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CORREIO BANCÁRIO www.bancarios-es.com.br INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À CUT Nº 21 30/04/2014 A 20/05/2014 Aberta inscrição para Conferência Estadual Felipe Amarelo Acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de maio, no hotel Flamboyant, em Guarapari, a Conferência Estadual dos Bancários. O evento dá início aos debates da Campanha Salarial 2014, preparando a categoria para as negociações da data-base. A Conferência terá o tema “A gente não quer só salário”, propondo como eixo central de debate os problemas de condições de trabalho que afetam os bancários, como o assédio moral e a falta de funcionários nas agências. Página 03 Página 6 Página 5 Delegados sindicais da Caixa tomam posse e auxiliam na luta sindical Página 4 50 anos do golpe militar: a repressão na ditadura e nos dias atuais Bancária do Mercantil do Brasil é reintegrada após ação do Sindicato União de Banco do Brasil e Correios com criação do Banco Postal ameaça luta contra a terceirização. Página 4 Sérgio Cardoso Propostas de CPI’s revelam o jogo sujo da política no Brasil Página 8

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BANCÁRIO

www.bancarios-es.com.br

INFORMATIVO DO SINDICATO DOS

BANCÁRIOS DO ESFILIADO À CUT

Nº 21

30/04/2014 A

20/05/2014

Aberta inscrição paraConferência Estadual

Felip

e A

mare

lo

Acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de maio, no hotel Flamboyant, em Guarapari, a Conferência Estadual dos Bancários. O evento dá início aos debates da Campanha Salarial 2014, preparando a categoria para as negociações da data-base. A Conferência terá o tema “A gente não quer só salário”, propondo como eixo central de debate os problemas de condições de trabalho que afetam os bancários, como o assédio moral e a falta de funcionários nas agências.

Página 03

Página 6

Página 5

Delegados sindicais da Caixa tomam posse e auxiliam na luta sindical

Página 4

BANCÁRIO

50 anos do golpe militar: a repressão na ditadura enos dias atuais

Bancária do Mercantil do Brasil é reintegrada após ação do Sindicato

União de Banco do Brasil e Correios com criação do Banco Postal ameaça luta contra a terceirização.Página 4

Sérgio Cardoso

Propostas de CPI’s revelam ojogo sujo da política no Brasil

Página 8

Artigo

A alta persistente no preço dos alimentos tem impactado a inflação. Esse aumento é resultado da maior demanda por produtos alimentícios e de restrições na oferta desses produtos impostas por impactos naturais e por determinações políticas.

A instabilidade climática – como as chuvas recentes no Espírito Santo – têm reduzido a produção dos alimentos. Esse efeito é agravado, so-bretudo, pelo modelo agrícola brasilei-ro, baseado em monoculturas, insumos químicos e perseguição de alta produ-tividade, que resultam num sistema de alto potencial produtivo, mas de baixa resistência, altamente suscetível ao clima, a pragas e a doenças.

A opção do Estado Brasileiro pela produção de exportação em detrimento da produção de alimentos também é fator determinante para a alta dos preços. Entre 1990 e 2011, houve redução do plantio de arroz, feijão, mandioca e trigo de, respectiva-mente, 31%, 26%, 11% e 35%, enquanto o cultivo de soja aumentou 107% e o de cana 122%. Entre 2003 e 2012, o número de contratos do PRONAF para o cultivo dos alimentos básicos tiveram redução de 77,4% para o arroz, 81% para o feijão, 69% para a mandioca e 44% para o milho. Contraditoriamente, passamos a importar feijão da China.

A orientação estratégica do governo permanece privilegiando a produção de exportação de commodi-ties. Em 2013, tivemos safra recorde de 180 milhões de toneladas, mas 50% é de soja para alimentação animal na Europa e China.

