informativo sineta junho 2009 - cpers/sindicato (plano de carreira)

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Jornal do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Sul | Gestão 2008-2011 | Porto Alegre, Junho de 2009 04 | Sineta | Junho | 2009 VEJA O QUE O ATUAL PLANO DE CARREIRA NOS GARANTE E O QUE O GOVERNO YEDA QUER RETIRAR COMO É HOJE EXONERAÇÃO POR BAIXO DESEMPENHO LICENÇA-PRÊMIO FÉRIAS GRATIFICAÇÕES AUTONOMIA E GESTÃO APOSENTADORIA ESTÁGIO PROBATÓRIO REMUNERAÇÃO POR DESEMPENHO NÍVEIS DA CARREIRA Hoje somos avaliados pela direção da escola. Uma instituição externa à escola, controlada pela SEC, avaliaria o desempenho de professores nomeados. O servidor público possui estabilidade. Seu vínculo empregatício é com o Estado, não estando, portanto, sujeito a ameaças e perseguições dos governos. Seria exonerado o servidor que tiver desempenho insuficiente em avaliações individuais, externas à escola e controladas pelo governo. Temos seis níveis de remuneração conforme a formação, em que o avanço em cada um dos níveis varia entre 15% e 35% de acréscimo no vencimento básico, o que incentiva a busca pela formação. Em vez de seis níveis, ficariam apenas três: Magistério, Ensino Superior e Pós-Graduação. Isso implica em redução dos coeficientes entre os níveis, que hoje variam de 1 para 2 e que com alteração passaria a variar de 0,70 para 1,15. Assim como nos níveis, os professores são avaliados nas classes que variam de A a F. A mudança considera assiduidade, pontualidade e participação em cursos de formação. A cada três anos o profissional recebe um adicional de 5% de aumento sobre a remuneração (Triênio). Os valores se incorporam ao salário e são levados para a aposentadoria. A legislação prevê um conjunto de gratificações aos servidores. A cada cinco anos, o professor adquire o direito de ficar três meses em licença, em função do desgaste característico da profissão. Após receber uma gratificação por cinco anos consecutivos ou dez intercalados, o professor incorpora o benefício ao seu vencimento. As alterações previstas reduzem as férias para no máximo 45 dias. As escolas têm autonomia política-pedagógica e as direções são eleitas pela comunidade escolar em processos democráticos. O governo diz que vai manter as mesmas classes, mas as mudanças se dariam com a realização de provas. Não diz como e quem fará as provas. O governo quer extinguir o triênio e instituir a remuneração por desempenho. Com a medida o governo acaba com esta conquista. O governo ameaça retirar as gratificações, como, por exemplo, a de difícil acesso. A licença-prêmio seria substituída pela “licença de capacitação profis- sional”. Cabe observar que tais licenças são sistematicamente nega- das pelos governos. Com a nova lei não seriam mais permitidas as incorporações nas aposentadorias, logo o servidor se aposentaria com o vencimento básico. Os atuais aposentados não receberiam mais os reajustes con- cedidos ao pessoal da ativa. O professor tem direito entre 45 e 60 dias de férias. Somente poderão concorrer à direção professores certificados pela SEC. As direções terão de firmar contratos de gestão. Com isso, a escola perde a autonomia pedagógica e curricular. Com a instituição de premiação por metas, as escolas ficariam obrigadas a aprovar todos os alunos e se submeter ao controle do governo. COMO FICARIA CONCURSO PÚBLICO PROMOÇÃO NAS CLASSES Provas específicas por área de conhecimento. Pela proposta, o professor que dá aulas de química também estaria obrigado a dar física e biologia, por exemplo. O ingresso na carreira se dá com concurso público através da realização de uma prova geral. Sineta especial para subsidiar o debate em defesa dos planos de carreira

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Informativo do Cpers/Sindicato com as posições da entidade acerca das propostas de mudança apresentadas pela SEC/RS

