legais para uma tarefa de integração perfeitamentepossível. Ademais, aduziu-se que se deveria observar a finalidade e a ratiodo princípio, para dar correta resposta à questão, não havendo como serepudiar a aplicação da causa de diminuição também a situações anteriores.Nesse diapasão, enfatizou-se, também, que a vedação de junção dedispositivos de leis diversas é apenas produto de interpretação da doutrinae da jurisprudência, sem apoio direto em texto constitucional. Vencida a Min.Ellen Gracie, relatora, que indeferia o writ por considerar que extrair algunsdispositivos, de forma isolada, de um diploma legal, e outro preceito de diversodiploma, implicaria alterar por completo o seu espírito normativo, gerando um

conteúdo distinto do previamente estabelecido pelo legislador, e instituindo umaterceira regra relativamente à situação individual do paciente. Precedente citado:HC 68416/DF (DJU de 30.10.92).HC 95435/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso,21.10.2008. (HC-95435) 

ROUBO E LATROCÍNIO.

Nota: Quando se estuda o crime de latrocínio, há fortes divergências doutrinárias no que

tange à sua consumação e tentativa. A par dessa discussão, a doutrina majoritária

costuma resumir o posicionamento do STF sobre a matéria da seguinte forma:

1)  Subtração consumada e morte consumada latrocínio consumado;

2)  Subtração tentada e homicídio tentado tentativa de latrocínio;

3)  Subtração consumada e homicídio tentado  tentativa de latrocínio;*

4)  Subtração tentada e homicídio consumado latrocínio consumado (súmula 690)

Não obstante os inúmeros posicionamentos doutrinários a respeito, este organizador, em

subtração consumada e homicídio tentado, o enquadramento típico realizado pelo

Pretório Excelso não é de tentativa de latrocínio conforme propugnam os manuais dedireito penal, mas sim de roubo consumado em concurso material com tentativa de

homicídio ou roubo qualificado pela lesão corporal de natureza grave, sendo que a opção

por uma ou outra alternativa dependerá do dolo do agente - se agiu ou não com animus

necandi .

Acredito que essa interpretação doutrinária deriva-se do fato de que o STF, ao editar a

 

embora o crime ora em estudo esteja no Título II do Código Penal, que trata dos crimes

contra o patrimônio. Dessa feita, seguindo-se essa linha intelectiva, se para a consumação

do crime de latrocínio as atenções da Corte se voltaram para o homicídio, conclui-se que,no caso deste ter ficado na esfera da tentativa, o crime seria igualmente tentado.

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Porém, conforme ressaltei, as pesquisas efetuadas demonstram que o STF não segue a

mesma linha argumentativa encampada na súmula 690 quando está diante de subtração

consumada e homicídio tentado. Aqui, não se dá prevalência ao bem jurídico vida, mas

sim ao crime contra o patrimônio, entendendo-se que o homicídio seria apenas um

crime-meio e, portanto, não seria compatível com a tentativa. Sem embargo dosrespeitosos ensinamentos doutrinários, essa hipótese, para o STF, não seria de latrocínio

tentado, mas sim de roubo consumado em concurso material com tentativa de homicídio

ou roubo qualificado pela lesão grave, devendo-se atentar para o elemento anímico do

agente para se aferir qual dos dois enquadramentos típicos deverá ser efetuado. Ressalto

que não está em debate o entendimento pessoal de nossos autores, mas sim a

interpretação que estes fazem do posicionamento do STF sobre a matéria. E, nesse

aspecto, creio que há uma leitura equivocada do pensamento de nossa Corte Suprema.

Assim, na humilde visão deste organizador, o quadro sobre o entendimento do STF deve

ser assim resumido:

1)  Subtração consumada e morte consumada latrocínio consumado;

2)  Subtração tentada e homicídio tentado tentativa de latrocínio;

3)  Subtração consumada e homicídio tentado   roubo consumado em concurso

material com tentativa de homicídio ou roubo qualificado pela lesão corporal

grave;

4)  Subtração tentada e homicídio consumado latrocínio consumado (súmula 690)

Dos julgados selecionados, o Pretório Excelso afirmou que o homicídio é o crime-meio e,

portanto, não há que se falar em latrocínio tentado. Na esteira desse entendimento,

poder-se-ia afirmar que quando a subtração e o homicídio ficarem na esfera do conatus 

caso de tentativa de roubo em concurso material com tentativa de homicídio. Porém, não

foi possível encontrar um julgado que tratasse da hipótese em questão. Dessarte,

considerando-

situação em que a subtração e o homicídio ficam na esfera da tentativa, ou seja, se

haverá ou não prevalência do bem jurídico vida sobre o patrimônio, razão pela qual se

 

Para corroborar as afirmações expostas, além de transcrever informativos da 1ª e 2ªTurmas dos STF, cito ementas de alguns julgados sobre a matéria.

Adequação Típica: Roubo Consumado e Homicídio Tentado 1 (2ª Turma)

A Turma deferiu, parcialmente, habeas corpus para cassar sentença de 1º grauque condenara o paciente por latrocínio tentado (CP, art. 157, § 3º, in fine, c/c art.14, II). Na espécie, embora consumado o roubo, da violência praticada não

resultara morte, mas lesão corporal de natureza grave numa das vítimas. Adefesa reiterava a alegação de que a capitulação dada ao fato seria inadequada epleiteava, por esse motivo, o ajuste da imputação para roubo qualificado pelo

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resultado de lesão corporal grave (CP, art. 157, § 3º, 1ª parte). Inicialmente,adotou-se como premissa o cometimento do crime de roubo (CP, art. 157) eaduziu-se que a matéria discutida nos autos envolveria a adequação típicada conduta atribuída ao paciente. Asseverou-se que o latrocínio constituidelito complexo, em que o crime-fim é o roubo, não passando o homicídiode crime-meio. Desse modo, salientou-se que a doutrina divide-se quanto àcorreta tipificação dos fatos na hipótese de consumação do crime-fim(roubo) e de tentativa do crime-meio (homicídio), a saber: a) classificaçãocomo roubo qualificado pelo resultado, quando ocorra lesão corporal grave;b) classificação como latrocínio tentado; c) classificação como homicídioqualificado, na forma tentada, em concurso material com o rouboqualificado. Enfatizou-se, contudo, que tais situações seriam distintasdaquela prevista no Enunciado 610 da Súmula do STFlatrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a

e que as decisões impugnadas aderiram à tese

de que as circunstâncias dos fatos evidenciaram o animus necandi dos agentes,caracterizando, por isso, tentativa de latrocínio. Esclareceu-se, ainda, que estaCorte possui entendimento no sentido de não ser possível punição portentativa de latrocínio, quando o homicídio não se realiza, e que énecessário o exame sobre a existência de dolo homicida do agente, para,presente esse ânimo, dar-se por caracterizado concurso material entrehomicídio tentado e roubo consumado.HC 91585/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 16.9.2008. (HC-91585) 

Adequação Típica: Roubo Consumado e Homicídio Tentado - 2

Tendo em conta essas balizas, observou-se que para a classificação daconduta imputada ao paciente seria preciso identificar-se a finalidade dosagentes: a) se considerado ausente o animus necandi na violênciapraticada, incidiria o art. 157, § 3º, 1ª parte, do CP; b) se definido que aintenção era de matar as vítimas, o tipo correspondente seria o do art. 121, §2º, V, do CP, na forma tentada, em concurso material com o crime de roubo. Afirmou-se, entretanto, que em sede de habeas corpus não se pode discutir oalcance da prova sobre a intenção do agente. Assim, reputou-se incontroversoque, consoante admitido pelo STJ, as indicações seriam no sentido de que o doloera de matar e não o de provocar lesão corporal. Esse o quadro, assentou-se quenão restaria alternativa senão a da teórica tipificação do fato como homicídio, na

forma tentada, em concurso material com o delito de roubo. Por conseguinte, anteo reconhecimento da competência do tribunal do júri, determinou-se que a elesejam remetidos os autos, a fim de que proceda a novo julgamento, limitandoeventual condenação à pena aplicada na sentença ora anulada. Por fim,estendeu-se, de oficio, essa mesma ordem aos co-réus.HC 91585/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 16.9.2008. (HC-91585) 

Enquadramento Jurídico e Latrocínio Tentado 2 (1ª Turma) 

Assentou-se que o latrocínio não consubstancia tipo autônomo e que estapremissa afastaria a possibilidade de falar-se em tentativa. Aduziu-se que o§ 3º do art. 157 do CP encerra causa de aumento no que considerada asubtração de coisa móvel alheia mediante grave ameaça ou violência à

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pessoa, cuja majoração exige a indispensável ocorrência de lesão corporalde natureza grave ou morte, ambas resultantes da violência. Mencionou-seque essa mesma orientação fora adotada no julgamento do HC 77240/SP(DJU de 30.6.2000), em que estabelecido não haver crime de latrocínioquando a subtração dos bens da vítima se realiza, mas o homicídio não seconsuma, conduta esta que tipifica roubo com resultado lesão corporalgrave, devendo a pena ser dosada com observância da primeira parte do §3º do art. 157 do CP. Ademais, ressaltou-se que se deveria afastar aconclusão sobre a ocorrência do latrocínio tentado, mesmo porque, seassim não se fizesse, a referida primeira parte do § 3º do art. 157 do CPficaria relegada a letra morta. Ter-se-ia de entender, assim, que, no caso delesão grave, haveria, também e com maior razão considerado evento no qual a RHC 94775/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 7.4.2009. (RHC-94775) 

Ementas de julgados sobre o tema:

AÇÃO PENAL. Crime. Qualificação jurídica. Condenação por latrocíniotentado. Subtração consumada. Não consecução da morte como resultadoda violência praticada, mas apenas de lesão corporal grave numa dasvítimas. Dolo homicida reconhecido pelas instâncias ordinárias.Impossibilidade de revisão desse juízo factual em sede de habeas corpus.Tipificação conseqüente do fato como homicídio, na forma tentada, emconcurso material com o crime de roubo. Submissão do réu ao tribunal dojúri. Limitação, porém, de pena em caso de eventual condenação. Aplicação doprincípio que proíbe a reformatio in peius. HC concedido para esses fins. 1. Se é

incontroverso ter o réu, em crime caracterizado por subtração da coisa eviolência contra a pessoa, com resultado de lesão corporal grave, agidocom animus necandi, então os fatos correspondem ao tipo de homicídio naforma tentada, em concurso material com o de roubo. 2. Reconhecida, emhabeas corpus, a competência do tribunal do júri para rejulgar réu condenado por latrocínio tentado, mas desclassificado para tentativa de homicídio, não podeeventual condenação impor-lhe pena maior que a já fixada na sentença cassada.(STF. HC 91585 / RJ - RIO DE JANEIROHABEAS CORPUS Relator(a): Min. CEZAR PELUSO Julgamento:16/09/2008 Órgão Julgador: Segunda Turma)

- TENTATIVA - INCOMPATIBILIDADECOM A ORDEM JURÍDICA. A circunstância de o § 3º do artigo 157 do CódigoPenal encerrar causa de aumento da pena e não tipo autônomo afasta apossibilidade de concluir-se no sentido do latrocínio tentado. Considerações - RIO DE JANEIRO. RECURSO EMHABEAS CORPUS. Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO. Julgamento:07/04/2009. Órgão Julgador: Primeira Turma)

ACORDO DE COLABORAÇÃO: DENÚNCIA DE CORRÉUS E OITIVA NA

CONDIÇÃO DE INFORMANTES.

