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MATO GROSSO PERÍODO IMPERIAL JOÃO ANTONIO PEREIRA Conhecer o passado, entender o presente e articular o futuro

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História de MT, Exercícios, gabarito, Período Imperial

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Page 1: HISTÓRIA DE MT - PERÍODO IMPERIAL

MATO GROSSO

PERÍODO IMPERIAL

JOÃO ANTONIO PEREIRA

Conhecer o passado, entender o presente e articular o futuro

GUIRATINGA-MT, SETEMBRO/2009

Page 2: HISTÓRIA DE MT - PERÍODO IMPERIAL

HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

SUMÁRIO

1. MT NO PRIMEIRO REINADO___________________________________________________3

2. JUNTAS GOVERNATIVAS______________________________________________________3

3. GOVERNO PROVISÓRIO_______________________________________________________3

4. OUTROS GOVERNADORES DO 1º REINADO______________________________________3

5. A RUSGA_____________________________________________________________________3

6. MATO GROSSO NO SEGUNDO REINADO________________________________________3

7. GOVERNADORES DE MT NO 2º REINADO________________________________________3

9. A GUERRA DO PARAGUAI______________________________________________________3

10. OS MOTIVOS DA GUERRA_____________________________________________________3

11. A BATALHA DO AVAI_________________________________________________________3

12. BOMBARDEIO A CURUZU____________________________________________________3

13. O COMBATE DE LAGUNA_____________________________________________________3

14. A RETIRADA DA LAGUNA_____________________________________________________3

15. REVISÃO____________________________________________________________________3

SÍNTESE - MT NO PRIMEIRO REINADO_______________________________________________31. Panorama do Reinado - 1822/1831_____________________________________________________________3

16. CRONOLOGIA DA GUERRA DO PARAGUAI_____________________________________3

18. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO____________________________________________________3

19. GABARITO__________________________________________________________________3

2 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

1. MT NO PRIMEIRO REINADO

Primeiro Reinado: é o nome atribuido ao período em que D. Pedro I governou o Brasil como Imperador, entre 1822 e 1831, quando ocorreu a sua abdicação. Compreende o período entre 7 de setembro de 1822, data em que D. Pedro I proclamou a independência do Brasil, e 7 de abril de 1831, quando inicia-se o período regêncial.

É historicamente incorreto referir-se a este período como "Primeiro Império", já que o Brasil teve um único período imperial contínuo, dividido em primeiro e segundo reinado. O primeiro reinado caracterizou-se por ser um período de transição. Foi marcado por uma aguda crise econômica, financeira, social e política. A efetiva consolidação da independência do Brasil só ocorreria a partir de 1831, com a abdicação de D. Pedro I.

A notícia da independência foi recebida em MT em 1823. Um governo provisório único substituiu as duas juntas existentes. O primeiro presidente da província assumiu em 20 de abril de 1824, foi José Saturnino da Costa Pereira, irmão de Hipólito José da Costa, que instalou o governo em Cuiabá, o que transformou Vila Bela em "capital destronada".

As lutas entre as tendências conservadora e liberal refletiram-se na província durante o primeiro reinado e a regência. Em 25 de março de 1824, entrou em vigor a Constituição do Império do Brasil. As Capitanias passaram à denominação de Províncias, sendo os presidentes nomeados pelo Imperador. O Governo Provisório Constitucional regeu MT até 1825. A 10 de setembro de 1825, José Saturnino da Costa Pereira tornou-se o primeiro governador da Província de MT, após o Governo Provisório Constitucional.

2. JUNTAS GOVERNATIVAS

1ª JUNTA DE CUIABÁ

Nomes Início Fim

Luís de Castro Pereira 20/08/1821 01/08/1822

Jerônimo Joaquim Nunes 01/08/1822 20/08/18221822

1ª JUNTA DE VILA BELA

Nome Início Fim

José Antonio Assunção Batista 11/09/1821 1822

2ª JUNTA DE CUIABÁ

Nome Início Fim

Antônio José de Carvalho Chaves 20/08/1822 30/07/1823

2ª JUNTA DE VILA BELA

3 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

Nome Início Fim

Manoel Alves da Cunha 1822 30/07/1823

3. GOVERNO PROVISÓRIO

Nome Início Fim

Manoel Alves da Cunha 30/07/1823 10/09/1825

4. OUTROS GOVERNADORES DO 1º REINADO

Nome Início Fim

José Saturnino da Costa Pereira 10/09/1825 03/05/1828

Jerônimo Joaquim Nunes 03/05/1828 01/01/1830

André Gaudie Ley 01/01/1830 2107/1831

Antônio Corrêa da Costa 21/07/1831 27/04/1833

André Gaudie Ley 27/04/1833 03/12/1833

Antonio Corrêa da Costa 03/12/1833 26/05/1834

José de Melo Vasconcelos 26/05/1834 28/05/1834

João Poupino Caldas 28/05/1834 22/09/1834

Antônio Pedro de Alencastro 22/09/1834 01/02/1836

Antonio Corrêa da Costa 01/02/1836 24/02/1836

Antônio José da Silva 24/02/1836 23/08/1836

José Antonio Pimenta Bueno 23/08/1836 21/05/1837

José da Silva Guimarães 21/05/1838 16/09/1838

Estevão Ribeiro de Resende 16/09/1838 25/10/1840

Antônio Corrêa da Costa 25/10/1840 28/10/1840

José da Silva Guimarães 28/10/1840 09/12/1842

Antônio Corrêa da Costa 09/12/1842 11/05/1843

José da Silva Guimarães 11/05/1843 07/08/1843

Manuel Alves Ribeiro 07/08/1843 05/10/1843

José Mariano de Campos 05/10/1843 24/10/1843

Manuel Alves Ribeiro 07/08/1943 05/10/1843

José Mariano de Campos 05/10/1843 24/10/1843

4 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

Zeferino Pimentel Moreira Freire 24/10/1843 26/09/1844

Ricardo José Gomes Jardim 26/09/1844 05/04/1847

João Crispiano Soares 06/04/1848 31/05/1848

Antônio Nunes da Cunha 31/05/1848 27/09/1848

Joaquim José de Oliveira 27/09/1848 08/09/1849

João José da Costa Pimentel 08/09/1849 11/02/1851

Augusto Leverger 11/02/1851 01/04/1857

Albano de Sousa Osório 01/04/1857 22/02/1858

Joaquim Raimundo de Lamare 22/02/1858 13/10/1859

Antônio Pedro de Alencastro 13/09/1859 08/02/1862

Herculano Ferreira Pena 08/02/1862 12/05/1863

Augusto Leverger 12/05/1863 15/07/1863

Alexandre Manuel A. de Carvalho 115/07/1863 09/08/1865

Augusto Leverger 09/08/1965 13/02/1866

Albano de Sousa Osório 13/02/1866 01/05/1899

José Vieira Couto de Magalhães 01/05/1866 02/02/1867

João Batista de Oliveira 02/02/1867 13/04/1868

José Vieira Couto de Magalhães 13/04/1868 17/09/1868

Albano de Sousa Osório 17/09/1868 19/09/1868

José Antônio Murtinho 19/09/1868 26/03/1869

Augusto Leverger 26/03/1869 10/02/1870

Luís da Silva Prado 10/02/1870 29/05/1870

Antônio de Cerqueira Caldas 29/05/1870 12/10/1870

Francisco Antônio Raposo 12/10/1870 25/08/1871

Antônio de Cerqueira Caldas 27/05/1871 29/07/1871

Francisco José Cardoso Júnior 29/07/1871 25/12/1872

José de Miranda da Silva Reis 25/12/1872 06/12/1874

Antônio de Cerqueira Caldas 06/12/1874 05/07/1875

Hermes Ernesto da Fonseca 05/07/1875 02/03/1878

João Batista de Oliveira 02/03/1878 06/07/1878

5 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

João José Pedrosa 06/07/1878 05/12/1879

Rufino Enéas Gustavo Galvão 05/12/1879 02/05/1881

José Leite Galvão 02/05/1881 31/05/1881

José Maria de Alencastro 31/05/1881 10/03/1883

José Leite Galvão 10/03/1883 07/05/1883

Manuel de A. Gama Lobo d'Eça 07/05/1883 13/10/1884

Floriano Peixoto 13/10/1884 05/10/1885

José Joaquim Ramos Ferreira 05/10/1885 05/11/1885

Joaquim Galdino Pimentel 05/11/1885 09/11/1886

Antônio Augusto Ramiro de Carvalho 09/11/1886 09/12/1886

Álvaro R. Marcondes dos Reis 09/12/1886 28/03/1887

Antônio Augusto Ramiro de Carvalho 28/03/1887 29/05/1887

José Joaquim Ramos Ferreira 29/05/1887 16/11/1887

Francisco Rafael de Melo Rego 16/11/1887 16/02/1889

Antônio H. de Sousa Bandeira Filho 16/02/1889 11/07/1889

Manuel José Murtinho 11/07/1889 09/08/1889

Ernesto Augusto da Cunha Matos 09/08/1889 09/12/1889

Os fatos mais importantes da história mato-grossense no Primeiro Reinado foram a oficialização da Capital da Província para Cuiabá (lei nº. 19 de 28/8/1835) e a "Rusga" (movimento nativista de matança de portugueses, a 30/05/1834), conheça um pouco mais sobre esses acontecimentos:

5. A RUSGA

 A palavra "rusga" significa barulho, desordem, confusão, pequena briga ou desentendimento entre duas ou mais pessoas. No caso de Mato Grosso, não foi uma revolução como alguns apregoam, visto que não ocorreram mudanças na estrutura social e econômica da província. Foi um movimento de caráter pouco social em que os grupos políticos se digladiaram pelo poder.

Em função da menoridade de Dom Pedro, o país foi administrado por regentes. A Regência no Brasil, que durou de 1831 a 1840, foi uma conseqüência da abdicação de D. Pedro I. Durante esse período, dois grupos políticos dominavam a vida pública nacional, embora, na verdade, essa predominância tenha se estendido durante todo o Segundo Reinado, até 1889, quando da proclamação da República. De um lado os progressistas (mais tarde, Partido Liberal), aliados do regente padre Feijó, e de outro os regressistas (depois, Partido Conservador), facção política composta na maioria por portugueses que desejavam a volta do ex-imperador. Ideologicamente, essas duas correntes políticas tinham pouca diferença entre si, mas a ambição pelo poder as mantinha separadas, em constante pé de guerra.

6 João Antonio Pereira

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  Nas províncias, seus adeptos agrupavam-se sob nomes diversos. No Mato Grosso não acontecia coisa diferente, e por isso os liberais davam a si mesmos a denominação de “Sociedade dos Zelosos da Independência”, enquanto os conservadores preferiam intitular-se como “Sociedade Filantrópica”. Os membros dessas duas associações disputavam ferrenhamente o poder local, e foi nessa busca obsessiva pelo “direito” de mandar em tudo e em todos, que eles protagonizaram um capítulo sangrento da história mato-grossense. A professora Elizabeth Madureira Siqueira, doutora em Educação, Mestre em História e integrante do Conselho Diretor da Fundação da Universidade de Mato Grosso, esclarece em seu livro “A Rusga em Mato Grosso”, que:

“A Sociedade Filantrópica desejava recolocar no trono D. Pedro I, assim como ver mantido no poder político da província do Mato Grosso o grupo que tradicionalmente vinha conduzindo a política, e que, naquele momento, estava simbolizado pelo então presidente Antônio Corrêa da Costa, nomeado por D. Pedro I. A Sociedade dos Zelosos da Independência era responsável pela aglutinação de forças políticas de tendência moderada, uma vez que esta não concordava com as idéias republicanas (...) Almejava destituir do governo da província de Mato Grosso o grupo político que há anos a dirigia, e em seu lugar colocar os liberais”. 

