informaÇÕes tÉcnicas a cultura do milho pipoca … · plantas por metro linear. ... usada pelos...

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O Agronômico, Campinas, 53(2), 2001 11 O A cultura do milho pipoca no Brasil INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS milho pipoca se caracteriza por pos- suir grãos pequenos e duros que têm a capacidade de estourar quando aquecidos em torno de 180 o C, diferenciado- se, deste modo, do milho comum, perten- cente à mesma espécie botânica (Zea mays L.). Segundo informação das empresas em- pacotadoras, o consumo nacional de milho pipoca esta em torno de 80 mil toneladas, sendo que 75% desse mercado corresponde a milho pipoca americano, impor- tado principal- mente da Argen- tina. O melhora- mento de cultiva- res e o desenvolvi- mento de uma tec- nologia de produ- ção específica pa- ra o milho pipoca levaram a um aumento significativo na qualidade do pro- duto nos Estados Unidos. Este fato contri- buiu para ampla aceitação dos híbridos americanos no mercado brasileiro, tornan- do o País um importador de grãos de milho pipoca. A produção de milho pipoca prove- niente de híbridos americanos está se ex- pandindo no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul e em Goiás. O uso de híbri- dos americanos ou gerações avançadas é de alto risco e necessita de orientação de técnicos experientes com a cultura. Em geral, a planta do milho pipoca é mais sus- cetível a doenças e pragas, acamamento e quebramento do colmo e podridão de grãos, necessitando ainda de um cuidado especial na colheita e secagem dos grãos para evitar danos no pericarpo e endosperma. Cultivares O uso de cultivares de milho pipoca híbrido apresenta vantagens, pois são mais produtivas, uniformes e de melhor quali- dade que as cultivares do tipo variedade. Como ocorre em milho, as sementes de cultivares híbridas de milho pipoca podem ser utilizadas uma única vez, sendo a produção destinada exclusivamente para consumo. No Brasil, apenas sete cultivares de milho pipoca híbrido estão registradas no Sawazaki SNPC (Serviço Nacional de Proteção aos Cultivares), sendo que seis delas são de acesso restrito aos produtores parceiros das empresas detentoras de sementes. A cultivar Zélia é o único híbrido co- mercializado no Brasil, que está acessível a qualquer produtor. É um híbrido triplo, suscetível ao complexo de enfezamento, ataque da lagarta do cartucho na espiga e podridão de grãos. Em culturas bem con- duzidas, produz grãos tipo pérola de cor laranja com boa qualidade de pipoca. Os híbridos P 608, P 608 HT, P 618, P 621 e P 625, registrados pela Yoki Ali- mentos, são de acesso restrito aos parceiros da empresa. O IAC-112, um híbrido lançado pelo Instituto Agronômico, está começando a ser produzido em escala comercial para atendimento de uma parceria com uma em- presa empacotadora, a Hikari. Este híbrido apresenta maior resistência ao complexo de enfezamento, ataque da lagarta do cartu- cho na espiga e podridão de grãos. Apre- senta boa qualidade de pipoca, ficando no mesmo nível da cultivar Zélia. Entre as cultivares de milho pipoca do tipo variedade, cuja produção pode ser usa- da como semente, destaca-se a RS-20, com qualidade da pipoca equivalente aos híbri- dos, mas com baixo potencial de produção. Outra variedade promissora é a BRS-Ânge- la, muito produtiva e com boa qualidade de pipoca, mas cujos grãos brancos limitam sua utilização devido à preferência do mer- cado por grãos amarelos ou alaranjados. Técnicas de plantio A época de plantio é um fator de produ- ção muito importante para a cultura do mi- lho pipoca e depende da cultivar utilizada. Para as cultivares muito suscetíveis a doen- ças e pragas e podridão de grãos, o plantio deve ser limitado a épocas que propiciem menor incidência de doenças e de chuvas no período de pós-maturação. Nas regiões de inverno mais quente do Brasil, o plantio antecipado em maio-junho com colheita em setembro-outubro, tem proporcionado alta produtividade e excelente qualidade da pi- poca, mas com alto custo de produção devi- do à necessidade de irrigação e ao controle químico de pragas e doenças. Nas regiões de inverno mais frio, que não permitem o Híbrido IAC-112 na Holambra II (Paranapanema, SP) plantio antecipado, é indicado o plantio cedo em agosto-setembro, sob irrigação, que propicia uma boa produtividade mas com risco de perda de qualidade da pipoca, dependendo da ocorrência de excesso de chuvas no período de pós-maturação até a colheita. Para cultivares com maior resistência a doenças e pragas e podridão de grãos, o plantio pode ser efetuado em outubro/no- vembro em condições de sequeiro, com a colheita ocorrendo em fevereiro/março. Devem ser utilizados espaçamentos que propiciem maior produtividade aliada a uma boa qualidade dos grãos. Baixa den- sidade de plantas e excesso de nitrogênio favorecem o perfilhamento das plantas, que é uma característica presente na maioria das cultivares de milho pipoca. O aumento da população de plantas favorece o aca- mamento e o quebramento das plantas, de- vido ao aumento da altura das plantas e re- dução do diâmetro do colmo. A população de plantas depende da cul- tivar e da época de plantio. Para os plantios de sequeiro, a população de plantas deve ser em torno de 50 a 55 mil plantas/hectare. Isso é obtido com espaçamentos de 80 a 90 cm entre linhas, com densidade de 4 a 5 plantas por metro linear. Espaçamentos menores que 80 cm podem ser usados desde

