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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA: ANÁLISE DE MODELOS E PRÁTICAS NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E NA CONSTRUÇÃO CIVIL MARIANA SERENARIO GENTIL ORIENTADOR: OSVALDO L. G. QUELHAS, D.Sc. NITERÓI 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA: ANÁLISE DE MODELOS E

PRÁTICAS NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E NA CONSTRUÇÃO CIVIL

MARIANA SERENARIO GENTIL

ORIENTADOR: OSVALDO L. G. QUELHAS, D.Sc.

NITERÓI

2017

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MARIANA SERENARIO GENTIL

IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA: ANÁLISE DE MODELOS E

PRÁTICAS NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Projeto Final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

parcial para obtenção do grau de Engenheiro de

Produção.

ORIENTADOR: OSVALDO L. G. QUELHAS, D.Sc.

NITERÓI

2017

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MARIANA SERENARIO GENTIL

IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA: ANÁLISE DE MODELOS E

PRÁTICAS NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Projeto Final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

parcial para obtenção do grau de Engenheiro de

Produção.

Aprovada em 16 de janeiro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________

OSVALDO LUIZ GONÇALVES QUELHAS, D.Sc. - UFF

ORIENTADOR

____________________________________________________________________

MARA TELLES SALLES, D.Sc. - UFF

____________________________________________________________________

EMMANUEL PAIVA DE ANDRADE, D.Sc. - UFF

NITERÓI

2017

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Este trabalho é dedicado à minha

família, que sempre esteve ao meu lado.

Dedico-o também a todos aqueles que, de

alguma forma, caminharam comigo.

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v

AGRADECIMENTOS

Nesta oportunidade em que é alcançada uma meta importante na minha vida

profissional, primeiramente gostaria de agradecer a Deus, que me permitiu ter saúde e força

para tornar possível esta vitória.

Agradeço à minha família por todo incentivo e carinho em todos os momentos. Em

particular, agradeço aos meus pais Heitor (in memoriam) e Célia por todo apoio, amor e carinho.

Agradeço ao meu namorado Gustavo, que está sempre presente na minha vida, me

incentivando a crescer profissional e pessoalmente.

Aos amigos de longa data que estão sempre ao meu lado, e também aos amigos que

fiz durante toda esta jornada acadêmica, tornando mais tranquilos e alegres esses anos.

Agradeço a todos os professores que me acompanharam durante a graduação, em

especial o professor Osvaldo Quelhas, orientador deste projeto.

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RESUMO

A procura dos consumidores por produtos e serviços com maior qualidade e menor preço

impulsiona a competitividade das empresas. A linha de produção está mais flexível para

acompanhar o mercado dinâmico e altamente voltado para o consumidor. Com o intuito de

otimizar a produção e eliminar os desperdícios da cadeia produtiva, além de aumentar a

produtividade e a vantagem competitiva, são utilizadas novas ferramentas e técnicas gerenciais,

como a Produção Enxuta. O objetivo deste trabalho é analisar a implantação deste conceito na

indústria automotiva e no setor da construção civil, através da exposição dos conceitos e

ferramentas utilizadas. Com este propósito foram identificados conceitos e práticas adotadas na

indústria da construção civil e na cadeia produtiva da indústria automotiva, no estado do Rio de

Janeiro. A estratégia metodológica constituiu-se em revisão da literatura e análises das

aplicações de Produção Enxuta na indústria da construção civil e na cadeia produtiva da

indústria automotiva. São apresentadas as melhorias obtidas através da implantação da

Produção Enxuta nas duas indústrias: as etapas para implantação em empresas do setor da

construção civil e as vantagens e desvantagens encontradas durante o processo na indústria

automotiva. Conclui-se que a Produção Enxuta é eficaz para a melhoria da produtividade, além

da redução de perdas e aumento da flexibilidade da linha produtiva.

Palavras-chave: Produção Enxuta; gestão da produção, eliminação de desperdício na

produção.

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ABSTRACT

The demand of consumers for products and services with higher quality and lower prices drives

the competitiveness of companies. The production line is more flexible to accompany the

dynamic and highly consumer-oriented market. In order to optimize production and eliminate

wastes in the production chain, as well as to increase productivity and competitive advantage,

new tools and management techniques are used, such as the concept of Lean

Manufacturing. The objective of this work is to analyze the implementation of this concept in

the automotive industry and civil construction sector, through the exposure of the concepts and

tools used. With this purpose, notions and practices adopted in the civil construction industry

and in the production chain of the automotive industry in the state of Rio de Janeiro were

identified. The methodological strategy consisted of a review of the literature and analysis of

applications of Lean Manufacturing in the civil construction industry and in the production

chain of the automotive industry. The improvements obtained through the implementation of

Lean Manufacturing are presented in two industries: in the proposals of steps to be implemented

in companies of the civil construction sector and finally in the advantages and disadvantages

found during the process in the automotive industry. It is concluded that Lean Manufacturing

is effective for the improvement of productivity, in addition to reducing losses and increasing

the flexibility of the production line.

Keywords: Lean Manufacturing; management of production, elimination of waste in

production.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura do trabalho ................................................................................................ 19

Figura 2. Ciclo de melhoria contínua PDCA .......................................................................... 26

Figura 3. Os cinco princípios da Produção Enxuta ................................................................. 30

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tipos de desperdícios para a empresa e para os clientes ......................................... 32

Tabela 2. Vantagens e desvantagens da implantação da Produção Enxuta. ............................ 50

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Tópicos da revisão da literatura ............................................................................. 20

Quadro 2. Alavancas de produtividade ................................................................................... 35

Quadro 3. Fatores de risco na implantação de projetos de Lean ............................................. 37

Quadro 4. Práticas a serem priorizadas como fatores críticos de sucesso............................... 54

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Material Bibliográfico por tipo ............................................................................... 41

Gráfico 2. Material Bibliográfico por ano ............................................................................... 41

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15

1.1. Introdução .................................................................................................................. 15

1.2. Situação Problema ..................................................................................................... 17

1.3. Objetivos .................................................................................................................... 18

1.3.1. Geral ....................................................................................................................... 18

1.3.2. Específicos ............................................................................................................. 18

1.4. Organização do Estudo .............................................................................................. 18

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA ................................................................. 20

2.1. Contexto Histórico ..................................................................................................... 20

2.2. Conceito da Produção Enxuta .................................................................................... 22

2.3. Principais Ferramentas ............................................................................................... 23

2.3.1. VSM (Value Stream Map) – Mapeamento do Fluxo de Valor .............................. 23

2.3.2. 5S ............................................................................................................................ 24

2.3.3. Kaizen..................................................................................................................... 25

2.3.4. Kanban ................................................................................................................... 26

2.3.5. Seis Sigma .............................................................................................................. 27

2.3.6. Poka Yoke .............................................................................................................. 27

2.3.7. Jidoka ..................................................................................................................... 28

2.3.8. Just in Time ............................................................................................................ 28

2.4. Os Cinco Princípios ................................................................................................... 29

2.4.1. Especificação do Valor........................................................................................... 30

2.4.2. Identificação da Cadeia de Valor ........................................................................... 30

2.4.3. Otimização do Fluxo de Valor ............................................................................... 31

2.4.4. Produção Puxada .................................................................................................... 31

2.4.5. Perfeição ................................................................................................................. 31

2.5. Sete Perdas ................................................................................................................. 32

2.5.1. Desperdício por Superprodução ............................................................................. 33

2.5.2. Desperdício de Tempo Disponível (Espera) .......................................................... 33

2.5.3. Desperdício em Transporte .................................................................................... 33

2.5.4. Desperdício de Processamento ............................................................................... 33

2.5.5. Desperdício de Estoque Disponível ....................................................................... 34

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2.5.6. Desperdício de Movimentação ............................................................................... 34

2.5.7. Desperdício por Produção de Produtos Defeituosos .............................................. 34

2.6. Alavancas da Produtividade ....................................................................................... 34

2.7. Fatores Críticos de Sucesso ....................................................................................... 37

2.8. Mapeamento dos Fluxos ............................................................................................ 38

2.9. Manutenção Produtiva Total ...................................................................................... 38

2.10. Fluxo Contínuo ....................................................................................................... 39

2.11. Trabalho Padronizado ............................................................................................ 39

2.12. Sistema Puxado ...................................................................................................... 39

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA....................................................................................... 40

3.1. Método de Pesquisa ................................................................................................... 40

3.2. Fases do Projeto ......................................................................................................... 42

CAPÍTULO 4 – OS CASOS ESTUDADOS ......................................................................... 43

4.1. Análise de Práticas e Modelos na Indústria Automotiva ........................................... 43

4.1.1. Sobre a Indústria Automotiva ................................................................................ 43

4.1.2. Levantamento de Dados ......................................................................................... 44

4.1.3. Etapas para Identificação e Aplicação das Ferramentas da Produção Enxuta ....... 45

4.1.3.1. Etapa Inicial ........................................................................................................ 45

4.1.3.2. Primeira Etapa .................................................................................................... 45

4.1.3.3. Segunda Etapa .................................................................................................... 47

4.1.3.4. Terceira Etapa ..................................................................................................... 48

4.1.4. Resultados das Fases Utilizadas durante as Etapas de Implantação ...................... 48

4.1.4.1. Resultados da Fase de Análise e Definição dos Objetivos ................................. 48

4.1.4.2. Resultados da Fase de Criação da Estabilidade Básica ...................................... 49

4.1.4.3. Resultados da Implantação do Fluxo Contínuo .................................................. 49

4.1.4.4. Resultados da Implantação do Trabalho Padrão................................................. 49

4.1.4.5. Resultados da Implantação da Logística de Abastecimento ............................... 49

4.1.4.6. Resultados da Implantação do Gerenciamento da Rotina da Produção ............. 50

4.1.5. Vantagens e Desvantagens da Implantação na Indústria Automotiva ................... 50

4.2. Análise de Práticas e Modelos na Construção Civil .................................................. 51

4.2.1. Sobre o Setor da Construção Civil ......................................................................... 51

4.2.2. Levantamento de Dados ......................................................................................... 52

4.2.3. Fatores Críticos de Sucesso para Implantação da Produção Enxuta ...................... 52

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4.2.4. Propostas de Etapas para Implantação da Produção Enxuta na Construção Civil . 54

4.2.4.1. Comprometimento da Alta Administração ......................................................... 54

4.2.4.2. Projeto Piloto ...................................................................................................... 54

4.2.4.3. Princípios, Práticas e Ferramentas (curto prazo) ................................................ 55

4.2.4.4. Cinco S (5S) ....................................................................................................... 55

4.2.4.5. Kanban ................................................................................................................ 55

4.2.4.6. Trabalho Padronizado ......................................................................................... 55

4.2.4.7. Mapeamento do Fluxo de Valor ......................................................................... 56

4.2.4.8. Princípios, Práticas e Ferramentas (médio e longo prazo) ................................. 56

4.2.4.9. Comunicação ...................................................................................................... 56

4.2.4.10. Treinamento ........................................................................................................ 56

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO E SUGESTÃO DE NOVAS PESQUISAS ..................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 58

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 62

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

Devido ao processo da globalização, os mercados ficaram cada vez mais interligados

e permitiram o surgimento de novas técnicas organizacionais e transformações no cenário

produtivo e comercial. A competitividade das empresas se tornou mais acirrada, devido à

procura dos consumidores por produtos e serviços com maior qualidade e menor preço. Com

isso, a produção passou por transformações para se adaptarem a esse novo cenário mundial. A

variedade dos produtos ficou maior e o mercado passou a substituí-los por produtos com

melhores especificações e que estivessem mais próximos às necessidades dos clientes.

(Amasaka, 2007).

As empresas flexibilizaram seu sistema produtivo, através de novos produtos e

serviços, para diminuir o impacto de uma procura menor do que a oferta no mercado. De acordo

com as exigências do mercado, a produção foi sendo moldada. As respostas precisaram ser mais

rápidas e o volume de produção de acordo com as vendas, além de maior especificação e

qualidade. A produção em massa foi perdendo espaço para a linha de produção mais flexível,

que possa acompanhar o mercado dinâmico e altamente voltado para o consumidor.

A eficiência do sistema de produção, a elaboração do produto final e a prestação dos

serviços são maneiras de atingir uma gestão de qualidade para obter vantagem competitiva no

mercado. Essas metas resultam de um desenvolvimento dos métodos e das ferramentas

sistêmicas que podem melhorar o trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores que realizam

as atividades da produção. A saúde e a segurança dos funcionários envolvidos devem ser

mantidas e observadas de forma a atender normas e especificações para que a eficiência máxima

seja atingida com a integridade dos trabalhadores (Womack; Jones, 2004).

