implementaÇÃo da tÉcnica de magneto-acustografia em um equipamento de ultrassom diagnÓstico por...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FFCLRP DEPARTAMENTO DE FÍSICA PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA APLICADA À MEDICINA E BIOLOGIA i IMPLEMENTAÇÃO DA TÉCNICA DE MAGNETO-ACUSTOGRAFIA EM UM EQUIPAMENTO DE ULTRASSOM DIAGNÓSTICO POR IMAGEM. Diego Ronaldo Thomaz Sampaio Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área: Física Aplicada à Medicina e Biologia.

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Implementção de um sistema de acquisição por meio de software para a técnica de ultrassonografia magneto motriz.

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FFCLRP DEPARTAMENTO DE FSICA PS-GRADUAO EM FSICA APLICADA MEDICINA E

    BIOLOGIA

    i

    IMPLEMENTAO DA TCNICA DE MAGNETO-ACUSTOGRAFIA EM UM

    EQUIPAMENTO DE ULTRASSOM DIAGNSTICO POR IMAGEM.

    Diego Ronaldo Thomaz Sampaio

    Dissertao apresentada Faculdade de Filosofia,

    Cincias e Letras de Ribeiro Preto da Universidade

    de So Paulo, como parte das exigncias para a

    obteno do ttulo de Mestre em Cincias. rea:

    Fsica Aplicada Medicina e Biologia.

  • ii

    DIEGO RONALDO THOMAZ SAMPAIO

    IMPLEMENTAO DA TCNICA DE MAGNETO-ACUSTOGRAFIA EM UM

    EQUIPAMENTO DE ULTRASSOM DIAGNSTICO POR IMAGEM.

    Dissertao apresentada Faculdade de

    Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto

    da Universidade de So Paulo, como parte

    das exigncias para a obteno do ttulo de

    Mestre em Cincias.

    rea de concentrao:

    Fsica Aplicada Medicina e Biologia.

    Orientador:

    Prof. Dr. Antonio Adilton Oliveira Carneiro

    Verso Corrigida

    Original em outubro de 2014

  • iii

    Autorizo a reproduo e divulgao total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

    convencional ou eletrnico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

    FICHA CATALOGRFICA

    Sampaio, Diego Ronaldo Thomaz.

    Implementao da tcnica de magneto-acustografia em um equipamento de ultrassom por

    imagem/ Diego Ronaldo Thomaz Sampaio; orientados Prof. Dr. Antonio Adilton Oliveira

    Carneiro. Ribeiro Preto. 2014. 113 p.

    Dissertao (Mestrado Programa de Ps-graduao em Fsica Aplicada Medicina e Biologia) Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo.

    1. Vibro-magneto-acustografia. 2. Ultrassom. 3. Elastografia. 4. Viscoelasticidade.

  • iv

    Nome: Diego Ronaldo Thomaz Sampaio

    Ttulo: Implementao da tcnica de magneto-acustografia em um equipamento de

    ultrassom diagnstico por imagem.

    Dissertao apresentada Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro

    Preto da Universidade de So Paulo, como parte das exigncias para a obteno do ttulo

    de Mestre em Cincias.

    Aprovado em: ____/____/____.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr.: _____________________________ Instituio: _________

    Julgamento: ___________________________ Assinatura: _________

    Prof. Dr.: _____________________________ Instituio: _________

    Julgamento: ___________________________ Assinatura: _________

    Prof. Dr.: _____________________________ Instituio: _________

    Julgamento: ___________________________ Assinatura: _________

  • v

  • vi

    Dedico este trabalho Maria

    do Carmo, minha me e pilar, ao

    Wilson, meu pai, tio e amigo, a minha

    irm, Rita, a minha companheira

    Paula e s memorias de meu pai

    Ronaldo e minha me Nazar.

  • vii

  • viii

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a minha famlia, que sempre acreditou em mim e me apoiou desde

    quando sai de Belm-PA at hoje, especialmente a minha me Maria do Carmo Thomaz

    Sampaio e ao meu tio Wilson Jos dos Santos, pelo amor, carinho e compreenso. A

    minha Tia Maria de Nazar Tomaz dos Santos, que nos deixou em 2013, a quem sou

    eternamente grato por ter me amado e me criado como um filho. A minha irm Rita de

    Cssia Sampaio, por ter sempre me motivado a ingressar na USP. A minha esposa Paula

    F. Thomaz Sampaio por estar sempre do meu lado, me apoiando e motivando nos

    momentos difceis e ao meu primo Michel Goes de Melo Sampaio por ser meu amigo e

    companheiro de todas as horas.

    A todos os meus amigos de Jaboticabal-SP em especial a Alan Rodrigo Panosso,

    Fabricio Hirota Hada, Myrko Arauju Micali e Vinicius Galvo dos Santos, pelas risadas e

    divertidas aventuras.

    Meus agradecimentos ao Prof. Dr. Antonio Adilton Oliveira Carneiro por ter me

    motivado, orientado e me dado esta oportunidade de crescimento cientifico, profissional e

    pessoal.

    Ao Prof. Dr. Theo Zeferino Pavan pela ateno e ajuda nas discusses cientficas,

    simulaes e nos momentos de dificuldade durante este trabalho.

    Aos tcnicos Srgio Oliveira Bueno da Silva, Jos Luiz Aziani, Carlos Renato da

    Silva e Agnelo Bastos.

    A todo o pessoal da IX Turma de Fsica Mdica da USP de Ribeiro Preto-SP e

    aos colegas do Grupo de Inovao em Instrumentao Mdica e Ultrassom GIIIMUS,

    pela amizade e colaborao.

    A Faculdade de Filosofia Cincias e Letras de Ribeiro Preto, pela oportunidade

    de ingresso no programa de ps-graduao em Fsica Aplicada a Medicina e Biologia.

    A CAPES e CNPq pelo apoio financeiro e a FAPESP pela concesso da bolsa de

    Mestrado.

  • ix

    O que falta s pessoas no fora, e sim, vontade.

    Victor Hugo.

  • x

    RESUMO

    SAMPAIO, D. R. T. Implementao da tcnica de magneto-acustografia em um

    equipamento de ultrassom de diagnstico por imagem. 2014. 113f. Dissertao (Mestrado

    Programa de Ps-graduao em Fsica Aplicada Medicina e Biologia) Faculdade de

    Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto

    SP, 2014.

    A magneto-acustografia ou, em uma nova terminologia mais abrangente, vibro-

    magneto-acustografia (VMA) uma tcnica que combina tcnicas magnticas e acsticas,

    a fim de observar o comportamento visco-elstico de um meio material marcado com

    partculas magnticas (alvo). A fora magntica oscilatria de frequncia () provoca,

    dentro do alvo, movimento das partculas e do meio material com frequncia (2). O

    feixe acstico pulso-eco utilizado para detectar o movimento das estruturas, tem uma

    frequncia de repetio de pulso (PRF), no mnimo, cinco vezes maior que a frequncia

    do movimento do alvo. Assim, a proposta deste projeto foi desenvolver um protocolo de

    aquisio, processamento e anlise da tcnica VMA, por meio da implementao de uma

    plataforma automatizada de aquisio, que fornea dados estruturados para

    posteriormente atravs de uma plataforma de processamento analisar diferentes

    aplicaes da tcnica VMA em fantomas e in vivo.

    A primeira etapa foi desenvolver a plataforma de aquisio utilizando um

    equipamento de ultrassom diagnstico por imagem. Nesta etapa foi desenvolvido um

    software, com interface grfica de usurio, escrito em C++ e Qt com a funo de

    automatizar a excitao magntica e a aquisio acstica de alta resoluo temporal,

    foram definidos os protocolos padro dos modos de excitao magntica e de aquisio

    acstica em termos da taxa de aquisio dos frames ultrassnicos para gerar movimentos

    oscilatrios ou ondas de cisalhamento. Em seguida, os dados provenientes das aquisies

    foram estruturados por meio de um cabealho para transferncia para outros

    computadores atravs do protocolo TCP/IP.

    Depois foi desenvolvida um software, com interface grfica de usurio, para a fase

    de processamento e anlise. O processamento dos frames adquiridos em modo

    radiofrequncia (RF) consistiu em obter mapas de deslocamentos ou velocidades das

    estruturas internas do meio material utilizado como alvo. Nesta etapa adaptamos o

    algoritmo de correlao cruzada normalizada com correo de pico de mxima correlao

  • xi

    e obtivemos mapas otimizados para a tcnica VMA. A avaliao da otimizao destes

    mapas foi baseada na balana entre a resoluo espacial e tempo computacional.

    A partir do uso destes softwares em experimentos com fantomas e in vivo foram

    desenvolvidos mtodos de anlise da frequncia dos deslocamentos e

    segmentao/caracterizao de ondas de cisalhamento em termos da sua velocidade e

    atenuao.

    Portanto, foi implementado um sistema VMA automatizado composto, por uma

    plataforma de aquisio embarcada em equipamento de diagnstico por ultrassom para

    aquisio de mapas de RF e, que posteriormente eram transferidos para um computador

    com hardware superior para gerao de mapas de deslocamento do meio material. Os

    mapas foram analisados para determinao de parmetros visco-elsticos. Alm disso,

    atravs da implementao da tcnica VMA, viabilizou-se estudos clnicos de maneira

    rpida e eficiente, por exemplo, anlises gstricas aps a digesto de alimentos marcados

    com partculas magnticas e produo de ondas de cisalhamento para caracterizao

    viscoelstica.

    Palavras-chave: Ultrassom, Elastografia, Vibro-magneto-acustografia,

    Viscoelasticidade

  • xii

    ABSTRACT

    SAMPAIO, D. R. T. Implementation of magneto motive technique in an

    ultrasound diagnostic equipment. 2014. 113f. Dissertation (Master) Faculty of Philosophy

    , Sciences and Letters of Ribeiro Preto, University of So Paulo, Ribeiro Preto SP,

    2014.

    The magneto motive ultrasound (MMUs) is a novel technique, which combines

    magnetism and acoustics, in order to observe viscoelastic behavior of medium labeled

    with inserted magnetic particles. The magnetic force with modulation frequency ()

    creates a mechanical disturbance in the object of study with twice the modulation

    frequency (2). A pulse-echo ultrasonic beamforming was applied with pulse repetition

    frequency (PRF) at least five times greater than frequency of internal structure movement.

