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II CURSO INTENSIVO AVANÇADO PARA O XLVIII CONCURSO DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJ/RJ EMPRESARIAL Professor Thiago Carapetcov @professorthiagocarapetcov [email protected] AULA 1 – ANÁLISE JURISPRUDENCIAL DE EMPRESARIAL 1. Informativo 643 – REsp 1686659 (28/11/2018) CDA. Protesto. Possibilidade. Art. 1º, p.u., Lei 9492/97. Legalidade. Estudo periférico: Protesto: Serve para incorporar, fazer constar uma informação cambiária; não se confunde com executar; ATENÇÃO! Caso não seja o objetivo do protesto, ele será indevido, que gera dano material e moral. Legislação: Lei 9492 e LUG (Decreto 57663) (arts. 44 a 48); Características: formal, solene, ato cambiário público (natureza jurídica); extrajudicial (não se confunde com o protesto do direito processual civil); Efeitos: o Cambiários: a) endosso póstumo; b) aval póstumo; c) cobrança dos coobrigados – só é possível a se houver protesto; o Extracambiários: a) interrupção da prescrição; b) decadência; Motivos/fundamentos para o protesto: a) não pagamento; b) não aceite; c) não devolução do título. Objetos do protesto: a) título de crédito; b) título executivo; c) documento de dívida. OBS: É possível protestar um boleto bancário? 1ª corrente (tabeliães): sim, pois é um documento de dívida. 2ª corrente (majoritária – STF): não, pois não é um documento de dívida, mas uma simples declaração unilateral de vontade. INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: 1. Curso de Direito Empresarial – Ricardo Negrão (desembargador TJSP) 2. Curso de Direito Empresarial – Marlon Tomazette;

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Page 1: II CURSO INTENSIVO AVANÇADO PARA O XLVIII CONCURSO …...Curso de Direito Empresarial – Ricardo Negrão (desembargador TJSP) 2. Curso de Direito Empresarial – Marlon Tomazette;

II CURSO INTENSIVO AVANÇADO PARA O XLVIII CONCURSO DA

MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TJ/RJ

EMPRESARIAL

Professor Thiago Carapetcov

@professorthiagocarapetcov

[email protected]

AULA 1 – ANÁLISE JURISPRUDENCIAL DE EMPRESARIAL

1. Informativo 643 – REsp 1686659 (28/11/2018)

CDA. Protesto. Possibilidade. Art. 1º, p.u., Lei 9492/97. Legalidade.

Estudo periférico:

Protesto:

Serve para incorporar, fazer constar uma informação cambiária; não se confunde com

executar;

ATENÇÃO! Caso não seja o objetivo do protesto, ele será indevido, que gera dano material e

moral.

Legislação: Lei 9492 e LUG (Decreto 57663) (arts. 44 a 48);

Características: formal, solene, ato cambiário público (natureza jurídica); extrajudicial (não se

confunde com o protesto do direito processual civil);

Efeitos:

o Cambiários: a) endosso póstumo; b) aval póstumo; c) cobrança dos coobrigados – só é

possível a se houver protesto;

o Extracambiários: a) interrupção da prescrição; b) decadência;

Motivos/fundamentos para o protesto: a) não pagamento; b) não aceite; c) não devolução do

título.

Objetos do protesto: a) título de crédito; b) título executivo; c) documento de dívida.

OBS: É possível protestar um boleto bancário?

1ª corrente (tabeliães): sim, pois é um documento de dívida.

2ª corrente (majoritária – STF): não, pois não é um documento de dívida, mas uma simples

declaração unilateral de vontade.

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA:

1. Curso de Direito Empresarial – Ricardo Negrão (desembargador TJSP)

2. Curso de Direito Empresarial – Marlon Tomazette;

Page 2: II CURSO INTENSIVO AVANÇADO PARA O XLVIII CONCURSO …...Curso de Direito Empresarial – Ricardo Negrão (desembargador TJSP) 2. Curso de Direito Empresarial – Marlon Tomazette;

ATENÇÃO! A nota promissória também seria uma declaração unilateral de vontade, no

entanto, ela é emitida pelo devedor. Ademais, ela é um título de crédito, com

característica cambiária, de modo que não há dúvidas a respeito da possibilidade de

protestá-la.