Cada vez mais é indispensável a utilização de sistemas e métodos para alcançar preço

justo e redução dos gastos. O aperfeiçoamento das ferramentas pode reduzir desperdícios de

matéria-prima, mão de obra e tempo, além de eliminar as etapas da produção que não agregam

valor para o produto final.

Essas novas técnicas gerenciais utilizadas buscam manter as empresas dentro da

competitividade no mercado, nos padrões atuais de qualidade e redução de custos. O cenário

econômico atual impulsiona também o surgimento de novas tecnologias auxiliares à gestão das

organizações, através de novos sistemas que possam otimizar o sistema produtivo. Desta forma,

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auxilia a busca pela máxima produtividade e eficiência, permitindo que a empresa cresça e se

desenvolva. (Amasaka, 2007).

A competitividade se exemplifica na variedade de empresas que disponibilizam ao

mercado o mesmo produto, com preços e qualidade semelhantes. A alternativa foi eliminar os

desperdícios na produção. Com isso, é possível reduzir os custos e, assim, aumentar a

lucratividade.

Além disso, a redução dos preços dos concorrentes faz com que as empresas sejam

forçadas a reduzir seus gastos para reduzir seu preço de venda. A detecção mais eficaz das

falhas nos produtos e processos reduz os custos e agiliza as atividades, equilibrando preço com

disponibilidade dos produtos para os consumidores (Ohno, 1997).

O ingresso de novos concorrentes e as mudanças de preços no mercado têm impacto

nos preços que a empresa pratica, na participação da empresa nesse mercado e em sua margem

de contribuição. Os estrategistas precisam avaliar as forças competitivas que afetam a

organização, para ajudá-la a desenvolver uma vantagem competitiva, sendo capazes de ter um

desempenho melhor que os concorrentes na oferta de algo que o mercado valorize.

O surgimento de novos produtos impacta a demanda e os gastos com propaganda. Os

principais objetivos de uma empresa estão relacionados ao ambiente competitivo, assim como,

na identificação de estratégias e ações futuras para a obtenção de vantagem. Este cenário

influencia tanto o empresário quanto o consumidor, que procura cortar gastos. Os consumidores

buscam preços menores, diminuindo a margem de lucro das empresas.

De acordo com este panorama atual do mercado mundial, para conquistar a eficiência

é utilizado o Lean Manufacturing, Sistema Toyota de Produção ou Produção Enxuta (Lean

Production). Este sistema combina métodos gerenciais para otimizar a produção, aumentando

a produtividade e qualidade, reduzindo custos e eliminando perdas. Começou em indústrias

automobilísticas para flexibilizar a produção e inovar a fabricação para se destacar da

concorrência.

Este sistema, segundo Riani (2006), tem o intuito de produzir mais com menos. Levar

ao cliente os produtos e serviços de acordo com suas necessidades utilizando menos recursos,

como mão de obra, equipamentos, tempo e espaço. O termo “Lean” foi inicialmente abordado

no livro "A Máquina que Mudou o Mundo" de Womack, Jones e Roos, publicado nos EUA em

1990, em que são citadas as vantagens do desempenho do Sistema Toyota de Produção, como

as grandes diferenças em produtividade, qualidade e desenvolvimento de produtos. Além disso,

analisa a utilização do sistema pela indústria japonesa e seu sucesso após a sua implementação.

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A Produção Enxuta engloba conceitos e ferramentas para a melhoria contínua da

organização e de sua produção. É uma gestão produtiva, que se adequa às mudanças que

ocorreram nos últimos anos, principalmente em relação às indústrias. Promove rapidez na

produção, otimização na linha de fabricação e qualidade aos produtos desenvolvidos. Dessa

forma, cria uma vantagem competitiva para as empresas que são adeptas a este sistema (Rother

e Shook, 1999).

Este sistema se tornou indispensável em uma empresa que procura máxima eficiência

para se manter em um mercado altamente competitivo e com uma busca cada vez mais acirrada

de empresas por uma parcela dos consumidores, uma vez que o sistema de Produção Enxuta é

utilizado em empresas de diversos setores, como manufatura e serviços.

1.2. Situação Problema

O cenário do mercado atual requer empresas que estejam preparadas para a

flexibilização e dinamismo da produção. Para se manterem no mercado de maneira competitiva,

as empresas precisam de um sistema produtivo eficiente. Devido a essa grande competitividade,

necessitam de aperfeiçoamento constante de seus produtos e serviços.

Em virtude dessa necessidade, a Produção Enxuta foca na eliminação ou redução dos

desperdícios presentes, otimizando as operações para melhor gerenciamento das atividades e

processos das empresas. Esta prática tem sido cada vez mais importante para a melhoria das

oportunidades e vantagem competitiva. A escolha dos trabalhos a serem analisados foi feita

devido à grande importância destes sistemas produtivos no mercado, além da forte presença

dos dois setores no Rio de Janeiro.

Há pouca informação acerca da implantação da Produção Enxuta nas empresas,

encontrando-se maior oferta de dados limitados às ferramentas da filosofia. Com isso, as

empresas encontram obstáculos para utilizar os métodos e dados nos seus processos produtivos.

Considerando esse problema, o estudo propõe a análise de duas situações, no setor da

construção civil e na indústria automotiva, além de disseminar informações e técnicas para a

implantação da Produção Enxuta.

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1.3. Objetivos

1.3.1. Geral

Este trabalho tem como principal objetivo analisar a implantação da Produção Enxuta

na indústria automotiva e no setor da construção civil, através da exposição dos conceitos e

ferramentas utilizadas nas práticas de implantação.

1.3.2. Específicos

Com o propósito de alcançar a realização do objetivo geral, definem-se os seguintes

objetivos específicos:

• Explicar conceitos, segundo a revisão da literatura, do sistema de Produção Enxuta;

• Identificar e descrever as práticas adotadas em estudos de caso na indústria da

construção civil e na cadeia produtiva da indústria automotiva, no estado do Rio de

Janeiro;

• Analisar modelos e práticas da Produção Enxuta.

1.4. Organização do Estudo

O presente trabalho está estruturado da seguinte forma:

No capítulo 1, a introdução, o tema abordado é apresentado, junto com a delimitação

da situação problema, o objetivo geral e específico do trabalho, além da estruturação do

desenvolvimento.

No capítulo 2, revisão da literatura, é apresentado o referencial teórico, iniciado com

o contexto histórico do tema, as causas para a origem da Produção Enxuta, seguido dos

principais conceitos, termos e técnicas da Produção Enxuta.

O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada no trabalho, com os instrumentos

utilizados para o desenvolvimento, dados que foram coletados e aplicados e os métodos

realizados para análise destes dados.

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Figura 1. Estrutura do trabalho

Fonte - Elaborada pela autora (2016)

No capítulo 4, são apresentadas as informações gerais do setor da construção civil,

assim como são descritas as análises e discussões dos dados, através das etapas de implantação

da Produção Enxuta. Além disso, são apresentadas as etapas propostas para implantação da

Produção Enxuta no setor da construção civil.

No capítulo 5, são descritas as análises e discussões dos dados, através das etapas de

implantação da Produção Enxuta na indústria automotiva e os resultados das etapas aplicadas

na linha de produção. São apresentadas as vantagens e desvantagens da implantação na indústria

automotiva.

No capítulo 6, é feita a conclusão e considerações finais.

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

Os tópicos a serem abordados na revisão da literatura estão integrados com os

objetivos a serem alcançados neste trabalho, conforme explicita o Quadro 1.

Problema Objetivo Geral Objetivos específicos

Tópico da

revisão da

literatura

Em virtude da grande

competitividade no

mercado atual e da

necessidade das empresas

aperfeiçoarem

constantemente os seus

produtos e serviços, a

Produção Enxuta foca na

eliminação ou redução

dos desperdícios

presentes, otimizando as

operações para melhor

gerenciamento das

atividades e processos

das empresas. Esta

prática tem sido cada vez

mais importante para a

melhoria das

oportunidades e

vantagem competitiva.

Este trabalho tem como

principal objetivo analisar a

implantação da Produção

Enxuta no setor da

construção civil e na

indústria automotiva,

através da exposição dos

conceitos e ferramentas

utilizadas e das diferenças

identificadas nas práticas

de implantação.

Definir conceitos, segundo a

revisão da literatura, da

Produção Enxuta;

Identificar e descrever as

práticas adotadas em estudos

de caso na indústria da

construção civil e na cadeia

produtiva da indústria

automotiva, no estado do Rio

de Janeiro;

Analisar modelos e práticas

da Produção Enxuta.

Conceitos da

Produção Enxuta;

Principais

ferramentas;

Princípios da

Produção Enxuta;

Sete perdas.

Quadro 1. Tópicos da revisão da literatura

Fonte - Elaborado pela autora (2016)

2.1. Contexto Histórico

Até o final do século XIX, a produção de bens de consumo era artesanal, com a

utilização de ferramentas simples e flexíveis e com qualificação da mão-de-obra. Com isso,

determinava o alto custo para o consumidor final. Com o surgimento de teorias de

administração, no início do século XX, os processos de produção das indústrias passaram a ser

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racionalizados. Segundo Chiavenato (2000), a abordagem da Administração científica surgiu

com Frederick Taylor, com foco nas atividades, na eliminação do desperdício e na

produtividade.

Também na escola da Administração científica, Henry Ford inovou com a produção

em massa. Ao contrário da produção artesanal, a produção era realizada para atender o maior

número de produtos com alta qualidade e menor custo. Para tal, era utilizada a linha de

montagem e os produtos padronizados.

Com base nestas ideias, o Sistema Toyota de Produção surgiu no Japão, logo após a

Segunda Guerra Mundial. Nesta época, a indústria japonesa passava por problemas de escassez

de recursos, tanto de pessoas, quanto materiais e espaço, e baixa produtividade. Dessa forma,

ficava impossibilitada de trabalhar com a produção em massa.

O conceito surgiu com Toyoda Sakichi, Toyoda Kiichiro e Taiichi Ohno, propondo

uma mudança no sistema de gestão nas empresas de manufatura. O sistema tem como objetivo

lotes de produção pequenos e maior variedade de produtos, aumentando a eficiência da

produção pela eliminação contínua de desperdícios e a satisfação dos clientes (Ohno, 1997).

Womack, Jones e Ross (1992) referem-se ao método como um sistema que combina

as vantagens da produção artesanal e da produção em massa. Alia a redução dos custos e

aumento da qualidade final com a variedade dos produtos. No Sistema Toyota de Produção a

preocupação com a qualidade do produto é extrema. Algumas técnicas, como o Kanban,

produção just-in-time (JIT) e o Poka-Yoke, foram criadas para atingir os resultados esperados.

A filosofia se difundiu inicialmente nas indústrias do setor automobilístico. Entre os anos de

1990 e 2000, sua utilização passou a ser assimilada nos mais variados tipos de manufatura. O

sistema espalhou-se por todos os Estados Unidos e pela Europa, evoluindo para o conceito de

Lean Thinking, também chamado de Lean Manufacturing ou Produção Enxuta.

O conceito Lean surgiu então para auxiliar as organizações a estruturar os sistemas

produtivos com flexibilidade de produção. O sistema tem o objetivo de reduzir custos e eliminar

perdas, com a máxima qualidade para seus consumidores. Com isso, as estratégias competitivas

da empresa se firmam para competir no mercado e estabelecer relações lucrativas e otimizadas

com fornecedores e clientes (Shingo, 1996).

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2.2. Conceito da Produção Enxuta

A Produção Enxuta tem sido muito abordada e implementada nas indústrias de

diversos setores para desenvolver a capacidade produtiva e a otimização dos processos

envolvidos na elaboração de produtos e serviços.

Seus resultados podem ser observados no aumento da produtividade e na eficiência da

empresa em relação ao seu comportamento no mercado cada vez mais dinâmico. Os resultados

de sua implementação na indústria automotiva e na construção civil demonstram a busca pela

qualidade aliada à competitividade e o crescimento da demanda pelo conhecimento deste

sistema.

A Produção Enxuta é um sistema de atividades e funções que tem como objetivo

aumentar a produtividade e capacidade de adequação às mudanças na produção. Seu foco é a

redução dos desperdícios nas etapas produtivas, através de ferramentas que são utilizadas para

manter o local de trabalho organizado, limpo e seguro, os funcionários cientes das normas e

diretrizes, e os objetos, equipamentos e materiais nos locais corretos e na quantidade correta

(Womack, 1996).

