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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA MESTRADO EM ECONOMIA EMPRESARIAL E FINANÇAS FILIPE BORDALO DI LUCCIO IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O VALOR DE MERCADO DE EMPRESAS NO BRASIL Rio de Janeiro 2019

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA

MESTRADO EM ECONOMIA EMPRESARIAL E FINANÇAS

FILIPE BORDALO DI LUCCIO

IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE

O VALOR DE MERCADO DE EMPRESAS NO BRASIL

Rio de Janeiro

2019

FILIPE BORDALO DI LUCCIO

IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O VALOR

DE MERCADO DE EMPRESAS NO BRASIL

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Escola de Pós-Graduação em Economia da

Fundação Getulio Vargas como requisito parcial

para obtenção do grau de Mestre em Economia

Empresarial e Finanças.

Área de concentração: Finanças.

Orientador: Dr. Rafael Chaves Santos

Rio de Janeiro

2019

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas/FGV

Di Luccio, Filipe Bordalo

Impactos da governança corporativa sobre o valor de mercado de empresas no Brasil / Filipe Bordalo Di Luccio. – 2019.

78 f.

Dissertação (mestrado) - Fundação Getulio Vargas, Escola de Pós-Graduação em Economia. Orientador: Rafael Chaves Santos. Inclui bibliografia. 1. Governança corporativa. 2. Gestão de empresas. 3. Empresas – Avaliação. I. Santos, Rafael Chaves. II. Fundação Getulio Vargas. Escola de Pós-Graduação em Economia. III. Título. CDD – 338.7

Elaborada por Márcia Nunes Bacha – CRB-7/4403

RESUMO

A governança corporativa tem sido objeto de debates, leis, regulamentos e trabalhos

acadêmicos, especialmente após os escândalos corporativos ocorridos no início dos anos

2000. É fundamental que se relacione este tema com o valor de mercado das ações das

empresas que efetivamente implementam mecanismos eficientes de governança corporativa.

O estudo em tela visa estabelecer essa ponte no mercado brasileiro, a partir da construção de

variáveis identificadoras de padrões de governança corporativa, incluindo tipo de controle

acionário. Essas variáveis são objeto de regressões para explicar retornos, valor de mercado e

custo de capital. Os resultados encontrados revelam que companhias que se dedicam a

melhorar suas práticas de governança corporativa apresentam maiores retornos esperados das

ações de sua emissão, maior valor de mercado e menor custo de capital próprio. Além disso,

empresas estatais e, em menor medida, corporations são tidas como empresas de governança

inferior, na medida em que apresentam menor retorno esperado, menor valor de mercado e

maior custo de capital, em comparação às empresas com controlador privado definido.

Palavras-chave: governança corporativa, valor de mercado, empresas estatais, corporations,

custo do capital próprio.

ABSTRACT

Corporate governance has been the object of debates, laws, regulations e academic

production, especially after the corporate scandals occurred in the beginning of the 2000’s. It

is essential to relate this subject to the market value of the companies that effectively

implemented efficient mechanisms of corporate governance. This study aims to stablish that

relation in Brazilian market, through the construction of variables that are able to identify

patterns of corporate governance, including the type of share control. These variables are used

in regressions to explain returns, market value and cost of capital. The results reveal that

companies that are making efforts to improve their practices of corporate governance show

greater returns of its shares, greater market value and lower cost of capital than others. In

addition, state-owned enterprises and, to a lesser extent, corporations, with no identifiable

controller shareholder, show the same results as companies with precarious patterns of

corporate governance, since they present lower returns, lower market value and higher cost of

capital.

Key words: corporate governance, market value, state-owned companies, corporations, cost

of capital.

Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 7

2 CONCEITOS RELACIONADOS À GOVERNANÇA CORPORATIVA ................................... 8

3 DESEMPENHO DE AÇÕES NO MERCADO FINANCEIRO .................................................. 17

3.1 CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM) ......................................................................................... 17

3.2 MODELO MULTI-FATOR ...................................................................................................................... 19

3.3 ARBITRAGE PRICING THEORY (APT) .................................................................................................. 19

3.4 ANOMALIAS DE MERCADO .................................................................................................................. 21

3.5 MODELO DE 3 FATORES ...................................................................................................................... 22

3.6 PRÁTICAS DE MERCADO ...................................................................................................................... 25

3.7 ESTUDOS PRECEDENTES SOBRE EFEITOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O COMPORTAMENTO

DOS PREÇOS DE AÇÕES ....................................................................................................................................... 26

4 DADOS ............................................................................................................................................. 32

5 CONSTRUÇÃO DE VARIÁVEIS ................................................................................................. 35

5.1 VARIÁVEIS FINANCEIRAS .................................................................................................................... 35

5.2 VARIÁVEIS ASSOCIADAS AO TIPO DE CONTROLE ................................................................................. 36

5.3 VARIÁVEIS ASSOCIADAS À GOVERNANÇA CORPORATIVA .................................................................... 37

5.4 VARIÁVEIS RELACIONADAS À ESTIMATIVA DO CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO ....................................... 39

6 RESULTADOS EMPÍRICOS ........................................................................................................ 40

6.1 CAPM E MODELO DE FAMA E FRENCH (1992) ................................................................................... 40

6.2 IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE RETORNOS ........................................................... 41

6.3 IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O VALOR DE MERCADO ........................................ 44

6.4 IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO ............................. 52

7 CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 56

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 60

ANEXO: INFORME SOBRE O CÓDIGO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA 64

7

1 Introdução

O objetivo deste trabalho é estudar o impacto de aspectos de governança corporativa

sobre o desempenho de ações no mercado brasileiro, em termos de retorno, valor de mercado

e custo de capital.

Conforme será apresentado, boas práticas de governança corporativa implicam o aumento

do retorno esperado das ações de emissão das empresas que as implementam, bem como sua

apreciação em termos de valor de mercado e, por fim, a redução do seu custo de capital

próprio. Esses resultados são encontrados por meio de regressões lineares multivariadas e são

coerentes com as conclusões de estudos precedentes no mercado norte-americano e no Brasil.

O trabalho parte do estudo de conceitos relacionados à governança corporativa (Seção 2)

e a modelos que buscam explicar retornos a partir de fatores de risco (Seção 3). Em seguida, é

selecionada uma amostra de ações no mercado brasileiro para estudo (Seção 4) e são

construídas variáveis de interesse para a análise desejada (Seção 5). Os resultados das

regressões são, então, apresentados de forma ampla (Seção 6). Por fim, na conclusão (Seção

7), busca-se construir a relação entre esses resultados encontrados e os modelos apresentados

na Seção 3, bem como discutir a existência de possíveis falhas de mercado quanto à

percepção pelos investidores acerca da adoção de boas práticas de governança corporativa

pelas companhias.

8

2 Conceitos relacionados à Governança Corporativa

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) (CÓDIGO..., 2015) assim

define o conceito de Governança Corporativa:

Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações

são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre

sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e

demais partes interessadas.

As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em

recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e

otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a

recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua

longevidade e o bem comum.

De modo geral, segundo Gitman (2010, p. 14), os sistemas de governança definem os

poderes e deveres de cada agente da empresa e de seus acionistas; as regras e procedimentos

para a tomada de decisão; a estrutura por meio da qual se desenvolvem e se implementam as

estratégias; os critérios de medição de desempenho dos agentes; e os esquemas de

remuneração.

Ainda segundo o IBGC, o conceito de governança corporativa se apoia sobre quatro

princípios básicos: (i) Transparência: disponibilização para as partes relacionadas de todas as

informações que sejam do seu interesse, além daquelas impostas por leis ou normas, e não se

limitando às demonstrações financeiras; (ii) Equidade: tratamento justo e isonômico de todos

os sócios e demais partes interessadas; (iii) Prestação de contas: obrigação dos agentes de

governança corporativa em relação às partes interessadas, de forma clara, concisa,

compreensível e tempestiva, atuando com diligência e responsabilidade; (iv)

Responsabilidade corporativa: zelo pela viabilidade econômica da companhia, minimizando

externalidades negativas e aumentando as positivas, levando em consideração os diversos

capitais (financeiro, humano, ambiental, reputacional etc.), nos curto e longo prazos.

De acordo com Wells (2010, apud CHEFFINS, 2012, p. 1), a preocupação com a

necessidade de estabelecer corretamente os meios de controle e incentivo dentro de uma

empresa emerge da separação entre propriedade e administração.

Essa característica de distinção entre os dois papéis é uma inovação desenvolvida pelos

holandeses por meio da fundação da primeira organização de capital aberto da história, em

1602, a Vereenigde Oostindische Compagnie (VOC), conhecida na língua portuguesa por

Companhia Holandesa das Índias Orientais (HARARI, 2012, p. 331-332).

9

Antes da VOC, já existia a possibilidade de comprar e vender partes da propriedade de

uma empresa e também já havia um mercado secundário de títulos de crédito público e

privado, porém as empresas eram familiares, no sentido de que seus próprios donos exerciam

a função de administrá-las. Além disso, não havia, até então, um mercado secundário

organizado para a comercialização de ações.

Com a VOC, ocorreu a primeira oferta pública de ações (IPO1) da história e, a partir de

então, inicia-se uma nova fase econômica, em que os proprietários se afastam da empresa, que

passa a ser gerida por terceiros, e, eventualmente, são diluídos a ponto de não mais se poder

identificar o acionista que efetivamente detém o controle da companhia. Esses casos

denominamos “true corporations” ou simplesmente “corporations”.

Essa nova característica permitiu que a VOC obtivesse uma quantidade de recursos

inimaginável à época, que foram utilizados na construção de navios para o comércio com

China, Índia e Indonésia. Harari (2012) descreve:

A Indonésia é o maior arquipélago do mundo. No início do século XVII, seus

milhares e milhares de ilhas foram governados por centenas de reinos, sultanatos e

tribos. Quando os comerciantes da VOC chegaram à Indonésia pela primeira vez

em 1603, seu objetivo era estritamente comercial. No entanto, para garantir seus

interesses comerciais e maximizar os lucros dos acionistas, os comerciantes da

VOC começaram a lutar contra potentados locais que cobravam tarifas infladas,

bem como contra concorrentes europeus. [...] Foi só em 1800 que o Estado

holandês assumiu o controle da Indonésia, tornando-a uma colônia nacional

holandesa pelos próximos 150 anos.

A história da VOC não é única; seguiram os mesmos passos a Companhia das Índias

Ocidentais (holandesa) e a Companhia do Mississippi (francesa), dentre outras. O primeiro

ponto em comum entre tais empreendimentos, consequência do modelo de oferta pública de

ações, é o grande volume de recursos que tais empresas conseguem obter de seus acionistas e

financiadores.

A segunda consequência decorrente da segregação entre propriedade e controle é,

segundo Fama e Jensen (1983), a introdução, na gestão dessas empresas, do problema que a

teoria econômica denomina conflito agente-principal, ou teoria de agência. Esse conflito

ocorre quando uma pessoa, o agente, está mandatado a tomar decisões em nome do principal,

ou cujos impactos versarão sobre o principal. O cerne do problema está na motivação primária

1 Do inglês, initial public offering

10

de qualquer indivíduo de agir visando seus próprios interesses, que podem ser diferentes ou

mesmo contrários aos interesses do principal. Esse tipo de situação pode induzir

administradores de empresas a tomar decisões sub-ótimas, do ponto de vista da maximização

da riqueza do acionista, referentes à alocação de capital, à diversificação de risco, à fixação de

remunerações, à escolha de fornecedores, entre outras.

A famosa Bolha do Mississipi ocorrida em 1719 é um exemplo da manifestação do

problema agente-principal. Ainda de acordo com Harari (2012), o diretor-presidente da

Companhia do Mississipi, John Law, também presidente do Banco Central da França, tratou

de propagar histórias fantasiosas sobre as riquezas infindáveis que a companhia teria

encontrado na colonização do vale do Mississipi, bem como sobre as inúmeras oportunidades

de negócio decorrentes dos achados. Com isso, muitos membros da alta sociedade francesa

ficaram ávidos para adquirir ações da tão promissora companhia.

Em poucos meses, o preço de mercado das ações começou a crescer desenfreadamente,

passando de 500 livres, no início do ano de 1719, a 10 mil livres, em 2 de dezembro do

mesmo ano. Os investidores estavam eufóricos e muitos contraíram grandes empréstimos ou

venderam seus bens para comprar mais ações da empresa. Contudo, quando algumas pessoas

perceberam que o preço já estava em patamar irrealista e começaram a vender suas ações, as

cotações começaram a cair e o movimento causou preocupação em outros acionistas, que

então aderiram ao movimento de venda, derrubando ainda mais os preços. A preocupação

virou pânico.

O presidente John Law, em mais uma demonstração do conflito agente-principal, usou

seu poder no Banco Central da França para que esta instituição comprasse ações da

Companhia do Mississipi, a fim de frear o estouro da bolha. Quando se esgotaram as reservas

do banco, as ações despencaram novamente: em poucos dias, passaram a ser negociadas por

centavos. Uma onda de suicídios ocorreu em Paris no período. Adicionalmente, muitas

pessoas se tornaram descrentes em relação ao sistema bancário francês, fazendo com que a

aristocracia e o próprio Rei Luis XV, além de terem perdido parte de sua fortuna na crise,

tivessem crescente dificuldade para obtenção de crédito.

Desse modo, o estouro da bolha repercutiu com tal magnitude sobre as finanças públicas

que a França começou a perder território para os britânicos, cujo sistema financeiro se

desenvolvia e se tornava cada vez mais sofisticado. Nos anos 1780, o orçamento do herdeiro

Luis XVI era insuficiente para o pagamento dos juros da dívida e a insolvência seria iminente.

Em 1789, ele convocou os Estados-Gerais – o parlamento francês, que não se reunia há um

11

século e meio – a fim de encontrar uma solução para a crise; neste contexto, ocorreu a

Revolução Francesa.

A Bolha do Mississipi se repetiu várias vezes na história, com outros atores e contextos,

mas, junto com suas consequências desastrosas, o sistema financeiro aprendeu gradativamente

a se proteger de gestores inescrupulosos. Foram criados diversos mecanismos que buscam

tanto limitar o poder de atuação dos administradores individualmente, quanto promover o

alinhamento de incentivos financeiros. Essa preocupação já constava na obra de Smith (1776,

apud TALEB, 2012): “Dos diretores de tais companhias, porém, sendo administradores do

dinheiro alheio, mais do que do próprio, não se pode esperar que o vigiem tão ansiosamente

quanto os sócios particulares frequentemente vigiam o próprio dinheiro”.

O amadurecimento da compreensão do problema de agência, suas causas, consequências

e mitigadores fez com que, desde o século XX, a maioria das grandes empresas contasse com

uma estrutura complexa, que inclui Conselho de Administração, Diretoria colegiada, Comitê

de Auditoria, Assembleia Geral Ordinária de acionistas etc. Adicionalmente, os mecanismos

de remuneração se sofisticaram, incluindo bônus variável, participação nos lucros, outorga de

opções etc., com o objetivo de promover o alinhamento de interesses entre agente e principal.

O conceito de governança corporativa, com o tempo, se tornou mais abrangente, para

incluir não apenas esses aspectos, mas também, por exemplo, os conflitos de interesse entre o

acionista controlador e os acionistas minoritários, o grau de transparência ideal sobre as

demonstrações financeiras e divulgação de fatos relevantes, a ampliação da influência de

acionistas minoritários sobre a administração da empresa, entre outros.

Embora, conforme foi visto, as discussões abrangidas por este tema sejam antigas, a

expressão “governança corporativa” começou a ser utilizada na década de 1970. O órgão

norte-americano de supervisão de mercados financeiros, a Securities and Exchange

Commission (SEC), utilizou o termo pela primeira vez em 1976, no periódico Federal

Register (OCASIO; JOSEPH, 2005, apud CHEFFINS, 2012), trazendo o conceito para o

universo regulatório, após uma sequência de escândalos em empresas norte-americanas

envolvendo pagamento de propinas a funcionários públicos, especialmente em outros países, e

manipulação de demonstrações financeiras. Nas décadas seguintes, a expressão passou a fazer

parte do vocabulário corporativo, registrada em artigos acadêmicos, leis, sentenças,

normativos, manuais, processos etc.

12

Os debates se intensificaram quando, em 2001, ocorreram grandes escândalos

corporativos envolvendo as empresas Enron2, WorldCom

3 e Tyco

4, que levaram também à

bancarrota a empresa de auditoria externa Arthur Andersen (transformando a famigerada

expressão “big five” em “big four”). Em resposta, foi aprovada, em 2002, nos Estados Unidos,

a Lei Sarbannes-Oxley (SOX), com os objetivos principais de coibir fraudes em relatórios

financeiros e a não divulgação de conflitos de interesse entre a empresa e analistas, auditores,

diretores etc. Dentre os mecanismos implementados na referida lei, destacam-se: o conselho

de monitoramento da contabilidade; procedimentos mais rígidos para auditoria; penalidades

maiores; maiores exigências de divulgação contábil e diretrizes éticas; exigências quanto à

composição dos conselhos; divulgação imediata da negociação de ações da empresa por seus

executivos.

No Brasil, um importante marco foi a edição da Lei 10.303/2001, que alterou

substancialmente a Lei 6.404/76, chamada de “Lei das SA". Parte significativa das alterações

promovidas tem por objeto a melhoria da estrutura de governança corporativa das sociedades

por ações, especialmente aquelas de capital aberto, com foco importante nos conflitos entre

acionista controlador e minoritários. Nesse aspecto, vale mencionar o importante papel

cumprido pela CVM nas últimas duas décadas, no tocante à normatização de aspectos a

respeito dos quais a Lei é silente.

Importante destacar, também, a promulgação da Lei 13.303/2016, chamada de “Lei das

Estatais”, que obriga as empresas públicas e de economia mista, no âmbito da União, Estados

e Municípios, a implementarem em seus Estatutos uma série de procedimentos e

normatizações, além do que é exigido pela Lei 6.404/76, como requisitos mínimos de

transparência, requisitos e vedações para ingresso no cargo de administrador, a criação de

comitês de controle, dentre outros. Nesse caso, o objetivo primordial é coibir o abuso de

poder de controle do Ente Público, de forma a proteger os interesses do acionista minoritário.

A Bovespa também cumpre importante papel no estímulo ao fortalecimento da

governança corporativa em empresas brasileiras. Em primeiro lugar, as empresas cujas ações

são negociadas na Bovespa são classificadas em segmentos de listagem específicos, em

função do padrão de governança que adotam. Caso sejam atendidos requisitos considerados

2 Enron Corporation

3 MCI, Inc.

4 Tyco International Plc.

13

mínimos, além dos legais, a empresa pode ser listada no Nível 15. Caso atinja um grau

superior na escala definida pela Bovespa, pode solicitar que seja listada no Nível 26.