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Page 1: Informativo Sineta Junho 2009 - Cpers/Sindicato (Plano de Carreira)

Jornal do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Sul | Gestão 2008-2011 | Porto Alegre, Junho de 2009

04 | Sineta | Junho | 2009

VEJA O QUE O ATUAL PLANO DE CARREIRA NOS GARANTE E O QUE O GOVERNO YEDA QUER RETIRAR

COMO É HOJE

EXONERAÇÃO POR BAIXO DESEMPENHO

LICENÇA-PRÊMIO

FÉRIAS

GRATIFICAÇÕES

AUTONOMIA E GESTÃO

APOSENTADORIA

ESTÁGIO PROBATÓRIO

REMUNERAÇÃO POR DESEMPENHO

NÍVEIS DA CARREIRA

Hoje somos avaliados pela direção da escola. Uma instituição externa à escola, controlada pela SEC, avaliaria o desempenho de professores nomeados.

O servidor público possui estabilidade. Seu vínculo empregatício é com o Estado, não estando, portanto, sujeito a ameaças e perseguições dos governos.

Seria exonerado o servidor que tiver desempenho insuficiente em avaliações individuais, externas à escola e controladas pelo governo.

Temos seis níveis de remuneração conforme a formação, em que o avanço em cada um dos níveis varia entre 15% e 35% de acréscimo no vencimento básico, o que incentiva a busca pela formação.

Em vez de seis níveis, ficariam apenas três: Magistério, Ensino Superior e Pós-Graduação. Isso implica em redução dos coeficientes entre os níveis, que hoje variam de 1 para 2 e que com alteração passaria a variar de 0,70 para 1,15.

Assim como nos níveis, os professores são avaliados nas classes que variam de A a F. A mudança considera assiduidade, pontualidade e participação em cursos de formação.

A cada três anos o profissional recebe um adicional de 5% de aumento sobre a remuneração (Triênio). Os valores se incorporam ao salário e são levados para a aposentadoria.

A legislação prevê um conjunto de gratificações aos servidores.

A cada cinco anos, o professor adquire o direito de ficar três meses em licença, em função do desgaste característico da profissão.

Após receber uma gratificação por cinco anos consecutivos ou dez intercalados, o professor incorpora o benefício ao seu vencimento.

As alterações previstas reduzem as férias para no máximo 45 dias.

As escolas têm autonomia política-pedagógica e as direções são eleitas pela comunidade escolar em processos democráticos.

O governo diz que vai manter as mesmas classes, mas as mudanças se dariam com a realização de provas. Não diz como e quem fará as provas.

O governo quer extinguir o triênio e instituir a remuneração por desempenho. Com a medida o governo acaba com esta conquista.

O governo ameaça retirar as gratificações, como, por exemplo, a de difícil acesso.

A licença-prêmio seria substituída pela “licença de capacitação profis-sional”. Cabe observar que tais licenças são sistematicamente nega-das pelos governos.

Com a nova lei não seriam mais permitidas as incorporações nas aposentadorias, logo o servidor se aposentaria com o vencimento básico. Os atuais aposentados não receberiam mais os reajustes con-cedidos ao pessoal da ativa.

O professor tem direito entre 45 e 60 dias de férias.

Somente poderão concorrer à direção professores certificados pela SEC. As direções terão de firmar contratos de gestão. Com isso, a escola perde a autonomia pedagógica e curricular. Com a instituição de premiação por metas, as escolas ficariam obrigadas a aprovar todos os alunos e se submeter ao controle do governo.

COMO FICARIA

CONCURSO PÚBLICO

PROMOÇÃO NAS CLASSES

Provas específicas por área de conhecimento. Pela proposta, o professor que dá aulas de química também estaria obrigado a dar física e biologia, por exemplo.

O ingresso na carreira se dá com concurso público através da realização de uma prova geral.

