autoridade espiritual

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INICIAR F I M

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Page 1: Autoridade espiritual

INICIAR F I M

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AUTORIDADE ESPIRITUAL1-A IMPORTÂNCIA DA AUTORIDADE -001-2-EXEMPLO DE REBELDIA NO ANTIGO TEXTAMENTO -011-3-EXEMPLO DE REBELDIA NO ANTIO TEXTAMENTO (CONTINUAÇÃO) -017-4-DAVI: SUA NOÇÃO DE AUTORIDADE -028-5-A OBEDIÊNCIA DO FILHO -032-6-DEUS ESTABELECE SEU REINO -037-7-TODOS DEVEM OBEDECER À AUTORIDADE DELEGADA -043-8-A AUTORIDADE DO CORPO (A IGREJA) -055-9-AS MANIFESTAÇÕES DA REBELDIA DO HOMEM -063-10-AS MANIFESTAÇÕES DA REBELDIA DO HOMEM (CONTINUAÇÃO) -074-11-A MEDIDA DA OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE -081-12-AQUELE A QUEM DEUS DELEGA AUTORIDADE -086-13-A PRINCIPAL CREDENCIAL PARA DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE:REVELAÇÃO -093-14-O CARÁTER DA AUTORIDADE DELEGADA: BENEVOLÊNCIA -100-15-A BASE PARA A DELEGAÇÃO DA AUTORIDADE: RESSURREIÇÃO -104-16-O ABUSO DE AUTORIDADE E A DISCIPLINA GOVERNAMENTAL DE DEUS -110-17-AS AUTORIDADES DELEGADAS DEVEM PERMANECER SOB AUTORIDADE -117-18-A VIDA DIÁRIA E A MOTIVAÇÃO INTERIOR DAS AUTORIDADES DELEGADAS -127-19-AS AUTORIDADES DELEGADAS DEVEM SANTIFICAR-SE -134-20-AS COMISSÕES PARA A DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE -140-

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- 1 -A importância da autoridade

Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal. Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. Dêem a cada um o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributos; se temor, temor; se honra, honra (Rm 13.1-7).

O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas (Hb 1.3).Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: “Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo” (Is 14.12-14).E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal (Mt 6.13).Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus: “Você não vai responder à acusação que estes lhe fazem?” Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: “Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o Cristo, o Filho de Deus, diga-nos”. “Tu mesmo o disseste”, respondeu Jesus. “Mas eu digo a todos vós: Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26.62-64).

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O trono de Deus estabelecido em autoridadeDeus age a partir de seu trono, e seu trono está estabelecido sobre sua

autoridade. Todas as coisas são criadas pela autoridade de Deus e todas as leis físicas do universo são mantidas por meio de sua autoridade. Por isso, a Bíblia diz que Deus está “sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa”, o que quer dizer que todas as coisas são mantidas pela palavra de poder de sua autoridade. Pois a autoridade divina representa Deus, ao passo que seu poder se expressa apenas pelos seus atos. O pecado contra o poder é mais facilmente perdoado que o pecado contra a autoridade, porque este é um pecado contra Deus. Só Deus é autoridade em todas as coisas; e toda autoridade da terra foi instituída por ele. A autoridade é uma coisa tremenda no universo – nada a sobrepuja. Portanto, é imperativo que nós que desejamos servir a Deus conheçamos sua autoridade.A origem de Satanás

O arcanjo transformou-se em Satanás quando tentou usurpar a autoridade de Deus e quis competir com o Senhor. Assim, tornou-se adversário dele. A queda de Satanás foi provocada pela rebeldia.

Tanto Isaías 14.12-15 como Ezequiel 28.13-17 falam da ascensão e queda de Satanás. A primeira passagem, entretanto, enfatiza como Satanás violou a autoridade divina, enquanto a segunda enfatiza sua transgressão contra a santidade de Deus. Ofender a autoridade de Deus é uma rebeldia bem mais séria que ofender a santidade de Deus. Levando-se em consideração que ofender a santidade é uma questão de conduta, esse pecado é mais facilmente perdoado que a rebeldia, pois esta é uma questão de princípio. A intenção de Satanás de estabelecer seu trono acima do trono de Deus – o princípio da auto-exaltação – foi o que violou a autoridade do Senhor. O ato de pecado não foi o que provocou a queda de Satanás; esse ato, na verdade, nada mais era que o produto de sua rebeldia contra a autoridade. Deus condenou a rebeldia.

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Quando servimos a Deus, não devemos desobedecer às autoridades, porque isso é um princípio satânico. Como podemos pregara a Cristo segundo o princípio de Satanás? Pois, em nossa obra, é possível permanecer com Cristo na doutrina e, ao mesmo tempo, permanecer com Satanás em princípio. Que coisa iníqua presumir que estamos executando a obra do Senhor! Observe que Satanás não tem medo quando pregamos a Palavra de Cristo; mas como tem medo quando nos submetemos à autoridade de Cristo! Nós que servimos a Deus jamais devemos servi-lo segundo o princípio de Satanás. Sempre que o princípio de Cristo está operando, o de Satanás se desvanece. Satanás continua sendo um usurpador. Ele será derrotado no fim dos tempos, segundo o livro do Apocalipse. Se quisermos verdadeiramente servir a Deus, devemos purificar-nos completamente do princípio de Satanás.

Na oração que nosso Senhor ensinou à Igreja, a expressão “e não nos deixes cair em tentação” destaca a obra de Satanás, enquanto a frase “mas livra-nos do mal” se refere diretamente ao próprio Satanás. O Senhor, imediatamente após essas palavras, faz uma declaração de grande importância: “...porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém” (Mt 6.13). Todo reino, autoridade e glória pertencem a Deus e somente a ele. O que nos liberta totalmente de Satanás é a percepção desta preciosíssima verdade: o Reino é de Deus. Levando-se em consideração que todo o universo está sob o domínio de Deus, devemos sujeitar-nos à sua autoridade.

Que ninguém usurpe a glória de Deus.Satanás mostrou todos os reinos da terra ao Senhor, mas o Senhor respondeu

que o Reino dos céus pertence a Deus. Devemos perceber de quem é a autoridade. Pregamos o Evangelho a fim de colocar os homens sob a autoridade de Deus. Mas como estabelecer a autoridade de Deus na terra, se nós mesmos não a conhecemos? Como poderemos enfrentar Satanás?

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Autoridade, a controvérsia do universoA controvérsia do universo centraliza-se sobrre quem deve ter autoridade, e nosso

conflito com Satanás é o resultado direto de atribuir autoridade a Deus. Para manter a autoridade de Deus, devemos submeter-nos a ela de todo o coração. É absolutamente necessário que reconheçamos a autoridade de Deus e que tenhamos uma noção básica do que ela significa.

Paulo, antes de reconhecer a autoridade do Senhor, tentou acabar com a Igreja. Depois de se encontrar com o Senhor na estrada de Damasco, entendeu que era difícil resistir (poder humano) aos aguilhões (autoridade divina). Imediatamente, caiu ao chão e reconheceu Jesus como Senhor. Depois disso, foi capaz de se submeter á orientação de Ananias na cidade de Damasco, pois tomara conhecimento da autoridade de Deus.

No momento em que foi salvo, reconheceu a autoridade e a salvação de Deus.Como Paulo, que era inteligente e capacitado, teria dado ouvidos às palavras de

Ananias – um humilde e desconhecido irmão, mencionado uma única vez na Bíblia – se não reconhecesse a autoridade de Deus? Se não tivesse tido um encontro com a autoridade na estrada de Damasco jamais teria se sujeitado àquele obscuro discípulo. Isso nos faz ver que quem conhece a autoridade lida puramente com a autoridade, e não com o homem. Não consideramos o homem, mas unicamente a autoridade conferida a ela. Não obedecemos ao homem, mas à autoridade de Deus que está nesse homem. De outro modo, como poderíamos saber o que é autoridade? Estamos trilhando uma estrada errada, se vemos o homem primeiro, antes de obedecer à autoridade. O oposto é o certo. Assim, não nos fará diferença quem seja o homem.

Deus tem o propósito de manifestar sua autoridade ao mundo por intermédio da igreja. A autoridade de Deus pode ser percebida na coordenação dos diversos membros do corpo de Cristo.

Deus usa seu poder máximo para manter sua autoridade. Portanto, a pior coisa é levantar-se contra sua autoridade.

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Nós que somos tão cheios de justiça própria e, ainda assim, tão cegos, precisamos, pelo menos uma vez na vida, ter um encontro com a autoridade de Deus para ser quebrantados até a submissão e, desse modo, começar a aprender a obedecer a essa autoridade. Antes que alguém se sujeite à autoridade delegada por Deus, é preciso que reconheça a autoridade inerente de Deus.Obediência à vontade de Deus – a maior exigência da Bíblia

A maior exigência que Deus faz ao homem não é a de carregar a cruz, servir, ofertar ou negar a si mesmo. É a obediência. Deus ordenou que Saul atacasse os amalequitas e os destruísse totalmente (1Sm.15). mas, após a vitória, Saul poupou Agague, e rei dos amalequitas, o que havia de melhor entre os bois e as ovelhas, os cordeiros mais gordos e todas as coisas valiosas. Saul não quis destruí-los. Argumentou que os poupara para sacrificá-los a Deus. Mas Samuel lhe disse: “A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de crneiros” (v.22). Os sacrifícios mencionados aqui eram ofertas de cheiro suave – não tendo nada que ver com o pecado, pois as ofertas pelo pecado jamais foram chamadas de cheiro suave. Eram oferecidas para aceitação e satisfação de Deus. Por que Samuel disse que “a obediência é melhor do que o sacrifício”? Porque mesmo no sacrifício pode haver o elemento da vontade própria. Só a obediência honra a Deus de maneira absoluta, pois só ela coloca a vontade de Deus no centro.

Para que a autoridade se expresse, é preciso que haja submissão. Para haver submissão, o ego precisa ficar excluído. Mas, se a vida estiver centrada no ego, a submissão torna-se impossível. Ela só é possível quando alguém vive no Espírito. Essa é a mais alta expressão da vontade de Deus.A oração de nosso senhor no getsêmani

Há quem pense que a oração do Senhor no Getsêmani, quando seu suor se transformou em gotas de sangue, foi resultado da fraqueza de sua carne, do temor que tinha de beber o cálice. De modo algum, pois a oração no Getsêmani fundamenta-se no mesmo princípio de 1Samuel 15.22.

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Essa é a oração suprema na qual nosso Senhor expressa sua obediência à autoridade de Deus. Nosso Senhor considerava obedecer à autoridade de Deus mais importante que se sacrificar sobre a cruz. Ele ora sinceramente para conhecer a vontade de Deus. Ele não diz: “Quero ser crucificado, tenho de beber o cálice”. Simplesmente insiste em obedecer. Na realidade, diz: “Se não for possível afasta de mim a cruz...”. Mesmo aqui não é a sua vontade que se destaca. Imediatamente, ele acrescenta: “Faça-se a tua vontade”.

A vontade de Deus é absoluta; o cálice (isto é, a crucificação) não o é. Se Deus preferisse que o Senhor não fosse crucificado, então ele não teria de subir à cruz. Antes de conhecer a vontade de Deus, o cálice e a vontade de Deus eram coisas separadas. Contudo, depois que tomou conhecimento de que eram provenientes do Pai, o cálice e a vontade de Deus se mesclaram num só coisa. A vontade representa autoridade. Portando, para conhecer a vontade de Deus e obedecer a ela, é preciso sujeitar-se à autoridade. Mas como alguém pode sujeitar-se à autoridade se não ora ou não tem desejo de conhecer a vontade de Deus?

“Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?”, disse o Senhor (Jô 18.11). Aqui ele sustenta a supremacia da autoridade de Deus, não de sua cruz. Mais adiante, tendo compreendido que beber o cálice – isto é, ser crucificado para expiação – é a vontade de Deus, imediatamente diz: “Levantem-se e vamos!” (Mt 26.46). Indo à cruz, ele realiza a vontade de Deus. Por conseguinte, a morte do Senhor é a mais alta expressão de obediência à autoridade. Mesmo a cruz, o ponto culminante do universo, não pode ser mais importante que a vontade de Deus. Jesus considera a autoridade de Deus (a vontade de Deus) mais importante que a cruz (seu sacrifício).

Quando servimos a Deus, não somos chamados à abnegação ou ao sacrifício, mas a cumprir o propósito de Deus. O princípio básico não é escolher a cruz, mas obedecer à vontade de Deus. Se o princípio sobre o qual trabalhamos e servimos inclui rebeldia, então Satanás receberá e desfrutará a glória mesmo por meio de nossos sacrifício.

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Saul poderia oferecer bois e ovelhas, mas Deus jamais os aceitaria como sacrifício oferecidos a ele, porque havia um princípio satânico envolvido. Subverter a autoridade de Deus é subverter o próprio Deus. Eis por que as Escrituras declaram que “a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria” (1Sm 15.23).

Na qualidade de servos de Deus, a primeira coisa que devemos fazer é travar relações com a autoridade. Entrar em contato com a autoridade é algo tão prático quanto entrar em contato com a salvação, embora seja uma lição mais profunda. Antes de poder trabalhar para Deus, devemos ser conquistados por sua autoridade. Nosso relacionamento com Deus é regulado pelo fato de termos ou não travado relações com sua autoridade. Em caso afirmativo, encontraremos a autoridade em todos os lugares e, quando formos governados por Deus, poderemos então ser usados por ele.Como nosso Senhor e Paulo agiram em juízo

Mateus 26 registra o julgamento duplo que o Senhor enfrentou após seu aprisionamento. Diante do sumo sacerdote, ele recebeu julgamento religioso e, diante de Pilatos, julgamento político. Quando foi julgado por Pilatos, o Senhor não respondeu, pois não se encontrava sob a jurisdição terrena. Mas quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus vivo, então ele respondeu. Isso é obediência à autoridade. Conforme registrado em Atos 23, Paulo, quando estava sendo julgado, imediatamente se submeteu, ao descobrir que Ananias era o sumo sacerdote de Deus.

Por isso, nós que trabalhamos, devemos enfrentar face a face a autoridade. Caso contrário, nosso trabalho ficará sob o princípio rebelde de Satanás e trabalharemos sem reconhecer a vontade de Deus. Não estaremos sob o princípio da obediência à autoridade. Mas somente trabalhando em obediência à autoridade é que poderemos trabalhar de acordo com a vontade de Deus. Isso realmente exige uma grande revelação!

Em Mateus 7.21-23, encontramos nosso Senhor repreendendo aqueles que profetizam, expulsam demônios e fazem coisas grandiosas em seu nome. Por que foram censurados?

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Porque o ponto de partida deles foi o ego: eles mesmos faziam coisas em nome do Senhor. Essa é a atividade da carne. Por isso, nosso Senhor declarou-os malfeitores, e não seus obreiros. Ele enfatiza que só a pessoa que faz a vontade do Pai entrará no Reino dos céus. Só isto constitui obediência à vontade de Deus: o que se origina em Deus. Não devemos procurar trabalho para fazer: devemos ser enviados por Deus para trabalhar. Quando entendermos isso, experimentaremos a realidade na autoridade do Reino dos céus.É preciso discernimento para perceber a autoridade

Há dois importantes aspectos no universo: confiar na salvação de Deus e obedecer à sua autoridade. Confiança e obediência. A Bíblia define pecado como transgressão (1Jo 3.4). Em Romanos 2.12, a frase “sem a Lei” é o mesmo que “contra a Lei”. A transgressão é desobediência à autoridade de Deus, e isso é pecado. Pecar é questão de conduta, mas transgressão é atitude do coração. O presente século caracteriza-se pela transgressão. O mundo está cheio desse pecado, e o fruto logo aparecerá. A autoridade no mundo está sendo cada vez mais solapada. Por fim, todas as autoridades serão destituídas, e a transgressão governará.

Sabemos que, no universo, existem dois princípios: o da autoridade de Deus e o da rebeldia satânica. Não podemos servir a Deus e simultaneamente andar pelo caminho da rebeldia. Satanás ri quando o rebelde prega a palavra, pois nessa pessoa habita o princípio satânico. O princípio do serviço deve ser a autoridade . Obedeceremos ou não à autoridade de Deus? Nós que servimos a Deus devemos perceber esse critério básico. Quem já experimentou um choque elétrico sabe que não pode ser descuidado com a eletricidade. Do mesmo modo, a pessoa que já foi ferida pela autoridade de Deus mantém os olhos abertos para julgar o que é transgressão nela mesma e nos outros.

Que Deus nos conceda a graça de nos livrar da rebeldia. Só depois de reconhecer a autoridade de Deus e aprender a obedecer é que você poderá orientar seus filhos no caminho da retidão.

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2EXEMPLOS DE REBELDIA NO ANTIGO TEXTAMENTO1. A QUEDA DE ADÃO E EVA

E o Senhor Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gn 2.16,17),

Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: “Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’?” Respondeu a mulher à serpente: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’. Disse a serpente à mulher: “Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal”. Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também (Gn 3.1-6).

Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos (Rm 5.19).A queda do homem foi resultado da desobediência

Recapitularemos a história de Adão e Eva, conforme registrada em Gênesis 2 e 3. Depois que Deus criou Adão, encarregou-o de algumas coisas, dentre essas constava a ordem de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O ponto crucial dessa recomendação foi mais abrangente que a simples proibição de comer certo fruto. Significava que Deus estava colocando Adão sob autoridade para que aprendesse a obedecer. De um lado, Deus colocou todas as coisas criadas na terra sob a autoridade de Adão para que ele as dominasse; mas, de outro lado, Deus colocou Adão debaixo de sua autoridade para que a obedecesse. Só aquele que está debaixo de autoridade pode constituir autoridade.

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De acordo com a ordem da criação divina, Deus criou Adão antes de criar Eva. Colocou Adão em posição de autoridade, e Eva sob a autoridade de Adão. Estabeleceu Adão como autoridade e Eva em submissão. Tanto na antiga como na nova criação, essa ordem de prioridades constitui a base da autoridade. Todo aquele que for criado primeiro é a autoridade; todo aquele que for salvo primeiro será a autoridade. Portanto, onde quer que estejamos, nosso primeiro pensamento deve ser o de descobrir quem são aqueles aos quais Deus quer que nos sujeitemos. Podemos encontrar a autoridade em qualquer lugar e aprender a obedecer à autoridade a qualquer hora.

A queda do homem deve-se à desobediência à autoridade de Deus. Eva, em vez de obedecer a Adão, ao examinar se o fruto era bom e agradável à vista, tomou ela mesma uma decisão. Ela “descobriu a cabeça”. Ao comer o fruto, não o fez em sujeição, mas por vontade própria. Além de transgredir a ordem de Deus, também desobedeceu a Adão. Rebelar-se contra a autoridade representativa de Deus é o mesmo que rebelar-se contra Deus. Adão, ao dar ouvido a Eva e comer o fruto proibido, pecou contra a vontade direta de Deus. Portanto, ele também desobedeceu à autoridade de Deus. Isso também foi rebeldia.Todo trabalho deve ser prestado em obediência

Eva, na ordem divina, não foi colocada apenas sob a autoridade de Deus, mas também sob a autoridade de Adão. Ela tinha de obedecer a uma autoridade dupla. E, hoje, nossa posição não difere disso. Eva, percebendo que o fruto era bom para comer, comeu-o sem perguntar a quem estava obedecendo. Mas, desde o princípio, Deus ordenara ao homem que obedecesse e que não seguisse a própria vontade. A atitude de Eva, entretanto, não foi governada pela obediência: foi iniciativa de sua vontade pessoal. Ela não se sujeitou à ordem divina nem obedeceu à autoridade de Deus. Ao contrário, tomou ela mesma uma decisão. Rebelou-se contra Deus e caiu. Toda atitude que implica desobediência constitui uma queda, e qualquer atitude de desobediência é rebeldia.

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À medida que a obediência de alguém cresce, suas ações decrescem. Quando começamos a seguir ao Senhor, lançamo-nos a muitas atividades e falhamos bastante na obediência. Mas, conforme avançamos em espiritualidade, nossas ações gradualmente diminuem até que a obediência predomine. Muitos, entretanto, fazem o que gostam e recusam-se a fazer o que não gostam. Jamais analisam a situação para ver se estão agindo em obediência. Por isso, muito trabalho passa a ser executado pelo ego, e não em obediência a Deus.Na mão de Deus está o certo e o errado

A ação humana não deve ser governada pelo conhecimento do bem ou do mal; deve ser motivada pelo senso de obediência. O princípio do bem e do mal é viver de acordo com o que é certo ou errado. Antes de Adão e Eva comerem do fruto proibido, o que era certo e errado para eles estava na mão de Deus. Se não vivessem diante de Deus, não saberiam nada, pois o que era certo e errado para eles se encontrava realmente em Deus. Por conseguinte, depois da queda, os homens não precisaram mais descobrir em Deus a noção de certo e errado. Isso já estava neles. Esse foi o resultado da Queda. A obra da redenção é levar-nos de volta ao lugar em que encontramos o que é certo ou errado para nós em Deus.O cristão deve obedecer à autoridade

Não existe autoridade que não proceda de Deus. Todas as autoridades foram instituídas por ele. Quando procuramos a fonte de toda autoridade, invariavelmente a encontramos em Deus. Deus está acima de toda autoridade, e toda autoridade está debaixo dele. Quando entramos em contato com a autoridade de Deus, entramos em contato com o próprio Deus. A obra de Deus efetua-se basicamente não pelo poder, mas pela autoridade. Ele mantém todas as coisas pela poderosa Palavra de sua autoridade, como também as criou exatamente pela mesma Palavra. Sua Palavra de ordem é “autoridade”. Não sabemos como a autoridade de Deus opera. Não obstante, sabemos que ele realiza tudo por meio dela.

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O amado servo de um centurião estava doente. O centurião sabia que se encontrava sob autoridade e tinha autoridade sobre outros. Por isso pediu ao Senhor que apenas dissesse uma palavra, crendo que a cura se efetuaria – afinal, toda a autoridade não se encontrava na mão do Senhor? Ele creu na autoridade do Senhor. Não nos causa admiração que o Senhor elogiasse sua grande fé: “Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé (Mt 8.10). Entrar em contato com a autoridade de Deus é o mesmo que entrar em contato com Deus.Hoje, o universo está cheio de autoridades estabelecidas por Deus. Tudo se encontra sob sua autoridade. Sempre que uma pessoa peca contra a autoridade de Deus, peca contra Deus. Todo cristão deve, portanto, aprender a obedecer à autoridade.A primeira lição que o cristão deve aprender é obediência à autoridade

Estamos sob a autoridade dos homens, como também temos homens sob nossa autoridade. Essa é a posição que ocupamos. Na terra, até mesmo o Senhor Jesus não só se encontrava sob a autoridade de Deus, mas também sob a autoridade de outros. A autoridade encontra-se em toda parte. Há autoridade na escola; há autoridade no lar. O guarda na rua, embora talvez tenha menos instrução que você, foi estabelecido por Deus como autoridade sobre você. Sempre que alguns irmãos em Cristo se reúnem, imediatamente estabelece-se uma ordem espiritual. Um leigo cristão deveria saber quem está acima dele. Alguns não sabem quais são as autoridades que estão acima deles, por isso não obedecem. Não deveríamos nos preocupar com o certo e o errado, com o bem ou o mal; antes, deveríamos saber quem é a autoridade sobre nós. Quando ficamos sabendo a quem devemos estar sujeitos, naturalmente encontramos nosso lugar no corpo. Quantos cristãos hoje não têm a menor idéia do que seja submissão! Por isso existe tanta confusão e desordem. Em conseqüência disso, a obediência à autoridade é a primeira lição que o leigo deveria aprender, e a obediência à autoridade também ocupa lugar de destaque no trabalho propriamente dito.

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Page 15: Autoridade espiritual

A obediência deve ser recuperadaDesde a queda de Adão, a desordem prevalece no universo. Cada um pensa que

é capaz de distinguir o bem do mal e de julgar o que é certo e o que é errado. Cada um pensa saber mais que Deus. Essa é a loucura da queda. Devemos ser libertos de tal engano, pois não passa de rebeldia.

Nosso conceito de obediência é tristemente inadequado. Alguns, quando obedecem ao Senhor no batismo, parecem pensar que sua obediência é perfeita e total. Muitos estudantes consideram muito severa a ordem divina de obedecer a seus professores. Muitas esposas consideram uma crueldade total a ordem divina de sujeitar-se a maridos difíceis. Hoje, inúmeros cristãos vivem em estado de rebeldia: eles não aprenderam nem a primeira lição de obediência.

