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HistóriadasMulheresdeLínguaPortuguesaeEspanhola

Women’shistoryofPortugueseandSpanishlanguage

AntonioEmilioMorga(org.)

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Copyrigth©2015UniversidadeFederaldoAmazonas

ReitoraMárciaPeralesMendesSilva

EditoraSuelyOliveiraMoralesMarquezRevisãoPortuguêsRevisãotecnicaSuelyOliveiraMoralesMarquezEditoraçãoelectronicaFichacátalografica

EditoradaUniversidadeFederaldoAmazonasAvenidaGal.RodrigoOtávioJordãoRamosn°6200-CoroadoI,

Manaus/AMCampusUniversitárioSenadorArthurVírgilioFiho,Blocol,SectorSul

Fones:(92)33054291e33054290

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E-mail:[email protected]

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Sumario

Apresentação.

Prefácio

Laidentidadfemeninaenlasfuenteshispano-cristianasyandalusíes

MujeresenlosacuerdosdelaRealAudiencia.LaPlatadeLosCharcas(1562-1602)

Costelas de Adão: a desacreditação dos depoimentos femininos naInquisiçãoportuguesa

Ocotidianolúdicodasmulheresbrasileiras:eoolhardosviajantes

Adoráveisedissimuladas:DramasdeamoremBelém(1870-1920)156

Mulheres, casamento e a família em Portugal na 2ºmetade do séculoXIX-princípiosdoséculoXX:algunsaspetos

E Foram Felizes: Relações entre temporalidades histórica e narrativajurídica

HistoriadelaliteraturaFemeninaenVenezuela

Sobreosautores

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Apresentação.

stacoletâneaeraumprojetoquehátemposvinhasendoformatado.Pela

suacomposiçãosempretinhaumdesvio,umacurva,umdeclive,ummistériode encontros e desencontros. E nessas andanças nos eventos acadêmicossobreasproblemáticasdegênero,sempreficavalatenteapergunta:porquenão agrupar textos desses pesquisadores de língua espanhola e portuguesanum livro? Livro para dar vazão às falas das mulheres de diversasprocedências,numdiversificadoquadroteórico-metodológico.

O fazer e o saber estavam pedindo passagem sem pedirem a devidalicença.Quebom!Todavia,comocuidadoparanãoferiremsensibilidadeseafetividades.Dessemodo,aospoucos,devagarzinho,comocuidadodequemprepara a terra fértil para semear o trigo, fomos trocando ideias eexperiências,bemcomoconversandosobreoprojeto.Logo,omesmotomoucorpo e tudo indicava que a flor matinal molhada pelo orvalho da noiteanterioriadesabrocharnumaprimaveradessestemposdiversificados.

Assim, nessa tentativa de superar a imensa solidão que envolvepesquisadores de diferentes instituições de ensino superior da línguaportuguesa e espanhola começou a se desenhar a delicada cartografia etipologiadessacoletânea:HistóriadasMulheresdeLínguaPortuguesaeEspanhola. A caminhada começara num lindo dia do verão amazônico,objetivando expor a nudez da pesquisa científica, produzida entre as friasparedesdeconcretodasacademias,paraocupardeformadefinitivapraças,avenidas,ruas,becosebancosescolares.

Feitooconvite,logoospesquisadoresatenderamaochamamentodadocetravessia e da doce aventura mágica de construírem narrativas sobre oencantamento do mundo feminino. Nessas páginas vão passar histórias devidas,históriasdelabor,históriasdesedução,históriasderomanceseoutrashistóriaspertencentesaouniversodasmulheres.

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São histórias de construção do viver feminino num tempo históricomarcado pelo domínio do masculino. E ao ousarem se construírem comosujeitos históricos, muitas ações femininas foram relegadas às prateleirasempoeiradasdo tempo.Poder-se-iadizerentre lágrimasedores...Talvezoestudosobreasmulherestenhaaindamuitasreentrânciasaseremrevelados;lugaresaseremvisitados;trilhasaseremdescobertas;evivênciasfemininasaseremtrazidasàluzmatinal.Semdúvidaqueossegredossobreasmulherescontinuam lános seuspróprios segredos.Ecomosão segredos,permanecenosseusprópriossegredos.

Essefazercoletivo,dematizesteóricosemetodológicosdiversificados,trazàssuperfíciesdesavisadasocotidianodessasmulheresapresentadasaoleitornessacoletânearecheadadeencontros,desencontroserupturas.

Não é proposta e nem propósito dessa coletânea “falar” de todas asmulheresdelínguaportuguesaedelínguaespanhola,massim“falar”deumaparte delas e da sua labuta em diversas situações da sua visibilidade nocotidianodassuascontradiçõesedesencontros.

São “falas” de historiadores que vão buscar no passado histórias dasmulherese,deformadelicada,resgatarsuaexistênciasemromperasdobrasque exalamdadocumentaçãoperscrutada.São “falas” que nos aproximam,cognitivamente, das relações conflituosas que envolveram asmulheres dospassados brasileiro, português, argentino, mexicano e venezuelano; “falas”necessáriasparaexalaro“odor”dofazeracadêmiconasuapluralidadedefontesdocumentaisqueem leitura subjacenteemergemoviver femininodoBrasil, Portugal, Argentina, México e Venezuela. São “falas” depesquisadoresoriundosdepaísesdistantesentresigeograficamente,masquerevelam como essas mulheres, no seu cotidiano, propuseram para suaexistência um viver de inquietudes, incompreensões e realizações da suacondiçãodemulher.

Após um longo inverno de caminhos de encontros e desencontros,entregamos esta obra aopúblicoparaque lhedeguste ao sabordovinho edos sorrisos fartos os caminhos, trilhas, becos e lugares das mulheres delínguaespanhola eportuguesa.Sãodizeresmasculinos e femininos sobre esobessasmulheresqueemcomumtemofatodenãosecurvaremdiantedasnormasestabelecidas.Desafiaramseutempoeoquesediziasobreondeeraolugardessasmulheres.

Poder-se-iadizerquesetratadeumaobranecessáriadiantedaabundante

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pesquisa sobre o assunto na America Portuguesa, America Espanhola,EuropaeAmericaCentral.Pesquisasqueagorachegamaopúblicoemformadelivroepáginasrepletasdecenasasuscitaroimagináriodaquelesqueseaventuremnaleituradacoletâneaconstruídapor:Cristiane,Adaías,Cristina,Morga,Irene,Diana,SilviaeJaime.

BoaLeitura.Verão/2017

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Prefácio

Arepresentatividadediminuídadamulhernoplanoterreno,ondevingou

opatriarcalismo,nãodeixadeseranacrónicaseconsiderarmosque,noplanodivino,omatriarcalismofoidegrandeimportânciaeassumiuatéumacertadominância. Não apenas pela figura de Maria, e dos respetivos títulos,epítetos e invocações, mas de outras que por todos os textos sagradosabundam como exemplos de heroínas, desempenhando papéis de grandeimportância, como Abigail, Betzabé, Míriam, Débora e Ester, para citarapenasalgumas.Quandosetratadeexprimiracondiçãodoshumanosdiantede Deus, este é representado como homem e a globalidade dos humanoscomoumamulher.Metafisicamente a individualidademasculina era notadacomootranscendenteeafemininacomooimanente.

Poéticaesimbolicamenteamulherfoivista,naóticareligiosa,comoumaantonomástica do humano. Mais: não raro, as metáforas do femininoaparecemsobreoqueDeusémaisprofundamente,comointervémecomoserelaciona. Daí que o papa João Paulo I tenha recuperado uma dessasmetáforasparaasseverar,peranteoespantodemuitos,queDeuspoderiaserconsideradomaiscomomãedoquecomopai.Contudo,averdadeéquenoplano terreno, durante a maior parte da história da humanidade, não seconsubstanciou a consciência da igualdade existencial da mulher. Nadimensãoantropológicadassociedades,desdeosremotosperíodosdapré-história até à contemporaneidade, a secundarização do papel da mulherderivoudetrêstiposdesujeição:ontológica,religiosaejurídica.

Poucoepistemológicafoiahistoriografíaao,durantemuitotempo,fazertábuarasadacrençadeque,relegadaaumacondiçãoinferior,amulhernãoera um sujeito histórico apreensível através das ferramentas teórico-

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metodológicasdaHistória.Trata-sedeumarealidadequenotranscorrerdosséculos veio a conhecer revisão paulatina e, hoje, a comunidade científicaacolhedeformamuitomaisprofusaosestudossobreamulhernosentidodegénero,ousobreasmulherescomoagentespluraiseactivosnoprocessodeconstruçãodarealidadehistórica.

Otemanãoé,porconseguinte,terraignota,frutododesenvolvimentodeque temvindoa ser alvo, sobretudo,dasúltimas trêsdécadasa estaparte.Mas também não é, importa sublinhar, um campo esgotado. É hojeconsensualmenteaceitequenãoépossívelaflorartemascomoasociedade,cultura, literatura, arte ou religião, sem que se refira à mulher. Não só,porém. Do ponto de vista gnoseológico há miríades de possibilidades depesquisassobreamulher,podendoservistadeváriosângulos,sendoaraça,a etnia, a classe, a sexualidade, a espiritualidade, o feminismo, ainterculturalidade, a interceccionalidade, apenas alguns. Neste sentido,apesardodesbastequejásefez,muitoháaindaporfazer,aquiresidindoapertinênciadestelivro.

O título, bastante sugestivo, não tem subterfugios e diz ao que vem, aomesmotempoqueinvoluntariamentefazecodoestádiodedesenvolvimentodasmatériasqueprocura tratar.Sim,proporumfocosobreasmulheresdelínguaportuguesa e espanhola épartir devisõesmais circunscritas, típicasdo arroteio de campos virgens, para visões mais amplas, comparativas econtrastivasquesãoprodutodeumacertamaturaçãodocampoanalítico.É,portanto,aoníveldaperspetiva,dir-se-ia,até,dametodologia,queseforjaaoriginalidade que esta obra procura.Umolhar poliédrico, atento às váriasfaces da história da mulher, cônscio da importância dainterdisciplinariedade,abertoàlatitudeeàcronologia:eisoqueelaprocura.

O que procura, bem entendido! Por ser um dos interveninentes danarrativa eximo-me de opiniar sobre se o consegue, relegando ao leitor atarefa de o aferir.Não deixarei, todavia, de expressar a convicção de queestamos perante um trabalho sério e rigoroso, coordenado por AntonioMorga, um autor que reconhecidamente tem encetado esforços paradesenvolverestastemáticas,nãoapenaspelaspublicaçõesquetemdadoaoprelocomotambémporconcitarointeressedeváriosestudantesque,nesseâmbito,têmdesenvolvidoestudossobsuaorientação.

Paraapresentecoletâneareuniuumconjuntodeinvestigadores,deváriospaíses, não oriundos apenas de uma área do conhecimento, com o fito de

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proporcionar ao leitor reflexões díspares, abrangentes e ao mesmo tempoprofundas. Aqui, reflecte-se e discute-se a propósito de questões tãoimportantes como a visão dominante acerca da identidade feminina noperíodomedievo;aparticipaçãodemulheresnasnovasinstituiçõesdoPerúcolonial;osfactoresquedesacreditavamostestemunhosfemininosduranteosprocessosinstauradosInquisiçãoPortuguesa;oolhardosviajantesacercadoquotidiano lúdico das mulheres brasileiras; a perceção das instituiçõesjudiciaisacercadasmoçaspobresalvodedesfloramentoemBelémdoPará;apersistênciadopensamentotradicionalistaacercadopapeldasmulheresnoquadro da família e do casamento entre os finais do liberalismo os osprimeiros anos da República Portuguesa; a relação entre temporalidadehistóricaenarrativajurídicanoquedizrespeitoaocasamentonoBrasil;eoestatutodamulherveiculadopelaliteraturafemininavenezuelana.

Terminocomumaglosa.Háumatendênciacrescente,nãoapenasnoquerespeita à história das mulheres, para instrumentalizar a história com finsativistas.Dopontodevista científico éumaactividadeque encerra algunsperigosporquesenãoforlevadaacabocomintuitosdeproblematização,enem sempre o é, pisa as areias movediças da demanda por uma putativaverdade. A verdade, verdade total, é do domínio da ideologia e não daciência.Sóosideólogosseconsideramsenhoresdaverdadeedacerteza.Aciência,embomrigor,tempoucascertezasepoucasverdades,pugnandoporobjectividades, mesmo sabendo-as intangíveis; buscando fontes com aconsciência de que nenhuma é repositório da totalidade dos factos; eassumindo a provisoriedade das conclusões. Está hoje demonstrada aimpossibilidadedaexistênciadeumconhecimentoesistemadeinvestigaçãoneutroseobjetivos.Restaodeverdeontológicoearesponsabilidadesocialde uma procura dos instrumentos epistemológico-teóricos e metodológicosque garantam o máximo possível de objetividade. A observação de umobjecto de estudo a partir de uma grelha analítica demasiado fechada ouexcessivamenteabertaeaadoçãodeumaperspetivavalorativae redutora,resultamquase semprena confirmaçãode conceções apriorísticas ao invésde uma aproximação relativa ao objecto que se pretende caracterizar einterpretar.

Tal como para Marc Bloch, que afirmava que os homens parecem-semaiscomoseutempodoquecomosseuspais,FernandoCatrogaasseverouque,pormaisesforçosdeauto-análisequeohistoriadorfaçaparaaplicar

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a sua metodologia crítica e para evitar a dimensão subjectiva nainterpretação histórica, a sua epochê será sempre epocal, porque asrelaçõesambíguascomamemóriaecomoque,dentrodela,épresençadocolectivo impedem-no de se colocar, totalmente, “entre parêntesis”. Ditoisto,éprecisofazerumexercíciodealteridadeeperceberosfalsosaresdearcanjoqueseatribuíàHistóriaquandoelaémobilizadapara julgar, feitaarena de disputa e tribunal.Ao invés, principiologicamente ela é, ou deveser,umviáticoparaacompreensão,paraaproblematização,paraodebate.Sãoessesprincípiosquenorteiamestelivro,méritosque,parece-me,atestambemavaliacientíficadoprodutoqueaquiseapresentaaoleitor.

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Laidentidadfemeninaenlasfuenteshispano-cristianasyandalusíes

SilviaNoraArroñada

Habitualmente se considera a la etapamedieval comounperíodopoco

propicioparalamujer,enelqueéstaeravíctimademalostratos,unavidainfeliz, sin ninguna posibilidad de desarrollar capacidades intelectuales ycircunscripta al hogar. En todo este período, que presenta característicaspatriarcales,sepuedeadvertirlapresenciadeunamayorcantidaddetextosdenaturalezamisóginaquedetextosfavorablesydefensoresdelamujer.Latradicióndeeseantifeminismorecurríapreferentementearetratarlasconlasmásnegativasyperversascaracterísticas.Selasconsiderabacelosasdesusrivales, excesivamente locuaces, compulsivas, egoístas, derrochadoras,frívolaseincapacesenrelaciónalconocimientoyentendimientodelascosassuperiores. Esta concepción no fue creada en la Edad Media sino queproveníadelaculturaclásica.1

Sindudaque las afirmaciones antedichas están ancladas en fuentesqueasílotestimonianperocabríamatizarestavisiónproverbialdelamujerenelperíodomedieval.Paraellohemosoptadoporrevisardichoconceptodesdeotrolugar,másprecisamentedesdelavisióndelainfancia.¿porquéhemosdecidido tener en cuenta esta perspectiva? Tanto en los tiempos pasadoscomoenlaactualidad,alniñoseloconsiderabacomoeladultodemañana,por lo tanto loqueunasociedaddecidía sobreélera,endefinitiva, loqueesa sociedad buscaba y anhelaba para símisma. En esta etapa no sólo senutre, se cría al individuo y se vela por su salud física sino que tambiéndesdelaspautaseducativasymoralesqueseletransmiten,secuidasualma

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y se revela qué espera la sociedad de esa persona en su adultez. Enconsecuencialoquelasfuentesmedievalestestimoniansobreesosaspectosenrelaciónalasniñas,nosdarálapautadelaconcepciónfemeninaendichaépoca.

ParaestetrabajonoshemoscentradoenlaPenínsulaIbérica.Elmotivodeestaeleccióngeográficarespondeenprimerlugaralariquezadevisionesque podemos rescatar en este escenario ya que la peculiar lucha entrecristianos ymusulmanes por el territorio dio lugar amúltiples situaciones.Hubo encuentros y desencuentros entre estos dos grupos de población,intercambios culturales y científicos que forjaron conceptos y perspectivasparticularesqueseplasmaronen todo tipodeámbitosy temáticas.Lavidacotidiana,lapercepcióndelainfancia,delamujer,delafamilia,entretantosotros, acusaron las huellas de esta interrelación y reflejaron el mestizajeculturalyreligioso.Mientrasquelaconcepcióncristianaasentósusraícesenelmundolatino,lacosmovisiónárabeseinscribióenmuchosaspectosenlaherenciagriega,bizantinaypersa,deallílariquezadesulegado.

Ensegundolugar,creemosimportanteanalizarelcasoespañolpuestoquelaconcepciónsobrelainfancia,lafamilia,lamujer,eslaquesetrasladóaAméricaLatina,sobrelaqueseedificónuestraculturaactual,cuyavisióndeestostemasesenmuchoscasosdeudoradeaquélla.

Partiendodeestospresupuestosbásicos,unaprimeraaproximaciónalaconcepciónsobrelamujermedievallaproporcionaladivisióndelasetapasdelavida.Tantoenopinióndelosmédicoscomodelosastrólogosyjuristascristianos se consideraba que la infancia abarcaba desde el momento delnacimientohastaloscatorceaños,cuandoseproduceeldesarrollosexual.Entodos loscasossemarcaunclaropuntode inflexiónhacia lossieteañosaraíz del comienzo del uso de la razón, la iniciación de la educación, laaparición del pudor y, en el caso de las niñas, el traspaso de la custodiafemeninaalamasculina.

Porsuparte,losjuristasmusulmanesestablecíanquelaniñezfinalizabaentreloscatorceylosdieciochoaños,segúnlasdistintasescuelas,momentoapartirdelcuallapersonapodíaconsiderarsedueñaplenadesusacciones.Estaprimeraetapadevidasedividíaasuvezendosperíodos:unoinicialcorrespondiente al ejercicio de la hadāna o derecho de custodiaperteneciente a lamadre, u otramujer de la familia en líneamaterna, y unsegundomomentoqueseextendíahastalapubertad,enquelaguíaycustodia

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pasabaalaesferapaterna.Vemosentoncesquetantoparalaculturacristianacomo para la islámica a la mujer se la consideraba capacitada paraencargarse de los cuidados básicos e iniciales del niño pero no se ledelegaba la tareadeeducarlo,darle loselementosparasudesarrolloen lasociedadovelarporsupatrimonioysuhonra,ámbitostodosreservadosalhombre.

Dosfigurasfemeninas:laparteraylanodrizaSinembargohabíaotrasáreasenlasquelafiguradelamujerteníauna

funciónpreponderanteyeraespecialmentereconocidaenelmundomedieval.Unadeellaseralacorrespondientealnacimientodondeseconsiderabaalaparteraocomadronacomolapersonamásidóneaparaadministrarlo,yaqueésta era un faceta exclusivamente femenina y su sabiduría para estassituaciones provenía de la experiencia acumulada en la práctica. Tanimportante era su labor que incluso los documentos eclesiásticos aluden aellas y les adjudican el deber de bautizar a los niños recién nacidos queestuvieranenextremopeligrodemuerte.

Sibienlascomadronascristianaseranexperimentadas,enmuchoscasos,sobre todo enpartos reales, se prefería recurrir a parteras judías omoras.Así sucedió en las cortes castellanas y aragonesas.2 Probablemente seacudiría a ellas porque tenían fama de poseer mayores conocimientosmédicosquesusparescristianas,yaquealapericiaadquiridaenlaprácticaseañadíalaformaciónteóricarecibidaconsushermanos,padresomaridosmédicos. En la Edad Media la medicina fue un área dominada por losgalenosárabesyjudíos,siendoéstosinclusolosdoctoresdelascortes.

En el mundo islámico la partera era especialmente cuidada porqueguardabaunarelaciónmuycercanaconelniño.Eslaprimerapersonaquelorecibe al nacer y a través de ella tendrá el contacto inicial con el mundoexterior,ellaseencargarádecortarelcordónumbilical,realizarleelprimerbañoyconmuchaprecaución,cuidadoyparsimoniaactuarásobreelcuerpodelbebé.

El historiador y sociólogo de origen andalusí Ibn Jaldun concibe lamisióndelaparteracomounarteque“consisteenrecibiralniñoyayudaralamadreadarlooexpulsarlo”yesunatareaquesólopuedehacerunamujer.

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Lacomadronaporsucondiciónfemeninaentiendemejorqueelmédicoalamadreyesmáscompetentequeél,peroademássulaboressublimeporquesu arte es indispensable para la comunidad ya que “sin su trabajo losindividuosque forman la sociedadno lograrían la plenitudde su ser”.3 Essignificativo que el capítulo dedicado a ella está incluido en el libro queversasobrelasartes.Divideaéstasendosgrupos:aquellasdelascualesloshombresnopuedenprescindircomolasdellabrador,elalbañil,elcarpinteroyotrasquesonnoblesporsupropioobjeto.Enestacategoríaseencuentraelde laparterayaque“aella ledebeel reciénnacido laconservaciónde lavida y la complementariedad de su existencia, es el arte que conserva lasalud del hombre y lo libera de las enfermedades”.4 La relevancia que leasignaIbnJaldúnalacomadronaesunconceptooriginal;hastaesemomentonilosmédicoscristianosnilosmusulmaneshabíanconcedidotalcategoríaasutrabajo.

Otrafigurafemeninamuyimportanteenambasculturaseslanodriza.Enel mundo cristiano acudían a sus servicios gente de los grupos reales,nobiliariosysectoresciudadanosacomodados.Comoseteníalaconvicciónde que a través de la lactancia el ama transmitía al pequeño una serie decaracterísticas físicas,morales, espirituales, raciales y religiosas, era vitalreglamentar los requisitos que debía cumplir esta mujer para ejercer suoficio. Estas condiciones están claramente detalladas en documentosoficiales como por ejemplo lasSietePartidas deAlfonso el Sabio. En laSegunda Partida, se explica que los puntos fundamentales para una buenaelección residen en tres pilares: suficiente capacidad de alimentación,bellezafísicayespiritualycarácterapacible.

TambiénlosfuerosmunicipalesylasordenanzasdeCortesestipulanlostérminos en que se desarrollaba la labor de estas amas de cría en lasciudades.Allíseestableceninstruccionessobrelascondicionesdecrianza,elsueldoquerecibirían,siéstasequedabaenlacasadelniño,losplazosdeamamantamientoylascondicionesparaabandonarlalaborantesdelperíodopactado. Asimismo en los preceptos conciliares se prohíbe que judías ymorascriasenniñoscristianos,indicandocomocastigoasuincumplimientoelazoteylaexpulsióndelavilla.

Por otro lado, las leyes protegían al niño en relación a su tarea,castigando con el calificativo de aleves y expulsando de la ciudad a los

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hombresquelascortejasenyaqueseconsiderabaquelasrelacionessexualespodían estropear la leche de la mujer y, en consecuencia, provocar laenfermedad o lamuerte de la criatura. La tarea de la nodriza no consistíaúnicamente en amamantar al pequeño, también se encargaba de bañarlo,cambiarlo,mecerloparaquesedurmiese,jugarconél,cantarle,hablarle;deallí la importanciade la buena educaciónde estamujer yaque la relaciónqueestableceríaconelinfanteseríamuyestrechaycargadadeafectividad.

El vínculo entre lactancia y linaje era fundamental ya que así como atravésdelalechedeunamaapropiadaseasegurabaunabuenacrianzaenlascualidadesfísicasymoralesdelniño,la“malaleche”descastaba,envilecíaydegradabaalniñoporquerompíaconsupasadosuperior.Porestemotivolosnobleslededicaronunaatenciónespecialensusescritosylarecompensaronlargamente durante su tarea y al fin de lamisma.Don JuanManuel fue unclaro ejemplo de ambas situaciones: en elLibro de los estados, el noblecastellanopuntualizabalascondicionesquedebíancumplirparasuservicio5yensutestamentolecedíalasrentasdedoslugaresdesupropiedad.6

Elpesodesufigurasemanteníaaúnpasadalaetapadelalactanciaysetrasladaba en algunos casos al ámbito jurídico, como en el Libro de losfuerosdeCastilla, donde se establecíaque siunniñomenorde siete añosrecibía una agresión y resultaba herido, durante el proceso judicial,asumiríansurepresentaciónsumadreoelamadecría.Laestrecharelaciónentreestasmujeresylospequeñossecontinuabahastalaadultez.Lagratitudhacia ellas se observaba frecuentemente en las mandas testamentarias ydonaciones en general que hacían los reyes o nobles. Nuevamente eltestamentodeDonJuanManuelesparadigmadeellocuandoencomiendaalamaqueaconsejeasuhijoFernando“entodaslascosasqueoujeredefazerenlasufazienda”7,demaneraquesupodernosólocomprenderáelámbitoeconómicosinoquetambiénseextenderáalcampopolítico.

Pero la nodriza no sólo se movía en estos ámbitos sociales, tambiénhabíaamasdecríaquetrabajabanenhospitalesdelaciudadalimentandoaniñosdesamparados.Algunosdeellos llegabancondos, tresocincoaños;perootroseranbebésdemesesquehabíanperdidoasumadreenelpartoodurantelalactanciaysehallabanenunestadodegrancarencia.Paraelloloshospitalescontabanconnodrizasmercenariasquellevabanalosniñosasus

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casasy losamamantabanhasta laépocadeldestete,momentoenelcualelmenorretornabaalainstitución.8

Lostestimonioscitadoshastaaquísonrepresentativosdeunaposturaconrespectoa lacrianza: laquedefiende la lactanciamercenaria, sinembargodentro del sector nobiliario también hay defensores del amamantamientomaterno.ElmismoJuanManuelfuecriadoporsumadreyenelVictorialsecuentaunepisodioenelqueunamujernoblehuelequesuhijohamamadoleche ajena y lo sacude hasta que el niño la expulse9, es decir que habíaquienesconsiderabanlalactanciamaternacomoesencialparalatransmisióndelascualidadesdellinajeyparalaconservacióndelasalud.

Delmismomodo,enelmundomusulmánobservamosquelafiguradelanodriza es muy tenida en cuenta, especialmente en la legislación y en lostratados médicos. En cuanto a la primera, la Risāla de Ibn Abī Zayd al-Qayrawānī esun claro ejemplo.Este tratado reúneuna seriedenormasdeconductabasadasenlaescueladederechomalikíquetuvograndifusiónenal-Andalus.Allí se habla de los efectos de la lactancia con respecto a loslazos matrimoniales, de la alimentación después del destete y de laobligaciónderecibirunsalariopor lacrianza.Enlos tratadosmédicos,encambio, seestudianotrosaspectos: lascaracterísticas físicasyespiritualesdelamujer,eltipoycalidaddeleche,elrégimendecomidasqueellasdebenllevarylanecesidaddelaabstenciónsexual.10

Mientrasqueenlaculturacristianalalactanciamercenariaestáligadaalbuen linaje, en la medicina andalusí se ponemás el énfasis en el vínculoentre la lactancia y la buena salud del niño ya que una buena nodriza quealimentay satisface a la criatura está sentando lasbasesdeun adultobienformado.

Elinterésquedespiertanlasfigurasdelacomadronaylanodrizaenlasfuentes legislativas ymédicas cristianas e islámicas señalan lo importanteque era para las dos culturas el cuidado del niño desde sus primerosmomentosdevidayasegurarleuncrecimientosólidoentodoslosaspectos.Quizás, por eso mismo, el tema de la lactancia refleja criteriosdiscriminatoriosyprohibicionesconrespectoalaalimentacióndeniñospormujeresdelasotrasreligiones,yaqueenestarelaciónsecimentanvaloresmuyprofundosparacadacivilización.

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LasfuentesliterariasylamujerLas fuentes literarias aportan aspectos complementarios de los citados

anteriormentesobrelarepresentacióndelafemineidadmedieval.Sibienlascrónicasnobiliariasylosretratosdeindividuosdeesegruposocialsiempregiranentornoapersonajesmasculinos,existeunaexcepciónimportantecuyoprotagonista es una mujer. Nos referimos al género biográfico y a lasMemoriasdeLeonorLópezdeCórdoba,noblecastellanaligadaalgrupodelreyPedroIy luegocercanaa laregenteCatalinadeLancaster.Al llegar ladinastíaTrastamaraalpoder, su familiacaeendesgracia.Estose relataensusmemoriasdondeabundandetallesdesuinfortunadainfancia,rodeadaporlos rigores de la muerte, la persecución familiar y la prisión. Sus padresfallecen muy temprano, ella es hecha prisionera y una vez recuperada lalibertadseinstalaenCórdobaconsutíamaterna,quelarecibeconafectoyle cede generosamente unas casas. Vemos en este gesto un rasgo paradestacar: es una mujer quien se hace cargo de la jovencita, le brinda unsosténeconómicoy leprocura lomejorparasubienestar,mostrandoasí lasolidaridadfemenina.11

Aunquelascrónicasrealesynobiliariasresaltanlasfigurasmasculinas,frecuentementealudenasusmujeresohijas.Asíporejemploen lacrónicadel condestable Iranzo se describe con expectación el nacimiento de suprimogénita.12Enotrapartede laobraserelataelgrandolorquecausóelfallecimientodeesahijacuandocontabacincoañosdeedad:

“Y tantoquantogrande fueelplacerqueldichoseñorCondestabley laseñoracondesa...ovieroneldíaqueellanasçió... tangrandefueeldoloresentimiento que todos universalmente ovieron de su fallesçimiento. Y conmucharazón,porquedesuhedaderalamásgraciosaediscretaedonosicaniña delmundo; tanto y en tan grandemanera, y tantas cosas sabía decir yfacer,queatodoelmundodexólastimado”.13

Vemosqueseexpresaabiertamenteeldolorporlamuertedelaniñaylos

rasgosque se resaltande ellademuestranel afectoque se le tenía, lo cualtestimoniaelespacioqueocupabaesahijamujerenlafamilia.

Dentro del género poético se encuentra una fuente literaria de granriqueza para el estudio de los modelos femeninos: lasCantigas de Santa

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María,unarecopilacióndemilagrosmarianosdondelafigurade laVirgense presenta siempre, tanto en el texto como en la iconografía, con elNiñoJesús en brazos, y donde el papel maternal es fundamental. Este primermodelo demujermadre que se nos ofrece es, sin dudas, elmás excelso yacabadode todos,peromásalládeserel ideala imitar,encontraremosenestos poemas una gran diversidad de arquetipos femeninos que incluyenreinas, campesinas, mujeres cristianas, musulmanas y judías, monjas,infanticidas, es decir una gran variedad de ambientes y caracteres, tantofavorablescomonegativos.

Entrelosrasgospositivosseseñalalapreocupacióndelasmujeresporla llegada del hijo: la esterilidad, el nacimiento de niños muertos o quefallecen poco tiempo después de nacer es un tema sobre el que se insistemuchoporlaimportanciaqueteníaasegurarladescendencia.Enelcasodelos reyes y nobles por la exigencia de contar con un heredero y por lacontinuación del linaje y en el caso de los grupos medios y bajos por lanecesidaddedisponerdebrazosqueayudasenalmantenimientodelhogaryala supervivencia familiar. En una época en la que lamortalidad infantil yfemeninapost-partoeraenorme,conseguirqueloshijossobrevivieseneraunéxito. El ejemplo que mejor nos ilustra sobre la importancia de ladescendenciaeseldelaesterilidaddeSantaAna14aunqueelsufrimientoqueseplanteaenlasfigurasbíblicasserepiteenvariospoemasmás,endondelos protagonistas son gente del pueblo que lloran por la falta del hijo odecidenperegrinaraunsantuariomarianoparapedirporsufertilidad.15

Elpartoestemacentraldevariascantigasquetienencomoprotagonistasamadresde las tres religiones.16Enamboscasosseexpresaeldesamparoque sienten estas mujeres ante las dificultades que se producen en estemomentoyporellosedirigenalafigurafemeninaymaternaldelaVirgen,paraquelasayudeenesetrance.Essugestivoobservarenestospoemaslaausenciadeunmédicoylapresenciadeotrasmujeresasistiéndolasaunqueen ningún momento se designa a alguna de ellas como comadrona. Secomprueba aquí lo dicho anteriormente sobre la exclusividad de laintervenciónfemeninaenelmomentodelalumbramiento.

La nodriza es otra figura femenina que aparece en varias ocasiones ysiempredeunmodopositivo.Selacaracterizacomounamujerpreocupadapor la criatura, capaz de ofrecer su vida por ella, siempre dispuesta a

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ayudarla en cualquier dificultad y apesadumbrada cuando la criatura seenfermaofallece.17

Encuantoalasmadres,sibiensonmuydiversoslosrasgosconqueselasretrata,enlamayoríaseevidenciaelinstintomaternal,sedestacaelamorycuidado18haciaelhijoyelorgulloquesienteporsupequeño19inclusiveenlos casos de religiosas encintas.20 Dentro de este grupo se propone comofiguramaternalaunaabadesaqueeducaasusobrinaenelconventoqueestábajosudirecciónyseplanteaaquíelsentimientoambiguodelaprioraquesedebate entre la severidad conque castiga las travesuras de la sobrina y laternuraquesienteporella.

También se manifiestan muy expresivamente las reacciones maternascuando sus hijos enferman o mueren. La angustia, el cuidado y vigilanciaconstante, la recurrencia a todas las posibilidades existentes de curación,desde los métodos sencillos sugeridos por vecinos o familiares hasta lainversióndetodosupatrimonioparapagaralmédicoylasmedicinasquelosalvarán.21 La muerte del hijo y el dolor de la madre por su pérdida sedescribe a través de gestos de llanto desesperado, gemidos, suspiros,“grandes vozes” y mesadura de cabellos.22 Este dolor iguala a todas lasmujeresyenestesentidoesmuyelocuentelanarracióndelvelatoriodeunainfantarealylaconductadelareinaenestasituación.23Lasoberanaordenacerrar las puertas de la capilla del monasterio de las Huelgas, se vela elrostroyjuntoconlasmonjassequedatraslapuertapidiendoalaVirgenquele devuelva a su hija. Durante la espera tanto ella como las religiosas seponen a carpir y a llorar. Esta escena plantea una contradicción entre lanormativa de las Siete Partidas y la realidad. Ambas fuentes fueronredactadasporordendelreyAlfonsoXperomientrasquelaleyprohibedarmuestras de dolor desgarrado “porque las manifestaciones exageradas dedolorasemejaloscristianosalosgentiles”24,lospoemasmuestranelfluirdelasensibilidadenabiertadiscordanciaconlanormajurídica.

Encontraposiciónaestasfigurasamorosasdemadres,sepresentanotrosmodelosenlosqueprevaleceelsentimientodestructivohaciaelhijo.Elmásevidenteeseldelasmadresinfanticidas25quecometenelhomicidiodentrode sus hogares para evitar el duro castigo que la ley establecía en estoscasos.

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Otromodelomaternalnegativoeseldeaquellasquesinllegaraponerfinalavidadelniño,lorechazaalnacer.Eselcasodelasmonjasquedanaluzluego de haber mantenido una relación con un caballero o con otroreligioso.26

Enelmundoislámico,encambionoexisteunaobraliterariasimilaralasCantigas,perosíencontramosungéneroprácticamentenoutilizadoporlosautorescristianos,endondehayunapresenciafemeninaimportante.Setratadel género consolatorio y más específicamente de los tratados deconsolación.Allí sebrindan argumentospara afrontar la pérdidadeun serqueridoyseproponenpautasdeconductaparaejercitarlapacienciaycrecercomo fieles musulmanes en la obediencia a Allah. Estos tratados fueronescritosensumayoríaapartirdelsigloXIVaraízdelosintensosbrotesdepeste negra, ymás allá de proporcionar una visión general del tema de lamuerte,brindanunanutridainformaciónsobrelasrelacionespaterno-filialesy los sentimientos de los primeros ante la muerte de sus hijos. Lapeculiaridaddeestostextosresidetambiénenquenoexisteunparaleloenlaliteratura cristiana de la época; es un género muy desarrollado por losmusulmanes,conunasolaexcepciónenelmundojudíoyotraenelcristiano.

Si bien los hadices en los que se basan los relatos referidos en lostratadossuelen tenerporprotagonistasaniñosendetrimentode lasniñasynarranmayormente las reaccionesdelpadremásque lasde lamadrede lacriatura, esto no significa que el dolor fuese mayor por la pérdida de unvarónoque lasmujeresno sufriesenpor ello.Hayque considerar que losautores de estas obras son hombres y los escriben en una sociedadtradicionalmente patriarcal, de allí el protagonismo del hijo varón. Sinembargoentre todosestos tratadosrescatamosenespecialel redactadoporal-Sajāwīyaque lapresenciadeldolormaternoaparece repetidamente.Elautor afirma que destina el tratado a la consolación de los que sufren lapérdidadeunniño,tantoseavaróncomomujerylosargumentosqueenunciasonválidosparaambossexos.Dehecho,noselimitaanarrarcasosenlosquemuereunpequeñosinoqueaportavarios testimoniosdeniñas lloradasporsuspadres.Delmismomodo,lasmadresaparecencomoprotagonistasenlos relatosde lapérdidadeunhijoyenvariasocasiones se lodescribeaMahomaconsolándolaseidentificándoseconsupena.Ellasaparecencomoejemplodeconductaaseguirporelespírituheroicoodeserenaresignación

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antelamuertedeunoovariosdesuspequeños.Porotrolado,larecompensaporunaconductaapropiadayacordealamoralislámicaalcanzatantoalospadres como a lasmadres en su camino a ganar el Paraíso. Finalmente, ydemostrando una vez más la consideración hacia la mujer, al-Sajāwīaconseja ofrecer las condolencias a todos los miembros de la familia delniñoynosóloalosparientesmasculinos.27

Lamujer,eltrabajoylalegislaciónOtro tipo de fuentes documentales en las que se advierte la presencia

femeninasonlasrelacionadasconelámbitolaboralurbano,específicamenteloscontratosde trabajoqueenmuchoscasossonademásdecrianza.Enelcasodelasniñaspertenecientesafamiliasdepocosrecursoserausualqueseemplearan como servicio doméstico a través de un contrato.Conuna edadpromedio de diez años al ingresar y un período de servicio de seis años,reciben al finalizar el convenio una cantidad de dinero para ayuda de sumatrimonio.Otras veces esta dote consistía en ropas, utensilios y diversoselementos que servirían para equipar su nueva casa. Todo ello quedabaestablecidodeantemanoenelacuerdoeinclusofigurabataxativamentequeestabadestinadoa formar sudote.Durante eseperíodo laniña ayudaba entodo lo necesario: barrer, lavar, cocinar, amasar, acarrear trigo almolino,llevar recados y cumplir encargos, exigiéndoseles ante todo lealtad a susamostantodentrocomofueradelacasa.Encasosexcepcionaleselamoleenseñaría a leer. Los padres de la menor se obligaban a no retirarla delservicioantesdeloconvenidoyderegresarlaencasodequeescapara.Lareiteracióndeestaúltimacláusula indicaríaque la fuga seríauna situaciónbastantecomúnynosllevaapensarsinoseríanelmaltratoolaexplotaciónlascausasdetalproceder.

Otros contratos de trabajo se referían a labores artesanales sobre todovinculadasalgremiotextil.Entrabanatrabajaralosseisañosypermanecíanhastalosquince.Enesemomentoselesentregabaunasumadedineroparaladoteytambiénalgunasropasparasuajuar.

Lasniñastambiéncolaborabanenlastareasrurales.Elpastoreoeraunadeellasysibienlalegislaciónforalestablecíalosquinceañoscomoedadmínimaparaelusodeestamanodeobra, laprotestade lospadres llevóabajarla a los once.28 Si bien era una labor masculina, muchas hijas de

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labradoresconpocos recursosy reducido rebaño, sededicabanal cuidadodelganadomientrassushermanosvaronescumplíanconlasfaenasagrícolas.EstasituaciónhaquedadoplasmadaenlaliteraturadelaépocaporejemploenlasserranillasdelMarquésdeSantillana.29Otrotipodelaboresruralesenlascualeslasmujeressolíantrabajarperiódicamenteeralarecogidadelasaceitunas,lavendimiaolatareadeespigar.Comoinsumíansólounosmesesalaño,setrasladabanconsusniñosalcampoylosqueteníanedadsuficientelasayudabanenestasfaenas,tantovaronescomomujeres.

AsimismolasfuentesjurídicasreflejandiferentesaspectossobrelavidadelamujerenlaEdadMedia,endondesepautanlasetapasdesuvidadesdela crianza hasta elmatrimonio.Unido a esto último se halla el tema de laherencia,asuntoespecialmenteconsideradoenelgruponobiliariopuestoquelaconservacióndellinajeydelacasafamiliarestabanvinculadosalderechodemayorazgo y a la transmisión del patrimonio.De allí la importancia deregular el traspaso de los bienes cuando no quedaban hijos varones omayores de edad y eran lasmujeres o los niños los herederos.Dados queambos son susceptibles de ser engañados o manejados con facilidad porfamiliares poco escrupulosos, la legislación y los testamentos intentabanponerasalvosuscaudalesdelosdeshonestos.Enestosúltimosesfrecuentela cláusula que establece que si la heredera fuesemujer y ya existiese unacuerdomatrimonial,podríaserelfuturomaridoeladministrador.30

En el mundo andalusí igualmente la reglamentación alcanza variosaspectosdelavidadelamujer,desdelaeleccióndelanodriza,lalactancia,la responsabilidad ante la ley, el derecho de custodia ejercido por lospadres,elderechoalavestimentayalaalimentación,laherencia,latutoría,la orfandad, el matrimonio y las honras fúnebres.31 Si bien lo que seestablece en los manuales y tratados de derecho es teoría y no siemprepodemos verificar si se cumplirían estas normas tal cual se enunciaban, almenosnospermitenconocerel idealalcualseapuntaba.Porotro ladoyadiferenciadelosmanualesteóricos,lascoleccionesdefetuas,quesonotrapartedelajurisprudencia,muestranelaspectocotidianodelejerciciodelaley, con actores específicos. En estas compilaciones podemos encontrartemascomolarelaciónconlanodriza,elcuidadodesusalud,elinfanticidioolaresponsabilidadlegalenciertosacontecimientos.Encompendioscomoeldelcadícordobés IbnSahl, realizadoenel sigloXI32, sedetallancasos

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interesantes como el del litigio entre dosmujeres por la remuneración queunadebíadara laotraporhaber tratadoinfelizmente laenfermedaddesushijas pequeñas.33 Aquí podemos descubrir detalles como el cobro de loshonorarios, la manera de convenirlos, la tarifa y el modo de pago. Esimportanteremarcarqueeslamadredelasniñaslaquetomaasucargoelreclamo por su salud y que es también una mujer la que atiende lasenfermedades de las pequeñas, lo cual no es señalado en ningúnmomentocomo algo excepcional, es decir, que debía ser bastante usual que lasenfermedades de las niñas fuesen vigiladas por mujeres que teníanconocimientosbásicosdemedicina.

La asistencia social y la contención dada a las pequeñas huérfanas opobresesotroaspectomuydesarrolladoenelmundomedieval.Los reyes,los nobles, la Iglesia y los concejos de las ciudades crearon distintasinstituciones para darles amparo y asegurarles un futuro dentro de lasociedad. En las mandas testamentarias de los más poderosos siempre sedestinabaunacantidaddedineroparacasarniñashuérfanas.

La Iglesia participaba de distintos modos en la asistencia a estaspequeñas. A través de los sermones se animaba a los fieles a donar susbienes para ayudar a los huérfanos. San Vicente Ferrer fue un granpatrocinadordeelloyelogiabaaaquellospreladosquedestinabanpartedesusrentasasostenerestascausas.34

Varias institucionessecularessurgieronenlasciudadesyespecialmentedurante la crisis bajomedieval para asistir a los niños desamparados. EnCataluña se denominarán “Pare dels orfens”, en Valencia “almoina de lesórfensamaridar”35yenCastilla“PadredeHuérfanos”.Seencargabandevelar por la educación de los pequeños para lo cual firmaban en surepresentaciónuncontratodeaprendizajey trabajoconuna familiaque lesproporcionaríaenelfuturounoficiodelcualvivir.Enelcasodelasniñasseencargabandeconseguirunadoteparapodercasarsebien.Estosacuerdosamenudo se establecían cuando los pequeños eran lactantes porque así seasegurabadesdetempranosucrianzaeinstruccióndentrodeunafamiliabienubicadasocialmente.

