inclusÃo do aluno com deficiÊncia visual na rede pÚblica de ensino

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JANNE CARLA PEREIRA DOS SANTOS REFLETINDO A INCLUSÃO DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE ESTADUAL DE ENSINO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CAP CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA CIDADE DE MANAUS MANAUS- 2010

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MONOGRAFIA GRADUAÇÃO NORMAL SUPERIOR UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

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Page 1: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

JANNE CARLA PEREIRA DOS SANTOS

REFLETINDO A INCLUSÃO DO ESTUDANTE COM

DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE ESTADUAL DE

ENSINO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CAP –

CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ÀS PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA CIDADE DE

MANAUS

MANAUS- 2010

Page 2: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

JANNE CARLA PEREIRA DOS SANTOS

REFLETINDO A INCLUSÃO DO ESTUDANTE COM

DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE ESTADUAL DE

ENSINO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CAP –

CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ÀS PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA CIDADE DE

MANAUS

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de

Licenciatura em Pedagogia, como obtenção do grau de Licenciando em

Pedagogia.

Orientadora Profª MSc. Andrezza Belota Lopes Machado

MANAUS - 2010

Page 3: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

JANNE CARLA PEREIRA DOS SANTOS

REFLETINDO A INCLUSÃO DO ESTUDANTE COM

DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE ESTADUAL DE

ENSINO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CAP –

CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO ÀS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA VISUAL NA CIDADE DE MANAUS

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de

Licenciatura em Pedagogia, como obtenção do grau de Licenciando em Pedagogia.

Manaus, 20 de Dezembro de 2010

Aprovada em 20 de Dezembro de 2010.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profª MSc. Andrezza Belota Lopes Machado

Universidade do Estado do Amazonas

___________________________________________

Profª MSc. Jane Lindoso Brito

Universidade do Estado do Amazonas

Page 4: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por me fortalecer para a vida

todos os dias.

Aos meus pais que me apoiam com o seu amor e carinho para

que eu realize os meus sonhos.

À minha querida professora e orientadora, pela dedicação,

carinho e apoio para que eu pudesse continuar caminhando ao

sucesso.

E às pessoas que estiveram ao meu lado dando carinho, atenção

e de alguma forma me apoiaram para a realização deste desejo.

Page 5: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

RESUMO

O presente trabalho traz à reflexão o processo educacional

inclusivo direcionado aos estudantes com deficiência visual,

analisando a importância dos serviços disponibilizados pela

modalidade de educação especial, por meio do atendimento

educacional especializado, considerando as singularidades de

desenvolvimento e aprendizagem desses sujeitos aprendentes. Dessa

forma, destacamos como objetivo geral desta pesquisa: analisar a

contribuição do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com

Deficiência Visual para a educação na perspectiva inclusiva, contexto

das escolas estaduais, e como objetivos específicos: 1) Fazer o

levantamento de quantos estudantes com deficiência visual estão

incluídos na rede estadual de ensino atendidos pelo CAP - Centro de

Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual; 2) Realizar a

observação direta das ações pedagógicas desenvolvidas pelo do CAP -

Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para

a promoção da educação inclusiva; e, 3) Refletir sobre a contribuição

do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência

Visual para a educação na perspectiva inclusiva. Nesse sentido, a

pesquisa caracteriza-se com abordagem qualitativa, tendo como

método o estudo de caso e para análise dos resultados, o método de

análise de conteúdo. Destacamos como resultados significativos da

pesquisa, que a educação ofertada aos estudantes com deficiência

visual incluídos na rede regular de ensino necessita de investimento de

políticas públicas para formação, disponibilização de recursos

tecnológicos e didáticos adaptados às necessidades educacionais

especiais dos estudantes, assim como, maior divulgação e orientação

em relação a temática.

Palavras-chave: deficiência visual; inclusão; formação de

professores.

Page 6: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 06

CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM

OLHAR INCLUSIVO ....................................................................................................

09

1.1 Educação de pessoas com necessidades especiais: breve retrospecto sobre as

conquistas educacionais ..................................................................................................

09

1.2 A Educação de Pessoas com Deficiência Visual na perspectiva da Educação

inclusiva ..........................................................................................................................

13

1.2.1 Caracterização da Deficiência Visual .......................................................... 14

1.2.2 Educação de pessoas com deficiência visual: da institucionalização à

inclusão ...........................................................................................................................

16

1.2.3 O papel do Atendimento Especializado de Atendimento- AEE na

educação de pessoas com necessidades especiais ..........................................................

21

CAPÍTULO II – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................ 27

2.1 Os caminhos da Pesquisa ..................................................................................... 29

2.1.1 Tipo de Pesquisa .......................................................................................... 30

2.1.2. A Pesquisa de campo .................................................................................. 31

2.1.3 Universo da pesquisa .................................................................................. 32

2.1.4 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................ 32

CAPÍTULO III - O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ÀS

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: A ATUAÇÃO DO CAP NA REDE

ESTADUAL DE ENSINO NO CONTEXTO EDUCACIONAL INCLUSIVO............

34

3.1 Caracterizando o espaço da pesquisa .................................................................. 34

3.2 Caracterizando os sujeitos da pesquisa ................................................................ 36

3.3 Contextualizando os resultados da pesquisa ........................................................ 37

3.3.1 Percepção dos professores e estudantes sobre a Educação na perspectiva

inclusiva ..........................................................................................................................

38

3.3.2 Adaptações Curriculares para o atendimento à pessoa com deficiência

visual na perspectiva da educação inclusiva ..................................................................

45

3.3.3 Estudantes Incluídos no ensino regular: quantidade versus qualidade ........ 50

3.3.4. Contribuição do CAP para a Educação na perspectiva inclusiva .................... 54

3.3.4.1. Ações na formação continuada que contribuem para facilitar o

processo ensino-aprendizagem .......................................................................................

60

3.3.4.2 Análise da contribuição da formação no CAP para atender alunos com

deficiência visual no ensino regular: percepção dos estudantes .....................................

64

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 68

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 71

APÊNDICE A – Entrevista 1 – Coordenadores/Professores do CAP ............................ 74

APÊNDICE B – Entrevista 2 – Professores da Escola Regular ..................................... 75

APÊNDICE C – Entrevista 3 – Estudantes com Deficiência Visual ............................. 76

ANEXO A - Sugestões de Materiais Adaptados que podem ser utilizados pelos

Professores das escolas regulares para facilitar o aprendizado dos educandos com

deficiência visual ............................................................................................................

77

Page 7: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

6

INTRODUÇÃO

A Constituição da República de 1988 prevê o pleno

desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo,

cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, garantindo o

direito à escola para todos e coloca como princípio para a Educação, o

acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação

artística, segundo a capacidade de cada um.

O Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) garante o

direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na

escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, assim

como, o respeito dos educadores e o atendimento educacional

especializado, preferencialmente na rede regular de ensino.

De acordo com Mendes (2002), a discussão sobre o

movimento de inclusão vem ocorrendo no Brasil há mais de uma

década, no entanto, a grande maioria dos alunos com necessidades

educacionais especiais ainda está fora da escola, ou tendo seus poucos

inseridos em escolas e classes especiais ou estão alocados em salas de

aula do ensino regular sem qualquer preparo do professor para recebê-

los.

Assim, o presente trabalho caracteriza-se como um trabalho

de conclusão de curso para a obtenção do grau de licenciado em

Pedagogia, com pesquisa desenvolvida na disciplina de Pesquisa e

Prática II, em uma escola de atendimento específico da rede estadual

de ensino, focalizando a educação na perspectiva inclusiva para

estudantes com deficiência visual.

Para a coleta de dados da pesquisa foram utilizados

instrumentos como a observação participante e a entrevista

semiestrutura, e como sujeitos, destacamos 07 (sete) educadores que

atuam no CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com

Deficiência Visual, 02 (dois) professores de classe comum da rede

Page 8: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

7

estadual de ensino e 02 (dois) estudantes com deficiência visual

incluídos nas classes regulares.

A pesquisa teve como objetivo geral: Analisar a contribuição

do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência

Visual para a educação na perspectiva inclusiva. E como objetivos

específicos: 1) Fazer o levantamento de quantos estudantes com

deficiência visual estão incluídos na rede estadual de ensino atendidos

pelo CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência

Visual; 2) Realizar a observação direta das ações pedagógicas

desenvolvidas pelo do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas

com Deficiência Visual para a promoção da educação inclusiva; 3)

Refletir sobre a contribuição do CAP - Centro de Apoio Pedagógico

às Pessoas com Deficiência Visual para a educação na perspectiva

inclusiva.

Destacamos como problemática analisar como o CAP

contribui para o desenvolvimento da educação inclusiva dos

estudantes com deficiência visual na cidade de Manaus? Tendo como

questões norteadoras: Quantos estudantes com deficiência visual estão

incluídos na rede estadual de ensino atendido pelo CAP - Centro de

Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual? E como se

desenvolve as ações pedagógicas do CAP para a promoção da

educação inclusiva?

Nesse sentido, foi fundamental ouvirmos os principais

sujeitos envolvidos no processo educacional inclusivo da pessoa com

deficiência visual, na perspectiva do suporte oferecido pelo

atendimento educacional especializado - AEE: os educadores que

atuam no CAP e nas classes regulares de ensino, assim como, os

estudantes com deficiência visual incluídos nas escolas regulares da

rede estadual de ensino.

Após a vivência da pesquisa e a coleta de dados, para melhor

compreensão dos resultados, organizamos os dados por meio das

seguintes categorias de análise: 1) Percepção dos professores e

estudantes sobre a Educação na perspectiva inclusiva; 2) Adaptações

Curriculares para o atendimento à pessoa com deficiência visual na

Page 9: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

8

perspectiva da educação inclusiva; 3) Estudantes Incluídos no ensino

regular: quantidade versus qualidade; 4) Contribuição do CAP para a

Educação na perspectiva inclusiva.

A pesquisa destaca que, na busca por garantir o direito de

acesso e permanência da criança deficiente à educação, há necessidade

de investir na qualificação do docente, nas adaptações curriculares, no

atendimento educacional especializado, na adequação da estrutura

física das escolas, e garantia de recursos didáticos e tecnológicos para

que o processo de ensino-aprendizagem seja bem sucedido.

Nesse sentido, na perspectiva de garantir a acessibilidade das

pessoas com deficiência visual na escola regular, direcionamos o foco

de atenção para o CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com

Deficiência Visual, instituição garantida por políticas públicas

nacionais e implementadas pelo Governo do Estado, para a oferta de

atendimento educacional especializado aos educandos, formação e

orientação de professores, confecção de recursos didáticos adaptados e

reabilitação. Isso porque, é essencial compreendermos como os

sistemas de ensino estão auxiliando os educadores das escolas

regulares com o processo de inclusão.

Dessa forma, acreditamos que este trabalho seja relevante, tanto

para à comunidade acadêmica como para análise social da educação

na perspectiva inclusiva, eixo norteador da educação no século 21. A

produção do conhecimento realizada durante este período de pesquisa

foi muito gratificante. Conseguimos atingir os objetivos almejados,

mesmo que o tempo de estágio tenha sido reduzido, esperamos com

tudo que saibamos ter consciência, que para uma efetiva

transformação muito há de se fazer, quanto à análise das práticas

pedagógicas envolvidas em sala de aula. Claramente essa experiência

não possibilita compreender como o processo está ocorrendo no

Brasil, mas oportuniza refletir sobre uma realidade educacional, sobre

os desafios e as possibilidades da ação pedagógica que precisa

responder a diversidade escolar, que precisa adequar-se às

necessidades educacionais dos estudantes com e sem deficiência na

pluralidade da sala de aula.

Page 10: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

9

CAPÍTULO I

1 Educação da pessoa com deficiência visual: um olhar inclusivo.

Neste capítulo serão apresentadas temáticas relacionadas à

educação de pessoas com deficiência visual, considerando o

desenvolvimento do trabalho pedagógico para a diversidade das salas

de aula, direcionado para atender as necessidades educacionais dos

educandos.

1.1 Educação de pessoas com necessidades especiais: breve retrospecto

sobre as conquistas educacionais.

A história de pessoas com necessidades especiais desde a

Antiguidade tem sido de desrespeito, preconceito, seguida pela

gradativa exclusão. De acordo com o MEC (BRASIL, 2000), ao longo

do tempo e das condições sócio-políticas modificaram-se a forma de

pensar e agir em relação à deficiência, enquanto fenômeno e enquanto

ser. Outrora, as pessoas com deficiência eram consideradas fora dos

padrões de normalidade, à sociedade desenvolvia a técnica de

exposição, pois o povo servia para produzir para a nobreza.

Nesse contexto, a pessoa com deficiência, considerada

diferente, com limitações funcionais e necessidades diferenciadas, era

afastada do meio social, abandonadas sem nenhuma ética ou moral.

As pessoas os consideravam amaldiçoados pelos deuses, tinham medo

de pegar doenças e, por conseguinte não conseguiam um lugar na

sociedade. (BRASIL, 2000).

No século XIII, pode-se afirmar que inicia a reocupação com

a educação nessa época, tinha duas vertentes de objetivos: uma, de

natureza religiosa, que objetivava visava formar pessoas para o clero.

Outra, caracterizada por objetivos específicos diferenciados,

dependendo do local e dos valores assumidos pela sociedade, variando

de formação para a guerra, até a formação para as artes. (BRASIL,

Page 11: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

10

2000). Sendo assim, devido suas limitações resultantes da deficiência,

as pessoas com necessidades especiais continuavam a margem do

processo.

Com a evolução da ciência e as conquistas da medicina, nos

séculos XVI foi fortalecida a tese da organicidade, ou seja, a

deficiência deixava de ser vista por fatores espirituais, de causas

sobrenaturais e passava a ser compreendida por causa natural, como

consequência de questões orgânicas. Essa tese favoreceu ações de

tratamento médico das pessoas com deficiências, assim como, passou-

se a pensar em ações de ensino para o desenvolvimento por meio da

estimulação. (MEC, 2007, p.12).

A partir do século XVIII começaram surgir instituições para

abrigar deficientes mentais. De acordo com Dickerson e Pessotti

(apud BRASIL, 2000) essas instituições não tinham o enfoque

educacional, seu objetivo maior era garantir os cuidados com a

sobrevivência e, sobretudo, com os bens dos deficientes mentais que

faziam parte de famílias abastadas, conforme o que estabelecia a de

Prerrogativa Regis de Eduardo II da Inglaterra.

Vale ressaltar que o olhar para a educação dessas pessoas

ainda era incipiente, pois os registros históricos apontam que nessa

época o Brasil viveu um período em que a pessoa com necessidades

especiais não fazia parte efetiva do cenário educacional. Como diz

Mazzota:

A preocupação com a educação especial no Brasil deu-se a partir de 1854, quando,

influenciado pelas ações adotadas na Europa e Estados Unidos, o governo brasileiro

passou a criar alternativas de classes especiais nas escolas comuns, o que viria a ser

uma das grandes conquistas dos movimentos de pais e portadores de deficiência

(2001, p.189)

O século XIX caracterizou-se por um período de várias

mudanças, tanto nas estruturas sociais e econômicas da sociedade,

como nas concepções filosóficas, possibilitando grandes conquistas

também no contexto educacional como por exemplo: a criação do

Imperial Instituo de Meninos Cegos em 1854, hoje, Instituto Benjamin

Constant, e o Instituto de Surdos-Mudos em 1957, hoje, INES.

Page 12: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

11

O paradigma educacional vigente nesta época era o da

Institucionalização e caracteriza-se pela retirada das pessoas com

deficiência de suas origens e pela manutenção delas em instituições

residenciais segregadas ou escolas especiais, situadas em localidades

distantes de suas famílias (MEC, 2000, p.13). Porém este paradigma

fracassou na busca de restauração de funcionamento normal do

indivíduo no contexto das relações interpessoais, na sua integração na

sociedade e na sua produtividade no trabalho e no estudo, iniciando

um novo movimento pelas desinstitucionalizações, baseado na

ideologia da normalização, que defendia a entrada das pessoas com

necessidades especiais na sociedade, no nível mais próximo possível

do normal.

Grandes foram os avanços educacionais para as pessoas com

necessidades educacionais no século XX, principalmente a partir da

década de 50, pois elas passaram a receber atendimentos educacionais

na perspectiva do paradigma educacional de Serviços que ao adotar as

ideias de Normalização, criou-se o conceito de Integração,

necessidade de modificar a pessoa com necessidades educacionais

especiais, com finalidade de assemelhá-los aos cidadãos para ser

inserida e integrada ao convivo em sociedade, ou seja, torna-las o

mais normal possível.

Neste paradigma, as ações educacionais visavam prevenir,

reabilitar e inserir as pessoas com necessidades especiais tanto nos

contextos sociais, educacionais e no mercado de trabalho. Essa oferta

de serviços e recursos era oferecida em três etapas: 1) avaliação, que

visava diagnosticar o que precisava ser modificado para a

normalização da pessoa; 2) a intervenção, que visava desenvolver

ações para a modificação da pessoa, o treino para acompanhar a

escola; e, 3) o encaminhamento, etapa em que, após normalizada, a

pessoa era encaminhada para o atendimento que fosse adequado para

seu desenvolvimento. (MEC, 2000).

Com base nesse paradigma, a década de 60 configura-se

pelos serviços de reabilitação, que cresceram e se desenvolveram

devido a um maior incentivo e apoio oferecido pelo governo. Em

Page 13: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

12

1961, com a homologação da Lei de Diretrizes e Bases 4.024/61, a

educação da pessoa com deficiência passou a ser integrada ao sistema

regular de ensino.

Podemos afirmar que o século XXI se caracteriza pela

educação na perspectiva inclusiva, que nasce em 1981, ano

considerado um marco de uma nova fase da educação, onde todos

aprenderiam o conceito de uma sociedade inclusiva. Esse marco foi

dado como o “Ano Internacional das Pessoas Deficientes” com as

conferências em 1990, em Jontiem, e em 1994, na Espanha, preparada

a Declaração de Salamanca, com intenção de promover a Educação

para Todos, inclusive para pessoas necessidades especiais.

A Educação para Todos passa a direcionar as ações no

contexto educacional e ser garantida em documentos legais como, por

exemplo, a atual Lei de Diretrizes e ases, Lei nº 9.394, de 20/12/1996,

que estabelece que a pessoa com necessidades especiais devem ser

atendida, preferencialmente na rede regular de ensino e que a

Educação Especial, modalidade de ensino que até o momento

caracterizou-se como substitutiva do ensino regular passe a dar

suporte educacional na perspectiva de atender as pessoas com

necessidades especiais, dispondo de diversos recursos e estratégias de

apoio, oportunizando-lhes diferentes alternativas de atendimentos.

A garantia do direito à educação, na perspectiva da educação

inclusiva, representa não apenas garantir acesso à matrícula dos alunos

na rede regular de ensino, mas também na permanência a todos os

cidadãos, independente de ter ou não necessidade especial. Isso

significa dizer que a escola organizar para atender TODOS os alunos,

inclusive adaptar seu currículo, estratégias e recursos para atender as

crianças com necessidades especiais, possibilitando a participação

efetiva em todas as atividades nos espaços escolares.

Retomando o que afirma a LBD 9394/96 - Lei de Diretrizes e

Bases da educação Nacional (1996), assegura que o poder público

cumpra com o seu dever para com a educação e a organização

curricular, dando maior flexibilidade na adequação curricular

focalizando as potencialidades e dificuldades dos alunos. Dessa forma,

Page 14: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

13

a educação especial deve ocorrer preferencialmente nas escolas de

ensino regular, na escola comum, dentro dos princípios da escola

inclusiva.

Importante ressaltar que essa não é uma garantia recente, pois

deste o período imperial a educação é considerada como um “direito

civil e político dos cidadãos” (FONTES, 2002 p. 50). Período este

marcado pelas iniciativas na tentativa de sugestões de currículo e

formação de professores para cegos e surdos (as primeiras categorias

de deficientes a serem atendidas no Brasil). Porém percebe-se que foi

um período em que o poder público não demonstrava interesses com

as crianças com necessidades especiais.