A sujeição, que a Bíblia ensina, relaciona-se com sujeição às autoridades estabelecidas por Deus. Como era superficial a antiga demonstração de obediência! A obediência é um princípio fundamental. Se a questão da autoridade permanecer sem solução, nada pode ser resolvido. Assim como a fé é o princípio pelo qual obtemos vida, a obediência é o princípio pelo qual devemos viver. Na igreja, as divisões e desentendimentos freqüentes brotam da rebeldia. Para recuperar a autoridade, a obediência deve ser primeiramente restaurada. Muitos têm cultivado o hábito de assumir o papel de cabeça, mas nem sequer aprenderam a obedecer. Por isso, devemos aprender uma lição. Que a obediência seja nossa primeira atitude. Deus, no que se refere à autoridade, não nos tem privado de nada. Ele já nos demonstrou como ficar sujeitos a ambas, a autoridade direta e a indireta. Muitos declaram que sabem como obedecer a Deus, mas, na realidade, nada sabem sobre a obediência à autoridade delegada. Levando-se em consideração que todas as autoridades vêm de Deus, devemos aprender a obedecer a todas elas. Hoje, os problemas que enfrentamos são decorrentes do fato de que os homens vivem fora da autoridade de Deus.

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Não há unidade no corpo sem a autoridade da cabeçaDeus está operando na recuperação da unidade do corpo. Mas para que isso se realize é preciso que o corpo primeiro receba a vida da cabeça e, a seguir, autoridade. Sem a vida da cabeça, não pode haver corpo. Sem a autoridade da cabeça, não pode haver a unidade do corpo. Para manter a unidade do corpo, devemos permitir que a vida da cabeça governe.

Deus quer que obedeçamos às autoridades delegadas por ele, assim com a ele também. Todos os membros do corpo devem estar sujeitos uns aos outros. Quando isso acontece, o corpo é unido em si mesmo e com a cabeça. Quando a autoridade da cabeça prevalece, a vontade de Deus se realiza. Assim, a Igreja torna-se o Reino de Deus.Algumas lições sobre obediênciaMais cedo ou mais tarde, aquele que servo a Deus toma consciência da autoridade no universo, na sociedade, no lar, na igreja. Como alguém pode servir e obedecer a Deus, se jamais entrou em contato com a autoridade do Senhor? Isso é mais que uma questão doutrinaria, pois o ensino pode ser abstrato. Alguns acham que é muito difícil saber como obedecer à autoridade, mas, se conhecemos Deus, a dificuldade se dissipa. Não existe ninguém que possa obedecer à autoridade divina sem que a misericórdia de Deus esteja sobre ele. Devemos, portanto, aprender algumas lições:1.Tenha um espírito de obediência.2.Pratique a obediência. Alguns parecem selvagens, simplesmente não conseguem obedecer. Mas os que são treinados não se sentem embaraçados onde quer que sejam colocados. Conseguem viver naturalmente em obediência.3.Aprenda a exercer a autoridade concedida. Aquele que trabalha para Deus não só precisa aprender a obedecer à autoridade, mas também deve aprender a exercer a autoridade, que lhe foi concedida por Deus, na igreja e no lar. Quem aprende a ficar sob a autoridade de Deus não se considera mais nada, mesmo que Deus lhe confie muito.Alguns aprendem a obedecer, mas, no que se refere ao exercício da autoridade, quando são enviados a algum lugar para trabalhar, fracassam. É preciso aprender a ficar sob a autoridade e também em posição de autoridade. A igreja sofre porque muitos não sabem obedecer, mas ela também é igualmente prejudicada por alguns que não aprenderam a exercer autoridade.

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3EXEMPLOS DE REBELDIA NO ANTIGO TESTAMENTO(continuação)

2.A REBELDIA DE CAMNoé, que era agricultor, foi o primeiro a plantar uma vinha. Bebeu do vinho,

embriagou-se e ficou nu dentro da sua tenda. Cam, pai de Canaã, viu a nudez do pai e foi contar aos dois irmãos que estavam do lado de fora. Mas Sem e Jafé pegaram a capa, levantaram-na sobre os ombros e, andando de costas para não verem a nudez do pai, cobriram-no. Quando Noé acordou do efeito do vinho e descobriu o que seu filho caçula lhe havia feito, disse: “Maldito seja Canaã! Escravo de escravos será para os seus irmãos”. Disse ainda: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem! E seja Canaã seu escravo. Amplie Deus o território de Jafé; labite ele nas tendas de Sem, e seja Canaã seu escravo” (Gn 9.20-27).Fracasso na autoridade concedida é um teste para a obediência

No jardim do Éden, Adão fracassou. Na vinha, Noé também foi derrotado, mas, graças à justiça desse homem, Deus salvou sua família. No plano de Deus, Noé era o cabeça da família. Deus colocou toda a família sob a autoridade de Noé, bem como todo o mundo daquele tempo.

Mas, certo dia, Noé se embebedou em sua vinha e descobriu-se em sua tenda. Cam, seu filho mais jovem, viu a nudez do pai e comentou o incidente com os dois irmãos. No que se refere à conduta de Noé, é claro que ele estava errado; não deveria ter-se embriagado. Mas Cam fracassou ao não reconhecer a dignidade da autoridade. O pai é a autoridade constituída por Deus no lar, mas a carne deleita-se em ver defeitos na autoridade para poder desembaraçar-se de todas as restrições. Quando Cam viu a conduta imprópria do pai, não teve o menor sentimento de vergonha ou de tristeza, nem tentou encobrir a falta do pai. Isso revela um espírito rebelde. Assim, saiu e contou o fato aos irmãos, destacando a falta de dignidade do pai, acrescentando o pecado da injúria a seus erros. Observe, entretanto, como Sem e Jafé resolveram a situação. Entraram de costas na tenda – evitando, assim, ver a nudez do pai – e o cobriram com a capa que tinham colocado sobre os ombros.

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Vê-se, portanto, que o fracasso de Noé tornou-se uma prova para Sem, Cam, Jafé e Canaã, filho de Cam. Esse incidente revelou quem era obediente e quem era rebelde. A queda de Noé revelou a rebeldia de Cam.

Depois que Noé despertou do vinho, ele profetizou que os descendentes de Cam seriam amaldiçoados e se tornariam escravos dos escravos de seus irmãos. O primeiro escravo, na Bíblia, foi Cam. Três vezes pronunciou-se a sentença de que Canaã seria escravo. Isso é o mesmo que dizer que aquele que não se sujeita à autoridade vem a ser escravo daquele que obedece à autoridade. Sem, no entanto, foi abençoado. O Senhor Jesus veio da linhagem de Sem. Jafé foi destinado a pregar Cristo. Assim, as nações que propagam o evangelho hoje pertencem aos descendentes de Jafé. O primeiro a ser amaldiçoado depois do Dilúvio foi Cam. Por não reconhecer a autoridade, foi colocado, nas gerações futuras, sob a autoridade de outros. Quem deseja servir ao Senhor precisa reconhecer a autoridade. Ninguém pode servi-lo em espírito de transgressão.3. FOGO ESTRANHO OFERECIDO POR NADABE E ABIÚ

Nadabe e Abiu, filhos de Arão, pegaram cada um o seu incensário, nos quais acenderam fogo, acrescentaram incenso, e trouxeram fogo profano perante o Senhor, sem que tivessem sido autorizados. Então saiu fogo da presença do Senhor e os consumiu. Morreram perante o Senhor (Lv 10.1,2).Por que nadabe e Abiú foram consumidos

Como é grave a história de Nadabe e Abiú! Serviram como sacerdotes, não porque fossem pessoalmente justos, mas porque pertenciam à família que Deus tinha escolhido. Deus estabeleceu Arão como sacerdote, e este foi ungido. Assim, Arão, em todas as questões relacionadas com o culto, era o chefe. Seus filhos eram simples ajudantes, servindo no altar em obediência a Arão. Deus jamais teve a intenção de permitir que os filhos de Arão servissem independentemente, por isso os colocou sob a autoridade de Arão. Doze vezes Arão e seus filhos são mencionados em Levítico 8. No capítulo seguinte, encontramos Arão oferecendo sacrifícios, com seus filhos ao lado. Se Arão nada fizesse, seus filhos também nada deveriam fazer. Tudo começou com Arão, não com seus filhos. Se os filhos se aventurassem a oferecer sacrifícios, estariam oferecendo fogo estranho.

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Isso, entretanto, foi exatamente o que Nadabe e Abiu, filhos de Arão, fizeram. Acharam que poderiam oferecer sacrifícios por si mesmos e os ofereceram sem a ordem de Arão. O sentido de “fogo estranho” é servir sem uma ordem, é servir sem obedecer à autoridade. Tinham visto seu pai oferecendo sacrifícios, e isso parecia muito simples para eles. Assim, presumiram que poderiam fazer a mesma coisa. Nadabe e Abiu só pensavam se seriam ou não capazes de fazer o mesmo. Fracassaram em perceber quem representava a autoridade de Deus.O culto é iniciado por Deus

Enfrentamos aqui um problema seriíssimo: servir a Deus e oferecer fogo estranho são atividades muito parecidas, as quais, no entanto, estão separadas por um profundo abismo. O verdadeiro culto é iniciado por Deus. Quando o homem serve sob a autoridade de Deus, esse homem é aceito em razão disso. O fogo estranho origina-se no homem. Não exige conhecimento da vontade de Deus nem obediência à sua autoridade. É realizado pelo entusiasmo humano e termina com a morte. Se acontecer de nosso culto ou serviço torna-se cada vez mais sem vida, é sinal de que é tempo de pedir a Deus que nos ilumine para vermos se estamos servindo no verdadeiro princípio do serviço ou de acordo com o princípio do fogo estranho.A obra de Deus é a coordenação da autoridade

Nadabe e Abiú trabalharam separados de Arão, por isso trabalharam independentemente de Deus. O trabalho de Deus deve ser coordenado sob a autoridade delegada pelo Senhor: Deus queria que Nadabe e Abiu servissem sob autoridade de Arão. Observe, no Novo Testamento, como Barnabé e Paulo, Paulo e Timóteo, Pedro e Marcos trabalharam juntos. Uns eram os responsáveis, enquanto os outros ajudaram. No trabalho de Deus ele coloca alguns em autoridade e outros sob a autoridade delegada pelo Senhor. Deus chamou-nos para ser sacerdotes segundo a ordem de Melquisedeque. Portanto, devemos servir a Deus de acordo com a ordem da autoridade coordenada.

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Aquele que, desordenadamente, levanta a cabeça e age independentemente, está sendo rebelde, o que resulta em morte. Quem tenta servir sem primeiro entrar em contato com a autoridade está oferecendo fogo estranho. Qualquer um que diga: “Se ele pode, eu também posso”, vive um estado de rebeldia. Além de Deus ter o cuidado de fornecer o fogo, ele também tem o cuidado de observar a natureza do fogo. A rebeldia muda a natureza do fogo. Tudo que não fosse ordenado por Jeová nem por Arão era fogo estranho. Deus não se preocupa com a questão do sacrifício, mas com a manutenção da autoridade. Por conseguinte, os homens deveriam aprender a seguir, isto é, a sempre desempenhar um papel de menor importância.

Exatamente como a autoridade delegada segue Deus, assim aqueles que estão sujeitos à autoridade devem seguir a autoridade delegada por Deus. Não há lugar para o serviço individual, isolado. No trabalho espiritual, todos devem servir em coordenação. A coordenação é a regra; o indivíduo não é a unidade. Nadabe e Abiú estavam fora de coordenação com Arão, portanto estavam fora de coordenação com Deus. Não deveriam ter deixado Arão para servir independentemente. Quem desobedecesse à autoridade deveria ser consumido pelo fogo diante de Deus. Embora Arão não tivesse consciência da seriedade desse assunto, Moisés percebeu a gravidade da rebeldia contra a autoridade de Deus. Hoje, muitos estão tentando servir a Deus independentemente. Jamais se colocaram sob autoridade delegada e, desse modo, inconscientemente pecam contra a autoridade de Deus.4. O ULTRAJE DE ARÃO E MIRIÃ

Miriã e Arão começaram a criticar Moisés porque ele havia se casado com uma mulher etíope. “Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés?”, perguntaram “Também não tem ele falado por meio de nós?” E o Senhor ouviu isso. Ora, Moisés era um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra. Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: “Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três”. E os três foram para lá. Então o Senhor desceu numa coluna de nuvem e, pondo-se à entrada da Tenda, chamou Arão e Miriã.

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Os dois vieram à frente, e ele disse: “Ouçam as minhas palavras: Quando entre vocês há um profeta do Senhor, a ele me revelo em visões, em sonhos falo com ele. Não é assim, porém, com meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Com ele falo face a face, claramente, e não por enigmas; e ele vê a forma do Senhor. Por que não temeram criticar meu servo Moisés”. Então a ira do Senhor acendeu-se contra eles, e ele os deixou. Quando a nuvem se afastou da Tenda, Miriã estava leprosa; sua aparência era como a da neve. Arão voltou-se para Miriã, viu que ela estava com lepra e disse a Moisés: “Por favor, meu senhor, não nos castigue pelo pecado que tão tolamente cometemos. Não permita que ela fique como um feto abortado que sai do ventre de sua mãe com a metade do corpo destruído”. Então Moisés clamou ao Senhor: “Ó Deus, por misericórdia, concede-lhe cura! “O Senhor respondeu a Moisés : “Se o pai dela lhe tivesse cuspido no rosto, não estaria ela envergonhada sete dias? Que fique isolada fora do acampamento sete dias, depois ela poderá ser trazida de volta”. Então Miriã ficou isolada sete dias fora do acampamento, e o povo não partiu enquanto ela não foi trazida de volta (Nm 12.1-15).Falar contra a autoridade representativa provoca a ira divina

Arão e Miriã eram os irmãos mais velhos de Moisés. Portanto, em casa, Moisés deveria se sujeitar à autoridade deles. Mas, na vocação e no trabalho de Deus, eles deveriam se sujeitar à autoridade de Moisés. Eles não gostaram da mulher etíope com quem Moisés se casara, por isso murmuraram contra o irmão mais novo. “Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés?”, perguntaram. “Também não tem ele falado por meio de nós?” Os etíopes são africanos, descendentes de Cam. Moisés não deveria ter se casado com aquela mulher etíope. Na posição de irmã mais velha, Miriã, de acordo com sua posição na família, podia repreender o irmão. Mas, quando ela abriu a boca para o difamar, tocou na obra de Deus, pondo em dúvida a posição de Moisés.

Deus delegara a Moisés a autoridade para o trabalho. Arão e Miriã erraram ao atacar a posição de Moisés! Deus escolhera Moisés para dirigir o povo de Israel e tirá-lo do Egito, mas, apesar disso, Miriã desprezou Moisés.

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Deus, por causa dessa atitude, se aborreceu grandemente com ela. Ela poderia entender-se com o irmão, mas não injuriar a autoridade de Deus. O problema foi que nem Arão nem Miriã reconheceram a autoridade de Deus. Ao permanecer no terreno natural, exibiram um coração rebelde.

Mas Moisés não revidou. Ele sabia que, tendo sido estabelecido por Deus como autoridade, não precisava defender-se. Quem o injuriasse encontraria a morte. Enquanto Deus lhe desse autoridade, ele poderia permanecer em silêncio. Um leão não precisa de proteção, uma vez que tem em si autoridade total. Moisés poderia representar a Deus com autoridade, porque ele mesmo se sujeitou à autoridade divina, pois era muito manso, mais que todos os homens que habitavam a face da terra. A autoridade que Moisés representava era a própria autoridade de Deus. E ninguém pode tirar a autoridade concedida por Deus.

Palavras rebeldes sobem ao céu e são ouvidas por Deus. Quando Arão e Miriã pecaram contra Moisés, pecaram contra Deus, que se encontrava em Moisés. A ira do Senhor acendeu-se contra eles. Sempre que o homem toca a autoridade delegada por Deus, ele toca o próprio Deus que se encontra nessa pessoa. Pecar contra autoridade delegada é pecar contra Deus.A autoridade é escolha divina, não mérito humano

Deus convocou os três a comparecer à Tenda do Encontro. Arão e Miriã foram sem nenhuma hesitação, porque pensavam que Deus estaria do lado deles e também porque tinham muito a dizer a Deus, uma vez que Moisés, ao se casar com uma mulher etíope, causara todos aqueles problemas na família. Mas Deus proclamou que Moisés era seu servo fiel em toda a sua casa. Como se atreviam a falar contra seu servo? A autoridade espiritual não é algo que se obtém por esforço. Ela é concedida por Deus a quem quer que ele escolha. Como o espiritual difere do natural!

Deus é autoridade. É preciso tomar cuidado para que não se cometa ofensa. Qualquer um que falasse contra Moisés, falava contra o escolhido de Deus. Não desprezemos jamais os vasos escolhidos por Deus.

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A rebeldia manifestou-se na lepraA ira do Senhor acendeu-se contra eles, e a nuvem se afastou da tenda. A presença de

Deus desapareceu e, imediatamente, Miriã ficou branca de lepra. Sua lepra não surgiu em razão de contaminação. Foi claramente um castigo de Deus. Ser uma mulher leprosa não era, de maneira alguma, melhor que ser uma mulher etíope. Assim, Miriã teve de ficar isolada, perdendo o privilégio de se comunicar com os outros.

Quando Arão viu que Miriã estava leprosa, rogou que Moisés agisse como mediador e orasse pedindo por sua cura. Deus disse: “Se o pai dela lhe tivesse cuspido no rosto, não estaria ela envergonhada sete dias? Que fique isolada fora do acampamento sete dias; depois ela poderá ser trazida de volta”. E, em consequência disso, a viagem da tenda foi atrasada em sete dias. Sempre que há rebeldia e ofensa entre nós, perdemos o contato com Deus, e a tenda terrena torna-se irremovível. A coluna de nuvem divina não descerá até que as palavras ofensivas sejam esclarecidas. Se essa questão de autoridade não for resolvida, tudo o mais se torna vazio e inútil.Submissão à autoridade representativa

Muitos se consideram obedientes a Deus quando, na realidade, nada sabem sobre sujeição à autoridade delegada por Deus. Quem for verdadeiramente obediente descobrirá que a autoridade de Deus se encontra em todas as circunstâncias, tanto no lar quanto em outras instituições. Deus perguntou: “Por que não temeram criticar meu servo Moisés?”. É preciso prestar atenção especial sempre que palavras injuriosas forem enunciadas. Palavras desse tipo não devem ser pronunciadas levianamente. A injúria é prova de que há um espírito rebelde na pessoa; é o germe da rebeldia. Devemos temer a Deus e não devemos falar levianamente. Mas, hoje, há quem critique os presbíteros da igreja e os que estão acima deles, sem se dar conta da gravidade de tais palavras. Quando a igreja for reavivada pela graça de Deus, os ofensores serão tratados como leprosos.

Que Deus nos conceda a graça de compreender que isso não se refere aos nossos irmãos, mas à autoridade instituída por Deus. Só depois de reconhecer a autoridade é que perceberemos como pecamos contra Deus. Nosso conceito de pecado passará por uma transformação drástica. Olharemos para o pecado como Deus olha. Veremos que o pecado que Deus condena é da rebeldia do homem. INÍCIO AVANÇA

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5.A REBELIÃO DE CORÁ, DATÃ E ABIRÃORebelião coletiva

Um exemplo de rebelião coletiva encontra-se no capítulo 16 de Números. Corá e seus companheiros pertenciam aos levitas. Portanto, representavam os que prestavam cultos espirituais. Por outro lado, Data e Abirão eram filhos de Rúben e, portanto, representavam os líderes. Todos eles, junto com 250 líderes da congregação, resolveram rebelar-se contra Moisés e Arão. Atacaram arbitrariamente os dois, dizendo: “Basta! A assembléia toda é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles. Então, por que vocês se colocam acima da assembléia do Senhor?”. Eles foram desrespeitosos para com Moisés e Arão. Talvez fossem bastante honestos no que disseram, mas falharam em ver a autoridade do Senhor. Consideraram o assunto um problema pessoal, como se não houvesse autoridade entre o povo de Deus. Em seu ataque, não fizeram menção ao relacionamento entre Moisés e Deus nem ao mandamento de Deus.

Não obstante, mesmo debaixo dessas sérias acusações, Moisés não se zangou nem perdeu o controle. Simplesmente, prostrou-se diante do Senhor. Por saber que a autoridade pertence ao Senhor, não usou de nenhuma autoridade nem fez nada por si mesmo. Disse a Corá e ao seu grupo que esperassem até a manhã seguinte, quando o Senhor mostraria quem era dele e quem era santo. Assim, ele enfrentou o espírito do erro com o espírito da justiça.

O que Corá e seu seguidores disseram fundamentava-se na razão e em conjecturas. Moisés, entretanto, respondeu: “Pela manhã o Senhor mostrará quem lhe pertence e fará aproximar-se dele aquele que é santo, o homem a quem ele escolher” (v.5). O problema não era de Moisés, mas do Senhor. O povo pensava que estava simplesmente se opondo a Moisés e Arão. Não tinha a menor intenção de se rebelar contra Deus, pois ainda desejava servi-lo. O povo apenas desprezou Moisés e Arão.

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Mas Deus e sua autoridade delegada são inseparáveis. Não era possível manter uma atitude para com Deus e outra atitude para com Moisés e Arão. Ninguém pode rejeitar a autoridade delegada por Deus com uma mão e receber Deus com a outra. Se o povo se submetesse à autoridade de Moisés e Arão, estaria sujeito a Deus.

Moisés, portanto, não se impôs pela autoridade que lhe fora concedida por Deus. Ao contrário, ele se humilhou sob a autoridade de Deus e respondeu ao seu acusador com mansidão: “Você, Corá, e todos os seus seguidores deverão fazer o seguinte: peguem incensários e amanhã coloquem neles fogo e incenso perante o Senhor. Quem o Senhor escolher será o homem consagrado” (v.6,7). Com Moisés era mais amadurecido, previa as conseqüências; por isso, suspirou: “Agora ouçam-me, levitas! Não lhes é suficiente que o Deus de Israel os tenha separado do restante da comunidade de Israel e os tenha trazido para junto de si a fim de realizarem o trabalho no tabernáculo do Senhor e para estarem preparados para servir a comunidade? Ele trouxe você e todos os seus irmãos levitas para junto dele, e agora vocês querem também o sacerdócio? É contra o Senhor que você e todos os seus seguidores se ajuntaram! Quem é Arão, para que se queixem contra ele?” (v.8-11).

Data e Abirão não estavam presentes nesse momento. Pois, quando Moisés mandou chamá-los, recusaram-se a vir e resmungaram: “Não lhe basta nos ter tirado de uma terra onde manam leite e mel [Egito] para matar-nos no deserto? E ainda quer se fazer chefe sobre nós? Além disso, você não nos levou a uma terra onde manam leite e mel, nem nos deu uma herança de campos e vinhas. Você pensa que pode cegar os olhos destes homens? Nós não iremos!” (v.13;14.) Essa atitude foi de muita rebeldia. Não criam na promessa de Deus, pois o que esperavam eram bênçãos terrenas. Esqueceram-se que foi em conseqüência das próprias falhas que não entraram em Canaã. Em vez disso, falaram asperamente contra Mosés.

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Deus eliminou a rebeldia do meio de seu povoA essa altura, a ira de Moisés despertou. Em lugar de falar com eles, orou a

Deus. Quantas vezes a rebeldia do homem forçou a mão do juízo de Deus! Dez vezes os israelitas provocaram Deus e cinco vezes deixaram de crer nele, e Deus se conteve e lhes perdoou. Mas em virtude dessa rebeldia, Deus resolveu julgar. Deus disse: “Afastem-se dessa comunidade para que eu acabe com eles imediatamente” (v.21). Ele extirparia a rebeldia do meio de seu povo. Mas Moisés e Arão caíram com o rosto em terra e oraram: “Ó Deus, Deus que a todos dá vida, ficarás tu irado contra toda a comunidade quando um só homem pecou?” (v.22). Deus atendeu às orações deles, mas julgou Corá e seu grupo. A autoridade estabelecida por Deus era a pessoa a quem Israel tinha de ouvir. Até Deus testificou diante dos israelitas que também aceitaria as palavras de Moisés.