    The aim of this study was to develop an acquisition, processing and analysis protocol for

    MMUs through implementation of an automated platform for acquisition, which provides

    structured datasets for further processing and analysis of different applications (tissue

    mimicking phantoms or in vivo) of MMUs.

    First step was to develop the acquisition platform using an ultrasound research

    interface (URI). At this stage was developed a software with graphical user interface

    (GUI) written using C++ and Qt. This software automates magnetic excitation and

    acoustic acquisition, which has high frame rate. Also default presets were defined to

    provide oscillatory movement or shear waves produce. Then datasets acquired were

    structured and a header was created and both header and data were transferred to an

    external personal computer through TCP/IP network.

    Second the processing software was developed with graphical user interface for

    processing and analyzing datasets acquired prior. The frames acquired in radiofrequency

    (RF) mode were processed into displacement or velocity maps of medium internal

    structures. This stage we adapted a cross correlation algorithm to optimize for MMUs

    datasets. The evaluation of these maps was based on tradeoff between spatial resolution

    and computation time.

    Using this software in experiments with phantoms or in vivo were developed

    protocols for analysis of motion frequency and segmentation/characterization of shear

    waves, extracting velocity and attenuation.

  • xiii

    In this work, was implemented an automated MMUs system integrated with a

    software framework running on an ultrasound research interface (URI), which is used for

    acquisition of RF maps, further transferred for a PC with robust hardware to process into

    displacement maps. These maps were analyzed to obtain viscoelastic parameters of the

    medium. Moreover, this implementation of MMUs enables clinical fast and efficient trials

    for gastric evaluation of meals with magnetic particles and shear wave production for

    viscoelastic characterization.

    Palavras-chave: Ultrasound, Magneto Motive Ultrasound, Elastography,

    Viscoelasticity

  • xiv

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ARFI Impulso por fora de radiao acstica (Acoustic Radiation Force Impulse)

    DSP Processador Digital de Sinais (Digital signal processor)

    FPGA Field Programable Gate Array

    GIIMUS Grupo de Inovao em Instrumentao Mdica e Ultrassom

    GPU Unidade de processamento grfico (Graphical processor unit)

    GUI Interface grfica de usurio (Graphical user interface)

    MAT-MI Tomografia magneto-acstica com induo magntica. (Magneto Acoustic

    Tomography with Magnetic Induction)

    PC Computador pessoal (Personal Computer)

    PRF Frequncia de repetio de pulso (Pulse Repetition Frequency)

    RF Radiofrequncia (Radiofrequency)

    ROE Regio de Excitao (Region of excitation)

    ROI Regio de Interesse (Region of interest)

    RX Recepo de feixe acstico (Receive beamforming)

    SDK Kit de desenvolvimento de software (Software development kit)

    TE Elastografia por transiente (Transient Elastography)

    TGC Controle de ganho temporal (Time gain control)

    TX Transmisso de feixe acstico (Transmit beamforming)

    URI Plataforma de pesquisa em ultrassom (Ultrasound Research Interface)

    US Ultrassom (Ultrasound)

    VMA Vibro-magneto-acustografia (Magneto Motive Ultrasound)

    VMA-A Plataforma de aquisio da tcnica vibro magneto acustografia (acquisition

    framework for magneto motive ultrasound)

    VMA-P Plataforma de processamento da tcnica vibro magneto acustografia

    (processing framework for magneto motive ultrasound)

  • xv

    LISTA DE SMBOLOS

    Amplitude

    Campo magntico

    Coeficiente de atenuao

    Coordenadas cartesianas

    Densidade

    Deslocamento das estruturas internas de um meio material

    Fase

    Fora resultante

    Frequncia

    Frequncia angular

    Frequncia de amostragem

    Funo de Green

    Janela espacial

    Largura de banda

    Mdulo de cisalhamento

    Mdulo de compressibilidade

    Mdulo de elasticidade

    Mdulo de viscosidade

    Numero de subsetores

    Permeabilidade magntica do vcuo

    Profundidade

    Susceptibilidade magntica

    Taxa de quadros por segundo

    Tempo

    Trao da onda ssmica

    Transformada de Fourier

    Transformada de Hilbert

    Velocidade das estruturas internas de um meio material

    Velocidade de propagao

    Voltagem

    Volume

  • xvi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Diagrama esquemtico do sistema de VMA controlado somente pelo URI. ............11

    Figura 2: Diagrama de utilizao do SDK 5.7.4 Ultrasonix e cada uma das especificidades

    das bibliotecas Texo, Impero e Amplio. .......................................................................13

    Figura 3: Processo de formao de um frame composto por 128 linhas de RF de forma

    sequencial, neste caso ocorre uma emisso para cada linha formada. ......................................14

    Figura 4: Avaliao do valor do fps para diferentes profundidades utilizando o feixe

    acstico sequencial em relao ao numero de elementos ativados. ..........................................16

    Figura 5: (a) Simulao do potencial senoidal com frequncia de 100 Hz e a resposta da

    fora magntica esperada e (b) o espectro de potencia desses sinais. ......................................17

    Figura 6: Simulao do potencial de um ciclo senoidal com frequncia de 100 Hz e a

    resposta magntica esperada para o modo pulsado...................................................................18

    Figura 7: Diagrama de desenvolvimento do VMA-A [topo (3 nvel)], as classes principais

    que foram implementadas (2 nvel) e as funes descritas sucintamente (1 nvel). .................20

    Figura 8: Representao de uma imagem utilizando a classe QImage. ....................................21

    Figura 9: Interface grfica de usurio do VMA Framework de aquisio. ..............................23

    Figura 10: Representao do (a) mapa de RF e (b) modo B obtido em uma amostra de

    parafina .....................................................................................................................................26

    Figura 11: (a) Mapa de RF obtido com um transdutor EC9-5/10 e (b) mapa de RF aps

    processo de converso para coordenadas cartesianas ...............................................................27

    Figura 12: (a) Todos os frames subsequentes so correlacionados com o primeiro para

    obteno do mapa de deslocamento e (b) os frames so correlacionados em pares de

    maneira subsequente para obteno do mapa de velocidade. ...................................................29

    Figura 13: Processo de formao do mapa de deslocamento a partir de um mapa de RF.

    Escolhendo o elemento central (n = 64), correlacionamos dois frames sucessivos (t = 1 e t

    = 2) com janelas de tamanho fixo (w = 100) e 50% de sobreposio para obter o desvio

    ( )..............................................................................................................................................30

    Figura 14: Extrao do trao ssmico ao longo da profundidade r de um mapa de

    deslocamento.............................................................................................................................32

    Figura 15: Interface de grfica de usurio da plataforma de ps-processamento da tcnica

    VMA. ........................................................................................................................................36

  • xvii

    Figura 16: (a) Mapa de deslocamento simulado utilizando f = 100 Hz, 1 = 25 kPa e =

    1000 kg.m-3

    e (b) mapa de fase. ................................................................................................39

    Figura 17: Propagao da onda ssmica plana simulada vista no espao nos instantes de

    tempo (a) 10 ms, (b) 12 ms e (c) 15 ms. ...................................................................................40

    Figura 18: (a) Trao suavizado da onda ssmica simulada filtrada na frequncia de

    excitao e (b) o espectro de magnitude. ..................................................................................40

    Figura 19: Estimativas de parmetros da onda ssmica simulada. Velocidade de grupo (a)

    pico, (b) vale e (c) correlao cruzada. Velocidade de fase (d) e atenuao (e). ......................42

    Figura 20: (a) Sistema VMA com transdutor endocavitrio (EC9-5/10) fixado no centro

    da bobina de magnetizao. (b) bobina com concentrador de campo e um transdutor

    ultrassnico (L14-5/38) posicionado paralelamente e (c) perpendicular direo do

    campo magntico axial. ............................................................................................................46

    Figura 21: Curva de calibrao da bobina de excitao para obter um valor de 300 mT em

    uma regio prxima da bobina. .................................................................................................47

    Figura 22: A resposta do amplificador ao transiente para (a) 1 ciclo e (b) 3 ciclos.

    Observa-se um pico indesejado no comeo (seta) e a metade final do ultimo ciclo do burst

    de entrada deformada. ............................................................................................................48

    Figura 23: Espectro de magnitude do perfil da fora magntica para (a) 1 ciclo e (b) 3

    ciclos. ........................................................................................................................................48

    Figura 24: Campo magntico e gradiente calculado em uma regio de 5,0 x 15,0 mm para

    os instantes (a) 10,0 ms e (b) 20,0 ms. ......................................................................................49

    Figura 25: Perfil da fora magntica ponderada na direo axial nos instantes de tempo

    (a) 10,0 ms e (b) 20,0 ms para um 1 ciclo com frequncia de 100 Hz. ....................................50

    Figura 26: (a) Modo B do experimento utilizando com o fantoma de gelatina com esfera

    de ferrita de 7 mm e (b) mapa de deslocamento obtido no instante 22.8 ms. ...........................51

    Figura 27: (a) Deslocamento induzido ao longo do tempo e (b) espectro do deslocamento. ...52

    Figura 28: Mensurao do deslocamento induzido pelo material magntico no estmago

    de roedores. ...............................................................................................................................52

    Figura 29: (a) Modo B e (b) mapa de velocidade no instante 23.20 ms. (c) Analise do

    deslocamento do estomago do roedor e (d) espectro. ...............................................................54

    Figura 30: (a) Sistema VMA com transdutor ultrassnico posicionado em direo

    perpendicular a direo da forca de excitao e (b) modo B. ...................................................55

  • xviii

    Figura 31: (a) Grfico do deslocamento da onda ssmica gerada a partir do movimento de

    uma esfera de metal e mapa de deslocamento nos instantes de tempo (b) 20,0 ms, (b) 21,5

    ms e (c) 23,0 ms. .......................................................................................................................56

    Figura 32: (a) Mapa de deslocamento obtido para 1 ciclo com frequncia de excitao de

    f = 100 Hz e (b) mapa de fase. ..................................................................................................57

    Figura 33: Propagao de onda ssmica obtida experimental mente nos instantes (a) 10

    ms, (b) 12 ms e (c) 15 ms. .........................................................................................................58

    Figura 34: (a) Trao sismico obtido de posices diferentes e a janela de analise entre 8,0 a