Apesar de muito difundida na atualidade, a defesa da

cidadania e o direito à educação das pessoas com necessidades

educacionais especiais é uma atitude recente em nossa sociedade,

fruto de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos sensíveis a esta

causa, que por suas ações conquistaram e vem conquistando o

reconhecimento dos direitos dos deficientes.

Dessa forma, a inclusão das pessoas com necessidades

especiais, no cotidiano das escolas, apresenta-se de forma lenta, pois,

somente a partir dos dias atuais que se observam movimentos

importantes no Brasil e no mundo referente a inclusão destes no

sistema regular de ensino e na sociedade.

Na busca por uma educação que contemple melhor as

necessidades educacionais especiais dos estudantes, o paradigma

educacional vigente é o de Suportes, que visa o direito à convivência

não segregada, e ao acesso imediato e contínuo aos recursos

disponíveis aos demais cidadãos. O paradigma de suportes no

contexto da inclusão prevê intervenções decisivas e afirmativas, no

processo de desenvolvimento do sujeito, no processo de reajuste da

realidade social. (BRASIL, 2000)

É com base nesse processo educacional, com a

disponibilização de suportes, recursos e serviços mais condizentes

com as necessidades dos educandos que se pretende garantir à pessoa

Page 15: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

14

com deficiência, transtorno global de desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação, o acesso imediato a todo e qualquer recurso

da comunidade, com igualdade de oportunidades, tanto sociais como

educacionais.

Nessa perspectiva, é preciso pensarmos a escola inclusiva

como aquela que irá acolher todas as crianças sem discriminação,

garantindo que de forma ativa o currículo contemple mudar o caráter

discriminatório do fazer pedagógico, partindo da necessidade do

aluno. Concordamos com o MEC (BRASIL, 1995, p.19), a “Escola

Inclusiva, tendência internacional neste final de século, é uma meta a

ser perseguida por todos aqueles comprometidos com a Educação

Especial”.

Outrossim, a educação na perspectiva inclusiva objetiva fazer

com que as diferenças peculiares de cada sujeito se reflita em

oportunidade ímpar para o respeito a individualidade. Segundo

(CORSI, 2001, p.108), “Para incluir, basta ver o indivíduo sua

essência, aceitar seus defeitos e diferenças e respeitar suas

características próprias”. No entanto, muitas vezes, o sistema

educacional:

focaliza a deficiência como condição individual e minimiza a importância do fator

social na origem e manutenção do estigma que cerca essa população específica. Essa

visão está na base de expectativas massificadas de desempenho escolar dos alunos,

sem flexibilidade curricular que contemple as diferenças individuais. (BRASIL,

2002)

Nesta pesquisa nosso olhar se direciona para a educação de

pessoas com deficiência visual e precisamos reconhecer que a

inclusão de pessoas com deficiência visual no ensino regular, de certa

forma, acaba aparecendo às dificuldades relacionadas à quantidade de

alunos na sala de aula, formação de professores, reforço ou apoio em

horário contrário a aula, professor auxiliar, adaptações curriculares, as

transformações arquitetônicas e principalmente extinguir o

preconceito com relação às diferenças. No entanto, considerar que a

inclusão é possível, fortalecer-se de conhecimentos dos caminhos que

Page 16: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

15

podem ser trilhados, assim como, realizações inclusivas, é um grande

passo para sua conquista.

1.2 A Educação de Pessoas com Deficiência Visual na perspectiva da

Educação inclusiva

Analisar as necessidades educacionais da pessoa com

deficiência para que se possa garantir oportunidades reais de

desenvolvimento e aprendizagem em seu processo educacional é

fundamental, no entanto, urge compreendermos as características

essenciais dessa deficiência, assim como, as possíveis limitações no

desenvolvimento do sujeito, resultantes dela.

1.2.1 Caracterização da Deficiência Visual.

Os conceitos sobre a deficiência visual que ainda povoam o

imaginário de muitos sujeitos sociais e, principalmente dos

professores, revelam a dicotomia presente em nossa cultura entre

diversas palavras que tentam descrever cada significado, intenção para

caracterizar a deficiência visual como: perfeição/imperfeição,

deficiência/eficiência, normalidade/anormalidade. Esses conceitos

influenciam e geram sentimentos como: medo, tensão, ansiedade,

insegurança, dó ou piedade quando a escola recebe, pela primeira vez,

uma criança cega. Esses sentimentos revelam atitudes negativas,

conscientes ou inconscientes, de rejeição, negação, fuga ou super

proteção (BRASIL, 2003).

Amaral (1995) alerta-nos para o mecanismo de negação, que

se concretizam pelas formas de atenuação, compensação e simulação.

A compensação é encontrada com frequência na escola, em

verbalizações agressivas para com as pessoas com deficiência visual.

O conceito de deficiência como incapacidade, historicamente

construído de tempos atrás, é que manteve as crianças com deficiência

visual em escolas especiais ou as tem conservado em atendimento

segregado em salas de recursos até que estejam prontas para a

integração escolar. (MEC, 2003).

Page 17: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

16

Amiralian (2002) comenta que a aceitação da deficiência

visual parte da aceitação da pessoa como ela é sem o desejo de

transformá-la ou modificá-la para que ela seja aquilo que a sociedade

considera o certo.

As crianças com deficiência visual são as crianças cegas e

com baixa visão. A definição, educacional diz que são cegas as

crianças que não têm visão suficiente para aprender a ler em tinta, e

necessitam, portanto, utilizar outros sentidos (tátil, auditivo, olfativo,

gustativo e cinestésico) no seu processo de desenvolvimento e

aprendizagem. O acesso à leitura e escrita dar-se-á pelo sistema braile.

Entre essas crianças, há as que não podem ver nada, outras que têm

apenas percepção, de luz, algumas podendo perceber claro, escuro e

delinear algumas formas. A mínima percepção, de luz ou de vulto

pode ser muito útil para a orientação, no espaço, movimentação e

habilidades de independência (MEC, 2003).

A formação da imagem visual depende de uma rede

integrada, de estrutura complexa, da qual os olhos são apenas uma

parte, envolvendo aspectos fisiológicos, função sensório-motora,

perceptiva e psicológica. Assim, a capacidade de ver e de interpretar

as imagens visuais depende fundamentalmente da função cerebral de

receber, decodificar, selecionar, armazenar e associar essas imagens a

outras experiências anteriores.

Por isso, necessitam de um ambiente estimulador e condições

favoráveis à exploração de seu referencial perceptivo particular. E isso

não impede que tenham as mesmas necessidades gerais de cuidados,

interesses, curiosidades, que tenham as mesmas motivações, proteção,

afeto, brincadeiras, limites, convívios e recreação relacionados à

formação da identidade e ao desenvolvimento e aprendizagem. No

mais não são diferentes de seus colegas que enxergam, devem ser

tratados como qualquer educando no que se refere aos direitos,

deveres, normas, regulamentos, combinados, disciplina e demais

aspectos da vida escolar.

A criança desde os seus primeiros meses de vida já estabelece

um contato visual com o mundo exterior enxergando tudo o que é

Page 18: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

17

possível a sua volta, e isso porque é estimulada a olhar para tudo o que

está à sua volta, sendo possível acompanhar o movimento das pessoas

e dos objetos sem sair do lugar. A visão, em relação aos outros

sentidos ocupa uma posição proeminente no que se refere à percepção

e integração de formas, contornos, tamanhos, cores e imagens que

estruturam a composição de uma paisagem ou de um ambiente. É o

elo que integra os outros sentidos, permitindo associar som e imagem,

imitar um gesto ou comportamento e exercer uma atividade

exploratória circunscrita a um espaço delimitado.

Para compreender melhor a deficiência visual, é preciso

esclarecer que ela se apresenta em duas categorias, a cegueira e a

baixa visão, que podem ser assim esclarecidas:

Cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das

funções elementares da

visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor,

tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais

ou menos abrangente. A cegueira pode acontecer desde o nascimento

(cegueira congênita), ou posteriormente (cegueira adventícia,

usualmente conhecida como adquirida) em decorrência de causas

orgânicas ou acidentais.

Em alguns casos, a cegueira pode associar-se à perda da

audição (surdocegueira) ou a outras deficiências. Muitas vezes, a

perda da visão ocasiona a extirpação do globo ocular e a consequente

necessidade de uso de próteses oculares em um dos olhos ou em

ambos. Se a falta da visão afetar apenas um dos olhos (visão

monocular), o outro assumirá as funções visuais sem causar

transtornos significativos no que diz respeito ao uso satisfatório e

eficiente da visão (BRASIL, 2006). Ou seja, a cegueira é a perda total

da visão, até a ausência de projeção de luz.

Do ponto de vista educacional, deve-se evitar o conceito de

cegueira legal (acuidade visual igual ou menor que 20/200 ou campo

visual inferior a 20° no menor olho), utilizada apenas para fins sociais,

Page 19: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

18

pois não revelam o potencial visual útil para a execução de tarefas

(BRASIL, 2003, p.16).

Baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual) é

complexa devido à

variedade e à intensidade de comprometimentos das funções visuais.

Essas funções englobam desde a simples percepção de luz até a

redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a

execução de tarefas e o desempenho geral. Em muitos casos, observa-

se o nistagmo, movimento rápido e involuntário dos olhos, que causa

uma redução da acuidade visual e fadiga durante a leitura (MEC,

2003).

A baixa visão traduz-se numa redução de informações que o

indivíduo recebe do ambiente, restringindo a possibilidade de receber

dados oferecidos por este de grande importância para a construção do

conhecimento sobre o mundo exterior. Sendo assim, em outras

palavras, o indivíduo pode ter um conhecimento restrito do que o

rodeia.

Cada deficiente visual aprende a desenvolver processos

particulares pelos quais irá adaptar as codificações conforme a

imagem será guardada em sua mente. A capacidade para

compreender, interpretar e assimilar a informação será ampliada de

acordo com o maior número das experiências, a variedade e qualidade

das informações, a clareza, a simplicidade e a forma como o

comportamento exploratório do deficiente visual é estimulado e

desenvolvido.

1.2.2 Educação de pessoas com deficiência visual: da

institucionalização à inclusão

No Brasil o atendimento escolar especial aos deficientes

visuais teve seu início, na década de cinquenta do século XIX,

precisamente em 12 de setembro de 1854 que a primeira providência

neste sentido foi concretizada por Dom Pedro II, quando fundou na

cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos,

Page 20: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

19

através do Decreto imperial n° 1.428. Esta iniciativa não só marcou o

inicio da educação de pessoas cegas no Brasil como também foi à

primeira iniciativa de atendimento aos deficientes em nosso país.

A fundação do Imperial Instituto deveu-se em grande parte, a

um cego brasileiro, José Álvares de Azevedo, que fora aprender a ler e

escrever no método braile no Instituto dos Jovens Cegos de Paris e, ao

retornar ao Brasil, soube por intermédio de amigos que a filha do Dr.

José F. Xavier Sigaud, médico da corte, também era cega,

imediatamente se prontificou em ensiná-la a ler e escrever no método

que tinha aprendido.

Por ter obtido muito sucesso na educação de Adélia Sigaud,

[...] José Álvares de Azevedo despertou a atenção e o interesse do

Ministro do Império, Conselheiro Couto Ferraz. Sob a influência de

Couto Ferraz, D. Pedro II criou tal Instituto, que foi inaugurado no dia

17 de setembro de 1854, cinco dias após sua criação. Para dirigi-lo foi

nomeado o Dr. Xavier Sigaud, cujo busto em mármore se encontra no

salão nobre daquela casa de ensino.

Em, 17 de maio de 1890, portanto, já no governo

republicano, o chefe do Governo Provisório, Marechal Deodoro da

Fonseca, e o Ministro da Instrução pública, Correios e Telégrafos,

Benjamin Constant Botelho de Magalhães, assinaram o Decreto n°

408, mudando o nome do Instituto para Instituto Nacional dos Cegos e

aprovando seu regulamento. (BRASIL, 2000)

Mais tarde, em 24 de janeiro de 1891, pelo Decreto n° 1.320,

a escola passou a denominar-se Instituto Benjamin Constant (IBC),

em homenagem ao seu ilustre e atuante ex-professor de Matemática e

ex-diretor, Benjamin Constant Botelho de Magalhães (MAZZOTTA,

2006, p. 28).

O instituto Benjamim Constant foi o primeiro educandário

para cegos na América Latina e é a única Instituição Federal de ensino

destinada a promover a educação das pessoas cegas e de baixa visão

no Brasil. Além de ter criado a primeira Imprensa Braille do país

(1926), tem-se dedicado a capacitação de recursos humanos, a

Page 21: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

20

publicações científicas e a inserção de pessoas deficientes visuais no

mercado de trabalho.

Um grande marco na história da educação de pessoas cegas

foi à criação, em São Paulo no dia 11 de março de 1946, da Fundação

para o Livro do Cego no Brasil, hoje denominada Fundação Dorina

Nowill para cegos que, com o objetivo original de divulgar livros do

Sistema Braille, alargou sua área de atuação, apresentando-se como

pioneiro na defesa do ensino integrado prestando relevantes serviços

na capacitação de recursos humanos e de práticas pedagógicas. A

partir de 1950, houve um aumento na impressão de livros em braille

com a instalação da imprensa braille na Fundação para o Livro do

Cego no Brasil, o que possibilitou melhores condições de estudo para

os cegos.

Nesse sentido a década de 50 deste século, acabou sendo um

marco para o início da emancipação das pessoas cegas foi quando o

Conselho Nacional de Educação autorizou que estudantes cegos

ingressassem nas Faculdades de Filosofia, dando a eles oportunidade

profissional em nível superior. Também em 1950 foi instalada no

Estado de São Paulo a primeira classe Braille em escolas de ensino

regular em caráter experimental que posteriormente em 1953

oficializou-se.

Muitas foram as evoluções no que se refere para a garantia

dos direitos, mas muito ainda se precisa caminhar para a

implementação dessas garantias, pois para que o atendimento

educacional respeite as diferenças e as necessidades educacionais de

desenvolvimento das pessoas com deficiência, transtorno global e

altas habilidades/superdotação.

Faz-se necessária a garantia de um universo rico de

oportunidades, assim, uma ação docente voltada para intervir na zona

de desenvolvimento proximal do sujeito aprendente. Para tanto, é

necessário investir na: preparação da equipe educacional e dos

professores; o apoio adequado e recursos especializados, quando

forem necessários; assim, como a operacionalização de adaptações

curriculares. (BRASIL, 2002).

Page 22: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

21

Na atualidade, principalmente com a garantia da Política

Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva

(BRASIL, 2008), muitas são as garantias legais quanto a atendimentos

de apoio especializado, ou seja, serviços educacionais oferecidos para

suprir as necessidades educacionais do educando, e não as

necessidades especiais, em turno contrário ao da classe comum,

oferecidos pelas escolas especiais; centros ou núcleos educacionais

especializados, instituições públicas e privadas de atuação na área de

educação especial, em parceria com as áreas de assistência social e

saúde.

A necessidade da inclusão escolar é uma realidade no sistema

educacional brasileiro. Porém esta inclusão apresenta-se nos

documentos e legislações apenas como uma intenção, possibilitando o

direito de todos à educação de qualidade. Entende-se, que o sistema

educacional deve ofertar as condições necessárias à efetiva realização

da inclusão na escola, que por sua vez, não deve apenas inserir o aluno

com deficiência visual, mas proporcionar meios que garantam a

aprendizagem do mesmo. Como destaca Sassaki (1998), a

[...] inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é

modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de

propiciar lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência

estudam na escola que frequentariam se não fossem deficientes (SASSAKI, 1998, p.

8).

Nesse sentido, Bueno (1998, p. 20) afirma que “[...] não basta

inserir os alunos com deficiência no ensino regular, é preciso que nós

estruturemos para eles um serviço de qualidade”. É preciso está aberto

às possibilidades, buscar olhar o indivíduo com o sem deficiência a

partir de suas habilidades e capacidades e não focar apenas nas

limitações oriundas da deficiência.

No cotidiano da escola regular, o educador pode observar

como está o desempenho do estudante com deficiência visual, pois as

atividades diárias são um grande “espelho” para que possamos

perceber como o estudante se orienta e se locomove, alimenta-se,

Page 23: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

22

brinca e até como usa sua visão na realização das atividades práticas e

escolares.

Importante esclarecer que na escola, o aluno com baixa visão

tende a ter dificuldades de percepção em determinadas circunstâncias

devido sua visão oscilar entre ver e não ver. E assim, muitos

professores costumam confundir ou interpretar erroneamente algumas

atitudes e condutas de alunos com baixa. Essas dificuldades estão

relacionadas aos objetos localizados em ambientes mal iluminados ou

muito claro e ensolarado, objetos ou materiais que não proporcionam

contraste, objetos e seres em movimento, visão de profundidade,

percepção de formas complexas, representação de objetos

tridimensionais, e tipos impressos ou figuras não condizentes com o

potencial da visão.

Neste contexto é possível fazer a Avaliação Funcional da

Visão, que pode ser de grande importância para crianças pré-verbais

ou em crianças com deficiências associadas: comprometimento

intelectual, físico ou sensorial. (BRUNO, ano1997, p.9). Por isso, a

avaliação funcional da visão revela dados qualitativos de observação

informal nos níveis de desenvolvimento visual, funcional quanto à

necessidade de adaptação à luz e aos contrastes e as adaptações

ópticas, não-ópticos e equipamentos de tecnologia avançada.

O trabalho com alunos com deficiência visual,

principalmente do estudante com Baixa visão, baseia-se no princípio

de estimular a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos

remanescentes, e a partir disso compreender e ajudar na superação de

dificuldades e conflitos emocionais. Para isso é necessário que o

professor conheça e saiba identificar, por meio da observação

contínua, alguns sinais ou sintomas físicos característicos e condutas

frequentes no aluno com deficiência visual.

A partir dessa observação contínua o professor será possível

perceber: a tentativa de remover manchas, esfregar excessivamente os

olhos, franzir a testa, fechar e cobrir um dos olhos, balançar a cabeça

ou movê-la para frente ao olhar para um objeto próximo ou distante,

levantar para ler o que está escrito no quadro , em cartazes ou mapas,

Page 24: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

23

copiar do quadro negro faltando letras, tendência de trocar palavras e

mesclar sílabas, dificuldade na leitura ou em outro trabalho que exija o

uso concentrado dos olhos, piscar mais que o habitual, chorar com

frequência ou irritar-se com a execução de tarefas, tropeçar ou

cambalear diante de pequenos objetos, aproximar livros ou objetos

miúdos para bem perto dos olhos, desconforto ou intolerância à

claridade. Esses alunos costumam trocar a posição do livro e perder a

sequência das linhas em uma página ou mesclar letras semelhantes,

assim como,demonstram falta de interesse ou dificuldade em

participar de jogos que exijam visão de distância. (BRASIL, 2003)

Os professores devem conhecer o desenvolvimento global do

aluno, o diagnóstico, a avaliação funcional da visão, o contexto

familiar e social, bem como as alternativas e os recursos disponíveis

para facilitar o planejamento de atividades e a organização do trabalho

pedagógico, assim o educando com deficiência visual terá uma

Educação de qualidade.

Desta forma, conhecer os alunos, suas capacidades também

implica em não ignorar as dificuldades, e sim, perceber que toda

criança com deficiência visual possui características, interesses,

habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas e que o

sistema e programas educacionais implementem nas escolas regulares

uma pedagogia centrada no educando com deficiência visual,

satisfazendo as suas necessidades. Segundo (BARBOSA, 2006, p.2)

para que os educandos com deficiência visual aumentem sua

capacidade de atenção, de comunicação, interação com o meio e

atividades educativas em um pequeno espaço de tempo se estivessem

nas salas de aula especiais.

Neste contexto, Machado (2005) diz que os alunos com

deficiência visual que estão incluídos numa escola regular, passam a

adquirir as experiências naturais das capacidades humanas

diretamente com a realidade vivida no cotidiano.