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Page 1: INFORMAÇÕES TÉCNICAS A cultura do milho pipoca … · plantas por metro linear. ... usada pelos produtores pois tem dado bons resultados no controle da lagarta do cartu-cho. Além

O Agronômico, Campinas, 53(2), 2001 11

OA cultura do milho pipoca no Brasil

INFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICAS

milho pipoca se caracteriza por pos-suir grãos pequenos e duros que têma capacidade de estourar quando

aquecidos em torno de 180oC, diferenciado-se, deste modo, do milho comum, perten-cente à mesma espécie botânica (Zea maysL.). Segundo informação das empresas em-pacotadoras, o consumo nacional de milhopipoca esta em torno de 80 mil toneladas,sendo que 75% desse mercado corresponde

a milho pipocaamericano, impor-tado principal-mente da Argen-tina.

O melhora-mento de cultiva-res e o desenvolvi-mento de uma tec-nologia de produ-ção específica pa-ra o milho pipocalevaram a um

aumento significativo na qualidade do pro-duto nos Estados Unidos. Este fato contri-buiu para ampla aceitação dos híbridosamericanos no mercado brasileiro, tornan-do o País um importador de grãos de milhopipoca.

A produção de milho pipoca prove-niente de híbridos americanos está se ex-pandindo no Brasil, principalmente no RioGrande do Sul e em Goiás. O uso de híbri-dos americanos ou gerações avançadas éde alto risco e necessita de orientação detécnicos experientes com a cultura. Emgeral, a planta do milho pipoca é mais sus-cetível a doenças e pragas, acamamento equebramento do colmo e podridão de grãos,necessitando ainda de um cuidado especialna colheita e secagem dos grãos para evitardanos no pericarpo e endosperma.

Cultivares

O uso de cultivares de milho pipocahíbrido apresenta vantagens, pois são maisprodutivas, uniformes e de melhor quali-dade que as cultivares do tipo variedade.Como ocorre em milho, as sementes decultivares híbridas de milho pipoca podemser utilizadas uma única vez, sendo aprodução destinada exclusivamente paraconsumo.

No Brasil, apenas sete cultivares demilho pipoca híbrido estão registradas no

Sawazaki

SNPC (Serviço Nacional de Proteção aosCultivares), sendo que seis delas são deacesso restrito aos produtores parceiros dasempresas detentoras de sementes.

