identidade de gÊnero e cor no mundo do trabalho · trabalho feminino com destaque as mulheres...

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IDENTIDADE DE GÊNERO E COR NO MUNDO DO TRABALHO

Autora: Eunice Inês Dallabarba Zakaluka1

Orientadora: Carla Cristina Nacke Conradi2

Resumo

O propósito deste artigo é problematizar as transformações ocorridas no mundo do trabalho feminino com destaque as mulheres negras refletindo também sobre a necessidade de inclusão e incorporação de abordagens de gênero nos currículos escolares, bem como as dificuldades que envolvem o cotidiano das mulheres no mercado de trabalho. O norte da pesquisa teve como base inicial um levantamento de dados entre os estudantes para perceber qual a visão dos mesmos em relação aos papéis desempenhados pelos homens e mulheres na sociedade atual. Este estudo também faz referência ao pensamento de alguns estudiosos e trata-se de uma tentativa de construir uma discussão das relações de gênero nas escolas com as perspectivas do ingresso das mulheres no mercado de trabalho. O mesmo utiliza-se de textos que procuram evidenciar a trajetória das mulheres no mercado de trabalho, enfatizando a cor negra, percebendo as mudanças e permanências através de pesquisas históricas bem como entrevistas realizadas no próprio município, pois é na busca do conhecimento que se constrói a relação com o outro e é no respeito e valorização do indivíduo que se combate as discriminações de raça, classe e gênero.

Palavras-chave: Gênero; Mulheres, Mercado de trabalho; Afrobrasileiro; Racismo.

Abstract

The purpose of this paper is to discuss the changes occurring in the workplace

women especially black women also reflecting on the need for inclusion and

incorporation of gender approaches in school curricula, as well as the difficulties

1 Eunice Inês Dallabarba Zakaluka, professora do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida-Ensino Médio e Normal, Salto do Lontra-Paraná.2 Carla Cristina Nacke Conradi, professora orientadora do PDE, pelo curso de História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

involved in the daily lives of women in the labor market . The northern survey was

based on an initial survey data from students to understand what the vision of

ourselves in relation to the roles played by men and women in society today. This

study also makes reference to the thinking of some scholars and it is an attempt to

build a discussion of gender relations in schools about the prospects of entry of

women into the labor market. The same uses are texts that seek to highlight the

history of women in the labor market, emphasizing the color black, noticing the

changes and continuities through historical research and interviews in their own city,

it is the pursuit of knowledge that builds the relationship with the other and is the

respect and appreciation of the individual that fights discrimination of race, class and

gender.

Keywords: Gender, Women, Labour market, Afro-Brazilian, Racism.

Introdução

O presente artigo é parte de estudo, pesquisa e análise de resultados

desenvolvidos durante o Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE

proporcionado aos professores do estado do Paraná como mais uma oportunidade

de aprofundamento e aperfeiçoamento de temas atuais, mas por muito tempo

silenciado, como racismo e gênero. Com este estudo pretende-se contribuir na

concepção de escola e ensino não como meros reprodutores de saberes, ideias e

valores, mas, pensar o saber histórico como algo que está sempre em construção,

que tem a ver com o presente, não menosprezando os conhecimentos históricos já

produzidos. Portanto, dentro da metodologia baseada na História Temática, optou-se

pelo estudo da questão de gênero, enfatizando as relações femininas, em especial o

papel das mulheres no mercado de trabalho.

Como esta questão ainda precisa ser trabalhada junto com os demais

conteúdos das disciplinas escolares, optou-se por desenvolver projeto com ações

positivas, voltadas à temática, pois a pertinência da pesquisa está em fornecer

subsídios e apontar perspectivas de aprofundamento colaborando assim na

construção de uma nova relação pautada na igualdade e respeito através de

propostas que deem maior visibilidade à questão gênero/raça/mercado de trabalho.

Se pretendermos construir uma sociedade mais democrática com igualdade

entre homens e mulheres é preciso que estejamos atentos em promover práticas

educativas não discriminatórias, entendendo que os papéis são construídos

socialmente e não separadamente. Precisa-se, considerar o importante papel dos

professores, principalmente os comprometidos com uma educação democrática, o

esforço para desenvolverem atitudes e atividades que estimulem os educandos,

para que aprendam a respeitar a si mesmo e os seus pares, dividindo tarefas e

responsabilidades, desenvolvendo qualquer tipo de atividades sem discriminação e

preconceito.

Por ser o PDE uma política pública de Estado regulamentado por lei e que

estabelece o diálogo entre os professores do ensino superior e os da educação

básica, através de atividades teórico e prática orientadas, tendo como resultado a

produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola seu

objetivo é proporcionar aos professores da rede pública estadual de ensino

subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais

sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática escolar. Sua

orientação pedagógica está fundamentada nos princípios educacionais da SEED e

nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE), documento institucional

democrático elaborado pelos profissionais da educação do Paraná que prioriza

metodologias que venha ao encontro com as necessidades da escola, dos

professores, sua forma de agir, ensinar, aprender e avaliar.

Após estudos incluindo fundamentação teórica, pesquisas, participação em

cursos, elaboração de projeto de pesquisa e produção pedagógica, foi realizado a

implementação no Colégio Estadual Irmã Maria Margarida-Ensino Médio e Normal

tivemos a oportunidade de participarmos como tutora do Grupo de Trabalho em

Rede - GTR. Apresenta-se agora os resultados dos trabalhos desenvolvidos bem

como das reflexões feitas pelos professores do Estado do Paraná que estiveram

envolvidos como cursistas nesta proposta de trabalho, através de suas interações.

Faz-se referência também à colaboração da professora Ms. Carla Cristina Nacke

Conradi, a qual através de suas orientações, indicações bibliográficas e

encaminhamentos metodológicos favoreceram para que este chegasse ao seu final.

Todos esses estudos, discussões e troca de experiências resultou no

enriquecimento do conhecimento sobre o papel desempenhado pelas mulheres no

mundo do trabalho, enfatizando a cor negra e em destaque as mulheres no

município de Salto do Lontra.

Pode-se afirmar que foi um trabalho que exigiu esforço e dedicação, desde a

preocupação na escolha do tema preparação do projeto, produção didática até a

elaboração deste artigo o qual iniciamos apresentando um breve comentário sobre a

escola e o ensino de História. Sabendo que os papéis são construídos socialmente

busca-se através de textos discutir a questão gênero/cor/marcado de trabalho para

relacioná-los com os resultados obtidos nos trabalhos realizados pelos alunos bem

como na participação dos professores no GTR. O objetivo deste artigo é oferecer

subsídios para aprofundamento de estudos e incentivo a novas pesquisas nesta

área. Sabe-se que a sociedade brasileira e seu contexto atual, com suas mudanças

e permanências exigem a incorporação de estudos e debates sobre gênero nas

escolas, com o propósito de desenvolver novas práticas pedagógicas que

privilegiem a igualdade e combatam a discriminação e o preconceito contra as

mulheres nos vários setores da sociedade.

1 Concepções de escola e ensino da História

A historiografia brasileira tem mostrado que nossa sociedade está em

constante processo de mudanças sociais, marcada por grandes avanços

econômicos e políticos os quais contrastam com a desigualdade e exclusão social.

