histÓria da igreja cristÃ...

49
1 IGREJA CRISTÃ MARANATA HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MARANATA Estabelecimento da Igreja No Brasil, tal como em outras partes do mundo, os anos de 1960 foram um tempo de profundo avivamento espiritual. A experiência do batismo com o Espírito Santo e a operação dos dons espirituais ultrapassaram as fronteiras das Igrejas pentecostais mais antigas. Na vida de muitos crentes e Igrejas evangélicas cumpriu-se a profecia de Joel que a Igreja apostólica experimentou no Pentecostes: «Nos últimos dias, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne…» (Atos 2:17-18). Foi neste contexto que um pequeno grupo de irmãos experimentou a maravilhosa bênção do derramamento do Espírito Santo. Um dos resultados mais notáveis desse avivamento foi que o Senhor começou a revelar-se através dos dons espirituais. Em breve aquele pequeno grupo começou a entender que estava perante um sério dilema: ou iriam acomodar a nova bênção à sua estrutura eclesiástica tradicional (vinho novo em odres velhos), ou passariam a ouvir a voz do Espírito Santo permitindo que o Senhor os dirigisse e criasse uma nova estrutura espiritual no seu meio (vinho novo em odres novos). Foi nesse momento que aqueles poucos irmãos tomaram a decisão que marcaria o seu futuro: a de passar a obedecer ao Senhor, dando a Cristo verdadeiramente o lugar de Cabeça do Corpo (Efésios 5:23). E assim começaram um percurso por um novo caminho, que não conheciam porque nunca o haviam percorrido até então (Josué 3:4), e que prossegue até hoje. Que significou, na prática, essa decisão? Em primeiro lugar, confiar em absoluto e obedecer sem reservas à Palavra de Deus, como única e exclusiva fonte de autoridade para a fé e prática. A história da Igreja mostra que muitos começaram bem, mas perderam o rumo porque se afastaram da Palavra de Deus. Em segundo lugar, tal como a Palavra ensina, usar os dons espirituais não apenas como sinais para a evangelização ou para edificação ocasional dos irmãos, mas como recursos essenciais para a realização da Obra de Deus. Designadamente, aquele pequeno grupo aprendeu que através dos dons espirituais o Senhor deseja dirigir e governar o Seu povo. Se Deus dirigia a sua Obra no meio da Igreja primitiva, não há qualquer razão para duvidar de que Ele faça o mesmo hoje. No entanto, para os dons funcionarem com segurança, foi preciso entender e viver mais profundamente a doutrina da igreja como Corpo de Cristo. No meio de jejuns, muita oração e lutas, os irmãos foram aprendendo a discernir a voz do Senhor, a julgar cuidadosamente os dons e a aplicá-los com sabedoria para edificação da Igreja. Dons mal discernidos ou aplicados sem sabedoria podem destruir a Obra de Deus; mas com discernimento e sabedoria resultam em grande bênção (Pv. 14:1). O Senhor agradou-se desta atitude, pois passou a ter liberdade para revelar a Sua vontade sobre todos os aspectos da vida do Corpo. Uma nova estrutura (odre novo) começou a tomar forma, não originada na mente de alguns homens especialmente inteligentes ou experientes, mas pela revelação do Espírito Santo no Corpo. Desde cedo o Senhor deixou claro que Ele mesmo iria suprir todas as necessidades materiais da Igreja. É dado ensinamento bíblico ao povo das Igrejas a respeito da fidelidade ao Senhor nas ofertas, mas não se pede dinheiro nem são levantadas ofertas durante as reuniões de culto. A Igreja não depende de qualquer instituição externa para o seu sustento. Os recursos são geridos de forma centralizada, o que permite estabelecer e sustentar a Obra onde e como o Senhor determinar. Um dos resultados mais notáveis da decisão de consultar o Senhor em tudo o que diz respeito à Sua Obra e de Lhe obedecer foi a unidade promovida pelo Espírito Santo entre os pastores e entre as Igrejas (neste momento mais de 5.000). A única unidade possível é a unidade do Espírito, como sabemos. Todos têm direito às suas opiniões, mas quando o Senhor revela a Sua vontade sobre qualquer questão só há lugar para uma dessas duas atitudes: obediência ou desobediência. Assim se explica que, a caminho dos 40 anos de existência, nunca tenha havido uma cisão na Igreja, ou se tenham criado facções no seu seio.

Upload: lemien

Post on 09-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

IGREJA CRISTÃ MARANATA

HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MARANATA Estabelecimento da Igreja No Brasil, tal como em outras partes do mundo, os anos de 1960 foram um tempo de profundo avivamento espiritual. A experiência do batismo com o Espírito Santo e a operação dos dons espirituais ultrapassaram as fronteiras das Igrejas pentecostais mais antigas. Na vida de muitos crentes e Igrejas evangélicas cumpriu-se a profecia de Joel que a Igreja apostólica experimentou no Pentecostes: «Nos últimos dias, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne…» (Atos 2:17-18). Foi neste contexto que um pequeno grupo de irmãos experimentou a maravilhosa bênção do derramamento do Espírito Santo. Um dos resultados mais notáveis desse avivamento foi que o Senhor começou a revelar-se através dos dons espirituais. Em breve aquele pequeno grupo começou a entender que estava perante um sério dilema: ou iriam acomodar a nova bênção à sua estrutura eclesiástica tradicional (vinho novo em odres velhos), ou passariam a ouvir a voz do Espírito Santo permitindo que o Senhor os dirigisse e criasse uma nova estrutura espiritual no seu meio (vinho novo em odres novos). Foi nesse momento que aqueles poucos irmãos tomaram a decisão que marcaria o seu futuro: a de passar a obedecer ao Senhor, dando a Cristo verdadeiramente o lugar de Cabeça do Corpo (Efésios 5:23). E assim começaram um percurso por um novo caminho, que não conheciam porque nunca o haviam percorrido até então (Josué 3:4), e que prossegue até hoje. Que significou, na prática, essa decisão? Em primeiro lugar, confiar em absoluto e obedecer sem reservas à Palavra de Deus, como única e exclusiva fonte de autoridade para a fé e prática. A história da Igreja mostra que muitos começaram bem, mas perderam o rumo porque se afastaram da Palavra de Deus. Em segundo lugar, tal como a Palavra ensina, usar os dons espirituais não apenas como sinais para a evangelização ou para edificação ocasional dos irmãos, mas como recursos essenciais para a realização da Obra de Deus. Designadamente, aquele pequeno grupo aprendeu que através dos dons espirituais o Senhor deseja dirigir e governar o Seu povo. Se Deus dirigia a sua Obra no meio da Igreja primitiva, não há qualquer razão para duvidar de que Ele faça o mesmo hoje. No entanto, para os dons funcionarem com segurança, foi preciso entender e viver mais profundamente a doutrina da igreja como Corpo de Cristo. No meio de jejuns, muita oração e lutas, os irmãos foram aprendendo a discernir a voz do Senhor, a julgar cuidadosamente os dons e a aplicá-los com sabedoria para edificação da Igreja. Dons mal discernidos ou aplicados sem sabedoria podem destruir a Obra de Deus; mas com discernimento e sabedoria resultam em grande bênção (Pv. 14:1). O Senhor agradou-se desta atitude, pois passou a ter liberdade para revelar a Sua vontade sobre todos os aspectos da vida do Corpo. Uma nova estrutura (odre novo) começou a tomar forma, não originada na mente de alguns homens especialmente inteligentes ou experientes, mas pela revelação do Espírito Santo no Corpo. Desde cedo o Senhor deixou claro que Ele mesmo iria suprir todas as necessidades materiais da Igreja. É dado ensinamento bíblico ao povo das Igrejas a respeito da fidelidade ao Senhor nas ofertas, mas não se pede dinheiro nem são levantadas ofertas durante as reuniões de culto. A Igreja não depende de qualquer instituição externa para o seu sustento. Os recursos são geridos de forma centralizada, o que permite estabelecer e sustentar a Obra onde e como o Senhor determinar. Um dos resultados mais notáveis da decisão de consultar o Senhor em tudo o que diz respeito à Sua Obra e de Lhe obedecer foi a unidade promovida pelo Espírito Santo entre os pastores e entre as Igrejas (neste momento mais de 5.000). A única unidade possível é a unidade do Espírito, como sabemos. Todos têm direito às suas opiniões, mas quando o Senhor revela a Sua vontade sobre qualquer questão só há lugar para uma dessas duas atitudes: obediência ou desobediência. Assim se explica que, a caminho dos 40 anos de existência, nunca tenha havido uma cisão na Igreja, ou se tenham criado facções no seu seio.

2

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Doutrina e Prática Para esta unidade do Corpo contribui decisivamente a vivência dos cinco ministérios (Efésios 4:11). No corpo dos pastores (Presbitério) manifestam-se estes ministérios, embora ninguém seja tratado com outro título a não ser o de pastor. Devido à diferente função que cada ministério tem no Corpo, é freqüente fazer transitar um pastor de uma para outra Igreja, de modo a que as Igrejas se beneficiem da diversidade de ministérios. Por exemplo, se uma Igreja precisa de crescer em número, é enviado um servo com ministério de evangelista; se precisa de doutrina, um doutrinador. O doutrinador, porém, não é alguém que fala de si mesmo, das suas conclusões pessoais de estudo da Palavra. A doutrina é apostólica e emerge do Corpo, havendo unanimidade em torno daquilo que se entende como vindo do Senhor. A Igreja tem Seminários destinados a formar doutrinariamente toda a Igreja, especialmente os obreiros, onde esta doutrina é ensinada de forma sistemática. Nas Igrejas locais existe, com abundância, o dom da profecia e a palavra de conhecimento. Mas é no meio dos pastores que, de forma especial, se manifesta o ministério do profeta. Muitas vezes, Deus usa os profetas para dar orientações para uma Igreja, uma região, ou mesmo para todas as Igrejas. Essas orientações, quando reconhecidas como provenientes do Espírito de Deus, são implementadas de forma disciplinada em todas as Igrejas; desta forma, o Senhor reina sobre o Seu povo. É também nas freqüentes reuniões de pastores que os assuntos relativos a estes são tratados, incluindo o levantamento de novos irmãos para o ministério da Palavra. Todos os servos e servas podem ser usados por Deus nos dons espirituais, incluindo a profecia (I Cor. 14:1). Uma das orientações do Senhor há alguns anos foi o chamado culto profético. Antigamente, o pastor da Igreja, sozinho ou auxiliado por um número muito restrito de irmãos, tomava todas as decisões respeitantes ao culto: quem ia dirigir o louvor, quem ia pregar, a mensagem a pregar, os hinos a cantar, etc. O Senhor mostrou que queria toda a igreja envolvida no culto e que iria dar sinais que seriam para edificação dos irmãos e para salvação de vidas. Hoje, cada Igreja está dividida em grupos, sendo cada grupo responsável por um culto por semana. Antes de cada culto, esse grupo (que já orou de madrugada e durante o dia) reúne-se para preparar a reunião daquele dia (as nossas Igrejas, em regra, têm cultos todos os dias exceto às sextas-feiras, que é dedicado ao lar). Há vários dons espirituais que mostram a vontade do Senhor para aquela reunião. Inclusive, há sinais proféticos para as pessoas que vão estar presentes, sejam irmãos da Igreja, sejam alguns que visitam a Igreja pela primeira vez. As experiências têm sido notáveis, cumprindo-se a palavra de Paulo (I Coríntios 14:25): «Os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós». Não apenas na Igreja local, mas também em grandes reuniões de evangelização, que juntam 5, 20 ou até 100 mil pessoas, a utilização dos dons espirituais tem sido constante. Além da mensagem de salvação, é proclamada a volta em glória do Senhor Jesus, chamando a atenção para os sinais proféticos que hoje se estão cumprindo em todo o mundo. O resultado destas grandes reuniões tem sido uma taxa de crescimento extraordinária das Igrejas. Nestas reuniões, geralmente feitas em grandes recintos (até mesmo em estádios de futebol), há irmãos que cantam, tocam instrumentos, dirigem o louvor, pregam a Palavra e oram pelas pessoas. No entanto, nestas ocasiões nenhum nome é anunciado a não ser o de Jesus Cristo. É Ele quem recebe toda a glória. Uma nota final sobre o trabalho com crianças e adolescentes. Há vários anos que o Senhor despertou a Igreja para o fato de as crianças serem, não apenas a Igreja de amanhã, mas parte integrante da Igreja de hoje. Por isso, o Senhor tem requerido uma atenção especial aos mais novos, dando-lhes não apenas instrução bíblica como, levando-os a uma experiência de salvação e de batismo com o Espírito Santo. Hoje em dia, é reconhecido que são as crianças os melhores evangelistas das Igrejas. É impressionante como o Senhor às usa, na simplicidade e autenticidade da sua fé. Têm sido realizadas grandes reuniões especiais com elas, cujo efeito chega mesmo a ultrapassar o das reuniões de adultos. Ao observar como Deus abençoa os mais pequenos, é como se o Senhor nos lembrasse constantemente que é através da fé simples e humilde dos seus servos que Deus pode operar maravilhas e exaltar o Seu glorioso Nome.

3

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Obra do Espírito Santo 1. O Projeto para a Edificação da Igreja (Mar. 16:15-18) 1.1. O Senhor Jesus tem uma obra para executar: a edificação do Corpo de Cristo (Mt. 16:18; Mar.16:15-18). O Senhor opera através da Igreja (Mt. 18:18-20). O Senhor usa uma Igreja integrada por servos dispostos a se negarem a si mesmos (Mt. 16:24) e a executarem a vontade revelada do Senhor com fidelidade (Apo. 2:10). 1.2. Toda obra de edificação está baseada em um projeto. Se quisermos construir com segurança e de acordo com a vontade do arquiteto, temos que seguir com fidelidade o projeto (I Cor. 3:9-11). Para realizar a Obra de edificação do Corpo de Cristo, semelhantemente, temos de conhecer o Projeto de Deus. Caso contrário não estaremos realizando a Sua Obra, mas a nossa obra, a obra de nossa denominação, de nossa União de igrejas. 1.3. O Senhor não aceita qualquer trabalho que os crentes realizam para Ele. Não basta trabalhar com sinceridade. É preciso trabalhar usando os recursos espirituais que Ele colocou à disposição da Igreja e edificar obedecendo fielmente ao Seu projeto. O Espírito Santo (representado como fogo nas Escrituras) provará tudo o que fizermos e o Senhor aprovará ou rejeitará nosso trabalho por mais sincero que tenha sido (I Cor. 3:12-15). 1.4. Um exemplo bíblico claro é a edificação do Templo, figura da Igreja, por Salomão (II Cor. 6:16). A construção do Templo é uma figura da Obra de edificação da Igreja (I Cor. 3:9-10; 16-17). Da mesma forma que David transmitiu a Salomão todo o material (I Crôn. 29:1-2) e as plantas (I Crôn. 28:11-19) para a construção do Templo, o Senhor Jesus transmite ao Espírito Santo todas as instruções e o material necessário para a edificação da Igreja (João 16:7-15). 1.5. Ninguém pode conhecer o projeto de Deus para a edificação da Igreja a não ser por revelação do Espírito Santo (I Cor. 2:9-12). A Obra de Deus não coincide com nossa “visão”, nosso entendimento, nosso sentimento, nossos planos, nem com os projetos de nossa denominação ou União de igrejas (Isa. 55:8-9). O Espírito Santo dirige a Igreja a cada passo, revelando o que não agrada ao Senhor (Isa. 30:21; 42:16). 1.6. O Espírito Santo revela o projeto de Deus através das Escrituras Sagradas (II Tim. 3:15-16) e por meio dos dons espirituais (At. 9:10-16; 10:2-5). A Igreja precisa buscar a vontade do Senhor em oração (Atos 13:2 e Luc. 11:9-13). 2. O propósito do Batismo com o Espírito Santo 2.1. O Senhor Jesus batiza os crentes com o Espírito Santo para que estes recebam poder para testemunhar do Senhor com poder (Atos 1:8), ou seja, com unção, com sinais (Luc. 1:20) e operações dos dons espirituais (I Cor. 14:24-25). Mas também batiza com o Espírito para que possa aconselhar e orientar a Igreja, guiando-a a toda a verdade (Jo. 14:26; 16:13). 2.2. Não é suficiente ser batizado com o Espírito Santo. É preciso entender o propósito de Deus com o batismo com o Espírito para que se possa então viver de acordo com esse propósito. O Espírito Santo não foi derramado sobre a Igreja para promover cultos emocionantes, nem para que a Igreja receba mais bênçãos, nem sequer para projetar “grandes servos de Deus”. Em outras palavras, o batismo com o Espírito Santo não se destina a agradar a Igreja nem a exaltar os líderes da Igreja. 2.3. O propósito do batismo com o Espírito Santo é glorificar o Senhor Jesus (Jo. 16:14), é capacitar a Igreja a realizar a Obra de edificação do Corpo (I Cor. 14: 5, 12) mediante a pregação da Palavra com autoridade (I Cor. 2:4-5) e com sinais (Mar.16:20; I Cor. 14:23-25). 2.4. Após o batismo com o Espírito, o Senhor deseja conceder à Igreja os 5 ministérios (Ef. 4:11) e os 9 dons espirituais (I Cor. 12:8-10), pois todos são instrumentos necessários para que o Senhor possa governar Sua Igreja e confirmar a pregação do Evangelho com sinais.

4

IGREJA CRISTÃ MARANATA

3. A Obra do Espírito Santo 3.1. O Espírito Santo opera com base no Sangue de Jesus 3.1.1. O Senhor Jesus completou a obra que o Pai lhe havia confiado quando, após nascer e viver uma vida sem pecado morreu na cruz como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A Bíblia se refere ao seu sangue como símbolo do Seu sacrifício pela Igreja (Apo. 5:9-10). 3.1.2. É com base nesse sangue oferecido como sacrifício pelos pecados da humanidade que o Espírito Santo opera hoje a obra de Salvação, ou seja, a Obra de edificação da Igreja. Para Jesus, o sangue derramado na cruz representou Sua morte; para nós, representa vida eterna, salvação (Jo. 6:53-56). 3.1.3. O Espírito Santo hoje tem o poder de transmitir ao homem a vida eterna porque o Senhor Jesus consumou a missão que o Pai lhe confiou para a salvação da humanidade, ao derramar o Seu sangue na cruz (Jo. 19:30). Esse é o “material” que Jesus transmitiu ao Espírito Santo para a edificação da Igreja. Se o Senhor Jesus não tivesse morrido pela Igreja e não tivesse ressuscitado, o Espírito não poderia nos transmitir vida eterna, nem operar salvação em nós (I Cor. 15:17, 20-21). 3.2. O Espírito Santo conecta a Cabeça ao Corpo 3.2.1. Cabe ao Espírito Santo receber as instruções do Senhor Jesus e transmiti-las à Igreja (Jo. 16:13-14). Quando a Igreja está ouvindo o que o Espírito está transmitindo, recebe toda a orientação do Cabeça da Igreja necessária à Sua edificação (Jo. 10:16). 3.2.2. O Espírito Santo recebe do Senhor e transmite à Igreja não apenas palavras de conforto e estímulo (Jo. 14:25-26), mas também todo tipo de instruções necessárias à edificação da Igreja (“toda a verdade”, Jo. 16:13). O Senhor Jesus cumpre, assim, sua promessa de estar sempre com Sua Igreja (Mat. 28:20) e manifesta seu Governo sobre a Igreja (Isa. 9:6, 7). 3.2.3. Todas as orientações gerais que o Senhor Jesus tem para sua Igreja, inclusive todas as doutrinas, estão contidas nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento (I Tim. 3:15-17) - e dos dons espirituais. Exemplo de orientação geral é a orientação referente a ir a todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura (Mar. 16:15). 3.2.4. Quanto às orientações particulares, o Senhor as transmite por meio dos dons espirituais (I Cor. 14:1-6 24-31). Uma orientação particular na área da pregação do Evangelho é a dada a Paulo proibindo-o de pregar na Ásia e na Bitínia, e orientando-o a ir para a Macedônia (At. 16:6-10). 3.3. O Espírito Santo testifica do Senhor Jesus e glorifica apenas a Ele 3.3.1. Quando o Espírito Santo fala por meio dos dons espirituais (profecia, interpretação de línguas e palavra de conhecimento – mediante visões, sonhos e revelações), Ele não exalta servos fiéis, nem membros da família humana de Jesus, mas apenas o Senhor Jesus (Jo. 16:14). 3.3.2. O Espírito glorifica apenas a Jesus. Toda Sua operação por meio dos 5 ministérios ou dos 9 dons espirituais tem por objetivo proclamar que Jesus está vivo (o Pão vivo), está presente no meio de Sua Igreja (Emanuel), é o Senhor da Sua Igreja (o Cabeça), ama o Seu povo (o Noivo) e cuida da Igreja (o Pastor). Ler At. 4:8-12. 3.4. O Espírito Santo revela o que está além da letra na Palavra de Deus 3.4.1. Há partes da Palavra cujo significado profundo não é evidente (Mat. 13:10-17; Gál. 4:21-31). O Senhor quer, por meio do Espírito Santo, revelar (ou iluminar) o significado dessas passagens e riquezas ocultas em outras Escrituras, para que a Igreja seja edificada por toda a Palavra de Deus (I Cor. 2:10-13). Por exemplo, o

5

IGREJA CRISTÃ MARANATA

ensino contido em partes dos livros de Daniel, Cântico dos Cânticos e Apocalipse, bem como todo o significado das parábolas de Jesus só podem ser plenamente entendidos com a assistência do Espírito Santo. 3.4.2. À Igreja é dado conhecer o que está além da letra na Palavra de Deus pela operação do Espírito Santo (II Cor.3:5-6; Dan. 2:19-23). Caso isso não ocorra, a Igreja estaria limitada a depender de estudiosos da Bíblia, cujas interpretações divergem entre si, e acabaria cínica com relação à possibilidade de se entender o real significado das Escrituras. Na realidade, isso é o que ocorre a muitos estudiosos em Seminários onde o Espírito Santo não está operando integralmente. 3.4.3. A razão dessa dificuldade de entendimento de muitas passagens da Palavra de Deus é que sem a revelação (iluminação) do Espírito Santo, não se consegue penetrar os mistérios da Palavra de Deus. “Graças te dou, ó Pai, porque… as revelaste aos pequeninos” (Mat. 11:25-26). 3.4.4. Jesus abriu o entendimento dos discípulos para entender o que está além da letra enquanto esteve com eles (Luc. 24:25-27 44-47). Esta missão cabe hoje ao Espírito Santo, incumbido pelo Senhor Jesus de nos guiar a toda a verdade (Jo. 16:13). 3.5. O Espírito Santo e a Salvação 3.5.1. O Espírito opera salvação aplicando a Palavra de Deus ao coração do homem, convencendo-o do pecado (todos os homens são pecadores), da justiça (Jesus Cristo é a nossa justiça) e do juízo (o Senhor há de julgar os vivos e os mortos) (Jo. 16:7-11). O novo nascimento é resultado da operação do Espírito Santo (Jo. 3:5-8). 3.5.2. Os dons espirituais são instrumentos do Espírito Santo para a salvação do homem. Por meio dos dons o Senhor revela os segredos dos corações do homem para que ele creia e confirma a pregação da Palavra (I Cor. 14:24-25), convencendo o homem de que Jesus é o Salvador, está vivo, ama o pecador e voltará um dia para arrebatar Sua Igreja.

ORGANIZAÇÃO DA IGREJA A Igreja Cristã Maranata é dirigida, em âmbito nacional, por uma Comissão Executiva Nacional, constituída por cerca de 16 pastores, que tomam decisões na presença do Senhor. Administrativamente, a Igreja se divide em Regiões, cada Região em Áreas e cada Área em Pólos. Em cada Região, Área e Pólo há uma Comissão dirigida por um pastor Coordenador ou Supervisor, que executa as decisões da Comissão Executiva Nacional e que toma decisões em sua esfera de competência. Em todas as reuniões em nível de Comissão Executiva, Região, Área e Pólo, o Senhor tem a possibilidade de se manifestar. Mais do que isso, os pastores esperam o conselho do Senhor para tomarem qualquer tipo de decisão que considere relevante. Esse tem sido o segredo da prosperidade da Igreja. Todos os pastores são unânimes ao afirmarem que as melhores decisões são sempre as tomadas com base em algum conselho do Senhor.

