humanização hospitalar: um estudo sobre a satisfação...

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Adna Santos Urbano Humanização Hospitalar: um estudo sobre a satisfação profissional quanto às condições de trabalho Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências. São Paulo 2005

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Adna Santos Urbano

Humanização Hospitalar:

um estudo sobre a satisfação profissional quanto às

condições de trabalho

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências da

Coordenadoria de Controle de Doenças

da Secretaria de Estado da Saúde de

São Paulo, para obtenção do título de

Mestre em Ciências.

São Paulo 2005

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Adna Santos Urbano

Humanização Hospitalar:

um estudo sobre a satisfação profissional quanto às

condições de trabalho

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências da

Coordenadoria de Controle de Doenças

da Secretaria de Estado da Saúde de

São Paulo, para obtenção do título de

Mestre em Ciências.

Área de Concentração: Saúde Coletiva

Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Maria Bógus.

Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Cezira Fantini Nogueira-Martins.

São Paulo

2005

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pelo Centro Técnico de Documentação/GTIS/CPS/SES

©reprodução autorizada pelo autor

Dedicatória

Urbano, Adna Santos Humanização hospitalar: um estudo sobre a satisfação profissional quanto às condições de trabalho / Adna Santos Urbano--São Paulo, 2004.

Dissertação (mestrado) -- Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenação dos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Área de concentração: Saúde Coletiva Orientadora: Cláudia Maria Bógus

Co-orientadora: Maria Cezira Fantini Nogueira Martins

1. Serviços de saúde 2. Cuidadores 3. Hospitais

4. Condições de trabalho 4. Recursos em saúde

SES/CIP/CTD-049/04

Dedicatória

À vovó “Zaruca” (in memoriam) que, na minha infância, com suas limitações,

me fez acreditar que o futuro é a educação, mas acima de tudo, o respeito

ao semelhante.

Aos meus pais José e Maria do Socorro (in memoriam) porque, mesmo

ausentes, seus ensinamentos estão no meu dia-a-dia.

Agradecimentos

À Deus, pelo amor.

À orientadora Profa Dra. Cláudia Maria Bógus, pelo constante

acompanhamento neste percurso tão árduo, porém gratificante.

À co-orientadora Profa Dra. Maria Cezira Fantini Nogueira-Martins, pelas

suas contribuições que enalteceram este trabalho.

Aos membros da Banca do Exame de Qualificação, Dra. Maria Aparecida

Telles Guerra, Dra. Elvira Maria Ventura Felipe e Dra. Márcia de Souza,

pelas valiosas contribuições.

À Eliana Ribas pela inestimável contribuição para o resgate do PNHAH e a

disposição em dialogar sobre o tema humanização.

Aos funcionários do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, que construíram

este trabalho e cuja receptividade foi marcante.

À Maria Mercedes Loureiro Escuder (Biba), pelo tratamento dos dados

estatísticos e pelos ensinamentos que continuarei a usar no meu dia-a-dia.

Ao Fernão Dias de Lima (FSP/USP), pelo privilégio de sua atenção e

contribuição na construção do Banco de Dados.

À Rosângela Fernandes, pelo acolhimento e contribuições para a realização

deste trabalho. Às vezes as coisas deixam de funcionar e tudo acontece,

desespero, solidão, luto, e nesses momentos pude sentir que não estava só.

Meu muito obrigado.

À minha família, em especial minha irmã Silvana, um exemplo de coragem e

determinação.

Ao Wilson, pelo companheirismo e paciência durante este percurso.

À equipe do Serviço Social do IIER pelo apoio e compreensão neste

momento importante da minha vida.

Às amigas, Neusinha e Regina Francisca, pelo incentivo e escuta.

Ao Núcleo de Humanização do IIER, que existe para dar um novo olhar

sobre o cuidado com o cuidador (profissionais do IIER).

À Biblioteca do IIER, em especial ao Marcelo, sempre gentil.

À Associação dos Médicos do IIER pela disponibilidade na cessão do

espaço.

À equipe da Divisão Respiratória do CVE, que me aceitou carinhosamente

por um período de busca de novas experiências, em especial à Dra. Telma

Carvalhanas.

E a todos que contribuíram para a realização deste trabalho. Espero que

esse estudo possa ser uma contribuição para a resolução de parte das

fragilidades institucionais.

Urbano, AS. Humanização hospitalar: um estudo sobre a satisfação

profissional quanto às condições de trabalho. Instituto de Saúde.

Coordenação dos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde

São Paulo (SP), 2004.

RESUMO

Este estudo teve como objetivos identificar o grau de satisfação dos

profissionais quanto à humanização das condições de trabalho no Instituto

de Infectologia Emílio Ribas (IIER), analisar os indicadores referentes ao

grau de satisfação, segundo a ocupação principal, faixa etária e tempo de

serviço na instituição e comparar os resultados obtidos no IIER com os

resultados da pesquisa de satisfação dos profissionais, promovida pelo

Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH).

Realizou-se um estudo quantitativo, por meio da aplicação de um inquérito a

uma amostra dos profissionais do IIER. O inquérito incluiu questões para o

delineamento do perfil dos funcionários da instituição e para a construção de

indicadores de aferição do grau de satisfação dos participantes. Os

indicadores construídos referiam-se a dois eixos: Qualidade das condições

de trabalho dos profissionais e Qualidade das condições de atendimento aos

usuários.

Dentre os principais achados destacam-se: o valor de 0,58 para o índice

geral de satisfação dos profissionais do IIER, o que corresponde a um

patamar insatisfatório, de acordo com os referenciais estabelecidos pela

pesquisa promovida pelo PNHAH. Observou-se coincidência nas duas

pesquisas quanto aos indicadores que alcançaram os índices mais altos

(trabalho em equipe, clima moral e motivação profissional, acesso e presteza

no atendimento, qualidade da informação fornecida aos usuários e

relacionamento entre profissionais e usuários) e mais baixos (participação na

gestão hospitalar, condições de trabalho e qualidade das instalações,

condições ambientais e equipamentos).

Os resultados encontrados podem servir como elementos para uma análise

mais aprofundada quanto ao grau de humanização das condições de

trabalho na instituição IIER, no sentido de colaborar no desenvolvimento de

ações nesse campo pelo Núcleo de Humanização da instituição.

Descritores: Serviços de saúde, hospitais, cuidadores, condições de

trabalho, recursos em saúde.

Urbano, AS. Hospital Humanization: a study of the professional satisfaction

in regards to working conditions. Instituto de Saúde. Coordenação dos

Institutos de Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SP),

2004.

Keywords: Health services, hospitals, caretakers, working conditions, health

resources.

Abstract

The objective of this study was to identify the degree of satisfaction of the

professionals in regards to the humanization of the working conditions in the

Emilio Ribas Institute of Infectiology, to analyse the indicators with reference

to the degree of satisfaction in accordance with the main occupation, age and

length of employment in the institution, and to compare the results obtained

at the IIER with the results of the research of the professionals’ satisfaction,

promoted by the National Programme of Humanization on Hospital

Assistance (PNHAH).

A quantitative study was performed by applying an enquiry to a selective

sample of professionals from the IIER. The enquiry included questions for

defining the institution’s employees profiles and for building indicators to

assess the participants’ degree of satisfaction. The indicators that were built

referred to two axes: Quality of the working conditions of the professionals

and Quality of the attendance conditions to the users. Within the findings, the

following stands out: the score of 0,58 for the general index of satisfaction of

the IIER professionals, which corresponds to a unsatisfactory level,

according to the references established by research promoted by the

PNHAH. A coincidence was noticed on the two researches with reference to

the indicators that reached the higher rates (working in a team, moral

ambiance, professional motivation, access and speed of attendance, and

quality of the information provided to the users, and quality of the relationship

between professionals and users) and lower ones (participation in the

hospital administration, working conditions and quality of the premises,

environmental and equipment conditions).

The results found may serve as elements for a deeper analysis as to the

degree of humanization of the working conditions in the IIER institution, in the

sense of collaborating in the development of actions in this field by the

Humanization Working group of the institution.

LISTAS DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS

QUADROS

Quadro 1. Categorias utilizadas para a quantificação das respostas à

questão 41, referente aos aspectos mencionados pelos profissionais como

determinantes principais do seu grau de satisfação.

Quadro 2. Categorias utilizadas para a quantificação das respostas à

questão 44, referente aos aspectos mencionados pelos profissionais como

prioridades de mudanças no hospital.

Quadro 3. Índice de satisfação dos profissionais.

Quadro 4. Distribuição dos eixos qualidade das condições de trabalho e

qualidade de atendimento oferecido aos usuários, segundo a variação dos

casos válidos no IIER.

Quadro 5. Média do índice de satisfação total dos profissionais do IIER para

o eixo qualidade das condições de trabalho hospitalar e respectivos limites

dos intervalos de confiança (95%).

Quadro 6. Média do Índice de satisfação total dos profissionais do IIER

quanto às dimensões das condições de trabalho e os respectivos limites dos

intervalos de confiança (95%).

Quadro 7. Média do Índice de satisfação total dos profissionais do IIER para

o eixo qualidade das condições de atendimento oferecido aos usuários e os

respectivos limites dos intervalos de confiança (95%).

Quadro 8. Aspectos mencionados pelos profissionais como determinantes

principais do seu grau de satisfação em trabalhar no IIER.

Quadro 9. Aspectos mencionados pelos profissionais, quanto às mudanças

que realizariam no IIER.

Quadro 10. Índice de satisfação geral dos profissionais estudados no IIER e

na pesquisa promovida pelo PNHAH/MS (médias).

Quadro 11. Distribuição dos indicadores, conforme os eixos Qualidade das

condições de trabalho e Qualidade do atendimento oferecidos aos usuários

no IIER e PNHAH (médias).

TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos hospitais pesquisados pelo PNHAH, segundo a

sua natureza e região.

Tabela 2. Distribuições das ocorrências atendidas no ano de 2003 no IIER.

Tabela 3. Composição da população estudada e da amostra sorteada,

segundo as categorias profissionais do IIER.

Tabela 4. Distribuição numérica e percentual, segundo ocupação principal da

amostra sorteada e dos questionários devolvidos.

Tabela 5. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER, de

acordo com o sexo e faixa etária.

Tabela 6. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER,

segundo o grau de escolaridade.

Tabela 7. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER,

segundo o tempo serviço.

Tabela 8. Distribuição numérica e percentual dos profissionais pesquisados,

segundo ocupação principal e faixa etária.

Tabela 9. Índice de satisfação total dos profissionais do IIER, segundo

ocupação principal (médias).

Tabela 10. Distribuição numérica e percentual do índice de satisfação pelas

faixas ou quintis, segundo a ocupação principal.

Tabela 11. Distribuição numérica e percentual do índice de satisfação dos

profissionais do IIER, pelas faixas ou quintis, segundo a faixa etária.

Tabela 12. Distribuição numérica e percentual do índice de satisfação dos

profissionais do IIER, segundo o tempo de serviço.

Tabela 13. Índice de satisfação geral, segundo o grau de humanização

atribuído pelos profissionais do IIER.

FIGURAS

Figura 1. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER,

quanto ao número de setores em que já atuaram, excluído o setor atual.

Figura 2. O grau de satisfação atribuído pelos profissionais, segundo a

ocupação que exercem no hospital.

Figura 3. O grau de satisfação atribuído pelos profissionais, segundo o

tempo de serviço no IIER.

Figura 4. Distribuição dos indicadores, conforme os eixos qualidade das

condições de trabalho e qualidade do atendimento oferecido aos usuários no

IIER e PNHAH (médias).

Figura 5. Distribuição dos indicadores, conforme os eixos qualidade das

condições de trabalho e qualidade do atendimento oferecido aos usuários no

IIER e Região Sudeste II (médias).

Figura 6. Índice médio de satisfação dos profissionais do IIER e dos

profissionais da pesquisa promovida pelo PNHAH, segundo a ocupação

principal (médias).

SUMÁRIO

1. Introdução 16

1.1. Saúde: um direito universal 16

2. O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar

(PNHAH) 23

2.1. O desenvolvimento do Programa Nacional de Humanização da

Assistência Hospitalar (PNHAH) 25

2.1.1. O PNHAH na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo 25

2.1.2. A pesquisa de Satisfação do Usuário e dos profissionais de Saúde,

realizada pelo PNHAH 28

3. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) 30

3.1. As atribuições do Instituto de Infectologia Emílio Ribas 34

3.1.1. Assistência 34

3.1.2. Ensino 35

3.1.3. Pesquisa 36

4. Justificativa 37

5. Objetivos 38

6. Metodologia 38

6.1. A construção dos Indicadores de Satisfação 38

6.1.1. Plano Amostral 48

6.1.2. Procedimentos 51

6.1.3. Análise 53

6.1.4. Aspectos éticos 54

7. Resultados 55

7.1. Perfil dos Profissionais do IIER 55

7.1.1. Índice de Satisfação dos profissionais quanto à humanização das

condições de trabalho no IIER 59

7.1.2. Resultados gerais para os indicadores de humanização 63

7.1.3. Percepções dos profissionais sobre aspectos relevantes para a

humanização da assistência hospitalar 68

7.1.4. O grau de satisfação referido pelos profissionais do IIER 72

8. Discussão 75

9. Considerações finais 85

10. Referências Bibliográficas 87

Anexo A: Questionário dos profissionais

Anexo B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

1. INTRODUÇÃO

1.1 Saúde: um direito universal

“A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visam à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”

(Constituição Federal, art.196)

No Brasil, nas décadas de 1970 e 1980, iniciaram-se os grandes

movimentos de redemocratização do país e a participação popular provocou

mudanças significativas na sociedade brasileira. Entre outros movimentos,

destacou-se o Movimento da Reforma Sanitária na área da saúde, que teve

como princípio uma crítica ao modelo de saúde restrito à dimensão biológica

e individual; sua meta era o reconhecimento da saúde enquanto direito

social universal. A crise econômica e a pauperização dos trabalhadores

criaram, também, condições para a organização da sociedade para lutar por

melhores condições de vida e de saúde, incluindo o acesso a serviços

públicos suficientes e de qualidade (Martinelli, 1993; Sposati et al., 1995;

Vasconcelos, 2003).

A partir da VIII Conferência Nacional de Saúde (1986), a sociedade

mobilizou-se pela redemocratização do país e o pensamento do Movimento

Sanitário foi sistematizado com o lema de Alma Ata (1978)1 “Saúde para

Todos”. Assim, foi assegurado na Carta Constitucional de 1988 um novo

modelo de atenção à saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS)

(Vasconcelos, 2003).

1 Alma Ata - Conferência Internacional, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que apresentou 22 recomendações sobre os cuidados primários de saúde.

16

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o tripé constitutivo da

seguridade social, composto por: Saúde, Assistência e Previdência Social. A

saúde está destacada nos artigos 196 a 200, que garantiu a todos os

cidadãos o direito à saúde. No artigo 200, os incisos II e III atribuem ao SUS

a execução das ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as

ações de saúde do trabalhador e formação de recursos humanos na área da

saúde (Brasil, 1988, Sposati et al,1995). O SUS foi consolidado pela Lei

8.080 de 1990 e regulamentado pela Lei 8.142 do mesmo ano. Seus

princípios doutrinários são: a universalidade, a integralidade e a eqüidade; e

as diretrizes que regem a sua organização são: a regionalização e

hierarquização, a resolutividade, a descentralização, a participação dos

cidadãos e a complementaridade do setor privado (Almeida et al, 2001).

Os princípios que regem o SUS também expressam a essência da

humanização, porque legitimam direitos e deveres partilhados e a

possibilidade de uma condição cidadã do sujeito em um prisma ampliado de

política de saúde. De acordo com Puccini:

“[....] não há futuro para o SUS sem a presença ativa dos interessados na transformação da saúde em direito social. [....] O fundamental é a elevação da saúde de questão social à qualidade de direito, é o SUS como política e não como sistema” (Puccini, 2002, p.44,45).

A busca da qualidade dos serviços é algo que precisa ser contínua, e

toda empresa de caráter público ou privado tem a obrigação de preservar o

interesse público. O Estado, enquanto gestor das políticas públicas, deve

enfatizar a qualidade na atenção à saúde.

Ainda persiste a precariedade no funcionamento e na qualidade da

prestação de serviços de saúde e na assistência aos usuários. Em geral

encontramos, nos serviços de saúde, os usuários despidos de sua

cidadania, desrespeitados em suas necessidades e possuidores apenas de

uma cidadania tutelada, que lhes tira o direito de serem os sujeitos e

protagonistas das questões relacionadas com a sua condição de saúde.

17

É importante a participação dos usuários no exercício do controle

social2 das políticas públicas implementadas pelo Estado, para garantir

medidas eficientes para a qualidade do atendimento e para as boas

condições de trabalho do profissional da saúde.

