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IMPLEMENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE MONITORIA EM SALA
DE AULA PARA FAVORECER A INCLUSÃO DE ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NOS NONOS ANOS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Professor PDE: Izabel Aparecida dos Santos Michelin1
Orientadora: Ana Priscilla Christiano2
Resumo – Este projeto parte do pressuposto de que a prática com monitoria no contexto
educativo se define como estratégia pedagógica, na qual alunos que se destacam na aprendizagem da Matemática auxiliam na situação de ensino e aprendizagem, podendo favorecer o processo de inclusão dos alunos com NEE no Ensino Fundamental, melhorando o desempenho escolar destes alunos e criando situações de socialização, adaptação, colaboração. Através da intervenção constatou-se que esta interação com seus pares possibilitou aos alunos com NEE, sanarem suas dúvidas e receberem orientações diretas para realizarem as atividades propostas em sala de aula, envolvendo-se nestas atividades e apresentando um melhor desempenho escolar. Este artigo científico apresenta este trabalho, que foi realizado com os alunos do 9º ano da Escola Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco – Ensino fundamental, da cidade de Borrazópolis. Esta proposta pedagógica faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná (PDE) e foi desenvolvido pela primeira autora orientado pela segunda.
Palavras-chave: Aprendizagem de alunos com NEE. Inclusão Escolar. Monitoria em sala de aula.
__________________________ 1 Professora da Rede Estadual de Ensino, no Paraná, Graduada em Matemática, Pós-graduada em
Educação Matemática e Atendimento às Necessidades especiais e, participa do Programa de Desenvolvimento Educacional/PDE, e-mail - [email protected] 2
Professora Orientadora: Professora Colaboradora da UEL, Mestre em Psicologia pela UNESP-Assis e Doutoranda em Educação na área de Psicologia da Educação pela UNICAMP.
INTRODUÇÃO
No ano de 2012, a SEED ofertou aos professores da Educação Básica da
Secretaria se Educação do Paraná um tempo próprio de profunda reavaliação de
sua prática docente, quando da Formação Continuada o “PDE” Programa de
Desenvolvimento Educacional. Foi um estudo planejado com realização de
encontros entre as Instituições de Ensino Superior e os professores da rede estadual
que estão ativos na Educação Básica, envolvidos neste programa. Os estudos
ocorreram nas IES com atividades expositivas, favorecendo conhecimento atual na
área específica e também na área pedagógica. A combinação entre as IES e as
escolas e colégios públicos, oportunizaram que essa interação (teoria e prática
docente) resultasse em estudos e reflexões sobre a atual prática pedagógica
corrente nas escolas e nos colégios públicos, principalmente no que diz respeito ao
trabalho com os alunos.
Este artigo apresenta uma intervenção realizada em Monitoria em Sala de
Aula, que visa favorecer os alunos com necessidades educacionais especiais, do
nono ano do Ensino Fundamental.
Este trabalho aborda as interações alunos-alunos e a monitoria enquanto uma
estratégia de ensino que visa à promoção da aprendizagem de alunos com NEE e
que considera importante as relações entre pares no contexto de sala de aula.
Assim os principais colaboradores foram os colegas da sala de aula, alunos-
monitores que contribuíram com seus pares no processo de ensino e aprendizagem
da Matemática.
A este respeito os Parâmetros Curriculares Nacionais, volume 3, (1997),
destacam a importância da interação entre professor e aluno, tanto quanto a
interação entre alunos. Tendo em vista esta proposta é que se sugere o trabalho
com o aluno-monitor, onde cada qual deve estar ciente da sua responsabilidade e,
comprometimento com o processo de ensino e aprendizagem. Já a disciplina de
Matemática dispõe de diferentes metodologias e propostas no seu ensino, dentre as
quais ressalto os trabalhos em grupo e, mais especificamente a monitoria, que
consiste numa estratégia de ensino que deve ser considerada indispensável nas
relações sociais existentes na sala de aula e, dentro da escola como um todo.
Nesta dinâmica, a comunicação desempenha um papel importante, pois
propicia possibilidades de haver interação entre pessoas com o objetivo de
compartilhar algo. Quando a comunicação torna-se positiva, ou seja, resulta de fato
num ganho real para todos, temos o diálogo, que configura como “troca ou
discussão de ideias, de opiniões, de conceitos com vista à solução de problemas, ao
entendimento ou à harmonia”. (FERREIRA, 2004).