Machado (2005) ressalta que, quando a pessoa com

deficiência visual recebe oportunidades iguais de ensino em relação a

outras crianças, demonstrarão crescente responsabilidade, podendo até

Page 25: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

24

manifestar aprendizagem acelerada. Provavelmente sentir-se-ão bem

preparados para a vida adulta em uma sociedade tão diversificada

quanto à escola, que deve reproduzir a vida como ela é e não como

gostaríamos que fosse (MACHADO, 2005).

Precisamos considerar que cada ser humano é único e, apesar

da deficiência em comum, ela se manifesta de forma singular no

desenvolvimento de cada sujeito. Dessa forma, o caminho para sua

aprendizagem precisará ser descoberto nas interações educacionais, na

observação do desempenho demonstrado nas atividades propostas.

Para que o professor desperte o interesse do aluno com baixa

visão e desenvolva a sua capacidade de enxergar, deve-se desenvolver

a eficiência visual, estabelecer o conceito de permanência do objeto, e

facilitar a exploração dirigida e organizada. As atividades realizadas

na escola devem proporcionar prazer e motivação, estabelecer o

desenvolvimento do educando a uma autonomia, sendo um dos

objetivos principais da estimulação visual. (MACHADO; MERINO,

2009).

Para que a educação seja promovida nas escolas de forma

inclusiva, faz-se necessário o desenvolvimento de comportamentos

cooperativos entre todos que defendem a mudança no ambiente

escolar, no âmbito administrativo e principalmente nas mudanças no

âmbito das salas de aula. (STAINBACK; STAINBACK,1999)

As adaptações curriculares são possibilidades educacionais

de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. É possível

adaptar o currículo regular para torná-lo apropriado às características

de alunos com deficiência visual, ou seja, um currículo flexível que

atenda a todos os educandos. (BRASIL,2003)

Visando essa organização o processo de aprendizagem do

educando com deficiência visual, o Mec (BRASIL, 2002) orienta que

as adaptações curriculares estão divididas em significativas e não-

significativas. As adaptações significativas do currículo visam ajudar

o educando nas suas necessidades para aprender, na tentativa de não

ocorrer à exclusão do mesmo, ou seja, introduz adaptações e

modificações dos critérios de avaliação e promoção.

Page 26: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

25

Quanto às adaptações não Significativas caracterizam-se pela

priorização dos conteúdos, adaptação e modificação e técnicas e

instrumentos, aos procedimentos didáticos e às atividades. (Idem)

Importante esclarecer que para a inclusão dos estudantes com

deficiência visual, não basta apenas realizar as adaptações

curriculares, apesar de já representar um grande passo, é preciso

também que os sistemas de ensino viabilizem redes de apoio para o

professor do ensino regular, de forma que ele receba orientação e

recursos que auxiliem no processo de aprendizagem dos estudantes.

Dentre os serviços disponibilizados pela rede de apoio está o

atendimento educacional especializado que

deve estar disponível em todos os níveis de ensino escolar (básico e fundamental),

de preferência nas escolas comuns da rede regular. Esse é o ambiente escolar mais

adequado para garantir o relacionamento do aluno com seus pares de mesma idade

cronológica e para a estimulação de todo o tipo de interação que possa beneficiar seu

desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo. (BRASIL, 2007, p.26)

Nesse sentido o Atendimento Educacional Especializado –

AEE representa uma das ações que podem ser mais significativas na

aprendizagem dos estudantes com deficiência visual, principalmente

porque deve atuar em parceria com o professor da classe comum do

ensino regular. Vale ressaltar que, de forma alguma o AEE pode

substituir a escolarização no ensino comum, sua função essencial é de

suporte às necessidades educacionais específicas dos estudantes,

visando contribuir em seu processo de construção do conhecimento.

1.2.3 O papel do Atendimento Especializado de Atendimento-

AEE na educação de pessoas com necessidades especiais.

O AEE foi criado com o objetivo de dar suporte a educação

regular da educação básica, possibilitando, dentre outras ações, a

formação profissional e a integração do cego na sociedade. Em 1946,

com a instalação da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje

Fundação Dorina Nowill, foram realizados os primeiros atendimentos

educacionais a alunos com deficiência visual matriculados no Sistema

Estadual de Ensino. (BRASIL, 1995).

Page 27: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

26

Devido às dificuldades na ampliação dos serviços de

atendimento para deficientes visuais, face à carência de professores

especializados, insuficiência de materiais para estudos e pesquisas dos

alunos, tanto em braille quanto em livros ampliados, surgiram nos

últimos anos alguns centros especializados para dar suporte ao

atendimento destes alunos.

O primeiro deles, criado em 1994 pela Secretaria de Estado

da Educação de São Paulo, cujo projeto serviu de modelo para os

demais, foi o Centro de Atendimento Pedagógico para Deficientes

Visuais – CAP.

O Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas

com Deficiência Visual, institucionalizado pelo Ministério da

Educação através da Secretaria de Educação Especial é resultado de

um trabalho conjunto entre esta Secretaria e as entidades filiadas à

União Brasileira de Cegos - UBC (Associação Brasileira de

Educadores de Deficientes Visuais, Instituto Benjamin Constant e

Fundação Dorina Nowill para Cegos).

O objetivo do Projeto CAP é garantir às pessoas cegas e às de

baixa visão o acesso ao conteúdo programático desenvolvido na

escola de ensino regular, assim como acesso a literatura, à pesquisa e à

cultura por meio da utilização de equipamentos da moderna tecnologia

e da impressão do livro em Braille.

Uma das alternativas para dinamizar e favorecer a integração

dos deficientes visuais consiste, principalmente, na produção de

material impresso em Braille, na ampliação de textos, na adaptação de

materiais, na qualificação de recursos humanos e outros recursos

necessários ao processo de ensino e aprendizagem do aluno.

Além do atendimento específico ao deficiente visual, o CAP

orienta pais e professores das escolas onde os alunos estão

matriculados, além de organizar programas e cursos para formação

continuada e de capacitação dos professores especializados da rede,

colocando à disposição dos mesmos bibliografia atualizada, materiais

de apoio e equipamentos de última geração para uso deles e de seus

alunos.

Page 28: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

27

Desta forma os CAPs poderão se estruturar oferecendo

serviços através de :

Núcleo de Produção Braille - Constitui-se em um

conjunto de equipamentos e tecnologias que tem por objetivo a

geração de materiais didáticos pedagógicos como livros e textos em

braille, ampliados e sonoros para distribuição aos alunos matriculados

no ensino regula (prioritariamente no ensino fundamental) bibliotecas

e escolas especializadas. Responsabilizando-se também, pela

adaptação de materiais com a finalidade de complementação didática-

curricular do ensino comum, como: mapas, gráficos, tabelas e outros.

Núcleo de Apoio Didático Pedagógico - Compreende

um espaço contendo acervo de materiais e equipamentos específicos

ao processo de ensino e aprendizagem, tendo a função de apoiar

alunos, professores e comunidade. Visa ainda promover curso de

atualização, aperfeiçoamento ou capacitação em serviços para

professores, além de cursos específicos da área de educação para pais

e comunidade.

Núcleo de Tecnologias - Constitui-se em um conjunto

de equipamentos e materiais especializados ou adaptados, com o

objetivo de promover a independência do educando com deficiência

visual, por meio do acesso e utilização da tecnologia moderna para a

produção de textos, estudos, pesquisas e outros.

Núcleo de Convivência - Espaço interativo planejado

para favorecer a convivência, troca de experiências, pesquisa e

desenvolvimento de atividades lúdicas e culturais, integrando usuários

com ou sem deficiência.

Hoje, quase todos os Estados da Federação contam com este

serviço de apoio. Segundo depoimento de alguns professores

especializados, o CAP veio suprir, em parte, uma das necessidades

básicas do aluno que é poder ter em mãos seus livros e textos

didáticos quase ao mesmo tempo que os colegas de classe.

No que concerne a educação das pessoas com deficiência

visual, são necessárias algumas complementações curriculares,

Page 29: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

28

também oferecidas por meio dos serviços do CAP, de forma a

possibilitar o pleno desenvolvimento do sujeito aprendente, são elas:

a) Atividade de Vida Autônoma – AVA, definida por Gil (2000, p.11)

como uma“preparação para a vida: capacita para o prazer da

autossuficiência, liberta da ajuda e da proteção excessivas e motiva

para o crescimento pessoal, por meio de atitudes e valores positivos”.

Dessa forma, a AVA refere-se ao domínio das habilidades da

vida diária de pessoas, na busca por desenvolver a autonomia de cada

um no seu cotidiano. Essa autonomia parte desde o princípio de saber

se arrumar direito, a cozinhar uma comida simples, organizar e

localizar seus pertences. Essa atividade de vida autônoma se estenderá

para a prática de como pedir ajuda quando necessário. Segundo

(MARTIN; BUENO, 1993), para que haja essa interação com a pessoa

deficiente visual a família deve ser orientada e envolvida nas

atividades práticas com a ajuda do professor da sala de recursos ou

itinerante.

b) Orientação e mobilidade, que está se referindo a uma vida autônoma e

independente, e para que isso ocorra à pessoa com deficiência visual,

tem que permitir uma relação com o mundo que o rodeia. Logo,

possibilitar à orientação e mobilidade do cego é dar-lhe condições de

usufruir e exercer o direito de ir e vir com total independência,

segundo (MARTIN; BUENO, 1993, p.340).

c) Desenvolvimento sensorial- através dos nossos cinco sentidos que

deciframos o

mundo que está em a nossa volta e tomamos consciência de tudo e de

nós mesmos. Assim, é fundamental a estimulação da visão, tato,

olfato, paladar e audição.

A visão é o principal órgão, pois conseguimos discriminar,

conhecer e interpretar os estímulos captados, e isso, é de suma

importância para o desenvolvimento global, pois está presente maior

parte das nossas ações. Assim, com ausência do funcionamento global

deste órgão dos sentidos, é de suma importância trabalhar os sentidos

Page 30: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

29

remanescentes de forma que possam absorver todas as informações

externas e assim associá-las para o seu uso no dia a dia.

d) Recursos ópticos- os recursos ópticos são prescritos por oftalmologista.

Esse recurso é para os alunos com baixa visão, compostos de uma ou

mais lentes para aumentar ou ajustar a imagem visual. São lupas

(lentes de aumento), telelupas (minitelescópio) e óculos som

prescrição especiais. Para a utilização desses recursos é usado por

qualquer pessoa com baixa visão, independente da idade, porém para

o sucesso desses benefícios no desenvolvimento da aprendizagem, é

necessário que haja a compreensão de sua necessidade

(BRASIL/SEF/SEESP, 2002).

e) Tecnologia e Informática - Sistemas de Voz (programas de

informática)- as pessoas com deficiência visual precisam se socializar

com o meio externo, precisam utilizar meios não usuais para

estabelecer relações com o mundo das pessoas e os objetos que as

cercam (CORSI, 2001, p.16-21).

Hoje em dia, a informática ajuda bastante o deficiente visual

em suas pesquisas e a navegação do mundo virtual, com ajuda do

DOSVOX, JAUZ e agora já estão traduzindo os livros em áudio para

que o deficiente visual possa acompanhar os demais educando na sala

de aula.

f) Ensino do Sistema Braille – esse sistema possibilita a

pessoa com deficiência visual a construção do conhecimento da

linguagem escrita, uma vez que é através dele que ocorre o processo

de alfabetização da pessoa cega. O registro da grafia Braille pode

ocorrer de forma manual, por meio da reglete e da punção, ou por

meio de recursos industrializados como: impressora braille, máquina

de datilografia braille; instrumentos de medidas, adaptações que dão

marcas em relevo, em réguas, fitas métricas e outros.

g) Sorobã- o sorobã é um recurso utilizado é utilizado por

pessoas com deficiência visual para cálculos. Segundo (ACIC, 2004),

o sorobã é um instrumento de calcular que possibilita que o aluno

Page 31: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

30

acompanhe de forma concreta todos os passos das operações

matemáticas”.

Os CAPs devem contar com o apoio de um especialista em

orientação e mobilidade para atuar junto aos professores e ao aluno

favorecendo seu desenvolvimento, independência pessoal,

conhecimento da escola como um todo e participação ativa em todas

as atividades, com especial destaque para as aulas de educação física

quando, geralmente, são dispensados.

Constata-se que o atendimento educacional aos portadores de

deficiente visual em Manaus, tem tido uma participação para todas as

oportunidades educacionais oferecidas no sistema comum de ensino,

tornando-se, desta forma, um grande apoio aos alunos portadores de

deficiência visual.

A oferta de adaptações curriculares já estão mais propagadas

na atualidade, o possibilita melhores condições de aprendizado aos

deficientes visuais que frequentam uma escola de ensino regular. Para

que alguns alunos possam acompanhar os colegas em sala de aula na

leitura, o CAP (Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual)

oferece ainda, serviços de transcrição do livro em tinta para o Braille

ou ampliação do livro para alunos com Baixa visão.

Frente ao exposto, o CAP que implementa os serviços de

AEE, se configura como um importante rede de apoio das escolas

regulares têm a rede de apoio, para e pela escola e a comunidade,

disponibilizando respostas educativas às necessidades educacionais

para os educando com deficiência visual.

Em suma, o AEE oferece ao professor apoio técnico para

realizar alterações de diversas ordens, para que o educando com

deficiência visual possa se beneficiar em seu aprendizado sem que

utilize qualquer opção de conteúdo aleatório.

Diante de toda essa movimentação para a implantação da

escola inclusiva, muito foi discutido, porém não foi definido como

será e como poderá ser feita a qualificação dos professores que estarão

atuando diretamente com esses alunos. Os atuais currículos dos cursos

Page 32: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

31

superiores em licenciatura estão estruturados para receber a uma

parcela da população a considerada “normal”, ignorando a presença de

uma parcela importante de estudantes, aqueles que necessitam de uma

atenção diferenciada.

Segundo Rabelo & Amaral (apud LISITA & SOUZA, 2003,

p 209) é o governo que deve subsidiar a qualificação do corpo docente

e técnico da rede regular de ensino, para prestar atendimento às

pessoas com necessidades educacionais especiais, preferencialmente e

parceria com as instituições de nível superior. Essa garantia já se tem

nos documentos legais e nas políticas públicas que se renovam a cada

mudança de governo, mas é essencial que elas sejam implementadas.

Frente a relevância do estudo para a comunidade acadêmica,

traçaremos agora os caminhos da pesquisa, na perspectiva de

compreender os procedimentos metodológicos que possibilitarão o

alcance dos objetivos.

Page 33: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

32

CAPÍTULO II

2 Procedimentos Metodológicos.

Nesta pesquisa, objetivando a possibilidade de demonstrar

um novo olhar sobre o processo de escolarização do deficiente visual

na perspectiva inclusiva, buscamos trazer à discussão acadêmica, os

“saberes silenciados” das pessoas diretamente envolvidas no processo

de escolarização destes estudantes. Dessa forma, buscamos caminhos

metodológicos que possibilitassem compreender a dialética dos

processos educacionais da pessoa com deficiência visual, pois como

afirma MINAYO (2003, p.16), entende-se por metodologia “o

caminho de pensamento e a prática exercida na abordagem da

realidade”.

Para tanto, optou-se para o desenvolvimento desta pesquisa,

utilizar uma abordagem metodológica qualitativa na perspectiva

dialética, que se refere a uma concepção científica da realidade,

enriquecida com a prática da humanidade, do qual, o enfoque está

numa visão crítico-participativa, sendo direcionada a uma realidade

social em contínua transformação.

Portanto, para a dialética, as coisas não são analisadas na qualidade de objetos fixos,

mas em movimento. Nem uma coisa está “acabada”, encontrando-se sempre em vias

de se transformar, desenvolver, o fim de um processo é sempre o começo de outro.

(LAKATOS, 2007, p.101)

Nesta perspectiva, objetiva-se conhecer a realidade da

educação do estudante com deficiência visual, ligada aos aspectos

educacionais, desenvolvidos pelo atendimento educacional

especializado realizado pelo CAP (Centro de Apoio Pedagógico às

Pessoas com Deficiência Visual), tanto no que se refere ao

atendimento ao educando quanto ao educador da escola regular.

Page 34: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

33

Na busca por uma metodologia que melhor responda a

obtenção de dados científicos que comprovem a importância do CAP

(Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual) no

processo de Inclusão do deficiente visual no ensino regular, esta

pesquisa tem como foco de análise nos transportar para a reflexão das

trajetórias escolares dos estudantes com deficiência visual no que se

refere à educação básica.

Destacamos como objetivos desta pesquisa:

Objetivo Geral: Analisar a contribuição do CAP - Centro de Apoio

Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para a educação na

perspectiva inclusiva.

Objetivos Específicos:

1. Fazer o levantamento de quantos estudantes com deficiência visual

estão incluídos na rede estadual de ensino atendidos pelo CAP -

Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual.

2. Realizar a observação direta das ações pedagógicas desenvolvidas pelo

do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência

Visual para a promoção da educação inclusiva.

3. Refletir sobre a contribuição do CAP - Centro de Apoio Pedagógico às

Pessoas com Deficiência Visual para a educação na perspectiva

inclusiva.

Assim, nessa busca por entender as relações possíveis dessas

trajetórias no processo de educação inclusiva, que desenvolvemos a

pesquisa campo para a construção de dados empíricos, legislações e

referenciais teóricos, por compreendermos que direcionar nossos

olhares apenas para a epistemologia como parâmetro ao estudo do

saber, não nos permitiria olhar as transformações fundamentais na

dialética do conhecimento, pois estas permitem orientar a análise não

só na direção “episteme” (resultado das ciências já constituídas), mas

também na do comportamento, das lutas, dos conflitos, das decisões

(FOUCALT, 1969).

Page 35: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

34

Logo, como procedimentos de coleta de dados, optou-se por

trabalhar com fontes orais, fontes documentais, observação direta e

entrevista semiestruturada (com o auxílio do gravador).

O material coletado e analisado é utilizado para ajudar nas

evidências de outras fontes; como a abordagem qualitativa que se

preocupa com uma visão sistêmica do objeto de estudo, tentando

explicar a realidade por meio da totalidade através de estudo da

complexidade dos problemas sociopolíticos, econômicos, culturais e

educacionais. (OLIVEIRA, 2007)

As fontes orais não são apenas uma coleta de dados para

depois arquivar, com intuito de guardar a memória, mas sim oferecer

mais subsídios a sua interpretação de vários aspectos (QUEIROZ,

1991). Estas fontes referem-se ao procedimento dos relatos orais,

facilitando construirmos uma visão mais concreta da dinâmica do

funcionamento e das variadas etapas que os estudantes com

deficiência visual perpassaram na trajetória do grupo social a qual

pertencem.

Portanto, este trabalho nos possibilita dar voz aos sujeitos

com deficiência visual como um ser singular atuante numa história

que tem sentido transformador. A partir disso, refletimos sobre a

história de vida do estudante com deficiência visual no contexto social

e histórico. E assim, a fonte oral será capaz desses “saberes

silenciados” serem transportados:

Acreditando que lhe dar a palavra é uma forma de começar a romper com o

estereótipo de que não é capaz de compreender o que o cerca, dando-lhe a

possibilidade de se fazer ouvir sem ser através da voz do outro. (SANTOS, 2006,

p.71).

Dessa forma, esta pesquisa direciona-se conforme o caminho

que o concurso dos conhecimentos estão disponível e a forma da

utilização de métodos cuidadosamente realizados, técnicas e outros

procedimentos científicos. (GIL, 2002, p.17)

Neste caso, o conhecimento de métodos e técnicas que

possam contribuir com o desenvolvimento da pesquisa é de grande

Page 36: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

35

importância para a construção do conhecimento que irá ser percorrido

durante o caminho (Minayo,1993). A interação do conhecimento junto

à realidade proporciona uma curiosidade que instiga a um encontro

com uma nova ciência, permitindo desta forma com que ocorram

indagações que possibilitem em um desejo do encontro dessas

respostas (Demo, 1996). A pesquisa além de ser um intermediário do

conhecimento junto à realidade também ajuda a interpretar problemas

e encontrar soluções através das coletas de dados, assim abrindo as

portas dos desconhecidos nos mostrando um olhar diferenciando para

um novo mundo.

2.1 Os caminhos da Pesquisa

Depararmo-nos com determinados tipos de pesquisas que se

pode utilizar para ornar este trabalho com credibilidade científica.