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Nota: o presente julgado trata do famoso caso que ficou nacionalmente conhecido como

. O Ministério Público ofereceu denúncia em face de alguns acusados e, com

relação a outros, firmou um acordo de colaboração, tendo deixado de ofertar denúncia

naquele momento para fazê-lo em momento posterior, a fim de que estes acusados não

denunciados pudessem colaborar para o esclarecimento dos fatos e com a identificaçãodos demais coautores nas ações penais que foram propostas. Pelo acordo, caso os

denunciados colaborassem com a instrução processual, o parquet  se comprometeu a

solicitar o perdão judicial dos acusados colaboradores, valendo-se do instituto da delação

premiada prevista na lei 9.807/99, quando do oferecimento das respectivas denúncias, o

que veio a se concretizar posteriormente. Houve, portanto, uma mitigação do princípio

da indivisibilidade da ação penal, uma vez que o parquet avaliou o melhor momento para

o oferecimento da denúncia em face de alguns corréus. E veja-se que o STF reconheceu

como legítima essa situação, encampando entendimento doutrinário dominante no

sentido de que o princípio da indivisibilidade não se aplica à ação penal pública, além de

ter afastado todos os demais argumentos jurídicos contrários à adoção desse

procedimento.

Acordo de Colaboração: Denúncia de Co-réus e Oitiva na Condição deInformantes - 1

O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada em ação penal  movida pelo Ministério Público Federal contra 40 pessoas acusadas da suposta , para julgar válida a oitiva, nessa ação, na condição de informantes, de dois denunciados, em

1ª instância, de participação na prática de alguns desses crimes, e rejeitar aalegação de nulidade do processo do 1º grau. Na espécie, os citados co-réus,apesar de indicados na denúncia como envolvidos nos fatos investigados, foramarrolados como testemunhas pelo Procurador-Geral da República e não foramdenunciados, na presente ação penal, por força de Acordo de Colaboração quefirmaram com o Ministério Público Federal. Ocorre que, posteriormente, vieram aser denunciados em 1ª instância. Alegava-se, na espécie, não ser possíveldenunciá-los no 1º grau de jurisdição, sob pena de violação à decisão doSupremo que indeferira o pedido de desmembramento do feito, tampouco ouvi-loscom testemunhas na presente ação penal, tendo em vista sua qualidade de co-réus. Quanto à primeira alegação, entendeu-se inexistir qualquer violação à

decisão da Corte, porquanto os co-réus não teriam sido denunciados nos autosda presente ação penal, sendo, por isso, incabível falar-se em desmembramentodo feito. Asseverou-se ter havido oferecimento de denúncia autônoma contra eles,perante juízo competente, em atuação no 1º grau, três anos após a denúncia feitanesta ação penal, a fim de viabilizar o cumprimento dos termos do Acordo deColaboração citado, no qual o parquet se comprometeu a solicitar o perdãojudicial dos acusados, caso cumpram esses termos (Lei 9.807/99, artigos 13 e14). Esclareceu-se, ademais, não ser possível nem o aditamento da denúncia, nafase da presente ação penal (oitiva de testemunhas de acusação), haja vista queisso causaria prejuízo extremo ao bom andamento do feito, nem o ajuizamento dadenúncia perante o Supremo, em razão de os acusados não possuírem aqui foropor prerrogativa de função.AP 470 QO/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 23.10.2008. (AP-470) 

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Acordo de Colaboração: Denúncia de Co-réus e Oitiva na Condição deInformantes - 2

Quanto à segunda assertiva, considerou-se que, em virtude de serem co-réus, enão testemunhas em sentido próprio, as quais devem ser estranhas aos fatosobjeto do julgamento, eles poderiam ser ouvidos nesta fase da ação penal, naco compromisso. Reportando-se ao que decidido no HC 89671/RJ (DJU de16.2.2007), asseverou-se que os dois co-réus firmaram acordo de delaçãopremiada com o parquet federal, ostentando a qualidade de co-réuscolaboradores, porém, por não terem sido denunciados, não foram ouvidos nafase do interrogatório judicial, daí por que foram arrolados, na denúncia, comotestemunhas de acusação. Aduziu-se que a oitiva dos referidos co-réus seriafundamental tanto para submeter suas declarações pré-processuais ao crivo docontraditório quanto para possibilitar o cumprimento, pelos mesmos, dos termos

do acordo de delação premiada firmada, salientando-se que a Lei 9.807/99condiciona a concessão do perdão, com a conseqüente extinção da punibilidade,à efetividade da colaboração prestada pelos co- -se,assim, ser perfeitamente viável o aproveitamento dos depoimentos dos co-réusnesta fase de oitiva de testemunhas de acusação, e não haver qualquer ilegalidade na colheita dos seus depoimentos, sob o crivo do contraditório, nacondição de informantes. Vencido o Min. Marco Aurélio que não admitia odepoimento dos co-réus nem como testemunhas nem como informantes.AP 470 QO/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 23.10.2008. (AP-470) 

PORTE ILEGAL ARMA FOGO DESMUNICIADA

Nota:  o tema é controvertido no STF. A 1ª Turma entende que o fato da arma estar

desmuniciada ou do agente não ter a pronta disponibilidade da munição, não

descaracteriza o crime de porte ilegal de arma de fogo. A 2ª Turma, por sua vez, entende

que a ausência de municição torna o fato atípico por falta de tipicidade material (ausência

de lesividade). Vale ressaltar que o tema está sendo objeto de novo debate na 2ª Turma

do STF (HC 96759).

Porte Ilegal de Arma e Ausência de Munição (2ª Turma)

O fato de a arma de fogo encontrar-se desmuniciada torna atípica a condutater em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, deuso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ouregulamentar: Pena   base nesse entendimento, a Turma, por maioria, deferiu habeas corpus impetradoem favor de condenado pela prática do crime de porte ilegal de arma de fogo deuso permitido (Lei 10.826/2003, art. 14), haja vista que a arma encontrava-se

desmuniciada. Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que, por reputar típica aconduta em tela, indeferia o writ.

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HC 99449/MG, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. CezarPeluso, 25.8.2009. (HC-99449) 

Porte Ilegal de Arma e Ausência de Munição (1ª Turma)

Para a configuração do delito de porte ilegal de arma de fogo é irrelevante o fatode a arma encontrar-se desmuniciada e de o agente não ter a prontadisponibilidade de munição. Com base nesse entendimento, a Turma desproveurecurso ordinário em habeas corpus interposto por condenado pela prática docrime de porte ilegal de arma de fogo (Lei 9.437/97, art. 10), no qual se alegava aatipicidade do porte de revólver desmuniciado ante a ausência de lesão ao bemjurídico penalmente protegido. Assentou-se que a objetividade jurídica da normapenal transcende a mera proteção da incolumidade pessoal para alcançar a tutelada liberdade individual e do corpo social como um todo, asseguradas ambas pelo

incremento dos níveis de segurança coletiva que a lei propicia. Enfatizou-se,destarte, que se mostraria irrelevante, no caso, cogitar-se da eficácia da armapara configuração do tipo penal em comento isto é, se ela estaria, ou não,municiada ou se a munição estaria, ou não, ao alcance das mãos , porque ahipótese seria de crime de perigo abstrato para cuja caracterização desimporta oresultado concreto da ação.RHC 90197/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 9.6.2009. (RHC-90197) 

ROUBO E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. NECESSIDADE DE PERÍCIA.

Nota: A 2ª Turma do STF tinha o entendimento de que seria necessária a apreensão da

arma e a realização da perícia para se aferir sua potencialidade lesiva. A 1ª Turma

mantinha entendimento contrário, tendo, então, afetado a matéria ao Pleno, o qual

pacificou o entendimento no sentido de que não é necessária a apreensão e realização de

perícia na arma. A uma, porque a prova da eficiência da arma poderá ser realizada por

outros meios de prova, como, por exemplo, o depoimento de uma testemunha que

afirme ter presenciado o disparo de uma arma de fogo. A duas, porque a arma de fogo

poderá ser utilizada como instrumento contundente, podendo causar lesões graves na

vítima (atente-se para o fato de que o inciso I, do §2º, do CP, fala apenas em arma e não

em arma de fogo). A três, porque exigir a apreensão e perícia da arma poderia fomentaros agentes a se desfazerem da arma, impossibilitando a aplicação da majorante. A

propósito, conferir informativo 536 do STF.

O STJ, atualmente, mantém sintonia com o entendimento do Pretório Excelso, conforme

decisão proferida pela Terceira Seção (informativo 460). 

Roubo: Emprego de Arma de Fogo e Causa de Aumento - 1 

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Para a caracterização da majorante prevista no art. 157, § 2º, I, do CP, não seexige que a arma de fogo seja periciada ou apreendida, desde que, por outrosmeios de prova, reste demonstrado o seu potencial lesivo. Com base nesseentendimento, o Tribunal, por maioria, indeferiu habeas corpus, afetado ao Plenopela 1ª Turma, impetrado contra decisão do STJ que entendera desnecessária aapreensão de arma de fogo e sua perícia para a caracterização da causa deaumento de pena do crime de roubo. No caso, a Defensoria Pública da Uniãosustentava constrangimento ilegal, consistente na incidência da majorante doinciso I do § 2º do art. 157 do CP violência ou ameaça exercida com o empregode arma de fogo , sem que verificado o potencial lesivo do revólver. Assentou-se que, se por qualquer meio de prova em especial pela palavra da vítima,como no caso, ou pelo depoimento de testemunha presencial ficar comprovadoo emprego de arma de fogo, esta circunstância deverá ser levada emconsideração pelo magistrado na fixação da pena. Ressaltou-se que, se oacusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo da arma

empregada para intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal evidência, nostermos do art. 156 do CPP, segundo o qual a prova da alegação incumbirá aquem a fizer. Aduziu-se não ser razoável exigir da vítima ou do Estado-acusador comprovar o potencial lesivo da arma, quando o seu emprego ficar evidenciadopor outros meios de prova, mormente quando esta desaparece por ação dopróprio acusado, como usualmente acontece após a prática de delitos dessanatureza.HC 96099/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.2.2009. (HC-96099) 

Roubo: Emprego de Arma de Fogo e Causa de Aumento - 2

Enfatizou-se, ademais, que a arma de fogo, mesmo que, eventualmente, nãotenha o poder de disparar projéteis, pode ser empregada como instrumentocontundente, apto a produzir lesões graves contra vítimas inermes.  Ressaltou-se, também, que a hipótese não guardaria nenhuma correspondênciacom o roubo perpetrado com o emprego de arma de brinquedo exemplofrequentemente invocado pelos que defendem a necessidade de perícia paracaracterização da forma qualificada do delito , em que o tipo penal ficacircunscrito àquele capitulado no caput do art. 157 do CP, porquanto a ameaçacontra a vítima restringe-se apenas ao plano psicológico, diante daimpossibilidade de que lhe sobrevenha qualquer mal físico. Concluiu-se queexigir uma perícia para atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo

empregada no delito de roubo, ainda que cogitável no plano dasespeculações acadêmicas, teria como resultado prático estimular oscriminosos a desaparecer com elas, de modo a que a qualificadora do art.157, § 2º, I, do CP dificilmente poderia ser aplicada, a não ser nas rarassituações em que restassem presos em flagrante, empunhando o artefatoofensivo. Vencidos os Ministros Cezar Peluso, Eros Grau e Gilmar Mendes, queconcediam a ordem, para revogar a qualificadora mencionada, ao fundamento deque ela só poderia ser aplicada nos casos em que demonstrada a lesividadepotencial da arma, porque a intimidação, a violência e a grave ameaça já fazemparte do tipo penal. Afirmavam que, em caso de dúvida, como na espécie, por nãose saber se a arma tinha ou não real capacidade ofensiva, a presunção não

poderia correr contra o réu, seja por força do princípio do favor rei, seja em razãodo princípio do ônus da prova que, em matéria penal, recai sempre sobre a

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acusação. A Min. Cármen Lúcia, não obstante reconhecendo ser elementar dotipo a existência de um instrumento que possa de alguma forma constituir agravidade que se contém nesse tipo penal, acompanhou o relator, neste caso, por reputar comprovada a lesividade do revólver, por outros meios de prova,independentemente da perícia.HC 96099/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.2.2009. (HC-96099) 

SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DEDIREITOS NOS CRIMES DE TRÁFICO DE DROGAS E HEDIONDOS

Nota: Nesse julgado, o plenário do STF, por maioria, admitiu a possibilidade de

substituição da pena por restritiva de direitos nos crimes relacionados ao tráfico de

entorpecentes, declarando a inconstitucionalidade incidental dos dispositivos da Lei de

Drogas que vedavam a referida substituição, o que provocou a mudança deentendimento no STJ, que agora coaduna com o entendimento do Pretório Excelso.

