hoje macau 8 mai 2014 #3084

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PUB INSPECÇÃO DE JOGOS CRIA CURSO COMPULSIVO PARA FUNCIONÁRIOS FRANCISCO CORDEIRO Que “o respeitinho é muito bonito”, que convém obedecer aos superiores e manter sigilo sobre o que se passa nos serviços, já a gente sabia. Mas a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos resolveu implementar um curso para os funcionários sobre estes candentes assuntos. De frequência obrigatória. O que, segundo Pereira Coutinho, é simplesmente ilegal. POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 6 PÁGINA 4 IACM e ID Alex Vong e José Tavares assumem presidências Ng Fok Português, empresário, patriota e benemérito Respeitosamente seu AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB “GP DE MACAU É A PROVA QUE MAIS MEXE COMIGO” ENTREVISTA PÁGINAS 18 E 19 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 8 DE MAIO DE 2014 ANO XIII Nº 3084 hojemacau COUTO DÓCI PAPIAÇÁM ESTREIA NOVA PEÇA O DRAMA DA HABITAÇÃO CENTRAIS

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Hoje Macau N.º3084 de 8 de Maio de 2014

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Page 1: Hoje Macau 8 MAI 2014 #3084

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INSPECÇÃO DE JOGOS CRIA CURSO COMPULSIVO PARA FUNCIONÁRIOS

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Que “o respeitinho é muito bonito”, que convém obedecer aos superiores e mantersigilo sobre o que se passa nos serviços, já a gente sabia. Mas a Direcção de Inspecçãoe Coordenação de Jogos resolveu implementar um curso para os funcionários sobreestes candentes assuntos. De frequência obrigatória. O que, segundo Pereira Coutinho,é simplesmente ilegal.

POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 6

PÁGINA 4

IACM e ID Alex Vong e José Tavares assumem presidências

Ng Fok Português, empresário, patriota e benemérito

Respeitosamente seu

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

“GP DE MACAU É A PROVA QUE MAIS MEXE COMIGO”

ENTREVISTA PÁGINAS 18 E 19

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 8 D E M A I O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 8 4hojemacau

COUTO

DÓCI PAPIAÇÁM ESTREIA NOVA PEÇA

O DRAMA DA HABITAÇÃO CENTRAIS

Page 2: Hoje Macau 8 MAI 2014 #3084

2 hoje macau quinta-feira 8.5.2014PORTUGUESESLEONOR SÁ [email protected]

A S últimas décadas da Administração portu-guesa foram marcadas por um forte ambiente

de imprevisibilidade e, pode até dizer-se, de alguma desconfiança face ao futuro que se avizinhava. As previsões rugiam em favor do Governo da China, as vozes lusas mais sonantes afirmando, sem quaisquer dúvidas, que o panorama social se ia alterar, atenuando e quase fazendo desaparecer a tão mencionada “pegada portuguesa” no território.

Antes de ser Região Admi-nistrativa Especial, Macau era conhecida por esse mundo fora como sendo um local onde as culturas ocidental e oriental se cruzavam e, durante os anos de governação da Administração portuguesa – com especial inci-dência sobre os tempos áureos do Governador Vasco Rocha Vieira – a comunidade lusa vivia em perfeita harmonia entre si, pouco se fundindo com as gentes locais e em constante exercício de uma posição e comportamento quase coloniais. Fora entre 1960 e 1980 que a região começara a recrutar funcionários públicos portugueses, devido à escassez de mão-de-obra qualificada.

Com o passar dos anos, uma fracção destes portugueses vol-taram-se para o sector privado, abrindo escritórios de advogados, empresas de engenharia e ateliês de arquitectura, dando início, as-sim, a uma nova era da história da presença portuguesa em Macau.

Actualmente, podem contar-se pelos dedos os portugueses que prestam serviço ao Governo, a maioria continuando a singrar pela via privada.

O HM foi saber qual o destino e o rumo tomado pelos filhos da transição, jovens portugueses e macaenses que nasceram e cres-ceram em Macau durante os anos 90. Muitos ingressaram no ensino superior britânico, moda que durou até há dois anos atrás. Para os pais das crianças de hoje, a aprendiza-gem da língua chinesa – mandarim – passou a ser essencial, uma vez que as previsões apontam para um crescimento cada vez maior da China em termos de potência económica mundial.

“NINGUÉM SABIA, AO CERTO,O QUE IA ACONTECER”Daniel de Senna Fernandes descen-de de uma das famílias macaenses mais antigas e marcantes de Macau, a quem também pertence o famoso escritor e advogado macaense, Henrique de Senna Fernandes. Daniel nasceu a 7 de Setembro de 1989, em Macau, tendo por cá ficado durante 15 anos. Sabe que Macau será sempre uma opção de regresso porque, afinal de contas, é

A transferência de soberania de Macau, em 21 de Dezembro de 1999, suscitou um conjunto misto de reacções nos pais das crianças das décadas de 80 e de 90, nascidas e crescidas por terras macaístas. Muitos valores foram postos em causa, pelo desconhecimento da comunidade portuguesa em relação a uma situação única no Mundo: uma transição de poderes políticos pacífica, com direito a cerimónia oficial, içar da bandeira, beijinhos e abraços. Os filhos da transição agora estão a voltar

aquilo a que chama de “casa”. Para este jovem, “Macau foi o melhor local para se crescer”, actualmente tendo “professores e amigos que ainda hoje” recorda e que estima “quase como uma extensão da família”.

Sobre a transição, Daniel diz que “ninguém sabia, ao certo, o que ia acontecer”, acrescentando

que “muita gente tinha receio do impacto que a mudança de admi-nistração poderia ter na economia local”. Realça ainda que “a eco-nomia de Macau naquele período não estava na sua melhor altura” e muito comércio teve de “fechar portas”, algo que, combinado com a mudança de administração, justificou a saída da região. Para

já, pretende finalizar os estudos e começar a ganhar experiência profissional na sua área.

“CRESCER EM MACAU FOI FÁCIL”Também Ana Baptista residiu em Macau durante 15 anos, mas foi em Portugal que nasceu, tendo vindo para o território ainda bebé, com dois anos. A sua mãe mantém-se em Macau, mas o pai voltou às origens no ano da transferência, embora Ana considere que a mudança política não foi um dos factores decisivos para o regresso do antigo funcionário público.

“Crescer em Macau foi fácil”, resume Ana, acreditando ter-se tratado de uma combinação da educação dada pelos seus pais e “a estrutura social” deste local, factor que também “teve bastante influência” na forma como recorda a sua infância.

Para esta jovem de 22 anos,

“Macau sempre foi um sítio muito seguro”, relembrando os tempos em que andava de bicicleta com os amigos, sem ter que se “preocupar em avisar quando estaria em casa” porque a questão do perigo na rua não era, sequer, pensável.

Contudo, a sua opinião sobre Portugal é outra. Considera que o povo português é “fechado” e o país inseguro. “Se calhar, isso acontece porque não há tantas oportunidades de observar culturas diferentes, portanto as pessoas que crescem em Portugal estão limitadas” ao que têm acesso. Eventualmente, essa vontade de explorar e desco-brir novas culturas vai diminuindo, de geração para geração”.

Aos 14 anos, decidiu embarcar numa aventura pouco comum para os jovens da sua idade, tendo ido viver para o Reino Unido com três amigas, naturais de Macau. Acabou o ensino secundário numa escola ti-

UM OLHAR SOBRE OS JOVENS DE MACAU DOS ANOS 80 E 90

Os filhos da transiçãoAna Costa Francisco Figueira Daniel de Senna Fernandes Diogo Silva

Macau, anos 90

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3 portugueseshoje macau quinta-feira 8.5.2014

“Aquele sentido de liberdade num campo de terra batida ou na praia, com as famílias de Macau inteiro”FRANCISCO FIGUEIRA

picamente inglesa. Depois de acabar a licenciatura, planeia continuar no Reino Unido para trabalhar.

Para Ana, voltar para Macau a título permanente não é uma primeira hipótese, ainda que não descure essa possibilidade num futuro menos próximo, uma vez que é fascinada pelo ramo da hotelaria, actualmente em claro desenvolvimento na RAEM.

Olhando para trás, Ana não se arrepende de ter escolhido sair de Macau mais cedo do que a maioria das crianças, “não porque estava a sair de Macau, mas sim porque estava a ir para Inglaterra”, admi-tindo que foi “uma das melhores decisões” que fez, em conjunto com a sua mãe. Confessa que aprendeu muito e “não trocaria as experiências” tidas “por nada”.

A MIRAGEM INGLESATal como esta jovem, também Diogo Silva, nascido em 1990, finalizou o 12º ano na Escola Portu-guesa e saiu de Macau para estudar no Reino Unido, licenciando-se na Universidade de Essex.

Diogo acredita que “crescer em Macau foi único, em termos da proximidade” que sentia com pessoas e sítios. “É uma pequena bolha a parte do resto do mundo.” Não tem grandes memórias da tran-sição nem consegue precisar algu-ma reacção ao evento, sentimento que talvez se deva à tenra idade de então. Regressa frequentemente para férias, mas também pondera voltar por motivos profissionais, a duração da estadia dependendo “da circunstância do trabalho”.

A história de vida de João Bar-bosa é ligeiramente diferente das anteriores. É português de gema, embora actualmente o seu coração

e profissão residam em Londres, onde se encontra desde os tempos de faculdade. Nasceu em 1986 e aterrou em Macau com 11 anos, re-gião onde permaneceu até finalizar o 12º ano. Mais cedo ou mais tarde, acabaria, tal como muitos da sua geração, por ingressar num curso superior em Oxford, Reino Unido.

Ao aterrar em Macau, João recorda-se “perfeitamente de fi-car muito impressionado com os prédios altos, o grande colégio D. Bosco com grandes instalações e letras chinesas por todo lado”.

Mais uma vez, a segurança é apontada como principal vantagem de crescer no território: “A liber-dade e segurança para uma criança de 11 anos foi a grande diferença” que o jovem sentiu ao chegar. Ao contrário da vida de uma criança

tipicamente portuguesa, João teve o privilégio de ir “para a escola, casa de amigos, treinos de futebol” e de passear no fim-de-semana pela cidade sempre sozinho ou com amigos. Algo que nunca passaria pela cabeça de uns pais deixar acontecer em Portugal”, diz.

As recordações da transição política, típicas de um jovem de 13 anos, focam-se, principalmente na cerimónia oficial, situação da qual se recorda bem, lembrando que “foi engraçado ver a diferença dos soldados chineses a marchar, comparado com os nossos [portu-gueses]”. Para João, “tudo conti-nuou normal durante os dois, três anos que se seguiram à transição”.

Também João, tal como Ana, considera que a transferência em nada influenciou a continuação dos seus estudos em Londres, decisão justificada pelo desejo de uma educação mais completa e diversificada, embora se tenha revelado “uma decisão difícil, pois somente tinha 16 anos” e deixou grandes amigos para trás.

Foi quase durante uma década que João voltou a Macau com fre-quência, para matar saudades da sua mãe e amigos. Recentemente, o facto de ir a Hong Kong em trabalho permitiu-lhe dar um salto a Macau.

Considera que sair de Macau foi a melhor opção de todas, uma vez que lhe permitiu uma expansão de horizontes que não seria possível na RAEM. “Foi a idade certa para sair com o objectivo de obter uma melhor educação e futuro. E, além disso, permitiu-me obter expe-riências novas” em locais como Inglaterra ou Canadá. Remata, dizendo que “Macau sempre vai ter um lugar no meu coração”.

Embora alguns destes jovens estejam a trabalhar no estrangeiro, poucos acreditam que o seu percur-so profissional passe por Portugal, pelo menos nos próximos tempos, facto justificado pela profunda crise em que o país se encontra mergulhado. Há, mesmo, quem tenha voltado depois de concluir os cursos superiores, como é o caso de Edite Silva ou Francisco Figueira, que regressaram recen-temente, depois de vários anos a estudar em Portugal.

“MACAU É A MINHA TERRA”Edite, que também cá nasceu, diz que “é difícil avaliar” as diferen-

ças entre crescer aqui ou em terras lusas, mas que, provavelmente, “dependeria de muita coisa”, como talvez a localidade. “Poderia ter ido para um meio mais fechado como o de Macau se tivesse ido para um pequeno concelho, como poderia ter ido para uma cidade como Porto ou Lisboa e teria sido diferente, sendo cidades muito maiores.”

Licenciou-se em Design de Comunicação, na Faculdade de Belas Artes do Porto, mais tarde mudando-se para Lisboa para con-cluir o mestrado em Publicidade, no IADE. Tal como muitos outros jovens, também Edite acabou por voltar às origens. Está de regresso a Macau em busca de um emprego, tendo saído apenas para ingressar na faculdade. As memórias da transferência de soberania são poucas, mas recorda-se de ir cantar com os seus colegas da “EPM, ao Centro Cultural de Macau numa das cerimónias da transferência”.

“SAIR DE MACAU RECOMENDA-SEE DEVIA ATÉ SER OBRIGATÓRIO”Francisco, ao contrário dos outros entrevistados, diz que crescer em Macau foi “tremendo”. Celebrou o seu sexto aniversário no territó-rio com novos colegas e amigos. “Tudo o que vivi em Macau desde então foi marcante e fez de mim o que sou hoje. Tudo era novo, os cheiros, as cores, os sabores”, comenta.

Na quarta classe, o jovem entrou numa escola luso-chinesa, onde experienciou “intervalos com a juventude Chinesa e Maca-ense”, apesar de alguns dos seus amigos mais próximos já terem ido para Portugal, acabou por conhecer outras crianças, com quem mais tarde partilharia car-teira, na EPM. Foi com 10 anos que começou a conhecer “não só o Macau mais movimentado, mais transitado e caótico como também a sua rica história, fauna e flora”.

“Para além do arroz chao--chao”, os feriados locais foram das coisas que mais chamaram a atenção de Francisco, possibilitan-do experienciar “aquele sentido de liberdade num campo de terra batida ou na praia, com as famílias de Macau inteiro”.

Tal como Edite, também este jovem partiu para Portugal, em busca do diploma universitário. Para Francisco, estar em Portugal “foi uma golfada de ar fresco, voltar a morar naquela mesma

casa, onde moram também” as suas “memórias”, “beber um galão nas esplanadas portuguesas”, confes-sando que “qualquer uma servia”. Acrescenta, ainda, que “sair de Macau é bom, recomenda-se e de-via, até, ser obrigatório”, dizendo que, por vezes, sente que não há nada mais à volta, contentando-se “ali com a bifana de Hac Sá. Os mosquitos concordam e agrade-cem pela companhia como bem entendem”.

Este jovem, que soma quase duas décadas de vivências em Macau, não crê que a sua saída esteja relacionada com a transi-ção política, pois o “objectivo era agarrar a oportunidade” existente em 1995. “Tínhamos uma boa casa no Nape, no Edifício Brilhantismo. Sempre achei esse nome curioso e agora faz todo sentido, porque aquele bloco agora tem lojas de penhores e casinos à volta”, remata, ironizando.

