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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULOESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS

    INSTITUTO DE FSICA DE SO CARLOS

    INSTITUTO DE QUMICA DE SO CARLOS

    A A

    INFLUENCIA DE PARAMETROS DE PROCESSO NOCRESCIMENTO DE TRINCAS CURTAS POR FADIGAEM CAMADA CEMENTADA DO AO DIN 20MnCr5

    MAURCIO CARVALHO DA CUNHA

    Dissertao apresentada rea Interunidades emCincia e Engenharia de Materiais dos Institutos deFsica e Qumica e da Escola de Engenharia de SoCarlos - Universidade de So Paulo, como parte dosrequisitos para a obteno do Ttulo de Mestre emCincia e Engenharia de Materiais.

    ORIENTADORA: Prat. Dra. Lauralice de Campos F. Canale

    So Carlos2000

  • CIsM. 11'-:S/~ . S f:'~C

    Qutt. ), '.( ,:J.k.

    C972i

    I

    Ficha catalogrfica preparada pela Seo de Tratamento

    da Informao do Servio de Biblioteca - EESClUSP

    Cunha, Maurcio Carvalho daInfluncia de parmetros de processo no crescimento

    de trincas curtas por fadiga em camada cementada doao DIN 20MnCr5 / Maurcio Carvalho da Cunha. -- SoCarlos, 2000.

    Dissertao (Mestrado) -- Escola de Engenharia deSo Carlos-Universidade de So Paulo, 2000.

    rea: Cincia e Engenharia de Materiais.Orientador: Profa. Dra. Lauralice de Campos F.

    Canale.

    1. Cementao. 2. Jateamento por granalhas.3. Revenimento. 4. Oxidao intergranular.5. Propagao de trincas curtas por fadiga. I. Ttulo.

  • UNIVERSlIlADE DE SO PAULO

    Cincia e Engenharia de MateriaisCaixa Postal 369 - CEP 13560-970 - So Carlos-SP - Brasil

    Tel: (OxxI6) 2739589/ Ft'x: ((Jx.d6) 2739777 E-maU: er;clI(a)i(.!lc.wi/J.br

    MEMBROS DA COMISSO JULGADORA DA DISSERTAO DE MESTRADO, ~DE MAURICIO CARVALHO DA CUNHA, APRESENTADA A AREA

    ....

    INTERUNIDADES EM CIENCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS, DA EESC-

    IFSC-IQSC, UNIVERSIDADE DE SO PAULO, EM 09/06/2000.

    COMIssO JULGADORA:

    ~~~~------------------------------------------------------------------------------------ -------

    Prafa. Dra. Laura/ice de Campos Franceschini Cana/e - Orientadora(EESC/USP)

    L 10 r- J 0.-----------------~-----~--~--------------------------------------------------Prafa. Dra. Mario Cloro Filippini Ierordi (UNICAMP)

    J' L. , I J' I{. J; .ri /)~~;~~~~-j;~-~k;-~~-~;-~~~~;----------------------------------

  • Aos meus pais e irmos,e Ana Cludia.

  • AGRADECIMENTOS

    Professora Lauralice de Campos Franceschini Canale pela orientao e

    apoio durante a elaborao deste trabalho.

    A todos os professores do Departamento de Materiais, Aeronutica e

    Automobilstica da EESC-USP, que contriburam para a realizao deste trabalho.

    Mercedes-Benz do Brasil pela oportunidade e incentivo pesquisa e

    desenvolvimento, em particular aos colaboradores: Ricardo Przadka, Osvaldo Facini

    e Jos de Carlos do GET~Adelino Peters, Paulo Mendes, Renato Bueno e Jos Rocha

    do GED~Mauro Paraso, Charles Conconi, Roque, Virdulino e Eizi do CTQ.

    Jos Cndido de Souza Neto, da EATON, pelas medidas de tenso residual.

    A todos os colegas e funcionrios do Departamento de Materiais, Aeronutica

    e Automobilstica da EESC-USP, pela amizade e apoio.

    Coordenadoria de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior - CAPES,

    pela bolsa de estudo concedida.

  • suMRIo

    LISTA DE FIGURAS .

    LISTA DE TABELAS 0 VI

    LIST A DE ABREVEATURAS, SIGLAS E SMBOLOS Vl1l

    RES UMO o Xl

    AB STRA CT o o Xll

    1 INTRODUO 1

    2 REVISO BffiLIOGRFICA. 3

    2.1 Cementao - processo o 32.1.1 Cementao gasosa 52.1.2 Camada cementada 7

    2.2 Revenimento 10

    2.2.1 O processo de revenimento em peas cementadas 112.2.2 Estgios de revenimento 122.2.3 Propriedades mecnicas afetadas pelo revenimento 14

    2.3 Jateamento por granalhas 172.3.1 Transformao microestrutural da austenita retida em martensita devido

    ao jateamento 182.3.2 Influncia do jateamento no crescimento de trincas e em fadiga 19

    2.4 Oxidao intergranular 222.4.1 Influncia da oxidao intergranular na dureza e na resistncia fadiga 242.4.2 Precaues para evitar a oxidao intergranular 26

    2.5 Microestrutura e elementos de liga 282.5.1 Microestrutura 28

    2.5.2 Influncia do tamanho de gro da microestrutura no desempenho de umao cementado 30

    2.5.3 Influncia da austenita retida no desempenho de um ao cementado 312.5.4 Elementos de liga o 34

    2.6 Comportamento em fadiga de aos cementados 372.6.1 Fadiga dos metais 372.6.2 Fadigas de alto e baixo ciclo 372.6.3 Fatores que afetam a tdiga por tlexo no ao cementado 38

  • 2.7 Iniciao e propagao de trincas por fadiga em aos cementados 412.7. 1 Iniciao intergranular e transgranular 412.7.2 Fatores relacionados com a iniciao e propagao de trincas 412.7.3 Zonas de fratura 42

    2.8 Mecnica da fratura aplicada tdiga 452.8.1 Relao da mecnica da fratura com a taxa de crescimento de trincas 472.8.2 Trincas curtas 49

    3 MATERIAIS E MTODOS 51

    3. 1 Corpos de prova 513.2 Tratamento trmico 53

    3.2.1 Cementao e tmpera 533.2.2 Ciclos de tratamento trmico 563.2.3 Revenimento 58

    3.3 Jateamento por granalhas 593.4 Anlise metalogrfica 603.5 Medidas de dureza e microdureza 613.6 Medidas de tenso residual.. 62

    3.7 Ensaio de fadiga por flexo 623.8 Propagao de trincas curtas 653.9 Anlise da superficie fraturada 66

    4 RES UL T ADOS 67

    4.1 Anlise do ao DIN 20MnCr5 como recebido 674.1.1 Dureza superficia1. 684.1.2 Microestrutura 68

    4.2 Anlise do tamanho de gro austentico aps tratamento trmico 684.3 Anlise dos resultados dos corpos de prova que passaram pelo jateamento por

    granalhas 724.3.1 Dureza superficia1. 724.3.2 Perfil de microdureza 73

    4.3.3 Tenso residual superficial.. 764.3.4 Microestrutura 77

    4.3.5 Fadiga por flexo em quatro pontos e crescimento de trincas curtassuperficiais 80

    4.3.6 Anlise das superficies fraturadas por macrogratias 914.3.7 Anlise das superticies fraturadas por microscopia eletrnica de varredura

    (MEV) 934.4 Anlise dos resultados dos corpos de prova que passaram por diferentes

    temperaturas de revenimento 974.4.1 Dureza superficia1. 974.4.2 Microestrutura 98

    4.4.3 Fadiga por flexo em quatro pontos e crescimento de trincas curtassuperticiais 100

    4.4.4 Anlise das superficies fraturadas por macrografias 1074.4.5 Anlise das superficies fraturadas por microscopia eletrnica de varredura

    (MEV) 1094.5 Anlise dos resultados dos corpos de prova com diferentes profundidades de

  • 'd - . IOXl aao lntergranu ar .4.5.1 Dureza superficiaL .4.5.2 Microestrutura .

    4.5.3 Fadiga por flexo em quatro pontos e crescimento de trincas superficiais ..4.5.4 Anlise das superf1cies fraturadas por macrogratias .4.5.5 Anlise das superficies fraturadas por microscopia eletrnica de varredura

    (ME V) .

    5 DISCUSSO .5.1 Material como recebido .

    5.2 Anlise do tamanho de gro austentico aps tratamento trmico .5.3 Corpos de prova que passaram pelo jateamento de granalhas .

    5.3.1 Dureza superficial e perfil de microdureza .5.3.2 Tenso residual superficiaL .5.3.3 Microestrutura .

    5.3.4 Fadiga por flexo em quatro pontos e crescimento de trincas curtassuperficiais .

    5.3.5 Anlise das superflcies fraturadas por macrografias e por MEV .5.3 Corpos de prova que passaram por diferentes temperaturas de revenimento .

    5.3. 1 Dureza superficiaL .5.3.2 Microestrutura .

    5.3.3 Fadiga por flexo em quatro pontos e crescimento de trincas curtassuperficiais .

    5.3.4 Anlise das superficies fraturadas por macrografias e por MEV. .5.4 Corpos de prova com diferentes profundidades de oxidao intergranular .

    5.4.1 Dureza superficial e microestrutura .5.4.2 Fadiga por flexo em quatro pontos e crescimento de trincas curtas

    superficiais .5.4.3 Anlise das superficies fraturadas por macrografias e por MEV .

    5.5 Consideraes finais .

    113113114115120

    120

    122122122123123123124

    125126127127127

    128129130130

    130131131

    6 CONCLUSES 133

    7 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS 134

    REFERNCIAS BffiLIOGRFICAS 135

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 - Diagrama ilustrativo mostrando os tratamentos de cementao, tmperae revenimento, com os respectivos tempos e temperaturas .

    Figura 2.2 - Relao entre o ponto de orvalho e a porcentagem de dixido decarbono em uma atmosfera endotrmica .

    Figura 2.3 - Relao entre o ponto de orvalho e a quantidade de carbono superficialpara um ao carbono cementado em diferentes temperaturas .

    Figura 2.4 - Dureza mxima obtida aps tmpera em funo da quantidade decarbono .

    Figura 2.5 - Perfis de microdureza obtidos aps tmpera para 3 tempos decementao .

    Figura 2.6 - Curvas mostrando a variao do perfil de dureza de um ao-carbonocementado temperado, revenido 150C e revenido 2000C .

    Figura 2.7 - Dureza da martensita revenida em funo da porcentagem de carbono.. d'para varIas temperaturas e revemmento .

    Figura 2.8 - Formao de carbetos de transio X e & e de cementita e durante asfases de revenimento .

    Figura 2.9 - Influncia da temperatura do primeiro estgio de revenimento sobre adureza de vrios aos .

    Figura 2.10 - Intluncia da temperatura de revenimento no limite de fadiga porflexo de vrios aos .

    Figura 2.11 - Influncia do jateamento por granalhas no comportamento de tdigade um ao SAE 4028 cementado .

    Figura 2.12 - Influncia do jateamento por granalhas no crescimento de trincassuperficiais .

    Figura 2.13 - Potencial de oxidao de vrios metais .

    4

    6

    7

    8

    9

    10

    12

    13

    14

    15

    17

    19

    23

  • ii

    Figura 2.14 - Regio superficial de um ao cementado afetada pela oxidaointergranular 23

    Figura 2.15 - Reduo do limite de fadiga por flexo devido ao aumento dad - o l' d 13 25OXI aao mtergranu ar aCIma e llm .