Segundo os relatos da época, os integrantes da Sociedade dos Zelosos da Independência desejavam tomar o poder das mãos de seus adversários, e com esse objetivo planejaram uma revolta com início marcado para a madrugada do dia 30 de maio de 1834. Ao tomar conhecimento desse plano, o Conselho de Estado pretendeu abortar o movimento elegendo, em 27 de maio, o também conselheiro João Poupino Caldas, tenente-coronel ligado aos Zelosos da Independência, para o cargo de presidente da província, mas essa providência não surtiu nenhum resultado prático. 

Porque, na versão do historiador Estevão de Mendonça, em sua obra Datas Mato-grossenses, por volta das onze horas da noite do dia 30 de maio, data acertada antecipadamente para a eclosão da rebelião liberal,

“se ouviu tocar rebate de cornetas e caixas de guerra, tiros de arcabuzes, e gritos de morram os bicudos. Na escuridão da noite apenas se ouviam barulhos de machados e alavancas arrombando as portas dos negociantes adotivos ali residentes”.

“Bicudo” era o apelido depreciativo que os cuiabanos davam aos portugueses que moravam na cidade, e sua origem tem relação com Manuel de Campos Bicudo, bandeirante paulista e primeiro homem branco a chegar à região do estado de Mato Grosso. Foi ele quem fundou o arraial de São Gonçalo Beira Rio, por volta de 1673, no lugar onde atualmente se ergue a cidade de Cuiabá.

 Os registros revelam que nesta noite, no Campo D’Ourique, onde agora está instalada a

Assembléia Legislativa estadual, uma multidão revoltada ali se reuniu, e dali, incentivada pelo toque dos tambores e cornetas da Guarda Nacional, partiu pela rua Joaquim Murtinho em direção ao Palácio da Instrução, sede do Quartel dos Municipais, aos gritos de “Morram os bicudos pés de chumbo”, percorrendo depois outras ruas de Cuiabá disposta a atacar, ferir e até mesmo matar os portugueses encontrados pelo caminho. Segundo consta, mais de quatrocentos portugueses e estrangeiros, entre eles crianças, foram massacrados pelo populacho ensandecido. O padre José de Moura e Silva, em “Aspectos Históricos de Mato Grosso”, relata:

“O presidente Poupino Caldas, tentou conter a fúria da população enraivecida, mas nada conseguiu, a não ser que mais tarde o taxassem de traidor, por pertencer ao grupo liberal. Da mesma forma, os exaltados cuiabanos não ouviram os apelos do bispo D. José Antônio dos Reis, que de crucifixo na mão implorava o término da carnificina, mas de nada adiantaram seus apelos (...). Segundo Paulo Pitaluga Costa e Silva, em Breve História de Mato Grosso e Seus Municípios,

7 João Antonio Pereira

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‘O principal chefe desse movimento nativista em Mato Grosso foi o médico cirurgião e botânico Antônio Luís Patrício da Silva Manso, na época cognominado ‘O Tigre de Cuiabá’. Antônio Pedro de Alencastro assumiu o governo da Província a 29 de setembro de 1834 e promoveu processo contra os criminosos da sedição mato-grossense”.

 Em 04 de novembro de 1834, os jornais de Cuiabá informavam que:

“Atendendo à representação do Promotor Público Joaquim Fernandes Coelho, o Juízo de Paz do 1º Distrito iniciou ontem o Auto-sumário Crime para apurar as circunstâncias da rebelião armada que, na madrugada do dia 31 de maio, tomou de assalto prédios públicos, arrombou e saqueou casas comerciais e matou pelo menos 40 estrangeiros em Cuiabá. Antes mesmo da sentença, já estão presos no calabouço do Quartel da Guarda Municipal os cinco acusados pela Promotoria de liderar o movimento. São eles: o fazendeiro José Alves Ribeiro, o capitão da Guarda Nacional José Jacinto de Carvalho, o bacharel Pascoal Domingues de Miranda, o professor de filosofia Braz Pereira Mendes e o vereador Bento Franco de Camargo. As prisões teriam sido feitas ‘à ordem da regência e pelo povo em massa’, conforme justificou o novo Presidente da Província, Antônio Pedro de Alencastro. Os cinco ‘cabeças do movimento’, como diz a denúncia da Promotoria Pública, serão encaminhados para o Rio de Janeiro e julgados pelo Superior Tribunal de Justiça”.

 Sobre esse julgamento, a professora Elizabeth Madureira Siqueira esclarece que o Auto-sumário Crime puniu apenas soldados e populares que participaram dos arrombamentos e saques. Dos cinco líderes presos e enviados ao Rio de Janeiro, José Alves Ribeiro e José Jacinto de Carvalho, retornaram inocentados a Mato Grosso. Os outros três foram soltos, sendo que Pascoal Domingues de Miranda ficou na cidade carioca.

6. MATO GROSSO NO SEGUNDO REINADO

O segundo reinado é um período na história do Brasil que compreende 58 anos, se computado o período regencial (1831 - 1840). O período iniciou em 23 de julho de 1840, com a declaração de maioridade de D. Pedro II, e teve o seu término em 15 de novembro de 1889, quando o império foi derrubado pela Proclamação da República. Caso se considere apenas o governo pessoal de D. Pedro II (1840 - 1889), compreende 49 anos de duração.

O segundo reinado foi uma época de grande progresso cultural e industrial, com o crescimento e a consolidação da nação brasileira como um país independente, e como importante membro entre as nações americanas. Denota-se nesta época a solidificação do exército e da marinha, culminando na Guerra do Paraguai em 1870, e mudanças profundas na situação social, como a gradativa libertação dos escravos negros e o incentivo de imigração para a força de trabalho brasileira.

O primeiro presidente da Província de Mato Grosso, nomeado por Dom Pedro II, foi o cuiabano cônego José da Silva Magalhães, que assumiu a 28 de outubro de 1840. Em 1844, chega a Cuiabá o médico Dr. Sabino da Rocha Vieira para cumprir pena no Forte Príncipe da Beira. Fora o chefe da famosa Sabinada, pretendendo implantar uma República no Brasil. Neste mesmo ano de 1844, o francês Francis Castelnau visitou Mato Grosso em viagem de estudos. Tornou-se célebre pelos legados naturalistas.

O cel. João José da Costa Pimentel foi nomeado para a presidência da Província a 11 de junho de 1849. Augusto Leverger, nomeado a 07 de outubro de 1850, assumiu o governo Provincial a 11 de fevereiro de 1851. Exerceu a presidência cinco vezes. Além de providências notáveis no tempo da Guerra do Paraguai, notabilizou-se pela função de historiador de Mato Grossense.

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Em 06 de abril de 1856. Graças à habilidade diplomática do Conselheiro Paranhos, Brasil e Paraguai celebraram o Tratado da Amizade, Navegação e Comércio.

O primeiro vapor a sulcar as águas da Província de Mato Grosso foi o Water Witch, da marinha dos Estados Unidos, sob o comando do Comodoro Thomaz Jefferson Page, em 1853, incumbido pelo seu governo da exploração da navegação dos afluentes do Prata. Em 1859, ao tomar posse o presidente Antônio Pedro de Alencastro (o 2º Alencastro), chegou a Mato Grosso o Ajudante de Ordens, o capitão Manoel Deodoro da Fonseca, o futuro proclamador da República.

Durante o Segundo Reinado (governo de Dom Pedro II), o fato mais importante que ocorreu foi a Guerra da Tríplice Aliança, movida pela República do Paraguai contra o Brasil, Argentina e Uruguai, iniciada a 27/12/1864 e terminada a 01/03/0870 com a morte do Presidente do Paraguai, Marechal Francisco Solano Lopez, em Cerro-Corá.

Os episódios mais notáveis ocorridos em terras mato-grossenses durante os 5 anos dessa guerra foram: a) o início da invasão de Mato Grosso pelas tropas paraguaias, pelas vias fluvial e terrestre; b) a heróica defesa do Forte de Coimbra.; c) o sacrifício de Antônio João Ribeiro e seus comandados no posto militar de Dourados. d) a evacuação de Corumbá; e) os preparativos para a defesa de Cuiabá e a ação do Barão de Melgaço; f) a expulsão dos inimigos do sul de Mato Grosso e a retirada da Laguna; g) a retomada de Corumbá; h) o combate do Alegre; Pela via fluvial vieram 4.200 homens sob o comando do Coronel Vicente Barrios, que encontrou a heróica resistência de Coimbra ocupado por uma guarnição de apenas 115 homens, sob o comando do Ten. Cel. Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero.

Pela via terrestre vieram 2.500 homens sob o comando do Cel. Isidoro Rasquin, que no posto militar de Dourados encontrou a bravura do Ten. Antônio João Ribeiro e mais 15 brasileiros que se recusaram a rendição, respondendo com uma descarga de fuzilaria à ordem para que se entregassem. Foi ai que o Ten. Antônio João enviou ao Comandante Dias da Silva, de Nioaque, o seu famoso bilhete dizendo: "Sei que morro mas o meu sangue e de meus companheiros será de protesto solene contra a invasão do solo da minha Pátria" A evacuação de Corumbá, desprovida de recursos para a defesa, foi outro episódio notável, saindo a população, através do Pantanal, em direção a Cuiabá, onde chegou, a pé, a 30 de abril de 1865.

Na expectativa dos inimigos chegarem a Cuiabá, autoridades e povo começaram preparativos para a resistência. Nesses preparativos sobressaia a figura do Barão de Melgaço que foi nomeado pelo Governo para comandar a defesa da Capital, organizando as fortificações de Melgaço. O Comando da defesa de Cuiabá ficou a cargo do Almirante Augusto Leverger - o futuro Barão de Melgaço. Os inimigos não subiram além da foz do rio São Lourenço. Nesse período ocorreu ainda a expulsão dos invasores do sul de Mato Grosso.

O Governo Imperial determinou a organização, no triângulo Mineiro, de uma "Coluna Expedicionária ao sul de Mato Grosso", composta de soldados da Guarda Nacional e voluntários procedentes de São Paulo e Minas Gerais para repelir os invasores daquela região. Partindo do Triângulo em direção a Cuiabá, em Coxim receberam ordens para seguirem para a fronteira do Paraguai, reprimindo os inimigos para dentro do seu território. A missão dos brasileiros tornava-se cada vez mais difícil, pela escassez de alimentos e de munições.

Merece registro, as baixas causadas na tropa pelas doenças oriundas das alagações do Pantanal mato-grossense, elas simplesmente devastaram a tropa. Ao aproximar-se a coluna da fronteira paraguaia, os problemas de alimentos e munições se agravaram e por ocasião da destruição

9 João Antonio Pereira

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do forte paraguaio Bela Vista, já em território inimigo, as dificuldades chegaram ao máximo. O Comando brasileiro decidiu que a tropa seguisse até a fazenda Laguna, em território paraguaio, que era propriedade de Solano Lopez e onde havia, segundo se propalava, grande quantidade de gado, o que não era exato.

Após sofrer violento ataque paraguaio, o Comando decidiu empreender a retirada, pois a situação era insustentável. Iniciou-se aí a famosa "Retirada da Laguna", o mais extraordinário feito da tropa brasileira nesse conflito. Iniciada a retirada, a cavalaria e a artilharia paraguaia não davam tréguas à tropa brasileira, atacando-as diariamente.

Além dos tiros e da perseguição inimiga, o cólera contribuiu para devastar a tropa. Brasileira, dessa doença morreram Guia Lopes, fazendeiro da região, que se ofereceu para conduzir a tropa pelos cerrados sul mato-grossenses, e o Coronel Camisão, Comandante das forças brasileiras. No dia da entrada em território inimigo (abril de 1867), a tropa brasileira contava com 1.680 soldados. A 11 de junho foi atingido o Porto do Canuto, às margens do rio Aquidauana, onde foi considerada encerrada a trágica retirada. Ali chegaram apenas 700 combatentes, sob o comando do Cel. José Thomás Gonçalves, substituído de Camisão, que baixou uma "Ordem do dia", concluída com as seguintes palavras: "Soldados! Honra à vossa constância, que conservou ao Império os nossos canhões e as nossas bandeiras".