Actualmente, Francisco está de volta à RAEM, onde criou a empresa Flash SRVCS, com Rita Serafim. “Até agora para a frente é que tem sido o caminho e, neste momento”, estão a formar “uma equipa jovem e capaz, para que no próximo mês entre em força e leve” a empresa “ainda mais longe”.

Estes filhos da transição mos-tram-se versáteis e expeditos, preparados para enfrentar dife-rentes condições e rumos de vida. Talvez tenham sido as vivências e a educação em Macau, tão próprias e perceptíveis apenas por poucos, que lhes permitiram apreciar uma infância e juventude livres de perigos.

A imprevisibilidade dos mo-mentos de pós-transferência eram uma preocupação diária e havia poucas certezas quanto ao futuro no território. Muitos optaram por partir, deixando para trás as experiências em Macau, onde a comunidade portuguesa era pre-sença assídua.

Actualmente, assiste-se ao regresso de muitos, para quem os propósitos são variados, alternando entre férias, um projecto profissio-nal esporádico, havendo mesmo quem tenha voltado para procurar novo emprego, uma vez que a situação económica de Macau se encontra manifestamente mais estável do que a de Portugal, cor-rentemente atravessando uma das maiores crises dos últimos anos.

“A liberdade e segurança para uma criança de 11 anos foi a grande diferença”JOÃO BARBOSA

“As pessoas que crescem em Portugal estão limitadas” ao que têm acessoANA BAPTISTA

João Barbosa Edite Ribeiro

Lisboa

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4 hoje macau quinta-feira 8.5.2014POLÍTICA

INSPECÇÃO DE JOGOS TRABALHADORES OBRIGADOS A FREQUENTAR “CURSO DE RESPEITO E OBEDIÊNCIA”

A abominável ordem de Neves

ANDREIA SOFIA [email protected]

F OI publicado esta se- gunda-feira um aviso dirigido aos funcio-nários da Direcção de

Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) que os obriga a frequentar um “curso sobre respeito e obediência pela legalidade administrativa”, o qual irá decorrer para a semana, entre os dias 12 e 16 de Maio. O aviso, consultado

A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos publicou um aviso que determina que os funcionários são obrigados a frequentar o “curso sobre respeito e obediência pela legalidade administrativa”. Pereira Coutinho diz que nem a lei nem os contratos de trabalho obrigam a tal e isto só acontece “porque Florinda Chan está na área da Administração e Justiça”

“Isso é uma forma directa de passar a mensagem de que é importante manter o sigilo de tudo, incluindo matérias consideradas ilegais. (...) É uma forma abusiva de implementar orientações”PEREIRA COUTINHO Deputado

pelo HM, deixa bem claro que “será obrigatória a frequência de todos os inspectores desta DICJ” no curso diário de três horas.

Convidado a comentar esta iniciativa do Governo, o deputado José Pereira Coutinho, também presi-dente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), entende que este aviso é “uma forma directa de intimidação para a não divulgação de assun-

tos que dizem respeito ao interesse público”.

Coutinho lembra que não existe uma lei na Fun-ção Pública que obrigue os trabalhadores a frequen-tarem estes cursos, sendo que tal obrigação também não consta em nenhum tipo de contrato de trabalho do Governo.

“Não devem obrigar trabalhadores a frequentar cursos de natureza adminis-trativa. Isso é uma forma di-recta de passar a mensagem de que é importante manter o sigilo de tudo, incluindo matérias consideradas ile-gais. Poderemos estar pe-rante situações em que estão preocupados que as coisas venham à tona da água. É uma forma abusiva de implementar orientações”, disse Coutinho ao HM.

O CAMPISMO OBRIGATÓRIOSegundo José Pereira Cou-tinho, este é o segundo caso em que, na Função Pública, os trabalhadores são obrigados a frequentar cursos ou actividades. O primeiro caso aconteceu em 2009, quando todos os trabalhadores dos Serviços de Administração e Função

Pública (SAFP) receberam o aviso para participarem no “curso de campismo de aventura ao ar livre” aos sábados e domingos.

Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Go-verno onde exigia o paga-mento de uma compensação financeira a esses trabalha-

dores, frisando que “muitos dos trabalhadores tiveram de participar contra a sua vonta-de”, tendo apresentado uma queixa conjunta na ATFPM. Os SAFP acabariam por res-ponder que a taxa de adesão foi grande e rejeitou que houvesse obrigatoriedade.

José Pereira Coutinho frisa que estes casos aconte-cem “porque Florinda Chan está na área da Administra-ção e Justiça”. E lembra a instalação do serviço de fibra óptica em casa de José Chu, director dos SAFP, paga pelo Governo. E ainda o célebre caso das dez cam-pas, “cujos documentos, de 2001, eram considerados um assunto confidencial, quando a atribuição das campas teria de ser publi-cada em edital para conhe-cimento da população”.

4dias vai durar o curso

de “respeitinho é muito

bonito” e “caladinhos

é que estão bem”

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

hoje macau quinta-feira 8.5.2014 5 política

O Governo resolveu a situação interina do IACM e do Instituto do Desporto: Alex Vong e José Tavares assumem as presidências

JOANA [email protected]

A partir de sexta--feira, Raymond Tam deixa de estar à frente do

Instituto para os Assun-tos Cívicos e Municipais (IACM). O ainda presidente do organismo vai ser substi-tuído por Alex Vong.

O anúncio foi feito ontem em Boletim Oficial, num des-pacho assinado pelo Chefe do Executivo. Alex Vong, que substituía Tam no instituto desde que o responsável foi considerado arguido por pre-varicação, fica agora a tempo inteiro no cargo.

De acordo com o BO, Vong, que estava como vice-

ONGs Relatórios ajudam ONU a avaliar países

Li Gang defende reforço do ensino da língua portuguesa

O director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Li Gang, afirmou ontem, que é necessário

um maior esforço na formação em língua portuguesa no território. De acordo com a Rádio Macau, a ideia foi trans-mitida pelo responsável durante uma visita ao infantário Dom José da Costa Nunes, onde Li Gang esteve reunido com a direcção da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses. O representante de Pequim em Macau diz que a aposta na formação é necessária para que o território possa cumprir o papel de ponte com a lusofonia.

RAYMOND TAM DEFINITIVAMENTE SUBSTITUÍDO POR ALEX VONG. JOSÉ TAVARES ASSUME ID

De provisórios a definitivosRaymond Tam estava suspenso das suas funções desde o ano passado, quando se iniciou um julgamento que ainda decorre

-presidente do IACM, vai entrar em funções a partir de 9 de Maio, por um período de dois anos. Raymond Tam termina a sua comissão de serviço na quinta-feira.

O Governo dá como justificação para a escolha de Alex Vong o facto de este ter uma “competência

profissional que se demons-tra pelo CV”. O anterior presidente do Instituto do Desporto (ID), começou a trabalhar na Administração em 1994, tendo feito parte, além do ID, da Comissão do Grande Prémio e do IACM.

Raymond Tam, recorde--se, estava suspenso das

suas funções desde o ano passado, quando se iniciou um julgamento que ainda de-corre no Tribunal Judicial de Base. O responsável senta--se no banco dos réus com outros três arguidos, também do IACM, respondendo pelo crime de prevaricação.

Tam vem acusado de não

ter entregue a tempo ao Mi-nistério Público documentos que ajudariam o organismo a investigar a atribuição alegadamente ilegal de dez sepulturas perpétuas no Cemitério de São Miguel Arcanjo.

Com a saída de Alex Vong do ID, José Tavares

Cônsul apela ao voto de Macaupara o Parlamento Europeu

Alex Vong José Tavares

MACAU enfrenta hoje os membros

do Comité para os Direi-tos Económicos, Sociais e Culturais da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU). O grupo, diz Juliana Devoy ao HM, “faz perguntas realmente interessantes” sobre os países e regiões em análi-se, num processo “muito interessante e bem feito”.

Em declarações sobre a viagem a Genebra para falar da violência domés-tica, a directora do Centro do Bom Pastor disse ao HM que o facto de haver organizações não gover-namentais que entregam

relatórios independentes à ONU é positivo. “Se o Comité tiver acesso a es-ses relatórios, conseguem trazer assuntos perante os representantes dos gover-nos, que os relatórios do próprio Governo não per-mitem, porque não dão informação suficiente.”

Jualiana Devoy dis-se ainda ao HM que conseguiu falar com um membro do Comité de nacionalidade portu-guesa sobre o assunto da violência doméstica em Macau. “Ela percebeu perfeitamente o assunto e prometeu que iria se-guir com atenção.” - J.F.

Ontem, durante a ceri-mónia de inauguração

da placa comemorativa da restauração da residência do Cônsul, o representante de Portugal em Macau dirigiu--se aos cidadãos portugue-ses residentes no território, apelando para que fossem votar nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, a ter lugar no fim de semana dos dias 24 e 25 deste mês. Pediu, ainda, aos seus “com-patriotas”, eventualmente interessados, ajuda para ficar nas mesas de voto, uma vez que estes locais que “estão a precisar de gente”. Aos cidadãos que participarem nesta acção, Vítor Sereno

garantiu a entrega de um valor pecuniário de 500 patacas para “quem tiver a gentileza e vontade” de ajudar.

Desde 2009 que os emi-grantes portugueses estão habilitados para votar nestas eleições europeias. Macau vai ter duas secções de voto, a funcionarem durante os dias 24 e 25, no Consulado Geral. Vítor Sereno afirmou que, actu-almente, a capacidade eleitoral activa no território é de quase 10500 pessoas. “Tradicional-mente, a taxa de abstenção é muito grande”, pelo que Vítor Sereno pede que o valor atin-gido - de mais de 60% - nas últimas eleições europeias de 2009, seja diminuído.

substitui o colega nas fun-ções de presidente. A nome-ação foi também feita ontem, pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U. Ao contrário de Vong, José Tavares só ocupa a posição de presidente do ID por um ano, começando já nesta sexta-feira.

Tavares é licenciado em Educação Física e Desporto pelo Instituto Politécnico de Macau e iniciou funções na Administração Pública em 1984, tendo estado sempre ligado à área do desporto. Substituiu Vong em 2013, provisoriamente, quando este saiu para o IACM.

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6 hoje macau quinta-feira 8.5.2014

N G Fok, de naciona-lidade portuguesa, nasceu em Macau

em Dezembro de 1928. Com uma actividade em-presarial diversificada, que engloba construção civil e obras públicas, transportes, turismo, hotelaria, indústria, importação e exportação, bem como serviços, Ng Fok é um dos empresários mais bem sucedidos da RAEM.

Nos últimos anos, sobre-tudo após a época em que Ma Man Kei foi o grande representante dos interes-ses da China em Macau, Ng Fok foi conquistando grande prestígio junto das autoridades chinesas. Hoje é visto como um testa de ferro dos interesses empresariais chineses no território.

Ng Fok foi pioneiro do investimento de Macau e de

LEONOR SÁ [email protected]

A S obras de restauro e con-servação da residência do Cônsul, situada no antigo hotel Bela Vista, custaram

dois milhões de patacas, valor total-mente financiado pelo comendador Ng Fok, residente de Macau de etnia chinesa e nacionalidade portuguesa. O Cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, agradeceu-lhe ontem por ter suportado, na totalidade, o custo das obras de restauro e embelezamento do edifício.

“É o concretizar de um sonho numa parceria absolutamente iné-dita”, avançou Vítor Sereno, que encara a sua actual residência como “um dos edifícios mais emblemáti-cos da RAEM”, acabando por ser “uma montra para aquilo que de melhor Portugal tem”. O Cônsul assume que no antigo hotel Bela Vista transparece “o Portugal com-petitivo, moderno” e “bom parceiro de investimento”.

O restauro da parte exterior con-tou com a renovação da iluminação, ventilação e pintura, de forma de minimizar problemas de humidade, justificados pelo ataque de dois tufões e proximidade com a água.

E porque “a generosidade não tem limites”, Vítor Sereno decidiu oferecer uma placa de comemoração alusiva à ajuda de Ng Fok, desde ontem patente na parte exterior da residência do Cônsul.

Por outro lado, sabe-se que Stanley Ho vai assumir os encargos financeiros das obras de remode-lação, desta vez do auditório do consulado. O Cônsul disse ainda que as “parcerias inéditas” que estão a ser criadas se reflectem no estado actual da casa consular. Também o edifício consular sofreu obras, sendo que o auditório renovado foi “totalmente colocado à disposição

NG FOK E PORTUGAL

Um amigo de longa data

HOTEL BELA VISTA REMODELAÇÕES CUSTARAM 2 MILHÕES DE PATACAS

Ng Fok, o benemérito

Portugal na zona económica especial de Zhuhai, numa altu-ra em que poucos empresários apostavam na antiga vila de pescadores. O seu nome ficou ligado às joint-ventures do Hotel de Shi Jingshan e à fábrica de seringas de plástico com tecnologia portuguesa.

O know-how de Portugal adveio de contactos que Ng Fok mantém desde há longos anos com empresários portu-gueses. Em Portugal Ng Fok investiu na área da informáti-ca, através da Intersis - Auto-mação, Sistemas Integrados de Fabricação Flexível.

Em Macau Ng Fok foi o construtor civil da ponte Nobre

de Carvalho, das obras de ater-ro da baía da Ponta da Cabrita, na Taipa (onde seria construído o aeroporto internacional), dos novos aterros do Porto Exte-rior (NAPE) e dos aterros da Doca do Lamau Sul. Ng Fok investiu, também, em obras de aterro e aproveitamento para fins habitacionais de um terreno que ficaria conhecido por Novos Aterros da Areia Preta (NATAP).

Quando do lançamento dos grandes empreendi-mentos da Administração de Macau Ng Fok apostou nitidamente no futuro do território: participou nos projectos do porto de Ka Hó

e do aeroporto internacional, através da Sociedade de Importação e Exportação Ng Fok, e da Companhia de Investimentos Tai Fok Wah. Esta última empresa inte-grou o consórcio responsá-vel pelas empreitadas para a construção da ilha artificial, das infra-estruturas da pista e dos taxiways do aeroporto.

Com o aeroporto em funcionamento, Ng Fok con-tinuou presente através de participações na Air Macau e na Masc-Ogden (Serviços de Aviação), tendo ainda investi-do na construção e exploração do hotel de quatro estrelas da Ponta da Cabrita.

Ultimamente, um dos mais importantes projectos em que Ng Fok se encon-trava envolvido é o das te-lecomunicações por satélite, através da participação nas empresas APT Satellite Co., Telesat, Cosmos, e TV Cabo.

A APT é uma empresa com capitais estatais da República Popular da Chi-na, de Macau e de países da Ásia-Pacífico, com sede em Hong Kong, sendo pro-prietária de satélites ultima-mente lançados pela RPC.