Tendo em vista que a decisão do STF se deu com base no princípio da individualização da

pena, o entendimento se irradia para todos os crimes hediondos e equiparados.

Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substituição de Pena Privativa deLiberdade por Restritivas de Direitos - 13

Em conclusão, o Tribunal, por maioria, concedeu parcialmente habeas corpus  e declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade da expressãovedada a conversão em penas restritivas de direitos 

vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos   diploma legal. Tratava-se, na espécie, de writ , afetado ao Pleno pela 1ª Turma,em que condenado à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão pela prática do crimede tráfico ilícito de entorpecentes (Lei 11.343/2006, art. 33, § 4º) questionava aconstitucionalidade da vedação abstrata da substituição da pena privativa deOs crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e 

insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. que a proibição, nas hipóteses de tráfico de entorpecentes, da substituiçãopretendida ofenderia as garantias da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI),bem como aquelas constantes dos incisos XXXV e LIV do mesmo preceitoconstitucional v. Informativos 560, 579 e 597. Esclareceu-se, na presenteassentada, que a ordem seria concedida não para assegurar ao paciente aimediata e requerida convolação, mas para remover o obstáculo da Lei11.343/2006, devolvendo ao juiz da execução a tarefa de auferir o preenchimentode condições objetivas e subjetivas. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa,Cármen Lúcia, Ellen Gracie e Marco Aurélio que indeferiam o habeas corpus .

HC 97256/RS, rel. Min. Ayres Britto, 1º.9.2010. (HC-97256)

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POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DE REGIME INICIAL DE PENA DIVERSO DOFECHADO NOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS

Nota: Conforme foi possível observar do informativo anterior, o STF admitiu a

possibilidade da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos

crimes hediondos e equiparados, uma vez presentes os requisitos legais. Após essa

decisão, está sendo objeto de debate a constitucionalidade do §1º do art. 2º da Lei dos

Crimes Hediondos, que prevê que a pena privativa de liberdade deverá ser cumprida em

regime inicialmente fechado. A 2ª Turma, valendo-se dos argumentos do julgado anterior,

entendeu possível o início do cumprimento da pena em regime diverso do fechado, caso

presentes os demais requisitos do Código Penal. A 1ª Turma, por sua vez, afetou a

matéria ao pleno, devendo-se aguardar o julgamento do HC 101284.

Lei 8.072/90 e regime inicial de cumprimento de pena - 1 

A 2ª Turma concedeu habeas corpus para determinar ao juízo da execuçãoque proceda ao exame da possibilidade de substituição da pena privativa deliberdade por restritiva de direitos ou, no caso de o paciente não preencheros requisitos, que modifique o regime de cumprimento da pena para oaberto. Na situação dos autos, o magistrado de primeiro grau condenara opaciente à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão, a ser cumprida no regimeinicialmente fechado, nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e oterrorismo são insuscetíveis de: § 1º A pena por crime previsto neste artigo serácumprida ini -se, em princípio, que oSupremo declarara, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da antiga redaçãodo art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, em que se estabelecia o regime integralmentefechado para o cumprimento das penas por crimes previstos naquela norma.Consignou-se, ainda, que a nova redação do aludido dispositivo estariasendo alvo de debates nas instâncias inferiores e que o STJ concluíra porsua inconstitucionalidade, ao fundamento de que, a despeito dasmodificações preconizadas pela Lei 11.464/2007, persistiria a ofensa aoprincípio constitucional da individualização da pena e, também, da

proporcionalidade. HC 105779/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.2.2011. (HC-105779) 

Lei 8.072/90 e regime inicial de cumprimento de pena - 2 

Em seguida, considerou-se que deveria ser superado o disposto na Lei dosCrimes Hediondos quanto à obrigatoriedade do início de cumprimento depena no regime fechado, porquanto o paciente preencheria os requisitosprevistos no art. 33, § 2º, c, do CP.  HC 105779/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.2.2011. (HC-105779) 

Lei 8.072/90 e regime inicial de cumprimento de pena 

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A 1ª Turma deliberou afetar ao Plenário julgamento de habeas corpus emque se discute a constitucionalidade, ou não, do § 1º do art. 2º da Lei8.072/90. Na espécie, os pacientes foram condenados, pela prática do crime detráfico de entorpecentes privilegiado, a penas inferiores a 8 anos de reclusão.Alega a defesa que, de acordo com a regra geral prevista no CP, caberia aimposição de regime inicial semi-aberto e que, portanto, a norma impugnadaatentaria contra o princípio da individualização da pena.HC 101284/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 22.2.2011. (HC-101284) 

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

Nota: o tema atualmente está submetido à apreciação do Plenário do STF, devendo-se

aguardar a conclusão do julgamento do HC 84548/SP. Não obstante, cumpre salientar

que a 2ª Turma do STF já se manifestou, por unanimidade, pela possibilidade do parquet  

promover a apuração de crimes, e a 1ª Turma também se posicionou favorável, pormaioria de votos, conforme se extrai dos informativos abaixo citados.

Ressalte-se que no âmbito do STJ prevalece o entendimento de que o Ministério Público

detém legitimidade para promover a investigação criminal. 

Ministério Público e Poder Investigatório - 1 (2ª Turma) 

O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridadeprópria, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitose garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sobinvestigação do Estado, observadas, sempre, pelos agentes de tal órgão, asprerrogativas profissionais de que se acham investidos os advogados, semprejuízo da possibilidade sempre presente no Estado Democrático de Direito  do permanente controle jurisdicional dos atos praticados pelos promotores dejustiça e procuradores da república. Com base nesse entendimento, a Turmaindeferiu habeas corpus em que se alegava a nulidade de ação penal promovidacom fulcro em procedimento investigatório instaurado exclusivamente peloMinistério Público e que culminara na condenação do paciente, delegado depolícia, pela prática do crime de tortura.

HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) Ministério Público e Poder Investigatório - 2 

Inicialmente, asseverou-se que não estaria em discussão, por indisputável, aafirmativa de que o exercício das funções inerentes à Polícia Judiciáriacompetiria, ordinariamente, às Polícias Civil e Federal (CF, art. 144, § 1º, IV e §4º), com exceção das atividades concernentes à apuração de delitos militares.Esclareceu-se que isso significaria que os inquéritos policiais nos quais seconsubstanciam, instrumentalmente, as investigações penais promovidas pelaPolícia Judiciária serão dirigidos e presididos por autoridade policial

competente, e por esta, apenas (CPP, art. 4º, caput). Enfatizou-se, contudo, queessa especial regra de competência não impediria que o Ministério Público, que éo dominus litis e desde que indique os fundamentos jurídicos legitimadores de

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suas manifestações determinasse a abertura de inquéritos policiais, ou, então,requisitasse diligências investigatórias, em ordem a prover a investigação penal,conduzida pela Polícia Judiciária, com todos os elementos necessários aoesclarecimento da verdade real e essenciais à formação, por parte dorepresentante do parquet, de sua opinio delicti. Consignou-se que a existência deinquérito policial não se revelaria imprescindível ao oferecimento da denúncia,podendo o Ministério Público, desde que disponha de elementos informativospara tanto, deduzir, em juízo, a pretensão punitiva do Estado. Observou-se que oórgão ministerial, ainda quando inexistente qualquer investigação penalpromovida pela Polícia Judiciária, poderia, assim mesmo, fazer instaurar,validamente, a pertinente persecução criminal.HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) 

Ministério Público e Poder Investigatório - 3 

Em seguida, assinalou-se que a eventual intervenção do Ministério Público, nocurso de inquéritos policiais, sempre presididos por autoridade policialcompetente, quando feita com o objetivo de complementar e de colaborar com aPolícia Judiciária, poderá caracterizar o legítimo exercício, por essa Instituição, dopoder de controle externo que lhe foi constitucionalmente deferido sobre aatividade desenvolvida pela Polícia Judiciária. Tendo em conta o que exposto,reputou-se constitucionalmente lícito, ao parquet, promover, por autoridadeprópria, atos de investigação penal, respeitadas não obstante aunilateralidade desse procedimento investigatório as limitações queincidem sobre o Estado, em tema de persecução penal. Realçou-se que essaunilateralidade das investigações preparatórias da ação penal não autoriza o

Ministério Público tanto quanto a própria Polícia Judiciária adesrespeitar as garantias jurídicas que assistem ao suspeito e ao indiciado,que não mais podem ser considerados meros objetos de investigação.Dessa forma, aduziu-se que o procedimento investigatório instaurado peloMinistério Público não interfere nem afeta o exercício, pela autoridadepolicial, de sua irrecusável condição de presidente do inquérito policial, deresponsável pela condução das investigações penais na fase pré-processual da persecutio criminis e do desempenho dos encargos típicosinerentes à função de Polícia Judiciária. HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) 

Ministério Público e Poder Investigatório - 4 

Ponderou-se que a outorga de poderes explícitos, ao Ministério Público (CF,art. 129, I, VI, VII, VIII e IX), supõe que se reconheça, ainda que porimplicitude, aos membros dessa instituição, a titularidade de meiosdestinados a viabilizar a adoção de medidas vocacionadas a conferir realefetividade às suas atribuições, permitindo, assim, que se confiraefetividade aos fins constitucionalmente reconhecidos ao Ministério Público(teoria dos poderes implícitos). Não fora assim, e desde que adotada, naespécie, uma indevida perspectiva reducionista, esvaziar-se-iam, por completo, asatribuições constitucionais expressamente concedidas ao Ministério Público em

sede de persecução penal, tanto em sua fase judicial quanto em seu momentopré-processual. Afastou-se, de outro lado, qualquer alegação de que oreconhecimento do poder investigatório do Ministério Público poderia

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frustrar, comprometer ou afetar a garantia do contraditório estabelecida emfavor da pessoa investigada. Nesse sentido, salientou-se que, mesmoquando conduzida, unilateralmente, pelo Ministério Público, a investigaçãopenal não legitimaria qualquer condenação criminal, se os elementos deconvicção nela produzidos porém não reproduzidos em juízo, sob agarantia do contraditório fossem os únicos dados probatórios existentescontra a pessoa investigada, o que afastaria a objeção de que a investigaçãopenal, quando realizada pelo Ministério Público, poderia comprometer oexercício do direito de defesa. Advertiu-se, por fim, que à semelhança do quese registra no inquérito policial, o procedimento investigatório instaurado peloMinistério Público deverá conter todas as peças, termos de declarações oudepoimentos e laudos periciais que tenham sido coligidos e realizados no cursoda investigação, não podendo o membro do parquet sonegar, selecionar ou deixar de juntar, aos autos, qualquer desses elementos de informação, cujo conteúdo,por se referir ao objeto da apuração penal, deve ser tornado acessível à pessoa

sob investigação.HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) 

Ministério Público e investigação criminal (1ª Turma) 

A 1ª Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se pretendia otrancamento de ação penal, sob o argumento de que a investigação criminal teriapartido exclusivamente do Ministério Público. Observou-se que a denúncia sebaseara em declarações prestadas, espontaneamente, pelo co-réu aorepresentante do Ministério Público e que, a partir dessas informações, o parquetrealizara diligências, devidamente acompanhado pela polícia civil, além de ouvir 

outras pessoas, o que não implicara presidir inquérito policial e nem invadir searareservada à Polícia Judiciária. Afirmou-se, ademais, a desnecessidade doinquérito policial se o Ministério Público já dispuser de elementos capazes deformar sua opinio delicti. Concluiu-se não ter havido ilegalidade nosprocedimentos adotados pelo órgão ministerial nem ilicitude das provasproduzidas. Vencido o Min. Marco Aurélio, que sobrestava o feito até o julgamentopelo Plenário do HC 84548/SP, no qual se discute a distinção do inquérito parapropositura da ação civil e para ação penal. No mérito, concedia a ordem por entender que o Ministério Público procedera à investigação e que oacompanhamento da polícia inverteria a ordem natural das coisas.HC 96638/BA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.12.2010. (HC-96638) 

LIBERDADE PROVISÓRIA NOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.