A cultivar Zélia é o único híbrido co-mercializado no Brasil, que está acessívela qualquer produtor. É um híbrido triplo,suscetível ao complexo de enfezamento,ataque da lagarta do cartucho na espiga epodridão de grãos. Em culturas bem con-duzidas, produz grãos tipo pérola de corlaranja com boa qualidade de pipoca.

Os híbridos P 608, P 608 HT, P 618, P621 e P 625, registrados pela Yoki Ali-mentos, são de acesso restrito aos parceirosda empresa.

O IAC-112, um híbrido lançado peloInstituto Agronômico, está começando aser produzido em escala comercial paraatendimento de uma parceria com uma em-presa empacotadora, a Hikari. Este híbridoapresenta maior resistência ao complexode enfezamento, ataque da lagarta do cartu-cho na espiga e podridão de grãos. Apre-senta boa qualidade de pipoca, ficando nomesmo nível da cultivar Zélia.

Entre as cultivares de milho pipoca dotipo variedade, cuja produção pode ser usa-da como semente, destaca-se a RS-20, comqualidade da pipoca equivalente aos híbri-dos, mas com baixo potencial de produção.Outra variedade promissora é a BRS-Ânge-la, muito produtiva e com boa qualidadede pipoca, mas cujos grãos brancos limitamsua utilização devido à preferência do mer-cado por grãos amarelos ou alaranjados.

Técnicas de plantio

A época de plantio é um fator de produ-ção muito importante para a cultura do mi-lho pipoca e depende da cultivar utilizada.Para as cultivares muito suscetíveis a doen-ças e pragas e podridão de grãos, o plantiodeve ser limitado a épocas que propiciemmenor incidência de doenças e de chuvasno período de pós-maturação. Nas regiõesde inverno mais quente do Brasil, o plantioantecipado em maio-junho com colheita emsetembro-outubro, tem proporcionado altaprodutividade e excelente qualidade da pi-poca, mas com alto custo de produção devi-do à necessidade de irrigação e ao controlequímico de pragas e doenças. Nas regiõesde inverno mais frio, que não permitem o

Híbrido IAC-112 na Holambra II(Paranapanema, SP)

plantio antecipado, é indicado o plantiocedo em agosto-setembro, sob irrigação,que propicia uma boa produtividade mascom risco de perda de qualidade da pipoca,dependendo da ocorrência de excesso dechuvas no período de pós-maturação até acolheita.

Para cultivares com maior resistênciaa doenças e pragas e podridão de grãos, oplantio pode ser efetuado em outubro/no-vembro em condições de sequeiro, com acolheita ocorrendo em fevereiro/março.

Devem ser utilizados espaçamentos quepropiciem maior produtividade aliada auma boa qualidade dos grãos. Baixa den-sidade de plantas e excesso de nitrogêniofavorecem o perfilhamento das plantas, queé uma característica presente na maioriadas cultivares de milho pipoca. O aumentoda população de plantas favorece o aca-mamento e o quebramento das plantas, de-vido ao aumento da altura das plantas e re-dução do diâmetro do colmo.

A população de plantas depende da cul-tivar e da época de plantio. Para os plantiosde sequeiro, a população de plantas deveser em torno de 50 a 55 mil plantas/hectare.Isso é obtido com espaçamentos de 80 a 90cm entre linhas, com densidade de 4 a 5plantas por metro linear. Espaçamentosmenores que 80 cm podem ser usados desde

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também mais suscetível ao ataque de nema-tóides e da larva de diabrótica. Para varie-dades ou híbridos em plantio de sequeiro,a meta de produtividade deve ser menor,atingindo de 2 a 4 t/ha, dependendo da cul-tivar, época de plantio e fertilidade do solo.

No planejamento da adubação, o pri-meiro passo é a amostragem de solo paraanálise química e correção da acidez, sehouver necessidade. De acordo com o Bo-letim 100 do IAC, temos as seguintes in-dicações para correção do solo e adubaçãode híbridos para a meta de 4 a 6 t/ha.

