impacto intergeraÇÕes de mudanÇas em sistemas ... · custos e benefícios por parte dos que são...
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IMPACTO INTERGERAÇÕES DE MUDANÇAS EM SISTEMAS
PREVIDENCIÁRIOS – UMA APLICAÇÃO DA “GENERATIONAL
ACCOUNTING” AO BRASIL
2 – Tópicos Especiais de Finanças Públicas
2.3 – Reforma do Estado: Reforma Administrativa e Reforma Previdenciária
2INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem-se observado, em diferentes países do mundo, um
grande número de reformas – ou tentativas de reformas - dos sistemas de previdência
social.
Na base desses esforços reformistas está a crescente conscientização de que
os atuais sistemas de previdência não têm sustentabilidade financeira, não apenas porque
impõem pesados ônus fiscais para o Estado, como também porque distribuem esses ônus
de forma muito desigual entre as gerações atuais e futuras, com um peso maior sobre estas
últimas
No Brasil, a reforma da previdência, embora venha sendo debatida há muito
tempo, somente se incorporou à nossa agenda política depois da estabilização do Plano
Real.
Com o fim da inflação, o desequilíbrio entre as receitas e despesas
previdenciárias nos diversos regimes se tornou mais explícito e assumiu proporções
preocupantes. Desde 1995 as contas da previdência social vêm apresentando crescentes
déficits. Tornou-se evidente que esse desequilíbrio financeiro poderia ameaçar a
consolidação do Programa de Estabilização. Daí porque o governo tentou implementar um
amplo programa de reformas estruturais dentre as quais se incluía a reforma previdenciária.
Com esse objetivo, propôs-se alterar alguns dispositivos da Constituição de 1988 que
regulamentavam a previdência.
3A tramitação da Proposta de Emenda à Constituição 33/95 durou mais de 4
anos e quando, finalmente, foi promulgada a Emenda Constitucional n° 20, em 16 de
dezembro de 1998, a proposta original havia sido desfigurada, com a eliminação de itens
importantes dessa proposta.
As reformas de sistemas previdenciários tendem sempre a enfrentar graves
dificuldades políticas. Isso decorre de uma contradição inerente ao processo de mudanças
de regras previdenciárias, no sentido de que há uma assimetria na percepção dos seus
custos e benefícios por parte dos que são efetivamente prejudicados e dos que
eventualmente poderão ser beneficiados por essas mudanças. Os mais diretamente
prejudicados – atuais inativos, especialmente os mais idosos – já estão mobilizados para
defender os seus interesses e para pressionar as lideranças políticas na mesma direção. Já
os potenciais beneficiários, ou ainda não nasceram ou são muito jovens e assim não têm
condições de arregimentar apoio político a favor da posição reformista.
No Brasil esse conflito ficou ainda mais difícil de ser resolvido com o
engessamento das regras previdenciárias através de sua incorporação ao texto da Lei
Magna do país.
Entende-se que a questão política somente poderá ser equacionada na medida
em que, progressivamente, forem sendo explicitados os custos e benefícios econômicos de
diferentes opções e sistemas previdenciários.
Por isso, no presente trabalho, procura-se utilizar a metodologia chamada
“generational accounting” para calcular a magnitude do desequilíbrio intergerações do custo
4fiscal sob a política atual, e bem assim para mostrar os efeitos de diferentes arranjos
previdenciários que visam a corrigir ou minorar esse desequilíbrio.
Na realidade, o trabalho tem dois objetivos. Primeiro, visa a recalcular as
“generational accounts” estimadas para o Brasil, tendo como ano-base 19981 e procedendo
ao ajuste nos impostos sobre a renda do capital defendido pelos autores originais da
metodologia. [Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991)] Trabalhos anteriores feitos para o Brasil
não utilizaram tal ajuste em seus cálculos. [Malvar (1999b)]
O segundo objetivo é analisar os efeitos das recentes propostas de reforma da
previdência colocadas em prática pelo Governo Federal, a saber: a Lei 9.876/99 que
introduziu o chamado “fator previdenciário” e alterou o modo de cálculo dos benefícios do
Regime Geral da Previdência Social e a tentativa de cobrança de contribuições
previdenciárias sobre os inativos e pensionistas do setor público (Lei 9.783/99), proposta
esta considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, mas que chegou a vigorar
por alguns meses2. Estas alterações não foram bem recebidas, seja pelo público, que
obviamente vê as mudanças como uma perda, seja por especialistas que muitas vezes
consideram estas mudanças meros paliativos.
A metodologia da “Generational Accounting” foi desenvolvida em Auerbach,
Gokhale & Kotlikoff (1991) com o intuito de substituir o déficit como medida fiscal mais
importante. Para esses autores, a teoria econômica tradicional sugere que o déficit não é um
conceito econômico bem definido, mas sim um número arbitrário cujo valor depende de
1 Estimativas anteriores fora feitas por Malvar (1999a) e Malvar (1999b) para o ano base de 1995.2 Ainda existe a possibilidade da adoção da contribuição de inativos e pensionistas através de proposta de emendaconstitucional.
5como o governo escolhe classificar suas receitas e despesas. [Auerbach, Gokhale &
Kotlikoff (1994, p. 74)]
A “Generational Accounting” consiste no cálculo do valor presente dos
pagamentos líquidos de tributos que indivíduos de diferentes gerações irão fazer ao longo do
resto de suas vidas. Tais valores são as “generational accounts” de cada geração, ou
conjunto de indivíduos nascidos no mesmo ano. A comparação entre o valor da
“generational account” dos recém-nascidos atuais e o valor da “generational account” das
gerações futuras, ajustada pela taxa de crescimento da economia, pode ser utilizada como
uma medida do desequilíbrio intergerações da política corrente.
A “Generational Accounting” é uma metodologia relativamente recente que
fornece uma medida do desequilíbrio intergerações, na ausência de alterações na política
fiscal corrente. Ela permite, ainda, calcular o ganho líquido de cada geração no caso de uma
mudança que altere tributos e transferências.
O primeiro capítulo busca investigar as características das recentes reformas
previdenciárias e suas consequências. São expostas as principais razões e opções de
reformas previdenciárias, classificando-as em paramétricas e sistêmicas, e mostrando
alguns resultados teóricos e empíricos da introdução de sistemas previdenciários e da
mudança de sistemas organizados na forma de repartição simples por sistemas
capitalizados.
O segundo capítulo descreve a metodologia da “generational accounting”
explicitando a sua fórmula de cálculo e algumas críticas e limitações associadas. Este
6capítulo expõe, ainda, os principais resultados encontrados anteriormente para o Brasil e
outros países a partir da aplicação da metodologia.
O capítulo 3 descreve as principais fontes de dados, apresenta os resultados
básicos para o ano base de 1998, e avalia os efeitos das reformas paramétricas propostas
para o Brasil, além de simular os efeitos de reformas sistêmicas impostas sobre os regimes
previdenciários existentes no Brasil. Ao final do trabalho são apresentadas as suas principais
conclusões.
71 REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: RAZÕES, ALTERNATIVAS e RESULTADOS
Introdução
Nos últimos anos, diversos países iniciaram processos de reforma de seus
sistemas de previdência social. De acordo com Schmidt-Hebbel (1999a), desde 1992, mais
de 110 países fizeram ajustes em seus sistemas e cerca de 20 países colocaram em prática
amplas reformas que modificaram a participação dos setores público e privado na
administração e financiamento da seguridade social. Desde a iniciativa pioneira do Chile em
1981, outros 13 países substituíram ou complementaram seus antigos sistemas de
repartição por sistemas capitalizados3.
O objetivo deste capítulo é investigar as características da recente tendência
reformadora de sistemas de previdência social e suas consequências. A primeira seção
procura traçar um quadro comum dos diferentes arranjos previdenciários existentes ao redor
do mundo. A segunda seção busca explicitar as maiores razões para a adoção de reformas
ou implementação de ajustes em sistemas previdenciários: as dificuldades financeiras, as
distorções introduzidas pelos antigos sistemas e o aparente sucesso dos países pioneiros
neste tipo de reforma, parecem ser as forças propulsoras de tais reformas. A seção 1.3
descreve as diferentes opções de reformas previdenciárias classificando-as em paramétricas
e sistêmicas além de expor o enfoque multi-pilar defendido pelo Banco Mundial e suas
principais variações. A seção 1.4 expõe alguns resultados teóricos e empíricos da introdução
de sistemas previdenciários bem como, da substituição de sistemas previdenciários
3 São eles, Suíça (1985), Peru (1991), Austrália (1991), Guatemala (1991), México (1997), Argentina (1994), Colômbia(1994), Uruguai (1996), Bolívia (1997), Itália (1996), Letônia (1996), Suécia (1996) e Seycheles. Alguns países fizeram ooposto destas reformas, adotando sistemas de repartição, são eles, Angola (1990), Moçambique (1990), Omã (1991) eZimbabwe (1991).
8organizados na forma de repartição simples por sistemas capitalizados. A ênfase é sobre os
efeitos no crescimento, na poupança, nos mercados de trabalho e de capitais. Finalmente, a
última seção refere-se às conclusões atingidas ao final do capítulo.
1.1 - Características dos Sistemas de Seguridade Social
Mulligan & Sala-i-Martin (1999a e 1999b) documentam a existência de
programas de previdência (aposentadoria por idade) em pelo menos 166 países e
apresentam um conjunto de características dos sistemas de seguridade social existentes no
mundo4.
Segundo eles, praticamente todos os programas de previdência social
existentes tributam, implícita ou explicitamente, a renda do trabalho dos idosos que se
mantêm no mercado de trabalho. Assim, os programas de previdência social induzem à
inatividade pois os benefícios de aposentadoria são funções decrescentes da renda do
trabalho dos idosos. Entretanto, os benefícios da previdência social são, em geral, uma
função crescente da renda anual média recebida durante o período de atividade laboral em
130 dos 139 países estudados, apresentando benefícios que são ligados à história salarial
do beneficiário.
Apesar dos benefícios da seguridade social dependerem da renda dos
segurados, em 98% dos países estudados não há relação entre o valor dos benefícios e a
renda de outras fontes (riqueza) com apenas 2 países apresentando fórmulas de benefícios
4 Por previdência social entende-se os programas desenhados para prover aposentadoria aos seus participantes emcontrapartida a contribuições feitas durante o período de vida laboral. Por seguridade social entende-se uma política maisampla que, além da previdência social, engloba a assistência social e à saúde.
9que dependem da renda não-trabalho. Além disso, há evidências de que a regulação
governamental favorece crescentemente os idosos.
Em 96,6% dos países, o financiamento da seguridade social é feito via
impostos específicos incidentes sobre a folha de salários, o que significa que os programas
de seguridade social apresentam orçamentos separados na maioria dos países. Parte
destes impostos recai sobre o empregador e parte sobre os empregados e em alguns países
o governo também contribui com uma parte.
Benefícios são geralmente, mas não sempre, pagos sob a forma de anuidades
vitalícias que começam na idade de aposentadoria e são pagos em intervalos regulares (em
geral, mensalmente) até a morte do beneficiário. Em muitos países, o aposentado não tem a
opção de receber um pagamento “lump sum” ou de pegar empréstimos garantidos pela
anuidade a ser paga pelo governo.
Os programas de aposentadoria, em sua maioria, são administrados pelo
governo, o que faz com que as contribuições aos programas de seguridade social sejam
obrigatórias na maior parte dos países. Além disso, o governo também define as fórmulas de
benefícios. Como consequência, 98% dos programas estão organizados ou apresentam
características de sistemas de repartição simples. Isto implica que a maioria dos programas
de seguridade social geram redistribuição de recursos intergerações5.
Os autores encontram, ainda, que o tamanho do programa de seguridade
social, representado pelo percentual do PIB utilizado no pagamento de aposentadorias, é
10positivamente relacionado aos incentivos à aposentadoria, implícitos nas fórmulas de
benefícios, e à taxa de crescimento da renda per capita.
1.2 - Razões das Reformas
Por que, nesta última década, tantos países fizeram ajustes em seus sistemas
de previdência social? Na maior parte dos países que deram início a processos de reforma,
os problemas financeiros associados aos antigos sistemas de previdência social foram a
principal justificativa para as mudanças.
A conjunção de sistemas previdenciários organizados na forma de repartição
simples, envelhecimento populacional e, em alguns casos, má administração e ausência de
critérios atuariais, levaram à insustentabilidade fiscal destes programas.
Com o amadurecimento dos sistemas de repartição simples, o pagamento de
níveis constantes de benefícios requer elevações nas contribuições, o que nos leva a uma
segunda justificativa para as reformas: as distorções causadas no mercado de trabalho. O
aumento de contribuições leva a uma evasão da oferta de trabalho para o setor informal.
Esta evasão torna necessário novos aumentos de contribuições e pode até mesmo reduzir o
crescimento (já que a produtividade do setor informal tende a ser inferior à do setor formal),
dando início a um círculo vicioso.
5 Os autores definem um sistema de repartição simples como aquele que paga os aposentados via impostos sobre a renda dotrabalho dos atuais jovens. Para eles, isto implica um retorno mais baixo que o que seria considerado “justo”, a não ser queas alíquotas sobre a renda do trabalho dos jovens se elevem. [Mulligan & Sala-i-Martin (1999a, p. 6)]
11Finalmente, o relativo sucesso da reforma implementada pelo Chile,
conjuntamente com a pressão de agências internacionais de fomento, também contribuiu de
modo importante para o início deste processo de reformas.
Mesa-Lago (1994) lista vários problemas presentes nos sistemas de
seguridade social da América Latina. São eles: baixa cobertura, contribuições pesadas e
regressivas, políticas de investimento ineficientes, amplos benefícios, custos de assistência
à saúde elevados e crescentes, altos gastos administrativos e déficits atuariais e financeiros.
Segundo ele, na grande maioria dos países latino-americanos, a previdência
social é voltada a proteger os indivíduos que fazem parte do setor urbano formal da força de
trabalho, deixando desprotegidos os membros do setor informal, parcela substancial da força
de trabalho destes países.
Em geral, os países pioneiros em previdência social na América Latina (Chile,
Uruguai, Argentina, Cuba e Brasil) são os que apresentam (ou apresentavam) os mais
liberais benefícios da região. Baixa idade de aposentadoria, aposentadorias por tempo de
serviço, taxas de reposição generosas e ajuste do valor das pensões superiores ao custo de
vida, são algumas das razões que levaram os custos dos sistemas de previdência da região
a se elevarem.
1.3 – Opções de Reformas
De acordo com Demirguç-Kunt & Schwarz (1999), os sistemas previdenciários
podem ser classificados por meio de três critérios: pelo modo de cálculo dos benefícios e
12sobre quem incidem os riscos, pelo modo de financiamento dos benefícios e pelo modo de
administração do sistema.
Pelo primeiro critério, os sistemas se classificam em benefício definido (BD) ou
contribuição definida (CD). Em um sistema BD, o benefício é calculado de acordo com uma
determinada taxa de reposição do nível de renda. O indivíduo sabe que a sua aposentadoria
depende do tempo de serviço e dos salários de contribuição durante um período de tempo
pré-determinado. As receitas deste sistema dependem de mudanças demográficas e da taxa
de crescimento dos salários. Os riscos são cobertos pelo patrocinador do plano, seja
governo em um plano público, seja empregador em um plano privado. Na prática, afirmam
os autores, os parâmetros deste sistema são alterados frequentemente, fazendo com que
um indivíduo raramente se aposente sob as mesmas regras de quando ele começou a
contribuir para o sistema.
Em um sistema CD, os benefícios dependem da história completa de
contribuições dos indivíduos e da taxa de retorno dos investimentos feitos com os recursos
acumulados. Todos os riscos recaem sobre o beneficiário na forma de maiores ou menores
benefícios, que são calculados de acordo com os recursos presentes em sua conta e com a
sua expectativa de sobrevida. Assim, por definição, não existe a possibilidade de déficits já
que estes são automaticamente corrigidos via redução de benefícios.
Quanto ao financiamento dos benefícios existem dois tipos de sistemas
previdenciários. O sistema de repartição simples, onde as contribuições dos trabalhadores
ativos atuais são utilizadas imediatamente para o pagamento dos benefícios dos
aposentados atuais. E o sistema capitalizado, onde os recursos acumulados por cada
13indivíduo são contabilizados em contas individuais e investidos no mercado financeiro6,
transformando-se em benefícios à época da aposentadoria de acordo com as contribuições
feitas, a rentabilidade alcançada e a longevidade esperada de cada beneficiário.
Finalmente, os sistemas podem ser administrados pelo setor privado ou pelo
governo. A administração privada dos recursos permite uma separação do processo político
garantindo que os recursos sejam administrados de acordo com os interesses do
beneficiário. Em outras palavras, impede a utilização destes recursos como financiamento
de governos deficitários. Entretanto, existe uma ampla discussão acerca das taxas cobradas
pelos administradores privados7.
As reformas, por sua vez, podem ser classificadas em duas categorias:
reformas paramétricas e reformas sistêmicas. Reformas paramétricas são aquelas em que
pequenas mudanças em alguns parâmetros são feitas no sistema previdenciário existente,
com o objetivo de adiar problemas fiscais ou corrigir alguma desigualdade. Exemplos de
reformas paramétricas são alterações nas regras de elegibilidade como elevação da idade
de aposentadoria e das penalidades para a aposentadoria precoce além de mudanças na
estrutura de contribuições, na estrutura de benefícios e na forma de administração do
sistema.
Reformas sistêmicas são aquelas que efetivamente alteram o modo de cálculo
do benefício ou o modo de financiamento dos mesmos. A criação de um novo sistema
também é considerada uma reforma sistêmica, a exemplo do que ocorre na adoção de
6 Fundos privados de aposentadorias tendem a aplicar a maior parte de seus recursos em instrumentos de renda variável erenda fixa, no entanto, parte destes recursos também pode ser aplicada em imóveis e em desenvolvimento e administraçãode novos negócios, por exemplo.7 Ver, por exemplo, Mitchell (1999).
14sistemas multi-pilares. O Chile foi o primeiro país a adotar uma reforma sistêmica, em que
substituiu o sistema de repartição simples com benefício definido por um sistema
capitalizado com contas individuais e contribuições definidas como principal fonte de
aposentadorias para a sua população, mas manteve o primeiro para fins redistributivos.
O Banco Mundial8 vem defendendo a adoção de sistemas previdenciários
baseados em três pilares: um primeiro pilar obrigatório, administrado pelo setor público,
financiado via impostos em regime de repartição simples com o objetivo de redistribuição;
um segundo pilar, também obrigatório, administrado pelo setor privado em regime de
capitalização; e um terceiro pilar voluntário e também capitalizado para os indivíduos que
desejam maiores coberturas em idades avançadas.
O primeiro pilar é semelhante aos sistemas hoje existentes, mas é menor e
tem como objetivo a redistribuição através da garantia de pensões mínimas. Devido ao seu
menor tamanho e ampla base de arrecadação, as contribuições necessárias para a sua
manutenção tendem a ser muito menores que as necessárias atualmente.
O segundo pilar é o fundamental. É obrigatório e organizado na forma de
capitalização com contribuição definida, criando assim, uma ligação entre as contribuições e
os benefícios a serem recebidos, além de ser administrado através de fundos privados e
concorrentes. A justificativa para a obrigatoriedade é a possibilidade de que um número
razoável de indivíduos sejam “míopes”, ou seja, podem não poupar o suficiente para a sua
manutenção quando idosos e sem capacidade de trabalhar.
8 Ver James (1998) e Holzmann (1998).
15O último pilar é simplesmente uma previdência complementar voluntária para
aqueles que desejam maior cobertura do que a providenciada pelos dois primeiros pilares.
James (1998) identifica três variações principais de modelos previdenciários
baseados no sistema multi-pilar: o chamado modelo latino-americano baseado em contas
individuais; o modelo da OCDE baseado em planos de aposentadoria patrocinados pelos
empregadores; e o modelo sueco de contribuições definidas nocionais.
O modelo latino-americano é caracterizado pela adoção de contas individuais
compulsórias no segundo pilar, com cada trabalhador tendo a opção de escolher o
administrador de seus recursos. A administração de recursos é feita através de fundos
privados de pensão especialmente constituídos para este fim.
No caso dos países latino-americanos, o primeiro pilar, regra geral, teve que
ser diminuído e redesenhado para permitir a existência de um segundo pilar capitalizado. Os
direitos adquiridos sob o antigo regime foram reconhecidos de diversas maneiras e parte das
contribuições do primeiro pilar passaram a ser desviadas para o segundo pilar, criando um
problema para a mudança de sistemas, conhecido como custo de transição.
Vários mecanismos foram utilizados para o reconhecimento dos direitos
adquiridos. Chile, Colômbia e Peru utilizaram os chamados bônus de reconhecimento, títulos
que se convertem em anuidades à época da aposentadoria. A Argentina optou pelo
pagamento de benefícios proporcionais aos anos de contribuição ao antigo sistema. Ao
passo que, no México, o governo deu a garantia, no novo sistema instituído, de, no mínimo,
a mesma renda esperada através do antigo sistema, ou seja, caso à época da
16aposentadoria os recursos acumulados na conta individual não sejam suficientes para o
pagamento de uma aposentadoria pelo menos equivalente à que o indivíduo faria jus sob o
antigo sistema, o governo mexicano cobre a diferença.
Ao contrário do modelo latino-americano, o modelo da OCDE é baseado em
planos de aposentadoria patrocinados por empregadores (empresas) existentes. Estes
planos simplesmente tornam-se obrigatórios no lugar de voluntários9. Neste modelo,
adotado por países como Austrália, Dinamarca, Suíça e Holanda, o empregador, ou uma
combinação entre empregador e membros de sindicatos, escolhe o administrador dos
recursos de cada grupo de empregados. Assim, estes planos se beneficiariam de economias
de escala e conhecimento financeiro e possivelmente de menores custos administrativos.
Este modelo, no entanto, potencialmente introduz um problema agente-principal: quem
seleciona o administrador financeiro é o empregador ou o sindicato, mas quem sofre o risco
é o trabalhador. Por esta razão, trabalhadores de países que adotam este modelo têm
demandado a possibilidade de maior escolha individual.
Na maioria dos países que utilizam o modelo da OCDE, existia um pequeno
pilar público com pequena dívida previdenciária e pouco ou nenhum financiamento via
impostos incidentes sobre a folha de salários. Assim, tais países puderam simplesmente
manter este pilar público e construir o segundo pilar paralelamente ao pilar público. O
financiamento da transição não se constituiu em problema porque os direitos adquiridos
eram pequenos e a arrecadação do primeiro pilar não foi desviada para o segundo pilar.
