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SIMTED InformatIvo do SIndIcato munIcIpal doS trabalhadoreS em educação de ponta porã nº 5 outubro 2010 Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação Filiado à Ex-presidentes relembram as experiências à frente da primeira organização políca dos trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul. Na foto, membros da Associação Pontaporanense de Professores na década de 70. 4 DÉCADAS DE HISTÓRIA, LUTAS E COMPROMISSO SOCIAL

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• 1 OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1

SIMTED InformatIvo do SIndIcato munIcIpal doS trabalhadoreS em educação de ponta porã • nº 5 • outubro 2010

Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação

Filiado à

Ex-presidentes relembram as experiências à frente da primeira organização política dostrabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul. Na foto, membros da

Associação Pontaporanense de Professores na década de 70.

4 DÉCADAS DE HISTÓRIA, LUTAS E COMPROMISSO SOCIAL

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2 • OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1

EDITORIAL

Fatos que marcaram a história do SIMTED de Ponta Porã

Organização sindical para uma Educação de qualidadeO que levou

um grupo de pro-fessores de Ponta Porã, em outubro de 1970, a criar uma Associação de Professores?

Vivíamos num regime de ditadu-ra que considerava

ofensa e crime a organização de traba-lhadores. O regime prendia, torturava e matava os que reivindicavam melho-res condições de trabalho. Somente com a Constituição de 1988 é que ga-rantimos nossos direitos sindicais.

Essa edição especial do Direto ao Ponto conta um pouco dessa história. Procuramos as pessoas que tiveram

ousadia para começar um trabalho sindical e perseveraram na longa ca-minhada de lutas e conquistas traba-lhistas. Durante meses, ouvimos vá-rios colegas e o resultado é uma série de entrevistas e pesquisas realizada pelo SIMTED.

A maioria dos entrevistados co-meçou a trabalhar na época em que as lideranças políticas escolhiam e apadrinhavam os servidores públicos.

Na alternância de poder, esses servidores ficavam desempregados. Estavam na rua! Os homens que lecio-navam tinham a atividade como um complemento. Enquanto as mulheres, dependentes economicamente do marido ou do pai, tinham a carreira na Educação vista como uma continuida-

de da sua “missão” feminina. Nesse período, o País passava

por transformações econômicas e demográficas. As fronteiras agrícolas avançavam, incentivando a ocupação na região sul do então Estado de Mato Grosso.

Essa população de imigrantes gerou uma necessidade de expansão dos serviços públicos. E profissionais de várias regiões vieram para Ponta Porã para atender essa demanda. As instalações da Associação Pontapora-nense de Professores abrigaram vá-rios colegas que chegavam a trabalho.

Após a divisão do Estado, em 1977, os Trabalhadores em Educação conseguem ingressar no serviço pú-blico através de concursos. Em 1989,

a Associação se transforma em Sindi-cato dos Trabalhadores em Educação. Nasce então um Sindicato filiado à CNTE e à CUT.

Hoje, nossa organização cum-pre papel que ultrapassa a defesa dos direitos de seus mais de mil filiados. Nos orgulhamos de defender a esco-la pública com qualidade social, com garantia do direito ao acesso e perma-nência.

Essa história deve ser contada e não há narrador melhor do que quem a viveu. Nós somos os protagonistas. Que bela caminhada trilhamos e con-tinuaremos a trilhar!

Denize Silva de OliveiraPresidente do SIMTED Ponta Porã

1970Fundação da Associação Pontaporanense de Professores

1993 a 1995Debates sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

1976 a 1978Luta contra a ditadura e realização de concursos públicos para professor no Estado

1994 Criação do Estatuto do Magistério do Professor do Município de Ponta Porã

1978 a 1980Fortalecimento da Associação e profissionais mais valorizados

2000Inauguração da nova sede

1989Fundação do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã

1986Realização do Congresso Estadual de Professores em Ponta Porã

1988Início da implantação do SIMTED

2006Aprovação do Plano de Cargos e Carreiras dos servidores municipais

1981Instalação da sede própria da Associação Pontaporanense de Professores

2000Realização do Congresso Estadual dos Trabalhadores em Educação em Ponta Porã

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• 3 OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1

Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação

Filiado à

Período marcado pela repressão e luta dos movimentos sociais por li-berdade de expressão e democracia. Antes da década de 1980, sempre que mudava o governo, todos os servido-res contrários politicamente perdiam o emprego.