Nota: A Lei dos Crimes Hediondos, inicialmente, vedava expressamente a concessão de

liberdade provisória aos crimes hediondos e equiparados (art. 2º, inciso II, da Lei

8.072/90). Posteriormente, a Lei n. 11.464/2007 revogou o inciso II do art. 2º da citada

lei. Contudo, os Plenários dos STF e STJ decidiram que a vedação à concessão da

liberdade provisória aos crimes hediondos e equiparados decorreria da própria

Constituição Federal. Portanto, a Lei 11.464/07 teria apenas suprimido uma redundância,

permanecendo, pois, a vedação à liberdade provisória (nesse sentido, conferir

informativo n. 499 do STF e informativo n. 349 do STJ).

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Não obstante, posteriormente o tema voltou a ser debatido e, atualmente, há divergência

entre as Turmas do STJ e do STF. A matéria está submetida a novo julgamento pelo

Plenário do STF, devendo-se acompanhar o andamento do HC 100949 e HC 92687

(informativo 611 do STF) 

Liberdade Provisória e Tráfico de Drogas (1ª Turma) 

A Turma indeferiu habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública da União emfavor de paciente preso em flagrante pela suposta prática dos crimes previstos noart. 33 da Lei 11.343/2006. Pleiteava-se a concessão de liberdade provisória aoargumento de que a segregação mostrar-se-ia insustentável, dado que não seencontrava fundada nos requisitos da constrição cautelar, expressos no art. 312do CPP, bem como de que o indeferimento do benefício discreparia do que

disposto na Lei 11.464/2007.. Assentou-se, no mérito, que a jurisprudênciadesta Corte é firme quanto à legitimidade da proibição de liberdadeprovisória nos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes, uma vez que eladecorre da inafiançabilidade prevista no art. 5º, XLIII, da CF e da vedação

previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis einsuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada

. Relativamente àalegada contradição com a Lei 11.464/2007, entendeu-se que também nãoassistiria razão à impetração, já que a Lei 11.343/2006 é especial em relação àLei dos Crimes Hediondos, não havendo, portanto, qualquer antinomia no sistema

jurídico.HC 97463/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.10.2009. (HC-97463) 

Julgado da 2ª Turma:

Liberdade provisória indeferida com fundamento na vedação contida noart. 44 da Lei n. 11.343/06, sem indicação de situação fática vinculada aqualquer das hipóteses do artigo 312 do Código de Processo Penal. 2.Entendimento respaldado na inafiançabilidade do crime de tráfico deentorpecentes, estabelecida no artigo 5º, inciso XLIII, da Constituição doBrasil. Afronta escancarada aos princípios da presunção de inocência, do

devido processo legal e da dignidade da pessoa humana. 3. Inexistência deantinomias na Constituição. Necessidade de adequação, a esses princípios, danorma infraconstitucional e da veiculada no artigo 5º, inciso XLIII, da Constituiçãodo Brasil. A regra estabelecida na Constituição, bem assim na legislaçãoinfraconstitucional, é a liberdade. A prisão faz exceção a essa regra, de modoque, a admitir-se que o artigo 5º, inciso XLIII, estabelece, além das restrições nelecontidas, vedação à liberdade provisória, o conflito entre normas estaria instalado.4. A inafiançabilidade não pode e não deve --- considerados os princípios dapresunção de inocência, da dignidade da pessoa humana, da ampla defesa edo devido processo legal --- constituir causa impeditiva da liberdadeprovisória. 5. Não se nega a acentuada nocividade da conduta do traficante deentorpecentes. Nocividade aferível pelos malefícios provocados no que concerneà saúde pública, exposta a sociedade a danos concretos e a riscos iminentes.

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Não obstante, a regra consagrada no ordenamento jurídico brasileiro é aliberdade; a prisão, a exceção. A regra cede a ela em situações marcadas pelademonstração cabal da necessidade da segregação ante tempus. Impõe-se,porém, ao Juiz o dever de explicitar as razões pelas quais alguém deva ser presoou mantido preso cautelarmente. Ordem concedida a fim de que o paciente sejaposto em liberdade, se por al não estiver preso.(HC 98103, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min.EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 16/03/2010, DJe-179 DIVULG 23-09-2010 PUBLIC 24-09-2010 EMENT VOL-02416-02 PP-00407 RMDPPP v. 7, n. 38,2010, p. 105-111)

DECISÃO ABSOLUTÓRIA DO JÚRI. COISA JULGADA. NOVA AÇÃO PENAL

Nota: o presente julgado trata-se de caso bastante sui generis. Haviam dois acusados de

homicídio, um como autor por ter efetuado o disparo com arma de fogo que ceifou a vidada vítima, e o outro como partícipe, por ter emprestado a arma para a consumação do

crime. Durante a tramitação do feito houve o desmembramento do processo. O partícipe

foi julgado primeiro e absolvido. Posteriormente, o autor foi submetido a julgamento,

onde confessou ser, em verdade, o partícipe, e atribuiu a autoria dos disparos a o corréu

já absolvido. O Conselho de Sentença acatou a versão e, como a quesitação estava

vinculada aos fatos imputados na denúncia, o partícipe foi absolvido, pois a quesitação

versou sobre a autoria do crime, a qual estava afeta ao outro acusado. Após transitadas

em julgado ambas as sentenças, o Ministério Público ofertou nova denúncia, invertendo

agora as acusações de autoria e participação.

O caso chegou ao STF, que admitiu a nova imputação, por considerar que os acusados

não estavam sendo submetidos a dois julgamentos pelos mesmos fatos. Diante da nova

denúncia apresentada pelo MP, invertendo as posições ocupadas pelos acusados (o autor

passou a ser partícipe e vice-versa), alterou-se, completamente, a causa de pedir,

havendo, pois, uma nova ação.

Decisão Absolutória do Júri. Instauração de Nova Ação Penal. CoisaJulgada - 3

Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus emque se pretendia, sob a alegação de ofensa à coisa julgada, o trancamento deação penal instaurada contra dois pacientes, autor material e partícipe,denunciados pela prática de homicídio qualificado. Em decorrência dedesmembramento do processo, o denunciado por participação fora julgado antesdo acusado como autor material do delito, tendo sido absolvido pelo Conselho deSentença, que acatara a tese de negativa de participação. O denunciado comoautor material, após o trânsito em julgado dessa decisão, retratara-se, no júri, daversão até então sustentada, passando a negar a autoria do crime, imputandoesta ao outro co-réu, o que, reconhecido pelo Conselho de Sentença, implicarasua absolvição, decisão também transitada em julgado. Posteriormente, oMinistério Público, denunciando-os pelo mesmo fato, invertera as acusações deautoria e participação v. Informativos 369 e 383. Repeliu-se a alegação de

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ocorrência da coisa julgada a impedir outra instauração penal com a inversão deacusações, porquanto a nova imputação, distinta da primeira, não teria sidoapreciada pelo Conselho de Sentença, que se limitara a absolver os acusadossomente da conduta que lhes fora inicialmente atribuída. Salientou-se que adefesa em Plenário deve se ater às teses já sustentadas até o momento daformação da culpa, e que, deixando de assim proceder  invocando teoria inéditaque diga respeito a uma nova conduta por parte do réu, diversa da constante dapronúncia, mas ainda de competência do Júri , assume o risco de se submeter a nova acusação. Asseverou-se que, dessa forma, de uma só vez, garante-se oexercício da plena defesa do acusado e se impede surpresa para a acusação comofensa ao contraditório. Vencido o Min. Eros Grau que deferia, em parte, o writpara tornar nula a decisão que recebera a segunda denúncia contra o acusado,por considerar que a nova pretensão punitiva instaurada pelo Ministério Público,em relação ao mesmo fato, violaria frontalmente a conclusão anterior do Júri.HC 82980/DF, rel. Min. Carlos Britto, 17.3.2009. (HC-82980) 

TRIBUNAL DO JÚRI E PRINCÍPIO DA NE REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA.

Nota: A aplicação do princípio da ne reformatio in pejus, seja direta ou indireta, é

bastante discutida quando se trata de decisões do Tribunal do Júri. A maioria da doutrina

entende inaplicável este princípio, em respeito ao princípio constitucional da soberania

. Se em um segundo julgamento o

Conselho de Sentença manter a decisão anterior na íntegra, o princípio deverá ser

aplicado e o juiz-presidente não poderá fixar pena maior do que a anteriormente fixada.

Contudo, caso no julgamento posterior o Conselho de Sentença reconheça qualificadoras

ou causa de aumento não reconhecidas no julgamento anterior, a decisão dos juradosdeverá ser respeitada e o juiz-presidente estaria autorizado a fixar a pena em um patamar

mais elevado.

A 1ª Turma do STF encampa a tese predominante na doutrina pátria, ao passo em que a

2ª Turma aplica o princípio do ne reformatio in pejus mesmo nos julgamentos afetos ao

Tribunal do Júri. Não foi possível encontrar informativo com o posicionamento da 1ª

Turma, razão pela qual cita-se ementa de julgado a respeito. 