    18,0 ms (pontilhada). (b) Ajuste exponencial da amplitude ao longo da trajetria. Ajustes

    linear para o (c) maximos e o (d) minimos, respectivamente. ..................................................59

    Figura 35: (a) Estimativa de velocidade de grupo utilizando o correlaco cruzada de

    traos sismicos e (b) espectro da janela temporal. ....................................................................60

    Figura 36: (a) Velocidade de fase obtida no instante 12,50 ms do mapa de fase e (b)

    Espectro da onda ssmica filtrado obtida no intervalo de 8,0 a 18,0 ms para estimativas de

    frequncia de pico e frequncia de centro de massa. ................................................................60

    Figura 37: (a) Sistema VMA com transdutor ultrassnico posicionado em direo

    perpendicular a direo da forca de excitao e (b) modo B de um fantoma com incluso

    de maior rigidez em relao a base (seta branca) e uma esfera de metal (seta vermelha). .......62

    Figura 38: Avaliao de movimento induzido por esfera de metal a partir do (a) mapa de

    deslocamento obtido para 1 ciclo com frequncia de excitao de f = 100 Hz e (b) mapa

    de fase. ......................................................................................................................................62

    Figura 39: Diagrama do desenvolvimento do projeto em termos da funcionalidade

    implementada para aquisio (azul) e processamento (verde). ................................................67

    Figura 40: Cabealho da plataforma de aquisio transferido para a plataforma de

    processamento via rede. ............................................................................................................68

  • xix

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Especificaes tcnicas do URI Sonix RP, Ultrasonix. ............................................12

    Tabela 2: Especificaes dos transdutores utilizados acoplados ao Sonix RP .........................13

    Tabela 3: Caractersticas da bobina usada para gerar o campo magntico externo. .................16

    Tabela 4: Parmetros relacionados com as caractersticas mecnicas do meio estimados

    em uma trajetria de 30 mm ao longo do eixo axial. Tanto nos ajustes exponenciais

    quanto nos lineares o valor de R-quadrado foi igual a 1...........................................................43

    Tabela 5: Parmetros relacionados com as caractersticas mecnicas do meio estimados

    em uma trajetria de 4,50 mm ao longo do eixo axial. .............................................................57

    Tabela 6: Parmetros da onda ssmica. (a-c) Velocidade de grupo, (d) velocidade de fase e

    (e) atenuao obtidas em uma trajetria de 8,75 mm ao longo do eixo axial, com valores

    R2 maiores que 90%. .................................................................................................................61

    Tabela 7: Parmetros da onda ssmica da regio 1, 2 e 3. (a-c) Velocidade de grupo, (d)

    velocidade de fase e (e) atenuao obtidas em trajetria de 5,00 mm ao longo do eixo

    axial, com valores de R2 maiores que 90%. ..............................................................................63

    Tabela 8: Caracterizao visco-elstica de fantoma heterogneo em termos do modulo

    elstico e viscoso.......................................................................................................................64

  • xx

    SUMRIO

    Agradecimentos ............................................................................................................... viii

    Resumo ................................................................................................................................ x

    Abstract .............................................................................................................................. xii

    Lista de abreviaturas ......................................................................................................... xiv

    Lista de smbolos ............................................................................................................... xv

    Lista de figuras .................................................................................................................. xvi

    Lista de tabelas .................................................................................................................. xix

    Sumrio .............................................................................................................................. xx

    CAPTULO 1

    1. Introduo .................................................................................................................... 1

    1.1. Motivao .............................................................................................................. 2

    1.2. Objetivos ............................................................................................................... 3

    1.3. Fundamentao terica .......................................................................................... 3

    1.3.1. Ultrassom ....................................................................................................... 4

    1.3.2. Movimento induzido pela ao magntica .................................................... 5

    1.3.3. Gerao de ondas ssmicas a partir de fora magntica ................................. 6

    1.4. Organizao do trabalho........................................................................................ 8

    CAPTULO 2

    2. Plataforma de aquisio da tcnica VMA .................................................................. 11

    2.1. Diagrama do sistema VMA ................................................................................. 11

    2.2. Interfaces de pesquisa em ultrassom (URI)......................................................... 11

    2.2.1. Sonix RP, Ultrasonix ....................................................................................... 12

    2.3. Feixe acstico e resoluo temporal .................................................................... 14

    2.4. Modos de excitao magntica ........................................................................... 16

    2.4.1. Comunicao IVI-COM............................................................................... 18

    2.5. Desenvolvimento da plataforma de aquisio ..................................................... 18

    2.5.1. Classes desenvolvidas para virtualizao .................................................... 19

    2.5.2. Qt 4.8.4......................................................................................................... 20

    2.6. Interface grfica de aquisio .............................................................................. 22

    2.6.1. Procedimento de uso para aquisio VMA .................................................. 22

    CAPTULO 3

    3. Plataforma de ps-processamento .............................................................................. 25

    3.1. Mapas de RF e modo B ....................................................................................... 25

    3.2. Converso para scanner convexo (Scan conversion) .......................................... 27

    3.3. Mapas de deslocamento ...................................................................................... 28

    3.3.1. Estimativa de atraso temporal ...................................................................... 28

  • xxi

    3.3.2. Algoritmo de processamento ....................................................................... 29

    3.4. Estimativas de velocidade e atenuao de ondas ssmicas .................................. 31

    3.4.1. Algoritmo de suavizao.............................................................................. 31

    3.4.2. Velocidade de grupo e atenuao (time-to-peak)......................................... 32

    3.4.3. Velocidade de grupo (correlao cruzada) .................................................. 33

    3.4.4. Velocidade de fase ....................................................................................... 33

    3.5. Interface grfica de ps-processamento (VMA-P) .............................................. 35

    4. Avaliao por simulao de ondas ssmicas .............................................................. 39

    CAPTULO 5

    5. Avaliao por experimentos ...................................................................................... 45

    5.1. Arranjos experimentais ....................................................................................... 45

    5.1.1. Caracterizao da fora magntica a partir de medidas de campo magntico 46

    5.2. Objetos simuladores de tecidos biolgicos. ........................................................ 50

    5.2.1. Gelatina bovina com partculas de ferro. ......................................................... 50

    5.2.2. Copolmero de cadeia saturada (parafina). ...................................................... 50

    5.3. Quantificao de micro deslocamentos em fantomas e in vivo ........................... 51

    5.3.1. Em fantomas ................................................................................................ 51

    5.3.2. In vivo........................................................................................................... 52

    5.4. Disperso de ondas ssmicas em fantomas. ......................................................... 54

    5.4.1. Avaliao de fantoma de gelatina com incluso de esfera de ferrita. .......... 55

    5.4.2. Avaliao de fantoma de gelatina com nano partculas homogneo. .......... 57

    5.4.3. Fantomas de copolmeros de cadeia saturada .............................................. 61

    CAPTULO 6

    6. Consideraes finais .................................................................................................. 66

    6.1. Concluses .......................................................................................................... 66

    6.2. Trabalhos futuros................................................................................................. 69

    Apndice A Diagramas de classes da plataforma de aquisio ...................................... 73

    A.1. Classe Hardware ........................................................................................................ 73

    A.2. Classe Controls .......................................................................................................... 74

    A.3. Classe Sequences ....................................................................................................... 75

    A.4. Classe Funcgen .......................................................................................................... 77

    Apndice B Protocolos magneto-acsticos ..................................................................... 79

    Apndice C Interface grfica de usurio da plataforma de aquisio (VMA-A) ........... 81

    Apndice D Interface grfica de usurio da plataforma de processamento e anlise (VMA-P) ............................................................................................................................ 83

    D.1. Modo RF/B ................................................................................................................ 84

    D.2. Mapas de deslocamento ou velocidade ...................................................................... 85

    D.2.2. Anlise de tempo computacional ........................................................................ 86

  • xxii

    D.3. Anlise de trao ssmico ............................................................................................ 89

  • 1

    CAPITULO 1

    1. INTRODUO

    A caracterizao de tecidos moles por meio de medidas de propriedades

    mecnicas de grande importncia no diagnstico clnico, pois so capazes de identificar

    e avaliar doenas como cncer e fibrose heptica. Muitos grupos de pesquisa vm

    investigando estas propriedades usando o ultrassom pulso-eco para detectar

    deslocamentos mecnicos das estruturas internas dos tecidos induzidos pela ao de

    foras externas de contato (pisto) ou de no-contato (Elastografia por transiente (TE),

    Fora de Radiao Acstica (ARFI), Fora de Lorentz e induo magntica (MAT-MI)),

    [1][4]. Recentemente o uso de marcadores magnticos em escala micromtrica e

    nanomtrica vm se expandindo em varias modalidade de imagem (e.g. Ressonncia

    Magntica Nuclear e Tomografia Computadorizada por Raios-X), [5]. Estas partculas

    possuem alta susceptibilidade magntica e so inertes ao organismo humano, porm

    devido a seu tamanho o ultrassom em Modo B no capaz de visualiz-las.

    Uma nova tcnica de imagem denominada de Magneto-Acustografia ou Vibro-

    Magneto-Acustografia (VMA) consiste em detectar com ultrassom deslocamentos

    mecnicos, induzidos remotamente atravs da ao de uma fora magntica, em meios

    materiais com partculas magnticas, [6]. Esta tcnica vem sendo utilizada para

    localizao de regies que contm uma determinada concentrao de partculas, visto que

    o deslocamento induzido da ordem de micrmetros, tornando-as agentes de contraste

    ultrassnicos, [7]. Em alguns casos, ao final do movimento forado, ocorre o surgimento

    de ondas ssmicas, que se propagam com amplitude suficiente para serem detectadas por

    ultrassom, [8].

    Na ltima dcada alguns equipamentos comerciais de ultrassom passaram a

    disponibilizar acesso aos mapas de ecos (mapas de RF) por meio de interfaces de coleta

    de dados utilizados para formao dos modos de imagem clssicos (i.e. Modo B,

    Doppler). Este acesso a dados no formatados (*.raw) permite que sejam desenvolvidos

    mtodos de processamento especficos para deteco de deslocamentos at a ordem de

    micrmetros. Alguns equipamentos permitem o controle total do hardware atravs de kits

    de desenvolvimento de software (SDK), que propiciam o pleno desenvolvimento de

    novas modalidades de imagem, agregando vantagens desde formao do feixe acstico

    at a fase de ps-processamento, [9][11].