Para as empresas consideradas referência em governança corporativa, existe o segmento

denominado Novo Mercado, no qual se destacam os seguintes requisitos7: (i) O capital deve

ser composto exclusivamente por ações ordinárias com direito a voto; (ii) No caso de

alienação do controle, todos os acionistas têm direito a vender suas ações pelo mesmo preço

(tag along de 100%) atribuído às ações detidas pelo controlador; (iii) Instalação de área de

Auditoria Interna, função de Compliance e Comitê de Auditoria (estatutário ou não

estatutário); (iv) Em caso de saída da empresa do Novo Mercado, realização de oferta pública

de aquisição de ações (OPA) por valor justo, sendo que, no mínimo, 1/3 dos titulares das

ações em circulação devem aceitar a OPA ou concordar com a saída do segmento; (v) O

conselho de administração deve contemplar, no mínimo, 2 ou 20% de conselheiros

independentes, o que for maior, com mandato unificado de, no máximo, dois anos; (vi) A

empresa se compromete a manter, no mínimo, 25% das ações em circulação (free float), ou

15%, em caso de ADTV (average daily trading volume) superior a R$ 25 milhões; (vii)

Estruturação e divulgação de processo de avaliação do conselho de administração, de seus

comitês e da diretoria; (viii) Elaboração e divulgação de políticas de (a) remuneração; (b)

indicação de membros do conselho de administração, seus comitês de assessoramento e

diretoria estatutária; (c) gerenciamento de riscos; (d) transação com partes relacionadas; e (e)

negociação de valores mobiliários, com conteúdo mínimo (exceto para a política de

remuneração); (ix) Divulgação simultânea, em inglês e português, de fatos relevantes,

informações sobre proventos e press releases de resultados; (x) Divulgação mensal das

negociações com valores mobiliários de emissão da empresa pelos e acionistas controladores.

Além disso, a Bovespa cria também índices que refletem o resultado de carteiras teóricas

contendo empresas que se destacam em função do nível de governança adotado. Todos

possuem requisitos comuns para inclusão de uma ação na respectiva carteira teórica: a

presença em pregão de no mínimo 30% no período de vigência das 3 carteiras anteriores ou

5 As empresas listadas no segmento Nível 1 devem adotar práticas que favoreçam a transparência e o acesso

às informações pelos investidores. A empresa se compromete a manter no mínimo 25% das ações em circulação

no mercado. 6 O segmento de listagem Nível 2 é similar ao Novo Mercado, porém com algumas exceções, com destaque

para o direito de as empresas listadas manterem ações preferenciais (PN). 7 Requisitos vigentes na data da consulta, em 11/05/2019.

14

em seu período de listagem8, se inferior; não ser classificado como “penny stock”

9. Ademais,

em todos os casos, o critério fundamental de ponderação da carteira é o free float10

. A seguir

são listados exemplos desses índices:

a) Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC).

O IGC engloba todas as empresas listadas em qualquer um dos três segmentos especiais

de governança corporativa mencionados anteriormente e que possuam presença em pregão de

50% no período de vigência das três carteiras anteriores. Os pesos dos ativos são ponderados

pelo valor de mercado do free float da espécie pertencente à carteira, multiplicados por um

fator de governança, que é igual 1,0 para ativos do Nível 1; 1,5, para ativos do Nível 2; e 2,0,

para ativos no Novo Mercado.

b) Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT)

O IGCT possui os mesmos critérios que o IGC, com um requisito adicional de liquidez

mínima: estar entre os ativos elegíveis que, no período das 3 carteiras anteriores, em ordem

decrescente do Índice de Negociabilidade (IN)11

, representem 99% do somatório total desses

indicadores; ter presença em pregão de 95% no período de vigência das três carteiras

anteriores.

c) Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM)

O IGC-NM é semelhante ao IGC, mas restringindo-se apenas às empresas listadas no

Novo Mercado.

8 Via de regra, as carteiras são redefinidas quadrimestralmente.

9 Segundo o Manual de Procedimentos da Bovespa, penny stocks são “ativos cujo valor médio ponderado

durante a vigência da carteira anterior ao rebalanceamento, desconsiderando-se o último dia desse período, seja

inferior a R$ 1,00. Caso a companhia realize um grupamento neste período, o valor do ativo será recalculado

considerando a proporção do grupamento para todo o período da análise.” 10

Volume financeiro de ativos que se encontram em circulação 11

O índice de negociabilidade possui fórmula própria definida pela Bovespa e visa representar a relevância

percentual de determinado ativo, em termos de quantidade de negócios e volume de negócios, em um pregão ou

em um conjunto de pregões.

15

d) Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG)

Engloba empresas que possuem em seus estatutos cláusulas que ofereçam ao acionista

minoritário um tag along superior à legislação vigente, ou seja, superior a 80% para ações

ordinárias ou qualquer percentual para ações preferenciais.

e) Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

Representa empresas que atendam aos critérios de sustentabilidade e sejam selecionadas

pelo Conselho Deliberativo do ISE (CISE)12

, devendo figurar entre as primeiras 200 posições

do ranking do IN, com presença em pregão de no mínimo 50% no período de 3 carteiras

anteriores.

Na definição do IBGC, sustentabilidade significa viver da “renda” proporcionada pela

natureza, e não do seu “capital”, o qual está relacionado ao grau de estabilidade social e

prosperidade. Já a Organização das Nações Unidas (ONU) define a expressão

“desenvolvimento sustentável” como sendo “o desenvolvimento capaz de suprir as

necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender as necessidades das futuras

gerações; é o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”.

De acordo com o CISE (BOVESPA, 2015), tem-se como o objetivo do índice de

sustentabilidade empresarial:

(...) refletir o retorno de uma carteira composta de ações de empresas com

reconhecido comprometimento com o desenvolvimento sustentável, práticas e

alinhamento estratégico com a sustentabilidade empresarial, destacando-as para

investidores, além de atuar como indutor das boas práticas no meio empresarial

brasileiro.

O critério de seleção do ISE, desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade

(GVces) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas

(FGV-EAESP), baseia-se em um questionário que abrange questões relacionadas a elementos

ambientais, sociais e econômico-financeiros, de forma integrada, incluindo o tema da

governança corporativa, dentre outros.

Segundo o IBGC (A PRÁTICA..., 2009), a governança corporativa é um dos principais

pilares da sustentabilidade, conforme é demonstrado pela figura a seguir:

12 Órgão colegiado da Bovespa responsável pela governança do ISE

16

Figura 1: Pilares da sustentabilidade

Fonte: IBGC (2009)

Ainda de acordo com o IBGC (A PRÁTICA..., 2009), percebe-se que governança e

sustentabilidade são dois conceitos indissociáveis:

Uma das práticas da boa Governança Corporativa é que o Conselho de

Administração tem o dever de prover a orientação estratégica para a empresa. No

desenvolvimento da estratégia empresarial, os aspectos de curto e longo prazos

precisam ser considerados. Especialmente no que diz respeito ao último, deve-se

levar em conta os temas da sustentabilidade. Pode-se deduzir, então, que

governança, estratégia e sustentabilidade se tornaram inseparáveis. Não se pode

mais planejar estrategicamente sem levar em conta os temas da sustentabilidade.

Corroborando essa visão, Barotini (2005, apud CALDAS;FILHO;VIEIRA, 2014) afirma

que uma boa governança é uma ferramenta que estimula o processo de criação de valor

agregado e sustentabilidade organizacional no longo prazo, afastando assim do perigo de

desastrosos escândalos corporativos

17

3 Desempenho de ações no mercado financeiro

3.1 Capital Asset Pricing Model (CAPM)

Em 1964, William Sharpe publicou um dos artigos mais importantes da história dos

estudos no campo de Finanças. Nessa publicação, ele estabeleceu os fundamentos para o

modelo universalmente utilizado para prever o retorno de ativos financeiros, denominado

Capital Asset Pricing Model (CAPM), segundo o qual os retornos esperados de um ativo

individual são função exclusivamente da sua parcela de risco sistêmica, ou seja, do grau de

sensibilidade dos retornos do ativo em questão com retornos de uma carteira de mercado. Em

outras palavras, ele mostrou que a parcela remanescente do risco total, denominada

diversificável, não explica o retorno esperado, dado que pode ser eliminada por

diversificação. (SHARPE, 1964)

É importante destacar que suas conclusões constituem desdobramentos das contribuições

de outro importante autor, Harry Markowitz. Ele mostrou, em 1952, que é possível reduzir o

risco de uma carteira por meio da simples adição de mais ativos a ela, isto é, por meio da

diversificação; e publicou, em 1959, o livro Portfolio Selection, no qual demonstra a Teoria

de Seleção de Carteiras, provendo justificação matemática para a existência da fronteira

eficiente de investimentos. (MARKOWITZ, 1952, 1959)

Essa teoria construída por Markowitz busca responder ao problema de otimização de

carteiras, com base na teoria da utilidade esperada do investidor e nos diferentes níveis de

correlação entre os retornos dos ativos. Sob determinadas hipóteses, em especial com formas

específicas para a função de utilidade e supondo distribuição aleatória normal de retornos, ele

pôde reduzir o problema a uma situação de otimização de média-variância. Vale observar que

se trata de uma solução no nível da otimização da utilidade do investidor individual.

O CAPM, por outro lado, é um modelo de equilíbrio de preços de mercado, atingido após

as decisões de compra e venda de muitos investidores, com base em suas próprias funções de

utilidade.

Note-se que três outros autores13

, partindo das mesmas premissas de Markowitz,

chegaram a conclusões semelhantes a Sharpe, de forma independente. Um deles, inclusive, o

13 TREYNOR, 1961; LINTNER, 1965; MOSSIN, 1966.

18

fez anteriormente, em 1961. Jack Treynor, trabalhando na empresa de consultoria Arthur D.

Little, já havia desenvolvido um modelo de equilíbrio com os mesmos resultados, mas não

chegou a publicá-las à época14

. Esse fato é mencionado pelo próprio Sharpe em seu renomado

artigo.

No entanto, uma importante contribuição de Treynor, não explicitada no trabalho de

Sharpe, foi a conclusão de que a taxa de desconto apropriada para a precificação de um ativo

é a mesma taxa que os mercados utilizam, implicitamente, no desconto de fluxos de caixa

futuros. Em outras palavras, sob certas condições, denominadas eficiência de mercado e

apresentadas a seguir, o retorno esperado de um ativo é igual ao retorno exigido pelos

investidores.

Na versão do modelo atualmente apresentada pelos livros acadêmicos, fruto da

consolidação dos trabalhos do Sharpe e dos demais autores que fizeram publicações

relacionadas nos anos seguintes, as hipóteses podem ser resumidas à eficiência de mercado:

(i) existem muitos agentes na economia, com igual riqueza, que usam o modelo de Markowitz

de maximização da utilidade esperada a fim de promover a seleção de sua própria carteira; (ii)

riqueza dos agentes é apenas financeira; (iii) expectativas homogêneas: todos os agentes

observam o mesmo conjunto de ativos e as mesmas estatísticas básicas desses ativos; (iv) não

há impostos, nem custos de transação; (v) a economia está em equilíbrio.

É fundamental observar que essas hipóteses coadunam com os modelos da doutrina

econômica clássica.

O modelo CAPM é usualmente apresentado por meio da fórmula abaixo:

𝑅𝑖 = 𝑅𝐹 + 𝛽𝑖,𝑚 ∙ (𝑅𝑚 − 𝑅𝐹)

onde

Ri é o retorno esperado do ativo i

RF é o retorno do ativo livre de risco

βi,m é o beta do ativo i, ou seja, a sensibilidade de seu retorno em relação ao retorno da carteira de

mercado

Rm é o retorno esperado da carteira de mercado (carteira com todos os ativos do mercado – todos

financeiros –, ponderada pelos seus valores de mercado)

14 TREYNOR, Jack. Toward a Theory of Market Value of Risky Assets. 1962. Foi publicado pela primeira

vez em 1999, em livro de Robert Korajczyk: Asset Pricing and Portfolio Performance, Risk Books, London,

1999 [Chapter 2, pp. 15-22]. O artigo de Treynor com pequenas alterações efetuadas por French está disponível

em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=628187.

19

As principais críticas feitas ao CAPM são: (i) o CAPM não é testável, porque a carteira

de mercado não é observável (ROLL, 1977); (ii) o CAPM não é testável, porque o conjunto

de informações dos agentes não é observável (HANSEN;RICHARD, 1987); (iii) o Beta não

explica o retorno de ativos, mas outras variáveis explicam, especialmente o tamanho e a razão

entre valor de mercado e valor contábil (FAMA; FRENCH, 1992).

3.2 Modelo Multi-Fator

Em 1975, Barr Rosenberg e Vinay Marathe publicaram o livro The Prediction of

Investment Risk: Systematic and Residual Risk, no qual apresentam um modelo preditivo de

retornos denominado Modelo Multi-Fator. Embora sua formulação matemática seja

semelhante a uma extensão do CAPM, a via pela qual a construção do modelo se dá é muito

distinta, dado que é baseado em uma abordagem estatística, em vez de uma abordagem teórica

de equilíbrio (ROSENBERG; MARATHE, 1975)

O conceito do Modelo Multi-Fator é que o retorno de cada ativo financeiro é explicado

(i) pelas variações de fatores comuns a toda a economia (como agregados macroeconômicos,

expectativa de inflação, yield de títulos públicos ou privados etc.); (ii) por oscilações

aleatórias de média zero relacionadas ao fluxo de notícias positivas e negativas em relação ao

ativo; e (iii) por uma constante que denota o excesso de retorno não explicado nem pelos

fatores do modelo, nem por eventos específicos aleatórios.

O modelo é normalmente expresso da seguinte maneira:

𝑅𝑖,𝑡 = 𝛼𝑖 + 𝛽𝑖,1 ∙ 𝐹1,𝑡 + 𝛽𝑖,2 ∙ 𝐹2+,𝑡 +⋯+ 𝛽𝑖,𝑛 ∙ 𝐹𝑛,𝑡 + 𝜀𝑖,𝑡

onde

Ri,t é o retorno esperado do ativo i no instante t

αi é o excesso de retorno, conforme definido anteriormente

Βi,k é o beta do ativo i em relação ao fator k, ou seja, a sensibilidade de seu retorno em relação às

variações do fator k.

Fk,t é o valor observado do fator k no instante t.

εi,t é a componente aleatória dos retornos, com média zero.

3.3 Arbitrage Pricing Theory (APT)

Em 1976, Stephen Rosspropôs o modelo Arbitrage Pricing Theory (APT), como uma

alternativa ao CAPM, baseado na formulação do modelo Multi-Fator. Segundo ROSS, o

20

CAPM parte de hipóteses difíceis de serem justificadas, especialmente quanto à normalidade

de retornos e à função de utilidade quadrática (premissas oriundas do modelo de média-

variância de Markowitz), sendo suas conclusões alvo de ataques de testes empíricos. Ele

desenvolveu, portanto, o APT como um modelo alternativo, que mantém muitos dos

resultados intuitivos da teoria original, construído, no entanto, sobre uma base teórica de não

arbitragem (condição mais fraca do que a de equilíbrio), e passível de expansão para mais

fatores, com base estatística, à semelhança do Modelo Multi-Fator (ROSS, 1976)

Dentre as hipóteses do APT, destacam-se: (i) Não-arbitragem (Lei do Preço Único): a

diferença de preços de dois ativos negociados em mercados distintos não pode ser maior do

que o custo de transação entre esses mercados; (ii) Mercado quase-completo: mercado

complexo o suficiente para a construção de carteiras bem-diversificadas, ou seja, com grande

quantidade de ativos não (ou pouco) correlacionados, cada um com peso pequeno o suficiente

para tornar o risco específico aproximadamente igual a zero; (iii) o retorno dos ativos segue o

Modelo Multi-Fator.

Na formulação do APT com 1 fator, ROSS mostra que é possível chegar à mesma

formulação matemática do CAPM:

𝑅𝑖 = 𝑅𝐹 + 𝛽𝑖,𝑚 ∙ (𝑅𝑚 − 𝑅𝐹)

No entanto, algumas diferenças devem ser observadas: (i) a carteira M, no CAPM, refere-

se à carteira de mercado, compreendendo a totalidade de ativos financeiros da economia; no

APT, a carteira M pode ser qualquer carteira que tenha beta igual a 1 em relação a um fator

sistêmico, o qual pode ser definido de diferentes maneiras, não pre-especificadas; (ii) pode

haver mais de um fator sistêmico, desde que haja coerência estatística; (iii) o fato de o fator

sistêmico ser uma carteira / indicador observável torna o APT testável, ao contrário do

CAPM, que toma por base uma carteira teórica não observável; (iv) a demonstração

matemática do CAPM parte de uma função de utilidade específica (quadrática) para todos os

investidores (permitindo apenas diferentes graus de aversão ao risco); no APT, existem

apenas algumas restrições às funções de utilidade, que podem assumir diferentes formatos; (v)

o CAPM pressupõe que os investidores tenham expectativas homogêneas em relação a todas

as características dos ativos; o APT requer expectativas homogêneas apenas em relação aos

betas; (vi) a construção do CAPM parte de uma economia em equilíbrio; no APT, parte-se de

uma economia em que não há oportunidades de arbitragem, sendo, portanto, mais robusto.

21

3.4 Anomalias de Mercado

A partir da década de 1980, diversos estudos foram publicados mostrando que é

incompleta a conclusão simplificadora do CAPM, de que apenas o risco sistemático é

relevante para explicar o retorno de ativos financeiros.

Banz (1981) construiu uma equação de regressão semelhante à do CAPM, mas

acrescentando um regressor relacionado ao tamanho da empresa, medido pela diferença

percentual entre seu valor de mercado e o valor de mercado médio dos ativos. Seus resultados

mostraram que o CAPM está mal especificado, vez que obtiveram boa significância para o

coeficiente deste regressor adicional. Seu estudo mostrou que empresas menores têm retornos

esperados maiores, mesmo controlando pelo risco sistemático, e que este efeito não é linear –

o efeito ocorre principalmente para firmas muito pequenas, enquanto é pequena a diferença de

retornos controlados pelo risco sistêmico entre empresas médias e grandes.

Ele conclui ponderando que não é possível afirmar se o tamanho, propriamente dito, é

responsável pelo efeito observado ou é uma proxy para um ou mais fatores correlacionados,

os quais seriam os verdadeiros agentes causadores da diferença de retornos.

Já Basu (1983) realizou análise empírica semelhante, acrescentando a variável earnings’

yield, definida pela razão entre lucro contábil e valor de mercado de uma firma. Ele mostrou

que o retorno de ações ordinárias, ajustado pelo risco, é maior para empresas cujo earnings’

yield é maior. Mostrou, ainda, que o efeito de tamanho, conforme introduzido por Banz

(1981), é praticamente anulado com o controle por esta nova variável, embora o efeito

combinado tenha apontado para a conclusão de que o poder do earnings’ yield aumenta à

medida que diminui o tamanho da empresa. Por fim, à semelhança de Banz (1981), conclui

que possivelmente ambas as variáveis sejam proxy para determinantes mais fundamentais dos

retornos.

Rosenberg, Reid e Lanstein (1985) adotaram outra abordagem para corroborar as

conclusões anteriores de mal especificação do CAPM, embora eles tenham evitado a crítica

direta ao modelo e tenham preferido concluir pela ineficiência de mercado. Para tanto,

desenvolveram duas estratégias independentes.

A primeira está baseada na razão entre valor contábil e valor de mercado da empresa

(book/price, ou “B/P”) e consiste em comprar ativos com alto B/P, e vender os que possuem

baixo B/P. A segunda é uma estratégia de reversão à média, por meio do cálculo da dispersão

dos retornos observados no mês anterior para diversos ativos em relação ao retorno previsto

por um modelo multi-fator (essa dispersão é chamada de “retorno específico”). O

22

procedimento consiste em sistematicamente comprar ações que tenham apresentado retorno

específico negativo, e vender ações com a característica oposta. Ambas as estratégias tiveram

performance positiva, de forma independente e estatisticamente significativa.

Outros estudos, com críticas ao CAPM e/ou à hipótese de eficiência de mercado, foram

publicados no período, incluindo Bhandari (1988), que introduz a relação entre dívida e valor

de mercado na equação para explicar o retorno de ações, após ajuste pelo beta, e encontra

coeficiente positivo com significância estatística, e Lakonishok e Shapiro (1986), que

mostram que tanto o beta quanto medidas alternativas de risco não conseguem explicar

retorno de forma significativa e que mesmo o tamanho, usado previamente por outros autores,

perde sua validade se excluídos da amostra os meses de janeiro.