O conceito da Produção Enxuta possui definições como:

“A eliminação de desperdícios e elementos desnecessários a fim de

reduzir custos; a idéia básica é produzir apenas o necessário, no momento

necessário e na quantidade requerida (Ohno,1997).”

“A busca de uma tecnologia de produção que utilize a menor

quantidade de equipamentos e mão-de-obra para produzir bens sem defeitos

no menor tempo possível, com o mínimo de unidades intermediárias,

entendendo como desperdício todo e qualquer elemento que não contribua

para o atendimento da qualidade, preço ou prazo requeridos pelo cliente.

Eliminar todo desperdício através de esforços concentrados da administração,

pesquisa e desenvolvimento, produção, distribuição e todos os departamentos

da companhia (Shinohara, 1988).”

Um conceito importante é a melhoria contínua, através do aperfeiçoamento do sistema

produtivo e otimização das atividades. Este sistema permite o aumento do desempenho da

empresa, possibilitando uma competitividade no mercado atual. Shingo (1996) destaca que as

operações que não agregam valor devem ser descartadas, enquanto as que agregam valor ao

produto ou serviço devem ser mantidas e melhoradas continuamente.

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Seus objetivos fundamentais são:

• Otimização e a Integração do sistema de manufatura

• Qualidade

• Flexibilidade

• Produção em função da demanda

• Comprometimento com clientes e fornecedores

• Redução do custo de produção

A Produção Enxuta busca produzir mais utilizando menos. Propõe a redução de falhas,

custo, tempo de preparação, estoque e produtos fora da qualidade. Desta forma, os objetivos

visam à ampliação da produção e a melhoria do sistema produtivo.

2.3. Principais Ferramentas

A Produção Enxuta é um sistema que transforma o processo produtivo em um fluxo,

sequenciando as etapas da fabricação. Segundo Ohno (1997), a sustentação do sistema se deve

a duas ferramentas, o Just in Time e a Autonomação (Jidoka). O Just in Time caracteriza-se por

suprir o processo com os itens necessários na quantidade certa, tempo correto e lugar certo. A

linha de montagem funciona com estes itens de acordo com a sua necessidade, fluindo com a

demanda. A autonomação permite que o operador ou a máquina parem o processo ao detectar

alguma condição anormal ou problema no processamento.

Outras ferramentas e metodologias são utilizadas para que as empresas obtenham

resultados e possam atingir seus objetivos através da implementação deste sistema. Essas

ferramentas são meios para a implementação da Produção Enxuta e são fundamentais para a

eliminação dos desperdício e aumento da produtividade. Algumas ferramentas serão descritas

abaixo.

2.3.1. VSM (Value Stream Map) – Mapeamento do Fluxo de Valor

O Mapeamento do Fluxo de Valor é uma ferramenta de grande importância da

Produção Enxuta, usada para representar um mapa de fluxo dos materiais e informações do

produto ou dos processos à medida que este produto segue na linha de produção, em toda a

cadeia produtiva (Rother e Shook, 1999).

Caracteriza-se por identificar as atividades específicas relacionadas ao produto do

fluxo de valor, desde o recebimento do pedido do produto, passando pela transformação até a

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entrega ao cliente final. Representa visualmente todos os processos deste fluxo, revelando

oportunidades de melhoria para um fluxo mais otimizado e eficiente.

O VSM é uma ferramenta essencial, uma vez que essa visualização é utilizada para a

identificação de desperdícios e, consequentemente, a eliminação dos mesmos. Segundo Rother

e Shook (1999), esse mapeamento relaciona o fluxo de informação e o fluxo de material,

identifica o fluxo de valor, auxilia nas decisões para tornar o fluxo otimizado através de

conceitos e técnicas enxutas, além de identificar os gargalos da produção. Esta ferramenta

simplifica o sistema produtivo para que seja possível direcionar o desenvolvimento de

melhorias e suas aplicações.

2.3.2. 5S

O programa 5S é uma ferramenta que surgiu no Japão, no início da década de 50. Sua

origem teve como objetivo melhorar a situação do país no pós-guerra, através de métodos que

auxiliassem a organização da empresa e do ambiente de trabalho, com segurança, qualidade e

produtividade.

Tem como objetivos melhorar a qualidade dos produtos e serviços; proporcionar ao

trabalhador um ambiente mais seguro e menos vulnerável a acidentes, aumentando, assim, sua

qualidade de vida; aproveitar de maneira mais eficiente os recursos disponíveis na produção;

minimizar e eliminar os desperdícios, erros e custos; otimizar as atividades e o espaço utilizado

para realizá-las; e aumentar a eficiência do sistema produtivo. O processo é implementado

através da organização do espaço de trabalho e utilização de procedimentos para a realização

das etapas da produção.

A sigla tem origem japonesa e se relaciona a cinco palavras traduzidas para: Seiri –

Senso de Utilização; Seiton – Senso de Ordenação; Seiso – Senso de Limpeza; Seiketsu – Senso

de Padronização e Shitsuke – Senso de Autodisciplina.

Seiri – Senso de Utilização

Caracteriza-se por identificar o que é necessário e eliminar o que não é necessário para

a utilização no trabalho, mantendo em funcionamento apenas os equipamentos que são

importantes para manter a produção em movimento.

Seiton – Senso de Ordenação

Consiste em organizar a área de trabalho. Os materiais e equipamentos devem ter

locais definidos, com indicações e fácil acesso. Com isso, o ambiente fica mais seguro e menos

suscetível a acidentes de trabalho. A organização deve seguir critérios e ser padronizada. Assim,

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reduz desperdícios de tempo e elimina movimentos que não agregam valor ao produto ou

serviço.

Seiso – Senso de Limpeza

Refere-se a limpeza de máquinas, equipamentos e outros recursos que são utilizados

no ambiente de trabalho, deixando toda a área limpa. A limpeza favorece as inspeções do local

e a manutenção dos equipamentos.

Seiketsu – Senso de Padronização

Incorpora os 3S’s anteriores, aliando o conhecimento das regras e normas existentes

para eliminar as desordens, melhorar as condições do ambiente de trabalho, manter o local

limpo para facilitar a manutenção dos equipamentos e cuidar da higiene da saúde e higiene

pessoal dos funcionários.

Shitsuke – Senso de Autodisciplina

Significa manter as melhorias realizadas anteriormente, através de inspeções regulares

para informar sobre a organização do local. Seu objetivo é auxiliar a obtenção de análises para

orientação de melhores meios de manter o local organizado, limpo e seguro para seus

funcionários. Devem ser realizadas rotinas de monitoramento e troca de informações para que

as pessoas possam cumprir suas atividades, mantendo o ambiente de trabalho de acordo com as

normas.

2.3.3. Kaizen

O conceito Kaizen foi criado pelos japoneses, a partir de críticas acerca das ideias da

administração clássica de Taylor. Caracteriza-se por um processo de aprimoramento e melhoria

contínua e gradual. É um fundamento das melhorias da Produção Enxuta. Considera o

alinhamento das iniciativas e dos objetivos da empresa para buscar o crescimento constante

(Womack, Jones e Ross, 1992).

Segundo a Comunidade Lean Thinking (Pinto, 2010), o ciclo PDCA, exemplifica

como as mudanças devem ser realizadas. A empresa deve passar pelos passos de planejamento,

implementação da mudança ou melhoria, além de verificar se cada etapa realizada foi

corretamente implementada. Dessa forma, a empresa consegue ter o controle para o

planejamento das mudanças mais eficazes.

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Figura 2. Ciclo de melhoria contínua PDCA

Fonte - Comunidade Lean Thinking, www.scribd.com

Para atingir os resultados, as empresas buscam a eliminação dos desperdícios tanto na

manutenção dos equipamentos, quanto nos processos produtivos. Na filosofia Kaizen, todas as

pequenas alterações de melhoria são relevantes e potenciais meios para a obtenção dos

resultados da empresa. Sua implementação baseia-se no esforço e participação de todos os

funcionários e colaboradores, no conhecimento dos processos que são realizados e na busca

pela otimização e melhoria dos processos para aumento do desempenho.

2.3.4. Kanban

O Kanban é um sistema de comunicação para o sistema de controle de material. De

origem japonesa, significa “cartão” ou “sinal”. É caracterizado por um método de controle

visual dos processos. Seu objetivo é controlar e organizar a produção, reduzindo as perdas,

alinhar o fluxo e os estoques de acordo com a demanda e auxiliar no fornecimento de

informações sobre as etapas produtivas (Ohno, 1997).

Define o que deve ser produzido, o momento que deve ser produzido, como deve ser

transportado e onde deve ser entregue. O cartão funciona como um alerta que coordena a

produção de acordo com a demanda, de acordo com o sistema puxado. O material que está

sendo produzido é controlado de acordo com a quantidade de cartões existentes. Quando é

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necessário repor o material, o alerta é acionado, sendo possível controlar visualmente. Quando

menor a quantidade de cartões sendo utilizados, mais eficaz é o sistema produtivo e melhor a

qualidade do processo.

2.3.5. Seis Sigma

O Seis Sigma foi criado na Motorola na década de 80, substituindo o programa Total

Quality Management (TQM). O sistema foi criado para que a empresa pudesse competir com

os produtos de fora do país, além de reduzir custos, desperdícios e aumentar a produtividade.

Adicionalmente, é utilizada como sistema de gestão empresarial, promovendo estratégias de

valor para o produto ou serviço.

Seis Sigma é um conceito da qualidade total, objetivando a melhoria contínua do

sistema produtivo. Permite que as empresas possam otimizar suas atividades, eliminando as

falhas e erros em seus processos. Seu foco é o aumento da produtividade, aliada ao fator da

qualidade.

Este conceito estabelece objetivos de redução de falhas através de métodos que já

existem na empresa. No Seis Sigma, falha é denominada de defeito, que é um desvio de uma

característica que não esteja de acordo com o estabelecido pelo cliente.

O Seis Sigma tem como principal resultado a modificação e flexibilização do processo,

permitindo uma maior rentabilidade do negócio, produtividade e capacidade de atender de

maneira eficaz as necessidades do consumidor. As pessoas envolvidas, junto dos seus

conhecimentos, possuem grande importância no processo.

Segundo Anderson et al. (2006), o Seis Sigma é uma filosofia de gerenciamento de

processos que tem como objetivo atingir os objetivos de diminuição dos defeitos em atividades

produtivas, produtos e serviços oferecidos. Utiliza a coleta e análise dos dados para obter os

resultados de pesquisa.

Sousa (2006) define o Seis Sigma como sistema focado em processos para a melhoria

contínua, sendo que os processos devem ser analisados de forma individual. Desta forma, sua

premissa é alcançar a produtividade e maximizar o sucesso da empresa, através do atendimento

às necessidades dos consumidores, redução dos desperdícios e análise de fatos e dados.

2.3.6. Poka Yoke

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Segundo Shingo (1996), o Poka Yoke é uma abordagem para verificação de erros.

Permite a detecção dos erros antes que aconteçam ou após a produção do produto, tanto em

relação ao produto, quanto para prevenir os acidentes de trabalho. Assegura que o local de

produção esteja adequado para iniciar as atividades. Caso isso não ocorra, ele age na detecção

dos erros durante a execução do processo. Independentemente de onde seja detectado a falha,

por meio de dispositivos, o Poka Yoke evita que os erros cheguem ao cliente final.

2.3.7. Jidoka

Segundo Ohno (1997), Jidoka, ou autonomação, consiste em permitir máquinas,

equipamentos e pessoas a parar o processamento e todas as outras atividades relacionadas caso

aconteça alguma condição anormal de trabalho ou caso a condição normal estabelecida seja

atingida, como por exemplo a obtenção da quantidade produzida. São acionados operadores

para que solucionem o problema com rapidez e qualidade, evitando, assim, o desperdício de

tempo, material e custo. Desta forma, reduz a superprodução e previne a produção de itens fora

da qualidade estabelecida previamente.

2.3.8. Just in Time

Segundo Ohno (1997), a expressão Just in time surgiu na Toyota Motor Co. e é um

sistema de produção com o objetivo de reduzir ao máximo o estoque para produzir somente o

necessário.

Taiichi Ohno (1997) define o Just in Time:

“Just in time significa que, em um processo de fluxo, as partes

corretas necessárias à montagem alcançam a linha de montagem no momento

em que são necessárias e somente na quantidade necessária. Uma empresa

que estabeleça este fluxo pode chegar ao estoque zero. (...) para produzir

usando o Just in time de forma que cada processo receba o item exato

necessário, quando ele for necessário, e na quantidade necessária, os métodos

convencionais de gestão não funcionam bem”.

