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Mestrado em Ensino de Geografia no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular Filipa Antero Sousa e Silva M 2018

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Page 1: Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades ......Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular Filipa Antero Sousa e Silva

Mestrado em Ensino de Geografia no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário

Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular Filipa Antero Sousa e Silva

M 2018

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Filipa Antero de Sousa e Silva

Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades educativas

especiais no ensino regular.

Relatório de Estágio realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia no 3.º

ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário,

orientada pela Professora Doutora Laura Maria Pinheiro de Machado Soares

e coorientada pela Professora Doutora Fátima Matos

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

novembro de 2018

Page 3: Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades ......Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular Filipa Antero Sousa e Silva

Inclusão vs. Integração dos alunos com necessidades

educativas especiais no ensino regular

Filipa Antero Sousa e Silva

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia, orientada pela Professora

Doutora Laura Maria Pinheiro Machado Soares

coorientada pela Professora Doutora Fátima Loureiro de Matos

Orientador de Estágio, Dr.ª Cristina Calheiros Cruz

Supervisor de Estágio, Professora Doutora Elsa Maria Teixeira Pacheco

Membros do Júri

Professora Doutora Carmen do Céu Gonçalves Ferreira

Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Doutora Paula Maria Nogueira Lopes Costa

Especialista com Doutoramento

Professora Doutora Laura Maria Pinheiro Machado Soares

Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Classificação obtida: 18 valores

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Sumário

Declaração de honra ...................................................................................................................... 6

Agradecimentos ............................................................................................................................. 7

Resumo .......................................................................................................................................... 8

Abstract ......................................................................................................................................... 9

Introdução ................................................................................................................................... 10

Capítulo 1 - Enquadramento conceptual ..................................................................................... 14

1.1. Conceito e classificação das NEE's .................................................................................. 15

1.2. Integração versus Inclusão ............................................................................................... 23

1.3. Legislação ........................................................................................................................ 26

1.4. As NEE em Portugal: breve análise estatística ................................................................ 29

Capítulo 2 - Contextualização do estudo de caso ........................................................................ 34

2.1. A Escola ........................................................................................................................... 34

2.2. As turmas, os alunos e os docentes .................................................................................. 39

Capítulo 3 – Metodologia ............................................................................................................ 41

3.1. Reflexões iniciais ............................................................................................................. 41

3.1. Primeira abordagem: que materiais e métodos? ............................................................... 42

3.2. Instrumentos de recolha de dados. ................................................................................... 44

3.2.1. Inquéritos por questionário ........................................................................................ 44

3.2.2. Quadro de observação em Excel ............................................................................... 47

3.2.3. Entrevista com a Professora Dra. Paula Costa. ......................................................... 47

Capítulo 4. Análise e discussão dos resultados ........................................................................... 53

4.1. Inquéritos aos alunos com NEE ....................................................................................... 53

4.2. Inquéritos aos alunos ‘sem’ NEE ..................................................................................... 59

4.3. Inquérito aos docentes ...................................................................................................... 65

4.4. Observação da grelha de Excel ........................................................................................ 69

Considerações finais .................................................................................................................... 73

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 76

Anexos......................................................................................................................................... 82

Anexo 1 - Enquadramento legislativo ..................................................................................... 83

Anexo 2 – Questionário dos alunos com NEE ........................................................................ 93

Anexo 3 – Questionário dos alunos sem NEE ........................................................................ 97

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Anexo 4 – Questionário aos professores ............................................................................... 100

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Declaração de honra

Declaro que o presente relatório de estágio é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto

e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho

consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Porto, 15 de novembro de 2018

Filipa Silva

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Agradecimentos

Esta etapa da minha vida e o meu ano de estágio foi algo que me fez crescer e me

proporcionou muitas aprendizagens. E por isso tenho que agradecer a quem esteve sempre

presente para me apoiar.

Em primeiro lugar agradeço aos meus pais, que sempre me incentivaram e ajudaram em

tudo o que precisei apoiando constantemente as minhas decisões, designadamente a opção de ser

professora.

Ao meu melhor amigo e namorado Cristiano, por todo o apoio que me dá, por me fazer

acreditar em mim todos os dias, pelos momentos difíceis em que me ‘atura’ e acalma também.

Obrigada pela preocupação, ajuda, brincadeiras e todos os momentos que vivemos juntos.

Ao meu irmão, que tanto me ‘chateia’ mas que tanto me ajuda também… e sei que vou

poder contar com ele para o que necessitar e para sempre.

À minha avó Emília que é a minha segunda mãe, que sempre me apoiou e acompanhou em

todos os momentos do meu percurso académico.

Agradeço aos meus amigos, que me apoiam incondicionalmente e estão comigo para tudo

o que necessito. Obrigada pela amizade sincera, pelos cafés, saídas e conversas, brincadeiras…

À minha professora orientadora e supervisora na escola, Cristina Calheiro Cruz, que sempre

me ajudou e apoiou no meu ‘novo’ percurso. Aconselhou-me sempre de forma clara no sentido

de conseguir obter os melhores resultados e me tornasse numa boa professora…cumprindo o meu

sonho.

À Professora Laura Soares, agradeço do fundo do meu coração toda a ajuda e

disponibilidade. Obrigada por ser a professora que é, obrigada por ser a pessoa maravilhosa que

é e poder aprender consigo durante estes 5 anos que passaram a correr.

E claro, um obrigado aos meus primeiros alunos…da turma 8ºD. Uma turma com alunos

bastante diferentes, que me fizeram crescer enquanto pessoa e professora.

A toda a minha família e aos colegas que conheci na faculdade, que transformaram estes 5

anos nos melhores da minha vida…até agora.

A todos, muito obrigada!

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Resumo

Hoje vivemos o nosso dia-a-dia a correr, sem tempo para pensar nos outros ou por

vezes fazendo-o com preconceitos de diferente tipo, criticando quem é diferente. No

ensino o panorama não é diferente. Nas escolas ouvimos falar de inclusão, que todos os

alunos são iguais e têm os mesmos direitos. Mas será que existe uma verdadeira inclusão

escolar de todos os estudantes, nomeadamente dos que são considerados alunos com

necessidades educativas especiais (NEE)? Será que reconhecemos o facto de cada ser

humano ter características e necessidades especiais que devem ser respeitadas? Não

deverá o sistema de ensino ser o primeiro a reconhecer que todos os alunos são especiais

e que devem ser aceites e apoiados sem restrições ou juízos de valor?

O presente relatório de estágio – elaborado no âmbito da Iniciação à Prática

Profissional do Mestrado em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino

Secundário da Faculdade de Letras da Universidade do Porto - prende-se com estas

questões, mas visa sobretudo perceber se existe uma verdadeira inclusão dos alunos com

NEE no ensino regular. Neste sentido, procuramos averiguar a opinião destes alunos, dos

colegas que com eles contatam todos os dias e dos docentes.

Para a concretização do nosso objectivo, definimos uma metodologia centrada na

realização de inquéritos por questionário a estes três intervenientes do processo de ensino

aprendizagem, a que associamos uma entrevista a um especialista na matéria e uma grelha

de observação dos alunos com NEE que tivemos oportunidade de acompanhar nas turmas

de ensino básico e secundário da escola secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves.

Tendo em conta os resultados obtidos, consideramos que a inclusão destes alunos

não se processa como todos gostaríamos. Se os estudantes demonstram não ter

conhecimento suficiente sobre o tema em causa, os professores sentem falta de formação

para lecionar turmas onde estão integrados alunos com NEE.

Palavras-chave: Necessidades educativas especiais, inclusão, integração, ensino regular.

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Abstract

Today we live our day-to-day running, having no time to think about other people

or sometimes doing it with prejudices of different kind, criticizing who is different. In the

education system the picture isn’t different. In schools we hear about inclusion, that all

students are equal and have the same rights. But is there a true school inclusion of all

students, especially those who are considered students with special educational needs

(SEN)? Do we recognize the fact that each human being has special characteristics and

needs to be respected? Should not the education system be the first to recognize that all

students are special and that they must be accepted and supported without restraint or

value judgments?

This report, which was prepared as part of the Initiation to Professional Practice of

the Master's Degree in Geography Teaching in the 3rd Cycle of Basic and Secondary

Education of the Faculty of Arts and Humanities of University of Porto, deals with these

issues, but mainly aims to understand if there is a real inclusion of pupils with SEN in

regular education. In this sense, we seek to ascertain the opinion of these students, the

colleagues who contact them every day and the teachers.

To achieve our objective, we defined a methodology focused on questionnaire

surveys applied to these three actors of the teaching-learning process, to which we

associated an interview to a specialist in this matter and a observation grid of pupils with

SEN that we had the opportunity to follow in school classes of the secondary school Dr.

Joaquim Gomes Ferreira Alves.

Taking into account the obtained results, we consider that the inclusion of these

students does not proceed as we would all like. If the students demonstrate that they do

not have enough knowledge on the subject, teachers feel that they lack the training to

teach classes in which pupils with SEN are integrated.

Keywords: Special educational needs, inclusion, integration, regular education.

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Introdução

A Geografia é uma disciplina necessária e fundamental para todas as crianças e

jovens que frequentam o ensino básico e secundário. É importante perceberem que na

Geografia conseguem enquadrar o seu dia-a-dia, compreender fenómenos tão comuns

como ‘porque está a chover’, ou ‘porque ocorrem desastres naturais ou tecnológicos’,

porque existe ‘desigualdade na distribuição dos recursos no mundo’, como se ‘carateriza

a agricultura’ e como estão ‘estruturadas as áreas urbanas’… entre outros temas

englobados nas metas curriculares e que espelham o mundo em que vivemos.

Efetivamente,

The study of geography stimulates an interest in and a sense of wonder about places. It helps young people make sense of a complex and dynamically changing world. It explains where places are, how places and landscapes are formed, how people and their environment interact, and how a diverse range of economies, societies and environments are interconnected. It builds on pupils’ own experiences to investigate places at all scales, from the personal to the global. (…) Geography inspires pupils to become global citizens by exploring their own place in the world, their values and their responsibilities to other people, to the environment and to the sustainability of the planet (National Curriculum, 2009, p.101). Neste estudo não se pretende abordar, de forma genérica, a importância da

Geografia na educação dos nossos jovens. Na verdade, o nosso público-alvo centra-se nos

Alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE), pretendendo-se analisar se existe

uma verdadeira inclusão destes jovens no ensino regular. A Geografia surge como

enquadramento disciplinar de suporte, uma vez que o presente trabalho corresponde ao

nosso Relatório de Iniciação à Prática Profissional (RIPP) – do Mestrado em Ensino de

Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário (MEG) da Faculdade de

Letras da Universidade do Porto (FLUP) - mas também porque consideramos, pelas

temáticas que a Geografia aborda, que pode ajudar os NEE a conhecer e compreender

melhor o seu espaço de vivência, assim como fomentar o interesse e curiosidade por

lugares e pessoas que ultrapassam a sua experiência imediata, despertando neles a

consciência de que, independentemente das suas ‘fragilidades’, integram uma sociedade

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em que se pretende que sejam cidadãos envolvidos e ativos na promoção do

desenvolvimento de uma melhor qualidade de vida.

A escolha deste tema, prende-se com o facto de, no decurso do nosso estágio na

escola secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, termos tido a oportunidade (e

responsabilidade) de lecionar em três turmas com NEE e observar de perto o seu

desempenho e comportamento. Se são diferentes? Claro que sim. Mas não serão todos os

alunos diferentes? Todos com o seu ‘feitio’ e especificidades? Independentemente da

opinião que possamos ter sobre o Projeto Educativo da Escola da Ponte, concordamos

quando é referido, nos seus Princípios Fundadores (p.3), que (…) todo o aluno tem

necessidades educativas especiais, manifestando-se em formas de aprendizagem sociais

e cognitivas diversas [uma vez que] as características singulares de cada aluno implicam

formas próprias de apreensão da realidade.

Tínhamos encontrado um tema em trabalharíamos com gosto e interesse! Sempre

nos sentimos desafiados em abordar questões com que nos defrontamos na vida real e,

durante o nosso percurso escolar, não percebíamos muito bem o porquê de ter colegas

com NEE. Muitos deles eram alvo de violência principalmente psicológica, alvo de

comentários jocosos, por vezes integrados em turmas específicas (‘eram os menos

espertos’, para não utilizar os termos agressivos realmente aplicados). Neste contexto,

começamos a levantar algumas questões e a refletir sobre problemas que em muitas das

nossas escolas parecem ainda ‘escondidos’ sob a legislação que enquadra as Escolas

Inclusivas, conceito que se desenvolve principalmente a partir da Declaração de

Salamanca (1994, p.11) e cujo princípio fundamental

(…) consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respetivas comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola.

Mas será que a necessidade educativa especial é percetível? Os alunos com NEE

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usufruem de todos os apoios a que têm direito? Os professores sentem-se preparados para

lecionar estes alunos? E como atuam os seus colegas dentro e fora da sala de aula? Pela

nossa experiência durante o presente ano letivo (2017/18), ‘nem tudo o que parece é’. Na

verdade, recorrendo ao caso concreto das turmas que lecionamos, verificamos que nem

sempre há preocupação - ou talvez condições logísticas e materiais - de proporcionar a

alunos com NNE diferentes, ’tratamentos’ distintos e adequados a cada um. Por vezes, o

estatuto de aluno com NEE parece servir apenas para assegurar o cumprimento dos

direitos que lhes são conferidos pela legislação (e mesmo esses nem sempre são

garantidos), independentemente da Necessidade Educativa Especial (NEE) em causa. Por

outro lado, como pode a ‘escola’ evitar o bullying a que estes estudantes são por vezes

sujeitos pelos colegas?

Neste momento, as crianças e jovens passam pelo menos doze anos na escola. São

doze anos fundamentais no seu crescimento, adquirindo conhecimentos, competências e

novas perspetivas. Estes anos devem ser o mais proveitosos possível, garantindo a todos

o princípio da igualdade de oportunidades. E toda a sociedade deve assumir

responsabilidades neste contexto. Mas consideramos que nós, professores, devemos ser

os primeiros a tomar consciência de que a forma de ensinar deve ser adaptada ao ‘grupo-

turma’, mas não esquecendo as especificidades dos seus indivíduos.

Considerando todos os aspetos referidos, definimos como pergunta de partida deste

relatório: Existe inclusão dos Alunos com Necessidades Educativas Especiais no ensino

básico e secundário? Neste sentido, o nosso objetivo principal é analisar se existe ou não

uma verdadeira inclusão destes jovens no ensino regular, estabelecendo-se como

objetivos específicos:

• Perceber e discutir o conceito de NEE;

• Definir diferentes formas de NEE, tal como encaradas pelo Relatório Warnock

(1978) - o primeiro documento a introduzir o conceito de NEE – e a Declaração

de Salamanca (1994);

• Distinguir integração de inclusão dos NEE no ensino regular;

• Analisar como se processou ou a evolução do processo de ensino-aprendizagem

destes alunos;

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• Avaliar estatisticamente a dimensão do ‘problema’;

• Avaliar a perceção da comunidade educativa sobre este tema.

Para concretizar o nosso estudo, optamos por uma metodologia de trabalho centrada

na realização de inquéritos por questionário e na elaboração de entrevistas. Pretendendo-

se obter a opinião de todos os que fazem parte deste mundo escolar, os inquéritos serão

aplicados aos alunos que integram as turmas que lecionamos – quer os que apresentam

NEE, quer os alunos ditos ‘normais’ – e aos professores. Para tentar perceber se a(s)

escola(s) fornece(m) todas as condições necessárias à inclusão dos alunos com NEE,

serão efetuadas duas entrevistas a especialistas diretamente relacionados com o seu

acompanhamento e com a gestão das medidas preconizadas na legislação.

Assim, o nosso relatório encontra-se estruturado em quatro capítulos principais. O

primeiro destina-se ao enquadramento conceptual, onde serão discutidos os conceitos

essenciais da problemática abordada neste trabalho, recorrendo a obras e autores de

referência, assim como destacados os aspetos principais da legislação que se aplica às

NEE. No II capítulo, apresenta-se uma síntese da evolução do processo de ensino-

aprendizagem destes alunos, a que se associa informação estatística da dimensão que

assume na atualidade. A caracterização da Escola Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves e

das turmas que constituem a amostra do nosso estudo integra-se no terceiro capítulo, que

engloba igualmente uma descrição dos procedimentos metodológicos. O último capítulo

visa a apresentação e discussão dos resultados obtidos. Como conclusão, apresenta-se

uma súmula das principais ideias formuladas ao longo do trabalho, tentando responder à

nossa pergunta de partida e às questões subjacentes aos objetivos específicos que a

nortearam.

Este relatório pretende ser mais um contributo para o estudo da inclusão dos alunos

com NEE no ensino regular, dando a conhecer, através de um estudo de caso, uma

realidade que não é exclusiva de uma só uma escola. É nosso propósito que todos quantos

o lerem possam refletir e retirar as suas próprias conclusões, sobre a forma como podemos

transformar as nossas Escolas em locais verdadeiramente motivadores e adaptados à vasta

diversidade de cada aluno.

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Capítulo 1 - Enquadramento conceptual

A história da educação foi ultrapassando diferentes fases ao longo do tempo,

enquadrada por um quadro legislativo que foi sofrendo modificações progressivas,

adaptando-se à evolução dos contextos socioeconómico e cultural, científico e

pedagógico. Inicialmente orientado para as ‘elites’, hoje o ensino e a escola são acessíveis

a todos, até àqueles que necessitam de um apoio específico e que outrora eram inseridos

em escolas especiais, uma vez que, até à publicação do designado Relatório Warnock

(1978) eram considerados deficientes (Ferreira 2011).

Recorde-se, ainda, que só após a Segunda Guerra Mundial - com o desenvolvimento

dos ideais da democracia pela igualdade de Direitos (stade des droits fundamentaux de

acordo com a UNESCO, 1977) - (…) as pessoas com deficiência passaram a ser

consideradas como detentoras dos mesmos direitos e deveres dos restantes cidadãos,

como o direito à participação na vida social e à sua consequente integração escolar e

profissional (Gomes, 2013, p.25).

Por outro lado, termos como ‘deficiência’ (impairment), ‘dificuldade’ ou

‘incapacidade’ (disability) e ‘desvantagem’ (handicap), usados como sinónimos em

várias áreas científicas (da saúde à educação), passaram a ter um significado diferente e

específico, a partir do momento que a World Health Organization (WHO) publica, em

1980, a International Classification of Impairments, Disabilities, and Handicaps. A

manual of classification relating to the consequences of disease. A precisão dos termos

acima referidos foi muito importante no quadro do movimento de inserção das crianças

com NEE no ensino regular, permitindo (…) incluir, no conjunto dos dispositivos de

ajuda, não somente as crianças e os adolescentes habitualmente designados como

“deficientes” mas também os que têm insucesso escolar (Plaisance, 2003, apud Sanches

e Teodoro, 2006, p.67).

Partindo destas ideias, neste primeiro capítulo do nosso relatório vamos abordar

alguns dos conceitos essenciais associados à temática em estudo, assim como o panorama

legislativo e estatístico do ensino de alunos com NEE em Portugal.

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1.1. Conceito e classificação das NEE's

Em termos gerais, aluno - do latim alumnus, substantivo que designa criança de

peito, lactente, derivando do verbo alere, cuja acepção corresponde a ‘fazer aumentar,

crescer, desenvolver, nutrir, alimentar (Martins, 2005) - é aquele que recebe formação e

aprendizagem de um ou vários professores numa instituição cujo principal propósito é

contribuir para a aquisição de conhecimentos e competências a vários níveis. Somos

alunos durante vários anos da nossa vida, anos importantes onde crescemos e vamos

mudando a nossa maneira de ser e de pensar.

