influÊncia da poda em ateiras

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Boletim de Pesquisae Desenvolvimento 15

José Emilson CardosoFrancisco José de Seixas SantosJúlio Cal VidalRaimundo Nonato Martins de Sousa

Influência da Poda e daLâmina de Água de Irrigaçãona Produção e na Incidênciada Podridão-Seca em Ateira

Fortaleza, CE2004

ISSN 1679-6543

Junho, 2004

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaCentro Nacional de Pesquisa de Agroindústria TropicalMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Agroindústria TropicalRua Dra. Sara Mesquita 2270, PiciCaixa Postal 3761Fone: (85) 299-1800Fax: (85) 299-1803Home page: www.cnpat.embrapa.brE-mail: [email protected]

Comitê de Publicações da Embrapa Agroindústria Tropical

Presidente: Valderi Vieira da SilvaSecretário-Executivo: Marco Aurélio da Rocha MeloMembros: Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo, Marlos

Alves Bezerra, Levi de Moura Barros, José Ednilsonde Oliveira Cabral, Oscarina Maria da Silva Andrade,Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira

Supervisor editorial: Marco Aurélio da Rocha MeloRevisão de texto: Maria Emília de Possídio MarquesNormalização bibliográfica: Rita de Cassia Costa CidFoto da capa: José Emilson CardosoEditoração eletrônica: Arilo Nobre de Oliveira

1a edição on line: junho de 2004

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou emparte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

CIP - Brasil. Catalogação-na-publicação

Embrapa Agroindústria Tropical

Influência da poda e da lâmina de água de irrigação na produção ena incidência da podridão-seca em ateira / José EmilsonCardoso... [et al.]. - Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropi-cal, 2004.

17p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Boletim de Pesquisa eDesenvolvimento, 15)

ISSN 1679-6543

1. Ateira - Fungo - Doença. 2. Ata - Cultivo. 3. Annonasquamosa L. 4. Lasiodiplodia theobromae. I. Cardoso, JoséEmilson. II. Santos, Francisco José de Seixas. III. Vidal, Júlio Cal.IV. Sousa, Raimundo Nonato Martins de. V. Título. VI. Série.

CDD 632.4

© Embrapa 2004

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Sumário

Resumo ..................................................................... 5Abstract ................................................................... 7Introdução ................................................................. 9Material e Métodos .................................................. 10Resultados e Discussão ............................................. 11Conclusão ................................................................ 15Agradecimentos ....................................................... 15Referências Bibliográficas .......................................... 16

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Influência da Poda e daLâmina de Água de Irrigaçãona Produção e na Incidênciada Podridão-Seca em AteiraJosé Emilson Cardoso1

Francisco José de Seixas Santos2

Júlio Cal Vidal3

Raimundo Nonato Martins de Sousa4

1 Eng. Agrôn., Ph.D., Embrapa Agroindústria Tropical, Rua Dra. Sara Mesquita 2.270, Pici, Caixa Postal3761, CEP 60511-110 Fortaleza, CE. [email protected]

2 Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa Meio-Norte, Av. Duque de Caxias 5650, Caixa Postal 01, CEP 64006-220Teresina, PI. [email protected]

3 Eng. Agrôn., B.Sc., Embrapa Agroindústria Tropical. [email protected] Téc. Agrícola, Embrapa Agroindústria Tropical.

Resumo

A exploração comercial da ata tende a se expandir rapidamente, à mercê de novastecnologias de produção e de pós-colheita e do atual apelo dos consumidoresurbanos por alimentos naturais. Entretanto, são reduzidas as informações sobreos aspectos relacionados às práticas de cultivo, como poda, adubação, níveis deirrigação e manejo de doenças e pragas. Este trabalho teve como objetivo avaliaro efeito de práticas de condução de copa e do manejo da irrigação na produção eocorrência da podridão-seca da ateira, em experimento conduzido no CampoExperimental de Pacajus, da Embrapa Agroindústria Tropical, no Município dePacajus, Ceará. Foram avaliados quatro níveis de lâminas de água, conforme aevaporação observada em tanque classe A: L1 = 0,6 da evaporação; L2 = 0,8da evaporação; L3 = 1,0 da evaporação; L4 = 1,2 da evaporação em plantaspodadas (poda de limpeza e de condução) e não podadas. Avaliaram-se aprodução de frutos comerciais e a incidência da podridão-seca. O plantio foi