Esclareceu-se que, em que pese ser pacífica essa orientação na Corte, aproibição da reformatio in pejus indireta tem sido aplicada restritivamenteao tribunal do júri, sob a explícita condição de o conselho de sentençareconhecer a existência dos mesmos fatos e circunstâncias admitidos nojulgamento anterior. Entendeu-se que tal restrição aniquilaria, na prática, aampla defesa, na medida em que, intimidando o condenado, embaraçar-lhe-ia, senão que lhe inibiria o manejo dos recursos. Aduziu-se que o conselhode sentença deve decidir sempre como lhe convier, ao passo que o juizpresidente do tribunal do júri, ao fixar a pena, estaria obrigado a observar o

máximo da reprimenda imposta ao réu no julgamento anterior . Registrou-se,no ponto, ser necessário distinguir, na sentença subjetivamente complexa

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do tribunal do júri, qual matéria seria de competência dos jurados e,portanto, acobertada pela soberania e qual a de competência do juiz-presidente despida, pois, desse atributo. Enfatizou-se que, no âmbito dejulgamento de recurso exclusivo da defesa, conferir ao tribunal do júri o poder jurídico de lhe agravar a pena resultaria em dano ao réu, em autêntica revisão dasentença pro societate, favorecendo à acusação, que não recorrera. Destarte, naespécie, concluiu-se não estar o terceiro Júri jungido à decisão anterior, quereconhecera excesso doloso à legítima defesa, de modo que lhe era lícitodecidir como conviesse, adstrito às provas dos autos. O juiz-presidente éque, ao dosar a pena, deveria ter observado aquela fixada no julgamentoanulado em razão do recurso exclusivo da defesa. Asseverou-se, ademais,não se encontrar nenhuma razão lógico-jurídica que, legitimando outra conclusão,preexcluísse estender a proibição da reformatio in pejus indireta, sempre admitidana província das decisões singulares, aos julgamentos da competência do tribunaldo júri, ainda quando consideradas circunstâncias que o não tenham sido em

julgamento anterior. Por fim, acrescentou-se que a regra que o sustenta é, emsubstância, de natureza processual e, no específico quadro teórico desta causa,apareceria, com caráter cogente, dirigida apenas ao juiz-presidente do júri, que adeveria reverenciar no momento do cálculo da pena, sem que isso importasselimitação de nenhuma ordem à competência do conselho de sentença ou àsoberania dos veredictos. Nesse sentido, concedeu-se a ordem para fixar a penado paciente nos exatos termos em que imposta no segundo julgamento, qual seja,6 anos de reclusão, em regime inicial semi-aberto.HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. (HC-89544) 

Julgado da 1ªTurma:

us. Reformatio in pejus indireta. A reformatio in pejus indireta nãotem aplicação para limitar a soberania do tribunal do júri decorrente depreceito constitucional. não pode, pois, a lei ordinaria impor-lhe limitaçõesque lhe retirem a liberdade de julgar a procedencia ou a improcedencia daacusação, bem como a ocorrencia, ou não, de circunstancias que aumentemou diminuam a responsabilidade do réu, em virtude de anulação deveredicto anterior por decisão da justiça togada.  

(RHC 66274, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em17/05/1988, DJ 26-08-1988 PP-21035 EMENT VOL-01512-02 PP-00308)

Natureza do Crime de Estelionato contra a Previdência

O denominado estelionato contra a Previdência Social (CP, art. 171, § 3º) é crimeinstantâneo de efeitos permanentes e, como tal, consuma-se ao recebimento daprimeira prestação do benefício indevido, contando-se daí o prazo de prescriçãoda pretensão punitiva. Com base nesse entendimento, a Turma, por maioria,deferiu habeas corpus para declarar extinta a punibilidade dos pacientes, tendoem conta a ocorrência da prescrição retroativa. Aduziu-se que, nesta espécie decrime, o prazo prescricional seria aquele previsto no art. 111, I, do CP. Vencida aMin. Ellen Gracie, relatora, que indeferia o writ por reputar que, no caso específicodos crimes de estelionato praticados contra a Previdência Social, a execução e a

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consumação do crime se prolongariam no tempo, não sendo necessário que afraude ou o ardil fossem renovados a cada período de tempo.HC 95379/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso,25.8.2009. (HC-95379) 

Sonegação Fiscal e Esgotamento de Instância Administrativa

O Tribunal, por maioria, deu parcial provimento a recurso ordinário em habeascorpus, impetrado em favor de acusada pela suposta prática dos crimes previstos para trancar o inquérito policial contra ela instaurado relativamente à investigaçãodo possível crime de sonegação fiscal, sem prejuízo do seu prosseguimento emrelação aos demais fatos. Aplicou-se o entendimento firmado pela Corte nosentido de que o prévio exaurimento da via administrativa é condição

objetiva de punibilidade, não havendo se falar, antes dele, em consumaçãodo crime material contra a Ordem Tributária, haja vista que, somente após adecisão final do procedimento administrativo fiscal é que será consideradolançado, definitivamente, o referido crédito. No que se refere ao delitotipificado no art. 203 do CP, entendeu-se que, por estarem os fatos sendoapurados ainda em fase pré-processual, sem que houvesse uma acusação formalcontra a paciente, seria prematura a alegação de incompetência da JustiçaFederal. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio, que, por considerar que afrustração dos direitos trabalhistas estaria ligada à sonegação fiscal, ou seja, seriaum iter criminis até mesmo para a sonegação, dava provimento integral aorecurso, reputando necessário se aguardar a liquidação do processo

administrativo, a fim de se ter certeza quanto ao crime de sonegação.Precedentes citados: HC 88994/SP (DJU de 19.12.2006); HC 88657 AgR/ES(DJU de 10.8.2006); HC 81611/DF (DJU de 13.5.2005).

Nota: este entendimento restou consagrado na súmula vinculante n. 24 do STF.

Art. 290 do CPM e Princípio da Insignificância.

Nota: A 2ª Turma do STF entendia ser perfeitamente aplicável o princípio da

insignificância ao crime de posse de substância entorpecente em lugar sujeito à

administração militar, ao passo em que a 1ª Turma mantinha entendimento contrário.

Levada ao Pleno a discussão, firmou-se a orientação que defendia a inaplicabilidade do

citado princípio ao crime do art. 290 do Código Penal Militar, conforme informativo

abaixo transcrito:

Art. 290 do CPM e princípio da insignificância - 3 

Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, indeferiu habeas corpus,afetado ao Pleno pela 2ª Turma, impetrado contra acórdão do Superior TribunalMilitar - STM em favor de militar condenado pelo crime de posse de substância

entorpecente em lugar sujeito à administração castrense (CPM, art. 290) v.Informativos 519 e 526. Entendeu-se que, diante dos valores e bens jurídicostutelados pelo aludido art. 290 do CPM, revelar-se-ia inadmissível a

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consideração de alteração normativa pelo advento da Lei 11.343/2006.Assentou-se que a prática da conduta prevista no referido dispositivo legalofenderia as instituições militares, a operacionalidade das Forças Armadas,além de violar os princípios da hierarquia e da disciplina na própriainterpretação do tipo penal. Asseverou-se que a circunstância de a Lei11.343/2006 ter atenuado o rigor na disciplina relacionada ao usuário desubstância entorpecente não repercutiria no âmbito de consideração do art.290 do CPM, não havendo que se cogitar de violação ao princípiofundamental da dignidade da pessoa humana. Salientou-se, ademais, que leiposterior apenas revoga anterior quando expressamente o declare, seja com elaincompatível, ou regule inteiramente a matéria por ela tratada. Concluiu-se nãoincidir qualquer uma das hipóteses à situação em tela, já que o art. 290 do CPMseria norma especial. Em seguida, reputou-se inaplicável, no âmbito do tipoprevisto no art. 290 do CPM o princípio da insignificância. No ponto, apósdiscorrer que o referido postulado tem como vetores a mínima ofensividade

da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidograu de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesãojurídica provocada, concluiu-se que o entorpecente no interior dasorganizações militares assumiria enorme gravidade, em face do perigo queacarreta, uma vez que seria utilizado, no serviço, armamento de alto poderofensivo, o que afetaria, diretamente, a operacionalidade da tropa e asegurança dos quartéis, independentemente da quantidade da drogaencontrada, e agrediria, dessa forma, os valores básicos das instituiçõesmilitares. O Min. Gilmar Mendes, tendo em conta o recente posicionamento doPlenário acerca da matéria no julgamento do HC 103684/DF (j. em 21.10.2010),acompanhou o colegiado, fazendo ressalva do seu entendimento pessoal em

sentido contrário. Vencido o Min. Eros Grau que concedia o writ.HC 94685/CE, rel. Min. Ellen Gracie, 11.11.2010. (HC-94685) 

Art. 155, § 2º, do CP: Furto Qualificado e Privilégio 3 

Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, deferiu habeas corpuspara assentar a compatibilidade entre as hipóteses de furto qualificado e oprivilégio constante do § 2º do art. 155 do CP. No caso, o paciente foracondenado pela prática do crime previsto no art. 155, § 4º, I, do CP, em virtude dasubtração de um aparelho de som, mediante arrombamento de janela, à pena de2 anos, a qual fora substituída por 2 penas restritivas de direito (CP, art. 44) v.

Informativo 557. Aduziu-se que a jurisprudência do STF é assente no sentido daconciliação entre homicídio objetivamente qualificado e, ao mesmo tempo,subjetivamente privilegiado. Dessa forma, salientou-se que, em se tratando decircunstância qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução docrime), seria possível o reconhecimento do privilégio, o qual é sempre de naturezasubjetiva. Entendeu-se que essa mesma regra deveria ser aplicada na presentesituação, haja vista que a qualificadora do rompimento de obstáculo (naturezanitidamente objetiva) em nada se mostraria incompatível com o fato de ser oacusado primário e a coisa de pequeno valor. HC 98265/MS, rel. Min. AyresBritto, 24.3.2010. (HC-98265) 

ROUBO E CONSUMAÇÃO

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Nota: aplicação da teoria da amotio, também adotada pelo STF e STJ para a análise do

momento consumativo do crime de furto.

Roubo e Momento Consumativo - 2 

A Turma reafirmou a orientação desta Corte no sentido de que a prisão do agenteocorrida logo após a subtração da coisa furtada, ainda que sob a vigilância davítima ou de terceira pessoa, não descaracteriza a consumação do crime deroubo. Por conseguinte, em conclusão de julgamento, indeferiu, por maioria,habeas corpus no qual se pretendia a tipificação da conduta do paciente namodalidade tentada do crime de roubo, ao argumento de que o delito não seconsumara, haja vista que ele, logo após a subtração dos objetos da vítima, foraperseguido por policial e vigilante que presenciaram a cena criminosa e oprenderam em flagrante, recuperando os pertences v. Informativo 517. HC

92450/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. RicardoLewandowski, 16.9.2008. (HC-92450) 

Prisão Preventiva: Pendência de Recurso sem Efeito Suspensivo eExecução Provisória - 5 

Ofende o princípio da não-culpabilidade a execução da pena privativa deliberdade antes do trânsito em julgado da sentença condenatória,ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu, desde que presentes osrequisitos autorizadores previstos no art. 312 do CPP. Com base nesseentendimento, o Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus, afetado ao Pleno

pela 1ª Turma, para determinar que o paciente aguarde em liberdade o trânsitoem julgado da sentença condenatória. Tratava-se de habeas corpus impetradocontra acórdão do STJ que mantivera a prisão preventiva do paciente/impetrante,ao fundamento de que os recursos especial e extraordinário, em regra, nãopossuem efeito suspensivo v. Informativos 367, 371 e 501. Salientou-se, deinício, que a orientação até agora adotada pelo Supremo, segundo a qualnão há óbice à execução da sentença quando pendente apenas recursossem efeito suspensivo, deveria ser revista. Esclareceu-se que os preceitosveiculados pela Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal, artigos 105, 147 e 164),

será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal

-se, temporal e materialmente, ao disposto noart. 637 do CPP, que estabelece que o recurso extraordinário não tem efeitosuspensivo e, uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, osoriginais baixarão à primeira instância para a execução da sentença. Asseverou-se que, quanto à execução da pena privativa de liberdade, dever-se-ia aplicar omesmo entendimento fixado, por ambas as Turmas, relativamente à penarestritiva de direitos, no sentido de não ser possível a execução da sentença semque se dê o seu trânsito em julgado. Aduziu-se que, do contrário, além daviolação ao disposto no art. 5º, LVII, da CF, estar-se-ia desrespeitando o princípioda isonomia.HC 84078/MG, rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009. (HC-84078) 