    Figura 2.16 -lnfluncia da temperatura e do tempo de cementao na profundidadeda oxidao intergranular 27

    Figura 2.17 - Diagrama Ferro-Carbono mostrando as microestruturas formadas apsa tmpera 29

    Figura 2.18 - Diagrama mostrando um ciclo de tratamento trmico em particular oreaquecimento anterior tmpera que provoca um refinamento dos grosaustenticos 3O

    Figura 2.19 - Influncia da austenita retida e do tamanho de gro austentico nolimite de fadiga de um ao cementado e temperado 33

    Figura 2.20 - Relao entre a porcentagem de carbono e a dureza superficial apstmpera direta de vrios aos DIN 34

    Figura 2.21 - Curva tenso x nmero de ciclos, S-N 38

    Figura 2.22 - Desenho esquemtico mostrando as zonas de fratura por fadiga em umao cementado submetido flexo 43

    Figura 2.23 - Modos de deformao aplicados mecnca da fratura 46

    Figura 2.24 - Comportamento do crescimento de trincas por fadiga 48

    Figura 2.25 - Comportamento do crescimento de trincas curtas comparada ao detrincas longas 50

    Figura 3.1 - Esboo da vista lateral em corte do pinho e dos corpos de prova 51

    Figura 3.2 - Pinho e diversos corpos de prova nas diferentes fases de confeco 52

    Figura 3.3 - Esquema do corpo de prova e suas dimenses 53

    Figura 3.4 - Corpos de prova colocados numa bandeja junto coroas de diferencialantes da entrada no fomo para cementao 54

    Figura 3.5 - Fomo de cementao gs AICHELIN e suas seis zonas principais 54

    Figura 3.6 - Equipamento de jateamento por granalhas com base giratria 60

    Figura 3.7 - Ensaio de tdiga em quatro pontos 63

  • 111

    Figura 3.8 - a) Distribuies das tenses de trao e compresso em uma barraflexionada. b) Distribuio das foras cortantes e momentos em um ensaio de flexo

    quatro pontos 64

    Figura 4.1 - Microestrutura do ao DIN 20MnCr5 como recebido 69

    Figura 4.2 - Contorno de gro austentico de camada cementada 70

    Figura 4.3 - Porcentagem dos tamanhos de gro detectada pelo programa de anlisede imagem para os gros da camada cementada 71

    Figura 4.4 - Dureza superficial em funo do tempo de jateamento 72

    Figura 4.5 - Perfil de dureza para 2 horas de jateamento 73

    Figura 4.6 - Perfil de dureza para 30 minutos de jateamento 74

    Figura 4.7 - Perfil de dureza para 5 minutos de jateamento 74

    Figura 4.8 - Perfil de dureza para amostra no jateada 75

    Figura 4.9 - Perfil de dureza para amostrasjateadas por 2 horas e semjateamento ..... 75

    Figura 4.10 - Variao da tenso residual pelo tempo de jateamento 76

    Figura 4.11 - Microestrutura do ao DIN 20MnCr5 aps tratamento trmicoa) Microestrutra da camada cementada. b) Microestrutura do ncleo 78

    Figura 4.12 - Oxidao intergranular presente no ao aps os tratamentos 79

    Figura 4.13 -Curva S-N para os corpos de prova do ao 20MnCr5 cementado,temperado, revenido 1600C e sem jateamento 81

    Figura 4.14 -Crescimento de trinca registrada por rplicas de acetato em um corpode prova revenido 160C e sem jateamento 83

    Figura 4.15 - Crescimento de trincas para amostras jateadas por duas horas 84

    Figura 4.16 - Crescimento de trincas para amostras jateadas por uma hora 85

    Figura 4.17 - Crescimento de trincas para amostras jateadas por 30 minutos 86

    Figura 4.18 - Crescimento de trincas para amostras jateadas por 15 minutos 87

    Figura 4.19 - Crescimento de trincas para amostras j ateadas por 5 minutos 88

    Figura 4.20 - Crescimento de trincas para amostras sem jateamento 89

  • iv

    Figura 4.21 - Resultados comparativos do crescimento de trincas para todos ostempos de jateamento 90

    Figura 4.22 - Macrografias das superficies fraturadas. a) Amostrajateada por 2horas. b) Amostra sem jateamento 92

    Figura 4.23 - Regio fraturada prxima superficie. Fratura intergranular.a) Amostra jateada por 2 horas. b) Amostra no jateada 94

    Figura 4.24 - Regio de interface camada cementada-ncleo com fraturatransgranular e coalescncia de microcavidades. a) Amostra jateada por 2 horas.b) Amostra no jateada 95

    Figura 4.25 - Regio do ncleo da amostra com fratura final dctil. Fratura decoalescncia de microcavidades. a) Amostra jateada por 2 horas. b) Amostra noj ateada 96

    Figura 4.26 - Variao da dureza superficial devido s mudanas na temperatura derevenimento. A temperatura de revenimento O representa o material no revenido .... 97

    Figura 4.27 - Microestrutura do ao DIN 20MnCr5 aps tratamento trmico. AtaquenitaI2%. a) Microestrutra da camada cementada. b) Microestrutura doncleo 99

    Figura 4.28 - Oxidao intergranular presente no ao aps o revenimento 100

    Figura 4.29 - Crescimento de trincas para amostras no revenidas 102

    Figura 4.30 - Crescimento de trincas para amostras revenidas 1200C 103

    Figura 4.31 - Crescimento de trincas para amostras revenidas 160C 104

    Figura 4.32 - Crescimento de trincas para amostras revenidas a 250C 105

    Figura 4.33 - Resultados comparativos para diferentes temperaturas derevenimento 106

    Figura 4.34 - Macrografia da superficie fraturada de um corpo de prova semrevenir. 107

    Figura 4.35 - Macrografia da supertlcie fraturada de um corpo de prova revenido 120C 108

    Figura 4.36 - Macrografla da superficie fraturada de um corpo de prova revenido 160C 108

    Figura 4.37 - Macrografia da superficie fraturada de um corpo de prova revenido 250C 109

  • v

    Figura 4.38 - Regio fraturada prxima supert1cie. Fratura intergranular.a) Amostra revenida 2500C. b) Amostra revenida 160C. 110

    Figura 4.39 - Regio de interface camada cementada-ncleo com fraturaintergranular, transgranular e coalescncia de microcavidades. a) Amostra revenida 2500C. b) Amostra revenida 160C 111

    Figura 4.40 - Regio do ncleo da amostra com fratura final dctil. Fratura decoalescncia de microcavidades. a) Amostra revenida 250C. b) Amostra revenida 160C 112

    Figura 4.41 - Oxidao intergranular de aproximadamente 10 llm 114

    Figura 4.42 - Oxidao intergranular de aproximadamente 20 llm 115

    Figura 4.43 - Crescimento de trincas para amostras com 20 llm de oxidao 117

    Figura 4.44 - Crescimento de trincas para amostras com 10 llm de oxidao 118

    Figura 4.45 - Resultados comparativos para diferentes profundidades de oxidao .... 119

    Figura 4.46 - Regio fraturada prxima superficie. Amostra com 20 llm deoxidao 121

    Figura 4.47 - Regio fraturada prxima superficie. Amostra com 10 llm deoxidao 121

  • VI

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 - Composio qumica do ao 20MnCr5 conforme a norma para aos decementao DIN 17210 .

    Tabela 3.2 - Ciclo de tratamento trmico para o conjunto de corpos de provautilizados no estudo da intluncia do jateamento por granalhas .

    Tabela 3.3 - Ciclo de tratamento trmico para o conjunto de corpos de provautilizados no estudo da influncia de diferentes temperaturas de revenimento .

    Tabela 3.4 - Ciclo de tratamento trmico para o conjunto de corpos de provautilizados no estudo da influncia da oxidao intergranular.. .

    Tabela 3.5 - Temperatura de revenimento para o conjunto de corpos de provautilizados no estudo da influncia de diferentes temperaturas de revenimento .

    Tabela 3.6 - Tempo de jateamento para os conjuntos de corpos de prova .

    Tabela 3.7 - Carga mxima (Pmax), tenso mxima (crmax), amplitudes de tenso(L\cr) e razo de tenses (R=crmin/crmax) utilizados .

    Tabela 4.1 - Anlise qumica do ao DIN 20MnCr5 utilizado no estudo da oxidaointergranular .

    Tabela 4.2 - Anlise qumica do ao DIN 20MnCr5 utilizado no estudo do. d .reverumento e o Jateamento .

    Tabela 4.3 - Dureza superficial para os corpos de provajateados .

    Tabela 4.4 - Vida total (Nt) e amplitude de tenso (L\cr) para o ensaio de tdigainiciaL .

    Tabela 4.5 - Vida total (Nf) para o ensaio de fadiga dos corpos de provajateados .....

    Tabela 4.6 - Temperatura de revenimento por dureza superficiaL .

    53

    57

    57

    58

    59

    59

    65

    67

    67

    72

    80

    82

    97

    Tabela 4.7 - Vida total (Nt) para o ensaio de fadiga dos corpos de prova revenidos ... 101

  • vii

    Tabela 4.8 - Dureza superficial para diferentes profundidades de oxidaointergranular. 113

    Tabela 4.9 - Vida total (Nf) para o ensaio de fadiga dos corpos de prova comoxidao intergranular 116

  • LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    V1l1

    daldN

    d2c/dN

    2c

    2Cmdio

    'Y

    X

    8

    J..Lm

  • IX

    Kmin

    K

    Kc

    HB

    HRB

    HRC

    HV

    AISI

    ASM

    ASTM

    b

    C

    DIN

    h

    American lron and Steellnstitute

    American Society for MetaIs

    American Society for Testing and MateriaIs

    largura do corpo de prova

    fator de geometria do material e da trinca/constante de Paris

    Deutsches lnstitut fur Normung

    altura do corpo de prova

    dureza Brinell

    dureza Rockwell B

    dureza Rockwell C

    dureza Vickers

    fator de intensidade de tenso

    fator de intensidade de tenso crtico

    fator de intensidade de tenso do modo I

    fator de intensidade de tenso mnimo

    fator de intensidade de tenso mximo

    distncia entre apoios internos

    L distncia entre apoios externos

    m inclinao da reta

    mm milmetros

    Ms temperatura de incio da formao de martensita

    Mf temperatura final da formao de martensita

  • MEV microscopia eletrnica de varredura

    MTS Material Testing System

    N nmero de ciclos

    Nr vida total

    P carga

    Pmin carga mnima

    PmlX carga mxima

    P.o. ponto de orvalho

    R razo de tenses/razo do fator de intensidade de tenses

    SAE Society of Automotive Engineers

    S-N curva tenso-vida

    Z zonas do fomo de cementao

    x

  • Xl

    RESUMO

    CUNHA, M.C. Influncia de parmetros de processo no crescimento de trincascurtas por fadiga em camada cementada. So Carlos, 2000. 142p. Dissertao(Mestrado) - rea lnterunidades em Cincia e Engenharia de Materiais,Universidade de So Paulo.

    Os tratamentos de cementao, tmpera, revenimento e jateamento por

    granalhas so muito utilizados na produo seriada de peas da indstria

    automobilstica, como engrenagens e eixos. Variaes destes processos podem

    influenciar a vida em fadiga por flexo dos componentes descritos. O objetivo deste

    trabalho foi estudar a influncia de variaes no tempo de jateamento por granalhas,

    variaes na temperatura de revenimento e de diferentes profundidades de oxidao

    intergranular, no crescimento de trincas curtas por fadiga na camada cementada do

    ao DIN 20MnCr5. Para isso foram feitos ensaios de fadiga por flexo em quatro

    pontos, utilizando corpos de prova de seo retangular e sem entalhe. Para o

    acompanhamento do crescimento de trincas curtas foi utilizado o mtodo de rplicas

    de acetato. Foram estudados seis nveis de jateamento, quatro nveis de revenimento

    e dois nveis de oxidao intergranular. Como resultados principais, foram obtidas

    curvas de comprimento de trinca por nmero de ciclos e taxa de crescimento de

    trinca por tamanho mdio da trinca. Amostras jateadas entre trinta minutos e uma

    hora, revenidas 160C e com oxidao intergranular por volta de dez mcrons,

    apresentaram os melhores resultados em relao vida em fadiga.