DOUTRINAS BÁSICAS Jesus, Cabeça da Igreja O Senhor Jesus é o Cabeça da Igreja (Ef. 5:23), que é o Seu Corpo. A Igreja deve viver, praticar essa doutrina, buscando o conselho do Senhor, pedir suas orientações, consultando o Senhor em tudo o que for importante para a realização da Obra de Deus e renunciado a planos humanos. É da vontade do Senhor que Seus servos e Sua Igreja busquem conhecer Seu plano para a edificação da Igreja. A missão do Espírito Santo é revelar esse plano.

6

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Nas Escrituras encontram-se belíssimos exemplos de servos dependentes do Senhor, que nada faziam sem uma clara orientação do Senhor. O Senhor se agradou profundamente desses servos, havendo testemunhado desse agrado. Com relação a David, que em tudo consultava ao Senhor, disse Deus: "Achei a David, homem segundo meu coração, que fará toda a minha vontade"! Moisés foi outro exemplo de servo que não tomava qualquer decisão relevante sem antes consultar o Senhor. A respeito dele, testemunhou o Senhor: "Com Moisés, meu servo, eu falo face a face". Nenhum outro profeta alcançou tal nível de comunhão com o Senhor. No Novo Testamento, para permitir que o Senhor Jesus governasse a Igreja, Deus decidiu batizar com o Espírito Santo seus servos - jovens, adultos, anciãos - nos últimos tempos. Como conseqüência desse batismo, seus servos teriam visões, sonhos e profecias (Joel 2:28). Curiosamente, não há menções a línguas ou curas nessa profecia fundamental que foi mencionada pelo apóstolo Pedro em sua primeira mensagem (At. 2). Mas há menções àqueles dons permitem ao Senhor se comunicar com Sua Igreja, revelando, assim, Sua vontade. No entanto, aqueles dons mencionados por Joel passaram para um segundo plano no século XX e as igrejas cristãs passaram a valorizar mais os dons de línguas e de curar. Ademais, verifica-se que a profecia, as visões e os sonhos passaram a se referir a necessidades particulares de crentes, e não para transmitirem orientações do Senhor sobre o funcionamento e as necessidades da Igreja. Na era apostólica, contudo, os dons eram usados também para revelar a vontade de Deus sobre Sua Obra. Temos exemplos disso nos dons espirituais por meio dos quais o Senhor revelou a Cornélio que deveria chamar Pedro a sua casa (At. 10:3-6), orientou Filipe a pregar ao eunuco etíope (At. 8:26, 29), revelou o pecado oculto de Ananias e Safira (At. 5:1-4), orientou Ananias a visitar Paulo e orar por ele (At. 9:10-16), revelou a Pedro para não hesitar, mas pregar o evangelho aos gentios na casa desse centurião (At.10:9-16 e 19-20), revelou a Paulo que não deveria pregar o evangelho na Ásia nem na Bitínia, mas na Macedônia (Atos 16:6-10), revelou à Igreja que estatutos no Velho Testamento deveriam ser observados pelos gentios que se convertiam (Atos 15:28,29), Paulo foi orientado a subir a Jerusalém para submeter seu ensino aos apóstolos (Gál. 2:1-2), o Senhor revelou que havia escolhido Timóteo para o ministério da Palavra (II Tim 4:14), etc. Se a Igreja deseja ter, atualmente, experiências semelhantes às da época dos apóstolos, necessita compreender que o Senhor Jesus deve tornar-se na prática - e não apenas na doutrina - o Cabeça da Igreja. Na Palavra de Deus escrita temos a doutrina e as orientações gerais para a edificação da Igreja. Mas através dos dons espirituais, o Senhor ensina à Sua Igreja as aplicações específicas da doutrina e as orientações que se aplicam a uma igreja em particular com conselhos práticos para os pastores e para a vida diária da Igreja. É, portanto, pelos dons espirituais que o Senhor Jesus revela os detalhes do Seu projeto de edificação da Igreja. Sob a supervisão dos pastores, as instruções específicas transmitidas por meio dos dons espirituais são testadas (I Tes. 5:10-21) e os dons são aplicados com sabedoria (I Cor 14:20, 40). Igreja, Corpo de Cristo Para que possa haver um despertamento espiritual na Igreja, torna-se necessário entender seu papel como Corpo de Cristo. O apóstolo Paulo (I Cor 12:27, Ef. 1:22, 23) afirma claramente que a Igreja é o Corpo de Cristo. Não apenas isso, mas demonstra como deve se comportar nessa condição de Corpo do Senhor. Verificamos que, na Palavra de Deus, o Corpo é não apenas uma doutrina, mas também uma realidade prática. Para que um Corpo vivo, no meio do qual o Espírito Santo opera, a Igreja necessita estar ligada ao Cabeça, que é o Senhor Jesus. A Igreja, para isso, precisa viver em comunhão com o Senhor Jesus e receber os dons espirituais, por intermédio dos quais o Senhor Jesus fala à Sua Igreja. No entanto, o Senhor Jesus só pode exercer plenamente a Sua função de Cabeça da Igreja quando esta está organizada como um Corpo, da forma indicada no capítulo 12 de I Coríntios e em Efésios 4:1-16: todos os membros têm uma função e a executam com fidelidade. Ademais, no Corpo todos os membros são edificados

7

IGREJA CRISTÃ MARANATA

pela operação do Espírito Santo por meio dos dons espirituais e da operação do Ministério da Palavra (os cinco ministérios de Efésios 4:11). O Corpo de Cristo deve ser um corpo sadio e normal. Em qualquer corpo sadio os membros dependem dos comandos do cérebro para operar. Se não houver uma ordem do cérebro, nenhum membro de um corpo normal e sadio se move. Semelhantemente, no Corpo de Cristo o Senhor Jesus revela Sua vontade com relação à operação dos membros e das Igrejas coletivamente. Essa foi a finalidade do envio do Espírito Santo para estar para sempre com a Igreja (Jo 16:13-14). Em um corpo humano, cada membro é gerado para ocupar um lugar determinado e exercer uma determinada função. No Corpo de Cristo, semelhantemente, os membros não têm a possibilidade de escolher seu lugar ou sua função. É o Senhor Deus, por meio do Espírito Santo, que coloca os membros no Corpo como quer (I Cor 12:18, 28). Essa escolha é confirmada pelos servos aos quais o Senhor atribuiu o Governo da Igreja (pastores, anciãos). Todo membro fiel deve submeter-se ao Governo da Igreja, pois foi estabelecido pelo Senhor. A Igreja é integrada por membros fiéis e trabalhadores, que obedecem às determinações do Senhor e às orientações dos pastores. Fé e fidelidade são duas qualidades que caracterizam a Igreja. Fidelidade significa obediência às determinações da Palavra de Deus e às orientações do Senhor para a vida cotidiana da Igreja, transmitidas por meio dos dons espirituais e através dos pastores. A Igreja deve ser doutrinada a respeito da responsabilidade de cada membro de participar na edificação da Igreja, executando fielmente sua função no Corpo de Cristo, conforme revelado pelo Espírito Santo. O Poder do Sangue de Jesus A Igreja necessita aprender a usar o grande recurso que o Senhor lhe concedeu para desfrutar de plena proteção, vida espiritual e comunhão com Deus: o sangue de Jesus. O sangue de Jesus não pode continuar a ser apenas uma doutrina objeto da fé. A Igreja precisa aprender a viver essa doutrina e a beneficiar-se de todo o poder que há no sangue do Cordeiro, recebendo, assim, todas as bênçãos que o Senhor concedeu ao seu povo mediante o poder desse sangue. Convém lembrar, a princípio, que a Bíblia nos ensina que, para receber, é necessário pedir: "pedi e dar-se-vos-á" (Luc. 11:9,10). As bênçãos que o Senhor deseja conceder à Sua Igreja devem ser pedidas em oração para que o Senhor as conceda. Ao pedir, exercemos a fé pela qual nos apropriamos das promessas do Senhor contidas nas Escrituras (Heb. 11:1, 6). Da mesma forma que o Senhor Jesus nos ensinou a pedir o Espírito Santo (Luc. 11:13), devemos pedir as bênçãos conquistadas para Sua Igreja pelo Senhor Jesus ao morrer pela Sua redenção, ou seja, ao derramar seu precioso sangue no Calvário. Em geral, a Igreja sabe apenas que o Senhor Jesus derramou o seu sangue para Sua "salvação" ou "redenção". No entanto, convém assinalar que "salvação" compreende não apenas o novo nascimento, mas uma vida de santificação. As Escrituras exortam os crentes a operarem sua salvação "com temor e tremor". A Palavra de Deus também nos mostra que o sangue de Jesus foi derramado para que a Igreja desfrutasse das seguintes bênçãos - que estão incluídas na salvação: Purificação dos pecados (I Jo. 1:7). Assim como devemos confessar nossos pecados para sermos perdoados, devemos crer que o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado. Assim, é removido um obstáculo à nossa comunhão com o Senhor. Comunhão com o Senhor (Heb. 10:19-22). A Palavra revela que os crentes entrar com ousadia no Santo dos Santos - em outras palavras, na presença do Senhor - pelo sangue do Cordeiro. Por isso os servos do Senhor devem clamar ao Senhor para que Ele remova obstáculos à comunhão de forma que não apenas seu espírito mas também sua alma (mente, emoções) estejam em plena comunhão com o Senhor.

8

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Vitória sobre o Adversário (Apo. 12:11). A Igreja vencerá o Adversário até o fim "pelo sangue do Cordeiro" e pela palavra de seu testemunho. A Igreja deve exercer a fé nessa promessa em momentos de luta e o Senhor manifestará o poder do sangue de Jesus na vida dos seus servos, concedendo a vitória de que necessita. Proteção contra o inimigo (Ex. 12:23). A vitória compreende essa proteção, à exemplo do que o povo de Israel conseguiu no Egito. O Destruidor não pôde penetrar as casas dos israelitas e destruir os primogênitos, pois ao ver o sangue ele foi obrigado a "passar por cima" dessas casas. Por essa razão, quando rogamos em oração para o Senhor nos cobrir com o sangue de Jesus, somos protegidos contra ataques do Adversário em qualquer situação, inclusive no início de cada culto ou reunião. Dessa forma, não há manifestações de dons falsos em nosso meio. Libertação de costumes, vícios e comportamento indevido (I Ped.1:18-19). A Palavra afirma que somos libertados da vã maneira que herdamos de nossos pais pelo sangue do Senhor Jesus. Assim, quando algum crente revela que ainda está preso a algum tipo de comportamento que não glorifica o Senhor, podemos orar baseando a nossa fé nessa Escritura que nos garante a vitória nessa luta por meio do sangue de Jesus. O sangue de Jesus está estreitamente ligado à operação do Espírito Santo. A razão é simples: o Espírito Santo só pode operar baseado na Obra consumada pelo Senhor Jesus na cruz do Calvário ao derramar seu precioso sangue; em outras palavras, ao dar a sua vida pelos nossos pecados. Em Levítico lemos que a vida está no sangue. Da mesma forma, a vida eterna está no sangue de Jesus. O Senhor nos disse que, se não bebêssemos o seu sangue não teríamos vida espiritual. E logo adiante explicou que as palavras que havia dito eram espírito e vida. Entendemos a lição: quando o Espírito Santo opera em nossas vidas Ele transmite a vida que há no sangue de Jesus, a vida eterna que o Senhor Jesus conquistou para nós ao derramar seu sangue pela nossa salvação. Assim como o sangue de Jesus circulava no corpo físico do Senhor Jesus dando vida a cada célula, o Espírito Santo hoje opera na Igreja, visitando cada membro do Corpo, transmitindo a vida eterna a cada um de nós, aplicando a Palavra de Deus aos nossos corações. Quando nós oramos para o Senhor nos conceder uma determinada bênção (dentre as acima referidas) com base no poder que há no sangue de Jesus, o Senhor envia o Espírito Santo, que opera a bênção de que carecemos baseado no sangue derramado, com base na Obra consumada pelo Senhor Jesus na cruz do Calvário. O sangue de Jesus foi derramado uma só vez na cruz do Calvário mas é aspergido continuamente sobre os servos de Deus, que são "eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo" (I Ped. 1:2). Aleluia!

DONS ESPIRITUAIS E MINISTÉRIO 1. Princípios gerais Em sua eterna sabedoria e graça, Deus decidiu conceder à Igreja todos os instrumentos espirituais necessários à Sua edificação: os 9 dons espirituais (I Cor. 12:8-11) - palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, operações de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas e interpretação de línguas - e os 5 ministérios (Ef. 4:11)- apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre. A edificação da Igreja, na qual o Senhor Jesus está diretamente envolvido (Mat. 16:18) e que é a Obra do Espírito Santo, começou no dia do Pentecostes com o derramamento do Espírito Santo - que está encarregado de transmitir as revelações provenientes do Senhor Jesus como Cabeça da Igreja - e terminará no dia em que essa edificação estiver concluída, o dia do arrebatamento (I Cor. 13:10). Durante todo esse período, esses instrumentos de edificação são necessários para a realização dessa Obra que o Senhor confiou à Sua Igreja. O Batismo com o Espírito Santo não foi concedido apenas para transmitir unção (I Jo. 2:27) e alegria à Igreja (Rom. 14:17). O supremo propósito do Batismo com o Espírito Santo é capacitar a Igreja a receber dons

9

IGREJA CRISTÃ MARANATA

espirituais e ministérios para a sua edificação. É por essa razão que, ao prometer enviar o Espírito Santo a todos os seus servos e servas, o Senhor revelou ao profeta Joel (Joel 2:28) que, como resultado do recebimento do Espírito, haveria profecias, visões e sonhos, ou seja, dons espirituais. Note-se que essas são manifestações de dons espirituais por meio dos quais o Senhor revela com mais exatidão Sua vontade à Igreja. No entanto, os 9 dons espirituais não podem ser usados de forma adequada sem a assistência dos ministérios. Os 5 dons espirituais e os 5 ministérios se complementam. Dons usados sem a assistência dos ministérios se tornam uma fonte de problemas e não alcançam o objetivo de edificação da Igreja. Por essa razão, em cada Igreja local, cabe ao Pastor supervisionar o uso dos dons espirituais, julgar cada manifestação de dons espirituais - juntamente com um grupo amadurecido de membros da Igreja local - e decidir sobre a aplicação do dom com sabedoria, de tal forma que seja alcançado o propósito de edificação. 2. Os dons na Igreja local Assim sendo, sempre que há manifestações de dons espirituais (profecia, interpretação, visões, sonhos e revelações) que contêm orientações para um crente, para um grupo da Igreja ou para a Igreja como um todo, essas manifestações são transmitidas ao Pastor, a quem caberá decidir - com a ajuda do referido grupo de crentes - sobre a autencidade do dom (se provém do Espírito Santo) e sobre a forma de aplicar a orientação transmitida através dessa manifestação. Os dons usados dessa forma - sob a supervisão do pastor, julgado sobre sua procedência e aplicado com sabedoria - são sempre um motivo de edificação (I Cor. 14:3-5, 12) e de alegria para a Igreja. Há Igrejas em das Américas e da Europa que têm experimentado o uso dos dons espirituais dessa forma, com resultados maravilhosos. Algumas Igrejas já utilizam os dons espirituais dessa maneira há mais de 35 anos, sem que tenham experimento os problemas que em geral são associados a essas manifestações do Espírito Santo. Para preparar a igreja para um maior derramamento do Espírito que ocorrerá antes da segunda e gloriosa vinda do Senhor Jesus para arrebatar Sua Igreja, o Senhor está chamando a atenção do seu povo para a necessidade de usar os dons espirituais de forma bíblica: com sabedoria e discernimento. A medida em que esses ensinamentos são transmitidos à Igreja e são praticados, a Igreja está preparada para receber uma grande visitação do Espírito Santo sem que haja os problemas normalmente associados aos dons espirituais. Ao contrário, os dons espirituais serão um motivo de muito alegria e bênção para a Igreja, pois por meio deles o Senhor poderá revelar toda a Sua vontade ao seu povo. 3. O culto no Novo Testamento Por outro lado, os dons espirituais são essenciais à realização de um culto no Novo Testamento. A orientação do Espírito Santo sobre como devem ser realizados os cultos da Igreja refere-se apenas a três elementos: doutrina, cânticos e dons espirituais (I Cor. 14:23-33). O apóstolo Paulo se detém, então, na operação dos dons espirituais, demonstrando como os incrédulos serão convertidos (será convencido, adorará a Deus e proclamará que Deus está na Igreja) quando houver manifestações de dons que revelem os segredos dos seus corações (I Cor. 14:24-25). O ensino desses versículos é confirmado por Mar 16:20, que afirma que os apóstolos pregaram em toda a parte, "cooperando com eles o Senhor e confirmando a Palavra por meio de sinais que se seguiam". Isso é importante, pois demonstra que a doutrina, indispensável para a fé ("a fé vem pelo ouvir... a Palavra de Deus"), é confirmada nos corações dos ouvintes pelo Senhor Jesus no coração dos descrentes por meio de manifestações de dons espirituais ("sinais que se seguiam"). Daí se deduz que, para pregar com poder é necessário pregar com a operação de sinais que são operados por meio dos dons espirituais (operação de maravilhas, dons de curar, profecias que revelam os segredos dos corações, etc.). A Igreja deve, portanto, buscar os dons espirituais - mandamento do Senhor (I Cor. 14:1) para que possa testemunhar com eficácia do Senhor Jesus.

10

IGREJA CRISTÃ MARANATA

4. Reuniões de servos que têm ministérios Os dons espirituais são também necessários para que o Senhor possa aconselhar as Igrejas e os servos usados em ministérios (pastores ou anciãos, evangelistas, etc.). Em reuniões desses líderes de uma determinada cidade ou região, por exemplo, pode-se consultar o Senhor a respeito de decisões que precisam ser tomadas para a realização da Obra de Deus. O Senhor pode também tomar a iniciativa e revelar Sua vontade sobre assuntos que estão sendo discutidos pelos pastores. A manifestação do Senhor Jesus nas reuniões desses líderes resulta na edificação e na unidade entre os participantes. Quando o Senhor tem a possibilidade de falar aos pastores a presença de Deus nessas reuniões é mais sensível, gerando o temor do Senhor, o amor aos irmãos, a humildade e a verdadeira unidade cristã. E, por outro lado, cessam as discórdias, o surgimento de facções, os ciúmes e as agressões entre os pastores. Quando se discute um assunto e não se alcança consenso, pode-se consultar o Senhor pedindo o Seu conselho. O Senhor, então, graciosamente, aconselha os seus pastores, falando por meio dos dons espirituais. E quando o Senhor se manifesta surge uma concordância entre todas que é fruto da operação do Espírito Santo. Por essa razão, os líderes que têm ministério (pastores ou anciãos, evangelistas, etc.) devem orar e jejuar para que o Senhor lhes conceda dons espirituais. O Senhor sempre atende esse tipo de pedido, pois é feito conforme a vontade do Senhor (I Cor. 14:1). Ademais, os líderes devem começar a ensinar à Igreja que, no Novo Testamento, não há profetas infalíveis como no Velho Testamento. Hoje em dia não se julga (nem se apedreja) o profeta que falha; julga-se apenas a profecia (I Cor. 14:27, 29; I Tes. 5:20-21). Portanto, ensina-se, também à Igreja que ninguém deve sentir-se humilhado nem ficar aborrecido quando uma profecia que transmitir não for do Senhor, a critério dos demais que julgarem.

O ARREBATAMENTO DA IGREJA Atenta ao momento profético que vive atualmente, a Igreja fiel deve estar anunciando sem cessar a Volta do Senhor Jesus para arrebatar a Igreja (Mat. 24:40-44), denominada Sua Noiva nas Escrituras. O arrebatamento é uma doutrina claramente expressa nas Escrituras Sagradas (I Tes. 4:13-17). Compete à Igreja fiel atentar para os sinais dos tempos, reconhecendo que estão quase inteiramente cumpridos os sinais preditos pelo Senhor Jesus em seu sermão profético (Mat. 24:3-14 e 29-36), embora não se saiba o dia nem a hora. Nestes dias, a Igreja deve procurar viver em santificação, produzindo o fruto do Espírito, em obediência à Palavra de Deus e às determinações do Espírito Santo, e anunciar sem cessar a Salvação que há somente em Cristo Jesus - pela graça, mediante a fé - e Sua Volta gloriosa para arrebatar Sua Igreja (I Tes. 5:4-10). Nos dias atuais, a Igreja fiel deve buscar não apenas ser batizada com o Espírito Santo, mas também viver cheia do Espírito (Ef. 5:18-21). À semelhança do que ocorreu com as virgens fiéis, a Igreja que será arrebatada terá não apenas um pouco de azeite, mas um reservatório de azeite (Mat. 25:1-13). A Igreja fiel estará preparada para a volta do Senhor, pois é uma Igreja gloriosa, sem mancha (pecado) nem ruga (envelhecimento espiritual), conforme descrito em Efésios 5:26-27. Igreja não apenas aguarda o regresso do Senhor mas ama a Sua Vinda (II Tim.4:8). Por sua vez, a Igreja infiel critica essa espera e esse anseio da Igreja fiel (II Ped. 3:4), pois não está preparada para esse momento glorioso da História da Salvação. Mas a Igreja fiel está sendo edificada a cada dia, está tendo sua fé e sua esperança na Volta do Senhor Jesus fortalecidas constantemente à medida que presencia (1) os sinais que estão confirmando a pregação do Evangelho, (2) a operação dos dons espirituais, e (3) os conselhos e as orientações do Senhor. "Certamente venho sem demora. Ora vem, Senhor Jesus!" (Apo. 22:17, 20).

