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Identificação e Características de Forrageiras Perenes para Consórcio

com MilhoLuís Armando Zago Machado

Ulysses CecatoLiana Jank

Jaqueline Rosemeire VerzignassiCacilda Borges do Valle

As forrageiras perenes disponíveis no mercado não foramselecionadas para serem utilizadas em sistemas de integração-lavoura-pecuária e muito menos para o estabelecimento emconsórcio com culturas anuais; porém, conhecendo suascaracterísticas, é possível escolher aquelas que são maisadequadas a tais finalidades.

O consórcio de forrageiras perenes com milho é uma alternativa deestabelecimento de pastagens ou de culturas para cobertura dosolo; isto é possível devido à diferença de crescimento das duasespécies (SEREIA et al., 2012). Enquanto o milho, que é umaespécie anual, apresenta elevada taxa de crescimento inicial paratransformar toda a energia produzida em grãos, a maioria dasforrageiras perenes inicia seu crescimento mais lentamente eforma estruturas perenes como raízes profundas e perfilhos comfolhas e colmos, só para depois emitirem inflorescência. Essadiferença no ritmo de crescimento permite que o milho sedesenvolva e produza grãos quase sem a competição daforrageira perene, desde que sejam feitas as adequaçõesnecessárias.

49Consórcio Milho-Braquiária

Identificação das Espécies e Cultivares

Quase todas as forrageiras perenes podem ser estabelecidas emconsórcio com milho, mas a escolha da espécie depende dopropósito a que ela se destina, seja para cobertura do solo ou paraformação de pastagens, anuais ou perenes. Assim, é importantereconhecer a espécie forrageira que está sendo cultivada, desdeas primeiras fases de crescimento, para identificá-la entre asplantas daninhas e as outras espécies e cultivares de pastagens.Dessa forma, é possível fazer os ajustes necessários no manejo doconsórcio durante seu estabelecimento e, posteriormente, quandoda utilização e/ou dessecação da forrageira.

As forrageiras cultivadas podem ser identificadas pelo gênero,tomando como base o tipo de panícula. As principais são laxa,racemosa, contraída e digitada, típicas dos gêneros Panicum eSorghum, Brachiaria e Paspalum, Pennisetum e Cynodon,respectivamente (Tabela 1). As espécies da tribo Andropogoneae(gêneros Andropogon e Hemarthria) distinguem-se das demaispelo tipo de ráquis que se desarticula no nó, abaixo das glumas, ecai da inflorescência juntamente com duas espiguetas (semente),sendo uma pedicelada e outra séssil (Figura 1) (ZANIN; LONGHI-WAGNER, 2011).

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Figura1. Detalhes da inflorescência de Andropogon gayanus .Fonte: Machado et al. (2011).

Espiguetapedicelada

Ráquis

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Cultivares do gênero Brachiaria

No gênero Brachiaria a identificação pode ser feita pelo porte dafolha, pela pilosidade e pelo tipo de inflorescência (Tabela 2, Figura2). Algumas espécies apresentam características bem marcantes,como a Brachiaria ruziziensis, que se distingue pelas folhasdecumbentes e bordas onduladas (Figura 3). As plantas de B.

ruziziensis se assemelham às de B. decumbens, porém a primeiraapresenta folhas decumbentes e com ondulação nas margens edensa pilosidade, enquanto a segunda tem folhas eretas (Figura 3)e com bordas planas, além de pelos curtos e esparsos.

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.Fonte: Machado et al. (2011).

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Figura 3. Brachiaria ruziziensis com folhas decumbentes e bordasonduladas (a) e B. decumbens com folhas eretas e bordas planas (b).

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Além do porte e das bordas das folhas, a pilosidade das bainhas évariável entre as espécies e pode auxiliar na identificação (Figura4). Esta característica está ausente nas folhas e colmo de B.

humidicola, e nas cultivares MG4 e Paiaguás, de B. brizantha.Ainda nesta espécie, a cultivar Marandu apresenta pilosidadeintensa e as cultivares Piatã e Xaraés apresentam pilosidadeesparsa.

Figura 4. Pilosidade das bainhas de Brachiaria ruziziensis, Brachiariadecumbens e Brachiaria brizantha cv. Marandu, Xaraés, Piatã, MG 4 ePaiaguás (da esquerda para direita).

No gênero Brac

espigueta, já quenela estão contidas mais de uma flor, embora só uma gere fruto.As“sementes” são sustentadas pela ráquis e o conjunto ráquis +sementes denomina-se racemo (Figura 2). Na B. ruziziensis aráquis se destaca em relação às demais pela largura, 3,5 mm a4 mm (Figura 5).

hiaria, o que chamamos comercialmente de“semente”, do ponto de vista botânico, é uma

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Figura 5. Racemos de três espécies de Brachiaria.Fonte: Machado et al. (2011).