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realizado em fevereiro de 1996 e os demais tratos culturais foram os normalmenteusados para a cultura, na região. Com base nos resultados, observou-se que nãohouve influência da poda e dos diferentes níveis de irrigação no rendimento e naincidência da podridão-seca. A produção média foi de 3 kg/planta, nos primeirostrês anos, atingindo cerca de 9 kg/planta a partir do quarto e quinto ano (2001 e2002). A podridão-seca, apesar de interferir na produção, não reduziu o estandedo pomar ao término de seis anos.

Termos para indexação: ateira, Annona squamosa L., Lasiodiplodia theobromae,práticas culturais, manejo de água.

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Abstract

Efficiency of Pruning andWater Level of Irrigation onYield and Dry Rot of SweetSop Plants

The commercial exploitation of sweet sop fruit point to an rapid expansionthroughout as a result of new crop technologies to ensure higher yields andgood post harvest practices, in addition to the demand for natural fruit by urbanconsumers. Nevertheless, very little information related to cultural practices suchas pruning, crop fertilization, levels of irrigation water, and disease and pestmanagement are available. This work was aimed to evaluate the effect of pruningand different levels of irrigation water on yield and dry rot occurrence in sweetsop plants, through a field experiment conducted at �Campo Experimental dePacajus�, of Embrapa Tropical Agroindustry, in Pacajus city, state of Ceará. Fourirrigation levels, based on evaporation measurements from a class �A� tankwere tested: L1 = 0.6, L2 = 0.8; L3 = 1.0; and L4 = 1.2 times the class �A�tank evaporation in pruned and non-pruned plants. Commercially fruit yield anddisease incidence were evaluated throughout the study. Plants were transplantedin February of 1996 and commonly used cropping practices were followed. Thedata did not show any differences among treatments. Neither water levels norpruning practice affected fruit yield and disease incidence. Fruit yield per plantwas 3 kg for the first three years, reaching 9 kg/plant in the fifth year (2001 and2002). Dry rot disease, in spite of reducing yield presumably did not interferewith the crop stand up to the sixth year after transplanting.

Index terms: Annona squamosa L., Lasiodiplodia theobromae, agriculturalpractices, water management.

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9Influência da Poda e da Lâmina de Água de Irrigação na Produção e na Incidência

da Podridão-Seca em Ateira

Introdução

A importância socioeconômica da ata ou pinha (Annona squamosa L.) no Brasiltem aumentado nos últimos anos pela demanda de frutas tropicais, além dapossibilidade de sua utilização na indústria farmacêutica e como inseticida natural(Ruprecht et al., 1990). O cultivo comercial dessa anonácea no Brasil tem sidoefetuado com maior sucesso na Região Nordeste, em razão da boa adaptação àbaixa umidade relativa verificada nesta região. Como espécie tropicalsemidomesticada, a ateira é bem adaptada às condições climáticas prevalecentesnesta região, entretanto, é muito vulnerável ao ataque de doenças e pragas, asquais concorrem para a redução da produção, a depreciação comercial doproduto e a longevidade produtiva dos pomares.

O ataque de doenças e pragas, o manejo empírico da planta (e.g. enxertia, poda),do solo (e.g. adubação) e da água (e.g. lâmina de água), a ausência de genótipossuperiores, a auto-esterilidade das flores e o desconhecimento de métodoseficientes de polinização artificial têm sido os principais motivos do fracasso docultivo intensivo da ateira, nos Estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Paraíba,Rio Grande do Norte e Ceará.