11

IGREJA CRISTÃ MARANATA

AVIVAMENTO ESPIRITUAL Antes da volta do Senhor Jesus em glória para o arrebatamento, o Senhor estará derramando abundantemente do Seu Espírito Santo sobre o seu povo fiel, a fim de preparar Sua Igreja para esse momento. Somente cheia do Espírito Santo a Igreja poderá estar pronta, da forma descrita em Efésios 5. À medida em que o derramamento do Espírito Santo atinge as Igrejas, estas estarão experimentando um Avivamento da Igreja, que elevará os servos do Senhor a um nível espiritual mais elevado, caracterizado por: (a) mais amor ao Senhor e aos irmãos; (b) maior disposição para servir o Senhor e a Igreja; (c) maior interesse em estudar e ouvir a Palavra de Deus; (d) maior unção dos pastores para a pregação da Palavra e para a evangelização; (e) maior satisfação em participar dos cultos, adorando o Senhor em Espírito e em verdade; (f) uma vida de santificação e obediência à Palavra de Deus. Os pastores que desejarem preparar suas Igrejas para experimentarem esse Avivamento, devem instruí-las a (1) buscar a santificação e a obediência à Palavra de Deus, (2) buscar o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais, (3) usar os dons espirituais com sabedoria e discernimento, e submissão aos pastores, (4) se submeterem ao Governo do Senhor Jesus sobre a Igreja e (5) viver em amor e em comunhão uns com os outros. Cabe notar que, se uma congregação não aprender a "usar os dons espirituais com sabedoria e discernimento", julgando devidamente as manifestações espirituais para se assegurarem de que procedem do Espírito Santo, caso um Avivamento tenha início, cessará em pouco tempo. A razão para isso ocorrer é simples: dons usados indevidamente tornam-se uma fonte de problemas para as Igrejas, e os crentes terminam perdendo a confiança nos dons. Se, ao contrário, uma Igreja aprender a usar os dons espirituais com sabedoria e discernimento, julgando-os e interpretando-os, e utilizando-os sob a supervisão de seus pastores, o Senhor terá condições de governar a Igreja, e o Avivamento durará até a volta do Senhor Jesus. Daí a necessidade de dons espirituais serem usados de uma forma recomendada nas Escrituras Sagradas. Em nossas Igrejas são transmitidos ensinamentos sobre a prática dos dons espirituais com discernimento, decência e ordem - conforme nos recomendam as Escrituras em I Coríntios capítulo 14 - e sobre sua aplicação com sabedoria. Por outro lado, para que o Senhor possa operar um Avivamento em uma certa cidade, região ou país é importante que os pastores dessa localidade, região ou país estejam dispostos a ser dirigidos pelo Espírito Santo a viver em comunhão espiritual entre si. Essa comunhão pode começar com reuniões de oração, inclusive com jejuns, onde a prioridade seja buscar os dons espirituais e permitir que o Senhor Jesus aconselhe esses pastores. Unidade na Igreja Os crentes no Senhor Jesus devem estar unidos entre si, atentando para o ensino bíblico segundo o qual "há somente um Corpo e um Espírito" (Ef. 4:4). Em sua oração sacerdotal o Senhor Jesus intercedeu junto ao Pai para que seus discípulos fossem um assim como Ele e o Pai são um (Jo. 17:11). Em João capítulo 10, versículo 16, o Senhor Jesus mostra como chegaria um tempo em que haveria um só rebanho e um pastor. Durante muito tempo Igrejas evangélicas e pentecostais se contentaram com uma teologia "otimista" - embora desmentida pela realidade - que afirmava que essa unidade da Igreja não era visível mas era uma realidade diante de Deus, o que seria suficiente para atender o desejo de unidade do Senhor. Mas a Palavra de Deus nos ensina que a unidade do Espírito é algo que também depende do esforço dos crentes: “… esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef. 4:3). A esse respeito, verifica-se que o Conselho Mundial de Igrejas, entidade criada em 1948 por líderes cristãos com o objetivo de promover a união entre as várias denominações cristãs, embora buscando teoricamente atender a esse objetivo bíblico, não alcançou seu propósito por dois motivos principais:

12

IGREJA CRISTÃ MARANATA

1. Falta de entendimento de que a verdadeira unidade só é possível entre os crentes que crêem e praticam a Palavra do Senhor, não podendo incluir aqueles que a negam pela sua prática. Por exemplo, igrejas que praticam a idolatria, condenada nas Escrituras, ou que colocam uma tradição qualquer no mesmo nível que a Palavra de Deus. 2. Falta de compreensão de que a forma de unidade que o Senhor Deus deseja é espiritual conforme o Senhor Jesus claramente afirmou na oração que fez ao Pai em João, capítulo 17. O objetivo do Senhor não era uma unidade eclesiástica, institucional ou oficial. Nos últimos anos, contudo, o Espírito Santo tem despertado os verdadeiros crentes, especialmente nos meios que crêem no batismo com o Espírito Santo e que compreendem o valor das Escrituras Sagradas, para a necessidade de buscar a unidade que o Espírito Santo está promovendo no momento atual que precede de perto o arrebatamento da Igreja. Em todo o mundo encontram-se atualmente igrejas e pastores que têm sido despertados pelo Senhor para buscarem a verdadeira unidade, promovida pelo Espírito Santo. Ainda não podemos afirmar com segurança como o Espírito Santo alcança essa unidade. Devemos, no entanto, estar abertos para o que o Senhor revelar sobre esse assunto, sendo obedientes ao que o Espírito já nos tem revelado. Já sabemos, por exemplo, que devemos buscar uma aproximação com todas as Igrejas e pastores cristãos que crêem apenas na Bíblia como única regra de fé e prática e que estão sendo sensibilizados pelo Espírito Santo para a importância da unidade. Dessa forma, poderemos conhecer esses outros irmãos, sua fé, sua experiência e suas necessidades, podendo, então, começar a orar uns pelos outros. À medida que estivermos orando uns pelos outros, o Espírito Santo estará derramando em nossos corações o amor de Deus por esses irmãos e passaremos a não sobre-valorizar as pequenas diferenças existentes entre nós em matéria de prática (costumes, cerimônias, formas de louvar, etc.). Por outro lado, a comunhão surgirá principalmente como resultado de as Igrejas passarem a ouvir a voz do Senhor Jesus (Jo. 10:16) e a se submeterem na prática (não apenas na teoria) ao Governo do Senhor. Caberá apenas ao Senhor, quando e se quiser, começar a nos esclarecer sobre essas diferenças. Temos de confiar na Sua operação miraculosa nesse campo tão delicado que é a Unidade da Igreja. De outra forma, jamais prosperaremos no caminho da Unidade. Nesta fase inicial é, naturalmente, mais fácil promover a comunhão entre igrejas pentecostais e carismáticas (moderados), pois essas congregações crêem que o Senhor Deus ainda fala à Sua Igreja por meio dos dons espirituais e estão, pelo menos teoricamente, abertos aos conselhos do Senhor e ao Governo do Senhor Jesus sobre Sua Igreja. Deus Fala com a Sua Igreja Deus sempre falou ao Seu povo - tanto a Israel, no Velho Testamento, quanto à Igreja primitiva, no Novo Testamento. Ao longo da História da Igreja, igualmente, lemos a respeito de manifestações de dons espirituais por meio dos quais o Senhor falou ao seu povo. Ainda hoje o Senhor fala com a Sua Igreja fiel, com as congregações que crêem na Palavra do Senhor e se submetem ao Senhorio do Senhor Jesus. As manifestações do Espírito Santo por meio de dons espirituais, contudo, sempre se limitaram à Igreja fiel, ou seja, à Igreja que vivia em santificação e obediência, evangelizando e servindo aos irmãos, não se conformando com este mundo, mas se renovando continuamente. Em contrapartida, a Igreja acomodada ao mundo, ao pecado e à carne não experimentou a manifestação de dons espirituais, mas sempre perseguiu a Igreja fiel, criticando inclusive essas manifestações.

13

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Quando o Senhor deu início ao grande derramamento do Espírito Santo no início do movimento pentecostal, seguiram-se manifestações de dons espirituais, da mesma forma que a Igreja primitiva experimentara. O Senhor passou não apenas a curar e a operar sinais que confirmavam a pregação da Palavra (Mar. 16), mas também a falar ao seu povo por meio dos dons espirituais previstos pelo profeta Joel quando profetizou a respeito do grande derramamento do Espírito Santo que ocorreria nos últimos tempos (Joel 3): profecias, visões e sonhos. O Senhor começou, então, a dirigir Seu povo e a orientar Suas Igrejas ao redor do mundo. Há testemunhos extraordinários a respeito do uso de dons espirituais com a finalidade de manifestar o Governo do Senhor Jesus sobre Sua Igreja em várias partes do mundo, inclusive nas Américas, na Europa e na Ásia. Durante o período em que o regime comunista controlou os países que constituíram a antiga União Soviética, a Igreja perseguida sempre contou com extraordinárias manifestações do Senhor por meio de dons espirituais. O Senhor aconselhava Seu povo, revelava o que congregações locais deveriam fazer em momentos difíceis, sendo freqüentes as manifestações dos dons espirituais destinadas a expressar a vontade do Senhor de forma clara e inteligível: profecia, interpretação de línguas e palavra de conhecimento (sonhos, visões e revelações). Dessa forma começou o movimento pentecostal no Brasil. O Senhor falou por meio de dons espirituais aos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, revelando que deveriam deixar os Estados Unidos, onde residiam, com destino ao Pará, no Brasil, onde passariam a viver e a anunciar o Evangelho, inclusive o batismo com o Espírito Santo, que eles haviam recentemente experimentado. Nas primeiras décadas do movimento pentecostal no Brasil eram freqüentes as manifestações desses dons espirituais. A partir da segunda metade do século XX, contudo, esses dons se tornaram menos freqüentes e a ênfase passou a ser os dons de línguas e de curas. Posteriormente, quando o Senhor começou a batizar com o Espírito Santo crentes de Igrejas tradicionais evangélicas na década de 60, voltou a conceder dons espirituais pelos quais o Senhor se comunica com o Seu povo. Foi nessa época, em 1967 mais precisamente, que surgiu a Igreja Cristã Maranata. O Senhor se dispôs a dirigir um pequeno grupo de irmãos, prometendo que, se fossem obedientes às Suas orientações, prosperariam e se tornariam um grande povo. O Senhor cumpriu Sua Palavra. A Igreja atingiu todos os Estados do Brasil e estabeleceu congregações em vários países de todos os Continentes. Ademais, o seu testemunho tem alcançado vários outros países, inspirando e estimulando Igrejas a buscar experiências semelhantes com o Senhor. Desde o início da Igreja Cristã Maranata, portanto, o Senhor tem dirigido Seu povo por meio dos dons espirituais. Não tem faltado o conselho do Senhor para todas as decisões importantes que a Igreja toma, inclusive para o levantamento de diáconos e pastores, para o início de novas igrejas e para solução de problemas. Isso tem sido possível devido ao sistema de julgamento dos dons espirituais - princípio bíblico que é em geral negligenciado em outros meios cristãos - estabelecido em cada congregação local e em reuniões de pastores em nível local, regional e nacional.

A BÍBLIA E AS NOVIDADES DOUTRINÁRIAS Em meio à apostasia que atinge a Igreja histórica, a Igreja fiel é fortalecida pelo batismo com o Espírito Santo e por sua fé na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. A Igreja fiel crê na inspiração plenária e na inerrância das Escrituras Sagradas do Velho e do Novo Testamentos, pois elas foram inspiradas pelo Espírito Santo (II Tim. 3:16) e, portanto, expressam a vontade de Deus para a vida da Igreja e de cada crente em particular. A Igreja fiel entende que toda e qualquer comunhão entre igrejas ou entre pastores deve ser baseada na fé comum nas doutrinas bíblicas e na experiência comum da operação do Espírito Santo. Entende, também, que a Bíblia contém todas as doutrinas necessárias à sua edificação. Todas as regras em matéria fé (em que a Igreja crê) e prática (como a Igreja vive, serve e adora a Deus) encontram-se nas Escrituras Sagradas. As doutrinas reveladas nas Escrituras e nas quais a Igreja fiel sempre creu se referem à Bíblia como sendo a Palavra revelada de Deus, à Trindade, ao Plano de Salvação, e à Pessoa e Obra do Senhor Jesus.

14

IGREJA CRISTÃ MARANATA

No momento profético em que vivemos, o Senhor Deus tem levado a Igreja a anunciar de forma constante a Segunda Vinda de Cristo, e a praticar as doutrinas da Igreja como Corpo de Cristo, do Batismo com o Espírito Santo, dos Dons Espirituais e dos 5 Ministérios mencionados em Efésios 4:11. A prática destas doutrinas é necessária para que a Igreja esteja ouvindo a voz do Senhor Jesus (Jo. 10:16), para que tenha poder para pregar o evangelho (At. 1:8) e para que sinais confirmem essa pregação (Mar. 16:20). Para andar no Espírito (Gál. 5:16) e viver cheia do Espírito (Ef. 5:18) a Igreja necessita apenas crer e praticar todas as doutrinas ensinadas na Palavra de Deus (a Bíblia), sobretudo obedecer ao Senhor, ouvir a voz do Espírito e viver em santificação, além de utilizar os meios de graça: meditação na Palavra, jejum e a oração - inclusive em vigílias e cedo de manhã. A Igreja não necessita das novidades doutrinárias surgidas nos últimos 50 anos, especialmente após o início do movimento carismático. Embora esse movimento tenha sido fruto de um grande derramamento do Espírito Santo, parte dele perdeu a direção do Espírito na medida em que não percebeu o pleno significado das Escrituras Sagradas como única e suficiente fonte de fé e prática para a Igreja. Para a glória de Deus, há, contudo exemplos, em vários países, de Igrejas cheias do Espírito e que estão andando no Espírito, onde os membros são batizados com o Espírito Santo e estão buscando e praticando os dons espirituais. Essas Igrejas, que crêem no uso dos dons espirituais de forma bíblica -para buscar a direção do Espírito Santo - não aceitam novidades doutrinárias ou práticas. O Momento Atual A Igreja vive hoje o momento profético que precede de perto a volta do Senhor Jesus em glória para arrebatar Sua Igreja. Não se sabe, evidentemente, o dia, nem a hora, mas temos a obrigação de discernir os sinais dos tempos. Para que a Igreja pudesse entender o momento profético em que vive, o Senhor Jesus deixou falou a respeito de vários sinais no Sermão Profético do capítulo 24 de Mateus e no livro do Apocalipse. Como Noiva de Jesus, a Igreja estará alerta no momento do retorno do Senhor, com candeias cheias de azeite, ou seja, cheia do Espírito Santo, pois, além de ter sido batizados com o Espírito, os servos fiéis do Senhor enchem-se continuamente do Espírito (Ef. 5:18-21). A Igreja deve estar pregando o Evangelho de Jesus com poder e a Palavra deve ser acompanhada de sinais que a confirmem (Mar. 16:20). Daí a necessidade de se buscarem o batismo com o Espírito Santo (At. 1:8) e os dons espirituais. As manifestações de dons espirituais - profecia, palavra de conhecimento, milagres, curas - são usadas pelo Senhor para demonstrar ao mundo que Jesus está vivo! Além de proclamar que o Senhor Jesus está vivo, a Igreja tem a grande responsabilidade de anunciar que Ele em breve voltará! Martinho Lutero declarou que a Igreja deve viver como se Jesus tivesse morrido ontem, ressuscitado hoje e fosse voltar amanhã! Maranata! Ora vem, Senhor Jesus! Glória Somente a Deus "Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos." (Apo. 5.13) Na Obra que Deus realiza com o objetivo de edificar a Igreja haverá sempre uma característica marcante: toda atividade visa a glória de Deus e, em particular, resulta na exaltação do nome do Senhor Jesus Cristo. "A minha glória… não a darei a outrem" (Isa. 42.8), afirma o Senhor em Sua Palavra. As Escrituras Sagradas ensinam que agrada a Deus Pai ver Deus Filho exaltado. Por essa razão, o Espírito Santo foi enviado para glorificar o Filho (João 16:14) e o Pai deu a Jesus "o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai". Deus é, portanto, glorificado quando a Igreja se submete ao Senhorio de Jesus Cristo.

15

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Os apóstolos entenderam bem a importância desse tema, pois jamais aceitaram glória da parte dos homens. Pedro e João no Templo, por ocasião da cura de um coxo de nascença, se dirigiram à multidão dos que ficaram maravilhados com o milagre e indagaram: "…por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?" E explicaram de imediato: "O Deus de Abraão…glorificou a seu Servo Jesus…a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós" (At. 3:13 e 16). Essa deve ser a atitude dos servos de Deus. Eles não podem nem devem anunciar o seu próprio nome, nem aceitar a divulgação de seus nomes como grandes personagens da fé. Devem, antes, apontar para Jesus ("Eis o Cordeiro de Deus"), demonstrando em seu comportamento a mesma atitude interior de João Batista: "Convém que ele cresça e eu diminua" (Jo. 3.30). O Senhor não permite, em Sua Obra, a proclamação de nomes de "grandes servos de Deus" - quer sejam pregadores, profetas, cantores ou músicos - pois, depois de havermos feito tudo quanto nos foi ordenado, "somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer" (Lc. 17.10). Uma doutrina bíblica que, praticada, contribui para evitar a exaltação do homem é a da Igreja como Corpo de Cristo. No Corpo, embora haja muitos membros, como cada um deles tem uma função útil à edificação do Corpo, o Senhor usa todos os membros. Por essa razão, se um membro é muito usado pelo Senhor, ele não sobressai, pois os demais membros também são muito usados pelo Senhor. Entre os pastores da Igreja, o mesmo acontece. Como todos os pastores são ungidos com o Espírito Santo e, por isso, são todos usados pelo Senhor - quer seja na pregação e no pastoreio, quer na operação de curas e sinais - e como o Senhor dá prosperidade a todas as igrejas locais - e não apenas à igreja de um determinado pastor superdotado - não há fundamento para nenhum pastor se exaltar ou ser exaltado. Outra razão para a não-exaltação dos pastores muito usados é que a Palavra de Deus ensina que todos precisam dos demais membros do Corpo, pois nenhum pastor possui todos os ministérios (apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre). Esse fato bíblico obriga todos os pastores a viverem em comunhão uns com os outros, pois na comunhão, suas igrejas serão beneficiados pelos demais ministérios. Os pastores sabem que a edificação da igreja se dá em primeiro lugar por meio da operação desses cinco ministérios (Ef. 4.11 e 12). O Apóstolo Paulo adverte sobre esse assunto, ao afirmar que ninguém deve pensar de si mesmo "além do que convém; antes pense com moderação… Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo…" (Romanos 12:3-8). Os pastores sabem, ainda, que a vaidade - até mesmo a vaidade de ser muito usado pelo Senhor - é fatal à vida espiritual. Na Obra do Espírito Santo não há lugar para "grandes servos de Deus vaidosos". Só há lugar para "servos inúteis". E mais: um pastor vaidoso é um pastor caído. Finalmente, cabe ter presente o perigo que representa a exaltação de um servo de Deus. Quanto mais um servo é colocado em evidência - indevidamente aceitando a glória que é devida apenas a Deus - mais ele se apresenta como um alvo preferencial para os ataques do Adversário, inclusive com a tentação da vaidade. Convém, portanto, jamais esquecer esse princípio básico da Obra de Deus: Soli Deo gloria! (Glória somente a Deus).

Um Modelo para a Igreja Contemporânea "Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? Assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus” (I Cor. 2:11-12)

16

IGREJA CRISTÃ MARANATA

"Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo“. (I Cor. 3:10-11) Os Modelos do Mundo No mundo cristão atual, várias propostas têm surgido para servirem de modelo para a Igreja. Nas áreas da evangelização, liderança, direção, planejamento e organização a Igreja parece estar sem um rumo. Observa-se, há algumas décadas, que as Igrejas procuram treinar seus “líderes” nos modernos Seminários teológicos que apresentam ensinos novos nesses campos. Os professores desses Seminários se habituarem a propor às Igrejas a adoção de modelos, padrões técnicas e métodos seculares baseados ou inspirados no mais das vezes nas modernas ciências da administração, dos negócios e da psicologia e do showbusiness. Outras vezes, observa-se que os métodos utilizados na evangelização e no testemunho pessoal se baseiam não apenas em uma moderna apologética mas também em técnicas psicológicas desenvolvidas na área de vendas. A atuação de pastores em suas congregações baseia-se por vezes em ensinos de psicologia prática tais como “como fazer amigos e influenciar pessoas”. Existem também métodos de organização e crescimento puramente racionais – a organização da igreja em “grupos caseiros” ou em “células”, o “discipulado”, por exemplo – que, embora de uma maneira geral não contrariem princípios da Palavra de Deus, são apresentados como “as soluções” para as necessidades da Igreja no mundo moderno. No entanto, até mesmo esses podem tornar-se negativos se, em sua execução, contiverem elementos que dispensem a atuação de pastores ungidos “por revelação e imposição de mãos do Presbitério” (I Tim. 4:14). Desde a década de 60, as apresentações de grandes evangelistas e pregadores passaram a se moldar pela apresentação de músicos ou dirigentes de programas da televisão secular e do show business geral. Eles parecem haver detectado um desejo da parte dos crentes modernos em terem os seus “heróis”, à semelhança do mundo, que são idolatrados pelos “seus” grandes feitos. Todos esses modelos e métodos modernos são certamente atraentes, embora não sejam propriamente bíblicos. São atraentes porque se baseiam na razão humana e são bem formulados, apresentando argumentos convincentes e utilizando métodos que cativam os ouvintes. Deduz-se daí que eles devem ser os melhores modelos para a apresentação do evangelho na televisão, no rádio ou em auditórios. Esses modelos e métodos são muitas vezes introduzidos nas próprias igrejas, como se fossem necessários à pregação eficaz do evangelho. Verifica-se, a esse respeito, que as Igrejas não têm desenvolvido padrões bíblicos, inspirados ou revelados pelo Espírito Santo para fazer face aos desafios do mundo moderno. Enquanto que a ciência moderna avança a passos rápidos em todas as áreas, a Igreja não tem avançado do ponto de vista espiritual, desenvolvendo modelos com métodos e práticas genuinamente espirituais. A Igreja não crê que o Senhor possa revelar os métodos do Espírito para a realização da Obra de Deus, que consiste na edificação da Igreja. Essa incredulidade bem pode ter sido originada no fato de que o Senhor raramente se comunica com essas igrejas por meio dos dons espirituais através da profecia com vistas a dirigir a Igreja, “guiando-a a toda a verdade”. Em razão dessa incredulidade, a Igreja se contenta e, até mesmo, fica fascinada com os modelos bem sucedidos no mundo, tornando-se, assim, dependente das técnicas e métodos do mundo. O máximo que o Cristianismo consegue é ficar sempre em uma posição de dependência e de inferioridade com relação ao mundo, tentando acompanhar e imitar o que este mundo apresenta de mais moderno. Os Modelos Religiosos Outros modelos se baseiam na generalização de experiências isoladas registradas na Bíblia, outros em “interpretações contemporâneas” de certos ensinamentos bíblicos, como se a Igreja fiel através dos séculos

17

IGREJA CRISTÃ MARANATA

nunca tivesse compreendido devidamente alguns ensinos das Escrituras. Esses modelos costumam apresentar certas doutrinas pontuais (relativas a uma área de atividade da igreja) como sendo uma espécie de “solução mágica” para os problemas e as necessidades da Igreja dos dias atuais. Como o Espírito Santo não está falando, revelando Sua vontade à Igreja inclusive por meio de Mestres ungidos pelo Senhor, os teólogos e os pregadores evangélicos sentem-se à vontade para oferecer suas interpretações das Escrituras. Repete-se o mesmo fenômeno ocorrido no período inter-testamentário: como o Senhor parou de falar por meio dos profetas, multiplicaram-se as interpretações - racionais e lógicas! - dos doutores da lei e dos fariseus, gerando a chamada Tradição, tão condenada pelo Senhor Jesus pelo seu poder para anular as Escrituras. Pela mesma razão, multiplicam-se hoje as ênfases impróprias e as interpretações errôneas de doutrinas, a generalização de experiências bíblicas, as doutrinas baseadas na experiência de grandes servos pregadores (isolados do Corpo) e as noções não-bíblicas, gerando óbvias distorções, tais como: 1) ênfases em alguns dons espirituais (línguas e curas) ou em certas operações do Espírito (libertações de opressões e traumas; louvor; unção com óleo); 2) interpretações intelectuais errôneas de versículos bíblicos: sobre oração (surgimento da “guerra espiritual”), sobre cura divina (o sacrifício de Jesus proporciona a base para que os servos de Deus sejam hoje necessariamente curados de todas as enfermidades); 3) generalização equivocadas de experiências de servos do Velho Testamento (David dançou, logo a Igreja deve dançar diante do Senhor; Israel rodeou Jericó 7 vezes, logo a Igreja deve rodear espiritualmente as cidades que desejar ganhar para o Evangelho); 4) doutrinas ou práticas estabelecidas com base na experiência de um grande pregador (Deus exigiu de um pregador que ore 3 vezes ao dia; ele então entende que esta deve se tornar uma prática a ser observada por todos os crentes); e 5) noções não-bíblicas: de fé (confundida com convencimento mental: “eu estou convencido disto, logo Deus está obrigado a agir”), de amor (confundido com sentimento humano, em vez de resultado de operação do Espírito), etc. Multiplicam-se, assim, as doutrinas, as práticas e os ensinamentos, e os livros sobre esses temas, apresentando freqüentemente essas doutrinas, práticas e ensinamentos como “a última revelação de Deus” para a Igreja atual, “a solução” para as dificuldades da Igreja do século XXI. Multiplicam-se os livros cristãos e os sites que apresentam essas novidades ao povo de Deus. Paralelamente, os recursos espirituais (jejum, oração, meditação na Bíblia, pregação da pura Palavra de Deus, Evangelização acompanhada de sinais, a Obra de Deus executada por todos os membros da Igreja) são relegados a segundo plano, pois não se acredita que sejam suficientes para produzir salvação no mundo moderno. Tudo isso caracteriza uma óbvia crise de fé, pois a fé de muitos na Palavra de Deus esfria, o que apenas confirma que se vive os últimos tempos da Igreja na Terra. O Modelo Bíblico A Palavra de Deus apresenta um modelo de Igreja que encontra pleno suporte tanto no Velho quanto no Novo Testamento, com respeito a liderança, direção, planejamento e organização da Igreja. A aplicação desse modelo tem sempre como resultado a eficácia na edificação da Igreja, inclusive na pregação do Evangelho com frutos que permanecem, pois esta é acompanhada de sinais.