Iniciativassimilaresaestasurgirántambiénenlacomunidadmusulmana;yadesdeelmomentodelaconquistasehabíaestablecidoqueunquintodelbotín de guerra sería destinado a ayudar a los huérfanos. Quizás el hecho

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mismodequeMahomaperdieraasupadreantesdenaceryasumadrealosseisañosinfluyóensusensibilidadeinteréshaciaesteproblema.

Dentrode laproblemáticasocialnodebemosolvidarunasituaciónquesolía darse en esta época: la prostitución infanto-juvenil femenina. Enmuchoscasos lasniñasdeentrenueveydoceañosquesemovilizabandelámbito rural a la ciudad con la intención de conseguir un trabajo, eranacompañadas por algún joven de su pueblo que terminaba forzándolas odedicándolasa lamalavida.Otrasvecescomenzabancomocriadasenunacasao enunhostal pero, alejadasde sushogaresy carentesdeprotecciónfamiliar, terminabanprostituyéndoseparaconseguirunosingresosquenoleproporcionabansustareascomodoméstica.Sinembargonosiemprellegabanaejercer esta actividadpor losmotivosantesnombrados sinoqueaveceseranlosmismosfamiliareslosquelasintroducíanenestaocupaciónconelobjeto de aumentar sus recursos o para librarse de la carga de un elevadonúmerodehijos.Enocasioneseranlasmadresqueprostituíanasushijasensu propia casa o las llevaban de un sitio a otro obligándolas a tenerrelacionessexualescondistintoshombres.

Para evitar estos abusos surgieron instituciones como las Casas deArrepentidasconelfindeampararalasmujerespúblicasyalentarlasadejarsu actividad. Algunas de ellas llegaban a reformarse e incluso adesposarse.36

Vinculada con esta realidad está la temática del aborto, puesto que lasmujeres que habían sido forzadas o que habían quedado encintas siendosolterasacudíanaesterecursoparaevitarlacondenasocial.Solíanenterraralniñoabortadoensuscasas.Conocemosestaprácticapordosvías,porunlado porque la legislación tanto entre los grupos cristianos como entre losmusulmanesreiteraalolargodelossiglossuprohibiciónyensegundolugarpor las excavaciones arqueológicas que han sacado a la luz los fetosenterrados.

La situación de los niños abortados fue contemplada tanto en el grupocristianocomoenel islámico.Enel tratadodeconsolaciónescritopor al-Manbijī37hayuncapítulodedicadoaestetemacuyotítuloesdeporsíunadeclaración de principios: “Los musulmanes deben rezar por cada niñomusulmánquehamuertoypor suspadres”.Allí seafirmaque loshadicesestablecíantambiénlasoracionesparaloshijosdelasprostitutasyparalos

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niños abortados por sus madres, siempre que el feto hubiese arribado alcuartomesdegestación,yaqueseconsiderabaquealoscientoveintedíasdelaconcepciónseinfundíaelalma.

Enelmundoislámicoseestipulauntratamientoespecialparalamujerenlos ritos fúnebres que quedó plasmado en varios textos jurídicos. Hemostomadocomoreferencia tresobrasmuydifundidasenal-Andalusy tambiénenOriente:elMuwatta’deMālikIbnAnās, laRisālade IbnAbīZaydal-QayrawānīyelSahihdeMuslim.Enlostrestratadossededicauncapítuloespecíficoalamuertebajoeltítulo“Librodelosfunerales”.Allíseexplicaporejemplocómoprocederconlapreparacióndelcuerpofemenino.CuandomurióZaynab, lahijadeMahoma,élordenóque lasmujeres la lavaranunnúmeroimpardeveces:tresocinco,conaguayhojasdeloto,comenzandopor el lado derecho y luego de la quinta vez, debían aplicarle alcanfor oalguna sustancia similar como almizcle o ámbar.38 Una vez hecho esto, elProfetalesdiounaropasuya,laamortajaronconellaypeinaronsupelocontrestrenzas.39Esteritualseguidoconsuhijaseutilizóenadelantecontodaslasmujeres.

La tradición indica que sean las damas quienes laven los cuerposfemeninos y los hombres quienes se encarguen de los masculinos, perocuandounamujermuereynohayconellaotrasquelalaven,nimaridoniunhombrequetengaderechoporlazosdesangreahacersecargodeesteacto,entonces debe ser purificada por tayammum, es decir, se la limpiarápasándole tierra por la cara y las manos.40 En el ritual infantil, no hayinconvenienteenquelasmujereslavenelcuerpodeunvarónhastalosseisosieteaños,encambio loshombresnopodránhacerloconelcuerpodeunaniña,aunquesíconeldellactante.Larazóndeelloresideenqueelcuerpode la niña puede inspirar deseo, motivo primordial para prohibir laintervencióndeloshombres.41

AmododeconclusiónAtravésdelarevisióneindagacióndelasdistintasfuentesconsideradas

eneste trabajocreemosquesehan reveladootrosaspectosde la identidadfemenina medieval que matizan la tradicional visión de la mujer como

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inferioralhombre, totalmentedependientedeélycaracterizadacon rasgosnegativos.

Porunlado,seconstatalarelevanciadeciertasfigurasyrolescomoelde la partera y la nodriza que son altamente valoradas y cuyas tareas sonreservadasexclusivamenteamujeresporreconocerlascomoúnicascapacesde llevarlas adelante eficazmente por su experiencia y conocimiento. Lostratadosmédicos,lalegislacióncivilyreligiosa,laliteratura,lostestamentoscoincidenunánimementeenensalzarsupersonaysu labor,enprotegerlasyen recompensarlas.Lamujer cumpleuna función sanadora en relación a lapoblación infantil tanto desde su oficio de partera y comadrona así comoejerciendo de médica de los pequeños y dedicándose a cuidarlos en susprimeros años de vida, lo cual implica confiarle la extraordinariaresponsabilidad de nutrir y educar a los futuros hombres y mujeres queintegranlasociedad.

Las fuentes literarias manifiestan una identidad femenina colmada deatributospositivos como la afectividad, la empatía con loshijospropiosyajenos, lapreocupaciónycuidadodeéstos,el sentidode laabnegación, lacapacidad de trabajo en distintas actividades. Estas características sonigualmente remarcadas tanto en las obras cristianas como en las islámicassiendoespecialmenteilustrativaslasCantigasdeSantaMaríaylostratadosdeconsolaciónrespectivamente.

También en ambas culturas se comparte la preocupación porproporcionarles un marco digno de subsistencia y rescatarlas de lassituaciones de peligro o mal vivir. Del mismo modo que se disponenprescripciones especialmente concebidas para ellas en el momento de lamuerteylashonrasfúnebres.

Ensuma,podemosafirmarqueapesardeasentarselasociedadmedievalen valores, contextos y circunstancias vinculadas a la guerra, la fama, elpoder,todosellosreferidosalhombreyporlomismoreflejadosdemaneraabrumadora en los textos y fuentes de la época, la identidad femeninamedieval tienemuchos elementos rescatables de la figura de lamujer queemergenpermanentementeenestosescritosysonunverdaderocomplementodelmundomedieval.

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MujeresenlosacuerdosdelaRealAudiencia.LaPlatadeLosCharcas(1562-1602)

DianaArauzMercado

1. Antecedentes

Durantelosprimerosañosdelaconquista,laideadereproduccióncomo

lamás importantede las tareasfemeninasconstituyóunode losprincipalespilares del pensamiento cristianomedieval, fielmente trasladado tanto a lalegislacióncanónicacomoalacivil.Esteconcepto,desarrolladoyreforzadoen las prácticas cotidiana e institucional dando como resultado elasentamiento del núcleo familiar42, fue trasladado a Indias con el fin dellevaracaboelpoblamientodelastierrasreciéndescubiertasfortaleciendolosvaloresdelafecatólica.

Como es lógico suponer, las mujeres de diferentes estados civiles -principalmente las casaderas - constituían materia primordial43 aunquepreocupante,pueshabíaquedotara lasdoncellas,concertarmatrimoniosoafianzaralianzas,conelfinqueelmencionadopoblamientodieralosfrutosesperadosyseconservaranlosprincipaleslinajes44.

En este sentido, las políticas emprendidas por laCorona en relación a

normar procesos de residencia en elNuevoMundo, prohibir determinadostipos de enlaces o imponer sanciones a quienes no cumplieran con los

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términosycondicionesestablecidasocuparonlaatencióndelasautoridadescoloniales durante los procesos de conquista y colonia45, pues se entendíaqueloscasadosenlaPenínsulaahoraresidentesenAmérica,debíanconvivirconsusesposaslegítimas.Asíporejemplo,enelnegociodeLopeGutiérrezcon el fiscal sobre la ejecución hecha por quinientos pesos al no habertraído a su mujer, hay auto de esta audiencia en que se suspende laejecución con que dé fianzas de estar a derecho que dentro de dos añostraerácertificacióndelamuertedesumujeratentaslasprobanzasquediodelamuerteypobrezasuya.Elseñorregentevotóquesedélavozalfiscalysigalacausa46;oenelcasodeuntalNavarrete,casadoenEspaña,quienpideprórrogade su estancia dados los servicios hechos a suMajestad.Eltérmino le es ampliado por dos años con suspensión de pena, siempre ycuandoratifiquelafianza47.

1. Mujeresencomenderasyposeedorasdeindios

A pesar de las prohibiciones legales en materia de administración de

encomiendasporpartedelasmujeres48,encontramosdentrodelasprácticascotidianas y la documentación consultada diversas encomenderas yposeedorasdeindios.Enfebrerode1562,enelcasoderestitucióndePedrodeZárate con doña Petronila deCastro, los señores licenciadosMatienzo,Haro y Recalde ordenan que esta última sea restituida en la posesión deindios–asíenposesióncomoenpropiedad–sinperjuiciodelderechodelaspartes,locualseremiteasuMajestad49.Duranteelmismoañoyenunapeticiónsimilar,hacepresenciadoñaMaríadeRobles,quienatravésdesuesposo Bernardino deMeneses, pidió ser restituida en la posesión de susindiosYanparáezporhabersidodespojadadelosoficialesdesuMajestad;seleordenóponerlademandaenformaparahacerjusticia50.

En esta forma, las féminas que formaron parte de la constitución delinajesyparentelasrelevantesenestasegundamitaddelsigloXVI,ocupanun lugar destacado a lo largo de la documentación de La Plata de losCharcas.LoconfirmamosenlosnegociosdelmencionadoMeneses,yernodeJuanade losRíos,y lahijadeésta,MaríadeRobles51.Conel tiempo, lasrelaciones entre madre e hija se deterioran; María y Bernardino inician

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proceso contra doña Juana por la donación recibida de todos los bienes yherenciadeMartínRobles,padreyesposodelasdistinguidasdamas52.

Por lamismaépoca53, lapoderosaseñorade losRíos iniciabaprocesocontraCalderónysuconsortesobrelasbarrasdeminasdePorco,locualnosda una idea no sólo de su capacidad administrativa sino también de laparticipación de las mujeres en la actividad patrimonial derivada de laminería.Y si de cuidar el patrimonio se trataba, lasmonjas deLosReyestambiénreclamaríanlosuyoenenerode1565,aldemandarloqueseleshade dar por el tiempo que tuvieron a doña Juana de los Ríos. La justiciadictaminóqueseprocederíaconformealatasahechaporlaAudienciaynomás,confianzas,yquetraigantestimonio54.

En esta forma, las mujeres de la región permanecieron jurídicamenteactivas sobre todo en lo relacionado a los negocios de indios55, pues losAcuerdosquevenimosmencionandonosdanfeentreotrosmuchospleitosdela actuación de doña Luisa de Vivar con el Fiscal, sobre los indios deTapacarí.Despuésdeserremitidoavisitaselecondenaaquedelosbienesquetieneyposeelaviuda(procedentesdeGómezdeSolís),paguealcomúnde los indios tres mil y tantos pesos que el susodicho confesó en vidadeberlesporciertospeonesqueledieron56.Noconformeconladecisión,en1564, laseñoraVivar recusaa los licenciadosJuandeMatienzoyAntonioLópezdeHaro:

Y luego dijo el señor licenciadoRecalde está recusado (por parte dedoñaLuisa en el pleito contra JuanToto, caciquedeTapacarí) y quenopuedeconocerdeestenegocioyelseñorlicenciadoMatienzodijoqueesaes la misma pretensión de doña Luisa y que quede embarazado estenegocioparanuncaacabaryquenosetieneporrecusadoyqueéldarálarazóndeelloensutiempoyquetodadía(sic)dicequesesalgaelseñorlicenciadoRecalde,yeldichoseñorlicenciadoRecaldesesalióluego57.

Alparecer,doñaLuisatambiénsedabasuspropiaslicenciasencuantoa

formadevidaylibrevecindad,puesloslicenciadosMatienzoyHarodejanconstanciadequelaseñoranoestápresenteenelValledeAyopayacomolecorresponde, ni tiene casa poblada y en cambio sí, permanece entre losindiosenmuygranprejuiciodeellos…porlocualsedaráprovisiónrealy pagarán tributos a la caja real no habiendo venido para esta pascua,

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como se le ha avisado muchas veces a la dicha doña Luisa y a susmayordomos58.

Cuatro años más tarde - como lo señala A.M Presta -, volvemos aencontrar a los soras de Tapacarí, encomendados en segunda vida a doñaLuisa de Vivar, alegando “por el acceso a sus antiguos suyos (tierras decultivo)delvalledeCochabambacontralossorasdeSantiagodelpasodelLicenciado Polo y los de Tiquipaya deRodrigo deOrellana.Mientras losindiospleiteabanporlastierrasqueelInkaHuaynaCapacleshabíaasignadoen el que fuera valle maicero estatal, los encomenderos diferían sobre aquiencorrespondíalapercepcióndetributodeaquellossorasque labrabanenelvalledeCochabamba.Tambiénenestecasoelpleitoseremitió,parasusentencia,alConsejodeIndias”59.

No obstante las restricciones impuestas a la capacidad jurídicafemenina60, contamos con otras actuaciones de mujeres encomenderas. Enestaforma,el22denoviembrede1565,setratóunapeticiónquedieronlosindios de Tarabuco en relación a la encomienda de doñaMartinaMalurroparaqueno lescompelanadaren laplazaveinticinco indiosnimitayospara las labores. Al respecto, los señores Presidente y licenciado Harovotarían no darmás de quince indios para la plaza, sinmitayos ningunos,mientras que Matienzo abogó no establecer novedad alguna hasta que sedieranórdenesconlosdemásindiosdeLaPaz61.

Enestedevenir jurídicode la instituciónmencionada,encontramosa lapolémicaextremeñadoñaJuanaHerreraSotomayor.En1567,unañodespuésdesercómpliceenelasesinatodesumaridoRodrigodeOrellanaysinserllamadaa juicio62,hacepresenciaen tribunales juntoasupresuntohijastroFrancisco de Orellana, respondiendo al pleito instaurando por él, ya quedespuésdehaberrecibidodoñaJuanaenherenciadesucónyugeposesióndela encomienda de indios, se le manda deje libremente gozar de la dichaencomienda de indios so pena de $2,000 con que el dicho Francisco deOrellana dé fianzas legas de estar a derecho y pagar lo juzgado ysentenciado sobre la dicha razón con la dicha doña Juana deHerrera63.Acuerdoscomoeste,nosdanunaideaclaradelpoderpolíticoyeconómicoque alcanzaron a ostentar estas mujeres, el cual, iba más allá de laincapacidad jurídicaque lanormativamedievalydelNuevoMundoseguíaatribuyendoalasqueformabanpartedelllamado“fragilitassexus”.

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Por la misma época - cuando muere Antonio Álvarez Meléndez - sulegítimaesposa,MayorVerdugo,heredalasencomiendasylaadministracióndelaspropiedadesfamiliaresjuntoasuyerno,elcaballerodeCalatrava,donGabriel Paniagua de Loaysa. “De los 1.783 carangas y 602 uros, lecorrespondían a doña Mayor 604 carangas y 388 uros, quienes eranadoctrinados en sus pueblos y en los asientos de Porco y Potosí, dondecumplían susmitasmineras. Descontadas las costas, la tasa percibida pordoñaMayorerade2.907pesosensayadosy6tomines.Delos211tributarioscarangasy53urosdeUrinocareducidosytasadosporelmismovisitador,la viuda de Antonio Álvarez Meléndez percibía 594 pesos ensayados,descontadaslascostas.Enlamismaprovinciadeloscarangas,poseía118indios reducidos a Totora, los cuales le pagaban 480 pesos y 4 tominesensayados. Finalmente de la pequeña encomienda del pueblo cocalero deTotoraqueotrorarentaracientosdecestosdecoca,doñaMayorVerdugoeraacreedora a 27 indios tributarios que le pagaban 75 cestos de coca y 70pesos y 4 tomines ensayados. En resumen las encomiendas de Sabaya yChuquicota, Urinoca, Totora Carangas, Totora Charcas entre 1548 y 1562,conmásde400tributarios,sumarontasasde$4.400”64.

Nuestrahábilencomenderayricanegociante,referentedesushermanosvarones, sobrinosynietos,contabaconsesentaysieteañosen1604.Seríaacompañada en dicha administración de bienes por su hija, doña LeonorÁlvarez Verdugo, también viuda del comendador don Gabriel Paniagua65.Ambas se encargarían de gestionar política y económicamente el statusfamiliar a través del reencadenamiento de alianzas para salvaguardar elpatrimoniodesu linaje;si incorporabanforáneosa la familia,estosdebíanacreditarvinculacionesconlaburocraciaciviloeclesiástica66.Estasfueronlas mujeres que cerraron el siglo XVI en La Plata de los Charcas,participando activa e inteligentemente en el desarrollo de las nacientesinstitucionescoloniales.

1. Dotesfemeninasyobligacionesconjuntas

En los asuntos relacionados con el derecho privado y dentro de los

lineamientosmarcadosporlayamencionadatradiciónjurídicamedieval,las

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familias y las mujeres que pretendían mantener o acrecentar la instituciónmatrimonialenelnuevocontinente,apostabanporladefensaeintegridaddesuspatrimonios67 a la vez que - insistimos - por la continuidad del linaje,cuandolohabía.Así,enelprocesodeLucasdeAlarcónconÁlvaroCorreayMariGómez, terceraopositoraporunadote, se confirmó la sentencia enquelajusticiamandópreferiralamujeryluegopagaraAlarcón:encuantoalpedimentohechoporAlarcóncontraelfiadordesaneamientoquenohalugaryseabsuelve.

Y es que como se ha venido estudiando a través de laHistoria de lasmujeres en la época de la colonial68, las dotes femeninas llevadas almatrimonio contribuyeron demanera significativa al inicio y desarrollo delas empresas conquistadoras. En el territorio colonial que nos ocupa y afinalesdeladécadade1550,elyamencionadoRodrigodeOrellanacontraenupcias con Juana de Herrera Sotomayor quien “además de proveerle unasuculenta dote de 27.000 pesos ensayados, a lo cual él adicionó 5.000 enarras,trajoconsigoelprestigiodeserlahermanadelcurabeneficiadodelaCatedraldeLaPlata,donFranciscodeHerrera”69.

Lo mencionado respecto a la importancia de la institución dotal seconfirma una vez más en ciudad de La Plata, cuando en 1565 el señorAlmendrosdebehacerlajornadadeTucumányparaevitarcostasdelacajareal,parecióa todosconformesse lepresten$10,000deorodeldepósitode Hernando Pizarro y que el dicho Martín de Almendros se obligueconjuntamente con su mujer, de que pagará los dichos diez mil pesosdentro de tres años, cada uno su tercia parte, y que para ello hagaescriturayobligue los réditosde sus indiosy sushaciendas, lo cual nosindica,deunlado,queelpatrimonioyrentasaportadospordoñaConstanzadeLeóndabanelrespaldosuficienteparapodercumplirconunaobligaciónde esta cuantía, y por otro, que dicha señora al entrar en viudedad siguióadministrandodebidamentesupatrimonio,comosedemuestraenlapeticiónquehacetresañosmástardeasumajestadyHernandoPizarro,conelfinderecuperarlos$10,000delaobligaciónmencionada70.Así,pues,observamosque en diversos negocios, las viudas, de forma individual o bien,contrayendo voluntariamente segundas nupcias, desempeñaron una correctaadministración de sus bienes o respondieron a las demandas de sus

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acreedores,como tambiénseríaelcasodedoña Inés,quien fueramujerdePedrodeCastro71.

1. Algunasaplicacionesdentrodelderechopenal

Deigualmodo,laactuaciónjurídicadelasmujeresatravésdelascausas

penales, se desarrolló de acuerdo al estatus socioeconómico ostentado porestas como se observó en el caso de Juana de Herrera. Las autoridadescompetentes, tambiénresolvíanlasdenunciasatendiendoadichacondición.Asíporejemplo,doñaLeonordeBarrionuevopideseencargueunjuezparallevarelprocesoconocasióndelamuertedeRochedeBarrionuevo,paralocual el licenciado Recalde vota que se provea uno para el caso concretoasignándole salario, y que sea el juez que el señor presidente nombrare,mientras que este último vota que en vista que el licenciadoMatienzo seencuentraenlaciudaddeCuzco,selecometaaélpersonalmenteconayudadecostasdetrescientospesos72.

Si se trataba de mujeres pertenecientes a estamentos de menorconsideraciónjurídicaysocial(negraseindias),elpesodelaleyrecaíaconseveridad,lassancioneseranmásdurasylasindemnizaciones–silashabía– se tasaban bajas, tal y como correspondió a la negra de Sebastián deCebicos,quiencondenadaamuerteporeljuezordinarioledieron300azotesy que se aplica para que perpetuamente sirva en esta ciudad en elrecogimiento de lasmestizas so pena demuerte y la donación se da porninguna; o en el proceso de Catalina Rivera e Inésica, india, donde seordenadarlecienpesos,costasycuraporunadescalabradura,perosiseledaban las medicinas, su indemnización sería sólo de cuarenta pesos73.Finalmente,cuandoseatentabacontralahonradelasmujerescasadas,estasacudían a los tribunales acompañadas de susmaridos como sucedió en elcaso de Juan, mulato sastre y su mujer, quienes acusaron a Juan deVillalobos,mestizo,delafuerzayazotespropinadosalaesposa74.

1. Conclusiones

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Aunque los sistemas normativosmedieval e indiano nos dejan entrever

quedurantelosprimerosañosdelaconquistasecontinuóconunarestringidacapacidad jurídicade lasmujeres enesferasdelderechopúblico,privado,penalyprocesal, confirmamos, a travésde ladocumentación consultada eldinámico marco de actuación de aquellas y el papel desempeñado comomiembros activos de una nueva sociedad. A través de cuarenta años depleitos, reclamaciones, acuerdos y negociaciones, las indeleblespersonalidades de estas damas - incluyendo la presencia en tribunales denegras, mulatas e indias - nos dejan constancia del cumplimiento,transgresión o dilación en sus obligaciones reproductivas, sucesorias ypatrimoniales, sobrepasando limitaciones legales. Este nutrido grupo deféminasejercióliderazgosobreparientes,generaronestrategiasmigratoriasymatrimoniales, perpetuaron encomiendas durante generaciones, influyeronsobre autoridades jurídicas y burocráticas, pero sobre todo fueron buenasadministradoras, transmisoras de patrimonios y linajes. A través de losmovimientos económicos que representaron sus dotes, ayudarían a palearconflictos con la autoridad regia, y en diversas ocasiones, a solventar lascarreras políticas de conquistadores, familiares, amigos o simplesconocidos.

Porúltimo, tenemospresenteotrasprotagonistas femeninasa lo largoyancho de la geografía americana: Catalina de Juárez o María de Cuéllardentro de los procesos de conquista y colonización; a través de líneassucesorias o mediante nombramientos directos en sus propias personas,figurascomoMaríadeToledo,IsabeldeBobadilla,AnaFranciscadeBorja,Isabel Barreto deQuirós, Beatriz de la Cueva oMaríaArias, entre otras,bien podrían hacer parte de estudios comparativos en relación al poderíofemenino y generacional que empezamos a vislumbrar, para reflexionesfuturasdelossiglosXVIyXVIIenlaPlatadeLosCharcas.

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CostelasdeAdão:adesacreditaçãodosdepoimentosfemininosnaInquisiçãoportuguesa

JaimeRicardoGouveia

CharlesBoxer foi umdos primeiros a defender que as potencialidades

analíticas dadocumentaçãohistórica, extravasamo conhecimentode factosrelativos a homens, sendo impossível dissociar a população feminina doestudo do mundo colonial75. Os estudos que até então tinham surgidocentravam-se, sobretudo, no estudo da população feminina de algunscenóbios brasileiros76. Porém, nem Boxer foi exaustivo nem o que daí seescreveuatéàactualidadeesgotouocampo.Océlebreautoreoutrosquelhesaíram na peugada esbarraram na multiplicidade de arquivos locais eprofunda disparidade de regiões, com o que elas têm de semelhante edesigual77. Acresce que Boxer se deteve no estudo nas mulheres de elite,esquecendo as de cor, escravas ou forras, e as brancas pobres, alvopreferencial da historiografia brasileira actual. No seu livro sobre asrelações raciais no império colonial português referiu-se às uniões inter-étnicasqueocorriamcomfrequêncianasáreasdedominânciaindígenamaspouco se deteve sobre as índias e só muito ligeiramente se focou nasmamelucas78. Desde então, quase todos os estudos se têm concentrado noséculoXVIIIeXIX,períodoparaoqualadocumentaçãoémaisabundante.Nota-se, também, uma análise preferencial das mulheres africanas ou deascendência africana em detrimento das índias, mestiças e até brancas.Quanto ao espaço, há também desigualdades, existindo trabalhos apenassobrealgumascapitaniasbrasileiras79.

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Volvidas três décadas, está por construir uma visão lúcida sobre asmulheres do império português, não obstante o surgimento de valiososcontributos,deondeavultamestudossobreconcubinas,bígamas,prostitutas,escravas, lésbicas, “mal faladas”, pecadoras, pobres, entre outros80. Umahistória geral das mulheres no império português seria empreendimentocolectivoimprescindívelparaoavançodoconhecimentonestecampo,alémde que permitiria importantes focos comparativos com a mesma franjapopulacionaldoreino,paraoqualosestudossãomaisconsistentes.

Da documentação judicial eclesiástica com que tenho trabalhado, nãoapenas avultammulheres vítimas/cúmplices e transgressoras como tambémalgumasquenãoestavamenvolvidasnatramajudicialnessacondição,comoera o caso das que eram inquiridas enquantomeras testemunhas81. Da suainquirição resultaram ecos de histórias de vida que permitem auscultar asvozes femininas e inclusive analisar não só a percepção jurídica dotestemunho feminino como a apreciação que sobre elas era feita pelasociedadedequefaziamparte.Comesteestudopretendodebruçar-mesobreesses aspetos através da documentação inquisitorial, designadamente dasdenúnciasdesolicitação,delitosobrejurisdiçãodessetribunalqueconsistiano requerimento de um clérigo a uma/um penitente para atos torpes nodecurso ou nos actos envolventes à administração do sacramento daconfissão82.

Não havia, em termos jurídicos, qualquer limitação à priori quanto àexecuçãoevalidadedosdepoimentosfemininosnoTribunaldoSantoOfícioda Inquisição. Toda e qualquer mulher poderia legalmente efetuar umaacusação perante a Mesa inquisitorial, após ter requerido audiência, ouperanteumqualqueragenteinquisitorial.Acrescequeoseremchamadasparainquirição,independentementedasuacondiçãosocial,etniaouestadocivil,evidenciaquenãoexistiaqualquertipodeinabilitaçãoinicialemrelaçãoaocréditodostestemunhosfemininos.Aausênciadeumadiscriminaçãoinerenteà praxe inquisitorial era uma realidade tanto no reino como na colóniabrasileira,espaçoultramarinoqueseencontravasobjurisdiçãodaInquisiçãodeLisboa.Otribunalinquisitorialtantointerrogavaasdenunciantesbrancas,comoasnegras,asmulatas,asíndias,aspardas,eatéasforraseasescravas.Assimcomoinquiriasolteiras,casadaseviúvas.Desdequesepresumisseaculpabilidade de determinado clérigo, os inquisidores providenciavam

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sessõesdestinadasa interrogar aspresumíveis solicitadas.Darobenefícioda dúvida a mulheres como as referidas, pondo a máquina inquisitorial afuncionar, com o tempo e os recursos que era necessário dispender, é umpontonevrálgicoquemerecesersalientado.

Comoqualquertribunal,aInquisiçãoorientava-separaapuraraverdade.A inquirição de indivíduos do sexo feminino sobre quem pairava umsentimentode inferioridade,vinculadoàcondiçãosocialeétnica,concorreparaaideiadequenãohavianenhumaintençãoporpartedoTribunaldaFéem ilibar, à partida, osministros da Igreja. Se assim fosse jamais o SantoOfíciodariavozaessasmulheres,alémdequeexistemprocessosconcluídoscontrasolicitantesqueseiniciaramcomdepoimentosfemininos.

Donaseplebeias,religiosaselaicas,escravaseforras,brancasepretas,mulatas, índias e pardas, aparecem com frequência nos Cadernos dosSolicitantes, série inquisitorial composta por dezenas de cadernosvolumosos destinados a coligir as denúncias arquivadas. Muito embora aetnia fosse um elemento preponderante na avaliação do seu crédito, outrosfactoresexerciaminfluêncianesseprocesso.Asperguntasqueocomissáriodeveriafazeraestesindivíduos,constantesnacomissãoqueosinquisidoreslhe conferiam conjuntamente com outras instruções sobre o modo deproceder,denotamumgraudeespecializaçãoegrandeprecisãoemdireçãoaosaspetosquesedesejavaconhecer83.Dositemsaíconstantespercebe-sequeos factoresqueditavamodescréditodosdepoimentosdas testemunhasacusadoraseramsobretudoquatro:inimizadesouparentescocomodelato;afiliaçãoétnica;adebilidadementaloufaltadediscernimentodoacusadonomomentodaocorrênciadodelitoporsituaçãodeembriaguez;ohistorialdevida no que concerne ao comportamento moral e à retórica desaforada,descomedidaedesbocada.

Nãoerafácilquedenúnciasedenunciantespassassemincólumesaesseprocessodedepuraçãocombasenoscritériosmencionados.Ofactorgénero,aliadoàcondiçãosocial,eraumdosquemaisfrequentementecondicionavaodescréditodamulher.Porém,mesmoquandoultrapassadaessabarreira,ocréditodadelatorapoderiaesbarrarnoutroquesito, comoaconteceucomaalentejanaMariadeJesus,moçasolteiradeapenasdezasseisanos,naturaldeRedondo, quedelatouo franciscano freiManuel deAlcácer, conventual namesmalocalidade.Inquiridaacercadadenúnciaqueefetuaraaocomissário

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doSantoOfíciorespondeudeformaexpeditaecommostrasdesinceridade.Assim concluiu o interrogador. Porém, apesar de considerar íntegros osdepoimentos,estedesferiu-lhedescréditoporoutravia:

“[…] havendo respeyto ao que já tinha della alcançado parece-me quenãomente,mastãobemmeparecequeseadittaMariadeJesustiveramaiscomprehensão,mayorconhecimentodascouzas[...]dariacomissãodeoutramaneyra[...]”.84

Omalogrodasdenúnciasderivavanãodefavorecimentospremeditados

emrelaçãoaosclérigos,masdeumasériedefactoresrealcionadoscomosvalorespatriarcais emisóginosquevigoravamna sociedadeportuguesadoperíodomoderno,comosepercebepelosseguintosextratosdocumentais:

“Sãopessoasdemelhorprocedimentoquetemestaterra,muitohonestase sisudas e demuita verdade, pois sendo filhas de pais que as criam comreputação e reconhimento […]”; “São pessoas de crédito e boa reputaçãovivendocomboaopinião,umaemcasadeseuirmãoeoutraemcasadeseupaicommuitamodéstiaehonestidade […]”;“[…]comonãoconhecianãodissenadadoseubomoumauprocedimento,masodeviaavaliarpelodeseuirmãoFranciscoGomes, que não pode deixar de ser bomo da ditaMariaGomes”85.

Apesar da existência de um quadro de valores que as oprimia, as

mulheresnãoeram,comosepensoudurantemuitotempo,umafigurafrágileretraída,nemseresignavamsempreperanteasinvestidasdequeeramalvo,nomeadamente por parte dos solicitantes.Apesar de eles terem como alvopreferencial mulheres desprotegidas e indefesas, caso das viúvas, mãessolteiras,oumoçasórfãs,recolhidas,esposascommaridoausente,nãoraroestas impunham-se e tomavam parte activa na acusação do delito. Muitassubmetiam-se ao silêncio mas outras resistiam de forma contundente aosclérigos durante as proposições de que eram alvo. Eram mulheres comoMarianadaSilva,mulhercasada,de40anosdeidade,solicitadaporManuelRodriguesRebelo,coadjutordaviladaCela,coutosdeAlcobaça,ecapelãodorecolhimentodocondedeS.Lourenço.Administrando-lheosacramentodapenitência,numaalturaemqueela jáeraórfãeaindadonzela, ter-lhe-áperguntadoporqueéqueelanãosecasava,aoqueelaretorquiu:“[…]que

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queriaviveremsua liberdade, equeelle lhedicera sequeria ser suaamaellalheresponde[ra]quenão[…]”86.

O que concorria portanto para ilibar os clérigos presumivelmenteheresiarcas era a o quadro de valores que presidia ao processo deacreditação de testemunhas. Era efetivamente raro uma mulher serreconhecida como idónea e credível para servir como testemunha nasinquiriçõessobreocréditodoacusadoedaacusante.Aosseusditosnãoseconferia,emregra,valorprobatórioparaempreenderumaanáliseacercadafiabilidade dos depoimentos de uma acusadora ou inclusive de umdenunciado.

Uma das excepções ocorreu na causa contra o franciscano João daGlória,naturaldaIlhaGraciosa,mestredosnoviçosnoconventodacidadedeAngra.Tendosolicitadoseismulheresdamesmaurbe,foidenunciadoumadécadadepois, em8de Julhode1741.Foramentão realizadas sessõesdeacreditaçãodofranciscanoedassolicitadas,sendoeleitascomotestemunhasumpadre e trêsmulheres.Em relação ao clérigo não se estranha a opção,pois era indivíduo idóneo. Relativamente à primeira depoente do sexofeminino, D. Ângela Maria do Nascimento, também se entende a escolha,porquantosetratavadaviúvadocapitão-morLourençoCorreiadeLacerda,mulher proeminente e de idade madura, sessenta anos de idade. No queconcerne,porfim,àsdemais,aescolhafoiexcecional.Apesardecontaremtambém, uma com sessenta, outra com cinquenta anos de idade, eramsolteirasenãosãoreferenciadascomotítulohonoríficodedonas.Contudo,estasmulheresconferiramcréditoàsacusantese, indoacausaaConselho-Geral,esteorganismodeterminouaprisãododelatoeoiníciodoprocessojudicial,oqualviriamaistardeaserarquivado87.

OutraexcepçãoocorreunobispadodeLamegonoanode1712,comosecolhedorelatodocomissárioinquisitorial:

“[…]fuiaolugardoColmialdestebispadodeLamegoquehehuaquintadepoucomaisdevintevezinhoseahipediaopadrecuramenomiasseseistestemunhasdignasdecreditoechristansvelhas,epornampareseremmaishomensvaitãobemhuamolhernonumeroqueheravezinhamaischegadadamencionadaepelloquedisseoparochoherãotodasverdadeiras[…]”88.

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Dos exemplos referidos conclui-se que as poucas mulheres quepontualmenteforamchamadasaexerceressafunçãoeram,emregra,pessoasde alguma proeminência social e/ou de idademadura. Significa isto que avida, comportamento e costumes das acusantes eram avaliadosmaioritariamente por indivíduos do sexo oposto. Daí que o esmiuçar davirtude e honra destas mulheres, elementos imprescindíveis para ajuizar ocréditodosseusdepoimentos,resultasse,emregra,emrelatosmisóginos.

Aseleçãodastestemunhasratificantes,istoé,dosindívudosaquemseincumbia a tarefa de avaliar o crédito das testemunhas acusadoras, não sebaseavaapenasemcritériosdegénero.Oseleitosdeveriamseremprimeirolugarasfigurasmaisproeminentesdedeterminadomeiosocialquetivessemumconhecimentoomaisprofundopossíveldapessoasobreaqualiriamserinquiridos. Quando tal não se afigurava possível, a escolha recaíamaioritariamente em pessoas que pela sua idade madura eram capazes deajuizardeterminadapessoaporconheceremdeformaprofundaasuahistóriade vida. Eram geralmente pessoas que conheciam bem os agentes e asrelaçõesdedeterminadomicrocosmos social,permitindo-lhesdestrinçarasverdadeiras causas de determinadas denúncias. Tome-se como exemplo acausaquependianaInquisiçãodeLisboacontraopadreManuelRodriguesRebelo, capelão do recolhimento do conde de S. Lourenço, emorador emLisboa.Depoisdeseracusadode tersolicitadováriasmulheresnaviladeCela, pertencente aos coutos de Alcobaça, os inquisidores ordenaram arealização de várias sessões de inquirição. Para apurar o crédito daspenitentessolicitadasosagentes inquisitoriais interrogaramumbarbeirodaviladaCelade74anosde idade;umhomemqueviviadesuafazendaquecontavacom65anosdeidade;umindivíduocom41anosdeidadequeviviade sua fazenda; e ainda o escrivão daCâmara da vila deCela, cuja idadeperfazia88anos89.

No caso das denúncias provenientes de determinados cenóbios, astestemunhas inquiridas eram inexoravelmente as conventuais. Nestassituações não era o critério misógino o ponto central da desvirtuação dafreiraacusadora.Cerradasentreespessasparedes,asreligiosasoumulheresrecolhidaseramigualmentevulneráveisàluxúria.Nãosónointeriordessesmosteiros e conventos cirandavam clérigos, capelães, confessores,pregadores, com quem poderiam refrear suas paixões, como algumas

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recebiamvisitasnagradedopalratórioecorrespondiam-seporescritocomindivíduos do exterior. Práticas sodomíticas eram susceptíveis de ocorrertambém. Ao inquirirem testemunhas no seio das comunidades a quepertenciamasreligiosasoumulheresrecolhidasacusadoras,oscomissáriosprocuravam inteirar-se do seu passado moral e da sua conduta religiosa,índoleecarácter.Apreferência recaíaquasesemprenas figurasdealgumaproeminência dentro dessas comunidades, caso da madre prioressa e dasfreirasmais antigas. Uma vez que esses cenóbios erammicro-cosmos quenãopassavamincólumesàimoralidadequedeflagravanomundoexterior,erafácilobteroconhecimentodosmaisínfimospormenoresrelativosàvidadedevassidãoquealgumasconventuaislevavam.ÉdissoumexcelenteexemplooresultadodasinquiriçõesqueumcomissárioinquisitoriallevouacabonoconventodasChagasdeVilaViçosa,relativasàcausacontraosfranciscanosfrei Luís de Santa Rosa e frei Simão daRessureição, indiciados de teremsolicitadoD.ÁguedaTeodoradeFonseca,mulherrecolhidanessecenóbio.Após interrogadas,algumas religiosasconferiramcréditoaodelatoenãoàtestemunha,referindoqueela:

“[…]temmuitopoucacapacidadeecostumaprocedercomliviandadeefacilidade em muitas couzas e tem tido seus tratos de portas a fora combastantespeçoaseporpoucaadvertidacostumamentir algumasvezes […]costumafazeralgumasembrulhadas”90.

A condição social como elemento descrebilizador dos depoimentos

femininosnãotinhaaver,porsisó,comapossedebensefortuna.Passavasobretudopor factorescomoaetnia,pelavinculaçãodamulherà tuteladedeterminada figuramasculina e pelo passado religioso, a que se juntava ofactorpreponderantedohistorialdevida,honraecostumes.Aavaliaçãodacondutadamulherdependiadeumcertoreconhecimentopúbliconãoapenasporpartedosseuspares,comoaindadossectoresmaiselevadosdapirâmidesocial. Issoobrigava asmulheres apadrõesde comportamento ligados aosideaisdesisudez,recatoerecolhimento,comosepercebe,porexemplo,naavaliaçãoqueopriordaigrejadeS.MateusdeSantarémfezdeViolantedosSantos, mulher solteira, de 31 anos de idade, solicitada pelo prior JoséFonseca:“[…]moçadebemquenãosahyeforadecazamais[doque]paraaigreja”91.

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A honra fundamentava um sistema ético que desempenhava um papelpreponderante na sociedade ao fixar regras morais, promover ou rejeitaratitudesecomportamentoseaoestabeleceraclivagementreo“consentido”eo “proibido”, entre a norma e o desvio. Defender a honra era manter asaparências,porquantooindivíduonãoeraoqueera,massimoqueparecia,ou melhor, o que conseguia aparentar92. A fama pública que determinadamulher tinha era, por conseguinte, um aspeto nodal para presumir aconfiabilidadeouinfiabilidadedosseustestemunhos.Elafoi,naverdade,umfactorquedeterminouoarquivamentodemuitasdenúnciaseatéprocessos.Note-se,atítulodeexemplo,ocasodeVitaldeAlmeidaFaria,vigáriodeS.Julião deMangualde, bispado deViseu. Para o arquivamento do processocontrasi instauradocontribuiumuitoofactodeeleterprovadoqueassuasdelatoraseramlevianas:

“[…] as ditas Ignacia e Maria acima referidas sam moças levianas,presumidasdebemparecereafectamoseremvistasequelhefalemeperaesse effeito se emfeitam e mostram e dam occaziam a que sejam vistas,buscadaseapetecidas”93.

António Hespanha filiou este quadro de valores à ordem jurídica do

período moderno, segundo a qual existia uma igualdade de geometriavariável entre o homem e a mulher. As desigualdades naturais dos sexosremetiamafigurafemininaparaaposiçãodecosteladocorpodeAdão.Asua subalternização tinha uma lógica totalitária no ambiente doméstico,porquantosemanifestavanãoapenasnasexualidade,ondeeladeveriaadotarumaposiçãopassiva,comotambémnoplanodosatosexternos,denaturezapessoal e patrimonial. A sua sujeição e subjugação à figura do varãotraduzia-sena faculdadegeneralizadade ele adirigir, defender, sustentar ecorrigirmoderadamente94.

Opassadoreligiosocomoelementodiscriminadoreratambémumfactorimportante de desacreditação dos ditos da acusante. Sendo a escolha paraapuraroseucréditoumaempresanormalmenteconfiadaaopárocolocal,elarecaía sobre os indivíduos mais próximos da Igreja e que no seio dalocalidade eram os que viviam mais intensamente o catolicismo, isto é,aqueles que mais facilmente apontariam o dedo a qualquer falha na

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religiosidadedamulheremapreço,sobretudosetivesseumpassadofamiliarligadoaoutrasconfissõesreligiosas95.

Importa referir que apesar de serem esses os valores de condutadominantes na época a maior parte da população feminina, oriunda dospatamares mais baixos da sociedade, não os cumpria. As plebeias dametrópole e da colónia não estavam cerradas em casa. Criadas ou amas,fiandeiras,costureirasoutrabalhadorasnasfazendas,sirandavamsozinhasnaaldeia,navila,nacidade.Iamàfonte,àcapela,àigreja,enfimtinhamumarotina quotidiana muito longe dos preceitos de recato e recolhimento.Dialogavam,tratavameconviviamcomindivíduosdosexomasculino.

Percebe-se, assim, que o patriarcalismo e a misoginia não impediam,sobretudoemrelaçãoàsplebeias,umacerta“ação” feminina,muitasvezesproduzindo roturas com certos padrões96. Mas, essas roturas tinhamconsequências. As “mulheres de casa” gozavam de um crédito raramenteconferidoàs“mulheresderua”.Umsimplesrumorouboatoacercadasolturadoseucomportamentopodiasermotivoparadenegrirasuaimagem.Omaisínfimomurmúriofacilmenteganhavapublicidade,passandoaserverdadenamemória coletiva. As fronteiras ténues entre a presunção e a verdade,acabavamgeralmenteporditaroarquivamentodasdenúnciasefetuadaspormulheres de quem se presumia mau comportamento. É comum encontrardepoimentos desse género, que referem presumir mal das declarações daacusanteapenasporqueerapúblicadeterminadafamarelativaadeterminadoacontecimento que nem sequer haviam presenciado. Note-se o caso dadenúncia efetuada em 19 de Fevereiro de 1748 contra JoséRego, cura deParadela,bispadodeLamegoporteralegadamentetersolicitadoFrancisca,moça solteira de 24 anos de idade, fazendo-lhe um filho. Quando ocomissário inquisitorial inquiriu algumas pessoas para apurar o crédito daacusante,disseumadelas:

“Asmulheres da qualidade, idade, procedimento e bens da testemunhaFranciscanãocustumãosermuitoverdadeiras,eadita testimunhaemsiheleviana e pouco constante nas suas palavras e obrasmasnão achei noticiaque ella tenha levantado testimunhos falsos a pessoa alguma, nem juradofalsoemjuízoouforadelle”97.