Como qualquer outra planta cultivada, as anonáceas são objeto de infecção emtodas as fases de desenvolvimento, desde o viveiro (Pinto & da Silva, 1994),até a colheita (Feichtenburger et al., 1988). Entretanto, é na fase da produçãoque se observam os maiores danos causados pelas doenças. A podridão-seca,uma das principais doenças da ateira, foi inicialmente descrita como sendocausada por Botryodiplodia theobromae (Sin = Lasiodiplodia theobromae)(Ponte, 1985). Estudos sobre a especialização patogênica desse fungo são aindadesconhecidos na literatura, embora se trate de uma espécie polífaga, capaz deser isolada de mais de 500 hospedeiros e de infectar tecidos, desde raízes atéprodutos vegetais armazenados (Pathak & Srivastava, 1967; Punithalingham,1976). Os sintomas típicos dessa doença são morte-descendente, queima oupodridão-seca dos ramos ou hastes terminais e cancros no tronco. A maioria dostrabalhos relativos às doenças da ateira refere-se, basicamente, a notas deocorrência (Tabosa et al., 1981; Ponte, 1985; Lourd & Alves,1986;Feichtenburger et al., 1988; Kitajima & Santos, 1989; Freire & Cardoso, 1997),limitando-se a descrição de sintomas e testes de patogenicidade.

Como condições predisponentes à ocorrência e à rápida progressão da podridão-

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seca-das-hastes em outros patossistemas são citados estresse hídrico, deficiênciade cálcio, deficiência de oxigênio nas raízes e mudas com baixo vigor ouinfectadas (Lewis & Van Arsdel, 1978; Tavares, 1993). Estudos recentesrevelaram que o agente causal da podridão-seca é eficientemente transmitido pelasemente de graviola, atingindo até 19% de infeção (Cardoso et al., 1997). Oenvolvimento da broca-do-tronco (Apate terebrans Fam. Bostrichide) na dissemi-nação do fungo causal foi relatado recentemente (Cardoso et al., 1998).

Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de práticas de condução decopa e manejo da irrigação na produção e ocorrência da podridão-seca e naprodução da ateira.

Material e Métodos

Os trabalhos foram desenvolvidos no Campo Experimental de Pacajus, daEmbrapa Agroindústria Tropical, situado em Pacajus, CE, entre as coordena-das geográficas 4°10� de latitude e 38° 27� de longitude, com altitude de60 m acima do nível do mar. O plantio foi realizado em fevereiro de 1996,utilizando-se mudas de pé-franco, produzidas a partir de sementes de plantassem variedade definida. O local de plantio é caracterizado por possuir soloarenoso, plano, de baixa fertilidade natural e pH 5,6. O espaçamento foi de5 x 4 m, covas de 40 x 40 x 40 cm, adubadas previamente com 10 litrosde esterco bovino, 500 g de superfosfato simples, 100 g de calcáriodolomítico e 10 g de FTE BR 12. Todas as plantas foram adubadas anual-mente com 290 g de uréia, 1.200 g de superfosfato simples e 330 g decloreto de potássio. A uréia e o cloreto de potássio foram aplicados em trêsdoses (abril, agosto e dezembro), enquanto que o superfosfato simples foiaplicado de uma única vez, no mês de abril.

Foram avaliados dois tratamentos de condução de plantas: poda de limpeza(eliminação de todo e qualquer ramo praguejado) e de condução (visando aformação da copa na forma de taça) e sem poda. A primeira poda foi realizadaem novembro de 1996 (cerca de nove meses após o plantio definitivo), a partirdaí foram realizadas sistematicamente 30-40 dias após o período chuvoso eantes do início da irrigação. O método de poda foi o preconizado por Araújo etal. (1999). Após a poda, foi realizada aplicação de uma solução fungicida à

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da Podridão-Seca em Ateira

base de oxicloreto de cobre (180 g i.a./litro). O delineamento experimental foio de blocos ao acaso, com dois tratamentos e 12 repetições, e cada parcelaconstituída de quatro plantas, com bordaduras entre as parcelas. Os parâmetrosavaliados foram o vigor, a precocidade, a ocorrência da podridão-seca e aprodução de frutos comerciais.