- Calagem: deve ser feita com base naanálise química do solo, aplicando-se cal-cário antes da safra de verão, para elevar asaturação por bases a 70% e o Mg a ummínimo de 5 mmol

c/dm3. Em solos com

mais de 50 g dm-3 de matéria orgânica, bas-ta elevar a saturação por bases a 50%.

- Adubação de plantio: aplicar de 20a 30 kg/ha de nitrogênio. Com base nosteores muito baixo, baixo, médio e alto defósforo e potássio, recomendam-se, respec-tivamente : 80, 60, 40 e 30 kg/ha de P

2O

5,

e 50, 50, 40 e 20 kg/ha de K20. Para

cultivares do tipo variedade, deve-se esco-lher uma formulação que atenda uma apli-cação de 20 kg/ha de S ou uso de sulfatode amônio em cobertura. Em solos defi-cientes em zinco e boro, recomendam-se 2a 4 kg/ha de zinco e 0,5 a 1,0 kg/ha deboro.

- Adubação de cobertura: para os so-los de alta, média e baixa resposta ao ni-trogênio, aplicar respectivamente 100, 70e 40 kg/ha de N e, para solos com teor mui-to baixo de potássio, aplicar em cobertura40 kg/ha de K

2O, trinta dias após a ger-

minação. Doses iguais ou maiores que 60kg/ha de N devem ser parceladas em duasvezes, principalmente em solos arenosos,aplicando-se a primeira no estádio de duasa três folhas completamente estendidas, ea segunda, na fase de 6-7 folhas. Sugere-se o uso de sulfato de amônio na primeiraaplicação e uréia na segunda cobertura.

Controle fitossanitário

O controle preventivo das principaispragas de solo (elasmo e lagarta rosca) epragas iniciais (lagarta do cartucho), podeser realizado com tratamento das sementescom inseticidas sistêmicos thiodicarb oucarbofuran. Para o percevejo (Dichelopssp.), uma praga muito importante em áreasde rotação com soja, recomenda-se o trata-mento de sementes com imidaclorprid oupulverização logo após emergência dasplantas com methamidophos. Para larvade Diabrotica sp , uma praga importanteem áreas de rotação com gramíneas, reco-menda-se a pulverização do sulco de plan-

Perfilhamento: característica daplanta de milho pipoca

tio com inseticidas fipronil ou clorpirifós.

A lagarta do cartucho é uma das pragasmais importante do milho. Recomenda-seo controle através da pulverização em altovolume, com bico tipo leque quando a po-pulação da praga atingir nível de dano eco-nômico (20% de plantas atacadas). Comoa planta do milho pipoca é super-precoce emais suscetível ao ataque da lagarta do car-tucho, deve-se fazer seu controle até o iníciodo pendoamento ou até quando for possívela entrada do pulverizador na lavoura. Su-gerimos o uso de clorpirifós na primeiraaplicação (20 a 30 dias após o plantio) einseticidas piretróides e fisiológicos nasdemais aplicações. A mistura de inseticidaspiretróides mais fisiológicos tem sido muitousada pelos produtores pois tem dado bonsresultados no controle da lagarta do cartu-cho. Além disso, não mata tesourinhas evespinhas, inimigos naturais dessa praga.

Inspeções periódicas da lavoura contri-buem para maior eficiência do controle quí-mico da lagarta do cartucho, cujo controledeve ser iniciado antes que as lagartas sealojem dentro do cartucho. Aumenta-se aeficiência do controle utilizando dois bicosem leque de alto volume por linha de milhoe com uso de produtos seletivos, que nãoafetem os inimigos naturais.

Uma rotação de cultura adequada ame-niza ou evita os problemas de pragas edoenças na cultura do milho pipoca. Emáreas de alta população de Diabrótica spp,deve se evitar o plantio do milho pipocaem rotação com gramíneas. Em áreas in-festadas por nematóides (Pratylenchus

IAC-112: boa resistência aoenfezamento e pragas

que seja mantida a população de plantasrecomendada e que o produtor tenhaplataforma da colhedeira adequada paraespaçamentos menores. Para plantioantecipado e cedo pode ser utilizada maiorpopulação de plantas, diminuindo-se oespaçamento entre linhas.