Uma das características atuais da assistência à saúde é a supremacia

do fenômeno biológico, a dessubjetivação das práticas e de seus atores

sociais.

“Os grandes avanços científicos e técnicos no campo das ciências experimentais aplicadas à medicina e às ciências da saúde em geral vêm trazendo uma série de transformações nesses campos. O processo de desumanização é uma das conseqüências do divórcio entre a medicina e as humanidades que ocorreu principalmente a partir de fins do século XIX. [....] As causas das doenças, portanto, deveriam ser buscadas não apenas no órgão ou mesmo no organismo enfermo mas também e principalmente no que há de essencialmente humano no homem: a alma; esse componente espiritual que distingue o homem dos outros organismos vivos do planeta. [....] curar não era uma operação meramente técnica, mas fundamentalmente humano-científica” (Gallian, 2003, p. 06).

A visão positivista amparou a medicina científica e outras disciplinas,

que ficaram centradas na doença (objeto); nessa visão, o doente é

despersonalizado, objeto de manipulação do profissional (Boltanski, 2004;

Blasco, 2004; Deslandes, 2004). O profissional da saúde foi ensinado a fazer

um recorte do indivíduo e o fenômeno biológico é a peça principal. O saber

técnico arraigado pela formação pautada na fragmentação e

compartimentalização do homem não consegue ampliar o conhecimento a

ponto de perceber que não é o objeto o cerne do seu trabalho, mas o sujeito

inteiro. Campos (2003) pontua o mecanicismo e a unilateralidade da

abordagem ao paciente: “aborda-se mais a doença do que o indivíduo, e

2 O controle social dá-se mediante os Conselhos de Saúde, órgão permanente de caráter deliberativo,onde os usuários têm representação paritária em relação aos representantes do governo/prestadores de serviço e profissionais de saúde.

18

mesmo quando este é considerado, pensa-se em um indivíduo fragmentado”

(p.05).

Nogueira-Martins-MCF (2002) também ressalta que, em razão do

acelerado processo de desenvolvimento tecnológico em medicina, a

singularidade do paciente - emoções, crenças e valores - ficou em segundo

plano, sua doença passou a ser objeto do saber reconhecido

cientificamente. O ato médico, portanto, se desumanizou. No mesmo

processo, ocorreram transformações na formação médica, cada vez mais

especializada, e nas condições de trabalho, restringindo a disponibilidade do

médico tanto para o contato com o paciente quanto para a busca de

formação mais abrangente.

A assistência à saúde, que antigamente se caracterizava como

atividade artesanal, foi progressivamente se transformando, no sistema de

produção capitalista, em uma mercadoria socialmente valorizada,

coisificando o trabalho em saúde. Os profissionais passaram a se submeter

às regras desse sistema, desenvolvendo suas atividades de trabalho em

serviços públicos (estatais) e em serviços privados. Dessa forma, foram

submetidos às regras impostas aos demais trabalhadores de qualquer

empresa capitalista: instabilidade no emprego, ritmo intenso de trabalho,

jornadas de trabalho prolongadas (Nascimento Sobrinho et al, 2004).

Na sociedade capitalista, o trabalho em saúde sofreu divisão na sua

organização, dando origem a dois modelos distintos: o modelo

epidemiológico ou coletivo, cuja finalidade é o controle das doenças no

âmbito coletivo; e o modelo individual ou clínico, que tem como preocupação

fundamental a recuperação da força de trabalho individual. O hospital é

espaço privilegiado de domínio do modelo clínico (Santos e Araújo, 2003).

No que tange à história da instituição hospitalar, Pitta (1994) faz uma

síntese:

“Da profana incumbência de seqüestrar pobres,

moribundos, doentes e vadios do meio social,

escondendo o incômodo e disciplinando os corpos

e guardando-os até a morte, à nobre função de

19

salvar vidas, o hospital tem percorrido um

caminho complexo e tortuoso em busca do

tecnicismo científico adequado às suas novas

funções” (p. 39).

No hospital moderno, a organização do trabalho dá-se de forma

piramidal. As tarefas auxiliares são, em geral, as mais intensivas, repetitivas

socialmente e as menos reconhecidas financeiramente. Separa-se, assim, o

trabalho de concepção e o de execução das tarefas. Além desse aspecto,

deve-se levar em conta a necessidade de funcionamento diuturno, o que

leva ao regime de plantões, fator amplamente discutido como fonte de

muitos problemas de saúde para os trabalhadores (Santos e Araújo, 2003).

As características psicológicas da tarefa assistencial são importantes

quando pensamos nos serviços de saúde. A tarefa profissional em saúde,

como qualquer outra atividade ocupacional, apresenta características

estressantes e gratificantes. O resultado final depende da interação que se

dá entre o trabalhador (o indivíduo) e as características específicas do

trabalho desenvolvido (natureza, local, condições físicas, remuneração). Há,

como regra geral, no trabalho assistencial em saúde, a exposição a

situações que geram estresse psicológico nos trabalhadores devido, entre

outros fatores, ao contato íntimo com pessoas doentes. No sistema público

de atenção à saúde, a somatória de um crescente volume de pacientes com

precárias condições de trabalho tem gerado situações de insatisfação e

desgaste tanto nos profissionais como nos usuários, levando por vezes a

situações de franca hostilidade por parte dos pacientes e familiares. O

contato direto com seres humanos coloca o profissional diante de sua

própria vida, saúde ou doença, dos próprios conflitos e frustrações. Se ele

não tomar contato com esses fenômenos correrá o risco de desenvolver

mecanismos rígidos de defesa, que podem prejudicá-lo tanto no âmbito

profissional como no pessoal. O médico e os outros profissionais da saúde

submetem-se, em sua atividade, a tensões provenientes de várias fontes:

20

contato freqüente com a dor e o sofrimento, com pacientes terminais, receio

de cometer erros, contato com pacientes difíceis (Nogueira-Martins, 2002).

No tocante aos serviços de saúde, é de grande importância o aspecto

comunicacional. Refletindo sobre o que seria o “humano”, Betts (2003)

pontua que seria o efeito da combinação de três elementos: a materialidade

do corpo, a imagem do corpo e a palavra que se inscreve no corpo. O que

diferencia o ser humano da natureza e dos animais é que seu corpo

biológico é capturado desde o início numa rede de imagens e palavras,

apresentadas primeiro pela mãe, depois pelos familiares e, em seguida pelo

social. É por meio desse banho de imagem e de linguagem que se vai

moldando o desenvolvimento do corpo biológico, transformando-o num ser

humano, com um estilo de funcionamento e modo de ser singulares. O fato

de sermos dotados de linguagem torna possível para nós a construção de

redes de significados, que compartilhamos em maior ou menor medida com

nossos semelhantes. É neste movimento de socialização contínua que

ocorre a construção da identidade cultural. Em função da dinâmica de

combinação desses três elementos, somos capazes de transformar imagens

em obras de arte, palavra em poesia e literatura, sons em fala e música,

ignorância em saber e ciência. Somos capazes de produzir cultura e, a partir

dela, intervir e modificar a natureza. Podemos, assim, transformar doença

em saúde, alienação em esclarecimento e consciência e,

conseqüentemente, em participação.

Betts (2003) completa que sem comunicação não há humanização. A

humanização depende da nossa capacidade de falar e ouvir, pois as coisas

do mundo só se tornam humanas quando passam pelo diálogo com os

nossos semelhantes. A comunicação permite a troca, o encontro, o

entendimento entre os homens e o reconhecimento da alteridade e das

idiossincrasias dos sujeitos.

Esses temas são alguns dos que compõem o atual espectro das

publicações relacionadas com a humanização em saúde, juntamente com

estudos sobre a qualidade da atenção ao usuário, a adesão ao tratamento,

os modelos de gestão do trabalho em saúde.

21

Porém, conforme Deslandes (2004), o termo “humanização” é

utilizado para um grande conjunto de iniciativas,

“mas não possui uma definição mais clara, geralmente designando a forma de assistência que valoriza a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e cultura, além do reconhecimento do profissional.” (p. 01)

A autora considera que a humanização, ainda que um termo mal

definido e sujeito a controvérsias,

“se constitui um novo campo de possibilidades: tanto para o aumento da qualidade da assistência quanto para uma nova ordem relacional, pautada no reconhecimento da alteridade e no diálogo” (p. 03).

São variadas as concepções de humanização, traduzindo-se em

diferentes proposições: melhorar a relação médico-paciente; organizar

atividades de convívio e atividades lúdicas (brinquedotecas, atividades

ligadas às artes plásticas, à música, ao teatro); implementar novos

procedimentos na atenção psiquiátrica, na realização do parto (parto

humanizado), na atenção ao recém-nascido (Programa Mãe-Canguru);

amenizar as condições do atendimento aos pacientes em regime de terapia

intensiva (Puccini, 2004; Nogueira-Martins, 2002). A presença de

acompanhantes nas internações também tem sido considerada uma medida

de humanização. O Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza aos

estabelecimentos de saúde o direito à permanência de um dos pais ou de

um responsável durante o período de internação da criança ou adolescente;

da mesma forma o Estatuto do Idoso, que assegura a permanência de um

responsável durante a sua internação.

O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar

(PNHAH) foi uma iniciativa do Ministério da Saúde no sentido de organizar

elementos e propostas até então esparsos.

22

2. O Programa Nacional de Humanização da Assistência

Hospitalar (PNHAH)

Humanização, enquanto ação programática, alcançou maior destaque

no ano de 2000, quando o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional

de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH, com o objetivo de

“promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil”

(Ministério da Saúde, 2001, p 09). As discussões sobre o tema tomam,

então, grande amplitude, principalmente no que diz respeito à qualidade do

atendimento. Apesar de ser possível identificar que o movimento de

Humanização existe há mais de 10 anos nos serviços de saúde, foi o

PNHAH que sistematizou e orquestrou as ações humanizadoras 3

“Humanização em saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano. Humanizar é adotar uma prática em que os profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. [....] Humanizar refere-se, portanto, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido e de reconhecimento dos limites” (Ministério da Saúde, 2001, p 52).

O PNHAH surgiu de um diagnóstico, realizado pelo Ministério da

Saúde, de insatisfação dos usuários no que dizia respeito à qualidade do

atendimento que recebiam, principalmente no tocante aos aspectos do

relacionamento com os profissionais de saúde.

3 Em 2003, o PNHAH foi substituído pela Política Nacional de Humanização, conhecido como “Humaniza SUS”, que é uma transversalização das ações de humanização no campo da saúde.

23

Conforme Deslandes (2004), o PNHAH constitui uma política

ministerial bastante singular se comparada a outras do setor, pois se destina

a promover uma nova cultura de atendimento à saúde. Segundo a autora,

esse conjunto de iniciativas dá voz a demandas antigas na saúde:

- pela democratização das relações que envolvem o atendimento;

- por maior diálogo e melhoria da comunicação entre profissional de

saúde e paciente;

- pelo reconhecimento das expectativas dos próprios profissionais e

dos pacientes, como sujeitos do processo terapêutico.

O PNHAH tenta ultrapassar a dicotomia biomédico/psicossocial,

propondo o oferecimento de atendimento de qualidade, articulando os

avanços tecnológicos com o bom relacionamento. Vale aqui lembrar Merhy

et al. (1997), quando pontuam que a boa administração de relacionamentos

também é uma tecnologia; seria uma “tecnologia leve”, dizendo respeito à

produção de vínculos, acolhimento e de formas de gestão do cuidado.

O PNHAH propõe que, para a humanização da assistência, é

necessário cuidar dos próprios profissionais da área da saúde, constituindo

equipes de trabalho saudáveis.

O PNHAH também propõe um cuidado com a formação dos

profissionais, ao reconhecer que muitas das dificuldades de interação são

devidas a uma falha na formação dos profissionais, restrita ao modelo

biomédico. Conforme Deslandes (2004), um investimento sério na formação

(inclusive desde a graduação) pode fortalecer idéias outrora consideradas

utópicas ou fora do âmbito e do papel da assistência.

24

2.1. O desenvolvimento do Programa Nacional de

Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH)

Em maio de 2000, o MS implementou o projeto piloto com objetivo de

diagnosticar as iniciativas humanizadoras existentes nos hospitais do Brasil.

A pesquisa foi realizada em dez hospitais de diferentes perfis, distribuídos

em várias regiões do Brasil. Cinco meses de trabalho resultaram em um

extenso material que subsidiou a elaboração do Programa. O resultado foi

um número significativo de ações humanizadoras em andamento nos

hospitais (Ministério da Saúde, 2001).

Depois da realização do projeto piloto, a implantação ocorreu em 96

hospitais; a primeira fase aconteceu no período de maio de 2001 a abril de

2002 e a segunda ocorreu em maio de 2002. Foi formado um Comitê

Técnico responsável pelo desenvolvimento do Programa, composto por

cinco (05) profissionais da área de Saúde Mental (Ministério da Saúde, 2001,

Ministério da Saúde, 2002). Durante o ano de 2002, o Comitê Técnico

realizou Encontros para a Formação de Grupos de Trabalho de

Humanização (GTH), e trabalhou com representantes de 40 hospitais da

rede pública, com o objetivo de formar o GTH de cada hospital.

Esse trabalho foi desenvolvido pelo Grupo de Multiplicadores,

contratado pelo Ministério da Saúde, distribuído por todas as regiões do

Brasil. O Grupo Multiplicador teve como objetivo difundir essa nova cultura

de atendimento humanizado.

Os objetivos do Programa foram:

- "Fortalecer e articular todas as iniciativas de humanização já

existentes na rede hospitalar pública;

- Melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos

usuários da rede hospitalar brasileira credenciada ao SUS;

25

- Modernizar as relações de trabalho no âmbito dos hospitais

públicos, tornando as instituições mais harmônicas e solidárias, de

modo a recuperar sua imagem pública junto à comunidade;

- Capacitar os profissionais dos hospitais para um novo conceito de

atenção à saúde que valorize a vida humana e a cidadania;

- Conceber e implantar novas iniciativas de humanização nos

hospitais que venham a beneficiar os usuários e os profissionais

de saúde;

- Estimular a realização de parcerias e trocas de conhecimentos e

experiências nesta área;

- Desenvolver um conjunto de indicadores/parâmetros de resultados

e sistema de incentivos ao tratamento humanizado;

- Difundir uma nova cultura de humanização na rede credenciada ao

SUS” (Ministério da Saúde, 2001, p.14).

Os públicos alvos do PNHAH foram as Secretarias Estaduais e

Municipais de Saúde e os Hospitais da rede pública de saúde de todo o país.

2.1.1. O PNHAH na Secretaria de Estado da Saúde de São

Paulo

O Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo, implementou o PNHAH em agosto de 2001. A equipe

técnica foi instalada na Coordenação dos Institutos de Pesquisa (CIP) e

contou com a colaboração das Coordenadorias da Grande São Paulo, do

Interior e de Recursos Humanos. Foram definidos como seus objetivos:

- Estimular a criação ou apoiar a consolidação dos Núcleos de

humanização nos hospitais;

- Integrar trabalhos existentes;

- Ampliar espaço de interlocução entre profissionais e usuários;

- Diagnosticar situações institucionais de fragilidade;

26

- Propor e orientar ações conforme demandas locais (Coordenação

dos Institutos de Pesquisa,2004).

Em 2002, a equipe técnica promoveu encontros mensais com objetivo

de promover discussão sobre o tema humanização, com aulas teóricas e

supervisões em pequenos grupos, com a participação de diversos hospitais

e outras instituições envolvidas.

As aulas teóricas abordaram temas como: gestão do SUS, aspectos

psíquicos nas relações profissionais, conceito de humanização, formação de

grupo e trabalho interdisciplinar. Nas supervisões foi utilizada técnica de

dinâmica grupal para a realização de discussões sobre os conteúdos das

aulas teóricas, a realidade de cada hospital e a formação do Grupo de

Trabalho de Humanização (GTH) em cada instituição (Nogueira-Martins-

MCF, 2003).

As atividades previstas para o GTH desenvolver nos hospitais eram:

estabelecer fluxo de propostas entre os vários setores do hospital; estimular

iniciativas de humanização; constituir-se como instrumento de integração e

propiciar a melhoria das relações institucionais.

O Instituto de Infectologia Emilio Ribas (IIER) selecionou quatro

profissionais que participaram das atividades desenvolvidas pela equipe

técnica. Esse grupo denominou-se Núcleo de Humanização do IIER. Seu

trabalho tem com objetivo refletir sobre o tema da humanização e sobre a

problemática dos profissionais e usuários frente aos serviços prestados pela

instituição. O público alvo é: “todo funcionário da instituição em suas

diversas categorias e funções, cujo foco do trabalho seja aquele diretamente

ligado ao atendimento e à assistência ao usuário” 4.