18

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Esse modelo é atemporal, ou seja, não necessita de ser alterado conforme a época histórica que a Igreja vive, pois se baseia em princípios eternos, revelados pelo Senhor nas Escrituras Sagradas. No Velho Testamento já se encontram esses princípios gerais que são aplicáveis com perfeição à Igreja do século XXI. Temos exemplos claros da aplicação desses princípios nas vidas de servos de Deus, como José, Moisés e David, no Velho Testamento, e os apóstolos do Senhor Jesus, no Novo Testamento. Na condução tanto do povo de Israel quanto da Igreja, observam-se esses princípios: 1. A Obra do Senhor é realizada por um povo fiel, obediente e que vive em santificação. Agradou sempre ao Senhor revelar Sua vontade a esse povo disposto a ouvir e obedecer às Suas revelações. 2. O Senhor revela Sua vontade quanto à organização e à edificação da Igreja. A Obra de edificação da Igreja deve ser realizado de acordo com o Plano de Deus, que ele deseja revelar aos que o buscam com a disposição de segui-lo. 3. O Senhor não precisa de pessoas excepcionalmente dotadas para realizar Sua Obra, mas utiliza servos humildes e obedientes. O tipo de “líder” que agrada ao Senhor é o “servo inútil”, que é dependente do Senhor, pois sem o Senhor “nada pode fazer”. Por essa razão, o servo em tudo consulta o Senhor. 4. A Obra do Senhor não é realizada basicamente por um grande pregador ou evangelista, mas é realizada por meio da totalidade do Corpo de Cristo, a Igreja, integrada por servos que nasceram de novo e se dispõem a viver para a glória de Deus e para servir o Senhor e Sua Igreja. 5. O avivamento é o estado normal da Igreja, não o excepcional. Devemos viver de tal forma que a Igreja esteja continuamente desperta, cheia do Espírito Santo. Esta Igreja entende a importância de buscar o Senhor com oração, jejum, meditando na Palavra e buscando as orientações do Senhor por meio dos dons espirituais. 6. Na Igreja, toda a glória é dada apenas a Deus Pai e ao Cordeiro, o Senhor Jesus. Nenhum homem é exaltado na Obra do Senhor. Como o Senhor usa todos os servos, torna-se mais fácil resistir à tentação de idolatrar os servos mais usados. Liderança: servos inúteis Em matéria de governo de igreja, por exemplo, o termo moderno mais utilizado para se referir a um ministério ou serviço realizado na Igreja é no mínimo impróprio: liderança. O Senhor Jesus se referiu aos servos que deveriam ocupar posições de governo na Igreja como “servos”, não como líderes. Aquele que quiser ser o maior na Igreja deve ser o que mais serve. Os exemplos bíblicos demonstram que a capacidade dos apóstolos para motivar os crentes ao serviço na Obra do Senhor, inclusive na Igreja e na Evangelização, residia no fato de que eles davam o exemplo de trabalho cristão – ninguém trabalhavam tanto quanto eles – e de que eles ensinavam todo o conselho de Deus com franqueza, sem o temor de desagradar os ouvintes. No entanto, o tipo de “liderança” sugerido atualmente em meios cristãos é, primeiramente, a do líder que dá ordens e é servido. Em segundo lugar, o líder procura cativar as pessoas com boas maneiras, polidez e técnicas de “conquistar amigos e influenciar pessoas”. Por outro lado, o “líder” atual não vive, contudo, como os apóstolos da Igreja primitiva viviam. Os líderes atuais buscam a própria glória (maior por vezes do que a dos apóstolos) ou aceitam a glória que se lhes dá. São exaltados, tornando-se muitas vezes os heróis da Igreja, os “grandes servos de Deus”. No entanto, eles não passam pelas mesmas provações daqueles apóstolos, o que os mantinha humildes e os levava a ensinar: “quem é Paulo, quem é Apolo, a não ser servos por meio dos quais haveis crido?”

19

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Um outro aspecto que distingue os antigos servos de Deus dos atuais “líderes” é que os apóstolos primitivos eram por vezes dirigidos pelo Senhor a pregar o Evangelho para a salvação uma ou duas famílias (caso de Paulo na Macedônia). Não tinha a mentalidade de buscar resultados quantitativos. Sua preocupação era fazer a vontade revelada do Senhor. Os modernos “líderes”, contudo, são muito importantes e tendem a aceitar convites apenas para pregar a multidões. Direção: receber revelações do Senhor Com relação à direção da Igreja, ressalta a importância de receber orientações do Senhor Jesus, que faz questão de exercer Sua função de Cabeça da Igreja, Seu Corpo. Como Corpo normal e sadio, a Igreja depende do comando do Cabeça para se mover e executar todas as suas funções. Em um corpo humano a morte é definida basicamente como morte cerebral, cessando o cérebro de enviar impulsos aos diversos membros e órgãos do corpo. Semelhantemente, no Corpo de Cristo, a ausência de comunicações (revelações) do Cabeça significaria que esse Corpo sem vida espiritual (espiritualmente morto) ou em um processo de perda de vida. Em uma igreja local, quando se tornam raras as revelações do Senhor por meio dos dons espirituais, isso é um sinal de que essa igreja está perdendo o contato com o Senhor Jesus. Como resultado dessa falta de comunicação, o Espírito Santo não está mais transmitindo a plenitude da vida que há no Senhor Jesus – confortando, exortando e corrigindo – e a igreja está deixando de receber instruções necessárias ao conhecimento e à execução da Obra do Senhor. Evidentemente, a Igreja encontra na Bíblia, particularmente no Novo Testamento, todas as doutrinas e práticas que a Igreja é necessária à sua edificação, independentemente do período histórico que esteja vivendo. No entanto, por meio dos dons espirituais, o Senhor Jesus está transmitindo instruções particulares sobre a execução da Obra de edificação da Igreja, como se lê no livro de Atos dos Apóstolos. Essa é uma das funções do Espírito Santo: receber instruções do Senhor Jesus e as transmitir à Igreja. O Senhor Jesus ensinou, a esse respeito, que o Espírito Santo seria enviado à Igreja para guiá-la a toda a verdade, de forma que ela pudesse toda a vontade do Senhor. Somente o Espírito Santo conhece a vontade plena de Deus e Ele está disposto a revelá-la à Igreja (I Cor. 2) que busca a santificação e está disposta a obedecer à vontade do Senhor. O Senhor Jesus afirmou em um de seus sermões que estaria edificando Sua Igreja, utilizando seus discípulos, que se caracterizam por ouvir e obedecer a Palavra do Senhor. “Minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”. Há, contudo, crentes que não estão vivendo na comunhão necessária a ouvir a voz do Senhor. Convém ao Senhor agregar esses ao rebanho que O ouve e O segue. Planejamento: o Projeto de Deus Toda organização ou igreja cristã costuma elaborar um plano com metas a serem atingidas, com vistas à prosperidade da entidade, muitas vezes sem consultar o Senhor ou sem mesmo considerar que o Senhor também pode ter Seu Plano para a edificação da Igreja. Atualmente, esse plano deve ter grandes e ousadas metas, porque, afirma-se, Deus é grande; deve-se, portanto, ter fé em que Ele realizará grandes coisas. Trata-se, evidentemente, de um sofisma. Verdadeiramente, o Senhor Deus tem seu Projeto para a edificação da Igreja, o qual contém grandes metas. E a Igreja pode conhecer esse projeto por revelação do Espírito Santo (I Cor. 2:9-12). Compete à Igreja buscar a revelação do Senhor a respeito desse Projeto, com segurança de que o Senhor o revelará progressivamente, à medida da necessidade da Igreja. O Senhor mostrará aos Seus servos os Seus planos quanto ao levantamento e envio de missionários (At. 13:1-3), a onde e quando evangelizar uma região (At. 16:6-10), a quem deve ser levantado para o ministério (I Tim. 4:14) e a tudo o mais que seja necessário à edificação da Igreja.

20

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Organização: o Corpo de Cristo Em I Coríntios 12:14 e em Efésios 4:11-15, é ensinado como a Igreja deve organizar-se e viver como um Corpo vivo, com cada membro exercendo a função que o Senhor lhe destinou, sendo usado nos 9 dons espirituais, nos 5 ministérios e nas demais operações do Espírito Santo. O Novo Testamento ensina, também, como a Igreja deve usar os dons espirituais: com sabedoria, discernimento, decência e ordem, de tal forma que produzam edificação do Corpo de Cristo. Da leitura das Escrituras, depreende-se que a Obra de edificação da Igreja deve ser realizada hoje pelo Corpo de Cristo e não mais por servos excepcionais. Passou a era dos gigantes da fé que realizaram grandes obras quase que sós, sem contarem com significativo apoio das igrejas. Hoje o Senhor deseja encher toda a Sua Igreja com o Espírito Santo e operar por meio do conjunto dos membros, cada um na função que o Senhor lhe designou, obedecendo com fidelidade às Suas determinações. Chegou a época de o Senhor capacitar e usar uma Igreja fiel e obediente, pois apenas essa Igreja glorifica ao Senhor. Deus não é plenamente glorificado quando há alguns gigantes da fé e uma Igreja integrada por membros que são anões da fé. Todos devem ser servos. Para realizar a Obra do Senhor são suficientes “servos inúteis”, prontos a ouvir e obedecer às revelações do Senhor. Esses servos, depois de obedecerem a todas as determinações do Senhor não passam de servos fiéis. Por isso, não admitem que seus nomes sejam anunciados, não dão lugar à exaltação (At. 3:12; 10:26). A criação de “heróis vivos da fé” não tem base nas Escrituras. Pode-se falar dos exemplos de “servos fiéis” do passado, que já estão na glória celestial. Na Bíblia lemos a respeito de servos fiéis, mas nota-se que aprouve ao Espírito registrar suas falhas (ver exemplos de David, Moisés, Paulo e Pedro), para que não sejam elevados à condição de “santos” religiosos. No mundo cristão moderno, contudo, a literatura religiosa continuar a tentar criar heróis sem falhas, o que é uma grande ilusão e até mesmo uma mentira. As biografias modernas dos grandes “líderes” religiosos de hoje não registram os pontos fracos dos “grandes servos” de Deus. Quando a Igreja percebe que o plano do Senhor é usar cada membro do Corpo, Deus tem condições de realizar plenamente Sua Obra, cujo resultado conduz a Igreja ao despertamento espiritual, fazendo-a viver, assim, no seu estado normal: o estado de avivamento. Mas quais são as características bíblicas desse avivamento? Evangelização: Pregação do Evangelho com Sinais A Igreja se habituou a viver em um estado de subnutrição e apatia espiritual, acomodada ao mundo e até mesmo amando o mundo. Como resultado desse estado, apagou o Espírito Santo, que cessou de falar e de operar sinais e dons espirituais. Por essa razão, quando o Senhor, respondendo ao clamor de alguns fiéis, em certos momentos da história, derramava do Seu Espírito sobre a Igreja, surgia um chamado “avivamento”. Esse avivamento era caracterizado basicamente por um retorno à Palavra de Deus, um clima de arrependimento na Igreja e uma poderosa operação do Espírito Santo na salvação de pecadores. Nesses períodos excepcionais, o Senhor voltava a operar sinais e a conceder dons espirituais. No entanto, observa-se que, na Igreja apostólica, essas manifestações poderosas do Espírito Santo, operando salvação, revelando a vontade de Deus e manifestando sinais que confirmam a pregação da Palavra eram o estado normal e constante da Igreja do Senhor, e não um estado excepcional ou ocasional. Conclusão A Igreja no século XX deve buscar na Bíblia, sobretudo no Novo Testamento, os padrões e princípios com relação ao anúncio do Evangelho e com relação a liderança, organização, planejamento, direção e

21

IGREJA CRISTÃ MARANATA

evangelização. A Igreja Primitiva continua a ser o modelo suficiente para a Igreja do século XX operar de forma eficaz, sobretudo na pregação do Evangelho. A Igreja não precisa, portanto, aprender da ciência da administração de empresas ou das técnicas de vendas, a respeito de padrões de organização e liderança, planejamento, direção ou evangelização. A pregação do evangelho não precisa de técnicas e métodos tomados por empréstimo da psicologia nem do showbusiness. A Igreja não necessita, tampouco, de seguir modelos, métodos e práticas que surgiram na última metade do século XX como “soluções” para as necessidades modernas como resultado de (1) ênfases impróprias em doutrinas e interpretações errôneas de ensinamentos bíblicos, (2) generalização de experiências de personagens do Velho Testamento, (3) experiências de grandes servos pregadores (isolados do Corpo) e (4) noções não-bíblicas, as quais geraram óbvias distorções na vida da Igreja. O modelo de Igreja para a Igreja do século XXI não pode ser outro a não ser o modelo bíblico que se observou na Igreja apostólica e está registrado, sobretudo no livro de Atos. De acordo com esse modelo bíblico, a Igreja precisa: (1) ser fiel ao Senhor, em inclusive em jejuns e oração, (2) viver em comunhão com Deus, (3) servir os irmãos e o Senhor, (4) obedecer à Palavra e às revelações do Espírito, (5) buscar os dons espirituais, (6) usar os dons espirituais com sabedoria e discernimento e (7) evangelizar, anunciando que o Senhor Jesus salva, está vivo no meio de Sua Igreja e em breve voltará. Como resultado da fidelidade da Igreja nesses pontos, o Senhor estará operando a Sua parte: (1) batizando os crentes com o Espírito Santo, (2) concedendo dons espirituais, (3) levantando os cinco ministérios, (4) revelando Sua vontade por meio dos dons espirituais e (5) confirmando a pregação do Evangelho com sinais que resultarão na salvação dos pecadores. Em várias partes do mundo o Senhor está despertando a Sua Igreja com relação à necessidade de voltar ao modelo apostólico indicado revelado nas Escrituras, pois apenas este modelo é capaz de tornar a Igreja vitoriosa face aos desafios do século XX.

LOUVOR NA IGREJA HOJE “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” Ef. 5:18-20. Introdução Muitas mudanças profundas ocorreram nos últimos 40 anos nas igrejas Protestantes (inclusive nas Pentecostais) com relação aos cultos, e particularmente à adoração. Muitas destas mudanças foram o resultado de um esforço consciente de livrar-se do ritualismo e liturgia e depender somente do Espírito Santo para manifestar a presença de Deus nos cultos Evangélicos e inspirar os crentes a adorarem ao Senhor. Mas os resultados, de uma maneira geral, foram menos do que satisfatórios, como será detalhado no decorrer deste artigo.

O movimento carismático A Situação Atual 1. O Movimento de Renovação. Desde o surgimento do movimento de renovação entre os grupos protestantes nos Estados Unidos na década de 60, o entendimento do propósito do culto na igreja (de exaltar o Senhor), o estilo de culto (que antigamente era com reverência e gratidão) e em particular o estilo do louvor (que antigamente se concentrava em agradar ao Senhor) nas igrejas Protestantes (tradicionais e Pentecostais) tem mudado rapidamente. As origens destas

22

IGREJA CRISTÃ MARANATA

mudanças podem ser parcialmente identificadas nas conversões que aconteceram durante o Movimento de Jesus. Nos anos 60, muitos jovens que tinham um estilo hippie vieram para a fé. Entretanto, ao invés de terem toda a sua vida mudada pelo Espírito, eles conservaram algumas formas de comportamento e hábitos altamente informais de comunicação e de vestuário, o que se refletiu na forma adotada de cultuar o Senhor. Eles também trouxeram consigo os estilos das músicas mundanas aos quais estavam acostumados, e acima de tudo, um estilo de apresentação performático. Eles – e não o Espírito Santo – eram responsáveis pela extrema informalidade conducente à falta de reverência no modo de vestir e no comportamento nos cultos, e particularmente no estilo de louvor adotado nas últimas décadas pela maioria das igrejas ditas renovadas. Este estilo de louvor já chegou às igrejas Pentecostais e mesmo às igrejas Evangélicas, que os usam na tentativa de atrair jovens. Eles deveriam ter sido ajudados por pastores com discernimento, mas, em muitos casos, isto não aconteceu. 2. Abordagem individual à adoração. Havia entre eles uma abordagem individual com relação ao culto, e particularmente à adoração. Enfatizava-se a liberdade na maneira que as pessoas queriam louvar, o que significava, na prática, liberdade para a carne. Eles confundiam liberdade para o Espírito realizar o que queria com liberdade para que as pessoas expressassem suas emoções da maneira que achassem adequada. Eles pensavam, por exemplo, que qualquer desejo repentino de bater palmas, pular, dançar ou cair no chão “para adorar o Senhor” era necessariamente o resultado de um impulso do Espírito Santo. Dali por diante, pular, dançar e bater palmas começou a ser usado como meios de levar os “adoradores” a um estado de bênção. Ao invés de serem visitados pelo Espírito Santo, e como conseqüência manifestar estas maneiras de adoração, começaram a praticar estes movimentos físicos para mover o Espírito Santo a visitá-los – o contrário da idéia original. Eles também entendiam que a crítica à sua maneira de adoração significava a crítica ao Espírito Santo. Este entendimento contribuiu para evitar qualquer tipo de julgamento sobre qualquer nova maneira de adoração. Uma interpretação de um verso isolado do Velho Testamento era suficiente para justificar uma nova prática, uma nova maneira de adorar. As coisas evoluíram e mesmo que não houvesse uma justificativa bíblica para a prática, eles ainda a adotavam. No final, começara a mudar os 1950 anos de teologia da Igreja para justificar suas novas práticas: a atitude geral era de que alguém não devia procurar embasamento bíblico para novas práticas porque a Bíblia somente dá “linhas gerais”. Assim, a experiência começou a ser enfatizada em detrimento de ensinamentos claros da Palavra de Deus. Conseqüentemente, um padrão de tolerância com relação a novas práticas de adoração e comportamento nos cultos na igreja começou a ser estabelecido nas igrejas do Movimento de Renovação. 3. Falta de reverência e ordem. Mais tarde, todos os tipos de atitude para expressar reverência e ordem nos cultos nas igrejas começaram a ser vistas como ritualistas e vazias. Em seu lugar deveria haver completa liberdade para cada crente se comportar como “se sentisse tocado pelo Espírito Santo”, como se todos estivessem cheios do Espírito, e fossem capazes de ouvir e discernir a voz do Senhor, como se fossem maduros o suficiente para conferir se aquele comportamento era aceitável e agradável ao Senhor. Como resultado, um clima informal de comportamento, uma familiaridade excessiva com o Senhor e com o Espírito Santo começou a substituir a reverência necessária, o temor e o tremor diante do Senhor, que são claros ensinamentos do Velho e do Novo Testamento.

23

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Em algumas igrejas, o desejável temor e reverência perante o Senhor tende a ser substituído por uma completa informalidade ao se referir ao Senhor e adorá-lo. Em muitos meios da chamada Renovação, o temor for substituído por uma falta de reverência e por uma indevida, e, portanto chocante intimidade com o Senhor. Jesus começou a ser tratado pelos adoradores como um seu igual, como um colega. Outros começaram a se referir ao Espírito Santo com um excesso de intimidade. 4. Pastores despreparados e inseguros. Naquela época não havia pastores devidamente preparados para pastorear os rebanhos com as armas do Espírito Santo, com discernimento e sabedoria. Aqueles pastores haviam sido treinados em seminários onde não havia ensinamentos sobre como colocar em ordem os dons espirituais na igreja local, nem sobre como distinguir a manifestação do Espírito de uma expressão da emoção humana (pensamentos e sentimentos humanos). A maioria destes pastores não tinha uma formação Pentecostal; eles vinham de igrejas Protestantes tradicionais e históricas. Seus professores nos seminários não pertenciam a igrejas onde havia rotineiras manifestações dos dons espirituais. Além do mais, eles nem mesmo era usados nos dons espirituais, o que os tornava totalmente incapazes de ensinar sobre este assunto com autoridade. Aqueles professores não tinham o conhecimento de como julgar as profecias ou como testá-las para saber se vinha do Espírito Santo ou do homem. Aqueles pastores também tinham medo de desagradar as suas congregações. Isto se devia, em parte, ao resultado da maneira democrática de escolha dos pastores: por eleições democráticas e não por uma escolha do Espírito Santo. Estes pastores tinham que satisfazer suas congregações – mesmo às custas da desobediência ao Senhor – para manterem seus empregos. Por outro lado, eles não dirigiam as suas igrejas diligentemente por causa de um entendimento errôneo a respeito da unção do Espírito Santo: a unção dada a um pastor era considerada a mesma unção que o Senhor dava a outros cristãos para desempenharem outras funções na igreja. Eles não entendiam que haviam recebido autoridade para dirigir a Igreja e mais discernimento e sabedoria do que os membros comuns da congregação como parte da unção. Os pastores, então, se tornaram inseguros em sua função de pastorear o rebanho. 5. Falta de discernimento. Naquela época, uma grande preocupação dominava aquelas igrejas: não atrapalhar o que Espírito Santo estava operando. Como os pastores não tinham discernimento sobre o que estava promovendo a edificação das igrejas, e não conseguiam distinguir entre a Obra genuína do Espírito e reações humanas à Obra do Espírito, admitia-se tudo. Não se ensinava os limites ou princípios para estabelecer a ordem e a decência (I Cor. 14:40) no culto ou no louvor na igreja. Na prática, aqueles que se convertiam se tornavam “ovelhas sem pastor”. Na década de 80, um pastor de Indiana enviou um grupo de anciãos para outra cidade para examinarem certo movimento espiritual e trazer um relatório sobre as manifestações espirituais que ali ocorriam. O relatório foi o seguinte: “há manifestações que são do Espírito e outras que não são”. Mas eles não ousaram dizer quais eram e quais não eram provenientes do Espírito. A razão era que eles não tinham discernimento e estavam, portanto, com medo de errar e desagradar o Senhor. 6. Hábitos de vestuário. À medida que o Senhor salvava muitos do movimento hippie, os pastores ficavam tão felizes pela salvação deles que tinham medo de desagradá-los de alguma forma ensinando-os como se vestir e se comportarem apropriadamente em um culto na igreja. Por isso, e por falta de discernimento, optavam por não instruir aqueles novos convertidos ensinando-os sobre a transformação completa das vidas daqueles que aceitam Jesus como Senhor e Salvador, sobre o desejo de Jesus de se revelar ao mundo através de nós ou sobre a necessidade de vivermos para a glória do Senhor. Os hippies que se convertiam nas praias da Califórnia – e não o Espírito Santo – foram os responsáveis pelo uso de bermudas, camisetas e sandálias de praia nos cultos, pela prática de se tomar bebidas e comer pipocas durante os cultos (durante o período de louvor e da pregação) e esta prática se espalhou pelas igrejas de

24

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Renovação. Elas foram de um extremo a outro: ao invés de regras de vestimentas, optavam pela informalidade sem limites razoáveis e sem discernimento. É claro que nunca foram alertados que todas as coisas nos são permitidas, mas nem tudo nos convém porque muitas coisas não promovem a edificação da igreja. 7. Liberdade. Louvor performático. Na área do louvor, não havia somente a liberdade para qualquer crente adorar ao Senhor como preferisse, mas havia também a liberdade de transformar o culto em uma espécie de show. O coro tradicional deu lugar a um grupo de louvor que era desnecessariamente colocado em frente à congregação em um palco, cantando e agindo como astros da música popular, como se eles próprios estivessem se apresentando a uma congregação, não ao Senhor. Posteriormente, em algumas congregações, até mesmo grupos de dançarinos agitando bandeiras foram acrescentados ao palco. Considerando que sua atividade tem o objetivo de adorar o Senhor, torna-se difícil justificar o fato de que eles cantam, dançam e tocam instrumentos no palco voltados para a congregação. As igrejas começaram a reagir à apresentação desses grupos com aplausos, exatamente como platéias reagem depois de shows de artistas populares seculares. E mais: começaram a agradecer a eles pela apresentação, como se esses grupos estivessem no palco para entreter a congregação e, assim, esperassem um reconhecimento da platéia. Esqueceram-se de que, pelo menos em teoria, estavam cantando juntamente com a congregação para adorar o Senhor e agradá-Lo, esperando o reconhecimento do próprio Senhor. 8. Influência sobre outros países. Os missionários e evangelistas carismáticos norte-americanos que foram trabalhar no exterior começaram a divulgar esse tipo de “louvor emocional” e “louvor no palco” em outros países. As novas igrejas iniciadas por eles adotaram esse tipo de louvor como se fosse o único que desse “liberdade ao Espírito” e como se tivesse sido revelado pelo Senhor à Igreja de hoje. Esta influência ultrapassou as novas igrejas iniciadas por esses missionários e evangelistas, atingindo Igrejas pentecostais que foram iniciadas a partir dos anos 90 e até mesmo congregações pentecostais tradicionais em diferentes partes do mundo, inclusive na Europa Oriental e nos países da antiga União Soviética.