Outro aspecto é a distribuição das sementes na ráquis. EmB. ruziziensis, B. decumbens e B. humidicola há duas séries(fileiras) de “sementes”, posicionadas lado a lado e presas àráquis. Em B. brizantha há apenas uma fileira, eventualmente duasna base do racemo (Figuras 5 e 6). Algumas das característicasmorfológicas descritas podem ser alteradas por fatoresambientais, tais como disponibilidade de água, nutrientes(nitrogênio) e luminosidade. Por exemplo, plantas com folhaseretas podem tornar-se decumbentes, numa condição de grandedisponibilidade de água e nitrogênio, além de ocorrer oalargamento das folhas e o aumento do comprimento da ráquis.

As cultivares MG 4 e BRS Paiaguás são muito semelhantes,porque ambas são B. brizantha e não apresentam pilosidade. ABRS Paiaguás é de porte mais baixo e apresenta intensoperfilhamento, enquanto a MG 4 é mais cespitosa.

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As cultivares de B. humidicola também são desprovidas de pelos,mas diferem das anteriores por apresentarem racemos e folhasbem mais estreitas e curtas; apresentam, também, estolões bemdefinidos e, no caso da BRS Tupi, muito longos. As cultivares BRSTupi e Llanero têm pilosidade na ráquis e espiguetas, enquanto acv. comum é glabra (Figura 6). As espiguetas da cv. Llanero sãomaiores que as demais e apresentam maior pilosidade que as dacv. BRS Tupi. Esta apresenta flores com anteras amarelas,enquanto as flores das cultivares Llanero e comum são roxas. Osestigmas da cv. BRS Tupi são vermelho-escuros, da cv. Llanerosão brancos e da cv. comum são de cor roxa a preta. Os entrenósde Llanero são maiores que os demais.

Figura 6. Racemo de Brachiaria humidicola cv. BRS Tupi, com tricomas(a) e B. humidicola comum, glabra (b).

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Aépoca de florescimento é bem diversificada entre as cultivares debraquiária: as mais precoces são B. decumbens, B. humidicola eBRS Paiaguás, seguidas pelas cultivares Piatã, Marandu e B.

ruziziensis; a mais tardia é a cv. Xaraés.

Outra característica marcante na B. ruziziensis é o odor emanadopelas plantas, semelhante ao do capim-gordura, Melinis

minutiflora Beauv. (SERRÃO; SIMÃO NETO, 1971).

Cultivares de Panicum maximum

As cultivares de Panicum maximum podem ser diferenciadasquanto à presença de pelos e cera, porte da folha e tipo deinflorescência (Tabela 3). Em condições de campo, as cultivaresTanzânia e Mombaça são muito parecidas, porém algumascaracterísticas sutis as diferenciam (JANK, 1995). O porte da folhadefine muito bem a cultivar, sendo que na cv. Mombaçapredominam folhas eretas e na Tanzânia, folhas decumbentes(Figura 7). Nem sempre é possível ver estas características, mas na fase vegetativa elas aparecem bem marcantes. Na cv.Tanzânia, a maioria da folhas ficam arqueadas, enquanto as doscapins mombaça e colonião são eretas; se forem tencionadas, elasquebram na nervura central, formando ângulo inferior a 90 graus(Figura 7). O capim-colonião se diferencia do capim-mombaça porapresentar cera nas bainhas e colmos, que pode ser vista pelatonalidade esbranquiçada (Figura 8). Em solos de baixa fertilidadeas folhas de capim-tanzânia são amareladas, enquanto as doscapins colonião e mombaça são verdes. Nas plantas de capim-tanzânia, normalmente, encontram-se folhas com pintas decoloração marrom, que é um sintoma causado pelo fungo Bipolaris

maydis.

Além das características vegetativas, o formato, a densidade e acoloração das panículas podem ajudar na identificação dascultivares de P. maximum (Figura 9).

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Figura 8. Colmos de capim-colonião com aspecto esbranquiçado,determinado pela presença de cera. Detalhe da bainha após a remoçãoda cera.

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63Consórcio Milho-Braquiária

Escolha das Forrageiras para o Consórcio

Na escolha da espécie e cultivar para ser utilizada em consórciocom o milho, deve ser considerado o propósito a que serãoutilizadas as forrageiras, seja para a cobertura do solo, para aformação de pastagens perenes ou de curta duração, ou parapastagem entre a colheita do milho e o plantio da safra de verão.

Cobertura do solo

Se o objetivo é apenas a cobertura do solo, deve ser escolhida umaforrageira com facilidade de dessecação, que produza massasuficiente para cobrir o solo; porém, não convém que tenhacrescimento em excesso e também apresente baixo custo desementes.