  • 2

    Neste contexto, constatamos que os estudos publicados sobre VMA no mostram

    implementaes deste sistema em modernos equipamentos comerciais visando estudos

    das propriedades mecnicos de tecidos moles. Esta carncia de uma interface que controle

    a combinao das tcnicas ultrassnica e magnticas sintetizando-a em uma plataforma

    operacional de fcil utilizao promove o presente estudo.

    Este trabalho, teve como principal foco a implementao do sistema VMA

    compatvel com ultrassom comercial visando obter uma interface grfica dedicada e, em

    conjunto, um protocolo de aquisio que permita caracterizao mecnica de objetos

    simuladores de tecidos biolgicos. Dessa forma, possibilitando, em longo prazo, o uso da

    tcnica VMA em testes clnicos.

    O trabalho foi realizado no grupo GIIMUS (Grupo de Inovao em

    Instrumentao Mdica e Ultrassom, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, Brasil) e

    d continuidade ao desenvolvimento da tecnologia magneto-acstica que o grupo trabalha

    h alguns anos e que gerou, dentre outros trabalhos, a patente do transdutor magneto-

    acstico para medidas susceptomtricas e acsticas, [12]

    1.1. Motivao

    Embora explorada para localizao de partculas, [5], [13], a avaliao da tcnica

    VMA para caracterizao de materiais reolgicos em ensaios no destrutivos um

    importante avano na aplicao de agentes de contraste magnticos em conjunto com

    tcnica magntica-ultrassnica para medidas quantitativas.

    A motivao principal deste trabalho foi criar um sistema VMA de fcil

    utilizao, implementado utilizando um equipamento de ultrassom comercial, que possa

    fornecer estimativas quantitativas de parmetros mecnicos de materiais reolgicos de

    maneira a propiciar uso clinico de tcnica VMA.

    A metodologia aplicada a sistemas VMA foi recriada em forma de uma abstrao

    de alto nvel, sincronizando o gerador de funes, bobina e ultrassom comercial acoplado

    a diferentes tipos de transdutores multi elementos (e.g. convexo e linear) por meio de um

    software com interface grfica de usurio (GUI). Essa interface executada diretamente

    do equipamento de ultrassom diagnstico. Tambm foi desenvolvida uma plataforma de

    processamento e anlise dos dados do transiente da fora e da propagao de ondas

    ssmicas provenientes da excitao magntica.

  • 3

    Este sistema foi idealizado para reduzir o tempo de coleta, facilitando a mudana

    de parmetros de aquisio por meio de protocolos. Ainda, aps aquisio, o ps-

    processamento dos dados feito de maneira eficiente utilizando a interface MATLAB

    de programao paralela, otimizando o tempo de obteno de mapas quantitativos de

    deslocamento. Por fim, analisou-se a ao da forca magntica e propagao de ondas

    ssmicas estimando parmetros mecnicos in vitro. Dessa forma, o sistema visou

    propiciar a avaliao da tcnica VMA para, posteriormente, propor a utilizao dessa

    modalidade de imagem mdica no auxlio identificao de doenas relacionadas

    reologia in vivo.

    1.2. Objetivos

    Este projeto visou o desenvolvimento da instrumentao de sistemas VMA, por

    meio de softwares de automao e processamento, utilizando um equipamento comercial

    de diagnstico por ultrassom. Posteriormente, explorou-se a tcnica in vitro para gerar um

    protocolo que facilite a sua utilizao em ensaios clnicos in vivo na obteno de

    propriedades mecnicas das estruturas internas de um meio fluido com partculas

    magnticas.

    1.3. Fundamentao terica

    As imagens em Modo B formadas com ultrassom (US) so a representao da

    amplitude dos mapas de ecos ultrassnicos que se propagam em um determinado meio

    material. Essas imagens retratam, em termos, mudanas nas propriedades mecnicas do

    meio, essencialmente a impedncia mecnica que est intrinsecamente relacionada

    velocidade de propagao do US ( ) e densidade ( ) do meio. As imagens dependem

    tanto dos aspectos geomtricos quanto de outras caractersticas mecnicas, que neste caso

    so negligenciadas durante o processo de formao da imagem Modo B.

    Atualmente so encontrados, comercialmente, equipamentos de US denominados

    de interfaces de pesquisa em ultrassom (URI). Estas plataformas flexveis permitem que

    sejam feitas modificaes no processo de formao do feixe acstico para formao de

    imagens em modo radiofrequncia (RF). O modo RF consiste no nvel mais baixo do

    processo para formao de imagens.

  • 4

    Diversas informaes so extradas a partir dos mapas de RF, porm para que isto

    seja possvel empregamos tcnicas de processamento para transformar os mapas de RF

    em outros mapas, por exemplo, o mapa de deslocamento que obtido correlacionando

    sucessivos mapas de RF para estimar deslocamentos associados a uma perturbao

    externa dinmica.

    Porm este captulo introdutrio visa descrever apenas aspectos fsicos

    relacionados ao da fora magntica externa, os micro deslocamentos provocados pelo

    transiente da fora, que so mensurveis por ultrassom e, aps o transiente, o

    comportamento mecnico de ondas ssmicas relacionando o seu movimento com as

    propriedades mecnicas do meio material.

    1.3.1. Ultrassom

    Definimos como ultrassom ondas mecnicas de compresso longitudinais (ondas

    P) que se propagam em um meio material com frequncia acima de 20 kHz. Na gua

    ( ) temperatura ambiente (24C) sua velocidade de propagao

    , [14].

    Durante a propagao podem ocorrer vrios fenmenos fsicos das interaes com

    o alvo (i.e. reflexo, refrao, absoro, espalhamento e etc.). Estes fenmenos tambm

    esto relacionados s caractersticas dos ecos provenientes do alvo, que so processados

    para formao das imagens.

    A grandeza fsica que sintetiza a perda de amplitude da onda ultrassnica por

    espalhamento e/ou absoro o coeficiente de atenuao total ( ), que pode ser expresso

    em Neper.m-1

    . De maneira generalizada expressamos a amplitude do sinal do ultrassom

    inicialmente A0 que percorreu uma distncia pela equao (1).

    (1)

    Em tecidos biolgicos uma aproximao para o coeficiente de atenuao

    dependente da frequncia da onda mecnica ( ) e temperatura, , onde o

    fator de atenuao e n o fator de frequncia, [14].

  • 5

    1.3.2. Movimento induzido pela ao magntica

    A fora magntica age sobre um dado volume ( ) em que as partculas so

    descritas como dipolos magnticos imersos em um meio diamagntico. A concentrao

    de partculas suficiente para que o meio seja considerado linear em termos da

    susceptibilidade magntica ( ) e permeabilidade magntica do vcuo ( ). Neste caso a

    fora magntica proporcional ao campo magntico e ao gradiente de campo

    magntico conforme a relao matemtica:

    ( )

    ( )

    Se o campo magntico um ciclo senoidal com frequncia monocromtica na

    direo axial z conforme equacionamos em (3), utilizando a identidade do clculo vetorial

    ( ) [( ) ] [ ( )] na relao ( , escrevemos a fora magntica

    que age na direo axial z em um volume ( ) com partculas magnticas, (4).

    (3)

    (4)

    Observamos que a fora magntica age causando movimentos oscilatrios e a

    intensidade dos movimentos diretamente proporcional ao gradiente axial do campo

    magntico e ao prprio campo magntico.

    A partir da ao da fora magntica Oh et al [6] avaliaram que a fora total agindo

    sobre as partculas obtida adicionando os termos relacionados fora de restaurao

    elstica e a fora de arrasto viscoso

    .

    (5)

  • 6

    Em (5) e so, respectivamente a constante elstica do meio e a constante de

    arrasto, [6]. Desta forma, o movimento das partculas magnticas de caracterstica

    ferromagntica tem duas vezes a frequncia do campo magntico aplicado .

    1.3.3. Gerao de ondas ssmicas a partir de fora magntica

    Pavan et al [15] observaram que aps a aplicao da fora magntica so geradas

    ondas ssmicas em um meio material onde h concentrao de partculas magnticas. O

    ponto onde ocorre a formao das ondas denominado epicentro. Deste ponto ocorre a

    propagao de ondas de cisalhamento transversais (ondas S), [8].

    Assumindo que o meio linear, isotrpico e incompressvel a funo de Green

    ( ), descreve uma boa aproximao para o deslocamento induzido por uma fora

    pontual ao longo do eixo axial em funo do tempo e do espao. Considera-se a soma

    das componentes de cisalhamento e longitudinal

    .

    (6)

    Algumas consideraes e aproximaes foram includas por Catheline et al [16]

    para obter uma soluo analtica de primeira ordem do movimento induzido nas estruturas

    do meio durante a propagao das ondas S. Simplificadamente a soluo obtida

    diferenciando a funo de Green no tempo

    e, em seguida, operando a convoluo

    com a fora de excitao oscilatria de frequncia ,

    . Assim o trao da

    onda ssmica dado pela equao (7):

    ( )

    [ ( )]

    (7)

  • 7

    Em que, so o tempo de chegada da onda P, velocidade de

    propagao da onda P, tempo de chegada da onda S e velocidade de propagao da onda

    S, respectivamente e

    . Nesta soluo observamos que para altas frequncias a onda

    P sobressai em relao onda S, para frequncias baixas um misto de onda P e S so

    observados e para uma banda intermediria, de alguns Hertz, h predominncia da onda

    S.

    Bercoff et al [17] utilizaram as velocidades das ondas P e S, e

    respectivamente, geradas pela ao de uma fora externa para obter a resistncia de um

    meio material compresso ( ) e ao cisalhamento ( ), ambos expressos em Pa pelas

    equaes

    (8) e

    (9), [2].

    (

    *

    (8)

    (

    *

    (9)

    Em tecidos moles (i.e.

    ) consequentemente assim ondas P

    so muito velozes ( ) em relao s ondas S que se propagam com

    velocidades de poucos m.s-1

    , portanto separadas quase instantaneamente.

    As relaes acima desconsideram a viscosidade do meio material, posteriormente

    Catheline et al [18] testaram modelos reolgicos apropriados para descrio de efeitos da

    viscosidade fazendo medidas de velocidade e atenuao de ondas de cisalhamento. Os

    autores observaram que o modelo de Voigt era o mais adequado para avaliao de

    simuladores de tecidos moles. Este modelo relaciona a frequncia ( ), atenuao ( ) e

    velocidade ( ) das ondas de cisalhamento com o mdulo de cisalhamento elstico ( ) e

    viscoso ( ) do meio visco-elstico.

