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Abril de 2018 — N.º 550 FUNDADOR: Dr. Antonio Marcello da Silva - 15/01/1958 Diretores – Antonio Marcello da Silva (*1931). Pascoal Andreta (*1916 – +1982). Ugo Labegalini (*1931 – + 2012). A Capital Nacional da Moda Tricô Monte Sião é um município que fica no sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo. Pela estimativa do IBGE em 2017, conta com 23 247 habitantes. Sua área é de 292 km² e a altitude é de 850m. Monte-sionense é o gentílico para quem nasce em Monte Sião. Em noite de gala a Fundação Cultural rece- beu e premiou os poetas classificados no XVI Concurso de Poesia. O auditório do Colégio Monte-sionense, superlotado, ficou pequeno para o público que compareceu à celebração. Lindberg Gottardello foi o homenageado da noite por sua contribuição à cultura da cida- de. A professora Irma Rielli Silva Guarini deu boas-vindas aos poetas em nome do ensino, da educação e formação moral dos nossos jovens. Mariana Borges Marcuz, de 8 anos, concorren- te mais jovem, foi recebida por Betina Mariano Dardene e Anna Maria Berghofer, das quais re- cebeu presentes e diploma. Maria Júlia Dantas Simoneti e Heitor de Oliveira Santos Simoneti, em nome das crianças locais, apresentaram as boas-vindas aos poetas presentes. Foram três premiados das categorias Ensino Fundamental II e Ensino Médio das escolas de Monte Sião. Da Categoria Local, mais três vencedores e, da Categoria Geral, três classificados, além de 04 Menções Honrosas, perfazendo 14 prêmios distribuídos em dinheiro, diplomas, livro con- FUNDAÇÃO CULTURAL “PASCOAL ANDRETA” PREMIA OS VENCEDORES DO XVI CONCURSO FRITZ TEIXEIRA DE SALLES DE POESIA”. Jornal virtual Você também poderá ler este jornal através do site: www.fundacaopascoalandreta.com.br tendo as poesias ganhadoras, assinatura deste jornal e uma viagem cultural aos premiados do Ensino Fundamental e Médio. O professor Claudio Faraco projetou fotos de seu livro “Ex- pedição Sagarana” ao mesmo tempo em que as expôs na área de recreação do Colégio. No mesmo local, Vera Lúcia de Freitas Pereira Pi- res apresentou suas sacolas artesanais e Mônica Zucato Robert mostrou produtos de seu arte- sanato. Matheus Zucato Robert autografou seu primeiro livro “Os dois fazendeiros”, enquanto Lucas Gottardello cantava suas músicas, acom- panhando-se ao violão, auxiliado pelo ritmo de Fernando Pocai. Para completar a noite, o Círculo Ítalo-brasileiro de Monte Sião ofereceu coquetel aos presentes, com a participação e apoio dos colaboradores deste jornal e outras pessoas voltadas à filantropia e literatura. José Ayrton Labegalini – presidente da Fun- dação; Alessandra Mariano Silva Martins, José Claudio Faraco, Ivan Mariano Silva, Carlos Alberto Martins – componentes da Comissão Organizadora. Jurados que escolheram as poesias vencedo- ras – Professora Vera Lúcia Ribeiro de Castro Zucatto, Dr. Jaime Gottardello (cronista), José Carlos Grossi (poeta e romancista), Eraldo Mon- teiro (poeta e escritor), Ariovaldo Guirelli ( pro- fessor de literatura brasileira e apresentador do evento), Bernardo de Oliveira Bernardi (poeta e cronista), professor José Alaércio Zamuner (es- critor, cronista, palestrante, romancista). Maria Helena Faraco (Bióloga e professora), ao lado de Ariovaldo Guireli, leitora das poesias, currícu- los e biografias. Apoio cultural: Prefeitura Municipal, Colégio Monte-sionense, Círculo Italiano, Dynamis – Farmácia de Manipulação, Flora Nativa, Hotel Villa de Minas, Jornal “Monte Sião” e Succes – Escola de Idiomas. LEIA AS POESIAS COM SEUS AUTO- RES, E FOTOS EM PÁGINA INTERNA. Inauguração As empresas Gallo Calçados, Hotel Villa de Minas e Vall Vestti, através de seus pro- prietários Valdirene Costa e Carlos Godoy, inauguraram na manhã do dia 28 de março o Totem Turístico de Monte Sião, instalado na Rua Tancredo Neves. Grande número de convidados compareceu ao evento, dentre elas os vereadores da Câmara municipal, funcionários da prefeitura, o prefeito José Pocai Jr., os familiares dos realizadores do emblema, o artista que concebeu e realizou a obra Woodrow Welister Luiz, o representante deste jornal e da Fundação Cultural Pascoal Andreta, além de pessoas do relacionamento dos anfitriões. O totem tradicionalmente é um emblema que representa um clã, uma tribo ou uma fa- mília, e evoca a ligação entre esses núcleos e seus ancestrais. Trata-se, ainda, de reverên- cia atávica unindo passado e presente, visan- do o respeito às origens de cada componente familiar. No caso da inauguração efetuada, o Totem configurou-se em frase distribuída em três linhas sobrepostas, em vermelho, afir- mando “Eu amo Monte Sião”, onde o termo “amo” é representado por um coração estili- zado. Erguido na calçada em frente à loja Gal- lo Calçados, a obra simboliza a hospitalidade que nosso povo sempre deve oferecer ao turis- ta, os laços fraternos que nos devem unir aos visitantes, um testemunho de que são sempre bem-vindos, mais pelos vínculos amistosos, menos por interesses comerciais, pois são a educação, a elegância e a gentileza que atraem o turista. O Totem da Val é tudo isso. José Pocai Jr. após descerrar o monumento inaugurando-o, elogiou a iniciativa dos em- preendedores enquanto, em nome das famí- lias Costa e Godoy, o empresário Fernando Costa agradeceu a presença de todos, expli- cando a intenção de estimular o turismo entre nós através de obras como o Totem. Logo após se dirigiram ao restaurante do hotel onde foi servido farto e variado café da manhã. O “Monte Sião” cumprimenta os empreen- dedores pela feliz iniciativa e oportuno senso de cidadania.

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Abril de 2018 — N.º 550FUNDADOR: Dr. Antonio Marcello da Silva - 15/01/1958Diretores – Antonio Marcello da Silva (*1931). Pascoal Andreta (*1916 – +1982). Ugo Labegalini (*1931 – + 2012).

A Capital Nacional da Moda TricôMonte Sião é um município que fica no sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo. Pela estimativa do IBGE em 2017, conta com 23 247 habitantes. Sua área é de 292 km² e a altitude é de 850m.

Monte-sionense é o gentílico para quem nasce em Monte Sião.

Em noite de gala a Fundação Cultural rece-beu e premiou os poetas classificados no XVI Concurso de Poesia. O auditório do Colégio Monte-sionense, superlotado, ficou pequeno para o público que compareceu à celebração. Lindberg Gottardello foi o homenageado da noite por sua contribuição à cultura da cida-de. A professora Irma Rielli Silva Guarini deu boas-vindas aos poetas em nome do ensino, da educação e formação moral dos nossos jovens. Mariana Borges Marcuz, de 8 anos, concorren-te mais jovem, foi recebida por Betina Mariano Dardene e Anna Maria Berghofer, das quais re-cebeu presentes e diploma. Maria Júlia Dantas Simoneti e Heitor de Oliveira Santos Simoneti, em nome das crianças locais, apresentaram as boas-vindas aos poetas presentes. Foram três premiados das categorias Ensino Fundamental II e Ensino Médio das escolas de Monte Sião. Da Categoria Local, mais três vencedores e, da Categoria Geral, três classificados, além de 04 Menções Honrosas, perfazendo 14 prêmios distribuídos em dinheiro, diplomas, livro con-

Fundação Cultural “PasCoal andreta” Premia os venCedores do Xvi ConCurso Fritz teiXeira de

salles de Poesia”.

Jornal virtualVocê também poderá ler este jornal

através do site:www.fundacaopascoalandreta.com.br

tendo as poesias ganhadoras, assinatura deste jornal e uma viagem cultural aos premiados do Ensino Fundamental e Médio. O professor Claudio Faraco projetou fotos de seu livro “Ex-pedição Sagarana” ao mesmo tempo em que as expôs na área de recreação do Colégio. No mesmo local, Vera Lúcia de Freitas Pereira Pi-res apresentou suas sacolas artesanais e Mônica Zucato Robert mostrou produtos de seu arte-sanato. Matheus Zucato Robert autografou seu primeiro livro “Os dois fazendeiros”, enquanto Lucas Gottardello cantava suas músicas, acom-panhando-se ao violão, auxiliado pelo ritmo de Fernando Pocai. Para completar a noite, o Círculo Ítalo-brasileiro de Monte Sião ofereceu coquetel aos presentes, com a participação e apoio dos colaboradores deste jornal e outras pessoas voltadas à filantropia e literatura.

José Ayrton Labegalini – presidente da Fun-dação; Alessandra Mariano Silva Martins, José Claudio Faraco, Ivan Mariano Silva, Carlos Alberto Martins – componentes da Comissão

Organizadora.Jurados que escolheram as poesias vencedo-

ras – Professora Vera Lúcia Ribeiro de Castro Zucatto, Dr. Jaime Gottardello (cronista), José Carlos Grossi (poeta e romancista), Eraldo Mon-teiro (poeta e escritor), Ariovaldo Guirelli ( pro-fessor de literatura brasileira e apresentador do evento), Bernardo de Oliveira Bernardi (poeta e cronista), professor José Alaércio Zamuner (es-critor, cronista, palestrante, romancista). Maria Helena Faraco (Bióloga e professora), ao lado de Ariovaldo Guireli, leitora das poesias, currícu-los e biografias.

Apoio cultural: Prefeitura Municipal, Colégio Monte-sionense, Círculo Italiano, Dynamis – Farmácia de Manipulação, Flora Nativa, Hotel Villa de Minas, Jornal “Monte Sião” e Succes – Escola de Idiomas.

LEIA AS POESIAS COM SEUS AUTO-RES, E FOTOS EM PÁGINA INTERNA.

inauguração

As empresas Gallo Calçados, Hotel Villa de Minas e Vall Vestti, através de seus pro-prietários Valdirene Costa e Carlos Godoy, inauguraram na manhã do dia 28 de março o Totem Turístico de Monte Sião, instalado na Rua Tancredo Neves. Grande número de convidados compareceu ao evento, dentre elas os vereadores da Câmara municipal, funcionários da prefeitura, o prefeito José Pocai Jr., os familiares dos realizadores do emblema, o artista que concebeu e realizou a obra Woodrow Welister Luiz, o representante deste jornal e da Fundação Cultural Pascoal Andreta, além de pessoas do relacionamento dos anfitriões.