A B. ruziziensis é a forrageira que melhor preenche esses pré-requisitos; isto porque suas plantas emitem colmos decumbentes,que enraízam nos nós e cobrem espaços vazios nas entrelinhas.É uma espécie fácil de dessecar (FERREIRA et al., 2010), já que

-1com 3 L ha de herbicida glyphosate as plantas atingem controlesuperior a 70%, aos 14 dias após a aplicação do produto,possibilitando a realização do plantio direto de outra cultura, emanos com boa precipitação. Suas sementes custam, em geral,metade do preço das demais.

Na aquisição das sementes deve ser comparado o preço porpercentagem de sementes puras e de percentagem degerminação ou de viabilidade pelo teste de tetrazólio; essasinformações devem constar na embalagem do produto (BRASIL,2005). Quando a semente for revestida, deve ser considerado ovolume de revestimento, que pode chegar a 73% do peso total(VERZIGNASSI et al., 2013).

64 Consórcio Milho-Braquiária

Outra espécie que pode ser utilizada para esta finalidade é aB. decumbens, que normalmente apresenta custo de sementessemelhante ao da B. ruziziensis, porém é mais difícil de serdessecada (FERREIRA et al., 2010). Eventualmente, as cultivaresMG 4 e Paiaguás podem ser utilizadas para cobertura do solo,porque são de fácil dessecação; porém, o preço das sementesnormalmente é mais elevado e pode não ser compatível com estepropósito.

Formação de pastagens anuais

Se o propósito do consórcio de milho com forrageiras for o deestabelecimento de pastagens anuais para utilização entre acolheita do milho safrinha e a soja, deve ser considerado o preço das sementes, a facilidade de dessecação e a produção deforragem.

Para isto, é conveniente utilizar espécies mais produtivas taiscomo B. brizantha e P. maximum, embora também seja possívelempregar as mencionadas anteriormente, B. decumbens e B.

ruziziensis. A densidade de semeadura deve ser aumentada e oespaçamento entre as linhas de capim deve ser reduzido, emrelação ao milho, para 20 cm a 40 cm, para garantir que asentrelinhas sejam preenchidas mais rapidamente.

Na escolha da forrageira deve-se ter em mente a expectativa deprodução de carne no período compreendido entre agosto esetembro, que pode não cobrir o custo das sementes de algumasforrageiras. Nesta condição podem ser utilizadas forrageiras comoos capinsAruana, Paiaguás,Tanzânia, Xaraés, Piatã e Marandu.

Além destas, em parte da área pode ser empregada, também, a B.

ruziziensis, para pastejo, por causa da facilidade para dessecaçãoe semeadura imediata da soja. Isto possibilita que se possaescalonar o plantio da soja, iniciando pelas cultivares que

65Consórcio Milho-Braquiária

necessitam de menos dias entre a aplicação do herbicida e acondição ideal de plantio. Os capins Mombaça, Massai e aB. humidicola apresentam custo de sementes incompatível com oconsórcio neste período e são de difícil controle. Além do custo dasemente, a B. humidicola se destina a solos menos férteis e seuestabelecimento é lento, ficando inviável na sucessão soja/milho +forrageira.

Formação de pastagens perenes

Se o objetivo do consórcio é a formação de pastagens perenes,que permanecerão em uso por vários anos, todas as forrageirascitadas podem ser utilizadas, mesmo os capins Mombaça, Massaie B. humidicola, exceto B. ruziziensis e B. decumbens, em razãoda suscetibilidade dessas forrageiras à cigarrinha-das-pastagens.Para formação de pastagens perenes é necessário redobrar oscuidados com a escolha da espécie e cultivar e, também, com aquantidade e qualidade das sementes. A escolha da forrageiradeverá estar relacionada ao nível de fertilidade do solo, ao tipo ecategoria de animal que irá utilizar a pastagem e à expectativa deprodução.

A cv. BRS Paiaguás apresenta colmos finos e decumbentes equando em consórcio com milho, mostra-se pouco competitivacom esta cultura anual. Esta forrageira se destaca, ainda, pelaprodução de forragem na estação seca e pela facilidade dedessecação com o herbicida glyphosate (MACHADO; VALLE,2011).

66 Consórcio Milho-Braquiária

Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instruçãonormativa n. 9, de 2 de junho de 2005. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jun. 2005. Seção 1, p. 4.

FERREIRA, A. C. de B.; LAMAS, F. M.; CARVALHO, A. M. da C. S.;SALTON, J. C.; SUASSUNA, N. D. Produção de biomassa por cultivos decobertura do solo e produtividade do algodoeiro em plantio direto.Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 45, n. 6, p. 546-553,jun. 2010.

JANK, L. Melhoramento e seleção de variedades de Panicum maximum.In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 12., 1995, Piracicaba.Anais... Piracicaba: FEALQ, 1995. p. 21-58.

MACHADO, L. A. Z.; CECCON, G.; ADEGAS, F. S. Integração lavoura-

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