incontinência urinária e fecal no caminho da enfermagem lucas fontes
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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU – CAMPUS ALIANÇAENFERMAGEM – 6º PERÍODO – TURNO MANHÃ
INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL NO IDOSO
Teresina (PI), março de 2015
INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL NO IDOSO
ACADÊMICOS:
Alzira Silva Cecília Natielly Francisco Lucas Fontes Natana Karen Renata Freitas Suzana Bacelar Waldennia Veloso
DOCENTE:
Cidianna Melo
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): ASPECTOS GERAIS
• É definida como a “eliminação involuntária de urina em qualquer quantidade e frequência suficientes para provocar prejuízos sociais ou à saúde”.
• A prevalência aumenta com o envelhecimento e é maior em mulheres.
• É considerada um “gigante da geriatria”.
• Traz consequências sociais, como: depressão, redução da autoestima, afastamento de atividades sociais e mesmo do relacionamento íntimo.
• Também está associada a quedas e fraturas, infecções cutâneas e úlceras por pressão (UPP).
• É considerada um problema “normal da idade” por muitos pacientes.
• Muitos têm vergonha de contar e outros nem mencionam, por acreditarem que nada há a fazer.
• Muitos profissionais de saúde reconhecem a IU como doença, mas não investigam sua presença, por não se considerarem aptos a tratá-la.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): ASPECTOS GERAIS
• Incontinência urinária transitória.• Incontinência urinária estabelecida, que
engloba: IU funcional (muitas vezes transitória), IU de urgência (ou bexiga hiperativa ou instabilidade do detrusor), IU de esforço (ou IU de estresse), IU de transbordamento (ou IU paradoxal).
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): CLASSIFICAÇÃO
IU TRANSITÓRIA
• Surge de maneira mais ou menos súbita em pacientes previamente continentes ou provoca o agravamento da IU já estabelecida.
• O tratamento da causa geralmente leva à remissão da IU transitória: remoção de fecalomas e uso de supositórios; retirada do medicamento que desencadeou a IU.
• A dificuldade de “chegar a tempo” ao banheiro pode provocar IU.
• Pode surgir subitamente após uma fratura, AVC ou qualquer doença debilitante aguda.
• Torna-se estabelecida quando a situação que a desencadeou se tornar crônica como a osteoartrose grave, a doença de Parkinson e a hemiplegia após um AVC.
IU ESTABELECIDA: FUNCIONAL
• O tratamento da IU funcional consiste em melhorar a mobilidade com fisioterapia para reabilitação da marcha, uso de órteses como bengalas e andadores e a otimização do tratamento da doença de Parkinson.
• O percurso até o banheiro pode ser encurtado ou facilitado com mudança de quarto, reorganização dos móveis e adaptações ambientais como a instalação de corrimão e pisos antiderrapantes.
• A disponibilidade de urinol próximo da cama ou sofá do idoso pode resolver o problema.
IU ESTABELECIDA: FUNCIONAL
• Desejo imperioso de urinar imediatamente.
• Se há perda de urina, a denominação correta é IU de urgência, a causa mais comum de IU estabelecida em idosos com 75 anos ou mais.
• O seu mecanismo é a contração involuntária e não inibida do detrusor, o músculo responsável pelo esvaziamento da bexiga.
IU ESTABELECIDA: DE URGÊNCIA
• Em pessoas hígidas, o enchimento parcial da bexiga estimula a contração do detrusor, mas esta é inibida pelo cérebro até o momento adequado para a micção.
• O envelhecimento pode prejudicar esse controle pelo excesso de atividade do detrusor ou, por outro lado, pela inibição insuficiente.
• Esta última forma é comum em algumas doenças neurológicas como a doença de Parkinson, algumas demências e após o AVC.
IU ESTABELECIDA: DE URGÊNCIA
• O tratamento da IU de urgência envolve a utilização de “antimuscarínicos”, medicamentos que inibem a atividade do detrusor.
• No entanto, essas drogas estarão contraindicadas em algumas situações.
IU ESTABELECIDA: DE URGÊNCIA
• A causa mais comum de IU estabelecida em idosas com menos de 75 anos é a IU de esforço.
• Provocada pela redução da eficiência dos mecanismos responsáveis pela retenção urinária, ocorre nas situações de aumento da pressão intra-abdominal (PIA).
• O relaxamento do assoalho pélvico, resultado de multiparidade e cirurgias, provoca a deformação da uretra e mobilidade exagerada, fatores que reduzem sua eficiência como esfíncter.
• O hipoestrogenismo pode causar deficiência do mecanismo esfincteriano.
• A IU de esforço pode ser confirmada no exame físico ao se solicitar à idosa que tussa.