    Palavras-chave: cementao; jateamento por granalhas; revenimento; oxidao

    intergranular; propagao de trincas curtas por fadiga.

  • xii

    ABSTRACT

    CUNHA, M. C. The influence of manufacturing process parameters on short fatiguecrack growth in a carburized case. So Carlos, 2000. 142p. Dissertao (Mestrado)- rea Interunidades em Cincia e Engenharia de Materiais, Universidade de SoPaulo.

    Carburizing, quenching, tempering and shot peening treatments are often used

    in mass production of automotive parts, such as gears and shafts. Changes in these

    treatments can influence the bending fatigue life of these parts. The purpose of this

    study was to measure the influence of different shot peening times, different

    tempering temperature and different internal oxidation depths, on the short fatigue

    crack growth in case carburized DIN 20MnCr5 steel. Four-point-bend fatigue tests

    were carried out in rectangular section specimens without notch. The surface short

    crack growth was monitored by means of acetate replication technique. Six levels of

    shot peening, four levels of tempering temperatures and two levels of internal

    oxidation were studied in this work. Crack length versus number of cycles and crack

    growth rate versus mean crack length were obtained as principal results. Shot

    peening from 30 minutes to one hour, tempering at 160C and a lO~m depth of

    internal oxidation showed the best results in fatigue life.

    Keywords: carburizing; shot peening; tempering; internal oxidation; short fatigue

    crack propagation.

  • 1INTRODUO

    Os tratamentos termoqumicos so bastante usados quando se deseja reunir

    num nico componente as propriedades de alta dureza superficial com ncleo tenaz,

    requisitos necessrios para peas que trabalham com solicitaes de choque e

    desgaste.

    H diversos tipos de tratamentos onde o aumento da dureza superficial

    obtido atravs da introduo, por difuso, de elementos qumicos que se combinaro

    com os elementos que compe o ao, gerando intermetlicos de alta dureza.

    Segundo CHIAVERINI (1985), tais tratamentos podem ser feitos em meios

    slidos, lquidos ou gasosos. Em funo destes meios e das reaes qumicas que

    ocorrem, os tratamentos termoqumicos mais comuns so:

    - Cementao: o elemento principal deste tratamento o carbono que

    adicionado a um metal de baixo carbono atravs da cementao slida,

    lquida ou gasosa;

    - Nitretao: neste tratamento, o endurecimento superficial promovido pelo

    nitrognio que se combina com elementos presentes no ao e forma nitretos

    de elevadas dureza e resistncia ao desgaste;

    - Sulfonitretao: uma varivel da nitretao que consiste em adicionar-se

    enxofre, alm de nitrognio e carbono;

    - Cianetao: adiciona-se carbono e nitrognio na superficie;

    - Carbonitretao: uma modificao da cementao a gs, pois a atmosfera

    cementante neste caso enriquecida com amnia;

  • 2

    - Boretao: neste processo o elemento endurecedor o boro que se difunde

    pelo ao formando o boreto de ferro.

    Para engrenagens, eixos e outros elementos de transmisso, a cementao o

    processo de tratamento termoqumico mais utilizado para a obteno das

    caractersticas mecnicas necessrias. Segundo DIESBURG (1978) a cementao

    tem sido usada para melhorar a durabilidade de componentes de ao sujeitos

    tenses de flexo repetidas. A introduo de carbono na superficie de aos, de

    maneira controlada, combinada com os subsequentes tratamentos de tmpera e

    revenimento, aumentam significativamente o limite de resistncia fadiga do

    material. GENEL & DEMIRKOL (1999) explicam que as superficies das estruturas

    so as regies mais susceptveis para a fadiga por fratura, e as trincas por fadiga so

    geralmente iniciadas na superficie. Neste processo, as trincas curtas apresentam um

    comportamento diferente quando comparadas s trincas longas.

    o objetivo deste trabalho estudar a influncia de tratamentos trmicos e

    superficiais no crescimento de trincas curtas. Sero verificados como o jateamento

    por granalhas, variaes na temperatura de revenimento e a oxidao intergranular,

    influenciam as propriedades de fadiga por flexo em camada cementada do ao DIN

    20MnCr5, atravs do estudo do crescimento de trincas curtas.

    o trabalho, feito em conjunto com a Mercedes-Benz do Brasil, foi realizadoutilizando-se o mesmo ao de coroas e pinhes de diferencial de caminhes, e as

    amostras foram tratadas da mesma maneira que as peas produzidas na indstria,

    visando obter resultados que possam ser aplicados.

  • 3

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Cementao - processo

    A cementao um processo termoqumico que objetiva aumentar a dureza e

    a resistncia ao desgaste superficial dos aos, mantendo um ncleo dctil e tenaz.

    Estas caractersticas so necessrias para peas que devero resistir ao desgaste e

    choques, como engrenagens e eixos. No processo de cementao tem-se um aumento

    do teor do elemento qumico carbono numa camada superficial do ao. Isto feito

    mantendo-se a pea num meio rco em carbono altas temperaturas durante um certo

    tempo, partindo de um ao de baixo carbono. O uso de aos de baixo carbono

    necessrio pois com um ncleo de baixo carbono se consegue melhor tenacidade e

    resistncia ao choque, alm de uma melhor difuso de carbono no processo.

    Geralmente aps a cementao seguem-se os tratamentos de tmpera e revenimento,

    obtendo assim a formao de uma camada superficial com uma microestrutura

    formada por martensita de alto carbono e um ncleo formado por martensita de baixo

    carbono e/ou perlita e bainita. A figura 2.1 mostra um diagrama ilustrativo de um

    ciclo de tratamento trmico.

  • 4

    1173 K

    (9000C)

    Cementao gs

    3 h, 5 h, 7.5 h~Revenimento

    1h

    Figura 2.1 - Diagrama ilustrativo mostrando os tratamentos de cementao, tmpera

    e revenimento, com os respectivos tempos e temperaturas (GENEL & DEMIRKOL,

    1999).

    Na cementao, o ao deve ser aquecido at o estado austentico de ferro y,

    entre 900C e 950C, para que haja a maior absoro de carbono possvel. A

    solubilidade do carbono aumenta com a temperatura. Geralmente desejvel aps a

    cementao uma porcentagem de carbono na superficie do ao por volta de 0,8%, j

    que altas concentraes de carbono so prejudiciais pois formam uma camada frgil

    composta de carbetos, principalmente cementita de contorno de gro (GENEL &

    DEMIRKOL, 1999).

    KRAUSS (1993) destaca que o fato mais importante da cementao que

    com este tratamento se torna possvel o aproveitamento da alta dureza e resistncia

    da martensita de alto carbono minimizando o trincamento por tmpera, j que a

    cementao induz formao de tenses residuais compressivas na superficie, que

    previnem o trincamento.

    o processo de cementao tambm muito benfico para o desempenho depeas que podem sofrer fraturas por fadiga. GENEL & DEMIRKOL (1999)

    explicam que as superficies das estruturas so as regies mais susceptveis fratura

    por fadiga, e as trincas por fadiga so geralmente iniciadas na superfcie. Portanto

  • 5

    muito importante aumentar a resistncia do material na sua superfcie utilizando

    tratamentos de superfcie, mecnicos e/ou termoqumicos.

    2.1.1 Cementao gasosa

    o processo de cementao pode ser desenvolvido em trs meios: slido,lquido ou gasoso. Na cementao slida as peas so colocadas em um fomo, junto

    cementantes slidos, como carvo de madeira aglomerado a uma soluo oleosa. A

    cementao lquida obtida por uma mistura de sais fundidos, principalmente

    cianeto ou cianureto de sdio. J a cementao gasosa a mais utilizada em

    produo de grande escala de peas na indstria. Neste processo consegue-se

    camadas cementadas de 0,2 a 1,5 mm, mantendo-se o ao de 1 a 8 horas

    temperaturas entre 850C e 950C.

    Na cementao gasosa, o fomo utilizado possui uma atmosfera composta por

    dois gases principais: o gs veculo e o gs cementante. A funo do gs cementante

    de efetivamente produzir a camada cementada, e geralmente os gases mais

    utilizados so o metano (C~), o propano (C3Hs) ou uma mistura de ambos. O gs

    veculo tem o papel de ser um catalizador e levar o gs cementante at o ao. Na

    verdade o gs veculo uma mistura de gases que produz a chamada atmosfera

    endotrmica.

    Segundo o METALS handbook - heat treating (I 988) atmosferas

    endotrmicas so produzidas em geradores que usam ar e gases hidrocarbonetos

    como combustvel. Estes dois gases so misturados e comprimidos em uma razo

    controlada e passam por um catalizador de nquel a uma temperatura de

    aproximadamente 1040C (I900F) para formarem o gs endotrmico. Os gases

    hidrocarbonetos usados geralmente so o metano, o propano e o butano. Utilizando o

    propano, por exemplo, tem-se uma atmosfera endotrmica composta por monxido

    de carbono (CO), dixido de carbono (C02), gs hidrognio (H2), metano (C~) e

    vapor d' gua.

  • 6

    Os geradores de atmosfera endotrmica so controlados pelo monitoramento

    do ponto de orvalho ou ponto de condensao do vapor d'gua presente no gs

    produzido. A figura 2.2 mostra a relao entre a porcentagem de dixido de carbono

    e o ponto de orvalho em um gs endotrmico. Em resumo, um ponto de orvalho entre

    20C e -12C ir produzir um gs em equilbrio para um ao contendo de 0,2% a

    0,8% de carbono numa dada temperatura de cementao. A figura 2.3 mostra a

    relao entre o ponto de orvalho e a porcentagem de carbono superficial em um ao

    carbono no-ligado entre as temperaturas de 815C a 925C.

    100

    ~Q'-'O

    ::560 =>

    O~

    ",

    20 .s=O

    ~

    2.0

    Limite de SlIIun.o cio g

    Temperatura do gerador 1065 "C (1950 8f)

    0.4 0.8 1.2 1.6

    Dixido de carbono (%)

    -20O

    Razo aproximada da mistura ar/gs natural2.5 2.15 3.0

    --. 40U='-'o

    ~ +20>-o~

    "'CI O

    .s=o

    ~

    Figura 2.2 - Relao entre o ponto de orvalho e a porcentagem de dixido de

    carbono em uma atmosfera endotrmica (MET ALS HANDBOOK, 1988).

  • 30

    80

    -- 20

    U ~o 815 C11500 ClF)-- 60 t.,.,=I

    ~ +10

    870 CI1600

  • 8

    As figuras 2.4 e 2.5 mostram a relao da quantidade de carbono e tempo de

    cementao, respectivamente, com a dureza obtida aps a tmpera de um ao.

    1000

    800

    700

    ~ .,

    100J~:>ai(oole=Q

    100o 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

    Quantidade de carbono (~.)

    1.2

    Figura 2.4 - Dureza mxima obtida aps tmpera em funo da quantidade de

    carbono (BILLINGHAM, 1992).

  • 9

    800

    Tempo de cementaco 1173 K

    -&- 3 horas___ 5 horas-+- 7.5 horas

    700

    ~ 600ri}

    ~.~ 500>~Ne 400=~

    300

    200

    0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0Distncia da superfcie (mm)

    Figura 2.5 - Perfis de microdureza obtidos aps tmpera para 3 tempos de

    cementao (GENEL & DEMIRKOL, 1999).