4 Projeto de Implementação do Núcleo de Humanização do IIER, 2004

27

2.1. 2. A Pesquisa de Satisfação do Usuário e dos Profissionais de

Saúde realizada pelo PNHAH

Entre novembro de 2001 e janeiro de 2002 o PNHAH realizou a

Pesquisa de Satisfação do Usuário e dos Profissionais de Saúde em 96

hospitais da rede SUS.

Tal pesquisa, realizada nos 96 hospitais participantes da primeira fase

do PNHAH, configurou-se como um levantamento de dados, de caráter

descritivo e predominantemente quantitativo, sobre o grau de satisfação de

profissionais e usuários quanto à humanização da assistência hospitalar

(Ministério da Saúde, 2002). Para a coleta dos dados foram elaborados dois

questionários, um para os profissionais e outro para os usuários. Os dados

coletados permitiram a construção de um índice de satisfação dos

profissionais e dos usuários.

A Tabela 1, a seguir, apresenta a distribuição dos hospitais

pesquisados pelo PNHAH/MS, segundo a sua natureza e região.

28

Tabela 1. Distribuição dos hospitais pesquisados pelo PNHAH, segundo a

sua natureza1 e região2

Região Natureza dos hospitais

Norte Nordeste Sudeste I Sudeste II Sul Centro-

Oeste Total

Municipal 3 3 3 1 1 2 13 Estadual 8 8 2 5 1 6 30 Federal - 1 6 - 4 - 11 Filantrópico 1 7 - 6 4 7 25 Universitário 1 3 2 4 5 2 17 Total 13 22 13 16 15 17 96 Fonte: Pesquisa de satisfação dos usuários e dos profissionais de saúde – PNHAH/MS, 2002 Nota 1 A classificação dos hospitais segundo a sua natureza obedeceu ao seguinte critério: Estadual - hospitais públicos estaduais, inclusive hospitais distritais; Municipal - hospitais públicos municipais; Federal - hospitais públicos federais; Filantrópico - hospitais privados sem fins lucrativos; Universitário – hospitais públicos federais ou estaduais com funções de ensino e pesquisa. 2 As regiões aqui referidas correspondem aos pólos de multiplicação do PNHAH. Os Estados (e respectivos hospitais) nelas incluídos são os mesmos da divisão oficial do país nas cinco grandes regiões, com duas exceções introduzidas para fins operacionais do PNHAH: o Estado de Minas Gerais, que foi incluído no pólo Centro-Oeste e o Estado de Tocantins, que foi incluído no pólo Norte. O pólo Sudeste I compreende os Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, e o pólo Sudeste II o Estado de São Paulo (congregando hospitais da capital e do interior desse Estado).

A proposta deste estudo, que se apresenta a seguir, foi realizar no

IIER a mesma pesquisa de satisfação feita pelo PNHAH, mas

exclusivamente com os profissionais, utilizando-se a mesma metodologia e

seus parâmetros.

29

3. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER)

No final do século XIX e início do século XX ocorreram mudanças

fundamentais para a reorganização do espaço urbano em São Paulo. Com a

expansão cafeeira e a chegada dos imigrantes, em especial dos italianos, o

crescimento da cidade foi cada vez mais evidente. O crescimento

desordenado trouxe consigo mudanças marcantes nas condições de saúde

pública da cidade (Almeida, 2003).

Nesse contexto, a contribuição dos higienistas foi bastante relevante

para a organização do espaço urbano, influenciando o cotidiano das

pessoas, que se alterou devido às medidas de higiene.

De acordo com Almeida (2003),

“O século XIX foi um momento de profundas

transformações do capitalismo ocidental, donde o

avanço imperial-colonialista, o crescimento de

pólos urbanos, o aumento do fluxo comercial e

imigratório trouxeram desafios epidêmicos que se

configuraram como objetos disputados das

pesquisas microbiológicas acerca de doenças

desconhecidas. Além disso, o quadro dramático e

assolador desse período, também contribuiu para

a afirmação das políticas de saúde pública

respaldadas por uma medicina social que se

firmou mais a partir de suas intervenções nos

espaços urbanos” (p. 46).

Nesse contexto político, econômico e social, a necessidade de

organização da cidade no que diz respeito ao controle das epidemias

(varíola, cólera, febre tifóide, febre amarela, peste bubônica, tuberculose,

lepra e alastrim) fez com que o governo assumisse, por meio do serviço

sanitário, medidas de controle sanitário como o arejamento das casas,

desinfecções, isolamentos e quarentenas (Almeida, 2003).

30

O Serviço Sanitário de São Paulo foi criado em 1891, substituindo a

Inspetoria de Higiene da Província do Período Imperial. A situação do

Serviço Sanitário era precária e funcionava com poucos recursos (Almeida,

2003).

“O Estado era dividido em quatro seções: Capital,

Santos, Campinas e as demais cidades, ‘as vilas’.

A capital comportava oito distritos, tendo cada um

deles um delegado de higiene, auxiliado por dois

fiscais desinfetadores. Acrescenta-se a isso o

quase esmagador índice de analfabetismo, uma

espécie de tradição fatalista mais ou menos

aceitadora de terríveis males, a falta de médicos,

enfermeiros e outros técnicos, a mística do

curandeirismo, a pobreza dos cofres do Estado e

dos municípios, a raridade de difíceis transportes

e comunicações” (Anonymus, p.05 ).

Em 1894 foi inaugurado o Hospital de Isolamento, hoje IIER, no

governo de Bernardino de Campos.

“Antes dessa época existia o atual pavilhão no 3,

pertencente à Municipalidade por ela construído

em 1880, sendo presidente o Dr. Antonio Prado.

Tinha esse pavilhão a denominação de Lazareto e

tratava somente doentes de varíola. Em 4 de julho

de 1892, o Governo do Estado fez a aquisição de

dois terrenos juntos a esse Lazareto. Em 1893,

começou a construção dos diversos pavilhões do

Hospital e depois de inaugurado foi o seu primeiro

Diretor o Dr.Coriolano Burgos que durante dois

anos dirigiu o estabelecimento” 7

31

Em 15 de abril de 1898 o Presidente do Estado de São Paulo, Peixoto

Gomide, nomeou o Dr. Emílio Ribas como Diretor do Serviço Sanitário.

Anteriormente ele havia atuado como inspetor sanitário nas regiões de Rio

Claro, Araraquara, Pirassununga, São Caetano, Jaú e Campinas. O Hospital

de Isolamento era conhecido como Hospital do Fundão, devido às suas más

condições de higiene, e o Dr. Emílio Ribas intercedeu junto ao governo para

que fossem tomadas providências para resolver esses problemas. Seu

trabalho no Serviço Sanitário estava voltado aos preceitos higiênicos, e

inclusive elaborou um livreto com 29 instruções a serem seguidas pelas

municipalidades e pelo povo (Almeida, 2003).

O Hospital de Isolamento estava localizado em uma colina

aproximadamente a seis quilômetros da cidade, o que dificultava o acesso

dos doentes e o controle de doenças, em especial da febre amarela que, na

época, estava em situação epidêmica. O hospital recebia aqueles que não

tinham condições higiênicas adequadas para se tratarem em casa. No caso

dos que tinham recursos, o Dr. Emílio Ribas recomendava que fosse

preparado um cômodo adequado em suas casas para tratamento de

eventual contaminação de moléstias transmissíveis. Ao mesmo tempo, o

regulamento sanitário previa que os hospitais poderiam receber doentes que

exigiam quartos separados dos demais doentes pobres. O hospital recebia

esses “doentes de classe” e os colocava no pavilhão especial, com a

presença de acompanhantes (Almeida, 2003).

Em 1932, o Hospital passou a se chamar Hospital Emílio Ribas em

homenagem ao ex-diretor do Serviço Sanitário do Estado.

Em 1991, a denominação do Hospital Emílio Ribas passou a ser

Instituto de Infectologia Emílio Ribas, com uma tríade de atribuições:

assistência, ensino e pesquisa (Instituto de Infectologia Emílio Ribas,2003).

Atualmente atende um número significativo de pessoas acometidas de

doenças de notificação compulsória, tais como: difteria, febre tifóide, febre

amarela, varíola, sarampo, meningite, tuberculose, HIV/Aids e outras de

7 Relatório apresentado ao Dr. Artur Neiva (Diretor do Serviço Sanitário) pelo Dr. Vitor Godinho, Diretor do Hospital de Isolamento, São Paulo, 1916. Acervo do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas.

32

caráter infecto-contagioso. Hoje é reconhecido como um Centro de

Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias da América Latina.

O Instituto de Infectologia Emílio Ribas está no local há mais de 120

anos e hoje a colina afastada foi invadida pelo asfalto, pelos prédios e

avenidas.

33

3.1. As atribuições do Instituto de Infectologia Emílio Ribas

3.1.1 Assistência

O IIER é constituído pelos principais setores:

Ambulatório Geral que atende, em média, 4.465 usuários/mês8, de 2a à 6a

feira, das 7:00 às 20:00h. A estrutura física compreende: guichê de

recepção, 12 consultórios (criança/adolescentes, adultos e idosos), área de

coleta, sala de enfermagem, consultório odontológico e serviço social. No

ambulatório atuam médicos, assistentes sociais, enfermeiros, nutricionistas,

psicólogos, auxiliares de enfermagem, terapeutas ocupacionais,

fonoaudiólogos e odontólogos, distribuídos nos períodos da manhã e da

tarde.

Ambulatório de Especialidade que atende, em média, 1.218 usuários/mês,

por meio de consultas e procedimentos especializados de

otorrinolaringologia, proctologia, hematologia, dermatologia, psiquiatria,

neuropediatria, neurocirurgia, pneumatologia, ginecologia e oftalmologia.

Internação, que ocorre mediante o encaminhamento do Pronto-Socorro.

São internados mensalmente 205 usuários, distribuídos em oito andares,

incluindo uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com 17 enfermarias e 25

leitos. As unidades de internação do 2o, 3o e 4o andares atendem crianças,

adolescentes e adultos. Nos demais andares são atendidos somente

adultos. Os profissionais que atuam nesse setor são: assistentes sociais,

médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais,

enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Outros profissionais atuam durante

a internação com inter-consultas. Durante a internação os usuários recebem

a visita de grupos de voluntários que realizam atividades lúdicas e artísticas,

além das Capelanias, que oferecem conforto àqueles que procuram o apoio

espiritual.

8 Fonte: Seção de Coleta e Classificação de Dados do IIER (S.A..M.C.C.D), Exercício 2003.

34

A Tabela 2 apresenta o número de atendimentos realizados no ano de 2003.

Tabela 2. Distribuições das ocorrências atendidas no ano de 2003 no IIER.

PATOLOGIA AIDS. OUTRAS TOTAL Criança* Adulto Criança* Adulto Criança* Adulto INTERNAÇÕES 214 1312 344 599 558 1911

ALTAS 207 1038 330 556 537 1594 ÓBITOS 10 273 16 55 26 328

*Até 12 anos incompletos. Fonte: Seção de Coleta e Classificação de Dados - S.A.M.C.C.D.

Pronto-Socorro, que está situado no andar térreo do prédio da internação.

Atende em média 2.602 usuários/mês, com funcionamento de 24 horas.

Diversas são as patologias de notificação compulsória atendidas, e as que

mais aparecem são: Aids, meningocococemia, outras meningites,

leptospirose, hepatites, pneumonia, tuberculose, HTLV, entre outras.

Hospital-Dia, que está localizado no 2o andar do prédio da internação.

Atende em média 903 usuários/mês, de 2a à 6a feira, das 7:00h às 20:00h.

Os usuários comparecem ao hospital para tomar sua medicação e retornam

às suas residências, ao invés de ficarem hospitalizados.

3.1.2 Ensino O IIER configura-se um hospital escola, pois recebe residentes,

acadêmicos, internos, aprimorandos, estagiários e auxiliares de enfermagem

de diversas cidades do país e também de outros países. O ensino é uma

das atividades que possibilita a capacitação de novos especialistas em

doenças infecciosas e parasitárias.

Segundo os dados fornecidos pela Divisão Científica do IIER, no ano

de 2003 o Instituto recebeu: 46 médicos residentes, 10 aprimorandos

(enfermagem, psicologia, análises clínicas e epidemiologia); 2.224 da área

de enfermagem (técnico de enfermagem, universitário e auxiliar de

enfermagem). Outras atividades de estágio foram realizadas nas áreas de:

fisioterapia (58/ano); fonoaudiologia (13/ano); laboratório (16/ano); nutrição

35

(02/ano); patologia clínica (06/ano); odontologia (23/ano); psicologia

hospitalar (94/ano); radiologia (05/ano); serviço social (05/ano); terapia

ocupacional (06/ano); arte-terapia (02/ano); administração hospitalar

(01/ano) e tomografia computadorizada (01/ano).

O IIER está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Infecções

e Saúde Pública da Coordenação dos Institutos de Pesquisa da Secretaria

de Estado da Saúde de São Paulo, e recebe anualmente profissionais de

diversas áreas para Mestrado e Doutorado.

A residência médica é considerada fundamental para o hospital e

existe desde 1968. Foi oficializada em 1971, quando foi credenciada pelo

Ministério da Saúde. Na medida em que a residência foi se consolidando no

hospital, o IIER voltou-se para o ensino e, com isso, a pesquisa começou a

ocupar um lugar privilegiado e passou a ocorrer de maneira mais organizada

(Brasil, Medicina, 1986).

3.1.3 Pesquisa O IIER realiza pesquisas em diversas áreas. De acordo com a Divisão

Científica9, 73 protocolos de pesquisas foram encaminhados para

apreciação da Divisão no ano de 2003. Estudos considerados de relevância

para a sociedade e para a instituição são aprovados e o processo é

acompanhado pelo Comitê de Ética da instituição.

9 Fonte: Diretoria da Divisão Científica do IIER, 2003.

36

4. JUSTIFICATIVA

O presente estudo surgiu da inquietação da pesquisadora sobre o

tema da humanização no ambiente hospitalar.

O crescimento e o avanço tecnológico vêm impondo, muitas vezes, a

racionalidade sobre o espírito humanístico e a deterioração das relações

sociais. O ser humano tem buscado o imediatismo, as soluções

consideradas concretas, sem dar-se conta, muitas vezes, do que está por

trás do visível.

Trabalhar no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, que tem no seu

histórico o isolamento a que eram submetidos os pacientes em prol da cura

da enfermidade, e o desprendimento dos profissionais que residiam no

hospital para evitar a propagação das doenças, fez com que meu interesse

se voltasse para o profissional inserido nessa instituição centenária.

Atuando como assistente social, pude observar as dificuldades dos

profissionais em exercer suas funções, diante das limitações institucionais e

das condições precárias em que os usuários se encontram quando buscam

o serviço. Nesse contexto é que procurei identificar quais as fragilidades das

condições de trabalho na instituição, considerando que os indicadores

construídos poderão ser importantes para o planejamento de ações

humanizadoras a serem desenvolvidas pela instituição.

37

5. OBJETIVOS

• Identificar o grau de satisfação dos profissionais quanto à

humanização das condições de trabalho no IIER;

• Analisar os indicadores, referentes ao grau de satisfação, segundo

a ocupação principal, faixa etária e tempo de serviço na instituição;

• Comparar os resultados obtidos no IIER com os resultados da

pesquisa de satisfação dos profissionais, aplicada pelo PNHAH/Ministério da

Saúde (média geral do PNHAH e média dos hospitais da Região Sudeste II).

6. METODOLOGIA

Realizou-se um estudo quantitativo, por meio de um inquérito, com os

profissionais do IIER. O inquérito incluía questões para o delineamento do

perfil dos funcionários da casa e para a construção de indicadores de

aferição do grau de satisfação dos participantes, considerando a satisfação

como um evento qualitativo a ser mensurado. Segundo Pereira (1999),

"o dado qualitativo é a representação simbólica atribuída a manifestações de um evento qualitativo. O dado qualitativo é uma forma de quantificação do evento qualitativo que normatiza e confere um caráter objetivo à sua observação. Nesse sentido, constitui-se em alternativa à chamada pesquisa qualitativa, que também ocupa da investigação de eventos qualitativos mas com referenciais teóricos menos restritivos e com maior oportunidade de manifestação para a subjetividade do pesquisador" (p. 21 e 22).

Os indicadores usados neste trabalho para medir o grau de satisfação

dos profissionais do IIER foram extraídos da pesquisa do PNHAH. Optou-se

pela utilização da mesma metodologia, com a finalidade de se construir os

mesmos indicadores e, por conseguinte, ter um referencial para estabelecer

38

comparações. Considerou-se que o estudo realizado pelo MS, por sua

abrangência, validou a metodologia proposta para a mensuração do grau de

satisfação dos profissionais de instituições hospitalares quanto à

humanização das condições de trabalho e, assim, pode ser adotado como

um padrão de referência.