Romper com este ensino tradicional é um desejo expresso da maioria dos

professores de história, que através de suas experiências já realizaram grandes

contribuições nesse sentido. Educar pessoas com olhares amplos e diversos é

infalível para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Neste

contexto a Escola tem papel fundamental a executar, pois é nela que ocorre a ação

concreta e objetiva dos seres humanos, uma vez que “se a educação não

transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda” (CAVALLEIRO,

2005, p.9).

Também é papel fundamental da escola difundir o conhecimento por ser ela

compreendida como um espaço de pluralidade sócio cultural expressado na vivência

do dia a dia entre educadores, educandos e demais agentes da educação. Portanto

o professor da disciplina de História deve estar atento para incentivar atitudes e

práticas de estudo que atendam igualmente os sujeitos, seja qual for sua condição

social e econômica, ou a que grupo cultural e social ele pertença. Para acontecer à

transformação a escola deve incentivar e oportunizar práticas educacionais que

atendam igualmente os sujeitos, é nela que se dá a socialização do conhecimento,

ocorre à ação concreta e objetiva dos seres humanos, oportunizando o educando

para que se sinta como agente histórico desse processo.

Para Julio Groppa Aquino,

O papel da escola é o de uma instituição socialmente responsável não pela democratização do acesso aos conteúdos culturais historicamente construídos, mas também é corresponsável pelo desenvolvimento individual de seus membros, objetivando sua inserção como cidadão autônomo e consciente em uma sociedade plural e democrática. (1998, p.44).

Buscar uma sociedade mais democrática sem tantas desigualdades é

caminho indispensável para se chegar a tão almejada igualdade de direitos e a

finalidade da História é a busca da superação das carências humanas

fundamentadas pelo meio de um conhecimento constituído por interpretações

históricas. Já a finalidade do ensino de História é a formação de um pensamento

histórico a partir da produção do conhecimento.

Desde a sua criação na década de 1970 a disciplina, percorreu muitos

caminhos com, concepções e tendências historiográficas, passando a existir como

disciplina com a criação do Colégio Pedro II, tornando-se no mesmo ano disciplina

Acadêmica até o início da República no Brasil. Os programas escolares dessa época

valorizavam a História metódica, caracterizada pela cronologia dos fatos, valorização

a documentos oficiais e a figura dos heróis. Os conteúdos procuravam enfatizar o

modelo de nação brasileira através da ideologia do branqueamento em detrimento

das raças indígenas e negras (DCE, 2008, p.38).

No início dos anos 1990 a História do Brasil teve espaço restrito nos

currículos escolares, a qual passou a ser retomado no período do Estado Novo

como forma de valorizar o caráter moral e cívico. Na época da ditadura militar,

manteve seu caráter político e factual, valorizando os heróis sem nenhum tipo de

contestação. Diante de toda essa reflexão sobre a produção do conhecimento

histórico é que a História Temática passa a ser proposta pelas Diretrizes

Curriculares de História, para o Ensino Médio, na educação básica do Estado do

Paraná. Os conteúdos estruturantes de relações de trabalho, relações de poder e

relações culturais passaram a estar articulados à fundamentação teórica e à seleção

de temas. Ao elaborar o problema e selecionar o conteúdo estruturante que mais

bem responda à problemática, o professor constitui o tema, o qual se desdobra nos

conteúdos específicos que fundamentam a resposta para a problemática.

Numa perspectiva de inclusão social, a História também passou a

contemplar a diversidade cultural, justificando assim que a educação tem passado

por muitos avanços, especificamente no que diz respeito a estudos relativos à

formação cultural, oportunizando a criação de novas propostas de estudos sobre

relações étnico-raciais bem como relações de gênero, pois se entende que valorizar

tais relações, não é só cumprir as leis. Precisamos valorizar a participação desses

grupos na construção da sociedade brasileira quebrando alguns preconceitos, só

assim estaremos partilhando com uma educação voltada às questões étnico-raciais

e culturais, pois para darmos nossa contribuição nesse processo precisamos trilhar

ainda muitos caminhos tanto no dia a dia em sala de aula, bem como na produção

de conhecimentos. É a partir dessas contribuições a respeito da História Temática

que se justifica a inserção do tema gênero para subsidiar esta pesquisa.

2 Gênero e trabalho: algumas considerações

A relação de gênero formada por homens e mulheres é norteada pelas

diferenças biológicas, geralmente transformadas em desigualdades que tornam o

ser mulher vulnerável à exclusão social. Essa exclusão se dá às vezes,

simultaneamente pelas vias do trabalho, da classe, da cultura, da etnia, da idade, da

raça, e assim sendo, torna-se difícil atribuí-la a um aspecto específico desse

fenômeno, em vista que ela combina vários dos elementos da exclusão social.

Desse modo mais do que qualquer outro assunto ligado ao feminismo que se deseja

analisar, dificilmente se poderá compreender a exclusão particular da mulher sem

antes conhecer o fenômeno da exclusão e suas formas de manifestação. Diante de

tal premissa expõem-se algumas informações sobre a exclusão da mulher

enfatizando principalmente às relacionadas ao mundo do trabalho.

Muitos estudos já realizados têm destacado as diferenças de oportunidades

para homens e mulheres no mercado de trabalho, entre estes, muitos evidenciam o

preconceito e a discriminação ligados ao gênero e a raça, sendo que na questão de

gênero em particular as mulheres negras sofrem o duplo preconceito, o de gênero e

o de raça (RIBEIRO, 2008, p.995) e Tatau Godinho complemente em colaboração

ao caderno Gênero e Educação que considerações como estas mostram que

devemos abordar a questão do racismo e do preconceito, a partir de discussões de

gênero. Os professores precisam, através da escola, repensar a temática,

incorporando práticas educativas, iniciativas de estudos e estratégias de

socialização sobre a igualdade de gênero, que combatam situações de

discriminação e preconceito contra as mulheres, já que, segundo Godinho muitas

vezes mesmo que de maneira sutil percebem-se nos espaços escolares, posturas

masculinas que demonstram a superioridade do homem e a inferioridade da mulher

(2003, p.14).

Se pretendermos construir uma sociedade democrática com igualdade entre

homens e mulheres é preciso que estejamos atentos em promover práticas

educativas não discriminatórias, entendendo que os papéis são construídos

socialmente e não separadamente. E conforme descrito no Caderno de apoio a

educadores e educadoras é preciso considerar o importante papel e esforço dos

educadores em desenvolver nos educandos atitudes e atividades que estimulem

tanto meninos quanto meninas a respeitar-se a si mesmo e os seus pares, dividindo

tarefas e responsabilidade, enfim que suas ações tenham intencionalidade

transformadora(Caderno Gênero e Educação, 2003, p.27).

Partindo desse pressuposto, o projeto buscou construir um conhecimento

histórico com os alunos pautado no entendimento das mulheres enquanto sujeitos

históricos, desenvolvendo uma discussão sobre a trajetória destas no mercado de

trabalho, enfatizando principalmente as mulheres negras. E para a que esse objetivo

se concretizasse foi preciso, atingir determinados objetivos específicos, que entre

eles pode-se destacar:

A oportunidade dada aos educandos de novas formas de estudo sobre a

História Temática e Afro-brasileira através de análise de textos relacionados à

questão gênero e raça.