Vale ainda mencionar Jegadeesh e Titman (1993), que mostram ser lucrativa a estratégia

de comprar ações que tiveram o melhor desempenho nos 12 meses precedentes, com lag de 1

semana, e vender as ações que tiveram o pior desempenho no mesmo período, mantendo essa

carteira por 3 meses. Essa estratégia ganhou renome e ficou conhecida como momentum.

Do rol de estudos que refutam as premissas clássicas, um dos mais relevantes é o que

resultou no Modelo de 3 Fatores, descrito na próxima seção.

3.5 Modelo de 3 Fatores

Este modelo foi proposto por Fama e French (1992, 1993), como uma síntese dos estudos

apresentados na seção anterior, que buscam através de medidas observáveis capturar aspectos

do risco específico para explicar o retorno de ações, em oposição ao CAPM, cuja conclusão

fundamental é de que apenas o risco sistemático é relevante.

O objetivo de Fama e French (1992) é capturar o efeito combinado das variáveis beta,

tamanho (“ME” – Market Equity), earnings’ yield (“E/P” – earnings / price), alavancagem, e

razão entre valor contábil e valor de mercado (“BE/ME” – Book Equity to Market Equity), na

regressão cross-section de retornos médios de ativos em bolsas norte-americanas.15

Os testes empíricos conduzidos pelos autores mostraram que, no período 1963-1990, a

relação entre beta e retorno esperado se mostra significativa quando o teste é realizado entre

grupos de empresas formados por tamanho, mas desaparece quando o teste é aplicado dentro

15 Para todas as variáveis, exceto beta, foi utilizado o logaritmo natural dos valores encontrados.

23

de cada um desses grupos. Isso significa que a correlação simples entre beta e retorno

esperado se mostra espúria, na medida em que o beta está correlacionado com tamanho, sendo

esta a variável que realmente importa do ponto de vista estatístico. Em suma, os testes refutam

a previsão mais básica do CAPM, ao mesmo tempo em que corroboram as conclusões de que

tamanho tem efeito negativo sobre retorno esperado, e que BE/ME tem efeito positivo sobre

retorno esperado.

Já as demais variáveis mencionadas mostraram significância estatística no mesmo

período em testes univariados. Entretanto, apenas ME e BE/ME permaneceram robustas à

inclusão de outras variáveis; as outras são “absorvidas” por estas.

A explicação possível fornecida pelos autores é aquela descrita em Chan e Chen (1991,

apud FAMA e FRENCH, 1992), isto é, que empresas que o mercado julga ter prospectos

ruins coincidem com aquelas que apresentam baixo valor de mercado, resultando em alto E/P

e BE/ME, em função de uma penalização transmitida por meio de um maior custo de capital;

essas empresas terão, portanto, um retorno esperado maior.

Outra explicação citada é que BE/ME simplesmente capture uma reversão à média, uma

característica de mercados irracionais. Adicionalmente, as regressões mostraram resultados

opostos, com mesma ordem de grandeza, para duas medidas de alavancagem – usando BE e

usando ME –, ambas com p-valor baixo. A diferença entre as duas, em logaritmo, equivale à

medida BE/ME, que também possui a mesma ordem de grandeza. Os autores concluíram que

essa medida, portanto, sintetiza as demais.

Adicionalmente, os testes corroboraram a visão já apresentada anteriormente de que o

efeito do tamanho se manifesta quase exclusivamente em janeiro, porém a variável BE/ME se

mostrou significativa durante todo o ano, embora ainda apresente alguma sazonalidade no

primeiro mês.

Em relação à refutação da validade do beta, Fama e French (1992) fazem algumas

ressalvas: (i) diferentes definições das variáveis levam a diferentes estatísticas resultantes,

com aumento ou redução da sua significância; não há base teórica para a escolha do formato

dessas medidas; (ii) os testes foram conduzidos apenas em ações; a inclusão de títulos de

renda fixa na amostra pode mudar as inferências feitas sobre os prêmios, incluindo a

recuperação do papel do beta; (iii) mesmo que novos testes revalidem o beta, isso não

significaria a validação do CAPM, o que exigira que uma proxy melhor para a carteira de

mercado não apenas tornassem o beta estatisticamente significativo, mas o deixasse como

único regressor explicativo; (iv) o papel do beta possivelmente será encontrado em um

Modelo Multi-Fator; (v) os resultados encontrados não evidenciam se tal padrão persistirá no

24

futuro e se são oriundos de um método de precificação de ativos racional ou irracional; caso

os investidores entendam ME e BE/ME como proxies de risco, o processo de precificação é

racional e os resultados devem persistir.

Em Fama e French (1993), o modelo é reproduzido com algumas alterações: (i) foram

incluídos bonds no estudo, em oposição ao estudo realizado pelos mesmos autores em 1992,

que usaram apenas ações ordinárias, embora tenha sido concedido tratamento diferente para

bonds e ações; (ii) foram incluídas novas variáveis explicativas nos testes; (iii) no estudo

elaborado em 1992, era feita regressão cross-section do retorno de ações contra as variáveis

que explicam retornos esperados; já no publicado em 1993 regridem séries temporais de

retornos mensais contra a carteira de mercado e contra carteiras teóricas que imitam

estratégias zero-cash (a exemplo das estratégias utilizadas por Rosenberg, Reid e Lanstein,

em1985).

Esta última diferença tem duas justificativas: (i) se os ativos são precificados

racionalmente, variáveis relacionadas ao retorno esperado deveriam ser proxy para a

sensibilidade a fatores comuns, compartilhados e, portanto, não diversificáveis; (ii) as séries

temporais usam excesso de retorno em relação à taxa livre de risco, de modo que, em tais

regressões, se o modelo estiver bem especificado, deverá produzir interceptos nulos.

As carteiras zero-cash são construídas da seguinte maneira. Tomada a amostra de ações,

os autores a dividem em empresas em cinco quintis de tamanho (Small, 2, 3, 4 e Big) e,

paralelamente, a dividem em cinco grupos de BE/ME (Low, 2, 3, 4 e High). Em seguida,

verifica as interseções existentes entre os grupos, criando, então, 25 subgrupos. Por fim, para

calcular a carteira SMB (Small Minus Big) verifica a diferença entre (a) a média simples de

retornos entre os cinco grupos Small e (b) a média simples de retornos entre os cinco grupos

Big. Já a carteira HML (High Minus Low) é calculada como a diferença entre (a) a média

simples de retornos entre os cinco grupos High, e (b) a média simples de retornos entre os

cinco grupos Low.

O Modelo de 3 Fatores é então construído como uma regressão dos retornos de cada um

dos 25 grupos contra os três fatores comuns identificados, e cujos efeitos são traduzidos por

meio dos retornos das carteiras teóricas, por meio da seguinte equação:

𝑅𝑡 − 𝑅𝐹𝑡 = 𝛽 ∙ (𝑅𝑚 − 𝑅𝐹𝑡) + 𝑠 ∙ 𝑆𝑀𝐵𝑡 + ℎ ∙ 𝐻𝑀𝐿𝑡

Note-se que, embora os resultados mostrem a baixa capacidade da carteira de mercado de

explicar diferenças nos retornos, seu uso melhora a capacidade preditiva do modelo no

25

sentido de tornar o intercepto estatisticamente indiferente de zero na maior parte dos

subgrupos, o que não acontece no modelo com apenas os outros dois fatores.

3.6 Práticas de Mercado

Os estudos mostrados anteriormente trazem evidências de que os métodos de precificação

utilizado por investidores, para a tomada de decisão de compra e venda de ativos financeiros,

levam em consideração outros fatores de risco além do beta. Caso contrário, seria de se

esperar que os resultados do CAPM fossem facilmente verificados empiricamente.

No entanto, embora os estudos acadêmicos tenham avançado sobre o efeito que os fatores

de risco, além do beta, possuem sobre o retorno dos ativos financeiros, o modelo clássico do

CAPM continua sendo utilizado pelos praticantes de valuation para estimar o custo de capital

da companhia, que é utilizado como taxa de desconto dos fluxos de caixa projetados, para o

cálculo do valor justo.

Como forma de endereçar os fatores de risco adicionais, usualmente o CAPM é adaptado

com a adição de prêmios de risco adicionais à sua equação, o equivalente à estimativa de um

alpha no CAPM. Uma pesquisa da KPMG (2017) entre 45 praticantes de valuation na

Austrália, incluindo empresas de auditoria e boutiques de investimento, revelou que 82%

consideram prêmios adicionais sempre ou frequentemente, dos quais a maior parte utiliza a

experiência do próprio avaliador como fonte de informação para a mensuração dos prêmios

adicionais. Com relação ao prêmio de risco relacionado a empresas pequenas, o spread médio

é de 5% para empresas cujo valor de mercado é inferior a US$ 50 milhões, e 3% para valor de

mercado entre US$ 51 e 100 milhões.

A Highland Global (2004) propõe um método simples de avaliação qualitativa de

diversos fatores de risco, com pesos iguais entre si, levando a uma estimativa do spread de

risco específico a ser considerado em adição ao CAPM. Os fatores a serem levados em

consideração são: risco de negócio, risco operacional, risco financeiro, risco de mercado, risco

econômico, risco da indústria, lucratividade, crescimento de receitas, governança corporativa,

competição, concentração de consumidores, diversificação e relação com empregados.

Diversos manuais de valuation recomendam o uso de spreads ao CAPM relacionados a

riscos específicos, como em Ernst & Young (2018) e em Deloitte (2014). Além disso,

Skardziukas (2010) relata que os principais estudos apontam para o uso de um spread de até

5% para prêmios aplicáveis a pequenas empresas.

26

Nesse sentido, vale destacar o relatório anual de Duff & Phelps (2011), que traz

diferentes métodos para estimativa do spread de risco com base em oito medidas distintas de

tamanho. No relatório, são sugeridos valores de até 8,02%, em função do percentil em que a

empresa se encaixa.

3.7 Estudos precedentes sobre efeitos da governança corporativa sobre o

comportamento dos preços de ações

Segundo a Standard & Poors (2004), uma pesquisa conduzida em Junho de 2000 pela

empresa de consultoria de gestão McKinsey identificou que: (i) investidores institucionais

estão dispostos a pagar prêmio significativo por empresas que eles sabem que são bem

geridas; (ii) de modo similar, investidores esperam receber um desconto por assumir riscos

associados à governança corporativa; (iii) para alguns investidores, boa governança

corporativa é um fator determinante na análise de investimento em uma determinada

companhia.

A presente seção tem por objetivo mostrar um breve retrato da produção acadêmica

existente a respeito da relação entre governança corporativa e desempenho das ações no

mercado financeiro. Será mostrado que, muitas vezes, os estudos realizados apontam em

direções opostas.

Gompers, Ishii e Metrick (2001) criaram um índice de governança corporativa baseado

em direitos dos acionistas, no qual contabiliza a existência de cláusulas nos estatutos sociais

ou em legislações locais que, de algum modo, enfraquecem o poder dos acionistas, ao mesmo

tempo em que fortalecem a posição dos administradores, normalmente prevenindo hostile

takeovers16

. É, portanto, um índice em que notas altas são associadas a um nível inferior de

governança corporativa e vice-versa. São exemplos de cláusulas analisadas: golden

16 Aquisição hostil, ou seja, tomada de controle não negociada com os atuais controladores e

administradores, mas por meio da compra pulverizada de ações para se obter uma posição suficientemente

grande para controlar a companhia alvo.

27

parachutes17

, não-sincronização de mandatos de conselheiros18

, restrições às modificações

estatutárias ou de outros normativos internos, poison pills19

etc.

Os autores mostraram que uma carteira zero-investment que compra as ações pertencentes

ao menor decil do índice (em que acionistas têm direitos mais fortes) e vende as ações

pertencentes ao maior decil (em que acionistas têm direitos mais fracos, ao passo que os

administradores têm sua posição fortalecida), obteve retornos de 8,5% ao ano durante o

período analisado (1990-1999). Além disso, mostraram também que o valor de mercado é

afetado negativamente com um aumento do índice de governança criado (direitos mais

fracos), e que essa sensibilidade se mostrou crescente ao longo do período amostral: a

variação do índice Q de Tobin20

foi de 2,4%, no início, a 8,9%, no fim do período, para cada

cláusula adicional restritiva de direitos. Por fim, mostraram que empresas nas quais os

acionistas possuem direitos mais fracos são associadas com menores lucros, menor

crescimento, maiores investimentos e maior volume de aquisições corporativas.

Em relação ao efeito da governança sobre retornos, argumenta-se que caso as

características da estrutura de governança corporativa estivessem completamente

incorporadas pelos preços de mercado, a ação deveria se ajustar imediatamente a qualquer

alteração desta estrutura e, então, manter-se indiferente, como seria de se esperar sob a

premissa de eficiência de mercado. Os resultados, entretanto, ao evidenciarem a diferença de

retornos esperados entre empresas com níveis distintos de governança, engendram a

conclusão de que tais características não são imediatamente incorporadas aos preços.

17 Acordos de indenização que fornecem compensações monetárias ou não-monetárias para altos executivos

após sua saída em caso de mudança de controle, sem a necessidade de anuência prévia dos acionistas. 18

Essa cláusula faz com que, em caso de uma aquisição, o novo controlador não consiga de imediato

substituir todo o conselho de administração. 19

Poison pill é uma cláusula destinada a desmotivar aquisições hostis, sendo desativada pelo Conselho de

Administração caso a negociação ocorra junto à administração da empresa. Esse instrumento concede ao

acionista minoritário direitos que são desencadeados quando qualquer acionista atinge um determinado patamar

de participação no capital, usualmente entre 15% e 30%. Normalmente, esses direitos são configurados na forma

de opção de compra das ações da própria empresa ou da empresa adquirente por um preço de exercício que

embute significativo desconto em relação ao valor de mercado. No Brasil, é comum que os acionistas

minoritários ganhem o direito de vender suas ações com ágio significativo para o adquirente. Embora, à primeira

vista, possa parecer uma vantagem para os acionistas, usualmente são utilizadas para fortalecimento da própria

administração em companhias com controle difuso (corporations), e sua presença aparece correlacionada com

outras cláusulas nesse sentido. 20

O índice Q de Tobin corresponde à razão entre o valor contábil dos ativos e o valor de mercado dos

ativos (sendo este igual ao valor contábil dos ativos, mais o valor de mercado do equity, menos o valor contábil

do equity). Indiretamente, obtém-se o efeito sobre o valor de mercado das ações.

28

Corrobora tal conclusão o resultado de que o efeito da governança corporativa sobre o valor

de mercado é crescente no tempo.

Uma possível explicação apresentada é que o grau de governança guarda correlação com

custos de agência21

inesperados pelos investidores. Outra possibilidade é que o efeito de

causalidade ocorra no sentido inverso, ou seja, que os próprios administradores, ao anteverem

um período de baixas margens ou investimentos elevados, criam cláusulas restritivas de

direitos dos acionistas como mecanismo de auto-proteção.

Resultados semelhantes foram encontrados por Patel, Balic e Bwakira (2002), que

estudaram mercados emergentes de 1997 a 2000. Eles utilizaram o índice T&D

(Transparence and Disclosure), criado pela Standard & Poors, que mede o grau de

transparência dos relatórios financeiros das companhias, por meio de 98 atributos

relacionados à publicidade de informações a respeito da estrutura de capital, de indicadores

financeiros e de processos de governança corporativa. O grau de transparência deve ser

entendido como um dos pilares da governança corporativa, conforme apresentado na Seção 2.

Os autores concluíram que em cinco dos seis mercados emergentes analisados, após

exclusão de outliers22

, uma melhor pontuação no índice T&D está correlacionada

positivamente com a razão entre o valor de mercado e o valor contábil das firmas.

Adicionalmente, a própria Standard & Poors (2002), desenvolvedora do índice, conduziu

estudo semelhante e encontrou os mesmos resultados.

Barth, Konchitchki e Landsman (2013) também utilizaram o conceito de transparência

dos resultados e buscaram encontrar sua relação com o custo de capital, mostrando que esses

dois conceitos estão correlacionados negativamente. No entanto, a medida de transparência

utilizada foi objeto de desenvolvimento próprio. Os autores entendem que em empresas mais

transparentes, os lucros e as variações dos lucros possuem maior poder explicativo sobre os

retornos das ações de sua emissão.

Para construir o índice de transparência, foi usado o R² da regressão dos retornos anuais

contra os dados de E/P e ΔE/P, deflacionados, sem lag23

. Já a variável dependente da equação

é o excesso de retorno observado da ação vis-à-vis o retorno esperado de acordo com o

21 Custos (ou perda de receitas) associados ao problema de agenciamento, como estrutura inchada,

investimentos excessivos, projetos mal avaliados etc. 22

Elementos da amostra que diferem excessivamente da média e, em alguns casos, para controlar vieses,

são expurgados. 23

Lag é uma defasagem entre duas séries de dados, às vezes utilizadas em algumas regressões.

29

Modelo de 3 Fatores. Além disso, para evitar o viés de possível omissão de variável

correlacionada com o índice de transparência, foi incluído na regressão o grau de

endividamento geral. Os resultados mostraram que as empresas no decil inferior do grau de

transparência obtiveram excesso de retornos de 0,65%, enquanto esse resultado foi 0,00%

para as empresas no decil superior; a variação se mostrou estatisticamente significativa a 5%,

corroborando a conclusão de o grau de transparência de resultados é negativamente

correlacionado com custo de capital.

Os autores fizeram outra regressão, agora utilizando como variável dependente outra

proxy para o custo do capital próprio, por meio do Modelo de 4 Fatores (correspondente ao

Modelo de 3 Fatores, incluindo um fator adicional relacionado a Momentum). Os resultados

novamente corroboram a conclusão de um maior grau de transparência reduz o custo de

capital próprio.

Embora o Modelo de 4 Fatores tenha evidências empíricas sobre retornos observados,

não necessariamente é um método adequado para a estimativa do custo de capital próprio das

empresas, pois, para tanto, seria necessária adotar a hipótese de eficiência de mercado como

premissa. O que os autores sugerem ser possivelmente uma melhor estratégia é medir o custo

de capital próprio implícito em um modelo que incorpora as previsões de resultados de

analistas financeiros.

É importante observar que, ao entendermos o grau de transparência de resultados como

uma medida de risco, os resultados apresentados por Barth, Konchitchki e Landsman (2013)

são coerentes com a premissa de eficiência de mercado, ao contrário dos resultados mostrados

por Gompers, Ishii e Metrick (2001).

Essas conclusões são também coerentes com a doutrina vigente em relação a métodos de

precificação de empresas. O Professor Aswath Damodaran, principal referência no campo de

estudos em valuation, ensina que empresas cujos relatórios financeiros são mais complexos e,

portanto, menos transparentes devem ser penalizadas no processo de precificação

(DAMODARAN, 2006).

Segundo ele, há várias maneiras pelas quais isso pode ser feito: (i) ajustando fluxos de

caixa projetados, por meio da aplicação de um fator de redução em função do grau de

complexidade da firma; (ii) ajustando a taxa de desconto, utilizando, por exemplo, os

resultados da Standard & Poors, de que empresas mais complexas possuem, em média, custo

de capital próprio 1% acima das empresas mais transparentes; (iii) ajustando a taxa projetada

de crescimento (ou o período de crescimento); (iv) aplicando um desconto de complexidade

sobre o valor calculado (o autor apresenta uma regressão na qual cada página adicional do

30

Relatório 10K24

de uma empresa reduz em 0,003 a relação entre valor de mercado e valor

contábil do equity).

