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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Artigo Original IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO SOBRE AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO SETOR HABITACIONAL JARDIM BOTÂNICO DF URBAN SETTLEMENT IMPACTS IN GROUNDWATER AT BOTANICAL GARDEN URBAN SECTOR - DF Keiliane Alexandre Filho¹, João Batista Drummond Câmara² 1 Aluna do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental 2 Professor Doutor do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Resumo O trabalho retrata um estudo sobre as águas subterrâneas do Setor Habitacional do Jardim Botânico, e os resultados encontrados foram baseados na metodologia proposta. A metodologia teve como objetivo realizar uma busca histórica sobre os temas abordados e a região a ser estudada. Foram realizadas entrevistas com os moradores, que se mostraram preocupados com a situação das águas da região e puderam contribuir com informações específicas dos condomínios. A pesquisa realizada com a concessionária da região Caesb - trouxe resultados significantes. Com base nos dados apresentados no trabalho, é possível destacar que a captação das águas por meio dos poços tubulares é um recurso viável, no entanto, ainda não é possível atender em grande escala. As pressões geradas no recurso hídrico são ocasionadas pelo crescimento populacional sem planejamento urbano. Dessa maneira fica evidente que há a necessidade de novas práticas governamentais para tratar do assunto, que, se não repensado, irá se agravar com o decorrer dos anos. Palavras-chave: Habitação; Recursos hídricos; Impactos Ambientais. Abstract The work deals with a study on the groundwater of the Housing Sector Jardim Botânico, and the results were based on the proposed methodology. The methodology aims to perform a historical search on the topics addressed and the region to be studied. Interviews were conducted with residents who were concerned about the situation of water in the region and they could contribute with specific information about condominiums. The survey of the concessionaire of the region - Caesb - brought significant results. Based on the data presented in the work, it is possible to highlight that the capture of water through wells is a viable resource, however, it still can not meet large scale. The pressures generated in water resources are caused by population growth without urban planning. In this way it is evident that there is a need of new government practices to address the issue, which, if not rethought, will worsen with the years. Keywords: Housing; Water resources; Environmental impacts. ____________________________________________________________________________________________________________ Contato: [email protected] 1 Introdução O uso desordenado e a ocupação do solo sempre foram problemas enfrentados pelo Brasil. Com o desenvolvimento do país, houve a migração em direção às grandes cidades no final da década de 1950, o que afetou sensivelmente a situação. Populações de baixa renda migraram para áreas urbanas em busca de melhores condições de vida. Com essa vinda, algumas das maiores consequências foram os problemas ambientais e sociais, houve um crescimento considerável de assentamentos informais, geralmente em locais de risco e em áreas de proteção ambiental. No Distrito Federal (DF), essa situação pôde ser observada durante a década de 1960 com o surgimento da nova capital. Diante dessa realidade, identificam-se como principais problemas do uso e ocupação de solo: a construção de condomínios em áreas de proteção ambiental (unidades de conservação), assentamentos irregulares, drenagem, escassez e poluição dos recursos hídricos, a incidência do solo à erosão, além, é claro, da diminuição da biodiversidade. No desenvolvimento do trabalho serão abordados mais especificamente os impactos, as análises e as comparações ambientais das reservas de água nesta região. O Distrito Federal está situado na Província Hidro-geológica do Escudo Central, onde predominam aquíferos fissurais cobertos por um manto de intemperismo de espessura variável. A região é um alto regional que divide as bacias hidrográficas de três dos maiores rios Brasileiros: Rio São Francisco a leste, Rio Tocantins a norte, e Rio Paraná a sulsudoeste. A pesquisa tem como objetivo principal identificar e analisar criticamente os impactos ambientais causados nas águas subterrâneas por uso e ocupação do solo. Como campo de estudo será analisada a construção de condomínios residenciais na região do Jardim Botânico de Brasília. Para melhor auxiliar a elaboração do trabalho, faz-se necessária a definição de alguns objetivos específicos, sendo eles: Objetivo 01: Identificar os impactos que ocorrem nas águas subterrâneas do Setor Habitacional Jardim Botânico. Objetivo 02: Analisar causas e proporções dos impactos sobre as águas subterrâneas. Objetivo 03: Comparar a situação das águas subterrâneas na região antes e depois da ocupação dos condomínios residenciais. Águas subterrâneas fazem parte do ciclo hidrológico e são um recurso imprescindível para a

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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Artigo Original

IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO SOBRE AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO SETOR HABITACIONAL JARDIM BOTÂNICO – DF URBAN SETTLEMENT IMPACTS IN GROUNDWATER AT BOTANICAL GARDEN URBAN SECTOR - DF Keiliane Alexandre Filho¹, João Batista Drummond Câmara² 1 Aluna do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental 2 Professor Doutor do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental

Resumo O trabalho retrata um estudo sobre as águas subterrâneas do Setor Habitacional do Jardim Botânico, e os resultados encontrados foram baseados na metodologia proposta. A metodologia teve como objetivo realizar uma busca histórica sobre os temas abordados e a região a ser estudada. Foram realizadas entrevistas com os moradores, que se mostraram preocupados com a situação das águas da região e puderam contribuir com informações específicas dos condomínios. A pesquisa realizada com a concessionária da região – Caesb - trouxe resultados significantes. Com base nos dados apresentados no trabalho, é possível destacar que a captação das águas por meio dos poços tubulares é um recurso viável, no entanto, ainda não é possível atender em grande escala. As pressões geradas no recurso hídrico são ocasionadas pelo crescimento populacional sem planejamento urbano. Dessa maneira fica evidente que há a necessidade de novas práticas governamentais para tratar do assunto, que, se não repensado, irá se agravar com o decorrer dos anos. Palavras-chave: Habitação; Recursos hídricos; Impactos Ambientais. Abstract The work deals with a study on the groundwater of the Housing Sector Jardim Botânico, and the results were based on the proposed methodology. The methodology aims to perform a historical search on the topics addressed and the region to be studied. Interviews were conducted with residents who were concerned about the situation of water in the region and they could contribute with specific information about condominiums. The survey of the concessionaire of the region - Caesb - brought significant results. Based on the data presented in the work, it is possible to highlight that the capture of water through wells is a viable resource, however, it still can not meet large scale. The pressures generated in water resources are caused by population growth without urban planning. In this way it is evident that there is a need of new government practices to address the issue, which, if not rethought, will worsen with the years. Keywords: Housing; Water resources; Environmental impacts. ____________________________________________________________________________________________________________ Contato: [email protected]

1 – Introdução

O uso desordenado e a ocupação do solo sempre foram problemas enfrentados pelo Brasil. Com o desenvolvimento do país, houve a migração em direção às grandes cidades no final da década de 1950, o que afetou sensivelmente a situação. Populações de baixa renda migraram para áreas urbanas em busca de melhores condições de vida. Com essa vinda, algumas das maiores consequências foram os problemas ambientais e sociais, houve um crescimento considerável de assentamentos informais, geralmente em locais de risco e em áreas de proteção ambiental. No Distrito Federal (DF), essa situação pôde ser observada durante a década de 1960 com o surgimento da nova capital.

Diante dessa realidade, identificam-se como principais problemas do uso e ocupação de solo: a construção de condomínios em áreas de proteção ambiental (unidades de conservação), assentamentos irregulares, drenagem, escassez e poluição dos recursos hídricos, a incidência do solo à erosão, além, é claro, da diminuição da biodiversidade.

No desenvolvimento do trabalho serão abordados mais especificamente os impactos, as análises e as comparações ambientais das reservas de água nesta região.

O Distrito Federal está situado na Província Hidro-geológica do Escudo Central, onde predominam aquíferos fissurais cobertos por um manto de intemperismo de espessura variável. A região é um alto regional que divide as bacias hidrográficas de três dos maiores rios Brasileiros: Rio São Francisco a leste, Rio Tocantins a norte, e Rio Paraná a sul–sudoeste.

A pesquisa tem como objetivo principal identificar e analisar criticamente os impactos ambientais causados nas águas subterrâneas por uso e ocupação do solo. Como campo de estudo será analisada a construção de condomínios residenciais na região do Jardim Botânico de Brasília.

Para melhor auxiliar a elaboração do trabalho, faz-se necessária a definição de alguns objetivos específicos, sendo eles:

Objetivo 01: Identificar os impactos que ocorrem nas águas subterrâneas do Setor Habitacional Jardim Botânico.

Objetivo 02: Analisar causas e proporções dos impactos sobre as águas subterrâneas.

Objetivo 03: Comparar a situação das águas subterrâneas na região antes e depois da ocupação dos condomínios residenciais.

Águas subterrâneas fazem parte do ciclo hidrológico e são um recurso imprescindível para a

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vida e integridade dos ecossistemas. A água subterrânea resulta da infiltração da água que provém da precipitação e da alimentação direta dos rios e lagos, e fica localizada na zona saturada do solo. As fontes de poluições dessas águas diferenciam em causa e efeito, podendo ser: uso intensivo de adubos e pesticidas em atividades agrícolas, deposição de lixos urbanos em aterros, construção incorreta de fossas sépticas, deposição de resíduos industriais sólidos e líquidos.

2 – Materiais e Métodos

Os referenciais teórico-metodológicos

propostos para o desenvolvimento da pesquisa foram pesquisas bibliográficas, pesquisa em campo, questionários e análise de EIA/RIMA da região. A proposta metodológica aplicada terá como orientação o PEIR - Pressão, Estado, Impactos e Respostas, que é uma metodologia de análise dos dados ambientais para caracterizar a região do estudo. As pressões ambientais geram impactos e alteram o estado e a qualidade do meio ambiente. As respostas referem-se à políticas e ações adotadas para reverter o estado alterado do meio ambiente (RQMA 2013).

Utilizada na maioria dos relatórios sobre o estado do meio ambiente de diversos países, a metodologia DPSIR permite retratar, de forma didática e objetiva, as condições ambientais de determinado espaço em um recorte temporal específico.