Foram avaliadas quatro diferentes lâminas de água de irrigação, conforme aevaporação (EV) observada em um tanque classe A: L1 = 0,6 da EV; L2 = 0,8 daEV; L3 = 1,0 da EV; L4 = 1,2 da EV. Um teste de vazão foi feito, previamente,visando corrigir possíveis diferenças que poderiam comprometer a precisão doexperimento. A irrigação foi feita por microaspersão. O delineamento experi-mental foi o de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis repetições comquatro plantas cada. A irrigação foi iniciada cerca de 45 dias após o final doperíodo chuvoso. Os mesmos parâmetros relatados no item anterior foramavaliados.

Para efeito de análise, os dados obtidos foram transformados em √x-1. Asanálises de variância e os testes de comparação de médias foram efetuados pormeio do pacote estatístico SAS.

Resultados e Discussão

As plantas revelaram uma alta precocidade produtiva, porquanto a primeirafloração foi verificada aos três meses após o plantio definitivo (Fig. 1). Essacaracterística, embora não constitua o escopo deste trabalho, é um importantecaráter para estudos genéticos (seleção de genótipos, por exemplo) e de ambiente(solo, adubação, época de plantio).

A produção de frutos comerciais da área foi, em média, de 3 kg/planta nosprimeiros três anos de produção (1998 a 2000), estabilizando-se a partir de2001, quando atingiu cerca de 9 kg/planta (variando de 6 a 12 kg). A média depeso por fruto nos anos avaliados foi de 151,8 g. Esses valores estão bemabaixo da produtividade considerada ótima para a ateira irrigada nas regiõesprodutoras do Nordeste, segundo Couceiro (1983), que gira em torno de 15 kgpor planta ano. Convém ressaltar que, em situação experimental, existe sempreuma margem considerável de perdas em relação aos pomares comerciais, devidoà seleção de frutas.

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Fig.1. Planta de ateira com três meses de transplantada,

mostrando a precocidade produtiva. Embrapa Agroindústria

Tropical. Pacajus, CE. 2003.

Os efeitos da poda e da lâmina de água na produção e na ocorrência da podridão-seca foram estudados de 2001 a 2002 e em 2003, respectivamente. A opera-ção de poda não produziu nenhuma variação no rendimento da planta (Fig. 2),considerando o quinto e o sexto ano de idade (2001 e 2002). Embora os dadosnão apresentem diferença estatística entre os tratamentos, não se pode concluirque a prática da poda seja totalmente desnecessária nas condições estudadas,pois o objetivo principal deste estudo foi verificar o efeito da poda na dissemina-ção ou na predisposição da planta à ocorrência da podridão-seca, seja pelaabertura de sitios de penetração ao agente causal, ou pelo estresse provocadopela poda.

A incidência da podridão-seca em maio de 2003, entretanto, não foi diferenteentre as plantas podadas (62,55%) e não podadas (70,75%), revelando que apoda não interferiu no progresso da doença. Deve-se ressaltar que a pequenadiferença (8,2%) no percentual de plantas infectadas entre as plantas podadasem relação às não podadas, deve-se, exatamente, à eliminação de ramos afeta-dos por ocasião da poda, mesmo tendo sido procedida a operação em novem-bro, seis meses antes da avaliação da doença.

Observou-se, ainda, que a elevada incidência da podridão-seca conduziu a umaacentuada redução na capacidade produtiva das plantas. No período estudado,

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da Podridão-Seca em Ateira

não se verificou nenhuma redução no estande do pomar, seja devido à doençaou a qualquer outra causa.