Princípios Bíblicos sobre Louvor 1. Louvor ao longo da História. Sobre este assunto da adoração ao Senhor em cultos públicos, tem-se que ter sempre em mente que os verdadeiros adoradores não surgiram na igreja com o Movimento de Renovação. Se alguém disser isto, estará negando que sempre houve uma igreja fiel durante toda a história, que sempre foi capaz de agradar ao Senhor. Também estaria negando que o Senhor sempre foi vitorioso, sempre contando com uma Igreja fiel. Não se pode descartar a maneira que o Senhor tem sido adorado pela Igreja fiel e mesmo pelos movimentos Pentecostais nos seus melhores momentos, mesmo antes do surgimento desses movimentos de renovação espiritual. Uma evidência desta realidade são os hinos com letras profundas que edificam a igreja e exaltam o Senhor de uma maneira que os hinos que apareceram nos últimos 30 anos raramente alcançam. É claro que sempre houve uma igreja espiritualmente vazia que não tinha graça e que substituía a operação do Espírito Santo por uma liturgia vazia. Entretanto, sempre houve uma Igreja fiel que louvava o Senhor de uma forma que lhe é agradável, especialmente nos tempos de avivamento da fé e, particularmente, desde que o Senhor começou a derramar do Seu Espírito sobre toda a carne a partir da segunda metade do século XIX (o movimento pentecostal). A maneira de adorar que passamos a considerar não é só bíblica, mas atualmente tem sido vivida por Igrejas que aprenderam a adorar ao Senhor em espírito e em verdade. O Senhor manifesta Sua satisfação com o louvor destas Igrejas e, em resposta, as edifica.

25

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Vale notar, a esse respeito, que, quando o Espírito Santo, por intermédio do Apóstolo Paulo, decidiu revelar à Igreja como deveria desenvolver-se um culto de adoração, Ele se refere, em I Cor 14:23-32, apenas a dons espirituais (línguas, revelação, interpretação), a louvores por meio de Salmos e ao ensino, dando instruções específicas sobre como os dons devem ser usados com sabedoria, sendo julgados e utilizados com decência e ordem (versículo 40). Ele nada diz sobre a posição em que os crentes devem cantar (sentados, prostrados, em pé), nem sobre expressões corporais (mãos levantadas, palmas, danças, etc.). Isso, por que o importante em um culto, do ponto de vista do adorador, é o coração, é uma adoração em espírito e em verdade, e, do ponto de vista de Deus, é Sua capacidade de falar ao Seu povo, para edificá-lo e dirigi-lo. 2. Propósito: adorar ao Senhor. O objetivo principal da existência da Igreja e de cada membro em particular é o de adorar o Senhor proclamando as suas virtudes e graças e manifestar nossa gratidão por suas misericórdias e dádivas. Este é também o objetivo de cada culto em uma igreja verdadeiramente Cristã. Quando a Igreja se reúne em um culto, o propósito não é o de se ter um período abençoado, buscar prazer espiritual tal como a alegria do Senhor, ou mesmo de receber bênçãos específicas, mas seu objetivo é o de adorar o Senhor por Sua majestade e senhorio, de manifestar gratidão por Suas bênçãos. 3. Inspiração: agradar ao Senhor. A Igreja não louva para agradar a si mesma (agradar a carne), ou porque é agradável a ela ser visitada pelo Espírito Santo. A Igreja louva para agradar ao Senhor, que é o foco do culto. A preocupação principal da Igreja em um culto é agradá-Lo. Em nenhum lugar a Bíblia diz que os crentes devem louvá-Lo da forma que os agrada. Todos os ensinamentos bíblicos mandam adorá-Lo como Ele quer. “Deus busca adoradores que O adorem em Espírito e em verdade”. A verdadeira adoração tem que ser dirigida pelo Espírito Santo, que exalte somente Deus o Pai e o Senhor Jesus. Apesar destes ensinamentos, em alguns movimentos cristãos hoje em dia, há ainda o entendimento de que o período de louvor deve ser agradável à igreja, eles devem se divertir, ter prazer, sentir-se bem. É por isto que há o incentivo em muitas igrejas para os crentes fazerem o que lhes agrada durante o período de louvor. Entretanto, a sensação da presença de Deus, a alegria e o amor que enche seus corações deve ser só um subproduto da verdadeira adoração, e não um fim por si só. Devemos nos regozijar porque o Senhor está sendo exaltado e porque Sua graça está sendo anunciada, não porque gostamos de nos sentir bem. 4. Atitude: reverência e temor do Senhor. A Bíblia nos diz que devemos ter uma atitude de reverência quando entramos na presença do Senhor. Lembremo-nos da experiência de Moisés quando Deus mandou que tirasse as suas sandálias porque estava em terra santa. No livro de Hebreus, aprendemos que pelo sangue de Jesus temos a ousadia de entrarmos na Sua presença. Mas o mesmo livro nos ensina que temos que ter temor em Sua presença, porque Deus é fogo consumidor (Heb. 12:28-29). Uma atitude de reverência diante do Senhor pode demonstrar o temor do Senhor (o princípio da sabedoria, Pv. 1:7) que é compatível com o amor e a confiança em sua misericórdia e que, portanto é exigido de todos os crentes pela Palavra de Deus. Deus não mudou de acordo com os tempos modernos (Mal. 3:6). A reverência é manifesta por uma atitude compatível, no comportamento e mesmo na maneira que alguém se veste. A reverência exige uma atitude especial ao nos aproximarmos do trono do Deus vivo (Ex. 3:5). Mesmo que, em certo sentido, vivamos na presença de Deus e Jesus viva em nós através do Espírito Santo, ao chegarmos a um culto para adorar o Senhor junto com a Igreja, este é um evento especial para os crentes e para o Senhor. Temos um encontro especial com o Senhor. Ele se manifesta de uma maneira especial em cada culto (Mat. 18:20). A aparência externa deve refletir a realidade da reverência interior.

26

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Nosso Pai Celestial pode aceitar a adoração de novos convertidos que ainda não foram devidamente instruídos sobre temor e reverência. Mas para se oferecer um louvor que seja perfeitamente digno do Senhor, o crente deve aprender a louvar com todos estes sentimentos em seu coração. 5. Movidos por gratidão e amor. A Igreja também deve adorar com amor e gratidão em seu coração (I Tes. 5:18). Se estes elementos não estiverem presentes, o crente não pode adorar ao Senhor. Em alguns meios as pessoas criam que os cristãos deveriam manifestar no culto ao Senhor o mesmo tipo de emoção que as pessoas manifestam em concertos de rock ou jogos de futebol quando aplaudem seus ídolos ou os seus feitos. Isto não é correto porque estas manifestações são próprias para expressarem emoções profanas; são frutos de sentimentos da carne. Os sentimentos provocados pelo Espírito Santo têm que ser expressos pelo coração: o Senhor não olha a aparência exterior de uma pessoa, mas para o seu coração (I Sam. 16:7). Portanto, aqueles sentimentos santos devem ser expressos com oração, salmos e cânticos espirituais com todo o nosso coração e com toda a nossa alma (Ef. 5:19-20). No Novo Testamento, estas são as únicas exigências aos crentes. 6. Resultados: visitação do Espírito Santo e alegria do Senhor. Não se deve confundir causa e efeito. Ao chegarmos à presença do Senhor, podemos ainda não estar dispostos ao louvor por causa de preocupações com as nossas vidas diárias, etc. É por isto que devemos iniciar todos os cultos com um momento de contrição, confessando os nossos pecados ao Senhor, pedindo perdão, e pedindo que o Espírito Santo crie em nós a disposição para o louvor, colocando verdadeira gratidão em nossos corações. Em resposta às orações da Igreja, o Espírito Santo visita os crentes lhes dando a condição espiritual para adorar o Senhor, colocando reverência, temor, amor e gratidão nos corações dos servos. Então, a Igreja é capaz de começar a louvar o Senhor em espírito e em verdade, porque o Senhor habita nos louvores de Israel (Ps. 22:3). À medida que a Igreja continua a louvar, a alegria do Senhor se manifesta cada vez mais no seu meio e há ainda mais disposição para adorá-Lo. 7. Deus olha o coração. No Novo Testamento, não há ensinamentos específicos sobre a posição das pessoas quando a Igreja louva o Senhor. Quando Jesus fala de adoração, Ele menciona que deve ser “em Espírito e em verdade” (Jo. 4:23-24). Paulo diz que tudo em nossos cultos deve ser feito com “ordem e decência” (I Cor. 14:40). Entretanto, nesta área deve-se aplicar alguns princípios bíblicos. Um princípio que pode ter sido esquecido nas igrejas Cristãs é o fato de que o Senhor está mais preocupado com a condição de nossos corações do que com os movimentos externos de nossos corpos quando O adoramos. É claro que se pode dizer que se a Bíblia diz que os servos devem vir diante do Senhor com reverência e temor, a posição de seus corpos deve ser condizente com estes sentimentos. No Velho Testamento, o Senhor diz a Samuel que não vê como vê o homem. O homem vê a aparência exterior enquanto que o Senhor vê o coração. Pode-se transferir a lição para a área da adoração e dizer: quando os servos O adoram, Ele espera ser adorado com louvor e gratidão, reverência e temor, com todo o coração, a alma e o entendimento. Se alguém não tem a direção do Espírito, ele pode errar considerando as experiências que Israel teve no tempo do Velho Testamento e estabelecer um código de adoração para a Igreja. Este seria, contudo, um mau uso do Velho Testamento.

27

IGREJA CRISTÃ MARANATA

8. Somente vidas transformadas são dignas de adorá-Lo. Uma forma excessivamente informal de vestir nos cultos e uma indevida intimidade ao se dirigir ao Senhor refletem a falta de conhecimento sobre como devemos nos apresentar diante do Senhor. Também revelam que o processo de transformação que o Espírito Santo está operando na vida de alguém ainda está em um estágio inicial ou mesmo que foi interrompido. A Igreja deve ser ensinada que quando alguém se converte ao Senhor, deve abandonar as velhas maneiras de vestir, falar e se comportar ensinadas pelo mundo e que às vezes chegam a ser até imorais. Os pastores devem aprender a ter coragem de ensinar aos novos crentes sobre este assunto. Quando se aprende sobre a história da Igreja, aprende-se que a Igreja fiel sempre se preocupou com isto. 9. Preparo espiritual. Por outro lado, a Igreja tem descurado a importância do preparo espiritual dos instrumentistas e cantores, dando maior importância à capacitação técnica. A beleza estética, que estimula as emoções, passou a ser considerada suficiente para tocar os sentimentos da congregação durante o louvor. No entanto, o Senhor tem revelado à Sua Igreja que, para que instrumentistas e cantores de um coro ou grupo de louvor possam Lhe louvar, é indispensável que eles estejam vivendo em santificação, dando um bom testemunho à Igreja e ao mundo. Eles devem também se preparar para o louvor com oração e jejum. A importância do louvor requer tal preparo espiritual para que vidas possam ser usadas como instrumentistas ou cantores. Dessa forma, quando um grupo de louvor – cantores e instrumentistas – é usado pelo Senhor, o Espírito Santo visita a congregação, operando curas e libertações, conforme ocorria quando David tangia sua harpa (I Sam. 16:23). A Igreja aprendeu, assim, que a capacitação espiritual vem em primeiro lugar; a capacidade de tocar com técnica e arte vem em segundo lugar (Sal. 33:3).

PORQUE OS AVIVAMENTOS TERMINAM “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rom. 8:14) “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito”. (I Cor. 2:9-10) Introdução Os avivamentos, embora sejam muito desejados e promovam um clima de notável satisfação espiritual em seu início, não costumam durar muitos anos. Por um lado, manifestações humanas (carnais) em reação à operação do Espírito Santo maculam a pureza da Obra que o Espírito Santo começou a realizar, enfraquecendo e apagando a chama que ardia no início. Por outro lado, manifestações espirituais que não provêm do Senhor também costumam penetrar na Igreja, perturbando a Obra que o Senhor está realizando. Que manifestações humanas (carnais) e espirituais são esses que causam o declínio da operação do Espírito Santo nas igrejas atingidas pelo avivamento? São manifestações corporais como resultado da operação da carne (Gal. 3:3) e de espíritos enganadores (I Tim. 4:1). O que possibilita essas operações? Primeiramente, brechas causadas por pecados ocultos e pela exaltação de pessoas usadas pelo Senhor. Em segundo lugar, desobediência a orientações e princípios estabelecidos na Bíblia. Finalmente, falta de conhecimento da Palavra de Deus e falta de discernimento espiritual. Mas qual seria a razão de a Igreja em estado de avivamento não ser capaz de lutar contra esses males e prevalecer? E de que recursos a Igreja dispõe para evitar a corrupção do verdadeiro avivamento?

28

IGREJA CRISTÃ MARANATA

A Natureza do Avivamento O avivamento é o resultado de um derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja que está vivendo em um estado de mornidão espiritual (Apo. 3:15-16), levando a Igreja a retornar à prática de toda a Palavra de Deus (II Tim. 3:16-17). A razão para a presença desses dois elementos divinos é que o Espírito opera por meio da Palavra (Ef. 6:17). Em todo verdadeiro avivamento ocorrem certas manifestações do Espírito Santo: uma poderosa manifestação da presença do Senhor no meio da Igreja, a pregação da pura Palavra de Deus, um derramamento do amor de Deus nos corações, uma paixão pelas almas perdidas e o desejo generalizado de viver para agradar o Senhor. Todas essas manifestações levam a Igreja a ter um especial prazer em orar e jejuar, ler a Bíblia, estar presente nos cultos e reuniões de oração, evangelizar e servir o Senhor e aos irmãos. Como resultado a Igreja cresce na fé, no amor e na esperança da volta do Senhor Jesus (I Cor. 13:13). Os dons espirituais se manifestam e o fruto do Espírito (Gal. 5:22-23) aumenta na vida da Igreja. Continuamente vidas se convertem ao Senhor Jesus (At. 2:46-47), pois o Senhor confirma a pregação da Palavra por meio de sinais (Mar. 16:20). Essas operações do Espírito tocam profundamente não apenas o espírito dos crentes, mas também suas emoções. Falsos Avivamentos Muitos movimentos espirituais caracterizados por emoções coletivas e comportamentos não-bíblicos embora sejam denominados “avivamentos” por seus líderes, não são resultado de operações verdadeiras do Espírito Santo, mas são resultado, muitas vezes, de técnicas psicológicas de animação mediante as quais pregadores procuram promover um estado emocional exaltado entre as congregações. Muitas vezes esses líderes assim procedem não necessariamente por má-fé mas por ignorância a respeito da forma pela qual o Espírito Santo atua e por desconhecerem as verdadeiras características de um avivamento genuíno. A falsidade desses avivamentos pode ser atestada mediante uma comparação entre os fenômenos que neles ocorrem e os ensinos das Escrituras Sagradas. Nesses “avivamentos”, os líderes promovem práticas emocionais de louvor e de testemunhos desprovidos de sabedoria, e ocorrem fenômenos corporais e mensagens “proféticas” que se ensinam em cursos (em oposição a um dom concedido pelo Espírito Santo). Esses líderes costumam alegar que todas essas práticas e manifestações ocorreram em genuínos avivamentos. Trata-se, no entanto, de uma falácia, pelo que se explica a seguir. As referidas práticas e manifestações ocorreram, é verdade, em avivamentos genuínos, só que na fase em que elementos não-espirituais penetraram nas igrejas, causando inclusive o fim desses avivamentos. Da leitura da história desses avivamentos – inclusive dos ocorridos na Nova Inglaterra no tempo de Jonathan Edwards, na Inglaterra na época de John Wesley e em Wales nos tempos de Evan Roberts – somos informados de que esses avivamentos, que começaram por uma autêntica operação do Espírito Santo, foram, a seguir, prejudicados pela ocorrência dessas manifestações e práticas, que provocaram o fim do genuíno movimento do Espírito. Atualmente, conduzidos por líderes que ignoram os limites estabelecidos na Palavra de Deus e que desconhecem a história da Igreja; muitos crentes sinceros estão aceitando práticas e ensinos que não provêm de Deus, repetindo, assim, os mesmos erros praticados em avivamentos. Esses crentes estão dispostos até mesmo a se comportar nos cultos de uma forma inconveniente, contrariando o que a Bíblia ensina sobre sabedoria, decência e ordem (I Cor. 14). Por ignorância, justificam suas práticas alegando que ocorreram em avivamentos passados.

29

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Manifestações do Homem (a Carne) Em verdadeiros avivamentos ao longo da história da Igreja, ao lado da operação genuína do Espírito Santo, sempre ocorreram, a partir de um certo momento, uma série de manifestações que não são promovidas pelo Espírito de Deus, mas são apenas manifestações do homem (referidas nas Escrituras como da “carne”): 1) Falta de ordem e decência (I Cor 14:40) – o homem passa a dar vazão à sua maneira às emoções genuinamente espirituais que sente; embora as emoções possam ter sido produzidas pelo Espírito, as manifestações exteriores das emoções são da carne; 2) Testemunhos públicos exaltados a respeito de suas “experiências” de conversão, nas quais são enfatizados pecados cometidos; 3) Uso dos dons espirituais sem sabedoria (línguas sem interpretação) (I Cor 14:20, 23) e sem submissão aos pastores (transmissão de profecias e outros dons entregues por um crente a outros crentes); 4) Transmissão de profecias, sonhos e visões em público para acusar membros da igreja ou pastores (as operações do Espírito Santo são para edificação – I Cor. (14:3); 5) Prática de dons espirituais em público com grande emotividade e gestos dramáticos, chamando a atenção para sua “espiritualidade” e infundindo “respeito” nos ouvintes; e 6) Auto-exaltação por parte de líderes usados por Deus ou exaltação dos líderes por parte da Igreja. Doutrinas Bíblicas e Discernimento A corrupção dos avivamentos genuínos, como resultado de práticas carnais ou da interferência de espíritos enganadores, ocorre, sobretudo por falta de conhecimento da Palavra de Deus (Mat. 22:29) e por falta de discernimento espiritual (I Cor. 12:10). Poder-se-ia acrescentar, ainda, que ocorrem por falta de conhecimento de história da Igreja, em particular de história dos avivamentos, pois este conhecimento ajudaria a ensinar os crentes de hoje a respeito de práticas a evitar. Por falta de firmeza no conhecimento da Palavra de Deus e por falta de discernimento espiritual (Apo. 3:18b), muitos pastores se enganam com respeito a manifestações espirituais, não sabendo distinguir com segurança o que é do Espírito Santo. Além disso, temem apagar ou entristecer o Espírito Santo, caso impeçam alguns fenômenos que não lhes parecem convenientes se manifestem. Como resultado, acabam admitindo práticas e comportamentos que são da carne ou, até mesmo, de espíritos enganadores. A falta de discernimento espiritual consiste na incapacidade de distinguir entre o que é do Espírito Santo, o que é do espírito do homem e o que provém do adversário. Esse discernimento pode advir da operação do dom “discernimento de espíritos”, por revelação específica do Senhor ou pelo conhecimento das Escrituras, nas quais se encontram uma série de princípios gerais e ensinos específicos que esclarecem a Igreja a respeito de práticas que procedem do homem ou do Adversário. Alguns princípios ensinados pela Palavra de Deus que ajudam a Igreja a evitar práticas errôneas são os seguintes: a) Glória se dá apenas a Deus, não a homens (sequer a “grandes servos” de Deus); b) A Obra de Deus – ou seja, a Igreja – não tem fundadores nem donos; Jesus é o único fundador (Mat. 16:18); c) O Espírito dos profetas está sujeito aos profetas (ninguém pode alegar que o Espírito o forçou fisicamente a dizer ou a fazer algo) (I Cor 14:32);

30

IGREJA CRISTÃ MARANATA

d) Tudo deve ser feito na Igreja com decência e ordem; e) Deve-se proceder com sabedoria e bom senso na Igreja, evitando que os descrentes pensem que os crentes estão loucos (deve-se evitar escandalizar visitantes) (I Cor 14:23); f) A Igreja deve viver observando os limites estabelecidos pela Palavra de Deus (não se devem aceitar manifestações espirituais não sancionadas pelas Escrituras) (I Cor 14:47); g) A Igreja deve testar ou julgar os dons espirituais (I Tes 5:19:21) para saber se os dons procedem ou não do Senhor (não se julgam os profetas, mas as profecias – I Cor 14:29 - pois todos os crentes falham no uso dos dons espirituais); h) As Escrituras contêm todas as doutrinas e práticas necessárias à edificação da Igreja (Gal. 1:9), que não precisa de novidades doutrinárias (tampouco ênfases não-bíblicas em doutrinas que são bíblicas); e i) A Igreja não precisa de “fogo estranho” (Lev 10:1-3) para ser animada, estimulada a sentir emoções divinas e para louvar a Deus; apenas o fogo do altar – o Espírito Santo – deve manifestar-se na Igreja; os dirigentes não devem, portanto, apelar para as emoções da Igreja, não devem usar métodos de animação baseados na psicologia ou praticados no show business. Os limites estabelecidos explícita ou implicitamente no Novo Testamento para a utilização dos dons espirituais (I Cor. 14:37) evitam que os dons sejam mal utilizados. Pode-se, por exemplo, falar em línguas estranhas em voz alta (para edificação própria), quando se está sozinho em casa. No entanto, quando se ignora este limite e se fala em público, na igreja, línguas estranhas, não havendo intérprete, desrespeita-se um limite estabelecido na Palavra de Deus. Em outras palavras: fogo é uma bênção desde que esteja disciplinado, ou seja, no fogão; quando ultrapassa esse limite e sai do fogão, alcançando os móveis na sala, torna-se um problema. Para compreender tais limites é necessário estar integrado a uma Igreja que pratica plenamente a doutrina do Corpo, da forma indicada sobretudo em I Coríntios 12 a 14, pois apenas esta Igreja recebe do Senhor revelação e discernimento. Em contrapartida, um membro que se isola e se afasta do Corpo, não se submetendo à autoridade ou ao conselho de seu pastor termina por perder o discernimento sobre o que provém do Espírito Santo e, depois, até mesmo, do que é pecado. Doutrinas esquecidas: Corpo e Revelação Pode-se, agora, indagar: porque a Igreja não detectou a tempo esses erros e porque não teve condições de evitá-los, nos casos em que contava com pastores que tinham discernimento espiritual e conhecimento das Escrituras Sagradas? A Igreja esqueceu-se de duas doutrinas bíblicas que são básicas para a saúde espiritual da Igreja e que, por essa razão, devem ser bem entendidas e praticadas: Corpo e Revelação. Por Corpo entende-se que a Igreja deve viver como o Corpo de Cristo, com cada membro se submetendo ao Senhor Jesus como Cabeça da Igreja, com cada membro desempenhando a função que o Senhor lhe deu no Corpo, submetendo-se um ao outro, levando as cargas um do outro, vivendo para servir a Igreja e o Senhor. Por Revelação entende-se toda a Palavra que procede da boca de Deus. A Igreja deve ser dirigida pela Palavra de Deus – quer pelas doutrinas, práticas e princípios bíblicos, quer pelas orientações transmitidas pelo Espírito Santo através dos dons espirituais. Por que razão a prática da doutrina do Corpo de Cristo é necessária para evitar a corrupção do avivamento? A prática dessa doutrina é fundamental para a vida da Igreja, pois permite que a igreja cresça na graça e no conhecimento do Senhor Jesus. Isso se deve porque, quando as Escrituras falam de Corpo, referem-se também a Governo e Disciplina.