    A profundidade da camada cementada um fator muito importante e que

    deve ser controlado. FETT (1988) concluiu que a camada cementada, principalmente

    diferentes profundidades de camada, afetam diretamente as propriedades dos aos

    cementados SAE mais comuns. Alm disso, para grandes profundidades de camada,

    no h ganho aprecivel na resistncia fadiga, podendo existir at risco da baixa

    resistncia mecnica.

    Segundo KRAUSS (1993), normalmente, por volta de 4 horas

    925C/1697F o suficiente para produzir uma camada cementada de profundidade

    de aproximadamente 1,mm. Em contraste, num processo de nitretao, para atingiruma camada de 1,0 mm, levaria mais de 70 horas.

  • 10

    2.2 Revenimento

    o revenimento um tratamento posterior tmpera, com o objetivo deaumentar a tenacidade dos aos, diminuindo as tenses internas resultantes da

    tmpera. Neste tratamento ocorre uma conseqente diminuio da dureza e

    resistncia, que funo da temperatura de tratamento utilizada. O revenimento d

    ao material caractersticas mais adequadas de servio comparado ao material sem

    este tratamento. Segundo KRAUSS (1995a) o revenimento diminui a dureza da

    martensita na camada cementada por causa do alvio do carbono supersaturado e do

    alvio de tenses, aumentando a tenacidade. A figura 2.6 mostra a influncia do

    revenimento no perfil de dureza de um ao carbono cementado e temperado.

    300

    Microestruturada camada

    Martensitaem forma de

    placa

    ~ Interface

    I '....dol ..i..0.2

    6S

    G

    60~U

    30

    Figura 2.6 - Curvas mostrando a variao do perfil de dureza de um ao-carbono

    cementado temperado, revenido 150Ce revenido 200C (KRAUSS, 1995a).

  • 11

    2.2.10 processo de revenimento em peas cementadas

    Segundo PARRISH (1980) o revenimento feito aps a cementao e a

    tmpera e consiste em aquecer o ao entre 140C e 250C, sendo mais comum o

    aquecimento entre 150C e 200C, por um perodo de 2 a 10 horas e seguido por um

    resfriamento geralmente ao ar. Alguns autores como GRANGE et aI. (1977)

    realizaram estudos com altas temperaturas de revenimento. Neste trabalho, quando

    ligas ferro-carbono so revenidas por volta de 700C (1300F), o aumento da dureza

    mnimo quando relacionado com a quantidade de carbono, como mostra a figura

    2.7. Com o aumento da quantidade de carbono, as partculas de cementita, que se

    formam devido alta temperatura de revenimento, tornam-se maiores em vez de

    mais numerosas; portanto, a distncia mdia entre as partculas, que influi

    principalmente na dureza, muda muito pouco.

  • 12

    700

    o 0.2 04 0.6 0.8

    Quantidade de carbono (%)1.0

    Figura 2.7 - Dureza da martensita revenida em funo da porcentagem de carbono

    para vrias temperaturas de revenimento (GRANGE et al., 1977).

    2.2.2 Estgios de revenimento

    Alguns autores dividem o tratamento de revenimento em trs estgios

    principais, dependendo da faixa de temperatura. O primeiro estgio, segundo

    SAEGLITZ & KRAUSS (1997), a faixa de revenimento baixa temperatura, entre

    100C e 200C. Neste estgio, a supersaturao de carbono da martensita recm

    temperada aliviada pela precipitao de carbetos de transio. PARRISH (1980)

    explica que devido ao rpido resfriamento na tmpera, o carbono mantido

    intersticialmente no reticulado cristalino ao invs de formar carbetos estveis,

    atingindo sua condio de equilbrio. A aplicao de calor durante o primeiro estgio

  • 13

    de revenimento altera o estado de energia, de forma que o carbono se difunde e

    alcana uma condio mais prxima do equilbrio. Entretanto antes do carbono

    formar carbetos mais estveis como a cementita (Fe3C), h a formao de carbetos de

    transio, como os carbetos psilon (e), com estrutura hexagonal e carbetos eta (X),

    com estrutura ortorrmbica. A figura 2.8 mostra a formao de tais carbetos.

    Tambm associados com os carbetos de transio existem altas densidades de

    discordncias que so produzidas por deformao que acompanha as transformaes

    martensticas e o revenimento subsequente. KRAUSS (1993) mostra que o principal

    componente microestrutural formado na camada cementada neste estgio a

    martensita revenida baixa temperatura (LTT martensite - Low temperature

    tempered martensite).

    8E

    5

    Tempo derevenimento 3

    (horas)

    1150 20 250-~ 300 350 400 450

    Temperatura de revenimento (0C)

    Figura 2.8 - Formao de carbetos de transio X e e e de cementita e durante as

    fases de revenimento (PARRISH, 1980).

    o segundo estgio do revenimento ocorre entre 200C e 250C e a principalcaracterstica deste estgio a transformao da austenita retida em martensita.

    Segundo KRAUSS (1993) revenir temperaturas entre 150C e 200C no causa a

    transformao da austenita retida. Para temperaturas de revenimento maiores, h a

    ocorrncia da formao de cementita e esferoidizao de outros carbetos, que podem

    se precipitar no contorno das agulhas de martensita, fragilizando a martensita

    revenida; atingindo-se assim, o terceiro estgio do reveniemto, onde as durezas

    resultantes so menores.

  • 14

    2.2.3 Propriedades mecnicas afetadas pelo revenimento

    A propriedade mecnica de um ao mais afetada aps o tratamento de

    revenimento a dureza. As mudanas de dureza variam com a mudana de

    temperatura e do tempo de revenimento. No incio deste tratamento, a dureza cai

    acentuadamente mas a partir de 2 horas a queda de dureza diminui. PARRISH (1980)

    acrescenta que o revenimento abaixo de 100C no modifica de forma acentuada a

    dureza e a resistncia fadiga de materiais cementados, mas entre 100C e 200C h

    uma progressiva reduo do limite de fadiga e da dureza conforme a temperatura

    aumenta. A figura 2.9 exemplifica a influncia da temperatura de revenimento sobre

    a dureza.

    900f

    \

    SAE 8620

    ~~~

    En 36

    En36

    :t i I En 352~ ~

    En 36-700 En36I \600\

    50

    100 200o 150

    Temperatura de renDimento (OC)

    Figura 2.9 - Influncia da temperatura do primeiro estgio de revenimento sobre a

    dureza de vrios aos (PARRISa 1980).

    Nos trabalhos de GRANGE et aI. (1977) h uma estimativa da dureza da

    martensita revenida com qualquer quantidade de carbono. Para se estimar o aumento

    da dureza produzida por outros elementos alm do carbono, preciso de vrios

    grficos quantitativos para cada elemento de liga. O mtodo de avaliao

    desenvolvido, usando um ao com 0,2% de carbono, parece funcionar tambm para

  • 15

    aos de mdio e alto carbono tanto quanto para os de baixo carbono. Isto indica que

    o efeito quantitativo de cada elemento de liga independente da quantidade de

    carbono, pelo menos na faixa de 0,2% a 0,8% de carbono.

    Alm da dureza, outras propriedades mecnicas tambm so afetadas pelo

    revenimento, como por exemplo, a tenacidade. TAV ARES (1999) analisou um ao

    0.12C-0.82Mn temperado em gua, que pde ter a tenacidade aumentada por um

    tratamento de revenimento entre 200C e 300C. Tambm o limite de elasticidade e o

    limite de ruptura decaem linearmente com o tratamento de revenimento na faixa de

    100C a 300C.

    Variaes no revenimento tambm influenciam as propriedades de fadiga e

    fratura dos metais. Segundo FETT (1998), que estudou vrios aos do tipo SAE, um

    revenimento por volta de 180 aumenta a vida em fadiga de baixo-ciclo enquanto que

    a vida em alto-ciclo no afetada. Outros trabalhos mostraram que h um aumento

    da vida em fadiga em aos revenidos entre 200C e 250C (segundo estgio de

    revenimento) devido ao incio da transformao da austenita retida. A figura 2.10

    ilustra este fato.

    ri)= 1001~ (rr--1981"Cj .-I:J,., 8Of- "V~ .. ~784= -~=-

    ~1588 "s

    _ .... 60 ~ 5~ 5 392 ~.ifi~ 40V 18 CrNi8-=~6 16 MnCr5~- O Ck 15 ~ 20 1196-= ~:=

    .5o'

    III10,...J

    200400600Temperatura de revenimento eC)

    Figura 2.10 - Influncia da temperatura de revenimento no limite de fadiga por

    flexo de vrios as (PARRISH, 1980).

  • 16

    SAEGLITZ & KRAUSS (1997) mostraram em ensaios de trao, que em

    aos contendo mais que 0,5% de carbono, a fratura da martensita revenida, baixa

    temperatura, (LTT martensite) dctil, ocorrendo por nucleao, crescimento e

    coalescncia de microcavidades em incluses e em partculas de carbetos retidas

    aps a austenitizao. Os testes de trao mostraram que a susceptibilidade para a

    fratura intergranular de aos com martensita revenida baixa temperatura aumenta

    com o aumento da quantidade de carbono, e que 0,5% de carbono o limite de

    transio entre as fraturas dctil e intergranular. Em todos os casos estudados, os

    valores de dureza e do limite de resistncia mostraram uma pequena diminuio com

    o aumento do tempo a uma mesma temperatura (10 minutos, 1 hora e 10 horas).

    Quase todas as medidas de ductilidade diminuram com o aumento da quantidade de

    carbono nos aos com martensita revenida baixa temperatura. J os aos revenidos

    em altas temperaturas, por um longo perodo, no falharam por fratura intergranular,

    talvez por causa do alvio das tenses residuais resultantes do tratamento.

    Porm outros autores dizem que, em aos com martensita revenida baixa

    temperatura contendo mais que 0,5% de carbono em massa, a fratura acontece por

    mecanismos intergranulares frgeis associados segregao de fsforo e tambm

    formao de carbetos nos contornos de gros austenticos durante a austenitizao e a

    tmpera. Alguns trabalhos mostraram que, aparentemente, a concentrao de fsforo

    e cementita nos contornos de gro da austenita anterior tmpera, em aos 4340, foi

    suficiente para causar fratura intergranular (SAEGLITZ & KRAUSS, 1997).

    Segundo STRENG, H. et aI. (1989), um revenimento adequado tambm pode

    melhorar as caractersticas de fadiga de um material. Isto possvel pois durante o

    revenimento pode haver uma efuso de hidrognio do metal. O hidrognio

    absorvido durante a cementao e causa fragilidade ao material, diminuindo sua

    tenacidade.

  • 17

    2.3 Jateamanto por granalhas

    Segundo PARRISH (1980) o jateamento por granalhas ou shot-peening um

    processo de endurecimento mecnico no qual a superficie de um componente

    bombardeada por uma enorme quantidade de projteis esfricos metlicos com

    suficiente velocidade para produzir uma zona de deformao plstica superficial.

    Este trabalho frio provoca um aumento na dureza e na resistncia do material na

    camada deformada, aumentando a resistncia fadiga por flexo. O jateamento

    tambm induz a transformao da austenita retida em martensita, reduz o tamanho

    mdio das placas de martensita devido deformao, aumenta a densidade de

    discordncias e pode eliminar os efeitos ruins da oxidao intergranular e da

    descarbonetao. SlEBER (1992) tambm mostra que o jateamento pode aumentar a

    rugosidade superficial.

