história do livro e das bibliotecas

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Apostila para o curso de Auxiliar de biblioteca - IF Sul de MG - Pouso Alegre

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  • INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E

    TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS

    AUXILIAR DE BIBLIOTECA

    PRONATEC

    HISTRIA DO LIVRO E DAS BIBLIOTECAS

    Pouso Alegre (MG) 2013

  • HISTRIA DO LIVRO E DAS BIBLIOTECAS

    Antes de falarmos sobre as bibliotecas e os servios informacionais,

    importante conhecer um pouco sobre a evoluo da comunicao

    humana, da escrita e seus suportes, o registro da memria e os domnios

    do saber que nos remetem aos livros e s bibliotecas atuais.

    1 COMUNICAO

    A comunicao uma das capacidades mais caractersticas do ser

    humano. A comunicao um marco histrico que revolucionou o mundo,

    desde os primatas at os dias de hoje. A tecnologia avanou em passos largos,

    e a comunicao teve seu o contributo na medida em que o tempo passava, e

    ela estava sempre presente.

    No entanto, a comunicao foi e continua a ser o elo mais importante

    da evoluo humana, fez o grande diferencial entre o ontem e o hoje. Nas

    pocas passadas os homens que viviam na terra tinha uma grande

    necessidade de comunicar-se um com os outros. E para chegar o que a

    sociedade hoje precisou passar por muitas mudanas em seus hbitos. Tais

    como a revoluo da pr-histria.

    Na pr-histria o homem buscou se comunicar atravs de desenhos

    feitos nas paredes das cavernas. Atravs dessas pinturas o homem trocava

    mensagens, passava ideias, transmitia desejos e necessidades.

  • Porm, no era ainda um tipo de escrita, pois no havia organizao,

    nem mesmo padronizao das representaes grficas. No entanto, era uma

    espcie de troca de informao que permetia ao homem suas conquistas em

    suas grandes caadas.

    Entretanto, a pr-histria (aproximadamente 500.000 mil anos) foi uma

    civilizao que viveu antes do surgimento da escrita.Os homens das cavernas

    no falavam. Nesta Era utilizam gestos, sons (rosnados, roncos e

    guinchos) e outros sinais padronizados, os quais eram passados s novas

    geraes para que pudessem viver em sociedade. Era um modo lento e

    primitivo de comunicao, comparado fala humana.

    Para melhor compreendermos vamos dividi a pr-histria em diferentes

    pocas e revolues que mudaram o mundo:

    Paleoltico e Mesoltico de 500.000 a.C. 18.000 a.C: quando

    homem comeou a se comunicar pelos desenhos (que hoje se encontra

    em muitas cavernas), a fabricar utenslios para seu uso, usar foto, trajes

    e etc.

    Neoltico de 18.000 A.C 5.000 a.C.: o homem melhorou a sua

    condio de vida saindo cavernas, para casas construdas por eles, os

    trajes eram feitos por tear, e a comunicao passou a ser expressa

    atravs da tcnica de gravar o cotidiano em ossos, pedras e madeiras,

    assim como apareceu a modelagem em argila.

    Idade dos metais de 5.000 a.C 4.000 a.C.: assim denominada

    porque o homem comeou a utilizar cobre, ferro e bronze no seu dia a

    dia; as civilizaes viram centros urbanos e o homem descobre a

    importncia de se desenvolver perto de rios. Os seus meios de

    locomoo tambm se desenvolvem, porm o meio de comunicao

    continua o mesmo.

    Era da fala: iniciou- se cerca de 35 a 40 mil anos. A fala possibilitou o homem

    a dar um salto no desenvolvimento humano, pois atravs da fala foi possvel

    transmitir mensagens complexas, com tambm contestar aquilo que foi

    exposto.

  • Assim, durante sculos os conhecimentos foram transmitidos de

    gerao a gerao por meio da narrao, dos contos, das anedotas e dos

    provbios. A isso chamamos tradio oral. No entanto, a linguagem oral no

    deixa registro. Mas sim a linguagem escrita.

