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BOLETIM SEMANAL RESERVADO 1 BS N° 40/17 SEMANA: 13/11/17 a 17/11/17 ASSUNTOS: TRÊS (GRANDES) PROBLEMAS DA INTERNET UTILIZAÇÃO DO TWITTER PARA DIFUNDIR PROPAGANDA POLÍTICA (NA ÍNDIA) O CONTROLE “NA” INTERNET E O CONTROLE “DA” INTERNET NOTA: OS ÍTENS EM VERMELHO INDICAM TEMA NOVO OU ALTERAÇÃO EM ITEM DE EDIÇÕES ANTERIORES. 01.COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA Índice TAC da Telefônica e suas complexidades Dois Leilões...Dois Destinos... Novos Diretores da Oi não poderão decidir na Recuperação Judicial KKR aumenta a participação acionária na Telxius Nesta semana o BS selecionou para registro e comentários os tópicos que seguem abaixo:

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BOLETIM SEMANAL RESERVADO

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BS N° 40/17

SEMANA: 13/11/17 a 17/11/17

ASSUNTOS:

TRÊS (GRANDES) PROBLEMAS DA INTERNET UTILIZAÇÃO DO TWITTER PARA DIFUNDIR PROPAGANDA POLÍTICA (NA ÍNDIA)

O CONTROLE “NA” INTERNET E O CONTROLE “DA” INTERNET

NOTA: OS ÍTENS EM VERMELHO INDICAM TEMA NOVO OU ALTERAÇÃO EM ITEM DE EDIÇÕES ANTERIORES.

01.COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA

Índice

TAC da Telefônica e suas complexidades Dois Leilões...Dois Destinos...

Novos Diretores da Oi não poderão decidir na Recuperação Judicial KKR aumenta a participação acionária na Telxius

Nesta semana o BS selecionou para registro e comentários os tópicos que seguem abaixo:

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TAC da Telefônica e suas complexidades

O tema “TAC da Telefônica” voltou a frequentar o noticiário especializada do Setor. Depois dos problemas na tramitação no TCU, e nas restrições impostas por aquele Órgão, a negociação do instrumento entre a Agência Reguladora e a Operadora, nos termos que foram divulgados, está recebendo amplas críticas de vários segmentos: no caso, através da Abrint – Associação Brasileira de Provedores de Internet e Comunicações; da TelComp - Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas, e, também, da Claro. A TIM não se posicionou publicamente, mas há indícios de que poderá vir a fazê-lo. A Oi, por razões compreensíveis, não se espera que vá se pronunciar.

A fundamentação básica das críticas é a “falta transparência” no processo, cujo efeito prático estaria nos “critérios de enquadramento das localidades contempladas pelos projetos” relacionadas com o TAC.

As Partes que criticam alegam que tais localidades deveriam se enquadrar na condição de apresentarem VPL negativo. Ou, em outras palavras: que se trate, efetivamente, de projetos de caráter social, sem uma perspectiva de viabilidade econômica no médio prazo. Aparentemente algumas das (localidades) que foram propostas pela Telefônica, e teriam sido consideradas pela Anatel, não cumprem esta condição.

Portanto, utilizando o argumento dos críticos, somente devem ser previstos no TAC projetos que a Empresa “carregue” ao longo do tempo com seus próprios recursos, já que a legislação não admite “subsídios cruzados” entre serviços, e não será utilizado o FUST; uma hipótese fora do contexto, pelo menos no momento. Além, das dúvidas sobre a possiblidade de utilizar recursos do FUST num Projeto de TAC, por mais “social” que ele se apresente.

Alega-se, inclusive, que em algumas dessas localidades já há Operadoras privadas atuando, o que seria uma demonstração de que há um mínimo de viabilidade para o desenvolvimento de projetos sem lançar mão de “recursos públicos”.

Não seria por outra razão que as Partes mencionadas, questionadoras do processo, se sentem prejudicadas pois uma sua concorrente estaria – pelo menos em alguns mercados – praticando uma competição com recursos que, em tese, são, “subsidiados” pelo Estado tomando como referência as considerações feitas.

Nota:

Este é o entendimento que se dá aos recursos provenientes dos TAC, pois decorrentes de multas sobre as quais o Estado “abre mão” de parte do valor para aplicação em “projetos sociais”, ou seja, de “interesse público”.

Em assim sendo, a prática poder ser comparada – numa analogia puramente figurativa - a um “purgatório” pelo qual a Empresa deve passar para se “purificar” de “pecados” passados e poder

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se “redimir” diante da sociedade. Em termos religiosos a prática pode ser plenamente compreensível. Mas, no mundo dos negócios o procedimento soa um tanto quanto anacrônico e não encontra um respaldo lógico, principalmente, em um ambiente de intensa competição.

Anacrônico, no sentido de que os projetos serão deficitários. Possivelmente, em alguns casos não se cobrirá os custos da operação, sequer o de remunerar os investimentos (daí o resultado negativo).

Como se tratam de Empresas com investidores cujo objetivo é obter o lucro devido pelos recursos que a elas aportam no mercado acionário, dificilmente a atividade será explicável como uma prática usual de mercado. Projetos desta natureza somente em casos muito especiais encontram um respaldo no contexto que está sendo apontado.

Com estas considerações, o BS reforça sua posição de que os TACs não devem ter a relevância que estão assumindo no contexto de uma possível solução alternativa para o crônico e persistente - pelo menos até aqui - problema da universalização das telecomunicações no País.

Além das deficiências conceituais que cercam a questão – levantadas de passagem na edição Nº 36/17 do BS – ainda se apresentam, agora, os questionamentos do próprio Setor, os quais se somam aos institucionais anteriormente comentados, colocados pelo Órgão de Controle.

A perspectiva de uma solução “pacificadora” ganha ares de complexidade, ainda que na prática devesse ser considerada como uma possibilidade “virtuosa”, pois está voltada para o atendimento dos usuários de mais baixa renda, ou que estão localizados em regiões de difícil acesso, ou de precárias condições econômicas.

Mas, como se observa, há interesses de ordem conceitual e prática vinculados ao processo de competição na prestação dos serviços. Uma análise mais aprofundada acaba desembocando no Modelo utilizado no País, onde se estabeleceu legalmente a possibilidade de haver ampla competição em tal prestação, envolvendo Concessionárias – com um elenco apreciável de obrigações regulatórias – e Autorizadas, que não tem de “carregar” tais obrigações.

Na verdade, estas Autorizadas têm completa liberdade para estabelecer suas estratégias de atendimento ao mercado e suas práticas operacionais, com alguns “deveres” básicos que se constituem em “direitos universais” dos usuários (consumidores dos serviços). Nada muito além disso!

Então, o que se pode deduzir do que está sendo “questionado” é que estas Operadoras se sentem prejudicadas, pois estariam sendo concedidas vantagens (por intermédio do TAC) à Operadora que o utilizar (no caso é uma Concessionária) que resultariam numa assimetria prejudicial à competição.

E, aqui, se estabelece o paradoxo: aquilo que seria um “castigo” (observar a analogia figurativa do purgatório) acaba sendo entendido como um “prêmio” para a Empresa que foi penalizada.

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Assim, o que se pretendia ser um cenário “virtuoso” em termos operacionais acaba se transformando num outro “conflituoso”, ampliando o nível de divergências inaugurado pelos Órgãos de Controle. No caso, o TCU acabou por aprovar a celebração do Acordo, mas sujeito a determinadas condições que devem ser renegociadas, e retornarem para sua reapreciação.