Os resultados encontrados por Barth, Konchitchki e Landsman (2013) também são

corroborados por uma pesquisa da Ernst & Young (2005), na qual foi perguntado a

investidores quais são as suas preocupações prioritárias ao avaliar o investimento inicial em

uma companhia. Dentre as respostas, o nível de transparência da companhia ficou em

primeiro lugar, citada por 69% dos entrevistados, à frente de questões importantes como

track-record, modelo de negócios, mercados, escolha de executivos, entre outros.

Uma abordagem significativamente distinta das anteriores é fornecida por Bertinetti e

Mantovani (2014), que calculam o prêmio de risco exigido pelos mercados associado à

governança corporativa por meio da comparação entre o beta histórico observado e uma

estimativa de beta teórico calculado. Essa estimativa é feita por meio da Demonstração de

Valor Adicionado, a partir dos betas individuais da contribuição de cada stakeholder,

agregando-os matematicamente para se obter o beta teórico da companhia. Os autores

argumentam que, caso um sistema de governança corporativo eficiente estivesse em vigor,

com mercados completos, os betas deveriam ser iguais e que, caso contrário, a diferença entre

eles, multiplicada pelo prêmio de risco de mercado, fornecerá a estimativa do prêmio de risco

de governança. Eles aplicaram essa metodologia às empresas de capital aberto na Itália, a

qual, segundo os autores, é conhecida por apresentar sistemas de governança altamente

incompletos, e encontraram um prêmio de governança médio de 1,42 pontos percentuais

incidente sobre o custo do equity.

No Brasil, Leal e Carvalhal-Da-Silva (2005) construíram o índice de governança

corporativa CGI a partir de 24 questões objetivas, as quais possuem, como característica

marcante, a visão de que uma boa estrutura de governança está relacionada ao equilíbrio entre

direitos políticos e econômicos sobre a companhia. Em outras palavras, consideram negativa a

alavancagem do controle por meio do uso massivo de ações preferenciais ou das típicas

estruturas societárias piramidais, que fazem com que, em última instância, os controladores

possuam um percentual de exposição econômica inferior à fatia de votos que garante o

controle.

24 Relatório 10K é um relatório de divulgação obrigatória por empresas americanas de capital aberto.

31

As questões do CGI estão divididas em quatro categorias, com seis itens em cada: (i)

transparência; (ii) composição e funcionamento do Conselho de Administração; (iii) ética e

conflito de interesses; e (iv) direitos dos acionistas. Outra particularidade do modelo é que

foram utilizadas as variáveis de controle Volatilidade, Crescimento, ROA e Tamanho.

Ceteris paribus, cada ponto adicional no CGI levou a um aumento de 2,3% no índice Q

de Tobin. Ao incluir a alavancagem como variável de controle, esse efeito passa para 2,7%.

Quando a regressão é realizada segregando as categorias que compõem o CGI, ficou evidente

que o fator determinante é a transparência, no qual cada ponto adicional aumenta o Q de

Tobin em 7,2%.

Outro resultado notório é obtido quando os resultados dos questionários são reduzidos a

seis componentes principais (com autovalores maiores do que 1 e que explicam 5% ou mais

da variância). A regressão feita utilizando os componentes principais como regressores

mostrou que um deles (CP1), a combinação linear de questões relacionadas ao equilíbrio entre

poder político e econômico, teve efeito de 12% sobre o Q de Tobin, com p-valor inferior a

1%. Outro componente principal (CP4), relacionado à estrutura que garante a supervisão da

transparência (uso do IFRS, tamanho do Conselho de Administração e presença do Conselho

Fiscal), também mostrou efeito significativo de 6,8%.

Vale notar, entretanto, que os autores esclarecem que realizaram também regressões

usando o múltiplo P/B25

como alternativa ao Q de Tobin, porém encontraram baixa

significância estatística do efeito do CGI para explicar variações no indicador de valor. Já o

CP1 mostrou efeito de 2,5 vezes sobre P/B.

25 Price to Book ratio. É o inverso de BE/ME.

32

4 Dados

A escolha do horizonte amostral deve levar em consideração alguns aspectos que são

fundamentais para que se chegue a conclusões relevantes. Um primeiro aspecto diz respeito à

disponibilidade de dados das variáveis de interesse.

Existem várias formas de se medir o grau de comprometimento de uma empresa com a

governança corporativa, conforme relatado na Seção 3.7: elaboração de questionários

próprios, uso do índice T&D da Standard & Poors, o grau de correlação entre lucros e

retornos, entre outros.

Nesse sentido, vale destacar a Instrução CVM n. 586/2017, que altera a Instrução CVM

n. 480/2009, criando a obrigação de as empresas de capital aberto publicarem, até sete meses

após o fim do exercício social, o Informe sobre o Código Brasileiro de Governança

Corporativa (“Informe de Governança Corporativa”, ou “Informe de GC”). Essa regra entrou

em vigor em 2018, tendo o prazo sido prorrogado de 31.07.2018 para 31.10.2018, e vale,

inicialmente, apenas para as empresas que possuíam ao menos uma classe de ações

compreendida no índice IbrX-100 ou no índice Bovespa (“ibovespa”), na data de 09.06.2017.

Considerando (i) que esse questionário é de preenchimento obrigatório por esse conjunto

de empresas; (ii) que reflete o Manual de Governança Corporativa do IBGC; (iii) que está

disponível no formato eletrônico no sistema de informações da CVM; e (iv) que outras

medidas já foram testadas anteriormente, com ou sem sucesso, torna-se conveniente o uso do

Informe de GC como medida do grau de governança corporativa das empresas. O

questionário do Informe está disponível no Anexo.

No entanto, este questionário foi preenchido uma única vez pelo amplo conjunto de

companhias, ao final de 2018, de modo que não é possível acompanhar a evolução de tais

práticas dentro das empresas, estando disponível apenas uma fotografia recente. Logo, o uso

de um horizonte amostral de retornos e preços demasiadamente longos possivelmente tornaria

sem nexo relacionar os dados financeiros com os de governança. Este é, portanto, um

primeiro argumento a favor do uso de um horizonte curto.

Em segundo lugar, as históricas taxas de juros elevadas no Brasil provocam um

fenômeno que, em comparação com outros países, torna o mercado local um caso particular:

na maior parte do tempo, o retorno dos principais índices de carteiras de ações é inferior à

taxa livre de risco. Para exemplificar, utilizamos o gráfico a seguir, que compara o Ibovespa

com a Selic acumulada, em diversos pontos de entrada, mas sempre terminando em 100

33

pontos em 30.04.2019. Observa-se que em apenas duas janelas de entrada, 2002 a 2003 e a

partir de meados de 2013, o investidor que sacou seus recursos na data final observou o índice

acionário superar a taxa básica de juros. Fora esses dois períodos, em qualquer outra data que

o investidor aporte seus recursos, o investimento em Selic terá sido vencedor.

Gráfico 1: Comparação de rendimentos do ibovespa e da Selic acumulada.

Fonte: Economatica

Tendo em vista que se pretende analisar os retornos de ações individuais à luz do beta,

entre outras variáveis explicativas, escolher um período amostral que tenha início fora das

duas janelas mencionadas violaria de imediato uma das premissas do CAPM.

Por esta razão, em conjunto com a necessidade de manter a contemporaneidade com os

dados de governança mencionados anteriormente, optou-se por estudar uma curta janela de

tempo, que se inicia em janeiro de 2015 e termina em abril de 2019.

Em relação ao universo de empresas, adotou-se o conjunto que havia respondido ao

Informe de Governança Corporativa até janeiro de 2019, totalizando 90 ações, todas

participantes do IbrX-100 de junho de 2017, conforme explicado anteriormente. Essa

característica do conjunto é propícia à análise, dado que estão entre as 100 empresas mais

líquidas do mercado naquele ano, sendo, portanto, necessários poucos ajustes para expurgar

34

períodos de baixa negociação de alguns papéis. O conjunto de ações utilizado consta da tabela

a seguir:

Tabela 1: Empresas presentes na amostra

Fonte: Elaboração própria

Exceto quando explicitamente indicado em contrário, todos os dados utilizados foram

extraídos do sistema Economatica26

, entre janeiro e maio de 2019.

26 Disponível em: https://economatica.com/.

ABEV3 BRKM5 CSAN3 EGIE3 MYPK3 MDIA3 PETR3 CSNA3 USIM5

BTOW3 BRFS3 CVCB3 EQTL3 ITSA4 MGLU3 PETR4 SMLS3 VALE3

B3SA3 CCRO3 CYRE3 ESTC3 ITUB4 POMO4 PSSA3 SULA11 VLID3

BRSR6 CMIG3 DTEX3 EZTC3 JBSS3 MRFG3 QGEP3 TAEE11 VVAR3

BBSE3 CMIG4 ECOR3 FLRY3 KLBN11 BEEF3 QUAL3 VIVT4 WEGE3

BRML3 CESP6 ELET3 GFSA3 KROT3 MRVE3 RAPT4 TIMP3 RADL3

BBDC3 HGTX3 ELET6 GGBR4 LIGT3 MULT3 SBSP3 TOTS3 TIET11

BBDC4 CIEL3 EMBR3 GOAU4 RENT3 NATU3 SANB11 TRPL4 RAIL3

BRAP4 CSMG3 ENBR3 HYPE3 LAME4 ODPV3 SMTO3 TUPY3 SAPR11

BBAS3 CPLE6 ENGI11 IGTA3 LREN3 PCAR4 SEER3 UGPA3 SUZB3

35

5 Construção de variáveis

5.1 Variáveis financeiras

As variáveis relacionadas diretamente ao comportamento das ações no mercado

financeiro são apresentadas abaixo:

a) Retornos. Foram calculados os retornos mensais de cada ação durante todo o

período amostral;

b) Taxa livre de risco. Foram testadas três diferentes proxies para a taxa livre de

risco, a saber: (i) o retorno mensal das LFTs (equivalente à taxa overnight

acumulada a cada mês); (ii) o retorno mensal da carteira teórica IDkA Pré 5A27

da

Anbima28

; (iii) a taxa do DI Futuro com vencimento em 2025. Embora todas as

opções tenham mostrado resultados equivalentes, a terceira foi adotada por ter

apresentado R² ligeiramente superior às demais nas regressões realizadas;

c) PR. Refere-se ao prêmio de risco de cada ação observado em determinado mês,

calculado como a diferença entre o respectivo retorno e a taxa livre de risco do

período;

d) Betas_ibrx. Foram calculados os betas históricos de duas formas: utilizando o

retorno do Ibovespa e o retorno do IbrX-100, sendo que esta última mostrou-se

mais apropriada em função da mudança de metodologia do primeiro índice em

janeiro de 2014 (antes disto, a carteira era ponderada pelo volume de negociações,

e não pelo valor de mercado das empresas). Os betas foram calculados com

granularidade mensal, para cada empresa, nos 60 meses precedentes a cada mês

da amostra, de modo a se obter um beta variável (isso significa que foram

utilizados dados de 2010 em diante para o cálculo dos betas);

27 Índice de Duração Constante ANBIMA, que mede o comportamento de carteira sintética de títulos

públicos federais prefixados com prazo constante de 5 anos. 28

Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.

36

Contudo, vale destacar que, conforme já mencionado anteriormente, o corte de

liquidez foi aplicado considerando dados de junho de 2017 (data utilizada pela

CVM para a fotografia do IbrX-100 para fins de determinação do preenchimento

do Informe de GC). Portanto, há casos de empresas que não possuíam liquidez em

determinados anos anteriores, inviabilizando o cálculo do beta. Nesses casos, foi

utilizado um horizonte de 36 meses. Quando, mesmo assim, esse período

englobou fases de iliquidez de determinado papel, o horizonte de cálculo do beta

foi encurtado para 12 meses. Por fim, os casos remanescentes não foram

considerados nas regressões29

;

e) Ln(BtM). Refere-se ao logaritmo natural da razão BtM (Book to Market) entre o

valor contábil da empresa e seu valor de mercado, ou seja, o logaritmo de BE/ME.

Para os casos em que esta variável foi utilizada como regressor, adotou-se, em

cada mês, os dados do final de dezembro do ano anterior. Nos casos em que esta

variável foi utilizada como dependente, adotou-se a observação mensal;

f) Ln(MktCap). É o logaritmo natural do valor de mercado (Market Capitalization)

de cada empresa, utilizado como proxy para tamanho. Foi adotada a mesma regra

de observação que em Ln(BtM).

Tanto em relação ao tamanho, quanto à razão BE/ME, o uso dos valores em logaritmo

justifica-se pela coerência com os modelos de Fama e French (1992 e 1993).

5.2 Variáveis associadas ao tipo de controle

As variáveis identificadoras do tipo de controle das empresas pertencentes à amostra são

apresentadas a seguir. A premissa é que o tipo de controle caracteriza a governança

corporativa da empresa sob uma ótica mais ampla. Todas são variáveis do tipo dummy, sendo

que o caso-base (quando todas possuem valor nulo) se refere às empresas de controle privado

29 Nos casos remanescentes, não foram excluídas todas as observações de determinada empresa, mas

apenas os meses em que o beta calculado conforme metodologia descrita não estava disponível.

37

definido. Em cada caso, foi analisada toda a árvore societária acima da companhia até que

fosse(m) identificado(s) e classificado(s) o(s) controlador(es) final(is):

a) CONTR_EB. Identifica empresas Estatais Brasileiras, ou seja, cujo(s)

controlador(es) final(is) é(são) ente(s) público(s) brasileiro(s), seja na esfera

federal, estadual ou municipal. É importante observar que a definição de controle

utilizada aqui não é tão restritiva quanto aquela adotada para fins legais, isto é,

empresas como a Light, que juridicamente são consideradas privadas, mas que na

prática são controladas por ente público (no caso, pela Cemig), foram

consideradas estatais para a mensuração desta variável;

b) CONTR_EE. Identifica empresas Estatais Estrangeiras, ou seja, cujo controlador

final é um ente público fora do Brasil;

c) CONTR_CRP. Identifica empresas do tipo Corporation, ou seja, sem controlador

final definido. São os casos em que o controle é diluído a tal ponto que

impossibilita que apenas uma pessoa ou empresa, ou um grupo de pessoas ou

empresas, por meio de Acordo de Acionistas, possa garantir, previamente às

assembleias, que seus votos serão suficientes para aprovar as deliberações em

pauta. Também foram classificadas nessa categoria empresas que possuem

controlador definido, porém cujo controlador final é uma Corporation. São

exemplos a B3, a BR Malls e Lojas Renner.

Foram utilizados, para a construção dessas variáveis, os Formulários de Referência

publicados pelas companhias, bem como informações disponibilizadas nos respectivos

websites de Relação com Investidores.

5.3 Variáveis associadas à governança corporativa

As variáveis relacionadas ao grau de governança corporativa das empresas pertencentes à

amostra são descritas na sequência:

a) ESCANDALO. (dummy) Foram feitas buscas nos formulários de referência, fatos

relevantes, comunicados ao mercado e fontes de notícias para identificar a

38

existência de escândalos corporativos durante o período amostral. Atribuiu-se

valor 1 para os casos em que houve algum evento relevante que gerou exposição

negativa na mídia, e zero para os demais;

b) PART-IGC. (dummy) Esta variável identifica se a empresa pertence à carteira

teórica reproduzida pelo IGC, ou seja, se pertence aos segmentos de listagem

especiais de governança corporativa (Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado);

c) PART-IGC-NM. (dummy) Esta variável identifica se a empresa pertence à carteira

teórica reproduzida pelo IGC-NM, ou seja, se pertence ao segmento de listagem

do Novo Mercado;

d) PART-ISE. (dummy) Esta variável identifica se a empresa pertence à carteira

teórica reproduzida pelo ISE, ou seja, se atende aos padrões definidos com relação

às práticas de sustentabilidade empresarial;

e) S1(%). Refere-se ao percentual de respostas positivas de cada empresa no Informe

de GC;

f) S2(%). Refere-se ao percentual de respostas positivas, somado à metade do

percentual de respostas parciais de cada empresa no Informe de GC.

Os dados do Informe de GC foram obtidos no Sistema Informações sobre as Companhias,

da CVM30

.

Foram feitas, também, tentativas de capturar eventuais efeitos não lineares do percentual

de respostas, por meio do uso do logaritmo natural de S1 e S2, porém essa estratégia não

resultou em melhoria das regressões, de modo que, por simplicidade, optou-se por manter as

variáveis conforme definidas anteriormente. Além disso, S1 se mostrou superior em termos de

significância estatística em relação a S2, logo serão apresentadas nas seções seguintes apenas

os resultados das regressões que utilizam a primeira variável.

30 Disponível em: http://sistemas.cvm.gov.br/

39

5.4 Variáveis relacionadas à estimativa do custo do capital próprio

a) LL19, LL20 e LL21. Estimativa de lucros líquidos das companhias em 2019,

2020 e 2021 respectivamente, com base na mediana das projeções de analistas

financeiros, por meio da ferramenta Consenso da plataforma Bloomberg31

;

b) MktCapJan2019. Valor de mercado das empresas em 31 de janeiro de 2019;

c) G. Taxa de crescimento esperada das empresas no longo prazo. Foi adotada a

premissa simplificada de 6,25% ao ano para todas as empresas, o que corresponde

à meta de inflação de 3,75% ao ano somada à mediana de estimativas do

crescimento do PIB, de acordo com o Boletim Focus, de 2,5% ao ano;

d) V(Ke). Estimativa simplificada de valor justo das empresas, na data-base de

dezembro de 2018, com base nas projeções de lucros e na taxa de crescimento

adotada como premissa, e em função do custo de capital próprio das companhias

(Ke), o qual não é observável e será definido no próximo item. A função de

cálculo obedece à equação abaixo:

𝑉(𝐾𝑒) =𝐿𝐿19

(1 + 𝐾𝑒)1+

𝐿𝐿20

(1 + 𝐾𝑒)2+

𝐿𝐿21

𝐾𝑒 − 𝑔∙

1

(1 + 𝐾𝑒)2

Para os casos em que LL21 não estava disponível, a fórmula foi reduzida:

𝑉(𝐾𝑒) =𝐿𝐿19

(1 + 𝐾𝑒)1+

𝐿𝐿20

𝐾𝑒 − 𝑔∙

1

(1 + 𝐾𝑒)1

e) Ke. Refere-se ao custo de capital próprio das companhias e é estimado a partir do

seguinte programa de otimização, executado para cada empresa:

min𝐾𝑒 abs{𝑉(𝐾𝑒) −𝑀𝑘𝑡𝐶𝑎𝑝𝐽𝑎𝑛19}

31 Terminal proprietário, não disponível na web.

40

6 Resultados empíricos

6.1 CAPM e Modelo de Fama e French (1992)

Antes de chegarmos ao cerne deste trabalho, que trata dos efeitos da governança

corporativa sobre o desempenho de ações, vamos realizar algumas regressões lineares com o

objetivo de testar se os resultados do CAPM e do modelo de Fama e French (1992) também se

aplicam à amostra selecionada.

É importante mencionar que este último não se trata exatamente do Modelo de 3 Fatores,

o qual implicaria a construção de duas carteiras teóricas zero-cash, rebalanceadas

periodicamente de acordo com os decis observados em relação aos fatores utilizados.

Dado que não é o objetivo validar tais modelos, e que o que se almeja nesta seção é

meramente verificar se as relações entre as variáveis ocorrem no sentido previsto por eles,

vamos replicar, além do CAPM, o estudo precedente ao Modelo de 3 Fatores, dos mesmos

autores, ou seja, o disposto em Fama e French (1992), ou simplesmente FF (1992), em

oposição a Fama e French (1993).