    Vrios autores como DE LOS RIOS et aI. (1996), KIM et aI. (1981), SlEBER

    (1992) e WIDMARK & MELANDER (1999) citam que o fator chave no aumento da

    vida em fadiga de componentes jateados a criao de tenses altamente

    compressivas na superficie e imediatamente abaixo desta. A figura 2. 11 compara as

    curvas S-N de um ao jateado e outro sem jateamento exemplificando a influncia do

    jateamento na vida em fadiga.

    SAE 4028 cementado

    Jateado

    Nojateado

    10. 105

    Ciclos

  • 18

    Figura 2.11 - Influncia do jateamento por granalhas no comportamento de fadiga de

    um ao SAE 4028 cementado (KIM et al., 1981).

    A camada deformada, devido ao jateamento por granalhas, pode ser estimada

    atravs de medidas de microdureza. Como exemplo, em DE LOS RIOS et alo (1996)

    a mxima dureza devido ao jateamento, de 322 HV, foi alcanada a

    aproximadamente 120 mcrons da superficie com uma subseqente queda a valores

    mdios de corpos de prova no jateados - 250 HV - por volta de 350 mcrons. A

    profundidade do jateamento portanto foi estimada como sendo 350 mcrons.

    Atualmente o jateamento por granalhas tem sido amplamente utilizado com o

    objetivo de se promover um aumento de resistncia fadiga de contato e flexo em

    dentes de engrenagens cemr:1tada~ (FARIA & SILVA, 1995).

    2.3.1 Transformao microestrutural da austenita retida em martensita devido

    ao jateamento

    Muitas vezes as transformaes das propriedades mecnicas de um ao

    temperado e jateado devido transformao da austenita retida em martensita. KIM

    et aI. (1981) mostram em seu trabalho que o jateamento provocou uma transformao

    da austenita retida em martensita muito prximo da superficie. A profundidade na

    qual as transformaes ocorreram foram menores que 0,05 mm sendo que, nos

    corpos de prova jateados, a quantidade de austenita retida grandes profundidades

    era a mesma comparada aos de corpos no jateados.

    PARRISH (1980) mostra que em superficies cementadas contendo

    quantidades de 30% de austenita retida e dureza mxima por volta de 60 HRC, a

    dureza aumentou em 1 ou 2 pontos devido ao jateamento que induziu a

    transformao de parte da austenita.

  • 19

    2.3.2 Influncia do jateamento no crescimento de trincas e em fadiga

    Em KOCANDA1 apud KOCANDA (1998) para o crescimento de trincas

    curtas em corpos de prova jateados, as fases de iniciao e propagao da trinca se

    diferem completamente dos dados obtidos em corpos no-jateados. O jateamento por

    granalhas pode acelerar as fases de iniciao das trincas e do crescimento da trinca

    durante os primeiros estgios da vida em fadiga. Porm, a taxa de crescimento de

    trincas durante o periodo de propagao da trinca e a densidade de trincas so

    significativamente menores em corpos jateados.

    DE LOS RIOS et alo(1995) tambm mostra que o jateamento aumenta a vida

    em fadiga, atrasando a iniciao da trinca e deixando a propagao mais lenta como

    mostra a figura 2.12.

    2

    oO

    !No jateadoI

    200 _ 100 800

    Ciclos (xl 000)

    1000

    Figura 2.12 - Influncia do jateamento por granalhas no crescimento de trincas

    superficiais (DE LOS RIOS et aI., 1996).

    1 KOCANDA D., KOCANDA S, MILLER K.J. (1996) Inf1uence of shot-peening on short crackbehavior in a medium carbon steel. Fatigue and Fracture of Enginnering MateriaIs & Structures,\".19. n.7, p.911-9I7 apud KOCANDA, D.; KOCANDA, S.; TOMASZEK, H. (1998). Description ofshort fatigue crack growth in a shot-peened medium carbon steel. Fatigue and Fracture ofEnginnering MateriaIs & Structures, v.2I, p.977-985.

  • 20

    As taxas de propagao de trincas curtas nos corpos de prova jateados so

    muito menores porque, em adio ao efeito inicial da tenso residual, a resistncia

    deformao plstica na ponta da trinca muito maior devido ao trabalho frio que

    provoca um aumento do nmero de barreiras nos gros altamente deformados e um

    aumento na densidade de discordncias.

    Segundo W ANG et aI. (1998b) as trincas por fadiga de corpos no-jateados

    esto sempre localizadas na superficie, enquanto que em corpos jateados as posies

    de iniciao e propagao de trincas podem variar, com trincas localizadas abaixo da

    zona de tenso residual compressiva ou trincas localizadas dentro da camada

    endurecida com a zona de tenso residual compressiva. Um jateamento adequado

    poderia "forar" o incio de trincas da superfcie para regies subsuperficiais com a

    zona de tenso residual tensiva. Os efeitos de aumento de resistncia tm relaes

    com a posio das trincas. Os valores de tenso mxima de fadiga dos corpos com

    iniciao de trincas abaixo da camada com tenso compressiva so sempre maiores

    do que aqueles corpos com trincas superficiais.

    FARIA & SILVA (1995) tambm citam que a nucleao de trincas por fadiga

    de contato em engrenagens jateadas pode ocorrer na superficie ou em posies

    subsuperficiais. A posio de nucleao das trincas de fadiga est relacionada com os

    movimentos das superficies em contato (rolamento e deslizamento), o nvel de

    incluses presente no ao, a espessura do filme de leo entre as partes e ainda as

    condies superficiais das regies em contato.

    Segundo PARRISH (1980) o aumento no limite de fadiga por flexo devido

    principalmente tenso residual compressiva na superficie produzida pelo

    jateamento que pode ser acompanhado por uma reduo da tenso compressiva

    imediatamente abaixo da camada jateada. Esta tenso residual criada pelo jateamento

    pode variar durante solicitaes cclicas que provocam fadiga.

  • 21

    PANHANS & FOURNELLE2 apud FARIA & SILVA (1995), num estudo

    de flexo rotativa em aos cementados, mostraram que existe um relaxamento das

    tenses residuais em fadiga. O alvio de tenses, denominado "shake-down" na

    literatura americana, o resultado de um rearranjo das estruturas de discordncias.

    J MOTOY AMA3 apud FARIA & SILVA (1995) mostra que o

    comportamento das tenses residuais, ocasionadas pelo jateamento, depende do

    perfil de tenses residuais prvio e da profundidade da camada cementada. Alm

    disso, a magnitude, forma e deformao elstica provocada pela solicitao em

    fadiga influenciam nas tenses residuais do material.

    2 PANHANS, D.P.: FOURNELLE, R.A. (1981) High ciele fatgue resistence of AISI 9310 carburizedsteel with two different levels of surface retained austenite and surface residual stress. Journal ofHeat Treating, v.2, n.l apud FARIA, J.Y.; SILVA. P.S.c.P. (1995). Influncia do jateamento comgranalhas nas tenses residuais e na resistncia fadiga de contato de engrenagens. InCONGRESSO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA METALRGICA E DE MATERIAIS, 49.,So Paulo, 1994. Anais. So Paulo, ABM, v.3. p.lll-125.3 MOTOY AMA, M (1976). Residual stress and fatigue strengh of carburized and quenched steel. SAETechnical Paper Series. n. 761716 apud FARIA. J.Y.: SILVA, P.S.c.P. (1995). Influncia do

    jateamento com granalhas nas tenses residuais e na resistncia fadiga de contato de engrenagens.ln CONGRESSO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA METALRGlCA E DE MATERIAIS.49 .. So Paulo, 1994. Anais. So Paulo, ABM. \".3, p.l11-125.

  • 22

    2.4 Oxidao intergranular

    A oxidao intergranular ocorre durante o processo de cementao devido aos

    componentes presentes na atmosfera endotrmica de um fomo de cementao gs.

    Tais componentes como o dixido de carbono (C02), o monxido de carbono (CO) e

    o vapor d'gua possuem como principal elemento qumico o oxignio. Este oxignio

    se combina com elementos de liga no ao com um certo potencial oxidante como o

    cromo, o mangans, o silcio e o prprio carbono, os quais possuem mais afinidade

    para ligaes qumicas com o oxignio do que com o ferro. A figura 2.13 mostra o

    potencial de oxidao de vrios metais presentes em ligas de ao.

    Tipicamente uma camada oxidada chega a uma profundidade de 25 !J.m,

    sendo que em casos severos pode chegar a 60 !J.m.A explicao para a profundidade

    da camada que a difuso de oxignio e a formao de xidos mais lenta do que a

    difuso do carbono e por isso a oxidao geralmente atinge a faixa de 10 a 25 !J.m

    para uma camada cementada de 1 mm (KRAUSS, 1995d). Segundo FARIA (1993) a

    oxidao intergranular de dificil controle e inerente ao processo de cementao

    gasosa. A figura 2.14 mostra uma regio afetada pela oxidao intergranular.

  • 23

    Oxidao dos metais

    12

    10

    li 9~~ 8.~ 6~ 2-;.~ OI:~ -2Q

    ~ -I.-6

    1=H2/H20

    2= COI C02

    Ti

    12

    Si Mn

    Ni

    Reduo dexidos metlicos

    eu

    Figura 2.13 - Potencial de oxidao de vrios metais. As colunas brancas (1)

    mostram a oxidao ou reduo devido aos elementos H20 e H2. As colunas

    achuradas (2) mostram a oxidao ou reduo devido aos elementos C02 eCO.

    (CHATTERJEE-FISCHE~ 1978) .

    .~- ~,

    Figura 2.14 - Regio superficial de um ao cementado afetada pela oxidao

    intergranular (PARRISH, 1980)

  • 24

    2.4.1 Influncia da oxidao intergranular na dureza e na resistncia fadiga

    Segundo KRAUSS (1995d) e PARRISH (1980), a oxidao de elementos de

    liga na superficie de aos cementados pode causar efeitos negativos na dureza

    superficial e na resistncia fadiga. Geralmente a dureza da superfcie diminui para a

    regio de 58 a 60 HRC devido essa oxidao, pois os elementos da soluo slida

    do ao, substitucionais e at intersticiais que do a dureza, so removidos da soluo

    slida na austenita, diminuindo a temperabilidade e ocasionando a formao de

    microestruturas no-martensticas (ferrita, perlita ou bainita) na regio superficial de

    peas cementada e que, muitas vezes, a dureza Rockwell pode no mostrar.

    WEIGAND & TOLASCIt apud PARRISH (1980) concluram que, para que

    haja um decaimento no desempenho em fadiga de um ao, a dureza da superfcie

    deve diminuir abaixo de 59 HRC. J BELMELBURG5 apud PARRISH (1980) achou

    que uma profundidade de 6 a 1O ~m de oxidao no influencia o desempenho

    fadiga por flexo quando comparado com superfcies sem oxidao. Porm,

    KOZLOVSKII6 et aI. apud PARRISH (1980) concluiu que para uma oxidao acima

    de 13 ~m haver uma acentuada reduo no limite de fadiga, conforme mostra a

    figura 2.15. Como exemplo disto, um aumento da camada oxidada num ao C-Mn de

    13 ~m para 30 ~m reduziu a resistncia fadiga em 45%.

    4 WEIGAND, H.: TOLASCH, G. (1967). Dauerfestigkeitsverhalten einsatzgehrterer Proben.Harterei-Technische Mitteilungen, v.22, nA, p.330-338, Dec. apud PARRISH, G. (1980). Theinfluence oi microstructure on the properties oi case-carburized components. Ohio, ASM.5 BELMELBURG. W. (1970). Der Einfluss von Randoxydation auf die UmIaufbiegefestigkeit undstatische Biegfestigkeit einsatzgehrteter Proben. Harterei-Technische .\litteilungen, v.25. n.3, p.191-194, OC1.apud PARRISH, G. (1980). The influence oi microstructure on the properties oi case-carburized components. Ohio, ASM.6 KOZLOVSKIL I. S.; KALININ, A. T.; NOVIKOVA, A. Y.: LEBEDEVA, E. A.; FEOFANOVA,A. I. (1967). Internal oxidation during case-hardening of steels in endothennic atmospheres. MetalScience and Heat Treatment. n.3, p.157-16L Mar. apud PARRISH. G. (1980). The influence oimicrostructure on the properties oi case-carburized components. Ohio. ASM.