    1.1 ESCRITA

    O ser humano desenvolveu a capacidade de transmitir conhecimento a

    seus semelhantes, isso vem ocorrendo desde os primrdios que a humanidade

    surgiu. Talvez tenha sido essa capacidade que permitiu sua sobrevivncia

    como espcie e, certamente, foi ela que lhe deu a supremacia na escala

    evolutiva, pois graas sobrevivncia humana como os seres que reinaram a

    terra, o mundo pde acompanhar a evoluo do mesmo em relao ao

    conhecimento.

    O grande marco da histria da humanidade foi, sem dvida, a inveno

    da linguagem escrita, pois, ao preservar seus sentimentos, suas tecnologias e

    seus anseios num conjunto de marcas, o homem criou a possibilidade de

    acumulao e produo de conhecimentos que propiciaram o surgimento da

    filosofia, das cincias e das artes. No se tem certeza absoluta da data do

    surgimento, mas alguns estudiosos dizem que ela surgiu na Mesopotmia,

    localizada entre os Rios Tigre e Eufrates, local onde apareceram as primeiras

    civilizaes.

    Assim, antes do livro surgiu escrita, h cerca de 40 mil anos, quando

    o homem pintava imagens de sua realidade nas paredes das cavernas

    (pictografia). A pictografia uma forma de escrita pela qual as idias so

    transmitidas atravs de desenhos. Este tipo de escrita era entendida em

    qualquer lngua falada, pois possua um grande nmero de smbolos. Os

    pictogramas parecem ser absolutamente auto-explicativos e universais, mas na

    verdade possuem limitaes culturais. Por exemplo, os pictogramas de

    banheiro, em que o sexo diferenciado por uma representao de uma figura

    feminina usando saia, podem ser um problema na identificao por usurios

    no ocidentais.

  • Portanto, por volta de 4000 a.C, os sumrios desenvolveram uma

    tcnica denominada cuneiforme, utilizando placas de barro como suporte, que

    apresentava sinais em forma de cunhas.

    Pictograma em Pedra Escrita Cuneiforme

    Porm, muito do que se sabe hoje sobre este perodo da histria, deve-

    se s placas de argila com registros do cotidiano, administrativos, econmicos

    e polticos da poca. Com a inveno da escrita, cujos criadores so

    considerados o povo Sumrio (a civilizao mais antiga da humanidade), surge

    primeira tentativa de fixar a linguagem. Os primeiros suportes utilizados para

    a escrita e que podem ser considerados os primeiros livros foram s tabuletas

    de argila. O estilo de sua escrita era a cuneiforme.

    Os egpcios antigos tambm desenvolveram a escrita quase na mesma

    poca em que os sumrios em torno do ano 3000 a.C. Existiam duas formas de

    escrita no Antigo Egito: a demtica (mais simplificada) e a hieroglfica (mais

    complexa e formada por desenhos e smbolos). Hieroglifo um termo que

    junta duas palavras gregas: Hiers (sagrado) e glifos (escrita).

    Escrita- Smbolos e sinais do hieroglifos

    As paredes internas das pirmides eram repletas de textos que falavam

    sobre a vida do fara, rezas e mensagens para espantar possveis

    saqueadores. Alm disso, a parede trazia tambm textos para ajudar o fara,

    quando voltasse receberia informaes atravs da escrita.

  • Os escrives profissionais, ou seja, escribas estavam entre os poucos

    que sabiam ler, escrever e contar. Ele era o responsvel pela cobrana dos

    impostos, classificao dos valores de todas as propriedades, contagem do

    nmero de trabalhadores do reino, organizao das leis, fiscalizao das

    atividades econmicas e por outras funes pblicas.

    Os escribas, para escrever, utilizavam objetos de metal, osso e marfim,

    sendo que uma das extremidades era larga e pontiaguda, e a outra era plana

    em forma de paleta com a finalidade de cancelar o texto, analisando o material

    arranhado ou errado.

    A escrita hieroglfica constitui provavelmente o mais antigo sistema

    organizado de escrita no mundo, e era vocacionada principalmente para

    inscries formais nas paredes de templos e tmulos. Os hierglifos foram

    usados durante um perodo de 3500 anos.