A quantidade de sementes necessáriapara se obter uma densidade adequada deplantas depende do tamanho da sementeutilizada. Por exemplo, com referência aohíbrido IAC 112, a necessidade de sementesé de 7, 8, 9 e 10 kg/ha para os tamanhos depeneira 13, 14, 15 e 16 respectivamente.Omilho pipoca apresenta sementes miúdas epara obtenção da população de plantas de-sejada com um espaçamento uniforme entreplantas, é recomendado o uso de semea-doras pneumáticas. Para plantadoras comdistribuição das sementes por discos a dis-tribuição é mais desuniforme, sendo impor-tante a utilização do disco adequado a cadatamanho de semente.Independente do tipode semeadora consegue-se maior unifor-midade na distribuição das sementes embaixa velocidade de plantio.

Adubação

Além de afetar a produtividade, umaadubação correta contribui para uma boaqualidade dos grãos. Ela deve ser bem equi-librada em macro e micro nutrientes, levan-do-se em conta que os híbridos de milhopipoca, em áreas irrigadas e em épocasfavoráveis, podem produzir 4 a 6 t/ha degrãos. Além disso, a planta é menos rústicaque o milho comum, apresentando um sis-tema radicular menos desenvolvido, sendo

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spp., Helicotylenchus spp,), principalmen-te em plantio direto deve ser feita a rotaçãocom culturas que sejam más hospedeiraspara esses nematóides. As doenças foliarese de colmo podem ocorrer com menor seve-ridade nas culturas de milho implantadasem rotação com outras espécies de cultura

Controle de ervas daninhas

Para se obter boa qualidade dos grãos,a cultura do milho pipoca deve ser mantidano limpo até a colheita, mediante o uso decontrole químico ou mecânico.

O controle preventivo de ervas daninhaspode ser feito com uso de herbicida seletivopara a cultura do milho para aplicação empré-emergência, como atrazine+meto-lachlor. Devido à limitação do período deaplicação (da semeadura ao início da emer-gência do milho pipoca), têm sido mais usa-dos os herbicidas em aplicação de pós-emergência do milho e com as ervas dani-nhas em fase inicial de crescimento (até 3perfilhos). Em áreas de plantio direto ondese tem boa cobertura morta, o uso de herbi-cidas em pós-emergência tem sido mais efi-ciente. Para aplicação em pós-inicial a pós-normal, pode ser utilizada atrazine ou amistura de atrazine+simazine, dependendoda população de ervas existentes. Para pós-tardio, com as ervas daninhas mais desen-volvidas (mais de três perfilhos), recomen-da-se o uso de atrazine+nicosulfuron. Paraa cultivar IAC 112 tem-se utilizado até cer-ca de 0,6 l/ha de nicosulfuron, em misturacom atrazine.

O controle mecânico, em áreas ondenão se utilizou herbicida residual, pode serfeito mediante dois cultivos rasos: o pri-meiro aos 20 a 30 dias após a emergênciae o segundo logo após a adubação de cober-tura, que também promove a incorporaçãodo adubo nitrogenado.

Colheita e cuidados pós-colheita

A colheita deve ser iniciada quando osgrãos estiverem com cerca de 17% deumidade, utilizando regulagem e velocida-

de de trilhagem que causem o mínimo dedano mecânico nos grãos. É importantetambém verificar se as perdas de grãos es-tão dentro de limites aceitáveis. A diminui-ção da rotação de trilhagem aumenta a per-da de grãos, diminuindo a eficiência da de-bulha das espigas. A limpeza da colhedeirae dos veículos usados para transporte dosgrãos é importante para manter a limpezae pureza dos grãos colhidos. As colhedeirastipo axial são as mais indicadas para colhei-ta de milho pipoca. O emborrachamentodo cilindro batedor ou das gengivas é reco-mendado como uma forma de se evitar da-nos mecânicos na colheita.