Sineta especial para subsidiar o debate em defesa dos planos de carreira

Page 2: Informativo Sineta Junho 2009 - Cpers/Sindicato (Plano de Carreira)

O contrato de empréstimo feito com o Banco Mundial pelo governo Yeda prevê: redução da folha de pagamento, com o comprometimen-to da receita corrente líquida na casa de 66% em 2008, e de 65%, em 2009; criação de fundos complementares de previdência, reforma no sistema de aposentadoria dos servidores e mudanças nos planos de carreira dos servidores.

O atual Plano de Carreira do Magistério é uma conquista dos tra-balhadores em educação. Ele garante as promoções através das mudanças de níveis e de classes. Mas o governo Yeda quer alterá-lo. Para isso quer instituir a premiação por desempe-nho, reduzir os níveis de ingresso, eli-minar o tempo de serviço como fator

de promoção, entre outros.

Nossa carreira é composta de

seis níveis, cujos coeficientes variam

de 1 a 2, na classe A. O governo quer

reduzir a quantidade de níveis, de seis

para três, com variação de 0,70 a 1,15,

na classe A. Na proposta do governo,

o máximo que se pode chegar na

carreira (classe F) é a 1,65.

Na tabela 3 é possível perceber

que o número de professores ativos

pertencentes aos níveis 1, 2, 3 e 4 é

relativamente pequeno. Os 61.447

professores que se encontram nos ní-

veis 5 e 6 representam 82% do total.

Isso demonstra a busca por forma-

ção do atual quadro do magistério

gaúcho e deveria ser motivo de

orgulho para o Rio Grande do Sul.

Em 1º de setembro de 2008, o

Estado do Rio Grande do Sul firmou

um contrato de empréstimo com o

Banco Mundial. O contrato exige o

cumprimento de metas de gestão, que

aparecem expressas como contrapar-

tidas oferecidas “espontaneamente”

pelo Estado.

De acordo com o contrato, o

banco se compromete emprestar U$

1,1 bilhão em duas parcelas, uma de

U$ 650 milhões em 2008, e outra de

U$ 450 milhões até 31 de janeiro de

2010. O Estado do Rio Grande do

1. Ajuste fiscal de superávit

primário de R$ 1,1 bilhão em 2008 e

de R$ 1,4 bilhão em 2009;

2. Redução da folha de paga-

mento, com comprometimento da

receita corrente líquida na casa de

66% em 2008, e de 65% em 2009;

3. Meta de arrecadação de R$

14,5 bilhões em 2008, e de R$ 16

bilhões em 2009;

4. Criação de fundos comple-

mentares de previdência e reforma

Sul, em contrapartida, se com-

promete com o “ajuste fiscal”.

O “ajuste fiscal” consiste na ma-

nutenção de metas já em andamento,

na reestruturação da dívida, na refor-

ma da seguridade social dos servido-

res (IPE Previdência e Saúde), na ges-

tão de resultados e na política de re-

cursos humanos. O programa tam-

bém compreende ações a serem reali-

zadas pelo Estado como condição

para a liberação da segunda parcela

do financiamento, a saber:

no sistema de aposentadoria dos ser-

vidores;

5. Parcerias com seis OSCIPs e

criação de sistema de monitoramento

e avaliação;

6. Política de recursos humanos

através de mudanças nas carreiras

dos servidores.

No contrato, todas as cláusulas

de compromisso do Estado estão

submetidas ao “juízo satisfatório do

Banco Mundial”. Não deixa de ser

interessante constatar que o monito-

ramento que o Banco Mundial fará

das ações do programa de ajuste é

chamado de “troca de opiniões”, o

que é uma ironia diante do poder de

intervenção na gestão do Estado que

o Banco recebeu como contrapartida

do financiamento.

Isso demonstra que as propostas

do governo de mudanças nos planos

de carreira, as tentativas de mudar o

regime de previdência dos servidores

e a ausência de reajustes salariais –

tudo destinado a conter gastos com

pessoal - são produtos de uma

concepção política e ideológica. O

acordo do governo Yeda com o

Banco Mundial é regido pela lógica

do estado mínimo, que se caracteriza

pela redução na prestação de serviços

públicos, na perseguição e no

controle, enfim, na falta de demo-

cracia.