    Hierglifo

    A partir desse momento, a escrita foi adquirindo caractersticas muito

    prprias em diversos povos (escrita mnemnica, escrita fontica e escrita

    ideolgica). As formas de registro e guarda da memria escrita tambm

    variavam bastante.

    Entretanto, nessa poca j existiam diversas grandes bibliotecas. Da

    escrita pictogrfica para a escrita alfabtica a grafia dos sinais foi se

    modificando.

  • 1.2 ALFABETO

    At chegarmos escrita alfabtica passamos por um lento processo

    evolutivo.

    Com a criao do alfabeto, conjunto reduzido de sinais que

    representavam os sons bsicos utilizados em uma lngua, as sociedades foram

    evoluindo, e os conhecimentos puderam ser registrados de maneira mais fixa,

    clara e duradoura.

    Alfabeto

    Vrios povos desenvolveram escritas fonticas. Porm, gregos, fencios

    e outros criaram seus alfabetos, onde alguns desses so utilizados at nossos

    dias.

    Por serem comerciantes e navegadores, os fencios (usado em 1500

    a.C.) em seus deslocamentos difundiam rapidamente essa nova inveno entre

    os povos do Mediterrneo: o aramaico, o hebraico, o copta, o rabe e o grego

    tm a sua origem. Desse modo, acredita-se que o alfabeto fencio acabou

    estimulando outros povos a criarem em conformidade com suas lnguas, seus

    prprios sistemas de escrita.

    O povo grego, por exemplo, deve a inveno do seu alfabeto aos

    fencios, onde utilizava a abstrao alfabtica para substituir cada som por uma

    letra, formando assim o primeiro alfabeto da histria. O alfabeto fencio foi

    utilizado por volta do final do sculo XII a.C.

    Da escrita grega, originou-se o etrusco, que deu origem ao latim, que,

    por sua vez, deu origem ao portugus. Deve-se ressaltar que a escrita

    alfabtica, juntamente com a descoberta do papel, propiciou a democratizao

    do conhecimento. Assim, o que era antes privilgio somente de escribas,

    membros da igreja e da realeza passou a fazer parte do cotidiano de diferentes

  • segmentos sociais. As letras maisculas do alfabeto so baseadas nos

    desenhos das letras da escrita monumental romana. J as minsculas so

    baseadas no desenho das letras criadas especialmente para a redao dos

    documentos do imprio de Carlos Magno. Os algarismos foram incorporados

    do desenho da escrita rabe.

    Com o passar do tempo, esta forma de escrita tambm se modificou,

    tomando-se complexa para leitura. Contudo, no sculo XV, alguns eruditos

    italianos, incomodados com este estilo complexo, criaram um novo estilo de

    escrita. No ano de 1522, um italiano, chamado Lodovico Arrighi, tornou-se

    responsvel pela publicao do primeiro caderno de caligrafia. Foi ele quem

    deu origem ao estilo, que hoje se denomina, itlico.

    Conhecer o alfabeto, hoje, no significa apenas conhecer as letras e,

    sim, entendermos a evoluo da prpria escrita. Seja ela em cdigos, ritos,

    registros ou desenhos, atravs dela e por ela, que se expressa e eterniza as

    nossas ideias, os nossos sentimentos, levando ao conhecimento de outros

    seres humanos e de outros grupos da sociedade. , assim, que se transmite a

    cultura e as atitudes a outros.

    1.3 Os primeiros suportes da escrita

    Desde os primeiros tempos, o homem procurou registrar suas

    impresses sobre o mundo, no interior das cavernas, utilizando para isso

    pedra, materiais inorgnicos e orgnicos base de tintas vegetais e minerais.

    Na Antiguidade, o homem experimentou outros suportes encontrados na

    natureza como forma de registrar a visualidade ou a escrita, como a argila,

    ossos, conchas, marfim, folhas de palmeiras, bambu, metal, cascas de rvores,

    madeira, couro, papiro, velino, pergaminho, seda e, finalmente, o papel.