3 - Caracterização do Estudo 3.1 - Desenvolvimento Urbano

De acordo com o site significados:

Urbanização é o processo de afastamento das características rurais de um lugar ou região, para características urbanas. Geralmente, está associada ao desenvolvimento da civilização e da tecnologia.

Na segunda metade do século XX houve um grande avanço no desenvolvimento urbano. Essa concentração da população em espaços reduzidos produziu grande competição pelos mesmos recursos naturais (solo e água), destruindo parte da biodiversidade natural (PAVIANI 2011). No entanto, para garantir qualidade de vida da população é essencial manter o meio ambiente conservado e garantir a renovação do recurso. O desenvolvimento urbano de maneira desordenada tem gerado grandes impactos para o meio ambiente.

3.2 – Processo de Urbanização - Brasília

Planejada por Lucio Costa, a história da

organização sócio-espacial de Brasília inicia-se em 1950 com a decisão do presidente Juscelino

Kubitschek de incluir em seu “Plano de Metas” a transferência da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central.

Desde o inicio de sua fundação, o governo de Juscelino já enfrentava problemas com empreiteiros, políticos e problemas estruturais, pois a população, na época, também queria partilhar desse sonho, ocasionando assim uma crescente demanda de pessoas na região. Em 1956 foram criados o “Catetinho” e o primeiro núcleo de apoio a “Cidade Livre”, sendo denominada posteriormente como Núcleo Bandeirante. Brasília foi projetada para ser a nova sede do governo federal, sendo moradia apenas da alta sociedade e de pessoas ligadas ao poder (PAVIANI 2006). As cidades satélites foram criadas para abrigar operários, funcionários públicos e comerciários. Dessa forma, visando desafogar o crescimento populacional no Centro da Cidade, foram criadas as periferias ao redor do Plano Piloto, cidades satélites conhecidas como Taguatinga, Cruzeiro, Núcleo Bandeirante, Gama, Guará, Sobradinho, Ceilândia e outras. Com o surgimento dessas cidades, veio também o surgimento de inúmeros problemas com a urbanização e problemas estruturais. (PAVIANI 2011) Além dos assentamentos levados a cabo pelo Governo do Distrito Federal – GDF, associados ou não ao setor privado, há os “condomínios urbanos”, que fragmentaram o território do DF.

Alguns desses condomínios surgiram na década de 1970 como “condomínios rurais”, e ofereciam chácaras e sítios. Muitos desses empreendimentos são ilegais e frutos de grilagem de terras. Com a crescente população surgiram problemas como ocupações desordenadas e irregulares, comprometendo áreas que deveriam ser protegidas ambientalmente.

Os recursos que mais sofrem com o uso e ocupação irregular do solo são as bacias hidrográficas presentes na região.

3.3 – Bacias Hidrográficas

Bacias hidrográficas são regiões em que a

chuva ocorrida em qualquer ponto drena para a mesma seção transversal do curso-d’água.

São áreas de captação natural das precipitações, que fazem convergir os escoamentos para um único ponto de saída: o exutório.

Para se caracterizar uma bacia, é necessário levar em conta três situações:

Curso d’água; Seção transversal de referência (exutório); Informações de topografia.

3.4 – Bacias Hidrográficas Brasília e Entorno

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Segundo o Ibram (Instituto Brasília Ambiental), no Distrito Federal encontram-se as seguintes bacias hidrográficas:

Bacia do Descoberto; Bacia do São Bartolomeu; Bacia do Rio Preto; Bacia do Rio Maranhão; Bacia do Rio Corumbá; Bacia do Rio São Marcos e; Bacia do Paranoá, esta está com uma área

mais densamente ocupada dentro do Distrito Federal. É um fruto do próprio planejamento de Brasília, a situação dos tributários e o próprio lago se prestam a excelentes indicadores da qualidade

ambiental da parte mais significativa deste sítio urbano.

Em que pese favoravelmente a existência de duas estações de tratamento de esgotos (ETE), Sul e Norte, ligações clandestinas de esgoto e de drenagem pluvial têm provocado a redução da qualidade das águas de modo significativo em algumas partes do lago. Na figura 1 é possível visualizar as bacias da região

Figura 1 - Bacias nacionais e Sub-Bacias no Distrito Federal (CBH Paranoá

3.5 - Águas Subterrâneas

Dentro da hidrologia, classificam-se como

águas subterrâneas a ocorrência, movimentação e distribuição de água na porção subterrânea da terra, ou seja, toda parcela de água encontrada no solo. Os reservatórios subterrâneos de água são de fundamental importância para os recursos hídricos e representam mais de 90% da água doce no mundo. 6 - Águas Subterrâneas no mundo

A distribuição das Águas Subterrâneas pode ser

relativamente 10 vezes mais abundante do que as Águas superficiais. Segundo a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, a reserva possui um volume aproximado de 10.360.230km³. Alguns especialistas estimam que as águas subterrâneas possam chegar a 60 milhões de m³. Apesar de apresentar uma grande abundância, existe hoje uma grande dificuldade na sua captação, uma vez que esse recurso encontra-se em grandes profundidades, o que pode impossibilitar seu uso. A figura 2 demonstra a distribuição das águas doces no planeta.