No caso do nosso país, Portugal, estamos perante um sistema de escolaridade

obrigatória que abrange, de acordo com a Lei nº 85/2009 de 27 de Agosto, (…) crianças

e jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos (Artº2, ponto 1), só

terminando com (…) a obtenção do diploma de curso conferente de nível secundário da

educação; ou (…) no momento do ano escolar em que o aluno perfaça 18 anos (Artº2,

ponto 4).

Ou seja, são 12 anos seguidos de aprendizagem onde se pode questionar se existe

uma inclusão efectiva de todos os alunos, especialmente dos que possuem o estatuto de

ANEE. A inclusão, conceito que abordaremos mais à frente, é a palavra-chave no nosso

trabalho, pretendendo-se refletir sobre se a escola é realmente ‘para todos’, ou seja

(…) se celebra a diversidade, encarando-a como uma riqueza e não como algo a evitar, em que as complementaridades das características de cada um permitem avançar, em vez de serem vistas como ameaçadoras, como um perigo que põe em risco a nossa própria integridade, apenas porque ela é culturalmente diversa da do outro, que temos como parceiro social (César, 2003, citado por Sanches e Teodório, 2006, p.70).

Para quem não está envolvido no sistema de ensino, seja enquanto profissional seja

enquanto estudante ou encarregado de educação, é fácil pensar que está tudo a correr bem

e que todos os alunos são tratados de maneira igual sem se sentirem desvalorizados e

diferentes. Mas será que na vida real, no seu dia-a-dia, os ANEE vêem cumprido este

discurso?

Para esta reflexão é importante começarmos por analisar o conceito de NEE,

introduzido pelo designado Relatório Warnock (1978), designação associada a Helen

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Mary Warnock que, durante quatro anos, estudou vários grupos de alunos com e sem

deficiências numa escola inglesa (fig.1).

Fig. 1 – O Relatório Warnock

introduziu o conceito de Special

Educational Needs (Necessidades

Educativas Especiais ou

Específicas).

Neste relatório o conceito de NEE parte do pressuposto - derivado de um estudo

prévio levado a cabo em 1971 pela Inner London Education Authority - que

(…) up to one in five children at some time during their school career will require some form of special educational provision [pelo que se referem] to the group of children (…) who are likely to require some form of special educational provision at some time during their school career as “children with special educational needs” (Warnock, 1978, p.41).

Oficialmente definido em Inglaterra pelo Education Act (1981, p.1), o conceito de

aluno com NEE aplica-se a todas as crianças que apresentam (…) a learning difficulty

which calls for special educational provision to be made, considerando que (…) uma

criança tem dificuldades especiais de aprendizagem se

(a) tem uma dificuldade significativamente maior em aprender do que a maioria das

crianças de sua idade; ou

(b) tem uma deficiência que o impede de fazer uso de instalações educacionais

geralmente fornecidas nas escolas, dentro da área da autoridade local em

questão, para crianças de sua idade; ou

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(c) tem menos de cinco anos de idade e é,

ou seria, se não houvesse provisões

educacionais especiais para ele, integrado

provavelmente dentro dos parágrafos (a)

ou (b) quando acima dessa idade (tradução

nossa, fig. 2).

Fig. 2 – Extrato do Education Act de 19811.

Neste sentido e como refere Machado (2012, p.4), alunos (…) com NEE são todos

aqueles que necessitam de apoio educativo especial em algum momento do seu percurso

escolar, independentemente da sua duração ou gravidade, considerando que [the]

purpose of education for all children is the same; the goals are the same. But the help

that individual children need in progressing towards them will be different (Warnock,

1978, p.5)

Assim, estamos perante um conceito de NEE bastante mais amplo do que o

tradicional, como é salientado no próprio Relatório Warnock2, encarado não como (…) a

particular disability which a child may be judged to have, but in relation to everything

1. Disponível em http://www.educationengland.org.uk/documents/acts/1981-education-act.pdf. Acesso: 20/07/2018. 2. Our concept of special education is thus broader than the traditional one of education by special methods appropriate for particular categories of children. It extends beyond the idea of education provided in special schools, special classes or units for children with particular types of disability, and embraces the notion of any form of additional help, wherever it is provided and whenever it is provided, from birth to maturity, to overcome educational difficulty. It also embodies the idea that, although the difficulties which some children encounter may dictate WHAT they have to be taught and the disabilities of some HOW they have to be taught, the point of their education is the same.

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about him, his abilities as well as his disabilities - indeed all the factors which have a

bearing on his educational progress (op.cit., p.37). Ou seja, as NEE deixam de ser

definidas pelo quadro médico (classificadas com base na ‘deficiência’), adotando-se uma

perspetiva educativa assente na (…) identificação, descrição e avaliação das

necessidades educativas especiais, de forma a garantir sucesso e uma plena integração

em escolas regulares (Meireles-Coelho, Izquierdo e Santos, 2007, p.179).

A formulação deste conceito abriu definitivamente a porta à integração dos ANEE

no ensino regular3, que no Relatório de Warnock viu um forte apoio, salientando que as

medidas de apoio a estes alunos devem ser aplicadas em escolas regulares e começar logo

que a criança evidencie dificuldades em aprender, reafirmando igualmente a importância

dos pais e dos professores neste contexto.

Outros autores têm procurado esclarecer o conceito de NEE, assim como a forma

como estas necessidades devem ser classificadas. Correia (1999, p.5), adoptando a

formulação de Brennen (1988), considera que existe uma NEE (…) quando um problema

físico, sensorial, intelectual, emocional ou social (…) afeta a aprendizagem ao ponto de

serem necessários acessos especiais ao currículo (…) para que o aluno possa receber

uma educação apropriada.

Neste sentido, o mesmo autor refere que podemos classificar as necessidades

educativas especiais em dois tipos, ‘permanentes’ e ‘temporárias’, exigindo as primeiras

que o currículo seja modificado e adaptado todo o ano letivo ou mesmo durante todo o

percurso escolar do aluno, enquanto as segundas implicam apenas mudanças parciais no

currículo dependendo e indo ao encontro das características da criança ou jovem durante

uma determinada fase da sua aprendizagem. Considerando que estes dois tipos de NEE

são necessárias, respetivamente, para estudantes com alterações significativas no seu

desenvolvimento provocadas por problemas orgânicos, funcionais, ou por défices

3. O movimento de integração escolar tem a sua base em finais da década de 1960 nos países nórdicos (designadamente na Dinamarca), difundindo-se na década seguinte em vários países – designadamente em Portugal - embora inicialmente os alunos com NEE fossem acompanhados, nas escolas regulares, por professores do Ensino Especial (Sanches e Teodoro, 2006). No nosso país o Despacho Conjunto 36/SEAM/SERE, de 17/08/1988 (publicado no Diário da Republica - 2ª Série, nº 18, p. 7430), define precisamente (…) a natureza, constituição, organização e coordenação das equipas de ensino especial integrado, que abrangem todo o sistema de educação e ensino não superior estabelecendo-lhes as suas atribuições e funcionamento.

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socioculturais e económicos graves e alunos apenas com dificuldade na leitura, escrita ou

resolução de cálculos, Correia (op.cit.) refere que as NEE podem ter:

� Carácter intelectual: onde se incluem alunos com deficiência mental, com

problemas graves na aprendizagem ou até alunos com capacidades superiores à

média – os sobredotados;

� Carácter processológico: alunos cujas maiores dificuldades assentam na

organização e expressão da informação, implicando um baixo desempenho em

algumas áreas académicas;

� Carácter emocional: estudante com perturbações emocionais ou

comportamentais graves (i.e. psicoses), pondo em causa o sucesso escolar e a

segurança dos que o rodeiam;

� Carácter motor: alunos com limitações físicas (de origem ou adquiridas à

posteriori), provocando algum tipo de incapacidade. Exemplos são a paralisia

cerebral, espinha bífida ou as derivadas de acidentes.

� Carácter sensorial: alunos que apresentam sobretudo deficiências de âmbito

visual ou auditivo.

Existem ainda alguns problemas de saúde que conferem direito ao estatuto de

ANEE, tais como a diabetes, a asma, a leucemia, o VIH, considerando-se que dificultam

a integração escolar pelos cuidados extremos que implicam.

Para a consolidação do conceito de NEE foram particularmente importantes dois

eventos mundiais: a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, que teve lugar

em Jomtien (Tailândia) em 1990, defendendo que (…) learning needs of the disabled

demand special attention. Steps need to be taken to provide equal access to education to

every category of disabled persons as an integral part of the education system (UNESCO,

1990, p.5); a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e

Qualidade, organizada pelo governo espanhol em cooperação com a UNESCO em 1994,

de que resultou a Declaração de Salamanca. Neste encontro foram acrescentados

elementos importantes à definição de NEE, em torno do objetivo ‘Educação para Todos’,

inspirado no princípio da inclusão, defendendo (…) instituições que incluam todas as

pessoas, aceitem as diferenças, apoiem a aprendizagem e respondam às necessidades

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individuais (Declaração de Salamanca, 1994, p. iii)4.

Neste contexto o conceito de NEE evoluiu no sentido de integrar qualquer tipo de

Dificuldade de Aprendizagem (Learning Disabilities), tal como definida pelo National

Joint Committee on Learning Disabilities (1998, p.258a):

(…) heterogeneous group of disorders manifested by significant difficulties in the acquisition and use of listening, speaking, reading, writing, reasoning, or mathematical skills. These disorders are intrinsic to the individual, presumed to be due to central nervous system dysfunction, and may occur across the life span. Problems in self-regulatory behaviors, social perception, and social interaction may exist with learning disabilities but do not, by themselves, constitute a learning disability. Although learning disabilities may occur concomitantly with other disabilities (e.g., sensory impairment, mental retardation, serious emotional disturbance), or with extrinsic influences (such as cultural differences, insufficient or inappropriate instruction), they are not the result of those conditions or influences.

Assim, o conceito de Dificuldade de Aprendizagem (DA) quase se confunde com

o de NEE, como refere Correia (2004), já que este último (…) abarca todos os alunos que

permanentemente ou em determinada altura, por qualquer motivo, apresentam um

determinado comprometimento que os impede de ter uma aprendizagem dita “normal”

ou igual à dos outros com a mesma idade (p.11). No entanto as DA representam um tipo

específico de NEE, normalmente de carater permanente (Correia, 1997).

Ou seja, assume-se uma perspectiva que de certo modo vai ao encontro dos

princípios fundadores do Projeto Educativo da Escola da Ponte (s/d, p.3)5, quando se

refere que

As necessidades individuais e específicas de cada educando deverão ser atendidas singularmente, já que as características singulares de cada aluno implicam formas próprias de apreensão da realidade. Neste sentido, todo o aluno tem necessidades educativas especiais, manifestando-se em formas de aprendizagem sociais e cognitivas diversas.

4. Disponível em http://redeinclusao.pt/media/fl_9.pdf. Acesso 20-07-2018. 5 . Disponível em http://www.escoladaponte.pt/novo/wp-content/uploads/2016/11/PE.pdf. Acesso 12-07-2018.

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Neste sentido, não é fácil chegar a um consenso sobre o que realmente significam

NEE’s. Como refere Drable (2013, p.3), apesar de ser universalmente aceite a importância

de apoiar crianças com necessidades educativas especiais, não existe um acordo global

(…) of what constitutes special needs in education [em parte devido à inexistência] of a

harmonised system of classification for individual learning difficulties.

Com efeito e apesar dos esforços promovidos quer pela UNESCO quer pela WHO

no sentido de uniformizar a classificação das NEE’s, vários países mantêm a sua própria

classificação. No entanto, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico

(OCDE) (…) has been working with national authorities since 1996 to develop

internationally comparable data on students with disabilities, learning difficulties and

disadvantages6, propondo que cada país reclassifique as ‘suas’ NEE’s considerando três

grandes grupos de necessidades educativas (OECD, 2000; Drable, 2013):

(1) Categoria A: refere-se a NEE’s de alunos com incapacidades (disabilities) de

origem claramente orgânica onde há concordância normativa substancial sobre as

tipologias a integrar neste grupo. Engloba deficiências intelectuais (i.e. deficiência

mental), sensoriais (i.e. cegos, surdos), e motoras (i.e. paralisia cerebral, distrofia

muscular) severas e profundas.

(2) Categoria B: dificuldades (difficulties) que não parecem ter origem orgânica ou

estar diretamente ligadas a fatores socioeconómicos, culturais ou linguísticos.

Incluem-se nesta categoria ‘problemas’ comportamentais, dificuldades de

aprendizagem moderadas, dificuldades de aprendizagem específicas e dislexia.

(3) Categoria C: desvantagens (disadvantages) derivadas de fatores

socioeconómicos, culturais e/ou linguísticos; ou seja, associam-se a contextos

desfavorecidos ou atípicos que a educação procura compensar.

Esta classificação tripartida permite englobar todo o tipo de ‘deficiências,

dificuldades e desvantagens’ que implicam necessidades educativas especiais.

Retomando alguns dos aspetos focados, as Necessidades Educativas Especiais

necessárias para ‘superar’ as Dificuldade de Aprendizagem, devem ser vistas, tal como

6. OECD, 2003, p.13.

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defende a UNNATI (2004, p.6), num ‘continuum’ (fig.3), considerando que

Impairment can generate disability, which in turn can generate a handicap. A handicap further leads to social and economic exclusion. Exclusion, intentional or not, keeps increasing. The more the exclusion, the less aware is the community of or concerned about the needs and barriers faced by persons with disabilities. This alienation leads to a widening gap in the understanding of persons with disabilities and their needs in day-to-day life.

Fig.3 – Classificação das NEE. Elaborado com base em: WHO, 1980; UNNATI, 2004.

Ou seja, uma deficiência (impairment), que pode ser fruto de doença ou acidente,

representa qualquer perda ou anomalia de uma função ou estrutura física ou psicológica.

Tal vai implicar dificuldade, restrição ou incapacidade (disability) para realizar algo

(resultado da deficiência), isto é, gera limitações funcionais à realização de atividades

consideradas ‘normais’ (para dado indivíduo) - que podem ser de ordem física,

psicológica ou social - pelo que constitui uma desvantagem (handicap) – resultante de

deficiência ou dificuldade – que limita o desempenho ‘normal’ do individuo, num grau

que vais depender do seu contexto socioeconómico, cultural e ambiental.

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Em forma de síntese e apresentando igualmente o conceito de NEE que adotaremos

no nosso trabalho, agrupamos no quadro 1 algumas das definições que consideramos mais

pertinentes.

Quadro 1. Conceito de NEE de acordo com várias fontes.

1.2. Integração versus Inclusão

Os termos ‘integração’ e ‘inclusão’ são por vezes utilizados como sinónimos. No

entanto, quando associados ao ensino e aos alunos com NEE, assumem posicionamentos

teórico-metodológicos diferentes.

A ‘integração’ refere-se, em termos gerais, à inserção dos alunos com NEE no

sistema regular de ensino, movimento que, como referimos no ponto anterior, começou a

concretizar-se sensivelmente a partir na década de 1970, sobretudo orientado para os

AUTOR CONCEITO

Relatório Warnock, 1978.

O conceito de NEE engloba não só alunos com deficiências, mas todos aqueles que, ao longo do seu percurso escolar possam apresentar dificuldades específicas de aprendizagem.

Declaração de Salamanca

UNESCO, 1994.

A expressão NEE aplica-se a todas as crianças e jovens cujas carências se relacionam com deficiências ou dificuldades escolares. Neste conceito, incluem-se crianças com deficiência ou sobredotados, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.

Education for Persons with Special Educational Needs Act (EPSEN, 2004)

NEE’s são definidas como uma restrição na capacidade que uma pessoa tem em participar e beneficiar da educação devido a uma incapacidade (disability) física, sensorial, mental ou de aprendizagem, ou qualquer outra condição que implica que essa pessoa aprenda de forma diferente de uma outra que não sofre desse condicionamento.

CONCEITO SÍNTESE

ADOTADO

Alunos que evidenciam dificuldades de aprendizagem permanentes ou temporárias, independentemente da sua génese (congénita ou adquirida) e tipologia (física/orgânca, psicológica ou social), pelo que necessitam de ‘necessidades educativas especiais’ concretizadas através de ajustamentos curriculares e metodologias de ensino-aprendizagem adaptadas à sua deficiência (impairment), dificuldade (disability) ou desvantagem (handicap).

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alunos com ‘deficiência’ (impairment). Neste contexto, preconiza-se que a integração do

aluno na vida escolar implica a sua adaptação à escola e ao seu funcionamento. Assim,

embora tendo em conta as suas características e necessidades, a

(…) integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é uma forma condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém, nada se questiona do esquema em vigor (Mantoan, 1997, p. 8).

Ou seja, a integração escolar reconhece que todos os alunos têm o direito de

frequentar uma escola regular, fundamentando-se no princípio da normalização, mas tal

princípio exige dos ANEE uma capacidade de adaptação que nem todos atingem. Assim,

os alunos que não são capazes de acompanhar o processo ‘normal’ têm de frequentar

escolas ou instituições específicas de ensino especial. Por isso, nesta perspectiva de

integração torna-se complicado, por exemplo, inserir numa sala de aula regular alunos

com Perturbações do Espectro do Autismo (PEA), uma vez que

(…) exige recursos pedagógicos específicos que mais se adeqúem ao seu perfil, o acesso a programas educativos individuais, a uma flexibilidade curricular, a apoios educativos individualizados e à colaboração entre professores de ensino regular, professores de ensino especial e outros técnicos especializados na área (Duarte, 2011, p.37)

E estas características não são possíveis de encontrar num sistema de ensino que,

embora assuma a ‘integração’ dos ANEE, não é verdadeiramente ‘inclusivo’.

Efetivamente, uma ‘Escola inclusiva’ é como o nome indica uma escola que inclui todos

os alunos, independentemente do sexo, religião, deficiência ou qualquer diferença.

Oferece oportunidades iguais a todos e, conforme expresso na Declaração de Salamanca

(UNESCO, 1994), pressupõe que a toda a criança e jovem seja dada uma resposta

educativa no ensino regular, sendo (…) respeitada e encorajada a aprender até o limite

da sua capacidade (Correia, 2005, apud Rebocho et al., 2009).

Assim, a inclusão envolve uma perspectiva mais complexa, englobando uma

reestruturação mais global que tem em conta os espaços físicos, didácticos, sociais e até

económicos, podendo considerar-se que a grande diferença relativamente à perspectiva

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de ‘integração’, reside no facto de ser a escola que se adapta a todas as necessidades dos

alunos e não o contrário. Até porque a própria definição de ANEE corresponde, tal como

expressamos no quadro 1, a alunos que evidenciam dificuldades de aprendizagem

permanentes ou temporárias, independentemente da sua génese e tipologia). Como

referem Borges et al. (2012, p.4)

Esta nova política educacional visa inserir não apenas os deficientes, mas todos os alunos, nas escolas regulares, de forma mais completa e sistemática. Todos os alunos anteriormente excluídos devem ser inseridos na vida social e educativa, não permitindo que ninguém fique fora do ensino regular, desde o início da escolaridade. O conceito de inclusão coloca um grande desafio para o sistema educacional, pois o direito à educação na escola comum não é só para os “deficientes”, mas para todos.

Neste contexto, a inclusão implica uma reestruturação da escola e do processo de

ensino-aprendizagem, no sentido de acompanhar as necessidades ‘especiais’ de cada

aluno: adaptar a leccionação das aulas, fichas de avaliação e outros tipos de trabalho,

reapreciar as metas curriculares, de forma que no mesmo espaço se agrupem alunos com

condições diferentes mas que juntos se unifiquem e se ajudem de acordo com um ideal

de justiça e igualdade.