A rebeldia é um princípio infernal. Aquelas pessoas se rebelaram, e as portas do inferno se abriram. A terra abriu sua boca e engoliu todos os homens que pertenciam a Corá, Data e Abirão e todos os seu bens. Portanto, eles e tudo quanto lhes pertencia desceram vivos ao abismo (v.32,33). As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, mas um espírito rebelde abre essas portas. Um dos motivos pelo qual a Igreja, às vezes, não prevalece é a presença da rebeldia. A terra não abrirá sua boca se não houver um espírito rebelde. Todos os pecados libertam o poder da morte, mas o pecado da rebeldia é o principal. Só os obedientes podem fechar as portas do inferno e produzir vida.Os obedientes seguem a fé, não a razão

Para os israelitas, não era infundada a queixa de que Moisés não os havia levado para um terra onde manavam leite e mel nem lhes dera uma herança de campos e vinhas. Continuavam no deserto e ainda não tinham entrado na terra do leite e do mel. Mas, por favor, observe: aquele que anda segundo a razão e a vista segue o caminho da razão; só aquele que obedece à autoridade entra em Canaã pela fé. Ninguém que siga a razão pode andar pelo caminho espiritual, porque transcende o raciocínio humano. Só o fiel pode desfrutar abundância espiritual.

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Fiel é aquele que, pela fé, aceita a coluna de nuvem e de fogo e a liderança e a autoridade delegada por Deus como no caso de Moisés.

A terra abre sua boca para apressar a queda dos desobedientes no Sheol, pois estão viajando pelo caminho da morte. Os olhos dos desobedientes são bastante vivos, mas – que pena! – tudo que vêem é a esterilidade do deserto. Embora os que prosseguem pela fé possam parecer cegos, pois não notam a esterilidade diante deles, os olhos de sua fé vêem a promessa melhor que jaz adiante. E, assim, entram em Canaã. Portanto, devemos ficar sob a restrição da autoridade de Deus e aprender a seguir a autoridade delegada por Deus. Aqueles que só se relacionam com os pais, irmãos não sabem o que é autoridade e, portanto, não se encontraram ainda com Deus. Em suma, a autoridade não é um assunto de instrução externa, e sim uma revelação interna.A rebeldia é contagiosa

Em Números 16, há dois exemplos de rebeldia. Nos versículos de 1 a 40, os líderes se rebelam; nos versículos 41 a 50, toda a congregação se rebela. O espírito de rebeldia é muito contagioso. O julgamento dos 250 líderes que ofereceram incenso não deteve a congregação. Ela continuou rebelde, declarando que Moisés matara seus líderes. Mas Moisés e Arão não podiam ordenar à terra que abrisse sua boca! Isso fora ordem de Deus. Moisés não podia invocar fogo para consumir o povo! O fogo veio do Senhor.

Os olhos humanos só vêem os homens; não sabem que a autoridade vem de Deus. Tais pessoas são tão atrevidas que, mesmo quando presenciam o juízo, não temem. Como é perigoso ignorar a autoridade! Quando toda a congregação se reuniu contra Moisés e Arão, a glória do Senhor apareceu. Isso era prova de que a autoridade pertencia a Deus. Deus se apresentou para executar o juízo. Começou uma praga e, em conseqüência dessa praga, 14.700 pessoas morreram. Diante disso, a percepção espiritual de Moisés tornou-se mais aguda, pois imediatamente pediu a Arão que tomasse o incensário, o acendesse e colocasse incenso nele, levando-o rapidamente à congregação para fazer expiação pelo povo. E, quando Arão se colocou entre os mortos e os vivos, a praga foi interrompida.

Deus ignorou dez vezes as murmurações no deserto, mas não permitiria que resistissem à sua autoridade. Deus pode suporte e ignorar muitos pecados, mas a rebeldia ele não permite, porque a rebeldia é o princípio da morte, o princípio de Satanás. Portanto, o pecado da rebeldia é mais sério que qualquer outro pecado. Sempre que o homem resiste à autoridade, Deus o julga imediatamente. Que coisa séria! INÍCIO AVANÇA

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4DAVI: SUA NOÇÃO DE AUTORIDADE

Eles disseram: “Este é o dia sobre o qual o Senhor lhe falou: ‘Entregarei nas suas mãos o seu inimigo para que você faça com ele e o que quiser’”. Então Davi foi com muito cuidado e cortou uma ponta do manto de Saul, sem que este percebesse. Mas Davi sentiu bater-lhe o coração de remorso por ter cortado uma ponta do manto de Saul, e então disse a seus soldados:”Que o Senhor me livre de fazer tal coisa a meu senhor, de erguer a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor” (1Sm 24.4-6).

Davi, contudo, disse a Abisai: “Não o mate! Quem pode levantar a mão contra o ungido do Senhor e permanecer inocente? [...] O Senhor me livre de levantar a mão contra o seu ungido” (1Sm 26.9,11).

Davi lhe perguntou: “Como você não temeu levantar a mão para matar o ungido do Senhor” (2Sm 1.14).Davi não buscou o trono por meio da rebeldia

Quando o reino de Israel foi estabelecido, Deus inaugurou formalmente sua autoridade sobre a terra. Os israelitas, tendo entrado em Canaã, pediram um rei a Deus. Por isso, Deus comissionou Samuel para ungir Saul primeiro rei de Israel. Saul foi escolhido e estabelecido por Deus para constituir sua autoridade delegada. Infelizmente, depois de se tornar rei, desobedeceu à autoridade de Deus até o ponto de tentar destruí-la. Poupou o rei dos amalequitas e o que havia de melhor entre as ovelhas, os bois, os animais cevados, os cordeiros e tudo que era bom. Uma vez que isso foi feito em desobediência à palavra de Deus, este rejeitou Saul e ungiu Davi. Não obstante, Davi continuou sob a autoridade de Saul. Pertencia ao povo de Saul, estava alistado em seu exército e foi, mais tarde, escolhido para ser genro de Saul. Portanto, os dois eram ungidos. Mas Saul procurou, muitas vezes, matar Davi. Israel tinha dois reis! O rejeitado permanecia no trono; o escolhido ainda não subira. Davi encontrava-se em posição dificílima.

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Saul saiu à procura de Davi no deserto de En-Gedi. No trajeto, entrou em uma caverna em cujo interior se encontravam assentados Davi e seu homens. Os homens de Davi sugeriram que Davi matasse Saul, mas Davi resistiu à tentação, pois não se atrevia a levantar a mão contra a autoridade. No que dizia respeito ao trono, não era Davi o ungido de Deus? E, levando-se em consideração que se encontrava diretamente no plano e na vontade de Deus, alguém poderia proibi-lo de ser o rei? Por que, então, Davi não fez nenhum movimento nesse sentido? Não seria uma coisa boa ajudar Deus a realizar sua vontade? Mas Davi sentiu que não devia matar Saul. Fazê-lo seria rebelar-se contra a autoridade de Deus, uma vez que a unção do Senhor permanecia sobre Saul. Embora Saul fosse rejeitado, ainda era o ungido de Deus – Alguém estabelecido por Deus. Se Saul fosse morto naquele momento, Davi subiria imediatamente ao trono, e a vontade de Deus não teria sido atrasada em tantos anos. Mas Davi era um homem que sabia negar a si mesmo. Ele preferia atrasar sua subida ao trono a ser um rebelde. Eis por que finalmente veio a ser a autoridade delegada por Deus.

Deus empossou Saul como rei e colocou Davi sob a autoridade de Saul. Assim, se Davi matasse Saul, teria de pagar o preço da rebeldia para obter o trono. Seria um rebelde. Ele não se atreveria a tanto. O princípio envolvido é semelhante à reserva de Miguel em pronunciar juízo contra Satanás (Jd 9). A autoridade, desse modo, é uma questão de implicações extremamente profundas.A obediência é mais importante que o trabalho

Para servir a Deus, a sujeição à autoridade é uma necessidade absoluta. A obediência transcende nosso trabalho. Se Davi reinasse, mas fracassasse em sujeitar-se à autoridade de Deus, teria sido tão inútil quando Saul. O mesmo princípio de rebeldia opera no Saul do Antigo Testamento e no Judas do Novo Testamento: o primeiro poupou o melhor que havia entre os bois e as ovelhas, ao passo que o segundo cobiçou as trinta moedas de prata. A consagração não esconde o pecado da rebeldia. Davi, a fim de executar o plano e a vontade de Deus, não se atreveu a matar Saul com as próprias mãos. Ele aguardou que Deus agisse. Seu coração permaneceu silenciosamente obediente. Mesmo na ocasião em que cortou um pedaço da capa de Saul, seu coração o acusou.

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A percepção espiritual de Davi era tão aguda quanto a dos crentes do Novo Testamento. Hoje, não devemos apenas condenar o homicídio, mas até uma ação menor como a de cortar um pedaço da capa de outrem com uma faquinha, pois essa atitude também é rebeldia. Falar mal, comportar-se mal ou resistir internamente não se constitui homicídio, mas equivale a cortar um pedaço da capa de alguém. Tudo se origina de um espírito rebelde.

Davi conhecia a autoridade divina em seu coração. Embora repetidas vezes fosse caçado por Saul, submeteu-se à autoridade de Deus. Até chamava Saul “meu senhor” ou “o ungido do Senhor”. Isso revela um fato importante: sujeição à autoridade não se limita a estar sujeito a uma pessoa: é estar sujeito à unção que vem a ela quando Deus lhe ordena que seja uma autoridade. Davi reconhecia a unção que havia sobre Saul e sabia que ele era o ungido do Senhor. Por isso, preferiu fugir para salvar a vida a estender a mão para matar Saul. É verdade que Saul desobedeceu à ordem divina e foi rejeitado por Deus. Isso, entretanto, era entre Saul e Deus. A responsabilidade de Davi diante de Deus era a de sujeitar-se ao ungido do Senhor.Davi sustentou a autoridade de Deus

Davi defendia de maneira absoluta a autoridade de Deus. É exatamente essa qualidade que Deus deseja restaurar. Certa vez, no deserto de Zife, surgiu uma outra ocasião parecida. A tentação de matar Saul veio pela segunda vez: Saul dormia, e Davi conseguiu entrar no acampamento. Abisai queria matar Saul, mas Davi proibiu-lhe de assim fazer, respondendo com um juramento: “Não o mate! Quem pode levantar a mão contra o ungido do Senhor e permanecer inocente?”. Davi, pela segunda vez, poupou Saul. Simplesmente retirou a lança e o jarro de água que estavam junto à cabeça de Saul. Foi um progresso em relação ao primeiro exemplo, porque, dessa vez, ele apenas tocou em coisas fora do corpo de Saul, não em algo sobre o corpo de seu perseguidor. Davi preferiu obedecer a Deus e manter a autoridade divina a salvar sua própria vida.

Em 1Samuel 31 e 2Samule 1, lemos que Saul cometeu suicídio com a ajuda de um jovem amalequita. O jovem, em busca de recompensa, veio correndo a Davi, dizendo que matara Saul. Mas a atitude de Davi continuou sendo a de completa negação do ego e submissão à autoridade de Deus. Disse ao jovem: “Como você não temeu a levantar a mão para matar o ungido do Senhor?”. E imediatamente ordenou que o jovem mensageiro fosse morto.

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Deus chamou Davi “homem segundo o seu coração”, porque Davi sustentou a autoridade divina. O reino de Davi continua até o dia de hoje. O Senhor Jesus é descendente de Davi. Só aquele que se sujeita à autoridade pode exercer autoridade. Esse assunto é terrivelmente sério. Devemos arrancar todas as raízes de rebeldia existentes em nós. Antes de exercer autoridade, é absolutamente essencial que sejamos sujeitos à autoridade. A Igreja existe graças à obediência. Ela não teme os fracos, mas teme os rebeldes. Devemos sujeitar-nos à autoridade de Deus em nosso coração para que a Igreja possa ser abençoada. O futuro da Igreja possa ser abençoada. O futuro depende de nos. A época em que estamos vivendo é difícil.

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5A OBEDIÊNCIA DO FILHO

Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fp 2.5-11).

Durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão. Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu; e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb 5.7-9).O Senhor dá origem à obediência

A Bíblia diz que o Senhor Jesus e o Pai são um. No começo era a Palavra, e a Palavra era Deus. Os céus e a terra foram criados pela Palavra. A glória que Deus tinha no princípio, até mesmo a glória inigualável de Deus, também era a glória do Filho. O Pai e o Filho existem igualmente e são iguais em poder e propriedade. Só quanto à pessoa há uma diferença entre o Pai e o Filho. Não é uma diferença essencial; é apenas uma organização no seio da Trindade. Portanto, as Escrituras dizem que o Senhor “não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se” – isto é, não era uma coisa a ser conquistada. Sua igualdade com Deus não era uma coisa a ser conquistada nem adquirida, pois, em essência, ele era a imagem de Deus.

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Filipenses 2.5-7 é uma seção, e os versículos de 8 a 11, outra. Nessas duas seções, nosso Senhor é apresentado como alguém que se humilhou duas vezes: primeiro esvaziou-se de sua divindade e, depois, humilhou-se em sua humanidade. O Senhor, quando veio a este mundo, tinha-se esvaziado de tal maneira da glória, do poder, da posição e da forma de sua divindade que naquele tempo, ninguém, a não ser por revelação, o reconheceu como Deus. As pessoas o trataram como homem, uma pessoa comum neste mundo. Como Filho, de boa vontade submeteu-se à autoridade do Pai e declarou: “O Pai é maior do que eu” (Jô 14.28). Portanto, há perfeita harmonia na Trindade. Com prazer o Pai assume o lugar de cabeça, e o Filho reage com obediência. Deus torna-se o emblema da autoridade, enquanto Cristo assume a posição de símbolo da obediência.

Para nós, obedecer deveria ser simples, porque tudo o que a obediência exige é um pouco de humildade. Para Cristo, entretanto, ser obediente não foi uma questão simples. Foi muito mais difícil para ele ser obediente que criar os céus e a terra. Por que? Porque teve de esvaziar-se de toda a glória e poder de sua divindade e assumir a forma de servo para poder obedecer. Portanto, a obediência teve origem no Filho de Deus.

O Filho, originariamente, partilhou da mesma glória e autoridade que o Pai. Mas quando veio ao mundo, de um lado, abandonou a autoridade e, de outro lado, assumiu a obediência. De boa vontade assumiu o lugar de servo, aceitando as limitações humanas de tempo e espaço. Ele se humilhou ainda mais e foi obediente até a morte. Obediência no sei da Trindade é a coisa mais admirável em todo o universo. Como Cristo foi obediente até a morte – muitíssimo dolorosa e vergonhosa, na cruz -, Deus o exaltou sobremaneira. Deus exalta todo aquele que se humilha. Esse é um princípio divino.Estar em Cristo é ser obediente

Um vez que o Senhor deu início à obediência, o Pai tornou-se o cabeça de Cristo. Portanto, como a autoridade e a obediência foram instituídas por Deus, é natural que os que conhecem Deus e Cristo obedeçam. Mas os que não os conhecem, não conhecem também a autoridade nem a obediência. Cristo é o princípio da obediência.

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Portanto, quem está em Cristo tem de ser uma pessoa obediente. Hoje em dia, as pessoas costumam perguntar: “Por que tenho de obedecer? Levando-se

em consideração que ambos somos irmãos, por que tenho de obedecer a você?”. Mas o ser humano não tem qualificação para fazer tais perguntas. Só o Senhor tem essa qualificação. Contudo, ele jamais enunciou tais palavras. Esse pensamento jamais penetrou em sua mente. Cristo representa obediência, e esta é tão perfeita quanto a autoridade de Deus. Que Deus seja misericordioso com aqueles que proclamam conhecer a autoridade, embora lhes falte a obediência na vida.O caminho do Senhor

No que se refere à Trindade, o Filho e o Pai são co-iguais. Mas, sendo ele o Senhor, foi recompensado por Deus. O Senhor Jesus Cristo foi feito Senhor só depois que se esvaziou. Sua divindade origina-se do que ele é, a saber, ser Deus em sua natureza inerente. Ser Senhor, entretanto, é resultado do que fez. Foi exaltado e recompensado por Deus, mas só se tornou Senhor depois que abandonou sua glória e se manteve perfeito no papel da obediência. No que se refere à sua essência, é Deus; no que se refere à recompensa, é o Senhor. Seu senhorio não existia originariamente na Trindade.

A passagem de Filepenses 2 é dificílima de explicar, pois é muitíssimo controvertida e santa. Descalcemos nossos pés e pisemos terreno santo para recapitular essa passagem bíblica. Parece que, no princípio, houve um conselho da Trindade. Deus idealizou um plano para a criação do universo. Nesse plano, a Trindade concordou em que a autoridade fosse representada pelo Pai. Mas a autoridade não pode ser estabelecida no universo sem a obediência, pois não pode existir sozinha. Portanto, Deus deve encontrar a obediência no universo. Seriam criados dois tipos de seres vivos: os anjos (espíritos) e os homens (almas viventes). De acordo com sua onisciência, Deus previu a rebelião dos anjos e a queda dos homens, por isso não lhe foi possível estabelecer sua autoridade nos anjos ou na raça adâmica. Por conseguinte, no acordo perfeito da Trindade, essa autoridade seria atendida pela obediência no Filho. A partir daí, começaram as operações distintas de Deus Pai e Deus Filho. Certo dia, Deus Filho esvaziou-se e, tendo nascido em semelhança de homem, tornou-se o símbolo da obediência. Levando-se em consideração que a rebeldia surgiu nos seres criados, a obediência teria agora de ser estabelecida num ser criado.

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O homem pecara e se rebelara, por isso a autoridade de Deus deve ser estabelecida na obediência do homem. Isso explica por que o Senhor veio ao mundo e foi feito igual ao homem criado.

O nascimento de nosso Senhor é, na realidade, o aparecimento de Deus. Em vez de permanecer como Deus, com autoridade, colocou-se ao lado do homem, aceitando todas as limitações do ser humano e assumindo a forma de servo. Ele enfrentou o possível perigo de não ser capaz de retornar com glória. Se, como homem, desobedecesse na terra, ainda poderia reclamar seu lugar na Trindade, valendo-se sua autoridade original. Mas, nesse caso, teria quebrado para sempre o princípio da obediência.

Havia duas formas de o Senhor retornar. Uma era obedecendo absolutamente e sem reservas como homem, estabelecendo a autoridade de Deus em todas as coisas, em todas as ocasiões, sem o menor toque de rebeldia. Assim, passo a passo, por meio da obediência a Deus, tornar-se-ia o Senhor de tudo. A outra seria forçando o caminho de volta, reclamando e usando a autoridade, o poder e a glória de sua divindade, se, na fraqueza e nas limitações da carne, considerasse a obediência impossível.

Mas o Senhor ignorou o segundo caminho e trilhou humildemente o caminho da obediência – até a morte. Tendo-se esvaziado, recusou volta atrás. Ele jamais tomaria um caminho tão ambíguo. Se o Senhor falhasse no caminho da obediência, depois de renunciar à glória e autoridade divinas, assumindo a forma de servo, jamais teria retornado novamente com glória. Só por meio da obediência como homem foi que ele retornou. Assim, ele retornou com base na obediência perfeita e singular. Embora sacrifício fosse acrescentado a sacrifício, ele demonstrou obediência absoluta, sem o menor indício de resistência ou rebeldia.

Por conseguinte, Deus o exaltou grandemente e o fez Senhor no retorno à glória. Não foi Jesus que se encheu com aquilo de que uma vez se esvaziara; antes, foi Deus Pai quem trouxe esse Homem de volta à glória. E, assim, Deus Filho também é agora Jesus Homem em seu retorno à glória. Graças a isso, o nome de Jesus é preciosíssimo: não há ninguém no universo igual a ele. Quando, na cruz, exclamou: “Está consumado!”, proclamou não somente a consumação da salvação, mas também o cumprimento de tudo que seu nome significa. Portanto, ele obteve um nome que está acima de todo nome, e, diante de seu nome, todo joelho deverá se dobrar e toda língua deverá confessar que Jesus é Senhor. Agora, ele é Senhor e Deus. Ser Senhor fala de seu relacionamento com Deus, de como foi recompensado pelo Pai. INÍCIO AVANÇA

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Ser Cristo revela seu relacionamento com a Igreja. Em suma: quando o Filho deixou a glória, não pretendia retornar com base em seus atributos

divinos; ao contrário, desejou ser exaltado como homem. Dessa maneira, Deus confirmou seu princípio de obediência. Como é imprescindível que sejamos totalmente obedientes sem o mais leve traço de rebeldia! O Filho retornou ao céu como homem; foi exaltado por Deus depois que obedeceu à semelhança de homem. Encaremos esse grande mistério da Bíblia. Quando se despediu da glória e se revestiu de humanidade, determinou não regressar por virtude de seus atributos divinos. E, por jamais ter incorrido na menor desobediência, foi exaltado por Deus com base em sua humanidade. O Senhor abandonou a sua glória quando veio, mas quando retornou não só recebeu de volta essa mesma glória como recebeu ainda glória muito maior.

Que nós também tenhamos essa determinação que havia em Cristo Jesus. Trilhemos o caminho do Senhor e apeguemos-nos à obediência. Tomemos para nós o princípio da obediência. Sujeitemos-nos uns aos outros. Após a compreensão desse princípio, não teremos dificuldade em discernir que nenhum pecado é mais sério que a rebeldia e nada é mais importante que a obediência. Só por meio do princípio da obediência podemos servir a Deus. Só obedecendo como Cristo obedeceu, podemos reafirmar o princípio divino da autoridade, pois a rebeldia é a operação do princípio de Satanás.Aprendendo a obediência por meio do sofrimento

Em Hebreus 5.8, somos informados de que Cristo, embora “sendo Filho, [...] aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu”. O sofrimento exigiu obediência do Senhor. Observe que ele não trouxe obediência a esta terra: ele aprendeu a tê-la – e o fez por meio do sofrimento.

Quando encontramos o sofrimento, aprendemos a obediência. Tal obediência é verdadeira. Nossa utilidade não é determinada por nosso sofrimento, mas pelo tanto de obediência que aprendemos por meio desse sofrimento.Só os obedientes são úteis para Deus.Enquanto não amolecermos o coração, o sofrimento não nos abandonará.Nosso caminho passa por muitos sofrimento. Os que amam os prazeres e as coisas fáceis são inúteis para Deus. Portanto, aprendamos a obedecer no sofrimento.

A salvação torna as pessoas obedientes e também alegres.Se buscamos apenas a alegria,nossas propriedades espirituais não serão abundantes, mas os obedientes experimentarão a abundância da salvação. Não transformemos a natureza da salvação. Obedeçamos, pois, ao Senhor Jesus, que, ao ser aperfeiçoado pela obediência, se tornou a fonte de nossa salvação eterna. Deus nos salva para que possamos obedecer à sua vontade. Se tomamos conhecimento da autoridade de Deus, descobrimos que a obediência é fácil e que a vontade de Deus é simples, porque o Senhor sempre foi obediente e nos transmitiu essa vida de obediência.

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6DEUS ESTABELECE SEU REINO

Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu; e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb 5.8,9).

Nós somos testemunhas destas coisas, bem como o Espírito Santo, que Deus concedeu aos que lhe obedecem (At 5.32).

No entanto, nem todos os israelitas aceitaram as boas novas. Pois Isaías diz: “Senhor, quem creu em nossa mensagem?” (Rm 10.16).

Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus (2Ts 1.8).

Agora que vocês purificaram a sua vida pela obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração (1Pe 1.22).O Senhor aprendeu a obediência por meio do sofrimento

Assim como Deus garantiu o princípio da obediência por meio da vida de nosso Senhor, Deus também estabeleceu sua autoridade por meio do Senhor. Vejamos agora como Deus, hoje, estabelece seu Reino fundamentado nessa autoridade. O Senhor veio a este mundo de mãos vazias: não trouxe consigo a obediência. Aprendeu a obediência por meio do que sofreu e, assim, tornou-se a fonte da salvação eterna a todos os que lhe obedecem. Ao passar por sofrimento após sofrimento, aprendeu a obedecer até a morte, e morte de cruz. Quando o Senhor deixou a divindade para se tornar homem, tornou-se verdadeiramente homem – fraco e sofredor. Cada sofrimento pelo qual passou fez amadurecer o fruto de obediência. Nenhum sofrimento foi capaz de incitá-lo à murmuração ou à impaciência.

Como diferem disso muitos cristãos que, mesmo depois de muitos anos, não conseguem aprender a obedecer! Embora o sofrimento aumente, não crescem em obediência. Quando surge o sofrimento, murmuram zangados, indicando novamente que não aprenderam a obedecer. Mas nosso Senhor, ao passar por toda espécie de sofrimento, exibiu continuamente o espírito da obediência e assim se tornou a fonte de nossa salvação eterna. Por meio da obediência de um homem, muitos receberam graça. A obediência de nosso Senhor foi por amor ao Reino de Deus. O alvo da redenção é promover o reino de Deus.