A população civil também foi acometida por uma série de doenças, mas o principal destaque foi para a varíola, ela dizimou a população. Um efeito cascata se produziu atingindo povoações distantes. Metade dos moradores de Cuiabá pereceu. No entanto, o povo de Mato Grosso sente-se orgulhoso dos feitos da Guerra do Paraguai onde lutaram com bravura na defesa do território nacional, mesmo sendo minoria e não possuindo os recursos bélicos necessários.

Foi à resposta dos brasileiros ao ditador paraguaio Solano Lopes, que aprisionou a 12 de novembro de 1864 o navio brasileiro Marquês de Olinda, que havia acabado de deixar o porto de Assunção, conduzindo o presidente eleito da Província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos. Começara ali a Guerra do Paraguai. A notícia do fim da Guerra do Paraguai chegaria a Cuiabá no dia 23 de março de 1870, com informações oficiais. O vapor Corumbá chegou embandeirado ao porto de Cuiabá, às cinco da tarde, dando salvas de tiros de canhão.

Outro movimento notável ocorrido nesse período do Segundo Império foi o da abolição da escravatura em 1888. O principal símbolo desse movimento aconteceu a 23 de março de 1872: O presidente da Província, Dr. Francisco José Cardoso Júnior, libertou 62 escravos, ao comemorar o aniversário da Constituição do Império. Em dezembro do mesmo ano, foi fundada a “Sociedade Emancipadora Mato-Grossense”, sendo presidente o Barão de Aguapeí.

A 12 de agosto de 1888, nasceu o Partido Republicano. Nomeiam-se líderes; José da Silva Rondon, José Barnabé de Mesquita, Vital de Araújo, Henrique José Vieira Filho, Guilherme Ferreira Garcêz, Frutuoso Paes de Campos, Manoel Figueiredo Ferreira Mendes. A notícia da Proclamação da República tomou os cuiabanos de surpresa a 09 de dezembro de 1889, trazida pelo comandante do Paquetinho Coxipó, pois vinte e um dias antes, a 18 de novembro felicitaram Dom Pedro II por ter saído ileso do atentado de 15 de junho. A 02 de setembro a Assembléia Provincial aprovara unânime a moção congratulatória pelo aniversário do Imperador. Ao findar o Império, a Província de Mato Grosso abrigava 80.000 habitantes.

10 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

7. GOVERNADORES DE MT NO 2º REINADO

Nome Início Fim

José Saturnino da Costa Pereira 10/09/1825 03/05/1828

Jerônimo Joaquim Nunes 03/05/1828 01/01/1830

André Gaudie Ley 01/01/1830 2107/1831

Antônio Corrêa da Costa 21/07/1831 27/04/1833

André Gaudie Ley 27/04/1833 03/12/1833

Antonio Corrêa da Costa 03/12/1833 26/05/1834

José de Melo Vasconcelos 26/05/1834 28/05/1834

João Poupino Caldas 28/05/1834 22/09/1834

Antônio Pedro de Alencastro 22/09/1834 01/02/1836

Antonio Corrêa da Costa 01/02/1836 24/02/1836

Antônio José da Silva 24/02/1836 23/08/1836

José Antonio Pimenta Bueno 23/08/1836 21/05/1837

José da Silva Guimarães 21/05/1838 16/09/1838

Estevão Ribeiro de Resende 16/09/1838 25/10/1840

Antônio Corrêa da Costa 25/10/1840 28/10/1840

José da Silva Guimarães 28/10/1840 09/12/1842

Antônio Corrêa da Costa 09/12/1842 11/05/1843

José da Silva Guimarães 11/05/1843 07/08/1843

Manuel Alves Ribeiro 07/08/1843 05/10/1843

José Mariano de Campos 05/10/1843 24/10/1843

Manuel Alves Ribeiro 07/08/1943 05/10/1843

José Mariano de Campos 05/10/1843 24/10/1843

Zeferino Pimentel Moreira Freire 24/10/1843 26/09/1844

Ricardo José Gomes Jardim 26/09/1844 05/04/1847

João Crispiano Soares 06/04/1848 31/05/1848

Antônio Nunes da Cunha 31/05/1848 27/09/1848

Joaquim José de Oliveira 27/09/1848 08/09/1849

11 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

João José da Costa Pimentel 08/09/1849 11/02/1851

Augusto Leverger 11/02/1851 01/04/1857

Albano de Sousa Osório 01/04/1857 22/02/1858

Joaquim Raimundo de Lamare 22/02/1858 13/10/1859

Antônio Pedro de Alencastro 13/09/1859 08/02/1862

Herculano Ferreira Pena 08/02/1862 12/05/1863

Augusto Leverger 12/05/1863 15/07/1863

Alexandre M. Albino de Carvalho 115/07/1863 09/08/1865

Augusto Leverger 09/08/1965 13/02/1866

Albano de Sousa Osório 13/02/1866 01/05/1899

José Vieira Couto de Magalhães 01/05/1866 02/02/1867

João Batista de Oliveira 02/02/1867 13/04/1868

José Vieira Couto de Magalhães 13/04/1868 17/09/1868

Albano de Sousa Osório 17/09/1868 19/09/1868

José Antônio Murtinho 19/09/1868 26/03/1869

Augusto Leverger 26/03/1869 10/02/1870

Luís da Silva Prado 10/02/1870 29/05/1870

Antônio de Cerqueira Caldas 29/05/1870 12/10/1870

Francisco Antônio Raposo 12/10/1870 25/08/1871

Antônio de Cerqueira Caldas 27/05/1871 29/07/1871

Francisco José Cardoso Júnior 29/07/1871 25/12/1872

José de Miranda da Silva Reis 25/12/1872 06/12/1874

Antônio de Cerqueira Caldas 06/12/1874 05/07/1875

Hermes Ernesto da Fonseca 05/07/1875 02/03/1878

João Batista de Oliveira 02/03/1878 06/07/1878

João José Pedrosa 06/07/1878 05/12/1879

Rufino Enéas Gustavo Galvão 05/12/1879 02/05/1881

José Leite Galvão 02/05/1881 31/05/1881

José Maria de Alencastro 31/05/1881 10/03/1883

José Leite Galvão 10/03/1883 07/05/1883

12 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

Manuel de A. Gama Lobo d'Eça 07/05/1883 13/10/1884

Floriano Peixoto 13/10/1884 05/10/1885

José Joaquim Ramos Ferreira 05/10/1885 05/11/1885

Joaquim Galdino Pimentel 05/11/1885 09/11/1886

Antônio Augusto Ramiro de Carvalho 09/11/1886 09/12/1886

Álvaro R. Marcondes dos Reis 09/12/1886 28/03/1887

Antônio Augusto Ramiro de Carvalho 28/03/1887 29/05/1887

José Joaquim Ramos Ferreira 29/05/1887 16/11/1887

Francisco Rafael de Melo Rego 16/11/1887 16/02/1889

Antônio H. de Sousa Bandeira Filho 16/02/1889 11/07/1889

Manuel José Murtinho 11/07/1889 09/08/1889

7. A ECONOMIA MATO GROSSENSE A POAIA

Em 1820, Cuiabá volta a ser sede política e administrativa de Mato Grosso e Vila Bela entra em decadência. Neste período surgiu uma indústria doméstica que supriu a necessidade de produtos da terra como farinha de mandioca, arroz, feijão, açúcar, aguardente, azeite de mamona e algodão. 

Por volta de 1830 surge a extração da ipecacuanha ou poaia, Cephaelis ipecacuanha. Nesta época, José Marcelino da Silva Prado, explorando garimpos de diamantes nas imediações do Rio Paraguai, em região próximo à Barra do Bugres, observou que seus garimpeiros usavam, quando doentes, um chá preparado com raiz de arbusto facilmente encontrado à sombra da quase impenetrável floresta da região. Tratava-se da “poaia”, que era antiga conhecida dos povos indígenas, que tinham repassado seu conhecimento aos colonizadores. Curioso e interessado, o garimpeiro enviou amostras da planta para análise na Europa, via porto de Cáceres e Corumbá. Desta raiz é extraída a Emetina, substância vegetal largamente utilizada na indústria farmacêutica, principalmente como fixador de corantes. Constatado oficialmente seu valor medicinal, iniciou-se, então, o ciclo econômico da poaia, de longa duração e grandes benefícios para os cofres do Tesouro do Estado. Esta planta é extremamente sensível, abundando em solos de alta fertilidade sob árvores de copas bem formadas. Seus principais redutos eram áreas dos municípios de Barra do Bugres e Cáceres. A princípio, os carregamentos seguiam para a metrópoles via Goiás, depois passou a ser levada por via fluvial, com saída ao estuário do Prata. 

Os poaieiros eram os indivíduos que se propunham a coletar a poaia. O poaiaeiro surgiu em Mato Grosso em fins do século XIX, e foi responsável pelo surgimento de núcleos de povoamento no Estado, graças à sua atividade desbravadora, sempre à procura de novas “manchas” da raiz da poaia. Porém, o próprio poaieiro decretou o (quase) fim desta cultura, pois os “catadores” da poaia somente extraíam as plantas, não faziam o replantio, não seguindo o exemplo dos povos indígenas que, ao subtraírem as raizes da ipeca, as replantavam, garantindo, assim, a perenidade do vegetal. Outro fator que contribuiu para a escassez da planta foi o desmatamento desenfreado da região oestina de Mato Grosso, pois a poaia estava acostumada à sombra das matas úmidas, e 13 João Antonio Pereira

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

sucumbiu ante a queda das árvores. A poaia chegou a ser o segundo contribuinte para os cofres da Província de Mato Grosso, devido a sua exportação principalmente para a Europa.

Após a constatação em Paris de que a borracha mato-grossense possuía boa qualidade o produto tornou-se famoso em várias partes do mundo. Logo após a Guerra do Paraguai, em 1870, a produção, oriunda dos vastos seringais nativos da imensa região banhada pelo Rio Amazonas, tornou-se um ponto de apoio para os minguados cofres da Província. Diamantino foi o grande centro produtor de látex e Cuiabá se transformou em centro comercial do produto, com várias empresas criadas para exportar a borracha mato-grossense. Destacou-se entre elas a Casa Almeida e Cia., com matriz na Praça 13 de Maio. Ela exportava para várias partes do mundo, principalmente para Londres e Hamburgo.

A criação de gado e a lavoura tornaram Livramento, Santo Antônio do Rio Abaixo e Chapada dos Guimarães os grandes celeiros da capital. Mas com o fim da escravidão estas localidades entraram em verdadeiro colapso. 

Na região sul da Província, hoje território de Mato Grosso do Sul, surgiu ainda no fim do século XIX a produção de erva mate, Ilex paraguaiensis. O empresário Tomás Laranjeira obteve privilégios da Província para começar a empresa Mate Laranjeira. Entre as facilidades conseguiu arrendar toda a região banhada pelos afluentes da margem direita do Rio Paraná, numa área de aproximadamente 400 léguas quadradas. O empreendimento foi um sucesso e foi de grande contribuição para os cofres públicos na época. Com a quase extinção dos ervais nativos e uma política econômica contrária aos interesses comerciais desta cultura, o segmento comercial entrou em decadência em menos de duas décadas.

8. A QUESTÃO DO MATE

Inicialmente denominada de Empresa Matte Larangeira a Companhia Matte Larangeira foi uma empresa que surgiu de uma concessão imperial ao comerciante Thomaz Larangeira, por serviços prestados na Guerra do Paraguai, que atuou na exploração de erva-mate no sul do Mato Grosso.

Sua primeira sede foi em Concepción, no Paraguai, em 1877 inicia a exploração de erva-mate em território Paraguaio. Posteriormente sua sede foi transferida para Porto Murtinho, tendo se estabelecido anos mais tarde em Guaíra(Paraná).

A Companhia foi à responsável pela fundação das cidades de Porto Murtinho-MS e Guaíra-PR.O Decreto Imperial nº 8799, de 9 de Dezembro de 1882, autorizava a Larangeira a exploração da erva-mate nativa, por um período inicial de 10 anos, entretanto esse decreto não impede a exploração por parte dos moradores locais[3]. Larangeira funda a Empresa Matte Larangeira a partir desta concessão imperial.