Mas com a fundação de Asso-ciações de Professores, lembra a pre-sidente da APP na época, Zilda Fuchs Mattos, o governo foi pressionado a

realizar concursos públicos para con-tratação de professores. Com isso, as perseguições políticas começam a di-minuir.

“Na época, nossa principal luta era a conscientização da necessidade da filiação e eu insistia muito com os colegas para que se filiassem”, conta a professora Zilda.

“O desafio maior era enfrentar a ditadura e as práticas que estavam a

“Comecei como professora leiga aos 17 anos, em Pon-ta Porã, no antigo Ginásio São Fran-cisco de Assis. Fui

coordenadora pedagógica e diretora. Em 1982, assumi voluntariamente a presidência da Apae de Ponta Porã e em 2004 inaugurei a Apae de Antonio João. Para mim, o principal entrave para a melhoria da Educação, hoje, é a falta de investimentos dos profissio-nais em si mesmos.”

Zilda Fuchs Mattos, 64 anos. Pre-sidente da APP de 1976 a 1978.

Zaira Catarina Portela, 81 anos, foi a primeira presidente da Asso-ciação Pontaporanense de Profes-sores, que deu origem ao SIMTED Ponta Porã.

Professora aposentada, ela nasceu em Ponta Porã e estudou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro.

Começou a lecionar com 25 anos no Educandário São Francisco e trabalhou na Escola Estadual Joa-quim Murtinho. Em Campo Grande, lecionou na MACE e na Escola Esta-

dual Vespasiano Martins.Para ela, “professor ainda está

longe de ganhar pelo que faz em benefício do País”.

Professores unidos pormelhores condições de trabalho

A Associação Pontaporanense de Professores (APP) foi fundada no dia 10 de outubro de 1970, atendendo às nescessidades de se criar um espaço democrático para que professores e funcionários das escolas de Ponta Porã pudessem discutir e encaminhar suas demandas e anseios. A primeira diretoria da APP era presidida por Zai-ra Catarina Portela.

Em 1970, Ponta Porã contava com pouco mais de 32 mil habitantes e, desses, 19 mil viviam na área rural.

A maioria das escolas primárias e do 1º ciclo, das redes municipal e esta-dual de ensino, funcionavam na área rural. Na cidade, apenas três escolas ofereciam ensino do 2º ciclo, o que equivale hoje ao Ensino Médio.

A professora Zaira Catarina Por-tela esteve à frente da APP de 1970 a 1976. Ela lembra que na época muitos educadores eram de outras cidades. “Havia poucos professores no Muni-cípio, por isso, a Associação oferecia alojamento para esses colegas.”

1970 - fundada a associaçãoPontaporanense de Professores

ela associadas. Professor que se metia em movimento de classe não era bem visto. Muitas vezes, trabalhávamos e não recebíamos o salário, mudava o governo e ficávamos até seis meses sem receber”, lembra.

Hoje, ela destaca a melhoria gra-dativa das condições de sobrevivência do profissional de Educação, fruto da luta política. “Valeu a pena todo o es-forço”, comemora.