Os sintomas da podridão-seca (morte-descendente), foram mais freqüentes(80%) do que os de cancros no tronco (20%). Essa observação foi importante,pois evidenciou a participação das brocas-do-tronco, Apates terebrans eCratosomus bombina Fabricius, na ocorrência do cancro e da morte descendente,respectivamente. Embora não se tenha constituído no objetivo deste trabalho,pôde-se observar que a relação entre a ocorrência de A. terebrans e a de cancroestavam correlacionadas positivamente. O mesmo não pode ser concluído emrelação à broca do gênero Cratosomus e à morte descendente.

Fig. 2. Influência da poda na produção de frutos de ateiras plantadas em 1996.

Barras representam médias de 12 repetições, com seis plantas cada. Barras com a

mesma letra não diferem significativamente (p = 0,05). Embrapa Agroindústria

Tropical. Pacajus, CE, 2003.

Os resultados do efeito da irrigação da ateira com diferentes lâminas de água naprodução e no desenvolvimento da podridão-seca não mostraram diferençasquanto à produção (Fig. 3) ou à ocorrência da podridão-seca (Fig. 4) da ateira,submetida às quatro lâminas de irrigação. Uma hipótese para esses dados é quea ateira, sendo uma planta bem adaptada ao semi-árido do Nordeste do Brasil,não respondeu aos níveis de água testados, os quais supriram o necessário àsua performance produtiva. Uma ligeira tendência para redução no rendimento

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nas plantas que receberam uma menor quantidade de água pode ser observada,enquanto que as plantas que receberam maiores quantidades de água apresenta-ram uma maior estabilidade de produção nos dois anos.

Quanto à ausência de efeito dos níveis de lâminas de água na ocorrência dapodridão-seca, presume-se que nenhum nível foi suficientemente capaz deprovocar o estresse necessário à predisposição das plantas a uma maior intensi-dade de infecção.

Notou-se um desenvolvimento acentuado da podridão-seca após a colheita de2001 (Fig. 4), que foi maior (>17%) do que a média de 2002 (Fig. 3),mostrando que a produção pode ter sido marcadamente influenciada peloaumento da doença. Portanto, os danos causados pela podridão-seca estãomuito mais relacionados ao seu caráter espoliativo do que ao destrutivo, comose presume a priori, ante os sintomas histologicamente destrutivos da doença. Aelevada incidência da podridão-seca nas condições estudadas pode ter ocorridoem razão de uma grande pressão de inóculo na região, associada à presença dosvetores ou mesmo a condições predisponentes ainda não elucidadas.

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Fig. 3. Efeito de diferentes níveis de irrigação, medidos pelo tanque classe A (L1= 0,6

da evaporação, L2 = 0,8, L3 = 1,0 e L4 = 1,2), no rendimento da ateira. Barras

com a mesma letra não diferem significativamente (p = 0,05). Embrapa

Agroindústria Tropical. Pacajus, CE, 2003.

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15Influência da Poda e da Lâmina de Água de Irrigação na Produção e na Incidência

da Podridão-Seca em Ateira

Fig. 4. Efeito de diferentes níveis de irrigação, medidos pelo tanque classe A (L1 = 0,6

da evaporação, L2 = 0,8, L3 = 1,0 e L4 = 1,2), na severidade da podridão-seca

da ateira. Barras com a mesma letra não diferem significativamente (p = 0,05).

Embrapa Agroindústria Tropical. Pacajus, CE, 2003.

Conclusões

Nas condições em que foi realizado o estudo, pôde-se concluir que:

1. A podridão-seca não causou redução no estande do pomar de ateira após seisanos de cultivo.

2. A ocorrência da podridão-seca não esteve, necessariamente, associada aoestresse hídrico ou à poda.

3. As podas de formação e de limpeza (anual) não interferiram na produção daateira.

4. As plantas de ateira não responderam às lâminas de irrigação até 1,2 vezes alâmina evaporada, medida em tanque classe A.

Agradecimentos

Os autores agradecem à valorosa contribuição do Auxiliar de Pesquisa, ManuelWellington dos Santos e dos bolsistas Cleilson Nascimento Uchoa e FranciscoLeonardo de Paula Neto pela condução do experimento no campo.

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