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Estetrechoébemreveladordecomoaperceçãodasacusantesporpartedas testemunhasencarreguesdeavaliaroseucréditocomportavaumafortedensidadedemisoginia.Repare-sequea testemunhareconhece,nofinaldodepoimento, que a delatante não tinha jurado ou levantado falsostestemunhos, o que na verdade importaria para conferir crédito aos seustestemunhos.Contudo,oarguenteacabouporsedeternacondiçãodegénerodaacusadoraeconsideraroseucomportamentocomolevianoempalavraseobras. A explicação para tal avaliação encontra-se logo no início, ondereferiuqueasmulheresdaqualidade,idade,procedimentoebensnãoeramverdadeirase,portanto,dignasdecrédito.

OcasotinhajátidoeconoAuditórioEclesiástico.Franciscaimputaraofilho ao padre e este movera-lhe um processo judicial por difamação.Certamentepelapresunçãomisóginadequeeracriaturadecondiçãoinferiorequejuravafalso,amulherperdeuacausanoAuditório,sendocondenadaao cumprimento de um ano de degredo para fora da sua povoação e aopagamentodecinquentacruzadosparaosupostoinjuriado.Perdeutambémacausana Inquisição,poisadenúncia foi arquivadaemconsideraçãocomoteordodepoimentoacima transcrito.Temposdepois, talvezporescrúpulosdaconsciência,osolicitanteapresentou-seespontaneamenteaoSantoOfícioeconfirmoutê-lasolicitado98.

A participação de leigos no processo de acreditação inquisitorial detestemunhasnãoéumfactordesomenosimportância.Vemcolocaremxequedeterminadasideiasqueapontavamparaaexistênciadeumdiscursooficialdas instituições reguladoras da sociedade desta época como sendomeramente retórico, e uma vigilância e disciplinamento aparente, sendo oselementosdasociedadeatreitosàsnormasoficiaiseondeodesvioeraumsinónimodereacionismo99.Ora,oqueestasfontesinquisitoriaisdemonstramé que as atitudes misóginas que inviabilizavam os testemunhos femininosavultavam em primeiro lugar da própria sociedade, as quais eramnaturalmente corroboradas pelas instituições judiciais. O crédito dosacerdotelevavaquasesemprevantagemsobreocréditodamulherdelatante.Mesmoquandosepresumiaqueeleeracapazdeobrarosatossobreosquaisera acusado. O caso de Manuel Garizo, beneficiado na igreja de SantoAgostinho de Alcácer do Sal, natural de Vila Nova de Anços, merecereferêncianestecontextoemblemático.Indiciadoem26deMaiode1701de

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tersolicitadoumamulherparda,solteira,de44anosdeidade,ocomissárioinquisitorialafectoaessazonageográficaprocedeuaaveriguaçõesenofinallavrouumescritoque juntouaosautos resultantesdos interrogatórios.Neledizia:

“[…]odellatoManuelFradeGarizohecapazdecometterestedelictoesemelhantes por ser louco, imprudente e viciozo, atrevido e dezonhesto,poremMariadaConceiçãodemuitomullata,fea,etorpeemeparecevaria,desconfiada,collericaeprezumidaequeaoseu juramentosenãodevedartodoocreditoporquehemuitodeminuto”100.

OarquivamentodacausaquependiacontraopadreAmadorLuís,de33

anos de idade, cura na igreja de Santa Maria de Odemira, é ainda maiselucidativoquantoaesteponto.DepoisdetersolicitadoMadalenadeSeixasnumconfessionário de uma igreja do termodeAljezur, comarca deLagos,ondeerapriorencomendado,apresentou-seperanteoSantoOfícioem27deAgostode1720.Porém,jádesde16deOutubroqueumpadreemnomedasolicitada o tinha acusado à Mesa inquisitorial, motivo pelo qual se deuinícioaaveriguações.Inquirindo-setestemunhasacercadocréditodavidaecostumesdoprioracusado,praticamentetodasdisseramqueeleerapúblicoincontinente, lascivoe luxurioso. JoãoBaptistadoVale,umdosdepoentes,procurador dos órfãos do concelho de Aljezur, referiu mesmo que osacerdote:“[…]teveduascriançasdehumamolherdestavillaasquaiselleditopadrefoiengeitaraolugardeBensafrim[…]”101.

NoquerespeitaaocréditodeMadalenaforamtambéminquiridasváriaspessoas. Todas lhe conferiram crédito à excepção de um seu vizinho, quedisse:

“[…] sabe foi mal procedida, deshonesta […] e se lhe não pode darcreditoemjuízoouforadelleportermálingoaeserdesbocadaesabeoquetemdepostopellatrataresersuavezinha[…]”102.

Sendoesteindivíduovizinhodaacusante,considerava-sequemelhordo

que ninguém poderia avaliar o seu comportamento. Por isso, os seus ditossobrepuseram-se a todos os outros, tendo sido suficientes para presumir afalsidade da acusadora e consequente arquivamento da denúncia. Tal erafrequente.

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Esteprocessodedecisãocombasenoteordostestemunhosdeapenasumindivíduo era evidentemente falível porquanto não se sabia se existiampleitosentreeleeadelatanteouseporqualquermotivo lhequeriamalouporelanãonutriasimpatia.Todaviaosistemadeacreditaçãoeraesteenãooutro: qualquer suspeição sobre a acusante, mesmo que proveniente deapenas um indivíduo, carreava a sua desacreditação que pressupunha oarquivamentodadenúncia,poisaoreceberemeanalisaremosresultadosdasdiligênciasrealizadaspeloscomissáriosaseumando,osinquisidoresfaziamtábua rasa do seu conteúdo. Citarei outros exemplos. Em 15 de Junho de1720 o comissário de Loulé, acusou frei Salvador da Madre de Deus,AgostinhocalçadonoconventodeN.SenhoradaGraçadaviladeLoulé,portersolicitadoMariaTavares,mulhercasada,de30anosde idade.TendoaInquisiçãodeÉvoraordenadoqueseapurasseocréditodeMaria,todososinquiridosreferiramqueeraumapessoaconfiável,exceptoum,quealegou:

“[…] se nam pode fazer bom conceito de sua vida e costumes ehonestidadeearezamquetemperaodizerhepellavercomfacilidadescomalgumaspessoas[…]etambemporouvirdizerqueadittaMariaTavaresfoimetidaemhumavezitaporandarmalimcaminhadacomhumasertapessoaetambemnamfazelletestemunhabomjuízodaverdadedadittaMariaTavaresporquehemolherquefrequentaascazasdasvezinhas //edizemhumasoqueouvenoutras[…]”103.

Apesar deste depoimento ter sido contrário a todos os outros, foi o

suficienteparaacausaserarquivada.DosAçores,chegouem2deSetembrode1710à InquisiçãodeLisboa

outradenúnciaqueimportareferir.CatarinaMonizdeSá,mulhercasada,de36anosdeidadeeresidenteemPortoFormoso,denunciavafreiManueldeSantaMaria,franciscano,residenteeguardiãodoconventodeN.SenhoradaAjuda. As diligências de apuramento do ocorrido iniciaram-se apenaspassados seis anos. Nessa altura, o comissário interrogou várias pessoasacercadeCatarina,entreelesSebastiãodeAraújoNordelo,lavradorde70anosquedissenãoterdúvidasqueelaeradebomprocedimentoereputação.No entanto: “[…] como foriosa que he as vezes he desbocada para dizerdesteedaquelleoquequis[fazer]naquellaocaziãodefúriaquetem”104.Aacusaçãofoiarquivada.

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Adecisãodearquivarumadenúnciaeraevidentementeumadeliberaçãovotada na Mesa do Santo Ofício. Porém para que fosse unânime eraimportantetambémqueoacusadogozassedeboafamacomoordeiroecabalcumpridor do seu ministério. Foi o que aconteceu, entre outras, com adeliberaçãonaMesainquisitorialeborensesobreacausadopadreNicolauGalvãoBacoro,párocodaigrejadeN.SenhoradeBenafile,termodeÉvora.Estava indiciado, desde 27 de Fevereiro de 1697, de ter solicitado trêsmulheres casadas,moradoras no termoda vila deMontemor-o-Novo.ForadenunciadopeloordináriodeÉvoraapósvisitaçãoqueodoutorCristóvãodeBritorealizounoanoanteriorporprovisãodoarcebispoD.FreiLuísdaSilva. Na decisão de arquivamento da denúncia pesou não apenas aponderação de que as acusadoras não eram merecedoras de crédito, mastambémaconclusãodequeodelatonãoeranotadodelascivo:

“[…]epareceoatodososvottosquevistoastestemunhasMariaJorgeeMariaGuomesseacharemdeminutasnocréditoe todasseremmulheresdedittoseínfimacondissão,eodellatoselhenãoprovardefeitoalgumemsuaoppenião, nem notta no vissio da censualidade, antes ser de bonsprocedimentos,vidaecostumes,nãoerãoasculpasbastantesparaodellato,opadreNicolaoGalvãoBácoro,serporellaspreso”105.

Quando o promotor da justiça não concordava com a decisão dos

inquisidores deixava-o claro no articulado que redigia. Esses, em regra,replicavam, explicando o seu modo de proceder. Assim aconteceu com acausadefreiLuísdeSousa,religiosodaordemdospregadores,moradornoconventodeS.DomingosdeAveiro.Delatadoem30deJulhode1735poralegadamente ter solicitado LuísaMaria,moça solteira da vila deAveiro,logo se realizaram sessões de inquirição para apurar o que então se tinhapassado.Recebidososautos,opromotordajustiçalavrourequerimentoondese pedia a prisão do dominicano sem sequestro de bens e que fosseprocessadonaformaqueoRegimentodispunha.Osinquisidoresindeferiramo requerimento, ordenando o arquivamento da causa. Nesse seguimento, opromotor da justiça apareceu em Mesa no dia 17 de Janeiro de 1737manifestando-seinconformadocomadecisão,vindoinclusivamenteaapelarparaoConselhoGeral,dirigindoamissivaaoInquisidorGeralD.NunodaCunhaeAtaíde,dandoprovasdeserumconhecedorprofundoda literatura

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teológicaejurídicasobreamatéria,citandoautorescomoCardoso,Barbosa,Leitão, Fragoso, Diana, Pignateli e Sousa106. A resposta dos inquisidoresconimbricenses não se demorou a eclodir. Atestavam que a primeiratestemunhaseachavadiminuídanoseucréditoporquantoestavainfamadadetercometidoacçõesluxuriosascomumsujeitoequeasegundatambémnãoeramerecedoradeselhefazerfénosseusdepoimentospoisestavaindiciadadasmesmaspráticasdoqueaprimeira:

“[…] e esta circunstancia basta para lhedeminuirmuitoo credito e osDoutores recomendãoeadvertemqueseattendaaboafamaehonestavidadas testemunhas que denuncião deste crime alemde que pelo contexto dosseos mesmos depoimentos se pode entrar na sospeita de que não jurãoverdade”107.

Quantoàterceiratestemunhanãopodiasertidaemcontaporsermãeda

segunda, além de que contra si haviam dito que era mal procedida eescandalosa. Finalmente, a última, não padecia de defeito mas osinquisidoresnãoviamnosseustestemunhosqualquerevidênciadapráticadodelito de solicitação pois além de ter tido atos desonestos com o padredentrodoconfessionárionãootinhamobradonodecursodaconfissãonemse tinham lá encontrado a pretexto da administração desse sacramento.Rematavamoseuveredictoexpondoquenãoeracrível:

“[…] hum religioso já de annos em tempo tam breve solicitasse 4mulheressendotrespobresdacondiçãohumildeecomnotticiaeinfâmianosseos procedimentos de sorte que se pertendesse ter com as sobreditasconversação illicita lhe não seria necessario abuzar do segredo dosacramentodapenitencia”108.

Como se percebe, os inquisidores faziam fé total nas informações

apuradas nas sessões de inquirição que o comissário tinha realizado. Aopçãopeladecisãotomadaestavaconformeàperceçãomisóginaquehaviaresultadodasmencionadasdiligênciasporquantopresumiamqueasmulhereseram de tão ruim procedimento – conjectura firmada apenas em pequenosrumores - que o pároco não necessitaria de usar a administração dosacramentoparaobterdelasoquequeria.OConselhoGeralconferiurazãoà

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avaliaçãodosinquisidoreseacausapassouaconstardoarquivointituladoCadernosdosSolicitantes109.

Não é crível que os eclesiásticos mal afectos ao voto de castidadepreterissem as mulheres honradas em prol daquelas em cujo passado oupresenteerapossíveldetectaralgumaspetoinfamantenodomíniodamoral,pois a verdade é que em termos estatísticos não é visível a suapredominância. Há no entanto trechos documentais que apontam para umacerta propensão de solicitação de mulheres nessa situação. Como tantosoutros,assimseiliboufreiPaulodeAbreu,moradornoConventodeCristoemTomar.Muito embora Luísa da Trindade,moça solteira de 28 anos deidade,moradoraemOuteirodaLagoa,termodaSertã,otenhadenunciadoaocomissário dessamesma vila, em 13 deMaio de 1710, não foi conferidocréditoaoseu testemunhopor ter sidoconsideradamulher luxuriosa:“[…]uzandomaldeseucorpo[…]eerapúblicoquetinhaparidoduasvezes[…]ecomotevejáalgumasbarrigas.”110

ComamesmajustificaçãoseilibouAntónioLopes,vigáriodeS.PedrodeManteigas.ApóstersidoacusadoporMariadePina,em12deOutubrode1697, os inquisidoresordenaramqueovigáriodeGonçalo, bispadodaGuarda,averiguasseocaso,oqueocomissáriocumpriuem8deJunhode1705,naIgrejadaMisericórdia.Orelatodeumadastestemunhasinquiridasbastouparalançarporterraaacusaçãodatestemunha:

“[…]emprenhouepariohummininoaquemdeumuytospaysnestavilla[…] e tãobem dava por pay do dittominino ao reverendo vigario de SãoPedro,AntonioLopes,sendoellehomemdemuytavirtude[…]”111.

Não obstante a inexistência de provas seguras de que os solicitantes

escolhiam como alvo da sua voluptuosidade mulheres já infamadas comoestratégia facilitadora de uma hipotética ilibação, a verdade é que muitosdeles utilizavam o passado infame como argumento preferencial nascontraditasquelançavam.Tendosidodirectoresespirituaisdassolicitadas,os réus facilmente poderiam utilizar o conhecimento profundo que delastinhamparalançarcontraditasbaseadasnosaspetosinfamantesdasuavidaecostumesqueacabariampordestronaroseucrédito.Porvezesosacusadosiam desenterrar factos ocorridos há inúmeros anos, regressando até à

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juventudedasacusadorasparalhesimputaremdeterminadoscomportamentoshostisaospreceitosdocatolicismo112.

Diga-se, por fim, que o sistema de pensamento misógino, responsávelpelo arquivamento de uma considerável cifra de denúncias, estavasubstancialmente igual na metrópole e na colónia brasileira. Ativos nademanda da verdade, os dispositivos judiciais de vigilância edisciplinamento,comooTribunaldoSantoOfíciodaInquisição,acabavamporservulneráveisamaquinaçõesintencionaisefalhosnojuízoquefaziamsobre determinados testemunhos femininos. Tal decorria do processo deacreditaçãodetestemunhasquenãocontinhanenhumimpedimentolegalparaas do sexo feminino mas fazia depender a exclusão ou inclusão dos seusdepoimentos da apreciação que era feita acerca da sua fama por parte dejurados leigosquenãosónãoeramagentes inquisitoriaiscomonemsequereramescolhidosporestes.

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Ocotidianolúdicodasmulheresbrasileiras:eoolhardosviajantes

AntônioEmilioMorga

A descoberta do Novo Mundo despertou e suscitou no imaginárioeuropeu,umainstigantevisãodasterrasalémmar.Asnotíciasquechegavamaos portos europeus traziam notas do encanto e encantamento do vivercotidiano no Brasil. Logo, não tardou a despertar a cobiça do estrangeirosobreaterraeseupovo.OVelhoMundoespremidoporsuascontradiçõeseambiguidades acalentava e alimentava o sonho dos conquistadores. Aimagináriaeuropeiafervilhavanoencontroedesencontrosdariquezaqueaterraconquistadatraziaàsuperfície.

Aterrasensual,selvagem,virgemecheiadesegredosaguçavaoinstintodosEuropeus.O imaginárioea imaginária, inquietos, transbordavampelosportosdoVelhoMundo.Ver,visitar,sentir,experimentar,saborear,comparare observar torna-se imperativo diante da gula por riqueza dosconquistadores. Afinal, a terra fresca, faceiramente deixa transparecerrepresentaçõesesimbologiasdesuaopulênciaeconômica,cultural,socialeafetiva e, dessa forma, traçava o itinerário das tipologias e cartografiasproduzidaspelosanseiosdosimaginárioseuropeus.

Esse ensaio se propõe a analisar como o olhar dos viajantes lia ereconstruíaavidacotidianadasmulheresdealgumasregiõesdoBrasil.Osdiários foram escritos para leitores ávidos por notícias do Novo Mundo.

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Muitos desses viajantes se denominavam biólogos, engenheiros militares,aventureiros, botânicos, naturalistas, médicos, zoólogos e até mesmomercenáriosqueregistravamsuaspercepçõesesensaçõessobreapopulaçãodaAméricaPortuguesaesobreosmodosdoviverfeminino.Modos,queemleituraatenta,transpareceemseusrelatosdeNorteaSuldoBrasil.

Nodizerdosviajantes,asmulheresdoBrasilerambelasecordiaiscomos estrangeiros, adoravam conversar sobre o amor e recebiam de "bomagrado" os presentes que lhes eram oferecidos. Tinham predileção pelamúsica,dançaepelasintrigasamorosas;apreciavamamodaeosmodosquevinhamdeParisedaCapitaldoBrasil.AleituraqueosviajantesfizeramdasmulheresdoBrasileraprovenientedouniversoculturaleuropeu,noqualelesestavaminseridos.

No final do século XVIII e XIX, o Brasil recebeu a visita de muitosviajantesestrangeirosqueregistram,emseusrelatos,suasimpressõessobreo Novo Mundo. Nesses relatos, retrataram diversos aspectos da vidacotidianadosnossosancestrais.E,demodoparticular,oviverfemininonaAméricaPortuguesa.RelatosqueapresentavamamulherdoBrasilcomumapluralidade de imagens que permitiam ao leitor imaginar uma mulhersedutora.Naspáginasdosseusrelatosoolhareuropeudescreviaosmodosde sociabilidade e afetividade das mulheres que habitavam as terraspertencentesàcoroaportuguesa.

Em 1825, chega a Cuiabá (capital de Mato Grosso) a expediçãocientífica liderada pelo barão emédicoGeorgHeinrichVonLangsdorff.Odesenhista Hércules de Florence, que participava da expedição, tinha aincumbênciadedesenharafloraefaunadaregião;nashorasdelazer,anotouemseudiáriodeviagem,oscostumesdapopulação.Aoobservaraspráticasde afetividade dos homens e das mulheres conclui: “Entregaram-se agrosseirosprazereseviveramcomamásias, [...].”113Extasiadopelascenascotidianasdeconvívio, chamama suaatençãoaspráticasde sociabilidadedasmulheresque, segundo seu juízomoral “[...], sãomuito livresnas suasconversas, modos e costumes”.114 Seu olhar não deixou de registrar ainfidelidade feminina. “A fidelidade conjugal é, muitas vezes, falseada.Apesardetemeremosmaridoseconsiderá-loscomoamosesenhores,sabemperfeitamenteenganá-los”.115Apesar de afirmar e indicar que a prática deadultério feminino era uma constante, não encontramos em seu relatoquais

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sinaisoviajanteidentificoucomopráticadeinfidelidadefeminina.Sobreasmulheres pobres observou, segundo seu juízo ético, que elas eram levadasparaprostituiçãoporváriosmotivos.

Asmoçasfilhasdepaispobresnemsequerpensamemcasamento.Não

lhespassapelacabeçaapossibilidadedearranjaremmaridosemoengodododote e, como ignoramosmeiosdeumamulher poderviver de trabalhohonestoeperseverante,sãofacilmentearrastadasàvidalicenciosa,naqual,justiçaselhesfaça,apesardepertencerematodos,nuncamostramaganânciaeasbaixezasdasmulherespúblicasdaEuropa.116

Instigante essa comparação entre asmulheres públicas brasileiras e asmulherespúblicasdaEuropa.Primeiro,oviajantedeixao leitorsemsaberque elementos identificava nas mulheres pobres que são facilmentearrastadas à vida licenciosa. Segundo, Maria Odilia Leite da Silva117,Auguste Saint-Hilaire relativizou ao não distinguir mulheres públicas dasmulheres que circulavam no cotidiano da cidade de São Paulo na segundametade do século XIX, em busca da subsistência. Observando que eledificilmente teria conseguidodiscernir comnitidezentreasprostitutas e asmulheres pobres que exerciam outras profissões, lavadeiras, quitandeiras,doceiras, costureiras, agregadas e escravas que, no final de uma jornadacansativa de trabalho, no anoitecer, encontrava-se com esposo, filho,namorado,irmão,paieamasio.Nessaperspectiva,poder-se-iaperguntarsenãoteria,onossocoevoviajanteedesenhistaHérculesdeFlorence,tambémrelativizado o que seu olhar identificou como prática de prostituição? Aprática da prostituição era extensiva a todas asmulheres pobres da regiãoque o viajante visitava? Ao lermos o seu relato não encontramos nasentrelinhassinaisqueidentifiquemcódigosdeprostituição.Nãoháaquijuízodevalor,apenaschamamosatençãodoleitorparaasambiguidadesdoolhareuropeusobreapopulaçãofemininadoBrasil.

Alguns viajantes que passaram pela província de Santa Catarina noséculoXVIIIeXIX,emváriasoportunidades,registramnosseusrelatosdeviagens,oqueelesdenominaramcomobenevolênciadasmulheresdeNossaSenhoradoDesterro–atualcidadedeFlorianópolis/SC–comosviajantes.Segundo seus olhares sobre os modos de sociabilidade e afetividade dapopulaçãofemininadaIlhadeSantaCatarinaasmulheresdoDesterrotinham

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predileçãopelas intrigasamorosas,dança,sorrisofartoemúsica.Enquantooutros viajantes falavam que as senhoritas e senhoras adoravam passeiosclandestinos, mas, quando em apuros, sacrificavam seus amantes paradefendersuahonra.

Noverãode1803, o naturalistaGeorgHeinrichvonLangsdorff lançouâncorasnoportodoDesterro.Tendopermanecidonestaregiãoatéfevereirode 1804, registrou a sociabilidade, a elegância e o gosto dasmulheres emreceberpresentes.“Presenteseuropeus,mesmoosmaisinsignificantes,comofitas, brincos, etc., são gratamente recebidos".118Além do registro da vidacotidianadosmoradoresedabelezadosexofeminino,Langsdorffnarraaspeculiaridadespertencentesaouniversofeminino.

[...],acresce-sequeobelosexorecebecommuitagentilezaoshóspedese, em geral, não vive retraído ou confinado como na própria terra natal,Portugal,ondeasdamasvivem,duranteoano inteiro,enclausuradas,ouseescondem por detrás das portas e espiam o visitante pelo buraco dafechaduraoupelafendadaporta.Tãosemimportânciaquepossaparecertalobservação,nãofaltampequenasintrigasdeamorqueseespalhamaqui.119

Naprimaverade1797,PauloJoséMigueldeBritoseencantoucomosmodossociáveisdasmulheres.AocompararasmulheresdaIlhacomasdeoutrasregiõesdoBrasil;ponderaquenãoencontrounasmulheresdeoutrasparagens a "polidez, urbanidade e boasmaneiras" que tinha percebido nasmulheresdaIlhadeSantaCatarina.“[...];são inclinadasaosdivertimentos;sabemcantar,tocaralgunsinstrumentosdecordas,dançar,enãoseobservanelaaquelabisonhice,queseencontranasmulheresdeoutrasCapitaniasdoBrasil".120Noinvernode1815,nofinaldatarde,OttoVonKotzebueatracano cais do porto da Ilha. Logo que o dia amanheceu, Von Kotzebuedesembarcouemterrafirmeefoireconheceracidadeeobservarocotidianodosmoradores, em particular, o tempo que estes despendiam com o lazer.Comentou que os habitantes, após um dia de labor "[...] frequentementereuniam-seaoredordenossastendas,eumadupladeviolinoeflauta,oqueaumentava a nossa alegria, convidava-os a dançar e cantar, e dando-nos aoportunidade de apreciar a graça com que as meninas dançavam ofandango".121 O viajante francês Louis Isidore Duperrey, em 1822, na suaperspicácia, observou particularidades da população feminina da Ilha deSanta Catarina. Em relação ao vestuário dasmulheres, observou que, "As

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senhoras adotaram as modas francesas; e, trajadas com simplicidade eelegância elas atraem as homenagens. São cheias de vivacidade. Vimosalgumas que eram lindas".122 Em suas excursões pelo litoral de SantaCatarina, o naturalista René Primevère Lesson (1822) relata os modos devidadoshabitantes.Descreveashabitaçõescomolugaressimples,ondeosmóveiscompõem-sedealgunsobjetosgrosseiros,quesegundoele,indicamacarência de recursos materiais que possibilitaria uma vida de conforto ebem-estar. Contudo, segundo ele, é no aposento da "dona da casa" que seencontra um certo conforto, onde há alguns simples arranjos tais como:"utensílios de cobre e uma estampa colorida ou umamadona" fazem partedestecenárioqueserviacomopeçaderecepção.Quantoaoshabitantesdessaregião,Lessonosretratacomo"afáveis,atenciososesolícitos".Erelatouoscostumesdasmulheres,

[...], e suas jovens filhas, seguindo o costume, corriam a procuraralgumasfloresecompunhamramalhetesqueeramoferecidoscomumsorrisosobre os lábios comgestos osmais desembaraçados [...], asmoças daqui,comagalanteriainerenteaoseusexo,sabemsepôr,[...].Umvestidodechitacobrelevementesuaestatura,semesconderadocilidade,[...],oqueunidoaolharesexpressivosjustificambastanteoextraordináriociúmedosmaridoseavigilânciadospais.123

O viajante, em seu relato, também registrou que "as menores coisasservem para esboçar o aspecto moral de uma região ou de um povo".Fundamentadonestejuízoéticoenacondiçãodeobservador,onaturalistafezoseguintecomentário:

Mas de uma vez a história natural nos lançou nos matos, ondeencontramosopessoaldaequipagemocupadoemoutraspesquisasquenãoeram precisamente aquelas específicas de nossa missão. Pelo tempo quedurounossaestadia,certosespososdesconfiados,faziamcativassuascaras-metades.124

Se,noséculoXIX,comoasseveraRenéPrimevèreLessom,osmaridosda Ilha de Santa Catarina “faziam cativas suas caras-metades”; no séculoXVIII, no ano de 1719, o viajante inglês George Shelvocke narra aindisciplina de um marujo em terra firme. Relata que recebia constantesreclamações dos habitantes diante do comportamento do marinheiro; diziaqueele“haviaofendidosuasmulheresdemaneirasmaisgrosseirapossível.

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[...],ameaçadoviolartodasasmulheres,moçasouvelhas”.WilliamBetagheGeorgeAnson, respectivamente, em1782e1740, registram,de formasutilemseusrelatos,osincômodosquealgunsmarinheirosprovocavamemterra.Ambos falamemgrosseriasverbais eatémesmoviolência físicacontraasmulheresdaIlhadeSantaCatarina.Contudo,nãoencontramosnosrelatosdeviagensdoséculoXIXnenhumcomentáriosobrecomportamentoinadequadodemarinheirosemterra.125

AugusteSaint-Hilaire,naturalista,emsuaspassagemporNossaSenhoradoDesterroem1820registraque"oshomensseprivamdetudoemfavordesuas esposas e amantes", e avaliza o relato de Miguel de Brito sobre acordialidade e sociabilidade da população feminina e confirma o que umabadebeneditinoem1763,registrousobreabelezafeminina.

Asmulheres sãomuito claras; deummodogeral têmolhosbonitos, oscabelos negros e muitas vezes uma pele rosada. Elas não se escondem àaproximação dos homens e retribuem os cumprimentos que lhes sãodirigidos.Jádescreviosmodoscanhestrosdasmulheresdointerior,queaosaírem à ruas caminham com passos lentos umas atrás das outras, semviraremacabeçanemparaumladonemparaooutro,esemfazeremomenormovimento.NãoaconteceomesmocomasdeSantaCatarina.126

Apósestasobservaçõessobreosmodosdesembaraçadosesociáveisdas

mulheres,constatouqueapopulaçãofemininanaIlhadeSantaCatarinaerahabitualmentemaiorqueapopulaçãomasculina.Justifica-setalfatoemduasdireções: a primeira, devido ao pendor natural dos homens pelo mar; asegunda, ligadaao temordoserviçomilitar.Essesdois fatoresconjugados,conforme o viajante, contribuiu para que um grande número deles sedecidissepelavidanomarfazendocomqueexistissevirtualmente,nailha,maismulheresdoquehomens.Conclui, então, que essadesproporção e "oexagerado amor das mulheres pelos atavios, tornaram a prostituiçãoextremamentecomum".127

OspreconceitosdeSaint-Hilairetambémserevelamquandoafirmaqueas mulheres do interior da Ilha de Santa Catarina gastavam tudo o queganhavamparasustentarseuscaprichos.É importanteobservarasequênciadanarrativadoviajante. Iniciadescrevendoodesembaraçodasmulheresesua preocupação com a beleza, vestuário e o gosto pelos atavios e,

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finalmentesugerequeadesproporçãoexistenteentreonúmerodehomensemrelaçãoaonúmerodemulheres,aliadoaogostodasmulheresporumavidade luxo eram os responsáveis pela prática da prostituição em Desterro.Embora formule explicações sobre as causas da prostituição em NossaSenhora do Desterro, o viajante não explicita os argumentos que o fazconcluir que a prostituição era comum nesta localidade ou que atitudesfemininasonaturalistaleucomosinaisexterioresdaprostituição.

Não eram somente as mulheres da Ilha de Santa Catarina que tinhamapreçopelosatavios.NaprovínciadeMatoGrossooviajanteobservouque“[...] o luxo é ah extraordinário, e não está demaneira alguma em relaçãocomasfortunasdopaiz;assenhorastrajamcommuitogosto,assimcomooshomens.”128Moutinhonãodeixoupassardespercebidoqueasmoçastinhampredileçãoepreferênciapelosestrangeiros.

Attentaestasboasqualidadeseabellezaqueasdistingue, logoquealichegaumestranhodeixa-sesedusirpelosseusattractivos,eoamoremqueseprendetraduz-selogoemcasamento,oqueéfacilconseguirpelafaltaquehademancebonolugar,epelatendcnciaqueordinariamenteteemellasporaquellesquenãosãofilhodopaiz.129

Ogostofemininopelosataviosepeloluxoeradecorrentedasociedade

patriarcal brasileira. De Norte a Sul do Brasil era comum viajantesregistrarem em seus diários que, apesar de encontrar pobreza em muitoslugaresaelegância,cordialidadeeosmodosdesociabilidadedapopulaçãoestavapresente.Porsuapluralidadesocial,culturaleeconômicapoder-se-iadizerqueasmulheresdoBrasil,apesardosdiscursosmorais,religiososedaformaçãodeuma sociedade fundamentadanopatriarcado, elasgozavamdeuma dada liberdade em seus modos. Práticas que causavam estraneza aosviajantes por doismotivos: primeiro, pela quantidadedemulheres brancasque circulavam no espaço público e, em segundo, por conhecerem areputaçãociumentadosportugueses.

EmsuaviagempelaprovínciadeSantaCatarinanoanode1858,RobertAvé-Lallemant descreve a Ilha como um lugar aprazível para se viver, aoladodas "Musas" que adoramandar pelo campo embuscado "impériodaliberdade".

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Quem gosta de fugir ao tumulto da cidade e de viver no campo, norecolhimento da Natureza e das Musas, que com ele de bom gradoperambulam,eamamasalturasazuiseoimpériodaliberdade-encontraráfelizasilonasencostasdaIlhadeSantaCatarina.130

Entretanto, não foi somente Avé-Lallemant que encontrou ‘musas’ ou‘princesas’naProvínciadeSantaCatarina.Muitosviajantes falamemseusrelatos de viagem do encantamento que as mulheres de Santa Catarinaprovocavam nos viajantes. Nesse sentido, sujeito e objeto são agentes doacontecimento e aquele que narra o enunciado, muitas vezes, narra a suaprópriaexperiência.

A narrativa mais surpreendente sobre as mulheres do litoral de SantaCatarina foi a do aventureiro suíçoHeinrichTrachsler (1828), na "Vila deSãoFranciscodeLaguna"–AtualcidadedeLaguna/SC.Sobreocotidianodos moradores, o viajante registrou que são esforçados, trabalhadores,abastados e bons comerciantes. "Em toda parte fomos recebidosatenciosamente" inclusive pelo "belo sexo", diante desta amabilidade todobatalhão arrumou namorada, "e pouco importava aos soldados se erambrancas ou pretas".131 Trachsler também registrou como sucumbiu, aoprimeiroolhar,aosencantosda"queridaFrancisca".Contaeleque,

Enquantovadiamos até a extremidadedaVila, fomos cativadospor umbelíssimorostodeMadonaeficamoscomoqueparalisados.[...].Debruçadaa meio corpo fora da janela, avistamos, tomados de encanto e dignos deinveja um opulento e ondeante colo, cuja brancura e volume harmoniosotransparecia velado, traiçoeiramente, por um simples e leve vestido detrabalhocaseiro;poraíchegava-seàconclusãodosricoseviçososencantosdestaPsiquetropical.132

OutrosencantosdeFranciscatambémtranspareceramdiantedoolhardosviajantes. A "sedosa cabeleira negra", o "soberbo pescoço" e o "sinuososeio" faziam com que "esta esplêndida e amável moça nada maisrepresentavaparanós, [...]queaprópriasenhoritaVênus”.E,diantedessa"rosacertamenteaindanãotocada",oencontrofoicomparadoaintensidadedo "próprio moleque Cupido". A imagem feminina, que seu olhar via epercebia, suscitava no viajante certa inquietude diante do acontecimentovivido pelo viajante “[...], um fogo que, não fosse temperado por umaindizível expressão de doçura e abafado por uma voluptuosidade volátil,

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refletida por umquerido e fluidoolhar, seria capaz de queimar as asas danossa fantasia juvenil”.133 Além da cordialidade das mulheres que osrecebiamparasaborearumaxícaradecafé,narraqueoutrosacontecimentosos cativaram. E entre eles, o "círculo familiar" e as conversas das"admiráveisfilhas"quegostavamdedissertarsobreo"amor".

[...],asenhorapuxouaconversaemprimeirolugarsobreanossapátria,usosecostumes,etc.,passandofinalmenteaocapítulodoamor,assuntoquesuasadmiráveisfilhastratavamcomtodaanaturalidadeediscretamodéstia,trocandoamabilidade.Essecírculofamiliartãoíntimoeamigofezcomquenossentíssemosemcasa,eopassardashorasnãoerapercebido.134

A conversa despretensiosa e a troca de gentileza ocorrida entre osviajantes e asmulheresquevisitavamédescrita pelo aventureiro: "É fácilimaginarcomonós, jovens rapazes, íamosnosderretendocomoaçúcar".135Na expressão: "íamos nos derretendo como açúcar", não estaria nossoaventureiro "possuído" pelo desejo que fluía diante do aconchego familiarpropiciadopelosencantosqueesteencontroproporcionava?TeriaTrachslerdiscernimento do que realmente acontecia? Ou estaria entregue a suaimaginação ao registrar osmomentos por ele e seus amigos vivenciados eexperimentados?Parece-nosqueomomentolúdicoeoaconchegofamiliarnoqualoviajantepermaneceu inseridoporalgumashorasproporcionaram-lheuma convivência prazerosa. Em certos momentos, o aventureiro deixatransparecer a ambiguidade do seu olhar diante do vivenciado naquelemomentoporsuaexistência.

ContratadopeloexércitoimperialparalutarnacampanhadaCisplatina,Carl Seidler, mercenário suiço-alemão desembarcou no porto de NossaSenhoradoDesterroem1825.Econfirmaoque"ouvira"sobreosmodosdasmulheresdeDesterro.

Oqueeuouviraarespeitodassenhorasmepareceuconfirmadodesdeoprimeirodia,[...],foramelasasprimeirasanossaudar,contrariamenteaoscostumesbrasileiros,ecomumaamabilidadeeolharestaisquebemsepodiacompreender que os oficiais estrangeiros lhes eram hóspedes bemapreciados.136

OolharperspicazdoviajantenãodeixoudeperceberadiferençaentreasmulheresdaIlhadeSantaCatarina,doRiodeJaneiroedaBahia.Sobreasmulheres da capital do Brasil, além da "pele entre parda e amarela" e o

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cultivopela vidade sociedade,Seidler faz algumasobservaçõesdiante daamabilidadequedispensavamaosestrangeiros.

Tantoasmoçascomoassenhoras,emgeral,apreciamosestrangeiros;asprimeiras,porquecomumaligaçãoamorosaouquemsabeumcasamentosejulgammais livres emais intimamente endeusadas [...]; as últimas, porquejulgampodermelhorcontarcomasuadiscrição,[...],demodoqueémenosdereceartranspireosegredo.137

Se,emNossaSenhoradoDesterro,oaventureiromercenáriodescreveasmulheres como dadas a aventuras amorosas, sobre a mulher do Rio deJaneiro, ele comenta: "Madameque fazervidade sociedadee ressarcirnoturbilhãodosprazeresmundanososanosdemocidadeperdidasobaseveraguardadospais,[...].”fatoqueconsideraumdefeito.138E,sobreasmulheresda Bahia, "que infelizmente em cor e espírito parecem laranja murchas",possuemamesmabenevolência demonstrada pelasmulheres deDesterro edo Rio de Janeiro pelos viajantes, pois, "têm especial cortesia servir aohonradohóspedediretamentenaboca,comosequisessemengordaroganso,[...]commuitagraçaedestreza".139

A partir da leitura feita por Seidler referente aos modos de vida dapopulaçãofemininadaIlhadeSantaCatarinaedeoutrasregiõesdoBrasil,onde a mulher foi caracterizada como sedenta de desejos e aventuras, étentadorpensarmosque todasasregiõesdoBrasil Imperialeramoprópriojardim do Édem. Com qual olhar Seidler se colocava na medida em quevivenciavatodosestesacontecimentosamorosos?

Emdeterminadaalturadanarrativa,"comoprovadafacilidadecomqueasbelasdacidadedoRiodeJaneirosedeixamseduzir",oviajanterevelaumdosseusenvolvimentos"afetivos".Contaelequemoravanumacasaondeo chefe da família se encontrava ausente em viagem de negócios. Assim,tendooconsentimentodafilhaLuízaedamãe,queseencontravadoenteparaler os Lusíadas, pôs-se a fazer a delicada tarefa. Após oito noites, sobacumplicidadedospoemas,otestemunhodaprocuradosolhares,recebeudeLuíza,atravésdasmãosdeumaescrava,asseguinteslinhas:140

Tantoeuquiseradar-lheumaprovadaminhapaixãopeloSr.,masnissosouimpedidaporminhamãedoente;ojardimtemfolhagemsombriaeigualnúmero de sentimentos tem meu coração. Tenha esperança! Sou sua, parasempre,amesma.141

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Os argutos sensos de observação dos viajantes estrangeiros tambémpermearamumasériedeimagensque,segundoseusolhares,caracterizavamocomportamentoafetivodapopulaçãofemininadacidadedeManaus.Nosseusrelatosasimagensdasmulheresmanauarassurgementreumanaturezaselvagemecertaingenuidadeangelical.Quasesempredescritascomodadasa benevolências com os estrangeiros que aportavam em suas portas, asmulheres do Amazonas, em vários relatos de viagens, são retratadas numquadroondeasimagenssecaracterizavamcomo“filhaslivresdanatureza”,“faceiriceselvagem”,“andamnuas,atémuitocrescidas”,“sereiasescuras”,“corpoelástico”,“vagavamparacimaeparabaixo,desembaraçadamente”,“umagrandenegligência”,“mulheresmuitofáceisdecontentar”,“sentimentodepudor”,“jovemfuscadasflorestas”,“meninasquietas”e“misturadetrêsraças”. Retratadas pelas cores amarela, pardo, escura e “até ao maisprofundo preto africano”, os viajantes nos revelam nas entrelinhasdocumentais,opoucocontatoquetiveramcomasmulheresbrancasequandoofizeramestavamnoseiofamiliardasmaisdistintasdacidade.

RobertAvé-Lallemantnoanode1859chegaàcidadedeManaus.Sobreapopulaçãomasculinaediantedassuaspráticasdesociabilidade,ojovemmédicofrancêsécategóricoaoafirmar:“Aliás,todosmandriamtambémemManaus, todasascategoriaseclassesemgeral,brancos,decor, livreseescravos”. Diante de intensa preguiça cotidiana, o coevo viajante francêsregistrou que não resistiu aos ondulantes seios das filhas da natureza pois,segundo relata, era prazeroso banhar-me tendo ao meu redor tão lindasjovens a mostrar a formosura dos belos seios morenos. Não sabemos asconsequênciasdessesbanhosnosigarapésdoamazonas,masnaprocissãodoCorpodeDeusobservouqueosrapazesvieramendomingadosparaverasmoças.Eduranteaquermercianoadrodaigreja,seuastutoolharnãopodedeixar de verificar a elegância de alguns cavalheiros Todos muito bemtrajadosemboracomumaaparênciaumtantodesleixadaegestosgrosseiros.O coevo viajante, ao descrever a cidade de Manaus, a retrata como umacidade sem a polidez necessária para se viver com pouca vida social.Tambémencontramosreferênciasaosmodosdesociabilidadeeafetividadedas mulheres manauaras. “Uma multidão de mulheres e moças de cor,nascidas dumamistura de pelomenos três raças, vagava para cima e parabaixo,desembaraçadamente”.142

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Onaturalista inglês,HenryWalterBates emsuapassagemporManaus,formulou juízo ético sobre o que via e o que ouvia falar de determinadaspráticasrelativasàafetividadeesobresociabilidadedapopulaçãofemininadeManaus.Diantedosencontrosamorososàluzdodia,Batesesbravejoueclassificouoqueconsideravaumaimoralidadeeindecênciaessesencontrosamorososà luzdodia.Sua indignaçãoaparecequandose justificadizendoque conheceu outros recônditos pelo interior do Brasil nos quais nãoconstatou esse apego à imoralidade: “a promiscuidade sexual pareciaconstituir a regra geral em todas as classes, e os amores clandestinos, aocupação mais importante da maior parte da população”.143 Diante daconstataçãodeumavidaamorosadeclandestinidadeedesuacólerasobreoque julgou ser um escândalo moral; asseverou que nada justificaria essaimoralidade sem freios que corria por todas as classes sociais. E, aofinalizar,comosebuscasseveracidadenoquerelatava,comentaquejátinharesidido em cidades pequenas no interior do Brasil onde o padrão demoralidadeseigualavaaodaInglaterra.144

Quemtambémficouescandalizadodiantedaspráticasdesociabilidadeeafetividade dasmulheres deManaus foiAlfredRusselWallace que viajoupelo interior doAmazonas e sucumbiu aos encantos deManaus. Registrousuas impressões no seu relato de viagem. Para dar veracidade a suaextenuante narrativa, e como se quisesse demonstrar que por estas terrashavia muita riqueza a ser conquistada, profere que “Os mais civilizadosmoradores de Barra dedicam-se ao comércio, podendo-se dizer que nãoconhecemoutras diversões a não ser beber e jogar [...]”.145Diante do queconstata formula juízo ético a respeito do comércio: “Essa paixãogeneralizada pelo comércio, segundo penso, leva aos três vícios quedominam a população local: bebida, jogo e mentira”.146 E diante dessedesequilíbrio ético, moral, religioso, jogatina e comércio, o arguto Barãofinaliza suas impressões diante da cidade, da falta de divertimento eacontecimentossociais.“Nessascircunstâncias,pode-sebemimaginarqueaBarranãofossedefatoamelhorcidadedomundoparasemorar.Alémdesuajánormalinexistênciadedivertimentosedeacontecimentossociais,seusmoradorestinhamaindadesuportaragraveescassezdosartigosdeprimeiranecessidade”.147Diantedasdificuldadesdebensmateriaisedeumavidadesociabilidadeedivertimentos,oBarãodeSantanaNériaconselhava:

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Aconselhamosaoseuropeusrecém-chegadosaManausanãoromperembruscamentecomsuaantigamaneiradeviver.Deverãoadotaraospoucos,epor transições incessíveis, a alimentação da terra. Devem também seresguardardaatraçãosedutoradecertosfrutos.148

Segundosuasobservaçõessobreosusosecostumesdapopulaçãoesuaimoralidade diz que foi a geografia e a condição política da provínciaamazonenseasrazõesparaalcançaresteestágio:

Entre as causas que devem incentivar o desenvolvimento dessaimoralidade já tão generalizada podem-se considerar como das maisprováveis a posiçãogeográfica e a situaçãopolítica desta região, alémdosingular estágio de civilização atingido por seu povo. O clima tropicaloferece menos opções de prazer, lazer e ocupação do que o climatemperado.149

Jean Louis Rodolphe Agassiz (1865), sua esposa e companheira deviagemElizabethCaryAgassiz, ao teceremcomentários sobreoshábitosecostumesdasmulheresdeManaus,comentamque,“semqualquerconsciênciade vergonha e de culpa”,150 demonstram total desembaraço. Agassiz quetambémchefiouaexpediçãocientíficaNorte-americanapassoualgunsmesesna região Norte,. especificamente, no Amazonas. Elizabeth Agassiz, naoportunidade,eraresponsávelporregistrarosdadoscolhidospelomarido,emumsucintorelatodeviagem.Sãoobservaçõese impressõessobreraça,etnias, costumes, hábitos, habitação, economia, comportamento, clima,geologia moral, religiosidade e sociabilidade. Os Agassiz fizerem em seurelatováriasreferênciassobreoscostumesdapopulaçãomanauara.151

Sobre a sociabilidade da população assevera que é um povo alegre,festivoereligioso.Tambémtececomentáriosobreadificuldadedeencontraracomodações com certo conforto em Manaus.152 Em seu relato registra oacontecimento social que lhe foi prazeroso. Em 20 de novembro foiconvidado para um almoço pelo presidente da província Sr. Dr.Epaminondas,“cujasamáveisatençõesnos fizeramduplamenteagradávelaestada em Manaus”. Conta, ainda, que o almoço transcorreu em perfeitasintonia entre os convivas e que o mesmo terminou com um baileimprovisado, com uma festa em perfeita educação entre os convidados. E,quandooredentorpôr-do-solsurgiu,tomaram-seascanoasevoltou-separaacidade;todos,segundosuponho,sobaimpressãodeumafestaotimamente

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realizada.153 “Entretanto,durantea festa,observou:Nãohavia,naverdade,nemgelo,coisapoucofácildeobternesteclima,nemchampanha;[...]”.154Nafaltadegeloechampanhaquetantoprocuraramduranteofestejo,ocasaldeviajantes,entretantonãodeixoudeperceberosmodoseasmodasnacapitalda província doAmazonas. Em inúmeras vezes no seu relato de viagem ocasalfrancêsAgassizfezreferênciasàeducação,cordialidade,afetividade,urbanidade e aos usos e costumes da população. Chamou sua inocenteatençãoahabilidadedas senhoritas e senhorasdriblandoaspoçasde águaquesurgiampelomeiodocaminho.Fatoquepodeconfirmar,aopercebernosalãodebaile,queasbarrasdosvestidoseasbotasestavamintocáveis.Nãopassoudespercebidopelocasalviajante,ofatodeasmulheressentarem-seemfilaàesperaquealgummanceboasconvidassemparadançar.

