incentivos para entrada em mercados internacionais: …siaibib01.univali.br/pdf/marilane...

26
Universidade do Vale do Itajaí Campus São José Curso de Relações Internacionais INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: UM ESTUDO DE CASO DIRIGIDO À INDÚSTRIA CATARINENSE MARILANE STEFFENS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a banca examinadora do curso de Relações Internacionais como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais, pela Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. MSc. Álvaro José de Souto. São José (SC), novembro de 2008

Upload: others

Post on 04-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

Universidade do Vale do Itajaí Campus São José Curso de Relações Internacionais

INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS:

UM ESTUDO DE CASO DIRIGIDO À INDÚSTRIA CATARINENSE

MARILANE STEFFENS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a banca examinadora do curso de Relações Internacionais como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais, pela Universidade do Vale do Itajaí

Orientador: Prof. MSc. Álvaro José de Souto.

São José (SC), novembro de 2008

Page 2: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar o potencial exportador do estado de Santa Catarina e apresentar as vias para melhor desenvolver este potencial utilizando-se de incentivos às exportações oferecidos pelo governo e outras entidades. A indústria catarinense apresenta participação crescente nos números alcançados pelas exportações brasileiras durante os últimos anos e ainda possui muito potencial a ser desenvolvido, principalmente entre as pequenas e médias empresas. Existe um grande número de incentivos fiscais, financiamentos e órgãos de apoio ao comércio exterior disponíveis aos exportadores, porém a cultura exportadora ainda não faz parte da maioria das empresas catarinenses. Os motivos para a internacionalização de empresas e as vantagens em adentrar o mercado internacional precisam ser mais bem divulgados, assim como os incentivos existentes. Desenvolver a cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens para o governo, para as indústrias e para a sociedade catarinense. A exportação é um meio extremamente importante de alcançar competitividade dentro do mercado interno e de posicionar o Brasil em definitivo como importante ator econômico global. É imperativo que mais empreendedores catarinenses conheçam os meios para alcançarem o mercado externo. Através de pesquisa exploratória, documental e bibliográfica este artigo salienta a importância da estratégia de internacionalização, descreve as vantagens em desenvolver a cultura exportadora, analisa a participação catarinense no comércio mundial e apresenta incentivos disponíveis para o crescimento desta participação.

Palavras-chave: Exportação, Comércio Internacional, Internacionalização, Incentivos à

exportação, Órgãos de suporte ao exportador.

ABSTRACT This article’s purpose is to analyze the state of Santa Catarina’s potential to export, and to present ways to better develop such potential by using incentives offered by the government and other entities. Santa Catarina’s industries’ participation in the numbers reached by Brazilian sells abroad is growing and still has potential to be developed, especially among small and medium companies. There is a large number of fiscal incentives, financings and organizations that support international trade available to exporters. The motives for business internationalization and the advantages for entering the international market need to be better promoted, as are the available incentives. To develop the export culture in the state’s small and medium businesses results in advantages for the government, for the industries themselves and to Santa Catarina’s society. Exports are an extremely important way to reach a competitive level on the national market and to position Brazil as a definitive and important global economic player. It is imperative that more of Santa Catarina’s entrepreneurs know the means to reach the external market. Through exploratory, documental and bibliographic research, this article presents the relevancy of internationalization strategies, describes de advantages of developing the export culture, analyses Santa Catarina’s participation in world trade and presents available incentives to the growth of the state’s part in Brazilian exports. Key words: Exports, International Trade, Internationalization, Incentives to Export, Supporting Organizations for Trade.

Page 3: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

3

INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS:

UM ESTUDO DE CASO DIRIGIDO À INDÚSTRIA CATARINENSE

Marilane Steffens

Sumário: 1. Introdução; 2. Comércio internacional; 3. Internacionalização de empresas; 4.

Por que desenvolver uma cultura exportadora; 5. Participação catarinense nos números

brasileiros no comércio mundial; 6. Incentivos disponíveis às empresas catarinenses

interessadas em internacionalizar-se; 6.1 Órgãos de suporte ao comércio exterior; 6.2

Programas de incentivo à exportação; 7. Considerações finais; Referências.

1. INTRODUÇÃO

A pertinência deste artigo consiste na elaboração de um estudo sobre a

participação das empresas catarinenses na crescente expansão do Brasil no comércio

internacional e os incentivos para sua entrada no mercado externo. Com o grau atual de

abertura das economias do mundo, a diminuição do protecionismo comercial e evolução dos

transportes e tecnologias, o avanço dos mercados para além das fronteiras nacionais torna-se

essencial e segue o desenvolvimento do capitalismo. Empresas de pequeno e médio porte

precisam preparar-se para combater a concorrência global e manterem-se vivas em um

ambiente mais e mais competitivo. Afim de manter o mercado nacional tais empresas

necessitam desenvolver-se visando o mercado internacional. Para tal deve-se promover uma

mudança na mentalidade dos empresários, criar neles uma cultura exportadora e existe hoje

um enorme interesse do governo brasileiro em estimular as vendas externas visando este fim.

É importante para um internacionalista entender a necessidade de expandir as

operações das organizações e posicionar-se de forma adequada em diversos mercados em

resposta à concorrência global e à invasão competitiva existente no território nacional.

Conhecer as formas de inserir-se no mercado externo e as fontes de informação estratégica

bem como de incentivos à exportação é crucial para o desenvolvimento de um profissional

com cultura exportadora e visão global de negócios. Santa Catarina merece atenção por ser

um estado com grande potencial exportador onde há incentivo para a internacionalização de

pequenas e médias empresas que podem acrescer muito aos números já atingidos.

Desenvolver tal potencial significaria o fortalecimento industrial do estado, criação de

Page 4: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

4

empregos e distribuição de renda. Grande parte da literatura disponível sobre

internacionalização foi desenvolvida voltada para a gestão de empresas multinacionais em

estágios avançados de internacionalização. Existe a necessidade de se desenvolver um estudo

voltado especificamente para os dilemas com os quais se defrontam as pequenas e médias

empresas do estado, e nas alternativas disponíveis para solucioná-los.

Objetivando verificar quais os incentivos existentes para as empresas catarinenses

interessadas em internacionalizar-se, os primeiros dois tópicos abordam questões teóricas

sobre o comércio internacional e a internacionalização de empresas. Em seguida discute-se a

importância e as vantagens em se desenvolver uma cultura exportadora nas empresas do

estado, seguido pela participação das empresas catarinenses nos números do comércio

exterior brasileiro. A quinta parte da presente pesquisa engloba a apresentação dos incentivos

disponíveis para a internacionalização de empresas catarinenses.

A metodologia de pesquisa adotada é a exploratória, bibliográfica e documental,

uma vez que visa o aprofundamento da questão em foco aprimorando suas idéias e será

elaborada com base em documentos já existentes partindo de fontes diversas. Os resultados e

conclusões das análises feitas serão apresentados no tópico seis do artigo.