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Deus estabelecerá seu ReinoVocê já notou até que ponto a queda dos anjos e do homem afetou o universo e que

grande problema isso criou para Deus? A intenção divina era que os seres por ele criado aceitassem sua autoridade, mas ambos os tipos de seres criados a rejeitaram. Deus não pôde estabelecer sua autoridade nos seres criados; mesmo assim não a retirou. Ele poderia retirar sua presença, porém jamais desistirá da autoridade que iniciou. Onde estiver sua autoridade, ali será seu lugar de direito. Por isso, de um lado, Deus afirmará sua autoridade e, de outro lado, estabelecerá seu Reino. Embora Satanás continuamente viole a autoridade de Deus e os homens diariamente se rebelem contra o Senhor, Deus não permitirá que tal rebeldia continue para sempre. Por fim, ele estabelecerá seu Reino. Por que a Bíblia chama Reino de Deus o Reino dos céus? Porque a rebeldia não se restringiu simplesmente a esta terra, mas além dela, alcançou os céus, onde os anjos se rebelaram.

Como, então, o Senhor Jesus estabeleceu o Reino de Deus? Por meio de sua obediência! Enquanto esteve na terra, nunca foi desobediente a Deus; nunca resistiu à autoridade de Deus. Ele, ao obedecer perfeitamente e permitir que a autoridade reinasse absolutamente, estabeleceu o Reino de Deus dentro do reino de sua obediência. Agora, exatamente como fez nosso Senhor, a Igreja deve obedecer, a fim de que a autoridade de Deus possa prosperar, e o Reino de Deus, se manifestar.Deus ordena que a Igreja seja a vanguarda de seu Reino

Deus, depois da queda de Adão, escolheu Noé e sua família. Contudo, eles também falharam, depois do Dilúvio. Portanto, Deus chamou Abraão para ser o pai de uma multidão de nações, pois tinha a intenção de estabelecer seu Reino por meio de Abraão. Esse foi substituído pela eleição de Isaque e, mais tarde, de Jacó. Os descendentes de Jacó multiplicaram-se grandemente sob a opressão egípcia e, por isso, Deus enviou Moisés para livrá-los do Egito, a fim de que pudessem estabelecer uma nova nação. Mas como havia desobedientes entre eles, Deus levou os israelitas através do deserto, para ensinar-lhes a obediência. Não obstante, persistiram em sua rebeldia contra Deus, resultando na morte de toda uma geração pelo caminho.

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Embora a segunda geração conseguisse entrar em Canaã, ela não deu ouvidos à ordem de Deus com o coração perfeito. Por isso não puderam expulsar os cananeus completamente da terra. Saul tornou-se o primeiro rei, mas, por causa de sua rebeldia, o Reino não pôde ser estabelecido. Só depois que Davi foi escolhido, Deus encontrou nele um rei segundo o seu coração, pois Davi obedeceu totalmente à autoridade de Deus. Mesmo assim, traços de rebeldia ainda permaneceram dentro da nação. Deus indicou Jerusalém como o lugar onde seu nome seria estabelecido, mas o povo continuou a sacrificar no grande lugar alto de Gibeom. Eles falharam em obedecer. Tinham um rei, mas lhes faltava a substância espiritual de um reino. Antes de Davi, havia um reino sem um rei apropriado. No tempo de Davi, ambos, rei e reino, estavam presentes, mas a substância espiritual do último ainda faltava. O Reino de Deus tinha de ser verdadeiramente estabelecido.

O Senhor veio a este mundo para estabelecer o Reino de Deus. Seu evangelho é duplo em natureza: o pessoal e o geral. No que se refere ao pessoal, o evangelho conclama os homens a receber vida eterna por meio da fé. Quanto ao geral, convida-os a entrar no Reino de Deus pelo arrependimento.

Os olhos de Deus estão sobre o Reino: o “pai-nosso”, por exemplo, começa e termina com o Reino. Começa assim: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. O Reino de Deus é aquele dentro do qual a vontade de Deus é executada sem nenhuma interferência. A oração termina assim: “Porque teu é o Reino, o poder e a glória pra sempre. Amém” (Mt 6.13). O Reino, o poder e a glória estão interligados. “Agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo” (Ap 12.10). Eis por que o Reino é o campo de ação da autoridade. “O Reino de Deus está entre vocês”, diz o Senhor (Lc 17.21). “Entre vocês”, não “em vocês”. Afinal, o próprio Senhor é o Reino de Deus.

Quando o Senhor Jesus está entre nós, o Reino de Deus está no meio de nós. Isso acontece porque a autoridade de Deus passa a ser completamente executada em sua vida. Pois, exatamente como o Reino de Deus está no Senhor, ele deve também ser encontrado na Igreja: porque a vida do Senhor é liberada para a Igreja e, assim, o Reino de Deus também se estende à Igreja. Deus, começando com Noé, conseguiu obter um reino, mas era um reino terreno, não o Reino de Deus. Este realmente começa com o Senhor Jesus. Como foi pequena sua esfera de ação no começo! Hoje, entretanto, esse grão de trigo já deu muito fruto. Seu campo de ação abrange não só o Senhor, mas também muitos santos.INÍCIO AVANÇA

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O propósito de Deus é que sejamos seu Reino e sua Igreja, uma vez que a Igreja tem ordens de constituir o terreno em que a autoridade de Deus é exercida. Ele deseja ter seu lugar de direito em mais do que apenas alguns indivíduos. Ele deseja que toda a Igreja lhe conceda preeminência absoluta a fim de que sua autoridade prevaleça e não haja rebeldia. Assim, Deus há de estabelecer sua autoridade no meio dos seres que criou. Ele quer que sejamos obedientes não apenas à autoridade direta que ele mesmo exerce, mas também às autoridades delegadas que ele estabelece. O que ele espera é obediência total, não parcial.O evangelho não só convoca o povo a crer, mas também a obedecer

A Bíblia menciona a obediência além da fé, pois não somos apenas pecadores, mas também filhos da desobediência. O que Romanos 10.16 quer dizer com aceitar “as boas novas” em Isaías 53.1 é crer “em nossa mensagem”. A natureza da crença no evangelho é a obediência. “Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2Ts 1.8). Aqueles que não obedecem são os rebeldes: “Haverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça” (Rm 2.8). Os desobedientes são os rebeldes: “Agora que vocês purificaram a sua vida pela obediência á verdade...” (1Pe 1.22). Isso claramente indica que a purificação é por meio da obediência á vontade. A fé é obediência.

Os crentes, deveriam ser chamados “obedecentes”, pois devem ficar sujeitos à autoridade do Senhor e crer nele. Depois que foi tocado pela Luz, Paulo perguntou: “Que deve fazer, Senhor?” (At 22.10). Não só creu, mas também se submeteu ao Senhor. Seu arrependimento foi causado pela compreensão da graça e pela obediência à autoridade. Depois que foi tocado pelo Espírito Santo para ver a autoridade do evangelho,chamou Jesus de Senhor. Deus não nos chama só para receber, por meio da fé, sua vida,mas também para manter,por meio da obediência, sua autoridade.Ele aconselha-nos a obedecer às autoridades que ele estabeleceu – no lar, na escola, na sociedade e na igreja -, como também a obedecer à sua autoridade direta. Não é necessário destacar especificamente a pessoa a quem devemos obedecer. Simplesmente, isso quer dizer que sempre quando nos encontramos com a autoridade de Deus, direta ou indiretamente, devemos aprender a obedecer.

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Muitos são capazes de dar ouvido e obedecer somente a determinada pessoa. Isso indica que ainda não descobriram a autoridade. De nada adianta obedecer ao homem; é à autoridade que devemos obedecer. Para aqueles que conhecem a autoridade, até a mais leve desobediência os faz sentir que foram rebeldes. Mas aqueles que não conhecem a autoridade não têm idéia de como são os rebeldes. Antes de ser tocado pela Luz, Paulo recalcitrava contra os aguilhões sem perceber o que estava fazendo. Depois de ser tocado pela Luz, entretanto, a primeira coisa que aconteceu foi que seus olhos se abriram para ver a autoridade, e essa visão continuou a se desenvolver. Embora Paulo se encontrasse apenas com um humilde irmão chamado Ananias, jamais perguntou que espécie de homem era ele – culto ou ignorante – porque não olhava para o homem. Paulo reconheceu que Ananias era enviado por Deus. Por conseguinte, sujeitou-se àquela autoridade delegada. Como é fácil obedecer quando se reconhece a autoridade!Por intermédio da Igreja, as nações se tornam o Reino de Deus

Se a Igreja se recusa a aceitar a autoridade divina, Deus não tem meios de estabelecer seu Reino. A maneira de Deus obter seu Reino é, em primeiro lugar, no Senhor Jesus, depois, na Igreja e, finalmente, em todo o mundo. Um dia, haverá uma proclamação: “O reino mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo” (Ap 11.15). A Igreja ocupa o lugar entre o Reino que se encontra na pessoa do Senhor Jesus e a extensão ulterior desse Reino, que terá sua mais ampla extensão quando o mundo se transformar no Reino do Senhor e do seu Cristo. O Reino deve ser encontrado no Senhor Jesus antes que seja estabelecido na Igreja: deve ser implantado na Igreja antes que seja assegurado entre as nações. Não pode haver Igreja sem o Senhor Jesus, como também não pode haver uma extensão maior do Reino de Deus sem a Igreja.

O Senhor, quando se encontrava na terra, foi obediente nos menores detalhes. Por exemplo, pagou o imposto devido ao templo. Como não tinha dinheiro, tirou a moeda da boca de um peixe. Novamente, quando interrogado em outra ocasião sobre o pagamento dos impostos, afirmou: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21). Embora César fosse uma pessoa rebelde, fora estabelecido por Deus. Por conseguinte tinha de ser obedecido. Apenas depois de obedecermos totalmente, nosso Senhor se levantará e tratará daqueles que desobedecem.

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Por meio de nossa obediência, o Reino será estendido por toda a terra. Hoje, entretanto, muitos têm consciência do pecado, mas não da rebeldia. O ser humano precisa de um senso de autoridade, além do senso do pecado. Não ser sensível ao pecado prejudica a vida cristã; falta de sensibilidade diante da autoridade desqualifica a pessoa.A Igreja deve obedecer à autoridade de Deus

Tendo de saber como obedecer no âmbito da Igreja. Não existe autoridade na Igreja que não exija obediência. Deus pretende que sua autoridade se manifeste totalmente na Igreja e que seu Reino se estenda por intermédio da Igreja. Quando a Igreja tiver obedecido totalmente, toda a terra ficará sob a autoridade de Deus. Se a Igreja falhar em permitir que a autoridade de Deus prevaleça em seu seio, o Reino de Deus será desviado de seu objetivo, a saber, o de cobrir toda a terra. A Igreja é, portanto, o caminho para o Reino, mas pode igualmente frustrar o Reino.

Como o Reino de Deus pode se manifestar, se não somos capazes de nos sujeitar às pequenas dificuldades dentro da Igreja? Como o Reino de Deus pode prevalecer, se sempre discutimos e argumentamos entre nós? Temos atrasado em muito o tempo de Deus. Todos os rebeldes têm de ser expulsos para que o caminho de Deus seja desobstruído. Quando a Igreja obedecer verdadeiramente, todas as nações lhe seguirão. A responsabilidade da Igreja é imensa. Quando a vontade e a ordem de Deus encontrarem livre acesso na Igreja, seu Reino certamente virá.

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7TODOS DEVEM OBEDECER À AUTORIDADE DELEGADAAutoridades instituídas por Deus1. NO MUNDO

Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas (Rm 13.1).

Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes, como por ele enviados para punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem (1Pe 2.13,14).

Deus é a fonte de toda autoridade no universo. Levando-se em consideração que todos os governantes foram por ele instituídos então toda autoridade é delegada por ele e representa sua autoridade. Deus estabeleceu esse sistema de autoridade a fim de se manifestar. Onde quer que as pessoas encontrem autoridade, ali encontram a Deus. Os homens podem conhecer a Deus por meio de sua presença, mas mesmo nela podem vir a conhecê-lo por meio de sua autoridade.

No jardim do Édem, o homem conhecia a Deus por meio de sua presença, ou, durante sua ausência, lembrando-se de suas ordens. Hoje, entretanto, os homens raramente o encontram diretamente neste mundo. (Isso, naturalmente, não se aplica àqueles que, na igreja, vivem no Espírito, pois eles geralmente vêem Deus face a face.) Hoje, o lugar em que ele mais se manifesta é em seus mandamentos. Somente os tolos, como os lavradores da parábola de Marcos 12.1-9, precisam da presença pessoal do Proprietário da vinha para obedecer. Afinal, na história, não foram os servos e seu filho enviados antes dele como representantes dele?

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Os que são estabelecidos por Deus devem exercer autoridade em lugar dele. Levando-se em consideração que todas as autoridades foram instituídas e ordenadas por Deus, elas devem ser obedecidas. Se realmente aprendêssemos a obedecer a Deus, não teríamos nenhum problema em reconhecer sobre quem repousa a autoridade de Deus. Mas se apenas reconhecemos a autoridade direta de Deus, possivelmente violamos mais da metade de sua autoridade. Sobre quantas vidas podemos identificar a autoridade de Deus? Podemos escolher entre a autoridade direta de Deus e sua autoridade delegada? Não, pois devemos submeter-nos à autoridade delegada como também à autoridade direta de Deus, pois “não há autoridade que não venha de Deus”.

Paulo, no que se refere às autoridades terrenas, não só nos exorta à sujeição, como também adverte contra a resistência. Aquele que resiste à autoridade resiste à lei do próprio Deus; aquele que rejeita a autoridade delegada por Deus rejeita a autoridade de Deus. A autoridade, de acordo com a Bíblia, caracteriza-se por sua natureza única: não existe autoridade exceto a que vem de Deus. Aquele que resiste à autoridade resiste a Deus, e quem resistir incorrerá em julgamento. Não há possibilidade de rebeldia sem julgamento. A conseqüência da resistência à autoridade é a morte. O homem não tem escolha na questão da autoridade.

No tempo de Adão, Deus deu aos homens domínio sobre toda a terra. Eles, portanto, deveriam governar as criaturas viventes. Depois do Dilúvio, Deus concedeu a Noé o poder de governar os outros homens, declarando: “Quem derramar sangue do homem pelo homem seu sangue será derramado” (Gn 9.6). A partir daí a autoridade de governar o homem foi concedida aos homens. Desde aquela época, há o governo humano, sob o qual os homens são colocados.

Deus, depois de tirar seu povo do Egito, levando-o para o deserto, deu-lhe os Dez Mandamentos e muitas ordenanças. Entre elas, havia uma que declarava: “Não blasfemem contra Deus nem amaldiçoem uma autoridade do seu povo” (Ex 22.28). Isso prova que Deus os colocou sob governantes. Já no tempo de Moisés os israelitas que resistiam à autoridade na verdade resistiam a Deus .

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Embora os governantes das nações não creiam em Deus e seus países estejam sob o domínio de Satanás, o princípio da autoridade é imutável. Exatamente como Israel era reino de Deus e o rei Davi foi escolhido por Deus, o imperador persa foi estabelecido por Deus. Quando nosso Senhor estava na terra, sujeitou-se às autoridades governamentais como também à autoridade do sumo sacerdote. Pagou impostos e ensinou aos homens a dar a César o que era de César (Mt 22.21). durante o interrogatório quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus vivo para que declarasse se era o Cristo, o Filho de Deus, Jesus, nosso Senhor imediatamente obedeceu (Mt 26.63,64), reconhecendo assim em todas essas ocasiões que eles eram autoridades na terra. Nosso Senhor jamais tomou parte em nenhuma rebelião.

Em Romanos 13, Paulo mostra-nos que todos os que se encontram em posição de autoridade são servos de Deus. Devemos sujeitar-nos à autoridade local sob a qual vivemos, como também à autoridade de nosso país e etnia. Não devemos desobedecer à autoridade local simplesmente por sermos de nacionalidade diferente. A lei não constitui terror para a boa conduta, mas para a má. Embora sejam diferentes, as leis das nações, todas elas, derivam da lei de Deus. O princípio básico de todas as leis de Deus é punir o mal e recompensar o bem. Todos os poderes têm suas leis. Sua função é manter e executar essas leis para que o bem seja aprovado, e o mal, disciplinado. Eles não empunham a espada em vão. Apesar de que alguns poderes exaltam o mal e sufocam o bem, eles, de fato, manipulam e distorcem os fatos para chamar o mal de bem e o bem de mal. Não se atrevem a apresentar-se francamente, declarando que uma pessoa seja exaltada em razão de sua maldade e que a boa seja castigada em virtude de sua bondade.

Até o presente momento, todos os poderes ainda seguem, pelo menos em princípio, a regra da recompensa do bem e do castigo do mal. Esse princípio não mudou. Portanto, a lei de Deus permanece em vigor. Virá o dia em que o iníquo Anticristo subirá ao poder. Depois, ele distorcerá todo o sistema da lei e declarará abertamente que o bem é mal e vice-versa. Assim, os bons serão mortos, e os maus, exaltados.

Os símbolos da sujeição às autoridades terrenas são quatro: imposto a quem se deve imposto, tributo a quem se deve tributo, respeito a quem se deve respeito e honra a quem se deve honra.

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O cristão obedece à lei não só para fugir à ira de Deus, mas também por causa da consciência. Sua consciência o reprova se for desobediente. Por isso, devemos aprender a sujeição às autoridades locais. Os filhos de Deus não deveriam, levianamente, criticar ou acusar o governo. Até a polícia nas ruas foi instituída por Deus, comissionada para uma tarefa específica.

Quando os cobradores de impostos e taxas nos procuram, qual a nossa atitude para com eles? Será que os atendemos como autoridades delegadas por Deus? Somo-lhes sujeitos?

Como é difícil obedecer se não percebemos a autoridade de Deus! Quanto mais tentamos obedecer, mais difícil fica. “... especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade. Insolentes e arrogantes, tais homens não têm medo de difamar os seres celestiais” (2Pe 2.10). Quantos perdem seu poder e desperdiçam sua vida em razão das injúrias! Não devemos cair na anarquia. Devemos preocupar-nos sobre-maneira com o modo pelo qual Deus resolverá aquilo que é injusto, embora devamos orar para que ele discipline com base na justiça. Em qualquer circunstância, a insubordinação à autoridade é motim contra Deus. Quando somos insubordinados, ajudamos o princípio do anticristo. Devemos fazer-nos a seguinte pergunta: “Quando o mistério da anarquia está operando, somos um impedimento ou uma ajuda para essa anarquia?”.2.NA FAMÍLIA

Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja [...]. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos (Ef 5.22-24).

Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. “Honra teu pai e tua mãe” – este é o primeiro mandamento com promessa – “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra” (Ef 6.1-3).

Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como convém a quem está no Senhor [...] Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor. [...] Escravos, obedeçam em tudo a seu senhores terrenos, não somente para agradá-los quando eles estão observando, mas com sinceridade de coração, pelo fato de vocês temerem o Senhor (Cl 3.18,20,22).

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Deus estabelece sua autoridade no lar, mas muitos de seus filhos não prestam atenção suficiente a esse aspecto. Mas as epístolas, tais como Efésios e Colossenses, que são consideradas as epístolas mais espirituais, não ignoram esse assunto. Mencionam, especificamente, a sujeição no lar, pois sem ela será difícil servir a Deus. As cartas de 1Timóteo e Tito tratam da questão do trabalho, mas também falam do problema familiar como algo que pode afetar o trabalho. A primeira carta de Pedro focaliza o reino, mas também considera a rebeldia contra a autoridade familiar como rebeldia contra o Reino. Quando os membros de uma família aceitam a autoridade, muitas dificuldades no lar desaparecem.

Deus estabeleceu o marido como autoridade delegada de Cristo, com a mulher no papel semelhante ao da Igreja. Seria difícil para a mulher ficar sujeita ao marido se não visse a autoridade delegada que lhe foi concedida por Deus. Ela deve entender que o ponto principal é a autoridade divina, não o marido. “... orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja difamada” (Tt 2.4,5). “Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, a fim de que, se ele não obedece à palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua mulher [...] pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam cada uma a seu marido, como Sara, que obedecia a Abraão e o chamava senhor” (1Pe 3.1,5,6).

“Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor” (Ef 6.1), porque Deus estabeleceu os pais como autoridade. “Honra teu pai e tua mãe [...] para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra” (Ef 6.2,3). Dos Dez Mandamentos, esse é o primeiro que contém uma promessa específica. Alguns morrem cedo em conseqüência de sua falha em prestar honra filial, enquanto outros são curados quando seu relacionamento com os pais é normalizado. “Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor” (Cl 3.20). Estar sujeito aos pais requer percepção da autoridade divina.

Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo. Obedeçam-lhes, não apenas para agradá-los quando eles os observam, mas como escravos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus. Sirvam aos seus senhores de boa vontade, como servindo ao Senhor, e não aos homens (Ef 6.5-7).

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Todos os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar seus senhores como dignos de todo o respeito, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados (1Tm 6.1).

Ensine os escravos a se submeterem em tudo a seus senhores, a procurarem agradá-los, a não serem respondões e a não roubá-los, mas a mostrarem que são inteiramente dignos de confiança, para que assim tornem atraente, em tudo, o ensino de Deus, nosso Salvador(Tt 2.9,10).

Quando honramos a autoridade do Senhor em nossa vida, os outros respeitam a autoridade do Senhor em nós. Quando Pedro e Paulo disseram essas palavras, a escravidão encontrava-se no auge no Império Romano. Se a escravidão é coisa certa ou errada, não é um problema que nos cabe considerar agora, mas precisamos entender que Deus ordenou que os servos obedecessem a seus senhores. 3.NA IGREJA

Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros (1Ts 5.12,13).

Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino (1Tm 5.17).

Vocês sabem que os da casa de Estéfanas foram o primeiro fruto da Acaia e que eles têm se dedicado ao serviço dos santos. Recomendo-lhes, irmãos, que se submetam a pessoas como eles e a todos os que cooperam e trabalham conosco (1Co 16.15;16).

Deus estabeleceu autoridades na igreja, como os “presbíteros que lideram bem” e “aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino”. São aqueles a quem todos devem obedecer. Os mais jovens também devem aprender a sujeitar-se aos mais velhos. O apóstolo exortou os crentes coríntios a honrar especialmente homens como Estéfanas, cuja família fora a primeira a se converter na Acaia e o qual desejava servir aos santos com grande humildade.

Na igreja, as mulheres devem ser sujeitas aos homens: “Quero, porém, que entendam que o cabeça de rodo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus” (1Co 11.3). Deus estabeleceu que os homens representassem Cristo como autoridade, e as mulheres, a Igreja em sujeição. Portanto, as mulheres, por causa dos anjos, devem usar um véu (no grego: autoridade) sobre a cabeça (1Co 1.10) e devem ficar sujeitas ao marido.

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”Como em todas as congregações dos santos, permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a Lei. Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa” (1Co 14.33b-35ª). Algumas irmãs podem perguntar: “E se o marido não souber responder?”. Bem, Deus manda perguntar; façam isso. Depois de algum tempo, seu marido saberá, levando-se em consideração que, ao ser interrogado repetidas vezes, irá se ver forçado a procurar uma resposta. E assim você ajudará a seu marido e a si mesma também. “A mulher deve aprender em silêncio, cem toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, e depois Eva” (1Tm 2.11-13).

“Sejam todos humildes uns para com os outros” (1Pe 5.5). Exibir conscientemente sua posição e autoridade é algo muito vergonhoso.

Deus também instituiu autoridade no mundo espiritual. “... especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade. Insolentes e arrogantes, tais homens não têm medo de difamar os seres celestiais; contudo, nem os anjos, embora sendo maiores em força e poder, fazem acusações injuriosas contra aqueles seres na presença do Senhor” (2Pe 2.10,11). Aqui, somos informados de um fato muitíssimo importante: há autoridades e posições gloriosas no mundo espiritual sob as quais os anjos são colocados. Embora algumas delas tenham fracassado, os anjos não se atrevem a afrontá-las, uma vez que, em algum momento, aquelas autoridades lhes foram superiores. Depois de sua queda, embora você possa falar sobe o fato da queda, não pode acrescentar juízo, pois o fato somado ao juízo configura-se uma afronta.