O totem tradicionalmente é um emblema que representa um clã, uma tribo ou uma fa-

mília, e evoca a ligação entre esses núcleos e seus ancestrais. Trata-se, ainda, de reverên-

cia atávica unindo passado e presente, visan-do o respeito às origens de cada componente familiar. No caso da inauguração efetuada, o Totem configurou-se em frase distribuída em três linhas sobrepostas, em vermelho, afir-mando “Eu amo Monte Sião”, onde o termo “amo” é representado por um coração estili-zado. Erguido na calçada em frente à loja Gal-lo Calçados, a obra simboliza a hospitalidade que nosso povo sempre deve oferecer ao turis-ta, os laços fraternos que nos devem unir aos visitantes, um testemunho de que são sempre bem-vindos, mais pelos vínculos amistosos, menos por interesses comerciais, pois são a educação, a elegância e a gentileza que atraem o turista. O Totem da Val é tudo isso.

José Pocai Jr. após descerrar o monumento inaugurando-o, elogiou a iniciativa dos em-preendedores enquanto, em nome das famí-lias Costa e Godoy, o empresário Fernando Costa agradeceu a presença de todos, expli-cando a intenção de estimular o turismo entre nós através de obras como o Totem. Logo após se dirigiram ao restaurante do hotel onde foi servido farto e variado café da manhã.

O “Monte Sião” cumprimenta os empreen-dedores pela feliz iniciativa e oportuno senso de cidadania.

PÁGINA 2 ABRIL | 2018

ENTIDADE MANTENEDORA: Fundação Cultural Pascoal Andreta

Conselho Administrativo – Bernardo de Oliveira Bernardi, Carlos Caetano Monteiro, Ivan Mariano Silva e José Cláudio Faraco.

Diagramação – Luis Tucci - MTb 18938/MGFotografia – José Cláudio Faraco Direção financeira – Anderson Labegalini e Diogo Labegalini de CastroSecretário de Redação – Carlos Caetano MonteiroJornalista responsável – Simone Travagin Labegalini (MTb 3304 – PR)

Colaboradores – Ariovaldo Guireli, Antonio Edmar Guireli, Antonio Marcello da Silva, Bernardo de Oliveira Bernardi, Carlos Caetano Monteiro, Celso Grossi, Eraldo Monteiro, Fábio Magioli Cadan, Hermes Bernardi, Hudson Guireli (Uxo), Ilson João Mariano Silva, Ivan Mariano Silva, Jaime Gotardelo, José Alaércio Zamuner, José Antonio Andreta, José Antonio Zechin, José Ayrton Labegalini, José Carlos Grossi, José Cláudio Faraco, Luis Tucci, Luiz Antonio Genghini, Romildo Labegalini, Tais Godoi Faraco, Waldemar Gotardelo, Zeza Amaral.

Colaborações ocasionais serão apreciadas pelo Conselho Administrativo do jornal que julgará a conveniência da sua publicação. O texto deverá vir assinado e acompanhado do RG, endereço e telefone do autor, para eventual contato. Cartas enviadas à redação, para que sejam publicadas, deverão seguir as mesmas normas.

Toda matéria deverá ser enviada até o dia 20 do mês (se possível através de e-mail) data em que o jornal é fechado.

Redação: Rua Juscelino Kubitschek de Oliveira, 738 – Fone (35) 3465-1196

[email protected]

esses inCrÍveis animais... e seus instintosTONINHO GUIRELI

Não é novidade pra nin-guém que os animais são seres incríveis! E o instinto deles pode ser genético, conforme afirmação de al-guns pesquisadores.

Conta-se que uma ti-gresa entrou em depressão após perder seus filhotes. Um funcionário do zoo-lógico experimentou co-locar uma pele de tigre sobre uma porca, e isso funcionou, pois a tigresa “adotou” os outros porqui-nhos. Sabe-se que muitos animais se adaptam ao am-biente para viver nele. Os castores, por exemplo, são exceções à regra, visto que eles, se colocados em am-biente diferente aos seus, tratam logo de promover modificações em todo esse ambiente, como barragens, tocas, lagos e outros, de maneira a torná-lo bom para sua sobrevivência, o que acaba ajudando os ecossistemas. Será que tem algum castor engenheiro? Afinal, quem controla a obra? E esse instinto de so-brevivência, há milhares de anos, nunca deve acabar, se depender dos castores.

Uma espécie de tar-taruga aquática (elusor macrurus), de 40 cen-tí-

metros, que é encontrada na Austrália, respira pela bunda. Com estruturas parecidas a guelras, ela respira oxigênio por até 3 dias, debaixo d’água; pena que está ameaçada de ex-tinção. Sabe-se que alguns animais se isolam quando percebem que vão morrer. Que os cachorros sabem quando seus donos estão chegando. Que as tartaru-gas recém-nascidas sabem que precisam caminhar até o mar para garantir sua so-brevivência.

Alguns pesquisadores acreditam que cães e ga-tos, dispõem de capacida-des extrassensoriais, como também os papagaios, gansos, galinhas, peixes, répteis, cavalos, macacos, ovelhas, etc. E a conexão dos animais domésticos com os seres humanos os faz sentirem quando seus donos precisam de ajuda, até emocionalmente, por que não?

Dizem que Sigmund Freud, o pai da psicanálise, levava em suas “terapias” sua cadela “chow”, que fa-zia parte do processo sub-metido aos seus pacientes. Ele acreditava em “cura pelo animal de estimação”. E esse animal até o avisa-va quando a sessão tinha

terminado. Acho que só faltava a cadelinha receber também o pagamento e até fazer o troco, se tivesse. E também era dito que nos templos de cura da Grécia antiga, os cães eram tra-tados como coterapeutas. Pode isso?

Um polêmico cientis-ta inglês, de nome Rupert Sheldrake, que estudou nas universidades de Cam-bridge (Ciências Naturais) e Harvard (Filosofia), e PhD em Bioquímica, em-bora tenha adversários ferrenhos, disse que os animais possuem habili-dades, que os humanos perderam, e que têm mui-to a nos ensinar. Será que ele é melhor que o nosso Ivan Mariano? Não acre-dito, não! Com sua equipe, Sheldrake entrevistou pes-soas experientes no trato de animais, como veteri-nários, tratadores de zoos, treinadores de cães e cava-los, proprietários de canis, cegos com seus cães-guia. Ele espalhou questionários sobre comportamento ani-mal em residência, em di-versos países, e teve êxito. E aí, cabe a história do cão Jaytee, que se postava em frente à porta de entrada da casa, meia hora antes da chegada de sua dona

Pamela, que voltava do tra-balho. Ela trabalhava a 60 quilômetros de sua casa. Nos testes feitos, Pamela passou a vir de táxi, de bi-cicleta ou de seu carro ou mesmo a pé. Sempre o cão ficava no local, meia hora antes da dona chegar! Pen-sar que seria o cheiro da pessoa, difícil, face ao caos urbano. A cachorra, o que era intrigante, não ia para a porta esperar a dona no momento em que ela par-tia do trabalho, mas sim no momento em que ela deci-dia partir; como se lesse o pensamento dela.

E os elefantes? Eles mostram sua emoção e até ficam de luto se morre al-gum membro do grupo. Quando encontram e re-conhecem alguma ossada, eles se reúnem em volta dela e até têm depressão.

Em nossa querida Mon-te Sião, também são co-nhecidos alguns compor-tamentos, até já descritos em outra ocasião, de ani-mais de estimação como o cachorrinho Totó, que aguardava o retorno da Malvina e suas irmãs, to-das filhas da Dona Isolina e do Choque, quando elas iam ao cinema ou à igreja. Era “batata”! No horário em que terminava a missa,

ou a sessão de cinema, o “Totó” chegava nesses lo-cais, sem ninguém mandar e sem “consultar o relógio”. Já que ele ia levar, entendia como obrigação ir também buscar, claro!

E quem não se lembra do “Bulego”, um buldogue bonito que era “compa-nheirão” de nosso amigo Geraldo Pimentel (hoje em Campestre, MG), que aju-dava o Geraldo a carregar a enorme marmita do almo-ço, sem “roubar” um pe-dacinho sequer de carne? E do “Mondengo”, o belo cachorro cujo dono era o Ilson Mariano, mas que prestava serviços também ao irmão Ivan, pois toma-va conta do consultório de dentista, enquanto o Ivan almoçava? Essa incum-bência era do Ilson, mas em troca de alguns gomos de linguiça, o Mondengo assumia esse trabalho, en-quanto o Ilson dava umas voltinhas por aí. E do “Chi-naide”, um cachorrinho esperto que tomava conta da loja de tecidos da Dona Ninha, enquanto a Isa, o Neuzinho e o Placidinho almoçavam? Se ele voltava o troco certo, não sei!

Bem, a própria ONU promulgou em 1978 a Declaração Universal dos

Direitos dos Animais, daí que a coisa está quase livre hoje. O chamado Direi-to dos Homens ainda está meio complicado, mas o dos animais está ficando cada dia melhor pra eles. Não se vê mais em nossa cidade uma carroça pu-xada por vários cavalos, como antes. O Frosino, e o Luís Lixeiro, hoje teriam problemas! Não vi ainda, nenhuma pessoa puxando ou empurrando uma car-roça, com um cavalo sen-tado nela, mas ... do jeito que a coisa anda!!!

Basta ver a tranquilida-de das vacas, na Índia, pas-seando nas movimentadas ruas, complicando o trân-sito, enquanto os motoris-tas de carro se digladiam para rodar alguns metros. Está certo que a vaca é um animal sagrado lá. Mas o ser humano é o quê?

Como já foi dito nes-te conceituado Jornal, “os homens são animais muito estranhos; uma mistura do nervosismo de um cavalo, da teimosia de uma mula e, da malícia de um camelo” (Aldous Huxley, escritor inglês).

o mundo é um ovoJOSÉ ALAÉRCIO ZAMUNER

Há muito que o mun-do é um ovo, e nele cabe de tudo. A cada tempo, verdades são proclamadas eternas até um próximo momento, e todos esses momentos de ínterim tor-nam tão sagrados e salga-dos os profetas, seus asse-clas cavam fundamentos profundos que chegam quase no meio da terra, perto de um rio vermelho e infernoso de magma; nor-malmente queima tudo o que está por perto. Nunca há céu para qualquer ver-dade.