9 A característica preponderante aqui é a administração dos planos ser feita pelo empregador. Estes planos podemapresentar contas individuais ou não, no entanto, em todos os países há um órgão regulador que define regras detransferências de reservas entre fundos, para casos de mudança de emprego, por exemplo.
17Para os países com grandes e abrangentes pilares públicos e,
consequentemente, grandes dívidas previdenciárias implícitas que tornariam inviável a
transição para um regime de capitalização, existe um terceiro modelo previdenciário multi-
pilar, o chamado modelo sueco, baseado em planos de contribuição definida nocionais.
Nestes planos, cada trabalhador possui uma conta onde são creditadas as
suas contribuições mais uma remuneração fixada pelo governo. A capitalização é escritural
ao invés de real, já que os recursos depositados pelos trabalhadores são utilizados para o
pagamento dos benefícios correntes ao invés de serem efetivamente aplicados. Assim, um
sistema baseado em contas nocionais é basicamente um sistema de repartição simples
reformado, o que reduz substancialmente os custos de transição.
Este sistema foi originalmente desenhado pela Suécia que, no entanto, não o
adotou imediatamente, o que tornou a Letônia o primeiro país a efetivamente adotá-lo. A
Itália, que adotou o sistema com um longo período de transição, e a Polônia, foram os
seguintes.
A taxa de remuneração nocional adotada pelos diferentes países tem variado.
A Suécia propõe que esta taxa seja equivalente ao crescimento dos salários nominais. A
Letônia e a Polônia utilizam a taxa de crescimento da base de contribuição da previdência
social e, a Itália, o crescimento do PIB nominal.
O sistema de contas nocionais foi desenhado para capturar algumas das
vantagens de um sistema capitalizado como, por exemplo, a estrita correspondência entre
18contribuições pagas e benefícios recebidos. Assim, desde que a remuneração nocional
seja próxima da remuneração de mercado, o incentivo à evasão é substancialmente
diminuído.
A adoção de contas nocionais também desestimula a aposentadoria precoce
pois, a exemplo do que ocorre em um sistema capitalizado, quanto mais cedo o indivíduo se
aposenta, menor a quantidade de recursos acumulados em sua conta e maior o período de
sobrevida, o que, automaticamente, reduz o valor do benefício a ser recebido pelo segurado.
Entretanto, este sistema não é redistributivo, não protegendo as pessoas de
menor renda. Para que isto aconteça deve ser mantido ou criado um pilar específico para
garantir uma renda mínima àqueles que não conseguirem acumular recursos suficientes em
suas contas individuais. Mas, caso este pilar seja muito abrangente, ele irá sobrepor as
vantagens da ligação entre contribuições e benefícios.
Uma outra desvantagem deste sistema reside no fato de que ele não captura
as vantagens da capitalização porque os recursos financeiros não são aplicados. O sistema
continua funcionando como um primeiro pilar em repartição simples e impedindo a criação
de um grande pilar baseado em capitalização. Assim, transferências intergerações se
mantêm e os mercados de capitais não se desenvolvem.
Valdés-Prieto (2000) argumenta que o sistema de contas nocionais não
garante o equilíbrio financeiro automático no curto prazo, necessitando de mecanismos de
ajuste no caso de choques financeiros como, por exemplo, garantias governamentais.
Segundo o autor, dependendo do tipo de regras adotadas para a indexação dos benefícios,
19o equilíbrio financeiro automático de longo prazo pode ser atingido. Entretanto, para ele, as
regras adotadas pela Itália, Letônia, Polônia e Suécia não levam a este equilíbrio de longo
prazo.
No recente debate acerca de possibilidades de reforma para o sistema
previdenciário brasileiro, o modelo baseado em contas nocionais tem tido destaque. Oliveira,
Beltrão e Pasinato (1999) propõem a adoção de um sistema composto por três pilares, onde
o primeiro pilar é baseado em contas nocionais até um teto proposto de três salários
mínimos. O segundo pilar é capitalizado e compulsório até um teto de dez salários mínimos,
ao passo que, o terceiro pilar é composto pela previdência complementar voluntária.
Fragelli, Magalhães, Portocarrero e Schymura (1994), por outro lado,
propuseram a adoção de um sistema com quatro pilares, sendo os dois primeiros públicos e
obrigatórios e os dois remanescentes, privados. O primeiro pilar é universal, financiado via
impostos indiretos e tem como objetivo garantir uma renda mínima de subsistência a todos
os cidadãos. O segundo pilar, chamado Regime Contributivo Básico, é obrigatório e
organizado sob a forma de repartição simples. O terceiro pilar, também obrigatório, é
capitalizado e administrado pelo setor privado. O quarto pilar é voluntário e atenderia aos
indivíduos que desejam coberturas maiores que as obtidas nos demais pilares.
1.4 – Resultados Esperados e Resultados Observados
James (1998) apresenta três argumentos para justificar a adoção de um
sistema multi-pilar como o defendido pelo Banco Mundial. O primeiro, e principal argumento
teórico, é que tal reforma trará efeitos positivos de crescimento e eficiência já que reduzirá
20ou eliminará distorções introduzidas pelo antigo sistema. Em segundo lugar, segundo ela,
o sistema multi-pilar irá aumentar a sustentabilidade financeira do sistema previdenciário no
longo prazo, e finalmente, o terceiro argumento é que o novo sistema melhorará a equidade
intergerações.
Blanchard & Fischer (1989) demonstram os efeitos da introdução de um
sistema de previdência social sobre o estoque de capital e bem-estar de diferentes gerações
em um modelo de gerações sobrepostas em que os indivíduos vivem dois períodos,
contribuindo no primeiro período, quando jovens, e recebendo benefícios no segundo
período.
Para o caso em que o sistema de previdência introduzido é capitalizado, ou
seja, as contribuições feitas pelos jovens em t são aplicadas e retornam, como benefícios,
com juros em t+1, quando estes estão velhos, os autores demonstram que a introdução do
sistema de previdência não terá efeitos sobre a poupança total e sobre a acumulação de
capital. A explicação para isso é que a poupança decorrente da introdução do novo sistema
é exatamente compensada por uma diminuição na poupança privada, os indivíduos se
preocupam apenas com a taxa de retorno, e esta é a mesma tanto para a previdência
quanto para a poupança privada.
Entretanto, no caso da introdução de um sistema de previdência social
baseado em um regime de repartição simples, ou seja, a previdência simplesmente transfere
as contribuições dos atuais jovens para os atuais idosos, as contribuições à previdência
reduzem a poupança privada. A redução na poupança, reduz o capital, diminui os salários e
21eleva a taxa de juros. A diminuição dos salários reduz ainda mais a poupança enquanto a
elevação das taxas de juros tem efeitos ambíguos.
O efeito de equilíbrio geral é o de uma diminuição na taxa de acumulação de
capital e do estoque de capital de estado estacionário. Estes resultados ocorrem no caso em
que as gerações presentes não se preocupam com o bem estar das gerações futuras, ou
seja, não fazem transferências positivas (herança) para as gerações futuras. Quando os
indivíduos se preocupam com o bem estar da próxima geração ao ponto de transferir-lhes
recursos via herança, a introdução de um sistema previdenciário de repartição simples não
altera a acumulação de capital. A transferência de recursos intergerações imposta pelo
sistema de previdência social de repartição simples é exatamente compensada pela herança
que cada indivíduo idoso deixa para seus herdeiros. Entretanto, caso a economia não
apresente heranças antes da introdução de um sistema de previdência social de repartição
simples, mesmo que os indivíduos passem a transferir recursos para a próxima geração, o
resultado será o mesmo do caso em que os indivíduos não deixam recursos para seus
herdeiros.
Pessoa (1997) constrói um modelo de acumulação de capital, com gerações
sobrepostas em tempo contínuo, procurando descobrir qual o ganho de renda de longo
prazo quando uma economia altera o sistema de previdência social de repartição simples
para um sistema capitalizado.
O trabalho apresentado não tem preocupações com o problema fiscal nem
com questões distributivas, limitando-se ao aspecto de transferência intertemporal da
previdência. No modelo utilizado por Pessoa a economia trabalha sempre em pleno
22emprego fazendo com que toda a poupança gerada automaticamente se transforme em
investimento produtivo. Os indivíduos passam por quatro períodos de vida, os dois primeiros
constituem a vida ativa dos indivíduos sendo nula a desutilidade do trabalho, ao passo que,
nos dois períodos seguintes a desutilidade torna-se infinita e os indivíduos se aposentam.
Na primeira etapa de vida ativa a renda do trabalho cresce, passando a
decrescer na segunda etapa. Nestes dois períodos a probabilidade de morte é zero. Ao
passar para a fase de aposentadoria esta probabilidade torna-se positiva aumentando na
segunda etapa de vida inativa.
São realizados dois tipos de simulações, a primeira em que a previdência é
financiada via imposto de renda e a segunda em que este financiamento é feito por
contribuições incidentes sobre a folha de pagamentos. Os parâmetros escolhidos buscaram
retratar a economia americana.
Em ambas as simulações ocorreram expressivos ganhos de renda no estado
estacionário quando há a mudança de um sistema previdenciário organizado na forma de
repartição simples por um baseado em capitalização. No caso em que a previdência é
financiada via contribuições incidentes sobre os salários, os ganhos de renda foram da
ordem de 20,53%, ao passo que, no caso em que o financiamento é feito por meio de
imposto de renda, este ganho é ainda maior, 37,39%. Segundo o autor, este resultado
decorre do fato de que quando o financiamento do sistema previdenciário é feito via imposto
de renda, há dois efeitos de desestímulo à acumulação de capital: o induzido pela garantia
de renda futura e devido a alterações nas condições marginais, ao passo que, quando o
23financiamento é feito via contribuições incidentes sobre os salários, ocorre apenas o
primeiro10.
Uma extensão do modelo de gerações sobrepostas com duas gerações é o
modelo Auerbach & Kotlikoff (AK) que introduz 55 gerações de adultos interagindo em cada
período. Kotlikoff (1998) utiliza este modelo para simular os efeitos macroeconômicos e de
eficiência no caso de uma privatização da previdência social. O modelo AK utilizado inclui
um sistema de previdência social de repartição simples, onde o grau de correspondência
entre as contribuições e os benefícios pode ser fixado em qualquer patamar.
Nas simulações feitas, o autor utiliza a hipótese de nenhuma correspondência
entre contribuições e benefícios da previdência social, sendo estes financiados por uma
contribuição sobre os salários de 12%. As simulações mostram que a privatização do
sistema de previdência social (mudança para um sistema capitalizado) pode gerar grandes
ganhos de eficiência. Estes são medidos como aumentos percentuais na renda vitalícia total
dos indivíduos, ou seja, são aumentos no valor presente gasto em consumo ou lazer. Tais
ganhos variariam de acordo com a estrutura tributária existente, de acordo com o grau de
correspondência entre contribuições e benefícios do antigo sistema e conforme o modo
escolhido para o financiamento dos benefícios durante a transição.
No caso em que a estrutura tributária é baseada em um imposto de renda
progressivo, a correspondência entre benefícios e contribuições é baixa e o financiamento
dos benefícios durante a transição é feito via tributação do consumo, sendo as gerações
10 Vale lembrar que o imposto sobre a folha de salário considerado é não distorcivo pois a oferta de trabalho é exógena.[Pessoa (1997, p.34)]
24atuais totalmente compensadas pelas suas perdas, a privatização da previdência social
gera um ganho de bem-estar de 4,3% para as gerações futuras.
Um grande argumento para a reforma de sistemas previdenciários organizados
em regime de repartição simples é que a adoção de planos capitalizados elevam a
poupança nacional de longo prazo com efeitos positivos sobre o crescimento e eficiência.
Entretanto, este aumento esperado pode não ocorrer caso os indivíduos consigam
compensar a elevação na poupança compulsória por reduções na poupança voluntária,
como no caso em que os mercados de capitais são perfeitos.
Assim, efeitos positivos sobre a poupança dependerão do valor relativo dos
ativos da economia e da poupança de longo prazo e das oportunidades de empréstimos
para a população. Quando a poupança de longo prazo e os ativos são pequenos e as
oportunidades de empréstimos são limitadas, a adoção de sistemas previdenciários
capitalizados tende a aumentar a poupança.
Segundo James (1998), a maioria dos países em desenvolvimento apresenta
oportunidades de empréstimos limitadas e as duas condições se aplicam ao caso de famílias
de baixa renda. Demirguç-Kuntz & Schwarz (1999), por sua vez, argumentam que a
evidência de países desenvolvidos mostra que a criação de planos de poupança obrigatórios
reduz a poupança voluntária dos indivíduos de alta renda, mas gera poupança adicional
entre os indivíduos de baixa renda. Isto sugere que reformas previdenciárias que substituam
sistemas de repartição simples por sistemas capitalizados terão efeitos sobre a poupança
nacional mais pronunciados em países em desenvolvimento do que em países
desenvolvidos.
25
Neste sentido, Schmidt-Hebbel (1999a) apresenta os resultados de vários
trabalhos que analisaram a resposta da poupança privada à poupança compulsória de
sistemas previdenciários capitalizados11. Os resultados apontam nenhum efeito ou efeitos
significativamente positivos nos estudos que envolvem países em desenvolvimento, a
nenhum efeito ou efeitos negativos, com coeficientes que vão de 16% a 66% de redução
sobre a riqueza não-previdenciária, nos Estados Unidos e Canadá.
Por outro lado, vários trabalhos apontam para uma redução na poupança
voluntária em resposta à introdução de sistemas de previdência social organizados na forma
de repartição simples. Como exposto por Feldstein (1974), a introdução dos referidos
sistemas de previdência social gera dois efeitos opostos sobre a poupança privada.
Primeiro, há uma substituição de poupança privada por poupança obrigatória previdenciária.
Em segundo lugar, e compensando o primeiro efeito, a introdução da previdência social leva
os indivíduos a se aposentarem mais cedo, gerando aumentos na poupança privada para
suprir o período mais longo de aposentadoria.
Neste trabalho, Feldstein estimou que a existência de um sistema de
previdência social organizado sob a forma de repartição simples nos Estados Unidos reduz a
poupança privada em cerca de 30% a 50%. Este resultado é encontrado estimando-se uma
função de consumo agregada que inclui a riqueza de previdência social como variável
explicativa.
11 Schmidt-Hebbel (1999a), Table 5, p. 12.
26Feldstein (1995) corrige um erro presente no tratamento dos dados empíricos
no trabalho de 1974 e reestima o impacto da previdência social sobre a poupança privada
incluindo dados até o ano de 1992 à série original. O resultado estimado indica uma redução
de 59% na poupança privada.
Schmidt-Hebbel (1999a) expõe os resultados de alguns estudos que buscam
responder a esta questão analisando a evidência empírica de outros países12. Os resultados
variam de grandes reduções na poupança privada (até 68%) a pequenos efeitos positivos.
Edwards (1995) utiliza uma amostra de 36 países, sendo 11 da OCDE, para
estimar os determinantes da poupança. Em todas as regressões para a poupança privada o
coeficiente da previdência social foi negativo e significativo, ao passo que, nas regressões
para a poupança governamental, o coeficiente da previdência social não foi significativo.
Edwards estima, ainda, que aumentos na poupança governamental reduzem a poupança
privada, encontrando coeficientes de redução que variam de 0,359 a 0,650 para os países
em desenvolvimento e de 0,545 a 0,576 para toda a amostra.
Schmidt-Hebbel (1999a) analisa, também, os resultados observados no Chile.
O intuito é isolar o efeito ocasionado pela reforma previdenciária sobre a poupança,
produtividade dos fatores e crescimento, tendo em vista que um amplo conjunto de reformas
estruturais, além da reforma previdenciária, foi colocado em prática ao longo dos anos.
Com o uso de uma série de regressões, o autor encontra um aumento na
poupança nacional devido à reforma previdenciária de 1,2% a 5,5% do PIB. A estimativa
12 Schmidt-Hebbel (1999a), Table 3, p. 10.
27média de 3,8% é equivalente a cerca de 31% da elevação total observada na poupança
(12,2%) entre os períodos pré-reforma 1961-1974 e pós-reforma 1990-1997.
A reforma previdenciária também afetou o nível do investimento doméstico
bruto explicando um aumento de 0,4% a 1,5%, a produtividade média do capital apresentou
uma elevação de 5,7%, atribuídos às reformas estruturais, sendo 0,7% atribuídos à reforma
previdenciária (mínimo de 0,3% e máximo de 1,2%), ao passo que, do aumento de 1,8% na
produtividade total dos fatores, 0,1% a 0,4% (estimativa média de 0,2%) são atribuídos à
mudança de sistema previdenciário.
Dados estes resultados, a estimativa da contribuição da reforma previdenciária
ao aumento observado de 3,4% na taxa de crescimento do PIB é de um mínimo de 0,4% a
um máximo de 1,4%, na hipótese de efeitos moderados o resultado é 0,9%, ou seja, cerca
de 12% a 41% do aumento observado na taxa de crescimento do PIB chileno pode ser
atribuído à reforma previdenciária, com uma estimativa para o caso moderado de 26%.
Holzmann (1997) argumenta que a mudança no mecanismo de financiamento
previdenciário, de um sistema de repartição simples para um sistema capitalizado, acelera o
desenvolvimento do mercado financeiro e contribui para uma alocação eficiente de recursos
podendo ocasionar um ganho permanente de crescimento.
O autor investiga o impacto dos fundos de pensão privados chilenos sobre os
indicadores do mercado financeiro e o impacto dos referidos indicadores sobre a
produtividade total dos fatores, formação de capital e poupança, concluindo que a evidência
28empírica é consistente com o argumento de que a reforma previdenciária contribuiu para o
desenvolvimento do sistema financeiro elevando o crescimento econômico.
Por outro lado, os resultados obtidos através da evidência empírica sugerem
que o efeito direto do desenvolvimento dos mercados financeiros sobre a poupança privada
foi negativo. No entanto, o autor conclui que a reforma previdenciária cria externalidades
positivas efetivas no mercado de trabalho e de capitais que aceleram a taxa de crescimento.
Um dos problemas associados a sistemas previdenciários de repartição
simples é a possibilidade de que altas alíquotas de contribuição sobre os salários ocasione
ineficiências no mercado de trabalho. O baixo grau de correspondência entre contribuições e
benefícios faz com que os indivíduos interpretem as contribuições à previdência social como
impostos e não como poupança.
Sistemas de repartição simples apresentam uma taxa de retorno implícita igual
à taxa de crescimento da base de contribuições (salários) mais a taxa de crescimento da
alíquota de contribuição. Segundo Feldstein (1996, p.3), com alíquotas constantes, a
diferença entre a taxa de crescimento da base de contribuições e a taxa de juros de
mercado constitui-se em um imposto real introduzido pelo sistema de repartição simples.
Além disso, sistemas de repartição simples que não apresentem ajustes
atuariais explícitos em suas fórmulas de benefícios tendem a apresentar maiores
percentuais de aposentadorias na menor idade permitida para início do recebimento dos
benefícios pelo sistema previdenciário em vigor, ou seja, uma menor taxa de participação na
força de trabalho das pessoas mais velhas.
29
Feldstein (1996) argumenta, ainda, que as contribuições para a previdência
social não apenas distorcem o número de horas de trabalho que os indivíduos ofertam, mas
também, distorcem o tipo de pagamento pelo trabalho, saindo de renda monetária tributável
para benefícios não tributáveis (untaxed fringe benefits). Feldstein estima em cerca de 1%
do PIB norte-americano as perdas causadas pelas distorções provenientes da previdência
norte-americana.
Gruber & Wise (1998) analisam as razões que levaram a participação na força
de trabalho das pessoas acima de sessenta anos a cair dramaticamente apesar da
tendência de elevação da longevidade em onze países industrializados. Segundo os
autores, em todos os países estudados há forte correspondência entre as idades de
aposentadoria efetiva e as idades de elegibilidade normal e antecipada. Assim, a
participação na força de trabalho de homens de maior idade é altamente sensitiva ao
imposto implícito sobre o trabalho, presente nos sistemas de previdência social, devido à
inexistência de penalidades atuariais sobre a aposentadoria antecipada13.
Resultados no mesmo sentido são encontrados em quatro trabalhos
apresentados por Schmidt-Hebbel (1999a)14. A resposta da participação na força de trabalho
de pessoas idosas a sistemas de repartição simples é negativa, o que induz a
aposentadorias antecipadas.
13 Ou incentivos para a permanência dos indivíduos no mercado de trabalho. Dentre os possíveis incentivos podemos citar oreajuste atuarial dos benefícios para cada ano extra trabalhado, este reajuste deve considerar que o indivíduo começa areceber o benefício mais tarde, que ele irá recebê-lo por menos tempo, e que ele estará contribuindo para a previdência pormais tempo.14 Schmidt-Hebbel (1999a), Table 2, pg. 7.
30James (1998) argumenta que a introdução de um sistema que apresente alta
correspondência entre contribuições e benefícios também pode reduzir os incentivos à
evasão da força de trabalho para o mercado informal. De acordo com a autora, no período
1980-1990 o setor informal cresceu de 26% a 31% nos países da América Latina, ao passo
que, o Chile apresentou redução de 36% para 31% no setor informal no mesmo período.
Finalmente, a mudança de sistemas previdenciários com a explicitação da
dívida previdenciária, impõe pesado custo fiscal de transição sobre o governo, afeta a
sustentabilidade financeira da política fiscal e apresenta efeitos distributivos quando da
amortização desta dívida.
Algumas das estratégias propostas para tornar os custos de transição viáveis
pregam a redução, direta ou indiretamente, do valor da dívida previdenciária a ser
explicitada por meio de, por exemplo, uma elevação da idade de aposentadoria ou uma
diminuição da correção do valor dos benefícios frente a inflação. Isto significa que, na
prática, os atuais adultos pagam parte da dívida previdenciária.
Ademais, o custo de transição deve ser coberto pelas gerações atuais e
futuras de acordo com uma determinada forma de financiamento. Esta pode consistir de
uma combinação de tributos correntes, redução de gastos com outros programas, dívida
pública e privatizações, entre outras maneiras. Tais métodos de financiamento afetam de
maneiras distintas as diferentes gerações. Assim, caso o financiamento seja feito através de
tributos correntes, acarretaria um peso maior sobre as gerações ativas atuais. Por outro
lado, o financiamento por dívida alivia as gerações atuais e transfere o custo para as
gerações futuras.