Prisão Preventiva: Pendência de Recurso sem Efeito Suspensivo e

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Execução Provisória - 6 

Em seguida, afirmou-se que a prisão antes do trânsito em julgado da condenaçãosomente poderia ser decretada a título cautelar. Enfatizou-se que a ampla defesaenglobaria todas as fases processuais, razão por que a execução da sentençaapós o julgamento da apelação implicaria, também, restrição do direito de defesa,com desequilíbrio entre a pretensão estatal de aplicar a pena e o direito, doacusado, de elidir essa pretensão. Ressaltou-se que o modelo de execução penalconsagrado na reforma penal de 1984 conferiria concreção ao denominadoprincípio da presunção de inocência, não sendo relevante indagar se aConstituição consagraria, ou não, a presunção de inocência, mas apenasconsiderar o enunciado normativo de garantia contra a possibilidade de a lei oudecisão judicial impor ao réu, antes do trânsito em julgado de sentençacondenatória, sanção ou conseqüência jurídica gravosa que dependesse dessacondição constitucional. Frisou-se que esse quadro teria sido alterado com o

advento da Lei 8.038/90, que instituiu normas procedimentais relativas aosprocessos que tramitam perante o STJ e o STF, ao dispor que os recursosextraordinário e especial seriam recebidos no efeito devolutivo. No ponto,observou-se que a supressão do efeito suspensivo desses recursos seriaexpressiva de uma política criminal vigorosamente repressiva, instalada nainstituição da prisão temporária pela Lei 7.960/89 e, posteriormente, na edição daLei 8.072/90. Citou-se o que decidido no RE 482006/MG (DJU de 14.12.2007), noqual declarada a inconstitucionalidade de preceito de lei estadual mineira queimpunha a redução de vencimentos de servidores públicos afastados de suasfunções por responderem a processo penal em razão da suposta prática de crimefuncional, ao fundamento de que tal preceito afrontaria o disposto no art. 5º, LVII,

da CF. Concluiu-se que, se a Corte, nesse caso, prestigiara o disposto no preceitoconstitucional em nome da garantia da propriedade, não o poderia negar quandose tratasse da garantia da liberdade. Vencidos os Ministros Menezes Direito,Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e Ellen Gracie, que denegavam a ordem.HC 84078/MG, rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009. (HC-84078) 

Conexão: Competência Relativa e Princípio do Juiz Natural - 1

A Turma indeferiu habeas corpus no qual se pretendia, em face de supostaconexão, o julgamento, na Justiça Federal, de todos os crimes objeto dadenúncia. No caso, juiz federal recebera a inicial acusatória somente em relação

aos delitos de contrabando, descaminho e formação de quadrilha, declinando dacompetência para a Justiça Estadual quanto à acusação por homicídioqualificado. Ocorre que o magistrado do tribunal do júri suscitara conflito negativode competência e remetera os autos ao STJ. A impetração requeria a suspensãoda ação penal em curso na Justiça Federal até o julgamento definitivo domencionado conflito de competência 

Conexão: Competência Relativa e Princípio do Juiz Natural - 2

Esclareceu-se que o reputado constrangimento ilegal não teria origem nodesmembramento dos processos, nem na provável prejudicialidade do conflito decompetência que pende no STJ, mas resultaria da análise da ação penalreferente aos crimes de contrabando, descaminho e formação de quadrilha por 

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outro juiz que não o mesmo para julgar o paciente por homicídio. Assim,considerou-se não caber a esta Corte decidir sobre a viabilidade da tese dadefesa no que diz respeito à conexão entre as causas relativas ao homicídioe aos demais crimes atribuídos ao paciente, limitando-se apenas à questãode saber se a conexão seria critério absoluto de definição de competência, aponto de eventual julgamento de uma das ações e a conseqüenteimpossibilidade de incidência das regras de conexão representarem afrontaao art. 5º, LIII, da CF. Observou-se que as regras de conexão são aplicáveisa causas que, em princípio, seriam examinadas em separado e que,verificada a conexão entre os feitos, deve-se recorrer aos critérios demodificação ou prorrogação das competências já conferidas. Asseverou-seque, se incabíveis as regras modificativas da competência, as atribuiçõesjurisdicionais originárias devem ser mantidas, visto que competênciaabsoluta não se modifica ou prorroga. Nesse sentido, afirmou-se que aconexão só altera competência relativa, pois torna competente para o caso

concreto juiz que não o seria sem ela. Enfatizou-se que, sendo relativa acompetência por conexão, o julgamento da ação penal pelos delitos decontrabando, descaminho e formação de quadrilha não violaria o princípiodo juiz natural.   HC 95291/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 30.9.2008. (HC-95921) 

Substituição de Testemunha Não Encontrada

O Tribunal, por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto contradecisão que deferira substituição de testemunha não localizada. Na espécie,sustentava-se que a substituição de testemunha fora deferida com base no art.

z poderádeferir o pedido de substituição, se esse pedido não tiver por fim frustrar o decisão agravada, já teria sido revogado pela Lei 11.719/2008. Alegava-se,ademais, que tal procedimento não poderia mais ser admitido, por ausência deprevisão legal. Considerou-se que, embora a possibilidade de substituição detestemunha não encontrada não estivesse mais expressamente prevista noCPP, não se haveria de entender que o legislador teria adotado um silêncioeloqüente na matéria, sobretudo por não ter havido uma revogação direta eexpressa do antigo texto do art. 397 do CPP, mas sim uma reforma decapítulos inteiros do Código, por leis esparsas, alcançando aquele

dispositivo, sem que se pudesse concluir, contudo, que a inacessívelvolutas legislatoris seria no sentido de impedir eventuais substituições detestemunhas no curso da instrução, mesmo quando não localizada a quefora arrolada originalmente, sob pena de se inviabilizar uma prestaçãojurisdicional efetiva e justa. Assim, reputou-se perfeitamente aplicável àhipótese, por analogia (CPP, art. 3º), o art. 408 do CPC apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte só pode substituir atestemunha: I - que falecer; II - que, por enfermidade, não estiver em condiçõesde depor; III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de-se o caso em análise no inciso III do referido dispositivolegal. Não se vislumbrou, por fim, qualquer tentativa de burla ao prazo processualpara o arrolamento das testemunhas. Vencido o Min. Marco Aurélio que davaprovimento ao recurso.

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Recolhimento compulsório e direito de apelar em liberdade - 2 

Ressaltou-se que o fato de o paciente não ter sido encontrado não seria motivo

idôneo para manter a prisão cautelar. Além disso, consignou-se que o réu nãoestaria obrigado a colaborar com a instrução criminal e que a fuga do distrito daculpa, por si só, não autorizaria o decreto constritivo. Assentou-se, ainda, queexigência de recolhimento compulsório do condenado para recorrer, nos termosdo que disposto no art. 594 do CPP, sem que presentes quaisquer dospressupostos do art. 312 do CPP, não seria compatível com a CF/88. Reputou-seque essa mesma conclusão se aplicaria ao disposto no art. 31 da Lei 7.492/86(Lei do Colarinho Branco), que possui redação análoga à do art. 594 do CPP.Precedente citado: RHC 83810/RJ (DJe de 23.10.2009).HC 103986/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.2.2011. (HC-103986) 

Falsa Identidade e Autodefesa

Aplicando orientação firmada pela Corte segundo a qual a atribuição de falsaidentidade (CP, art. 307) perante autoridade policial com o intuito de ocultar antecedentes não configura autodefesa, a Turma, por maioria, manteve decisãomonocrática do Min. Ricardo Lewandowski que provera recurso extraordináriocriminal, do qual relator, em que o Ministério Público Federal refutava otrancamento, por atipicidade de conduta, de ação penal instaurada em face do ora

agravante. RE 561704 AgR/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 3.3.2009.(HC-561704) 

Perda dos Dias Remidos: Procedimento Administrativo Disciplinar eAusência de Interrogatório Judicial

A Turma, por maioria, deferiu habeas corpus em que sustentada a nulidadede decisão homologatória de procedimento administrativo disciplinar queresultara na perda dos dias remidos pelo paciente sem que tivesse sidoouvido em juízo acerca da falta grave a ele imputada. Entendeu-se que oprocedimento administrativo não seria suficiente para desencadear uma

sanção penal e que o fato de o paciente ter sido ouvido na instânciaadministrativa não dispensaria a manifestação da defesa no processo deexecução. Assim, enfatizou-se que, em que pese ser prescindível a inquirição,em juízo, do próprio assistido, a manifestação de sua defesa no processo deexecução, após o procedimento administrativo, é indispensável o que nãoocorrera na espécie , tendo em conta o caráter penal e processual da perda dosdias remidos. Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que, salientando a exigênciade oitiva prévia do condenado somente para a hipótese de regressão de regime(LEP, art. 118, § 2º), indeferia o writ ao fundamento de não haver violação aosprincípios do contraditório e da ampla defesa, visto que as formalidades doprocedimento administrativo disciplinar foram devidamente cumpridas.

HC 95423/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Eros Grau,3.3.2009. (HC-95423) 

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Sursis Processual e Concurso de Crimes - 3

O Tribunal, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se pretendia fossereconhecido o direito ao sursis processual previsto no art. 89 da Lei 9.099/95 aospacientes, ao fundamento de que acusados por crimes aos quais, isoladamente,não seria cominada pena máxima superior a um ano v. Informativo 317 e 417.Manteve-se a orientação fixada pela Corte no julgamento do HC 77242/SP (DJUde 25.5.2001), no sentido de que, para concessão do benefício, há de haver asoma das penas mínimas dos delitos em concurso ou continuados, cujo valor deve ser inferior a um ano. HC 83163/SP, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence,rel. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, 16.4.2009. (HC-83163) 

Art. 514 do CPP e Defesa Preliminar

A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que delegado da polícia federal preso preventivamente em 5.7.2007 e denunciado pela suposta prática docrime de concussão, de forma continuada (CP, art. 316, c/c oart. 71) , alegavanulidade absoluta da ação penal contra ele intentada, ante ausência de suanotificação prévia (CPP, art. 514) para apresentar defesa preliminar. Pleiteava ainvalidação do processo, desde o recebimento da denúncia, e,conseqüentemente, a concessão de liberdade provisória em virtude de excessode prazo. Na espécie, tal nulidade fora suscitada desde o interrogatório dopaciente, sendo o pleito indeferido pelo juízo monocrático, e pelas demaisinstâncias, ao fundamento de ser desnecessária a resposta preliminar, de que

trata o art. 514 do CPP, na ação penal instruída por inquérito policial, comoocorrera no caso.HC 97033/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.5.2009. (HC-97033) 

Audiência de Oitiva de Testemunhas e Presença do Réu Preso

A Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para assentar a nulidade doprocesso a partir da audiência de oitiva de testemunhas realizada sem apresença do réu, ante a justificativa do juízo monocrático de que este seencontraria preso em outra localidade, não se afigurando viável o seudeslocamento. Diante de tal negativa, os advogados da defesa retiraram-se

da sala de audiência, tendo sido nomeado, pelo juiz, defensor ad hoc.  Alegava a impetração nulidade da sentença condenatória, porquanto não teriamsido observados o princípio constitucional da ampla defesa e o direito de oacusado estar presente a todos os atos do processo. Inicialmente, reportou-se àantiga redação do art. 2 pela sua atitude, poderá influir no ânimo da testemunha, de modo que prejudiquea verdade do depoimento, fará retirá-lo, prosseguindo na inquirição, com apresença do seu defensor. Neste caso deverão constar do termo a ocorrência e -se que essa regra  mesmo com a reforma do CPP, advinda da Lei 11.690/2008 fora mantida, ouseja, fazendo-se necessária a presença do acusado na audiência de oitiva dastestemunhas. Destarte, considerou-se que, encontrando-se o réu sob acustódia do Estado em outra localidade, deverá ser requisitado. Enfatizou-

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se que, na espécie, mesmo diante do protesto do defensor do acusado, aaudiência tivera seqüência, vindo à balha a condenação. Aduziu-se,ademais, que a defesa insistira no atendimento da formalidade legal,afastando, com isso, a preclusão no que esta Corte já consignara revelarnulidade relativa a falha na requisição do acusado para a audiência.  HC 94216/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 12.5.2009. (HC-94216) 