- O entendimento do tratamento e das oportunidades desiguais proporcionados às

mulheres no mercado de trabalho através do desenvolvimento de atividades

diversas.

- A possibilidade dada aos educandos de visão aparente do tema através de

pesquisas sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho nos diversos

segmentos da sociedade em Salto do Lontra.

No âmbito da História a produção historiográfica sobre as mulheres vem

crescendo em grandes proporções e pretendeu-se aqui pontuar algumas questões

sobre esta produção. A pertinência da relação gênero e ensino ressaltam o

entendimento, em sala de aula, de que as mulheres também foram sujeitos

históricos, rompendo com a ideia de uma história masculina, quase sempre presente

nos livros didáticos.

Apesar das enormes diferenças nos recursos para elas alocados, em sua representação e em seu lugar no currículo, na posição a ela concedida pelas universidades e pelas associações disciplinares, parece não haver mais dúvida de que a história das mulheres é uma prática estabelecida em muitas partes do mundo. (SCOTT apud BURKE 1992, p.63).

A autora ainda argumenta que grande parte da história das mulheres está

voltada às questões contemporâneas, principalmente no que se refere à inserção no

mundo do trabalho e há razões importantes para argumentar que os

desenvolvimentos na sua história estão fortemente relacionados “a força crescente

e a legitimação do feminismo como um movimento político” (SCOTT apud BURKE

1992, p.66).

Conforme Joana Maria Pedro e Rachel Soihet as transformações

historiográficas, “articuladas ao feminismo, a partir da década de 60, tiveram papel

decisivo no processo em que as mulheres são alçadas à condição de objeto e

sujeitos da História, marcando a emergência da História das Mulheres” (2007,

p.285). Já na década de 1970 “firmou-se o antagonismo, homem versus mulher,

com um foco central na política e na história” (2007, p.287). Além desse

antagonismo outras classes passam a buscar maior visibilidade, como é o caso das

“mulheres negras, índias, mestiças, pobres, trabalhadoras, muitas delas feministas,

reivindicavam uma ‘diferença’ - dentro da diferença” (2007. p. 287). As lutas dessas

mulheres não foram em vão, percebe-se que mesmo com menores chances já

conquistaram vários espaços na sociedade.

Já na década de 1980, as autoras identificaram que muitas pesquisas

partiram da “categoria mulheres” ao destacarem as vivências comuns, os trabalhos,

as lutas, as sobrevivências, as resistências das mulheres no passado e na década

de 1990 é publicado no Brasil o artigo “Gênero: uma categoria útil de análise”, de

Joan Scott, o que contribuiu para a percepção de que uma grande parte da

humanidade que estava na invisibilidade, às mulheres, agora tanto quanto os

homens são produtos do meio social. Pode-se definir as contribuições da discussão

de gênero de Scott a partir de Pedro e Soihet,

As relações de gênero são resultados de um processo que se inicia desde o nascimento, continua ao longo da vida e reforça a desigualdade que existe entre o sexo feminino e o masculino, por isso as mulheres precisam reconquistar a todo o momento o direito a cidadania, à educação, ao trabalho à sexualidade e até mesmo o respeito sobre o próprio corpo, pois sua história tem marcas da discriminação e inferioridade (PEDRO, SOIHET, 2007, p.288).

Scott, como colaboradora da Revista Brasileira História e Gênero apresenta

sua proposta teórica do conceito gênero de duas maneiras: “de um lado, o gênero é

um elemento constitutivo de relações sociais baseados nas diferenças percebidas

entre os sexos; de outro lado, o gênero é uma forma primeira de significar as

relações de poder” (SOIHET e PEDRO 2007, p.290). Para o desenvolvimento desta

foi fundamental ter como premissa a categoria de análise gênero, e assim a partir

deste referencial estudar suas relações com o mundo do trabalho.

Já Eva Alterman Blay, afirma que na escolarização e carreiras profissionais

se reproduz a mesma desqualificação: a menina é induzida a determinadas escolhas

de atividades como docência, enfermagem, pediatria, dermatologia, química, sob o

pretexto de compatibilizar a vida profissional com as tarefas domésticas e familiares,

atribuídas só a elas. Essa visão retrógrada ainda hoje é percebida entre algumas

famílias, onde pais consideram que as filhas devem seguir essas carreiras e em

especial a do magistério. “Quando uma mulher ocupa uma posição profissional fora

do esquadro pré-traçado, logo é apresentada como um exemplo de que ‘agora as

mulheres são iguais aos homens’. Na verdade ela é a exceção que confirma a regra”

(BLAY, 2002, p.10).

Contudo, para além do exposto acima, é necessário destacar que nas

últimas décadas do século XX algumas mudanças demográficas, culturais e sociais

acabaram refletindo diretamente no aumento do trabalho feminino no Brasil. Entre

estas se pode destacar a queda da taxa de fecundidade; a redução no tamanho das

famílias; maior expectativa de vida; mudanças nos padrões culturais e nos valores

relativos ao papel social da mulher; a expansão da escolaridade e o ingresso nas

universidades, sendo este último é um dos fatores de maior impacto da entrada das

mulheres no mercado de trabalho. Vale destacar que no acesso a profissões de

nível superior as mulheres negras têm menores chances de prosseguir nos estudos,

quando comparadas às mulheres brancas. Todo esse contexto, não justifica apenas

o crescimento da atividade feminina, mas também as transformações no perfil da

força de trabalho desse sexo.

Apesar do considerável avanço, muitas mulheres ainda estão longe de

atingir as taxas masculinas de atividades e continuam sendo as principais

responsáveis pelas tarefas domésticas, cuidado dos filhos e demais familiares.

Entretanto ainda não se pode afirmar que haja uma igualdade de condição de

trabalho para homens e mulheres, pois enquanto as mulheres cumprem jornada

dupla e/ou intensiva de trabalho doméstico, os homens podem concentrar sua

atenção, dedicação e esforço em primeiro lugar para o mercado de trabalho.

Percebe-se também que em um mesmo campo profissional as identidades são

diferenciadas entre os gêneros (BRUSCHINI, LOMBARDI, UMBEHAUM, 2002, p.64

e 65).

Complementando, Paula Viviane Chies a partir de Heleieth Safiotti analisa

que se o espaço privado foi tradicionalmente remetido às mulheres e desvalorizado

perante o público, percebe-se que a cultura traz uma tradição que impõe ao

elemento feminino a subordinação e inferioridade. Ao analisar o papel do homem e

da mulher em diferentes instâncias da sociedade capitalista, ressalta que esses

ocupam relações entre a subordinação e a dominação. As mulheres com relativa

falta de poder, enquanto os homens ao serem os protagonistas do patriarcado,

ocupam o espaço de maior poder na sociedade. Desse modo, lutar por direitos de

um grupo em particular, como as mulheres, não indica que se esteja negando a

defesa por direitos humanos universais, mas sim desenvolvendo ações afirmativas

de acordo com a especificidade desses ou de outros grupos (CHIES, 2004, p.510,

511 e 519).