Todososcenáriosdosalãodefestacausambem-estaraosolhosdocasalAgassiz.Adistinçãodoscavalheiros;aelegânciadovestuáriofemininoemsintoniacomamodaparisiense;oponchede frutasmotivodossussurrosecochichos que flutuavam pelo salão; olhares e sorrisos comprometedoresfaziam parte da festa e que possibilita ao olhar europeu várias imagensdifusas sobre as práticas de sociabilidade e de afetividade da mulher deManaus.155

A cumplicidade dos viajantes diante dos acontecimentos se tornaevidentenamedidaemqueelesconstroemaimagemdafluidezdaspráticasafetivasfemininaseaoafirmam,constantemente,teremgozadodosprazerespropiciadospelaspráticasdesociabilidadedapopulaçãofemininadeváriasregiõesdoBrasil.

Em vários relatos de viagens essa cumplicidade é colocada de formasutil como se estivessem sendo simplesmente narradores das práticas desociabilidade e afetividade da população feminina dessas regiões.Entretanto, uma leitura mais atenta dos fatos narrados pelos viajantesdemonstra que eles são partícipes na construção da imagem da mulhersedutora do Brasil. Ao tentarem envolver seus leitores nas suas aventurasamorosas, os viajantes sugerem que não foram meros espectadores dosacontecimentosvivenciados.

Combasenesteconjuntodenarrativassobreasmulheresderegiõestãodiferentes nos usos e costumes, podemos acreditar na benevolência dasmulheres destas regiões para com os viajantes ou estas atitudes femininas

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reincidentemente descritas seriam uma criação do imaginário destesviajantes? Que instrumentos teríamos para testar a veracidade dos fatosnarrados pelos viajantes ao descreverem asmulheres dessas regiões comosedutoras? Que papel coube à mulher do Brasil nos jogos da sedução?Instigado por esta pergunta e seduzido pelas narrativas dos viajantesprocuramos nesse ensaio encadear um conjunto de imagens que vem asuperfície ao escavacarmos os relatos de viagens. Territórios cheios deardis, estes relatos registram um olhar europeu sobre os usos, hábitos ecostumesdohomembrasileiroedeformaparticulardamulherbrasileira.

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Adoráveisedissimuladas:DramasdeamoremBelém(1870-1920)156

CristinaDonzaCancelaIntroduçãoUma caixa de Pandora. Esta parece ser a imagem própria para

caracterizarosignificadoqueosprimeiroencontrosamorososeaperdadavirgindade tinham no ciclo de vida da mulher para literatos, poetas,advogados e promotores que viveram na Belém do final do séculoXIX einíciodoXX.Osprimeirosanosrepresentadospelainocênciaeramseguidospeladesonranocontextodeuma relação ilícitaacarretandouma inevitáveldecadênciaqueespalhavaosofrimentoeador,destinodessas“adoráveis”e“dissimuladas”mulheres.

Aolerascrônicasepoesiasbemcomodiscursosdemagistradosficamosimaginandodequeformaessa“decadentes”mulherespensavamaperdadasuavirgindade, oumelhor dizendo, emquemedida a imagemdaperda, dafalta,dadecadência,seriaporelasusadaparacaracterizaramaneiracomoviviamerepresentavamseusenvolvimentosamorosos,nointeriordosquaismantinhamsuasrelaçõessexuais

Foicomessaquestãoquecomeçamosa investigarosautoseprocessosdecrimesdedefloramentodoArquivoPúblicodoEstadualedoArquivodeTribunaldeJustiçadoEstado,abertosnasegundametadedoséculoXIXeprimeirametadedoXX157.

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Através das páginas rotas e quase ilegíveis dessas peças jurídicas,podemosconhecerumrecortedocotidianoamorosovividopormeninasdascamadaspobresdacapitalparaenseque,aoseremprotagonistadeumautoe/ouprocessodedefloramento,tiveramsuasrelaçõesamorosasexpostasemumuniversopúblicomais amplopossível de seremconhecidas, através deseus depoimentos, bem como do testemunho de seus amantes, parentesvizinhose/ouconhecidos.

AmamelucaMais baixa que alta, morena e pallida: uns olhos pretos, profundos, a

andaremumfluidoamoroso(...)pelacompletaliberdadeemquecresceu.Opépequenoebemfeito,comoodeíndioseuprogenitor,calcandopetulantealamadequeabundamasruasdestaboacidadedeBelém.Ondenasceu?Ellanão sabe. Tem vagas reminiscências de uma casa, humilde ou opulenta,conformesuamãifoicriadadealguémounão(...)lembra-sedeumavarandaonde brincava com bonecas junto com umamenina feliz e rica que hoje émoçaebonitacomoella.Outrasvezesnãoconhecemãinempaitambém.Háemsuavidaum romance.Romancehumilde, singelo, simples aoprincípio,mauno fim. (...)Coitadinha cai sem sentir.Àsvezes em seuúltimodia devirgem ri como uma louca, raras vezes algumas lágrimas semisturam comesseriso.Parecequeéodestinodela–cair.Dequevive?Oratrabalha,oravivedeamor,comoocolibrivivedeflores.Sitrabalhafazcheiro,cose,lava–ecomolavabem!–evendefloresnafestadeNazareth.(...)Eassimviveamameluca entre as quatrosmelhores coisas domundo: perfumes e amores,doces e flores.Feliz existência que acaba como começou, por uma queda.Cáemnavalla.Comoopassarinhodescuidosocaiaotirodocaçador.Deixa,nãoraro,umafilhinhalindaemimosacomoella,queasucedeecontinúaageraçãodellas158.

JoséVeríssimoaoescrever“AMameluca”,colocaaoladodotítuloem

parêntesesapalavra“retrato”.Poucasimagenspoderiamdeixartransparecera riqueza de detalhes e perspicácia traçada na caracterização de umapersonagem feminina, que embora seja uma alegoria, acaba nos revelandomuitoacercadaexperiênciadevidanãoapenasdamameluca,mas tambémdoconjuntodemulherespobrespresentesnocotidianodaprovíncianaquele

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final do século XIX, e que construíram parte das “Scenas da VidaAmazônica”,comochamouoautor.

AshistóriasdevidadessasmulheressaemdocontodeVeríssimo,parafazerpartedasnotíciasdejornaislocaisedosautoscrimesdaschefaturasdepolíciadaprovíncia.

Ao “cair”, para usar a expressão utilizada pelo autor, muitas dessasmulherespobresseapoiavamnajustiçacomoumaformade“repararahonraperdida”comoodefloramento159,nospermitindoconhecerumpoucomaisassuasexperiênciaseperspectivasdevida,àmedidaemque,atravésdeseusrelatosnosprocessoseautoscriminais,passamosaconheceradinâmicadaspráticas sociais, particularmente aquelas ligadas às relações de namoro,casamentoeadultério.

Assim,atravésdosperiódicos,autoscrimeseprocessoscriminaisaquetivemos acesso, podemos sair da alegoria d’ “A mameluca” retratada porVeríssimoeentrarnavidadaórfãBelmira,quesoube,em1886atravésdojornal“ODemocrata”,deseudefloramento.

1886 –Segundooperiódicoo autor dadeshonra deBelmira seria umdosdoisirmãosportuguesesquefrequentavamasuacasasituadanaruadoscavalheiros, onde passou a residir juntamente com suas duas irmãs maisvelhas,apósamortedesuamãe.

Adenúnciadoperiódicolevouodelegadoàcasadamenorqueprestoudepoimentonachefaturadepolícia.Apesardo testemunhodeBelmiraedesuasirmãsnegaremaocorrênciadodefloramento,eafirmaremqueeradelasa responsabilidade sobre suas vidas, o inquérito é aberto pela autoridadepolicial.Belmiradiz textualmentenão àpergunta feitapelodelegado se seachava deflora, na tentativa de impedir que o processo tivesseprosseguimento,masapesardastentativasdastrêsirmãs,elecontinuasendoencaminhado e testemunhas sendo chamadas a depor. Os vizinhosconstituíam-se juntamente com padrinhos e parentes mais afins, astestemunhasmaissolicitadasnosprocessosquetivemosacesso.NãopoderiadeixardeserdiferentenoprocessodeBelmira.Éapartirdodepoimentodevizinhos, como João, comerciante paraense de 40 anos de idade, que odelegadoéinformadoqueosdoisirmãosacusadosdedeshonra“easmoçasreferidas, punham-se no quintal em um completo devaneio amoroso,beijando-se e abraçando-se e proferindo mesmo palavras poucos

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decentes”160, segundo ele, na condição de vizinho contíguo, “ouve e sentetodososmovimentosdadosali”.

O corpo deBelmira, suas atitudes e comportamentos não pertenciam aela;adespeitodeseudesejoaquenãosedessecontinuidadeaoprocesso,eleéencaminhadopelajustiça.Menosdoqueseralgodaesferaprivada,ocomportamentodeBelmiraedesuasirmãsdiziarespeito,naperspectivadajustiça,àesferadopúblico.

Após o depoimento de cinco testemunhas, o processo é julgadoimprocedente, pois as irmãs de Belmira conseguem uma certidão em queconstaqueelapossuíamaisde17anosdeidade161.

1895 –AmãedeFelícia abrequeixacontra JoseAugusto,por este terdefloradoamenorem11deagostode1894162.OditoJoséeraempregadonocorreiodoqualofalecidopaidamenortrabalhava.SegundoFelícia,elafoi“defloradasobpromessadecasamento”ase realizarnomêsdedezembro.Entretanto, coma chegadadadatamarcada, as visitas de José tornaram-secadavezmaisescassaseFelíciapediu-lhequedeclarassequandocumpririaa promessa, ao que José respondeu que o faria após o pagamento de umadívidaequeela“nãotivessepressapoisRomanãosefezemumdia”163.

Comaprotelaçãodocasamento,amãedeFelíciaabreaqueixacontraoofensor, já em janeiro de 1895. Dentre as testemunhas chamadas a depor,Miguel Bernadino, serralheiro, de 34 anos, afirma ter visto através de umburaco tapadocomumchumaçodepano,uma redenasaladacasadaditamenor, e nela “deitado umhomem sendopor cimaumamulher, que a redeobedecia uma oscilação que denunciava cópula”. Da mesma forma JoseRaimundo confirmou na chefatura de polícia que por várias vezes viu oquerelado em casa de Felicia em conversas que se prolongavam até as 4horasdamadrugada.

Comestesdepoimentos,opromotorenquadraoréuporcrimedeseduçãoe defloramento. Entretanto, no depoimento do mesmo José Raimundo eleafirmaque“aomesmotempoqueoindiciado,frequentavaacazadeFelicia,outrosrapazes,comigualassiduidade,(tambémafrequentavam)porémcomvisitasmaiscurtas.”eque“amãedamenorédadaaoviciodasembriaguezeque a testemunha afirma porque a via frequentemente embriagada, dandonessascrisesparacantareparamaltratarafilha”.

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Oprocessoéjulgadoimprocedente.EmboratodasasevidênciasfossemafavordeFelicia,nãohavendocomodesmentirofatodequeJoséAugustofora o autor do defloramento, a dúvida acerca da honestidade da mãe damenor,trazidaàjustiçapelavozpública,constituiu-seemelementodecisivopara o arquivamento destes autos criminais. Assim, mesmo o ofensordeixandoclaroquepretendiacasar-secomFelicia,oquepermitepensarqueele era realmente o autor do defloramento, isto não se constitui provabastanteparalevaroprocessoàfrenteporcausadocaráter,nãoapenasdamenor,mastambémdesuamãe.

Apartir domomento emque umprocesso é instaurado,mais do que osedutor, quem está em julgamento é amenor seduzida, seu comportamento,seucaráter,seusgestos,seucotidianoeodaspessoasquecomelaconvivem.Menosdoquecomprovaraprocedênciadaseduçãoeaculpadoréu,oqueparece estar em jogo, no processo criminal, é a possível culpa damulherpela ocorrência de seu defloramento; para tanto, a justiça investiga aspossibilidades e limites da relação cotidiana existente entre o casal: oslocais, osmomentos e a formaondeos encontros aconteciam.Naverdade,não apenas a relação da ofendida com o réu é investigada, mas também,comportamentodelademaneirageral,dentroouforadoespaçodacasa.

IdentificandoospersonagensemontandoocenárioAssimcomoBelmiraeFelicia,asmemoresenvolvidasnosprocessose

autos crimes de defloramento não costumavam frequentar os bailes daAssembleia Paraense, assistir às companhias internacionais de teatro, nemtão pouco sabiam tirar os acordes de um piano ou usavam belos vestidosvindos da Europa. Isto constituía-se em práticas e costumes próprios àsmulheres da elite paraense que vivenciavam um momento de marcadainfluênciadaculturafrancesa164.

Elasviviamemcasassimples,cortiços,ounacasagrandedeumtutor.Adespeitodoestabelecimentoda idadede21anosprescritanocódigopenalde1890paraaaberturadeumprocessodedefloramento,podemossugerir

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tomando como referência os processos até aqui consultados, que a maiorpartedasmenorestinhamidadequevariavaentre14e18anos.Dospoucosprocessosconsultadosondeháadeclaraçãodacor,sedestacamasmenorespardas,seguidasdasbrancasenegras.

Parte delas era de origem nordestina o que nos permite pensar quepertenciam às famílias de lavradores migrantes, que vieram para o Parádeixandosuasterrasnorastrodasecaenaesperançadariquezacomoouronegro da borracha.Meninas quemuitas vezes ficaram fora das estatísticasoficiais da migração, onde são quantificados apenas seus pais, mães, tios(as),avôs(ós).Écomoseelasnãoexistissem.Acharumpequenopedaçodesuas vidas atualizado nos autos e processos crimes de defloramento, érecuperar parte de suas histórias difíceis de serem conhecidas de outraforma.

Dentreaquelasquesobadeclaraçãogenéricadeparaensesobscurecemasmúltiplascidadesemquenasceram,podemossaberpelacópiadacertidãodebatismoexistentesemalgunsprocessosoumesmopelos testemunhosdeparenteseconhecidos,queelasnasceramnointeriordoestado,noâmbitodegruposdomésticosoriginariamentecamponeses.

Portanto, até onde podemos perceber, fossem oriundas do interior doestado ou das regiões da seca nordestina, essas meninas pertenciaminicialmenteafamíliascomtradiçãocamponesa.Elasvinhamparaacapitalparaensesozinhasouacompanhadasdesuasmãese/oupais,empregando-semuitas vezes na casa de uma família de parentes e conhecidos, realizandoserviçosdomésticos,costuras,vendendoalimentosnasruasdacidadeouemfrenteàcasaondemoravam,tomandocontadecriançaspequenas.

Emseusdepoimentosconstantesnosautoseprocessosdedefloramento,elaseramidentificadascomoexercendoprincipalmenteserviçosdomésticos,categoria genérica que não nos permite definir se elas realizavam apenasatividadesemsuasprópriascasas,ouemoutrasresidênciassendoparatantoremuneradas, informação que encontramos algumas vezes no decorrer dosprocessos através dos demais depoimentos.Mas de qualquer forma, o queimporta ressaltarmos é que entre as atividades femininas predominavamaquelasligadasaoschamadosserviçosdomésticosassociadosàcasa.

O trabalhodurante a segundametadedo séculoXIXera, portanto, umarealidade no cotidiano dasmeninas destes processos.Vale lembrar que noRio de Janeiro da década de 1870, SandraGraham apontou que 63% das

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mulheres livres estavam engajadas em algum tipo de atividade, na maiorpartedasvezesligadasàsatividadesdomésticas165.

Asmenoresdosprocessosbelenensestrabalhavamexercendoatividadesdomésticas que lhes permitiram transitar commaior flexibilidade entre osespaços da casa e da rua, o que criava maiores oportunidades delasestabelecerem conhecimento com pessoas fora do grupo doméstico eencontrosamorososdistantesdoolhardeseusfamiliarese/ouresponsáveis.UmapráticadiferentedarealidadecotidianadamaiorpartedasmulheresdeelitequeviviamemBelém,atémesmoemperíodosposterioresàsprimeirasdécadasdo séculoXX,quevivenciavamumasériede interditosnoque serefereaofatodesairdoespaçodacasaeaindamante rumrelacionamentoamorosoquedeveriasersempreacompanhadopelavigilânciadealguémdafamília166.

Uma vez traçado o perfil das menores dos processos crimes dedefloramento,cabecaracterizarotempoeocenárionoqualsedesenrolavamseusdramasdeamor.

OperíodoquecompreendeofinaldoséculoXIXeaprimeiradécadadoXXconstitui-senaquiloqueconvencionalmentepassouasechamaraépocaáurea da história paraense, pautada na expansão da economia gomífera. Ademanda da borracha no mercado internacional, particularmente o norte-americanoeeuropeu,incentivadapeloalargamentodasperspectivasdeusodesteprodutoabertopela técnicadavulcanização, crescenesteperíodo.Aexpansãodanecessidadedeconsumodaborrachanomercadointernacional,aliada à entrada de grandes contingentes de imigrantes nordestinos quefugiamdaforteestiagemde1877,deramimpulsoàproduçãodaborrachaquesofria com a escassez local de mão-de-obra. Com o crescimento dasexportações do produto houve o aumento da circulação de capital naprovíncia167.

OtraçadourbanodacidadedeBelémsetransformava.Em1890,Belémpossuía50.064habitantessegundodadosoficiaisdocensodemográfico,queregistraumnúmerode96.560em1900168.Partedocrescimentodemográficoverificado neste período se deu em função da expansão da economia daborracha e da imigração de contingentes de nordestinos que para lá sedeslocarampara trabalhar na lavoura e na extração do látex nos seringais,particularmenteapósajáreferidaestiagemde1877169.

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Até o momento podemos observar, como já destacamos anteriormente,que umnúmero significativo dasmenores dos processos e autos crimes dedefloramentoeramdeorigemnordestina.Destaforma,atravésdessaspeçasjurídicas podemos percorrer um pouco mais a história de vida dessesmigrantesque,distantesdosseringaisedaslavourasagrícolas,vieramparaacapitaldaprovíncia,estabelecendo-senosespaçosperiféricosaoseleganteslargos e praças damovimentada vida cultural da cidade, embelezada pelaadministração provincial. Os bairros periféricos do Jurunas, Umarizal,Guamá e São Brás, assim como os logradouros da Vila do Pinheiro(atualmente Icoraci), e cortiços sítio a Estrada de São Jerônimo e daIndependência, áreas centrais da cidade, eram os espaços onde seconcentravam as residências onde viviam essas menores de origemnordestina,sendoqueduasdelasmoravamemcasasgrandessituadasnaáreanobre e central da cidade, mais especificamente o Largo da Pólvora e aPraçaJustoChermont,poiseramcriadase/oututeladasnasmesmas.

O período em que se desenvolvem estes processos émarcado por umdebate na historiografia local.Ao lado dos trabalhos inseridos na tradiçãoque tende a analisar este momento da capital Paraense como um tempopautado pela modernização civilizadora aos moldes do que ocorrera naEuropaenoRiodeJaneiro,resumindonaexpressãobélleépoqueaimagemdestastransformações,háoutrosque,emboranãoneguemaexistênciadestasmudançasetendências,evidenciamqueamultiplicidadedarealidadenãoseresumeaestaúnicatransformação,equeantesdemaisnada,aescolhaportemasassociadosàsmudançasdisciplinadorasdoespaçourbanodeBelémdavam efeito a uma ação higienizadora por parte da administração local,constitui-se antesdemaisnadaemumaopçãopolíticadahistoriografia aovalorizarcertostemasemdetrimentodeoutros170.

Pensarnasprescriçõesdocódigodeposturamunicipaldisciplinandoaspráticas da população belemita, e no embelezamento do traçado da cidadelevadoàefeitopelaadministraçãolocal,élembrarporexemplodoLargodaPólvora, como centro da intelectualidade, da boêmia, da concentração deteatros e circulação de pessoas vestidas à moda europeia, dos cafés ecassinos, dos financistas e donos de seringais que por ali circulavam, dascompanhiasinternacionaisdeóperaqueaquiseapresentavam.MasétambémpensarnahistóriadameninaThomázia,queaoentrarnoCassinoParaense,

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um dos espaços de lazer dessa nova vida cultural possibilitada pelaexploração da borracha, conheceu o gerente Camillo com o qual teve seuprimeiro relacionamento sexual naquele mesmo dia, cruzando assim suahistória com a de tantos que tiveram seus romances tornados públicos emumachefaturadepolícia.Damesmaforma,aolembrarmosdasgrandeslojasealfaiatariasquevendiameproduziamroupasdecorteemodelobaseadosna moda europeia, usadas pelas moças e senhoras da elite paraense, étambémlembrarmosdasórfãsirmãsAndrades,quecoziamcalçasecamisasparaduasdessasfirmasderoupadocomérciodacidadeetiveramsuasvidasexpostasnosjornaisdaépocaapósadenúnciadedefloramentodairmãmaisnova, Belmira. Denúncia publicada pelo jornal “A Província do Pará”171.Como falar dos restaurantes e hotéis que surgiram na cidade, abertos porcomerciantes estrangeiros, atraídos muitos deles pela perspectivas daexpansão da economia, sem lembrar do pequeno “Hotel De France” dofrancêsAlexandreMartin, pai deMaria Julieta, que após a doença do paipassouamorarmaisconstantementenacasadotio,vizinhodoseunamoradoFrancisco.Julieta,aodeitar-senaredecomseunamoradoepassarmomentosnajaneladoquartodeste,foialvodaobservaçãodevizinhoseconhecidos,sendo sua educaçãoafrancesada usada pelo advogado de Francisco comoartifícioparademonstrarqueseestavatratandodemulherdecostumesmaismodernosehábitosmais livres,queviviamudandodecassa,portantoumamulherexperientequedificilmentesedeixariaseduzir,eque“játinhavividoumdiaemParis”.

Pesquisarestaseoutrashistóriaséconhecerouniversodosencontrosedesencontros amorosos demeninas pobres, suas expectativas em torno dasrelações que estabeleciam com os réus, seus comportamentos, formas devida, trabalhoe lazer.É tambémbuscarconhecerecompreenderumpoucomaisahistóriadessasmulheresdascamadaspopularesnumperíodoondejásetemimportantestrabalhos,algunsjáaquicitados,voltadosprincipalmentepara análise do movimento econômico originado pela exploração daborracha,às transformaçõesno traçadourbanodacidadedeBelém,àaçãodisciplinadora do poder público, os retratos de uma elite que pretendia sedistinguiremarcarseudistanciamentodeclassespelainstituiçãodepráticasehábitosprópriosà realidadedasexperiênciasdaspopulaçõesdecidadescomoPariseLondres.

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Àmedida em que falo das transformações ocorridas no espaço urbanobelemita,evidenciandoaimportânciadaeconomiagomíferaparaamudançadocotidianodacidade,seuspersonagens,suavidacultural,estoupensandonas transformações evocadas na imagens que atualizaram este período dachamada bélle époque paraense e ainda à efetivação de um processocivilizadorquemarcouasexperiênciasdamodernidadepossibilitadaspelodesenvolvimentocomercial.Mesmoporque,ofatodeosprimeirosprocessoseautoscrimesdedefloramentoestaremconcentradosnofinaldoséculoXIX,maisespecificamentenosanosde1869e1870,respectivamente,nosfazempensar na possibilidade de associar a perspectiva civilizadora presente nodiscursodepolítico,comerciantes, literatoseprofissionais liberais–entreeles juízes, advogados e promotores que lidavam com as leis e com elasconviviamnodiaadiadostrâmitesprocessuais,enasaudiênciasdovelhotribunal–comaformaçãodeumanovasensibilidadequesecriaemtornodapreocupação com uma dada ordem moral que possibilitou transforma osdramasdeamoremdramasprocessais.

Noentanto,estamesmarealidadequenospermiteumaleituraqueapontapara a existência dessa nova sensibilidade que se traduz e é traduzida naefetivação jurídicadeumcapítulodocódigopenal,buscandouma tradiçãoque valorizasse a queixa de defloramento, ao fazer diligências, escreverpareceres, ouvir testemunhas, realizar exames periciais, condenarpublicamenteosDonJuans,enoticiarcasosdedefloramentoemperiódicoslocais,pautando-senumnovocódigocriminal constituídocombaseemumconjuntodeideiasquevalorizavamamulhercomobaseparaaformaçãodafamíliaedasociedade;nospermiteaindaumasegundaleiturapois,amaiorpartedosprocessoseautoscrimesdedefloramentoatéaquiconsultadosoueram incompletos, ou os réus não eram julgados. Esta questão nos fazlevantarahipótesedequeadespeitododespeitododiscursocivilizador,ajustiçacontribuíamuitopoucoparaa“defesadahonra”dasmenoresqueelapretendiaproteger,eàefetivaçãodoestabelecimentodestaordemmoral.172

Muitos dos processos que consultamos apresentavam-se incompletos,sem o parecer de promotores, juízes ou chefes de segurança pública, semautos de perguntas e/ou exames de corpo de delito, sendomuitos deles àsvezes simplesmente interrompidos, ficando o curioso leitor a lamentar a

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perdadofiodameadadessesdramasdeamorqueserevelamacadapáginamanchada,rasgadaeapagada,guardadanascaixasdeumArquivo.

Acreditamos que há vários caminhos que nos ajudam apensar essaaparentecontradiçãonoencaminhamentodessaspeçasjurídicaseoprocessode controle damoral dospopulares levada a efeito por segmentosda eliteparaense,nofinaldoséculoXIXeiníciodoXX.Assim,deumlado,temosasimagensfemininasquepercorremasrepresentaçõescompartilhadaspelosmais diferentes segmentos da sociedade. De outro, as formas particularesusadaspelasmenoresdascamadaspopularesdeviveremseusenvolvimentosamorosos,orarecusando-seautilizarosmecanismosjudiciários,orausando-osdeformaastuciosa.Mascaminhemosporparte...

DaImagemfemininaAs mais variadas formas de representação das imagens femininas,

particularmente aquelas associadas àsmulheres pobres, estão presentes naliteratura,nosdepoimentosdastestemunhasdosprocessoseautoscriminais,nasmatériasdejornalistas,nadescriçãodeviajantesememorialistas,enfim,noconjuntodefontes,quenospermitemperceberaformacomoasociedadedaépocapensavaasmulheres.

OcontodeVeríssimopresentenoiníciodestetrabalho,éumdosmuitosexemplos que podemos citar de representação lascívia atribuída à mulhermamelucapobrequeviviaemliberdadeeparaoamor.Istofaziacomqueofato das suas relações amorosas terminassem em desonra, - fatalidadebastante previsível e naturalizada nas formas de representação dessasmulheresnoimagináriosocialdaépoca,afinal“Parecequeéodestinodela– cair”. A recorrência a essas representações que circulavam nos maisdiversossegmentossociais,nospermiteterumaideiadadificuldadequeasmenorestinhamparaconvencerasautoridadespoliciaisadaremcréditosassuas alegações sedução pelos seus namorados-ofensores, posto que erammeninas honestas, particularmente se pensarmos que diariamente erampublicadas, nos jornais locais, notícias de defloramento. Muitas dessasnotícias eram repletas de comentários sarcásticos acerca da conduta e daspretensões das menores ofendidas. As representações acionadas pelos

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redatores dos periódicos refletem o conjunto do imaginário social de todauma época. Assim, o jornalista da “Folha do Norte”173 comenta odefloramento de uma menor: “Maria é a criatura mais carente de belezaphisica que pisa em terras paraenses. Tem um ar sombrio, taciturno edesconfiadocomotodaa legítimacabocla. (...)Oseuaspectogrotesco trazlogoumasensaçãodepavor.(...)Viviaessacriaturaemcasadosr.Manoel...e como ahi residisse Fellipe, tornou-se de amores por este orgango-tango.(...) Dessa afinidade nascem a sympatia, da sympatia nasceu o amor, e doamor... vai nascer daqui há cinco ou seis mezes um “bebé” O caso estáaffectoàpolícia”.

AreferênciaàMariacomocaboclavemaliadaàsadjetivaçõestaciturnasedesconfiadas,epítetosutilizadosigualmentepararepresentaraspopulaçõesindígenas da província, que em última instância na sua mistura com osbrancosderamorigemaessascaboclase/oumameluca.

Operandocomasmesmasformasderepresentação,MarquesdeCarvalhoemseuconto“AnetadacabocladeOurém”traçaatrajetóriadeumameninaqueviviacomasuaavóemOurémefugiuparaacapitaldaprovínciacomoescrivãodacompanhiadevapor.Comeleviveucercadeummês,aofinaldoqual o dito escrivão a abandonou, passando ela a viver da prostituição deluxo, e adquirindo o codinome de paquinha. Entre bailes e festas ela teriavividoatéapaixonar-sepelojovemJúlio,quecomelaviveuduranteváriosmeses até envolver-se por umamenina loira e estrangeira.Ao ser deixavapeloamante,anetadacabocladeOurémretornaàcasadesuaavó.

MarquesdeCarvalhoiniciaocontodescrevendoacabocladeOurémdaseguinte forma: “D’entre os rapazes, que ha dois anos se divertiam noságapes Venusinos de Belém, distinguia-se pela sedutora graça de toda suapressoa, uma jovem cabocla, de feições corretas e penetrantes, deirresistível olhar, todo malícia e promessas de prazer, chamam-lhe osíntimos – a Paquinha, pelo apimentado dos saracotes, nas dançasnacionais174.

Baenaaoescreverosseusclássicosensaioscorográficosfazaseguintedescriçãodotrajardamulhermamelucaedocomportamentodasíndiasquefaziampartedocotidianodaprovíncia,naprimeirametadedoséculoXIX:“Neste guapo alinho, e descalças, relação estas mulheres seus attractivos

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naturaes” (129) já as indianas “são de interessada liberalidade” sendo“destituídasdopejonaturalaosexofeminino”175.

A liberdade dos movimentos corporais, a beleza dos atrativos físicosrealçados em um descuidado vestir, a malícia e o prazer muitas vezesrefletidos no olhar, são algumas das formas com que os autoresrepresentaramasmulheresmamelucas,índias,caboclas,queviviamnasruasde Belém no final do século XIX e início do XX, vendendo açaí, cheiro,vasilhas de barro, flores, lavando roupas, costurando ou mesmo seprostituindo. Elas sobreviviam das atividades ligadas ao espaço da rua,residindoemcasasdepequenocômodo,emgeral, contíguas,ondesepodever e ouvir o que se passa nas demais residências ou quartos de aluguel;transportavam-se nos bondes onde o aperto facilitava o contato da carneassim narrado por um escrito: “Ao seu lado aquelle outro malcriado,encostandoascoxasnassuas,muitochegadoasi,comunicando-lheocalorsensual da carne que, atravessando as roupas lhe perturbava os sentidosnaquelamórbidasensaçãorecebidaatravésdotecidopelosnervossensitivosdo tacto (...) Existem typos desta ordem, de costumes depravados, (...) efazemdosbondesoseucampodeacção,aproveitandoasocasiõesdeapertoparaseudisfarce”176.

Estas mulheres vivenciavam, com maior liberdade, o universo dosespaçospúblicos,neleatuandoecriandosuasexperiênciasdavida,sofrendoasmaisdiferentes formasdemarginalizaçãoediscriminação,distanciando-sedoolhar,nãoapenasdoshomensdeelite,mastambémdosseusparceiros,da figura da santa-mãezinha numa Belém que tem seu traçado urbanoredefinidopelosemblemasdeumadadamodernidade.

As formas de representação das mulheres pobres associadas àpromiscuidade,aotratomaisliberto,émuitasvezesrealçadapelaformaçãode sua família,muitasdelas eramórfãsouvivamem famílias centradasnafigurafeminina,caracterizandoarecorrência,emBelém,demulherescomomantenedores dos lares, como era o caso da menor Belmira, quedescrevemosno início deste trabalho.Elas erama avó da “Da cabocla deOurém”,oua“mameluca”,queaocairdeixanomundouma“filhaquecomoelateráomesmodestinoecontinuaráasuageração”,ouaindaasmãesquelevavamasqueixasdedefloramentoàschefaturasdepolíciaparadenunciaradesonradafilhaporumofensor.

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Todas essas mulheres são chefes de famílias que se formam sem osuporte de alianças oficializadas, estabelecendo relações de amasiamentoque se caracterizavam algumas vezes pela permanência, outras pelaplasticidadeefluidez.

Com as transformações no traçado urbano de Belém, o crescimentoeconômico, a expansão demográfica, o aumento dos serviços gerais, dotransporte,quemarcaramofinaldoséculoXIXeinícioXX,verificamosasmudanças no universo público da província, onde cada vezmaismulherespobres e livres vão atuar seja como vendedoras, lavadeira, prostitutas,artesãs, costureiras, cozinheiras, enfimumuniversodeatividadesmúltiplasquecontribuiparaqueelasfaçamparte,commaisrecorrência,docotidianopúblicodacidade.

Arelaçãoexistenteentreastransformaçõesquemarcaramamodernidadeeamaioratuaçãofeminina,nesteuniverso,estápresentenaliteratura.Algunsautoresnorevelamqueestamaiorparticipaçãotrouxetambémanecessidadede se delimitar os espaços de atuação feminina, definindo os papéis dehomensemulheres.Papéisquepassamaficarcadavezmaisplásticosdadaas mudanças que caracterizam a modernidade. Nesta perspectiva,observamos, em contrapartida, a tentativa de formação de uma rígidafronteiraentreopúblicoeoprivado,atribuindoaqueleaoshomenseesteàsmulheres, numa argumentação pautada na diferenciação sexual dos corpos.Diferenciaçãoquepassa,muitasvezes,pelaestigmatizaçãodepreciativadocorpo feminino. Quanto mais se definia o discurso universalista do corpoindividual indiferenciado do liberalismo, maior se fazia a necessidade dedemarcar fronteiras rígidasdeatuaçãoentrehomensemulheres, apontandonasdiferençasdocorpoascausadadistinçãodegênero.

Destarte, a maior liberdade de atuação, no espaço público, trouxe,tambémparaamulheroestabelecimentodadiferençaecomelaaformaçãode uma identidade e um conjunto de percepções e estereótipos que foramfundamentadose fundamentaramestadiferençaqueclassifica,hierarquizaediscrimina,equetemnocorpoumaformadeinscriçãoprivilegiadaparaestecontrole,comovimosnasrepresentaçõesdosautoresapontados.

Ojulgamentofeitoporumjuizdaprocedência,ounão,deumaqueixadedefloramentopassavaporquestõesdecarátersubjetivocomoahonestidadedamulherofendida.Passamosacompreendermelhorasdificuldadesdessasmenoresesuasfamíliasencaminharemsuasqueixaseveremoprocessoser

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levado à frente, na medida em que prevalecia esse conjunto derepresentações acerca do comportamento e do corpo das mulheres dascamadaspopulares.

Dequandoelasfalam….Sedeumladooimaginárioacercadamulhercompartilhadopelosmais

diferentes segmentos da província pode nos ajudar a compreender aexpressivaquantidadedeprocessosdedefloramentoincompletos,poroutrolado,atéondepodemosperceber,apopulaçãopobredeBelémmuitasvezesbuscava resolver através de outros mecanismos seus gramas de amor,utilizando-seaseumododajustiça,ouporoutra,recusando-searecorreraela.

Assim, vemos que em alguns processos, comoo deBelmira, a própriamenor não desejava que o processo fosse encaminhado. Damesma forma,queoutrosprocessosconsultados,asmenoresusavamváriasestratégiasparaqueaqueixa,algumasvezesfeitapelospaisasuarevelia,fosseretirada.Talprocedimento é a afirmação de que haviam tido relação sexual com onamoradoacusadodedefloramento“porsualivreeespontâneavontade”,ouainda que haviam sido defloradas hámuito tempo por outra pessoa que jáestava morta, o que impedia a verificação do fato pelas autoridades. Jáoutras menores, nem mesmo aceitavam a ideia de casar com o acusado,alegandonãoestaremapaixonadasouofatodelenãoterrecursos.Comestasatitudes, elas negavam o direito à justiça, aos próprios familiares econhecidos,dedirigiremseuscomportamentoseinterferirememsuasvidasprivadas.

Separamuitasmeninasessaspeças jurídicas trouxeramumconjuntodeexpectativasquegeraramdesencantoemágoas,quandooamanteacusadodedefloramentonegavaaexistênciadequalquertipodeenvolvimentoamorosoesexualcomelas,paraoutras,noentanto,estasmesmaspeçasjurídicasaoficarem incompletas ou serem encerradas sem a prisão do namorado,geravamalívioeo fimdo receiodevê-lospresos,oqueacreditavamfariacom que os perdessem definitivamente. Este receio fez com quemuitas desuas falas fossem marcadas por um desejo ambíguo que fazia com quecontraditoriamente ora afirmassem, ora negassem ser o réu o autor de seu

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defloramento. Neste ultimo caso, comumente diziam ter tido a primeirarelaçãosexualcomumoutrohomemparadestaformalivraronamoradodaacusação de um processo, a despeito das imagens depreciativas a queficavamsujeitascomestaafirmação.

Preferir amasiar a casar; deixar de ser virgem para obrigar os pais adarempermissãoparacasarcomonamoradoporelasescolhidos;aceitarseramante;sairàsruasebeberemumamesacomhomensnãomuitoconhecidos,semseremenemseconsideraremprostitutas;aceitarperderavirgindadepordinheiro;mentir paraprotegero amantedaspenas legais; nãoquerer casarcom o amante apesar de estar grávida; todas essas questões ligadas àspráticas das menores e dos réus, aparecem nos autos e processos dedefloramento,nosfazendoperceberariquezadepercepçãoeestratégiasdevida que v]ao aquém do discurso e práticas civilizadoras, e da busca decomportamentos higiênicos e disciplinados, levados a efeito pela eliteparaense e caricaturizados num dado processo demodernização. E, ainda,vãoalémdaestereotipaçãode imagensfemininasassociadasà fragilidadeevitimização, evidenciando a iniciativa de algumas mulheres frente àsrelações amorosas e a vivência de práticas que se distanciavam dasexpectativassocialmentevalorizadasnosdiscursosdegruposdaelitelocal,particularmentedeadministradores,redatoresdejornais,literatos,médicosemagistrados.

Outras menores, no entanto, diferentemente daquelas, utilizavam-se emsuas falas justamente das expectativas legitimadas por esses grupos cujosdiscursos valorizavam as atitudes de passividade da mulher, noestabelecimento de um relacionamento amoroso e,mais do que isso, a suaimagem de seduzida, engana, que só entregaria a um homem frente a umapromessadecasamentolegitimadopeloEstadoepelaIgreja–únicaatitudepensada comoprópria a umamulher honesta.Representaçõesmuitos vezesarticuladasporessasmenoresemumdiscursoquesepretendiacoerenteseusados de formas astuciosa e necessária sem o qual não conseguiriamprotagonizarumprocessodedefloramentoàmedidaemque,paratanto,eraconveniente assumir e semostrar de acordo comos predicados exigidos àmulhereasuasituaçãodeespectadoraprescritanocódigopenal,atualizadopelosmagistrados.EsteéocasoporexemplodoprocessodamenorFelicia,narrado no início deste trabalho, onde se percebe pelos documentos, oreforço a sua imagem demulher honesta, afirmando que só se entregou ao

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namorado “sob promessa de casamento”, condição fundamental para acaracterização da honestidade feminina de acordo com a jurisprudência daépoca. A despeito da experiência cotidiana do universo amoroso dessasmenores se distanciar, frequentemente, dos comportamentos e imagenspresentes no discurso narrado frente às autoridades oficiais, estas imagenseramarticuladosastuciosamentecomoestratégiaparaoencaminhamentodeum processo, usado como último artifício para recuperar uma relaçãoamorosainterrompida.

Usadoportantocomoumaformadepressão,oprocessoperderiaarazãode ser encaminhado por parte dos queixosos à medida em que a relaçãoamorosa antes interrompida fosse retomada ao longo de seus trâmites,passandoocasalaviver junto;ouainda,afugadoacusado,seucasamentocomoutra,suacompletarecusaemviverjuntocomamenor,ouporoutra,arecusa da menor em levar o processo até o fim e ver preso o namorado.Todos essesmotivos colocavam fim às expectativas da parte queixosa emlevaràfrenteosprocessosquedestaformaficavamincompletos.

Fosseutilizando-sedas imagenssocialmentecriadasdevulnerabilidadeemocional,vitimizaçãoepassividade,paralevaratermoacontinuidadedeum relacionamento amoroso, fosse se recusando a assumir tais imagens oumesmo a estabelecer um compromisso de união institucionalmentelegitimadas, estas meninas viviam seus dramas de amor num universodinâmicodepráticasevalores,tomandoafrentedesuasrelaçõesamorosasesexuais.

Afinal,acaixadePandorapareceaindaestarabertaea“queda”nãoévivida apenas em meio à dor e à decadência, mas também com prazer eencanto.

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Mulheres,casamentoeafamíliaemPortugalna2ºmetadedoséculoXIX-princípiosdoséculoXX:algunsaspetos

IreneVaquinhas

Aarquiteturadopodernafamília,essa“pátriaemminiatura”

Alves Ribeiro, autor católico que apoiou o brado católico contra ocasamentocivil,nomomentoemquesedebatianoParlamentoportuguês,nosanos 1865-1866, a questão da laicização do casamento a propósito daredaçãodoCódigoCivil, descreve, deuma formabreve, o seumodelodereferência da família portuguesa. De acordo com as suas palavras, “OcasamentoproduzafamíliaqueéaimagemdoEstado.Temmonarcaqueéochefed´ela,comonomedepai;temsúbditosquesãoamulher,osfilhoseosdomésticos. O chefe reune nessa sociedade os poderes de um monarcaabsoluto sem auxílio de exército ou d´autoridade alguma. O amor a seussúbditos,eàfelicidadequeprocuraparasieparaelesfazem-nousarsempredestaautoridadecomdiscernimento,compiedadeecomzelo.Areligiãoéocomplexo de leis que regiam a humanidade no sentimento íntimo das suasacções,temporissodeintervirnaconstituiçãodafamíliapara,pormeiodoculto,recordaropoderdivino”177.