Para além disso, se um dos maiores objetivos da inclusão é fazer com que todos os

alunos participem nas aulas e tarefas independentemente dos seus problemas e

necessidades, a escola inclusiva deve englobar os serviços e apoios necessários a cada

aluno com NEE, contemplando no seu quadro de profissionais psicólogos, terapeutas e

professores do ensino especial.

Está portanto em causa um modelo de ensino que envolve várias dimensões, tal

como expresso na figura 4.

Consideramos que o desafio da Escola Inclusiva depende de um longo processo que

envolve muitas mudanças. Como salientam Soriano, Watkins e Ebersold (2017, p.17),

While originally used to combat discrimination faced by learners with disabilities and/or special needs, inclusive education goes far beyond the issue of disability (…). Nowadays, it is seen as a response to increasingly complex and diverse societies. It treats diversity as an asset which helps prepare individuals for life and active citizenship in increasingly complex, demanding, multicultural and integrated societies.

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Inclusive education aims to promote citizenship and the common values of human rights, freedom, tolerance and non-discrimination through education. It builds on innovative approaches and practices developed for the education of people with disabilities to design effective and equitable education systems for all learners in a lifelong perspective covering all aspects of education.

Figura 4 – Modelo da Educação Inclusiva. Adaptado de Mitchell, 2015.

1.3. Legislação

Embora seja importante abordar o quadro legislativo que enquadra os ANEE,

consideramos que este item se torna por vezes ‘fastidioso’ - para além de existirem vários

trabalhos onde é elaborada uma apresentação mais pormenorizada do tema (i.e. Meireles-

Coelho, Izquierdo e Santos, 2007; Ribeiro, 2008) - pelo que decidimos elaborar um quadro

(anexo 1) que sintetiza a evolução cronológica das ‘leis’ aplicadas neste contexto. No

entanto, é pertinente focar alguns aspectos principais.

De acordo com Marques et al. (2011, p.13)

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O atual quadro legislativo distingue as necessidades educativas que resultam de desvantagens de origem social, cultural e económica, passiveis de ser ultrapassadas através de um ensino de qualidade no quadro da gestão da diversidade, daquelas que efetivamente requerem apoios e recursos adicionais altamente diferenciados e especializados.

Esta postura, se adequada à perspectiva de integração dos ANEE e contemplando

alunos que evidenciam dificuldades de aprendizagem e não apenas os que apresentam

deficiências ‘efetivas’, está longe dos princípios e normas definidos no Decreto-Lei n.º

54/2018 de 6 de julho (p. 2919), visando garantir (…) a inclusão, enquanto processo que

visa responder à diversidade das necessidades e potencialidades de todos e de cada um dos

alunos. E se a mudança de paradigma justifica a nova legislação, também é verdade que o

aumento da escolaridade obrigatória implicou igualmente um maior número de ANEE no

ensino regular, pois muitos dos que abandonavam a escola no 9º ano de escolaridade são

obrigados a continuar até completarem o 12º ano, ou então quando completam os dezoito

anos de idade (Lei nº85/2009 de 27 de Agosto).

Em Portugal, remontam à década de 1970 as primeiras leis que, em parte, visavam

responder ao Relatório Warnock. Se entre 1977 e 1979 se salientam documentos que

definem a integração nas escolas regulares dos alunos portadores de ‘deficiências físicas ou

intelectuais’ (Decretos-Lei nº174/77 e nº84/78, de 2 de maio) ou a criação do Instituto de

Educação Especial (Lei 66/79, de 4 de Outubro), nas décadas de 1980 e 1990, o quadro

legislativo amplia-se. O destaque vai para a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei 46/86

de 14 de outubro), onde pela primeira vez é utilizado o termo ‘Necessidades Educativas

Específicas’ e se definem os objetivos da Educação Especial: (…) a educação especial visa

a recuperação e integração socioeducativa dos indivíduos com necessidades educativas

específicas devidas a deficiência físicas e mentais; a educação especial integra atividades

dirigidas aos educandos e ações dirigidas às famílias, aos educadores e às comunidades.

(p.3072).

Para além da legislação que define o apoio aos ANEE, designadamente a colocação

nas escolas de professores com funções de apoio a estes alunos (Decreto-Lei n.º 35/88 de 4

de fevereiro) e a criação das Equipas de Ensino Especial, estabelecendo-lhes as suas

atribuições e funcionamento (Despacho Conjunto 36/SEAM/SERE/88), é importante referir

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o Decreto-Lei n.º 319/91, de 23 de agosto, onde o termo ‘Necessidades Educativas Especiais’

(NEE), que se baseia em critérios pedagógicos e não em ‘decisões de foro médico’, substitui

o anterior ‘Necessidades Educativas Específicas’. Este decreto, que visa ‘regular a

integração dos alunos portadores de deficiência nas escolas regulares’ dá a perspetiva de

uma ‘escola para todos’, onde são definidas algumas medidas a implementar nas escolas

regulares, nomeadamente adaptações curriculares, condições especiais de avaliação,

adequação das turmas, equipamentos especiais, eliminação de barreiras arquitetónicas ou

ajustamento de mobiliário.

Mas não há dúvida que a legislação do ‘novo milénio’ é a que melhor responde aos

novos imperativos da inclusão escolar dos ANEE. Entre os diversos documentos legislativos,

destacamos:

- o Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro, que visa promover (…) uma escola

democrática e inclusiva, orientada para o sucesso educativo de todas as crianças

e jovens (…) que permita responder à diversidade de características e necessidades

de todos os alunos (…) com necessidades educativas especiais no quadro de uma

política de qualidade orientada para o sucesso educativo de todos os alunos (p.

154). Destacamos neste texto o termo ‘escola inclusiva’, pois é neste documento

que se estabelecem algumas características da ‘inclusão escolar’, chamando a

atenção para o facto de pressupor a (…) individualização e personalização das

estratégias educativas, enquanto método de prossecução do objectivo de promover

competências universais que permitam a autonomia e o acesso à condução plena

da cidadania por parte de todos (ibidem). Este decreto viria a ser alterado pela Lei

n.º 21/2008 de 12 de Maio, mas sem implicações significativas para o nosso

propósito;

- o Decreto-Lei n.º 93/2009 de 16 de Abril, que cria o Sistema de Atribuição de

Produtos de Apoio, abrangendo (…) as pessoas com deficiência e, ainda, as pessoas

que por uma incapacidade temporária necessitam de produtos de apoio (p. 2276);

- o Decreto-Lei n.º 281/2009 de 6 de Outubro que cria o Sistema Nacional de

Intervenção Precoce na Infância - dos 0 aos 6 anos - que ao definir (…) o conjunto

de medidas de apoio integrado centrado na criança e na família, incluindo acções

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de natureza preventiva e reabilitativa, designadamente no âmbito da educação, da

saúde e da acção social (p. 7298), permitirá a sua melhor adaptação aos 2º e 3º

ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário;

- o Despacho n.º 5291/2015, que acompanhando a evolução das práticas

pedagógicas ‘digitais’, define os Centros de Recursos de Tecnologias de

Informação e Comunicação para a Educação Especial (CRTIC).

- finalmente, destacamos o Decreto-Lei n.º 54/2018 de 6 de julho, talvez o mais

importante para o nosso estudo, pois (…) estabelece os princípios e as normas que

garantem a inclusão, enquanto processo que visa responder à diversidade das

necessidades e potencialidades de todos e de cada um dos alunos, através do

aumento da participação nos processos de aprendizagem e na vida da comunidade

educativa (p. 2919). Nele se evoca o (…) indelével contributo do Decreto-Lei n.º

3/2008, de 7 de janeiro (o primeiro que focamos), mas na verdade é este o

documento que melhor esclarece o significado e princípios orientadores da

Educação Inclusiva (consultar anexo1).

1.4. As NEE em Portugal: breve análise estatística

À semelhança do ponto anterior, é prática comum, nos estudos publicados sobre

NEE, focar a forma como a sua aplicação evoluiu em Portugal. Acompanhando o quadro

legislativo, existem vários trabalhos de cariz teórico (i.e. Bairrão, 1998; Correia, 2004;

Izquierdo, 2006; Gomes, 2013), direcionados para práticas pedagógicas aplicadas a

alunos com deficiências/dificuldade de aprendizagem ou disciplinas específicas (Serra et

al., 2006; Cunha, 2006; Pestana, 2011; Machado, 2012), centrados nas perspetivas dos

professores (Miranda, 2010; Cardoso, 2011; Brás, 2013), dos pais/família (Antunes,

2013) ou dos alunos (Borges e Coelho, 2011; Serejo, 2014).

Mas raramente é traçado o panorama das NEE em termos quantitativos, pelo que

consideramos pertinente fazer uma breve análise da informação disponível. Para o efeito,

utilizamos os dados online da Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência

(DGEEC) relativos às NEE’s na Educação Pré-escolar, Ensino Básico e Secundário

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abrangendo o período compreendido entre 2010/2011 e 2017/20187. Esta informação é

recolhida através de questionários eletrónicos remetidos às escolas ‘regulares’ e às

instituições de educação especial (de acordo com o definido na Lei n.º 21/2008 de 12 de

maio), permitindo uma caracterização do tema com recurso a diferentes variáveis. Dos

dados obtidos selecionamos alguns dos parâmetros e apresentamos um breve resumo dos

aspetos que nos pareceram mais pertinentes.

Considerando o período em análise, desde logo se observa que o número de alunos

com NEE em Portugal Continental tem registado um acréscimo significativo, quase

duplicando entre os anos de escolaridade de 2010/2011 e 2017/1018 (fig.5).

Fig. 5. Alunos com NEE a frequentar escolas regulares de ensino, segundo a natureza do estabelecimento, entre 2010/2011 e 2017/2018.

Com efeito, se em 2010/2011 existiam 45 395 estudantes inscritos, em 2017/2018

já totalizavam 87 039, ou seja, mais 41 644 alunos. Se este crescimento poderia ser

associado ao facto de cada vez mais alunos com NEE frequentarem o ensino regular, pelas

7. http://www.dgeec.mec.pt/np4/224/. Acesso a 12-05-2018.

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alterações proporcionadas pela própria legislação, também não podemos ignorar a própria

modificação/extensão do conceito de NEE, que abordamos anteriormente.

A distribuição destes alunos por nível de educação mostra diferenças significativas

(fig.6). Salienta-se, sobretudo, o número reduzido de crianças que frequentam o pré-

escolar: por exemplo, no ano letivo de 2017/2018 apenas 4% do total de alunos com NEE

estavam inscritos neste nível. Se podemos considerar que no nosso país ainda muitas

crianças ditas ‘normais’ não frequentam este nível de educação8, neste caso o panorama

é ainda mais deficitário. Sendo facultativo, este nível de educação é considerado muito

importante na integração das crianças no ambiente escolar, estabelecendo uma ligação

entre a casa e a escola que torna mais fácil a sua transição para a escolaridade obrigatória.

O ensino secundário acolhe igualmente um número inferior de alunos com NEE

comparado com os três ciclos do ensino básico, embora registe um progressivo

crescimento desde 2010/2011, onde abrangia apenas a 6,6% dos estudantes, enquanto no

ano letivo 2017/2018 já engloba cerca de 23%.

Fig. 6. Alunos com NEE a frequentarem escolas regulares, por nível de educação e ensino, entre 2010/2011 e 2017/2018.

8. Segundo dados da PORDATA, o número de alunos matriculados no pré-escolar no ano de 2017 é de 253.959, o que corresponde a cerca de 12,5% do total de estudantes (2.020.494). Recorde-se

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Outro aspeto importante, relaciona-se com a distribuição dos alunos com NEE

segundo a frequência de escolas regulares, públicas e privadas - e instituições de ensino

especial (fig. 7). A discrepância é nítida… e se a percentagem de estudantes inscritos no

ensino regular privado tem vindo a aumentar – em 2010/2011 era apenas de 4,7% em

contraponto com 2017/2018 ultrapassa os 12% - não há dúvida que as escolas públicas

assumem um lugar de destaque. Não pretendendo justificar tal facto, pois o nosso objetivo

afasta-se deste enquadramento, é provável que neste contexto o ensino privado não esteja

disponível (por não ser rentável) para contratar os profissionais especializados (uma

equipa multidisciplinar) nem fazer os ajustamentos necessários à frequência de alunos

que exigem um ensino diferenciado. Refira-se ainda o reduzido número de estudantes que

frequentam instituições de educação especial, indiciando a política de inclusão no ensino

regular atualmente defendida.

Fig. 7. Evolução do número percentual de crianças e alunos com necessidades especiais de educação, por tipo de estabelecimento escolar. Extraído de DGEEC.

Finalmente, focamos o desempenho funcional das crianças com NEE, tendo em

conta o grau de dificuldade que manifestam em diferentes domínios (fig. 8). Neste

contexto a ‘mobilidade’ é o desempenho em que maior percentagem de alunos

manifestam 'ausência de dificuldade' - média de 87% dos sete anos letivos - seguida da

autonomia (alimentar-se, vestir-se, higiene, entre outras, apropriadas à sua faixa etária)

em que cerca de 70% não manifestam dificuldade. Em sentido oposto é na aprendizagem

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escolar (aprender os conteúdos curriculares adequados à faixa etária do aluno) e geral

(aprender novos conhecimentos, aplicar conhecimentos adquiridos, pensar, raciocinar e

resolver problemas) que se registam as percentagens médias mais elevadas de

dificuldade. Aliás, nestes dois domínios apenas 4,3 e 6,3%, dos alunos registam ausência

de dificuldade.

Se acrescentarmos a estes dois desempenhos as dificuldades na linguagem,

comunicação e relações interpessoais, faz todo o sentido apostarmos na inclusão destes

alunos no ensino regular, preparando-os para um futuro onde terão de lidar com uma

sociedade cada vez mais competitiva, mas que também aspira a valores de equidade e

justiça social, tal como expressa o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória,

visando formar cidadãos autónomos, responsáveis e ativos.

Fig. 8. Desempenho funcional médio dos alunos que frequentam escolas regulares de ensino, segundo os níveis de dificuldade entre 2014/2015 e 2017/2018.

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Capítulo 2 - Contextualização do estudo de caso

O nosso Relatório de Iniciação à Prática Profissional (RIPP) foi desenvolvido ao

longo do estágio curricular efetuado na Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira

Alves (ESDJGFA), no ano letivo 2017/2018.

Durante os dez meses de estágio, partilhado com o colega José Fernando

(‘presidente’ para os amigos), cada um de nós ficou responsável por uma turma de 8º ano

- mas procurando sempre que possível trabalhar em conjunto, trocando ideias e

experiências - usufruindo do apoio, ajuda e amizade da professora orientadora Cristina

Calheiros Cruz. A nossa integração no ambiente escolar foi rápida e ‘amigável’ – desde

a direcção aos colegas e funcionários, fizeram-nos sentir em ‘casa’ - sendo de enaltecer a

partilha de conhecimentos de uma forma tão natural que nos deixava motivados ‘aprender

sempre para ser melhor sempre’, o lema da escola.

Este espírito de ‘inclusão’ que sentimos, extensivo aos alunos e, particularmente ao

que têm o estatuto de NEE, levou-nos a definir como objetivo principal do nosso RIPP,

como já referimos, analisar se existe ou não uma verdadeira inclusão dos NEE no ensino

regular.

Neste capítulo do nosso estudo pretende-se basicamente fazer uma pequena

caracterização do contexto onde foi desenvolvido, focando os aspetos essenciais

relacionados sobretudo com a escola, docentes e alunos com os quais trabalhamos e

constituem a nossa amostra.

2.1. A Escola

Numa escola reflexiva [que se] pensa no presente para se projetar no futuro e na continuidade, sempre renovada, da sua história, é ao nível do pensamento coletivo, coerente a partilhado, e da compreensão do que deve ser, do que é e de como funciona a escola que será possível introduzir a mudança através de uma ação concertada e apoiada no diálogo, na reflexão e na avaliação contínua, crítica e construtiva9.

9. I. Alarcão e J. Tavares, 2003. Extraído de https://www.esdjgfa.org/orgaos-de-gestao. Acesso a 25-06-2018.

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A ESDJGFA localiza-se na freguesia de Valadares (atual União das Freguesias de

Gulpilhares e Valadares), no concelho de Vila Nova de Gaia, sendo considerada uma das

melhores escolas públicas deste município, pelo que recebe alunos de várias freguesias

vizinhas (fig.9).

Fig. 9. Localização da Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves.

Em torno da área da escola, que se integra numa vasta área suburbana situada a

cerca de 10km da cidade do Porto, encontramos vários tipos de estabelecimentos, serviços

e até diversos tipos de transporte, que facilitam a deslocação e a vida nesta área,

contribuindo para a qualidade do dia-a-dia dos alunos, professores e residentes.

De acordo com o Censos 2011, a freguesia de Valadares detinha 10 678 habitantes,

sendo maioritariamente população adulta - que entre 25-64 anos corresponde a 57% do

total - e idosa. É importante salientar que Valadares regista um aumento progressivo de

população desde que há registos censitários, acompanhando a tendência crescente do

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município de Gaia, em contraciclo com o Porto, que desde 1981 tem visto diminuir os

seus efetivos (fig.10).

Fig.10 . Evolução da população residente nos municípios do Porto, Vila Nova de Gaia e freguesia de Valadares, entre 1864 e 2011.

Mas centrando-nos na ESDJGFA, começamos por referir que, como oferta

educativa, engloba o 3º ciclo do Ensino Básico, com a presença de duas línguas opcionais

(Espanhol e Francês), uma área artística com oficinas de artes plásticas, o ensino

secundário com os cursos científico-humanístico em todas as áreas e, ainda, vários cursos

profissionais (i.e. Técnico de Animador Sociocultural, Técnico de Turismo e Técnico de

Multimédia), Cursos de Educação e Formação, tipo 2 (Cuidados e Estética do Cabelo,

Cabeleireiro de Senhoras), muitos deles com a possibilidade de estágio que pode

proporcionar emprego.

A escola abraça atualmente vários projetos educativos e inovadores, como o

Erasmus+, que permite aos alunos ter algumas aulas de diversas disciplinas em línguas

diferentes. Faz parte do Presse-educação sexual, promovido pela Administração Regional

de Saúde do Norte, que apoia a implementação da educação sexual nas escolas, de uma

forma estruturada e sustentada, envolvendo o trabalho conjunto entre os profissionais de

educação e de saúde escolar. Existem ainda outros projetos em volta da língua inglesa,

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elaboração de revistas ou até mesmo viagens. Salientam-se também as parcerias com

diferentes instituições de cultura, desporto e lazer, que proporcionam aos alunos

momentos diferentes.

Nos últimos anos letivos tem vindo a crescer o número de alunos estrangeiros e

também de alunos com NEE, o que demonstra a sua ‘fama’ de uma das melhores escolas

públicas de Vila Nova de Gaia. Para tal contribui sem dúvida o corpo docente, constituído

por 134 professores do quadro e 25 professores contratados (no ano letivo de 2017/2018),

salientando-se a existência de 7 docentes ligados diretamente às NEE.

À semelhança do que acontece na maior parte das escolas do país, verifica-se que a

maior parte dos professores se enquadram no escalão etário dos 51-60 anos (cerca de

47%), a que se seguem os de idade compreendida entre os 41-50 anos (36%). Com idade

superior aos 61 anos existe ainda um número significativo de professores (10%), enquanto

de 30 a 40 anos não atinge os 7%. Esta realidade acompanha bastante de perto a

distribuição dos docentes por grupo etário e nível de ensino definidos no Perfil do

Docente 2015/2016 (DGEEC, 2017, fig.11), que igualmente define os 48 anos como a

idade média dos docentes do 3.º Ciclo Ensino Básico e Ensino Secundário.

Fig. 11. Distribuição dos docentes (%), por grupo etário e nível de ensino (2015/2016). Extraído de DGEEC, 2017.