2. COMÉRCIO INTERNACIONAL

As empresas têm sido levadas a buscar o mercado internacional pela globalização

do setor industrial. O fenômeno conhecido como globalização se dá por uma série de

transformações políticas, econômicas e sociais que o mundo vem sofrendo a partir da década

de 1970. Essas transformações estão ligadas ao aumento das relações de interdependência

entre os países e causam reações favoráveis ou desfavoráveis dos críticos. Alguns acreditam

que a globalização é uma força impulsora do comércio e do desenvolvimento de nações mais

pobres, capaz de levar prosperidade econômica, bem-estar social e aumento do padrão de vida

às populações. Outros defendem que é uma força a favor do imperialismo capitalista que

sufoca a cultura, a autodeterminação e a sustentabilidade dos povos menos abastados.

O termo globalização está aberto a diferentes interpretações quanto ao seu

significado. Neste trabalho será adotado o conceito de Luiz Carlos Delorme Prado (2001, p.3)

que define globalização como “processo de integração de mercados domésticos, no processo

de formação de um mercado mundial integrado”. Focando no aspecto econômico Fábio L.

Mariotto (2007, p.2) estabelece que:

Page 5: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

5

A globalização manifesta-se principalmente por meio da redução das barreiras ao livre-comércio e ao livre fluxo de capitais entre as nações, tendo como conseqüências um aumento na troca internacional de mercadorias e serviços, assim como um aumento no movimento de capital através de fronteiras. Esses movimentos têm sido acompanhados por uma difusão mais rápida e ampla da tecnologia.

O atual surto de globalização teve início no pós Segunda Guerra Mundial com o

aumento impressionante do comércio mundial impulsionado por instituições econômicas

internacionais e programas de reconstrução. A Conferência de Bretton Woods (1944) resultou

na criação do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e do Fundo

Monetário Internacional (FMI), instituições que passaram a trabalhar para facilitar os fluxos

financeiros entre países e deram origem a uma série de acordos multilaterais de comércio e

outras formas de cooperação. Em 1948 esses acordos culminaram no Acordo Geral de Tarifas

e Comércio (GATT) que “estabeleceu os princípios para a negociação multilateral de

reduções substanciais das tarifas alfandegárias e de outras restrições ao comércio

internacional.” (MARIOTTO, 2007, p.3). Na Rodada do Uruguai1 o GATT foi transformado

na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Outros fatores, além da liberalização econômica, impulsionaram a globalização. O

desenvolvimento das infra-estruturas nacionais de logística, transportes, telecomunicação e

informação e a uniformização na proteção dos direitos de propriedade facilitaram e

estimularam as trocas internacionais. A homogeneização de muitos gostos e costumes ao

redor do mundo, ainda que não por completo, facilitada pela mídia internacional, também

contribuiu para impulsionar a globalização. Um fator importante para a promoção da

globalização é a ação das próprias empresas que vieram a transformar ramos antes

tipicamente nacionais em internacionais ao se aproveitar de oportunidades no mercado

externo, promovendo um ciclo de desenvolvimento internacional. Entre 1980 e 2004 o

volume mundial de comércio exterior cresceu mais rapidamente do que o PIB mundial,

demonstrando a evolução da globalização no período. (MARIOTTO, 2007, p. 4 – 5).

O comércio exterior pode se dar por meio de exportações e importações. O

comércio internacional de mercadorias é o modo de negócio internacional mais comum entre

as empresas que participam do mercado estrangeiro. Segundo Mariotto (2007, p.10) o

comércio exterior também é, em geral, o primeiro passo de um processo crescente de

envolvimento com outro país que pode culminar com o estabelecimento de operações próprias

1 Complexo e ambicioso processo de negociação sobre os rumos do comércio mundial organizado pelo GATT, se deu de 1986 a 1994.

Page 6: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

6

nesse país por parte da empresa importadora ou exportadora. As atividades de comércio

tendem a exigir um menor nível de comprometimento e a representar menor risco para a

empresa, à medida que esta adquire o know how na atuação no novo mercado ela pode

assumir outras formas de operação mais avançadas.

Mariotto (2007, p. 19.) cita a importação como sendo a transação internacional

mais simples que a empresa pode efetuar. A importação consiste na compra de produtos do

exterior. “As empresas frequentemente recorrem à importação para obter insumos para suas

próprias operações ou simplesmente para revender o produto importado no mercado

doméstico.” (MARIOTTO, 2007, p. 20). Vale ressaltar que grande parte das importações

feitas no Brasil é de bens intermediários que passam a agregar valor aos produtos das

indústrias nacionais.

O método de entrada no mercado internacional usado com maior freqüência é a

exportação, ela é particularmente comum entre as pequenas e médias empresas que têm pouca

experiência internacional e poucas alternativas viáveis para expandir-se para o exterior. Na

exportação os produtos de uma empresa não são fabricados no país de destino e em seguida

são transferidos para ele. Através desse processo o país exportador recebe divisas e aumenta a

renda doméstica.

As exportações podem se dar por meios diretos ou indiretos, Cabral; Oliveira e Silva (2005, p. 5 - 6) definem:

A exportação direta ocorre quando a venda é feita diretamente entre o fabricante e um distribuidor ou intermediário no país importador, ou ainda direto para o consumidor final no exterior. Desta forma, “o exportador fará todo o esforço necessário para o alcance de seus objetivos, o que implica uma pesquisa mercadológica prévia, contatos e avaliação dos riscos, fechamento do negócio, preparação da mercadoria e embarque para citar algumas variáveis da estratégia de marketing”. (FORNER, 1999, p. 30) [...] “A exportação indireta ocorre quando a empresa vende seus produtos em mercados estrangeiros por meio de intermediários estabelecidos em seu próprio país” (KOTABE; HELSEN, 2000, p.252). Este método é particularmente importante para pequenas empresas e para aquelas que estão entrando no comércio externo tendo em vista que não possuem escala de operação, recursos financeiros, experiência e confiança para operar diretamente no mercado internacional (ROSSON; FORD, 1982).

A escolha do método usado pela empresa requer uma avaliação detalhada do mercado e da

própria empresa.

Existem teorias do comércio exterior formuladas tendo como critério o bem estar

social das nações envolvidas (MARIOTTO, 2007, p. 31). Há implicações dessas teorias de

comércio para as empresas. A primeira delas diz respeito à vantagem comparativa do local de

produção. Reconhece-se que certos países oferecem melhores condições para a produção de

Page 7: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

7

determinados produtos do que outros e, ao escolher o local de produção, a empresa deve

considerar as vantagens comparativas de cada local cogitado. Outra implicação das teorias de

comércio para as estratégias das empresas refere-se às vantagens dos first ou early movers,

também chamados de primeiros jogadores por alguns autores, aqueles que agem como

pioneiros em seus ramos. Estes recebem maior retorno graças ao poder de sua inovação.

Finalmente existe a implicação das teorias quanto às políticas governamentais de comércio,

estas políticas são resultantes do processo onde interesses conflitantes (os das empresas e o

dos governos) estão em choque. As teorias de comércio definem as vantagens de entrada em

determinados países, influenciam a expansão das empresas e as políticas governamentais.

(MARIOTTO, 2007, p. 31 - 33).

3. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

A definição de internacionalização de empresas encontra problemas por existir

confusão, principalmente no caso brasileiro, entre internacionalização, exportação e

negociação internacional. Enquanto Cyrino e Barcellos (2006, p. 224) entendem

internacionalização simplesmente como “movimentos das empresas além das fronteiras de

seu país de origem”, Cintra e Mourão (2005) definem internacionalização como: [...]processo de concepção do planejamento estratégico, e sua respectiva implementação, para que uma empresa passe a operar em outros países diferentes daquele no qual está originalmente instalada. Excetuam-se, aqui, as simples relações de importação e exportação, tanto de partes quanto do produto final. Nesse sentido, a internacionalização envolve necessariamente a movimentação internacional de fatores de produção e [...] uma relação contínua com o exterior, não podendo ser concebida, portanto, como algo temporário ou mesmo voltado exclusivamente à superação de um obstáculo conjuntural. Mais do que isso, trata-se de um fenômeno de natureza estrutural.

Ricupero e Barreto (2007, p. 22) acrescentam que seria necessária a abertura de filiais no

exterior, o estabelecimento de parcerias, investimentos cruzados, acordos de cooperação

internacional e/ou comercial ou a aquisição de empresas já existentes no país em que se entra.

Cintra e Mourão (2005) apresentam quatro opções estratégicas para uma

companhia interessada em se internacionalizar: utilizar uma trading company2, estabelecer

2 Empresas que operam no mercado internacional. São sociedades mercantis que lidam com compra, venda, intermediação, financiamento e comercialização internacional. São estruturas comerciais, administrativas e

Page 8: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

8

um escritório de vendas no exterior, estabelecer concessionárias ou subsidiárias no exterior e,

formar uma joint venture3. Segundo Mariotto (2007, p. 41) as empresas mais bem sucedidas

na implantação das estratégias de internacionalização são as que têm melhor controle de

qualidade, maior tamanho e vendas crescentes, preços competitivos nos novos mercados,

menos uso de incentivos do governo, flexibilidade financeira, avaliação sistemática dos

mercados externos e capacidade ociosa de produção.

Armando Castelar Pinheiro (2002) aponta os desafios que devem ser vencidos

pelo Brasil para a expansão e sustentabilidade das exportações do país, geração de superávits

comerciais e aumento do fluxo de comércio como proporção do PIB brasileiro. A promoção e

o incentivo das exportações devem ir além dos subsídios fiscais e financeiros para que seja

criada uma dinâmica sustentável de vendas ao mercado internacional, mesmo porque estas

práticas vêm sendo cada vez mais restritas e limitadas pela OMC. Outra necessidade, ainda

segundo o autor, é a criação de políticas comerciais transparentes com custos e metas

objetivas e verificáveis, com estratégias e meios aplicáveis e responsabilidade em sua

execução. Observa-se “que qualquer política comercial só será bem-sucedida se contar com

um compromisso forte, estável e duradouro do governo com a promoção das exportações.”

(PINHEIRO, 2002, p. 23).

Ricupero e Barreto (2007, p. 25) chamam atenção para os fatores negativos da

internacionalização em seu estágio mais completo. Seriam eles a possibilidade de

“exportação” de empregos, prejuízo no balanço de pagamentos e possível redução dos níveis

de investimento doméstico. Apesar destes pontos, internacionalizar-se é muitas vezes

condição de sobrevivência contra a qual não cabem objeções. Ao questionar quais os

benefícios oriundos do investimento estrangeiro direto do Brasil e da internacionalização das

companhias brasileiras para o desenvolvimento socioeconômico do país os mesmos autores

(RICUPERO; BARRETO, 2007, p. 23) citam a competitividade cada vez maior e a unificação

das condições de concorrência mundial.

financeiras que possuem enorme capacidade de realizar negócios de grande volume no exterior e, muitas vezes, recebem tratamento fiscal privilegiado. 3 Método de cooperação entre empresas independentes. “Joint ventures são formas negociais de alianças empresariais que podem ocorrer, basicamente, de dois modos: por meio da negociação de uma joint venture societária (corporate joint venture), na qual se cria, entre duas empresas, uma terceira (no país hospedeiro), à joint venture societária aplica-se a legislação do país de constituição. A non corporate joint venture caracteriza-se por ser uma associação de interesses em que os riscos são compartilhados, porém não se forma uma pessoa jurídica, e, em geral, não existe contribuição de capitais.” (CINTRA e MOURÃO, 2005).

Page 9: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

9

4. POR QUE DESENVOLVER UMA CULTURA EXPORTADORA

As empresas se voltam para o mercado internacional principalmente ao se

esgotarem as possibilidades de crescimento doméstico. As motivações mais comuns para essa

tendência à internacionalização são: a busca de recursos, mercados e tecnologia; a

manutenção do mercado nacional e expansão dos negócios internacionalmente; ultrapassar

barreiras protecionistas tarifárias e não-tarifárias; conquistar presença em blocos regionais;

estímulos à internacionalização por parte do governo; necessidade de desenvolver a

tecnologia e a “cultura” da empresa; diferenciação de mercados e serviços; estabelecimento

de parcerias com as empresas compradoras e aproximar-se do cliente; ajustar-se às

especificações do produto e às regulamentações do mercado local; melhorar a logística e

assistência; ter acesso às redes de fornecedores; alcançar fontes internacionais de

financiamento; reagir ao comportamento da concorrência ou antecipar-se a ela e; responder às

demandas sazonais (RICUPERO; BARRETO, 2007, p. 23-27). Muitas vezes as empresas

visam à diversificação de mercados através da expansão internacional para aumentar seu

volume de produção e, consequentemente, diminuir o custo unitário de seus produtos

alcançando escalas que aumentem sua competitividade. Outro motivo para a exportação é a

diversificação dos riscos, ou seja, para que haja a possibilidade de compensar externamente

alguma eventual queda de vendas em função de problemas conjunturais locais (MINERVINI,

2001, p. 6).

É evidente a importância da internacionalização de empresas para a economia

mundial, mesmo assim ainda não é comum entre os governos da América Latina a

implantação de políticas públicas de incentivo à internacionalização de suas empresas de

capital nacional. No Brasil, até muito pouco tempo, os casos de sucesso se davam pela

iniciativa das próprias empresas e não por uma política definida de apoio do governo à

criação de multinacionais brasileiras. Os críticos à criação dessas políticas alegam que a

internacionalização cria a possibilidade de exportação de empregos, prejuízo na balança de

pagamentos pela saída de divisas do país e a redução dos níveis de investimento doméstico.

Estas criticas surgem de uma análise apenas parcial do processo de internacionalização

(ALEM; CAVALCANTI, 2007, p. 266).

A expansão internacional dos negócios por meio de exportações leva a uma cadeia

de reações na sociedade onde as empresas estão originalmente inseridas impactando

positivamente a geração de empregos e a obtenção, desenvolvimento e implementação de

tecnologias (RICUPERO; BARRETO, 2007, p. 32). O desenvolvimento da cultura

Page 10: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

10

exportadora, principalmente em pequenas e médias empresas, traz benefícios

socioeconômicos importantes nas comunidades onde estas estão instaladas e promove, por

exemplo, a oferta de empregos, capacitação da mão de obra e melhorias das condições de vida

e de emprego dos trabalhadores pela geração de renda que certamente deixaria de ocorrer caso

uma indústria fechasse suas portas por não suportar a forte concorrência internacional.