2.1 Gênero/cor e trabalho feminino

Mudanças importantes no âmbito das políticas públicas causando grande

impacto no trabalho feminino foram vivenciadas no Brasil nos últimos anos. A

considerada de maior amplitude é sem dúvida a Constituição de 1988, a qual

contempla reivindicações de vários movimentos sociais inclusive o das mulheres.

“Os brasileiros em geral obtiveram avanços no mercado de trabalho, mas ainda com

atrasos em relação a setores e áreas de trabalho tradicionalmente femininas tanto

nas desigualdades salariais como responsabilidades dos afazeres domésticos

sendo urgente a implantação de novas políticas públicas que faça uma ponte entre

trabalho e família” (BRUSCHKINI, LOMBARDI, UNBEHAUM, 2000, p.93).

As conquistas são grandes, mas as mulheres ainda estão engatinhando

para atingir as taxas masculinas de atividades. Mesmo com as diferenças entre os

gêneros, as mulheres brancas estão bem mais representadas no mercado de

trabalho, enquanto as negras ainda sofrem a discriminação e o preconceito. As

políticas implantadas são em sua maioria de cunho genérico, e num universo de

desigualdade social, racial e de gênero é necessária à realização de políticas

públicas, específicas para as mulheres negras, visto que são as mais vulneráveis

em caso de violação aos direitos humanos. Elas precisam ser valorizadas não só

pelos quitutes, corpo sensual, molejo contagiante, mas pelas suas qualidades como

ser humano e dotes intelectuais, pois desde a escravidão, foram vítimas de

violência física e sexual por parte dos senhores, da violência emocional por parte

das senhoras, além da dedicação incessante ao trabalho. Com o avançar da vida

econômica, sua condição social quase não se alterou, mesmo depois da abolição e

da formação do mercado de trabalho livre no Brasil elas continuaram trabalhando

nos setores mais desqualificados, recebendo salários baixíssimos e péssimos

tratamentos, sendo apresentadas em documentos disponíveis da época, como

figuras rudes, bárbaras e promíscuas, destituídas de qualquer direito de cidadania

(PRIORI, 2000, p. 582).

Em seus estudos Matilde Ribeiro nos informa que “a sociedade avança em

garantias de direitos, mas se mantém descompensada pela continuidade de

regimes excludentes como o racismo e o machismo, que tivemos grandes avanços,

mas não o suficiente para destruir as mazelas deixadas pela escravidão e abolição

inacabada” (2008, p.988). Já Rita Laura Segato, no documento Mulher Negra afirma

que “a incidência do duplo preconceito e a discriminação de gênero e cor afeta os

direitos humanos de maneira geral e em particular as mulheres negras” (RIBEIRO

2008, p.995). Mesmo assim elas estão conquistando vagarosamente, espaços de

trabalho no mundo inteiro, em quase todas as atividades.

Para as mulheres negras o mercado de trabalho brasileiro é considerado

excludente. Apesar de estarem presentes em diferentes setores a muitas delas

ainda são reservadas posições menos qualificadas, os mais baixos salários, a

informalidade e desrespeito, dando a impressão que estas não têm as mesmas

garantias de direitos estabelecidos na Constituição. Assim, Maria Conceição Lopes

Fontoura conclui que a igualdade legal, garantida pela Constituição parece que não

se aplica à vida diária da população afra descendente, que continuadamente é

desrespeitada em seus direitos, pois a igualdade ansiada entre brancos e negros,

homens e mulheres, mulheres brancas e negras ainda está longe de se concretizar.

Sonia Maria Giacomini nos chama a atenção quando diz:

Afinal, não são as mulheres negras e mulatas, no imaginário brasileiro, símbolo de sensualidade e espaço de projeção da dominação (do desejo) do homem branco? Nas condições sociais vigentes, parece coerente que a existência de uma profissão que discrimina positivamente a mulher negra seja, enquanto profissão, permanentemente ameaçada de discriminação negativa, ao mesmo tempo em que aciona, contraditoriamente, os símbolos da sensualidade e da brasilidade (2006, p.100).

Conclui-se através do exposto que a cor constitui a condição de sua

profissão, mas ao mesmo tempo é uma ameaça permanente de desqualificação da

profissão que exerce. Desta maneira entende-se que “a prática discriminatória

contra as mulheres negras não ofende somente a dignidade da pessoa humana,

mas fere também uma das bases da democracia: o direito à igualdade” (BENTO,

2005, p.64) Por isso elas precisam reencontrar sua identidade, sua história, suas

raízes, se assumirem como agentes ativos dentro da sociedade. Enquanto isso não

acontecer, as desigualdades étnico/raciais continuarão existindo com tendência a

aumentar cada vez mais, principalmente no que diz respeito à igualdade de

oportunidades. Para ele, “Escola e família, juntas, representam a possibilidade de

transformação do pensamento”. Intervenções devem ocorrer principalmente na área

educacional, pois somente uma educação baseada no cumprimento e respeito às

leis, minimizará os problemas existentes.

Matilde Ribeiro salienta que:

O caminho apresenta-se como promissor, a abolição é inacabada, mas podemos desenhar um futuro inclusivo. Espera-se a efetivação cada vez mais de diálogos críticos e ações conjuntas entre diversos setores da sociedade civil, e destes com os governos, com a academia, com os órgãos multilaterais, entre outros. Com essa dinâmica é possível estabelecer parâmetros de análise mais próximas da realidade e [...] remodelar a prática institucional (RIBEIRO, 2008, p.1002).

Os espaços estão sendo ocupadas, as mulheres em especial as negras

estão cada vez mais conquistando os seus, mas ainda há muito que fazer na busca

da igualdade de oportunidades. Para conseguir a equidade de gênero e cor no

mundo do trabalho precisa-se ainda de muita luta, só assim com certeza haverá

grandes conquistas. Faz-se necessário desconstruir este cenário e para isso é

preciso atentar para o fato de que o oposto da desigualdade é a igualdade. Não

somente a diferença de raça, cor, sexo, mas direitos iguais principalmente a

trabalhos e salários dignos e acima de tudo valorização como ser humano.

3 Implementação na Escola

Entende-se que a Educação, ocorre principalmente na instituição escolar, e

é através dela que se consegue fazer com que certas transformações aconteçam,

entre tantas devemos elencar a discriminação e o preconceito principalmente de

gênero e cor. Quando percebemos tais situações se faz urgente repensar nosso

trabalho enquanto educador, pois fica claro que é também através da escola que as

diferenças podem ser diminuídas se soubermos conduzir as situações que nos

deparamos no dia a dia, de forma coerente. Se a educação estiver voltada à

formação do sujeito evidenciando seus direitos e deveres, certamente a escola terá

um papel transformador na busca de uma sociedade mais justa, democrática e

igualitária.

Definindo o papel da escola, e da educação e pretendendo colaborar para

que as transformações ocorram, tanto dentro como fora da sala de aula

desenvolvemos tais propostas de trabalho junto aos alunos da 1ª série A do Colégio

Estadual Irmã Maria Margarida – Ensino Médio e Normal de Salto do Lontra.