31

IGREJA CRISTÃ MARANATA

No Corpo de Cristo, ressalta primeiramente o Governo do Senhor Jesus como o Cabeça, ao qual os membros devem obedecer. Os membros não fazem sua própria vontade nem escolhem a função que querem desempenhar no Corpo. Os membros do Corpo devem, antes, exercer as funções que o Senhor lhes determinou. Por outro lado, os membros devem submeter-se uns aos outros, em primeiro lugar ao Pastor, a seguir aos diáconos, respeitando a autoridade de cada servo em sua área de atuação. Exemplo: o pastor tem autoridade para corrigir, exortar toda os membros; o professor de escola dominical tem autoridade para orientar a sua classe e para ensinar da parte do Senhor, etc. Quando se fala de Governo, fala-se implicitamente de autoridade, ordem e orientação. Todos esses elementos protegem o Corpo do engano do adversário. Quando há ordem no Corpo, os crentes atendem as determinações do Senhor e os servos que têm autoridade transmitem aos demais membros as orientações da Palavra e as reveladas através dos dons espirituais. Dessa forma, quando o Senhor deseja operar algo na Igreja, sabe que basta revelar Sua vontade, pois a Igreja obedecerá à orientação que será transmitida pelo Pastor (exemplos: orientações sobre um jejum, sobre uma evangelização, sobre levantar um crente para ser professor de escola dominical, etc.). Para que um Corpo funcione com harmonia e desempenhe satisfatoriamente todas as suas funções vitais e o trabalho que dele se espere é, portanto, necessário disciplina, ou seja, obediência ao Senhor e submissão aos servos que têm autoridade na Igreja. Quando a Igreja não está organizada como Corpo nem vive como Corpo de Cristo há anarquia e individualismo. Cada membro faz sua própria vontade, rejeita orientações que o Senhor revelou à Igreja, não aceita o conselho do pastor, etc. A razão é desse comportamento é que, não há Corpo, nem governo; prevalecem, então, o desgoverno, a desordem e a falta de autoridade. Não há, tampouco, disciplina, mas insubmissão, desrespeito à autoridade e desobediência ao Senhor (Judas 8, 10). Nesse estado de falta de governo e de disciplina, os limites estabelecidos no Novo Testamento não são observados, proliferando a falta de discernimento, sabedoria, decência e ordem nos cultos, em particular no uso dos dons espirituais, com os conseqüentes escândalos, decepção com o uso dos dons, manifestações da carne e, ao final, do próprio Adversário. Revelação é toda a Palavra que procede de Deus. A Bíblia é a Revelação de Deus aos homens. Mas o Senhor também revela Sua vontade à Igreja por meio dos dons espirituais. Por meio dos dons de profecia, interpretação de línguas e palavra de conhecimento, a Igreja recebe Revelação da parte de Deus. Por meio da Revelação, o Senhor transmite detalhes a respeito de Seu Plano para a edificação da Igreja. Quando o Espírito Santo está transmitindo essas orientações, o Senhor Jesus se manifesta como Cabeça da Igreja. A Revelação, contudo, somente funciona bem no Corpo, ou seja, em uma Igreja que é vive como Corpo de Cristo: uma Igreja que se submete ao Cabeça, obedecendo aos seus pastores e às determinações reveladas pelo do Espírito Santo. Compete à Igreja, como Corpo de Cristo, atender à Revelação, ou seja, obedecer às determinações que o Senhor Jesus transmite por meio dos dons espirituais. Havendo obediência à Revelação, a Igreja é preservada do engano do adversário e do pecado, pois o Senhor revela o que não lhe agrada, o que deve ser corrigido e como obter vitória em lutas espirituais, dando conhecimento ao Seu Corpo a respeito das falsas doutrinas, práticas da carne e outros fenômenos que permitem interferências do Adversário. A falta de Revelação, por outro lado, causa desorientação, falta de foco e falta de objetivo, além de ausência de conhecimento do Plano de Deus para a edificação da Igreja. Por não entender qual é o plano do Senhor para sua edificação, a Igreja está aberta a programas, doutrinas novas e práticas que prometem “promover o

32

IGREJA CRISTÃ MARANATA

avivamento”, mas que muitas vezes só afastam o Espírito Santo. Isso ocorre muitas vezes porque, ao impossibilitar o Governo do Senhor Jesus, o homem assume o governo da Igreja e os planos do homem tomam o lugar do Plano de Deus. No entanto, havendo Revelação, a Igreja tem conhecimento mais preciso da vontade do Senhor, que também concede discernimento espiritual à igreja, através do dom “discernimento de espíritos” e através do entendimento da Sua Palavra, capacitando a Igreja a entender o verdadeiro sentido das Escrituras, ou seja, habilitando-a a ver o que está além da letra. Conclusão Por falta de entendimento e de prática dessas doutrinas fundamentais do Novo Testamento - Corpo de Cristo e Revelação – os avivamentos acabaram por chegar ao seu fim. Por não viver essas doutrinas, a Igreja perdeu as bênçãos decorrentes do governo, da disciplina e da direção do Senhor Jesus, por meio das quais pode desfrutar de conhecimento e discernimento de toda a vontade de Deus. Quando a Igreja pratica as doutrinas do Corpo de Cristo e da Revelação, continua unida ao Cabeça e recebe todos os impulsos vitais e as orientações necessárias à Sua edificação. Recebe, também, o conhecimento revelado da Palavra de Deus e o discernimento (por meio do dom de discernimento de espíritos ou por revelação) a respeito de doutrinas e práticas que provêm do Espírito Santo. Mediante o conhecimento e a prática dessas doutrinas, a Igreja será sempre vitoriosa, pois atenderá aos limites estabelecidos pelo Espírito Santo na Palavra de Deus e terá discernimento quanto às manifestações da carne e do Adversário que podem corromper o avivamento. Por essa razão, o avivamento que o Senhor opera atualmente em Sua Igreja não precisa terminar, mas pode durar até a volta gloriosa do Senhor Jesus! Maranata! “Ora Vem, Senhor Jesus!”.

O PERIGO DA IDOLATRIA NA IGREJA “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus… não as adorarás nem lhes darás culto…” (Ex. 20: 4-5) “… o ídolo em si mesmo não é nada…” (I Cor. 8:4) “… Fugi da idolatria” (10:14). “Eles sacrificam a demônios, não a Deus…” (10:19, 20) “Deus é Espírito e importa que seus adoradores o adorem em Espírito e em verdade” (Jo. 4:24) “Eles têm boca, mas não falam… tornem-se semelhantes a eles todos os que os adoram” (Sal. 135:15-18) “… aparência nenhuma vistes no dia em que o Senhor, vosso Deus, vos falou…para que não vos corrompais e vos façais alguma imagem esculpida na forma de ídolo…” (Deut. 4:15-19) Introdução: o Ensino da Bíblia O segundo dos 10 mandamentos revelados por Deus a Moisés proíbe explicitamente o fabrico ou a adoração de imagens de escultura (Ex 20: 4, 5). Até mesmo imagens representando o Deus verdadeiro foram proibidas pelo Senhor (Deut. 4:15-19). Por causa desses estatutos, os judeus nunca fizeram imagens representando a Deus, os profetas, nem outras imagens com conotações religiosas – nem esculturas nem pinturas ou desenhos. No Tabernáculo e Templo de Salomão as únicas imagens permitidas – de querubins – encontravam-se no Santíssimo lugar, ocultas ao povo; somente o sumo sacerdote, uma vez por ano, podia contemplá-las.

33

IGREJA CRISTÃ MARANATA

A Igreja fiel através da história nunca fez imagens de Jesus, Maria ou dos apóstolos e mártires em razão do segundo mandamento. Foi esse o entendimento da Igreja da Reforma no século XVI. Até o século XX nenhum grupo protestante ou pentecostal admitiu o uso de gravuras ou imagens representativas de Deus (o maior dos absurdos, pois ninguém jamais viu a Deus, e Deus é Espírito), do Senhor Jesus, da Virgem Maria, dos apóstolos ou dos mártires. A serpente de bronze que Moisés levantou no deserto não foi feita para ser cultuada. Quando, mais tarde, tornou-se uma relíquia sagrada e começou a ser venerada pelo povo, que passou a lhe oferecer incenso, o Rei Ezequias (II Reis 18.4) “quebrou em pedaços o bronze da serpente que Moisés fizera; pois até aqueles dias os filhos de Israel queimavam incenso para ela e a chamavam Nehushtan”. É por essa razão que o Senhor não se agrada de objetos religiosos que, no início, em si mesmos não são ídolos, mas depois se tornam objetos de idolatria. A Idolatria Penetra na Igreja Histórica As imagens começaram a entrar na Igreja porque se argumentava que representações visíveis das personagens das Escrituras ou dos acontecimentos bíblicos seriam úteis ao ensino das verdades religiosas. No século terceiro havia três grupos na Igreja que mantinham opiniões diversas sobre esse assunto, propugnando respectivamente: a) A rejeição de imagens de escultura e pinturas religiosas, qualquer que fosse sua forma; b) A utilização de imagens de escultura e pinturas religiosas apenas com o propósito de instrução; e c) O uso de imagens de escultura e pinturas religiosas não apenas para a instrução mas também para o culto. Quando o Papa Gregório, o Grande (590-604 AD), aprovou o uso de imagens nas igrejas, insistiu que elas não deveriam ser cultuadas, admitindo o uso de imagens apenas como meio de instrução. As imagens seriam os livros dos analfabetos. As imagens se tornaram, contudo, o centro de atenção e de culto, mais do que as próprias pessoas (Deus Pai, Jesus, Maria, os santos) que elas supostamente representavam. Obs. Até hoje as autoridades da Igreja se referem a uma imagem como à própria pessoa que elas representam, razão pela qual se inclinam diante da imagem como o fariam diante das próprias pessoas representadas e a elas dirigem suas rezas. Apenas no século VIII, no Concílio de Nice (787 AD), o culto de imagens foi inteiramente aprovado. Tomás de Aquino, teólogo da Igreja, defendeu o uso de imagens no culto, sustentando que sentimentos piedosos são criados mais facilmente pelo que o povo vê do que pelo que ouve. No entanto, a verdade é que as imagens não têm condições de gerar a verdadeira fé nos adoradores, pois a Bíblia afirma que ¨a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus¨. A Reforma e a Idolatria Na época da Reforma do século XVI, os protestantes condenaram o culto de imagens, por contrariarem a vontade de Deus expressa no segundo dos Dez Mandamentos e por darem margem a abusos no seu uso, como é o caso da veneração ou culto. As imagens foram excluídas de todos os lugares de culto nas igrejas protestantes. João Calvino, o grande reformador, afirmou que é vaidade e falsidade tudo o que o homem possa aprender através das imagens a respeito de Deus. Esse ensino é corroborado pela Palavra de Deus, segundo a qual “a imagem moldada é uma ensinadora de mentiras” (Hab. 2.18). Tratando do tema, o Catecismo de Heildelbert (protestante) registra: ¨Poderiam ser toleradas imagens nas igrejas para a instrução dos analfabetos? De maneira nenhuma; pois não é conveniente ser mais sábio do que Deus, que quis que sua igreja fosse instruída não por imagens mudas, mas pela pregação de Sua Palavra.” Na verdade, aprende-se em I Coríntios 12 que a igreja do Senhor não mais é guiada por ídolos mudos. É guiada pelo Espírito Santo, segundo se infere do mesmo capítulo.

34

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Quanto a Deus-Pai, já foi esclarecido que Ele não apareceu sob forma alguma para que o Seu povo não fizesse imagens dele. No entanto, a Igreja começou a representá-lo como um ancião barbudo de cabelos brancos. Com relação ao Senhor Jesus, nota-se que em nenhuma parte da Bíblia, quer no Velho quer no Novo Testamento, existe alguma descrição da aparência física do Senhor Jesus, a não ser o que está registrado em Isaías 53:2. Essa “descrição” curiosamente contraria as imagens que se fazem do Senhor para a moderna literatura protestante, pois revela que ele seria como uma “raiz de uma terra seca”, “sem aparência nem formosura”, não havendo nele “beleza alguma para que o desejássemos”. É significativo, ademais, que a Igreja não produziu nem utilizou gravuras do Senhor Jesus durante os primeiro quatro séculos. Sendo Ele próprio a verdade, é seguro que o Senhor Jesus não aprova qualquer forma de ensino falso a respeito de si mesmo. As gravuras de Jesus não são, portanto, uma ajuda ao seu conhecimento ou ao culto à Divindade. Antes, são é um obstáculo ao verdadeiro culto, a ser prestado “em Espírito e em Verdade”. Idolatria e Superstição Na Igreja Romana a cruz tem que estar em cada altar, nos telhados das Igrejas, na escola e nos quartos de hospitais, e nas casas dos católicos com a finalidade de proporcionar bênção ou proteção. Em interiores, o crucifixo é em geral mais utilizado do que a cruz. Pequenas cruzes ou crucifixos suspensos sobre uma cadeia sobre os trajes ou pendurados no pescoço são freqüentemente usados por sacerdotes e freiras O misticismo ligado à cruz leva muitos cristãos a fazerem o sinal da cruz para serem abençoados ou protegidos. Não há exemplos nas Escrituras de uma cruz material ser usada para qualquer finalidade religiosa. Tampouco há evidência de que a cruz fosse usada como um símbolo cristão durante os primeiros três séculos da era cristã. De qualquer forma, a cruz, nos tempos de Cristo sempre foi vista como um instrumento de tortura e vergonha. Esse conceito de objetos religiosos ou sagrados (cruzes e imagens) é uma manifestação de materialismo, pois estimula a confiança em um objeto material, ao invés de confiança em Deus. É o oposto da fé, que é a certeza de coisas que não podem ser vistas e tem por objeto o próprio Deus – confiança em Deus. “Andamos por fé e não por vista” (2 Cor. 5:7), afirma o apóstolo Paulo. A Bíblia afirma que “fé é a substância de coisas que se esperam, a vidência de coisas não vistas... Sem fé é impossível agradar a Deus…” (Heb. 11: 1, 6). No entanto, certos cristãos confiam no poder desses objetos para transmitirem a bênção de Deus, de Jesus, de Maria ou dos santos. Atribuir poderes sobrenaturais a objetos tais como relíquias, a cruz, o crucifixo, um escapulário, como se encontra nas igrejas romana ou ortodoxa, é um conceito não aceito pela igreja fiel desde o tempo dos Apóstolos. Esse conceito de objetos sagrados é exatamente o que se denomina fetichismo. Um dicionário descreve fetiche como um objeto natural que, segundo se crê, é a morada de um espírito ou representa um espírito que pode ser induzido ou forçado magicamente a ajudar ou proteger o proprietário de danos ou doenças. Protestantes e Pentecostais no século XX Ao se considerar a História da Igreja, nota-se que as imagens penetraram a Igreja apenas para serem usadas no ensino, não para propósitos de culto. Posteriormente, pouco a pouco, tornaram-se objetos de reverência e adoração. A história repete-se atualmente. Imagens estão entrando nas igrejas protestantes e pentecostais com objetivo semelhante: ilustrar livros religiosos e decorar residências. Curiosamente, até meados do século XX, apenas os Adventistas e Testemunhas de Jeová – que não eram considerados pelos protestantes e pentecostais como verdadeiros crentes por não crerem na salvação apenas pela graça mediante a fé no Senhor Jesus – usavam gravuras religiosas de Jesus e dos apóstolos em seus livros de ensino e nas próprias Bíblias.

35

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Seguiram-se a eles, nessa prática, as igrejas que rejeitaram o batismo com o Espírito Santo e com fogo (Luteranas, Anglicanas, Presbiterianas e Metodistas) dos Estados Unidos, razão pela qual seu amor não foi renovado pelo calor do Espírito. Esses grupos aceitaram o uso de pinturas ou desenhos representando Deus-Pai, imagens de Cristo, de Maria e dos apóstolos em sua literatura religiosa e, a seguir, em quadros destinados a decorar residências ou templos religiosos. A justificativa para o uso de imagens era que os crentes precisariam de objetos para estimular sua fé, as crianças precisariam de imagens e de cenas da vida de Jesus e dos apóstolos para entender as histórias ou para se concentrarem no ensino. No entanto, os crentes nunca necessitarão dessas representações artísticas para alcançarem esses objetivos. O que biblicamente inspira o crente é a operação do Espírito por meio da Palavra de Deus (a Bíblia). E o que santifica um lugar é a presença do Espírito Santo, que se manifesta apenas onde há santidade e fé nos corações dos crentes – e não onde há imagens religiosas. Ao contrário, essas imagens impedem a plena operação do Espírito Santo, dando margem à operação de espíritos enganadores que proporcionam experiências místicas. A aceitação progressiva de imagens religiosas por crentes protestantes ocorreu paralelamente à atuação do movimento ecumênico e à divulgação do entendimento de que a “doutrina divide” e que o importante é o amor. Entre os pentecostais, em particular, surgiu essa tolerância com respeito a imagens como fruto de um entendimento errôneo do batismo com o Espírito Santo: se católicos estavam sendo com o Espírito Santo seria porque Deus referenda sua doutrina – inclusive a veneração de imagens, orações aos santos, rezas em favor dos mortos, etc. Na verdade, uma finalidade do batismo com o Espírito é guiar os crentes a toda a verdade (João 16:13-14). Outro elemento que proporcionou apoio significativo à tolerância ecumênica com relação à idolatria surgiu nos Estados Unidos, onde as doutrinas filosóficas do relativismo, da igualdade entre as culturas (divulgadas pela antropologia) e, inclusive, entre as religiões penetraram a sociedade e até mesmo muitos seminários protestantes. Esse entendimento contaminou não apenas meios espiritualmente mornos, mas até mesmo muitos círculos carismáticos e evangélicos naquele país. Desse país, esse entendimento começou a se espalhar pela Europa e, até mesmo, pela Europa Oriental. É curioso observar que nos países onde as igrejas pentecostais se encontram em estado de avivamento (América Latina, por exemplo), não existe essa tolerância com relação à idolatria. Ao contrário, há um claro entendimento de que o disposto no segundo mandamento e nas demais Escrituras acima mencionadas permanece sendo expressão da vontade de Deus com relação à idolatria. No entanto, entre os meios pentecostais dos Estados Unidos e da Europa, onde o crescimento numérico das igrejas é mínimo e onde é praticamente nula a operação dos dons espirituais, há uma grande tolerância e, até mesmo, aceitação aberta da idolatria. Como resultado da divulgação de imagens de Jesus e dos santos muitos crentes verdadeiros começaram a se acostumar – e até mesmo admitir como nada grave - às práticas das igrejas históricas nas quais os ídolos ou ícones - inclusive imagens de Jesus, Maria e os apóstolos – se tornaram objeto de adoração. Essas imagens não são mais tão chocantes para os crentes, pois estes se acostumaram a ver essas imagens nos livros da Escola Dominical e nas suas Bíblias. Esquecem-se do que dizem as Escrituras a respeito da Nova Jerusalém: “Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira” (Apo. 22:15). O mesmo aplica-se às imagens de anjos. Além de gerarem impressões religiosas contrárias ao conteúdo da verdadeira fé (“a certeza de coisas que não se vêem”, resultado de ouvir a Palavra de Deus), as imagens de anjos estão tão distantes da realidade desses gloriosos seres celestiais que na verdade passam a ensinar falsidades a respeito deles. As imagens representam, por exemplo, anjos-bebês, anjos com aspecto efeminado, o que não corresponde à realidade desses seres.

36

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Essas imagens contribuem para gerar um entendimento dos anjos como seres ridículos e risíveis, tornando difícil a crença na própria existência de anjos. Mas, ao contrário do que se vê, os anjos do Senhor são seres sérios e poderosos que transmitem o temor do Senhor quando aparecem no meio do povo de Deus. Experiência da Igreja Fiel As experiências que o Senhor têm dado hoje à Sua Igreja confirmam que imagens são uma fonte de opressão, pois, ao contrariarem expressamente a vontade de Deus, constituem uma brecha, permitindo que o maligno penetre uma pessoa ou operem em uma casa, causando dissensão, inimizade e falta de entendimento da verdadeira vontade de Deus. Imagens são, também, um obstáculo à operação do Espírito Santo na igreja ou em uma pessoa. A presença de imagens em um ambiente freqüentemente impede que pessoas recebam livramentos espirituais, curas físicas ou entendimento da Palavra de Deus. Por outro lado, permitem que o Inimigo espalhe doutrinas ou práticas errôneas, inclusive promovendo experiências místicas (não sancionadas pelas Escrituras). A presença de imagens em um ambiente de culto é um obstáculo ao recebimento pela igreja de dons espirituais, pois impedem que o Espírito Santo tenha plena liberdade no meio da igreja e conceda discernimento de espíritos e sabedoria no uso dos dons (II Cor. 6:16, 17). Imagens são uma brecha que permite que o Inimigo perturbe um culto manifestando sua presença por meio de uma pessoa possessa, transmita um dom espiritual falso em um culto ou uma falsa interpretação de um dom espiritual. Conclusão A Obra do Espírito Santo não pode, portanto, ser plenamente estabelecida em uma Igreja onde há ídolos. Se uma igreja se livra das imagens, o Senhor se agrada dessa igreja, havendo, assim, plena liberdade para a operação do Espírito Santo (II Cor. 6:16, 17). A presença de ídolos em um ambiente impede, igualmente, a igreja de receber dons espirituais e revelações do Senhor. Nesta última hora em que o Senhor está batizando com o seu Espírito Santo seus servos em toda a parte da terra, o Inimigo tenta destruir a Igreja fomentando a tolerância da idolatria e certas práticas que são mais facilmente introduzidos em ambientes onde os ídolos são tolerados: experiências místicas (não sancionadas pelas Escrituras), louvor voltado para agradar o homem e exaltação de líderes eclesiásticos.

A PALAVRA DE DEUS REVELADA

“Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!”. Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Luc. 24:25-27). “Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim”.(Dan 12:9) “Quando vier… o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as cousas que há de vir” (Jo. 16:13) “Por que lhes falas por parábolas?… Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido …Por isso lhes falo por parábolas; porque vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem” (Mat. 13:10-13).