O Just in Time é um sistema que puxa o fluxo de produção e controla os estoques. Os

processos devem suprir a demanda no momento em que é pedido, na quantidade correta e no

local definido. Com isso, os desperdícios como estoques, custo e tempo são identificados e

localizados e podem ser eliminados.

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De acordo com Shingo (1996), para que as entregas sejam feitas no momento correto,

é preciso analisar a relação entre o ciclo de produção e o prazo da entrega. Quando o prazo de

entrega é maior do que o tempo de produção, não haverá geração de estoque, pois a produção

será concluída antes do tempo definido. Para reduzir o estoque e produzir somente o requisitado,

é necessário analisar o mercado para identificar estratégias de previsões de demanda.

2.4. Os Cinco Princípios

O conceito de Produção Enxuta auxilia na implementação de métodos para aumentar

o valor do produto ou serviço, eliminando os desperdícios relacionados à produção que não

trazem benefício ao produto nem para o cliente final. Esse auxílio permite uma melhor

estruturação das atividades a serem relacionadas na produção, com menor movimentação e

custo, ou seja, fazendo mais com menos.

Desta forma, o sistema de Produção Enxuta permite a redução do tempo de produção,

desde seu planejamento até a estocagem. Com isso, aumenta a produtividade da empresa e

maior organização dos processos.

Segundo Womack e Jones (1998), o principal objetivo é sequenciar as atividades de

maneira eficaz para maior valor do produto, de forma a atender as necessidades do cliente e

satisfazer as especificações previamente elaboradas. O que determina o valor agregado ao

produto ou serviço é a receptividade deste para o consumidor. A qualidade depende da

satisfação do cliente. Se o produto atende as especificações, ele possui valor para o cliente.

A produção da empresa deve ser estipulada de acordo com as necessidades do

consumidor final. O mercado está acirrado e em busca de produtos com qualidade e menor

custo. Conseguir agregar valor e eficiência na produção é uma vantagem competitiva.

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Figura 3. Os cinco princípios da Produção Enxuta

Fonte - Pinto, 2006

Womack e Jones (1998) definiram cinco princípios da Produção Enxuta para auxiliar

a gestão dos processos das empresas. Estes princípios são de suma importância na redução e

eliminação das perdas, assim como na orientação das atividades de produção. Devem ser

seguidos de forma interativa para que o princípio dê retorno aos objetivos iniciais da empresa.

Segundo Womack e Jones (2003), os princípios são: especificação do valor;

identificação da cadeia de valor; otimização do fluxo de valor; produção puxada e perfeição.

2.4.1. Especificação do Valor

É o ponto de partida para o Pensamento Enxuto. O valor é estipulado pelo cliente, com

especificações que atendam às suas necessidades, tanto em relação a prazo de entrega, quanto

em relação a custo e qualidade. A empresa não deve trabalhar apenas de acordo com suas

diretrizes. Deve estar ciente do que seu mercado precisa e alinhar seu foco ao que os seus

consumidores realmente desejam no momento específico, mantendo competitividade no

mercado.

2.4.2. Identificação da Cadeia de Valor

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Segundo Womack e Jones (1998), cadeia de valor são as ações específicas que são

realizadas para que o produto se transforme de acordo com as tarefas gerenciais, passando por

etapas como o planejamento do produto, projeto em detalhes, processo produtivo,

transformação da matéria prima em produto acabado, gerenciamento das informações durante

os processos e entrega do produto final para o cliente.

Desta forma, a identificação é o mapeamento das atividades de transformação em toda

a cadeia produtiva, considerando as atividades que agregam valor, as que não agregam valor,

porém devem estar presentes na manutenção dos processos, e desconsiderar as que não agregam

nenhum valor ao produto. Através da identificação da cadeia de valor é possível observar os

desperdícios que existem em cada etapa dos processos e a melhor maneira para eliminá-los

(Rother e Shook, 1999).

2.4.3. Otimização do Fluxo de Valor

Alinhar de forma organizada e eficiente as etapas do fluxo de valor, criando fluidez

entre as mesmas. O produto deve passar pelos próximos passos sem a criação de estoques

intermediários, com menores tempos de processamento e dentro do prazo estipulado ao cliente.

Essa otimização requer um alinhamento dos departamentos da empresa, aumentando o tempo

de resposta para desenvolver e entregar o produto acabado para seu consumidor de forma a

atender suas necessidades e expectativas.

2.4.4. Produção Puxada

De acordo com Womack e Jones (1998), produção puxada consiste em produzir

somente o necessário no momento que for necessário. O fluxo de produção é invertido, onde a

produção é feita de acordo com as necessidades do cliente, não apenas de acordo com a

capacidade da empresa. À medida que o cliente solicita o produto ou o serviço, o processo é

iniciado. Desta forma, reduz-se a acumulação de estoque e o cliente aumenta sua percepção de

valor.

2.4.5. Perfeição

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Ao longo da especificação do valor através do cliente, identificação da cadeia de valor,

elaboração do fluxo e otimização com a produção puxada, a perfeição, o último passo da

Produção Enxuta, deve ser o foco constante de todos os processos de valor da empresa. É um

aperfeiçoamento contínuo, com a melhoria dos processos, redução e eliminação dos

desperdícios e aumento da produtividade.

2.5. Sete Perdas

A Produção Enxuta propõe a eliminação dos desperdícios, também denominados de

perdas, no sistema de produção da empresa. Estas perdas são atividades que não agregam valor

ao processo em que é realizado. Com isso, o custo é aumentado sem trazer benefícios para o

cliente final.

A Tabela 1 mostra a adaptação da definição dos desperdícios enunciados por Ohno

(1988) às operações de serviços, elaborada pelos autores.

Tabela 1. Tipos de desperdícios para a empresa e para os clientes

Desperdícios Para a empresa Para o cliente

Serviço

defeituoso

Recursos e tempo utilizados

para produzir serviços

defeituosos

Impossibilidade total ou parcial de receber o

serviço solicitado

Custos e tempo para reparar o serviço

recebido

Processos

desnecessários

Recursos e tempo utilizados

em atividades que não

agregam valor ao serviço

Recursos e tempo de clientes utilizados em

atividades de co-produção do serviço

desnecessárias

Tempo de espera para atividades internar que

não agregam valor ao serviço

Estoque

intermediário

Recursos para estocar e

controlar filas de clientes

Tempo de espera antes da entrega total ou

parcial do serviço

Estoque de

produtos

acabados

Recursos para estocar e

controlar produtos acabados

Custos de estoque e controle de produtos

acabados repassados aos clientes

Movimentação

desnecessária

Recursos e tempo utilizados

em movimentações internas

que não agregam valor ao

serviço

Tempo de espera de movimentações que não

agregam valor ao serviço

Recursos e tempo de clientes utilizados com

movimentações desnecessárias em atividades

de co-produção do serviço

Transporte

desnecessário

Tempo de espera de transporte que não

agrega valor ao serviço

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Recursos e tempo utilizados

para transporte que não

agregam valor ao serviço

Recursos e tempo de clientes utilizados como

transporte para acessar o serviço utilizado

Tempo de

espera

Tempo de a atividade

anterior terminar para que a

próxima atividade possa

começar

Tempo de espera do cliente enquanto há

tempo de espera nas atividades do back

office

Excesso de

capacidade

Utilização parcial de

recursos ou da capacidade

instalada da empresa

Custos repassados ao cliente devido a baixa

utilização da capacidade instalada

Fonte - OHNO (1988)

Segundo Ohno (1997), os sete tipos de desperdícios que podem ser encontrados nos

processos produtivos são classificados em: desperdício por superprodução; desperdício de

tempo disponível (espera); desperdício em transporte; desperdício de processamento;

desperdício de estoque disponível; desperdício de movimentação; e desperdício por produção

de produtos defeituosos (falta de qualidade).

2.5.1. Desperdício por Superprodução

A perda por superprodução pode ser caracterizada pela produção de itens em excesso

(volume além do necessário) ou antes do tempo determinado. Com isso, os produtos finalizados

serão estocados, gerando custo de pessoal, custos de armazenamento e manutenção.

2.5.2. Desperdício de Tempo Disponível (Espera)

Caracterizado pela perda do tempo em que uma atividade se encontra parada. Pode ser

causado pelo atraso ou falta de matéria prima no momento determinado, causando uma pausa

na operação; por atraso de inspeção e processamento do lote; e pelo tempo de ociosidade do

trabalhador à espera da próxima atividade.

2.5.3. Desperdício em Transporte

Consiste nos deslocamentos desnecessários e ineficientes durante a realização das

atividades da produção ou atémesmo a movimentação das peças e materiais até a estocagem ou

até o local de produção.

2.5.4. Desperdício de Processamento

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Caracterizado pela execução de etapas produtivas ineficientes causadas pelo modo

inadequado de processamento ou falta de capacidade dos equipamentos utilizados. Com isso,

pouco valor é agregado ao produto.

2.5.5. Desperdício de Estoque Disponível

Excesso de materiais, recursos, produtos em processo de fabricação ou produtos

acabados que se encontram no estoque da empresa. Demonstram, muitas vezes, a falta de

planejamento estratégico da empresa e falta de equilíbrio da produção. Este excesso pode

ocasionar custos de armazenagem e manutenção, danos aos produtos que ficam estocados, além

da pausa nas atividades e equipamentos.

2.5.6. Desperdício de Movimentação

São os movimentos desnecessários realizados pelos funcionários durante a operação

das atividades da produção que não agregam valor ao produto final. Podem ser exemplificados

como a procura de algum equipamento ou item que será utilizado na atividade, a movimentação

para alcançar algum objeto, caminhar até um outro local para buscar alguma peça.

2.5.7. Desperdício por Produção de Produtos Defeituosos

Produção de itens com alguma característica fora das especificações iniciais, que não

está de acordo com os requisitos de utilização do cliente. Produtos com defeito acarretam

desperdício de materiais, gastos com pessoal e equipamentos, custos de armazenagem. Além

disso, é necessário o retrabalho, com novos gastos com materiais, mão de obra e estoque.

2.6. Alavancas da Produtividade

Um estudo realizado na escola politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e

profissionais com ampla experiência no setor de construção civil da Ernst & Young Auditores

Independentes (EY, 2014), objetivou analisar o setor e seus problemas, sugerindo ações para

solucioná-los. Para isso, foram enumerados fatores estruturais que justificam maior foco na

produtividade da construção civil: custos crescentes e impacto na rentabilidade; carência de

mão de obra especializada; e aumento da complexidade dos negócios. Através destes fatores,

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35

foram identificadas as principais alavancas de produtividade do setor, apresentadas no Quadro

2.

Alavancas da produtividade Descrição resumida e exemplos de elementos envolvidos

1. Planejamento da execução

de empreendimentos Planejamento da necessidade de recursos e de materiais em

diferentes horizontes de planejamento (curto, médio e longo

prazo)

Processos estruturados de atualização do planejamento

conforme a execução

Escritório integrado de gestão de projetos (PMO - Project

Management Office)

Aplicação de software tipo BIM (Building Information

Model)

2. Adoção de métodos de

gestão Lean Construction - construção baseada no paradigma de

redução de desperdícios que ficou conhecido como Método

Toyota de Produção

Melhor sincronização do empreendimento e melhoria do

fluxo de materiais visando a eliminação das atividades que

não agregam valor

Strategic Sourcing - otimização dos fornecedores e das

compras

3. Equipamentos Modernização de equipamentos (gruas flexíveis, elevadores

mais rápidos etc)

Maior taxa de utilização de equipamentos

4. Materiais Adoção de novos materiais mais eficientes (concreto

autocurativo, cimento magnesiano etc)

5. Métodos construtivos Aplicação de métodos construtivos mais eficientes (vigas

pré-moldadas, alvenaria estrutural, estruturas metálicas etc)

6. Melhorias de projeto Foco na melhoria dos projetos e sua adequação para a

execução

7. Qualificação da mão de

obra Ações para aprimorar recrutamento

Ações para aumentas a qualificação atual (treinamento,

motivação etc)

Plano para retenção de profissionais

Quadro 2. Alavancas de produtividade

Fonte - EY, 2014

A busca pela qualidade dos produtos e serviços está cada vez maior. Com isso, as

empresas são desafiadas a buscar maior qualificação dos seus funcionários e dos seus processos.

A estruturação dos processos produtivos exige flexibilidade e adaptação para métodos

inovadores a fim de alcançar melhor desempenho para a empresa.

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36

De acordo com os funcionários, uma entrega precisa ser livre de defeitos, estando de

acordo com as especificações exigidas pelo cliente, produzida com o menor desperdício de

recursos, em um ambiente de acordo com as normas de segurança e pode ser entregue

imediatamente, um pedido de cada vez, sob demanda na versão solicitada para ser considerada

ideal.