A internacionalização é uma via para a melhora da performance econômica de um

país. É o meio essencial para alcançar a entrada de divisas, promover o desenvolvimento

econômico, alcançar maior competitividade internacional, gerando assim a possibilidade de

reestruturação econômica ao país, seu desenvolvimento e acesso a recursos, mercados e

atividades de pesquisa que desenvolvam a base tecnológica nacional. A internacionalização

pode ser vista pelo governo de um país como forma de atenuar sua vulnerabilidade externa,

pois contribui para o aumento das exportações e estas são cruciais para evitar problemas na

balança de pagamentos (RICUPERO; BARRETO, 2007, p. 32).

Ainda para Ricupero e Barreto (2007, p. 35): [...] o desenvolvimento socioeconômico consiste no processo de contínuo aprendizado pelo qual um país conquista penosamente a capacidade de lidar com a complexidade, de gerir economias em sociedades crescentemente complexas. Para isso pode-se afirmar sem erro, é indispensável que um número substancial de firmas nacionais adquira, por meio de investimento estrangeiro direto e da internacionalização de suas operações, o nível de eficiência e de competitividade que caracteriza os operadores privados de todos os países que se encontram na vanguarda do desenvolvimento humano.

5. A PARTICIPAÇÃO CATARINENSE NOS NÚMEROS BRASILEIROS NO

COMÉRCIO MUNDIAL

O desempenho brasileiro no mercado internacional alcança números

impressionantes que chamam a atenção de investidores e compradores externos para o país.

Esses números começaram a ser construídos a partir da abertura do mercado brasileiro nos

anos 1990 e deram-se pela redução das barreiras alfandegárias, intensificação dos níveis de

competição no mercado interno e queda do ritmo de crescimento da economia doméstica.

Page 11: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

11

Gráfico 1:

Fonte: FIESC – Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008.

Hoje empresas do país buscam mercados estrangeiros como novas fontes de

prosperar. Como observado no gráfico 1, a participação de Santa Catarina nas exportações do

país aumenta continuamente. Seu crescimento é muito superior ao crescimento das

exportações brasileiras.

Tabela 1:

Fonte: FIESC – Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008.

Em 2007 o Brasil exportou o equivalente a US$ 161 bilhões, dos quais US$ 7,4

bilhões foram de origem catarinense. Hoje o estado ocupa a nona posição entre os

exportadores brasileiros com 4,4% das exportações do país. Em contrapartida atingiu o oitavo

lugar entre os importadores, com 5,0% das importações feitas pelo Brasil. Deve-se levar em

consideração que em 2007 apenas 12,4% das importações feitas pelo país foram de bens de

Page 12: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

12

consumo, 51,3% foram bens intermediários para agregação de valor nos produtos e renovação

do parque industrial, o restante refere-se e a bens de capital, petróleo e combustíveis. 4

Tabela 2:

Fonte: FIESC – Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008.

Observa-se que os produtos básicos são os mais exportados por Santa Catarina, o

mesmo acontece com as exportações brasileiras.

Tabela 3:

Fonte: FIESC – Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008.

Os países de destino das exportações catarinenses sofreram mudanças com a

desaceleração da economia estadunidense, uma vez que os EUA importaram 8,15% menos

produtos catarinenses em 2007 do que no ano anterior (FIESC, 2008, p. 9). Os números da

tabela abaixo comprovam que as indústrias do estado têm conseguido redirecionar parte de

4 Dados do Seminário – Cenário do Comércio Exterior, proferido por Welber Barral, Secretário do Comércio Exterior, em 17 de março de 2008 na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina.

Page 13: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

13

suas exportações, inicialmente direcionadas ao mercado estadunidense para outros mercados

importadores que apresentaram maiores índices de crescimento.

Tabela 4:

Fonte: FIESC – Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008.

No que tange a balança comercial do estado de Santa Catarina, é possível observar

que o superávit de aproximadamente US$ 2,4 bilhões alcançado em 2007 é inferior ao

alcançado nos anos anteriores. Ainda assim este é um resultado significativo que demonstra a

capacidade do estado em colocar-se com sucesso no mercado internacional como exportador.

Tabela 5:

Fonte: FIESC – Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008.

Page 14: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

14

6. INCENTIVOS DISPONÍVEIS ÀS EMPRESAS CATARINENSES INTERESSADAS

EM INTERNACIONALIZAR-SE

Buscando alcançar algumas das vantagens trazidas pela expansão internacional

das empresas já mencionadas no tópico três, os governos nacionais, principalmente os de

países desenvolvidos, possuem políticas públicas de apoio à internacionalização de empresas.

Estas políticas incluem elementos como: financiamentos; incentivos fiscais; liberalização de

restrições feitas a investimentos diretos no exterior, uma vez que estes resultam em saída de

capital; divulgação de informações e assistência técnica; mecanismos de seguro para

investimentos; criação de instrumentos e agências que facilitem e projetem investimentos no

exterior e organização de missões e feiras internacionais (ALEM; CAVALCANTI, 2007, p.

274).

Nos países em desenvolvimento as políticas de apoio à internacionalização têm

como objetivos principais aumentar a competitividade nacional e expandir o comércio. Nos

países asiáticos se observam políticas mais sistemáticas de apoio à internacionalização. Os

programas implantados variam de acordo com “o estágio de desenvolvimento da economia,

com a competitividade setorial das firmas nacionais, com as condições das balanças de

pagamentos, com os acordos de integração regional, entre outros” (ALEM; CAVALCANTI,

27, p. 276). Ainda segundo Alem e Cavalcanti (2007, p. 276): As experiências bem-sucedidas de apoio à internacionalização apontam para a necessidade da adoção de critérios claros para a cobrança de desempenho das empresas apoiadas pelas políticas públicas, tais como: a) aumento das exportações; b) transferência de tecnologia para o país de origem; c) importação de insumos; e d) repatriação de divisas.