37

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Introdução A Bíblia é conhecida com a revelação de Deus aos homens. O que significa, portanto, a expressão “palavra revelada” utilizada no título deste artigo? A própria Bíblia, que é a Palavra de Deus, nos permite compreender que é necessária a assistência do Espírito Santo para que o leitor possa compreender com exatidão as verdades transmitidas nas Escrituras Sagradas do Velho e do Novo Testamento. Por que razão aprouve a Deus não permitir que a compreensão exata dessas verdades fosse adquirida por um mero exame histórico e gramatical das Escrituras Sagradas? O Senhor Jesus revelou a razão a seus discípulos quando estes lhe perguntaram por que o Senhor falava às multidões por parábolas: “Porque a vós vos é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus”. É, portanto, um privilégio da Igreja ter o conhecimento correto das verdades bíblicas. Surge, então, outra indagação: para que a Igreja esteja habilitada a receber esse conhecimento exato das Escrituras o que é necessário? É necessário que a Igreja seja assistida pelo Espírito Santo, cuja missão é conduzir os crentes a “toda a verdade”. Essa é um dos grandes objetivos do batismo com o Espírito Santo: proporcionar à Igreja um recurso indispensável para alcançar toda a vontade de Deus. Letra e Espírito A Palavra de Deus, a Bíblia, ensina haver uma diferença fundamental entre, de um lado, o conhecimento meramente racional das Escrituras Sagradas e, do outro, o conhecimento espiritual. Ao se estudar uma passagem bíblica simplesmente com recursos humanos – conhecimento intelectual das Escrituras, análise lingüística, gramatical e histórica, consideração racional – não se consegue alcançar todo o conselho de Deus e o conhecimento pode ser errôneo ou, na melhor das hipóteses, apenas um conhecimento superficial. Esse conhecimento errôneo ou superficial é o que as Escrituras denominam de conhecimento da “letra”. A razão do homem, ainda que assistida pelo conhecimento lingüístico, gramatical e histórico, só alcança o entendimento da “letra”. Ora, a “letra mata” (II Cor. 3:6), ou seja, a “letra” não transmite vida eterna, mas leva o homem à morte eterna. O conhecimento da “letra” engana o homem, fazendo-o pensar que alcançou o entendimento da vontade de Deus. Em contrapartida, apenas o Espírito transmite vida por meio do entendimento espiritual das Escrituras. Para que se possa obter o verdadeiro entendimento da vontade de Deus contida nas Escrituras Sagradas é necessário receber “revelação” do Senhor. Isso significa que, por meio do Espírito Santo, Deus precisa revelar o verdadeiro significado das Escrituras. A Necessidade da Revelação Quando Lutero abriu a Bíblia e leu que “o justo viverá pela fé” e que a salvação é transmitida ao homem “pela graça, mediante a fé, não por obras”, o Espírito Santo “revelou” o verdadeiro e profundo significado daquelas Escrituras para que o reformador pudesse compreendê-las. Somente pelo uso da sua razão, ainda que assistida pelo conhecimento lingüístico, gramatical e histórico, Lutero jamais alcançaria o conhecimento salvador daquelas passagens bíblicas. Ficaria limitado ao conhecimento da “letra”. Mas haveria uma base bíblica para se afirmar que, para se entender a Bíblia – que é a revelação de Deus ao homem – é necessária uma operação do Espírito Santo “iluminando” a mente do homem? É bastante esclarecedora, a esse respeito, a passagem na qual o Senhor Jesus esclareceu seus discípulos sobre a razão pela qual ele falava às multidões por parábolas,. O Senhor Jesus revelou não querer que os mistérios do Reino de Deus fossem compreendidos pelas multidões; queria que fossem entendidos apenas por aqueles que desejavam fazer a vontade de Deus. “A vós outros vos é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido” (Mat. 13:11).

38

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Em outra ocasião, o Senhor Jesus mostrou mais uma vez que o entendimento das verdades espirituais é um privilégio da verdadeira Igreja, dos verdadeiros discípulos: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas cousas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos” (Mat. 11:25). Ora, todos os homens alfabetizados e instruídos podem ter acesso ao conhecimento superficial das Escrituras, um conhecimento insuficiente para a salvação. Mas apenas a Igreja, que é assistida pelo Espírito Santo, tem conhecimento da “palavra revelada”, que transmite vida eterna. “Tu tens as palavras da vida eterna”, disse Simão Pedro (Jo. 6:68). A Letra não Edifica Há uma série de passagens nas Escrituras Sagradas que estão claramente ocultas, sendo evidente a necessidade da “revelação” do Espírito Santo para que o verdadeiro sentido possa ser alcançado. Por exemplo: a maior parte das parábolas contidas em Mateus 13. Historicamente verifica-se que há várias interpretações possíveis das várias parábolas, não havendo absolutamente acordo, nem mesmo entre verdadeiros crentes, a respeito do seu significado. Várias passagens do livro de Daniel e do livro de Apocalipse também só poderão ser plena e seguramente entendidas em sua profundidade a não ser por revelação do Espírito Santo. Livros como Cantares de Salomão e Ester, por outro lado, não aparentam ter um conteúdo eminentemente espiritual. Apenas por revelação pode-se alcançar toda a profundidade desses livros e receber as lições espirituais que eles contêm. Um entendimento maior das profecias que dizem respeito aos últimos tempos e aos sinais que caracterizariam a volta do Senhor Jesus, igualmente, só pode ser obtido quando se tem “revelação” do Espírito Santo. Para que a Igreja esteja recebendo as lições das Escrituras necessárias para que esteja preparada para a volta gloriosa do Senhor Jesus é necessário que receba “revelação” do Espírito Santo A esse respeito, convém ter presente que o Senhor quer que a Igreja esteja atenta a esses sinais. Em certa ocasião, ele censurou os que não reconheciam os sinais dos tempos: “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?” (Mat. 16:3). Caso a Igreja não receba “revelação” do Espírito Santo, como poderá beneficiar-se dessas passagens e desses livros acima referidos? A Palavra de Deus afirma que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tim. 3:16-17). Ora, para a Igreja que não conhece a Palavra “revelada pelo Espírito” a maior parte das passagens e livros acima mencionados não transmite qualquer tipo de edificação, ao contrário do que é ensinado nessa passagem de I Timóteo. Por outro lado, a Palavra afirma que, no tempo próprio, a Igreja haveria de entender trechos cujo significado estava oculto: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim” (Dan. 12:9). Ora, se assim não fosse, como haveria a Igreja de se beneficiar espiritualmente do conhecimento dessas passagens bíblicas? Com que objetivo teriam esses trechos sido incluídos nas Escrituras caso a Igreja nunca tivesse a possibilidade de entender seu significado? Haveria de chegar um tempo em que o verdadeiro significado dessas passagens seria revelado. O Espírito Guia à Verdade Quando Deus prometeu batizar os seus servos e servas com o Espírito Santo nos últimos tempos, afirmou que eles seriam usados em profecias, sonhos e visões (Joel 2:28). Foi portanto profetizado que eles receberiam dons espirituais por meio dos quais Deus se revela aos homens, Deus fala aos seus servos. Embora outros dons como os de línguas e os de curar sejam também importantes, Deus se referiu, através de Joel, apenas aos dons de “revelação” (profecias, sonhos e visões).

39

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Esse ponto pode ser melhor entendido quando se observa que o Senhor Jesus, ao prometer enviar o Espírito Santo, afirmou: “Ele vos guiará a toda a verdade” (Jo. 16:13). Para Deus o conhecimento da “verdade” é importante pois o próprio Senhor Jesus é a verdade - “Eu sou o caminho e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo.14:6) – e a Palavra de Deus é a verdade – “A tua Palavra é a verdade” (Jo. 17:17). Pode-se concluir que, ao batizar seus servos com o Espírito Santo, o Senhor pretende proporcionar à Igreja os dons espirituais, que são recursos necessários para se alcançar um maior conhecimento da Verdade, da Palavra de Deus e do Senhor Jesus (At. 2:32, 33, 36). Sem a “revelação” do Espírito Santo não se pode obter esse conhecimento. Em outra oportunidade, tratando do conhecimento pleno e verdadeiro do Filho de Deus, disse Jesus: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus” (Mat. 16:17). Nessa passagem, o Senhor Jesus deixa claro que, se alguém não receber revelação de Deus, jamais terá um verdadeiro conhecimento, que é o conhecimento salvador do Senhor Jesus. Sem revelação, ninguém será assegurado de que Jesus é verdadeiramente “o Filho do Deus vivo” (Mat. 16:16). A Palavra de Deus afirma expressamente que “ninguém pode dizer “Senhor Jesus!”, senão pelo Espírito Santo (I Cor 12:3)”. Conclusão A letra mata, mas o Espírito edifica. O conhecimento intelectual, religioso ou teológico das Escrituras não transmite vida; antes, transmite ceticismo, apatia e morte espiritual. Em contrapartida, o conhecimento revelado das Escrituras transmite vida e vida com abundância. A mente e o intelecto se satisfazem com teologia e estudos bíblicos ao nível da razão. As emoções são satisfeitas com histórias bíblicas transmitidas com emoção e entusiasmo. No entanto, apenas a Palavra revelada pelo Espírito Santo tem o poder de alimentar a alma. Isso, porque a alma tem sede de Deus, tem sede do Deus vivo. E somente a Palavra revelada pelo Espírito Santo transmite o genuíno conhecimento espiritual do Deus vivo. Uma mínima parcela da Palavra revelada, um versículo apenas (Mat. 15:27), são suficientes para satisfazer plenamente o ser humano. Satisfaz muito mais do que os modernos “estudo bíblico”, realizado apenas no nível intelectual, sem o conhecimento da revelação do Espírito Santo. Mas louvado seja o Senhor porque aprouve a Deus revelar seus segredos aos pequeninos, tendo para isso enviado o Seu Espírito Santo, que guia a Igreja a “toda a verdade”. Apenas o Espírito Santo, que inspirou as Escrituras Sagradas, tem autoridade para interpretar a Palavra de Deus e, portanto, pode transmitir à Igreja o que está “além da letra”.

QUEM É JESUS Indo Jesus para as bandas de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” E eles responderam: “Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas”. “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” Respondendo Simão Pedro, disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Então, Jesus lhe afirmou: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus”. (Mat. 16:13-17) Introdução Muita gente diz conhecer Jesus. Quase todos já ouviram falar dele. É fato que seu nome é conhecido, mencionado todo o tempo, em muitos lugares, por quase toda a gente. No entanto, cada pessoa O vê de uma

40

IGREJA CRISTÃ MARANATA

maneira diferente. Cada pessoa tem uma idéia própria a respeito de Jesus: uns acham que ele foi um grande profeta; outros, que ele foi um grande líder religioso; outros, ainda, que foi um filósofo preocupado com as injustiças deste mundo, entre tantas outras opiniões. Na época em que Jesus viveu e conviveu com os homens, andando com eles e ensinando, tampouco foi diferente. Os homens também tinham opiniões divergentes a respeito dele. Um bom número possuía até mesmo opiniões boas e honrosas, que demonstravam o respeito e a admiração que tinham por Jesus. Essas opiniões eram fruto do seu entendimento humano, inclusive como resultado dos milagres que haviam presenciado Jesus realizar. No entanto, nenhuma delas alcançou a verdade e a verdade a respeito de Jesus é uma só. Aqueles que não a conhecem vacilam de uma opinião para outra, e todas elas são resultado de um conhecimento superficial. Jesus ouviu todas essas respostas e fez, então, a pergunta mais importante: “Mas, e vós, quem dizeis que eu sou?” Esta era a pergunta que realmente interessava porque pelo conhecimento da resposta correta vem a Salvação do homem. Observe-se que Jesus quer ser conhecido por nós, pelo homem. Salvação é um assunto pessoal. As pessoas ao nosso redor podem ter várias opiniões a respeito de Jesus, mas a pergunta que nos toca continua a ser: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” Devemos ter em mente que esta questão é feita a todos os homens, e não somente aos discípulos de Jesus. A resposta de Pedro, embora curta, foi completa e verdadeira: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Esta resposta foi uma confissão de fé. Convém avaliar esta afirmação detalhadamente e por partes, tão profunda e rica que ela é. O Cristo, o Filho do Deus Vivo “O Cristo” – Cristo, palavra de origem grega, significa o mesmo que a palavra de origem hebraica Messias: “ungido”. Com esta afirmação Pedro confessa que Jesus era o longamente prometido e esperado Messias, aquele que executaria a vontade de Deus e que salvaria o povo dos seus pecados. Jesus foi o único escolhido, ungido com o Espírito Santo e ordenado por Deus Pai para ser o Mediador entre Deus e os homens. Em I Timóteo 2: 5 está escrito: “Porque há um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” “O Filho do Deus Vivo” - É interessante notar que a opinião dos homens era de que Jesus era um dos profetas mortos. Esta afirmação de Pedro, contudo, vem de encontro a estas afirmações, pois ele professa sua fé em Jesus como o Filho do Deus vivo, em franca oposição a uma ligação com os profetas mortos, ou com espíritos de mortos, como um fantasma ou, ainda, em contraste com os deuses da época, ídolos mudos, sem vida, feitos por mãos humanas com materiais variados, como pedra, madeira, ferro, prata e ouro. Esta afirmação de Pedro de que Jesus é “o Filho do Deus Vivo” não pode ser aplicada a nenhum mortal. Jesus é, era e sempre será o Filho do Deus Vivo – igual a Deus em natureza - e também a única fonte de vida. Feliz é o que conhece a Jesus Ao ouvir essa confissão, Jesus diz a Pedro: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi a carne nem o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus.” A designação de “Simão Barjonas” quer dizer, Simão, filho de Jonas. Jesus dirigiu-se assim a Simão Pedro como um lembrete talvez de quem ele era por natureza, um simples ser humano, filho de pais humanos. Era um homem e, por si mesmo, não poderia concluir, com sua mente humana, nada digno de valor eterno. Jesus, então, enfatiza que não a fonte deste entendimento, que levou Pedro àquela afirmação tão verdadeira, sublime e salvadora, não foi “carne nem sangue”, ou seja, a capacidade mental, ou intuitiva, nem tampouco a tradição ou o conhecimento humano. Foi uma revelação do Pai que está nos céus.

41

IGREJA CRISTÃ MARANATA

O homem não alcança o conhecimento de Jesus só por ler os evangelhos, por estudar teologia, ou por ouvir relatos e experiências de outros. Há uma diferença grande entre ouvir falar de Jesus e penetrar na profundidade deste conhecimento salvador. Os homens consideravam Jesus um profeta, um grande profeta, mas os discípulos receberam a revelação de Deus Pai sobre Jesus. Observe-se que é possível ter muito boas idéias a respeito de Jesus, mas, ainda assim, não alcançar a verdade. Foi o Pai quem capacitou a Pedro a alcançar a Verdade. Jesus era o Cristo - o Ungido. Este entendimento não poderia ser alcançado com a mente humana, através do seu próprio raciocínio, mesmo porque a aparência exterior de Jesus era contrária àquela que os judeus esperavam do Messias. No entanto, na profecia de Isaías, capítulo 53, estava profetizado a respeito dele: “Era como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura. Olhamo-lo, mas nenhuma beleza víamos para que nos agradássemos dele.” Jesus, portanto, não tinha beleza física, sendo bem diferente, portanto, das imagens e pinturas que pretendem representá-lo hoje pelo mundo afora. Jesus é Deus Conosco Sendo Jesus “o Filho do Deus vivo”, aquele que tem vida em si mesmo e que é a fonte de toda a vida, e não o espírito ou o fantasma de um dos profetas, então ele tem a mesma natureza de Deus, sendo, portanto, o próprio Deus. Profecias a seu respeito falavam que ele seria Emanuel, que quer dizer Deus conosco. (Isaías 7:14): “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.” Em Mateus1:23 está escrito: “… e a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel, que quer dizer Deus conosco.” Jesus, portanto, é Deus e estava na eternidade com Deus, como lemos em João 1:1 “No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.”). Jesus se fez carne, nasceu como homem, mas, diferentemente do homem, ele não nasceu em pecado. Foi um homem perfeito, completamente cheio do Espírito Santo e que nunca pecou ao longo de toda sua vida. Em outras palavras, Ele jamais desagradou a Deus. Jesus foi homem perfeito, santo e sempre em profunda comunhão com Deus Pai, de quem ele recebia toda a revelação necessária ao seu ministério. Jesus é o Salvador Note-se que, no início desta passagem, Jesus pergunta aos seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” A palavra “filho” denota relação de participação. Ex: Filhos da ressurreição - (Lucas 20:36) são aqueles que participarão da ressurreição, ou que foram beneficiados da ressurreição de Cristo. Filhos da luz - aqueles que participam da luz, cuja identidade é com as obras da luz. De igual modo, Filho do homem designa Jesus como participante da natureza humana, das suas qualidades e debilidades. A humanidade do Filho de Deus era real e não fictícia. Ele nos é descrito padecendo fome, sede, cansaço, dor e angústia. Também foi tentado, humilhado, desprezado, rejeitado. Enfim, esteve sujeito a todas as debilidades próprias da natureza humana, porém sem pecado. A primeira profecia a respeito de Jesus está em Gênesis 3:15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua semente (descendência) e a sua semente (descendência). Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Jesus haveria de nascer como homem, da semente da mulher. Deus, ali no Jardim do Éden, prometeu resgatar o homem através daquele que, nascido de mulher, destruiria toda a obra do Inimigo – “… este te ferirá a cabeça.” Esta profecia atravessou séculos, milênios, até que, em Belém da Judéia, nasceu o menino, a semente da mulher, cumprindo a profecia registrada em Gênesis. Jesus veio, portanto, para esmagar a cabeça da serpente e destruir toda a obra do Inimigo. Mas para que isso fosse realizado, ele deveria morrer como um sacrifício expiatório pelos pecados de todos nós. E o poder do Inimigo foi esmagado quando Jesus, a semente da mulher, no Monte do Calvário deu sua vida por nós.

42

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Esse ato não ocorreu sem sofrimento. Toda a vida do Senhor Jesus aqui na Terra foi marcada pelo sofrimento, pelo desprezo, pelas humilhações e pelas perseguições. Jesus foi zombado, criticado, escarnecido, seus vestidos repartidos, foi ferido, enfermou e seguiu para o Gólgota, levando sua pesada cruz, ali sendo crucificado, experimentando uma morte de sofrimento atroz – “…e tu (serpente) lhe ferirás o calcanhar.” No Calvário, quando foi crucificado, a serpente feriu o calcanhar de Jesus. Mas este ressuscitou vitorioso, esmagando, assim, a cabeça da serpente e toda a obra do Inimigo, que causa a condenação do homem por causa do pecado. Ali na cruz estava Jesus, feito homem por amor das nossas vidas. Ali foi crucificado aquele que desceu da sua glória - glória que ele tinha antes da criação do mundo - aquele se fez homem e se sujeitou a todas as agruras dos seres humanos. Conclusão Jesus tendo chorado, sabe consolar; tendo sofrido, sabe aliviar o nosso sofrimento. Ele foi o verdadeiro homem perfeito e o Filho de Deus, que se fez Filho do homem para que os filhos dos homens pudessem ser feitos filhos de Deus. “Bem aventurado és tu, Simão Barjonas…”- Bem-aventurado significa “feliz”. Jesus disse: feliz és tu, Simão Barjonas. Há um momento em que o homem que tem uma experiência com Jesus alcança a mesma revelação que o Pai concedeu a Simão Pedro. Jesus lhe é revelado não como um profeta, nem como um político, mas como o Salvador, o Cristo, o filho do Deus vivo e ele, como Pedro, confessa sua fé. O homem alcança essa revelação não como resultado de um raciocínio lógico, como operação da razão humana, nem por ouvir falar ou de muito ler livros a respeito de Jesus, mas como fruto de uma experiência com o próprio Jesus. Em Romanos 10: 9 e 10 está escrito: “Se com a tua boca confessares Jesus como Senhor e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo, Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” “Mas, e vós, quem dizeis que eu sou?… Bem aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne nem sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. De igual modo, hoje, todos aqueles que alcançam pela fé este entendimento de Jesus como o Cristo, o filho do Deus vivo, são bem–aventurados, são felizes, pois recebem a vida eterna, uma vida de eterna felicidade na presença de Deus.

A PALAVRA “MARANATA” A palavra “Maranata” é composta de duas palavras aramaicas que significam “O Senhor vem” ou “Senhor, vem logo!”. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo utiliza essa palavra em I Coríntios, 16:22. No desfecho do livro do Apocalipse, a mesma expressão é utilizada como uma oração ou pedido, desta feita na língua grega, e traduzida por: “Vem, Senhor”. A palavra “Maranata” era também utilizada nos cultos para invocar a presença do Senhor na Ceia e expressar o desejo de seu retorno para estabelecer seu Reino. Equivale ao pedido feito pela Igreja na oração dominical: “Venha o teu Reino”. Com relação à volta do Senhor Jesus, “Maranata” tinha um duplo sentido: era uma oração – “Vem, Senhor” – e uma expressão de fé – “O Senhor está voltando!”. O uso da palavra nos tempos do Novo Testamento indicava a forte expectativa dos crentes de que o Senhor Jesus voltaria. Essa fé e a disposição de anunciar a volta do Senhor Jesus eram reforçadas pelo poder, pelos

43

IGREJA CRISTÃ MARANATA

dons espirituais e por sinais que o Senhor operava em seu meio, demonstrado que ele estava vivo no meio do Seu povo! Na época do Velho Testamento, o Rei viajava para fazer justiça. Um arauto ia adiante dele tocando a trombeta e advertindo o povo: “O Rei está vindo!”. Aqueles que esperavam por justiça desejavam a vinda do Rei. O povo da terra a ser visitada preparava-se para Sua chegada limpava e reparava os caminhos, demonstrando assim obediência e desejo de agradar ao Rei. Da mesma forma, hoje a Igreja que vive em comunhão com o Senhor e experimenta as manifestações do seu poder com dons espirituais e sinais que confirmam a pregação da Palavra aguarda com ansiedade a volta gloriosa do Senhor Jesus para arrebatar a Igreja, não se cansando de proclamar que “O Senhor Jesus voltará” e de rogar: “Maranata! Vem, Senhor Jesus”.

O TRABALHO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

“Jesus, porém, disse: Deixa os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus” (Mat. 19:14) “Respondeu-lhes Jesus:… nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” (Mat. 21:16) Introdução Um trabalho extraordinário está sendo realizado nas igrejas Maranata com as crianças. Este trabalho é mais uma evidência do poder e da sabedoria de Deus, além de demonstrar a importância de se ouvir o Senhor falar à Igreja por meio dos dons espirituais. Se a direção da Igreja não estivesse ouvindo “o que o Espírito está dizendo às igrejas” de uma forma clara, jamais este trabalho teria sido realizado. Tudo começou em meados da década de 90, quando o Senhor revelou à Igreja que queria realizar algo novo entre as crianças. Naquela época, já havia classes regulares de Escola Dominical em todas as igrejas Maranata e os pastores e professores de Escola Dominical pensavam que o trabalho entre as crianças estava sendo desenvolvido de forma satisfatória. O Senhor deu, então, uma revelação que surpreendeu a todos: as crianças são a Igreja de hoje, ou seja, elas são o presente da Igreja. Ora, todos haviam aprendido que as crianças eram a Igreja do futuro, não do presente. Surgiu, então, a questão: qual o alcance dessa revelação e o que essa afirmação representaria na prática? As Primeiras Orientações Quando o Senhor revelou que tinha um projeto especial para as crianças, e que um trabalho sério e profundo deveria ser desenvolvido entre elas, mostrou também que os professores da Escola Dominical, com a ajuda dos pastores deveriam trabalhá-las de uma maneira diferente da tradicionalmente praticada nas igrejas protestantes e pentecostais. Os professores deveriam transmitir às crianças ensinos mais substanciais sobre as doutrinas bíblicas fundamentais, sempre baseadas em histórias de personagens bíblicas. Deveriam ensinar às crianças de forma clara sobre a salvação que há no Senhor Jesus, inclusive sobre o que é vida eterna e o que é condenação eterna.