    Sendo assim, quando se fala de escrita, trata-se de um processo longo

    e evolutivo, ao mesmo passo que a escrita se aperfeioava seus suportes

    tambm mudavam, os trs reinos da natureza ofereceram e continuam a

    oferecer suas contribuies.

  • Reino mineral: Muitos materiais foram utilizados, os mais evidentes so: a

    pedra, o mrmore, a argila, o bronze, o chumbo, o ouro e a prata. Ainda coo

    instrumentos para a escrita utilizavam-se o cinzel de metal, o estilete, o grafite,

    pontas de flechas, facas rsticas, entre outros.

    Reino vegetal: A madeira foi um dos primeiros e principais suportes da escrita,

    chamadas de tablitas de madeira, podiam ser enceradas e escritas com

    estiletes. Pertencentes a estemesmo reino pode-se citar ainda as folhas de

    palmeiras e oliveiras, panos e papiro.

    Reino Animal: A matria prima era o couro de carneiro ou de cabrito, vaca,

    retirado com instrumentos cortantes, lavado, raspado e exposto ao sol para

    secar.

    Os suportes que conseguiram conservar a escrita por mais tempo e

    com nitidez suficiente foram: o papiro, o pergaminho e, finalmente o papel, os

    quais sero tratados a seguir.

  • 2 PAPIRO

    Por volta de 2500 a.C. os egpcios desenvolveram uma nova tcnica,

    fabricar folhas de papiro. O papiro considerado o precursor do papel.Os

    egpcios utilizaram o papiro, plantas silvestres que cresciam s margens do rio

    Nilo, e de cujo talo fabricavam uma pasta sobre a qual podiam escrever.

    Dada, a sua contextura fibrosa, as folhas de papiro eram utilizadas

    apenas de um lado, essas folhas eram emendadas umas as outras formando

    os chamados rolos. No era possvel dobr-lo, e assim surge primeira forma

    de livro, o rolo de papiro.

    Processo de Confeco do Papiro Papiro

    O papiro atravessou sculos, levando a cultura do Egito a outros

    povos, copiada at pelos gregos e romanos, por isso permitiu no s a

    preservao da memria cultural, mas serviu tambm de testemunho da

    histria dos materiais usados pelo ser humano.

    Com a grande procura do papiro, esse material tornou-se raro, caro e

    cada vez mais escasso, abrindo espao para um novo tipo de suporte, o

    pergaminho.

    2.1 Pergaminho

    Em Prgamo, cidade da sia Menor, utilizou-se pele de cabra, vaca e

    cordeiro, que se tornaram suportes mais flexveis e resistentes que o papiro.

  • Foram chamados de pergaminho. O uso deste material surgiu devido

    escassez do papiro.

    Assim, como o papiro, possui valor histrico imprescindvel, grande

    parte dos manuscritos medievais foram copiados neste suporte. O pergaminho

    j permitia dobras e cortes em forma de cadernos que, costurados juntos, pelas

    bordas, deram origem forma do livro atual.

    Pergaminho

    Nos mosteiros cristos eram mantidas bibliotecas de pergaminhos,

    onde monges letrados no perodo se dedicavam cpia de manuscritos

    antigos, devendo-se a essa atividade monstica a sobrevivncia e divulgao

    dos textos clssicos da cultura grega e latina no Ocidente, principalmente

    poca do Imprio Bizantino.

    Na atualidade o pergaminho utilizado para a confeco de diplomas

    universitrios, ttulos e letras do Tesouro Nacional por ser considerado um

    material difcil de ser falsificado, graas s nuances naturais e sua grande

    durabilidade.

    2.2 Papel

    A margem dessa trajetria do papiro e do pergaminho, outros povos

    utilizavam-se dos mais diversos suportes para registrar seus escritos.

  • Os indianos faziam seus livros em folhas de palmeiras. Os maias e os

    astecas, antes do descobrimento das Amricas, escreviam os livros em um

    material macio existente entre a casca das rvores e a madeira. At o sc. II

    d.C., na China, a seda era o material mais usado para registrar a escrita.