6.1 Órgãos de suporte ao comércio exterior

Para construir um Brasil competitivo e constituir oportunidades de negócios

internacionais o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

participa ativamente das políticas internacionais do comércio brasileiro. Alguma das unidades

do MDIC são a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) e a Secretaria de Comércio Exterior

(SECEX). A SECEX opera como unidade gestora e é composta por quatro departamentos:

Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX); Departamento de Defesa

Comercial (DECOM); Departamento de Negócios Internacionais (DEINT) e; Departamento

Page 15: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

15

de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior (DEPLA) (MRE, 2004, p. 77 e

78). As competências da SECEX são: a) formular propostas de políticas e programas de comércio exterior e

estabelecer normas necessárias à sua implementação; b) propor medidas, no âmbito das políticas fiscal e cambial, de

financiamento, de recuperação de créditos à exportação, de seguro, de transportes e fretes e de promoção comercial;

c) propor diretrizes que articulem o emprego do instrumento aduaneiro com os objetivos gerais de política de comercio exterior, bem como propor alíquotas para o imposto de importação, e suas alterações;

d) participar das negociações em acordos ou convênios internacionais relacionados com o comercio exterior;

e) implementar os mecanismos de defesa comercial; e f) apoiar o exportador submetido a investigação de defesa comercial no

exterior. (MRE, 2004, p. 76)

A CAMEX foi criada como órgão integrante do governo em 1995 e hoje é

presidida pelo MDIC, sua finalidade é formular e coordenar políticas e atividades relativas ao

comércio internacional de bens e serviços. Em setembro de 1998, no âmbito da CAMEX, foi

criado o Programa Especial de Exportações – PEE. Hoje o PEE é formado por 15 gerências

temáticas, 59 gerências de setores produtivos e 18 de setores de serviços. Em 2003 foi criado

o Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX), formado por 20 representantes do setor

privado. Em 2004 foi criado o Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações –

COFIG. O PEE tem como objetivo “estabelecer a interface entre o setor produtivo e órgãos

governamentais [...] e mobilizar os exportadores por meio de suas entidades de classe” (MRE,

2004, p. 69). O CONEX assessora o Comitê Executivo de Gestão elaborando e encaminhando

estudos e propostas setoriais proporcionando o aperfeiçoamento da política de comércio

exterior. É de responsabilidade do COFIG a regulamentação do Proex, programa que será

explanado no próximo sub-tópico. (MRE, 2004. P. 69-71)

As competências da CAMEX são, mas não se restringem a:

a) Definir diretrizes sobre: normas e procedimentos de importação e exportação;

negociações de acordos e convênios de comércio exterior; políticas tarifarias na importação e

exportação; investigação relativas à práticas desleais de comércio exterior; políticas de

financiamento de exportações; políticas de promoção de mercadorias no exterior e de

informação comercial;

b) Coordenar e orientar as ações de órgãos que atuem na área de comércio internacional,

as políticas aduaneiras, políticas de frete e transporte internacional, políticas de incentivo à

melhoria de serviços de transporte;

Page 16: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

16

c) Fixar alíquotas de impostos de importação e exportação e direitos antidumping e

compensatórios. (MRE, 2004, p. 69 e 70)

Na execução dessas competências devem ser observados os compromissos internacionais

firmados pelo Brasil, principalmente com a Organização Mundial do Comércio (OMC), com

o Mercosul e com a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). (MRE, 2004, p. 70)

Ligado ao MDIC existe ainda a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e

Investimentos – APEX - Brasil tendo como missão “Promover as exportações de produtos e

serviços contribuindo para a internacionalização das empresas brasileiras.”5. Os objetivos

principais da APEX constituem-se de aumentar as exportações brasileiras; inserir mais

empresas no mercado internacional, sobretudo aquelas de pequeno e médio porte; diversificar

os produtos e serviços da pauta de exportação; abrir novos mercados para o país; e ampliar a

geração de emprego e renda. (CAIXETA; NETZ; GALUPPO, 2006).

A APEX divide-se em cinco unidades: Projetos, Imagem e Acesso a Mercados,

Inteligência Comercial, Centros de Negócios e, Investimentos. A Unidade de Projetos apóia

projetos setoriais de promoção de exportação. São cerca de 70 setores de atividade e 130

projetos desenvolvidos para o aumento das exportações brasileiras. Os projetos incluem

participações em eventos internacionais, produção de material promocional e ações de

integração entre outras iniciativas. A Unidade de Imagem e Acesso a Mercados realiza ações

diferenciadas voltadas para a geração de negócios e promoção da imagem do Brasil no

exterior e propicia contato direto entre empresários brasileiros e compradores internacionais.

Com a Inteligência Comercial a APEX busca informações estratégicas para identificar

mercados e clientes potenciais para produtos e serviços do país e tem acesso a diversas bases

de dados de mercado do mundo todo, potencializando a participação do Brasil no mercado

internacional. Através do alinhamento de estratégias de venda com as tendências do mercado

mundial, a APEX prepara as empresas brasileiras para posicionar-se estrategicamente junto

aos compradores no exterior. Na Unidade de Investimentos são conjugadas a promoção

comercial e o incentivo ao investimento no Brasil em nível federal, para isso é feita a

harmonização de informações e oportunidades regionais e nacionais e o direcionamento de

investimentos para áreas exportadoras, principalmente nas médias e pequenas empresas.

Finalmente, a APEX conta com Centros de Negócios (CNs) de produtos brasileiros no

exterior que apóiam atividades focadas na inteligência comercial e nos canais de distribuição.

No período de desenvolvimento desta pesquisa existem CNs em plena operação nos EUA

5 Disponível em: < http://www.apexbrasil.com.br/interna.aspx?id=1>, acesso em 06 mar. 2008.

Page 17: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

17

(Miami), na Polônia (Varsóvia) e nos Emirados Árabes Unidos (Dubai) e em fase de abertura

na China e em Cuba. Os CNs diminuem a distância entre exportadores e seus clientes,

oferecem infra-estrutura para armazenagem, showrooms, apoio administrativo e um endereço

no exterior para as empresas brasileiras. (APEX, acesso em 21 out. 2008)

Também vinculado ao MDIC, com status de empresa pública federal, está o

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O BNDES tem como

objetivo oferecer financiamentos, em longo prazo, aos empreendimentos que contribuam para

o desenvolvimento do país. Serão analisadas as linhas de financiamento do BNDES

relevantes à atividade de exportação no sub-tópico abaixo. (MRE, 2004, p. 78)

A FUNCEX (Fundação de Comércio Exterior), fundada em 1976, é uma

instituição privada com a finalidade de desenvolver o comércio exterior brasileiro. A

FUNCEX atua na: elaboração e divulgação de estudos setoriais sobre os principais aspectos envolvidos nas atividades de exportação e importação [...], treinamento e desenvolvimento de pessoal técnico especializado, a promoção de cursos e a elaboração de estudos sob encomenda. (MRE, 2004, p. 86)

Subordinada ao Ministério da Fazenda, a Secretaria da Receita Federal (SRF) atua

intensamente na área de comércio exterior, inclusive como responsável pelo desembaraço

aduaneiro das mercadorias. Também é de sua competência as atividades de administração

tributária federal; legislação tributária federal; interpretação e aplicação da legislação fiscal;

serviços de fiscalização, cobrança, arrecadação, recolhimento e controle dos demais tributos e

rendas da União e; entre outros, armazenar e destinar mercadorias apreendidas. (VAZQUEZ,

1999, p. 31 e 32)

No âmbito estadual a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina –

FIESC dispõe do Centro Internacional de Negócios – CIN. O CIN oferece diversas

ferramentas e recursos para facilitar o acesso de empresas catarinenses ao cenário

internacional. O CIN ainda dispõe de programas internacionais para beneficiar empresas

catarinenses, dentre os quais está o Start Export. O Start Export é um programa que auxilia

empresas iniciantes na exportação utilizando um conjunto de soluções que visam minimizar

os riscos de quem deseja entrar no mercado internacional e que objetiva a ampliação da base

exportadora do estado de Santa Catarina.6 Qualquer empresa catarinense que busca entrar no

mercado internacional deve, preferencialmente, procurar a FIESC e obter suporte.

