hoje macau 15 mai 2015 #3331

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB GONÇALO LOBO PINHEIRO GONÇALO LOBO PINHEIRO ENTREVISTA PÁGINA 16-17 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 15 DE MAIO DE 2015 ANO XIV Nº 3331 EDGAR SILVA O atleta guerreiro SUNNY CHAN DOCENTE DO IPM FALA DE UM TEMPO DE MUDANÇA Os males que vêm por bem hojemacau h PÁGINA 26 A casinha no Bombarral Macau no coração Quantos nós tem o vento O boticário Tomé Pires OPINIÃO ANA MARIA AMARO (1929-2015) ANDRÉ RITCHIE ENTREVISTA PÁGINAS 4-5 POLÍTICA PÁGINA 8 PÁGINAS 2-3 Tomem lá 60 milhões em rendas GOVERNO

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Hoje Macau N.º3331 de 15 de Maio de 2015

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Quantos nós tem o vento

O boticário Tomé Pires

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política Página 8 Páginas 2-3

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2 hoje macau sexta-feira 15.5.2015óbito

A morte da acadé-mica Ana Maria Amaro, que foi ontem a enterrar

no cemitério de Queluz, em Lisboa, deixou Carlos Mar-reiros “chocado”. Ao HM, Carlos Marreiros fala de uma investigadora de quem é era amigo e admirador. “Não obstante a sua avançada idade tinha uma cabeça mui-to jovem e cientificamente organizada. Continuava, depois de ter saído de Macau há tanto tempo, a interessar--se por Macau, a investigar, a ensinar a Macau aos por-tugueses e acima de tudo a publicar obras de grande valor cientifico e antropo-lógico. Macau perde uma grande mulher. Sinto não só a sua perda afectiva, como também colectivamente, como cidadão de Macau. Sinto que Macau ficou mais pobre”, disse o arquitecto e director do Albergue SCM ao HM.

Deu aulas no Liceu Infante D.Henrique, fundou o Instituto Português de Sinologia em 1997, dedicou--se de corpo e alma ao estudo de Macau e das suas gentes, num tempo que já não existe. Macaenses, antigos alunos e admiradores recordam Ana Maria Amaro, a académica que deixou livrosde referência

AnA MAriA AMAro fAleceu eM lisboA. Albergue scM editA livros póstuMos

A investigadora com Macau no coração

Em Junho, Marreiros tinha encontro marcado com Ana Maria Amaro em Lis-boa, para acertar detalhes da

publicação do segundo volu-me de “Jogos, brinquedos e outras diversões de Macau” e um outro livro. Apesar do

“O seu falecimento deixa-me profundamente triste. Tinha uma visão muito própria de Macau e da cultura macaense sobre [a qual] nos deixou livros fundamentais”ArnAldo GonçAlves Académico

“Macau perde uma grande mulher. Sinto não só a sua perda afectiva, como também colectivamente, como cidadão de Macau. Sinto que Macau ficou mais pobre”CArlos MArreiros Arquitecto

desaparecimento da autora, o projecto não deverá morrer.

“Queria avançar com as publicações, ainda que a

titulo póstumo. Espero que as colaboradoras dela da univer-sidade possam pegar nisso.”

Ana Maria Amaro viveu

apenas 15 anos no territó-rio, entre 1957 e 1972, de onde saiu para nunca mais voltar. Contudo, isso não a impediu de publicar dezenas de obras sobre os costumes e tradições da comunidade macaense, bem como estu-dar a origem dos macaen-ses. Professora jubilada da Universidade Técnica de Lisboa, fundou, em 1997, o Instituto Português de Sinologia.

O académico Arnaldo Gonçalves recorda-a como uma das pioneiras no esta-belecimento da ponte entre portugueses e chineses. “O seu falecimento deixa-me profundamente triste. Foi a fundadora dos estudos sobre Macau e o Oriente em Portugal. Foi uma espécie de mensageira que devotou a essa causa toda a sua vida, a carreira académica e o trabalho como investigadora e ensaísta”, disse ao HM. “Tinha uma visão muito pró-pria de Macau e da cultura macaense sobre [a qual] nos deixou livros fundamentais. Era multifacetada e de um labor e organização formi-dável”, disse ainda.

José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus (IEEM), recorda a mulher que “cos-tumava muitas vezes” ir aos ‘tin-tins’, zonas menos frequentadas pelos portu-gueses, nos anos 60. “Ela tinha muito interesse em falar com as pessoas dos asilos para conhecer melhor o patuá ou algumas histórias e hábitos que existiam”.

As memóriAs dos Alunos Sales Marques chegou a ser aluno de Ana Maria Amaro no Liceu Infante D.Henrique, onde estudava na área de Economia, em que se formou. “Sem dúvida que aprendi muito com ela. Ela não era uma professora mui-to convencional, de obrigar os alunos a decorar as coisas, havia muita cultura geral no

3 óbitohoje macau sexta-feira 15.5.2015

C onsiderado fundamental para a compreensão de uma época muito própria de Macau, que já se terá

esfumado com o brilho dos casinos, o trabalho de ana Maria amaro nem sem-pre foi consensual. Grande estudiosa da génese dos macaenses e das suas famílias, a académica defendia que a sua origem não vinha apenas da ligação de chineses com portugueses, mas também de outros países asiáticos.

Miguel de senna Fernandes assume que apesar de algumas críticas, “todos respeitam a posição da senhora”. “ela optou por uma visão antropológica sobre as origens da comunidade macaense, há outras, mas o certo é que o conceito foi evoluindo e mudando ao longo do tem-po. as pessoas diferem muito sobre este conceito, mas são pontos de partida”, disse ao HM.

Também José sales Marques conside-ra que “é um bocado difícil dizer como tudo começou”, até porque “a tese de que os macaenses não são necessariamente resultado da ligação de chineses com portugueses tem alguma força, porque é preciso compreender que naquela altura a religião era um factor muito importante. e começava a haver chineses convertidos em Macau, mas além disso também havia pessoas que vinham de Goa, Malaca, tal-vez até do Japão. olhando para o senso comum, diz que temos de estar abertos a outras hipóteses”.

sales Marques aponta ainda outra “limitação” do seu trabalho: o facto de ter saído de Macau em 1972 e não mais ter voltado. “Penso que ela devia ter vindo a Macau, mas isso foi uma opção por razões que ultrapassam a nossa compreensão. o facto de não ter vindo a Macau pode ter limitado o seu trabalho científico”, apontou.

Tereza sena, historiadora do instituto Politécnico de Macau (iPM), fala da im-portância do trabalho de ana Maria amaro para o conhecimento de uma determinada época, mas defende que a académica devia ter ido mais além. Lembra a obra “das cabanas de palha às torres de betão”, focada na Macau urbana, mas acredita que não chega.

“embora tenha acompanhado sempre Macau, não acompanhou o desenvol-vimento de Macau dos últimos anos. a sua investigação está centrada na época em que viveu. Fala muito dos costumes, da vida doméstica, dos jogos, mezinhas caseiras, os trajes. Publicou descrições dos templos, um que quase obrigou o Governo a comprar o Jardim Lou Lim ieoc, uma das paixões da professora ana Maria amaro.”

“Do ponto de vista da comunidade macaense ela foi uma figura importante, sobretudo pelo trabalho científicoque desenvolveu”Miguel de Senna FernandeS Presidente da associação dos Macaenses

AnA MAriA AMAro fAleceu eM lisboA. Albergue scM editA livros póstuMos

a investigadora com Macau no coração

“Sem dúvida que aprendi muito com ela.Ela não era uma professora muito convencional, de obrigar os alunos a decorar as coisas, havia muita cultura geral no meio das aulas”JoSé SaleS MarqueS Presidente do instituto de estudos europeus

meio das aulas, falava muito sobre a cultura de Macau e dos chineses, ela também tinha muito interesse nas danças folclóricas portugue-sas e se bem me lembro foi ela que introduziu as danças folclóricas no liceu”, conta.

Também antónio José de Freitas, actual provedor da santa Casa da Misericórdia (sCM), foi seu aluno. “Fazia parte do grupo folclórico do liceu e ensinava a cantar o fado. o prestígio como his-toriadora só vim a conhecer depois. adorei ter aulas com ela”, recorda.

Miguel de senna Fernan-des, presidente da associação dos Macaenses (adM), con-sidera que, não sendo pioneira a estudar Macau, ana Maria amaro foi das primeiras a fazê-lo de forma sistemática.

“do ponto de vista da comunidade macaense ela foi uma figura importante, sobretudo pelo trabalho científico que desenvolveu. Pode não se concordar com os resultados a que chegou, mas ela foi um ponto de partida de várias pesquisas e apontamentos. Pertence a um património da comuni-dade macaense.”

arnaldo Gonçalves re-corda os períodos em que o governador Vasco rocha Vieira a tentou trazer para Macau, convites que ana Maria amaro sempre recu-sou, “invocando razões de saúde e de distância”. a sua morte “deixa o ensaio cultu-ral português e os estudos da lusofonia órfãos”.

o instituto Português de sinologia publicou en-tretanto um comunicado no Facebook a informar “com profundo pesar” a morte da sua presidente, onde vários comentários recordam a figura de Ana Maria Amaro e o trabalho feito durante dé-cadas. o HM tentou chegar à fala com algum representante do instituto, sem sucesso.

Andreia Sofia [email protected]

FiguraS analiSaM trabalho acadéMico

Uma visão de respeito

Para Tereza sena, seria importante “pegar na obra dela, reeditá-la e fazer uma obra completa”. “Poderá ser um trabalho importante no meio académico, com a obra a ser comentada e com uma abordagem crítica”, acrescentou.

OS pOucOS ApOiOSapesar de ana Maria amaro ter sido agra-ciada com a Medalha de Mérito Cultural em 1989, João Botas, jornalista e autor de algumas obras sobre a história de Macau, diz que a académica e antiga docente do liceu deveria ter tido mais apoios para as suas obras.

“Era uma pessoa com créditos firmados no que a Macau diz respeito, mas também sobre a China, e deveria ter tido mais apoios. se os tivesse tido, não se teriam perdido trabalhos que ela tinha prontos ou quase prontos e que, por via da sua morte, poderão estar irremediavelmente perdidos. Mas enfim, é o costume, infelizmente. Por vezes é preciso que as pessoas morram para que se lhes dê o devido valor”, contou ao HM, por e-mail.

João Botas, que conheceu ana Maria amaro há dez anos e com quem teve vá-rios contactos e partilha de experiências para a publicação de livros, assume que “foi graças” a si “que ela obteve os apoios necessários para a edição do livro Jogos, brinquedos e outras diversões populares de Macau”. A.S.S.

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4 hoje macau sexta-feira 15.5.2015entrevistaSunny Chan lecciona Administração Pública no IPM e tem uma perspectiva particular sobre o futuro da região: o actual decréscimo das receitas pode abrir os olhos dos jovens locais, criar novos postos de trabalho e permitir a globalização da China, que de acordo com Sunny, está cada vez mais independente do capitalismo ocidental. Sobre a política local, o académico fala numa maior necessidade de representação no hemiciclo e na urgência de leis que regulem as necessidades quotidianas

Sunny Chan Professor de AdministrAção PúblicA do iPm

“Representatividade na aL não está assim tão equilibrada”Quais são, para si, os principais problemas sociais em Macau neste momento?Penso que actualmente há pessoas que estão a sofrer [com a queda das receitas], mas não é certamente o pior cenário de todos. Talvez esta situação possa traduzir-se numa oportunidade para a sociedade aprender a lidar com as outras coi-sas, como são o mundo dos negócios ou as macro e micro-economias de Macau. Há alguns comentários sobre a grande dependência que a economia local tem do Jogo e acho que este é um momento muito bom – tanto para as operadoras como para o Governo – para repensar o formato do nosso mercado, principalmente no que respeita à diversificação da economia. O Governo Central tem feito esforços para lutar contra a corrupção e sabemos que já não é assim tão fácil deixar entrar dinheiro ilegal em Macau para branquea-mento, o que também prejudicou as receitas das salas VIP. Actualmen-te, a questão é saber como é que podemos adaptar-nos à mudança. É preciso começar a desenvolver projectos de entretenimento fora da área de Jogo, mas patrocinados pelos casinos. Também é preciso começar a atrair as pessoas para um turismo cultural.

Diria então que este decréscimo na economia vai ser positivo?De uma certa perspectiva, sim. O Governo Central está preocupado com o controlo dos casinos por potências ocidentais através do capital. Isto faz com que a China queira diversificar toda a econo-mia local, especialmente aquela que é controlada pelo capitalismo ocidental, como são o australiano ou dos EUA. Na altura em que o mercado do Jogo deixou de ser só de Stanley Ho (2002), houve uma onda de críticas afirmando que muito do dinheiro da China estava a “voar” para os EUA através de Macau pelos casinos da região. Neste momento, julgo que a China tem uma forte motivação para cessar a entrada de dinheiro ilegal em Macau, ou seja, para impedir este dinheiro de sair da China. Outro factor positivo é que este “reequilíbrio” económico traz aos jovens uma oportunidade para pensar no seu futuro e mostrar-lhes que há mais no mundo para além de uma carreira nos casinos como croupier ou empregado de hotel. O mundo está em constante mudança e é preciso que percebam que não podem acreditar que terão o mesmo emprego para sempre.

Mas acredita que há espaço no mercado profissional para optar

por um emprego fora da indústria do Jogo? Os capitalistas e empresários locais e o Governo deviam formular novos mecanismos para criar carreiras e posições. Um dos exemplos em que se pode pegar é a criação de PME de jovens locais que um empresário da região fez na Ilha da Montanha: em parceria com um banco, é feito aos jovens um empréstimo e espaço. Ma-cau é uma economia muito pequena e deve ser o Governo a ter o papel principal e a dar o financiamento ne-cessário para criar novos empregos.

No entanto, há áreas profissionais que serão mais prejudicadas que outras, como a construção civil, caso o número de construções diminua. Depende de que categoria laboral estamos a falar, até porque ainda há uma série de obras privadas a decorrer, como são a habitação pú-blica em Coloane, os cinco aterros, a ponte entre Macau e Hong Kong... Não estou muito preocupado com isto, porque uma eventual dimi-nuição não tem, em termos anuais, representatividade num sentido de balanço. Isto porque geralmente as estatísticas anteriores mostram um aumento significativo e os números ficam equilibrados. Não creio que a nossa condição seja má.

No que respeita à contratação de TNR. Vários deputados têm-se mostrado contra esta medida. Concorda?O Governo devia garantir emprego para os residentes, mas se não con-seguirmos encontrar pessoas com determinadas capacidades a nível local, é preciso ir buscar lá fora. A nossa taxa de desemprego é, em termos científicos, ‘anormal’. A im-portação de trabalhadores é boa para a economia, mas é preciso ver que categorias são as mais necessitadas.

Quais são os sectores mais ne-cessitados? Depende da área de negócios e de caso para caso. Hoje em dia temos que ter várias categorias de TNR, não só nos sectores de construção e casinos. Uma empresária que con-trate uma ‘babysitter’ filipina já pode ir trabalhar, tal como um estudante de Biologia de Macau pode arranjar emprego, se tiver um professor norte--americano conhecido.

Como seria um mau cenário para o território? Alguns especialistas de Economia referem que o reajustamento econó-mico deverá demorar de nove meses a um ano, esperando-se que venha aí outro ciclo de riqueza em meados

de 2017. Nesse momento será feita a renovação dos contratos entre o Governo e os casinos e acredito que ambos vão passar da teoria à prática no sentido de dinamizar a economia. A implementação da estratégia ‘Uma Faixa, Uma Rota’, desenvolvida pelo Governo Central, está pensada para impulsionar as economias de Macau e Hong Kong. Isto é positivo não só para as duas regiões, mas também para estreitas a cooperação com os países do Médio Oriente. Isto mostra que a China quer globalizar a sua própria economia e fazer com que esta não dependa dos EUA como tem acon-tecido. É por isso que o continente precisa das duas RAE, como pontes de ligação para o resto do mundo.

Isso poderá provocar uma maior dependência de Macau da China? Se olharmos para a história de Macau e Hong Kong, esta região sempre dependeu muito da China, mesmo antes da transferência de

soberania. Em 1842, quando a RAEHK se tornou numa colónia, a economia de Macau estava a cair e a China deu um grande apoio. Hong Kong é muito mais internacional e funciona como a plataforma finan-ceira chinesa para o mundo. Con-tudo, em Macau as pessoas têm a mente mais fechada e a região é mui-to mais pequena. Nunca poderemos ser exclusivamente independentes e vamos sempre ter que funcionar como ponte de ligação. No entanto, há a preocupação de ser preciso melhorar ao nível institucional, ou seja da independência do Governo face ao sector empresarial e do nosso sistema legal independente e único. Se não conseguirmos re-solver os problemas de transportes públicos, trânsito e habitação, o nível de competitividade da cidade vai decrescer bastante.

Há algumas semanas, Lionel Leong anunciou a possibilidade de um decréscimo no valor do

“A nossa taxa de desemprego é, em termos científicos, ‘anormal’. A importação de trabalhadores é boa para a economia, mas é preciso ver que categorias são as mais necessitadas”

5 entrevistahoje macau sexta-feira 15.5.2015

Sunny Chan Professor de AdministrAção PúblicA do iPm

“Representatividade na aL não está assim tão equilibrada”

cheque pecuniário atribuído anualmente aos residentes. O que pensa disto?Uma série de especialistas diz que este cheque é apenas uma medida instrumental de curto-prazo e não deve existir para sempre, porque não ajuda a minorar a disparidade entre ricos e pobres. O melhor seria dar mais recursos aos mais carenciados, mas a atribuição deste cheque funciona como instrumento do Governo, que começou a acon-tecer numa altura de instabilidade política, com Edmund Ho. Foi uma espécie de acidente que não deve continuar. No entanto, é preciso pensar nas consequências socio-políticas que advirão da reacção das pessoas com o fim do cheque.

Muitos dos deputados com assento na Assembleia Legislativa são tam-bém empresários e gerem negócios na área da construção civil, por exemplo. Estarão eles realmente a representar a sociedade local?

Julgo que neste momento não está assim tão equilibrado, quando comparado com a RAEHK. Em Hong Kong, o Conselho Executivo e Legislativo tem pessoas de vários sectores e existe mais equilíbrio,

mas em Macau não acredito que haja porque a esmagadora maioria provém do sector empresarial. Cla-ro que isto faz com que as políticas relacionadas com o comércios e os terrenos venham a ser mais favo-ráveis para estas pessoas. Daqui a algum tempo é possível que mude, quando a sociedade começar a ter uma maior consciência política e de luta pelos seus direitos. Talvez nessa altura a ala pró-democrata e trabalhista tenha mais poder.

Considera que há demasiados deputados nomeados? Sim, mas julgo que o Governo local está preocupado com o facto da abertura de mais lugares para eleições directas ser mais difícil de controlar. Se a percentagem de deputados elei-tos aumentar, podem não ir lá parar pessoas da ala democrata, mas sim da empresarial. O mais importante é educar os votantes, algo que depende dos esforços feitos pelos grupos pró--democratas. No entanto, acho que Macau não deve seguir o exemplo de Hong Kong porque o confronto entre as duas partes provocou um “empate” e não quero ver isso acon-tecer em Macau.

Concorda com a implementação do sufrágio universal?Não seria uma coisa fácil de fazer, porque os discursos do Governo Central e local não vão nesse sentido. Na minha opinião, devia começar-se a permitir as eleições ao nível distri-tal, em conselhos consultivos. Podia ser um exercício promovido pelos pró-democratas para incentivar as pessoas, desde novas, a votarem para os conselhos consultivos. Os Gover-nos [Central e local] são bastante inteligentes, no sentido em que vão dando alguma liberdade para libertar a pressão: “dou-vos esta arena para poderem brincar”.

No que diz respeito à proposta do Regime de Garantias. Faz este mês um ano que teve lugar uma das maiores manifestações contra esta proposta. Qual é a sua opinião sobre o documento e que mudanças deverá o novo conter?Penso que a proposta vai ser refor-mulada. No ano passado, a fúria por parte da sociedade teve origem no facto de algumas chefias do Go-verno não terem alegadamente feito um bom trabalho e prepararem-se na mesma para ter uma série de regalias. Talvez daqui a dois ou três anos, quando a performance do Governo melhorar, esta proposta se torne mais positiva aos olhos da sociedade e seja aprovada. Julgo que o conteúdo base da proposta deveria ser comparado com o de

regiões semelhantes e a meu ver está relativamente parecido.