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Figura 2 – Distribuição Relativa das Águas Subterrâneas no Planeta (Adaptado de SRH 2000)

3.7 – Águas Subterrâneas no Brasil

No Brasil, as reservas de águas subterrâneas são estimadas em 112.000km³.

A exploração dessas águas está condicionada a três fatores:

Quantidade: Intimamente ligada à condutividade hidráulica e ao coeficiente de armazenamento dos terrenos;

Qualidade: Influenciada pela composição das rochas, condições climáticas e renovação das águas;

Econômico: Esse último fator dependerá diretamente da capacidade de bombeamento do aquífero e a sua profundidade. A figura 3 apresenta as reservas de águas subterrâneas do Brasil.

Figura 3 – Províncias e Sub-províncias Hidrogeológicas do Brasil (MMA)

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3.8 - Águas Subterrâneas no Distrito Federal

A região do Distrito Federal é amplamente dominada por aquíferos fraturados e fissurados, recobertos por solos e rochas alteradas com características físicas e espessuras variáveis (que, em conjunto, compõem sistemas aquíferos Inter-granulares). O Distrito Federal está localizado em um alto regional que não apresenta grandes drenagens superficiais, sendo um divisor natural de três grandes bacias hidrográficas. Por esse motivo, as águas subterrâneas têm função estratégica na manutenção de vazões dos cursos superficiais e no abastecimento de núcleos rurais, urbanos e condomínios situados fora do sistema integrado de abastecimento da Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília – CAESB.

A geologia da região é caracterizada por rochas metamórficas e podem ser observados três grandes grupos de aquíferos: os de domínio poroso, os fraturados e os fissuro-cárstico.

Por ter grandes variações litológicas dentre as unidades geológicas presentes na região, a caracterização mais precisa dos vários sistemas aquíferos tem sua subdivisão caracterizada em subsistemas que evidenciam a real diversificação dos domínios, sistemas e subsistemas aquíferos. No Distrito Federal são encontrados quatro Sistemas Aquíferos: Canastra, Paranoá, Araxá e Bambuí. Estes grupos pertencem aos Aquíferos de domínio Fraturado. Na figura 4 podemos visualizar a localização dos aquíferos do DF.

Figura 4 – Águas Subterrâneas no DF ( Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste/CRCN-CO

4 - Importância das águas subterrâneas / Usos Múltiplos

As águas subterrâneas em geral,

abastecem rios e lagos, e seus poços, quando bem construídos e protegidos, auxiliam a saúde da população, gerando assim um grande envolvimento social.

Os usos múltiplos das águas subterrâneas são crescentes: Abastecimento; Irrigação;

Balneoterapia;

Engarrafamento de águas minerais e potáveis de mesa e outros.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (Recursos Naturais e Meio Ambiente, 1998) estima-se que 51% do suprimento de água potável sejam originados do recurso hídrico subterrâneo. 5 - Impactos Ambientais em Águas Subterrâneas

As águas subterrâneas são naturalmente

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mais protegidas contra a poluição do que as águas superficiais, porém, o seu processo de despoluição/descontaminação é bem mais oneroso e lento.

Existem vários problemas relacionados com a infraestrutura de água em regiões urbanizadas. Dentre esses problemas destacam-se a falta de tratamento de esgoto, a ocupação do leito de inundação ribeirinha, a impermeabilização e canalização de rios urbanos com aumento da vazão de cheia (sete vezes) e sua frequência, a deterioração da qualidade da água por falta de tratamento dos esgotos, a falta de conhecimento da população e dos profissionais de diferentes áreas, que não possuem informações adequadas sobre os problemas e suas causas.

As principais fontes de contaminação dos aquíferos no DF são de origem sanitária (esgotamento sanitário), agropecuária (uso de agrotóxico), do setor de serviços (postos de gasolina, garagens e efluentes) e industrial (efluentes e resíduos sólidos).

6 – Impactos Ambientais ocorridos na região do DF Contaminação por postos de gasolina: O caso do Auto Posto Brazuca

O Brazuca Auto Posto está localizado na

Região Administrativa de Sobradinho/DF. Em 2002 o posto causou danos ambientais na Área de Proteção Ambiental (APA), em Sobradinho (DF). O posto foi responsável pelo derramamento de combustíveis, o que ocasionou a contaminação dos solos e lençóis freáticos localizados na Área de Proteção Ambiental, além de danos materiais às comunidades próximas. Contaminação por Lixão a céu aberto: O caso do Lixão do Jóquei Clube

O lixão/aterro do Jóquei está em

funcionamento desde 1960. Devido ao progressivo crescimento populacional no Distrito Federal, aprodução de lixo, até 2001, chegava a 2 toneladas por dia e, segundo o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), 90% desse lixo é depositado a mais de 30 anos no Aterro do Jóquei Clube de Brasília. O lixo é depositado diretamente no solo, a céu aberto, causando sérios danos ambientais. O acúmulo de lixo produz chorume, que, ao ser absorvido pelo solo, contamina e polui as águas subterrâneas, sendo a causa de maus odores e poluição visual. Além de ser considerado, também, um problema de saúde pública, pois o aterro acarreta a proliferação de transmissores de doenças, como insetos e ratos. 7.2 – A construção do Setor Habitacional Jardim Botânico