OBS2: É possível protestar uma CDA?

Entendimento anterior:

Entendimento atual: é possível que a Fazenda proteste uma CDA – Lei 12.767/2012 +

Informativo 643, STJ

Prazos para protesto:

o Duplicata: 30 dias do vencimento;

o Letra de cambio e nota promissória: 1º dia útil seguinte ao vencimento;

o Cheque: até o término do prazo da execução (6 meses, a contar do término de

apresentação); não se pode protestar um cheque prescrito;

2. REsp 1775269 (21/02/19)

Execução fiscal. Redirecionamento a pessoa jurídica do mesmo grupo econômico. CDA. Não

identificação. Hipóteses dos arts. 134 e 135, CTN. Não enquadramento.

Estudo periférico:

Grupo econômico:

Várias pessoas jurídicas sob o comando gerencial, logístico, financeiro, laboral, da holding;

Art. 134 e 135, CTN: possibilidade de cobrar pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico

(redirecionamento da execução);

Desconsideração da personalidade jurídica: possibilidade de cobrar das pessoas físicas, que

fazem parte das pessoas jurídicas.

o Efeitos da aquisição da personalidade jurídica: autonomia patrimonial + limitação da

responsabilidade;

Prazos do cheque

a) Apresentação: 30 dias (mesma praça1) ou 60 dias (praça diferente);

b) Prazo para ajuizamento da ação de execução: 6 meses, a contar do término do

prazo de apresentação;

c) Prazo para ajuizamento da ação de enriquecimento/locupletamento: 2 anos, a

contar do término do prazo de 6 meses acima;

d) Prazo para ação monitória: 5 anos, a contar do dia seguinte ao que constar na

cártula (Súmula 503, STJ)

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Desconsiderar a personalidade jurídica é ignorar os efeitos.

o Teorias:

Teoria Maior (Rolf Serick): maior cautela, maior cuidado, prova inequívoca de

abuso, fraude;

Subjetiva: deve-se analisar a intenção de fraudar;

Objetiva: não precisa analisar a intenção de fraudar (teoria adotada

pelo ordenamento jurídico brasileiro).

Teoria Menor: menor cautela, menor cuidado, não se exige prova inequívoca

de abuso, fraude; legislador determina a desconsideração; ex: art. 28, §5º,

CDC.

Teoria Invertida (ou ao Inverso): aplicada diante de dois cenários:

Fraude à meação: todos os bens que sofreriam a meação são objeto

de um “contrato de gaveta”;

Fraude ao credor particular: Enunciado 283, CJF + art; 133, §2º,

CPC.

Teoria Expansiva: a dívida da pessoa jurídica originária é desconsiderada,

alcançando seus sócios, e, em seguida, expandindo para a nova pessoa

jurídica e seus novos sócios;

Teoria Indireta: aplicada diante de grupos econômicos; ao desconsiderar as

demais pessoas jurídicas do grupo, é necessário fazer uma análise pontual.

Obrigação tributária pode ser cobrada por outras pessoas do mesmo grupo econômico, mas

isso não se confunde com a possibilidade de desconsiderar a personalidade jurídica, por meio

da Teoria Indireta.

3. REsp 1634844 (12/03/19)

Plano de recuperação judicial. Criação de subclasses. Possibilidade. Parâmetros objetivos. Credores com

interesses homogêneos.

