Índice de pesquisa da 1ª turma recursal relaÇÃo de ... · marcos josÉ de jesus-49 marcus...

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-4 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-11 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-27, 45, 47 ANDRÉ DIAS IRIGON-30, 35 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-1 ES002558 - MARILUSA CARIAS DE PAULA-30 ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-50 ES004367 - JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO-9 ES004443 - ERNANDES GOMES PINHEIRO-48 ES005319 - ANTONIO CARLOS SANTOLIN-39 ES006121 - DULCE LEA DA SILVA RODRIGUES-35 ES006511 - EMANUEL DO NASCIMENTO-39 ES006518 - JEFEFERSON APARICIO CAMPANA-48 ES006808 - ANSELMO TABOSA DELFINO-52 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-4 ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO-25 ES008373 - LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-6 ES008629 - JOAO LUIS CAETANO-52 ES008678 - ERALDO AMORIM DA SILVA-37 ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-21 ES008759 - JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR-1 ES009189 - MARCO POLO FRIZERA FILHO-43 ES009281 - MARCELO MAZARIM FERNANDES-12 ES009378 - ROGERIO SIMOES ALVES-11 ES009510 - HELTON T RAMOS-11 ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO-9 ES009807 - CARLOS JOSE LIMA FARONI-43 ES010095 - DEUCIANE LAQUINI DE ATAIDE-51 ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-7 ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTAO-3 ES010851 - RENATA GOES FURTADO-6 ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO-3 ES011137 - PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA-6 ES011368 - GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-37 ES011500 - MARILENA MIGNONE RIOS-19 ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-8 ES012060 - SIDINÉIA DE FREITAS DIAS-14 ES012179 - DANIELLE GOBBI-22 ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-45 ES012904 - GEORGIA ROCHA GUIMARAES SOUZA-51 ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-28, 42, 46 ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-5 ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO-44 ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO-3 ES013237 - RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA-31 ES013286 - JULIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-8 ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA-49 ES014023 - RAUL DIAS BORTOLINI-49 ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO-2 ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-13 ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS-15 ES015447 - Fagner Augusto de Bruym-41 ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-23

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-4ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-11ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-27, 45, 47ANDRÉ DIAS IRIGON-30, 35ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-1ES002558 - MARILUSA CARIAS DE PAULA-30ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-50ES004367 - JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO-9ES004443 - ERNANDES GOMES PINHEIRO-48ES005319 - ANTONIO CARLOS SANTOLIN-39ES006121 - DULCE LEA DA SILVA RODRIGUES-35ES006511 - EMANUEL DO NASCIMENTO-39ES006518 - JEFEFERSON APARICIO CAMPANA-48ES006808 - ANSELMO TABOSA DELFINO-52ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-4ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO-25ES008373 - LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-6ES008629 - JOAO LUIS CAETANO-52ES008678 - ERALDO AMORIM DA SILVA-37ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-21ES008759 - JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR-1ES009189 - MARCO POLO FRIZERA FILHO-43ES009281 - MARCELO MAZARIM FERNANDES-12ES009378 - ROGERIO SIMOES ALVES-11ES009510 - HELTON T RAMOS-11ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO-9ES009807 - CARLOS JOSE LIMA FARONI-43ES010095 - DEUCIANE LAQUINI DE ATAIDE-51ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-7ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTAO-3ES010851 - RENATA GOES FURTADO-6ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO-3ES011137 - PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA-6ES011368 - GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-37ES011500 - MARILENA MIGNONE RIOS-19ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-8ES012060 - SIDINÉIA DE FREITAS DIAS-14ES012179 - DANIELLE GOBBI-22ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-45ES012904 - GEORGIA ROCHA GUIMARAES SOUZA-51ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-28, 42, 46ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-5ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO-44ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO-3ES013237 - RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA-31ES013286 - JULIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-8ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA-49ES014023 - RAUL DIAS BORTOLINI-49ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO-2ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-13ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS-15ES015447 - Fagner Augusto de Bruym-41ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-23

ES015691 - RODRIGO LOPES BRANDÃO-45ES015723 - GERALDO BENICIO-16ES016398 - Bernard Pereira Almeida-30ES016521 - CHARLES BONELI GONÇALVES-31ES016607 - JÚLIA PENZUTI DE ANDRADE-27ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-23ES017197 - ANDERSON MACOHIN-49ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO-16, 17, 20ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES-22ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES-22ES018446 - GERALDO BENICIO-17, 20ES019587 - MADEGNO DE RIZ-18ES019803 - LARISSA CRISTIANI BENÍCIO-17, 20ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO-34ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA-10ES020729 - TARCIA ALCINA MAZARIM FERNANDES-12ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-40EUGENIO CANTARINO NICOLAU-13, 18GISELA PAGUNG TOMAZINI-12GUSTAVO CABRAL VIEIRA-3GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-28, 42GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-29Isabela Boechat B. B. de Oliveira-1, 24, 48JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-17, 20JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-16, 2JULIANA ALMENARA ANDAKU-38Karina Rocha Mitleg Bayerl-26KARLA EUGENIA PITTOL DE CARVALHO-43MARCELA BRAVIN BASSETTO-34, 50MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA-21, 51MARCOS JOSÉ DE JESUS-49MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-32, 33, 36, 40MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-14, 39, 41NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-7PAULO VICTOR NUNES-37RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA-22RENATA BUFFA SOUZA PINTO-9RICARDO FIGUEIREDO GIORI-47RODRIGO COSTA BUARQUE-23, 44SC013520 - CARLOS BERKENBROCK-36, 38SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-36, 38, 40SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO-36, 38, 40SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-52SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-10, 15, 25, 26, 31, 8THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-19UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-5VIVIANE MILED MONTEIRO C. SALIM-29

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). PABLO COELHO CHARLES GOMES

Nro. Boletim 2015.000024 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

27/02/2015Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000705-84.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000705-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x LUIZ CARLOS HESPANHA (ADVOGADO:ES008759 - JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR, ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.).Processo nº 0000705-84.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000705-7/01)Juízo de Origem: 1ª VF SerraRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: LUIZ CARLOS HESPANHARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO QUE DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS EDECOTOU DA CONDENAÇÃO A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. OMISSÃO. TUTELAANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. ANÁLISE DO FORMULÁRIO DEATIVIDADES ESPECIAIS. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. IRRESIGNAÇÃO QUANTO AO PROVIMENTO JUDICIAL.EMBARGOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 156/163, contra acórdão proferido às fls. 149/153 ao argumentode existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que, embora o acórdão embargado tenha dado parcialprovimento ao recurso da autarquia, silenciou sobre a restituição de valores pagos ao segurado por força de tutelaantecipada posteriormente revogada. Afirma que o Superior Tribunal de Justiça entende que é devido o ressarcimento daverba em tal hipótese. Alega, ainda, que houve omissão na apreciação do documento de fl. 57, o qual foi alvo deirresignação recursal. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Inicialmente saliento que, embora omisso o acórdão no tocante à revogação da antecipação dos efeitos da tutela,trata-se de consectário lógico do julgado, que deu parcial provimento ao recurso do INSS. Com efeito, prolatado acórdão nosentido da improcedência do pedido de aposentadoria especial, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada,ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, doCódigo de Processo Civil).

04. Em análise dos argumentos apresentados pelo Embargante, saliento minha convicção pessoal de que a parte,que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão dotítulo e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assimefetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida emsentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuiçãopatrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência dopedido e consequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunalde Justiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira

Turma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

05. Portanto, deve ocorrer a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedidona sentença.

06. Em relação ao formulário para comprovação de atividades especiais encartado aos autos à fl. 57, não houveomissão na decisão colegiada. Pelo contrário, o relator foi expresso ao fazer referência à desnecessidade de juntada dolaudo pericial para acompanhar o formulário em questão. Dessa forma, quanto a tal ponto, não há omissão ou obscuridadea ser reconhecida, restando clara a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento, para que conste, noacórdão recorrido, a revogação da tutela antecipada deferida na sentença, com a determinação de restituição ao INSS dosvalores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela.

08. Considerando a interposição de recurso extraordinário pela parte autora, deve a Secretaria dar prosseguimento àapreciação do extraordinário após o julgamento destes embargos.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

2 - 0005706-31.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005706-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO ROBERTO DALMOLIN(ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº 0005706-31.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005706-9/01)Juízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRecorrente: PAULO ROBERTO DALMOLINRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. RADIAÇÃO IONIZANTE. LIMITES DE TOLERÂNCIA. EXPOSIÇÃOAO AGENTE NOCIVO. DOCUMENTAÇÃO INSUFICIENTE PARA COMPROVAR A EXPOSIÇÃO AO AGENTE NOCIVO.RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes daedição da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes

nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.

2. O agente nocivo “radiação ionizante” encontra-se previsto no Anexo IV dos Decretos nº 2.172/97 e nº 3.048/99 (Código2.0.3).

3. O Anexo IV dos Decretos nº 2.172/97 e nº 3.048/99 (Código 2.0.3) prevê expressamente que a radiação ionizante éagente nocivo e tal disposição deve receber interpretação condizente com a possibilidade do segurado de obtê-la, o queseria impossível caso o trabalhador tivesse que exceder as doses máximas liberadas pela CNEN. O item 5.4.2 da NormaCNEN-NE-3.01 é parâmetro para controle da proteção radiológica dos trabalhadores.4. A fundamentação, no sentido de que a radiação ionizante deve ser considerada como agente nocivo, não afastaa necessidade de o segurado colacionar os documentos exigidos pela legislação previdenciária para comprovar suaexposição ao fator de risco. Não havendo provas nesse sentido, inviável se faz a concessão da aposentadoria especial.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

O autor interpõe recurso inominado, às fls. 211/215, contra sentença (fls. 206/208) proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido de concessão de aposentadoriaespecial.

02. O recorrente alega que esteve exposto ao agente nocivo “radiação ionizante” nos seguintes períodos: 01/09/1986a 31/08/1995, 01/02/1996 a 31/12/2000, 01/04/1999 a 30/05/2001, 01/12/2000 a 24/05/2012 e 02/05/2006 a 27/02/2007,sendo que, apenas entre 01/09/1986 a 31/08/1995 e 01/02/1996 a 05/03/1997, o INSS reconheceu como tempo deatividade especial. Impugna a sentença sob a alegação de que o Juízo a quo deveria ter analisado o agente nocivo deforma qualitativa e não quantitativa, visto ser esta a forma mais favorável ao trabalhador. Requer, assim, a reforma dasentença com a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 232/234, nas quais requer a manutenção da sentença.

04. É o Relatório.VOTO

05. Inicialmente, passo a analisar o requisito recursal da tempestividade.

A sentença de fls. 206/208 foi publicada em 02/05/2013 (fl. 210). O início da contagem do prazo, portanto, iniciou-se em03/05/2013 (sexta-feira). Com isso, findou-se em 12/05/2013 (domingo), sendo prorrogado para o dia 13/05/2013(segunda-feira). O recorrente, entretanto, apenas interpôs o recurso inominado em 14/05/2013, às 00:12:12 h.

Na petição de fls. 221/223, o causídico requereu a dilação do prazo recursal por 12 minutos, tendo em vista a ocorrência deproblemas no sistema de informática de seu escritório no dia 13/05/2013. Relatou ainda que, na semana anterior, sua filhade 10 (dez) anos ficou internada no Hospital Santa Rita de Cássia durante 04 (quatro) dias, o que inviabilizou aapresentação do recurso no prazo correto.

Considerando o ínfimo atraso na apresentação da peça recursal (12 minutos) e a justificativa apresentada pelo autor para aimpossibilidade de interposição em data anterior (atestado de internação da filha encartado aos autos – fls. 224/227) e,ainda, o fato de o autor não ter outros advogados constituídos (procuração de fl. 16), afasto a configuração deintempestividade, nos termos do art. 183, do Código de Processo Civil.

06. Portanto, presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

07. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.

08. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito a

condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

09. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

10. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

11. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

12. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

13. O recorrente alega que esteve exposto ao agente nocivo “radiação ionizante” nos seguintes períodos: 01/09/1986a 31/08/1995, 01/02/1996 a 31/12/2000, 01/04/1999 a 30/05/2001, 01/12/2000 a 24/05/2012 e 02/05/2006 a 27/02/2007,sendo que, apenas entre 01/09/1986 a 31/08/1995 e 01/02/1996 a 05/03/1997, o INSS reconheceu como tempo deatividade especial

14. O Juízo a quo considerou que a radiação ionizante deve ser analisada de forma quantitativa a partir de03/12/1998. Para tanto, considerou que, desde então, passou a ser aplicado o limite de tolerância previsto na legislaçãotrabalhista para fins previdenciários. Com isso, utilizou o Anexo nº 05 da NR-15 que assim dispõe: nas atividades ouoperações onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios, asobrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidoscausados pela radiação ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NE-3.01: “Diretrizes Básicas de Radioproteção”, dejulho de 1988, aprovada, em caráter experimental, pela Resolução CNEN nº 12/88, ou daquela que venha a substituí-la.

Completou o magistrado, ainda, que o limite de tolerância para exposição do indivíduo ocupacionalmente exposto é fixadoem 20 mSv (miliSiervet), com base no item 5.4.2 da Norma CNEN-NE-3.01.

Ao analisar a norma considerada na sentença para fins de limite de tolerância em relação à radiação ionizante, concluo que,

caso realmente seja esta a disposição normativa a ser utilizada, haveria um esvaziamento da proteção legal conferida aosegurado que exerce ocupação na qual haja exposição à radiação ionizante. As normas da CNEN (Comissão Nacional deEnergia Nuclear) configuram requisitos básicos de proteção radiológica e possuem limitações quantitativas individuais paraque haja controle da exposição dos trabalhadores a elementos radioativos. O princípio básico da proteção radiológica émanter os níveis tão baixos quanto possível, não devendo exceder os limites anuais expostos pelo Juízo monocrático emsua fundamentação.

Com isso, é possível concluir que o alcance dos limites dispostos no item 5.4.2 da Norma CNEN-NE-3.01 assegura aostrabalhadores o afastamento do trabalho, em prol da segurança e da saúde do indivíduo e do risco de contaminação ao qualeste estará exposto caso continue laborando nas mesmas condições. Tais limitações não podem servir de base para aconcessão de aposentadoria especial, visto que exigi-las significaria que o segurado, para ter direito ao incremento dotempo de contribuição, teria que se submeter a níveis de radiação que nem a própria Comissão Nacional de EnergiaNuclear permite. E se tal exposição não é permitida, por estrita obediência ao Plano de Proteção Radiológica, tornar-se-iaimpossível a consideração da radiação ionizante como agente nocivo.

Ora, não é esse o intuito da norma. Os Anexos IV dos Decretos nº 2.172/97 e nº 3.048/99 (Código 2.0.3) preveemexpressamente que a radiação ionizante é agente nocivo e tal disposição deve receber interpretação condizente com apossibilidade do segurado de obtê-la, o que seria impossível caso o trabalhador tivesse que exceder as doses máximasliberadas pela CNEN.

Para melhor esclarecer tal assunto, colaciono trecho do voto de lavra da Desembargadora Federal Liliane Roriz naApelação Cível nº 2005.51.01.516518-4, no qual foi citado esclarecimento da Associação Catarinense de Medicina: Aexposição dos trabalhadores às radiações ionizantes está submetida a limites de doses, estabelecidos pela ComissãoNacional de Energia Nuclear, segundo parâmetros internacionais. Os limites de doses ocupacionais são estabelecidos demodo que, em nenhuma hipótese, os trabalhadores recebam doses, que possam causar os efeitos determinísticos, para osquais existe um limiar de dose. Os limites de doses visam, também, reduzir ao mínimo, a possibilidade de efeitosestocásticos, para os quais não se conhecem limiares de dose. Os limites de dose são acompanhados por meio damonitoração individual, usando-se filmes dosimétricos, canetas dosimétricas, dosímetros de alarme, entre outros. Destaforma, valores detectados em trabalhadores, acima de determinada dose expressa em unidades - Sv (Sievert) devemdesencadear providências de: controle das condições ambientais; da organização do trabalho; das dosimetrias sequenciaisrealizadas e vigilância médica. O nível de investigação³ é de 1,5 mSv (miliSievert) por mês, não podendo o acumulado noano, exceder 20 mSv sendo esta a média ponderada em cinco anos consecutivos, desde que não exceda 50 mSv emqualquer ano (CNEN – NN-3.01/2005).

Conclui, ainda: não há como se estabelecer um nível seguro para a saúde humana de exposição aos raios-x, devendo seresse o motivo pelo qual as normas previdenciárias atinentes ao tema não estabelecerem níveis de exposição a esse agenteagressivo, ao contrário, por exemplo, do que faz com o multicitado ruído. Sendo certo que quanto mais prolongada for aexposição no tempo, maior será a probalidade da verificação dos efeitos estocásticos.

Das exposições acima elencadas, concluo: i) o item 5.4.2 da Norma CNEN-NE-3.01 é parâmetro para controle da proteçãoradiológica dos trabalhadores; ii) ao se utilizar um critério teleológico de interpretação, a norma referida pelo magistrado nãoé capaz de limitar níveis de radiação ionizante para fins de aposentadoria especial.

Registro, por fim, que a Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego nº 3.393/1987, que assegurou o adicional depericulosidade para trabalhadores que exercem atividade de risco com radiação ionizante, considerou que o presenteestado da tecnologia nuclear não permite evitar, ou reduzir a zero, o risco em potencial oriundo de tais atividades, sob penade impor à sociedade custo tão elevado que dificilmente ele seria justificado.

Com isso, afasto a fundamentação tecida na sentença de fls. 206/208.

15. Passo, então, a analisar o caso concreto exposto nos autos.

16. A controvérsia dos autos, conforme apontado pelo recorrente, restringe-se aos períodos de 06/03/1997 a31/12/2000, 01/04/1999 a 30/05/2001, 01/12/2000 a 24/05/2012 e 02/05/2006 a 27/02/2007.

Compulsando os autos, observo que o recorrente esteve exposto à radiação ionizante entre os períodos de 01/09/1986 a31/08/1995 (fls. 167/168), 01/02/1996 a 31/12/2000 (fls. 169/170), 01/04/1999 a 30/05/2001 (fls. 171/172), 01/12/2000 a01/09/2010 (fls. 173/175) e 02/01/2002 a 01/12/2005 (fls. 176/177). Tais dados foram obtidos a partir da análise dos PerfisProfissiográficos Previdenciários (PPP’s).

Contudo, apenas o PPP de fls. 167/168 está completamente preenchido. O PPP de fls. 169/170 não tem data de emissão.O PPP de fls. 171/172 não tem indicação de responsável pelos registros ambientais. O PPP de fls. 173/175 só temresponsável pelos registros ambientais entre 08/12/2008 e 01/09/2010. O PPP de fls. 176/177 não indica exposição afatores de risco. Com isso, torna-se inviável a consideração de tais documentos para comprovar a exposição ao agentenocivo, havendo sérias dúvidas a respeito da veracidade das informações.

Ressalto que a fundamentação acima exposta, no sentido de que a radiação ionizante deve ser considerada como agentenocivo, não afasta a necessidade de o segurado colacionar os documentos exigidos pela legislação previdenciária para

comprovar sua exposição ao fator de risco. Não havendo provas nesse sentido, inviável se faz a concessão daaposentadoria especial.

17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 208).

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

3 - 0005130-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005130-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) THAYS THAYMARA SANTOSDE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO, ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO,ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTAO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo nº 0005130-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005130-0/01)Juízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRecorrente: THAYS THAYMARA SANTOS DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. CERCEAMENTODE DEFESA NÃO CARACTERIZADO. RECURSO INOMINADO NÃO CONHECIDO POR INOVAÇÃO RECURSAL.MATÉRIAS APRECIADAS NA DECISÃO COLEGIADA. EMBARGOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 99/107, contra acórdão proferido às fls. 90/93, que negouprovimento ao recurso da parte autora, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para fins deprequestionamento, que houve cerceamento de defesa no Juízo a quo, tendo em vista que não foi concedida oportunidadede realizar audiência de instrução para comprovar a situação de desemprego. Alega que não inovou nas alegaçõesrecursais, motivo pelo qual seu recurso inominado deveria ter sido conhecido.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheçoos Embargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Não verifico a presença de omissão ou contradição apta a infirmar a decisão colegiada. O acórdão impugnadofez expressa referência ao requisito da “qualidade de segurado” e analisou as provas contidas nos autos que abordavam talaspecto. Mesmo não tendo conhecido o recurso inominado sob o fundamento de inovação recursal, a decisão colegiadaponderou os fatos invocados pela embargante, concluindo que não havia ocorrido cerceamento de defesa no Juizado deorigem.

