indÚstria de chocolate - moodle ufsc · a formulação das barras de chocolate de leite é feita...

62
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC CENTRO TECNOLÓGICO CTC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS EQA 5509 PROJETOS DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PROF. JOSÉ MIGUEL MÜLLER INDÚSTRIA DE CHOCOLATE Alunas: Joana Martinho Nathália Buss da Silva Paula Gimenez de Souza Florianópolis, 12 de dezembro de 2012.

Upload: phungque

Post on 08-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

CENTRO TECNOLÓGICO – CTC

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

EQA 5509 – PROJETOS DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

PROF. JOSÉ MIGUEL MÜLLER

INDÚSTRIA DE CHOCOLATE

Alunas: Joana Martinho

Nathália Buss da Silva

Paula Gimenez de Souza

Florianópolis, 12 de dezembro de 2012.

Page 2: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

2

Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 5

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 7

3. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................ 8

3.1 MERCADO – INDÚSTRIA CHOCOLATEIRA NO BRASIL .................................................................... 8

3.2 MATÉRIAS-PRIMAS ...................................................................................................................... 10

3.2.1 AÇÚCARES ............................................................................................................................ 11

3.2.2 LEITE EM PÓ ......................................................................................................................... 12

3.2.3 LEITE CONDENSADO ............................................................................................................. 12

3.2.4 MANTEIGA DE CACAU .......................................................................................................... 13

3.2.5 GORDURAS SUBSTITUTAS .................................................................................................... 13

3.2.6 CACAU EM PÓ ...................................................................................................................... 14

3.2.7 SORBITOL .............................................................................................................................. 14

3.2.8 LECITINA DE SOJA ................................................................................................................. 15

3.2.9 AROMATIZANTES OU AROMAS ............................................................................................ 15

3.2.10 INVERTASE .......................................................................................................................... 15

3.2.11 SUBSTITUTOS DE AÇÚCARES .............................................................................................. 15

3.2.12 AGENTES DE CORPO ........................................................................................................... 17

3.2.13 SUBSTITUTOS DE GORDURA .............................................................................................. 18

3.3 DESCRIÇÃO E FLUXOGRAMA DE PROCESSO................................................................................ 18

3.3.1 COLHEITA E EXTRAÇÃO DAS AMÊNDOAS ............................................................................. 20

3.3.2 FERMENTAÇÃO DAS AMÊNDOAS ......................................................................................... 20

3.3.3 SECAGEM E QUIMIOFERMENTAÇÃO ................................................................................... 20

3.3.4 TORREFAÇÃO ........................................................................................................................ 21

3.3.5 FRAGMENTADOR E DESCASCADOR DE AMÊNDOAS ............................................................ 21

3.3.6 ALCALINIZAÇÃO E PRENSAGEM DO LICOR ........................................................................... 21

3.3.7 MISTURA DOS INGREDIENTES .............................................................................................. 22

3.3.8 REFINAMENTO ..................................................................................................................... 22

3.3.9 CONCHAGEM ........................................................................................................................ 23

3.3.10 TEMPERAGEM .................................................................................................................... 23

3.3.11 ENVASAMENTO/MOLDAGEM DO CHOCOLATE ................................................................. 23

3.3.12 VIBRADOR ........................................................................................................................... 24

3.3.13 RESFRIAMENTO EM TÚNEL COM CONTROLE DE UMIDADE .............................................. 24

3.3.14 EMBALAGEM ...................................................................................................................... 24

Page 3: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

3

4. ESPECIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ................................................................................................ 24

4.1 DIMENSIONAMENTO DE TANQUE DE MISTURA ......................................................................... 25

4.2 REFINADOR .................................................................................................................................. 27

4.3 MISTURADOR CONCHA ............................................................................................................... 27

4.4 CHOCOMACHINE ......................................................................................................................... 28

4.5 CÂMARA DE RESFRIAMENTO ...................................................................................................... 29

4.6 EMBALADORA ............................................................................................................................. 30

5. APROVEITAMENTO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS .......................................................................... 31

5.1 TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS .................................................................................... 33

5.2 TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................................ 33

5.3 TRATAMENTO DE RESÍDUOS PÓS-CONSUMO............................................................................. 34

6. CONTROLE DA QUALIDADE ............................................................................................................... 34

6.1 AVALAIAÇÃO DE APPCC E BPF ..................................................................................................... 35

6.2 ANÁLISE DE PERIGOS ................................................................................................................... 36

6.3 ETAPAS DE CONTROLE DURANTE O PROCESSO .......................................................................... 37

6.4 ANÁLISE SENSORIAL .................................................................................................................... 40

7. DIMENSIONAMENTO, LOCALIZAÇÃO E OBRAS – LAYOUT ................................................................ 41

7.1 Paredes ........................................................................................................................................ 41

7.2 Pé direito ..................................................................................................................................... 42

7.3 Forro ............................................................................................................................................ 42

7.4 Aberturas do prédio .................................................................................................................... 42

7.5 Ventilação .................................................................................................................................... 42

7.6 Iluminação e Instalação Elétrica .................................................................................................. 43

7.7 Instalações Sanitárias e Vestiários .............................................................................................. 43

7.8 Materiais e equipamentos .......................................................................................................... 43

8. ANÁLISE FINANCEIRA ........................................................................................................................ 44

8.1 Investimentos Fixos ..................................................................................................................... 44

8.2 Capital de giro ............................................................................................................................. 45

8.3 Receita ......................................................................................................................................... 47

9. NORMAS TÉCNICAS E LEGISLAÇÃO ................................................................................................... 49

9.1 RDC 7/2011 ................................................................................................................................. 50

9.2 Portaria n. 2914/2011 ................................................................................................................. 50

9.3 Lei 12305/2010 ............................................................................................................................ 50

9.4 RDC 264/2005 ............................................................................................................................. 50

Page 4: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

4

9.5 RDC 359/2003 ............................................................................................................................. 51

9.6 RDC 275/2002 ............................................................................................................................. 51

9.7 RDC 12/2001 ............................................................................................................................... 51

9.8 Portaria n. 685/1998 ................................................................................................................... 51

9.9 Portaria n. 326/1997 ................................................................................................................... 51

9.10 Portaria n. 1428/1993 ............................................................................................................... 52

10. CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 53

ANEXO 1 ................................................................................................................................................ 54

ANEXO 2 ................................................................................................................................................ 56

11.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 57

Page 5: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

5

1. INTRODUÇÃO

O consumo de chocolate nos últimos tempos esteve associado à maior ingestão de

gorduras saturadas com consequente elevação do colesterol e aumento do risco de doenças

crônicas. Contudo, atualmente verifica-se uma tendência à valorização do chocolate, a partir

de estudos que comprovam seus benefícios à saúde e estimulam seu consumo diário (Ding et

al.,2006).

Esse estímulo deve-se à presença de antioxidantes naturais que podem auxiliar na

prevenção de doenças cardiovasculares. De acordo com Lee et al. (2003) o cacau, matéria-

prima essencial na elaboração do chocolate, é a fonte com maior capacidade antioxidante

quando comparado com chás e ao vinho tinto. Além disso, Pimentel (2007) considerou que

chocolates que possuem formulações com mais de 40% de cacau apresentaram efeito benéfico

na redução do colesterol em testes realizados em laboratório utilizando animais.

A qualidade dos chocolates está relacionada diretamente as características dos

ingredientes, tendências de consumo regional e tecnologia aplicada aos processos produtivos

(CIDELL; ALBERTS, 2006; PIMENTEL, 2007).

Consumido muito mais por prazer do que por nutrição, acredita-se que por isso o

chocolate tenha alcançado extremo sucesso entre os consumidores (BOLENZ et al., 2003),

embora ainda seja considerado um alimento de luxo e apresente consumo mais intenso nos

países com maior grau de desenvolvimento (CIDELL; ALBERTS, 2006).

O chocolate é muito utilizado na elaboração de alimentos para adultos e crianças como

bolos, biscoitos, pães, sorvetes, entre outros, e a quantidade de minerais presentes neste

ingrediente tem grande importância nutricional (SILVA et al., 2006). Esse alimento tem efeito

atrativo e boa digestibilidade devido aos ingredientes presentes em sua formulação

(RICHTER; LANNES, 2007), além de Pedro et al., (2006) descreverem o chocolate como

uma fonte de energia altamente nutritiva de metabolismo rápido.

Existem muitas variáveis que afetam as propriedades e as características sensoriais do

chocolate; dessa forma, abrem-se muitas oportunidades de estudo de novas estratégias para a

melhoria da qualidade e desenvolvimento de novos produtos (AFOAKWA et al., 2007).

Page 6: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

6

Assim, todo componente adicionado aos chocolates deve manter essas características e ainda

tornar esse alimento nutricionalmente mais interessante (RICHTER; LANNES, 2007).

Page 7: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

7

2. OBJETIVOS

O presente trabalho apresenta como objetivo principal projetar uma indústria de

chocolates, considerando aspectos relacionados ao mercado dos produtos elaborados;

especificação das matérias-primas; descrição dos processos de produção; especificação de

equipamentos e dimensionamento, localização e obras da fábrica.

Além dessas considerações devem ser observadas questões relacionadas ao

aproveitamento e tratamento de resíduos; controle de qualidade; análise financeira e normas

técnicas e legislação específica em vigor para o chocolate.

A indústria em questão tem como produção 100 kg de chocolate em barra por dia, o

que consistiria em aproximadamente 12220 barras de chocolate ao leite de 180 g por mês.

Page 8: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

8

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 MERCADO – INDÚSTRIA CHOCOLATEIRA NO BRASIL

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas

e Derivados – ABICAB - o cacau chegou ao Brasil pelo Estado do Pará em 1746 trazido pelo

francês Louis Frederic Warneaux e começou a ser cultivado no sul da Bahia, contribuindo

para o desenvolvimento econômico da região.

O clima tropical e a mão de obra abundante e barata elevaram, na metade do século

XIX, o Brasil ao posto de maior exportador de cacau do mundo, exportando mais de 70 mil

toneladas em 1880. Assim, no final do século XIX e início do século XX surgem as primeiras

indústrias de chocolate no país fundadas por imigrantes da Alemanha, Letônia e Suíça; sendo

a primeira fábrica instalada em Porto Alegre em 1891. Inicialmente, utilizavam-se técnicas

artesanais de produção, com a introdução de maquinário em 1920 (ABICAB, 2012).

Apesar de o Brasil ser um dos países que mais produzia cacau no mundo, além da

crescente indústria de chocolate, em 1972 a situação do mercado do produto no país não era

das mais promissoras, uma vez que os brasileiros não possuíam o hábito de consumir o

alimento, por considerá-lo apenas como uma guloseima para crianças e mulheres da classe A.

Além disso, os consumidores alegavam que o chocolate engordava, causava espinhas,

problemas de fígado, dentários, entre outros; e que representava um alimento supérfluo e

dispensável (ABICAB, 2012).

Dessa forma, em 1971, os países produtores de cacau decidiram lançar campanhas

nacionais com o objetivo de incentivar o consumo do chocolate. O objetivo da Campanha

Institucional no Brasil era criar o hábito de consumo, dando ao produto um novo e

permanente dimensionamento no mercado. Assim, em 11 anos a produção nacional cresceu

de forma constante e expressiva, em torno de 163% (ABICAB, 2012).

No Brasil, pesquisas recentes elaboradas pelo setor de economia e estatística da

ABICAB-SICAB demonstram que no ano de 2011 a produção do chocolate foi de 710 mil

toneladas, que correspondem a 9,5 % a mais que no ano de 2010 e 160 % a mais que em

Page 9: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

9

2006; além do crescimento de 10 % no consumo aparente em relação ao ano de 2010; como

demonstrado da Figura 1 (ABICAB, 2012).

Em termos de valores, a exportação em 2011 foi 10 % superior ao ano anterior

atingindo 140 milhões de dólares, enquanto a importação alcançou os 99 milhões de dólares,

que correspondem a 24 % a mais que no ano de 2010, como demonstrado na Figura 2.

Figura 1 - Dados relativos à produção, consumo aparente, exportação e importação do chocolate no período de 2006 - 2011. Fonte: ABICAB, 2012.

Figura 2 - Dados referentes ao período de 1998 - 2011 de exportação, importação e saldo da balança comercial em valor. Fonte: ABICAB, 2012.

Page 10: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

10

Apesar de a exportação ter sofrido um aumento em termos de valores, não houve

aumento no volume exportado, mantendo-se uma quantidade de 33 mil toneladas de 2010

para 2011. No entanto, a importação que apresentava uma média de 7 mil toneladas entre os

anos de 2000-2006, atingiu a marca de 14 mil toneladas de chocolate importado no ano de

2011, como pode ser observado pela Figura 3.

A produção nacional de chocolates no primeiro semestre de 2012 totalizou 228212

toneladas, 4,2 % maior se comparado ao mesmo período de 2011 segundo apontam os dados

da ABICAB. Ainda de acordo com a associação, o Brasil é o terceiro maior produtor de

chocolates do mundo e o quarto em consumo, sendo que cada brasileiro ingere, em média, 2,2

kg de chocolate ao ano (Brasil Econômico, 2012).

3.2 MATÉRIAS-PRIMAS

Figura 3 - Dados referentes ao período de 1998-2011 de exportação, importação e saldo da balança comercial em volume. Fonte: ABICAB, 2012.