Estudo periférico:

Crise empresarial (recuperação e falência):

Legislação: Lei 11.101/05 trata da falência e da recuperação;

Natureza jurídica da norma: norma híbrida (norma de direito material e processual,

englobando diversas matérias – ex: Penal, Processo Civil, Previdenciário, Empresarial e etc);

Espécies: a) recuperação judicial; b) extrajudicial; c) especial (ME e EPP);

Falência: medida judicial que visa o pagamento dos credores;

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Natureza jurídica: execução concursal (há uma execução coletiva, com vários credores,

obedecendo a ordem do concurso);

Recuperação: somatório de medidas jurídico-econômica, jurídico-administrativa, jurídico-

financeira, com a única intenção de superar a crise;

Natureza jurídica: contrato judicial (há elaboração de um plano, um acordo, um contrato com

os credores, que será submetido à homologação);

ATENÇÃO! Não é possível dizer que a natureza jurídica da recuperação é contratual,

pois ela não é regida pela autonomia privada, mas sim por determinações legais.

Assim, deve-se atentar para o fato de que se trata de um contrato judicial.

Visões:

o Unitária (Alemanha): só é possível um procedimento dentro da mesma demanda

judicial – caso a recuperação não funcione, é necessário ajuizar nova demanda para

realizar a falência.

o Dualista (Brasil): dentro de uma mesma demanda judicial é possível realizar os dois

procedimentos: recuperação e falência;

Classes de credores da recuperação judicial: classes forma a assembleia geral de credores

o 1ª classe: trabalho e acidente de trabalho;

o 2ª classe: credor com garantia real;

o 3ª classe: credor com garantia especial, geral, quirografário e subordinado;

o 4ª classe: ME e EPP;

O julgado afirma que é possível a criação de subclasses, desde que estabelecidos critérios

objetivos.

Órgãos da crise empresarial: instrumentos que fazem a recuperação e a falência acontecer,

sendo os 5 principais:

o Juiz:

Dois grandes poderes: a) decretar a quebra/falência; b) homologar a recuperação;

OBS: Na homologação da recuperação, o controle do juiz é puramente legal,

não sendo possível um controle financeiro.

Duas grandes funções: a) judicante; b) administrativa (supervisionar os demais órgãos).

OBS: O juiz da crise empresarial será apenas o Estadual. No caso Eike Batista,

houve atuação de juiz federal, porque foram encontrados crimes contra o

mercado financeiro, cuja competência é da Justiça Federal; mas que atua na

crise empresarial é, sempre, o juiz estadual.

o MP:

Funções: a) reprimir crimes em geral; b) proteger o crédito;

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ATENÇÃO!

REGRA: STJ entende que o MP só pode participar quando a lei determinar (ex:

alienação de bens – art. 142, §7º, Lei 11.101/05);

EXCEÇÃO: MP, no TJRJ, está presente em todas as etapas processuais da crise;

Sujeito passivo:

a) MP não pode atuar quando atuar como curador de massa falida (pois já houve

falência);

b) Divergência sobre a atuação do diante do inadimplemento da pena pecuniária,

prevista no TAC, em ACP:

MPRJ: seria possível o pedido de falência:

STJ: MP não é titular do valor; ademais, a função do MP é representar a

coletividade e a continuidade da atividade seria mais vantajosa para os

representados.

o Administrador judicial:

Nomeação: administrador judicial é nomeado pelo juiz;

Impedimentos: art. 30, Lei 11.101/05;

Administrador: profissional idôneo (idoneidade moral e financeira), preferencialmente

(e não exclusivamente) advogado, contador etc, ou pessoa jurídica especializada

(acostumada a lidar com essas questões, mas não criada para esse fim específico) (art.

20, Lei 11.101/05);

Gestor judicial: não se confunde com o administrador judicial; é possível afastar o

administrador da sociedade, durante a recuperação, e entra em seu lugar o gestor

judicial, que será responsável pela atividade empresária.

o Assembleia de credores: é dividida em classes;

ATENÇÃO! É órgão facultativo, pois é possível a quebra com um único credor.

o Comitê de credores: são representantes das 4 classes; também é órgão facultativo.

OBS: Informativo 645 – REsp 1799041 (02/04/19). Recuperação judicial. Classificação de

créditos. Pensionamento decorrente de acidente de trânsito. Incapacidade definitiva para

o trabalho . Natureza alimentar. Equiparação a crédito derivado da legislação do trabalho.