Os resultados estão apresentados na tabela abaixo:

Tabela 2: Regressões OLS do CAPM e do Modelo Fama &

French (1992).

Variável dependente PR PR

Modelo CAPM FF (1992)

Constante -0,01354***

(0,00039)

0,05257**

(0,02823)

Betas_ibrx' 0,02403***

(0,00000)

0,02144***

(0,00000)

Ln(MktCap) -0,00376**

(0,01170)

Ln(BtM)' 0,00405*

(0,08289)

Estatística F 52,33221

(0,00000)

21,56470

(0,00000)

R² ajustado 0,01215 0,01457

Fonte: Elaboração própria.

Nota: Todas as variáveis estão definidas na Seção 5. ***,

** e * denotam, respectivamente, significância estatística

em 1%, 5% e 10%. Os p-valores estão entre parênteses.

À exceção da constante no modelo CAPM, todas as demais variáveis se comportaram

conforme previsto pelos modelos descritos nas seções 3.1 e 3.5. O beta apresentou coeficiente

positivo com significância estatística a 1% em ambos os modelos; no modelo FF (1992), o

41

tamanho impactou negativamente os retornos, enquanto a razão BE/ME teve efeito positivo,

com níveis de significância estatística de 5% e 10%, respectivamente. Isso significa dizer que,

na amostra selecionada, assim como nos resultados apresentados por Sharpe (1964) e Fama e

French (1992), empresas com maior risco sistêmico e com relação BE/ME maior têm retornos

esperados maiores, enquanto empresas de maior porte têm retornos esperados menores.

Com relação à constante do CAPM, a teoria prevê que seja estatisticamente indiferente de

zero. A violação deste resultado evidencia a existência de outros fatores que explicam retorno,

omitidos no modelo.

6.2 Impactos da governança corporativa sobre retornos

Conforme descrito na Seção 3.7, apontam em direções diferentes os resultados

apresentados por estudos precedentes a respeito dos efeitos da adoção de boas práticas de

governança corporativa sobre o comportamento das ações. O objetivo da subseção presente e

das conseguintes é observar de que maneira esses resultados se aplicam sobre a amostra

selecionada.

As duas tabelas nas próximas páginas (Modelos 1 a 8) mostram modelos de regressões do

prêmio de risco mensal, observado para cada ação, contra as variáveis utilizadas no modelo

FF (1992), acrescidas dos indicadores associados à governança corporativa.

O Modelo 1 inclui todas as variáveis. As variáveis em comum com FF (1992)

mantiveram os sinais e as ordens de grandeza iguais aos do modelo anterior, sendo que beta e

tamanho mostraram significância a 1%; já a razão BE/ME ficou no limiar da significância de

10%. Dentre os indicadores de governança corporativa incluídos, apenas S1 mostrou

significância estatística, com sinal positivo. Isso significa dizer que, a exemplo dos resultados

encontrados por Gompers, Ishii e Metrick (2001), empresas com maior grau de

comprometimento com a governança corporativa, medido pelas respostas positivas ao

Informe de GC, têm retornos esperados maiores. A cada 10 pontos percentuais incrementais

de respostas positivas, o retorno esperado aumenta em 0,37% ao ano.

42

Tabela 3: Regressões OLS do prêmio de retorno observado sobre variáveis do modelo FF (1992),

acrescidas dos indicadores de governança corporativa.

Variável

dependente PR PR PR PR PR PR

Modelo (1) (2) (3) (4) (5) (6)

Constante 0,08704*** 0,05594** 0,05635** 0,07676*** 0,06320** 0,06992***

(0,00968) (0,01947) (0,02085) (0,00736) (0,01473) (0,00487)

Betas_ibrx' 0,02304*** 0,02527*** 0,02460*** 0,02448*** 0,02396*** 0,02467***

(0,00000) (0,00000) (0,00000) (0,00000) (0,00000) (0,00000)

Ln(MktCap)' -0,00685*** -0,00431*** -0,00430*** -0,00490*** -0,00461*** -0,00531***

(0,00058) (0,00317) (0,00384) (0,00116) (0,00218) (0,00058)

Ln(BtM)' 0,00426

(0,10239)

CONTR_EB -0,00636 -0,00253

(0,27445) (0,62296)

CONTR_EE 0,01594 0,01590

(0,38457) (0,37169)

CONTR_CRP -0,00276 -0,00046

(0,68746) (0,94244)

ESCANDALO 0,00078 -0,00136

(0,89333) (0,79905)

PART-IGC -0,01215 -0,01119

(0,22308) (0,23243)

PART-IGC-NM 0,00036 -0,00226

(0,94251) (0,59368)

PART-ISE 0,00611 0,00721*

(0,16475) (0,08831)

S1 (%S) 0,03769***

(0,00843)

Estatística F 7,08634 12,53839 20,56886 21,02940 20,64323 21,52999

(0,00000) (0,00000) (0,00000) (0,00000) (0,00000) (0,00000)

R² ajustado 0,01579 0,01363 0,01387 0,01419 0,01392 0,01454

Fonte: Elaboração própria

Nota: Todas as variáveis estão definidas na Seção 5. ***, ** e * denotam, respectivamente, significância

estatística em 1%, 5% e 10%. Os p-valores estão entre parênteses.

Os Modelos 2 a 8 têm os mesmos objetivos, mas usam as variáveis de governança de

forma não simultânea, procurando observar se individualmente se obtém algum resultado

distinto do Modelo 1. As variáveis identificadoras do tipo de controle, da existência de

escândalo corporativo, da participação no IGC e do IGC-NM novamente não conseguiram

explicar diferenças nos retornos dos ativos. O ISE, contudo, mostrou-se relevante a 10% de

significância (Modelo 6): empresas que participam do índice têm retornos esperados

43

superiores em 0,7% ao ano. Novamente, esse resultado coaduna com o anterior: empresas

com melhor governança corporativa apresentam maior retorno esperado.

Tabela 4: Regressões OLS do prêmio de retorno

observado sobre variáveis do modelo FF (1992),

acrescidas dos indicadores de governança

corporativa.

Variável

dependente PR PR

Modelo (7) (8)

Constante 0,06502*** 0,06003**

(0,00655) (0,01277)

Betas_ibrx' 0,02453*** 0,02170***

(0,00000) (0,00000)

Ln(MktCap)' -0,00634*** -0,00570***

(0,00008) (0,00058)

Ln(BtM)' 0,00380

(0,10426)

CONTR_EB

CONTR_EE

CONTR_CRP

ESCANDALO

PART-IGC

PART-IGC-NM

PART-ISE

S1 (%S) 0,03722*** 0,03632***

(0,00610) (0,00749)

Estatística F 23,09382 17,98724

(0,00000) (0,00000)

R² ajustado 0,01563 0,01602

Fonte: Elaboração própria

Nota: Todas as variáveis estão definidas na

Seção 5. ***, ** e * denotam,

respectivamente, significância estatística em

1%, 5% e 10%. Os p-valores estão entre

parênteses.

Os Modelos 7 e 8 isolam a variável S1 dos demais indicadores de governança

corporativa, sendo a diferença entre eles a presença de BE/ME. É mais razoável supor que o

44

Modelo 8 está melhor especificado que o 7, dado que, conforme será visto nas próximas

subseções, BE/ME está bastante correlacionado com S1, de modo que sua omissão no Modelo

7 possivelmente provoca viés estatístico. Os resultados observados compartilham os mesmos

sinais, ordens de grandeza e praticamente a mesma relevância estatística que o Modelo 1.

6.3 Impactos da governança corporativa sobre o valor de mercado

No conjunto de modelos apresentados a seguir, a variável ln(BtM), ou seja, o logaritmo

natural de BE/ME, antes utilizada como variável de controle, passará a ser a variável

dependente. O objetivo é analisar se a governança corporativa explica diferenças não apenas

nos retornos (modelos anteriores), mas também sobre o valor de mercado das empresas. É

importante frisar que a escolha dessa variável para tal aferição se justifica no seu uso pelo já

consagrado Modelo de 3 Fatores.

Os Modelos 9 e 10 são apresentados na tabela abaixo. A variável CONTR_EE, embora

tenha apresentado p-valor baixo, foi excluída dos modelos porque havia apenas uma empresa

cujo controlador final fora definido como ente público no exterior (as demais empresas

estrangeiras foram identificadas como privadas e/ou corporations). Portanto, qualquer

conclusão a respeito dessa variável poderia conter viés.

45

Tabela 5: Regressões OLS de ln(BtM) sobre

indicadores de governança corporativa.

Variável

dependente Ln(BtM)

Ln(BtM)

Modelo (9) (10)

Constante -0,23208*** -0,00453

(0,00272) (0,93420)

CONTR_EB 0,72579*** 0,74954***

(0,00000) (0,00000)

CONTR_CRP 0,24284*** 0,24827***

(0,00000) (0,00000)

ESCANDALO 0,07257** 0,08072**

(0,03709) (0,02044)

PART-IGC 0,24961***

(0,00003)

PART-IGC-NM -0,49407*** -0,45963***

(0,00000) (0,00000)

PART-ISE -0,17544*** -0,17660***

(0,00000) (0,00000)

S1 (%S) -0,57719*** -0,60249***

(0,00000) (0,00000)

Estatística F 177,34328 203,28606

(0,00000) (0,00000)

R² ajustado 0,21385 0,21102

Fonte: Elaboração própria

Nota: Todas as variáveis estão definidas na

Seção 5. ***, ** e * denotam,

respectivamente, significância estatística em

1%, 5% e 10%. Os p-valores estão entre

parênteses.

Os Modelos 9 e 10 mostram significativa influência dos indicadores de governança

corporativa sobre o valor de mercado das empresas. A variável dependente, ln(BE/ME),

apresenta o valor de mercado no denominador, portanto os coeficientes com sinal negativo

significam maior valor de mercado e vice-versa. Observa-se que, à exceção de PART-IGC,

todos os coeficientes apontam para a conclusão de que um maior grau de comprometimento

com a governança corporativa leva a valores de mercado maiores, com nível de significância

estatística de 1%. Essa conclusão é coerente com os resultados apresentados por Patel, Balic e

Bwakira (2002) e por Leal e Carvalhal-Da-Silva (2005).

É importante fazer uma ressalva a respeito desta conclusão, que possui uma premissa

implícita ainda não discutida. Entende-se como negativo, do ponto de vista da governança

corporativa, que a empresa não tenha seu controle final exercido por um ente privado bem

definido. Em outras palavras, faz-se a leitura de que valores iguais a 1 nas variáveis

46

CONTR_EB e CONTR_CRP evidenciam práticas sub-ótimas de governança, na medida em

que, nessas empresas, muitas decisões não são tomadas com o objetivo de maximizar o valor

da companhia. Isso é evidenciado pelo seu efeito negativo sobre o seu valor de mercado,

conforme ficou demonstrado pelos resultados dos Modelos 9 e 10.

Empresas estatais, em geral, sofrem com interferência política na determinação de preços,

seleção de projetos, contratação de pessoal, dentre outras decisões de gestão. Isso não

necessariamente está relacionado à existência de corrupção, mas ao fato notório de que,

muitas vezes, tais empresas são utilizadas como instrumentos de políticas públicas, em

detrimento dos acionistas minoritários. Sem entrar no mérito da eficácia econômica dessas

medidas, isso não apenas ocorre, como tem respaldo legal. A Lei 6.404/76, em seu artigo 238,

estabelece:

A pessoa jurídica que controla a companhia de economia mista tem os deveres e

responsabilidades do acionista controlador (artigos 116 e 117), mas poderá

orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que

justificou a sua criação.

Já as corporations, por não possuírem um controlador definido, muitas vezes sofrem mais

do que as demais com o problema de agência, discutido na Seção 2. Nessas empresas, é

comum verificar administradores com salários acima da média de mercado, baixa distribuição

de dividendos, quadro de pessoal inchado, seleção de projetos com baixo retorno, entre outros

sintomas da falta de governança corporativa. Adicionalmente, conforme discutido por Leal e

Carvalhal-Da-Silva (2005), é comum a existência nos Estatutos Sociais dessas empresas

cláusulas que inviabilizam a ocorrência de hostile take-overs, como forma de os

administradores se perpetuarem nos cargos.

O resultado de PART-IGC está invertido, possivelmente devido a um efeito de

multicolinearidade entre os regressores. Isso ocorre porque o conjunto de empresas para as

quais a variável IGC-NM apresenta valor 1 está contido no conjunto daquelas que têm IGC

igual a 1, dado que o primeiro contempla as empresas listadas no Novo Mercado e, a segunda,

em qualquer um dos três segmentos de listagem especial, incluindo o Novo Mercado. Além

disso, o coeficiente apresentado por PART-IGC é inferior, em módulo, ao de PART-IGC-

NM. Por esta razão, a variável foi excluída no Modelo 10, o que reverteu na redução do valor

absoluto do coeficiente de PART-IGC-NM, como seria de se esperar.

É interessante notar também o R² verificado nesses modelos, da ordem de 21%.

47

Para tornar os resultados mais palpáveis e intuitivos, é possível construir a relação entre

os coeficientes encontrados nos modelos com o seu efeito sobre o valor de mercado absoluto

das empresas. Isso é feito por meio da seguinte construção matemática.

∆ ln𝐵𝐸

𝑀𝐸= 𝑐

onde c é o coeficiente da regressão. Considerando constante o valor de BE (isto é,

supondo toda a variação provocada pelo coeficiente em ME), teremos:

∆%𝑀𝐸 = 𝑒−𝑐 − 1

Os resultados desse procedimento estão apresentados na tabela a seguir:

Tabela 6: Relação dos coeficientes do Modelo 10 com seus efeitos práticos

sobre o valor de mercado absoluto das companhias.

Regressão em Ln(BtM) Efeito sobre o valor de

mercado absoluto Modelo (10)

CONTR_EB 0,75 -53%

CONTR_CRP 0,25 -22%

ESCANDALO 0,08 -8%

PART-IGC-NM -0,46 58%

PART-ISE -0,18 19%

S1 / 10% S1 -0,60 / -0,06 83% / 6%

Fonte: Elaboração própria

Esse cálculo mostra que o controle estatal retira 53% do valor de mercado das

companhias, enquanto o fato de ser uma corporation o reduz em 22%. A ocorrência de um

escândalo corporativo, de acordo com os resultados, afeta em média 8% o valor de mercado.

Já a participação no IGC-NM e no ISE provoca um aumento no valor de mercado em 58% e

19%, respectivamente. Por fim, um aumento de 10 pontos percentuais nas respostas positivas

do Informe de GC tem efeito positivo de 6% sobre o valor de mercado.

Contudo, os ótimos resultados apresentados pelos Modelos 9 e 10 podem indicar um viés

estatístico. De fato, ambos são resultantes de regressões realizadas sobre dados em painel, a

exemplo dos modelos anteriores. Porém, os modelos anteriores tinham como variável

dependente os retornos, os quais, assume-se por premissa, são independentes e identicamente

48

distribuídos (iid.), portanto não apresentam auto-correlação. Já a variável ln(BtM), ao

contrário, representa o logaritmo da razão entre valor contábil e valor de mercado das

empresas, ambas grandezas que contém forte auto-correlação. Isso possivelmente explica os

p-valores tão baixos verificados na regressão com dados em painel.

Para contornar esse problema, vamos refazer as regressões do Modelo 10, uma para cada

mês da amostra. As tabelas nas páginas a seguir apresentam, respectivamente, os coeficientes,

os p-valores e os valores de R² encontrados:

49

Tabela 7: Coeficientes das regressões OLS mensais de ln(BtM) sobre indicadores de governança

corporativa.

Coeficientes

Mês S1 (%S)

PART-

ISE

PART-

IGC-NM ESCANDALO

CONTR_

CRP

CONTR_

EB Constante

1 -0,22655 -0,21014 -0,57706 0,19853 0,21560 0,76914 -0,04083

2 -0,27532 -0,18782 -0,53751 0,19010 0,19427 0,74483 -0,09825

3 -0,50031 -0,19423 -0,53659 0,14682 0,25306 0,77834 0,08053

4 -0,45567 -0,23377 -0,48630 0,09425 0,20023 0,74944 -0,00598

5 -0,46459 -0,23061 -0,51464 0,10271 0,16518 0,72694 0,07296

6 -0,23135 -0,23402 -0,58712 0,07543 0,18293 0,76545 -0,03496

7 -0,12795 -0,25636 -0,60285 0,06735 0,20782 0,78608 -0,04354

8 -0,10111 -0,25313 -0,60532 0,02769 0,18395 0,86115 0,03983

9 -0,20863 -0,32081 -0,44326 -0,06743 0,14162 0,89707 0,12865

10 -0,16862 -0,31811 -0,47457 -0,04555 0,13203 0,86495 0,08147

11 -0,24391 -0,32551 -0,47800 -0,07788 0,18983 0,88873 0,14471

12 -0,43637 -0,33065 -0,51848 -0,15302 0,20574 0,87976 0,33122

13 -0,35708 -0,38966 -0,55014 -0,13175 0,21896 0,88985 0,38505

14 -0,32878 -0,36834 -0,53978 -0,08803 0,17680 0,89689 0,28394

15 -0,22982 -0,32124 -0,47868 0,00111 0,19318 0,80099 0,02024

16 -0,33865 -0,28715 -0,43423 -0,01114 0,18659 0,83670 -0,00128

17 -0,21782 -0,27827 -0,51652 -0,00249 0,22504 0,84131 0,03435

18 -0,22973 -0,28324 -0,54730 0,04881 0,15154 0,80710 -0,02591

19 -0,09650 -0,29591 -0,48843 0,02809 0,19438 0,76029 -0,27545

20 -0,25814 -0,31075 -0,46392 -0,03163 0,26970 0,77625 -0,18425

21 -0,40791 -0,30141 -0,49791 0,03664 0,26595 0,74214 -0,04555

22 -0,50936 -0,28942 -0,43024 0,04058 0,23755 0,70893 -0,09507

23 -0,52877 -0,26532 -0,38909 -0,00413 0,20918 0,75049 -0,02989

24 -0,48741 -0,26922 -0,38659 -0,13017 0,26397 0,77175 -0,06260

25 -0,34650 -0,26586 -0,36666 -0,05950 0,21605 0,71624 -0,23934

26 -0,37440 -0,28196 -0,38779 0,00414 0,25438 0,65912 -0,25471

27 -0,32490 -0,20276 -0,47359 0,10600 0,25366 0,60456 -0,20383

28 -0,44494 -0,20202 -0,51779 0,08341 0,29507 0,68857 -0,11925

29 -0,48144 -0,16877 -0,51839 0,10981 0,27086 0,72832 -0,07617

30 -0,34568 -0,15364 -0,50958 0,17133 0,22138 0,68847 -0,16436

31 -0,40890 -0,12025 -0,50815 0,16725 0,22903 0,72494 -0,20985

32 -0,46814 -0,10432 -0,49340 0,16627 0,19744 0,76199 -0,26353

33 -0,55779 -0,08853 -0,48684 0,14876 0,18147 0,76738 -0,22318

34 -0,61917 -0,09742 -0,48581 0,09459 0,23627 0,81614 -0,17155

35 -0,59632 -0,07104 -0,49230 0,15972 0,18930 0,79817 -0,15028

36 -0,31653 -0,05917 -0,49923 0,09796 0,20407 0,83432 -0,40099

37 -0,44077 -0,04257 -0,42998 0,08976 0,22807 0,84524 -0,43142

38 -0,41435 -0,03844 -0,39354 0,11703 0,22350 0,79580 -0,46307

39 -0,98911 -0,04860 -0,30608 0,18388 0,25270 0,78354 -0,08489

40 -1,05910 -0,03408 -0,30050 0,19863 0,25817 0,76287 -0,04606

41 -1,10157 -0,02432 -0,32274 0,19228 0,28557 0,82423 0,09390

42 -1,12751 -0,02725 -0,33408 0,13786 0,33272 0,87186 0,16845

43 -1,14296 -0,02775 -0,28504 0,08976 0,33246 0,87311 0,08047

44 -1,17150 -0,02248 -0,29250 0,14392 0,36386 0,82919 0,13858

45 -1,17947 -0,00417 -0,23856 0,12073 0,25756 0,84722 0,15006

46 -0,98273 -0,08301 -0,23267 0,11717 0,21016 0,66537 -0,02816

47 -0,98298 -0,09361 -0,23366 0,14544 0,21736 0,64111 -0,05787

48 -0,92412 -0,09704 -0,32071 0,18999 0,23006 0,55988 -0,03576

49 -1,01391 -0,12043 -0,33740 0,10509 0,29414 0,57468 -0,07348

Fonte: Elaboração própria

Nota: Todas as variáveis estão definidas na Seção 5.