Professora Zaira Portela: ousadia para começar

Galeria dos Presidentes

Zaira Portela(1970 a 1976)

Mary Moraes Dias (1978 a 1980)

Silvio Eduardo Soto Oviedo(1981 a 1981)

Adir de Oliveira (1988 a 1989)

Miriam Menezes (1995 a 1997)

Iliana Maria Pilger (2001 a 2003)

Eva de Freitas(1981-1983, 1983-1985, 1985-1988)

Zilda Fuchs Mattos (1976 a 1978)

Roberto Margarida (1980 a 1981)

Glória Adela Cândia(1991 a 1993)

Sônia Cintas(1989-1991, 1993-1995, 1997-2000)

Marileide Peixoto Ferreira(2003 a 2006)

Denize Silva de Oliveira(2006 a 2009)

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4 • OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1

No início da década de 1980, as-sociações de professores eram funda-das por todo o recém-criado Estado de Mato Grosso do Sul. As passeatas organizadas pela FEPROSUL, Federa-ção que congregava as associações, já pautavam a luta por Educação de qua-lidade, melhores condições de traba-lho e salários dignos.

Segundo o presidente da APP na época, professor Silvio Eduardo Soto Oviedo, a prioridade era visitar todas as escolas das Redes Estadual e Muni-cipal para conscientizar os professores sobre a importância da APP.

“Mas muitos dos professores jo-vens tinham receio de envolvimento com a Associação, pois eram contrata-dos ou estavam em estágio probatório e temiam sofrer retaliações.” Mesmo assim, quando os salários atrasavam –

algo comum nesse período – sempre eram auxiliados pela APP.

As dificuldades de trabalho eram muitas. As reuniões, por exemplo, aconteciam debaixo da figueira que fica na calçada da Prefeitura.

“Hoje, vejo a escola pou-co preocupada com o estudo. Na família, não há mais a con-

vivência com as crianças, pois pais e mães estão no mercado de trabalho. Passam a maior parte da responsabi-lidade da Educação para o Estado. In-felizmente, algumas crianças vão à es-cola atrás de merenda e não em busca do conhecimento. Por isso, penso que deveria haver mais cursos para qualifi-car o profissional para o trabalho.”

Silvio Eduardo Soto Oviedo, 57 anos. Presidente da APP em 1981.

“A Educa-ção no País mu-dou muito. Hoje, os jovens têm mais atitude e a

escola nem sempre oferece resposta a suas necessidades. Alguns profis-sionais não levam a sério o trabalho de educar. Minha geração enfrentou muitas dificuldades de acesso à for-mação profissional e viveu muitas co-branças quanto à dedicação plena e o planejamento pedagógico.”

Mary Martins Moraes, 72 anos. Presidente da APP de 1978 a 1980

No início, o desafio era conscientizar os professores

A falta de compromisso por par-te de prefeitos e governadores faz com que a APP, no fim da década de 1970, inicie movimentos reivindicató-rios e grevistas. Segundo a professora Mary Martins Moraes Dias, presiden-te à época, os trabalhadores em Edu-cação sofriam com falta de pagamen-to e nomeações que atrasavam. “Não sabíamos quando seria pago o 13º e se seria pago. Enquanto presidente da Associação, deveria estar à frente dos movimentos reivindicatórios, inclusi-ve greve”, relembra.

Mas o desafio era conciliar os papéis de diretora de escola com o de presidente da Associação. “No meu cargo de diretora sempre entendi que minha responsabilidade era a defe-sa do interesse do aluno. Não queria abrir mão da presença dos professo-res no trabalho para que a escola fun-cionasse. Como então apoiar greve?”.

Hoje, porém, a professora Mary

entende o impasse como fruto da fal-ta de experiência e tem a certeza da necessidade de um Sindicato atuante em benefício da classe.

“Nossa organização sindical sig-nificou avanço na valorização profis-

1978 a 1980 - luta por educação dequalidade vai às ruas

Passeatas reivindicavam salário digno e realização de concursos

Dificuldades não desanimavam e reuniões aconteciam em baixo de árvores

“Avalio que a semente que plan-tamos frutificou. As conquistas que al-cançamos foi através da participação e da consciência de classe. Graças aos Sindicatos, melhoramos a Educação de um modo geral.”

sional. Lá atrás não tínhamos essa vi-são. Acredito que o principal objetivo do nosso Sindicato seja levar os traba-lhadores a perceberem a necessidade de sua organização para conquistar benefícios.”