4. REsp 1743088 (12/03/19)

Sociedade empresária. Integralização de capital social por meio de imóveis. Contrato social. Registro

Público de Empresas Mercantis. Título translativo. Transferência de titularidade. Registro no cartório de

registro de imóveis. Necessidade.

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Estudo periférico:

Capital social:

Conceito: em uma sociedade limitada, é o dinheiro, bens ou créditos que o sócio transfere para

a pessoa jurídica para ela poder existir e, em troca, recebe quotas;

OBS: Na sociedade limitada não é possível a integralização em serviços.

ATENÇÃO! Apenas na cooperativa e na sociedade simples pura é possível a

integralização em serviços.

OBS2: Na limitada, só pode contribuir com bem se ele for ligado à atividade.

OBS3: Na limitada, quem integralizar com bem, responde pela evicção ou por vícios

redibitórios.

OBS4: Se houver integralização com bens imóveis, não incide ITBI (art. 36, I, CTN).

OBS5: Quando integraliza com bens, deve haver o registro competente da sociedade e do bem

(ex: RGI, INPI e etc).

Função:

o Externa: uma das formas de garantir credores;

o Interna: medir o poder político (quem mais contribui, mais tem quotas);

Princípios:

o Unidade: cada pessoa jurídica tem apenas um capital social; ele é uno;

o Realidade: deve haver correspondência com o que se promete com o que de fato se

transfere;

o Fixidez/Estabilidade: capital social é fixo, e não dinâmico; é possível aumenta-

lo/reduzi-lo, observados os parâmetros legais.

ATENÇÃO! Não se confunde com o patrimônio, é dinâmico, é um complexo de

relações, composto por capital social, débitos, créditos, maquinário, investimento,

imóveis e etc.

o Intangibilidade/indisponibilidade: no momento em que o sócio integraliza o capital

social, ele perde a disponibilidade sobre o bem, que passa a ser da pessoa jurídica;

ATENÇÃO! ANTIGA DIVERGÊNCIA NO STJ: Imóvel é transferido à pessoa jurídica, como

capital social; um dos sócios requer a desconsideração (em benefício dele), alegando

que se trata de bem de família, e que o bem não poderá ser penhorado. Seria

possível?

1ª corrente (STJ pacificou o tema – atual entendimento do STJ): sim, desde

que se observe o conceito de entidade familiar, presente na Lei 8009/90;

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2ª corrente (antigo entendimento de uma das Turmas do STJ): não, pois um

dos princípios do capital social é na “intangibilidade/indisponibilidade”, de

modo que o bem não é bem de família, mas sim bem da sociedade.

Subcaptalização ou “capital aguado”: quando o capital social está abaixo, em desarmonia com

a atividade exercida (ex: concessionária de carros importados com capital social de R$3mil);

pode não haver problema, pois o capital social é apenas um dos pontos do patrimônio, como

visto acima; caso o patrimônio seja baixo, será possível a desconsideração da personalidade

jurídica.

OBS: No entanto, na prática, é pouco provável que haja patrimônio do sócio, que viabilize o

pagamento.

AULA 2 – ANÁLISE JURISPRUDENCIAL DE EMPRESARIAL (continuação)

1. REsp 1.787.274 (23/04/2019)

Cheques emprestados a terceiro. Responsabilidade do emitente. Dispositivo legal expresso. Julgamento

com base no costume e no princípio da boa-fé objetiva. Impossibilidade.

O dever de garantia do emitente do cheque, previsto no art. 15 da Lei 7357/85, não pode ser afastado

com fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva.

Estudo periférico:

Títulos de crédito:

Legislação: Leis especiais (Lei de Cheque – 7357/85 –, Lei de Duplicata e etc), LUG (Decreto

57663), antigo Decreto 2044/08, Código Civil e fontes do direito cambiário;

Art. 15, Lei 7357/85: O emitente garante o pagamento, considerando-se não escrita a

declaração pela qual se exima dessa garantia.