Em termos de performance do Go-verno: o que entende que deveria ser primeiramente feito na refor-ma da Administração Pública? Antes de mais, o sistema ‘e--government’. É preciso melhorar a comunicação interna do Governo. Hoje em dia, um documento viaja por vários departamentos de uma mesma direcção de serviços, mes-mo com requerimentos simples e de pequenas coisas. Os departamentos de base e médios não têm poder de jurisdição suficiente e assim tudo tem que chegar aos cargos de topo. No entanto, ninguém tem mais de 24 horas no seu dia e as chefias têm que rever e analisar tudo o que vem de baixo.

Considera que, em termos hie-rárquicos, os funcionários de classe baixa e média deviam ter mais poder? Sim, [devia] fazer-se com que o poder flua para baixo e permitir que estes tenham um poder deci-sório e possam lidar com questões financeiros, por exemplo. Isto ainda não acontece, mas esperemos que futuramente sim. Um dos exemplos é de um financiamento de projecto que envolve duas Secretarias. Os documentos viajam para cima e para baixo para dois meses depois duas Direcções assinarem um contrato. Ambos são do Governo, mas é sempre preciso que tudo passe por todos. É algo muito interessante. Temos cerca de dez mil pessoas a

trabalhar num Governo e não é que haja demasiados funcionários... não são é eficientes. Os procedimentos administrativos também são muito fracos e podiam ser facilitados.

No que diz respeito à economia lo-cal. Alexis Tam afirmou há umas semanas que se poderia obrigar a uma diminuição do número de entrada de turistas na RAEM. Qual é a sua opinião?Concordo, até porque precisamos de começar a ter uma categoria diferente de turistas. Não há hotéis suficientes para colmatar o número de turistas, os indicadores mostram que a capacidade de acolhimento dos alojamentos não chega e é preciso ter um potencial económico mais atractivo, mais locais culturais e melhores guias turísticos.

Acha que Macau tem capacidade para alterar o paradigma actual do turismo? Neste momento não. Temos que construir mais parques temáticos e outros elementos não-Jogo. Singa-pura cria, de dois em dois ou três em três anos, uma nova atracção turística, como são os Garden By The Bay.

Acredita que o tipo de turistas – chineses do continente – que cá vem gostaria de ver coisas desse género? Os turistas chineses querem ver coisas diferentes daquilo que vêem nas suas cidades-natal. Temos que criar novos elementos que não são típicos na China.

Ao nível legislativo. Que leis con-sidera serem importantes rever neste momento?Diria que as mais importantes são aquelas relacionadas com o trânsito na cidade, que regula o número de carros na rua e os estacionamentos. Primeiro é preciso que a penalização por estacionamento ilegal seja mais pesada porque vários carros fazem isto, o que provoca muito tráfego. Também precisamos de ter mais lugares de estacionamento públicos e o sistema de arrendamento de lugares devia passar a ser diário para que todos os automóveis tivessem direito a usufruir. A educação da sociedade sobre utilização de transportes públi-cos também é importante, mas não podemos esquecer que também o sistema de aluguer de táxis tem que mudar, deixando de ser um monopó-lio. É preciso que uma nova empresa se chegue à frente.

E em relação à Lei dos Consumi-dores. Há quem se queixe que o Conselho dos Consumidores tem poder a menos. Concorda?O Governo devia fornecer mais recursos ao Conselho. Na RAEHK, por exemplo, têm um financiamento mais alargado para pesquisa e estudos científicos e mecanismos de ajuda legal disponível aos consumidores.

Leonor Sá [email protected]

“A China quer globalizar a sua própria economia e fazer com que esta não dependa dos EUA como tem acontecido. É por isso que o continente precisa das duas RAE, como pontes de ligação para o resto do mundo”

“Se a percentagem de deputados eleitos aumentar, podem não ir lá parar pessoas da ala democrata, mas sim da empresarial. O mais importante é educar os votantes, algo que depende dos esforços feitos pelos grupos pró- -democratas”

6 hoje macau sexta-feira 15.5.2015política

“o s deputados traba-lham pouco dentro da Assembleia Le-gislativa (AL)”.

Assim começa por frisar José Pe-reira Coutinho, deputado, quando questionado sobre se concorda com a proposta de alargamento do período de intervenção antes da ordem do dia. Todos os con-tactados pelo HM concordam, até porque, há quem defenda, é preciso trabalhar mais.

“Quando entrei para a AL, em 2005, os deputados tinham que trabalhar até às altas horas da ma-drugada, interpelando os secretá-rios até ao limite das perguntas que entendiam ser necessárias fazer”, explicou o deputado, sublinhando que nos dias que correm este já não é o cenário. “Com a alteração do Regimento, para que a partir das 20 [horas] toda a gente vá para casa jantar, acabou-se a festa. Assim não. Acho que o tempo de interven-ção e o trabalho é manifestamente curto”, diz.

Na opinião do deputado, antes da alteração do Regimento da AL, “trabalhava-se mais na As-sembleia”. Hoje, “cada vez se faz menos”, defende, sublinhando que “já se trabalha pouco nos plenários e que cada vez mais há menos trabalho dentro das Comissões”.

Comparando o cenário de Macau com o de Hong Kong, o deputado argumenta que no ter-ritório “há muito mais trabalho em Hong Kong, não há limitação temporal e o tempo de intervenção dos deputados, comparado com os de Macau, é quase o dobro”. Pereira Coutinho diz que “não se percebe” o funcionamento local, apesar de existirem na sua opinião cada vez mais problemas e mais complexos.

Também Melinda Chan assina esta opinião. Para a deputada é pre-ciso mostrar e trabalhar mais, até porque a população está cada vez mais atenta. “Claro que temos que trabalhar mais, porque as pessoas

“Claro que temos que trabalhar mais, porque as pessoas de Macau estão mais conscientes e preocupadas com o que os deputados estão a fazer na ALe nas reuniões”Melinda Chan deputada

Deputados consideram boa a proposta da Comissão do Regimento e Mandatos em retirar o limite ao tempo de intervenção dos deputados antes da ordem do dia. Mas, mais do que isso é preciso, defendem, trabalhar mais. Muito mais

al DeputaDos De acorDo com mais tempo De intervenção

Ora vamos lá trabalharde Macau estão mais conscientes e preocupadas com o que os de-putados estão a fazer na AL e nas reuniões”, argumenta a deputada. Em paralelo, diz, também há neces-

sidade de mais leis e revisões, pelo que os deputados devem apressar o seu trabalho e passar mais tempo em discussões e reuniões. “Temos que ter mais reuniões, todas as semanas”, defende.

Na visão de Gabriel Tong a situação é bem mais simples. “Não acredito que algum deputado se opo-nha [caso tenha que trabalhar mais] a este trabalho tão honroso”, diz.

Também para o deputado Vong Hin Fai, os seus colegas estão a “cumprir as suas funções”. O traba-lho feito em plenários e nas várias Comissões está a ser respeitado. “É o nosso dever”, remata.

Tempo para Todossobre a proposta que prevê a retirada da limitação do tempo de intervenção antes da ordem do dia, que actualmente é de uma hora, Pereira Coutinho defende que, com o aumento gradual do número de deputados, ter-se diminuído o tempo de intervenção pouco ou nada faz sentido.

Dando exemplos, o deputado argumenta que, durante a apresen-tação das Linhas de Acção Gover-nativa (LAG), em que foi atribuída meia hora a cada deputado, na prática não era isso que acontecia. “O facto é que só conseguíamos aproveitar 15 minutos para uma tutela, o que é manifestamente insuficiente para abordar tantas

“Com a alteração do Regimento, para que a partir das 20 [horas] toda a gente vá para casa jantar, acabou-se a festa. Assim não. Acho que o tempo de intervenção e o trabalho é manifestamente curto” Pereira COutinhO deputado

áreas”, assinala. “É preciso votar a favor, para que os deputados tenham possibilidade de fazer a sua intervenção”, diz.

Melinda Chan explica que a hora disponibilizada actualmente “não é suficiente”, tendo em con-ta a existência de 33 deputados. “Neste últimos anos temos feitos

as intervenções só com uma hora, agora [se aprovada a proposta] os deputados vão ter mais tempo, o que é bom”, refere.

Com cinco minutos atribuídos a todos os deputados - tempo que Melinda Chan considera suficiente - e com a nova proposta, que não limita, então, o período antes da ordem do dia, será possível todos participarem sem terem que espe-rar por um novo dia ou que algum deputado no hemiciclo proponha a extensão por mais uma hora, tal como acontece actualmente.

Mas, o problema não é o tempo dispensado. É esta a ideia que de-fende o também deputado Gabriel Tong. Não seria pouco se o número de deputados não tivesse crescido, logo é preciso que o tempo tam-bém acompanhe o crescimento do número de deputados, defende.

Feitas as contas, com 33 de-putados a conseguirem usufruir cada um dos seus cinco minutos, o tempo de intervenção antes da ordem do dia irá ultrapassar as duas horas. “Esta é a duração má-xima que estamos a contar e acho que este regime, se for aprovado, é bom”, defendeu Vong Hin Fai, reforçando que a partir desse mo-mento todos os deputados podem participar, cumprindo o seu dever social e político.

Filipa araú[email protected]

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7 políticahoje macau sexta-feira 15.5.2015

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O Secretário de Estado das Comuni-dades Portuguesas, José Cesário, vai medalhar cinco portugueses

residentes em Macau durante a sua visita ao território, na próxima semana. Os esco-lhidos seguem a proposta de Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau.

A médica Paula Pimenta, clínica no Hospital Conde São Januário, e a pro-fessora Cândida Pires, da Faculdade de Direito da Universidade de Macau são as duas mulheres condecoradas por Portugal, com a medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas. Também os empresários da restauração António Neves Coelho e Jor-ge Mota, com espaços abertos na cidade há vários anos, serão distinguidos pelo Governo português, que distingue ainda Augusto Nogueira, presidente da Associa-ção de Recuperação de Toxicodependentes de Macau.

De acordo com Vítor Sereno, a cerimó-nia de imposição das medalhas realiza-se na residência consular portuguesa a 20 de Maio e o Secretário de Estado das Comu-nidade, José Cesário, outorga as condeco-rações em nome do Governo português.

Questionados sobre a atribuição das medalhas, Augusto Nogueira, presidente da ARTM, e o chef António Neves Coelho dizem que as medalhas são um sinal de reconhecimento pelo trabalho realizado.

Em declarações à Rádio Macau, Au-gusto Nogueira diz-se “bastante contente e orgulhoso por receber esta medalha” que é também, acrescenta, “de todos os que já trabalharam e trabalham na ARTM”.

“Significa também que o nosso trabalho está a ser reconhecido. Além de alento ao

CinCo portugueses reCebem medalhas de José Cesário

Méritos lusitanos

“Sinto muita honra que estes cidadãos portugueses sejam distinguidos pelo seu trabalho em Macau porque todos, cada um na sua área, têm contribuído, como muitos outros,para dignificaro nome de Portugal”Vítor sereno Cônsul-geralde portugal em macau

que temos vindo a fazer, queremos é que as pessoas recuperem bem e iniciem uma nova vida sem drogas”, afirmou o presi-dente da ARTM à Rádio Macau.

Honras da casaTambém António Neves Coelho se diz “honrado” pelo reconhecimento. “Signi-fica que o trabalho que temos efectuado em Macau é reconhecido pelo governo português”, afirma. “Além de honrado, obriga-nos a continuar na mesma senda de qualidade e difusão da cultura portu-guesa, ao nosso estilo, essencialmente gastronómico e vitivinícola e de todos os produtos portugueses que é possível ter-se em Macau”, acrescenta o chef.

Para Neves Coelho a condecoração é um sinal de trabalho positivo. “Quando o governo chinês nos condecorou há dois anos e o governo português agora, sig-nifica que estamos na via mais ou menos certa, que agrada à maioria das pessoas. Tentamos promover Portugal e quem nos acolheu, Macau.”

Também Sereno se mostrou satisfeito. “Sinto muita honra que estes cidadãos portugueses sejam distinguidos pelo seu trabalho em Macau porque todos, cada um na sua área, têm contribuído, como muitos outros, para dignificar o nome de Portugal, fazer respeitar a comunidade portuguesa e promover a qualidade e a capacidade nacionais nas mais diversas áreas do conhecimento, do empreendedorismo, da ajuda ao próximo e, também importante, dos sabores da nossa gastronomia”, assi-nalou à Lusa.

José Cesário

foto gonçalo lobo pinheiro

8 política hoje macau sexta-feira 15.5.2015

O Governo tem mais de meia centena de de-partamentos públicos alojados em edifícios

privados, pagando uma renda men-sal de 48,1 milhões de patacas por todos eles. De acordo com dados fornecidos ao HM pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), anualmente são gastos 577,1 mi-lhões de patacas.

Actualmente, segundo o registo do Governo, há “38 departamentos governamentais” cujos escritórios estão a ser arrendados em espaços comerciais. Estes pertencem a “senhorios privados” e o valor total pago pelo Governo chega aos 29 milhões de patacas por mês.

Contudo, há ainda organismos autónomos que também arrendam espaços comerciais, sendo que estas rendas ascendem aos 19,1 milhões de patacas por mês.

A DSF não fez a descrição dos organismos e departamentos do

A deputada Wong Kit Cheng quer que o Governo faça uma revisão ao Projecto

Piloto de Serviços de Amas Comu-nitárias, apresentada pelo Instituto de Acção Social (IAS). Wong con-sidera que o programa não está a ter a taxa de sucesso prevista, pelo que pede que os critérios de pedido por certificado sejam mais vastos e que os prémios de prestação de serviços sejam melhores. Numa interpelação escrita, Wong lembra que o projecto previu, em Agosto do ano passado, a contratação de 75 amas para cuidar de cerca de cem crianças. Ano e meio depois, a deputada cita uma das três insti-tuições responsáveis pelo forneci-mento dos serviços, referindo que os residentes não sabem bem para que servem, frisando que a com-binação entre o número de amas comunitárias e crianças não foi satisfatório. “Até Fevereiro deste ano, apenas 15 amas comunitárias estão disponíveis para oferecer serviços, mesmo que existam 37 famílias que esperam pela aprova-

Secretário de Estado encontra-secom Sónia Chan O Secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, vai encontrar-se esta tarde com a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan. O encontro faz parte do programa de visita do Secretário à China. Nuno Vieira e Brito permanece apenas durante o dia de hoje no território, onde vai também reunir-se com a Associação de Importadores e Exportadores de Macau, seguindo-se de um encontro com a Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, no Clube Militar e um almoço para a apresentação do Portal para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Durante a tarde, o Secretário de Estado vai reunir-se com a Secretária Sónia Chan, seguindo-se a reunião com a empresa Nam Yue e, por fim, um jantar com Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O dia de sábado será dedicado exclusivamente a uma visita a Hong Kong, partindo para Zhuhai a meio da tarde.

IAS PedIdA revISão do Projecto de AmAS comunItárIAS

Menos condições e mais prémiosção dos seus pedidos, houve apenas seis combinações bem sucedidas”, escreve a deputada.

Parcas condiçõesWong Kit Cheng referiu ainda que em geral, as mulheres consideram o valor pela prestação de serviço baixo, neste momento cifrando--se em valores que podem ir das 18 às 24 patacas por hora. No entanto, a deputada refere que a

responsabilidade é grande e é a falta de proporcionalidade entre o ordenado e o trabalho que faz com que poucas mulheres se candidatem a este emprego. A deputada questionou o IAS sobre se pretende fazer uma revisão dos estatutos do projecto, facilitando a entrada na profissão. A necessidade disto é justificada pelo facto do rendimento total mensal de uma família que pede este serviço não

ser mais do que 7840 patacas. Este valor representa o dobro do índice mínimo de subsistência. Wong es-pera ainda que o Governo pondere em oferecer formação unificada para amas comunitárias, em vez de serem as três instituições – Cáritas, Associação Geral das Mulheres, União Geral das Associações dos Moradores – a fazê-lo.

Flora [email protected]

A falta de um edifício que inclua todos os departamentosdo Governo levaa Administraçãoa ter de pagarrendas a privados

GOVErNO PAGA ANuALMENtE quASE 600 MILHõES EM rENDAS

dinheiro por dinheiro

Governo que fazem uso destes arrendamentos, ou os locais onde se situam, mas, ao que o HM con-seguiu apurar, o edifício Macau Square e edifícios comerciais como o China Plaza são os mais populares.

No caso do China Plaza, por

exemplo, serão cerca de oito os departamentos governamentais que lá funcionam. O edifício al-berga o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais, a Direcção dos Serviços de Identificação, a Di-recção de Serviços de Inspecção e

Coordenação de Jogos e a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, entre outros.

nas mãos de quem?O HM tentou perceber quem são os senhorios do Governo no caso

deste prédio, mas o registo da propriedade está dividido entre várias entidades. Contudo, tanto no caso do China Plaza, como no da Macau Square, o proprie-tário dos edifícios é a empresa Polytec Assets Holdings, da qual é presidente Or Wai Sheun, um empresário ligado ao ramo do imobiliário, considerado dos mais ricos do mundo.

Ainda assim, no caso do Tribu-nal Judicial de Base, o piso está no nome da RAEM, quando pedimos informações sobre o proprietário.

As contas fornecidas pela DSF dizem respeito aos valores pedidos pelos arrendatários até Dezembro de 2014, em alguns casos, e até Março de 2015, noutros. Contudo, segundo notícias da imprensa local de 2011, os valores pagos terão subido em cerca de 157 milhões de patacas. Nesse ano, o Jornal Tri-buna de Macau citava Chan Meng Kam, deputado que apresentava dados sobre os valores pagos a privados, dizendo discordar com a separação de departamentos por diferentes escritórios comerciais.

Chan não está sozinho, já que também Kwan Tsui Hang e José Pereira Coutinho têm vindo a fazer o mesmo pedido. Em 2009, um relatório do Comissariado da Auditoria aconselhava o Governo a definir a construção de edifícios administrativos, de forma a “fazer face às variações de mercado e reduzir as perdas inerentes”.

Joana [email protected]

9sociedadehoje macau sexta-feira 15.5.2015

após o caso de um guia turístico agredido na cabeça por um turista do interior da China,

devido a conflitos causados pelo pagamento de despesas, si Ka Lon resolveu interpelar o Governo sobre o assunto. O deputado referiu que a profissão de guia turístico “não tem identidade, protecção ou dignidade”.

Tendo em conta a existência de excursões baratas com turistas do interior da China, existe “pressão no sector, sociedade e turistas”, bem como a preocupação face à segurança pessoal dos trabalha-dores. Para o parceiro político de Chan Meng Kam, cabe ao Governo implementar medidas para resolver os problemas do sector.

Manuel Wu Iok Pui Ferreira, director-geral de uma agência de viagens e membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, afirmou ao HM que o sector deveria ser mais profissional, sendo que não obtém grande atenção por parte do Governo.

“A primeira impressão que os turistas das excursões têm de Macau é com os guias turísticos. Todos os guias têm de passar nos exames rigorosos do Instituto de Formação Turística (IFT) para terem o cartão de identificação. Mas o Governo tem que dar mais importância a estes profissionais

Caso Avery Mudança de género em análise GDI não penalizou nenhuma empresa construtora

O porta-voz da Associação Arco-Íris, Jason Chao,

referiu ontem que o pedido de mudança de género nos documentos de identificação de Avery – a jovem natural de Macau que foi sujeita a uma cirurgia de transformação de sexo recentemente – já foi en-tregue à Secretária para Ad-ministração e Justiça, Sónia

Chan. Jason Chao considera que o Governo não vai deixar de aceitar o pedido, mas diz acreditar que se vai mostrar preocupado com disputas que poderão acontecer da permissão da mudança.

De acordo com o Jornal Cheng Pou, o porta-voz fez saber que a Direcção dos Ser-viços de Identificação (DSI) já entregou o respectivo relatório a Sónia Chan, para que este possa ser analisado pela Direcção dos Serviços dos Assuntos de Justiça e pela Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional. Chao

considera que o Governo não se deverá opor ainda à revisão dos regulamentos para permitir que seja dada uma nova identidade aos transexuais, caso necessário, mas pensa que o Governo se preocupa com polémicas sobre o assunto. “Os depar-tamentos administrativos públicos têm responsabili-dade absoluta de proteger os direitos dos seres humanos residentes de Macau. se e quando acontecerem disputas na sociedade, as autoridades têm a responsabilidade de ex-plicar o assunto ao público”, rematou.

O Gabinete para o Desenvolvimento

de Infra-estruturas (GDI) confirmou, em resposta ao deputado Chan Meng Kam, que os problemas de qualidade das obras públicas ocorridos nos últimos anos são “repa-ráveis”.

O deputado também referiu que várias obras públicas de grande di-mensão sofreram pro-blemas de qualidade, tendo questionado as penalizações aplicadas nos últimos três anos. O director substituto

do GDI, Chau Vai Man, garantiu que todas essas falhas conseguem ser resolvidas, pelo que não existe qualquer registo de penalizações.