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• 5 OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1

Em 1988, com a aprovação da nova Constituição Brasileira, os movi-mentos sociais de todo o País come-çam a debater a criação de Sindicatos como forma de organização política. Com isso, o anseio de levar a APP à ca-tegoria de Sindicato ganha força.

O professor Adir Teixeira de Oli-veira, presidente entre 1988 e 1989, lembra que os debates eram caloro-sos. “Fizemos várias reuniões com a orientação da FEPROSUL e consegui-mos transformar nossa entidade em um Sindicato de Trabalhadores em Educação. Sindicatos maiores como o de Dourados e Campo Grande não trilharam o mesmo caminho, transfor-mando-se em sindicatos somente de professores.”

Na época, o trabalho à frente da APP era feito paralelamente ao com-promisso com a sala de aula porque a licença sindical havia sido proibida. As articulações políticas e mobiliza-ções aconteciam à noite e nos finais de semana.

Outro problema naquele pe-ríodo, conforme Adir, era a falta de

atendimento de saúde por parte do Previsul. “Em nossa gestão, fizemos convênio para pagar somente a tabela da Associação Médica Brasileira, equi-valente a 50% do valor da consulta e nos hospitais.”

Na avaliação do ex-presidente, a incorporação dos trabalhadores admi-nistrativos no Sindicato foi um avanço. “Nessa época, os sindicatos estavam fortes no País. Nossos movimentos grevistas causavam desgaste. Nosso trabalho era para o fortalecimento da participação no Sindicato.”

“Comecei minha carreira em 1961. Lecionei em escola rural durante 10 anos e no ensino básico em escolas urbanas. Fui diretora da Escola Estadual Ramiro Noro-nha e a primeira mulher a assumir o cargo de Secretária Municipal de Educação do Município de Ponta Porã (MS), em 1993.

Com um plano de trabalho com objetivos e metas concretas, conseguimos mudar o rumo da Educação de Ponta Porã. Muitos dos projetos elaborados na época hoje são realidade.”

Eva de Oliveira Freitas, 70 anos. Presidente da APP entre 1981 e 1988.

“A Educação hoje é mar-cada pela interdisciplinarida-de e uso de tecnologias. A abertura pedagógica que ex-perimentamos pode ter me-lhorado, mas a carga horária em um só turno prejudicou a

formação do cidadão. Penso que a escola deveria ser oferecida em dois turnos, com um currículo mais completo.”

Adir Teixeira de Oliveira, 56 anos. Presidente da APP de 1988 a 1989.

1988 a 1989 - criação de Sindicato inspiramobilização e realização de encontros

Instalação da sede própria da APP e implantação do SIMTED de Pon-ta Porã marcaram a década de 1980 e os três mandatos da professora Eva de Oliveira Freitas.

O foco do trabalho era a estrutu-ração da Associação enquanto espaço de participação para os professores do Município.

Depois de aposentar-se, em 1986, Eva Freitas dedicou-se ainda mais ao trabalho na Associação, re-presentando-o em assembleias, semi-

nários e congressos.“Minha prioridade quando assu-

mi a APP foi a de fazer funcionar na sua própria sede. Com muita dificul-dade e muita garra consegui estrutu-rar a Associação. Também participei da implantação do SIMTED, vivencian-do grandes desafios.”

De acordo com a ex-presidente, uma das maiores conquistas de sua gestão, além da sede e da articulação para criação do SIMTED, foi o aumen-to do número de associados.

1981 a 1988 - em sede própria, app seestrutura e agrega mais associados

Alojamentos na sede da APP abrigavam professores de outras cidades

Em 1986, SIMTED organiza Congresso Estadual de Professores

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6 • OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1

Primeira Diretoria doSIMTED de Ponta Porã

Primeira Diretoria daAPP de Ponta Porã

Um processo de amadurecimen-to leva à transformação da APP em Sindicato. Em abril de 1989 é criada uma comissão provisória com o obje-tivo de organizar as eleições da nova diretoria e providenciar a tramitação de documentos e estatuto.