Quanto à comunidade estudantil, podemos considerar que esta é bastante

heterogénea. A escola acolhe alunos de vários estratos sociais, com faixas etárias distintas

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e com diversos níveis de aprendizagem, totalizando, no ano letivo de 2017/2018, 1733

alunos. Deste total, 9 são alunos com o estatuto de NEE, mas a escola considera outros

casos de alunos com dificuldades de aprendizagem, que são igualmente acompanhados

pelos professores competentes.

Como referimos, na escola leciona-se o 3º ciclo do Ensino Básico, registando-se no

presente ano letivo (2017/2018) cerca de 25/30 turmas, o Ensino secundário, que detém

15/20 turmas e existem 10 turmas dos Cursos Profissionais.

Abordando agora as características físicas da escola, consideramos que as

intervenções levadas a cabo pela Parque Escolar tiveram um impacto muito positivo em

termos estéticos e funcionais. Efetivamente, para além da

(…) definição de uma nova frente para a Escola, e consequente reformulação da entrada de pessoas e veículos, com reposicionamento da portaria, [foi] criado um novo edifício de oficinas (…) novos espaços de laboratórios [assim como] uma zona desportiva (…) No exterior da escola, além do reposicionamento da estufa existente e reorganização de todos os espaços exteriores de circulação entre blocos, foi criada uma grande esplanada, no prolongamento dos novos espaços de cafetaria e restaurante10.

Assim a Escola ocupa agora um espaço que parece muito mais amplo, tanto dentro

dos edifícios como no espaço ao seu redor, exibindo dois grandes edifícios divididos em

4 blocos com salas de aulas apetrechadas de equipamento tecnológico e laboratorial,

reunindo condições que permitem um ensino mais adaptado e bem conseguido.

O exterior é extremamente agradável e destaca-se a horta que proporciona aos

alunos momentos de aprendizagem e lazer.

A ESDJGFA é uma escola que prima pela qualidade, sendo conhecida pela sua

excelência em todos os aspetos.

10 . Extraído de https://www.parque-escolar.pt/pt/escola/053. Acesso a 20-08-2018.

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2.2. As turmas, os alunos e os docentes

Despois de contextualizar e caracterizar a ESDJGFA em termos globais, importa

agora apresentar os ‘atores’ deste trabalho, ou seja os alunos e os docentes que constituem

a amostra em que se baseou a sua elaboração.

Como referimos na introdução, a metodologia adotada – que descreveremos

pormenorizadamente no capítulo seguinte – centrou-se na realização de inquéritos por

questionário e na elaboração de uma entrevista, sendo os primeiros aplicados aos alunos

que integram as turmas que lecionamos, quer aos NEE quer aos alunos ditos ‘normais’,

assim como aos professores.

Assim, a nossa amostra envolveu cinco turmas, duas do 8.º ano de escolaridade –

que integram alunos com NEE - e três do 10.º ano, nas quais lecionamos a disciplina de

geografia (embora de forma mais permanente nas turmas do ensino básico). A recolha de

dados foi feita de forma similar nas 5 turmas, pretendendo-se verificar a existência, ou

não, de diferenças nas respostas dos alunos consoante a faixa etária, embora nas turmas

de décimo ano tenhamos optado por uma amostra mais reduzida, distribuindo-se 11

inquéritos por turma. Refira-se, ainda, que para obter um maior número de respostas de

alunos com NEE, foram entregues questionários a alunos de outras turmas.

Nas turmas de 8º ano obtivemos respostas de 55 alunos, 19 dos quais são do sexo

masculino e 36 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos.

As duas turmas deste ano de escolaridade eram constituídas por 30 alunos cada,

existindo no 8ºD dois casos de NEE diferentes e que mereciam bastante atenção. A turma

era bastante heterogénea, possuindo alunos com muito boas notas e sempre empenhados,

em contraponto com outros de notas mais baixas. No geral mantinham um

comportamento bastante satisfatório, apesar de existirem dois ou três elementos que por

vezes conseguiam destabilizar os restantes, mas a atenção era captada facilmente e,

mesmo na aula das 8.30 da manhã, eram alunos bem-dispostos. Foi a turma com que

estabelecemos mais contacto e com que mantivemos uma maior ligação, visto lecionamos

todas as aulas de geografia durante o ano letivo de 2017/2018.

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O 8º E era uma turma bastante motivada e, apesar de barulhenta, distraída e agitada

obtinham notas bastante boas. Nesta turma tínhamos uma aluna com NEE bastante grave,

ao nível da compreensão.

Nas três turmas de décimo ano só uma delas era frequentada por um aluno com

NEE. Dos 33 estudantes que responderam ao questionário, 14 eram do sexo masculino e

19 do sexo feminino, com idades entre os 15 e os 18 anos. O 10ºA e o 10ºB eram turmas

de Economia, em que a maioria dos alunos obtinha notas elevadas, mostrando-se sempre

bastante recetivos a novas aprendizagens e novos conteúdos, pertencendo, na maioria, a

uma classe social mais alta. Nenhuma destas duas turmas tinha estudantes com NEE.

O 10ºN, uma turma de Humanidades, era bastante mais fraca. Manifestava

dificuldades de aprendizagem principalmente ao nível da escrita, pelo que as fichas de

avaliação tinham de ser alteradas, pertencendo a grande maioria a classe sociais baixas.

Nesta turma existia um aluno com NEE, que necessita de especial atenção por parte dos

docentes.

Relativamente aos alunos com necessidades educativas especiais, foram 13 os que

preencheram o inquérito, dos quais 8 são do sexo masculino - com idades entre os 14 e

os 19 anos - e 5 do sexo feminino – entre os 12 aos 18 anos de idade. É importante referir

que onze destes alunos preencheram o inquérito com a professora de necessidades

educativas especiais e os outros dois preencheram na sala juntamente com os outros

colegas.

Resumindo, no total responderam ao inquérito 101 alunos, cinquenta e cinco do 8º

ano de escolaridade, trinta e três do 10ºano e 13 estudantes com NEE.

Relativamente aos docentes foram obtidas 20 respostas ao questionário, dos quais

5 são do sexo masculino e com idades compreendidas entre os 40 e os 59 anos de idade,

e 15 docentes do sexo feminino com idades entre os 37 e os 58 anos de idade.

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Capítulo 3 – Metodologia

3.1. Reflexões iniciais

Neste terceiro capítulo vamos proceder a uma descrição e justificação dos materiais

e métodos utilizados na realização deste trabalho. No entanto, consideramos importante

relembrar o porquê da escolha da temática das NEE.

Como já referido anteriormente, no início do estágio curricular permaneciam

algumas dúvidas sobre o tema a abordar no RIPP. No entanto, o primeiro contacto com

as turmas e principalmente com os NEE, despertou de imediato uma motivação para fazer

deste tema o “nosso” tema.

Na verdade, alunos, professores e encarregados de educação vêm-se confrontados

com a inclusão no ensino regular de crianças e jovens que manifestam dificuldades de

aprendizagem (independentemente da sua origem e tipo) a que é preciso dar resposta, sem

muitas vezes entender a realidade e dificuldade que gira em torno deste assunto. Assim,

será que apesar de toda a evolução nesta área, nomeadamente em termos legislativos,

estão a ser dados os apoios necessários aos NEE? Será que docentes, funcionários e as

próprias escolas estão preparados para oferecer uma inclusão real no ensino regular a

alunos com mais dificuldades? É assunto bastante pertinente e preocupante, pelo que nos

cativou.

Quando nós próprios frequentávamos a escola, tivemos alguns colegas com NEE…

mas nunca demos muita importância ao assunto: eram só outros colegas. Por isso mesmo

não estranhamos, durante este ano de estágio, que muitos dos alunos não entendessem

estes colegas ‘diferentes’, nem mesmo o conceito em causa. Talvez por isso permaneçam

da parte de alguns alunos ditos ‘normais’ algumas atitudes pouco adequadas para com os

colegas com NEE, pelo que consideramos que deveria haver mais informação e formação

na própria escola, para que todos reconheçam um assunto que não pode permanecer um

tabu.

Ou seja, deveria ser dada mais atenção a um tema que o sistema educativo e a

sociedade em geral reconheceu merecer uma postura inclusiva, discutindo e esclarecendo

os alunos, por exemplo nas aulas de formação cívica, sobre a problemática em causa. Só

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assim se efetiva uma postura informada e atenta, contribuindo para a educação emocional

de todos os jovens, transmitindo-lhes uma informação validada que permanece até para

uma vida futura. Como referem Gasque e Tescarolo (2004, p.36)

(…) a ação da escola, assim, encontra sua gênese na transposição didática do conhecimento, processo que o torna passível de ser ensinado, aprendido e avaliado. O conhecimento pedagogicamente transposto articula-se com os objetivos e as situações didáticas, que podem favorecer uma aprendizagem significativa, na medida em que for relacionada, “de forma não arbitrária e substantiva, (não literal), uma nova informação a outras”, com as quais a pessoa esteja já familiarizada e na medida em que adotar “uma estratégia correspondente para assim proceder”.

Também os professores são os primeiros a admitir que existem bastantes

dificuldades em lecionar conteúdos em turmas que, a 28 alunos com ‘capacidades totais’

se associam 2 com necessidades especiais. Com frequência não sabem como lidar com a

situação, questionam-se sobre o que fazer para melhorar a qualidade de ensino destes

alunos, limitando-se por vezes a realizar fichas de avaliação mais acessíveis. Tal como

referido por vários autores, é frequente os professores demonstrarem uma postura

favorável à escola inclusiva, mas nem sempre têm uma prática inclusiva nas suas aulas,

embora tal esteja dependente da sua experiência profissional, formação académica e

formação na área da Educação Especial. (i.e. Avramadis e Norwich, 2002; Ali et al. 2006;

Ross-Hill, 2009; Rodrigues e Rodrigues, 2011). Assim, é deveras importante informar e

formar.

Na escola, sempre foi para nós confusa a divisão entre os “fortes” e os “fracos” e,

principalmente, o facto dos “fracos” raramente conseguirem completar o ensino

obrigatório, ou terem com bons resultados. Acreditando nos princípios da igualdade e

respeito este tema tocou-nos particularmente, incitando-nos a querer refletir sobre ele e

assumi-lo como tema do RIPP.

3.1. Primeira abordagem: que materiais e métodos?

Na introdução do presente RIPP, definimos, como um dos objetivos específicos,

‘avaliar a perceção da comunidade educativa sobre as NEE’, como um dos passos

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fundamentais para responder ao nosso objetivo principal: analisar se existe ou não uma

verdadeira inclusão dos NEE no ensino regular

Assim neste contexto mais empírico, pretendia-se dar voz aos mais importantes

protagonistas, visando:

1- Perceber se os alunos ditos ‘normais’ que convivem com alunos de NEE têm

uma real perceção do tema. Se sabem do que se trata, se concordam ou não com

a inclusão destes colegas no ensino regular, que atitudes assumem e o que se

poderiam fazer para assumir as posturas mais corretas;

2- Conhecer os verdadeiros sentimentos/pensamentos e preocupações dos alunos

com NEE;

3- Averiguar se os professores têm a formação necessária para lecionar alunos com

NEE e como têm sentido e feito esse trabalho.

Se o nosso primeiro propósito era saber a opinião direta dos mais interessados na

questão, consideramos que a elaboração de inquéritos por questionário aos 3 grupos

envolvidos - alunos ‘normais’, com necessidades educativas especiais e professores - era

o procedimento mais adequado. Efetivamente, no âmbito da investigação em ciências

sociais e humanas, o inquérito é uma das metodologias mais utilizadas, uma vez que

permite recolher (…) informação temática válida e fiável, obtida a partir das respostas

individuais dadas a um conjunto de questões por um grupo representativo de

respondentes, em torno das quais se produzem conclusões passíveis de serem

generalizadas ao universo da população em estudo (Maciel, Gomes e Claudino, 2014,

p.154).

Percebemos que os alunos ainda são pouco escutados sobre este tema e que se

deveria dar mais enfase e destaque a um problema atual. É uma questão que muitos sabem

e vão tentando esconder, pois ‘o pior cego é aquele que não quer ver’.

Vivemos numa sociedade onde tudo o que seja diferente e um pouco mais

trabalhoso é posto de lado e ‘deixado andar’, e para além de querer saber a opinião direta

dos principais interessados, acho que este trabalho é uma boa maneira de alertar muita

gente que ainda não entende ou até não se apercebe da importância desta realidade.

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Tentamos também com este trabalho que todos os participantes refletissem um pouco

mais sobre a questão e o que podem fazer para marcar diferença.

Considerando estes ideais e os objetivos previamente definidos, a opção pelos

questionários pareceu-nos a melhor forma de conseguir obter opiniões diretas e claras por

parte do público alvo. Mas para além disso, em conjunto com a orientadora de estágio,

decidimos que seria útil associar a este instrumento de recolha de informação uma tabela

de observação dos alunos com NEE presentes nas nossa aulas. Aqui fomos expressando

observações de diversa índole e, ao longo do ano letivo, foi possível fazer uma leitura

mais compreensiva de cada um dos nossos alunos com NEE.

Em complemento aos instrumentos anteriores, efetuamos ainda uma entrevista à

Professora Dra. Paula Maria Nogueira Lopes Costa, diretora do Agrupamento de Escolas

de Rio Tinto e especializada em necessidades educativas especiais. Foi uma forma de

conseguir informações relevantes e a opinião de uma pessoa muito ligada ao tema, que se

tem preocupado em preparar as escolas que dirige para receber todo o tipo de alunos.

3.2. Instrumentos de recolha de dados.

3.2.1. Inquéritos por questionário

Os inquéritos por questionário foram pensados e revistos diversas vezes – de acordo

com normas pré-definidas - sendo necessário um cuidado extremo ao realizar este tipo de

recolha de informação principalmente quando os inquiridos são jovens e jovens com

problemas, implicando, nomeadamente, a adequação da linguagem à faixa etária a que se

aplica. Os questionários, inseridos no anexo 2, permitiram recolher várias informações de

forma rápida e clara, desenvolvendo-se à posteriori análises simples e comparativas e

estabelecendo relações entre variáveis.

Para além da garantia de anonimato, importante para garantir a sinceridade de quem

está a responder, nos três questionários foram seguidas as normas e os princípios éticos

definidos por Fortain (2009), designadamente:

• o respeito pelo consentimento livre e esclarecido;

• o respeito pelos grupos vulneráveis;

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• o respeito pela vida privada e pela confidencialidade das informações

pessoais;

• o respeito pela justiça e pela equidade;

• o equilíbrio entre as vantagens e os inconvenientes;

• a redução dos inconvenientes.

Nos questionários para os alunos optamos por questões de resposta simples e direta

e por afirmações a que tinham de responder de acordo com o seu grau de concordância,

utilizando a escala de Likert, incluindo apenas uma questão aberta no final para

expressarem a sua opinião relativamente ao que ‘mudariam na escola’ para tornar mais

efetiva a inclusão dos alunos com NEE.

O questionário para os docentes engloba várias questões abertas – sendo para eles

mais acessível escrever de forma clara uma resposta ‘pensada’, para além de concederem

liberdade de expressar a sua opinião - e de escolha múltipla, permitindo estas últimas

maior facilidade no tratamento e comparação dos dados.

Os três inquéritos iniciam-se por um grupo de questões relacionadas com a

identificação (excluindo obviamente o nome), mas cada um tem algumas especificidades

que consideramos pertinente focar.

O questionário dos alunos que convivem com colegas detentores de NEE engloba

nove questões, seis de opção direta simples (sim, não, às vezes), duas que envolvem

afirmações a que têm de responder de acordo com uma escala de adequação e

concordância/discordância e apenas uma é de resposta aberta. A perguntas inicial

pretende aferir se estes estudantes sabem ‘o que são alunos com NEE’ – que consideramos

importante para tentar entender se estes alunos compreendem a problemática alvo do

próprio inquérito – sendo as questões de 2 a 6 relacionadas com a sua opinião sobre o

funcionamento das aulas, sociabilização com os alunos ‘diferentes’ e sobre a importância

da família na vida escolar destes seus colegas. A sétima e a oitava questões abordam,

respetivamente, a adequabilidade das infraestruturas escolares às necessidades dos

alunos com NEE e o grau de concordância/discordância relativamente a diversas

afirmações que focam sobretudo a sua postura sobre a inclusão destes colegas em escxolas

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regulares. Na última pergunta, aberta e comum aos 3 questionários, pretende-se aferir o

que poderia ser alterado nas escolas de ensino regular para que os alunos com NEE se

fossem verdadeiramente incluídos.

No caso do inquérito destinado aos alunos com NEE a estrutura é bastante similar

ao anterior, sendo a adequabilidade das infraestruturas escolares exatamente igual e

adaptando-se as afirmações e as perguntas iniciais à sua situação.

O inquérito aplicado aos docentes é um pouco mais complexo e exaustivo,

dividindo-se em três partes. Após os dados de identificação (idade, sexo e número de anos

de serviço) a primeira parte é dedicada ao seu perfil ao nível da lecionação de estudantes

com NEE, pretendendo-se sobretudo aferir a sua experiência neste contexto e se têm uma

formação especifica complementar na área das necessidades educativas especiais. A

segunda parte debruça-se sobre a caracterização das turmas/estudantes com NEE que no

presente ano letivo (2017/2018) detém, assim como a sua postura e atividades específicas

que desenvolve (ou não). Na terceira parte, relativa às características da escola/agentes

educativos, é mantido o quadro (presente nos questionários aos alunos) relativo à

adequabilidade das infraestruturas escolares e adaptado o conjunto de afirmações a

responder de acordo com o seu grau de concordância/discordância. Por exemplo,

pretende-se saber o que pensam os professores sobre a integração dos alunos com NEE

no ensino regular, ou qual a sua postura sobre a inclusão destes alunos em turmas

específicas ou ‘gerais’. No total este questionário tem 20 questões.

A aplicação dos inquéritos decorreu no final do ano letivo, no mês de junho (terceiro

período de aulas). Aos alunos das cinco turmas os inquéritos foram implementados em

horário letivo, no final de uma ficha de avaliação. Esta escolha foi acertada - na nossa

opinião - porque após concluírem a última avaliação do ano letivo os alunos estavam

despertos e com disponibilidade para preencher o inquérito, em vez de aguardar pelo final

do tempo letivo sem nada fazer.

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3.2.2. Quadro de observação em Excel

Com o referimos, o segundo instrumento de recolha de dados foi uma grelha

realizada em Excel (fig. 12), onde eram inscritas diferentes observações sobre os alunos

com NEE durante as aulas. O objetivo principal era reunir um conjunto de observações

sobre o seu comportamento, participação e interesse manifestado, a que acrescentávamos

observações específicas pertinentes/distintas do habitual, para que, no final do ano letivo,

conseguíssemos fazer uma leitura mais clara da evolução destes alunos.

Como em muitas das aulas não havia muito a reportar, optamos por realizar uma

aula por mês durante a qual os alunos com NEE eram interpelados de forma mais objetiva,

observando-se e registando-se as reações obtidas. Como ilustra o exemplo da figura 6,

aos três parâmetros definidos era atribuída uma classificação quantitativa, de um a cinco,

para conseguir de forma mais simples avaliar o seu desempenho ao longo do ano letivo.

Fig.12. Grelha de observação dos alunos com NEE. Nota: os nomes/turma foram alterados para

garantir anonimato.

3.2.3. Entrevista com a Professora Dra. Paula Costa.

O último instrumento de recolha de informação consistiu, como referimos, numa

entrevista à Professora Dra. Paula Costa. Esta entrevista foi realizada na Escola

Secundária de Gondomar no final do ano letivo, no mês de junho. Não teve tempo limite,

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tendo sido previamente elaborado um guião com 13 perguntas, cujas respostas foram

gravadas para ser possível uma melhor transcrição dos resultados.