Entre as múltiplas acti-vidades do empresário Ng Fok, há uma por que ele nutre um especial carinho: organizar e patrocinar as danças do Dragão e do Leão, anualmente apresentadas nas festividades tradicionais do Ano Novo Chinês.

O triângulo Macau-Por-

tugal-China está sempre pre-sente nas pequenas e grandes obras de Ng Fok. De certo modo, é um dos raros empre-sários que aglutina três tipos de interesses num só.

Entre as suas funções políticas e culturais, conta--se a de membro da comis-são permanente do Comité Nacional da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês.

Amigos macaenses fa-zem notar a sua permanente disponibilidade para ouvir e dialogar com os filhos da terra que, como ele, crêem no futuro de Macau. É um homem prático e empreen-dedor, mas avesso a glórias vãs. O seu perfil de empre-sário sério e competente e de político discreto é muito apreciado pelas autoridades chinesas.

das empresas e associações de matriz portuguesa”, afirmou Vítor Sereno. Este espaço vai ser inaugurado no dia 18 de Maio, aproveitando a visita de Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa à RAEM.

Relativamente ao futuro, o Cônsul afirma que, para já, ainda “não há ne-nhum projecto pensado”, mas garante que “até ao final do ano vão haver novidades”, pois estas iniciativas e parcerias são “para continuar”.

Sobre a recente celeuma rela-cionada com o investimento de em-presários de Macau em obras deste género, o diplomata comentou que tem uma “estratégia” para o posto que ocupa, sendo que a placa ontem colocada na parede da residência se trata da “única coisa que podia ser feita” por Ng Fok, depois do comendador ter suportado todos os custos da obra.

PRÁTICA CORRENTEVítor Sereno afirmou ainda que “Ng Fok é tão português como qualquer cidadão de Portugal”, acrescentando que “esta não é uma estratégia nova”, uma vez que acontece noutros locais do mundo, como na Universidade Nova da Costa da Caparica, em Por-tugal, ou nos campus universitários de Hong Kong.

“Se, em troca”, disse Vítor Sere-no, “precisar de colocar o nome de Stanley Ho no auditório do Consu-lado Geral”, fá-lo-á certamente, pois “é a única coisa” que pode fazer, face à generosidade do magnata, assim “perpetuando” o seu nome no auditório.

Uma fonte bem informada ga-rantiu ao HM que alguns dos por-tugueses mais abastados de Macau terão sido convidados a participar nos projectos de recuperação dos edifícios. Contudo, nenhum deles se disponibilizou a abrir os cordões à bolsa. Só Ng Fok e Stanley Ho é que se chegaram à frente.

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7hoje macau quinta-feira 8.5.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

A S Pequenas e Mé- dias Empresas (PME) locais “têm diversos

problemas”. É desta forma que Shuen Ka Hung, actual director do Centro de Produti-vidade e Tecnologia de Macau (CPTTM), traça o panorama dos pequenos negócios em Macau. Em entrevista ao HM, o antigo director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) cita um estudo de 2011 que conclui que 60% das PME podem ter de fechar por não haver ninguém para continuar o negócio.

“Os jovens preferem tra-balhar nas grandes empresas para terem um futuro melhor, com melhores salários, em vez de ajudarem no negócio de família. Devido a isso alguns empresários preferem encerrar o seu negócio em vez de procurar uma nova geração de proprietários. A longo prazo, este problema pode afectar as PME e levar ao desaparecimento de lojas com os nossos produtos e serviços, nomeadamente na área da comida e restauração.”

RENDAS E RECURSOSShuen Ka Hung fala ainda de outros problemas como as rendas elevadas e a fal-ta de recursos humanos. “Reconhecemos que estes problemas existem devido

Como se não bastassem as rendas altas e a falta de recursos humanos, as Pequenas e Médias Empresas também não têm quem continue o negócio. O director-geral do CPTTM estima que muitas possam simplesmente desaparecer

SHUEN KA HUNG ESTIMA QUE ALGUNS NEGÓCIOS POSSAM VIR A DESAPARECER

A moda está na moda

“Ainda não foi criada uma licenciatura em Design e Produção de Moda. Acreditamos que é vital existir uma licenciatura para a melhoria dos padrões de qualidade e o reconhecimento da indústria”SHUEN KA HUNG

ao rápido desenvolvimento da economia, então faze-mos o nosso melhor para ajudar as PME. Ajudamos na formação dos emprega-dos para que aumentem a produtividade no trabalho e encorajamo-los a adoptar as novas tecnologias para fazerem o melhor com os re-cursos humanos existentes.”

Tudo porque “o uso de tecnologia pelas empresas ainda não é tão alto como nós gostaríamos, está num nível médio. As empresas estão demasiado ocupadas com falta de recursos humanos e não pensam tanto em adoptar mais meios tecnológicos. Então tentamos ajudar as empresas nesse aspecto.”

Questionado sobre quais deveriam ser as melhores políticas governamentais a adoptar pelo Executivo, Shuen Ka Hung prefere não especificar. “Penso que

o Governo tem feito o sufi-ciente”, disse ao HM.

Numa economia onde a maioria dos empregos existem na área do jogo e na Função Pública, Shuen Ka Hung acredita que, nos próximos anos, as pessoas vão começar a procurar outras áreas. “Hoje em dia a maioria vai trabalhar para os casinos ou Governo, mas temos muitos outros sectores. De outra forma, a es-trutura do sistema económico será muito simples, e isso não é bom para Macau.”

O director do CPTTM acredita que a “sociedade está a mudar”. “Podemos ver que quem souber mais técnicas pode ganhar mais dinheiro”, diz Shuen Ka Hung, referindo-se a outros empregos de áreas mais específicas.

PRECISA-SEFACULDADE DE MODA Shuen Ka Hung assumiu o cargo no CPTTM em Março de 2012, quando foi destituído da DSAL. Não

quis responder a perguntas do HM sobre a área laboral por já não fazer parte do Exe-cutivo. Sobre o balanço de dois anos à frente do centro, prefere nada dizer, frisando que pretendeu apenas conti-nuar o “bom trabalho” feito pelo seu antecessor. “Deixo essa questão para o público para que possa comentar.”

Shuen Ka Hung preferiu destacar o trabalho feito com PME com cursos de formação e na atribuição de subsídios para a obtenção de certificados na área da tecnologia. Em 2012, foram organizados 1152 cursos, com um total de 24,150 inscrições. No ano seguin-te, decorreram no CPTTM 1107 cursos com um total de 21,889 inscrições.

Outra das áreas nas quais o CPTTM se destaca é no design de moda, sendo o único local em Macau

com formação nesta área. Shuen Ka Hung admite que é necessário criar oferta no ensino superior nesta área, através de uma faculdade ou departamento.

“Há muitas universi-dades que providenciam licenciaturas na área do design e das artes, mas ainda não foi criada uma licenciatura em Design e Produção de Moda. Acre-ditamos que é vital existir uma licenciatura para a melhoria dos padrões de qualidade e o reconheci-mento da indústria. Essa é a razão pela qual temos vin-do a trabalhar arduamente para que isso aconteça.”

Em relação ao sector das indústrias culturais e criativas, Shuen Ka Hung vê uma “perspectiva posi-tiva” para o seu desenvol-vimento, uma vez que “a economia e a indústria de retalho locais têm vindo a ter um desempenho muito bom nas últimas décadas, com um grande apoio do Governo”.

Para o futuro, o CPT-TM pretende continuar a apostar em novos cursos de formação, como na área 3D, “em expansão”, como disse Shuen Ka Hung. Há ainda a ideia de criar cursos de segurança informática e novos padrões para as PME, sem esquecer o projecto de abertura de cursos de coreano.

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 8.5.2014

GPDP vai verificar risco de privacidade nas apps de telemóvelO Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP), em parceria com a Global Privacy Enforcement Network (GPEN), vai fazer a segunda campanha do Exame de Privacidade na Internet este mês, algo que conta com a participação de 26 autoridades de privacidade de todo o mundo. O objectivo desta campanha é analisar o risco de privacidade das aplicações de telemóvel. Cerca de 100 aplicações serão analisadas, sendo os resultados publicados “em tempo adequado”, com a promessa de serem tomadas “iniciativas consecutivas”.

DSAL e PSP encontram 75 ilegais A Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) encontraram 75 trabalhadores ilegais em Macau, de entre um total de 530 locais. Numa operação conjunta, a DSAL e a PSP fiscalizaram um local, mas não encontraram qualquer trabalhador em situação ilegal. As operações de fiscalização decorreram em obras de construção civil, residências e estabelecimentos comerciais e industriais.

JOANA [email protected]

A Fundação Macau (FM) atribuiu 153,5 milhões de patacas em subsídios nos primeiros três meses

deste ano, com a Fundação da Uni-versidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) a continuar no topo das entidades mais beneficiadas. A universidade recebeu 27,3 milhões de patacas pela 11ª prestação de um subsídio “especial” para o campo de futebol e o pavilhão desportivo da instituição. A associação de alunos da universidade recebeu mais 80 mil patacas.

Publicada ontem em Boletim Oficial, a lista dos apoios finan-ceiros mostra que a Escola de São Paulo recebeu quase dez milhões de patacas em apoios financeiros para um novo prédio, enquanto a Cáritas de Macau recebeu 7,7 mi-lhões de patacas para ajudas com o projecto de Serviços de Apoio a Idosos em Casa e outros projectos.

A Obra das Mães também

FUNDAÇÃO MACAU ATRIBUIU MAIS DE 150 MILHÕES EM 3 MESES. MUST NO TOPO NOVAMENTE

Os eleitos do costume

FUNDO DE CULTURA ATRIBUIU QUASE 11 MILHÕES Entre Janeiro e Março deste ano o Fundo de Cultura atribuiu aproximadamente 10,678 milhões de patacas a mais de 30 associações e entidades individuais na área da cultura. Destaque para a empresa Praia Grande Edições, que recebeu 500 mil patacas para financiar parte de uma “actividade de intercâmbio literário”, ou seja, a última edição do Festival Rota das Letras. O Jazz Clube de Macau recebeu 700 mil patacas para a realização de uma “actividade musical”, enquanto que o artista local Maxim Bessmertnyi recebeu 250 mil patacas como subsídio “de propinas para o segundo ano do curso de mestrado”. O Instituto de Teatro Chinês de Macau recebeu quase 625 mil patacas, enquanto que a Art for All Society recebeu três subsídios, no valor de 156, 90 e 34,500 mil patacas, para a participação na Affordable Art Fair de Hong Kong. Foram ainda atribuídos apoios para os participantes na exposição anual de artes visuais de Macau e para o programa de certificado em administração das artes. - A.S.S.

consta da lista como uma das maiores beneficiadas, tendo sido apoiada em mais de cinco milhões em apoios para cinco projectos do plano de actividades e funciona-mento normal da entidade, a par do Instituto Internacional de Macau, que recebeu 3,8 milhões de patacas para o plano de actividades.

A Fundação da Deusa A-Má de Macau precisou de ajuda em 3,4 milhões para o festival annual

da Deusa, enquanto a União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM) mais de dois milhões e meio de patacas, para custear “parcialmente” o programa de actividades de 2013, que incluiu um total de 67 projectos.

Na lista, consta ainda a Asso-ciação Geral dos Chineses Ultra-marinos de Macau (2,6 milhões) e a União das Associações dos Pro-prietários de Estabelecimentos de

AvisoFaz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para a

Administração e Justiça, de 14 de Março de 2014, e nos termos do disposto na Lei n.º 14/2009 (“Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos”) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011 (“Recrutamento, selecção, e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos servi-ços públicos”), se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de 2 (dois) lugares de auxiliar do 1.º escalão (área de servente), da categoria de auxiliar, em regime de contrato de assalariamento da carreira de auxiliar da Direcção dos Serviços de Identificação.

O aviso de abertura encontra-se publicado no Boletim Oficial da Re-gião Administrativa Especial de Macau n. º 19, II Série, de 7 de Maio de 2014 e o prazo para a apresentação de candidaturas é de vinte dias a contar do primeiro dia útil imediato ao da publicação do respectivo aviso no Bole-tim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau.

As informações sobre a candidatura e os documentos necessários encontram-se disponíveis no sítio da DSI (http://www.dsi.gov.mo/), para consulta.

Direcção dos Serviços de Identificação, aos 29 de Abril de 2014.

O Director, Lai Ieng Kit

Restauração e Bebidas de Macau, dirigida pelo deputado Chan Chak Mo, que recebeu 2,4 milhões para ajudar parcialmente nas custas com o Festival de Gastronomia.

Entidades como a Associação de Amizade e Coordenação dos ex--Deputados da Assembleia Popular Nacional e ex-Membros da Confe-rência Consultiva Política do Povo Chinês de Macau (1050 milhões), a Associação Geral das Mulheres de Macau (2,5 milhões), a Associação dos Aposentados, Reformados e Pen-sionistas de Macau (1,1 milhões) e a Casa de Portugal (850 mil patacas), também constam da lista.

No primeiro trimestre deste ano, 11,6% dos fundos da FM foram ainda atribuídos ao sector educativo, na forma de bolsas de estudo e apoios para estudantes do ensino superior. No total, 17,8 milhões de patacas foram alocados para isto, tendo sido entregues a alunos.

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hoje macau quinta-feira 8.5.2014 9 sociedade

ANDREIA SOFIA [email protected]

É uma associação ain-da adolescente, mas propõe-se a encon-trar soluções para

os problemas dos idosos. A Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) celebrou esta terça-feira 13 anos de existência. Para o futuro, Fran-cisco Manhão, presidente, an-tevê dificuldades no dia-a-dia de quem é reformado.

“De certeza que vamos ter desafios, porque somos uma instituição de solidariedade social e para todos os proble-mas a APOMAC vai procurar ter uma solução. A pouco e pouco a situação (dos idosos) vai-se agravando. Dada a evolução da economia, isso é inevitável. Só podemos estar atentos e, na devida altura, pedir medidas ao Governo”, disse Manhão ao HM.

O aniversário celebrou--se com pompa e circunstân-cia num jantar onde estive-ram presentes o cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, e Lam Heong Sang, vice-presidente da Assem-bleia Legislativa (AL). Mas os recados foram para Chui Sai On.

A APOMAC exigiu ao Chefe do Executivo a actu-alização das reformas para quatro mil patacas e novas regras para a atribuição de casas económicas, que be-neficiem mais aqueles que são naturais de Macau. “Os residentes da RAEM têm de

Automóveis Novo centro de inspecções dobra capacidade

AS estruturas principais do novo Centro de Inspecções de Veículos Automóveis (CIVA)

deverão terminar no 3º trimestre deste ano. O novo centro, situado junto ao aeroporto, na Taipa, vai ter capacidade para um total de nove linhas de inspec-ção, cerca de dobro do número actual. “O grande reforço da capacidade de inspecção conseguirá responder melhor às necessidades de inspecção de veículos”, garante o Executivo em comunicado.