04. Diante disso, não verifico qualquer omissão ou contradição aptas a permitir a apresentação dos presentesembargos, representando o recurso, em verdade, mera rediscussão da causa.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Considerando a interposição de recurso extraordinário pela parte autora, deve a Secretaria dar prosseguimento àapreciação do apelo extremo.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

4 - 0000700-47.2006.4.02.5052/02 (2006.50.52.000700-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES.) x JUIZ FEDERAL DA VARAFEDERAL DE SÃO MATEUS x BENEDICTO BERNARDO DOS SANTOS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANANERY.).

Processo nº 0000700-47.2006.4.02.5052/02 (2006.50.52.000700-0/02)Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE SÃO MATEUSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. EXECUÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMITAÇÃO DAS PARCELAS VENCIDAS AO TETO DOSJUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À SÚMULA 17 DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. CONTEXTO FÁTICO DIVERSO. SEGURANÇA CONCEDIDA.

01. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nas hipóteses emque ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267, da súmula dajurisprudência do Supremo Tribunal Federal, art. 5º, II, da Lei nº 12.016/09). A orientação restritiva, que limita aadmissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constatada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5º, da Lei nº 10.259/01).02. O valor dado à causa, nos Juizados Especiais Federais, deve equivaler, no máximo, a sessenta salários mínimos, assimcomo disposto no art. 3º da Lei nº 10.259/2001. As prestações que vencerem no decorrer da ação não precisam respeitarqualquer teto. Isto porque não pode ser imputado à parte autora a demora no trâmite da ação.03. A limitação ao patamar de sessenta salários mínimos refere-se apenas às parcelas vencidas, não se aplicando àsparcelas que se vencerem no decorrer da ação. Tal limitação não ofende o enunciado n. 17, da súmula da jurisprudência daTNU, a qual foi editada para que não se interpretasse o ingresso nos Juizados Especiais Federais como renúncia aorecebimento de valores superiores a sessenta salários mínimos (considerando a condenação como um todo).04. Pedido procedente para determinar que a autoridade impetrada realize o pagamento do precatório à parte autora comrespeito à limitação de sessenta salários mínimos na data do ajuizamento da ação. Sem condenação ao pagamento decustas e honorários.

RELATÓRIO

Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo INSS contra ato jurisdicional praticado pelo JUIZ FEDERAL DA VARAFEDERAL DE SÃO MATEUS, que determinou o pagamento de precatório sem a limitação ao patamar de 60 (sessenta)salários mínimos sobre as parcelas vencidas até o ajuizamento da ação, nos autos do processo0000700-47.2006.4.02.5052/02, conforme decisão de fls. 164/168, e contra BENEDICTO BERNARDO DOS SANTOS.Requereu, liminarmente, a suspensão dos efeitos da decisão interlocutória. Ao final, requereu a concessão da segurança,para que seja determinada a revogação da decisão, no sentido de limitar as parcelas vencidas à propositura da demanda a60 (sessenta) salários mínimos. Requer ainda, caso não seja decretada tal limitação, que seja declarada a incompetênciaabsoluta do Juizado Especial Federal para o processamento, julgamento da causa e execução da sentença, extinguindo-seo feito ab initio. Anexou documentos (fls. 17/171).

02. A demanda originária foi ajuizada por BENEDICTO BERNARDO DOS SANTOS em face do INSS, para quehouvesse a condenação da autarquia previdenciária a reconhecer, como tempo especial, o período de 14/08/1978 a28/04/1995 e conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, pagando as parcelas devidas desde a datado requerimento administrativo. O pedido foi julgado procedente, determinando que a entidade autárquica concedesse àparte autora a aposentadoria proporcional por tempo de contribuição, devendo pagar as parcelas vencidas a partir de23/11/2001. Ao recurso da entidade autárquica foi negado provimento. Trânsito em julgado em 20/10/2010. Despacho de fl.158 encaminhando os autos à Contadoria do Juízo para efetuar o cálculo do valor das parcelas atrasadas devidas aoimpetrado. Cálculos juntados aos autos às fls. 159/161.

03. O ato apontado como coator, datado 23/02/2011, determinou que a Secretaria da Vara Federal de São Mateusefetuasse o cadastramento dos dados para envio de precatório em favor da parte autora e de RPV em favor de seupatrono, nos valores máximos informados nos cálculos de fls. 159/161. Pelo que se depreende destes documentos, foramelaborados dois cálculos: um no valor de R$ 231.955,11 (duzentos e trinta e um mil, novecentos e cinquenta e cinco reais eonze centavos - fl. 160) e outro no valor de R$ 97.112,54 (noventa e sete mil, cento e doze reais e cinquenta e quatrocentavos - fl. 161). Neste último, foi observado o teto de 60 (sessenta) salários mínimos por ocasião do ajuizamento daação.

04. O Juízo a quo determinou o cadastramento do precatório no valor máximo, por entender que não houve renúnciaexpressa do impetrado, motivo pelo qual não se pode limitar as parcelas vencidas até a propositura da ação ao patamar de60 (sessenta) salários mínimos.

05. Decisão, de fls. 173/174, suspendeu a eficácia da decisão de fls. 164/168 do processo originário, e nela se

determinou que a autoridade impetrada se abstivesse de prosseguir no pagamento do precatório sem a limitação aopatamar de 60 (sessenta) salários mínimos sobre as parcelas vencidas até o ajuizamento da ação. Foi suspenso opagamento do precatório nº 50.00201.2011.000223 e do RPV nº 50.00201.2011.000224.

06. É o Relatório.

VOTO

07. O Mandado de Segurança tem como pressuposto proteger direito líquido e certo, violado ou em vias de o ser.Entende-se como direito líquido e certo o que resulta de fato certo, ou seja, aquele apto a ser comprovado de plano, pordocumento inequívoco, independente de posterior produção de provas. O direito que depende de dilação probatória estáexcluído da apreciação por esta via judicial.

08. O cerne da presente controvérsia consiste na possibilidade de renúncia tácita nos Juizados Especiais Federaispara fins de recebimento de valores superiores a sessenta salários mínimos.

09. Inicialmente, importante destacar que valor da causa e valor da condenação não se confundem. O valor dado àcausa, nos Juizados Especiais Federais, deve equivaler, no máximo, a sessenta salários mínimos, assim como disposto noart. 3º da Lei nº 10.259/2001. Se mesmo sendo superior a este patamar, o autor optar pelos Juizados Federais, deverárenunciar ao excedente. Tal renúncia não pode ser tácita. Deve ser expressa ou, ainda, interpretada do próprio valor dado àcausa pelo autor.

10. Por outro lado, as prestações que vencerem no decorrer da ação não precisam respeitar qualquer teto. Istoporque não pode ser imputado à parte autora a demora no trâmite da ação, como uma verdadeira punição por teringressado nos Juizados. A única limitação que pode haver em relação às parcelas vencidas após o ajuizamento da açãodecorre da própria opção do autor vencedor da demanda, o qual, para ter mais celeridade no recebimento dos atrasados,resolva optar pelo pagamento através de Requisitório de Pequeno Valor no lugar de pagamento por precatório.

11. Feita essa distinção, chego às seguintes conclusões em relação ao caso concreto: i) o autor, no ajuizamento daação originária, deu à causa o valor de R$ 21.000,00 (vinte e um mil reais), que equivalia a sessenta salários mínimos daépoca; ii) a escolha pelo rito dos Juizados Especiais Federais permite chegar à conclusão de que o autor conhecia o teor doart. 3º da Lei nº 10.259/2001, principalmente porque estava representado por advogado; iii) a limitação ao patamar desessenta salários mínimos refere-se apenas às parcelas vencidas, não se aplicando às parcelas que se venceram nodecorrer da ação; iv) tal limitação não ofende a súmula 17 da TNU, a qual foi editada para que não se interpretasse oingresso nos Juizados Especiais Federais como renúncia ao recebimento de valores superiores a sessenta saláriosmínimos (considerando a condenação como um todo).

12. Dessa forma, concluo que é possível a limitação no patamar de sessenta salários mínimos na data doajuizamento da ação, não sendo possível apenas após o ajuizamento. Em apoio a esse entendimento, transcrevo ementado acórdão prolatado pela Turma Nacional de Uniformização em julgamento do PEDILEF 200951510669087 (Rel. JuizFederal Kyu Soon Lee, D.O.U 17/10/2014, PP. 165/294):PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO FORMULADO PELA PARTE AUTORA. MANDADO DE SEGURANÇA. EXPEDIÇÃO DEPRECATÓRIO. VALOR DA CAUSA X VALOR DA CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DE VALOR PARAFINS DE COMPETÊNCIA. ARTIGO 260, DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO NO VALOR DA CONDENAÇÃODEPOIS DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 17 DA TNU. INCIDENTE PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Prolatadadecisão referendada pela Segunda Turma Recursal do Rio de Janeiro, nos autos de Mandado de Segurança, que julgouextinto o julgamento o processo sem exame do mérito nos termos do artigo 267, inciso I e VI, do CPC. Buscava aImpetrante a reforma da decisão de fl. 171 dos autos nº 0066908-02.2009.4.02.5151 que na fase da execução indeferiu aexpedição de precatório. 2. Incidente de Uniformização de Jurisprudência interposto tempestivamente pela autora, comfundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001. Alegação de que o acórdão recorrido diverge do entendimento da TNU –PEDILEF nº 2002.85.10.000594-0/SC que deu origem à Súmula nº 17 desta Casa, segundo o qual, “na fase executiva ovalor do título executivo não pode ser limitado a qualquer patamar, nem sequer podendo ser limitado ao limite decompetência dos juizados até à época do ajuizamento da ação; tanto é assim que se o título transitado em julgado excederao limite de 60 (sessenta) salários mínimos caberá a expedição de precatório conforme expressamente previsto no art. 17,§4º, da Lei nº 10.259/2001”, e outros julgados da TNU que cita. Apresentou ainda como paradigma o processo2004.70.95.0085120-9 da Turma Recursal do Paraná. 3. Incidente admitido na origem, foram os autos encaminhados àTNU, e distribuídos para esta Relatora. 4. Nos termos do art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/01, o pedido de uniformizaçãonacional de jurisprudência é cabível quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidaspor turmas recursais de diferentes regiões ou em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante da Turma Nacional

de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 5. A autora não trouxe cópia do citado julgado da Turma Recursal doParaná – processo nº 2004.70.95.00851208, tampouco sua transcrição, inviabilizando o cotejo analítico necessário bemcomo a verificação de sua autenticidade, razão pela qual não serve como paradigma, nos termos da Questão de Ordem nº03 da TNU. 6. Com relação à Súmula nº 17 deste Colegiado e os PEDILEF’s transcritos vislumbra-se dissídiojurisprudencial que autoriza o conhecimento. Segundo os paradigmas, o ajuizamento da ação perante o Juizado, por si só,não acarreta renúncia tácita aos valores da condenação que ultrapassam os 60 (sessenta) salários mínimos, ou seja,valores esses que podem superar esse limite. Já a decisão da Turma recorrida considera que não existe tautologia nadecisão que limitou o valor da condenação a 60 (sessenta) salários mínimos. 7. É indubitável que valor da causa e valor dacondenação não se confunde. Mesmo que ainda persistam entendimentos contrários no gigante Juizado Especial Federaldo país, a Jurisprudência pacificada do STJ e a da TNU é a de que o valor da causa para fins de competência, deve serentendida nos termos do artigo 260, do Código de Processo Civil, não podendo a soma das 12 (doze) parcelas vincendas eos atrasados até a data do ajuizamento da ação ultrapassar 60 salários mínimos. Embora não se possa renunciar àsparcelas vincendas, perfeitamente possível a limitação e renúncia aos atrasados para a eleição do rito dos JuizadosEspeciais. 8. Após a demanda, os valores atrasados, ou seja, os valores da condenação, não se sujeitam à limitação dos60 (sessenta) salários mínimos, daí a redação cristalina do artigo 17, §4º da Lei nº 10.259/01. Foi nesse sentido aaprovação da Súmula nº 17 da TNU: para que não se interprete o ingresso nos Juizados Especiais Federais, como renúnciaà execução de valores da condenação superiores a tal limite – repita-se, pois diferente de valor da causa. Igualmenteimportante consignar que, por outro lado, “O que se consolidou não foi a possibilidade do autor da demanda não renunciarao excedente e, ao fim arguir, maliciosamente, a ausência de sua renúncia para tudo receber, sem qualquer desconto, atémesmo porque estamos tratando de questão de competência absoluta” (PEDILEF nº 008744-95.2005.4.03.6302, Rel. JuizFederal LUIZ CLAUDIO FLORES DA CUNHA, DOU 28/06/2013). Ou seja, pode ocorrer sim limite, mas na data doajuizamento da ação, conforme explicitado no item 7, mas não após esta data. 9. Importante deixar claro também que nãose trata nestes autos de dissídio afeto à competência, matéria processual, e sim, o direito material disciplinado no artigo 17,§4º, da Lei nº 10.259/01. Como já decidido por este Colegiado, “Embora os critérios de determinação de competência sejamde índole processual, o que inviabiliza sua apreciação por esta Turma Nacional, restrita que está à análise de questões aenvolver direito material (Lei nº 10.259/2001, art. 14), tais digressões se faziam necessárias para demonstrar que, nosJuizados Especiais Federais, critério para definição de competência nada dizem com valor de condenação” (PEDILEF nº2008.70.95.00.1254-4, Rel. Juiz Federal CLÁUDIO CANATA, DJ 23/03/2010), grifo no original. 10. No caso em apreço, asentença corretamente, diga-se de passagem, limitou o valor da execução na data do ajuizamento da ação, a 60 saláriosmínimos, nada dispondo a respeito dos atrasados a partir desta data. Confira-se: “O montante apurado deve ser atualizadomonetariamente e acrescido de juros de mora de 0,5% a.m. a contar da citação (STF, RE 453.740), observando-se o limitede 60 salários mínimos vigente na data do ajuizamento da ação, à exceção de acréscimos posteriores referentes a correçãomonetária e juros de mora conforme o Enunciado nº 48 das Turmas Recursais da Seção do Rio de Janeiro”, grifei. Dessaparte da sentença ninguém recorreu. 11. Na fase da execução, o Juízo monocrático facultou à parte autora a eleição dorequisitório (60 salários mínimos) ou precatório. Com a manifestação da autora no sentido de que “não renuncia”, veio aproferir a decisão hostilizada para que se expeça requisitório, ignorando que antes fora o próprio Juízo a perquirir a vontadeda Autora. 12. Merece ser anulado o acórdão hostilizado que, ao abraçar a tese de limitação do valor de condenação após adata do ajuizamento da ação contra a vontade da Parte Autora, como se renúncia tácita houvesse, não a imputando deteratologia, acabou por contrariar o entendimento sumulado desta Casa. 13. Por fim, não prospera a exigência decomprovação documental de que na data do ajuizamento da ação houve observância do limite de 60 (sessenta) saláriosmínimos, nos termos do artigo 260, do CPC. Primeiro, porque a Autora juntou documentação pertinente, e não há prova nosautos de que a planilha de cálculos juntada contém erros. Segundo, não se fazia necessária, pois como exposto, asentença já limitou a esse limite os atrasados na data do ajuizamento da ação. 14. Pedido de Uniformização deJurisprudência conhecido e parcialmente provido para (i) reafirmar a tese de que valor da causa (questão de competência),que pode ser limitada a 60 (sessenta) salários mínimos, nos termos do artigo 260, do CPC, não se confunde com valor dacondenação, que a partir da data do ajuizamento da ação, pode superar esse limite; (ii) reafirmar a tese de que o ingressoao Juizado Especial não acarreta renúncia aos valores da condenação que ultrapassam os 60 (sessenta) salários mínimos(Súmula nº 17 da TNU); (iii) anular a decisão referendada da Turma de Origem, nos termos da Questão de Ordem nº 20,determinando a realização de novo julgamento à luz do entendimento desta Turma Nacional. 15. Julgamento nos termos doartigo 7º, inciso VII, alínea “a”, do RITNU, servindo como representativo de controvérsia.

13. Ante o exposto, confirmo os efeitos da liminar deferida e julgo procedente o pedido, nos termos do art. 269, I doCódigo de Processo Civil, para conceder a segurança e determinar que o Juízo a quo faça o pagamento do precatório comrespeito à limitação de sessenta salários mínimos na data do ajuizamento da ação.

14. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25 da Lei nº 12.016/09. Deixode condenar a UNIÃO ao pagamento de custas, em razão do disposto pelo art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Dê-se ciência aoMinistério Público Federal.

15. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa earquivem-se os autos.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

5 - 0001032-35.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001032-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MATHEUS DOS SANTOSREIS GOMES E OUTRO (ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº 0001032-35.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001032-4/01)Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: MATHEUS DOS SANTOS REIS GOMESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIADE VÍCIOS. EMBARGOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 114/126, contra acórdão proferido às fls. 107/110, que deuprovimento ao recurso dos autores, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, que,conforme se verifica pelos documentos constantes dos autos, o último salário-de-contribuição do segurado recluso estavaacima do limite legal fixado para a restrição constitucional do auxílio-reclusão para segurados de baixa renda. Argumentaque a decisão colegiada é contraditória à interpretação do art. 201, IV, da Constituição de República de 1988, e ao art. 13,da Emenda Constitucional nº 20/1998.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Não verifico a presença de omissão ou contradição apta a infirmar a decisão colegiada. O acórdão impugnadoponderou o entendimento anterior da Turma Nacional de Uniformização, fazendo clara referência à alteração deentendimento da Turma, que passou a se coadunar com o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça. Ademais, acontradição que enseja a oposição de embargos de declaração é aquela interna, ou seja, a divergência entre afundamentação da decisão e o seu dispositivo, com conclusão diversa da argumentação. In casu, o embargante pretendeapontar que há contradição entre a decisão da Turma Recursal e a interpretação dada por outros Tribunais em relação aoassunto, o que foge à possibilidade do recurso apresentado, representando mera rediscussão da causa.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

6 - 0000319-11.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.000319-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES008373 - LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x ELZAPEREIRA CALMON (ADVOGADO: ES011137 - PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA, ES010851 - RENATA GOES FURTADO.).Processo nº 0000319-11.2007.4.02.5050/01 - 2º Juizado Especial - ESImpetrante: CAIXA ECONÔMICA FEDERALImpetrado: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E ELZA PEREIRA CALMONRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. FGTS. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. RECOLHIMENTO DE CUSTAS RECURSAIS.ISENÇÃO. MEDIDA PROVISÓRIA. DIREITO TRIBUTÁRIO. MATÉRIA ANALISADA NA ADIN 2.736-1 RESTRINGE-SE AOART. 29-C DA LEI Nº 8.036/90. SEGURANÇA CONCEDIDA. LIMINAR CONFIRMADA.

Cuida-se de Mandado de Segurança, impetrado pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, contra ato do JUIZ FEDERAL DO 2ºJUIZADO ESPECIAL FEDERAL. Alega a impetrante que a decisão do Juízo a quo afrontou gravemente a legislaçãoprocessual, eis que não recebeu recurso inominado por falta de preparo, em processo no qual se discute taxa progressiva

de juros do FGTS. Sustenta que há norma legal dispensando a CEF do recolhimento de custas judiciais em processosadministrativos e judiciais em que for parte o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, seja no polo ativo oupassivo (art. 24-A, parágrafo único da Lei nº 9.028/95). Requer a concessão de liminar, com a suspensão da decisãoguerreada, até o advento de decisão definitiva neste writ. Ao final, pleiteia a procedência do pedido para que sejadeterminada a nulidade da decisão sob ataque, com o recebimento do recurso inominado interposto.

Decisão, de fls. 164/165, deferiu liminar para que fossem suspensos os efeitos da decisão atacada até o julgamentodefinitivo do mandado de segurança.

Informações prestadas às fls. 170/171.

A União, à fl. 174, informou que não tem interesse em integrar o feito.

A parte autora da demanda originária foi citada (fls. 176/177), porém não apresentou contestação.

O Ministério Público Federal, à fl. 179, afirmou que inexistia interesse que justificasse sua intervenção e opinou peloprosseguimento do feito.

É o relatório. Passo a votar.

Consultando o Sistema Processual Apolo, verifico que os autos originários já foram julgados por esta Turma Recursal em12/12/2014 (fl. 203 do processo originário), com trânsito em julgado em 22/01/2015.