31
1.5 – Conclusões
Pelo menos 166 países apresentam programas de previdência social no
mundo. Estes programas são, em sua maioria, compulsórios, organizados em regime de
repartição simples, administrados pelo setor público e financiados via contribuições
incidentes sobre a folha de salários. Os benefícios são uma função crescente da renda pré-
aposentadoria dos participantes mas os programas tributam, implícita ou explicitamente, a
renda do trabalho dos idosos que se mantêm no mercado de trabalho além de não levarem
em consideração a riqueza dos indivíduos.
O maior incentivo ao início de um processo de reforma previdenciária é o
desequilíbrio financeiro do sistema existente. Uma segunda razão, que acaba por contribuir
para a existência da primeira, são as ineficiências introduzidas pelos antigos sistemas no
mercado de trabalho. O aparente sucesso das experiências pioneiras e a crescente
recomendação neste sentido, por parte de agências internacionais de fomento, também
contribuem para o crescimento das reformas.
As reformas classificam-se em paramétricas e sistêmicas. Apesar da maior
quantidade das primeiras, a frequência das últimas tem se elevado notavelmente nas
décadas recentes. Tendência salutar, tendo em vista que reformas paramétricas, em última
instância, somente adiam futuros problemas fiscais.
Com o objetivo de incorporar as vantagens da maior rentabilidade decorrente
da capitalização ao papel redistributivo dos sistemas de repartição simples, o Banco Mundial
32vem recomendando a adoção de sistemas multi-pilares. Tais sistemas apresentam
características de ambos, mas privilegiam os pilares capitalizados como fonte principal de
aposentadorias.
Três variações principais do sistema multi-pilar podem ser identificadas. O
modelo latino-americano, baseado em contas individuais compulsórias como segundo pilar,
o que garante estreita correspondência entre contribuições e benefícios reduzindo
substancialmente os incentivos às aposentadorias precoces. O modelo da OCDE, que torna
obrigatório a existência de planos de previdência patrocinados pelos empregadores. E o
modelo sueco de contas individuais nocionais, cuja grande vantagem é o baixo custo fiscal
de transição.
A substituição de sistemas previdenciários de repartição simples por sistemas
capitalizados tem, potencialmente, efeitos positivos sobre a renda e acumulação de capital.
A evidência sobre poupança não é conclusiva, mas sugere que, no longo prazo, reformas
previdenciárias terão maiores efeitos sobre a poupança nacional em países em
desenvolvimento do que em países desenvolvidos. Vários estudos apontam respostas
negativas da poupança privada à introdução de sistemas de previdência social organizados
como repartição simples.
Tais sistemas podem afetar o mercado de trabalho, distorcendo a oferta de
trabalho, afetando a participação na força de trabalho dos idosos e dando incentivos à
evasão para o setor informal. A introdução de penalidades atuariais e estrita
correspondência entre contribuições e benefícios tendem a reduzir substancialmente tais
33distorções. A adoção de sistemas capitalizados, além de apresentar estas características
contribui para o desenvolvimento do mercado de capitais.
Finalmente, a mudança de sistemas previdenciários implica o reconhecimento
de pesadas obrigações que deverão ser financiadas de alguma maneira. Os diferentes
métodos de financiamento afetam de maneiras distintas as gerações presente e futura. O
resultado de longo prazo é uma mudança na alocação dos custos fiscais intergerações.
342 MEDINDO O IMPACTO INTERGERAÇÕES DA POLÍTICA FISCAL –
“GENERATIONAL ACCOUNTING”
Introdução
Dentre outros efeitos, a política fiscal redistribui recursos entre as diferentes
gerações. Um desafio que se coloca é como medir a distribuição intergerações do custo da
política fiscal adotada pelo governo em qualquer ponto do tempo.
Medidas tradicionais de déficit, instrumento mais comum na avaliação de
políticas fiscais, não são capazes de estimar o desequilíbrio (ou equilíbrio) intergerações
gerado pelas políticas governamentais. Segundo Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1994, p.74),
a teoria econômica sugere que o déficit não é um conceito econômico bem definido, mas
sim, um número arbitrário cujo valor depende de como o governo escolhe classificar suas
receitas e despesas.
Com o objetivo de suprir tais deficiências, foi desenvolvido um sistema de
contabilidade intergerações chamado “generational accounting” (Auerbach, Gokhale &
Kotlikoff, 1991). Este método consiste no cálculo das chamadas “generational accounts”
para cada grupo etário da geração existente e para as gerações futuras. Considera-se uma
geração ou grupo etário, o conjunto de indivíduos nascidos em um mesmo ano.
A primeira seção busca fazer uma caracterização geral da “generational
accounting”, cuja metodologia de cálculo é descrita na seção seguinte. A seção 2.3 discute
35algumas limitações e críticas associadas a esta metodologia, a seção 2.4 descreve alguns
resultados da metodologia, enquanto a última seção apresenta algumas conclusões.
2.1 – Caracterização Geral da “Generational Accounting”
Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p. 55) definem as “generational accounts”
como o valor presente dos impostos líquidos (impostos pagos menos transferências
recebidas) que indivíduos de diferentes grupos etários (ou gerações) irão pagar ao longo do
resto de suas vidas, sob a hipótese de que a política atual se mantenha no futuro.
Outra hipótese importante da “generational accounting” impõe que a restrição
orçamentária intertemporal do governo seja satisfeita. Esta restrição requer que, em
qualquer data, o valor presente das receitas líquidas que o governo irá receber daqui para a
frente, das gerações presente e futuras, sejam suficientes para financiar o valor presente do
consumo futuro do governo mais o seu estoque atual de dívida líquida. A não-satisfação
desta restrição significa que o governo não irá honrar suas obrigações, ou seja, irá taxar os
seus credores em valor equivalente à dívida não honrada. Uma interpretação comum, porém
errada, desta restrição é que ela implica que a dívida será paga. De fato, o único requisito é
que o serviço da dívida seja pago [Auerbach & Kotlikoff (1999, p. 31)].
A restrição orçamentária intertemporal do governo pode ser representada pela
equação A + B = C + D, onde A é o valor presente dos impostos líquidos a serem pagos pela
geração atual, ou seja, é a soma das “generational accounts” de todas as gerações vivas; B
é o valor presente dos impostos líquidos a serem pagos pelas gerações futuras, ou o valor
da “generational account” da geração futura; C é o valor presente do consumo futuro do
36governo e D é o estoque atual de dívida líquida do governo [Cardarelli, Sefton & Kotlikoff
(1999)].
Esta equação mostra a natureza de soma zero da política fiscal, quando
olhada sob a perspectiva da redistribuição entre gerações. Supondo o valor presente do
consumo futuro do governo fixo, uma redução no valor presente dos impostos líquidos pagos
pela geração atual (uma diminuição em A), implica um aumento em B, ou seja, um aumento
nos impostos líquidos a serem pagos pelas gerações futuras. Esta equação também
demonstra que não se pode calcular o peso fiscal a ser imposto sobre as gerações futuras
sem que sejam feitas hipóteses sobre o comportamento dos gastos futuros do governo e dos
impostos líquidos a serem pagos pela geração atual. No caso, a hipótese utilizada é de que
as suas estruturas atuais permanecem inalteradas ao longo do tempo [Auerbach, Gokhale &
Kotlikoff (1991, p.60)]
A “generational accounting” contabiliza todos os impostos pagos para os
governos federal, estadual e municipal, bem como todas as transferências recebidas de
todos os níveis de governo. O consumo do governo diz respeito ao consumo de todas as
esferas do governo incluindo empresas públicas. A dívida líquida do governo deve ser igual
à dívida líquida interna e externa mantida por todas as esferas do governo e pelas empresas
públicas [Malvar (1999b, p. 48)].
Dados os gastos do governo e a sua dívida líquida, e com os valores obtidos
para os pagamentos líquidos das gerações atuais, calcula-se, por resíduo, o peso fiscal
remanescente para as gerações futuras. Baseado neste valor, é determinado o valor médio
de impostos líquidos a serem pagos ao longo da vida, em valor presente, por cada membro
37de cada grupo etário futuro, sob a hipótese de que os impostos líquidos a serem pagos
pelos membros de cada grupo etário futuro sucessivo aumentem pela taxa de crescimento
da produtividade do trabalho, g [Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991), Cardarelli, Sefton &
Kotlikoff (1999) e Malvar (1999b)].
Como o método somente leva em conta os impostos que ainda serão pagos,
ele não pode ser utilizado para comparar as diferenças de tratamento dado aos atualmente
jovens e aos atualmente idosos15. Entretanto, a comparação entre o valor da “generational
account” dos recém-nascidos atuais e o valor da “generational account” das gerações
futuras, ajustada pela taxa de crescimento da economia, nos dá uma medida do
desequilíbrio intergerações da política fiscal corrente do governo, tendo em vista que ambas
as contas levam em consideração todo o período de vida de seus membros [Cardarelli,
Sefton & Kotlikoff (1999)].
Uma outra limitação do método advém do fato de que, com exceção dos
gastos governamentais feitos em educação16, que são tratados como transferências, as
“generational accounts” não designam para determinada geração o valor dos gastos em
bens e serviços feitos pelo governo. Assim, as “generational accounts” não mostram o ganho
líquido total que cada geração recebe da política governamental como um todo, mas sim, o
ganho líquido de uma mudança de política que afete apenas impostos e transferências,
como é o caso de alterações no regime da previdência social [Cardarelli, Sefton & Kotlikoff
(1999)].
15 Como coloca Malvar (1999b), seria possível a construção de “generational accounts” que englobem a vida completa de todos osindivíduos hoje vivos -“lifetime generational accounts” . Entretanto, a quantidade de informações necessárias torna inviável o seucálculo para o caso brasileiro. Para informações sobre a metodologia de cálculo das “lifetime generational accounts” ver CongressionalBudget Office (1995), cap. 3, que reporta os resultados para os Estados Unidos.16 No caso brasileiro. No caso americano, além dos gastos com educação, os gastos com saúde também são consideradoscomo transferências. Ver Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991).
38
2.2 - Construindo “Generational Accounts”
Esta seção se baseia principalmente em Malvar (1999b), inclusive na estrutura
de exposição. Descrição semelhante está presente em Auerbach, Gokhale & Kotlikoff
(1991). Dentre outros trabalhos que incluem descrições da metodologia das “generational
accounts”, em geral menos detalhadas e com algumas alterações, destacamos Auerbach &
Kotlikoff (1999), Cardarelli, Sefton & Kotlikoff (1999) e Malvar e Kotlikoff (1997).
Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p.60) definem um conjunto de
“generational accounts” como sendo um conjunto de valores, um para cada geração
existente e futura, com a propriedade de que o seus valores totais equivalem ao valor
presente do gasto futuro do governo menos a sua riqueza líquida inicial. Da mesma maneira,
definem pagamento líquido de impostos como a diferença entre o valor presente de todos os
impostos que um membro comum de cada geração irá pagar ao longo do resto de sua vida e
o valor presente de todas as transferências que este membro irá receber ao longo do resto
de sua vida.
A “generational accounting” impõe que a política atual permaneça inalterada ao
longo do tempo e que a restrição orçamentária intertemporal do governo tem que ser
respeitada [Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p.58)].
Esta restrição, anteriormente representada como A + B = C + D pode ser
formalizada pela equação (1), a seguir:
39(1)
onde:
Nt,k é o valor presente do imposto líquido médio a ser pago até o fim da vida pelos indivíduos
da geração nascida no ano k, descontado até o momento t. É a “generational account” da
geração nascida no ano k, e t é o ano base ;
Gs é o gasto do governo no ano s;
r é a taxa de juros; e
Dt é o valor atual da dívida líquida do governo.
Como definem Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p.60), Auerbach &
Kotlikoff (1999, p.31) e Malvar (1999b, p.51), o primeiro somatório do lado esquerdo da
equação (1) nos dá o valor presente dos impostos líquidos pagos pela geração atual, a partir
do ano base t. O índice s no primeiro somatório diz respeito à idade e vai de 0 (aqueles
nascidos no ano t) até W (o máximo de anos que, supõe-se, uma pessoa possa viver).
Assim, a geração atual é composta por todos aqueles nascidos entre os anos t e t-W.
De maneira semelhante, o segundo termo mostra o quanto, em valor presente,
as gerações nascidas do ano t + 1 - primeiro ano de nascimento dos membros das gerações
futuras - em diante irão pagar de impostos líquidos (impostos pagos menos transferências
∑ ∑∑∞
=
∞
=
−+
=− ++=+
1,
0, )1(
s tst
stsstt
W
sstt DrGNN
40
recebidas) ao longo de suas vidas. O somatório de Nt,t+s, com s indo de 1 a ∞, nos dá o
total dos impostos líquidos pagos por todas as gerações futuras.
O primeiro termo do lado direito da equação (1) é definido como o valor
presente, no ano t, do gasto futuro do governo. O termo Dt representa a dívida líquida do
governo existente no ano base t (dívida total menos ativos).
Como exposto na seção anterior, a equação (1) mostra a natureza de soma
zero da restrição orçamentária intertemporal do governo. A diferença entre o valor presente,
no ano base t, dos impostos líquidos a serem pagos pela geração atual e o total da dívida
líquida do governo mais o valor presente do gasto futuro do governo, tem que ser suprida
pelo valor presente dos impostos líquidos a serem pagos pelas gerações futuras.
Assim, dados os termos do lado direito da equação (1) e o primeiro termo do
lado esquerdo desta mesma equação, o termo remanescente, o valor presente dos impostos
líquidos a serem pagos pelas gerações futuras é determinado por resíduo.
2.2.1 - Pagamentos líquidos das gerações atuais
As “generational accounts” Nt,k de cada geração presente e futura são definidas
como: [Auerbach & Kotlikoff (1999, p.32)]
(2)
)(
),max(,,, )1( ts
Wk
ktskskskt rPTN −−
+
=
+= ∑
41
onde:
_
Ts,k é o pagamento médio projetado de impostos líquidos, a ser feito no ano s por um
membro da geração nascida no ano k;
Ps,k é a quantidade de pessoas nascidas no ano k que continuam vivas no ano s;
t é o ano base, para o qual todos os valores são descontados; e
k é o ano de nascimento.
Como dito anteriormente, o método somente considera os pagamentos líquidos
remanescentes das gerações presente e futuras desconsiderando os pagamentos líquidos
feitos no passado pelas gerações atuais. A equação (2) mostra que os pagamentos líquidos
de cada geração atual são calculados pela ponderação do pagamento líquido médio
projetado de cada geração pelo número de membros sobreviventes de cada grupo
respectivo. Para cada grupo, esta média ponderada é feita do ano base t até o ano em que
ainda exista pelo menos um membro vivo. Para as gerações futuras, o somatório começa no
ano k, onde k > t. Mas, o valor é sempre descontado ao ano t. [Malvar (1999b, p.54)]
Logo, a equação (2) para cada geração futura é representada por:
(2.1)
)(,,, )1( ts
Wk
kskskskt rPTN −−
+
=
+= ∑
42
Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p. 60) definem o pagamento médio de
impostos líquidos de uma geração no ano s, como a média, entre todos os membros desta
geração vivos no ano s, dos pagamentos feitos menos transferências recebidas.
Para se chegar a este valor, primeiro utiliza-se de valores médios, por idade e
sexo, de cada diferente tipo de imposto e transferência do tipo i (hm,fa,i,,) para determinar o
valor destas receitas relativamente aos valores de uma categoria base de idade-sexo, que
os autores assumem ser os homens de 40 anos de idade (hm40,i). O resultado desta divisão é
um perfil relativo de idade-sexo referente a cada imposto/transferência i e cada idade a
(Rm,fa,i). A partir deste perfil relativo de idade e sexo, e com o valor agregado total de cada
imposto/transferência para o ano t (Hi,t) determina-se os seus valores médios da categoria
base também para o ano t (hm40,i,t), tornando possível derivarmos estes valores médios para
outros grupos de idade. O valor de Ts,k é encontrado somando-se os valores médios para
todos os impostos/transferências i. [Auerbach, Gokhale e Kotlikoff (1991, p.66)]
Malvar (1999b, p.54) formaliza este procedimento da seguinte maneira
(equações 3 a 6)
(3)
(4)
∑=
+=n
i
fsia
msiaks hhT
1
,,,,, )(
mia
mti
mtia Rhh ,,,40,, *= f
ia
mti
ftia Rhh ,,,40,, *=
43
(5)
(6)
onde:
Hi,t é o valor agregado total do imposto ou transferência do tipo i; e
Pt,t-j é a quantidade de pessoas nascidas no ano t-j, vivas no ano t.
2.2.2 - Gastos do governo
A maneira usualmente utilizada para projetar o comportamento futuro dos
gastos do governo considera como as propensões a consumir do governo variam entre
grupos de idade. Neste sentido, quatro grupos de gastos são considerados, três deles são
classificados de acordo com a idade dos beneficiários: grupo jovem; grupo de meia idade; e
grupo idoso. O quarto grupo considerado é de gastos “não – idade” que inclui os gastos
gerais, como defesa. [Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p.72), Malvar (1999b, p. 57)]
mi
miam
ia
h
hR
,40
,
, = mi
fiaf
ia
h
hR
,40
,
, =
∑=
−− +=W
j
fjtt
fij
mjtt
mij
mtiti PRPRhH
0,,,,,,40, )**(
44Malvar (1999b, p.57) classifica no grupo jovem aqueles gastos que beneficiam
os indivíduos com idade entre 0 e 18 anos, o grupo de meia idade, por sua vez, inclui os
gastos que beneficiam os indivíduos com idade entre 19 e 64 anos, finalmente, o grupo
idoso inclui os gastos que beneficiam aqueles indivíduos de 65 anos ou mais de idade.
Isto faz com que os diferentes componentes dos gastos do governo cresçam a
taxas maiores ou menores que os demais componentes de acordo com o crescimento da
população relevante correspondente como proporção da população total. Logo, em países
com tendência ao envelhecimento populacional, os gastos governamentais associados ao
grupo idoso tendem a crescer mais rapidamente do que os gastos associados aos demais
grupos de idade, elevando a sua participação no total de gastos governamentais.
O valor total do gasto do governo no ano s é calculado como: [Auerbach,
Gokhale & Kotlikoff (1991, p.72), Malvar (1999b, p. 57)]
(7)
onde:
Gs é o gasto do governo com consumo no ano s;
_ _ _ _
gy,s, gm,s, go,s e gs são os gastos do governo com consumo per capita com a população
jovem, de meia idade, idosa e com toda a população no ano s, respectivamente.
sssososmsmsysys PgPgPgPgG +++= ,,,,,,
45
Py,s, Pm,s, Po,s e Ps, são a população jovem, de meia idade, idosa e total no ano s,
respectivamente.
Para cada ano s, onde s > t, supõe-se que os gastos do governo per capita, em
todos os grupos, crescem a uma mesma taxa de crescimento. [Auerbach, Gokhale &
Kotlikoff (1991, p.72)]
2.2.3 - Dívida líquida do governo
O valor da dívida líquida do governo no ano base t, é igual às suas obrigações
financeiras menos o total dos seus ativos financeiros somados ao valor de mercado das
empresas públicas [Cardarelli, Sefton & Kotlikoff (1999, p.9), Malvar (1999b, p. 58)]
2.2.4 - Pagamentos líquidos das gerações futuras
Como exposto anteriormente, o valor dos pagamentos líquidos das gerações
futuras é encontrado por resíduo após a determinação dos demais valores presentes na
equação (1)
A partir deste valor, podemos encontrar o quanto, em valor presente, um
membro de cada geração futura irá pagar de impostos líquidos ao longo de toda a sua vida,
sob a hipótese de que este pagamento líquido de impostos cresce à mesma taxa de
crescimento da produtividade da economia, g. Isto torna o pagamento líquido de impostos de
46membros de gerações sucessivas uma fração constante de suas respectivas rendas totais.
[Cardarelli, Sefton & Kotlikoff (1999, p.10-11)]
Segundo Auerbach e Kotlikoff (1999), a hipótese de que as “generational
accounts” de todas as gerações futuras sucessivas são iguais, exceto pelo ajuste de
crescimento, é apenas uma de várias hipóteses que poderiam ter sido utilizadas sobre a
distribuição, entre as sucessivas gerações futuras, do seu pagamento líquido total de
impostos.
A “generational account” para cada geração futura sucessiva pode, então, ser
formalizada através da equação (8), a seguir: [Malvar (1999b, p.61)]
(8)
2.2.5 - A escolha da taxa de juros
A restrição orçamentária intertemporal do governo (equação (1)) é
profundamente influenciada pela escolha da taxa de juros escolhida para descontar os
diferentes fluxos de pagamento de impostos, transferências recebidas e consumo do
governo. Taxas de juros diferentes podem ser utilizadas de acordo com os diversos tipos de
risco envolvidos em cada um destes fluxos. Caso os fluxos não apresentem riscos, uma taxa
de juros sem risco pode ser utilizada. No entanto, é irreal supor que os fluxos estimados não
apresentam riscos, sendo então apropriado descontar as receitas futuras a taxas superiores.
( )∑∞
+=
−
++
++
+=1
1, 1
1*
ts
ts
ms
fststt r
gPPTN
47[Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p.74), Cardarelli, Sefton & Kotlikoff (1999, p. 19) e
Malvar (1999b, p.61)]
Auerbach e Kotlikoff (1999) argumentam que a metodologia da “generational
accounting” ainda não conseguiu identificar o ajuste adequado para o risco sendo a prática
padrão atualmente, a estimação de “generational accounts” com diferentes taxas de juros.
2.2.6 - O tratamento dos impostos sobre renda do capital
A regra geral de incidência, adotada na “generational accounting”, procura
distribuir o peso fiscal dos impostos sobre quem efetivamente os paga. Assim, supõe-se que
os impostos sobre a renda do trabalho são pagos pelos trabalhadores, os impostos indiretos
são pagos pelos consumidores e que impostos incidentes sobre a propriedade são pagos
pelos proprietários. [Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991, p.67-68), Cardarelli, Sefton &
Kotlikoff (1999, p. 16) e Malvar (1999b, p.61)]
Uma exceção a esta regra diz respeito aos impostos sobre a renda do capital.
Malvar (1999b) argumenta que estes impostos recebem um tratamento especial devido à
diferença na tributação de capital novo e antigo. Segundo ela, “a existência de incentivos ao
investimento em capital novo implica em um maior peso sobre os donos do capital antigo.