“Contudo, nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosas contra ele, mas disse: ‘O Senhor o repreenda?” (Jd9). Por que? Porque em certa ocasião Deus estabeleceu Lúcifer como o chefe dos arcanjos, e Miguel, sendo um arcanjo, estivera sob sua autoridade. Mais tarde, Miguel, em obediência a Deus, procurou o corpo de Moisés porque um dia Moisés teria de ressuscitar dos mortos (possivelmente no monte da Transfiguração). Miguel, quando foi impedido por Satanás, poderia ter cedido ao espírito de rebeldia e afrontado aquele rebelde, Satanás, abrindo sua boca e proferindo injúrias. Mas ele não se atreveu. Tudo que disse foi: “O Senhor o repreenda!”. (Com os homens, o caso é diferente, pois Deus nunca colocou os homens sob a autoridade de Satanás. Embora tenhamos caído sob seu governo, jamais fomos colocados sob sua autoridade.)INÍCIO AVANÇA

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Conforme esse mesmo princípio, Davi, durante um determinado período, submeteu-se à autoridade delegada a Saul. Por conseguinte, ele não se atreveu a contrariar a já desvanecida autoridade de Saul. Que coisa dignificante é a autoridade delegada no reino espiritual! Não deve ser desprezada: qualquer injúria contra ela resultará em perda de poder espiritual.

Se você já tomou conhecimento da autoridade em sua vida, então será capaz de perceber a autoridade de Deus em toda parte. Onde quer que você vá, sua primeira pergunta será: “A quem deve obedecer, a quem devo atender?”. O cristão deve ser sensível em relação a dois pontos: para com o pecado e para com a autoridade. Mesmo quando dois irmãos se consultam mutuamente, embora cada um possa apresentar sua opinião, só um deles toma a decisão final.

Em Atos 15, houve um concílio. Os jovens também, além dos velhos, puderam levantar-se para falar. Cada irmão pôde apresentar sua opinião. Mas depois que Pedro e Paulo terminaram de falar, Tiago levantou-se para apresentar a decisão. Pedro e Paulo só relataram fatos, mas Tiago fez o julgamento. Mesmo entre os anciãos ou apóstolos havia uma ordem. “Sou o menor dos apóstolos”, disse Paulo (1Co 15.9). Alguns apóstolos são maiores, outros menores. Essa ordem não foi estabelecida pelo homem. Todavia, cada um precisa saber qual a sua posição.

Que maravilhoso testemunho e que belo quadro! É disso que Satanás tem medo, pois é o que finalmente provocará a queda de seu reino. Pois, quando todos nós estivermos no caminho da obediência, Deus virá julgar o mundo.Sujeite-se sem medo á autoridade delegada

Que risco foi para Deus instituir autoridade! Que perda Deus sofre quando as autoridade delegadas que instituiu não o representam devidamente! Contudo, corajosamente, Deus estabeleceu tais autoridades. É muito mais fácil para nós obedecer destemidamente às autoridades do que para Deus instituí-las. Portanto, não poderíamos obedecer a elas sem temos, uma vez que Deus não teve receio de confiar essa autoridade aos homens. Assim como Deus, de forma ousada, estabeleceu autoridade, devemos corajosamente obedecer a elas. Se algo ficar faltando, a falta não estará conosco, mas com as autoridades, pois o Senhor declara: “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais” (Rm 13.1).

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“Quem recebe esta criança em meu nome, está me recebendo” (Lc 9.48). Para o Senhor, representar o Pai não há problema. O Pai tem confiança nele e nos pede que confiemos nele como confiaríamos no Pai. Mas, aos olhos do Senhor, essa crianças também o representam. Ele tem fé nessas crianças e nos exorta para que as recebamos como o recebemos.

Quando enviou seu discípulos, o Senhor lhes disse: “Aquele que lhes dá ouvidos, está me dando ouvidos; aquele que os rejeita, está me rejeitando” (Lc 10.16). O que quer que aqueles discípulos dissessem ou decidissem seria reconhecido como palavras ou atos que representavam o Senhor. Como o Senhor foi destemido quando lhes delegou sua autoridade! Ele reconheceu cada palavra que enunciaram em seu nome. Portanto, aqueles que os rejeitaram estavam rejeitando ao Senhor. Ele não preveniu os discípulos com o intuito de que estes não falassem levianamente. Não ficou nem um pouco apreensivo de que errassem. Teve a ousadia de lhes confiar sua autoridade.

Os judeus, entretanto, eram diferentes. Duvidaram e perguntaram: “Como pode ser isso? Como podemos ter certeza de que será assim? Precisamos de tempo para pensar”. Não tiveram coragem para crer e tiveram muito medo.

Imagine que você é o diretor de uma instituição. Você, ao enviar um representante, diz-lhe que reconhecerá tudo que ele fizer, de acordo com o que ele achar melhor, além de garantir-lhe que as pessoas que o ouvirem ouvirão você mesmo. Naturalmente, você exigirá dele que lhe preste um relatório diário, para que não cometa nenhum erro. Mas o Senhor nos fez seus representantes com plenos poderes. Que confiança teve em nós! Será que podemos confiar menos depois de o Senhor demonstrar tal confiança na autoridade que delegou?

Talvez as pessoas argumentem: ”E se a autoridade estiver errada?”. A resposta é: se Deus teve coragem de confiar sua autoridade aos homens, então precisamos de coragem para obedecer. Se a pessoa com autoridade está certa ou errada, isso não nos diz respeito, uma vez que ela é diretamente responsável para com Deus. Os obedientes só precisam obedecer. O Senhor não nos considerará responsável por qualquer erro decorrente da obediência, mas, antes, considerará responsável a autoridade delegada pelo erro cometido. A insubordinação, entretanto, é rebeldia, e aquele que se encontra debaixo da autoridade terá de responder a Deus por essa rebeldia.

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Fica, portanto, explícito que nenhum elemento humano está envolvido na questão da autoridade. Se nossa sujeição for simplesmente dirigida a um homem, todo o sentido da autoridade fica perdido. Quando Deus institui sua autoridade delegada, ele fica obrigado por sua honra a manter essa autoridade. Quanto a essa questão, cada um de nós é responsável diante de Deus. Tomemos o cuidado de não cometer erros.Rejeitar a autoridade delegada é uma afronta a Deus

Toda a parábola registrada em Lucas 20.9-16 focaliza a questão da autoridade delegada. Deus não veio pessoalmente para receber o que lhe era devido depois que arrendou a vinha aos lavradores. Enviou três vezes seus servos e, na quarta vez, enviou o próprio Filho. Todos foram seus delegados. Queria ver se os lavradores se sujeitariam às autoridades por ele delegadas. Ele poderia ter vindo pessoalmente, mas enviou representantes.

Aos olhos de Deus, aqueles que rejeitam seus servos rejeitam-no pessoalmente. É impossível que ouçamos a Palavra de Deus sem ouvir as palavras de seus delegados. Se estamos sujeitos a autoridade de Deus, então também devemos ficar sujeitos a sua autoridade delegada. Em outras passagens, além de Atos 9.4-15, que exemplifica a autoridade direta do Senhor, o restante da Bíblia demonstra a autoridade que ele delegou aos homens. Pode-se dizer que ele concedeu quase toda a sua autoridade aos homens. Os homens podem frequentemente pensar que são simplesmente sujeitos a outros homens, mas aqueles que conhecem a autoridade percebem que esses outros homens são autoridades delegadas por Deus. Não é preciso humildade para ser obediente à autoridade direta de Deus, mas é preciso modéstia e quebrantamento para ficar sujeito à autoridade delegada. Se uma pessoa não se despojar completamente da carne, não será capaz de aceitar e atender à autoridade delegada. Devemos tomar consciência de que, em vez de vir pessoalmente, ele enviou seus delegados para recolher aquilo que lhe é devido. Qual, portanto, deve ser nossa atitude para com Deus? Deveríamos esperar que Deus viesse pessoalmente? Lembre-se de que quando ele aparecer virá para julgar, não para recolher!

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Deus mostrou a Paulo, quando não obedeceu ao Senhor, que ele estava resistindo à autoridade divina. Quando Paulo viu a luz e a autoridade, entretanto, perguntou: “Que devo fazer, Senhor?”. Com essa atitude, colocou-se sob a autoridade direta do Senhor. Não obstante, o Senhor imediatamente desviou Paulo para sua autoridade delegada. “Levante-se, entre na cidade; alguém lhe dirá o que você deve fazer” (At 9.6). Dali em diante, Paulo reconheceu a autoridade. Não se considerou tão excepcional a ponto de declarar que só ouviria se o próprio Senhor lhe dissesse o que fazer. Em seu primeiro encontro, o Senhor colocou Paulo sob sua autoridade delegada. E quanto a nós? Levando-se em consideração que cremos no Senhor, até que ponto estamos sujeitos à autoridade delegada? A quais autoridades delegadas temos nos sujeitado?

No passado, Deus ignorou nossas transgressões porque éramos ignorantes, mas agora devemos pensar seriamente nas autoridades delegadas por Deus. O que Deus enfatiza não é a autoridade dele, mas as autoridades indiretas que ele estabeleceu. Todos os que são insubordinados às autoridades indiretas de Deus não estão sujeitos à autoridade direta de Deus.

Para conveniência da explanação, fazemos distinção entre autoridade direta e autoridade delegada. Para Deus, entretanto, existe uma única autoridade. Não desprezemos as autoridades no lar e na igreja; não negligenciemos todas as outras autoridades delegadas. Embora Paulo ficasse tomado pela cegueira, esperou por Ananias com os olhos interiores bem abertos. Ver Ananias foi como ver o Senhor; ouvi-lo foi como ouvir o Senhor.

A autoridade delegada é assunto tão sério que, se alguém a ofende, fica em desacordo com Deus. Ninguém pode esperar obter luz diretamente do Senhor caso se recuse a receber luz da autoridade delegada. Paulo não raciocinou: “Uma vez que Cornélio pediu para falar com Pedro, procurarei Pedro ou Tiago. Não aceitarei que esse humilde irmão, Ananias exerça autoridade sobre mim”. É absolutamente impossível rejeitar a autoridade delegada e continuar sujeito diretamente a Deus. Rejeitar o primeiro é o mesmo que rejeitar o segundo. Só um louco tem prazer em falhar diante da autoridade delegada. Aquele que não gosta dos delegados divinos não gosta de Deus. É a natureza rebelde do homem que o faz desejar obedecer à autoridade direta de Deus sem ficar sujeito às autoridades delegadas que Deus estabeleceu.

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Page 54: Autoridade espiritual

Deus respeita sua autoridade delegadaEm Números 30 é tratada a questão do voto feito por uma mulher. Enquanto

estivesse na casa de seu pai, durante a sua mocidade, o voto feito por uma mulher seria válido apenas se o pai não tivesse nada contra ele. Se ela fosse casada, seu voto teria de ser aprovado pelo marido. A autoridade direta agiria sobre o que a autoridade delegada consentisse ou anularia aquilo que esta cancelasse. Deus gosta de delegar sua autoridade e também respeita seus delegados. Levando-se em consideração que a mulher se encontrava sob a autoridade do marido, Deus preferia que ela obedecesse à autoridade a que cumprisse seu voto. Mas, se o marido, como autoridade delegada, errasse, Deus certamente trataria com ele, que seria responsabilizado pela iniqüidade dela. A mulher não era considerada responsável.

Assim, essa passagem das Escrituras mostra que não podemos ignorar a autoridade delegada para nos sujeitar à autoridade de Deus. Deus, tendo delegado sua autoridade aos homens, não suplanta a autoridade delegada, antes, restringe-se pela autoridade que delegou. Ele confirma o que a autoridade delegada confirmou e anula o que também foi anulado. Deus sempre mantém a autoridade que delegou. Ficamos, portanto, sem outra escolha a não ser sujeitar-nos às autoridades governantes.

Todo o Novo Testamento apóia-se na autoridade delegada. A única exceção encontra-se em Atos 5.29, quando Pedro e os apóstolos respondem ao concílio judeu que lhes proibia ensinar em nome do Senhor Jesus. Pedro retrucou: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!”. Isso porque a autoridade delegada, nesse caso, claramente transgrediu a ordem de Deus e pecou contra a pessoa do Senhor. Uma resposta como essa só poderia ser dada nessa situação particular. Em todas as outras circunstâncias, devemos aprender a sujeitar-nos às autoridades delegadas. A obediência jamais deve ser resultado de rebeldia.

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Page 55: Autoridade espiritual

8A AUTORIDADE DO CORPO (a Igreja)

Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito. O corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: “Porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: “Porque não sou olho, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: “Não preciso de você!” Nem a cabeça pode dizer ao pés: “Não preciso de vocês!” (1Co 12.12-21).

Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que “qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas”. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano. Digo-lhes a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu (Mt 18.15-18).A autoridade expressa-se de maneira mais completa no corpo

A mais ampla expressão da autoridade de Deus encontra-se no corpo de Cristo, sua Igreja. Embora Deus tenha estabelecido o procedimento da autoridade neste mundo, nenhum desses relacionamentos (governantes e povo, pais e filhos, maridos e mulheres, senhores e servos) pode dar à autoridade sua expressão mais ampla. Levando-se em consideração que as muitas autoridades governantes na terra são todas institucionais, sempre existe a possibilidade da aparência de subordinação sem que haja realmente sujeição do coração. INÍCIO AVANÇA

Page 56: Autoridade espiritual

Não há modo de averiguar se as pessoas estão seguindo uma ordem do governante com sinceridade ou simplesmente estão prestando obediência da boca para fora. Também é difícil dizer se os filhos estão atendendo aos pais de todo o coração ou não. Por isso, a sujeição à autoridade não pode ser exemplificada pelo modo como os filhos estão sujeitos aos pais, os servos aos seus senhores ou o povo aos governantes. Contudo, autoridade de Deus não pode ser estabelecida sem sujeição, nem seria sujeição se não fosse de todo o coração. Assim, novamente, todos esses exemplos ficam no raio de ação dos relacionamentos humanos. Por conseguinte, são temporais e estão sujeitos à separação. Portanto, fica claro que não se pode encontrar neles a sujeição absoluta e perfeita.

Só o relacionamento entre Cristo e a Igreja pode expressar totalmente a autoridade e a obediência. Pois Deus não chamou a Igreja para ser instituição, mas ordenou que fosse o corpo de Cristo. Pensamos, com freqüência, que a Igreja é uma reunião de crentes com a mesma fé ou um ajuntamento de corações amorosos, mas Deus a vê de maneira distinta. Ela não representa apenas a mesma fé e o mesmo amor unidos. Mais que isso, deve ser representada como se fosse um só corpo.

A Igreja é o corpo de Cristo, enquanto Cristo é a cabeça da Igreja. Os relacionamentos entre pais e filhos, senhores e servos e, até mesmo, maridos e mulheres, todos podem ser interrompidos, mas o corpo físico não pode ser separado da cabeça: eles são um para sempre. Do mesmo modo, Cristo e a Igreja também não podem ser separados. A autoridade e a obediência encontradas em Cristo e na Igreja são de natureza tão perfeita que ultrapassam todas as outras expressões de autoridade e obediência.

Os pais têm o amor pelos filhos, embora estejam sujeitos a fazer uso ilegal de sua autoridade. Semelhantemente, os governos podem emitir ordens erradas, e os senhores podem abusar de sua autoridade. Neste mundo, a autoridade, assim como a obediência, são todas imperfeitas. Isso explica por que Deus desejou estabelecer uma autoridade perfeita e uma obediência perfeita em Cristo e na Igreja, em que ele é a cabeça, e ela, o corpo. Os pais podem, às vezes, magoar os filhos; os maridos, as mulheres; os senhores, os servos; os governos, o povo. Mas nenhuma cabeça fará mal a seu corpo; a autoridade da cabeça não é passível de erro, pois é perfeita. Do mesmo modo, a obediência do corpo à cabeça é perfeita.

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Page 57: Autoridade espiritual

Logo que a cabeça concebe uma idéia, os dedos se movem natural, harmoniosa e silenciosamente. A intenção de Deus para nós é que prestemos obediência completa, e ele não se satisfará até que tenhamos o mesmo grau de obediência do corpo para com a cabeça.

Isso vai muito além do que pode ser representado pelo relacionamento entre marido e mulher, uma vez que maridos e mulheres são entidades separadas. Mas, em Cristo, os dois são um: ele é a obediência e também a autoridade. Eles são um nele. Isso difere do mundo, porque, nesse campo de ação, a autoridade e a obediência são coisas separadas. Isso não acontece com o corpo e a cabeça. Os movimentos do corpo exigem pouco esforço da cabeça; o corpo movimenta-se com graça ao menor impulso da cabeça. Este é o tipo de obediência que satisfaz a Deus: sujeição similar à que o corpo tem para com a cabeça; não a sujeição que os filhos têm para com os pais ou a mulher para com o marido. Como isso difere da sujeição pela subjugação!

Depois que uma pessoa aprende mais sobre a obediência, verá a diferença entre a ordem de Deus e a vontade de Deus. A primeira é uma palavra enunciada por Deus, enquanto a última é uma idéia concebida pela mente de Deus. A ordem deve ser enunciada, mas a vontade pode silenciar. O Senhor Jesus agia de acordo com ambas, a vontade e a Palavra de Deus.

Do mesmo modo, Deus opera em seu povo até que o relacionamento entre Cristo e a Igreja siga o mesmo padrão do relacionamento entre Deus e seu Cristo. Deus deve continuar trabalhando até que obedeçamos a Cristo, assim como Cristo obedece a Deus. A primeira fase do trabalho de Deus é fazer-se ele mesmo cabeça de Cristo. A segunda fase é tornar Cristo cabeça da Igreja. Deus trabalha até que obedeçamos à sua vontade instantaneamente, sem que seja necessário sermos disciplinados pelo Espírito Santo. A terceira fase é tornar o reino deste mundo o Reino de nosso Senhor e de seu Cristo. A primeira fase já foi realizada, a terceira está por vir. Atualmente, encontramo-nos na fase do meio. Seu cumprimento é absolutamente essencial para a terceira fase. Estamos aqui para obedecer a fim de que Deus possa realizar sua vontade, ou para desobedecer e assim atrapalhar a obra de Deus? Deus tem procurado estabelecer sua autoridade no universo, e a chave disso é a Igreja. Ela está no meio, servindo de pivô. Nisso, Deus nos reveste com muito maior glória. Sobre nossos ombros está a responsabilidade de manifestar autoridade.

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Page 58: Autoridade espiritual

O corpo obedece à cabeça, e isso é algo natural e agradávelDeus providenciou para que a cabeça e o corpo participassem de uma só vida e

natureza. Portanto, é a coisa mais natural, para o corpo obedecer à cabeça. Na verdade, nesse relacionamento a desobediência estaria fora de lugar, seria algo estranho. Por exemplo, é normal que a mão se levante quando a cabeça dá a instrução; se a mão falhar em obedecer, algo está errado! Do mesmo modo, o espírito de vida que Deus nos deu é exatamente o mesmo que o Senhor tem. Portanto, a natureza de nossa vida é a mesma da vida dele. Assim, não existe possibilidade de discórdia e desobediência.

Em nosso corpo físico, alguns movimentos são conscientes, ao passo que outros são automáticos. E a cabeça e o corpo estão tão unidos que a obediência inclui tanto o que é consciente quanto o que é involuntário. Por exemplo, pode-se respirar profundamente de maneira consciente ou naturalmente, sem nenhum esforço consciente. Nosso coração bate automaticamente; não espera que se dê uma ordem. Essa é a obediência da vida. A cabeça solicita a obediência do corpo sem alarde ou compulsão, sem nenhum conflito e em perfeita harmonia. Mas, hoje, há pessoas que só obedecem a ordens. Isso não é correto, pois, por trás da ordem, jaz a vontade, e a vontade é a lei da vida. A obediência perfeita só pode ser reconhecida quando se obedece à lei da vida. Nada aquém daquilo que o corpo presta à cabeça pode ser chamado obediência. A obediência forçada não segue o padrão da obediência.

O Senhor colocou-nos em seu corpo, no qual existe união e obediência perfeitas. É verdadeiramente maravilhoso ver a mente do Espírito Santo operando nos membros, que nem sequer estão conscientes de ser membros diferentes, uma vez que seu relacionamento é tão indivisível, e sua coordenação, tão harmoniosa. Às vezes, nem sequer precisamos pensar na coordenação das funções de vários membros. Descrever a harmonia que existe entre os diversos membros é algo que verdadeiramente está além das palavras humanas. E que cada um de nós tenha o cuidado de não ser um membro doente, causador de problemas. Se vivermos sob a autoridade de Deus, estaremos habilitados a obedecer com mais naturalidade.

Em suma: a Igreja é o lugar não só da comunhão dos irmãos e irmãs, mas também o local da manifestação da autoridade.

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Page 59: Autoridade espiritual

Resistir à autoridade dos membros é resistir à cabeçaEmbora a autoridade do corpo, às vezes, seja manifestada diretamente, ela muitas

vezes se manifesta de maneira indireta. O corpo não está apenas sujeito à cabeça. Além disso, seus diversos membros ajudam-se mutuamente e estão sujeitos uns aos outros. As mãos direita e esquerda não têm comunicação direta; é a cabeça que as movimenta. A mão esquerda não tem capacidade de orientar a mão direita, e vice-versa. A mão também não tem capacidade de ordenar aos olhos que olhem, mas simplesmente notifica á cabeça e deixa que a cabeça ordene aos olhos. Por isso, todos os muitos membros estão igualmente ligados à cabeça. O que quer que seja feito por um membro, atribui-se à cabeça. Quando meus olhos olham, sou eu que estou olhando, e o mesmo acontece com o andar e o trabalhar. Podemos, portanto, concluir que, com freqüência, julgar o membro é julgar a cabeça. A mão não pode ver por si mesma; deve aceitar o julgamento do olho. Se a mão pedir à cabeça para olhar, ou se a mão pedir para ver sem a ajuda dos olhos, esses seriam pedidos inapropriados.

Mas é justamente aí que reside a falha, bastante comum, dos filhos de Deus. Precisamos reconhecer, nos outros membros, a autoridade da cabeça. A função de cada membro é limitada: a do olho é ver; a da mão, trabalhar; a do pé, caminhar. Devemos, assim, aprender a aceitar as funções dos outros membros. Não devemos recusar a função de qualquer membro. Se o pé rejeitasse a mão, seria o mesmo que rejeitar a cabeça. Mas aceitar a autoridade de um membro é o mesmo que aceitar a autoridade da cabeça. Portanto, a comunhão de todos os membros pode constituir minha autoridade. Embora, no corpo físico, a função da mão seja tremenda, ela deve aceitar a função do pé no momento em que precisar andar. A mão não pode ver cores, por isso, deve aceitar a autoridade do olho. A função de cada membro constitui sua autoridade.A autoridade são as riquezas de Cristo

É impossível fazer de cada membro um corpo completo. Cada um de nós deve aprender a permanecer a permanecer na posição de membro e aceitar as operações dos outros membros. O que os outros vêem e ouvem é com se eu visse e ouvisse. Aceitar as operações dos outros membros é aceitar as riquezas da cabeça. Nenhum membro pode dar-se ao luxo de ser independente, uma vez que cada um é membro do corpo. Assim, o que quer que seja que o membro faça é considerado operação de todos os membros e, portanto, operação do corpo.

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O problema de hoje é que a mão insiste em ver, mesmo depois que o olho já viu. Cada um deseja ter tudo em si mesmo, recusando-se a aceitar a provisão dos outros membros. Isso cria pobreza para o próprio membro e também para a Igreja. A autoridade é apenas uma outra expressão das riquezas de Cristo. Só ao aceitar as funções dos outros – aceitando sua autoridade -, recebe-se a riqueza de todo o corpo. Submeter-se à autoridade dos outros membros é possuir suas riquezas. A insubordinação cria pobreza. “Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz” (Mt 6.22). Se o seu ouvido é bom, rodo o corpo ouvirá.

Geralmente, interpretamos mal a autoridade, vendo nela algo que nos oprime, magoa e perturba. Deus não tem um conceito assim. Ele usa a autoridade para suprir nossas falhas. Sua motivação para instituição da autoridade é conceder-nos suas riquezas e suprir as necessidade dos fracos. Ele não quer que você fique esperando anos a fio e atravesse muitos dias negros e cheios de sofrimento antes que seja capaz de ver por si mesmo. A essa altura, você já poderá ter levado muitos para as trevas. Na verdade, você se transformaria num cego guiando outros cegos. Que prejuízo Deus sofreria por seu intermédio! Não, primeiro ele opera na vida de outro, e opera de maneira total, para poder colocar essa pessoa como autoridade sobre você, para que você aprenda a obediência e possua o que nunca possuiu antes. A riqueza dessa pessoa pertencerá a você também. Se você ignorar esse procedimento divino, ainda que viva cinqüenta anos, ficará muito atrás do que aquela pessoa alcançou.