    Porm, o papel como conhecemos, surgiu na China no incio do sculo II

    d.C., atravs de um oficial da corte chinesa, chamado Tsai Lun, a partir do

    crtex de plantas, tecidos velhos e fragmentos de rede de pesca. Assim, estava

    inventado o papel.

    Esse novo suporte representou um notvel avano em relao ao papiro

    e pergaminho, j que sua fabricao era muito mais econmica, e em sua

    superfcie lisa podia ser modeladas imagens. O papel s veio chegar ao

    ocidente no sculo VIII de nossa era, trazido pelos mercadores rabes, que

    logo estabeleceram fbricas importantes.

    O papel comeou a ser fabricado pela primeira vez na Europa, em

    1150, em Jtiva, na Espanha, depois em Valncia. Em 1228, o papel foi

    fabricado em Fabriano na Itlia, em 1338, na Frana, em 1312, na Alemanha.

    Com isso, no sc. XIV, o papel substituiu o pergaminho na Europa, que o

    utilizava para produzir livros manuscritos e com iluminuras.

    2.3 Imprensa

    A tipografia consistia em pequenas peas de madeira ou metal em

    relevo de letras e smbolos. Antes de Gutenberg (em 1405), os chineses j

    haviam criado tipos rudimentares, mais que no eram reutilizveis, pois eram

    de madeira.

    A Imprensa veio realmente com tipos mveis reutilizveis pelo alemo

    Johannes Gutenberg, em 1455. Seus tipos eram de chumbo fundido, mais

    duradouro e resistente do que os fabricados em madeira. Entretanto, o primeiro

    livro impresso por essa tcnica foi a Bblia de 43 linhas em latim. Dele foram

    tirados 100 exemplares. A apario da imprensa no ocidente significou, para o

    livro, a transformao de uma fase artesanal para uma fabricao industrial e

    comercial. Assim, a imprensa permitiu que um homem falasse a muitos.

  • A inveno da imprensa por Gutenberg, com os tipos mveis, na

    Alemanha no sc. XV representou um grande evento para a humanidade: da

    produo manuscrita aos livros impressos. O que representou um aumento

    considervel da produo artstica e intelectual na Europa, ao mesmo tempo,

    uma expanso maior da fabricao do papel.

    A imprensa de Gutenberg

    Assim, a inveno da imprensa por Gutenberg foi um marco para a

    ampliao do conhecimento, pois possibilitou a construo de colees

    particulares.

  • 3. DO LIVRO BIBLIOTECA

    Com a inveno da imprensa e a utilizao do papel foi gerado uma

    nova situao de acessibilidade: o livro. Este se torna um estmulo ao

    conhecimento das letras e a gerao de novas informaes, configurando-se

    numa tecnologia revolucionria ao viabilizar o maior acesso e disseminao da

    informao.

    O livro considerado o primeiro produto feito em srie. Ele propiciou a

    popularizao da cultura, que deixou de ser patrimnio exclusivo dos nobres e

    religiosos para estender-se de uma grande populao. Essa difuso gerou

    mudanas estruturais na sociedade, ao permitir o conhecimento macio das

    leis, da filosofia, das artes e da cincia.

    Desde modo, o livro foi a primeira mquina de ensinar, e tambm o

    primeiro bem produzido em massa.

    Durante muito tempo, o livro, teve o monoplio da transmisso do saber,

    at o aparecimento de meios mais modernos e outros impressos de mais fcil

    aquisio. Entretanto, podemos dizer que o livro determinou profundas

    transformaes que marcaram a histria do pensamento humano: a circulao

    de ideias expandiu-se, saltou, definitivamente o muro dos conventos, chegando

    a um nmero cada vez maior de pessoas.

    3.1 A Evoluo do livro

    Oriente antigo Placas de argila

    Egpcios, Gregos, Romanos Rolos de papiro ou pergaminho.

    Idade mdia Folhas costuradas.

    Idade moderna E-book (livro eletrnico)

    O livro apresenta tambm trs caractersticas importantes: suporte da

    escrita, difuso e conservao de um texto, manejabilidade.