44

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Deveriam, também, deveriam ensinar sobre batismo com o Espírito Santo e vida de santificação e obediência ao Senhor. Mais ainda: deveriam ensinar as crianças a utilizar os meios de graça (oração, leitura da Palavra, clamor pelo sangue de Jesus) para que elas pudessem defender-se das opressões e dos perigos deste mundo. Tudo isso pareceu ainda mais difícil porque o Senhor mostrou que esses ensinos deveriam ser transmitidos não apenas a crianças mais velhas, mas a todas as crianças a partir dos 3 anos de idade. Todas precisavam ter uma experiência com a realidade do Cristo vivo que ama as crianças e está pronto a atender a suas orações. Naquela época os crentes pensavam que as crianças – sobretudo as mais pequenas – eram incapazes de entender essas lições e que era impossível manter a atenção das crianças durante toda a Escola Dominical. Por isso, os professores ocupavam a maior parte do tempo das crianças em atividades de desenhar e de colorir desenhos. A Escola Dominical para as crianças menores era, sobretudo para entretê-las e evitar que incomodassem os adultos durante o culto. Grande foi, portanto, a surpresa quando as crianças começaram a entender as aulas, a se interessarem, apreciarem a Escola Dominical e a colocarem em prática os ensinos recebidos em sua vida diária. As crianças começaram a surpreender os pais, demonstrando por vezes maior sensibilidade quando a atender a vontade do Senhor do que os próprios adultos. Passaram a experimentar vitórias, por meio da oração, em suas lutas cotidianas. Participação nos Cultos O Senhor orientou, desde o início, que as crianças deveriam comparecer aos cultos regulares da igreja. No entanto, não mais deveriam dormir no colo das mães, mas deveriam ter parte ativa nos cultos, orando, cantando louvores, ouvindo a pregação da Palavra. Os pastores foram, então, orientados a valorizar a presença das crianças nos cultos, olhando para eles e dirigindo a eles a mensagem. Mas para que fosse possível o atendimento dessa orientação, seria preciso educar não apenas as crianças, mas, sobretudo os pais e os professores da Escola Dominical. Filhos e pais precisaram ser convencidos sobre a importância da presença das crianças nos cultos, pois havia bênçãos para elas, mesmo nos cultos regulares (onde não havia Escola Dominical). Em segundo lugar, precisavam entender que o Senhor se agradava do louvor das crianças nos cultos. Para isso, as crianças deveriam sentar-se nos primeiros bancos da igreja com os professores, que não lhes ofereceriam o colo para dormirem, mas as estimulariam a louvar o Senhor com orações e entoando hinos. Após o término do culto, durante o período de atendimento aos presentes (crentes e visitantes), os pastores e obreiros deveriam estar prontos a dar também atendimento às crianças, orando pelas que solicitavam atendimento individualmente. As crianças passaram, então, a pedir regularmente orações por suas necessidades (problemas no lar, na escola, de saúde, etc.). A Igreja se apresentaria às crianças como um “ninho de amor”, onde elas encontrariam segurança, estima, amor e apoio às suas necessidades. Como resultado imediato, a fé das crianças aumentou, elas se sentiram valorizadas na igreja, passaram a apreciar os cultos e a comunhão com a igreja, e começaram a ter respostas às orações feitas por elas no período do atendimento após o culto. Ademais, aprenderam a se comportarem nos cultos como adoradores e não mais alheias ao que ocorria ao seu redor. Tudo isso contribuiu para aumentar sua segurança, o que é importante para enfrentarem vitoriosamente as lutas deste mundo (lares que se desfazem em meio a lutas, violência de colegas nas escolas, incompreensão de professores, etc.). Obs. Essa tarefa foi facilitada pelo fato de os cultos regulares nas igrejas Maranata serem de curta duração, embora freqüentes.

45

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Testemunho e Visitantes O Senhor mostrou, também, que as crianças deveriam ser instruídas a testemunhar com destemor do amor e da salvação que há no Senhor Jesus a seus amigos, colegas, vizinhos e parentes. As crianças entenderam este ensino e começaram a praticá-lo. Todos na Igreja se surpreenderam com a coragem das crianças para testemunhar do Senhor Jesus não apenas a parentes e amigos, mas também nas escolas, a seus colegas, professores e até mesmo diretores de escolas. Como resultado, o Senhor começou a trazer para os cultos regulares da Igreja crianças de todas as idades cujos pais não eram crentes, trazidas por seus amigos, colegas, vizinhos ou parentes. Essas crianças começaram a ter experiências de salvação com o Senhor Jesus. Após receberem a salvação, passavam a testemunhar do Senhor Jesus a seus pais que começavam, então, a freqüentar a igreja e, finalmente, se convertiam. O Senhor orientou então que, em um determinado mês do ano, toda a igreja cooperaria com as crianças na evangelização que elas desenvolveriam. Os jovens e adultos estariam orando e jejuando ao longo daquele mês para que as crianças estivessem testemunhando de Jesus e convidando seus conhecidos para um culto de evangelização, ao final do mês. Este seria o “Mês da Evangelização das Crianças”. Pouca era a expectativa da Igreja quanto ao sucesso desse trabalho na primeira ocasião em que se atendeu a essa orientação. Grande foi, portanto, a surpresa quanto as igrejas receberam o maior número de visitantes jamais visto nos cultos de evangelização. As crianças superaram os adultos na capacidade de levar visitantes às igrejas. Nessa primeira evangelização pelas crianças, em algumas igrejas a maior parte dos membros tiveram de assistir ao culto de pé para que houvesse bancos disponíveis para os visitantes. A partir de então, percebeu-se que as crianças haviam-se tornado os principais “evangelistas” da Igreja. Ninguém mais duvidou de sua capacidade de testemunhar do Senhor Jesus e de trazer visitantes para a igreja. Mais uma vez a revelação do Senhor surpreendeu a todos! Grandes Reuniões Como as crianças foram bem treinadas a obedecer a seus professores (isso ocorreu com a ajuda de pais espirituais e sensatos), o Senhor teve condições de orientar – o que ocorreu a seguir – a realização de Grandes Reuniões para o ensino da Palavra de Deus às crianças. Reuniram-se milhares de crianças nesses encontros nas diversas cidades do país para um programa exclusivamente espiritual. Grande foi a surpresa de todos ao perceberem, primeiramente, que nessas Grandes Reuniões as crianças se comportaram ordeiramente, pois as crianças haviam aprendido a respeitar seus professores, atendendo a suas orientações. Tudo estava pronto para a última orientação que o Senhor Deus sobre o trabalho com as crianças: a realização de Grandes Reuniões de Evangelização. As crianças convidariam centenas e até milhares de visitantes para essas reuniões, conforme a quantidade de igrejas envolvidas em cada oportunidade - o que dependia do tamanho dos anfiteatros ou ginásios de desportos disponibilizados para esses eventos. As crianças reagiram com interesse, seriedade e dedicação, convidando um número imenso de visitantes, que compareceram a esses eventos e foram tocados pelo Espírito Santo. Como resultado imediato, muitos visitantes aceitaram o Senhor Jesus como Salvador e outros começaram a aproximar-se da Igreja, passando a freqüentar os cultos e, finalmente, convertendo-se ao Senhor. O comportamento exemplar das crianças e sua participação nessas grandes reuniões têm sido um extraordinário testemunho para os convidados incrédulos – quer crianças quer adultos. Inúmeros são os testemunhos de convidados que são quebrantados quando ouvem o louvor pelas crianças em perfeita ordem nessas reuniões.

46

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Em uma Grande Reunião da Igreja Maranata realizado em um estádio de futebol em Belo Horizonte, Brasil, em 21 de abril de 2006, com a presença de 100.000 pessoas algo inusitado ocorreu: uma mensagem sobre a Criação destinada a milhares de crianças presentes, que reagiram com atenção, interesse e participação. Foi um espetáculo inesquecível; foi também a culminação de um longo processo em que ficou provado que “jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam; mas Deus no-lo revelou pelo Espírito” (I Cor. 2:9-10). Testemunhos A seguir, para que se tenha uma idéia mais precisa da variada operação do Espírito Santo entre as crianças, são relatados alguns testemunhos, a maior parte dos quais ocorreu recentemente no Brasil. 1. Uma criança de 3 anos de idade ouviu o testemunho dado por um crente e pediu ao pai para levá-la à igreja. O pai respondeu negativamente. A criança começou, então, a chorar, insistindo para que o pai a levasse. O pai se comoveu e decidiu atender o pedido. Foi com a filha e participou do culto, recebendo uma grande bênção. A partir de então, começou a freqüentar os cultos regularmente. 2. Ao final de um culto um visitante estava chorando. Quando um obreiro foi atendê-lo ele disse: “Estou muito emocionado porque hoje Deus falou comigo através do louvor das crianças. Este culto foi maravilhoso. Estou saindo daqui com o coração alegre”. 3. Um intermediário (da classe de 7 a 10 anos), a caminho de sua casa, disse a um amigo: “Vou lançar a semente agora”. Ao chegar em casa, entregou ao seu pai o convite para o culto especial de evangelização. Na hora do culto, seus pais estavam na igreja. O menino disse à professora da escola dominical: “Lancei a semente e meus pais vieram ao culto”. Os pais gostaram muito da igreja e prometeram voltar. 4. Quando as crianças estavam na rua entregando convites, uma criança viu um senhor, entregou-lhe um convite e o chamou para ir à igreja. Esse senhor perguntou se era preciso pagar para entrar na igreja. A criança respondeu: “Não precisa pagar nada. Jesus já pagou tudo para você. Tudo é de graça”. 5. Uma criança de 8 anos entregou um convite a um menino na rua. Veio um amigo deste menino e disse que também queria um convite para ir à igreja. A criança entregou o convite e disse: “Lá não é preciso este papel para entrar, mas na eternidade precisamos de um passaporte.” Este menino interessou-se pelo assunto e perguntou: “Como faço para receber esse passaporte?” A criança respondeu: “Vá à igreja e aceite Jesus no seu coração. Só isso. Jesus é o passaporte”. À noite o menino convidado estava no culto e pediu oração por sua vida. 6. Uma criança convidou um adulto dizendo: hoje vai ter uma festa na minha igreja. O homem ficou impressionado com a fé da criança e por isso aceitou o convite. No final do culto ele procurou a criança e disse: “Foi uma grande festa mesmo”. A criança respondeu: “Tem todos os dias”. E o homem saiu com uma experiência com o Senhor. 7. Uma criança chamada Mateus ouviu uma serenata cantada pelas crianças na rua. Resolveu ir à igreja no mesmo dia e continuou a freqüentar os cultos. Então conversou com o diácono e disse: “Vocês não podem fazer uma serenata para os meus pais? Eu queria dar um convite para eles”. Seus pais não eram crentes. O diácono disse que fariam a serenata. No dia seguinte, as crianças foram à casa do Mateus para a serenata. Enquanto cantavam, ele entregou o convite a seus pais, que ouviam a serenata da janela. No mesmo dia seus pais foram à igreja. 8. Um menino de 7 anos aceitou o convite para ir a um culto de evangelização. Depois foi ao Maanaim (local de encontros) e ficou maravilhado com os louvores cantados ao Senhor. Disse que, ao ouvir um hino sobre a

47

IGREJA CRISTÃ MARANATA

Palavra de Deus – “A Preciosa Semente”, sentiu o coração bater mais forte e teve vontade de sair cantando para todo o mundo. Não deixou mais a igreja. 9. Quando as crianças e adolescentes saíram para fazer uma serenata, chegaram em frente a uma casa no momento em que estava havendo uma discussão entre o marido e a esposa. As professoras ficaram em dúvida sobre o que fazer, mas o Senhor lhes revelou que deveriam fazer a serenata. Quando cantaram os louvores, a senhora apareceu na janela chorando e dizendo: vocês chegaram na hora certa, na hora que eu mais precisava. O marido e a esposa receberam o convite e foram ao culto. Ambos passaram a freqüentar assiduamente a igreja e o Senhor começou a restaurar o lar. 10. Durante uma serenata em frente à casa de uma criança que havia visitado a igreja, o pai estava se separando de sua mãe. Quando o casal ouviu os louvores, o Senhor operou em suas vidas. A partir de então ambos passaram a freqüentar regularmente a igreja. 11. O Senhor revelou em um domingo na Escola Dominical que entraria na igreja, no culto da noite, uma criança com um problema nas pernas que dificultava o seu andar, mas que Ele daria uma bênção especial a essa criança. No culto da noite, uma criança visitante pediu oração, dizendo que, quando ela era menor, sua mãe a deixou cair no chão, causando-lhe um problema nas pernas. Essa criança havia entrado na igreja carregada pelo pai por causa desse problema. Mas após receber oração, saiu da igreja andando sozinha. A criança fez o seguinte comentário: “Sinto que Deus me abençoou nesta igreja”. 12. Uma criança de 5 anos sumiu da vista dos pais. Quando os pais perceberam sua ausência começaram a procurá-la pela casa. Ao abrirem a porta do seu quarto, viram a criança de joelhos, com a Bíblia na mão e orando. Os pais perguntaram à criança o que fazia. Ela respondeu: “Tem muita gente precisando de oração”. 13. Antes de um culto, foi contado um sonho mostrando uma criança muito triste porque seu pai tinha saído de casa. Mas o Senhor mostrou que estaria cuidando dela todos os dias. Quando o sonho foi contado ao final do culto, a menina Keila, que visitava a igreja pela primeira vez, começou a chorar e, quando foi atendida disse: “Meu pai tentou matar minha mãe. Deu um tiro e acertou na perna dela, saiu de casa e não voltou. Tenho saudades dele, mas Deus vai cuidar de mim”. 14. Durante a evangelização de março de 2005 em Vitória, tantas crianças se converteram no culto de evangelização do fim do mês que não havia espaço nas igrejas existentes para recebê-las. Os pastores decidiram, então, alugar dois salões no bairro onde elas moravam para começar duas igrejas novas com essas crianças. Assim foi feito. Começaram uma igreja com 60 crianças e outra com 40 crianças. Alguns meses depois, em outubro, quando houve uma grande evangelização em um anfiteatro local, as crianças da primeira igreja levaram 150 visitantes em 3 ônibus que foram alugados pelos pastores! 15. Uma criança de cerca de 10 anos de idade passava em frente a uma igreja durante um culto, quando foi convidado para entrar pelo obreiro que estava à porta. Entrou, sentou-se e assistiu a toda a mensagem, que foi baseada na parábola do semeador. Entendeu a mensagem sobre os diferentes tipos de terra e, ao final, pediu oração, dizendo ao obreiro que o atendeu: “O meu coração é uma boa terra. Eu quero seguir a Jesus”. Retornando a sua casa, contou toda a mensagem a seus pais, disse a eles que o seu coração era uma boa terra e que havia decidido seguir a Jesus. Finalmente, convidou seus pais a irem ao culto na “sua” igreja, no domingo seguinte. Os pais aceitaram o convite e, naquele mesmo dia, aceitaram a Jesus como seu Salvador. 16. Uma menina de 4 anos, ao regressar a casa após a escola dominical, falou a seu pai sobre a lição, dizendo: “Papai, você é profano”. O pai surpreendeu-se e perguntou: “O que é isso, minha filha?” A menina respondeu: “Você toma bebidas alcoólicas, você diz palavras feias, etc.”. O pai reclamou à esposa: “Veja só o que estão ensinando à menina nessa igreja!” A menina então disse: “Papai, você precisa ir a minha igreja, você precisa de Jesus”. O pai respondeu: “Um dia irei”. A menina replicou: “Não, você deve ir hoje à noite”. O pai não concordou, mas a menina insistiu tanto que ele acabou prometendo ir naquela noite. Ao fim da tarde, a menina cobrou: vamos para o culto? O pai foi à igreja, foi tocado pelo Senhor e se converteu ao Senhor.

48

IGREJA CRISTÃ MARANATA

CONFISSÃO DE FÉ Os principais pontos da nossa Confissão de fé, suas bases bíblicas e o entendimento das Escrituras que fundamentam cada ponto estão descritos a seguir. O único Deus vivo, verdadeiro e todo-poderoso existe eternamente em três pessoas, todas com a mesma glória e poder: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mateus 28:19; 2 Coríntios 13:14). Deus é perfeito em santidade (Isaías 6:3), sabedoria (Romanos 16:27), justiça (Apocalipse 15:3-4) e amor (1 João 4:8). Ele criou e sustenta todas as coisas (João 1:3; Hebreus 1:3) pela Sua Palavra. O homem foi criado para adorá-Lo e serví-Lo. Somente Deus deve ser adorado ou exaltado (Êxodo 20:4-5; Atos 10:25-26). O Filho eterno de Deus, para salvar a Igreja, tornou-se homem perfeito, embora igualmente perfeito em divindade, na pessoa do Senhor Jesus Cristo (João 3:16). Ele nasceu de uma virgem por obra do Espírito Santo (Mateus 1:18, 23), viveu uma vida de perfeição, sem pecado, cumpriu a lei, foi crucificado pelos pecados da humanidade, ressuscitou dentre os mortos (1 Coríntios 15:3-4) e subiu aos céus (Atos 1:9), de onde intercede continuamente diante do Pai pela Igreja (Hebreus 7:25). Como resultado da sua perfeita obediência (Filipenses 2:8-11) o Senhor Jesus recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra (Mateus 28:18) e se tornou o Salvador (Atos 4:12) de todos aqueles que confiam n’Ele (Atos 16:31) e o único Mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). Os crentes têm assim o privilégio de se aproximar de Deus, o Pai, e orar a Ele (Mateus 6:9), assistidos pelo Espírito Santo (Romanos 8:26) e no nome de Jesus Cristo (João 14:13-14). A Bíblia, composta do Antigo e do Novo Testamento, é a Palavra Revelada de Deus (2 Timóteo 3:16-17). Seus manuscritos originais foram integralmente inspirados pelo Espírito Santo. Conseqüentemente eles não contêm nenhum erro (João 17:17). A Bíblia é a única regra de fé e conduta para a Igreja (2 Timóteo 1:3). A Igreja não ensina nenhuma doutrina além daquelas claramente ensinadas nas Santas Escrituras (1 Timóteo 6:3-5), conforme cridas pela Igreja fiel ao longo de sua história. Tais doutrinas devem ser cridas, obedecidas, (1 Pedro 1:22) e vividas pela Igreja (2 Timóteo 3:15). O mesmo Espírito que inspirou a Bíblia provê a iluminação necessária para que a Igreja possa compreender as Escrituras (1 Coríntios 2:10-12). O Espírito Santo vivifica as Escrituras (João 6:63) e as utiliza para revelar Jesus Cristo ao homem (João 15:26) e glorificá-Lo (João 16:14). Todos os homens são pecadores e, por conseguinte, sujeitos à condenação eterna (Romanos 3:23). Eles podem ser salvos apenas pela graça de Deus, através da fé em Jesus (Efésios 2:8-9; João 6:47), como Filho de Deus, como Cristo (Mateus 16:16-17) e como o único e suficiente Salvador. A morte e a ressurreição do Senhor Jesus – tipificados pelo Seu sangue derramado na cruz (Efésios 1:7; 2:13) – para a salvação de todo aquele que crê é a suma e a essência do Evangelho (1 Coríntios 15:1-4) e a única fonte de toda vida espiritual (João 6:53-54; 7:37-39). Os crentes são eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito (1 Tessalonicenses 2:13; Efésios 1:4), para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo (1 Pedro 1:2). Os crentes manifestam sua fé em Jesus e seu amor por Ele através de uma vida de obediência (João 14:21-23) e boas obras (Tiago 2:17-18; João 15:8), as quais Deus preparou de antemão para que eles andassem nelas (Efésios 2:10). Os crentes se esforçam para viver em comunhão com Jesus (João 15:7), andar no Espírito (Romanos 8:9-13; Gálatas 5:16) e viver por fé (Romanos 1:17). Eles são dirigidos pelo Espírito de Deus (Romanos 8:14) e apresentam o fruto do Espírito (Gálatas 5:18, 22-25). À medida que continuam ouvindo e seguindo o Bom Pastor, nenhum deles será arrebatado das mãos de Deus (João 10:27-28). O Espírito Santo capacita os eleitos a perseverar até o fim na fé (Apocalipse 2:10, 26), na santificação (Hebreus 12:14), na obediência (João 10:27; Romanos 6:17; Lucas 8:15) e no serviço à Igreja (Hebreus 6:9-12). O Senhor batiza na Igreja todos aqueles que crê em Jesus (1 Coríntios 12:13). A Igreja é o instrumento de Deus para manifestar ao mundo a multiforme sabedoria de Deus (Efésios 3:10) através da realização, em nossos dias, do ministério de Jesus (João 14:12). A Igreja deve realizar a Obra de Deus na terra, pregar o Evangelho (Mateus 28:19-20), sustentar os seus membros (Efésios 6:18; Gálatas 6:2, 10), adorar a Deus (Atos 2:46-47), batizar os crentes nas águas (Mateus 28:19) e celebrar a Ceia do Senhor (Atos 2:41-42). O Senhor quer que a Sua Igreja seja constitua um só Corpo, que todos os seus membros estejam unidos por um mesmo Espírito

49

IGREJA CRISTÃ MARANATA

(Efésios 4:3), ouçam a voz de um mesmo Espírito (Apocalipse 3:22), sejam dirigidos por um mesmo Espírito (Gálatas 5:18; Romanos 8:14), tenham uma só fé e se submetam em verdadeira obediência a um mesmo Senhor, o Cabeça da Igreja (Efésios 1:22-23; 4:1-6). O Senhor Jesus batiza os crentes com o Espírito Santo (João 1:33; 14:16-17, 23; Efésios 1:13; Atos 8:14-17) para edificar o Corpo de Cristo (1 Coríntios 12:18, 24; 14:4-5, 12), levando os crentes a toda verdade (João 16:13-14), através da operação do quíntuplo Ministério da Palavra e dos nove dons do Espírito (1 Coríntios 12:7-12; Efésios 4:11-16). Desta forma o Senhor prepara a Igreja para Sua segunda vinda, que é a sua grande esperança (1 Coríntios 1:7-8; Efésios 5:25-27; 2 Timóteo 4:8). O Senhor Jesus voltará para a Sua Igreja, composta por todos os crentes ao longo da história que confiaram unicamente no sangue do Senhor Jesus - em outras palavras, em sua morte e ressurreição - para a sua salvação (Apocalipse 7:9, 13-14), em dia e hora desconhecidos (Mateus 24:40-42). Aqueles que morreram em Jesus ressuscitarão dentre os mortos e com todos os crentes receberão corpos glorificados (1 Tessalonicenses 4:15-17; 1 Coríntios 15:51-52). Deste momento em diante a Igreja viverá em comunhão com o Senhor Jesus na eternidade (Apocalipse 21). Aqueles que rejeitaram a graça de Deus oferecidos em Jesus Cristo serão julgados e condenados à separação eterna de Deus (João 3:36; Apocalipse 20:12-15).

ATIVIDADES E OBJETIVOS Todas as atividades na Igreja Cristã Maranata têm o objetivo de promover a edificação da Igreja do Senhor Jesus de acordo com os ensinamentos das Escrituras Sagradas do Velho e do Novo Testamento, buscando o seguinte: a) Promover a edificação de seus membros, inclusive crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, procurando levá-los a servirem o Senhor em alguma atividade em cada igreja local; b) Tomar conta das necessidades psicológicas, emocionais e materiais de todos os seus membros para que nada lhes falte; c) Desenvolver continuamente atividades de evangelização, em cultos nas igrejas locais e em reuniões evangelísticas especiais realizadas em grandes auditórios ou em estádios de esportes; d) Construir templos para cultos de acordo com as necessidades do povo de Deus; e e) Anunciar que o Senhor Jesus está vivo no meio de Seu povo fiel e que em breve ele retornará para arrebatar Sua Igreja. As Igrejas Maranata realizam cultos regulares em cada igreja local e desenvolvem atividades para apoiar os que passam por necessidades materiais, visitar os enfermos e os idosos. Ademais, as Igrejas Maranata desenvolvem continuamente atividades de evangelização e de ensino para os seus membros em Seminários e Reuniões para obreiros, professores de Escola Dominical, jovens e senhoras. Esses Seminários são organizados para satisfazer as necessidades das igrejas locais não apenas no Brasil mas também em vários outros países, tais como Argentina, Canadá, Chile, Coréia do Sul, Escócia, França, Inglaterra, Irlanda do Norte, Itália, Israel, Japão, Portugal e Estados Unidos. Além disso, a Igreja Cristã Maranata desenvolve um programa intenso de assistência espiritual a igrejas e pastores de diferentes denominações ou associações de igrejas, sem qualquer custo para essas entidades, para transmitir a experiência da Igreja, através de quase 40 anos, com o uso de dons espirituais e evangelização seguida de sinais. Para esse tipo de assistência, nos últimos cinco anos a Igreja Cristã Maranata organizou Seminários em vários países da África, Ásia, Europa Oriental e Oriente Médio, tais como Armênia, Belarus, Casaquistão, Finlândia, Letônia, Lituânia, Moldávia, Polônia, Quênia, Rússia, Ucrânia e Uzbequistão.

“Ora, Vem Senhor Jesus”