Com nosso projeto em mãos o mesmo foi apresentado à comunidade

escolar, para que todos os envolvidos com a escola fossem sabedores da proposta

por nós desenvolvida, podendo estar dando sugestões para seu enriquecimento. Em

dia estabelecido apresentamos o projeto juntamente com as propostas de trabalhos

aos alunos e os mesmos foram convidados a participarem da implementação no

período vespertino, visto que os alunos eram do período matutino. Os dias dos

encontros foram estabelecidos em cronograma. Encontramos certa dificuldade em

fazer com que participassem, pois alguns alunos trabalham, outros fazem cursos, a

época estabelecida para a Implementação no segundo semestre também

prejudicou. Mas podemos afirmar que com tudo isso, nosso trabalho não deixou de

acontecer, por que quem participou fez a diferença acontecer.

Antes de iniciarmos as atividades com os alunos fomos convidados pela

coordenação da Equipe Multidisciplinar do Colégio para trabalhar algumas questões

relacionadas a gênero, principalmente aquelas voltadas à inserção das mulheres

negras no mercado de trabalho. Com textos, vídeos, letras de músicas, tivemos a

oportunidades de estar expondo e trocando ideias sobre nosso trabalho percebendo

assim a diversidade de opiniões, pois os professores participantes da equipe são de

disciplinas diversas.

A Equipe Multidisciplinar da Rede Pública do Estado do Paraná, contempla a

implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, objetivando a participação do

coletivo escolar e dos envolvidos na equipe a fim de obter dados com vistas à

proposição de políticas de formação continuada que resultem na melhoria do

funcionamento das equipes e consequentemente numa efetiva ação para uma

Educação das Relações Étnico-raciais do Estado do Paraná bem como no cotidiano

das Escolas.

A proposta inicial com os alunos visou um momento onde se priorizou

investigar o conhecimento prévio em relação à temática “gênero”, para após traçar

as demais estratégias de trabalho. Em uma caixa de cor rosa e azul, os alunos

colocaram nela também em papéis rosa e azul o que para eles são hoje funções do

homem e da mulher na sociedade. Depois de escrito os papéis foram colocados na

caixa, onde no final da implementação abrimos para confrontar as ideias, e as

mudanças da mentalidade de alguns alunos que estiveram envolvidos. Após

trabalhamos com atividades diversificadas, como interpretação de letras de músicas,

charges, textos complementares, pesquisa em laboratório de informática, painéis,

júri simulado e entrevistas com mulheres em setores da sociedade. Os resultados

conseguidos com as atividades mostraram-se uma relevante fonte, que ajudou a

nortear nossas ações na elaboração deste artigo. Com os resultados obtidos após a

aplicação desta primeira atividade em que coletamos dados sobre a questão de

gênero tivemos embasamento prévio para elencarmos as demais atividades

propostas. A apuração quantitativa nos forneceu entre tantos os seguintes dados:

Papel do homem:

- Trabalhar fora de casa para sustentar a família;

- Trabalhar em coisas pesadas e usar roupas com cores fortes;

- Ser menos machista e dar o melhor de si;

- Dar conta de sustentar a casa, ter pulso firme;

- Os homens trabalham e as mulheres dão conta de gastar tudo;

- Não pensar que a mulher é pau mandado;

- Ser responsável, trabalhador, fazer papel de homem, dar bons exemplos

na família e na sociedade;

- Deve ser o alicerce da casa, trazer sustento, dar apoio, proteção e afeto a

família, não ser rabugento.

Papel da mulher:

- Cuidar da casa e das crianças;

- Usar salto alto, maquiagem, roupas com cores neutras, brincar de boneca

quando criança;

- Ter bom trabalho para não depender do homem para qualquer coisa,

ajudar nas despesas e arrumação da casa;

- Fazer comida, cuidar da casa, pode trabalhar fora desde que cuide do lar;

- Ter função acolhedora, de trazer para a casa carinho, amor, proteção aos

filhos e marido;

- Cuidar da sua reputação e da dos filhos, principalmente das filhas moças;

- Trabalhar fora de casa e ganhar o mesmo salário do marido para ajudar

nas despesas da casa, mas não ser empregada do marido;

- Podem e devem ter seu lugar na sociedade porque são humanas com

todos os seres.

Salientamos que tal proposta mostrou-se inovadora e as ações

desenvolvidas nos subsidiaram para analisara a temática, uma vez que como já

citamos temos carência de metodologias que conduzem devidamente o nosso

trabalho em sala de aula principalmente no tocante a categoria gênero e mercado de

trabalho. Após a atividade proposta foi possível socializar os resultados, percebendo

na exposição de cada um a existência de atitudes preconceituosas que

consideravam não possuir. Apesar de ainda existirem preconceitos muitos alunos

nos surpreenderam com suas colocações, pois tem plena consciência que tanto os

homens quanto as mulheres devem ter os mesmos direitos e deveres e estar

dividindo as tarefas tanto fora e dentro do lar. Juntos, professor e alunos, podemos

afirmar que conseguimos dar uma nova resignificação sobre gênero tanto na escola

quanto no papel desempenhado por homens e mulheres no mercado de trabalho.

Outra atividade que merece considerações foi a do júri simulado, onde os

alunos após embasamento teórico sobre o tema foram divididos em dois grupos. Um

desenvolveu argumentos favoráveis à dupla jornada de trabalho das mulheres e o

outro grupo desenvolveu argumentos contrario a dupla jornada. Após as propostas

prontas partimos para o debate, onde pudemos perceber que apesar de grandes

mudanças de mentalidade em um numero expressivo de alunos, mesmo sendo uma

minoria, alguns ainda continuam persistindo com visão machista e preconceituosa

considerando que a função da mulher é estar em casa ligada aos afazeres

domésticos e cuidando dos filhos. Para nós educadores isso é preocupante e exige

que estejamos mais atentos às atitudes tomadas principalmente por meninos no seu

dia a dia na escola e em sala de aula.

Na terceira experiência, após abordagem geral sobre a temática foi

desenvolvido com os alunos uma pesquisa em diversos setores da sociedade do

município de Salto do Lontra, como setor público, comércio, indústria, educação e

doméstico. Nossa pretensão foi de perceber quais as ansiedades e satisfações que

existem entre uma pequena amostra de mulheres sobre o trabalho feminino. Através

dos resultados da pesquisa obtivemos várias considerações dentre as quais

daremos prioridade a algumas questões. Quando perguntadas se estão satisfeitas

com seu trabalho cada setor fez suas considerações:

Público: não, porque falta valorização; sim, porque faço o que eu gosto;

sim, porém acredito que há necessidade de estar buscando novos conhecimentos

para aperfeiçoamento, mas para tanto precisa-se de apoio por parte do empregador;

não, pois existe pouca valorização, pouco reconhecimento, nenhum incentivo para

aperfeiçoamento técnico.

Educacional: sim, gosto do que faço; gosto do que faço, tenho plano de

carreira, salário bom, concurso; sim, apesar de ser um trabalho que exige bastante é

gratificante; sim, parece que a educação é uma atividade que foi direcionada para a

mulher.