Page 11: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

11

Elaborar uma massa ou pasta de chocolate significa mesclar o licor de cacau

com outras matérias-primas alimentícias e aromas, que são fundamentalmente: açúcar, leite

em pó, lecitina de soja, essências e em alguns casos conservantes. Também é necessário em

quase todas as receitas incorporar manteiga de cacau para que o produto final adquira a

viscosidade necessária para a temperagem e moldagem (MARTINS, 2007).

O chocolate é o produto obtido a partir de produtos do cacau e de açúcares que

contém, no mínimo, 35% de matéria seca total de cacau, dos quais pelo menos 18% de

manteiga de cacau e no mínimo 14% de matéria seca de cacau isenta de gordura. (ASAE,

2003)

Chocolate de leite designa o produto obtido a partir de produtos do cacau, de açúcares

e de leite ou produtos do leite que contém no mínimo 25% de matéria seca total de cacau, no

mínimo 14% de matéria seca de leite proveniente da evaporação parcial ou total de leite

inteiro, de leite parcial ou totalmente desnatado, de nata, de nata parcial ou totalmente

desidratada, de manteiga ou de matéria gorda láctea, no mínimo 2,5% de matéria seca de

cacau isenta de gordura; no mínimo 3,5% de matéria gorda láctea, no mínimo 25% de matéria

gorda total (manteiga de cacau e matéria gorda láctea). (ASAE, 2003)

Na composição das tabletes/barras de chocolate estão presentes: pasta de cacau (ou

sólidos, com mais ou menos manteiga de cacau), manteiga de cacau, açúcar, leite em pó, nata

em pó ou gordura de leite, soro de leite em pó, lactose, lecitina (normalmente de soja) e aroma

(ex: de baunilha).

A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau

(cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de cacau adicionada, 48,7 % de açúcar,

0,4 % de lecitina, 19 % de leite em pó e 0,1 % de compostos de sabor. Para a produção de 100

kg diários de chocolate de leite, são necessários 115 kg de matérias-primas, pois ocorrem

perdas durante a produção. Assim são usados: 13,57 kg de massa de cacau, 23 kg de manteiga

de cacau, 56 kg de açúcar, 0,46 de lecitina, 21,85 kg de leite em pó e 0,12 kg de compostos de

sabor. Anualmente são produzidos cerca de 36,5 toneladas de chocolate de leite.

3.2.1 AÇÚCARES

Page 12: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

12

A sacarose é um dissacarídeo formado por uma molécula de glicose e uma de frutose,

sendo responsável pelo sabor doce e pelo agente de corpo dos produtos. Muitos produtos

utilizam as propriedades especiais de solubilidade e cristalização da sacarose, sozinha ou

combinada com outros “açúcares”, tais como xarope de glicose e açúcar invertido

(CHARLEY, WEAVER, 1998).

O açúcar invertido é obtido a partir da hidrólise química ou enzimática da sacarose,

sendo constituído por partes iguais de frutose e dextrose. O xarope de glicose é obtido a partir

de matérias-primas ricas em amido, que pode ser convertido por hidrólise ácida ou enzimática

e que apresenta diferentes proporções de dextrose, maltose e polissacarídeos (BELITZ,

GROSCH, 1987).

O xarope de glicose e o açúcar invertido apresentam algumas propriedades funcionais

que são responsáveis pela qualidade dos produtos. Entre estas, destacam-se o poder

edulcorante maior que o da sacarose, a viscosidade, a perfeita solubilidade, a higroscopicidade

e o controle da cristalização. Além disso, podem reduzir a atividade de água dos recheios dos

bombons, prolongando a vida de prateleira e conferindo boas propriedades de textura e brilho

(JEFFERY, 1993).

3.2.2 LEITE EM PÓ

O leite em pó é o produto obtido por desidratação do leite de vaca, desnatado ou

parcialmente desnatado, mediante processo tecnologicamente adequado, podendo ser

classificado em integral, parcialmente desnatado e desnatado, de acordo com o conteúdo de

matéria graxa (Engetecno, 1996).

O leite em pó aumenta o valor nutritivo dos alimentos e influencia na viscosidade e

textura, contribuindo, também, para diminuição da umidade e aumento da vida de prateleira

dos produtos (CHARLEY, WEAVER, 1998).

3.2.3 LEITE CONDENSADO

O leite condensado é feito de leite integral, removendo-se metade da água. Açúcar é

adicionado em quantidade suficiente, aproximadamente 44 %, para preservar o leite, que é

então enlatado. O leite não é esterilizado, mas devido à alta concentração de açúcar, ele se

Page 13: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

13

mantém bem, quando utilizado em recheios, aumenta o valor nutritivo e organoléptico e

influencia na viscosidade e textura (CHARLEY, WEAVER, 1998).

3.2.4 MANTEIGA DE CACAU

A manteiga de cacau, considerada o subproduto mais nobre da prensagem, apresenta

uma tonalidade amarelo clara e possui um odor comparável ao chocolate, com a vantagem de

não se tornar rançoso e ter boas características de conservação. Além disso, pode passar do

estado líquido ao estado sólido sem alteração na sua natureza física e se liquefaz na

temperatura de 37 °C (MARTINS, 2007).

A manteiga de cacau pode constituir mais de 1/3 da formulação do chocolate, sendo

responsável pela fusão do produto na boca, brilho, contração durante o desmole rápido e pelo

rápido desprendimento de aroma e sabor na degustação (MARTINS, 2007).

3.2.5 GORDURAS SUBSTITUTAS

A gordura representa a fase contínua do recheio, contendo outros ingredientes

dispersos, como açúcar, sólidos de cacau e sólidos do leite. Para melhor escolha do sistema de

gordura utilizado na elaboração do recheio, alguns critérios devem ser considerados com

ponto de fusão, firmeza, contração, adesividade, tamanho dos cristais, velocidade de

solidificação, velocidade de liberação de aromas, estabilidade à temperatura desejada,

miscibilidade com outros componentes do recheio, habilidade de aeração e estabilidade dos

aromas (VISSOTTO, 1997).

Desde os anos 30 existe um interesse maior no uso de gorduras que não a manteiga de

cacau na produção de chocolates, devido à incerteza de suprimentos e aos custos da manteiga

de cacau, dependentes do mercado flutuante do grão de cacau (LANNES, GIOIELLLI, 1998).

Como aditivos são permitidos a lecitina, lecitina sintética, vanilina e algumas vezes

sal. A lei permite até 5 % de manteiga de cacau na receita de outro tipo de gordura vegetal

(Brasil, 2005). Quando uma gordura de diferente composição é adicionada à manteiga de

cacau, a forma cristalina da gordura resultante é geralmente alterada, produzindo alteração no

perfil de fusão da gordura denominado incompatibilidade (LANNES, 1993).

Os substitutos são similares à manteiga de cacau em suas propriedades físicas, mas

não totalmente compatíveis para misturas. As equivalentes são similares em suas propriedades

Page 14: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

14

físicas e químicas, sendo compatíveis para misturas em qualquer proporção, pois contêm

praticamente os ácidos graxos e acilgliceróis da manteiga de cacau (LANNES, RICHTER,

2007).

O uso de gorduras especiais em recheios cremosos deve ser compatível com a gordura

da cobertura, sendo que pode ocorrer migração do recheio para a cobertura ou vice-versa,

podendo afetar a integridade e aparência do produto (LANNES, RICHTER, 2007).

3.2.6 CACAU EM PÓ

O cacau em pó é a parte sólida obtida a partir da prensagem hidráulica da massa de

cacau, denominada torta, que é moída e resfriada a temperatura controlada. No pó de cacau os

atributos mais importantes são a cor e a finura. A variação de cor é obtida no processo de

alcalinização para aumentar sua solubilidade e a finura é controlada através de peneiras

utilizadas no moinho (BOUZAS, BROWN, 1999).

O sólido de cacau contribui para a textura, cor e sabor quando utilizado na formulação

de recheio, além da redução da atividade de água que aumenta a vida útil do produto. Além

disso, a coloração final dos produtos de chocolate desencadeia expectativas de paladar, de

forma que o tipo e a quantidade de pó de cacau empregado podem constituir a diferença entre

um produto de sucesso e um produto de fracasso (OORSCHOT, 2001).

O tipo de cacau utilizado e as misturas entre diferentes tipos definem a particularidade

para cada tipo de chocolate produzido (LANNES, RICHTER, 2007).

3.2.7 SORBITOL

O sorbitol é utilizado como agente umectante devido à sua capacidade de reter

umidade mantendo o alimento fresco por um período maior de tempo (DEIS, 1993). Além

dessa propriedade pode ser usado como espessante, edulcorante, inibidor de cristalização,

plastificante, anticongelante e crio protetor (LE, MULDERING, 2001).

O sorbitol é utilizado sob a forma de solução 70 % p/p em água, obtido

industrialmente através da hidrogenação catalítica da glicose (LE, MULDERING, 2001). De

acordo com a legislação vigente, o uso de sorbitol para bombons e similares está limitado ao

valor máximo de 5 % sobre o peso total do recheio (Brasil, 2005-B).

Page 15: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

15

3.2.8 LECITINA DE SOJA

A lecitina de soja atua como um emulsificante e é um componente fundamental para a

produção de chocolate, porque reduz o fat bloom, que consiste na migração de gordura para a

superfície, assim como a viscosidade da massa e o valor de rendimento (NEBESNY,

ZYZELEWICZ, 2005).

O efeito nas características do chocolate depende de sua quantidade e um excesso

pode ter um resultado negativo nas propriedades reológicas e sensoriais, podendo deixar um

gosto amargo e desagradável em concentrações acima de 0,4 g/ 100 g (NEBESNY,

ZYZELEWICZ, 2005).

3.2.9 AROMATIZANTES OU AROMAS

São substâncias ou misturas de substâncias com propriedades odoríferas e/ou sápidas,

capazes de conferir ou intensificar o aroma e/ou sabor dos alimentos (Brasil, 2007). Na

indústria de chocolates é bastante utilizada a vanilina em pó e para recheios aplicam-se

aromas líquidos sintéticos. (LANNES, RICHTER, 2007).

3.2.10 INVERTASE

A invertase é uma enzima capaz de converter a sacarose em açúcar invertido,

impedindo ou retardando a cristalização e retendo melhor a umidade. Alguns fatores como

temperatura de adição e armazenamento, pH, umidade, proporção de álcool e quantidade

adicionada podem influenciar diretamente a sua ação (GROVES, 1981).

As melhores condições para atividade da invertase são temperatura inferior a 70 °C;

pH entre 3,8 e 5,2; e quantidade adicionada nas formulações de 0,1 a 0,2 %. Além disso, é

utilizada na forma líquida (LANNES, RICHTER, 2007).

3.2.11 SUBSTITUTOS DE AÇÚCARES

Os indivíduos que precisam consumir produtos com substituição da sacarose procuram

produtos que sejam dotados de características sensoriais próximas às dos produtos formulados

com sacarose (CARDOSO et al., 2004). Além do poder dulçor, atualmente os substitutos de

açúcares são utilizados como agentes de corpo, textura, realçadores de sabor e propriedades

Page 16: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

16

prebióticas (HIRAYAMA, 2002); sendo que sua utilização deve considerar a quantidade de

ingestão diária aceitável, o tipo de produto e a temperatura em que será consumido

(CARDOSO et al., 2004).

Os edulcorantes mais conhecidos são os polióis e edulcorantes sintéticos.

Os polióis apresentam valor energético baixo e grau de doçura inferior quando

comparados com a sacarose, com pouca ou nenhuma ação insulínica. São obtidos por

hidrogenação da maltose, lactose, palatinose, glicose e xilose (LANNES, RICHTER, 2007).

Os principais são:

Sorbitol: apresenta estabilidade química e térmica não participando da reação

de Maillard e possui um poder dulçor 0,6 maior que a sacarina. Muito utilizado em produtos

que tendem ao endurecimento e ressecamento como o chocolate e recheios, mas seu uso em

excesso apresenta efeito laxativo (MEDEIROS, LANNES, 2000).

Isomalte ou isomaltitol: resistente aos ácidos e à hidrólise enzimática é ideal

para ser utilizado em grande variedade de chocolates ao leite ou amargos, coberturas e

recheios. Apresenta baixo valor calórico e sabor comparável ao do açúcar, além de seu uso em

excesso causar efeito laxativo (ZUMBÉ, 2001; PALATINIT, 2003; URBANSKI, 2003).

Eritritol: apresenta 70 % do poder dulçor da sacarose, é estável a altas

temperaturas e ampla faixa de pH, apesar de ser pouco solúvel em água e não higroscópico

(ZUMBÉ, 2001; PALATINIT, 2003; URBANSKI, 2003).

Manitol: apresenta baixa solubilidade, sendo não higroscópico. Amplamente

utilizado em coberturas de chocolate. O seu uso em excesso apresenta efeito laxativo

(ZUMBÉ, 2001; PALATINIT, 2003; URBANSKI, 2003).

Lactitol: possui baixa higroscopicidade, excelente estabilidade térmica e

microbiológica. Realça o sabor de chocolate (ZUMBÉ, 2001; PALATINIT, 2003;

URBANSKI, 2003).

Maltitol: não higroscópico, termoestável, apresenta sabor similar à sacarose e

pode ser utilizado como substituto de gordura e açúcar ou ainda melhorador de cremosidade

em chocolates, aperfeiçoando suas propriedades organolépticas (ZUMBÉ, 2001;

PALATINIT, 2003; URBANSKI, 2003).