Assembleia especial foi realizada no dia 17 de junho de 1989, na Câma-ra Municipal de Ponta Porã, para ofi-cializar a criação do Sindicato Muni-cipal dos Trabalhadores em Educação – SIMTED. Na solenidade, o presiden-te da Associação Pontaporanense de Professores, professor Adir Teixeira de Oliveira, empossa a diretoria do Sindi-cato recém-criado.

A primeira presidente do SIMTED Ponta Porã foi a professora Sônia Cintas. Ela comemora os 40 anos do Sindicato e afirma estar feliz com as oportunidades que teve de aprender com o movimento sindical.

Em sua gestão, a prioridade era trabalhar pela qualificação profissio-nal dos trabalhadores em Educação e melhores salários. “Pensávamos que a qualificação representava avanço para o trabalhador.”

Ela se recorda da mobilização feita pelos sindicalistas, no início de 1990: “Fiquei 30 dias acampada na governadoria, enquanto os compa-nheiros arrecadavam alimentos para que pudéssemos continuar com a mo-bilização. Negociamos com o gover-nador eleito o pagamento dos salários atrasados como condição para deso-cupar a governadoria.”

Também foi em sua gestão que o SIMTED de Ponta Porã filiou-se à CUT, unificando, junto com a FETEMS, as lutas dos trabalhadores. “Realizamos congressos, conferências e formações para debater os rumos da Educação no País.”

1989 - marco histórico:Fundado o SIMTED de Ponta Porã

Professora Sônia Cintas inaugura nova sede do SIMTED

Aos 54 anos, a primeira presi-dente do SIMTED é pedagoga, especi-lizada em Administração Escolar e em Administração Hospitalar. Começou a lecionar na Escola Estadual Mendes Gonçalves, em 1976, onde trabalhou seis anos. Em 1982, assumiu a direção da Escola Estadual Ramiro Noronha, onde ficou até 1987. Volta para a sala de aula na Escola Estadual Joaquim Murtinho.

Sempre participou da luta dos professores, sendo membro de todas as diretorias da APP e SIMTED. Foi Se-cretária Municipal de Educação. “Esti-ve nas discussões para a implantação do FUNDEF. Estudamos muito e pro-curamos intervir de modo a fortalecer a escola.”

Sônia Cintas:dedicação à luta sindicalPresidente

Sônia CintasVice-PresidenteMaria Jurandi AmaríliaSecretária GeralMaria Aparecida de Almeida Dorneles1ª SecretáriaMaria Madalena Prandi DuarteTesoureiro GeralOsvaldo Pereira Leme1ª TesoureiraMaria Mercedes Gonçalves de SouzaSecretária de Imprensa e DivulgaçãoDenize Silva de OliveiraSecretária EducacionalDionisia Colman CardosoSecretária de Formação SindicalMaria Rosa Prandi AdelinoSecretária Cultural e SocialCélia Augusta Pinheiro PereiraSecretária Ético-JurídicoEva de Oliveira Freitas

PresidenteZaira Portela de SouzaVice-PresidenteMarta Maria Monteiro Correia Lima1ª SecretáriaMaria Mardine Fraulob2ª SecretáriaJelsa Fretes1º TesoureiroPe. Pedro Smith2º TesoureiroFernando PeraltaProcuradorDr. Gaze EsgaibBibliotecáriaEnnê Russul VieiraDiretor SocialMunira CamposConselho FiscalCarolina Pelusch, Edith Elfrida Antunes, Helga Cardoso, Mary Dias e Nerino Pires de Cravalho.

Para a professora, o Piso Salarial Nacional começou uma nova etapa na valorização dos profissionais, embo-ra os governos não tenham aplicado corretamente a lei. “Falta muito para atingirmos uma Educação de primei-ro mundo.” Sônia Cintas exerceu três mandatos no SIMTED: de 1989 a 1991, de 1993 a 1995 e de 1997 a 2000.