Portanto, voltando à questão já abordada, o instrumento dos TAC parece estar fadado a questionamentos, de momento, e, certamente, de futuro, quando surgirão os quase certos problemas sobre o cumprimento dos termos acertados no Acordo firmado, na forma e na abrangência nele estabelecidos.

Por outro lado, deve-se considerar as limitações de tal instrumento como vetor de uma “Política” de universalização capaz de se defrontar e superar tantos e complexos movimentos, como os que estão ocorrendo. Na verdade, em um mundo ideal, não deveriam existir TAC pela simples razão de que as “multas” aplicadas seriam mínimas e, assim, não resultaria volume financeiro para justificar sequer a sua negociação.

Este, aliás, é um objetivo a ser perseguido pelo Órgão Regulador. Não interessa em nada estabelecer “políticas” de multas que não contribuem para o aprimoramento dos serviços e não fazem a reparação devida àqueles que são os reais prejudicados: os usuários envolvidos nos problemas resultantes das insuficiências na prestação dos serviços, que embasam a aplicação das multas.

Como prática “educativa” o ideal é que as eventuais multas revertam em favor dos usuários diretamente prejudicados sobre a forma de “ressarcimentos” devidamente parametrizados.

Claro que sempre devem ser feitas as devidas ressalvas quando se trata de ações de má-fé, ou resultantes de reiteradas práticas de descaso operacional. Em tais situações, as punições às Empresas devem ser efetivas e “exemplares”. Fica aqui colocada a dúvida se nestes casos haveria sentido em se negociar qualquer TAC!

A realidade é que o assunto deve ser avaliado com a devida profundidade e encarado com a praticidade requerida. Não se pode nele adentrar simplesmente com base em desejos, por melhor intencionados que sejam.

Como foi mencionado que o BS já havia se manifestado sobre o tema, recupera-se o comentário feito por ocasião das considerações postadas sobre um Artigo do Conselheiro Aníbal Diniz publicado no Teletime, sob o título: “O desafio da Infraestrutura”. Aliás, colocado em boa hora.

No longo texto do Artigo, há um trecho em que ele faz referência à questão dos TAC, que ensejou o mencionado comentário por parte do BS. Ambos são reproduzidos na sequência, como fecho deste item, desde logo considerado de merecida importância por aqueles que se dedicam ao aprimoramento do Modelo Regulatório do Setor de Telecomunicações estabelecido e vigente no País.

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Diz o Conselheiro:

Instrumento como o Termo de Ajustamento de Conduta – TAC constitui-se num dos esforços empreendidos pela Anatel com vistas a transformar parte dos valores das multas aplicadas e lançadas como créditos da União, em investimento, tanto no cumprimento das obrigações que deram origem às sanções quanto nos compromissos adicionais de expansão da infraestrutura.

Comentário do BS:

Como o BS já colocou em outra oportunidade, não considera os TAC como fonte a ser institucionalmente considerada nas políticas de universalização dos serviços de telecomunicações. Sua concretização leva ao contrassenso de incentivar a aplicação de mais penalidades para aumentar os recursos a serem utilizados nos projetos de universalização.

O BS, e, assim parece o Conselheiro, consideram que se deve preparar um modelo “virtuoso” em que as Empresas sejam induzidas a não cometer infrações. Portanto, não haveria razão para penalizações e, por consequência, não aconteceriam as multas. Claro que se está preconizando um “mundo ideal”. Mas, entre o ideal e a realidade há muitos espaços para se desenvolverem políticas mais racionais.

Dois Leilões...Dois Destinos...

Quando o BS menciona “dois Leilões” está se referindo: a) Leilão das Sobras1 - LICITAÇÃO Nº 2/2015-SOR/SPR/CD-ANATEL - RADIOFREQUÊNCIAS NAS FAIXAS

DE 1.800 MHz, 1.900 MHz e 2.500 MHz;

b) Leilão da Faixa de 700 MHz 2- LICITAÇÃO Nº 2/2014-SOR/SPR/CD-ANATEL - RADIOFREQUÊNCIAS NA FAIXA DE 700 MHZ.

Quando menciona “dois Destinos” o BS se refere aos rumos que cada um dos Leilões tomou. Um virtuoso (faixa de 700 MHz); o outro, um tanto quanto “obscuro”, (Leilão das Sobras).

Ambos os Leilões foram conduzidos pela Anatel visando a outorga de faixas do Espectro de Radiofrequência em diferentes circunstâncias. Estes Leilões costumam despertar grande interesse

1 O Edital desta licitação pode ser acessado através do link www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documentoVersionado.asp?numeroPublicacao=336518&documentoPath=&Pub=&URL=/Portal/verificaDocumentos/documento.asp 2 O Edital desta licitação pode ser acessão através do link www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=318127&pub=principal&filtro=1&documentoPath=318127.pdf

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no mercado do Setor de Telecomunicações, por serem relativamente raros e, também, em razão de o Espectro de RF ser um bem escasso, imprescindível para a implantação de Sistemas Sem Fio (Wireless Systems), que podem ter aplicações fixas ou móveis.

Algumas pessoas se referem figuradamente ao Espectro de RF qualificando-o como o “oxigênio” indispensável para as atividades das Empresas que atuam no Setor. A Operadora que procura alcançar sucesso no mercado, principalmente dos Serviços Móveis, não pode prescindir de uma quantidade adequada de Espectro, respeitado o limite máximo estabelecido pelo Regulador (Spectrum Cap).

Aquelas Operadoras que, por uma razão ou outra, dispuserem de mais Espectro, potencialmente tem condições de prestar melhores serviços, a uma quantidade maior de usuários, dando-lhes consideráveis vantagens competitivas.

No caso em tela cada um dos Leilões teve particularidades marcantes. Na sequência é feito um rápido retrospecto de ambos os processos.

Faixa de 700 MHz

O Leilão da Faixa de 700 MHz foi dirigido às Grandes Operadoras Móveis, por se tratar de “Blocos de Frequências” com capacidade substancial, e abrangência nacional. Acrescente-se a isso o fato de estas frequências permitirem Áreas de Atendimento com raios, a partir das Estações Rádio Base, de dimensões bem superiores aos obtidos com frequências mais elevadas; por exemplo, na faixa de 2,5 GHz. Com isto, é possível cobrir uma determinada região com uma quantidade menor de ERB, ampliando a viabilidade técnico-econômica dos Projetos.

Também fica facilitado o atendimento “indoor” já que estas frequências estão sujeitas a menor atenuação quando se propagam no interior de edificações. Isto, obviamente, favorece a disponibilidade de sinal em casas e edifícios e, muito provavelmente, nas suas garagens e subsolos, sem a necessidade de equipamentos adicionais específicos. Uma das consequências importantes é a sua utilização, também, para aplicações fixas (por exemplo, a Banda Larga Fixa Sem Fio), e não somente móveis.

Não seria adequado dizer que se trata de uma faixa melhor ou pior do que outras. Mas, sem dúvida, estas suas características apresentam vantagens evidentes para as estratégias das Operadoras que se propõem a implantar sistemas de grande envergadura, sob o prisma da cobertura, da abrangência, e da quantidade de usuários a atender, considerando todas as possibilidades de seu desempenho operacional. Permite, também, ações importantes sobre o aspecto competitivo como, por exemplo, o denominado time-to-marketing.

Uma parte desta Faixa de Frequências era, originalmente, utilizada pela Radiodifusão, para prover a TV Aberta através de Canais UHF. A Anatel promoveu uma “reestruturação” (refarming) da Faixa, de modo a que estes Canais pudessem ser realocados, transferindo-os para a Faixa de 600 MHz.