Page 17: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

17

Os edulcorantes sintéticos não são metabolizáveis e por isso apresentam praticamente

valor energético nulo, apesar de intenso poder dulçor, principalmente quando são utilizados

combinados (SCHIFFMAN et al, 1995). Os mais conhecidos são:

Sucralose: é obtida a partir da sacarose, com excepcional estabilidade térmica,

sendo aproximadamente 600 vezes mais doce que a sacarose. Pode ser utilizada por

diabéticos, fenilcetonúricos e gestantes, por ser inócua à saúde (GRICE, GOLDSMITH, 2000;

URBANSKI, 2003).

Ciclomato: utilizado em combinação com outros edulcorantes mascara o sabor

amargo. É facilmente solúvel e estável em diferentes temperaturas e pH, além de possuir uma

ótima vida útil (PORTMANN, KILCAST, 1998).

Aspartame: apresenta valor energético desprezível e a qualidade do sabor doce

é muito próxima à da sacarose, podendo sofrer hidrólise em altas temperaturas e períodos

prolongados de processamento (Calorie Control Council, 2005).

Sacarina: apresenta forte sabor residual e nota metálica, apesar de ser

termoestável e de baixo custo (American Dietetic Association, 1998).

Acessulfame-K: apresenta sabor doce suave e não residual, é estável a

temperaturas acima de 200 °C e ampla faixa de pH (PECK, 1994).

3.2.12 AGENTES DE CORPO

O agente de corpo é responsável por manter, com a maior similaridade

possível, as propriedades que o açúcar proporciona ao produto tradicional. Além disso, deve

apresentar algumas características como ser seguro, estável, de baixa caloria, sem sabor

residual, solúvel, contribuir com a coloração e apresentar interações com proteínas e amidos

similares às do açúcar (DANISCO, 2004). Os principais são:

Maltodextrinas: é uma mistura de sacarídeos nutritivos produzida pela hidrólise

parcial ácida ou enzimática do amido. Pode ser encontrada na forma de pó branco ou solução

concentrada (IMESON, 1997).

Polidextroses: possui elevada solubilidade e é extremamente estável dentro de

uma ampla faixa de pH, temperatura, condições de processo e estocagem. Incolor, não

apresenta sabor residual, sendo compatível com açúcar e edulcorantes de alta potência,

Page 18: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

18

permitindo o fácil ajuste do teor de doçura (SANDROU, ARVANITOYANNIS, 2000;

DANISCO, 2004).

3.2.13 SUBSTITUTOS DE GORDURA

Os substitutos de gorduras ideais devem ser compostos de reconhecida segurança para

a saúde e que apresente todas as propriedades funcionais e organolépticas com beneficio de

redução calórica significativa (Calorie Control Council, 2005).

Devido aos múltiplos papéis que as gorduras determinam nas propriedades dos

produtos como estabilidade térmica, emulsificação, aeração, lubrificação, e sabor, é

necessário normalmente o uso da combinação de diferentes substitutos de gordura para se

obter as propriedades esperadas do produto (MCCLEMENTS, DEMETRIADES, 1998).

Os produtos existentes podem ser classificados em dois grupos de acordo com o seu

mecanismo de ação: os imitadores e os derivados de gordura. Os imitadores são uma

combinação de água com lipídios; ou com carboidratos ou proteínas modificados com

propriedades emulsificantes que são capazes de formar géis especiais, atuando como agentes

de corpo. Os derivados de gordura são compostos não calóricos ou de baixo valor calórico,

com propriedades semelhantes às dos lipídios, cujas ligações de ésteres são modificadas

(ALTSCHUL, 1989; SINGHAL et al., 1991; SANDROU, ARVANITOYANNIS, 2000;

Calorie Control Council, 2005).

Inulina: é extraída da chicória por meio da água quente e a substituição de

gordura por inulina nos alimentos se obtém sem grandes mudanças no processo de produção.

Com a utilização de pequenas quantidades consegue-se uma melhoria do sabor e da textura

dos produtos com baixo teor de gordura, sendo que as combinações com polióis ou frutose em

chocolates fornecem excelentes resultados. (LANNES, RICHTER, 2007).

Salatrim: as composições são produzidas trocando-se algumas cadeias longas

dos ácidos graxos de óleos vegetais hidrogenados como o óleo de canola e o de soja, com uma

razão específica de ácidos com cadeias curtas como o C-2 acético, C-3 propiônico ou o C-4

butírico (HUANG et al., 1994).

3.3 DESCRIÇÃO E FLUXOGRAMA DE PROCESSO

Page 19: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

19

Na Figura 4 são apresentadas as etapas do processo de fabricação do chocolate.

Figura 4 – Fluxograma de Produção de Chocolate.

Fonte: SUFRAMA, 2007.

Sendo que, algumas etapas do processo descritas na Figura 4 serão abordadas adiante.

Recepção e Pesagem dos Sacos de Amêndoas

Seleção e Classificação das Amêndoas

Torrefação das Amêndoas

Trituração e Moagem das Amêndoas

Alcalinização e Prensagem do Licor

Descarte de Amêndoas Inadequadas

Adição e Mistura de Ingredientes

Refinamento

Conchamento

Temperagem

Modelagem

Embalagem

Armazenagem e Expedição

Chocolate em Barras

Licor ( Massa de cacau)

Manteiga de cacau

Page 20: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

20

3.3.1 COLHEITA E EXTRAÇÃO DAS AMÊNDOAS

Após a colheita do fruto, as cabaças de cacau são colocadas em ruma para permitir a

extração das amêndoas. Em seguida, elas são fermentadas em caixas de madeira, durante

cerca de 70 horas. Essa etapa do processo produtivo é importante para garantir a qualidade do

produto final, pois interfere na coloração interna das amêndoas, assim como no odor, que são

importantes indicadores de qualidade (MARTINS, 2007).

O sabor do chocolate não existe naturalmente nos grãos de cacau, sendo ele o

resultado de uma série de reações, que ocorrem desde o tratamento pós-colheita do fruto

(fermentação e secagem) até durante o processo de fabricação do chocolate

(MARTINS, 2007).

3.3.2 FERMENTAÇÃO DAS AMÊNDOAS

A fase de fermentação desenvolve nas amêndoas os óleos essências que fornecem ao

cacau o aroma que lhe é peculiar e diminuem o sabor amargo natural; garante a liberação da

teobromina, que consiste na substância que dá ao cacau suas propriedades tônicas e

estimulantes; mata a radícula, evitando assim que a amêndoa venha a germinar e elimina parte

da umidade da amêndoa, que atinge cerca de 50-60 %, aumentando seu teor de gordura

(MARTINS, 2007).

Essa etapa consiste em cinco fases e é acompanhada pela elevação de temperatura,

mudança de pH, secreção de exudados, queda da concentração de açúcares e pela remoção de

enzimas dos compartimentos intracelulares (MARTINS, 2007).

3.3.3 SECAGEM E QUIMIOFERMENTAÇÃO

Depois de fermentadas, as amêndoas de cacau passam por um processo de secagem,

que consiste em reduzir o teor de água presente nas amêndoas atingindo valores de 6 % de

umidade, e dessa forma assegurando melhor conservação do produto. Esse processo é

importante na determinação da qualidade do produto, sendo realizada em secadores, ao longo

de 5 a 7 dias (MARTINS, 2007).

Page 21: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

21

A quimiofermentação consiste na ação das proteinases que liberam aminoácidos e

peptídeos, que juntamente com açúcares redutores, desenvolverão a reação de Maillard

durante o processo de torrefação. A polimerização de flavonoides solúveis a taninos pela ação

das polifenoloxidades gera alteração da cor com desenvolvimento de precursores de aroma e

sabor (MARTINS, 2007).

3.3.4 TORREFAÇÃO

A torrefação é fundamental na obtenção das características de qualidade do chocolate,

pois durante esta etapa de aquecimento, ocorrem algumas mudanças importantes como: a

diminuição dos ácidos voláteis indesejáveis (como o acético), a inativação das enzimas que

podem degradar a manteiga de cacau, o desenvolvimento do aroma e da cor típicos do

chocolate e a perda de água (MARTINS, 2007).

Esse processo dura de 5 a 120 minutos com a temperatura variando entre 120 a 150

°C, dependendo de algumas características da amêndoa como: origem, tipo, tamanho,

umidade, período de colheita, tratamentos anteriores à torração e características do sabor

desejado (MARTINS, 2007).

Durante a torra convencional deve haver agitação para que as amêndoas de cacau

sejam torradas uniformemente, sendo esse processo totalmente automatizado, e no final

passam por um resfriamento rápido para evitar a queima interna das sementes (MARTINS,

2007).

3.3.5 FRAGMENTADOR E DESCASCADOR DE AMÊNDOAS

Nessa etapa a amêndoa é fragmentada em pedaços grandes para liberação da casca do

cacau, sendo que essa é uma fase que exige controle no volume e velocidade do ar de forma a

retirar apenas partículas leves, evitando assim perda de cotilédone. Esse processo pode ser por

ar soprado ou por sucção (MARTINS, 2007).

Em sequência, os fragmentos são moídos por rolos de diversos tamanhos até a

obtenção de uma massa de partículas finas, de 20 a 30 microns, chamada de pasta, massa ou

licor de cacau (MARTINS, 2007).

3.3.6 ALCALINIZAÇÃO E PRENSAGEM DO LICOR

Page 22: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

22

Em seguida, essa massa passa então por uma prensagem hidráulica de 350 a 530 bars

para separação da manteiga de cacau e da torta de cacau (MARTINS, 2007).

Os tratamentos permitidos no refino da manteiga de cacau consistem em:

Desmucilagem: filtração, centrifugação;

Desodorização: injeção de vapor de água sob vácuo (160-170 °C);

Neutralização: solução alcalina autorizada;

Descoloração: bentonita, terra de diatomácea, carvão ativo (MARTINS, 2007).

3.3.7 MISTURA DOS INGREDIENTES

A etapa de mistura consiste na homogeneização dos ingredientes em pó com os

líquidos e semi-líquidos por tempo suficiente para se transformarem em uma massa plástica

adequada para o refino. Esse processo é feito geralmente em tachos encamisados a 40 °C de

forma a garantir que a manteiga de cacau permaneça fundida (MARTINS, 2007).

3.3.8 REFINAMENTO

A etapa de refinamento apresenta grande importância no processamento do chocolate,

pois reduz o tamanho das partículas dos ingredientes tornando-os imperceptíveis na boca

durante a degustação do produto final. Os parâmetros da massa que mais influenciam a

viscosidade do chocolate são a umidade, a distribuição do tamanho de partícula e o conteúdo

de gordura (MARTINS, 2007).

O teor de gordura influencia nessa etapa, sendo que massas com menores teores de

gordura são refinadas mais rapidamente, porém, apresentam tamanho de partículas mais

elevado que o ideal. Por outro lado, um teor elevado de gordura faz com que a massa fique

muito fluida, deslizando lentamente nos cilindros de refino e permanecendo um maior tempo

nos cilindros, provocando diminuição excessiva do tamanho de partículas (MARTINS, 2007).

A maioria das partículas da massa refinada deve ter até 40 mm, mas na prática

tamanhos maiores que 25 mm proporcionam arenosidade na boca ao degustar o chocolate e,

por outro lado, tamanhos inferiores a 20 mm podem causar problemas tecnológicos, uma vez

que levam ao aumento da viscosidade e do limite de escoamento, dificultando os processos

posteriores (MARTINS, 2007).

Page 23: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

23

3.3.9 CONCHAGEM

Essa etapa tem como principais objetivos a volatilização de compostos indesejáveis

formados durante a fermentação das sementes de cacau (ácidos como o acético), a diminuição

da umidade proveniente dos ingredientes e, por outro lado, a formação de aromas indesejáveis

por reações como a de Maillard (MARTINS, 2007).

A conchagem também é importante para a homogeneização dos ingredientes e por isso

são necessários nessa etapa, o cisalhamento da massa, agitação e aquecimento entre 50 e 70

°C, dependendo do tipo de chocolate desejado (ao leite, branco ou amargo), sendo que quanto

maior o tempo de conchagem, maior é a formação do sabor desejável do chocolate. Por isso,

no método tradicional, essa etapa pode levar de 8 a 96 horas, dependendo do tipo de produto

que se deseja e do equipamento que se dispõe (MARTINS, 2007).

A conchagem pode ser do tipo seca ou úmida, sendo que a primeira apresenta alto

cisalhamento e um elevado desenvolvimento da fluidez gerando uma umidade final de

aproximadamente 0,15 %, enquanto que a úmida apresenta baixo cisalhamento e consiste em

um processo lento gerando uma umidade final de cerca de 0,6 % (MARTINS, 2007).

As modificações físico-químicas produzidas durante essa etapa são a redução da

umidade e dos compostos voláteis indesejáveis, produção de componentes de sabor e aroma,

diminuição do tamanho de partículas e da viscosidade, aumento significativo da fluidez e da

cor e dispersão dos sólidos (MARTINS, 2007).

3.3.10 TEMPERAGEM

Nessa fase o chocolate desenvolve suas características físicas e organolépticas como o

aumento do ponto de fusão, maior brilho e o flavor. Esse processo consiste em um sistema de

controle de temperatura da massa de maneira que esta esquente e esfrie de modo uniforme,

atingindo as temperaturas de 28 °C e 48 °C (MARTINS, 2007).

Além disso, é nesse processo que são formados os cristais de gordura, os quais são

importantes para solidificação (aumento do ponto de fusão do chocolate), aparência (aumento

do brilho) e vida útil do produto (MARTINS, 2007).