O actual CIVA, situado junto do Canal dos Patos, realiza inspecções a cerca de 59 mil automóveis por ano, um aumento de cerca de 23% depois do estabelecimento da RAEM. Para além de ser respon-sável pela inspecção anual obrigatória, a inspecção extraordinária e o relatório de inspecção de acidente de viação, o actual CIVA inspecciona cerca de 15 mil novos veículos por ano.

Além do novo centro, o Governo iniciou ainda a construção do Centro de Inspecção de Ciclomotores e Motociclos, na parte noroeste do rés-do-chão do Auto-silo da ETAR, situado na Avenida 1.º de Maio. Espera-se que a sua construção, com lançamento no início do ano, esteja pronta já no terceiro trimestre do corrente ano para poder disponibilizar serviço de inspecção de ciclomotores e motociclos ao público.

O Banco Nacional Ul-tramarino anunciou ontem um aumento

de 23,1% dos lucros apurados com a sua operação em Macau em 2013, para 402,6 milhões de patacas.

De acordo com Pedro Cardoso, presidente da Co-missão Executiva do banco, os negócios do BNU, que tem funções partilhadas de emis-são de moeda com o Banco da China, cresceram 26%, com os depósitos de clientes a aumentarem 33,4% e o crédito apenas 11,5%.

A margem financeira do BNU fixou-se em 20,6% e a evolução desta e dos outros proveitos resultou de um au-mento de 15,9% nos proveitos operacionais líquidos que

Julgamos, porém, que o nosso trabalho foi, acima de tudo, útil e produtivo para a comunidade onde estamos inseridos, pelo facto de sabermos respeitar o velho princípio de “fazer o bem sem olhar a quem”

“A pensão de muitos pensionistas vem de longa data e, naquela altura, eram bastante reduzidas. (...) Espero que o Governo tenha em consideração a nossa proposta, porque estas pessoas não têm meios”FRANCISCO MANHÃO

Em mais um aniversário da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau, os seus dirigentes apresentaram pedidos ao Chefe do Executivo. Francisco Manhão prevê mais dificuldades económicas para quem é reformado

APOMAC APREENSÃO E OUSADIA EM DIA DE ANIVERSÁRIO

Os dias mais difíceis

BNU LUCROS EM MACAU SOBEM 23,1% EM 2013

Aposta local para reforçar posiçãototalizaram 781,5 milhões de patacas, mais 107 milhões de patacas que ao longo de 2012.

Já os custos operacionais, calculados em 306,2 milhões de patacas, subiram 9,1% num movimento crescente, justificado com a abertura de quatro novas agências para um total de 18 na RAEM.

O BNU terminou o ano de 2013 com 459 trabalhadores, mais 23 do que em 2012, um aumento justificado por Pedro Cardoso com a aber-tura das novas agências e a necessidade de mais pessoal.

De 2013, Pedro Cardoso destacou também a introdu-ção na cidade de algumas novidades como o “primeiro cartão de débito com ‘chip’, que proporcionou alguns

prémios ao banco, e a criação do centro de digitalização e arquivo, essencial para a ope-racionalidade interna”. “Foi um ano de transformação. Adaptámos a nossa estrutura para melhor corresponder às necessidades dos nossos clientes”, explicou o mesmo responsável.

Por outro lado, acres-centou, “devido ao forte crescimento do negócio foi possível melhorar os resulta-dos financeiros, apesar da ele-vada liquidez do banco, num contexto de taxas de juro in-terbancárias próximas de zero terem afetado negativamente a sua rentabilidade e apesar do aumento de competitividade entre os bancos ter esmagado a margem financeira”.

Apesar dos bons resul-tados, Pedro Cardoso acre-dita que as transformações introduzidas “terão impacto significativo na actividade do banco durante os próximos anos” e aposta na aplicação de “todo o potencial do BNU lo-calmente” para reforçar a sua posição no mercado. - Lusa

ter vantagens em relação aos emigrantes. Sugerimos que, como primeira condição de acesso, seja obrigatório ser natural de Macau e portador do BIR”, disse Francisco Manhão ao HM.

Para além da renovação do pedido de concessão de mais um piso no edifício, para as actividades da associação, foi pedida a actualização do cálculo da pensão de sobrevi-vência. “A pensão de muitos pensionistas vem de longa data e, naquela altura, eram bastante reduzidas. Ao longo deste tempo não foram actu-alizadas. Há que lembrar que estas pessoas recebem apenas 50% do salário do cônjuge. Espero que o Governo tenha em consideração a nossa pro-posta, porque estas pessoas não têm meios”, acrescentou Francisco Manhão.

Em 13 anos de existência em prol dos mais velhos e das suas necessidades, o balanço traçado é positivo. “Criar uma instituição como a nossa foi uma tarefa extremamente ousada e, para manter bem viva esta chama, durante todos estes anos, foi neces-sário desenvolver um esfor-ço hercúleo, reconhecendo que nunca seria tarefa fácil satisfazer todos os gostos e desejos. Julgamos, porém, que o nosso trabalho foi, acima de tudo, útil e produ-tivo para a comunidade onde estamos inseridos, pelo facto de sabermos respeitar o velho princípio de “fazer o bem sem olhar a quem”, disse Francis-co Manhão no seu discurso.

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10 CHINA hoje macau quinta-feira 8.5.2014

Relatório do Exército chinês demonstra que Pequim não crê na longevidade do governo de Kim Jong-un

A China já possui um de-talhado plano de contin-gência para um eventual colapso do regime norte-

-coreano, revelou esta segunda-feira o jornal britânico The Telegraph, com base em documentos que chegaram à imprensa. A existência do plano indica que Pequim não mantém muitas esperanças no futuro do governo ditatorial comandado por Kim Jong-un.

Os documentos foram elabora-dos pelo Exército chinês e saíram na imprensa japonesa. Ainda não se sabe a extensão das informações e o grau de detalhes do projecto chinês, mas há indícios que a China planeia construir um campo de refugiados na fronteira com a Coreia do Norte para o caso de um surto de agitação civil no país vizinho. As autoridades chinesas pretendem questionar os recém-chegados, determinar as suas

A China prendeu nesta terça-feira cinco ac-tivistas pró-direitos

humanos, disseram três ad-vogados e um grupo defensor de direitos, depois de terem participado num evento no fim de semana que pedia uma investigação da supressão dos protestos pró-democracia na Praça Tiananmen, em 1989.

Entre os detidos está Pu Zhiqiang, destacado advo-gado que actua em defesa da liberdade de expressão e representa muitos dissi-dentes, incluindo o artista Ai Weiwei e um activista do “Movimento dos Novos Cidadãos”, um grupo que faz campanha para que os líderes chineses divulguem os seus bens.

Este activista também se opõe ao sistema de campos de trabalho forçado, que o governo aboliu, e apareceu com destaque na imprensa estatal por causa daquela campanha - algo incomum para um crítico do governo.

A S autoridades chine-sas oferecem uma recompensa aos

habitantes que denunciem a presença de vizinhos que deixam crescer a barba na província de Xinjiang, onde parte da população muçulmana rejeita a tutela de Pequim.

Estes estímulos pecu-niários à denúncia, no dis-trito de Shaya, vão de 50 a 50.000 yuans e cobrem uma série de informações consi-deradas úteis pela polícia, entre as quais a localização dos barbudos e de pessoas

que “realizam actividades religiosas ilegais”, indicou na quinta-feira o jornal Global Times.

As autoridades locais realizam paralelamente uma campanha contra o uso do véu entre as mulheres.

Com o nome de “Ob-jectivo Beleza”, esta cam-panha encoraja as mulhe-res a permanecer de cabeça descoberta e a abandonar o véu, comum entre os uigures, a principal etnia de Xinjiang, maioritaria-mente muçulmana.

As forças de segurança chinesas reforçaram recen-temente os controles em Xinjiang após uma série de incidentes sangrentos atribuídos pelas autorida-des aos islamitas.

PEQUIM TEM UM PLANO PARA O COLAPSO DA COREIA DO NORTE, DIZ JORNAL JAPONÊS

Preparados para o fim

Os documentos chineses propõem que os principais líderes políticos e militares norte- -coreanos devem ser detidos em campos especiais

TIANANMEN ACTIVISTAS PRESOSÀ PORTA DO 25º ANIVERSÁRIO

Cordão sanitárioXINJIANG RECOMPENSA POR DENUNCIAR BARBUDOS

Pêlo na venta

identidades e isolarem quaisquer indivíduos que sejam considerados perigosos ou indesejáveis.

Os documentos sugerem que “forças estrangeiras” poderiam ser responsáveis por um incidente que leve à ruptura do controlo interno na Coreia do Norte, resultando em milhões de refugiados que tenta-riam fugir. O relatório também faz um apelo para as autoridades chinesas reforçarem a fiscalização nos 879 quilómetros de fronteira terrestre entre os dois países.

Há ainda um plano de protecção de figuras-chave da política e do Exército norte-coreano em caso de um colapso no país. A protecção seria contra possíveis ataques de “outras forças militares” interessadas em desmantelar o regime norte-coreano – numa referência aos Estados Uni-dos, segundo a imprensa japonesa.

De acordo com o jornal japo-nês Kyodo News, os documentos chineses propõem que os principais líderes políticos e militares norte--coreanos devem ser detidos em campos especiais, onde possam ser controlados, mas também impedi-dos de dirigir operações militares ou tomar parte em acções que poderiam ser prejudiciais para o interesse nacional da China.

“O relatório só sublinha que todos os países envolvidos e preocupados com a estabilidade do nordeste da Ásia precisam de

conversar uns com os outros”, disse ao jornal Jun Okumura, es-pecialista do Instituto Meiji para Assuntos Globais. “O que nós aprendemos com o fim de outras ditaduras – a União Soviética, a Líbia de Muammar Kaddafi – é que quanto mais totalitário for o regime, mais rápido cai”, acres-centou Okumura. “É por isso que precisamos de planos de contin-gência e tenho certeza de que os EUA e a Coreia do Sul também têm projectos nesse sentido, mas a descoberta das medidas chinesas é nova”, concluiu.

Foram também detidos o dissidente Liu Di e o profes-sor Xu Youyu, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um círculo governamental que reúne pensadores, disse o advogado defensor de direitos humanos Shang

A revelação dos planos chine-ses chega dias depois de Pequim emitir um alerta a Pyongyang antes de um possível quarto teste nuclear norte-coreano. Sendo um dos únicos países que fala com os norte-coreanos, a China comuni-cou aos seus vizinhos que “não permitiria ter uma guerra ou o caos à sua porta”. Por causa de atritos entre Pequim e Pyongyang, a China recusou-se a exportar petróleo para a Coreia do Norte nos primeiros três meses deste ano.

Baojun, citando conversas que manteve com familiares de Liu e Xu.

Shang disse não saber do que Liu e Xu são acusados, já que as suas famílias não rece-beram notificação das prisões. Os dissidentes Hu Shigen e Hao

Jian, professores da Academia de Cinema de Pequim, também foram detidos, de acordo com a entidade Defensores Chineses dos Direitos Humanos, grupo com sede na China.

As prisões elevam os riscos de uma repressão aos dissidentes e demonstram o quanto os líderes chineses se preocupam com as críticas se-manas antes do 25º aniversá-rio das manifestações na Praça Tiananmen, em Pequim, em 4 de Junho de 1989.

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11 chinahoje macau quinta-feira 8.5.2014

U M relatório do De-partamento de Se-gurança Nacional de Taiwan (BNS),

apresentado ontem à Co-missão Parlamentar de De-fesa e Relações Exteriores, expressa preocupação face à criação de um Fórum de Cooperação entre a China e a América Latina.

Tendo em conta os efeitos do Fórum sobre Cooperação China-África, lançado em 2000, sobre os laços diplomáticos de Taiwan com os seus aliados africanos, o BNS considera que a criação de um me-canismo semelhante com a América Latina poderá aumentar a atracção dos seus aliados para Pequim.

Relativamente aos la-ços com os Estados Uni-dos e a possibilidade de Washington ceder à China na questão de Taiwan,

AS autoridades chinesas confirmaram a primeira morte de um homem infectado

com o subtipo H5N6 do vírus da gripe das aves, no que se acreditar ser a primeira vítima em todo o mundo desta variante, revelou a imprensa oficial. O homem, de 49 anos, era natural de Nanchong, na província de Sichuan, esteve exposto a aves mortas e foi, inicialmente, diagnosticado com pneumonia. As autoridades referem também que as pessoas próximas da

vítima não apresentaram sinais da doença. Especialistas citados pela imprensa chinesa disseram acreditar que o caso é individual e que o risco de futuras infecções é baixo. A gripe das aves está a afectar a China com um total de 250 casos reportados no primeiro trimestre do subtipo H7N9 que já provocou a morte a 96 pessoas, números bastante mais elevados do que as 144 infecções e 46 mortes reportadas em 2013.

Alibaba entra em Wall StreetA empresa chinesa Alibaba, uma das principais do comércio em linha, lançou ontem o seu muito esperado processo de entrada na bolsa nova-iorquina, com o registo de um projecto provisório junto da autoridade bolsista. Como é habitual nesta fase do processo, a Alibaba não especificou quantas acções tenciona alienar, nem o preço. Em compensação, é mencionado um volume indicativo de fundos a conseguir com a operação, destinado aos cálculos do custo do registo, quantificado em mil milhões de dólares.

China Nuclear Power planeia primeira OPVA China National Nuclear Power disse que planeia obter 16,3 bilhões de yuans na primeira oferta pública de venda de acções (OPV) do sector, como parte da maior expansão do mundo de capacidade de energia nuclear civil. A listagem, caso seja aprovada pelo regulador de valores mobiliários, pode ser também a maior listagem na China continental desde a estreia do Agricultural Bank of China em Julho de 2010, embora a Guotai Junan Securities possa tomar essa posição após ter entrado com um pedido de OPV que pode obter cerca de 22 mil milhões de yuans, segundo cálculos da Reuters. A China National Nuclear refere, num prospecto preliminar, que planeia vender 3,651 mil milhões de acções, ou 25 por cento da base de capital ampliada, para financiar projectos e reabastecer o seu capital. A listagem seria parte da intenção do governo de elevar energia limpa, pela qual pretende ter uma capacidade instalada de energia nuclear de 58 gigawatts (GW) até 2020, ante 14,5 GW em 2013.

Honda duplica gama de veículosA Honda tem a pretensão de se expandir sensivelmente as suas gamas de veículos no mercado chinês. De acordo o jornal japonês Nikkei, a Honda quer alcançar o número de 20 modelos oferecidos no país num prazo de dois anos. Para isso, providenciará a partilha de plataformas e outras partes dos carros das suas duas joint ventures chinesas, além de ampliar a utilização de peças produzidas localmente. Assim, a fabricante japonesa espera que os custos se mantenham baixos.