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• 7 OUTUBRO 2010 • Nº 5 • ANO 1

A professora Glória Cândia, hoje com 68 anos, esteve à fren-te do SIMTED entre 1991 e 1993. Pedagoga, começou sua carreira profissional na Educação em 1968, quando foi convidada para secreta-riar a Escola Normal de Ponta Porã. “Eu tinha experiência administrativa e podia fazer o trabalho. Depois me pediram para ficar como vice-direto-ra até assumir a função de diretora. Cargo que exerci até 1978.”

Com a divisão do Estado e cria-ção do Mato Grosso do Sul, foi ad-mitida como professora. “Haviam poucos professores formados, então eu lecionava vávias matérias”.

Para ela, a categoria está mais

Licenciada em Letras, com habili-tação em Língua Inglesa, a professora Miriam Menezes, 54 anos, foi presi-dente do SIMTED por dois anos, de 1995 a 1997. Ela conta que se mudou para Ponta Porã em 1986, quando co-meçou a lecionar na Escola Estadual João B. Calvoso. Era diretora da Esco-la Geni Marques Magalhães quando saiu para assumir a presidência do Sindicato.

Miriam Menezes também foi Se-cretária de Formação da FETEMS, Pre-sidente da CUT e ocupou vários cargos no Governo do Estado. “Não existe outro instrumento político que repre-sente melhor o trabalhador como o Sindicato. É nele que seus problemas são pautados. A organização sindical

Glória Cândia Rodrigues: cada época, um desafio

Miriam Menezes: militância política

forte hoje: “Cada época traz seus de-safios. Os avanços tecnológicos im-puseram alterações nos hábitos até para os mais velhos.”

tem outros horizontes”.Segundo ela, os governantes não

se comprometem com a Educação, tratando-a com descaso. “Continua-mos a ter mão de obra desqualificada e profissionais descompromissados. Houve avanços. As escolas estão infor-matizadas, mas os professores não.”

De 1993 a 1995, o SIMTED mo-biliza-se para debater a Lei de Dire-trizes e Bases da Educação. Com isso, assuntos como a melhor qualificação dos trabalhadores em Educação entra na pauta. Em 1994, outra conquista: é elaborado o Estatuto do Magistério do Professor de Ponta Porã.

A efervescência do movimento sindical faz com que a rede de filiados cresça, agregando os servidores da rede municipal. O SIMTED começa a construir sua sede atual. A presiden-te na época, professora Sônia Cintas, lembra que a obra foi concluída na gestão de 1997 a 2000, incluindo a área de lazer.

“Nessa trajetória, devo muito aos meus colegas. Não havia licen-ça sindical e eu só pude exercer meu trabalho porque tive apoio de outras professoras que assumiam os cuida-dos com meus alunos.”

Em 2000, ainda na gestão de Sô-nia Cintas, é realizado, em Ponta Porã, o maior Congresso Estadual de Traba-lhadores em Educação, com participa-ção de mais de 2000 congressistas.

anos 90:Uma década de Sindicato

Inauguração da nova sede, em agosto de 2000, reúne ex-presidentes do SIMTED

Miriam Menezes, presidente entre 1995 e 1997, lembra que os de-bates sobre a política de Educação do município eram polarizadas entre as teses de direita e da esquerda. “Era

uma discussão inicial e não havia ain-da compromisso com as teses de es-querda”, afirma. “Mergulhei de cabe-ça no movimento sindical através da FETEMS, CNTE e CUT.”

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Conquistas

Uma vez que a Rede Estadual já ti-nha avançado em termos de política sa-larial, a prioridade foi a Rede Municipal. O SIMTED conseguiu implantar o Plano de Cargos e Carreiras dos servidores do Município, em janeiro de 2006.

Também foi modificado o Esta-tuto dos Servidores Municipais, de forma a favorecer os trabalhadores. Exemplo disso foi a redução da carga horária do administrativo e a reposi-ção salarial de 8%.