6 Disponível em: < http://www.fiescnet.com.br/cin/>, acesso em 06 mar. 2008.

Page 18: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

18

6.2 – Programas de incentivo à exportação:

Uma pesquisa feita em 2008 pela FIESC envolvendo 99 empresas catarinenses

que realizaram exportações em 2007, incluindo a maioria das principais exportadoras do

estado de Santa Catarina, obteve os seguintes resultados sobre os programas de incentivo à

exportação e regimes aduaneiros especiais em funcionamento no Brasil:

Gráfico 2:

Fonte: FIESC – Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008.

Pela análise destes resultados percebe-se a importância da desoneração de IPI e

ICMS, da restituição de PINS/Cofins, do ACC, do ACE e do Drawback. Nota-se uma

dificuldade considerável em conseguir utilizar alguns destes programas, como o Drawback, o

PROEX e o Porto Seco. Também é possível observar que uma porcentagem grande das

empresas nem se quer tem conhecimento de programas como o Redex e o Proex. A seguir

serão detalhados os programas e regimes analisados no gráfico acima.

O IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados é um tributo federal classificado

como indireto, seletivo e não-cumulativo. Esta classificação se dá pelo imposto incidir sobre o

produto comercializado e ser pago pelo comprador enquanto o recolhimento à União é feito

pelo fornecedor do produto; por contar com alíquotas que se aplicam diferentemente aos

variados produtos de acordo com sua essencialidade e; por compensar o que for devido em

Page 19: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

19

cada operação com o valor cobrado nas anteriores, o imposto incide somente no valor

agregado da operação. O IPI se aplica, no mercado interno, ao valor agregado ou adicionado

dos produtos manufaturados. Nas operações de mercado interno, a operação do IPI se dá da

seguinte maneira:

a) a empresa produtora, ao adquirir insumos representados por matérias-primas, materiais secundários, materiais de embalagem, partes e peças destinadas à fabricação de seus produtos, receberá estes, com tributação normal, destacada na Nota Fiscal de compra, calculada sobre o valor total da aquisição; b) na entrada dos insumos adquiridos, em seu estabelecimento, o fabricante registrará os tributos constantes da Nota Fiscal de compra, a crédito, em seus registros fiscais; c) ao promover a venda e respectiva saída do produto final, no mercado interno, é aplicada a tributação do IPI sobre o valor total da venda à alíquota que lhe for devida, segundo a tabela do IPI, conhecida como TIPI. O valor desde imposto aplicado sobre a venda, na saída do estabelecimento, registra-se a débito, em seu registro fiscal; d) o saldo dos registros fiscais, se devedor, apurados pelos débitos e créditos será recolhido na devida época. (GARCIA, 2001, p. 143 e 144)

Nas operações de exportação o procedimento é idêntico ao de mercado interno na aquisição

dos insumos, na saída do produto final destinado ao exterior a operação é imune ao IPI, ou

seja, nada é lançado como débito no registro e os créditos fiscais relativos à aquisição dos

insumos são mantidos na escrita, a manutenção destes créditos é caracterizada como um dos

benefícios fiscais à exportação de produtos industrializados (GARCIA, 2001, p. 144).

O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), é um imposto

indireto, de competência estadual, não-cumulativo e de alíquota seletiva já que permite os

estados tributarem de forma diferenciada os produtos considerados supérfluos. No mercado

interno esse imposto se dá da mesma maneira do IPI, já descrito anteriormente. Na

exportação, também como no caso do IPI, o ICMS recebe tratamento especial pois os

produtos manufaturados direcionados ao mercado externo gozam de imunidade. Para

produtos semi-elaborados há uma redução do imposto de acordo com normas especificas

sobre a incidência ou não do ICMS nestes casos (GARCIA, 2001, p. 145 e 146).

O Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) é um tipo de financiamento

colocado à disposição dos exportadores pela rede bancária para que as empresas exportadoras

possam ter acesso a recursos financeiros antes do embarque da mercadoria. Está vinculado a

uma venda já efetivada e pode ser feito em um prazo de até 360 dias antes da data prevista

para o embarque das mercadorias. Ao obter um ACC é preciso que o exportador esteja seguro

de que o embarque será feito dentro do prazo, caso isto não ocorra o valor de ACC deverá ser

devolvido ao banco com correção monetária, diferenças cambiais, multa e outros encargos. O

Page 20: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

20

objetivo do ACC é proporcionar recursos ao exportador para que este possa efetuar as

diversas fases do processo de produção e comercialização do produto para o mercado externo.

Este incentivo à exportação, por sua taxa reduzida, proporciona à empresa menores custos e

produção e, portanto, maior competitividade (MRE, 2004, p. 125).

Após a produção e o embarque do produto, o financiamento à exportação pode se

dar pelo Adiantamento sobre Cambiais de Exportação ou Cambiais Entregues (ACE). O ACE

é um adiantamento, feito pelo banco brasileiro, da receita da exportação quanto esta ainda não

foi paga pelo importador (MRE, 2004, p. 126). A taxa de juros deste adiantamento varia de

acordo com o risco da operação, ou seja, de acordo com a estabilidade política e econômica

do país do pagador (VAZQUEZ, 1999, p. 202). O ACE é muitas vezes uma extensão do

ACC.

O Programa de Integração Social (PIS) é uma contribuição social com uma

alíquota de 1,65% sobre a receita operacional bruta das empresas no mercado interno. Estão

isentos dessa contribuição produtos de manufatura destinados ao mercado externo. Esta

isenção abrange as receitas provenientes de vendas de bens e serviços ao exterior, mas não se

aplica às vendas para comerciais exportadores, cooperativas, consórcios ou entidades

semelhantes. Já o Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), tem uma

alíquota de 7,6% sobre o faturamento das empresas em operações no mercado interno. A

receita de vendas de bens ou serviços ao exterior é isenta desta contribuição, esta isenção

contempla ainda as exportações indiretas (MRE, 2004, p. 122).

Os Portos Secos, por sua vez, são “recintos alfandegados de uso público, situados

em zona secundária, nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e

despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro” (RECEITA,

acesso em 02 out. 2008). Nos portos secos as operações de movimentação e armazenagem de

mercadorias sujeitam-se ao regime de concessão ou de permissão. Todos os serviços

aduaneiros de responsabilidade da Secretaria da Receita Federal são executados nos Portos

Secos, o que permite a interiorização de serviços como os de desembaraço aduaneiro. Os

Portos Secos são, preferencialmente, instalados em locais próximos às regiões produtoras e

consumidoras, facilitando assim os procedimentos para os agentes econômicos. Em Santa

Catarina existem dois Portos Secos em funcionamento, ambos na cidade de Itajaí, um Porto

Seco licitado na cidade de São Francisco do Sul e um Porto Seco em fronteira a ser licitado

em Dionísio Cerqueira, cidade que faz divisa com a Argentina (RECEITA, acesso em 02 out.