Este trabalho foi desenvolvido em turmas compostas por alunos com NEE,
uma vez que “a educação inclusiva implica na compreensão da inclusão como
processo que não se restringe à relação professor-aluno, mas que seja concebido
como um princípio de educação para todos, valorização das diferenças, que envolve
toda a comunidade escolar” (Ministério da Educação [MEC], 2005, p.27).
Neste sentido, partimos do pressuposto de que o aluno-monitor pode
colaborar para atingir o objetivo almejado, sendo uma corrente de ligação entre as
atividades propostas, o professor e o aluno.
A monitoria é uma atividade, que contribui no conhecimento do aluno-monitor
que adquire nova experiência por meio da orientação do processo de ensino-
aprendizagem aos alunos com NEE possibilitando assim, a apreensão e a produção
do conhecimento dos conteúdos matemáticos da sala de aula.
A prática com monitoria no contexto educativo se define como processo pelo
qual alunos auxiliam na situação ensino e aprendizagem. (CANDAU, 1986, p.12-22)
Já para Nasser (1991), professora de Coordenação do Grupo de Monitores da
PUC de São Paulo, o monitor é antes de tudo aquele que facilita o aprendizado em
sala de aula, fazendo com que o processo de ensino e aprendizagem aconteça em
conjunto com professores e alunos, ou seja, de forma própria e especial.
Mantoan (2007) declara que o trabalho coletivo e diversificado nas turmas e
na escola como um todo é compatível com a vocação da escola de formar as
gerações. É nos bancos escolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a
dividir as responsabilidades, repartir as tarefas. O exercício dessas ações
desenvolve a cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o
reconhecimento da diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de
cada pessoa para a consecução de metas comuns de um mesmo grupo.
Com esta estratégia pedagógica pretende-se criar situações de socialização,
adaptação, colaboração e consequente processo ensino-aprendizagem.
Em suma, a sociedade contemporânea demanda cada vez mais que as
pessoas tenham uma formação que os contemple integralmente enquanto ser
humano. Em vez de transferir conhecimentos, nota-se a necessidade de
compartilhamento de informações e produção colaborativa.
O trabalho de monitoria em sala de aula pode ser feito em todas as
séries/anos e em todas as disciplinas do curso. Nesse trabalho foi aplicado nos
nonos anos do período da manhã, na disciplina de Matemática.
O trabalho teve início após reunião com direção, alunos e pais, para que
todos os envolvidos se inteirassem do Projeto de Intervenção na escola, uma vez
que muitos encontros aconteceriam no contraturno, principalmente com os alunos
monitores. Esses encontros tiveram o objetivo de refletir sobre o trabalho
desenvolvido pelos monitores e seus pares, e elaboração de estratégias
metodológicas em sala de aula. Como conclusão do trabalho, observamos que a
escola caminha a passos lentos na inclusão de alunos com NEE, mas é algo que
pode ser realizado, desde que o trabalho seja feito por todos que se envolvam no
processo da educação com empenho e dedicação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A educação inclusiva e inclusão social estão diretamente relacionadas.
Encontramos esta relação na Declaração de Salamanca, da UNESCO, considerada
mundialmente um dos mais importantes documentos que visam à inclusão social,
juntamente com a Convenção sobre os Direitos da Criança (1988) e na Declaração
Mundial sobre Educação para Todos (1990).
Em variados documentos como a Constituição da República e o texto da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estão afirmações sobre a importância
de garantir aos cidadãos uma igualdade de oportunidades em educação. Porém,
essa igualdade de acesso que a escola tenta oferecer, ainda hoje, não é
acompanhada de igualdade de sucesso dos alunos que a frequentam. O que se
verifica, através de diferentes medidas tomadas pelo sistema educativo, é que o
sucesso acontece de modo desigual, nos diferentes grupos socioculturais, que
constituem a população escolar.
Na LDB, as disposições sobre educação especial estão no capítulo V,
artigos 58 e 59.
CAPÍTULO V Da Educação Especial Art. 58º. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com necessidades especiais. § 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º. [...] § 3º. [...], tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59º. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender às suas necessidades; II – [...] III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV – [...] V – [...]
Diante do exposto, percebemos que a legislação garante o atendimento de
alunos com NEE preferencialmente na rede regular de ensino, o que acarreta em
uma demanda cada vez maior de alunos com NEE nas redes particulares e públicas
de ensino.
