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12/2/2005 UINIVERSIDADE DE ÉVORA ARBORICULTURA II Augusto António Vieira Peixe Breve abordagem aos conceitos sobre poda em Macieiras

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12/2/2005

UINIVERSIDADE DE ÉVORA

ARBORICULTURA II

Augusto António Vieira Peixe

Breve abordagem aos conceitos sobre poda em

Macieiras

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É a poda que se deve adaptar aos hábitos de crescimento e frutificação das espécies e não estas que devem moldar-se ao sistema de condução escolhido

Tendências de evolução das plantações de pomares de Macieiras nos anos 80 e 90:

• Aumento das densidades por ha, através de uma redução do compasso na linha.

•Utilização de formas de condução em eixo central, planas ou em volume com ramificação baixa das pernadas principais.

•Adaptação dos sistemas de condução e poda aos hábitos de crescimento das variedades.

Foi frequente nos anos 60 e 70 tentar formar as árvores através da poda, não respeitando os seus normais hábitos de crescimento. Actualmente pensa-se ser preferível fazer uso das características da variedade e permitir-lhe que se auto-organize de acordo com os seus hábitos vegetativos, servindo a poda apenas para a manter dentro de determinados limites e ajudar na aquisição do equilibro entre desenvolvimento vegetativo e produção de frutos.

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Há três pontos para os quais o fruticultor de hoje tem que encontrar a resposta mais adequada:•Como reduzir o tempo necessário para a poda e a colheita.•Como obter uma boa produção o mais cedo possível•Como conseguir anualmente produções aceitáveis em quantidade e qualidade.

A utilização de formas de condução que permitam uma mais fácil mecanização destes processos pode ser o primeiro passo

•Praticas culturais que promovam a rápida diferenciação de gomos florais.

•Aumento das densidades por forma a mais rápida-mente atingir o equilíbrio entre desenvolvimento vegetativo e frutificação.

É aqui que a poda de manutenção joga um papel muito importante e, para ser correctamente executada e conseguir atingir os objectivos referidos, torna-se indispensável compreender a relação entre a qualidade e quantidade dos frutos e o vigor dos ramos portadores ( Fig1).

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Fig.1: Relação entre a qualidade e quantidade dos frutos e o vigor do ramo portador.

ZONA A (0º a 30º): Lançamentos vigorosos fraca ou nula aptidão para a produção, as podas devem actuar por forma a promover o arqueamento natural, sem recorrer a atarraques.

ZONA B (30º a 120º): Zona de equilíbrio entre vigor e frutificação com um óptimo entre os 30 e os 45º

ZONA C (120º a 180º):Zona com grande capacidade produtiva, normalmente com produções de má qualidade devido a um excesso de frutos que torna o seu tamanho demasiado pequeno e também a uma insuficiente exposição á luz, o que reduz significativamente o seu teor em açucares.

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Importantes diferenças podem ser observadas entre as variedades de macieiras, quanto aos hábitos de crescimento e frutificação.

Tipo I - SPURS: Variedades com forte tendência para a basitonia, fraca dominância do ramo guia, frutificação em esporões surgindo estes nos ramos com idade superior a 3 anos, o que mantém a zona produtiva próxima da zona central da árvore.

Tipo II - Similares à Rainha das Rainetas: Variedades fáceis de conduzir em formas livres. As pernadas principais estão fortemente inseridas no tronco e apresentam bons ângulos de inserção, a tendência para a basitonia é ainda acentuada, particularmente quando se utilizam cavalos vigorosos. (Continua)

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(Continuação)A frutificação ocorre em esporões com 2 a 4 anos e por isso, também aqui a produção ocorre especialmente na zona central da planta.Tipo III - Similares à Golden Delicious: Variedades particularmente bem adaptadas `a condução em eixo central, devido a uma perfeita dominância do ramo guia em relação às pernadas. Ramos com uma inserção de 60º a 90º em relação ao tronco asseguram uma boa capacidade produtiva. Aparecem as verdascas coroadas como principais ramos de produção que se complementam com esporões que surgem no ramos com 1 ou 2 anos. Quando não submetidas a poda estas árvores têm tendência para que a zona de produção evolua para a periferia envelhecendo a zona mais interna da copa e tendendo os ramos para um arqueamento exagerado, que a poda bem aplicada deve corrigir.