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Uma operação que foi possível devido à criação de novos Canais nesta Faixa como decorrência da redução da Largura de Faixa de cada Canal, de 6 MHz para 4 MHz. Isto, sem prejudicar a qualidade dos sinais recebidos nos aparelhos de TV. Todas estas ações foram produto da “digitalização” dos Sinais de TV, dando origem à implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).

Conforme os leitores do BS estão a par, a TV Analógica (TVA) está sendo progressivamente desligada no País, substituída pela TV Digital, nas suas versões HD (High Definition), VHD (Very High Definition), e, UHD (Ultra High Definition).

Com as novas tecnologias, ainda que diminuindo a largura do Canal de TV, a qualidade do sinal disponível nos aparelhos melhorou bastante, mesmo em telas de grandes dimensões. A crescente integração dos componentes eletrônicos e as novas tecnologias de LED e LCD permitiram telas cujas dimensões são muito superiores às dos antigos aparelhos da TVA. Com a vantagem da redução do “volume”, sendo o espaço ocupado praticamente em um plano (ajustável às paredes dos ambientes das casas, escritórios, casas de diversão, etc.).

A definição das estratégias para a transição foi objeto de intensas, duras, e complexas negociações entre as Concessionárias de TV e as Prestadoras dos Serviços de Telecomunicações. Estas haviam adquirido as Faixas com a condição de se responsabilizarem pelos custos do “remanejamento” e “limpeza” da Faixa, bem como pelo fornecimento gratuito dos “conversores” necessários para permitir o funcionamento das TV Analógicas remanescentes – agora recebendo sinais digitais - a famílias de mais baixa renda.

Os leitores do BS estão a par desta questão e não é necessário repetir a história de sucesso do processo que está em franco andamento e deve terminar no final do próximo ano, em todo o País. A constatação prática desta afirmação é imediata: não há praticamente qualquer reclamação dos telespectadores nos lugares onde a transição já ocorreu. A atuação das duas Entidades formadas para conduzir o processo – GIRED e EAD – muito tem contribuído para isto.

É a isto que o BS chama processo “virtuoso”. Depois da “longa batalha” praticamente tudo se acertou e, agora, as atividades se desenvolvem em clima de relativa tranquilidade. Os problemas naturais que surgem são solucionados sem maiores atropelos e sem grandes repercussões na opinião pública. Para isto, também tem contribuído os cuidados prévios adotados em cada “mercado” onde a transição irá ocorrer.

O que resta – e, as expectativas neste sentido são muito grandes – são os esforços redobrados das Operadoras (Vivo, TIM, Claro, CTBC) no sentido de implantarem com a maior brevidade possível as Redes 4G que permitirão melhorar substancialmente a qualidade, a cobertura e a capacidade de transmissão de dados, das Redes Sem Fio implantadas em todo o Brasil. Inclusive, para aplicações em atendimentos a terminais fixos.

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Leilão das Sobras

O Leilão das Sobras envolveu as Faixas de 1800 MHz, 1900 MHz e, principalmente, a Faixa de 2,5 GHz. A denominação foi popularmente assumida por se tratar de blocos de frequências anteriormente outorgadas para as Redes de maior porte, tendo “sobrado” alguns blocos menores cuja destinação a Anatel considerou mais apropriada a Redes de pequeno e médio porte.

Tanto que houve limitações para a participação das Grandes Operadoras que somente poderiam adquirir faixas permitidas pelo seu “Cap” nas regiões de outorga previstas.

De qualquer forma, foi um certame amplo do qual participaram centenas de proponentes de todas as regiões do País, habilitando-se à prestação dos serviços SMP e SCM, além do SLP.

Nota:

A título de lembrança é reproduzido abaixo o objeto desta Licitação, conforme estabelecido no texto do Edital.

1.1. Os objetos desta Licitação, divididos em Lotes conforme definidos no ANEXO II - A e Áreas de Prestação contidas no ANEXO I, são: a. Tipo A (lotes A-1 a D-61) – a expedição de autorização para uso de Radiofrequências em caráter primário de bloco na Subfaixa de Radiofrequências de 1.800 MHz, conforme descrito no ANEXO II - A, disciplinadas pelo Anexo à Resolução nº 454, de 11 de dezembro de 2006, pelo prazo de 15 (quinze) anos, prorrogável uma única vez a título oneroso, por igual período, nas Áreas de Prestação descritas no ANEXO I; b. Tipo B (lotes E-2 a E-81) – a expedição de autorização para uso de Radiofrequências em caráter primário na Subfaixa de Radiofrequências de 2.500 MHz, FDD, conforme descrito no ANEXO II - A, disciplinadas pelo Anexo à Resolução nº 544, de 11 de agosto de 2010, pelo prazo de 15 (quinze) anos, prorrogável uma única vez a título oneroso, por igual período, nas Áreas de Prestação descritas no ANEXO I; c. Tipo C (lotes referentes aos itens F, G, H e I, conforme ANEXO II - A) – a expedição de autorização para uso de Radiofrequências em caráter primário nas Subfaixas de Radiofrequências de 1.900 MHz e de 2.500 MHz, ambas TDD, conforme descrito no ANEXO II - A, disciplinadas pelos Anexos às Resoluções nº 454, de 11 de dezembro de 2006, e nº 544, de 11 de agosto de 2010, respectivamente, pelo prazo de 15 (quinze) anos, prorrogável uma única vez a título oneroso, por igual período, nas Áreas de Prestação descritas no ANEXO I. 1.2. Quanto aos Serviços de Telecomunicações a serem prestados utilizando as Subfaixas de Radiofrequências objeto deste Edital, deverão ser expedidas, ou associadas a uma Autorização já

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existente, Autorizações para exploração do Serviço Móvel Pessoal, do Serviço de Comunicação Multimídia e /ou do Serviço Limitado Privado, conforme descrito no ANEXO II - A.

Nesta Licitação a Anatel quebrou um antigo paradigma ao outorgar faixas de espectro para aplicações “multiacesso” em Áreas de Atendimento de abrangência Municipal. Com isto foram liberados da ordem de milhar de blocos de Espectro de RF, passíveis de serem obtidos sem muitas exigências técnicas e empresariais por parte dos pretendentes.

Desta forma, abriu-se um desejado leque de opções para os pequenos e médios empreendedores do Setor de Telecomunicações, incluindo novos pretendentes, interessados em iniciar ou incrementar atividades da prestação da Banda Larga nos mais longínquos rincões do País.

Muitos deles já operavam “Redes Cabeadas” e, agora, passariam a ter mais uma opção de desenvolvimento de suas Redes, com a introdução de Sistemas Multiacesso Via Rádio. Em determinadas situações poder-se-ia imaginar a implantação de Redes completamente Sem Fio.

Nestas circunstâncias as condições previstas no Edital de Licitação foram simplificadas no limite admitido pela legislação, de modo a permitir o maior número possível de interessados no certame, distribuídos por todo o País. Uma medida extremamente louvável “atropelada”, posteriormente, pelos inefáveis pareceres burocráticos legais que colocaram em “cheque” tal procedimento.

O “limite” do entendimento da legislação não teve a devida compreensão no desenvolvimento subjacente do processo Licitatório. Em razão disto, chegou-se à (incompreensível) situação de a Licitação não ter sido ainda concluída, passados quase dois anos de seu lançamento. A burocracia e o formalismo exacerbado venceram!

A constatação prática da realidade apontada é que não há (até onde tenha sido publicamente divulgado) uma única ERB em operação comercial, resultante deste processo licitatório, decorridos quase 2 anos de seu lançamento, conforme antes mencionado!