  • 25

    1000100 I

    IIl5

    I Ii\I ~900

    = /"'0...1~90 ~o.."'=

    rSoo}

    Cosoo:ltlIi:soS"~j70~

    III~ ~7oo

    ... t:-'t'Z qooupm ~l60 " 1'" '"'" "j'"'" 6000.60.7O.S0.91.0

    Quantidade de carbono superficial. %

    Figura 2.15 - Reduo do limite de fadiga por flexo devido ao aumento da oxidao

    intergranular acima de 13 ~m (PARRISH, 1980).

    Vrios autores como CHATTERJEE-FISCHER (1978) e KRAUSS (1993)

    mostram que devido diminuio da temperabilidade na regio oxidada, h um

    decaimento na tenso compressiva residual superficial podendo ocorrer at tenses

    tensivas na superflcie, piorando o desempenho fadiga.

    illNDENHALL & ERICSSON7 apud DOANE (1990) mediram tenses

    residuais em funo da profundidade da oxidao na camada cementada e acharam

    baixas tenses residuais compressivas ou mesmo tenses tensivas quando o

    esgotamento de elementos de liga era evidente. Esta reduo na tenso residual pode

    dar uma razovel explicao para a baixa resistncia fadiga em aos com uma

    considervel oxidao intergranular.

    7 HILDENWALL. B.: ERICSSON, T. (1980) The residual stresses in the soft pearlite layer ofcarburized steel. Journal of Heat Treatring. V.1. n.3. Jun. apud DOANE. D.V. (1990). Carburizedsteel- update on a mature composite. Journal ofHeat Treatment. v. 8. n. 1,p. 33-53.

  • 26

    2.4.2 Precaues para evitar a oxidao intergranular

    Algumas precaues podem ser tomadas para evitar ou diminuir a formao

    de oxidao intergranular. Antes do tratamento de cementao, a superfcie do ao

    deve estar livre de xidos metlicos. Por isso, antes deste processo, necessrio uma

    lavagem da pea com produtos qumicos especiais que removam os xidos metlicos

    presentes na superfcie. A dureza superficial e a resistncia pode ser restaurada

    introduzindo de 5% a 10% de amnia por aproximadamente 10 minutos na cmara

    de cementao antes do fim do ciclo de cementao. Tambm pode-se reduzir a

    oxidao aps a cementao e a tmpera retificando as partes oxidadas, utilizando

    jateamento por granalhas ou ainda com polimento eletroltico.

    Para CHATTERJEE-FISCHER (1978) outros mtodos podem ser usados

    para diminuir a camada oxidada, como diminuir o tempo ou a temperatura de

    cementao, pois a profundidade de oxidao ser maior quanto maior for a

    temperatura ou o tempo de cementao como mostra a figura 2.16 para um ao SAE

    1015.

    A escolha de um ao com certos elementos de liga e em propores

    adequadas tambm podem minimizar a oxidao. CHATTERJEE-FISCHER cita que

    quanto maior a quantidade de silcio, maior o nmero de xidos e mais estes se

    concentram pela superficie, portanto, aconselhvel um ao com baixssima

    porcentagem de silcio em sua composio. Em ligas Fe-Cr os xidos s iro

    aparecer com quantidades de cromo maiores que 1,3% e em ligas Fe-Mn no

    observada a apario de xidos se a quantidade de Mn for menor que 0,8%.

    Os efeitos da oxidao superficial podem ser reduzidos selecionando um ao

    "mais ligado" de maior temperabilidade, onde a perda de elementos de liga para

    formar xidos no diminuir a temperabilidade ao ponto de formar produtos no-

    martensticos. Tambm, aos contendo elementos de liga que no oxidam, como Ni

    ou Mo, poderiam ser escolhidos (KRAUSS, 1995d).

  • 27

    0.020SAE 1015/x1000 eQ '~ mm~ 0.016 ";:< ./Q ~ 0.012 / .~.8sooeeu "Cl~ 0.008 .. --=6 ./~ 0.004 "'"Q.; OO 2468 h 10Tempo de cementaoFigura 2.16 - Influncia da temperatura e do tempo de cementao naprofundidade da oxidao intergranular (CHATTERJEE-FISHER, 1978).

    Outros fatores microestruturais tambm minimizam a fratura intergranular devido

    oxidao, como o tamanho de gro da austenita inicial. PACHECO & KRAUSS

    (1989) mostraram que as amostras cementadas gs com gros finos, toleram a

    presena de oxidao intergranular superficial e tem melhor resistncia fadiga do

    que outras sem oxidao mas com gros grosseiros.

    Apesar dos problemas causados pela oxidao intergranular, ainda maIS

    vantajoso economicamente o uso da cementao gs, dando adequada

    temperabilidade com aos ligados com Ni e Mo para minimizar a oxidao durante a

    cementao (DOANE, 1990).

  • 28

    2.5 Microestrutura e elementos de liga

    2.5.1 Microestrutura

    Para peas cementadas, a microestrutura que proporciona as melhores

    caractersticas de resistncia produzida pelos tratamentos de tmpera e

    revenimento, formando como principal constituinte na camada cementada a

    martensita revenida. Devem ser evitadas como componentes microestruturais da

    camada a bainita superior e grandes partculas de carbetos ou redes de carbetos pois

    estes diminuem a resistncia fadiga por flexo e fadiga de contato. A quantidade

    de carbono na martensita da camada varia geralmente de 0,8% a 1,0 % e diminui

    gradualmente at 0,2% no centro do ao cementado. A morfologia da camada

    caracterizada por placas de martensita de vrios tamanhos, sendo esta chamada de

    martensita em forma de placa ou lmina, enquanto que a morfologia do ncleo

    caracterizada por pequenos filamentos de martensita reunidos em grupos e arranjados

    paralelamente, sendo chamada de martensita em forma de ripas. A figura 2.17 mostra

    o diagrama ferro-carbono e a classificao das martensitas que se formam. A

    martensita em forma de placa, por se originar da austenita de alto carbono, tem uma

    maior quantidade de austenita retida do que a martensita em forma de ripas

    (KRAUSS, 1978).

  • 29

    L0.2

    Austenita ("f)

    Ferrita (a.) + Cementita (C)I

    II

    600

    400

    J

    1.9

    Figura 2.17 - Diagrama Ferro-Carbono mostrando as microestruturas formadas aps

    a tmpera (KRAUSS, 1978).

    A microestrutura da camada externa destes aos, alm de martensita revenida

    e austenita retida, tambm pode conter microtrincas, incluses, carbetos de contorno

    de gro, segregao de fosfatos e xidos de superficie. J a microestrutura do ncleo

    pode conter martensita revenida, bainita ou ferrita e perlita (KRAUSS, 1995a).

    A grande maioria das peas cementadas, temperadas e revenidas so

    revenidas entre as temperaturas de 150C e 200C, formando, como microestrutura

    predominante na camada, a martensita revenida baixa temperatura (LTJ martensite

    - Low temperature tempered martensite). A dureza e resistncia da martensita LTT

    aumenta com o aumento da quantidade de carbono at 0,8%. Acima de 0,8% a

    dureza cai devido formao crescente de austenita retida. O aumento da resistncia

    da martensita LTT est associada com as altas taxas de endurecimento por tenso

    (KRAUSS, 1995a).

    DOANE (1990) e KRAUSS (1995b) consideram os aos cementados como

    sendo materiais compostos, com uma camada extremamente dura sobre uma base de

    baixo carbono, com uma dureza menor mas com elevada tenacidade, alm de possuir

    na microestrutura da camada duas fases: a austenita retida e martensita revenida. A

    melhor estrutura de camada cementada uma mistura de martensita de alto carbono e

  • 30

    austenita com martensita suficiente para assegurar pelo menos 57 HRC de dureza,

    sendo que muitos projetistas especificam uma dureza mnima de 58 HRC.

    2.5.2 Influncia do tamanho de gro da microestrutura no desempenho de um

    ao cementado

    Segundo PARRISH (1980), para que o ao cementado tenha um bom

    desempenho essencial que o tamanho de gro seja uniforme e com granulao fina,

    geralmente com tamanho mnimo entre ASTM 6 e ASTM 8. A granulao fina pode

    ser conseguida adicionando elementos de liga no ao, que estabilizam o movimento

    dos contornos e o crescimento dos gros, como o alumnio que inibe o crescimento

    do gro austentico. Geralmente gros austenticos tem o mesmo tamanho no centro e

    na superficie das peas quando temperadas aps cementadas, porm um

    reaquecimento anterior tmpera, conforme mostra a figura 2.18, tambm resulta

    num refinamento de gros da superfcie (KRAUSS, 1995b).

    Temp.(DC)

    Cementao925

    800'---

    SOO-

    150

    ~, 0.5

    Tmpera

    Revenimento

    '.. 1

    I 2 Tempo (horas)

    Figura 2.18 - Diagrama mostrando um ciclo de tratamento trmico em particular o

    reaquecimento anterior tmpera que provoca um refinamento dos gros austenticos

    (KIM & KWEON, 1996).

  • 31

    Conforme o tamanho de gro aumenta, certas propriedades do ao como

    alongamento, temperatura de transio de impacto e resistncia fadiga diminuem

    ou pioram. A propagao de uma trinca, por exemplo, favorecida com o

    crescimento do tamanho de gro. Alm disso, componentes com gros grosseiros so

    mais susceptveis distoro e ao aparecimento de trincas na tmpera e na retfica.

    PACHECO & KRAUSS (1989) mostraram tambm que o refinamento

    microestrutural dos gros austenticos desloca o efeito prejudicial da oxidao

    intergranular para nveis muito elevados de tenso.

    BOABAID & YATES (1993) mostraram que h uma desacelerao no

    crescimento de trincas curtas observada nos grficos de taxa de crescimento de trinca

    por comprimento da trinca em corpos de prova ensaiados sob fadiga. Esta

    desacelerao foi atribuda s interaes entre as trincas e os contornos de gro.

    Foram observadas desaceleraes mesmo com diferentes acabamentos superficiais,

    sugerindo que a microestrutura afeta de forma considervel o crescimento de trincas

    curtas mesmo em superficies mal acabadas.

    2.5.3 Influncia da austenita retida no desempenho de um ao cementado

    H muita controvrsia em relao influncia da austenita retida no

    desempenho de aos cementados principalmente em relao ao desempenho em

    fadiga. A austenita retida uma fase dctil e altos teores desta na camada cementada

    podem diminuir a resistncia ao desgaste por pites ou fadiga de contato em

    engrenagens (FARIA, 1993). Porm, muitos autores sugerem que a austenita retida

    na camada cementada benfica, pois durante solicitaes cclicas, parte da austenita

    se transforma em martensita, devido transformao induzida por deformao.

  • 32

    Segundo BREEN8 apud DOANE (1990) , de 15% a 25% de austenita retida

    num ao cementado parece ser desejvel tanto para a melhora da resistncia ao

    desgaste quanto resistncia ao aparecimento de pites, e que mesmo grandes

    quantidades de austenita so tolerveis.