6.1. A construção dos Indicadores de Satisfação

O questionário era auto-aplicável e composto por 42 questões

fechadas e duas questões abertas que se desdobravam em 113 variáveis,

conforme Anexo A. A primeira parte continha questões referentes a

características individuais como sexo, faixa etária, grau de instrução, tempo

de serviço, regime de trabalho, turno, contrato de trabalho, ocupação

principal, setores de trabalho, setores em que já trabalharam, público que

atendem e outros vínculos empregatícios.

A segunda parte abrangeu questões sobre condições de trabalho dos

profissionais e condições de atendimento oferecido aos usuários. Nesta

parte, os respondentes eram solicitados a apontar o seu grau de satisfação

(em escalas de avaliação predefinidas) em relação a uma série de variáveis

distribuídas em dez blocos de indicadores de humanização previamente

definidos, o que propiciou a construção de um Índice de Satisfação dos

Profissionais do IIER.

As etapas para a construção desse Índice de Satisfação dos

Profissionais foram definidas pela equipe responsável pela pesquisa do

PNHAH do MS. As questões fechadas, excluídas aquelas referentes à

caracterização dos respondentes, foram divididas para compor os dez

indicadores. Os cinco primeiros indicadores compõem o eixo Qualidade das

condições de trabalho hospitalar disponíveis para os profissionais e os cinco

indicadores seguintes compunham o outro eixo do estudo, que era a

Qualidade das condições de atendimento oferecido aos usuários.

A definição e organização das variáveis em indicadores e eixos, para

compor um índice de satisfação, derivaram da concepção que o PNHAH

tinha de humanização. A humanização deve ter um caráter transversal e

39

está vinculada a um conjunto de condições e relações relacionadas ao

processo de trabalho e ao atendimento hospitalar; assim, humanizar o

atendimento hospitalar pressupõe melhorar a qualidade dos serviços de

saúde, integrando os avanços técnico-científicos da medicina, os avanços

derivados das novas técnicas de administração hospitalar e os avanços

derivados da adoção de uma ética universalista de atendimento

humanizado, fundada no respeito à singularidade das necessidades dos

usuários e dos profissionais (Ministério da Saúde, 2002).

O eixo Qualidade das condições de trabalho hospitalar é composto

pelos indicadores (1) Participação dos profissionais na gestão; (2)

Comunicação na instituição; (3) Trabalho em equipe; (4) Condições de

trabalho dos profissionais; (5) Clima moral e motivação profissional. Os

indicadores (6) Qualidade das instalações, condições ambientais e

equipamentos para o atendimento; (7) Acesso e presteza no atendimento;

(8) Qualidade da informação fornecida; (9) Relacionamento entre

profissionais e usuários e (10) Comunicação de queixas e sugestões pelos

usuários, compõem o eixo Qualidade das condições de atendimento

oferecido aos usuários.

No final do questionário, as duas questões abertas abriam espaço

para que os pesquisados falassem sobre aspectos por eles percebidos como

positivos ou negativos no hospital. As perguntas solicitavam que o

profissional apontasse seus principais motivos de satisfação por trabalhar no

hospital e os aspectos que ele mudaria no hospital.

Os conteúdos das respostas oferecidas pelos pesquisados às

questões abertas foram sistematizados e categorizados, utilizando-se as

mesmas categorias definidas na pesquisa do PNHAH. Da mesma forma, as

principais categorias de respostas foram quantificadas. Isso permitiu ampliar

a análise dos dados referentes aos índices de satisfação.

Os Quadros 1 e 2 apresentam as categorias adotadas na pesquisa do

PNHAH para o estudo das perguntas abertas.

40

Quadro 1 – Categorias utilizadas para a quantificação das respostas à questão 41, referente aos aspectos mencionados pelos profissionais como determinantes principais do seu grau de satisfação no hospital.

Categorias Poder atender pessoas que não dispõem de recursos e que necessitam de tratamento (exercer a profissão com espírito solidário) Exercer a atividade técnica para a qual se sente vocacionado (gosto pela profissão) Trabalhar em uma equipe qualificada, integrada e com bom relacionamento interpessoal Ser reconhecido pela instituição, chefia ou equipe de trabalho Perceber a satisfação e o reconhecimento do usuário ou de sua família pelo atendimento prestado Enfrentar o desafio de melhorar o hospital (manter a crença nessa possibilidade) mesmo com poucos recursos e apesar das dificuldades Trabalhar em uma instituição reconhecida pela comunidade por seu renome, credibilidade ou grau de especialização Perceber resultados positivos no trabalho pessoal (melhora do usuário, aprimoramento de processos, resolução de problemas etc.) Ter acesso a um conjunto de recursos tecnológicos que permitem oferecer um atendimento de qualidade Ter um salário, manter o emprego, garantir a sobrevivência Ter oportunidades de aprendizado, atualização ou crescimento profissional Nada

41

Quadro 2 – Categorias utilizadas para a quantificação das respostas à questão 44, referente aos aspectos mencionados pelos profissionais como prioridades de mudanças no hospital

Categorias

Reforma e ampliação nas instalações Aprimoramento da gestão hospitalar (maior liderança, competência e eficácia da diretoria e das chefias na definição de rumos, integração de esforços, promoção da participação das equipes, melhoria de recursos do hospital, aplicação imparcial e transparente de normas que regulam os direitos e deveres no trabalho) Mais investimento na capacitação dos profissionais (tanto na área técnica quanto em aspectos ligados à humanização do atendimento) Melhoria na quantidade e qualidade de equipamentos, materiais e insumos Melhoria dos salários (incluindo maior pontualidade no pagamento) e dos benefícios (sobretudo o atendimento à saúde do profissional) Maior motivação profissional e compromisso das pessoas com o trabalho Melhoria no relacionamento entre profissionais e usuários (mais interesse, atenção e compreensão das necessidades dos usuários pelos profissionais; maior disposição dos profissionais para prestar informações aos usuários) Melhoria nas condições de acesso e presteza no atendimento aos usuários (menos burocracia, tempo de espera e filas; maior agilidade na marcação de consultas e realização de exames; maior facilidade para o usuário obter informações) Melhoria no relacionamento interpessoal e ético entre profissionais de diferentes funções, de uma mesma equipe ou de equipes de diferentes setores Maior reconhecimento institucional do empenho e dedicação dos profissionais, inclusive com repercussões na carreira Ampliação da equipe (quantidade e qualidade) Melhoria da comunicação entre os profissionais e entre os setores do hospital Redução ou adequação da carga horária de trabalho dos profissionais

42

43

Os procedimentos seguidos para a construção dos indicadores

referentes ao grau de humanização foram os mesmos adotados pela

pesquisa promovida pelo PNHAH, de acordo com as informações

disponíveis no relatório divulgado pelo Ministério da Saúde (Ministério da

Saúde,2002). A equipe responsável pelo tratamento estatístico dos dados do

PNHAH colaborou, também, no processo de construção dos indicadores

deste estudo no IIER.

Com o conjunto de indicadores trabalhados nos dois eixos, construiu-

se o Índice de Satisfação dos Profissionais. O índice sintetiza o grau de

satisfação dos pesquisados em relação a um conjunto de condições de

trabalho e de atendimento hospitalar. Tais condições foram definidas como

indicadores de humanização do trabalho e do atendimento hospitalar e estão

detalhadas em diferentes variáveis que foram traduzidas nas perguntas dos

questionários de pesquisa. Os profissionais pesquisados expressaram sua

avaliação em relação a cada uma dessas variáveis.

O Índice de Satisfação foi construído de modo a que seus valores

sejam expressos em uma escala que varia de zero a um. Quanto mais

próximo de zero estiver o índice, menor o grau de satisfação da população

pesquisada em relação às condições de humanização; quanto mais próximo

de um, o grau de satisfação será maior.

O Quadro 3 apresenta os indicadores, variáveis e pesos utilizados na

construção do índice de satisfação dos profissionais. O Índice de Satisfação

dos Profissionais é composto por 10 indicadores, dos quais os de 1 a 5

enfatizam as condições de trabalho hospitalar disponíveis para os

profissionais, e os de 6 a 10 enfatizam as condições do atendimento

oferecido aos usuários.

Quadro 3- Índice de Satisfação dos Profissionais

Indicadores

Eixos Variáveis (referidas no questionário de pesquisa)

Peso no eixo

Peso no

índice

1.1. Freqüência de discussões setoriais na instituição sobre a qualidade dos serviços 0,10 1.2. Freqüência de oportunidades para os profissionais discutirem o trabalho com os superiores 0,20 1.3. Freqüência de oportunidades para os profissionais apresentarem sugestões de melhoria 0,15

1.4. Freqüência de aproveitamento de sugestões dos profissionais pelos superiores 0,20 1.5. Freqüência de situações em que divergências ou conflitos profissionais são bem administrados pelas chefias 0,15

1.Participação dos profissionais na gestão

hospitalar

1.6. Existência de imparcialidade na aplicação de normas e procedimentos que regulam o trabalho dos profissionais 0,20

0,10

2.1. Existência de canais para comunicação de necessidades dos profissionais (caixa de sugestões, ouvidoria etc.) 0,10

2.2. Eficiência dos canais de comunicação de necessidades dos profissionais 0,15 2.3. Existência de disposição, por parte do hospital, para atender às necessidades apontadas pelos profissionais 0,15

2.4. Existência de comunicação formal e constante das diretrizes do hospital aos profissionais 0,10 2.5. Existência de canais de comunicação interna sobre as atividades do hospital (jornais, murais etc.) 0,10 2.6. Valorização da comunicação entre a chefia e os profissionais 0,20

2.Comunicação na instituição hospitalar

2.7. Qualidade da comunicação entre os profissionais 0,20

0,10

3.1. Qualidade do relacionamento interpessoal entre os profissionais 0,20 3.2. Qualidade das relações de confiança entre os profissionais 0,30 3.Trabalho em equipe na

instituição hospitalar 3.3. Existência de objetivos compartilhados e cooperação na equipe 0,50 0,10

4.1.1. Conforto oferecido aos profissionais (iluminação, ventilação, espaço, ruído etc.) 0,254.1.2. Segurança (existência de riscos à saúde dos profissionais) 0,304.1.3. Existência de área de descanso 0,154.1.4. Existência de atividades recreativas e/ou de convivência para os profissionais 0,15

4. Condições de trabalho

dos profissionais

4.1. Condições de saúde física e mental 4.1.5 Existência de programas de atendimento às necessidades psicossociais dos profissionais 0,15

0,35

0,10

44

4.2.1 Salário 0,704.2.2. Benefícios 0,204.2.3. Existência de meio de transporte patrocinado 0,034.2.4. Existência de estacionamento 0,03

4.2. Condições

econômicas 4.2.5. Existência de refeitório 0,04

0,35

4.3.1. Situação dos equipamentos e materiais de trabalho 0,304.3.2. Condições de higiene 0,304.3.

Condições operacionais 4.3.3. Freqüência com que o hospital oferece cursos e treinamentos para o aprimoramento dos

profissionais 0,400,30

5.1. Sentimento quanto ao respeito e valorização do trabalho profissional pela instituição 0,15 5.2. Sentimento quanto ao reconhecimento da dedicação dos profissionais pela instituição 0,15 5.3. Sentimento quanto à valorização do profissional por sua chefia imediata 0,15 5.4. Motivação dos profissionais para o trabalho 0,15 5.5. Percepção sobre a motivação dos colegas para o trabalho 0,10 5.6. Sentimento de realização pessoal no trabalho 0,15

5. Clima moral e motivação profissional na instituição

hospitalar

5.7. Grau de satisfação por trabalhar no hospital 0,15

0,10

6.1. Existência de ambiente de espera confortável 0,15 6.2. Existência de sinalização adequada das salas 0,15 6.3. Aparência do hospital 0,15 6.4. Existência de equipamentos funcionando adequadamente 0,30

6. Qualidade das instalações, condições

ambientais e equipamentos para o atendimento aos

usuários 6.5. Existência de instalações físicas adequadas 0,25

0,10

7.1. Agilidade e desburocratização no atendimento 0,40 7.2. Facilidade e eficiência na marcação de consultas e retornos 0,30

7. Acesso e presteza no

atendimento aos usuários 7.3. Presteza na marcação e realização de exames 0,30 0,10

8.1. Identificação clara dos profissionais (crachá) 0,10 8.2. Clareza das informações prestadas aos usuários e acompanhantes 0,50 8.3. Oferta de informações sobre prevenção e educação em saúde 0,20

8. Qualidade da informação fornecida aos

usuários 8.4. Oferta de informações sobre outros serviços de saúde e de assistência social disponíveis na comunidade 0,20

0,10

9.1. Qualidade da comunicação profissional-usuário 0,25 9.2. Atenção e interesse em relação aos usuários 0,50 9. Relacionamento entre

profissionais e usuários 9.3. Privacidade e confidencialidade no atendimento 0,25 0,10

45

46

10. Comunicação de queixas e sugestões pelos

usuários 10.1. Existência de canais institucionais para que os usuários apresentem queixas ou sugestões 1,00 0,10

Total 1,00

Para a obtenção dos índices foi atribuído um valor para cada

alternativa da escala de resposta de cada questão, um peso para cada

variável traduzida como questão nos questionários de pesquisa e um peso

para cada eixo, tendo-se como referência critérios de valor ou padrões

previamente estabelecidos. Os pesos das variáveis e dos eixos estão

indicados no Quadro 3.

Aplicou-se, para a construção de cada indicador, uma escala

proporcional. Pereira (1999) considera que a escala proporcional mede

atributos de modo que existe um valor nulo, ou seja, há um zero real,

considerado em algumas questões como "muito ruim" em outras como "não

existe". Os acréscimos em atributos são representados por acréscimos

proporcionais em valores da escala. A escala proporcional possui todas as

propriedades da aritmética, assumindo-se aqui, como premissa, que os

eventos estudados têm comportamento aritmético.

É importante esclarecer que, para o cálculo dos valores dos eixos,

foram descontados os pesos das variáveis que apresentavam missing nas

respostas correspondentes. Esse foi o mesmo procedimento adotado pela

pesquisa conduzida pelo Ministério da Saúde.

Utilizou-se o programa SPSS Windows, versão 8, para construção

dos indicadores e análise dos dados.

47

6.1.1. Plano Amostral

O IIER possui um quadro de 1.872 funcionários, distribuídos em

diversos setores, conforme dados fornecidos pelo setor de Recursos

Humanos do IIER em dezembro de 2003. A esse número foram

acrescentados 140 outros funcionários prestadores de serviços terceirizados

no hospital, dos setores de vigilância, nutrição, xerox e manutenção de ar

condicionado. A justificativa para a sua inclusão deve-se ao fato de que é

importante promover uma cultura de atendimento humanizado nos hospitais,

como um todo, e os funcionários terceirizados são importantes nesse

contexto. Os demais funcionários prestadores de serviços terceirizados não

foram incluídos devido à não autorização da empresa contratada

responsável.

O quadro de funcionários foi composto pelos seguintes profissionais:

assistentes sociais, médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas,

psicólogos, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, biólogos,

administradores, arquitetos, educadores de saúde, engenheiros, estatísticos,

economistas, bibliotecários, auxiliares de enfermagem, oficiais

administrativos, agentes de saúde, visitadores, recreacionistas, auxiliares

técnicos de saúde, radiologistas, técnicos de laboratório, auxiliares de

desenvolvimento infantil, desenhistas, oficial de serviço de cine e foto,

auxiliares de laboratório, motoristas, técnicos de nutrição, copeiras,

lactaristas, operadores de serviços de manutenção, ascensoristas, vigias,

operadores de máquinas, telefonistas, trabalhadores braçais, telefonistas,

atendentes, auxiliares de serviços, auxiliares de produção, mecânicos de ar,

vigilantes, ajudantes de cozinha, açougueiros, auxiliares de cozinha e

auxiliares de estoque.

A somatória de todos esses profissionais (2.012) foi considerada o

universo da população a ser estudada. O inquérito foi realizado por meio de

uma amostra, o que tornou a coleta de dados mais ágil e com menor custo

operacional.

48

Para o cálculo do tamanho da amostra (n), usou-se como estimador o

Índice de Satisfação dos Profissionais. Na ausência de outro estudo

semelhante no IIER, tomou-se como base o relatório da pesquisa do

PNHAH, a proporção de 70% de respondentes com índice satisfatório

(média entre 0,60 e 1,00). Com precisão fixada para um erro de amostragem

de 0,05 (d) e nível de confiança igual a 95%, calculou-se n = 323, por meio

da tabela para cálculo de tamanho de amostra para estimar proporções

(Silva,2001). A esse número foram acrescentados 30 indivíduos para

compensar possíveis perdas. Assim, o número calculado final para a

amostra foi de 353.

Eles foram classificados nas mesmas categorias utilizadas pelo

estudo do PNHAH: médicos, enfermeiros, outros profissionais de nível

superior, auxiliares de enfermagem, outros técnicos de nível médio e

profissionais de apoio operacional.