Não é o caso – pelo menos nesta oportunidade e neste espaço – levantar questionamentos sobre as razões que resultaram na situação descrita. Algumas delas são bastante complexas, principalmente, de ordem técnica, que se refletem em investimentos economicamente inviáveis. Uma situação que, se é bastante complicada para uma grande Empresa, imagine-se as consequências para Empresas de Pequeno e Médio porte?

Mas, não há como deixar de tratar a questão pelo fato de que ela não se esgota nestas ligeiras considerações

Primeiro, em razão das consequências impactantes no atendimento ao mercado. Os esperados efeitos do “Modelo virtuoso” não se concretizaram na prática. Daí, resulta o BS tê-lo classificado como um tanto quanto “obscuro” no início deste texto. Portanto, os usuários, em diversas e críticas

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situações de atendimento, continuarão sem dispor de serviços minimamente adequados às suas necessidades.

Em segundo lugar, pelas consequências que incidirão sobre as (agora) Prestadoras Outorgadas, que não cumprirão as obrigações previstas nos Termos de Outorga por ela firmados com o Poder Concedente: tanto os relacionados com a Prestação dos Serviços, quanto com o Direito de Uso do Espectro de Radiofrequências.

Em relação a este último aspecto – o mais crítico - é de se notar estar chegando o limite de 18 meses da assinatura de alguns dos Termos de Outorga (envolvendo as Proponentes que não tiveram qualquer tipo de pendência na Licitação). Se não comprovarem, nas condições previstas no Edital, que estão fazendo uso do Espectro de RF em condições comerciais, elas terão “cassado” tal Direito. E, as perdas financeiras para as Empresas serão inevitáveis, além de outras medidas passíveis de serem aplicadas.

As circunstâncias indicam não se tratar de um problema pontual. Trata-se de algo coletivo, pois envolve, praticamente, todas as Prestadoras que conseguiram ultrapassar a “barreira” da Licitação. Agora, veem-se diante de uma outra, certamente, muito mais complexa. As possibilidades de solução administrativa são praticamente nulas se não houver por parte da Agência algum nível de flexibilização. Em isto não ocorrendo tornar-se-á inevitável que as Prestadoras recorram à Justiça. Decididamente, um caminho indesejável para uma solução adequada da questão.

Como isto poderá ser feito, sem entrar em choque com as condições do Edital que, em condições pretéritas, foi interpretado com todo o rigor da Lei pela Procuradoria Especializada? E, aqui, não se faz nenhuma crítica: é, tão somente, uma constatação.

Os tempos estão chegando. As Associações que representam os Provedores envolvidos estão começando a ser mais firmes nos seus questionamentos. Parece estar chegando o momento de a Anatel se manifestar publicamente.

Dois aspectos parecem ser mais objetivos, no momento: 1) Por que a Licitação ainda não foi formalmente encerrada? 2) Qual a solução a ser encaminhada para a maioria das Prestadoras (senão todas) que não cumprirão o prazo de iniciar a prestação dos serviços nas condições previstas no Edital?

Novos Diretores da Oi não poderão decidir na Recuperação Judicial

O Juiz Fernando Viana tomou uma decisão forte no Processo de Recuperação Judicial da Oi: talvez uma das mais impactantes e controversas desde a aceitação do pedido de Recuperação Judicial. Trata-se da proibição para que os dois Diretores nomeados para a Companhia (Hélio Costa e João Vicente Ribeiro) atuem em decisões da Diretoria da Companhia relacionadas com a Recuperação Judicial.

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Desta forma, ele se posiciona contra o Grupo Controlador que tem maioria de votos no CA da Companhia, que aprovou a indicação de ambos, na sua última reunião. A medida é relevante na medida em que eles poderiam influir em determinada decisão da Diretoria da Companhia contra a qual os três atuais Diretores Estatutários haviam se posicionado contrariamente: a assinatura de um Acordo com o denominado grupo G6 que forma um dos “blocos” de acionistas da Companhia com interesses comuns.

A medida foi tomada em pedido de credores internacionais para suspender a designação dos novos Conselheiros, o que o Juiz não acatou. Mas, ao assim fazê-lo, impediu-os de participar das decisões sobre o caso, pelo menos, de modo formal.

A imprensa de modo geral deu atenção ao assunto. O BS extraiu dos diversos noticiários duas reportagens, ambas de 17/11/2017, dos Sites dos jornais mencionados. Uma do O Estado de S. Paulo com a manchete: “Juiz determina que novos diretores da Oi se abstenham de decisões sobre recuperação judicial”. A outra, do Valor Econômico com a manchete: “Novos diretores da Oi são proibidos de tratar da recuperação da tele”.

De notar na reportagem do Valor que ao tomar a “Decisão” “o juiz frisou que a nomeação pelo conselho de administração da operadora de dois integrantes do colegiado para atuarem também como diretores estatutários agravou o quadro de instabilidade enfrentado pela empresa.

No texto da decisão, Viana destaca que, “como noticiado na petição de credores internacionais”, mais de uma dezena de administradores renunciaram a suas funções no decorrer da recuperação judicial da Oi, o que parece — ao menos numa análise inicial — “indicar um ambiente de forte insegurança e instabilidade institucional.”

E, num cenário extremo “O juiz reconheceu que poderá lançar mão de uma intervenção judicial sobre a administração da operadora num cenário de extrema gravidade.

“A proposta é bem-vinda e, em um cenário extremo, poderá ser adotada por esse juízo”, informou o magistrado. “Em havendo um cenário de abuso de poder de controle — o que ainda não parece estar cabalmente demonstrado, apesar de indícios nesse sentido — a posição dos credores prevalecerá sobre a dos acionistas controladores, pois caberá aos primeiros a nomeação do gestor judicial que assumirá a administração da companhia”, destacou Viana no texto.

Como se verifica, o processo “na reta final” começa a ganhar contornos mais “dramáticos” e o Juiz é chamado a intervir de uma forma que ultimamente não estava se verificando. Na verdade, o ambiente era de grande liberdade para que as Partes interessadas tentassem encontrar uma solução negociada.

Trechos de ambas as reportagens mencionadas são reproduzidas na sequência.

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Juiz determina que novos diretores da Oi se abstenham de decisões sobre recuperação judicial

O pedido dos credores internacionais de suspensão da nomeação dos novos diretores foi negado pelo juiz, 'por considerar prematura a adoção de medidas definitivas até a manifestação dos demais interessados'

Cynthia Decloedt, O Estado de S. Paulo 17 Novembro 2017

O juiz da 7ª Vara Empresarial responsável pela recuperação judicial da Oi, Fernando Viana, acolheu pedido feito pela tele e credores, e determinou que os novos diretores estatutários eleitos em reunião do conselho de 3 de outubro se abstenham das decisões relacionadas ao processo.

Em seu estágio mais crítico, houve rumor de saída do presidente da tele Marco Schroeder Foto: Wilton

Junior/Estadão - 4/10/2013

Segundo o documento obtido pelo Estadão/Broadcast, citando a necessidade de dar estabilidade ao processo, o juiz afirma que os novos diretores, também conselheiros - o que pode revelar conflito de interesses -, se abstenham ainda da negociação e elaboração do plano de recuperação judicial, "matérias que permanecerão na exclusiva competência da diretoria anteriormente nomeada".

O pedido dos credores internacionais de suspensão da nomeação dos novos diretores foi negado pelo juiz, "por considerar prematura a adoção de medidas definitivas até a manifestação dos demais interessados, além dos próprios acionistas acusados de agirem em conflito de interesse", de acordo com o documento. O juiz afirma que as decisões são cautelares, que aguarda a manifestação dos interessados, quando os pedidos feitos pela Oi e pelos credores poderão ser reapreciados.