    SILVA (1997) concluiu que a presena de at 35 % de austenita retida na

    microestrutura da camada cementada de um ao SAE 8620, aumentou a tenacidade

    ao impacto e melhorou o desempenho em fadiga de baixo ciclo por flexo,

    retardando a nucleao de trincas. Esta melhora no desempenho em fadiga foi

    causada principalmente devido transformao induzi da por deformao da

    austenita em martensita.

    J DIESBURG (1978) mostrou que uma microestrutura de camada cementada

    apresentando altas quantidades de austenita retida possui baixas tenses residuais

    compressivas. Uma quantidade excessiva de austenita retida, por volta de 45% por

    exemplo, considerada prejudicial por pelo menos duas razes: produz baixa dureza

    superficial e portanto possui um baixo limite de resistncia e produz baixas tenses

    residuais compressivas. Porm, nveis de 10 a 40% de austenita retida parecem

    contribuir com o comportamento de fadiga sob condies de flexo.

    PACHECO & K.RAUSS (1989) tambm concordam que a austenita retida em

    microestruturas da camada cementada deve ser minimizada e finamente dispersa para

    um bom desempenho em fadiga. Microestruturas da camada superficial com baixa

    quantidade de austenita retida, em conjunto com um tamanho de gro refinado,

    tiveram excelente resistncia fadiga de alto ciclo, como mostra a figura 2.19.

    8" BREEN, D.H. (1984) FundamentaIs of gear stresslstrength relationships-materials. SAE TechnicalPapers Series, n 841083 apud DOANE, D.Y. (1990). Carburized stee\ - update on a maturecomposite. Journal of Heat Treatment, v. 8, o. 1, p. 33-53.

  • 33

    1849. O-~

    ~-~ IIc;! 1017. O [~ \

    ~ !e~

    Figura 2.19 - Influncia da austenita retida e do tamanho de gro austentico no

    limite de fadiga de um ao cementado e temperado (PACHECO & KRAUSS, 1989).

    Havendo a necessidade de se reduzir a quantidade de austenita retida presente na

    camada cementada, pode-se utilizar alguns mtodos citados a seguir:

    revenimento alta temperatura: um revenimento alta temperatura, acima da

    faixa de 150C a 200C, transforma a austenita retida em ferrita e carbetos

    grosseiros, havendo a reduo de tenacidade, dureza e resistncia, mas

    melhorando a estabilidade microestrutural;

    reaquecimento intercrtico: o mesmo processo utilizado para reduzir o

    tamanho de gro, mostrado na figura 2.18;

    jateamento por granalhas: mecanicamente, o jateamento transforma a

    austenita retida em martensita, introduzindo tenses residuais compressveis e

    aumentando o desempenho flexo por fadiga (KRAUSS, 1995b).

    tratamentos de resfriamento: tratamentos como o sub-zero reduzem a

    austenita retida, porm devem ser considerados como wn ltimo recurso pois

    tambm reduzem a resistncia fadiga por flexo e provocam elevada

    fragilidade em razo do aparecimento de microtrincas na camada cementada

    (PARRISH,1980);

  • 34

    2.5.4 Elementos de liga

    Os elementos de liga presentes nos aos alteram profundamente suas

    propriedades. Para peas cementadas, a composio qumica altera a profundidade da

    camada, o perfil de dureza e portanto altera a capacidade da pea de resistir

    esforos de flexo, contato, impacto, alm da resistncia ao desgaste (FARIA, 1993).

    O elemento qumico mais importante num ao cementado o carbono.

    Segundo FARIA (1993) o teor de carbono tem grande influncia na resistncia

    fadiga de engrenagens e tambm o aumento do teor de carbono da superficie

    aumenta a resistncia da matriz martenstica, minimiza a formao de perlita na

    superficie, porm aumenta o teor de austenita rerida na camada.

    Segundo DOANE (1990) uma quantidade de carbono na superficie de 0,9% a

    1,1% oferece uma tima resistncia ao desgaste e ao desgaste por pites. DOANE

    tambm mostra que aos com baixa temperabilidade, como os aos 16MnCr5 e

    20MoCr4 comparados com outros aos da norma DIN, exibem uma larga faixa de

    porcentagem de carbono sobre o qual uma alta dureza pode ser alcanada, mas

    somente se temperado em sees pequenas o suficiente para se obter estruturas

    totalmente martensticas. A figura 2.20 exemplifica este fato.

    1000

    _~ootn6"800

    ;;, 700::'-" 600==~f: ~oo~ 400-

    300

    " ;;"~":':":':":':a .---..... ".

    - ...,.." ~", "'.Tmperadireta', , .... 92SC em leo "- "'., "\'.

    --20MoCr4 "- \"-- 20 NIMoCr 6 "'"---18 CrNie ',\ . 16 M/'lCr5 "-

    ".o 0.1 0.2 0.3 0.4 o.e 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3

    Quantidade de carbono (%)

    Figura 2.20 - Relao entre a porcentagem de carbono e a dureza superficial aps

    tmpera direta de vrios aos DIN (DOANE, 1990).

  • 35

    Outros elementos de liga tambm causam grande influncia em aos.

    SCHULTZ & McMAHON9 apud KRAUSS (1978) investigando o tratamento de

    aos AISI 3340 acharam que o molibdnio elimina a fragilizao causada pelos

    elementos arsnio, antimnio e mangans, mas no elimina a fragilizao causada

    pelo fsforo. Alis o fsforo estava presente em todos os corpos aps a tmpera,

    indicando que a segregao de fsforo nos contornos de gro austenticos ocorreu

    durante a austenitizao.

    Adies moderadas dos elementos cromo e mangans podem aumentar a

    dureza do ncleo de um ao, com a adio de 0,5% de cada elemento (PARRISH,

    1980), mas so elementos com alto potencial de oxidao o que pode acarretar o

    aparecimento de oxidao intergranular durante a cementao e portanto podem

    reduzir a vida em fadiga do ao. SIEBER (1992) recomenda o uso de elementos com

    menor potencial de oxidao, tais como o nquel e o molibdnio ao invs do cromo e

    do mangans. Aos contendo o elemento boro obtiveram timos desempenhos com

    relao testes de fadiga.

    KRAUSS (1993) observou que os elementos de liga substitucionais, tais

    como o mangans, o nquel, o cromo e o molibdnio presentes num ao, diminuem

    as temperaturas de incio (Ms) e de trmino (Mf) de formao de martensita e

    portanto contribuem para a reteno de austenita na camada.

    Num estudo da influncia de elementos de liga na dureza de aos de mdio e

    baixo carbono aps os tratamentos de tmpera e revenimento, GRANGE et ai. (1977)

    concluram que a dureza da martensita aps a tmpera no mudou significativamente

    devido adio de mangans ou outro elemento de liga e que a quantidade de liga

    aparentemente tambm no mudou o nvel de austenita retida dos aos ao ponto de

    afetar a dureza.

    9"

    SCHULTZ, BJ.; McMAHON, E.CJ. (1972) ASTM STP 499, p. 104 apud KRAUSS, G. (1978) Themicrostructure and fracture of a carburized steeL Metallurgica/ Transactions A, v.9A., p.1527-1535,Nov.

  • 36

    o mangans no provocou nenhum efeito na dureza da martensita temperadapor volta de 200C. Porm, altas temperaturas de revenimento, acima de 350C, a

    presena de mangans resultou numa alta dureza aps o tratamento. O fsforo

    produziu um aumento de dureza da martensita revenida com revenimento acima de

    200C. O silcio aumentou a dureza da martensita revenida em todas as temperaturas

    de revenimento (de 200C a 700C). O cromo retardou o revenimento da martensita

    em todas as temperaturas estudadas, e o molibdnio, assim como o cromo, mostrou

    ser um forte formador de carbetos, produzindo uma dureza maior do que em uma liga

    Fe-C. Estes resultados mostram que o efeito de outros elementos de liga podem ser

    independentes da quantidade de carbono presente no ao.

  • 37

    2.6 Comportamento em fadiga de aos cementados

    2.6.1 Fadiga dos metais

    Fadiga o termo utilizado para expressar a falha de um material submetido a

    um carregamento cclico ou flutuante, mesmo se os nveis de tenses aplicados sejam

    menores que o limite de escoamento. Os materiais solicitados dinamicamente podem

    apresentar falhas em nveis de tenso bem abaixo da tenso de fratura sob

    carregamento esttico. Estima-se que cerca de 90% das falhas ocorridas em

    componentes automotivos, aeronuticos, pontes, turbinas, bombas e equipamentos

    em geral sujeitos a carregamentos cclicos, deve-se ao fenmeno de fadiga

    (SPINELLI, 1997).

    2.6.2 Fadigas de alto e baixo ciclo

    Segundo KRAUSS (1995c) existem dois diferentes regimes de

    comportamento fadiga: alta tenso e baixo ciclo e baixa tenso e alto ciclo. No

    regime de baixo ciclo, identificado pela linha inclinada da figura 2.21, a vida em

    fadiga ou limite fadiga a um nvel de tenso dado, finita, excedendo um nmero

    limitado de ciclos. No regime de alto ciclo, identificado pela linha horizontal da

    figura 2.21, a vida em fadiga considerada infinita, desde que a tenso definida pela

    linha horizontal no seja excedida.

    A tenso equivalente linha horizontal chamada limite de resistncia

    fadiga. Entretanto, o desempenho de fadiga real depende da razo entre a mnima e a

    mxima tenso aplicada, ou valor R. Pelo fato da fadiga de baixo ciclo ser dominada

    pela deformao plstica, a ductilidade que controla a resistncia fadiga. A fadiga

    de alto ciclo, por outro lado, dependente da deformao elstica, onde

    microestruturas com alto limite de elasticidade e de escoamento do o controle sobre

    a resistncia fadiga.

  • 38

    1200

    Rompido

    .-- No rompido

    .--.-.--300

    1x102 1X103 1x104 1x1oS

    Ciclos

    1x1d'

    Figura 2.21 - Curva tenso x nmero de ciclos, S-N (KIM & KWEON, 1996).

    2.6.3 Fatores que afetam a fadiga por flexo no ao cementado

    o estudo de fadiga por flexo em camadas cementadas vem sendoamplamente estudado pois a resistncia fadiga por flexo muito importante para

    preveno de falhas na raiz dos dentes de engrenagens cementadas (KRAUSS,

    1995c).

    As principais causas que influenciam o surgimento de trincas e a resistncia

    fadiga por flexo listadas por vrios autores como DIESBURG (1978), DOANE

    (1990), HYDE et aI. (1992), KRAUSS (1995c), PACHECO & KRAUSS (1989) e

    SIEBER (1992), so: descontinuidades superficiais ou marcas de usinagem e retfica,

    incluses, carbetos, gradiente microestrutural, perfil de tenso residual, dureza da

    camada cementada, quantidade de carbono superficial, profundidade da camada

    cementada, austenita retida, oxidao intergranular, microtrincas, segregao de

    fsforo para os contornos de gro da austenita, temperatura de revenimento, tipo de

    ao-liga e a absoro de hidrognio durante a cementao gs.

  • 39

    SIEBER (1992) mostrou que o processo de retifica pode ser um fator

    importante na vida em fadiga. Com uma remoo de 0,15 mm da superficie na

    retifica, a vida mdia em fadiga por flexo aumentou 6 vezes comparado com os

    corpos de prova sem retifica. A influncia da retifica parece ser a de retirar filmes de

    oxidao superficial e oxidao intergranular associados com a atmosfera do fomo.

    Outros fatores que tambm melhoraram a vida em fadiga foram: a diminuio de

    austenita retida, a diminuio da profundidade de oxidao intergranular e a

    diminuio do tamanho de gro. Para COHEN et aI. (1991) a baixa quantidade de

    austenita retida tambm aumentou os limites de fadiga dos aos cementados

    estudados.