De acordo com Liker (2004), o Modelo Toyota é estruturado em camadas, com

princípios que podem ser aplicados desde o chão de fábrica ao nível corporativo. As quatro

camadas e seus princípios são apresentados no Apêndice A, sendo estratificados em sub-

princípios e diretrizes de implementação.

No setor da construção civil, desperdício é definido como a perda de recursos, como

materiais, mão de obra, equipamentos, tempo e custo. Esse desperdício pode impactar o custo

final, a eficiência do projeto e o meio ambiente. A Produção Enxuta aplicada na indústria da

construção civil reduz o desperdício dos projetos, aumentando a produtividade e a eficiência.

Dessa forma, é capaz de aliar a produção e com a sustentabilidade. De acordo com Tserng, Yin

e Ngo (2013, apud Freitag, 2015), os desperdícios em projetos de construção são: defeitos,

atrasos, excesso de produção, excesso de processamento, excesso de inventário, transporte

desnecessário e movimentação desnecessária de pessoas e equipamentos.

A sustentabilidade pode ser aplicada à indústria da construção, complementando o

processo para minimizar ou eliminar o desperdício.

De acordo com Ogunbiyi, Oladapo e Goulding (2014 apud Freitag, 2015), o mais

importante benefício em utilizar a construção enxuta aliada à sustentabilidade é a melhora da

imagem corporativa, seguido do aumento da produtividade e redução de desperdícios. Dentre

as áreas de ligação entre a construção enxuta e sustentabilidade, as mais importantes são a

redução de desperdícios, gestão ambiental, maximização de valor e melhoria de saúde e

segurança.

A filosofia da produção enxuta na indústria da construção civil depende de

profissionais capacitados e qualificados. O conhecimento é de suma importância para o

processo produtivo da organização, além de ser uma vantagem em um mercado altamente

competitivo. Desta forma, a educação é um fator crítico de sucesso.

A implantação da produção enxuta é parte do processo de melhoria do desempenho e

vantagem competitiva. A gestão dos riscos envolvidos na implantação da metodologia enxuta

é importante para obtenção de sucesso nos projetos. As empresas precisam estar preparadas

para gerenciar de maneira correta os riscos durante a implantação da produção enxuta. O

Quadro 3 apresenta os de fatores de risco, elaborados por Scherer e Ribeiro (2013).

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Quadro 3. Fatores de risco na implantação de projetos de Lean

Fonte - Elaborado a partir de Scherer e Ribeiro, 2013.

2.7. Fatores Críticos de Sucesso

A demanda das organizações está cada vez mais alta, devido ao nível de qualidade e

exigência dos clientes e consumidores. Com isso, o tempo é um recurso muito importante para

todos os funcionários, especialmente gestores. Com um grande número de setores e sistemas

operacionais complexos, as informações chegam em grande quantidade a todo tempo para estes

gestores. Dessa forma, é importante que o gestor consiga filtrar apenas o que é necessário e

pertinente às suas principais funções e responsabilidades.

Em um momento dinâmico e complexo do mercado, é importante definir claramente

os objetivos da empresa. A análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) é um método utilizado

para determinar de maneira precisa a informação mais necessária. Abrange tanto o ambiente

interno como o externo. Abaixo, segue um conjunto de definições sobre FCS disponíveis:

• Ferramenta para que a organização possa identificar e controlar os aspectos mais

importantes da gestão;

• Devem ser analisados de maneira global, avaliando-se o impacto no desempenho

operacional e na melhora da produtividade de uma organização;

Fatores de Risco

1. Alinhamento estratégico

2. Capacidade financeira

3. Capacidade e qualidade dos fornecedores

4. Rede de transportes

5. Cultura organizacional

6. Comprometimento da alta diretoria

7. Comprometimento dos colaboradores

8. Liderança

9. Treinamento

10. Comunicação

11. Configuração do trabalho

12. Autonomia dos colaboradores

13. Visão holística

14. Gestão do projeto

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• Podem ser definidos como áreas críticas de uma empresa que merecem atenção especial

para que ela alcance seus objetivos e torne-se competitiva em seu segmento de atuação;

• Os FCS são de acordo com as necessidades de cada gerente e variam de acordo com o

projeto utilizado;

• São temporais, mudando de acordo com o setor econômico no qual a organização está

inserida;

• Podem ser definidos como fatores necessários para assegurar efetivamente a

implantação de um sistema que garanta a qualidade do produto em todas as etapas de

seu ciclo, desde o desenvolvimento do projeto até a fase final da manufatura do produto;

• Quando propriamente sustentadas, mantidas ou gerenciadas, podem ter um impacto

significativo para o sucesso de uma empresa.

2.8. Mapeamento dos Fluxos

Jones e Womack (2004) analisam o mapeamento do fluxo de valor como uma

ferramenta utilizada para visualizar a cadeia de valor através das informações e materiais

utilizados, a fim de encontrar e eliminar os desperdícios e buscar pontos de melhoria. O

mapeamento segue a partir do fornecedor, passando pela empresa e chegando até o cliente.

Engloba, por exemplo, a frequência de entrega, a quantidade de estoque entre os processos,

tempo de agregação de valor e tempo de ciclo das operações.

Segundo Werkema (2006), deve ser elaborado um plano de implementação do estado

futuro, dividido em etapas, com as ações priorizadas por criticidade. O mapa futuro deve

representar o fluxo proposto com as melhorias apontadas.

Uma linha produtiva estável é uma linha segura, com qualidade e sem quebras. De

acordo com Figueiredo (2015), a qualidade pode ser definida de inúmeras formas, como a

adequação ao uso; ausência de falhas ou conformidades com as especificações.

2.9. Manutenção Produtiva Total

A manutenção é essencial para alcançar a estabilidade do processo, com redução dos

desperdícios e possíveis falhas dos equipamentos. Como na produção enxuta, os estoques são

reduzidos, essa manutenção contribui para o fluxo do processo produtivo, com maior

capacitação dos funcionários, melhoria do ambiente de trabalho e redução do tempo de parada

por quebra dos equipamentos (Mendes e Ribeiro, 2014).

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2.10. Fluxo Contínuo

O fluxo contínuo de uma linha de produção se caracteriza quando as operações

anteriores param quando uma das operações para de trabalhar. Segundo Marodin e Saurin (2013

apud Figueiredo 2015), a produção e o transporte em lotes menores, que utilizam e objetivam

o fluxo unitário, otimizam e facilitam as conexões de tempo. Com isso, reduzem os estoques e

liberam área do layout para o processo produtivo.

2.11. Trabalho Padronizado

A divisão do trabalho no sistema de produção enxuta visa à adequação dos elementos

de trabalho ao tempo de produção de cada item da demanda. As atividades são alocadas da

melhor forma entre os funcionários para reduzir a movimentação e a espera desnecessárias entre

os processos (Marodin e Saurin, 2013 apud Figueiredo 2015).

Marchwinski e Shook (2007) dividem os movimentos dos funcionários nos processos

produtivos em: ações que criam valor, necessários para a fabricação do produto; trabalho

incidental, que são os movimentos feitos na fabricação do produto, mas que não agregam valor

sob o ponto de vista do cliente; e desperdício, que não criam valor e que podem ser eliminados.

O trabalho padronizado pode variar de acordo com os processos, contudo devem ser

mantidos os níveis de qualidade, produtividade, segurança e ergonomia. Além disso, é a base

para a melhoria contínua, em que pode ser analisado o processo como um todo e identificar

oportunidades de otimização.

2.12. Sistema Puxado

O sistema de produção puxada conduz o processo produtivo para que cada atividade

utilize os recursos e componentes da atividade anterior apenas no instante e nas quantidades

necessárias para o uso imediato. Dessa forma, evita o estoque em excesso e controla a demanda

da produção (Alvarez et al, 2001).

O processo é gerenciado pelo Kanban, que são sinais claros e visíveis que emitem a

ordem de produção e auxiliam os funcionários na linha de produção. O Kanban pode ser uma

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luz, um espaço vazio, um carrinho, cartões, entre outros. Independente da maneira que é

apresentado, o Kanban tem como objetivo eliminar os estoques intermediários, reduzindo os

custos e aumentando a produtividade na produção em massa (Riezebos, 2013).

O Kanban atua nas funções de planejamento e controle da produção, com atividades

de programação, acompanhamento e controle da produção. Com isso, é possível acelerar os

lead times da produção. A produção e movimentação de itens são administradas pelos próprios

operadores, proporcionando um controle em nível de chão de fábrica.

A logística possui o objetivo de colocar os recursos certos no local certo, na hora certa

para obter sucesso na produção, através da administração, gerenciamento, planejamento,

operação e controle de todo o fluxo de mercadoria e informações.

Desperdícios como movimentação, espera, transporte e estoque são influenciados pelo

sistema logístico e, com isso, a logística Lean é uma ferramenta essencial para eliminá-los ou

reduzi-los. Para o processe logístico ser reestruturado e implantado na empresa, o mercado deve

ser levado em consideração na análise estratégica (Alves; Santos, 2013).

Como resultado, tem-se o aumento das atividades e ações que agregam valor ao

cliente. Além disso, ocorre a redução dos custos diretos da logística de abastecimento, custo

das paradas de produção e estoques. O sistema de logística interna enxuta influencia de maneira

positiva os indicadores de desempenho do sistema produtivo como a flexibilidade, a qualidade

ou tempo de entrega (Marodin; Eckert; Saurin, 2012 apud Figueiredo 2015).

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

3.1. Método de Pesquisa

O presente estudo foi realizado a partir de uma pesquisa do referencial teórico para a

delimitação do tema abordado, através de artigos nos periódicos da CAPES e em sites de busca.

O período de busca foi entre abril e julho de 2016. Após a leitura e análise do material

pesquisado, foram selecionados os artigos, livros e dissertações de acordo com a estrutura do

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trabalho feito. O material pode ser estratificado por tipo de acordo com o Gráfico 1 e, em

sequência, o Gráfico 2 apresenta a divisão de acordo com a data de publicação.

Gráfico 1. Material Bibliográfico por tipo

Fonte - Elaborado pela autora (2016)

Como pode ser observado, a maior parte do material selecionado e utilizado são teses,

dissertações e monografias nacionais, disponibilizados em diversos periódicos e anais de

congressos.

Gráfico 2. Material Bibliográfico por ano

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Fonte - Elaborado pela autora (2016)

Na análise do Gráfico 2, é possível observar que 40% dos documentos do referencial

bibliográfico foram publicados entre 2001 e 2016. Após essa análise, foi possível selecionar

quais materiais e pesquisas seriam melhor utilizados na revisão bibliográfica.

A partir do material utilizado na revisão da literatura, foi feita a análise das práticas e

modelos da Produção Enxuta em dois cenários: no setor da construção civil e em uma indústria

automotiva.

Os estudos foram realizados a partir das informações encontradas com a utilização do

questionário e seus resultados aplicados a empresas da construção civil do Rio de Janeiro e a

partir dos resultados identificados no estudo de caso de uma empresa da cadeia produtiva da

indústria automotiva

Os dados utilizados do setor da construção civil foram retirados da tese de Pós-

doutorado “Fatores Críticos de Sucesso para Adoção da Gestão “Enxuta” pela Indústria da

Construção Civil do Estado do Rio de Janeiro” de Alberto Eduardo Besser Freitag (2015) e os

dados acerca da implantação da Produção Enxuta na indústria automotiva foram retirados da

dissertação de Mestrado “Análise de Métodos e Práticas Lean Manufacturing em uma Linha de

Montagem de uma Empresa do Ramo de Autopeças” de Oydil Cesar de Figueiredo (2015).

3.2. Fases do Projeto

O estudo pode ser dividido em três etapas para sua estrutura. A primeira etapa é a

Pesquisa Exploratória; a segunda etapa é a Formulação e Aplicação dos Instrumentos de

Pesquisa e, em seguida, a Análise dos Resultados.

A Pesquisa Exploratória foi feita para levantamento de dados e informações acerca do

tema abordado, de acordo com a situação problema estudada. A pesquisa foi feita através de

um levantamento bibliográfico de informações relacionados com a Produção Enxuta, para

formular a estrutura do trabalho, a análise do problema e a melhor maneira de implementação

do assunto.

Em seguida, na Formulação e Aplicação dos Instrumentos de Pesquisa, foi selecionada

a melhor maneira de implantação do tema, através da identificação e descrição das práticas

adotadas em estudos de caso na indústria da construção civil e na cadeia produtiva da indústria

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automotiva. Com isso, foram definidos os tópicos a serem abordados e os métodos a serem

analisados.