No início de novembro, foram nomeados diretores Hélio Calixto Costa e João Vicente Ribeiro, ligados ao fundo Societé Mondiale, de Nelson Tanure, e a Pharol, maior acionista individual da Oi, respectivamente. O anúncio veio na sequência de discussões sobre um acordo (Plan Support Agreement - "PSA") pelo qual um grupo de credores chamados de G6 pelos conselheiros alinhados ao Societé Mondiale, receberia um valor ("fee") para

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participar do aumento de capital da companhia e também votar favoravelmente ao plano de recuperação judicial.

O impasse fundamentou-se no fato de que tal fee seria retirado antecipadamente à capitalização do caixa da Oi. Em seu estágio mais crítico, houve rumor de saída do presidente da tele Marco Schroeder. Ele, junto ao diretor administrativo e financeiro, Carlos Brandão, e o diretor jurídico, Eurico Teles Neto são atualmente diretores estatutários.

Valor Econômico - 17/11/2017

Novos diretores da Oi são proibidos de tratar da recuperação da tele

Por Rodrigo Carro | Valor

RIO - (Atualizada às 18h14) Em decisão cautelar divulgada nesta sexta-feira (17), o juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, determinou que os novos diretores estatutários da Oi, Hélio Costa e João Vicente Ribeiro, nomeados pelo conselho de administração da companhia no início do mês, “se abstenham de interferir de qualquer modo em questões relacionadas a este processo de recuperação judicial, bem como à negociação e elaboração do plano de recuperação judicial”.

[...]

Viana esclareceu no documento que esses assuntos “permanecerão na exclusiva competência da diretoria anteriormente nomeada, sem prejuízo do regular exercício de suas outras atribuições operacionais na direção da companhia.”

O magistrado justificou sua decisão alegando que, com essas medidas, pretende dar estabilidade à atual administração para conduzir o processo de recuperação judicial da Oi, “sem interferências de terceiros potencialmente conflitados.”

A decisão atendeu parcialmente aos pedidos dos dois principais grupos de “bondholders” da Oi — assessorados pelo banco de investimento Moelis & Company e pela consultoria G5 / Evercore — que também haviam solicitado à Justiça na semana passada que fosse suspenso o direito de voto de sete conselheiros da Oi indicados pelos acionistas Pharol (por meio da subsidiária Bratel) e Société Mondiale (fundo ligado a Nelson Tanure) em qualquer assunto que dissesse respeito à recuperação judicial e ao plano de recuperação judicial da operadora. Entre os sete, estão Costa e Vicente.

Pharol e Société Mondiale desejam ver assinado um acordo com o grupo de credores conhecido como G6. O documento necessita da assinatura de dois diretores, mas a alta administração da companhia se recusou a firmá-lo, alegando que o contrato contém cláusulas prejudiciais à empresa.

Decisão

Em sua decisão anexada hoje ao processo de recuperação judicial da Oi, o juiz frisou que a nomeação pelo conselho de administração da operadora de dois integrantes do colegiado para atuarem também como diretores estatutários agravou o quadro de instabilidade enfrentado pela empresa.

No texto da decisão, Viana destaca que, “como noticiado na petição de credores internacionais”, mais de uma dezena de administradores renunciaram a suas funções no decorrer da recuperação judicial da Oi, o

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que parece — ao menos numa análise inicial — “indicar um ambiente de forte insegurança e instabilidade institucional.” Cenário extremo

O juiz reconheceu que poderá lançar mão de uma intervenção judicial sobre a administração da operadora num cenário de extrema gravidade.

“A proposta é bem-vinda e, em um cenário extremo, poderá ser adotada por esse juízo”, informou o magistrado. “Em havendo um cenário de abuso de poder de controle — o que ainda não parece estar cabalmente demonstrado, apesar de indícios nesse sentido — a posição dos credores prevalecerá sobre a dos acionistas controladores, pois caberá aos primeiros a nomeação do gestor judicial que assumirá a administração da companhia”, destacou Viana no texto.

KKR aumenta a participação acionária na Telxius

Na Edição Nº 38/17 do BS foi feita referência ao fato de o Fundo de Investimentos KKR ter adquirido 24,8% de participação na Telxius. A imprensa especializada notícia que tal participação foi aumentada para 40%, em conformidade com o acordo formalizado por ocasião da aquisição inicial.

Trata-se, portanto, de uma situação que pode ser considerada “híbrida” no mercado de infraestrutura de torres.

Usualmente, o controle acionário das Empresas é detido integralmente por acionistas que não têm relacionamento direto com as Operadoras. No caso, verifica-se uma situação híbrida em que uma Operadora (a Telefónica) é acionista importante da Telxius, ainda que se considere ser sua Administração completamente independente do segmento operacional da Corporação.

Cabe reiterar que a Telxius já está operando normalmente no Brasil, sendo uma das importantes Empresas do segmento de infraestrutura de torres.

O BS reproduz o texto de um Artigo de um Site internacional especializado, assinado por Alan Burkitt-Gray, informando sobre a operação.

KKR private equity investor increases stake in Telefónica’s Telxius to 40% 16 November 2017 | Alan Burkitt-Gray Private equity investor KKR has increased its stake in Telefónica’s Telxius infrastructure subsidiary to 40%.

Telefónica told Spanish markets regulator CNMV that KKR – formerly Kohlberg Kravis Roberts – has exercised its call option as agreed under the original deal in February 2017.

Telxius Telecom is the arm of Telefónica that owns subsea cables and mobile transmission masts. Telefónica originally hoped to float shares in Telxius in an initial public offering (IPO), but In February KKR said it would spend €1.275 billion on a 40% stake, but in several stages by the end of 2017. KRR did the deal through its Taurus Bidco subsidiary.

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This week’s transaction, of 38 million shares in Telxius for €484.5 million, will be completed in December, said the statement to CNMV. That represents 15.2% of the shares in Telxius, and KKR also bought 24.8% of the company in October, under the February deal, giving KKR a total of 40%. The deal values Telxius at $3.19 billion, almost what its valuation would have been if the IPO had worked. In February Jesus Olmos, KKR’s head of Spain and the investor’s global co-head of infrastructure, said: "The combination of Telefónica’s industrial expertise and KKR’s financial and operational support will help Telxius as it continues to scale and grow. We are confident that the exploding demand for mobile data, driven by the rise in 4K and virtual reality content, together with the need for reliable internet infrastructure will help drive strong growth in the business."

02. TRÊS (GRANDES) PROBLEMAS DA INTERNET

O BS vem reiteradamente chamando a atenção para determinados problemas que “coexistem” com a utilização cada vez mais intensa da “Rede Internet”.

Não se trata de paranoia, mas de real motivação para que todos estejam conscientizados dos (abundantes) problemas subjacentes à sua utilização. Como não há – pelo menos no momento – forma de evitar tais problemas, a solução é “conviver” com eles, da forma mais segura possível, em termos pessoais (privacidade) e em termos materiais, principalmente, como instrumento imprescindível para realizar transações (compras, cobranças, transferências de valores monetários, consultas a dados sensíveis, etc.).

Neste sentido, sempre que surge alguma oportunidade o BS se propõe a fazer algum tipo de consideração.

É o que acontece nesta oportunidade em razão de um vídeo de curta duração (pouco mais de 5 minutos) produzido pela Vodafone, no qual são feitos comentários sobre os três problemas da Internet, que o BS, complementarmente, considera “grandes”.

Depois de fazer referência ao “Grande Poder” das Corporações da Internet (os leitores do BS sabem identifica-las), o apresentador do vídeo faz considerações sobre:

1) Falta de controle sobre os dados pessoais que são corriqueiramente fornecidos para tais Corporações, ou, outras Partes envolvidas nos processos;

2) Propaganda Política; 3) Notícias Falsas (Fake News)

Estes três assuntos, têm sido referência reiterada nos comentários do BS. Na oportunidade somente é feita a sua menção.