3.3.11 ENVASAMENTO/MOLDAGEM DO CHOCOLATE

Page 24: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

24

De acordo com o objetivo da empresa, existem diversos tipos e modelos de formas

para o envasamento e moldagem do chocolate (MARTINS, 2007).

3.3.12 VIBRADOR

Durante a conchagem e temperagem ocorre à incorporação de ar na massa e para

retirá-lo do interior da massa do chocolate com o objetivo de manter uma boa aparência do

produto e o peso constante, é necessário colocá-lo em bandejas ou formas e levá-lo a uma

superfície vibradora (MARTINS, 2007).

3.3.13 RESFRIAMENTO EM TÚNEL COM CONTROLE DE UMIDADE

Essa etapa tem como finalidade solidificar rapidamente o chocolate, liberando assim o

produto das formas ou moldes. Nesse túnel a temperatura deve ser controlada entre 12 °c a 15

°C e a umidade do ar de 65 %. Em seguida, o chocolate deve ser estocado em um ambiente

com 65 % de umidade relativa e à temperatura de 20 °C a 22 °C (MARTINS, 2007).

3.3.14 EMBALAGEM

As embalagens devem proteger o chocolate durante o manuseio, estocagem e

distribuição do produto, determinando-lhe a vida útil e atender aos requisitos da linha de

empacotamento, além de apresentar como função despertar o interesse do consumidor

(MARTINS, 2007).

Além disso, a embalagem deve ser barreira ao vapor d’água, à passagem de luz e a

permeação de componentes do aroma do produto e de aromas estranhos oriundos do ambiente

de estocagem; assim como suportar as solicitações mecânicas do sistema de transporte e

distribuição; e também resistir ao ataque de insetos e roedores (MARTINS, 2007).

4. ESPECIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

A seguir estão descritos e especificados os equipamentos necessários para a fabricação

do chocolate ao leite em barras, considerando uma produção de 100 kg/dia, o que equivale a

2000kg/mês.

Page 25: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

25

4.1 DIMENSIONAMENTO DE TANQUE DE MISTURA

O misturador irá misturar a manteiga de cacau (matéria-prima inicial) aos demais

ingredientes em pó, líquidos e semi-líquidos por tempo suficiente para se transformarem em

uma massa plástica adequada para o refino. A mistura acontece a temperatura ambiente (em

torno de 25 °C), não sendo necessário aquecer o tanque de mistura.

Produção = 100 kg/dia, sendo uma batelada diária;

Densidade massa chocolate = 1261 kg/m3;

Viscosidade massa chocolate = 1,485 Pa.s

Volume de produção diária = 100/1261 = 0,08 m3;

Volume tanque = H.(π.Dt2/4);

Segundo McCabe (1985), baseado em um agitador do tipo da figura acima, tem-se as

seguintes relações:

Da/Dt = 1/3; H/Dt = 1; J/Dt = 1/12; E/Da = 1; W/Da = 1/5; L/Da = ¼.

Onde:

J = largura do defletor;

Dt =diâmetro do tanque;

Da = diâmetro do agitador;

H = nível do líquido;

Figura 4 – Tanque de mistura padrão (McCabe, 2001).

Page 26: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

26

L = comprimento da lâmina;

W = altura da lâmina;

E = distância da lâmina ao fundo.

n= velocidade de rotação = 60 rpm = 1 rps

Cálculos:

H.(π.Dt2/4) = 0,08 H=D H=D= 0,46m;

Da/Dt = 1/3 e E/Da = 1 Da = E = 0,15m;

J/Dt = 1/12 J = 0,038m;

W/Da = 1/5 W = 0,03m;

L/Da = ¼ L = 0,0375.

Potência do motor:

Re = (n.Da2.ρ/μ) = 19,11

Pelo gráfico de Número de potência x Número de Reynolds:

Figura 5 – Gráfico: Número de Potência x Número de Reynolds

Np = 5 = P/(n3.Da

5.ρ) P = 0,479 W.

Page 27: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

27

4.2 REFINADOR

O refinador (Figura 6) reduz o tamanho das partículas dos ingredientes tornando-os

imperceptíveis na boca durante a degustação do produto final.

Características:

Tabela 1 - Dados do refinador.

Marca

Nagema

Dimensões dos Cilindros Diâmetro: 4 cm, Comprimento: 1,2 m

Motor 100 CV

RPM 1770

Volts 220/380/440/760

4.3 MISTURADOR CONCHA

Figura 6 - Moinho refinador de cinco cilindros Nagema.

Page 28: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

28

O misturador (Figura 7) concha irá volatilizar os compostos indesejáveis formados

durante a fermentação das sementes de cacau (ácidos, como o acético) e diminuir a umidade

proveniente dos ingredientes.

Figura 7 - Concha para chocolate Meteor.

Características:

Tabela 2 - Dados do misturador concha.

Marca Meteor

N° 0S00 10512

Medidas Altura total: 2,3 m, Diâmetro: 3,1 m,

Profundidade: 1,4 m

Capacidade Até 5300 L

4.4 CHOCOMACHINE

Equipamento projetado para realizar três funções simultâneas: têmpera, dosagem e

eliminação de bolhas, através do vibrador automático.

Page 29: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

29

Características:

Tabela 3 - Dados do Chocomachine.

Dimensões do engradado 850 mm x 650 mm x 1645 mm

Dimensões do equipamento 470 mm x 1500 mm x 700 mm

Capacidade Até 200 L/dia

4.5 CÂMARA DE RESFRIAMENTO

O túnel de resfriamento é o equipamento responsável pela cristalização do chocolate

através de um processo de resfriamento do ar que circula por um duto hermeticamente

fechado.

Figura 8 - Chocomachine Finamac.

Page 30: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

30

Figura 9 - Túnel de Resfriamento LIMAQ LRL.

Características:

Os túneis de resfriamentos lineares LRL são constituídos em rígida estrutura metálica

modular (módulos de 2,0 m) com padrão de acabamento em pintura de fundo epóxi e

superfície em poliuretano, onde é apoiado um duto hermético formado por capotas e mesas

fabricados em poliuretano expandido revestido por shell de fiber-glass.

O seu interior é subdividido em dois dutos através de chapas de aço inoxidável onde

ocorre o fluxo de ar responsável pelo resfriamento e o apoio da esteira transportadora.

4.6 EMBALADORA

As embalagens devem proteger o chocolate durante o manuseio, estocagem e

distribuição do produto, determinando-lhe a vida útil e atender aos requisitos da linha de

empacotamento, além de apresentar como função despertar o interesse do consumidor.

Page 31: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

31

Figura 10 - Embaladora Kawamac tipo flow pack.

Características:

Esse equipamento pode embalar balas, barra de cereais, barras de chocolate, doces,

massa para pastel, pão, picolé ou qualquer outro produto sólido. Padrão adaptável ao tipo de

produto.

5. APROVEITAMENTO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS

Como a indústria de chocolates apresenta resíduos com grande quantidade de matéria

orgânica faz-se necessário um tratamento prévio para seu descarte correto, uma vez que

elevado conteúdo de matéria orgânica pode causar uma diminuição do oxigênio dissolvido

nos rios, com aumento da concentração de microrganismos heterotróficos e,

consequentemente, a elevação da demanda bioquímica de oxigênio. Isso pode gerar uma

modificação da classe do rio, o que é indesejável.

A indústria da alimentação no Brasil e no mundo vem demonstrando claros esforços

para tornar-se mais sustentável. Desde a Conferência Rio-92, o setor tem se engajado nos

debates internacionais sobre desenvolvimento sustentável e se esforçado para desenhar e

adotar as melhores práticas (CNI, 2012).

Do lado industrial, pesados investimentos têm sido feitos para diminuir o consumo de

água e garantir a qualidade da água devolvida ao meio ambiente. É importante lembrar que as

Page 32: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

32

licenças ambientais para operação das unidades fabris é extremamente rigorosa quanto à

qualidade da água, de forma que as indústrias já atendem a essas normas. Essas exigências e

controles também ajudaram a estimular o reuso da água e a economia na captação desse

recurso (CNI, 2012).

O suprimento de energia é imprescindível para todas as indústrias de transformação. A

busca pela eficiência energética e por fontes limpas de energia nesse setor da economia,

portanto, surtem efeitos óbvios sobre o meio ambiente (CNI, 2012).

As principais ferramentas que a indústria da alimentação tem ao seu alcance para

minimizar o efeito estufa consistem na redução da emissão de gases causadores do fenômeno.

Entre eles estão as emissões internas dos processos industriais, da logística de transportes e do

processo de produção das matérias-primas – incluindo aí as relativas ao desmatamento (CNI,

2012).

A indústria da alimentação não é uma grande geradora de poluentes atmosféricos. Essa

condição é intrínseca à atividade em si, já que o produto dessa indústria é destinado ao

consumo humano, não envolvendo componentes nocivos à saúde nos processos produtivos

(CNI, 2012).

O mesmo se poderia dizer quanto à poluição do solo, porém é necessário ressaltar a

preocupação quanto ao uso correto dos defensivos agrícolas. Esses insumos, essenciais à

produção agrícola em larga escala, podem oferecer risco à saúde e ao meio ambiente. Por isso,

as indústrias de alimentos e bebidas que compram a produção dos agricultores investem em

programas de análise de resíduos e de conscientização sobre o correto uso dos defensivos

(CNI, 2012).

A gestão de resíduos em todo o ciclo de vida de um produto está mudando de patamar

no Brasil com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Antes mesmo da

aprovação da Política Nacional de Resíduos, no entanto, as empresas do setor vinham

aplicando tecnologias e políticas para reaproveitar os resíduos dos processos produtivos e as

embalagens finais usadas de seus produtos (CNI, 2012).

De modo geral, podemos dividir os resíduos da indústria de chocolates em três classes:

Efluentes líquidos,

Resíduos sólidos,

Page 33: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

33

Resíduos pós-consumo.

5.1 TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS

Os efluentes líquidos consistem basicamente por resíduos de limpeza e esgoto

sanitário da empresa em geral. Por ser de pequeno porte, o destino dos efluentes líquidos é a

rede de esgoto pública sem um tratamento prévio específico.

Para ser lançada novamente a bacia hídrica, no entanto, faz-se necessário um

tratamento pela instituição responsável. Nesse caso, como o efluente apresenta origem

industrial torna-se indispensável um tratamento biológico devido às altas concentrações de

matéria orgânica e nutrientes.

O tratamento biológico de resíduos emprega a ação conjunta de espécies diferentes de

microrganismos em biorreatores, que operados sob determinadas condições resulta na

estabilização dos mesmos. Em geral, os diferentes tipos de microrganismos nos processos

biológicos de tratamento atuam conjuntamente, formando uma verdadeira cadeia alimentar

com interações nutricionais facultativas e obrigatórias.

5.2 TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos da indústria se dividem basicamente em produtos que serão

reprocessados, dejetos destinados aos aterros sanitários e de resíduos sólidos industriais e

materiais para reciclagem.

Em situações onde variáveis de processo estão fora de controle ou há a quebra da barra

antes da distribuição duas medidas podem ser tomadas: ou ocorre o reprocesso da massa de

chocolate, adicionando-se no máximo à razão de 10 % do chocolate reprocessado sobre o

produto em linha; ou ainda o destino final da massa torna-se a venda para fabricação de

chocolate granulado e coberturas.

Os resíduos sólidos dos setores distintos da área produtiva são enviados para aterros

sanitários, por se tratarem de resíduos não perigosos segundo a classificação da norma

10004/2004 da ABNT (ABNT, 2004). Esses aterros são utilizados para a disposição de

resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente,

Page 34: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

34

minimizando os impactos ambientais. Nesse caso, os resíduos são confinados na menor área

possível, reduzindo-os ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma cama de terra

quando necessário. Esse método deve conter todos os elementos de proteção ambiental

(FEAM, 2006).

De acordo com a Resolução CONAMA n° 313/2002, o resíduo sólido industrial é todo

resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos estados sólido, semissólido,

gasoso – quando contido, e líquido – cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento

na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou

economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (PNRS, 2011). Assim, os

resíduos sólidos da área produtiva são encaminhados para empresas terceirizadas que realizam

o descarte adequado.

Os materiais e embalagens danificadas que podem ser reciclados são separados e

recolhidos por empresas terceirizadas, sendo enviados para a reciclagem. Isso ocorre porque a

reciclagem de resíduos sólidos é uma alternativa viável para propiciar à preservação de

recursos naturais, a economia de energia, a redução da área que demanda o aterro sanitário, a

geração de emprego e renda, assim como a conscientização da população para questões

ambientais (O’leary et al., 1999).

5.3 TRATAMENTO DE RESÍDUOS PÓS-CONSUMO

Existe uma preocupação em garantir um destino para as embalagens dos chocolates

em barra após o consumo. Para isso, ocorre a reciclagem do material polimérico, onde a

estrutura do material residual é alterada, de modo que os subprodutos resultantes possam ser

usados para outros fins que não a produção do material original, uma vez que em indústria de

alimentos não se pode utilizar materiais reciclados (OLIVEIRA, 2012).

6. CONTROLE DA QUALIDADE

Na Indústria de chocolate serão avaliados os seguintes aspetos com respeito ao

controle de qualidade:

- Boas Práticas de Fabricação,

- Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle,

Page 35: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

35

- Avaliação Sensorial.