Dia destes fui comprar repolho para fazer um bom refogado: fazia tempo que não comia um repolho re-fogado. Cheguei na horta que existia por perto, veio o dono, seu Lupércio, filho da Dona Valeriana, irmão do Juca... Lupércio sempre

foi um bom roceiro; sabia de tudo sobre plantações. Seu roçado crescia muito, enchia seu mundo de co-mida, e ele vendia sempre pelo mesmo preço, porque, diz ele, é a mesma terra, é a mesma planta e sempre só é o que é, e ninguém pre-cisa falar o que a terra é, além mais, não me cobra nenhum nada. Assim, ao pedido, colhia o produto, o preço era o mesmo de anos, às vezes, ele mesmo perguntava quanto havia cobrado antes (da outra vez). E todos pagavam, e todos comiam, e todos nem comentavam, porque era o que era, só isso: terra e plantio: é vazio proclamar uma existência visível à flor da terra. Olhe o canteiro de repolho, escolha, qual? Es-colhi dois, Lupércio apa-nhou os repolhos com suas mãos, paguei e saí pra casa, os repolhos nas minhas mãos: Recomendações x

recomendações.Vem um outro dia e

apareceram por perto da horta do Lupércio umas gentes de incertos lugares. Vinham de longe. Chega-ram espalhafatosos, gri-tando que traziam verda-des líquidas para o povo, e plantamos verdade incon-cebível, jamais vista, que estes tempos são outros, o tempo das ideias que vêm do fundo da terra, do co-nhecimento: o conheci-mento! As plantações exis-tem na essência ideológica: forma de pensar um estar entre plantas e gente. Gen-te pode ser planta, sabia disso? Até hoje ninguém pensou assim. Precisa ou-sar muito para inverter isso tudo, mudar o, o... para-digma, entendeu, seu Lu-pércio? Vamos ensinar um novo conceito pragmático de plantar alimentos, que o mundo cansa de ser o mes-mo, ser a mesma verdade, e uma verdade cansada, vira mentira, isso está nos livros, nos autos, códices dos filósofos, Ascetas, So-ciólogos, tropolólogos; e os Trololólogos: todos muito sábios e locados... no Go-verno central!!...

Nossa, que isso?? E pre-

cisa de toda essa gente pra plantar um repolho?

E aconteceu. Tomaram o lugar. Ninguém podia comprar mais o repolho do Lupércio. Chamaram um por um do local, cada um desceu acabrunhado a rua para ver a nova forma de plantar uma horta. Daí, vem do espaço em um tipo nave com mais homens, exibindo muitas mudas de repolho numas máquinas plantadeiras. A terra aos seus pés, e começam os en-sinamentos, as máquinas fazem as covas, lançam as mudas na terra, o povo do local, Lupércio junto, se es-pantam em horror, aquilo sangrava os olhos de suas vidas e costumes, e os es-trangeiros plantando. Há algo errado, é brincadeira dessa gente, – não, aqui não tem brincadeira, não, há que quebrar os cos-tumes na medula, trocar velhos paradigmas e plan-tar novos, mais arejados (Nossa, essa gente fala di-fícil) Sabem o que é isso? Somos o conhecimento conceitual destes tempos, e nem pense em nos contra-riar, porque sabemos, so-mos sabichões teóricos: da verdade vinda de muitos

estudiosos, gente que pre-ga inteligência com prego de aço nas máquinas des-tes tempos: somos o novo tempo líquido; que flui!, os guardiões da sabedoria, descemos nos profundos dos estudos, lá onde há um rio vermelho corrente, não se deve questionar uma verdade de uma sabedoria igual a nossa. O que vocês fazem, está nos livros, nos estudos teóricos? O nosso modo está tudo bem ex-plicado ponto a ponto no magma vermelho de tão verdadeiro que é.

Moço, a nossa é uma vida que se vê inteira plan-tando repolho na terra, só tem essa maneira, quando a terra tá cansado, pode pôr um pouco de esterco, mas sempre e sempre a muda só pode ser plantada com a raiz na terra, pra ela crescer pra cima, na força do sol. Ninguém aqui está querendo imaginar essa vossa forma: de ponta ca-beça, a da raiz pro céu. É a raiz que pega o alimento da terra, ensino que vem de longe, nosso pai dizia, e isso não é questão de ver-dade nem de mentira: é o que é: terra, roceiro, plan-tio, colheita.

Mas só não acredita nis-so quem não quer. O repo-lho cresce muito bem com sua cabeça dentro da terra. É da terra que as folhas se alimentam: acredite nessa verdade.

Não é possível. Nem é questão de acreditar, por-que o que é, já é: terra é terra, repolho é repolho.

Sim, é possível, é só quebrar o paradigma...

O que que é paradigma?Se vocês não sabem o

que é paradigma, como podem afirmar que suas formas de plantar repolho é a verdadeira. Se não sa-bem, portanto, seus plan-tios é uma mentira.

Mas, e o que colhemos? Vocês pensam que co-

lhem, mas é ilusão.Mas a gente come!Pensão que comem.

Não comem! Assim dizem os livros, as novas teorias de inteligência.

Então, então...Desistam, agora reina

uma nova verdade para-digmática...

Vixxxx! Que que isso?!...

ABRIL | 2018 PÁGINA 3

voyager iCELSO GROSSI

Neste mês de abril de 2018, a nave espacial Voyager 1, não tripulada, que foi lançada pela NASA em 1977, já está viajan-do há 39 anos e a uma veloci-dade superior a qualquer outra conhecida. Ela está, agora, há mais de dezoito bilhões de qui-lômetros de distância do nosso planeta, no sistema interestelar, segundo informações dos cien-tistas daquela agência.

Quando comecei a ler o li-vro que o Dr. Marcelo me pre-senteou: “Guia de um Astro-nauta para viver bem na Terra”, passei a me interessar pelos trabalhos desenvolvidos pela Nasa. Numa noite em que eu escarafunchava notícias sobre

o assunto, cansado e sonolen-to, um astronauta me apareceu de repente e me disse ser por-tador de um convite para eu ser tripulante da Voyager 1. O convite me levou a um tran-se indescritível e, sem saber o que estava acontecendo, me vi já assentado dentro da nave e viajando. “Um Cidadão do mundo”, visitando a lua Io, de Júpiter, e seus vulcões, os anéis de Saturno e, depois, seguindo para explorar a extremidade mais externa do domínio do sol. Uma profunda tristeza me abateu, então, quando meu planeta Terra sumiu como um grão de areia no meio de um areal cósmico. O espaço pare-cendo um braseiro, cheio de pontos coloridos agrupados e,

às vezes, separados no infinito. Sons surgindo intermitente-mente de longe, agudos ou gra-ves, lembrando cada um o coa-xar do sapo intanha, o estrilo de grilos, o atrito de metais ou o bordão de violoncelo, além de outros sons. Naquela estranhe-za espacial e sentindo-me aban-donado, tive vontade de orar e pedir a proteção dos anjos e santos, mas uma dúvida me acometeu: O Deus, anjos e san-tos de lá seriam os mesmos do meu mundo? Pois, lembrei-me que, numa Novena de Natal, na minha casa, eu quis falar da fé cristã, observada por mim nos países que havia visitado ante-riormente, mas a coordenado-ra me interrompeu dizendo: “ Vamos falar só de Monte Sião.”

Calei-me então, pois, falar lá do Cristo venerado em outros lugares não era permitido, foi o que entendi ! Agora, onde me encontro, nesse cafundó, será que poderia falar com meu Deus e seus Anjos e Santos? Enquanto questionava, pensei no meu povo, nas pessoas que se diziam ricas, inteligentes, cultas, piedosas, úteis: e, nas desatinadas, maldosas, corrup-tas, desleais, querendo sempre mais , e nos traficantes de dro-ga. Considerei-as em relação ao mundo que descortinava à minha frente, lamentoso e pen-sando se existiriam, também, por aquelas bandas, por onde já havíamos passado e iríamos passar, entes repugnantes como elas? Credo! Não quero saber!

A INCONFIDêNCIA

Então me acomodei e cai em sono profundo. Quando acor-dei, na manhã do dia seguinte, me lembrei do sonho interes-sante que tive naquela noite em que fui vencido pelo cansaço da leitura. Espreguicei-me ante a janela do meu quarto, vendo

o Morro dos Macacos e dando graças a Deus por estar neste planeta, na minha cidade e na minha casa, enquanto a nave Voyager 1 continua viajando e nos mandando fotos e infor-mações colhidas por onde vai passando.

ZÉ ANTONIO

Um de meus amigos pregou na parede da sala de sua casa uma bandeira da Inconfidên-cia Mineira para demonstrar que se orgulha por ter nascido em Minas Gerais. E a quem lhe pergunta por que exibe em sua sala a bandeira da Inconfidên-cia e não a de Minas Gerais, ele explica que a conjuração mi-neira deve ser louvada como a mais importante tentativa de promover a independência do Brasil. Sua justificativa, porém, está errada. A Inconfidência Mineira não tinha por objetivo tornar o Brasil independente de Portugal. Seu objetivo era criar uma república em Minas Gerais – só em Minas Gerais – separando a província do resto do Brasil. Quando exponho esta verdade às pessoas que têm na Inconfidência Mineira seu farol e guia, sou acusado de ter vendido minha alma aos paulistas. Digo então a elas que os paulistas cultuam os bandei-rantes tanto quanto os mineiros cultuam os inconfidentes e que os bandeirantes ganhavam a vida caçando índios nas selvas para depois vendê-los como escravos. Até que, em 1693, um desses bandeirantes se embre-nhou mais profundamente na floresta e descobriu ouro nas lonjuras da Capitania de São Paulo, numa região que foi logo chamada pelas autorida-

des portuguesas de Minas do Ouro.

A notícia da descoberta de ouro nos confins da Capitania de São Paulo e das Minas do Ouro atraiu outros bandeiran-tes e aventureiros à procura de novas lavras. Alguns deles en-contraram diamantes; outros, como o bandeirante Fernão Dias Paes Leme, celebraram a descoberta de pedras de pouco valor que tomaram por esme-raldas. A descoberta de pedras preciosas na região das Minas do Ouro fez com que a Coroa Portuguesa mudasse seu nome para Minas Gerais. Em 1720, menos de trinta anos depois da descoberta de ouro na re-gião, ocorreu a primeira rebe-lião de mineradores em Vila Rica – hoje Ouro Preto – uma cidade que havia sido fundada em 1698 e se tornado em ape-nas uma década o maior centro minerador das Américas. Li-derados por Felipe dos Santos, os mineradores se insurgiram contra a elevada cobrança de impostos e foram esmagados pelas tropas comandadas pelo Conde de Assumar. Felipe dos Santos foi enforcado, esquarte-jado e seus restos dependura-dos em estacas, como setenta anos depois viria a ocorrer com Tiradentes. De Felipe dos San-tos pouco se fala, embora ele tenha sido em quase tudo um precursor dos inconfidentes.

A revolta de Felipe dos San-

tos levou a Coroa Portuguesa a desmembrar a região das Mi-nas Gerais da Capitania de São Paulo e a isolá-la, proibindo a construção de novas vias de acesso, para inibir o contraban-do de ouro e a sonegação fiscal. Apesar do isolamento, houve uma explosão populacional na Capitania das Minas Gerais em conseqüência da corrida para as áreas de mineração. Diver-sos arraiais nasceram na esteira da mineração de ouro e pedras preciosas, como é o caso do po-voado que deu origem à vizinha cidade de Ouro Fino, criado em 1749, quando um bandeirante encontrou ouro naquele lugar. Pouco mais de cem anos de-pois da primeira descoberta de ouro na região, Minas Gerais já era a capitania mais populosa do Brasil. Estima-se que, só de Portugal, perto de 800 mil pes-soas se mudaram para o Brasil entre 1700 e 1800, contamina-das pela febre do ouro, e cerca de dois milhões de escravos fo-ram importados para trabalhar nas minas e nas lavouras brasi-leiras. A população do Brasil foi multiplicada por dez e atingiu três milhões de habitantes no final do século XVIII.