Industrial: não, ganho muito pouco e há rivalidades; não, o salário deveria

ser melhor; sim, porque tenho um emprego, mas falta valorização, o trabalho é

cansativo; sim, pois tenho onde trabalhar, mas é cansativo, pois estudo a noite.

Comercial: sim, mas precisamos trabalhar com empenho para vermos o

resultado acontecer; não, porque trabalhar como empregada o salário não é muito

satisfatório, ainda mais se a gente for comissionada; sim, apesar de ser assalariada

posso considerar que onde muitos ainda não têm emprego sou privilegiada; não

muito, os funcionários precisam estar mais bem preparados, ter visão do que devem

fazer às vezes isso nos estressa.

Doméstico: sim, pois não tenho qualificação profissional então é difícil

arranjar outro emprego; não, mas não estudei e nem tenho carteira assinada; sim,

gosto do que faço, apesar de saber que esse trabalho é pouco valorizado; sim,

apesar de ganhar pouco, mas é melhor assim do que ficar desempregada.

Sabendo das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores no dia a dia

principalmente as mulheres, perguntamos que mudanças melhorariam o local onde

trabalham. Destas obtivemos as seguintes respostas:

Público: que houvesse maior comprometimento; valorização dos

profissionais tanto financeiramente quanto o reconhecimento do trabalho que cada

um faz; Incentivo para cursos e atualizações; mais valorização, melhores salários e

mais diálogo entre chefes e funcionários; espaço físico adequado, capacitação

própria para a área, melhor comunicação e valorização e respeito pelas pessoas.

Educacional: mais comprometimento, mais companheirismo, menos

falsidade; precisamos de mais ética; hora atividade realizada com os colegas da

mesma área; que fosse um espaço mais democrático;

Industrial: que nos não tivesse que cumprir meta por hora trabalhada; que

houvesse maior valorização pessoal e profissional; que a gente pudesse ter um

pouco de descanso durante a jornada de trabalho; é um trabalho bom, mas

cansativo, às vezes não dá vontade nem de ir para a escola apesar de saber que o

estudo é importante.

Comercial: se houvesse maior comprometimento e vontade por parte de

todos; se não houvesse tantas fofocas entre os funcionários e que cada um fosse

mais responsável pelo seu serviço; que houvesse um diálogo mais claro entre patrão

e empregado; que todos os comerciantes lutassem pelo mesmo ideal não havendo

tanta concorrência.

Doméstico: considero que está bom assim, não estudei; gostaria que o

salário fosse maior, mas sei que para quem recebe é pouco e quem paga acha

muito; acho que assim está bom, pois sou bem valorizada como pessoa; que os

governantes repensassem nos salários das trabalhadoras, para que a gente

pudesse ganhar um pouco mais.

Por ser Salto do Lontra um município pequeno e com poucas oportunidades

de emprego, perguntamos as entrevistadas o que consideram necessário ser feito

para aumentar o número de emprego para as mulheres nesta cidade.

Público: cursos técnicos, em várias áreas, aprimoramento; capacitação

voltada para o público feminino como cursos técnicos; aumentar a participação das

mulheres na formação profissional e valorizar a competência adquirida; emprego até

que tem o que precisa é a mulher ser mais valorizada; deveriam ter mais iniciativas

por parte dos órgãos competentes.

Educacional: é necessário que os governantes pensem em ampliar as

indústrias para que aumentem as vagas de empregos, tanto para homens quanto

para as mulheres; as mulheres hoje querem trabalhar não importa o tipo de serviço;

valorização das mulheres; cursos de qualificação profissional; cursos técnicos em

várias áreas, aprimoramento.

Industrial: mais ofertas de empregos com salários melhores; mais

oportunidades de qualificação profissional; não precisa de mais empregos, mas que

esses que existem sejam mais valorizados; que os empregados sejam mais

valorizados e não tanto explorados.

Comercial: que houvesse maiores oportunidades de empregos com mais

incentivos; que os funcionários se preocupassem mais em participar de cursos de

aperfeiçoamento para desempenhar melhor sua função; que existisse na cidade

propostas de incentivo constante por parte da Associação Comercial; que as

mulheres pudessem escolher um emprego e não estar num emprego.

Doméstico: que toda a mulher independente da idade pudesse exercer

qualquer função; que existissem cursos para as domésticas assim estaria

melhorando seu trabalho e ganhado mais; oferecer cursos de funções diversas e

maior número de empregos; que todas as mulheres fossem valorizadas,

independente da idade ou cor.

Porém, outro fator nos chama a atenção, a pouca oferta de emprego, que

muitas vezes fazem as pessoas buscar melhores condições de vida em outras

cidades, dentro deste quadro percebemos que muitas destas estão jovens e

adolescentes. Apesar de termos um número satisfatório de jovens que cursaram ou

estão cursando o Ensino Superior, muitos destes terminam o ensino médio e não

tem perspectiva nenhuma para entrar em uma universidade, saem em busca de

aventuras sonhando com um bom emprego e uma vida melhor. Quanto as

adolescentes, acabam seguindo o mesmo caminho dos pais, pois ainda dependem

deles para sobreviver. Os pais com dificuldade de emprego, pagando aluguel,

trabalhando de agregado, arrendatário, aviários, quando se deparam com situações

não satisfatórias, abandonam tudo e vão embora, não tendo preocupação com a

educação e futuro dos (as) filhos (as). Diante dessa preocupação também

perguntamos às mulheres o que elas diriam as adolescentes de hoje sobre o

trabalho.

Público: que vão em busca de uma profissão, valorizem o trabalho que tem

e estudem; que só conhecimento técnico não é suficiente para garantir uma vaga no

mercado de trabalho, o perfil pessoal e o nível cultural também estão contando

muito; Procurar se habilitar na profissão que deseja; o essencial é ter sua profissão,

o seu trabalho e ganhar o seu dinheiro. Ser independente é fundamental, seja para

contribuir na renda familiar ou para si própria.

Educacional: todos devem estudar para que no futuro possam ter sua

independência financeira e profissional; ele é importante, pois o trabalho enobrece o

ser humano e que sem ele a pessoa fica sem rumo; ele é satisfatório, vale apena

estudar e lutar por um futuro melhor; se preparem, pois o mercado de trabalho só da

chance para os qualificados.

Industrial: que trabalhar na fábrica é bom, você ganha experiência, mas o

melhor é estudar; é melhor estudar, ter uma faculdade para ter um emprego melhor;

que o trabalho lá é bom, mas existem outros ainda melhor; se aperfeiçoem em

alguma coisa fazendo cursos, estudando, para ter um bom emprego.

Comercial: estudar é o essencial não importa qual função exerça; se você

estudar, você é uma pessoa esclarecida e sabe se portar diante das situações que

acontecerem; estejam sempre se aperfeiçoando, se qualificando, é o melhor que se

pode fazer; tenha em mente um ideal, mas não esqueçam que para isso devem

estar preparadas, estudando e se qualificando.

Doméstico: que precisam estudar para ter mais chances de empregos; a

escola e o estudo ainda são o melhor caminho para uma profissão; estudem para

não precisar estar numa profissão como a nossa, se preparem para a vida;

sociedade precisa e valoriza mais as pessoas qualificadas então se preparem bem.