A superação da desigualdade no Brasil exige a distribuição da rique-za e alimento saudável em quantidade e qualidade. Para isso, a política pú-blica precisa priorizar a produção de alimentos. A Reforma Agrária torna-se estratégica, e deve ser bandeira de uma sociedade que quer comer bem. Distribuir terra e mudar o modelo produtivo são os elementos garanti-dores do alimento na mesa do povo brasileiro.

raul Krauser é dirigente Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores

Comer está mais caro

O anúncio da provável candidatura de Paulo Hartung (PH) ao governo do Es-tado deu início a novas movimentações no cenário político estadual.

Muitos acreditam que a disputa entre PH e Casagrande será acirrada. Har-tung carrega consigo as fortes relações políticas construídas ao longo de 8 anos à frente do Palácio Anchieta, mas Casagran-de concentra a maior parte dos apoios nas prefeituras municipais. A polarização colo-cada entre PH e Casagrande, no entanto, é muito mais aparente que real. Ambos representam o mesmo projeto político, dando sequência a uma plataforma de governo que prioriza os grandes projetos industriais em detrimento das políticas pú-blicas sociais no Estado.

Entre 2000 e 2009, dos investimen-tos feitos no Espírito Santo, 46,2% foram para o setor de energia, 30,8% para a in-dústria e 6,9% para portos, aeroportos e armazenagem, um montante que chega a R$ 37,9 bilhões. No mesmo período, ape-

nas 4,9% – R$ 2,2 bilhões – foram destina-dos para educação, saúde, saneamento, meio ambiente e segurança.

Entre os investimentos anunciados entre 2012 e 2017, a previsão não é muito diferente: 55% serão para infraestrutura, que alia setores de energia (37%), trans-porte (6,3%), portos, aeroportos e arma-zenagem (11,9%), totalizando R$ 62.387 bilhões; 29,7% será para indústria, percen-tual que representa R$ 33,622,2 milhões; e apenas 5,9%, ou seja, R$ 6.686 milhões, será distribuído entre os setores de sane-amento e urbanismo, saúde, educação, segurança pública e meio ambiente.

Para os capixabas, a “briga” entre Casagrande e Hartung não passa de um jogo de cadeiras. Ambos têm os mesmos financiadores de campanha e cumprirão um plano de desenvolvimento já traçado por eles. Não existem diferenças significa-tivas entre os dois possíveis candidatos ao executivo estadual. Eles são, na lingua-gem popular, “farinha do mesmo saco”.

Jogo de cadeiras

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PLENÁRIA DO Iv cONgREssO EstADuAL DOs bANcÁRIOs, Em 2013, NA sERRA

www.bancarios-es.com.br

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O

BANCÁRIOInformativo do Sindicato dos Bancários do Espírito SantoRua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória/ES - 29016-340 Tel: (27) 3331-9999 Colatina (3722-2647), Cachoeiro (3522-7975) e Linhares (3371-0092)

Coordenador Geral: Carlos Pereira de Araújo Diretor de Imprensa: Jonas Freire Santana

Editoras: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES, Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES e Ludmila Pecine - MTb 2391-ESEstagiária: Lorraine PaixãoEditoração: Jorge Luiz - MTb 041/96-ESImpressão: Gráfi ca Espírito SantoE.mail: [email protected]: 10.000 exemplaresDistribuição gratuita

Participe da Conferência Estadual dos Bancários

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O encontro será realizado nos dias 16, 17 e 18 de maio, no Hotel Flamboyant, em Guarapari. No

tema do evento, os bancários afirmam: A gente não quer só salário! Neste ano, as condições de trabalho e o respeito à saúde dos empregados serão eixo central dos debates, que servirão de base para a formulação das propostas de reivindica-ção da Campanha Salarial 2014.

“É essencial a participação dos

PLENÁRIA DO Iv cONgREssO EstADuAL DOs bANcÁRIOs, Em 2013, NA sERRA

Já estão abertas as inscrições para a

conferência Estadual dos bancários 2014

3 23 dias de greve38,0% (1,82% de aumento sobre a inflação) 3 8,5% sobre o piso salarial

OS NÚMEROS

Conquistas da categoriaA data-base da categoria é dia

01 de setembro, mas é na Conferência Estadual dos Bancários que se iniciam os preparativos para a Campanha Sa-larial. A luta pela conquista das reivin-dicações definidas no encontro ocorre ao longo do ano até o início da greve.