Thomaz Larangeira trouxe do sul do país fazendeiros que conheciam o manejo da erva-mate, também foram utilizadas a mão-de-obra de índios da região e de paraguaios, iniciando o ciclo de produção da erva-mate.

Com a proclamação da república a área de concessão é, sucessivamente, ampliada, sempre com o apoio de políticos influentes, como Joaquim Murtinho, Manuel José Murtinho e General Antônio Maria Coelho. Através do Decreto nº 520, de 23 de Junho de 1890, são ampliados os

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limites de suas posses e consegue o monopólio na exploração da erva-mate em toda a região abrangida pelo arrendamento. Em 1895 a área arrendada é ampliada, sendo superior a 5.000.000 ha.

Em 1892 é assinado novo contrato de concessão com o estado, com exclusividade para exploração dos ervais[2]. Após assinado esse contrato, o Banco Rio Branco e Matto Grosso, da Família Murtinho, compra 14.540 ações (100$000 por ação), cabendo a Larangeira 460 ações. A empresa passa a se denominar Companhia Matte Larangeira, sendo obrigada a transferir a sua sede para o território do Mato Grosso.

Em julho de 1892 a Companhia Matte Larangeira comprou a Fazenda Três Barras, de Boaventura da Mota, à margem esquerda do rio Paraguai, e construiu um porto para exportação de erva-mate cancheada, esse porto foi nomeado de Porto Murtinho, pelo Superintendente do Banco Rio e Mato Grosso Dr. Antônio Corrêa da Costa, em homenagem a Joaquim Murtinho.

A atividade gerava muito lucro estimulando o aumento da exportação. Em 1900, a região teve grande desenvolvimento graças a Companhia Matte Larangeira, de onde passou a embarcar chá para a Argentina. O transporte do mate — colhido num vasto império extrativo no atual estado de Mato Grosso do Sul — exigia 800 carretas e 20 mil bois.

A Companhia encarregava-se da exploração e exportação da erva semi-elaborada (cancheada) para Buenos Aires. Nesta cidade, outra empresa, a Francisco Mendes Gonçalves & Cia., encarregava-se da industrialização e distribuição do produto no mercado argentino e outros. A erva-mate atingiu grandes centros urbanos como Assunção (Paraguai), Buenos Aires (Argentina) e até Inglaterra, França e Itália.

Após denuncias do Superintendente, Dr. Antonio Corrêa da Costa e de prejuízos com o transporte da produção da Matte Larangeira, o Banco Rio Branco decreta falência em 1902 e Thomaz Larangeira adquire seu espólio, já a Cia Matte Larangeira é vendida a companhia argentina Francisco Mendes & Cia, passando a se chamar Larangeira Mendes e Companhia. È assinado com o governo do estado novo contrato de arrendamento, nos mesmos moldes do anterior, que vigoraria até 1916.

Foi finalizada em 1906, para facilitar o transporte de erva-mate, uma ferrovia (Estrada de Ferro Porto Murtinho a São Roque), ligando o Porto Geral a Fazenda São Roque, com extensão máxima de 22 a 25 km. O projeto inicial de 1898 do Dr. Antonio Corrêa da Costa previa uma extensão de 42 léguas (231 a 277 km.

Já em 1910 ocorre a transferência do foco principal de exploração de erva mate para o Rio Paraná, reduzindo a sua importância estratégica para a empresa. Seu monopólio foi quebrado em 1916.

A sede da Companhia foi transferida em 1918 de Porto Murtinho, para a Fazenda Campanário, próximo ao município de Caarapó. Sendo que a erva passou a ser exportada pelo Rio Paraná, ficando somente a produção dos ranchos próximos exportada por Porto Murtinho. Desde 1902 a Companhia estabelece-se em Guaíra, inicialmente denominada de Porto Monjoli, iniciando a construção de uma ferrovia Estrada de Ferro Guaíra a Porto Mendes em 1911, que transporia as corredeiras da Sete Quedas.

Entre 1926 a 1929 Cia., por várias vezes emprestou dinheiro para o Governo de Mato Grosso e assume o compromisso de construir vários prédios públicos, conseguindo a renovação das 15 João Antonio Pereira

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concessões.

Durante a Segunda Guerra Mundial Argentina criou restrições a erva-mate brasileira e a empresa entrou em dificuldades.O domínio da Companhia segue até 1943, quando Getulio Vargas assume o poder, criando os Territórios de Ponta Porá e Iguaçu, e anulando a concessão.

Em 17 de Abril de 1944 é assinado o Decreto n.º 6.428, por Getúlio Vargas, incorporando ao Serviço de Navegação da Bacia do Prata (SNBP), o Distrito de Guairá, a Estrada de Ferro Guaíra a Porto Mendes, assim como as material e instalações fixas, instalações portuárias e todas as instalações e material flutuantes.

A empresa recebeu um prazo para a liquidação de seus negócios e seus edifícios foram todos leiloados, bem como todas as estalagens, oficinas, rebanhos e tropas.Continuou operando a EF Porto Murtinho, transportando madeira (quebrachais) da empresa até a usina da Floresta Brasileira S. A. para extração de tanino, até pelo menos 1958, existindo indicações (vagas) de que, em 1971, os trens ainda estariam em operação.

Em 1895 quando a Cia. Matte Larangeira recebeu 5.000.000 ha em arrendamento de terras devolutas. Essa área compunha o território dos Kaiowá e Guarani. Companhia utilizou ao longo da sua historia mão-de-obra indígena, principalmente das etnias Kaiowá e Guarani.

Com o novo presidente, Joaquim Augusto da Costa Marques, que assumiu em 1911, avultaram as pressões da companhia Mate Laranjeira no sentido de renovar o arrendamento dos seus extensos ervais no sul do estado. A pretensão suscitou nova divergência entre Murtinho e Ponce : o primeiro defendia a prorrogação do contrato até 1930, com opção para a compra de um a dois milhões de hectares, enquanto Ponce queria a divisão da área em lotes de 450 hectares, que seriam oferecidos a arrendamento em hasta pública.

Com a morte de Ponce, a empresa ganhou novo trunfo com o apoio do senador situacionista Antônio Azevedo. Mas o antigo presidente do estado. Pedro Celestino Correia da Costa tomou posição contrária. Os deputados estaduais hostis à prorrogação do contrato fizeram obstrução e impediram que ela fosse aprovada. Finalmente, a Mate Laranjeira fora frustrada em suas pretensões, com a aprovação da lei nº. 725, de 24 de agosto de 1915.

O general Caetano Manuel de Faria Albuquerque assumiu o governo em 15 de agosto de 1915. Seus próprios correligionários conservadores tentaram forcá-los à renúncia, e ele tendo a seu lado Pedro Celestino, aceitou o apoio da oposição, num movimento que se chamou “caetanada”. Contra seu governo organizou-se a rebelião armada, com a ajuda de Mate Laranjeira e seus aliados políticos. Na assembléia foi proposto e aprovado o impedimento do general Caetano de Albuquerque. Consultado, o Supremo Tribunal Federal não tomou posição definitiva, e o presidente Venceslau Brás acabou por decretar a intervenção no estado em 10 de janeiro de 1917.

Em 1915 teve inicio a demarcação das reservas indígenas na região de Amambai, o espaço geográfico ocupados pelos índios e pela Cia Matte Larangeira era o mesmo, sendo intensa a utilização da mão-de-obra indígena na exploração de erva-mate, inclusive sendo agenciados pelo Serviço de Proteção aos Índios.

Em outubro de 1917, no Rio de Janeiro, os chefes dos dois partidos locais concluíram acordo, mediante o qual indicavam o bispo D. Francisco de Aquino Correia para presidente, em caráter suprapartidário. O prelado assumiu em 22 de janeiro de 1918, e fez uma administração 16 João Antonio Pereira

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conciliadora, assinalada por uma série de iniciativas.

Entre 1915 a 1928 reservas indígenas foram demarcadas pelo Governo Federal no estado do Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul) devido aos deslocamentos forçados que essas comunidades sofreram em função dos interesses da Companhia.

9. A GUERRA DO PARAGUAI

Solano Lopes aprisionou a 12 de novembro de 1864 o navio brasileiro Marquês de Olinda, que havia acabado de deixar o porto de Assunção, conduzindo o presidente eleito da Província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos, esse fato desencadeou a Guerra da Tríplice Aliança,

Os ânimos já estavam exaltados entre as duas nações, uma guarda defensiva montada em 1850 no morro do Pão de Açúcar pelo governador João José da Costa Pimentel irritou o governo paraguaio. Pimentel então recuou ante gestões diplomáticas realizadas em Assunção. Foi substituído pelo capitão-de-fragata Augusto João Manuel Leverger, barão de Melgaço, cujo primeiro governo durou de 1851 a 1857.

Leverger recebeu ordem de concentrar toda a força militar da província no baixo Paraguai, para esperar os navios que deveriam subir o rio com ousem licença de Solano López. Mudou-se então para o forte de Coimbra, onde permaneceu cerda de dois anos.

O coronel Frederico Carneiro de Campos, nomeado presidente provincial em 1864, subia o rio Paraguai para assumir o posto quando seu navio o Marquês de Olinda - foi atacado e aprisionado por uma belonave paraguaia. Logo que o Paraguai rompeu as hostilidades, revelou-se a fraqueza do sistema defensivo brasileiro no Mato Grosso, prevista por Leverger. Caiu logo Coimbra, após dois dias de resistência. Em seguida, foi a vez de Corumbá e da colônia de Dourados. A guerra seguiu seu curso, marcada por episódios como a retirada de Laguna, a retomada e subseqüente abandono de Corumbá. Dessa cidade, as tropas brasileiras trouxeram para Cuiabá um epidemia de varíola que teve efeitos devastadores. Para o povo, 1867 seria o "ano das bexigas", mais que da retomada de Corumbá.

Os últimos anos de império registraram um lento desenvolvimento da província, governada de outubro de 1884 a novembro de 1885 pelo general Floriano Peixoto. Em 9 de agosto de 1889, assumiu a presidência o coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos, sob cujo governo se realizou a eleição de que saíram vitoriosos os liberais - triunfo celebrado em Cuiabá com um pomposo baile em 7 de dezembro, pouco antes de chegar à cidade a notícia da queda da monarquia.

10. OS MOTIVOS DA GUERRA

Maior conflito armado ocorrido na América do Sul, a guerra do Paraguai (1864-1870) foi o desfecho inevitável das lutas travadas durante quase dois séculos entre Portugal e Espanha e, depois, entre Brasil e as repúblicas hispanoamericanas pela hegemonia na região do Prata.

A guerra do Paraguai surgiu de um complexo encadeamento de rivalidades internacionais, de ambições pessoais e das peculiares condições geográficas da região platina. Na época do conflito, o Império do Brasil emergia provavelmente como a nação mais influente e bem organizada da América do Sul, tendo fortalecido sua posição no continente após o período de lutas contra Rosas (na Argentina) e Oribe (no Uruguai). Desde a independência do Paraguai, em 1813, o Brasil

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passara a manter relações satisfatórias com esse país, mesmo durante o longo período de isolamento que sofrera a nação paraguaia sob os governos de Francia e de Carlos Antonio López.

O marechal paraguaio Francisco Solano López sucedeu ao pai no momento em que arrefecera a rivalidade entre a Argentina e o Brasil, os dois pólos de poder do continente. Sua ambição era tornar o Paraguai uma potência platina, capaz de competir com a Argentina e o Brasil pela preeminência na América do Sul. Atribuía o confinamento de seu país, em parte, às maquinações diplomáticas entre ó Brasil e os argentinos, que dificultavam ao Paraguai a navegação fluvial e o exercício de um relevante comércio internacional. Em seu avanço para oeste, o Brasil poria em risco a nação paraguaia, e a consolidação das províncias argentinas criaria um poderoso rival na fronteira sul do país. López alimentava o plano de uma confederação das populações hispânicas do interior. Reunindo o Paraguai, as províncias argentinas de Entre Rios e Corrientes, o Uruguai e talvez a parte meridional do Rio Grande do Sul, teria condições de fazer frente tanto ao Brasil quanto à Argentina.