50

Tabela 8: P-valores das regressões OLS mensais de ln(BtM) sobre indicadores de governança

corporativa.

P-Valores

Mês S1 (%S)

PART-

ISE

PART-

IGC-NM ESCANDALO

CONTR_

CRP

CONTR_

EB Constante

1 0,73935 0,33430 0,00785*** 0,48584 0,53441 0,00674*** 0,92649

2 0,68148 0,38068 0,01174** 0,49800 0,56968 0,00768*** 0,82167

3 0,47114 0,36831 0,01257** 0,60105 0,46211 0,00550*** 0,85751

4 0,49426 0,26208 0,01910** 0,72914 0,54641 0,00585*** 0,98898

5 0,49925 0,28330 0,01629** 0,71450 0,62939 0,00934*** 0,87019

6 0,74595 0,30541 0,00981*** 0,80040 0,61504 0,00996*** 0,93994

7 0,86247 0,27802 0,01035** 0,82726 0,58088 0,01050** 0,92773

8 0,89275 0,29141 0,01121** 0,92959 0,63026 0,00594*** 0,93489

9 0,77989 0,17075 0,05529* 0,82510 0,70341 0,00336*** 0,79100

10 0,82301 0,17855 0,04247** 0,88249 0,72524 0,00501*** 0,86800

11 0,75410 0,18252 0,04770** 0,80669 0,62474 0,00522*** 0,77503

12 0,55207 0,15370 0,02468** 0,61469 0,57679 0,00385*** 0,49038

13 0,64802 0,11234 0,02454** 0,68496 0,57832 0,00595*** 0,45053

14 0,66608 0,12319 0,02355** 0,78072 0,64487 0,00449*** 0,56757

15 0,72919 0,13126 0,02361** 0,99686 0,57214 0,00440*** 0,96267

16 0,60104 0,16606 0,03485** 0,96765 0,57576 0,00236*** 0,99757

17 0,74952 0,20247 0,01767** 0,99314 0,52211 0,00364*** 0,93838

18 0,73964 0,20042 0,01324** 0,86788 0,67032 0,00577*** 0,95411

19 0,88438 0,16402 0,02100** 0,92060 0,56975 0,00672*** 0,52459

20 0,69015 0,13440 0,02448** 0,90837 0,41922 0,00464*** 0,66236

21 0,51972 0,13748 0,01383** 0,89153 0,41525 0,00558*** 0,91203

22 0,40447 0,13878 0,02670** 0,87545 0,44995 0,00598*** 0,81088

23 0,37662 0,16515 0,04014** 0,98700 0,49646 0,00306*** 0,93870

24 0,41241 0,15690 0,04034** 0,60573 0,38865 0,00224*** 0,87139

25 0,53878 0,14090 0,04043** 0,80349 0,45685 0,00276*** 0,51472

26 0,51061 0,12208 0,03199** 0,98632 0,38574 0,00611*** 0,49218

27 0,54997 0,24384 0,00679*** 0,64796 0,36666 0,00877*** 0,56623

28 0,43672 0,26940 0,00497*** 0,73259 0,31837 0,00468*** 0,74950

29 0,42803 0,38415 0,00791*** 0,67185 0,38792 0,00483*** 0,84764

30 0,55624 0,41294 0,00703*** 0,49510 0,46568 0,00587*** 0,66858

31 0,48255 0,51745 0,00669*** 0,50143 0,44628 0,00351*** 0,58131

32 0,41540 0,56913 0,00757*** 0,49818 0,50555 0,00194*** 0,48298

33 0,31978 0,61989 0,00687*** 0,53389 0,52992 0,00139*** 0,54188

34 0,27209 0,58710 0,00725*** 0,69364 0,41614 0,00075*** 0,64063

35 0,26758 0,67933 0,00492*** 0,48980 0,50066 0,00051*** 0,67152

36 0,55341 0,72944 0,00421*** 0,67024 0,46598 0,00028*** 0,25732

37 0,40541 0,80168 0,01233** 0,69373 0,41113 0,00021*** 0,21904

38 0,42423 0,81680 0,01901** 0,60004 0,41062 0,00035*** 0,17817

39 0,04304** 0,74799 0,04535** 0,36694 0,30805 0,00012*** 0,79019

40 0,02804** 0,81890 0,04584** 0,32222 0,29004 0,00014*** 0,88335

41 0,02231** 0,87001 0,03208** 0,33721 0,24162 0,00004*** 0,76460

42 0,02467** 0,86030 0,03313** 0,50826 0,19075 0,00003*** 0,60626

43 0,01888** 0,85320 0,05976* 0,65627 0,17721 0,00002*** 0,79919

44 0,01835** 0,88317 0,05832* 0,48466 0,14808 0,00006*** 0,66774

45 0,01373** 0,97742 0,10739 0,54215 0,28582 0,00002*** 0,62904

46 0,03612** 0,56718 0,11081 0,54806 0,37604 0,00060*** 0,92662

47 0,03709** 0,52118 0,11127 0,45866 0,36264 0,00097*** 0,85071

48 0,05306* 0,51243 0,03238** 0,34082 0,34264 0,00421*** 0,90877

49 0,03256** 0,41209 0,02327** 0,59401 0,22140 0,00307*** 0,81212

Fonte: Elaboração própria

Nota: Todas as variáveis estão definidas na Seção 5. ***, ** e * denotam, respectivamente, significância

estatística em 1%, 5% e 10%.

51

Tabela 9: R² das regressões OLS mensais de ln(BtM) sobre

indicadores de governança corporativa.

Mês R² Mês R² Mês R² Mês R² Mês R²

1 23% 11 19% 21 21% 31 24% 41 33%

2 22% 12 20% 22 20% 32 25% 42 32%

3 23% 13 19% 23 20% 33 26% 43 32%

4 21% 14 20% 24 20% 34 27% 44 30%

5 21% 15 20% 25 20% 35 29% 45 31%

6 21% 16 21% 26 19% 36 29% 46 25%

7 20% 17 21% 27 22% 37 28% 47 24%

8 21% 18 21% 28 23% 38 26% 48 24%

9 19% 19 19% 29 22% 39 30% 49 24%

10 19% 20 20% 30 23% 40 30%

Fonte: Elaboração própria

O Modelo 10 testado mensalmente revela algumas conclusões relevantes. Em primeiro

lugar, todas as variáveis mantiveram, em todos os meses, os mesmos sinais que na regressão

feita com dados em painel, à exceção de ESCANDALO. Nesse caso, o sinal não se manteve

constante ao longo dos meses, possivelmente porque os eventos originadores da variável

ocorreram em momentos distintos entre as empresas e, em geral, não estão incorporados aos

preços antes de se tornarem públicos.

Em segundo lugar, as variáveis CONTR_EB, CONTR_CRP e PART-IGC-NM, além dos

sinais, mantiveram também as mesmas ordens de grandeza durante todo o período, indicando

consistência de resultados. Além disso, as variáveis CONTR_EB e PART-IGC-NM

apresentaram significância estatística em quase todos os meses.

Já a variável S1 apresentou significância a 5% nos últimos 11 meses, mas não no restante

do período. Uma possível explicação é que a medição deste indicador foi feita justamente no

período final do horizonte amostral. Em outras palavras, pode ser que, caso o Informe de GC

já estivesse disponível anteriormente, e fossem usados resultados variáveis para cada empresa,

conforme a evolução do nível de governança ao longo do tempo, a significância estatística

teria ocorrido em todo o período.

Outra possível explicação reside nos próprios resultados dos Modelos 1 e 8. Ao explicar

retornos, S1 foi o único indicador de governança a mostrar significância estatística. Isso

significa que, no horizonte amostral, as companhias que apresentaram maior retorno foram

aquelas com valores mais altos de S1, ou seja, essas empresas tiveram seu valor de mercado

crescendo no tempo mais do que as demais. Como consequência, a relação entre valor de

52

mercado e S1 foi se tornando mais forte ao longo do tempo, até que adquirisse significância

estatística nos últimos meses.

As demais variáveis não apresentaram significância estatística.

Por fim, os valores de R² variaram entre 19% e 33%, o que indica boa correlação dos

dados.

Como consequência dos resultados apresentados nas regressões mensais, embora algumas

variáveis possam ser descartadas, é possível corroborar a conclusão de que um maior grau de

comprometimento das empresas com instrumentos de governança corporativa aumenta seu

valor de mercado, em linha com a literatura acadêmica.

6.4 Impactos da governança corporativa sobre o custo do capital próprio

O último conjunto de regressões é apresentado a seguir, tendo como variável dependente

a estimativa do custo de capital próprio, conforme definido na Seção 5.4. Essa estimativa foi

feita conforme sugerido por Barth, Konchitchki e Landsman (2013), ou seja, não por meio de

um modelo de regressão (Modelo de 3 Fatores, ou Modelo de 4 Fatores), mas como o cálculo

da taxa de desconto que está implícita no valor de mercado das companhias, com base nas

projeções de lucros feitas por analistas financeiros. O objetivo é, então, verificar a relação

entre o custo financeiro do equity e os aspectos de governança corporativa, por meio de uma

regressão entre as variáveis.

Importante notar que, nesse caso, o modelo construído não se trata de uma regressão com

dados em painel, mas do tipo cross-section com a estimativa do custo do capital próprio

realizada sobre dados de valor de mercado de janeiro de 2019. A observação dos lucros

estimados por analistas financeiros para a construção da variável se deu na primeira semana

de abril de 2019, quando os resultados do primeiro trimestre ainda não estavam disponíveis

para a maior parte das empresas. Isso significa que o processo de valuation conduzido por

esses analistas usou, por base, as informações de dezembro de 2018.

Essa conclusão implicaria o uso de dados de valor de mercado nesta mesma data-base,

tornando coerente a estimativa desejada, porém observou-se que a adoção do lag de 1 mês

(isto é, a observação do valor de mercado em janeiro de 2019) levou a resultados muito mais

consistentes nos modelos que serão apresentados. Essa diferença se deve, possivelmente, ao

efeito de correção de preços que usualmente ocorre no mês de janeiro, conforme já relatado

na literatura, por Lakonishok e Shapiro (1986) e por Fama e French (1992).

53

Os resultados dos modelos que buscam explicar o custo de capital próprio em função da

governança corporativa das companhias estão apresentados na tabela a seguir:

Tabela 10: Regressões OLS de Ke sobre indicadores de governança corporativa.

Variável

dependente Ke Ke Ke Ke Ke

Modelo (11) (12) (13) (14) (15)

Constante 0,17750*** 0,16115*** 0,15301*** 0,16189*** 0,14787***

(0,00000) (0,00000) (0,00024) (0,00000) (0,00000)

Betas_ibrx

(jan/19)

0,01368** 0,01391***

(0,01701) (0,00999)

Ln(MktCap) 0,00058

(0,82873)

CONTR_EB 0,03019*** 0,03012*** 0,03000*** 0,02503*** 0,02279***

(0,00103) (0,00019) (0,00022) (0,00597) (0,00529)

CONTR_CRP -0,00263 -0,00400

(0,81100) (0,70873)

ESCANDALO -0,00409 -0,00599

(0,65309) (0,49925)

PART-IGC -0,01480 -0,01519

(0,35073) (0,32389)

PART-IGC-NM -0,00431 0,00039

(0,55244) (0,95723)

PART-ISE 0,00344 0,00295

(0,61270) (0,65523)

S1 (%S) -0,03703* -0,03729* -0,03963* -0,03571* -0,03625*

(0,09103) (0,06397) (0,08455) (0,09318) (0,06263)

Estatística F 2,87329 8,84805 5,84827 3,41253 8,62740

(0,00996) (0,00032) (0,00112) (0,00203) (0,00005)

R² ajustado 0,13098 0,15284 0,14324 0,18156 0,20824

Fonte: Elaboração própria

Nota: Todas as variáveis estão definidas na Seção 5. ***, ** e * denotam,

respectivamente, significância estatística em 1%, 5% e 10%. Os p-valores estão entre

parênteses.

No Modelo 11, todos os indicadores de governança corporativa são incluídos, sem outras

variáveis de controle, mas apenas CONTR_EB e S1 guardam significância estatística, a 1% e

10%, respectivamente. No Modelo 12, as demais variáveis são omitidas, tendo o resultado

permanecido bastante semelhante, aos mesmos níveis de significância. No modelo 13, é

adicionada a variável de controle relacionada a tamanho, mas sua inclusão não se mostrou

relevante. Optou-se por não incluir a variável de controle ln(BtM), pois haveria possivelmente

54

um viés de endogeneidade, uma vez que, na realidade, é um maior custo de capital das

empresas que reduz seu valor de mercado, e não o contrário.

O Modelo 14 repete o Modelo 11, com a inclusão do beta como variável de controle.

Essa modificação é útil para verificar a validade das práticas de mercado relatadas na Seção

3.6, que mostram que os analistas financeiros, usualmente, adaptam o CAPM por meio do

acréscimo de spreads de risco específico. Para manter coerência com a construção da variável

dependente Ke, os valores adotados para beta foram os observados em janeiro de 2019. O

resultado obtido é satisfatório: foram mantidos os níveis de significância observados no

Modelo 11, com a vantagem de usar o beta como variável de controle, tendo esta mostrado

significância estatística a 5%.

No Modelo 15, são excluídas as variáveis que se mostraram indiferentes de zero,

mantidos apenas Betas_ibrx, CONTR_EB e S1 (%S). Observa-se que empresas estatais têm

custo de capital maior em 2,3 pp ao ano, enquanto um aumento de 10 pp nas respostas

positivas do Informe de GC reduz o custo de capital próprio em 0,36 pp ao ano. O R² deste

modelo foi de 0,21. A conclusão é que, conforme esperado, a melhoria do padrão de

governança corporativa das empresas reduz o seu custo de capital. Essa inferência é coerente

com os resultados encontrados por Barth, Konchitchki e Landsman (2013) e por Damodaran

(2006), bem como com as práticas de mercado, relatadas por pesquisa da KPMG (2017).

Por fim, com o objetivo de gerar um parâmetro que seja referência para o spread de

governança a ser utilizado nas adaptações do Modelo CAPM às práticas de mercado, o

Modelo 15 é reconstruído na tabela seguinte, substituindo S1 (%) por 1 – S1 (%):

55

Tabela 11: Regressões OLS de Ke sobre

indicadores de governança corporativa, adaptando-

os ao uso com CAPM.

Variável dependente Ke

Modelo (15b)

Constante 0,11163***

(0,00000)

Betas_ibrx

(jan/19)

0,01391***

(0,00999)

CONTR_EB 0,02279***

(0,00529)

1 – S1 (%) 0,03625*

(0,06263)

Estatística F 8,62740

(0,00005)

R² ajustado 0,20824

Fonte: Elaboração própria

Nota: Todas as variáveis estão definidas na Seção

5. ***, ** e * denotam, respectivamente,

significância estatística em 1%, 5% e 10%. Os p-

valores estão entre parênteses.

Observa-se que todos as estatísticas resultantes permaneceram as mesmas, à exceção da

inversão de sinal da variável relacionada ao Informe de GC e da redução do valor da

constante, conforme esperado. Manteve-se o resultado de que empresas estatais possuem

custo de capital próprio superior em 2,3 pp, enquanto, a cada 10 pp de respostas negativas no

Informe de GC, o custo de capital aumenta em 0,36 pp.

Ademais, a constante, que, conforme a teoria, deveria ser uma proxy para a taxa livre de

risco, ficou em 11,1%, superior ao DI Futuro com vencimento em 2025 observado em 31 de

janeiro de 2019, de 8,6%. Isso sugere a existência de outros fatores de risco não contemplados

pelo modelo.

56

7 Conclusão

A governança corporativa é motivo de preocupação por parte de investidores, desde que

existe a separação entre propriedade, controle e administração. Isso decorre do problema que

a teoria econômica denomina conflito de agência.

Apesar de antigo, o tema ganhou nome e virou objeto de estudos acadêmicos a partir da

década de 1970. Porém seu status foi decisivamente elevado a partir dos escândalos

corporativos do início dos anos 2000. Desde então, alteraram-se legislações, implementaram-

se novas ferramentas, órgãos colegiados, institutos dedicados, dentre outros. No campo

acadêmico, o maior relevo do tema se traduziu na multiplicação dos estudos, especialmente

no seu efeito sobre o desempenho financeiro da companhia e das ações de sua emissão.

Em paralelo, o modelo clássico de apreçamento de ativos financeiros, o CAPM, vem

sendo, desde os anos 1970 e, principalmente, 1980, progressivamente testado e suas premissas

básicas, refutadas. Em especial, tornou-se praticamente um consenso que o beta não é o único

fator a explicar o retorno de ações (segundo alguns autores, o beta nem mesmo faz parte desse

rol de variáveis).

Não obstante, os modelos que surgiram não são reformulações completas do CAPM, mas

resultam em equações que podem ser entendidas como extensões, que incluem novos fatores,

com destaque para diferentes formas de medir tamanho das companhias e a relação BE/ME.

A partir dos anos 2000, diversos artigos passaram a testar aspectos de governança

corporativa como um possível fator para explicar retornos, valor de mercado e custo de

capital. No mercado brasileiro, teve destaque o estudo feito por Leal e Carvalhal-Da-Silva

(2005), com amostra no período de 1998 a 2001, o qual concluiu, em linha com resultados

encontrados no mercado norte-americano, que melhores práticas de governança corporativa

têm impacto positivo sobre o valor de mercado das empresas que as adotam.

Foram testados, com base em uma amostra mais recente do mercado brasileiro (2015-

2019), conforme apresentado na Seção 6, os efeitos da governança corporativa não apenas

sobre valor de mercado, mas também sobre retornos e sobre custo de capital próprio. No caso

desta última variável, foi adotada a sugestão dada por Barth, Konchitchki e Landsman (2013)

para a sua estimativa, de usar a taxa de desconto implícita no valor de mercado observado, em

vez de um modelo multi-fator.

Os resultados obtidos são coerentes com os principais estudos internacionais e com os

encontrados por Leal e Carvalhal-Da-Silva (2005): companhias que se dedicam a melhorar

57

suas práticas de governança corporativa apresentam maiores retornos esperados das ações de

sua emissão, maior valor de mercado e menor custo de capital próprio.

Nesse sentido, empresas estatais e, em menor medida, corporations são tidas como

empresas de governança inferior, na medida em que apresentam menor retorno esperado,

menor valor de mercado e maior custo de capital, em comparação às empresas com

controlador privado definido. Contudo, a melhoria das práticas de governança nessas

empresas pode atenuar esses efeitos.