Cheque: ordem de pagamento à vista

OBS: Solvência/adimplemento não é responsabilidade do banco. Trata-se de ordem de

pagamento. O banco só pagará se tiver direito em conta. Responsabilidade do banco não é

cambiária, mais sim consumerista.

OBS2: Sendo uma ordem de pagamento à vista, ele vence mediante a apresentação.

Cheque pós-datado (vulgarmente conhecido como “cheque pré-datado”): em tese, para o

Direito Cambiário, seria possível a apresentação do cheque e o pagamento imediato,

ignorando-se a data futura. No entanto, para o Direito Civil ou Direito do Consumidor, a

apresentação antes da data futura, geraria dano.

Princípio da literalidade: o conteúdo, a forma, a extensão e a modalidade do direito estão

descritas na cártula, e somente nela;

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OBS: O cheque pós-datado apresentado antes do combinado é uma exceção ao princípio da

literalidade.

2. CC 156.064 (14/11/2018)

Fixação do Valor de Uso de Rede Móvel (VU-M). Litigante que se encontra em recuperação judicial.

Argumento insuficiente para atrair a competência estadual. Presença da ANATEL na lide. Competência

Federal.

Compete à Justiça Federal processar e julgar ação que envolva concessionárias do serviço de telefonia e

a ANATEL a respeito da precificação do VU-M (Valor de Uso de Rede Móvel), ainda que um dos litigantes

se encontre em recuperação judicial.

Estudo periférico:

Crise empresarial:

Princípios:

o Indivisibilidade do juízo:

REGRA: diante da falência e recuperação, as ações e execuções em nome do devedor

passam a ser de competência do juízo de falência e recuperação;

EXEMPLOS DE EXCEÇÃO: (i) execuções tributárias; (ii) caso do julgado acima.

o Universalidade do juízo: o juízo de falência e recuperação passa a ser o único

competente para analisar a questão patrimonial daquele que está em crise;

OBS: Diferencia-se do 1º princípio, que se refere à análise processual. O princípio da

universalidade do juízo se refere à análise material.

o Pars conditio creditorium: deve-se tratar os iguais de maneira igual; não significa dizer

que todos os credores devem ser tratados da mesma forma, pois eles são diferentes.

OBS: Esse princípio também é aplicado na recuperação judicial, mas devem ser

respeitadas as características desse instituto, que se baseia no acordo, no diálogo,

para a formação de um plano de recuperação (ex: credores da mesma classe podem

aceitar pagamentos de formas diferentes)

o Celeridade e economia processual;

o Maximização do ativo: utilizar o que sobrou com a sua força máxima, para pagar os

credores;

o Preservação e função social da empresa: o operador do direito respeita a preservação

da empresa para que o empresário cumpra a sua contraprestação constitucional,

respeitando a função social;

3. REsp 1.576.164 (14/05/2019)

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Alienação fiduciária firmada entre a construtora e o agente financeiro. Ineficácia em relação ao

adquirente do imóvel. Aplicação analógica da Súmula 308, STJ. Cabimento.

Estudo periférico:

Alienação fiduciária:

Conceito: é um direito real de garantia no qual o devedor aliena um bem ao credor, para fins

de garantia, entregando-lhe a propriedade resolúvel e a posse indireta do bem, ficando o

devedor com a posse direta do bem e a expectativa de se tornar proprietário pleno do bem

(Marco Aurélio Bezerra de Mello)

OBS: De acordo com o STJ, em 2018, a alienação fiduciária serve para qualquer operação

creditícia, e não apenas para a compra de carro ou casa (ex: devedor pega dinheiro com o

banco para pagar outras dívidas e dá, em garantia, o seu carro ou a sua casa)

Legislação: Decreto 911/69; Código Civil (arts. 1361 a 1368) e Lei 9514/97 (bens imóveis)

Sub-rogação:

REGRA: Sub-rogação legal (art. 346, III, CC): o interessado que paga dívida do devedor se sub-

roga.

EXCEÇÃO: Sub-rogação na alienação fiduciária (art. 1368, CC): o interessado ou não que paga

dívida do devedor se sub-roga.