Com a reviravolta política ocorrida na Argentina, em 1861, após a batalha de Pavón, em que os unitários de Bartolomé Mitre derrotaram os federais de Justo José Urquiza, e a instalação posterior dos liberais em Buenos Aires e por toda a Confederação Argentina, López se convenceu da inviabilidade de seu plano da "confederação do interior", que lhe daria o livre acesso ao mar. Descartada essa possibilidade, o ditador paraguaio preparou sua nação para a guerra: já em 1864, o Paraguai, em flagrante contradição com os recursos de que dispunha, surgia como a principal potência militar do Prata.

As vésperas do conflito, o Paraguai dispunha de sessenta mil homens bem treinados e 400 canhões. Os recursos de transporte e abastecimento, porém, não atendiam às exigências de uma movimentação de tropas em campanha. A maioria dos canhões estava fixada na fortaleza de Humaitá onde também se encontravam grandes efetivos de infantaria. Quanto às forças navais, essenciais para um país cuja única via de comunicação com o exterior era a bacia platina, López só dispunha de 14 pequenas canhoneiras fluviais.

O Brasil podia lançarem campo 18.000 homens, dos quais oito mil estavam nas guarnições do sul; contava com uma força naval considerável e bem treinada, com uma esquadra de 42 navios, embora alguns deles, pelo calado, não fossem apropriados à navegação fluvial. A Argentina possuía apenas oito mil homens e não dispunha de uma marinha de guerra quantitativamente apreciável. As forças do Uruguai contavam menos de três mil homens, sem unidades navais.

Início da guerra. O pretexto para a guerra foi a intervenção do Brasil na política uruguaia entre agosto de 1864 e fevereiro de 1865. Para atender ao pedido do governador dos blancos de Aguirre, López tentou servir de mediador entre o Império do Brasil e a República Oriental do Uruguai, mas, ao ver rejeitada sua pretensão pelo governo brasileiro, deu início às hostilidades. Em 12 de novembro de 1864, mandou capturar o navio mercante brasileiro Marquês de Olinda, que subia o rio Paraguai, e, em 11 de dezembro, iniciou a invasão da província de Mato Grosso. Dois dias depois declarou guerra ao Brasil, que ainda estava em meio à intervenção armada no Uruguai. Para a invasão de Mato Grosso, López mobilizou duas fortes colunas: uma por via fluvial, que atacou e dominou o forte Coimbra, apoderando-se em seguida de Albuquerque e de Corumbá; e outra por via terrestre, que venceu a guarnição de Dourados, ocupou depois Nioaque e Miranda e enviou um destacamento para tomar Coxim, em abril de 1865.

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO NO PERÍODO IMPERIAL 2009

11. A BATALHA DO AVAI

Tratado da Tríplice Aliança. O principal objetivo da invasão do Mato Grosso era distrair a atenção do Exército brasileiro para o norte do Paraguai, enquanto a guerra se decidia no sul. Em 18 de março de 1865, com a recusa do presidente argentino Bartolomé Mitre a conceder autorização para que tropas paraguaias cruzassem seu território, Solano López declarou guerra à Argentina e lançou-se à ofensiva: capturou duas canhoneiras argentinas fundeadas no porto de Corrientes e invadiu a província em 14 de abril. O fato motivou a formação, em 1 ° de maio de 1865, da Tríplice Aliança, que reunia o Brasil, a Argentina e o Uruguai (governado por Venancio Flores, chefe dos colorados) e destinava-se a conter os avanços do Paraguai.

Enquanto isso, no Mato Grosso, uma expedição de aproximadamente 2.500 homens, organizada em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, foi enviada para combater os invasores. A coluna percorreu mais de dois mil quilômetros e, com grande número de baixas, causadas por enchentes e doenças, atingiu Coxim em dezembro de 1865, quando a região já havia sido abandonada. O mesmo aconteceu em Miranda, aonde chegaram em setembro de 1866. Essa mesma expedição decidiu em seguida invadir o território paraguaio, onde atingiu Laguna. Perseguida pelos inimigos, a coluna foi obrigada a recuar, ação que ficou conhecida como a retirada da Laguna.

Batalha do Riachuelo. Em 11 de junho de 1865 travou-se no rio Paraná a batalha do Riachuelo, em que a esquadra brasileira, comandada por Francisco Manuel Barroso da Silva, futuro barão do Amazonas, aniquilou a paraguaia, comandada por Pedro Inacio Meza. A vitória do Riachuelo teve notável influência nos rumos da guerra: impediu a invasão da província argentina de Entre Rios e cortou a marcha, até então triunfante, de López. Desse momento até a derrota final, o Paraguai teve de recorrer à guerra defensiva.

Quase ao mesmo tempo, as tropas imperiais repeliam o Exército paraguaio que invadira o Rio Grande do Sul. Os paraguaios, sob o comando do tenente-coronel Antonio de Ia Cruz Estigarribia, haviam atravessado o rio Uruguai e ocupado sucessivamente, de junho a agosto, as povoações de São Borja, Itaqui e Uruguaiana. Outra coluna, que, sob as ordens do major Pedro Duarte, pretendia chegar ao Uruguai, foi detida por Flores, em 17 de agosto, na batalha de Jataí.

Rendição de Uruguaiana. Em 16 de julho, o Exército brasileiro chegou à fronteira do Rio Grande do Sul e logo depois cercou Uruguaiana. Em 18 de setembro Estigarribia rendeu-se, na presença de D. Pedro II e dos presidentes Bartolomé Mitre e Venancio Flores. Encerrava-se com esse episódio a primeira fase da guerra, em que Solano López lançara sua grande ofensiva nas operações de invasão da Argentina e do Brasil. No início de outubro, as tropas paraguaias de ocupação em Corrientes receberam de López ordem para retornar a suas bases em Humaitá. Ao mesmo tempo, as tropas aliadas, com Mitre como comandante-em-chefe, libertavam Corrientes e São Cosme, na confluência dos rios Paraná e Paraguai, no final de 1865.

Invasão do Paraguai. Começava então uma segunda fase do conflito, com a transferência da iniciativa -- do Exército paraguaio para o aliado. Fortalecidos, com um efetivo de cinqüenta mil homens, os aliados lançaram-se à ofensiva. Sob o comando do general Manuel Luís Osório, e com o auxílio da esquadra imperial, transpuseram o rio Paraná, em 16 de abril de 1866, e conquistaram posição em território inimigo, em Passo da Pátria, uma semana depois. Estabeleceram-se em 20 de maio, em Tuiuti, onde sofreram um ataque paraguaio quatro dias depois. A batalha de Tuiuti, considerada a mais renhida e sangrenta de todas as que se realizaram na América do Sul, trouxe expressiva vitória às forças aliadas.

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O caminho para Humaitá, entretanto, não fora desimpedido. O comandante Mitre aproveitou as reservas de dez mil homens trazidos pelo barão de Porto Alegre e decidiu atacar as baterias de Curuzu e Curupaiti, que guarneciam a direita da posição de Humaitá, às margens do rio Paraguai. Atacada de surpresa, a bateria de Curuzu foi conquistada em 3 de setembro. Não se obteve, porém, o mesmo êxito em Curupaiti, onde em 22 de setembro os aliados foram dizimados pelo inimigo: cinco mil homens morreram.

12. BOMBARDEIO A CURUZU

Duque de Caxias. Em 18 de novembro, o marechal Luís Alves de Lima e Silva, marquês de Caxias, assumiu o comando das forças brasileiras, e, com o afastamento de Mitre e Flores por motivo de graves perturbações internas em seus países, encarregou-se também de comandar as forças aliadas. Caxias dedicou-se de imediato à reorganização do Exército, que começava a sofrer os perigos da desagregação, devido ao insucesso de Curupaiti e da crise de comando que se seguira ao conflito, e providenciou um sistema de abastecimento compátivel com o elevado efetivo existente em torno de Humaitá.

Constituiu ainda um corpo de saúde não só para recuperar o grande número de feridos, mas para deter os progressos da cólera que grassava nos dois campos. Conseguiu também que a esquadra imperial, que se ressentia do comando de Mitre, colaborasse nas manobras contra Humaitá. Apesar de seus esforços, os aliados só reiniciaram a ofensiva em 22 de julho de 1867, com a marcha de flanco sobre a ala esquerda das fortificações paraguaias, na direção de Tuiu-Cuê.

Embora a manobra tenha sido bem-sucedida, o tempo decorrido possibilitou a López fortificar-se também nessa região e fechar de vez o chamado Quadrilátero. Tomada de Humaitá. Em 1º de Agosto Mitre retornou ao comando e deu ordens para que a esquadra imperial forçasse a passagem em Curupaiti e Humaitá. Em 15 de agosto, duas divisões de cinco encouraçados ultrapassaram, sem perdas, Curupaiti, mas foram obrigadas a deter-se frente aos poderosos canhões da fortaleza de Humaitá. O fato causou novas dimensões no alto comando aliado. Ao contrário de Mitre, os brasileiros consideravam inprudente e inútil prosseguir, enquanto não se concatenassem ataques terrestres para envolver o Quadrilátero, que se iniciaram, finalmente, em 18 de agosto.

A partir de Tuiu-Cuê, os aliados rumaram para o norte e tomaram São Solano, Vila do Pilar e Tayi, às margens do rio Paraguai, onde completaram o cerco da fortaleza por terra e cortaram as comunicações fluviais entre Humaitá e Assunção. Em 3 de novembro de 1867 os paraguaios atacaram a posição aliada de Tuiuti (segunda batalha de Tuiuti), mas foram derrotados. Com o afastamento definitivo de Mitre, que retornou à Argentin, Caxias voltou a assumir o comando geral dos aliados. Em 19 de fevereiro a esquadra imperial forçou a passagem de Humaitá que, totalmente cercada, só caiu em 25 de julho de 1868.

Dezembrada. Efetuada a ocupação de Humaitá, Caxias concentrou as forças aliadas, em 30 de setembro, na região de Palmas, fronteiriça às novas fortificações inimigas. Situadas ao longo do arroio Piquissiri, essas fortificações barravam o caminho para Assunção, apoiadas nos fortes de Italbaté (Lomas Valentinas) e Angostura, este à margem esquerda do rio Paraguai. O comandante brasileiro idealizou, então, a mais brilhante e ousada operação do conflito : a manobra do Piquissiri.

Em 23 dias fez construir uma estrada de 11 km através do Chaco pantanoso que se estendia pela margem direita do rio Paraguai, enquanto forças brasileiras e argentinas encarregavam-se de diversões frente à linha do Piquissiri. Executou-se então a manobra : três corpos do Exército brasileiro, com 23.000 homens, foram transportados pela esquadra imperial de Humaitá para a 20 João Antonio Pereira

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margem direita do rio, percorreram a estrada do Chaco, reembarcaram em frente ao porto de Villeta, e desceram em terra no porto de Santo Antônio e Ipané, novamente na margem esquerda, vinte quilômetros à retaguarda das linhas paraguaias do Piquissiri. opez foi inteiramente surpreendido por esse movimento, tamanha era sua confiança na impossibilidade de grandes contingentes atravessarem o Chaco.

13. O COMBATE DE LAGUNA

Na noite de 5 de dezembro, as tropas brasileiras encontravam-se em terra e iniciaram no dia seguinte o movimento para o sul, conhecido como a "dezembrada". No mesmo dia, o general Bernardino Caballero tentou barrar-lhes a passagem na ponte sobre o arroio (tororó. Vencida a batalha, o Exército brasileiro prosseguiu na marcha e aniquilou na localidade de Avaí, em 11 de dezembro, as duas divisões de Caballero. Em 21 de dezembro, tendo recebido o necessário abastecimento por Villeta, os brasileiros atacaram o Piquissiri pela retaguarda e, após seis dias de combates contínuos, conquistaram a posição de Lomas Valentinas, com o que obrigou a guarnição de Angostura a render-se em 30 de dezembro. López, acompanhado apenas de alguns contingentes, fugiu para o norte, na direção da cordilheira. Em 1° de janeiro de 1869 os aliados ocuparam Assunção.