A maneira pela qual Deus nos garante sua graça é dupla. Às vezes, embora seja raro, concede-nos sua graça diretamente, mas na maioria das vezes ele nos concede essa graça indiretamente, isto é, Deus põe irmãos e irmãs acima de você, os quais são mais desenvolvidos espiritualmente para que você possa aceitar o julgamento deles. Com isso, tornamo-nos aptos a possuir as riquezas deles sem que passemos por dolorosas experiências. Deus depositou muita graça na Igreja, mas ele dispensa a cada membro alguma graça em particular, assim como cada estrela tem glória própria. Assim, a autoridade apresenta as riquezas da Igreja. A riqueza de cada membro é a riqueza de todos. Rebelar-se é preferir o caminho da pobreza. Resistir à autoridade é rejeitar os meios da graça e da riqueza.

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A distribuição de funções também é delegação de autoridadeQuem se atreveria a desobedecer à autoridade do Senhor? Mas devemos

lembrar-nos de que a autoridade dos membros que Deus coordenou no corpo também precisa ser atendida. Deus reuniu muitos membros, e recusar-se a ajudar os outros membros é pura rebeldia. Às vezes, o Senhor usa um membro de maneira direta, mas em outras ocasiões usa outro membro para suprir a necessidade daquele membro. Quando a cabeça orienta o olho para olhar, todo o corpo deve aceitar a visão daquele olho como sua. Tal distribuição de funções é uma delegação de autoridade: isso também representa a autoridade da cabeça. Os outros membros serão rebeldes se tiverem a presunção de ver por si mesmos. Jamais seja tolo a ponto de imaginar-se todo-poderoso.

Lembre-se sempre de que você não passa de um membro e que deve aceitar as operações dos outros membros. Quando você se submete a uma autoridade visível, está em perfeita harmonia com a cabeça, uma vez que o fato de alguém ter o que você precisa constitui a autoridade dele. Todo aquele que tem um talento tem um ministério, e todo aquele que tem um ministério tem autoridade. Só o olho pode ver. Portanto, quando houver necessidade de visão, você deve se submeter à autoridade do olho e receber o que ele tem para dar. O ministério concedido por Deus é autoridade; ninguém pode rejeitá-lo. A maioria quer receber autoridade direta de Deus, porém Deus, mais habitualmente, estabelece autoridades indiretas ou delegadas para que as obedeçamos. É delas que temos de receber suprimento espiritual.

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A vida torna fácil a obediênciaPara o mundo, assim como o foi para os israelitas, é difícil obedecer, porque não

há um ele de vida. Mas para nós que temos um relacionamento vital, desobedecer é difícil. Há uma unidade interna – uma vida e um Espírito, o Espírito orientando e controlando tudo. Sentimo-nos felizes e em paz quando nos sujeitamos uns aos outros. Se tentamos colocar todo o fardo sobre nossos ombros, ficamos cansados. Mas se o fardo é distribuído entre os diversos membros, sentimo-nos! Quando ficamos sujeitos à autoridade dos outros membros, experimentamos uma grande emancipação. Mas, quando nos colocamos no lugar de outros, sentimo-nos muito artificiais. A obediência é algo natural, e a desobediência, algo difícil.

O Senhor chamou-nos para que aprendêssemos a obediência no corpo – na Igreja – como também no lar e no mundo. Devemos aprender bem no corpo, para vencer as dificuldades em outros setores. A Igreja é o lugar por onde devemos começar a aprender obediência. É o lugar do cumprimento como também da provação. Se fracassarmos ali, fracassaremos em qualquer outro lugar. Se aprendermos bem na Igreja, os problemas do Reino, do mundo e do universo poderão ser resolvidos.

No passado, tanto a autoridade quanto a obediência eram objetivas, isto é, uma sujeição externa a um poder externo. Hoje, a autoridade tornou-se uma coisa viva, algo interno. Autoridade e obediência encontram-se no corpo de Cristo. Instantaneamente, ambas se tornam subjetivas, e as duas se mesclam em uma só. Eis aí a mais alta expressão da autoridade de Deus. Autoridade e obediência atingem sua consumação no corpo. Devemos edificar-nos aqui; de outro modo, não há saída. O lugar onde entramos em contato com a autoridade é o corpo. A cabeça (a fonte da autoridade) e os membros (cada um com sua função, ministrando mutuamente como autoridade delegada e obedecendo à autoridade) encontram-se na Igreja. Se fracassarmos em reconhecer a autoridade aqui, não haverá saída.

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9AS MANIFESTAÇÕES DA REBELDIA DO HOMEM

Em que setores particulares a rebeldia do homem se manifesta mais obviamente? Em palavras, raciocínio e pensamentos. Se não tratarmos essas áreas de maneira prática, a esperança da libertação da rebeldia será muito pequena.1.PALAVRAS

...especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade. Insolentes e arrogantes, tais homens não têm medo de difamar os seres celestiais; contudo, nem os anjos, embora sendo maiores em força e poder, fazem acusações injuriosas contra aqueles seres na presença do Senhor. Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela sua própria corrupção! (2Pe 2.10-12).

Ninguém os engane com palavras tolas, pois é por causa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência (Ef 5.6).

Da mesma forma, estes sonhadores contaminam o próprio corpo, rejeitam as autoridades e difamam os seres celestiais. Contudo, nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele mas disse: “O Senhor o repreenda!” Todavia, esses tais difamam tudo o que não entendem; e as coisas que entendem por instinto, como animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem (Jd 8-10).

Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34).A ‘válvula de escape’ do coração são as palavrasO rebelde de coração acabará proferindo palavras rebeldes, pois a boca fala do que está cheio o coração. Para reconhecer a autoridade, é preciso primeiro entrar em contato com a autoridade; caso contrário, jamais se obedecerá. Apenas ouvir uma mensagem sobre obediência é totalmente ineficaz. É preciso que haja um encontro com Deus, pois só assim o fundamento da autoridade de Deus será estabelecido em sua vida. Depois disso, sempre que proferir uma palavra rebelde – não, antes mesmo que a profira – você tomará consciência de sua transgressão e, desse modo, ficará internamente impedido. INÍCIO AVANÇA

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Se alguém pode pronunciar livremente palavras de rebeldia sem qualquer sentimento interno de restrição, certamente jamais teve contato com a autoridade. É muito mais fácil pronunciar palavras rebeldes que efetuar atos de rebeldia.

A língua é difícil de ser domada. A rebeldia expressa-se muito rapidamente, por intermédio da língua. Pode-se concordar com uma pessoa diante dela, mas injuriá-la pelas costas; pode-se silenciar diante de um homem, mas, depois, ter muito a dizer em alto e bom som. Não é difícil usar a boca em atitude de rebeldia. Os componentes da sociedade de hoje são todos rebeldes: só prestam culto da boca para fora e sujeição exterior. A Igreja deve ser diferente: nela deve haver obediência do coração. Pelas palavras que saem da boca de uma pessoa, é fácil perceber se há ou não obediência do coração. Deus quer obediência de coração.Eva levianamente acrescentou algo ao que Deus dissera

Quando Eva foi tentada, ela acrescentou, ao que Deus dissera, as seguintes palavras: “nem toquem nele” (Gn 3.3 ). Tomemos consciência da seriedade disso. Quem conhece a autoridade de Deus jamais ousará acrescentar uma sílaba. A ordem de Deus fora bastante clara: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gn 2.16,17). Deus jamais disse: “nem toquem nele”; isso foi acrescentado por Eva. Todos os que, levianamente, mudam a Palavra de Deus, acrescentando ou omitindo, dão evidência de que não conhecem a autoridade. Portanto, são rebeldes e ignorantes.

Imagine alguém que foi enviado pelo governo a algum lugar como representante ou porta-voz. Certamente ele se esforçará muito para tentar memorizar o que foi encarregado de dizer; não se atreveria a acrescentar qualquer palavra sua. Embora Eva se encontrasse com Deus diariamente, não reconheceu a autoridade divina. Portanto, levianamente, acrescentou aquelas palavras. Talvez imaginasse que não havia muita diferença em umas poucas palavras a mais ou a menos. Não, mesmo uma pessoa deste mundo, servindo um senhor deste mundo, não se atreveria a mudar livremente as palavras de seu senhor. Assim, como nós, que servimos ao Deus vivo, nos atreveríamos a fazê-lo?

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Cam torna público o fracasso do paiVejamos o que Cam fez quando viu a nudez de seu pai. Saiu para contar o fato a seus

irmãos, Sem e Jafé. O insubordinado de coração sempre espera que a autoridade fracasse. Assim, Cam teve sua oportunidade de revelar a falta do pai. Ao fazer isso, comprovou plenamente que não estava de todo sujeito à autoridade dele.Geralmente, submetia-se ao pai externamente, mas não de todo o coração. Mas quando descobriu a fraqueza do pai aproveitou a oportunidade para transmiti-la aos irmãos. Hoje, muitos irmãos, graças à falta de amor, sentem prazer em criticar as pessoas e deleitam-se grandemente em revelar as falhas dos outros. Cam não tinha nem amor nem submissão. Ele representa a manifestação da rebeldia.Miriã e Arão murmuram contra Moisés

Números 12 registra como Miriã e Arão falaram contra Moisés e introduziram problemas familiares no trabalho. Moisés ocupava uma posição única na vocação divina; Miriã e Arão eram simples subordinados. Essa era a ordem de Deus. Não obstante, os dois se rebelaram contra aquela ordem e expressaram seus sentimentos falando contra Moisés. Não reconheceram a autoridade, uma vez que o reconhecimento da autoridade sela a boca e resolve muitos problemas. Dificuldades naturais são resolvidas assim que deparam com a autoridade. Miriã simplesmente disse: “Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés? [...] também não tem ele falado por meio de nós?” (v.2). Ela não parece ter dito muita coisa, mas Deus percebeu que era injurioso. Provavelmente, muitas outras palavras apenas deixaram de ser preferidas, como o iceberg, que mantém nove décimos de sua massa submersos na água. Por mais inconseqüentes que as palavras sejam, se houver um espírito rebelde na pessoa, este será imediatamente descoberto por Deus. A rebeldia geralmente se manifesta em palavras. Não importa se essas palavras são frívolas ou sérias, isso é rebeldia.Corá e seu grupo atacam Moisés

Em Números 16, lemos que Corá e seu grupo de 250 líderes da congregação se reuniram para atacara Moisés. Atacaram-no com palavras. Disseram tudo que estava no coração. Reclamaram de Moisés. Embora Miriã falasse contra ele, suas palavras foram reprimidas, por isso ela pôde ser restaurada. Mas Corá e seu grupo, como uma torrente incontrolável, ignorou qualquer restrição.

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Vemos aí dois diferentes graus de rebeldia: alguns caem em desgraça, mas são finalmente restaurados, enquanto outros devem ser engolidos pelo Sheol, pois não têm nenhum freio. Os rebeldes de Números 16, além de falar contra Moisés, também o censuraram aberta e severamente. A situação foi tão séria que Moisés nada pôde fazer a não ser se prostrar ao chão.

Como foram graves suas acusações! Disseram a Moisés: “Basta! A assembléia toda é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles. Então, por que vocês se colocam acima da assembléia do Senhor?” (v.3). Era como se dissessem: “Reconhecemos que Deus está no meio da congregação, pois a congregação é santa, mas não reconhecemos sua autoridade, pois você é um usurpador”. Aprendemos, com esse exemplo, que todo aquele que atende à autoridade direta de Deus mas rejeita a autoridade delegada continua sob o princípio da rebeldia.

Quem é submisso à autoridade, certamente controla a própria boca; não ousa falar tão livremente. Quando Paulo foi julgado pelo concílio, falou como profeta ao sumo sacerdote dizendo: “Deus te ferirá, parede branquada!” (At 23.3). Mas ele também era judeu, por isso tão logo foi informado que Ananias era o sumo sacerdote voltou atrás, dizendo: “Irmãos, eu não sabia que ele era o sumo sacerdote, pois está escrito: “Não fale mal de uma autoridade do seu povo” (v.5). Que cuidado Paulo teve com suas palavras e com que escrúpulo controlou sua boca!A rebeldia está ligada à tolerância para com a carne

O apóstolo Paulo mencionou os que desprezam a autoridade, imediatamente depois de falar daqueles que são tolerantes para com a cobiça das paixões que corrompem. A resposta pronta, isto é, a enunciação de palavras rebeldes, é o sintoma daqueles que desprezam a autoridade.

Os semelhantes atraem-se. Uma pessoa naturalmente se ligará àqueles que são iguais a ela e se comunicará com aqueles que têm a mesma natureza. O rebelde e o carnal andam juntos. Deus considera-os iguais. O rebelde e o carnal são tão maus e obstinados que não têm medo de injuriar os gloriosos. Os que conhecem Deus tremem ao fazê-lo. Falar palavras injuriosas é cobiça da boca. Se tal pessoa conhecesse Deus, se arrependeria e se odiaria, pois saberia quanto Deus odeia uma atitude assim. Antes, os anjos encontravam-se sob o domínio de autoridade desses seres gloriosos, por isso não se atreveram a pronunciar julgamento injurioso sobre eles diante do Senhor. Tiveram a cautela de não armazenar uma atitude rebelde para tratar aqueles espíritos que não permaneceram em sua posição.

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Pelo mesmo motivo, não devemos injuriar os outros, falando contra eles diante de Deus, nem mesmo em nossas orações. Davi, ao reconhecer que Saul era o ungido do Senhor, provou ser alguém que sabia manter sua posição. O poder de Satanás é estabelecido por aqueles que não ficam no lugar, enquanto os anjos permanecem. Pedro usa os anjos para exemplificar o princípio do lugar de cada um, para que sejamos mais cuidadosos em relação a esse aspecto.

Há duas coisas que levam os cristãos a perder o poder: 1) pecado, 2) injúria à autoridade. Sempre que uma pessoa fala contra outra há perda de poder. A perda de poder é maior quando a desobediência é expressa em palavras do que quando permanece escondida no coração. O efeito das palavras sobre o poder excede muito aquilo que percebemos comumente.

É verdade que, diante de Deus, o pensamento de um homem é julgado como se fosse um ato. Aquele que concebe o mal já cometeu o mal. No entanto, o Senhor diz: “Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que esta cheio o coração. [...] Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados” (Mt 12.34,36,37). Isso implica dizer que há uma diferença entre palavras e pensamentos. O pensamento pode permanecer encoberto, mas a palavra, uma vez proferida, desnuda tudo. Os cristãos de hoje perdem poder tanto por intermédio da boca quanto dos atos; perdem, porém, muito mais por intermédio da boca. Todos os rebeldes têm problemas com a boca. Quem não pode controlar suas palavras não pode controlar a si mesmo.Deus repreende fortemente os rebeldes

Leia novamente 2Pedro 2.12: “Eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas”. Será que, na Bíblia, haverá palavras de repreensão mais fortes que essas? Por que repreendê-los como a animais? Porque são muito insensíveis. Uma vez que a autoridade constitui a coisa mais importante de toda a Bíblia, rebelar-se contra ela constitui o mais grave dos pecados. Nossa boca não deve falar inadvertidamente. Assim que conhecemos a Deus, nossa boca sofre restrições. Não deveríamos nos atrever a replicar às autoridades. O encontro com a autoridade cria em nós a consciência de autoridade, assim como o encontro com o Senhor nos torna conscientes do pecado.

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As dificuldades na igreja local geralmente resultam de palavras injuriosasfalar inadvertidamente é o grande responsável pela quebra da união da igreja e pela

perda de poder. Provavelmente, a maioria das dificuldades na igreja deve-se às palavras injuriosas; só uma parte diminuta das dificuldades configura-se verdadeiro problema. Na realidade, a maioria dos problemas deste mundo deve-se às mentiras. Se na igreja pudermos deixar de falar mal uns dos outros, eliminaremos a maior parte de nossas dificuldades. Como precisamos confessar nosso pecados diante de Deus e pedir seu perdão! Todas as nossas palavras injuriosas devem ser cuidadosas e limitadas diante de Deus. “Acaso podem sair água doce e água amarga da mesma fonte?” (Tg 3.11). Não deveriam sair dos mesmos lábios palavras de amor e palavras injuriosas. Que Deus envie um guarda para nossos lábios, e não só para os lábios, mas também para nosso coração, a fim de que sejamos libertados dos pensamentos de rebeldia e das palavras injuriosas! Que as palavras injuriosas se afastem para sempre de nós!2.RAZÃO

Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má – a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama – foi dito a ela: “O mais velho servirá ao mais novo”. Como está escrito: “Amei Jacó, mas rejeitei Esaú”. E então, que diremos? Acaso Deus é injusto? De maneira nenhuma! Pois ele diz a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão”. Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. Pois a Escritura diz ao faraó: “Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra”. Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer. Mas algum de vocês me dirá: “Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade?” Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus?” Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?” O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para a destruição? Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão ara glória, ou seja, a nós, a quem também chamou, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios? (Rm 9.11-24).

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A injúria vem do raciocínioA rebeldia do homem contra a autoridade manifesta-se em palavras, raciocínio e

pensamentos. Se o homem não reconhece a autoridade, dirá palavras injuriosas; tais palavras geralmente brotam de seu raciocínio. Cam tinha suas razões para injuriar seu pai, pois Noé estava nu. Miriã falou contra Moisés fundamentando-se no fato de seu irmão ter-se casado com a mulher etíope. Aquele que se sujeita à autoridade, entretanto, vive sob a autoridade, não sob a razão. Corá e seu grupo de 250 líderes rebelaram contra Moisés e Arão dizendo: “A assembléia toda é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles. Então, por que vocês se colocam acima da assembléia do Senhor?” (Nm 16.3). Eles tinham também suas razões; palavras injuriosas como essas geralmente são produzidas pelo raciocínio.

Parece-nos que Data e Abirão tinham razões ainda mais fortes, pois responderam a Moisés: “Você não nos levou a uma terra onde manam leite e mel, nem nos deu uma herança de campos e vinhas. Você pensa que pode cegar os olhos destes homens?” (v.14). O que queriam dizer era que seus olhos, se lá estivessem, poderiam ver mais claramente a aparência da terra. Quanto mais raciocinavam, mais fortes razões tinham para desconfiar que Moisés não era quem parecia ser. O raciocínio não permite a reflexão, uma vez que só se agrava por meio desta. As pessoas deste mundo vivem segundo a razão. Portanto, se também vivemos neste império terreno, onde reside a diferença entre nós e o povo do mundo?Seguir o Senhor exige libertação da razão

A mais pura verdade é que precisamos arrancar os olhos de nossa razão para poder seguir o Senhor. O que governa nossa vida: o raciocínio ou a autoridade? Quando a pessoa é iluminada pelo Senhor, ela fica cega com a luz, e a razão é colocada de lado. Paulo ficou cego sob a grande luz na estrada de Damasco e deixou de se guiar pela razão. Moisés jamais arrancou os próprios olhos, não obstante agia como se estivesse cego. Ele tinha seus argumentos e suas razões, mas, em obediência a Deus, vivia acima da razão. Aqueles que estão sob a autoridade de Deus não vivem segundo a vista. Os servos do Senhor devem libertar-se de uma vida com base no raciocínio. A razão é a primeira causa da rebeldia. Portanto, não podemos ter nenhum controle sobre nossas palavras se primeira não resolvermos esse problema. Se uma pessoa, pelo Senhor, não for libertada da escravidão da razão, mais cedo ou mais tarde pronunciará palavras injuriosas.

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Parece fácil falar sobre a libertação da razão. Mas, se somos seres racionais, como evitar discutir com Deus? Parece muito difícil. Raciocinamos desde a infância até a idade adulta, desde o nosso estado de incredulidade até o presente momento. O princípio básico de nossa vida é o raciocínio. Como então acabar com isso? Para isso, é preciso literalmente sacrificar nossa vida carnal! Por isso, há duas categorias de cristãos: os que vivem na esfera da razão e os que vivem na esfera da autoridade.

Devemos fazer a seguinte pergunta: “Onde vivemos hoje?” Quando recebemos uma ordem de Deus, será que paramos para examinar a questão e ver se existem motivos suficientes para realizar sua vontade? Oh! Isso não passa de uma manifestação da árvore do conhecimento do bem e o mal. O fruto dessa árvore governa não apenas nossos negócios pessoais, mas também o que Deus decidiu para nós, pois a decisão do Senhor deve passar por nossa razão e julgamento. Pensamos por Deus e decidimos o que o Senhor deveria pensar. Sem dúvida, esse é o princípio de Satanás. Afinal, ele não deseja ser igual a Deus? Quem realmente conhece Deus obedece ao Senhor sem qualquer argumentação. Dessa forma, não há possibilidade de misturar o raciocínio com a obediência. Se alguém deseja aprender a obediência, deve deixar de lado o raciocínio: ou vive pela autoridade de Deus ou pela razão humana. É absolutamente impossível viver por meio de ambas.

A vida terrena do Senhor Jesus foi totalmente vivida acima da argumentação. Que razão poderia haver para a desgraça, os açoites e a crucificação que ele sofreu? Mas ele se submeteu à autoridade de Deus. Nem sequer argumentou ou perguntou: apenas obedeceu! Viver sob o domínio do raciocínio é tão complicado! Pense nas aves do céu e nos lírios do campo. Com que simplicidade vivem eles! Quanto mais nos submetermos à autoridade, mais simples nossa vida se torna.Deus jamais argumenta

Em Romanos 9, Paulo prova aos judeus que Deus também chama os gentios. Ele dá a entender que, dos descendentes de Abraão, só Isaque foi escolhido e que, da semente de Isaque, só Jacó foi escolhido. Tudo está de acordo com a eleição de Deus. Portanto, por que Deus não deveria escolher os gentios? Ele pode exercer misericórdia com quem ele quiser e ter compaixão de quem quiser.

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Ele ama o traiçoeiro Jacó e odeia o honesto Esaú (pelo menos, isso é o que os homens supõem). Ele até mesmo endurece o coração do faraó. Será que ele, em razão disso, é injusto? Mas Deus está assentado no trono da glória, acima dos homens, e estes estão sujeitos à sua autoridade. Quem é você, partícula de pó, para argumentar com Deus?

Ele é Deus tem autoridade para fazer o que deseja. Não podemos, por um lado, segui-lo e, por outro lado, exigir a revelação dos motivos. Se desejamos servi-lo, não devemos argumentar. Aquele que se encontra com Deus deve jogar fora seu raciocínio. Temos, tão-somente, de permanecer no solo da obediência. Não devemos interferir com nossos argumentos, tentando ser conselheiro de Deus. Devemos ouvir o que Deus declara: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia”. Quão preciosa é a palavra “vontade”! Adoremos a Deus. Ele jamais argumenta; ele simplesmente faz o que deseja fazer. Ele e o Deus da glória. Paulo também atesta: “Isso não depende o desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. Pois a Escritura diz ao faraó: ‘Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra’. Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer” (Rm 9.16-18). Endurecer o coração não é o mesmo que fazê-lo pecar. Simplesmente quer dizer desistir dele (v.Rm 1.24,26,28).

Paulo, prevendo que aqueles aos quais escrevia poderiam objetar, antecipa-se: “Mas alguns de vocês me dirá: ‘Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade?” (Rm 9.19). Muitos concordariam em que esse raciocínio é tremendamente forte. Paulo também reconhece a força de tal argumento. Por isso, prossegue: “Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? ‘Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?” (v.20). Ele não responde ao argumento deles; ao contrário, faz-lhes uma pergunta: “Mas quem é você?”. Ele não diz: “O que diz você?”. Só pergunta: “Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus?”. Quando Deus exerce autoridade, não precisa consultar ninguém nem buscar aprovação. Exige simplesmente que se obedeça à sua autoridade e se reconheça que, se vem de Deus, é coisa boa.

Os homens sempre gostaram de discutir. Mas não poderíamos perguntar: “Há algum bom motivo para ser salvo?”. Não existe razão alguma. Nunca desejei nem lutei por minha salvação, mas sou salvo. É a coisa mais irracional que já me aconteceu. Mas Deus tem misericórdia de quem quer.

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O oleiro tem o direito de fazer da mesma porção de barro um vaso lindo e outro para o serviço. É uma questão de autoridade, não de raciocínio.

Nossa dificuldade básica, dos homens de hoje, é que ainda vivemos sob o princípio do bem e do mal, sob o poder da razão. Se a Bíblia fosse um livro de argumentos, então certamente poderíamos discutir tudo. Em Romanos 9, Deus abre uma janela do céu e ilumina-nos, em vez de argumentar conosco. No entanto, perguntamos: “Mas quem é você?”.A glória de Deus liberta-nos da razão

Para os homens, não é fácil libertar-se das palavras injuriosas, e ainda mais difícil é ver-se livre do raciocínio. Quando eu era jovem, habitualmente me ofendia pelas coisas exorbitantes que Deus fazia. Mais tarde, li Romanos 9 e, pela primeira vez em minha vida, percebi um pouco da autoridade de Deus. Comecei a perceber quem eu era – apenas um ser criado por ele. Como me atrevia a lhe responder com palavras que traduziam meu melhor raciocínio? Aquele que está acima de tudo vive numa glória inatingível. O vislumbre de uma fração de glória por-nos-ia de joelho e levar-nos-ia a jogar fora nossos argumentos. Só aqueles que vivem muito distantes podem ser soberbos. Os que estão nas trevas podem viver pelo raciocínio. Mas ninguém, em todo o mundo, é capaz de se ver verdadeiramente através da luz da própria combustão. Mas logo que o Senhor lhe concede um pouquinho de luz e permite que veja um pouquinho da glória de Deus, então ele cai como morto – exatamente como o apóstolo João, na Antiguidade.