Mantoan (2006 apud ARANTES, p.15-30) salienta que algumas escolas já
adotam ações que propõem mudanças no sentido de reconhecer as diferenças sem
discriminar ou segregar seus alunos realizando trabalhos não apenas pedagógicos,
mas também voltados para a inclusão destes no contexto escolar não contemplando
apenas a criança portadora de deficiência como também os demais alunos no
sentido de reconhecer e aceitar o diferente, o que se mostra bastante válido, uma
vez que o convívio entre as crianças e delas com os adultos auxilia no
desenvolvimento afetivo, cognitivo e social da mesma.
Em uma sala de aula comum, cada aluno apresenta características próprias,
que o difere de seus colegas, que o torna único. Podem ser diferenças que provém
de sua combinação genética, de sua hereditariedade, de seu ambiente social, de
suas experiências, enfim, fatores internos e externos, que, em conjunto, resultam no
seu modo próprio de se comportar. Reconhecendo que há tantas diferenças e
pensando atender a essa heterogeneidade, faz-se necessário ao professor que se
proponha a uma ação pedagógica diferenciada que venha suprir as necessidades de
aprendizagem de seus alunos.
Segundo Turra (1975), o professor deve conhecer a realidade particular de
cada aluno, bem como suas possibilidades, para que possa elaborar um programa
adequado para seu desenvolvimento harmônico.
Perceber o aluno na sala de aula, reconhecer a sua deficiência, as suas
necessidades educacionais especiais exige que, todos os profissionais envolvidos
no ambiente escolar, estabeleçam uma proposta pedagógica objetivando realmente
que lhe seja concedido o ensino aprendizagem.
Para Carvalho (2004, p.53), de acordo com as Diretrizes Curriculares da
Educação Especial para a Construção de Currículos Inclusivos (DCEE)
[...] adota-se como referencial filosófico dessa política a ideia de que a inclusão educacional é mais que a presença física, é muito mais que acessibilidade arquitetônica, é muito mais que matricular alunos com deficiência nas salas de aula do ensino regular, é bem mais que um movimento da educação especial, pois se ajuda e apoio aos educadores, alunos e familiares.
O atendimento em todos os sistemas educacionais como princípio
democrático da educação para todos só se caracterizará se procurar entender e
atender todas as diferenças de seus alunos, suas particularidades, não apenas os
alunos com necessidades educacionais especiais.
De acordo com Glat e Nogueira (2002 p. 26):
Vale sempre enfatizar que a inclusão de indivíduos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na sua permanência junto aos demais alunos, nem na negação dos serviços especializados àqueles que deles necessitem. Ao contrário, implica uma reorganização do sistema educacional, o que acarreta a revisão de antigas concepções e paradigmas educacionais na busca de se possibilitar o desenvolvimento cognitivo, cultural e social desses alunos, respeitando
suas diferenças e atendendo às suas necessidades.
A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os
alunos provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a
mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as
suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e
reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de todos os
níveis de ensino que integram o sistema educacional.
De acordo com Stainback e Stainback (1999, p. 21-22), para que ocorra
ensino inclusivo nas escolas, existem três componentes interdependentes:
O primeiro deles é a rede de apoio, o componente organizacional, que envolve a coordenação de equipes e indivíduos que apoiam uns aos outros através de conexões formais e informais (...): grupos de serviços baseados na escola, grupos de serviço baseados no distrito e parcerias com as agências comunitárias. O segundo componente é a consulta cooperativa e o trabalho em equipe, o componente de procedimento, que envolve indivíduos de várias especialidades trabalhando juntos para planejar e implementar programas para diferentes alunos em ambientes integrados. O terceiro é a aprendizagem cooperativa, o componente do ensino, que está relacionado à criação de uma atmosfera de aprendizagem em sala de aula em que alunos com vários interesses e habilidades possam atingir seu potencial.
O professor precisa verificar em seu aluno com NEE o ritmo de aprendizagem
que este tem, assim como, o tempo gasto para realização das atividades propostas
e a diversificação de formas na apresentação dos conteúdos propostos.
A discriminação e o preconceito que não precisa necessariamente ser em
relação às necessidades educacionais especiais, pode ser por raça, religião, se
repete em todos os ambientes, seja escolar ou fora dela.
Sabemos que crianças, e adolescentes, quaisquer que sejam suas idades,
precisam receber respeito, afeto, solidariedade de todos os envolvidos na educação,
dos companheiros de turma, para que se sintam acolhidos e protegidos.