Isto se reflete em um menor valor de mercado para o capital antigo em relação ao capital
novo”17.
17 Malvar (1999), p. 62. Tradução do autor.
48Estas hipóteses podem ser questionadas. Forças do mercado ou razões
sociais e familiares podem alterar o contribuinte/recebedor efetivo de cada tributo ou
transferência. Assim, a “generational accounting” está supondo que alguns tributos são
pagos totalmente pelo contribuinte legal (como no caso do imposto sobre a propriedade),
que outros têm a sua incidência transferida parcialmente para outros contribuintes e, ainda,
que alguns tributos são totalmente pagos por outras pessoas que não o contribuinte legal.
De maneira semelhante, a “generational accounting” supõe que todas as transferências
efetivamente beneficiam os seus recebedores legais. [Congressional Budget Office (1995)]
Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991) defendem que a “generational
accounting” deve fazer um ajuste para os impostos sobre a renda do capital, alocando ao
capital antigo o peso extra desta diferença de tributação. A ausência deste ajuste tende a
elevar o pagamento líquido de impostos a ser feito pelas gerações futuras. [Auerbach &
Kotlikoff (1999)]
Este ajuste consiste, basicamente, no cálculo de dois valores:
(9)
(10)
onde:
++
+−=
ψπδ
τn
nzQ 1*
( ) ( )( )( )( )
++++++
−+=∆δψπδψπ
τδrn
nrzr 1**
49
τ é a alíquota marginal;
δ é a taxa de depreciação;
r é o taxa de retorno pós-imposto;
n é a taxa de crescimento do investimento;
π é a taxa de inflação; e
z é dado por:
(11)
δδ
ψπψ
+=
++=
rrz
Para o caso dos Estados Unidos, os valores encontrados para Q e ∆, são
aplicados sobre o valor das estruturas e equipamentos não residenciais. O resultado da
multiplicação de Q por este valor é aplicado como um imposto incidente apenas no ano base
de acordo com o perfil relativo de riqueza. Já o resultado da multiplicação por ∆ corrige o
valor da arrecadação de impostos sobre a renda do capital a cada ano futuro. [Auerbach,
Gokhale & Kotlikoff (1991) e Gokhale, Page & Sturrock (1999)]
2.3 - Limitações da “Generational Accounting”
É quase uma unanimidade a importância de se desenvolver uma metodologia
que construa, de modo confiável, medidas do desequilíbrio intergerações ocasionado pela
política fiscal. A “Generational accounting” é uma tentativa neste sentido. Entretanto,
diversos autores [Buiter (1997), Cutler (1993), Diamond (1996), Haveman (1994)]
expressaram ressalvas quanto à metodologia das “generational accounts”.
50
Como descrito anteriormente, a “generational accounting” apresenta algumas
limitações. Pelo fato de somente considerar os fluxos futuros de impostos e transferências, a
metodologia não pode ser empregada para comparações entre indivíduos vivos de
diferentes faixas etárias. Do mesmo modo, ainda não há consenso a respeito da maneira
apropriada de desconto dos diferentes fluxos futuros de impostos e transferências.
Haveman (1994) demonstra preocupação com o fato de que, apesar de todos
os impostos serem contabilizados, apenas parte dos gastos governamentais são
considerados transferências, não sendo alocados os benefícios dos demais gastos
governamentais a nenhuma geração particular. Tal crítica é compartilhada por Buiter.
No entanto, a principal crítica de Buiter (1997) às “generational accounts” é
devido ao fato de que elas não capturam repercussões de equilíbrio geral de mudanças de
política fiscal sobre as bases de incidência de impostos e transferências.
Cutler (1993), por sua vez, defende que a utilidade das “generational accounts”
depende diretamente da correção ou não, do modelo de ciclo de vida como representação
do comportamento dos indivíduos, que, para ele, não é a melhor descrição para o
comportamento individual.
Os próprios autores também apontam algumas limitações e possíveis
extensões da metodologia. Kotlikoff (1999) lembra que a metodologia não considera como a
política corrente distribui recursos dentro das gerações, entre diferentes grupos de renda, o
que deve ser assunto de trabalhos futuros.
51
Fehr e Kotlikoff (1995) investigam o quanto as “generational accounts”
capturam das mudanças de utilidade das gerações ocasionadas por alterações de política. A
conclusão dos autores é que as alterações observadas nas “generational accounts” são
aproximações razoavelmente boas das mudanças reais de utilidade das gerações18. As
aproximações são melhores para as gerações vivas e piores para políticas que afetem
significativamente o grau de progressividade dos impostos e para economias com custos de
ajustamento de capital significativos.
2.4 – Alguns Resultados da “Generational Accounting”
Kotlikoff e Leibfritz (1999) analisam os resultados da “generational accounting”
em 17 países, dentre eles o Brasil. A grande maioria dos países analisados apresentam
políticas fiscais que, se mantidas no futuro, geram substanciais desequilíbrios entre
gerações. Dos 17 países estudados, Japão, Itália, Alemanha, Holanda e Brasil, apresentam
graves desequilíbrios. Outros cinco países (Estados Unidos, Noruega, Portugal, Argentina e
Bélgica) apresentam, segundo os autores, sérios desequilíbrios. Os resultados para a
Austrália, Dinamarca e França indicam desequilíbrios menores porém preocupantes. O
Canadá, por sua vez, aparenta estar equilibrado, enquanto Nova Zelândia, Tailândia e
Suécia registram desequilíbrios negativos, ou seja, caso a atual política fiscal seja mantida,
as gerações futuras irão pagar menos impostos líquidos que a geração atual.
Os autores mostram, ainda, os resultados encontrados nos casos em que não
ocorre envelhecimento populacional e para o caso em que não há dívida. Para a maioria dos
52países, a eliminação da dívida ainda mantém elevados níveis de desequilíbrios
intergerações. Alemanha, Argentina, Austrália, França e Itália, têm seus desequilíbrios
reduzidos à metade mas ainda assim são substanciais. A mudança demográfica, no entanto,
tem efeitos mais significativos, praticamente eliminando os desequilíbrios observados na
Argentina, Alemanha, Estados Unidos, Dinamarca, Itália, Holanda, França e Noruega.
Os resultados do caso brasileiro analisado são provenientes de Malvar
(1999a). A autora calcula as “generational accounts” brasileiras tendo 1995 como ano base,
mas não faz o ajuste defendido por Auerbach, Gokhale & Kotlikoff (1991) para os impostos
sobre a renda do capital19. Os resultados mostram grave desequilíbrio entre as gerações.
Mais especificamente, caso a política fiscal vigente se mantenha no futuro, as gerações
futuras terão que pagar 116% mais impostos líquidos do que a geração atual20. Como já
observado para outros países, boa parte do desequilíbrio pode ser atribuído ao
envelhecimento populacional, com a dívida líquida pré-existente respondendo em menor
magnitude pelo desequilíbrio observado.
Entretanto, a conclusão mais interessante é retirada quando a autora simula
quais os efeitos das mudanças introduzidas na Constituição de 1988 sobre as “generational
accounts”. Segundo ela, a reforma elevou o valor de todos os benefícios então existentes e
reduziu a idade mínima para a aposentadoria rural sem o apropriado financiamento. De fato,
o resultado encontrado no caso hipotético em que a estrutura dos benefícios da previdência
social em 1995 é a mesma de 1988 mostra um desequilíbrio de apenas 9,7%. Assim, grande
18 Sobre esta conclusão Buiter argumenta que Fehr e Kotlikoff consideram apenas exemplos de mudanças de política fiscalem que as repercussões de equilíbrio geral reforçam os resultados mostrados nas “generational accounts” (nota n° 5, p.625)19 Nos resultados observados para os Estados Unidos, a ausência deste ajuste eleva o pagamento líquido de impostos dasgerações futuras em cerca de 6,7%. Ver Gokhale, Page e Sturrock (1999).
53parte do desequilíbrio intergerações encontrado pode ser creditado às alterações no
regime de previdência social impostas pela Constituição de 1988.
Finalmente, a autora demonstra que mudanças de política afetam de maneiras
distintas os indivíduos de idades e sexos diferentes. A substituição de impostos incidentes
sobre a folha de salários por impostos indiretos beneficia os homens mas, eleva os
pagamentos líquidos de impostos das mulheres mais jovens e das pessoas mais idosas
(homens e mulheres). As alterações introduzidas na Constituição de 1988, por sua vez,
beneficiaram todas as idades mas, em geral, as mulheres se beneficiaram mais que os
homens e os idosos mais que os jovens.
Em outro trabalho [Malvar (1999b)], a autora estima os efeitos da adoção de
um sistema de contas individuais de aposentadoria (Personal Retirement Account) sob
diferentes mecanismos de financiamento da transição. As simulações supõem que a reforma
é aplicada uniformemente sobre todos os regimes de previdência (geral, do servidor público
federal, e do servidor público estadual/municipal), e que o Instituto Nacional do Seguro
Social continua existindo com o objetivo de garantir uma pensão mínima. Os resultados
apontam uma significativa redução no desequilíbrio observado. De modo semelhante ao
encontrado anteriormente, a alteração do modo de financiamento entre impostos sobre
consumo e sobre renda afeta de maneiras distintas os indivíduos de diferentes idades.
20 No anexo 2 são reproduzidos os resultados para o Brasil e demais países citados.
542.5 – Conclusões
Como na maioria dos instrumentos de análise, a “generational accounting”
oferece resultados valiosos, porém limitados. Além das limitações comuns de medidas
econômicas, como a grande dependência de projeções econômicas e/ou demográficas
incertas, as “generational accounts” não consideram todos os benefícios dos gastos
governamentais e seus resultados são muito dependentes da taxa de juros utilizada. Deste
modo, os resultados quantitativos devem ser utilizados com cautela. No entanto, os
resultados qualitativos das “generational accounts” devem ser respeitados.
A “generational accounting” consiste em uma nova forma de análise das
finanças do governo, permitindo visualizar de que modo estas afetam as diferentes
gerações. Assim, dada a hipótese de não-alteração de políticas, o método pode ser utilizado
para comparar o quanto as gerações futuras irão pagar a mais (ou a menos) do que a
geração atual (aqui representadas pelos recém nascidos), o que nos dá uma medida do
desequilíbrio intergerações.
Em outras palavras, o método faz uma pergunta hipotética: se a política atual
se mantiver infinitamente, como isto afetaria a distribuição de recursos entre as diferentes
gerações? A resposta a esta pergunta não se constitui em um cenário econômico viável, já
que todo o ajuste se dá sobre as gerações futuras, mas dá uma medida clara sobre a
necessidade ou não de mudanças na política governamental. [Cardarelli, Sefton & Kotlikoff
(1999, p. 3)]
553 PREVIDÊNCIA SOCIAL E “GENERATIONAL ACCOUNTS”
No primeiro capítulo, foi visto que a introdução de sistemas previdenciários
capitalizados, em substituição a sistemas de repartição simples, tende a apresentar efeitos
positivos sobre a acumulação de capital e o crescimento, reduz distorções sobre o mercado
de trabalho e desenvolve os mercados de capitais. O efeito sobre a poupança é dúbio. A
poupança privada pode apresentar efeitos negativos, mas a evidência empírica sugere que a
introdução de sistemas capitalizados tem efeitos positivos sobre a poupança em países em
desenvolvimento.
Entretanto, o financiamento da transição entre sistemas previdenciários pode
implicar alterações na alocação dos custos fiscais entre as diferentes gerações. A alteração
de sistemas previdenciários requer o reconhecimento de uma dívida previdenciária
substancial, calculada em cerca de 201,6% do PIB para o Brasil21. Tal dívida deve ser
financiada de alguma maneira. Os diversos modos de financiamento afetam de maneiras
distintas as gerações.
O financiamento da transição via dívida explícita, ou seja, via emissão de
títulos, significa a troca de uma dívida futura, sob a forma de benefícios previdenciários a
serem pagos aos aposentados, por outra dívida futura representada por títulos que podem
ter maturação semelhante (como os bônus de reconhecimento chilenos) tornando-se
pagáveis à época da aposentadoria. Isto resulta em pouca ou nenhuma alteração na
alocação dos custos fiscais. No entanto, historicamente, diversos governos vêm
21 CEPAL (1998), p. 199, o valor estimado supunha uma mudança em 1990.
56apresentando restrições quanto à manutenção de grandes estoques de dívida explícita.
Por isso, na prática, pelo menos parte do financiamento tem sido feito via impostos
correntes.
Sob a ótica das “generational accounts”, como descrito no capítulo 2, o
equilíbrio intergerações é inferido da comparação das “generational accounts” dos recém-
nascidos, representando a geração atual, com as “generational accounts” das gerações
futuras. Estas últimas, por sua vez, são calculadas pela diferença entre a dívida atual do
governo somada aos gastos governamentais futuros e o pagamento líquido de impostos
feitos pela geração atual. Assim, o que não for pago pelas gerações atuais, terá de ser pago
pelas gerações futuras para satisfazer a restrição orçamentária intertemporal do governo.
Neste capítulo são calculadas as “generational accounts” para o Brasil sob
diferentes hipóteses. A primeira seção busca descrever as principais fontes de dados
necessárias para o cálculo das “generational accounts”. A segunda seção apresenta os
resultados básicos em termos de desequilíbrios intergerações, e avalia como esses
resultados se alteram quando é feito o ajuste defendido por Auerbach, Gokhale & Kotlikoff
(1991) nos impostos sobre a renda do capital e quando são introduzidas mudanças nos
sistemas previdenciários. Diferentes cenários são simulados tentando estimar os efeitos de
reformas paramétricas e sistêmicas propostas para os diferentes sistemas previdenciários
nacionais. A terceira seção mostra como os resultados se alteram quando a taxa de juros
utilizada nos cálculos é modificada. A última seção apresenta as principais conclusões do
estudo.
573.1 – Fontes de Dados para o Cálculo das “Generational Accounts”
Para o cálculo das “generational accounts” são necessárias projeções
populacionais; perfis etários e projeções do pagamento de impostos e do recebimento de
transferências; um valor inicial para a dívida líquida do governo; projeções do gasto
governamental; além de estimativas das taxas de juros e de crescimento da economia.
A projeção populacional é proveniente do CELADE, Centro Latino-americano
de Demografia, até o ano de 2050. De 2050 a 2200, as projeções são feitas supondo que as
taxas de fertilidade e mortalidade entre diferentes grupos etários permanecem constantes e
iguais às de 2050, ou seja, é mantida a tendência de envelhecimento populacional
observada no período. A imigração considerada é nula.
Os perfis etários para os pagamentos de impostos e recebimento de
transferências são calculados e aplicados para o ano-base de 1998. Para o caso dos
impostos e contribuições incidentes sobre o trabalho é utilizado um perfil proveniente da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD de 1997. Neste perfil consideram-se,
apenas, a renda formal dos trabalhadores com carteira, rendas do empregador, militar,
funcionários públicos estatutários e empregados domésticos com carteira. Para os impostos
incidentes sobre a renda do capital é utilizado outro perfil proveniente da PNAD – 1997, no
entanto, este perfil considera a renda total declarada, independente da fonte. Os impostos
indiretos são decompostos de acordo com perfil etário proveniente da Pesquisa de
Orçamentos Familiares – POF 1995-1996.
58Os pagamentos de benefícios de previdência social do setor privado e
assistência social são decompostos de acordo com perfis de pagamento reais existentes no
Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS para o ano de 1998. De modo
semelhante, o perfil para o pagamento do seguro-desemprego é proveniente de informações
prestadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE para o ano de 1998.
Para o caso dos benefícios da Previdência Social dos Servidores Públicos,
utiliza-se perfil de pagamento real de benefícios de aposentadoria e pensões para os
servidores públicos civis do poder executivo federal. Este perfil é utilizado tanto para a
Previdência dos Servidores Públicos Federais quanto para a Previdência dos Servidores
Públicos Estaduais e Municipais. Os trabalhos anteriores utilizavam o mesmo perfil da
previdência do setor privado para a previdência do setor público.22
O gasto com educação é decomposto em quatro grupos: gastos com ensino da
criança de 0 a 6 anos, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior. O ensino
fundamental refere-se aos gastos com crianças de 7 a 14 anos de idade; o ensino médio
refere-se aos gastos com jovens de 15 a 17 anos de idade; e finalmente, o gasto com ensino
superior é distribuído entre as pessoas de 18 a 40 anos. Os valores utilizados para o perfil
etário são oriundos do Ministério da Educação e referem-se ao ano de 1997.
O valor da dívida líquida do governo é obtido das informações do Banco
Central. O gasto governamental é proveniente das contas nacionais e corresponde ao
consumo da administração pública mais a parcela da formação bruta de capital fixo atribuída
à administração pública e subtraído o valor gasto em educação. Este montante é
22 Malvar (1999a) e Malvar (1999b)
59decomposto de acordo com grupos etários. Para tanto utiliza-se a mesma proporção
utilizada por Malvar (1999b), a saber: 3,6% para o grupo de 0-18 anos de idade, 3,7% para o
grupo de 19 a 64 anos de idade, 3,7% para aqueles com 65 ou mais anos de idade e 89%
do grupo de gastos “não-idade”.
Para o cálculo da correção descrita no capítulo anterior acerca dos impostos
sobre renda do capital utilizam-se os seguintes valores: A taxa de retorno pós-imposto é de
4%, a taxa de inflação também é de 4%, a taxa de crescimento dos investimentos é de 2%
(igual à média observada no período 1982-1998), a alíquota marginal do imposto é 20% e
taxa de depreciação anual é igual a 4,32%. Este valor é proveniente de Carvalho (1996) que
a estima para o período 1977-1995. Dados estes parâmetros, os valores obtidos para Q e �
foram, respectivamente, 0,05902 e 0,00118 que são aplicados sobre o valor do estoque
bruto de estruturas não residenciais, calculado pelo Ipea23.
As projeções utilizadas no cálculo das “generational accounts” são, em sua
maioria, estimativas oficiais do Governo Federal. Para as projeções de impostos e gastos do
governo, utiliza-se o crescimento do PIB para período de 1998 até 2020. Este procedimento
está de acordo com o que foi feito para os EUA [Gokhale, Page e Sturrock (1999)] e com as
projeções de arrecadação da Receita Federal. Esta instituição calculou a elasticidade PIB da
arrecadação para o período 1986-1997 [Ministério da Fazenda (1999)] e o resultado é 1,266,
no entanto, este valor pode estar superestimado devido a diversas alterações na legislação
da COFINS o que gerou uma arrecadação excepcional deste tributo no período. Após o ano
de 2020, supõe-se que a arrecadação de impostos cresce à mesma taxa de crescimento da
produtividade.
23 O valor utilizado equivale ao disponível para 1995, atualizado pelo INPC até 1998.
60
As projeções que se referem à Previdência Social merecem uma atenção
especial. As projeções para o comportamento das contas do Regime Geral de Previdência
Social (RGPS), administrado pelo INSS, e da Previdência dos Servidores Públicos da União,
Estados e Municípios, são baseadas em estimativas especiais da Secretaria de Previdência
Social – SPS do Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS24.
No primeiro caso, do RGPS, as projeções são feitas supondo-se que a
economia brasileira apresentará crescimento real do PIB de 4% em 2000, 4,5% em 2001 e
3% de 2002 a 2020; que a massa de salários irá aumentar 2,66% em 2000, 5% em 2001 e
3% de 2002 a 2020 em termos reais; que o reajuste dos benefícios será inferior à inflação
em 2000 (6,68% de reajuste nominal frente a uma inflação prevista de 7,95%), mas
apresentará ganho real em 2001 de 1,36%, e de 2002 a 2020 o reajuste dos benefícios
apenas reporá as perdas inflacionárias. O salário mínimo, neste cenário, apresentará ganho
real de 2,85% em 2000, de 1,66% em 2001, e apenas irá repor as perdas provenientes da
inflação a partir de 2002.
Estes mesmos parâmetros são utilizados para a projeção do déficit do RGPS a
partir da introdução da Lei 9.876/99, a ser referida como reforma do RGPS, que introduziu a
nova regra de cálculo de benefícios. Esta nova regra institui a aplicação do chamado fator
previdenciário no cálculo dos benefícios ao mesmo tempo em que amplia a sua base de
cálculo.
24 Mais precisamente, é a Coordenação-Geral de Atuária, Contabilidade e Estudos Técnicos da SPS a elaboradora destasprojeções.
61No caso das projeções para a Previdência dos Servidores Públicos da União,
Estados e Municípios foram utilizadas simulações feitas para o sistema de Previdência dos
Servidores Públicos do Poder Executivo Federal Civil. Devido à inexistência de um perfil
etário dos servidores militares e dos servidores civis dos Poderes Legislativo e Judiciário
federal, os resultados encontrados para os servidores do Executivo Federal Civil são
extrapolados para os demais. Do mesmo modo, a falta de informações precisas acerca dos
sistemas previdenciários do funcionalismo estadual e municipal, tornam necessária a adoção
desta mesma projeção.
Esta projeção supõe entrada de novos servidores (massa aberta), reajuste
salarial para ativos e inativos de 3%, alíquota de contribuição de 11% somente para ativos e
variação do PIB de 3%. Estes mesmos parâmetros são usados ao se supor a introdução da
contribuição previdenciária dos servidores inativos e pensionistas, também com alíquota de
11%, a que nos referiremos como reforma da Previdência Federal ou Estadual/Municipal.
A hipótese de entrada de novos servidores utilizada é a de que há contratação
de um novo servidor para cada saída de servidores antigos (aposentadoria), o perfil deste
novo servidor (idade, remuneração, cargo) é dado pelo perfil observado nos últimos
concursos promovidos pela administração pública.
3.2 – Resultados das “Generational Accounts” para o Brasil
3.2.1 – Resultados Básicos
62A Tabela 1, a seguir, mostra os resultados iniciais das “generational
accounts” para o Brasil, tendo como ano-base, o ano de 1998, e utilizando taxa de juros de
5% e taxa de crescimento da economia de 1,5%. Esta tabela expõe, ainda, quais os efeitos
do ajuste efetuado nos impostos sobre a renda de capital.
Estes resultados, daqui por diante referidos como resultados básicos,
demonstram que a manutenção da atual política fiscal implica um custo sobre as gerações
futuras, medido em termos de impostos líquidos, 112,61% superior ao imposto sobre a
geração atual, no caso em que é feito o ajuste25.