Em 2013, após 23 dias de greve os bancários conquistaram reajuste de 8,0% (1,82% de aumento sobre a infla-ção), 8,5% sobre o piso salarial (ganho de 2,29%) e 10% sobre o valor fixo da regra básica e sobre o teto da parcela

adicional da PLR (Participação nos Lu-cros e Resultados). A mobilização dos bancários também garantiu aumento de 2% para 2,2% o lucro líquido a ser distribuído linearmente na parcela adicional da PLR, aumento no auxílio-refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta-alimentação e auxílio-creche/babá.

Os bancários também con-quistaram a inclusão de quatro no-vas cláusulas na Convenção Coletiva: proibição de os bancos enviarem SMS aos bancários cobrando resultados,

bancários na Conferência, lá será o es-paço para debater as atuais condições de trabalho nos bancos, como a pressão para o cumprimento de metas e a carên-cia de empregados, que geram um ado-ecimento cada vez maior entre a catego-ria. Vamos definir coletivamente nossa estratégia de luta na Campanha Salarial e nossos eixos de atuação na defesa dos direitos dos bancários”, destaca Carlos Pereira de Araújo, Carlão, coordenador geral do Sindicato/ES.

As propostas votadas na Conferên-cia Estadual serão encaminhadas para a Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, que

acontecerá em junho.Durante a Conferência Estadual

também serão realizados os congressos específicos dos trabalhadores do Banco do Brasil, Banestes, Bandes, Caixa e dos bancos privados, que debaterão as rei-vindicações para cada instituição.

InscrIção

As inscrições são gratuitas e po-dem ser feitas até o dia 12 de maio, por meio do site do Sindibancários/ES ou pelo preenchimento da ficha de inscrição entregue nas agências. Mais informações pelo telefone (27) 3331-9991 ou pelo site www.bancarios-es.com.br.

abono-assiduidade de um dia por ano, constituição de grupo de traba-lho com especialistas para apurar as causas dos adoecimentos dos ban-cários e vale-cultura no valor de R$ 50,00 por mês para os bancários que recebem até cinco salários mínimos.

Sérgio Cardoso

BB IIA decisão foi aprovada em segunda instância, e ainda cabe recurso no Tribunal Superior do Trabalho.

BB IO TRT aprovou o pagamento das 7ª e 8ª horas para assistentes A e B do Banco do Brasil.

Tempo na fi la de banco tem limite! Queremos a contratação

de mais bancários!

Sérgio Cardoso

DELEGADos sInDIcAIs DA cAIXA - Em março, 59 delegados sindicais da Caixa tomaram posse. Eles terão como papel identificar as necessidades dos colegas de trabalho, representar o Sindi-cato nas unidades em que atuam e ob-servar as condições de trabalho, sendo um elo entre os bancários e a entidade.

“Os delegados sindicais são es-senciais na defesa do cumprimento dos direitos dos bancários e bancárias. A eleição de delegados sindicais é uma

conquista que está no nosso Acordo Co-letivo e é de grande importância para a luta dos trabalhadores”, destaca a dire-tora do Sindibancários/ES e bancária da Caixa, Lizandes Borges.

Nos dias 13, 14 e 15 de maio haverá inscrição para as eleições de delegados sindicais nas agências nas quais não houve candidatos. A escolha será feita nos dias 21, 22 e 23 do mesmo mês. O mandato dos delegados sindi-cais é de um ano.

Banestianoselegem 15delegados

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Quinze delegados sindicais foram eleitos pelos trabalhado-res do Banestes no final de abril. O mandato dos novos delegados, que tomarão posse durante a Con-ferência Estadual dos Bancários, em maio, será de dois anos. A eleição de delegados sindicais é uma conquista do Acordo Coletivo 2011/2012.