Sua construção foi de responsabilidade do

GDF, em conjunto com a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal – Terracap. Durante a sua construção, foi exigida em seu licenciamento ambiental a elaboração de um EIA/RIMA, analisando todos os impactos gerados na construção desse empreendimento. A Terracap contratou a NCA Engenharia, Arquitetura e Meio Ambiente LTDA para a elaboração do documento, que foi desenvolvido em 1997 e teve como objetivos: análise dos aspectos referentes à legislação ambiental; análise da proposta urbanística; diagnóstico ambiental dos meios biológicos e físicos; uso e ocupação do solo; e estrutura populacional. O EIA foi apresentado em 10 capítulos e composto por 3 volumes. Figura 5 – Localização do Jardim Botânico (Google Earth)

7.3 – Caracterização e localização do SHJB

A área de estudo localiza-se na Região Administrativa de São Sebastião – RA XIV, é delimitada por duas vias que permitem a interação entre as áreas do entorno: DF 001 (EPCT) e DF 035 (EPCV), e encontra-se na porção sudoeste da bacia do São Bartolomeu, região central do Distrito Federal.

Até 2010, viviam oficialmente na região 23 mil moradores (GDF). Na época da elaboração do EIA/RIMA, o local contava com 14 condomínios, entretanto, atualmente, existem cerca de 23 condomínios, dentre os quais nem todos são regulares. 7.4 – Águas Subterrâneas do SHJB

O Distrito Federal, como já dito no item 3

(três) dessa pesquisa, é dividido em domínio poroso e fraturado. Na região do SHJB podemos encontrar os 2 tipos desses domínios, sendo o domínio fraturado considerado o mais importante para abastecimento. Nesse domínio encontram-se os sistemas aquíferos Canastra, Paranoá, Bambuí e Araxá.

A captação de águas subterrâneas é realizada pela Caesb – Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito federal, e é feita através de poços tubulares profundos. De acordo

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com o EIA/RIMA de 1997, os aquíferos da região tinham uma capacidade de produção limitada.

Segundo a Gerência de Recursos Hídricos e Segurança de Barragem – PRHR e Assessoria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, na região do SHJB, atualmente, existem 44 poços tubulares – 10 ativos e 34 inativos. Todos esses poços são gerenciados pela Caesb, mas a companhia informou que essa quantidade de poços não abastece todos os condôminos, sendo assim, grande parte dos moradores têm abastecimento próprio.

Além das redes de abastecimento via Poços Tubulares, a Caesb atende a maioria da área urbana do Distrito Federal com água proveniente de cinco sistemas produtores. Esses sistemas são constituídos de captações superficiais e subterrâneas, e têm capacidade total para produzir 9443 l/s, abastecendo 98,2% da população.

A figura 6 demonstra como é feita a distribuição dos sistemas de abastecimento nas cidades do DF. Conforme ilustrado no mapa, a área de estudo Setor Habitacional Jardim Botânico é abastecida pelos Sistemas Produtores do Torto e Santa Maria. O monitoramento da captação desses sistemas é realizado pela Caesb, que segue as determinações da Resolução Conama 357/2005.

Figura 6 – Sistema Produtor de Água no Distrito Federal (Caesb)

Outorga

Outorga, instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei nº 9433/97, tem a função de “autorização” para a utilização e captação de determinada quantidade de água ou lançamento de efluentes em condições limitadas, ou seja, a outorga é necessária para garantir o direito ao uso da água por empresas interessadas, desde que as condições de uso sejam estabelecidas. De acordo com Lei nº 9433 de 1997:

“O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da

água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água”.

De acordo com a lei 9.984 de 2000, compete à Agência Nacional de Águas – ANA outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União.

No Distrito Federal, a Adasa – Agencia Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal – também é responsável por conceder e gerenciar outorgas.

No caso dos Condomínios Residenciais do Jardim Botânico, para o abastecimento público e outras atividades, é necessária a captação de águas, sejam superficiais e/ou subterrâneas. Sendo assim, as outorgas têm um papel fundamental no Plano de Gestão Ambiental da região. As Outorgas atuam como medida de controle, acompanhamento e monitoramento da disponibilidade hídrica dos corpos hídricos ali encontrados. Além disso, em se tratando de condomínios residenciais, as Outorgas são de fundamental importância para as atividades de lançamento de esgoto e demais resíduos líquidos, tratados ou não, lançados em corpos hídricos, com o objetivo de mitigar a contaminação das águas.