Tabela 1 - "Generational Accounts" - Brasil - Resultados Básicos
Com ajuste Sem ajuste em R$ mil
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 29,48 9,77 19,82 29,74 9,78 19,955 35,36 11,39 23,57 35,68 11,40 23,7410 44,44 16,21 30,56 44,82 16,22 30,7615 55,52 22,65 39,31 55,86 22,62 39,4720 61,43 23,66 42,63 61,46 23,46 42,5425 59,15 20,02 39,47 58,80 19,60 39,0830 49,98 13,62 31,60 49,29 13,03 30,9635 30,64 3,97 17,11 29,67 3,31 16,2940 6,42 -7,56 -0,71 5,10 -8,26 -1,7145 -19,41 -19,72 -19,57 -20,77 -20,39 -20,5850 -37,90 -26,15 -31,83 -39,04 -26,60 -32,6155 -43,63 -26,29 -34,57 -44,40 -26,57 -35,0960 -43,47 -24,81 -33,57 -43,97 -24,97 -33,8965 -34,88 -17,45 -25,46 -35,34 -17,54 -25,7370 -24,35 -11,27 -17,13 -24,54 -11,36 -17,2675 -12,18 -4,97 -8,09 -12,23 -4,99 -8,1380 -5,08 -1,88 -3,20 -5,09 -1,88 -3,2185 -2,12 -0,78 -1,32 -2,13 -0,78 -1,3290 -1,06 -0,40 -0,63 -1,07 -0,40 -0,64
Geração Futura 62,62 20,75 42,14 63,53 20,88 42,67
Desequilíbrio 112,42% 112,38% 112,61% 113,62% 113,50% 113,88%Fonte: Elaboração Própria
25 Como descrito no capítulo anterior, a “generational accounting” somente contabiliza os impostos ainda a serem pagos,deste modo, a geração atual, para fins de comparação com a geração futura, deve ser representada pelos recém-nascidos (natabela 1, indivíduos de idade 0).
63
Pelos resultados expostos na tabela 1, podemos notar que o ajuste feito nos
impostos sobre a renda do capital reduz o pagamento líquido de impostos tanto da geração
atual (medido pelos indivíduos de idade 0) quanto da geração futura, sendo a redução neste
último caso superior, levando a uma pequena diminuição na medida de desequilíbrio
encontrada26. Por outro lado, ocorre aumento nos pagamentos líquidos de impostos de todos
os homens com idade entre 25 e 90 anos e de todas as mulheres entre 15 e 75 anos.
Dois aspectos interessantes também podem ser vistos por meio dos resultados
expostos na Tabela 1. Em primeiro lugar, fica clara a grande diferença entre os valores das
“generational accounts” de homens e mulheres. Homens pagam mais impostos líquidos, na
vida ativa, e recebem mais transferências quando inativos. Tal fato é reflexo da composição
do mercado de trabalho brasileiro em que as mulheres ainda apresentam menor participação
em relação aos homens, ao mesmo tempo, em que recebem menores salários.
Em segundo lugar, é interessante notar que os pagamentos líquidos das
mulheres tornam-se negativos mais cedo. Aos 40 anos as mulheres já apresentam valores
negativos, enquanto os homens somente passam a receber transferências líquidas a partir
dos 45 anos de idade. Novamente uma característica da situação brasileira é representada,
qual seja: a existência de regras de aposentadoria diferenciadas para homens e mulheres,
que permitem que as últimas se aposentem 5 anos mais cedo que os homens.
A Tabela 2, a seguir, mostra alternativas de política com o objetivo de atingir o
equilíbrio entre gerações de acordo com a “generational accounting”, ou seja, para tornar o
64pagamento líquido de impostos das gerações futuras igual ao pagamento líquido de
impostos da geração atual.
Tabela 2 - "Generational Accounts" - BrasilAlternativas de Política para eliminar o desequilíbrio
Corte/Aumento %
redução nos gastos governamentais 33,53redução nas transferências em geral 29,17redução nas transferências e nos gastos governamentais 15,60redução nos benefícios previdenciários 37,89elevação nos impostos em geral 18,08elevação nas contribuições sociais 53,07Fonte: Elaboração Própria
Alternativa de Política
Tal objetivo será atingido caso os gastos governamentais sofram uma redução
imediata e permanente de 33,53%. O mesmo acontece se houver uma redução imediata e
permanente nas transferências em geral de 29,17%. Reduzindo-se conjuntamente os gastos
governamentais e as transferências em geral, o corte necessário é de 15,60%, ao passo
que, uma mudança apenas nos benefícios previdenciários implica que a redução necessária
será de 38,89%. A elevação de impostos também pode ser utilizada com o objetivo de se
buscar o equilíbrio entre as gerações. Neste caso, será necessário um aumento de 18,08%
nos tributos em geral e de 53,07% nas contribuições sociais. Todos estes resultados
referem-se ao caso em que é feito o ajuste nos impostos sobre a renda do capital.
Seguindo a análise padrão das “generational accounts” e na tentativa de se
inferir quais os principais fatores determinantes do desequilíbrio inter-relações observado
nos resultados básicos, são calculados os resultados para o caso em que não ocorre
26 Os resultados encontrados para o caso dos Estados Unidos apontam no mesmo sentido, apenas a intensidade parece sersuperior, neste caso, a aplicação do ajuste reduz o desequilíbrio observado de cerca de 85% para cerca de 74%. VerGokhale, Page e Sturrock (1999).
65mudança demográfica, ou seja, em que não ocorre o envelhecimento populacional
previsto27, e para o caso em que não existe dívida líquida no ano base.
Tabela 3 - "Generational Accounts" - Brasil - Cenários Alternativos
Atual FuturaResultados Básicos 19,82 42,14 112,61%com Dívida Zero 19,82 38,43 93,90%sem Envelhecimento Populacional 26,77 32,31 20,69%Fonte: Elaboração Própria
Geração Desequilíbrio
A Tabela 328 mostra que a eliminação da dívida pré-existente reduz o
pagamento líquido de impostos das gerações futuras reduzindo o desequilíbrio observado
para 93,90%. Entretanto, na hipótese em que não ocorre envelhecimento populacional, esta
redução é muito mais acentuada, para 20,69%. Este resultado sugere uma grande
importância das transferências, e em especial, dos regimes previdenciários, como causas de
desequilíbrios intergerações.
Deste modo, visando inferir quais os efeitos de mudanças nos sistemas
previdenciários sobre o desequilíbrio intergerações observado foram simuladas opções
alternativas de reformas previdenciárias. Primeiramente, são observados os efeitos de
reformas paramétricas no RGPS e na previdência dos servidores públicos, tanto federais
quanto estaduais e municipais, estes últimos considerados conjuntamente.
3.2.2 – Reformas Paramétricas
27 Ou seja, a estrutura etária não se altera. Nos anexos estão expostas as previsões demográficas.
66Reformas paramétricas, como definidas no capítulo 1, são aquelas que
apenas alteram alguns parâmetros no sistema previdenciário vigente. Deste modo,
alterações na idade de aposentadoria, elevação de contribuições, ou redução no limite de
benefícios, dentre outras, podem ser consideradas reformas paramétricas.
A reforma paramétrica simulada para o RGPS, como colocado na seção
anterior, é a introdução da Lei 9.876/99 que institui o chamado fator previdenciário e alonga
o período de cálculo dos benefícios. Na regra anterior, o cálculo dos benefícios tinha por
base as últimas 36 remunerações, a nova regra aumenta, gradualmente, para as 80%
maiores remunerações recebidas ao longo de toda vida laboral29.
Deste modo, esta alteração apresenta dois efeitos: o “efeito fator
previdenciário”, proveniente de mudanças nos valores dos benefícios após a aplicação do
fator previdenciário, e o “efeito extensão”, proveniente do alongamento do período de cálculo
dos benefícios.
No caso do RGPS, a análise da história dos benefícios pagos tem
demonstrado que os segurados de maior renda, ou seja, que recebem pelo teto, tendem a
apresentar uma trajetória salarial crescente durante todo o período laboral. Por outro lado,
os segurados que recebem abaixo do teto, os de menor renda, apresentam uma história
salarial crescente no período inicial de vida laboral, atingindo um pico e tendo sua renda
decrescente ao final do período laboral. Deste modo, o “efeito extensão” da Lei 9.876/99 tem
um efeito social desejado, na medida em que beneficia os segurados de menor renda. O
28 Todos os resultados apresentados nesta seção supõem taxa de juros de 5%, taxa de crescimento de produtividade de 1,5%e se referem ao caso geral (resultados para homens e mulheres conjuntamente). A partir de agora, todos os resultadosexpostos são os encontrados quando é feito o ajuste nos impostos sobre a renda do capital
67efeito líquido de extensão tende a ser positivo sobre as contas públicas, tendo em vista o
elevado peso dos segurados de maior renda sobre as despesas do RGPS.
Esta reforma, como exposta na Tabela 4, desacelera o crescimento do déficit
previdenciário do RGPS. Em 2010, o déficit previsto sob a regra anterior era equivalente a
1,78% do PIB, ao passo que, com a nova regra, este é previsto para 1,37%; já em 2020, a
diferença passa a ser de 0,75% do PIB (2,39% sob a regra anterior contra um déficit previsto
de 1,64% sob a nova regra).
Tabela 4 - Déficits dos Regimes de Previdência % PIB
Atual com Reforma Atual com Reforma Atual com Reforma1999 0,93 0,93 2,01 1,65 1,87 1,392000 1,00 1,00 2,03 1,67 1,89 1,422001 1,01 1,00 2,04 1,68 1,91 1,432002 1,13 1,10 2,09 1,72 1,95 1,462003 1,18 1,13 2,13 1,75 1,99 1,492004 1,25 1,16 2,17 1,79 2,02 1,532005 1,33 1,18 2,21 1,82 2,06 1,562006 1,41 1,21 2,24 1,85 2,10 1,592007 1,50 1,25 2,28 1,89 2,14 1,622008 1,59 1,29 2,32 1,92 2,17 1,652009 1,69 1,33 2,35 1,95 2,21 1,672010 1,78 1,37 2,39 1,97 2,24 1,702011 1,87 1,41 2,42 2,00 2,27 1,722012 1,95 1,44 2,44 2,02 2,30 1,752013 2,03 1,48 2,47 2,05 2,33 1,772014 2,11 1,51 2,49 2,06 2,35 1,782015 2,17 1,54 2,51 2,08 2,37 1,802016 2,23 1,57 2,53 2,10 2,38 1,812017 2,29 1,59 2,54 2,11 2,40 1,832018 2,33 1,61 2,56 2,12 2,41 1,832019 2,36 1,63 2,56 2,13 2,42 1,842020 2,39 1,64 2,57 2,13 2,43 1,85
Fonte: SPS e Elaboração Própria
Estadual/MunicipalFederalRGPSAno
O reflexo da reforma paramétrica do RGPS sobre as “generational accounts”,
exposto na Tabela 5, é uma redução do desequilíbrio entre o pagamento líquido de impostos
29 Na realidade a nova regra utiliza a média dos 80% maiores salários de contribuição apurados entre julho de 1994 e omomento da aposentadoria, corrigidos monetariamente. Ver Pinheiro e Vieira (1999).
68feito pela geração atual e o montante a ser pago pela geração futura. Entretanto, esta
reforma está longe de eliminar totalmente o desequilíbrio entre as gerações, já que os
membros da geração futura têm que arcar com um montante 95,61% maior que o pago pela
geração atual.
Tabela 5 - "Generational Accounts" - Brasil - Reformas Paramétricas
Atual FuturaResultados Básicos 19,82 42,14 112,61%reforma do RGPS 20,51 40,12 95,61%reforma Previdência Federal apenas 20,37 41,00 101,28%reforma Previdência Estadual/Municipal apenas 20,55 40,65 97,81%reforma Previdência Pública - 3 níveis 21,10 39,50 87,20%reforma RGPS + Previdência Federal 21,07 38,98 85,00%Fonte: Elaboração Própria
Geração Desequilíbrio
Por sua vez, a reforma paramétrica simulada tanto para o regime
previdenciário Federal, quanto para a Previdência dos Estados e Municípios, é a introdução
da contribuição previdenciária dos servidores inativos e pensionistas com uma alíquota de
11%. No caso em que a contribuição é cobrada apenas dos inativos e pensionistas federais,
o desequilíbrio observado entre as “generational accounts” da geração atual e futura se
reduz para 101,28%. Quando esta reforma paramétrica é imposta sobre a Previdência dos
Estados e Municípios somente, o desequilíbrio diminui para 97,81%. Mas, quando os
sistemas previdenciários do funcionalismo público são considerados conjuntamente, o efeito
desta reforma paramétrica é uma redução do desequilíbrio entre a geração atual e futura
para cerca de 87,20%.
A conjunção da reforma paramétrica do RGPS com a reforma paramétrica do
sistema de previdência dos servidores públicos federais, que poderia ser considerada como
a reforma previdenciária proposta pelo governo, apresenta um resultado um pouco superior,
69o desequilíbrio se reduz para cerca de 85%, mas que ainda se constitui em desequilíbrio
dos mais graves.
Resultado digno de nota é o fato de que, apesar de apresentar um déficit que
é, aproximadamente, a metade do apresentado por cada sistema de Previdência Pública
(Federal e Estadual/Municipal) (Tabela 4), o efeito sobre as “generational accounts” de
reformas em cada sistema separadamente é maior no caso do RGPS. Apenas quando
consideramos que a Previdência Federal e Estadual/Municipal são reformados
conjuntamente é que a redução do desequilíbrio supera o apresentado pela reforma do
RGPS. No entanto, há que se notar que as reformas propostas são distintas e podem não
ser comparáveis diretamente.
Neste sentido, são calculadas “generational accounts” para o caso hipotético
do fim de cada sistema previdenciário sem a imposição de qualquer custo de transição seja
sobre a geração atual, seja sobre a geração futura. Os resultados são expostos na Tabela 6,
e a direção das mudanças parece ser mantida. A extinção do RGPS reduz o desequilíbrio
para 45,37%, enquanto esta cai para 45,42% no caso da extinção da Previdência Federal
apenas, e para 48,63% no caso da extinção da Previdência Estadual e Municipal. Somente
quando considerados conjuntamente, é que a extinção dos sistemas previdenciários do setor
público superam significativamente a redução apresentada no caso da extinção do RGPS,
de fato, o desequilíbrio muda de sinal, ou seja, a geração atual passa a pagar um valor
maior que o a ser pago pelas gerações futuras.
70Tabela 6 - "Generational Accounts" - Brasil - Extinção dos Regimes
Atual FuturaResultados Básicos 19,82 42,14 112,61%extinção do RGPS 20,39 29,64 45,37%extinção da Previdência Federal apenas 22,06 32,08 45,42%extinção Previdência Estadual/Municipal apenas 21,90 32,55 48,63%extinção Previdência Pública - 3 níveis 24,14 22,49 -6,84%Fonte: Elaboração Própria
Geração Desequilíbrio
Este resultado, a maior influência relativa do RGPS frente aos sistemas de
Previdência Federal e Estadual/Municipal quando vistos individualmente apesar do déficit
observado atualmente ser bem inferior, é reflexo da tendência explosiva do primeiro sob a
regra vigente em 1998. Como colocam Oliveira, Beltrão e Pasinato (1999), enquanto no
curto prazo o maior problema se concentra nos sistemas do funcionalismo público, no médio
e longo prazos a situação se inverte, os déficits do RGPS se expandem continuamente –
fruto da enorme pressão demográfica por aposentadorias nas próximas décadas – enquanto
os do funcionalismo público (Federal e Estadual/Municipal) se estabilizam devido ao baixo
número de contratações nos últimos anos30.
3.2.3 – Reformas Sistêmicas
Reformas sistêmicas, ao contrário das reformas paramétricas, efetivamente
promovem alteração no modo de cálculo dos benefícios, como a adoção de um sistema
baseado em contribuições definidas, ou no modo de financiamento do sistema, como a
mudança de um regime de repartição simples para um sistema capitalizado.
30 Oliveira, Beltrão e Pasinato (1999), p.2.
71Assim, a reforma sistêmica simulada tanto para o RGPS quanto para o
sistema de Previdência Federal, foi a transferência do atual sistema previdenciário brasileiro
organizado em repartição simples e administrado pelo governo para um sistema totalmente
administrado pelo setor privado em regime de capitalização. A mesma simulação não é feita
para a Previdência Estadual/Municipal por falta de informações acerca do seu custo de
transição.
Optou-se, por simplificação, em supor que todos os integrantes do antigo
sistema, sejam eles ativos ou inativos, seriam automaticamente incorporados ao novo
sistema, ficando o governo com a obrigação de arcar com o déficit de transição. Neste novo
arranjo, não há qualquer pilar público como os existentes em diversos países que optaram
pelo sistema capitalizado. Claramente, esta é uma opção extremamente radical e
praticamente impossível de ser adotada no mundo real, mas é extremamente útil para se
analisar os efeitos sobre as “generational accounts”.
Cabe ressaltar que esta transferência para o setor privado não implica
aumento da eficiência ou da segurança do sistema. A análise diz respeito apenas aos
resultados sobre as “generational accounts” das gerações atual e futura. Nada impede, por
exemplo, que o novo sistema previdenciário se torne insolvente. Entretanto, este risco passa
a ser dividido apenas entre entes privados, o governo não mais tem o dever primário de
suprir os possíveis desequilíbrios. Porém, o papel regulador do governo torna-se essencial.
Um desafio que se apresenta a qualquer país com elevado passivo
previdenciário, é o método de financiamento da transição do antigo para o novo modelo de
Previdência Social. A quebra do pacto intergeracional implica o reconhecimento de uma
72dívida que equivale à soma do valor presente dos benefícios a que os aposentados têm
direito com o valor presente das contribuições feitas pelos trabalhadores ativos. Em alguns
casos os valores necessários para uma transição total e imediata são tão elevados que a
mudança torna-se inviável.
Estimativas feitas por Oliveira, Beltrão & Pasinato (1999) indicam que o
passivo previdenciário atinge 203,3% do PIB apenas no caso do RGPS. Para a Previdência
Federal, as estimativas são de 75,3% do PIB. Zylberstein & Torres (1997) reportam uma
dívida previdenciária de 255% do PIB (RGPS e Previdência Federal) tomando como base o
ano de 199631.
Como descrito no capítulo anterior, as “generational accounts” da geração
futura são calculadas pela diferença entre o pagamento líquido de impostos feito pela
geração atual e o montante da dívida atual do governo somado aos gastos governamentais
futuros.
Assim, pela abordagem das “generational accounts”, o financiamento da
transição via tributos correntes gera um aumento no pagamento líquido de impostos das
gerações atuais, reduzindo, assim, a conta a ser paga pelas gerações futuras. Por outro
lado, o financiamento via dívida simplesmente impõe o custo de transição sobre as gerações
futuras.
No caso extremo em que o custo de transição do RGPS é totalmente
financiado via dívida, o desequilíbrio entre os pagamentos líquidos de impostos das
31 Para outras estimativas, ver Ministério da Previdência e Assistência Social (1998)
73gerações atual e futuras se eleva para cerca de 150% (Tabela 7). Mesmo no caso da
Previdência Federal, cujo custo de transição é bastante inferior, este desequilíbrio se
mantém bastante significativo e superior a 80%. Em ambos os casos, praticamente todo o
custo de transição é imposto sobre as gerações futuras, o aumento no valor dos
pagamentos líquidos da geração atual se deve à diminuição das transferências com o fim de
cada regime respectivo.
Tabela 7 - "Generational Accounts" - Brasil - Reformas Sistêmicas
Atual FuturaResultados Básicos 19,82 42,14 112,61%reforma do RGPS - via dívida 20,39 50,78 149,04%reforma Previdência Federal - via dívida 22,06 39,92 80,96%reforma do RGPS - via imposto 20 anos 21,10 8,52 -59,62%reforma do RGPS - via dívida e imposto 20 anos 20,88 21,20 1,53%Fonte: Elaboração Própria
Geração Desequilíbrio
No entanto, ao se adotar o outro caso extremo, ou seja, custo de transição do
RGPS totalmente financiado via impostos, vemos que o peso do ajuste fica a cargo da
geração atual. No caso em que o custo de transição é financiado via impostos ao longo de
20 anos, a medida do desequilíbrio se torna amplamente desfavorável à geração atual.
Por outro lado, quando a reforma é financiada através de uma conjunção de
dívida e tributação é possível atingir o equilíbrio entre as gerações. A Tabela 7 mostra o
resultado de uma transição financiada através de impostos ao longo de 20 anos que
respondem por 70% do custo de transição, ficando os 30% restantes a cargo do
financiamento via dívida. Neste caso, o desequilíbrio entre os pagamentos líquidos de
impostos das gerações atuais e futuras é de somente 1,53%.
74Na prática, dificilmente algum país irá adotar uma reforma que elimine
totalmente a provisão pública de previdência social, principalmente se este país apresentar
um grande passivo previdenciário. Como descrito no capítulo 1, o receituário do Banco
Mundial defende a manutenção de um primeiro pilar público para fins de redistribuição, a
manutenção deste primeiro pilar público contribui também para uma diminuição do montante
das obrigações previdenciárias a serem explicitadas.
3.3 – Sensibilidade à Taxa de Juros
Como Auerbach & Kotlikoff (1999) defendem, a estimação das “generational
accounts” deve ser feita com diferentes taxas de juros, tendo em vista que ainda não se
identificou qual o ajuste adequado para os diferentes tipos de risco associados a cada fluxo
de impostos, transferências e consumo do governo.
A Tabela 8 apresenta os resultados da estimação das “generational accounts”
sob hipóteses alternativas de taxas de juros. Fica claro que a escolha da taxa de juros influi
no resultado quantitativo. Os desequilíbrios variam de 112% a 137%. No entanto, o resultado
qualitativo, ou seja, que a manutenção da atual política fiscal gera grande desequilíbrio
intergerações, permanece inalterado.
Tabela 8 - "Generational Accounts" - BrasilSensibilidade à Taxa de Juros
Atual Futura3 28,93 67,63 133,77%4 24,65 53,03 115,13%5 19,82 42,14 112,61%6 15,44 34,05 120,53%7 11,81 28,08 137,76%
Fonte: Elaboração Própria
DesequilíbrioGeraçãoTaxa de Juros
75
3.4 – Conclusões
A manutenção da política fiscal vigente faz com que os membros das gerações
futuras tenham que pagar 112% mais impostos líquidos que os recém-nascidos em 1998. O
envelhecimento populacional previsto para o Brasil aparenta ser uma das principais causas
deste desequilíbrio.