A experiência, segundo o diretor do Sindicato dos Bancários/ES, Jessé Alvarenga, tem sido bas-tante positiva. “A atuação dos dele-gados é fundamental para garantir as últimas conquistas da categoria bancária. Os delegados sindicais cumprem o importante papel de identificar as necessidades dos bancários e bancárias e trazer es-sas demandas para o sindicato, para que, juntos, possamos lutar pela garantia dos direitos dos ban-cários”, destaca.

Prejuízos doBanco postal

No mês de março, o Banco do Brasil anunciou que os Correios passarão a comercializar todos

os produtos oferecidos pelo BB. Além disso, que os franqueados dos Correios poderão se tornar correspondentes ban-cários, impulsionando a criação de uma nova instituição financeira onde os Cor-reios e o BB teriam participações iguais na formação do capital. “Não está cla-ro se a nova empresa terá funcionários acolhidos pela Convenção Coletiva ou se os empregados executarão trabalho bancário sem os direitos da categoria bancária”, afirma o diretor do Sindicato dos Bancários/ES, Thiago Duda.

Ele ressalta que cabe ao BB a pro-

moção de políticas de crédito voltadas às parcelas mais vulneráveis economicamen-te. “Em qual das instituições financeiras essas políticas de crédito serão oferecidas? O BB perderá suas únicas características de banco público?”, questiona.

Thiago destaca que a nova insti-tuição financeira pode ser uma ameaça à luta contra a terceirização e ao PL 4330. “Poderemos estar diante de um dos maio-res bancos do país, com mais de 7 mil postos de atendimento, presente em cer-ca de 95% do território nacional, mas sem bancários. O esvaziamento de sua função pública prepara um cenário favorável a um processo de privatização total do BB”, finaliza Thiago.

Reintegração

Reintegração no Banco Mercantil do Brasil

Sérgio Cardoso

CAIXA IEntre os dias 5 e 9 de maio acontecem as eleições para a nova diretoria da Funcef.

CAIXA IISerão eleitos a diretoria executiva, o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal.

CAIXA IIIO Sindicato dos Bancários/ES apoia a “Chapa 2 – Novo Rumo na Funcef”. Participe e vote!

Por meio de uma ação movida pelo Sindicato dos Bancários/ES, uma funcionária do Banco

Mercantil do Brasil foi reintegrada ao trabalho. No dia 20 de Janeiro deste ano ela foi demitida sem justa causa do cargo que ocupava há cerca de 14 anos. Logo após a demissão, a funcio-nária entrou com uma ação via Sindi-cato para conseguir a reintegração.

A diretora sindical, Andréa Queiroz Bicalho, ressalta a importân-cia do bancário de buscar o apoio da entidade. “O trabalhador deve procu-rar o Sindicato para que ninguém o desrespeite e passe por cima de seus direitos. Isso vale não somente para

bANcÁRIA FOI REINtEgRADA APÓsDEmIssÃOsEm JustA cAusA

causas individuais, mas também para as coletivas. No caso do Banco Mercantil do Brasil, que tem somente duas agências no Espírito Santo, fica

mais fácil de mobilizar os trabalhadores para conseguir melhorias que atendam aos anseios de todos, garantindo os di-reitos dos trabalhadores”, diz Andréa.

AÇÕEs tRAbALHIstAs

O Sindicato dos Bancários/ES tem recebido denúncias de que tra-balhadores de diversos bancos priva-dos, quando demitidos ou ao pedirem demissão, recebem um telefonema de um escritório particular de advo-cacia oferecendo assistência jurídica. Contudo, para tal serviço, o escritório particular estipula 20% de honorários advocatícios, mais 3% para um conta-dor fazer os cálculos, totalizando 23% de honorários em cima do valor bruto que o banco for condenado a pagar. Além disso, o bancário paga 8% de FGTS mais 27,5% de imposto de renda sobre o mesmo valor bruto.

Por outro lado, o Sindicato ofe-

rece assistência jurídica gratuita e conta com os advogados do Escritó-rio Ferreira Borges, especializado em questões trabalhistas de bancários, que atende exclusivamente ao Sindi-cato com zero por cento de honorários para os trabalhadores.