Chan Meng Kam ha-via questionado o Execu-tivo sobre a responsabili-zação dos problemas nas obras, nomeadamente no caso das obras do parque Central da Taipa. O GDI explicou que estas ainda estão dentro da garantia, apesar da empresa, a so-ciedade de Investimento e Fomento Imobiliário Chon Tit, ter a respon-

sabilidade de reparar as falhas do projecto. Con-tudo, o GDI garantiu que uma parte dos problemas do parque se deve “à destruição causada pelos residentes”, como foi o caso dos vidros partidos “de propósito”, cujo caso já estará a ser investi-gado pelas autoridades policiais.

Chau Vai Man admitiu que a situação afectou ou-tros utilizadores do Parque Central da Taipa, tendo prometido uma maior fis-calização da qualidade da obra. F.F.

“O Governo tem que dar mais importância a estes profissionais ao nível das regalias e protecção dos trabalhadores”Manuel Wu Iok PuI FerreIra Director-geral de uma agênciade viagens e membro do CPu

O deputado si Ka Lon espera que o Governo melhore os problemas dos guias turísticos de Macau, ao nível da identificação profissional, salários, regalias sociais e até segurança no trabalho

GuIas TurísTICos Si Ka Lon quer que Governo reSoLva probLemaS do Sector

ajudar os “cartões de visita” de Macau

ao nível das regalias e protecção dos trabalhadores.”

ClassifiCação é preCisoManuel Wu Iok Pui Ferreira vai ainda mais longe. “Parece que quem trabalha como guia turístico deve acompanhar as excursões de baixo custo ou promover as lojas aos turistas para ganhar comissões. E isso acontece porque não existe uma classificação dos diferentes níveis dos guias. No meu caso, sou um guia que não só fez o curso obrigatório, mas também fiz um curso de espe-cialização em património cultural de Macau. Mas o meu salário não é mais alto do que o dos outros guias. Então não há nada que incentive os guias a tirarem cursos, preferindo fazer as excursões para ganharem as comissões”, explicou.

O responsável considera que o Governo também não domina o número de guias turísticos ou as línguas que dominam, não se preo-cupando com as suas dificuldades, muito menos com a existência de guias ilegais.

“Nós temos os nossos cartões de identificação, mas muitas vezes pedem-nos os cartões cedidos pelos Serviços de Turismo. Isso acontece porque existem líderes de excursões que se fazem passar por guias turísticos, mas que são guias ilegais, uma vez que a lei de Macau diz que os guias turísticos têm de ser locais. O Governo deve impedir esta situação”, referiu.

Questionado com os conflitos recentes ocorridos por causa de compras que não estão incluídas no roteiro turístico, Manuel Wu Iok Pui Ferreira garante que isso tem a ver exclusivamente com as agências do interior da China, o que faz com que as agências de Macau “sejam vítimas”.

Mais inspeCtores na fronteira Na sua interpelação escrita, Si Ka Lon questionou se o Governo vai rever as actuais multas a excursões sem acompanhamento, que actual-mente se cifram entre as 40 e 60 mil patacas. Para o deputado, os valores são demasiado elevados, compa-rando com outras infracções civis.

O responsável considera, contu-do, que o valor é adequado, exigindo a consolidação do combate aos actos ilegais no sector. “Os Serviços de Tu-rismo devem enviar mais inspectores para os postos fronteiriços, por forma a fazerem uma investigação directa das excursões e dos guias antes da visita começar”, concluiu.

flora [email protected]

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10 sociedade hoje macau sexta-feira 15.5.2015

No texto de ontem subordinado ao tema do papel das mulheres na sociedade e da violência doméstica, devido a um erro de edição, deve corrigir-se o seguinte: onde se lê que a “maioria não concorda que as mulheres devam assumir cargos de chefia”, deve antes ler-se que “a maioria não concorda que as mulheres não devam assumir cargos de chefia”. Pedimos desculpa aos leitores pelo erro.

O HM ERROU

A Associação Novo Ma-cau (ANM) quer que seja instaurada uma acção disciplinar contra

os funcionários do Grupo Interde-partamental das Obras Públicas que tratou do caso do Sin Fong Garden.

“Não queremos só um pedido de desculpas, mas também que seja imputada uma acção disciplinar aos culpados por fazerem uma promes-sa que nunca poderiam cumprir, porque esse é um poder que só cabe à Justiça”, esclarece o membro da Associação Jason Chao, ao HM.

O pedido feito ontem ao Co-missariado Contra a Corrupção (CCAC) tem origem na alegada promessa destes funcionários aos protestantes de que estes não seriam acusados de desobediência agrava-da depois de terem protestado em Abril do ano passado, em prol de fi-nanciamento por duas associações. Os residentes do edifício foram há dias acusados deste crime público e Jason Chao explicou ao HM que o pedido da ANM se justifica pelo facto do Governo não ter poder para

Sin Fong ANM pede iNvestigAção A CCAC por ACusAções de desobediêNCiA

o prometido que não é permitidoA Associação Novo Macau pede que seja instaurada uma acção disciplinar a funcionários do grupo governamental que alegadamente prometeram ao residentes do Sin Fong que não seriam acusados de desobediência agravada pelos protestos em Abril de 2014

Advocacia VongHin Fai deixa escritório Lektouo deputado e jurista vong Hin Fai vai deixar o escritório Lektou – rato, Ling, vong, Lei and Cortés – do qual é co-fundador. de acordo com notícia da Macau business, vong Hin Fai deverá abrir um novo escritório com os seus filhos, ambos advogados. A mesma notícia, citada do jornal business daily, aponta que a saída do deputado apanhou os seus sócios “de surpresa”.

fazer qualquer tipo de promessas de absolvição em caso de acusação por crime deste tipo, ainda que o Governo negue a existência de uma promessa deste género.

“Houve uma clara interferência do Governo no processo e queremos que os funcionários em causa sejam responsabilizados, sendo-lhes instau-rada uma acção disciplinar”, começa por dizer Chao. Há, de acordo com o associado da ANM, dois pontos a ter em conta. O primeiro reside no facto do Executivo ter alegadamente abusado do seu poder, cumprindo uma função que está fora da sua jurisdição, ou seja, a de prometer uma absolvição, algo que apenas os tribunais e Justiça podem fazer. O segundo argumento prende-se com o facto dessa mesma função ir contra a Lei Básica.

Secretário reSolvePor tudo isto, Chao considera que a acção disciplinar seria a forma mais acertada de resolver a questão. O activista deixou ainda a ideia de que terá que ser o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, a resolver esta situação.

Jason Chao acrescentou que recusa qualquer desculpa do diri-gente relacionada com o facto deste não estar ainda em funções quando o caso teve lugar. “Raimundo do Rosário não deverá livrar-se da sua responsabilidade por simplesmen-te dizer que ‘a responsabilidade é do grupo interdepartamental que estava no poder antes de mim’, pois tem o dever de requerer uma investigação disciplinar que inclua subordinados seus”, diz.

O director substituto dos Serviços para Protecção Ambiental (DSPA), Vai

Hoi Ieong, referiu que já foi ins-talado um sistema de corta-fogo na zona de aterro de materiais de construção onde deflagrou um in-cêndio a semana passada, na Taipa. A ideia é evitar mais incêndios e Vai Hoi Ioeng acrescentou ainda que vai tentar iniciar o projecto de selecção de resíduos de construção ainda este ano.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Vai Hoi Ieong afirmou que a DSPA está atenta ao incêndio, causa-

DSPA Projecto De Selecção De reSíDuoS AinDA eSte Ano

Medidas em marchado por pneus triturados. Por isso já sugeriu aos Bombeiros a instalação de um corta-fogo na zona, bem como a separação e colocação de diferentes tipos de material, permitindo evitar mais incêndios na zona.

“Desde 2013, o número de pneus aumentou muito, mas a capacidade da Estação de Tratamento de Resí-duos Perigosos é limitada por isso é necessário colocá-los na zona à espera de tratamento”, afirmou Vai quando questionado sobre a locali-zação da zona de espera, admitindo ainda que é difícil encontrar um bom local pela limitação do espaço.

“Observando todo o desenvolvi-mento de Macau, a actual localização da zona de aterro de materiais de construção é o único lugar apropria-do”, esclarece.

O director substituto disse ainda que vai tentar iniciar o projecto de selecção de resíduos de construção e espera implementá-lo já no próximo ano. Assim estes resíduos poderão ser reciclados em Macau e também na província de Guangdong, através da cooperação. Algo que pode diminuir a pressão da zona de aterros.

Flora [email protected]

hoje macau sexta-feira 15.5.2015 11Perfil

M aria Wahnon é pró-vida. isso mes- mo, sem tirar nem pôr. É o gosto por viver que a inspira e correndo-se

o risco de que pareça estar a falar-se de um qualquer pleonasmo, a verdade é que a jovem luso-malaia sente que tem o mundo pela frente.

Maria nasceu em Macau, mas cedo se mudou para Londres, onde concluiu a sua licenciatura em Design de Moda e Têxtil. Exotismo e à-vontade são características que facilmente a descrevem. De olhos ligeiramente rasgados e indumentárias sempre actuais, Maria acaba por se destacar no meio da população circundante.

“Fui para fora porque achei melhor licenciar--me num sítio que esteja mais relacionado com o meu curso e nada melhor do que Londres, capital da moda, onde também tive uma experiência de trabalho”, começa por explicar.

ao HM confessa ainda que a ideia foi sempre voltar para a Ásia depois de acabar o curso, embora não fosse nunca certo o poiso. Entre as opções estavam Singapura e Hong Kong, hipóteses que acabaram por ficar primariamente colocadas de parte para voltar ao berço, junto dos pais, dos amigos de infância. Enfim, quase uma espécie de porto seguro.

“Pensei em voltar porque queria estar na Ásia, fosse aqui, Singapura ou Hong Kong, porque naquela altura não queria era estar na Europa”, disse. Depois juntou-se o útil ao agradável e no final de um período de férias, optou por aqui se estabelecer durante uns tempos.

a ideia sempre fora vir para o território numa

perspectiva temporária de mais tarde se mudar para a região vizinha, mas o tempo que já lá passa de sexta-feira a domingo chega-lhe para perceber que pode não ser aquele o caminho a seguir.

“Não é que seja só cansativo, mas sinto que já conheci tudo o que queria conhecer de Hong Kong”, explica.

Terra de fim-de-semanaSe os dias de segunda a sexta-feira são passados entre o projecto que está a ajudar desenvolver, as sessões de Yoga e estar em casa, os fins-de-semana são preenchidos com uma série de actividades lúdicas, geralmente no território vizinho.

“Vou imenso a galerias de arte aqui e em Hong Kong, aproveito os fins-de-semana para ir a festas de música house, à praia e a bons concertos”, explica a jovem especializada em Moda. É, de certa forma, a música que enche a vida de Maria, já que os auriculares do telemóvel e a casa estão cheias dela sempre que possível.

No entanto, ao HM, Maria aponta um ponto negativo aqui em Macau: não há boas festas de House. “acho que devia haver mais coisas as-sim, mas não há mercado para isso aqui porque as pessoas são muito fechadas e acabam por só ouvir música comercial e não estão abertas para ouvir coisas novas”, lamenta.

Falta aqui uma mente aberta e criativa que ajude a impulsionar a criação deste tipo de acon-tecimentos por estas bandas, diz. “as pessoas preferem ouvir o que dá na rádio e não existem muitas pessoas criativas”, continua a jovem.

Entre festas nocturnas e a praia, Maria apro-veita os domingos em Macau para ficar por casa a desenhar, ver documentários e ler. Entre os seus sítios preferidos, estão as Casas-Museu da Taipa, onde gosta de relaxar para fugir do caos em que a cidade que a viu nascer se tornou.

“acho que Macau está muito diferente agora com o desenvolvimento dos casinos e há menos cultura, nem o turismo daqui se foca em aspectos culturais relacionados com a cidade e Macau”, esclarece a formada em Moda. “Há imensos sítios que deviam ser divulgados e que são muito bonitos, como é o caso da Velha Taipa, que tem uns barzinhos engraçados e uns restaurantes ainda por abrir”, conta Maria Wahnon.

Na sua opinião, são estes os locais que os tu-ristas deviam aproveitar e absorver, levando para casa a memória de uma cidade cultural e não de um local que vive do Jogo e dos casinos. Não há, para si, nada de extraordinário na vida das roletas e cartas, dealers e croupiers, luxo e dinheiro. É, no fundo, a manutenção de um estilo verdadeiramente saudável que interessa a Maria, de corpo e alma.

Entre elas estão sessões de Yoga num estúdio em Macau, que ajudam a revitalizar a mente, mais do que o físico. “ajuda-me imenso a relaxar e sinto que estou a fazer desporto, mas na realidade não estou e fico stressada se estiver uma semana sem fazer Yoga”, diz.

Outra das particularidades de Maria é já ter sido vegetariana, altura em que não comia peixe nem carne. Hoje em dia introduz carnes brancas e peixe na sua alimentação, mas continua a conside-

rar “muito mais saudável” ter um regime apoiado em vegetais e fruta. “O ser humano não precisa de comer carne e não é naturalmente omnívoro, este conceito foi criado pela sociedade”, explica a jovem. imposições sociais fora, Maria sente que uma alimentação regrada é pedra basilar para o seu equilíbrio enquanto pessoa.

O mandarim que nãO incOmOda“a comunidade de expatriados que cá vive é muito pequena e talvez isso também influencie o facto das actividades culturais serem muito limitadas em Macau”, acrescentou. O facto de não se falar português e pouco inglês não a incomoda, porque considera “importante para os casinos e hotéis que as pessoas falem mandarim”, não fosse este o idioma falado pela esmagadora maioria dos turistas que todos os dias chega por terra, ar e mar.

No entanto, admite lamentar o facto do Go-verno se estar a desfazer de quase todas as zonas verdes que aqui existiam nos anos 90. “Estamos com cada vez mais falta de natureza porque cada terreno livre que existe é ocupado por mais e mais casinos”, exclama Maria, que se queixa de ter apenas os trilhos de Coloane como local para fazer caminhadas. “Macau está muito diferente”, começa por dizer. Desta vez vê a cidade através do olhar de uma mulher feita, comparativamente à criança e jovem que era quando cá residiu há vários anos.

Leonor sá [email protected]

Maria Wahnon, Funcionária de projecto no cotai

“Macau está Muito diferente”

12 china hoje macau sexta-feira 15.5.2015

O s líderes dos dois paí-ses mais populosos do mundo encontraram--se ontem em Xian,

no norte da China, numa cimeira invulgar celebrada na imprensa oficial chinesa como “prenúncio de um século asiático”.

Num gesto raro, o Presidente chinês, Xi Jinping, receberá o primeiro-ministro indiano, Na-rendra Modi, na capital da sua província natal, shaanxi, e não no Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim, como é habitual.

China e Índia têm no conjunto cerca de 2.600 milhões de habi-tantes, o que representa 37% da população do planeta, e apesar de divergirem ainda acerca do traçado da fronteira comum, as suas economias são consideradas

Mar do Sul Pequim deixa aviso aos EUA

China e Taiwan voltam às negociações

NUMA audiência realizada quarta-feira à tarde no se-

nado norte-americano sobre a questão do Mar do sul, alguns senadores criticaram a China por aumentar a tensão da região, dizendo que as acções chinesas não possuíam bases jurídicas. se-gundo informou a imprensa local, o governo norte-americano está a estudar o envio de navios e aviões militares para a região a 12 milhas marítimas do local onde a China realizou a aterragem no Mar do sul. Em resposta, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estran-geiros, Hua Chunying, deixou o aviso de que a China “defenderá a sua soberania territorial”, apelan-do às partes relevantes para que “não tomem qualquer iniciativa provocatória, no interesse da paz na região”.

Já ontem, numa entrevista concedida à imprensa dos Esta-dos Unidos, o embaixador chinês, Cui Tiankai, disse que as acções da China no Mar do sul estão totalmente dentro da jurisdição do país, e que nenhum país deve

interferir sob qualquer motivo. Algumas pessoas costumam recorrer às forças armadas ou ter pensamento de Guerra Fria, o que já caiu em desuso, sublinhou o embaixador chinês. Em relação a este assunto, o embaixador chinês sublinhou que o que a China fez, está totalmente dentro da sua jurisdição.

O ministro taiwanês dos As-suntos da China, Andrew

Hsia, disse ontem que a ilha vai manter no final do mês um encon-tro ministerial com a República Popular da China.

O ministro tem agendada uma reunião com o seu homólogo chinês, Zhang Zhijun, ministro do gabinete dos Assuntos de Taiwan no Conselho de Estado, num en-contro que “definitivamente terá lugar no final de Maio”, disse.

O encontro entre os dois po-líticos será na ilha taiwanesa de Kinmen, localizada a escassos quilómetros da costa continental chinesa, e em cima da mesa estão negociações para o tratado co-mercial e assuntos relacionados com voos directos e segurança aérea.

Andrew Hsia explicou que as duas partes estão em con-versações para a data exacta do encontro e explicou que esta será anunciada em breve.

A primeira reunião entre ministros da China e de Taiwan depois da derrota do Governo

do Partido Nacionalista Kuo-mintang que levou, em 1949, ao exílio do antigo poder chinês em Taiwan, aconteceu a 15 de Fevereiro de 2014 na cidade de Nanquim e os protagonistas foram Wang Yu-chi, por Taiwan, Zhang Zhijun, pela China

Wang Yu-chi e Zhang Zhijun voltariam a encontrar-se em Junho de 2014 e em Janeiro de 2015, entre protestos em Taiwan devido à aproximação de Taipé a Pequim.

Depois da demissão de Wang Yu-chi em Fevereiro deste ano, os responsáveis da China e de Tai-wan não voltaram a encontrar-se.

Desde o regresso, em 2008, do Kuomintang ao poder, que a China e Taiwan deram passos de aproximação que permitiram, entre outros aspectos o início de voos directos através do Estreito de Taiwan, fazendo assim com que as populações de ambos os lados poupassem várias horas em ligações directas que antes eram efectuadas através de Macau, Hong Kong ou Coreia do sul.

Comércio entre a China e países de língua portuguesa caiu 25,36% até MarçoAs trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 21,73 mil milhões de dólares até Março, valor que traduz uma queda de 25,36% face aos três primeiros meses de 2014. Dados dos Serviços de Alfândega da China, divulgados pelo Secretariado Permanente do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados

em 11,11 mil milhões de dólares – menos 42,25% – e vendeu produtos no valor de 10,61 mil milhões de dólares, mais 7,59% em termos anuais. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se, até Março, em 14,37 mil milhões de dólares, menos 20,91% do que no período homólogo do ano passado. Já com Portugal,

terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 1,04 mil milhões de dólares– mais 10,63%, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens de 681,6 milhões de dólares– mais 11,69% – e comprou produtos avaliados em 367,2 milhões de dólares, isto é, mais 8,70% em termos anuais homólogos.

LíDereS DOS DOiS PAíSeS MAiS POPuLOSOS DO MunDO eM XiAn

O dragão chinêse o elefante indiano

A visita de Mori à China - a primeira desde que assumiu o actual cargo, em 2014 - ficará assinalada pela assinatura de contratos no valor de 10.000 milhões de dólares

complementares. A visita de Mori à China - a primeira desde que assumiu o actual cargo, em 2014 - ficará assinalada pela assinatura de contratos no valor de 10.000 milhões de dólares, adiantou ontem a imprensa chinesa.

A China é já o parceiro maior comercial da Índia, estimando-se em 70.000 milhões de dólares o montante do comércio bilateral no ano passado.

Depois de Xian, o primeiro-mi-nistro indiano viajará para Pequim, onde vai encontrar-se com o chefe do governo chinês, Li Keqiang, e a seguir visitará Xangai.

Berço de escriturasAntiga capital da China durante a dinastia Tang (séculos VII a

X), Xian foi também a cidade onde um famoso monge chinês, Xuanzang, traduziu as escrituras sagradas do budismo, originário da Índia.

Os dois países travaram uma guerra em 1961, devido a um per-sistente diferendo fronteiriço, mas as relações têm melhorado muito nos últimos anos.

China e Índia fazem parte do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui a Rússia, o Bra-sil e a África do sul, e são ambos fundadores da nova instituição financeira internacional proposta por Pequim, o Banco Asiático de Investimentos em Infraestruturas (AIIB, na sigla em inglês).

“Enquanto os dois países olharem sempre para o largo pa-norama das seus laços bilaterais e transcenderem as diferenças, está fora de dúvida que o dra-gão chinês e o elefante indiano trabalharão juntos para o rápido rejuvenescimento de duas civili-zações”, afirmava ontem o China Daily num editorial dedicado à visita de Narendra Modi.