Neste esquema ideal, que esquematiza uma determinada geometria depoder,afamília,tendocomofundamentoocasamentomonogâmico,constituiumpequenosistemapolítico,deestruturahierarquizada,noqualopaiéoseuchefe natural e autoridade incontestável, verdadeiro monarca absoluto ou,quanto muito, um déspota esclarecido, ao qual todos os membros do

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agregado tinham de se submeter. Os seus contornos totalitários definem efixamolugardecadaumnoquadrodoméstico,ondesepresumequeéaceite,semresistêncianemcontestação,oprincípiodaunidadedasoberania,típicadeumaorganizaçãocentralistaeantidemocrática.

OpensamentodeAlvesRibeiro,no tocanteaesteassunto,nada temdeoriginal. Limita-se a reproduzir pontos de vistas bastante divulgados naEuropa do seu tempo, tendendo-se a identificar a família como uma formaproto-históricadenação,àqualforneceomodelodeorganizaçãopolíticaaadoptar pelo Estado relativamente à sociedade civil. Da família passa-seimperceptivelmenteànação,entendidacomoumagrandefamília,cujopaiéomonarca,estruturando-seestaapartirda“miríadedefamílias”que,sobummesmo governo, habitam um determinado território e partilham tradiçõeshistóricaseaspiraçõescomuns.SanchesdeFriasresume,numasófórmula,estaideia,aoafirmar“Afamíliaéumapequenanação,assimcomoanaçãoéumagrandefamília”178.

Daaceitaçãodafamíliacomocélulabasedasociedadedecorretodoumesquema interpretativodeorganizaçãosocial,oqual,nodizerdeFernandoCatroga, “servia melhor os ideais reacionários do que os princípios dademocracia”179.Maistarde,jánodecursodoséculoXX,avisãodo“EstadoNovo” (1933-1974) sobre a família entronca em idênticos pressupostos,sendo-lheatribuídaumlugarcentralnatransmissãodosvalorestradicionais,bemcomonadesejada“renovaçãomoraldaNação”, sendoestadotadadeprotagonismopolítico,aoconferir-seaoseu“chefe”o“direitodeelegerasjuntasdefreguesia”(artigo17ºdaConstituiçãoPolíticade1933180).Nestecontexto,afamíliaconstituiuminstrumentoprivilegiadodetransmissãodosprincípios da ordem e da autoridade181. “Eis na base a família” - diráOliveiraSalazar,em1930,naSaladoConselhodeEstado–“célulasocialirredutível, núcleo originário da freguesia, do município e, portanto, daNação: é, por natureza, o primeiro dos elementos políticos orgânicos doEstado Constitucional |…|”182. O receio da modernidade, o impacto daindustrialização e a inevitável transformação dos códigos de conduta, emespecial, dos femininos, ajudam a compreender a formulação de umpensamentoconservador,quenãoénemexclusivodesteregimepolíticonemdoperíodotemporalemcausa,devendoserenquadradonocontextogeralde

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fortalecimento dos autoritarismos europeus e da grave situação económicainternacionalpós-crisede1929.

Já o pensamento republicano pressupõe uma outra forma de ordenaçãosocial,estruturadaapartirdoindivíduo,aoqualseatribuiautonomiaelugarprimordial na hierarquia ascendente do “homem para a família, da famíliaparaacomuna,dacomunaparaaprovíncia,daprovínciaparaoEstado,edeste para a |…| Pátria”, como afirmava Manuel de Arriaga, primeiropresidente daRepública portuguesa, numdiscurso proferido na assembleiaparlamentarem1911183.Emborasereconheçaadimensãonaturaldafamília,amatrizindividualistadateoriasocialrepublicana,debasepositivista,davaguaridaàideiadanaçãocomoumsomatóriodesujeitoslivreseestabeleciauma filosofia jurídica do matrimónio com base numa contratualidadepuramentecivil,passíveldeserdissolvidaatravésdodivórcio.

Tanto o pensamento conservador como o mais liberal, coincidem, noentanto,noreconhecimentodaimportânciadafamília.É,porém,nodecursodo século XIX, após a vitória do liberalismo, que se investe, desobremaneira,nasuareflexãoteórica,bemcomonacriaçãodedispositivosqueapreservam,oque,aliás,secompaginacomamultiplicidadedefunçõesque lhe são conferidas: para além de ser o lugar por excelência dareprodução sexual, é através da família que se transmite um nome, umpatrimónio, bem como valores simbólicos. Desempenha também um papelcentral na produção económica, como empresa, fazendo-se coincidir, emalgumasatividades,espaçoderesidênciaedetrabalho(“aloja”docomércioretalhistaou aoficina), ou atéogrupode trabalho como casal (comonostecelõesounos alfaiates).A lógicada economiapré-industrial é, em largamedida, doméstica sendo dominante o elemento familiar.Àmedida que secaminha para o século XX, intensifica-se a separação entre o espaçodoméstico e o espaço económico da casa, afastando-se os elementosestranhosàfamília,comoosaprendizeseosoficiaisdascasasdosmestres,oscaixeirosrelativamenteaoscomerciantesouaprópriamulherburguesaemrelaçãoaosnegóciosdomarido,emfavordeumamaiorintimidadeconjugal.

A autoridademarital como vetor estratégico do reforço jurídico da

famíliapatriarcal

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O liberalismo reforçou, no campo do direito, a família patriarcal (que

algunsautoresqualificamde tradicional),aoconferirao“chefedefamília”duas importantes prerrogativas: a autoridade marital e o poder paternal.Analisaremos, neste estudo, sobretudo, a primeira, a qual implica asubordinaçãodamulheraocônjuge,oqueoCódigoCivil184,promulgadoem1867, explicitamente preceituava, no artigo 1185º, ao definir como seu“dever”,“prestarobediênciaaomarido”,enquantoqueàqueleincumbia“|…|proteger e defender a pessoa e os bens da mulher”. Considerada física eintelectualmente mais fraca, a mulher encontrava-se, na relação conjugal,numasituaçãodesubalternidade:tinhaaobrigaçãodeacompanharomarido(artigo 1186º); se era autora não podia publicar escritos sem o seuconsentimento (artigo 1187º); precisava da sua autorização para exercerprofissão,comércio,adquirir,alienarbens,contrairobrigaçõesou“estaremjuízo” (artigos 1192º a 1194º; 1196º), podendo, ainda, o marido abrir as“suascartasoupapéis”(artigo461ºdoCódigoPenal185).

O direito só reconhecia à esposa a possibilidade de separação depessoasebens, emcasode sevícias,de injúriasgravesoudeadultériodomarido“comescândalopúblico”, completodesamparo,ou“comconcubinateúda emanteúda no domicílio conjugal” (artigo 1204º).De acordo comoCódigoPenal (artigo 404º), aomarido adúltero era aplicada uma pena deprisãodetrêsmesesatrêsanos,enquanto,emcasodeadultérioporpartedamulher,podiamser-lheretiradostodososbensearbitradaumamensalidadepeloconselhodefamília.OCódigodeProcessoCivil186, de1878,previa,emcasodeseparação,o“depósito”damulhercasada,aseupedido,“comopreparatório ou consequência” daquele ato, ou seja, se acaso a esposapretendesseabandonarolarconjugal,teriaquerequerer,aopoderjudicial,oseu “depósito” em casa de “família honesta” escolhida pelo juiz (artigos477ºa481º).Ovocábulo“depósito”,peloconteúdohumilhantequeencerra,é esclarecedor quanto ao lugar da mulher na relação conjugal, tendo sidorevogadopeloregimerepublicano187.Será,noentanto,repostopelo“EstadoNovo”,nocontextodoqueTeresaPizarroBelezadefinepela“reconstruçãojurídicadopatriarcado”,sendoindicadordoretrocessonaevoluçãolegaldamulher portuguesa188. O Código de Processo Civil, aprovado em 1939,

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reintroduz,porconseguinte,aquelearticulado,comaagravantede,emcasodeabandonodomarido,ouderecusaemoacompanhar,este“poderequererqueamulherlhesejaentreguejudicialmente”(artigo1470º).

A tutela sobre a esposacriavauma formadedependênciaqueanulava,quaseporcompleto,acapacidade jurídicadamulher,equiparando-aaumamenor189.A “autoridademarital” completava-se com as disposições legaissobre o matrimónio que, embora reconhecessem à mulher, direitos sobre“benspróprios”,atribuíaaomaridoasuaadministração,exceptonoscasosde“faltaou impedimentodele” (artigo1189º).Amulherpodia,noentanto,porconvençãoantenupcial,reservarparasi,“atítulodealfinetes”,umapartedosrendimentosdosseusbens,aqualnãopodiaexcedera“terçadosseusrendimentoslíquidos”(artigo1104º).

Apretextodadefesadamulheredafamília,oCódigoCivilestabelecia,no seio do casal, uma relação de “desigualdade substancial entre os doissexos” que submetia a mulher ao poder doméstico do marido, a quemgarantia a possibilidade de disposição dos bens e da força de trabalho daesposa190.Adenúnciadetodasasdiscriminaçõespatentesnaleimobilizaráosmovimentos feministas portugueses, na transição do século XIX para oséculoXX,osquais,organizando-seemativosgruposdepressãojuntodospoderes constituídos, conseguem alcançar, do regime republicano, arevogação de algumas disposições legais consideradas atentatórias dadignidade feminina, como é o caso, entre outras, do artigo 1185º queobrigavaamulheraprestarobediênciaaomarido,assimcomo,nocampodoadultério,seequiparouodohomemaodamulher,paraefeitosdaseparaçãodepessoasebens.

Contudo, a República (1910-1926), apesar de admitir que a sociedadeconjugal se baseia na liberdade e na igualdade entre as partes, não tocouseriamentenasupremaciamasculina191,aoimpor,comoobrigaçãodamulher,“o governo doméstico e uma assistência moral tendente a fortalecer e aaperfeiçoar a unidade familiar” (Leis da Família, artigo 39º)192. Osprincípios democráticos não têm qualquer correspondência na arquiteturapolítico-constitucional,recusando-seodireitodevotoaosexofeminino.Estesó foi concedido, em1930,nas eleiçõespara as juntasde freguesia, e, em1931, nas eleições administrativas e legislativas superiores, restrito àsmulherescomdiplomadeensinosecundárioousuperior.

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Quantoaopoderpaternal,estetraduzia-se,emtermosjurídicos,nopoderdopai,único“chefedefamília”,limitando-seamãeapenasa“serouvidaemtudooquedizrespeitoaosinteressesdosfilhos”(artigo138º).Remontandoà tradição jurídica romana que atribuía ao pater familias um poder quaseilimitadosobreosfilhos,oCódigoCivilestabeleceuaautoridadepaterna,aquem confere uma capacidade de correção bastante severa, tendo apossibilidade, emcasodo filho ser “desobediente e incorrigível”, recorreraopoderjudicialeocolocarnumacasadecorreção(artigo143º).Levantaramãocontraospaiserajuridicamentemaisgravedoqueinfligirmaus-tratosaos filhos, relativamente bem aceites pelos costumes e aos quais asautoridadesfechavamosolhos.

À luz do direito, a família devia ser dirigida commão firme, tendo osfilhosaobrigaçãode“honrarerespeitarseuspais”(artigo142º),eestesdelhesprestar“alimentoseocupação,conformesuasposseseestado”(artigo140º).ComoesclareceAgostinhodeCampos,autordaobraintitulada“Casadepais,escoladefilhos”,publicadanoiníciodoséculoXXeváriasvezesreeditada193, “|…I a casa paterna deve ser uma miniatura do Estado: e oEstado bem governado é aquele em que se legisla pouco, mas se cumprerigorosamente o que foi legislado |…|”194. “Honrar pai e mãe” é, porconseguinte, uma exigência reiteradamente repetida nos manuais decivilidade,devendooamorfilialmanifestar-sesobaformaderespeitoededeferência.

O ordenamento jurídico-penal também aceitava com benevolência osmaus-tratos sobre amulher, encarando-os como uma extensão dos poderescorretivos do chefe de família. Bater na mulher era aceite com algumanaturalidade, sem indignação, a não ser se excessiva, sendo, ao nívelpopular, considerado uma prova de afecto. A letra do “fado do trolha”,cantado por Alfredo Marceneiro, nos anos 1930-40, veicula esteentendimentodorecursoameiosviolentos:“Amulhersóvaiasoco,/Poisd´outraformafazpouco/D´umhomemqueelanãotema/Eumbommurronosqueixos/Éindaomelhorsistema/P´rafazerentrarnoseixos.|…|Rebentar-lhesofocinho/Éumaprovadecarinho/|…|EquandoaMadamaéchic,/Efingeterumchilique/Supondoquedenószomba/Oremédiomaisusado/Édar-lhes logo na tromba / Co´um pano bem encharcado”. Em rigor, aviolência conjugal, tanto dos maus tratos infligidos às mulheres, o

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predominante,comoaoshomens,édifícildeavaliar,dadoodiminutonúmeroasdenúnciasoudecasosquechegaramaostribunais,sabendo-seapenasqueeraumfenómenotransversalatodaasociedade195.NacidadedeLisboa,asvítimasdestetipodeagressão,noiníciodoséculoXX,detetadasapartirdosexamesdesanidadefeitosnoInstitutodeMedicinaLegal,foramemescassonúmero, representando, respectivamente,1,7%,em1912,e1,4%,em1926,detodaaviolênciacometidanacidade196.

Alguns autores, semquestionarem a supremaciamasculina na liderançadafamília,seuresponsávelperanteoexterioreaquemcompeteasfunçõessocialmente relevantes, reconhecem, no entanto, o importante papel damulher, sobretudo na qualidade de educadora dos filhos, a quem cabeensinar, “desde o berço”, as virtudes capitais da “ordem doméstica”: orespeito pelas instituições, o gosto pelo trabalho, a amor à pátria, aintegridade moral, as boas maneiras, a disciplina197. Citando o provérbioportuguês “marido, barca;mulher, arca”,AgostinhodeCampos, autor atrásmencionado, esclarece o seu entendimento da organização do lar: “|…| Omaridoéabarcaquetrazdeforaosustentodafamília:amulheréarca,istoé,aordemeogovernodacasa|…|Ocupadoaganharavida|…|opainãoé,emregra,oeducadorefectivodosseuspróprios.Elepodeorientar,dirigir,legislar,masquemexecutaepraticaéamãe|…|”198.

Omodelodefendidotemporbaseadiferençadefunçõesdesempenhadaspelos dois sexos: amulher dona-de-casa, encarregada da esfera privada epilarespiritualdafamília;ohomem,centradonaesferapúblicaeprovedormaterialdolar.Mesmoàdistânciaéaquelequemchefiaafamíliaeasseguraao seu sustento, mediatizado pela mulher, sua companheira obediente esubmissa,cujaprincipaltarefaconsistiaemcuidardacasa.Avalorizaçãoda“mãedefamília”enquadra-senumdiscursoreformistaqueremontaàsegundametade de oitocentos mas que será habilmente integrado na mensagemdiscursiva do “Estado Novo”, dando-se particular relevo às tradicionaisfunçõesfemininas.

Acasa, pedra angularda família, éo fundamentodamoral edaordemsocial,âmagodoprivado,subordinadaàchefiamasculina.Reinodamulher,esta é também a suamaior ameaça, quando o “desampara” e “despreza ostrabalhosdomésticos”,deconsequênciasfunestasnamáeducaçãodosfilhos

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e responsável por “atirar o marido para a taberna, o café, o centropolítico”199.

OdesinteressepelosafazeresdomésticoseraapenasumdossintomasdeummovimentomaisprofundoquealgunsautoresdiagnosticamdesdemeadosdoséculoXIX,masquesevairevitalizando,aolongodotempo,comnovosconteúdoseargumentos.Se,emmeadosdoséculoXIX,RodriguesdeFreitassolicitava “mais educação e menos toucador”, numa alusão aos exagerosfemininos pelos “arrebiques da moda” em desfavor de saberes úteis epráticos200, na transição para o séculoXX, as atitudes das feministas e osesboços de um movimento emancipador das mulheres suscitaram receiosdesmedidosdeinversãodostradicionaispapéisdegéneronoseiodocasalededesorganizaçãodaordemfamiliar.

Estes corporizam-se, nos anos vinte, nessa figura de frivolidade, a“garçonne”, mais conhecida, respetivamente em Portugal e no Brasil por“cabelos à Joãozinho” e “melindrosa”201: independente,moderna, atrevida,saias e cabelos curtos, desprendida das responsabilidades domésticas efamiliares, personifica a antítese da “fada do lar”. Suscitou protestos emtodos os sectores sociais, em particular nos meios conservadores emoralistas mais intransigentes, temendo-se os seus efeitos desastrosos navida de família, tanto mais que a nova figura feminina se difundiarapidamentenosmeiosurbanos,apontodealgunsautoressequestionaremsenãoseestariaperanteumaepidemiaaltamentecontagiosa:a“garçonite”202.

Fazer“regressar”amulheraolartorna-seumdiscursorecorrente,oqualacompanhao fimda IRepública eos anseiosdeordem, enquantoovisualgarçónicovaiperdendoimportância.O“EstadoNovo”investenaimagemda“fadado lar”comoaliadafieldopapelmodeladore ideológicodoEstadoautoritário,sendoasmulhereschamadasàimportantemissãode“renovarem”afamília,esse“oásis”daqualsãoconsideradasoseuprincipal“esteio”203.OliveiraSalazar exprime, comclareza,oqueentendedever sero lugardaesposa, no novo regime, contrapondo-o aos ideais emancipadores: “comovêm, estou nisto de reivindicações feministas tão atrasado, tão retrógrado,tão fóssil, que, para mim, o melhor elogio da mulher é ainda o epitáfioromano: Era honesta; dirigia a casa; fiava lã”204. O destino femininocumpre-senafamília,impedindo-seoudificultandootrabalhodasmulheresfora do domicílio, uma vez que este, na lógica do salazarismo, é “fatal à

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natalidade”, desagregador do lar e um convite à desmoralização doscostumes.Certasprofissõessão-lheinterditas(carreiradiplomática,funçõesde chefia na administração local); noutras o casamento é proibido(enfermeirasetelefonistas)outão-sóautorizadosobcondiçõesexcepcionais(professoras primárias). Porém, a destinatária principal deste sistema deexclusõesedemedidas“protetoras”para coma futuramãeouapuérpera,eraaoperária,cujotrabalhonaindústria,apesardemuitocondicionadopelo“EstatutodoTrabalhoNacional”,de1933,noqueconcerneaatividades,ahorários e a remunerações, não impediu o seu exercício. Reduziu-se, noentanto,apercentagemdemulherestrabalhadorasnomercadodetrabalhoemPortugal,oqualpassoude36,4,em1890,para22,8%,noanode1940205.

Aevoluçãoquesetemvindoadesenharapontaparaacaracterizaçãodafamíliacomoumainstituiçãomonolíticae,decertaforma,estáticanotempo,o que não corresponde à realidade. Os discursos ideológicos têm comoobjectivo sublinhar aspectos concretos da representação da instituiçãofamiliar e do papel que se lhe pretendia atribuir nos diversos regimespolíticose,demodoalgum,fazerasuacaracterização.

OsestudosdeRobertRowland,entreoutrosespecialistasdahistóriadafamília em Portugal, têm demonstrado que, ao longo do período que seestendedoiníciodoséculoXIXameadosdoséculoXX,nãohouveumúnicomodelo familiar extensivo a todo o território, podendo coexistir práticasfamiliares distintas ou mesmo suceder-se várias ao longo do ciclo dedesenvolvimento dos agregados domésticos206. O próprio termo “família”não é unívoco, recobrindodiversos significados, nem sempre coincidentes,sendo substituído, em algumas regiões do país, pelas designações “casa”,“lar”e“fogo”,dediferentesconteúdossociaisedemográficos207.Se,paraaburguesia urbana, a palavra “família” designa o conjunto formado pelonúcleoconjugaleosrespetivosfilhos(famílianuclear),paraocampesinatodo Noroeste atlântico e, muito em particular, do Alto-Minho, o topónimo“casa”,maisespecificamente,“casaagrícola”ou“dalavoura”,aplica-seaocasal e filhos (“a casa propriamente dita”), bem como “aos terrenos e aopessoal necessário à sua exploração”208. O conceito não se circunscreve,nestecaso,aoagregadodomésticosimples, formadoporpaise filhos,masidentifica um sistema complexo formado por terras, edifícios, animais,pessoas, não necessariamente unidas por relações de parentesco, bastante

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semelhante ao que se observa naGaliza (Espanha), região onde a palavra“casa”, comumemzonas rurais, tem tambémum sentido alargado, ou seja,tanto é unidade de reprodução e de consumo, como de produção e depropriedade209.Jáemmeiourbano,osestudosevidenciamopesonuméricodasfamíliascomplexas,bemcomodeagregados isoladosouconstituídosapartirdeuniões informais,emparticularnoseiodooperariadoedeoutrascamadas populares de escassos rendimentos económicos, como é o caso,entreoutros,dos trabalhadoresdasminasdeAljustrel edeSãoDomingos,entreosquais,nosanos1930,erafrequenteosjovensjuntarem-se(“amigou-se”ou“maridou-se”nagíriapopular)àreveliadafamíliaedaIgreja210.Aestrutura e a dimensão das famílias constitui uma questão complexa, cujaproblematizaçãoultrapassaoâmbitodesteestudo211.

“Atéqueamorteossepare”:ocasamentovistopeloladodoavessoO casamento, predominantemente realizado segundo a celebração

canónicamesmodepoisda legislaçãorepublicana ter instituídocomoúnicocasamentoválidoocivil(apartirde1911),marcaoiníciodavidaconjugaledafamíliaestável,entreascamadasmédiasesuperioresdasociedade,“atéqueamorteossepare”212.Verdadeira instituição,ocasamentoéobjectodeestratégiaspatrimoniaiscomplexas,semelhantesàdoscamponesesabastadosque procuram, através da união dos filhos, aumentar as exploraçõesfamiliares e engrandecer a “casa”. As conveniências económicascondicionamasdecisõesmatrimoniais, tentandoconciliá-las,namedidadopossível,comosaspectosafectivos,ouseja,naterminologiaoitocentista,“asinclinações”.

Entreanobreza,aescolhadosnoivosdecidia-seemfamíliaemobilizavaarededeinfluênciassociaisepolíticasdetodososparentes.Convinhaaosprimogénitos,emnomedoprestígiodacasa,omatrimóniocomherdeirarica,“bem criada”, de boa estirpe e de preferência filha única. Na primeirametade de Oitocentos, era comum as jovens aristocratas casarem-se comprimos direitos ou com tios, como forma de consolidar (ou aumentar) asfortunasdequedispunham,assimcomo,nocasodesegundasnúpcias,com

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cunhados. Casamentos precoces (sobretudo no que respeita à nupcialidadefeminina) e acentuadas diferenças de idades entre o cônjuges arrastavamdiscrepâncias psicológicas e de ideais de vida, muitas vezes deconsequências funestas. Os exemplos abundam nas resenhas das famíliasilustres. Muitos enlaces matrimoniais se fizeram entre elementos daaristocracia provinciana e da “genealogia do negócio” (comerciantes,negociantes e industriais de “grosso trato”, muitos dos quais “brasileiros”com grandes fortunas), feitos barões, viscondes e comendadores pelamonarquiaconstitucional.

Os “casamentos arranjados” são também uma prática corrente entre aburguesia,paraquemasaliançasmatrimoniaisconstituemumaestratégiadeconservação do posicionamento social. A preocupação com a estabilidadematerial(bemexpressanaformalizaçãodeconvençõesantenupciais,comunsnas classes comerciais abastadas), a cautela na escolha dos noivos e dasnoivas, os quais devem pertencer aomesmo estrato social, de preferência“unsfurosacima”,oconhecimentodosseusantecedentes(receiodossangues“avariados”), tudo era medido e pesado, resultando o casamento, comfrequência,mais de expectativas familiares do que de afinidades pessoais.Outros elementos podem entrar em linha de conta nas escolhas projetadas,como a formosura, o “carácter sério e circunspecto” (muito apreciado emoitocentos) ou o prestígio de uma profissão liberal, mas não sãodeterminantes,pelomenosnodecursodoséculoXIX.Abeleza,noentanto,figurajánoroldosatributosdanoivaideal,nosanos1940,apardo“amoraotrabalhoeaosilêncio”,ainteligência,asinceridade;jádoladofemininoanseia-se por noivo que seja “alto, forte, bom arcaboiço, cabelo claro |…|amor ao estudo, desportista, rico e com automóvel”213. A cultura daaparênciaassumecadavezmaiorimportâncianumasociedadequevalorizaoindividualismo.

Os amores contrariados pela oposição paterna são uma constante aolongodo séculoXIX, sendo cadavezmais numerosos aqueles quequeremfazercoincidircasamentocomamorefelicidade,entendendo-oscomofontedeprazeremocionalesexual.“Oh!Malditooentequevementornarocáliceda amargura sobre a nossa felicidade”, assim se referia, um estudante daUniversidadedeCoimbra,numacartadeamoràsuaamadaVirgínia,escritaem1856,aopaidajovemqueopuseraemtribunalpor“crimedeseduçãode

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menor”. A linguagem utilizada parece ter sido copiada da retóricaultrarromântica (“estas palavras apagar-se-ão do meu coração quando eubaixaràfriacampa.Ohdor!”),numaalturaemqueocélebreromance“Amorde Perdição”, de Camilo Castelo Branco, estava na moda. Este tipo desituação está também na origem de rocambolescas histórias de raptos,protagonizadas na sua maioria por jovens, “presos em afeição mútua”, aquemospaisnegavamautorizaçãoparaocasamento.

Embora os testemunhos isolados valem o que valem, estes casos nãodeixam de ser significativos, demonstrando, por um lado, que os paiscontinuam a ditar o futuro conjugal dos filhos, e, por outro, que se vaidelineandoumnovoquadromentalquecaminhaparaoinconformismofaceàrepressãodosimpulsosamorosos.Aoirrompernafasepré-conjugal,oamorcolide com as alianças longamente pensadas e preparadas, sendo muitasvezesincompatívelcomasexigênciasmateriaisdocasamento.Astragédiasdemuitoscasaisresidemprecisamente,comoafirmaMichellePerrot,“nestesconflitos entre a aliança e o desejo”, o que constitui também um terrenofavorávelaoadultério214.

OsnovosvaloresliberaiseromânticostrazidospelaRevoluçãode1820conduzem à afirmação da personalidade individual, o que tem uma facetalibertadorasobreasatitudeseoscomportamentos.Os jovens,sobretudosetêm um mínimo de instrução, são cada vez mais sensíveis aos jogos desedução,aosvestuáriosdamoda,àsconversasespirituosas,àsnovasformasromânticas de expressão, sonhando, com a ajuda do “bafo pestilencial dosromances”,comoescreviaoescritorCamiloCastelo-Branco,commodelosideais de noivas e de noivos, ambicionando um “marido para estimar” e“construirumimpérionocoraçãoamado”.

O desenvolvimento dos novos meios de comunicação (a imprensa, otelégrafo, a melhoria dos transportes e dos serviços postais…), contribuipara um acesso mais rápido às novidades. Concorre no mesmo sentido adiversificaçãodasformasdesociabilidadeburguesas(saraus,teatros,bailes,jardins públicos, estâncias balneares e termais…), sobretudo depois de1850,queaumentamaspossibilidadesdeinterconhecimento,alargando-seoscírculos de convívio para além dos tradicionais serões, dos passeios aodomingoàtarde,dasvisitasfamiliaresoudecortesia,abrindo-seaosjovensnovoshorizontes.Apesardaconstantevigilânciapaterna,sobretudosobreas

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“meninasde família”, trocam-seolhares, recorrem-sea formasnãoverbaisde comunicação (pormeio de lenços, de leques, de luvas, de bengalas…),dança-senosbailescomos“olhos”em“comunicaçãomagnética”,ousam-seposessedutoras,estudadasaopormenoremcasa,frenteaosespelhos,quesevulgarizamnascasasburguesas215.

Afaltadeumdotereduziaaspossibilidadesdecasamento,condenandoas jovens sem recursos económicos ao celibato ou a um matrimónio“péssimo”, como salientavaMaria Amália Vaz de Carvalho, no início doséculo XX216. Esta mesmo autora defenderia, em alternativa à miséria, oensino profissional, com limitações. À medida que avança a instruçãofeminina,jánodecursodoséculoXX,oscertificadosescolaresvãoassumiropapeldedote,favorecendoasjovensnomercadomatrimonial217.Situaçãosimilar ocorrerá com o sexo oposto, a partir do século XIX: os grausacadémicos tornam-se numa via de acesso a cargos políticos ou naadministração pública, constituindo um elemento novo a incluir nasestratégiasmatrimoniais, já que permitiam aumentar o poder e o prestígiofamiliares.

A importância atribuída aos aspectos sentimentais vai fazendo o seucaminho, ao longo do século XIX, recuando lentamente as estratégias decontrolomatrimonialereforçando-seasescolhasindividuais.

Jánasclassestrabalhadoras,ocasamentoobedeceaoutrospressupostos,comodemonstram,entreoutros,osestudosdeGasparMartinsPereirasobreo operariado portuense de 1880 a 1910. Neste meio socioprofissional ésinónimoda “aceitação recíproca euniãodeduas capacidadesde trabalhoquesecomplementam”218.Aprecariedadeeconómicapareceditarasuniõesconsensuais, vulgo concubinato, que predominam, não diferindo muito, aoníveldavivênciaquotidiana,dosmatrimóniosconvencionais,emboraassuasimplicaçõessejamdistintas,umavezqueossaláriosjuvenispermitiamumaliberdadeeconómicaprecoce,saindoosfilhoscedodecasa.Oscasamentos,aocorrerem, formalizam-senuma fase avançadadavida emcomum, sendoprecedidospelaexperiênciaconjugale,comfrequência,pelaconstituiçãodefamília,muitasvezescomfilhos.CercadeumemcadacincocasamentosnacidadedoPorto,emmeadosdoséculoXIX,edeumemcadatrêsnoúltimoquartel,fizeram-separalegalizarsituaçõesdeconcubinato219.Nestescasos,

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a opção recaía, com frequência, no casamento civil, mais barato que oreligioso.

O concubinato também era comum tanto na região saloia, em torno deLisboa, como nas regiões mineiras alentejanas, não tendo os mineirosqualquerpreocupaçãoem“legalizarocasamentonoregistoounaigreja”220.Na zona de Loures, o casamento estava associado à ideia de “boda e devestidosapropriadosàocasiãoenãopropriamenteà ideiadesacramento”,não se fazendo por falta de meios económicos, sendo as uniões aceites erespeitadas pela comunidade221. No Baixo Alentejo, serão as missõescatólicas, nos anos 1940, a proceder à legalização de situações de facto,realizandocasamentoscoletivos.

Asmulheres e a fuga àsnormas: a contestaçãodospilares-baseda

família.À margem das situações extremas é a estabilidade familiar que

predomina.Afamíliadefine-secomoumespaçodeordem,detentoradeumpoderoso modelo normativo, e qualquer divergência ou fuga à norma éentendidacomodesvio.

Amoderação dos comportamentos era o critério que definia as ténuesfronteiras entre o normal e o anormal, o racional e o patológico. Todosaqueles que desafiavam ou resistiam a essa regra caíam no campo da“desrazão” ou loucura, de tal modo que, para o alienista Júlio de Matos(1857-1923), loucos não eram apenas os “imbecis, os dementes oumaníacos”,mastodosaquelesquemanifestassem“umacompletaausênciadesentidoético,umaperversãoprofundadosafectosouinstintos”,partilhandode umalargado conceito de loucura que deixava a porta aberta a todos osexcessos222.

O século XIX e os inícios do século XX fornecem alguns casos deindividualidades,sobretudodosexofeminino,que,porcolocarememcausaasnormassociaise,muitoemparticular,osdoismaisimportantespilaresdafamília, o poder marital e o poder paternal, tombavam no quadro clínicoatrás descrito. Podem incorrer no diagnóstico de loucura, os “desvarios”conjugaisdeesposas,as“perdições”dejovens“bem-nascidas”porhomensabaixodasuacondiçãosocial,ou,comofoiocasodeRosaCalmon(1900-

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1901), por dar indícios de uma grande religiosidade e pretender ingressarnumconvento,numperíodode forteanticlericalismo, semaautorizaçãodopai,cônsuldoBrasilnacidadedoPorto,dequemdependiaporsersolteira,apesardeter32anosdeidade223.Anormalidadefemininadefinia-seporumpadrão de comportamento que excluía os excessos ou as paixões.Assumi-los,optando-seporcaminhosquenãovalorizavamafamíliaeamaternidade,podiaserconsideradosintomadeloucura224.Nestequadro,amedicalizaçãodasexualidadedesviante,decertaforma,substituiosvalorestradicionaisdahonra familiar, e as atitudes de ruptura podem ser interpretadas à luz daprocuradafelicidadeindividual.

Para asmulheres que, de acordo com este conceito, perderam as suasfaculdades, a família reservava-lhes o sequestro na própria casa, em“cárcere privado”, ou o internamento compulsivo em “recolhimentos dearrependidas”, de onde não podiam sair, e que visavam a sua reabilitaçãocomo“mulhereserradas”225.OCódigoPenalde1852penalizacompenadeprisãoocárcereprivado(artigo330º),masnãopõefimàintransigênciaparacom aquelas que ousavam desafiar a ordem estabelecida, em particular,quandotambémestavamemcausagrandesfortunasouheranças.

Nadécadade1920causougrandeescândaloocasodeMariaAdelaideCoelho da Cunha, filha do fundador do periódico “Diário de Notícias”.Casada,de49anosde idade,comumafortunaconsiderável,apaixonara-sepelo motorista, de 26 anos, com quem fugiu. O marido inicia um longoprocesso de interdição e interna-a no Hospital de Alienados do CondeFerreira, no Porto. Observada pelos médicos, o diagnóstico foi preciso:MariaAdelaidesofriadeumaformadealienaçãomental,a“loucuralúcida”quesóafectavaos“afectoseinclinações”equeatinhamlevadoaapaixonar-se por um jovem e a ignorar a sua condição social inferior226.Provavelmente, se Maria Clementina (1857-1929), filha do grandeproprietário da Golegã, Carlos Relvas, tivesse sido examinada por ummédico alienista, o diagnósticonão seria diferente: tambémela afrontara asociedadedo seu tempo, ao apaixonar-seporumcampino, criadoda casa,sendoconsiderada“louca”pelavoxpopuli227.Estecasofoi ficcionadoporAlvesRedol,noromance“BarrancodeCegos”,noqualcondenaocampinoao trágico destino de ser “emparedado” numa casa, por ordem do pai dajovem,depoisdelheteremsidocortadas“aspartesdehomem”.

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Apintora JosefaGreno (1850-1902) foi também, em 1901, dada comodoidae internadanohospitaldeRilhafoles–“morbidez” foiodiagnósticodomédicoalienistaMiguelBombarda–portermortoomaridocomquatrotiros. Sustentara a família, trabalhara como “umhomem” como ela própriadizia, aguentara anos a fio as infidelidades do marido, pintor medíocre aquem “nem as criadas de servir escapavam”, mas não suportou que estetivesseficadocomaspoupanças“deumavida”ecopiadoatemáticafloralcomaqualseconsagraracomopintora228.

Nemtodosassituaçõesde“desvio”eram,à luzdopensamentomédicodeentão,definidascomoperturbaçõesmentais.Ospreconceitosreligiosose,a partir da década de 1930, o carácter conservador do regime político,remetiam para as fronteiras da transgressão, o divórcio, definido como“viuvez civil” pelo autor católico, M. Abúndio da Silva. As divorciadaseramostracizadaspelaopiniãopública,alinhadapelasposiçõestradicionaisda Igrejanestamatéria.Odivórcio foraumdosestandartesdapropagandarepublicanaedefendido,enquantoideia-forçadascorrentespolíticaslaicas,pelas vanguardas libertárias e anarco-sindicalistas. Quanto aos casadoscivilmente (cercade20%dos casamentos celebradosnadécadade1930),nãoexistemestudosquepermitamaferirdoseuimpactoaoníveldaopiniãopública. Os trabalhos disponíveis salientam o seu carácterpredominantementeurbanoea sua incidêncianascomunidadesestrangeirasresidentesemPortugal.

Já em meio rural, eram objecto de crítica aqueles que infringiam asregrasmoraisdacomunidade,caindoemformasdecontrolovicinalerituaisdecensurabaseadosnoescárnioenomaldizer.Sobumagamamuitovariáveldedesignações,conformeasregiõeseaslocalidades(descantes,apupadas,festas dos cornos, chocalhadas…), com recurso ao riso e à troça,censuravam-se homens batidos ou enganados pelas mulheres (“frouxos” e“cornudos”), casamentos desiguais em termos etários (homens velhos commulheresnovasoumulheresvelhascomhomensnovos),paisque“nãotinhammão” nos comportamentos indecorosos das filhas229. Um sentido de humoralegremente obsceno, a insolência e a escatologia caracterizam estesprocessos públicos de justiça popular, os quais tendem, no entanto, adiminuiràmedidaqueseavançanoséculoXX,refletindomudançassubtisna sensibilidade rural, ora reivindicando-se o direito à tranquilidade, ora

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recorrendo ao aparelho judicial, levando os seus autores a tribunal. Oscaminhos da privatização passam, enfim, por uma concepção defensiva davidasexual,restritaaoindivíduoouaocasal,apenassubmetidaaoslimitesimpostospelalegalidadeepelaconsciênciaindividual.

ConclusãoPerante tudo o que ficou escrito pode considerar-se que, no tocante ao

papeldasmulheresnoquadrodafamíliaedocasamento,sobretudoentreasclassesmédiasousuperiores,persistirão,desdemeadosdoséculoXIXatéaosanosdoséculoXX,aslinhasgeraisdopensamentotradicionalista.Asuaacentuação em determinadosmomentos deve ser interpretada à luz de umahostilidadedeclaradadocatolicismodefeiçãoultramontanaàspropostasdelaicização da sociedade veiculadas pelo liberalismo e,muito em especial,pelaideologiarepublicana.Preservaraunidadedafamíliaafigurava-semaisimportantedoquesalvaguardarosdireitos individuais,muitoemparticularosdamulher.Noseiodocasal,asregrasdo“saberviver”aconselhavamacomplementaridadeeomútuoacordonasdecisõesconjugais,semosquaiso“lar doméstico” se poderia converter num “antro de fúrias” ou numa“estância de cruéis agonias” como escreviam alguns autores nos finais doséculo XIX. Apesar dos valores e dos comportamentos conservadorescontinuarem radicados na consciência de grandeparte da população, comodemonstraaascensãoeapermanênciadoEstadoNovo,arealidadetambémseafiguravamaismatizada,entrealgunsgrupossociais,comaemergênciadeumnovoidealdecasal,maisigualitário,sobretudoapartirdaIRepública,relançando-se igualmente, senão a contestação da autoridade marital, pelomenosatitudesderebeldia.

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EForamFelizes:Relaçõesentretemporalidadeshistóricaenarrativajurídica

CristianeManiqueBarretoINTRODUÇÃOHá muitos anos sou professora de Teoria da História no Curso de

graduaçãoemHistóriaeumdosmaioresdesafiosdessadisciplinaéentenderacomplexarelaçãoentreosacontecimentosnotempoassimcomoanarrativade historiadores ou afins.Especula-se tanto na teoria comona filosofia dahistória qual o sentido dos acontecimentos no tempo. E, para completar acomplexidadedadiscussão,MichelDeCerteau230,inauguraahistoriografia,ou seja, a distinção entre história vivida e a escrita sobre vivido(historiografia),queésemprelacunar,parcialeideológica,poiséconstruídaporumsujeitodoconhecimento.Paraesseautor,deve-seestaratentoporqueaescritadahistóriaapresentaasseguintescaracterísticas:1.Olugardeondesefala,ouseja,ohistoriadorfalaapartirdeumainstituiçãoquepossibilitao“dizível”eointerdito;2.Ohistoriadorrealizapesquisasobreasfontesquetambém não são neutras; 3. A escrita da história realiza uma inversãoescrituráriaàmedidaqueohistoriadorcomeçaaescreverpelasdescobertasde suapesquisa.Assim, a escritadahistóriapode ser compreendida comoumaproduçãodediscursosobreoreal.

Depois de quase quinze anos lecionando essa disciplina para o ensinosuperior, resolvi cursar uma nova graduação – Direito. Desde o início dafaculdadequestionava-mesobreasrelaçõesdatemporalidadehistóricacomaelaboraçãodas leis,procurandoassim,a junçãodossaberesapreendidos

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com os novos saberes adquiridos. Portanto, nada mais justo para mim,acredito, que apresentar uma discussão inicial sobre noção de tempo,temporalidadehistóricaenarrativadasleisnesseartigo.

Para tanto, realizei um recorte arbitrário na legislação, obedecendo,ainda,àoutrapaixãopessoal,adiscussãosobrefamíliaerelaçõesdegênero.Temática também bastante abrangente, o que obriga por ora, a umadelimitaçãomaior,assim,pretende-senesseartigodiscutiranoçãodetempo,temporalidade histórica e narrativa das leis a respeito do casamento noBrasil.

Comopensaraelaboração,aprovaçãoeaplicaçãodeumalei?Seráqueobedece a uma temporalidade única?Ou nossa observação que atribui umsentidodeduraçãohistóricodeformateleológica?

Parece-me que métodos ligados à modernidade são insuficientes parapensarasrupturas,asfissuras,asdiferenças,possibilidadesdenovosmodosdeserefazernotempo.Assim,optou-sepelahermenêuticaenquantométodopara as ciências humanas, pois de acordo com Dilthey não é necessáriorenunciar aos conceitos,mas interpretar suahistoricidadeparaquepossamexpressaromutáveleodinâmico231.Ouseja,paraquesepossaestabelecerumaponteentreosconceitoscontemporâneoseosencontradosnasfontesdepesquisa.

Nesseartigorealiza-seumacomparaçãoentreasOrdenaçõesFilipinas,oCódigoCivil de 1916 e 2003 e aConstituição Federal de 1988.Busca-senessasleisanecessidadedeverdadeeaproduçãodenovassubjetividadesporintermédiodanarrativajurídicaobservandoatemporalidadehistórica.

Entende-sequeesseassuntonoexercícioacadêmicodoDireitomerecereflexões mais aprofundadas sobre a complexa relação entre o mundomasculino e o mundo feminino. Isso se torna imperioso devido às novasdemandassociaisqueimpulsionammudançasnatãocomentadasegurançadomundo jurídico. Aliás, como pensar segurança nas relações de gênero econceitodefamíliaseestasremetemaidentidadequeporsuaveznãosãotãofixas?

A relevância da temática proposta encontra-se exatamente no seuaparenteineditismonaáreadodireito.Pode-sedizerqueemoutrasáreasdoconhecimento – história, antropologia, geografia, ciências sociais emesmobiologia -a temáticasobre relaçõesdegêneroe famíliase reproduzemem

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várias vertentes teórico-metodológicas. As extensas bibliografias sobre oassunto confirmam o quão essa questão suscita nos pesquisadores eestudiosos uma inquietude teórica para se compreender a intricada relaçãoentrehomensemulheres.

Desde a antiguidade a questão de gênero se colocou na história dahumanidadecomoumdesafioparaseentenderadinâmicadassociedadesesuas construções econômicas, sociais, jurídicas, culturais e políticas. Nomundo contemporâneo estas questões se tornam mais agudas diante dascomplexidadespolíticasereligiosasqueacirramasdisputassimbólicasemtornodossignificadosdoqueéserhomem,doqueésermulher,doexercíciodasexualidadeedoconceitodefamília.

Paraabarcaressasdiscussõesnumprimeiromomentoapresenta-seumadiscussão sobre temporalidade histórica, buscando relacionar teoria dahistória, com a filosofia da história e a historiografia contemporânea e, nosegundo momento, discorre-se acerca do direito de família e da narrativajurídica.

ITEMPOETEMPORALIDADEHISTÓRICAMaso tempo,o tempocalejaasensibilidade,eobliteraamemóriadas

coisas[...]232Oqueéotempohistórico?Éumtempofísiconaturalouhumano?Aose

problematizarotempohistóriconãosepodedeixardemencionarqueestásefalando de um espaço de experiências, singularidades e um horizonte deexpectativas.Kosselecknosinformaque:

[...] há que se por em dúvida a singularidade de um único tempo

histórico, que há que se diferenciar do tempo natural mensurável. Pois, otempohistórico,seéqueoconceitotemumsentidopróprio,estávinculadoaunidadespolíticasesociaisdeação,ahomensconcretosqueatuamesofrem,asuasinstituiçõeseorganizações233.