Após a análise dos resultados fizemos a socialização em sala de aula e

chegamos à conclusão de que há uma grande preocupação e insatisfação das

mulheres nos setores aos quais estão atuando e que para elas a educação é o

melhor caminho a seguir. É urgente a escola repensar certas situações juntamente

com os órgãos públicos do município. Também houve a preocupação em nossa

pesquisa de perceber em quais atividades ou setor as mulheres negras estão mais

presentes em Salto do Lontra. Podemos considerar que na cidade existe um número

muito reduzido de pessoas negras entre estas de mulheres, mas percebemos com

evidência que a mão de obra de negras ou pardas ainda está mais voltada as

tarefas domésticas justificando-se assim a necessidade de novas políticas de

incentivos, estudos e pesquisas voltadas a valorização destas. Referenciamos aqui

a necessidade de que sejam revistas essas questões, principalmente por nós

professores, desenvolvendo novas propostas de estudos.

4 Participações no GTR

O Grupo de Trabalho em Rede onde atuamos como tutora do Projeto

intitulado “Mulheres negras e o mundo do trabalho: uma análise de gênero e cor” foi

mais uma etapa das atividades exigidas do PDE. No GTR se inscreveram 15

professores da rede Estadual de ensino do Estado do Paraná. Destes, duas

professoras não deram continuidade as atividades até o final do curso. Apesar da

nossa insistência através de mensagens enviadas não conseguimos fazer com que

prosseguissem até o final. Podemos afirmar que mesmo assim nossa satisfação foi

grande, pois os 13 professores que concluíram demonstraram muito empenho,

dedicação e muita interação nas atividades propostas.

Consideramos que esta etapa do PDE foi de grande relevância e

importância, pois pudemos nesta oportunidade estar partilhando com os demais

professores da rede a proposta de estudo por nós desenvolvidos. Cada professor a

seu modo participou demonstrando preocupação e comprometimento com a

melhoria da Escola Pública e em trabalhar temas presentes no cotidiano escolar,

mas que muitas vezes ficam silenciadas. Partindo de diferentes dinâmicas,

ressaltamos que nosso objetivo maior é a aprendizagem do aluno.

Muitos dos professores demonstraram grande empenho e agilidade no

desenvolvimento das tarefas propostas. Outros foram mais lentos e com algumas

dificuldades de trabalhar com a plataforma Moodle, mas isso não prejudicou o

andamento do curso, pois pudemos perceber como os professores estão, apesar de

tantos entraves, preocupados com a educação pública e com determinados

assuntos que na maioria das vezes fica quase que no esquecimento.

A interatividade contribuiu para a troca de experiências e para o

enriquecimento da temática proposta. Percebemos que no decorrer do curso as

interações nos Fóruns, as respostas postadas nos Diários, os elogios, as sugestões

e propostas de novas atividades já desenvolvidas permitiu que nosso trabalho se

tornasse mais rico com a contribuição dos demais professores.

Mesmo sendo os cursistas de diferentes cidades do Estado do Paraná

existiu sintonia na maneira de os mesmos se posicionarem quanto à possibilidade

de utilização da Produção Didática para aprofundar o tema em questão.

Percebemos que muitos aproveitaram para o dia 20 de novembro, dia da

“Consciência Negra”, outros afirmaram que irão utilizar no momento que

considerarem oportuno. Pelo que pudemos perceber os cursistas gostaram das

propostas de trabalho, pois fomos elogiadas principalmente quando fizemos

referência a algumas situações de como trabalhar determinadas atividades.

Num primeiro momento quando destacamos a proposta de como usar o

Projeto de Intervenção Pedagógica na melhoria da qualidade de ensino das escolas

Publicas do Paraná, pedimos aos professores que partissem da Fundamentação

Teórica e fizessem comentários sobre a mesma. Dentre várias considerações feitas,

a professora “A” realizou o seguinte comentário:

Seu projeto tem relevância indiscutível, uma vez que discute a questão de gênero, associada à questão étnico-racial/afro descendência; propõe uma ação afirmativa de cunho simples e perfeitamente viável, sem grandes pretensões e por isso mesmo adequada para a nossa realidade de escola pública. Entretanto, a simplicidade não tira o mérito do projeto, ao contrário, dá ao projeto o caráter da funcionalidade, da objetividade, da praticidade. Penso que acompanhar e contribuir com esse trabalho vai ser proveitoso para todos nós.

Concordamos com a exposição da professora, pois com certeza devemos

repensar nossa posição enquanto educadores demonstrando mais empenho e

compromisso trabalhando com ações afirmativas sobre atitudes discriminatórias

sejam elas de gênero ou raça. Estamos vivendo um momento histórico em que

juntos, além de órgãos responsáveis, nós professores e alunos dentro da sala de

aula podemos ajudar a mudar esta história, pois muitas vezes percebemos

determinadas atitudes ou falas de nossos alunos as quais encaram como

brincadeiras, nem se dando conta de que estão ofendendo seus colegas. Cabe a

nós professores estarmos atentos a estas situações e trabalhá-las e pensando nisso

as propostas de atividades por nós desenvolvida tem a intenção de ajudar a

repensar algumas atitudes para que estas sejam revistas.

Quando propomos aos professores alguns apontamentos de como nos

apropriar da temática “Mulheres negras e o mundo do trabalho” como mais um

subsídio em nossas aulas de História a fim de que a leitura e a escrita deixem de

serem meros instrumentos burocráticos, tivemos várias considerações. Entre elas

damos destaque às considerações da professora “B”:

Sabemos que a escola tem por finalidade a formação integral da pessoa, ou seja, a formação para a vida social, profissional, o respeito ao meio ambiente, aos valores, à democracia, etc. Li o Projeto de Intervenção Pedagógica e estou apostando nele; primeiro porque nos fará pensar sobre o assunto e desenvolver em nós mesmos o senso de alteridade, ou a aperfeiçoá-lo; segundo, porque se nos qualificarmos enquanto pessoas e profissionais executaremos melhor nossas atividades docentes no seio da escola. É certo que nossa sociedade construiu-se historicamente a partir do modelo português-patriarcal e também é certo que se foi construída assim é passível de reconstrução. Acredito que pesquisar e problematizar a questão "mulheres negras e mercado de trabalho" aí em sua cidade, como em qualquer outro espaço é promover e concretizar uma ação afirmativa em favor do grupo social em questão e levar o educando a romper preconceitos e tradições culturais indesejáveis nos dias atuais.

Certamente o papel do professor está mudando, nosso maior desafio agora

é reaprender a aprender e o PDE foi uma oportunidade nos dada para troca de

experiências. Faz-se necessário que todos os demais professores tenham

oportunidades sejam elas como estas ou outros cursos de especialização para maior

embasamento teórico que ofereçam subsídios para trabalhar estas questões. A

professora faz referência que é primordial o professor de História estar envolvido e

preparado para trabalhar as questões gênero e raça, mas afirmamos que muitas

vezes não estamos preparados o suficiente e, além disso, somos sabedores que

muitos de nossos pares nem noções sobre o assunto têm. Prova da dificuldade que

encontramos está o constante estudo para o desenvolvimento desta proposta que

ora apresentamos.