Convida-se os leitores a acessarem o vídeo através do link youtu.be/kYftF8Dtjno.

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03. UTILIZAÇÃO DO TWITTER PARA DIFUNDIR PROPAGANDA POLÍTICA (NA ÍNDIA)

No item 02 deste BS Nº 40/17, foi feita referência aos “três problemas da Internet”. Um deles é a possibilidade de utilizar a Rede como instrumento de “politização”.

Longe de se tratar de uma possibilidade. Como é do conhecimento dos leitores do BS há sérias suspeitas de que tenha havido algumas “manipulações” nas eleições presidenciais dos USA, no ano passado. As evidências de que algo anda acontecendo neste campo, em todo o mundo, inclusive no Brasil, são objetivas.

Para reforçar esta tese, o BS reproduz uma reportagem do Site BuzzFeed, assinada por Pranav Dixit, com o título: “Here´s How People In India Are Manipulating Twitter Trends To Spread Political Propaganda”.

O texto está no idioma original (Inglês) e é relativamente longo. Além disso, traz diversos links de referência para outras reportagens ou pesquisas. Não é uma leitura fácil.

Mas, é adequada para os leitores que se interessem pelo assunto, de modo geral, e em particular pelo caso das eleições.

O Brasil está a um ano de realizar eleições amplas no País, incluindo a Presidência da República. Não há a mínima dúvida de que as Redes Sociais – portanto na linha do que está sendo colocado na reportagem do BuzzFeed para a Índia – terão uma importância enorme nas campanhas e, quiçá, nos resultados das eleições.

Isto é particularmente interessante, num País como o Brasil onde existe uma legislação complexa do processo eleitoral, inclusive, com uma Justiça Eleitoral (TRE e TSE). A legislação é relativamente “omissa” em relação ao envolvimento das Redes Sociais no processo. Não por omissão deliberada do legislador, mas, por se tratar de um elemento novo, ainda não bem conhecido, sobre o qual não foi possível, ainda, legislar, na medida e profundidade desejáveis.

Então, o BS como simples observador olha para a questão por um prisma através do qual vê a importância do instrumento no processo eleitoral e, por outro lado, não enxerga como será o processo de seu acompanhamento, para não dizer, controle.

As perspectivas de que os TRE e o TSE se defrontem com situações particularmente complexas e sensíveis, são reais, potencialmente impactantes nos resultados das eleições nos seus diversos níveis.

Sem maiores considerações, o BS reproduz o texto da reportagem antes identificada, ligada à propaganda política na Índia, com a convicção de que diversos pontos nela abordados se aplicam ao caso brasileiro. Para começar, o Twitter é o mesmo, assim como são as mesmas outras Redes Sociais que podem ser utilizadas no processo.

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Here’s How People In India Are Manipulating Twitter Trends To Spread Political Propaganda

A BuzzFeed News analysis found that at least 10 political hashtags that appeared in the top 10 in Twitter’s trends column in India during the last two months were the result of organized campaigns.

Pranav Dixit – BuzzFeed News Reporter November 15, 2017

Twitter is facing serious scrutiny in the United States over revelations that Russian state-linked trolls exploited its platform in an attempt to sow discord in American politics, and it’s making attempts to be more transparent about promoted tweets. But in India, the company’s fastest-growing market, politicians and their supporters have discovered an effective way to spread propaganda without paying Twitter a dime: hijacking the trending column with targeted hashtag campaigns.

A BuzzFeed News analysis found that at least 10 political hashtags that appeared in the top 10 in Twitter’s trends column in India during the last two months were the result of organized campaigns that gave people tweet templates and urged them to post duplicate tweets to promote the hashtags. More than 50% of the tweets containing these 10 trending hashtags had duplicates, and many seemed to be copy-pasted from these tweet templates. There were nearly two dozen other political hashtags that trended in this timeframe — but their popularity doesn’t seem to have been the result of orchestrated campaigns.

Spamming Twitter with duplicate tweets is a violation of Twitter’s rules, which say users aren’t permitted to “post multiple updates to a trending or popular topic with an intent to subvert or manipulate the topic to drive traffic or attention to unrelated accounts, products, services, or initiatives.” A Twitter spokesperson told BuzzFeed News, “Any use of automation to game Trending Topics is in violation of the Twitter Rules, and we have had measures in place to address this since the spring of 2014.” Still, that isn’t stopping these campaigns that make political propaganda trend on the platform in India.

India’s politicians take the social network seriously, and, just like their counterparts in larger markets like the US and the UK, they use it as their bullhorn for everything from official announcements to taking potshots at rivals. India’s Prime Minister Narendra Modi, who has 36.5 million followers, is the world’s second-most followed political leader, trailing only Donald Trump.

Getting political propaganda to trend on Twitter is an effective way to influence the public. “Twitter is where Indian politics now happens, and where opinions are formed, and where the agenda is set,” said Pratik Sinha, founder of Alt News, a leading website that busts Indian fake news and hoaxes. “Twitter is where the most important people in India’s politics and media are.”

These political hashtag campaigns now trend so frequently on Twitter in India that websites like Sinha’s Alt News and Twitter accounts like @trollabhakt have taken it upon themselves to track the phenomenon. @trollabhakt, an anonymous user who described himself to BuzzFeed News as a techie “who is disgusted by all these fake trends, and who doesn’t support [n]or is a member of any political party,” uses a custom Python script to collect tweets from Twitter’s API. He then collates tweets participating in organized hashtag campaigns

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in Google spreadsheets, which he links to on his Twitter account. BuzzFeed News used some of @trollabhakt’s data in its analysis on hashtags like #ModiTransformsIndia that glorified India's prime minister, #BJPMoneyLaunderingDay, used by BJP critics to lash out against demonetization, and #LiesAgainstShah, which circulated after a publication alleged that a company owned by the son of a prominent politician had received undue benefits from the government.

Getting a political hashtag to trend on Twitter has implications beyond the social network. At the end of August, for instance, an orchestrated campaign made the hashtag #DemonetisationSuccess the No. 1 trend on Twitter in India for over 10 hours. India’s central bank had announced only a day earlier that demonetization — Narendra Modi’s abrupt decision to ban 86% of the country's currency bills and swap them out for new ones, ostentatiously to weed out illegal cash hoarders — had effectively failed in its objective.

What started off as an organized campaign by relative Twitter nobodies, such as this no-bio account with 42 followers, and this digital advertising professional with 210 followers, eventually blew up so much that official accounts of the BJP, India’s ruling party, and the country’s most prominent politicians, such as its minister for information and broadcasting, used the hashtag in tweets.

While most signs point to demonetization being a failure, official government Twitter accounts used the popularity of #DemonetisationSuccess to hail the success of the demonetization effort. The hashtag campaign didn’t quite convince people, but it did distract them from the reporting on the failure of the program.

Three days after the hashtag trended, Sinha uncovered a Google document being passed around on Twitter. He found it by setting up an alert in Tweetdeck for the terms “trend alert” and “docs.google.com” — terms that he knew were used to spread documents containing tweet templates in both English and Hindi, and instructions for how to make a hashtag — #DemonetisationSuccess in this case — trend at a particular time.

Overwhelming Twitter’s trending topics algorithm to create a trend on demand isn’t new. It’s the same trick that the notorious internet forum 4chan used back in 2009 to flood Twitter with the decidedly NSFW #GorillaPenis hashtag by creating fake Twitter accounts that tweeted it thousands of times to make it trend. 4chan called the project “Operation Shitter” and posted a detailed list of instructions to make a hashtag trend — similar to the instructions Sinha found. Twitter manually removed #GorillaPenis from its trending column, but tweets with the hashtag are still visible.