A adoção do ajuste defendido por Auerbach, Gokhale e Kotlikoff (1991) nos
impostos sobre a renda do capital reduz os pagamentos líquidos de impostos, tanto da
geração atual, quanto da geração futura. Porém, a redução relativa sobre os pagamentos
líquidos de impostos destes últimos é maior reduzindo, assim, o desequilíbrio intergerações
observado. No entanto, a redução decorrente é pouco significativa32.
Reformas paramétricas nos sistemas de previdência social contribuem apenas
marginalmente para a redução do desequilíbrio calculado nos resultados básicos.
Simulações de reformas paramétricas tanto para o RGPS quanto para os sistemas de
previdência dos servidores públicos apontam para desequilíbrios próximos a 100%. Mesmo
a conjunção da reforma no Regime Geral de Previdência Social com a proposta de reforma
no sistema de previdência dos servidores públicos federais, que pode ser considerada a
proposta do governo de reforma da previdência, ainda resulta um desequilíbrio
extremamente significativo, de cerca de 85%. Estes resultados apontam no sentido de que
reformas paramétricas apenas “compram tempo” sem resolver de uma vez por todas as
causas de desequilíbrio.
76
Reformas sistêmicas, por outro lado, alteram muito mais profundamente as
“generational accounts” e potencialmente podem eliminar o desequilíbrio calculado. No
entanto, estas reformas são muito mais difíceis de serem implementadas que as
paramétricas devido ao alto custo de transição associado.
Dentre os sistemas previdenciários brasileiros em vigor, o RGPS, apesar de
apresentar o menor déficit atualmente, aparenta ter a maior influência individual sobre o
desequilíbrio encontrado. Isto é reflexo da tendência explosiva de seu déficit, ao passo que,
os déficits dos sistemas previdenciários do funcionalismo público federal e
estadual/municipal tendem a se estabilizar.
Por fim, a taxa de juros influi substancialmente nos resultados quantitativos,
mantendo a relação de que quanto menor a taxa de juros suposta, maior o valor dos
pagamentos líquidos de impostos das gerações. Porém, o resultado qualitativo não se altera
e a necessidade de ajustes profundos na política fiscal em vigor, em especial nos sistemas
previdenciários, permanece.
32 Da mesma maneira, como pode ser vista nas tabelas do anexo 1, as simulações, quando feitas para o caso em que não éfeito o referido ajuste, mantêm o mesmo sentido dos resultados observados para o caso em que o ajuste é feito. Isto indicaque a ausência deste ajuste não influencia nos resultados qualitativos.
77CONCLUSÕES FINAIS
As reformas em sistemas previdenciários vêm ocorrendo de maneira cada vez
mais frequente em todo o mundo. Desde 1981, quando o Chile adotou o seu sistema de
contas individuais capitalizadas, outros 13 países substituíram ou complementaram seus
antigos sistemas de repartição por sistemas capitalizados.
A substituição de sistemas previdenciários organizados sob a forma de
repartição simples por sistemas capitalizados tende a apresentar efeitos positivos sobre a
acumulação de capital e o crescimento. Também reduz as distorções impostas sobre o
mercado de trabalho e cria incentivos para o desenvolvimento dos mercados de capitais. Os
resultados sobre a poupança não são claros. Estes efeitos podem ser negativos, mas vários
trabalhos sugerem que, no caso de países em desenvolvimento, o impacto final é no sentido
de elevação da poupança global.
A metodologia das “generational accounts” procura dimensionar os efeitos da
política fiscal sobre as diferentes gerações. O método parte de uma situação hipotética, a
manutenção da política fiscal atual indefinidamente, e procura mensurar como isto afetaria a
distribuição de recursos entre as diferentes gerações, dando uma medida clara da
necessidade ou não de mudanças na política governamental corrente.
O resultado encontrado para o Brasil não é nada desprezível. Sob a hipótese
de manutenção da atual política, as gerações futuras teriam de assumir um ônus fiscal 112%
maior que o imposto sobre a geração atual. A maior parte deste desequilíbrio pode ser
atribuída ao sistema previdenciário existente no Brasil.
78
A segunda mensagem que o uso da metodologia sugere é a de que reformas
paramétricas nos sistemas previdenciários apenas “compram tempo”, reduzindo
marginalmente o desequilíbrio calculado nas “generational accounts”. Ao contrário, reformas
sistêmicas têm o potencial de esgotar este desequilíbrio. No entanto, estas últimas
apresentam um alto custo de transição.
Tentativas de simulação da reforma previdenciária proposta pelo governo
federal apresentam resultados dos mais graves. O desequilíbrio observado reduz-se
ligeiramente, atingindo 85%, mas está longe de deixar de ser uma preocupação. A
manutenção desta política continua inviável e o atraso na adoção de medidas mais
abrangentes eleva o seu custo.
Os resultados obtidos neste trabalho indicam, ainda, que a ausência do ajuste
nos impostos sobre a renda de capital superestima ligeiramente o desequilíbrio
intergerações encontrado.
No caso do Brasil, os resultados apresentados pela utilização do método das
“generational accounts” são contundentes. A manutenção da atual política fiscal impõe
pesados custos sobre as gerações futuras. No entanto, estes resultados devem ser
utilizados com cautela, mesmo porque um resultado de equilíbrio intergerações não implica,
necessariamente, que a política fiscal vigente não necessite de ajustes.
No caso brasileiro, uma possível estratégia para eliminação do desequilíbrio
observado nos resultados básicos seria uma elevação imediata e permanente de cerca de
7918% em todos os impostos. A partir da adoção de tal estratégia, o peso fiscal entre as
gerações estaria equilibrado. No entanto, uma elevação da carga fiscal nessa proporção
inviabilizaria o bom funcionamento da economia. O desafio, portanto, é atingir o equilíbrio
intergerações utilizando uma política fiscal e previdenciária que não prejudique – até mesmo
favoreça - o desenvolvimento da economia.
O debate acerca de mudanças nos diversos regimes previdenciários brasileiros
está longe de um fim. A necessidade de amplas mudanças permanece. As alterações
propostas pelo governo federal falharam na tentativa de se atingir o equilíbrio intergerações.
Stiglitz (1988) argumenta que a transferência de recursos das gerações futuras
para as gerações atuais pode ser considerada justa se considerarmos que o padrão de vida
dos primeiros tende a ser maior que o dos últimos. Segundo ele, com taxas de crescimento
da produtividade positivas, a redistribuição de recursos das gerações futuras para as
gerações atuais é equitativa. A questão, segundo o autor, é que é impossível prever com
segurança o comportamento da renda per capita para o futuro. Devemos ter em mente,
porém, que no cálculo das “generational accounts”, uma hipótese básica é a de que a taxa
de crescimento da produtividade é positiva e assim se mantém no futuro.
Ou seja, é até esperado que a geração futura tenha que arcar com um ônus
fiscal superior à da geração atual, no entanto, resta saber se o aumento no padrão de vida
das gerações futuras são suficientes para compensar a magnitude do desequilíbrio
observado nas “generational accounts”.
80
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89ANEXOS
Anexo 1
- “Generational Accounts” – Brasil – Resultados Básicos, com Dívida Zero e sem
envelhecimento populacional – com ajuste
- Reformas Paramétricas – com ajuste
- Extinção dos Regimes sem custo de transição – com ajuste
- Reformas Sistêmicas – com ajuste
- “Generational Accounts” – Brasil – Resultados Básicos, com Dívida Zero e sem
envelhecimento populacional – sem ajuste
- Reformas Paramétricas – sem ajuste
- Extinção dos Regimes sem custo de transição – sem ajuste
- Reformas Sistêmicas – sem ajuste
- Projeções Populacionais – Brasil – 1995/2050
- Brasil – Indicadores da estrutura por sexo e idade da população – projeções
Anexo 2
- “generational accounts” – outros países – Kotlikoff e Leibfritz (1999)
- “generational accounts” – Brasil – Malvar (1999a)
90
Anexo 1
"Generational Accounts" - Brasil - com ajuste sem Resultados Básicos em R$ mil com Dívida Zero Envelhecimento Populacional
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 29,48 9,77 19,82 29,48 9,77 19,82 37,72 15,38 26,775 35,36 11,39 23,57 35,36 11,39 23,57 42,41 16,50 29,6710 44,44 16,21 30,56 44,44 16,21 30,56 47,21 19,43 33,5515 55,52 22,65 39,31 55,52 22,65 39,31 53,92 23,74 39,0420 61,43 23,66 42,63 61,43 23,66 42,63 58,67 23,62 41,2225 59,15 20,02 39,47 59,15 20,02 39,47 58,63 20,30 39,3530 49,98 13,62 31,60 49,98 13,62 31,60 48,40 13,46 30,7435 30,64 3,97 17,11 30,64 3,97 17,11 27,34 3,57 15,2840 6,42 -7,56 -0,71 6,42 -7,56 -0,71 4,61 -7,45 -1,5445 -19,41 -19,72 -19,57 -19,41 -19,72 -19,57 -20,03 -19,16 -19,5950 -37,90 -26,15 -31,83 -37,90 -26,15 -31,83 -39,14 -26,33 -32,5255 -43,63 -26,29 -34,57 -43,63 -26,29 -34,57 -46,91 -27,80 -36,9360 -43,47 -24,81 -33,57 -43,47 -24,81 -33,57 -44,66 -25,07 -34,2765 -34,88 -17,45 -25,46 -34,88 -17,45 -25,46 -36,27 -17,84 -26,3270 -24,35 -11,27 -17,13 -24,35 -11,27 -17,13 -24,04 -10,94 -16,8175 -12,18 -4,97 -8,09 -12,18 -4,97 -8,09 -12,02 -4,81 -7,9480 -5,08 -1,88 -3,20 -5,08 -1,88 -3,20 -5,10 -1,85 -3,2085 -2,12 -0,78 -1,32 -2,12 -0,78 -1,32 -2,11 -0,75 -1,2990 -1,06 -0,40 -0,63 -1,06 -0,40 -0,63 -1,05 -0,39 -0,62
Geração Futura 62,62 20,75 42,14 57,10 18,92 38,43 45,73 18,65 32,31
Desequilíbrio 112,42% 112,38% 112,61% 93,69% 93,65% 93,90% 21,24% 21,26% 20,69%juros = 5%, para todos
g = 1,5% para todos
91
Anexo 1 - continuação
Reformas Paramétricas - com ajusteRGPS Previdência Federal Previdência Estados/Municípios Previdências Pública - 3 Níveis RGPS + Previdência Federal
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 30,46 10,17 20,51 30,27 10,09 20,37 30,52 10,19 20,55 31,30 10,50 21,10 31,25 10,48 21,075 36,52 11,86 24,39 36,30 11,77 24,23 36,59 11,89 24,44 37,53 12,26 25,10 37,46 12,24 25,0610 45,77 16,74 31,49 45,53 16,64 31,32 45,87 16,78 31,57 46,96 17,22 32,33 46,85 17,18 32,2615 57,03 23,26 40,38 56,75 23,14 40,18 57,14 23,30 40,46 58,38 23,80 41,33 58,27 23,75 41,2520 63,21 24,38 43,87 62,79 24,20 43,58 63,22 24,37 43,88 64,57 24,91 44,83 64,57 24,92 44,8225 61,21 20,85 40,91 60,52 20,54 40,41 60,94 20,71 40,70 62,30 21,23 41,64 62,58 21,37 41,8530 52,33 14,56 33,24 51,28 14,09 32,49 51,67 14,24 32,76 52,97 14,71 33,64 53,63 15,04 34,1335 33,14 5,00 18,86 31,75 4,36 17,85 32,09 4,47 18,07 33,19 4,85 18,81 34,24 5,38 19,640 8,74 -6,55 0,94 7,25 -7,30 -0,17 7,49 -7,22 -0,01 8,32 -6,95 0,53 9,56 -6,29 1,4845 -17,41 -18,76 -18,10 -18,85 -19,57 -19,22 -18,68 -19,52 -19,11 -18,12 -19,37 -18,76 -16,84 -18,6 -17,7550 -36,35 -25,33 -30,65 -37,57 -26,07 -31,63 -37,48 -26,05 -31,57 -37,15 -25,97 -31,37 -36,02 -25,25 -30,4555 -42,56 -25,71 -33,76 -43,44 -26,26 -34,46 -43,38 -26,25 -34,43 -43,19 -26,21 -34,32 -42,37 -25,67 -33,6560 -42,83 -24,47 -33,09 -43,36 -24,79 -33,51 -43,33 -24,78 -33,49 -43,23 -24,77 -33,43 -42,72 -24,45 -33,0365 -34,60 -17,31 -25,26 -34,83 -17,44 -25,44 -34,82 -17,44 -25,43 -34,77 -17,43 -25,40 -34,55 -17,3 -25,2370 -24,25 -11,23 -17,06 -24,34 -11,27 -17,12 -24,33 -11,27 -17,12 -24,31 -11,27 -17,11 -24,23 -11,22 -17,0575 -12,15 -4,96 -8,07 -12,17 -4,97 -8,09 -12,17 -4,97 -8,09 -12,17 -4,96 -8,09 -12,14 -4,95 -8,0780 -5,07 -1,88 -3,20 -5,07 -1,88 -3,20 -5,07 -1,88 -3,20 -5,07 -1,88 -3,20 -5,07 -1,88 -3,285 -2,12 -0,78 -1,32 -2,12 -0,78 -1,32 -2,12 -0,78 -1,32 -2,12 -0,78 -1,32 -2,12 -0,78 -1,3290 -1,06 -0,40 -0,63 -1,06 -0,40 -0,63 -1,06 -0,40 -0,63 -1,06 -0,40 -0,63 -1,06 -0,4 -0,63
Geração Futura 59,51 19,86 40,12 60,84 20,27 41,00 60,29 20,13 40,65 58,52 19,64 39,50 57,75 19,37 38,98
Desequilíbrio 95,37% 95,28% 95,61% 100,99% 100,89% 101,28% 97,54% 97,55% 97,81% 86,96% 87,05% 87,20% 84,80% 84,83% 85,00%
92
Anexo 1 - continuação
Extinção dos Regimes sem custo de transição - com ajusteExtinção do RGPS Previdência Federal Previdência Estadual/Municipal Previdência Pública - 3 Níveis
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 20,39 10,11 20,39 31,73 12,01 22,06 31,51 11,90 21,90 24,14 14,14 24,145 24,17 11,74 24,17 37,98 14,05 26,21 37,72 13,91 26,01 28,65 16,57 28,6510 31,01 16,45 31,01 47,33 19,24 33,51 47,03 19,08 33,28 36,24 22,11 36,2415 39,68 22,83 39,68 58,74 26,11 42,65 58,39 25,93 42,39 45,73 29,40 45,7320 43,52 24,17 43,52 65,24 27,76 46,58 64,83 27,55 46,27 50,22 31,64 50,2225 42,29 21,75 42,29 63,80 24,91 44,24 63,37 24,68 43,91 48,68 29,57 48,6830 37,70 17,32 37,70 55,80 19,61 37,51 55,35 19,37 37,17 43,08 25,37 43,0835 28,20 10,60 28,20 38,02 11,42 24,52 37,58 11,18 24,18 31,60 18,63 31,6040 16,06 2,26 16,06 15,57 1,45 8,37 15,17 1,21 8,05 17,13 10,23 17,1345 2,46 -6,76 2,46 -7,73 -8,86 -8,31 -8,11 -9,10 -8,61 2,65 1,77 2,6550 -8,50 -12,04 -8,50 -23,91 -15,22 -19,42 -24,26 -15,43 -19,70 -7,29 -4,50 -7,2955 -12,54 -11,60 -12,54 -29,31 -17,20 -22,99 -29,62 -17,37 -23,22 -11,64 -8,28 -11,6460 -13,51 -10,37 -13,51 -30,02 -17,39 -23,32 -30,28 -17,52 -23,51 -13,26 -10,10 -13,2665 -11,38 -7,75 -11,38 -24,36 -12,22 -17,80 -24,55 -12,31 -17,94 -10,27 -7,08 -10,2770 -8,89 -5,72 -8,89 -16,72 -7,77 -11,78 -16,85 -7,83 -11,87 -6,52 -4,33 -6,5275 -4,74 -2,85 -4,74 -8,11 -3,25 -5,35 -8,18 -3,27 -5,40 -2,66 -1,55 -2,6680 -2,00 -1,19 -2,00 -3,37 -1,23 -2,12 -3,40 -1,24 -2,13 -1,05 -0,59 -1,0585 -0,98 -0,62 -0,98 -1,28 -0,45 -0,78 -1,29 -0,45 -0,79 -0,25 -0,13 -0,2590 -0,56 -0,36 -0,56 -0,61 -0,24 -0,37 -0,61 -0,24 -0,37 -0,10 -0,08 -0,10