O ouro e as pedras precio-sas fizeram com que o centro econômico do Brasil se des-locasse do Nordeste – onde a cana de açúcar movia a econo-mia – para o eixo formado por Minas Gerais, Rio de Janeiro e

São Paulo. A cidade do Rio de Janeiro tinha o porto mais pró-ximo das Gerais e por ele o pro-duto das minas era embarcado para a Europa; na rota contrária chegavam os navios negreiros carregados de escravos. O porto do Rio de Janeiro tornou-se tão importante que, em 1763, a ca-pital do Brasil foi mudada para lá. A cidade de São Paulo, por sua vez, não passava de uma vila pobre, com ruas sem cal-çamento e casas de pau pique. Mas os paulistas ganhavam di-nheiro abastecendo de carne e outros gêneros alimentícios o Rio de Janeiro e as cidades mi-neradoras de Minas Gerais.

Em meados do século XVIII, o Marquês de Pombal, que foi uma espécie de primei-ro ministro do rei de Portugal D. José I, fixou em cem arrobas de ouro – ou 1.500 quilos – o imposto que cada minerador de Minas Gerais deveria pagar anualmente à Coroa Portugue-sa. Este imposto era chamado de “quinto” e, caso não fosse pago integralmente, a diferen-ça ficava acumulada para o ano seguinte. Em 1789, quando se tramou a Inconfidência Minei-ra em Vila Rica, boa parte das minas estava exaurida – pelo menos, é o que alegavam os ricos mineradores de Minas Gerais, acrescentando que, por isso, era impossível pagar inte-gralmente aquele imposto – e o quinto atrasado, segundo as

autoridades portuguesas, al-cançava 538 arrobas, ou cerca de oito toneladas de ouro puro. O governador português de Minas Gerais, Luís da Cunha Menezes, decretou a “derrama”, que consistia no confisco de bens do devedor para a quita-ção da dívida, para arrecadar os valores considerados devi-dos. A execução da derrama deveria ser levada a cabo pelo novo governador de Minas Gerais, Luís Antônio Furtado de Mendonça, o Visconde de Barbacena.

A derrama atingiria a classe mais abastada de Minas Gerais, que resolveu por isso eliminar a dominação portuguesa na capitania e estabelecer ali um país livre. Não havia a intenção de libertar toda a colônia bra-sileira; a motivação principal da conjuração era deixar de pagar os impostos atrasados. A revolta deveria ocorrer quan-do começasse a derrama e o estopim para seu início seria o assassinato do Visconde de Barbacena a cargo de um dos militares que fariam parte de sua escolta – o alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de Tiradentes.

A conspiração foi abortada porque três dos grandes deve-dores de impostos denuncia-ram a conjuração em troca do perdão de suas dívidas. Mui-tas pessoas foram acusadas de fazer parte da conspiração,

tiveram suas propriedades confiscadas e algumas foram degredadas para a África. Ape-nas Tiradentes foi condenado à morte. O interessante é que os nomes dessas pessoas raramen-te são mencionados nos livros escolares que falam da Inconfi-dência Mineira. Os geralmente citados, além de Tiradentes, são Cláudio Manuel da Costa, To-más Antônio Gonzaga e Inácio José de Alvarenga Peixoto. Des-tes, apenas o último, segundo a maioria dos historiadores, teve papel relevante na conspiração. Os outros dois foram acusados de saber que uma conjuração estava sendo tramada e não a denunciaram. Cláudio Manuel da Costa, segundo as autorida-des portuguesas, suicidou-se na prisão; Tomás Antônio Gon-zaga foi desterrado para Mo-çambique, onde se casou com a filha de um rico traficante de escravos; Alvarenga Peixoto foi deportado para Angola e lá morreu.

“Inconfidência Mineira” é um nome depreciativo cunha-do pelas autoridades portugue-sas para ridicularizar a conspi-ração mineira. “Inconfidente” é alguém em que não se pode ter confiança – um traidor, portanto. O rótulo pespegado pelos governantes portugueses à conjuração engendrada em Vila Rica significava – e ainda significa –“Traição Mineira”.

Prosa de varandaZEZA AMARAL

É muito bom ter amigos. Um amigo é sempre bem-vindo, seja qual for a hora. O homem tris-te, apaixonado, tem o seu bom e paciente amigo que ouve e sofre calado as dores do amigo; con-versam, bebem e lembram velhas canções de amor, e trocam recei-tas de vida.

O homem triste, desemprega-do, também tem o seu amigo. E dele recebe todo o conforto para a sua alma conturbada, além de um naco de pão, um pouco de leite e até um dinheiro. E assim se man-têm vivos e unidos na roda viva da cidade.

E o homem triste, aprisiona-do, também tem amigos. Amigos que se importam com a sua con-dição de homem preso. São ape-nas amigos. E saudosos. E levam doces, cigarros, cartas e notícias...

É muito bom ter amigos; aqueles que nos ouvem e nos aju-dam na travessia da vida; amigos que não temem nossos erros, nos-sas pequenas e grandes falhas — e é maior ainda o amigo que com-preende essas falhas. Por maior que seja o erro, o amigo terá que ser ainda maior amigo.

Infeliz o homem que não tem amigo. E mais infeliz aquele que possui amigos que trazem sorri-sos nos lábios e tapinhas afetuosos nas costas; pensa, assim, que os amigos têm sempre que mostrar rosto feliz, roupas arrumadas e sempre perfumadas. Para ele, o amigo não pode discordar, ape-nas comungar as mesmas ideias e erros. E, por estarem assim, justos e contratados na falsa amizade, ambos erram, julgando-se certos.

Meus olhos buscam os olhos de um amigo e vejo que os seus olhos estão distantes, também em busca de olhos amigos. Há uma distância enorme entre homens amigos, um quase oceano de vida e pretensão.

Faço para mim um amigo que invento agora. E será com ele que beberei todos os tempos que ain-da me restam. Qualquer um que estiver disposto a conversar sobre a vida será bem-vindo, desde que traga a sua vida também.

E aos olhos acastanhados da mulher, que eu me faça também um amigo, além de namorado. E que ela tenha a certeza que a maior distância concebível será sempre uma diferença, pois nem toda distância possível é capaz de

ser maior que a vontade de vê-la naturalmente feliz.

Será sempre assim. Os amigos estarão sempre distantes, ou au-sentes, e a saudade cada vez mais perto, quase um muro intranspo-nível; e tudo está doendo de um jeito que quase não dói...

Mas tenho um lugar para an-corar meu coração. É um pequeno canto do meu rio, uma pinguela à toa. As águas do Atibaia passam por mim e com elas vão as minhas dores. Lavai, meu rio, a alma das dores minhas... e assim é a minha reza agnóstica. E assim saúdo a saudade do amigo Jota Toledo...

Não digo por mim o que sin-to por tanta ausência, o cheiro de fumo do meu avô, do talco da mi-nha avó, da mãe. Falo apenas pra dizer que uma velha alma caipira veio me visitar e por enquanto ando a estar por aí pinicando, como posso, a barriga de uma vio-la. E assim me acho em saudade tão nova e, saiba o raro leitor, que não há nada mais dolorido que saudade nova.

Falo de um jeito esquisito, eu sei. Mas é apenas o jeito de um cai-pira conversar com o seu traves-seiro. É apenas prosa. Só isso. Não, não estou a pedir compaixão ou

um pouco de atenção. Quero ape-nas dizer que hoje alguma coisa reclama por um pouco de quietu-de, um raiar tranquilo de sol, por um pôr de sol ameno, uma brisa que me faça um carinho nos pelos da cara.

Não há tristeza em nada do que digo. A humanidade com os seus horrores diários já é suficiente para anunciar um pouco do infer-no que vivemos. E o meu pecado se chama saudade; coisa que não se apaga, cicatriz de umbigo, viola sem corda; apenas esse sempre es-perar, essas encruzilhadas repletas de extravios. Ainda volto a mim, bem sei. É apenas uma questão de águas novas, do compreender do que temos a ter e a perder, coisa de mancha de bananeira, além das congadas perdidas e violas desa-finadas...

O Rio Atibaia um dia irá se encontrar com todos os rios e as-sim fundidas as águas farão nascer lambaris, piaparas e dourados; o mar há de virar água doce e o sertão um pomar de laranjais e mangueiras floridas. E rede, mui-ta rede pendurada pelas varandas brasileiras...

Bom dia.

PÁGINA 4 ABRIL | 2018

imaGens da Premiação do ConCurso de Poesias

José Ayrton, presidente da Fundação e o 1º colocado Categoria Geral - Rodolfo

Jaime e Aroldo (1º da Categoria Monte Sião) José Carlos e o filho André (2º da Categoria Monte Sião)

Irmão Silvio (3º Categoria Monte Sião) entre Lena e Eraldo Bernardo e Vera entregam certificados a Diellen Omara, 9º ano, classifi-cada na Categoria Ensino Fundamental e Médio

Entre Bernardo e prof. Vera, Cintia Pizzi, 7º ano, classifcada na Catego-ria Ensino Fundamental e Médio

Mirela Souza, 8º Ano, classificada na Categoria Ensino Fundamental e Médio, entre a prof. Vera e o poeta Bernardo

Lind, o homenageado, ao lado da esposa Dorly e do filho Francisco Otávio

O escritor Matheus e seu pai Eduardo

O auditório lotado Prof. Irma entre sua filha Karina e Meire Maria Helena Faraco e Ariovaldo - Apresentadores do evento

Vera Lúcia, esposo e seu artesanato Mônica e sua arte Lucas (violão e voz) e Fernando (percussão)

A poeta mais nova - Mariana - ouve sua poesia lida por Maria Júlia e Heitor

A família Gottardello presente à homenagem a seu representante Lind Ambiente do coquetel - à esquerda, exposição de fotos de Claudio Faraco

ABRIL | 2018 PÁGINA 5

Poesias PremiadasCATEGORIA ENSINO

FUNDAMENTAL II E ENSINO MÉDIO - MONTE SIÃO

(ordem alfabética por nome do autor)

CIÚMES

Quem criou esse tal de ciúmes Que virou parte dos nossos costumes?Quem criou essa porcaria Que acaba com o nosso dia?

Ciúmes, de onde vem?Ciúmes, será que me convém?Ciúmes, por que existe?Com você as amizades ficam mais tristes

Perco uma amizade sincera assim Com um ciúmes besta sem fim.Não sou briguenta, Apenas uma pessoa ciumenta.