Figura 7 – Outorga de uso de Recurso Hídrico (Adasa)

8 – Qualidade das Águas Subterrâneas do SHJB

Segundo o EIA/RIMA da área de estudo, na época se comprovava a qualidade das águas subterrâneas somente através de análises de potabilidade, e os resultados eram tidos sempre como satisfatórios. O estudo analisa que os valores de produção eram considerados baixos e que o abastecimento através dos poços tubulares somente seria considerado razoavelmente seguro, tanto em termos de quantidade como qualidade, enquanto o Setor Habitacional estivesse ocupado de forma menos densa. Analisando o futuro, quando todo o setor estiver ocupado, será necessária a instalação de, pelo menos, 50 poços tubulares para atender a demanda exigida.

Segundo Relatório da Qualidade da Água Distribuída pela Caesb em 2014, foi utilizada água de 24 mananciais superficiais e 119 subterrâneos -

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poços tubulares profundos para o abastecimento de água no Distrito Federal.

A Caesb realiza o monitoramento das captações de águas seguindo as determinações da Resolução Conama 357/2005, que diz:

“Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”.

Para a caracterização da qualidade da água “in natura” dos mananciais utilizados ou com possibilidade futura de utilização, a Caesb utiliza o IQA (Índice de Qualidade da Água), que permite uma avaliação sistemática e simplificada das condições bacteriológicas e físico-químicas de um corpo d´água. O controle de qualidade é realizado em todas as etapas de produção, desde a captação até a entrada na residência do cliente. O monitoramento é diário e é de responsabilidade do Laboratório Central da Caesb. Os parâmetros utilizados para a caracterização da qualidade da água são: “Cor, Turbidez, Cloro Residual Livre, Coliformes Totais e Escherichia Coli”. De acordo com os parâmetros que são analisados com frequência, no ano de 2014 não foram obtidos resultados fora dos padrões nas amostras coletadas na saída das Unidades de Tratamento e/ou na rede de distribuição. 9 – Impactos Ambientais sobre ás Águas Subterrâneas no SHJB

Segundo o EIA/RIMA, os Recursos Hídricos eram considerados fatores indispensáveis para definição da viabilidade do empreendimento. O Distrito Federal está situado em região de nascentes de drenagem, sendo assim, os mananciais que passavam pela área do empreendimento ficariam comprometidos.

Impactos levantados no EIA/RIMA – 1997: Falta de Saneamento básico para os

moradores; na época, seriam adotadas fossas sépticas ou sumidouros;

Contaminação do Lençol Freático por lançamento de efluentes sobre os rios da região;

Desmatamento, pois reflete negativamente na qualidade e quantidade da água uma vez que reduz as infiltrações no solo, prejudicando a renovação dos aquíferos;

Movimento de Terra, que pode acarretar o surgimento de processos erosivos;

Instalação e construção de equipamentos comunitários e instalação de infraestrutura urbana, que impactam diretamente na quantidade e qualidade de água, pois a impermeabilização do solo diminui a infiltração, reduzindo a reserva renovável, além de assoreamento dos corpos hídricos;

Perda da capacidade de escoamento superficial; Os impactos ambientais levantados na fase

de implantação do empreendimento não são muito diferentes nos dias atuais. Na época do Estudo, o Setor Habitacional Jardim Botânico contava com 14 condomínios residenciais. Atualmente existem 23 condomínios instalados, ou seja, os impactos avaliados em 1997 atingem, hoje, maiores proporções em razão do crescimento populacional desenfreado e do processo de urbanização da região. Com o avanço da tecnologia, é possível destacar que essas pressões impactam diretamente na qualidade da água, ocorrendo, em parte, contaminação dos corpos hídricos. 10 – Procedimentos do estudo

O planejamento adotado para confecção do trabalho ficou estabelecido conforme atividades relacionadas abaixo:

1- Pesquisa de material bibliográfico que irá embasar fundamentos;

2- Revisão de leitura; 3- Seleção do material pesquisado; 4- Levantamento de outros fatores sobre o

assunto; 5- Pesquisa de campo na área de estudo; 6- Análise e manuseio dos dados

coletados; 7- Redação do Trabalho de Conclusão de

Curso;

11 - Instrumentos Para o desenvolvimento do trabalho, foram

utilizados alguns instrumentos de fundamental importância para alcançar os objetivos esperados.

Uma entrevista foi desenvolvida visando identificar a percepção dos moradores do SHJB referente aos problemas ambientais existentes na região. As perguntas foram estruturadas de modo a se obter do entrevistado o seu grau de conhecimento referente a qualidade da água, saneamento básico, problemas com a urbanização, e participação e/ou conhecimento em estudos de impactos ambientais realizados nos condomínios. A pesquisa foi trabalhada por acessibilidade devido às condições de acesso aos entrevistados. As informações cedidas pela Caesb, através da Gerência de Recursos Hídricos e Segurança de Barragem – PRHR e Assessoria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, contribuíram para o enriquecimento dos resultados da pesquisa, onde foi possível ter acesso a dados de grande significância referentes à disponibilidade e qualidade hídrica da região.