Neste caso, acentuaremos as características do método do estudo de

casos em contraposição a outro tipo de metodologia existente na

pesquisa, assumindo o compromisso de facilitar a compreensão dos

fenômenos metodológicos e sociais que em geral se aplica em

diferentes áreas das ciências humanas, destacando as áreas da

psicologia, sociologia, administração assim como outras áreas que

tentaremos averiguar no processo de pesquisa.

Quanto ao método, o que possibilita melhor compreensão do

universo de nossa pesquisa, é o estudo de casos, tentando

compreender e aprofundar conhecimentos sobre uma determinada

realidade, os padrões culturais, estruturais, processos históricos para

verificarmos como se dá esse processo de inclusão de alunos

deficientes visuais numa escola regular com o intuito de entender qual

a real necessidade desses procedimentos para que haja uma aquisição

que nos proporcione entender esse processo de inclusão e

aprendizado.

O estudo de casos consiste de acordo com BOGDAN e

BIKLEN (1941, p. 89) “na observação detalhada de um contexto, ou

indivíduo, de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento

Page 37: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

36

específico.” Dessa forma, tenta esclarecer uma decisão ou conjunto de

decisões, investigando um fenômeno contemporâneo dentro do

contexto real, no caso desta pesquisa, a contribuição do CAP- Centro

de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual, descrevendo

o contexto da vida real estabelecendo lógicas que ligará dados das

proposições estudadas.

Neste estudo de casos houve uma dedicação a estudos da

trajetória dos estudantes com deficiência visual nas interações

ambientais (sócio-econômica, política, cultural) de uma unidade,

desde os profissionais do CAP, professores e estudantes atendidos

pelo CAP (Centro Pedagógico de Apoio às Pessoas com Deficiência

Visual (indivíduo, grupo, instituições ou comunidade), selecionada

por especificidade.

Para a coleta de dados em um Estudo de Caso devemos

utilizar múltiplas fontes de evidência, construir uma base de dados

para a formação de uma cadeia de evidências. Para BARBOSA E

MIKI (2007, p.77), o Estudo de Caso possibilita análise de diferentes:

Tipos de estudos, embora, se atenham a uma temática específica, se circunscrevem a

uma situação, a um caso específico, localizado e delimitado [...] os resultados

obtidos com o estudo de um caso não podem ser usados para confirmar outros,

mesmo que se encontrem na mesma categoria ou situação, pois os sujeitos, o

momento, a situação e o contexto de inter-relações jamais serão os mesmos.

2.1.1 Tipo de Pesquisa

A pesquisa caracteriza-se com abordagem qualitativa, por ser

um fenômeno construtivo político, implicando um envolvimento

emocional. Para MINAYO (1994, p.20) a pesquisa qualitativa se

preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não

pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de

significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que

corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e

dos fenômenos que não podem ser reduzidos às operacionalizações de

variáveis.

Page 38: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

37

Esta teoria constitui uma reflexão a partir da prática, tentando

compreender a realidade escolar do estudante com deficiência visual

descrevendo o fato a qual se desenvolve o caso estudado, qual a

função do CAP- Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual,

o acontecimento e a partir disso poderemos nos aprofundar por

diferentes motivos destes fatos e assim tornar os estudantes

pesquisados como indivíduos comunicativos e participantes.

Com a abordagem qualitativa observamos, pela análise

bibliográfica e de campo, a relação entre o mundo que compõe os

estudantes com deficiência visual do CAP- Centro de Apoio às

Pessoas com Deficiência Visual e os estudantes com deficiência visual

inclusos numa escola regular de Manaus, ressaltando as diferentes

situações encontradas e vivenciadas durante este processo que

proporcionou a interação do ambiente com os sujeitos desta pesquisa.

Lankshear e Knobel (2008) dizem que o principal interessa

da pesquisa qualitativa está em compreender como as pessoas

experimentam, entendem, interpretam e participam de seus mundos

social e cultural.

Este tipo de abordagem fez com que tivéssemos uma visão do

objeto de estudo e sua complexidade no processo de inclusão numa

rede de ensino regular, visando buscar informações para a explicação

das características de cada contexto no qual se encontra o objeto de

pesquisa. A opção por uma abordagem tem como fundamento a

relação entre o mundo real, objetivo, concreto e o sujeito, uma vez que

apresenta características importantes de construção de uma reflexão a

partir da prática, e com isso tentar compreender a realidade

descrevendo o fato no qual se desenvolve o acontecimento e nos

aproximando dos diferentes motivos, fatos e assim, tornando os

indivíduos comunicativos e participantes.

2.1.2. A Pesquisa de campo

A pesquisa de campo a qual possibilita informações acerca

do problema para o qual se procura uma resposta, porém não deve ser

Page 39: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

38

confundida com a coleta de dados, pois a pesquisa exige controles

adequados e com objetivos pré-estabelecidos que vá determinar o que

deverá ser coletado.

Segundo Lakatos e Marconi (2007, p.188), “a documentação

direta constitui-se, em geral no levantamento de dados no próprio

local onde os fenômenos ocorrem.” A utilização desta pesquisa neste

trabalho consistiu na ida do pesquisador a campo e consequentemente

na construção teórica que foi elaborada nos diversos momentos de

interação entre pesquisador e pesquisados no campo.

Segundo Gil (2009, p. 53):

O estudo de campo apresenta algumas vantagens em relação principalmente ao

levantamento. Como é desenvolvido no próprio local em que ocorrem o fenômeno,

seus resultados costumam ser mais fidedignos. [...] e como o pesquisador apresenta

nível maior de participação, torna-se maior a probabilidade de os sujeitos

oferecerem respostas mais confiáveis.

E durante o período de estadia no CAP - Centro de Apoio às

Pessoas com Deficiência Visual, fomos encaminhados, durante a

pesquisa, a diferentes ambientes, observando melhor os momentos de

aprendizagem do estudante com deficiência visual, os estudos dos

professores em formação, os recursos utilizados para a inclusão desses

alunos numa escola regular de ensino.

2.1.3 Universo da pesquisa

Para compreensão da contribuição do atendimento

educacional especializado – AEE para o estudante com deficiência

visual incluído no ensino regular, o local de pesquisa é a cidade de

Manaus e como universo deste, o CAP (Centro de Apoio às Pessoas

com Deficiência Visual), considerando ser este o local oficial para o

desenvolvimento do AEE na rede estadual de ensino para as pessoas

com deficiência visual.

Quanto à amostra deste universo de pesquisa, destacamos os

07 educadores do CAP, que atuam em diversas áreas de formação; 02

Page 40: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

39

estudantes com deficiência visual incluídos nas classes comuns da

escola regular; e 02 professores de classe comum que atendem

estudantes com deficiência visual em escola inclusiva, profissionais

este em processo de formação continuada pelo CAP.

Importante ressaltar que inicialmente, foram pensados 08

profissionais do CAP, no entanto, a professora que atua no ensino do

Sistema Braille estava de licença médica, o que inviabilizou a coleta

de dados. Da mesma forma, pensou-se em entrevistar, pelo menos, 3

professores que atuam com educação inclusiva, mas houve resistência

da maioria dos consultados em responder as questões e, como o

critério para participação da pesquisa baseia-se na adesão voluntária,

foi possível entrevistar apenas 02 professores de classe comum. Da

mesma forma, destacamos a dificuldade no consentimento à

participação dos estudantes com deficiência visual, sendo possível a

coleta de dados com apenas 02.

2.1.4 Instrumentos de Coleta de Dados

Foi de grande importância realizar a observação direta

durante a pesquisa, pois possibilitou interagir com os sujeitos, se

tronando de grande relevância para a coleta de dados. Segundo

Lakatos e Marconi (2007, p.196) este tipo de participação “consiste na

participação real do pesquisador com a comunidade ou o grupo”.

Assim, a observação direta possibilitou estabelecer o vínculo

de confiança e respeito com os participantes da pesquisa, mostrando a

importância da investigação, da relação que há numa perspectiva

comprometida com o distanciamento entre o pesquisador e os sujeitos

pesquisados.

Outro instrumento de coleta de dados utilizado foi a

entrevista semiestruturada, tendo um roteiro orientador da coleta de

dados construído com base nos objetivos da pesquisa. De acordo com

(GIL, 1987, p. 124), é o Instrumento de investigação composto por

Page 41: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

40

questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o

conhecimento de opiniões, interesses, situações vivenciadas etc.

Estabelecidos os caminhos metodológicos da pesquisa,

passaremos a apresentação, reflexão e análise dos resultados

alcançados na pesquisa de campo desenvolvida no CAP – Centro de

Apoio Pedagógico às Pessoas com deficiência visual na cidade de

Manaus, objetivando refletir sobre a educação na perspectiva

inclusiva.

Page 42: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

41

CAPITULO III

3 O Atendimento Educacional Especializado às pessoas com

deficiência visual: a atuação do CAP – Centro de Apoio às Pessoas

com Deficiência Visual na rede estadual de ensino no contexto

educacional inclusivo.

O presente capítulo visa apresentar a análise dos dados da

pesquisa intitulada “A Educação da Pessoa com deficiência visual na

perspectiva inclusiva: um estudo de caso sobre o CAP- Centro de

Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual na cidade de

Manaus”. Assim, propõe apresentar os resultados alcançados na

pesquisa de campo realizada no CAP – Centro de Apoio às Pessoas

com Deficiência Visual, que desenvolve o atendimento educacional

especializado com estudantes com deficiência visual incluídos nas

escolas regulares da cidade de Manaus.

Os resultados obtidos na coleta de dados da pesquisa serão

apresentados a partir da fala dos participantes nas entrevistas,

seguindo com a análise das respostas e a busca por responder ao

objetivo geral desta pesquisa que é: Analisar a contribuição do CAP -

Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para

a educação na perspectiva inclusiva. Para tanto, buscamos ouvir os

principais envolvidos no processo de inclusão da pessoa com

deficiência visual: professores das classes comuns das escolas

regulares, estudantes com deficiência visual e os professores do

atendimento educacional especializado.

3.1 Caracterizando o espaço da pesquisa

Para o desenvolvimento dessa pesquisa, foi escolhido como

campo de estudo o CAP - Centro de Apoio às Pessoas com

Deficiência Visual, no qual são desenvolvidas atividades de suporte à

Page 43: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

42

pessoa com deficiência visual, estejam elas incluídas em escolas

regulares do ensino fundamental ou pertencente à sociedade

amazonense.

Este espaço foi criado em 2005, tendo como finalidade,

auxiliar o desenvolvimento educacional e na reabilitação de pessoas

com deficiência visual, assim como, na formação de professores,

construção de material pedagógico adequado às necessidades dos

estudantes e professores, e na orientação para a educação na

perspectiva inclusiva.

O CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com

Deficiência Visual está localizado na Escola da Cidadania Mayara

Redman Abdel Aziz, situada na Zona Centro Sul da cidade de

Manaus, inaugurada através do Decreto nº 25.405, de 03 de novembro

de 2005, sob a coordenação da Gerência de Atendimento Educacional

Específico da Secretária de Estado da Educação e Qualidade de

Ensino - SEDUC, vinculada a Gerência Distrital 03.

O Projeto Político Pedagógico – PPP da escola ainda está

sendo adaptado às necessidades educacionais especializadas da

comunidade escolar, isso porque, como nos diz Vasconcelos (2000, p.

20) esse documento reflete a filosofia e a identidade educacional da

instituição, sendo um processo que requer organização e integração na

construção das atividades práticas com o compromisso de construir

uma ação educativa da equipe da Escola. Sendo assim, para melhor

representar a identidade educacional desta instituição, de acordo com

a direção da escola, o PPP está sendo construído com participação dos

professores, funcionários, pais e responsáveis, tendo como ênfase a

Educação Especial desenvolvida numa perspectiva inclusiva.

Ressaltamos que o CAP direciona suas ações para o

atendimento pedagógico e de suplementação didática às pessoas com

deficiência visual, este oferece muitos serviços e apoio para que haja

uma inclusão no ensino regular, assim como, a construção do

conhecimento de forma mais significativa.

No organograma a organização da SEDUC – Secretaria de

Estado da Educação e Qualidade de Ensino, o CAP está subordinado a

Page 44: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

43

Gerência de Atendimento Educacional Específico, setor responsável

pela implantação e implementação de ações políticas e educacionais

(formação do professor, livros didáticos, programas educacionais)

direcionadas às pessoas com necessidades especiais, e ao Distrito III,

responsável em viabilizar a consolidação das ações educativas

diferentes zonas geográficas da cidade de Manaus. Assim, a estrutura

administrativa na qual o CAP está inserido pode ser assim

representada:

Figura 01: Organograma da SEDUC para compreensão da estrutura organizacional

que envolve o CAP, conforme dados coletados durante a pesquisa de campo

Neste trabalho, dentre os centros de apoio especializado,

focaremos nossa atenção para o CAP- Centro de Apoio às Pessoas

com Deficiência Visual, por tratar-se de apoio e suplementação

didática ao sistema de ensino a pessoas com deficiência visual.

Figura 1 – Escola Estadual de Atendimento Específico Mayara Redman Abdel Aziz

Figura 2 – CAP – Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual

Page 45: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

44

3.2 Caracterizando os sujeitos da pesquisa.

Os sujeitos da pesquisa podem ser apresentados,

quantitativamente, da seguinte forma: 07 professores que trabalham

no CAP - Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual; 2

professores de classe comum que atendem estudantes com deficiência

visual incluídos nas escolas regulares da rede; e, 02 crianças que estão

incluídas no ensino regular e recebem o atendimento educacional

especializado – AEE pelo CAP.

Para melhor compreensão dos sujeitos da pesquisa,

apresentamos a seguinte tabela:

Tabela 1: Caracterização dos participantes da pesquisa.

Sujeitos da

pesquisa

Formação

Acadêmica

Tempo de

atuação no

magistério

Experiência na

Educação

Especial

Função

1- Prof. R - Sexo

Feminino

Pedagogia e

formação de

professores

16 anos 16 anos Coordenadora e

Professora

2- Prof. L -

Sexo Feminino

História 03 anos 02 anos Professora e

núcleo de

inclusão

3- Prof.RS -

Sexo Feminino

Pedagogia –

pós-graduação

em Educação

Especial.

15 anos 05 anos Professora

4- Prof.N -

Sexo Feminino

Normal

Superior

14 anos 08 anos Professora

5- Prof.G -

Sexo Feminino

Pedagogia 06 anos 05 anos Professora

6- Prof.F -

Sexo Masculino

Educação Física 10 anos 03 anos Professor

7- Prof.J-

Sexo Masculino

Educação Física 06 anos 01 ano Professor

8-Prof.S. -

Sexo Masculino

Pedagogo 08 anos 01 ano Professor

9- Al.B. -

Sexo Feminino

------------- ---------- Idade 13 anos Estudante

10-Al.C. –

Sexo Feminino

-------------- -------------- Idade 15 anos Estudante

Page 46: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

45

A escolha dos participantes da pesquisa ocorreu na

preocupação de ouvir os principais envolvidos no processo

educacional de pessoas com necessidades especiais, além de ouvir

uma amostra dos principais usuários dos serviços oferecidos pelo

CAP: estudantes incluídos nas classes comuns da rede estadual e

professores do ensino regular.

3.3 Contextualizando os resultados da pesquisa

As análises dos resultados alcançados na pesquisa de campo

visaram responder ao objetivo geral anteriormente citado neste

capítulo, por meio dos seguintes objetivos específicos: 1) Fazer o

levantamento de quantos estudantes com deficiência visual estão

incluídos na rede estadual de ensino e atendidos pelo CAP - Centro de

Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual; 2)

Compreender as ações pedagógicas desenvolvidas pelo do CAP -

Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual para

a promoção do desenvolvimento dos estudantes na perspectiva da

educação inclusiva; e, 3) Refletir sobre a contribuição do

atendimento educacional especializado para a educação na perspectiva

inclusiva.

Importante destacarmos inicialmente, que alguns

participantes da pesquisa não responderam todas as perguntas,

afirmando não ser possível responderem porque desconheciam as

respostas com base na legislação, fato que demonstra que, mesmo os

profissionais que estão implementando as políticas públicas ainda

precisam de maior incentivo, tanto na sua formação continuada como

em sua autoformação.

Para melhor compreensão dos resultados, organizamos os

dados por meio das seguintes categorias de análise: 1) Percepção dos

professores e estudantes sobre a Educação na perspectiva inclusiva; 2)

Adaptações Curriculares para o atendimento à pessoa com deficiência

visual na perspectiva da educação inclusiva; 3) Estudantes Incluídos

Page 47: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

46

no ensino regular: quantidade versus qualidade; 4) Contribuição do

CAP para a Educação na perspectiva inclusiva.

3.3.1 Percepção dos professores e estudantes sobre a Educação na

perspectiva inclusiva.

Em entrevista realizada com os professores atuantes no CAP-

Centro de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual buscou-se

verificar quais as suas percepções sobre a inclusão dos alunos com

deficiência visual no ensino regular. Os referidos professores, em

resposta à pergunta 01 da entrevista semiestruturada: O que é

educação inclusiva?

Prof. L.: Educação inclusiva nos dias de hoje é uma democratização da escola onde

é permitido ao aluno ter acessibilidade juntamente com os outros ditos normais.

Prof. G.: Como o próprio nome já indica, a palavra inclusão deve influenciar em

todas nossas atitudes, aí agente entra no ambiente escolar, então a escola é o único

local onde todas as pessoas tem acesso, sejam ricos ou pobre, portador de alguma

deficiência, principalmente no ambiente escolar essa palavra tem sentido amplo de

inclusão de dar oportunidade a todas as pessoas sem nenhum afastamento, sem

colocar nenhuma a par.

Prof. J.: Bom eu entendo a Inclusão como oportunidade para todos, porque antes de

existir a sigla inclusão, nós tínhamos a educação convencional onde matricula-se

aqueles considerado dito normais,os que enxergam,vêem, andam normalmente,

então as pessoas deficientes ficavam p-ara trás. E hoje o Brasil, aos poucos tem

avançado nesta questão. A educação inclusiva veio justamente para suprir as

necessidades, as pessoas deficientes, ou seja, igualdade e condições de educação

para todos.

Prof. N.: Nós sabemos que a escola vem num processo de inclusão, o que vem a ser,

nossos alunos antes eram excluídos, eles estudavam numa escola separada, numa

escola só para eles. Aí, resolveram colocar a inclusão, a escola do ensino regular

para esses alunos para que sejam incluídos na escola, para que não se sintam

diferentes. Se sentissem comum às outras pessoas.

Prof. RS.: Bom, eu entendo de educação inclusiva, é que como se a inclusão se dá de

fato tendo os alunos atendimento específico,,os alunos tendo acesso aos materiais,

porque ainda existe a integração e a inclusão. Fala-se assim: “o aluno está

integrado, o aluno está incluído”. Ele vai se integrar numa sala de aula, ele vai se

integrar aos demais. A inclusão vai se dá de que forma? Eu vou atender específica as

necessidades dele quanto ao material didáticos quanto a aprendizagem? Desde que

os professores também estejam preparados, material didático para atender cada um,

atender de acordo com a necessidade de cada um, há de se pensar que cada um é

diferente um do outro. Para que um aluno matriculado no ensino regular se sinta

integrado, incluído na escola, faz necessário para que ele tenha essas ferramentas,

Page 48: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

47

quanto dessas ferramentas didáticas, quanto da parte humana mesmo, do profissional

para trabalhar comesse aluno.

Prof. R.: A educação inclusiva se dá através não apenas da inclusão do deficiente

visual, colocou o aluno na sala e pronto. Tem que haver um comprometimento com

esses alunos no seu aprendizado, no seu bem estar. Porque é isso que todos querem.

Prof. F.: Educação Inclusiva o aluno que tiver alguma deficiência deve ser preparado

par ser incluído junto como os alunos ditos normais (Ser inclusos na escola comum e

no mercado de trabalho).