Antes de começar a entrevista a Dr. Paula Costa teve a gentiliza de nos acompanhar

numa breve visita à escola, apresentando-nos sobretudo as condições de trabalho dos

alunos com NEE. Com resultados notáveis, esta escola consegue ajudar a vida de muitos

alunos, tendo uma sala só para eles com vários professores de necessidades educativas

especiais e recurso educativos adaptados.

Uma vez que este instrumento de recolha de informação tem um âmbito distinto

dos anteriores, optamos por inserir neste capítulo os resultados obtidos. Assim, vamos

apresentar as diversas questões colocadas e respetivas respostas - que por vezes

motivaram algumas alterações ao guião prévio - tentando ser fiel aos registo gravado, mas

adaptando-o à comunicação escrita.

● Pergunta 1 (P1) - Se tivesse de definir NEE´s, ou alunos com NEE como o faria?

Resposta (R) - Eu não apresentaria uma definição…acho que todos os alunos são

especiais. Todos os alunos, em qualquer momento, precisam que a escola lhes dê uma

atenção especial. Mas claro que existe uma definição, que é atribuída a alunos que

apresentam dificuldades quer cognitivas quer motoras. Mas qualquer aluno, em qualquer

altura, pode ter NEE… claro com diferentes patamares de dificuldade, que pode ser

temporária ou definitiva.

● P2: Considera que existe uma verdadeira inclusão destes alunos nas escolas

regulares, quer por parte dos professores, funcionários e outros alunos?

R: Por lei os alunos estão integrados, mas a verdadeira integração é no contexto

sala de aula e nem tudo é perfeito. Não é possível dizer que estão verdadeiramente

integrados, pois falta muita coisa… falta uma educação para a inclusão e nós não

conseguimos fazer isso de forma cabal. Temos turmas grandes com alunos diferentes e,

por vezes, um ou dois alunos com NEE que nem sempre é fácil incluir no que estamos a

fazer. E os outros alunos não têm, na maior parte, a sensibilidade para incluírem os

colegas nas atividades. Ou seja, na teoria há inclusão pois achamos que os alunos com

NEE devem frequentar turmas regulares e participar nas várias atividades, mas depois, na

prática, verificamos, por exemplo, que muitos professores têm receio. Por não possuírem

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formação específica neste contexto, alguns docentes preferem não ter estes alunos nas

suas aulas porque se exige um trabalho diferente para o qual não se sentem preparados.

Mas esta situação não é geral: alguns professores, mesmo não tendo formação, adaptam

as suas aulas até porque têm um PEI (Programa Educativo Individual11) para cumprir.

● P3: Falou relativamente aos professores…mas e os colegas? Sente que os alunos

com NEE são tratados de forma diferente pelos colegas ‘normais’ da turma?

R: no caso dos alunos com problemas mais simples integrados em turmas

‘normais’, ninguém olha para eles e consegue verificar uma diferença… mas há outros,

com uma deficiência física ou cognitiva mais acentuada, cujas dificuldades se tornam

claras. E claro que existem alunos com menos sensibilidade para com estes colegas, que

por vezes os criticam e eles acabam por ficar mais desconfortáveis. Aqui é muito

importante a figura do professor na sala de aula e fora dela…deve tentar sempre resolver

esse problema.

● P4: Qual é a sua opinião sobre a existência de turmas exclusivamente para

alunos com NEE?

R: Sou completamente contra, pois isso não é escola inclusiva… é organizar pela

diferença. Concordo que devem existir apoios específicos para estes alunos, mas eles

devem estar numa sala de aula ‘normal’ para conviver e aprender … e os outros alunos

também aprendem a conviver com os ‘colegas NEE’ e ficam mais sensibilizados,

evoluem e aprendem a lidar com a diferença.

● P5: Falando em apoios específicos, qual a sua opinião sobre a existência, ou não,

de manuais, testes e fichas de avaliação adaptados? Pela sua experiência, os professores

adaptam estes materiais?

11. O PEI um documento formal que garante o direito à equidade educativa dos alunos com necessidades educativas especiais, definindo os apoios especializados que garantam condições para a adequação do processo educativo aos alunos que demonstram limitações significativas (…) ao nível da actividade e da participação num ou vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente, resultando em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social (Decreto-Lei n.º 3/2008). No Decreto-Lei n.º 54/2018 de 6 de julho, define-se como Programa educativo individual o programa concebido para cada aluno resultante de uma planificação centrada na sua pessoa, em que se identificam as medidas de suporte à aprendizagem que promovem o acesso e a participação em contextos inclusivos.

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R: Não temos manuais adaptados, temos sim certos programas e computadores

adaptados às caraterísticas dos alunos… são tecnologias de apoio com material específico

para estes alunos. Claro que se existissem manuais adaptados seria era útil, mas ainda não

estão formatados nesse sentido. Temos sim livros adaptados, mas somos nós (escola) que

temos de os comprar. Há recursos que podemos sempre utilizar para ajudar os alunos,

como por exemplo programas digitais manipulados através de um tablet.

● P6: Quais são os maiores desafios e dificuldades para estes alunos durante as

aulas e toda a época escolar?

R: O tempo letivo é curto para ensinar um grupo heterogéneo de alunos, com

metas (curriculares) bastante extensas e complicadas… temos de ‘andar a correr’ e com

estes alunos não se pode andar a correr. Temos que os motivar e desenvolver uma

pedagogia acompanhada…eles têm de ser acompanhados. Outra dificuldade que

encontro, já no exterior, é que a nossa sociedade que se diz inclusiva não recebe os alunos

que estão a fazer PIT (Plano Individual de Transição12). Porque dá trabalho ter jovens

com problemas a trabalhar, é difícil fazer protocolos.

● P7: Qual a importância que atribui ao auxílio e apoio (ou falta dele) das famílias?

R: É essencial a família estar envolvida no processo educativo dos alunos e manter

um contacto assíduo com os professores. Por exemplo, se soubermos que o aluno está a

passar uma fase mais complicada ou se teve algum problema, ficamos mais atentos e

podemos até modificar o ‘plano do dia’. Temos pais bastante presentes, outros que nem

tanto, mas quando estão presentes nota-se que o sucesso do aluno é maior. É importante

os pais quererem saber o que se passa na escola, até para depois transmitirem aos médicos,

psicólogos e outras pessoas que acompanham os jovens fora da escola. O ambiente

familiar e o acompanhamento podem fazer toda a diferença.

● P8: Considera que é necessário apoio extra - fora das aulas - para estes alunos?

12 . O PIT é um (…) plano concebido, três anos antes da idade limite da escolaridade obrigatória, para cada jovem que frequenta a escolaridade com adaptações significativas, desenhado de acordo com os interesses, competências e expectativas do aluno e da sua família, com vista a facilitar a transição para a vida pós-escolar e que complementa o programa educativo individual (Decreto-Lei n.º 54/2018).

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R: Na nossa escola já existem vários apoios extra aula - temos psicólogas,

terapeutas da fala, tem que existir uma equipa multidisciplinar. Não é só o professor, o

aluno e o encarregado de educação, mas também o psicólogo, o médico etc. Isto é uma

equipa, não é possível trabalhar de forma isolada, temos de criar um ambiente aberto.

● P9: Acha que as escolas em geral têm as condições/recursos necessários para

receber estes alunos?

R: Quantos mais recursos temos mais queremos ter. Na minha escola em

específico gostava de ter disponível mais tecnologia. Por exemplo, não tenho tablets para

todos. Mas é importante referir, mesmo em relação ao Ministério da Educação, que se um

aluno precisar de um computador fazemos o pedido e ele é geralmente atendido. Por outro

lado, nas escolas mais antigas há barreiras arquitetónicas difíceis de contornar para os

alunos com dificuldades físicas… porque na altura em que foram construídas não tinham

em consideração estas dificuldades de alguns alunos. Ou exigências mais atuais, como o

acesso à internet, limitando a utilização de recursos tecnológicos. Mas hoje em dia já há

maior preocupação e sensibilização. Na nossa escola, por exemplo, vai ser criado um

parque de diversões só para os alunos com NEE, com o apoio da Câmara Municipal.

● P10: Retomando o papel dos docentes. Referiu que por vezes os professores

sentem dificuldades em lidar com as NEE. Considera que os professores estão

genericamente preparados, por exemplo, para planificar aulas, testes e fichas diferentes

para estes alunos?

R: Eu acho que os professores deveriam ter logo na faculdade uma disciplina

relacionada com as necessidades educativas especiais. O conceito de NEE mudou e os

professores recebem cada vez mais alunos com dificuldades de aprendizagem. E como

nunca foram preparados para tal, fazem um esforço imenso para trabalhar de forma que

se adapte. Os professores vão-se preparando e preocupando com os casos com que se

deparam… porque os professores gostam dos alunos e não é fácil ter uma criança com

dificuldades e não fazer nada por ela. E muitos pesquisam na internet ou falam com o

psicólogo para ver o que podem fazer. No meu caso, regressei à faculdade para fazer o

curso de professora de necessidades especiais. Não digo que todos os docentes tenham

que fazer o mesmo, mas pelo menos deveriam ter uma formação obrigatória na faculdade.

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● P11: Pensa que os alunos com NEE podem ser alvo preferencial de bullying?

R: Agora toda a gente por qualquer coisa sofre de bullying. Exagera-se por vezes

neste assunto e as tecnologias hoje em dia também não ajudam nada…porque se enviam

fotos e vídeos. Alguns miúdos quando se apercebem da deficiência de um colega, tendem

a realçar essa deficiência. Mas mais uma vez depende da postura de todos os agentes

educativos contrariar e sensibilizar para a diferença.

● P12: O que mudaria nas escolas para ajudar estes alunos com necessidades

educativas especiais?

R: Pôr a funcionar aquela equipa multidisciplinar… e pôr a funcionar implica ter

tempo para trabalhar, traçar planos para estes alunos. E nós não temos tempo. Uma coisa

que mudava, mas que me ultrapassa, é uma colaboração mais efetiva entre os pais e a

escola. Promover a mesma filosofia entre escola e pais, para os alunos não ficarem

confusos e ‘remarem para dois lados’. Mas o mais importante é ensinar com amor, é

gostar daquilo que se faz.

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Capítulo 4. Análise e discussão dos resultados

De acordo com os instrumentos de recolha de recolha adotados, este capítulo vai

ser dividido em quatro partes. Em primeiro lugar vamos apresentar e discutir os resultados

dos três inquéritos separando-os por público-alvo e, de seguida, faremos uma síntese

relativa à grelha de observação dos alunos com NEE das nossas turmas.

No caso dos questionários, as respostas fechadas ou de escolha condicionada serão

tratadas através de procedimentos estatísticos simples, enquanto as questões abertas serão

abordadas através de uma análise que terá sobretudo em conta as ‘ideias’ mais frequentes

e relevantes.

4.1. Inquéritos aos alunos com NEE

Como já referimos, foram treze o número de alunos com NEE inquiridos. Destes,

62% são do género masculino e 38% do género feminino, com idades variáveis entre os

12 e os 19 anos (fig.13). O questionário efetuado encontra-se no Anexo 2.

Fig. 13. Género e idade dos alunos com NEE inquiridos.

Relativamente ao tipo de NEE que os alunos inquiridos são portadores, foram

identificados problemas ao nível das funções físicas, comunicação e interação (autismo),

dificuldades de aprendizagem específicas (dislexia) e ao nível do desenvolvimento

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comportamental, emocional e social13, mas alguns alunos não sabiam identificar a sua

‘necessidade especial’.

Questionados sobre se sentiam

‘dificuldades difíceis de ultrapassar ao

nível da aprendizagem durante as aulas’,

não deixa de ser curioso que a maioria

responda no sentido de não sentir

dificuldades ou apenas por vezes,

correspondendo a 23% os que as admitem

(fig.14).

Fig. 14. Considera que existem dificuldades difíceis de ultrapassar ao nível de aprendizagens durante as aulas?

Este resultado pode indiciar o facto da escola possuir boas condições ao nível do

apoio a estes estudantes, incluindo-se neste contexto a capacidade dos professores em

adaptar as suas aulas e utilizarem recursos educativos adequados às necessidades destes

alunos. Mas não será apenas a escola e os professores que condicionam esta resposta.

As questões seguintes (2 a 6) permitem explorar um pouco mais esta problemática,

pois vários aspetos parecem conjugar-se para justificar que só uma pequena parte destes

alunos sintam dificuldades de aprendizagem difíceis de ultrapassar. Por exemplo, 53.8%

considera que ‘o ambiente (físico, social e atitudinal) em que se integra está adaptado às

suas necessidades especiais (questão 2) e apenas 15% responde de forma negativa. Claro

que o ideal seria não existir nenhum aluno a encarar o ‘ambiente escolar’ como uma

dificuldade, principalmente se esta se expressar em termos das infraestruturas físicas -

considerando a recente reabilitação da escola - mas situações ótimas ou ideais

dificilmente existem.

No mesmo sentido se orientam as respostas à terceira pergunta, que aborda o apoio

familiar, uma vez que cerca de 85% dos alunos refere a ajuda da família nas atividades

13. Sobre esta tipologia, consultar http://acessibilidade.pbworks.com/w/page/1308503/NEE. Acesso a 25-08-2018.

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escolares, referindo os restantes terem este suporte ‘às vezes’. Ao nível do

acompanhamento por um professor de educação especial, frequência de um centro de

explicações e apoio terapêutico (questões 4, 5 e 6), os resultados, na nossa opinião, podem

ser interpretados de forma positiva. Efetivamente, 76,9% dos inquiridos usufruem do

apoio de um professor de educação especial - a que os restantes recorrem por vezes - e a

maioria dos estudantes (cerca de 62%) não frequenta centros de explicações. Ou seja, a

escola parece proporcionar a estes jovens um apoio ‘interno’ eficaz, não sendo necessário

o recurso adicional a ajudas externas, até porque também conta com o apoio familiar. No

entanto, não podemos também ignorar que os centros de explicações constituem uma

sobrecarga económica, que pode justificar (pelo menos parcialmente) que apenas 38%

dos alunos com NEE os frequentem.

Em complemento à segunda questão, solicitamos aos inquiridos que avaliassem

as infraestruturas da escola tendo em conta vários aspetos, de acordo com uma escala de

1 a 5, em que a primeira denuncia ‘inexistência’ – que não foi selecionada por nenhum

estudante - e a última corresponde a uma classificação como ‘muito boas’ (fig.15). As

respostas reafirmam uma postura positiva dos alunos, tendo a maioria optado por

considerar que as condições da escola são ‘muito boas’ (média global de 41%) ou ‘boas’

(32%).

Fig. 15 . Classificação da estrutura da escola e das suas características.

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A questão 8, constituída por 17 afirmações relativamente às quais os alunos têm

de manifestar o seu grau de concordância, é talvez a que nos permite analisar de forma

mais completa alguns dos ‘problemas’ que fomos focando ao longo do nosso relatório: as

dificuldades ao nível da aprendizagem, a disponibilidade dos professores, a postura dos

funcionários da escola, a relação com os colegas ‘normais’ ou o que pensam sobre a sua

inserção no ensino regular (fig. 16).

As duas primeiras afirmações, estão relacionadas com questões de aprendizagem.

Se relativamente à primeira os alunos estão completamente divididos – cerca de 42%

manifestam discordância total (DT) ou discordância (D) e percentagem igual assumem

concordância (C) ou concordância total (CT) –, metade dos alunos considera que ‘as

fichas de avaliação, testes e outros trabalhos’ se adequam à sua NEE (associando as

opções CT e C), enquanto cerca de 25% traduzem a opinião contrária. Curiosamente, esta

última percentagem é praticamente igual à dos estudantes que sentiam ‘dificuldades

difíceis de ultrapassar ao nível da aprendizagem durante as aulas’ (cf. fig.14). Assim, se

pode permanecer uma certa avaliação positiva da postura relativa à aprendizagem, o facto

de metade dos estudantes referirem que sentem dificuldades na ‘elaboração de fichas de

avaliação’, pode indiciar a necessidade de adaptar estes instrumentos de avaliação ou

proceder a uma reformulação das medidas de apoio, tendo em conta o tipo de NEE.

Fig. 16. Resultados das respostas à afirmações da pergunta nº 8 do questionário.

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1- Sinto dificuldade na elaboração de fichas de avaliação.

2-As fichas de avaliação, testes e outros trabalhos adequam-se à minha NEE.

3-Os professores não manifestam disponibilidade para dispensar ajuda extra.

4-Os professores estão atentos às minhas dificuldades.

5- Sinto falta de motivação dos professores na adequação das práticas letivas às minhas necessidades.

6-Os funcionários da escola não estão preparados para lidar com alunos com outras necessidades.

7- Os funcionários da escola estão atentos às minhas dificuldades e apoiam-me sempre que é necessário.

8- Sinto dificuldade de integração com outros colegas.

9-Os meus colegas apoiam-me quando manifesto dificuldade na elaboração de exercícios durante as aulas.

10- Os meus colegas criticam-me durante as aulas.

11- Os meus colegas ignoram-me durante os intervalos.

12- Durante os intervalos, procuro a companhia de outros alunos NEE.

13- Por vezes sou alvo de bullying.

14-Sinto-me discriminado, em vários momentos e situações, por colegas, professores e funcionários.

15- A gestão escolar esforça-se por minimizar todas as formas de discriminação que me sinto alvo.

16- Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular.

17- Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular, mas em turmas especiais.

Relativamente ao que poderíamos designar ‘atitude dos professores’, cerca de

50% DT ou D da afirmação nº3 e 16.6% não concordam nem discordam (NCD), mas

alguns alunos (33,3%) ainda consideram que os docentes ‘não manifestam

disponibilidade’ de prestar ‘ajuda extra’. No entanto, quase 70% reconhece que ‘os

professores estão atentos’ às suas dificuldades e os restantes não manifestam uma posição

concreta (NCD). Ou seja, pensamos ser correto pensar que estes jovens reconhecem a

preocupação dos docentes com os problemas que podem sentir durante as aulas. Talvez

por isso reconheçam, na sua maior parte - cerca de 42% -, que os professores se esforçam

por adequar ‘as prática letivas’ às suas necessidades (afirmação 5), apesar de 33% não

concordar nem discordar e 25% terem uma opinião contrária. Estas três questões, se não

contrariam uma visão positiva da atitude dos docentes, na nossa opinião remetem para

uma maior aposta na sua formação neste domínio das NEE, indo ao encontro de alguns

aspetos focados pela Professora Paula Costa na entrevista efetuada.

Avaliando as respostas sobre a ‘postura dos funcionários’ (afirmações 6 e 7), a

maior parte dos alunos discorda da afirmação (58,3%) e 16,6% optam pela neutralidade

(NCD). Os restantes 25% pensam que estes agentes educativas ‘não estão preparados para

lidar com alunos com outras necessidades’, sendo esta opinião reafirmada pela mesma

percentagem de alunos na afirmação seguinte (curiosamente, ou não, coincidente com a

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percentagem que tinha uma opinião menos positiva sobre os professores), ou seja,

consideram que ‘os funcionários da escola’ não estão atentos às suas dificuldades nem os

apoiam ‘sempre que é necessário’. Assim, se a maior parte dos jovens reconhecem a

preparação e a ajuda proporcionada, talvez seja importante que a formação ao nível das

NEE deva ser extensiva aos funcionários das escolas.

As afirmações seguintes, de 8 a 13, prendem-se com o relacionamento com os

colegas. As respostas obtidas são bastante positivas neste contexto das relações

interpessoais. Efetivamente, mais de 65% dos alunos com NEE referem: não sentir

‘dificuldade de integração com outros colegas’, reconhecendo o seu apoio, sem crítica,

quando manifestam ‘dificuldade na elaboração de exercícios durante as aulas’; também

não sentem necessidade de procurar, durante os intervalos, ‘a companhia de outros alunos

com NEE – até porque 83,3% não se sentem ‘ignorados pelos colegas durante este período

(afirmação 11) - nem se sentem ‘alvo de bullying’. E nesta última problemática (13),

nenhum aluno manifestou CT ou C – apesar de 33,3% não concordarem nem discordarem.