2008).

Page 21: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

21

O drawback é um mecanismo de incentivo que permite ao fabricante ou produtor

a possibilidade de adquirir insumos, destinados a compor produtos para exportação, a preços

internacionais e desonerados de impostos. Em geral podem ser adquiridas matérias-primas,

produtos semi-elaborados ou acabados, partes, peças e materiais destinados à embalagem de

produtos destinados ao mercado externo sob o regime de drawback (MRE, 2004, p. 122). “O

princípio básico do drawback consiste na desoneração dos tributos incidentes sobre os

insumos importados empregados na produção de bens destinados à exportação” (GARCIA,

2001, p. 158). Existem quatro modalidades de drawback, são elas:

a) Suspensão: Modalidade mais utilizada. Trata-se da suspensão dos tributos na

importação de insumos que serão utilizados na produção de bens a serem exportados. Essa

modalidade vincula-se a um compromisso futuro de exportação e deve ser solicitada

anteriormente à importação, produção e exportação do produto final (GARCIA, 2001, p.159).

O prazo para que a exportação seja efetuada é de um ano, sendo prorrogável por igual

período. Em caso de importação de insumos destinados à fabricação de bens com longo ciclo

de produção o prazo pode ser prorrogado em até cinco anos. A concessão do drawback nesta

modalidade é feita pela SECEX, ligada ao MDIC (MRE, 2004, p.123).

b) Isenção: “[...] caracteriza-se pela reposição dos estoques de insumos utilizados na

fabricação, complementação ou acondicionamento de produtos em quantidades e qualidades

equivalentes aos já exportados” (GARCIA, 2001, p. 160). Neste caso a isenção ocorre após a

conclusão da exportação. A empresa exportadora tem um prazo de um ano, prorrogável pelo

mesmo período, para solicitar este beneficio na importação de insumos para reposição do seu

estoque. Também neste caso a concessão é feita pela SECEX.

c) Restituição: Modalidade pouco utilizada. Trata-se da solicitação de restituição dos

encargos tributários pagos com relação aos insumos que foram importados e utilizados na

fabricação de um produto que já foi produzido e exportado. A devolução é válida apenas para

o Imposto de Importação e para o IPI e é concedida pela Receita Federal em forma de créditos

fiscais (MRE, 2004, p. 123).

d) Interno, ou “verde e amarelo”: Apesar de ser conhecido como drawback interno ou

“verde e amarelo” se trata de um regime especial na legislação referente à suspensão de IPI

em caso de compras, no mercado interno, de insumos destinados à industrialização de

produtos para exportação. Para a obtenção deste benefício as empresas devem elaborar um

Plano de Exportação a ser apresentado na Delegacia da Receita Federal de sua área. Este

Plano deve obrigatoriamente conter: identificação completa do exportador e do fornecedor

dos insumos; relação dos produtos a serem exportados e dos insumos que serão utilizados

Page 22: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

22

para sua fabricação com suas respectivas indicações de valores, quantidades, códigos do TIPI

e classificação do IPI; prazo previsto para a exportação e declaração de que, caso não se

cumpra a meta de exportação, o exportador assume o compromisso de recolher o IPI. (MRE,

2004, p. 123).

REDEX, ou Recintos Especiais para Despacho Aduaneiro de Exportação, são

áreas onde as cargas aguardam o despacho aduaneiro enquanto todo o trâmite burocrático da

exportação é agilizado. As vantagens da utilização do REDEX acontecem pela maior

agilidade nas operações que tendem a demorar mais nas demais áreas alfandegárias pela

grande quantidade de cargas, isso permite ao exportador reduzir os custos de armazenagem.

(GARCIA, acesso em 22 out. 2008). No Estado de Santa Catarina existem oito REDEX, um

em Florianópolis, três em Itajaí, um em Joaçaba, um em Joinville e dois em São Francisco do

Sul. (RECEITA, acesso em 22 out. 2008)

O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) abrange a concessão de

financiamento ao exportador e ao importador e é administrado pelo Banco do Brasil com a

finalidade de proporcionar maior competitividade às empresas brasileiras. A relação dos

produtos que podem beneficiar-se do Proex é bastante ampla e é regulamentada pelo MDIC.

Esses produtos podem ser financiados em até 85% do valor FOB7 da exportação e os prazos

para o pagamento do financiamento recebido variam entre 360 dias e 10 anos (MRE, 2004, p.

126).

A pesquisa feita pela FIESC não abrange os financiamentos de responsabilidade

do BNDES mas, dada sua relevância para as exportações brasileiras, é importante que sejam

conhecidas pelos exportadores. Dentre as linhas de financiamento do BNDES está o BNDES-

Exim, voltado para o financiamento das exportações brasileiras de bens e serviços. Os

financiamentos do BNDES-Exim são feitos nas seguintes modalidades: - Pré-Embarque - financia a produção de bens a serem exportados em embarques específicos; - Pré-Embarque Curto Prazo – financia a produção de bens a serem exportados, com prazo de pagamento de até 180 dias; - Pré-Embarque Especial – financia a produção nacional de bens a serem exportados, sem vinculação com embarques específicos, mas com período pré-determinado para sua efetivação e;

7 Incoterm (termo de comércio internacional) Free on Board, ou Livre a Bordo, significa apenas o preço da mercadoria, sem o frete ou o seguro. É a condição de venda mais utilizada nas praticas de comercio internacional.

Page 23: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

23

- Pós-Embarque – financia a comercialização de bens e serviços no exterior, por intermédio do refinanciamento ao exportador, ou pela modalidade buyer’s credit8 (crédito ao importador). (MRE, 2004, p. 78)

O BNDES também possui um Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade

(FGPC) para facilitar o acesso ao crédito à exportação, para micro, pequenas e médias

empresas (MRE, 2004, p.79).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O incentivo governamental é de extrema importância para o aumento do

desempenho catarinense, e consequentemente brasileiro, nas exportações. Para ser realmente

efetivo o apoio governamental deve ir além dos incentivos fiscais. A política de comércio

exterior do Brasil precisa considerar as particularidades de cada setor, as necessidades

específicas aos diferentes portes das indústrias e promover um ambiente externo favorável à

inserção de novas empresas exportadoras.

A já mencionada pesquisa feita pela FIESC concluiu que 76% das empresas

catarinenses não consideram a atual política de comércio exterior brasileira verdadeiramente

efetiva. Entre os principais motivos para um descontentamento tão maciço estão o excesso de

burocracia, infra-estrutura inadequada e descaso com setores com menor participação no total

das exportações (FIESC, 2008, p. 26). A enorme burocratização do processo de exportação

desestimula a participação de pequenas e médias empresas, torna o processo lento, aumenta

os custos e causa entraves ao bom atendimento ao cliente no exterior. A demasia de

burocracia no Brasil é responsável pela diminuição de negócios concluídos e pelao

enfraquecimento da qualidade na prestação de serviços pelas empresas brasileiras aos seus

clientes e parceiros no exterior. A falta de infra-estrutura de transportes no país, seja

rodoviária, portuária ou aeroportuária, é outro enorme entrave ao crescimento do Brasil no

comércio exterior. A dificuldade de transporte aumenta os custos das operações e limita o

fluxo de mercadorias bem como diminui a competitividade do Brasil no mercado externo.