Todos os funcionários que compunham o universo da população

estudada foram listados, seguindo-se a ordem das seis categorias

profissionais indicadas acima. Então, realizou-se o sorteio para a

composição da amostra sistemática, com critério de proporcionalidade a

essas categorias. Para Kalton & Kish, citados por Silva (2001), “a

amostragem sistemática é amplamente adotada para o sorteio de amostras

estratificadas sob o critério de proporcionalidade” (p.67). Tomou-se a

listagem com 2.012 funcionários ordenados pela categoria funcional e

calculou-se o intervalo de amplitude definido por N/n para o sorteio

sistemático.

Intervalo de amplitude => 7,53532012

nN

==

Ou seja, um a cada 5,7 funcionários da listagem foi sorteado para

responder ao questionário.

A Tabela 3 apresenta a composição do universo da população

estudada e da amostra sorteada, de acordo com as categorias profissionais

no IIER.

49

Tabela 3. Composição da população estudada e da amostra sorteada,

segundo as categorias profissionais no IIER

Categorias Profissionais População de estudo Amostra Sorteada n % n % Médicos 328 16,3 58 16,43

Enfermeiros 128 6,36 22 6,23

Outros profissionais de nívelsuperior

142 7,05 25 7,08

Auxiliares de enfermagem 535 26,59 94 26,62

Outros técnicos de nível médio 366 18,19 64 18,13

Profissionais de apoiooperacional 513 25,49 90 25,49

Total 2012 100 353 100

50

6.1.2 Procedimentos

Os participantes do estudo sorteados para compor a amostra foram

identificados tendo como referência seu local de trabalho (Setor, Plantão e

Turno). A pesquisadora fez contato com eles para apresentar a pesquisa,

explicar os aspectos éticos envolvidos, garantir o anonimato dos dados

coletados e, também, para entregar o questionário a ser respondido e

devolvido.

Foram criados três postos de coleta para a devolução dos

questionários, localizados em locais de fácil acesso para os profissionais:

Biblioteca, Associação dos Médicos e Serviço Social do Pronto-Socorro. Os

questionários foram entregues aos participantes dentro de um envelope com

um lacre. Em cada um dos postos de coleta havia uma caixa com tampa,

onde os questionários deveriam ser depositados pelos próprios

participantes. Os funcionários desses locais foram devidamente informados

quanto ao procedimento de recebimento e, diariamente, a pesquisadora

recolhia os questionários entregues.

A coleta dos dados foi realizada nos meses de fevereiro e março de

2004, sob a supervisão da pesquisadora, totalizando, aproximadamente, 45

dias. A distribuição e a coleta dos questionários foram feitas de forma a

manter o sigilo quanto aos participantes do estudo.

Apesar do questionário ser auto-aplicável, alguns deles, referentes às

categorias profissionais de apoio operacional e auxiliar de enfermagem,

preferiram que o mesmo fosse aplicado pela pesquisadora. O tempo médio

gasto para responder as perguntas foi de 25 minutos. Houve sete recusas

das seguintes categorias: médico (01); enfermagem (01); auxiliar de

enfermagem (01); técnicos de nível médio (02) e funcionários de apoio

operacional (02), justificadas por falta de tempo e medo de se comprometer.

Foram devolvidos 277 questionários. A Tabela 4 mostra que se

manteve, entre os questionários devolvidos, a proporcionalidade da amostra

sorteada. Nessa tabela os participantes das categorias Outros técnicos de

nível médio e profissionais de apoio operacional estão junto com a categoria

51

Auxiliares de função técnico e administrativo, porque essa era a categoria

existente no questionário na única questão destinada à identificação da

categoria profissional a que pertencia o respondente (questão nº 8). Da

mesma forma, é preciso esclarecer que essa mesma questão continha como

uma de suas alternativas a categoria diretoria, gerência ou chefia, o que fez

com que aí tenham sido alocados vários profissionais de outras categorias,

em especial médicos, enfermeiros e outros profissionais de nível superior

que ocupavam cargos de chefia ou direção.

Tabela 4. Distribuição numérica e percentual, segundo ocupação principal,

da amostra sorteada e dos questionários devolvidos

Ocupação principal

Amostra sorteada

Questionários devolvidos

N % N %

Médicos 58 16,0 37 13,0

Enfermeiros 22 6,2 15 5,4

Outros profissionais de nível superior 25 7,1 19 6,9

Auxiliares de enfermagem 94 27,0 74 27,0

Auxiliares de funções técnicas eadministrativas (Técnicos de nívelmédio + Apoio operacional)

154 43,0 112 40,0

Diretoria, gerência ou chefia de área ----- ----- 18 6,5

Ignorados ----- ----- 2 0,7 Total 353 100 277 100

52

6.1.3 Análise

Para atender aos objetivos propostos, calculou-se a média de todos

os indicadores do IIER estudados, entre o total dos funcionários da amostra

e segundo as categorias de interesse: ocupação principal, faixa etária e

tempo de serviço na instituição.

Além disso, as médias obtidas foram transformadas em categorias de

satisfação, em um gradiente que variava de muito baixo a muito alto.

Em alguns casos são apresentadas distribuições percentuais dos

índices em cinco faixas ou quintis: de 0 a 0,19; de 0,20 a 0,39; de 0,40 a

0,59; de 0,60 a 0,79 e de 0,80 a 1. Esses intervalos podem ser interpretados

da seguinte maneira: de 0,00 a 0,19 - satisfação muito baixa; de 0,20 a 0,39

- satisfação baixa; de 0,40 a 0,59 - satisfação média; de 0,60 a 0,79 -

satisfação alta e de 0,80 a 1,00 - satisfação muito alta. Poder-se-ia, ainda,

considerar como insatisfatório os índices situados entre 0,00 a 0,59, e como

satisfatórios, os índices situados entre 0,60 a 1,00. Essas categorias de

satisfação foram também analisadas segundo a ocupação principal, faixa

etária e o tempo de serviço na instituição.

Também foi feita a comparação entre o índice e os indicadores do

IIER e o valor geral e os valores obtidos entre os hospitais na região Sudeste

II, na pesquisa do PNHAH, considerada como padrão de comparação.

Deve-se considerar que se trabalhou com uma amostra probabilística

que permite fazer inferências para a população de estudo. A adoção de

procedimentos de amostragem probabilística permite, com base na teoria

estatística, estimar os erros de amostragem a partir dos resultados da

amostra (Silva, 2001). Neste estudo, os erros de amostragem serão

apresentados por meio de intervalos de confiança. Espera-se que, com 95%

de confiança, a média real dos indicadores estudados esteja no intervalo.

53

6.1.4 Aspectos éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do IIER, de acordo com a

Resolução nº 196 de outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde.

Foram esclarecidos aos participantes da pesquisa os objetivos e foi

garantido o anonimato dos dados coletados. A participação dos profissionais

foi livremente consentida. O Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido/TCLE (Anexo B), referente à aplicação do questionário, foi

obtido de todos os participantes.

54

7. RESULTADOS

7.1. Perfil dos Profissionais do IIER

Dos 277 participantes, 72% (198) são do sexo feminino e 28% (77)

do sexo masculino. Aproximadamente 94,0% de todos os profissionais têm

mais de 30 anos e encontram-se quase que igualmente distribuídos nas

faixas etárias entre 30 a 39 anos (32,8%), entre 40 e 49 anos (29,6%) e de

mais de 50 anos (31,4%). Em todas as faixas etárias há predominância do

sexo feminino, o que evidencia a sua crescente participação no mercado de

trabalho, em especial nos serviços públicos de saúde.

Tabela 5. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER, de

acordo com o sexo e faixa etária

Sexo

Masculino Feminino Total

Faixa Etária n0 % n0 % n0 %

Entre 22 e 29 anos 8 47,1 9 52,9 17 6,2

Entre 30 e 39 anos 23 25,3 68 74,7 91 32,8

Entre 40 e 49 anos 22 26,8 60 73,2 82 29,6

Mais de 50 anos 24 28,2 61 71,8 87 31,4

Total 77 28,0 198 72,0 277 100,0

Quanto à escolaridade, a Tabela 6 revela que 43,7% (121) dos

profissionais pesquisados no IIER concluíram o 20 Grau e 18,1% (50)

estudaram até o 10 Grau; 17,3% (48) possuem o curso superior com

especialização. Os dados agregados, quanto à escolaridade, mostram que

menos de 40% dos profissionais possuem curso superior contra 61,8% com

2º grau ou menos.

55

Tabela 6. Distribuição numérica e percentual dos Profissionais do IIER,

segundo o grau de escolaridade

Profissionais do IIER Escolaridade

N % Até 1º Grau 50 18,1 2º Grau 121 43,7 Ensino Superior 41 14,8 Superior com Especialização 48 17,3

Mestrado e Doutorado 17 6,1

Total 277 100,0

Quanto ao tipo de contrato de trabalho, constatou-se que 52,7%

(146) são regidos pela Lei 50010, 31,04% (86) são funcionários com vínculo

efetivo, 9,0% (25) são contratados sob o regime da Consolidação das Leis

do Trabalho (CLT) e 4,7% (13) são funcionários terceirizados.

Conforme a Tabela 7, quanto ao tempo de serviço dos profissionais

no IIER, observa-se que 54,2% (150) dos profissionais atuam há mais de 10

anos no hospital, e 28,2% (78) entre 5 e 10 anos. Assim, há indícios de

longa permanência dos profissionais na instituição.

10 Lei 500, de 13 de novembro de 1974, institui o regime jurídico dos servidores admitidos em caráter temporário para o exercício de funções de natureza permanente, em atendimento à necessidade inadiável, até a criação e provimentos dos cargos correspondentes.

56

Tabela 7. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do

IIER, segundo o tempo de serviço

Tempo de serviço N % Menos de 1 ano 14 5,1 1 a 3 anos 12 4,3 3 a 5 anos 23 8,3 5 a 10 anos 78 28,2 Mais 10 anos 150 54,2 Total 277 100,0

A Figura 1 mostra que 50,5% (140) dos profissionais nunca

mudaram de setor e 30,7% (85) mudaram apenas uma vez. Esses dados

parecem evidenciar a pouca rotatividade dos profissionais entre os postos e

locais de trabalho.

Figura 1. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER,

quanto ao número de setores em que já atuaram, excluído o setor atual

14050,5

8530,7

2810,1

186,5

20,7

2

0,710,4

0 20 40 60 80 100 120 140

0

1

2

3

4

5

6

Núm

ero

de s

etor

es

%N

57

A Tabela 8 mostra a distribuição numérica e percentual dos

profissionais do IIER quanto à ocupação principal e faixa etária. Observa-se

que, em todas as ocupações, são duas as faixas etárias predominantes:

entre 30 a 39 anos e mais de 50 anos. É possível destacar uma

predominância de uma faixa etária mais jovem, entre 30 e 39 anos, no grupo

dos que ocupam cargos de diretoria, gerência ou chefia de área.

Tabela 8. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER,

segundo ocupação principal e faixa etária

Faixa Etária (N e %) Ocupação

principal Entre 22 e 29 anos

Entre 30 e 39 anos

Entre 40 e 49 anos

Mais de 50 anos

Total N e %

Diretoria, gerência ou chefia de área

____ 9 50,0

4 22,2

5 27,8

18 100

Médico ____ 12

32,4 10

27,0 15

40,5 37

100 Enfermeiro ____ 7

46,7 2

13,3 6

40,0 15

100 Outros Profissionais. de Nível Superior

1 5,3

7 36,8

7 36,8

4 21,1

19 100

Auxiliar de Enfermagem

6 8,1

18 24,3

25 33,8

25 33,8

74 100

Auxiliar de funções técnicas e administrativas(técnicos de nível médio + operacional)

10 8,9

37 33,0

34 30,4

31 27,7

112 100

Total N e %

17 6,1

91 32,9

82 29,6

87 31,4

277 100

58

7.1.1. Índice de satisfação dos profissionais quanto à humanização das condições de trabalho no IIER

A pesquisa encontrou um índice de satisfação total dos profissionais

da ordem de 0,58, com limites de confiança entre 0,55 e 0,59, considerando

intervalo de confiança de 95%.

Na Tabela 9, a seguir, são apresentados os índices de satisfação,

segundo a ocupação principal, considerando-se os mesmos intervalos de

confiança. Observa-se que o índice é médio (0,40 a 0,59) em todas as

ocupações principais.

Tabela 9. Índice de satisfação total dos profissionais do IIER, segundo

ocupação principal (médias)

Ocupação principal

Média

*IC 95%

Diretoria, gerência ou chefia de área

0,58

0,51- 0,65

Médico

0,54

0,49 - 0,60

Enfermeiro

0,57

0,50 - 0,64

Outros profissionais de nível superior

0,53

0,45 - 0,61

Auxiliar de enfermagem

0,57

0,53 - 0,61

Auxiliar de funções técnicas e administrativas (técnicos de nível médio + operacional)

0,59

0,56 - 0,62

*IC = Intervalo de confiança

Conforme descrito anteriormente, na descrição dos procedimentos

para a análise dos dados, também foram usadas algumas distribuições

percentuais dos índices em faixas ou quintis, em termos de escala, para

facilitar a interpretação dos resultados encontrados, na medida em que, a

59

cada uma das faixas foi atribuída uma qualificação: satisfação muito baixa

(de 0,00 a 0,19), satisfação baixa (de 0,20 a 0,39), satisfação média (de 0,40

a 0,59), satisfação alta (de 0,60 a 0,79) e satisfação muito alta (de 0,80 a

1,00).

Assim, na Tabela 10, é mostrada a distribuição percentual dos

índices de satisfação, segundo ocupação principal, pelas faixas

apresentadas acima. Verifica-se que 50,0% dos diretores, gerentes e chefes

têm satisfação alta e que também entre os enfermeiros o percentual nessa

faixa é significativo (53,3%). Nesses dois casos, a faixa que aparece em

segundo lugar é a 0,40 a 0,59 (satisfação média). A maior parte dos médicos

também se distribui entre essas faixas, mas com maior presença no índice

de satisfação médio. Os outros profissionais de nível superior também estão

concentrados na faixa de satisfação média (57,9%) e, em seguida, aparece

a satisfação alta, assim como entre os auxiliares de funções técnicas. Mas,

nesse caso, a diferença na distribuição entre as duas faixas é menor. Vale

destacar o que ocorre com a categoria dos auxiliares de enfermagem. Não é

possível dizer que há significativa maior predominância em uma faixa sobre

as demais, pois a maior parte deles se distribui entre satisfação baixa

(20,3%), satisfação média (37,8%) e satisfação alta (27,0%). É nesse grupo

que a soma dos percentuais de satisfação muito baixa e baixa é mais alta.

60

Tabela 10. Distribuição numérica e percentual do índice de satisfação dos

profissionais do IIER nas faixas ou quintis, segundo a ocupação principal

Índice de satisfação dos profissionais do IIER (N e%)

Ocupação principal

0 a 0,19

0,20 a 0,39

0,40 a 0,59

0,60 a 0,79

0,80 a

1,0

Total N e %

Diretoria, gerência ou chefe de área

_____

2 11,1

6 33,3

9 50,0

1 5,6

18 100

Médico

2 5,4

5 13,5

15 40,5

12 32,4

3 8,1

37 100

Enfermeiro

_____

2 13,3

5 33,3

8 53,3

_____

15 100

Outros Profissionais. de Nível Superior

1 5,3

2 10,5

11 57,9

4 21,1

1 5,3

14 100

Auxiliar de Enfermagem

_____

15 20,3

28 37,8

20 27,0

11 14,9

74 100

Auxiliar de funções técnicas e administrativas (técnicos de nível médio + operacional)

_____

9 8,0

53 47,3

40 35,7

10 8,9

112 100

Total N e %

3 1,1

36 13,0

118 42,6

94 33,9

26 9,4

277 100

A seguir, na Tabela 11, observou-se a distribuição dos profissionais

pesquisados nas faixas ou quintis do índice de satisfação, de acordo com a

faixa etária. Há predominância na faixa de satisfação média em todas as

faixas etárias.

61

Tabela 11. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER nas

faixas ou quintis, segundo a faixa etária

Faixas ou Quintis (N e %)

Faixa Etária

0 a 0,19

0,20 a 0,39

0,40 a 0,59

0,60 a 0,79

0,80 a 1,0

Total N e %

Entre 22 e 29 anos

1 5,9

1 5,9

7 41,2

6 35,3

2 11,8

17 100

Entre 30 e 39 anos

___

14 15,4

40 44,0

32 35,2

5 5,5

91 100

Entre 40 e 49 anos

2 2,4

13 15,9

32 39,0

29 35,4

6 7,3

82 100

Mais de 50 anos

___

8 9,2

39 44,8

27 31,0

13 14,9

87 100

Total N e %

3 1,1

36 13,0

118 42,6

94 33,9

26 9,4

277 100

Na Tabela 12, a distribuição pelas faixas ou quintis, de acordo com o

tempo de serviço na instituição, mostra que o grau de satisfação concentra-

se no índice de satisfação médio (0,40 a 0,59).