A autora da ação originária pretende a recomposição de sua conta vinculada do FGTS, com a aplicação da taxa progressivade juros, aduzindo que não teve a regra da progressividade respeitada em seu favor. Foi prolatada sentença (fls. 157/158),julgando procedente o pedido autoral e determinando que a ré creditasse na conta vinculada de FGTS da parte autora, adiferença apurada pelo contador do Juízo, com acréscimo de juros e correção monetária, de acordo com as regras doFGTS, até a data do efetivo pagamento. Os autos foram disponibilizados para a ré, em 26/08/2011, para ciência dasentença. Houve interposição de recurso inominado em 05/09/2011, portanto, tempestivo. Não houve recolhimento dopreparo recursal. Em decisão de fl. 162, o Juízo a quo entendeu estar o recurso deserto, uma vez que não foi preparado.Assim, não conheceu do recurso.

O Magistrado fundamentou sua decisão na inconstitucionalidade do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, inserida pela MP 2.180/35,de 27/08/2001, declarando tal inconstitucionalidade incidentalmente. Sustentou que, após a edição da EmendaConstitucional nº 32/2001, em 11/09/2001, matérias processuais não podem ser alvo de medida provisória e que o art. 2º damencionada Emenda manteve em vigor as medidas provisórias anteriores, mas não representou uma “sanatória geral”.Ademais, fez uma breve comparação com a ADIn 2.736, que teve como relator o Ministro César Peluso, julgada em08/09/2010, em que foi considerada inconstitucional a medida provisória que, alterando lei, suprimiu condenação emhonorários, por sucumbência, nas ações entre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e titulares de contas vinculadas.

Por fim, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, por força da vinculação aoentendimento do STF proferido na ADIn 2.736, no sentido de que matéria processual não pode ser alvo de medidaprovisória, mesmo que editada anteriormente à EC nº 32/2001.

O direito invocado pela impetrante para o cabimento do ajuizamento da presente ação mandamental refere-se ao direito aocontraditório e à ampla defesa, incluindo a interposição de recurso inominado, para que o mérito da causa possa serconhecido pelo Colegiado. Em juízo de admissibilidade, o Magistrado a quo entendeu não receber o recurso interposto porausência de preparo.

A CEF, por sua vez, invocando literal disposição de lei, não recolhe o preparo recursal, nos termos do art. 24-A da Lei nº9.028/95 (com redação dada pela MP 2.180-35/01), que isentou a CEF, nas ações em que represente o FGTS, dopagamento de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias.

Entendo que a empresa pública, ao não recolher o preparo, está amparada pelo teor do art. 24-A da Lei nº 9.028/95 (comredação dada pela MP 2.180-35/01), que continua vigente no mundo jurídico. A discussão promovida nos autos doprocesso originário, com a invocação da ADIn nº 2.736-1 como paradigma, ultrapassa em abrangência o entendimentofirmado pelo STF, o qual firmou entendimento de que a introdução do art. 29-C na Lei nº 8.036/90, através de medidaprovisória, foi inconstitucional. Primeiro, pela inexistência de relevância e urgência. Segundo, por ser matéria típica dedireito processual e a competência restringir-se exclusivamente ao Poder Legislativo. Entretanto, a matéria discutida tratavaapenas dos honorários sucumbenciais.

Ressalte-se que, desde 12/09/2001, com a edição da Emenda Constitucional nº 32, a regulação de matéria atinente adireito processual civil não pode ser regulada por medida provisória. Porém, o art. 24-A da Lei nº 9.028/95 (com redaçãodada pela MP 2.180-35/01) trata de isenção de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, e subsume-se ao campodo Direito Tributário e não ao campo do Direito Processual, na medida em que o referido artigo abriga típica norma

excludente do crédito tributário, isentando as pessoas referidas em seu caput e parágrafo único do pagamento da espécietributária.

Do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, e ratifico a liminar anteriormente deferida, a qual obteve todos os seus efeitos,tendo em vista o julgamento do processo originário e o seu trânsito em julgado.Sem condenação em honorários.Certificado o trânsito em julgado, comunique-se a autoridade coatora. Após, dê-se baixa nos autos.É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

7 - 0006592-98.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.006592-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSEMARY ALMEIDAPEREIRA (ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).Processo nº 0006592-98.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.006592-6/02)Juízo de Origem: 1ª VF SerraRecorrente: ROSEMARY ALMEIDA PEREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO DECADENCIAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. EMBARGOS DA PARTE AUTORA CONHECIDOS EPARCIALMENTE PROVIDOS. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.ROSEMARY ALMEIDA PEREIRA interpõe recurso de embargos de declaração contra acórdão que negou provimento aoseu recurso inominado e manteve a extinção do feito, sem resolução do mérito, por ausência de interesse de agir. A parteautora, na inicial, elaborou pedido de revisão de sua pensão por morte (precedida de aposentadoria por invalidez e deanterior auxílio-doença), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.02. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que permanece o seu interesse em ver a causa julgada, tendoem vista que não quer aderir ao acordo proposto pelo INSS no bojo da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183que tramitou na 2ª Vara Federal Previdenciária da Seção Judiciária de São Paulo, na qual restou estabelecido que o valordas parcelas vencidas relativas à revisão a ser efetuada será pago até abril de 2022.03. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração.04. Inicialmente, verifico que o INSS tomou conhecimento da causa apenas com a intimação para apresentarcontrarrazões aos presentes embargos, visto que a sentença de extinção sem resolução de mérito foi baseada no art. 297 Ic/c o art. 295, III do Código de Processo Civil e o recurso inominado subiu para a Turma Recursal com fundamento no art.296 do mesmo diploma normativo. Constato que a autarquia defendeu seu interesse no momento em que foi chamada aJuízo, motivo pelo qual considerado a citação realizada neste momento.05. Na oportunidade para manifestação, o INSS sustentou que já realizou a revisão no benefício da parte autoradesde a competência “janeiro de 2013”, com pagamento de mensalidade revista a partir de fevereiro de 2013. Requer,assim, a extinção do processo por falta de interesse de agir quanto a tal pedido. Em consulta ao Sistema InformatizadoPlenus, verifico que o benefício realmente já foi revisto pela autarquia previdenciária.06. Passo à analise do mérito.07. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefíciosde incapacidade e pensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenhamsido computados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos paraque fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista odisposto pelo art. 75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n.8.213/91, de acordo com as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados nãoimplicou a revisão imediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisãodesencadeado por qualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de15/04/2010), tendo sido somente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nosautos da ação civil pública n. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dosbenefícios e pagamento das parcelas vencidas.08. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parteautora em ajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual,a ser satisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. A

propósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.09. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional doexercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei no. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vezque o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo,importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente apartir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a AdministraçãoPública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel.Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção,Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).10. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento deque, até cinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, épossível requerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeirosa contar da data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno LeonardoCâmara Carrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).11. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se ao benefício de pensão por morte, precedido deaposentadoria por invalidez e auxílio-doença, concedido em 22/02/2003 (NB 128.304.332-4 – fl. 22). A presente demandafoi ajuizada em 16/12/2010 (fl. 26), antes do decurso do prazo prescricional de 05 (anos) contados da publicação do referidoMemorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisãoretroagem à data de concessão do benefício.12. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.13. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).14. Embargos conhecidos e parcialmente providos a fim de julgar parcialmente procedente o pedido autoral,extinguindo o processo sem resolução do mérito nos termos do art. 267, inciso VI do Código de Processo Civil no tocanteao pedido de revisão e condenar o INSS ao pagamento das diferenças devidas, desde a concessão do benefício, emdecorrência da revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário nº 128.304.332-4 (benefício de pensão por mortedecorrente de aposentadoria por invalidez), já realizada administrativamente, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91,com a redação dada pela Lei n. 9.876/99. As parcelas vencidas serão atualizadas monetariamente de acordo com asdiretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal e acrescidas de juros moratórios nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários

advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.16. É como voto.

FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator DesignadoAssinado eletronicamente

8 - 0112012-53.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.112012-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REINALDO ANTONIODELLEPRANI (ADVOGADO: ES013286 - JULIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ES011598 - MARIANAPIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0112012-53.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: REINALDO ANTONIO DELLEPRANIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) não há previsão legal para o ato de “desaposentação”, tampouco hánorma legal que vede a sua concessão; ii) a Administração Pública é regida pelo princípio da legalidade estrita; iii) deveprevalecer a aplicação do princípio in dubio pro misero, que se traduz também na interpretação do próprio DireitoPrevidenciário, conformando-se com a teleologia do instituto dos benefícios; iv) não há que se falar em ofensa ao princípiodo equilíbrio atuarial do sistema, tendo em vista que as cotizações posteriores à aquisição do benefício são atuarialmenteimprevistas, não sendo levadas em consideração para a fixação dos requisitos de elegibilidade do benefício; v) o benefícioprevidenciário é um direito patrimonial disponível do segurado e não há óbice à reutilização do seu tempo de serviço, umavez que o referido tempo resta caracterizado como direito adquirido do segurado em face do INSS; vi) a ideia de perenidadedo benefício visa somente proteger o segurado contra eventuais exclusões e a “desaposentação” não trará prejuízo aosegurado; vii) para que segurado possa reaproveitar o tempo de serviço prestado, basta que seja observado o princípio dotempus regit actum, bem como a constatação do recolhimento das contribuições devidas; viii) a 1ª Seção do STJ, julgandorecurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo 543-C do CPC), fixou o entendimento no sentidode que há direito à desaposentação e nova aposentação independentemente da restituição dos valores antes recebidos atítulo de aposentadoria (REsp nº 1.334.488/SC, DJE de 14/05/2013).3. O INSS não apresentou contrarrazões (fl. 128).4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentos

constitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 48).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

9 - 0006961-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006961-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO AUGUSTODALLAPICCOLA SAMPAIO (ADVOGADO: ES004367 - JOÃO BATISTA DALLAPÍCCOLA SAMPAIO, ES009624 -JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.).Processo nº 0006961-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006961-9/01)Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRecorrente: ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIORecorrido: UNIAO FEDERALRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

ANTONIO AUGUSTO DALLAPICCOLA SAMPAIO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 131/134, contraacórdão proferido às fls. 128/129 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que houve violação aoprincípio da razoabilidade no caso discutido nos autos, visto que o período de 02 (dois) meses é excessivo para aexpedição de certidão. Alega que o art. 205, parágrafo único, do Código Tributário Nacional prevê o prazo de 10 (dez) dias

para a expedição de certidão. Afirma que, em virtude da demora causada pela Administração, não pode transferir o bempara seu nome e, consequentemente, não pode realizar contrato de aluguel do bem. Argumenta, ainda, que o acesso àJustiça foi ferido, bem como o duplo grau de jurisdição e a assistência judiciária gratuita. Por fim, impugna a suacondenação ao pagamento de honorários advocatícios.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que o Colegiado Recursal considerou que o ato administrativoomissivo enseja responsabilidade subjetiva, de modo que deveria ter restado comprovado o dolo ou a culpa daAdministração, o que não ocorreu. Considerando a fundamentação do acórdão recorrido não há que se discutir a ofensa aoprincípio da razoabilidade na conduta administrativa, visto que o motivo do indeferimento foi a ausência de elementosubjetivo para configuração da responsabilidade.

04. Não há ainda qualquer ofensa ao duplo grau de jurisdição ou ao acesso à justiça, visto que o recorrente interpôso recurso inominado e este foi apreciado pela Turma Recursal. A imposição de honorários advocatícios decorre de previsãolegal inserta no art. 55 da Lei nº 9.099/95 e o recorrente, ao interpor o recurso, era sabedor da possibilidade desucumbência. Registro, por fim, que o embargante, em nenhum momento,firmou declaração de pobreza ou requereu agratuidade de justiça, tendo, inclusive, recolhido as custas para interposição de recurso, motivo pelo qual a condenação emhonorários sucumbenciais não lhe pode causar surpresa.

05. A interposição de recurso de Embargos de Declaração não se presta a novo julgamento da causa motivado pelairresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não écabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

10 - 0111848-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.111848-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDIR DE SOUZA(ADVOGADO: ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0111848-88.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: VALDIR DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORA

CONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) não há previsão legal para o ato de “desaposentação”, tampouco hánorma legal que vede a sua concessão; ii) não há falar em ato jurídico perfeito e na impossibilidade de sua alteraçãounilateral, pois ainda que se tenha produzido tal ato, a lei não prejudicará o direito adquirido, o qual deve preponderar emsituações de conflito; iii) o benefício previdenciário é um direito patrimonial disponível do segurado e não há óbice àreutilização do seu tempo de serviço, uma vez que o referido tempo resta caracterizado como direito adquirido do seguradoem face do INSS. Requer o provimento do recurso com o reconhecimento do tempo de contribuição compreendido entre20/02/2008 à 30/09/2014, bem como a concessão do novo benefício, sem a devolução dos proventos percebidos através daatual aposentadoria. Subsidiariamente, pugna seja intimado para se manifestar acerca da devolução dos valores a partir dedesconto dos proventos percebidos do novo benefício.3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 134/159.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 85).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

11 - 0004806-19.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004806-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO MIZAEL(ADVOGADO: ES009378 - ROGERIO SIMOES ALVES, ES009510 - HELTON T RAMOS.) x UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.).Processo nº 0004806-19.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004806-0/01)Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRecorrente: ANTONIO MIZAELRecorrido: UNIAO FEDERALRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO RECONHECIDA. ILEGITIMIDADE DA UNIÃO PARA FIGURAR NO POLOPASSIVO DA DEMANDA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO POR ILEGITIMIDADE DEPARTE. EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.

A UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, à fl. 66, contra acórdão proferido às fls. 60/62 ao argumento deexistência de omissão. Para tanto, sustenta que não foi analisada a argüição de sua ilegitimidade passiva, a qual já vinhaalegando desde as contrarrazões. Sustenta que o autor é vinculado à FUNASA, conforme se constata no comprovante derendimentos juntado aos autos à fl. 08. Requer o conhecimento e provimento do recurso, de forma a reconhecer suailegitimidade passiva com a consequente extinção do feito sem resolução do mérito na forma do art. 267, VI do Código deProcesso Civil.

02. Em despacho de fl. 70, a FUNASA foi intimada para se manifestar a respeito da demanda entre o autor e aUNIÃO e se haveria possibilidade de ingresso no polo passivo neste momento processual. Em resposta, sustentou que aUnião alegou sua ilegitimidade passiva desde a peça contestatória, sendo inviável, neste momento, a possibilidade dealteração do polo passivo.

03. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

04. Conforme alegado pela UNIÃO na contestação de fls. 16/36, a FUNASA é fundação pública dotada depersonalidade jurídica de direito público, com patrimônio e receitas próprias, dispondo de autonomia financeira eadministrativa para executar atividades que lhes são atribuídas, motivo pelo qual possui independência em relação àUNIÃO. Nesse caso, as ações ajuizadas pelos seus servidores devem ser interpostas contra a Fundação e não contra oente federativo que a criou. A análise da ficha financeira de fl. 08 permite concluir que a parte autora possui vínculo com aFundação Nacional de Saúde, motivo pelo qual deveria ter ajuizado ação em face desta e não em face da UNIÃO. Mesmoconsiderando os critérios que regem os Juizados, torna-se inviável, a esta altura, alterar o polo passivo da demanda sem aconcordância da Fundação, como pode se verificar em análise à manifestação de fl. 73.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para reconhecer ailegitimidade passiva da UNIÃO e extinguir o processo sem resolução do mérito nos termos do art. 267, inciso VI do Códigode Processo Civil. Deixo de condenar a parta autora ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido à fl. 13 (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

12 - 0109346-79.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109346-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORDANO DE ALMEIDANETTO (ADVOGADO: ES020729 - TARCIA ALCINA MAZARIM FERNANDES, ES009281 - MARCELO MAZARIMFERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).RECURSO Nº 0109346-79.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: JORDANO DE ALMEIDA NETTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91 não veda expressamente a“desaposentação”; ii) não há previsão legal para o ato de “desaposentação”, tampouco há norma legal que vede a suaconcessão; iii) o benefício previdenciário é um direito patrimonial disponível do segurado e não há óbice à reutilização doseu tempo de serviço, uma vez que o referido tempo resta caracterizado como direito adquirido do segurado em face doINSS; iv) a 1ª Seção do STJ, julgando recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos (artigo 543-C doCPC), fixou o entendimento no sentido de que há direito à desaposentação e nova aposentação independentemente darestituição dos valores antes recebidos a título de aposentadoria (REsp nº 1.334.488/SC, DJE de 14/05/2013).3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 63/80.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade de

cobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 37).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

13 - 0000781-80.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000781-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ANTONIO DEPIZZOL(ADVOGADO: ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0000781-80.2012.4.02.5053/01RECORRENTE: JOSE ANTONIO DEPIZZOLRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias; restando prejudicado opedido subsidiário formulado (reconhecimento de período posterior à aposentação como sendo exercido sob condiçõesespeciais).2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91 não veda expressamente a“desaposentação”; ii) não há previsão legal para o ato de “desaposentação”, tampouco há norma legal que vede a suaconcessão; iii) a Administração Pública é regida pelo princípio da legalidade estrita; iv) deve prevalecer a aplicação doprincípio in dubio pro misero, que se traduz também na interpretação do próprio Direito Previdenciário, conformando-se coma teleologia do instituto dos benefícios; v) o benefício previdenciário é um direito patrimonial disponível do segurado e nãohá óbice à reutilização do seu tempo de serviço, uma vez que o referido tempo resta caracterizado como direito adquirido dosegurado em face do INSS; vi) não cabe devolução de quaisquer valores já recebidos a título de aposentadoria anterior,

por se tratar de verba de caráter alimentar e porque não houve irregularidade em sua concessão; vii) deve ser consideradoespecial o período laborado entre 26/01/2007 a 08/06/2009, a dizer, após a aposentação, na medida em que prestado àempresa Cia. Vale do Rio Doce em atividades submetidas ao agente nocivo ruído de intensidade de 91,84 dBaté17/01/2008 e 86,77 dB até 08/06/2009, ou seja, acima do limite estabelecido pela legislação previdenciária, sempre deforma habitual e permanente não ocasional, nem intermitente, consoante descrito nos formulários de Perfil ProfissiográficoPrevidenciário - PPP acostados à inicial. Assim, faz mister o enquadramento de tal período como especial com base noCódigo 1.1.6 do Decreto 53.831/64 alterado pelo Decreto 3.048/99 e 4.882/2003.3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 103/116.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a

definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Resta prejudicado o pedido de reconhecimento de período posterior à aposentação como sendo laborado sobcondições especiais.12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 49).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

14 - 0001957-08.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001957-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IVAN SALGADO SIMOES(ADVOGADO: ES012060 - SIDINÉIA DE FREITAS DIAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).Processo nº 0001957-08.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001957-1/01)Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRecorrente: IVAN SALGADO SIMOESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO RECONHECIDA. ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ NOS MOLDESDA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. DECISÃO COLEGIADADESTA TURMA RECURSAL INALTERADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 273/286,contra acórdão proferido às fls. 269/270 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o art. 58, § 2º daLei nº 8.213/91, fiel ao cumprimento dos arts. 195, § 5º e 201, § 1º da Constituição da República de 1988, determina quesomente pode ser considerado como tempo especial, para fins de concessão de aposentadoria especial, o tempo detrabalho sob agente nocivo ruído sem a utilização de equipamentos de proteção individual eficazes para o afastamento detais condições agressivas. Argumenta que é imperioso que a Turma Recursal considere as implicações constitucionaisreferentes ao tema da utilização de EPI eficaz.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O INSS alega que há referência ao uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI no PPP juntado aos autos,o que afastaria a influência dos agentes nocivos à saúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo dotempo de serviço prestado em tais condições não sofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento deProteção Individual, ainda que usado continuamente, não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente àprestação de serviço em condições de insalubridade (cf. enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do TribunalSuperior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de que a utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitosnegativos decorrentes do trabalho realizado com exposição a agentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS,Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRg no ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p.279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta para afastar o prejuízo à saúde, pois os danosdecorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este o entendimento consolidado no enunciado n.9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso deexposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”).