Assim sendo, o aluno poderá responder com aprendizado e confiança, no
rendimento escolar e também na sociedade em que esteja inserido.
Segundo Facion, (2005) mesmo com todas as garantias legais que
asseguram o direito de acesso à escola, na prática, não se garante o ensino de
qualidade, ou seja, a “escola de todos” almejada nos princípios das políticas
educacionais.
As escolas públicas serão inclusivas quando nela ocorrer um sistema
educacional que reconheça e atenda as diferenças individuais de cada aluno,
respeitando suas necessidades. Nesse processo de inclusão educacional são
necessárias várias mudanças que venham contribuir para a socialização, a interação
e o aprendizado dos alunos com NEE, alunos marginalizados por sua condição
social, pela cor de sua pele, pelo seu baixo rendimento escolar, pela sua deficiência,
entre outras situações, que representam a sua exclusão e o seu fracasso escolar.
Portanto, as escolas necessitam ajustar-se a todas as crianças, independentemente
das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras.
Partindo de uma perspectiva de trabalho em equipe, Faria (2003) apresenta
um trabalho de monitoria através de atividade realizada em sala de aula. Este sendo
concomitantemente com o trabalho do professor em sala de aula requerendo assim,
uma participação mais ativa e colaborativa dos participantes no processo de ensino-
aprendizagem.
Faria (2003), afirma que a monitoria pode ser entendida também como um
espaço de cooperação entre os alunos empenhados em construir o conhecimento
em colaboração, pois esta interação é um espaço criado para que eles possam fazer
todas as perguntas que quiserem.
A monitoria é uma atividade, que contribui para um conhecimento mais amplo
para o aluno-monitor que adquire nova experiência por meio da orientação do
processo de ensino-aprendizagem aos alunos com NEE possibilitando assim, a
apreensão e a produção do conhecimento dos conteúdos matemáticos da sala de
aula.
Mantoan (2007) declara que o trabalho coletivo e diversificado nas turmas e
na escola como um todo é compatível com a vocação da escola de formar as
gerações. É nos bancos escolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a
dividir as responsabilidades, repartir as tarefas. O exercício dessas ações
desenvolve a cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o
reconhecimento da diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de
cada pessoa para a consecução de metas comuns de um mesmo grupo.
A prática da monitoria pode comportar inconvenientes se não for
implementada de forma reflexiva. Duran e Vidal (2007) destacam que é preciso
investir na formação prévia dos monitores, oferecer esclarecimentos necessários
para o bom desempenho da função; organizar supervisão sistemática, por parte dos
professores titulares da disciplina ou coordenadores de curso, em especial nas
atividades que dizem respeito ao ensino; oportunizar reflexão sobre a mudança de
concepção com a prática tradicional, rompendo com a lógica do professor enquanto
único depositário do saber e da transmissão linear de conhecimentos.
E, ainda, a monitoria permite inclusão da aquisição, ampliação e
aprofundamento de conhecimentos e a inclusão do aluno/aluna com NEE no
ambiente escolar e construtor do seu conhecimento. A monitora orienta,
enriquecendo experiências, acompanhando todas as fases do processo de ensino e
aprendizagem das disciplinas, e não só a Matemática. O aluno com NEE e o aluno
monitor interagem no conhecimento e na socialização, o que efetiva a inclusão do
aluno dentro do ambiente escolar.
Estes aspectos conceituais me orientaram no desenvolvimento de meu
projeto e que está relatado no próximo item.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Após tomar conhecimento do teor do projeto “Implementação do
procedimento de monitoria em sala de aula para favorecer a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais nos nonos anos do Ensino Fundamental,” a
direção e a equipe pedagógica, mostraram-se colaboradoras, colocando-se à
disposição para o desenvolvimento das atividades propostas.
Apresentei aos alunos o Projeto de Intervenção desenvolvido no PDE (Plano
de Desenvolvimento Educacional-2012). Comentei a respeito da prévia seleção dos
possíveis alunos-monitores que se realizou no final do ano letivo de 2012 através da
análise da ficha individual escolar dos mesmos. Nesta ficha foi analisado o
rendimento, a assiduidade e, o comprometimento com a aprendizagem.
Dialogando com os alunos averiguei seu interesse em participar do Projeto
para que a Intervenção Pedagógica se concretizasse em nossa escola,
especificamente nas minhas turmas de nonos anos. Neste mesmo dia, com a
participação dos alunos enviei convites para seus pais ou responsáveis para uma
reunião no período da manhã de uma terça-feira.