Ciúmes não leva a nada É como sem fim uma estrada. Ciúmes é um sentimento Que vem crescendo a cada momento

Ciúmes, você tem que acabar Se não amizades verdadeiras vai levar Ciúmes, vá embora!Por que ele não pode sair porta a fora?

Ciúmes, por que você não pode me esquecer? Quanto mais você se aproxima, Mas eu perco as pessoas que eu gosto de ter.

Com o ciúmes Eu perdi o meu maior amor, E, sempre que eu penso nele,A única coisa que eu sinto é dor...

Cintia Pizzi Carvalho – Poesia “Ciúmes”6ª série / 7º ano Fundamental II - 2017 Escola Municipal Padre Reinaldo

O GARI

Numa sexta-feira de manhã,Um pai de família varria a rua,Enquanto os outros dormiam.Um rapaz que passava com os amigosRindo dizia em alto e bom tom:“Esse pobre varredor não passa de um sonhador!Irá morrer com a vassoura nas mãos...”Esperou uma resposta indecente,Mas viu que aquele varredor, Mesmo ouvindo os insultos, seguiaCom seu trabalho contente.

O gari, ajeitando o seu chapéu,Olhou fixo para eles com seus olhos azuis.Eram como a cor do céu em um belo dia de inverno.Com um sorriso tímido, a eles se dirigiu:“Meu caro colega, lamento o seu triste engano.Se eu tiver que morrer,Morrerei com canetas nas mãos,Pois estudo e me formarei ainda este ano.Com essa vassoura quero varrer todo preconceito e discriminaçãoNão ache que não sou capaz, não!”

Passados alguns meses, surgiu o mesmo rapazTodo acanhado diante do varredor estudado.Desculpas veio lhe pedir pelo erro cometido.O gari, todo apressado, disse com humildade:“Você está perdoado,Mas atenção não posso te dar.Estou muito ocupado e quase atrasadoPara meu diploma hoje pegar.”

Diellen Omara Silva Pereira – Poesia “O Gari”8ª série / 9º ano Fundamental II - 2017Escola Municipal Padre Reinaldo

Almejo o dia

Almejo o dia Em quem eu deslembrar Tua caricia Que eu deixar de lado Toda melancolia Ao lembrar do teu afago. Almejo o dia Em que teu sorriso Não perturbe meu espirito, Em que teu abraço Não seja o meu favorito. Almejo o dia Em que eu me desatar Dessa nossa história, Nossa Empatia; Da agonia De amar Sem poder demonstrar. Eu almejo o olvidar Do teu olhar, Teu andar, Teu suspirar, Do modo de me tocar. Eu almejo, O olvidar do teu sorriso O fim do capítulo, Desse livro De uma autora tão conhecidaChamada de vida.

Mirella Souza Silva – Poesia “Almejo o dia”7ª série / 8º ano Fundamental II - 2017 Escola Municipal Padre Reinaldo

CATEGORIA GERAL

(ordem de classificação)

Nove Espadas

Na cozinha, mientra arde a lenha, no fogão, ouço, da janela, ríspidos ruídos de metal sendo afiado. Uma a uma, nove espadas ficam prontas. Tine o aço agudo. Vibra o labirinto. Sinto um leve arfar de asas queimadas e minha avó, que ‘inda alimenta o fogo, me pergunta: Tudo bem?

Lá fora o som cessa. E o silêncio brusco, obtuso, mais me amedronta e acua que o amolador e as lâminas. Vovó pega o bule, serve três cafés e arria, e sua, sobre o sofá velho. Olho suas rugas, calos, seus olhos miúdos, sua dor na alma.

A primeira espada apenas começou a dar seu talho.

Somos eu e ela. A terceira xícara cabe a uma ausência. O café jamais sorvido brilha aos matinais solares, sob os quais esfria lentamente. Meu silencioso trago cumpre a reverência, mas engulo o gole ansioso, arfante; rompo o espectral assombro e ela ergue os olhos, com tamanho esforço que me doo, amuo.

Passo a ela a xícara vazia e morna. Lê-me a borra -pouca -, vaticina sonhos, sela-me esperanças.

A segunda espada arranca um grito mouco.

Vovó tem setenta, cãs, dores, pelancas. Sua fala elíptica significa-me o mundo, a casa, o antigo, o oculto, letra a letra, tal como um saber hermético, hierático, esotérico, amplo, vívido e profundo, cujos graus avanço com medida pressa, a qual controla em jogo; arma e atiça a chama, cala e continua. Ontem vi-a ao fundo, calma, estava nua.

Nunca fala de vovô. Nunca se exalta. Traz na caixa arcanos de tarô, só eles hablan. Quer adivinhar-me a sorte. Não pergunto nada.

A terceira espada é silêncio cortante.

Abuelita é gringa -Santa Cruz, Bolívia -, mística, cigana; abre as cartas, saem-me o pendurado e o louco e a sacerdotisa e o carro e, no centro exato dessa cruz, o diabo. Franze o cenho e os pulsos, geme um desconforto. Olha-me tão fundo que me assusto e corro. Quero olhar pra trás e desvelar meandros dessas vãs ruínas. Ela aponta à frente, dá sentido ao mundo, cerra o carro e o louco.

A sacerdotisa é ela; eu, o pendurado. Caem-se-me as moedas. Já vazios os bolsos, sinto inflar o espírito, as costelas, tudo. A quarta espada é cruz, é guilhotina, a funda.

Batem à nossa porta. Será, já, o diabo? Ou o fantasma, a sombra, o eco, a atroz relíquia, o vento assolador, o frio, a fome, a morte? À menção de abri-la, ergue o dedo a velha, apenas toca os lábios, compreendo tudo. Paro, sento, aguardo. Não batem de volta.

A quinta espada é raio e foge a trote solto.

Fale de vovô, vovó, hoje eu lhe imploro. Clamo e oro, choro, tenho as mãos sedentas. São cuias vazias, não lhe causam pena? Guarda esses teus dedos -me responde e aponta -; pega o lápis, marca a angústia e o nome dele; teus antepassados recebam perdão.

Sexta espada é a pena que hesita em senões.

Ah, se eu já soubesse que doera tanto, imaginasse a causa de tantos verões, primaveras calada, absorta, amuada, não insistiria tanto, ao canto, sobre o fio da adaga. No outono inteiro ela trabalha, estuda, risca seu diário, enche folhas mortas de grafite e lágrimas. E no inverno, queima junto à lenha as páginas sofridas, torna a ferver água, faz café, destila. Bruxa, uma alquimista, voz da natureza.

Serve outra vez três xícaras. Não ensina. Morrerá com seus segredos e sabedoria. Minha avó é louca e deusa, vai sem rastro ou pistas.

Sete espadas já cravadas sobre meus delírios.

Onde estão suas joias? Onde, a ametista? Fosse Deus piedoso e ela me contaria. Tem a cura, o antídoto, ama a medicina, mas esconde a chave, se envenena, expia. Dá adeus à vida, faz-me olhar parado, impotente, anímico.

A oitava espada rasga sem aviso.

Abre a pele, deixa vir à superfície o carma, o vício. Meu avô, somente a foz de seu suplício; e eu, quem sou na história? Onde o meu arbítrio? Minha avó se vai e não há mão que impeça. Rasga-se-me a carne, a alma, cada osso.

Dois cafés esfriam e o terceiro eu sorvo.

Nove espadas caem sobre minha cabeça.

Nove espadasRodolfo Elias MinariRio Branco - AC

Soneto a Arthur Schopenhauer

No afã de dissecar o ser que sou Com o bisturi transcendental kantista, Congrego um misticismo de budista E a tenebrosidade de Allan Poe.

Descrevo o transe estético do artista Que da Vontade cega se esquivou E glorifico o asceta que adentrou A paz inconsciente do protista.

Busco o silêncio da paisagem erma Para não me perder como um palerma

Confraria dos Mortos

A memória é um banquete de defuntos sorridentes, brindando seus crânios empoeirados como copos cheios de vinho e tempo.

Vozes de porcelana, voando em tapetes mágicos e pousando etéreas e sonolentas na areia movediça de uma ampulheta. A memória... é agora! Flutuando solitária pela casa como um fantasma sem órbita.

Confraria dos MortosThiago LuzRio de Janeiro - RJ

No infausto labirinto da ânsia humana. E visto que detesto a própria vida, Escarro na avidez indefinida E atinjo na abstração o meu Nirvana!

Soneto a Arthur SchopenhauerGuilherme KubiszeskiBrasília - DF

MENÇÕES HONROSASCASA VAZIA

A casa está vaziade risos, chamadose de todos os ruídosda aliança que se quebrou.As janelas fechadas mostram não haver mais como entrarpela última porta aberta,que basta para partir. No topo daquela escadaalguém parou e sorriu.Naquele quarto havia uma cama,na qual alguém se deitou e não dormiu.Nos corredores despidosainda ressoam, quase nítidos,os passos corridos e os gritosdas crianças que não crescerão em paz.Nada mais restoudos sonhos, das lutas, até as ilusões se acabaram.A última porta, enfim, se fechou.

Arturo – Poesia “Casa Vazia”Brasília – DF

Minha solidão engendra multidões

minha solidão engendra multidões.Não as de fora, que vivem nas ruasmas as que se estendem aqui Dentrocomo galhos em busca de luz

minha solidão engendra amores.Não os de fora, que andam no mundo,mas os que buscam por Dentro,em meio à escuridão, o alento

minha solidão engendra sonhos.Não os que nascem no sono,mas os feitos de oceanosentre a paz e a tempestadecomo se navegassemsob a mesma constelação

minha solidão engendra noites.Não as límpidas, com estrelas,mas as que buscam refúgiocontra a própria alma

minha solidão engendra solidõese elas vivem em minha companhia

Camila Rizzo Luiz – Poesia “Minha solidão engendra multidões”São Paulo – SP

Aranhas

Um dia Resolvi guardar Palavras numa lata Como quem guarda Relíquias queridas Em caixa de lembranças

Escolhi as mais formosas E as ordenei em frases adoráveis Edificantes Vivas e perfumadas Versos que poeta algum Jamais sonhou talhar Em seus delírios líricos

O tempo enferrujou a lata Anos tantos se passaram Comeu o presente e o passado Prescreveu saudades em pílulas No coração dos que ficaram Aranhas teceram teias Sobre as palavras anciãs Outrora tão belas tão frescas

Anos tantos se passaram Sobre as palavras anciãs Quando abri a minha lata Das palavras que guardeiSó uma reconheci Só uma me reconheceu Agora amarga

PÁGINA 6 ABRIL | 2018

Velha amarga Velha amarga

e elas vivem em minha companhia

José Antonio Martino – Poesia “Aranhas”Atibaia – SP

ÂMAGO

Foi quando entrei atônita, insólita e ansiosa por um desejo doce, e permaneci naquele quarto: certa dor invadiu o meu peito. ‘Que saudades, tia! Imensas saudades da senhora!’ Ao meu lado, retalhos, máquinas de costura e sua lembrança na placa inscrita de sua lápide.