A secagem é muito importante para aqualidade do milho pipoca, sendo que aumidade ideal dos grãos para comercializa-ção deve estar em torno de 13,5% (métodouniversal), o que proporciona alta capaci-dade de expansão. Processos de secagemrápida com altas temperaturas causam trin-camento do endosperma, depreciando aqualidade e capacidade de expansão da pi-poca. Recomendam-se processos de seca-gem lenta a baixa temperatura (< 35oC),utilizando fonte de calor indireto ou a gás,que não deixam odor nos grãos. Silos seca-dores têm sido amplamente utilizados parasecagem e armazenamento dos grãos demilho pipoca. É importante que estes silosaerados tenham uma fonte de aquecimentodo ar injetado e um sistema para movimen-tação contínua dos grãos no seu interior.Estes silos também servem para armaze-namento dos grãos mantendo sua umi-dade dentro dos limites que proporcionammáxima capacidade de expansão da pipo-ca.

A limpeza e classificação é fundamentalpara a comercialização de milho pipoca.Isso deve ser feito para que os grãos tenhamqualidade visual e alta capacidade de ex-pansão. A qualidade visual é dada pela lim-peza, brilho, uniformidade no tamanho ecor dos grãos. A presença de grãos comdanos mecânicos, endosperma trincado,atacado por pragas ou fungos, ardidos emanchados depreciam a qualidade dapipoca.

Armazenamento e controlede qualidade

Antes do armazenamento é necessáriorealizar o expurgo com fosfeto de alumínio,por um período mínimo de cinco dias (tem-peratura ambiente >25oC), até um máximode 10 dias (temperatura ambiente de 15 a20oC). Para temperatura ambiente abaixode 15oC não se recomenda o expurgo. Oexpurgo deve ser repetido periodicamenteou após constatação de caruncho vivo nasinspeções.

O armazenamento após secagem contri-bui para a uniformização dos grãos quantoao teor de água, proporcionando maior ca-pacidade de expansão da pipoca. Para queos grãos fiquem com o teor de umidade emtorno de 13,5%, a temperatura e a umidaderelativa do ambiente (silo ou armazém) de-vem ser mantidas em torno de 23oC e de70-75% respectivamente. O armazena-mento em silos aerados, que permitem ocontrole da umidade dos grãos e facilitamo expurgo, é mais eficiente. Neste tipo desilo, o controle da umidade dos grãos du-rante o armazenamento pode ser obtido fa-cilmente através da aeração em função daumidade relativa do ar. No armazenamentoda produção em barracões é importante aescolha do local, que deve ser fresco e areja-do e livre de roedores. As pilhas das saca-rias devem ser dispostas de modo a facilitaro expurgo.

O parâmetro que melhor avalia a quali-dade da pipoca é a capacidade de expansão(CE) dos grãos quando estourados. Este pa-râmetro pode ser estimado de dois modos:pelo volume de pipoca em relação ao pesodos grãos (usualmente expresso em ml/g)e pelo volume de pipoca em relação ao vo-lume dos grãos (ml/ml). A relação volume/volume está sujeita a mais variações devidoà falta de precisão ao se medir o volume daamostra. Os valores da CE obtidos pelosdois processos são diferentes, sendo menorna relação volume/volume. O equipamentopadrão de avaliação da CE é o pipocadorda Cretors que utiliza amostra de 250 gra-mas de grãos. Vários outros pipocadorespodem ser utilizados, mas com uma preci-são menor. O valor da CE para uma pipocade boa qualidade deve estar acima de 32ml/g. Para pipoca de microondas, o valorda CE deve ser acima de 39 ml/g.

Milho pipocaIAC-112 produzgrãos de boaqualidade

Eduardo SawazakiIAC - Centro de Plantas GraníferasFone (19) 3241-5188, Ramal 326Endereço eletrônico: [email protected]