ATENÇÃO! Essa exceção não se aplica à alienação fiduciária de bens imóveis.

Registro do contrato de alienação fiduciária: art. 1361, §1º, CC:

o 1ª corrente (Marco Aurélio Bezerra de Mello): tratando-se de veículo, o seu registro

será apenas no Detran;

o 2ª corrente (Luís Roberto Barroso): tratando-se de veículo, registro de veículo no

Detran e no Registro de Títulos e Documentos.

ATENÇÃO! Atualmente não há mais divergência, pois na ADI 4333, adotou-se a 1ª

corrente.

Inadimplência do contrato de alienação fiduciária:

o Bens imóveis: reintegração de posse;

o Bens móveis:

(i) Instituição financeira ou pessoa jurídica de direito público, ligada ao Fisco ou à

Previdência: busca e apreensão;

(ii) Quaisquer outros agentes: reivindicatória ou depósito

Teoria do Inadimplemento Mínimo (ou Adimplemento Substancial):

Surge no direito inglês, vem ao Brasil com os estudos da UERJ, USP e PUC-SP, difundida em

todo o Brasil pelas Defensorias e, hoje, é abraçada pacificamente pelo STJ.

É uma teoria principalmente adotada na alienação fiduciária e no leasing.

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É uma teoria doutrinária e jurisprudencial.

Fundamenta-se com os princípios da boa-fé objetiva, da função social interna dos contratos,

equilíbrio contratual, equivalência material, dignidade da pessoa humana e com a ideia de

Direito Civil Constitucional.

Segundo a doutrina e a jurisprudência, quando o devedor deixa de pagar o mínimo, o bem é

muito mais dele do que do credor, não sendo justo que aquele perca o bem.

OBS: O valor do mínimo é relativo, casuístico, mas deve ser feita uma análise

qualitativa (ex: valor real), e não quantitativa (ex: número de parcelas).

OBS2: O objetivo não é justificar o “calote”.

ATENÇÃO! Não se trata de um acordo, mas de uma questão que será judicializada e

imposta às partes.

REsp 1.622.555 – Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de

alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69 (STJ. 2ª Seção. REsp

1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado

em 22/2/2017 (Info 599))

ATENÇÃO! Nesse caso, o devedor tinha inúmeros credores e tinha como objetivo frear

a busca e apreensão requerida pelo credor fiduciante, ou seja, havia má-fé.

Ler artigo do prof. Gustavo Tepedino, Gisela Sampaio, Aline Miranda Valverde.

Conclusão do julgado: a construtora pegou empréstimo com o banco (agente financeiro), para

construir um prédio, dando o imóvel em garantia fiduciária. Essa alienação fiduciária não será

eficaz em relação ao adquirente das unidades autônomas do edifício.

4. REsp 1.698.283 (21/05/2019)

Recuperação judicial. Prazo previsto no art. 6º, §4º, Lei 11.101/05 (Stay Period. Natureza material.

Sistemática e logicidade do regime especial de recuperação judicial e falência. Cômputo em dias

corridos. CPC/2015. Inaplicabilidade.

O período do stay period, previsto no art. 6º, §4º, Lei 11.101/05, deve ser computado em dias corridos.

Estudo periférico:

Recuperação judicial:

Indeferimento do processamento – sentença (recurso de apelação);

Deferimento do processamento – decisão interlocutória (recurso de agravo de instrumento);

OBS: Não se confunde com o processamento em si.

OBS2: O deferimento do processamento de recuperação não enseja a retirada do nome da

empresa dos cadastros restritivos de crédito.

OBS3: Efeitos do deferimento:

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o REGRA: Suspensão das ações e execuções pelo prazo de 180 dias.

OBS: Segundo a lei, o prazo é improrrogável. No entanto, para doutrina e

jurisprudência, é possível a prorrogação do prazo quando o motivo do atraso não for

culpa do devedor.