13 chinahoje macau sexta-feira 15.5.2015

Assine-oTelefone 28752401 | fax 28752405

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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTASAviso

Torna-se público, de acordo com o n.º 1 do ponto 6.º dos Regulamentos para a prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, elaboradores nos termos do artigo 18.º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, do artigo 13.º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e da alínea 3) do artigo 1.º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2015, de 17 de Janeiro, que se encontra afixada, na sobreloja da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande nºs 575, 579 e 585, e colocado no respectivo “Web-site”, no local relativo à CRAC e para efeitos de consulta, a lista definitiva dos candidatos à prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como Auditor de Contas, Contabilista Registado e Técnico de Contas no ano de 2015, elaborada e homologada por deliberação do Júri designado para o efeito. Mais se

informa que a prestação de provas foi pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude reconhecida como um dos itens subsidiáveis no âmbito do “Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo”. Os candidatos poderão pois optar por liquidar as taxas devidas deduzindo o respectivo montante da sua conta do “Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo” (adverte-se, no entanto, para o facto de que apenas se aceitará o pagamento integral do valor em causa).

Em caso de dúvidas, agradecemos que contacte a CRAC, durante as horas expediente, através dos números de telefone 85995343 ou 85995344.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 8 de Maio de 2015

O Presidente da CRACIong Kong Leong

As autoridades do in-terior da China e de Hong Kong detiveram um total de nove pes-

soas suspeitas de envolvimento no sequestro, em Abril, da jovem herdeira da marca de vestuário Bossini, informou ontem a im-prensa local.

Oito suspeitos foram deti-dos em shenzhen, Dongguan e Huizhou, na província de Guangdong, e na província de Guizhou, informou ontem a polícia de Guangdong, na cidade de Guangzhou, indi-cando que foram recuperados 2,8 milhões de dólares de Hong Kong, assim como relógios e jóias.

A polícia tinha informado anteriormente sobre a detenção de seis suspeitos na província de Guangdong, e de outro em Hong Kong. O total de nove pessoas ontem divulgado inclui estas detenções, refere o south China Morning Post (sCMP), na sua edição online.

seis homens entraram na casa de Queenie Rosita Law, a 25 de abril, em sai Kung, Hong Kong, e sequestraram a jovem. Queenie Rosita Law foi libertada três dias depois, a 28 de abril.

Além do sequestro, o gan-gue roubou objectos no valor de dois milhões de dólares de Hong Kong em casa da jovem.

segundo a imprensa local, a família de Queenie Rosita Law entregou o equivalente a 28 milhões de dólares de Hong Kong pelo resgate.

Os criminosos tinham inicialmente reivindicado o pagamento de 50 milhões de dólares de Hong Kong (5,7 milhões de euros).

Queenie Rosita Law é neta do falecido magnata dos têxteis Law Ting-pong e filha de Raymond Lei Ka-kui, um investidor imobiliário que está envolvido em alguns dos grandes projectos de desen-volvimento em Hong Kong.

Ex-Dono do Birmingham City perde recursocontra a sua prisão

O antigo dono do clube britânico Birmingham City, Carson Yeung,

condenado no ano passado por lavagem de dinheiro, perdeu o recurso interposto num tribunal de Hong Kong contra a pena de prisão que lhe foi aplicada.

Carson Yeung está a cumprir uma pena de seis anos de prisão na antiga colónia britânica depois de no ano passado ter sido declarado culpado de lavagem de dinheiro, no valor de mais de 700 milhões de dólares de Hong Kong, entre 2001 e 2007.

O recurso tinha sido apresentado em Março do ano passado. O antigo cabelei-reiro que se tornou milionário alegava que não tinha tido um julgamento justo porque as acusações de que foi alvo eram dema-siado vagas, informa a a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O Tribunal de Recurso decidiu que apesar da origem de algum dinheiro ser desconhecida, o juiz esteve bem ao concluir haver motivos razoáveis para acreditar que o mesmo era proveniente de actividades ilícitas.

Carson Yeung foi detido a 7 de Mar-ço do ano passado depois de um longo julgamento em que não conseguiu ex-plicar, na óptica da justiça, a origem de fundos que passaram por cinco contas a si associadas num montante global de 720 milhões de dólares de Hong Kong.

Hong Kong Nove detidos por alegado eNvolvimeNto em sequestro

o caso da jovem Bossini

14 hoje macau sexta-feira 15.5.2015eventosChef do Grand Lapa venCe Competição

• O Chef do Western Kitchen, do hotel Grand Lapa, venceu a competição de Cozinha Macaense 2015, organizada pelo Instituto de Formação Turística. Joramey Genieve Norlelawati foi o escolhido entre nove chefs e venceu com o famoso Bafasa, entre outros pratos de entrada e sobremesa.

À veNda Na LIvrarIa POrTuGuesa rua de s. dOMINGOs 16-18 • TeL: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

O CLuBe das Chaves e a NOva OrdeM • Maria do rosário PedreiraCo-autoria de maria teresa maia GonzalezPedro, Anica, Frederico, Guida e o misterioso fantasma da ORDEM estão imparáveis! O 1.º volume, que mereceu o Grande Prémio Verbo/Semanário já vai na 11.ª edição, e ao todo, já são centenas de milhares de exemplares vendidos! O sucesso da colecção explica--se pela talentosa combinação entre aventuras cheias de imaginação que prendem o leitor, com a qualidade literária que leva os professores a divulgar a sua leitura entre os jovens.

CONTOs CaPITaIs • Maria do rosário Pedreiravários autores A beleza e a alma de uma cidade ultrapassam as fotografias dos locais que aparecem nos postais ilustrados, onde se aglomeram turistas ocasionais. Uma cidade constrói a sua singularidade sobretudo nas vielas e nos becos, nos senti-mentos dos seus habitantes ou nos rituais da sua vida quotidiana. Trinta escritores (incluindo Maria do Rosário Pedreira) aceitaram o desafio de (re)interpretar uma capital. Lugares de felicidade ou de tragédia, de pecado ou de redenção, próximos ou distantes, reais ou imaginários, as cidades de Contos Capitais revelam agora o seu lado menos conhecido.

“o público-alvo deste livro são todos aqueles que põem em causa a constante importância dada ao que é material e ao materialismo. princípios básicos como quando e onde meditar são explicados neste livro, bem como conceitos esotéricos, onde se inclui a explicação do que é religião e do que é espiritualidade”

Literatura Professora da Universidade de MacaU aPresenta livro sobre Meditação

uma prática para quem procura a paz A falta de informação sobre o conceito de meditar levou Kim Hughes a juntar testemunhos e a escrever um livro sobre meditação. A professora, radicada no território há mais de uma década, assegura que o caminho desta arte éde paz e amizadee diz estar abertaa ajudar quem quiser iniciar o “caminho natural”

K iM Hughes, professora do Departamento de inglês da Universidade de Macau e residente no território há

mais de uma década, lançou o livro “The Journey Within: Extraordinary Conversations with Uncommon People”. A obra relata histórias de vida de pessoas que se dedicaram à prática da meditação.

Também ela aficcionada pela arte de meditar, Kim Hughes decidiu escrever aquele que é o seu primeiro livro sobre esta temática por não haver, diz, uma ideia muito bem concebida sobre o que é a meditação.

“Havia muita informação, mas só estava disponível para aqueles que estavam já a fazer meditação. Havia pouco para os que são novos perante este conceito, alguém que procura mais na vida, mas não sabe como proceder”, começa por dizer Kim Hughes ao HM.

Também ela, então, uma “nova-ta” na arte de meditar, a académica

diz ter-se focado, neste livro, em questões e assuntos com que ela própria se debateu. Exemplo disso, explica, “era o papel de um guru e as múltiplas vidas que podemos experienciar à medida que a nossa alma vai evoluindo”.

“The Journey Within” junta entrevistas semi-estruturadas com praticantes de meditação. A esco-lha recaiu sobre 16 pessoas que se dedicam ao chamado “Sahaj Marg” – algo que se pode traduzir literal-mente como “O Caminho Natural” – e que falam sobre as mudanças que aconteceram após darem início à prática da meditação e às suas jornadas interiores.

“Três a quatro pessoas foram entre-vistadas por cada secção do livro, que se divide em capítulos sobre o início, o estilo de vida e suas mudanças, o mestre e o mundo espiritual, o ‘viver com o coração’ e ‘esperança para o futuro’”, pode ler-se na sinopse da obra.

As entrevistas, que inicialmente

foram feitas a cerca de 30 pessoas, começaram em 2012 e o livro foi publicado em Dezembro do ano passado.

Kim Hughes iniciou a prática da meditação apenas “para lidar melhor com o stress” e porque, inicialmente, estava preocupada com a sua saúde. Mas não só. “Também senti a ne-cessidade de equilibrar de melhor forma a minha vida e de manter o lado material da vida numa melhor perspectiva”, conta ao HM.

Agora uma acérrima praticante de meditação – com viagens cons-tantes à Índia para o efeito -, Kim Hughes acorda antes do sol nascer para dedicar uma hora do seu tem-po à meditação. Com esta prática, assegura entender melhor a vida no seu conceito mais simples, algo que pretende exactamente transmitir no seu livro.

“O público-alvo deste livro são todos aqueles que põem em causa a constante importância dada ao que

15 eventoshoje macau sexta-feira 15.5.2015

O Sheraton inaugura este fim-de-semana um churrasco português que acontece na piscina do hotel. Todas as sextas-feiras e sábados, até 31 de Outubro, a Sala Pool recebe, das 18h00 às 22h00, menus bem à portuguesa, como o Leitão à Bairrada, chouriço grelhado, presunto Pata Negra, amêijoas, polvo e mariscos e vinhos, como o Alvarinho. O buffet custa 458 patacas por adulto, sendo que as crianças pagam 229 patacas. O local é animado com música ao vivo.

O XXVI Festival de Artes de Macau (FAM) continua a todo o vapor, com uma

série de espectáculos a serem apresentados esta semana. Peças de teatro e óperas chinesas são algumas das actividades marcadas.

Hoje e amanhã, acontece a peça “Phae-dra 2.0 –Desejos e Mentiras”, do Grupo Juvenil de Teatro de Repertório de Ma-cau. Este é, segundo a organização, um clássico intemporal que conquista os corações das pessoas em qualquer época. O encenador e ex--reitor de Teatro da Hong Kong Academy for Performing Arts, Tang Shu Wing, é conhe-cido pelas suas adaptações de peças clássicas e nesta apresenta a versão em teatro físico do clássico francês de Jean Racine Phèdre.

Quando Fedra, a Rainha de Atenas, recebe a notícia que o seu marido Teseu faleceu nas suas viagens, dirige o seu afecto para o seu enteado Hipólito, que sempre secretamente desejou. Contudo, Hipólito, que é extremamente dedi-cado à sua amante Artemis, filha de um rei inimigo, rejeita Fedra. Quan-do Teseu regressa subitamente das suas viagens ileso, Fedra, instigada pela sua criada, acusa Hipólito de a ter violado. O espectáculo tem lugar no Sands Teathre, às 20h00 dos dois dias, e os bilhetes custam entre 120 a 150 patacas.

Se se interessa por peças mais macabras, então esta é para si: “Robert Zucco”, que acontece hoje, sábado e domingo, baseia-se na história (verí-dica) de um jovem que apunhalou e assassinou ambos os pais.

Famoso pela forma pela qual mudou a sua imagem e encarnou novas identidades, Zucco conseguiu escapar à justiça e às forças policiais em três países durante mais de dez anos, raptando, aterrorizando e se-questrando à medida que ia passando de um país para outro. Quando foi finalmente detido, foi julgado e considerado doente mental, sendo enviado para um hospital psiquiá-trico, onde cumpriu cinco anos de uma pena de dez, antes de fugir e de cometer uma série de crimes que vão do assassínio ao roubo.

A peça aprofunda o mistério por trás da máscara, atribuindo--lhe um estatuto quase religioso – de um anti-herói e o espectáculo está marcado para as 20h00 hoje e amanhã, acontecendo às 15h00 no domingo. Tem lugar no edifício do

FAM EspEctáculos continuAM pElo FiM-dE-sEMAnA

Morte, mentira e riso

Sheraton Churrasco à portuguesa até Outubro

“O público-alvo deste livro são todos aqueles que põem em causa a constante importância dada ao que é material e ao materialismo. Princípios básicos como quando e onde meditar são explicados neste livro, bem como conceitos esotéricos, onde se inclui a explicação do que é religião e do que é espiritualidade”

litErAturA PrOfeSSOrA dA UNiverSidAde de MAcAU APreSeNTA LivrO SOBre MediTAçãO

uma prática para quem procura a paz

é material e ao materialismo. Prin-cípios básicos como quando e onde meditar são explicados neste livro, bem como conceitos esotéricos, onde se inclui a explicação do que é religião e do que é espiritualidade. Nestas conversas extraordinárias, conseguimos ouvir o entrevistado falar dos sonhos e esperanças que tem para um futuro melhor para a humanidade, um futuro que se baseia na tolerância e no amor”, relata a sinopse.

De braços abertosSe Kim Hughes iniciou o projecto apenas pelo interesse em temáticas como a paz, a espiritualidade e a filosofia, também o papel que a meditação pode ter na criação de harmonia e amizades deu o mote para a elaboração da obra. Tanto, que a académica tem mais um livro a caminho. “Estou à espera da edição final e, se não houver qualquer mudança a fazer, será

publicado, literalmente, um destes dias”, explica ao HM.

Há mais de uma década em Ma-cau, Kim Hughes é doutorada em Linguística, fazendo parte da equipa da UM desde 2002. Foi directora do Centro de Inglês da instituição até 2011, tendo, antes de chegar a Macau, ensinado em universidades e instituições dos EUA, Malásia, Indonésia e Japão.

Para já, a académica diz não ter planos para escrever mais livros, uma vez que quer dedicar-se a partilhar o que aprendeu até agora com outros.

“Quero partilhar esta prática com outros, ajudá-los a começar a sua própria jornada pessoal e oferecer todo o apoio que precisem”, começa por dizer. Já com alguns interessados em Macau, a professora criou já um grupo de meditação, mas assume que gostaria de vê-lo crescer. “Quero ajudar quem quiser começar, ainda que as pessoas tenham de fazer pelo menos três práticas iniciais sozinhas comigo. Depois, podem juntar-se ao grupo, encontramo-nos sema-nalmente.”

“The Journey Within” está dis-ponível online para venda e custa cerca de 86 patacas.

Joana [email protected]

antigo tribunal e os bilhetes custam 150 patacas.

outros ambientesNos mesmos dias, a dupla fran-cesa Patrice Thibaud e Philippe Leygnac apresenta “Cocorico”, uma comédia francesa em forma de teatro de sombras e musical. O enredo revela se quando Thibaud, um malicioso homem-rapaz, ex-plora todas as oportunidades para atazanar o seu comparsa Leygnac, um taciturno músico.

A peça está em exibição hoje e amanhã pelas 20h00 e amanhã e domingo pelas 15h00, com os bilhetes a custarem entre as 120 e as 150 patacas. Acontece no Teatro D. Pedro V.

Sábado e domingo, os dias são também dedicados à opera chinesa. No dia 16, o Grupo de Artes Per-formativas do Teatro de Ópera Kun de Jiangsu interpreta a peça “1699, O Leque de Flores de Pessegueiro– Ópera Kun” e no dia 17, é a vez da peça “Excertos de Ópera Kun”, também do mesmo grupo.

“O legado da cultura tradicional será representado em teatro mo-derno para demonstrar de forma magnífica a quintessência deste património cultural intangível”, escreve a organização em comu-nicado.

Além da actuação de jovens actores e de grandes nomes da Ópera Kun da Província de Jiangsu, o espectáculo conta ainda com um forte guarda-roupa, com trajes e acessórios todos feitos à mão e o palco é emoldurado por aguarelas translúcidas representativas do época Ming e inspiradas no con-ceito do “Céu, Terra e Homem”, reconstituindo o próspero estilo de vida que existia nas margens de Qinhuai no passado. J.F.

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16 desporto hoje macau sexta-feira 15.5.2015

A os 25 anos, Edgar sil-va é um dos melhores médios-defensivos a actuar na Liga de Elite.

A defender as cores do sporting de Macau há dois anos, a quem agra-dece a oportunidade, o brasileiro acredita que o futebol de Macau só cresce quando todos se unirem e remarem para o mesmo lado. Fã de Yaya Touré e de Marcelinho Carioca, ao HM referiu sentir-se bem em Macau mas não descarta uma boa proposta que possa sur-gir, isto porque acredita que quem trabalha bem, mais tarde ou mais cedo, é recompensado.

Quem é o Edgar Silva?Primeiro sou um atleta e depois um homem que é guerreiro, que luta pelos seus ideais e pelos sonhos. Que luta pela sua família e pelos amigos. Na verdade, me defino como um guerreiro. Com aquelas pessoas que tenho confiança sou bobo e sou engraçado mas com as que não tenho intimidade sou retraído. Não gosto de passar a imagem abusadora, de quem não sabe respeitar. Prefiro conhecer a pessoa primeiro antes de qualquer coisa. Nasci em Guarulhos, são Paulo e tenho 25 anos.

Como é que começou esta vida de futebolista?No Brasil costuma-se dizer que o sonho não começa no garoto mas sim no seu pai [risos]. A primeira coisa que um pai dá ao filho é uma bola. Isso é a melhor coisa do mundo. Por isso é que o Brasil tem tantos e tão bons jogadores de fu-tebol. Nas escolinhas, comecei em Guarulhos e depois fui passando por vários clubes de outras cidades.

E por onde andou?Comecei, aos 17 anos, no Rio Claro, onde joguei pela primeira vez como federado. Depois passei pelo São Carlos até que me profis-sionalizei, aos 19 anos, num clube do interior de são Paulo que se chama Inter de Bebedouro, onde fiquei dois anos. Depois tive uma passagem pelo santa Helena do campeonato Goiano. Ali as coisas correram bem e comecei a apare-cer. Passei ainda pela Portuguesa santista. Em 2012, enverguei a camisola do Barretos e, já no campeonato brasileiro, alinhei pelo CENE do Mato Grosso, série D do Brasileirão. No ano seguinte voltei a são Paulo para jogar pelo Comercial de Ribeirão preto, na 2.ª Divisão paulista. Ainda apare-ceram situações da Coreia do Sul e da Guiné Bissau, mas acabei por vir para o sporting de Macau.

EntrEvista Edgar Silva, médio dEfEnSivo do Sporting dE macau

“todos pensam nos próprios interesses e ninguém pensa no futebol de Macau”Já vamos falar de Macau. O que é que não deu certo para que não chegasse a equipas mais prestigiantes?Chegaram convites. Mas, no Bra-sil a competitividade é enorme. Muitas vezes as oportunidades chegam para uns duas ou três vezes, para outros uma vez só e para outros nem aparecem. Para mim, a oportunidade mais clara foi no são Paulo, quando era bem novo, com 16 anos. Com medo de perder tudo acabei fazendo borrada. Conheci um director de marketing do são Paulo que me conseguiu um treino de ex-periência. Como estava numa equipa do interior do Estado, fiquei um pouco reticente. Fui mas esqueci-me de levar uns documentos que eram essenciais. Com isso, acabei por não ficar.

Isso teve impacto na sua carreira ou ainda era muito novo?Teve, naturalmente, algum impacto mas acabei por aprender com o erro. Acredito que tenho aprendido muito com os meus erros. Uma das grandes lições de vida que me foi dada é que as coisas não são da forma que quero. Neste meio fute-bolístico, os atletas acham sempre que as coisas têm de ser da forma que eles querem mas não. Existem hierarquias. os clubes têm uma estrutura e nós, jogadores, somos apenas mais uns. Como era um moleque, pensei que podia fazer o que me apetecesse. Contudo, não esmoreço. Sinto que posso chegar mais longe na carreira. Tenho 25 anos e sinto que estou a viver um momento muito bom.

Nunca surgiu um convite de Por-tugal ou de outro clube europeu?só agora, há pouco tempo. surgiu uma proposta do Felgueiras mas não achei que o que me estavam a oferecer fosse de aceitar e acabei por não ir.

Entendo a sua decisão, mas não seria capaz de aceitar uma proposta menos vantajosa fi-nanceiramente sendo que des-portivamente poderia ser mais interessante?Repare. Tenho objectivos na vida, naturalmente. Contudo, preciso do dinheiro. Com 25 anos, como já lhe disse, é fundamental poder ganhar dinheiro. Acabei de ser pai há uns meses e a responsabilidade aumentou. Não posso dar ao luxo de não ganhar dinheiro que me permita sustentar-me e à minha família. Agora, obviamente que o Felgueiras, dentro de Portugal, é outra montra, já para não falar que

é futebol europeu. Foi uma opção. sou um sonhador mas tenho muito o pé no chão. Pode ser que surjam outras oportunidades pois vivo muito do trabalho. Deus faz o im-possível e nós fazemos o possível.