Pelo menos cinco feridos em explosão de paiol em ManilaPelo menos cinco pessoas ficaram ontem feridas num incêndio que deflagrou num depósito de munições do exército junto ao centro financeiro da capital que provocou uma forte explosão, revelaram fontes oficiais. A televisão local mostrou imagens de soldados a carregarem alguns dos feridos retirados do edifício em chamas. Três outros homens, dois militares uniformizados e um homem vestido à civil, sentaram-se no passeio à espera de ajuda médica. “Eu estava a alguns metros quando o fogo provocou uma forte explosão”, disse o porta-voz do exército, tenente-coronel Noel Detoyato, aos jornalistas.

REGIÃO

Confirmada primeira morte por contágio de H5N6

TAIWAN RECEIA FÓRUM CHINA-AMÉRICA LATINA

Alianças em perigo

o BNS considera que a China não vai alcançar progressos significativos, dada a situação actual de concorrência entre Wa-shington e Pequim.

China e Estados Uni-dos mantêm uma relação

de concorrência, apesar das esperanças de ambas as partes para manter um relacionamento po-sitivo, diz o relatório do BNS divulgado ontem e entregue aos meios de comunicação.

Dada a natureza com-petitiva, Taiwan não espera que Washington faça con-cessões a Pequim, apesar do crescente número de visitas bilaterais dos altos funcionários da China e dos Estados Unidos.

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12 hoje macau quinta-feira 8.5.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

DEZ CONTOS PARA LER SENTADO • vários autoresPode um objecto tão simples (uma cadeira) traduzir o mundo em que vivemos? A resposta para os portugueses é por de mais evidente, ou não tivesse o nosso destino mudado após a queda de uma cadeira. O país que se suspende em torno da forma de fazer uma cadeira. Um mundo onde, até nos lugares mais comuns, há sempre uma cadeira do poder e uma dança de cadeiras. As cadeiras lusófonas deste livro são feitas de dor, de guerra, morte e abandono. Neste volume encontram-se contos de autores bem conhecidos como Mia Couto, Ondjaki, João Tordo ou Arthur Dapieve, até autores revelação, para o meio editorial português, como os brasileiros Ana Paula Maia e Vini-cius Jatobá ou o cabo-verdiano Abraão Vicente. Para além da viagem à África de Waldir Araújo, estas cadeiras navegam ainda até Timor, onde Luís Cardoso nos seduz com o aroma do sândalo.

O SENTIDO DO GOSTO • José Bento dos SantosNeste livro apresenta-se uma panóplia muito vasta da cozinha histórica, desde os pratos mais populares e tradicionais, às receitas que os grandes Mestres criaram e elaboraram, não esquecendo o “tour de main”, a pequena chispa culinária, que permitirá a qualquer leitor – mesmo com pouca prática de co-zinha – deliciar-se em sua casa a executar estas receitas.

OS DÓÇI PAPIAÇÁM ESTREIAM ESTE FIM-DE-SEMANA NO CCM O SEU ÚLTIMO ESPECTÁCULO

É uma casa macaense com certezaO grupo de teatro macaense de patuá, Dóçi Papiaçám, traz uma nova peça a palco, integrada na 25ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM). Desta vez, os espectadores poderão assistir a “Vivo no Únde?”, no Centro Cultural de Macau (CCM), nos próximos sábado e domingo. O HM foi assistir a um dos últimos ensaios da “família teatral” mais famosa de Macau

LEONOR SÁ [email protected]

D IVERTIMENTO e descontracção eram os sentimentos que emanavam ora da

plateia, ora do palco, espaços partilhados por todos os acto-res, enquanto ensaiavam.

Miguel de Senna Fernan-des, que tem sido o encenador do grupo desde os seus inícios, diz que o elenco de “Vivo no Únde?” é dos mais extensos de que há memória, contan-do com a participação de 15 actores de todas as idades, pois, ao contrário do que se possa pensar, o patuá é uma língua em vias de extinção, mas que ainda suscita bastante interesse a miúdos e graúdos.

“O tronco de toda a peça é o problema habitacional em Macau, mas claro que nunca é focado apenas um tema. Reflec-te a situação que a população de Macau vive actualmente”, onde parece existir a constante sensação de “nunca encontrar-mos uma casa nossa. Vivemos sempre em casa dos outros. Antigamente não. Juridicamen-te, a casa não era nossa, mas tínhamos sempre a perspectiva de estabilidade”, afirmando que

“as gerações cresciam”, ainda que numa casa arrendada.

A peça fala também sobre o problema do emprego. Isto, depois, “reflecte-se numa re-volução dos valores. Macau é um bom sítio para viver”, mas, diz o encenador, “apenas quando a sua situação é já estável”, algo que parece cada vez mais uma miragem e não uma realidade. Para Miguel de Senna Fernandes, o problema é “não ter havido um tempo de

“O tronco de toda a peça é o problema habitacional em Macau, mas claro que nunca é focado apenas um tema. Reflecte a situação que a população de Macau vive actualmente”MIGUEL DE SENNA FERNANDES

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13 eventoshoje macau quinta-feira 8.5.2014

António Barreto vai estar na Livraria Portuguesa este domingo

“PORTUGAL, 40 anos depois de Abril” é o nome da palestra que será proferida pelo sociólogo

português António Barreto já no próximo domingo dia 11. Depois do encontro, que deverá decorrer por volta das 18h30, haverá ainda um jantar com interessados, cujas reservas devem ser feitas através do número de telefone 62606799.

Para além da sociologia, a política também faz parte da vida profissional de António Barreto, tendo sido deputado pelo Partido Socialista (PS) entre 1985 e 1991, para além de ter assumido a pasta do Comércio e Turismo no I Governo Constitucional, lugar que acabaria por acumular com o de Agricultura e Pescas entre 1976 e 1978.

Aquando do 25 de Abril de 1974, António Barreto era consultor das Nações Unidas, tendo regressado a Portugal, onde deu aulas na Universidade Cató-lica Portuguesa e Universidade Nova de Lisboa. Licenciou-se em Sociologia em Genebra. É autor das obras “Anatomia de uma Revolução”, “A Reforma Agrária em Portugal, 1974-1976”, “Sem Emenda, Tempo de Mudança” e “A Situação Social em Por-tugal”, entre outras.

OS DÓÇI PAPIAÇÁM ESTREIAM ESTE FIM-DE-SEMANA NO CCM O SEU ÚLTIMO ESPECTÁCULO

É uma casa macaense com certeza

HOMENAGEMA peça do próximo fim de semana vai ser dedicada a Nuno de Senna Fernandes, um dos fundadores do grupo, que faleceu na passada terça-feira, com 90 anos de idade. Macaense de gema, Senna Fernandes licenciou-se em engenharia electrotécnica, mais tarde dando aulas na antiga Escola Comercial de Macau. A música sempre foi a sua grande paixão, área na qual também investiu, tendo participado – como baixista – na abertura das peças do grupo que ajudou a fundar

T ENDO como sócio maioritário um cidadão chinês há muito resi-

dente em Portugal, a Íris FM concilia uma programação tipicamente regional com a transmissão de música do agrado da forte comunidade chinesa residente no eixo Samora Correia/Porto Alto, Benavente.

Liang Zhang, gerente da emissora, a residir em Por-tugal “há mais de 22 anos, adquiriu as quotas a alguns accionistas” em Dezembro de 2012, sendo actualmente

maioritário, explicou à agên-cia Lusa o director da Íris FM.

Luís Bernardo disse à Lusa que as emissões da Íris FM, rádio local nasci-da em 1985 que emite na frequência 91.4, incluem alguns programas produzi-dos em Macau, graças a um protocolo estabelecido com a Rádio Internacional da China, “exclusivamente em língua portuguesa”.

Essas emissões, de três a seis horas diárias, aconte-cem sobretudo no período entre as 19:00 e as 22:00 e

incluem entrevistas a portu-gueses que residem em Ma-cau, seguindo uma ‘playlist’ que integra também música chinesa, afirmou.

Luís Bernardo sublinhou que a Íris FM tem nos seus quadros três jornalistas efectivos, um deles em San-tarém e outro em Lisboa, e três que não são do quadro, assegurando informação de hora a hora entre as 07:00 e as 20:00 e um programa di-ário de informação regional ao final da tarde, no ar “há mais de 25 anos”.

RÁDIO EMISSORA DE BENAVENTE CONCILIA PROGRAMAÇÃO REGIONAL COM MÚSICA CHINESA

Sons do outro mundo

O grupo de teatro macaense de patuá, Dóçi Papiaçám, traz uma nova peça a palco, integrada na 25ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM). Desta vez, os espectadores poderão assistir a “Vivo no Únde?”, no Centro Cultural de Macau (CCM), nos próximos sábado e domingo. O HM foi assistir a um dos últimos ensaios da “família teatral” mais famosa de Macau

transição”, impossibilitando que as pessoas se tenham “habituado a estas mudanças”.

A peça vai contar, como já tem sido hábito, com a estreia de novos talentos de palco. Este ano, é Víctor, um jovem macaense de 19 anos, que sobe ao palco do CCM para se estrear no mundo do teatro dos Dóçi. Já havia participado em peças quando era mais

novo, mas é deste grupo que realmente gosta. Desde 2009 que Víctor assiste às peças en-cenadas por Miguel de Senna Fernandes, mas será apenas no próximo sábado que subirá ao palco do Centro Cultural pela primeira vez. Confessou, ao HM, que está “nervoso” com a estreia, mas espera dar o seu melhor. O gosto pelo patuá já vem de gerações anteriores,

tendo aprendido com a sua avó, que sabe falar a língua fluentemente. Víctor assume o papel de Juni, um jovem despreocupado e energético, para quem “tudo é o que é”.

Naír Cardoso é também uma jovem macaense, mas já faz parte do elenco dos Dóçi Papiaçám desde 2010. Um ano antes havia sido mera espectadora, acabando por ser convidada para se estrear como actriz do grupo na peça “Panda panda”, há quatro anos atrás. Ao HM, Naír confessou que a sua “primeira experiência foi muito complicada”, pois desconhecia patuá, de todo. “Foi muito difícil aprender o sotaque”, ouvindo frequentemente que estava a “falar demasiado bem portu-guês”. Diz, ainda, que “depois de um dia muito cansativo de trabalho”, ir para os ensaios “é como estar em família”.

Durante as quase três ho-ras de duração do ensaio, os actores conseguiram discutir ideias, melhorar aspectos técnicos e descomprimir entre cenas e contracenas. Alguns actores confessam estar com os nervos à flor da pele, na-quela que é a última semana de ensaios, primeira no local de estreia da peça.

Contudo, Víctor, não é a única novidade para o es-pectáculo do próximo fim de semana. Olívia Pereira, que esteve ausente durante 20 anos, volta aos palcos para dar vida a Dona Marta, uma macaense sexagenária com alguma difi-culdade em vender a sua casa a uma agência imobiliária. O ano passado, Olívia foi convidada por Miguel de Senna Fernandes para integrar o elenco, mas os seus horários de trabalho invia-bilizaram a sua participação. Terça-feira foi, portanto, o seu primeiro ensaio debaixo das luzes do CCM, sala de espec-táculos com bilhetes esgotados já há muito. O regresso sabe-lhe “muito bem”, adiantando que considera que a escolha dos ac-tores para este ano é “positiva”. O patuá faz parte da vida da actriz já desde 1994, ano em que fez a sua última peça, intitulada “Unga Sonho di Natal”.

Intercalando ensaios de cena após cena, os actores desciam as escadas laterais fitando o fundo da plateia, pos-sivelmente imaginando o fim de semana de casa cheia. Sentados nas cadeiras vermelhas, daqui a uns dias ocupadas por ansiosos espectadores e incuráveis fãs, os membros do elenco fitavam os ensaios dos seus colegas, sempre colaborando e batendo calorosas palmas no final de cada cena, talvez antevendo a estreia do espectáculo, a acontecer já daqui a três dias.

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hoje macau quinta-feira 8.5.201414 publicidade

Edital no : 5/E-BC/2014Processo no : 187/BC/2013/FAssunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas

disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Local :Rua Central da Areia Preta S/N, Edf. Villa de Mer (Bloco II),

fracções 3.º andar B (CRP:IIB3), 7.º andar A (CRP:IIA7), 7.º andar B (CRP:IIB7), 8.º andar B (CRP:IIB8), 8.º andar C (CRP:IIC8), 9.º andar C (CRP:IIC9), 10.º andar B (CRP:IIB10), 31.º andar A (CRP:IIA31), 32.º andar C (CRP:IIC32) e 33.º andar C (CRP:IIC33), Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio aos donos da obra e aos proprietários, cujas identidades se desconhecem, da obra existente no local acima indicado, o seguinte:

1. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTconstatounolocalacimaidentificadoarealização de obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte:

Bloco Fracção Andar Obra Situação da obra

Infracção ao RSCI e motivo

da demolição

1.1 II B 3

Construção de um compartimento não autorizado com suportes metálicos, pala metálica, cobertura plástica e janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da cozinha da fracção para fechamento da varanda.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.2 II A 7

Fechamento da varanda com janela de vidro junto à varanda da cozinha da fracção na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.3 II B 7

Fechamento da varanda com janela de vidro junto à varanda da cozinha da fracção na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.4 II B 8

Fechamento da varanda com janela de vidro junto à varanda da cozinha da fracção na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.5 II C 8

Instalação de gaiola metálica junto à janela da fracção do pátio na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.6 II C 9

Instalação de gaiola metálica junto à janela da fracção do pátio na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.7 II B 10

Fechamento da varanda com janela de vidro junto à varanda da cozinha da fracção na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.8 II A 31

Instalação de gaiola metálica junto à varanda da cozinha da fracção na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.9 II C 32

Instalação de gaiola metálica junto à janela da fracção do pátio na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.10 II C 33

Instalação de gaiola metálica junto à janela da fracção do pátio na parede exterior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

2. Os terraços e as janelas acima referidos são considerados como ponto de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, nãopodendoserobstruídoscomelementosfixos(gaiolas,gradeamentos,etc.)deacordo com o disposto no nº 12 do artigo 8º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto ponto(s) de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a suademoliçãoafimdeserreintegradaalegalidadeurbanísticaviolada.

3. Nos termos do no 7 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 12 do artigo 8o, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas.

4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95o do RSCI.

5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, no 33, 15o andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 29 de Abril de 2014Pelo Director dos Serviços

A Subdirectora

Enga Chan Pou Ha

EDITAL

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hoje macau quinta-feira 8.5.2014

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S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

15

Carlos Morais José

ESCRITA EXILADA

S E, como diz Nietzsche, só es-creve quem escrever com san-gue, esta asserção é duplamente verdadeira quando considera-

mos a escrita do exilado. Podemos admi-tir uma confusão primordial entre escrita e escritor, entre o distanciamento radical do escritor sobre a página (ou o ecrã) e a sua perda no labirinto do mundo. E é esta confusão que hoje aqui procurarei com-plexificar porque nada há mais desinte-ressante que o discurso explicativo da escrita. Escrita de exílio ou simplesmente escrita, na medida em que o acto de es-crever representa em si mesmo a aquisi-ção de uma distância, de um estranho e provocado autismo esclarecedor dos rit-mos internos e, sobretudo, dessas vozes insuportáveis que nos habitam.