OBS2: Ações e execuções em relação aos coobrigados (ex: ação proposta em face da

Oi e de outra empresa);

OBS3: De acordo com o julgado estudado, o prazo de 180 dias deve ser computado em

dias corridos.

OBS4: Dentro do prazo de 180 dias, nos primeiros 60 dias deve apresentar o plano de

recuperação (esse prazo para apresentação é improrrogável)..

EXCEÇÕES: Créditos que não fazem parte da recuperação:

Art. 49, Lei 11.101/05;

Créditos tributários;

REGRA: Arrendador, promitente e fiduciário – art. 49, §3º, Lei 11.101/05;

EXCEÇÃO: Essas figuras estarão na execução quando o bem não for suficiente

para saldar o crédito.

Nesse caso, eles terão a posição de credor quirografário, e não como credor

com garantia real.

Antecipação do contrato de câmbio – art. 49, §4º, Lei 11.101/05;

Apresentação do plano de recuperação – quórum de aprovação (art. 45, Lei 11.101/05)

Cram Down – art. 58, Lei 11.101/05 – possibilidade de aprovação do plano, mesmo sem o

cumprimento do quórum do art. 45; trata-se de quórum específico.

Juiz deverá homologar o plano de recuperação;

OBS: Apresentação de uma certidão negativa de débito fiscal (art. 57, Lei 11.101/05) –

exigência legal.

ATENÇÃO! De acordo com a doutrina e a jurisprudência afirma que, enquanto não

houver uma lei de parcelamento tributário adequada, a exigência de apresentação de

certidão negativa de débito fiscal deve ser ignorada.

5. REsp 1.630.932 (18/06/2019)

Plano de recuperação judicial. Suspensão dos protestos tirados em face da recuperanda. Cabimento.

Cancelamento dos protestos tirados em face dos coobrigados. Descabimento.

Estudo periférico:

Recuperação judicial:

Homologação do plano de recuperação novação dos créditos

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Um dos efeitos da novação é a suspensão do protesto, pois, caso haja o descumprimento do

plano, os créditos retornarão ao que eram antes e haverá a convolação em falência.

OBS: A suspensão pela novação só atinge quem está se recuperando, e não a um outro

coobrigado, pois são obrigações autônomas.

6. REsp 1.665.042 (25/06/2019)

Recuperação judicial. Litisconsórcio ativo. Sociedades empresárias integrantes do mesmo grupo

econômico. Atividade regular. Dois anos. Comprovação individual. Art. 48, Lei 11.101/05.

Estudo periférico:

Grupo econômico: ocorre quando há várias pessoas jurídicas sob o comando de uma pessoa jurídica.

Recuperação judicial:

Requisitos para recuperação:

o Regularidade por, no mínimo, 2 anos;

OBS: É provada por meio de certidão da Junta Comercial.

OBS2: Exige-se a regularidade da atividade, mas não que ela seja na mesma atividade.

o Não ser falido ou ter sentença de extinção da falência;

OBS: Caso o empresário individual volte a exercer a empresa, depois da extinção de

falência anterior, para que possa ter direito à nova recuperação judicial, deverá

cumprir todos os requisitos, inclusive a regularidade por 2 anos.

o Não ter obtido a recuperação há, no mínimo, 5 anos;

OBS: Tratando-se de ME e EPP havia prazo de 8 anos, mas a previsão legal foi

revogada (até porque daria um tratamento desfavorável a elas).

ATENÇÃO! O requisito se refere à obtenção da recuperação (homologação do plano, e

não deferimento do processamento), e não ao seu requerimento.

o Não ter sido condenado a crime falimentar;

OBS: Quando se tratar de EIRELI ou sociedade empresária, refere-se à condenação de

seus administradores.

ATENÇÃO! De acordo com os professores Jorge Lobo e Sérgio Campinho, prestigiados

no RJ, é possível flexibilizar esse requisito, caso o administrador que foi condenado ao

crime seja afastado.

Conclusão do julgado: Cada pessoa jurídica do grupo deve comprovar, isoladamente, os 2 anos

de exercício de atividade regular (art. 48, Lei 11.101/05)