62

Tabela 12. Distribuição numérica e percentual dos profissionais do IIER nas

faixas ou quintis, segundo o tempo de serviço

Faixas ou Quintis (N e %)

Tempo de serviço 0 a

0,19 0,20 a 0,39

0,40 a 0,59

0,60 a 0,79

0,80 a 1,0

Total N e %

Menos de 1 ano

___

2 14,3

6 42,9

3 21,4

3 21,4

14 100

De 1 a 3 anos ___

3 25,0

4 33,3

4 33,3

1 8,3

12 100

De 3 a 5 anos ___

3 13,0

12 52,2

7 30,4

1 4,3

23 100

De 5 a 10 anos

1 1,3

12 15,4

32 41,0

27 34,6

6 7,7

78 100

Mais de 10 anos

2 1,3

16 10,7

64 42,7

53 35,3

15 10,0

150 100

Total N e %

3 1,1

36 13,0

118 42,6

94 33,9

26 9,4

277 100

7.1. 2. Resultados gerais para os indicadores de humanização

No cálculo dos indicadores de humanização, observa-se que houve

variação importante quanto ao número de respondentes em cada um dos

indicadores, o que implicou em variação nos denominadores para o cálculo

dos índices.

O Quadro 4 mostra o número de respondentes válidos em cada um

dos indicadores. Os indicadores Comunicação de queixas e sugestões e

Acesso e presteza no atendimento foram os que apresentaram números

mais baixos de respondentes no eixo Qualidade das condições de

atendimento oferecido aos usuários, enquanto que no eixo Qualidade das

condições de trabalho na instituição foram poucas as variações,

considerando o número total de respondentes (277).

63

Quadro 4. Distribuição dos eixos Qualidade das condições de trabalho e

Qualidade de atendimento oferecido aos usuários, segundo a variação dos

casos válidos no IIER

Eixo Qualidade das condições de

Trabalho na instituição

*N Eixo Qualidade das condições de atendimento oferecido aos usuários

*N

1. Participação dos profissionais na gestão hospitalar

275 6. Qualidade das instalações, condições ambientais e equipamentos para o atendimento aos usuários

265

2. Comunicação na instituição hospitalar

273 7. Acesso e presteza no atendimento aos usuários

230

3. Trabalho em equipe na instituição hospitalar

271 8. Qualidade da informação fornecida aos usuários

260

4. Condições de trabalho dos profissionais

276 9. Relacionamento entre profissionais e usuários

244

5. Clima moral e motivação profissional na instituição hospitalar

275 10.Comunicação de queixas e sugestões pelos usuários

218

*N = Número

A seguir, são apresentados os valores relativos a cada um dos

indicadores que compõem os eixos Qualidade das condições de trabalho

hospitalar disponíveis para os profissionais e Qualidade das condições de

atendimento oferecido aos usuários.

64

Quanto à Qualidade das condições de trabalho hospitalar, o Quadro

5 mostra que os aspectos mais satisfatórios para os profissionais são: clima

moral e motivação profissional, e trabalho em equipe na instituição

hospitalar. Esses dois aspectos, que se relacionam com o clima de trabalho,

apresentam grau de satisfação alta (0,62), ao contrário dos outros três

aspectos - participação dos profissionais na gestão hospitalar (0,43),

comunicação na instituição hospitalar (0,55) e condições de trabalho dos

profissionais (0,42) - cujos valores indicam insatisfação e são relativos a

aspectos de gestão. Esses dados revelam que os aspectos relacionados

com questões administrativas são os que mais necessitam de atenção por

parte da instituição.

Quadro 5. Média do índice de satisfação total dos profissionais do IIER para

o Eixo Qualidade das condições de trabalho hospitalar e os respectivos

limites dos intervalos de confiança (95%)

Indicadores do Eixo Qualidade das

condições de trabalho hospitalar

Média *IC (95%)

1. Participação dos profissionais na

gestão hospitalar

0,43 0,40 - 0,46

2. Comunicação na instituição

hospitalar

0,55 0,52 - 0,58

3. Trabalho em equipe na instituição

hospitalar

0,62 0,59 – 0,65

4. Condições de trabalho dos

profissionais

0,42 0,40 -0,45

5. Clima moral e motivação profissional

na instituição hospitalar

0,62 0,59 - 0,65

*IC = Intervalo de confiança

65

O indicador “Condições de Trabalho dos profissionais” foi

desdobrado em três dimensões, conforme mostra o Quadro 6.

Quadro 6. Média do Índice de satisfação dos profissionais do IIER, quanto às

dimensões das condições de trabalho e os respectivos limites dos intervalos

de confiança (95%)

Indicador: Condições de trabalho dos profissionais do IIER Dimensões

Média * IC 95% 4.1. Condições de saúde física e mental 0,40 0,37 - 0,42

4.2. Condições econômicas de trabalho 0,38 0,35 - 0,41

4.3. Condições operacionais de trabalho 0,51 0,48 - 0,53

*IC = Intervalo de confiança

Os resultados encontrados permitem o detalhamento do indicador

Condições de trabalho dos profissionais, um dos indicadores que apresenta

mais baixo valor. Esse detalhamento é útil, pois permite identificar quê

aspectos mais influenciaram para que isso se desse.

As condições de saúde física e mental referem-se à existência ou

não de iluminação, ventilação, espaço, ruído, riscos à saúde, área de

descanso, atividades recreativas e/ou de convivência e programas de

atendimento às necessidades psicossociais. As condições econômicas

tratam dos aspectos relacionados a salário, benefícios, existência de meio

de transporte patrocinado, estacionamento e refeitório. Finalmente, as

condições operacionais de trabalho estão relacionadas com a situação dos

equipamentos, materiais de trabalho, higiene e freqüência com que o

hospital oferece cursos e treinamento para o aprimoramento dos

profissionais. Logo, observa-se que os profissionais estão menos satisfeitos

com as condições econômicas (índice de 0,38) e com as condições de

66

saúde física e mental (índice de 0,40), cujos índices apontam baixo grau de

satisfação.

O Quadro 7 apresenta os valores médios e os limites inferiores e

superiores dos intervalos de confiança, referentes aos indicadores que

compõem o eixo Qualidade das condições de atendimento oferecido aos

usuários.

Quadro 7. Média do índice total de satisfação dos profissionais do IIER para

o eixo Qualidade das condições de atendimento oferecido aos usuários e os

respectivos limites dos intervalos de confiança (95%)

Indicadores do Eixo Qualidade das

condições de atendimento oferecido aos

usuários

Média *IC (95%)

6. Qualidade das instalações, condições

ambientais e equipamentos para o

atendimento

0,50 0,47 - 0,52

7. Acesso e presteza no atendimento

aos usuários

0,64 0,61- 0,66

8. Qualidade da informação fornecida

aos usuários

0,67 0,64 - 0,69

9. Relacionamento entre profissionais e

usuários

0,65 0,62 - 0,68

10. Comunicação de queixas e

sugestões pelos usuários

0,65 0,61 - 0,69

*IC = Intervalo de confiança

Dentre os indicadores que se referem às condições de atendimento

oferecidas aos usuários, são os aspectos relacionados à qualidade das

instalações, condições ambientais e equipamentos para o atendimento os

67

mais insatisfatórios na avaliação dos profissionais do IIER. Isto evidencia

que os profissionais consideram importantes os aspectos arquitetônicos,

estéticos e o funcionamento dos equipamentos, como fatores a serem

considerados na humanização do atendimento.

Os demais aspectos, expressos nos outros quatro indicadores, todos

mais diretamente relacionados com as relações estabelecidas entre o

serviço, os profissionais e os usuários, apresentam grau de satisfação alto.

7.1.3. Percepções dos profissionais sobre aspectos relevantes para a humanização da assistência hospitalar

Os resultados das questões abertas possibilitaram identificar os

aspectos positivos e negativos associados ao grau de satisfação dos

profissionais em trabalhar no IIER. Os dados contribuem na ampliação de

informações que não foram contempladas nas questões fechadas. Para a

análise, foram utilizadas as mesmas categorias da pesquisa de satisfação

dos profissionais realizada pelo PNHAH.

No Quadro abaixo, as categorias foram hierarquizadas de acordo com

as freqüências encontradas no IIER.

Dos 277, 17,30% informaram que a satisfação em trabalhar na

instituição decorre da possibilidade de exercer a atividade técnica (o gosto

pela profissão); 15,88% declararam que é a melhora dos pacientes, pois sua

recuperação é algo relevante para o exercício de sua profissão; 15,52%

revelaram que ficam satisfeitos por atenderem pessoas de baixa renda e que

não dispõem de recursos para outros tipos de atendimento e serviço;

10,83% não opinaram e 8,30% informaram que trabalhar em um hospital de

referência é motivo de orgulho.

68

Quadro 8. Aspectos mencionados pelos profissionais como determinantes

principais do seu grau de satisfação em trabalhar no IIER

Categorias %

Exercer a atividade técnica para a qual se sente vocacionado(gosto pela profissão) 17.30

Perceber resultados positivos no trabalho pessoal (melhora dousuário, aprimoramento de processos, resolução de problemas etc.) 15.88

Poder atender pessoas que não dispõem de recursos e quenecessitam de tratamento (exercer a profissão com espíritosolidário)

15.52

Não opinaram 10.83

Trabalhar em uma instituição reconhecida pela comunidade por seu renome, credibilidade ou grau de especialização 8.30

Trabalhar em uma equipe qualificada, integrada e com bomrelacionamento interpessoal 7.94

Perceber a satisfação e o reconhecimento do usuário ou de suafamília pelo atendimento prestado 5.77

Ser reconhecido pela instituição, chefia ou equipe de trabalho 5.05

Enfrentar o desafio de melhorar o hospital (manter a crença nessapossibilidade) mesmo com poucos recursos e apesar dasdificuldades

4.69

Ter um salário, manter o emprego, garantir a sobrevivência 3.97

Ter oportunidades de aprendizado, atualização ou crescimentoprofissional 2.52

Ter acesso a um conjunto de recursos tecnológicos que permitemoferecer um atendimento de qualidade 2.16

TOTAL 100

69

Quanto às mudanças que realizaria na instituição, o Quadro 9

mostra que 24,54% dos profissionais declararam que as principais

prioridades são referentes às mudanças na gestão e administração do

hospital; 16,96% não opinaram; 12,99% informaram ser necessário melhorar

as instalações físicas (espaço, arquitetura e estética) e 10,83% destacaram

a capacitação dos profissionais. O salário aparece com 8,30%, em quinto

lugar, como aspecto que demanda mudança. Observa-se que o salário não

é o fator considerado mais importante, mas sim os aspectos relativos à

gerência, à administração hospitalar e às instalações físicas, apontadas

como fatores que precisam ser modificados para a melhoria das condições

de trabalho e atendimento hospitalar.

70

Quadro 9. Aspectos mencionados pelos profissionais quanto às mudanças

que realizariam no IIER

Categorias %

Aprimoramento da gestão hospitalar (maior liderança, competência e eficácia da diretoria/chefias na definição de rumos, integração de esforços, promoção da participação das equipes, melhoria de recursos do hospital, aplicação imparcial e transparente de normas que regulam os direitos e deveres no trabalho)

24.54

Não opinaram 16.96

Reforma e ampliação nas instalações 12.99

Mais investimento na capacitação dos profissionais (tanto na área técnica quanto em aspectos ligados à humanização do atendimento) 10.83

Melhoria dos salários (incluindo maior pontualidade no pagamento) e dos benefícios (sobretudo o atendimento à saúde do profissional) 8.30

Melhoria na quantidade e qualidade de equipamentos, materiais e insumos 5.05

Maior motivação profissional e compromisso das pessoas com o trabalho 3.97

Melhoria da comunicação entre os profissionais e entre os setores do hospital 3.61

Melhoria no relacionamento entre profissionais e usuários (mais interesse, atenção e compreensão das necessidades dos usuários pelos profissionais; maior disposição dos profissionais para prestar informações aos usuários)

3.24

Melhoria nas condições de acesso e presteza no atendimento aos usuários (menos burocracia, tempo de espera e filas; maior agilidade na marcação de consultas e realização de exames; maior facilidade para o usuário obter informações)

3.24

Melhoria no relacionamento interpessoal e ético entre profissionais de diferentes funções, de uma mesma equipe ou de equipes de diferentes setores

2.88

Maior reconhecimento institucional do empenho e dedicação dos profissionais, inclusive com repercussões na carreira 2.52

Redução ou adequação da carga horária de trabalho dos profissionais 1.08

Ampliação da equipe (quantidade e qualidade) 0.72

Total 100

71

7.1.4 O grau de satisfação referido pelos profissionais do IIER

A questão 42 do questionário aplicado solicitava que os

respondentes identificassem qual o seu grau de satisfação em trabalhar na

instituição. As opções eram: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.

A Figura 2 apresenta a distribuição das respostas, segundo a

ocupação principal exercida no hospital. Observa-se que os diretores,

gerentes e chefes atribuem a si próprios um grau de satisfação alto, e a

enfermagem um grau de satisfação médio.

Figura 2. O grau de satisfação atribuído pelos profissionais, segundo a

ocupação que exerce no hospital

0

10

20

30

40

50

60Muito BaixoBaixoMédioAltoMuito Alto

Di

Diretoria,ger. ou chefia de área Médico Enfermeiro

Outros Prof. de Nível Superior

Auxiliar deEnfermagem

Aux. Func. Téc. e

Operacional

Total

A Figura 3 apresenta a distribuição das respostas à mesma questão

42 do questionário, em função do tempo de serviço no hospital. A figura

mostra que, de forma geral, os profissionais com mais tempo de serviço no

hospital se atribuíram grau de satisfação mais alto.

72

Figura 3. O grau de satisfação atribuído pelos profissionais, segundo o

tempo de serviço no IIER

Mais de 10 anos

De 5 a 10 anos

De 3 a 5 anos

De 1 a 3 anos

Menos de 1 ano

60

50

40

30

20

10

0

Grau de satisfação

Muito baixo

Baixo

Médio

Alto

Muito alto

Ignora

A Figura 3 mostra que o tempo de serviço, mais de 10 anos, possui

o grau de satisfação alto, porém observa-se muito próximo o grau de

satisfação médio, bem como nos demais.

A seguir, na Tabela 13, apresenta-se o cruzamento entre o grau de

satisfação total atribuído pelos participantes e o índice de satisfação,

distribuídos percentualmente pelos quintis, construídos a partir do índice de

satisfação dos profissionais, apresentado no Quadro 3 ( pg. 44).

73

Tabela 13. Índice de satisfação geral, segundo o grau de humanização

atribuído pelos profissionais do IIER

Grau de satisfação atribuído pelos profissionais do IIER

(N e %) Faixas ou

Quintis dos índices de satisfação Muito

Baixo Baixo Médio Alto Muito

Alto Total

(N e %) 0 a 0,19

1 33,3

2 66,7 ____ ____ ____ 3

100

0,20 a 0,39

7 20,0

7 20,0

14 40,0

5 14,3

2 5,7

35 100

0,40 a 0,59

4 3,4

12 10,3

51 44,0

34 29,3

15 12,9

116 100

0,60 a 0,79

____ 1 1,1

34 36,2

42 44,7

17 18,1

94 100

0,80 a 1,0

____ ____ 1 4,0

10 40,0

14 56,0

25 100

Total (N)

12

22

100

91

48

273

Nota-se que ocorre correspondência entre o índice de grau de

satisfação resultante da construção dos indicadores e o grau de satisfação

atribuído pelos próprios participantes do estudo, principalmente nas

categorias de satisfação média, alta e muito alta. Entre aqueles que

obtiveram grau de satisfação muito baixo e baixo, ocorreu um deslocamento

à direita quando comparado com o grau de satisfação atribuído por eles

próprios. Ou seja, esses profissionais se atribuem um grau de satisfação

mais alto do que aquele que foi construído a partir da atribuição de valores

numéricos às respostas do questionário.

74

8 DISCUSSÃO

Com relação ao perfil dos participantes do estudo, destaca-se a

predominância do sexo feminino (72%), uma evidência do aumento da

participação feminina nos serviços de saúde, conforme observado por Bordin

e Rosa (1998). Outro aspecto é que, ao se compararem as freqüências das

faixas etárias, nota-se que a faixa entre 22 e 29 anos é a que tem menor

freqüência, o que pode ser explicado por ser a fase em que as pessoas

estão se dedicando à sua capacitação profissional, em especial os

profissionais de nível superior.Comparando-se com os dados da pesquisa

realizada pelo PNHAH, tem-se que o nível de escolaridade do IIER é mais

baixo que a média nacional, considerando-se a amostra de hospitais da

pesquisa do PNHAH. No IIER 38,2% têm nível superior e 43,7% 2º grau e na

pesquisa do PNHAH são 59,6% com nível superior e 32,3% com 2º grau.