Por fim, a Análise dos Resultados tem início com a análise dos modelos e das práticas

utilizadas tanto no setor da construção civil, quanto na indústria automotiva. A partir dos dados

apresentados, o processo de implantação em cada indústria é identificado, levando em

consideração os conceitos estudados. A partir desta análise, foi possível identificar as melhorias

nos processos de cada indústria e a eficiência de cada método e aplicação.

CAPÍTULO 4 – OS CASOS ESTUDADOS

4.1. Análise de Práticas e Modelos na Indústria Automotiva

4.1.1. Sobre a Indústria Automotiva

A competitividade atual no mercado faz com que as empresas busquem uma

adequação aos processos produtivos, reduzindo seus custos e aumentando sua qualidade para

manter o reconhecimento dos clientes. A produção enxuta é bastante utilizada para obter essa

gestão competitiva das empresas.

Segundo Vieira (2013), as indústrias automotivas se encontram em um ambiente

altamente competitivo, devido à internacionalização da economia, os avanços tecnológicos e às

mudanças do mercado, tanto na questão de lançamento de novos produtos, quanto ao custo do

produto final para os consumidores. Para atingir o padrão de qualidade e menor custo, as

montadoras trabalham em parcerias de longo prazo com os fornecedores.

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Para continuarem atrativas para seus clientes diante da competitividade atual, as

empresas são obrigadas a reestruturar seus processos no ambiente interno e em toda a cadeia,

analisando os custos de operação, equipamentos, pessoas e matérias-primas.

Segundo Figueiredo (2015), a aplicação da produção enxuta é fator essencial para a

melhoria dos indicadores estratégicos, porém outros fatores também influenciam os custos

produtivos, como: (1) a alteração do custo da matéria-prima; (2) novos mercados com mão de

obra de custo inferior; (3) questões ergonômicas; (4) legislações trabalhistas; (5) impostos; entre

outros.

As técnicas que aliam a melhoria dos processos à redução de desperdícios são cada

vez mais aplicadas nas empresas que buscam a elevação da produtividade para manter seus

clientes no mercado atual.

Segundo Saurin, Ribeiro e Marodin (2010), a produção enxuta está sendo cada vez

mais conhecida e aplicada no meio empresarial, porém seus detalhes e o contexto da sua

implantação nas empresas brasileiras e estrangeiras ainda são processos pouco disseminados e

trabalhados. Com isso, muitas empresas têm dificuldade de aplicar a produção enxuta devido à

falta dessas informações, inclusive a falta de planejamento e a falta de análise de projeto

adequado.

A pesquisa foi realizada em uma linha produtiva de uma indústria automotiva no Sul

Fluminense do Rio de Janeiro. A pesquisa iniciou-se em 2013, sendo replicada no ano de 2014

com as adequações decorrentes desse novo cenário. A empresa decidiu implantar a filosofia da

Produção Enxuta na unidade fabril, pois estava sendo aplicada em várias unidades do grupo

com resultados significativos. A filosofia foi implantada também para aumentar a

competitividade.

O estudo se propõe a analisar as técnicas que podem ser empregadas, devido às

possíveis dificuldades que as empresas encontram ao aplicar as técnicas de produção enxuta.

Além disso, analisar os problemas da linha de montagem e analisar as principais ações

recomendadas para a solução de problemas encontrados.

4.1.2. Levantamento de Dados

O estudo leva em consideração uma empresa da indústria automotiva do estado do Rio

de Janeiro. A coleta de dados da dissertação foi realizada em títulos relacionados ao tema Lean

Manufacturing, em periódicos internacionais e nacionais. A revisão documental e o estudo

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foram segmentados em etapas, onde a etapa inicial e a primeira etapa descrevem as atividades

do contexto histórico e a segunda e a terceira etapas descrevem, em momentos distintos, as

aplicações das ferramentas.

4.1.3. Etapas para Identificação e Aplicação das Ferramentas da Produção Enxuta

4.1.3.1. Etapa Inicial

A etapa inicial descreve a situação da linha antes da pesquisa e incluiu a investigação

do cenário atual e seu mapeamento. A linha operava por lote, trabalhava por turno de operadores

e apresentava vários dos desperdícios abordados na filosofia da Produção Enxuta. Em seguida,

foram definidos os objetivos e analisadas as alternativas para os problemas encontrados no

cenário atual. Após esta definição, foram identificadas ferramentas para analisar e solucionar

os problemas que geram desperdícios. Além disso, estas ferramentas foram adequadas ao

processo. Ao final, foi feita a verificação e gerenciamento da rotina, para garantir a continuidade

das ações propostas pelo projeto.

4.1.3.2. Primeira Etapa

Na primeira etapa descreveu-se o cenário para demonstrar os impactos ao conceito de

produção adotado e foram implementadas técnicas como: mapeamento do fluxo de valor,

estabilidade básica, sistema puxado, fluxo contínuo, trabalho padrão e logística Lean. Os dados

expõem a aplicação das ferramentas na linha estudada, onde as técnicas aplicadas resultam no

primeiro ciclo de melhorias. As equipes foram treinadas de acordo com a divisão de fases

apresentada a seguir.

Fase de análise e definição dos objetivos: Foi desenhado o fluxo atual da linha e

listados desperdícios identificados para iniciar o projeto de melhoria. Além disso, foi possível

descobrir muitas atividades que não agregavam valor e que poderiam ser realizadas de forma

melhor. Com esses dados, foi criado o mapa de valor do estado futuro, que define os objetivos

que a equipe pretende alcançar a partir da eliminação dos problemas levantados no mapeamento

do estado atual.

Fase de estabilidade básica do processo: O objetivo foi entender as causas e os efeitos

dos desperdícios identificados, através de um acompanhamento da produção feita com um

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quadro de gestão visual da linha. A equipe e operadores foram treinados em Manutenção

Produtiva Total, para garantir que os equipamentos operem sem falhas, evitando as paradas na

linha e menores perdas dos equipamentos. Desta forma, passou a ser feita de maneira rigorosa

a manutenção preventiva dos equipamentos, minimizando as manutenções corretivas.

Fase de desenvolvimento: Foram aplicadas as técnicas de fluxo contínuo, trabalho

padronizado, sistema puxado e logística Lean. As atividades sem valor agregado foram

eliminadas, simplificando o processo. Apenas uma peça passou a ser feita e transferida por vez,

resultando em um layout mais compacto e na redução da movimentação. Dessa forma, a linha

foi capaz de atender à demanda do cliente sem interrupções no fluxo de entrega e sem estoques

intermediários.

Uma nova sequência de trabalho foi definida, criando-se, assim, um novo trabalho

padronizado. Foi feita através da definição das atividades de cada operador, além da adequação

da carga de trabalho para cada um. A linha ficou mais flexível e foi garantido o fornecimento

de matéria-prima na quantidade e na hora correta para a montagem das peças.

Para eliminar os problemas de movimentação, a equipe desenvolveu um sistema de

abastecimento, além de um sistema de gestão para receber as informações de montagem. Com

esse conceito, reduziram-se as paradas por falta de componentes elevando, assim, a

disponibilidade da linha. Os produtos com maior demanda encontram-se próximos uns dos

outros para reduzir a movimentação dos operadores.

Fase de verificação e gerenciamento da rotina: O objetivo desta fase foi manter a

gestão funcionando e incentivar a sua melhoria e evolução.

Deve-se ter uma manutenção preventiva eficiente, garantindo que o equipamento

sempre esteja apto a produzir. Para evitar a acomodação dos funcionários em relação aos

desperdícios do processo, devem ser feitos workshops com o objetivo de identificar esses

desperdícios e definir novos objetivos ao longo do tempo, para motivar a melhoria contínua.

A empresa utiliza como ferramenta de observação um check list chamado muda check,

onde é avaliada a efetividade das ferramentas nas linhas com a filosofia implantada. A ideia é

que toda a empresa conheça a filosofia e tenha uma diretriz única de trabalho.

A segunda e terceira etapas foram caracterizadas de cenários 1 e 2, respectivamente.

As duas etapas foram divididas em fases para aplicação das ferramentas e, com isso,

identificação das melhorias causadas por esses métodos.

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4.1.3.3. Segunda Etapa

Na segunda etapa, foram identificadas melhorias para a linha de produção e aplicadas

as ferramentas.

A equipe multifuncional desenhou todo o fluxo atual (VSA) da linha de suspensão

dianteira para visualizar os desperdícios e identificar possíveis ações de melhoria. A partir

deles, as principais ações levantadas foram: eliminar o estoque de produto acabado, deixando

apenas o estoque de segurança em uma pequena área, eliminando, assim, o processamento

excessivo; modificar a forma de abastecimento dos componentes para diminuir a

movimentação; balancear melhor a linha e eliminar a espera entre as operações; e modificar a

compra dos componentes. Foi desenvolvido um novo plano de ações para analisar os riscos e

monitorar a evolução do projeto.

• Fluxo Contínuo: Com o objetivo de simplificar o processo, a equipe definiu

modificações no layout e na movimentação do processo. Para a criação do fluxo

contínuo, foi necessária uma adequação do sistema logístico e a criação de um sistema

Just in Sequence;

• Trabalho Padronizado: Após as melhorias realizadas, o tempo de produção foi

recalculado para definir uma nova sequência de trabalho e as novas atribuições de cada

operador. A readequação da carga de trabalho resultou na redução do efetivo

responsável pelo abastecimento da linha e do efetivo que atuava na inspeção, deixando

a linha com operadores que passaram a trabalhar num sistema de rodízio.

• Logística de Abastecimento: O sistema logístico da linha também sofreu modificações

e o abastecimento passou a ser feito pelos próprios operadores de montagem, por meio

de um rodízio. Utilizando o sistema Just in Sequence, o operador, através de um código

de barras, recebe informações sobre o componente a ser comprado para sequenciar os

kits em lotes até a linha de montagem. Nesse sistema, os operadores utilizam os

componentes que estão próximos durante 80% do tempo de operação, dedicando 20%

do seu tempo para uso dos componentes mais distantes. Com a aproximação da linha

no abastecimento, a movimentação dos operadores diminuiu e, com isso, reduziu-se o

tempo de operação, eliminando a necessidade de um rebocador para o transporte de

peças.

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4.1.3.4. Terceira Etapa

Com a substituição de modelos mais complexos, que exigiam um elevado número de

subcomponentes, houve uma redução do número de variáveis (modelos) solicitadas pelo

cliente, motivando uma nova análise do valor agregado da linha. Utilizou-se a mesma sequência

de ferramentas da etapa 2.

Como a representação gráfica do fluxo da linha não se modificou, a equipe utilizou

como fluxo atual (VSA) o estado futuro (VSM) da etapa 2, auxiliando na identificação de

possíveis ganhos. A equipe instituiu um novo plano de ações para monitorar e verificar o

andamento do projeto.

• Fluxo Contínuo: Seguindo o conceito do fluxo contínuo, fez-se o mapeamento e o layout

da linha de suspensão dianteira apresentava alguns desperdícios gerados pela grande

quantidade de variáveis e que não correspondia mais ao novo cenário do cliente. Com a

retirada de linha de alguns modelos, a complexidade do número de componentes se

reduziu, possibilitando a concepção de uma nova configuração do layout, onde o

principal objetivo era a simplificação do processo e a movimentação de uma peça por

vez. Dessa forma, foram reduzidas as paradas por falta de componentes, elevando,

assim, a disponibilidade da linha, reduzindo a área e o estoque em processo.

• Trabalho Padronizado: O tempo de produção foi novamente calculado, definindo uma

nova sequência de trabalho. Houve a necessidade da adequação do processo à nova

demanda e ao novo layout, resultando nas novas atividades que deveriam ser seguidas

pelo operador.

• Logística de Abastecimento: Algumas atividades de manuseio e transporte puderam ser

eliminadas e, com elas, o transporte das plataformas e as movimentações dos

operadores. O processo de sequenciamento passou a ser realizado pelo próprio operador

da linha. A implementação do novo layout, aliado ao conceito de produção puxada,

permitiu um melhor balanceamento da linha e a eliminação do processamento excessivo

da etapa 2, devido à redução de variáveis e a aproximação das peças a linha.