IU ESTABELECIDA: DE ESFORÇO
• O exame pode identificar vaginite atrófica, na maioria das vezes associada à uretrite atrófica, que facilita a IU.
• Em homens, a IU de esforço é menos comum e praticamente se restringe àqueles submetidos à prostatectomia.
• Para confirmar a impressão clínica, você pode solicitar ao idoso que durante dois ou três dias registre algumas informações em um “DIÁRIO URINÁRIO”: horário e volume da ingestão de líquidos, horário e volume das micções, horário, volume e situação dos episódios de incontinência e se há urgência.
IU ESTABELECIDA: DE ESFORÇO
IU ESTABELECIDA: DE ESFORÇO
Modelo de diário miccional.
• A obstrução da uretra e doenças neurológicas que acometem o detrusor levam à hiperdistensão da bexiga.
• Passa a ocorrer então extravasamento constante de pequenas quantidades de urina, nem sempre percebido pelo paciente.
• O exame físico demonstrará bexigoma e a passagem da SVA levará à eliminação de mais de 450 mL de urina.
• A IU por transbordamento pode ser iatrogênica.
• Idosos com dificuldade de esvaziamento vesical por HBP ou por redução da contratilidade do detrusor podem se tornar incapazes de urinar se utilizarem medicamentos antimuscarínicos.
IU ESTABELECIDA: POR TRANSBORDAMENTO
• Através da anamnese, faça as perguntas a seguir a todos os seus pacientes idosos.
• Muitos idosos que respondem “não” à primeira pergunta referem a perda nas outras. Caracterize se há prejuízo social ou à saúde e estará feito mais um diagnóstico de IU.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): TRATAMENTO
• 1º PASSO: DIAGNOSTICAR INCONTINÊNCIA URINÁRIA
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): TRATAMENTO
• Indague se há sensação de urgência precedendo a perda, se ocorre em situações de aumento da PIA ou se não é percebida pelo paciente.
• Verifique se é recente (sugerindo causas transitórias) ou de longa data. • Avalie se há padrões de micção e perda urinária: qual o volume, horário,
situação e se há relação com ingesta de líquidos.• No exame físico, verifique se há perda constante ou ao tossir.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): TRATAMENTO
• 2º PASSO: DEFINIR O TIPO DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Avalie se há causas de IU transitória, incluindo uso de medicamentos.
A mudança de alguns hábitos que podem provocar IU.
O enfermeiro como profissional da equipe multidisciplinar, pode conversar com médico para que o mesmo solicite exames de urocultura, cálcio, glicemia, vitamina B12 e função renal.
• 3º PASSO: IDENTIFICAR E TRATAR CAUSAS PREDISPONENTES
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): TRATAMENTO
• 4º PASSO: TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO
Restrição à ingestão excesso de líquidos no período noturno. Elevação das pernas para iniciar a reabsorção do edema. Idas mais frequentes ao banheiro. Abster-se da cafeína. Exercícios de Kegel, para fortalecer o músculo pubococcígeo que circunda o
ânus, uretra e vagina e pode interromper voluntariamente a micção.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): TRATAMENTO
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): TRATAMENTO
• 5º PASSO: TRATAMENTO FARMACOLÓGICO PARA IU ESTABELECIDA
Se o tratamento não-farmacológico falhar, poderá ser associado ao tratamento farmacológico.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): TRATAMENTO
• Orientar o idoso quanto à redução da ingestão de alimentos considerados irritantes vesicais, como a cafeína, bebidas gaseificadas, pimenta, e alimentos e bebidas ácidas.
• Incentivar a prática de exercícios físicos auxilia na manutenção de uma boa mobilidade.
• Explicar que se for para restringir a ingesta hídrica, que a mesma aconteça apenas no período noturno para evitar a noctúria.
• Verificar se a ingesta alimentar do idoso contém fibras em quantidades adequadas a fim de contribuir para um bom funcionamento intestinal e evitar a constipação.
• Estimular o exercício de Kegel.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU): CUIDADOS DE ENFERMAGEM
• É definida como passagem involuntária ou incapacidade de controlar a perda de matéria fecal, incluindo gases, através do ânus.
• Não é uma uma doença fatal, contudo está associada a uma elevada morbilidade e envolve os doentes numa grande ansiedade e vergonha.
• A abordagem da incontinência fecal deve ser abrangente e estruturada para que se possa tratar individualmente o doente.
• O que é adequado para uns, pode ser completamente inaceitável para outros.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): ASPECTOS GERAIS
• Mais frequente nas mulheres.• É mais comum em idosos e é uma das causas mais comuns de internamentos
em lares.• Mecanismos da normal continência fecal: a motilidade intestinal, o volume e a
consistência fecal, o grau de consciência mental, o tônus esfincteriano anal e a integridade da inervação neuronal.