12 - Resultados e Discussão

Os resultados obtidos com a pesquisa são baseados em amostragem. Na área de estudo,

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com base nos relatórios “Resultados na Rede de Distribuição e Síntese por sistema de Abastecimento e Qualidade da Água Distribuída”, foi possível identificar que todas as amostras coletadas para análise de qualidade da água estão dentro dos parâmetros exigidos, não contendo níveis de contaminação. O quadro 01 desse trabalho detalha os resultados obtidos das análises realizadas no mês de março de 2015, fornecidos pela Caesb. No entanto, no SHJB, já houve indícios de contaminação do lençol freático. Quando a captação das águas subterrâneas ocorre de maneira adequada, geralmente não se tem custos com a Clarificação, Tratamento ou Purificação, pois os processos biogeoquímicos e a filtração do subsolo proporcionam um alto nível de purificação e potabilidade das Águas (SEMADS/SEINPE 2001). A própria pressão natural da água é capaz de levá-la a superfície, desse modo, os Poços Tubulares são a melhor opção para a captação das águas subterrâneas. Para garantir uma melhor produtividade e um aumento da vida útil dos poços, é necessário que a sua construção seja bem planejada. Deve-se levar em conta as normas de Construção de Poços (NB 588 - Projeto de poço para captação de água subterrânea, e NB 1290 - Construção de poço para captação de água subterrânea). Além das normas, outros fatores importantes são a localização dos poços, que devem ser em locais onde são geradas as demandas, a construção adequada, eficiência na operação e obtenção de um plano de manutenção eficiente. Um dos benefícios dessa tecnologia são os prazos de execução das obras de captação, que são relativamente curtos – da ordem de dias até alguns meses. Os investimentos, em geral, são relativamente pequenos. Segundo o Relatório Sinopse dos Poços da Caesb em Áreas Urbanas – 2012, em dezembro de 2008 alguns poços ficaram fora de operação devido a problema de Qualidade da Água, e em 2010 estes poços saíram em definitivo de operação.

De acordo com as entrevistas realizadas, foi possível identificar que alguns condomínios adotam práticas sustentáveis visando a mitigação de impactos nos recursos naturais. Alguns condomínios utilizam tijolos de concreto em suas construções, que permitem a absorção de águas pluviais, e exigem um mínimo de 30% de área verde em cada lote. Tendo como objetivo uma consciência ambiental, alguns condomínios já destituíram alguns lotes por haver nascentes e adotaram as mesmas. A percepção dos moradores quanto a contaminação de águas subterrâneas se mostra preocupante, a maioria dos condomínios trata seus esgotos através de fossas que ficam próximas aos lençóis freáticos, possibilitando uma incidência de contaminação. Os moradores sugerem a substituição das fossas por redes de tratamento de esgoto. Mesmo com estes contratempos, os moradores do Setor

Habitacional avaliam como ótima a qualidade da água para abastecimento público. De acordo com o EIA/RIMA realizado em 1997, era prevista para abastecimento público a quantidade de 50 poços tubulares. Atualmente a região conta somente com 10 poços ativos. Nota-se que o sistema de abastecimento do SHBJ não acompanhou o crescimento dos condomínios, sendo assim, há um grande déficit no abastecimento. Tal situação obriga os moradores a terem o seu próprio abastecimento, que, em muitos casos, ainda ocorre de maneira irregular. A Caesb impulsionou nos últimos anos a utilização de águas subterrâneas através da captação por poços tubulares. Esses poços têm, em média, 200 a 250 metros de profundidade e foram doados à Caesb.

A busca pela utilização dos poços se deu pela descoberta de aquíferos de alta produtividade e pela baixa na demanda das captações superficiais na região. A partir de 2003, a Caesb passou a incorporar dentro da sua rede os sistemas de abastecimento de água dos condomínios residenciais que surgiram nas áreas urbanas na década de 90, a maioria dos poços já eram tubulares e profundos.

A figura 8 mostra a evolução da produção de águas subterrâneas para abastecimento público pela Caesb. O aumento da produção entre 1998 e 2000 se dá em função do aumento da explotação de água na região de São Sebastião . De 2003 a 2007 houve um aumento progressivo em razão da operação de novos sistemas dos condomínios que foram incorporados à Caesb. Entre os anos de 2008 e 2012, o acréscimo se deu pela adoção de novas tecnologias de medição (entre as quais o método eletromagnético) dos reservatórios e com a evolução contínua dos poços de São Sebastião e Papuda (Sipoços 2012). Figura 8 – Produção de Águas Subterrâneas da Caesb (Sipoços 2012

A figura 9 demonstra os valores de produção de águas subterrâneas da região. É possível notar uma elevada queda de produção a partir do ano de 2007. Isso se dá em razão da desativação de alguns poços nos condomínios e do aumento da captação de águas superficiais. De 2008 a 2013, poços continuaram a ser desativados e o uso de águas superficiais aumentaram. No ano de 2012, somente os poços de 4 condomínios estavam em operação.

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Figura 9 – Produção de Águas Subterrâneas no Jardim Botânico (Sipoços 2012)

Na figura 10 é mostrado o mapa geral de localização dos poços tubulares da Caesb em áreas urbanas. O poços destacados em vermelho correspondem aos poços localizados no Setor Habitacional do Jardim Botânico. O local conta com 44 poços. Atualmente estão em funcionamento somente 10 poços, os demais estão inativos e fora de operação.