Também solicitamos que os professores fizessem suas observações e

comentários sobre a Produção Didático Pedagógica. Muitas colocações e interações

foram feitas e para que possamos demonstrar parte destas destacamos as

considerações da professora “C”:

Sua produção Didático-Pedagógica contém atividades bem interessantes e que podem ser aplicadas com nossos/as educandos/as. Será muito bom trabalhar com atividades diversificadas de forma dinâmica e prazerosa, pois na sua produção Didático-Pedagógica como já havia dito anteriormente, você foi feliz na escolha dessa temática, as sugestões de atividades são ótimas, pois trabalha com uma diversidade textual, isso só contribui para o interesse dos alunos sobre o assunto abordado. A parte teórica também merece destaque, uma vez que a referência bibliográfica contempla vários autores (as), leituras que nos deve ser obrigatória ao trabalhar essa temática e não esquecer também da utilização da Diretriz Curricular Estadual do Estado do Paraná, que contempla gênero em vários conteúdos básicos e específicos.

Para o desenvolvimento desta proposta de trabalho, lemos, analisamos e

destacamos a posição de vários autores que nos favoreceu o embasamento da

temática em questão e a elaboração de atividades diversificadas, pois não é fácil

escrever sobre aquilo que quase não conhecemos. Cremos que está aí a nossa

maior dificuldade em trabalhar determinados temas, a pouca leitura para nos

subsidiar. A outra preocupação é de como adequarmos o nosso tempo a estudos se

o que temos não nos é suficiente para prepararmos as aulas que trabalhamos

semanalmente. Além disso, muitos professores pouca importância dão as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica, muito menos onde ela contempla determinados

assuntos. Ainda estamos engatinhando em muitas temáticas que estão em voga,

mas com certeza precisamos de muitos estudos e trocas de experiências.

Como complementos da nossa proposta de trabalho também solicitaram o

posicionamento dos professores quanto à utilização da Produção Didática como

mais uma proposta que possa contribuir para as aulas de História no

estabelecimento de ensino onde o professor atua. A professora “D” fez a seguinte

colocação:

Somos conhecedoras que é muito recente a inclusão das questões de Gênero, Diversidade Sexual e Igualdade Racial, nas nossas salas de aulas, somente a partir de uma perspectiva de valorização da Igualdade de Gênero e de promoção de uma Cultura de Respeito é que poderemos transformar rotinas escolares, que problematizam lógicas reprodutoras de desigualdade, desrespeito e opressão. A proposta Didático-Pedagógica, produzida por você, contém atividades variadas, dinâmicas e de fácil compreensão, tanto para o/a professor/a como para os/as alunos/as. E possível trabalhar em nossas aulas em todas as séries, com o tema proposto. Depende do nosso planejamento e de nossa sensibilidade, ou seja, depende somente do compromisso e planejamento feito por nós educadores/as.

Entendemos que, como afirma a professora, muitos outros professores

consideram o tema apropriado para a realidade da escola pública e nossa

preocupação ao desenvolver tal projeto foi de estar contribuindo de forma

significativa para o trabalho contínuo e não somente em datas comemorativas.

Sabemos que a temática pode também ser trabalhada de forma interdisciplinar

sendo contemplada em todas as disciplinas da Educação Básica, mas como

evidencia a professora, com poucos recursos. Consideramos que além dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), temos as Diretrizes Curriculares da

Educação Básica (DCE), Cadernos Temáticos os quais nos direcionam, mas não

nos subsidia o suficiente. Novamente afirmamos que precisamos de oportunidades

como esta que nos foi dada para aprofundarmos estudos sobre determinados temas

que nos são exigidos.

Podemos afirmar que por ter sido nossa primeira experiência como tutora, e

analisando as considerações feitas pelos professores em destaque e tantas outras

que não foram aqui referenciadas, o GTR foi de extrema importância e muito

gratificante. Podemos perceber que pelo posicionamento dos professores cursistas

para eles também foi. Este nos oportunizou e possibilitou a socialização de nossa

prática docente, troca de experiências, e de atividades já desenvolvidas e que

tiveram resultados satisfatórios. Recebemos muitos elogios em relação à temática

desenvolvida, mas também novas sugestões de estudos, de novos autores e de

propostas de trabalho. Nossa satisfação é grande porque há muitos professores de

escolas públicas do estado do Paraná que conhecem bem o “chão da escola”,

sabem da sua realidade e tem grande preocupação na formação dos educandos

para o enfrentamento dos desafios que aí estão.

Considerações Finais

Nessa primeira experiência que desenvolvemos sobre a questão de gênero,

podemos perceber com evidência que deve haver uma mudança significativa no

Ensino de História, que os conteúdos devem estar direcionados a eixos temáticos,

que partam da realidade social e estejam presentes na vida dos educandos. Este

tema ainda é recente, desconhecido para muitos e pouco estudado na historiografia,

pois essa temática não tem evidência clara nos currículos escolares e nem material

didático específico para subsidiar os professores em sala de aula. Acreditamos

então que a construção desse conhecimento é um desafio e que deve ser levado em

conta pelas novas propostas curriculares e de estudos como este que nos foi

oportunizado no PDE.

Para subsidiar nosso trabalho fizemos estudos orientados de vários autores

os quais nos fundamentaram na produção e aplicação da proposta ora desenvolvida.

Consideramos também a grande importância de se ter realizado junto aos alunos

uma sondagem do conhecimento que tinham sobre o tema. Esta foi o norte

fundamental para a abordagem metodológica dos demais conteúdos trabalhados.

Com as propostas das atividades desenvolvidas pudemos perceber no imaginário do

aluno como eles definem os papéis desempenhados por homens e mulheres na

sociedade atual, quais as mudanças e permanências que devem ser revistas, bem

como a defesa ou não da dupla jornada de trabalho das mulheres.

Percebemos através das pesquisas realizadas pelos alunos com as

mulheres nos diversos setores de trabalho em Salto do Lontra que é visível mais

descontentamento do que satisfação nas várias funções que exercem, estas

expressaram, que apesar dos grandes avanços conquistados, como melhores

salários, maior valorização, reconhecimento profissional, oportunidades de

aperfeiçoamento e capacitação, as mulheres ainda tem muitos caminhos a trilhar.

Consideram que a educação escolar é fator fundamental para a carreira profissional,

prova disso está no grande incentivo dado as adolescentes.

É importante destacar também a participação dos professores no Grupo de

Trabalho em Rede. Dentre as várias considerações que foram feitas à temática

desenvolvida priorizou-se as de alguns professores, os quais com suas abordagens,

experiências, limitações, socializações e sugestões, mesmo mostrando certa

satisfação com o trabalho desenvolvido nos direcionaram para novos caminhos

fazendo com que nossa proposta se tornasse mais significativa.

Sabemos que o nosso trabalho está longe do que se deseja alcançar, porém

a proposta foi lançada e se de alguma forma aproveitada, teremos bons resultados,

pois é com a colaboração e empenho de todos os envolvidos com a educação que

faremos do conhecimento a transformação da realidade possibilitando mudanças

concretas na sociedade pautada na justiça, igualdade e solidariedade, livre de

discriminações e preconceitos.

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