López, prosseguindo na resistência, refez um pequeno exército de 12.000 homens e 36 canhões na região montanhosa de Ascurra-Caacupê Peribebuí, aldeia que transformou em sua capital. Caxias, por motivo de saúde, regressou ao Brasil. Em abril de 1869, assumiu o comando geral das operações, o marechal-de-exército Gastão d'Órléans, conde d'Eu, genro do imperador, que empreendeu a chamada campanha das cordilheiras. O Exército brasileiro flanqueou as posições inimigas de Ascurra e venceu as batalhas de Peribebuí (12 de agosto) e Campo Grande ou Nhu-Guaçu (16 de agosto). López abandonou Ascurra e, seguido por menos de trezentos homens, embrenhou-se nas matas, marchando sempre para o norte, até ser alcançado pelas tropas brasileiras em Cerro-Corá, à margem do arroio Aquidabanigui, onde foi morto após recusarse à rendição, em 12 de março de 1870. Em 20 de junho de 1870, Brasil e Paraguai assinaram um acordo preliminar de paz.

As baixas da nação paraguaia foram estimadas em cerca de 300.000, incluídos os civis mortos pela fome e em conseqüência da cólera. O Brasil, que chegou a mobilizar 180.000 homens durante a luta, teve cerca de trinta mil baixas. O tratado definitivo de paz entre Brasil e Paraguai, assinado somente em 9 de janeiro de 1872, consagrava a liberdade de navegação no rio Paraguai e as fronteiras reivindicadas pelo Brasil antes da guerra. Em 1943, o Brasil perdoou a dívida de guerra paraguaia, estipulada por esse tratado.

14. A RETIRADA DA LAGUNA

Os trágicos acontecimentos relacionados com a retirada da Laguna foram narrados no impressionante livro de memórias de Alfredo d'Escragnolle Taunay, um de seus participantes. Retirada da Laguna foi um episódio da guerra do Paraguai em que mais de 900 brasileiros morreram em terras dominadas pelo inimigo, vitimados pelos combates e epidemias. Quando os paraguaios invadiram o Mato Grosso, em 1864, o governo brasileiro decidiu ocupar o norte paraguaio, e para isso uma força expedicionária saiu do Rio de Janeiro em abril de 1865.

Com cerca de três mil homens, a coluna, reforçada em Uberaba MG, seguiu para Cuiabá MT. Das margens do rio Parnaíba, marchou para Miranda MT, abandonada pelos invasores e atingida por uma epidemia de beribéri. Sob o comando do coronel Carlos de Morais Camisão, a 21 João Antonio Pereira

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força já perdera um terço de seu efetivo ao dirigirse a Nioaque, seguindo depois para o Apa. Guiada pelo fazendeiro José Francisco Lopes, tomou de surpresa o acampamento de Laguna, mas teve de retirar-se. Os brasileiros ainda travaram batalha com os paraguaios em Baiendê e Nhandipá. Além das perdas em combate, os brasileiros tiveram que enfrentar uma epidemia de cólera, que vitimou, entre muitos, o coronel Camisão e o guia Lopes. Ao retornar a Nioaque a tropa tinha apenas 700 combatentes.

15. REVISÃO

SÍNTESE - MT NO PRIMEIRO REINADO

1. Panorama do Reinado - 1822/1831 25 de março 1824 - 1ª constituição do Brasil Características: Estado unitário Centralismo Político Despotismo do Imperador Privilégios portugueses No I reinado destaca-se a luta entre liberais e conservadores (autonomistas e centralistas). A Província do Mato Grosso como outra qualquer refletia os conflitos centrais do País. A Rusga (Movimento liberal em Cuiabá) 1834 (30 de maio) - estoura em Cuiabá um movimento liberal denominado "Rusga" seu objetivo era destruir os privilégios dos portugueses.

Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870) Causas da Guerra segundo a historiografia brasileira:1)Disputa pela hegemonia entre os países platinos.a) Guerra contra Oribe ( 1851, Uruguai)b) Guerra contra Rosas (1852, Argentina).c) Guerra contra Aguirre. (1864, Uruguai). 2) Interesse do imperialismo inglês:a)Livre Navegação da bacia Platina.b) Destruição do Paraguai devido a sua auto-suficiência. Características do Paraguai:a) República ditatorial: Francia, Lopes (Carlos, Solano).b) Reforma Agrária.c) Estimulo á educação.d) Construção de ferrovias.e) Produção industrial.f) Produção Agrícola.h) Modernização do Exército. Solano Lopes tinha como pretensão formar o Grande Paraguai: Anexar territórios da Argentina, Uruguai, sul do Brasil, Mato Grosso. Causa Imediata da Guerra: 22 João Antonio Pereira

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Em 1864, com a invasão do Brasil no Uruguai, Lopes tomou a decisão de aprisionar o navio brasileiro “Marques de Olinda”, que trazia a bordo Frederico Carneiro de Campos para tomar posse na presidência da Província de Mato Grosso. Iniciava-se a Guerra do Paraguai. Em 1865 ocorre a formação da Tríplice Aliança ( Brasil. Argentina e Uruguai) Lopes invade Corumbá, no sul de Mato Grosso ocorrendo o bloqueio da bacia Platina. 1865-1867: Equilíbrio de forças.1867: As forças brasileiras (Exército, Guarda Nacional, escravos e os “Voluntários da Pátria”) retomam Corumbá.1870: È declarado o fim da Guerra com a morte de Solano Lopes na Batalha de Cerro Corá. Conseqüências da Guerra para o Brasil: 1)Fortalecimento do Exercito Brasileiro (Ideal de Salvação Nacional).2)Aumento do território.3) Crescimentos dos ideais abolicionistas e republicanos.4) Aumento da divida externa.

Conseqüências do durante a guerra para Mato Grosso. A) Medo:Ataque dos paraguaios, rebelião de escravos, desertores quilombo do Rio do Manso, entrada da Bolívia no conflito ao lado dos paraguaios. B) Fome:Aumento dos preços dos alimentos, carência principalmente do sal, 1865: Enchente do rio Cuiabá,Solução: A Bolívia passa a abastecer Mato Grosso. c) Varíola ou Bexiga: 1867: Retomada de Corumbá. Neste momento soldados brasileiros foram conduzidos a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá com os primeiros sintomas da varíola. A doença não foi diagnosticada a tempo, no que resulto em um surto epidêmico de varíola. Solução: O presidente da Província de Mato Grosso, Couto de Magalhães estabeleceu as seguintes medidas para erradicar a doença:1)Construção do Cemitério de Nossa Senhora do Carmo (Cae-Cae)2)Fundação do Acampamento “Couto Magalhães. Em 1868, o surto epidêmico chegou ao fim.1870: Fim da Guerra do Paraguai.  Conseqüências do pós Guerra para a Província de MT: 1)Reabertura da Bacia Platina.2)Afirmação dos principais portos: Corumbá, Cuiabá e Cáceres.3)Surgimento de um nova burguesia: comercio de importação e exportação.4)Aumento territorial.5)Imigração.

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16. CRONOLOGIA DA GUERRA DO PARAGUAI

1864 Fevereiro - Mobilização militar geral no Paraguai. Março - O presidente Bernardo Berro (do partido Blanco) renuncia no Uruguai e entrega o Poder Executivo para Atanasio Aguirre, presidente do Senado. 4 de agosto - Ultimato brasileiro ao Uruguai: cumprimento das exigências ou retaliação. 30 de agosto - Paraguai dá ultimato ao Brasil para que não intervenha no Uruguai. 16 de outubro - Tropas brasileiras invadem o Uruguai em apoio a Venancio Flores. Marinha do Brasil bloqueia Montevidéu. Paraguai considera a agressão como um ato de guerra. 12 de novembro - Paraguai toma o navio a vapor brasileiro Marquês de Olinda em Assunção. O navio transportava o novo governador da província de Mato Grosso. O Brasil responde, cortando relações diplomáticas com o Paraguai. 13 de dezembro - O Paraguai formalmente declara guerra ao Brasil e inicia a invasão do Mato Grosso. 1865 7 de janeiro - O governo brasileiro cria os corpos de Voluntários da pátria. 18 de março - Paraguai declara guerra à Argentina e invade a província de Corrientes. 13 de abril - Forças paraguaias capturam a cidade de Corrientes. 14 de abril - Ocupação de Corrientes pelas forças paraguaias. 1 de maio - Assinatura do Tratado da Tríplice Aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Seus objetivos são a derrubada de Solano López, a livre navegação dos rios da bacia do Prata e –uma cláusula secreta- a anexação de parte do território em disputa com o Paraguai por Argentina e Brasil. Maio a junho - Exército paraguaio comandado pelo coronel Antonio de la Cruz Estigarribia cruza as Misiones e invade o Rio Grande do Sul, em São Borja. 9 de maio - A República Argentina declara guerra ao Paraguai. 25 de maio - Reconquista e evacuação da cidade de Corriente. 11 de junho - Batalha de Riachuelo. Esquadra paraguaia ataca a brasileira, mas é derrotada. Com isso, o Paraguai torna-se bloqueado, incapaz de receber armas e auxílio do exterior. 5 de agosto - Tropas paraguaias capturam Uruguaiana, Rio Grande do Sul. 12 de agosto - Batalha de Paso de las Cuevas. 13 de agosto - O exército de voluntários brasileiros embarca para a Guerra do Paraguai. 17 de agosto - Batalha de Javaí ou Yataí. As tropas da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) atacam uma coluna paraguaia das tropas. Setembro - A casa bancária Rothschilds empresta 7 milhões de libras esterlinas ao Brasil. 14 de setembro - Estigarribia se rende a Dom Pedro II (em sua única visita aos campos de batalha), Mitre e Venancio Flores, em Uruguaiana. 18 de setembro - Rendição de Uruguaiana. Setembro a novembro - Forças paraguaias se retiram ao longo do rio Paraná e iniciam fase defensiva da guerra, mas ainda mantém ocupado território em Mato Grosso. 1866 29 de janeiro - Batalha de Pehuajó. 31 de janeiro - Batalha de Corrales. 16 de abril - Forças aliadas cruzam o rio Paraná e iniciam a invasão do Paraguai. 2 de maio - Batalha de Estero Bellaco. 24 de maio - Batalha de Tuiuti, a maior da história latino-americana. Paraguaios tentam desalojar força invasora, mas são derrotados. 10 a 11 de julho - Batalha de Yataytí-Corá (Paraguai). 16 a 18 de julho - Batalha de Boquerón.