4.1.4. Resultados das Fases Utilizadas durante as Etapas de Implantação

4.1.4.1. Resultados da Fase de Análise e Definição dos Objetivos

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Após o treinamento e a identificação do cenário a ser analisado dentro da empresa, foi

possível analisar os objetivos a serem alcançados com a implementação da filosofia da

Produção Enxuta. Através do mapeamento do fluxo de valor foram identificadas as melhorias

necessárias para a linha estudada. Ao longo dos anos, a equipe ganhou conhecimento e

maturidade para analisar as mudanças na linha e seus novos objetivos. Ficou evidente que a

implementação das melhorias pode ser aplicada mesmo em uma linha que já foi analisada e já

passou por modificações. Na última etapa, ocorreram mudanças na demanda e nos recursos

utilizados, sendo necessária nova análise do ambiente, ocasionando novas operações, novos

objetivos e novas melhorias na linha produtiva.

4.1.4.2. Resultados da Fase de Criação da Estabilidade Básica

A fase de estabilidade do processo obteve o gerenciamento da performance do

processo e a redução dos problemas de qualidade, através da aplicação da gestão visual e do

conceito de Manutenção Produtiva Total.

4.1.4.3. Resultados da Implantação do Fluxo Contínuo

A aplicação do fluxo contínuo resultou na redução do número de operações, passando

de cinco para duas atividades no final da última etapa. Um ganho foi a liberação de espaço no

layout, tornando possível o balanceamento da linha e a reorganização dos operadores em suas

atividades, reduzindo sua movimentação na área produtiva.

4.1.4.4. Resultados da Implantação do Trabalho Padrão

Com a eliminação dos desperdícios da linha de produção, a carga de trabalho dos

operadores foi reduzida, além da reorganização das atividades. Os operadores puderam ser

realocados, transferindo seu esforço em outras atividades com maior necessidade de demanda

de mão de obra. Essa nova estrutura possibilitou a redução da mão de obra e a flexibilização da

linha de acordo com a demanda.

4.1.4.5. Resultados da Implantação da Logística de Abastecimento

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Com a centralização do abastecimento em um único ponto e a criação do fluxo

contínuo, foi possível a alteração das atividades dos operadores. Essa alteração resultou em uma

redução da movimentação dos operadores e a eliminação das paradas na logística da produção

na etapa 1. A etapa 2 resultou na redução do deslocamento da rota durante a produção e do uso

do equipamento de movimentação, além da redução da mão de obra do operador. Os ganhos

observados na etapa 3 foram um melhor balanceamento da linha, causada pela reestruturação

das atividades e dos operadores, e a eliminação de processos excessivos da produção na linha.

4.1.4.6. Resultados da Implantação do Gerenciamento da Rotina da Produção

A implantação do gerenciamento da rotina tem como objetivo garantir que o sistema

implantado funcione em longo prazo de acordo com as especificações e análises propostas.

Como propostas, identificam-se a análise sistêmica dos problemas para identificar possíveis

melhorias do padrão de trabalho, realização de atividades de manutenção preventiva de falhas

e uma rotina de avaliação da efetividade da implantação da produção enxuta na linha.

4.1.5. Vantagens e Desvantagens da Implantação na Indústria Automotiva

A partir das análises da implantação das ferramentas e dos resultados apresentados,

segue abaixo a Tabela 2 com as vantagens e desvantagens identificadas em cada etapa do

estudo.

Tabela 2. Vantagens e desvantagens da implantação da Produção Enxuta.

Vantagens Desvantagens

Etapa inicial

Maior qualidade dos produtos

acabados e um custo menor de

logística, devido a um menor

índice de erros.

A linha apresentou baixa

produtividade e estoques

intermediários, causando alta

movimentação dos operadores e

estoque do produto no final do

processo.

Primeira etapa

Redução das movimentações entre

as operações e maior aproximação

dos equipamentos. Com isso, o

layout foi otimizado, aumentando

a produtividade e a qualidade.

Além da continuidade da

movimentação dos operados e do

estoque de produto final, houve

tempo ocioso entre as atividades e

alto custo de logística.

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Segunda etapa

Houve a eliminação do estoque,

reduzindo a movimentação dos

operadores e ganho de área de

trabalho.

Alguns operadores ficaram ociosos

durante as atividades da linha,

além de um processo produtivo

excessivo.

Terceira etapa

O layout foi reduzido, além da

movimentação e transporte na

linha. Com isso, houve a melhoria

do processo e maior

disponibilidade e organização da

linha.

Com novas variáveis na linha

produtiva, apresentou-se um

aumento da movimentação e o

layout ficou limitado para o

processo.

Fonte - Figueiredo (2015).

4.2. Análise de Práticas e Modelos na Construção Civil

4.2.1. Sobre o Setor da Construção Civil

A construção civil é um dos setores mais significativos para a economia, pois está

relacionado com o desenvolvimento e capacidade de produção do país. Devido à crise

internacional, o setor se encontra em momento de inovar e estabelecer ambientes de negócios

favoráveis para enfrentar o mercado atual. Com o objetivo de aumentar a produtividade e

sustentar a competitividade entre as empresas, são implementados novos e melhorados métodos

de gestão para auxiliar a tecnologia e qualificação, como a produção enxuta no setor de

construção civil, a construção enxuta (Freitag, 2015).

Segundo Bloom e Reenen (2010), a produtividade do Brasil é baixa, quando

comparada aos Estados Unidos e países europeus. Dessa forma, para aumentar a lucratividade

do setor e os investimentos das empresas é necessário aprimorar a produtividade da construção

civil no país. Uma maneira é aprimorar as práticas de gestão.

Outros fatores associados a uma melhor gestão empresarial são equilíbrio trabalho-

vida, como flexibilidade na jornada de trabalho e satisfação dos empregados; a eficiência

energética, através de processos da produção enxuta, para reduzir o consumo de energia; e o

nível de escolaridade, tanto dos gerentes como dos trabalhadores. A falta de informação pode

resultar em uma lenta disseminação das práticas de gestão nas empresas.

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Este contexto propicia uma busca por métodos de gestão que contribuam para a

lucratividade do setor e seu aumento de produtividade. Um dos métodos de gestão muito

utilizado é a construção enxuta (produção enxuta na indústria da construção civil).

4.2.2. Levantamento de Dados

O estudo leva em consideração o setor da indústria da construção civil do estado do

Rio de Janeiro. A coleta de dados da tese de Pós-doutorado foi realizada através de uma

pesquisa nas bases científicas Scopus e SciELO e seleção dos artigos a serem utilizados.

Durante o estudo, foi aplicado um instrumento de pesquisa, um questionário, para a coleta de

dados. De acordo com Freitag (2015), a primeira parte do questionário visou obter informações

sobre o perfil da empresa e dos respondentes. Na segunda parte do questionário os entrevistados

avaliaram práticas do Modelo Toyota para que a filosofia de gestão enxuta possa ser adotada

pela indústria da construção civil do estado do Rio de Janeiro.

4.2.3. Fatores Críticos de Sucesso para Implantação da Produção Enxuta

De acordo com as respostas obtidas com base nos 49 questionários que foram

respondidos pelos entrevistados até 3/12/2015, foram analisadas as seguintes percepções. Sobre

a posição na empresa, aproximadamente metade são gestores (proprietários e gerentes) e a outra

metade são técnicos como engenheiros, arquitetos e outras categorias. Aproximadamente 90%

possuem nível superior ou pós-graduação/mestrado/doutorado, portanto, são capazes de

analisar a adoção das práticas lean pelas empresas. Mais de 40% dos respondentes afirmaram

o conhecimento de suas empresas acerca da construção enxuta, porém, apenas 30% a utilizam.

Aplicando a segunda parte do questionário, a prática considerada mais importante para

a adoção da filosofia de gestão enxuta nas empresas de construção civil foi a de entender a

exigência do cliente, portanto, o mercado e a prática considerada menos importante foi a de que

perdas a curto prazo afetam a tomada de decisão, mas são menos importantes do que perseguir

objetivos de longo prazo.

De acordo com as respostas obtidas com base nos outros 21 respondentes, que

afirmaram que suas empresas conhecem a construção enxuta, foram analisadas as seguintes

percepções. Aproximadamente 60% são gestores (proprietários e gerentes), quase 85%

possuem nível superior ou pós-graduação/mestrado/doutorado, mais de 60% das empresas

operam há mais de 10 anos no mercado e mais de 60% utilizam a construção enxuta.

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Analisando a segunda parte do questionário, a prática considerada mais importante foi

a de analisar e entender completamente o problema, antes de tomar decisões. A prática

considerada menos importante foi a de que perdas a curto prazo afetam a tomada de decisão,

mas são menos importantes do que perseguir objetivos de longo prazo. Há uma tendência da

indústria da construção civil do estado do Rio de Janeiro por foco no curto prazo.

Comparando o ranking das práticas nas análises dos 49 e dos 21 respondentes, os

fatores críticos de sucesso para que a filosofia de gestão enxuta possa ser adotada pelas

empresas do setor da indústria de construção civil do estado do Rio de Janeiro, num horizonte

de 10 anos, podem ser compilados no Quadro 4, apresentado a seguir.

Práticas consideradas fatores críticos de sucesso para adoção da filosofia de

Gestão Enxuta pela indústria da construção civil do estado do Rio de

Janeiro

Sustentar um propósito constante (visão, missão e valores da empresa)

Entender a exigência do cliente é trabalho prioritário

Layout da obra é organizado para melhorar o fluxo de materiais e movimentação

de empregados para minimizar desperdícios devido ao movimento, deslocamento

e viagens

Atividades diárias de trabalho são planejadas para equilibrar a disponibilidade de

material, mão de obra, disponibilidade de máquinas e carga

Prevenir para que atribuições com defeito ou "sem inspeção" não entrem no

próximo processo

Ajudas visuais são adotadas para fazer com que desperdícios, problemas e

condições anormais fiquem rapidamente aparentes para funcionários

Sinalizações apropriadas são usadas para identificar layouts, trânsito,

preocupações de segurança, etc

Nova tecnologia deve apoiar os valores da empresa

Nova tecnologia deve demonstrar seu potencial para melhorar processos

Os líderes são motivados a inspirar as pessoas para alcançar objetivos

Os líderes vão separar tempo para compreender os problemas e causas raiz antes

de agir

Os líderes devem compreender a política e procedimentos da empresa, e

comunicar estas aos membros da sua equipe

Selecionar a melhor pessoa para um determinado trabalho

Treinamento é fornecido para equipar os empregados com as habilidades

necessárias antes de serem atribuídos ao trabalho

Trabalhar com os parceiros para melhorar a eficácia do projeto

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Resolver o problema, indo para os lugares (por exemplo, o local da construção),

onde os problemas são descobertos

Analisar e compreender completamente a situação antes de tomar decisões

Usar metodologias apropriadas de solução de problemas (por exemplo, 5 porquês

Whys) para determinar a causa raiz do problema

Reflexão sobre erros (por exemplo, defeitos, retrabalho, questões de segurança

etc) em uma base regular Quadro 4. Práticas a serem priorizadas como fatores críticos de sucesso.

Fonte - Freitag, 2015.

4.2.4. Propostas de Etapas para Implantação da Produção Enxuta na Construção Civil

A partir do estudo, elaborou-se abaixo uma sugestão de etapas para implantação da

Produção Enxuta em uma empresa de construção civil.

4.2.4.1. Comprometimento da Alta Administração

• Garantir o comprometimento da alta administração na empresa.

• Responder um questionário sobre a Produção Enxuta pelo corpo gestor das diversas

áreas da organização.

• Com base no questionário, elaborar um diagnóstico da empresa, por meio de conversas

de alinhamento com os gestores entrevistados.

• A partir do diagnóstico, começar a transformação com um projeto piloto para superar o

ceticismo prevalente entre chefias, de modo que os gerentes e trabalhadores da linha de

frente percebam a necessidade de mudanças e a efetividade da Produção Enxuta.

• Estabelecer um planejamento de curto, médio e longo prazo, com as práticas, técnicas

e ferramentas adequadas para cada fase.

4.2.4.2. Projeto Piloto

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• Garantir o alinhamento estratégico, escolhendo uma operação de fluxo contínuo e de

grande importância para a empresa (ex.: maior gerador de receita).

• Separar recursos financeiros e escolher fornecedores de comprovada qualidade para

apoiar a implantação do projeto piloto.

• Definir gestor responsável pelo projeto, a fim de garantir que seja atingido o prazo e

resultados esperados com o projeto piloto, utilizando indicadores financeiros e não

financeiros.

4.2.4.3. Princípios, Práticas e Ferramentas (curto prazo)

Just-in-time, Ferramenta de visualização, Mapeamento do fluxo de valor, 5S,

Abordagem puxada, Kanban, Kaizen.

4.2.4.4. Cinco S (5S)

• Iniciar com a documentação de processo da operação e campanha 5S, porque esta

envolve a necessidade de padronização e gestão visual, princípios chave da filosofia da

Produção Enxuta.