Posso querer inventar mundos mas são esses mundos que me inven-tam à medida que se espraiam por si mesmos, vindos de um lugar revo-lucionário que existe dentro de mim mas que de modo de nenhum sou eu. E é essa busca que instituti o exílio e a partida. E isso mesmo: a escrita é a partida e num certo sentido uma de-manda interminável de um lugar cuja

virtualidade ultrapassa, de longe, as barreiras frágeis da consciência.

Escrita vermelha, espojando-se cruel sobre o nada, rebolando-se como um cavavalo nas ervas das falé-sias, e ao nada retornando, ao longo desse esquecimento contínuo, inefi-caz, ao longo do fluir inexorável de cada pequeno acontecimento, como se o destino realmente existisse. Confessemos: o destino é a criacão de um escritor amedontrado por uma visão de radical solidão.

Desenganem-se os que atendem a descrição pitoresca ou a intimidade confessada. Aos poucos fui interiori-zando a necessidade de experimentar menos e somente disfrutar o mundo que oferece sem ser precisa a con-quista. Por isso aproveitarei sedento as oportunidades, regressando sempre que puder, por exemplo, a um local de prazer certo, em círculos pouco perfei-tos, voltando depois a casa, alagado, na paz do peregrino que se acomoda para passar a noite na laje de um cruzeiro.

A este movimento, dou o nome de viagem. A viagem é uma anestesia em que os sentidos se purificam e resumem

uma morte. Os viajantes, porque comu-nicam em linguagens estrangeiras, con-hecem a sua própria voz e o silêncio. O inglês teve por destino transformar-se na mais estranha de todas as línguas.

A meio encolheremos os ombros para sacudir as mãos vazias e os olhos embaciados da poeira do mundo. O conhecimento torna-nos descrentes da beleza e da possibilidade de conhecer.

Aspiro à dissolução num contínuo, paciente e meticuloso raspar por es-tradas e costumes bizarros. Mas sei, ao mesmo tempo, que as viagens por ter-ritórios que ignoramos são inúteis..

A viagem induz uma qualquer solidão e por isso – todos sabemos – os solitários tomam-se por deuses. A viagem induz à loucura, à esquizofre-nia, à invenção de personagens para entreter desconhecidos. A perseguir caminhos que recusaríamos. A litera-tura de viagens, de impressões de ex-plorador, sempre me foi aborrecida, decorada de mentiras e confabulações. Talvez por isso a tenha lido na diago-nal e com desdém, da prosa plana do sueco Sven Hedin aos encontros de Bruce Chatwin ou ao transformismo de

Victor Segalen. A qual, aliás, gosto de voltar quando não tenho nada para faz-er, somente para a tomar como referên-cia e não repetir.

E repetir o quê? Repetir o papel do exilado europeu que atravessa o mundo com um sorriso de superioridade ind-isfarçável, exibicionista de uma sexu-alidade irremediavelmente insatisfeita, de uma racionalidade autodestronada e descrente.

Poderei falar de mim, da tensão cria-da em quotidianos bárbaros, do esgaçar dos valores que transporto. E todo o res-to seria literatura, daquela que o mesmo Nietzsche previu a morte há cem anos.

Acordarei fora da cama, num quarto desconhe-cido, como se estivesse morto. Sairei para a rua numa cidade que não conheço, onde ninguém falará a minha língua. Não terei dinheiro nem cartões de crédito no bolso. Procurarei alguma identificação mas certamente perdera a carteira. Não me lembrarei do meu nome. Agradeço que alguém me chame mas, aqui, quem me vai re-conhecer?E disse:– Bom dia – a uma velhota que passa.Com ela eu posso falar.

O DE

STER

RADO

, SOA

RES

DOS

REIS

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16 hoje macau quinta-feira 8.5.2014h

HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Paz – 85

Aqueles que decoram o seu exterior ferem o seu interior; aqueles que sucumbem aos os seus sentimentos ferem os seus espíritos; aqueles que ostentam os seus embelezamentos obscurecem a rea-lidade. Aqueles que nem por um só momento se esquecem de ser ardilosos inevitavelmente depauperam a sua natureza.

* * *

Quando por dentro não emergem desejos e as perversões não pene-tram a partir do exterior, a tal se chama segurança. Quando existe segurança interior e exterior, tudo é moderado; tudo é alcançável.

* * *

Fazer alarido quando se pratica o bem é como fazer alarido quan-do se pratica o mal, dado que nenhum se situa nas proximidades da Via.

* * *

Quando tem origem na Via, o bem não é obstrutivo; quando segue o Princípio, a habilidade nunca é cantada.

* * *

O homem ideal cultiva a sua conduta e causa o desconhecimento da sua bondade; o homem ideal exerce a sua generosidade e causa o desconhecimento do seu humanitarismo.

* * *

Nada há no mundo mais fácil do que fazer o bem; nada mais di-fícil do que fazer o mal. Aqui, fazer o bem significa tranquilidade e ausência de artificialismo; fazer o mal significa impetuosidade e ganância.

Da Paz – 86

Quando os olhos olham ao acaso, tornamo-nos licenciosos. Quan-do os ouvidos escutam ao acaso, ficamos confusos. Quando a boca fala ao acaso, tornamo-nos desordeiros. É necessário guardar cuida-dosamente estas portas.

* * *

O sucesso é uma questão de tempo certo, não de contenda. A or-dem depende do Tao, não da sagacidade.

* * *

As pessoas de sucesso são económicas nas suas acções e cuidadosas no que se refere ao tempo.

* * *

Os sábios pensam na justiça em vez de pensarem no lucro. As pes-soas imaturas desejam o lucro e ignoram a justiça.

* * *

Os auto-confiantes não se deixam mover pela censura ou pelo elo-gio; os satisfeitos não são seduzidos pelo poder ou pelo lucro. As-sim, aqueles que compreendem a verdadeira condição da essência não buscam aquilo pelo qual a essência nada pode fazer. Aqueles que compreendem a verdadeira condição do destino não se preocu-pam com aquilo acerca do qual o destino nada pode fazer. Aqueles que compreendem a Via não são susceptíveis de ver perturbada a sua própria harmonia por seja o que for.

* * *

Aqueles que muito buscam pouco ganham. Aqueles cuja perspecti-va é vasta detêm um conhecimento estreito.

* * *

Há quem procure o Tao para além dos quatro mares sem nunca o encontrar; e há quem o tenha no seu corpo sem nunca o ver.

* * *

O Tao não pode ser obtido de outros; é atingido em nós próprios. Se te abandonares à sua busca nos outros, estás longe do Tao.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi composto por um conjunto de sábios taoistas na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refi-naram o corpo de ensinamentos taoistas já existente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos fundamentais, efectuada a partir do texto canó-nico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extractos encontram-se organizados em quatro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na secção intitulada “Miscellaneous Schools”.

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17 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 8.5.2014

Há quem procure o Tao para além dos quatro mares sem nunca o encontrar; e há quem o tenha no seu corpo sem nunca o ver.

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18 DESPORTO hoje macau quinta-feira 8.5.2014

LEONOR SÁ [email protected]

Quais são os seus planos para este ano?Este ano vou correr em três cam-peonatos. Um de Super GT [carros de turismo] no Japão, outro euro-peu de GT (Blancpain Endurance Series) e também vou correr no Audi Cup R8 LMS, cujos carros são idênticos àquele que usei o ano passado, aqui em Macau. Quase todas as corridas deste campeonato são na Ásia, incluindo Coreia, Ja-pão, Malásia e três outras na China. Vou faltar a três provas no Japão, porque coincidem com os outros campeonatos e, neste momento, dou prioridade à Audi, porque tenho um contrato com eles para concorrer na Europa e na Audi Cup. Ainda assim, também consegui continuar no Japão. Vou fazer cinco corridas com um Porsche, no cam-peonato Super GT que, para mim, continua a ser o mais competitivo e mais forte de GT no mundo. É um espectáculo muito bom e não queria largar esse mundo. Este ano, vou ter 15 ou 16 corridas. É um calendário bastante intenso.

Que balanço faz deste início de ano?Ainda só tive uma corrida em Mon-za, mas daqui a dois fins de semana começo o primeiro campeonato da Audi Cup, com a primeira prova na Coreia. Nunca tinha feito três campeonatos ao mesmo tempo. É um pouco intenso, mas estou preparado. Não é nada do outro mundo.

E qual o balanço da primeira corrida do ano, em Monza?Realmente, é o campeonato mais competitivo que existe na Europa a nível de GT. Estavam cerca de 44 carros, todos os carros são mais ou menos idênticos. Não é como no Japão, onde é tudo livre. A ní-vel de pneus, há várias marcas e as equipas podem escolher a que quiserem... Logo aí, há desvan-tagens ou vantagens de acordo com a marca de pneus que se usa. Na Europa, eles tentam controlar isso, para também controlarem o orçamento anual das equipas, porque este desporto é caro. Por um lado, fica mais competitivo,

ENTREVISTA ANDRÉ COUTO PREPARADO PARA LUTAR EM TRÊS FRENTES

“Macau deveria seguir” exemplo do JapãoO próximo campeonato do atleta português de Macau, André Couto começa ainda este mês, na Coreia. O piloto vai competir na prova Audi Cup R8 LMS, que acontece em diferentes países asiáticos. Mesmo com três novos campeonatos agendados para este ano, o atleta quer continuar a correr naquele que tem sido o seu país de eleição, o Japão. Nunca descura o valor da família, pela qual volta a Macau sempre que pode

porque os carros ficam mais iguais e num segundo, podem estar uns 20 carros em disputa, por exemplo. Na Europa, que são corridas de endurance, ficámos em 16º porque é muito complicado arranjar uma volta limpa numa corrida de 15 minutos, mas o carro mostrou-se bastante competitivo. A minha equipa era da Audi China, com a equipa BRT (Brothers Racing Team), a mesma com quem eu competi aqui em Macau quando fiquei em segundo, com o [Edo-ardo] Mortara. É a primeira vez que existe uma equipa totalmente chinesa a competir numa corrida da Europa. Cada um guiou uma hora

numa corrida de um total de três horas. Há sempre aquele compro-misso de ter que partilhar o carro com outros dois. No meu turno, fiz a segunda volta mais rápida da corrida, de maneira que acho que o carro está bom e tem o apoio todo da Audi. Estou esperançoso que, nas próximas corridas, possamos ter um resultado melhor.

Relativamente ao Grande Pré-mio de Macau. Continua a sentir que este campeonato é “a sua casa”, mesmo correndo, actual-mente, no Japão? É a corrida mais importante do ano, a que mexe mais comigo. Sim,

continua a ser aquela corrida em que tento sempre dar o meu melhor. Mas nos últimos anos, tenho-me sentido um bocado frustrado porque as categorias que correm cá não são aquelas em que corro durante o ano, o WTCC [World Touring Car Championship], por exemplo. Quando venho aqui, é sempre difícil arranjar um carro bom, de fábrica, porque esses estão sempre ocupados. Por exemplo, é a última prova do campeonato de WTCC, portanto já estão a correr o ano todo com aqueles carros. As equipas boas já têm bons pilotos, as de fábrica já têm o seu esquema... À última da hora é muito complicado arranjar um bom carro.

Qual é a sua opinião sobre a polémica dos atletas não terem direito ao subsídio do Governo, no caso de não vencerem a cor-rida do ano anterior?

Eu acho que as pessoas que fazem essas regras deveriam entender o lado dos pilotos. Acredita que, inicialmente, fizeram a regra por uma boa razão. No entanto, os seus objectivos não foram alcan-çados. Para o desenvolvimento do desporto em Macau, acho que os pilotos deveriam correr em Macau e dar tudo por tudo para ter um resultado bom mas, neste momento, conheço vários pilotos que não fazem isso. Mas sim, não concordo com essa regra, acho que não faz sentido nenhum. Se pensarmos bem sobre o apoio que o Governo dá aos pilotos para cor-rerem no estrangeiro, no sentido de desenvolver Macau... Imaginemos que um corredor de Macau ganhou todos os campeonatos do mundo, todas as provas e vem a Macau, faz a corrida, mas na última volta o carro avaria. De repente, deixa de ter subsídio para as corridas do próximo ano? Realmente não faz sentido e quem está à frente disso, deveria perceber.

Nos jubileus de 2003 e de 2013 do Grande Prémio de Macau, foram organizados dois fins de semana de corridas. Acha que Macau se serve bem apenas com um fim de semana, como tem sido já hábito, ou dois seria melhor? Acho que Macau se serve bem só com um. É lógico que foi muito positivo haver dois fins de semana e muitas corridas, mas eu acho que um Grande Prémio chega. Sempre foi assim e Macau sempre conse-guiu proporcionar um óptimo fim de semana.

Faz algum exercício ou tem uma alguma rotina antes das corridas?Para uma pessoa correr a este nível, é preciso ter uma boa condição física, por isso procuro sempre ir para o ginásio, ou fazer desportos colectivos, como futebol ou ténis. Acho importante ter um bom cardio e força, ao mesmo tempo. Tento sempre variar os meus exercícios, até porque a monotonia dificulta a motivação. Procuro variar bastante nos desportos que faço.

E no momento imediatamente antes da partida? Acho que é sempre assim um mun-

“Nunca tinha feito três campeonatos ao mesmo tempo. É um pouco intenso, mas estou preparado. Não é nada do outro mundo”

JOSÉ

L. R

. EST

RORN

INHO

Page 19: Hoje Macau 8 MAI 2014 #3084

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19 desportohoje macau quinta-feira 8.5.2014

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.º 5/P/14

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 8 de Abril de 2014, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento de Equipamentos Laboratoriais Cedidos Como Contrapartida do Fornecimento de Reagentes ao Centro de Transfusões de Sangue dos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 7 de Maio de 2014, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $40.00 (quarenta patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website do S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 5 de Junho de 2014.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 6 de Junho de 2014, pelas 10,00 horas, na sala do “Auditório” situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J..

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $164 000,00 (cento e sessenta e quatro mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 24 de Abril de 2014

O Director dos Serviços,Lei Chin Ion

AvisoFaz-se público que a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações

da Região Administrativa Especial de Macau está a abrir o Concurso Público n.º 1/2014 para aquisição da construção de um sistema de banda larga sem fios em 2014. O programa do concurso e o caderno de encargos do presente concurso podem ser descarregados gratuitamente da página electrónica da DSRT (www.dsrt.gov.mo).

Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações da RAEM, aos 5 de Maio de 2014.