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Ouseja,quandosefaladetempohistóricoouotempodahistóriarefere-

seaotempodascoletividades,aumtempocomumqueservecomoreferênciaaosmembrosdeumgrupo.Ageneralizaçãodo tempohistórico realizadaapartirdaeracristã,porexemplo, implicounoabandonodeumaconcepçãocirculardotempodisseminadanaantiguidadeclássicaocidental.

OtempocíclicopensandonaAntiguidadeéotempodanarrativamítica,éumtempocíclicoporexcelência,umeternoretornoaostemposprimordiais(aos deuses) para explicar a história vivida.Os gregos, apesar de atribuiraos acontecimentos à ação dos homens, não buscavamo sentido do ser nahistória.

[...] Eles procuravam reconhecer nasmudanças humanas uma “natureza

humana”, que passa por ciclos, mas é permanente aos olhos da razão. Ofuturo teria osmesmos eventos do passado e os homens teriam sempre asmesmas pulsões e necessidades. A vida humana se move em repetições,comoosol,asestações.Osgregostinhamumavisãocíclicaerepetitivadahistória: crescimento e decadência, vida e morte. A ordem que existe nouniverso, acessível ao pensamento, não revela uma sucessão linear eteleológica,masaestabilidadedoser[...]234.

De acordo com alguns historiadores, o aparecimento de uma ideia de

história universal para toda a humanidade coincidiu com a necessidade declassificarosreinadosdossoberanosdasdiversaspartesdomundocomadeorganizaravidalitúrgicapormeiodafusãoentrecalendáriosolar(herdadodosromanos)eocalendáriolunar(judaísmo)235.

Apesar de o tempo cristão apresentar permanências do tempo cíclico,pois entre Cristo e o juízo final, o tempo dos homens é um tempo deexpectativado retornodeDeus, há elementosde linearidade àmedidaqueDeus é a palavra, o verbo, a única versão possível para a história dahumanidade.Naideiadeciclicidadeotempoéumvazioehomogêneo,entreoontemeohojenãohádiferenças.Enaemergênciadeumaúnicaversãonotempo já se pode observar um sentido de progresso, com o juízo final,tornandoosentidodahistórialinear.

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Otempomodernoéportadordediferenças,háumantesdiferentedeumdepois, háummovimento, porta um sentidoqueos historiadoresmodernosprocuraramexplicar.Kant,notexto:“Ideiadeumahistóriauniversaldeumpontodevistacosmopolita”236ensinaqueexisteumfiocondutorqueimpelea história para frente rumo a umprogressomoral da humanidade.Esse fiocondutor é a natureza que quer a discórdia para que o homem saia dapreguiçaedacovardiaeresolvaseusantagonismosusandoaracionalidadeque se desenvolve em toda a espécie humana.Kant dará origem àsmuitasfilosofias da história na modernidade, pois tanto o positivismo, como ohegelianismoeaindaomarxismoprocuramalicerçar-seemsuas teoriasnaconcepção de um sentido para história, seja ele dialético, seja linear queexplicam as ações do homem no tempo, rumo a um progresso no estadopositivoounocomunismo.

Portanto, as filosofias da história pertencentes ao discurso damodernidadesãodominadaspelosconceitosderazão,consciência,sujeitoeverdade universal. São grandes narrativas porque abordam o passado,presenteefuturodeumobjetouniversalqueéahumanidade.

Aquebradessalinearidadedopensamentoocidentalarespeitodotempohistóricosomenteérepensadanomundopós-guerra,noqualaracionalidademoderna e todos os seus desdobramentos serão questionados. Asmetanarrativas totalizantes dotadas de um sentido único são colocadas emcheque.Pode-secitarcomoexemplodecríticaaessatemporalidadeúnica,aconcepçãodetempodeFernandBraudel,historiadorligadoa2ºgeraçãodaEscoladosAnnalesnaFrança.

ParaBraudel237 existe adistinçãoentre três tempos independentes e aomesmo tempo convergentes que corresponde a um tempo longo, o dasestruturas geográficas e materiais; um tempo intermediário ou de médiaduração, o das conjunturas ou ciclos econômicos; e o tempo curto, dosacontecimentos, do político. Ou seja, já não há para esse pensador umasucessão de acontecimentos no tempo e sim, uma pluralidade deacontecimentosdecurtaduração,concomitanteaumaconjunturaeconômicaqueémais lentaeaomesmotempoumaestruturamentalquedemoraaindamaisparamudar.

A relação entre o tempo e a lei pode ser pensada e problematizada apartirdessasdiscussões,decomoumfenômenodecurtaduração(formulação

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dalei)ocorredentrodeumamultiplicidadedetemposcoexistentesnamesmaconjuntura e estrutura histórica, na qual discernem durações simultâneas epluraisdepolitizaçãodoprivado,dasrelaçõesdegênero,dapluralidadedesujeitosedeprocessosdiferentesdeconstruçãodesubjetividades.E,mais,pode-se buscar dentro dessas temporalidades únicas de diferentes tempos(evento, conjuntura e estrutura) a diferença, a ruptura, as especificidadesbrasileiraspararompercomaideiadehistóriauniversal.

Assim,pensara temporalidadehistóricaérefletircomoterritorializarotempo, como por exemplo, a distinção realizada por historiadores entrehistóriaantiga,modernaoucontemporânea.Outradiscussãoésobreoritmo,a duração, o tempo sentido subjetivamente, não apenas como passagemcronológica. Nesse sentido Kosseleck238, afirma que tanto a experiênciacomo a expectativa são categorias capazes de entrecruzar o passado e ofuturo.Opassadocomocampodeexperiênciaeofuturoenquantohorizontedeespera.

A duração se aproxima do tempo subjetivo, ao invés do tempocronológico.Éo tempodasvivências,das intensidades,dosdevires.Outropensador que rompe com as supostas linearidades do tempo, ao distinguirhábito, memória e repetição a partir de Bergson é Deleuze239. Para esseautor,Bergsonrompecomasupostalinearidadedotempo,transitandoentrediferentesplanos temporais, emmovimentosdescontínuos.Essemovimentodifuso, anti-linear ocorre devido à existência de outra modalidade detemporalidade, chamadaporBergsondeduraçãoque faz comqueo tempoavanceemoutrastrajetórias.Portanto,naobradeDeleuze:

[...]aoinvésdeumalinhadotempo,temosumemaranhadodotempo;emvezdeumfluxodotempo,veremossurgirumamassadetempo;emlugardeumriodotempo,umlabirintodotempo.Ouainda,nãomaisumcírculodotempo,porémumturbilhão, jánãoumaordemdotempo,masumavariaçãoinfinita,nemmesmoumaformadotempo,masumtempoinformal,plástico.Comisto,estaríamosmaispróximos,semdúvida,deumtempodaalucinaçãodoquedeumaconsciênciadotempo240.

ParaDeleuze o hábito não tem necessidade dememória, já amemória

não se restringe a uma versão única e linear sobre os fatos241. Possui um

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carátermúltiplo, difuso e caóticoque se ramifica edesdobra emmúltiplosplanostemporais,queinclusivepodemcontradizer-seumcomoutro.

Na formação de um campo transcendental pela força do hábito, na

primeirasíntesedotempo,háaoperaçãodeformaçãodeumadobranofluxodo sensível, dobras no fluxo do hábito, que constitui um movimento deinvaginação no campo e o posterior processo de subjetivação. Talmovimento resulta no início de coexistência de planos temporais distintos,nãosóofluxodohábito,mastambémofluxodoquefoi,equedecertaformaadquiriu certo grau de estratificação e ou circulação dentro deste campo;presente e passado passam a coexistir de outra forma, começa a havermemória. Dessa forma, na segunda síntese do tempo apresenta-se umadiferença em relação à anterior, não é mais o passado e o futuro queaparecem como dimensões do presente, mas é o presente e o futuro queaparecemcontidosnopassado,namemória-tempoenquantomultiplicidadeeduração242.

Oconceitodeleuzianodedobrapermiteproblematizar tantoaprodução

da subjetividade – no sentido da constituição de determinados territóriosexistenciais–quantoosmodosde subjetivação, entendidoscomoprocessoqueproduzaflexãoouacurvaturadeumcertotipoderelaçãodeforçasqueresultam na criação de determinados territórios existenciais em umaformação histórica específica. A dobra exprime a invenção de diferentesformasderelaçãoconsigoecomomundoaolongodotempo.

A partir dessas reflexões sobre tempo, temporalidade e duração, comopensar, pesquisar e problematizar legislações que admitiam no passadocolonial brasileiro vários tipos de casamento como o de pública fama, dedireito e de feito243 (Ordenações filipinas) e que depois do Concilio deTrento passaram apenas a admitir o casamento de direito, que por sua vezserá consubstanciado e legalizado no código civil de 1916 com o paterfamília e que agora na atualidade –Constituição de 88 eCódigoCivil de2002–passamaadmitireacolhernovamenteocasamentodepúblicafama,comanomenclaturadeuniãoestáveleanegaropaterfamília?

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II–FAMÍLIAENARRATIVAJURÍDICA

Évida,vida,queamorbrincadeira,àveraElesseamaramdequalquermaneira,àvera

QualquermaneiradeamorvaleapenaQualquermaneiradeamorvaleamar[...]244.

Deacordocomadoutrinajurídica,odireitodefamíliaéumcomplexode

normas que regulamo casamento, a união estável, as relações entre pais efilhos,ovínculodeparentescoeosinstitutosdatutelaecuratela.DeacordocomMariaHelenaDiniz:

É,portanto,oramododireitocivilconcernenteàsrelaçõesentrepessoas

unidas pelo matrimonio, pela união estável ou pelo parentesco e aosinstitutoscomplementaresdedireitoprotetivoouassistencialpois,emboraatutela e a curatelanão advenhamde relações familiares, têm,devido à suafinalidade,conexãocomodireitodefamília245.

Pela doutrina jurídica246 a origem do casamento ou mesmo da família

nuclearaparecemsempredeformaevolutiva,istoé,anarrativasempreparteda antiguidade clássica greco-romana, no qual o casamento surge comoinstituição social, celebrado publicamente, criando direito e obrigações.Depoiscomoadventodocristianismo,ocasamentopassaasermonopólioda Igreja até a institucionalização do Estado Laico pela RevoluçãoFrancesa247eaadoçãopelocódigocivilnapoleônico(1804),influenciandotodos os países de tradição europeia, a separação entre casamento civil ereligioso.

Claro está que esta narrativa histórico-jurídica é realizada de formalinear(únicaversãonotempo),teleológicaemarcadaporumevolucionismo.Talvez esse tipo de narrativa se justifique pela longa tradição kantiana ehegeliananaformaçãoacadêmicadosoperadoresdodireito.

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Porexemplo,OrlandoSoaresdescreveasorigensdafamíliapormeiododarwinismo social e das tesesmarxistas e freudianas sobre a sexualidade,procriaçãoepoder.Argumentaaindaqueatradiçãojurídicafoiimpregnadaporprincípioscanônicos,queporsuavez,seinspirouno‘duoincarneuna’(os dois cônjuges numa só carne), como fundamento da união eterna,consagrada por deus, ou seja a indissolubilidade do vínculomatrimonial248.

Por outro lado, Michelle Perrot, historiadora francesa, observa que adistinção entre a esfera pública e privada foi foco de atenção da teoriapolítica na França pós-revolucionária, preocupação evidenciada nosdiscursos dos teóricos da época sobre a família e o lugar que a mulherocupara.DiscussõesqueperpassamadefiniçãodasrelaçõesentreoEstadoeasociedadecivil,entreocoletivoeoindividual,conformeaautora:

...Enquanto o laisser-faire, o ideal da “mão invisível” predomina num

pensamentoeconômicoestagnado,vivendodasglóriasadquiridasnoséculoXVIII, o pensamento político mostra uma preocupação em delimitar asfronteiras e organizar os “interesses privados”. Omais novo deles é, semdúvida,aimportânciaconferidaàfamíliacomocéluladebase.Odomésticoconstituiumainstânciareguladorafundamentaledesempenhaopapeldedeusoculto249.

A família como garantia da moralidade natural, fundada no casamento

monogâmico, foi alvo de intensos discursos religiosos, científicos ejurídicos, principalmente, no século XIX e não a partir de uma evoluçãonaturalcomomuitospensadoresfazemquerercrer.

Continuandocomopensamentodaautora,observa-secomoargumentaaideia de família triunfante a partir de Hegel e Kant, segundo Perrot, paraHegel:

O individuo é o fundamento do direito, o qual só pode ser pessoal.O

corpodefineoeu,que,paraseobjetivar,precisadapropriedadeindividual[...]Masoindivíduoestásubordinadoàfamíliaque,comascorporações,éum dos círculos essenciais da sociedade civil. Sem ela o Estado só se

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relacionaria com “coletividades inorgânicas”, commultidões, propícias aodespotismo250.

Se Hegel argumenta sobre a relação público-privado, Kant discorre

sobreomicrocosmodacasa.Paraeste,[...]odireitodomésticoéotriunfodarazão[...]acasaéofundamentoda

moraledaordemsocial.Éocernedoprivado,masumprivadosubmetidoaopai,oúnicocapazderefrearosinstintos,dedomaramulher.Poisaguerradoméstica constitui uma ameaça constante. A mulher pode se tornar umavândala,ofilho,contaminadopelamãe,umserfracoouvingativo,eocriadopode retomar sua liberdade [...] basta [que amulher] escape para logo setornarumarebeldeeumarevolucionária251.

Esse modelo de família e moralidade do século XIX, tanto se impõe

sobreosindivíduoseinstituições,comoencontramnatessituradosdestinoscomplexidades de arranjos familiares, no qual seus defensores procuraramexcluir, segregar ou mesmo desqualificar qualquer opção que não seja ocasamentoeaperpetuaçãofamiliar.

Sobrea separaçãodasesferaspública/privada,Maria IzildaMatosnosalertaque:

[...]Oslimitesentreopúblicoeprivadoforammaisexplicitadoscomadefiniçãodasesferassexuaisedadelimitaçãodeespaçosparaosexo[...]Arepresentaçãodolaredafamíliaemtermosnaturais,edaesferapública,aocontrário,comoinstânciahistórica,foiumaherançavitorianadaqualemergeodualismopúblico/privado,reafirmandooprivadocomoespaçodamulher,aodestacaramaternidadecomonecessidade,eoespaçoprivadocomolócusdarealizaçãodaspotencialidadesfemininas252.

Pode-seafirmarquenanarrativateleológicaevolucionistapacifica-sea

história, apagam-se as diferenças, as lutas simbólicas, a duração, osdissensos e as subjetividades elaboradas nas práticas sociais. Assim, aevoluçãodauniãoentrehomensemulhereseadistinçãodasesferaspúblico-privadaaparecemcomoumtriunfomoralnahistória.

A par das complexidades do real, o marco legislativo para o BrasilacercadocasamentoedauniãoestávelsãoasOrdenaçõesfilipinas.Portugal

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jáhaviaseconsolidadocomoEstado-NaçãonoséculoXV,diferentementedeoutros países europeus. As leis do reino passaram a ser reunidas numdiplomanormativo,dandoorigemaoquedenominavamdeOrdenações.Taiscódigos levavam o nome domonarca que exercia o poder à época de suapublicação

Publicadoem1492,oprimeirocódigoportuguês–quetraziaonomedomonarca:CódigoAfonsino–foisubstituídoem1513peloquefoipublicadosob o reinado de D. Manuel. A esse Código Manuelino seguiu-se bemdepressaum terceiro, sobD.Sebastião (1555-1571).Finalmente,em1603,publica-sesoboreinadodePhilipeIIId’Espanha(1598-1621)ocódigoqueservirá de base legal não somente ao Estado português mas, também, aobrasileiro253

AsOrdenaçõesforamapenassubstituídaspeloCódigoCivilrepublicano

de1916,apesardetermosnaIndependênciaumaconstituição(1824)eoutracomoadventodaRepública(1891).NasOrdenaçõesnãoexisteumcapítuloespecial destinado ao instituto do casamento ou da família. Observa-se amençãodessesquandobuscamregularosbensdocasaleaherança,ouseja,a preocupação era com o patrimônio sobretudo nos casos de adultério,condenadoamortequemocometesseenasheresiaspraticadas.NoLivroIV,Título XLVI, denominado “Como omarido emulher sãomeeiros em seusbens”,pode-sedepreenderasmodalidadesdecasamentosdescritas:

Todos os casamentos feitos emnossosReinos e senhorios se entendemseremfeitospercartadeametade:salvoquandoentreaspartesoutracousafor acordada e contractada, porque então se guardará o que entre elles forcontractado.

1-EquandoomaridoemulherforemcasadosperpalavrasdepresenteàportadaIgreja,ouperlicençadepreladoforadella,havendocopulacarnal,serãomeeirosemseusbense fazenda.Epostoqueellesqueiramprovareprovemqueforamrecebidosperpalavrasdepresente,equetiveramcopula,senãoprovaremque foram recebidos áporta da Igreja, ou foradella comlicençadoPrelado,nãoserãomeeiros.

2 - outrosi serão meeiros, provando que stiveram em casa teúda emanteúda, ou em casa de seu pai, ou em outra, em pública voz e fama de

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maridoemulherpertantotempo,quesegundoDireitobasteparasepresumirMatrimônioantreelles,postoquesenãoprovemaspalavrasdopresente.

3-Eacontecendo,queomarido,ouamulhervenhamasercondenadospor crime de heresia, por que seus bens sejam confiscados, queremos quecomuniquen entre sí todos os bens, que tiverem ao tempo do contracto doMatrimonio,etodososmais,quedepoisadquirirem,comoseambosfossemCatholicos. O que assi havemos por bem, por se acusarem conluios efalsidades,quesepoderiamcommetersobreaprovadosbens,quecadahumdellescomsigotrouxe254.

Pelos dispositivos acima se vislumbra a existência de dois tipos de

uniões resguardadas pela lei portuguesa: aqueles “casados per palavras depresente à porta da Igreja, ou por licença de prelado fora dela, havendocopulacarnal”ouaquelesqueestiverem“empúblicavozefamademaridoemulher per tanto tempo, que segundo Direito baste para se presumirmatrimônio entre eles”. Ronaldo Vainfas alega que o referido código comintuitoderegulamentaraspenasaseremaplicadasaosadúlteros,expôsumaclassificação:

[...]dematrimonioqueespelhava[...]oscostumesdoreinoemmatériade casamento.Ali apareciam o casamento de direito, celebrado segundo omodelooficial,ocasamentodefeito, realizadosemasdispensasporhaverparentescooucunhadioimpeditivodomatrimoniodedireito;ocasamentodepúblicafama,noqualoscônjugescoabitavamemfamademaridoemulhereassimeramtidospelosvizinhos255.

Esclareceaindaoautorquea legislaçãodaépocadistingueclaramente

casamentodeconcubinato,esteúltimofoipenalizadopeloconcíliodeTrentoemmeadosdoséculoXVIeainda,quehaviaumesforçoassumidodaIgrejaTridentinaparauniformizarosritosmatrimoniais.

A política matrimonial da Coroa Portuguesa parece ter se guiado porrazões deEstado, interesse no povoamento,manutenção da segurança e docontrole mais do que por fidelidade à ética da Contrarreforma, pois acolonização brasileira foi realizada por unidades domésticas de produçãoeconômica e política. Portanto, contrariando as disposições religiosas daépoca,o códigoportuguêsmencionavaa relaçãoquemuito se assemelhaà

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União estável, para preservar o patrimônio. O casamento ou a “uniãoestável”apresentava,portanto,umanaturezacontratual.

O casamento de pública fama foi aceito até o início da República.Contudo, o código de 1916 procurará seguir finalmente os cânonestridentinos e não distinguirá o concubinato da união estável, criando oinstituto de família legitima e família ilegítima. Se bem que, apesar dasmudançasatuais,algunsprofissionaisutilizamo termofamíliaestruturadaedesestruturadaaindahoje.

O código de 1916 apresenta também outros dispositivos interessantesparaanalisarasrelaçõesdegênero256noBrasil.Cita-sealguns:nocapítuloreferente aos direitos e deveres domarido na sociedade conjugal, ele é ochefe (artigo 233) e exerce o pátrio poder – artigo 379 e seguintes. E navigência do casamento, se as mulheres quisessem trabalhar, somente erapermitidocomaautorizaçãodomarido–artigo242, incisoVII.Quantoàsmulheres há obrigação de se casar virgem sob pena de anulação docasamento por erro essencial (artigo 219, inciso IV), podendo ainda serdeserdada pelo pai, se a “desonestidade ocorreu na casa paterna” – artigo1744, inciso III. Há também um capítulo sobre a constituição do dotefeminino,artigo278eseguintes257.

SegundoMaryDelPriore,apesardastransformaçõesquechegaramcomviradadoséculo,ocódigode1916mantinhaocompromissocomoDireitoCanônico.

Nele, a mulher era considerada altamente incapaz para exercer certosatos e se mantinha em posição de dependência e inferioridade perante omarido. Complementariedade de tarefas, sim. Igualdade entre homem emulher, nunca.Aomarido, cabia representar a família, administrar os benscomunseaquelestrazidospelaesposaefixarodomicíliodocasal.Quantoàesposa, bem...essa ficara ao nível dos menores de idade ou dos índios.Comparado com a legislação anterior, de 1890, oCódigo trazmesmo umaartimanha. Ao estender aos cônjuges a responsabilidade da família, nemtrabalharamulherpodiasempermissãodomarido.Autorizava-semesmoousodalegítimaviolênciamasculinacontraexcessosfemininos.Aelacabiaaidentidade doméstica; a ele, a pública. Mas, não sem um ônus: a de serhonestoetrabalhadoremtempointegral[...]258.

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Padrão de família dificilmente seguido pelas classes populares.Ressalva-se ainda que o papel social reservado ao homemde ser umbomprovedor,muitas vezes encontrava e encontra dificuldades no próprio seiodascamadasmédiasealtas,principalmente,quandoastaxasdedesempregoseelevam.

Quaisaspossibilidadesdesubjetividadespresentesnaelaboraçãodessecódigo? O que poderia ser ou não dito nesse momento histórico? Quaisforçaspolíticas,religiosas,científicasestavamemvoganomomento?

O que pode-se afirmar de início é que a primeira onda domovimentofeminista259 já lutava pelo direito das mulheres tais como: o direito àherança,atrabalharnaesferapúblicasemnecessitardeautorizaçãoedireitoaovotodesdeofinaldoséculoXIX, lutasqueforamderrotadasnocódigocivilde1916.

A par de uma tênue construção e afirmação do Estado-Nação nasprimeiras décadas do séculoXX, se digladiavampositivistas, federalistas,nacionalistas, comunistas, anarquistas, liberais, acrescentando que desde oPapaPioIX(1846-1878)aigrejafoiassumindoumaposiçãocadavezmaisnegativaemrelaçãoàmodernidadeeosavançoscientíficos.

Nesse sentido, entende-se o direito enquanto discurso que exprime osentido e o valor da vida em sociedade. Francisco Duarte e Felipe daFonseca260apartirdaobradeHeideggercompreendem-nocomopossuidordomododeserdacura,omodocomosemostraohomem.Omododeserdacura descrita como ‘antender-a-si-mesmo-no-já-ser-em-sendo-junto-a’ paraanalisaroé,ojá-ser-emeoanteceder,ecompreenderoparaquêdodireito.Nessemovimentohistóricodotempo,odireitoévistocomummododeserdentro das possibilidades historicamente e existencialmente dadas para aelaboraçãodocódigode1916.

A situação sobre o pátrio poder dos homens e os direitos da mulhercasada,apenassemodificaramnoBrasil,umpoucocomaleidodivórcioemplenaditadura–1977e,plenamentecomaConstituiçãode1988.Momentopós-ditadura,noqualforamacolhidasasdemandasdosmovimentossociaisressurgidos com a democratização. Nesta a população é classificada,dividida nomeada em diversos grupos, com direitos específicos ediferenciados.Oscidadãostêmdireitosclaros,eleéhomem,mulher,índio,

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criança, adolescente, filho adotado, idoso, carente, inválido, deficientefísico,mãe,pai[...]261

Observa-se no capítulo VII, Art. 226, que discorre sobre a família, acriançaoadolescenteeoidoso.Noinciso3,reconheceauniãoestável,noinciso4,entendeaentidadefamiliaracomunidadeformadaporqualquerdospais ou descendentes, no inciso 5, que os direitos e deveres referentes àsociedade conjugal são exercidos igualmente por homens e mulheres262.Percebe-se que nesta nova constituição acabou com o pátrio poder, com aideia de família nuclear e aceitou a união estável. O novo código civil(2002)emvigor também legisla sobreaguardados filhos,queaaceitadeformacompartilhada,distendendoodireitoàvisitaeambososcônjugestêmdireitoaalimentação(artigo1694).

Estas inclusõesocorreramcomo formade reconhecimentoàsdemandasdosmovimentossociaispresentescomademocratizaçãodopaís.Arelaçãoentreotempoealeitambémpodesercompreendidacomoumaestruturadeexpectativa num horizonte de antecipação como afirmam Cidnei Bogo263,FrançoisOst264eFranciscoAlvesdosSantosJunior265.

Ouseja,pode-seentenderahistórianasuarelaçãopassado/presentedeforma teleológica ou na perspectiva que ocorre por intermédio da relaçãopresente/futuro,nosentidodequeaconsciênciaemrelaçãoaosespaçosquese configuram como um horizonte de expectativa, formulado entre amaterialidadedodiscursoeaestéticadaexistênciadosujeitomoral.

Ocasamentodepúblicafamaouauniãoestávelsecruzamnopassadoeno presente, torna-se uma experiência vivida na memória-tempo enquantomultiplicidadeeduração,ouseja,essaspráticasafetivassempreexistiram.Oquemuda,oquepermanecesãoosconceitos,aclassificação,aaceitaçãoouaproibiçãoeomododenarraressahistória.

CONSIDERAÇÕESFINAISOart.226daConstituiçãoFederalde1988dispõequeafamíliaéabase

do Estado e recebe proteção especial. A família, de acordo, com aconstituiçãoéoresultadodauniãoentreumhomemeumamulher.

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Em 2011, o Supremo Tribunal Federal através da ADI nº 4277,observandoosprincípiosdadignidadedapessoahumana,da igualdade,daliberdade, da intimidade e da privacidade decidiu que pessoas domesmosexo também podem se unir juridicamente, com os mesmos direitos edeveres. Seguindo essa decisão, o CNJ, em 2013, regulamentou a uniãoafetivapormeioderesoluçãoqueobrigaoscartóriosarealizarocasamentocivil.

Em setembro de 2015, a comissão especial do Estatuto da família naCâmaradosDeputadosaprovouoprojetodelei6583/13quedefinefamíliacomoumnúcleo formado a partir da união entre umhomemeumamulher.Retrocesso?Sentidocíclicodosacontecimentoshistóricos?PermanênciasdoeugenismodoséculoXIX,quedefiniuaafetividadedirigidaaomesmosexocomodoença?

Como se vê, novas brigas políticas e jurídicas na linhadohorizonte,demonstrandoquenãoélinear,nemevolutivaahistória,nemasleis.Aliás,numEstadoDemocráticoedeDireito,apolitizaçãodavidaprivadatendeacrescer e acirram os embates em torno dos significados simbólicos dospapéissociaisatribuídosaosgêneros.

Questiona-setambémacercadoativismojudicialamericanopresentenoBrasil, associada a uma participação mais ampla na concretização dosvalores e fins constitucionais, com maior interferência do judiciário noespaço de atuação dos outros dois poderes, ou podemos dizer diante dainérciadosmesmos.

Noemaranhadodotempo,nasincertezasdaleiedahistóriaacriaçãodeterritórios existências que se contradizem um ao outro, em movimentosdescontínuossomentepodemocorreremsociedadesemquealiberdadesejaplena.

Independentedetodasasnormasjurídicas,médicas,morais,científicas,éticasoumesmoreligiosasadinâmicadassociedadesatravésdoshomensemulheres que a compõem, encontraram sempre na pluralidade dossentimentos, formas de afetividade e sociabilidades, que nem semprecorrespondemosditamesdaépoca,danorma,daleioudahistórianarrada.

Família patriarcal, matriarcal, nuclear, monoparental, homoafetiva,concubinato, amancebados, amantes, teúda e manteúda, viúvos, solitários,solteiros, mães e pais solteiros, vagabundos e prostitutas. Tantos nomes,

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tantas classificações. Sempre presentes. Navegar nas águas do direito, dafilosofia,dahistóriaépreciso.Mas,vivernãooé.

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HistoriadelaliteraturaFemeninaenVenezuela

AdaíasCharmellJameson

Para hablar de la literatura femenina en Venezuela, es necesario queseamosconscientesdequetodamanifestaciónhumanatienesuorigenapartirdeunprocesoquemuchasveces,espocosabidoypocodifundido.ElsigloXIX en Venezuela, constituye un período de gran despertar intelectual, esimportantedestacarquelallegadadelaimprentaaVenezuelarepresentaungran acontecimiento para la ilustración y para los ilustrados venezolanos,acaecimientoqueserealizabaconjuntamenteconla libertadde imprentaenla España del siglo XIX. Esta manifestación en paralelo provoca que eldesarrollointelectualyrevolucionariodelamujervenezolana,constituyeunhecho importante en el progreso y el despertar almundo intelectual y a lacreaciónliterariaconunaintenciónmuyclara:unabúsquedadelibertadydedivulgacióndeideasyconocimientos.

Desdeelpuntodevistadelpensarhumanísticoy,dejandoaunladolosacontecimientos sociopolíticos y territoriales, este evento significó unaverdadera independencia de pensamiento; es decir, una posición clara deapertura ante el mundo sensible, a la modernización y manifestación delpensamiento, al mundo de las artes y la poética y, en el sentido de lacreación,aabrirseconenteralibertadenlasprofundidadesdelosespaciossublimes.

Extrañamentepara nodarle otrogiro significativo a tamañoolvido, lashistoriasdelaliteraturavenezolanaescritaypublicadaporciertosautoresypor críticos especializados, no le han dado mayor importancia a las

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escritoras, poetas y literatas que viven el gran despertar de la creaciónliteraria en el siglo XIX a través del desarrollo periodístico, y muyespecialmente las revistas literarias. Es una oportunidad para apoyar aquienes preocupados por este olvido, han sacado a la luz a escritoras quedieronsuaporteenelmundodelperiodismo,alnacimientode la literaturavenezolanaescritapormujerenelsigloXIX.

Noobstantelaimportanciadelfenómeno,lamayoríadeesascoleccioneshansidoignoradaporlacríticaespecializada.Estasituaciónsetraduceenunhechosimple,desconocemoslosaportesylasignificacióndeesosmaterialesparalahistoriadelaculturaylaliteraturavenezolanadelochocientos266.

A partir de la llegada de la imprenta a Venezuela y el desarrollo delperiodismo, se establece una relación estrecha entre el periodismo y laliteratura y, en este espacio de recogimiento y de vínculo intelectual,encuentran lasmujeres la oportunidad demanifestar su condición de seresintelectualesylibresdelpensar,actividadquepodíanrealizarparalelamenteconsucondicióndemujeresdedicadasa la labordelhogar.EstedespertarsignificóungranaportealpaísenloquerespectaalacreaciónliterariayalnacimientodelaliteraturaescritapormujerenVenezuela.

ElprimergranaportedelaliteraturaloencontraremosenlaRevistaElCanastillo deCostura (1826)Caracas, una revista femenina, pero escritaspor hombres de la época, independentistas que reseñan artículos literariosconmaticesytemáticasfemeninas.Esimportantepoderdestacarqueademásde El Canastillo de costuras, aparecieron otras publicaciones periódicasque también dieron ese gran aporte a nuestra literatura femenina del sigloXIX:CorreosdelOrinoco(1819)Angostura;LaOliva(1836),Caracas;LaGuirnalda (1839-1840), Ensayo Literario (1872) Caracas; La PrimeraPiedra,(1884)Valencia;LaAlondra,(1885)Coro;ElmensajerodeDamas,(1887) Barquisimeto;Brisas del Orinoco(1888) Ciudad Bolívar;El ZuliaIlustrado¸(1888)Maracaibo;FloresyLetras,(1890)Coro;ElÁvila,(1891)Caracas; El Problema, (1891) Caracas; Cosmópolis, (1894) Caracas; LaLira, (1895) Caracas; La Azucena, (1896) La Grita; El Cristus (1996)Barquisimeto;Flora,(1996)Yaracuy;Alondra,(1897)Maracaibo;Violetas(1897)SanCristóbal;elEstímulo,(1898)Duaca.

Aunque en su gran mayoría la producción literaria femenina que sepublicó por esta vía periódica fue poesía, se encuentra una producción de

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crónicas y reseñas, lo que demuestra que la mujer estaba ansiosa pormanifestar sus inquietudes intelectuales. Son ochenta y cinco mujeres quepublicaron en revistas y periódicos267 demanera que esta gran producciónpoética,representaelprimeraportealahistoriadelaliteraturafemeninaenVenezuela.Hayunacaracterísticamuyimportanteenestaspublicacionesquedemuestra la posición de la mujer venezolana en la sociedad, estasaparicionesquecomoyahemosdichoensumayoríaerapoesía,sepublicanbajo la formadel anonimatoo firmadasconseudónimos, loquenos indicaquelaactuaciónliterariaylamanifestacióndepensamientodelamujerparaenelmomento,noerabienvistaporlasociedaddecimonónicadeVenezuela.

Entreesasactorasyautorasdeesasprimerasmanifestaciones literariasdel sigloXIX, fueronpioneras:María JosefaSucre, (1786-1821)hermanadelMariscaldeAyacucho,AntonioJosédeSucre;escribeunascuartetasen1814 en Cumaná; María Josefa de la Paz Castillo (1765), quien escribedesdelaceldadeunconventocaraqueñoconelseudónimodeSorMaríadelos Ángeles, escribe desde lo más profundo del sentir cristianocomprometidaconsuespíritudelucha,esunapoesíadegranreligiosidadyfervor cristiano. “Anhelo” y “Terremoto” sus poemas son publicadostardíamente en por JulioCalcaño en su antología “El Parnaso venezolano”(Caracas,1892).

En1830encontramosaMaríaJosefaAcevedoconunpoema“Lamentosde Colombia” que aparece publicado en el periódico El Fanal deCaracas268.En1836noshallamosunlargopoemadeamorescritoporMaríaAntoniaBolívar,hermanadeSimónBolívar,unaviudadecincuentaynueveaños quien le escribe un poema amoroso a su amante, “Ignacio, nome esposible” este poema es considerado, uno de los principales aportesencontradosenelorigendelaliteraturafemeninaenVenezuela269.

Deesta contribuciónperiodística,MaríaEugeniaDíazen su trabajodegrado Escritoras Venezolanas del siglo XIX: recuento historio-gráfico ydocumental,nosseñalaqueelprimertextoescritoporunamujervenezolanaa travésdeestemedio,aparecióen revista,LaGuirnalda (18deagostode1839)bajoelseudónimodeA.M.O.R,esunartículoconunsentidodidácticoen favor a la educaciónde lamujer “EducacióndelBello sexo” elmismotextocontienedospoemas;elprimero,instaalgénerofemeninoalacreación,a la escritura;y el segundo, esunaalabanzayunelogioa lamujer; cuatro

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mesesmástardeenestemismomedio,apareceunescritodeJuanaZárragade Pilón, Los recuerdos de mi Patria. Aunque este aporte periodísticoparecieraquesonbrevísimasaportacionesalaliteratura,soncontribucionesinvalorablesparaunpaísconvulsionadopor las luchassocialesypolíticasdel momento, teniendo en cuenta las dificultades que tenía la mujer paraexpresarsupensamiento,hacerlovaleryqueselereconocieraintelectualypolíticamente en la sociedad del momento. No podemos pasar por alto laparticipación poética de Aureliana Rodríguez con su poema “Un gemido”(1863) y otras participaciones que realizó en años siguientes esta damacaraqueña. En 1885 aparece en Coro un poema titulado “¿La has visto?”firmado por Zoraida, y en este mismo año de 1885, aparece ya un aporteliterario de gran valor, se trata del libro de la primera novelista del sigloXIX, Lina López de Aramburu, El Medallón (1885) escribe bajo elseudónimodeZulima;Maríaoeldespotismo,esunaobradramáticaescritaen tres actos, es de los primerosmanifiestos participativos de la escriturafemeninaenVenezuela,fueenviadaporZulimaalpresidenteAntonioGuzmánBlanco junto a una carta en 1885.Manifiesto que fue publicado dos añosdespués. Es una obra que por su un matiz dramático, nos recuerda elnacimiento del drama griego por el modo como se expresa el discursoparticipativodelamujeryelvalordelaliteraturaenlavozfemenina.

Esimportantedestacarqueeseaporteintelectualyesepapelprotagónicoen lavida literaria también llegabadenortea surdeorienteaoccidenteyencontramosungrupodemujeresenlaprovinciaquehanparticipadoyhantenido un aporte importante en este desarrollo, entre ellas lasmujeres delestado Bolívar, Concepción Acevedo de Tailhardat y Virginia PereiraÁlvarez.

“el argumento se puede exponer de manera sucinta: di prioridad a laprimera escritora venezolana (y no solo regional) que reflexionó sobre lacuestiónreferidaa laciudadanía.AtravésdesurevistaBrisasdeOrinoco(1888)ydesupoemariodelmismoañoFloresdelAlma,estavenezolanadioformaaunamodalidaddeparticipaciónpública,veledecir, ciudadanaquenohabíaensayadohastaelpresenteningunamujervenezolana”270.

Desdeelinteriordelpaísseoyeresonarcongranfervorlavozpoéticay

laparticipacióndelamujerenlaliteratura,enelsentircívicoyenladefensa

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de las ideas políticas; mujeres defensoras del liberalismo y con plenaconcienciadelucha.Oímostambién,esavozquenosvienedesdeelestadoFalcón, desde una provincia que ha dado un gran aporte al país y quizás,siemprehaestadodetrásdeltelón,desdeallíresuenaunagranescritora,conunaextraordinariacreaciónliteraria,nosreferimosaPolitadeLima,quefuelacreadoradelaSociedadArmoníayAlegría,PolitadeLimafue lamujerquevino amover las fibras intelectuales y literarias enCoro a finales delsigloXIX, fue considerada lamejorpoetisade la republicadespuésdeunconcursoenunavotaciónel24dejuniode1913,resultóganadoracomolamejor escritora “recogida entre la prensa y diversas personas inteligentesresultó favorecida ladistinguidapoetisacorianaSeñoraPolitadeLimadeCastillo a quien se le concede el título de PRINCESA DEL PARNASOVENEZOLANO” premio que fue promovido por la Revista Idilio dePampán.Sugranparticipaciónenlavidaintelectualypoética,esrecogidaendiversos ensayos de autores en una edición del Ministerio de RelacionesInteriores de Venezuela de 1959. Antes, en 1897 aparece su poemarioÁtomos. Coro formó partemuy importante en el desarrollo de la literaturafemenina.Distinguidos grupos intelectuales corianos tuvieron participaciónefectivaeneldesarrollode la literatura femeninaentreellos la “SociedadArmoníayAlegría”(1890),“LasMuchachasdeCoro”.

Esnecesario destacar la participaciónde lasmujeres del estadoZulia:En el periódico ElRayo Azul (1864) enMaracaibo, nos encontramos conseñoritas que ya participaban de la actividad literaria periodística, nosreferimosaescritorasqueaparecencomoalgofrecuente,conlosseudónimosdeAnita,SoledadyWihelmina.PoetascomoMaríaYépes,CasimiraFlores,SoledadHernándezyHerciliaRincón.EntrelasnovelistaszulianastenemosaMaría Chiquinquirá Navarrete con su novela “¿Castigo o Redención?”(1894)yJuliaAñezGabaldón,destacaporsuobradramática“Elpremioyelcastigo” recopilaciones que posteriormente se recogen el “El ZuliaLiterario” (1880). Estos movimientos literarios en la provincia dejan unahuella y han dado un gran impulso a la participación de la mujer en lasociedadzulianadefinalesdesigloyprincipiodelXX.

Todo este aporte desde lo más originario de la creación literaria enVenezuela,eslabaseyelsustentodetodoaquelconocimientoqueluegosetrasladaauncomienzodesigloXXen la literatura femeninadeVenezuela.EnelsigloXXsedespiertaungraninterésenlapublicacióndeunconjunto

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de obras inéditas que quedaron en un oscurantismo y olvido en ese sigloanterior convulsionado por tantas luchas sociales y políticas. Ese esfuerzodelsigloXIX,eslabasedenuestraliteratura.

Nopodemosconsiderarcomocierto,esoscomentarios inconscientesdealgunoscríticosde la literaturavenezolanacuandohablande lanovelísticafemenina del siglo XIX, y la consideran como un hecho aislado, no sonhechos aislados, son el sustento, la base del desarrollo de la literaturavenezolanadelsigloXXyde laactualidad.Elmodernismoen la literaturavenezolanacomienzasinlugaradudaselsigloXIX.

Ahora nos detenemos en el siglo XX. La mujer continua siendo unaluchadora, una defensora de sus derechos bajo los regímenes dictatorialesque les toca vivir, sin dejar a un lado su rol de madre y esposa; es laliteratura el únicomedio de expresión para sentirse y hacerse sentir, paracreerycrearenlasociedadunaidentidadquelepertenece.

El sigloXX irrumpeyaconunpensamientomodernistacomoresultadodelapreparaciónpreviadelsigloanterior.Esuncomienzodesiglocargadode ideas, pensamientos arrastrados por corrientes literarias ymovimientosideológicos del pasado; este comienzo de siglo, es un sincretismo deestéticas y de tendencias; confluyen así el pensamiento neoclásico, elromántico,elnaturalista,elsimbolistaylaestéticamodernista.Laescriturafemeninadel sigloXXestabacargadade todaunaherencia literariade lascorrientes estética de la Modernidad bajo el influjo del sentimiento y elpensamientorománticodelaépocaanterior.Desuertequeestenuevosiglo,despliegaaescritoraspoetasqueensumayoría,vivenelfinaldelsigloXIXy desarrollan un estilo propio del sentimiento y el pensar literario delmomento,alimentadasdeloanterior.

Entre estas escritoras que dan cierre al sigloXIX y trasladan hasta elsiglo XX se encuentran Mercedes Guevara Rojas de Pérez (1885-1921)poeta de transición,mérito y donación poética que llega hasta su hijaAdaPérez Guevara, novelista, ensayista y poeta (1905-1999) con su novela,TierraTalada;VirginiaGildeHermosootradenuestrasprimerasnovelistasdelsigloXX,novelasconunagrancargadesentimientofemeninoyde losdoloresquearrastrancualquiermujerenlavida,erannovelasquesirvieronde manual para la vida de las mujeres de la época Sacrificios (1908)incurables (1915) y dejó una novela inédita El Recluta publicada muytardíamentepublicadaen1980.

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Estesiglodelaliteraturafemeninatranscurreenunaislamientopero,lavozpoéticadelamujervenezolananosedetiene.Cincovocesfemeninasselespuededarelhonordellamarlasprecursorasdelaliteraturafemeninadelsiglo XX, escritoras de gran elegancia y una alta voz poética: EnriquetaArveloLarriva(1886-1962),aunquesupoesíaseconoceen1922,esunadenuestras primeras poetas en la literatura femenina en Venezuela, nace enBarinas y se traslada luego a Caracas como colaboradora del diario ElNacional; su primer poemario El Cristal Nervioso escrito entre 1922 y1930;Poemasdeunapena(1942);Elcantodelrecuento (1949);Mandatodelcanto(1957);Poemasperseverantes(1960);ungrupodepoemarioysuobra completa fueron publicados después de su muerte: Poesías (1979)Testimonios (1980)ydosvolúmenesde susobrascompletas publicado en1989;Unapoesíasutilmentesencilla,cargadadelasoledadylafrescuradela naturaleza de los paisajes del llano venezolano y la montaña andina,arropaunviajeenlomásprofundodeeseyopoéticoqueposaensupoesía.Deellatambiénconocemosescritosenprosa271.

En el estado Zulia, nos encontramos con la gran poetaMaría Calcaño(1906-1956)mujerautodidacta,conungradodeinstrucciónprimaria,razónpor laquehayasidoconsideradaporalgunoscríticoscon“pocaformaciónpoética”, fue una lectora empedernida de los grandes escritoreshispanoamericanos y europeos. Su primer poemarioAla fatales (1935) Esunapoesíacargadadeerotismoyconunagranfuerzadefeminidad,llenadecolorido metafórico para representar en cada figura la sociedad que laenvolvía; esta carga de sentimientos, hacen de su poesía un paso hacia laliteraturadevanguardiayuncomportamientodesuperacióncultural,“asumelamodernidada travésde la libertadyelgocede la expresión,desdeunaconcienciadegéneroasertiva, jubilosaydesvinculadade todomisticismo”Russoto,Márgara. (1997) Su obra se mantuvo casi tras del telón hasta lapublicaciónde unaAntología poética treinta años después de sumuerte en1983272.