• Após observação da operação, realizar workshops com os funcionários da linha de

frente para discutir resultados, explicar os conceitos básicos de 5S e os sete tipos de

desperdícios.

4.2.4.5. Kanban

• Manter o material perto das estações de trabalho, gerando um inventário (descrição do

produto, quantidade existente e o local onde se encontra) para cada uma e

desenvolvendo Kanban, um sistema de agendamento usado em operações para alcançar

o Just-In-Time.

4.2.4.6. Trabalho Padronizado

• Para cada tarefa, estabelecer um procedimento de trabalho padrão, fornecendo

instruções passo a passo para garantir que os trabalhadores sigam as melhores práticas.

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• Qualquer desvio do padrão significa uma situação anormal, geralmente causada por

problemas. O papel do gestor é reconhecer o desvio, descobrir as causas raízes,

certificar-se de que foram corrigidos rapidamente e restabelecer o trabalho padronizado.

4.2.4.7. Mapeamento do Fluxo de Valor

• Desenhar o mapa do fluxo de valor no estado atual.

• Depois do 5S, aproveitar os bons resultados para desenhar o mapa do estado futuro.

• Reunir a equipe semanalmente para desenvolver planos de Kaizen (melhoria),

coordenar treinamentos e avaliar os progressos realizados, durante o projeto piloto.

• Durante o projeto, utilizar ferramentas de simulação para orientar o processo de

implantação da Produção Enxuta, antes de experimentar a mudança real.

• Utilizar trabalhadores que estiverem sobrando no mapa do fluxo de valor em outras

áreas da organização.

• Utilizar o mapa do estado futuro como um guia para otimizar o processo de produção e

reduzir o tempo takt.

4.2.4.8. Princípios, Práticas e Ferramentas (médio e longo prazo)

• Reuniões diárias da equipe, Análise de valor, Gestão da qualidade total, Manutenção

preventiva total, Seis Sigma.

4.2.4.9. Comunicação

• Ao longo de todo o ciclo de vida do projeto piloto, comunicar a evolução e resultados

do projeto de forma adequada, a fim de despertar o interesse dos colaboradores de outras

áreas e manter motivado o time de implantação do projeto piloto.

4.2.4.10. Treinamento

• Num primeiro momento, prover treinamento sobre a filosofia da Produção Enxuta, seus

princípios, práticas e ferramentas, para a alta administração, gestor e equipe de

implantação do projeto piloto.

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• Num segundo momento, treinar os gestores e trabalhadores da linha de frente das outras

áreas da empresa.

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO E SUGESTÃO DE NOVAS PESQUISAS

Este trabalho definiu como situação problema a análise de duas situações, no setor da

construção civil e na indústria automotiva, além de disseminar informações e técnicas para a

implantação da Produção Enxuta. Os objetivos delineados foram analisar a implantação da

Produção Enxuta na indústria automotiva e na construção civil, através da exposição dos

conceitos e ferramentas utilizadas nas práticas de implantação, definir conceitos, identificar e

descrever as práticas adotadas, além de analisar modelos, práticas e as diretrizes utilizadas em

ambas as indústrias.

A partir da revisão da literatura foram apresentadas as ferramentas e características da

Produção Enxuta, sendo assim apurados os desdobramentos destes objetivos. Desta forma, este

objetivo foi alcançado através da descrição das ferramentas implantadas nos dois modelos

apresentados.

No primeiro estudo de caso, foi possível identificar informações sobre o setor da

construção civil, seus desperdícios e necessidades e apresentar os resultados da implantação da

Produção Enxuta. Já no segundo estudo de caso, foram demonstrados os problemas na linha de

produção de uma indústria automotiva e os desdobramentos da aplicação da Produção Enxuta

em diferentes etapas.

Ao longo deste trabalho pode ser observado que a indústria da construção civil, devido

ao seu caráter nômade e quadro de funcionários com alta rotatividade é o que apresenta maior

resistência à implantação da Produção Enxuta.

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Devido à pouca informação acerca dos métodos de implantação da Produção Enxuta

nas empresas, observou-se uma menor oferta de dados sobre as ferramentas e etapas que podem

ser utilizadas no processo de introdução desta filosofia. Contudo, através da pesquisa sobre o

tema e das análises dos estudos de casos, foi possível concluir que a Produção Enxuta é eficaz

na redução de perdas e melhoria da produtividade, mantendo o sistema produtivo mais flexível

e auxiliando a competitividade da empresa.

As empresas analisadas nos dois casos, tanto no setor da construção civil quanto na

indústria automotiva, implantaram ferramentas descritas na revisão da literatura, além de

apresentarem melhorias ao longo da utilização dos métodos e conceitos da Produção Enxuta.

Como trabalho futuro, propõe-se a comparação entre as etapas e ferramentas aplicadas

nos setores apresentados nos estudos de caso. Outra sugestão é ampliar esta comparação e

análise da implantação desta filosofia para outros setores da indústria.

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APÊNDICE A

Diretrizes de implementação dos princípios e sub-princípios no Modelo Toyota na construção civil.

Filosofia

Sub-princípio Diretrizes de implementação

P1: Gestão baseada na filosofia de longo prazo

Propósito constante Sustentar um propósito constante, que visa gerar valor para

funcionários, sociedade e clientes

Perspectiva de longo

prazo

Desenvolver uma visão de longo prazo e fazer um plano para

alcançá-la

Filosofia de longo prazo substitui perda financeira de curto prazo

Autoconfiança e

responsabilidade

Ser autoconfiante na tecnologia principal e promover a pesquisa e

projeto para ter um backup forte

Ser responsável por aquilo que foi prometido para colaboradores,

sociedade e clientes

Foco no cliente Definindo valor do ponto de vista do cliente

Empreiteiro é frequentemente capaz de se reorientar e reorganizar

para atender às mudanças nos requisitos do cliente

Processo

Sub-princípio Diretrizes de implementação

P2: Fluxo de uma peça

Eliminação de

desperdícios

Otimização do processo

Plano de logística eficiente

Entrega de material JIT

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63

Minimizar trabalhadores, repetição de manuseio e movimentos de

equipamentos

Reduzir defeitos

Outras formas de eliminação de desperdícios usando os princípios

restantes nesta categoria

Fluxo de trabalho

ininterrupto (ou seja,

tempo takt, utilização do

espaço, etc.)

Sincronizar a sequencia e a taxa de material e entrega de

componentes com a sequencia e a taxa de construção, instalação,

etc.

Assegurar que áreas de trabalho adequadas estão sempre

disponíveis

Balancear membros da equipe

P3. Usar o sistema puxado

Puxe da extremidade do

cliente (incluindo os

clientes internos e

externos)

Agendar a entrega de material JIT diretamente ao ponto de uso

Use a ferramenta kanban Usando ferramentas ou dispositivos simples para indicar o nível

de reordenação

Métodos de

planejamento puxado

Puxar tarefas através do cronograma, determinando o que cada

subcontratado/negociante precisa ter concluído antes que as

tarefas se iniciem

Assegurar que as tarefas só comecem quando tarefas anteriores

forem completamente concluídas e todos os recursos necessários

estão disponíveis

P4. Nivelar a carga de trabalho (Heijunka)

Nivelar a carga de

trabalho

Uso do LPS: quatro níveis de planos

Procurar comprometimento de encarregados ou subcontratadas

para executar uma determinada tarefa no tempo especificado

Reuniões para remover as restrições que afetariam a uniformidade

da carga de trabalho

P5. Construir com qualidade

Parar e corrigir o

problema

Um plano de inspeção do processo está disponível para evitar

retrabalho

Revelar e resolver problemas na origem, quando ocorrerem

Uso de verificação de

erros

Projetistas são encorajados a usar elementos de projeto e recursos

padronizados

Fornecedores são encorajados a fazer ou modificar produtos para

facilitar a verificação de erros

Empresas de construção são encorajadas a padronizar o processo

Envolvimento e

empoderamento dos

trabalhadores

Cultivar a cultura de construção com qualidade por meio do

envolvimento e empoderamento dos trabalhadores

Motivar os funcionários a assumir a responsabilidade pela

qualidade

P6. Trabalho padronizado

Procedimento

padronizado de operação

(PPO)

Uso de PPOs escritos de forma clara, atualizados e facilmente

acessados para certos processos (ou seja, definir o conteúdo,

sequencia, termos e resultados esperados)

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Melhorar continuamente

a padronização

Incentivar engenheiros, encarregados e até mesmo trabalhadores a

fazer contribuições para alcançar novos padrões nos processos

atuais

Materiais componentes,

etc. padronizados

Maior utilização de material, componentes e pré-montagem

padronizados

P7. Usar controle visual

Sistemas de controle

visual para adicionar

valor ao trabalho

Utilização de ferramentas visuais para realçar o status do

cronograma, qualidade, segurança, etc., para os trabalhadores

Uso de ferramentas visuais para destacar a logística de tráfego,

armazenamento de material, atribuições na zona de trabalho etc.,

para os trabalhadores

A informação divulgada deve ser regularmente atualizada e

visível para a maioria dos trabalhadores

Prática de 5-S Fazer o canteiro de obras limpo e organizado e armazenar de

forma ordenada

Ferramentas e materiais de construção devem ser estocados e

organizados

P8. Uso de tecnologia confiável

Testar exaustivamente

novas tecnologias

Empresas de construção também devem seguir estas diretrizes na

adoção de novas tecnologias, se houver

Tecnologia deve apoiar

as pessoas

Tecnologia deve

melhorar o fluxo de

trabalho

Tecnologia deve apoiar

os valores da empresa

Pessoas e Parceiros

Sub-princípio Diretrizes de implementação

P9. Líder e liderança

Compromisso de

liderança

Gerência deve se comprometer a viver e entender os valores da

empresa

Conhecimento profundo Líderes devem ter conhecimento profundo sobre o trabalho (no

nível do projeto) e ter habilidades de resolução de problemas

Apoiar as pessoas que

fazem o trabalho

Líderes devem ser capazes de fornecer constantemente soluções

para os seus subordinados

Habilidade de mentor O pessoal de projeto é incentivado a fornecer sessões de

treinamento para ajudar os funcionários, fornecedores e clientes

P10. Desenvolver equipes e pessoas excepcionais

Seleção de pessoas Meticuloso sistema de seleção (ou seja, exigência de treinamento

vocacional e técnico) para recrutar candidatos excelentes

Treinamento Fornecer treinamento em todos os níveis e manter as

competências atualizadas, incluindo:

treinamento antes do trabalho

(2) treinamento no trabalho

(3) treinamento fora do trabalho

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(4) treinamento de habilidade múltiplas

Equipes de trabalho Empregados coordenam os seus trabalhos com os outros para

completar toda a tarefa

Motivação Recompensas para ideias construtivas, comentários e opiniões

que resultam em melhoria

P11. Relações entre parceiros

Relacionamento longo e

estável

Estabelecer relacionamento de longo prazo e estável

Conseguir pequena base de fornecedores

Desafio Respeitar parceiros de trabalho definindo metas desafiadoras,

objetivos, etc.

Colaboração Trabalhar com fornecedores, subcontratantes e proprietários para

melhorar a efetividade do projeto

Incentivar envolvimento de fornecedores/subcontratados no início

do projeto

Comunicação e troca de

informações

Troca de informações de forma oportuna e transparente e solução

de problemas através de sugestões

Solução de Problemas

Sub-princípio Diretrizes de implementação

P12. Genchi genbutsu

Vá e veja por si mesmo Os líderes devem estar empenhados com o genchi genbutsu

Os líderes devem possuir as competências necessárias para

analisar e compreender completamente a situação

Com base em dados

verificados pessoalmente

Pensar e falar com base em dados pessoalmente verificados (ou

seja, através de relatório direto)

P13. Tomada de decisão e rápida implementação

5 'Quês' Perguntar várias vezes até que apareça a causa raiz

Soluções alternativas Incentivar os trabalhadores a propor soluções alternativas de

baixo para cima

Prática do consenso Incentivar os trabalhadores para expressar suas ideias, sugestões e

desacordos e, portanto, para chegar a um consenso

P14. Reflexão (Hansei) e melhoria contínua (Kaizen)

Atitude em relação a

problemas

Gerência deveria ver os problemas como oportunidades de

melhoria

Atividades de Kaizen Conduzir as atividades de kaizen para alavancar melhorias

Reflexão Reflexão sobre pontos fortes e fracos do atual processo, projeto,

etc.

Implantação de política Gerente de projeto define metas claras e atingíveis para as quais

todos os membros da equipe estão trabalhando

Fonte - Gao e Low, 2014.