    O avano da tecnologia apresentou uma nova forma de registrar a

    informao gerando polmicas e mudanas quanto ao seu acesso e uso, no

    s na forma impressa como tambm na digital. No entanto, isso nos faz pensar

  • que nossos antepassados tiveram de percorrer um longo caminho at chegar

    ao nosso conhecido papel, ao livro, ao computador, ao Cd-rom, internet e aos

    e-books. A utilizao da tecnologia foi, e ainda , uma constante na viabilizao

    da descoberta de novas formas de codificao.

    Entretanto, todo esse caminho fez com que a bibliotecas, por sua vez,

    tomassem novos rumos, ganhando novas atribuies. Se antes elas eram

    espaos silenciosos e de guarda de livros, hoje, com o avano das novas

    tecnologias da comunicao e da informao, passaram a agregar novas

    formas de difuso da cultura.

    3.2 Biblioteca

    A histria da biblioteca a mesma do registro da informao, sendo

    impossvel separ-la de um contexto mais amplo: a prpria histria do homem.

    Em Nnive, Iraque (antiga Mesopotmia) os arquelogos encontraram

    cerca de 22 mil placas de argila, que ali estavam desde o sculo XII a.C. a

    biblioteca mais antiga que se tem notcia, e pertencia ao rei Assurbanipal.

    Entretanto, a biblioteca mais celebre e grandiosa da antiguidade, foi a de

    Alexandria, sculo IV a. C. que tinha como ambio reunir em um s lugar todo

    o conhecimento humano. Seu acervo era constitudo de rolos de papiro

    manuscritos - aproximadamente 60 mil volumes, contendo literatura grega,

    egpcia, assria e babilnica.

    A biblioteca foi construda e mantida por reis gregos que herdaram a

    poro egpcia do imprio construdo por Alexandre, o Grande.

    Ela no se contentou em ser apenas um enorme depsito de rolos de

    papiros, mas por igual tornou-se uma fonte de instigao para que os homens

    de cincia e letras desbravasse o mundo do conhecimento e das emoes,

    deixando assim, um notvel legado para o desenvolvimento geral da

    humanidade.

    A biblioteca foi destruda deliberadamente em um incndio no ano 391.

    Foi recuperada somente uma pequena parte de suas obras e fragmentos

    dispersos. Com a destruio desapareceu a possibilidade de recuperar os

    conhecimentos cientficos e histricos da poca.

  • Biblioteca de Alexandria

    Essas primeiras bibliotecas em palcios e templos eram usadas

    apenas por sacerdotes e reis, os poucos privilegiados que sabiam ler e

    escrever.

    Com o aparecimento da imprensa, consequentemente, do livro

    impresso, as bibliotecas deixaram de serem tesouros para se tornarem em

    utilidades e os livros perderam seu valor material para se tornarem material de

    consumo.

    Com a Revoluo Francesa o livro tirado das mos dos nobres e

    colocado disposio da maioria. A Revoluo industrial, tambm, ajudou a

    mudana da biblioteca museu, que deixou de ser a nica alternativa, passando

    a existir a biblioteca/servio, oferecida ao pblico. Assim, a nova biblioteca

    tinha funo educativa, beneficiando todas as pessoas sem distino de sexo,

    idade, cor, raa ou religio, incentivando desse modo o hbito da leitura.

    Outras grandes bibliotecas tambm foram destaques na antiguidade,

    dentre elas:

    A Biblioteca de Prgamo: localizada na sia Menor, que contava com

    um acervo de 200 mil volumes, no alcanou a reputao intelectual de

    Alexandria, mas teve uma grande significao histrica, sendo a

    responsvel por inventar o pergaminho.

  • Bibliotecas Gregas: as bibliotecas gregas tinham o carter de

    biblioteca pblica e que objetivava reunir em um mesmo lugar obra dos

    autores mais famosos, tais como Homero. As bibliotecas gregas ainda

    que particulares, que merecem destaques, so as de Eurpedes,

    Aristteles e Teofrasto.