Salienta-se, no entanto, que mais uma vez 25% referem, por exemplo, sentir-se criticados

pelos colegas durantes as aulas e 16,6% não reconhecem o seu apoio e manifestam

dificuldade de integração.

Sobre as afirmações que designamos ‘descriminação’ as respostas são

consentâneas com as anteriores: 75% não se sente descriminado por ‘colegas, professores

e funcionários’, mas 50% não reconhece, por parte da gestão escolar, um esforço no

sentido de ‘minimizar todas as formas de discriminação’ e 25% não tenha uma opinião

clara (NCD).

Relativamente às últimas duas afirmações, 58,3% considera que ‘os alunos com

NEE devem frequentar escolas de ensino regular’, não manifestando uma posição

concreta cerca de 34% e apenas um estudante (8,3%) manifesta posição contrária. Quanto

à sua integração em ‘turmas especiais’, quase 60% discorda desta opção – o que vai ao

encontro da resposta anterior -, enquanto 16,6% CT ou C e 25% optam por NCD.

Por fim a pergunta 9, a única aberta: ‘O que mudaria nas escolas regulares, para

que os alunos com NEE fossem verdadeiramente integrados?’

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Se alguns jovens referem aspetos pontuais/particulares – como a dificuldade de

‘aprender através de PowerPoint’, ou ‘ter aulas mais simples’ - várias respostas focaram

a necessidade de existir ‘mais ajuda entre todos’. O que em parte nos remete para as

palavras da Professora Paula Costa, quando fala na necessidade de uma colaboração mais

efetiva (apesar de se referir à relação entre os pais e a escola) e a premência de ‘pôr a

funcionar aquela equipa multidisciplinar’. Por palavras mais simples, não deixa de ser o

que estes jovens pensam.

Que, no fundo, é uma ideia que traduz os ideais da escola inclusiva.

4.2. Inquéritos aos alunos ‘sem’ NEE

Como já referimos, o inquérito ao 8ºano envolveu 55 alunos e ao 10º um total de

33, apresentando-se no quadro 2 a sua distribuição por género e a variação de idades.

Sempre que consideramos pertinente será feita uma abordagem por ano de escolaridade,

para avaliar eventuais diferenças de opinião relacionadas com o escalão etário. O

inquérito tem uma estrutura similar ao efetuado aos alunos com NEE, adaptando-se as

questões/afirmações (Anexo 3).

Quadro 2. Género e idades dos alunos inquiridos.

Questionados sobre se sabem o que são alunos com NEE, todos os inquiridos do

10º ano responderam afirmativamente, mas no 8º ano 23 alunos – quase 42% -

desconheciam o significado – o que não deixa de parecer estranho, uma vez que em ambas

as turmas existiam alunos com necessidades especiais. Sobre o pedido de explicação, as

respostas dos alunos do 10ºano foram mais explicitas, salientando, por exemplo, que

“englobam todo o tipo de alunos que necessitam de ajuda da parte de outros professores”

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ou “são alunos que tentam ser incluídos, mas nem sempre é possível devido às suas

diferenças”.

Na segunda questão, em que se perguntava se consideravam as aulas ‘mais

complicadas para os alunos com NEE’, todos os alunos do 10º responderam

afirmativamente, mas a opinião dos mais jovens (8º ano) foi diferente (fig.17),

considerando a maioria (62%) que tal se

verifica ‘por vezes’. Esta resposta e

particularmente a opinião do 10ºano,

parece revelar que os alunos sem NEE

se apercebem da dificuldade dos

colegas, podendo indiciar a necessidade

de uma melhor adaptação curricular ou

das estratégias de ensino.

Fig. 17. Resposta dos alunos do 8º à questão ‘Considera que as aulas são mais complicadas para os alunos com NEE?’

Relativamente ao ‘ambiente de trabalho’ em que os alunos com NEE estão

inseridos, a opinião de ambos os anos de escolaridade é similar, com mais de 50% dos

alunos a considerar que ele é ‘bom’ e cerca de 38% a responder ‘por vezes’.

Opinião similar de todas as turmas é expressa na questão 4 – se sentem

prejudicados ‘quando têm alunos com NEE na turma’ – com a maioria a afirmar que não

(fig. 18). No entanto, 35.3% dos jovens do 10º ano e 40% do 8º consideram que tal ‘por

vezes’ ocorre, sendo estes últimos alunos um pouco mais ‘negativos’, pois quase 13%

sente-se prejudicado. É importante tentar perceber os motivos por que tal acontece e se

esta ‘sensação’ tem motivos reais, porque uma escola inclusiva tem de o ser para ‘todos’.

Na questão número 5, pergunta-se se têm uma relação igual com os colegas com

NEE (fig.19). Embora a maior parte responda afirmativamente, neste caso são os alunos

do 8ºano a demonstrar-se mais integradores, com 74,5% a afirmar que sim. Os do 10º ano

mostra-se mais seletivos, com cerca de 30% a responder que não ou ‘por vezes’.

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Fig. 18. Resposta à questão ‘Acha que os alunos sem problemas são prejudicados quando têm alunos com NEE na turma?’

Fig. 19. Resposta à questão ‘Tem uma relação igual com os seus colegas que têm NEE?’

Quanto à opinião se o apoio da família faz diferença para os alunos com NEE a

resposta foi positiva particularmente no 10ºano, com 90,9% dos alunos a escolher esta

opção, diminuindo para 52,7% no 8º ano. Aliás, 20% destes últimos alunos respondem

negativamente. Sabendo que este aspeto é considerado um dos fatores mais importante

no sucesso escolar dos alunos, seria importante ter solicitado uma justificação.

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A questão seguinte incorpora o mesmo quadro do inquérito aos alunos com NEE,

em que se pede a opinião sobre a estrutura da escola e as suas características (fig.20). Tal

como no caso anterior, a maior parte dos alunos considerou que a escola apresenta ‘boas’

(32,7% e 48,4% no 8º e 10º anos, respetivamente) ou ‘muito boas’ condições (33,2% e

23,8) neste domínio.

Fig. 20. Classificação da estrutura da escola e das suas características.

Chegamos agora ao conjunto de afirmações que, tal como no inquérito anterior,

deviam ser respondidas de acordo com uma escala variável entre o ‘discordo totalmente’

e o ‘concordo totalmente’ (fig.21).

Sobre a ajuda que eventualmente prestam aos colegas com NEE, os resultados vão

ao encontro da opinião transmitida por estes alunos. Com efeito, a maior parte dos alunos

concorda (C) ou concorda totalmente (CT) em ambos os anos de escolaridade, apesar de

no 8º ano a percentagem de alunos que não concordam nem discordam (NCD - 32,7%)

ser superior à dos que concordam totalmente (14,5%). Relativamente à necessidade de

adaptar aulas e materiais a postura anterior repete-se, com quase 70% dos mais jovens e

85% do 10º ano a assumir esta posição.

Ao nível da eventual perturbação que a ‘presença/comportamento de alunos com

NEE’ exerce sobre a sua ‘concentração e motivação durante as aulas’, grande parte

discorda da afirmação, mas a maioria opta pela posição intermédia (NCD - 32,7% no 8º

ano e 39,3% no 10º). No entanto, no caso dos mais jovens, 16.3% e 12.7% concordam e

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concordam totalmente com a ideia da interferência dos alunos com NEE na sua

capacidade de concentração. O que nos parece compreensível, considerando as idades em

causa.

Sobre a postura dos professores, as opiniões dividem-se, embora no 8º ano domine

‘indecisão’ (NCD – 40%). De qualquer modo, cerca de 26% D ou DT da ‘falta de

motivação/preparação dos professores na adequação das práticas letivas’ e no 10º ano

atinge os 45% os que defendem estas opções. Mas são também em maior número (21%)

os alunos deste ano que assinalam concordância com a afirmação. Em relação aos

funcionários, observa-se igualmente uma dispersão nas respostas. Se a grande parte

discorda que existe falta de preparação para lidar com os alunos com NEE, no 10º ano

24.2% pensa o contrário, percentagem que diminui no 8º ano.

Relativamente à afirmação ‘Durante os intervalos não costumo interagir com os

meus colegas com NEE’, os mais jovens manifestam na maior parte que NCD, mas 25%

admite esta realidade e só 18% DT. A posição do 10º ano é mais dispersa, mas mais de

20% C e CT e 24% discordam. Se tal pode indicar alguma ‘desintregração’, ambos os

anos de escolaridade consideram ‘que a gestão escolar se esforça por minimizar todas as

formas de discriminação de que podem ser alvo os alunos com NEE’ – 65,4% do 8º ano

e 81,8% do 10º.

As três últimas afirmações, prendem-se com a opinião destes alunos sobre a forma

como os colegas com NEE devem ser integrados no sistema educativo. Se em ambos os

anos de escolaridade a maioria defende a sua inserção no ensino regular, também se

verifica ser uma das afirmações com maior percentagem de alunos que não concordam

nem discordam. Mas cerca de 16% do 8º ano e 12% no 10º discordam desta posição. No

entanto, a maior parte considera que deveriam ser integrados em turmas especiais – 45,4%

os do 8º ano e 60,6% os de 10º (associando C e CT) -, apesar de 40% dos mais jovens não

terem uma posição bem definida (NCD). Assim, só cerca de 12% do 8º ano e 15% no 10º,

discordam ou discordam totalmente da criação de turmas especiais par os alunos com

NEE. Relativamente à última afirmação, se estes estudantes deveriam ‘frequentar escolas

de ensino especial’, grande parte assume, mais uma vez, uma posição ‘indiferente’

(NCD), com valores de 50,9% no 8 ano e 33,3% no 10º, mas as restantes posições são

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muito dispersas – o que provavelmente traduz a falta de informação que detêm sobre esta

questão específica. De qualquer modo, 42% dos alunos do 10º ano tendem a DT ou D,

enquanto são apenas 25% os que do 8º discordam.

Fig. 21. Resultados das respostas à afirmações da pergunta nº 8 do questionário

1- Ajudo em todas atividades que posso os meus colegas com NEE.

2-Considero que é necessário adaptar as aulas e materiais aos alunos com mais dificuldades.

3- A presença/comportamento de alunos com NEE perturba a minha concentração e motivação durante as aulas.

4- Sinto falta de motivação/preparação dos professores na adequação das práticas letivas aos alunos com NEE.

5-Os funcionários da escola não estão preparados para lidar com alunos com outras necessidades.

6- Durante os intervalos não costumo interagir com os meus colegas com NEE.

7-Considero que a gestão escolar se esforça por minimizar todas as formas de discriminação de que podem ser alvo os

alunos com NEE.

8-Os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular.

9- Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular, mas em turmas especiais.

10- Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino especial.

Por fim na última questão e única de resposta aberta, pedia-se que dessem a

opinião sobre o que poderia ser feito para proporcionar uma maior inclusão dos alunos

com NEE. No 10 º ano, a maior parte das respostas centrou-se na existência de mais

atividades, apoio e maior interação entre todos os alunos. Salientam-se respostas mais

expressivas, tais como: “os alunos com deficiência, deviam estar em turmas com 24

pessoas no máximo”; “no secundário temos de nos concentrar mais em nós do que no que

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alunos com necessidades educativas que perturbam muito e que precisam de mais ajuda

para se adaptar. A educação e o civismo são muito importantes e onde é que com uma

turma de 32 alunos e um NEE é possível? Não é egoísmo é vontade de melhorar o nosso

ensino.” Ao contrário dos alunos do 10º ano os do 8º ano escreveram muito pouco e as

respostas foram bastante parecidas. Mas se aqui se verifica o efeito da idade/maturidade

- sendo as respostas mais comuns o “não sei”, “ fazer uma turma de alunos só NEE” ou

trata-los melhor e ajudá-los” – também se observam opiniões muito sensíveis: “fazer com

que se sintam confiantes e acreditem que são capazes de fazer e aprender qualquer coisa

que quiserem” ou “não tratar de maneira diferente, pois apesar de terem alguma

deficiência, são humanos como nós”.

4.3. Inquérito aos docentes

Como referimos previamente, responderam ao inquérito 20 docentes, dos quais 15

são do sexo feminino e 5 do sexo masculino e com idades compreendidas entre os 37 anos

e os 59 anos de idade.

Um pouco mais longo que os anteriores com um maior número de respostas

abertas – sempre mais ricas em informação – este questionário contém 21 ‘perguntas’.

Quando perguntámos quantos anos é que os docentes tinham lecionado turmas

com alunos com NEE, as respostas

foram bastante diferenciadas:

encontramos professores que nunca

tinham dado aulas a estes alunos

enquanto outros há já 22 anos o

faziam (fig.22).

Fig. 22. Nº anos lecionados com turmas com alunos NEE

Relativamente à sua formação neste domínio, verificamos que mais de 65% dos

docentes que lecionam estes alunos nunca frequentou qualquer curso diretamente

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relacionado com as NEE (nem a estão a frequentar neste momento). Daqui se depreende

que estes professores definem as adaptações curriculares ou os recursos/materiais

educativos em função da sua experiência ou pesquisando por iniciativa própria, podendo

também recorrer, eventualmente, aos professores especializados que dão apoio aos alunos

com dificuldades de aprendizagem.

Numa questão seguinte, perguntamos se é uma dificuldade acrescida ter um aluno

com NEE na turma, onde as respostas possíveis era sim ou não. Tivemos um número de

13 respostas sim e 7 respostas não. Tendo em conta que três inquéritos foram respondidos

por professoras de NEE podemos concluir que a maior parte dos professores sente mais

trabalho quando tem na turma alunos com necessidades.

Achamos também interessante saber por parte dos docentes, se consideravam que

existem dificuldades difíceis de ultrapassar ao nível da aprendizagem dos alunos com

NEE durante as aulas. Tinham três opções de resposta: sim, não e por vezes. Os resultados

obtidos estão no quadro seguinte.

Quadro 3- Respostas à questão 3, inquérito docentes.

Sim 13

Não 3

Por vezes 4

À questão “acha que os alunos com NEE sentem dificuldade sentem dificuldade

nas fichas de avaliação e outros trabalhos?” As respostas foram claras como mostra o

seguinte quadro.

Quadro 4- Resposta à questão 4, inquérito docentes.

Sim 13 Não 1 Por vezes 6

Quanto às respostas anteriormente averiguadas, conseguimos perceber, que a

opinião dos docentes é bastante clara no que toca às dificuldades dos alunos com NEE,

os decentes sentem que estes alunos ainda passam por dificuldades que são difíceis de

contornar.

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Na pergunta se os docentes conseguiam trabalhar ao mesmo tempo com os alunos

de NEE e os outros alunos, existiam 3 tipo de respostas mais extensas e os resultados

estão apresentados não quadro seguinte.

Quadro 5. Resposta número 5, inquérito docentes

Sim, consigo trabalhar com todos os alunos. 4

Privilegio a maior parte das vezes os alunos sem NEE, uma vez que estes últimos têm apoio

extra-aula.

8

Sinto-me obrigado a optar, privilegiando a maior parte das vezes os alunos com NEE. 3

Outra resposta. 5

Conseguimos verificar, que a grande maioria tenta dar apoio aos dois tipos de

aluno, tentando fazer mais um esforço com os alunos com NEE.

Quanto ao comportamento dos alunos de NEE em sala de aula, perguntámos aos

professores se era perturbador. As respostas possíveis eram sim, não e por vezes. As

opções de sim e por vezes foram a maior tendência como se poderá ver na fig. 23. Estes

alunos como não têm adequações necessárias para si acabam muitas vezes por atrapalhar

os professores a dar a matéria.

Fig. 23. Pergunta sobre o comportamento dos alunos com NEE.

Em relação ao grupo das características da escola, a pergunta número 1, se o

ambiente das escolas (físico, social e atitudinal) está adaptado aos alunos com NEE. Neste

caso, a opinião dos docentes prevalece a que as vezes e não está adaptada para estes

alunos. Apenas 5 docentes responderam que achavam que as escolas estariam adaptadas

para os alunos com NEE.

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Na segunda questão deste terceiro grupo foi colocada uma tabela igual ao

inquérito dos alunos com as várias acomodações da escola e os docentes teriam de

responder de 1 a 5 (inexistentes, inadequadas, adequadas, boas e muito boas). Tal como

aconteceu com os inquéritos dos alunos, os docentes também tiveram todos duas

respostas mais frequentes em relação a estas características. Adequadas e boas foram as

respostas mais frequentes a todas estas condições mencionadas (segurança, mobiliário,

condições das salas, etc.). Em menor número, mas ainda assim com importância de

mencionar, existe um número de respostas 2 (inadequadas) em algumas condições como

por exemplo material disponíveis na sala de aula.

Na pergunta 3, de resposta aberta, quando é perguntado, se os docentes,

funcionários e direção estão atentos às dificuldades e disponibilizam ajuda extra a maior

parte dos docentes responderam apenas com “sim”, tendo um “não” e uma resposta mais

completa que passo a citar “ Estão atentos mas ainda há muito trabalho de sensibilização

a ser feito quer para os colegas, quer para os funcionários.” Assim, conseguimos ver que

existe sim uma preocupação por parte dos docentes e funcionários, mas pode ser sempre

feito mais.

Em relação ao apoio familiar e acompanhamento extra, se estes são ajustados a

estes alunos nenhum professor disse que sim o que é preocupante, não existe ajustamento

às necessidades dos alunos e 16 docentes responderam às vezes e 4 responderam que não

(fig.24).

Fig. 24. Resposta 4, apoio familiar e acompanhamento extra-aulas.

4; 20%

16; 80%

sim Não Às vezes

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Na última questão de resposta aberta, igual a todos os inquéritos, onde pergunta

o que mudaria nas escolas regulares para que os alunos com NEE fossem verdadeiramente

integrados obtivemos uma resposta dada pela grande maioria dos professores: “Reduzir

o número de alunos por turma”. Para alem desta resposta que foi dada em grande número

tivemos outras como por exemplo: “haver mais formação para os professores” e “existir

mais apoios extra-aulas”. De 20 inquéritos respondidos pelos docentes 17 falaram das

turmas mais reduzidas. Esta medida iria facilitar a proximidade que o professor iria

conseguir ter com cada aluno e um maior tempo que se podia dispensar cada aluno.

4.4. Observação da grelha de Excel

As grelhas de observação em Excel que foram realizadas para este relatório de

estágio, tiveram como propósito fazer uma leitura dos comportamentos dos alunos que

foram acompanhados durante o ano letivo 2017/2018. Como não havia informação

relevante para relatar todas as semanas, foi feito uma observação mensal para todos os

alunos.

As grelhas têm informação do nome do aluno, a data de observação do

comportamento e a turma dos alunos. Encontra-se também três colunas com uma cotação

quantitativa (1-muito maus; 2.-Mau; 3-Suficiente; 4-Bom; 5- Muito bom) do

comportamento, interesse e participação que estes alunos têm nessas aulas. Para haver

uma realização mais completa da observação, existe também uma parte de observações

que só são completadas caso necessário. Os alunos observados foram do Rúben do 8º D,

Guilherme 8º D, Mara e Érica do 8º E, e o Pedro do 10º N.