No final de 2013 chegou a Macau, numa aventura para este lado do mundo. O que sentiu quando chegou?Cheguei a Macau durante a Boli-nha. No primeiro ano, a Liga de Elite começou só em Fevereiro. Nessa altura, o que me veio à ca-beça é que haveria algo de errado com isto. Pensei: que organização é esta? Depois, quando a bola rola,

apareceram os resultados e a nossa equipa, o ano passado, estava ver-dadeiramente bem. Penso que me adaptei bem. o futebol de Macau do ano passado para cá evoluiu um

pouco, sabendo de antemão que é necessário uma maior evolução. Os clubes que querem evoluir estão a conseguir. Este ano até já passaram jogos na TV, algo que acabou logo. são coisas que nós, estrangeiros, não entendemos pois só acontecem em Macau. seja como for, sou e estou muito grato a Macau e ao sporting de Macau pela possibi-lidade que me deu de vir até cá. É daqui que sai o meu ganha-pão, e mesmo sendo um futebol atípico, estou muito feliz.

E a cidade? Foi fácil a adaptação ao clima, comida e às pessoas?[Risos] Foi muito estranho umas

“Sinto que posso chegar mais longena carreira. Tenho 25 anos e sintoque estou a viverum momentomuito bom”

17 desportohoje macau sexta-feira 15.5.2015

“Não há comunicação entre os clubes e entre os clubes e a AFM. Macau precisa de mais vontade, organização e, acima de tudo, união.”

EntrEvista Edgar Silva, médio dEfEnSivo do Sporting dE macau

“todos pensam nos próprios interesses e ninguém pensa no futebol de Macau”

vez que aqui é totalmente diferente do Brasil. Senti um choque muito grande pois sou negro. Quando entro no autocarro, toda a gente fica a olhar para mim, e cochicham. Não é muito fácil você ser a única pessoa diferente no meio de um am-biente homogéneo. Também passei por alguns problemas chatos de preconceito. Só que com o passar do tempo vou-me acostumando e as coisas agora estão muito bem. Há certas questões que já nem ligo, só rio. Em relação à comida, no começo não comia nada. Muitas vezes só o cheiro me deixava mal disposto. Hoje já como de tudo. É tudo uma questão de hábito.

No ano passado, como até já lembrou numa resposta anterior, o Sporting fez uma campanha notável na Liga de Elite. O que é que faltou para chegarem ao título?Sinceramente, quem ganhou me-receu. Acredito nisso. Claro que nós também merecíamos, mas o Benfica esteve muito bem ao longo do campeonato e, essencialmente, quando jogaram contra nós. Eles foram mais decisivos e competen-tes. Eles acabaram por vencer por um detalhe mas venceram justa-

mente. No ano passado, o ambiente da nossa equipa era muito bom. A maioria do balneário falava portu-guês e estávamos todos unidos. Foi mesmo um grande prazer a minha estreia em Macau, com a camisola do Sporting.

O que é que falta este ano para que a façanha se repita?Penso que ocorreu uma mudança muito drástica no seio do plantel. Este ano temos muitos chineses na equipa, o que mudou com-pletamente a forma de estar. Isso

causou algum atraso na adaptação. E em Macau não há a possibilida-de de fazer jogos amigáveis que permitem alinhar entrosamentos. Praticamente a equipa vai ficando encaixada durante o campeo-nato. Enfim, no início as coisas não correram como queríamos mas penso que agora estão bem. Depois também tivemos alguma dificuldade em ter um avançado de raiz, goleador. Com o Jardel lesionado e depois com a saída do Mayckol, perderam-se referências. Se reparar, quem marca golos são os médios Gaspard e Bruno Brito. Mas as coisas estão, agora, a correr bem. Penso que é possível subir um pouco mais na classificação. Se calhar, ainda podemos terminar no segundo posto, como no ano passado.

O que é que falta ao futebol de Macau para ser um pouco melhor?É fácil culpar os dirigentes da Associação de Futebol de Macau (AFM). Contudo, acredito que falta um pouco de empenho dos clubes por forma a serem mais unidos em prol do futebol do território. O que se vê é cada um por si. Rivalidade e egoísmo que não se entende. Todos pensam nos próprios interesses e ninguém pensa no futebol de Macau no seu todo. Quando, em Março e Abril, tivemos quase um mês sem futebol porque é que as equipas não combinaram entre si jogos amigáveis? Isto é um exemplo. Não há comunicação entre os clubes e entre os clubes e a AFM. Macau precisa de mais vontade, organização e, acima de tudo, união. Ao mesmo tempo, o futebol precisa de mais promoção dentro da sociedade.

Jogou a defesa-central e a médio defensivo. Qual é a sua verdadei-ra posição?Gosto muito de jogar a central mas a minha posição é médio--defensivo. Penso que é aí, como trinco, número seis, que consigo ajudar mais a equipa. Por exemplo, o Mandinho [um dos treinadores do Sporting] acha que tenho liderança de defesa e que jogo bem a central, mas gosto mais de jogar à frente

dos centrais. Naturalmente que é bom ter capacidades para jogar em mais de uma posição. Isso torna--nos jogadores polivalentes. Seja como for, as pessoas sabem que onde gosto de jogar é no meio--campo defensivo.

E o futuro? Já sabe alguma coisa acerca disso. Vai ficar em Macau e no Sporting? Vai apostar nou-tro projecto?O futuro é, para já, uma incógnita. Não existem propostas e estou 100% focado no Sporting. Vivo do futebol e não sei fazer mais nada senão jogar à bola. Vejo com bons olhos a possibilidade de ficar em Macau, bem como vejo com bons olhos uma mudança, para melhor de preferência. Na transição da época passada para esta, estive em Portugal a treinar com o Sporting B. Deram-me a possibilidade de treinar e mostrar o que valho por 20 dias, mas, azar dos azares, acabei me lesionando nos primeiros dias e o sonho foi por água abaixo.

Quem é o seu ídolo?Que pergunta difícil [risos]. No Brasil, cresci a ver o Ronaldo, o Fenómeno. Claro que não jogou na mesma posição que eu, mas admiro muito o que conquistou. Também admiro o Marcelinho Carioca. Sou do Corinthians e como tal é uma escolha óbvia. Marcelinho é um dos maiores batedores de livres que alguma vez vi jogar. Actualmente, e até porque se trata de um jogador que actua na minha posição, gosto do Yaya Touré, do Manchester City. É um jogador fantástico e está num nível fora do comum.

Que se passa com o futebol brasileiro? Existe alguma crise?O futebol virou um negócio, que se você a fundo, é um negócio nojento. Ao mesmo tempo o Brasil quer igualar a Europa e esquecer as suas origens. Hoje, não pensam em pegar num menino que tenha um grande talento de futebol mas sim aqueles que são altos e fortes, porque já pensam em vendê-lo para a Europa. O único clube que pensa em formar jogadores como deve ser é o Santos. Tudo o resto só procura dinheiro a todo o custo. O Mundial do Brasil mostrou a evolução do futebol europeu e a estagnação do Brasil. Jogadores individuais não vencem nada. É preciso formar grupos, equipas fortes e coesas, e a Selecção do Brasil está longe de ser isso. O futebol brasileiro caiu de nível e só não vê quem não quer.

Gonçalo Lobo [email protected]

DADOS PESSOAIS

Nome Edgar Miguel Souza e SilvaNacionalidade BrasilData de Nascimento 02-08-1989 (25 anos)Posição Defesa-central/Médio defensivoAltura 190 cmPeso 82 kg

CLUBES POR ONDE PASSOU2015 Sporting de Macau (MAC)2014 Sporting de Macau (MAC)2013 Barretos (BRA)2013 Comercial (BRA)2012 CENE (BRA)2012 Barretos (BRA)2011 Portuguesa Santista (BRA)2011 Santa Helena (BRA)2010 Radium (BRA)2009 Oeste Paulista (BRA)2009 Inter de Bebedouro (BRA)2008 Inter de Bebedouro (BRA)2007 São Carlos (BRA)2006 Rio Claro (BRA)

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hoje macau sexta-feira 15.5.2015

T omé Pires nasceu em data incerta, por volta de 1465, como refere Luís de Albu-querque, ou cerca de 1468,

ano atribuído por Armando Cortesão. São estes dois historiadores quem me-lhor trataram de tudo o que se refere a Tomé Pires e por isso, a partir daqui muitas vezes os referiremos pelas iniciais dos seus nomes; L.A. para Luís de Albu-querque e A.C. para Armando Cortesão. Também o lugar de nascimento de Tomé Pires é incerto, como ambos os estudio-sos fazem questão de dizer e tanto pode ser Leiria, para L.A. a partir do que refere Fernão mendes Pinto na Peregrinação, como Lisboa, para A. Cortesão.

muito pouco se sabe dos primeiros quarenta anos (para L.A.) em que Tomé Pires viveu em Portugal, apenas que, em-bora de origem humilde, o seu pai estava ligado à corte, pois era boticário de D. João II e por isso, certamente possuía uma boa educação. A botica do seu pai encon-trava-se na rua principal da cidade de Lis-boa e os filhos, Tomé e João Fernandes, herdaram-na e lá continuaram a viver.

Já Armando Cortesão refere terem sido quarenta e três anos que Tomé Pires viveu em Lisboa, onde passou “a maior parte da sua vida, provavelmente junto à Porta da madalena, que parece ter corres-pondido à antiga Porta do Ferro, também chamada Porta da Consolação, situada no actual Largo de Santo António da Sé, por detrás da antiga Igreja da madalena. Pelo menos, aí habitava seu irmão João Fernandes, casado com maria Godinha, de quem tinha uma filha chamada Antó-nia, e parece que também uma irmã da-queles. Ficava a Porta da madalena, mais ao menos, ao fim da opulenta Rua Nova dos mercadores, onde, segundo diz João Brandão no seu Tratado da majestade, Grandeza e Abastança da Cidade de Lis-boa, havia, em meados do século, nove boticas de muito rendimento.”

Informações que levam a saber ter Tomé Pires um irmão e uma irmã e tam-bém ser boticário e que o foi do Príncipe D. Afonso, como referiu Fernão Lopes de Castanheda. Já A.C. diz: “Quando o malogrado Príncipe D. Afonso casou, em Novembro de 1490, Tomé Pires era já boticário, com uns 22 ou 23 anos de idade, segundo ele próprio dá a enten-der numa passagem da Suma oriental. o Príncipe contava então apenas dezas-

O BOTICÁRIO

TOMÉ PIRESseis anos e, ao ser organizada a sua casa, o jovem Tomé Pires, filho do boticário real, foi naturalmente escolhido para boticário do herdeiro do trono. mas por pouco tempo exerceu o novo cargo, pois o desventurado Príncipe D. Afonso mor-ria em 13 de Julho de 1491.”

Por uma carta de Afonso de Albuquer-que designando Tomé Pires <por boticá-rio do Príncipe>, muitos historiadores pretenderam ser esse príncipe o futuro Rei de Portugal, D. João III, mas L.A. refere ser essa questão irrelevante e credibiliza Castanheda anotando: “o príncipe será, pois, o único filho legítimo de D. João II, falecido prematura e desastrosamente...”.

De concreto, nada se sabe da vida de Tomé Pires nos vinte anos seguintes em que a maior parte do tempo esteve em Portugal. Alguns aspectos da sua vida são deduzidos apenas pelas referências que foi dando em cartas já escritas na Ásia ao seu irmão e na Suma oriental, que mais tarde escreveu e neste ano de 2015 se comemora os 500 anos desse livro. Terá sido casado, pois numa carta ao seu irmão referia-se a um Diogo Lopes, como <meu cunhado, bom cavaleiro e muito bom ho-mem>. Dá também para entender ter ele andado por Azamor e não ter herdeiros, por nessa carta ao irmão dizer: <e se mor-rer também vos ficará o meu>. Para além de até então não ter filhos, pelo menos vivos, aqui se pode também deduzir ter a sua esposa já falecido e possivelmente foi esse motivo de viuvez que o levou a decidir a sua partida para a Índia.

Todas estas deduções foram realizadas por Armando Cortesão feitas pela leitura das cartas e do livro Suma oriental.

Pela Índia

Continuando com A.C. que refere, numa carta escrita de malaca por Tomé Pires ao Governador das Índias, Afonso de Albuquerque: <El Rei nosso Senhor me mandou à Índia por feitor das dro-garias, e me deu em cada um ano trinta mil reais e vinte quintais de drogarias, de quais eu quisesse, o que tudo houve por bem que eu vencesse do dia que de Portugal partisse até minha chegada a Portugal, como se em terra da Índia es-tivesse, e me deu três homens que me servissem, e assim me deu um alvará seu para o Senhor Afonso de Albuquerque que vagando alguma cousa ma desse>.

Andaria pelos quarenta e tal anos quando partiu para a Índia em Abril de 1511 e em Setembro encontrava-se já em Cananor. Trazia ele uma botica no valor de quatro mil, a cinco mil reais, que lhe fora entregue para levar para a Índia.

Tomé “Pires embarcou em Lisboa a 20 do mês de Abril de 1511, num dos seis navios da esquadra de D. Garcia de Noronha, isto é, na nau Belém, coman-dada por Cristóvão de Brito, que chegou a Cannanor em 8 de Setembro, ou na nau Piedade, comandada por D. Aires da Gama, que chegou também a Canna-nor uns dois dias depois.” A. Cortesão e continuando com Luís de Albuquerque: “Só duas das seis velas da armada chega-ram no mesmo ano (1511) ao seu des-tino, segundo diz o Livro das Armadas, e Pires teve a sorte de seguir embarca-do em uma delas. Segundo ele mesmo afirma, em carta endereçada a Afonso de Albuquerque, ia despachado como feitor das drogarias, tendo três homens ao seu serviço, que com ele embarcaram em Lisboa.”... “Sabe-se ainda que o lugar lhe rendia de vencimento trinta mil reais por ano e que tinha o direito de nego-ciar anualmente vinte quintais de drogas, à sua escolha; pelo menos durante algum tempo, Pires optou pela canela.”

“Pelas referências que nas suas cartas faz a Jorge de Vasconcelos, Provedor da Casa da mina e Índia, por assim dizer, o ministro das Colónias de então, <que tanto devo a ele pelos benefícios que tenho recebidos de sua mercê>, assim como ao Dr. Diogo Lopes, provavel-

mente o Físico-mor (e não o cunhado), e as cartas que lhes escreveu, a quem naturalmente bem conhecia, devido às funções palacianas desempenhadas tan-to por ele como por seu pai, se vê que não lhe faltava protecção” A. Cortesão.

Em Cananor, Tomé Pires instalou-se na fortaleza, tendo o Governador Afon-so de Albuquerque apreciado a sua ac-tividade aí desenvolvida e por o ter em boa conta, o chamou a Cochim para lhe dar conta da “decisão de o enviar a ma-laca a fim de, com Rui de Araújo, que era lá feitor, e Rui de Brito, que capitaneava a fortaleza, levasse a termo uma devassa entre os homens que tinham a respon-sabilidade de administrar as presas – ou seja, os tanadares, os quadrilheiros e os escrivães -, pois se suspeitava que teriam cometido diversas irregularidades...”

No começo de Fevereiro de 1512, Afonso de Albuquerque regressara a Co-chim, após a conquista de malaca. Em carta ao Rei D. manuel, o Governador queixava-se dos desmandos dos quadri-lheiros que deixara em malaca a arreca-dar os despojos de guerra, <e tanto que o soube, mandei lá Tomé Pires, boticário do Príncipe, por me parecer homem so-lícito>, a tirar inquirição.” A.C.

Segundo escreve João de Barros: “E posto que não era homem de tanta qua-lidade, por ser boticário, e servir na Índia de escolher as drogas de botica que ha-viam de vir para este Reino, para aque-le negócio era o mais hábil e apto que podia ser; porque além de ter pessoa, e natural discrição com letras, segundo sua faculdade, e largo de condição, e apra-zível em negociar, era muito curioso de inquirir, e saber as coisas, e tinha um es-pírito vivo para tudo.”

“Além da missão especial de que Al-buquerque o encarregara, ia nomeado para o, aliás, modesto, cargo de escrivão da feitoria, contador e vedor das droga-rias.” E continuando com Armando Cor-tesão: “De Cochim partiu Tomé Pires para malaca, a bordo do Santo André, navio de 70 tonéis, construído em Co-chim, em companhia do Santo Cristo, em Abril ou maio de 1512.”

“Durante os oito ou nove meses que esteve na Índia, Pires não só tratou dos negócios oficiais a seu cargo como dos seus próprios, ao mesmo tempo que co-meçou a trabalhar na Suma. Ao sair da barra de Cochim foi o Santo André as-

“Tomé Pires ainda esTava em malaca em 27 de Janeiro de 1515, mas embarcou Para a Índia Pouco dePois, Tendo chegado a cochim em fins de fevereiro. sabe-se que ele ParTira de malaca com a inTenção de logo regressar a PorTugal; mas esTava escriTo de ouTra maneira no livro do desTino.”armando corTesão

19 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 15.5.2015

José simões morais

saltado por um temporal, o que obrigou a lançar vária carga ao mar, entre a qual fazenda de Tomé Pires, de valor superior a quatrocentos cruzados.” A.C. e Luís de Albuquerque adita: “Na já referida carta para o irmão (datada de 7 de Fevereiro não de 1512, mas seguramente de 1513) não se mostra muito penalizado com a perda; pelo contrário, confessa que amea-lhara um razoável pecúlio no curto lapso de tempo de cerca de ano e meio.” No entanto A.C. diz ser a carta, não de Feve-reiro mas, de 7 de Novembro e assim, o ano estava correcto, 1512. Dizia ao irmão estar <são e rico, houvera de morrer de febres, já estou bom... Estou rico, mais do que cuidais>. Havia apenas catorze meses que tinha chegado ao Oriente.

Tomé Pires em malaca

Malaca tinha sido conquistada pelos portugueses a 10 de Agosto de 1511 e

ainda não tinha feito um ano quando, “Em Junho ou Julho de 1512 chegou ele a Malaca.” A. Cortesão refere: “Seu cunhado Diogo Lopes, que, em Novem-bro de 1512, vivia com ele em Malaca, faleceu um ano mais tarde, sendo Pires o testamenteiro. Era Lopes um simples <homem de armas>, e a venda dos seus bens rendeu apenas 5427 reais. Segun-do informa na carta de 10 de Janeiro de 1513, começara a tomar a conta a João Freira, feitor da frota de António de Abreu, que, no mês anterior, regressara da viagem de descoberta às Ilhas das Es-peciarias, em que também foi Francisco Rodrigues. Nessa altura, pelo menos, se encontraram Pires e Rodrigues em Ma-laca.” E continuando nessa carta, Tomé “Pires escrevia de Malaca a Afonso de Albuquerque, queixando-se de irregu-laridades no pagamento do seu soldo e que estava <de maneira que se quero comer, como de meu dinheiro...não sei

a que eu vim a Malaca e estar cada dia com a candeia na mão>. Pedia então que, além do soldo de 30.000 reais, com que viera nomeado de Portugal, lhe fos-sem dados mais 50.000 pela <escrivani-nha> - assim <servirei o cargo e senão não entrarei mais em feitoria; servirei no que sua alteza mandou e não em tal>. Só pelo exercício do cargo de conta-dor, dizia ele, <eu merecia cem mil reais cada ano; e assim me salve Deus que an-tes deixasse cem mil reais que ter cargo de tomar conta a homens tão mal ensi-nados e tão engramponados e soberbos, e eu sem ter quem me ajudasse, visto porque Deus quer, posto que é sempre com febres e o mor tempo em cama>” A. Cortesão.

“Em Março de 1513, Rui de Brito, Capitão de Malaca, enviou a Java qua-tro navios a buscar especiarias. Segun-do dizem Castanheda e Barros, um dos principais objectivos desta viagem era ir

a Japara buscar o cravo salvo dum jun-co que, no ano anterior, lá naufragara ao regressar de Banda, quando da primeira expedição portuguesa. A frota, cujo co-mandante era João Lopes de Alvim e em que Tomé Pires ia como feitor, partiu de Malaca a 14 de Março e regressou em 22 de Junho do mesmo ano com cerca de mil e duzentos quintais de cravo.”

Em Malaca, onde escreveu a Suma Oriental, Tomé Pires exerceu, durante quase três anos, os cargos de “escrivão da feitoria, contador e vereador de dro-garias”.