    Segundo PACHECO & KRAUSS (1989), em baixo ciclo, fadiga de alta

    tenso, grandes quantidades de austenita retida, entre 30% e 40%, esto relacionadas

    com uma longa vida em fadiga, um resultado que explicado pela transformao

    induzida por deformao da austenita retida altas deformaes geradas na fadiga de

    baixo ciclo. Na fadiga de alto ciclo, os efeitos da austenita retida so mais dificeis de

    se separar de outras caractersticas da camada superficial. A microestrutura da

    camada superficial formada pelo conjunto austenita-martensita, que se origina de

    finos gros de austenita, mostram excelente resistncia fadiga de alto ciclo.

    Uma mdia porcentagem de carbono, abaixo de 1,0%, variando de 0,60% a

    0,92% na camada cementada, aumentou a vida em fadiga dos aos estudados por

    SIEBER (1992). Acredita-se que isto acontea pois altas porcentagens de carbono

    formam grandes quantidades de martensita em forma de placa que esto associadas

    com a formao de microtrincas.

  • 40

    As durezas superficial e do ncleo de um ao cementado tambm influenciam

    a vida em fadiga. Segundo DIESBURG (1978) uma baixa dureza superficial reduz as

    propriedades de fadiga de alto ciclo. FETT (1988), num estudo da influncia da

    dureza do ncleo de aos SAE cementados, concluiu que uma baixa dureza do

    ncleo melhor sob condies de fadiga de baixo ciclo, mas uma dureza de ncleo

    de 30 HRC ou maior pode melhorar a fadiga de alto ciclo. Os melhores resultados

    para vida em fadiga foram obtidos para uma dureza de ncleo acima de 25 HRC.

  • 41

    2.7 Iniciao e propagao de trincas por fadiga em aos cementados

    2.7.1 Iniciao intergranular e transgranular

    A iniciao de trincas por fadiga num ao cementado pode ocorrer de duas

    maneiras distintas: iniciao intergranular ou transgranular. A iniciao intergranular

    a mais comum em aos cementados sendo que a regio preferencial para o incio da

    trinca so os contornos de gros austenticos da camada cementada (KRAUSS,

    1995c).

    COHEN et aI. (1992), HYDE et aI. (1992), KIM & KWEON (1996) e

    KRAUSS (1995c) analisaram a fratura intergranular superficial e constataram que,

    relacionados com fratura de contorno de gro, esto uma combinao de segregao

    de fsforo e a formao de carbetos nos contornos de gros austenticos. Tais

    mudanas de contorno de gro ocorrem na cementao e na tmpera, e no no

    revenimento.

    A iniciao de trinca transgranular menos comum e est associado ao

    tamanho de gro austentico. Uma granulao fina provoca uma iniciao

    transgranular, e segundo KRAUSS (1993), isto ocorre pois os gros finos diluem a

    segregao de fsforo e formao de cementita em contornos de gros. Portanto,

    sugere-se que a iniciao de trincas por fadiga em aos com gros austenticos de

    tamanho grosseiro intergranular, enquanto que a iniciao em aos com gros finos

    transgranular.

    2.7.2 Fatores relacionados com a iniciao e propagao de trincas

    Alm dos contornos de gros austenticos, outros fatores esto relacionados

    com o incio de trincas intergranulares e transgranulares como incluses, defeitos

    superficiais e microtrincas residuais. Segundo APPLE & KRAUSS (1973), as

    microtrincas residuais se formam durante a tmpera como resultado da coliso das

  • 42

    lminas de martensita em aos com alto carbono. Tais microtrincas normalmente

    provocam trincas intergranulares mas tambm podem iniciar uma falha

    transgranular. GENEL & DEMIRKOL (1999) citam que a oxidao interna nos

    contornos de gro da austenita pode ser reconhecida como uma origem efetiva de

    iniciao de trincas por fadiga. J BOABAID & YATES (1993) abordam trs

    parmetros principais que afetam a iniciao de trincas por fadiga: a rugosidade

    superficial, a tenso residual e a microestrutura da superfcie.

    Aps o incio das trincas, a propagao ou crescimento destas tambm

    depende de um grande nmero de variveis, incluindo as propriedades mecnicas e

    microestruturais do material e as tenses e deformaes cclicas aplicadas. Segundo

    DIESBURG (1978) o aumento da resistncia propagao de trincas pode ser

    realizado de duas maneiras: desenvolvendo microestruturas com uma alta tenacidade

    fratura por deformao plana, e produzindo uma alta tenso residual compressiva

    na camada e, portanto, reduzindo efetivamente a tenso aplicada na microestrutura da

    camada. DE LOS RIOS et aI. (1995) observaram um crescimento mais rpido de

    trincas no sentido da profundidade da amostra do que na superfcie, provando que a

    tenso compressiva da superfcie atrasa o crescimento da trinca.

    DE LOS RIOS et aI. (1996) concluram tambm que a ponta de trinca obtusa

    e o endurecimento por deformao plstica do material ao redor da ponta da trinca

    so outros parmetros de controle responsveis pelo crescimento de trincas. Ficou

    bem claro que a tenso residual na zona plstica da ponta da trinca um fator

    importante no retardo no crescimento de trincas por fadiga.

    2.7.3 Zonas de fratura

    Normalmente, aos cementados submetidos flexo exibem modos de fratura

    mistos, intergranular e transgranular; com um incio de propagao intergranular,

    uma propagao transgranular e uma fratura final dctil do ncleo. Ensaios de fadiga

    por flexo mostram que pequenas regies de fratura intergranular ocorrem nos

    primeiros ciclos de carregamento com tenses acima do limite de resistncia do ao

  • 43

    cementado (KRAUSS, 1993). Esta trinca inicial toma-se o incio da propagao de

    uma trinca transgranular estvel; em seguida tal trinca toma-se instvel ocorrendo

    uma fratura intergranular por sobrecarga.

    A descrio anterior, de 3 zonas ou modos do processo de fratura por fadiga

    de camadas cementadas submetidas flexo, a mais citada pelos pesquisadores.

    Porm, PACHECO & KRAUSS (I989) identificaram 4 zonas: uma de iniciao,

    uma regio transgranular de crescimento da trinca estvel, uma zona instvel de

    fratura atravs da camada superficial, na maior parte intergranular, e uma zona de

    sobrecarga dctil atravs do centro. J MEDLIN et aI. (1995) identificaram cinco

    diferentes zonas: uma iniciao intergranular na superfcie da camada (zona 1), uma

    fratura transgranular primria estvel na camada (zona 2), uma fratura de sobrecarga

    intergranular instvel atravs da camada (zona 3), uma fratura por fadiga secundria

    perto da interface camada cementada-ncleo e dentro do ncleo (zona 4) e uma

    fratura de sobrecarga final atravs do ncleo (zona 5). A figura 2.22 mostra as cinco

    zonas citadas.

    ZONA 1

    ZONA 2

    ZONA 3

    ZONA 4

    ZONAS

    Figura 2.22 - Desenho esquemtico mostrando as zonas de fratura por fadiga em um

    ao cementado submetido flexo (MEDLIN et aI., 1995).

  • 44

    A iniciao da fratura intergranular na zona 1 se origina na superfcie da

    camada da pea, nos contornos de gros austenticos. No processo de cementao,

    tanto a oxidao intergranular como a fonnao de cementita e segregao de fsforo

    nos contornos de gro, especialmente nos corpos diretamente temperados aps a

    cementao, podem causar a iniciao de fadiga na zona 1. Entretanto, se a fonnao

    de cementita-fsforo nos contornos reduzida, a camada de oxidao intergranular

    ir controlar a iniciao de trincas.

    A trinca por fadiga primria e estvel (zona 2) propaga transgranulannente

    atravs das microestruturas de martensita temperada e austenita retida at atingir o

    tamanho crtico para uma camada de alto carbono. A iniciao e estabilizao do

    crescimento de trinca primrio por fadiga (zonas 1 e 2) podem envolver a maior parte

    da vida em fadiga de um componente. A zona 3 consiste de uma fratura intergranular

    instvel na camada. A trinca intergranular instvel parada perto da interface

    camada-ncleo e continua como uma trinca por fadiga secundria estvel atravs do

    ncleo na zona 4. A zona 5 corresponde zona final de fratura devido sobrecarga

    no qual a superfcie de fratura do ncleo consiste inteiramente da coalescncia de

    microvazios, caracterstica de fratura dctil. Uma vez a fratura de sobrecarga alcance

    a camada cementada do lado oposto da pea, a fratura muda para o modo de fratura

    intergranular frgil.

  • 45

    2.8 Mecnica da fratura aplicada fadiga

    Fratura a separao ou fragmentao de um corpo slido em duas partes ou

    mais, sob a ao de uma tenso. O processo de fratura pode se dividir em duas

    partes: o incio da trinca e a propagao da trinca e tambm se classifica em duas

    categorias gerais: fratura frgil e fratura dctil. Na fratura dctil h a ocorrncia de

    uma aprecivel deformao plstica antes e durante a propagao da trinca. A fratura

    frgil caractenzada pela rpida prOpftRnc~o da trinca, sem deformao

    macroscpica e pouca microdeformao (DIETER, 1981).

    A mecnica da fratura estuda o comportamento de materiais contendo trincas

    ou outras pequenas falhas. Com a mecnica da fratura podemos ter uma tolerncia ao

    dano, permitindo que a pea continue trabalhando com uma falha subcrtica. Em

    muitos casos, uma pea mecnica pode no correr perigo de falha mesmo

    apresentando trincas. Para estimar quando a falha pode ocorrer, a taxa de propagao

    da trinca toma-se importante.

    A aplicao da mecnica da fratura fadiga surgiu quando P.C. Paris trouxe

    para a fadiga o conceito de tenacidade fratura. A tenacidade fratura mede a

    capacidade que um material, contendo uma falha, suporta uma carga aplicada. A

    tenso aplicada ao material intensificada pela falha, a qual age como um

    intensificador de tenso. As tenses locais perto da trinca dependem do produto da

    tenso nominal a e da raiz quadrada da metade do comprimento da trinca a. Estarelao chamada de fator de intensidade de tenso K onde, para uma trinca aguda

    elstica, K representado pela seguinte equao:

    K=Ca~ (2.1)

    onde C um fator da geometria do material e da falha, a a tenso aplicada e a otamanho mdio da trinca.

  • 46

    Portanto, sabendo o tamanho da falha, podemos determinar o valor de K que

    causar o crescimento da trinca e a fratura final. Teremos ento o Kc, que o valor

    de K requerido para a trinca propagar.

    Existem padres de modos de deformao que podem ser aplicados uma

    trinca e se relacionam com o fator de intensidade de tenso. No modo I, tem-se uma

    tenso trativa na direo normal s arestas da trinca. No modo lI, h uma tenso de

    cisalhamento aplicada na direo normal aresta frontal da trinca. E no modo III h

    uma tenso cisalhante aplicada paralelamente aresta frontal da trinca. A figura 2.23

    ilustra os trs modos de deformao. O modo I a situao mais importante e mais

    usual para o teste de tenacidade fratura onde o valor crtico da intensidade de

    tenses neste modo chama-se K1c. Os valores de K1C para o caso de deformaes

    planas so propriedades vlidas independente da espessura da amostra e descrevem a

    tenacidade fratura de materiais resistentes como os materiais tratados

    termicamente.

    Modo I Modo 11 ModoIlI

    Figura 2.23 - Modos de deformao aplicados mecnica da fratura (ANDERSON,

    1995).

  • 47

    2.8.1 Relao da mecnica da fratura com a taxa de crescimento de trincas

    Quando um corpo de prova submetido a um carregamento