Segurei o metal não muito pesado por um instante, e o tempo parou; crianças brincavam alvoroçadas por toda casa. Só o silêncio me tomava por inteiro, naquele quarto, naquele domingo intenso e desafiador.

Sophia Scalvi – Poesia “Âmago”Borda da Mata – MG

CATEGORIA MONTE SIÃO

(ordem de classificação)

A Criadora de Gatos

A aposentada criadora de gatospasseia pela casa no meio dos seus.“Boa tarde”, fala aos felinos pacatos.Sem resposta, finge que disse a Deus.

Já se esqueceu de sua última visita:Algum vendedor de gás ou carteiro.Lembra quando foi de alguém a favorita,hesitou em retribuir, não fez herdeiro.

Pusilânime, mal distingue os dias.

Ao Silêncio de Deus

Meu silêncio resmungafrente ao seu querer.Enjaulado,serrado entre meus dentes.

O rei gordoque não consegui engolir,com o amargor do seu cetim,está morto!E repousa em minha língua.

Seu querer,é invasão,É água.

Mas você, é raso.E eu, sou vastidão.

Se conquistar tudo que enxerga,ainda assim, não terá nada do que sou.

Pois o rei está morto!E só sobrou o engasgado ninguém.O silenciado,largado na imensidão do próprio ser.

Pobre vassalo do quererengarupado na sua carcaçaenxergo longe.E poderia te dizer sobre tudo

Mas dessa vez...Por meu querer.Me calo.

O silêncio de DeusAndré Costa Pereira Grossi

Ela se foi

O silêncio se fez ruidoso naquela salae ecoava dentro de mim.As palavras fugiam de meus lábiostais como pássaros ao som do predador.

O canto do silêncio reverberava aos meus ouvidose a rouquidão da voz se ouvia nos pensamentos:Ela se foi! Apenas partiu...Tal como o fechar de cortinas após um espetáculo.Ela se foi! Apenas sumiu...Não houve aplausos.Não se ouviu “bis” ou “bravo”Nem despedidas houve.

Cochichos corriam de um ouvido a outrotodos comentando sua morte.Neste silêncio gritanteenterramos a esperançasob os aplausos do ódio.

Ela se foiSílvio Assis Lobato (Ir. Sílvio)

AS BORBOLETINHAS

Borboletas são bonitas,Fofinhas e coloridasElas gostam de voarSobre as margaridas

Suas asas são brilhantesE tem duas anteninhasAntes dela ser uma borboletaEra uma lagartinha.

Quando estão com fomeTomam néctar das floresE suco das frutas.Eu gosto de borboletas de muitas cores.

Mariana Borges Marcuz 06/10/2009São Paulo – SP

PARTICIPANTE MAIS JOVEM

Sabe que é domingo por missa e tevê.Esvai-se seu tempo em folhas vazias,e molduras com cores que não vê.A criadora de gatos não contesta:Até a vida lhe acabar, pouco resta.

A criadora de gatosAroldo Comune

a Poesia, o raCional e o suBJetivoJAIME GOTTARDELLO

Uma das grandes dificuldades em nossa contempora-neidade é a pouca capacidade, ou paciência, de entender-mos uns aos outros. Frustrações e mal-entendidos são as consequências disso. O hábito de ler e/ou escrever poe-sias pode nos dar uma melhor ferramenta para escutar e entender o outro.

O poeta busca mergulhar o leitor desconhecido naqui-

lo que ele sente ao escrever um poema, e espera que esta compreensão seja levada para casa e ressoe na mente do leitor por muito tempo depois de lido.

Ao leitor basta cultivar a paciência para olhar a mente do outro, seu significado, despertando, assim, uma empa-tia por quem se propôs a expor suas emoções em forma de poesia. Esta simbiose entre poeta e leitor pode ser cha-mada de comunicação, entendimento.

A leitura de um poema pode abrir portas para senti-mentos que, às vezes, podem estar reprimidos. Quando as

portas são abertas, fendas escuras da alma e da mente são iluminadas, mesmo quando pensamos que estivessem para sempre fechadas para o mundo.

A poesia envolve nossas emoções de forma racional e estruturada. Ela é inteligente. Dança, brinca e nos enlaça. Emociona. Mas, a emoção, por si só é apenas sentimen-talismo. Assim, a emoção na poesia tem a habilidade de juntar o que é racional ao subjetivo. E isso, definitivamen-te, é uma experiência humana nobre.

redes sociais, um mundo de ninguém (ii)JOSÉ ANTONIO ZECHIN

Ninguém discordará que vivemos hoje num mundo interligado. E isso se tornou uma coisa muito séria. Co-nheço várias pessoas desistindo de frequentar as redes sociais. Ou diminuindo muito. Eu mesmo sou um deles. Os motivos são diversos, mas, basicamente, por causar desagregação familiar, desavenças entre amigos e muito estresse mental pela quantidade de informações.

Ninguém – absolutamente ninguém – consegue dar conta das centenas de milhares de notícias disseminadas diariamente, desde inocentes brincadeiras até questões religiosas e culturais. Claro, inevitavelmente passando por fatos políticos e justiça social. Impossível – absoluta-mente impossível – dar conta de tudo. Ficou um mundo grande demais. Uma infinita biblioteca com trilhões de informações. Uma moderna Torre de Babel com mentiras e verdades lado a lado e quase nunca se sabe o que é uma coisa ou outra.

Já citei que o brasileiro é “considerado” um povo tole-rante, pacífico e cordial. Doce ilusão que a Internet – com seus relacionamentos cibernético-sociais – está desmon-tando. A empresa Comunica Que Muda identificou os principais tipos de intolerância de forma muito acentuada no país: racismo, religião, aparência, classe social, idade, homofobia, xenofobia e misoginia. O maior percentual de citações negativas (com 97,4%) sobre questões políticas. Imagine quando mais próximo das eleições de outubro.

Ficamos tão envolvidos nestas “discussões” que nem percebemos o quanto estamos estragando nosso próprio bem-estar. Estudos já comprovam como a tecnologia e as mídias sociais estão impactando negativamente na saúde das pessoas, aumentado os níveis de estresse e diminuin-do o grau de felicidade, pois a “comparação” é sempre uma coisa terrível ao ser humano. Além do fato de que parecer que você está “desconectado” se torna um sen-timento de ausência do mundo. Fica a impressão de que não é ninguém, não tem ninguém, se não ficar 24 horas no ar. Parece perder a própria identidade.

Eis algumas sugestões que aprendi para melhorar o envolvimento com as redes. Se achar interessante, apro-veite. 1) Fique desconectado em determinadas horas do dia. Além de utilizar melhor seu tempo (no trabalho e es-tudos), servirá como mensagem da sua “disponibilidade” aos outros. 2) Deixe o celular no modo de espera e veri-fique-o de tempos em tempos, nos momentos possíveis. 3) faça um pacto com seus familiares e amigos quando estiver num grupo. Há pessoas com tempo sobrando que enviam tudo a toda hora. E pode não ser o seu caso. 4) Uma medida mais drástica seria excluir os aplicativos em seu celular e deixá-los somente no computador ou tablet, de forma que você olharia só nos momentos em que de-sejasse.

Pode até parecer brincadeira, mas não é: uma das su-gestões é aprender a meditar. Para torná-lo mais cons-ciente do momento presente, sem se afetar com o que “andando dizendo nas mídias sociais”. Se nada der certo, tenho uma ideia mais simples: vá até uma igreja e reze muito!

Rua Maurício Zucato - Centro

ABRIL | 2018 PÁGINA 7

O SUCESSO DA NOSSA GENTEA monte-sionense Natália Bueno, residindo atualmen-te em South Bend, estado de Indiana – EUA - apresentará o resultado de sua pesquisa sobre reconciliação em Mo-çambique na Universidade de Notre Dame, referência internacional sobre os estu-dos da paz e reconciliação. Natália é doutoranda em

Relações Internacionais pela faculdade de Coimbra, Portugal, e defenderá sua tese em fins de maio. Ela é filha de José Luís Bueno e Silvia Maria da Costa Pe-reira Bueno.Em seu trabalho, Natalia sugere uma nova definição de reconciliação que preenche a lacuna entre a teoria e a observação empírica. É um conceito de reconci-liação cujos atributos são inclusão, verdade e justiça.

Em sua palestra, Natalia aplicará este enquadramento teórico ao caso de Moçambique, traçando o desenvol-vimento de reconciliação no país a partir de 1992. A revisão do caso proposta por ela sugere que enquanto durante os primeiros anos após o Acordo Geral de Paz (AGP) – o qual encerrou 16 anos de guerra – o nível de reconciliação foi relativamente elevado, o seu desenvol-vimento deteriorou consideravelmente até a renovação do conflito armado em 2012.Natália selecionou Moçambique para seus estudos por-que este caso ilustra um problema muito mais amplo da literatura sobre reconciliação e justiça transicional. Aca-dêmicos e profissionais das relações internacionais en-frentaram grandes dificuldades ao tentar determinar se países com passado violento, como o caso moçambica-no, se reconciliaram ou não. Sua pesquisa ajuda a aclarar essa questão ao sugerir uma forma inovadora de medir o desenvolvimento da reconciliação ao longo dos anos.Fábio Barbosa, zootecnista pela FZEA/USP, conhecido como

Fábio Maiado, é outro mon-te-sionense de quem nos orgulhamos, pela sua com-petência profissional e tam-bém como vencedor que é em sua nova saga de Mestre Churrasqueiro, tendo re-presentado nosso país em campeonatos internacio-nais, sendo vice-campeão e melhor costela suína na

2ª. Competência de Parrilleros del Chile, competindo com mestres churrasqueiros de cinco países, em janeiro deste ano, e agora, em abril, foi campeão da 1ª Copa Sulamericana de Churrasco em Campo Grande, MS. Ocupa, atualmente, o 2º. Lugar na Classificação do Campeonato Brasileiro. Para estes campeonatos são exigidas quatro modalidades de churrasco: suína, caprina, bovina e vegetariana.