  • 8

    (

    )

    (10)

    ( (

    *

    )

    (11)

    Utilizando o modelo de Voigt, que visto como o modelo que melhor se adequa a

    modelagem de tecidos biolgicos, Zhao et al [19] resolveram o par de equaes (10) e

    (11) para obter uma aproximao na obteno de e , fazendo uso da atenuao e

    velocidade da onda ssmica.

    (12)

    (13)

    Portanto, durante o transiente os movimentos induzidos pela ao de uma fora

    magneto motriz dinmica tm duas vezes a frequncia da fora. Aps o transiente h

    formao de ondas ssmicas, ondas P e ondas S, que so separadas instantaneamente

    devido diferena de velocidade entre si. A estimativa de parmetros do movimento das

    ondas S est relacionada com as caractersticas mecnicas do meio e so descrito por um

    modelo reolgico, que neste caso o de Voigt, equaes (12) e (13).

    1.4. Organizao do trabalho

    Este trabalho est dividido em captulos, nos quais se buscou mostrar o

    desenvolvimento das plataformas para a tcnica VMA relacionado aos aspectos fsicos

    abordados nesse capitulo introdutrio.

  • 9

    No captulo 2 so abordados os sistemas VMA existentes e se descreve uma

    plataforma de pesquisa em ultrassom, as tcnicas de excitao magntica e medidas

    ultrassnicas implementadas em uma plataforma completa de aquisio

    No capitulo 3 apresentada uma plataforma de processamento e anlise baseado

    nas tcnicas de processamento do sinal ultrassnico tanto para modo B quanto para mapas

    de deslocamento; tambm so apresentados os mtodos de estimao de parmetros

    visco-elsticos a partir de medidas de parmetros de ondas de cisalhamento.

    No capitulo 4, descrita a aplicao dos mtodos de analise em uma simulao de

    onda ssmica no verificar a qualidade dos algoritmos de anlise implementados.

    No capitulo 5 so apresentadas algumas das aplicaes das plataformas de

    aquisio, processamento e anlise em experimentos em fantomas e in vivo para medidas

    quantitativas movimento induzido por ao de fora magntica e medidas in vitro para

    caracterizao viscoelstica de fantomas.

    No capitulo 6 discutem-se as principais aplicaes dos mtodos implementados,

    assim como as suas limitaes e a continuidade do desenvolvimento para futuras

    aplicaes das plataformas desenvolvidas neste trabalho.

  • 10

  • 11

    CAPITULO 2

    2. PLATAFORMA DE AQUISIO DA TCNICA VMA

    2.1. Diagrama do sistema VMA

    Os sistemas de excitao e aquisio da tcnica VMA consistem, de maneira

    geral, em uma bobina de induo magntica energizada por gerador de funo e

    amplificador para gerar uma tenso oscilatria amplificada. A bobina gera um campo

    magntico que interage com as partculas magnticas presentes no meio gerando uma

    fora magntica. A resposta mecnica induzida na amostra, devido a essa fora

    magntica, capturada utilizando um equipamento de ultrassom pulso-eco.

    Com o objetivo de automatizar o sistema propusemos uma montagem composta

    pela interface de pesquisa em ultrassom (URI), transdutor ultrassnico, gerador de

    funo, amplificador de potncia, bobina e, em alguns casos, concentrador de campo

    magntico no interior da bobina (Figura 1), em que o URI responsvel pelo controle

    sincronizado de excitao magntica e deteco acstica.

    Figura 1: Diagrama esquemtico do sistema de VMA controlado somente pelo URI.

    2.2. Interfaces de pesquisa em ultrassom (URI)

    Para desenvolvimento da plataforma de aquisio utilizamos um moderno

    equipamento de ultrassom de hardware avanado composto por um conjunto de placas,

  • 12

    que possuem Field Programmable Gate Array (FPGA) e Digital Signal Processor (DSP),

    acopladas em uma arquitetura padro computador pessoal personal computer (PC). Esta

    plataforma foi programada utilizando o kit de desenvolvimento de software (SDK) com o

    qual programamos em alto nvel para controlar desde a formao do feixe acstico, tanto

    para transmisso quanto para recepo, at a aquisio de dados com alta frequncia de

    amostragem e alta taxa de quadros ou frame rate (fps), em modo RF ou em diferentes

    etapas de processamento do sinal adquirido pelo transdutor ultrassnico.

    A arquitetura padro PC permitiu que fosse desenvolvida uma plataforma de

    aquisio completa, que alm de controlar o URI, pode fazer uso de protocolos de

    comunicao (i.e. USB, TCP/IP) para controlar ou transferir informao para quaisquer

    outros dispositivos eletrnicos para ps-processamento.

    2.2.1. Sonix RP, Ultrasonix

    O Sonix RP, Ultrasonix foi o URI utilizado neste estudo. Ele possui

    especificaes tcnicas adequadas (Tabela 1) ao desenvolvimento de novas tcnicas,

    neste caso, a VMA. O modo comercial deste URI um pacote de software compilado,

    disponibilizado para compra pelo fabricante, que permite modos operacionais de acesso

    informao em baixo nvel das imagens ultrassnicas adquiridas em um exame, [9].

    Tabela 1: Especificaes tcnicas do URI Sonix RP, Ultrasonix.

    Especificao

    Modelo Sonix RP

    Transdutores 128 Elementos (Linear/Convexo)

    64 Elementos (Phased)

    Canais (TX) 128

    Canais (RX) 32

    Frequncia de amostragem mx. 40 MHz

    ADC 10-bit

    Sistema operacional Windows OEM 32-bits

    Alm de agregar custo financeiro o pacote de software de pesquisa restrito, no

    permitiu controle total dos parmetros de baixo nvel. Portanto foi utilizado o conjunto de

  • 13

    bibliotecas dinmicas do SDK 5.7.4 para programar de maneira dedica o feixe acstico

    sincronizado com excitao magntica, que propiciou sua utilizao especifica para a

    tcnica VMA ou outras tcnicas compatveis com o sistema da Figura 1, por exemplo, um

    excitador mecnico no lugar da bobina.

    O Texo a biblioteca mais importante para este desenvolvimento e permite o

    controle de todas as funes de baixo nvel de um URI. O Impero a ferramenta de

    controle do console, controla os botes e controles do URI. O Amplio a ferramenta

    que auxilia no processamento da imagem ultrassnica. Em sntese as 3 bibliotecas

    permitem realizar todas as tarefas relacionadas ao desenvolvimento de uma aplicao

    dedicada a ultrassom que roda na plataforma Sonix RP (Figura 2).

    Figura 2: Diagrama de utilizao do SDK 5.7.4 Ultrasonix e cada uma das especificidades das

    bibliotecas Texo, Impero e Amplio.

    Todas as ferramentas so escritas em C/C++ e so utilizadas como bibliotecas

    dinmicas, dessa forma so utilizadas em conjunto para abranger todas as tarefas

    necessrias para uma aquisio utilizando o URI.

    Os transdutores acoplados ao URI so compostos por um numero fixo de

    elementos piezoeltricos arranjados de maneira linear ou convexa, ambos em forma de

    array, espaados entre si (pitch). Os dois modelos utilizados foram o transdutor micro

    convexo EC9-5/10 e o transdutor linear L14-5/38 (Tabela 2).

    Tabela 2: Especificaes dos transdutores utilizados acoplados ao Sonix RP

    Micro convexo Linear

    Modelo EC9-5/10 L14-5/38

    Elementos 128 Elementos 128 Elementos

  • 14

    Largura de Banda 9-5 MHz 14-5 MHz

    Profundidade 30 mm at 120 mm 20 mm at 90 mm

    Raio 10 mm -

    Pitch 0,21 mm 0,30 mm

    Abertura 148 graus -

    2.3. Feixe acstico e resoluo temporal

    Com o Texo controlamos o feixe acstico dos transdutores utilizados, que

    possuam 128 elementos. O nmero de elementos coincide com o nmero de canais de

    transmisso (TX) do Sonix RP, por isso, foi possvel emitir um feixe acstico com 1 at

    todos os elementos do transdutor. O tempo entre cada emisso acstica denominado de

    frequncia de repetio de pulso (PRF). A recepo (RX) feita por 32 canais, limitando

    o nmero de elementos recebidos por emisso.

    Uma aquisio pulso-eco consiste em emitir uma onda ultrassnica, em seguida,

    esperar os tempos: De chegada da onda at a profundidade escolhida e retorno para

    que a onda chegue at o transdutor , o intervalo de tempo total do pulso-eco

    . A Figura 3 mostra como uma aquisio em modo pulso-eco das linhas

    do mapa de RF realizada (e.g. ). Neste exemplo o transdutor esquerda, em modo

    TX, emite um feixe acstico com todos os elementos. Na recepo o processo de

    formao da ensima linha realizado a partir de um elemento dito central somados os

    elementos usados no feixe de recepo, [20], o que implica em uma emisso para formar

    uma linha do mapa.

    Figura 3: Processo de formao de um frame composto por 128 linhas de RF. A esquerda (TX) a

    emisso com todos os elementos do transdutor. A direita (RX) a formao das linhas de RF de forma

    sequencial, neste caso ocorre uma emisso para cada linha formada na recepo.

  • 15

    Este processo para formao do mapa repetido at que todas as linhas sejam

    adquiridas formando, ao final, um frame. O inverso do perodo de formao do frame

    denominado de frame rate ( ). A alta resoluo temporal importante para o VMA,

    pois o movimento possui frequncias da ordem de centenas de Hertz. Uma maneira de

    aumentar o a tcnica de diviso em subsetores de alta resoluo temporal. A tcnica

    consiste em aumentar a resoluo temporal do feixe criando subsetores com um

    nmero reduzido de linhas de RF ( ). O nmero de subsetores necessrios para

    obtermos todo o campo de viso do transdutor dada pela relao

    , [21].

    Para pulso-eco uma aproximao do valor do de cada subsetor criado

    estimado pela relao cinemtica da propagao da onda ultrassnica e nmero de linhas

    de RF adquiridas por subsetor, Equao (15). Os passos necessrios para aquisio de

    um subsetor semelhante ao processo da Figura 3, deslocando-se elementos direita

    at que todos os subsetores K sejam adquiridos.