6.1 AVALAIAÇÃO DE APPCC E BPF

Hoje em dia, a população exige uma maior preocupação alimentar, é necessário

apostar em novas tecnologias no sentido de assegurar uma maior segurança e qualidade nas

indústrias. Para manter ou introduzir uma nova marca de chocolate no mercado é necessário

adotar um claro sentido de formação, inovação e atualização tanto dos meios técnicos como

humanos.

O controlo da qualidade tem como objetivo garantir a qualidade do produto e a

observação de melhoria contínua. Este controle visa aumentar a satisfação do cliente e dos

consumidores e, consequentemente, aumentar os lucros da empresa. Uma das principais

estratégias a seguir nas indústrias de chocolate é elaborar e trabalhar num sistema de boas

práticas direcionado para a segurança e qualidade, no sentido de aumentar a credibilidade no

mercado. (Carmen e Santos, 1995)

Desde a produção primária até ao consumidor final, deve ser assegurada o uso do

plano de Boas Práticas de Fabricação (BPF), isto é, fazer o controle da higienização das mãos,

desinfecção de 10 em 10 minutos, uso de luvas nos processos necessários, uso de uniforme

(incluindo toca, máscara, camisola, calças e calçado) de cor clara, os adornos pessoais não são

permitidos, o cabelo, barba e unhas devem estar higienizados e sempre que possível não

devem estar expostos. As áreas de processamento devem ser limpas com os detergentes

apropriados e respeitar a legislação, assim como os equipamentos devem ser controlados e

limpos regularmente. Isto tem como objetivo comandar e orientar as condições higiênicas e

sanitárias usadas para a elaboração de um produto seguro e de qualidade. Tanto os

manipuladores e produtores de alimentos como os estabelecimentos de produção e venda

alimentar têm que cumprir as regras de BPF, pois são consideradas pré-requisitos essências

para a implementação do sistema de APPCC que é um dos métodos que garante a qualidade e

segurança dos alimentos.

O APPCC é um sistema preventivo que permite identificar, avaliar e controlar os

perigos que são significativos para a segurança do alimento. Deve ter uma abordagem

sistemática, documentada e verificável permitindo a análise nas várias etapas de produção,

obtendo-se produtos com elevada segurança alimentar. (Codex Alimentarius, 2012)

Page 36: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

36

6.2 ANÁLISE DE PERIGOS

Numa indústria de chocolate, o controlo da qualidade é feito com base na análise das

várias etapas de produção. Em todas as etapas é necessário respeitar as boas práticas de

produção para reduzir o risco de contaminação do produto, diminuindo consequentemente a

possível produção de chocolate de má qualidade.

A qualidade das matérias-primas é essencial para a obtenção de um produto de

qualidade. O armazenamento e transporte das mesmas antes do uso deve ser o correto,

indicado para cada ingrediente, de maneira a que quando usadas para a formulação do

chocolate não ocorra contaminação do produto.

Em relação à água esta não é uma matéria-prima, mas é usada nas limpezas e

desinfecções de equipamentos, instalações e superfícies, tem de ser potável tal como consta na

legislação, para evitar a contaminação do produto obtido. Devem ser feitos registros e análises

periódicas.

Segundo Cordier (1994), nos chocolates com nozes ou passas existe maior

probabilidade de ocorrerem perigos físicos. Em relação aos perigos químicos, afirma que são

pouco significantes, pois dependem das práticas agrícolas, de armazenamento e de

distribuição. Neste tipo de produto existe um certo risco para os perigos microbiológicos, pois

de acordo com Cordier (1994), durante muito tempo as medidas tomadas para evitar desvios

na qualidade do produto, incidiam essencialmente nas características organolépticas e físico-

químicas do produto. A Listeria monocytogenes não é um perigo nas indústrias chocolateiras

quando aplicados métodos de limpeza a seco. No entanto a Samonella já provocou vários

surtos através da contaminação de chocolate, o que representa um perigo biológico, sendo

necessário trabalhar em condições higiênico-sanitárias corretas para evitar estas ocorrências.

Perigos biológicos

Na indústria de chocolate o perigo biológico mais comum provém essencialmente da

Salmonella, e tem como fonte o cacau, leite em pó, ambiente durante o processamento,

higiene e ações dos funcionários, insetos e roedores. Para controlar estes perigos deve-se

evitar a contaminação usando boas práticas de fabricação, na recepção das matérias – primas

analisar o estado das mesmas, exigir certificados de garantia de qualidade por parte dos

fornecedores, destruir, remover ou evitar o crescimento dos microrganismos através de

Page 37: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

37

métodos de temperatura/tempo adequados e instruir os empregados no sentido de exercer

adequadamente o embalamento, armazenamento e distribuição, nomeadamente o controlo da

temperatura. (Thompson, 2006)

Perigos químicos

Os perigos químicos mais comuns surgem devido à presença de metais pesados,

toxinas, pesticidas, produtos químicos de limpeza e/ou lubrificantes no produto, alguns são

intencionalmente adicionados como os pesticidas durante o cultivo do cacau e outros são

adicionados involuntariamente, que podem surgir da inadequada remoção de produtos

químicos de limpeza dos equipamentos e do ambiente do processamento, como desinfetantes

e lubrificantes. As medidas de controle a usar para evitar a ocorrência destes perigos incidem

na análise das especificações sobre os ingredientes, manutenção e controle dos materiais de

embalamento e dos produtos químicos de limpeza na zona de operações, exigir ao fornecedor

a garantia de segurança e qualidade das matérias-primas, após o recebimento dos ingredientes,

inspeciona-se os mesmos e os veículos, elaboram-se testes e amostragens periodicamente para

evitar ocorrência de contaminação e degradação, são feitas auditorias internas mensalmente e

é dada formação adequada aos funcionários. (Thompson, 2006)

Perigos físicos

Os perigos físicos que mais surgem são devido à possível presença de metal, vidro,

madeira e/ou pedras provocada pelas práticas inadequadas por parte dos funcionários,

reduzido controle e manutenção das instalações, falha nos procedimentos durante a produção

e as matérias – primas podem chegar contaminadas. O controle dos perigos físicos é feito a

olho nu e através de equipamentos que detectam este tipo de componentes (tela e ímã). O

fornecedor tem que garantir a inexistência de objetos estranhos dentro das embalagens, o

pessoal é formado no sentido de verificar a presença de corpos estranhos, são feitas auditorias

e testes periódicos para verificar o estado dos equipamentos. (Thompson, 2006)

6.3 ETAPAS DE CONTROLE DURANTE O PROCESSO

Durante o processamento de chocolate são mantidas as boas práticas de fabricação e o

controle de todo o processo para reduzir a probabilidade de contaminação e produção de um

alimento inseguro e/ou de baixa qualidade.

Page 38: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

38

Colheita e fermentação

As caixas de madeira durante a fermentação têm de estar em bom estado com 1,20 m

de largura 1,00 m de altura, pois as caixas têm de estar nas conformidades e sem deterioração

para garantir a qualidade do produto final, pois pode ocorrer a incorporação de

microrganismos indesejados. (Bastos, 1987)

A fermentação tem por finalidade facilitar a conservação das amêndoas, conferir

aroma, odor e outras características físicas do chocolate. O reconhecimento de um cacau bem

fermentado é feito pela modificação da sua cor original para castanho e diminuição do sabor

amargo, já numa fermentação mal sucedida devido à falta de açúcares, verifica-se uma cor

violeta nas amêndoas, elevado teor de umidade, forte adstringência e acidez elevada. (Bastos,

1987)

Segundo a CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) durante o

processo de fermentação do cacau podem ocorrer alguns problemas que prejudiquem a sua

qualidade. Pode-se desenvolver uma fermentação deficiente que tanto pode ser causada pelo

sistema utilizado como pela duração do processo como pelo equipamento usado. Avaliações e

substituições devem ser feitas no sentido de melhorar e reduzir o período de fermentação,

obtendo-se um produto com melhor sabor, cor e odor.

Secagem

O processo de secagem do cacau também afeta a qualidade. Temperaturas elevadas ou

uma secagem muito rápida influenciam as reações químicas que ocorrem durante esta etapa.

Isto leva a que o processo de redução da disponibilidade da água ocorra incorretamente,

havendo excesso de umidade no produto, levando ao aparecimento do mofo quando o

armazenamento das amêndoas. A secagem lenta ao sol é a ideal, pois confere uma tonalidade

característica às amêndoas, exigida no mercado. A secagem por métodos tradicionais, através

da fumaça, se não for bem feita, pode escapar fumo e deixar um mau odor nas amêndoas,

perdendo qualidade. A secagem artificial é feita em secadores ou estufas onde a temperatura é

controlada subindo lentamente, não excedendo os 55 ºC durante 30 h. (CEPLAC, 1982;

Bastos, 1987)

Armazenamento do cacau

Page 39: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

39

O armazenamento do cacau e seus derivados não melhora a qualidade do cacau, mas

um bom sistema de armazenamento garante boa conservação do produto e manutenção dos

padrões de qualidade por mais tempo, até um ano.

Torrefação (PCC1)

No processo de torrefação das amêndoas de cacau é documentado continuamente o

registro da temperatura, o registro da calibração do termômetro, da ação corretiva e da

verificação.

A torrefação é essencial na obtenção das características de qualidade do chocolate,

nesta etapa ocorrem algumas mudanças como: a diminuição dos ácidos voláteis indesejáveis,

a inativação das enzimas que podem degradar a manteiga de cacau, o desenvolvimento do

aroma e cor típicos do chocolate e a perda de água. Para que ocorra uma boa torrefação são

necessários 5 a 120 minutos com a temperatura variando entre 120 a 150 °C, dependendo de

algumas características da amêndoa. (Martins, 2007) (Tabela 5 e figura 11 no Anexo 1)

Trituração e moagem das amêndoas (PCC2)

Nesta etapa de trituração e moagem das amêndoas ocorre também a fase de

verificação da entrada de corpos estranhos, sendo estes obrigatoriamente retirados e

eliminados, pois podem ser um perigo para a saúde e reduzem a qualidade do chocolate.

(Tabela 6 e figura 11 no Anexo 1)

Refinamento

Durante o refinamento é controlada a redução do tamanho das partículas para que não

se sinta os diferentes tamanhos dos ingredientes misturados durante a degustação.

Conchagem

Nesta etapa é controlada a volatilização dos compostos indesejáveis formados em

etapas anteriores, quanto maior o tempo de conchagem maior é a formação do sabor desejável

do chocolate.

Temperagem

Nesta fase é necessário controlar temperatura, tempo de cristalização e velocidade de

agitação. Quanto mais tempo demorar a cristalização mais cristais estáveis se formam e de

Page 40: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

40

menor tamanho, obtendo-se um chocolate de melhor qualidade com melhores características

organolépticas de cor e brilho. (Cohen, Luccas, Jackix; 2004)

Embalagem

As embalagens são adquiridas no sentido de proteger o alimento e aumentar o seu

tempo de vida útil, pois protege durante o manuseio, estocagem e distribuição. Ao estarem

embalados mantém as qualidades originais e têm uma barreira ao vapor de água, à passagem

de luz e à entrada de aromas indesejados durante o processo de expedição. A embalagem

também protege da deposição de insetos e passagem de roedores.

Os produtos à base de chocolate revelam uma boa segurança alimentar, pois na sua

constituição a disponibilidade de água é baixa, logo o desenvolvimento de microrganismos

também é reduzido, podendo este alimento ser mantido à temperatura ambiente por um longo

período de tempo.

Para o correto funcionamento do plano de APPCC são feitas verificações constantes e

adaptações, nomeadamente a verificação de que os pontos críticos de controlo estão a

funcionar corretamente. O plano de APPCC sofre alterações quando ocorre alteração nos

equipamentos, nos ingredientes e no processo.

Com base na legislação disponibilizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), através do Regulamento Técnico sobre os Padrões Microbiológicos para

Alimentos, que tem como objetivo estabelecer os padrões microbiológicos sanitários para

alimentos especificados e determinar os critérios para a conclusão e interpretação dos

resultados das análises microbiológicas de alimentos destinados ao consumo humano,

consegue-se obter os dados para comparação de resultados de análises microbiológicas feitas

tanto no produto final, chocolate em barras, como para os vários ingredientes. Para a

avaliação do chocolate em barras, são feitas análises microbiológicas de acordo com os

microrganismos em estudo e através de indicações registradas na legislação, avalia-se a

aceitabilidade ou inaceitabilidade do produto através dos limites máximos e mínimos para os

diferentes microrganismos, contundo a ausência de Salmonella tem que estar garantida.

(ANVISA, 2001)

6.4 ANÁLISE SENSORIAL

Relativamente às propriedades sensoriais do chocolate, devem ser as seguintes:

Page 41: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

41

Visão – O brilho é importante (a rugosidade deve ser, portanto muito pequena), a cor

deve ser uniforme e a superfície homogênea.

Audição – A sensação de quebradiço no momento de quebra indica uma boa estrutura

cristalina da manteiga de cacau.

Olfato – A presença de açúcares demais interfere na percepção do cheiro e do sabor do

alimento, como tal deve ser apenas levemente adocicado.

Tato – deve ser fácil de partir, mas não de despedaçar, também não pode resistir a ser

partido; só deve começar a derreter nas mãos passado alguns segundos (20-30).

Sabor – Deve permitir que se derreta facilmente na boca, sem que haja a percepção de

grânulos, o sabor típico é amargo e levemente ácido. A velocidade de dissolução é

importantíssima.