E terminando com Armando Corte-são: “Tomé Pires ainda estava em Malaca em 27 de Janeiro de 1515, mas embar-cou para a Índia pouco depois, tendo chegado a Cochim em fins de Fevereiro. Sabe-se que ele partira de Malaca com a intenção de logo regressar a Portugal; mas estava escrito de outra maneira no Livro do Destino.”

20 hoje macau sexta-feira 15.5.2015

A indA a propósito do ven-to. daquele vento que por instantes me pareceu de fim de mundo. naquele dia, em

correria desatada. Mais tarde e nos dias seguintes ainda subiu um pouco de in-tensidade mas depois sumiu para longe e ficou finalmente sol e este brilho pri-maveril de cidade meridional. As cidades antigas, as do sul, têm esta particularidade de, mais do que cores garridas ou muitos vidros e espelhos, rescenderem de luz. E brilhos, não tanto de pedras preciosas ou diamantes, mas os mais esparsos das pedras rústicas com minérios dispersos, ou das semi-preciosas, mais opacas, um luxo mais discreto e pungente. Que pode até encandear pela crueza, mas alternado com zonas de sombra também elas muito luminosas mas suaves. Um brilho que é mais acetinado. Em Lisboa, estes brilhos podem ser intensos, mesmo dispersos nas superfícies envelhecidas, de cores que vão deslavando com os anos, ou dos azulejos um pouco sem idade. Às vezes um véu quase excessivo de luz sobre tudo isso. Mas que ao fim da tarde com a luz a bai-xar e o crepúsculo a avizinhar-se, reacen-de as cores, num grau de saturação e com uma luminosidade que parece, aí, vir-lhes de dentro e não por reflexão. É um can-to de cisne do dia, mas que atinge uma intensidade pungente. São estes detalhes, que me fazem afinal muitas vezes sentir que o mundo nasceu de novo. Um mun-do novo todos os dias, para continuar a estragar. A amar. Estas coisas da luz e das cores, são daquelas que eu amo profunda-mente com os olhos.

depois do vento um céu liso e fe-chado. de cor limpa densa e saturada. nada mais barroco que um céu assim. denso. Sem sinais. Ou do que o pen-samento. não expresso mas espiralado, convulsivo, medonho, agoniado, em fogo. Mesmo quieto e silencioso. Por vezes gosto que a nudez pare ao nível da pele. não mais longe nem mais fun-do.

daí, voltar atrás, àquela inquietante sensação de que o meu mundo mor-reu algures. Com a internet ou com os comboios de alta velocidade. Pensando melhor ambas as realidades têm a ver muito simplesmente com o meu amor por janelas.

Poder abrir as janelas no comboio e espreitar para fora. Mas não nos com-boios da nova geração, com as janelas hermeticamente fechadas, num triste propósito de optimização de segurança e também do tempo e da velocidade. Para isso antes os aviões. Entro e dispo-

Quantos nós tem o vento (II)

nho-me a dormitar enquanto dura. não durmo, mas dormito, o máximo possí-vel, como uma hibernação. Só existe o princípio, e o fim. nunca a viagem. O meu mundo morreu quando deixei de poder sentar-me num comboio e ver a paisagem que eu sabia não estar a pas-

sar como numa televisão, mas eu por ela. E quando deixei de poder abrir a janela e espreitar longamente, deixar--me sentir por algum tempo, aquela sensação de prazer pueril dos cabelos esticados pelo vento. Ver o mundo ficar para trás com uma brandura en-

torpecente. Ver o próprio comboio alinhado para trás e para a frente nas curvas. Espreitar o silêncio das esta-ções mais isoladas e remotas. Sair ou não. E quando tudo isso foi substituído pela distanciada percepção do mundo quase virtual a passar através do vidro

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21 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 15.5.2015

de tudo e de nada AnAbelA CAnAs

de janelas fechadas, rapidamente, ati-rando-nos de um lugar de partida para um de chegada sem o sabor do espaço atravessado. Embora seja, de um outro modo um prazer contemplativo e tam-bém isso faça bem por vezes. A passi-vidade, essa modorra, o deixar os olhos

verem aquilo que se vai sucedendo sem intervenção. O ir dormitando presa a pequenas memórias, muitas vezes uma só que por repetição, como uma músi-ca, em que se embala a existência por um tempo. Ir contemplando a imagem contínua que se desenrola vinda de um

dos lados e engolida pelo outro rapida-mente. Como uma janela do Windows aberta para se sobrepor a outra e outras sem continuidade nem limite. Que, até podemos abrir, espreitar mergulhando num outro percurso. Como um ramal secundário. Mas a que falta a tempera-tura.

De novo a pensar na palavra: par-tida. A versão violentamente cortante para significar viagem. Destituída da continuidade, da progressão e da noção de caminho inerente a esta. Nós somos dramáticos na língua que inventámos. Mas essa palavra de repente parece, destituindo-a de algum significado dramaticamente existencial, adequada a esta nova versão do viajar. Partindo o espaço abruptamente num lugar do mundo e colando-o da mesma forma a um outro muito desfasado, como numa máquina do tempo. Viajando nele para a frente ou para trás.

Lembrei-me de viagens. Lá muito atrás, em Dezembro de 1988, atraves-sei a China sózinha, de combóio, em direcção a Pequim. Três mil quilóme-tros num propósito triplo de fugir a um Natal, de conhecer a capital do país do meio, mas muito mais do que isso, de ir. Antes, o barco nocturno de Macau, a subir lentamente o rio até Cantão. As margens escuras e vultos fantasmagóricos aqui e ali pontuados de muito poucas luzes. Ali, percorrer a cidade cinzenta, ruidosa e extensa a pé até à estação. Depois, trinta e cin-co horas de viagem, que hoje se resu-mem a oito ou nove. Pouco ou nada dormi no edredon de cetim cor-de-rosa, do compartimento de primeira classe, daquele tom particular cheio de satu-ração, que é um vermelho adocicado. À volta, vim em segunda ou terceira, já nem sei. Para ver como era. Atravessei aquela terra de que me ficou pouco na memória para além da lonjura e de uma cor, por longos quilómetros cinza tris-te, ou castanho avermelhada, escura e deserta, que até pode ser já produto de uma reelaboração qualquer da memó-ria. Mas eu gosto desta síntese.

Não há como essa maneira de viajar completamente. Com o tempo e o es-paço a uma velocidade comportável ao olhar. E livre de qualquer outro olhar que não o nosso. De comboio sempre gostei. Muitos dias e muitas noites. Mesmo a inquietação do espaço con-finado de um compartimento e corre-dores por vezes atravancados de gente. Mesmo a ansiedade de chegar. As para-gens e esperas, noite escura no meio do

nada. Mas sempre as janelas para abrir. Espreitar um pouco mais à frente. An-tes dos comboios de alta velocidade.

A diferença entre isso e quando o meu mundo acabou por adoptar o computador em grande parte, e este, como a janela diária para o mundo. De-sesperante e labiríntica. Orwelliana. E excessivamente composta de camadas de leitura, como qualquer realidade, mas com muito mais ruído.

Nas janelas de um combóio, há o ex-terior e o interior quase impresso a so-brepor-se-lhe sobretudo de noite, con-cretizados pelas molduras das janelas. Entre eles está o vidro, matéria incolor e por vezes invisível mas sempre implícita no enquadramento devido. E o sujo ou embaciado, ganha presença estética e de camada. No vidro inscreve-se o dis-curso que medeia entre o exterior e o interior. Camada ou suporte intermédio entre ambos. Devolve o reflexo do olhar para fora, por vezes misturado com esse mesmo lado de fora. Depois, cada vez mais a foto como registo e a mediati-zação virtual. Como quando alguém se fotografa ao espelho. A imagem da imagem da pessoa. Desmultiplicadas as camadas de sentido. Os níveis de ficção a recobrir o real cada vez mais imaterial, neste contexto de novas narrativas que se apropriam do universo digital, e em que o indivíduo se constrói. Um ecos-sistema diferente. Com outras formas de resistência com que se procura enganar a realidade. Com ela própria assumida. Nos seus múltiplos níveis e camadas. Mostrar, passa a ser um mecanismo de-terminante e prévio ao ver. Mas abrir a janela é sentir o vento. A temperatura, o espaço e o tempo a passar. O ruído que tudo isto provoca, como invasão abso-luta dos sentidos.

Tudo isto a propósito de um simples vento de vinte, trinta nós. Nos quais se ataram confusamente e se enrodi-lharam muito fios de pensamentos um pouco dispersos, se embrulharam uns nos outros em pequenos nós como os dos cabelos. E foi preciso deixar acal-mar a sensação para desembaraçar uns e outros. Ainda como se de uma máqui-na do tempo se tratasse. De Lisboa a Pequim, num pequeno instante em que tentava dominar o cabelo revolto que se me colava ao baton nos lábios e não deixava acender um cigarro. E pensava, num daqueles pensamentos fúteis que por vezes ocorrem, até mesmo por en-tre a maior das melancolias, que com vento assim, só de chapéu, trança ou rabo- de- cavalo.

Notificação no 00011/NOEP/GJN/2015

www. iacm.gov.mo

Nome Sexo Tipo e nº do documento de identificação

Nº da acusação Data da infracção

Data em que foi exarado o despacho de aplicação da

multa張柏濤CHEONG PAK TOU M (*14) 6562*** 2-000099PR/2015 2015-02-10 2015-03-03NGUYEN GIAO TU

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M (*1) 442526196********* 2-000018PI/2015 2015-01-11 2015-03-03劳寿荣LAO SUOURONG M (*2) W7289**** A072165/2015 2015-01-10 2015-03-03黃克章

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M (*8) M4902**** 2-000301QA/2014 2014-12-10 2015-01-09楊溟博YANG MINGBO M (*2) W7325**** 2-000485PY/2014 2014-12-10 2015-01-09李裔LI YI M (*2) w8548**** 2-000300QA/2014 2014-12-10 2015-01-09薛剑XUE JIAN M (*2) W6986**** A074487/2014 2014-12-08 2015-01-09夏力辉XIA LIHUI M (*3) G5322**** A073673/2014 2014-12-07 2015-01-09梁守广LIANG SHOUGUANG M (*2) c0383**** 2-000218QD/2014 2014-12-06 2015-01-09罗玉康LUO YUKANG M (*2) C0573**** A074510/2014 2014-12-06 2015-01-09叶細元YE XIYUAN M (*2) w8435**** 2-000215QD/2014 2014-12-06 2015-01-09

Considerando que não se revela possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, para o efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos sancionatórios, nos termos do artigo 14º do Decreto-Lei nº 52/99/M, de 4 de Outubro, do artigo 68º e do nº 1 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, nos termos do nº 2 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo e no uso das competências conferidas pelo Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e constantes da Proposta de Deliberação nº 01/PDCA/2014, de 9 de Maio, publicada na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 20, de 15 de Maio de 2014 e pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 83/2014, publicado na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 19, de 7 de Maio de 2014, os infractores, constantes das tabelas desta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias:

Nos termos do nº 4 do artigo 36º, nº 1 do artigo 37º, artigo 38º e artigo 39º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, aprovado pelo Regulamento Administrativo nº 28/2004 e em conjugação com o no 2 do artigo 5º do Código do Procedimento Administrativo, o Presidente do Conselho de Administração, ou seus substitutos, exararam despachos nas respectivas informações, tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas e a existência de culpa confirmada. Assim:

1. Foram aplicadas aos infractores, constantes das Tabelas I a V, as multas previstas no nº 2 do artigo 45º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 2º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP600,00 (cada infracção):

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 13º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 7 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “nos espaços públicos, abandonar resíduos sólidos fora dos locais e recipientes especificamente destinados à sua deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela I)

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto na alínea 1) do nº 1 do artigo 2º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 13 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “cuspir escarro ou lançar muco nasal para qualquer superfície do espaço público, de instalações públicas ou de equipamento público”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela II)

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 4º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 23 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “colocar ou abandonar no espaço público quaisquer materiais ou objectos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela III)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto no nº 2 do artigo 9º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 12 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “não limpar de imediato o espaço público poluído com dejectos de animais de estimação que se está a acompanhar”, tendo sido a infractora notificada do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela IV)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 1) do nº 1 do Artigo 14º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 3 do Artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “despejar, derramar ou deixar correr águas poluídas, tintas, óleos ou quaisquer líquidos poluentes em espaços públicos”, tendo sido a infractora notificada do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela V)

2. Foi aplicado ao infractor, constante da Tabela VI, a multa prevista no artigo 46º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 3º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP700,00:

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto no nº 1 do artigo 13º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 4 do artigo 3º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “abandonar nos espaços públicos resíduos sólidos que apresentem ou sejam susceptíveis de apresentar algum perigo para a saúde pública ou para o ambiente, excepto com permissão legal ou da entidade competente”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela VI)

3. Além disso, os infractores podem ainda apresentar reclamação contra os actos sancionatórios ao autor do acto, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da notificação, nos termos dos artigos 145º, 148º e 149º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123º do referido código.

Para efeitos do disposto no nº 2 do artigo 150º do mesmo diploma, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto.

4. Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25º e 26º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei nº 110/99/M, de 13 de Dezembro, para o Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau.

5. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos do disposto nº 4 do artigo 55º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, os infractores deverão efectuar a liquidação de todo o valor das multas aplicadas, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data da publicação da presente notificação, no Gabinete Jurídico e Notariado do IACM (Núcleo Operativo do IACM para a Execução do Regulamento Geral dos Espaços Públicos), sito na Avenida da Praia Grande, nos 762-804, Edf. China Plaza, 5º andar, Macau, Centro de Actividades de S. Domingos, sito na Travessa do Soriano, Complexo Municipal do Mercado de S. Domingos, 4º andar, Macau ou através do acesso ao endereço electrónico http://www.iacm.gov.mo/rgep. Caso contrário, o IACM submeterá os processos à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para a cobrança coerciva, nos termos do artigo 17º do Decreto-Lei nº 52/99/M, mas sem prejuízo da aplicação do disposto no no 4 do artigo 18º do mesmo Decreto-Lei. Os infractores, antes da liquidação das multas, não poderão entrar de novo, na RAEM.

6. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes das tabelas anexas tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone nº 8295 6868 ou dirigir-se pessoalmente ao referido Núcleo Operativo deste Instituto.

Aos 20 de Abril de 2015

O Presidente do Conselho de Administração

Vong Iao Lek

Tabela I

22 publicidade hoje macau sexta-feira 15.5.2015

www. iacm.gov.mo

童伟TONG WEI M (*2) w5190**** 2-000461PY/2014 2014-12-06 2015-01-09

俞春方YU CHUNFANG M (*3) g2093**** 2-000460PY/2014 2014-12-06 2015-01-09蔡超英CAI CHAOYING M (*2) w9269**** 2-000358PP/2014 2014-12-05 2015-01-09吴健WU JIAN M (*2) W4207**** 2-000075QB/2014 2014-12-04 2015-01-09方逸南FANG YINAN M (*3) e3601**** 2-000339PG/2014 2014-12-03 2015-01-12辜榮偉KU WING WAI M (*13) z780**** 2-000455PY/2014 2014-12-02 2015-01-12林文祥LIN WENXIANG M (*2) w457**** 2-000431PU/2014 2014-11-30 2015-01-12李建标LI JIANGBIAO M (*2) W3994**** 2-000743PW/2014 2014-11-30 2015-01-12吴治中

M (*1) 360124197********* A072485/2014 2014-11-30 2015-01-12任毓翠YAM YUK CHUI F (*13) Y247**** 2-000741PW/2014 2014-11-29 2015-01-12黃春平HUANG CHUNPING M (*3) E0169**** A074074/2014 2014-11-29 2015-01-12蔡金智CAI JINZHI M (*3) G3314**** 2-000069QB/2014 2014-11-27 2015-01-12麦志光

M (*1) 440102195********* A074807/2014 2014-11-27 2015-01-12陈金荣CHEN JINRONG M (*2) W9760**** 2-000487PI/2014 2014-11-27 2015-01-12彭桂华

M (*1) 442801194********* 2-000486PI/2014 2014-11-27 2015-01-12梁志發LEUNG CHI FAT M (*13) z226***(*) 2-000439PY/2014 2014-11-27 2015-01-12马永权

M (*1) 440105196********* 2-000532PV/2014 2014-11-26 2015-01-12郭濤濤

M (*1) 142634198********* 2-000333PG/2014 2014-11-26 2015-01-12仲澤明ZHONG ZEMING M (*2) W9453**** A071823/2014 2014-11-25 2015-01-12李立军LI LIJUN M (*3) E1737**** A085528/2014 2014-11-25 2015-01-12董玉云DONG YUYUN F (*2) w7235**** 2-000502PR/2014 2014-11-24 2015-01-12

李朝伟LI CHAOWEI M (*2) W5642**** A072380/2014 2014-11-23 2015-01-12LE NGOC TIEN

M (*4) 2133**** A072336/2014 2014-11-23 2015-01-12莫韶明MO SHAOMING M (*2) C0575**** A072062/2014 2014-11-23 2015-01-12阮珍RUAN ZHEN F (*2) w7185**** 2-000726PW/2014 2014-11-22 2015-01-12吴伟业

M (*1) 441521198********* 2-000482PI/2014 2014-11-22 2015-01-12邵國信SHAO GUOXIN M (*2) W9767**** 2-000526PV/2014 2014-11-22 2015-01-12沈会良SHEN HUILIANG M (*2) W7947**** A072826/2014 2014-11-21 2015-01-12LUCAS MANOLITO

M (*5) EC156**** A070078/2014 2014-11-21 2015-01-12黎超雄

M (*1) 440102198********* A071822/2014 2014-11-21 2015-01-12郭棋林GUO QILIN M (*2) C0511**** A072379/2014 2014-11-21 2015-01-12李湘潮LI XIANGCHAO M (*2) W8156**** A072681/2014 2014-11-20 2015-01-12杨受璋

M (*1) 440902198********* A070087/2014 2014-11-20 2015-01-12TOCAN HERMINI GILDO M (*5) EC141**** A070086/2014 2014-11-20 2015-01-12潘林朝PAN LINCHAO M (*2) C0004**** A072745/2014 2014-11-20 2015-01-12张帅

M (*1) 612701198********* A072434/2014 2014-11-20 2015-01-12李孙锋LI SUNFENG M (*2) W7602**** A061286/2014 2014-11-19 2015-01-12杨兵兵YANG BINGBING M (*2) W3717**** A073756/2014 2014-11-19 2015-01-12LEE KYEONG MIN

M (*8) GK225**** A074324/2014 2014-11-18 2015-01-12王军旗

M (*1) 130481198********* A075418/2014 2014-11-18 2015-01-12謝待奔XIE DAIBEN M (*3) G3492**** 2-000160QD/2014 2014-11-18 2015-01-12

刘土生LIU TUSHENG M (*2) w6335**** 2-000516PV/2014 2014-11-18 2015-01-12何錦元HE JINYUAN M (*2) w7097**** 2-000321PG/2014 2014-11-18 2015-01-12李粒仔

M (*1) 440721196********* 2-000515PV/2014 2014-11-18 2015-01-12馬永華MA YONGHUA M (*2) w6986**** 2-000319PG/2014 2014-11-18 2015-01-12王跌WANG YUE F (*2) w7931**** 2-000479PI/2014 2014-11-18 2015-01-12XIN LIANGLIANG

M (*2) W8520**** A071819/2014 2014-11-18 2015-01-12林伟安LIN WEIAN M (*2) w6803**** 2-000055QB/2014 2014-11-18 2015-01-12柴向晨CHAI XIANGCHEN M (*2) W4878**** A067525/2014 2014-11-17 2014-12-11梁炬兴

M (*1) 441827197********* 2-000298PG/2014 2014-10-30 2014-12-11卓國景ZHUO GUOJING M (*3) e2147**** 2-000672PW/2014 2014-10-28 2014-12-11王得欽WONG TAK YAM DANNY

M (*13) k435***(*) 2-000671PW/2014 2014-10-28 2014-12-11

陈纪烽CHEN CHIFENG M (*6) 30915**** A072626/2014 2014-10-27 2014-12-11

张征煌M (*1) 431222198********* 2-000292PG/2014 2014-10-27 2014-12-11

何锡厚M (*1) 440681197********* 2-000291PG/2014 2014-10-27 2014-12-11

鄧强勝TANG KEONG SING M (*13) K363***(*) 2-000486PV/2014 2014-10-27 2014-12-11梁胜朋LIANG SHENGPENG M (*2) W8174**** A072324/2014 2014-10-25 2014-12-11吳旭鋒

M (*1) 330725197********* 2-000406PS/2014 2014-10-25 2014-12-11王进海WANG JINHAI M (*2) w7070**** 2-000119PR/2015 2015-02-17 2015-03-03陈再坤CHEN ZAIKUN M (*2) C0110**** 2-000116PW/2015 2015-02-17 2015-03-03