04. Destaco que, em 04/12/2014, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o ARE (Agravo em Recurso Extraordinário)nº 664.335, com repercussão geral reconhecida, fixou duas teses, quais sejam: i) o direito à aposentadoria especialpressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde, de modo que se o Equipamento de ProteçãoIndividual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à concessão constitucional deaposentadoria especial; ii) na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, adeclaração do empregado no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamentode Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria. Com isso, verifico que ocaso concreto está abrangido pela segunda tese firmada pelo Supremo, tendo em vista que o trabalhador estava exposto,de modo habitual e permanente, a ruídos que chegavam a 90 decibéis.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento apenas para reconhecer a

omissão apontada e complementar a decisão colegiada com os fundamentos acima declinados. O resultado do julgado,entretanto, permanece inalterado.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

15 - 0006472-16.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006472-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOEL PINTO DAS CHAGAS(ADVOGADO: ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0006472-16.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: JOEL PINTO DAS CHAGASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora pugna pelo recebimento do presente recurso no duplo efeito, em razão doreconhecimento de repercussão geral no RE n. 661.256. No mérito sustenta: i) o benefício previdenciário é um direitopatrimonial disponível do segurado e não há óbice à reutilização do seu tempo de serviço, uma vez que o referido temporesta caracterizado como direito adquirido do segurado em face do INSS; ii) resta consolidado no âmbito do SuperiorTribunal de Justiça – STJ e da maioria dos tribunais regionais federais o entendimento pela possibilidade dadesaposentação, sem qualquer devolução de valores recebidos pelo segurado;3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 231/256..4. Inicialmente, assinalo que o reconhecimento de repercussão geral, no RE 661.256, não tem o condão de impedir ojulgamento de recurso inominado que verse sobre a mesma questão afeta ao julgamento do Supremo Tribunal Federal. Oartigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil, que determina o sobrestamento dos recursos extraordinários cuja matériaseja objeto de repercussão geral, razão por que os demais recursos seguem o seu processamento, conforme previsãolegal.5. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.6. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).7. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.8. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.

Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.9. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.10. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”11. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 185).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

16 - 0007002-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007002-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x NILSON RIBEIRO DA SILVA(ADVOGADO: ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES015723 - GERALDO BENICIO.).Processo nº 0007002-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007002-1/01)Juízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: NILSON RIBEIRO DA SILVARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 83/86, contraacórdão proferido às fls. 79/80 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o art. 58, § 2º da Lei nº8.213/91, fiel ao cumprimento dos arts. 195, § 5º e 201, § 1º da Constituição da República de 1988, determina que somente

pode ser considerado como tempo especial, para fins de concessão de aposentadoria especial, o tempo de trabalho sobagente nocivo ruído sem a utilização de equipamentos de proteção individual eficazes para o afastamento de tais condiçõesagressivas. Argumenta que é imperioso que a Turma Recursal considere as implicações constitucionais referentes ao temada utilização de EPI eficaz.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O INSS alega que há referência ao uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI no PPP juntado aos autos,o que afastaria a influência dos agentes nocivos à saúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo dotempo de serviço prestado em tais condições não sofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento deProteção Individual, ainda que usado continuamente, não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente àprestação de serviço em condições de insalubridade (cf. enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do TribunalSuperior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de que a utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitosnegativos decorrentes do trabalho realizado com exposição a agentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS,Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRg no ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p.279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta para afastar o prejuízo à saúde, pois os danosdecorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este o entendimento consolidado no enunciado n.9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso deexposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”).

04. Destaco que, em 04/12/2014, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o ARE (Agravo em Recurso Extraordinário)nº 664.335, com repercussão geral reconhecida, fixou duas teses, quais sejam: i) o direito à aposentadoria especialpressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde, de modo que se o Equipamento de ProteçãoIndividual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à concessão constitucional deaposentadoria especial; ii) na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, adeclaração do empregado no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamentode Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria. Com isso, verifico que ocaso concreto está abrangido pela segunda tese firmada pelo Supremo, tendo em vista que o trabalhador estava exposto,de modo habitual e permanente, a ruídos que chegavam a 90 decibéis.

05. Por fim, verifico que a tese debatida pelo embargante foi sucintamente discutida no julgado do Colegiado, nãosendo o caso de ser reconhecida a omissão apontada na peça recursal.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

17 - 0001806-06.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001806-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x LINDOLFO NETO RODRIGUES(ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO, ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES019803 - LARISSACRISTIANI BENÍCIO.).Processo nº 0001806-06.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001806-8/01)Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: LINDOLFO NETO RODRIGUESRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 147/150,contra acórdão proferido às fls. 142/144 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o art. 58, § 2º daLei nº 8.213/91, fiel ao cumprimento dos arts. 195, § 5º e 201, § 1º da Constituição da República de 1988, determina quesomente pode ser considerado como tempo especial, para fins de concessão de aposentadoria especial, o tempo detrabalho sob agente nocivo ruído sem a utilização de equipamentos de proteção individual eficazes para o afastamento detais condições agressivas. Argumenta que é imperioso que a Turma Recursal considere as implicações constitucionaisreferentes ao tema da utilização de EPI eficaz.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O INSS alega que há referência ao uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI no PPP juntado aos autos,o que afastaria a inflûencia dos agentes nocivos à saúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo dotempo de serviço prestado em tais condições não sofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento deProteção Individual, ainda que usado continuamente, não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente àprestação de serviço em condições de insalubridade (cf. enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do TribunalSuperior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de que a utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitosnegativos decorrentes do trabalho realizado com exposição a agentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS,Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRg no ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p.279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta para afastar o prejuízo à saúde, pois os danosdecorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este o entendimento consolidado no enunciado n.9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso deexposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”).

04. Destaco que, em 04/12/2014, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o ARE (Agravo em Recurso Extraordinário)nº 664.335, com repercussão geral reconhecida, fixou duas teses, quais sejam: i) o direito à aposentadoria especialpressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde, de modo que se o Equipamento de ProteçãoIndividual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à concessão constitucional deaposentadoria especial; ii) na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, adeclaração do empregado no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamentode Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria. Com isso, verifico que ocaso concreto está abrangido pela segunda tese firmada pelo Supremo, tendo em vista que o trabalhador estava exposto,de modo habitual e permanente, a ruídos que chegavam a 90 decibéis.

05. Por fim, verifico que a tese debatida pelo embargante foi sucintamente discutida no julgado do Colegiado, nãosendo o caso de ser reconhecida a omissão apontada na peça recursal.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

18 - 0106707-66.2013.4.02.5004/01 (2013.50.04.106707-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL FELIX DEANDRADE FILHO (ADVOGADO: ES019587 - MADEGNO DE RIZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0106707-66.2013.4.02.5004/01RECORRENTE: MANOEL FELIX DE ANDRADE FILHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias, bem como o pedido dereconhecimento de período posterior à aposentação como sendo laborado em condições especiais2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) é pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que osvalores recebidos mensalmente a título de aposentadoria possuem natureza alimentar, ficando, portanto, protegidos peloprincípio da irrepetibilidade ou da não devolução dos alimentos. Tal posicionamento vem sendo adotado pelos tribunaispátrios, entre eles o Superior Tribunal de Justiça – STJ; ii) o benefício previdenciário é um direito patrimonial disponível dosegurado e não há óbice à reutilização do seu tempo de serviço, uma vez que o referido tempo resta caracterizado comodireito adquirido do segurado em face do INSS; iii) a ideia de perenidade do benefício visa somente proteger o seguradocontra eventuais exclusões e a “desaposentação” não trará prejuízo ao segurado; iv) não há que se falar em ofensa aoprincípio do equilíbrio atuarial do sistema, tendo em vista que as cotizações posteriores à aquisição do benefício sãoatuarialmente imprevistas, não sendo levadas em consideração para a fixação dos requisitos de elegibilidade do benefício;

v) a ideia de opção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo, é ideal para o segurado que não continua o labor,mas não se coaduna com o caso em tela, no qual o segurado continuou o trabalho, vertendo novas contribuições aosistema, somando mais tempo de serviço, além de não se adequar com os princípios constitucionais e previdenciários darazoabilidade, da proporcionalidade, da justiça social e da dignidade da pessoa humana; vi) a renúncia à aposentadoria nãotraz prejuízo para a autarquia previdenciária;3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 102/115.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seu

interesse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Resta prejudicado o pedido subsidiário de reconhecimento de período posterior à aposentação como sendo laboradoem condições especiais.12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 34).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

19 - 0000515-65.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000515-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x MARIA ELISA GREGIO MASTELLA(ADVOGADO: ES011500 - MARILENA MIGNONE RIOS.).Processo nº 0000515-65.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000515-0/01)Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARIA ELISA GREGIO MASTELLARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 166-175, contra acórdão proferido às fls. 161/163, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4.357e 4.425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da Súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.

Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

20 - 0006118-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006118-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS PEREIRA(ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO, ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES019803 - LARISSACRISTIANI BENÍCIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERMEBARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0006118-88.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: JOSÉ CARLOS PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Superior Tribunal de Justiça – STJ já decidiu que o ato derenunciar ao benefício não envolve a obrigação de devolução de parcelas, pois, enquanto perdurou a aposentadoria, osegurado fez jus aos proventos, sendo a verba alimentar indiscutivelmente devida (REsp. 1.184.410 e Ag Resp nº1.107.638). Requer a reforma da sentença para: i) ser reconhecida a renúncia da aposentadoria do recorrente e, atocontínuo, conceder, em definitivo, novo benefício (aposentadoria por tempo de contribuição integral); e ii) condenar aAutarquia recorrida ao pagamento das parcelas vencidas desde a data do ajuizamento da presente ação.3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 92/94.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar à

aposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 37).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

21 - 0000384-58.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000384-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA.) x JERRI ADRIANI LEITE ALVES(ADVOGADO: ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES.).Processo nº 0000384-58.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000384-0/01)Juízo de Origem: 1ª VF Sao MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JERRI ADRIANI LEITE ALVESRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 188/192, contra acórdão proferido às fls. 180/185, que deuparcial provimento ao recurso da autarquia, sob a alegação de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para fins deprequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma de atualizaçãomonetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo Tribunal Federal não sepronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4.357 e 4.425.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):

1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

22 - 0107579-97.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.107579-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO JOSE HILARIOPROFETA (ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES012179 - DANIELLE GOBBI, ES017591 -FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.).RECURSO Nº 0107579-97.2014.4.02.5052/01RECORRENTE: ANTONIO JOSE HILARIO PROFETARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o benefício previdenciário é um direito patrimonial disponível dosegurado e não há óbice à reutilização do seu tempo de serviço, uma vez que o referido tempo resta caracterizado comodireito adquirido do segurado em face do INSS; ii) de acordo com a firme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça -STJ, é possível ao segurado pleitear a desaposentação para posterior reaposentação, computando-se os salários decontribuição posteriores à renúncia, sem necessidade de devolução dos valores recebida da aposentadoria preterida; iii)não é outro o entendimento que vem prevalecendo no âmbito das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais destaSeção Judiciária do Estado do Espírito Santo (Precedentes: 0003152-89.2013.4.02.5050/01 e0003106-03.2013.4.02.5050/02).3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 190/193.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar que

tais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 118).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

23 - 0000828-23.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000828-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDVALDO LUIZ SIMOES(ADVOGADO: ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRADE MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0000828-23.2013.4.02.5052/01RECORRENTE: EDVALDO LUIZ SIMOESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) não há previsão legal para o ato de “desaposentação”, tampouco hánorma legal que vede a sua concessão; ii) resta assentado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça – STJ e da TurmaNacional de Uniformização –TNU o entendimento de ser cabível a desaposentação, sem qualquer devolução de valores

recebidos pelo segurado.3. O INSS não apresentou contrarrazões, apesar de intimado (fl. 54).4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria supor

que o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 13).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

24 - 0002340-13.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.002340-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x MÁRCIO ANDRÉ DE ARAÚJO BAROBOSA.Processo nº 0002340-13.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.002340-8/01)Juízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MÁRCIO ANDRÉ DE ARAÚJO BAROBOSARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA PARTE RECORRENTE AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. ERRO MATERIAL NO JULGADO. PARTE RECORRIDA QUE NÃO CONSTITUIU ADVOGADO. VERBAHONORÁRIA INDEVIDA. RECURSO PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 66/68, contra acórdão prolatado às fls. 56/63 ao argumento deexistência de omissão e de contradição. Sustenta, para tanto, que houve condenação em honorários advocatícios, aindaque não tenha existido qualquer atuação de advogado defendendo os interesses da parte autora. Afirma que a condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios tem como pressuposto lógico a atuação de advogado no processo em defesa deuma das partes ou em causa própria. Requer o provimento do recurso, para que seja sanada a falha apontada, com aexclusão da condenação do embargante em honorários advocatícios.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando o alegado vício, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, observo que o votocondutor do julgado embargado, que negou provimento ao recurso inominado, consignou a condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, fixados em 10% sobre a condenação com base no art. 55 da Lei nº 9.099/95 conjugado com o art.1º da Lei nº 10.259/01.

04. Nesse contexto, constato a existência de erro material no acórdão embargado, e não contradição ou omissãocomo aponta o embargante. De fato, a ausência de contratação de advogado para representar a parte autora judicialmenteinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária, uma vez que não há despesa a ser ressarcida.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para suprimir a condenaçãodo INSS ao pagamento de honorários advocatícios na ementa do acórdão embargado.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

25 - 0005972-47.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.005972-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NADIR BONFIM RODRIGUES(ADVOGADO: ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0005972-47.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: NADIR BONFIM RODRIGUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DE

NOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONSTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) é plenamente possível a renúncia de benefício previdenciário(aposentadoria), por ser este um direito patrimonial disponível; ii) resta consolidado no âmbito do Superior Tribunal deJustiça – STJ o entendimento de ser cabível a desaposentação, sem qualquer devolução de valores recebidos pelo

�segurado; iii) o Enunciado 70 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro merece ser revisto, ante a posição doutrinária ejurisprudencial mais recente.3. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 68/93.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses

objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 27).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

26 - 0006491-95.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006491-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x AMENEIDES DA SILVA MUNIZ(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x OS MESMOS.Processo nº 0006491-95.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006491-9/01)Juízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRecorrente: INSS E AMENEIDES DA SILVA MUNIZRecorrido: OS MESMOSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DEPROCESSO CIVIL. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. INEXISTÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. RECURSO NÃOCONHECIDO. SENTENÇA REFORMADA DE OFÍCIO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 179/187, contra acórdão proferido às fls. 172/175, que negouprovimento ao recurso da autarquia, sob a alegação de omissão e contradição. Alega o embargante que há omissão econtradição no julgado. Sustenta, para tanto, para fins de prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculosda Justiça Federal (INPC) contraria a forma de atualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, quepermanece vigente enquanto o Supremo Tribunal Federal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dosacórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357 e 4425.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se que a sentença fixou a correçãomonetária da seguinte forma: “tais atrasados deverão ser corrigidos monetariamente pelo INPC, sem incidência de juros,até a data da citação. Aos atrasados corrigidos até a citação deverão ser aplicados correção monetária e juros de mora, nostermos do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/09), da citação até a data dos cálculosfinais (antes da expedição do requisitório correspondente)”. Pelo teor do comando sentencial, chego a duas conclusões: i) oíndice perseguido pelo INSS foi aplicado, pelo que lhe falta interesse de agir ao interpor os presentes embargos; ii) acorreção monetária aplicada afronta o atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o qual concluiu que a aplicaçãodos índices de correção da poupança não reflete a perda inflacionária.

A admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária complementação do julgadoconfrontado, no que diz respeito aos consectários legais, a fim de ajustá-lo ao que decidiu o STF nas Ações Diretas deInconstitucionalidade nº 4.357/DF e nº 4.425/DF, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador(art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF).

Embora o posicionamento acatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados paraatualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese,define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conformeorientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min.Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE09.12.2013).

04. Posto isso, não conheço os Embargos de Declaração. Contudo, aplico, de ofício, o INPC/IBGE para todo o

período de atualização monetária conforme fundamentação supra.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

27 - 0000611-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000611-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x ETEVALDO FERREIRA(ADVOGADO: ES016607 - JÚLIA PENZUTI DE ANDRADE.).Processo nº 0000611-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000611-0/01)Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ETEVALDO FERREIRARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 159/168, contra acórdão proferido às fls. 154/156, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade de

equiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

28 - 0003602-08.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003602-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEY FORATINE GAIGNER(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DERESENDE RAPOSO.).Processo nº 0003602-08.2008.4.02.5050/01 - 1º Juizado Especial - ESRecorrente: NEY FORATINE GAIGNERRecorrido: UNIAORelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA. RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO PARCIAL NOS MOLDES DO ENTENDIMENTO DATNU.

1. A presente demanda tem por base o pedido de declaração de inexigibilidade do imposto de renda incidente sobreas contribuições para entidade de Previdência Privada no período em que vigorou a Lei nº 7.713/88, assim como o pedidode condenação da União a restituir o imposto de renda que indevidamente cobrou sobre a complementação deaposentadoria. Os pedidos foram julgados improcedentes pelo Juízo monocrático. Ao recurso inominado da parte autora foinegado provimento, sob a justificativa de falta de provas do fato constitutivo do direito. Em sede de embargos dedeclaração, foi anulado o acórdão e convertido o julgamento em diligência a fim de intimar a recorrente para exibir osdocumentos essenciais para o deslinde da causa. A União apresentou embargos declaratórios a fim de impugnar aprodução de provas em fase recursal. Ao seu recurso foi negado provimento. Documentos juntados nas fls. 135/138.A União, em petição de fls. 126/27, requer o reconhecimento da prescrição em relação aos pedidos do autor. Afirma que ademanda foi ajuizada após 08.06.2005 (data em que entrou em vigor a Lei Complementar 118/2005), o que faz incidir oprazo prescricional de 05 (cinco) anos. Como a aposentadoria do autor foi concedida em 08.07.2002 e a ação foi ajuizadaem 20.06.2008, o interregno temporal excedeu o prazo legalmente previsto.2. Passo a analisar o prazo prescricional que incide no caso em questão.O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código Tributário

Nacional.A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anos parao exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se no momento dopagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativa que sepretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão ao art.106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributos sujeitosa lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o que afastariaa sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídos após apublicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir do iníciodo pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidência doimposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada a demandaapós 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitos noquinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim Campbell Penna,DJ 28.09.2012).Logo, ajuizada a ação em 20.06.2008, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 20.06.2003.3. Passo à análise do mérito.3.1. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIAO art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor ingressou no plano de previdência complementar em 01.08.1977(fl. 136) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 08.07.2002 (fl. 136), a qual é posterior à vigência daLei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valores decontribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º de janeiro de1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.3.2. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOSA correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendo serintegral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quanto aosíndices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR de janeirode 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, da Lei n°9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 02.12.2002;RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, Segunda Turma, Rel.Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC, semincidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o, doCódigo Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005, p.135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotados emTabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.3.3. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADOA complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título de

complementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelo

contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

4. DISPOSITIVO

Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento, a fim de julgar procedente o pedido para: i) decretar aprescrição do direito de pleitear a repetição do indébito em relação às exações anteriores a 20.06.2003; ii) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade deprevidência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e iii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

29 - 0000452-47.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000452-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: VIVIANE MILED MONTEIRO C. SALIM.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVOHENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x WALDIR POSSMOZER.Processo nº 0000452-47.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000452-0/01)Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: FUNASA - FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDERecorrido: WALDIR POSSMOZERRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTADIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRETERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. RECURSO DA FUNASA CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO DA UNIÃOCONHECIDO E DESPROVIDO. ALTERAÇÃO DA TAXA SELIC DE OFÍCIO.

Estes recursos inominados foram interpostos pela FUNASA – FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (fls. 110-122) e pelaUNIÃO (fls. 137-150), em razão de sentença (fls. 66-70) que julgou procedente o pedido para determinar que a FUNASA seabstenha de recolher na fonte a contribuição previdenciária incidente sobre o um terço de férias do autor e condenou aUNIÃO a ressarcir ao autor os valores das contribuições previdenciárias sobre o um terço de férias já recolhidas na fonte,no valor de R$ 270,07 (duzentos e setenta reais e sete centavos).Sustenta a FUNASA, preliminarmente, ilegitimidade passiva e, no mérito, a legalidade da incidência da contribuiçãoprevidenciária. A UNIÃO, por sua vez, aduz que a incidência da contribuição social sobre o terço de férias impõe-se paraque o sistema de previdência dos servidores públicos seja viável no plano financeiro e atuarial, ou seja, justifica-se comapoio no princípio da solidariedade e, ainda, no princípio da legalidade. Requer, ainda, que os juros de mora aplicados nãosejam fixados pela Taxa Selic, mas sim pelos índices oficiais de remuneração básica da caderneta de poupança.Não foram apresentadas contrarrazões.Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço os recursos e passo à análise do mérito.Inicialmente, revejo a decisão de fl. 158. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matéria no bojo doRecurso Extraordinário (RE) nº 593.068, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para o conhecimento ejulgamento do recurso inominado por esta Turma Recursal. Por certo, ocorrerá a seguir a interposição de RecursoExtraordinário e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamento nesta Turma Recursal – a questão iráser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único, inciso II, do RegimentoInterno.Preliminarmente, reconheço a ilegitimidade da FUNASA, porquanto a UNIÃO, na qualidade de sujeito passivo da relaçãojurídico-tributária, é a única legitimada a responder pretensão repetitória de indébito de contribuição previdenciária de

�servidor público, conforme orientação jurisprudencial dominante atual na Turma Nacional de Uniformização (TNU) e noSuperior Tribunal de Justiça (STJ).O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantido porcontribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.Contudo, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, PrimeiraTurma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia,DJE 08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI603.537/DF, Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias nãopodem incidir sobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasaro entendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo doregime.Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir o adicionalde férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo(“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).Por força da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC é o critério deatualização do tributo a ser repetido, a ser aplicado desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). Por sernorma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997,mesmo que o contribuinte seja servidor público.Ante o exposto, conheço dos recursos e dou provimento ao recurso da FUNASA, para excluí-la da lide e nego provimentoao recurso da UNIÃO. Alteração dos juros moratórios de ofício conforme ementado no item 11.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a partecontratado advogado para representá-la judicialmente, o que infirma o substrato fático a ensejar a imposição de verbahonorária sucumbencial, uma vez que não há custo a ser ressarcido.Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.É como voto.ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecerdos recursos e dar provimento ao recurso da FUNASA e negar provimento ao recurso da UNIÃO, na forma da ementa quepassa a integrar o julgado.

FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator DesignadoAssinado eletronicamente

30 - 0000939-78.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000939-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x AGLAINIR OLIVEIRA BRAGA (ADVOGADO: ES002558 -MARILUSA CARIAS DE PAULA, ES016398 - Bernard Pereira Almeida.).Processo nº 0000939-78.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000939-0/01)Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: AGLAINIR OLIVEIRA BRAGARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 104/113, contra acórdão proferido às fls. 99/101, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.

3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

31 - 0000083-68.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000083-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x RITA DE CASSIA DOS SANTOS(ADVOGADO: ES016521 - CHARLES BONELI GONÇALVES, ES013237 - RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA.).Processo nº 0000083-68.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000083-3/01)Juízo de Origem: 1ª VF SerraRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: RITA DE CASSIA DOS SANTOSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 121/130, contra acórdão proferido às fls. 116/118, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIO

JURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

32 - 0006674-90.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006674-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x ANADELIA VIANA SOUZA.RECURSO Nº 0006674-90.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDA: ANADELIA VIANA SOUZARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

ADMINISTRATIVO. TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. ADICIONAL DE QUALIFICAÇÃO. CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. União interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para declarar indevida a cobrança de

contribuição previdenciária sobre “adicional de qualificação decorrente de ações de treinamento” pago a servidor públicointegrante do Poder Judiciário federal e a condenou a proceder à restituição das parcelas da contribuição previdenciáriarecolhidas a esse título, observada a prescrição quinquenal, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros moratórios.Em suas razões recursais, sustenta que: i) o adicional de qualificação incidente sobre o vencimento básico do servidor, queparticipe de “conjunto de ações de treinamento que totalize pelos menos 120 (cento e vinte horas)”, à razão de 1% (um porcento) até o limite de 3% (três por cento), nos termos do art. 15, V, da Lei n. 11.416/06, não se incorpora aos proventos epensões, mas integra a remuneração que servirá de base contributiva para cálculo da renda mensal dos benefícios deaposentadoria e pensão, nos termos do art. 24, da Resolução n. 126/2010, do Conselho da Justiça Federal, e do art. 1º, daLei n. 10.887/2004; ii) a seguridade social do servidor público é baseada em um regime contributivo e solidário (art. 40,caput, §§2º, 3º, 17º e 18º, da Constituição da República de 1988), o que torna possível que a contribuição previdenciáriaincida sobre parcelas que não influenciem o cálculo dos proventos e das pensões instituídas por servidores públicos; e iii) aincidência da contribuição previdenciária sobre as verbas remuneratórias – excluídas aquelas previstas pelo art. 4º, §1º, daLei n. 10.887/2004 -, visa à preservação do equilíbrio financeiro e atuarial da Seguridade do servidor público (art. 40, caput,da Constituição da República de 1988), cujas receitas também abrangem o pagamento de benefícios concedidos a par danoção de retributividade.2. Regularmente intimada, a parte autora não ofereceu contrarrazões.3. É o relatório.4. O art. 15, V, da Lei n. 11.416/06, institui o adicional de qualificação, à razão de 1% (um por cento) a 3% (três por cento),sobre o vencimento básico do servidor integrante do Poder Judiciário federal que tenha frequentado conjunto de ações detreinamento que totalize pelo menos 120 (cento e vinte) horas. O art. 14, §5º, do mesmo diploma legal, dispõe que oadicional de qualificação, pago nos termos do aludido art. 15, V, não é considerado no cálculo dos proventos e pensões, oque, segundo a parte autora, infirmaria a existência de fundamento idôneo para a incidência de contribuição previdenciária.Nesse sentido, o douto Juízo a quo referiu-se à orientação fixada em julgado do Supremo Tribunal Federal, no qual sedecidiu que “somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária”(cf. AgRg no RE 589.441/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJE 06.02.2009).5. Contudo, observo que a regra, que exclui o adicional de qualificação - calculado nos termos do art. 15, V, da Lei n.11.416/06 - do cálculo dos proventos e pensões, não impede que ele seja considerado na média aritmética simples dasmaiores remunerações correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, de acordo com o art. 1º,da Lei 10.887/04. Portanto, ainda que o adicional de qualificação não se some ao vencimento básico para definição dopatamar máximo da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se aposentou (art. 40, §2º, da Constituição daRepública de 1988; art.1º, §5º, da Lei n. 10.887/2004), ele compõe a base de cálculo empregada para o cálculo dosproventos ou das pensões instituídas pelos servidores públicos, o que infirma o argumento relacionado à ausência de causalegítima para a incidência do tributo em regime previdenciário contributivo.6. Ademais, conforme convicção já externada em questões análogas, observo que a Seguridade Social é financiada portoda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma aexistência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuiçõesvertidas e os benefícios a que os servidores façam jus. O cerne dessa lógica é explicitado no conteúdo jurídico do princípioda solidariedade (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estataisdevem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa”(Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direitoprevidenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção deelementos próprios à noção de repartição (Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social:prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que severifica, por exemplo, na hipótese prevista pelo art. 40, I, da Constituição da República de 1988.7. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”8. Portanto, ao verificar que o adicional de qualificação pode ser considerado na base de cálculo dos benefícios deaposentadoria e pensão, bem como que a irrestrita retributividade – pressuposta no argumento de que a contribuiçãoprevidenciária somente poderá incidir sobre as parcelas suscetíveis à incorporação nos vencimentos do servidor – écontraria ao princípio da solidariedade vigente no regime da seguridade social, assiste razão à recorrente.9. Contudo, a despeito da fundamentação lançada, cumpre salientar que o Conselho da Justiça Federal, no julgamento doCF-PPN-2012/00092, na sessão de 29.09.2014, aprovou proposta de alteração do art. 28, da Resolução n. 126/2010, praexcluir o adicional de qualificação, decorrente de ações de treinamento, da base de cálculo das contribuições para o planode seguridade social dos servidores do próprio Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º graus . O colegiado seguiu oentendimento de que o adicional de qualificação é provisório, não se incorpora aos proventos e às pensões e, portanto, não

deve integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária.10. Desse modo, ressalvada minha pessoal convicção, houve reconhecimento administrativo do pedido formulado pelaparte autora, razão por que o recurso não deve ser provido.11. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC éo critério de atualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido(STJ, RESP 1.111.189). A SELIC não pode ser cumulada com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, sejade juros, porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5ºda Lei 11.960/2009 não se aplica aos casos de repetição de indébito porque foi reputada inconstitucional (STF, ADI 4.357).12. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe.13. No sistema dos Juizados Especiais Federais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Estaduais, a maioria dos pedidosenvolve obrigações de trato sucessivo, justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anteriorao do pagamento.Seja mediante aplicação subsidiária do art. 52 da Lei 9.099/1995, seja mediante observância do art. 475-B ,do Código deProcesso Civil, o Juiz, com base nos arts. 11 da Lei 10.259/2001 e 355 e 399 do Código de Processo Civil, só pode ordenarà parte ré que forneça os elementos imprescindíveis para o cálculo (desde que a parte autora não os tenha em seu poder),e não a quantificação dos valores devidos, razão por que aplico o Enunciado n. 6 da 1ª Turma Recursal da Bahia: “Não seimpõe ao réu a obrigação de realizar cálculos para apuração do valor da condenação, cabendo a tarefa ao autor (ou aocontador judicial, a mando do juiz), exigindo-se daquele, apenas, que disponibilize os elementos materiais mantidos em seupoder que sejam necessários à confecção da conta.”14. Recurso conhecido e parcialmente provido, apenas para desobrigar a União do dever de elaborar os cálculos, bemcomo para determinar o uso da SELIC como critério de correção monetária e de juros de mora para a restituição do indébitotributário. Sem condenação em honorários, diante do provimento parcial do recurso. Sem condenação ao pagamento decustas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

33 - 0006452-25.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006452-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x CARLA BIAGIONI PEREIRA PIRES.RECURSO Nº 0006452-25.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDA: CARLA BIAGIONI PEREIRA PIRESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

ADMINISTRATIVO. TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. ADICIONAL DE QUALIFICAÇÃO. CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. União interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para declarar indevida a cobrança decontribuição previdenciária sobre “adicional de qualificação decorrente de ações de treinamento” pago a servidor públicointegrante do Poder Judiciário federal e a condenou a proceder à restituição das parcelas da contribuição previdenciáriarecolhidas a esse título, observada a prescrição quinquenal, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros moratórios.Em suas razões recursais, sustenta que: i) o adicional de qualificação incidente sobre o vencimento básico do servidor, queparticipe de “conjunto de ações de treinamento que totalize pelos menos 120 (cento e vinte horas)”, à razão de 1% (um porcento) até o limite de 3% (três por cento), nos termos do art. 15, V, da Lei n. 11.416/06, não se incorpora aos proventos epensões, mas integra a remuneração que servirá de base contributiva para cálculo da renda mensal dos benefícios deaposentadoria e pensão, nos termos do art. 24, da Resolução n. 126/2010, do Conselho da Justiça Federal, e do art. 1º, daLei n. 10.887/2004; ii) a seguridade social do servidor público é baseada em um regime contributivo e solidário (art. 40,caput, §§2º, 3º, 17º e 18º, da Constituição da República de 1988), o que torna possível que a contribuição previdenciáriaincida sobre parcelas que não influenciem o cálculo dos proventos e das pensões instituídas por servidores públicos; e iii) aincidência da contribuição previdenciária sobre as verbas remuneratórias – excluídas aquelas previstas pelo art. 4º, §1º, daLei n. 10.887/2004 -, visa à preservação do equilíbrio financeiro e atuarial da Seguridade do servidor público (art. 40, caput,da Constituição da República de 1988), cujas receitas também abrangem o pagamento de benefícios concedidos a par danoção de retributividade.2. Regularmente intimada, a parte autora não ofereceu contrarrazões.3. É o relatório.4. O art. 15, V, da Lei n. 11.416/06, institui o adicional de qualificação, à razão de 1% (um por cento) a 3% (três por cento),sobre o vencimento básico do servidor integrante do Poder Judiciário federal que tenha frequentado conjunto de ações detreinamento que totalize pelo menos 120 (cento e vinte) horas. O art. 14, §5º, do mesmo diploma legal, dispõe que oadicional de qualificação, pago nos termos do aludido art. 15, V, não é considerado no cálculo dos proventos e pensões, oque, segundo a parte autora, infirmaria a existência de fundamento idôneo para a incidência de contribuição previdenciária.Nesse sentido, o douto Juízo a quo referiu-se à orientação fixada em julgado do Supremo Tribunal Federal, no qual sedecidiu que “somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária”

(cf. AgRg no RE 589.441/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJE 06.02.2009).5. Contudo, observo que a regra, que exclui o adicional de qualificação - calculado nos termos do art. 15, V, da Lei n.11.416/06 - do cálculo dos proventos e pensões, não impede que ele seja considerado na média aritmética simples dasmaiores remunerações correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, de acordo com o art. 1º,da Lei 10.887/04. Portanto, ainda que o adicional de qualificação não se some ao vencimento básico para definição dopatamar máximo da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se aposentou (art. 40, §2º, da Constituição daRepública de 1988; art.1º, §5º, da Lei n. 10.887/2004), ele compõe a base de cálculo empregada para o cálculo dosproventos ou das pensões instituídas pelos servidores públicos, o que infirma o argumento relacionado à ausência de causalegítima para a incidência do tributo em regime previdenciário contributivo.6. Ademais, conforme convicção já externada em questões análogas, observo que a Seguridade Social é financiada portoda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma aexistência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuiçõesvertidas e os benefícios a que os servidores façam jus. O cerne dessa lógica é explicitado no conteúdo jurídico do princípioda solidariedade (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estataisdevem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa”(Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direitoprevidenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção deelementos próprios à noção de repartição (Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social:prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que severifica, por exemplo, na hipótese prevista pelo art. 40, I, da Constituição da República de 1988.7. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”8. Portanto, ao verificar que o adicional de qualificação pode ser considerado na base de cálculo dos benefícios deaposentadoria e pensão, bem como que a irrestrita retributividade – pressuposta no argumento de que a contribuiçãoprevidenciária somente poderá incidir sobre as parcelas suscetíveis à incorporação nos vencimentos do servidor – écontraria ao princípio da solidariedade vigente no regime da seguridade social, assiste razão à recorrente.9. Contudo, a despeito da fundamentação lançada, cumpre salientar que o Conselho da Justiça Federal, no julgamento doCF-PPN-2012/00092, na sessão de 29.09.2014, aprovou proposta de alteração do art. 28, da Resolução n. 126/2010, praexcluir o adicional de qualificação, decorrente de ações de treinamento, da base de cálculo das contribuições para o planode seguridade social dos servidores do próprio Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º graus . O colegiado seguiu oentendimento de que o adicional de qualificação é provisório, não se incorpora aos proventos e às pensões e, portanto, nãodeve integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária.10. Desse modo, ressalvada minha pessoal convicção, houve reconhecimento administrativo do pedido formulado pelaparte autora, razão por que o recurso não deve ser provido.11. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC éo critério de atualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido(STJ, RESP 1.111.189). A SELIC não pode ser cumulada com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, sejade juros, porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5ºda Lei 11.960/2009 não se aplica aos casos de repetição de indébito porque foi reputada inconstitucional (STF, ADI 4.357).12. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe.13. No sistema dos Juizados Especiais Federais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Estaduais, a maioria dos pedidosenvolve obrigações de trato sucessivo, justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anteriorao do pagamento.Seja mediante aplicação subsidiária do art. 52 da Lei 9.099/1995, seja mediante observância do art. 475-B ,do Código deProcesso Civil, o Juiz, com base nos arts. 11 da Lei 10.259/2001 e 355 e 399 do Código de Processo Civil, só pode ordenarà parte ré que forneça os elementos imprescindíveis para o cálculo (desde que a parte autora não os tenha em seu poder),e não a quantificação dos valores devidos, razão por que aplico o Enunciado n. 6 da 1ª Turma Recursal da Bahia: “Não seimpõe ao réu a obrigação de realizar cálculos para apuração do valor da condenação, cabendo a tarefa ao autor (ou aocontador judicial, a mando do juiz), exigindo-se daquele, apenas, que disponibilize os elementos materiais mantidos em seupoder que sejam necessários à confecção da conta.”14. Recurso conhecido e parcialmente provido, apenas para desobrigar a União do dever de elaborar os cálculos, bem

como para determinar o uso da SELIC como critério de correção monetária e de juros de mora para a restituição do indébitotributário. Sem condenação em honorários, diante do provimento parcial do recurso. Sem condenação ao pagamento decustas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

34 - 0108003-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.108003-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ENIRTE MARIA DE JESUS (ADVOGADO:ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.).Processo nº 0108003-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.108003-1/01)Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ENIRTE MARIA DE JESUSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 136/145, contra acórdão proferido às fls. 131/133, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade de

equiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

35 - 0002763-09.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002763-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x AILSON PAGIO (ADVOGADO: ES006121 - DULCE LEADA SILVA RODRIGUES.).Processo nº 0002763-09.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002763-6/01)Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: AILSON PAGIORelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 301/310, contra acórdão proferido às fls. 296/298, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSO

INTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

36 - 0100253-63.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100253-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARILZA PEREIRA MATTEDI(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).RECURSO Nº 0100253-63.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: MARILZA PEREIRA MATTEDIRECORRIDA: UNIÃO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. REVERSÃO DE RESERVA ESPECIAL AOS PARTICIPANTES DEENTIDADE PRIVADA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO. NÃOCONFIGURAÇÃO DE TRIBUTAÇÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença, proferida pelo MM. Juiz Federal do 1º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 109/112), que julgou improcedentes os pedidos para que seja declaradaa inexistência de relação jurídico-tributária que lhe impusesse a obrigação de recolher imposto de renda sobre a reversãodo resultado superavitário de entidade fechada de previdência complementar, bem como para que a UNIÃO fossecondenada a restituir os valores do tributo indevidamente vertidos. Em suas alegações (fls. 122/130), a recorrente sustentaque a quantia recebida a título de Benefício Especial Temporário, também designado como distribuição de superávittécnico, já constituiu a base de cálculo de imposto de renda pago pela entidade de previdência complementar (art. 6º, §1º,da Lei n. 11.053/04), razão por que não poderia ser objeto de nova tributação graças à isenção prevista pelo art. 31, I, daLei n. 7.713/88. Portanto, a configuração de cobrança indevida da exação lhe daria direito à restituição, de acordo com odisposto pelo art. 165, I, do Código Tributário Nacional.2. A UNIÃO, em suas contrarrazões (fls. 141/161), requereu o desprovimento do recurso, uma vez que a reversão dosvalores da parcela de superávit da reserva especial pelas entidades de previdência complementar constitui acréscimopatrimonial dos beneficiários e, por conseguinte, deve ser tributada pelo imposto de renda (art. 43, §1º, do Código TributárioNacional; art. 33, da Lei n. 9.250/95). Igualmente, aduz que há equívoco na equiparação dos valores pagos pelas entidadesde previdência privada aos rendimentos da caderneta de poupança. Sustenta que não há dupla incidência tributária, poisesta não se configura se o imposto de renda é exigido por um mesmo ente tributante, no caso, a União. Sustenta, ainda,que, no caso concreto, não houve bis in idem porque o legislador permitiu a dedução, da base de cálculo do Imposto deRenda da Pessoa Física, do valor das contribuições vertidas aos planos de previdência privada. E, mesmo com relação àscontribuições vertidas pelos empregados durante a vigência da Lei n. 7.713/88, a não incidência do IRPF sobre osbenefícios pagos pelas entidades de previdência complementar somente se aplica ao valor correspondente àquelascontribuições (1ª fonte de custeio), e não ao valor dos benefícios que é composto pelas contribuições realizadas peloempregador (2ª fonte de custeio) e pelos rendimentos auferidos pelo fundo (3ª fonte de custeio). Sustenta que a distribuiçãodo superávit em nada se assemelha ao rateio do patrimônio da entidade de previdência privada entre seus participantes.Ainda que se assemelhasse, o Eg. STJ já superou o posicionamento destacado pela parte contrária e se posicionou nosentido de que o IRPF incide sobre os valores recebidos pela pessoa física a título de rateio do patrimônio da entidade deprevidência privada.3. É o relatório.4. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O art. 20, da Lei Complementar n. 109/01, dispõe que o resultado superavitário dos planos de benefícios de entidadesfechadas de previdência complementar será, primeiramente, destinado à constituição de reserva de contingência até olimite de 25% das reservas matemáticas (caput), devendo os valores excedentes a esse percentual ser destinados àreserva especial para revisão dos planos de benefícios (§1º). O Conselho de Gestão da Previdência Complementar, órgãointegrante do Ministério da Previdência Social, editou a Resolução n. 26/2008 para disciplinar a forma de apuração eutilização do superávit das entidades fechadas de previdência complementar, prevendo, em seu art. 23, que a utilização dosuperávit que ensejou a reserva especial seja feita mediante a adoção sucessiva de providências que visassem à reduçãoparcial das contribuições (inciso I), à redução integral ou suspensão da cobrança de contribuições no montante equivalentea pelo menos três exercícios (inciso II), e à melhora dos benefícios e/ou reversão de valores de forma parcelada aosparticipantes, aos assistidos e/ou ao patrocinador (inciso III).3. O Benefício Especial Temporário, cuja tributação discute-se nos autos, é formado pelo resultado positivo das aplicaçõese investimentos realizados pela entidade fechada de previdência complementar que excede o necessário à formação dereserva de contingência, sendo ele a alternativa às opções para suspensão ou redução, quer parcial quer integral, dascontribuições vertidas pelos participantes. Embora o seu recebimento caracterize disponibilidade de renda, de acordo com adescrição de acréscimo patrimonial previsto na hipótese de incidência do imposto de renda (art. 43, do Código TributárioNacional), a parte autora sustenta que a referida exação somente poderia incidir sobre as importâncias pagas, sob a formade renda periódica, aos participantes de entidades de previdência privada se “os rendimentos e ganhos de capitalproduzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sido tributados na fonte” (art. 31, I, da Lei n. 7.713/88).Contudo, a parte autora sustenta que tais rendimentos e ganhos seriam ainda objeto de imposto de renda arcado pelaentidade de previdência, porque o art. 7º, da Lei n. 11.053/04, teria mantido a regra de isenção positivada pelo art. 6º, doDecreto-lei n. 2.065/83, que não incluía “os dividendos, juros e demais rendimentos de capital” recebidos pela entidade deprevidência complementar na hipótese de não incidência.4. Entretanto, ao se proceder a uma interpretação sistemática do regime de tributação do imposto de renda sobre asquantias que compõem a reserva especial, assinalo que a tese ventilada pelo recorrente não encontra respaldo na Lei n.11.053/04, pois o seu art. 5º expressamente amplia a regra de isenção prevista no art. 6º, do Decreto-lei n. 2.065/83, aodispor que: “A partir de 1º de janeiro de 2005, ficam dispensados a retenção na fonte e o pagamento em separado doimposto de renda sobre os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas efundos de planos de benefícios de entidade de previdência complementar, sociedade seguradora e FAPI, bem como deseguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência”. Portanto, infirmada a premissa que lastreava a conclusãoadotada pela parte autora, o recolhimento de imposto de renda sobre o Benefício Especial Temporário é lícito, tendo-se emvista que os rendimentos que o constituíram não foram objeto de tributação anterior pelo imposto de renda.5. De igual modo, o argumento relacionado à incidência dúplice, no período anterior à aplicação da Lei n. 11.053/04,tampouco encontra amparo, pois a regra veiculada pelo art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, foi tacitamente revogada pelo art. 33,da Lei n. 9.250/95, conforme o critério cronológico para resolução de antinomias. Com efeito, por serem normas veiculadaspor instrumentos de igual hierarquia legal, há que prevalecer a regra que passou a prever a incidência, sem ressalvas, doimposto de renda sobre os benefícios recebidos de entidade de previdência privada, até a vigência da nova disciplinaprevista pela Lei n. 11.053/04.