Novos Desafios

A professora Iliana acredita que as eleições para diretores da Rede Es-tadual fortaleceram a escola pública. No entanto, esse mecanismo de es-colha deve ser adotado também pela Rede Municipal de Ponta Porã.

O SIMTED defende também mais tempo para planejamento de ativida-

SImted 40 anoS: descentralização, transparência e legitimidade política

Os anos 2000 foram de amadu-recimento para o SIMTED. As ex-presi-dentes Iliana Maria Pilger (2001-2003) e Marileide Peixoto Ferreira (2003-2006) herdaram um Sindicato com sede própria, estruturado, com quase mil filiados.

O desafio era garantir melhores condições de trabalho e direitos tra-balhistas. Internamente, buscava-se maior transparência e descentraliza-ção das decisões.

“Acredito que todos os membros da diretoria tem que estar informados e dar respostas para os filiados”, afir-ma Iliana Pilger. Nesta última década, o enfoque do SIMTED foi investir na formação política da diretoria a fim de qualificar a atuação do Sindicato. “A busca pelo conhecimento prepara e muda a atitude das pessoas.”

Para a professora Iliana, o Sindi-cato dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã hoje é uma entidade forte e respeitada.

des e Piso Nacional para 20 horas.A professora Marileide Ferreira

acredita na maior participação nas atividades sindicais como forma de

"Não posso adiarainda que a noite pese séculossobre as costase a aurora indecisa demore.

Não posso adiar paraoutro século a minha vidanem o meu amornem o meu grito de libertação."

Antônio Ramos Rosa

fortalecer o movimento. “É pela união que nos fazemos fortes e respeitados e a auto-estima dos profissionais em Educação anda em baixa.”

“Quanto à Educação, penso que ela deva criar a consciência da necessidade da busca do conheci-mento. Quando a pessoa não tem acesso ao conhecimento, ela é ex-cluída do mercado de trabalho e de uma vida social mais saudável. A escola deve conscientizar as pesso-

as sobre a importância do conhecimento na vida delas e de seus filhos.”

Iliana Maria Pilger, 52 anos. Presidente do SIMTED de 2001 a 2003.

“Sempre lutamos para receber o salário e oferecer uma Educação de qualidade. A luta foi correr atrás, ir para Brasília, Campo Grande. Fazer en-frentamento com os governos estadual e municipal. Na diretoria da FETEMS, continuamos lutando pelos direitos das mulheres, dos negros, participando das

reuniões. Aprendi a valorizar mais os seres humanos. Como liderança, acertei, errei e aprendi com os erros.”

Marileide Peixoto Ferreira, 53 anos. Presidente do SIMTED de 2003 a 2006.

Uma publicação do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Ponta Porã – [email protected] – Travessa Iguatemi, 38 - Centro - Ponta Porã - MS - CEP 79.900-791.Fone: (67) 3431.4531.

Presidente: Denize Silva de Oliveira; Vice-Presidente: Marcia Cristina Ortis da Silva; Secretária Geral: Vitória Elfrida Antunes; Primeiro Secretário: Luiz Carlos Marques Valejo; Tesoureira Geral: Cléa Canavieira Fonseca; Primerira Te-soureira: Kedma Caroline de Souza Moraes; Secretário de Imprensa e Divulgação: Edivaldo Viera; Secretária Educacional: Maria Ramona Amâncio; Secretária de Formação Sindical: Kelem Cristiane Brum Carminate Pereira; Secretário Cultural e Social: Sergio Alencar Semensato; Secretária Ético-jurídica: Eva de Oliveria Freitas; Secretária de Política Municipal: Orízia Silva de Oliveira; Secretátio de Esportes: João Antonio da Silva Barbosa; Secretária de Política dos Administrativos: Luzia Alves Marques; Secretária de Política dos Aposentados: Maria Helena Simczak Zanin; Edição: Laura Samudio Chudecki (DRT-MS 242) e Ivanise Andrade (DRT-MS 098), Fotos: SIMTED de Ponta Porã; Editoração e Programação Visual: Íris Comunicação Integrada.