Iniciando nossa análise, é fundamental enfatizar no século 21

a educação se caracteriza pela perspectiva inclusiva, em decorrência

do movimento mundial pautado neste paradigma, sendo assim uma

ação política, cultural, social e pedagógica, objetivando atender aos

direitos de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e

participando, sem nenhum tipo de discriminação. Sendo assim, a

educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado

na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença,

buscando a equidade para todos. (BRASIL, 2008).

O que se pretende afirmar quanto às mudanças necessárias no

contexto educacional é que precisamos

confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las, a

educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade

contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão. A partir dos

referenciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de

escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança

estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades

atendidas. (BRASIL, 2008, p.1)

A educação inclusiva ainda é um tema a ser muito discutido,

uma vez que a escola inclusiva tem a pretensão de valorizar e respeitar

todos os alunos, sejam eles ditos “normais” ou com necessidades

especiais, cada um com a suas características individuais e

peculiaridades no desenvolvimento. É a esperança que TODOS os

excluídos nutrem na perspectiva de que seus direitos sejam

respeitados.

Essa nova fase da Educação não é apenas passageira, nas

falas dos professores percebe-se que a melhor resposta para o aluno

Page 49: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

48

com deficiência e para todos os demais alunos é uma educação que

respeite suas características de cada estudante, que ofereça alternativas

pedagógicas que atendam às necessidades educacionais de cada aluno

(BRASIL, 2005, p.14).

Segundo Rabelo e Amaral (apud LISITA; SOUZA, 2003, p.

209) o governo deve subsidiar a qualificação do corpo docente e

técnico da rede regular de ensino, para prestar atendimento às pessoas

com necessidades educacionais especiais, preferencialmente parceria

com as instituições de nível superior.

Sendo assim, para ocorrer à inclusão educacional no ensino

regular é necessário grandes mudanças significativas no sistema

educacional, uma vez que apenas a vontade de ser realizado não

acontece sozinho é preciso que a escola tenha apoio e recursos

financeiros, para poder apresentar avanços nesta inclusão de pessoas

que possuem alguma deficiência visual e mantê-los permanentes em

uma sala de aula regular, a qual podemos verificada nas falas de

alguns sujeitos da pesquisa.

A pergunta 02 da entrevista: Como os professores tem se

manifestado em relação à educação dos estudantes com deficiência na

perspectiva da educação Inclusiva nos dias de hoje?

Prof. J.: Ainda há uma certa rejeição por parte algumas escolas, que fui gestor

educacional também, as escolas tem dificuldades nessa adaptação, transição é

preciso que o governo invista mais nas estruturas das escolas, como rampas,

materiais, máquinas em Braille.

Prof. N.: Nós sabemos que os professores, não se sentem seguros porque não estão

preparados, você trabalhar com um aluno vidente é uma coisa, você trabalhar que

tenha uma deficiência é difícil.

Prof. RS.: Os professores se mostram muito aflitos, muitos ansiosos, porque tudo é

novo e tudo funciona assim: “a sementinha foi colocada lá, foi plantada, então daqui

que ela vá florescer, vai demorar muito tempo”, se depara como sistema, com as

dificuldades do sistema de mandar materiais, de capacitar os profissionais, às vezes,

os professores passam por essa informação, pela falta de capacitação. Eles se sentem

despreparados [...]. E alguns preparados pensam: “gente como eu vou trabalhar com

esse aluno?” Às vezes na questão até do estado físico da escola, na questão da

acessibilidade. Ás vezes que não depende do professor e sim do próprio sistema.

Prof. L.: Os nossos professores precisam de treinamentos para poder atender a nossa

clientela, onde muitos dizem que realmente não tem condições. E concordo, como é

que eu vou trabalhar como o aluno que eu não sei como atendê-lo. Então precisamos

sim ter um treinamento.

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49

Prof. G.: O professor hoje está sobrecarregado, são salas superlotadas, ele tem um

excesso de afazeres. Quando ele recebe o aluno com deficiência, qualquer

deficiência, ele fica assustado, porque ele se sente sozinho. Então nosso papel é de

esclarecimento, primeiro quais a possibilidades de trabalho com aquele aluno no

universo que ele atende no ensino regular. E é possível, nós temos a plena certeza de

que isso é possível.

Prof. F.: Para o professor da escola regular não chegam preparados na visão deles.

Ou seja, os professores não estão preparados.

Prof. R.: Os professores se assustam, dizem não está preparado para receber o aluno

com qualquer tipo de deficiência.

Apesar de toda a discussão e divulgação científica sobre a

temática, muitos professores ainda se apresentam resistentes com a

inclusão. Não como consequência de discriminação ou preconceito,

mas como reflexo de formação deficiente e insuficiente para o

desenvolvimento do trabalho pedagógico com os estudantes com

deficiência visual.

Na verdade, o que se percebe é que os professores não se

sentem preparados para receber um aluno com necessidades especiais,

principalmente um com deficiência visual. Isso também é um reflexo

dos estereótipos sociais de uma possível incapacidade do sujeito,

como se isso fosse resultante de sua deficiência. Essa confusão entre

deficiência e incapacidade é um enorme dificultador do atendimento a

este alunado.

É importante ser analisado que nas falas dos sujeitos, a maior

preocupação é o despreparo da maioria dos professores que estão em

classe comum, os deixam inseguros, remetendo-os ao preconceito para

como o aluno deficiente visual e consigo mesmo, achando que não é

capaz de se adequar a este aluno.

Portanto, urge investir na formação dos profissionais da

educação, não apenas para atender educacionalmente com qualidade e

de acordo com as necessidades educacionais das pessoas com

deficiência visual, mas de todos os sujeitos envolvidos no processo de

aprendizagem.

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50

[...] o reconhecimento da necessidade de se caminhar rumo à escola para todos, um

lugar que inclua todos os alunos, celebre e diferença, apóie a aprendizagem e

responda às necessidades individuais. E a escola deve caminhar em busca de um

espaço educacional que atenda a todos no contato com a diversidade que os

programas educacionais devem dar acesso a todos à escola regular, que deve

acomodar os alunos em uma pedagogia centrada no sujeito, capaz de satisfazer às

suas necessidades (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.10).

A próxima questão que analisa a educação inclusiva é a

questão 09 da entrevista semiestruturada dos professores, que

questiona quanto as parcerias importantes para que a educação

inclusiva aconteça efetivamente?

Prof. RS.: As parcerias importantes a primeira seria a família, longe dos muros da

escola, depois da família vem à escola, e da escola buscar parceria com

oftalmologista, com professor da sala de recursos, se ele tiver inserido,, parceria com

psicólogo, com outras instituições, eu acho q se tratando de deficiência quanto mais

tiver parcerias tiver melhor.

Prof. F.: As parcerias que possuem mais dinheiro, as indústrias, para investir fins

incentivos as universidades.

Prof. L.: Vamos citar divã que é um ponto importante, a própria SEDUC, pra da esse

apoio,oferecer aos alunos um ensino de qualidade sem exclusão.

Prof. G.: Acho que a palavra principal é sensibilidade. Então a partir do momento

que tudo tiver claro, que a inclusão não é só uma palavra bonita para incluir

deficiente, que essa palavra inclusão é geral, todas as pessoas necessitam de

participantes integradas.

Prof. J.: O CAP que temos aqui, as escolas especiais, são parcerias importantes,,mais

precisamos ampliar mais com as universidades, oferecendo mais cursos voltados

para a educação especial, há maiores chances para que tenha uma aprendizagem

continuada.

Prof. N.: As parcerias, nós temos a comunidade,(Resposta incompleta)

Prof. R.: Parcerias importantes, atendimento educacional especializado na escola

comum, e assim, a família é o elo entre a escola comum e o atendimento

especializado. Quando eu coloco entre a escola comum e o atendimento

especializado é entre o CAP e a sala de recurso.

É de suma importância ter parcerias, para que sejam

desenvolvidas ações com grande impacto à acessibilidade do aluno

com deficiência visual em diferentes níveis de ensino, ou seja, desde à

educação básica ao ensino superior.

Page 52: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

51

É importante enfatizar que tais parcerias, dito com mais

ênfase nas falas dos sujeitos, tem que ter a formação dos professores,

tanto inicial ou continuada para proporcionar o conhecimento aos

principais recursos e assim atender os alunos com deficiência visual,

utilizando os tipos de materiais adequados para o aprendizado dos

alunos com deficiência visual.

Apesar das leis que garantem o direito dos alunos com

deficiência visual à educação, sabemos que o Brasil só vai conseguir

colocar todas as crianças na escola quando a educação for, de fato,

inclusiva e a escola for realmente de qualidade para TODOS. Somente

por meio da formação inicial e continuada dos professores, o Brasil

poderá, de fato, oferecer uma Educação de Qualidade para Todos.

No que concerne à educação das pessoas com deficiência

visual, vários são os profissionais que devem ser capacitados e

envolvidos no processo, tais como: professores, pedagogos,

psicólogos, terapeutas ocupacionais etc. (BRASIL, 2008). Uma das

características mais interessantes da Educação Inclusiva é que ela

deve envolver também as famílias e a comunidade. Isso significa que

a Escola Inclusiva poderá beneficiar-se com as seguintes parcerias:

universidades, organizações não governamentais, escolas SENAI,

APAEs, centros de reabilitação, entidades de pessoas com

deficiência, associações de bairro, associações comerciais locais etc.

(BRASIL, 2005).

Essa rede de parceiros, que inclui a participação da família,

será fundamental para à escola conseguir os recursos humanos e

materiais de que precisa para oferecer a melhor educação para todos

os seus alunos.

Quando solicitado aos professores que respondessem se a

escola precisa ter especialista em se quadro funcional para atender as

pessoas com deficiência (Questão 10), obtivemos as seguintes

respostas:

Page 53: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

52

Prof. R.: Não. A sala de recursos sim, tem a obrigatoriedade de se ter atendimento

específico de cada deficiente é o profissional da sala de recurso, O professor do

ensino regular não é obrigado a sabe transcrever para Braille, se saber é bom, mais é

função do professor da sala de recurso saber transcrever para Braille, o professor de

matemática do ensino regular não é obrigado a saber sorobã, da sala de recurso sim.

Prof. L.: Seria ideal ter uma pessoa preparada.

Prof. G.: A escola precisa ter um número bem grande de profissionais em seu quadro

funcional em diferentes áreas, da psicologia a profissionais especializados, mais isso

é complicado, no quadro da Secretaria, não tem uma rubrica no concurso especifica

para educação especializada, então são professores do ensino comum que se

interessam pela educação especial e ai vão fazer cursos de formação específica.

Prof. J.: Com certeza. Mais não diria nem especialista, mais professores capacitados

para atender esses alunos, mais escolas oferecendo curso em braille, por

exemplo.Professores que saibam ler em braille, livros em braille, a parte da

informática, como o DOSVOX.

Prof. N.: Esse seria o certo, não diria ter passado pelo CAP. Porque sabemos que por

fora, você paga um professor de braile. Então é preciso que haja mais cursos para

preparo os professores.

Prof. F.: Tem que ter professores especialistas.

Prof. RS.: Sim, se faz necessário que tenha serviço social para ajudar as crianças, os

professores, a comunidade escolar vai ta ajudando e interagindo a família. Aí,

necessitaria psicólogo, serviço social, professores especialistas dentro dessa área que

tenham atendimento,para que passem essas informações, façam estudo de caso, se

reunam, planegem e caso não tenha busque ajuda fora da escola. Hoje já se tem

muitos profissionais especialistas em diversas áreas de deficiência.

Segundo a Coordenadora do CAP- Centro de Apoio às

Pessoas com Deficiência visual “é um engano comum pensar que à

Escola Inclusiva precisa ter sua própria equipe de fonoaudiólogos,

psicólogos, terapeutas ocupacionais, etc”. Muito pelo contrário, a

criança com deficiência tem direito imediato à matrícula, que não

pode ser condicionada a nenhuma avaliação preliminar e nem à

existência de profissionais especialistas na escola.

É preciso considerar que, na maioria das vezes, a inclusão de

crianças ou jovens com deficiência não precisa de profissionais

especializados e sim, uma escola com professores comprometidos

com a causa da inclusão. Mas, como foi observado nas falas da

maioria dos sujeitos entrevistados, predomina o pensar de que é

necessário um professor a mais na sala de aula, para que o aluno com

deficiência visual possa ter um atendimento, aprendizado adequado.

Page 54: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

53

No entanto, se para possibilitar o processo de inclusão de

determinada criança ou jovem o professor considerar importante ter o

parecer ou a ajuda de um desses especialistas eles podem ajudar

fazendo palestras sobre os direitos das pessoas com deficiência e

dando assessoria sobre acessibilidade na própria escola para os alunos

ditos normais e na própria comunidade, por exemplo. O que não se

pode, é condicionar a matrícula do estudante com deficiência a um

parecer da equipe multidisciplinar, caso contrário, estaremos

retrocedendo ao paradigma de serviços, mais precisamente ao

momento da avaliação para a normalização.

Por isso é de suma importância a existência dos CAPs, que

estão presentes em diversos estados brasileiros e são responsáveis pela

capacitação dos professores da rede pública para o atendimento do

aluno com deficiência visual e pela produção de material didático-

pedagógico (como os livros em braille) para estes alunos (BRASIL,

2005, p.69).

Na perspectiva da educação inclusiva, a educação das pessoas

com deficiência visual precisa ocorrer nas classes regulares, com o

suporte do atendimento educacional especializado – AEE, uma vez

que sua função é de

identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que

eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas

necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional

especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo

substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a

formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.

(BRASIL, 2008, p. 11).

As diretrizes da política nacional de educação especial na

perspectiva da educação inclusiva ressalta ainda que as atividades do AEE

devem está pautadas: no enriquecimento curricular, ensino de linguagens e

códigos específicos de comunicação e sinalização, tecnologia assistiva,

ensino do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das

atividades de vida autônoma, do desenvolvimento dos processos mentais

superiores, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos,

da utilização de recursos ópticos e não-ópticos, dentre outros. (Idem)

Page 55: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

54

No entanto, é fundamental destacar que esse atendimento não

é substitutivo à escolarização em classe comum do ensino regular,

mas é ofertado ao longo de todo o processo de escolarização,

necessitando esta articulado com a proposta pedagógica do ensino

comum. Esse atendimento educacional especializado precisa ser

acompanhado pelos sistemas de ensino, por meio de instrumentos que

possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas

da rede pública e nos centros de atendimento educacional

especializado públicos ou conveniados (Ibdem).

3.3.2 Adaptações Curriculares para o atendimento à pessoa com

deficiência visual na perspectiva da educação inclusiva.

Dentro de toda essa movimentação para a implantação da

escola inclusiva, muito foi discutido, porém não foi definido como

será e como poderá ser feita a qualificação dos professores que estarão

atuando diretamente com esses alunos. Os atuais currículos dos cursos

superiores em licenciatura estão estruturados para receber a uma

parcela da população a considerada “normal”, ignorando a presença de

uma parcela importante de estudantes, aqueles que necessitam de uma

atenção diferenciada em razão de suas necessidades educacionais

especiais.

Nesta categoria de análise destacamos a questão 5 da

entrevista com os professores: Como a escola pode se preparar para

receber o aluno com deficiência visual nas classes comuns e poderem

oferecer o direito e acessibilidade desses estudantes, sem

discriminação e sem que eles sejam apenas “mais um” matriculado na

escola regular?

Prof. L.: Volto a tocar na mesma tecla. Tem que haver preparação para a escola e

para os professores para poder receber essa clientela, para que não haja reclamações,

porque é o que mais agente ouve: “Ah, vou receber esse aluno e não sei trabalhar

com ele”. Então tem que ter uma preparação pra escola, a escola tem que está

estruturada para receber esse aluno.

Prof.: F.: A escola tem que ser preparada, ter palestra de conscientização com os

alunos da escola que irão receber os alunos especiais e como poderão ajudá-los,

orientando-os a serem amigos, companheiro sem dar apelidos. Da parte do professor

Page 56: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

55

tem que ter mais de 1 professor na sala de aula, e eles tem que ser capacitados para

atender aquela deficiência.

Prof. R.: A escola comunica o CAP que uma pedagoga vá fazer a visita. Se a escola

abrir espaço para o CAP, agente leva os professores, orientamos, tiramos as dúvidas

para que o deficiente visual possa se desenvolver na sala de aula.

Prof. J.: Primeiro, ampliar a divulgação sobre deficiência, a escola precisa saber

mais disso,professores preparados com uma formação continuada, ter mais

profissionais preparados para esses alunos, mais material didático também e além da

estrutura física (rampas, corrimão,equipamentos no laboratório).

Prof. G.: A família tem um papel super importante, ela não tem conhecimento das

potencialidades e possibilidades que o aluno possui. A primeira orientação que deva

ter com a família, pra que ela tenha claro quais são as possibilidades do seu filho,

porque agente percebe que a mãe naturalmente tem instinto protetor, porém não

pode ser aquele instinto que se coloca uma redoma e deixa lá o indivíduo quietinho,

ele tem que ser estimulado, que precisa acontecer o mais cedo possível, de

preferência de forma precoce para que mais tarde ele tenha o domínio de todas as

técnicas.

Prof. RS.: A sensibilidade acima de tudo, a escola tem que se sensibilizar com o

aluno. A escola tem que se preparar para receber, questionar quais as necessidades

que ele precisará, o que a escola pode fazer para acolher.

Prof. N.: não respondeu, porque não atua mais na sala de aula comum.

Cada pessoa tem um jeito de se adaptar em qualquer

ambiente que precise freqüentar, e não é diferente com um educando

que possui deficiência visual. Esse educando precisa ter confiança

para que haja uma integração na escola, com seu aprendizado e o seu

meio social. E o professor tem quem está atento as mudanças do

educando em sala de aula, em saber como estimulá-los através de

outras práticas as quais eles já estão acostumados.

A cooperação em sala de aula pode ser um fator importante

para a inclusão das pessoas com deficiência visual, pois permite

interação e troca entre os alunos (BRASIL, 2008). O desenvolvimento

de algumas estratégias pode ser decisivo para criar um ambiente de

cooperação em que aqueles alunos que têm mais habilidades em

alguma matéria possam ajudar aqueles com menos habilidades.

Percebe-se na resposta dos professores pesquisados, a

recorrência na afirmação da necessidade da escola ser preparada para

receber o estudante com necessidade especial. Esta consiste no

esclarecimento das possibilidades e desafios relativos à área de

Page 57: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

56

deficiência dos estudantes, assim como, na sensibilização dos

participantes do processo educacional dos direitos e possibilidades de

desenvolvimento dos estudantes-cidadãos.

Focalizando as adaptações físicas e metodológicas da escola

para receber o estudante com necessidade especial, realizamos a

seguinte pergunta aos professores (questão 6): Quais são as

adaptações arquitetônicas e curriculares necessárias para que o aluno

com deficiência visual possa ser atendido com qualidade na escola

comum em uma proposta de educação inclusiva?

Prof. G.: Arquitetônicas, nos já temos todas as regulamentações, isso pode ser

conseguido até pela internet, então o que falta é o cumprimento dessas regras e hoje

nós temos ainda escolas sendo construídas sem acessibilidades. Nossa escola o CAP,

não é uma escola acessível, nós temos escadas, nós não temos nenhuma rampa,então

as leias elas já existem, basta agora fazer cumpri-las, como eu não sei, por que os

engenheiros, não sei o que acontece, mais continuamos vendo problemas na

arquitetura, a cidade infelizmente não é acessível também, é um processo longo e

cabe aos educadores, todas as pessoas envolvidas com a inclusão a discussão para

cobrar a execução dessas leis. Quanto a avaliação ao currículo, o MEC propõe , tem

pronto isso, de como fazer,então o professor precisa ter um tempo pra estudar, o

processo de avaliação para que não seja apenas conteudista, tendo o deficiente

visual, deficiente no geral, você precisa avaliar como ele chegou, qual o processo de

desenvolvimento e não apenas o conteúdo em si. Nós ainda temos muitos

professores trabalhando apenas o conteúdo, então quando agente fecha no conteúdo,

agente deixa de avaliar o indivíduo e ele é muito importante nesse processo, o ponto

principal, então cabe estimular as discussões entre professores para que eles

consigam encontrar seu processo de avaliação.