Earlier this year, trolls used similar tactics to orchestrate a harassment campaign against Dhanya Rajendran, the editor of an Indian news website, by flooding the platform with the hashtag #PublicityBeepDhanya and getting it to trend. Twitter manually removed the trend only after Rajendran called people at the company who she knew personally.

And it’s the same method that digital marketing agencies in India use to orchestrate marketing campaigns, by paying influencers to help brands trend on Twitter in India, according to a report the Indian business publication Mint published last year. “No matter what your brand is, we can make it trend, guaranteed,” the head of a Mumbai-based digital marketing agency who wished to remain anonymous told BuzzFeed News. “Our clients see getting into Twitter’s trends as something impactful. It’s the best kind of marketing for relatively little money.”

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Another Mint report published in 2016 speculated that digital marketers had collectively made more money gaming Twitter than Twitter itself had made in India in the last few years. Twitter did not respond to BuzzFeed News’ query about this.

"Twitter is basically where [all this] goes down,” Sinha told BuzzFeed News. “There’s no other place to get something like this to instantly snowball.” The spreadsheet advising on how to make #DemonitisationSuccess trend was taken down after Sinha wrote about it on his website, but eventually, more spreadsheets meant to promote other propagandistic hashtags surfaced, such as this one with instructions and tweets templates for making a hashtag called #MyNewIndia — which glorifies Modi — trend.

“If you keep aside the moral and ethical implications of doing this, it’s marketing 101,” Karthik Srinivasan, national lead at Social@Ogilvy, the social media arm of advertising firm Ogilvy and Mather, told BuzzFeed News. “Most things, like Twitter’s retweet feature, were created by Twitter users before Twitter baked them into its product. So getting something to trend in this way is just people being clever with using Twitter’s own tools — and Twitter just sitting around doing nothing as usual.”

Pranav Dixit is a tech reporter for BuzzFeed News and is based in Delhi.

04. O CONTROLE “NA” INTERNET E O CONTROLE “DA” INTERNET

A discussão, conforme os leitores do BS têm acompanhando em alguns comentários que vêm sendo feitos neste espaço, promete longos, complexos e difíceis caminhos a trilhar. O “controle” da Internet é um assunto que está extravasando as fronteiras dos países, torna-se um assunto mundial, e interessa a todo e qualquer cidadão. Não há como desconhecer a realidade de que a Internet passou a fazer parte integral da vida de todos.

Quem não tem acesso à Internet tende a se transformar num cidadão de “segunda categoria”. Daí, resultam os esforços que os governos sérios, comprometidos com o desenvolvimento de seus povos, vêm promovendo para permitir tal acesso de modo amplo e igualitário a todos os seus cidadãos. E, nos casos em que isto se defronta com obstáculos mais difíceis, adotam medidas para reduzir o chamado “gap digital”.

Não há como desassociar, hoje em dia, a Internet dos grandes temas com os quais a humanidade se preocupa, tais como: igualdade social, direitos dos cidadãos e de minorias, movimentos religiosos, meio ambiente, ondas migratórias involuntárias, pacifismo, relações do trabalho, educação, saúde e segurança, fome, etc.

No caso da Internet, está implícito o direito dos cidadãos de ter acesso livre à informação, sem serem manipulados por processos tendenciosos, e ter sua privacidade preservada, até para que os seus demais direitos não corram o risco de ser maculados ou, até, eliminados.

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Nunca é demais enfatizar que a informação está indissoluvelmente associada ao crescimento e progresso da raça humana. A Humanidade chegou ao ponto atual, sem dúvida, graças à disseminação dos conhecimentos alcançados em razão da tendência, naturalmente adquirida – para os que assim desejarem “evoluída” - pelos humanos, até como forma de lutar pela preservação de sua existência e daqueles que lhe são próximos (a Família, a Tribo, a Comunidade).

A Internet, constitui-se num “instrumento” que permite a aceleração dessa disseminação em níveis cujos limites não estão, ainda, devidamente avaliados. E, isto pode ocorrer para o bem e para o mal!

Esta perspectiva não é nova. Mesmo nos processos mais rudimentares de tratamento da informação a tendência a alguma forma de controle sempre existiu, materializada no termo “censura”. Regimes autoritários, por exemplo, sempre desenvolveram técnicas de censura de acordo com os padrões de cada época.

Informações “sensíveis” e estratégicas – naturais para a segurança dos povos (e de pessoas) em determinadas situações – também são usualmente colocadas sobre controle em diversas escalas de relevância, sem maiores questionamentos. O “Segredo de Justiça”, é um exemplo clássico desta realidade na qual alguma forma de controle é aceitável.

Os “segredos industriais” e “empresariais” também seguem esta linha. De certa forma é a “privacidade” das Empresas que deve ser preservada. E, assim por diante...

Isto, naturalmente, se contrapõe ao que se considera ser um dos direitos básicos do cidadão: “o direito à informação”. Considerada uma forma natural de dar “transparência” aos atos como forma de todos terem idênticas oportunidades nos processos do dia a dia. Neste sentido, ninguém seria prejudicado ou diminuído por falta de informação.

Aspectos utópicos à parte, esta é a realidade com a qual se defronta a Internet dos dias atuais. Com uma importância incomensuravelmente superior às situações do passado em função de novos “poderes” que ela assumiu, resultantes de inovações tecnológicas que alteraram substancialmente os cenários mais evoluídos do passado.

Então, nada mais natural, do que o tema “Controle da Internet” seja colocado na mesa das discussões, de forma muito intensa, com todas as divergências, polêmicas e dificuldades antes mencionadas. Repetindo: para o bem e para o mal!

Pelo que foi colocado anteriormente, alguma forma de controle deve existir sobre determinadas informações. Um cidadão, por exemplo, tem o direito de controlar aquilo que lhe diz respeito em

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termos estritamente pessoais. Mas como nada é absoluto, certamente, ocorrem situações em que o “interesse social” supera o “interesse individual” e, portanto, tal controle pode ser “quebrado”.

É nesta fronteira entre o que “pode” e o que “não pode” que se estabelecem as mais apaixonadas discussões. Naturalmente, o assunto ganha um outro grau de relevância quando em lugar das pessoas se trata de comunidades, coletividades, grupos, nações, governos, etc.

O BS levanta a questão e não pretende, obviamente, tratar de seu mérito e de seus detalhes neste espaço. O tema, como comentado, tem complexidades que ultrapassam em muito a capacidade do BS de emitir opiniões.

Mas, de forma simplesmente conceitual, ousaria propor que as discussões levassem em conta as contrações prepositivas “na” e “da”, conforme é sugerido no título deste item. O controle “na” Internet seria admissível dentro dos padrões normais necessários à convivência das pessoas, aos processos produtivos, às atividades de governo, enfim, em tudo, onde a informação, por quaisquer razões socialmente consensuais, deva ter alguma forma de controle.

Já o controle “da” Internet seria um outro tipo de discussão. Aqui, estará se tratando de uma estrutura de “prestação de serviços de relevante interesse social”. Tirando os aspectos de segurança física de tal estrutura, nada mais deveria ser controlado ou deveria ser objeto de condicionamentos. Por exemplo, do tipo “Neutralidade de Rede”.

Tais estruturas devem ser o mais abertas possíveis. Esta seria a forma mais prática de dar a transparência que todos desejam no processo. Infelizmente, os rumos deste processo tomaram direções em que isto não está ocorrendo.