    Bibliotecas Romanas: as bibliotecas em Roma apresentam verdadeiro

    avano na representao fsica e crtica das chamadas casas da

    sabedoria. No entanto, na medida em que as luzes de Roma

    comearam a se apagar, suas bibliotecas definharam e morreram, uma

    vez que os recursos necessrios para adquirir e preparar o pergaminho

    se tornou caro e escasso.

    Bibliotecas Monacais: Durante o perodo medieval, mosteiros e

    conventos definiram-se como bibliotecas. Todos os grandes mosteiros

    possuam um Scripitorium, oficina de copistas em que o trabalho era

    distribudo aos monges.

    Bibliotecas Bizantinas: so de uma importncia maior que as

    ocidentais, pois de certa forma, seriam impossvel que os monges

    ocidentes sozinhos fossem capazes de provocar ou permitir o

    Renascimento. Era predominantemente ncleos da civilizao helnica,

    um contedo profano para os cristos.

    Nos sculos XVII e XVIII criaram bibliotecas, arquivos e museus

    nacionais em toda Europa. As revolues burguesas do sculo XIX

    transformaram a maioria das bibliotecas em centros pblicos. A primeira

    biblioteca pblica, financiada pelo governo e desenhada para a formao da

    populao, se fundou em 1850, em Manchester. Tambm no sculo XIX

    comearam a se fundar e a se generalizar as bibliotecas pblicas nacionais na

    Espanha e na Amrica Latina. Na atualidade, as bibliotecas se constroem de

    modo que possam ser facilmente ampliadas ou modificadas.

    A estrutura das bibliotecas deve adaptar-se ao ritmo das mudanas do

    suporte fsico dos documentos que acolhem. Essas mudanas se derivam,

    basicamente, dos avanos das novas tecnologias, que permitem concentrar

    muita informao em pouco espao. Atualmente, a Biblioteca do Congresso

    (Library of Congress), fundada em 1800, em Washington, nos EUA, a maior

  • do mundo. Sua funo principal servir de fonte de informaes ao Congresso

    norte-americano e outros rgos oficiais do pas.

    Hoje com o impacto das tecnologias da informao, ou seja, a entrada

    dos computadores nas bibliotecas e o fenmeno da Internet, colocando

    disposio informaes em ambiente eletrnico, so estabelecidos trs

    perodos principais na histria das bibliotecas.

    Biblioteca Tradicional: de Aristteles (384 a.C.) at o inicio da

    automao de 1960.

    Biblioteca Moderna ou Automatizada: Uso de computadores nos

    servios tcnicos (catalogao e organizao do acervo de 1970 at os dias

    atuais)

    Biblioteca do futuro: considerada a biblioteca virtual, sem paredes

    (recuperao de informaes ou texto completo disponvel on- line de 1990 em

    diante.

    4. CONCEITOS DE BIBLIOTECONOMIA

    Um dos primeiros conceitos de Biblioteconomia foi criado pela

    American Library Association, que a definiu como uma rea voltada para a

    aplicao prtica de princpios e normas criao, organizao e

    administrao de bibliotecas.

    J no Diccionario de Bibliotecologia, a rea que se destina ao estudo

    dos princpios racionais para realizar, com a maior eficcia e o menor esforo

    possvel, os fins especficos das bibliotecas.

    A definio de Maria das Graas Targino, da Universidade Federal do

    Piau (UFPI), entretanto, a rea do conhecimento que se ocupa com a

    organizao e a administrao das bibliotecas e outras unidades de

    informao, alm da seleo, aquisio, organizao e disseminao de

    publicaes sob diferentes suportes fsicos.

    Baseado nessas definies, alguns especialistas mostram o paradigma

    da Biblioteconomia: a biblioteca como instituio social, destacando que a

    funo maior da instituio possibilitar o uso dos documentos a um dado

  • pblico, e para isso, necessrio utilizar tcnicas e pessoal qualificado para a

    aquisio e organizao de tais documentos.

    A Biblioteconomia considerada como uma rea do conhecimento, na

    medida em que compreende um conjunto de organismos, operaes tcnicas e

    princpios que do aos documentos a utilizao mxima, em benefcio da

    humanidade.