7. DIMENSIONAMENTO, LOCALIZAÇÃO E OBRAS – LAYOUT

O layout proposto para este anteprojeto pode ser visualizado no Anexo 2. Nele estão

representados o arranjo do espaço físico e a disposição dos equipamentos industriais. O

estabelecimento está localizado em Florianópolis, às margens da SC-401 que dá acesso ao

Norte da Ilha. Com 500 m2 (20 m x 25 m), sua construção considerou a movimentação

mínima de materiais, o aproveitamento do espaço disponível, a satisfação e segurança dos

colaboradores e a aplicação das Boas Práticas de Fabricação. As recomendações listadas a

seguir foram baseadas no Manual de Boas Práticas de Fabricação para a Indústria de

Alimentos (ANVISA) e na Portaria nº 326 de 1997.

7.1 Paredes

As paredes devem apresentar superfície lisa, lavável e impermeável em toda a sua

extensão. Devem ser, preferencialmente, de cor clara e, resistentes a frequentes aplicações de

agentes de limpeza. Não utilizar o azulejo, sendo recomendado o uso de tintas especiais ou

epóxi lavável para o acabamento das paredes. O acabamento deve impedir acúmulo de poeira

e minimizar a condensação e desenvolvimento de mofo. Os cantos devem ser todos

arredondados sem quinas.

Page 42: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

42

7.2 Pé direito

Em instalações onde se utiliza sistema de refrigeração central ou ar condicionado é

recomendado que o pé direito do prédio não seja superior a 3 m, para propiciar uma boa

distribuição do frio e evitar acúmulo de umidade dentro da planta.

7.3 Forro

Para evitar que materiais estranhos caiam sobre o produto, a área de processamento

deve ser coberta. O forro de laje deve ter acabamento em reboco e tinta impermeável sem

quinas e fendas.

7.4 Aberturas do prédio

Todas as aberturas fixas, como as de ventilação, devem ser fechadas com vidro

branco. As portas de acesso à planta, com uso frequente, devem ser equipadas com

sobreportas de molas com vidros e pé-dilúvio.

Os vidros devem ser lisos e de fácil limpeza. As portas devem ser também de

superfícies lisas, não absorventes, com fechamento automático (mola ou sistema eletrônico) e

abertura máxima de 1 cm do piso.

Devem ser evitadas aberturas entre paredes e teto. Para evitar a entrada de insetos,

pode ser utilizado, como complemento, cortinas de ar e/ou plástico para a sua vedação. As

portas que contenham trilhos devem ser fechadas com dispositivos de vedação de borracha

flexíveis para impedir a entrada de roedores e outros animais.

As janelas devem ser fixas e permitir o aproveitamento da iluminação natural.

Também devem ser providas de telas quando usadas para ventilação.

7.5 Ventilação

O ar ambiente deve ser renovado continuamente nas áreas de processamento de

alimentos, sendo a ventilação natural eficaz em alguns setores das instalações. Nas áreas

refrigeradas da instalação, a renovação de ar é feita automaticamente pelo sistema de

refrigeração central ou pelo ar condicionado.

Page 43: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

43

7.6 Iluminação e Instalação Elétrica

Os estabelecimentos devem ter iluminação natural ou artificial que possibilitem a

realização dos trabalhos e não comprometa a higiene dos alimentos. As fontes de luz artificial,

de acordo com a legislação, devem estar suspensas ou colocadas diretamente no teto e que se

localizem sobre a área de manipulação dos alimentos, em qualquer das fases da produção,

devem ser do tipo adequado e estar protegidas contra quebras. A iluminação não deverá

alterar as cores.

7.7 Instalações Sanitárias e Vestiários

Devem ser separados por sexo e em perfeitas condições de higiene e organização, com

iluminação e ventilação adequadas. Ausência de comunicação direta com a área de trabalho.

Sanitários com tampa, mictórios e lavatórios íntegros, servidos de água corrente e conectados

à rede de esgoto (ou fossa aprovada).

Lavatórios dotados de produtos destinados à higienização das mãos: água corrente,

sabão líquido, toalhas descartáveis e lixeiras com pedal.

7.8 Materiais e equipamentos

Os equipamentos e as instalações devem seguir algumas normas de construção e

disposição no local, que resultam num melhor desempenho das operações e bem-estar dos

funcionários. As formas e superfícies dos equipamentos não devem permitir o acúmulo de

umidade e resíduos, que aumentam os riscos de contaminação do produto, pois favorecerem o

desenvolvimento de microrganismos. No caso de superfície metálica, propiciam o

aparecimento de corrosão. As estruturas tubulares são preferidas por conferirem mais

praticidade na higienização.

O material da superfície em contato com os alimentos deve ser atóxico e não pode

interagir com o alimento, sendo capaz de resistir às repetidas aplicações de substâncias usadas

no processo normal de limpeza. Materiais que absorvem água, como a madeira, não são

apropriados a locais atingidos por água. Se o equipamento for pintado, a tinta deve ser atóxica

e de boa aderência.

Page 44: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

44

Os equipamentos devem ser instalados de forma a permitir a circulação ao redor,

ficando afastados das paredes e de outros equipamentos cerca de 60 cm. Também devem estar

suspensos 30 cm acima do piso facilitando a limpeza e manutenção. Os ângulos formados

entre a base dos equipamentos, pisos e paredes devem ser arredondados, com raio mínimo de

5 cm.

8. ANÁLISE FINANCEIRA

A análise financeira antes da abertura de um negócio, possibilita a avaliação da

viabilidade do mesmo. Um dos objetivos é verificar em quanto tempo se recebe o valor

investido, ou seja, quando a indústria começa a lucrar.

8.1 Investimentos Fixos

Entende-se como investimentos fixos os gastos com aquisição e instalação de

máquinas e equipamentos, obras e reformas, móveis e utensílios, veículos, centrais

telefônicas, aparelhos eletrônicos, de informática, imóveis, salas, casas, lotes, galpões.

Constituem também o patrimônio da empresa e podem ser vendidos e convertidos em

dinheiro. (DOLABELA, 2005)

Os investimentos desta indústria de chocolate estão descritos nas tabelas 4 e 5.

Tabela 4 – Investimentos fixos em equipamentos

Equipamentos Quantidade Valor Unitário

(R$)

Total (R$)

Misturador 1 14000,00 14000,00

Refinador 1 10000,00 10000,00

Misturador concha 1 18000,00 18000,00

Chocomachine 1 30000,00 30000,00

Câmara de resfriamento 1 5000,00 5000,00

Embaladora 1 20000,00 20000,00

Mesas auxiliares 2 370,00 740,00

Utensílios e Móveis de

Escritório/Recepção

1 8000,00 8000,00

Ar condicionado 4 600,00 2400,00

Bebedouro com pedal 2 400,00 800,00

Computador 4 1000,00 4000,00

Multifunções 2 250,00 500,00

Page 45: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

45

Telefone 5 50,00 250,00

Lavadouro de mãos com sensor 4 300,00 1200,00

Lixeira com sensor 6 100,00 600,00

Utensílios e equipamentos de

Cozinha/Refeitório (mesas, cadeiras,

fogão, geladeira, etc)

1 7000,00 7000,00

Porta papel 8 10,00 80,00

Porta álcool 9 15,00 135,00

Porta sabonete líquido 8 10,00 80,00

Estantes 1 2000,00 2000,00

Cafeteira 2 200,00 400,00

Segurança e proteção contra incêndios 1 1100,00 1100,00

Veículos 2 20000,00 40000,00

Caminhão 2 45000,00 90000,00

Uniformes (camiseta, calças, luvas, toca,

máscara)

20 50,00 1000,00

Total 257285,00

Tabela 5 – Investimentos fixos nas obras civis.

8.2 Capital de giro

O capital de giro engloba os gastos operacionais necessários para iniciar as atividades

da empresa, colocá-la em funcionamento. Serão posteriormente cobertos pelas receitas, mas,

no início, têm que ser bancados pelo empreendedor. Referem-se a aluguel do imóvel, pró-

labore (que é a remuneração do empreendedor), salários e encargos, aluguel de telefone,

depreciações, luz, honorários do contador, materiais de limpeza etc. (DOLABELA, 2005)

Abaixo estão descritas as matérias-primas (Tabela 6), as embalagens (Tabela 7), a mão

de obra (Tabela 8) e os gastos mensais (Tabela 9).

Obras Civis Total (R$)

Terreno 5000,00

Obras e instalações 10000,00

Custos legais 1500,00

Total 16500,00

Page 46: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

46

Tabela 6 – Descrição das matérias primas com referência ao preço e quantidade.

Ingredientes Preço

unitário

(R$)

Quantidade

diária (kg)

Quantidade

mensal (kg)

Total mensal

(R$)

Massa de cacau 17,90 13.60 326,40 5842,56

Manteiga de cacau 8,59 23,00 552,00 4741,68

Açúcar 1,16 56,00 1344,00 1559,04

Lecitina 3,50 0,46 11,04 38,64

Leite em pó 7,00 21,85 524,40 3670,80

Compostos de sabor 6,00 0,10 2,40 14,40

Total mensal

(R$)

15867,12

Tabela 7 – Descrição das embalagens com referência ao preço e quantidade.

Componentes Preço

unitário (R$)

Quantidade

diária

(unidade)

Quantidade

mensal

(unidade)

Total mensal

(R$)

Papel de alumínio (interior) 0,05 1000 24000 1200,00

Papel plastificado (exterior) 0,20 1000 24000 4800,00

Caixas de cartão para

transporte de 40 tabletes cada

1,00 25 600 600,00

Outros matérias (Fita-cola,

tintas, etc)

- - - 75,00

Total mensal

(R$)

6675,00

Tabela 8 – Descrição da mão de obra com referência ao custo e quantidade de operários.

Função Quantidade Custo unitário + encargos

(R$)

Custo mensal (R$)

Gerentes

proprietários/Engenheiros

3 2000,00 6000,00

Auxiliar de produção 8 900,00 7200,00

Responsável de produção 1 1200,00 1200,00

Auxiliar de estoque 1 700,00 700,00

Limpeza 2 500,00 1000,00

Condutores 2 1000,00 2000,00

Auxiliar de escritório 1 1000,00 1000,00

Cozinheiro 1 600,00 600,00

Auxiliar de cozinha 1 500,00 500,00

Page 47: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

47

Vendedores 1 800,00 800,00

Total mensal (R$) 21000,00

Tabela 9 – Descrição dos gastos mensais.

Componentes Valor mensal

(R$)

Material de limpeza 100,00

Energia 1700,00

Água 700,00

Manutenção 300,00

Seguro 700,00

Telefone e internet 500,00

Combustível 2000,00

Marketing e publicidade 500,00

Total 6500,00

Tabela 10 – Valor do capital de giro

Descrição Valor (R$)

Ingredientes 15867,12

Embalagens 6675,00

Mão de obra 21000,00

Gastos mensais 6500,00

Total 50042,12

Tabela 11 – Resumo do investimento inicial na indústria.

8.3 Receita

O primeiro passo para projetar a receita é estabelecer o preço de venda do produto,

cujo cálculo devem ser considerados o preço praticado pelos concorrentes, os preços

sugeridos pelos revendedores varejistas e, principalmente, a perceção do valor que o

Descrição Valor (R$)

Equipamentos 257285,00

Obras civis 16500,00

Capital de giro 50042,12

Total (R$) 323827,12

Page 48: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

48

consumidor tem do produto. Os custos de produção também influenciam o preço do produto,

mas indicam principalmente o grau de viabilidade financeira da empresa, ou seja, se com os

seus custos ela é capaz de gerar receitas líquidas atraentes e ser competitiva. (DOLABELA,

2005)

O custo de produção de cada tablete é de R$ 3,00. Cada uma tem a quantidade de

100 g, ou seja, 0,1 kg. Estima-se uma produção diária de 100 kg sendo 1000 unidades,

equivalente a uma produção mensal de 2400 kg, isto é, 24000 unidades, visto a indústria

laborar 24 dias por mês. Anualmente são produzidas 288000 unidades, sendo assim 28800 kg.

Ao valor de preço de produção são adicionados os impostos necessários para a

produção e comercialização do produto. A alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços) no Estado de Santa Catarina é de 12% e os restantes impostos somam

30%.

Tabela 12 - Estimativa dos custos dos tabletes acrescidos de impostos.

Descrição Preço de

produção (R$)

ICMS

(R$)

Outros

impostos (R$)

Preço final do

tablete (R$)

Tablete de chocolate

de 100g

3,00 0,36 0,9 4,26

Tabela 13 – Projeção do lucro líquido mensal e anual.

Considerando todos os investimentos iniciais, R$ 323827,12, a indústria

provavelmente começará a lucrar após 2 anos e 11 meses.

Receitas e despesas Total mensal (R$) Total ano 1 (R$)

1 – Venda Bruta 102240,00 1226880,00

2 – Deduções das vendas

ICMS 12268,80 147225,60

Outros Impostos 30672,00 368064,00

3 – Venda líquida (1-2) 59299,20 711590,40

4 – Custos totais de venda 22542,12 270505,44

5 – Margem de contribuição (3-

4)

36757,08 441084,96

6 – Custos fixos e operacionais 27500,00 330000,00

Lucro líquido (5-6) 9257,08 111084,96

Page 49: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

49

9. NORMAS TÉCNICAS E LEGISLAÇÃO

As principais normas técnicas e legislações que regulam a fabricação do chocolate,

assim como as características do produto podem ser apresentadas na Tabela 14, sendo que

serão discutidas posteriormente com foco para as partes relacionados diretamente com o

chocolate.