De um lado, é coerente supor que firmas com maior custo de equity apresentem valor de

mercado inferior. Isso ocorre porque os investidores enxergam risco adicional decorrente de

um padrão inferior de governança corporativa e, portanto, em seus processos de valuation,

usarão taxas de desconto maiores, o que reduzirá o valor justo resultante. Como consequência,

será menor o preço máximo que estarão dispostos a pagar para comprar uma ação e também

menor o preço mínimo pelo qual estarão dispostos a vendê-la. Em equilíbrio, o preço de

mercado também deverá ser inferior. O esquema abaixo resume este raciocínio:

Por outro lado, é interessante notar também que, quando contemplados os efeitos da

governança corporativa sobre o retorno esperado das ações, esses resultados, de certa forma e

possivelmente, violam o princípio da eficiência de mercado. Observamos que, invertendo o

raciocínio anterior, empresas com boa governança deveriam ter o custo do capital próprio

inferior, logo valor de mercado superior. Em outras palavras, os investidores estarão dispostos

a pagar um ágio por essas ações, o que, dada uma projeção de fluxos de caixa e dividendos,

deveria reduzir o seu retorno esperado, em vez de aumentá-lo. No mercado eficiente em

Menor preço de equilíbrio

Menor preço de negociação

Menor valor justo visto pelo investidor

Maior taxa de desconto

Maior risco

Menor padrão de governança corporativa

58

equilíbrio, o custo financeiro do equity da companhia deveria ser igual à taxa de retorno

esperada pelo acionista.

A explicação para isso pode ser encontrada em Gompers, Ishii e Metrick (2001), que

encontraram o mesmo resultado para a relação entre governança corporativa e retornos. Eles

argumentam que os efeitos da governança corporativa não são imediatamente percebidos

pelos investidores e que, por isso, uma vez implementadas melhores práticas, a ação, em vez

de se ajustar de imediato ao novo valor justo, leva alguns anos para fazê-lo, capturando

lentamente o ganho de valor e se ajustando, à medida que os efeitos das boas práticas vão

sendo percebidos pelo mercado.

De fato, verificamos que, na amostra analisada, embora a relação entre o retorno e a

governança corporativa tenha mostrado significância estatística de forma indiscutível, a

relação do valor de mercado com a variável de governança foi mostrando relevância

estatística crescente, até se tornar significante a 5%, nos últimos 11 meses. Esse resultado, a

exemplo daquele encontrado por Gompers, Ishii e Metrick (2001), corrobora a explicação de

que os efeitos são assimilados pelo mercado com alguma lentidão.

Adicionalmente, fazendo uma analogia deste raciocínio com a situação oposta, é possível

supor que empresas com governança ruim e/ou estatais apresentem um fluxo de novas

notícias mais negativo do que positivo, não contemplado pelos investidores em suas

modelagens. Por exemplo, quando uma empresa anuncia a realização de um novo

investimento que, na opinião do mercado, apresentará taxa interna de retorno inferior ao custo

de capital da empresa, será de se esperar uma reação negativa dos investidores, resultando em

redução do valor da empresa. À medida que isso ocorre, essas ações vão tendo desempenho

inferior às demais, em termos de retorno. Logo, ainda que os analistas financeiros usem

maiores taxas de descontos em seus modelos, não serão capazes de contemplar previamente

decisões equivocadas de gestão.

Por fim, como consequência do conjunto de resultados apresentados, entende-se como

positivo o conjunto de esforços que o mercado tem empreendido na direção de melhorar as

práticas de governança corporativa das empresas, com destaque para a atuação de instituições

como a Bovespa, o IBGC e importantes investidores institucionais, que exercem ativamente

seu poder e influência nas assembleias e na indicação de membros para órgãos colegiados das

companhias.

Esses esforços, além de fortalecerem a sustentabilidade das companhias, aumentarem o

retorno dos acionistas e preservarem o patrimônio dos credores, acabam, por consequência,

por atrair mais investidores individuais a investir no mercado de capitais, aumentando a

59

disponibilidade de poupança agregada que poderá ser destinada a projetos industriais e de

infraestrutura. A transparência, a atuação ética e responsável, bem como o alinhamento dos

interesses entre acionistas controladores, acionistas minoritários e administradores conduz a

uma maior eficiência da alocação de recursos na economia.

60

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64

Anexo: Informe sobre o Código Brasileiro de Governança Corporativa

1. Em relação ao princípio 1.1: “Cada ação deve dar direito a um voto”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “o capital social da companhia

deve ser composto apenas por ações ordinárias”

b. no caso da não adoção da prática recomendada, apresentar, em linha com as orientações do

Código, as razões que levaram o emissor a adotar outras estruturas acionárias32

2. Em relação ao princípio 1.2: “Os acordos de acionistas não devem transferir para os acionistas signatários

as decisões nas matérias de competência do conselho de administração, da diretoria ou do conselho fiscal”

a. informar se os acordos de acionistas arquivado na sede do emissor ou do qual o controlador seja

parte, regulando o exercício do direito de voto ou a transferência de ações de emissão do

emissor, seguem a seguinte prática recomendada: “os acordos de acionistas não devem vincular

o exercício do direito de voto de nenhum administrador ou membro dos órgãos de fiscalização e

controle”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa dos acionistas signatários dos acordos

sobre o assunto 33

3. Em relação ao princípio 1.3: “A administração deve buscar o engajamento dos acionistas, favorecer a

presença em assembleia geral e o correto entendimento das matérias a serem deliberadas, bem como facilitar a

indicação e eleição de candidatos ao conselho de administração e conselho fiscal”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas:

i. “a diretoria deve utilizar a assembleia para comunicar a condução dos negócios da

companhia, pelo que a administração deve publicar um manual visando facilitar e estimular

a participação nas assembleias gerais”

ii. “as atas devem permitir o pleno entendimento das discussões havidas na assembleia, ainda

que lavradas em forma de sumário de fatos ocorridos, e trazer a identificação dos votos

proferidos pelos acionistas”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar

a justificativa do emissor sobre o assunto 34

4. Em relação ao princípio 1.4: “Medidas de defesa, caso sejam adotadas pela companhia, devem ter

como objetivo prevenir aquisições oportunistas de parcelas significativas de capital da companhia em

momentos desfavoráveis de mercado, preservando a liquidez ou maximizando o valor das ações, em benefício

de todos os acionistas”

a. informar, caso haja mecanismos de proteção à dispersão acionária previstos no estatuto social

do emissor:

i. se o emissor seguiu a seguinte prática recomendada: “o conselho de administração deve

fazer uma análise crítica das vantagens e desvantagens da medida de defesa e de suas

características, e sobretudo dos gatilhos de acionamento e parâmetros de preço, se

aplicáveis, explicando-as”

ii. se esses mecanismos estão de acordo com as seguintes práticas recomendadas:

“não devem ser utilizadas cláusulas que inviabilizem a remoção da medida do estatuto

32 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 33

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 34

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

65

social, as chamadas ‘cláusulas pétreas’”

“caso o estatuto determine a realização de oferta pública de aquisição de ações (OPA),

sempre que um acionista ou grupo de acionistas atingir, de forma direta ou indireta,

participação relevante no capital votante, a regra de determinação do preço da oferta

não deve impor acréscimos de prêmios substancialmente acima do valor econômico ou

de mercado das ações”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 35

c. caso seja indicada a adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código: 36

i. locais na rede mundial de computadores onde pode ser consultada a análise crítica do

conselho de administração em relação às vantagens e desvantagens da medida de defesa e de

suas características, e sobretudo dos gatilhos de acionamento e parâmetros de preço

ii. os motivos pelos quais o emissor entende que os acréscimos de prêmios acima do valor

econômico ou de mercado não são substanciais

5. Em relação ao princípio 1.5: “Independentemente da forma jurídica e dos termos e condições

negociados para a transação que der origem à mudança de controle, todos os acionistas da companhia objeto da

transação devem ser tratados de forma justa e equitativa”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “o estatuto da companhia deve

estabelecer que: (i) transações em que se configure a alienação, direta ou indireta, do controle

acionário devem ser acompanhadas de oferta pública de aquisição de ações (OPA) dirigida a

todos os acionistas, pelo mesmo preço e condições obtidos pelo acionista vendedor; (ii) os

administradores devem se manifestar sobre os termos e condições de reorganizações societárias,

aumentos de capital e outras transações que derem origem à mudança de controle, e consignar

se elas asseguram tratamento justo e equitativo aos acionistas da companhia”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar

a justificativa do emissor sobre o assunto 37

6. Em relação ao princípio 1.6: “O conselho de administração deve orientar os acionistas quanto às

OPAs a eles dirigidas”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática: “o estatuto social deve prever que o conselho de

administração dê seu parecer em relação a qualquer OPA tendo por objeto ações ou valores

mobiliários conversíveis ou permutáveis por ações de emissão da companhia, o qual deverá

conter, entre outras informações relevantes, a opinião da administração sobre eventual aceitação

da OPA e sobre o valor econômico da companhia”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 38

7. Em relação ao princípio 1.7: “A política de destinação de resultados da companhia deve respeitar as

características econômico-financeiras do negócio – geração de caixa e necessidade de investimentos – e ser do

conhecimento de todos os interessados, acionistas e investidores”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática: “a companhia deve elaborar e divulgar política

de destinação de resultados definida pelo conselho de administração. Entre outros aspectos, tal

política deve prever a periodicidade de pagamentos de dividendos e o parâmetro de referência a

35 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 36

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 37

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 38

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

66

ser utilizado para a definição do respectivo montante (percentuais do lucro líquido ajustado e do

fluxo de caixa livre, entre outros)” 39

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar a

justificativa do emissor sobre o assunto 40

8. Em relação ao princípio 1.8: “A orientação das atividades da companhia pelo acionista controlador,

de modo que atenda ao interesse público que justificou a criação da sociedade de economia mista, deve ser

conciliada com os interesses dos demais acionistas e investidores nos valores mobiliários da companhia”

a. o emissor que seja sociedade de economia mista deve informar se segue as seguintes práticas:

i. “o estatuto social deve identificar clara e precisamente o interesse público que justificou a

criação da sociedade de economia mista, em capítulo específico”

ii. “o conselho de administração deve monitorar as atividades da companhia e estabelecer

políticas, mecanismos e controles internos para apuração dos eventuais custos do

atendimento do interesse público e eventual ressarcimento da companhia ou dos demais

acionistas e investidores pelo acionista controlador”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 41

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código: 42

i. identificar clara e precisamente o interesse público que justificou a criação da sociedade de

economia mista

ii. como e com que frequência o conselho de administração monitora as atividades do emissor

iii. as políticas, mecanismos e controles internos estabelecidos pelo emissor com o objetivo de

apurar os eventuais custos do atendimento do interesse público e o eventual ressarcimento

da companhia ou dos demais acionistas e investidores pelo acionista controlador

iv. os custos do atendimento do interesse público e eventuais valores ressarcidos no último

exercício social

9. Em relação ao princípio 2.1: “O conselho de administração deve exercer suas atribuições

considerando os interesses de longo prazo da companhia, os impactos decorrentes de suas atividades na

sociedade e no meio ambiente e os deveres fiduciários de seus membros, atuando como guardião dos

princípios, valores, objeto social e sistema de governança da companhia”

a. informar se emissor segue a seguinte prática recomendada: “o conselho de administração deve,

sem prejuízo de outras atribuições legais, estatutárias e de outras práticas previstas no Código:

(i) definir as estratégias de negócios, considerando os impactos das atividades da companhia na

sociedade e no meio ambiente, visando a perenidade da companhia e a criação de valor no longo

prazo; (ii) avaliar periodicamente a exposição da companhia a riscos e a eficácia dos sistemas de

gerenciamento de riscos, dos controles internos e do sistema de integridade/conformidade

(compliance) e aprovar uma política de gestão de riscos compatível com as estratégias de

negócios; (iii) definir os valores e princípios éticos da companhia e zelar pela manutenção da

transparência do emissor no relacionamento com todas as partes interessadas; (iv) rever

anualmente o sistema de governança corporativa, visando a aprimorá-lo”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

39 O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas admite que as políticas

corporativas por ele recomendadas possam estar reunidas no todo ou em parte em um único documento. 40

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 41

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 42

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

67

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 43

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código,

como se dá a atuação do órgão em relação a cada uma das práticas recomendadas44

10. Em relação ao princípio 2.2: “O conselho de administração deve ter membros de perfil

diversificado, número adequado de conselheiros independentes, e tamanho que permita a criação de comitês, o

debate efetivo de ideias e a tomada de decisões técnicas, isentas e fundamentadas”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “o estatuto social deve estabelecer que: (i) o conselho de administração seja composto em

sua maioria por membros externos, tendo, no mínimo, um terço de membros independentes;

(ii) o conselho de administração deve avaliar e divulgar anualmente quem são os

conselheiros independentes, bem como indicar e justificar quaisquer circunstâncias que

possam comprometer sua independência” 45

ii. “o conselho de administração deve aprovar uma política de indicação que estabeleça: (i) o

processo para a indicação dos membros do conselho de administração, incluindo a indicação

da participação de outros órgãos da companhia no referido processo; e (ii) que o conselho de

administração deve ser composto tendo em vista a disponibilidade de tempo de seus

membros para o exercício de suas funções e a diversidade de conhecimentos, experiências,

comportamentos, aspectos culturais, faixa etária e gênero” 46

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, informando: 47

i. razão pela qual a companhia não possui uma política de indicação formalizada, indicando se

há outros documentos do emissor, tal como o estatuto social, que regulam o processo de

indicação dos membros do conselho de administração

ii. razão pela qual a política não abrange todas as práticas recomendadas

iii. motivo pelo qual a avaliação do emissor da independência dos conselheiros de

administração diverge dos parâmetros de orientação previstos no Código

c. no caso da indicação da adoção da prática, informar, em linha com as orientações do Código,

como a política é implementada no dia a dia da companhia, descrevendo como se dá o processo

para a indicação de membros do conselho de administração e indicando a participação de outros

órgãos da companhia, inclusive do comitê de nomeação ou indicação 48

11. Em relação ao princípio 2.3: “O presidente do conselho deve coordenar as atividades do conselho

de administração buscando a eficácia e o bom desempenho do órgão e de cada um de seus membros, servindo

de elo entre o conselho de administração e o diretor-presidente”

a. informar se o emissor: “o diretor-presidente não deve acumular o cargo de presidente do

43 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 44

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 45

Para a verificação da aderência à prática recomendada devem ser levadas em conta as regras de

arredondamento e os parâmetros de orientação do Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias

Abertas para a avaliação da independência dos administradores. 46

O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas prevê que as políticas

corporativas por ele recomendadas podem estar reunidas no todo ou em parte em um único documento. 47

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 48

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

68

conselho de administração”

b. no caso da não adoção da prática, apresentar, em linha com as orientações do Código, a

justificativa do emissor sobre o assunto, informando as eventuais práticas alternativas adotadas

para evitar que a concentração de poderes de presidente do conselho e diretor-presidente

prejudique o monitoramento da atuação da diretoria pelo conselho de administração 49

12. Em relação ao princípio 2.4: “O conselho de administração deve estabelecer mecanismos de

avaliação periódica de desempenho que contribuam para sua efetividade e para o aperfeiçoamento da

governança da companhia”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “A companhia deve implementar

um processo anual de avaliação do desempenho do conselho de administração e de seus

comitês, como órgãos colegiados, do presidente do conselho de administração, dos conselheiros,

individualmente considerados, e da secretaria de governança, caso existente”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, informando

se há processo conduzido com periodicidade superior a um ano ou práticas alternativas adotadas

para atender o princípio, indicando, em caso positivo, os critérios considerados na avaliação e se

há a participação de especialistas externos no processo 50

c. no caso da indicação da adoção da prática, informar, em linha com as orientações do Código, os

critérios considerados na avaliação, se há participação de especialistas externos, e com qual

periodicidade, se o processo considera a assiduidade no exame e no debate das matérias

discutidas, a contribuição ativa no processo decisório e comprometimento com o exercício das

funções, principais pontos identificados para a melhoria do órgão e as ações corretivas

implementadas 51

13. Em relação ao princípio 2.5: “O conselho de administração deve zelar pela continuidade da gestão

da companhia, evitando que a sucessão de seus principais líderes acabe afetando o desempenho da companhia e

gerando destruição de seu valor”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “O conselho de administração

deve aprovar e manter atualizado um plano de sucessão do diretor-presidente, cuja elaboração

deve ser coordenada pelo presidente do conselho de administração”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 52

c. no caso da indicação da adoção da prática, informar, em linha com as orientações do Código, a

data da aprovação do plano de sucessão e a data da sua última atualização

14. Em relação ao princípio 2.6: “Para que possa desempenhar bem suas funções, o membro do

conselho de administração deve entender o negócio da companhia”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “a companhia deve ter um

programa de integração dos novos membros do conselho de administração, previamente

estruturado, para que os referidos membros sejam apresentados às pessoas-chave da companhia

e às suas instalações e no qual sejam abordados temas essenciais para o entendimento do

negócio da companhia”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

49 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 50

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 51

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 52

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

69

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, podendo ser

indicados os eventuais procedimentos alternativos adotados pelo emissor 53

c. no caso da indicação da adoção da prática, descrever, em linha com as orientações do Código, o

programa de integração de novos conselheiros

15. Em relação ao princípio 2.7: “A remuneração dos membros do conselho de administração deve

estar alinhada aos objetivos estratégicos da companhia com foco em sua perenidade e na criação de valor no

longo prazo”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “a remuneração dos membros do

conselho de administração deve ser proporcional às atribuições, responsabilidades e demanda de

tempo. Não deve haver remuneração baseada em participação em reuniões, e a remuneração

variável dos conselheiros, se houver, não deve ser atrelada a resultados de curto prazo”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, as razões que justificam: 54

i. a eventual existência de remuneração de conselheiro distinta da remuneração dos demais

membros

ii. que a remuneração dos membros do conselho seja baseada em participação em reuniões ou

atrelada a resultados de curto prazo

16. Em relação ao princípio 2.8: “A atuação do conselho de administração deve ser pautada por um

documento contendo regras que normatizem sua estrutura e forma de atuação”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “o conselho de administração deve

ter um regimento interno que normatize suas responsabilidades, atribuições e regras de

funcionamento, incluindo: (i) as atribuições do presidente do conselho de administração; (ii) as

regras de substituição do presidente do conselho em sua ausência ou vacância; (iii) as medidas a

serem adotadas em situações de conflito de interesses; e (iv) a definição de prazo de

antecedência suficiente para o recebimento dos materiais para discussão nas reuniões, com a

adequada profundidade” 55

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, indicando se

há outro documento interno que regule os processos de funcionamento do conselho de

administração, devendo ser informado, se o regimento interno não o fizer, quais medidas devem

ser tomadas em face de situações envolvendo conflitos de interesses 56

17. Em relação ao princípio 2.9: “O conselho de administração deve adotar um conjunto de ações que

propicie a eficácia de suas reuniões, facilite a atuação dos conselheiros externos e dê transparência à sua

atuação”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “o conselho de administração deve definir um calendário anual com as datas das reuniões

ordinárias, que não devem ser inferiores a seis nem superiores a doze, além de convocar

reuniões extraordinárias, sempre que necessário. O referido calendário deve prever uma

agenda anual temática com assuntos relevantes e datas de discussão”

ii. “as reuniões do conselho devem prever regularmente sessões exclusivas para conselheiros

externos, sem a presença dos executivos e demais convidados, para alinhamento dos

53 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 54

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 55

O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas prevê que as políticas

corporativas por ele recomendadas podem estar reunidas no todo ou em parte em um único documento. 56