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18 de julho - Batalha de Sauce. 3 de agosto - Os liberais voltam ao poder no Brasil. 3 de setembro - Vitória aliada em Curuzu. 12 de setembro - Encontro entre Mitre e López, em Yatayti-Corá, fracassa na tentativa de acabar com a Guerra. 22 de setembro - Batalha de Curupaiti se torna a maior derrota aliada da guerra. Tropas são massacradas ao atacarem de peito aberto as trincheiras paraguaias. Outubro - O então marquês, futuro duque de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, assume o comando das forças brasileiras de terra e mar. 6 de novembro - Liberdade gratuita aos escravos designados para o serviço do exército. 1867 Maio a junho - Fracassa expedição brasileira ao Mato Grosso, no episódio conhecido como a Retirada da Laguna. 13 de junho - Retomada de Corumbá, sob o comando do marechal Antônio Maria Coelho. 24 de junho - Primeira operação militar aérea (com balão) brasileira. 22 de julho - Forças aliadas, sob comando temporário de Caxias enquanto Mitre está na Argentina, iniciam manobra para flanquear a fortaleza paraguaia de Humaitá, que bloqueia o acesso rio acima. 2 de agosto - Ocupação aliada da posição norte de Humaitá. 3 de novembro - Segunda Batalha de Tuiuti. As forças paraguaias atacam, mas fracassam na tentativa de deter o movimento do cerco de Humaitá. 1868 13 de janeiro - Caxias substitui Mitre como comandante aliado. Mitre volta a Buenos Aires. Neste momento, a maior parte das tropas da aliança é brasileira, com contingentes simbólicos argentinos e uruguaios. 18 de fevereiro - Couraçados brasileiros forçam a passagem rio acima por Humaitá. 19 de fevereiro - Rebelião no Uruguai liderada pelo ex-presidente blanco Bernardo Berro. Flores é assassinado, mas a revolta fracassa e Berro também é morto. 22 de fevereiro - Navios brasileiros bombardeiam Assunção e se retiram. Março - López foge para o norte do Paraguai. 24 de maio e 3 de novembro - Aliados vencem as duas Batalhas de Tuiuti. 12 de junho - Eleições na Argentina. O aliado de Mitre, Rufino Elizalde, é derrotado por Domingo Faustino Sarmiento, que faz campanha contra a guerra. 15 de julho - Fracassa um ataque brasileiro contra Humaitá. 16 de julho - Assume gabinete conservador no Brasil, liderado pelo Visconde de Itaboraí. 25 de julho - Tomada da principal fortaleza paraguaia, a de Humaitá. 5 de agosto - Aliados ocupam Humaitá. Dezembro - Caxias vence os paraguaios em um série de batalhas conhecida como a "dezembrada" -Itororó, Avaí, Lomas Valentinas, Angostura. López consegue escapar do cerco em Lomas Valentinas e segue na direção da cordilheira a leste de Assunção. 6 de dezembro - Batalha de Itororó. Primeira batalha de séries lutando o mês de dezembro entre as tropas brasileiras e paraguaias. 11 de dezembro - Batalha de Avaí. 21 de dezembro - Primeira batalha de Itaibaté. Derrota brasileira, causa 1 mil mortos e 3.250 feridos. 24 de dezembro - Solano López, intimado a render-se, foge para Cerro Corá. 21 a 27 de dezembro - Segunda batalha de Itaibaté ou Lomas Valentinas. 30 de dezembro - Rendição de Angostura. 1869 1 de janeiro - Tomada de Assunção.

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5 de janeiro - Assunção é ocupada por Caxias, que considera a guerra terminada e se retira do teatro de operações. 15 de abril - O Conde d'Eu, genro de Dom Pedro II, se torna novo comandante-em-chefe das forças brasileiras eprossegue a perseguição a Lopez. 11 de junho - Governo provisório paraguaio assume em Assunção. 12 de agosto - Combate de Peribuí. Forças aliadas tomam a capital provisória de López, Peribebuí. João Manuel Mena Barreto, comandante da 1a divisão de cavalaria, é ferido em combate e depois morre em consequência dos ferimentos. 16 de agosto - Última grande batalha : Batalha de Acosta-Ñu ou Campo Grande. Forças paraguaias, compostas em parte por velhos e crianças, são aniquiladas. López escapa. 1870 1 de março - López é morto em Cerro Corá pelos brasileiros. Fim da Guerra do Paraguai. Julho - Eleições para Assembleia Constituinte no Paraguai. Constituição promulgada em novembro. Os Voluntários da Pátria são recebidos no Rio de Janeiro com indiferença do imperador e por isso os soldados se revoltam e começam a espalhar as ideias republicanas dos uruguaianos e argentinos ao povo brasileiro. 1872 9 de janeiro - Tratado da paz cede ao Brasil o território entre os rios Apa e Branco, no Mato Grosso do Sul. 1876 Fevereiro - Tratado da paz cede para à Argentina os territórios em litígio das Misiones, entre os rios Bermejo e Pilcomayo. Os territórios entre os rios Pilcomayo e Verde foram submetidos ao arbítrio norte-americano, que concedeu a região ao Paraguai. 22 de junho - Saem os últimos soldados de ocupação brasileiros do Paraguai. Em 1879, sairão os últimos soldados de ocupação argentinos.

17. OUTROS FATOS IMPORTANTES:

A 14 de agosto de 1839 circulou pela primeira vez um jornal em Cuiabá - Themis Mato-Grossense. A primeira tipografia foi adquirida por subscrição pública organizada pelo Presidente da Província José Antônio Pimenta Bueno, que era ferrenho defensor dos direitos provinciais. A educação contou com seu irrestrito apoio, sob sua direção, foi promulgado o Regulamento da Instrução Primária, através da Lei nº. 08, de 05 de março de 1837. Esse regulamento, disciplinador da matéria, estabelecia a criação de escolas em todas as povoações da Província e o preenchimento dos cargos de professor mediante concurso. Multava os pais que não mandassem seus filhos ás escolas, o que fez com que o ensino fosse obrigatório. Pimenta Bueno passou seu cargo ao cônego José da Silva Guimarães, seu vice.

O padre José Joaquim Gomes da Silva, de Vila Maria, foi processado em 1830 por suas "proclamações revolucionárias". Em 7 de dezembro de 1831 irrompeu um motim contra os "pés-de-chumbo" portugueses. O carmelita frei José dos Santos Inocentes ganhou evidências ao chegar a Cuiabá, em março de 1833, acompanhado de comitiva militar, como "embaixador” da insurreição".

O governador, capitão-mor André Gaudie Ley, combateu os exaltados, que se reuniam no Centro de Zelosos da Independência, fundado em agosto de 1833, sob a liderança de Antônio Luís Patrício Silva Manso, mulato natural de São Paulo, que conquistou maioria no conselho geral da província.

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No governo do presidente Antônio Corrêa da Costa, ocorreu a criação do município de Poconé, por Decreto Regencial de 25 de outubro de 1831, o quarto de Mato Grosso e o primeiro no período Províncial - “Villa do Poconé”. 

A 28 de maio de 1834, o também tenente coronel João Poupino Caldas, assume a presidência da Província. Em seu governo eclodiu a Rusga, revolta nativista que transformou a pacata comunidade cuiabana em feras à cata de portugueses, a quem chamavam bicudos. Em Cuiabá a “Sociedade dos Zelosos da Independência” organizou a baderna, visando a invasão das casas e comércios de portugueses.

Antônio Pedro de Alencastro assume o governo da Província a 29 de setembro de 1834 e promove processo contra os criminosos da sedição mato-grossense. Poupino, em troca da confiança do Presidente da Província, programa o enfraquecimento dos amotinados pela dissolução da Guarda Municipal e reorganização da Guarda Nacional. A Assembléia Provincial, pela Lei nº. 19, transfere a Capital da Província de Mato Grosso da cidade de Mato Grosso (Vila Bela) para a de Cuiabá.

No governo de Costa Pereira passou por Mato Grosso a célebre expedição russa, chefiada pelo Barão de Langsdorff, quando se registrou fatos e imagens da época. Também Costa Pereira, por arranjos de negociação, paralisou o avanço de 600 soldados chiquiteanos contra a região do Rio Guaporé, em fins de 1825. Costa Pereira criou o Arsenal da Marinha no porto de Cuiabá e o Jardim Botânico da cidade, entregando-o à direção do paulista Antônio Luís Patrício da Silva Manso.

Há registros da atividades de engenhos para produção de açúcar e aguardente em MT desde a fase da mineração de ouro no século XVIII, os engenhos estavam lcalizados nas margens do Rio Cuiabá, na zona da Chapada e do rio Coxipó, no entanto Castro eGarcia (1987:69) afirmam que a primeira usina foi fundada em MT em 1893, pelo comendador Joaquim José Paes de Barros – a Usina Conceição e em 1895 inicia-se a construção de Itaici, considerada o melhor estabelecimento açucareiro de MT, mais tarde outras usinas foram construidas como é o caso de Maravilhas, Flexas, Aricá, São Miguel, são Sebastião,, Tamandaré e Ressaca.

18. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01 – Sobre a escravidão e os quilombos em Mato Grosso é incorreto afirmar que:

a) Os escravos transgrediram vigente, na medida em que roubavam e também fugiam do domínio do seu senhor.

b) Na luta pela liberdade, na busca de solução para algum problema imediato, o escravo atuou como sujeito, reforçando a visão de si mesmo, enquanto ser humano dotado de vontade.

c) Ao procurar agir de acordo com seus próprios desejos, o escravo muitas vezes infringiu as leis, posturas e normas locais ou desobedeceu do seu senhor.

d) Nos quilombos a vida era comunitária, a propriedade tribal e a economia baseada na produção de gêneros de subsistência.

e) Ser escravo significava estar nesta condição: o seu corpo, a sua vontade e os seus sentimentos pertenciam ao seu senhor, e os castigos físicos impediam o negro de transgredir a ordem.

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02 – Sobre a transferência da capital de Vila Bela para Cuiabá, avalie os itens abaixo:

a) Deu-se no contexto da independência do Brasil (1882), momento em que a elite brasileira tinha interesse pelo controle político e econômico do país.b) A situação da Capitania de Mato Grosso, às vésperas da independência,caracterizava-se pela mudança do eixo econômico, pois, com a mineração decadente, os interesses se voltaram para as atividades agropecuárias e para o incremento do comércio.c) A região a oeste de Mato Grosso era a mais povoada por estar localizada ali a capital,portanto, a situação econômica dessa região era mais importante que das outras regiões de Mato Grosso.d) A elite cuiabana não tinha interesse em manter a capital em Cuiabá; mesmo assim, em 1812, João Carlos Oeynhansen de Gravenberg fixou residência em Cuiabá e Fransisco de Paula Magesi permaneceu 18 dos 19 meses de seu governo em Cuiabá (ambos Capitães-generais de MT).e) A primeira capital de MT foi Vila Bela da Santíssima Trindade.

03 – Sobre a transferência da Capital de Vila Bela para Cuiabá coloque “V” ou “F”.

a) ( )A administração de João Carlos Oeynhansen e Gravemberg, nos momentos que antecederam á transferência da capital para Cuiabá, foi de ostentação, realizando festas a camuflando a realidade social de miséria e fome.

b) ( )A administração de Francisco de Paula Magessi foi de ‘’austeridade’’, o que contrariava os interesses da elite cuiabana.

c) ( )A elite cuiabana toma o poder através de uma junta governativa instalada em Cuiabá e obtêm o reconhecimento do imperador, pois possuía um forte peso político a nível nacional.

d) ( )A elite da Vila Bela nada fez para manter a capital na cidade, pois se sentia impotente frente á elite cuiabana.

04-‘’ Viva a constituição brasileira Viva D. Pedro II Morram os bicudos pés de chumbo’’Foram palavras de ordem dos revoltosos liderados pela Sociedade dos Zelosos da Independência, partes de um movimento social ocorrido em Mato Grosso, no ano de 1834, no momento regencial, que propunha:

a) ( ) Alterações profundas nas revelações de trabalho, eliminando o sistema escravista de produção.

b) ( )Derrubada do poder político da província, que estava nas mãos dos conservadores, para cedê-los aos liberais.

c) ( )Transformação do regime monárquico para o regime republicano.d) ( ) Regulamentação do processo eleitoral, acabando com o voto censitário, do qual apenas

uma pequena parcela participativa.e) ( ) Convocação imediata de uma nova Constituinte Estadual, com base na Constituição.

05- (UFMT-91)- A prisão do navio Marquês de Olinda foi o estopim para o início da guerra entre Brasil e Paraguai. Mato Grosso, província fronteiriça com o território paraguaio, foi alvo dos primeiros ataques: Como reagiu, frente às dificuldades, a população de Mato Grosso?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 06 – Pode ser encontrada em meio à mata cerrada. A partir do século XIX começa a ser explorada de forma sistematizada para atender o mercado da Europa, onde era utilizada pela indústria farmacêutica pois as suas raízes são ricas em emetina, usada no tratamento de disenterias, bronquites e coqueluches. O produto econômico caracterizado é :

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a) Cana-de-açúcar, b) Cacau, c) Borracha, d) Poaia, e) Erva – mate

07 - Sobre a Rusga, julgue os itens: 00 – Foi um movimento de caráter militar01 – Foi um movimento de caráter social e de luta entre os grupos dominantes: de um lado, os liberais, e de outro, os conservadores.02 – Foi uma “revolução”, com mudanças profundas.03 – Contou com a participação da sociedade Filantrópica e com a sociedade dos Zelosos da Independência.