O Director SubstitutoHoi Chi Leong

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTASAVISO

Torna-se público, de acordo com o n.º 1 do ponto 6.º dos Regulamentos para a prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, elaborados nos termos do artigo 18.º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, do artigo 13.º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e da alínea 3) do artigo 1.º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que se encontra afixada, na sobreloja da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande nºs 575, 579 e 585, e colocado no respectivo “Web-site”, no local relativo à CRAC e para efeitos de consulta, a lista definitiva dos candidatos à prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como Auditor de Contas, Contabilista Registado e Técnico de Contas no ano de 2014, elaborada e homologada por deliberação do Júri designado para o efeito. Em caso de dúvidas, agradecemos que contacte a CRAC, durante as horas de expediente, através dos números de telefone 85995343 ou 85995344. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 2 de Maio de 2014

O Presidente da CRAC

Iong Kong Leong

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 183/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor WANG YOUMING (portador do passaporte da R.P.C. n.° G49844xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 84/DI-AI/2011 de 17.11.2011, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Luís Gonzaga Gomes n.° 576, Edifício Hung On Center, Bloco II, 18.° andar M, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 29.04.2014, exarado no Relatório n.° 267/DI/2014, de 26.03.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ----------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010.-----Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Abril de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

“...acho que os pilotos deveriam correr em Macau e dar tudo por tudo para ter um resultado bom mas, neste momento, conheço vários pilotos que não fazem isso”

do um pouco nosso. Estou sempre muito concentrado. “in the zone”, como se costuma dizer... e o resto corre naturalmente. Corro desde criança, por isso não é uma coisa que seja muito difícil de fazer, é quase automático. Sei perfeita-mente qual o momento certo para desligar dos amigos e do resto das pessoas que estão nas boxes, a ver. Chega a uma certa hora e tem que se ficar apenas a pensar na partida e em toda a restante corrida. Acho que a maioria dos pilotos tem uma boa capacidade de se isolar do barulho, das pessoas, das coisas à volta.

Tem alguma corrida que tenha sido especialmente marcante?Tenho duas corridas muito mar-cantes. A primeira vez que corri no Grande Prémio de Macau, que foi assim uma coisa mesmo grande, porque um ano antes disso, ainda corria em karts. Nunca pensei que, um ano a seguir, estivesse a correr na Fórmula 3 com pilotos como o Schumacher, De la Rosa, Montoya. Foi uma corrida exce-lente porque, quando dei por mim, estava em primeiro na segunda manga, a ultrapassar o Schuma-cher. Parecia mais que estava num jogo de playstation do que na realidade. E depois, obviamente,

em 2000, quando ganhei o Grande Prémio de Macau.

Tem notado evolução na forma como o Grande Prémio é feito?Acho que sim, a nível da parte técni-ca e da segurança. Todas as pessoas que trabalham no Grande Prémio,

tipo os bandeirinhas, a malta que está nos bastidores e faz o espec-táculo acontecer. É muito difícil, porque são muitas categorias, muita gente. Realmente, acho que são os melhores do mundo, comparando com os vários circuitos citadinos onde já estive. Têm um nível onde

só se chega com uma muito boa equipa por trás e muito treino. Já ao nível do espectáculo em si, já vi melhor. Para mim, o Super GT, no Japão, é o que faz mais nesse sentido. Todos os anos inovam e estou habituado a isso. Acho que Macau deveria seguir esse caminho

e não ficar a pensar “Tudo bem, temos um Grande Prémio bom, a máquina está montada e chega”.

Como é que fica a família, tendo em conta este ano tão preenchido e intenso de corridas? Venho a Macau sempre que posso, mas eles também já estão habituados. Quando eu corria o ano inteiro no Japão, fazíamos dez corrida duran-te o ano, mas, na realidade, estava sempre a treinar. Agora, com estes campeonatos, treino menos e corro mais. Portanto, o tempo que fico fora é mais ou menos igual. É mais pu-xado para o meu corpo, porque vou fazer mais viagens de longo curso.

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20 hoje macau quinta-feira 8.5.2014

SÉRGIO [email protected]

A Federação Inter-nacional do Au-tomóvel quer ter uma maior pre-

sença na corrida de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau e fê-lo saber em comunicado primeiro e depois reforçou a ideia na imprensa através do responsável máximo pela Comissão de Monolugares, o ex-piloto de Fórmula 1 Gerhard Berger.

A corrida cabeça de cartaz do Grande Prémio é há vários anos a Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3, o maior troféu da disciplina, mas a federação internacional quer tornar a corrida ainda mais relevante, fortalecendo os laços com as entidades do território.

O ano passado uma co-mitiva do Campeonato da Europa FIA de Fórmula 3 (ex--Fórmula 3 Euroseries) visitou a RAEM no 60º aniversário do evento, mas este Novembro a presença da federação interna-cional poderá ser ainda mais relevante.

“A FIA está a trabalhar para apoiar o organizador lo-cal nos aspectos desportivos, técnicos e imprensa e quer ajudar a aumentar o impacto do evento”, diz o comunicado da FIA emitido depois do últi-mo Conselho Mundial.

O braço direito de Jean Todt para as categorias que dão acesso à Fórmula 1 conhece bem o peso que o evento da RAEM tem na disciplina de Fórmula 3 e em declarações à revista inglesa Autosport, Berger, ele próprio

MARCO [email protected]

A participação de uma equipa em represen-tação da Austrália

deverá ser a grande novidade da edição de 2014 do Torneio da Soberania, mas o certame não é a única grande con-cretização que a Associação dos Veteranos do Futebol de Macau tem em mãos.

O organismo celebra este Verão uma década e meia de actividade e os responsáveis pelo Associação querem assinalar a efeméride com uma viagem ilustrada pelo passado do desporto-rei

do território: “A primeira grande novidade é vinda de uma equipa da Austrália para tomar parte no Torneio da Soberania. Finalmente, con-seguimos trazer uma equipa da Austrália. Será a primeira vez que uma formação aus-traliana participa na prova. A meu ver, o mais importante nesta altura é o aniversário da própria associação, que ocorre a 21 de Julho”, adianta Francisco Manhão.

“Nós estámos a trabalhar para assinalar a efeméride com uma exposição foto-gráfica dedicada às velhas glórias do futebol de Ma-cau”, revela o presidente da

Associação dos Veteranos do Futebol de Macau.

A entidade está a ultimar a recolha de fotografias e de testemunhos que possam ajudar a ilustrar a história do futebol na região ao longo das oito últimas décadas. Mais do que um périplo de revisitação dos espaços, das competições e dos clubes que ajudaram a moldar o desporto-rei do território, a exposição propõe-se ser uma homenagem a Joaquim Pacheco, a Augusto Rocha e a outras velhas glórias do futebol de Macau: “O Au-gusto Rocha foi um dos mais conhecidos, mas não foi o

único. Há também o Joaquim Pacheco. Estes dois tiveram sucesso em Portugal. Mas há outros grandes jogadores: o Mário Alberto, que ainda está vivo. O Mário Alberto foi um dos grandes jogadores macaenses, assim como o João Rocha. Dos jogadores de Macau que eu vi jogar, o João Rocha foi sem dúvida o melhor”, recorda o dirigente.

A exposição terá por fi-nalidade recordar velhas gló-rias de dentro, mas também de fora das quatro linhas. Para além de evocar o talento e a memória de antigos cra-ques dos relvados nascidos no território, os responsáveis

pela Associação dos Vete-ranos do Futebol de Macau tencionam ainda homenage-ar dirigentes como Pau Ma Cheong ou Kou Lou Chek, antigo presidente da Associa-ção de Futebol em Miniatura de Macau: “Há pessoas que deram um enorme contributo ao desporto do território e devem ser recordadas. Lembro-me, por exemplo, de um senhor chamado Pau Ma Cheong. Ele trabalhou e dedicou-se muito ao futebol de Macau. Tanto assim é, que no tempo dele e por sua iniciativa, Macau recebia muitos jogos com equipas estrangeiras e estavamos a

falar de uma associação que não tinha tantas posses como tem no dias de hoje”, remata Francisco Manhão.

Fundada a 21 de Julho de 1999, a Associação dos Vete-ranos do Futebol de Macaju organizou um ano depois a primeira edição do Torneio da Soberania. A prova disputa-se esta ano pela décima quarta vez e, para além da Austrália, Fran-cisco Manhão gostava de ter no certame a equipa de veteranos do Sport Lisboa e Benfica, mas as negociações com o clube da Luz ainda não permitem dar como certa a presença em Macau das velhas glórias da formação encarnada.

F3 FEDERAÇÃO INTERNACIONAL QUER TER MAIS PRESENÇA NO GP MACAU

FIA quer mandar mais

FUTEBOL VETERANOS FESTEJAM QUINZE ANOS COM MOSTRA FOTOGRÁFICA

Australianos no Torneio da Soberania

um ex-participante na corrida, disse que “estamos a falar em aprofundar a nossa relação com Macau. Eu adoro Macau e todos apreciamos bastante a sua importância”.

Empenhado na árdua tarefa de tentar reabilitar a Fór-mula 3, disciplina fortemente afectada nos últimos anos pela concorrência gerada por novas competições semelhantes, Berger vê com bons olhos uma presença mais forte da FIA na prova rainha da categoria daqui em diante.

“Nos últimos anos, por algumas razões, não estive-mos muito perto neste evento, controlando-o e apoiando-o. Agora queremos aumentar o relacionamento com a as-sociação desportiva nacional de Macau (Associação Geral Automóvel Macau-China) para ajudar (no evento) e melhorá-lo passo-a-passo”, afirmou.

A corrida de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau é co--organizada pelas entidades do território e por Barry Bland, o inglês que há três décadas está profundamente envolvido na disciplina de Fórmula 3, tendo sido ele a sugerir na década de oitenta a Rogério Santos, na altura o presidente do Leal Senado de Macau, a introduzir esta categoria no evento então organizado pela secção de Macau do Automóvel Club de Portugal.

Curiosamente, Bland foi Presidente da Comissão de Monolugares da FIA até ser substituído por Berger e por várias vezes já se insurgiu publicamente contra algu-mas polémicas decisões da federação internacional.

desporto

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hoje macau quinta-feira 8.5.2014 (F)UTILIDADES 21

Pu YiPOR MIM FALO

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 20 MAX 23 HUM 80-98% • EURO 11.1 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE

Lá por teres iniciado a descida não tires os olhos do horizonte.

8 DE MAIO

SALA 1THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan14.15, 16.45, 21.45

THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [3D][B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan19.15

SALA 2 TRANSCENDENCE [C]Um filme de: Wally PfisterCom: Johnny Depp, Morgan Freeman, Rebecca Hall, Paul Bettany14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3ABERDEEN [C](FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Pang Ho-cheungCom: Louis Koo, Gigi Leung, Eric Tsang, Miriam Yeung14.30, 16.30, 19.30, 21.30

TRANSCENDENCE

Nasce Jean Henri Dunant,co-fundador da Cruz Vermelha• Hoje é dia de homenagear Dunant, filantropo suíço a quem se deve a fundação da Cruz Vermelha, uma das mais importantes instituições mundiais. Também a 8 de Maio, dia em que se vendeu a primeira Coca-Cola, morreram o Marquês de Pombal e Antoine Lavoisier. Jean-Henri Dunant nasceu em Genebra, a 8 de Maio de 1828 e distinguiu-se pela co-fundação da Cruz Vermelha Internacional, o que lhe permitiu conquistar o primeiro Nobel de Paz, em 1901, juntamente com Frédéric Passy. A Cruz Vermelha nasce do testemunho de Dunant, que assistiu ao sofrimento na Batalha de Solferino, em 1859. De imediato, organizou um serviço de primeiros socorros, que seria a génese da instituição. Jean-Henri Dunant escreve o livro ‘Un souvenir de Solferino’, publicado em 1862, e inicia a sua luta pela criação de grupos nacionais de ajuda para apoiar os feridos de guerra. Propunha uma organização internacional que melhorasse as condições de vida e prestasse apoio às vítimas da guerra, quer sejam civis, ou militares. Em 1863, Jean-Henri Dunant é apoiado por Gustave Moynier, Guillaume-Henri Dufour e pelos médicos Louis Appia e Théodore Maunoir. O ‘Comité dos Cinco’ cria uma organização internacional de socorro aos feridos, que em 1864 é reconhecida pela Convenção de Genebra, como Comité Internacional da Cruz Vermelha. A Cruz Vermelha é hoje uma das mais importantes instituições mundiais e representa um enorme legado, reconhecido com o Prémio Nobel da Paz que Dunant recebeu, entre muitas distinções com que foi galardoado, como a Ordem de Cristo, entregue por Portugal em 1897. Hoje, assinala-se o Dia Mundial da Cruz Vermelha, em memória de Jean Henri Dunant.

Uma terra engraçada sem comédia Cada vez acredito mais que em Macau não há bom humor. Não se brinca com o seu umbigo, com o umbigo do vizinho e com a sociedade em geral. E logo Macau, que tem tantas coisas engraçadas e peculiares com que se brincar.Aqui não se faz comédia. Não conheço a fundo toda a programação dos canais de televisão chineses, mas, fora as telenovelas, não há programas de entretenimento, daqueles que nos levam a dar boas gargalhadas a seguir ao jantar. Não se brinca com Chui Sai On nem com este Governo, e só a cara da Florinda Chan aparece de forma jocosa em cartazes de manifestações ou em alguns perfis de Facebook. De resto, é tudo muito sério e certinho, não vá alguém dizer algo que saia da linha comum. É raro as pessoas daqui expressarem livremente as suas opiniões. Os anúncios de publicidade aos serviços públicos, seja na televisão ou na rua, dão vontade de rir, mas é por serem demasiado maus – qual a noção de publicidade e marketing que existe por aqui? Macau é uma terra engraçada sem comédia nem sentido de humor. No meio dos turistas doidos carregados de sacos, de guarda-chuvas e confusão urbana, nem uma piada há para nos animar o dia. Salve-nos a nossa própria imaginação.

Dub Fx é, sozinho, uma banda. O australiano, que se tornou uma sensação no youtube antes de reproduzir em estúdio o que sempre fez nas ruas, produz músicas melódicas com tons suaves de dubstep, reagge e hip hop apenas com a voz e uma loop station (máquina que grava e reproduz ao vivo). Dub Fx cria a base e o ritmo da música, acrescentando depois letras que fazem o público vibrar. No primeiro álbum de estúdio (gravado em 2009), Dub Fx reproduz as músicas que sempre cantou na rua, em todo o globo. O australiano mostrou ‘Made’, ‘Love me or not’ e ‘Sooth your pain’ na Europa, EUA e Ásia, a par de músicas como ‘Flow’, onde Dub Fx faz parelha com um conhecido saxofonista de rua, chamado Woodnote.Recentemente em Hong Kong, num evento grátis, Dub Fx não só encheu a casa, como fez o público não parar de dançar. - Joana Freitas

DUB FX - EVERYTHINKS A RIPPLE (2009)

U M D I S C O H O J E

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22 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 8.5.2014

U M destes Domingos foi Dia da Mãe, ou vai ser – não sei, uma vez que não tenho mãe, pois nasci de cho-cadeira. Contudo um dos problemas levado às ruas pelos manifestantes deste último 1 de Maio foi o do “excesso de turistas” que visitam o território, que de

acordo com eles, são “mais que as mães”. Te-nho um problema com esta expressão muito portuguesa; basta uma mulher ter dois filhos para que estes sejam “mais que as mães”, que neste caso é apenas uma. Juntando-se a estes mais uma mãe com apenas um filho, são duas mães e três filhos, e por aí adiante. Os filhos só seriam menos que as mães se as mães não tivessem filhos, só que assim não seriam mães. Parece confuso, mas adiante.