Nota:

Fazendo uma ligeira analogia com o “Modelo de Imprensa” atual, sobre a “Imprensa” não haveria controle nem sobre os seus profissionais, que continuariam atuando sobre o “sagrado” direito do “sigilo da fonte”. Mas, poderia haver alguma forma de “controle” sobre a divulgação de notícias que se demonstrassem inconvenientes no contexto da estrutura social vigente. Uma tese que, obviamente, pode resultar em intensas discussões devido ao caráter subjetivo que pode assumir.

Retomando o tema, cada vez mais a sociedade está nas mãos de algumas Empresas cujo objetivo maior é comercial; é o de ter atividades lucrativas; é o de se manterem empresarialmente fortes para não serem ultrapassadas por outras Empresas. E, neste sentido, todos os tipos de estratégias para alcançar tal objetivo são consideradas válidas. Não necessariamente levando em conta o interesse público e, sim, os seus próprios interesses. Mas, dentro do seu entendimento, sem ferir o interesse público.

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Sem dúvida, esta é uma das discussões básicas a ser enfrentada pela sociedade. Não é uma questão fácil diante da forma como as coisas evoluíram e estão se consolidando. Na prática, há que discutir quais as consequências do fato de uma Empresa – e pode ser qualquer uma e não alguma em particular - ter acesso direto a bilhões de pessoas no mundo todo. E de ela conhecer quase tudo sobre essas pessoas. É um poder que nenhum governo em nenhuma época do tempo conseguiu alcançar!

Este é um dos aspectos. O outro, é o fato de que o “instrumento de poder” da Empresa, também se estende a Entidades organizadas (inclusive Governos) como uma forma de controle que, em diversas nuances, pode ser considerada como do “mal” utilizando a linguagem figurada deste texto.

É esta conflitante situação que a sociedade do presente e do futuro se defronta. O BS “levanta a bolas” das considerações e das conjecturas. Outros fazem algo semelhante de outras formas.

O “controle na Internet” pode ser justificável em algumas circunstâncias nas quais a informação por alguma razão assume justificadas características de interesse específico. O “controle da Internet” não é aceitável, por se tratar do “veículo” de disseminação da informação, ou seja, o meio estruturado que permite a comunicação; a não ser em circunstâncias de muita criticidade para a defesa do interesse público.

Esta é uma condição que o BS coloca refletindo uma visão liberal da questão, principalmente levando em conta que a Internet como estrutura é fonte de grandes interesses econômicos, cuja disputa deve ser feita no plano empresarial, distante o máximo possível de conotações políticas ou ideológicas.

Estes comentários, de modo geral, foram incitados pelo Editorial do O Estado de S. Paulo de 19/11/2017, com o título: “O controle oficial da internet”.

Ainda que a temática esteja focada na questão do “jornalismo livre e independente” – afinal trata-se de um jornal – as considerações podem ser extrapoladas de uma forma mais aberta, como o fez o BS. E, não há porque desassociá-las dos textos e comentários dos dois itens anteriores deste BS Nº 40/17: “TRÊS (GRANDES) PROBLEMAS DA INTERNET” e “UTILIZAÇÃO DO TWITTER PARA DIFUNDIR PROPAGANDA POLÍTICA”.

Na sequência, é reproduzido o texto do mencionado Editorial.

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O controle oficial da internet

Jornalismo livre e independente deve ser fortalecido

O Estado de S.Paulo - 19 Novembro 2017

Os governos da China e da Rússia são, há anos, a vanguarda da manipulação da internet, em particular das redes sociais, com o objetivo de controlar o pensamento, distorcer o debate público de ideias e evitar a formação de polos de oposição. Tal prática, contudo, se disseminou por muitos outros países e agora começa a constituir uma ameaça global “à própria noção de que a internet é uma tecnologia que provê liberdade”, conforme manifestou a Freedom House, instituição norte-americana que se dedica a monitorar as condições de liberdade no mundo, em sua mais recente pesquisa sobre a liberdade na internet.

O índice produzido pela Freedom House registrou o sétimo ano seguido de declínio. Quase metade dos 65 países analisados sofreu algum revés. Da população analisada – cerca de 90% dos usuários da rede no mundo –, menos de um quarto vive em um regime de plena liberdade de circulação de informações na internet.

O instituto notou que o caso de tentativa de manipulação da mais recente eleição presidencial americana, em que se destacou a disseminação de notícias falsas por meio de robôs na internet, com o objetivo de acirrar os ânimos do eleitorado, não foi isolado. Houve ofensivas semelhantes nas eleições de ao menos 17 países em 2016, “reduzindo a capacidade do eleitorado de escolher seus candidatos com base em notícias factuais e debate autêntico”.

Países como Venezuela, Filipinas e Turquia foram citados como exemplos em que os governos usaram “exércitos de formadores de opinião” para moldar o debate a seu favor. Não se trata de divulgar contrapontos a eventuais críticas às decisões oficiais, e sim de contaminar as redes sociais com falsidades e distorções. Segundo a Freedom House, o número de governos que tentam controlar as discussões online vem crescendo ano a ano, desde 2009, quando o fenômeno foi identificado pela primeira vez, mas agora o que se observa é um grau inédito de sofisticação, em que a tecnologia é usada para dar visibilidade a “notícias” fraudulentas favoráveis ao governo, divulgadas de forma integrada a notícias consideradas confiáveis.

A pesquisa sublinha que esse método de controle das redes sociais é muito mais avançado do que as velhas formas de censura legal, que ainda persistem, mas são facilmente identificáveis e vêm se provando ineficientes quando se trata de restringir a internet. É consideravelmente mais trabalhoso não apenas perceber a manipulação oficial das redes, mas principalmente combatê-la de forma legal, pois essa manipulação envolve um exército de robôs e de comentaristas pagos pelo governo e não se concentra em um único lugar nem responde a um único chefe. A agenda autoritária, paradoxalmente, é impulsionada por meio da exploração da ampla liberdade que a rede proporciona a seus usuários – e não são poucos os casos em que os incautos são estimulados a identificar e denunciar os “inimigos” do Estado.

Nem é preciso enfatizar os graves riscos que essa prática representa para a democracia. Ao fabricarem apoio a si mesmos nas redes sociais, os governos e seus associados conseguem cindir a sociedade, fazendo com que os opositores que ousam questioná-los sejam tratados como párias. “Ao encorajar a falsa percepção de que a maioria dos cidadãos está com elas, as autoridades do governo conseguem justificar a repressão à oposição política e a adoção de mudanças antidemocráticas nas leis e nas instituições”, comentou o relatório da Freedom House.

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Para combater essa onda perniciosa de desinformação sem minar a liberdade inerente à internet, diz a instituição, é preciso que as sociedades democráticas empenhem “tempo, dinheiro e criatividade”. O primeiro passo é a educação dos cidadãos, em especial dando-lhes instrumentos para identificar o que vêm a ser fake news e propaganda de governo disfarçada de notícia. Além disso, não se pode ter a ilusão de que essa prática danosa será liquidada, pois ela veio para ficar, mas é possível ao menos reduzir seus danos por meio do fortalecimento do jornalismo livre e independente.

NOTA: Os comentários do presente BOLETIM SEMANAL bem como a edição final do texto são de responsabilidade de Antonio Ribeiro dos Santos, Consultor Principal da PACTEL. A precisão das informações não foi testada. O eventual uso das informações na tomada de decisões deve ocorrer sob exclusiva responsabilidade de quem o fizer. Também não se assume responsabilidade sobre dados e comentários realizados por terceiros cujos termos o BS não endossa necessariamente. É apreciado o fato de ser mencionada a fonte no caso de utilização de alguma informação do BOLETIM SEMANAL.