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

70

conselheiros externos e discussão de temas que possam criar constrangimento”

iii. “as atas de reunião do conselho devem ser redigidas com clareza e registrar as decisões

tomadas, as pessoas presentes, os votos divergentes e as abstenções de voto”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar

a justificativa do emissor sobre o assunto, indicando: (i) se o calendário não prever o número de

reuniões superior a seis e inferior a doze, as razões para esse fato; (ii) se o calendário não indicar

as datas de discussão dos assuntos mais relevantes, a justificativa para tanto, informando se se

trata de prática recorrente ou de situação excepcional influenciada por determinado contexto;

(iii) razão pela qual o calendário não prevê reuniões exclusivas entre os conselheiros externos,

ou razão pela qual essas reuniões, mesmo previstas, não ocorreram 57

c. para fim do cumprimento da prática indicada no item 17.a.iii, indicar, em linha com as

orientações do Código, se o regimento interno do conselho de administração prevê a adoção

dessas práticas

18. Em relação ao princípio 3.1: “A diretoria deve gerir os negócios da companhia, com observância

aos limites de risco e às diretrizes aprovados pelo conselho de administração”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “a diretoria deve, sem prejuízo de suas atribuições legais e estatutárias e de outras práticas

previstas no Código: (i) executar a política de gestão de riscos e, sempre que necessário,

propor ao conselho eventuais necessidades de revisão dessa política, em função de alterações

nos riscos a que a companhia está exposta; (ii) implementar e manter mecanismos, processos

e programas eficazes de monitoramento e divulgação do desempenho financeiro e

operacional e dos impactos das atividades da companhia na sociedade e no meio ambiente”

ii. “a diretoria deve ter um regimento interno próprio que estabeleça sua estrutura, seu

funcionamento e seus papéis e responsabilidades”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, informando:

i. caso os limites de risco e as diretrizes aprovadas pelo conselho de administração não tenham

sido observados ou as estratégias por ele definidas não tenham sido implementadas no

exercício anterior, a razão para esse fato

ii. se não existir regimento interno ou se o regimento não atender plenamente à prática, a razão

para esse fato

19. Em relação ao princípio 3.2: “O processo de indicação e preenchimento de cargos de diretoria e

posições gerenciais deve visar à formação de um grupo alinhado aos princípios e valores éticos da companhia

tendo em vista a diversidade, inclusive de gênero, almejando sua ocupação por pessoas com competências

complementares e habilitadas para enfrentar os desafios da companhia”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “Não deve existir reserva de

cargos de diretoria ou posições gerenciais para indicação direta por acionistas”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, informando:

i. se a reserva for prevista em acordo de acionistas, a justificativa dos acionistas signatários

dos acordos sobre o assunto, abordando, por exemplo, as características específicas da

estrutura de controle da companhia que poderiam justificar tal prática, bem como a eventual

existência de mecanismos de mitigação, tais como a fixação de requisitos para o exercício do

cargo a ser preenchido pelas pessoas indicadas

ii. se a reserva de cargos estiver prevista em lei ou no estatuto social, as razões que justificam

essa prática, bem como a eventual existência de mecanismos de mitigação, tais como a

fixação de requisitos para o exercício do cargo a ser preenchido pelas pessoas indicadas

20. Em relação ao princípio 3.3: “O diretor-presidente e a diretoria devem ser avaliados com base em

metas de desempenho, financeiras e não financeiras (incluindo aspectos ambientais, sociais e de governança),

57 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

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alinhadas com os valores e os princípios éticos da companhia”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “o diretor-presidente deve ser avaliado, anualmente, em processo formal conduzido pelo

conselho de administração, com base na verificação do atingimento das metas de

desempenho financeiro e não financeiro estabelecidas pelo conselho de administração para a

companhia”

ii. “os resultados da avaliação dos demais diretores, incluindo as proposições do diretor-

presidente quanto a metas a serem acordadas e à permanência, à promoção ou ao

desligamento dos executivos nos respectivos cargos, devem ser apresentados, analisados,

discutidos e aprovados em reunião do conselho de administração”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 58

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código: 59

i. período em que foram conduzidas as avaliações do diretor-presidente e dos demais diretores

ii. datas das reuniões do conselho em que foi realizada a avaliação do diretor-presidente e

apresentados, analisados, discutidos e aprovados os resultados da avaliação dos demais

diretores

21. Em relação ao princípio 3.4: “A remuneração dos membros da diretoria deve estar alinhada aos

objetivos estratégicos da companhia, com foco em sua perenidade e na criação de valor no longo prazo”:

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “a remuneração da diretoria deve ser fixada por meio de uma política de remuneração

aprovada pelo conselho de administração por meio de um procedimento formal e

transparente que considere os custos e os riscos envolvidos” 60

ii. “a remuneração da diretoria deve estar vinculada a resultados, com metas de médio e longo

prazos relacionadas de forma clara e objetiva à geração de valor econômico para a

companhia no longo prazo”

iii. “a estrutura de incentivos deve estar alinhada aos limites de risco definidos pelo conselho de

administração e vedar que uma mesma pessoa controle o processo decisório e a sua

respectiva fiscalização. Ninguém deve deliberar sobre sua própria remuneração”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 61

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código,

o motivo pelo qual o emissor entende que está aderente às práticas recomendadas62

22. Em relação ao princípio 4.1: “A companhia deve ter um comitê de auditoria estatutário,

independente e qualificado”

a. informar se o emissor possui comitê de auditoria estatutário e se este segue a seguinte prática

recomendada: “O comitê de auditoria estatutário deve: (i) ter entre suas atribuições a de

58 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 59

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 60

O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas prevê que as políticas

corporativas por ele recomendadas podem estar reunidas no todo ou em parte em um único documento. 61

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 62

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

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assessorar o conselho de administração no monitoramento e controle da qualidade das

demonstrações financeiras, nos controles internos, no gerenciamento de riscos e compliance;

(ii) ser formado em sua maioria por membros independentes e coordenado por um conselheiro

independente63

; (iii) ter ao menos um de seus membros independentes com experiência

comprovada na área contábil-societária, de controles internos, financeira e de auditoria,

cumulativamente; e (iv) possuir orçamento próprio para a contratação de consultores para

assuntos contábeis, jurídicos ou outros temas, quando necessária a opinião de um especialista

externo”

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, podendo ser

descritas as práticas alternativas adotadas para o monitoramento e o controle da qualidade das

demonstrações financeiras, dos controles internos, do gerenciamento de riscos e compliance 64

c. no caso da indicação da adoção da prática, informar, em linha com as orientações do Código, o

motivo pelo qual o emissor entende que o funcionamento do comitê estatutário está aderente às

práticas recomendadas 65

23. Em relação ao princípio 4.2: “O conselho fiscal, se instalado, deve ser dotado dos recursos e do

suporte da administração necessários para que seus membros possam desempenhar suas atribuições individuais

de fiscalização independente de forma efetiva”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “o conselho fiscal deve ter um regimento interno próprio que descreva sua estrutura, seu

funcionamento, programa de trabalho, seus papéis e responsabilidades, sem criar embaraço à

atuação individual de seus membros”

ii. “as atas das reuniões do conselho fiscal devem observar as mesmas regras de divulgação das

atas do conselho de administração”66

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar

a justificativa do emissor sobre o assunto 67

24. Em relação ao princípio 4.3: “Os auditores independentes devem reportar-se ao conselho de

administração. Este deve zelar pela independência dos auditores independentes na sua atuação”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “a companhia deve estabelecer uma política para contratação de serviços extra-auditoria de

seus auditores independentes, aprovada pelo conselho de administração, que proíba a

contratação de serviços extra-auditoria que possam comprometer a independência dos

auditores. A companhia não deve contratar como auditor independente quem tenha prestado

serviços de auditoria interna para a companhia há menos de três anos” 68

ii. “a equipe de auditoria independente deve reportar-se ao conselho de administração, por meio

63 Para a verificação da aderência à prática recomendada devem ser levados em conta os parâmetros de

orientação do Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas para a avaliação da

independência dos administradores. 64

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 65

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 66

De acordo com o Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas, para fim do

atendimento à prática, a divulgação das atas do conselho fiscal deve incluir os pareceres e votos dos conselheiros

fiscais, dissidentes ou não, as justificativas de voto e os demais documentos por eles elaborados. 67

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 68

O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas prevê que as políticas

corporativas por ele recomendadas podem estar reunidas no todo ou em parte em um único documento.

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do comitê de auditoria, se existente. O comitê de auditoria deverá monitorar a efetividade do

trabalho dos auditores independentes, assim como sua independência. Deve, ainda, avaliar e

discutir o plano anual de trabalho do auditor independente e encaminhá-lo para a apreciação

do conselho de administração”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 69

25. Em relação ao princípio 4.4: “A companhia deve estruturar sua auditoria interna de maneira

compatível com a dimensão, a complexidade e os riscos de seus negócios, cabendo ao conselho de

administração zelar pela qualificação e independência dos profissionais da equipe de auditoria interna em

relação à diretoria”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “a companhia deve ter uma área de auditoria interna vinculada diretamente ao conselho de

administração”

ii. “em caso de terceirização dessa atividade, os serviços de auditoria interna não devem ser

exercidos pela mesma empresa que presta serviços de auditoria das demonstrações

financeiras. A companhia não deve contratar para auditoria interna quem tenha prestado

serviços de auditoria independente para a companhia há menos de três anos”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 70

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código,

o motivo pelo qual o emissor entende que o funcionamento da auditoria interna está aderente à

prática recomendada, descrevendo como a auditoria interna está estruturada e sua adequação ao

porte e à complexidade de suas atividades 71

26. Em relação ao princípio 4.5: “A companhia deve ter um processo apropriado de gerenciamento de

riscos e manter controles internos e programas de integridade/conformidade (compliance) adequados ao porte,

ao risco e à complexidade de suas atividades”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “a companhia deve adotar política de gerenciamento de riscos, aprovada pelo conselho de

administração, que inclua a definição dos riscos para os quais se busca proteção, os

instrumentos utilizados para tanto, a estrutura organizacional para gerenciamento de riscos, a

avaliação da adequação da estrutura operacional e de controles internos na verificação da sua

efetividade, além de definir diretrizes para o estabelecimento dos limites aceitáveis para a

exposição da companhia a esses riscos”

ii. “cabe ao conselho de administração zelar para que a diretoria possua mecanismos e

controles internos para conhecer, avaliar e controlar os riscos, a fim de mantê-los em níveis

compatíveis com os limites fixados, incluindo programa de integridade/conformidade

(compliance) visando o cumprimento de leis, regulamentos e normas externas e internas”

iii. “a diretoria deve avaliar, pelo menos anualmente, a eficácia das políticas e dos sistemas de

gerenciamento de riscos e de controles internos, bem como do programa de

integridade/conformidade (compliance) e prestar contas ao conselho de administração sobre

essa avaliação”

69 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 70

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 71

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

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74

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 72

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código: 73

i. como essas práticas são adotadas pelo emissor

ii. data da última apreciação pelo conselho da avaliação da diretoria sobre a eficácia das

políticas e sistemas de gerenciamento de riscos e do programa de integridade ou

conformidade

27. Em relação ao princípio 5.1: “A companhia deve ter um código de conduta que promova seus

valores e princípios éticos e reflita a identidade e cultura organizacionais e um canal de denúncias para acolher

críticas, dúvidas, reclamações e denúncias”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “a companhia deve ter um comitê de conduta, dotado de independência e autonomia e

vinculado diretamente ao conselho de administração, encarregado de implementação,

disseminação, treinamento, revisão e atualização do código de conduta e do canal de

denúncias, bem como da condução de apurações e propositura de medidas corretivas

relativas às infrações ao código de conduta”

ii. “o código de conduta, elaborado pela diretoria, com apoio do comitê de conduta, e aprovado

pelo conselho de administração, deve: (i) disciplinar as relações internas e externas da

companhia, expressando o comprometimento esperado da companhia, de seus conselheiros,

diretores, acionistas, colaboradores, fornecedores e partes interessadas com a adoção de

padrões adequados de conduta; (ii) administrar conflitos de interesses e prever a abstenção

do membro do conselho de administração, do comitê de auditoria ou do comitê de conduta,

se houver, que, conforme o caso, estiver conflitado; (iii) definir, com clareza, o escopo e a

abrangência das ações destinadas a apurar a ocorrência de situações compreendidas como

realizadas com o uso de informação privilegiada (por exemplo, utilização da informação

privilegiada para finalidades comerciais ou para obtenção de vantagens na negociação de

valores mobiliários); (iv) estabelecer que os princípios éticos fundamentem a negociação de

contratos, acordos, propostas de alteração do estatuto social, bem como as políticas que

orientam toda a companhia, e estabelecer um valor máximo dos bens ou serviços de terceiros

que administradores e colaboradores possam aceitar de forma gratuita ou favorecidas”

iii. “o canal de denúncias deve ser dotado de independência, autonomia e imparcialidade,

operando diretrizes de funcionamento definidas pela diretoria e aprovadas pelo conselho de

administração. Deve ser operado de forma independente e imparcial, e garantir o anonimato

de seus usuários, além de promover, de forma tempestiva, as apurações e providências

necessárias. Este serviço pode ficar a cargo de um terceiro de reconhecida capacidade”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto, podendo ser

apontados outros meios utilizados pelo emissor para recebimento de críticas, dúvidas,

reclamações e denúncias 74

72 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 73

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 74

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

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os comentários.

75

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código,

a composição e a forma de funcionamento do comitê de conduta e do canal de denúncias, se o

canal de denúncias é interno ou se está a cargo de terceiros 75

28. Em relação ao princípio 5.2: “A companhia deve estabelecer mecanismos para lidar com situações

de conflito de interesses na administração da companhia ou nas assembleias gerais”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “as regras de governança da companhia devem zelar pela separação e definição clara de

funções, papéis e responsabilidades associados aos mandatos de todos os agentes de

governança. Devem ainda ser definidas as alçadas de decisão de cada instância, com o

objetivo de minimizar possíveis focos de conflitos de interesses”

ii. “as regras de governança da companhia devem ser tornadas públicas e determinar que a

pessoa que não é independente em relação à matéria em discussão ou deliberação nos órgãos

de administração ou fiscalização da companhia deve manifestar, tempestivamente, seu

conflito de interesses ou interesse particular. Caso não o faça, essas regras devem prever que

outra pessoa manifeste o conflito, caso dele tenha ciência, e que, tão logo identificado o

conflito de interesses em relação a um tema específico, a pessoa envolvida se afaste,

inclusive fisicamente, das discussões e deliberações. As regras devem prever que esse

afastamento temporário seja registrado em ata”

iii. “a companhia deve ter mecanismos de administração de conflitos de interesses nas votações

submetidas à assembleia geral, para receber e processar alegações de conflitos de interesses,

e de anulação de votos proferidos em conflito, ainda que posteriormente ao conclave”

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar,

em linha com as orientações do Código, a justificativa do emissor sobre o assunto 76

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código,

os mecanismos utilizados pelo emissor para implementação dessas práticas 77

29. Em relação ao princípio 5.3: “A companhia deve ter políticas e práticas de governança visando a

assegurar que toda e qualquer transação com parte relacionada seja realizada sempre no melhor interesse da

companhia, com plena independência e absoluta transparência”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “o estatuto social deve definir quais transações com partes relacionadas devem ser aprovadas

pelo conselho de administração, com a exclusão de eventuais membros com interesses

potencialmente conflitantes”

ii. “o conselho de administração deve aprovar e implementar uma política de transações com

partes relacionadas, que inclua, entre outras regras: (i) previsão de que, previamente à

aprovação de transações específicas ou diretrizes para a contratação de transações, o

conselho de administração solicite à diretoria alternativas de mercado à transação com partes

relacionadas em questão, ajustadas pelos fatores de risco envolvidos; (ii) vedação a formas

de remuneração de assessores, consultores ou intermediários que gerem conflito de

interesses com a companhia, os administradores, os acionistas ou classes de acionistas; (iii)

proibição a empréstimos em favor do controlador e dos administradores; (iv) as hipóteses de

transações com partes relacionadas que devem ser embasadas por laudos de avaliação

independentes, elaborados sem a participação de nenhuma parte envolvida na operação em

questão, seja ela banco, advogado, empresa de consultoria especializada, entre outros, com

base em premissas realistas e informações referendadas por terceiros; (v) que reestruturações

75 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 76

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 77

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.

76

societárias envolvendo partes relacionadas devem assegurar tratamento equitativo para todos

os acionistas” 78

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar

a justificativa do emissor sobre o assunto 79

c. no caso da indicação da adoção das práticas, informar, em linha com as orientações do Código,

como o emissor implementa e verifica a adoção desses procedimentos 80

30. Em relação ao princípio 5.4: “A negociação de ações ou outros valores mobiliários de emissão da

própria companhia por acionistas, administradores, membros do conselho fiscal e de outros órgãos estatutários,

e quaisquer pessoas com acesso a informação deve ser pautada por princípios de transparência, equidade e

ética”

a. informar se o emissor segue a seguinte prática recomendada: “a companhia deve adotar, por

deliberação do conselho de administração, uma política de negociação de valores mobiliários de

sua emissão, que, sem prejuízo do atendimento às regras estabelecidas pela regulamentação da

CVM, estabeleça controles que viabilizem o monitoramento das negociações realizadas, bem

como a apuração e punição dos responsáveis em caso de descumprimento da política” 81

b. no caso da não adoção da prática recomendada ou da sua adoção de forma parcial, apresentar a

justificativa do emissor sobre o assunto 82

c. no caso da indicação da adoção da prática, informar, em linha com as orientações do Código, os

controles implementados para monitoramento das negociações realizadas e forma de apuração

de eventuais descumprimentos 83

31. Em relação ao princípio 5.5: “A administração deve zelar para que os administradores e outros

colaboradores compreendam, de forma clara e objetiva, os princípios e regras sobre contribuições e doações de

valores ou bens a projetos filantrópicos, culturais, sociais, ambientais ou a atividades políticas”

a. informar se o emissor segue as seguintes práticas recomendadas:

i. “no intuito de assegurar maior transparência quanto à utilização dos recursos da companhia,

deve ser elaborada política sobre suas contribuições voluntárias, inclusive aquelas

relacionadas às atividades políticas, a ser aprovada pelo conselho de administração e

executada pela diretoria, contendo princípios e regras claros e objetivos” 84

ii. “a política deve prever que o conselho de administração seja o órgão responsável pela

aprovação de todos os desembolsos relacionados às atividades políticas”

iii. “a política sobre contribuições voluntárias das companhias controladas pelo Estado, ou que

tenham relações comerciais reiteradas e relevantes com o Estado, deve vedar contribuições

ou doações a partidos políticos ou pessoas a eles ligadas, ainda que permitidas por lei”

78 O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas prevê que as políticas

corporativas por ele recomendadas podem estar reunidas no todo ou em parte em um único documento. 79

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 80

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 81

O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas prevê que as políticas

corporativas por ele recomendadas podem estar reunidas no todo ou em parte em um único documento. 82

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 83

Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários. 84

O Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas prevê que as políticas

corporativas por ele recomendadas podem estar reunidas no todo ou em parte em um único documento.

77

b. no caso da não adoção das práticas recomendadas ou da sua adoção de forma parcial, apresentar

a justificativa do emissor sobre o assunto 85

c. no caso da indicação da adoção da prática, informar a data da aprovação da política e, caso o

emissor divulgue a política, os locais na rede mundial de computadores onde o documento pode

ser consultado

85 Os comentários dos emissores podem incluir remissão a informações prestadas no formulário de

referência, desde que seja indicada data da entrega da versão do formulário de referência que serve de base para

os comentários.