Na reunião com os pais expus o Projeto de Intervenção, os nomes dos
possíveis alunos-monitores e pedi o apoio para sua realização, pois seus filhos
(alunos-monitores) teriam encontros semanais ou quinzenais no contraturno. Os pais
e responsáveis se mostraram receptivos ao projeto e dispostos a contribuir para que
tudo se realizasse de forma bem sucedida. Deram a autorização para que seus
filhos, que são menores de idade, pudessem contribuir para o desenvolvimento do
trabalho voluntário junto aos seus colegas de sala de aula como alunos-monitores.
Alguns pais comentaram a alegria de ver seu filho com interesse na participação
como aluno-monitor do projeto.
O início da intervenção ocorreu oficialmente no mês de fevereiro no primeiro
dia de aula do ano letivo de 2013, nas salas dos nonos anos, nas quais trabalho a
disciplina de Matemática. Estas salas são adaptadas e compostas por 46 alunos,
sendo 04 alunos com NEE, 03 com Desenvolvimento Mental Abaixo da Média e 01
com Déficit de Atenção.
Na segunda semana de aula apliquei um pré-teste para todos os alunos da
sala de aula dos nonos anos, com a intenção de investigar os conteúdos estudados
nas séries anteriores. Percebi, pelo resultado obtido após a correção dos testes, que
os alunos com NEE apresentaram dificuldades na resolução de alguns exercícios e
que essas mesmas dificuldades também estavam presentes em outros alunos das
salas de aula. Com os resultados obtidos na avaliação passei para outro momento
da intervenção.
Marquei o primeiro encontro com os alunos-monitores para uma terça-feira do
início do mês de março no contraturno. Neste encontro, assim como em todos os
outros que tivemos a partir deste, para preparar os alunos-monitores, utilizei vídeos
motivacionais como: “A lição dos gansos”, “A samambaia e o bambu”, “Lição das
formigas”, “Temos que ser como uma águia”, “Aprendizagem colaborativa”,
“Aprender a aprender”, “Autoestima”, “Solidariedade: Lição de vida”, “Trabalho em
equipe: pinguins, formigas e caranguejos”, “Conquistando o impossível”, “Trabalho
em equipes” para que pudessem compreender melhor a sua participação no Projeto
de Intervenção. Orientei-os como deveria ocorrer o processo de monitoria que
desenvolveriam junto aos seus colegas com NEE e os demais alunos do grupo que
apresentassem dificuldades de aprendizagem ou mesmo socialização. Expliquei-
lhes sobre a seriedade, a ética, o compromisso, a responsabilidade em interagir com
seus pares estabelecendo a socialização, desenvolvendo habilidades que pudessem
contribuir para a parceria que estava se estabelecendo entre o monitor e o aluno
com NEE. Ficou combinado que no dia seguinte em nossas aulas de Matemática
teria início à monitoria em sala de aula. Ficou certo também que teríamos encontros
no contraturno semanais ou quinzenais conforme houvesse necessidade para
avaliar sua prática no grupo e o grupo como um todo.
No dia seguinte, no horário normal de minhas aulas de Matemática nos nonos
anos, iniciei a Implementação do Projeto. Comuniquei aos alunos que a sala de aula
seria dividida em grupos. Cada grupo teria um aluno monitor da mesma sala de aula
que os ajudaria a realizar suas atividades durante as aulas de Matemática. Os
grupos foram formados pensando em atender os alunos com NEE, porém o projeto
se estendeu a todos os alunos que apresentaram dificuldades matemáticas ou notas
baixas no ano letivo de 2012. Combinamos que a cada dez ou quinze dias haveria o
rodízio dos monitores nos grupos. No horário de Matemática os grupos eram para
ser formados com disciplina sem arrastar carteiras e, assim também quando
faltassem alguns minutinhos para encerrar a aula, as carteiras teriam que ser
colocadas em seus lugares para que não prejudicasse a aula de outro professor.
Constatei que ao longo da implementação do projeto, a monitoria na sala de aula foi
ganhando espaço. Os alunos-monitores se comprometeram com a atividade,
dedicando-se a promoção da aprendizagem de seus colegas.