Prof. J.: Estrutura física, material didático.

Prof. L.: São poucas as escola que eu visitei em Manaus e o que pude perceber é que

nem todas estão preparadas, não tem essas estruturas, então voltando na mesma

tecla, tem que correr atrás, tem que ter uma sensibilização, porque as escolas de hoje

não estão preparadas, não tem como.

Prof. R.: Lembrando que a pessoa com deficiência visual são aquelas que tem baixa

visão e são aquelas que são cegas. Hoje o deficiente visual, seja ele cego ou baixa

visão, tem recursos que ele pode se locomover, como a bengala, para quem é baixa

visão, tem que ta bem sinalizado, isso facilitará a sua locomoção.

Prof. RS.: As adaptações arquitetônicas, ai se depara com o sistema, seria a questão

da acessibilidade, da escola está preparada para atender esse aluno.

Prof. N.: são colocar rampas, corrimão, letreiros maiores para os alunos com baixa

visão e os professores, as escolas procurarem fazer as adaptações necessárias do

material didáticos.

Prof.: F.: Para o deficiente visual as informações em que está em braile, porque a

leitura é em braile. Pessoas capacitadas que possam orientá-los na escola.

Page 58: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

57

Para que o ambiente da escola seja acessível, é preciso

garantir a autonomia de locomoção, tanto das pessoas com deficiência

visual, inclusive aquelas que usam cadeira de rodas, como dos demais

estudantes. Assim, como ressaltam os entrevistados, é preciso buscar

as normas técnicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas

Técnicas para realizar as adaptações arquitetônicas quando na

construção ou reformas das escolas.

Vale ressaltar que muitas vezes nem percebemos, mas estes

obstáculos arquitetônicos podem representar uma verdadeira

“maratona” para as pessoas com deficiência visual. Isso seria o ideal

para nossos educandos com deficiência visual, ou qualquer deficiente:

portas e corredores mais largos (de 80 cm);

construção de rampas com a inclinação adequada (segundo as Normas

da ABNT), com corrimãos e mureta para impedir que a cadeira caia;

elevadores, quando for possível;

pisos antiderrapantes;

acesso físico sem desnível ou catracas;

acesso virtual (via computador e Internet);

acervo em braile, fitas cassete e CD-ROM;

serviço de orientação estimulante e adequado às necessidades; dos

diversos tipos de usuários;

assistentes para leitura (ledores de livros para cegos);

lupas ou lentes de aumento;

intérprete de Língua Brasileira de Sinais;

salas de vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para

seus usuários surdos. A maioria dos novos modelos de TV já sai de

fábrica com esse dispositivo de acionamento opcional chamado

“closed caption”, através do qual tudo o que é dito aparece legendado

na tela. Porém, ainda não são todas as

emissoras de TV que oferecem o serviço de legendagem em sua

programação.

Page 59: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

58

Sabemos que muitas escolas, infelizmente não têm todos

esses aparatos (bibliotecas ou salas de leitura). Porém, é de grande

importância que o professor esteja atento às necessidades dos

educandos com deficiência visual na sala de aula, assim, facilitará o

aprendizado destes.

No que se refere as adequações curriculares para a pessoa

com deficiência visual, podemos citar: adaptações quanto aos

conteúdos, objetivos, didático-pedagógica, de recursos e de avaliação.

(BRASIL, 2003)

Neste sentido, perguntamos aos professores se existem

adaptações a serem feitas na classe comum para avaliar o estudante

com deficiência visual? (Questão 8). Eles responderam que:

Prof. F.: O deficiente visual tem aprendizado por etapas, que tem que vencer etapa

por etapa, e se não atingir tem que se iniciar tudo novamente. Exemplo: 1ª etapa é

aprender a se locomover sozinho.

PROF. G.: Hoje o professor não precisa ser um dominador de leitura e escrita

braille, eu costumo dizer que ele basta a ter respeito, curiosidade, e esteja aberto a

receber sem ser diferente. E procurar ajuda, não sofrer e sozinho na escola, então

por isso existe o CAP. Se esse professor conseguir fazer a ponte entre o CAP e o

professor,agente consegue melhorar e muito esse trato com o aluno, então se ele

quiser ele pode aprender , se ele não tiver tempo, porque hoje em dia o professor

trabalha três horários,agente pode da esse respaldo,tem núcleo de pedagogos que

faz esse acompanhamento desde que ele exista. Hoje nosso maior problema é o

aluno invisível, porque ele não tem diagnóstico, o professor sobrecarregado nem

observa que ele tenha alguma dificuldade para poder orientar, pra ele feche um

diagnostico.

Prof. J.: Na classe comum, questão de iluminação, espaço físico, até o espaçamento

de carteiras, os tipos de carteiras utilizadas,dependendo se for baixa visão as cores

dos pincéis, de quadro branco.

Prof. N.: Muitos alunos não estão preparados para isso, eu sei que muitos alunos

tem vamos supor, os livros ampliados, esse caderno serve para o aluno com baixa

visão, e ajuda bastante, tem também as telelupas.

Prof.: L.: Olha não posso responder essa pergunta, porque ela é bastante pessoal,

deveria fazer essa pergunta com um professor de classe comum. Mas, com certeza

tem que existir.

Prof. R.: As adaptações necessárias são, o material didático, a questão da

iluminação, carteiras, acessibilidade para os deficientes visuais, seja cego ou baixa

visão.

Prof. RS.: Existem. E cabe ao professor ter a iniciativa de melhorar os materiais

didáticos para o aluno com deficiência visual. Trazer o aluno ao CAP, que será

analisado qual o tipo de problema visual que deva ter. O material utilizado na sala

de qual, as carteiras, o material didático no geral.

Page 60: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

59

Prof. S.: Muitas, eu agora que vou começar a fazer esse processo de transformação.

Como havia dito, eu esse ano que tive contato com o primeiro deficiente visual na

minha sala.

Prof. M.: Em muitas escolas sim. Mais a que trabalho já dermos um grande passo

para esse progresso, digamos assim. Eu realizo sim, uso as salas de recursos.

Segundo a SEESP - Secretaria de Educação Especial do

Ministério da Educação (BRASIL, 2007), são tipos de atendimento

educacional especializado ofertado na rede de ensino regular, com

finalidade de promover condições de acesso e permanência dos

educando com deficiência visual no ensino comum. Conforme

presenciamos nas falas acima, os professores relatam que alguns

alunos com deficiência visual, o de baixa visão, por exemplo, podem

enxergar através dos auxílios ópticos (as lentes ou recursos que

possibilitam a ampliação de imagem e a visualização de objetos),

exemplos de auxílios ópticos são: lupas de mão e de apoio, óculos

bifocais ou monoculares e telescópios, dentre outros, que não devem

ser confundidos com óculos comuns, pois a utilização desses recursos

é conforme prescrição do oftalmologista que definirá quais são os

mais adequados à condição visual do aluno. Os auxílios não-ópticos

referem-se às mudanças relacionadas ao ambiente, ao mobiliário, à

iluminação e aos recursos para leitura e para escrita como contrastes e

ampliações, auxílios de ampliação eletrônica e de informática, a

iluminação natural do ambiente; uso de lâmpada incandescente e ou

fluorescente no teto; contraste nas cores, por exemplo: branco e preto,

preto e amarelo; visores, bonés, oclusores laterais; folhas com pautas

escuras e com maior espaço entre as linhas; livros com texto

ampliado; canetas com ponta porosa preta ou azul-escura; lápis (6b)

com grafite mais forte; colas em relevos coloridas ou outro tipo de

material para marcar objetos ou palavras; prancheta inclinada para

leitura; tiposcópio: dispositivo para isolar a palavra ou sentença;

circuito fechado de televisão (CCTV): consiste em um sistema de

câmera de televisão acoplado a um monitor que tem por finalidade

Page 61: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

60

ampliar o texto focalizado pela câmera; lupa eletrônica: recurso usado

para ampliação de textos e imagens (BRASÍLIA, 2010, p.14).

Portanto a avaliação não deve ser concebida de uma única

forma, considerando-se a relevância produção de textos e outros

aspectos como a concentração, o tempo de elaboração, a privacidade,

a organização das idéias na forma escrita, dentre outros.

As atividades devem ser realizadas pelos alunos com

deficiência visual, seja de baixa visão ou cego juntamente com seus

colegas. Recomenda-se examinar a necessidade de flexibilidade de

tempo para a realização de determinadas tarefas e atividades de

avaliação que demanda desempenho visual.

3.3.3 Estudantes Incluídos no ensino regular: quantidade versus

qualidade.

Como destaca Sassaki (1998), a

[...] inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é

modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de

propiciar lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência

estudam na escola que freqüentariam se não fossem deficientes (p. 8).

Com base nesse contexto as questões a seguir irão retratar a

relação da quantidade versus a qualidade nesse processo educacional

inclusivo no ensino regular.

Questão 03- Quantos estudantes com deficiência visual são

atendidos pelo CAP?

Prof. R.: a nossa clientela do CAP, é uma clientela os alunos que estudam no ensino

regular que não recebem atendimentos direto do CAP, como assim, não fazem as

atividades aqui, mais recebem material adaptado aqui, são acompanhados nas

visitas, e tem outro beneficio, exemplo a sala de recurso,que é acompanhado pelo

CAP, que não deixa de ser, algum aluno que receba suporte do CAP, embora não

seja um aluno que pretende ficar, são alunos nossos, mais não são assíduos. Então

nós temos alunos que estão no ensino regular e freqüentam o CAP, e também

atendemos a comunidade, justamente com essa visão de inclusão, temos que dar

condições para esses alunos, se ele precisa ter prática do processo pra poder estar

incluso no núcleo da escola.

Prof. L.: Numa faixa de 20 alunos colocando de manhã e tarde.

Page 62: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

61

Prof. N.: O total de alunos atendidos pelo CAP não sei te dizer. Na minha sala ao

todo eu tenho, porque assim, nós temos alunos que passam o tempo ficam e depois

voltam. Mias atualmente devo está com 09 alunos.

Prof. G.: São atendidos na oficina de artes atendidos por mim pela manhã 06

alunos divididos em baixa visão e cegos.

Prof. F.: Pelo CAP eu não sei, mais na OM por mim são atendidos 06 alunos.

Prof. J.:Hoje nós temos poucos alunos, atendemos em média 07 alunos.

Prof. RS.:No CAP todo não sei, mais atendidos por mim agora, eu to com 11 alunos,

agora dentro desses 11 , eles vem com prescrição oftalmológica, agora tem aqueles

que vem de vez enquando das escolas, que por exemplo, apresenta dificuldade

visual,em relação a distancia do quadro, vai pra ler perto,pra que eu verifique o

tamanho da fonte, como é que ta a velocidade de leitura dele, como ta a distância

da lousa,ele necessita de um controle, uma boa iluminação, ele necessita de um

recurso óptico pra facilitar a aprendizagem.

A Educação Inclusiva pressupõe que TODAS as crianças

tenham a mesma oportunidade de acesso, de permanência e de

aproveitamento na escola, independentemente de qualquer

característica peculiar que apresentem ou não. No caso da pessoa com

deficiência visual, para que isso ocorra, é fundamental o apoio

educacional de que precisam, de comunicação (tecnologia assistiva)

ou outros tipos de suporte. Mas, o mais importante de tudo, é que a

prática da Educação Inclusiva pressupõe que o professor, a família e

toda a comunidade escolar estejam convencidos e acordo para uma

acessibilidade desse educando.

No CAP- Centro de Apoio Pedagógico às pessoas com

deficiência Visual em Manaus são atendidos, em média, 20 alunos que

frequentam o ensino regular em horários alternados de sua aula na

escola. Isso porque, de acordo com a Política Nacional de Educação

Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), o

AEE precisa ser ofertado no turno contrário de matrícula no ensino

regular do estudante com necessidade especial incluído.

No que concerne a inclusão no ensino regular, é fundamental

destacarmos a importância do professor da classe comum não ter um

número excessivo de estudantes matriculados na classe, de forma que

tenha condições de desenvolver o atendimento às necessidades

Page 63: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

62

educacionais dos educandos de forma significativa. O que se quer

afirmar é que, se o estudante com deficiência tiver o suporte de AEE

e, se o professor da classe comum tiver condições de fazer um

atendimento sistemático e, em alguns momentos em que necessitar,

individualizado desse desenvolvimento, provavelmente, as chances de

êxito educacional serão maiores.

É preciso retomarmos aqui, a fala dos pesquisados quando

analisam o quanto uma sala de aula superlotada pode interferir no

acompanhamento sistematizado e individualizado dos estudantes, de

acordo com suas necessidades educacionais especiais. Como afirma o

MEC, na obra Saberes e Práticas da Inclusão, na área de deficiência

visual, o professor precisa acompanhar cada estudantes em suas

necessidades especiais, mas para isso, é preciso que lhe sejam dadas

condições, o que implica em ter um contingente pequeno de alunos

por turma. (BRASIL, 2003)

Foi com essa preocupação que consultamos os professores

participantes da pesquisa, questionando se o número de estudantes

matriculados na classe comum dificulta o atendimento educacional

das pessoas com deficiência visual na escola regular? Por quê?

(Questão 11)

Prof. F.: O atendimento dificulta o atendimento ao aluno com deficiência visual

numa escola regular, por que existe apenas 1 professor para atender 50 alunos

videntes para 1 ou 2 alunos com deficiência visual, e assim sendo, o preparo do

professor não é suficiente.

Prof. R.: Sim, porque o professor muitas vezes precisa diminuir um pouquinho o

ritmo da aula dela para que o aluno deficiente visual o acompanhe, então fica

complicado, pois as salas sempre tem mais de 30 alunos.

Prof. L.: Não dificulta, porque inclusão é isso, é tentar envolver esse nosso aluno no

meio dos alunos ditos normais, não vejo dificuldade nenhum, só a preparação para o

profissional.

Prof. G.: Dificulta sim.Imagina um deficiente visual, auditivo, esse aluno vai ser

esquecido na maioria das vezes, porque o professor sempre trabalha com a

generalização, isso é um problema, agora,eu acredito que deva ter o professor

substituto.

Prof. J.: Sim, se a classe for super lotada, com certeza vai interferir, por que o

professor apesar de ter que da atenção a todos , ele sempre vai ter que ta mais

voltado para o aluno com deficiência. Então quanto mais aluno ele tiver, mais difícil

vai ser passar a tarefa.

Page 64: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

63

Prof. N.: Acho que sim, porque nós sabemos que não são poucos alunos

matriculados, mesmo sendo alunos videntes que difícil trabalhar imagine uma sala

com 45 alunos e 01 deficiente, sem condições de atender, pra você trabalhar com o

aluno teria que ter um olha a amais pra ele, mais isso é difícil.

Prof. RS.: Bom gente eu vou falar o que eu ouço dos professores, porque eu não

trabalho numa sala de aula regular,tem sala que ta super lotada, que às vezes

precisam mais de um professor. Mais isso é muito relativo, desde que ele tenha uma

ajuda, uma sala de recurso, em uma sala com 35 alunos, mais aquele aluno com

deficiência tenha apoio do CAP, apoio da família que é muito importante.

Nesse sentido Bueno (1998, p.20) afirma que “[...] não basta

inserir os alunos com deficiência no ensino regular, é preciso que nós

estruturemos para eles um serviço de qualidade”. Esse serviço refere-

se ao acompanhamento individualizado do processo educacional, seja

com o estudante deficiente ou não.

Percebemos nas falas dos sujeitos que no momento a

inclusão, há preocupação com a quantidade de pessoas com

deficiência visual que vão ser incluídas no ensino regular, não como

uma ação meramente burocrática, mas como reflexo do

comprometimento total com o processo inclusivo, de forma que haja

uma qualidade de ensino a esses educandos, apoio aos professores,

para que participem de formação continuada para receber esse aluno

com todo suporte pedagógico necessário ao seu desenvolvimento.

A escola com qualidade favorece e incentiva a criação de

laços de amizade entre todos os alunos; ela vai considerar os

conteúdos acadêmicos como meio para se conhecer o mundo e não

como uns fim em si mesmos; estabelecendo assim, parcerias com as

famílias e a comunidade para elaborar e cumprir o projeto escolar. A

partir disso, facilitará com que as práticas e métodos pedagógicos

inseridos durante a formação de conhecimento compartilhado entre

professor e alunos.

Segundo MIRANDA (2009), os estudantes dos cursos de

licenciatura, os graduandos, futuros professores que estarão

assumindo a responsabilidade da educação das novas gerações,

poderão contribuir para efetivar a educação inclusiva, no entanto, é

necessário que o currículo de seus sejam reorganizados, contemplando

esta finalidade.

Page 65: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

64

Dessa forma, desenvolve-se aqui, a ideia de uma caminhada

conjunta entre vida pessoal e vida escolar, caracterizadas por

mudanças constantes, requisitam respostas diversificadas que haja um

atendimento direcionado as pessoas com deficiência visual

matriculados no ensino regular de forma que a tenha qualidade do

aprendizado, incentivando o educando a ter criatividade e a autonomia

em busca do seu próprio conhecimento. Portanto, não basta inserir o

educando com deficiência visual numa sala de aula regular sem o

preparo da escola e do professor, pois será mais um na sala de aula

que possui um número grande de alunos matriculados.

3.3.4. Contribuição do CAP para à Educação na perspectiva

inclusiva.

Muitos educandos com deficiência visual já experimentaram

ou experimentam dificuldades na aprendizagem e de participação no

âmbito escolar, e como consequência desse processo educativo,

podemos refletir sobre como, muitas vezes, no cotidiano das salas de

aula, há a preocupação em homogeneizar as necessidades

educacionais dos estudantes e as várias situações diversas que estes

passam em sua vida.

Isso se reflete em dificuldades encontradas pelos alunos que

buscam agrupar-se por critérios de semelhança de necessidades,

pensando que dessa forma aprendem melhor. A educação inclusiva

implica uma visão diferente da educação comum baseada na

heterogeneidade e não na homogeneidade, considerando que cada

aluno tem uma capacidade, interesse, motivações e experiência

pessoal única, quer dizer, a diversidade está dentro do “normal” MEC

(BRASIL, 2005, p.11).

Analisando criticamente a partir da experiência do estágio, na

cidade de Manaus, O CAP- Centro de Apoio às Pessoas com

Deficiência Visual contribui para que a educação inclusiva ocorra com

amplo desenvolvimento para os estudantes que participam do AEE,

considerando o suporte educacional de complementação curricular e

Page 66: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

65

de confecção de materiais didáticos adaptados, valorizando e

respeitando as diferenças, desenvolvendo o social e pessoal dos

educandos com deficiência visual, e principalmente enriquecendo os

processos de aprendizagem.

Dada essa concepção, à ênfase está em desenvolver uma

educação que valorize e respeite às diferenças, vendo-as como um

oportunidade para otimizar o desenvolvimento pessoal e social e para

enriquecer os processos de aprendizagem. Nesse sentido, cabe analisar

a seguinte questão: Quais as ações desenvolvidas pelo CAP para o

suporte educacional às pessoas com deficiência visual incluídas nas

escolas regulares de ensino, tanto no que se refere à formação de

professores, ao atendimento educacional especializado ao estudante e

à família?

Prof. R.: Primeiro suporte aí é material didático que é feito na produção, ampliado

pra alunos com baixa visão e no futuro no formato digital. Para os professores no

ensino comum nós oferecemos orientação oficina de sensibilização na própria

escola, desde que a escola nos dê espaço para isso, havendo necessidade o diretor da

escola marca a visita conosco, suspende a s aulas, porque tem que ser um dia todo,

aí agente reúne todos os professores, orienta, tira as dúvidas do trabalho e coloca a

disposição o CAP para eles. Quem faz esses trabalhos são as pedagogas, que fazem

as visitas nas escolas, verificando aquele professor qual a sua necessidade. Exemplo,

às vezes o aluno está numa sala barulhenta, o CAP orienta a sala de convivência, de

orientação e mobilidade, do braille também, mais não são todos. Tem alunos que são

bem desenvoltos, então agente atende as necessidades do deficiente visual.