Que Deus tenha misericórdia de nós para que percebamos, de uma vez por todas, como somos mesquinhos e sem valor! Depois, não nos atreveremos mais responder a Deus. A rainha de Sabá viu um pouquinho da glória de Salomão e maravilhou-se com ela. Alguém maior que Salomão está aqui: que importa meu frágil raciocínio? Desde o momento em que Adão pecou, tomando do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, a razão tornou-se o princípio da vida do homem. Só depois que a glória do Senhor nos aparece é que percebemos que não passamos de cães mortos e porções de argila. Os nossos argumentos desvanecem-se à luz de sua glória. Quanto mais uma pessoa vive na glória, menos discute. Se uma pessoa discute muito, sabemos que jamais viu a glória.

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Nestes últimos anos, estou começando a aprender que Deus geralmente age sem razão. Mesmo que eu não entenda o que ele faz, ainda assim aprendo a adorá-lo, pois não passo de um servo. Se eu entendesse tudo que ele faz, eu mesmo me assentaria no trono. Mas, quando vi que ele está muito acima de mim e que só ele é o Deus nas alturas – prostrei-me no pó e na cinza, e meu raciocínio desapareceu. Daí em diante, só a autoridade é concreta para mim; a razão e o certo ou errado já não controlam minha vida. Aquele que conhece Deus, conhece a si mesmo e, portanto, liberta-se do raciocínio.

A maneira de conhecer Deus é pela obediência. Os que vivem segundo a razão ainda não o conhecem. Só o obediente conhece Deus verdadeiramente. Essa a maneira pela qual podemos eliminar o conhecimento do bem e do mal, que veio por intermédio de Adão. Depois disso, torna-se relativamente fácil obedecer.“Eu sou Senhor, o Deus de vocês” – eis a razão

Em Levítico 18-22, cada vez que Deus dá uma ordem ao povo de Israel, introduz a ordenança com a frase: “Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. Essa frase nem sequer é antecedida pela conjunção “pois”. Isso quer dizer: “Falei assim porque sou o Deus de vocês. Não preciso apresentar minhas razões. Eu, o Senhor, sou a razão”. Se você entender isso, jamais será capaz de viver novamente pelo raciocínio. Você desejará dizer a Deus: “Ainda que no passado eu tenha vivido pela mente e pela razão, agora me inclino e te adoro. Qualquer coisa que tenhas feito é suficiente para mim, porque tu o fizeste”. Depois que Paulo caiu na estrada de Damasco, todo seu raciocínio foi posto de lado. A pergunta que fez foi: “Que devo fazer, Senhor?”. Instantaneamente, colocou-se em sujeição ao Senhor. Ninguém que conheça Deus argumentará, pois o raciocínio é julgado e rejeitado pela Luz.

Argumentar com Deus é o mesmo que dizer que o Senhor necessita obter nosso consentimento para tudo que faz. Isso é loucura consumada. Quando Deus age, ele não tem nenhuma obrigação de nos contar os motivos, porque seus caminhos são mais altos que os nossos. Se tentarmos rebaixar Deus e fazê-lo discutir conosco, nós o perderemos, porque o transformamos num igual. Na argumentação, não teremos adoração. Tão logo a obediência se ausenta, desaparece a adoração. Ao julgar Deus com a razão, nós mesmos nos estabelecemos como deuses. Qual seria, então, a diferença entre o oleiro e o barro? Será que o oleiro precisa pedir consentimento ao barro para fazer seu trabalho? Que o glorioso encontro com o Senhor ponha um fim a toda a nossa argumentação!

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10AS MANIFESTAÇÕES DA REBELDIA DO HOMEM (continuação)3.PENSAMENTOS

As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. E estaremos prontos para punir todo ato de desobediência, uma vez estando completa a obediência de vocês (2Co 10.4-6).O elo entre o raciocínio e o pensamento

O homem manifesta sua rebeldia não apenas em palavras e raciocínio, mas também em pensamentos. Palavras rebeldes brotam do raciocínio rebelde, e o pensamento, por sua vez, trama o raciocínio. Portanto, o pensamento é o fator central na rebeldia.

Uma das mais importantes passagens da Bíblia é 2Coríntios 10.4-6, porque, nesses versículos, destaca-se a área da vida do homem na qual se exige obediência a Cristo. O versículo 5 diz: “Levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”. Isso dá a entender que a rebeldia do homem se encontra basicamente no pensamento.

Paulo menciona que devemos destruir argumentações e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus. O homem gosta de edificar raciocínios como fortalezas à volta de seu pensamento, mas tais raciocínios devem ser destruídos, e o pensamento deve ser levado cativo. As argumentações devem ser deixadas de lado, mas o pensamento deve ser reconduzido. Na guerra espiritual, as fortalezas devem ser tomadas de assalto para que o pensamento seja levado cativo. Se as argumentações não forem descartadas, não há como reconduzir o pensamento do homem à obediência de Cristo.

A palavra “pretensão”, no versículo 5, significa “edifício alto” no original. Do ponto de vista de Deus, as argumentações humanas são como um arranha-céu, pois obstruem o conhecimento de Deus. Logo que o homem começa a raciocinar, seus pensamentos ficam sitiados, e ele perde a liberdade de obedecer a Deus, uma vez que a obediência é uma questão de pensamento. A razão expressa-se externamente em palavras, mas quando as argumentações se escondem no interior do ser humano, cercam o pensamento e o paralisam para que não obedeça.

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O hábito de argumentar é tão sério que não pode ser resolvido sem uma batalha. Mas Paulo não usou a razão para lutar contra a razão. A inclinação mental para

argumentar deve ser derrotada com armas espirituais, isto é, o poder de Deus. É Deus que luta contra nós, pois nos tornamos seu inimigo.nosso hábito mental de argumentar é algo que herdamos da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas como são poucos os que percebem quantos transtornos nossa mente cria para Deus! Satanás emprega toda sorte de argumentações para nos escravizar a fim de que nos tornemos inimigos de Deus, em vez de submissos a ele.

O texto de Gênesis 3 exemplifica 2Coríntios 10. Satanás argumentou com Eva, e Eva, percebendo que a árvore era boa para alimento, reagiu com argumentação. Ela não deu ouvido a Deus, pois tinha suas razões. Quando o raciocínio aparece, o pensamento do homem cai em uma armadilha. O raciocínio e o pensamento estão intimamente ligados; o primeiro tende a derrotar o segundo. E, quando o pensamento é levado cativo, o homem encontra-se impossibilitado de obedecer a Cristo. Portanto, podemos concluir que, se realmente desejamos obedecer a Deus, devemos saber como a autoridade dele destrói as fortalezas da razão.Recapturando a mente cativa

No Novo Testamento grego, a palavra noema (noemata no plural) é usada seis vezes: Filipenses 4.7;2Coríntios 2.11,3.14,4.4,10.5 e 11.3. Em português, é traduzida por “entendimento”, “intenções”, “mente”, “argumento”, e o significado é desígnios da mente. A “mente” é a faculdade; o “desígnio” é sua ação – o produto da mente humana. O homem, por meio da faculdade da mente, pensa e decide livremente, e isso representa o próprio homem. Assim, se alguém deseja preservar sua liberdade, deve dizer que todos os seus pensamentos são bons e corretos. Não se atreve a expô-los à interferência e, portanto, deve cercá-los com muitas argumentações. Eis por que os homens falham em crer no Senhor: ficam, habitualmente, aprisionados na fortaleza de alguma argumentação. Um incrédulo pode dizer: “Vou esperar até ficar bem velho”; ou: “Muitos cristão não se comportam bem. Por isso não posso crer”; ou: “Ainda não. Vou esperar até que meus pais morram”. Semelhantemente, há razão que os crentes apresentam para não amar ao Senhor: os estudantes dirão que estão ocupados demais com seu estudos; os homens de negócios ocupados demais com seu negócios; o doente acha que sua saúde é fraca demais, e assim por diante. Se Deus não destruir essas fortalezas, os homens jamais ficarão livres. INÍCIO AVANÇA

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Satanás aprisiona os homens utilizando a fortaleza dos argumentos. A maioria dos homens coloca-se atrás de tantas linhas de defesa que são incapazes de atravessá-las para a liberdade. Só a autoridade de Deus pode levar cativo cada pensamento para obedecer a Cristo.

Para reconhecer a autoridade, as argumentações humanas devem ser primeiramente lançadas ao chão. Só depois que o homem começa a ver que Deus é Deus, conforme declarado em Romanos 9, é que suas argumentações são destruídas. E quando as fortalezas de Satanás são destruídas, nenhuma argumentação permanece, e os pensamentos humanos podem ser, portanto, levados cativos para que obedeçam a Cristo. Só depois que os pensamentos são recapturados é que o homem pode verdadeiramente obedecer a Cristo.

Podemos perceber se alguém já tomou conhecimento da autoridade observando se suas palavras, seus argumentos e pensamentos já foram devidamente reestruturados. Quando uma pessoa depara com a autoridade de Deus, sua língua não se atreve a agitar-se livremente, suas argumentações e, ainda mais profundamente, seus pensamentos já não podem mais ser livremente expressos. Naturalmente, o homem tem numerosos pensamentos, todos fortalecidos com muitas argumentações. Mas chega o dia em que a autoridade de Deus derruba todas as fortalezas da argumentação que Satanás levantou e recaptura todos os pensamentos do homem para torná-lo escravo espontâneo de Deus. Por conseguinte, já não pensa mais independentemente de Cristo: é totalmente obediente a ele. Isso é libertação total.

Aquele que ainda não tomou conhecimento da autoridade geralmente aspira a ser conselheiro de Deus. Aonde quer que vá, seu primeiro pensamento é descobrir como melhorar a situação. Seus pensamentos jamais foram disciplinados, pois são muitas e incessantes suas argumentações. Devemos permitir que o Senhor faça em nós uma operação de corte, penetrando nas profundezas de nosso pensamento até que sejam todos levados cativos por Deus. Depois isso, reconheceremos a autoridade de Deus e não nos atreveremos a livremente argumentar ou aconselhar. Agimos como se existissem duas pessoas no universo que são oniscientes: Deus e eu. Eu sou um conselheiro que sabe tudo! Tal atitude indica claramente que meus pensamentos precisam ser levados cativos, que não sei nada sobre autoridade. Se eu fosse alguém cujas fortalezas da argumentação estivessem realmente tomadas pela autoridade de Deus, não ofereceria mais conselhos, nem teria interesse em fazê-lo.

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Meus pensamentos ficariam subordinados a Deus, e eu já não seria mais uma pessoa livre. (A liberdade natural é o solo para o ataque de Satanás e deve ser renunciada.) Eu deveria esta pronto a ouvir. Os pensamentos do homem são controlados por um destes dois poderes: pela argumentação ou pela autoridade de Cristo. Na verdade, ninguém neste universo pode exercer livremente sua vontade, porque é cativo ou das argumentações ou de Cristo. Por conseguinte, ou serve Satanás ou serve a Deus.

Observando-se o seguinte, é fácil perceber se uma pessoa reconhece ou não a autoridade: 1) se ela pronuncia palavras rebeldes, 2) se argumenta diante de Deus e 3) se emite muitas opiniões. A derrota da argumentação é simplesmente o aspecto negativo; o positivo é ter todos os pensamentos cativos para obedecer a Cristo, de modo que a opinião pessoal não mais se manifeste. Antes, tinha muitos argumentos para sustentar meus muitos pensamentos; agora não tenho mais nenhum argumento, pois fui capturado. O cativo não tem liberdade. Quem prestaria atenção à opinião de um escravo? O escravo deve aceitar os pensamentos de outra pessoa sem jamais emitir opinião própria. Portanto, nós que fomos capturados por Cristo, estamos prontos a aceitar os pensamentos de Deus, em vez de oferecer qualquer conselho que seja nosso.Advertências aos teimosos1.PAULO

Paulo, em seu estado natural, era uma pessoa inteligente, capaz, sábia e racional. Sempre descobria um meio de resolver as coisas, era confiante e servia a Deus com todo entusiasmo. Mas, quando liderava um grupo de pessoas a caminho de Damasco para ali aprisionar os cristãos, foi levado ao chão por uma grande luz. Naquele momento, todas as suas intenções, meios e capacidade foram dissolvidos. Não retornou a Tarso nem voltou a Jerusalém. Não só abandonou sua tarefa em Damasco, como também jogou fora todos os seus motivos para a empreitada. Muitas pessoas, quando encontram dificuldades, mudam de direção, tentando primeiro um caminho e, depois, outro. Mas, não importa o que façam, continuam agindo de acordo com suas idéias e meios. São tolas e não caem com o golpe desferido por Deus. Embora Deus, nesse assunto em particular, as deixe prostradas, não aceitam a derrota de suas argumentações e pensamentos. Assim, a estrada para Damasco pode ficar realmente bloqueada para elas, enquanto prosseguem sua viagem para Tarso ou para Jerusalém.INÍCIO AVANÇA

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Não foi o que aconteceu com Paulo. Uma vez abatido, perdeu tudo. Não podia mais dizer nem pensar coisa alguma. Não sabia mais nada. “Que devo fazer, Senhor?”, perguntou. Encontramos aqui alguém cujos pensamentos foram levados cativos pelo Senhor e que obedeceu do fundo de seu coração. Antes, Saulo de Tarso, fossem quais fossem as circunstâncias, sempre liderava. Agora, ao tomar conhecimento da autoridade de Deus, seus argumentos sumiram. A principal evidência de que a pessoa entrou em contato com Deus está no desaparecimento de seus argumentos e de sua esperteza. Peçamos honestamente a Deus que nos conceda a perplexidade produzida pela Luz. Paulo parecia dizer: “Sou um homem que foi levado cativo por Deus e, portanto, agora sou seu prisioneiro. Chegou a hora de ouvir e obedecer, não de pensar e decidir”.2.REI SAUL

O rei Saul foi rejeitado por Deus não porque roubasse, mas porque poupou o que havia de melhor entre os bois e ovelhas para sacrificá-los ao Senhor. Foi algo que brotou de sua mente – idéias próprias sobre como agradar a Deus. Sua rejeição ocorreu porque seus pensamentos não foram capturados por Deus.ninguém poderá dizer que o rei Saul não foi zeloso em servir a Deus. Não mentiu, uma vez que realmente poupou o melhor entre o gado e as ovelhas. Mas tomou por si mesmo uma decisão (v.1Sm 15).

A inferência é clara: todos os que servem a Deus devem categoricamente refrear decisões com base em pensamentos próprios; antes, devem executar a vontade de Deus. Precisam dizer, cheios de expectativa: “Que devo fazer, Senhor?”. Dizer mais que isso seria totalmente errado. A obediência é melhor que o sacrifício. Não temos absolutamente o direito de oferecer conselhos a Deus.

Quando o rei Saul viu aquelas ovelhas e o gado, desejou poupá-los da morte. Seu coração talvez se inclinasse para Deus, mas lhe faltava o espírito de obediência. Um coração que se inclina para Deus não pode substituir a atitude de “não me atrevo a dizer coisa alguma”. Uma oferta de gorduras não pode suplantar o “não dar opinião”. O rei Saul, ao se recusar a destruir todos os amalequitas, com suas ovelhas e gado, conforme Deus ordenara, foi sentenciado a ser morto por um amalequita. E foi assim que seu governo terminou. Ele foi morto por um amalequita! Todo aquele que, em seu pensamento, poupa um amalequita, será finalmente aniquilado por ele.

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3.NADABE E ABIÚNadabe e Abiu rebelaram-se quanto à oferta porque deixaram de se sujeitar à autoridade

de seu pai. Tentaram executar idéias próprias. Pecaram contra Deus oferecendo fogo estranho. Assim, ofenderam a administração divina. Embora não falassem nenhuma palavra nem apresentassem motivos, ainda assim, pondo em prática idéias e sentimentos próprios, queimaram incenso. Acharam esse culto alternativo uma coisa boa. Se errassem, seria apenas tentando fazer uma coisa boa – isto é, servindo a Deus. Achavam que tal pecado seria insignificante. Não sabiam que seriam totalmente rejeitados por Deus e punidos com a morte.O testemunho do Reino apresentado por meio da obediência

Deus não considera o fervor de nossa pregação ou a disponibilidade de espírito para sofrer por ele. Ele olha para ver até que ponto somos obedientes. O Reino de Deus começa quando há absoluta obediência a Deus – nenhum pronunciamento de opinião, nenhuma apresentação de argumentos, nenhuma murmuração, nenhuma injúria. Por esse dia glorioso, Deus tem esperado desde a criação do mundo. Embora Deus tenha seu Filho primogênito, as primícias da obediência, está aguardando os muitos filhos semelhantes ao Primogênito. Sempre que, neste mundo, surge uma igreja que verdadeiramente obedece à autoridade de Deus, há o testemunho do Reino, e Satanás é derrotado. Satanás não tem medo de nosso trabalho enquanto agimos sobre o princípio da rebeldia. Apenas ri secretamente quando fazemos as coisas de acordo com nossos pensamentos.

A Lei Mosaica declarava que a arca deveria ser carregada por levitas, mas os filisteus enviaram a arca de volta a Israel sobre um carro puxado por bois. Davi, ao transportar a arca para sua cidade, deixou de consultar Deus. Em vez disso, ordenou, por conta própria, que a arca fosse transportada por um carro de bois. Os bois tropeçam e a arca começou a cair. Uzá estendeu a mão na direção da arca para segurá-la. Instantaneamente, foi morto por Deus. Mesmo que a arca não tivesse caído, não se encontrava, como deveria, sobre os ombros dos levitas, mas sobre um carro de boi. Numa ocasião anterior, quando a arca foi carregada pelos levitas através do rio Jordão, ela estava segura e protegida, apesar do transbordamento do rio. O contraste mostra-nos que Deus quer que lhe obedeçamos, não que lhe façamos sugestões.

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Deus deve esvaziar-nos primeiro para que sua vontade seja executada sem interferência. O modo de servir, se acrescentamos pensamentos humanos, fica para sempre obstruído. Deus deve governar; os homens não devem dar conselhos.

Por isso os pensamentos humanos devem ficar totalmente de fora. No passado, encontramos a liberdade vivendo segundo nossa vontade; agora, encontramos a verdadeira liberdade, pois nossos pensamentos foram levados cativos por Deus. Ao perder nossa liberdade, obtemos a verdadeira liberdade no Senhor.

“Estaremos prontos para punir todo ato de desobediência, uma vez estando completa a obediência de vocês” (2Co 10.6). A obediência perfeita só é possível depois que os pensamentos são recapturados. Aquele que ainda se inclina a oferecer conselhos a Deus não é totalmente obediente. O Senhor está pronto a vingar toda desobediência quando nossa obediência estiver completa. Se nós, na qualidade de crentes, podemos nos transformar totalmente quanto à obediência absoluta a Deus, temendo nossas idéias e opiniões, então Deus será capaz de manifestar sua autoridade sobre a terra. Como esperar que o mundo seja obediente, se a igreja não obedece? Uma igreja desobediente não pode esperar que os incrédulos obedeçam ao evangelho. Mas, com uma igreja obediente, também surgirá a obediência ao evangelho.

Todos nós devemos aprender a aceitar a disciplina para que nossa boca seja instruída no sentido de não falar levianamente; nossa mente, a não argumentar; nosso coração, a não oferecer conselho. O caminho da glória está exatamente à nossa frente. Deus há de manifestar sua autoridade sobre a terra.

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11A MEDIDA DA OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE

Pela fé Moisés, recém-nascido, foi escolhido durante três meses por seus pais, pois estes viram que ele não era uma criança comum, e não temeram o decreto do rei (Hb 11.23).

Todavia, as parteiras temeram a Deus e não obedeceram às ordens do rei do Egito; deixaram viver os meninos (Ex 1.17).

Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das tuas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer (Dn3.17,18).

Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no andar de cima, onde as janelas davam para Jerusalém e ali fez o que costumava fazer: três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus (Dn 6.10).

Depois que partiram, um anjo do Senhor apareceu a José em sonho e lhe disse: “Levante-se, tome o menino e sua mãe, e fuja para o Egito. Fique lá até que eu lhe diga, pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo” (Mt 2.13).

Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” (At 5.29).A submissão é absoluta, mas a obediência é relativa

A submissão é questão de atitude, enquanto a obediência é questão de conduta. Pedro e João responderam ao concílio religioso dos judeus: “Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus” (At 4.19). Seu espírito não foi rebelde, uma vez que ainda se submetiam àqueles que estavam em posição de autoridade. A obediência, entretanto, não pode ser absoluta. Algumas autoridades devem ser obedecidas; enquanto outras não, especialmente em questões que atingem os fundamentos cristãos – tais como crer no Senhor, pregar o evangelho, e assim por diante. Os filhos podem fazer sugestões aos pais, mas não devem demonstrar uma atitude de insubmissão. A submissão deve ser absoluta. Às vezes, a obediência é submissão, enquanto em outras ocasiões a incapacidade de obedecer ainda pode ser submissão. Mesmo quando fazemos uma sugestão, devemos manter uma atitude de submissão.

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Atos 15 é um bom exemplo de igreja reunida. Durante a reunião, pode haver sugestões e debates, mas uma vez tomadas as decisões todos devem reconhecê-las e acatá-las.A medida da obediência às autoridades delegadas

Se os pais se recusarem a permitir que os filhos se reúnam com os santos, os filhos devem manter uma atitude de submissão, embora não precisem necessariamente obedecer. Isso se parece com o modo pelo qual os apóstolos responderam ao concílio dos judeus. Quando foram proibidos, pelo concílio, de pregar o evangelho, mantiveram o espírito de submissão no tribunal. Mesmo assim, continuaram obedecendo à ordem do Senhor. Não desobedeceram com discussões e gritaria; apenas calma e mansamente discordaram. Não deve absolutamente haver uma palavra injuriosa nem atitude de insubordinação para com as autoridades governantes. Quem reconhece a autoridade é delicado e respeitoso. Será absoluto em sua submissão, no coração, na atitude e em palavras. Não haverá sinais de rispidez ou de rebeldia.

Quando a autoridade delegada (homens que representam a autoridade de Deus) e a autoridade direta (o próprio Deus) entram em conflito, a pessoa pode prestar submissão mas não obediência à autoridade delegada. Resumiremos isso em três pontos:1.A obediência está relacionada com a conduta: é relativa. A submissão relaciona-se com a atitude do coração: é absoluta.2.Só Deus recebe obediência irrestrita sem medida. Toda pessoa abaixo de Deus só pode receber obediência restrita.3.Se a autoridade delegada emitir uma ordem, e essa ordem estiver claramente em contradição com a ordem de Deus, então devemos-lhe submissão, mas não obediência. Devemos submeter-nos à pessoa que recebeu autoridade delegada de Deus, mas devemos desobedecer à ordem que ofende Deus.

Se seus pais quiserem que você freqüente um lugar onde um cristão prefere não ir (mas não um lugar onde a questão do pecado esteja envolvida), então o assunto fica aberto à discussão. A submissão é absoluta, enquanto a obediência pode ser uma questão de consideração. Se os pais o obrigarem a ir, vá. Mas se não insistirem, então está livra para não ir. Deus há de libertá-lo de seu ambiente, se você, na qualidade de filho, mantiver a devida atitude.

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Exemplos na Bíblia1.As parteiras e a mãe de Moisés, ao preservarem a vida de Moisés, desobedeceram ao

decreto do faraó. Mas foram consideradas mulheres de fé.2.Os três amigos de Daniel recusaram-se a adorar a imagem de ouro erigida pelo rei

Nabucodonosor. Desobedeceram à ordem do rei, mas se submeteram ao fogo.3.Daniel, ao ignorar o decreto real, orou a Deus. Não obstante, submeteu-se ao

julgamento do rei, sendo lançado na cova dos leões.4.José tomou o Senhor Jesus e fugiu para o Egito, a fim de evitar que a criança fosse

morta pelo rei Herodes.5.Pedro pregou o evangelho, embora fosse contra a ordem do concílio governante, pois

declarou que importava antes obedecer a Deus do que aos homens. Mas se submeteu quando foi levado à prisão.Sinais indispensáveis que acompanham o obediente

Como julgar se uma pessoa é obediente à autoridade? Pelos seguintes sinais:1.A pessoa que reconhece a autoridade naturalmente procura descobrir a autoridade

aonde quer que vá. A igreja é o lugar em que a obediência pode ser aprendida, uma vez que este mundo desconhece a obediência. Só os cristãos podem obedecer, e eles também precisam aprender a obedecer, não externamente, mas de coração. Uma vez aprendida essa lição de obediência, o cristão procura e encontra a autoridade em qualquer lugar onde estiver.