Se o bancário entrar com ação judicial no Sindicato, quem paga pe-los honorários é o banco. Portanto, o trabalhador receberá 100% do valor a que tem direito, descontado FGTS e imposto de renda. Optando pelo es-critório particular, além do trabalha-dor sair no prejuízo, o banco sai no lucro, afinal, deixa de pagar os hono-rários judiciais.

Bancários devem procurar assessoria jurídica do SindicatoENTENDA COMO FUNCIONA O CÁLCULO

Pegamos como exemplouma ação de R$ 100 mil

AÇÃO NO SINDICATO Honorários: o bancário não paga. O banco paga 15% Imposto de Renda: R$ 27,5 mil FGTS: R$ 8 mil Valor Líquido a receber: R$ 64.500,00

AÇÃO NO ESCRITÓRIO PARTICULAR Honorários: o bancário paga R$ 23 mil Imposto de Renda: R$ 27,5 mil FGTS: R$ 8 mil Valor Líquido a receber: R$ 41.500,00

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Diálogobrice bragato

Assistente social, advogada e ex-deputada estadual, brice bragato foi uma das fundadoras do comitê brasileiro pela Anistia (seção Espírito

santo), na década de 70. Nesta entrevista ela fala sobre as consequências da Ditadura militar

e as repressões em virtude da copa

Repressão ontem e hojerecentemente, completaram

50 anos do Golpe Militar. o que significa o resgate da história dos 21 anos de governo ditatorial no Brasil?

O resgate é importante para que as pessoas tenham uma noção histórica do que aconteceu. É uma forma de não esquecer o que se passou para impedir que isso volte. Acho que essa ideia da “Ditadura Nunca Mais”, “Tortura Nun-ca Mais”, é forte e deve ser incorporada pelas gerações atuais. É preciso jamais apagar da memória do país os crimes que os militares cometeram em conluio com o capital internacional e a burgue-sia nacional.

Quais as consequên-cias que esse período da história do Brasil trouxe para a classe trabalhadora nos dias de hoje?

A ditadura foi uma grande associação entre o capital na-cional e o norte americano para trazer ao Brasil todo tipo de indústria ameri-cana poluidora e a submissão ao impe-rialismo americano. O resultado disso foi um capitalismo cada vez mais sel-vagem. O processo de organização da classe trabalhadora foi dizimado, fa-cilitando a desmobilização da classe e a perda de direitos, algo que até hoje não se conseguiu recuperar totalmen-te. Esse, inclusive, foi um período que escancarou as portas para a indústria automobilística. Junto com essa indús-tria vem a construção de estradas para estimular as grandes empreiteiras, tudo em detrimento de um transporte mais barato, como o ferroviário e o marítimo.

Para os capixabas, que têm porto e mar para tudo quanto é lado, o transporte rodoviário é um desastre, pois é mais caro, mais perigoso, mais lento, mas ninguém abre mão porque atende aos interesses da indústria automobilística. Quando a gente fala que a BR 101 é o maior perigo e a BR 262 está estrangu-lada, estamos dizendo que a ditadura construiu isso para a gente.

com a realização de grandes eventos no Brasil, como a copa do Mundo, tem se intensificado a re-pressão às manifestações popula-res por meio de ações como o PLs 499/2013, conhecido como Lei Anti-

terrorismo. na sua opinião, essa lei se assemelha aos Atos Institucionais e Decretos promulgados pela Dita-dura Militar, principalmente duran-te a copa de 70, que aconteceu no auge da ditadura?

A gente tem que ter muito cui-dado em dizer que estamos em um mo-mento igual ao da época da ditadura. Hoje é muito diferente daquela época. Mas posso afirmar que os resquícios continuam. A essência da concepção de política de segurança ainda é repres-sora. As políticas de segurança pública que estão sendo editadas para fazer essa Copa “na marra” se adequam per-feitamente a esse espírito ditatorial que permanece nas forças de segurança pú-

blica. É também ditadura econômica, política e social o tratamento que se dá à população mais pobre do país, princi-palmente aos jovens negros das perife-rias das grandes cidades, inclusive no Espírito Santo. O trato que se dá a eles, como se fossem elementos perigosos, é autoritário, discriminatório e ditatorial no sentido de uma classe se sobrepon-do à outra.

o que está por trás de ações repressivas como a Lei Antiterroris-mo e a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs)?