陈楚凱CHEN CHUKAI M (*2) w4195**** 2-000127QD/2015 2015-02-17 2015-03-03莫永球

M (*1) 441900198********* 2-000089PG/2015 2015-02-16 2015-03-03黃光福

M (*1) 330302194********* 2-000088PG/2015 2015-02-16 2015-03-03刘镜明LIU JINGMING M (*2) W5353**** 2-000099PS/2015 2015-02-16 2015-03-03曹惠彬CAO HUIBIN M (*2) W4784**** 2-000098PS/2015 2015-02-16 2015-03-03何永HE YONG M (*2) w5902**** 2-000109PR/2015 2015-02-14 2015-03-03蔡少芬CAI SHAOFEN F (*2) W5312**** 2-000122PY/2015 2015-02-14 2015-03-03李兰芬LI LANFEN F (*3) g5454**** 2-000105PV/2015 2015-02-14 2015-03-03罗建辉

M (*1) 430124197********* 2-000087PG/2015 2015-02-14 2015-03-03李传耀LI CHUANYAO M (*2) C0670**** 2-000064PI/2015 2015-02-14 2015-03-03刘伟华LIU WEIHUA M (*2) C0121**** A075959/2015 2015-02-12 2015-03-03区松枝OU SONGZHI M (*2) W9074**** A075859/2015 2015-02-12 2015-03-03陆永祥LU YONGXIANG M (*2) W5754**** A072042/2015 2015-02-12 2015-03-03BUI VAN LUOT

M (*10) b398**** 2-000101PV/2015 2015-02-12 2015-03-03麥培照MAI PEIZHAO M (*2) w5621**** 2-000100PV/2015 2015-02-12 2015-03-03趙鵬

M (*1) 321102198********* 2-000098PV/2015 2015-02-12 2015-03-03梁伟雄LIANG WEI XIONG M (*2) w8051**** 2-000083PP/2015 2015-02-12 2015-03-03任广承REN GUANGCHENG M (*2) w5793**** 2-000105QD/2015 2015-02-11 2015-03-03頋六一GU LIUYU M (*2) c0884**** 2-000060PI/2015 2015-02-11 2015-03-03

黃胜东HUANG SHENGDONG M (*3) G3670**** A078558/2015 2015-02-11 2015-03-03赵中波ZHAO, ZHONGBO M (*2) c1094**** 2-000080PP/2015 2015-02-11 2015-03-03李平LI PING M (*2) w7204**** 2-000078PP/2015 2015-02-11 2015-03-03BANTIQUE RUEL YEBES M (*4) 1446**** 2-000076PH/2015 2015-02-10 2015-03-03陈子元

M (*1) 441702197********* A072079/2015 2015-02-08 2015-03-03金栋栋JIN DONGDONG M (*2) W9371**** 2-000099PY/2015 2015-02-07 2015-03-03鄧偉強TANG WAI KEUNG M (*13) G261***(*) A077356/2015 2015-01-12 2015-03-03馬春山ma chunshan M (*2) w9627**** 2-000018PG/2015 2015-01-11 2015-03-03霍锦棉HUO JINMIAN M (*2) W7515**** A073433/2015 2015-01-11 2015-03-03徐佰红XU BAIHONG M (*3) E0909**** A073490/2015 2015-01-11 2015-03-03莫少鋒MO SHAOFENG M (*2) w4192**** 2-000027PP/2015 2015-01-11 2015-03-03雷丽燕LEI LIYAN F (*2) W5300**** A072166/2015 2015-01-10 2015-03-03周永红

M (*1) 440726196********* A072164/2015 2015-01-10 2015-03-03钟骆敏

M (*1) 142226198********* A072119/2015 2015-01-10 2015-03-03LEE SEUNG HAN

M (*8) M1013**** A072118/2015 2015-01-10 2015-03-03肖丽

F (*1) 441621198********* A072163/2015 2015-01-10 2015-03-03郑劲泉

M (*1) 440722196********* A071837/2015 2015-01-09 2015-03-03刘祖庆

M (*1) 500237198********* A071836/2015 2015-01-09 2015-03-03封业庆FENG YEQING M (*2) W4502**** 2-000019PV/2015 2015-01-09 2015-03-03

吳嘉誠NG KA SHING M (*13) y153**** 2-000014PT/2015 2015-01-09 2015-03-03潘偉彪

M (*1) 440103196********* A071985/2015 2015-01-08 2015-03-03陆国兴LU GUOXING M (*2) W5894**** A072780/2015 2015-01-08 2015-03-03谢春生

M (*1) 413026197********* A072447/2015 2015-01-08 2015-03-03李有全

M (*1) 440623196********* 2-000018PV/2015 2015-01-07 2015-03-03陈定CHEN DING M (*3) E3192**** A070343/2015 2015-01-05 2015-03-03夏肇华

M (*1) 442801196********* 2-000206PQ/2014 2014-12-30 2015-03-03王建林WANG JIANLIN M (*2) C0925**** A074396/2014 2014-12-30 2015-03-03梁利華

M (*1) 440106196********* 2-000520PI/2014 2014-12-25 2015-01-09颜嘉球YAN JIAQIU M (*2) C0090**** A070389/2014 2014-12-24 2015-01-09區俊杰

M (*1) 440782199********* A075520/2014 2014-12-24 2015-01-09刘明LIU MING M (*2) W6288**** A074659/2014 2014-12-23 2015-01-09

23 publicidadehoje macau sexta-feira 15.5.2015

黃朝金M (*1) 452127198********* A072490/2014 2014-12-22 2015-01-09

黃海深HANG HAISHEN M (*12) t1067**** 2-000507PS/2014 2014-12-19 2015-01-09HABOC MARK EDISON M (*5) EB934**** 2-000508PY/2014 2014-12-17 2015-01-09劉金童LIU JINTONG M (*2) w8974**** 2-000498PY/2014 2014-12-12 2015-01-09曲小華

M (*1) 450106195********* 2-000550PV/2014 2014-12-10 2015-01-09徐明高XU MINGGAO M (*2) C0551**** A073281/2014 2014-12-06 2015-01-09赖征鑫LAI ZHENGXIN M (*2) W5213**** A073244/2014 2014-12-06 2015-01-09聂高英NIE GAOYING F (*2) w6330**** 2-000537PV/2014 2014-12-02 2015-01-12邹春如

M (*1) 442526196********* A072484/2014 2014-11-30 2015-01-12HESTI KUSRINI

F (*7) W334*** A072335/2014 2014-11-23 2015-01-12李忠斯

M (*1) 222424196********* A072482/2014 2014-11-25 2015-01-12TRAN VAN QUANG

M (*4) 2190**** A072103/2014 2014-11-23 2015-01-12严茂进

M (*1) 441781198********* 2-000483PI/2014 2014-11-22 2015-01-12CALAHAN JAY AR RIPARIP M (*5) E192**** A072060/2014 2014-11-21 2015-01-12张金秀

F (*1) 441421198********* A072011/2014 2014-11-20 2015-01-12徐煌XU HUANG M (*2) C0541**** A072010/2014 2014-11-20 2015-01-12孙迪SUN DI M (*2) C0481**** A074184/2014 2014-11-18 2015-01-12何秋霖HO CHIU LIN M (*9) 0229**** 2-000514PV/2014 2014-11-18 2015-01-12苏庚生SU GENGSHENG M (*2) w5929**** 2-000056QB/2014 2014-11-18 2015-01-12巨昌伟JU CHANGWEI M (*2) w8902**** 2-000054QB/2014 2014-11-18 2015-01-12梁大良LIANG DALIANG M (*2) w6533**** 2-000405PT/2014 2014-11-17 2014-12-11孙洪杰SUN HONGJIE M (*2) C0618**** 2-000422PU/2014 2014-11-17 2014-12-11林振端LIN ZHENDUAN M (*2) w8545**** 2-000717PW/2014 2014-11-16 2014-12-11鍾岷峯CHUNG MAN FUNG M (*13) Z991***(*) A072678/2014 2014-11-16 2014-12-11胡飞HU FEI M (*2) W9412**** A075416/2014 2014-11-15 2014-12-11郭敬东

M (*1) 440107197********* A071961/2014 2014-11-15 2014-12-11姚军

M (*1) 420300196********* A073516/2014 2014-11-15 2014-12-11莫绍志MO SHAOZHI M (*2) W6729**** A075414/2014 2014-11-14 2014-12-11張寶程ZHANG BAOCHENG M (*3) e3113**** 2-000454PS/2014 2014-11-14 2014-12-11章誌芳ZHANG ZHIFANG M (*2) W9278**** A072600/2014 2014-11-14 2014-12-11李龙赞LI LONG ZAN M (*3) G2057**** A070150/2014 2014-11-14 2014-12-11梁志伟

M (*1) 440682198********* 2-000508PV/2014 2014-11-14 2014-12-11罗国良

M (*1) 440624197********* 2-000507PV/2014 2014-11-14 2014-12-11苏和新

M (*1) 450121198********* 2-000506PV/2014 2014-11-14 2014-12-11凌光彩

M (*1) 450121198********* 2-000505PV/2014 2014-11-14 2014-12-11何梓文

M (*1) 440181199********* A072599/2014 2014-11-14 2014-12-11陳博寧

M (*1) 445281199********* 2-000477PI/2014 2014-11-14 2014-12-11郑跃仓ZHENG YUECANG M (*3) G5822**** A072994/2014 2014-11-13 2014-12-11张庆超

M (*1) 440782198********* A072827/2014 2014-11-13 2014-12-11邵永康SHAO YONG KANG M (*2) c0216**** 2-000144QD/2014 2014-11-09 2014-12-11蒙在冲MENG ZAICHONG M (*2) c0432**** 2-000308PG/2014 2014-11-09 2014-12-11刘祥LIU XIANG M (*2) c0434**** 2-000307PG/2014 2014-11-09 2014-12-11謝仁龍HSIEH, JEN-LUNG M (*6) 30791**** 2-000162PQ/2014 2014-11-09 2014-12-11LEE JUNGKWAN

M (*8) M0233**** 2-000161PQ/2014 2014-11-09 2014-12-11叶高明YE GAOMING M (*2) C0006**** 2-000323PP/2014 2014-11-09 2014-12-11陳芳CHEN FANG F (*2) C02895***** 2-000396PT/2014 2014-11-09 2014-12-11張正虎ZHANG ZHENGHU M (*3) G5149**** A074208/2014 2014-11-06 2014-12-11

吳昊WU HAO M (*2) W6916**** A070333/2014 2014-11-06 2014-12-11明华星MING HUA XING M (*2) W9125**** A071859/2014 2014-11-06 2014-12-11曹必正CAO BIZHENG M (*2) W9503**** A072595/2014 2014-11-06 2014-12-11林灿杰

M (*1) 441827196********* A072741/2014 2014-11-06 2014-12-11MYYOMIS AMEL TANAS M (*4) 2181**** A074118/2014 2014-11-03 2014-12-11柯彬

M (*1) 413026197********* A073230/2014 2014-11-03 2014-12-11許桂玲XU GUILING F (*2) w3794**** 2-000304PG/2014 2014-11-03 2014-12-11蔡松均

M (*1) 442821196********* 2-000431PS/2014 2014-11-03 2014-12-11

刘申M (*1) 210103196********* 2-000428PS/2014 2014-11-03 2014-12-11

刘秀山LIU XIUSHAN M (*2) W8290**** A073324/2014 2014-11-02 2014-12-11吳伟明WU WEIMING M (*2) C0376**** A073662/2014 2014-11-01 2014-12-11陈泰文

M (*1) 450802198********* A070379/2014 2014-11-01 2014-12-11林伟平

M (*1) 441202198********* A070378/2014 2014-11-01 2014-12-11徐宝华XU BAOHUA M (*3) G6011**** A075302/2014 2014-11-01 2014-12-11刁雪峰DIAO XUEFENG M (*2) C0628**** A074171/2014 2014-11-01 2014-12-11陈启

M (*1) 452421198********* 2-000381PT/2014 2014-10-31 2014-12-11孟慧軍

M (*1) 150105196********* 2-000407PS/2014 2014-10-25 2014-12-11李健华LI JIANHUA M (*3) E0756**** 2-000030QB/2014 2014-10-25 2014-12-11陈颍燊CHEN YINGSHEN M (*3) E2026**** 2-000029QB/2014 2014-10-25 2014-12-11

黎嘉烨M (*1) 440111198********* 2-000751PW/2014 2014-12-04 2015-01-09

乔立宪QIAO LIXIAN M (*2) W6833**** A072772/2014 2014-12-23 2015-01-09邹军

M (*1) 362201198********* A072437/2014 2014-12-23 2015-01-09夏昕XIA XIN M (*3) G2590**** 2-000288QA/2014 2014-12-04 2015-01-09桂建林

M (*1) 360502196********* 2-000533PV/2014 2014-11-26 2015-01-12王海军WANG HAIJUN M (*2) W6511**** A061288/2014 2014-11-25 2015-01-12谢建平XIE JIANPING M (*2) W8424**** 2-000101PS/2015 2015-02-16 2015-03-03黃英帅

M (*1) 410403197********* A071925/2015 2015-01-08 2015-03-03刘玉章

M (*1) 440127194********* A071924/2015 2015-01-08 2015-03-03周声兴ZHOU SHENGXING M (*3) E1497**** A071984/2015 2015-01-08 2015-03-03刘成柱

M (*1) 420121196********* A072773/2014 2014-12-23 2015-01-09王益明WANG YIMING M (*2) c0253**** 2-000286QA/2014 2014-12-04 2015-01-09張小五ZHANG XIAOWU M (*2) w6005**** 2-000670PW/2014 2014-10-28 2014-12-11

林二安LIN ERAN M (*4) 2054**** 2-000320QA/2014 2014-12-18 2015-01-09陈少良CHEN SHAO LIANG M (*4) 2021**** A074188/2014 2014-12-02 2015-01-12劉永漢LIU YONGHAN M (*4) 2055**** 2-000449PY/2014 2014-12-02 2015-01-12崔永彬CUI YONGBIN M (*4) 2023**** A077403/2015 2015-01-23 2015-03-03崔永彬CUI YONGBIN M (*2) W4580**** A075109/2015 2015-01-13 2015-03-03NGUYEN VAN LINH

M (*10) b649**** 2-000402PU/2014 2014-10-31 2014-12-11

GALLETA, VILMA DIEGO F (*4) 1230**** 2-000107PV/2015 2015-02-14 2015-03-03

MAI THI THAOF (*10) B715**** 2-000733PW/2014 2014-11-27 2015-01-12

戴水來DAI SHUILAI M (*4) 2009**** A072027/2015 2015-01-25 2015-03-03

Nota:

(*1) Bilhete de Identidade da República Popular da China

(*2) Salvo-conduto da República Popular da China para deslocação a Hong Kong e Macau

(*3) Passaporte da República Popular da China

(*4) Bilhete de Identidade de Trabalhador Não-Residente

(*5) Passaporte da República das Filipinas

(*6) Documento de viagem da região de Taiwan

(*7) Passaporte da República da Indonésia

(*8) Passaporte da República da Coreia

(*9) Salvo-conduto de residente de Taiwan para deslocação à China continental

(*10) Passaporte da República Socialista do Vietname

(*11) Passaporte da Malásia

(*12) Salvo-conduto de residente da China continental para deslocação a Taiwan

(*13) Bilhete de Identidade de Hong Kong

(*14) Notificação do Serviço de Migração

www. iacm.gov.mo

Tabela II

Tabela III

Tabela IV

Tabela V

Tabela VI

24 publicidade hoje macau sexta-feira 15.5.2015

25hoje macau sexta-feira 15.5.2015 (F)utilidadestempo aguaceiros ocasionais min 26 max 30 hum 70-95% • euro 9.0 baht 0.24 yuan 1.2

João Corvofonte da inveja

Aconteceu Hoje 15 de maio

Publicada encíclica de Leão XIII• No dia 15 de Maio de 1891, foi publicada a encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII. Esta, que em português significa “Coisas Novas”, define a doutrina social da Igreja Católica. Era uma carta aberta a todos os bispos, sobre as condições das classes trabalhadoras e trata de questões levantadas durante a revolução industrial e as sociedades democráticas no final do século XIX. Leão XIII apoiava o direito dos trabalhadores formarem a sindicatos, mas rejeitava o socialismo ou social-democracia e defendia os direitos à propriedade privada. Discutia as relações entre o governo, os negócios, o trabalho e a Igreja.A encíclica critica fortemente a falta de princípios éticos e valores morais na sociedade progressivamente laicizada, uma das grandes causas dos problemas sociais. O documento papal refere alguns princípios que deveriam ser usados na procura de justiça na vida social, económica e industrial, como por exemplo a melhor distribuição de riqueza, a intervenção do Estado na economia a favor dos mais pobres e desprotegidos e a caridade do patronato à classe operária.A encíclica veio completar outros trabalhos de Leão XIII durante o seu papado para modernizar o pensamento social católico e da sua hierarquia.Pelos sucessores no papado foi denominada de “Carta Magna” do “Magistério Social da Igreja” e com ela deu-se início à siste-matização do pensamento social católico, passado ser o pilar fundamental da Doutrina Social da Igreja a que hoje assistimos.Neste dia, mas em 1974, o General António de Spínola é nomeado Presidente da República portuguesa pela Junta de Salvação Nacional. Em 2012, François Hollande toma posse como novo presidente de França. Começa a Guerra dos Sete Anos, a 15 de Maio de 1756, uma série de conflitos internacionais entre a França, a Áustria e seus aliados, de um lado, e a Inglaterra, Portugal, a Prússia e Ha-nôver, de outro. Em 1998, neste dia, assinala-se a morte de Frank Sinatra, cantor e actor norte-americano.

O que fazer esta semana? C i n e m aCineteatro

Sala 1woman in black 2:angel of death [c]Filme de: Tom HarperCom: Jeremy Irvin, Oaklee Pendergast, Helen McCrory14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 2mad max: fury road [c]Filme de: George MillerCom: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult14.30, 16.45, 21.30

mad max: fury road [3d] [c]Filme de: George Miller

Com: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult19.15

Sala 3the tenor-lirico Spinto [b]LEGENDADO EM CHINêS E INGLêSFilme de: Kim Sang-manCom: Yoo Ji-tae, Yusuke Iseya, Cha Ye-ryun14.30, 16.45, 19.15

the avengerS:age of ultron [b]Filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo21.30

HojeMACAu INDIES APRESENTA “TRYCICLE THIEF,

“CHAMPION STEP”, “SIT uP” E “OLYMPIC MR. MACAu”

Centro Cultural de Macau, 19h30

Bilhetes a 60 patacas

AmanhãMACAu INDIES APRESENTA “YESTERDAY ONCE MORE”,

“C-LA IN MACAO”, “IN MEMORY OF HER”, “CAGED”

E “WE ARE THE SAME”

Centro Cultural de Macau, 16h30

Bilhetes a 60 patacas

MACAu INDIES APRESENTA “BECO SEM SAíDA, “MuNDO

ABSuRDO”, “uMA ORAçãO”, “CALIGRAFIA DA CIDADE”

Centro Cultural de Macau, 21h30

Bilhetes a 60 patacas

Domingo TEATRO “O FATO” (FESTIvAL DE ARTES DE MACAu)

Centro Cultural de Macau, 20h00

Bilhetes das 150 às 200 patacas

Diariamente EXPOSIçãO DE ARTES vISuAIS DE MACAu (ATé 2/8)

Pintura e Caligrafia Chinesas

Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00

entrada livre

EXPOSIçãO “A ÚLTIMA FRONTEIRA: MISTéRIOS

DO OCEANO PROFuNDO” (ATé 31/05)

Centro de Ciência de Macau

EXPOSIçãO “vALquíRIA”, DE JOANA vASCONCELOS

(ATé 31 DE OuTuBRO)

MGM Macau, Grande Praça

entrada livre

Contém 13 canções e é o segundo álbum da cantora e compositora norte--americana. “este é o que eu sempre quis fazer”, explicou Brandi Carlile depois da produção. existem comentários que apontam uma composição ambiciosa e que dizem que a sua voz é clara e apaixonada. a cantora conseguiu, definitivamente, sucesso, sendo que uma das canções – com o mesmo nome, “The Story” - foi apresentada num drama e também numa publicidade a automóveis. Flora Fong

“tHe Story”(BrAndI cArLILe, 2007)

U m d i S C o h o j e

WOMAN IN BLACK 2: ANGEL OF DEATH

Não podemos duvidar de tudo, sem tambémduvidar da própria dúvida.

mon

ty p

ytho

n, b

razi

l

26

sorr indo sempreAndré ritchie

hoje macau sexta-feira 15.5.2015

R ecentemente esteve em macau um grupo de aca-démicos vindos de Portugal no âmbito de um simpósio da área das indústrias criati-vas. Da comitiva fazia parte a Alexandra, uma amiga minha de longa data, do tempo da faculdade lá no Porto. tive a oportunidade

de passear com ela pelas ruas de macau e, em simultâneo, pôr a nossa conversa em dia.