O sono da inocênciaJ. CLÁUDIO FARACO

Chamava-se Antônio Do- mênico, nome até pompo-so diante de uma pobreza de doer nos ossos. Edificada nos confins do Bairro do Grotão, a moradia de pau a pique, chão de terra batida e cobertura de sapé cercada por um naco de Mata Atlântica preservada, era a certidão garantida e indiscu-tível da miséria. Ainda solteiro, 58 anos de vida sem os pais e nenhum irmão, vivia só, ele com ele mesmo. Nunca teve sequer um fusquinha ou um

simples pangaré. Namorada? Impossível! Sempre andou a pé e tinha uma saúde inaba-lável até quando, vez ou outra, um constipado mais consisten-te o obrigava a caminhar até o posto de saúde mais próximo, na cidade. Sua casinha nunca viu fogão a gás nem luz elétrica, mas em contrapartida, instiga-va causos misteriosos insufla-dos pela luz tremeluzente das lamparinas a querosene e das brasas crepitantes das lenhas. Entretanto, com tantos reveses pela vida ele ainda me pareceu feliz. Mas esse estado de espíri-

to afrontado diante de alguém que teve uma vida mediana-mente aceitável simbolizava algo como ser obrigado a co-mer dobradinha com polenta todos os dias, para mim uma tortura atroz. Domenico, como gostava de ser chamado sem o acento de chapeuzinho, não negava conversas nem neces-sitou de esforços para demons-trar felicidade. Jamais possuiu um simples televisor nem mes-mo o irrisório de 14 polega-das. Em época alguma pagou impostos e tampouco tinha água encanada, mas o amigo

Manuel e MariaPASCOAL ANDRETA

Há seis meses não chovia. Seis meses de sol, de apreen-sões, de angústia. Velas acesas no portão do cemitério, sepul-turas regadas com águas dos rios, imagens de santos banha-das em água benta pelo sacris-tão, promessas, rezas, tríduos e novenas não conseguiam fazer brotar sequer um escanifrado penacho de nimbo naquele céu espelhado de novembro. A impassibilidade acidental do tempo desencadeava tempes-tades na passividade congênita dos colonos e sitiantes:

– Não farta mais nada! O trio agora tá completo: seca, formiga e um Presidente in-competente! Tamo frito!

Não menos frito se julgava Manuel Agostinho, dono de

três alqueires de chão, de duas vacas leiteiras e de um velho moinho de fubá. Olhando o céu aberto, sua alma se fechava, seu coração se comprimia, seus lábios murmuravam desespe-ranças:

– Lá se vai o que Maria fiou! No íntimo, lá num cantinho

indevassável da mente, Manuel redigia pragas e impropérios contra os anjos e contra os santos. Mas o medo do castigo riscava os parágrafos agressivos e o artigo saía, do prelo para a garganta, completamente re-visto e profundamente altera-do:

– São Miguel é bom, mise-ricordioso e amigo dos pobres pecadores. Sabe que cá embai-xo precisamos de chuva e have-rá de dar um jeito. Eu sei que São Miguel não falha e que as

chuvas chegarão!Depois dessas deslavadas

mentiras, juntava mais três mentiras transvertidas em pais-nossos e fechava a soma da mentira com um mentiroso sinal da cruz.

Vivia irrequieto, nervoso. Revirava na cama, insone. Le-vantava-se duas ou mais vezes durante a noite, sondando o céu, rebuscando no firmamen-to regalado de estrelas sinais promissores de próximas chu-vas. Valia-se da luz lavada do luar para revistar os três alquei-res de terras ressequidas. O sol dava cabo de tudo! Queimava o capim, emagrecia as vacas, secava as nascentes!

Pelo comprido canal, que ligava a represa ao velho moinho, corria apenas um

Faustino morador dos arra-baldes, perfurou-lhe um poço simples com um balde na pon-ta da corda, e era uma bênção. A comida brotava com vigor em seu pequeno quintal reple-to de mudinhas de tudo quan-to era planta saboreável, e dos cocoricós em abundância que saracoteavam, apressadinhos, por todos os lados. De moder-ninho mesmo, por assim dizer, tinha unicamente um radinho a pilhas cuja exaustão era pro-videncialmente substituída por Faustino. Ligava-o todas as tardes num programa musical

sertanejo de raiz, sua predile-ção, entremeado por notícias atualizadas. Depois, no bocejar da noite, suspirava preguiçosa-mente ao acariciar a escuridão sem o olhar malicioso da lua, e repousava seu cansaço tedioso no travesseiro sujo. Após ou-vir as vãs conversas-promessas do programa “Voz do Brasil” e apagar com um sopro a amare-lada chama do candeeiro, Do-menico, naquele exato instante se juntava a muitos brasileiros que, em Abril/2018, aplaudi-ram efusivamente a notícia go-vernamental que garantia a um

Brasil de economia arrebenta-da, apesar da fome inesgotável dos impostos e profundamen-te espoliada pelos corruptos, a menor inflação dos ÚLTI-MOS 24 ANOS! Sem jamais conseguir lapidar no seu parco conhecimento o significado da palavra “in-flação”, pois esta não lhe fazia nenhuma diferença, dormiu como um santo, um homem de bem, de um coração tão puro que se encontrava a mi-lhões de anos-luz de distân-cia dos homens do poder!

fiozinho minguado de águas tímidas, que mal acariciavam as possantes pás da gigantesca roda hidráulica. A desolação arrasa de um golpe o ânimo já em ruínas do emboaba:

– Desta vez ficamos sem mel e sem cabaça!

Agarrava-se desesperado a São Miguel:

– Ai, meu São Miguel! Va-lei-me!

Para chamar a atenção do santo a seu favor e fazê-lo sen-tir-se agradecido, deixava-lhe acesa, a seus pés, dia e noite, uma vela de cera. São Miguel, é quase certo, condoído do Ma-nuel e apoiado por outros san-tos, levou à apreciação superior a proposta de uns dias de chuva sobre Monte Sião e circunvizi-nhanças. Petição deferida, pron-tamente, sem preâmbulos...

Choveu. Choveu. Choveu.Manuel sente agora o co-

ração em festa! O estalejar de trovões e o barulho da chuva lembram-lhe cantigas alegres! Arcos-íris riscam-lhe a alma em todas as direções e em todo o seu ser ressoam guitarras! Até um batuque de jerê, batucado por negras roliças, empresta ca-dência a fados e viras!

Choveu tanto, que os locais já se preparavam para o reiní-cio das promessas, das rezas, dos tríduos e das novenas, ago-ra, porém, para que cessassem as chuvas. Mas o tempo não lhes deu tempo e se abriu num sorriso de sol. Após a semana de chuvas, o Manuel entra fir-me no serviço. Trabalha incan-savelmente, procurando recu-perar, em curtos dias, os longos seis meses perdidos. Repara o estábulo, semeia o pasto, planta sua rocinha de milho. A mu-lher o ajuda conforme pode.

– Maria: agora vou conser-tar o moinho. A represa está cheia e não podemos perder mais tempo. O serviço lá é rá-pido. Tu ficas aqui, perto da represa, esperando o meu si-nal. Quando eu gritar: “pronto, Maria!”, tu abres a comporta. Entendido?

– Sim Manuel!Foi-lhe fácil emendar cor-

reias, engraxar mancais, limpar as teias de aranha. Mas a roda hidráulica, castigada pelos seis meses de sol, necessita de repa-ros. Manuel mete-se por entre raios e cruzetas e vai se acomo-dar no interior da gigantesca impulsora de mós. Percebe

parafusos soltos e peças despre-gadas. De dentro da roda grita para a mulher:

Maria! Ó Maria! Traga-me a chave inglesa e o martelo!

A mulher, lá longe, no seu posto de espera, ouvindo a voz do marido, pensa que ela traz a deixa para sua atuação, cospe nas mãos e levanta a comporta a um palmo do fundo da repre-sa:

– Lá vai, Manuel!A água sai encachoeirada

pela garganta aberta, bufando, arrancando os musgos brota-dos nas paredes do canal e vai chocar-se, num estrondo, con-tra as pás da roda. O enorme círculo de madeira e ferro gira em suas juntas, o grosso eixo enferrujado araponga em seus mancais e a roda inicia seus giros de giradora cativa. Preso dentro da roda, Manuel gira com ela e se esgoela no meio das cabeçadas e cambalhotas:

– Para, Maria!O barulho das águas lavan-

do o canal, a distância e o vento contrário esfumaçam a voz an-gustiada do homem.

– Já abri, Manuel! Mas que vá mais um bocado!

E levanta mais um palmo de comporta.

– Maria! Maria! Olha que tu me matas!

A mulher mal distingue a voz mutilada pelo trapejar das águas. Esbraveja:

– Raios, Manuel! Nunca foi preciso abrir tanto! Mas já que insistes...

E abriu a comporta até o úl-timo grau...

PÁGINA 8 ABRIL | 2018

N.º 550Abril de 2018

PESCARIA DO GODINHO

E não é que o Godinho se viu sem isca em pleno Tapirapé, nem mesmo uma pelotinha de pão para fisgar um sim-ples filhote de matrinxã? Teve, então, lembrança salvadora. Abriu a mala de pesca, e do compartimento secreto re-tirou um dos 15 comprimidos de Viagra que mantém em seu estoque. Furou o comprimido, passou por ele o anzol, lan-çando-o no paradão. Notou que algum peixe mexia na isca, mas não puxava. Retirava o anzol da água, que trazia o comprimido cada vez menor lambido ou roído, e assim até acabar. Gastou cinco Viagras, sem pegar peixe nenhum. No 10º dia, antes de levantar acampamen-to, o Godinho vê no mesmo paradão mo-vimento esquisito. Foi lá para conferir e ficou de boca aberta. Pirararas, piabas, matrinxãs, piranhas, traíras, todas, mas todas mesmo, grávidas. A pirarara tinha “panos” por toda cara; a piaba, com en-joo, vomitava; a matrinxã tinha “desejo” de comer frango com polenta; a traíra mostrava o tornozelo inchado; mas to-das felizes, agradecidas, misturando lágrimas salgadas à água doce. No bar-zinho da curva do rio, onde a tranqueira para e se reúne, os machos contavam papo: engravidei sete, fertilizei cinco de-sovas, arrumei 70 amantes, fiquei noivo, vou casar. Foi quando, de cima da mesa, ergueram e entregaram ao Godinho a placa que fizeram para ele. “AO NOS-SO BENFEITOR, O MAIS PROFUNDO AGRADECIMENTO E, COMO SE TRA-TA DE PESSOA QUE VALE POR DUAS, PASSARÁ A SE CHAMAR BIGODINHO, COM O RESPECTIVO LOGOTIPO”.

Conterrâneos ilustres

Na noite de premiação dos poetas ven-cedores do Concurso de Poesia, par-ticipavam do evento o biólogo Waldir Gottardello com sua esposa Deise, o en-genheiro Rodrigo Zucato e sua esposa Patrícia, nossos conterrâneos (os mari-dos) que, sempre ao surgir oportunida-de, retornam para rever a Doce Terrinha. Waldir, filho de Antonio Gottardello So-brinho - o Tonico Padeiro - e dona Marti-nha Glória, e Rodrigo, de Fernando Zu-cato e Antonieta Comune, residem em Amparo e São Paulo, respectivamente. Ambos os casais fizeram a festa crescer em beleza e alegria.

Doação

O casal Wilson Bacellar e Gessy Got-tardelo Bacellar enviou à Fundação Cultural Pascoal Andreta, como ajuda à manutenção do Museu local, a soma de R$300,00 (trezentos reais). Não foi sur-presa à direção da Fundação a doação recebida, pois não é a primeira vez que o casal procede dessa maneira, isto é, preocupado com a cultura da cidade, com seu desenvolvimento intelectual e, para isso, dando sua contribuição, que muitos benefícios trará à entidade, já que se mantém através de apoio de toda forma e subvenções. Além do dinheiro, o casal ainda doou uma lista telefônica impressa em 1969, onde consta Mon-te Sião, cujos telefones tinham apenas três dígitos e mais uma revista editada em 1969, na administração de Carlos Pennacchi, divulgando a IV Festa do Agricultor. A Fundação envia seus agra-decimentos à Gessy e ao Wilson, e os cumprimenta pelo sentido exato da filan-tropia e cidadania. Monte Sião também agradece.