As UPPs fazem parte de um pro-cesso de “limpeza” das favelas para

transformá-las num espaço interessante para especula-ção imobiliária, para o tu-rismo, para o capital. Neste ano, por exemplo, a atuação das UPPs se intensificou e está havendo um terror para

garantir a Copa. Se a Copa não for um sucesso, ameaça a elite política que está no poder no Rio de Janeiro, no governo federal, nos estados em que haverá jo-gos e também onde não haverá. Penso que o povo deve se precaver, pois es-tão dispostos a “prender e arrebentar”, como dizia Figueiredo. Porém, não deve temer ir às ruas, pois o que essa política quer é criminalizar os movimentos so-ciais, tirar o povo da rua, não incomo-dar as elites e fazer uma Copa para os ricos. A Lei Antiterrosimo é o arcabouço legal para garantir as ações repressoras para que a Copa saia a contento das eli-tes. E o povo que se dane! Não pode se manifestar, vai para a cadeia, não tem acesso aos jogos.

“A essência da concepçãode política de segurança

ainda é repressora”

Sérg

io C

ard

oso

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Perfilmaria Isabel P. OrechioItaú reestrutura

agências e desrespeitatrabalhadores e clientes

Insegurança

BANCO REAL

Sindicato divulga lista no site e convoca bancários do Banco Real para tratar de assunto referente a processo.

BANCO REAL IIBancários e bancárias convocados devem comparecer à sede do Sindibancários/ES imediatamente.

“Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a

levantar-se.”

gabriel garcía márquez

Com a justificativa de não ter cai-xas com bancários, apenas ele-trônicos, agências do Itaú estão

sendo adaptadas para funcionar sem porta giratória e vigilantes, colocan-do em risco a vida dos empregados e clientes. A nova modalidade é chama-da de agência de negócios.

Ao instituir esse modelo, o Itaú infringe a Lei Estadual n° 5.229, que exige a instalação de portas giratórias e a presença de seguranças em agências bancárias. A tese defendida pelo banco é a de que não haverá movimentação

A chamada agência de negócios funcionará sem porta giratória e sem seguranças

de dinheiro, uma vez que não há a fun-ção de caixa. No entanto, as transações de saque e depósitos de dinheiro, dispo-níveis nos caixas eletrônicos, serão man-tidas e tendem a aumentar.

“Mais do que nunca terá dinheiro nessas agências e não haverá nenhuma segurança, deixando população e ban-cários vulneráveis à violência. Não va-mos aceitar esse desrespeito à vida das pessoas pelo Itaú. Estamos em processo de negociação com o banco e vamos to-mar todas as medidas necessárias para fazer valer a lei”, enfatiza o coordenador geral do Sindibancários/ES, Carlos Perei-ra de Araújo, o Carlão.

O enfrentamento à instalação de agências nesses moldes é um movimen-to nacional. Uma dessas unidades em Londrina, no Paraná, já foi assaltada e funcionários foram obrigados a deitar no chão e entregar todos os pertences. Desde o dia 10 de abril, o Sindicato da região paralisou as atividades dessas agências na cidade.

Em Vitória, o Itaú implantou uma agência de negócios no Centro da Praia e outra passará a funcionar nesse mode-lo, a partir do dia 05 de maio, na Ave-nida Vitória. Em Guarapari há uma em funcionamento.

AgÊNcIA DE NEgÓcIOs DO ItAÚ FuNcIONA sEm PORtAgIRAtÓRIA

A bancária do banestes Itapemirim, maria Isabel

Pazini, fala um pouco sobre o ofício de artesã

que cultua há cinco anos

Que tipo de material você usa para produzir as peças de artesanato?