    (14)

    (15)

    Onde a profundidade da aquisio. A Figura 4 mostra os valores obtidos

    para diferentes profundidades utilizando o Sonix RP acoplado ao transdutor L14-5/38.

  • 16

    Figura 4: Avaliao do valor do fps para diferentes profundidades utilizando o feixe acstico

    sequencial em relao ao nmero de elementos ativados.

    Observamos que para profundidades at 90 mm podemos utilizar 4 linhas de RF,

    ou seja, 4 elementos por subsetor para obter pelo menos 2 kHz que, segundo o critrio de

    Nyquist, suficiente para capturar movimentos de at 1 kHz. Para 32 elementos, observa-

    se que o cai considervelmente. Isto ocorre devido ao nmero de canais da Sonix RP

    para recepo ser 32. De maneira geral utilizamos para transdutores de 128

    elementos.

    2.4. Modos de excitao magntica

    Para gerar a fora magntica, utilizamos uma bobina descrita na Tabela 3, que foi

    energizada por um gerador de funo (Agilent, 33522A) e um amplificador de potncia

    (Ciclotron, 20000 2 H) para gerar corrente.

    Tabela 3: Caractersticas da bobina usada para gerar o campo magntico externo.

    Dimetro

    externo (mm)

    Dimetro

    interno (mm)

    Numero

    de espiras

    AWG

    90,0 45,0 413 18

    Foram avaliadas duas possibilidades de excitar o meio: contnua e pulsada. Nesse

    caso, atravs da prpria interface do protocolo de VMA, o gerador de funo pode ser

    configurado com uma funo de onda em forma de pulso ou sinal contnuo na forma

    0 10 20 30 40 50 600

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Nmero de elementos ativos (n)

    fps (

    kH

    z)

    30 mm

    50 mm

    70 mm

    90 mm

  • 17

    senoidal e com amplitude, frequncia e nmero de ciclos definidos de acordo com o

    protocolo experimental. No modo continuo a bobina fica ligada continuamente durante a

    aquisio acstica, que pode ocorrer de forma assncrona.

    A Figura 5a mostra o perfil esperado da fora magntica ( a partir de um

    potencial de entrada ( . Nesta simulao , equao (4), responde com o dobro da

    frequncia de um potencial senoidal gerado. A frequncia de excitao foi de 100 Hz

    (Figura 5b), com frequncia de amostragem de 2000 Hz.

    (a) (b)

    Figura 5: (a) Simulao do potencial senoidal com frequncia de 100 Hz e a resposta da fora

    magntica esperada e (b) o espectro de potencia desses sinais.

    A excitao magntica pulsada feita usando um nmero de ciclos finitos e de

    forma sncrona a medida ultrassnica pulso-eco.

    Ambos os modos contnuos (assncrono) e pulsados (sncrono) foram utilizados

    com o mtodo da diviso por subsetores. A excitao magntica ocorre no comeo da

    aquisio de cada subsetor. O perfil de um pulso do sinal senoidal (azul), bem como, da

    fora magntica (vermelho), com um ciclo e frequncia de 100 Hz, mostrado na Figura

    6a e o espectro pode ser observado Figura 6b.

    0 20 40 60 80 100-2

    -1.5

    -1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5100.0 Hz

    Am

    plitu

    de (

    u.a

    )

    Tempo (ms)

    Vin

    FB

    0 50 100 150 200 250 300

    0.05

    0.1

    0.15

    0.2

    0.25

    0.3

    0.35

    0.4

    0.45

    0.5

    Mag

    nit

    ud

    e (

    1/

    Hz)

    Hz

    fp

    fp = 100 Hz

    fp = 200 Hz

  • 18

    Figura 6: Simulao do potencial de um ciclo senoidal com frequncia de 100 Hz e a resposta magntica

    esperada para o modo pulsado.

    2.4.1. Comunicao IVI-COM

    A configurao dos modos de excitao magntica foi feita utilizando um

    moderno protocolo de comunicao denominado de IVI-COM. Algumas vantagens do

    IVI-COM so alto desempenho e flexibilidade no desenvolvimento. Assim o protocolo

    IVI-COM permite que um instrumento eletrnico seja generalizado virtualmente por meio

    de bibliotecas dinmicas padronizadas de controle e automao escritas em C/C++. Existe

    uma vasta gama de equipamentos eletrnicos compatveis como, por exemplo, geradores

    de funes e amplificadores. Novamente o custo financeiro reduzido devido biblioteca

    ser distribuda para uso dinmico e, mais importante, a biblioteca padronizada podendo

    a classe ser reutilizada para equipamentos diferentes.

    2.5. Desenvolvimento da plataforma de aquisio

    O desenvolvimento foi idealizado por meio de uma abstrao em alto nvel, que

    virtualiza todas as tarefas de baixo nvel (URI e eletrnicos) em classes. As tarefas

    realizadas pelo sistema VMA so abstradas utilizando o paradigma de programao

    orientado a objeto e escritas em linguagem C/C++ e Qt com o ambiente integrado de

    desenvolvimento Visual Studio Express 2010, Microsoft. Dessa forma reduziu-se custo

    e obteve-se alto desempenho computacional viabilizando uma plataforma de controle e

    aquisio do sistema VMA que executada diretamente do URI.

    0 2 4 6 8 10-2

    -1.5

    -1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5100.0 Hz

    Am

    plitu

    de (

    u.a

    )

    Tempo (ms)

    Vin

    FB

    0 50 100 150 200 250 300

    0.02

    0.04

    0.06

    0.08

    0.1

    0.12

    0.14

    0.16

    Mag

    nit

    ud

    e (

    1/

    Hz)

    Hz

    fp = 104 Hz

    fp = 201 Hz

  • 19

    Para o desenvolvimento do software, utilizou-se o conceito de framework. Este

    conceito consiste de uma abstrao, que une vrios cdigos desenvolvidos como projetos

    diferentes e escritos de forma generalizada para receber um conjunto de parmetros

    determinantes nas aquisies da tcnica VMA. Desta forma foi possvel mudar as

    configuraes em tempo real do sistema VMA.

    A estrutura bsica do software foi modelada dividindo as tarefas do URI e as

    tarefas do sistema eletrnico de excitao magntica. As classes escritas foram ento

    instanciadas em um programa que possui interface grfica de usurio (GUI) para receber

    o conjunto de parmetros. Este software permitiu rpida configurao dos sistemas VMA

    para formao de protocolos de aquisio magneto-acsticos, propiciando mapas de RF

    com alta resoluo temporal e espacial e foi denominado de plataforma de aquisio

    VMA-A.

    2.5.1. Classes desenvolvidas para virtualizao

    No digrama da Figura 7 mostrado o esquemtico do desenvolvimento do VMA-

    A (nvel mais alto), as classes mais importantes (nvel intermedirio) e a sua funo na

    plataforma no nvel mais baixo. A ordem cronolgica da instanciao das classes,

    mostradas no nvel intermedirio, obtida lendo-o no diagrama da esquerda para direita.

    As classes tm denominaes que remetem a sua funcionalidade dentro da

    plataforma. A classe Hardware foi criada para executar a tarefa de virtualizao do URI,

    garantindo seu funcionamento, a conexo com os transdutores e uma funo tipo callback

    que permitiu o controle dos frames que chegam ao URI. A classe Controls foi

    desenvolvida para controlar todos os parmetros que normalmente so configurados

    manualmente por usurios. A classe Sequences foi o construtor de feixe acstico de alta

    resoluo temporal. A classe Funcgen foi o construtor de excitao magntica que

    controla a gerao da fora magntica.

  • 20

    Figura 7: Diagrama de desenvolvimento do VMA-A [topo (3 nvel)], as classes principais que foram

    implementadas (2 nvel) e as funes descritas sucintamente (1 nvel).

    Utilizando estas classes foi possvel automatizar totalmente a tarefa de

    configurao e aquisio dos dados da tcnica VMA. O conjunto de configuraes

    utilizadas no sistema constituem os protocolos que foram utilizados para aquisio dos

    mapas de RF de alta definio para ps-processamento. O desenvolvimento destas classes

    est melhor explicado por meio de diagramas de modelagem no apndice A.

    2.5.2. Qt 4.8.4

    A interface grfica de usurio (GUI) do VMA-A foi escrita em Qt verso 4.8.4

    (Digia). O Qt um framework de programao multi-plataforma que, aps compilado,

    roda em diversos sistemas operacionais (e.g. Windows) e, escrito em C/C++. O uso do

    Qt se integra perfeitamente com as classes desenvolvidas no paradigma de orientao a

    objetos e, tambm possui mecanismos j implementados, que aumentam as possibilidades

    de interao do usurio. Portanto uso do Qt para virtualizao de sistemas VMA foi de

    baixo custo financeiro e suficiente para todas as tarefas que foram propostas neste estudo.

    O fato do SDK e do IVI-COM j fazerem uso de bibliotecas dinmicas facilitou a

    construo de interfaces grficas no ambiente dinmico do Qt, portanto as classes escritas

    em C/C++ so tambm objetos do Qt (QObject).

    Alguns mecanismos do Qt so extremamente teis no desenvolvimento de

    interfaces grficas. O QObject o mecanismo nativo do Qt. O uso de signals e slots

  • 21

    permite que eventos de classes do Qt se comuniquem com outros mtodos de outras

    classes sem que estejam em um contexto de herana.

    Um exemplo para introduzir o conceito de signals e slots considerarmos um

    espao orientado a objetos onde existem 2 objetos distintos. O objeto 1 possui apenas o

    sinal Verde e o Objeto 2 possui apenas o slot Colorir. Consideremos ainda que estes

    objetos neste espao podem trocar mensagens a principio sem restries. Em seguida,

    usando um mtodo de conexo do Qt, criamos um link da caracterstica do primeiro

    objeto de emitir um sinal chamado Verde com o slot Colorir do segundo objeto.

    Durante a execuo no momento em que o Objeto 1 emitir o sinal Verde o Objeto

    2 entrar com o slot Colorir. Dessa forma possvel trazer atributos do Objeto 1 na

    assinatura do sinal Verde para o Objeto 2 via slot Colorir conforme o cdigo escrito:

    QObject::connect(Obj1, SIGNAL(Verde(* void)), Obj2, SLOT(Colorir(* void)));

    O Qt ainda possui alguns mecanismos que foram de extrema importncia para este

    desenvolvimento como QImage e QThread.