Tabela 14 - Normas Técnicas e Legislações que regulam a produção de chocolate no Brasil.

Norma Descrição

RDC 7/11 Limites máximos tolerados (LMT) para micotoxinas em alimentos (ANVISA, 2011)

Portaria n.

2914/11

Procedimentos de controle de vigilância da qualidade da água para consumo

humano e seu padrão de potabilidade (MS, 2011).

Lei 12305/10 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil, 2010).

RDC 264/05 Regulamento Técnico para Chocolate e Produtos de Cacau (ANVISA, 2005).

RDC 359/03 Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalagos para Fins de Rotulagem

Nutricional (ANVISA, 2003).

RDC 275/02 Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos

Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de

Verificação das Boas Práticas de Fabricação Em Estabelecimentos

Produtores/Industrializadores de Alimentos (ANVISA, 2002).

RDC 12/01 Regulamento Técnico sobre os Padrões Microbiológicos para Alimentos

(ANVISA, 2001).

Portaria n.

685/98

Limites máximos de tolerância para Contaminantes Inorgânicos em Alimentos

(ANVISA, 1998).

Portaria n.

326/97

Regulamento técnico sobre condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de

fabricação para estabelecimentos elaboradores/industrializadores de alimentos

(ANVISA, 1997).

Portaria n.

1428/93

Regulamento técnico sobre inspeção sanitária, boas práticas de produção/prestação

de serviços e padrão de identidade e qualidade na área de alimentos (ANVISA, 1993).

Page 50: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

50

9.1 RDC 7/2011

Essa resolução dispõe sobre limites máximos tolerados (LMT) para micotoxinas em

alimentos e aplica-se às empresas que importem, produzam, distribuam e comercializem as

amêndoas de cacau e seus derivados, assim como outras categorias de bebidas e alimentos.

Apesar da empresa não iniciar seu processo com as amêndoas de cacau é necessário

que o fornecedor mantenha-as dentro da faixa de LMT para micotoxinas.

9.2 Portaria n. 2914/2011

Esta portaria dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade

da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, sendo que se aplica à água

destinada ao consumo humano proveniente de sistema e solução alternativa de abastecimento

de água.

Como para a fabricação de chocolates utiliza-se a água proveniente da rede pública

torna-se necessário que os padrões de qualidade respeitem os valores estabelecidos por essa

portaria.

9.3 Lei 12305/2010

Essa lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos dispondo sobre seus

princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada

e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos

geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

9.4 RDC 264/2005

Essa resolução tem como objetivo fixar a identidade e as características mínimas de

qualidade a que devem obedecer o Chocolate e os Produtos de Cacau. No caso do chocolate

ao leite, essa resolução define que é o produto obtido a partir da mistura de derivados de

cacau (Theobroma cacao L.), massa (ou pasta ou liquor) de cacau, cacau em pó e ou manteiga

de cacau, com outros ingredientes, contendo, no mínimo, 25 % (g/100 g) de sólidos totais de

cacau.

Page 51: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

51

9.5 RDC 359/2003

Esse regulamento técnico se aplica à rotulagem nutricional dos alimentos produzidos e

comercializados, qualquer que seja sua origem, embalados na ausência do cliente e prontos

para serem oferecidos aos consumidores; como é o caso do chocolate ao leite em barra.

9.6 RDC 275/2002

Esse regulamento tem como objetivo estabelecer Procedimentos Operacionais

Padronizados que contribuam para a garantia das condições higiênico-sanitárias necessárias

ao processamento/industrialização de alimentos, complementando as Boas Práticas de

Fabricação.

Por se aplicar aos estabelecimentos processadores/industrializadores nos quais sejam

realizadas algumas das seguintes atividades: produção/industrialização, fracionamento,

armazenamento e transporte de alimentos industrializados, como é o caso da fábrica de

chocolates, torna-se necessário estar em conformidade com essa resolução.

9.7 RDC 12/2001

Essa resolução tem como objetivo estabelecer os Padrões Microbiológicos Sanitários

para diversos tipos de Alimentos como chocolates e determinar os critérios para a Conclusão

e Interpretação dos Resultados das Análises Microbiológicas de Alimentos Destinados ao

Consumo Humano.

9.8 Portaria n. 685/1998

Essa portaria estabelece os limites máximos de tolerância dos contaminantes

inorgânicos: arsênio, cobre, estanho, chumbo, cádmio e mercúrio, nas classes de alguns

alimentos. Para a indústria de chocolate, é importante se determinar esses limites de arsênio,

chumbo e cobre nas matérias primas que serão utilizadas para fabricação do produto, como é

o caso do açúcar, gorduras, cacau e seus derivados.

9.9 Portaria n. 326/1997

Page 52: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

52

O presente Regulamento estabelece os requisitos gerais (essenciais) de higiene e de

boas práticas de fabricação para alimentos produzidos /fabricados para o consumo humano.

Pode ser aplicada, quando for o caso, a toda pessoa física ou jurídica que possua pelo menos

um estabelecimento no qual sejam realizadas algumas das atividades seguintes;

produção/industrialização, fracionamento, armazenamento e transportes de alimentos

industrializados. Ou seja, independentemente do porte da empresa é necessário respeitar essa

portaria.

9.10 Portaria n. 1428/1993

Essa portaria visa estabelecer as orientações necessárias que permitam executar as

atividades de inspeção sanitária, de forma a avaliar as Boas Práticas para a obtenção de

padrões de identidade e qualidade de produtos e serviços na área de alimentos com vistas à

proteção da saúde da população.

Apresenta ainda como objetivos específicos: avaliar a eficácia e efetividade dos

processos, meios e instalações, assim como dos controles utilizados na produção,

armazenamento, transporte, distribuição, comercialização e consumo de alimentos através do

Sistema de Avaliação dos Perigos em Pontos Críticos de Controle (APPCC) de forma a

proteger a saúde o consumidor; e avaliar os projetos da Qualidade das empresas produtoras e

prestadores de serviços quanto à garantia da qualidade dos alimentos oferecidos à população.

Nesse caso, a portaria se aplica aos Órgãos de Vigilância Sanitária, no entanto, é importante

ter o conhecimento a respeito do que é inspecionado para que o próprio setor de controle de

qualidade possa atuar na empresa.

Page 53: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

53

10. CONCLUSÃO

O chocolate é um produto consumido no mundo todo e, para muitos, não se trata só de

um alimento, mas também de uma verdadeira fonte de energia ou até um ótimo calmante para

aliviar o estresse do dia a dia.

Apesar de ser consumido inicialmente como uma guloseima para crianças e mulheres

da classe A na década de 70, tornou-se um produto de alta popularidade, inclusive nas classes

C e D.

Além do consumo diário do chocolate, esse tipo de produto é considerado obrigatório

em diversas ocasiões como Páscoa e Dia dos Namorados, assim como dar uma caixa de

bombons poder significar “Feliz Natal”, “Feliz Ano Novo”, “Feliz Aniversário”, “Boa

Viagem” e “Desculpas”; ou seja, bons momentos são selados com chocolate.

Por ser um produto consolidado na vida dos brasileiros, diversas pesquisas podem ser

feitas no segmento para inová-lo e torná-lo mais saudável, uma vez que novidades no setor

são bem vindas pelos clientes.

É importante também ressaltar que apesar das grandes marcas dominarem o mercado

de chocolates, os produtos feitos artesanalmente também possuem espaço por apresentarem

características diferenciadas.

Assim, a definição do chocolate como produto para o Projeto da referente disciplina

foi baseada em um mercado em constante expansão e que pode representar uma grande

oportunidade para os Engenheiros de Alimentos.

Com o projeto foi possível pesquisar a respeito do processamento, características

necessárias e controle de qualidade, entre diversos outros aspectos, que são fundamentais para

o conhecimento geral desse segmento.

Page 54: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

54

ANEXO 1

Figura 11 – Fluxograma e descrição do processo com indicação dos PCC´s

Fluxograma 1 - Produção de Chocolate e respetivos PCC’s. Fonte: SUFRAMA, 2007

Recepção e Pesagem dos Sacos de Amêndoas

Seleção e Classificação das Amêndoas

Torrefação das Amêndoas

Trituração e Moagem das Amêndoas

Alcalinização e Prensagem do Licor

Descarte de Amêndoas Inadequadas

Adição e Mistura de Ingredientes

Refinamento

Conchamento

Temperagem

Modelagem

Embalagem

Armazenagem e Expedição

Chocolate em Barras

Licor ( Massa de cacau)

Manteiga de cacau

PCC 1

PCC 2

Page 55: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

55

Tabela 5 - PCC 1 para a produção de chocolate.

Fase de Produção Torrefação das amêndoas (PCC1)

Perigos abordados no

plano de APPCC Biológico: Salmonella

Limite crítico para

cada medida de

controle

Adequada torrefação de 5 a 120 min numa temperatura entre 120 e

150 °C

O quê? Ar,água e dentro do torrador

Como? Gráfico de registro ou de impressão digital

Frequência Continuamente

Quem? Operador da torrefação/ encarregado

Ação corretiva

Desligar o torrador; desviar/remover as amêndoas; determinar a

vazão para o desvio

Atividades de

verificação

Verificar os gráficos de registro diário; calibração das sondas;

revisão semanal de registros da velocidade da correia de transporte

Procedimentos de

manutenção de

registros

Gráfico do processo térmico; relatório de incidentes; relatórios de

ação corretiva; registros de verificação.

Tabela 6 - PCC 2 para a produção do chocolate.

Fase de Produção Trituração e moagem das amêndoas (PCC 2)

Perigos abordados no

plano de APPCC Físico: material estranho

Limite crítico para cada

medida de controle

O licor deve passar através de uma tela de 20 a 30 micron e num

ímã que detecta 1 mm de ferro e 1,5 mm de substâncias não

férricas.

O quê? A tela e o ímã

Como?

Verificação visual das telas e da sensibilidade ao metal com um

objeto de teste

Frequência

Antes de cada ciclo de produção e a cada 2 horas durante a

produção

Quem? Operador do processo

Ação corretiva Rejeitar ou manter para avaliação

Atividades de verificação Revisão do registro diário, validação trimestral do processo

Procedimentos de

manutenção de registros Registro do objeto estranho; relatório de incidente.

Page 56: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

56

ANEXO 2

LAYOUT INDUSTRIAL:

Legenda:

E01 – Misturador;

E02 – Refinador;

E03 – Misturador concha;

E04 – Chocomachine;

E05 – Câmara de resfriamento;

E06 – Embaladora.

Portas/ Portões;

Page 57: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

57

Janelas.

11.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFOAKWA, E.O.; PATERSON, A.; FOWLER, M. “Factors influencing rheological and

textural qualities in chocolate – a review”. Trends in Food Science & Technology,

Cambridge, v.18, p. 290-298, 2007.

ALTSCHUL, A.M. “Low calorie foods”. Food Technol.,Chicago, v.43, n.4, p.113-125, 1989.

AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. “Use of nutritive and nonnutritive sweeteners:

position of American Dietetic Association”. J. Am. Diet. Assoc., Orlando, v.98, p.580-587,

1998.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_01rdc.htm . Acesso: novembro de 2012.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Portaria n. 1428/1993. Disponível em:

http://www.sebrae-sc.com.br/ideais/default.asp?vcdtexto=1507&^^. Acesso: novembro de

2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Portaria n. 326/1997. Disponível em:

http://www.abic.com.br/publique/media/CONS_leg_portaria326-97.pdf .Acesso: novembro

de 2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Portaria n. 2914/2011. Disponível em:

http://ebookbrowse.com/portaria-ms-2914-11-pdf-d342270417.Acesso: novembro de 2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Portaria n. 685/1998. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/685_98.htm.Acesso: novembro de 2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. RDC 275/2002. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2002/275_02rdc.htm .Acesso: novembro de 2012

Brasil, Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em:

http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/lei12305.pdf .Acesso: novembro de 2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. RDC 264/2005. Disponível em:

http://www.aladi.org/nsfaladi/normasTecnicas.nsf/09267198f1324b64032574960062343c/42

07980b27b39cf903257a0d0045429a/$FILE/Resoluci%C3%B3n%20N%C2%BA%20264-

2005.pdf.Acesso: novembro de 2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. RDC 12/1978. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_78_chocolate.htm.Acesso: novembro de 2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. RDC 359/2003. Disponível em:

http://www.abic.com.br/publique/media/CONS_leg_resolucao359-03.pdf .Acesso: novembro

de 2012

Page 58: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

58

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. RDC 7/2011. Disponível em:

http://www.portal.crfsp.org.br/images/Canal/rdc_7-2011.pdf.Acesso: novembro de 2012

Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados –

ABICAB. Disponível em: http://www.abicab.org.br/. Acesso em: setembro de 2012.

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 10004/2004. Disponível em:

http://www.aslaa.com.br/legislacoes. Acesso em: 02 de novembro de 2012.

Autoridade de Segurança Alimentar e Econômica – ASAE. Legislação de produtos à base de

cacau. Disponível em: http://dre.pt/pdf1sdip/2003/09/224A00/63196323.PDF . Acesso em:

outubro e novembro de 2012.

BASTOS, E. “Cacau a riqueza agrícola da América – Coleção Brasil Agrícola”. Ícone

Editora; p. 41-50; São Paulo, 1987.

BECKETT, S.T. “Fabricación y utilización industrial del chocolate”. Editorial Acríbia, p.

94-98, Zaragoza, 1994.

BELITZ, H.D.; GROSCH, W. “Food chemistry”. Berlin, New York: Springer Verlag, p.128-

200, 1987.