Tipo IV - Similares à Granny Smith: Forte tendência para a acrotonia, situando-se a zona de produção na parte superior da copa, dando à arvore uma aparência cilíndrica, os ramos de fruto, essencialmente verdascas situam-se nos ramos de um ou dois anos, tanto na extremidade como na zona de arqueamento dos mesmos.Os ramos principais tendem a alongar-se excessivamente devido aos arqueamentos sucessivos e é para contrariar esta tendência que as operações de poda devem servir. A renovação dos ramos produtores é neste caso bastante importante

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Formas de condução propostas para cada grupo

Os critérios utilizados para selecção destas formas foram os seguintes:

•Hábitos de frutificação•Boa iluminação da zona de produção•Facilitar as técnicas culturais

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CONDUÇÃO EM EIXO CENTRAL

O termo eixo central utiliza-se para definir uma estrutura de organização da árvore com as seguintes características:

•Um tronco único e vertical.•O tronco serve de suporte aos ramos de fruto.•Os ramos de fruto desenvolvem-se em redor do tronco principal de acordo com as características especificas de cada variedade.•A renovação dos ramos de fruto deve fazer-se periodicamente, após estes terem arqueado naturalmente com o peso do fruto, sendo mais ou menos rápida consoante as características de vegetação das variedades.

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Desenvolvimento do eixo centralPODA DE FORMAÇÃO :

1º e 2ºANOS

A maior parte das operações de poda é efectuada no Verão especialmente através de desramações e atarraques em talão. O principal objectivo é o de promover o desenvolvimento do eixo, evitando competição entre este e os ramos laterais e corrigindo ao mesmo tempo a inserção destes últimos. A operação deve ser feita o mais cedo possível quando os amos atingem aproximadamente 15cm, sendo repetida durante a mesma estação se necessário. A distancia média entre pernadas inseridas no eixo deverá ser de aproximadamente 10cm

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Controlar a tendência para a basitonia, promover o mais possível a abertura dos ângulos das pernadas através do atarraque sobre lateral

Controlar a tendência para a acrotonia, impedir a competição com ramo guia, promover o desenvolvimento de novas pernadas na zona inferior da copa

Podas do 3º ao 5º Ano

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Os ramos de fruto e sua renovação (Ex: Var. ‘Golden Delicious’)

MANUTENÇÃO DO EIXO

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Condução em Eixo e Compassos de Plantação em Macieiras

NOTA : O valores apresentados no quadro anterior, são meramente indicativos, pois haverá sempre que ter em linha de conta as condições edáfo-climáticas próprias de cada situação.

Quadro.1 - Algumas combinações Cultivar x Porta-enxerto mais adaptadas para condução em eixo e respectivos compassos de plantação.

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BIBLIOGRAFIA

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Lespinasse, Jean-Marie (1983), “Apple TreeManagement in Flat, Vertical-Axis and Palmette Forms, by Cultivar Fruiting Type” , Ed. Pennsylvania State University, ColloquesScientifiques, nº15, 103-130, USA.

Lespinasse, Jean-Marie (1977), “Réactionsvariétales et modes de conduite chez le pommier”, Brochure Invuflec “Le Pommier”, C.R.Journ. Fruit. d’Avignon, pp.47-57, France

Menezes, Armando (1977), “A Poda Em Fruticultura”, Livraria Sá da Costa, Lisboa

Sansavini, S. et Corelli, L. (1990), “Lapotatura e le forme de allevamento del melo”in La Potatura Degli Alberi Da Fruto NegliAnni 90, Actas do Congresso, Ed. Cassa de Risparmio di Verona Vicenza Belluno e Ancora, Verona, Italia.