Geralmente eu uso peças em MDF. Uso também tintas, bijuterias usa-das, tecido, papel e peças recicláveis.

onde você aprendeu a fazer os objetos decorativos?

Há alguns anos, fiz uns cursos na Casa da Costura em Marataízes, e as peças de materiais recicláveis comecei a fazer sozinha.

É um trabalho que garante renda extra ou é apenas um hobby?

Um pouco das duas coisas, pois gosto muito do meu trabalho e fazer ar-tesanato é uma terapia pra mim.

Por que você gosta de traba-lhar com artesanato?

Porque cada peça que produzo faz com que eu me sinta orgulhosa, pois sei que as pessoas gostam e valo-rizam o meu trabalho, e as peças com materiais reciclados são sempre únicas.

Qual a vantagem de ter um ofício fora do banco?

No caso do artesanato, além de gerar uma renda extra, para mim é uma terapia.

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BANCÁRIO

Governo e oposiçãona batalha das CPI’s

Conjuntura

A lista de denúncias da opo-sição é longa e traz como destaque a transação co-

mercial da Petrobras na compra da refinaria de Pasadena. A refi-naria foi adquirida por US$ 1,18 bilhão, em 2006, apesar de ter sido comprada por US$ 42,5 milhões em 2005, pela Astra Oil. A ofensiva da base do governo no Congresso é a criação de uma CPI ampliada, com a apuração de denúncias que envolvem também os contratos do setor metroferroviário em São Paulo e em Brasília durante ges-tões do PSDB, além da investigação de irregularidades em obras no Porto

motivados pela disputa pré-eleitoral, governo e oposição travam nos últimos meses uma batalha no congresso Federal utilizando-se das comissões Parlamentaresde Inquérito, as famosas cPI´s.

de Suape (PE) e o superfaturamento na compra de equipamentos no Ministério de Ciência e Tecnologia, enquanto este estava sob a gestão do PSB.

sIsTEMA corroMPIDo

As CPI’s propostas atingem a partidos e candidatos à presidência de ambos os lados, e podem ser ins-trumentos reveladores dos esquemas

de corrupção dos governos. Contudo, elas têm efeito pontu-al e pouco contribuem para o combate efetivo da corrupção e para a transparência na gestão pública a longo prazo. Para o deputado federal Chico Alencar (Psol), nenhum dos governos recentes está livre de denún-cias de corrupção, uma prática favorecida pelo financiamento privado de campanha e pela influência dos grandes grupos econômicos nos processos elei-torais.

“São 20 anos de go-vernos do sociólogo Fernan-do Henrique Cardoso, do metalúrgico Lula e da ex-guerrilheira Dilma Rousseff,

que têm como resultado principal práticas clientelistas, fisiologistas e de corrupção na política. Nunca em outra época o poder econômico foi tão decisivo para definir a maioria no legislativo e no executivo, e isso está sendo naturalizado. As maiorias so-ciais não conseguem tornar-se maio-ria política nesse sistema vigente”, afirma Alencar.

A forte influência econômica dos grupos empresariais ainda é uma marca do sistema político brasileiro, norteado por troca de favores, de acusações e de alian-ças partidárias baseadas em jogo de inte-resses privados.

Segundo o deputado Chico Alencar, o financiamento público de campanha pode ser a luz no fim do túnel para esse

problema. “Já aguarda julgamento do Supremo Tribunal Federal uma ação que propõe o fim do financiamento de campa-nhas por empresários. Isso é um sinal de que até a mais alta corte do país sabe que essa presença econômica apequena nossa democracia”.

Vale destacar que, apesar das con-dições favoráveis para organizar o povo e

mudar a forma de governar, o Partido dos Trabalhadores (PT) manteve as mesmas bases e forma de fazer política que pre-valecia no país, ou seja, adotou a lógica do tucanismo, rebatida até então pelo partido. Apesar de 12 anos no poder, o PT manteve uma gestão voltada para a elite em detrimento das transformações sociais, políticas e econômicas que o país precisa.

Financiamento público de campanha deve ser debatido

vernos do sociólogo Fernan-