BOLENZ, S.; THIESSENHUSEN, T.; SCHÄPE, R. “Fast conching for milk chocolate”. Eur

Food Res Technol, Berlin, v. 218, p. 62-67, 2003.

BONZAS, J.; BROWN, B.D. “Interactions affecting microstructure, texture and rheology of

chocolate confectionery products”. In: GAONKAR, A.G., (Ed.). Ingredient interactions:

effects on food quality. New York: Marcel Dekker, p.451-523, 1999. (Food Sience and

Technology, 66).

Brasil Econômico. Disponível em: http://www.brasileconomico.ig.com.br/noticias/producao-

de-chocolates-no-brasil-cresce-42-no-1-semestre_121957.html. Acesso em: setembro de

2012.

CARDOSO, J.M.P.; BATTACHIO, J.R.; CARDELLO, H.M.A.B. “Equivalência de dulçor e

poder edulcorante de edulcorantes em função da temperatura de consumo em bebidas

preparadas com chá-mate em pó solúvel”. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas,

v.24, n.3, p.448-452, 2004.

CEPLAC. “CEPLAC Cacau Ano 25”. Instituto Interamericano da Cooperação para a

Agricultura, Unidade de Informação e Documentação, p. 110-113, Brasília, 1982.

CHARLEY, H.; WEAVER, C. “Sugar, alternative sweeteners and confections”.Foods: a

scientific approach. Upper Saddle River: Merril Prentice Hall, cap.8, p.119-135, 1998.

CHARLEY, H.; WEAVER, C. “Milk”. Food: a scientific approach. Upper Saddle River:

Merrill Prentice Hall, cap.19, p.308-323, 1998.

CIDELL, J.L.; ALBERTS, H.C. “Constructing quality: The multinational histories of

chocolate”. Geoforum, London, v. 37, p. 999-1007, 2006.

Chocolate Manufacturing Safety. Disponível em:

http://candyusa.com/files/ChocolateSafetyHACCP.pdf . Acesso em: novembro de 2012.

Page 59: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

59

COHEN; K.O.; LUCCAS, V.; JACKIX, M.N.H. “Tempering or Precrystallization of

chocolate”. Brazilian Journal of food technology, 2004.

Confederação Nacional da Indústria – CNI – “Sustentabilidade na Indústria da

Alimentação – Uma visão de futuro para a Rio+20”. Brasília, 2012.

Conselho Regional de Química – CRQ IV Região. “A química do chocolate”. Disponível

em:

http://www.crq4.org.br/default.php?p=texto.php&c=quimica_viva__a_quimica_do_chocolate

_ . Acesso em: outubro e novembro de 2012.

CORDIER, J.L. “HACCP in the chocolate industry”. Food Control; 1994. Disponível em:

http://www.gewponoi.com/trofima/ygieini/Literature/Enotita_7-Theoria/FOOD_CON_5,171-

175.pdf . Acesso em: novembro de 2012.

DANISCO. “Litesse® polidextrose: contribuindo para uma vida saudável”. S.l.: DANISCO

Sweeteners, 2004. 6p.[Especificação Técnica].

DEIS, R. “Low-calorie and bulking agents”. Food Technol., Chicago, v.47, n.12, p.94, 1993.

DING, E.L.; HUTFLESS, S.M.; DING, X.; GIROTRA, S. “Chocolate and Prevention of

Cardiovascular Disease: a Systematic Review”. Nutrition Metabolism, 3, 1743-7075, 2006.

DOLABELA, Fernando; O Segredo de Luísa; Editora de Cultura; 2005; São Paulo

ENGETECNO ONLINE. Legislação. Leite e Derivados. Leite em Pó. Portaria n.146, de 07 de

março de 1996. Regulamento técnico de identidade e qualidade de leite em pó. Disponível em

http://www.engetecno.com.br/legislacao/leite_rtfiq_leite_po.htm . Acesso em outubro de

2012.

Evolução da produção de cacau no Brasil. Disponivel em:

http://www.ceplac.gov.br/radar/mercado_cacau.htm (Dezembro, 2012)

Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM. “Projeto Estruturador Revitalização e

Desenvolvimento Sustentável na Bacia do Rio São Francisco – Orientações Básicas para

Operação de Aterro Sanitário”. Disponível em: http://www.minasmenosresiduos.com.br.

Acesso em: 02 de novembro de 2012.

Garoto; Disponível em: http://www.garoto.com.br/ (Dezembro 2012)

GRICE, H. C.; GOLDSMITH, L. A. “Sucralose an overview of the toxicity data”. Food

Chem. Toxicol., Amsterdam, v.38, suppl.2, p.S1-S6, 2000.

GROVES, R. “Ingredients: use them – do not abuse them”. Candy Snack Ind., New York,

v.146, n.4, p.42, 44, 46, 1981.

HIRAYAMA, M. “Novel physiological functions of oligosaccharides”. Pure Appl. Chem.,

Research Triangle Park, v.74, n.7, p.1271-1279, 2002.

HUANG, A. S.; DELANO, G. M.; PIDEL, A.; JANES, L. E.; SOFTLY, B. J.;

TEMPLEMAN, G. J. “Characterization of triaylglycerols in saturated lipid mixtures with

application to salatrim 23CA”. J. Agric. Food Chem., Columbus, v.42, p.453-460, 1994.

IMESON, A., ed. Thickening and gelling agents for food.2.ed. London, New York: Blackie,

1997. 336p.

Page 60: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

60

Ingredientes, consultado em: http://www.estacaodosgraos.com.br/graos/cacau-po.html

(Dezembro 2012)

JEFFERY, M.S. “Key functional properties of sucrose in chocolate and sugar confectionery”.

Food Technol, Chicago, v. 47, n.1, p.141-144, 1993.

LANNES, S.C.S. “Estudo comparativo entre manteiga de cacau e seus sucedâneos

comerciais”. (Dissertação). Mestrado, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de

São Paulo, São Paulo, 1993.

LANNES, S.C.S.; GIOIELLI, L.A. “Uso de gorduras vegetais hidrogenadas na indústria de

chocolates”. Óleos Grãos. São Caetano do Sul, v.8, p.44-46, 1998.

LANNES, S.C.S.; RICHTER, M. “Ingredientes usados na indústria de chocolates”. Revista

Brasileira de Ciências Farmacêuticas. São Paulo, v.43, n.3, 2007.

LE, A.S.; MULDERING, K.B. “Sorbitol and mannitol”. In: NABORS, L.O.B.; GELARDI,

R.C.; eds. Alternative sweeteners. 3.ed.New York: Marcel Dekker, p.34-41, 2001. (Food

Science and Technology, 112).

LEE, K.W.; KIM, Y.J.;LEE, C.Y. “Cocoa has Phenolic Phytochemicals and a Higher

Antioxidant Capacity than Teas and Red Wine”. Journal of Agricultural and Food

Chemistry. Easton, v. 51, 7292-7295, 2003.

Manual de Formação HACCP. Disponível em:

http://www.esac.pt/noronha/manuais/manual_HACCP_AGRO%2044.pdf . Acesso em:

novembro de 2012.

MARTINS, R. “Processamento de Chocolate”. REDETEC, Rio de Janeiro, 2007. [Dossiê

Técnico].

McCLEMENTS, J.; DEMETRIEDES, K. “An integratedapproch to the development of

reduced-fat food emulsions”.Crit. Rev. Food Sci. Nutr., Philadelphia, v.38, n.6, p.511-536,

1998.

MEDEIROS, M.L.; LANNES, S.C.S. “Avaliação da textura de bombons com recheio de

longa duração”. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v.36, supl.1,

p.48, 2000.

Nestlé; Disponível em: http://www.nestle.com.br (Dezembro 2012)

NEVESNY, E.; ZYZELEWICZ, D. “Effect of lecithin concentration on properties of sucrose-

free chocolate masses sweetened with isomalt”. Eur: Food Res. Technol., Berlin, v.220,

p.131-135, 2005.

O’LEARY, P.R. et al.. “Decision Maker’s Guide to Solid Waste Management”, v. 2.

Washington DC: U.S. Environmental Protection Agency, 1999.

OLIVEIRA, M.C.B.R. “Gestão de Resíduos Plásticos Pós-Consumo: Perspectiva para a

Reciclagem no Brasil”. (Dissertação). Mestrado em Planejamento Energético, COPPE,

UFRJ, Rio de Janeiro, 2012.

OORSCHOT, N.V. “Perfeição em matéria de sobremesas e leites achocolatados”. Leite

Deriv., São Paulo, n.58, p.28-31, 2001.

Page 61: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

61

PALATINIT. “Isomalt: dados, fatos e vantagens”. Barueri, p.11, 2003. [Especificação

Técnica].

PECK, A. “Use of acesulfame K in light and sugar-free baked goods”. Cereal Foods World,

Saint Paul, v.39, n.10, p.743-745, 1994.

PEDRO, N.A.R.; OLIVEIRA, E.; CADORE, S. “Study of the Mineral Contento f Chocolate

Flavoured Beverages”. Food Chemistry, London, v. 95, p. 94-100, 2006.

PIMENTEL, F.A. “Avaliação do Poder Antioxidante do Chocolate Amargo – Um

comparativo com o vinho tinto”. (Dissertação). Mestrado em Ciência e Tecnologia de

Alimentos, ICTA, UFRGS, Porto Alegre, 2007.

Plano Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS - Versão Preliminar para Consulta Pública.

Disponível em: http://www.mma.gov.br. Acesso em: 02 de novembro de 2012.

PORTMANN, M. O.; KILCAST, D. “Descriptive profiles of synergistic mixtures of bulk and

intense sweeteners”. Food Qual. Prefer., Kidlington, v.9, n.4, p.221-229, 1998.

Programa Conjunto da FAO/OMS sobre Normas Alimentares Comissão Codex Alimentarius;

Codex Alimentarius Higiene dos Alimentos Textos Básicos;

Receita Federal; Disponivel em:

http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/legisassunto/impsobproindipi/ImpSobProIndIPI

1.htm Consulta em: Dezembro 2012

RICHTER, M.; LANNES, S.C.S. “Ingredientes usados na indústria de chocolates”. Brazilian

Journal of Pharmaceutical Sciences, São Paulo, v. 43, n.3, p. 357-369, 2007.

SANDROU, D. K.; ARVANITOYANNIS, I. S. “Low-fat/ calorie foods: current state and

perpectives”. Crit. Rev. Food Sci. Nutr., Philadelphia, v.40, n.5, p.427-447, 2000.[Review].

SCHIFFMAN, S.S.; BOOTH, B.G.; CARR, B.T.; LOSEE, M.L.; SATTELY-MILLER,

E.A.A.; GRAHAM,B.G. “Investigation of synergism: in binary mixtures of sweeteners”.

Brain Res. Bull., Orlando, v.38, n.2, p.105-120, 1995.

SCHUMACHER, A.B. “Desenvolvimento de um chocolate meio amargo com maior

percentual de proteína”. (Dissertação). Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos,

UFRGS, Porto Alegre, 2008.

SILVA, E.G.P.; SANTOS, A.N.; COSTA, A.C.S.; FORTUNATO, D.M.N.; JOSÉ, N.M.;

KORN, M.G.A.; SANTOS, W.N.L.; FERREIRA, S.L.C. “Determination of manganese and

zinc in powdered chocolate samples by slurry sampling using sequential multi-element flame

atomic absorption spectrometry”. Microchemical Journal, Lousiana, v.82, p. 159-162, 2006.

SIMONETTO, E.O.; BORENSTEIN, D. “Gestão Operacional da Coleta Seletiva de Resíduos

Sólidos Urbanos –Abordagem utilizando um sistema de apoio à decisão”. Gestão de

Produção, v. 13, n.3, p. 449-461, set-dez, 2006.

SINGHAL, R. S.; GUPTA, A. K.; KULKARNI, P. R. “Lowcalorie fat substitutes”. Trends

Food Sci. Technol., Amsterdam, v.2, n.10, p.241-244, 1991.

Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA. “Projeto Potencialidades

Regionais – Estudo de Viabilidade Econômica Cacau”. Disponível em:

Page 62: INDÚSTRIA DE CHOCOLATE - Moodle UFSC · A formulação das barras de chocolate de leite é feita com 11,8 % de massa de cacau (cacau em pó e manteiga de cacau), 20 % manteiga de

62

http://www.suframa.gov.br/publicacoes/proj_pot_regionais/cacau.pdf . Acesso em: outubro de

2012.

SUZUKI, R.M. “Composição Química e Quantificação de Ácidos Graxos em chocolates,

achocolatados em pó, bebidas achocolatadas e sorvetes de chocolate”. (Tese). Doutorado

em Ciências, UEM, Maringá, 2009.

URBANSKI, J.J. “Sugarfree chocolate coatings”. Manuf. Confect., Glen Rock, v.83, n.6,

p.61-67, 2003.

VIEIRA, A.C.D.“ Os fatores que influenciam o processo de compra e consumo de

chocolate”. Trabalho de Conclusão de Curso de Administração, UFRS, Porto Alegre, 2008.

VISSOTTO, F.Z. “Gorduras especiais: aplicação em recheios”. Chocotec informativo,

Campinas, v.3, n.4, p.3, 1997.

ZUMBÉ, A.; LEE, A.; STOREY, D. “Polyols in confectionery: the route to sugar-free,

reduced sugar and reduced calorie confectionery”. Br. J. Nutr., Wallingford, v.85, suppl.1,

p.S31-S445, 2001.