Eu próprio acho que os tais turistas do continente que visitam as RAE de Macau e Hong Kong durante os feriados das denominadas “semanas douradas” são em demasia. Quer dizer, o que leva estes turistas a vir gastar o seu dinheiro aqui em Macau? Que parvoíce! Mas junto com estes turistas chegam ainda maus elementos, desde amigos do alheio e outra ladroagem diversa, a prostitutas e afins, mas pronto, é mais fácil aos cidadãos da grande China obter vistos para estas regiões do que para outro país, e custa-lhes 50 ou 60 patacas

As mães da invençãobairro do or ienteLEOCARDO

a obtê-los em alguns casos, portanto estas são “moscas que entram quando se deixa a janela aberta”, nas palavras do saudoso camarada Deng.

Mas os motivos que levam os residentes a queixarem-se da vinda destes “abonos de família” da economia local têm a ver com algumas diferenças culturais, uma espécie de “bairrismo” que leva a que tanto os locais como os honconguenses olhem de cima para os seus compatriotas do continente. De facto incomoda que venham estas moles inco-modar os pobres nativos, que assim ficam impedidos de circular livremente nas ruas enquanto utilizam os seus “smartphones” sem olhar por onde andam, e apenas inci-dentalmente não passam a vida a esbarrar uns nos outros como se fossem carrinhos de choque. O que eles exigem é apenas a liberdade de andar por aí feitos zombies de cabeça baixa a mandar SMS, S&M ou M&M’s. É que só podem ser mesmo de fora, essas madamas que andam por aí a conduzir com os joelhos na direcção e sem olhar para a estrada, enquanto mandam

uma mensagem ao marido, ao amante ou à empregada, ou esses tipos que conduzem o motociclo aos “esses” ao mesmo tempo que falam no telemóvel, com a desculpa que se perderem a chamada, isso “custa-lhes milhões de patacas”. É que a malta daqui é o pináculo do civismo e das boas maneiras.

Mas o pior de tudo isto é o comporta-mento inaceitável destes bárbaros, autên-ticos animais, que, imaginem só, chegam ao ponto de urinar e defecar em plena via pública! Sim, especialmente quando se trata das suas crias, que quando têm vontade de fazer um chichi, fazem-no onde calha, seja numa sarjeta no meio da rua, ou num alguidar para deitar o chá que lava a loiça dos pratos no restaurante. De facto não são raras as ocasiões em que assisto a crianci-nhas a urinar nos bueiros, auxiliadas pelos paizinhos ou pelas avós – devem ser turistas, com toda a certeza: está-lhes escrito na testa. Devem ser turistas também os cidadãos que teimam em atirar lixo das janelas dos apartamentos, desde caixas de comida, a pacotes de amendoins, pensos higiénicos,

a loja dos horrores completa. Devem ser esses turistas malvados, que andam por aí a alugar apartamentos e a manchar o bom nome dos nossos impolutos residentes. São também eles que entram pelas casas-de--banho públicas, mesmo as dos edifícios governamentais, anunciando a sua chegada com uma sonora escarreta, retirada lá do fundo dos brônquios – é a forma ideal de remover as impurezas, dizem. É isso e é comer com as patorras descalças em cima das cadeiras nas tascas de “chow mein”, e palitar os dentes com a unhaca do dedo mindinho, uma atitude muito “turista”.

Se estou a ser sarcástico? No shit, Sher-lock. Nem há créditos extra para quem percebeu logo à primeira. Não estou aqui a desculpar quem quer que seja pelos seus comportamentos pouco civilizados, mas neste particular, e em vez do tal “são mais que as mães”, prefiro recorrer a outra ex-pressão do nosso riquíssimo léxico popular: “Diz o roto ao nu: olha lá, porque é que não te vestes, tu?”.

*

Quem também são mais que as mães são essas forças de bloqueio malvadas, que enviam os seus agentes provocadores e des-tabilizadores da ordem social disfarçados de jornalistas, com o intuito de manchar o bom nome de Macau, esse oásis da liberdade de expressão. Um desses mini-terroristas, arma-do de uma mochila de ponta-e-mola, tentou aproximar-se do nosso Chefe do Executivo com o pretexto de, e vejam bem a ousadia desta gentinha, “fazer-lhe uma pergunta”. Graças a Deus que estava lá um dos segu-ranças do nosso Chefe, esse paladino que dá o corpo ao manifesto (e às mochilas) em nome do bem estar das vacas sagradas (e dos texugos...) do capital e do poder político da RAEM, que convidou gentilmente a jovem a retirar-se, com um leve toque no ombro. Só que esta, matreira, sentiu o contacto e simulou a falta, “fazendo-se” ao “penalty”, e a seguir foi-se queixar a uma daquelas 259 associações que representam os pro-fissionais da imprensa, e por isso valem o que valem: peva.

Mas felizmente as “mães da invenção” estão atentas, e sabem muito bem que o que estas forças militantes querem é que estes casos cheguem às instâncias internacionais, que depois desancam na pobrezinha da RAEM, coitadinha. Queixinhas pé-de-salsa, é o que eles são. Mas o que já começa a ser mais grave do que o preço da habitação é andarem por aí esses falsos-jornalistas, que não precisam de se identificar ou fornecer explicações. Sim, porque isto não é jornalista quem quer, mas quem pode. Afinal trata-se de uma carreira aliciante onde se aufere um vencimento que chega para mudar de BMW todos os anos e comprar casas de férias em Malibu. Anda por aí alguém que não está a fazer o seu trabalho de casa, e as mãezinhas vão puxar-lhes as orelhas.

Sim, porque isto não é jornalista quem quer, mas quem pode. Afinal trata-se de uma carreira aliciante onde se aufere um vencimento que chega para mudar de BMW todos os anos e comprar casas de férias em Malibu

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23 opiniãohoje macau quinta-feira 8.5.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

José Luís PeixotoIn VISÃO

N ÃO escrevo prefácios. Por telefone, por email ou ao vivo, começam a elogiar--me. Com os anos, fui-me acostumando e identifico a situação logo nessa fase. Então, enquanto espero que terminem, vou ensaiando a resposta na cabeça. Por fim, quando

me fazem o convite para lhes prefaciar o seu novo livro, que pode ser uma antologia de contos, poemas ou crónicas, um roman-ce ou um ensaio sobre o século XVII, já tenho as minhas razões prontas e começo a enumerá-las. Quase como se estivesse a escrever um desses prefácios, escolho palavras que não choquem e explico que considero esses textos humilhantes para os livros que prefaciam, sem mais bene-fício do que uma ilusão comercial ou de estatuto. Tento explicar que conheço bem a vontade de encontrar um público, mas que não acredito que consigam alcançá-lo através desses prefácios vazios e desne-cessários de nomes conhecidos. Quando termino, já está bem claro que me retiraram os elogios iniciais, perderam a validade.

Não sugiro os livros a editores. Nesse caso, o problema é de outra natureza. O desinteresse repetido que mostraram pelas minhas sugestões fez-me perder a confiança. Entre os editores e eu, há livros, podemos mesmo ser vistos juntos, em diálogo ameno, mas existimos em dimensões diferentes. Ignorando a crueza desse desencontro, recebo pedidos para ler blogues ou montes de folhas, solicitam a minha opinião. A experiência mostrou--me que, na maioria das vezes, não há qualquer vontade real de conhecer o que penso. Trata-se quase sempre de pedidos de confirmação: eles já sabem que são bons, génios da literatura, apenas precisam de uma declaração escrita, um certificado. E mesmo que fossem aquilo que julgam, os editores não me ouvem, como já disse. Mas, parando um instante, porque have-riam de ouvir? Seriam maus editores se as minhas opiniões tivessem o peso que esses pedidos de leitura supõem.

Não faço elogios públicos. Nunca utilizei textos como este, ou como outros, parentes deste, publicados noutras páginas, para gabar amigos ou conhecidos. Defendo os elogios. Acredito que não há elogios suficientes. Sou contra a austeridade de elogios. Os elogios enobrecem quem os faz.

Aquilo que os meus amigos esperam de mim

Não escrevo prefácios, não sugiro os livros, não faço elogios públicos, não dedico textos. Os meus amigos sabem tudo isto sobre mim

No entanto, repugnam-me quando fazem parte de um mercado de troca directa. A detracção de alvos escolhidos, inimizades de amigos, é uma das faces desse mesmo comércio, mas ainda mais repugnante, fruto de inseguranças não assumidas. Entrar nes-se jogo é como mentir, não tem saída: uma mentira precisa sempre de novas mentiras que a justifiquem.

Não dedico textos. Uma licenciatura em línguas e literaturas modernas pode ser utilizada para vários fins. A mim, serviu-me para, entre outras coisas, firmar a convic-ção de que todos os elementos textuais devem contribuir para o sentido do texto literário a que se referem. Ou seja: eu de-dico textos, mas tem de haver uma razão, uma intenção, que acrescente significado formal ou semântico ao próprio texto. Se eu quiser agradecer aos meus amigos, ou

demonstrar-lhes que gosto deles, escrevo--lhes um email, não lhes dedico um livro. Este é, aliás, um bom modo de se evitar que, anos mais tarde, se passe pelo triste papel de apagar dedicatórias de reedições.

Os meus amigos sabem tudo isto sobre mim. Mais, sabem que ando sempre a cor-rer atrás de alguma coisa e que, por isso, pode passar muito tempo entre os nossos

encontros. Também eles andam a correr atrás de alguma coisa. Havemos de marcar um almoço, havemos de marcar um café, repetimos a acreditar que vai ser assim. Sentimos falta, mas habituámo-nos a ela. Quando, finalmente, estamos no mesmo lugar, somos desconhecidos para os filhos uns dos outros que, entretanto, cresceram bastante. Então, temos muito para contar, actualizações antigas que nos mostram o verdadeiro tamanho do tempo que passou. Mas o à-vontade mantém-se intacto. Porque os meus amigos não são aqueles para quem fui tudo até ao momento em que passei a ser nada, não são aqueles que me abando-naram quando deixei de lhes ser útil, os meus amigos não são aqueles com quem partilhei segredos e que, anos mais tarde, quando nos cruzamos por acaso, nem sei se hei-de cumprimentá-los.

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SOUP

Page 24: Hoje Macau 8 MAI 2014 #3084

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hoje macau quinta-feira 8.5.2014

JOANA [email protected]

O Governo vai atribuir di-rectamente os serviços da Reolian à empresa que a

substituir, sem abertura de concurso público. A dispensa foi ontem anun-ciada em Boletim Oficial (BO), num despacho que justificava a decisão com o facto de os serviços de autocar-ro serem uma necessidade urgente.

O Executivo não especifica o nome da empresa a quem vai ser concedido o serviço mas só a Transmac está em negociações com o Governo. Ontem, fonte conhecedora do processo confir-mou ao HM que os serviços vão ser adjudicados a esta empresa e que a assinatura do contrato “está para breve”.

“Tendo em conta o interesse público de se garantir o normal e continuado funcionamento do serviço público de trans-portes colectivos rodoviários de passageiros, assim como a especialidade da exploração do serviço de transportes públicos, há necessidade de que uma socie-

SERVIÇOS DA REOLIAN VÃO SER CONCESSIONADOS POR AJUSTE DIRECTO

Adeus querido concursodade com adequada capacidade de exploração continue a realizar a operação”, começa por referir o BO, que acrescenta que a in-tenção é “proceder com a maior celeridade possível” à concessão.

Em casos urgentes e de in-teresse público, a lei permite que seja dispensado o concurso público. Segundo a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que emitiu um comunicado ontem, este é o caso, até porque um concurso público iria demorar muito tempo. “Um novo concurso público dura cerca de nove meses a um ano e o contrato de locação da empresa vai terminar muito em breve. Dada a urgência de que se reveste o processo de concessão, para garantir o normal e continuado funcionamento do serviço público de transportes colectivos rodovi-ários de passageiros, é necessário que exista uma entidade com ade-quada capacidade de exploração para continuar as operações. Há que proceder à concessão, com a maior brevidade possível, por ajuste directo.”

A Reolian declarou falência no ano passado, estando actual-mente o Executivo encarregue da gestão da empresa. No entanto, no final de Junho - e depois de uma prolongação do período em que o Governo poderia manter isto a seu cargo – termina o contrato de locação entre a massa falida da Reolian e a RAEM.

A DSAT admite que “vários potenciais investidores”, tanto locais como do exterior, entraram em contacto com o Governo. O organismo diz, no entanto, ter reduzido a escolha a um, uma vez que é preciso pensar na capacidade e experiência. Nas negociações está incluído o compromisso de se contratarem os trabalhadores da Reolian. A Transmac opera em Macau há mais de 26 anos e foi inicialmente fundada por Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo.

A DSAT assegura ainda que o Governo tem-se empenhado em seguir as recomendações apresentadas pelo Comissariado contra a Corrupção no que res-peita ao contrato de serviços dos autocarros.

O Tribunal Constitucional da Tailândia forçou on-tem a saída da primeira-

-ministra Yingluck Shinawatra ao considerar que esta violou a Constituição do País abusando da sua posição na nomeação de um alto funcionário.

Os magistrados decidiram que a nomeação do Secretário--Geral do Conselho de Segurança Nacional, Thawil Pliensri, em 2011, foi “inconstitucional” por ter sido tomada para favorecer a promoção de familiares e filiados ao partido do Governo. Yingluck Shinawatra é a irmã mais nova do antigo chefe do Governo Thaksin Shinawatra, no exílio, depois de

TAILÂNDIA TRIBUNAL DEMITE PM

Triste Shinater sido deposto num golpe militar em 2006, ter sido acusado, julgado e condenado à revelia por abuso de poder e corrupção.

O ministro do Comércio e vice-primeiro-ministro tailandês foi, entretanto, nomeado para a chefia do Governo, em substi-tuição de Yingluck Shinawatra, anunciou o executivo.

“O Governo decidiu nomear Niwattumrong Boonsongpaisan primeiro-ministro interino”, de-clarou o vice-primeiro-ministro Phongthep Thepkanjana à im-prensa. “Vai realizar-se na sexta--feira um Conselho de Ministros para distribuir as pastas pelos mi-nistros restantes”, acrescentou. Phongthep Thepkanjana disse que nove ministros em 35 tinham sido destituídos com Yingluck.

Yingluck Shinawatra, contes-tada por um movimento popular há seis meses, “não pode continu-ar no cargo de primeiro-ministro para tratar os assuntos correntes”, declarou o presidente do Tribunal Charoon Intachan, na leitura da decisão, transmitida em direto pela televisão.