Geração Futura 29,64 14,68 29,64 46,10 17,45 32,08 46,80 17,67 32,55 22,49 13,16 22,49
Desequilíbrio 45,37% 45,20% 45,37% 45,29% 45,30% 45,42% 48,52% 48,49% 48,63% -6,84% -6,93% -6,84%
93
Anexo 1 - continuação
Reformas Sistêmicas - com ajusteRGPS - via Dívida Prev. Federal - via Dívida RGPS - via imposto 20 anos RGPS - via dívida e imposto 20 anos
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 30,27 10,11 20,39 31,73 12,01 22,06 31,22 10,57 21,10 30,94 10,43 20,885 36,19 11,74 24,17 37,98 14,05 26,21 40,50 13,83 27,38 39,21 13,20 26,4210 45,09 16,45 31,01 47,33 19,24 33,51 55,06 21,06 38,34 52,06 19,68 36,1415 56,06 22,83 39,68 58,74 26,11 42,65 74,19 30,92 52,85 68,75 28,49 48,9020 62,72 24,17 43,52 65,24 27,76 46,58 89,04 35,50 62,38 81,14 32,10 56,7225 63,07 21,75 42,29 63,80 24,91 44,24 94,57 34,73 64,47 85,12 30,83 57,8130 58,51 17,32 37,70 55,80 19,61 37,51 92,14 30,30 60,89 82,05 26,41 53,9335 46,34 10,60 28,20 38,02 11,42 24,52 76,64 21,53 48,67 67,55 18,25 42,5340 30,42 2,26 16,06 15,57 1,45 8,37 53,96 10,07 31,57 46,90 7,73 26,9145 12,18 -6,76 2,46 -7,73 -8,86 -8,31 28,71 -2,10 12,90 23,75 -3,50 9,7750 -4,71 -12,04 -8,50 -23,91 -15,22 -19,42 5,16 -9,68 -2,51 2,20 -10,39 -4,3055 -13,57 -11,60 -12,54 -29,31 -17,20 -22,99 -7,78 -10,48 -9,19 -9,51 -10,81 -10,1960 -17,05 -10,37 -13,51 -30,02 -17,39 -23,32 -13,77 -9,85 -11,69 -14,75 -10,00 -12,2365 -15,63 -7,75 -11,38 -24,36 -12,22 -17,80 -14,11 -7,55 -10,57 -14,57 -7,61 -10,8170 -12,80 -5,72 -8,89 -16,72 -7,77 -11,78 -12,21 -5,62 -8,57 -12,39 -5,65 -8,6775 -7,20 -2,85 -4,74 -8,11 -3,25 -5,35 -7,06 -2,84 -4,67 -7,10 -2,84 -4,6980 -3,15 -1,19 -2,00 -3,37 -1,23 -2,12 -3,10 -1,18 -1,98 -3,12 -1,18 -1,9885 -1,53 -0,62 -0,98 -1,28 -0,45 -0,78 -1,50 -0,62 -0,97 -1,51 -0,62 -0,9890 -0,92 -0,36 -0,56 -0,61 -0,24 -0,37 -0,91 -0,36 -0,55 -0,91 -0,36 -0,55
Geração Futura 75,32 25,16 50,78 57,35 21,71 39,92 12,60 4,27 8,52 31,37 10,58 21,20
Desequilíbrio 148,83% 148,86% 149,04% 80,74% 80,77% 80,96% -59,64% -59,60% -59,62% 1,39% 1,44% 1,53%
94
Anexo 1 - continuação
"Generational Accounts" - Brasil - sem ajuste sem Resultados Básicos em R$ mil com Dívida Zero Envelhecimento Populacional
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 29,74 9,78 19,95 29,74 9,78 19,95 38,02 15,40 26,935 35,68 11,40 23,74 35,68 11,40 23,74 42,76 16,53 29,8610 44,82 16,22 30,76 44,82 16,22 30,76 47,60 19,46 33,7615 55,86 22,62 39,47 55,86 22,62 39,47 54,25 23,73 39,2020 61,46 23,46 42,54 61,46 23,46 42,54 58,70 23,44 41,1425 58,80 19,60 39,08 58,80 19,60 39,08 58,31 19,90 38,9930 49,29 13,03 30,96 49,29 13,03 30,96 47,73 12,90 30,1335 29,67 3,31 16,29 29,67 3,31 16,29 26,34 2,92 14,4640 5,10 -8,26 -1,71 5,10 -8,26 -1,71 3,29 -8,12 -2,5345 -20,77 -20,39 -20,58 -20,77 -20,39 -20,58 -21,38 -19,82 -20,5850 -39,04 -26,60 -32,61 -39,04 -26,60 -32,61 -40,27 -26,77 -33,2955 -44,40 -26,57 -35,09 -44,40 -26,57 -35,09 -47,67 -28,07 -37,4360 -43,97 -24,97 -33,89 -43,97 -24,97 -33,89 -45,15 -25,24 -34,5965 -35,34 -17,54 -25,73 -35,34 -17,54 -25,73 -36,73 -17,93 -26,5870 -24,54 -11,36 -17,26 -24,54 -11,36 -17,26 -24,22 -11,03 -16,9475 -12,23 -4,99 -8,13 -12,23 -4,99 -8,13 -12,07 -4,84 -7,9880 -5,09 -1,88 -3,21 -5,09 -1,88 -3,21 -5,12 -1,85 -3,2185 -2,13 -0,78 -1,32 -2,13 -0,78 -1,32 -2,12 -0,75 -1,3090 -1,07 -0,40 -0,64 -1,07 -0,40 -0,64 -1,06 -0,39 -0,62
Geração Futura 63,53 20,88 42,67 58,00 19,07 38,95 46,38 18,79 32,70
Desequilíbrio 113,62% 113,50% 113,88% 95,02% 94,99% 95,24% 21,99% 22,01% 21,43%juros = 5%, para todos
g = 1,5% para todos
95
Anexo 1 - continuação
Reformas Paramétricas - sem ajusteRGPS Previdência Federal Previdência Estados/Municípios Previdências Pública - 3 Níveis RGPS +Previdência Federal
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 30,72 10,18 20,65 30,53 10,09 20,51 30,78 10,19 20,68 31,56 10,51 21,24 31,47 10,58 21,235 36,84 11,87 24,56 36,61 11,78 24,40 36,91 11,90 24,61 37,85 12,28 25,27 37,73 12,36 25,2510 46,14 16,76 31,69 45,90 16,66 31,52 46,25 16,80 31,77 47,33 17,24 32,53 47,18 17,32 32,4915 57,37 23,23 40,54 57,09 23,11 40,34 57,48 23,27 40,61 58,72 23,77 41,48 58,53 23,86 41,4420 63,24 24,18 43,79 62,82 24,00 43,49 63,24 24,17 43,79 64,60 24,71 44,74 64,40 24,81 44,6925 60,87 20,42 40,52 60,17 20,12 40,02 60,59 20,28 40,31 61,95 20,80 41,25 61,95 21,00 41,3530 51,64 13,97 32,60 50,59 13,50 31,85 50,99 13,65 32,12 52,28 14,12 33,00 52,65 14,50 33,3735 32,16 4,33 18,04 30,77 3,69 17,03 31,11 3,80 17,26 32,22 4,19 18,00 33,03 4,78 18,7040 7,42 -7,25 -0,06 5,93 -7,99 -1,17 6,18 -7,92 -1,01 7,00 -7,65 -0,47 8,14 -6,89 0,4845 -18,76 -19,43 -19,11 -20,20 -20,24 -20,22 -20,04 -20,20 -20,12 -19,47 -20,04 -19,77 -18,15 -19,14 -18,6650 -37,49 -25,78 -31,44 -38,71 -26,52 -32,41 -38,62 -26,50 -32,36 -38,29 -26,42 -32,16 -37,01 -25,57 -31,1055 -43,33 -25,99 -34,27 -44,21 -26,53 -34,98 -44,15 -26,52 -34,94 -43,96 -26,48 -34,83 -42,99 -25,85 -34,0460 -43,33 -24,64 -33,41 -43,86 -24,96 -33,83 -43,83 -24,95 -33,82 -43,72 -24,93 -33,76 -43,09 -24,55 -33,2665 -35,06 -17,40 -25,52 -35,29 -17,54 -25,70 -35,28 -17,53 -25,69 -35,23 -17,53 -25,67 -34,92 -17,35 -25,4370 -24,43 -11,32 -17,19 -24,52 -11,36 -17,25 -24,51 -11,36 -17,25 -24,49 -11,36 -17,24 -24,37 -11,29 -17,1475 -12,20 -4,98 -8,11 -12,22 -4,99 -8,13 -12,22 -4,99 -8,13 -12,22 -4,99 -8,13 -12,18 -4,97 -8,1080 -5,09 -1,88 -3,21 -5,09 -1,88 -3,21 -5,09 -1,88 -3,21 -5,09 -1,88 -3,21 -5,08 -1,88 -3,2185 -2,13 -0,78 -1,32 -2,13 -0,78 -1,32 -2,13 -0,78 -1,32 -2,13 -0,78 -1,32 -2,13 -0,78 -1,3290 -1,07 -0,40 -0,64 -1,07 -0,40 -0,64 -1,07 -0,40 -0,64 -1,07 -0,40 -0,64 -1,07 -0,40 -0,64
Geração Futura 60,41 20,01 40,65 61,74 20,42 41,53 61,19 20,27 41,17 59,41 19,79 40,03 58,50 19,67 39,50
Desequilíbrio 96,65% 96,56% 96,85% 102,23% 102,38% 102,49% 98,80% 98,92% 99,08% 88,24% 88,30% 88,47% 85,89% 85,92% 86,06%
96
Anexo 1 - continuação
Extinção dos Regimes sem custo de transição - sem ajusteExtinção do RGPS Previdência Federal Previdência Estadual/Municipal Previdência Pública - 3 Níveis
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 30,53 10,12 20,52 31,99 12,02 22,20 31,77 11,91 22,03 34,02 14,15 24,285 36,51 11,75 24,33 38,30 14,06 26,38 38,04 13,93 26,18 40,66 16,59 28,8210 45,46 16,47 31,21 47,70 19,25 33,71 47,40 19,10 33,48 50,29 22,13 36,4415 56,40 22,80 39,83 59,08 26,08 42,81 58,73 25,90 42,54 61,95 29,37 45,8920 62,75 23,96 43,44 65,27 27,56 46,49 64,86 27,35 46,18 68,67 31,44 50,1325 62,73 21,32 41,90 63,45 24,49 43,85 63,02 24,26 43,52 67,67 29,15 48,2930 57,82 16,73 37,06 55,11 19,02 36,87 54,66 18,78 36,53 60,48 24,78 42,4435 45,36 9,93 27,38 37,04 10,76 23,70 36,60 10,51 23,36 43,98 17,96 30,7840 29,10 1,57 15,06 14,25 0,76 7,37 13,85 0,52 7,05 23,00 9,53 16,1345 10,83 -7,44 1,46 -9,08 -9,53 -9,31 -9,46 -9,77 -9,62 2,23 1,10 1,6550 -5,85 -12,49 -9,28 -25,05 -15,67 -20,20 -25,40 -15,88 -20,48 -11,42 -4,95 -8,0855 -14,34 -11,88 -13,05 -30,09 -17,48 -23,50 -30,39 -17,65 -23,74 -16,08 -8,55 -12,1560 -17,54 -10,54 -13,83 -30,52 -17,55 -23,64 -30,78 -17,69 -23,83 -17,33 -10,27 -13,5865 -16,10 -7,85 -11,64 -24,82 -12,31 -18,06 -25,01 -12,40 -18,20 -14,49 -7,17 -10,5470 -12,98 -5,81 -9,02 -16,90 -7,86 -11,91 -17,03 -7,92 -12,00 -9,39 -4,42 -6,6575 -7,25 -2,88 -4,78 -8,16 -3,27 -5,39 -8,23 -3,30 -5,44 -4,16 -1,58 -2,7080 -3,17 -1,19 -2,01 -3,39 -1,23 -2,13 -3,42 -1,24 -2,14 -1,71 -0,59 -1,0685 -1,54 -0,62 -0,99 -1,29 -0,45 -0,79 -1,30 -0,46 -0,80 -0,46 -0,13 -0,2690 -0,93 -0,37 -0,56 -0,61 -0,24 -0,37 -0,62 -0,24 -0,37 -0,16 -0,08 -0,11
Geração Futura 44,82 14,86 30,17 46,94 17,64 32,61 47,65 17,86 33,08 32,23 13,40 23,02
Desequilíbrio 46,81% 46,84% 47,03% 46,73% 46,76% 46,89% 49,98% 49,96% 50,16% -5,26% -5,30% -5,19%
97
Anexo 1 - continuação
Reformas Sistêmicas - sem ajusteRGPS - via Dívida Prev. Federal - via Dívida RGPS - via imposto 20 anos RGPS - via dívida e imposto 20 anos
Idade Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral Homens Mulheres Geral0 30,53 10,12 20,52 31,99 12,02 22,20 31,48 10,58 21,23 31,19 10,44 21,025 36,51 11,75 24,33 38,30 14,06 26,38 40,82 13,84 27,55 39,53 13,21 26,5910 45,46 16,47 31,21 47,70 19,25 33,71 55,43 21,08 38,54 52,44 19,70 36,3415 56,40 22,80 39,83 59,08 26,08 42,81 74,53 30,89 53,01 69,09 28,46 49,0620 62,75 23,96 43,44 65,27 27,56 46,49 89,07 35,30 62,29 81,17 31,90 56,6425 62,73 21,32 41,90 63,45 24,49 43,85 94,22 34,30 64,08 84,77 30,41 57,4230 57,82 16,73 37,06 55,11 19,02 36,87 91,45 29,71 60,25 81,36 25,82 53,2935 45,36 9,93 27,38 37,04 10,76 23,70 75,66 20,86 47,86 66,57 17,58 41,7140 29,10 1,57 15,06 14,25 0,76 7,37 52,64 9,37 30,57 45,58 7,03 25,9145 10,83 -7,44 1,46 -9,08 -9,53 -9,31 27,36 -2,77 11,90 22,40 -4,17 8,7750 -5,85 -12,49 -9,28 -25,05 -15,67 -20,20 4,02 -10,13 -3,29 1,06 -10,84 -5,0955 -14,34 -11,88 -13,05 -30,09 -17,48 -23,50 -8,55 -10,75 -9,70 -10,29 -11,09 -10,7160 -17,54 -10,54 -13,83 -30,52 -17,55 -23,64 -14,27 -10,02 -12,01 -15,25 -10,17 -12,5665 -16,10 -7,85 -11,64 -24,82 -12,31 -18,06 -14,57 -7,65 -10,83 -15,03 -7,71 -11,0770 -12,98 -5,81 -9,02 -16,90 -7,86 -11,91 -12,40 -5,71 -8,70 -12,57 -5,74 -8,8075 -7,25 -2,88 -4,78 -8,16 -3,27 -5,39 -7,11 -2,87 -4,71 -7,15 -2,87 -4,7380 -3,17 -1,19 -2,01 -3,39 -1,23 -2,13 -3,12 -1,19 -1,99 -3,13 -1,19 -1,9985 -1,54 -0,62 -0,99 -1,29 -0,45 -0,79 -1,51 -0,62 -0,98 -1,52 -0,62 -0,9890 -0,93 -0,37 -0,56 -0,61 -0,24 -0,37 -0,91 -0,36 -0,56 -0,92 -0,36 -0,56
Geração Futura 76,25 25,27 51,31 58,22 21,87 40,44 13,40 4,51 9,05 32,21 10,78 21,73
Desequilíbrio 149,75% 149,70% 150,05% 81,99% 81,95% 82,16% -57,43% -57,37% -57,37% 3,27% 3,26% 3,38%
98
A n e x o 1 - c o n t i n u a ç ã o
P r o j e ç õ e s P o p u l a c i o n a i s - B r a s i l - 1 9 9 5 / 2 0 5 1S e x o e G r u p o s d e I d a d e 1 9 9 5 2 0 0 0 2 0 0 5 2 0 1 0 2 0 1 5 2 0 2 0 2 0 2 5 2 0 3 0 2 0 3 5 2 0 4 0 2 0 4 5 2 0 5 0
A m b o s s e x o s 1 5 9 . 6 0 8 . 3 8 4 1 7 0 . 6 9 3 . 4 2 4 1 8 1 . 6 0 4 . 2 9 2 1 9 2 . 2 3 9 . 5 4 4 2 0 2 . 4 4 7 . 8 4 2 2 1 1 . 8 8 2 . 2 1 5 2 2 0 . 5 0 8 . 5 3 3 2 2 8 . 2 7 4 . 4 9 0 2 3 5 . 1 2 9 . 6 6 2 2 4 1 . 0 3 5 . 2 5 0 2 4 5 . 9 5 6 . 2 2 8 2 5 0 . 0 9 1 . 0 5 6
0 - 4 1 6 . 2 2 4 . 0 5 8 1 6 . 0 1 7 . 4 3 1 1 6 . 2 1 0 . 3 6 1 1 6 . 4 0 2 . 8 2 6 1 6 . 4 8 6 . 1 2 8 1 6 . 3 5 2 . 8 9 7 1 6 . 2 4 8 . 2 8 5 1 6 . 2 7 0 . 4 1 3 1 6 . 3 6 7 . 6 2 3 1 6 . 4 4 5 . 3 4 8 1 6 . 4 7 5 . 6 1 0 1 6 . 4 9 0 . 8 6 0
5 - 9 1 6 . 9 9 2 . 4 9 8 1 6 . 1 2 6 . 4 2 5 1 5 . 9 3 1 . 3 0 2 1 6 . 1 3 2 . 6 8 5 1 6 . 3 3 2 . 6 8 5 1 6 . 4 2 3 . 2 1 6 1 6 . 2 9 7 . 0 4 0 1 6 . 1 9 8 . 5 5 8 1 6 . 2 2 5 . 6 7 0 1 6 . 3 2 7 . 1 1 8 1 6 . 4 0 8 . 6 0 5 1 6 . 4 4 2 . 2 6 4
1 0 - 1 4 1 7 . 4 5 4 . 2 9 5 1 6 . 9 5 2 . 3 5 5 1 6 . 0 9 1 . 9 6 4 1 5 . 9 0 0 . 4 4 5 1 6 . 1 0 4 . 1 8 0 1 6 . 3 0 6 . 2 7 6 1 6 . 3 9 8 . 8 7 7 1 6 . 2 7 4 . 7 6 1 1 6 . 1 7 8 . 0 3 4 1 6 . 2 0 6 . 4 9 2 1 6 . 3 0 9 . 2 0 7 1 6 . 3 9 1 . 8 4 0
1 5 - 1 9 1 6 . 7 0 0 . 3 9 7 1 7 . 3 8 0 . 6 9 9 1 6 . 8 8 8 . 0 3 3 1 6 . 0 3 6 . 7 2 8 1 5 . 8 5 0 . 9 6 9 1 6 . 0 5 8 . 4 2 9 1 6 . 2 6 4 . 0 4 4 1 6 . 3 5 9 . 9 3 4 1 6 . 2 3 8 . 9 6 4 1 6 . 1 4 5 . 2 1 5 1 6 . 1 7 5 . 9 7 6 1 6 . 2 8 0 . 8 7 6
2 0 - 2 4 1 4 . 8 0 6 . 0 6 9 1 6 . 5 7 1 . 9 8 9 1 7 . 2 5 9 . 9 8 7 1 6 . 7 8 1 . 9 5 3 1 5 . 9 4 5 . 4 2 3 1 5 . 7 6 8 . 6 7 0 1 5 . 9 8 2 . 4 7 0 1 6 . 1 9 3 . 4 8 0 1 6 . 2 9 4 . 4 3 9 1 6 . 1 7 9 . 0 0 1 1 6 . 0 8 9 . 9 7 8 1 6 . 1 2 5 . 0 2 9
2 5 - 2 9 1 3 . 8 5 6 . 1 9 6 1 4 . 6 5 4 . 0 1 5 1 6 . 4 1 8 . 2 8 7 1 7 . 1 1 4 . 1 8 8 1 6 . 6 5 3 . 1 4 3 1 5 . 8 3 3 . 5 7 8 1 5 . 6 6 7 . 6 1 3 1 5 . 8 8 8 . 2 8 3 1 6 . 1 0 5 . 2 6 3 1 6 . 2 1 2 . 2 6 6 1 6 . 1 0 3 . 2 2 5 1 6 . 0 2 0 . 1 9 6
3 0 - 3 4 1 3 . 2 9 3 . 6 7 9 1 3 . 6 8 3 . 3 2 3 1 4 . 4 8 8 . 9 3 9 1 6 . 2 4 9 . 7 4 2 1 6 . 9 5 3 . 1 5 1 1 6 . 5 0 9 . 4 0 7 1 5 . 7 0 8 . 1 4 0 1 5 . 5 5 3 . 0 1 3 1 5 . 7 8 0 . 3 0 5 1 6 . 0 0 3 . 4 4 6 1 6 . 1 1 6 . 5 4 2 1 6 . 0 1 4 . 8 0 5
3 5 - 3 9 1 1 . 2 6 4 . 2 6 2 1 3 . 0 8 5 . 9 2 6 1 3 . 4 8 9 . 5 3 3 1 4 . 3 0 1 . 7 9 8 1 6 . 0 5 7 . 1 4 0 1 6 . 7 6 7 . 2 0 2 1 6 . 3 4 2 . 4 4 1 1 5 . 5 6 0 . 8 3 3 1 5 . 4 1 6 . 8 0 2 1 5 . 6 5 1 . 1 1 9 1 5 . 8 8 0 . 6 2 0 1 6 . 0 0 0 . 6 8 1