Regressão de Regime e Trânsito em Julgado

A Turma indeferiu habeas corpus impetrado contra acórdão do STJ, queassentara a desnecessidade de nova sentença com trânsito em julgado paraa regressão de regime, bastando a instauração de ação penal relativamenteà prática de outro crime. Na espécie, durante a execução da pena por rouboqualificado, o paciente evadira-se do presídio, sendo posteriormente acusado pelaprática de novos delitos de roubo qualificado e de quadrilha. O juiz da execução,

contudo, não reconhecera a ocorrência de falta grave, o que ensejara recurso doMinistério Público estadual, denegado. Contra essa decisão, o parquetinterpusera recurso especial, o qual fora provido para determinar a realização deaudiência de justificação (LEP, art. 118, § 2º), para fins de regressão de regime.Pleiteava-se, sob o argumento de ofensa ao princípio constitucional da presunçãode inocência, a cassação do referido acórdão do STJ. Asseverou-se que a teseadotada pelo Tribunal a quo estaria em consonância com a jurisprudênciafirmada pelo Supremo e que, ademais, a LEP não exige o trânsito emjulgado de sentença condenatória para a regressão de regime, sendosuficiente, para tanto, que o condenado tenha praticado fato definido comocrime doloso (art. 118, I). Precedentes citados: HC 93782/RS (DJE de

17.10.2008) e HC 96366/RS (DJE de 27.2.2009).HC 97218/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 12.5.2009. (HC-97218) 

Receptação Qualificada e Princípio da Proporcionalidade

O art. 180, § 1º, do CP não ofende os princípios da razoabilidade e daproporcionalidade - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter emdepósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercialou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de trêsDe início, aduziu-se que a conduta descrita no § 1º

do art. 180 do CP é mais gravosa do que aquela do caput, porquanto voltadapara a prática delituosa pelo comerciante ou industrial, que, em virtude daprópria atividade profissional, possui maior facilidade para agir comoreceptador de mercadoria ilícita. Em seguida, asseverou-se que, apesar dafalta de técnica na redação do aludido preceito, a modalidade qualificada do§ 1º abrangeria tanto o dolo direto quanto o eventual, ou seja, abarcaria a

crime. Assim, se o tipo pune a forma mais leve de dolo (eventual), a conclusãológica seria de que, com maior razão, também o faria em relação à forma maisgrave (dolo direto), mesmo que não o tenha dito expressamente, pois o menor seinsere no maior.HC 97344/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 12.5.2009. (HC-97344) 

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Princípio da Insignificância e Furto Privilegiado

A Turma indeferiu habeas corpus em que se pleiteava a aplicação do princípio dainsignificância a condenado por 2 furtos praticados contra vítimas distintas. Nocaso, o paciente subtraíra para si uma bicicleta avaliada em R$ 70,00 e, emato contínuo, dirigira-se a estabelecimento comercial, onde furtara uma garrafa deuísque avaliada em R$ 21,80 , sendo preso em flagrante. Entendeu-se quenão estariam presentes os requisitos autorizadores para o reconhecimento desseprincípio. Aduziu-se que o paciente, ao cometer 2 crimes de furto em concursomaterial, com vítimas distintas, demonstrara possuir propensão à prática depequenos delitos, os quais não poderiam passar despercebidos pelo Estado.Asseverou-se que, embora o reconhecimento da atipicidade penal pelainsignificância dependa da constatação de que a conduta seja a tal pontoirrelevante desvalor da ação e do resultado que não seja razoável impor-sea sanção penal descrita na lei, isso não ocorreria na espécie. Enfatizou-se que a

bicicleta fora furtada de pessoa humilde e de poucas posses, que a utilizava parase deslocar ao seu local de trabalho, de modo a revelar que esse bem erarelevante para a vítima, e cuja subtração repercutira expressivamente em seupatrimônio. Por fim, considerou-se que a situação dos autos fora devidamenteenquadrada como infração de pequeno valor, na qual incidente causa dediminuição de pena referente ao furto privilegiado (CP, art. 155, § 2º),distinguindo-a, no ponto, da figura da infração insignificante, que permite oreconhecimento da atipicidade da conduta.

Princípio da insignificância e elementos subjetivos desfavoráveis 

A 2ª Turma, ante a falta de justa causa, concedeu habeas corpus para trancar ação penal instaurada em desfavor de acusado por furto de uma janela no valor de R$ 120,00. Considerou-se, relativamente ao princípio da insignificância, nãoser possível a análise dos elementos subjetivos desfavoráveis, mesmo que setrate de reiteração de conduta. Afirmou-se, ainda, que o referido postulado,afetaria a própria tipicidade penal.HC 104468/MS, rel. Min. Gilmar Mendes, 26.10.2010. (HC-104468) 

Princípio da insignificância e furto 

A 1ª Turma, ao afastar a aplicação do princípio da insignificância, denegouhabeas corpus  a condenado por furto de 9 barras de chocolate de umsupermercado avaliadas em R$ 45,00. Reputou-se que, em razão da reincidênciaespecífica do paciente em delitos contra o patrimônio, inclusive uma constanteprática de pequenos delitos, não estariam presentes os requisitos autorizadorespara o reconhecimento desse postulado. Salientou-se, no ponto, a divergência deentendimento entre os órgãos fracionários da Corte, haja vista que a 2ª Turmaadmite a aplicação do princípio da insignificância, mesmo para o agente quepratica o delito reiteradamente. Precedente citado: HC 96202/RS (DJe de28.5.2010).HC 101998/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 23.11.2010. (HC-101998)

DESCAMINHO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

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NOTA: A 5ª Turma do STJ entendia que para aplicar o princípio da insignificância nos

crimes de descaminho, devia-se observar o valor de R$ 100,00, o qual é utilizado pela

Fazenda Pública para a extinção do débito fiscal. Porém, posteriormente a 5ª Turma

mudou seu posicionamento, aderindo ao entendimento da 6ª Turma do STJ e do STF,

pacificando-se que o valor a ser considerado para fins de aplicação do princípio da

insignificância, é o correspondente a R$ 10.000,00, utilizando pela Fazenda Pública para o

arquivamento provisório dos autos de Execução Fiscal, sem baixa na distribuição. Seguem

abaixo os julgados a respeito do tema. 

Descaminho e Princípio da Insignificância

Por ausência de justa causa para a ação, a Turma, em votação majoritária,concedeu habeas corpus, interposto pela Defensoria Pública da União, paradeterminar o trancamento de ação penal instaurada contra acusado pela supostaprática do crime de descaminho (CP, art. 334, § 1º, d, c/c o § 2º), em decorrênciade haver ingressado em território nacional com mercadorias de procedênciaestrangeira sem a regular documentação fiscal, importando em tributospossivelmente ilididos no valor de R$ 645,32 (seiscentos e quarenta e cinco reaise trinta e dois centavos). No caso, o STJ, ao afastar a incidência do princípioreferido, assentara que o valor do tributo apurado ultrapassaria o montanteprevisto no art. 18, § 1º, da Lei 10.522/2002 que estabelece o limite de R$100,00 (cem reais) para a extinção do crédito fiscal.HC 96661/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 23.6.2009. (HC-96661) 

Descaminho e Princípio da Insignificância - 2Considerou-se que, na espécie, dois aspectos objetivos deveriam ser considerados: 1) a inexpressividade do montante do débito tributário apurado, secomparado com a pena cominada ao delito (de 1 a 4 anos de reclusão) e com ovalor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002, parao arquivamento, sem baixa na distribuição, dos autos das infrações fiscais dedébitos inscritos como dívida ativa da União; 2) o fato de ter havido a apreensãode todos os produtos objeto do crime de descaminho. Registrou-se, todavia, anecessidade de uma maior reflexão sobre a matéria, de modo a não se afirmar,sempre, de forma objetiva, a caracterização do princípio da insignificância quando

o valor não seja exigível para o Fisco, devendo cada caso ser analisado conformesuas peculiaridades. HC 96661/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 23.6.2009. (HC-96661) 

Prisão Preventiva e Fundamentação

A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que pronunciado por 2homicídios qualificados e lesão corporal de natureza grave alegava falta demotivação da prisão cautelar contra ele decretada. Pleiteava o direito de aguardar em liberdade até a conclusão do processo-crime e aduzia que a gravidade emabstrato do delito não justificaria a sua custódia. Reputou-se que a justificativa da

garantia da ordem pública seria apta para sustentar o decreto de prisãopreventiva do paciente, mantido pela sentença de pronúncia. Realçou-se a

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consignou-se que, quando a situação for de evidente necessidade deacautelamento do meio social, não haveria como rejeitar-se a aplicabilidadedo conceito de ordem pública. Entendeu-se, no caso, que o juízoprocessante ao fazer a identificação entre a necessidade de preservaçãoda ordem pública e o resguardo do meio social dera razões capazes deatestar a evidente necessidade de acautelamento do meio social, tendo emconta o contexto empírico da causa, o qual revelaria a gravidade concretapericulosidade da conduta protagonizada pelo paciente, de violênciaincomum. Nesse sentido, enfatizou-se que sempre que sobressair da formade execução do crime a extrema periculosidade do fato increpado aoagente, confere-se, ao decreto de prisão, a possibilidade de estabelecer umvínculo funcional entre o modus operandi do suposto delito e a garantia daordem pública. Por fim, assinalou-se que o decreto prisional, além deapontar o paciente como investigado em vários outros crimes, encontraria

apoio, ainda, na fuga do acusado logo após o cometimento do delito, ademonstrar o intento de se frustrar a aplicação da lei penal . Vencido o Min.Marco Aurélio que deferia o writ para relaxar a prisão ao fundamento de que aspremissas lançadas pelo juízo não seriam enquadráveis no art. 312 do CPP,porquanto apenas aludiriam à gravidade da imputação, à periculosidade dopaciente (sem antecedentes criminais) e a sua fuga do distrito da culpa. Ademais,salientando que a custódia provisória já extravasara o período de 2 anos,considerava configurado o excesso de prazo.HC 97688/MG, rel. Min. Carlos Britto, 27.10.2009. (HC-97688) 

Corrupção de Menores e Crime Formal

Para a configuração do crime de corrupção de menor (Lei 2.252/54, art. 1º) édesnecessária a comprovação da efetiva corrupção da vítima, por se tratarde crime formal, que tem como objeto jurídico a ser protegido a moralidadedos menores. Ao aplicar esta orientação, a Turma indeferiu habeas corpus emque acusado pela prática dos crimes descritos no art. 213 c/c o art. 226, I, ambosdo CP e no art. 1º da Lei 2.252/54 pleiteava a absolvição quanto ao crime decorrupção de menores, sob o argumento de que não fora demonstrada achamada idoneidade moral anterior da vítima menor, prova esta imprescindívelpara a caracterização da tipicidade do delito. Aduziu-se, conforme ressaltado peloMinistério Público, que o fato de ter o menor, em concurso com um agente maior,

praticado fato criminoso, demonstraria, senão o ingresso em universo prejudicialao seu sadio desenvolvimento, ao menos sua manutenção nele, o que, de igualmodo, seria passível de recriminação. Nesse sentido, acrescentou-se que,estivesse já maculado ou não o caráter do menor, o crime de corrupção demenores se perfazeria, porquanto, ainda assim, estaria a conduta do agentemaior a reforçar, no menor, sua tendência infracional anteriormenteadquirida. Precedente citado: HC 92014/SP (DJE de 21.11.2008).HC 97197/PR, rel. Min. Joaquim Barbosa, 27.10.2009. (HC-97197) 

Nota: o crime de corrupção de menores atualmente encontra-se previsto no art. 244-B do

Estatuto da Criança e do Adolescente, estando revogada a Lei n. 2.252/54.