A primeira observação foi feita em novembro de 2017, mostra que todos os

alunos tiveram em termos de comportamentos todos entre 4 e 5, à exceção do Rúben. O

Rúben é um miúdo bastante problemático que sempre que não conhece os professores

testa-os muito, principalmente mulheres. Na participação o Rúben e a Mara tiveram 1,

pois são alunos muito fracos e com poucos métodos de trabalho, a Érica e o Pedro tiveram

3, pois são alunos com problemas, mas que vão tentando responder e são empenhados no

trabalho que fazem, guilherme foi o único que teve 4, é um aluno com muito

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acompanhamento e com muita vontade de aprender e participar. Em relação ao interesse,

o Rúben por esta altura não mostrava interesse nenhum, respondia mal, era mal-educado

e não passava nada para o caderno. A única observação que coloquei neste mês foi sobre

o Rúben e foi “Desde o início do ano que o Rúben não mostra interesse e o

comportamento tem vindo a piorar. Não passa nada para o caderno.” .

A segunda observação foi realizada nos últimos dias de novembro. Em relação

ao comportamento comecei a notar uma ligeira melhoria no Rúben, contudo, sempre

muito falador, a mandar bocas e irrequieto. Por isso teve uma nota de 2 no

comportamento. A Mara, ao contrário do Rúben, andava mais distraída e faladora e ficou

com nota de. O Pedro continuava com o mesmo comportamento, calmo, mas com alguns

momentos de irrequietação e manteve a nota de 4. O Guilherme e a Érica mantiveram o

bom comportamento e por isso continuam com o 5. Quanto à participação o Rúben e a

Mara continuaram com nota 1 por nunca quererem participar e quando lhes era colocada

uma questão não sabiam responder, a Érica continuava com 3, e o Guilherme e o Pedro

tiveram 4 porque participavam bastante nas questões da aula. A nível de interesse de

aula, o Rúben continuava com nota de 1 de interesse de aula, a Mara 2, a Érica 3, e o

Guilherme e o Pedro por participarem bastante tiveram nota 5. No que toca a observações

que foram feitas, foi a nível da concentração e participação assídua do Pedro e de

brincadeiras de “ gozo” constante com o Guilherme .

Na terceira observação, realizada em janeiro, o comportamento destes alunos foi

bastante similar, o Rúben cada vez se portava melhor, tendo um valor de 3, o Pedro

mantinha-se no registo normal com um bom comportamento mas por vezes distraído,

também com nota 3 e os outros alunos com notas de 4. Na participação o Rúben e Mara

mantinham a sua postura e não participavam e mantinham a nota 1, a Érica e o Pedro com

nota 3 e o Guilherme, sempre o mais participativo com nota 4. O Rúben e a Mara em

relação ao interesse mantinham a mesma nota 1 e 2 mostraram um desinteresse total, a

Érica e o Pedro apresentaram uma nota 3, normal da Érica e notou-se um baixo interesse

do Pedro nas aulas. O único que mostrava um interesse continuava a ser o Guilherme com

nota 5. Em relação às observações que foram feitas foram sobre o comportamento do

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Rúben que mostrava um melhoramento gradual e um mais à vontade a falar comigo, à

agitação constante que a mara teve naquela semana, e à falta de participação da Érica .

Na quarta observação, que foi realizada em fevereiro, o comportamento do Rúben

continuou igual, sem mostrar mudanças e continua com um valor 3, o Pedro voltou a ter

um comportamento mais calmo e tal como o Guilherme teve 4 no comportamento, a Érica

e a Mara, estiveram muito bem nesta semana e tiveram 5 no comportamento. Esta semana

foi uma aula dada por mim às duas turmas de 8º ano onde a preparei com muito cuidado

e senti que a participação foi bem melhor, o Ruben manteve o seu 3, a Mara a Érica, o

Guilherme e o Pedro tiveram 4. Em relação ao interesse demonstrado na aula, O Rúben

melhorou bastante tendo nota 3 como a Érica e o Pedro, a Mara, sempre muito distraída

manteve a nota 2 e o Guilherme, aluno sempre bastante interessado manteve nota 4. As

observações feitas nesta semana foi ao surpreendente interesse e participação dos alunos

do 8º ano à minha aula .

A quinta observação realizada em abril de 2018, as observações feitas relevantes,

foram o intenso interesse do Guilherme à matéria que estava a ser lecionada e a constante

distração do Pedro e as imensas respostas erradas constantemente do Pedro. Em relação

às notas quantitativas, em relação ao comportamento o Rúben continuava com o 3 e o

Pedro baixou para o 3 devido à distração, o Guilherme, a Mara e a Érica tiveram um

comportamento exemplar e tiveram o valor de 5. A participação do Rúben e da Mara

continua bastante fraquinha e tiveram o valor 2, a Érica e o Pedro tiveram 3 e o Guilherme

teve 5. Em termos de interesse, o Rúben o Pedro e a Mara tiveram 2 valores, a Érica 3 e

o guilherme 5 .

A próxima observação foi realizada em maio e a partir deste mês já não tenho

informação do Pedro porque deixou de ir às aulas. Em termos de comportamento o Rúben

tem melhorado significativamente e teve um 3, a Mara a Érica e o Guilherme também

melhoraram o comportamento e tiveram 5. Quanto à participação o Rúben e a Mara

tiveram 3, a Mara ainda apresenta várias dificuldades, a Érica teve nota 4 e bastante

participativa pois o avô participou numa aula e ficou bastante contente, o Guilherme

mantem a boa participação e teve 5 valores. Em relação ao interesse dos alunos nas aulas,

a Mara teve 2, o Rúben teve 3 e a Érica e o Guilherme tiveram 5. As observações foram

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em relação à confiança da Érica com o avô na aula, às dificuldades da Mara e ao

comportamento do Rúben .

A última observação foi feita em junho, e só foram feitas observações dos alunos

do 8º D. Nesta última observação tive duas reações que não estava à espera, vi da parte

do Guilherme uma raiva muito grande pelos outros alunos dizendo que um dia elas se

iriam arrepender de falar mal dele. Pelo contrário, o Rúben que sempre foi despreocupado

e mal aluno, veio me dizer que o sonho dele era ir para a faculdade para ser veterinário.

Quanto ao comportamento o Guilherme manteve como sempre o bom comportamento e

teve nota 5 e o Rúben com uma melhoria fantástica trabalhada ao longo do ano teve 4.

Na participação o Guilherme teve 5 e o Rúben 4 e no interesse as notas foram iguais, o

Guilherme com 5 e o Rúben com 4.

Destas observações conseguimos concluir que os comportamentos destes alunos

diferem muito de vários fatores, do acompanhamento familiar, da maneira que os colegas

lidam com eles e do interesse de cada um. Ao longo do ano os comportamentos são

diferentes também dependendo de fases que passam na vida pessoal. O acompanhamento

familiar é muito importante e reflete na vida escolar dos alunos.

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Considerações finais

Foi um ano letivo complexo, com muitas ideias que não passaram de ideias,

outras que tiveram que ser reformuladas e as que conseguimos por no papel e seguir em

frente. Foi um grande caminho e uma grande entrega com este tema da minha parte que

me fez sobressair o meu lado mais preexistente e reflexivo.

Os nossos ideais, opiniões e os contributos que consegui obter de todos os

intervenientes que fizeram parte desta investigação estão expostas nestas páginas onde

nos esforçamos para que tudo fosse simples e percetível.

A educação e o ensino sempre foram uma área que nos interessou muito. Ser

professora e conseguir manter/realizar os nosso ideais é uma meta a alcançar na nossa

vida profissional.

Na introdução deste trabalho foram colocadas algumas questões como:

• Será que a necessidade educativa especial é percetível?

• Os alunos com NEE usufruem de todos os apoios a que têm direito?

• Os professores sentem-se preparados para lecionar estes alunos?

• E como atuam os seus colegas dentro e fora da sala de aula?

Neste último item do presente relatório vamos tentar dar respostas a essas

mesmas questões, para que o leitor consiga entender as nossas próprias reflexões e as

conclusões que retirámos desta investigação. Importa dizer que os grupos alvo em que se

realizou esta investigação abrange um pequeno número de intervenientes, pelo que se

torna difícil empreender generalizações.

Será então que existe uma verdadeira inclusão dos alunos com NEE nas escolas

por parte dos outros alunos e docentes? Os resultados obtidos, positivos em vários

aspetos, demonstra que ainda há um vasto caminho a percorrer. Na verdade, existe ainda

uma distância considerável entre a integração e a verdadeira inclusão destes alunos. Por

exemplo, a grande maioria dos docentes não tem formação para lecionar turmas onde se

encontram alunos ‘normais’ com alunos que têm outro tipo de necessidades e exigências.

Para além desta falta de formação, quase todos os professores abordados

demostraram uma certa falta de ‘interesse e motivação’ para realizarem outro tipo de

tarefas e atividades com estes alunos. Não será verdadeiramente falta de

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interesse/motivação, mas o facto de terem de cumprir extensas metas curriculares,

lecionar turmas demasiado grandes ou debater-se com a falta de equipamento adequado…

como referia a Professora Paula Costa, ‘o tempo letivo é curto para ensinar um grupo

heterogéneo de alunos.

Neste contexto, é habitual que os alunos com NEE se possam sentir prejudicados

no decurso das aulas, trabalhos e fichas de avaliação. E não podemos esquecer que

também os alunos ditos ‘normais’, se podem considerar afetados. Pois se os professores

não podem fazer aulas diferentes e ‘perder muito tempo’ com os jovens que têm NEE, a

verdade é que nenhum professor consegue ficar indiferente à suas necessidades,

introduzindo sempre nas suas aulas alguma adaptação.

A nossa questão, enquanto docente, é: quando nos será concedido o tempo e os

meios necessários à inclusão de todos os alunos? E esse tempo e meios não se refere

apenas ao nosso trabalho na escola, com os alunos. Deve igualmente ser pensado ao nível

da nossa formação inicial e contínua…não deveria ser obrigatória e dada já na faculdade,

como sugeria a Prof. Paula Costa?

Quanto aos alunos, tentamos transmitir a verdadeira opinião deles sobre o tema.

Através dos inquéritos realizados, os nossos jovens mostraram a realidade atual da

situação dos alunos com NEE nas escolas. Os alunos do secundário indiciam ter já uma

opinião formada sobre o assunto, sabiam do que se falava e deram uma opinião mais

firme. Os alunos do básico, não sabiam por vezes o que era NEE, as respostas eram menos

coerentes e sem uma opinião concreta para dar. Sendo opiniões mais formadas ou menos,

mais complexas ou não, a opinião de que têm pouca informação sobre alunos com NEE

prevalece. A maioria acha que deviam ter turmas próprias e alguns admitiram que não se

dão de uma forma igual com alunos com NEE. Será que não nos deveríamos importar

com as mentalidades que se estão a formar nos alunos? Na nossa opinião, que é sustentada

pelas afirmações dos alunos, deveria haver mais conhecimento sobre este tema nas

escolas, aulas de formação cívica, palestras, etc. Deveríamos “educar” crianças para

serem tratados de uma maneira igual independentemente das suas diferenças.

E os próprios alunos com NEE como se sentem? Pelos resultados que obtivemos

nos inquéritos, estes alunos sentem-se por vezes um pouco “postos de lado” pelos outros

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alunos. Não existe por parte dos alunos considerados normais uma facilidade tão grande

de se aproximarem dos alunos com NEE.

Quanto às aulas, estes alunos sentem diversas dificuldades e desvantagens das

realizações de trabalhos e fichas de avaliações. Por muito que estas sejam muitas vezes

adaptadas, os professores não sabem quais são as medidas adequadas para cada tipo de

aluno. Assim, não tendo os alunos medidas adaptadas a cada situação, continuam a sentir

que são prejudicados em relação aos outros alunos.

Este relatório deverá ser reflexivo para quem o ler, alertar para a importância de

trabalharmos estes temas e a consciência dos alunos. É necessário que os conteúdos a

lecionar nas escolas sejam ‘direcionados’ para as necessidades do quotidiano e

necessidades dos alunos. É importante transmitir conhecimentos, mas também

consciencialização. Ao longo de 12 anos, o aluno tem que sair da escola com uma boa

formação cultural e social. Não deveriam ser “só as notas” a importar, pois não são elas

que os vão tornar melhores cidadãos. Estamos a falar de crianças/ jovens que podem até

saber do que se trata, mas é necessário haver um reforço dos ideais corretos, levando os

alunos a refletir sobre isso.

A profissão de professor acarreta uma grande responsabilidade, é importante

para o futuro destas crianças, que um dia vão ser adultos e a sociedade ativa do nosso

país.

“Somos todos iguais e todos diferentes.”

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LEGISLAÇÃO Decreto-Lei nº174/77 de 2 de Maio. Diário da República n.º 101/1977, Série I.

Decreto-Lei nº84/78, de 2 de Maio. Diário da República n.º 100/1978, Série I.

Lei 66/79, de 4 de Outubro. Diário da República n.º 230/1979, Série I.

Lei 46/86 de 14 de Outubro. Diário da República n.º 237/1986, Série I.

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18.

Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro. Diário da República n.º 4/2008, Série I.

Lei n.º 21/2008 de 12 de Maio. Diário da República n.º 91/2008, Série I.

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81

Decreto-Lei n.º 93/2009 de 16 de Abril. Diário da República n.º 74/2009, Série I.

Lei nº 85/2009 de 27 de Agosto. Diário da República n.º 166/2009, Série I.

Decreto-Lei n.º 281/2009 de 6 de Outubro. Diário da República n.º 193/2009, Série I.

Despacho n.º 5291/2015 de 21 de Maio. Diário da República n.º 98/2015, Série II.

Decreto-Lei n.º 54/2018 de 6 de Julho. Diário da República n.º 129/2018, Série I.

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82

Anexos

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Anexo 1 - Enquadramento legislativo

Referência Âmbito Nº artigo e seu conteúdo

Decreto-Lei

174/77, de 2

de maio

Define o regime escolar dos alunos

portadores de deficiências quando

integrados no sistema educativo público.

Art.3º

Sempre que um aluno deficiente se inscreva, pela primeira vez, no

ensino regular, o registo da matrícula deverá mencionar a deficiência

que possui, devendo esta ser comprovada pela apresentação de

parecer de um médico especialista.

Decreto-Lei

84/78, de 2 de

maio

Aplica ao ensino primário os princípios

definidos no Decreto-Lei n.º 174/77.

Lei 66/79, de

4 de Outubro

Aprova a Lei sobre Educação Especial e

cria o Instituto de Educação Especial.

ARTIGO 1.º

Por educação especial deve entender-se, no presente diploma, o

conjunto de actividades e serviços educativos destinados a crianças

e jovens que, pelas características que apresentam, necessitam de um

atendimento específico.

ARTIGO 2.º

A educação especial integra actividades directamente dirigidas aos

educandos e serviços de acção indirecta dirigidos à família, aos

educadores e às comunidades, contemplando deficientes físicos,

motores, orgânicos, sensoriais e intelectuais.

Lei 46/86 de

14 de outubro Lei de Bases do Sistema Educativo

Surge pela primeira vez na legislação o termo Necessidades

Educativas Específicas

Despacho

Conjunto

36/SEAM/SE

RE/88

Define a natureza, constituição,

organização e coordenação das equipas de

ensino especial integrado, que abrangem

todo o sistema de educação e ensino não

superior estabelecendo-lhes as suas

atribuições e funcionamento.

Decreto-Lei

319/91 de 23

de agosto

Estabelece o regime educativo especial

aplicável aos alunos com necessidades

educativas especiais. Revoga o Decreto-

Lei n.º 174/77, de 2 de Maio, e o

Decreto-Lei n.º 84/78, de 2 de Maio

Artigo 2.º

Regime educativo especial

1 - O regime educativo especial consiste na adaptação das condições

em que se processa o ensino-aprendizagem dos alunos com

necessidades educativas especiais.

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84

2 - As adaptações previstas no número anterior podem traduzir-se

nas seguintes medidas:

a) Equipamentos especiais de compensação;

b) Adaptações materiais;

c) Adaptações curriculares;

d) Condições especiais de matrícula;

e) Condições especiais de frequência;

f) Condições especiais de avaliação;

g) Adequação na organização de classes ou turmas;

h) Apoio pedagógico acrescido;

i) Ensino especial.

Portaria

1102/97

A presente portaria aplica-se a

cooperativas e associações de ensino

especial, sem fins lucrativos, que prestem

um ou mais dos seguintes serviços:

a) Escolarização de alunos com

necessidades educativas

especiais associadas a condições

individuais de deficiência que

requeiram, de acordo com a

avaliação psicopedagógica,

adaptações significativas e em

grau extremo em área do

currículo comum e que se

considere que seria mínimo o

nível de adaptação e de

integração social numa escola

regular;

b) Atividades de apoio às escolas

de ensino regular, em parceria

com as equipas de coordenação

dos apoios educativos;

c) Atividades de intervenção

precoce dirigidas a crianças com

deficiência ou em situação de

alto risco, em parceria com as

6. Condições de acesso dos alunos

1- A matrícula no ensino básico é efetuada na escola da área

pedagógica da residência do aluno, dependendo o encaminhamento

para a escola de ensino especial de decisão do serviço competente do

Ministério da Educação.

2 - A proposta de encaminhamento do aluno será remetida ao serviço

competente do Ministério da Educação acompanhada dos seguintes

documentos:

a) Proposta de encaminhamento do aluno, formulada pelo órgão de

gestão e administração do estabelecimento de ensino onde foi

efetuada a matrícula;

b) Plano educativo individual do aluno; c) Declaração de

concordância do encarregado de educação;

d) Parecer fundamentado da equipa de coordenação dos apoios

educativos;

e) Declaração de aceitação do aluno, passada pela escola de ensino

especial, referindo, expressamente, os recursos humanos e materiais

de que dispõe adequados às necessidades educativas especiais do

aluno definidas no plano educativo individual.

11. Gratuitidade de ensino

A fim de garantir a gratuitidade de ensino aos alunos que, em 15 de

setembro de 1997, tenham idades compreendidas entre os 6 e os 15

anos, o Ministério da Educação, através dos serviços competentes,

comparticipará, mensalmente, com um montante igual ao valor da

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85

equipas de coordenação dos

apoios educativos.

mensalidade máxima fixada por portaria conjunta para o regime de

semi-internato.

Decreto-Lei

3/2008 de 7 de

janeiro

O presente decreto-lei define os apoios

especializados a prestar na educação pré

-escolar e nos ensinos básico e

secundário dos sectores público,

particular e cooperativo, visando a

criação de condições para a adequação

do processo educativo às necessidades

educativas especiais dos alunos com

limitações significativas ao nível da

atividade e da participação num ou

vários domínios de vida, decorrentes de

alterações funcionais e estruturais, de

carácter permanente, resultando em

dificuldades continuadas ao nível da

comunicação, da aprendizagem, da

mobilidade, da autonomia, do

relacionamento interpessoal e da

participação social. 2 — A educação

especial tem por objetivos a inclusão

educativa e social, o acesso e o sucesso

educativo, a autonomia, a estabilidade

emocional, bem como a promoção da

igualdade de oportunidades, a preparação

para o prosseguimento de estudos ou

para uma adequada preparação para a

vida profissional e para uma transição da

escola para o emprego das crianças e dos

jovens com necessidades educativas

especiais nas condições acima descritas.

Artigo 3.º

Participação dos pais e encarregados de educação 1 - Os pais ou

encarregados de educação têm o direito e o dever de participar

ativamente, exercendo o poder paternal nos termos da lei, em tudo o

que se relacione com a educação especial a prestar ao seu filho,

acedendo, para tal, a toda a informação constante do processo

educativo.

2 - Quando, comprovadamente, os pais ou encarregados de educação

não exerçam o seu direito de participação, cabe à escola desencadear

as respostas educativas adequadas em função das necessidades

educativas especiais diagnosticadas.

Artigo 4.º

Organização

1 - As escolas devem incluir nos seus projetos educativos as

adequações relativas ao processo de ensino e de aprendizagem, de

carácter organizativo e de funcionamento, necessárias para

responder adequadamente às necessidades educativas especiais de

carácter permanente das crianças e jovens, com vista a assegurar a

sua maior participação nas atividades de cada grupo ou turma e da

comunidade escolar em geral.