A dinâmica seguiu-se da seguinte forma: eu explicava o conteúdo
matemático, exemplificava e depois assistíamos a vídeos matemáticos, ou
realizávamos algum jogo que pudesse ajudar na compreensão da explanação
realizada. Após este momento inicial vinham às atividades para serem realizadas.
Nesse momento os alunos-monitores entravam em cena, cooperando com
seus colegas e atuando como mediador do processo ensino/aprendizagem ao trocar
conhecimentos, sem menosprezar suas diferenças, seus limites e seus medos,
ajudando e incentivando os colegas alcançarem o conhecimento almejado.
À medida que as nossas aulas de Matemática foram realizadas com a
participação de todos os envolvidos no processo de monitoria, alguns alunos
comprometeram-se mais que outros. Minha intervenção, diante da situação foi
conversar com alguns alunos em particular.
A cada aula observei e registrei o desenvolvimento de todos os grupos
envolvidos e também a participação e desenvolvimento dos alunos com NEE diante
das atividades de Matemática a serem realizadas durante a aula e os seus avanços.
Em outro momento foi realizada a avaliação individual do conteúdo da
disciplina de Matemática do trimestre. Assim que corrigida a avaliação foi ofertado a
todos os alunos a recuperação de conteúdos. Percebi que os alunos de modo geral
foram muito bem ao realizar, tanto a avaliação, quanto a recuperação de conteúdos.
Os alunos mostraram mais interesse em realizar tudo o que foi proposto nas aulas
de Matemática. Verifiquei também que os alunos com NEE em minhas aulas de
Matemática se comprometeram mais com o que foi proposto.
No final do processo de monitoria em sala de aula pedi que os alunos
avaliassem por meio de um relatório os pontos positivos e pontos negativos do
programa realizado em parceria. Pedi também que os alunos com NEE e os que
receberam o trabalho de monitoramento pelos colegas monitores fizessem um relato
dessa experiência.
Encerrei o Projeto de Intervenção “Implementação do procedimento de
monitoria em sala de aula para favorecer a inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais nos nonos anos do Ensino Fundamental” com a entrega da
Certificação do aluno-monitor expedida pela Escola Estadual H. A. Castelo Branco -
Ensino Fundamental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perceber que os alunos com NEE têm sido incluídos nas classes comuns do
ensino regular, não tendo um apoio que favoreça a sua aprendizagem, assim como,
que muitos professores não tiveram uma formação adequada para poder trabalhar
com estes alunos, fez com que eu decidisse desenvolver um projeto que pudesse
auxiliar a melhoria do processo de inclusão dos referidos alunos. A necessidade de
mudar essa realidade motivou-me a participar do PDE (Programa de
Desenvolvimento Educacional). Depois de muitos estudos que me ajudaram no
aprofundamento teórico sobre a questão e considerando que geralmente os alunos
que apresentam NEE, especialmente aqueles com deficiência intelectual (DI) têm
dificuldades para realizar as tarefas e interagir com seus pares surgiu o interesse em
trabalhar com a monitoria em sala de aula. Elaborei um Projeto de Intervenção, pois,
incluir não significa colocar o aluno na escola sem dar condições necessárias de
permanência e assistência educacional, mas sim dar suporte pedagógico, além de
um ensino de qualidade que desenvolva as suas potencialidades, cognitivas,
motoras e afetivo-sociais.
Tenho consciência de que não atingi a todos os alunos das turmas em que
trabalhei o projeto, pois não se trata de uma estratégia pedagógica milagrosa, mas
creio ter contribuído para que os alunos com NEE e também os alunos com
dificuldade na disciplina de Matemática realizassem suas atividades de maneira
prazerosa e agradável juntamente com os alunos-monitores.
Constatei, através desta intervenção, que a monitoria contribuiu para o
desenvolvimento dos alunos envolvidos no processo e, de modo especial aos alunos
com NEE que geralmente ficam esquecidos por não conseguirem acompanhar os
demais alunos das da sala de aula. Através desta estratégia pedagógica os alunos
com NEE da sala de aula onde aconteceu a intervenção sentiram-se encorajados a
participar e acabaram por realizando o que foi proposto com sucesso o que nos traz
indícios de que esta estratégia seja eficaz na promoção da aprendizagem destes
alunos, devendo ser repetida em outras séries e com outras turmas.
Concluo então, que esse projeto que idealizei no PDE e concretizei na escola
pública de ensino regular, foi um começo que precisa ter sequência para que a
inclusão realmente aconteça em nossas escolas públicas.
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