Figura 10 – Mapa geral da localização dos Poços Tubulares da Caesb (Sipoços 2012)

13 - Conclusão

O Recurso Hídrico Subterrâneo do Distrito

Federal deve ser utilizado de forma estratégica e para objetivos específicos. Com o estudo realizado foi possível identificar os impactos que ocorrem nas águas subterrâneas do SHJB, analisar as causas e proporções dos impactos sobre as águas subterrâneas e comparar a situação das águas subterrâneas na região antes e depois da ocupação dos condomínios residenciais.

A principal finalidade das águas subterrâneas é, hoje, a sua utilização para o abastecimento público. Destaca-se, portanto, a grande importância para a proteção sanitária dos poços tubulares profundos. Os resultados obtidos com a pesquisa levam a crer que, atualmente, os principais fatores que impactam diretamente sobre o lençol freático são a ocupação urbana, os loteamentos irregulares, a falta de tratamento adequado para o esgoto doméstico, e os desmatamentos. Esses fatores potencializam os impactos ambientais da região. Essas pressões impactam diretamente nos corpos hídricos, principalmente nos aquíferos que são, em parte, a grande fonte de abastecimento da região.

Atualmente, parte dos condomínios trata o seu esgoto com fossas sépticas, que, se não monitoradas e bem construídas, podem contaminar o lençol freático. Em geral, as fossas

são construídas próximas aos poços tubulares. Destaca-se que a Qualidade da Água do Jardim Botânico é considerada ótima, tanto pelos resultados das análises realizadas pela Caesb quanto pela percepção dos moradores. No entanto, há registros de má qualidade da água fornecida por alguns poços (SIPOÇOS 2012). Essa situação põe em alerta a necessidade de acompanhamento e monitoramento dos aquíferos.

O Estudo de Impacto Ambiental da Região, realizado em 1997, aponta que os impactos analisados eram de pequena relevância, pois a previsão do estudo considerava que o SHBJ teria uma área menos densa. No entanto, é importante relatar que o avanço populacional e a urbanização ocorreram de uma maneira descontrolada na região. O único Estudo Ambiental realizado no local foi feito há 18 anos, e atualmente não há uma avaliação dos impactos que ocorreram e ocorrem até os dias de hoje.

O estudo ambiental não acompanha o crescimento populacional da região, o que dificulta a análise do estado atual, a avaliação dos impactos e as possíveis respostas. Analisando toda a série histórica do sistema produtor de poços da Caesb, entende-se que, quando bem implantados e implementados, os poços tendem a atender a população em crises hídricas e a garantir a recarga e manutenção dos aquíferos.

O aumento da demanda pela água superficial e subterrânea está relacionado diretamente ao aumento populacional em regiões fora do alcance do sistema de abastecimento da Caesb. A captação das águas por meio de poços tubulares é considerada viável, tanto no ponto de vista econômico como ambiental. Os poços podem garantir o uso correto das águas e proporcionar um elevado nível qualidade. Atualmente os principais impactos ocorridos na região são causados pelo crescimento demográfico que ocorre sem planejamento. Diante da situação, uma das respostas que podem ser adotadas para mitigar os impactos é aumentar a oferta de poços em operação para atendimento da demanda populacional existente na região. O mau uso e a ocupação inadequada do solo determinam a necessidade de desenvolvimento de novas práticas de gestão dos sistemas aquíferos. 14 – Agradecimentos

Ao Professor Doutor João Batista Drummond Câmara, pela atenção, dedicação e conhecimento compartilhado para a construção deste trabalho;

Aos Professores da Instituição, pelo aprendizado, compreensão e apoio proporcionados durante toda a etapa de graduação;

Aos órgãos Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), pela disponibilização

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de documentos solicitados; Aos residentes no Setor Habitacional Jardim

Botânico, pela solicitude em contribuir com a pesquisa;

À minha família, pelo carinho, paciência e suporte no decorrer de minha formação; E a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste projeto.

15 – Referências Bibliográficas ABAS - Águas Subterrâneas. Disponível em http://www.abas.org/educacao.php Acesso em 04/2015. Ambiente Brasil – Águas Subterrâneas. Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/aguas_subterraneas.html Acesso em março/2015 BIBLIOTECA DO IBRAM (Brasília) - Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental 1997.

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CAESB - Sinopse dos Poços da Caesb em Áreas Urbanas. Brasília. Edições Caesb 2012

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16 – Anexos

Quadro 1 - Resultados na Rede de Distribuição – Relatório Síntese por Sistema de Abastecimento (Caesb/2015)

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Quadro 2 - Qualidade da Água Distribuída – (Caesb/2015)

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Quadro 3 - Localização dos Poços do SHJB (Sipoços 2012)

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Quadro 4 - Dados técnicos dos Poços do Jardim Botânico (Sipoços 2012)

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Figura 11 – Fotos dos poços Tubulares no Jardim Botânico

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Figura 12 – Fotos dos poços Tubulares no Jardim Botânico