Considerando o tempo de trabalho no IIER, observou-se que a

maioria dos profissionais mantém-se por mais de 10 anos (54,2%). Isso,

somado à informação de que 50,5% nunca mudaram de setor de trabalho

dentro da instituição, pode ser um indicador de que, apesar das queixas

existentes, o grau de insatisfação não se mostra suficiente para

desencadear mudanças de local de trabalho, interna ou externamente. Esse

aspecto provavelmente está relacionado ao clima moral (discutido mais

adiante), pois o Instituto de Infectologia Emilio Ribas é reconhecido por suas

atividades de pesquisa, ensino e assistência, especialmente no campo da

Aids.

A concentração de profissionais nas ocupações de Auxiliares de

enfermagem e Auxiliares de funções técnicas e administrativas justifica-se

pelo tipo de instituição estudada (de assistência à saúde, em geral e

hospitalar, em especial).

O índice de satisfação geral dos profissionais do IIER obtido no

estudo foi de 0,58, com limites de confiança entre 0,55 e 0,59, considerando

o intervalo de confiança de 95%. O estudo realizado pelo PNHAH encontrou

75

índice geral de 0,61 e de 0,57 para os hospitais estaduais e de 0,61 na

Região Sudeste II (Estado de São Paulo), conforme mostra o Quadro 10.

Quadro 10. Índice de satisfação geral dos profissionais estudados no IIER e

na pesquisa promovida pelo PNHAH/MS (médias)

IIER PNHAH/MS

Média IC 95% Estadual Sudeste II Total

Índice total de

satisfação 0,58 0,55-0,59 0,57 0,61 0,61

Observamos que a média do IIER é semelhante ao resultado

encontrado nos hospitais de mesma natureza, ou seja, estaduais. Mas,

quando comparado com a Região Sudeste II, o resultado é inferior, assim

como o índice total. Considerando-se os referenciais estabelecidos pelo

PNHAH, o grau de satisfação dos profissionais do IIER encontra-se na faixa

que corresponde ao nível de satisfação médio, mas que é insatisfatório por

estar abaixo de 0,60.

A seguir, são apresentados os índices de cada um dos indicadores

dos eixos Qualidade das condições de trabalho hospitalar e Qualidade das

condições de atendimento hospitalar, verificados no IIER e na pesquisa do

PNHAH, conforme mostram o Quadro 11 e Figura 4.

76

Quadro 11. Distribuição dos indicadores, conforme os eixos qualidade das

condições de trabalho e qualidade do atendimento oferecido aos usuários no

IIER e PNHAH (Médias)

IIER PNHAH

Indicadores Média IC 95% Média

1.Participação dos profissionais na gestão hospitalar

0,43 0,40 – 0,46 0,55

2.Comunicação na instituição hospitalar

0,55 0,52 – 0,58 0,62

3.Trabalho em equipe na instituição hospitalar

0,62 0,58 – 0,64 0,67

4.Condprofissi

ições de trabalho dos onais

0,42 0,40 – 0,45 0,49

Eixo Qualidade das condições de trabalho hospitalar disponíveis para os profissionais

5.Clima moral e motivação profissional na instituição hospitalar

0,62 0,59 – 0,64 0,68

6.Qualidade das instalações, condições ambientais e equipamentos para o atendimento aos usuários

0,50 0,47 – 0,52 0,60

7.Acesso e presteza no atendimento aos usuários

0,64 0,60 – 0,66 0,60

8.Qualidade da informação rnecida aos usuários fo

0,67 0, 63 –0,69 0,62

9.Relacionamento entre profissionais e usuários

0,65 0,62 – 0,68 0,66

Eixo Qualidade das condições do atendimento oferecido aos usuários

10.Comunicação de queixas e sugestões pelos usuários

0,65 0,60 – 0,68 0,58

77

Figura 4. Distribuição dos indicadores, conforme os eixos qualidade das

condições de trabalho e qualidade do atendimento oferecido aos usuários no

IIER e PNHAH (médias)

0,58

0,66

0,62

0,60

0,60

0,68

0,49

0,67

0,62

0,55

0,65

0,65

0,67

0,64

0,50

0,62

0,42

0,62

0,55

0,43

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

10.Comunicação de queixas e sugestões aos usuários

9.Relacionamento entre profissionais e usuários

8.Qualidade da informação fornecida aos usuários

7.Acesso e presteza no atendimento aos usuários

6.Qualidade das instalações, condições ambientais eequipamentos

5.Clima moral e motivação profissional

4.Condições de trabalho dos profissionais

3.Trabalho em equipe na instituição hospitalar

2.Comunicação na instituição hospitalar

1.Participação dos profissionais na gestão hospitalar

IIERPNHAH

Observa-se que os índices obtidos no IIER são, em sete dos dez

indicadores, mais baixos do que os valores dos índices da pesquisa

realizada pelo PNHAH.

É interessante destacar que, quando o índice geral total das duas

pesquisas é comparado, tem-se que o valor encontrado no IIER situa-se na

faixa de satisfação média, correspondendo a um índice insatisfatório e,

portanto, diferente do índice obtido para a amostra de hospitais investigados

na pesquisa do PNHAH, cujo valor indica uma satisfação alta e índice

78

satisfatório. Quando os indicadores são comparados um a um, há diferença

quanto à escala de satisfação (faixas ou quintis), verificada em três

indicadores: Comunicação na instituição hospitalar (Eixo Qualidade das

condições de trabalho), Qualidade das instalações, condições ambientais e

equipamentos e Comunicação de queixas e sugestões aos usuários (Eixo

Qualidade das condições de atendimentos oferecidas aos usuários). Nos

dois primeiros casos, o valor encontrado no IIER corresponde a um grau de

satisfação médio, e na pesquisa do PNHAH o índice é alto. Quanto ao

indicador Comunicação de queixas e sugestões aos usuários, o IIER

apresenta um índice de satisfação alto, enquanto a média obtida no estudo

realizado pelo PNHAH encontra-se na faixa de satisfação média.

Com relação aos indicadores do Eixo Qualidade das condições de

atendimento aos usuários: Acesso e presteza no atendimento aos usuários

(IIER 0,64 e PNHAH 0,60), Qualidade da informação fornecida aos usuários

(IIER 0,67 e PNHAH 0,62) e Relacionamento entre profissionais e usuários

(IIER 0,65 PNHAH 0,66), verifica-se que os valores obtidos no estudo

realizado no IIER são mais altos, porém todos com índice de satisfação alto

quanto ao grau de humanização.

Quanto aos indicadores do Eixo Qualidade das condições de

trabalho dos profissionais: Participação dos profissionais na gestão

hospitalar (IIER 0,43 e PNHAH 0,55) e Condições de trabalho dos

profissionais (IIER 0,42 e PNHAH 0,49), o IIER apresenta índices de

satisfação mais baixos quanto ao grau de humanização.

A comparação dos indicadores um a um também mostra que há

coincidência nas duas investigações quanto aos indicadores com valores

mais altos e mais baixos, o que significa que os aspectos mais

problemáticos são comuns: participação na gestão e condições de trabalho.

De acordo com Nogueira-Martins (2002), as más condições de trabalho têm

gerado desgaste e insatisfação no serviço público de saúde, por parte de

profissionais e usuários. Segundo o PNHAH, a humanização tem também

como meta o estabelecimento de uma nova cultura institucional, que possa

instaurar padrões de relacionamento ético entre os gestores, técnicos e

79

usuários. Sem a participação do gestor, a humanização hospitalar ficará

restrita a setores e sem visibilidade institucional (Ministério da Saúde, 2002).

Tanto no IIER quanto na amostra nacional, utilizada na pesquisa do

PNHAH, o clima moral e a motivação profissional e o trabalho em equipe são

fatores que geram bastante satisfação entre os profissionais da área

hospitalar, assim como a qualidade da informação fornecida aos usuários, o

que indica que os profissionais consideram que a informação prestada é

adequada. Quanto ao clima moral, é importante ressaltar que os serviços

ligados à assistência em Aids têm revelado que seus funcionários sentem-se

valorizados e satisfeitos por poderem participar de uma política pública

eficaz (Yokaichiya, 2004).

A seguir, a Figura 5 indica que o estudo realizado na Região Sudeste

II e PNHAH apresentam semelhanças com o IIER em boa parte dos

indicadores, em relação à distribuição pelas faixas ou quintis da escala de

satisfação.

Em cinco dos dez indicadores o grau de satisfação em ambos os

estudos são altos: Trabalho em equipe na instituição hospitalar (IIER 0,62 e

Região Sudeste II 0,66), Clima moral e motivação profissional (IIER 0,62 e

Região Sudeste II 0,67), Qualidade da informação fornecida aos usuários

(IIER 0,67 e Região Sudeste II 0,65), Relacionamento entre profissionais e

usuários (IIER 0, 65 e Região Sudeste II 0,66) e Comunicação de queixas e

sugestões aos usuários (IIER 0,65 e Região Sudeste II 0,61).

Os indicadores: Participação dos profissionais na gestão hospitalar

(IIER 0,43 e Região Sudeste II 0,57), Condições de trabalho dos

profissionais (IIER 0,42 e Região Sudeste II 0,49) apresentam índices de

satisfação médio, em ambos os estudos.

Nos outros dois indicadores a situação se inverte e os índices obtidos

no estudo promovido pelo PNHAH com os hospitais da Região Sudeste II

são superiores aos índices do IIER: Comunicação na instituição hospitalar

(IIER 0,55, médio e Região Sudeste II 0,62, alto) e Qualidade das

instalações, condições ambientais e equipamentos (IIER 0,50, médio e

Região Sudeste II 0,60, alto).

80

Figura 5. Distribuição dos indicadores, conforme os eixos qualidade das

condições de trabalho e qualidade do atendimento oferecido aos usuários no

IIER e Região Sudeste II (médias)

0,61

0,66

0,65

0,58

0,60

0,67

0,49

0,66

0,62

0,57

0,65

0,65

0,67

0,64

0,50

0,62

0,42

0,62

0,55

0,43

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

10.Comunicação de queixas e sugestões aos usuários

9.Relacionamento entre profissionais e usuários

8.Qualidade da informação fornecida aos usuários

7.Acesso e presteza no atendimento aos usuários

6.Qualidade das instalações, condições ambientais eequipamentos

5.Clima moral e motivação profissional

4.Condições de trabalho dos profissionais

3.Trabalho em equipe na instituição hospitalar

2.Comunicação na instituição hospitalar

1.Participação dos profissionais na gestão hospitalar

IIER

Região Sudeste II

No presente estudo, realizado junto aos profissionais do IIER,

observa-se que quando os respondentes abordam os indicadores referentes

ao Eixo Qualidade das condições de atendimento oferecidos aos usuários,

os índices de satisfação são mais altos, mas o número de respondentes é

menor do que no Eixo Qualidade das condições de trabalho dos

profissionais. Esta variação pode indicar que existem mais dificuldades em

avaliar o serviço prestado ao usuário do que as repercussões do processo

de trabalho nas suas próprias condições de trabalho. Possivelmente isso se

81

deve tanto à heterogeneidade das ocupações quanto às diferentes visões

que cada setor tem do atendimento que é oferecido aos usuários na

instituição.Também pode-se considerar que profissionais de setores como

administrativo, ensino e pesquisa dispõem de menos informações quanto a

esse atendimento.

O indicador Comunicação na instituição hospitalar, do Eixo Qualidade

das condições de trabalho na instituição hospitalar obteve índice de

satisfação médio (0,55) no IIER, o que demonstra haver falhas na

comunicação na instituição, o que também pode dificultar o acesso a

elementos importantes para a avaliação desse eixo.

A comunicação é de suma importância no avanço na humanização,

sem comunicação não há humanização (Betts,2003). O diálogo entre vários

setores e segmentos (profissionais, gestores e usuários) envolvidos no

trabalho institucional é um passo importante para a melhoria da qualidade

das condições de trabalho e atendimento aos usuários.

A análise das questões abertas reitera algumas das informações

relativas aos indicadores. A análise da questão aberta, referente às

mudanças a serem implementadas, revela que 24,54% demandam

alterações na gestão hospitalar (maior liderança, competência e eficácia da

diretoria e das chefias na definição de rumos, integração de esforços,

promoção da participação das equipes, melhoria dos recursos do hospital,

aplicação imparcial e transparente de normas que regulam os direitos e

deveres no trabalho) e um dos indicadores que tem índice mais insatisfatório

é a participação na gestão hospitalar. Também merece destaque a sugestão

de realização de reformas e ampliação das instalações (12,99%), o que

coincide com um índice insatisfatório no indicador qualidade das instalações,

condições ambientais e equipamentos. Na pesquisa do PNHAH essas duas

são as principais prioridades, mas aparecem na ordem inversa. A melhoria

da qualidade das instalações implica em oferecer alento e satisfação aos

que procuram o serviço público de saúde, bem como aos seus

acompanhantes e cuidadores. A estética também faz parte da humanização

hospitalar; um ambiente confortável, de boa aparência, com sinalização

82

adequada e equipamentos funcionando a contento, são aspectos a serem

valorizados ao se tratar da qualidade do atendimento.

Como já foi mencionado, um dos indicadores com índice mais alto é o

referente ao clima moral e motivação profissional, e quando se analisam as

respostas à questão 41, que diz respeito ao que mais traz satisfação em

trabalhar na instituição estudada, verifica-se que há uma convergência, pois

os participantes declararam que, para eles, é relevante exercerem sua

atividade técnica porque têm gosto pela profissão (17,3%) e também porque

percebem os resultados positivos advindos do trabalho realizado (15,88%) e

podem atender pessoas que necessitam dos serviços prestados (15,52%).

Vale aqui ressaltar que o direito à saúde é universal e que aqueles que

atuam na assistência à saúde precisam estar atentos para evitar posturas

paternalistas que impedem o exercício da cidadania pelos grupos sociais

mais desfavorecidos economicamente, em nome de se fazer o bem ou o que

é melhor e mais adequado para os pacientes (Fortes & Martins, 2000). Por

outro lado, poder perceber resultados positivos do trabalho é um fator

gratificante que contrabalança os possíveis fatores estressantes,

contribuindo para a satisfação do profissional e, conseqüentemente, para a

estabilidade do corpo de funcionários.

Com relação ao índice médio de satisfação, segundo a ocupação

principal, observa-se que, assim como na pesquisa realizada pelo PNHAH,

quando a ocupação principal é direção, gerência ou chefia, o índice de

satisfação é levemente superior às demais categorias. Estudos sobre o

trabalho em saúde mostram que as funções em que os trabalhadores têm

mais autonomia tendem a trazer maior satisfação do que aqueles em que há

menos autonomia, principalmente se esta pouca autonomia for associada à

alta demanda de trabalho (Araújo et al., 2003). Mas vale ressaltar que no

IIER a categoria auxiliar de função técnica e administrativa apresenta um

índice praticamente igual ao dos diretores, gerentes e chefes, conforme

mostra a Figura 6.

83

Figura 6. Índice de satisfação dos profissionais do IIER e dos profissionais

pesquisados na pesquisa promovida pelo PNHAH, segundo a ocupação

principal (médias)

0,62

0,61

0,59

0,60

0,58

0,65

0,59

0,57

0,53

0,57

0,55

0,58

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Aux. função Téc. e adm.(nível médio + operac)

Auxiliares de Enfermagem

Outros profissionais de nívelsuperior

Enfermeiros

Médicos

Diretoria, gerência ou chefiade área

Pesquisa IIERPesquisa PNHAH

Os resultados apresentados indicam os parâmetros de humanização

no IIER. Os índices insatisfatórios exigem atenção por parte dos gestores,

sem que se esqueça a importância da manutenção dos índices satisfatórios.

Nessa perspectiva, a humanização da assistência à saúde envolve,

necessariamente, o “trabalho conjunto de diferentes profissionais em todos

os níveis de atendimento (dos profissionais de primeiro contato à alta

direção do hospital)” (Ministério da Saúde, 2001, p.53).

84

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo pretendeu-se comparar o grau de satisfação dos

profissionais do IIER com os resultados obtidos pelo PNHAH/MS (média

geral e Região Sudeste II). Também se propôs a analisar os índices de

satisfação quanto ao grau de humanização, segundo ocupação principal,

faixa etária e tempo de serviço na instituição.

É importante enfatizar que a discussão da humanização da

assistência hospitalar, em especial quanto às condições de trabalho dos

profissionais, insere este estudo no âmbito da saúde pública e da busca da

efetivação do SUS, no que se refere à garantia de uma atenção à saúde

igualitária, integral e universal.

O movimento de humanização da atenção à saúde trouxe, aos

serviços de saúde em geral, e aos hospitais, em especial, a necessidade de

repensar a qualidade dos serviços de saúde também em função das

condições de trabalho dos profissionais, valorizando, assim, os que

executam as ações.