Revivendo

O grupo de Seresta da Fundação Cultu-

MAIO DE 2018Dia 01

Guilherme Silva MonteiroCaio José Labegalini

Maria Neuza C. DaldossoSusete Susana Canela

Dia 02Waldemar de Castro Ribeiro Jr.,

Leandro Zucato LopesDia 03

Suelen Silva Tozetti,Gatinha do Jornal/Março de 2008

Ernesto G. de Bacelar,Barueri/SP

Elizandra OtavianoJoão Paulo D. Machado

Dia 04Wilian Canela

Rafael LabegaliniDanieli Fonseca de Godoi

Dia 05Paulo Roberto R. Zucato, SP/SP

Daniel VicentinDia 06

Ruth Elaine Silva FelícioAlexandre PennacchiJosé Newton Volpini

Ricardo BertoniDia 07

Diná Correa GenghiniJoão Paulo C. Costa

Maria Aparecida C. BiscuolaNatália Durante Pennacchi

Felipi Magioli CadanDia 08

José Cid GotardeloDra. Eloiza M. Jacomassi,

Rio de Janeiro/RJLarissa Monteiro ComuneKeller Carolyne Cardoso,

Gatinha do JornalDia 09

Lendro Gonçalves da SilvaJeferson Galbiati

Luiz Francisco CanelaAurora Magalhães Jacomassi,

Rio de Janeiro/RJLuiz Gustavo Torteli Faraco

Dia 10Sérgio Custódio, SP/SPLuana Virgílio Comune

Mariana Caetano MonteiroRicardo Belinati da Fonseca

Dr. Flávio Le GrazieSilvia M. C. Pereira Bueno

Fabrícia Magioli CadanDia 11

Mário Kiyo IzumeCecília de Souza Morais

Dia 12Tereza da S. Labegalini

Kaloré/PRCláudia Regina R. Zucato

Eliana TakahashiMaria Letícia O. BernardiJoão Lúcio Genghini Jr.

Cláudia ZucatoDia 13

Angélica Folgosa MacedoWalderez Gotardelo CanelaKátia Cely Gotardelo Lopes,

Belo Horizonte/MGDia 14

Marcelo Guireli, Valinhos/SPLaíz Righete

Dia 15Paulo Rogério Santos

Isaura Jusinkas LabegaliniMaringá/PR

Luiz Gustavo C. FreireDia 16

Sônia Maria Costa Pereira GrossiSebastião Brás Canela

Nilson AraújoFlávia Canela

Dia 17Mirtes Custódio Beltrami,

São Paulo/SPTatiana Tavares SilvaSebastião Jacomassi,

Rio de Janeiro/RJDia 18

Elizabete Tavares MirandaRogério Uemura Gatolini

Elizabete Otaviano MirandaFrancisco A. M. Gatolini

Dia 19Daniela Beltrame Scorzab

Rodrigo G. GatoliniDia 20

Alessandra A. FilettiFerdinando Righete,

Daniela ZucatoGustavo Righete

Dia 21Mário Sérgio Souza Bueno

Tânia LabegaliniDia 22

Nayara Zucato RigheteAline Bueno

Dia 23Creusa Morais de OliveiraCaio Costa Pereira Grossi

Robson A. dos SantosDavina A. dos Santos

José Benedito S. e SantosDia 24

Mônica MonteiroDia 25

Rafael Buraneli MachadoFelipe Araújo

Dia 26Vitória Penachi

Samanta C. Vilas BoasDia 27

Joana de L. ShinoharaMauro Assis dos Santos

Dia 28Waldemar Labegalini,

Maringá/PRDia 29

Felipe Cyrne BeltrameMaria Cléria Comparim Costello,

Englewood, Flórida, USALeila Sillvério

Mirian LabegaliniMaria A. M. Cardoso

Dia 30Camili de Fátima Artuso

Giseli de C.D. SouzaMárcio Magoichi Izumi

Popo de Sião

Km 6 da Rod. M.Sião - O.Fino -(35)3465 1355 – 9 9114 9447

RESTAURANTE DA LICINHA

Programe sua festa - nós temos o local!

Espaço para 250 pessoas

Viver a vidaque me resta De tudoquase sei

O que passoupassou

O que viráinventarei.

Resta

ral “Pascoal Andreta”, mais para recor-dar as tradicionais serenatas pelas ruas da cidade e menos pelo entretenimen-to e lirismo das noitadas, saiu na noite do dia 20 cantando em frente às casas cujos moradores, saudosistas e aman-tes das músicas do passado, reviveram os bons tempos da mocidade ao ouvir canções eternizadas, mas que já não voltam mais. Adaptando-se à atualida-de, o grupo percorreu nossas ruas com a devida autorização da Prefeitura e a necessária cópia para a Polícia, quando, antes, seresta era uma obrigação. Em vez de caminhar como se fazia na Mon-te Sião de cinco mil habitantes, o grupo usou o Trenzinho do Rivo e dele só des-cia quando chegava na casa escolhida antecipadamente ou sorteada na hora, caso algum morador assustado, porém admirado, solicitasse outra melodia. Os seresteiros não só trouxeram de volta o passado, mas a História da cidade e seu extremo gosto pela música... e uma novidade agradável: a presença das mulheres dos seresteiros e outras mais, cantoras ou apreciadoras, aconte-cimento inconcebível e inadmissível no passado de Pascoal, Tonico, Horácio, Geraldo, Ramiro, Elpídio, Zé Guireli, Ro-dolfo, Ugo e de quatro remanescentes – Acácio, Gilberto, Ivan e Lind.

Falecimentos

Faleceu, no dia 17 deste mês, aos 58 anos de idade, Francisco Carlos de Fa-ria, proprietário da Mecânica Kiko. Deixa dois filhos, uma filha, dois netos e, viúva, a senhora Maria Rosa Comune Faria.No dia 21, aos 85 anos, Maria Pascoa-lina Alves Silva (Tica do Hugo, de quem era viúva). Deixa numerosa prole entre filhos, netos e bisnetos. No dia 24, aos 70 anos, José Lino. Viú-vo, deixa três filhos e uma neta. Às famílias enlutadas enviamos nossos pêsames.

1 Esquecido. Quase calado. Introspectivo. Fez seus poemas com es-mero e qualidade ímpar. Nasceu em São José dos Campos/SP no finalzinho do século XIX . Falece na cidade do Rio de Janeiro/RJ

em 1974. Fez parte do movimento Verde-Amarelo e Anta e na renovação da poesia brasileira através do movimento “Semana de Arte Moderna” em 1922 – São Paulo/SP. Pertenceu à academia paulista e brasileira. Sua obra passa por diversos momentos, desde o Parnasianismo ao Simbolismo e de-semboca com alegria e profundidade no Modernismo. Explorou temas na-cionalistas e se deteve a poemas intimistas. Uma vasta obra que destacamos: “A flauta de Pan” (1917); “Vamos caças papagaios” (1926); “Martim Cererê” (1928); “Um dia depois do outro” (1947); “A face perdida” (1950); “Jeremias sem-chorar” (1964). Estamos escrevendo sobre: CASSIANO RICARDO.

2- Fragmentos: Ladainha ( do livro: “Jeremias sem-chorar).

Por que o raciocínio,os músculos, os ossos?A automação, ócio dourado,o cérebro eletrônico, o músculomecânicomais fáceis que um sorriso.

Por que o coração? / O de metal não tornará o homemmais cordial, / dando-lhe um ritmo extracorporal?

Por que levantar o braço / para colher o fruto?A máquina o fará por nós. / Por que labutar no campo, na cidade?A máquina o fará por nós. / Por que pensar, imaginar?A máquina o fará por nós. / Por que fazer um poema?A máquina o fará por nós. / Por que subir a escada de Jacó?A máquina o fará por nós. / Ó máquina, orai por nós.

O Relógio ( do livro: “Um dia depois do outro”)

Diante de coisa tão doída / Conservemo-nos serenos.Cada minuto de vida / Nunca é mais, é sempre menos.Ser é apenas uma face / do não ser, e não do ser.Desde o instante que se nasce / já se começa a morrer.

3- A frase do mês: “ A esperança é também uma forma de contínuo adiamento” – Cassiano Ricardo.

LiterÁrio LXVI

Kuaia

1 Desadormeço e a cidade espreguiça carros e transpira pessoasermas e confusas

Há uma brisa de falsas notícias e um desporquêde crenças e esperanças

Nos sortilégios do diaquase desaconteço

Meu melhor é inventado

IVAN

Nas noites de 5ª-feira João Gordo de-dicava-se a fazer reza pelo município afora, usando tulhas, armazéns, barraco, currais, tudo sob a luz esmaecida das velas e lampa-rinas. Depois do terço, como um cantor da noite, recebia, e atendia, bilhetes solicitando orações para diversas ocorrências: chover, parar de chover, viçar o milho, brotar o feijão, boa safra de café e até providenciar marido para alguma solteirona ou viúva ainda moça. Depois de lido o pedido, João Gordo volta-va, com todo fervor, à oração na tentativa da realização aguardada.

Terminada uma das rezas, João Gordo recebe através do menino que o auxiliava, um bilhetinho de sua comadre Maria com seu pedido. Comadre Maria, viúva, tinha uma égua chamada Pomba, que era o seu esteio: arava, transportava lenha, servia de montaria e, nos domingos, puxava a charrete carregada de verdura, conduzindo a coma-dre Maria aos fregueses da cidade e depois à missa das dez. Acontece que, acometida de feroz sarna, caíram todos os pelos da égua, além de emagrecer por falta de apetite e âni-mo para a labuta.

Após ler o bilhete e dirigir olhar conster-nado à comadre, João Gordo dirige-se aos fiéis e, com voz suplicante, pede: “agora nós vai rezar dez pai-nosso pra crescer pelo na Pomba da comadre Maria”. Foi como se uma cobra entrasse na tulha dando botes e esgui-chando veneno, perseguida por um louco de punhal na mão, espumando e babando. Os

fiéis sumiram em atropelo, caindo, derru-bando cadeiras e bancos, arrancando a por-ta, as mãos sufocando gritos de vergonha, braços erguidos em súplica de perdão pela blasfêmia, os véus tapando os ouvidos. Cala-midade devastadora. Desatino.

João Gordo trocou a profissão de re-zador por furador de poço, de onde só saía para dormir. A égua sarou, mas também não mais deixou o pasto nem foi requisitada. Quando vê alguém por perto, anda de fasto. Comadre Maria comprou bicicleta.

A cura da sarna