    A classe QImage fornece uma representao de imagem com um motor grfico

    nativo do Qt (Figura 8), ou seja, independente de hardware. Essa classe permite acesso

    direto aos dados de pixel.

    Figura 8: Representao de uma imagem utilizando a classe QImage.

    Um ponteiro para o buffer de memria, por exemplo, suficiente para criar uma

    imagem ou possvel operar coero explcita para colocar um valor de pixel na imagem,

    por exemplo, no cdigo:

    QImage img(3,3, RGB32); img.setPixel((double) 0xff7aa327);

  • 22

    Os threads so entendidos como processos paralelos que, quando executados, no

    concorrem com a execuo do programa principal (main thread). O uso de threads

    atravs da classe QThread possibilitou a visualizao de imagens em modo B em tempo

    real na tela do VMA-A.

    As imagens so mostradas antes ou depois das aquisies utilizando a classe

    QThread em conjunto com a classe QImage, que constroem, diretamente do buffer do

    Sonix RP, imagens em modo B utilizando mecanismos da classe Hardware.

    2.6. Interface grfica de aquisio

    As bibliotecas do Qt permitem que qualquer cdigo escrito, depois de compilado,

    possa ser executado em diversos sistemas operacionais. O Qt se integrou perfeitamente

    com as classes desenvolvidas no paradigma de orientao a objetos. Alm disso, possui

    mecanismos que aumentam as possibilidades de interao do usurio, portanto uso do Qt

    foi essencial para nossa abstrao, no agregou nenhum custo financeiro e foi suficiente

    para todas as tarefas que foram propostas neste estudo.

    Outro ponto importante foi o fato do SDK Ultrasonix e do protocolo IVI-COM j

    fazerem uso de bibliotecas dinmicas, o que facilitou a construo de interfaces grficas

    no ambiente dinmico do Qt apenas incluindo, nas classes do VMA-A em C/C++, os

    mtodos do Qt.

    A interface grfica de usurio (Figura 9) permitiu que o usurio configurasse

    todos os parmetros de uma aquisio da tcnica VMA que utiliza o sistema semelhante

    ao da Figura 1. Os vrios testes realizados utilizando a GUI serviram para definio dos

    protocolos de aquisies.

    2.6.1. Procedimento de uso para aquisio VMA

    Nesta seo, est descrito de forma sucinta o procedimento de uma aquisio

    utilizando o VMA-A. Esta realizada seguindo 4 passos:

    Passo 1: Conectar o URI, neste caso o Sonix RP (clicando no balo 1).

    Passo 2: Configurar os controles com os parmetros da imagem (clicando no

    balo 2).

  • 23

    Passo 3: Na guia VMA, configurar os subsetores de alta resoluo temporal e

    depois o modo de excitao magntica (clicando no balo 3).

    Passo 4: Deixar o VMA framework realizar todas as tarefas previamente

    configuradas e salvar os mapas de RF da aquisio no disco (clicando no balo

    4).

    Os passos 1, 2, 3 e 4 so indicados pelos crculos vermelhos da Figura 9. Para

    cada passo uma nova janela emerge (dilogo) requerendo do usurio uma configurao de

    parmetros.

    Figura 9: Interface grfica de usurio do VMA Framework de aquisio.

    A interface grfica do VMA-A (Apndice C Interface grfica de usurio da

    plataforma de aquisio (VMA-A)) possibilita visualizao em Modo B, e sugere, a partir

    da configurao do frame rate e da profundidade, a configurao do subsetor que pode

    ser utilizado na aquisio dos mapas de RF. O VMA-A possibilitou que fossem feitas

    1

    2

    3 4

  • 24

    vrias modificaes nas configuraes dos parmetros acsticos e magnticos

    rapidamente.

  • 25

    CAPITULO 3

    3. PLATAFORMA DE PS-PROCESSAMENTO

    O desenvolvimento da plataforma de aquisio objetivou, principalmente,

    fornecer dados experimentais e informaes padronizadas, para que fossem utilizadas

    durante o ps-processamento. O ps-processamento consistiu na obteno dos mapas de

    deslocamento das estruturas internas do alvo.

    No Cap. 1 abordamos os aspectos fsicos da tcnica VMA, neste capitulo

    abordamos os mtodos de processamento por speckle tracking. Estes mtodos buscam

    obter o atraso temporal entre sucessivas linhas de ecos ultrassnicos em modo RF de uma

    aquisio acstica. Para a tcnica de VMA, trata-se do movimento mecnico proveniente

    da interao da fora magntica que surge entre a magnetizao das partculas

    ferromagnticas presentes na amostra e prprio campo magntico de excitao externo.

    Neste captulo mostramos o mtodo implementado em MATLAB utilizando um

    computador padro personal computer (PC) com uma unidade de processamento grfico

    (GPU) que suportava computao paralela.

    3.1. Mapas de RF e modo B

    Consideremos uma aquisio com transdutor linear onde os mapas de RF so

    adquiridos em coordenadas retangulares (m, n) ao longo do tempo (t). Neste caso

    denotamos a imagem como:

    RF(profundidade, elemento do transdutor, frame) RF(m, n, t = t0)

    Na

    Figura 10a observamos a representao da imagem em modo RF e na

    Figura 10b a imagem em modo B de uma amostra de parafina utilizada para

    ilustrar o processamento de imagem. O modo B obtido a partir do mapa de RF pelo

    mdulo da transformao de Hilbert ( ) ao longo da profundidade e, em seguida,

    tomando o logaritmo decimal para melhor ajuste de brilho (B) e contraste (C):

    B(m, n, t = t0) = log10 (c + b | {RF(m, n, t = t0)} |)

  • 26

    Sendo c o contraste e b o brilho para melhor ajuste do range dinmico.

    (a) (b)

    Figura 10: Representao do (a) mapa de RF e (b) modo B obtido em uma amostra de parafina

    As matrizes mostradas em elemento do transdutor ( ) e amostra da profundidade

    ( ) so representaes de uma aquisio pulso-eco na profundidade ( ), em que o valor

    mximo de m ( ) est relacionado com o perodo de aquisio [Equao (14)](15) e a

    frequncia de amostragem do URI ( ), .

    A frequncia espacial de amostragem axial (fsz) o inverso da distncia fsica

    entre cada pixel do mapa de RF formado. Desta forma

    . Por exemplo, para uma

    aquisio com os parmetros escolhidos: , e frequncia

    de amostragem obtemos M = 4416 e a frequncia de amostragem espacial

    ao longo do eixo axial de 52 px.mm-1

    .

    O valor mximo de ( ) est relacionado com o campo de viso do transdutor

    (FOV). Dependendo da complexidade da formao do feixe acstico, a frequncia de

    amostragem lateral, , pode ser varivel, mas no caso mais simples, o FOV de um

    transdutor linear determinado pela distncia entre o primeiro e ltimo elemento ativo do

    array,

    . Neste caso, para o transdutor L14-5/38, a frequncia de amostragem

    espacial ao longo do eixo lateral de 3 px.mm-1

    .

    As frequncias espaciais so utilizadas para obter, posteriormente, os

    eixos axial e lateral, respectivamente.

    Mapa de RF

    m

    n

    20 40 60 80 100 120

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    3500

    4000

    Modo B

    m

    n

    20 40 60 80 100 120

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    3500

    4000

  • 27

    3.2. Converso para scanner convexo (Scan conversion)

    No caso do uso de transdutores com lentes esfricas, os dados de RF so obtidos

    em coordenadas polares [22], ou seja:

    B(raio, ngulo de abertura, frames) B(r, , t = t0)

    Sendo o raio e o ngulo do feixe em relao ao eixo principal do transdutor.

    A transformao geomtrica para coordenadas cartesianas B(m, n, t = t0) foi feita

    utilizando as relaes matemticas de mudana de coordenadas (16). Utilizando os

    valores fornecidos pela Tabela 2 podemos calcular o valor do ngulo em distncia

    angular (e.g. EC9-5/10 de abertura mxima ). Em termos de distncia fsica a

    frequncia de amostragem espacial do eixo numericamente igual a e a frequncia

    de amostragem angular

    .

    {

    (16)

    (a) (b)

    Figura 11: (a) Mapa de RF obtido com um transdutor EC9-5/10 e (b) mapa de RF aps processo de

    converso para coordenadas cartesianas.

    Os vetores e so obtidos calculando os valores de e o valor de

    (

    ).

    r

    20 40 60 80 100 120

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    m

    n20 40 60 80 100 120

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

  • 28

    3.3. Mapas de deslocamento

    3.3.1. Estimativa de atraso temporal

    A maneira utilizada para obter o atraso temporal proposta por Zahiri-Azar e

    Salcudean baseada no teorema da correlao cruzada, [23]. Na forma complexa este

    teorema diz que para dois sinais e amostrados no tempo com frequncia de

    amostragem ( ), a correlao cruzada ( ) ter a mesma frequncia de amostragem, se

    calcularmos a transformada inversa de Fourier ( ) do produto das transformadas de

    Fourier ( ) de e (*, complexo conjugado).

    A correlao cruzada normalizada ( ) consiste em dividir pela energia de

    cada sinal para que o valor mximo de seja igual ao valor unitrio. Considerando que

    os sinais e sejam janelados por uma janela (w) de tamanho fixo, a correlao

    cruzada normalizada das janelas dos sinais e representada pela seguinte expresso:

    (17)

    Em que e so a transformada inversa e direta de Fourier.

    O atraso temporal entre os dois sinais corresponde diferena entre a posio do

    valor mximo ( de e a posio do valor mximo de referncia ( , que

    usualmente obtido da autocorrelao (valor de referncia).

    Na prtica, o Sonix RP tem uma mxima taxa de amostragem fs = 40 MHz e

    considerando a velocidade do ultrassom cag = 1540 m.s-1

    o menor deslocamento ao longo

    do eixo axial que poderia ser detectado de 19,25 m. Porm, Viola e Walker [24]

    explicaram detalhadamente a importncia de corrigir a posio do pico de mxima

    correlao por meio de interpolao, pois dessa forma foi possvel observar

    deslocamentos de at 0,1 m, que o nvel do rudo. Eles avaliaram que a maneira mais

    eficiente computacionalmente a interpolao polinomial de ordem 2, que pode ser

    deduzida a partir de polinmios de Lagrange.