Muitos serviços públicos de saúde têm funcionado com profissionais

de saúde desmotivados, por falta de capacitação, condições de trabalho

precárias, salários baixos, excesso de burocracia e hierarquia rígida; essas

são algumas das dificuldades que geram o mal estar do trabalhador da

saúde. Segundo Puccini (2003), “essa situação corrói a base de sustentação

do SUS” (p.205). Para que, de fato, ocorram mudanças no funcionamento do

serviço de saúde, é necessário que se instaure um modelo de assistência

eficiente e responsável, voltado para a qualidade do atendimento. Isto

implica em proporcionar, também, melhores condições de trabalho aos

profissionais.

A humanização da assistência hospitalar passa por todos os níveis

hierárquicos, do micro ao macro, incluindo os formuladores das políticas

85

públicas de saúde. O cuidado com a saúde perpassa questões relativas a

aspectos relacionais, estruturais e de articulação. Se o modelo de gestão

não estiver voltado para mudanças na cultura institucional, as ações de

humanização não terão força. Toda a instituição deve estar envolvida com o

processo de mudança.

Os indicadores encontrados no IIER não apresentaram diferenças

importantes em relação aos indicadores obtidos pela pesquisa do PNHAH.

Como destacado na Discussão, há coincidência quanto aos indicadores com

maiores e menores índices. Assim, uma parte das ações necessárias para

inverter as situações insatisfatórias deve ter um caráter ampliado, ou seja,

para além de ações isoladas em cada serviço de saúde. Daí a importância e

relevância de políticas e programas nacionais sobre o tema.

Vale ressaltar, mais uma vez, que o tema da humanização é bastante

complexo e que ainda há muita dificuldade na construção de conceitos

definitivos. Conseqüentemente, a quantificação e mensuração de processos

de humanização também não são simples e estudos com essa perspectiva

ainda são incipientes e precisam ser multiplicados, no sentido de superar

possíveis limitações. A importância de estudos desse tipo é o fato de que

eles podem facilitar a identificação mais precisa de nós críticos para

intervenção, e essa é expectativa ao concluir essa investigação.

Espera-se que os resultados encontrados sirvam como elementos

para uma análise mais aprofundada quanto ao grau de humanização das

condições de trabalho na instituição IIER, e que possam colaborar no

desenvolvimento de ações nesse campo pelo Núcleo de Humanização da

instituição.

86

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida ES, Chioro A, Zioni F. Políticas públicas e organização do sistema

de saúde: antecedentes, reforma sanitária e o SUS. In: Westphal MF &

Almeida ES, organizadores. Gestão de serviços de saúde. São Paulo:

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Programa de Pós-Graduação em Infecções e Saúde Pública da

Coordenação dos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde

de São Paulo; 2004.

90

ANEXO A

Questionário

HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR: UM ESTUDO SOBRE A SATISFAÇÃO PROFISSIONAL QUANTO ÀS CONDIÇÕES DE

TRABALHO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFECÇÕES E

SAÚDE PÚBLICA DA COORDENAÇÃO DOS INSTITUTOS DE PESQUISA DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE- SÃO

PAULO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE COLETIVA

INSTITUTO DE INFECTOLOGIA EMÍLIO RIBAS - IIER

Finalidade da pesquisa Esta pesquisa tem por objetivos: • Identificar a satisfação dos profissionais quanto ao grau de humanização

das condições de trabalho hospitalar. • Subsidiar o planejamento de ações de humanização na Instituição.

Instruções • Este questionário deve ser respondido individualmente. • Todas as instruções necessárias encontram-se especificadas em cada

questão. • Não é necessária a identificação do respondente.

Após respondido, o questionário deverá ser devolvido no máximo até três (03) dias após seu recebimento.

Escolha o Posto de Entrega que achar mais cômodo: Associação dos

Médicos - AMIIER (Diurno); Biblioteca ( 7:00h às 19:00h ) ou Serviço Social

do Pronto-Socorro ( 7:00h às 22:00h ), finais de semana ( 8:00h às 20:00h ).

Em caso de dúvida, procure a coordenadora da pesquisa no hospital.

Muito obrigado por sua colaboração!

Coordenadora da Pesquisa:

Adna Santos Urbano – [email protected]

Assistente Social do Instituto de Infectologia Emílio Ribas -IIER

Av. Dr. Arnaldo,165 – Cerqueira César

São Paulo - SP

Tel. 11 – 3896-1200 Ramal - 1208 ( das 8:00h às 14:00h)

3868-4796 res. / 9271-0453

BANCO DE DADOS: _____ I. Dados de caracterização pessoal

1. Sexo:

1 ( ) Masculino 2 ( ) Feminino

2. Idade:

1 ( ) Até 18 anos 2 ( ) Entre 19 e 21 anos 3 ( ) Entre 22 e 29 anos 4 ( ) Entre 30 e 39 anos 5 ( ) Entre 40 e 49 anos 6 ( ) Mais de 50 anos

3. Grau de instrução:

1 ( ) 1º grau incompleto 2 ( ) 1º grau completo 3 ( ) 2 º grau incompleto 4 ( ) 2º grau completo 5 ( ) Superior incompleto 6 ( ) Superior completo 7 ( ) Superior completo com especialização 8 ( ) Mestrado 9 ( ) Doutorado

4. Há quanto tempo você trabalha neste hospital?

1 ( ) Menos de 1 ano 2 ( ) De 1 a 3 anos 3 ( ) De 3 a 5 anos 4 ( ) De 5 a 10 anos 5 ( ) Mais de 10 anos

5. Qual seu regime de trabalho neste hospital?

1 ( ) Diário – 20 horas 2 ( ) Diário – 30 horas 3 ( ) Diário – 40 horas 4 ( ) Plantão – 12 horas 5 ( ) Plantão – 20 horas 6 ( ) Plantão – 24 horas 7 ( ) Outro. Qual?

6. Assinale os turnos em que você trabalha neste hospital:

1 ( ) Diário - manhã 2 ( ) Diário - tarde 3 ( ) Diário - noite 4 ( ) Plantão – manhã 5 ( ) Plantão - tarde

6 ( ) Plantão - noite

7. Assinale o(s) tipo(s) de contrato que você possui neste hospital:

a ( ) CLT b ( ) Efetivo c ( ) Terceirizado d ( ) Prestação de serviço e ( ) Lei 500 f ( ) Outro. Qual?____________________________________

8. Qual das ocupações abaixo indicadas você exerce neste hospital?

Caso exerça mais de uma ocupação, considere apenas a principal. 1 ( ) Diretoria, gerência ou chefia de área 2 ( ) Médico 3 ( ) Enfermeiro 4 ( ) Outros profissionais de nível superior 5 ( ) Enfermagem (nível técnico e médio) 6 ( ) Auxiliar (funções de apoio técnico e administrativo)

9. Em que setores deste hospital você trabalha atualmente? Assinale todas alternativas que forem válidas no seu caso.

a ( ) Ambulatório b ( ) Internação c ( ) Emergência d ( ) UTI e ( ) Reabilitação f ( ) Apoio (manutenção, lavanderia, alimentação, segurança etc.) g ( ) Administração h ( ) Recepção i ( ) Outra. Qual?_____________________________________

10. Em que setores deste hospital você já atuou? Assinale todas alternativas que forem válidas no seu caso.

a ( ) Ambulatório b ( ) Internação c ( ) Emergência d ( ) UTI e ( ) Reabilitação f ( ) Apoio (manutenção, lavanderia, alimentação, segurança etc.) g ( ) Administração h ( ) Recepção i ( ) Outra. Qual?_____________________________________

11. Que tipo de público você atende neste hospital? Assinale todas alternativas que forem válidas no seu caso.

a ( ) Crianças/adolescentes b ( ) Adultos c ( ) Idosos

12. Você possui outros vínculos empregatícios além deste hospital?

1 ( ) Não 2 ( ) Sim. Qual?______________________________________

II. A gestão do hospital e a participação dos profissionais 13. No seu setor são realizadas discussões internas para identificar

pontos fortes e fracos na qualidade dos serviços de saúde? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Às vezes 3 ( ) Muitas vezes 4 ( ) Sempre

14. Existem oportunidades para sua equipe discutir com os superiores

as dificuldades encontradas no trabalho? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Às vezes 3 ( ) Muitas vezes 4 ( ) Sempre

15. No seu setor existem oportunidades para os profissionais

apresentarem sugestões para a melhoria do trabalho? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Às vezes 3 ( ) Muitas vezes 4 ( ) Sempre

16. Seu superior leva em consideração as idéias, sugestões e

preocupações dos profissionais de sua equipe na tomada de decisões? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Às vezes 3 ( ) Muitas vezes 4 ( ) Sempre

17. Quando ocorrem divergências ou conflitos internos no seu setor,

eles são reconhecidos e adequadamente administrados pela chefia? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Às vezes 3 ( ) Muitas vezes 4 ( ) Sempre

18. As normas e os procedimentos do hospital são aplicados

igualmente a todos os profissionais? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não 3 ( ) Não tenho conhecimento

III. Condições de trabalho dentro do hospital 19. Pensando nas condições adequadas para a realização do seu

trabalho, como você avalia a situação atual de cada um dos itens indicados abaixo?

Para cada item, assinale um X na opção que melhor corresponder à sua situação.

Condições

1 Muito Ruim

2 Ruim

3 Regular

4 Bom

5 Muito Bom

9 Não se aplica

ao meu caso

a) Conforto para o profissional (iluminação, ventilação, espaço, ruído etc.)

b) Segurança (aspectos que possam interferir na saúde do profissional)

c) Equipamentos e materiais

d) Higiene

e) Salário

f) Benefícios

IV. Condições de apoio aos profissionais 20. Pensando nas condições que podem ajudar a realização do seu

trabalho neste hospital, qual a situação dos itens abaixo indicados? Para cada item, assinale um X na opção que melhor corresponder à situação do hospital.

Condições

1 Não

existe

2 Existe

precariamente

3 Existe

satisfatoriamente

9 Não se aplica

ao meu caso

a) Meio de transporte patrocinado pelo hospital

b) Estacionamento

c) Refeitório

d) Área de descanso

e) Atividades recreativas e/ou sociais para convivência dos profissionais

f) Programas de atendimento às necessidades psicossociais da equipe de profissionais

21. Em seu caso pessoal, o acesso a este hospital (chegar e sair) é:

1 ( ) Muito difícil 2 ( ) Difícil 3 ( ) Razoável 4 ( ) Fácil 5 ( ) Muito fácil

22. Este hospital oferece cursos ou treinamentos para o aprimoramento

dos profissionais que atuam no seu setor? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

23. Você já participou de algum tipo de treinamento para melhorar o relacionamento com os usuários e seus familiares? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não

V. Condições para a garantia da qualidade do serviço prestado ao usuário 24. Pensando nas condições que podem aprimorar a qualidade do

atendimento aos pacientes, indique em que medida elas estão garantidas neste hospital?

Para cada item, assinale um X na opção que, na sua avaliação, melhor corresponde à situação do hospital.

Condições

1 Não

existe

2 Existe

em baixo grau

3 Existe

em médio grau

4 Existe

em alto grau

9 Não tenho

dados para

respondera) Rapidez e agilidade no atendimento aos usuários

b) Sistema eficiente de marcação de consultas e retornos

c) Identificação clara dos profissionais (crachá etc.)

d) Boa comunicação entre os profissionais e os usuários

e) Atenção e interesse dos profissionais em relação aos usuários

f) Privacidade e confidencialidade

g) Informações prestadas aos usuários e seus acompanhantes de maneira clara e compreensível

h) Ambiente de espera confortável i) Aparência do hospital j) Sinalização das salas k) Instalações físicas adequadas l) Equipamentos funcionando adequadamente

m) Presteza na marcação e realização de exames laboratoriais

n) Existência de condições para que os usuários apresentem queixas ou sugestões

o) Oferta de informações sobre prevenção e educação em saúde

p) Orientações sobre outros serviços de saúde e de assistência social, existentes na comunidade

VI. Comunicação 25. No seu setor existem meios para os profissionais informarem seus

problemas e necessidades no trabalho? (caixa de sugestões, ouvidoria etc.) 1 ( ) Não 2 ( ) Em fase de planejamento 3 ( ) Sim

Caso a resposta não seja Não ou Em fase de planejamento, passe para a questão 27

26. Estes meios funcionam satisfatoriamente? 1 ( ) Não 2 ( ) Às vezes 3 ( ) Sim

27. O hospital procura atender as necessidades apontadas pelos

profissionais do seu setor? 1 ( ) Não 2 ( ) Às vezes 3 ( ) Sim

28. Os profissionais do seu setor recebem informações oficiais e

constantes da administração sobre as diretrizes e rumos adotados pelo hospital? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

29. Há canais de informação e comunicação interna (jornal, murais,

cartazes, circulares, etc.) sobre programas e atividades realizadas nos vários setores e departamentos do hospital? 1 ( ) Não 2 ( ) Em fase de planejamento 3 ( ) Sim

30. No seu setor a comunicação entre a chefia e os profissionais é

valorizada? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

31. No seu setor, você considera a comunicação entre os membros da

equipe: 1 ( ) Muito ruim 2 ( ) Ruim 3 ( ) Regular 4 ( ) Boa 5 ( ) Muito boa

VII. Relacionamento interpessoal no trabalho 32. Como você considera o relacionamento entre as pessoas que

integram o seu setor? 1 ( ) Muito ruim 2 ( ) Ruim 3 ( ) Regular 4 ( ) Bom 5 ( ) Muito bom

33. No seu setor, você considera a relação de confiança entre as

pessoas: 1 ( ) Muito ruim 2 ( ) Ruim 3 ( ) Regular 4 ( ) Boa 5 ( ) Muito boa

34. Você considera que os profissionais do seu setor constituem um

grupo integrado, que busca atingir objetivos comuns com cooperação e ajuda mútua? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

VIII. Valorização do trabalho e motivação profissional 35. Neste hospital você se sente respeitado e valorizado como

profissional? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

36. Você se sente recompensado em relação à dedicação que tem para

com o hospital? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

37. Você se sente valorizado por sua chefia?

1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

38. Você se sente motivado para o trabalho? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

39. Você sente que o pessoal do seu setor está motivado para o

trabalho? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

40. O trabalho realizado lhe proporciona um sentimento de realização

pessoal? 1 ( ) Nunca 2 ( ) Eventualmente 3 ( ) Sempre

41. O que lhe traz mais satisfação como funcionário deste hospital?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

IX. Valorização do hospital pelos profissionais 42. Considerando todos os aspectos analisados anteriormente, qual o

seu grau de satisfação em trabalhar neste hospital? 1 ( ) Muito baixo 2 ( ) Baixo 3 ( ) Médio 4 ( ) Alto 5 ( ) Muito alto

43. Você se sente ou sentiria à vontade para utilizar este hospital como

paciente? 1 ( ) Não 2 ( ) Em termos 3 ( ) Sim

Comente sua resposta: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 44. O que você mudaria neste hospital?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Anexo B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Declaro que obtive informações necessárias e suficientes sobre o Projeto de

Pesquisa intitulado “Humanização Hospitalar: Um Estudo Sobre a Satisfação

Profissional Quanto às Condições de Trabalho”, cuja pesquisadora responsável é

Adna Santos Urbano, que estará disponível para discutir e esclarecer quaisquer

dúvidas sobre o trabalho, em qualquer etapa do estudo.

A pesquisadora Adna Santos Urbano é aluna do Curso de Mestrado do Programa

de Pós-Graduação em Infecções e Saúde Coletiva da Coordenação dos Institutos

de Pesquisa (CIP) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP), sob

a orientação da Profa. Dra. Cláudia Maria Bógus (Instituto de Saúde – SES/SP).

Declaro que participo voluntariamente nesse estudo que tem o objetivo de

identificar a satisfação dos profissionais quanto ao grau de humanização das

condições de trabalho hospitalar no IIER.

É garantida a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento,

assim como deixar de participar do estudo, sem nenhum prejuízo. Será mantida a

confidencialidade das informações prestadas e a privacidade do sujeito da

pesquisa.

Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo e,

também, não há compensação financeira relacionada à sua participação.

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter

entendido o que me foi explicado, consinto em participar voluntariamente dessa

pesquisa.

____________________________ Data:_____/_____/______

Assinatura do participante

______________________________Data:______/_____/_____

Assinatura do responsável pelo estudo

Para quaisquer outros esclarecimentos, favor contatar:

Adna Santos Urbano – [email protected] Assistente Social do Instituto de Infectologia Emílio Ribas -IIER

Av. Dr. Arnaldo,165 – Cerqueira César

São Paulo - SP

Tel. 11 – 3896-1200 Ramal - 1208 ( das 8:00h às 14:00h)

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