Ainda existe a reclamação de que a política atual prioriza apenas as commodities, pelo grande

volume e valor que movimentam, e ignora atividades industriais fortes em Santa Catarina,

8 “Neste caso, o financiamento é concedido diretamente ao importador estrangeiro”. (VAZQUEZ, 1999, p.205)

Page 24: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

24

como a têxtil e de madeira, outros produtos industrializados de maior valor agregado, e

principalmente empresas de médio e pequeno porte.

As empresas catarinenses sofrem com estes e outros obstáculos à

internacionalização como o acirramento da concorrência internacional e a oscilação da moeda

brasileira. Os exportadores de Santa Catarina listam, segundo o Diagnóstico da FIESC (2008,

p. 30), as seguintes áreas como as que requerem prioridade por parte do governo brasileiro:

Construção de armazéns e silos; desburocratização e redução dos custos da atividade

exportadora; desoneração tributária; melhoria na infra-estrutura de transportes; adequação na

oferta de incentivos fiscais; ampliação de recursos e simplificação do financiamento às

exportações; aperfeiçoamento na promoção e operacionalização dos instrumentos de fomento

à exportação e avanço nas negociações de acordos comerciais.

Muitas destas reivindicações já resultam em ações do governo federal para

fortalecer as empresas exportadoras e incluir novas companhias na atividade. Algumas destas

ações têm como foco os incentivos fiscais e o fomento de financiamentos para exportações.

Fica claro pelas mudanças requeridas pelas empresas catarinenses e pelos números já vistos

no Gráfico 2 (Pg. 18) que alguns incentivos precisam ser melhor divulgados e que precisam

abranger um maior número de empresas. Observa-se principalmente no drawback, no

PROEX, nos Portos Secos e no REDEX que ainda existem muitas restrições ao uso destas

ferramentas e cabe ao governo federal estar revendo tais restrições. Instituições como a APEX

e, especialmente em Santa Catarina a FIESC, tem o dever de promover a inserção das

empresas no mercado internacional e divulgar todas as oportunidades de incentivos fiscais e

de financiamento às empresas do estado. Sugere-se que sejam compiladas as demandas

específicas dos exportadores catarinenses e as dificuldades que impedem as demais empresas

do estado a iniciar-se na exportação e, em resposta, sejam implantados programas que

respondam especialmente a estas demandas. O desenvolvimento da cultura exportadora nos

empresários precisa ocorrer através da informação e da adoção de novas estratégias

competitivas pelo governo federal que priorizem a inserção de pequenas e médias empresas

do Brasil no comércio internacional.

Page 25: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

25

REFERÊNCIAS

APEX, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. APEX. Disponível em: < http://www.apexbrasil.com.br/>. Acesso em: 21 out. 2008. ALEM, Ana Claudia; CAVALCANTI, Carlos Eduardo. O BNDES e o apoio à internacionalização das empresas brasileiras: algumas reflexões. In: ALMEIDA, André (Org.). Internacionalização de empresas brasileiras: perspectivas e riscos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 1 – 36. CABRAL, José Ednilson de Oliveira; OLIVEIRA, Marcelle Colares; SILVA, Leopoldo Neto Nunes da. Canais de distribuição internacional: um estudo de acesso de empresas cearenses ao mercado exterior. REAd, v.11, n.1, jan.-fev. 2005. Disponível em: <http://read.adm.ufrgs.br/edicoes/pdf/artigo_315.pdf>. Acesso em: 19 abril 2008.

CAIXETA, Nely; NETZ, Clayton; GALUPPO, Ricardo. Passaporte para o mundo. São Paulo: Nobel, 2006.

CINTRA, Rodrigo; MOURÃO, Bárbara. Perspectivas e estratégias na internacionalização de empresas brasileiras. Revista Autor, ano V, n. 53, nov. 2005. Disponível em: <http://www.focusri.com.br/artig7.htm>. Acesso em: 27 maio 2008.

CYRINO, Álvaro B.; BARCELLOS, Erika Penido. Estratégias de Internacionalização: evidências e reflexões sobre as empresas brasileiras. In: TANURE, Betania; DUARTE, Roberto Gonzales (Org.). Gestão Internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 221 – 246.

FIESC, Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina. CIN – Centro Internacional de Negócios de Santa Catarina. Disponível em: < http://www.fiescnet.com.br/cin/>. Acesso em: 06 mar. 2008.

FIESC, Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina. Diagnóstico do setor exportador catarinense 2008. Florianópolis: FIESC, 2008. GARCIA, Luiz Martins. Exportar: Rotinas e Procedimentos, Incentivos e Formação de Preços. 7. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001. GARCIA, Luiz Martins. REDEX. Sem Fronteiras. v. 422, abr. 2008. Disponível em: <http://www.aduaneiras.com.br/noticias/semfronteiras/default.asp?m=2&artigoid=4164>. Acesso em: 22 out. 2008. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MARIOTTO, Fábio L. Estratégia internacional da empresa. São Paulo: Thomson Learning, 2007. MINERVINI, Nicola. O exportador. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2001. MRE, Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Programas de Promoção Comercial. Exportação Passo a Passo. Brasília: MRE, 2004.

Page 26: INCENTIVOS PARA ENTRADA EM MERCADOS INTERNACIONAIS: …siaibib01.univali.br/pdf/Marilane Steffens.pdf · cultura exportadora das pequenas e médias empresas do estado resulta em vantagens

26

PINHEIRO, Armando Castelar. Encarando o desafio das exportações. In: PINHEIRO, Armando Castelar; MARKWALD, Ricardo; PEREIRA, Lia Valls (Org.). O Desafio das Exportações. Rio de Janeiro: BNDES, 2002. p. 5 – 25.

PRADO, Luiz Carlos Delorme. Globalização: notas sobre um conceito controverso. In: Seminário desenvolvimento no século XXI, 2001, Rio de Janeiro. Disponível em: <www.redem.buap.mx/word/2001luis.doc>. Acesso em: 18 abril 2008. RECEITA Federal. Portos Secos. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/Eadi.htm>. Acesso em: 02 out. 2008. RECEITA Federal. REDEX – Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/LocaisRecintosAduaneiros/Redex/Redex.htm>. Acesso em: 22 out. 2008. RICUPERO, Rubens; BARRETO, Fernando Mello. A importância do investimento direto estrangeiro do Brasil no exterior para o desenvolvimento socioeconômico do país. In: ALMEIDA, André (Org.). Internacionalização de empresas brasileiras: perspectivas e riscos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 1 – 36.

SEMINÁRIO - CENÁRIO DO COMÉRIO EXTERIOR BRASILEIRO, 2008. Florianópolis. Disponível em: <http://www.fiescnet.com.br/cin/adm/arquivos/palestra_barral_2008_fevereiro_santa_catarina.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2008.

VAZQUEZ, José Lopes. Comércio exterior brasileiro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.