6. Em apoio a esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região emjulgamento da AC 201250010048908 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Luiz Antônio Soares, DJF2R 13/03/2014):TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. LEIS 7.713/88 E 9.250/95. SUPERAVIT NO RESULTADODOS PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. LC Nº109/2001. RATEIO DO PATRIMÔNIO COM PARTICIPANTES EBENEFICIÁRIOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.1. Os apelantes desta ação são ex-empregados do Banco do Brasil e visam obter declaração de não incidência do impostode renda sobre verba recebida pelos aposentados da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI,entidade fechada de previdência complementar, verba esta denominada superávit, nos seus contracheques.2. A doutrina é unânime em pontuar que a hipótese de incidência do imposto de renda é, portanto, a renda (acréscimopatrimonial do produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) ou os proventos (outras espécies de acréscimopatrimonial não compreendida no conceito de renda). Logo, conclui-se que, é imprescindível haver acréscimo patrimonialpara ocorrer a incidência tributária.3. Em relação à incidência de imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria após o advento da Lei nº9.250/95, a orientação do STJ é firme no mesmo sentido do aresto impugnado: é legitima a incidência do imposto de renda,pois não se exigiu mais o recolhimento do imposto sobre as parcelas de contribuição aos fundos privados decomplementação de aposentadoria; e, também, é lícita a incidência de imposto de renda sobre os valores decorrentes deinvestimentos e aplicações financeiras realizadas pela própria entidade de previdência privada, por configurar inequívocoacréscimo patrimonial.4. A LC nº 109/2001 estabelece sistemática para quando ocorrer eventual superávit nos resultados dos planos de benefíciosdas entidades fechadas, como forma de sustentabilidade econômica da própria entidade de previdência privada, impõe autilização dessa reserva especial, bem como assina a obrigatoriedade dos registros de tais superávits nos livros contábeis,os quais estão sujeitos à fiscalização da Administração Tributária, para assim verificar se houve acréscimo patrimonial, ounão, fato passível de incidência do imposto de renda por sua natureza, apesar de não se tratar da contribuição em espécie.Por conseguinte, determinadas as linhas gerais da funcionalidade e destinação dos recursos extraídos do resultadosuperavitário dos planos de previdência privado em regime fechado, caberá a entidade, em seu estatuto, definir aoperacionalização, a distribuição e denominação da rubrica que usará para a efetiva utilização dessa reserva especialdeterminada por lei complementar.5. No caso dos autos, os autores colacionaram aos autos o ESTATUTO DA CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOSFUNCIONÁRIOS DO BB, o qual, em seu art. 82 e seguintes (fls. 77/78), prevê o BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO -oqual foi depositado na conta de cada autor associado, ora apelantes (fls. 38/72)-, a título de rateio dos valores, entre osparticipantes e beneficiários dos planos de previdência, apurados na reserva especial, o qual não será considerado abonoou 13º (décimo terceiro) salário, somente será devido enquanto houver saldo suficiente no Fundo de Destinação daReservaEspecial de Participantes para a cobertura da totalidade dos valores mensais, não constitui elevação de valor dosbenefícios previstos no art. 23 e a estes não são incorporados.6. Por derradeiro, notável é que, quando da inserção de tal benefício na conta dos apelantes, há evidente acréscimopatrimonial de riqueza nova ao patrimônio já existente, o que se enquadra no conceito de renda e é fato gerador do impostode renda (IR). Desse modo, é legal a incidência do imposto de renda, por sua própria natureza e previsão legal, sobre osBENEFÍCIOS ESPECIAIS TEMPORÁRIOS em razão de configurar inequívoco acréscimo patrimonial.7. Recurso de Apelação improvido.

7. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 38).8. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.9. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

37 - 0003913-54.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003913-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PAULO VICTOR NUNES.) x MARCO ANTONIO FIORINI (ADVOGADO: ES011368- GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO, ES008678 - ERALDO AMORIM DA SILVA.).Processo nº 0003913-54.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003913-1/01)Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARCO ANTONIO FIORINIRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 134/143, contra acórdão proferido às fls. 129/131, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo Tribunal

Federal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

38 - 0100742-03.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100742-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLEMILDA AGUIAR DEOLIVEIRA (ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 -SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.).RECURSO Nº 0100742-03.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: CLEMILDA AGUIAR DE OLIVEIRARECORRIDA: UNIÃO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. REVERSÃO DE RESERVA ESPECIAL AOS PARTICIPANTES DEENTIDADE PRIVADA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO. NÃOCONFIGURAÇÃO DE TRIBUTAÇÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença, proferida pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 105/109), que julgou improcedentes os pedidos para que seja declaradaa inexistência de relação jurídico-tributária que lhe impusesse a obrigação de recolher imposto de renda sobre a reversãodo resultado superavitário de entidade fechada de previdência complementar, bem como para que a UNIÃO fossecondenada a restituir os valores do tributo indevidamente vertidos. Em suas alegações (fls. 111/119), a recorrente sustentaque a quantia recebida a título de Benefício Especial Temporário, também designado como distribuição de superávittécnico, já constituiu a base de cálculo de imposto de renda pago pela entidade de previdência complementar (art. 6º, §1º,da Lei n. 11.053/04), razão por que não poderia ser objeto de nova tributação graças à isenção prevista pelo art. 31, I, daLei n. 7.713/88. Portanto, a configuração de cobrança indevida da exação lhe daria direito à restituição, de acordo com odisposto pelo art. 165, I, do Código Tributário Nacional.2. A UNIÃO, em suas contrarrazões (fls. 129/139), requereu o desprovimento do recurso, uma vez que a reversão dosvalores da parcela de superávit da reserva especial pelas entidades de previdência complementar constitui acréscimopatrimonial dos beneficiários e, por conseguinte, deve ser tributada pelo imposto de renda (art. 43, §1º, do Código TributárioNacional; art. 33, da Lei n. 9.250/95). Igualmente, aduz que há equívoco na equiparação dos valores pagos pelas entidadesde previdência privada aos rendimentos da caderneta de poupança. Sustenta que não há dupla incidência tributária, poisesta não se configura se o imposto de renda é exigido por um mesmo ente tributante, no caso, a União. Sustenta, ainda,que, no caso concreto, não houve bis in idem porque o legislador permitiu a dedução, da base de cálculo do Imposto deRenda da Pessoa Física, do valor das contribuições vertidas aos planos de previdência privada. E, mesmo com relação àscontribuições vertidas pelos empregados durante a vigência da Lei n. 7.713/88, a não incidência do IRPF sobre osbenefícios pagos pelas entidades de previdência complementar somente se aplica ao valor correspondente àquelascontribuições (1ª fonte de custeio), e não ao valor dos benefícios que é composto pelas contribuições realizadas peloempregador (2ª fonte de custeio) e pelos rendimentos auferidos pelo fundo (3ª fonte de custeio). Sustenta que a distribuiçãodo superávit em nada se assemelha ao rateio do patrimônio da entidade de previdência privada entre seus participantes.Ainda que se assemelhasse, o Eg. STJ já superou o posicionamento destacado pela parte contrária e se posicionou nosentido de que o IRPF incide sobre os valores recebidos pela pessoa física a título de rateio do patrimônio da entidade deprevidência privada.3. É o relatório.4. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O art. 20, da Lei Complementar n. 109/01, dispõe que o resultado superavitário dos planos de benefícios de entidadesfechadas de previdência complementar será, primeiramente, destinado à constituição de reserva de contingência até olimite de 25% das reservas matemáticas (caput), devendo os valores excedentes a esse percentual ser destinados àreserva especial para revisão dos planos de benefícios (§1º). O Conselho de Gestão da Previdência Complementar, órgãointegrante do Ministério da Previdência Social, editou a Resolução n. 26/2008 para disciplinar a forma de apuração eutilização do superávit das entidades fechadas de previdência complementar, prevendo, em seu art. 23, que a utilização dosuperávit que ensejou a reserva especial seja feita mediante a adoção sucessiva de providências que visassem à reduçãoparcial das contribuições (inciso I), à redução integral ou suspensão da cobrança de contribuições no montante equivalentea pelo menos três exercícios (inciso II), e à melhora dos benefícios e/ou reversão de valores de forma parcelada aosparticipantes, aos assistidos e/ou ao patrocinador (inciso III).3. O Benefício Especial Temporário, cuja tributação discute-se nos autos, é formado pelo resultado positivo das aplicaçõese investimentos realizados pela entidade fechada de previdência complementar que excede o necessário à formação dereserva de contingência, sendo ele a alternativa às opções para suspensão ou redução, quer parcial quer integral, dascontribuições vertidas pelos participantes. Embora o seu recebimento caracterize disponibilidade de renda, de acordo com adescrição de acréscimo patrimonial previsto na hipótese de incidência do imposto de renda (art. 43, do Código TributárioNacional), a parte autora sustenta que a referida exação somente poderia incidir sobre as importâncias pagas, sob a formade renda periódica, aos participantes de entidades de previdência privada se “os rendimentos e ganhos de capitalproduzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sido tributados na fonte” (art. 31, I, da Lei n. 7.713/88).Contudo, a parte autora sustenta que tais rendimentos e ganhos seriam ainda objeto de imposto de renda arcado pelaentidade de previdência, porque o art. 7º, da Lei n. 11.053/04, teria mantido a regra de isenção positivada pelo art. 6º, doDecreto-lei n. 2.065/83, que não incluía “os dividendos, juros e demais rendimentos de capital” recebidos pela entidade deprevidência complementar na hipótese de não incidência.

4. Entretanto, ao se proceder a uma interpretação sistemática do regime de tributação do imposto de renda sobre asquantias que compõem a reserva especial, assinalo que a tese ventilada pelo recorrente não encontra respaldo na Lei n.11.053/04, pois o seu art. 5º expressamente amplia a regra de isenção prevista no art. 6º, do Decreto-lei n. 2.065/83, aodispor que: “A partir de 1º de janeiro de 2005, ficam dispensados a retenção na fonte e o pagamento em separado doimposto de renda sobre os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas efundos de planos de benefícios de entidade de previdência complementar, sociedade seguradora e FAPI, bem como deseguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência”. Portanto, infirmada a premissa que lastreava a conclusãoadotada pela parte autora, o recolhimento de imposto de renda sobre o Benefício Especial Temporário é lícito, tendo-se emvista que os rendimentos que o constituíram não foram objeto de tributação anterior pelo imposto de renda.5. De igual modo, o argumento relacionado à incidência dúplice, no período anterior à aplicação da Lei n. 11.053/04,tampouco encontra amparo, pois a regra veiculada pelo art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, foi tacitamente revogada pelo art. 33,da Lei n. 9.250/95, conforme o critério cronológico para resolução de antinomias. Com efeito, por serem normas veiculadaspor instrumentos de igual hierarquia legal, há que prevalecer a regra que passou a prever a incidência, sem ressalvas, doimposto de renda sobre os benefícios recebidos de entidade de previdência privada, até a vigência da nova disciplinaprevista pela Lei n. 11.053/04.6. Em apoio a esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região emjulgamento da AC 201250010048908 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Luiz Antônio Soares, DJF2R 13/03/2014):TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. LEIS 7.713/88 E 9.250/95. SUPERAVIT NO RESULTADODOS PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. LC Nº109/2001. RATEIO DO PATRIMÔNIO COM PARTICIPANTES EBENEFICIÁRIOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.1. Os apelantes desta ação são ex-empregados do Banco do Brasil e visam obter declaração de não incidência do impostode renda sobre verba recebida pelos aposentados da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI,entidade fechada de previdência complementar, verba esta denominada superávit, nos seus contracheques.2. A doutrina é unânime em pontuar que a hipótese de incidência do imposto de renda é, portanto, a renda (acréscimopatrimonial do produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) ou os proventos (outras espécies de acréscimopatrimonial não compreendida no conceito de renda). Logo, conclui-se que, é imprescindível haver acréscimo patrimonialpara ocorrer a incidência tributária.3. Em relação à incidência de imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria após o advento da Lei nº9.250/95, a orientação do STJ é firme no mesmo sentido do aresto impugnado: é legitima a incidência do imposto de renda,pois não se exigiu mais o recolhimento do imposto sobre as parcelas de contribuição aos fundos privados decomplementação de aposentadoria; e, também, é lícita a incidência de imposto de renda sobre os valores decorrentes deinvestimentos e aplicações financeiras realizadas pela própria entidade de previdência privada, por configurar inequívocoacréscimo patrimonial.4. A LC nº 109/2001 estabelece sistemática para quando ocorrer eventual superávit nos resultados dos planos de benefíciosdas entidades fechadas, como forma de sustentabilidade econômica da própria entidade de previdência privada, impõe autilização dessa reserva especial, bem como assina a obrigatoriedade dos registros de tais superávits nos livros contábeis,os quais estão sujeitos à fiscalização da Administração Tributária, para assim verificar se houve acréscimo patrimonial, ounão, fato passível de incidência do imposto de renda por sua natureza, apesar de não se tratar da contribuição em espécie.Por conseguinte, determinadas as linhas gerais da funcionalidade e destinação dos recursos extraídos do resultadosuperavitário dos planos de previdência privado em regime fechado, caberá a entidade, em seu estatuto, definir aoperacionalização, a distribuição e denominação da rubrica que usará para a efetiva utilização dessa reserva especialdeterminada por lei complementar.5. No caso dos autos, os autores colacionaram aos autos o ESTATUTO DA CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOSFUNCIONÁRIOS DO BB, o qual, em seu art. 82 e seguintes (fls. 77/78), prevê o BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO -oqual foi depositado na conta de cada autor associado, ora apelantes (fls. 38/72)-, a título de rateio dos valores, entre osparticipantes e beneficiários dos planos de previdência, apurados na reserva especial, o qual não será considerado abonoou 13º (décimo terceiro) salário, somente será devido enquanto houver saldo suficiente no Fundo de Destinação daReservaEspecial de Participantes para a cobertura da totalidade dos valores mensais, não constitui elevação de valor dosbenefícios previstos no art. 23 e a estes não são incorporados.6. Por derradeiro, notável é que, quando da inserção de tal benefício na conta dos apelantes, há evidente acréscimopatrimonial de riqueza nova ao patrimônio já existente, o que se enquadra no conceito de renda e é fato gerador do impostode renda (IR). Desse modo, é legal a incidência do imposto de renda, por sua própria natureza e previsão legal, sobre osBENEFÍCIOS ESPECIAIS TEMPORÁRIOS em razão de configurar inequívoco acréscimo patrimonial.7. Recurso de Apelação improvido.

7. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 44).8. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.9. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

39 - 0002079-50.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002079-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x SERGIO RIBEIRO FURTADO(ADVOGADO: ES005319 - ANTONIO CARLOS SANTOLIN, ES006511 - EMANUEL DO NASCIMENTO.).Processo nº 0002079-50.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002079-8/01)Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial Federal

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: SERGIO RIBEIRO FURTADORelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 207/216, contra acórdão proferido às fls. 202/204, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo do

acórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

40 - 0100714-35.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100714-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUMIE LUZIA LORENCATTO(ADVOGADO: ES021038 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).RECURSO Nº 0100714-35.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: FUMIE LUZIA LORENCATTORECORRIDA: UNIÃO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. REVERSÃO DE RESERVA ESPECIAL AOS PARTICIPANTES DEENTIDADE PRIVADA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO. NÃOCONFIGURAÇÃO DE TRIBUTAÇÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença, proferida pelo MM. Juiz Federal do 1º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 73/76), que julgou improcedentes os pedidos para que seja declarada ainexistência de relação jurídico-tributária que lhe impusesse a obrigação de recolher imposto de renda sobre a reversão doresultado superavitário de entidade fechada de previdência complementar, bem como para que a UNIÃO fosse condenadaa restituir os valores do tributo indevidamente vertidos. Em suas alegações (fls. 86/94), a recorrente sustenta que a quantiarecebida a título de Benefício Especial Temporário, também designado como distribuição de superávit técnico, já constituiua base de cálculo de imposto de renda pago pela entidade de previdência complementar (art. 6º, §1º, da Lei n. 11.053/04),razão por que não poderia ser objeto de nova tributação graças à isenção prevista pelo art. 31, I, da Lei n. 7.713/88.Portanto, a configuração de cobrança indevida da exação lhe daria direito à restituição, de acordo com o disposto pelo art.165, I, do Código Tributário Nacional.2. A UNIÃO, em suas contrarrazões (fls. 105/125), requereu o desprovimento do recurso, uma vez que a reversão dosvalores da parcela de superávit da reserva especial pelas entidades de previdência complementar constitui acréscimopatrimonial dos beneficiários e, por conseguinte, deve ser tributada pelo imposto de renda (art. 43, §1º, do Código TributárioNacional; art. 33, da Lei n. 9.250/95). Igualmente, aduz que há equívoco na equiparação dos valores pagos pelas entidadesde previdência privada aos rendimentos da caderneta de poupança. Sustenta que não há dupla incidência tributária, poisesta não se configura se o imposto de renda é exigido por um mesmo ente tributante, no caso, a União. Sustenta, ainda,que, no caso concreto, não houve bis in idem porque o legislador permitiu a dedução, da base de cálculo do Imposto deRenda da Pessoa Física, do valor das contribuições vertidas aos planos de previdência privada. E, mesmo com relação àscontribuições vertidas pelos empregados durante a vigência da Lei n. 7.713/88, a não incidência do IRPF sobre osbenefícios pagos pelas entidades de previdência complementar somente se aplica ao valor correspondente àquelascontribuições (1ª fonte de custeio), e não ao valor dos benefícios que é composto pelas contribuições realizadas peloempregador (2ª fonte de custeio) e pelos rendimentos auferidos pelo fundo (3ª fonte de custeio). Sustenta que a distribuiçãodo superávit em nada se assemelha ao rateio do patrimônio da entidade de previdência privada entre seus participantes.Ainda que se assemelhasse, o Eg. STJ já superou o posicionamento destacado pela parte contrária e se posicionou nosentido de que o IRPF incide sobre os valores recebidos pela pessoa física a título de rateio do patrimônio da entidade deprevidência privada.3. É o relatório.4. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O art. 20, da Lei Complementar n. 109/01, dispõe que o resultado superavitário dos planos de benefícios de entidadesfechadas de previdência complementar será, primeiramente, destinado à constituição de reserva de contingência até olimite de 25% das reservas matemáticas (caput), devendo os valores excedentes a esse percentual ser destinados àreserva especial para revisão dos planos de benefícios (§1º). O Conselho de Gestão da Previdência Complementar, órgãointegrante do Ministério da Previdência Social, editou a Resolução n. 26/2008 para disciplinar a forma de apuração eutilização do superávit das entidades fechadas de previdência complementar, prevendo, em seu art. 23, que a utilização dosuperávit que ensejou a reserva especial seja feita mediante a adoção sucessiva de providências que visassem à redução