• A incontinência surge geralmente após uma lesão traumática esfincteriana.• Estima-se que a IF seja de 1,4 a 20% para o grupo com idade superior a 40
anos.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): ASPECTOS GERAIS
Em termos etiológicos, a incontinência fecal pode dividir-se em quatro categorias: danos do esfíncter, alterações das características das fezes, distúrbios neuromusculares e sensibilidade retal.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): ETIOLOGIA
• Incontinência passiva: descarga involuntária e inconsciente de fezes ou gases.
• Incontinência de urgência: descarga de matéria fecal apesar das tentativas ativas para reter os conteúdos intestinais.
• Fecal soiling: perda de fezes após evacuação normal.
• A gravidade da incontinência varia desde a eliminação não intencional de gases, a perda de matéria fecal líquida até à evacuação completa do conteúdo intestinal.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): CLASSIFICAÇÃO
• O sistema nervoso autônomo medeia a contração tônica do esfíncter anal interno durante a continência e seu relaxamento durante a defecação, através do controle simpático e parassimpático, respectivamente.
• Com o envelhecimento, ocorre degeneração do esfíncter anal interno, que pode causar redução progressiva das pressões de repouso.
• Também pode ocorrer redução da complacência retal, da sensibilidade anal e atrofia muscular do assoalho pélvico associadas ao aumento da idade.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): FISIOPATOLOGIA
Principalmente por causa do trabalho de parto que determina o estiramento e a degeneração parcial do nervo pudendo.
É um nervo misto que tem funções sensitivas e motoras.
É responsável pela sensibilidade do períneo por meio do ramo perineal (escrotais e labiais), dos ramos retais inferiores e pelo ramo dorsal do pênis/clitóris.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): FISIOPATOLOGIA
• A IF em idosos poderia estar associada ainda aos comprometimentos cognitivos e físicos, que podem dificultar o acesso e a localização do banheiro, causar desinibição social e incapacidade de evacuar sozinho.
• A avaliação e o diagnóstico da IF incluem a avaliação clínica, constituída pelos sinais, sintomas e exame físico.
• Também podem ser solicitados exames complementares, incluindo a manometria anorretal, a retossigmoidoscopia, a defecografia, a eletromiografia anorretal, a ultra-sonografia endoanal e a latência motora terminal do nervo pudendo.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
• A modificação dos hábitos intestinais irregulares é muitas vezes essencial para o tratamento da incontinência.
• O objetivo é estabelecer um trânsito intestinal previsível, com frequência e consistência de fezes mais fáceis de controlar.
• Uma dieta equilibrada de fibras e fluidos é essencial.
• Existem fármacos eficazes utilizados no tratamento da IF: agentes formadores de volume, agentes antidiarreicos, injeções diretas no esfíncter, fármacos que aumentam a função do esfíncter e a desimpactação fecal.
• Contudo, existem medicamentos que exacerbam a incontinência fecal e a medicação do doente deve, por isso, ser revista.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): TRATAMENTO
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): TRATAMENTO
• Tratamentos efetuados por fisioterapeutas especializados têm grande benefício na incontinência fecal.
• O treino dos músculos do pavimento pélvico aumenta a sua força e resistência, estimula o seu suprimento nervoso, aumenta o fluxo sanguíneo para o reto, região anal e pavimento pélvico, bem como melhora a “consciência” anatômica para diminuir os episódios de incontinência.
• O biofeedback também se mostra um tratamento simples e seguro, com efeitos colaterais mínimos.
• Pretende que o doente reconheça o seu limiar sensitivo, aprenda a coordenar o processo de defecação e exercite o esfíncter.
• Ao contrário dos exercícios que fortalecem o pavimento pélvico, o biofeedback melhora a percepção da sensação retal e a resposta do esfíncter à distensão.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): TRATAMENTO
• Não constranger o idoso/paciente com IF, procurando assisti-lo da maneira mais humanizada possível.
• Incentivar a ingestão de mais fibra para aumentar o volume das fezes e evitar crises de obstipação intestinal.
• Explicar a utilização de supositórios evacuadores ou pequenas lavagens intestinais para esvaziar o reto antes de sair de casa. Desse modo, será possível evitar o inconveniente da perda de fezes ou de gases.
INCONTINÊNCIA FECAL (IF): CUIDADOS DE ENFERMAGEM
BOM DIA!
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Blog: NoCaminhoDaEnfermagem.blogspot.com.br/Lucas Fontes