Prof.: F.:O CAP tem vários setores, Braille, OM (orientação e mobilidade),

Informática, recursos ópticos, produção de texto (resposta evasiva).

Dos professores que responderam a questão, analisamos que

as ações desenvolvidas pelo CAP, sem dúvida alguma, são de suma

importância para o desenvolvimento do deficiente visual, pois através

dessas ações o educando incluído nas escolas regulares terá o

acompanhamento devido no que se refere a minimizar as dificuldades

por meio da adaptação curricular e de recursos, e sua capacidade de

aprender receberá maiores estímulos para o seu melhor desempenho

cognitivo e social.

Segundo (GLAT, 2007, p.30), à escola e os sistemas de

ensino precisam reorganizar sua estrutura de funcionamento,

Page 67: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

66

metodologia e recursos pedagógicos, e principalmente, conscientizar-

se e garantir do quanto é essencial que seus profissionais estejam

preparados para essa nova realidade.

Nessa preocupação, o CAP contribui de forma significativa

no apoio aos estudantes e professores, na perspectiva de melhorar o

ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência visual e facilitar o

trabalho pedagógico dos professores no ensino regular, pois, de

acordo com a Coordenadora do CAP (Prof. R), muitas são as ações

para o alcance deste objetivo, conforme apresentamos a seguir:

Máquina de datilografia Braille, impressora Braille acoplada a

computador, sistema de síntese de voz;

Figura 2- Impressora Braille Figura 2- Material

Preparatório para o Braille.

Esse material faz parte da tecnologia assistiva, sua função é

de imprimir em papel informações codificadas em texto para o sistema

Braille (ex. textos, partituras, equações matemáticas, gráficos, etc).

Existem impressoras Braille que utilizam um sistema denominado

interpontos, viabilizando a impressão nos dois lados do papel.

O tato para uma criança cega é de suma importância no seu

aprendizado, e tem que partir dos pais, professores o ensino para a

observação de todos os detalhes a sua volta como: texturas, formas,

tamanhos, pesos, temperatura, consistência e resistência de materiais,

e ir, além a buscar informações fora do seu campo de alcance.

Software de ampliação de tela;

Page 68: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

67

Figura 3- software ampliado.

Esse equipamento ajuda aos educandos com baixa visão,

como a escrita ampliada facilita a leitura destes.

Para as pessoas com deficiência visual um dos recursos mais

conhecidos são impressora braille, que produz material em braille, o

reglete e punção, que caracteriza-se da escrita em braille; bengala

longa que está dimensionada para cada indivíduo; máquina de

datilografia braille; instrumentos de medidas, adaptações que dão

marcas em relevo, em réguas, fitas métricas e outros, gravadores e

livro falado, pelos quais as crianças poderão ouvir os textos

registrados ou os trabalhados em sala de aula.

Equipamento para ampliação de textos para atendimento ao aluno com

baixa, lupas, réguas de leitura;

Figura 4-Telelupa Figura 5- Lupa

Os recursos ópticos são prescritos por oftalmologista. Esse

recurso é para os alunos com baixa visão, compostos de uma ou mais

lentes para aumentar ou ajustar a imagem visual. São lupas (lentes de

aumento), telelupas (minitelescópio) e óculos som prescrição

especiais. Para a utilização desses recursos é usado por qualquer

pessoa com baixa visão, independente da idade, porém para o sucesso

Page 69: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

68

desses benefícios no desenvolvimento da aprendizagem, é necessário

que haja a compreensão de sua necessidade. (BRASIL, 2002)

Os recursos não-ópticos favorecem o funcionamento visual

através de adaptações pelo próprio professor em sala de aula, podendo

usar mesa adaptada, canetas tipo pincel atômico, luminárias, cadernos

com linhas ampliadas e em negrito, marcadores de página e janelas de

leitura, proteção contra luz e brilho e livros ampliados

(CAVALCANTE, 1995, p.19-25).

Sala de estimulação visual;

Através dos nossos cinco sentidos que deciframos o mundo

que está em a nossa volta e tomamos consciência de tudo e de nós

mesmos.

A visão é o principal órgão, pois conseguimos discriminar,

conhecer e interpretar os estímulos captados, e isso, é de suma

importância para o desenvolvimento global, pois está presente maior

parte das nossas ações.

Para Mota (2001, p.1-2), as experiências significativas são

responsáveis pelas decodificações e interpretação do mundo pelas vias

sensoriais (táteis, auditivas e gustativas). Assim, quando se trata de

uma pessoa cega, ela passará a utilizar os seus sentidos remanescentes,

tato, audição, olfato e paladar para perceber o mundo.

Porém, não é um simples ato de usar os sentidos, é preciso

haver estímulo sensorial para que a pessoa cega saiba como organizar

as informações, dando significados às sensações, às percepções do

mundo. Tratando-se nesse aspecto, tem-se à importância da

estimulação para ajudá-la organizar essas informações. Para que isso

aconteça, será necessária a ajuda de um adulto vidente que sentido,

significados e associações adequadas para que o conhecimento e

experiências adquiridos não sejam desconexos.

Na educação com crianças cegas é de suma importância que

esses sentidos sejam ensinados de forma que possam absorver todas as

informações e assim associá-las para o seu uso no dia a dia.

Page 70: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

69

Portanto, a pessoa com deficiência visual deve ser ensinada a

utilizar todos os seus sentidos restantes para poder experimentar o

mundo que as rodeia, desenvolvendo sua capacidade perceptiva para

organizar a as informações, impressões obtidas.

Sala de atividades de vida autônoma;

Para (Gil, 2000, p.11), “O Programa de Atividades da Vida

Autônoma é uma preparação para a vida: capacita para o prazer da

auto-suficiência, liberta da ajuda e da proteção excessivas e motiva

para o crescimento pessoal, por meio de atitudes e valores positivos”.

Dessa forma, esse serviço é essencial para a pessoa com deficiência

visual, não apenas para sua autonomia de ação, mas também para a

auto-estima e autoconceito positivo do sujeito em desenvolvimento.

As habilidades da vida diária de pessoas com deficiência visual

incluem à autonomia de cada um no seu cotidiano. Essa autonomia,

parte desde o princípio de saber se arrumar direito, a cozinhar uma

comida simples, organizar e localizar seus pertences. Essa atividade

de vida autônoma se estenderá para a prática de como pedir ajuda

quando necessário. Segundo (MARTIN; BUENO, 1993, p.342-343),

para que haja essa interação com a pessoa deficiente visual a família

deve ser orientada e envolvida nas atividades práticas com a ajuda do

professor da sala de recursos ou itinerante.

O CAP oferece ainda o Núcleo de informática Inclusiva; a Sala

de Formação de Professores e o Núcleo de Convivência, visando

desenvolver habilidades dos estudantes que possibilitem a autonomia

do aprender e, capacitar os professores, de forma a instrumentalizá-los

para o ensino, adaptando as necessidades especiais dos educandos.

Portanto, considera-se que tais ações são importantes e

contribuem para a acessibilidade do aluno com deficiência visual em

diferentes etapas da sua vida, principalmente para sua formação

educacional.

Para que haja Educação Inclusiva, outro aspecto fundamental é

a participação da família e da comunidade, pois fortalece e

multiplica as ações inclusivas dos educandos com deficiência visual.

Page 71: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

70

Uma atitude positiva dos pais em relação à participação e as

potencialidades do filho com deficiência visual é fundamental para a

sua inclusão escolar e social.

Quando há esta integração na comunidade todos saem

ganhando, pois se estabelece um espaço de trocas e cooperação. A

escola pode cumprir um papel fundamental na conquista da

participação da pessoa com deficiência em outros espaços da

comunidade. (BRASIL, 2005, p.66).

E tendo essa integração os educando com deficiência visual

sairão ganhando com o progresso dos recursos adaptados e

tecnológicos. Verificaremos nas falas dos sujeitos entrevistados a

seguir.

Outro aspecto importante a ser considerado é a contribuição da

tecnologia na educação da pessoa com deficiência visual. Quando

solicitado aos professores que explicassem em “Como as tecnologias e

recursos adaptados podem contribuir para a aquisição de

conhecimento pela pessoa com deficiência visual?” e que indicassem

os softwares e recursos mais acessíveis e utilizados pela pessoa com

deficiência visual, foi esclarecido que seria o

Prof. F.: Dosvox, computador falado para o deficiente visual. Baixa visão,

teclado em relevo e cores mais vivas (amarelo com preto) e teclado em

Braille.

Quando se fala em tecnologias e recursos que auxiliam a

criança ou adolescente com deficiência visual na sala de aula regular,

estes recursos não farão com que o aluno deficiente visual aprenda a

superar todas as dificuldades. Sempre passará na cabeça do professor

qual será o auxilio utilizado no ensino deste educando, sempre será

pensado na dificuldade do professor e as possibilidades que o

educando terá. Não adianta ter todas as tecnologias e recursos se não

houver sentido para o professor e o educando. Por isso, o primeiro

contato e o conhecimento prévio do professor em relação ao educando

com deficiência visual será de grande ajuda, assim, à relação de

educar e aprender será válida para ambos.

Page 72: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

71

Os alunos com deficiência visual geralmente usam os mesmos

recursos materiais que os demais alunos, porém existem, adaptações

que podem ser necessárias para facilitar a realização de atividades

para quem possui alguma limitação motora, sensorial ou cognitiva.

Esses recursos são chamados de “ajudas técnicas” ou “tecnologias

assistivas”.

Infelizmente, a falta de informação ou acessibilidade de alguns

deficientes visuais e dos professores contribui para que não usufruam

desses recursos, pois são caros para a maioria ou não sabe da

existência do CAP- Centro de Apoio às Pessoa com Deficiência

Visual. Dessa forma, o professor necessitará ser criativo para adaptar

materiais que possam ser utilizados no trabalho com este educando.

Mas, é essencial que a professora participe de formação continuada

para instrumentalizá-la quanto a essas questões que podem facilitar o

processo de ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência visual.

A qualificação de professores é um dos passos importantes

para o processo de inclusão de pessoas com necessidades educacionais

especiais. De acordo com os dados coletados os professores são

encaminhados ao CAP para formação continuada pelas escolas onde

trabalham no ensino regular; via expresso (recurso eletrônico utilizado

pela SEDUC para o estabelecimento de comunicação com as escolas

da rede estadual de ensino); divulgação por meio dos colegas que já

participaram dos cursos dos apoios especializados (Sala de Recurso)

em escolas do ensino regular.

Segundo MEC (BRASIL, 2008):

Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação,

inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e

conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no

atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter interativo e

interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos,

nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade

das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes

domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial ( BRASIL,

2008).

Page 73: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

72

Portanto, o CAP é de extrema importância na formação dos

professores que trabalham com educandos deficientes visuais numa

escola regular da cidade de Manaus, considerando que contribui para

o esclarecimento da temática, a capacitação de professores e

estudantes, além da oferta de recurso didático-pedagógicos.

Isso porque, se a escola não disponibilizar de nenhum recurso

didático para que o educando possa acompanhar as atividades em sala

de aula, deve-se procurar o CAP, que poderá orientar quanto a formas

de como ensiná-lo através de equipamentos importantes para o

desenvolvimento cognitivo, como: Reglete (tipo de régua para se

escrever em braile); Punção é o lápis - ou a caneta da pessoa cega;

Máquina braile; Mapa tátil para ensinar geografia e informar sobre a

localização de lugares para pessoas cegas. Pode ser feito recobrindo-se

os mapas comuns com materiais com texturas diferentes ou com areia,

argila, massinha etc.; Lupas, lentes de aumento e réguas de leitura;

Soroban com ele o estudante aprende concretamente os fundamentos

da matemática, as ordens decimais e seus respectivos valores, as

quatro operações e mesmo cálculos mais complexos (BRASIL, 2008).

O importante é que, mesmo sem recursos sofisticados, o

professor possa encontrar soluções para que seu aluno tenha

acompanhamento das atividades na sala de aula. E isso só poderá

acontecer se a escola e o professor tiverem apoio e sensibilidade,

disponibilidade para juntos encontrarem soluções.

3.3.4.1 Ações na formação continuada que contribuem para

facilitar o processo ensino-aprendizagem.

Considerando a observação direta realizada no CAP, assim

como, na fala da Coordenadora Pedagógica do CAP, destacamos que

“a escola precisa reorganizar sua estrutura de funcionamento,

metodologia e recursos pedagógicos, e principalmente, conscientizar e

garantir que seus profissionais estejam preparados para essa nova

realidade”. (GLAT, 2007, p. 30).

Page 74: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

73

Por isso é importante para o deficiente visual incluído na sala

regular, que o professor tenha conhecimento das adaptações didáticas

(ampliação de textos e tradução para o Braille), atendimento

pedagógicos nas escolas, programa de reabilitação existentes para

adaptação do deficiente visual e principalmente formação continuada

para os professores.

Logo, enfatizamos que a formação dos professores tanto

inicialmente quanto continuada precisa proporcionar conhecimentos,

pelo menos dos básicos, recursos para atender esse educando com

deficiência. Esses conhecimentos ajudarão que o processo de

aprendizado seja de grande valia e autonomia desses educandos.

Vale ressaltar que, no decorrer do levantamento de dados,

foram entrevistados 02 professores atuantes no ensino regular. Uma

professora que fez o processo de formação continuada e outro

professor que atua no ensino regular, porém não fez a formação

continuada pelo CAP, apenas utiliza os recursos oferecidos porque

este ano em sua sala entrou uma educanda com deficiência visual.

A seguir, temos relatos contando como foi receber alunos com

deficiência em sala de aula através de questionários para melhor

entendermos suas falas.

Questão 5- Como o CAP tem contribuído para o seu trabalho e

para o desenvolvimento da educação na perspectiva inclusiva?

Prof. S.: A escola me encaminhou para utilizar os recursos que o CAP proporciona

para a formação continuada, assim, fica fácil adaptar materiais didáticos para o meu

aluno. A escola deve mudar suas estruturas físicas e processos metodológicos, o

PPP, se adaptando ao aluno com deficiência visual.Assim, consigo fazer com que

minha aluna aprenda, não se sinta excluída e o melhor feliz de está na escola com os

demais colegas videntes. Mesmo eu não ter feito algum tipo de formação no CAP, já

fico feliz por poder utilizar os recursos oferecidos e agora vou fazer as próximas

formações que forem oferecidos.

Prof.: M.: Começar pela conscientização dos alunos e professores da escola,

desfazer o preconceito sobre deficientes em geral, depois a escola se adaptou tanto

na estrutura física quanto na metodologia. Facilitando o processo ensino-

aprendizagem dos alunos com deficiência visual. Foi de grande importância eu fazer

o curso de formação, assim, me sinto mais seguras para poder ensinar os meus

alunos com deficiência visual. E isso om certeza, me preparar mais e mais para os

próximos que vierem.

Page 75: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

74

Nas falas dos sujeitos, eles demonstram a empolgação do CAP

proporcionar recursos e ensinar métodos para que eles possam

transmitir seus conhecimentos ao educandos com deficiência visual,

assim como, para os outros alunos ditos ”normais”.

No nível da sala de aula e das práticas de ensino, todos da escola

precisam fazer mobilização, desde o professor e/ou de uma equipe

escolar, para que tenha uma mudança educacional, mas como a

inclusão não acontece de modo semelhante em todas as escolas,

mesmo havendo um Projeto Político Pedagógico que oriente as ações

educativas da escola, tem que existir uma entrega, uma disposição

individual ou grupal de se expor a uma experiência educacional

diferente das que estão habituados a viver. (BONDIA, 2002).

Nesse sentido, para que qualquer transformação ou mudança

seja verdadeira, é preciso que os professores tenham experiências para

poder se sair bem nesse processo, precisam ser receptivos, disponíveis

e abertos a vivê-la, sem resistências, sem segurança, poder, firmeza,

garantia. (Idem)

Buscando compreender como a inclusão está ocorrendo na

prática, perguntamos aos professores: “Em sala de aula, como o

estudante com deficiência visual tem participado das aulas?”

Prof. S.: No primeiro momento são tímidos, calados, não dizem se entenderam ou

não. No meu caso tive que mostrar segurança e interesse para que ela pudesse

começar a interagir comigo(professor) e os demais colegas.

Prof. M.: Com os meus alunos encontrei mais dificuldades com o cego total, pois

antes de ir para o CAP não sabia como direcionar o ensino dele. Agora eles estão

mais seguros de si e aprendendo bastante como os demais alunos videntes.

Nas falas percebe-se que os educandos com deficiência visual

ainda se sentem inseguros na sala comum do ensino regular, pois não

sabem se conseguirão aprender, não sabem se o professor irá superar

suas expectativas, que é simples, aprender sem preconceitos. É por

essa razão, que a criação de espaços educacionais que valorizem a

diferença e a manifestação, mesmo que pequena, dos potenciais de

Page 76: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

75

desenvolvimento dos estudantes é essencial, de forma a gerar nos

sujeitos participantes do processo, segurança e confiança na produção.

Retomando as questões de formação dos professores para

atender os estudantes com deficiência visual, perguntamos aos

professores sobre “Quais os cursos de formação você já fez por meio

do CAP?”

Prof. S.: Não fiz nenhum curso de formação, pois até então não tinha interesse na

área especial porque não tinha contato em sala de aula com algum deficiente visual.

Prof. M.: Fiz formação de professores e sala de recursos.

Infelizmente, em razão do desconhecimento dos serviços

oferecidos na sociedade para a formação de professores, somados com

a falta de interesse profissional na área de educação especializada para

o atendimento à pessoa com necessidade especial, são poucos os

professores que ainda sabem da existência do CAP, para ajudar

aprimorar seus conhecimentos e que assim, possam transpassar para

os educandos com deficiência visual.

De fato uma escola bem preparada para receber os educandos

com deficiência visual seria de grande qualidade para um ensino

especializado. Todos os recursos ópticos, não-ópticos, materiais

didáticos, sorobã, braille são de grande importância para que os

professores se sintam capacitados de ministrar sua função com

máxima valia, de transmitir conhecimentos, valores e respeito para

com os demais.

Importante perceber a necessidade desses recursos na prática.

Assim, solicitamos aos professores que nos informasse sobre “Como

as tecnologias e recursos materiais adaptados podem contribuir para a

aquisição de conhecimento pela pessoa com deficiência visual?”

Prof.S.: De uma maneira geral? Ajuda e muito, pois se o aluno deficiente visual

souber e ter como usar as tecnologias, seu desenvolvimento em aprender será

descobrir o mundo com os outros sentidos. Infelizmente algumas escolas não estão,

ainda, preparadas estruturalmete. Eu ainda não sei utilizar porque não tive contato.

Prof. M.: Ajuda os alunos a terem mais confiança e buscar mais conhecimentos além

do que em sla de aula o professor passa para eles. Estou aprendendo usar a parte de

informática aqui pelo CAP, e fazer adaptações eu me viro na escola.

Page 77: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

76

Importante destacar que, nas escolas esses recursos ainda não

são tão acessíveis para os alunos com deficiência visual e nem para os

professores, dificultando o desenvolvimento do processo educacional.

Isso porque, Nunes (2009, p. 224), define a tecnologia assistiva como:

uma área do conhecimento que se propõe a promover e ampliar habilidades em

pessoas com limitações funcionais decorrentes de deficiência. Recursos que

favorecem a comunicação, a adequação postural e a mobilidade, o acesso

independente ao computador, a escrita alternativa, o acesso diferenciado ao texto, os

recursos para cegos e para surdos, as órteses e as próteses, os projetos arquitetônicos

para acessibilidade, os recursos variados que promovem independência em

atividades de vida diária como alimentação, vestuário e higiene, mobiliário e

material escolar modificado são apenas alguns exemplos das inúmeras modalidades

e possibilidades de tecnologia assistiva.

Nesse sentido, é de grande importância que as salas de aula

estejam equipadas com recursos tecnológicos necessários ao

desenvolvimento dos estudantes, assim como, que todo o corpo

docente seja preparado, pois, o aluno quando incluído na escola é

responsabilidade de todos e não só do professor da sala de aula.