A proposta do governo é pagar menos para os 82% que estão concentrados nos níveis 5 e 6 e deixar sem perspectivas de progressão os 18% que ganham menos e estão concentrados principalmente no nível 1. O governo quer acabar com o que a categoria conquistou com muita luta.

Aposentados

A criação de um novo Plano de Carreira para o magistério e a colo-cação do atual Plano em extinção trará prejuízos irreparáveis aos apo-sentados. Uma nova carreira significa que o estado considera que a atual não corresponde ao perfil desejado.

O que o governo pretende é não

repassar qualquer aumento salarial

para o plano em extinção. A paridade,

assegurada pela Constituição Federal

para os antigos servidores, significa a

vinculação dos proventos dos apo-

sentados com os vencimentos dos

profissionais da ativa dos mesmos

cargos e da mesma carreira.

Funcionários de escola

Para os funcionários de escola, o

objetivo do governo é acabar com o

atual Plano de Carreira e implemen-

tar um novo plano nos moldes da

proposta de Plano de Carreira do

Magistério, com a possibilidade de

terceirizar os trabalhos de suporte

nas escolas. Segundo a secretária

Mariza Abreu, uma merendeira não

precisa ter formação para fazer e ser-

vir a merenda

02 | Sineta | Junho | 200903 | Sineta | Junho | 2009

EXPEDIENTE

Publicação do CPERS/Sindicato Filiado à e à - Av. Alberto Bins, 480 - Centro - 90030-140 - Porto Alegre/RS - Fone: 51-32546000Presidente: Rejane de Oliveira, 1ª Vice-presidente: Neida de Oliveira, 2ª Vice-Presidente: Neiva Lazzarotto, Secretário Geral: Clovis Oliveira, Tesoureiro Geral: Nei Sena, Diretoria: Antonio Avelange Bueno . Antonio Q. Branco . Jucele Azzolin Comis . Luiz Veronezi . Marliane F. Santos . Meibe Ribeiro . Orlando M. Silva Filho . Regis Ethur . Salete Possan Nunes . Tania M. FreitasJornalista Responsável: João dos Santos e Silva (MTb 7924) . Impressão: VT Propaganda (51-32329739) . Tiragem: 32 mil exemplares . Impresso em papel reciclato 75g

Ameaças do governo Yeda aos planos de carreira

FAIXA e bandeiras do CPERS/Sindicato são colocadas na Praça da Matriz, em Porto Alegre, durante vigília dos servidores públicos em defesa dos planos de carreira

Palacio Piratini, à esquerda, vende a educação e a carreira dos servidores para o Banco Mundial com o aval da maioria governista na Assembléia Legislativa

Mateus Bruxel

Fotos: Mateus Bruxel

A educação dos gaúchos não está à venda

NÍVEL

NÍVEL

COEFICIENTE

COEFICIENTE

TITULAÇÃO

TITULAÇÃO I

Especial

Nível 1 7.334

Nível 4 3

Nível 2 831

Nível 5 31.977

Nível 3 5.254

Nível 6 29.470

1,00

0,70

Ensino Médio

Ensino MédioII

I

1,15

1,00

-

-

-

III

II

1,30

1,15

IV 1,50

V 1,85 Licenciatura Plena

Licenciatura Plena

VI 2,00 Pós-GraduaçãoPós-Graduação

TABELA 1 - Plano Atual TABELA 2 Plano Governo Yeda/Mariza

TABELA 3 - Distribuição dos professores ativos pelos níveis do Plano de Carreira

ABAIXO-ASSINADONão deixe de colocar o seu nome no abaixo-assinado

elaborado pelo CPERS/Sindicato em defesa dos planos de carreira dos educadores. Procure o documento em sua escola ou no núcleo do sindicato da sua região. O abaixo-assinado também pode ser retirado no portal

www.cpers.org.br, no link Boletins Informativos.