Parcelamento dos Débitos Tributários e Suspensão da Pretensão Punitiva

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Assentou-se que, consoante o art. 9º da Lei 10.684/2003, fica suspensa apretensão punitiva do Estado atinente aos crimes previstos nos artigos 1º e 2º daLei 8.137/90 e nos artigos 168-A e 337-A do CP, durante o período no qual apessoa jurídica relacionada com o agente dos citados delitos fizer-se incluída noregime de parcelamento. Ressaltou-se que a interpretação teleológica do preceitoconduziria a assentar-se que, ainda em curso o processo penal, poderia dar-se asuspensão aludida, pouco importando já existir sentença condenatória no cenário.Registrou-se que o que caberia perquirir é se ainda não teria havido a preclusão,no campo da recorribilidade, do decreto condenatório. Salientou-se que o objetivomaior da norma seria impedir a ocorrência de glosa penal, o prosseguimento doprocesso-crime, esteja em que fase estiver, quando verificado o parcelamento e,portanto, o acerto de contas entre os integrantes da relação jurídica reveladora dodébito fiscal. Nesta óptica, implementou-se a suspensão do título executivojudicial tal como prevista no art. 9º da Lei 10.684/2003. Enfatizou-se que a

empresa aderira ao programa excepcional de parcelamento de débitos antes dotrânsito em julgado da decisão, permanecendo ela na situação própria aoparcelamento, tendo jus à suspensão de eficácia do título executivo judicial,sendo que, cumpridas as condições do parcelamento, com a liquidação integraldo débito, dar-se-á a extinção da punibilidade.HC 96681/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 13.4.2010. (HC-96681) 

Audiência de Instrução: Inversão na Formulação de Perguntas e Nulidade 

A Turma indeferiu habeas corpus em que se objetivava a anulação da audiênciade instrução e julgamento e, conseqüentemente, da sentença condenatória

proferida contra o paciente. A impetração sustentava a existência de nulidadeabsoluta, consistente na inversão da ordem de inquirição das testemunhas,pois a magistrada de 1º grau teria feito suas perguntas em primeiro lugarpara, somente depois, permitir que as partes o fizessem. Salientou-se, deinício, tratar-se de vício sujeito à sanção de nulidade relativa, que deveriaser argüido oportunamente, o que não ocorrera, daí a superveniência dapreclusão. Ademais, não teria sido demonstrado prejuízo concretodecorrente da alegada nulidade, pois a inversão da ordem do sistema deperguntas diretas, previsto no art. 212 do CPP Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida stema acusatório. Nessesentido, a decretação de nulidade a partir desse fato seria considerar o processoum fim em si mesmo, e não um meio para se conseguir a aplicação da leipenal. 

HC 103525/PE, rel. Min. Cármen Lúcia, 3.8.2010. (HC-103525)

Maus Antecedentes: Inquéritos Policiais e Ações Penais em Curso 

Processos penais em curso, ou inquéritos policiais em andamento ou, até mesmo,condenações criminais ainda sujeitas a recurso não podem ser considerados,

enquanto episódios processuais suscetíveis de pronunciamento absolutório, comoelementos evidenciadores de maus antecedentes do réu. Com base nesseentendimento, a Turma deferiu habeas corpus  para reconhecer, em favor do

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paciente, o direito de ter reduzida, em 8 meses, a sua pena privativa de liberdade,cuja pena-base fora exasperada ante a existência de inquéritos e processos emandamento. Realçou-se recente edição, pelo STJ, de súmula no mesmo

É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. ).

HC 97665/RS, rel. Min. Celso de Mello, 4.5.2010.

Lei 10.741/2003: Crimes contra Idosos e Aplicação da Lei 9.099/95 - 2 

Em conclusão, o Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formuladoem ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral daRepública para dar interpretação conforme ao art. 94 da Lei 10.741/2003  ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do no sentido de que aos crimesprevistos nessa lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse4 anos, aplica-se a Lei 9.099/95 apenas nos aspectos estritamenteprocessuais, não se admitindo, em favor do autor do crime, a incidência dequalquer medida despenalizadora  v. Informativo 556. Concluiu-se que,dessa forma, o idoso seria beneficiado com a celeridade processual, mas o autor do crime não seria beneficiado com eventual composição civil de danos,transação penal ou suspensão condicional do processo. Vencidos o Min. ErosGrau, que julgava improcedente o pleito, e o Min. Marco Aurélio, que o julgavatotalmente procedente.

ADI 3096/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 16.6.2010. (ADI-3096)  

Recebimento de Denúncia e Fundamentação 

Não se exige que o ato de recebimento da denúncia seja fundamentado. Combase nesse entendimento, a Turma denegou habeas corpus em que se pretendiaa anulação do processo desde o recebimento da denúncia, sob a única alegaçãode que, por se tratar de crime tipificado na Lei 11.343/2006, a decisão dorecebimento deveria ser cabalmente fundamentada. Consignou-se que o atojudicial que formaliza o recebimento da denúncia oferecida pelo Ministério Públiconão se qualifica nem se equipara, para os fins a que se refere o inciso IX do art.

93 da CF, a ato de caráter decisório. Precedente citado: HC 93056/SP (DJE de14.5.2009).HC 95354/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, 14.6.2010. (HC-95354) 

Reincidência e Meio de Prova 

A legislação pátria não exige documento específico para que seja comprovada areincidência do agente. Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus  impetrado em favor de condenado cuja pena-base fora exacerbada peloreconhecimento da reincidência, a qual demonstrada em folha de antecedentesexpedida pelo Departamento da Polícia Federal. A defesa sustentava que acertidão cartorária judicial seria o documento hábil para comprovar esse fato.

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Aduziu-se que o sistema legal estabeleceria apenas o momento em que areincidência poderia ser verificada (CP, art. 63). Enfatizou-se que, no caso, a folhade antecedentes, expedida por órgão policial, seria idônea a demonstrá-la, por conter todas as informações necessárias para isso, além de ser um documentopúblico com presunção iuris tantum de veracidade. Ressaltou-se que o intervalode tempo compreendido entre o trânsito em julgado da condenação anterior e anova sentença condenatória seria inferior a cinco anos e que, portanto, o pacienteseria tecnicamente reincidente.

HC 103969/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.9.2010. (HC-103969)

Configuração da Interestadualidade de Tráfico de Drogas 

Por reputar devidamente aplicada a causa de aumento de pena prevista no art.Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: ... V - caracterizado o tráfico entre 

Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal  habeas corpus  em que se afirmava a necessidade de efetiva transposição defr Entendeu-seque a configuração da interestadualidade do tráfico de entorpecentesprescindiria da efetiva transposição das fronteiras do Estado, e quebastariam, para tanto, elementos que sinalizassem a destinação da drogapara além dos limites estaduais.

HC 99452/MS, rel. Min. Gilmar Mendes, 21.9.2010. (HC-99452)

Portador do Vírus HIV e Tentativa de Homicídio 

2 Em conclusão de julgamento, a Turma deferiu habeas corpus  para imprimir adesclassificação do delito e determinar o envio do processo para distribuição auma das varas criminais comuns estaduais. Tratava-se de writ em que se discutiase o portador do vírus HIV, tendo ciência da doença e deliberadamente aocultando de seus parceiros, teria praticado tentativa de homicídio ao manter relações sexuais sem preservativo. A defesa pretendia a desclassificação doArt. 131 Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: ... v. Informativo 584. Entendeu-se que não seria clara

a intenção do agente, de modo que a desclassificação do delito far-se-ianecessária, sem, entretanto, vinculá-lo a um tipo penal específico. Tendo emconta que o Min. Marco Aurélio, relator, desclassificava a conduta para o crime deperigo de contágio de moléstia grave (CP, art. 131) e o Min. Ayres Britto, para ode lesão corporal qualificada pela enfermidade incurável (CP, art. 129, § 2º, II),chegou-se a um consenso, apenas para afastar a imputação de tentativa dehomicídio. Salientou-se, nesse sentido, que o Juiz de Direito, competente parajulgar o caso, não estaria sujeito sequer à classificação apontada pelo MinistérioPúblico.

HC 98712/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 5.10.2010. (HC-98712)

OITIVA. TESTEMUNHA. LIMITE MÁXIMO. 

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Trata-se de habeas corpus  no qual se sustenta vulneração do disposto norevogado art. 398 do CPP, vigente à época, uma vez que o juiz de primeiro graudeterminou que o rol de testemunhas fosse ajustado ao número máximo permitidono citado codex . Inicialmente, observou o Min. Relator que, conforme ajurisprudência tanto deste Superior Tribunal quanto do STF, o limite máximo deoito testemunhas a serem arroladas pelas partes, quer de acusação quer dedefesa, leva em conta a quantidade de fatos imputados ao denunciado. Assim, nocaso, sendo o ora paciente denunciado pelo cometimento de um único fatocriminoso, qual seja, o homicídio de um juiz de Direito, não se demonstra aexcepcional hipótese de ouvir mais testemunhas que o máximo determinado emlei. Ressaltou ser certo que a conduta descrita ensejou a imputação ao pacienteda prática de mais que um ilícito penal, considerando-o incurso nas sanções dediversos crimes, todavia todos são remetidos ao mesmo fato delituoso. (ou seja, oque importa é o número de fatos e não o número de crimes) 

Elemento subjetivo do tipo: seqüestro e roubo de veículos 

Ante o empate na votação, a 1ª Turma deferiu habeas corpus, de ofício, paraexAsseverou que os crimes de seqüestro e cárcere privado imputados ao recorrentena denúncia, na realidade, tiveram escopo único, exclusivamente voltado àconsumação do crime de roubo de veículos automotores, ainda que a privação deliberdade das vítimas tivesse ocorrido por razoável período de tempo. Enfatizouque estas teriam sido colocadas espontaneamente em liberdade peloscriminosos, tão-logo assegurada a posse mansa e pacífica da res furtiva. Em

razão disso, considerou não caracterizado o crime de seqüestro por ausência doelemento subjetivo do tipo. Os Ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúciavotaram pela não concessão, de ofício, do writRHC 102984/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 8.2.2011. (RHC-102984) 

Art. 229 do CP e princípio da adequação social 

Não compete ao órgão julgador descriminalizar conduta tipificada formal ematerialmente pela legislação penal. Com esse entendimento, a 1ª Turmaindeferiu habeas corpus impetrado em favor de condenados pela prática do crime

a ou deterceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso,haja ou não intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - A defesa sustentava que, deacordo com os princípios da fragmentariedade e da adequação social, a condutaperpetrada seria materialmente atípica, visto que, conforme alegado, o caráter criminoso do fato estaria superado, por força dos costumes. Aduziu-se,inicialmente, que os bens jurídicos protegidos pela norma em questão seriamrelevantes, razão pela qual imprescindível a tutela penal. Ademais, destacou-seque a alteração legislativa promovida pela Lei 12.015/2009 teria mantido atipicidade da conduta imputada aos pacientes. Por fim, afirmou-se que caberia

somente ao legislador o papel de revogar ou modificar a lei penal em vigor, demodo que inaplicável o princípio da adequação social ao caso.

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HC 104467/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.2.2011. (HC-104467) 

Redimensionamento da pena e prescrição 

O acórdão de segundo grau que, ao confirmar a condenação, modifica a pena demodo a refletir no cálculo do prazo prescricional, tem relevância jurídica e,portanto, deve ser considerado marco interruptivo da prescrição da pretensãopunitiva do Estado.  HC 106222/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski,1º.3.2011. (HC-106222)