Descíamos as escadas de granito da estreita calçada do embaixador, perto das Ruínas de São Paulo, quando a Alexandra me pergunta, no meio de tantas outras perguntas que foi fazendo ao longo do nosso passeio: estás bem aqui em macau, não estás?

Foi um instante da minha vida que inicialmente pareceu banal, sem grande significado, mas que acabou por ficar gra-vado na minha memória como algo muito especial.

Aquela pergunta supostamente trivial, de amiga para amigo, despoletou em mim uma reflexão profunda. E não podia ter sido feita em momento ou local mais apropriado: o cenário à nossa volta parecia tirado do In the mood for Love, de Wong Kar-wai. e a Alexandra, diga-se, é fotogénica.

engana-se o caríssimo leitor se entendeu que me apaixonei pela Alexandra naquele preciso momento. não. Há de facto aqui paixão da minha parte, mas não é por ela.

Sim, estou bem aqui em macau. A minha resposta foi curta e seca. mas, tal como a própria pergunta, trazia muito mais signifi-cado que as meras palavras pronunciadas.

cresci em macau nos anos 80-90. À semelhança de muitos portugueses dessa geração que aqui viveram, a minha educação foi definida tendo em mente a transferência de soberania e um futuro fora de macau. O leitor português que viveu em Macau nesses tempos recorda-se concerteza do ambiente de contagem decrescente e da mentalidade de contentor.

Resultado da (má) experiência portu-guesa nas ex-colónias ou simplesmente daquele típico prazer masoquista que guardamos pelas emoções do triste fado, ou mesmo até apenas por teimosia, a verdade é que nós, na nossa estreiteza mental, es-piritualmente determinámos desde o início que a nossa presença no macau do pós-99 não era viável.

Até eu, maquista chapado originário de família tradicional aqui radicada desde o século XIX, adoptei essa atitude. Futuro em macau? Quantas vezes não respondi aos meus colegas da faculdade, com um sorriso arrogante: nãããão...

E assim, decisão tomada, o português em macau na fase de transição passou o resto do tempo ocupado e preocupado com os afazeres relacionados com a sua casinha no Bombarral e com a mobília chinesa e as bugigangas ainda por comprar para encher o contentor. Quero levar lembranças de macau.

Cada um vive Macauà sua maneira, de acordo com a sua própria identidade. E a beleza da coisa é que Macau permite

a casinha no bombarral

Mas afinal regressámos. Entretanto a RAem fez 15 anos e foi preciso esse tempo todo e aquela pergunta da Alexandra para que a minha cabeça fizesse, finalmente, o click. A transferência de soberania, afinal, fez-me bem. Fez-nos bem, a nós, portugueses. Passo a explicar. mas para já, da resposta aparen-temente inconsequente que dei à Alexandra, quero acrescentar o seguinte:

Alexandra, nasci e cresci nesta terra. Sou macaense de gema, e com muito orgu-lho. Sou híbrido por natureza, está no meu DnA. com o estabelecimento da RAem, e ultrapassada a subsequente fase do fervor nacionalista chinês e sentimento ferido do orgulho português, finalmente descartei todos os complexos e preconceitos absur-dos referentes a formas de ser e de estar nesta cidade que eram desnecessariamente etiquetados como comportamentos chine-ses, portugueses ou macaenses e, como tal, bem vistos ou mal vistos por esta ou aquela comunidade, num período muito particular da história de macau. Por conseguinte, hoje vivo e celebro a hibridez e a diversidade cultural desta cidade em toda a sua plenitude. Aqui em macau eu sou mesmo eu, posso ser eu, sem inquirições de terceiros. nunca gostei tanto de viver em macau, nunca me senti tão bem em macau.

É um sentimento profundo e pessoal que o caríssimo leitor poderá não compreender

à primeira. Verborreia? Filosofia barata? não. Deixo aqui uma pista: nos anos 80, uma professora do Liceu decidiu não dar nota máxima ao meu irmão na disciplina de Português porque ele falava com pronúncia de macaense, não obstante o facto de, tecni-camente, ter demonstrado dominar a língua e a matéria da cadeira na perfeição.

este não é o discurso do nativo coitadinho maltratado pelo poder colonial. O que estou a querer dizer é que nós, portugueses (e não apenas nós, portugueses) andávamos todos afectados da cabeça. A sério. A transferência de poderes teve, por isso, um efeito positivo: passámos todos a ser estrangeiros a viver na china.

Pese embora a contínua existência de atitudes bacocas daqueles que, no fundo, bem lá no fundo, e infelizmente, ainda hoje não conseguiram compreender ou aceitar a transferência de soberania. Quanto a esses, nada a fazer, e não vou agora disse-car a irrazoabilidade que demonstram na análise dos problemas desta cidade. Fica para outro dia.

O que é certo é que a contagem decres-cente foi abandonada de vez. O contentor foi desalfandegado, a mobília chinesa e as bugigangas de Macau ficaram na casa de Bombarral a apanhar pó. Vamos vendê-la? Ai as despesas…

Hoje assisto com regularidade a conver-sas entre pais portugueses sobre opções para a educação dos filhos, tendo em mente um futuro em macau. Preocupam-se com a lín-gua chinesa e não querem que os filhos vivam num ghetto português. E isso é muito bom.

Porque… Vamos lá, sejamos francos: faz algum sentido, depois das oito da noite, ouvir no 98.00 Fm o boletim de trânsito das estradas em Portugal? Dava um bom sketch à la Gato Fedorento: o português em desespero num engarrafamento na Ponte de Sai Van enquanto ouve pela rádio as informações de

trânsito da Avenida AeP, no sentido Porto--matosinhos. Bolas! e eu?? O que é que eu faço agora???

entretanto, descobri que me fartei de pão, ovos estrelados e bacon ao pequeno almoço. Eu gosto é de canja e sopa de fitas logo de manhã, acompanhado de um tong café. não é atitude ou achinesação. É o que o meu corpo me pede, logo de manhã, quando acordo. Sabe-me bem. e não tenho complexos.

Igualmente, sabe-me bem um café es-presso depois de um almoço yam chá. Qual é o problema? nunca me recusaram um café num restaurante chinês, nunca ninguém me veio dizer Desculpe, mas o senhor está num restaurante chinês, não servimos café.

cada um vive macau à sua maneira, de acordo com a sua própria identidade. e a beleza da coisa é que macau permite. Wey, captain: ng koi, iat ko bica. Era assim que o meu avô Lourenço pedia o seu café no Solmar. Desculpem, mas queiram perceber que isto só é possível aqui em macau.

A essência de Macau é mesmo esta: seja o residente português, chinês, macaense, fi-lipino ou mesmo o polaco que decide vender cannabis no Facebook. O residente de Macau vive macau conforme lhe apetece, conforme lhe dá mais jeito, conforme gosta, e há-de encontrar a sua zona de conforto, mou man tai, porque em macau tudo é válido, tudo pódi, nada faz sentido, mas tudo faz sentido.

macau está com muitas falhas, eu sei. mas estou apaixonado e, quando estamos apaixonados, tendemos a não ver os defeitos, apenas as qualidades. e estou nessa onda. esta cidade preenche-me o coração na ín-tegra. Dedico, por isso, esta peça escrita à minha macau, que tanto amo.

Sorrindo SempreSorrindo Sempre é uma atitude de vida que nos permite superar de forma pacífica situa-ções aberrantes que vão ao atropelo do bom senso e com as quais somos confrontados no nosso dia-a-dia. Implica tolerância, com-paixão e, acima de tudo, sentido de humor. Demonstramos, sem arrogância, que somos muito mais que a questão em causa, pelo que não nos deixamos afectar nem um pouco, por mais absurda e irritante que ela seja. no me ne fregga niente. era o que faltava.

Um exemplo de Sorrindo Sempre: o meu pedido para um cartão de crédito que foi rejeitado por uma prestigiada instituição bancária local. Porquê?

Porque cessei as minhas funções oficiais em Março e decidi que merecia take a long break e descansar durante o mês de Abril, para voltar a trabalhar apenas no mês de maio. O banco detectou a descontinuidade do meu rendimento e, provavelmente, o risco de eu ser incapaz de liquidar as contas do cartão de crédito. então deu-me nega.

A minha reacção para a funcionária do banco: está a falar a sério?

encolhi os ombros e soltei uma garga-lhada. Sorrindo sempre…

opinião

27 opiniãohoje macau sexta-feira 15.5.2015

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Q uando acendi o meu pri-meiro cigarro já se sabia há muitos anos que fumar faz mal. Como era uma miúda relativamente informada, que lia muitos livros e até assinava revistas estrangeiras, sabia que fumar faz mal. Mas ser miúda tem destas coisas: na altura, fumar era uma coisa

de adultos. Comecei a fumar no mesmo ano em que comecei a beber café. Tinha 16 anos e só queria mesmo ser adulta, crescer à força. Vejam só os disparates que queremos aos 16 anos.

Fumar era giro, dava um certo estilo, era uma actividade proibida, praticada às escondidas e – problema – sempre me soube bem. o grupo dos fumadores era também muito mais interessante do que os daqueles que não fumavam. no início os cigarros eram fumados atrás do bloco a, o sítio mais discreto do meu liceu. Mas rapidamente – porque fumar nos dava uma estranha capacidade de afirmação – os isqueiros e os maços vermelhos e brancos começaram a ser tirados dos bolsos junto ao bloco B, onde tínhamos a maioria das aulas. E foi aí que entrou em campo a professora Teresa.

a professora Teresa fumava imenso – na sala dos professores, ora pois, que se fumava basicamente em todos os lados. Mas queria ser a única fumadora do planeta. Chegou o dia em que, no descaramento do cigarro aceso junto ao bloco B, uma janela se abriu e veio aquela frase-grito que não me sai da memória. não façam isso. não façam isso. Mais tarde, o discurso em tom pedagógico. Se pararem agora, ainda vão a tempo. Se pararem agora, é mais fácil. depois não. depois não é fácil.

aos 16 anos ninguém gosta que lhe digam o que fazer, porque os últimos 16 anos foram passados a ouvir alguém dizer o que se deve fazer. a professora Teresa tinha razão e eu sabia que ela tinha razão, mas sempre fui ligeiramente do contra e continuei a fumar, assim como continuei a defender que os livros de leitura obrigatória desmotivam os leitores em formação, pelo simples facto de “a aparição” não ser o livro mais interessante de Vergílio Ferreira, apesar de alguém ter decidido que era aquele tínhamos de ler. À força.

aos 16 anos a gente acha que sabe muito e sabe muito pouco, mas isso agora não in-teressa. Talvez se tivesse tido queda para o ballet não fumasse e tivesse as costas mais direitas. Mas eu sempre gostei de sofás. E de conversas. E de cafés. E de cigarros. E de livros também.

Esta semana o controlo do tabagismo voltou a ser um tema discutido pelos polí-ticos locais. Estou com quem defende que

contramãoIsabel [email protected]

A professora Teresa

se deve trabalhar para que haja cada vez menos fumadores. Já cheguei à idade da professora Teresa e sim, miúdos, deixem os cigarros enquanto é fácil, que o vício entranha-se. Mas isto de se querer uma sociedade saudável tem muito que se lhe diga – no caso concreto, no caso de Macau, tem tanto que se lhe diga que o tabaco não seria, por certo, a minha prioridade caso tivesse qualquer tipo de voto na matéria. Mas isso dava vários textos que não cabem de uma só vez neste jornal.

o Governo quer acabar com o tabaco nas salas de fumo dos casinos – construídas anteontem para o efeito –, e aumentar as zonas ao ar livre onde não se pode fumar. dei por mim a concordar com deputados com os quais é raro concordar, tipo Cheang Chi Keong, que não percebem o alcance da medida “fim do tabaco nas salas onde só estão fumadores, onde não há trabalhadores dos casinos, à excepção daqueles que fumam”. Estes deputados não conseguem perceber de que se queixam estes funcionários que, no 1o de Maio, elegem a luta contra o tabagismo como a principal preocupação laboral, e eu também não entendo. Estes deputados – li-

gados ao sector empresarial – alertaram para o possível impacto desta tolerância zero para as receitas dos casinos, já em sentido clara-mente descendente. o secretário responsável pela tutela diz que não, que as consequências não vão ser significativas. Eles lá sabem o que dizem, uns e outro.

daqui a meia dúzia de semanas temos uma nova proposta de lei para ser discutida. E daqui a meia dúzia de meses uma nova lei para ser cumprida. o Governo vai poder dizer que é mesmo – mas mesmo, mesmo – o Governo de uma cidade muito saudável. E os números dos prevaricadores vão continuar a ser divulgados, vão ser feitos estudos que demonstram que há menos gente a fumar em Macau, que se começa a fumar cada vez mais tarde, que as nossas crianças estão finalmente protegidas de nocivas substâncias aéreas. Como?

Pois é, ao contrário do que acontece em Hong Kong, em Macau não há – que eu conheça – uma estimativa do número de mortes por ano causadas por doenças provocadas pela poluição. os cigarros são sempre culpados dos cancros no pulmão – e aqueles que padecem da doença sem nunca

Deixem lá os turistas sossegados nas salas de fumo e não chateiem quem fuma na rua, que a rua é de toda a gente. Eles, fumadores, também sabem que fumar faz mal – há uma professora Teresa ao virar de cada esquina

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terem fumado é porque são fumadores pas-sivos. Há agora também o fumo em terceira mão, essa invenção mesmo estranha que tem muito que ver com o cheiro e que agora não é para aqui chamada. Claro que fumar faz mal e mata – já sabia disso aquando da aparição à janela da professora Teresa e não desaprendi o conhecimento.

acontece que dizer que não só porque sim não resolve nada. a culpa é da falta do ballet, que podia ter feito muito pela minha postura, e pode fazer muito pelos cigarros não fumados de muita gente. Querem uma cidade saudável? não aplaudam o desporto para todos como se para todos fosse, inven-tem campos para os miúdos jogarem à bola sem se lesionarem nos buracos, arranjem espaços condignos para a prática de des-porto, aproveitem as instalações desportivas às moscas, criem programas desportivos a sério, comecem a tratar de limpar o ar, para que quem corre na rua consiga qualquer coisa mais para a condição física do que encher os pulmões com o fumo dos tubos de escape. E multem as velharias com quatro rodas que andam por aí a fumar mais do que eu fumei a vida inteira.

Em suma: deixem lá os turistas sossega-dos nas salas de fumo e não chateiem quem fuma na rua, que a rua é de toda a gente. Eles, fumadores, também sabem que fumar faz mal – há uma professora Teresa ao virar de cada esquina. aos 16 anos ou aos 61, há um limite para que nos digam o que devemos ou não fazer. Chama-se sensatez.

cartoon por Stephff

hoje macau sexta-feira 15.5.2015pu

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Chui Sai On rejeita presença de Edmund Ho em tribunalO Chefe do Executivo já deu a indicação de que Edmund Ho não vai testemunhar em tribunal, noticia o Macau Daily Times, no caso opõe a Las Vegas Sands à Asian American Entertainment. Chui Sai On informou o Tribunal de Primeira Instância que os factos que envolvem o primeiro líder do Governo de Macau são de “natureza confidencial”, tendo chegado ao conhecimento de Edmund Ho por causa das funções que desempenhava então. Já em 2010, o advogado João Miguel Barros requereu a presença do antigo governante como testemunha num processo que envolvia o empresário Pedro Chiang, condenado à revelia em Macau, por ter subornado o antigo secretário Ao Man Long. Também não foi aceite.

Santa Casa Creche deverá abrir em Setembro de 2016A Santa Casa da Misericórdia de Macau vai abrir uma nova creche na zona de Sai Van e espera que esta entre em serviço em Setembro do próximo ano, de forma a satisfazer a grande necessidade dos serviços. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o provedor António José de Freitas disse que a creche vai ficar na Avenida da República, sendo que a fracção está a ser arrendada actualmente pela Cruz Vermelha de Macau, que vai, contudo, deixar o sítio. Prevê-se que possa oferecer cem vagas. António José de Freitas disse ainda à rádio que a falta de recursos humanos no sector social tem vindo a agudizar-se, tanto que a Santa Casa perdeu uma fisioterapeuta, uma assistente social e alguns auxiliares de enfermagem nos últimos anos. O provedor receia ainda que esteja para breve a saída de “dois ou três enfermeiros” do lar de terceira idade da instituição. Para António José de Freitas, a única solução é a contratação ao exterior.

A metamorfose da Taça GT Macau em Taça do Mundo FIA GT roubou as atenções da apre-

sentação do 62.º Grande Prémio de Macau que decorreu na preté-rita semana. Todavia, igualmente importante, mas relegada para segundo plano, foi a revelação do destino da Corrida da Guia, a prova criada em 1972 e que na última década viveu em concomitância com o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC).

Com a partida do mundial para outras paragens, a prova que este ano se chamará “Corrida da Guia de Macau 2.0T”, terá uma nova clientela. “A Corrida da Guia de Macau é emblemática e ao longo dos anos tem vindo a criar a sua própria história, atraindo inúmeras personalidades, como Hans Stuck, Emanuele Pirro, Steve Soper e Yvan Muller”, lembrou Chong Coc Veng, Coordenador da Sub-comissão Desportiva da Comissão do Grande Prémio de Macau, na apresentação da prova. “A Corrida da Guia será realizada sob os regu-lamentos de carros 2.0 litros Turbo. Muitas marcas e modelos estarão aptas a competir, incluindo as que participam no TCR e acredito que podemos esperar uma competição acérrima, o que já é habitual na Corrida da Guia”, disse sem se alongar muito e entrar em detalhes o também presidente da Associação Geral Automóvel Macau-China.

CORRIDA DA GuIA COM MAIS PILOTOS

A nova face

Três dias depois da conferência de imprensa, Marcello Lotti, o italiano presidente da WSC Ltd e ex-homem forte do WTCC, que este ano lançou o conceito das corridas de turismo TCR e que se encontrou com os membros da Comissão durante o último Grande Prémio da China de Fórmula 1 em Xangai, afirmou “estar espe-cialmente orgulhoso da escolha da Comissão do Grande Prémio de Macau.

“A Corrida da Guia construiu a sua própria reputação como um

dos eventos principais do calen-dário internacional de corridas de carros de turismo. Pilotos de todos os países estão desejosos de correr neste circuito, que é um dos mais desafiantes circuitos citadinos do mundo. O facto de uma corrida tão histórica como esta tenha elegido adoptar os regulamentos técnicos do TCR no ano de estreia dá um enorme crédito ao nosso projecto”.

De momento, nem o campeona-to “TCR International Series”, nem o irmão asiático “TCR Asia Series”, actualizaram os seus calendários, passando a incluir o Circuito da Guia, como era de esperar. Porém, com esta medida, Macau ganhou novamente o controlo da prova e ao não anunciar claramente que o regulamento da prova está restrito às novas viaturas TCR, abre portas à participação de viaturas de outras proveniências caso não haja um número de inscritos suficiente da categoria TCR. A Corrida da Guia não aproveitou a oportunidade para voltar ao formato antigo de corrida única e continuará a ser disputada em duas corridas de dez voltas cada, como no tempo do WTCC, estando os convites para a prova a cargo da Comissão do Grande Prémio de Macau.

Ingleses tramados pelas datasSegundo a imprensa inglesa, a orga-nização do Campeonato Britânico de Carros de Turismo (BTCC) foi abordada pela Comissão do Grande Prémio de Macau sobre a possibi-lidade dos carros com motores 2.0 litros Turbo da sua competição par-ticiparem na Corrida da Guia, sendo que os concorrentes receberiam um subsidio de transporte. Porém, como a última corrida do BTCC decorre no fim-de-semana de 10 e 11 de Outubro, os carros teriam que ser enviados para a RAEM de avião. Como os custos do transporte aéreo terão sido considerados incomportá-veis para a organização, a ideia terá sido prostrada, por agora.

Jovem luso InteressadoAo semanário português Autos-port, o jovem luso Francisco Mora, que no passado fim-de-semana se estreou na TCR International Series, na prova disputada no Au-tódromo Internacional do Algarve, admitiu que “queria ir ao Grande Prémio de Macau. Ainda temos que verificar o orçamento, mas gostava de fazer esta corrida, ou então a da Taça do Mundo de GT com o Mercedes”.

sérgio [email protected]

“Pilotos de todos os países estão desejosos de correr neste circuito, que é um dos mais desafiantes circuitos citadinosdo mundo”MArcello lottiPresidente da WSc ltd