Segundo a Coordenadora do CAP (Prof. R.), os cursos de

capacitação de professores para atuar com estudantes deficientes

visuais são oferecidos de acordo com a necessidade do aluno

deficiente visual incluído na sala regular, assim essa formação será de

grande valia e qualidade, objetivando contribuir para atender as

necessidades educacionais de cada aluno.

Sabemos que a inclusão é um desafio para os educadores, que

têm dúvidas e questões sobre a sua capacidade atender as necessidades

especiais dos estudantes, de como proceder para vencer este desafio.

A inclusão envolve uma necessidade maior de se pensar a respeito do

próprio fazer pedagógico, pois exige que se revejam caminhos e

formas de ensinar.

3.3.4.2 Análise da contribuição da formação no CAP para atender

alunos com deficiência visual no ensino regular: percepção dos

estudantes.

Page 78: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

77

Para finalizar nossas reflexões sobre a inclusão da pessoa com

deficiência visual em classe comum do ensino regular, pensamos ser

fundamental conhecer as percepções destes sujeitos que estão vivendo

o processo a partir de sua condição de deficiência. Dessa forma,

perguntamos as estudantes: “Como você acha que deve ser a educação

inclusiva?”

Al. C.: Receber agente sem preconceito e nos deixar de lado.

Al. B.: Sem esquecer da gente, porque eu aprendo igual a eles também.

Percebe-se na fala das estudantes que o predominante para a inclusão

é a aceitação, o reconhecimento de que todo sujeito é capaz de aprender,

independente das limitações ocasionadas pela deficiência. Como afirma

Sassaki (1998), o primeiro passo para que a inclusão dê certo, é está aberto

para perceber as capacidades dos seres humanos, é acreditar que é possível o

aprender.

Nesta perspectiva, buscamos conhecer como está acontecendo

na prática, a partir da percepção das estudantes, a inclusão na escola

regular. Para tanto, perguntamos a elas: “Como você é atendida na

escola pelos professores, alunos e demais funcionários da escola?

Você se sente participando de todas as atividades da escola?”

Al.C.: Todos me tratam super bem, a professora me ensina muito bem, eu venho ao

CAP,e isso facilita que eu aprenda melhor lá na escola.Ah! Lá também eu utilizo a

sala de recurso e já tô aprendendo o braille.

Al.B.: Normal.

Percebe-se o quanto a socialização é um aspecto importante e

deve ser estimulada (BATTAGLIA, 2005). É bom que a criança com

deficiência visual sinta-se aceita e respeitada por seus pares e

professores. Da mesma forma, é de grande relevância para seu

desenvolvimento participar do AEE no CAP para que ela possa ter um

acompanhamento mais sistemático e especializado, assim como,

maior êxito em sua vida escolar e social.

Nesse sentido, os pais devem ser orientados sobre a importância

de levarem seus filhos para o AEE, percebendo a relevância para o

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78

desenvolvimento de seu filho. Da mesma forma, é importante que a

família oportunize a participação em atividades sociais para que a

criança sinta-se participante do processo social e aceita, independente

da sua deficiência.

Al. C.: Ter mais recursos para poder eu aprender mais ainda. Eu tenho sorte porque

meus pais me deram tudo na medida do possível.

Al.B.: Que eu tivesse mais material para estudar, eu e os outros colegas que tem

deficiência visual.

A carência de recursos didáticos adaptados para deficientes

visuais ocasiona uma visão fragmentada da realidade e com isso o

foco de interesse e de motivação dos alunos cegos e com baixa visão

pode ficar comprometido. Os recursos destinados ao Atendimento

Educacional Especializado desses alunos devem ser inseridos em

situações e vivências cotidianas que possam estimular à exploração e

o desenvolvimento pleno dos outros sentidos.

Recursos tecnológicos, equipamentos e jogos pedagógicos

contribuem para que as situações de aprendizagem sejam mais

agradáveis e motivadoras em um ambiente de cooperação e

reconhecimento das diferenças (MEC, 2006). Com isso, é possível,

através das informações se ter criatividade para confeccionar ou

adaptar recursos abrangentes ou de uso específico.

No que se refere a frequência com que vão ao CAP e de que

atendimentos participa, as estudantes responderam que:

Al.C.: Venho duas vezes por semana e faço o AVA, vou a psicológa, sala de

informática, OM (orientação e mobilidade) e aula de braille.

Al.B.: Duas vezes, uso o AVA e a sala de reabilitação óptica.

Destacamos que a frequência é importante para que o trabalho

que está sendo feito com elas siga uma sequencia lógica, assim como,

possa possibilitar o progresso em seu desenvolvimento. Logo, com a

estimulação sistematizada de seus potenciais, grande será a

possibilidade de êxito no processo de aprender.

Page 80: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

79

Vale ressaltar que com a orientação devida, as estudantes

também poderão utilizar, caso tenham disponível na escola ou em

casa, os recursos tecnológicos, principalmente o computador, que

facilitam as atividades de educadores e educandos porque possibilitam

a comunicação, a pesquisa e o acesso ao conhecimento (MEC, 2006,

p.33). Existem programas leitores de tela com síntese de voz,

concebidos para usuários cegos, que possibilitam a navegação na

internet, o processamento de textos e uma infinidade de aplicativos

operados por meio de comandos de teclado que dispensam o uso do

mouse.

Entre eles estão:

DOSVOX: sistema operacional desenvolvido pelo Núcleo de

Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Possui um conjunto de ferramentas e aplicativos próprios além de

agenda, chat e jogos interativos. Pode ser obtido gratuitamente por

meio de “download” a partir do site do projeto.

VIRTUAL VISION: é um software brasileiro desenvolvido pela

Micropower, em São Paulo, concebido para operar com os utilitários e

as ferramentas do ambiente Windows. É distribuído gratuitamente

pela Fundação Bradesco e Banco Real para usuários cegos. No mais, é

comercializado. Mais informações no site da empresa:

JAWS: software desenvolvido nos Estados Unidos e mundialmente

conhecido como o leitor de ela mais completo e avançado. Possui uma

ampla gama de recursos e ferramentas com tradução para diversos

idiomas, inclusive para o português. No Brasil, não há alternativa de

subvenção ou distribuição gratuita do Jaws, que é o mais caro entre os

leitores de ela existentes no momento.

Existem, ainda, para a acessibilidade de recursos, outras

ferramentas que possibilitam a produção de livros em formato digital,

em áudio e em braille. É o caso, por exemplo, de scanner, de

programas de reconhecimento óptico de caracteres para a digitalização

de textos e programas que permitem converter o texto digitalizado em

arquivo de áudio (MEC, 2006). É necessário que essas ferramentas

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80

estejam disponíveis no âmbito do sistema escolar, nos serviços e

centros de apoio que visam promover a inclusão escolar e social.

No que se refere à acessibilidade, destacamos a necessidade de

promover a comunicação e o entrosamento entre todos os alunos com

diferentes condições visuais, é indispensável que os recursos didáticos

possuam estímulos visuais e táteis. Portanto, o material deve

apresentar cores contrastantes, texturas e tamanhos adequados para

que se torne útil e significativo. (MEC, 2008).

Para que esse entrosamento e comunicação aconteça é

necessário que haja fidelidade da representação que deve ser tão exata

quanto possível em relação ao modelo original. Além disso, deve ser

atraente para a visão e agradável ao tato.

A Coordenadora do CAP (Prof.R.) destacou algumas sugestões

que podem ser utilizadas pelo professor podemos para facilitar o

aprendizado dos educandos com deficiência visual, como:

Cela braille: confeccionada com caixas de papelão, frascos de

desodorantes e embalagem de ovos;

Cela braille Vasada: confeccionada em vários tamanhos com acetato

usado em radiografias ou papelão;

Celinha braille: feitas com caixas de chicletes, botões, cartelas de

comprimidos, caixa de fósforo, emborrachado;

Caixa de vocabulário: caixa de plástico ou de papelão contendo

miniaturas coladas em cartões com o nome do objeto em braille e em

tinta;

Alfabeto: letras cursivas confeccionadas com emborrachado, papelão ou

em arame flexível;

Gaveteiro alfabético: cada gaveta contém miniaturas de objetos

iniciados com a letra fixada em relevo e em braille na parte externa;

Figuras geométricas em relevo: confeccionadas com emborrachado,

papelão e outros;

Fita métrica adaptada: com marcações na forma de orifícios e pequenos

recortes;

Baralho: adaptado com inscrição em braille do número e naipe;

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81

Dominó: adaptado com diferentes texturas de tecido;

Jogo de dama: adaptado com velcro;

Jogo da velha: adaptado com peças de encaixe ou imantadas;

Resta 1: adaptado com embalagem de ovos e bolinhas de isopor ou

papel machê e bolinhas de gude.

Cabe ressaltar que os recursos adaptados para o aluno com

deficiência visual ainda são incipientes nos espaços das escolas,

questão que dificulta seu processo de aprendizagem e a autonomia.

Portanto, para que os professores na sua formação, tanto inicial

quanto continuada, possam se apropriar de conhecimentos teórico-

práticos sobre e para a acessibilidade, é preciso que haja investimento

de politicas públicas, assim como, a autoformação profissional

(NUNES, 2009, p. 225). Com isso, as atividades educativas

desenvolvidas com educandos com deficiência visual terão melhor

êxito e possibilitarão maior rendimento escolar.

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82

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa é resultante do estudo realizado na

disciplina de Pesquisa e Prática II, vivenciada no nono período do

curso de licenciatura em Pedagogia, momento em que a reflexão do

processo educacional inclusivo das pessoas com deficiência visual

surge como temática a ser desenvolvida para a construção deste

Trabalho de Conclusão de Curso.

A pesquisa desenvolveu-se em uma escola estadual que realiza

atendimento educacional específico aos educandos com necessidades

especiais, mais especificamente no CAP - Centro de Atendimento para

as Pessoas com Deficiência Visual, por realizar o atendimento

educacional especializado aos estudantes com esta deficiência,

incluídos nas classes comuns da rede estadual de ensino.

Nesse sentido, o estudo se propõe analisar a contribuição do

CAP - Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência

Visual para a educação na perspectiva inclusiva na cidade de Manaus,

focalizando o trabalho pedagógico voltado para o respeito, a

valorização das diferenças entre os que aprendem e os que ensinam. O

estudo parteo do princípio de que o desejo de ensinar e de aprender, a

postura de observação, indagação e investigação constantes, bem

como a valorização e a aceitação das diferentes necessidades do

processo de aprendizagem de cada educando na sala de aula, são

fatores importantes que repercutirão na elaboração do conhecimento.

Ressaltamos que o trabalho alcançou todos os objetivos

propostos à medida que foi possível, através da coleta de dados,

refletir sobre as necessidades, desafios e possibilidades do

desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes com deficiência

visual na perspectiva da educação inclusiva. Outrossim, foi relevante

conhecer o importante trabalho realizado pelo CAP, tanto na

estimulação da aprendizagem e desenvolvimento de habilidades dos

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83

estudantes, como na formação e orientação de educadores e

comunitários.

Como resultados da pesquisa, detectou-se que a maioria das

escolas do ensino regular na cidade de Manaus necessita de inúmeras

adequações em relação ao processo de inclusão que perpassam por

uma série de segmentos da escola. Verificou-se ainda, a falta de

formação inicial e continuada dos professores para trabalhar com

estudantes deficientes visuais, assim como, a escassez de recursos

técnicos e metodológicos, a inadequação da estrutura física dos

prédios escolares que não dispõe de acessibilidade o sujeito deficiente,

a falta de planejamentos adequados, entre outros.

Apesar do CAP atender, atualmente, apenas 20 estudantes com

deficiência visual incluídos na rede regular de ensino, tais resultados

demonstram que o atendimento aos alunos cegos e/ou baixa visão nas

escolas requer maior investimento de recursos didáticos e

tecnológicos, assim como, políticas públicas para a formação

continuada de professores, tanto os que atuam no CAP, como os do

sistema regular de ensino.

Salientamos a importância do atendimento educacional

especializado desenvolvido pelo CAP – Centro de Apoio Pedagógico

às Pessoas com deficiência visual, no suporte ao ensino comum, tanto

em relação aos estudantes como aos professores, considerando a

carência de informações, recursos e adequações curriculares na escola

regular. É com o acompanhamento sistemático deste centro que está

sendo possível o desenvolvimento muitos estudantes e à adequação do

trabalho de muitos educadores no processo educacional inclusivo.

Isso porque, percebemos a necessidade de se conceber

alterações nas propostas curriculares tornando-as inclusivas, de forma

a desenvolver ações mais coerentes e comprometidas com os novos

paradigmas educacionais defendidos na atualidade, e com a orientação

dos profissionais do CAP, isso começa a acontecer nas práticas

escolares. Vale ressaltar que estas adaptações também precisam está

garantidas no Projeto Político Pedagógico – PPP da escola, de forma a

resguardar o respeito e a valorização das possibilidades de

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84

desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos, independente de ter ou

não uma deficiência.

Outrossim, ressaltamos a necessidade de maior investimento de

políticas públicas nos serviços oferecidos pela equipe do CAP,

inclusive com ampliação no quadro de educadores, considerando as

inúmeras atividades desenvolvidas como: atendimento educacional

especializado aos estudantes com deficiência visual incluídos no

ensino regular, orientação e formação de professores e comunitários,

produção de materiais adaptados, confecção de livros em Braille

orientando e capacitando em relação à temática atende todos os

estudantes, atividade de vida autônoma e reabilitação, serviço de

professor itinerante.

Dessa forma, os dados desta pesquisa refletem a relevância que

o CAP representa na comunidade escolar, visto que o processo de

inclusão é extremamente delicado e minucioso, uma filosofia de

trabalho que exige criatividade e alternativas para reconhecer e

respeitar as singularidades e diferenças individuais. A inserção do

aluno deficiente visual na escola não pode ser representada apenas

com a garantia da matrícula e sim pela promoção de propostas

educacionais que atendam as necessidades educacionais especiais do

educando com deficiência visual e a inclusão em todos os segmentos

da escola e sociedade.

É importante ressaltar que as instituições públicas muito

precisam caminhar para tornarem-se realmente acessíveis a todos os

estudantes da escola, principalmente para o educando cego, que

encontra maiores empecilhos na escola, considerando sua necessidade

de suporte técnico, teórico-prático, metodológico e cultural que

favoreça a sua aprendizagem, apoiado em objetivos, conteúdos,

critérios, procedimentos de avaliações, atividades, metodologias

planejadas para atender as necessidades educacionais especiais dos

escolares.

Diante dessa realidade entende-se que para o processo de

inclusão, o atendimento educacional especializado a ser realizado com

os estudantes deficientes visuais, contribui significativamente para a

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85

resolução das problemáticas relacionadas às necessidades de

desenvolvimento dos educandos, representando um desafio à escola.

Isso implica em lidar com as dificuldades dos contextos, respeitar as

singularidades dos estudantes e a construção coletiva do conceito de

inclusão, onde todos, independentemente de seu nível de

desenvolvimento e aprendizagem, precisam ser atendidos em suas

necessidades educacionais especiais.

Por meio desta pesquisa, salientamos a necessidade de inserir

essa temática nos estudos curriculares dos cursos de formação de

professores, uma vez que não basta ofertar vagas e inserir o sujeito

deficiente visual no espaço escolar, deve-se, sobretudo, oferecer

condições concretas a todos de frequentar à escola pública regular.

Page 87: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

86

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Page 90: INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

89

APÊNDICE A - ENTREVISTA 1 -

COORDENADORES/PROFESSORES DO CAP

1º) O que é educação inclusiva?

2º) Como os professores tem se manifestado em relação a educação

dos estudantes com deficiência na perspectiva da educação Inclusiva

nos dias de hoje?

3º) Quantos estudantes com deficiência visual são atendidos pelo

CAP?

4º) Quais as ações desenvolvidas pelo CAP para o suporte educacional

às pessoas com deficiência visual incluídas nas escolas regulares de

ensino, tanto no que se refere a formação de professores, ao

atendimento educacional especializado ao estudante e à família?

5º) Como a escola pode se preparar para receber o aluno com

deficiência visual nas classes comuns e podem oferecer o direito e

acessibilidade desses estudantes, sem discriminação e sem que eles

sejam apenas “mais um” matriculado na escola regular?

6º) Quais são as adaptações arquitetônicas e curriculares necessárias

para que o aluno com deficiência visual possa ser atendido com

qualidade na escola comum em uma proposta de educação inclusiva?

7º) Como as tecnologias e recursos adaptados podem contribuir para à

aquisição de conhecimento pela pessoa com deficiência visual?

Indique os software e recursos mais acessíveis e utilizados.

8º) Existem adaptações a serem feitas na classe comum para avaliar o

estudante com deficiência visual?

9º) Quais as parcerias importantes para que à educação inclusiva

aconteça efetivamente?

10º) Para que à inclusão aconteça, a escola precisa ter especialistas em

seu quadro funcional?

11º) O número de estudantes matriculados na classe comum dificulta

o atendimento educacional das pessoas com deficiência visual na

escola regular? Por quê?

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APÊNDICE B - ENTREVISTA 2 -

PROFESSORES DA ESCOLA REGULAR

1º) O que educação inclusiva?

2º) Como está acontecendo a educação dos estudantes com deficiência

na perspectiva Inclusiva nos dias de hoje?

3º) Como a escola pode se preparar para receber o aluno com

deficiência visual nas classes comuns e poderem oferecer o direito e

acessibilidade desses estudantes, sem discriminação e sem que eles

sejam apenas “mais um” matriculado na escola regular?

4º) Você tem estudantes com deficiência visual matriculados em sua

sala de aula? Quantos? Eles são atendidos pelo CAP?

5º) Como o CAP tem contribuído para o seu trabalho e para o

desenvolvimento da educação na perspectiva inclusiva?

6º) Em sala de aula, como o estudante com deficiência visual tem

participado das aulas?

7º) Quais os cursos de formação você já fez por meio do CAP?

8º) Quais são as adaptações arquitetônicas e curriculares necessárias

para que o aluno com deficiência visual pode ser atendido com

qualidade na escola comum em um proposta inclusiva?

9º) Como as tecnologias e recursos materiais adaptados podem

contribuir para a aquisição de conhecimento pela pessoa com

deficiência visual? Você sabe como utilizar esses recursos?

10º) Existem adaptações a serem feitas na classe comum para avaliar o

estudante com deficiência visual? Você as realiza?

10º) Quais as parcerias importantes para que a educação inclusiva

aconteça efetivamente?

11º) Para que a inclusão aconteça, a escola precisa ter especialistas em

seu quadro funcional?

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91

APÊNDICE C – ENTREVISTA 3 -

ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL

1º) Como você acha que deve ser a educação inclusiva?

2º) Como você é atendido na escola pelos professores, alunos e

demais funcionários da escola? Você se sente participa de todas as

atividades da escola?

3º) Como acredita que as escolas podem se preparar para receber o

aluno com deficiência visual nas classes comuns?

4º) Quantos dias você vem para o CAP e quais as atividades que você

realiza aqui?

5º) Você usa o computador para estudar? Como ele te ajuda?

6º) O que você acha que precisa mudar na escola para que você tenha

mais condições para aprender?

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ANEXO A - SUGESTÕES DE MATERIAIS

ADAPTADS QUE PODEM SER UTILIZADAS PELOS

PROFESSORES PARA FACILITAR O APRENDIZADO DOS

EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL1

Cela braille: confeccionada com caixas de papelão, frascos de

desodorantes e embalagem de ovos;

Cela braille Vasada: confeccionada em vários tamanhos com acetato

usado em radiografias ou papelão;

Caixa de vocabulário: caixa de plástico ou de papelão contendo

miniaturas coladas em cartões com o nome do objeto em braille e em

tinta;

1 Sugestão da Coordenadora Pedagógica do CAP, Prof. R.

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Alfabeto: letras cursivas confeccionadas com emborrachado, papelão ou

em arame flexível;

Figuras geométricas em relevo: confeccionadas com emborrachado,

papelão e outros;

Baralho: adaptado com inscrição em braille do número e naipe;

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Dominó: adaptado com diferentes texturas de tecido;

Jogo de dama: adaptado com velcro;

Jogo da velha: adaptado com peças de encaixe ou imantadas;