08 – Sobre a guerra do Paraguai, julgue:00 – Ocorreu no período do Segundo Reinado01 – Pode ser explicada a partir de um contexto econômico, momento em que a Inglaterra tinha interesse em expandir seu capital.02 - Antes da guerra com o Brasil, o Paraguai tinha uma economia estável, com estradas de ferro, siderurgia e grande número de indústrias.03 – Em meados do séc. XIX, o Brasil era um país onde as condições sociais e econômica poderiam ser comparadas com as do Paraguai.

09 – O Mercosul é uma proposta de interligar, através de uma aquavia, os países da América do Sul, especialmente os do cone Sul. Mato Grosso vai participar desse programa, tendo como porto básico, Cáceres. O roteiro fluvial pretendido pelo Mercosul já foi utilizado no sex XIX. Sobre a questão avalie os itens:00 - Atingir Mato Grosso através de Bolívia e Peru, trazendo da Europa produtos importados e exportando especialmente o charque.01 – Atingis Mato Grosso através do Oceano Pacífico com entrada pela Alfândega de Lima, dos produtos vindos da América do Norte , especialmente dos Estados Unidos. 02 - Atingir Mato Grosso através do Estuário do Rio da Prata, navegando pelo Rio Paraguai e chegando aos portos mato-grossenses de Corumbá, Cáceres e Cuiabá, por onde entravam produtos importados da Europa e exportava-se o couro, charque, caldo de carne, crina e sebo.03 – Atingir Mato Grosso através do rio Amazonas, alcançando os portos de Cuiabá e Cáceres, por onde entravam mercadorias importadas dos Estados Unidos e Canadá, especialmente o açúcar, e se exportaria a poaia , café e crina de cavalo.04 - Atingir o Mato Grosso através do Oceano Pacífico, tendo como portos principais Lima e Buenos Aires , por onde entrariam produtos europeus e norte americanos, especialmente o café e exportaria tecidos finos , especialmente o linho.

10 – A guerra do Paraguai (1864 – 1870) o mais longo conflito do séc. XIX enfrentado pelo II Reinado, trouxe muitas mudanças para o Brasil. Os resultados dessa guerra repercutiram em Mato Grosso. Avalie os itens abaixo: 00 – Os produtos importados passaram a entrar no Estado através do Estuário do Rio da Prata com maior facilidade.01 – emergiu em Corumbá uma burguesia ligada ao comércio importador e exportador.02 – Cuiabá, Cáceres, Porto Murtinho e Ponta Porá também se beneficiaram com o estabelecimento de casas de comércio.03 – A navegação na Bacia Platina não promoveu um intercâmbio entre Mato Grosso e as outras províncias , pois as vias de acesso continuaram a ser as mesmas usadas pelos bandeirantes.04 - Após a guerra, Mato Grosso sofre um forte surto de varíola, mudando o cotidiano de toda a sua população.

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11 – (UFMT – 96) Sobre o cotidiano de Cuiabá durante a guerra do Paraguai, julgue os itens:00 – Cuiabá não foi atacada pelo exército paraguaio, razão pelo qual a segurança da sua população não ficou comprometida01 – Os quilombos existentes tomaram novo impulso, agravando ainda mais o quadro de insegurança social vivida pela população.02 – Entre os problemas vividos pela população cuiabana neste período estava também a dificuldade de abastecimento, causada pelo bloqueio de navegação pelo Prata e os inconvenientes oferecidos pelas rotas terrestres.03 – O surto de varíola que se alastrou na província, a partir de Julho de 1867, dizimou parte considerável da população fez surgir o cemitério de Nossa Senhora do Carmo, no Porto, também como forma de isolar o vírus da doença.

12 - (UFMT) “O processo de industrialização desencadeado na Europa a partir da Revolução Industrial promoveu alterações profundas na sociedade, transformando não só a relação de trabalho, mas alterando de forma mais ampla a vida das pessoas”. (VOLPATO, 1993:39)O texto acima é empregado para defender que no sex XIX ocorreram alterações na organização do espaço urbano para torná-lo higienizado e disciplinado. Coerente com o exposto em Cuiabá:00 – Foi construído o Cemitério da Piedade.01 – Ocorreu a fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso02 – Antecedeu a construção do Seminário da Conceição, ao lado da igreja Bom Despacho.03 – Foi construída uma cadeia ao lado do Arsenal de Guerra.04 – O poder público passou a publicar os Códigos de Posturas Municipais.

13 – No momento em que começaram a vigorar as primeiras leis abolicionistas (1850), as quais culminaram com a abolição definitiva da escravatura (1888), o capital foi transferido do escravo para a terra. Assim a lei da terra (1850) marcou esta transferência. A partir daquele momento, um indivíduo passava a ser considerado rico na exata medida da quantidade de terra que possuía . Nessa ocasião, as terras passaram a ser adquiridas somente por compra e sua posse comprovada através de registro em cartório. O que isso veio acarretar em ato Grosso?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14 – Os quilombos foram uma forma de resistência que marcou o período de escravidão no Brasil. Sobre os quilombos de Mato Grosso, avalie as questões abaixo:00 – Surgido por volta de 1770/71 na região guaraporeana, o Quilombo do Piolho ou Quariterê tornou-se um povoado composto de negros fugitivos, índios, criolos e caburés.01 – Os quilombos não eram auto-suficientes, pois não conseguiam produzir tudo para o seu sustento, razão pela qual mantinham relações comerciais com arraiais e vilas.02 – José Piolho chefiou inicialmente o Quilombo do Piolho, porém com o seu falecimento, assumiu seu lugar a sua esposa Elizabeth, conhecida como “Rainha Elizabeth”.03 – O Quilombo do Piolho ou Quariterê, após sofrer os ataques das forças e do poder, resistiu e seus habitantes fugiram, formando mais tarde outro quilombo, conhecido como Aldeia Carlota.04 – Foi registrada a existência de apenas um quilombo em Mato Grosso, o Quilombo do Piolho ou Quariterê, assim como também é conhecido apenas o Quilombo dos Palmares na História do Brasil.

15 – (UFMT – 97) Os itens abaixo estão relacionados com escravidão em Mato Grosso. Julgue-os:00 – Por volta de 1770/71, na região do Guaporé, próxima ao rio Piolho ou Quariterê, formou-se um quilombo composto de negros fugidos, índios, crioulos e caburés, demonstrando que não apenas os negros fugiam da dominação branca.

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01 – A abolição da escravidão na Província de Mato Grosso, ao contrário do que aconteceu no restante do país, ocorreu em meio a graves convulsões sociais que ameaçaram a unidade territorial.02 – A proximidade com o domínio Espanhol dificultou a concretização das fugas de escravos, devido ao intenso policiamento feito por espanhóis e portugueses.03 – Enquanto forma de resistência à violência, os quilombos proliferaram em Mato Grosso . Entre outros, Mutuca e Pindaiatuba, na Chapada dos Guimarães, e Rio Manso, na região de Cáceres.04 – Em Mato Grosso, a mão-de-obra foi definida pelo caráter da atividade econômica. Assim a utilização do africano ocorreu na mineração do outro, na exploração de cana-de-açúcar e nas atividades agrícolas e urbanas.15 – Os itens abaixo estão relacionados com a escravidão em MT. Julgue-os:a) Por volta de 1770/1971, na região do Guaporé, próximo ao rio Piolho ou Quariterê, formou-se um quilombo composto de negros fugidos, índios, criolos e caburés, demonstrando que não apenas os negros fugiam da dominação branca;b) a abolição da escravidão na Província de MT, ao contrário do que aconteceu no restante do Brasil, ocorreu em meio a grave convulsões sociais que ameaçaram a unidade territorial;c) A proximidade com o domínio espanhol dificultou a concretização das fugas de escravos, devido ao intenso policiamento feito por espanhóis e portugueses;d) Enquanto forma de resistência à violência, os quilombos proliferaram em MT. Entre outros, Mutuca e Pindaituba, na Chapada dos Guimarães, e Rio Manso, na região de Cáceres. e) Em MT, a mão-de-obra foi definida pelo caráter da atividade econômica. Assim, a utilização do africano ocorreu na mineração do ouro, na exploração da cana-de-açúcar e nas atividades agrícolas e urbanas.16 – Julgue os itens abaixo, com relação a cana-de-açúcar.a) a produção foi significativa para a exportação.b) Dentre as dificuldades encontradas para o desenvolvimento da lavoura de cana-de-açúcar podemos mencionar a precariedade dos meios de transporte e de comunicação.c) A Primeira usina fundada em MT foi a usina da Conceição.d) Com a reabertura da navegação do rio Paraguai ocorre a modernização e a proliferação dos engenhos do rio Abaixo.e) O regime de trabalho utilizado nas usinas caracerizava-se por uma grande exploração de mão-de-obra; o trabalhador, além de cumprir longas jornadas de trabalho, consumia todo o seu salário no armazém da própria usina.17 – Sobre a exploração da borracha em MT, julgue os itens:a) A mão-de-obra utilizada na extração e beneficiamento do látex era gaúcha;b) O Plano de defesa da borracha propunha isenção de impostos de importações de instrumentos necessários para sua exploração e beneficiamento.c) Nos seringais, “estradas” eram abertas e, através delas, os seringueiros empreendiam longas caminhadas, coletando o látex. Os camaradas eram contratados por safra.d) Na Amazônia surgiram várias indústrias que usavam látex como matéria-prima.18 – Julgue os itens sobre a erva-mate:a) No final do século XIX, com a fundação da Empresa Mate Laranjeira, a erva-mate passou a constituir uma das grandes fontes de rendas do estado.b) A mão-de-obra empregada pela Empresa Mate Laranjeira era na sua maioria, composta de nordestinos.c) Contrariando os interesses da Empresa Mate Laranjeira, o Presidente Vargas criou o Instituto Nacional do Mate, que tinha como um dos seus objetivos estimular a industrialização do mate no Paraná e Santa Catarina.d) As principais reservas de Mate estão localizadas no atual estado de MS.e) O látex ao lado do mate, do ouro, do diamante e do gado se constituíram nas principais fontes econômicas do estado no 2º Império.

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19 – Julgue os itens abaixo:a) A extração e a comercialização da poaia foi importante para o desenvolvimento de Campo Grande, Ponta Porã e Porto Murtinho.b) A poaia era sempre extraída no período da seca.c) A estrada de ferro Noroeste do Brasil contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da pecuária em MT.d) A mão-de-obra empregada na pecuária era composta principalmente de homens livres e assalariados, ficando os escravos reservados para as tarefas mais específicas.e) Os ameríndios utilizavam a poaia para se tratarem das picadas de ofídios.20 – O estopim para a eclosão da Guerra do Paraguai foi:a) A reabertura da Bacia Platina;b) A invasão da Argentina pelo ditador paraguaio.c) O aprisionamento do navio “Marques de Olinda”.d) O naufrágio do “Paquete Jauru”.e) A aliança entre Brasil e Inglaterra.

19. GABARITO

01 – E – 02 – F,V,V,F – 03 – V,V,V,F – 04 – B – 05 – F,V,F, 06 – D – 07 F,V,F, - 08 V,V,F,F – 09 V,V,F,F – 10 – V,V,F,F,V – 11- F,V,V,V, 12 – V,F,V,V,V, - 13 – A Lei de terras provocou o aumento do preço da terra, favorecendo com isso a concentração de terras nas mãos de poucos. 14 – V,F,F,F,F, - 15 – V,F,F,FV – 16 – F,V,V,F,V 17 – F,V,F,F, - 18 – V,F,V – 19 – F,F,V,V – 20 - C

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