    4.1 Conceitos

    Biblioteca

    A palavra biblioteca tem sua origem nos termos gregos biblon (livro) e theka

    (caixa), significado o mvel ou lugar onde se guardam livros.

    uma coleo de documentos bibliogrficos (livros, peridicos, folhetos) e no

    bibliogrficos (gravuras, mapas, filmes, discos, fitas etc.), organizada e

    administrada para formao, consulta e recreao de todo o publico ou de

    determinadas categorias de consulentes (UNESCO).

    Porm, o conceito e as explicaes para a palavra biblioteca vm se

    transformando e se ajustando por meio da prpria histria das bibliotecas. O

    novo conceito o de biblioteca menos como coleo de livros e outros

    documentos, devidamente classificados e catalogados do que como

    assemblia de usurios da informao. Isso quer dizer que as bibliotecas no

    devem ser vistas como simples depsitos de livros. Elas devem ter seu foco

    voltado para as pessoas no uso que essas fazem da informao oferecendo

    meios para que esta circule da forma mais dinmica possvel.

    Centro de documentao e informao

    Unidade de informao centralizada que oferece um trabalho complementar ao

    que oferecido pelas bibliotecas. Trabalha principalmente, com o contedo dos

    documentos, analisando e identificando as informaes mais teis para uma

    determinada clientela e oferecendo-as antecipadamente. Produz e difunde,

    ainda, produtos bibliogrficos.

  • Documentao

    o conjunto de conhecimentos e tcnicas que tem por fim a pesquisa, reunio,

    descrio, produo e utilizao de documentos de qualquer natureza (FID).

    a reunio, indexao, conservao e distribuio de quaisquer espcies de

    documentos.

    Informao

    a ideia ou mensagem contida num documento. Registro de um conhecimento

    que pode ser necessrio para uma deciso.

    Arquivo

    o conjunto de documentos, produzidos e recebidos por rgos pblicos,

    instituies de carter pblico e entidades privadas em decorrncia do

    exerccio de atividade especifica, bem como, por pessoa fsica, qualquer que

    seja o suporte da informao ou a natureza do documento (Lei, n.8159 de

    08/01/01991 art. 2).

    Arquivologia

    Cincia que tem por objeto os arquivos, os princpios e mtodos de sua

    constituio, conservao, organizao e comunicao.

    Museu

    Instituio que adquire, conserva, comunica e expe com a finalidade de

    aumentar o saber, salvaguardar e desenvolver o patrimnio, a educao e a

    cultura, bens representativos da natureza e do homem.

    Museologia

    a cincia que trata da filosofia, da teoria e dos princpios de conservao e

    apresentao das obras de arte nos museus.

  • REFERNCIAS

    ARAJO, Emanuel. A construo do livro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

    1986. BATTLES, Matthew. A conturbada histria das bibliotecas. So Paulo:

    Planeta do Brasil, 2003. 239p. BORNHEIM, Gerd. A propsito da histria de uma vida: o livro. In: O lugar do livro de hoje. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro 2000.p.37-44.

    CAMPOS, Arnaldo. Breve histria do livro. Porto Alegre: Mercado Aberto,

    1994. CAVALCANTI, Cordlia Robalinho. Da Alexandria do Egito Alexandria do Espao. Braslia: Thesaurus, 1996. 232p.

    ECO, Humberto. O nome da rosa. So Paulo: Circulo de leitores, 1980.

    MAN, John. A histria do alfabeto: como 26 letras transformaram o mundo

    ocidental. 2.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. MARTINS, Wilson. A palavra escrita: histria do livro, da imprensa e da biblioteca. 2. ed. So Paulo: tica, 1996. SOUZA, Gilson Luiz Rodrigues; OLIVEIRA, Rogria ngela de Freitas; ALVES, Valeria Regina. Reflexes sobre a histria e a relevncia social da escrita. Revista Brasileira de Educao e Cultura, So Paulo, n.2, p.24-30, jul.dez.

    2010.