AnaEnriquetaTerán,nacidaenelestadoTrujillo(1918)Vozfuerteenlapoesía venezolana, resuena por la densidad de su discurso poético, unabúsqueda interiorque la lleva a contemplar a travésde lanaturalezaydelmundo los espacios más profundos de la lírica; escritora de una grantrayectoria en las letras venezolana; entre sus primeras creaciones tenemos

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Décimas Andinas (1938); Al norte de la sangre (1945); opera Prima;PresenciaTerrena(1949).Hadedicadosuvidaenteraysulongevavidaalacontemplación del ser, a la creación poética;Debosque a bosque (1970);Librodeoficios(1975);MúsicaconPiedeSalmos(1985);Casadehablas(1991);entreotros,mujerprolíficadelasletrasvenezolana,premioNacionaldeLiteraturasyDoctoraHonorisCausaporlaUniversidaddeCarabobo.

LuzMachado,Nace enCiudadBolívar en1916ymuere enCaracas el1999. Poeta y periodista con grandes reconocimientos y distincioneshonoríficas,lasórdenesFranciscodeMiranda,ladelCongresodeAngosturay,DoctoraHonorisCausaporlaUniversidaddeGuayana;PremioNacionalde Literaturas y Premio Municipal de Poesía por su libro Vaso deresplandor.Ensupoesíaseoyelavozdelamujerqueseenfrentacontodoslos riesgos al desafío de una sociedad en la que todavía la mujer noalcanzabasu libertaddepensamiento.Fueunagranactivistapolítica.EntresusprimerospoemariospodemoscitarRonda(1941);Variaciones en tonode amor (1943);Vaso de resplandor (1946);Poemas (1948; La casa pordentro(1965)entreotragranproducciónpoética.

Aunqueseamuyescasalainformaciónyelespacioqueselehadadoalaliteratura femenina enVenezuela, es amplia la producción literaria en esteperíodopesealaposicióndelamujerdentrodelasociedaddecomienzodesiglo.

Luisa del Valle Silva, poeta de esta primera generación del siglo XX,nacida en Barcelona en 1896, como todas las mujeres intelectuales y enbusca de conocimiento, fue una participante activa de los movimientosculturales y revolucionarios del momento, en 1926 se traslada a Caracasdonde participa como activista gremial en los movimientos de luchassociales y la reivindicación de los derechos de la mujer, es en el TeatroMunicipal de Caracas donde es presentada como una gran luchadora ybrillantepoetaqueseabrecaminoenlasletrasvenezolana;sunombreysudedicación como poeta es enaltecida por el poeta Rodolfo Moleiro. Suprimer poemario Ventanas de ensueños (1917-1925) publicado en 1930.Onceañosdespués, eseditadoenCubaen la imprentaLaVerónica tresdesuspoemariosHumo(1926-1929);Amor(1929-1930)yLuz(1930-1940).Yen 1961 después de un gran silencio en el campanillar de la calma encomunión con su ser nace un nuevo poemario Silencio publicado por laconocidaRevistaLíricaHispánica. Ellamisma reconocía que la arropaba

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unagrancargasentimentaldelpensamientoromántico, larazónpor lase leconocedentrodel grupode lospoetasde la generacióndel 28.Fallece enCaracasel26dejuliode1962yrecordandolaspalabrasdeAnaEnriquetaArveloLarriva“pidoqueella,tantiernayenraizada,noseamaltratada(aycomotantosdenuestrospoetas)conunprontoyférreoolvido273.

Gracias a estas precursoras se establecieron posiciones y basesfundamentalesenlahistoriadelaliteraturafemeninaenVenezuela,seabreunnuevo horizonte ante la recepción de la literatura femenina y una posicióndiferentedelamujerenlasociedadvenezolana.

AsíparteelpanoramadelapoesíafemeninaenVenezuelaenlaprimeramitaddelsigloXX,continuarenesterecorridoporestesiglo,encontraremosun nuevo grupo de poetas, veremos ya una incorporación de la mujer almundo literario, aquí comenzamos a ver su actuación lejos del aislamientointelectual, ahora actuando con el telón al descubierto sin máscaras y sinseudónimos.

MercedesBermúdezdeBelloso(1915-2000)NacidaenCiudadBolívarperopasógranpartedesuvidaenMaracaibo,poetaensayistaydramaturga,pertenecióalaAcademiadelaLengua.Comenzamosaverlasmujeresquepertenecen a los grupos literarios del momento como Tierra, Cauce ySerenos.Susprimerospoemaslospublicaenelaño1939enlarevistaNos-Otras.EntreotrospremiosobtieneelPremiodePoesíadelCONACconsuobraTrampadelinfinito.

Ida Gramcko (1924-1994) Nació en puerto cabello, con una granproducción poética, resultado de sus grandes y fervientes lecturas de losclásicos españoles y los poetas del siglo de oro español, con una claratendenciagongoristapresenteenelcantodesupoesía,poetadesdesuniñez,yaa los treceaños,gana suprimerpremiodepoesía,desde su infancia seperfilabacomounapoetadegranimaginación.PremioMunicipaldepoesía(1961)premioJoséRafaelPocaterra(1962)yPremioNacionaldeLiteratura(1977).Unmundotransitadoportodosloscaminosyporlossenderosdelalocura trasunaenfermedadmental,y enesoscaminosde la locuranace supoemario,PoemasdeunaPsicótica(1964)Ensuampliaproducciónpoéticapodemos nombrar:Umbral (1941);Cámara de Cristal (1944);Contra eldesnudoCorazóndelcielo(1944);LaVaraMágica(1948);Poemas(1952);Los estetas, los mendigos, los héroes: Poemas (1958); María Lionza

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(1955);Lomáximomurmura(1965);Solysoledades(1966);Treno(1993);Estecantorodado (1967,prosaypoesía);Salmos (1968);0gradosNorteFranco (1969); Sonetos del origen (1972); La andanza y el hallazgo.Antología (1972); Quehaceres, conocimientos, compañías (1973); SaltoÁngel(1985);Obrasescogidas(1988).

LucilaVelásquez(1928-2009)NacidaensanFernandodeApure;poeta,periodista, crítica literaria y con una amplia carrera como Diplomática.Estuvoligadaalageneraciónliterariadel48algrupoliterarioContrapuntocomotantasotrasescritorasdelmomento.Fundadorade laGaleríadeArteNacional deVenezuela, de laAsociación de Escritores deVenezuela. Conuna amplia creación literaria: Color de tu recuerdo (1949); Amadatierra(PremioMunicipaldePoesía,1951);Enunpequeñocielo(1960);Ala altura del aroma (1963); Tarde o temprano (1964); Indagación deldía (1969);Claros enigmas (1972);Acantilada en el tiempo (1982); Elárbol de Chernobyl (1989); Algo que trasparece (1991); La rosacuántica(1992);Lapróximatextura(1997);Sehacelaluz(1999);entreotras producciones de gran relevancia social comoMemorias demis díasque refleja la realidad social y política de laSociedadvenezolana, es unaobraconunaprofundidadontológicayendondeestáreflejadasupropiaalmaparapoderdemostrarelverdaderooficiodeserpoeta.

Deunaformaprogresivasevanincorporandolasescritorasvenezolanasa una sociedad literaria, almundo intelectual y universitario pero en todasellas encontramos una línea que las une con la tradición de la literaturafemeninaenVenezuela,yaapartirdeestageneraciónnosencontramosconescritoras que forman parte de una sociedad moderna como profesorasuniversitarias,diplomáticasy,ensumayoríanopertenecientesamovimientosfeministas, se incorpora la mujer consciente en sí misma de una luchapersonalporlareivindicaciónsocial.

Antonieta Madrid (1939) Nace en Valera estado Trujillo, ensayista,poeta,novelistaycuentista.Susprimeraspublicacionessonpequeñosrelatosen prensa nacional y en revistas literarias nacionales como Imagen y laRevistaNacionaldeCultura.SuprimerpoemarioNomenclaturaCotidiana(1970)Luegopublicaunlibrodecuentocomoreafirmacióndesusprimerasmanifestaciones literarias Reliquias de trapo (1972) y la novela No estiempopararosasrojas(1975);Feeling(1983);Lobellolofeo(1983)Alolargode sucarreracomoescritora,ha recibidoelPremioLatinoamericano

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deCuento,ElPremioMunicipaldeLiteraturaentreotros,hasidoprofesoraenlaEscueladeLetrasenlaUniversidadCatólicaAndrésBello,susobrashansidotraducidasaotrasidiomasparaformarpartedeantologíaspoéticasdelaliteraturainternacional.

LosañossetentamarcanenVenezuelaelnacimientodeunanuevapoesía,asícomo,eldevenirdelasaguasdelrío,unmismorío,unmismocaudal,elmismoorigenynacimientopero,lasaguasquefluyensonotras.Seoyeunavozpoética abrigadapor la grandeza económicadel petróleo; la economíavenezolana influye en la creación poética, una poesía cargada de un altovalor intelectual, la mujer escritora busca una nueva posición ante lasociedad, lucha por un reconocimiento de pensamiento, por una afirmaciónintelectualsindejaraunladoeltratamientosdelostemasdelacasa.Lavozdelamujerseincluyeeneldiálogointelectualdelpaís.

Antonia Palacios (1904-2001) poeta, novelista y ensayista. Mujerreconocida por su elegancia en la escritura, participa en las luchasrevolucionariasdeVenezuela,viveenParísenlasegundamitaddelosaños30 y participa fervientemente en las tertulias poéticas e intelectuales enmediodeaquellosconflictospolíticosdeEuropaenlosañostreinta,vivelaGuerra Civil Española junto a, Pablo Neruda, César Vallejo, AlejoCarpentieryotrasgrandesfigurasdelaliteratura,lapinturaylafotografía.DesarrollasupoesíaenesteperíodofructíferodelosañossetentaensulibroTextosdeldesalojo (1973).Unaescrituradegranpureza; lanaturalezayelviaje son las imágenes metafóricas de su imaginario poético. La escrituraviaja, camina, relata,mira y observa los elementos de la naturaleza en unconocimientoyreconocimientodelser274.

MiyóVestrini,nacidaenFranciaen1938yalaedaddenueveañosvieneaVenezuela.Estuvodedicadaalavidaperiodísticacultural.Pertenecióalosmás conocidos y productivos grupos literarios delmomento enMaracaibo,(Apocalipsis,ElTechodelaBallena)enesaVenezueladeentonces,enquelos grupos literarios, estaban formados por escritores y, era muy poca laparticipación de lamujer en los grupos intelectuales. Es una escritora quemarca una ruptura en el comportamiento de la mujer en la Sociedadvenezolana,unapoesíasinenmascaramiento,detonodirectoycargadadeunfuror que se levanta ante lirismo de la poesía anterior, pareciera que legritaraalavozpoéticaqueeshoradelevantareltonoydejarseoírenmedio

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deunafuriayelreconocimiento.SuprimerlibroLashistoriasdeGiovanna(1971)essupropiahistoriapersonificadaenunpersonajequeellacrea,conuna multiplicidades de voces que se alzan en dialogismo polifónico. Elinvierno próximo (1975); Poca virtudes (1986); Valiente ciudadano,publicado en 1994. Su poesía estuvo signada siempre por la muerte delcuerpoydelpensamiento,porunamarcadesuicidio interiory físicoy,de“muerte enfurecida” un 29 de noviembre de 1991, comouna crónica de lamuerteanunciada,decidióquitarselavida.SupoesíadejaunafuertehuellaenlaformacióndelaLiteraturacomounaantipoesíacargadadesurrealismo.

MárgaraRussoto (1946) Poeta, traductora, ensayista y crítica.Ha sidoreconocida su escritura con el PremioMunicipal de Literatura, Premio depoesíadelaBienal“JoséRafaelPocaterra”;premiodelaBienaldePoesía“JoséAntonioRamosSucre”.Harealizadomuchostrabajossobreeltemadela mujer en Venezuela, Brasil y América latina. Forma parte de unageneraciónen transiciónde laescrituraenVenezuela;sugranpreocupaciónporlostemasdegénero,sulíneacomunicativaysutratamientodellenguajeen los temas de la mujer, son la continuidad de las escritoras que laanteceden, se ve reconocida en una Ana Enriqueta Terán o en una IdaGrancko.EntresuspoemariosBrasayRestosdeviajesambospertenecena1979;Violad’amore(1986)ÉpicaMínima (1996)Eldiario íntimodeSorJuana(2002)

Ha sido un largo camino en la literatura y la conformación delpensamientodelamujerenelmundodelapoesía.Unanuevageneracióndepoetas nace enVenezuela con una conciencia de identidad propia,mujeresque cuestionan con toda libertad a la sociedad, y que se auto cuestionan,mujeresincorporadasalmundolaboralydelaeducaciónuniversitaria.Esunnuevo modelo femenino de literatura, producto de las generacionesanteriores, semiran en el espejo de todas estas escritoras anteriores parapodermirarseasímismas.Ladécadadelossetentayochentaenlapoesíavenezolanavieneaserunanuevarevelacióndelafeminidad.

Lamujervenezolanaentraennuevosespacios,seabreunnuevodiálogoyunanuevamaneradecontarsuvidaydedescribirelcuerpofemenino.Esun discurso poético que va desde lo íntimo hasta lo subversivo, desde loeróticohastaloirreverente;sindejaraunlado,labúsquedadeunespacioenlaliteraturaparacontarsuvida,suroldemujerdentrodelasociedad,dentrodelcampointelectualyacadémico.

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Para continuar con una nueva generación entraremos en la década quecomienzanaescribirentrefinalesdelossesenta,setentaylosochentahastafinaldesigloXXycomienzodelXXI:

“La década de los noventamostró el surgimiento de nuevas autora. Loque resulta llamativo, es una especie de desbordamiento, marcado por laapariciónyconsolidacióndenuevasautorasprovenientesdediversaspartesdel país. Con esa característica se rebasa un sino de pertenencia casiexclusivaalparadigmacentralizado-ejemplodelmodeloadministrativodelpaísdesdeelcualserigeysedirige,comouncentrodetensiónentrecentroyperiferia,laconformacióndeunpanoramaquesepretendenacional”275

Esdrás Parra (1939-2004); Mireya Krispin (1940); AnaTeresa Torres

(1944) poeta, novelista y ensayista; Hanni Ossott (1946-2002); MaritzaUrdaneta(1950);MargaritaBelandria(1953);CarmenCristinaWolf(1953)poeta ensayista; Marisabel Novillo (1954); Yolanda Pantin (1954); EddaArmas(1955);MarisolMarrero(1956);MaríaAuxiliadoraÁlvarez(1956);Maritza Jiménez (1956); Mharía Vázquez (1958); Laura Cracco (1959);AliciaTorres (1960)DianaLicky (1960)PatriciaGuzmán (1960);LourdesSifontes (1961); Sonia Chocrón (1961); Margarita Arribas (1962);Jacqueline Goldberg(1966); Cecilia Ortiz; Inés Cuevas (1941); MarthaEstrada (1952); Lydda Franco Farías (1943);Astrid Lander (1962);MaríaLuisa Lazzaro(1950); Ana María Velázquez (1964) cuentista, poeta ynarradora.

Estegrupodeescritorasqueescribenentrelossetenta,ochentaynoventa,vivelaentradadelnuevosigloXXI,perosufrenlacrisisdelestadoactualylasituaciónpolítica,socialyeconómicaporlaqueestápasandoVenezuela.Mujeres que se lanzan a la lucha que se reconocen con la historia pero sediferencianyabrenuncaminohaciaelencuentroconlapalabra.Lamiradahaciaunnuevosiglo,loscambiosporloquecomienzaapasarlasociedad,sesienteen laescritura,unanuevamaneradeescribir,unencuentroconelotro,elreconocimientodelafuera,eslanuevamujerquesaleyseincorporaalasociedadlaboralyalderechodepalabra.Todosestosacontecimientosgeneran diferentes temáticas que van desde la ironía, los temas de luchassociales,lostemasamorosos,lavivenciadelaciudad,enfin,lasvariedades

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temáticasdeestosúltimostresdeceniosdelapoesíafemeninaenVenezuelageneraunaextensaproducciónliteraria.

Hemos dedicado un amplio espacio a la poesía, es la producciónmásextensadelaliteraturafemeninaenVenezuelayesdeunagranriquezadesdesusorígeneshastafinalesdesiglo.

Alhablar de la actuaciónde lamujer en la literaturavenezolana es degran mérito que nos detengamos en la producción novelística femenina.VolvemosahablardeLinaLópezdeAramburu,nuestraprimeranovelista,ElMedallón (1885) lastimosamente se ha perdido la pista de su fecha denacimiento y su muerte, solo sabemos la fecha de la producción de suprimeranovela,delaqueyahemoshabladoenelnacimientoyelgranaportequenoshadejadoennuestraLiteraturafemenina.AdemásdeestanovelanosdejóUn crimenmisterioso (1889);Blanca o consecuencia de la vanidad(1896)ylapodemosencontrarentradoyaelsigloXXenesasproduccionesque salieron del oscurantismo junto a una obra dramática, La carta y elremordimiento(1900).

YaentradoelsigloXXcitaremosmujeresqueescribieronnovelayquesequedaron en el olvido,me refiero aVirginiaGil hermoso, aunque tengaquevolver sobre la escritora, es necesario para ubicarla en la lista de lasprimerasnovelistasdellaLiteraturafemeninaenVenezuelaSacrificio(1908)Incurables(1915)Elreclutapublicadaen1980.

Un comienzo de siglo que se abre con un discurso revelador de laposición de la mujer en la sociedad venezolana, hay un discursorevolucionario en pie de lucha por la libertad de expresión, mujeres quedenuncianeldominiodeunasociedadcompletamentellevadaporelhombre,una nueva generación que procura vivificar su pasado con toda unaacumulación de rebeldía. La literatura continúa su objetivo primario, laconstruccióndeunsujetofemeninoy, lanovelay lanarrativaengeneral lorevela.

AsícomoVirginiaGilhermosoencontramosaMagdalenaSeijasAmoryfe (1904);RafaelaTorrealbaÁlvarezMártiresde laTiranía (1909);MinadeRodríguezLucenasAntonio Rusiñor (1916); Seismujeres en el balcón(1943) Narradoras venezolanas que salen del encierro para dejarse oír; ygraciasalaperiodistaIrmadeSola,ysubrillanteideadecrearlaBibliotecaFemenina Venezolana, se publicaron obras que dejaron en la memoria anarradorasdeestecomienzodesigloXX.

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Teresa de la Parra (1889-1936) nace en París, se educa en Europa ydesdemuy temprana edad, comienza su carrera de narradora, sus primeroscuentos aparecen firmándolos con el seudónimo de Fru-Fru. Teresa de laParra, viene a representar la presencia de un discurso revelador de unasociedadllenadeexplotaciónydobleces,sunarrativaesladenunciadeunasociedadinjustayenmascarada.Laescrituraparaellafueuninstrumentoderesguardo y de denuncia de esa sociedad dictatorial y opresora carente detoda integridad. Sus novela Ifigenia (1924);Memorias de Mamá Blanca(1929)soneltestimoniodeesediscursosocial276.

Lucila Palacios (1902-1994) narradora dramaturga, diplomática decarreraconunpensamientosólidamenteliberal,siempreseidentificócomodefensora de los derechos de la mujer, toda su escritura está claramenteenfocada al mundo femenino, su primera novela tituladaRebeldía (1940);Trespalabras y unamujer (1944);EldíadeCaín (1958) yEl tiempo deSiega (1960)yes reconocida tambiénensuescrituraporsuscuentosentreellosTrozosdevida (1942);Mundodeminiaturas(1956) yCinco cuentosdelSur(1952).

AdaPérezGuevara(1905-1999)poeta,ensayista,novelistaycomotodaslasmujeresquelestocaviviresosmomentosdifícilesdeunasociedadbajoelrégimendeladictaduragomecista,formapartedelgrupodemujeresquese lanzana lacalleadefender suderechoaser llamadaciudadana,naceyvive todo el período de la dictadura. Es encarcelada en la prisión de LaRotundaporordendelpropiodictadorJuanVicenteGómez.SunovelaTierraTalada(1937)esunanovelacostumbristaquereflejaesabúsquedaclaradeidentidadconelyo;TierraTaladanoessolaunanovelaquetrataeltemadelafeminidadsinotambiénlosderechosdelhombreexplotado,delniño,delextranjero y de la mujer. Es conocida como mujer revolucionaria. AdaGuevaraesconocidatambiénporsucreacióncuentísticayensayística.

AntoniaPalacios(1904-2001)Retomamosnuevamenteelnombredeestabrillante mujer poeta, ensayista, cronista y narradora; merece que se lerecuerdeyseletengaentreesasprimerasnovelistasdelsigloXX;aunquenotuvomuchaproducciónnovelísticaencantidad,lofueencalidad.EscribesunovelaAnaIsabelunaniñadecente(1949)esunaobraquejuntoaIfigeniadeTeresadelaParra,tieneunagranimportanciadesdelamiradadelamujerenlaconstantebúsquedadeeseyoperdidooconfundido,unencuentrodela

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mujerconsupropiaidentidad,conelser,conesaentidadquenoeshombreni mujer solo “Es Ser”. De manera elegante Antonia Palacios narra consutileza de lenguaje la vida de Ana Isabel desde la pubertad hasta laadolescencia, laescritoraa travésde laescritura lograrecuperarelmundoperdido de su propio yo. Esta novela ocupa un lugar privilegiado en loscomienzo de la novelística del siglo XX por su calidad estética y deargumentación.Tieneunaproducciónliterariadecrónicasyensayos:Parísytres Recuerdos (1944);Crónicas de las horas (1954);Viaje al Frailejón(1955);LosInsulares(1972);ConelLargodíayaseguro(1975);Textosdedesalojos(1978);entreotros277.

LauraAntillano(1950)novelista,ensayista,cuentista,narradorainfantilyguionista de cine. Tiene una amplia producción literaria sus novelas: Lamuerte del monstruo-come piedra (1971); Perfume de Gardenia (1982);SolitariaSolidaria(1990)yLasaguasteníanreflejosdeplata (2002).Hasidounaescritoraconunaextensaproducciónliterariaentresuscuentos:Labellaépoca(1969);Unlargocarrosellamatren(1975),HaticoscasaNo.20 (1975); Dime si adentro de ti no oyes tu corazón partir ((1983);Cuentosdepelícula(1985);Lalunanoesdepan-de-horno (1988)Tunademar(1991).Suescrituraha jugadoentre lamemoriay lavidapersonal,unayotrafusionadaenunasola:lamemoriacolectiva.Retrataatravésdelaescritura acontecimientos de su vida como si fueran imágenes fotográficas;una vezmás, nos encontramos con la escritora venezolana reconciliándosecon su Ser y reconociéndose en él en medio de la construcción de unaidentidad.

Elisa Arraiz Lucca (1947) Comunicadora social, novelista. Entre susnovelasTepienso en el puerto (2004);Viernesa la sombra (2007) yLassiluetasdelfuego(2007).

Milagros Mata Gil (1951) periodista y profesora universitaria, hadedicado toda su vida profesional a los derechos Humanos. Sus novelas:Mata el caracol (1992); La casa en llamas (1997); Memorias de unaantiguaprimavera(1989)yEldiariointimodeFranciscaMalabar(1992).

OtrasescritorasdeestesigloXXcomoGiselaCapelini(1959);ValentinaSaaCarbonel(1959);GiselaKosak(1963);MónicaMontañez(1966)cierranestaproducciónnovelísticadeestesiglo.

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YconAnaTeresaTorres(1945)abrimoslaproducciónliterariadelsigloXXI. Es una de las escritoras del momento con una mayor producciónliteraria,hasidoPremioMunicipaldeNarrativaydelPremiodeNarrativadelCONAC.Susnovela,Elexiliodeltiempo(1990);DoñaInéscontraelolvido(1992);Lafavoritadelseñor(1998);Vagasdesapariciones (1998);LosúltimosespectadoresdelacorazadoPotemkin(1999);Malenadecincomundos (2000);Nocturama (2006); además ha escritos ensayos críticos ypoesía.

María Luisa Lazzaro (1950), poeta, compositora, cuentista, novelista,ensayista.Una escritora con una larga trayectoria en la escritura, dedicadaporcompletoalaeducaciónuniversitariayalaescritura.HapublicadodosnovelasHabitantes de tiempo subterráneo (1990) y Tantos Juanes o lavenganzadelaSota(1993)yalgunasnovelassinpublicar.Ensutrayectoriaen la poesía tenemos: Poemas de agua (Mérida, 1978); Fuego de tierra(Caracas,1981);Árbol fuertequesilbayarrasa (Mérida,1988);Nanas ami hombre para que no se duerma (Mérida, 2004),Escarcha o centella,bebe conmigo (Mérida, 2004). Ensayos literarios: Viaje inverso:sacralización de la sal (Caracas, Academia de la Historia, 1985) y Lainquietud de la memoria en el caos familiar (Mérida, 1995). Asimismo,librosparaniñosyjóvenespublicadosenMérida.

Marisol Marrero Novelista., poeta, Socióloga. Profesora universitaria.Susprimerasnovelas:LotteVonIndien,LacolonieradeTovaryNiebladePasiones.Suspoemarios:Desmembrandolaespecie (1979);Segmentosdememoria (1982);Eternaprimavera (1982);Enmitadde la noche (1986).Gánicos(1992);Carimba(1993);Conjuros(1997);Iracundia(2001),entreotros.

En este recorrido azaroso de la historia de la literatura femenina,podemos contemplar y contemplarnos en el mundo del pensar y de lasensibilidaddelpensamientoenelqueviveyhavividolamujervenezolanaen su preocupación por tomar una posición y abrir un espacio ante lasociedad,mantenerundiálogodelyoconelsentimientovenezolano,yensutotalidadexteriorizarunavozinteriorquesiemprehareclamadoeldiálogo.

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Sobreosautores

Adaías Charmell Jameson. Licenciada en Línguas e Literaturas

Clássicas; mestre em Literaturas Iberoamericanas; doutora em FilosofiaEstética pela Universidade dos Andes, Mérida, Venezuela. Professora deLiteraturaeinvestigadoradoDepartamentodeHumanidadesdaUniversidadeMetropolitanadeCaracas.AutoradediversaspublicaçõesdaUniversidadeMetropolitana e em revistas especializadas daUniversidade dosAndes deVenezuela.Email:[email protected]

AntônioEmilioMorga. Doutor emHistória pelaUniversidade de São

Paulo/USPepós-doutoradopelaUniversidadeFederaldeSantaCatarina.ÉprofessordoProgramadePós-GraduaçãoedoDepartamentodeHistóriadaUniversidade Federal do Amazonas e pesquisador do Grupo de PesquisaGênero,sociabilidade,afetividadeesexualidade.Autordelivros,coletânease artigos em periódicos nacionais e internacionais. Email:[email protected]

Diana Arauz Mercado. Doutora en História pela Universidade

ComplutensedeMadrid.Linhasdeinvestigação:HistóriaMedieval,HistóriadoDireito,Históriadasmulheres.ÉdocenteinvestigadoranaUniversidadeAutónomadeZacatecas,México.ÉautoradelivroseartigospublicadosenEspanha, França, Argentina, Chile, Brasil, Colômbia e México. Email:[email protected]

Cristiane Manique Barreto. Mestre em História Social/UFRGS. É

professora de História do Centro Universitário do Norte e da Faculdade

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SalesianoDomBosco/Amazonas.Éautoradelivros,coletâneas,capítulosdelivroseartigosemperiódicoscientíficos.Email:[email protected]

CristinaDonzaCancela.DoutoraemHistóriapelaUniversidadedeSão

Paulo/USP. Professora do Programa de Pós-Graduação em História e daFaculdadedeHistóriadaUniversidadeFederaldoPará.Éautorado livroCasamento e família na Amazônia (2011) e vários artigos da suaespecialidade.Email:[email protected]

Irene Vaquinhas. Professora catedrática da Faculdade de Letras da

UniversidadedeCoimbra(Portugal)eCoordenadoraCientíficadoCentrodeHistóriadaSociedadeedaCulturadaUniversidadedeCoimbra,unidadeI&DdaFCT.Éautorademaisdeumacentenadepublicações,membrodeprojetos de investigaçãonacionais e internacionais e tem integradopainéisdeavaliaçãodeprojetos/bolsasdeinvestigação.Email:[email protected]

Jaime Ricardo Gouveia. Licenciado (2003) e mestre (2007) pela

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal). Master ofresearch(2008)edoutor(2011)peloEuropeanUniversityInstitute(EUI)deFlorença – Itália. Investigador integrado do CHSC – Universidade deCoimbra,Cham–UniversidadeNovadeLisboa,CIJVS–Santarém.Éautorde15livrosdeHistóriaeváriasdezenasdeartigosemrevistascientíficasdasua especialidade.Recebeu 6 prémios científicos, entre os quais o PrémioGulbenkian da Academia Portuguesa da História (2015). Foi bolseiro doMinistériodosNegóciosEstrangeirosportuguês(MNE)edaFundaçãoParaa Ciência e Tecnologia (FCT) e atualmente é professor colaborador doPPGH-UFAM através do programa PNPD/CAPES. Email:[email protected]

SilviaNoraArroñada.DoutoraenHistóriapelaUniversidadeCatólica

da Argentina. Professora titular de História de Espanha (Faculdade deCiênciasSociais-UCA).DiretoradoInstitutodeHistóriadeEspanhaedarevistaEstudios de Historia de España da dita Universidade. Atualmentetrabalha sobre duas linhas de investigação: a infância no mundo hispano-medieval,sobreaqualpublicouváriosartigosnoseupaísenoexterior,eacivilizaçãoislâmicanaEspanhaamedieval.Email:silarro@!fibertel.com.ar

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1)LOUZADA FONSECA, P., “Difamación y defensa de lamujer en la Edad Media. Pasajes obligatorios”, en TemasMedievales18(2010),pp.73-94.↵

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2)PIÑEYRÚA, A., “La mujer y la medicina en la Españamedieval e inicios de la moderna”, en GONZÁLEZ DEFAUVE, M. E. (coord.), Medicina y sociedad: curar ysanar en la España de los siglos XIII al XVI . BuenosAires,UniversidaddeBuenosAires,1996,pp.137-166.↵

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3)IBN JALDUN, Introducción a la historia universal. (Al-Muqaddimah).México, Fondo de Cultura Económica, 2005,pp.729-731.↵

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4)Ibidem,p.718.↵

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5)MACPHERSON,I.yTATE,R.B.(eds.),DonJuanManuel.Librodelosestados,Madrid,1991,pp.196-197.↵

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6)Et porque yo dj a donnaUrraca de Fermosiella, aya de donFernandoetdedonnaJohanna,misfijos,paraentodasuvida,las rrentas et los derechos delos lugares del Prouencio e delCongosto, tengo por bien et mando, que si los dichos doslugaresseouierenavendercommoyomando,queayadonnaUrraca en toda su vida los pechos et derechos que yo he etdeuo aver enel Robrediello de Çancara et en Fuentes deAlarcón, así como auja de aver los de Prouencio et delCongosto citado por GIMÉNEZ SOLER, A., Don JuanManuel. Biografía y estudio crítico, Zaragoza, 1932, pp.698-699.↵

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7)Ibidem.,p.702.↵

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8)MásdetallessobrelaniñezenelmundohispanocristianoverARROÑADA, S. “La infancia en la España medieval”, enRODRÍGUEZ. G. (dir.),Cuestiones de Historia Medieval,Vol. 2, Buenos Aires, Universidad Católica Argentina, 2011,pp.125-154.↵

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9)DÍEZDEGAMES,G.,El Victorial. EdiciónRafael BeltránLlavador.Salamanca,Universidad,1997.↵

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10)Algunos de estos tratados son:ARIBB. SAID,Libro de lageneracióndel feto, el tratamientode las embarazadas ylos recién nacidos, IBN AL JATIB, Epístola de lageneración del feto, AVICENA, Poema de la medicina,IBNALYAZZAR,Cuidadosy tratamientosde losniños.↵

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11)AYERBE-CHAUX, R., “Las Memorias de doña LeonorLópez de Córdoba”, en Journal of Hispanic Philology 2(1977–1978),pp.11-33.↵

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12)“porque la dicha señora condesa avíaparido emouido tres yquatrovecesyluegomoríaloquenasçía,yellallegauaapuntodemuerte, con el nasçimientodesta fija, y con el buenpartoqueovo, tangrandeplacer ovo el dicho señorCondestableytodos los de aquella çibdad que no se podía escreuir enCARRIAZO, Juan de M. (ed.), Hechos del CondestableDonMiguel Lucas de Iranzo,Madrid,EspasaCalpe, 1940,pp.257-258.↵

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13)Ibidem,p.414.↵

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14)Cantiga 411. Se sigue la numeración de la edición deMETTMANN,W.AlfonsoX, el sabio.Cantigas de SantaMaría.Madrid,Castalia,1986-1989.↵

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15)Cantigas21,43,171,224y347.↵

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16)Cantigas86y89.↵

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17)Cantigas122y282.↵

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18)Cantiga114.↵

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19)Cantiga331.↵

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20)Cantiga55.↵

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21)Cantigas315y321.↵

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22)Cantigas21,43,118,133,168,171y381.↵

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23)Cantiga122.↵

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24)PartidaI,títuloIV,leyXLIV.↵

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25)Cantiga399.↵

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26)Cantigas7y94.↵

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27)Másdetallessobrelainfanciaenelmundohispano-musulmánverARROÑADA, S., “La niñez en al-Andalus. Las fuentesparasuestudio”,en:NEYRA,A.yRODRÍGUEZ,G.(dirs.),¿Quéimplicasermedievalista?Prácticasyreflexionesentornoaloficiodelhistoriador,MardelPlata,UniversidaddeMar del Plata, Sociedad Argentina de Estudios Medievales,2012,Vol.3,pp.51-62.

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28)Libro de acuerdos del Concejo madrileño. Tomo II. Madrid.Ayuntamiento,1980.↵

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29)Citado por NIETO SORIA, J.M. “Aspectos de la vidacotidiana de las pastoras a través de la poesíamedievalcastellana”, en MUÑOZ, A. y SEGURA, C. (eds.), Eltrabajodelasmujeresenlaedadmediahispana.Madrid.AsociaciónAl-Mudayna,1988.↵

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30)GRANDA GALLEGO, C., “La nobleza asturiana ante larevolución Trastamara”, en En la España medieval 14(1991),p.229.↵

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31)Algunos de los manuales de derecho más conocidos sonSANTILLANA,D., Il “Muhtasar” o Sommario delDirittoMalechita dí Halīl Ibn Ishāq. Roma, AnonimaromanaIstitutoperl’Oriente,1926-1938;LÓPEZORTIZ,J.,Derechomusulmán.Barcelona,Labor,1932;VILA,S.(ed.),Abenmoguit. Formulario notarial, Madrid, Anuario deHistoria del Derecho Español, 1931; SCHACHT, J.Introduction au droit musulman. Paris, Maisonneuve etLarose, 1983; SERRANO, D. (ed.), Muhammad b.’Iyad,Madāhibal-hukkāmfīnawāzilal-ahkām(Laactuaciöndelosjuecesenlosprocesosjudiciales).Madrid,CSIC,1998;Ibn Abī Zayd al-Qayrawānī, Risāla fī-l-fiqh. Palma deMallorca, Kutubia Mayurqa, 1999. Ibn Abī Zamānīn,Muntajab al-ahkām; Ibn Sahnūn, Al Mudawwana al-kubrā.↵

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32)IBNSAHL,DiwanalAḥkāmal-kubrà.↵

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33)EditadaporAGUIRREDECÁRCER,L.,“Sobreelejerciciode la medicina en al-Andalus: una fetua de Ibn Sahl”, enAnaqueldeestudiosárabes2(1991),pp.149-150.↵

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34)RUBIOVELA,A., “Infancia ymarginación. En torno a lasinstituciones trecentistas valencianas para el socorro de loshuérfanos”, enRevista d’HistoriaMedieval de Valencia 1,(1990),pp.111-154.↵

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35)RUBIO VELA, A., Pobreza, enfermedad y asistenciahospitalariaenlaValenciadelsigloXIV.Valencia,1984.p.13.↵

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36)PERIS,M., “La prostitución valenciana en la segundamitaddelsigloXIV”,enRevistad’HistoriaMedievaldeValencia1(1990),p197.↵

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37)ALMANBIJI,Tasliyatahlalmasaib↵

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38)SahihdeMuslim,Librodelosfunerales,capítuloX.↵

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39)SahihdeMuslim,Librodelosfunerales,capítuloXI.↵

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40)Al-Muwatta’,p.124.↵

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41)Ibn Abī Zayd al-Qayrawānī, Risāla fī-l-fiqh. Tratado decreencia y derecho musulmán. Edición de Ali LarakiPerellón.KutubiaMayurqa,1999,p.203.↵

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42)DianaArauzMercado,La protección jurídica de lamujeren Castilla y León (siglos XII-XIV), Valladolid, Junta deCastillayLeón,2007.↵

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43)Dichosestadosciviles,correspondíanalossiguientesinteresesjurídicos: menores de edad y sus correspondientes tutelas(ingresoalosmonasteriosysalidadelosmismos,enocasionespara contraer nupcias); mujeres solteras (dotes y arras,negociadosatravésdesuspadres,familiaresorepresentanteslegales;mujeres casadas (se constituían enparte solidaria encasodedeudadelcónyuge)yporúltimo,lasviudasquienesalno contar ya con la tutela del padre o el marido, tenían unmargenmásampliode libertaddeactuaciónoadministracióndebienes.Porlogeneral,eranletradas,firmaban,contrataban,pleiteaban y también peticionaban ante las autoridadescompetentes,manejandoelpatrimoniofamiliaryelpropio.Enel casodeLaPlatade losCharcas - como loveremosenelpresente estudio -, dichas administraciones fueron algunasveces, exitosas, otras no tanto.Al igual que los hombres, lasmujeres también manipularon a través de las relacionesfamiliares y la propia normativa jurídica, a la masa deherederos que componían las familias. (Beatriz Bernal,“Estudio crítico al Cedulario de Alonso Zorita”, Leyes yOrdenanzas Reales de las Indias del Mar Océano porAlonsoZorita1574,México,MiguelÁngelPorrúa, 1985, p.124; Diana Arauz, “Estado civil y residencia de las mujerespeninsulares en los primeros años de la Conquista”, ElDerecho en las Indias Occidentales y su pervivencia enlos Derechos patrios de América. Actas del DecimosextoInstituto Internacional de Historia del Derecho Indiano,Santiago de Chile, Universidad Católica de Valparaíso, 2010,pp.473-479).↵

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44)Estos acontecimientos, en apariencia privados o de índoleestrictamente familiar, tendrían gran relevancia tanto en losasuntos públicos como en la permanencia y desarrollo dediversas instituciones coloniales, pues hablamos en todomomento de la transmisión de patrimonios. Quienescontribuyeron a transmitir el mismo fueron precisamente lasmujeres,atravésdelainstituciónmatrimonial.↵

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45)VéasedeAnaMaríaPresta,“Estadosalterados.Matrimonioyvida maridable en Charcas temprano-colonial”, PoblaciónSociedad18N°1,SanMigueldeTucumán,enero-junio,2011.↵

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46)Julio16de1562(31),12v,enJoséMiguelLópezVillalba(dir.),AcuerdosdelaRealAudienciadeLaPlatadelosCharcas(1561-1568), vol. I, Sucre, Corte Suprema de Justicia deBolivia - Archivo y Biblioteca Nacionales de Bolivia -EmbajadadeEspañaenBoliviayAECI,TupacKatari,2007,pp.22-23.↵

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47)Ibidem,julio8de1563(1),15r.,p.26.(Deahoraenadelante,AcuerdosI,año1563,p.26).↵

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48)JoséMaríaOts, “El sexocomocircunstanciamodificativadela capacidad jurídica en nuestra legislación de Indias”,AnuariodeHistoriadelDerechoEspañol30,pp.312-380yBeatriz Bernal, “Situación jurídica de la mujer en las IndiasOccidentales”, La condición jurídica de la mujer enMéxico, UNAM, 1975, pp. 29-32. (Véase igualmenteLeyesde Toro 1512, Reproducción facsimilar de los manuscritosque se conservan en el Archivo General de Indias, Egeria,Burgos, 1991 y AntonioMuro (edic.), Leyes Nuevas 1542,Escuela de Estudios Hispano-Americanos, Universidad deSevilla, 1961 yRecopilación de Leyes de Indias, Libro II,Título XV, De las Audiencias y Chancillerías Reales de lasIndias, enhttp://www4.congreso.gob.pe/ntley/Imagenes/LeyIndia/0102015.pdf,consultadoel20demayode2015.↵

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49)AcuerdosI,año1562,pp.7-8.↵

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50)AcuerdosI,año1562,pp.18-19.↵

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51)AcuerdosI,año1562,pp-19,20y25.↵

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52)Acuerdos I, año 1564, p. 78. Al parecer, la suerte noacompañó a Juana de los Ríos, pues en agosto de 1568volvemos a encontrarla en audiencia pública junto a donBernardino deMeneses, quien peticionaba en su contra. Portalrazón,seordenódeoficioaveriguareinformarsiladichadoña Juana está en su juicio y en el entretanto esté ladichaJuanaencasadedonPedrodeZárateadondealpresenteestáyhechoestoseproveerájusticia.(AcuerdosI,1568,p.459).↵

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53)AcuerdosI,año1562,p.24.↵

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54)AcuerdosI,1565,p.128.↵

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55)Crf. igualmente el proceso de María de Alvarado conFrancisco deOlivares en nombre de los indios. (Acuerdos I,año1563,p.34).↵

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56)AcuerdosI,año1563,pp.28-30.↵

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57)AcuerdosI,año1564,pp.98-99.↵

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58)AcuerdosI,año1564,p.83.↵

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59)Ana María Presta, Encomienda, familia y negocios enCharcasColonial (Bolivia)Losencomenderosde laPlata1550-1600, Lima, Instituto de Estudios Peruanos, 2000, p.185.↵

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60)Sobre la relación encomienda, familia y autoridad, véase laaportación de Camilo Zambrano, “Encomienda, mujeres ypatriarcalismodifuso: las encomenderas deSanta Fe yTunja(1564-1636)”,HistoriaCrítica44,2011,pp.10-31.↵

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61)AcuerdosI,año1565,p.182.↵

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62)Vid.Nota28delpresentetrabajo.↵

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63)AcuerdosI,1567,p.374.↵

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64)AnaMaríaPresta,Encomienda, familiaynegocios…, opuscit., pp. 132-133. Véase igualmente la trayectoria de rentaspercibidasyadministradaspordoñaMayor,enCuadro4.2delamismaobra.↵

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65)Sobre el estado de viudez en relación a la independenciaadquiridapor lasmujeres también en actividadesmercantiles,véasedelEquipBrioda“Laviudez,¿tristeofelizestado?(Lasúltimas voluntades de los barceloneses entorno al 1400)”,Cristina Segura (edic.), Las mujeres en las ciudadesmedievales: Actas de las III Jornadas de InvestigaciónInterdisciplinaria,Madrid,UniversidadAutónomadeMadrid,1984,pp.27-41.↵

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66)Presta,Encomienda…,p.133.↵

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67)AcuerdosI,año1562,pp.10-11.↵

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68)Véanse los estudios de AidaMartínez,Presencia femeninaen laHistoriadeColombia,Bogotá,AcademiaColombianadelaHistoria,1997;JorgeGamboa,ElpreciodeunmaridoElsignificadodeladotematrimonialenelNuevoReinodeGranada (1570-1650), Bogotá, Instituto Colombiano deAntropología e Historia, 2003 y Gloria Trujillo, La carta dedote en Zacatecas (siglos XVIII-XIX),México,UniversidadAutónomadeZacatecas,2008.↵

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69)Ana María Presta, Estados alterados. Matrimonio y vidamaridable en Charcas temprano-colonial, opus cit, p. 10.Aunqueelmatrimonionotuvoherederos,elmaridodeclaróensu testamento tener tres hijos naturales. “Orellana murióasesinadoen1566–segúnescribíaamargamenteelLicenciadoMatienzo, oidor decano de laAudiencia deCharcas– por supropia mujer y heredera, doña Juana de Herrera, quien loesperó con un desconocido para darle cuchilladas sin recibircastigoalguno,másqueunaínfimamultapornocomparecerala citación del alcalde ordinario, el no menos célebreLicenciadoPoloOndegardo.Matienzo, quien se avergonzabade tamaño escándalo impune, insoportable para quien habíaservidopreviamenteenlaCancilleríadeValladolid,decíaestaresperandoalhijodeOrellana,queveníadeEspañaareclamarlosindiosylahaciendadesupadre”.(Ibidem,p.11).↵

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70)Acuerdos I, años 1565 y 1568, pp. 136 y 410,respectivamente.↵