parcial das contribuições (inciso I), à redução integral ou suspensão da cobrança de contribuições no montante equivalentea pelo menos três exercícios (inciso II), e à melhora dos benefícios e/ou reversão de valores de forma parcelada aosparticipantes, aos assistidos e/ou ao patrocinador (inciso III).3. O Benefício Especial Temporário, cuja tributação discute-se nos autos, é formado pelo resultado positivo das aplicaçõese investimentos realizados pela entidade fechada de previdência complementar que excede o necessário à formação dereserva de contingência, sendo ele a alternativa às opções para suspensão ou redução, quer parcial quer integral, dascontribuições vertidas pelos participantes. Embora o seu recebimento caracterize disponibilidade de renda, de acordo com adescrição de acréscimo patrimonial previsto na hipótese de incidência do imposto de renda (art. 43, do Código TributárioNacional), a parte autora sustenta que a referida exação somente poderia incidir sobre as importâncias pagas, sob a formade renda periódica, aos participantes de entidades de previdência privada se “os rendimentos e ganhos de capitalproduzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sido tributados na fonte” (art. 31, I, da Lei n. 7.713/88).Contudo, a parte autora sustenta que tais rendimentos e ganhos seriam ainda objeto de imposto de renda arcado pelaentidade de previdência, porque o art. 7º, da Lei n. 11.053/04, teria mantido a regra de isenção positivada pelo art. 6º, doDecreto-lei n. 2.065/83, que não incluía “os dividendos, juros e demais rendimentos de capital” recebidos pela entidade deprevidência complementar na hipótese de não incidência.4. Entretanto, ao se proceder a uma interpretação sistemática do regime de tributação do imposto de renda sobre asquantias que compõem a reserva especial, assinalo que a tese ventilada pelo recorrente não encontra respaldo na Lei n.11.053/04, pois o seu art. 5º expressamente amplia a regra de isenção prevista no art. 6º, do Decreto-lei n. 2.065/83, aodispor que: “A partir de 1º de janeiro de 2005, ficam dispensados a retenção na fonte e o pagamento em separado doimposto de renda sobre os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas efundos de planos de benefícios de entidade de previdência complementar, sociedade seguradora e FAPI, bem como deseguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência”. Portanto, infirmada a premissa que lastreava a conclusãoadotada pela parte autora, o recolhimento de imposto de renda sobre o Benefício Especial Temporário é lícito, tendo-se emvista que os rendimentos que o constituíram não foram objeto de tributação anterior pelo imposto de renda.5. De igual modo, o argumento relacionado à incidência dúplice, no período anterior à aplicação da Lei n. 11.053/04,tampouco encontra amparo, pois a regra veiculada pelo art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, foi tacitamente revogada pelo art. 33,da Lei n. 9.250/95, conforme o critério cronológico para resolução de antinomias. Com efeito, por serem normas veiculadaspor instrumentos de igual hierarquia legal, há que prevalecer a regra que passou a prever a incidência, sem ressalvas, doimposto de renda sobre os benefícios recebidos de entidade de previdência privada, até a vigência da nova disciplinaprevista pela Lei n. 11.053/04.6. Em apoio a esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região emjulgamento da AC 201250010048908 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Luiz Antônio Soares, DJF2R 13/03/2014):TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. LEIS 7.713/88 E 9.250/95. SUPERAVIT NO RESULTADODOS PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. LC Nº109/2001. RATEIO DO PATRIMÔNIO COM PARTICIPANTES EBENEFICIÁRIOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.1. Os apelantes desta ação são ex-empregados do Banco do Brasil e visam obter declaração de não incidência do impostode renda sobre verba recebida pelos aposentados da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI,entidade fechada de previdência complementar, verba esta denominada superávit, nos seus contracheques.2. A doutrina é unânime em pontuar que a hipótese de incidência do imposto de renda é, portanto, a renda (acréscimopatrimonial do produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) ou os proventos (outras espécies de acréscimopatrimonial não compreendida no conceito de renda). Logo, conclui-se que, é imprescindível haver acréscimo patrimonialpara ocorrer a incidência tributária.3. Em relação à incidência de imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria após o advento da Lei nº9.250/95, a orientação do STJ é firme no mesmo sentido do aresto impugnado: é legitima a incidência do imposto de renda,pois não se exigiu mais o recolhimento do imposto sobre as parcelas de contribuição aos fundos privados decomplementação de aposentadoria; e, também, é lícita a incidência de imposto de renda sobre os valores decorrentes deinvestimentos e aplicações financeiras realizadas pela própria entidade de previdência privada, por configurar inequívocoacréscimo patrimonial.4. A LC nº 109/2001 estabelece sistemática para quando ocorrer eventual superávit nos resultados dos planos de benefíciosdas entidades fechadas, como forma de sustentabilidade econômica da própria entidade de previdência privada, impõe autilização dessa reserva especial, bem como assina a obrigatoriedade dos registros de tais superávits nos livros contábeis,os quais estão sujeitos à fiscalização da Administração Tributária, para assim verificar se houve acréscimo patrimonial, ounão, fato passível de incidência do imposto de renda por sua natureza, apesar de não se tratar da contribuição em espécie.Por conseguinte, determinadas as linhas gerais da funcionalidade e destinação dos recursos extraídos do resultadosuperavitário dos planos de previdência privado em regime fechado, caberá a entidade, em seu estatuto, definir aoperacionalização, a distribuição e denominação da rubrica que usará para a efetiva utilização dessa reserva especialdeterminada por lei complementar.5. No caso dos autos, os autores colacionaram aos autos o ESTATUTO DA CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOSFUNCIONÁRIOS DO BB, o qual, em seu art. 82 e seguintes (fls. 77/78), prevê o BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO -oqual foi depositado na conta de cada autor associado, ora apelantes (fls. 38/72)-, a título de rateio dos valores, entre osparticipantes e beneficiários dos planos de previdência, apurados na reserva especial, o qual não será considerado abonoou 13º (décimo terceiro) salário, somente será devido enquanto houver saldo suficiente no Fundo de Destinação daReservaEspecial de Participantes para a cobertura da totalidade dos valores mensais, não constitui elevação de valor dosbenefícios previstos no art. 23 e a estes não são incorporados.6. Por derradeiro, notável é que, quando da inserção de tal benefício na conta dos apelantes, há evidente acréscimopatrimonial de riqueza nova ao patrimônio já existente, o que se enquadra no conceito de renda e é fato gerador do impostode renda (IR). Desse modo, é legal a incidência do imposto de renda, por sua própria natureza e previsão legal, sobre osBENEFÍCIOS ESPECIAIS TEMPORÁRIOS em razão de configurar inequívoco acréscimo patrimonial.

7. Recurso de Apelação improvido.

7. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 40).8. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.9. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

41 - 0003805-25.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003805-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x IRINEU ALVES MARTINS (ADVOGADO:ES015447 - Fagner Augusto de Bruym.).Processo nº 0003805-25.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003805-9/01)Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: IRINEU ALVES MARTINSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 136/145, contra acórdão proferido às fls. 131/133, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):

1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

42 - 0101734-90.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.101734-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ELISABETH DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVODE RESENDE RAPOSO.).RECURSO Nº 0101734-90.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA ELISABETH DE OLIVEIRARECORRIDA: UNIÃO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. REVERSÃO DE RESERVA ESPECIAL AOS PARTICIPANTES DEENTIDADE PRIVADA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO. NÃOCONFIGURAÇÃO DE TRIBUTAÇÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença, proferida pela MMa. Juíza Federal do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 122/126), que julgou improcedentes os pedidos para que seja declaradaa inexistência de relação jurídico-tributária que lhe impusesse a obrigação de recolher imposto de renda sobre a reversãodo resultado superavitário de entidade fechada de previdência complementar, bem como para que a UNIÃO fossecondenada a restituir os valores do tributo indevidamente vertidos. Em suas alegações (fls. 129/135), a recorrente sustentaque a quantia recebida a título de Benefício Especial Temporário, também designado como distribuição de superávittécnico, já constituiu a base de cálculo de imposto de renda pago pela entidade de previdência complementar (art. 6º, §1º,da Lei n. 11.053/04), razão por que não poderia ser objeto de nova tributação graças à isenção prevista pelo art. 31, I, daLei n. 7.713/88. Portanto, a configuração de cobrança indevida da exação lhe daria direito à restituição, de acordo com odisposto pelo art. 165, I, do Código Tributário Nacional.2. A UNIÃO, em suas contrarrazões (fls. 139/153), requereu o desprovimento do recurso, uma vez que a reversão dosvalores da parcela de superávit da reserva especial pelas entidades de previdência complementar constitui acréscimopatrimonial dos beneficiários e, por conseguinte, deve ser tributada pelo imposto de renda (art. 43, §1º, do Código TributárioNacional; art. 33, da Lei n. 9.250/95). Igualmente, aduz que há equívoco na equiparação dos valores pagos pelas entidadesde previdência privada aos rendimentos da caderneta de poupança. Sustenta que não há dupla incidência tributária, poisesta não se configura se o imposto de renda é exigido por um mesmo ente tributante, no caso, a União. Sustenta, ainda,que, no caso concreto, não houve bis in idem porque o legislador permitiu a dedução, da base de cálculo do Imposto deRenda da Pessoa Física, do valor das contribuições vertidas aos planos de previdência privada. E, mesmo com relação àscontribuições vertidas pelos empregados durante a vigência da Lei n. 7.713/88, a não incidência do IRPF sobre osbenefícios pagos pelas entidades de previdência complementar somente se aplica ao valor correspondente àquelas

contribuições (1ª fonte de custeio), e não ao valor dos benefícios que é composto pelas contribuições realizadas peloempregador (2ª fonte de custeio) e pelos rendimentos auferidos pelo fundo (3ª fonte de custeio). Sustenta que a distribuiçãodo superávit em nada se assemelha ao rateio do patrimônio da entidade de previdência privada entre seus participantes.Ainda que se assemelhasse, o Eg. STJ já superou o posicionamento destacado pela parte contrária e se posicionou nosentido de que o IRPF incide sobre os valores recebidos pela pessoa física a título de rateio do patrimônio da entidade deprevidência privada.3. É o relatório.4. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O art. 20, da Lei Complementar n. 109/01, dispõe que o resultado superavitário dos planos de benefícios de entidadesfechadas de previdência complementar será, primeiramente, destinado à constituição de reserva de contingência até olimite de 25% das reservas matemáticas (caput), devendo os valores excedentes a esse percentual ser destinados àreserva especial para revisão dos planos de benefícios (§1º). O Conselho de Gestão da Previdência Complementar, órgãointegrante do Ministério da Previdência Social, editou a Resolução n. 26/2008 para disciplinar a forma de apuração eutilização do superávit das entidades fechadas de previdência complementar, prevendo, em seu art. 23, que a utilização dosuperávit que ensejou a reserva especial seja feita mediante a adoção sucessiva de providências que visassem à reduçãoparcial das contribuições (inciso I), à redução integral ou suspensão da cobrança de contribuições no montante equivalentea pelo menos três exercícios (inciso II), e à melhora dos benefícios e/ou reversão de valores de forma parcelada aosparticipantes, aos assistidos e/ou ao patrocinador (inciso III).3. O Benefício Especial Temporário, cuja tributação discute-se nos autos, é formado pelo resultado positivo das aplicaçõese investimentos realizados pela entidade fechada de previdência complementar que excede o necessário à formação dereserva de contingência, sendo ele a alternativa às opções para suspensão ou redução, quer parcial quer integral, dascontribuições vertidas pelos participantes. Embora o seu recebimento caracterize disponibilidade de renda, de acordo com adescrição de acréscimo patrimonial previsto na hipótese de incidência do imposto de renda (art. 43, do Código TributárioNacional), a parte autora sustenta que a referida exação somente poderia incidir sobre as importâncias pagas, sob a formade renda periódica, aos participantes de entidades de previdência privada se “os rendimentos e ganhos de capitalproduzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sido tributados na fonte” (art. 31, I, da Lei n. 7.713/88).Contudo, a parte autora sustenta que tais rendimentos e ganhos seriam ainda objeto de imposto de renda arcado pelaentidade de previdência, porque o art. 7º, da Lei n. 11.053/04, teria mantido a regra de isenção positivada pelo art. 6º, doDecreto-lei n. 2.065/83, que não incluía “os dividendos, juros e demais rendimentos de capital” recebidos pela entidade deprevidência complementar na hipótese de não incidência.4. Entretanto, ao se proceder a uma interpretação sistemática do regime de tributação do imposto de renda sobre asquantias que compõem a reserva especial, assinalo que a tese ventilada pelo recorrente não encontra respaldo na Lei n.11.053/04, pois o seu art. 5º expressamente amplia a regra de isenção prevista no art. 6º, do Decreto-lei n. 2.065/83, aodispor que: “A partir de 1º de janeiro de 2005, ficam dispensados a retenção na fonte e o pagamento em separado doimposto de renda sobre os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas efundos de planos de benefícios de entidade de previdência complementar, sociedade seguradora e FAPI, bem como deseguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência”. Portanto, infirmada a premissa que lastreava a conclusãoadotada pela parte autora, o recolhimento de imposto de renda sobre o Benefício Especial Temporário é lícito, tendo-se emvista que os rendimentos que o constituíram não foram objeto de tributação anterior pelo imposto de renda.5. De igual modo, o argumento relacionado à incidência dúplice, no período anterior à aplicação da Lei n. 11.053/04,tampouco encontra amparo, pois a regra veiculada pelo art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, foi tacitamente revogada pelo art. 33,da Lei n. 9.250/95, conforme o critério cronológico para resolução de antinomias. Com efeito, por serem normas veiculadaspor instrumentos de igual hierarquia legal, há que prevalecer a regra que passou a prever a incidência, sem ressalvas, doimposto de renda sobre os benefícios recebidos de entidade de previdência privada, até a vigência da nova disciplinaprevista pela Lei n. 11.053/04.6. Em apoio a esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região emjulgamento da AC 201250010048908 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Luiz Antônio Soares, DJF2R 13/03/2014):TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. LEIS 7.713/88 E 9.250/95. SUPERAVIT NO RESULTADODOS PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. LC Nº109/2001. RATEIO DO PATRIMÔNIO COM PARTICIPANTES EBENEFICIÁRIOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.1. Os apelantes desta ação são ex-empregados do Banco do Brasil e visam obter declaração de não incidência do impostode renda sobre verba recebida pelos aposentados da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI,entidade fechada de previdência complementar, verba esta denominada superávit, nos seus contracheques.2. A doutrina é unânime em pontuar que a hipótese de incidência do imposto de renda é, portanto, a renda (acréscimopatrimonial do produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) ou os proventos (outras espécies de acréscimopatrimonial não compreendida no conceito de renda). Logo, conclui-se que, é imprescindível haver acréscimo patrimonialpara ocorrer a incidência tributária.3. Em relação à incidência de imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria após o advento da Lei nº9.250/95, a orientação do STJ é firme no mesmo sentido do aresto impugnado: é legitima a incidência do imposto de renda,pois não se exigiu mais o recolhimento do imposto sobre as parcelas de contribuição aos fundos privados decomplementação de aposentadoria; e, também, é lícita a incidência de imposto de renda sobre os valores decorrentes deinvestimentos e aplicações financeiras realizadas pela própria entidade de previdência privada, por configurar inequívocoacréscimo patrimonial.4. A LC nº 109/2001 estabelece sistemática para quando ocorrer eventual superávit nos resultados dos planos de benefíciosdas entidades fechadas, como forma de sustentabilidade econômica da própria entidade de previdência privada, impõe autilização dessa reserva especial, bem como assina a obrigatoriedade dos registros de tais superávits nos livros contábeis,os quais estão sujeitos à fiscalização da Administração Tributária, para assim verificar se houve acréscimo patrimonial, ounão, fato passível de incidência do imposto de renda por sua natureza, apesar de não se tratar da contribuição em espécie.

Por conseguinte, determinadas as linhas gerais da funcionalidade e destinação dos recursos extraídos do resultadosuperavitário dos planos de previdência privado em regime fechado, caberá a entidade, em seu estatuto, definir aoperacionalização, a distribuição e denominação da rubrica que usará para a efetiva utilização dessa reserva especialdeterminada por lei complementar.5. No caso dos autos, os autores colacionaram aos autos o ESTATUTO DA CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOSFUNCIONÁRIOS DO BB, o qual, em seu art. 82 e seguintes (fls. 77/78), prevê o BENEFÍCIO ESPECIAL TEMPORÁRIO -oqual foi depositado na conta de cada autor associado, ora apelantes (fls. 38/72)-, a título de rateio dos valores, entre osparticipantes e beneficiários dos planos de previdência, apurados na reserva especial, o qual não será considerado abonoou 13º (décimo terceiro) salário, somente será devido enquanto houver saldo suficiente no Fundo de Destinação daReservaEspecial de Participantes para a cobertura da totalidade dos valores mensais, não constitui elevação de valor dosbenefícios previstos no art. 23 e a estes não são incorporados.6. Por derradeiro, notável é que, quando da inserção de tal benefício na conta dos apelantes, há evidente acréscimopatrimonial de riqueza nova ao patrimônio já existente, o que se enquadra no conceito de renda e é fato gerador do impostode renda (IR). Desse modo, é legal a incidência do imposto de renda, por sua própria natureza e previsão legal, sobre osBENEFÍCIOS ESPECIAIS TEMPORÁRIOS em razão de configurar inequívoco acréscimo patrimonial.7. Recurso de Apelação improvido.

7. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 43).8. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.9. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

43 - 0005336-49.2005.4.02.5001/01 (2005.50.01.005336-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SERGIO SUZANA(ADVOGADO: ES009807 - CARLOS JOSE LIMA FARONI, ES009189 - MARCO POLO FRIZERA FILHO.) x UNIÃOFEDERAL/FAZENDA NACIONAL (PROCDOR: KARLA EUGENIA PITTOL DE CARVALHO.).Processo nº 0005336-49.2005.4.02.5001/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: SERGIO SUZANAEmbargada: UNIÃORelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RESTITUIÇÃO DE VALORES RETIDOS A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDAINCIDENTE SOBRE LICENÇA-PRÉMIO INDENIZADA E ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. APLICAÇÃORETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO. INCIDÊNCIA DA REGRA DO “CINCO MAISCINCO”. PRESCRIÇÃO AFASTADA. ERRO MATERIAL RECONHECIDO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTEPROVIDO.

SERGIO SUZANA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 217/219, contra decisão monocrática referendadapor esta Turma Recursal, às fls. 213/214, ao argumento de existência de contradição. Para tanto, sustenta ter havidoequívoco na apreciação da data do ajuizamento da ação ao se considerar, como data de propositura, o dia 13/06/2005 (datada distribuição) ao invés de 08/06/2005 (data do protocolo da petição inicial). Argumenta que, tendo a demanda sidoproposta antes da entrada em vigor da LC 118/2005 (a dizer, antes de 09/06/2005), é inaplicável o novo e reduzido prazoprescricional de 05 (cinco) anos para repetição ou compensação de indébito tributário trazido pela referida LC 118/2005,devendo prevalecer, in casu, o prazo de 10 (dez) anos contados do fato gerador, por aplicação conjugada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, inciso I, do Código Tributário Nacional – CTN. Realça a orientação firmada pelo Supremo TribunalFederal nos RE´s 561.928/RS e 566.621/RS. Requer seja sanado o apontado vício e reconsiderado o decisum.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Assiste razão em parte ao embargante. Cuida-se em realidade de erro material.

04. Com efeito, houve equívoco na apreciação da data do ajuizamento da ação, uma vez que, a despeito da previsão�contida no art. 263 do Código de Processo Civil, a demora do serviço judiciário em autuar a petição inicial ou em

promover-lhe a distribuição não pode prejudicar a parte autora, de modo que, quando a data do protocolo não forcoincidente com o primeiro despacho ou distribuição, será aquela a data a ser considerada como data de propositura daação, inclusive para efeitos de contagem de prazo prescricional e decadencial.