Artigo 17.º

Apoio pedagógico personalizado

1 - Para efeitos do presente decreto-lei entende- se por apoio

pedagógico personalizado:

a) O reforço das estratégias utilizadas no grupo ou turma aos níveis

da organização, do espaço e das atividades;

b) O estímulo e reforço das competências e aptidões envolvidas na

aprendizagem;

c) A antecipação e reforço da aprendizagem de conteúdos lecionados

no seio do grupo ou da turma;

d) O reforço e desenvolvimento de competências específicas.

2 — O apoio definido nas alíneas a), b) e c) do número anterior é

prestado pelo educador de infância, pelo professor de turma ou de

disciplina, conforme o nível de educação ou de ensino do aluno.

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3 — O apoio definido na alínea d) do n.º 1 é prestado, consoante a

gravidade da situação dos alunos e a especificidade das competências

a desenvolver, pelo educador de infância, professor da turma ou da

disciplina, ou pelo docente de educação especial.

Lei 21/2008

de 12 de Maio

Primeira alteração, por apreciação

parlamentar, ao Decreto –Lei n.º 3/2008,

de 7 de Janeiro, que define os apoios

especializados a prestar na educação pré

-escolar e nos ensinos básico e

secundário dos sectores público,

particular e cooperativo.

Artigo 1.º

2 - A educação especial tem por objetivos a inclusão educativa e

social, o acesso e o sucesso educativo, a autonomia, a estabilidade

emocional, bem como a promoção da igualdade de oportunidades, a

preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada

preparação para a vida pós-escolar ou profissional.

Artigo 4.º

6 — A educação especial organiza- se segundo modelos

diversificados de integração em ambientes de escola inclusiva e

integradora, garantindo a utilização de ambientes o menos restritivo

possível, desde que dessa integração não resulte qualquer tipo de

segregação ou de exclusão da criança ou jovem com necessidades

educativas especiais.

Artigo 30.º […]. As escolas, os agrupamentos de escolas e as

instituições de ensino especial devem desenvolver parcerias entre si

e com outras instituições, designadamente centros de recursos

especializados, visando os seguintes fins:

f) A transição para a vida pós-escolar;

Decreto-Lei

93/2009 de 16

de Abril

O presente decreto-lei visa criar o

Sistema de Atribuição de Produtos de

Apoio, adiante designado por SAPA.

O SAPA abrange as pessoas com

deficiência e, ainda, as pessoas que por

uma incapacidade temporária necessitam

de produtos de apoio.

Para efeitos do presente decreto -lei, entende -se por:

a) «Pessoa com deficiência» aquela que, por motivos de perda ou

anomalia, congénita ou adquirida, de funções ou de estruturas do

corpo, incluindo as funções psicológicas, apresente dificuldades

específicas susceptíveis de, em conjugação com os factores do meio,

lhe limitar ou dificultar a actividade e participação em condições de

igualdade com as demais pessoas;

b) «Pessoa com incapacidade temporária» aquela pessoa que por

motivo de doença ou acidente encontre, por um período limitado e

específico no tempo, dificuldades específicas susceptíveis de, em

conjugação com os factores do meio, lhe limitar ou dificultar a sua

actividade e participação diária em condições de igualdade com as

demais pessoas;

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Decreto-Lei

281/2009 de 6

de Outubro

O presente decreto-lei tem por objecto,

na sequência dos princípios vertidos na

Convenção das Nações Unidas dos

Direitos da Criança e no âmbito do Plano

de Acção para a Integração das Pessoas

com Deficiência ou Incapacidade

2006 -2009, a criação de um Sistema

Nacional de Intervenção Precoce na

Infância (SNIPI).

Artigo 1.º

Objecto

1 — O presente decreto -lei cria o Sistema Nacional de Intervenção

Precoce na Infância, adiante designado por SNIPI, o qual consiste

num conjunto organizado de entidades institucionais e de natureza

familiar, com vista a garantir condições de desenvolvimento das

crianças com funções ou estruturas do corpo que limitam o

crescimento pessoal, social, e a sua participação nas actividades

típicas para a idade, bem como das crianças com risco grave de atraso

no desenvolvimento.

Artigo 2.º

Âmbito

O SNIPI abrange as crianças entre os 0 e os 6 anos, com alterações

nas funções ou estruturas do corpo que limitam a participação nas

actividades típicas para a respectiva idade e contexto social ou com

risco grave de atraso de desenvolvimento, bem como as suas

famílias.

Bruxelas,

15.11.2010

COM (2010)

636 final

Estratégia Europeia para a Deficiência

2010-2020: Compromisso renovado a

favor de uma Europa sem barreiras

Portaria

192/2014 de

26 de

setembro

A presente portaria regula a criação e

manutenção da base de dados de registo

do Sistema de Atribuição de Produtos de

Apoio (BDR -SAPA), bem como o

tratamento da informação no que respeita

à referenciação, prescrição, atribuição,

comparticipação e reutilização de

produtos de apoio.

Resolução da

Assembleia da

República n.º

17/2015

Aplicação das recomendações do

conselho nacional de educação

relativamente ao enquadramento legal da

educação especial

(…) alteração do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, no que se

refere ao desenvolvimento de:

a) Medidas educativas temporárias que permitam responder às

necessidades educativas especiais (NEE) de caráter transitório,

comprovadamente impeditivas do desenvolvimento de

aprendizagens;

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88

b) Medidas de resposta a situações de alunos/as com dificuldades de

aprendizagem específicas que

comprovadamente impeçam a sua qualidade e desenvolvimento;

c) Uma medida educativa adicional que permita a

adaptação do currículo às necessidades educativas dos/as alunos/as,

mais flexível do que a medida «adequações curriculares individuais»

(prevista no artigo 18.º) mas menos restritiva do que o

estabelecimento de um currículo específico individual (CEI)

(previsto no artigo 21.º).

Portaria 201-

C/2015 de 10

de julho

Regula o ensino de alunos com 15 ou

mais anos de idade, com currículo

específico individual (CEI), em processo

de transição para a vida pós -escolar.

Aplica -se à organização dos planos

individuais de transição (PIT) de alunos

com CEI, visando a consolidação e

melhoria das capacidades pessoais,

sociais e laborais, na perspetiva de uma

vida adulta autónoma e com qualidade.

Artigo 5.º - Plano individual de transição

1- Três anos antes da idade limite da escolaridade obrigatória, o CEI

inclui obrigatoriamente um PIT que deve ser elaborado em

colaboração com os seus pais ou encarregados de educação e

representantes das organizações da comunidade que vão ser

implicados na vida e no percurso do aluno.

2 - O PIT é um conjunto coordenado e interligado de atividades

delineadas para cada aluno, visando garantir a oportunidade, o acesso

e o apoio à transição da escola para as atividades pós -escolares,

podendo incluir treino laboral no local de trabalho, esquemas de

emprego apoiado, atividades de vida autónoma e de participação na

comunidade.

3 - O PIT deve basear -se nas necessidades individuais de cada aluno,

atendendo às suas preferências e interesses, tendo como perspetiva

proporcionar as oportunidades e capacidades que promovam a

autodeterminação, a inclusã e a participação em todos os aspetos da

vida adulta.

Decreto-Lei

n.º 54/2018 de

6 de julho

1 — O presente decreto-lei estabelece os

princípios e as normas que garantem a

inclusão, enquanto processo que visa

responder à diversidade das necessidades

e potencialidades de todos e de cada um

dos alunos, através do aumento da

participação nos processos de

aprendizagem e na vida da comunidade

educativa.

Artigo 3.º

Princípios orientadores

São princípios orientadores da educação inclusiva: a) Educabilidade

universal, a assunção de que todas as crianças e alunos têm

capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento educativo;

b) Equidade, a garantia de que todas as crianças e alunos têm acesso

aos apoios necessários de modo a concretizar o seu potencial de

aprendizagem e desenvolvimento;

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89

Decreto-Lei

n.º 54/2018 de

6 de julho

c) Inclusão, o direito de todas as crianças e alunos ao acesso e

participação, de modo pleno e efetivo, aos mesmos contextos

educativos;

d) Personalização, o planeamento educativo centrado no aluno, de

modo que as medidas sejam decididas casuisticamente de acordo

com as suas necessidades, potencialidades, interesses e preferências,

através de uma abordagem multinível;

e) Flexibilidade, a gestão flexível do currículo, dos espaços e dos

tempos escolares, de modo que a ação educativa nos seus métodos,

tempos, instrumentos e atividades possa responder às singularidades

de cada um;

f) Autodeterminação, o respeito pela autonomia pessoal, tomando em

consideração não apenas as necessidades do aluno mas também os

seus interesses e preferências, a expressão da sua identidade cultural

e linguística, criando oportunidades para o exercício do direito de

participação na tomada de decisões;

g) Envolvimento parental, o direito dos pais ou encarregados de

educação à participação e à informação relativamente a todos os

aspetos do processo educativo do seu educando;

h) Interferência mínima, a intervenção técnica e educativa deve ser

desenvolvida exclusivamente pelas entidades e instituições cuja ação

se revele necessária à efectiva promoção do desenvolvimento pessoal

e educativo das crianças ou alunos e no respeito pela sua vida privada

e familiar.

CAPÍTULO II Medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão

Artigo 6.º

Objetivos das medidas 1 — As medidas de suporte à aprendizagem

e à inclusão têm como finalidade a adequação às necessidades e

potencialidades de cada aluno e a garantia das condições da sua

realização plena, promovendo a equidade e a igualdade de

oportunidades no acesso ao currículo, na frequência e na progressão

ao longo da escolaridade obrigatória.

CAPÍTULO III Recursos específicos de apoio à aprendizagem e à

inclusão

Artigo 12.º

Equipa multidisciplinar de apoio à educação inclusiva

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1 — Em cada escola é constituída uma equipa multidisciplinar de

apoio à educação inclusiva. 2 — A equipa multidisciplinar é

composta por elementos permanentes e por elementos variáveis.

Artigo 14.º

Escolas de referência no domínio da visão 1 — As escolas de

referência no domínio da visão constituem uma resposta educativa

especializada nas seguintes áreas: a) Literacia braille contemplando

a aplicação de todas as grafias específicas; b) Orientação e

mobilidade; c) Produtos de apoio para acesso ao currículo; d)

Atividades da vida diária e competências sociais.

Artigo 18.º

Centros de recursos para a inclusão

1 — Os CRI são serviços especializados existentes na comunidade,

acreditados pelo Ministério da Educação, que apoiam e intensificam

a capacidade da escola na promoção do sucesso educativo de todos

os alunos.

2 — Constituiu objetivo dos CRI apoiar a inclusão das crianças e

alunos com necessidade de mobilização de medidas adicionais de

suporte à aprendizagem e à inclusão, através da facilitação do acesso

ao ensino, à formação, ao trabalho, ao lazer, à participação social e à

vida autónoma, promovendo o máximo potencial de cada aluno, em

parceria com as estruturas da comunidade.

Artigo 28.º

Adaptações ao processo de avaliação

1 — As escolas devem assegurar a todos os alunos o direito à

participação no processo de avaliação.

2 — Constituem adaptações ao processo de avaliação:

a) A diversificação dos instrumentos de recolha de informação, tais

como, inquéritos, entrevistas, registos vídeo ou áudio;

b) Os enunciados em formatos acessíveis, nomeadamente braille,

tabelas e mapas em relevo, daisy, digital;

c) A interpretação em LGP;

d) A utilização de produtos de apoio;

e) O tempo suplementar para realização da prova;

f) A transcrição das respostas;

g) A leitura de enunciados;

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h) A utilização de sala separada;

i) As pausas vigiadas;

j) O código de identificação de cores nos enunciados

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Anexo 2 – Questionário dos alunos com NEE

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5. Frequenta algum centro de explicações?

Sim: Não: Às vezes :

6. Recebe algum apoio técnico/terapêutico?

Sim: Não: Às vezes :

7. Tendo em consideração a estrutura da escola e as suas características, assinale com um

x o seu grau de adequação às suas necessidades e dos outros alunos com NEE, tendo em

conta a seguinte escala:

1- Inexistentes; 2- Inadequadas; 3-Adequadas; 4- Boas; 5- Muito boas.

8. Assinale o seu grau de concordância relativamente às seguintes afirmações:

DISCORDO

TOTALMENTE DISCORDO

NÃO DISCORDO

NEM CONCORDO

CONCORDO CONCORDO

TOTALMENTE

1. Sinto dificuldade na elaboração de fichas de avaliação, testes e outros trabalhos.

2. As fichas de avaliação, testes e outros trabalhos adequam-se à minha NEE.

3. Os professores não manifestam disponibilidade para dispensar ajuda extra.

4. Os professores estão atentos às minhas dificuldades.

5. Sinto falta de motivação dos professores na adequação das práticas letivas às minhas necessidades.

1 2 3 4 5

Estrutura física.

Condições de acessibilidade. Condições de segurança. Estruturas de apoio a aulas e refeições (biblioteca, refeitório…) Condições físicas das salas de aula. Mobiliário da sala de aula. Materiais disponíveis na sala de aula.

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5. Sinto falta de motivação dos professores na adequação das práticas letivas às minhas necessidades.

6. Os funcionários da escola não estão preparados para lidar com alunos com outras necessidades.

7. Os funcionários da escola estão atentos às minhas dificuldades e apoiam-me sempre que é necessário.

8. Sinto dificuldade na integração com outros colegas.

9. Os meus colegas apoiam-me quando manifesto dificuldade na elaboração de exercícios durante as aulas.

10. Os meus colegas criticam-me durante as aulas.

11. Os meus colegas ignoram-me durante os intervalos.

12. Durante os intervalos, procuro a companhia de outros alunos com NEE.

13. Por vezes sou alvo de bullying 14. Sinto-me descriminado, em vários momentos e situações, por colegas, professores e funcionários.

15. A gestão escolar esforça-se por minimizar todas as formas de descriminação de que me sinto alvo.

16. Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular.

17. Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular, mas em turmas especiais.

17. Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino especial.

9. Na sua opinião, o que mudaria nas escolas para ajudar os alunos com necessidades educativas especiais?

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Anexo 3 – Questionário dos alunos sem NEE

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1. Acha que os alunos sem problemas são prejudicados quando têm alunos com NEE na turma?

Sim: Não: Às vezes :

2. Tem uma relação igual com os seus colegas que têm NEE e os outros?

Sim: Não: Às vezes :

3. Considera que se nota alguma diferença quando a família está ou não presente na vida escolar

dos seus colegas com NEE?

Sim: Não: Às vezes :

4. Tendo em consideração a estrutura da escola e as suas características, assinale com um x o

grau de concordância/discordância, para as necessidades dos alunos com NEE, tendo em conta

a seguinte escala:

1- Inexistentes; 2- Inadequadas; 3-Adequadas; 4- Boas; 5- Muito boas.

1 2 3 4 5

Estrutura física.

Condições de acessibilidade.

Condições de segurança.

Estruturas de apoio a aulas e refeições (biblioteca, refeitório…)

Condições físicas das salas de aula.

Mobiliário da sala de aula.

Materiais disponíveis na sala de aula.

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99

9. Na sua opinião o que se poderia fazer para incluir os alunos com deficiências ou mais

dificuldades?

8. Assinale o seu grau de concordância relativamente às seguintes afirmações:

Discordo totalmente

Discordo Nem discordo nem concordo

Concordo Concordo totalmente

Ajudo em todas as atividades que posso os meus colegas com NEE.

Considero que é necessário adaptar as aulas e materiais aos alunos com mais dificuldades.

A presença/comportamento de alunos com NEE perturba a minha concentração e motivação durante as aulas.

Sinto falta de preparação/motivação dos professores na adequação das práticas letivas aos alunos com NEE.

Os funcionários da escola não estão preparados para lidar com alunos com outras necessidades.

Durante os intervalos não costumo interagir com os meus colegas com NEE.

Considero que a gestão escolar se esforça por minimizar todas as formas de descriminação de que podem ser alvo os alunos com NEE.

Os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular.

Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular, mas em turmas especiais.

Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino especial.

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Anexo 4 – Questionário aos professores

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101

1.

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102

5.Considera que ter na sua turma aluno(s) com NEE é uma dificuldade acrescida para o

seu trabalho?

Sim Não

CARATERIZAÇÃO DAS TURMAS

1.Número total de alunos com Necessidades Educativas Especiais que tem na(s)

turma(s):________________

2.Especifique o(s) tipo(s) de NEE que os seus alunos apresentam:

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Indique o número médio de alunos que tem por turma: _______

3. Considera que existem dificuldades difíceis de ultrapassar ao nível da

aprendizagem dos alunos com NEE durante as aulas?

Sim: Não: Por vezes :

Se respondeu afirmativamente ou ‘por vezes’, por favor indique as dificuldades que

considera mais pertinentes.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

4. Acha que os alunos com NEE sentem dificuldade na realização de fichas de

avaliação e outros trabalhos?

Sim: Não: Por vezes :

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5.Durante as aulas, consegue trabalhar ao mesmo tempo com o (s) aluno (s) com NEE e

com o resto da turma?

Sim, consigo trabalhar com todos os alunos

Peviligio a maior parte das vezes os alunos sem NEE, uma vez que estes últimos têm apoio

extra-aula

Sinto-me obrigado a optar, privilegiando a maior parte das vezes o(s) aluno(s) com NEE

Outra resposta. Especifique______________________________________________

6. Costuma preparar materiais específicos para os alunos com NEE?

Sim: Não: Por vezes :

7.Considera que os seus alunos com NEE têm um comportamento que perturba o normal

funcionamento das aulas?

Sim: Não: Por vezes :

Se respondeu afirmativamente ou ‘por vezes’, por favor indique algumas das situações mais

complexas.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

8.Considera que a integração em Turma Regular de alunos com NEE prejudica de alguma

forma a aprendizagem dos outros alunos?

Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

9.Considera que os alunos da turma apoiam os colegas com NEE?

Sim: Não: Às vezes :

CARATERÍSTICAS DA ESCOLA/AGENTES EDUCATIVOS

1. O ambiente (físico, social e atitudinal) em que estes alunos estão integrados está

adaptado às necessidades especiais que eles evidenciam?

Sim: Não: Às vezes :

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4. Assinale o seu grau de concordância relativamente às seguintes afirmações:

Discordo

totalmente

Discordo Nem

discordo nem

concordo

Concordo Concordo

totalmente

Os alunos com NEE deviam

frequentar escolas de ensino

especial.

1. Tendo em consideração a estrutura da escola e as suas características, assinale com um

x o grau de concordância/discordância, para as necessidades dos alunos com NEE,

tendo em conta a seguinte escala:

1-Inexistentes; 2- Inadequadas; 3-Adequadas; 4- Boas; 5- Muito boas.

1 2 3 4 5

Estrutura física.

Condições de acessibilidade.

Condições de segurança.

Estruturas de apoio a aulas e refeições (biblioteca,

refeitório…)

Condições físicas das salas de aula.

Mobiliário da sala de aula.

Materiais disponíveis na sala de aula.

2. Na sua opinião, acha que a direcão da escola, os professores e funcionários estão

atentos às dificuldades destes alunos e diponibilizam ajuda extra quando necessario?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

3. Sente que o apoio familiar e o acompanhamento extra aulas é ajustado a estes alunos?

Sim: Não: Às vezes :

Por favor justifique a sua opção:

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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Os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular.

Considero que os alunos com NEE devem frequentar escolas de ensino regular, mas em turmas especiais.

Os alunos com NEE são por vezes

discriminados.

Durante os intervalos, os alunos

com NEE têm tendência a estar

sozinhos.

Os alunos com NEE muitas vezes

são criticados durante as aulas.

5. O que mudaria nas escolas regulares, para que os alunos com NEE fossem

verdadeiramente integrados?