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71)AcuerdosI,año1568,p.460.↵

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72)AcuerdosI,año1565,p.150.↵

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73)AcuerdosI,año1566,pp.188y219,respectivamente.↵

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74)AcuerdosI,año1568,p.444.↵

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75)VerBOXER,CharlesR.–Amulhernaexpansãomarítimaibérica.Lisboa:LivrosHorizonte,1977.↵

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76)Veja-seSOEIRO,Susan–TheSocialandEconomicRoleofthe Convent: Nuns in Colonial Bahia, 1677-1800. HispanicAmerican Historical Review. 54, 2 (1974), p. 209-232;SOEIRO, Susan – The Feminine Orders in Colonial Bahia,Brazil:Economic,SocialandDemographicImplications,1677-1800,inLAVRIN,Asunción(ed.)–LatimAmericanWomen.Westport,Conn.:GreenwoodPress,1978.↵

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77)Ver,porexemplo,SILVA,MariaBeatrizNizzada–SeguindoatrilhadeBoxer:estudossobreasmulheresnoBrasilcolonial,inSCHWARTZ,Stuart;MYRUP,ErikLars(eds.)-OBrasilnoimpériomarítimoportuguês.Bauru,SãoPaulo:EDUSC,2009, p. 337-348; DEL PRIORE, Mary – A Caixa deSegredosdeBoxer:UmEnsaioSobreMulhereseHistória,inSCHWARTZ,Stuart;MYRUP,ErikLars(eds.)-OBrasil…,cit.,p.349-391.↵

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78)VerBOXER,CharlesR.–RacerelationsinthePortugueseColonian Empire, 1415-1825. Oxford: Clarendon Press,1963.↵

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79)Ver SILVA,Maria Beartriz Nizza da – Seguindo a trilha deBoxer…, cit., p. 337-348; DEL PRIORE,Mary – Vozes dosilêncio: a história das mulheres no Brasil, in FREITAS,Marcos (ed.) – Para uma história da historiografiabrasileira. São Paulo: Editora Scrittae, Contexto, 1998, p.207-236;DELPRIORE,Mary(ed.)–HistóriadasmulheresnoBrasil.SãoPaulo:Contexto,1998.↵

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80)Sem pretensão de exaustividade seguem-se apenas algunstrabalhosrealizadosnesteâmbitotemático:MAGALI,Engel–Meretrizesedoutores,sabermédicoeprostituiçãonoRiode Janeiro (1840-1890). São Paulo: Brasiliense, 1989;MOTT, Luís – Rosa Egipcíaca, uma santa africana noBrasil.Riode Janeiro:BertrandBrasil, 1993;MOTT,Luís–O lesbianismo no Brasil. Porto Alegre: Mercado Aberto,1987; ALGRANTI, Leila Mezan – Honradas e devotas:mulheresnaColônia.RiodeJaneiro:JoséOlympio,EdUnB,1993;PEDRO,JoanaMaria–Mulhereshonestas,mulheresfaladas:umaquestãodeclasse.Florianópolis:Edusfc,1994;ALMEIDA,AngelaMendesde–Ogostodopecado.RiodeJaneiro: Rocco, 1992; MARCÍLIO, Maria Luíza (ed.) – Amulherpobrenahistóriada Igreja latino-americana. SãoPaulo:Paulinas, 1984;FALCI,MiridanKonx–Escravas dosertão.Teresina:FundaçãoCulturalMonsenhorChaves,1966;RENAUX,MariaLuiza–Ooutroladodahistória,opapelda mulher no vale do Itajaí. Blumenau: Eddfurb, 1995;RAGO,Margareth –Os prazeres da noite, prostituição ecódigos da sexualidade feminina. Campinas: Ed. DaUnicamp, 1990; QUINTANEIRO, Tania – Retratos deMulher no cotidiano feminino no Brasil sob o olhar dosviajeiros do séxulo XIX. Petrópolis: Vozes, 1996;FIGUEIREDO,Luciano–OAvessodaMemória.Cotidianoe trabalho da mulher emMinas Gerais no século XVIII.RiodeJaneiro:JoséOlympioEditora,1999;BELLINI,Lígia–ACoisaObscura:Mulher,SodomiaeInquisiçãonoBrasilColonial. São Paulo: Brasiliense, 1989; MORGA, AntônioEmílio (ed.)–História dasmulheres donorte ao nordestebrasileiro.SãoPaulo:Alameda,2015.↵

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81)VerGOUVEIA,JaimeRicardo–Aquartaportadoinferno.A vigilância e disciplinamento da luxúria clerical noespaço luso-americano (1640-1750). Lisboa: ChiadoEditora,2014.↵

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82)Sobre o conceito e configurações do delito veja-seGOUVEIA, Jaime Ricardo – O sagrado e o profano emchoque no confessionário. O delito de solicitação noTribunal da Inquisição. Portugal, 1551-1700. Viseu:Palimage,2011,p.27-69.↵

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83)Nacausacontraoagostinhocalçado freiSalvadordaMadrede Deus, morador no convento de N. Senhora da Graça daviladeLoulé,indiciadodetersolicitadoMariaTavares,mulhercasadade30anosdeidade,moradoraemLoulé,asperguntasforamas seguintes: “Se conheceMariaTavares casada comBertholameuGonçalvesnaturalemoradoranavilladeLoulle,quanto tempo há que a conhece, que rezão tem deconhecimento,edondehenaturalemoradora.Sesabequehadita Maria Gonçalves hera pessoa de boa vida e costumeshonestaeverdadeiraemseusditosefontequeselhedevadarinteiro creditto em juízo e fora delle […].” A denúncia foiefectuada em15de Junhode1720.VerANTT– InquisiçãodeÉvora[doravanteIE],CadernodosSolicitantes[doravanteCS],livron.º574,fl.29-57.↵

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84)Denúnciaefectuadaem10deMarçode1733.VerANTT–IE,CS,livron.º578,fl.400-416v.↵

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85)Ver ANTT – Inquisição de Lisboa [doravante IL], livron.º8174;ANTT–IL,CS,livron.º31,fl.162.↵

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86)Denúnciaefectuadaa16deMarçode1719.VerANTT–IL,CS,livron.º762,fl.410-433.↵

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87)VerANTT–IL,CS,livron.º766,fl.278-307.↵

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88)VerANTT–InquisiçãodeCoimbra[doravanteIC],CS,livron.º632,fl.265.↵

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89)VerANTT–IL,CS,livron.º762,fl.410-433.↵

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90)VerANTT–IE,CS,livron.º578,fl.67-89.↵

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91)VerANTT–IL,CS,livron.º747,fl.162-193v.↵

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92)VerARIÉS, Phillippe – Para uma história da vida privada inARIÉS, P.; DUBY, G. -História da vida privada. Porto:EdiçõesAfrontamento,1990,p.8-9.ArletteFargefalatambémda honra como uma necessidade privada e pública. Segundoexplica,adesonraeracomparávelàmorteeeratemafamiliarnos escritos sobre a civilidade nos séculos XVII e XVIII.FARGE,Arlette – Famílias.A honra e o segredo inARIÉS,P.;DUBY,G.-Históriadavidaprivada…,cit.,p.581-617.↵

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93)Ver ANTT – IC, processo n.º118, fl. 69. A fama não era,durante o período moderno, um aspeto fundamental paraajuizarexclusivamenteaprobidadedasmulheres.Tambémosindivíduos do sexo masculino necessitavam de uma famaimaculadanoseiodacomunidadeparaalcançardeterminadosobjetivos, nomeadamente profissionais. Era por exemplo umdos quesitos fundamentais para a habilitação dos párocos àsordens maiores, assim como o era nos processos dehabilitação para a familiatura do Santo Ofício. Sobre estesúltimos veja-se RODRIGUES, Aldair Carlos – Sociedade eInquisição…,cit.,p.117-124.↵

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94)VerHESPANHA,AntónioManuel–Carnedeumasócarne:para uma compreensão dos fundamentos histórico-antropológicosda famílianaépocamoderna.Análise Social,vol.XXVIII,123-124(1993),4.º-5.º,p.951-973.↵

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95)Veja-se o processo de acreditação das mulheres quedenunciaram frei Manuel de Paiva, religioso de SantoAgostinhomorador no convento deVilaViçosa, ocorrido em1736. Referiu o comissário desta causa que as testemunhaseram verdadeiras “por serem pessoas christãns velhas edignas de credito e terem grande conhecimento dossobreditos.”ANTT–IE,CS,livron.º579,fl.219-230v.↵

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96)VerFIGUEIREDO,Luciano–OAvessodaMemória…, cit.Note-se,porém,queessanãoeraumarealidadeexclusivadomundoibérico.Paratalveja-seCARLSON,Eric–Marriageand the English reformation. Oxford: Blackell, 1994;FLETCHER,Anthony–Gender, sex and subordination inEngland, 1500-1800. London: Yale University, 1995. OquadrodevaloresmisóginonãoeraumexclusivismodomundoibéricosenãoumfenómenocaracterísticodoOcidentecristão,encontrando-seecosdelenalgumasobrasdecanonistasentãodifundidas,comoporexemplo:CARENA,Cesare-TractatusdeofficiosanctissimaeInquisitionisetmodoprocedendiincausisfidei.Cremona:Marc’AntoniumBelpierum,1641.↵

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97)VerANTT–IC,CS,livron.º642,fl.284-292v.↵

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98)Idem,ibidem,fl.307.↵

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99)Ver ARAÚJO, Raimundo Inácio Souza - Discurso,DisciplinaeResistências…,cit.↵

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100)VerANTT–IE,CS,livron.º572,fl.124-138v.↵

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101)VerANTT–IE,CS,livron.º574,fl.82v.↵

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102)VerANTT–IE,CS,livron.º574,fl.58-74v.↵

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103)VerANTT–IE,CS,livron.º574,fl.43v-44.↵

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104)VerANTT–IL,CS,livron.º762,fl.247-255v.↵

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105)VerANTT–IE,CS,livron.º569,fl.236.↵

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106)“A justiça se cente muito aggravada de vossas mercêsjulgarem que as culpas de solicitação offerecidas contra opadre frei Luis de Souza não erão bastantes para ser presonoscárceres secretosdesta Inquisiçam […].Namháduvidaque o crime que se trata no caso presente he privativo doconhecimento do Santo officio por bullas dos Santos PadresPios4eGregório15.Tambemanãoháemqueodelinquenteseja da sua jurdição por sermorador em o seu convento deAveiroondecometeoasditasculpasesosepodealterquaraquestamsehebastanteaprovaparaseprocedercontraelleecomo he doutrina certa em direito que provado qualquerdelictonãodeveemenospodeojuizesperarmaisprovaparaproceder contra o dilinquente […]. E para se proceder nocrime de heresia ainda que não baste huma só testemunha[…]ninguémduvidaqueporduassepodeprocederacaptura[…], a solicitação he um dos crimes pelo os quaes nãohavendo prova legitima e so conjecturas deve o reo sercastigado em penna arbitraria […]. Finalmente parasolicitação não sam necessárias palavras, bastão factos ousignaes que se dirigam encaminhem a Luxuria […] esperosejaajustiçaprovida”.VerANTT–IC,CS,livron.º729,fl.1-76.↵

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107)VerANTT–IC,CS,livron.º729,fl.1-76.↵

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108)VerANTT–IC,CS,livron.º729,fl.1-76.↵

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109)VerANTT–IC,CS,livron.º729,fl.1-76.↵

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110)VerANTT–IL,CS,livron.º760,fl.172v-173.↵

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111)VerANTT–IL,CS,livron.º759,fl.219-224.↵

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112)Veja-seadenúnciaarquivadadepoisdarecepçãodacartadopadrePauloTavaresdatadade15deJaneirode1706,atravésda qual semanifesta preocupado por saber ter sido delatadopor umamulher que assegura sermeretriz,motivo pelo qual,segundodiz,juravafalso.VerANTT–IL,CS,livron.º759,fl.227.Veja-se um caso semelhante emANTT – IL,CS, livron.º764,fl.119-122.↵

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113)FLORENCE,Hércules.ViagemfluvialdoTietêaoAmazonasde1825 a 1829.Brasília:SenadoFederal,ConselhoEditorial,2007,p.172.↵

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114)Ibidem,p.173.↵

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115)Ibidem,p.173.↵

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116)Ibidem,p.173.↵

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117)Ver,Dias,MariaOdilaLeitedaSilva.QuotidianoePoderemSãoPaulonoséculoXIX.SãoPaulo,Brasiliense,1984↵

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118)LANGSDORFF,G.H.Von."BemerkungenaufeinerReiseumdieWelt indeanJahren1805bis1807",TraduçãodeDoloresR.SimõesdeAlmeida,In:Berger,Paulo(Org.),IlhadeSantaCatarina:relatosdeviajantesestrangeirosnosséculosXVIIIeXIX, 2. edição, Florianópolis, Editora da UFSC/AssembleiaLegislativa,1984,p.163.↵

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119)Ibidem,p.163.↵

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120)BRITO,PauloMiguelde.MemóriaPolíticasobreaCapitaniadeSantaCatarina,Florianópolis,LivrariaCentral,1932,p.74.↵

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121)KOTZEBUE, Otto von. "Voyage of Discovery in the SouthSea and to Behring's Straits...", Tradução Martim AfonsoPalma de Haro, In: Berger, Paulo (Org.), Ilha de SantaCatarina:relatosdeviajantesestrangeirosnosséculosXVIIIeXIX, 2º. edição, Florianópolis, Editora da UFSC/AssembleiaLegislativa,1984,p.228.↵

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122)DUPERREY, Louis Isidore. "Voyage autor du monde...",TraduçãoGilbertoGerlacheMartimAfonsoPalmadeHaro,In: Berger, Paulo (Org.), Ilha de Santa Catarina: relatos deviajantes estrangeiros nos séculos XVIII e XIX, 2. edição,Florianópolis, Editora daUFSC/Assembleia Legislativa, 1984,p.249.↵

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123)LESSON, René Primevère. "Voyage autor du monde...",TraduçãodeGilbertoGerlach,In:Berger,Paulo(Org.)IlhadeSanta Catarina: relatos de viajantes estrangeiros nos séculosXVIII e XIX; 2º. Edição. Florianópolis, Editora daUFSC/AssembleiaLegislativa,1984,p.267.↵

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124)Ibidem,p.267.↵

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125)Ver.Berger, Paulo (Org.). Ilha de SantaCatarina: relatos deviajantes estrangeiros nos séculos XVIII e XIX, 2. edição,Florianópolis,EditoradaUFSC/AssembleiaLegislativa,1984.↵

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126)SAINT-HILAIRE, Auguste de, Viagem a Curitiba e SantaCatarina, Trad. ReginaRegis Junqueira. BeloHorizonte; Ed.Itatiaia; SãoPaulo:Ed. daUniversidade de SãoPaulo, 1979,pp.173-4.↵

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127)Ibidem,p.175.↵

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128)MOUTINHO, José Ferreira. Notícias sobre a Província deMattoGrosso, seguidad’umroteirodaviagemda suacapitala’SãoPaulo.ExpediçõesBrasileiras.Brasília:SenadoFederal,ConselhoEditorial,p.25.↵

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129)Ibidem,p.26.↵

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130)AVÉ-LALLEMANT, Robert, Viagens pelas Províncias deSantaCatarina,ParanáeSãoPaulo(1850),TraduçãoTeodoroCabral, Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. daUniversidadedeSãoPaulo,1980,p.20.↵

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131)TRACHSLER, Heinrich. "Reisen Schicksale undTragikomische Albenteur eines Schweizers...", Tradução de.Pe.RobertoHyrobeck,In:Berger,Paulo(Org.),IlhadeSantaCatarina;relatosdeviajantesestrangeirosnosséculosXVIIIeXIX; 2 edição. Florianópolis, Editora da UFSC/AssembleiaLegislativa,1984,p.324.↵

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132)Ibidem,p.324.↵

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133)Ibidem,p.324.↵

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134)Ibidem,p.325-6.↵

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135)Ibidem,p.326.↵

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136)Ibidem,p.241.↵

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137)SEIDLER, Carl. Dez Anos no Brasil. Tradução BertholdoKlinger. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo:UniversidadedeSãoPaulo,1980,p.72.↵

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138)Ibidem,p.73.↵

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139)Ibidem,p.73.↵

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140)Ibidem,p.74.↵

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141)Ibidem,p.74.↵

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142)AVÉ-LALLEMANT, Robert. No rio Amazonas. Trad.Eduardo de Lima Castro. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; SãoPaulo:Ed.DaUniversidadedeSãoPaulo,1980,p.23.

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143)BATES,HenryWalter.UmnaturalistanorioAmazonas.BeloHorizonte:Itatiaia;SãoPaulo:Edusp,1979,p.24.↵

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144)Ibidem,p.24.↵

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145)Ibidem,p.110↵

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146)Ibidem,p.234.↵

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147)Ibidem,p.232.↵

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148)NÉRI,FredericoJosédeSantana.OpaísdasAmazonas.BeloHorizonte:Ed.Itatiaia;SãoPaulo:Ed.daUniversidadedeSãoPaulo,1979.p.112.↵

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149)Ibidem,p.235↵

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150)AGASSIZ, Louis. Viagem ao Brasil: 1865-1866 [por] LuizAgassiz e Elizabeth Cary Agassiz; Trad. João Etiene Filho,BeloHorizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. daUniversidadedeSãoPaulo,1975,p.166.

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151)LOUIS, Agassiz. Viagem ao Brasil: 1865 – 1866 [por] LuizAgassizeElizabethCaryAgassiz.TraduçãodeJoãoEtienneFilho. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São Paulo, Ed. daUniversidadedeSãoPaulo,1975,p.165.↵

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152)Ibidem,p.177.↵

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153)Ibidem,p.176.77.↵

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154)Ibidem,p.177.↵

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155)Ibidem,p.177↵

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156)Pesquisa financiada pela CAPES e o CNPQ. Agradeço àdiscente Gabriela Ferreira Mascarenhas Santos peladigitalizaçãodotrabalho.

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157)Para que um processo de defloramento fosse aberto eramnecessárias algumas providências tais como o registro daqueixa e consequente formação de um auto de diligênciaspoliciais pelo chefe de segurança, no qual seria verificada aocorrência,ounão,dodefloramentoatravésde realizaçãodoexame do corpo de delito namenor ofendida.A este exameseguia-seseudepoimento,doréuedastestemunhas.Umavezcomprovado o defloramento bem como a menoridade emiserabilidadedamenor,ochefedesegurançaenviavaoautopolicialaumpromotor,afimdequeseseguisseaformaçãodeum processo, no qual constavam além do auto, os pareceresdopromotoredojuiz,quedeterminavaaprocedência,ounão,da acusação. Uma vez incurso o réu nos artigos do códigopenal, ele aguardava na cadeia pública de São José pelojulgamento.↵

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158)Veríssimo, J.AMameluca in: Scenas da Vida Amazônica.RiodeJaneiro:Lammert,1899.↵

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159)Ocrimededefloramentoestavaprescritonocódigopenalde1890 incluso no capítulo I intitulado: “Dos Crimes Contra osBons Costumes e a Ordem na Família”, juntamente comoutros como Estupro, Rapto, Lenocinio e Adultério. Acaracterização do crime segundo o artigo 267 diz o seguinte:“deflorar mulher de menor idade, empregando sedução,enganoou fraude.Prisãocellularporhumaquatroanos.”Apenapoderianãoterlugarcasoaspartesconcordassememsecasar.Araújo,JoãoeVieira.OCódigopenal; interpretadosegundo as fontes, a doutrina, a jurisprudência e areferência aos projetos de sua revisão. Rio de Janeiro:ImprensaNacional,1901.↵

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160)Arquivo Tribunal de Justiça do estado- Processo Crime deDefloramento.Ano,1886.↵

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161)A conjunção carnal como mulher virgem, sem o uso daviolência, era prevista pelas Ordenações Philipinas e maistarde pelo Código Criminal do Império de 1830, sendoelementos constitutivos deste crime o fato da mulher servirgem emenor de 17 anos. Com aRepública há uma novaalteraçãonalegislação,atualizadanocódigocriminalde1890.Estecódigosecaracterizavaporprescreverumcontrolemaissistemático sobre o comportamento e a moral sexual dospopulares, especificandomelhor os crimes contra a honra dafamília e expandindo seu leque de intervenção, usando comoumdosmecanismospara termaior raiodeaçãoaampliaçãodamenoridadedamulherofendidaparaseefetivaraaberturade um processo de defloramento que passa dos 17 anosanteriormente exigidos para 21 anos de idade. Como oprocesso da menor Belmira é aberto em 1886, portanto emplenavigência do código criminal de 1830, prevalece a idademáximade17anosparaqueajustiçapudesseterodireitodeabrir um auto policial. Gusmão. Chrysonlito. Dos CrimesSeuxuaes.RiodeJaneiro:F.Briguiet&CiaEditores,p.235-236,1921.↵

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162)Arquivo Tribunal de Justiça do estado- Processo Crime deDefloramento.Ano,1895.↵

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163)De acordo com o código penal de 1890 só era consideradocrime de defloramento os casos em que o autor do mesmotivesse empregado “seducção, engano ou fraude” como apromessa de casamento, elementos de caráter moraldiretamenteredutíveisàhonestidadedamulherofendida,cujosprecedentes e de sua família deveriam “ser cuidadosamenteexaminados,poisindicamsesetratadeumamoçahonesta,deuma família respeitável e séria, ou de uma mulher jácorrompida,educadaentregentesemmoralesemescrúpulo,aindadedinheirocapazdetudo”.EstetextoextraídodaobradojuristaViveirosdeCastrointituladaDelitocontraahonradamulher,foicitadopelopromotorFranciscoPaulaPinheiro,em seu parecer onde julga improcedente o processo dedefloramentodeMariadasDores,em1898.SobreaobradeViveiro de Castro, ver Esteves,Martha de Abreu.MeninasPerdidas.Ospopulares e o cotidianodoamornoRiodeJaneirodaBélleÉpoque.RiodeJaneiro:Pazeterra,1989.↵

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164)Dentre os trabalhos voltados para os estudos que têm comoreferência a bélle époque paraense ver: SARGES,Maria deNazaré. Riquezas produzindo a Belle Époque. Belém:Pakatatu,2002.↵

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165)Graham, Sandra Lauderdale. Proteção e Obediência;criados e seus patrões no Rio de Janeiro 1860-1910.CompanhiadasLetras,1992,p.17-18.↵

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166)Alvarez, Luiza Miranda. Retratos de Mulheres In: Saia,Laços eLigas;Construindo Imagens eLutas (UmEstudoSobreasFomasdeParticipaçãoPolíticaePartidáriadasMulheresParaenses1910-1937).TesedeMestrado,UFPA,1990.↵

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167)SANTOS, Roberto. História Econômica da Amazônia(1800-1920).T.A.Queiroz.SãoPaulo,p.153,1980.↵

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168)Recenseamentode1920.4CensogeraldePopulaçãoe1daAgricultura e das Indústrias. População das capitães doEstadodoBrazil,1872,1890,1900e1920.Belém.↵

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169)SARGES,Maria de Nazaré. Riquezas produzindo a BelleÉpoque.Belém:Pakatatu,2002.↵

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170)Para uma análise mais pontuada acerca deste debate verFigueredo, Aldrin Moura. A Cidade Dos Encantados;Pajelança, feitiçaria e religiões Afro-Brasileiras. AConstituição de um Campo de Estudo. Dissertação deMestrado,UNICAMP,SãoPaulo,Campinas,p.11e12,1996.↵

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171)AssimcomoocorreunoprocessodeBelmiraem1886,outrasdenúncias de defloramento eram feitas através de cartasanônimas enviadas às redações dos jornais locais, sendocomumentepublicadas.↵

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172)Acercadaspráticasediscursoscivilizadoresdosmagistradosquepassavamatravésdosprocessoscrimesdedefloramentoasimagenseatitudesfemininasquedeveriamservalorizadaseconsequentementeaquelasquedeveriamserevitadas,veroexcelente trabalho de Martha Esteves, Meninas Perdidas,onde a autora aborda estas e outras questões vividas narealidade doRio de Janeiro nas primeiras décadas do séculoXX.(Esteves;1989)↵

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173)FolhadoNorte.31.08.1909.n4259↵

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174)Carvalho, J.M.ANeta daCabocla deOurém. In:ContosdoNorte.EditorAlfredoAugustoSilva.BelémPará,MDCD.Osgrifosusadosnoparágrafosãonossos.↵

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175)Baena, A. Ensaios Corográficos Sobre a Província doPará.Typ.SantoseMenor,1939,p.131↵

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176)Ladislau, A.Commentarios. In: Scenas da Vida Paraense(ligeiros contos). Belém/PA: Typ. Da Imprensa Official,1904,p.18.↵

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177)Ribeiro, V. da C. Alves. O casamento civil reprovado pelaCartaConstitucional,TypographiadoPanorama,1866,p.20inBradocatholicocontraocasamentocivil.Opusculoofferecidoao nobre Duque de Saldanha, Porto, Na TypographiaPortuense,1865.↵

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178)Frias, David Correia Sanches de. A mulher. Sua infancia,educação e influencia na sociedade, segunda ediçãomelhorada, Lisboa, Livraria Central de Gomes de Carvalho,Editor,EditoresTavaresCardoso&Comp.,1911,p.21.↵

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179)Catroga, Fernando. O republicanismo em Portugal. Daformação ao 5 de Outubro de 1910, 2º vol., Coimbra,FaculdadedeLetras,1991,p.241.↵

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180)ConstituiçãoPolíticadaRepúblicaPortuguesa.EdiçãoOficial,Lisboa,ImprensaNacional,1933.↵

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181)Reis, António. “Os valores salazaristas”, PortugalContemporâneo, Vol. IV, dir. de António Reis, Lisboa,Publicações Alfa, 1990, pp. 336-337; Baptista, Luís A.Vicente. “Os discursos moralizadores sobre a família”,PortugalContemporâneo|...|,ob.cit.,p.353.↵

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182)SalazarAntologia.Discursos,notas,relatórios,teses,artigoseentrevistas.Lisboa,EditorialVanguarda,1954,p.173.↵

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183)Catroga,Fernando.Ob.cit.,pp.243-244.↵

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184)Código Civil Português. Edição actualizada e Anotada.Coimbra,CoimbraEditora,Limitada,1948.↵

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185)Codigo Penal approvado por decreto de 10 deDezembro de1852.oitavaediçãoofficial,Lisboa,ImprensaNacional,1882.↵

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186)Codigo de Processo Civil Annotado por José Dias Ferreira,tomoII,Coimbra,ImprensadaUniversidade,1888.↵

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187)Pimentel, Irene Flunser. Contributos para a história dasmulheres no Estado Novo. As organizações femininas doEstadoNovo.A“ObradasMãespelaEducaçãoNacional”ea “Mocidade Portuguesa Feminina”. 1936-1966, Lisboa,Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UniversidadeNovadeLisboa,1996(DissertaçãodeMestrado),p.37.↵

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188)Beleza, Teresa Pizarro. “O discurso jurídico sobre a família:modelos e desvios”, Actas dos V Cursos Internacionais deVerãodeCascais,4,AFamília,Cascais,CâmaraMunicipaldeCascais,1999,pp.15-16.↵

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189)Catroga,Fernando.“Alaicizaçãodocasamentoeofeminismorepublicano”, A mulher na sociedade portuguesa. Visãohistórica eperspectivas actuais,Colóquio20-22deMarçode1985, 1º vols., Coimbra, Instituto de História Económica eSocial, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra,1986,pp.136-138;Vaquinhas,Irene."Miserávelegloriosa":aimagemambivalentedamulhernoséculoXIX"in“Senhorasemulheres”nasociedadeportuguesadoséculoXIX,2ªedição,Lisboa,EditorialColibri,2000,pp.21-25.↵

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190)Beleza,JoséManuelMerêaPizarro.Oprincípiodaigualdadeealeipenal.Ocrimedeestuprovoluntárioeadiscriminaçãoemrazãodosexo,Coimbra,separatadoBoletimdaFaculdadede Direito de Coimbra – Estudos em homenagem ao Prof.Doutor José Joaquim Teixeira Ribeiro, 1982, p. 30; Gerhard,Ute. "Le statut juridique de la femme dans la sociétébourgeoiseduXIXe siècle.Comparaisonentre laFrance et l´Allemagne"inLesbourgeoisieseuropéennesauXIXesiècle,Bruxelles,Bélin,1996,p.346.↵

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191)Catroga,Fernando.Art.cit.,p.144.↵

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192)Leis da Família e do Descanso Semanal, Supplemento da“Legislação da Republica Portugueza”, Porto, BibliotecaJurídica–Editora,1912.↵

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193)Campos, Agostinho de. Casa de pais, escola de filhos, 5ªedição,LivrariaAillaudeBertrand,Paris-Lisboa,1921.↵

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194)Campos,Agostinhode.Ob.cit.,p.13;134.↵

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195)Vaquinhas, Irene. Violência, justiça e sociedade rural. OscamposdeCoimbra,Montemor-o-VelhoePenacovade1858a 1918, Porto, Edições Afrontamento, 1996, p. 452; Silva,Susana Paula Franco Serpa.Violência, desvio e exclusão nasociedademicaelense oitocentista (1842-1910), II vol., PontaDelgada, Universidade dos Açores, 2006 (tese deDoutoramento),p.496.↵

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196)Garnel,MariaRitaLino.Vítimas eviolênciasnaLisboada IRepública,Coimbra,ImprensadaUniversidade,2007,p.346.↵

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197)Campos,Agostinhode.Ob.cit.,pp.131-138.↵

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198)Campos,Agostinhode.Ob.cit.,pp.140-141.↵

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199)Almeirim, F. D .́ “A mulher e o lar”, Illustração Catholica,AnnoI,20deJunhode1914,p.811.↵

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200)Cit.porFrias,DavidCorreiaSanchesde.Ob.cit.,p.32.↵

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201)Vaquinhas, Irene. “Garçonne”, Dicionário Crítico de Gênero,Ana Maria Colling e Losandro Antonio Tedeschi (org.),Dourados, Editora da Universidade Federal da GrandeDourados/MS(UFGD),2015,p.300-304.↵

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202)Marques, GabrielaMota. “Cabelos à Joãozinho. A garçonneemPortugalnosAnosVinte”, inEntregarçonnese fadasdolar. Estudos sobre as mulheres na sociedade portuguesa doséculo XX, Coimbra, FLUC, 2004, pp. 17-64; Vaquinhas,Irene. “Prefácio”, inEntre garçonnes e fadas do lar |...|, ob.cit.,pp.9-10.↵

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203)Baptista,LuísA.. "Valorese imagensda famíliaemPortugalnos anos 30. O quadro normativo", A mulher na sociedadeportuguesa|...|”,ob.cit.,pp.207-210.↵

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204)Carvalho, Paulo Archer de. “Moralidade e bons costumes.Notas sobre o provincianismo e puritanismo nos inícios doséculo XX (a propósito de um caso exemplar)”, Revista deHistóriadasIdeias,vol.15,1993,p.403.↵

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205)Baptista, Virgínia. Proteção e direitos das mulherestrabalhadoras em Portugal 1880-1943, Lisboa, ICS, 2016, p.32.↵

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206)Pereira, GasparMartins. Famílias portuenses na viragem doséculo(1880-1910),Porto,EdiçõesAfrontamento,1995,p.13;Rowland, Robert. “A família portuguesa: continuidade emudança”, Actas dos V Cursos Internacionais de Verão deCascais,4,AFamília,Cascais,CâmaraMunicipaldeCascais,1999,pp.29-30.↵

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207)Pina-Cabral, Joãode.FilhosdeAdão, filhasdeEva.AvisãodomundocamponesadoAltoMinho,Lisboa,PublicaçõesD.Quixote,1989,pp.65-74;Bandeira,MárioLeston.Demografiaemodernidade.Famíliae transiçãodemográficaemPortugal,Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1996, pp. 345-346.↵

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208)Pina-Cabral, João de. Ob. cit., p. 65; Rowland, Robert.“Brasileiros do Minho: emigração, propriedade e família”,História da Expansão Portuguesa, Direcção de FranciscoBethencourt e Kirti Chaudhuri, vol. 4, Lisboa, Círculo deLeitores,1997,p.326.↵

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209)Castro, Xavier. Servir era o pan do demo. Historia da vidacotiáenGalicia.SéculosXIXeXX,Vigo,EdiciónsNigratrea,S.L.,2007,pp.355-357.↵

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210)Mónica,Maria Filomena. Educação e Sociedade no PortugaldeSalazar(AEscolaPrimáriaSalazarista1926-1939),Lisboa,Editorial Presença, 1978, pp. 265-268; Guimarães, PauloEduardo. Indústria e conflito no meio rural. Os mineirosalentejanos(1858-1938),Lisboa,EdiçõesColibrieCIDEHUS-UE,2001,pp.205-206.↵

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211)Paraumaanálisemaisdesenvolvidadestamatériaconsulte-se,entre outros, Vaquinhas, Irene. “A família, essa “pátria emminiatura”, História da Vida Privada em Portugal, A ÉpocaContemporânea, Dir. JoséMattoso. Coord. Irene Vaquinhas.Lisboa,CírculodeLeitores,2011,pp.130-136.↵

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212)Sobre os rituais associados ao casamento, consulte-se, entreoutros, Lopes, Maria Antónia. “As grandes datas daexistência:momentosprivados e rituaispúblicos”,HistóriadaVida Privada emPortugal,AÉpocaContemporânea |...|, ob.cit.,pp.162-176.↵

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213)Leonor,Maria.“Comoeuqueroomeunoivo”,Flama,AnoI,nº 5, Agosto-Setembro 1944; Rodrigues, Teófilo. “Como euquero aminha noiva”, Flama, Ano I, nº 5, Agosto-Setembro1944.↵

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214)Perrot,Michelle. “Personagens e papéis” inHistória da vidaprivada,sobadirecçãodePhilippeArièsedeGeorgesDuby,vol. 4, Da Revolução à Grande Guerra, Lisboa, Círculo deLeitores,1990,p.133.↵

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215)Pereira, Gaspar Martins. No Porto Romântico, com Camilo,Casa-MuseudeCamiloCasteloBranco/CâmaraMunicipaldeVilaNovadeFamalicão,1997,pp.51-57.↵

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216)Carvalho, Maria Amália Vaz de. “O problema actual docasamento”, Ao correr do tempo, Lisboa, Pareceria AntónioMariaPereira,1906,p.10.↵

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217)Pinto, Teresa. O ensino industrial feminino oitocentista. AEscolaDamiãodeGóisemAlenquer,Lisboa,EdiçõesColibri,2001,p.36.↵

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218)Pereira,GasparMartins.Ob.cit.,p.234.↵

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219)Pereira,GasparMartins;Correia,LuísGrosso.“Casamentoecondição social no Porto oitocentista”, Revista da FaculdadedeLetras,IISérie,vol.XIII,Porto,1996,p.478.↵

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220)Guimarães,PauloEduardo.Ob.cit.,p.206.↵

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221)Silva,MargaridaMoreira da. Nascer em Loures. Práticas ecrençasnagravidez,partoepós-partonaregiãosaloiaduranteo séculoXX,Loures,CâmaraMunicipal de Loures, 1995, p.29.↵

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222)Garnel,MariaRitaLino.Vítimas e violências |...|, ob. cit., p.211.↵

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223)Garnel,Maria Rita Lino. “RosaMaria Calmon daGama” inDicionárionoFeminino(séculosXIX-XX),dir.ZíliaOsóriodeCastro e João Esteves, Lisboa, Livros Horizonte, 2005, pp.838-842.↵

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224)Garnel,MariaRitaLino.Ob.cit.,p.216.↵

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225)Roque, João Lourenço. "Dramas individuais e familiares nabiografia de algumasmulheres recatadas no recolhimento doPaço do Conde em Coimbra", Biblos, vol. LXIII, 1987, pp.223-252.↵

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226)Garnel,MariaRitaLino.Ob.cit.,p.221.↵

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227)Fonseca,CátiaSalvado.Uma famíliade fotógrafos.Carlos eMargaridaRelvas,Lisboa,ChiadoEditora,2015,p.125.

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228)Leandro,Sandra.“Comoleoas:assenhorasartistasdoGrupodo Leão (1881-1888)”, Falar de Mulheres. História ehistoriografia,CoordenaçãodeMariaEmíliaStone,IldaSoaresde Abreu e António Ferreira de Sousa, Lisboa, LivrosHorizonte,2008,pp.119-125.↵

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229)Vaquinhas, Irene,Violência, justiça e sociedade rural |...|, ob.cit.,pp.369-375;Anica,Aurízia.AtransformaçãodaviolêncianoséculoXIX.OcasodacomarcadeTavira,Lisboa,EdiçõesColibri,2001,pp.155-169.

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230)CERTEAU, Michel. A Escrita da História. Tradução deMaria de Lourdes Menezes. 3ed. Rio de Janeiro: Forense,2013.↵

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231)DILTHEY,W.Elmundohistórico.Apud:DIAS,MariaOdilaSilva. Hermenêutica do quotidiano na historiografiacontemporânea. In: Revista Projeto História: Trabalhos daMemória,nº17,PUC–SP,novembro/98.↵

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232)ASSIS, Machado de. Mémórias póstumas de Brás Cubas.Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca NacionalDepartamento Nacional do livro. In: www.domínio.público.gov.br,p.77.↵

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233)KOSSELECK, Reinhardt. Los extratos de tempo. Estudiossobrelahistoria.Barcelona:PaidósIbéria,2001.p.68.↵

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234)REIS, José Carlos. História e Teoria: Historicismo,Modernidade, Temporalidade e Verdade. 3º edição. Rio deJaneiro:editoraFGV,2006.p.17↵

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235)PROST,Antonie.Dozeliçõessobreahistória.2ºedição.BeloHorizonte:Autêntica,2012.↵

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236)KANT, Immanuel. Idéia de uma História Universal de umpontodevistacosmopolita. In:GARDINER,Patrick.TeoriasdaHistória.Lisboa:FundaçãoCalousteGulbenkian,1995.↵

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237)BRAUDEL, Fernand. A longa duração. In: Revista deHistória, ano XVI, nº 62, vol. XXX, abril-junho de 1965.(tradução de Ana Maria de Almeida Camargo de artigopublicado In: ANNALES E.S.C, nº 4, outubro-dezembro,1958.↵

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238)KOSELLECK, Reinhardt. Futuro Passado: Contribuição àsemânticados temposhistóricos.TraduçãodeWilmaPatriciaMaas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: PUC,contraponto,2006.↵

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239)DELEUZE,Gilles.Obergsonismo.SãoPaulo:ed.34,1999.↵

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240)PELBART, P. O Tempo Não-Reconcliliado. Imagens doTempoemDeleuze.SãoPaulo,Perspectiva,2004.p.XXI.↵

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241)DELEUZE,Gilles.EmpirismoeSubjetividade:EnsaiosobreanaturezahumanasegundoHume.SãoPaulo:Ed.34,2001.↵

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242)HUR, Domenico Uhnrg. Memória e Tempo em Deleuze:Multiplicidade e produção. In: Revista Ensayos. Atheneadigital–13(2),julho,2013p.179-190.p.180.↵

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243)VAINFAS,Ronaldo.TrópicodosPecados:Moral,sexualidadee Inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,2010.↵

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244)Paula e Bebeto de Caetano Veloso. Disponível em:www.m.vagalume.com.br↵

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245)DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 5.DireitodeFamília.26ªed.SãoPaulo:Saraiva,2011.p.18.↵

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246)Observarasobrasde:DINIZ,MariaHelena.CursodeDireitoCivil Brasileiro. 5. Direito de Família. 26ª ed. São Paulo:Saraiva, 2011., GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito CivilBrasileiro.DireitodeFamília.11º edição.SãoPaulo:Saraiva,2014. ,SOARES, Orlando. União Estável. 2º edição. Rio deJaneiro: Forense, 2000. E em sites pesquisados, não mudamuitoaexplicaçãohistórico-jurídica.↵

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247)Em1792nainstauraçãodaPrimeiraRepúblicanaFrança.↵

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248)SOARES,Orlando.UniãoEstável.2ºedição.RiodeJaneiro:Forense,2000.p.7↵

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249)PERROT, Michelle. A família triunfante. In: PERROT,Michelle et.al (org.)HistóriadaVidaPrivada.DaRevoluçãoFrancesaàPrimeiraGuerra.vol.4.SãoPaulo:CiadasLetras,1991.p.93.↵

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250)Idem.p.94↵

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251)KantapudPERROTp.95↵

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252)MATOS,Maria IzildaS. de.OutrasHistórias: asmulheres eestudos dos gêneros – percursos e possibilidades. In:SAMARA, Eni de Mesquita, SOIHET, Rachel e MATOS,MariaIzildaS.Gêneroemdebate:trajetóriaeperspectivasnahistoriografia contemporânea. São Paulo: educ, 1997. p. 99-100↵

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253)MATTOSO,KátiaQueiroz.FamíliaeSociedadenaBahiadoséculoXIX.SãoPaulo:Corrupio,1988.p.38-39.↵

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254)Ordenações Filipinas –www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/242733.↵

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255)VAINFAS,op.cit.,p.106↵

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256)Sobre a categoria de análise gênero observar: BARRETO,Cristiane Manique. História e Relações de Gênero. In:MORGA, Antonio Emilio e BARRETO, Cristiane Manique.Genero,SociabilidadeseAfetividade.Itajaí:casabertaeditora,2009.↵

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257)www.camara.leg.br/legin/fed/lei/1910-1919/lei3071-1-janeiro-1916-397989-publicacaooriginal-1-pl-html.↵

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258)PRIORE,MaryDel.História do amor noBrasil. São Paulo:contexto,2005.p.246.↵

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259)Sobreomovimentofeministaobservar:BARRETO,CristianeManique,op.cit.↵

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260)DUARTE, Francisco Carlos e FONSECA, Felipe DuarteAlmeidada.FenomenologiaHermenêutica:odireitonaviradado ser e tempo de Heidegger. Disponível em www.univali.br/periódicos.↵

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261)PINTO, Celi R. Jardim. Foucault e as Constituiçõesbrasileiras:quandoalepraeapesteseencontramcomnossosexcluídos.In:RevistaEducaçãoeRealidade.PortoAlegre,24(2)jul/dez,1999.p.33-57↵

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262)CONSTITUIÇÃO REPUBLICA FEDERATIVA DOBRASIL.Brasília:SenadoFederal,centrográfico,1988.↵

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263)BOGO,Cidnei,Otempoeodireito.Universojurídico.JuizdeFora, ano XI, 08 de setembro de 2010. Disponível em:http//uj.novaprolink.co.br/doutrina/7155/o_tempo_e_o_direito↵

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264)OST,François.OtempodoDireito.Lisboa:Piaget,1999.↵

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265)JRSANTOS,FranciscoAlves.Tempo eDireito: reflexosdotempofilosóficoecientíficonocampojurídico. In:RevistadoInstituto de Pesquisas e Estudos. Bauru, nº27, p-21-55, dez-mar,1999/2000.↵

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266)ALCIBIADES Mirla. Periodismo y literatura enConcepción Acevedo de Tailhardat (1855-1953).FundaciónCelarg,2006.↵

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267)Un arduo trabajo de María Eugenia Díaz en su publicación:EscritorasVenezolanasdel sigloXIX,Caracas: FundaciónparalaCulturaUrbana,2009.↵

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268)ConfrónteseAlcibíades,Mirla. La heroica aventura de crearunarepública.Caracas:MonteÁvilaEditores,2004.↵

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269)Confróntese Quintero, Inés. El fabricante de peinetas.Caracas:EditorialAlfa,2011.↵

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270)ALCIBIADES Mirla. Periodismo y literatura enConcepción Acevedo de Tailhardat (1855-1953).FundaciónCelarg,2006,p.14.↵

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271)ARVELOLARRIVA. Enriqueta.Prosa, Barinas, FundaciónCulturalBarinas,ColecciónLaPorfía,1987.↵

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272)Véase Mandrilo, Cosimo. Antología poética de MaríaCalcaño, 1983; CALCAÑO, María. Obras Completas,Maracaibo,editorialPanchoelPájaro,1996.↵

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273)CitadoporSOLAECHE,MaríaCristinaSolaeche.Luisa delValleSilvasintiempoysinespacio:resonanciaslíricasdela infancia. Letralia Tierra de Letras:Letralia.com/2008/ensayo,AñoXIII,nº208.

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274)PALACIOS, Antonia. Ficciones y aflicciones, Caracas,BibliotecaAyacucho,1989.↵

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275)Zambrano, Gregory. Delta poético de las autorasvenezolanas de los noventa, 2004.http://gregoryzambrano.wordpress.com↵

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276)DE LA PARRA, Teresa. Tres conferencias inéditas,Caracas,EdicionesGarrido,1961.↵

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277)PALACIOS, Antonia. Ficciones y aflicciones, Caracas,BibliotecaAyacucho,1989.↵