05. Destarte, tendo em conta que a demanda foi de fato proposta em 08/06/2005- fl. 01, a dizer, antes da entrada emvigor da LC 118/2005 (em 09/06/2005), resta afastada a ocorrência de prescrição, porquanto inaplicável ao caso a reduçãodo prazo prescricional trazida por aquele diploma legal.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento para retificar a

decisão de fls. 213/214 e afastar a prescrição nela reconhecida, devendo ser mantido na íntegra o acórdão de fls. 143/146por se coadunar com o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal nos RE´s 561.928/RS e 566.621/RS.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecerdos embargos de declaração e a eles dar parcial provimento, na forma do voto-ementa integrante do julgado.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

44 - 0106003-97.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.106003-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x ISOLINA MARIA BOONE (ADVOGADO:ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.).Processo nº 0106003-97.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.106003-1/01)Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ISOLINA MARIA BOONERelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 146/155, contra acórdão proferido às fls. 141/143, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

45 - 0000173-42.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000173-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x ELZA CONCEIÇÃO VIEIRA(ADVOGADO: ES015691 - RODRIGO LOPES BRANDÃO, ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).Processo nº 0000173-42.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000173-8/01)Juízo de Origem: 1ª VF SerraRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ELZA CONCEIÇÃO VIEIRARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 165/174, contra acórdão proferido às fls. 160/162, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

46 - 0006069-57.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006069-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMILDO ALVES DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x Juiz Federal do 2º Juizado EspecialFederal x UNIAO FEDERAL.RECURSO Nº 0006069-57.2008.4.02.5050/01IMPETRANTE: ROMILDO ALVES DE OLIVEIRAIMPETRADOS: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E UNIÃORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DEPROCESSO CIVIL. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA JÁ DECIDIDA PELO COLEGIADO. MERO INCONFORMISMO.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ROMILDO ALVES DE OLIVEIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 247/252, contra acórdão proferido àsfls. 243/245 ao argumento de existência de contradição. Para tanto, sustenta que o julgado embargado teve comofundamentação fato não ocorrido na ação originária, qual seja, o trânsito em julgado da sentença. Argumenta que nãointerpôs recurso inominado, porque foi impedido pelo Juízo a quo, restando-lhe apenas a possibilidade de impetração demandado de segurança. Afirma que, se não houve possibilidade de recurso, a sentença não transitou em julgado, o queafasta o entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal consubstanciado no enunciado n. 268, da súmula da suajurisprudência. Requer a aplicação de efeitos infringentes ao recurso interposto.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Verifico que a pretensão manifestada pelo embargante é a de rediscutir o entendimento firmado pelo Colegiadono tocante à possibilidade de impetração de mandado de segurança, como substitutivo de recurso inominado. Talpretensão não encontra guarida na estreita via dos embargos declaratórios, que constituem recurso de integração, e não derevisão, cuja fundamentação está estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de ProcessoCivil, e 48, da Lei n. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

47 - 0002585-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002585-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x MARIA JOSÉ MONFARDINI(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).Processo nº 0002585-58.2013.4.02.5050/01 - 1º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARIA JOSÉ MONFARDINIRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. AÇÕES DIRETAS DEINCONSTITUCIONALIDADE 4357 E 4425. MODULAÇÃO DE EFEITOS. DESNECESSIDADE DE AGUARDAR OTÉRMINO DO JULGAMENTO. INEXISTÊNCIA DE COMANDO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NESSE SENTIDO.UTILIZAÇÃO DO INPC. EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS

1. Cuida-se de embargos de declaração, apresentados pelo INSS, contra o acórdão de fls. 146-148, que negouprovimento ao seu recurso inominado, mantendo os juros de mora e a correção monetária fixados na sentença, tendo emvista que esta se coaduna com o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.270.439.

2. O embargante alega ter havido omissão quanto à definição dos critérios de correção monetária, apontando que ojulgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.425 e 4.357 não foi finalizado, sendo possível que haja amodulação dos efeitos quanto à correção monetária. Aduz: i) que a decisão está maculada por vícios de omissão econtradição, posto que não foi observado que inexiste posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre qual índice decorreção monetária deverá ser utilizado nas condenações contra a Fazenda Pública em matéria que não seja de naturezatributária; ii) que a adoção de índice de correção monetária, em matéria pendente de decisão pelo Supremo, implicaráviolação ao art. 102, § 2º da Constituição da República. Requer sejam admitidos e providos os embargos para sanar asomissões e contradições existentes.

3. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

4. Em análise dos autos, verifico que os argumentos trazidos em petição de embargos declaratórios são osmesmos já apontados quando da interposição do recurso inominado. Tais alegações já foram apreciadas no voto colegiadode fls. 146-148, no qual ficou assentado que o Supremo Tribunal Federal não determinou o sobrestamento dos feitos quetratassem do mesmo tema. Outrossim, as alterações na taxa dos juros e na correção monetária foram realizadas de acordocom o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 1.270.439.

5. �De fato, o Superior Tribunal de Justiça – STJ por ocasião do julgamento do REsp. 1.270.439/PR , em sede derecurso repetitivo, entendeu que, a partir da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei nº 11.960/2009: (a)a correção monetária das dívidas fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada do período, a elanão se aplicando os índices de remuneração básica da caderneta de poupança; e (b) os juros moratórios serãoequivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta de poupança, exceto quando adívida ostentar natureza tributária, para as quais prevalecerão as regras específicas.

6. Neste julgamento, o STJ utilizou como índice de correção monetária o IPCA (Índice de Preços ao ConsumidorAmplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tendo em vista a condenação da Fazenda Pública emmatéria não tributária referente a pagamento de servidor público. Para o Tribunal Superior, tal índice refletiria melhor ainflação acumulada no período.

7. No caso ora em estudo – demanda previdenciária – correta se faz a adoção do INPC, índice utilizado anualmentepara o reajustamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme disposto no art. 41-A da Lei nº8.213/91.

8. Cumpre salientar, mais uma vez, que não há necessidade de se aguardar o pronunciamento do SupremoTribunal Federal quanto à modulação dos efeitos da decisão proferida nas ADI´s 4.357 e 4.425, na medida em que nãohouve determinação daquela Suprema Corte de sobrestamento dos feitos enquanto não ultimada a modulação.

9. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos em razão da inexistência de vícios a serem sanados.A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,

mas desprover os embargos de declaração, na forma do voto-ementa integrante do julgado.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

48 - 0005541-81.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005541-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x ALICE FELBERG (ADVOGADO: ES006518 -JEFEFERSON APARICIO CAMPANA, ES004443 - ERNANDES GOMES PINHEIRO.).Processo nº 0005541-81.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005541-3/01)Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ALICE FELBERGRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 108/116, contra acórdão proferido às fls. 104/105, que deuparcial provimento ao recurso da autarquia apenas para readequar os juros de mora aplicados na sentença, mantendo oINPC como forma de atualização monetária. Alega o embargante que há omissão e contradição no julgado. Sustenta, paratanto, para fins de prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria aforma de atualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o SupremoTribunal Federal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento dasADIs 4357 e 4425.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignaçãode uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):

1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.

2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

49 - 0005709-20.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.005709-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x MARCUS VINICIUS DA COSTA (ADVOGADO:ES014023 - RAUL DIAS BORTOLINI, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA.).Processo nº 0005709-20.2011.4.02.5050/02 - 3º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARCUS VINICIUS DA COSTARelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. AÇÕES DIRETAS DEINCONSTITUCIONALIDADE 4357 E 4425. MODULAÇÃO DE EFEITOS. DESNECESSIDADE DE AGUARDAR OTÉRMINO DO JULGAMENTO. INEXISTÊNCIA DE COMANDO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NESSE SENTIDO.UTILIZAÇÃO DO INPC COMO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS

1. Cuida-se de embargos de declaração, apresentados pelo INSS, contra o acórdão de fls. 128-135, que deu parcialprovimento ao seu recurso inominado apenas para determinar que os juros e a correção monetária sejam fixados de acordocom o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.270.439.

2. O embargante alega ter havido omissão quanto à definição dos critérios de correção monetária, apontando que ojulgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.425 e 4.357 não foi finalizado, sendo possível que haja amodulação dos efeitos quanto à correção monetária. Aduz: i) que a decisão está maculada por vícios de omissão econtradição, posto que não foi observado que inexiste posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre qual índice decorreção monetária deverá ser utilizado nas condenações contra a Fazenda Pública em matéria que não seja de naturezatributária; ii) que a adoção de índice de correção monetária, em matéria pendente de decisão pelo Supremo, implicaráviolação ao art. 102, § 2º da Constituição da República. Requer sejam admitidos e providos os embargos para sanar asomissões e contradições existentes.

3. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

4. Em análise dos autos, verifico que os argumentos trazidos em petição de embargos declaratórios são osmesmos já apontados quando da interposição do recurso inominado. Tais alegações já foram apreciadas no voto colegiadode fls. 128-135, no qual ficou assentado que o Supremo Tribunal Federal não determinou o sobrestamento dos feitos quetratassem do mesmo tema. Outrossim, as alterações na taxa dos juros e na correção monetária foram realizadas de acordocom o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 1.270.439.

5. �De fato, o Superior Tribunal de Justiça – STJ por ocasião do julgamento do REsp. 1.270.439/PR , em sede derecurso repetitivo, entendeu que, a partir da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei nº 11.960/2009: (a)a correção monetária das dívidas fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada do período, a elanão se aplicando os índices de remuneração básica da caderneta de poupança; e (b) os juros moratórios serãoequivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta de poupança, exceto quando adívida ostentar natureza tributária, para as quais prevalecerão as regras específicas.

6. Neste julgamento, o STJ utilizou como índice de correção monetária o IPCA (Índice de Preços ao ConsumidorAmplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tendo em vista a condenação da Fazenda Pública emmatéria não tributária referente a pagamento de servidor público. Para o Tribunal Superior, tal índice refletiria melhor ainflação acumulada no período.

7. No caso ora em estudo – demanda previdenciária – correta se faz a adoção do INPC, índice utilizado anualmentepara o reajustamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme disposto no art. 41-A da Lei nº8.213/91.

8. Cumpre salientar, mais uma vez, que não há necessidade de se aguardar o pronunciamento do SupremoTribunal Federal quanto à modulação dos efeitos da decisão proferida nas ADI´s 4.357 e 4.425, na medida em que nãohouve determinação daquela Suprema Corte de sobrestamento dos feitos enquanto não ultimada a modulação.

9. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos em razão da inexistência de vícios a serem sanados.A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma do voto-ementa integrante do julgado.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

50 - 0005271-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005271-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x OLINDINA LOOSE (ADVOGADO: ES003844 -ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.).Processo nº 0005271-28.2010.4.02.5050/01 - 2º Juizado Especial - ESRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: OLINDINA LOOSERelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. AÇÕES DIRETAS DEINCONSTITUCIONALIDADE 4357 E 4425. MODULAÇÃO DE EFEITOS. DESNECESSIDADE DE AGUARDAR OTÉRMINO DO JULGAMENTO. INEXISTÊNCIA DE COMANDO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NESSE SENTIDO.UTILIZAÇÃO DO INPC. EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS

1. Cuida-se de embargos de declaração, apresentados pelo INSS, contra o acórdão de fls. 186-187, que deu parcialprovimento ao seu recurso inominado para determinar que o pagamento das prestações vencidas seja acrescido de jurosde mora de 1% (um por cento) ao mês até 29.06.2009 e, a partir de 30.06.2009, calculado com base no índice oficial deremuneração básica dos juros aplicados à caderneta de poupança. Em seu recurso inominado, a autarquia previdenciáriahavia impugnado o índice de correção monetária e a fixação de juros em 1% ao mês, tendo sucumbido no tocante àcorreção monetária.

2. O embargante alega ter havido omissão quanto à definição dos critérios de juros e correção monetária,apontando que o julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.425 e 4.357 não foi finalizado, sendo possívelque haja a modulação dos efeitos quanto à correção monetária. Aduz: i) que a decisão está maculada por vícios deomissão e contradição, posto que não foi observado que inexiste posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre qualíndice de correção monetária deverá ser utilizado nas condenações contra a Fazenda Pública em matéria que não seja denatureza tributária; ii) que a adoção de índice de correção monetária, em matéria pendente de decisão pelo Supremo,implicará violação ao art. 102, § 2º da Constituição da República. Requer sejam admitidos e providos os embargos parasanar as omissões e contradições existentes.

3. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

4. Em análise dos autos, verifico que os argumentos trazidos em petição de embargos declaratórios são osmesmos já apontados quando da interposição do recurso inominado. Tais alegações já foram apreciadas no voto colegiadode fls. 186-187, no qual ficou assentado que o Supremo Tribunal Federal não determinou o sobrestamento dos feitos quetratassem do mesmo tema. Outrossim, a alteração na taxa dos juros de mora foi realizada de acordo com o entendimentofirmado pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 1.270.439, o mesmo não ocorrendo com a correção monetária.

5. �De fato, o Superior Tribunal de Justiça – STJ por ocasião do julgamento do REsp. 1.270.439/PR , em sede derecurso repetitivo, entendeu que, a partir da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei nº 11.960/2009: (a)a correção monetária das dívidas fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada do período, a elanão se aplicando os índices de remuneração básica da caderneta de poupança; e (b) os juros moratórios serãoequivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta de poupança, exceto quando adívida ostentar natureza tributária, para as quais prevalecerão as regras específicas.

6. Neste julgamento, o STJ utilizou como índice de correção monetária o IPCA (Índice de Preços ao ConsumidorAmplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tendo em vista a condenação da Fazenda Pública emmatéria não tributária referente a pagamento de servidor público. Para o Tribunal Superior, tal índice refletiria melhor a

inflação acumulada no período.

7. No caso ora em estudo – demanda previdenciária – correta se faz a adoção do INPC, índice utilizado anualmentepara o reajustamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme disposto no art. 41-A da Lei nº8.213/91.

8. Cumpre salientar, mais uma vez, que não há necessidade de se aguardar o pronunciamento do SupremoTribunal Federal quanto à modulação dos efeitos da decisão proferida nas ADI´s 4.357 e 4.425, na medida em que nãohouve determinação daquela Suprema Corte de sobrestamento dos feitos enquanto não ultimada a modulação.

9. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos em razão da inexistência de vícios a serem sanados.A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma do voto-ementa integrante do julgado.

FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

51 - 0000848-19.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000848-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLARINDA LORENCINIALTOÉ (ADVOGADO: ES010095 - DEUCIANE LAQUINI DE ATAIDE, ES012904 - GEORGIA ROCHA GUIMARAESSOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS ANTONIO BORGESBARBOSA.).Processo nº 0000848-19.2010.4.02.5052/01 - 1ª VF São MateusRecorrente: CLARINDA LORENCINI ALTOÉRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. AÇÕES DIRETAS DEINCONSTITUCIONALIDADE 4357 E 4425. MODULAÇÃO DE EFEITOS. DESNECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA.INEXISTÊNCIA DE COMANDO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NESSE SENTIDO. UTILIZAÇÃO DO INPC.EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS

1. Cuida-se de embargos de declaração, apresentados pelo INSS, contra o acórdão de fls. 131/134, que deuprovimento ao recurso inominado da parte autora para condenar o embargante a conceder o benefício de aposentadoria poridade rural com data de início em 03.12.2009, sendo que as parcelas vencidas deverão ser acrescidas de juros de mora,calculados com base no índice oficial de remuneração básica dos juros aplicados à caderneta de poupança e a correçãomonetária deve seguir o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput da Lei nº 8.213/91.

2. O embargante alega que: i) a decisão está maculada por vícios de omissão e contradição, porque não foiobservado que inexiste posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre qual o índice de correção monetária deverá serutilizado nas condenações contra a Fazenda Pública em matéria que não seja de natureza tributária; ii) a adoção de índicede correção monetária, em matéria pendente de decisão pelo Supremo, implicará violação ao art. 102, § 2º da Constituiçãoda República de 1988. Requer sejam admitidos e providos os embargos para sanar as omissões e contradições existentes.Por fim, requer a suspensão do julgamento até que o Supremo profira decisão final nas Ações Diretas deInconstitucionalidade 4357 e 4425.

3. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

4. �O Plenário do Supremo Tribunal Federal – STF, em decisão tomada em ações diretas de inconstitucionalidade ,declarou a inconstitucionalidade parcial do § 12 do art. 100 da Constituição da República, no que diz respeito à expressão“índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, bem como do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art.97 do ADCT; e por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, o qual prevê a aplicação do índice oficial da caderneta depoupança para efeito de correção monetária e de juros de mora nas condenações impostas à Fazenda Pública.Ressaltou-se, naquele julgamento, que a atualização monetária deve corresponder ao índice de desvalorização da moeda,no fim de certo período, e que o aludido índice introduzido pela Emenda Constitucional nº 62/2009 não reflete a perda dopoder aquisitivo da moeda.

5. �Posteriormente, o Superior Tribunal de Justiça – STJ por ocasião do julgamento do REsp. 1.270.439/PR , emsede de recurso repetitivo, entendeu que, a partir da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei nº11.960/2009: (a) a correção monetária das dívidas fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada doperíodo, a ela não se aplicando os índices de remuneração básica da caderneta de poupança; e (b) os juros moratóriosserão equivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta de poupança, exceto quandoa dívida ostentar natureza tributária, para as quais prevalecerão as regras específicas.

6. Neste julgamento, o STJ utilizou como índice de correção monetária o IPCA (Índice de Preços ao ConsumidorAmplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tendo em vista a condenação da Fazenda Pública emmatéria não tributária referente a pagamento de servidor público. Para o Tribunal Superior, tal índice refletiria melhor ainflação acumulada no período.

7. No caso ora em estudo – demanda previdenciária – correta se faz a adoção do INPC, índice utilizado anualmentepara o reajustamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme disposto no art. 41-A da Lei nº8.213/91.

8. Cumpre salientar que não há necessidade de se aguardar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federalquanto à modulação dos efeitos da decisão proferida nas ADI´s 4.357 e 4.425, na medida em que não houve determinaçãodaquela Suprema Corte de sobrestamento dos feitos enquanto não ultimada a modulação. Sendo assim, não há que sefalar de suspensão do processo até que se ultime a votação.

9. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos em razão da inexistência de vícios a serem sanados.A C Ó R D Ã ODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma do voto-ementa integrante do julgado.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

52 - 0000039-91.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000039-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.) x LAURA IGLESIAS DA SILVA DIAS(ADVOGADO: ES008629 - JOAO LUIS CAETANO, ES006808 - ANSELMO TABOSA DELFINO.).Processo nº 0000039-91.2008.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: LAURA IGLESIAS DA SILVA DIASRelator: Juiz Federal FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. RECUSO NÃO CONHECIDO. DECLARAÇÃO, DE OFÍCIO, DEPRESCRIÇÃO DAS PARCELAS VENCIDAS NO QUINQUÊNIO ANTEIROR AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO.

Cuida-se de novos embargos de declaração, opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, contra a decisãocolegiada de fls. 176/178 que rejeitou os primeiros embargos apresentados. Alega o embargante que não houve fixação dotermo inicial para pagamento das prestações vencidas, assim como não ocorreu pronunciamento sobre a incidência daprescrição quinquenal de eventuais créditos vencidos antes do ajuizamento da demanda. Requer que sejam sanadas asomissões apontadas.

02. Compulsando os autos, verifico que a autarquia, em seus primeiros embargos, não impugnou os temas oratratados. No presente recurso, pretende rediscutir questões sequer aventadas no acórdão embargado, o que desborda daspossibilidades de impugnação, ferindo o princípio da dialeticidade, pelo qual o recorrente deve impugnar, especificamente, adecisão que lhe trouxe prejuízo e demonstrar o seu desacerto. Se o embargante pretendia impugnar a data de início dobenefício deveria ter se utilizado do recurso inominado para tal tema, através da cumulação imprópria de pedidos.

03. Diante do cenário apresentado, não conheço dos embargos. Noutro giro, declaro, de ofício, a prescrição dasparcelas vencidas no quinquênio anterior ao ajuizamento da ação.

04. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

05. É como voto.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo nãoconhecer dos embargos de declaração, na forma do voto-ementa integrante do julgado.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal – Relator Designado

Acolher os embargosTotal 4 :

Dar parcial provimentoTotal 16 : Dar provimentoTotal 3 : Não conhecer o recursoTotal 1 : Não conhecer os embargos de declaraçãoTotal 1 : Negar provimentoTotal 20 : Rejeitar os embargosTotal 7 :