4 0 - 4 4 9 . 4 2 7 . 8 7 9 1 1 . 0 3 4 . 5 9 7 1 2 . 8 4 3 . 0 2 2 1 3 . 2 6 0 . 2 4 6 1 4 . 0 7 8 . 5 6 1 1 5 . 8 2 5 . 0 0 9 1 6 . 5 4 1 . 9 0 8 1 6 . 1 3 7 . 8 2 6 1 5 . 3 7 8 . 1 7 5 1 5 . 2 4 6 . 8 8 6 1 5 . 4 8 8 . 5 2 9 1 5 . 7 2 5 . 4 0 2
4 5 - 4 9 7 . 4 6 8 . 9 5 7 9 . 1 6 4 . 2 7 5 1 0 . 7 5 3 . 0 5 7 1 2 . 5 4 1 . 8 6 9 1 2 . 9 7 3 . 7 3 6 1 3 . 7 9 6 . 7 7 7 1 5 . 5 3 0 . 1 1 7 1 6 . 2 5 2 . 6 6 4 1 5 . 8 7 2 . 2 8 6 1 5 . 1 3 9 . 6 2 8 1 5 . 0 2 3 . 0 6 2 1 5 . 2 7 3 . 6 8 8
5 0 - 5 4 5 . 7 6 9 . 3 0 5 7 . 1 7 2 . 3 4 0 8 . 8 3 1 . 2 4 0 1 0 . 3 9 3 . 2 1 3 1 2 . 1 5 4 . 0 3 9 1 2 . 6 0 0 . 9 4 1 1 3 . 4 2 7 . 6 6 7 1 5 . 1 3 9 . 8 1 0 1 5 . 8 6 5 . 9 8 4 1 5 . 5 1 5 . 0 8 2 1 4 . 8 1 6 . 3 2 5 1 4 . 7 1 8 . 8 3 3
5 5 - 5 9 4 . 9 5 5 . 9 8 5 5 . 4 4 4 . 5 6 0 6 . 8 0 1 . 7 6 6 8 . 4 0 9 . 8 0 7 9 . 9 3 3 . 7 7 8 1 1 . 6 5 3 . 2 7 0 1 2 . 1 1 5 . 7 2 2 1 2 . 9 4 1 . 8 3 2 1 4 . 6 2 0 . 3 3 7 1 5 . 3 4 7 . 6 1 9 1 5 . 0 3 2 . 6 1 1 1 4 . 3 7 7 . 8 8 9
6 0 - 6 4 3 . 7 9 4 . 9 1 8 4 . 5 6 4 . 2 0 3 5 . 0 4 8 . 1 3 4 6 . 3 4 2 . 7 1 0 7 . 8 8 2 . 1 5 8 9 . 3 5 1 . 1 3 8 1 1 . 0 1 2 . 1 3 0 1 1 . 4 8 6 . 8 6 2 1 2 . 3 0 4 . 4 8 9 1 3 . 9 3 3 . 2 9 3 1 4 . 6 5 6 . 6 0 2 1 4 . 3 8 5 . 9 8 5
6 5 - 6 9 3 . 1 0 1 . 2 4 5 3 . 3 7 0 . 6 0 3 4 . 0 9 2 . 7 0 1 4 . 5 6 3 . 0 0 7 5 . 7 7 4 . 0 7 4 7 . 2 1 9 . 3 7 6 8 . 6 1 1 . 2 7 1 1 0 . 1 8 7 . 1 8 7 1 0 . 6 6 7 . 4 6 6 1 1 . 4 6 6 . 3 0 3 1 3 . 0 2 2 . 4 9 2 1 3 . 7 3 4 . 8 4 5
7 0 - 7 4 2 . 1 1 3 . 6 4 7 2 . 5 9 0 . 7 4 0 2 . 8 5 6 . 9 6 5 3 . 5 1 1 . 4 2 7 3 . 9 5 7 . 1 5 4 5 . 0 5 3 . 5 5 8 6 . 3 6 9 . 8 7 2 7 . 6 5 0 . 3 5 5 9 . 1 0 2 . 5 0 0 9 . 5 8 0 . 0 7 9 1 0 . 3 4 5 . 5 2 7 1 1 . 7 9 7 . 3 2 2
7 5 - 7 9 1 . 3 1 7 . 4 7 5 1 . 6 0 3 . 1 8 6 2 . 0 1 0 . 0 2 7 2 . 2 5 8 . 7 4 9 2 . 8 2 2 . 6 5 9 3 . 2 2 6 . 0 3 2 4 . 1 7 0 . 8 2 6 5 . 3 1 2 . 2 0 7 6 . 4 3 6 . 1 1 8 7 . 7 1 5 . 8 8 0 8 . 1 7 7 . 2 6 2 8 . 8 8 7 . 2 4 5
8 0 e m a i s 1 . 0 6 7 . 5 1 9 1 . 2 7 6 . 7 5 7 1 . 5 8 8 . 9 7 4 2 . 0 3 8 . 1 5 1 2 . 4 8 8 . 8 6 4 3 . 1 3 6 . 4 3 9 3 . 8 2 0 . 1 1 0 4 . 8 6 6 . 4 7 2 6 . 2 7 5 . 2 0 7 7 . 9 2 0 . 4 7 5 9 . 8 3 4 . 0 5 5 1 1 . 4 2 3 . 2 9 6
H o m e n s 7 9 . 0 6 1 . 7 7 8 8 4 . 3 4 7 . 0 0 0 8 9 . 5 4 5 . 2 0 1 9 4 . 6 0 6 . 5 9 4 9 9 . 4 4 6 . 0 4 6 1 0 3 . 8 8 8 . 1 6 9 1 0 7 . 9 1 6 . 6 6 2 1 1 1 . 5 1 7 . 0 1 8 1 1 4 . 6 7 9 . 5 2 2 1 1 7 . 4 0 6 . 2 6 4 1 1 9 . 6 8 3 . 7 5 9 1 2 1 . 6 1 3 . 0 2 0
0 - 4 8 . 2 5 2 . 8 1 8 8 . 1 5 1 . 6 5 3 8 . 2 5 3 . 6 9 8 8 . 3 5 5 . 7 5 3 8 . 4 0 6 . 2 8 8 8 . 3 4 6 . 4 0 3 8 . 2 9 7 . 0 2 4 8 . 3 1 2 . 3 1 3 8 . 3 6 6 . 0 0 2 8 . 4 0 5 . 7 8 3 8 . 4 2 5 . 2 9 0 8 . 4 3 3 . 1 5 8
5 - 9 8 . 6 3 6 . 2 1 9 8 . 1 9 7 . 1 9 4 8 . 1 0 2 . 3 3 5 8 . 2 0 8 . 9 6 3 8 . 3 1 5 . 1 4 4 8 . 3 6 9 . 6 3 6 8 . 3 1 3 . 6 8 5 8 . 2 6 7 . 6 5 2 8 . 2 8 5 . 7 1 4 8 . 3 4 1 . 7 4 0 8 . 3 8 3 . 5 9 2 8 . 4 0 4 . 9 8 5
1 0 - 1 4 8 . 8 6 6 . 6 1 2 8 . 6 1 2 . 0 3 7 8 . 1 7 6 . 2 9 1 8 . 0 8 3 . 4 5 7 8 . 1 9 1 . 3 1 3 8 . 2 9 8 . 5 9 7 8 . 3 5 4 . 2 3 6 8 . 2 9 9 . 4 6 9 8 . 2 5 4 . 4 2 4 8 . 2 7 3 . 2 8 5 8 . 3 2 9 . 9 7 8 8 . 3 7 2 . 5 2 5
1 5 - 1 9 8 . 3 9 1 . 0 5 5 8 . 8 1 4 . 7 4 2 8 . 5 6 6 . 4 8 0 8 . 1 3 7 . 0 4 5 8 . 0 4 8 . 0 5 1 8 . 1 5 8 . 3 0 2 8 . 2 6 7 . 9 7 6 8 . 3 2 5 . 8 3 2 8 . 2 7 3 . 2 4 3 8 . 2 3 0 . 3 2 1 8 . 2 5 0 . 7 8 2 8 . 3 0 8 . 9 8 7
2 0 - 2 4 7 . 3 7 4 . 6 4 9 8 . 2 9 4 . 2 2 3 8 . 7 2 3 . 0 6 9 8 . 4 8 5 . 6 9 8 8 . 0 6 7 . 1 4 8 7 . 9 8 4 . 7 1 3 8 . 0 9 9 . 6 4 4 8 . 2 1 3 . 3 2 4 8 . 2 7 4 . 8 7 8 8 . 2 2 6 . 5 8 2 8 . 1 8 7 . 1 9 4 8 . 2 1 0 . 9 3 0
2 5 - 2 9 6 . 8 8 3 . 2 0 8 7 . 2 5 9 . 6 7 8 8 . 1 7 7 . 4 4 0 8 . 6 1 1 . 5 8 8 8 . 3 8 6 . 7 5 4 7 . 9 8 0 . 8 2 9 7 . 9 0 6 . 4 6 3 8 . 0 2 6 . 5 0 4 8 . 1 4 4 . 5 7 9 8 . 2 1 0 . 8 3 0 8 . 1 6 7 . 2 6 8 8 . 1 3 2 . 5 8 6
3 0 - 3 4 6 . 5 7 5 . 6 5 2 6 . 7 5 5 . 8 6 9 7 . 1 3 7 . 9 3 3 8 . 0 5 2 . 4 8 9 8 . 4 9 0 . 9 3 9 8 . 2 7 8 . 4 8 1 7 . 8 8 6 . 0 1 7 7 . 8 1 9 . 5 7 1 7 . 9 4 4 . 3 1 3 8 . 0 6 7 . 0 4 2 8 . 1 3 7 . 5 9 0 8 . 0 9 9 . 5 6 1
3 5 - 3 9 5 . 5 4 1 . 6 0 8 6 . 4 2 8 . 1 6 0 6 . 6 1 7 . 9 1 4 7 . 0 0 4 . 4 5 4 7 . 9 1 3 . 8 2 5 8 . 3 5 5 . 5 0 9 8 . 1 5 6 . 2 9 1 7 . 7 7 7 . 7 4 2 7 . 7 1 9 . 0 1 1 7 . 8 4 8 . 7 4 3 7 . 9 7 5 . 7 2 3 8 . 0 5 1 . 3 3 1
4 0 - 4 4 4 . 6 1 7 . 0 5 2 5 . 3 8 6 . 1 6 6 6 . 2 6 3 . 0 8 5 6 . 4 6 1 . 4 6 6 6 . 8 5 1 . 1 2 6 7 . 7 5 2 . 5 4 1 8 . 1 9 7 . 0 8 8 8 . 0 1 1 . 5 1 7 7 . 6 4 7 . 6 9 8 7 . 5 9 7 . 6 6 8 7 . 7 3 1 . 8 7 5 7 . 8 6 3 . 8 2 4
4 5 - 4 9 3 . 6 3 6 . 3 2 2 4 . 4 4 5 . 5 2 8 5 . 2 0 2 . 1 7 5 6 . 0 6 5 . 1 7 1 6 . 2 7 1 . 4 9 9 6 . 6 6 2 . 7 2 0 7 . 5 5 3 . 1 4 6 7 . 9 9 8 . 7 1 9 7 . 8 2 8 . 0 5 3 7 . 4 8 2 . 1 2 6 7 . 4 4 1 . 0 8 1 7 . 5 8 0 . 8 7 2
5 0 - 5 4 2 . 7 8 3 . 6 8 0 3 . 4 4 8 . 3 6 0 4 . 2 3 3 . 3 8 7 4 . 9 7 1 . 6 6 6 5 . 8 1 4 . 1 9 4 6 . 0 2 7 . 7 8 9 6 . 4 1 9 . 5 9 8 7 . 2 9 2 . 8 6 4 7 . 7 3 6 . 9 2 1 7 . 5 8 4 . 8 3 6 7 . 2 6 0 . 0 5 6 7 . 2 3 0 . 9 4 4
5 5 - 5 9 2 . 3 5 8 . 9 4 9 2 . 5 8 1 . 1 6 7 3 . 2 1 5 . 8 7 2 3 . 9 6 7 . 3 6 1 4 . 6 7 8 . 8 3 5 5 . 4 9 1 . 4 4 8 5 . 7 1 2 . 3 5 5 6 . 1 0 1 . 1 8 6 6 . 9 4 7 . 9 8 5 7 . 3 8 8 . 3 7 3 7 . 2 5 7 . 3 2 2 6 . 9 6 0 . 5 7 9
6 0 - 6 4 1 . 7 7 5 . 6 3 6 2 . 1 2 1 . 6 3 9 2 . 3 3 9 . 3 6 4 2 . 9 3 3 . 7 4 4 3 . 6 3 9 . 5 7 8 4 . 3 1 2 . 8 5 7 5 . 0 8 4 . 6 4 2 5 . 3 0 9 . 4 0 5 5 . 6 8 9 . 1 7 3 6 . 4 9 8 . 9 3 7 6 . 9 2 8 . 8 9 0 6 . 8 2 4 . 2 0 5
6 5 - 6 9 1 . 4 2 2 . 2 2 4 1 . 5 2 9 . 0 1 8 1 . 8 4 5 . 7 6 2 2 . 0 5 2 . 9 7 9 2 . 5 9 3 . 7 8 1 3 . 2 3 8 . 3 5 1 3 . 8 6 0 . 2 2 2 4 . 5 7 4 . 0 9 3 4 . 7 9 6 . 7 8 2 5 . 1 6 1 . 0 4 7 5 . 9 1 5 . 9 1 7 6 . 3 2 9 . 6 1 0
7 0 - 7 4 9 4 5 . 7 1 5 1 . 1 4 0 . 3 6 8 1 . 2 4 4 . 0 8 6 1 . 5 2 0 . 5 9 4 1 . 7 0 9 . 2 4 8 2 . 1 7 9 . 1 1 4 2 . 7 4 3 . 5 9 6 3 . 2 9 3 . 9 2 8 3 . 9 2 6 . 7 2 2 4 . 1 4 1 . 8 2 9 4 . 4 7 7 . 9 8 2 5 . 1 5 8 . 5 0 2
7 5 - 7 9 5 6 9 . 6 1 9 6 8 0 . 1 5 8 8 3 7 . 8 5 1 9 3 0 . 6 8 8 1 . 1 5 4 . 9 9 8 1 . 3 1 5 . 2 6 7 1 . 6 9 7 . 1 3 7 2 . 1 5 8 . 6 8 9 2 . 6 1 4 . 0 9 4 3 . 1 4 2 . 0 4 5 3 . 3 3 6 . 9 4 8 3 . 6 3 3 . 2 1 1
8 0 e m a i s 4 3 0 . 7 6 0 5 0 1 . 0 4 0 6 0 8 . 4 5 9 7 6 3 . 4 7 8 9 1 3 . 3 2 5 1 . 1 3 5 . 6 1 2 1 . 3 6 7 . 5 4 2 1 . 7 3 4 . 2 1 0 2 . 2 2 9 . 9 3 0 2 . 8 0 5 . 0 7 7 3 . 4 7 6 . 2 7 1 4 . 0 1 7 . 2 1 0
M u l h e r e s 8 0 . 5 4 6 . 6 0 6 8 6 . 3 4 6 . 4 2 4 9 2 . 0 5 9 . 0 9 1 9 7 . 6 3 2 . 9 5 0 1 0 3 . 0 0 1 . 7 9 6 1 0 7 . 9 9 4 . 0 4 6 1 1 2 . 5 9 1 . 8 7 1 1 1 6 . 7 5 7 . 4 7 2 1 2 0 . 4 5 0 . 1 4 0 1 2 3 . 6 2 8 . 9 8 6 1 2 6 . 2 7 2 . 4 6 9 1 2 8 . 4 7 8 . 0 3 6
0 - 4 7 . 9 7 1 . 2 4 0 7 . 8 6 5 . 7 7 8 7 . 9 5 6 . 6 6 3 8 . 0 4 7 . 0 7 3 8 . 0 7 9 . 8 4 0 8 . 0 0 6 . 4 9 4 7 . 9 5 1 . 2 6 1 7 . 9 5 8 . 1 0 0 8 . 0 0 1 . 6 2 1 8 . 0 3 9 . 5 6 5 8 . 0 5 0 . 3 2 0 8 . 0 5 7 . 7 0 2
5 - 9 8 . 3 5 6 . 2 7 9 7 . 9 2 9 . 2 3 1 7 . 8 2 8 . 9 6 7 7 . 9 2 3 . 7 2 2 8 . 0 1 7 . 5 4 1 8 . 0 5 3 . 5 8 0 7 . 9 8 3 . 3 5 5 7 . 9 3 0 . 9 0 6 7 . 9 3 9 . 9 5 6 7 . 9 8 5 . 3 7 8 8 . 0 2 5 . 0 1 3 8 . 0 3 7 . 2 7 9
1 0 - 1 4 8 . 5 8 7 . 6 8 3 8 . 3 4 0 . 3 1 8 7 . 9 1 5 . 6 7 3 7 . 8 1 6 . 9 8 8 7 . 9 1 2 . 8 6 7 8 . 0 0 7 . 6 7 9 8 . 0 4 4 . 6 4 1 7 . 9 7 5 . 2 9 2 7 . 9 2 3 . 6 1 0 7 . 9 3 3 . 2 0 7 7 . 9 7 9 . 2 2 9 8 . 0 1 9 . 3 1 5
1 5 - 1 9 8 . 3 0 9 . 3 4 2 8 . 5 6 5 . 9 5 7 8 . 3 2 1 . 5 5 3 7 . 8 9 9 . 6 8 3 7 . 8 0 2 . 9 1 8 7 . 9 0 0 . 1 2 7 7 . 9 9 6 . 0 6 8 8 . 0 3 4 . 1 0 2 7 . 9 6 5 . 7 2 1 7 . 9 1 4 . 8 9 4 7 . 9 2 5 . 1 9 4 7 . 9 7 1 . 8 8 9
2 0 - 2 4 7 . 4 3 1 . 4 2 0 8 . 2 7 7 . 7 6 6 8 . 5 3 6 . 9 1 8 8 . 2 9 6 . 2 5 5 7 . 8 7 8 . 2 7 5 7 . 7 8 3 . 9 5 7 7 . 8 8 2 . 8 2 6 7 . 9 8 0 . 1 5 6 8 . 0 1 9 . 5 6 1 7 . 9 5 2 . 4 1 9 7 . 9 0 2 . 7 8 4 7 . 9 1 4 . 0 9 9
2 5 - 2 9 6 . 9 7 2 . 9 8 8 7 . 3 9 4 . 3 3 7 8 . 2 4 0 . 8 4 7 8 . 5 0 2 . 6 0 0 8 . 2 6 6 . 3 8 9 7 . 8 5 2 . 7 4 9 7 . 7 6 1 . 1 5 0 7 . 8 6 1 . 7 7 9 7 . 9 6 0 . 6 8 4 8 . 0 0 1 . 4 3 6 7 . 9 3 5 . 9 5 7 7 . 8 8 7 . 6 1 0
3 0 - 3 4 6 . 7 1 8 . 0 2 7 6 . 9 2 7 . 4 5 4 7 . 3 5 1 . 0 0 6 8 . 1 9 7 . 2 5 3 8 . 4 6 2 . 2 1 2 8 . 2 3 0 . 9 2 6 7 . 8 2 2 . 1 2 3 7 . 7 3 3 . 4 4 2 7 . 8 3 5 . 9 9 2 7 . 9 3 6 . 4 0 4 7 . 9 7 8 . 9 5 2 7 . 9 1 5 . 2 4 4
3 5 - 3 9 5 . 7 2 2 . 6 5 4 6 . 6 5 7 . 7 6 6 6 . 8 7 1 . 6 1 9 7 . 2 9 7 . 3 4 4 8 . 1 4 3 . 3 1 5 8 . 4 1 1 . 6 9 3 8 . 1 8 6 . 1 5 0 7 . 7 8 3 . 0 9 1 7 . 6 9 7 . 7 9 1 7 . 8 0 2 . 3 7 6 7 . 9 0 4 . 8 9 7 7 . 9 4 9 . 3 5 0
4 0 - 4 4 4 . 8 1 0 . 8 2 7 5 . 6 4 8 . 4 3 1 6 . 5 7 9 . 9 3 7 6 . 7 9 8 . 7 8 0 7 . 2 2 7 . 4 3 5 8 . 0 7 2 . 4 6 8 8 . 3 4 4 . 8 2 0 8 . 1 2 6 . 3 0 9 7 . 7 3 0 . 4 7 7 7 . 6 4 9 . 2 1 8 7 . 7 5 6 . 6 5 4 7 . 8 6 1 . 5 7 8
4 5 - 4 9 3 . 8 3 2 . 6 3 5 4 . 7 1 8 . 7 4 7 5 . 5 5 0 . 8 8 2 6 . 4 7 6 . 6 9 8 6 . 7 0 2 . 2 3 7 7 . 1 3 4 . 0 5 7 7 . 9 7 6 . 9 7 1 8 . 2 5 3 . 9 4 5 8 . 0 4 4 . 2 3 3 7 . 6 5 7 . 5 0 2 7 . 5 8 1 . 9 8 1 7 . 6 9 2 . 8 1 6
5 0 - 5 4 2 . 9 8 5 . 6 2 5 3 . 7 2 3 . 9 8 0 4 . 5 9 7 . 8 5 3 5 . 4 2 1 . 5 4 7 6 . 3 3 9 . 8 4 5 6 . 5 7 3 . 1 5 2 7 . 0 0 8 . 0 6 9 7 . 8 4 6 . 9 4 6 8 . 1 2 9 . 0 6 3 7 . 9 3 0 . 2 4 6 7 . 5 5 6 . 2 6 9 7 . 4 8 7 . 8 8 9
5 5 - 5 9 2 . 5 9 7 . 0 3 6 2 . 8 6 3 . 3 9 3 3 . 5 8 5 . 8 9 4 4 . 4 4 2 . 4 4 6 5 . 2 5 4 . 9 4 3 6 . 1 6 1 . 8 2 2 6 . 4 0 3 . 3 6 7 6 . 8 4 0 . 6 4 6 7 . 6 7 2 . 3 5 2 7 . 9 5 9 . 2 4 6 7 . 7 7 5 . 2 8 9 7 . 4 1 7 . 3 1 0
6 0 - 6 4 2 . 0 1 9 . 2 8 2 2 . 4 4 2 . 5 6 4 2 . 7 0 8 . 7 7 0 3 . 4 0 8 . 9 6 6 4 . 2 4 2 . 5 8 0 5 . 0 3 8 . 2 8 1 5 . 9 2 7 . 4 8 8 6 . 1 7 7 . 4 5 7 6 . 6 1 5 . 3 1 6 7 . 4 3 4 . 3 5 6 7 . 7 2 7 . 7 1 2 7 . 5 6 1 . 7 8 0
6 5 - 6 9 1 . 6 7 9 . 0 2 1 1 . 8 4 1 . 5 8 5 2 . 2 4 6 . 9 3 9 2 . 5 1 0 . 0 2 8 3 . 1 8 0 . 2 9 3 3 . 9 8 1 . 0 2 5 4 . 7 5 1 . 0 4 9 5 . 6 1 3 . 0 9 4 5 . 8 7 0 . 6 8 4 6 . 3 0 5 . 2 5 6 7 . 1 0 6 . 5 7 5 7 . 4 0 5 . 2 3 5
7 0 - 7 4 1 . 1 6 7 . 9 3 2 1 . 4 5 0 . 3 7 2 1 . 6 1 2 . 8 7 9 1 . 9 9 0 . 8 3 3 2 . 2 4 7 . 9 0 6 2 . 8 7 4 . 4 4 4 3 . 6 2 6 . 2 7 6 4 . 3 5 6 . 4 2 7 5 . 1 7 5 . 7 7 8 5 . 4 3 8 . 2 5 0 5 . 8 6 7 . 5 4 5 6 . 6 3 8 . 8 2 0
7 5 - 7 9 7 4 7 . 8 5 6 9 2 3 . 0 2 8 1 . 1 7 2 . 1 7 6 1 . 3 2 8 . 0 6 1 1 . 6 6 7 . 6 6 1 1 . 9 1 0 . 7 6 5 2 . 4 7 3 . 6 8 9 3 . 1 5 3 . 5 1 8 3 . 8 2 2 . 0 2 4 4 . 5 7 3 . 8 3 5 4 . 8 4 0 . 3 1 4 5 . 2 5 4 . 0 3 4
8 0 e m a i s 6 3 6 . 7 5 9 7 7 5 . 7 1 7 9 8 0 . 5 1 5 1 . 2 7 4 . 6 7 3 1 . 5 7 5 . 5 3 9 2 . 0 0 0 . 8 2 7 2 . 4 5 2 . 5 6 8 3 . 1 3 2 . 2 6 2 4 . 0 4 5 . 2 7 7 5 . 1 1 5 . 3 9 8 6 . 3 5 7 . 7 8 4 7 . 4 0 6 . 0 8 6
F o n t e : C e n t r o L a t i n o a m e r i c a n o y C a r i b e ñ o d e D e m o g r a f i a ( 1 9 9 8 )
99
Anexo 1 - continuação
BRASIL: Indicadores da estrutura por sexo e idade da população - projeçõesIndicadores demográficos
1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
% da população
0-14 anos 31,7 28,8 26,6 25,2 24,2 23,2 22,2 21,4 20,7 20,3 20,0 19,715-64 anos 63,5 66,1 67,6 68,4 68,4 68,0 67,4 66,4 65,4 64,5 63,2 61,965 e ma i s 4,8 5,2 5,8 6,4 7,4 8,8 10,4 12,3 13,8 15,2 16,8 18,3
Relação de Dependência (%) 57,5 51,4 47,9 46,3 46,2 47,0 48,4 50,7 52,8 55,1 58,3 61,4
Idade Média da População 24,2 25,8 27,6 29,3 31,1 32,8 34,3 35,5 36,4 37,2 37,9 38,5
Índice de masculinidade (%) 98,2 97,7 97,3 96,9 96,5 96,2 95,8 95,5 95,2 95,0 94,8 94,7
Relação Velhos/Jovens (%) 15,0 18,0 21,9 25,5 30,7 38,0 46,9 57,5 66,6 74,9 84,1 92,9
Relação Crianças/Mulheres (%) 37,0 33,2 31,5 30,7 30,3 29,5 29,0 29,2 29,6 29,9 30,0 29,9
% de mulheres em idade fértil 54,4 55,8 55,9 54,8 52,9 51,3 49,7 47,8 45,9 44,4 43,5 43,0
fonte: Centro Latinoamericano y Caribeño de Demografia (1998)
Relação de dependência =( (população de 0-14 mais população de 65 e mais)/ população de 15-64 anos) * 100Índice de masculinidade = (população masculina / população feminina)*100Relação Velhos/ Jovens = (população de 65 e mais / população de 0-14) * 100Relação Crianças/Mulheres = (população de 0-4 / população feminina de 15-49) * 100Percentual de mulheres em idade fértil = (população feminina de 15-49 / população feminina total ) * 100
100
Anexo 2
"Generational Accounts" 1995 em mil dólares
Atual FuturaEstados Unidos 28,5 73,9 159,0%Japão 73,0 319,4 337,8%Alemanha 97,1 248,8 156,1%Itália 68,4 209,9 223,8%Canadá 56,3 58,0 3,1%Tailândia 5,9 -1,5 -125,4%Austrália 49,4 73,4 48,6%Dinamarca -18,0 26,0 -Holanda 49,4 137,0 177,7%Nova Zelândia 18,0 16,0 -10,8%França 82,2 161,4 96,3%Noruega 1,4 57,3 4091,8%Portugal 43,5 73,2 68,3%Suécia 121,8 83,8 -31,2%Argentina 13,9 24,3 74,8%Bélgica 43,3 89,5 107,0%Brasil 10,2 22,1 116,7%fonte: Kotlikoff e Leibfritz (1999)
Obs. Gasto educacional visto como transferência
Geração Desequilíbrio
"Generational Accounts" - BrasilResultados Básicos - 1995 em mil dólares
Idade Homens Mulheres Geral0 17,3 2,8 10,25 20,6 3,8 12,310 27,0 6,9 17,115 34,3 10,6 22,620 41,0 13,1 27,025 46,5 13,9 30,130 48,9 14,0 31,335 45,6 10,8 28,040 36,0 4,0 19,745 19,4 -4,9 6,950 0,9 -13,0 -6,355 -16,3 -19,7 -18,160 -30,5 -25,9 -28,165 -44,3 -23,9 -33,470 -47,7 -20,7 -32,975 -33,6 -13,1 -22,180 -22,3 -8,7 -14,485 -13,5 -6,9 -9,690 -4,1 -1,8 -2,7
Geração Futura 37,5 6,1 22,1
Desequilíbrio 116,2% 116,2% 116,4%fonte: Malvar (1999a)