    Assim a partir da posio de pico mximo so colhidas as posies anterior e

    posterior. Com estes trs pontos obtem-se a estimativa do desvio da posio do pico ( :

  • 29

    (18)

    O algoritmo implementado para obteno dos mapas de deslocamento foi baseado

    no algoritmo de correlao cruzada, com ajuste de pico de mxima correlao por

    interpolao polinomial de ordem 2.

    3.3.2. Algoritmo de processamento

    O processamento consistiu em correlacionar sucessivamente os mapas de RF. O

    tipo de mapas obtidos por meio deste processo diferenciado pela forma como foram

    correlacionados. Somente duas formas, ilustradas na Figura 12e Figura 12b, foram

    implementadas.

    (a) (b)

    Figura 12: (a) Todos os frames subsequentes so correlacionados com o primeiro para obteno do

    mapa de deslocamento e (b) os frames so correlacionados em pares de maneira subsequente para

    obteno do mapa de velocidade.

    Na Figura 12a estamos utilizando um mapa de RF de referncia fixo, ou seja,

    utilizando o frame todos os mapas subsequentes so correlacionados com

    para obteno do movimento ( ) em metros.

    (19)

  • 30

    Outra forma tomar mapas de RF dois a dois conforme ilustrado na Figura 12b,

    onde a cada correlao muda-se a referncia para o frame de maior ndice, por exemplo,

    se tomarmos o e a prxima correlao seria e ,

    assim sucessivamente, desta forma obtemos uma taxa de deslocamento ao longo do

    tempo, ou seja, a velocidade (v) em metros por segundo, para isso multiplicamos pela

    distncia temporal entre cada frame, fps.

    (20)

    Ambos os processos ilustrados na Figura 12a e Figura 12b so obtidos

    processando as linhas axiais do mapa de RF de uma aquisio semelhante

    Figura 10 (i.e., e ) duas a duas, por exemplo:

    (m, n = 64, t21) = 21 {RF2(m, n = 64, t = 2), RF1(m, n = 64, tref = 1)}

    As linhas so segmentadas com janelas retangulares ( ), que durante

    o processo so sobrepostas em 50% (Apndice D Interface grfica de usurio da

    plataforma de processamento e anlise (VMA-P)). Desta forma obtivemos, utilizando as

    equaes (17) e (18), a linha central do mapa de deslocamento com

    (Figura 13).

    Figura 13: Processo de formao do mapa de deslocamento a partir de um mapa de RF. Escolhendo o

    elemento central (n = 64), correlacionamos dois frames sucessivos (t = 1 e t = 2) com janelas de

    tamanho fixo (w = 1,0 mm) e 50% de sobreposio para obter o desvio ( ).

  • 31

    Neste processamento utilizamos sempre janelas (w) unidimensionais de tamanho

    fixo para correlao e as janelas foram sobrepostas no intuito de aumentar a frequncia de

    amostragem axial do mapa de deslocamento. Este processamento repetido para todas as

    linhas de RF do mapa (e.g. 128) para obtermos todo o campo de viso do transdutor

    utilizado. Os mapas de deslocamento ainda so filtrados utilizando mediana para remoo

    de picos de no correlao (spikes), os tamanhos dos kernels deste filtro so escolhidos

    proporcionalmente aos valores de e do mapa de deslocamento, [23].

    Quando foi possvel observar ondas ssmicas extramos estimativas dos

    parmetros que as caracterizam: Velocidade de grupo, velocidade de fase e atenuao.

    Estes parmetros foram obtidos da anlise dos mapas de deslocamento.

    3.4. Estimativas de velocidade e atenuao de ondas ssmicas

    Os mtodos utilizados para as estimativas foram descritos por Palmieri et al [25]

    para estimavas de velocidade de grupo e, melhor abordados por Amador et al [26] nos

    casos da velocidade de grupo, atenuao e velocidade de fase.

    3.4.1. Algoritmo de suavizao

    O trao da onda ssmica a amplitude da onda ssmica amostrada no tempo. A

    partir deste sinal a informao da velocidade e da atenuao da onda ssmica extrada.

    Para que o rudo de alta frequncia fosse removido sem remover nenhuma componente de

    frequncia decorrente da aplicao de filtros foi desenvolvido um algoritmo de

    suavizao espacial que coleta do mapa de deslocamento o trao da onda ssmica s(r, t),

    em uma determinada profundidade ( ). Este algoritmo consiste no uso de um conjunto de

    regies de interesse (ROI), de rea ( ), dispostas em vrias posies crescentes ao longo

    do eixo axial do mapa de deslocamento.

    A distncia entre a primeira e ltima posio determinam uma trajetria ( ). O

    trao ssmico suavizado obtido tomando a mdia ( ) dos deslocamentos ou ( ) das

    velocidades dentro da ROI de rea , sendo R o tamanho axial e X o tamanho

    lateral da ROI.

  • 32

    Figura 14: Extrao do trao ssmico ao longo da profundidade r de um mapa de deslocamento.

    Repetimos o processo para todos os frames em cada posio r (Figura 14). Dessa

    forma, o trao ssmico possui amostragem igual ao fps. Em seguida, interpolado por uma

    filtragem passa baixa para obter uma amostragem de 50 kHz. Assim, condicionamos o

    trao ssmico para a anlise reduzindo as ambiguidades do time-to-peak, que um mtodo

    baseado na amplitude, que classicamente utilizado para obteno de velocidade e

    atenuao de ondas ssmicas ou outros mtodos de processamento, [25].

    3.4.2. Velocidade de grupo e atenuao (time-to-peak)

    O algoritmo time-to-peak consiste em obter a relao espao-tempo do pico (ou

    vale) do trao da onda ssmica (onda S) para obter uma estimativa de velocidade e o

    decaimento da amplitude do pico (ou vale) utilizada para obter uma estimativa de

    atenuao [25]. Baseado no algoritmo de time-to-peak a estimativa da velocidade de

    grupo (cg) e da atenuao (s) so obtidos atravs do trao ssmico suavizado. Para isto, a

    posio (r), o intervalo de tempo at o pico (t) e o deslocamento (u) [ou velocidade (v)]

    do valor mximo (pico) ou valor mnimo (vale) da onda em duas posies so

    substitudos na Equao (21) e Equao (22), esta equao pode ser obtida tomando o

    logaritmo natural da Equao (11) e isolando .

    (21)

  • 33

    (

    *

    (22)

    Quando a onda S do tipo cilndrico h atenuao composta de perdas viscosas

    e geomtricas. As perdas geomtricas podem ser corrigidas multiplicando-se o sinal da

    onda ssmica por [26]. Assim no intutido de obter apenas a atenuao relacionada a

    perda viscosa multiplicamos os valores do deslocamento da onda S por . Utilizando

    ajuste exponencial e o ajuste linear ( ) so obtidos os valores de e cg,

    respectivamente.

    3.4.3. Velocidade de grupo (correlao cruzada)

    Outra forma de obter uma estimativa da velocidade de grupo foi utilizar o

    algoritmo de correlao da seo (3.3.2) adaptado para obtermos a diferena temporal

    entre os traos ssmicos (lag). O primeiro trao ssmico usado como referncia e os

    traos subsequentes so correlacionados para estimar a diferena temporal, em seguida,

    uma regresso linear das posies (r) da ROI e do atraso calculado suficiente para

    estimar a velocidade de grupo, [27].

    3.4.4. Velocidade de fase

    Para estimativas de velocidade de fase foi realizada uma anlise do espectro do

    trao ssmico suavizado na forma complexa (trao analtico), [28]. O trao analtico

    obtido utilizando a transformada de Hilbert que, expressa na forma complexa, temos:

    (23)

    Sendo s(t) o trao real, sq(t) a quadratura e j a raiz quadrada de -1. A informao

    da fase pode ser extrada da forma complexa (23) por (

    ).

  • 34

    A fase do trao analtico confinada no intervalo [-2, 2], portanto para a

    estimativa da velocidade de fase (cf) transformamos a fase em uma funo contnua

    (unwrap) para todas as posies (r), ou seja, ao longo da trajetria. Quando o nmero de

    posies igual a 2 a estimativa obtida substituindo os valores na Equao (24), que

    possui uma dependncia na frequncia da onda ssmica (s), que a princpio deve ser

    igual a duas vezes a frequncia de excitao magntica (2). A velocidade de fase pode

    ser estimada utilizando a equao:

    (

    *

    (24)

    Para obter a frequncia do trao ssmico fizemos uma anlise espectral para

    avaliar as componentes da onda ssmica em termos da frequncia, [29], similar a Amador

    et al, que utilizaram o espectro de ondas ssmicas ( para obter a

    frequncia de pico (p) e frequncia de centro de gravidade (cg), conforme a Equao

    (25).

    (25)

    A frequncia de centro de gravidade a frequncia central de um grupo de ondas

    com diferentes frequncias, que viaja com velocidade de grupo . Para espectros com

    grande largura de banda o trao ssmico precisa ser filtrado para a frequncia de interesse,

    por exemplo, a frequncia de centro de gravidade. Amador et al [29] utilizaram o filtro de

    Kalman, este filtro faz a extrao da velocidade de fase cada componente de frequncia

    presente no espectro da onda ssmica. Em nossa abordagem utilizamos o filtro gaussiano,

    , [28], para escolher a frequncia de interesse. O espectro filtrado dado

    pelo produto:

    ( )

  • 35

    [

    ( )

    ]

    (26)

    Sendo BW a largura da banda do filtro gaussiano aplicado. A transformada

    inversa de Fourier, remonta o trao ssmico filtrado, ou seja, . Para

    um nmero maior de traos ssmicos a mudana de fase ao longo da profundidade

    ajustada linearmente para obtermos a velocidade de fase.

    A avaliao do ajuste para velocidade de fase, velocidade de grupo e atenuao

    feita pelo valor de R, em que os ajustes com valores de R-quadrado menores que 90%

    so descartados.

    3.5. Interface grfica de ps-processamento (VMA-P)

    A etapa de ps-processamento da tcnica de VMA custosa computacionalmente,

    portanto foi desenvolvido um framework em MATLAB para agregar o

    condicionamento e processamento dos mapas de RF para obteno de mapas de

    deslocamento e velocidade em uma nica interface grfica de usurio, que tambm

    utilizada para anlise de traos ssmicos.