2.A pessoa que se submete à autoridade de Deus é mansa e delicada. Foi amansada e não consegue ser ríspida. Tem receio de estar errada e, por isso, é delicada.

3.A pessoa que verdadeiramente reconhece a autoridade jamais deseja estar em posição de autoridade. Não tem idéia nem interesse de se tornar autoridade. Não tem prazer em dar conselhos, nem se esforçar para controlar os outros. O verdadeiro obediente está sempre com receio de cometer um erro. Mas, que pena! Quantos ainda aspiram ser conselheiros de Deus! Só aqueles que não reconhecem a autoridade desejam ser autoridade.

4.A pessoa que se submete à autoridade mantém a boca fechada. Está sob controle. Não se atreve a falar levianamente porque há nela um senso de autoridade.

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5.A pessoa que se submete à autoridade é sensível a todo ato de anarquia e rebelião à sua volta. Percebe como o princípio da anarquia encheu a terra e, até mesmo, a Igreja. Só aqueles que experimentaram a autoridade podem levar outros à obediência. Irmãos e irmãs precisam aprender a obedecer à autoridade. Caso contrário, a Igreja não dará nenhum testemunho sobre a terra.Manter a ordem é reconhecer a autoridade

Se ninguém entrar em contato vivo com a autoridade, será impossível estabelecer a obediência e a autoridade que emana do princípio de obediência à autoridade. Por exemplo, se você colocar dois cães juntos, será inútil tentar estabelecer um deles como autoridade, e o outro como subalterno. Só um contato vivo com a autoridade pode resolver os problemas que surgem da não-obediência à autoridade. E quem ofende a autoridade percebe instantaneamente que ofendeu Deus. È inútil apontar o erro de alguém que jamais reconheceu qualquer autoridade. Em vez disso, leve-o primeiro a reconhecer a autoridade e, depois, mostre-lhe sua falta. Quando for ajudar os outros, entretanto, tome cuidado para que você mesmo não caia em rebelião.

Ora, será que Martinho Lutero acertou quando se levantou e defendeu o princípio fundamental da justificação pela fé? Sim, pois, quando defendeu a verdade, obedecia a Deus. Do mesmo modo, é certo que nós também defendamos a verdade, como, por exemplo, o testemunho da unidade da igreja local e deixemos em segundo plano questões denominacionais. Vimos o corpo de Cristo e a glória de Cristo, e assim não podemos assumir nenhum outro nome que não seja o de Cristo. O nome do Senhor é importante. Por que dizemos “salvos pelo nome do Senhor”, mas não “salvos pelo sangue”? Porque o nome do Senhor fala também de sua ressurreição e ascensão. “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Somos batizados em nome do Senhor e nos reunimos em seu nome também. Portanto, a cruz e o sangue sozinhos não podem resolver o problema das denominações. Mas quando percebemos a glória do Senhor que subiu ao céu, não podemos mais insistir em outro nome que não seja o do Senhor. Assim, só podemos exaltar o nome do Senhor, recusando qualquer outro nome. As denominações organizadas de hoje são uma afronta à glória do Senhor.

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Vida e autoridadeA igreja é mantida por duas coisas essenciais: vida e autoridade. A vida interior

que recebemos é uma vida de submissão, que nos capacita a obedecer à autoridade. Dificuldades dentro da igreja raramente se encontram em questões de desobediência externa. Na maioria das vezes, relacionam-se com uma falta de submissão interna. Mas o princípio norteador de nossa vida deve ser a submissão, exatamente como o dos pássaros é voar, e do peixes, nadar.

“Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus”, conceito expresso em Efésios 4.13, parece ainda ser uma realidade muito distante; mas, se reconhecermos a autoridade, não está assim tão longe. Os santos podem ter opiniões diferentes e, ainda assim, não haver insubordinação, pois mesmo com opiniões diferentes podemos submeter-nos uns aos outros. Assim somos um na fé. Atualmente, já temos a vida que habita em nós e percebemos algo do princípio governante desta vida. Portanto, se Deus for misericordioso conosco, avançaremos rapidamente. A vida que recebemos não é só para resolver o pecado – o lado negativo -, mas principalmente para obedecer – o lado vital e positivo. Quando o espírito de rebeldia nos abandonar, então o espírito da obediência será rapidamente restaurado à Igreja, e o sublime estado de Efésios 4 passa a ser uma realidade. Se todas as igrejas locais andassem no caminho da obediência, o glorioso fato da unidade da fé apareceria realmente diante de nossos olhos.

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SEGUNDA PARTEAutoridade delegada

12AQUELES A QUEM DEUS DELEGA AUTORIDADE

Obedecer à autoridade delegada e ser uma autoridade delegadaOs filhos de Deus não devem apenas aprender a reconhecer a autoridade, mas

também procurar aqueles a quem devem obedecer. O centurião falou ao Senhor Jesus: “Eu também sou homem sujeito à autoridade e com soldados sob o meu comando” (Mt 8.9). Ele era realmente um homem que reconhecia a autoridade. Atualmente, assim como sustenta todo o universo com sua autoridade, Deus também reúne seus filhos por meio de sua autoridade. Se algum de seus filhos é independente e autoconfiante e não se sujeita à autoridade delegada por Deus, então ele jamais poderá realizar a obra de Deus na terra. Cada um dos filhos de Deus deve procurar alguma autoridade a quem obedecer para que se coordene devidamente com os outros. É triste dizer, entretanto, que muitos têm fracassado nesse ponto.

Como podemos crer, se não sabemos em quem crer. Como podemos amar, se não sabemos a quem amar? Como podemos obedecer, se não sabemos a quem obedecer? Mas, na igreja, há muitas autoridades delegadas a quem devemos submissão. Submetendo-nos a elas e submetemo-nos a Deus. Não devemos escolher a quem obedecer, mas aprender a sujeitar-nos a todas as autoridades governantes.

Não existe ninguém apto a ser autoridade delegada por Deus, se não aprender primeiro a sujeitar-se à autoridade. Ninguém pode saber como exercer autoridade até que sua rebeldia tenha sido resolvida. Os filhos de Deus não são como meadas de fios nem como uma multidão heterogênea. Se não houver testemunho de autoridade, não há igreja nem trabalho. Isso apresenta um problema sério. É essencial que aprendamos a ficar sujeitos uns aos outros e às autoridades delegadas.

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Três requisitos para uma autoridade delegadaAlém do conhecimento pessoal de autoridade e uma vida vivida sob autoridade, a

autoridade delegada por Deus necessita preencher estes três requisitos principais:1.Reconhecer que toda autoridade procede de Deus. Cada pessoa chamada para ser

uma autoridade delegada deve-se lembrar de que “não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas” (Rm 13.1). Ela mesma não é autoridade, e ninguém pode constituir-se autoridade. Suas opiniões, idéias e pensamentos não são melhores que os dos outros. São totalmente sem valor. Só o que vem de Deus constitui autoridade e merece a obediência do homem. A autoridade delegada deve representar a autoridade de Deus, jamais presumir que também tenha autoridade.

Nós mesmos não temos a menor autoridade no lar, no mundo, ou na igreja. Tudo que podemos fazer é executar a autoridade de Deus: não podemos criar autoridade por nós mesmos. O policial e o juiz executam autoridade e aplicam a lei, mas não devem eles mesmos escrever a lei. Do mesmo modo, os que são colocados em posição de autoridade na igreja simplesmente representam a autoridade de Deus. A autoridade destes deve-se ao fato de que ocupam uma posição representativa, não porque tenham algum mérito mais excelente que os demais.

Estar em posição de autoridade não depende de ter idéias ou pensamentos; antes, depende de conhecer a vontade de Deus. A medida do conhecimento que a pessoa tem da vontade de Deus é a medida de sua autoridade delegada. Deus estabelece uma pessoa como sua autoridade delegada totalmente fundamentado no conhecimento que essa pessoa tem da vontade dele. Isso não tem nada que ver com as idéias abundantes, fortes opiniões, ou nobres pensamentos que ela possa ter. Na verdade, a pessoa que é forte em si mesma deve ser grandemente temida na igreja.

Muitos irmãos e irmãs jovens ainda não aprenderam a reconhecer a vontade de Deus. Por isso, Deus os colocou sob autoridade. Os que estão em posição de autoridade são responsáveis pela instrução desses jovens no conhecimento da vontade de Deus.contudo, em cada ocasião que lidar com eles, é imperativo que a autoridade delegada saiba, sem sombra de dúvida, qual é a vontade do Senhor naquele caso em particular. Dessa forma, pode agir com autoridade, como representante e ministro de Deus.

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Fora dessa compreensão, não existe autoridade que possa exigir obediência.Ninguém é capaz de ocupar a posição de autoridade delegada por Deus, se não

aprender a obedecer à autoridade de Deus e compreender sua vontade. Eis um exemplo: se um homem representa determinada companhia na negociação de um contrato, antes de assinar o contrato ele deve consultar seu gerente geral. Não pode assinar o acordo independentemente. Do mesmo modo, aquele que age como autoridade delegada por Deus precisa conhecer a vontade e o caminho de Deus antes de exercer autoridade. Jamais deve dar uma ordem que Deus não tenha dado. Se disser o que os outros devem fazer sem que seja reconhecido por Deus, representará a si mesmo, e não Deus. Por isso, exige-se dele que primeiro conheça a vontade de Deus para agir em nome deste. Depois, sua ação ficará sob a aprovação de Deus. Só o julgamento reconhecido por Deus tem autoridade. Seja o que for que venha do homem, é inteiramente destituído de autoridade, pois, desse modo, ele só pode representar a si mesmo.

Em razão disso, devemos aprender a elevar-nos e a aprofundar-nos nas coisas espirituais. Precisamos de um conhecimento mais abundante da vontade e dos caminhos de Deus. Devemos ver o que os outros não conseguem ver e alcançar o que outros não conseguem alcançar. O que fazemos deve refletir o que aprendemos de Deus, e o que dizemos deve emanar daquilo que experimentamos nele. Não há autoridade, exceto a de Deus. Se nada vimos diante de Deus, então não temos absolutamente nenhuma autoridade diante dos homens. Toda autoridade depende do que aprendemos e conhecemos de Deus. Não pense que alguém, por ser mais velho, pode ignorar o mais jovem; ou por ser irmão, pode oprimir as irmãs; ou por ser genioso, pode subjugar o mais calmo. Se alguém tentar fazer isso, não será bem-sucedido. Aquele que deseja que os outros se sujeitem à autoridade deve ele mesmo aprender a reconhecer a autoridade de Deus.

2.Negar a si mesmo. Até que saiba qual é a vontade de Deus, a pessoa deve manter a boca fechada. Não deve exercer a autoridade levianamente. Aquele que representa Deus deve aprender, do lado positivo, o que é a autoridade de Deus e, do negativo, como negar a si mesmo. Nem Deus nem os irmãos dão grande valor a seus pensamentos. Provavelmente, você é o único em todo o mundo que considera sua opinião a melhor. Pessoas cheias de opinião, de idéias e de pensamentos subjetivos devem ser temidas.

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Gostam de dar conselhos a todo mundo. Apossam-se de cada oportunidade para impor suas idéias. Deus não pode jamais usar, para representar sua autoridade, uma pessoa com tantas opiniões, idéias e pensamentos. Por exemplo, quem empregaria um perdulário como seu contador? Fazê-lo seria dar lugar a profundos sofrimentos. Deus também, para não vir a sofrer danos, não empregará um homem com muitas opiniões pessoais como sua autoridade delegada.

Se não formos totalmente quebrantados pelo Senhor, não estaremos qualificados como autoridade delegada por Deus. Deus convoca-nos para representar sua autoridade, não para a substituir. Deus é soberano em sua personalidade e posição. A vontade é sua. Ele jamais consulta o homem nem permite que alguém seja seu conselheiro. Por conseguinte, aquele que representa a autoridade não pode ser uma pessoa subjetiva.

Isso não implica dizer que, para sermos usados por Deus, não podemos ter nenhuma opinião, nenhum pensamento e nenhum julgamento. De modo algum! Isso simplesmente quer dizer que o homem deve ser verdadeiramente quebrantado. Sua inteligência, sua opiniões e seus pensamentos devem todos ser quebrantados. Os que são naturalmente comunicativos, cheios de opinião e presunçosos precisam de um tratamento radical, de um amansamento básico. Isso é algo que não pode ser conquistado nem por doutrina nem por imitação. Deve ser conquistado por feridas na carne. Só depois que é açoitada por Deus a pessoa começa a viver em temos e tremor diante dele. Não se atreve a abrir a boca inadvertidamente. Se sua experiência não passar de doutrina ou imitação, com o tempo as folhas da figueira secarão (Gn 3.7) e seu estado original reaparecerá. É inútil controlar-nos por nossa vontade. No muito falar, logo nos esquecemos de nós mesmos e revelamos o ego verdadeiro. Como precisamos ser fulminados pela luz de Deus! Como Balaão, em Números 22.25, temos de ser empurrados de encontro à parede para que nosso pé seja esmagado. Depois sentiremos dor ao nos movimentar e não teremos mais coragem de falar levianamente. Não é necessário aconselhar a pessoa que teve o pé esmagado que ande devagar. Só por meio de experiências dolorosas como essa é que seremos libertados de nós

mesmos. Em posição de autoridade delegada, não devemos expressar nossos pontos de vista nem desejar ardentemente interferir nos negócios dos outros. Alguns parecem considerar-se cortes supremas de justiça. Imaginam que sabem tudo na igreja e tudo no mundo.

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Têm opinião pronta sobre tudo e todos, apresentando seus ensinamentos como se fosse o evangelho. A pessoa subjetiva jamais aprendeu a disciplina, nem jamais passou por um tratamento sério. Sabe tudo e pode fazer tudo. Suas opiniões e métodos são incontáveis, como os muitos itens de uma mercearia. Essa pessoa é basicamente desqualificada como autoridade, porque a exigência básica para ser autoridade delegada por Deus é não abrigar nenhum pensamento ou opinião pessoal.

3.Estar constantemente em comunhão com o Senhor. As autoridades delegadas por Deus precisam manter íntima comunhão com Deus. Não deve haver apenas comunicação, mas também comunhão.

Qualquer pessoa que se apresse em oferecer opiniões e fale em nome do Senhor levianamente está muito longe de Deus. Aquele que menciona o nome de Deus casualmente só prova a enorme distância em que se encontra de Deus. Já os que estão perto de Deus têm um temor piedoso. É desonroso expressar levianamente as próprias opiniões.

A comunhão, portanto, é outra exigência principal para aquele que recebe autoridade. Quanto mais perto uma pessoa se encontra do Senhor, mais claramente vê as próprias falhas. Após ter estado face a face com Deus, não se atreve a falar com tanta firmeza. Não tem confiança em sua carne: começa a temer que esteja errado. Já os que falam levianamente denunciam quanto estão afastados de Deus.

O temor de Deus não pode ser simulado. Só aqueles que sempre esperam no Senhor possuem essa virtude. Embora a rainha de Sabá tivesse ouvido muitas coisas sobre Salomão, só depois que se colocou realmente na presença dele é que ficou atônita. Mas temos alguém que é maior que Salomão diante de nós. Devemos ficar sem fôlego, aguardando à porta como servos, reconhecendo que realmente nada sabemos. Nada é mais sério que um servo de Deus falar apressadamente antes de saber qual é a vontade de Deus. Que problemas criamos quando julgamos antes de saber qual é a vontade do Senhor!

“Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz. [...] Por mim mesmo, nada posso fazer; eu julgo apenas conforme ouço, e o meu julgamento é justo, pois não procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me enviou” (Jô 5.19,30).

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Do mesmo modo, devemos aprender a ouvir, a conhecer e a compreender. Isso só vem por intermédio da comunhão íntima com o Senhor. Só os que vivem na presença de Deus e aprendem com ele estão qualificados a falar diante dos irmãos e irmãs. Só eles sabem o que fazer quando há dificuldades entre os irmãos ou problemas na igreja.

Para falar com franqueza, hoje, a dificuldade é que muitos servos de Deus são ousados demais ou intransigentes demais ou dominadores demais. Atrevem-se a falar de acordo com seus argumentos, não conforme ouviram de Deus! Mas com que autoridade dizem isso? Quem lhes garante a autoridade? O que os torna diferente dos demais irmãos e irmãs? Que autoridade podem ter se não têm certeza de que aquilo que dizem provém de Deus?

A natureza da autoridade é representativa, e não intrínseca. Isso quer dizer que é preciso viver diante de Deus, aprendendo e sendo ferido, para que o indivíduo não se exalte. Ninguém deve enganar-se, considerando-se autoridade. Só Deus tem autoridade; ninguém mais a possui. Quando a autoridade de Deus flui em mim, fluirá, em seguida, de mim para os outros. O que me torna diferente dos outros é Deus, não eu mesmo.

Por isso, devemos aprender a temer a Deus e evitar fazer qualquer coisa levianamente. Devemos confessar que não somos diferentes dos outros irmãos e irmãs. Se Deus fez arranjos para que hoje eu aprendesse a ser sua autoridade delegada, devo viver em sua presença, ter comunhão com ele continuamente e buscar conhecer sua mente. Se não perceber nada nesses momentos com Deus, nada tenho a dizer aqui aos homens.

Por que usamos a palavra “comunhão”? Porque devemos viver na presença do Senhor continuamente, não só de vez em quando. Sempre que nos afastamos de Deus, o caráter de nossa autoridade se modifica. Que o Senhor seja misericordioso conosco e que possamos sempre viver diante dele em temor!

Essas são as exigências principais de uma autoridade delegada. Saber que a autoridade vem de Deus e não temos nada dela em nós mesmos; pois somos apenas representantes. Saber que a autoridade não é nossa e que não devemos ser subjetivos em nossa atitude. E saber que a autoridade vem de Deus e que devemos viver em comunhão com ele. Se a comunhão for interrompida, a autoridade também cessa.

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Jamais tente estabelecer sua autoridadeA autoridade é estabelecida por Deus. Portanto, nenhuma autoridade delegada precisa tentar

assegurar-se de sua posição. Não insista para que outros lhe dêem ouvidos. Se erram, deixe que errem; se não se submetem, que fiquem insubordinados; se insistem em fazer a própria vontade, deixe-os. Uma autoridade delegada não deve lutar com o povo. Se não sou autoridade estabelecida por Deus, por que deveria exigir que me ouçam? No entanto, se sou autoridade estabelecida por Deus, preciso temer se os homens se submetem ou não a mim? Quem se recusa a me ouvir desobedece a Deus. Não é necessário que eu force as pessoas a me ouvir. Deus é meu apoio: por que, então, deveria temer? Jamais devemos dizer uma palavra sequer para apoiar nossa autoridade. Antes, devemos conceder liberdade às pessoas. Quanto mais Deus nos confia autoridade, mais liberdade podemos garantir às pessoas. Aqueles que têm sede do Senhor virão a nós. É muitíssimo desonroso falar em benefício de nossa autoridade ou tentar estabelecê-la por meio do esforço pessoal.

Embora Davi fosse ungido por Deus e escolhido para ser rei, permaneceu muitos anos sob a mão de Saul. Não estendeu sua mão para instituir a própria autoridade. Do mesmo modo, se Deus o designou como autoridade, você também deve ser capaz de suportar oposição. Mas se você não foi constituído por Deus, qualquer esforço que fizer para estabelecer sua autoridade será dolorosamente inútil.

Não gosto de ouvir alguns maridos dizendo à mulher: “Eu sou a autoridade estabelecida por Deus. Por isso, você deve me ouvir”; nem tenho prazer em ouvir os diáconos e presbíteros da igreja dizerem aos irmãos e irmãs: “Sou autoridade designada por Deus”. Amados, jamais tentem estabelecer sua autoridade! Se Deus o escolher, receba sua autoridade com humildade; se Deus não o chamar, por que deveria lutar por isso?

Qualquer tentativa de se estabelecer como autoridade deve ser totalmente erradicada do nosso meio. Que Deus estabeleça sua autoridade e que nenhum homem tente fazer isso por si mesmo! Se Deus realmente o designar como autoridade, você tem duas alternativas: desobedecer e retroceder espiritualmente os obedecer e receber graça.

Quando a autoridade que lhe foi delegada for testada, não se apresse, não lute, não fale por si mesmo. As pessoas não estão se rebelando contra você, mas contra Deus. Pecam contra a autoridade de Deus, não contra a sua. A pessoa a quem desonram, criticam e se opõem não é você. Se sua autoridade é realmente de Deus, aqueles que se opõem encontrarão bloqueado o caminho espiritual; não receberão mais revelação. O governo de Deus é assunto da mais seriedade! Que Deus nos conceda a graça de reconhecer o que é autoridade, temendo a Deus, e não confiando em nós mesmos!

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13A PRINCIPAL CREDENCIAL PARA DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE: REVELAÇÃO

Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro, Jetro, que era sacerdote de Mídia. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo. “Que impressionante!”, pensou. “Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto.” O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou:”Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui”, respondeu ele. Então disse Deus: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”. Disse ainda: “Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó”. Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus. Disse o Senhor: “De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo”. Por isso desci para livrá-los das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus. Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem. Vá, pois, agora; eu o envio ao faraó para tirar do Egito o meu povo, os israelistas”. Moisés, porém, respondeu a Deus: “Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os israelitas do Egito?” Deus afirmou: “Eu estarei com você. Esta é a prova de que sou eu quem o envia: quando você tirar o povo do Egito, vocês prestarão culto a Deus neste monte” (Ex 3.1-12).

Miriã e Arão começaram a criticar Moisés porque ele havia se casado com uma mulher etíope. “Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés?”, perguntaram. “Também não tem ele falado por meio de nós?” E o Senhor ouviu isso. Ora, Moisés era um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra. Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: “Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três”. E os três foram para lá. Então o Senhor desceu numa coluna de nuvem e, pondo-se à entrada da Tenda, chamou Arão e Miriã. Os dois vieram à frente, ele disse: “Ouçam as minhas palavras: Quando entre vocês há um profeta do Senhor, a ele me revelo em visões, em sonhos falo com ele. Não é assim, porém, com meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. INÍCIO AVANÇA

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Com ele falo face a face, claramente, e não por enigmas; e ele vê a forma do Senhor. Por que não temeram criticar meu servo Moisés?” Então a ira do Senhor acendeu-se contra eles, e ele os deixou. Quando a nuvem se afastou da Tenda, Miriã estava leprosa; sua aparência era como da neve. Arão voltou-se para Miriã, viu que ela estava com lepra e disse a Moisés: “Por favor, meu senhor, não nos castigue pelo pecado que tão tolamente cometemos. Não permita que ela fique como um feto abortado que sai do ventre de sua mãe com a metade do corpo destruído”. Então Moisés clamou ao Senhor: “Ó Deus, por misericórdia, concede-lhe cura!” O Senhor respondeu a Moisés: “Se o pai dela lhe tivesse cuspido no rosto, não estaria ela envergonhada sete dias? Que fique isolada fora do acampamento sete dias; depois ela poderá ser trazida de volta”. Então Miriã ficou isolada sete dias fora do acampamento, e o povo não partiu enquanto ela não foi trazida de volta (Nm 12.1-15).

No Antigo Testamento, nenhuma autoridade delegada por Deus foi maior que Moisés. Portanto, podemos usá-lo como exemplo. Por hora, não nos ateremos às ordens que recebeu de Deus, mas focalizaremos sua reação quando sua autoridade foi transgredida, ridicularizada, enfrentada e rejeitada.

Moisés, antes do período em que Deus lhe concedeu autoridade, matou um egípcio e repreendeu dois hebreus, porque brigavam. Quando foi desafiado por um deles (“Quem o nomeou líder e juiz sobre nós?”), Moisés perturbou-se e fugiu. Nessa ocasião, ainda não experimentara a cruz e a ressurreição; ele tudo fazia por meio de forças naturais. Embora fosse rápido em repreender e ainda mais corajoso para matar, no íntimo era fraco e vazio. Não podia passar por uma provação. Quando provado, ficou com medo e fugiu para o deserto de Mídia.

Ali, durante quarenta anos, aprendeu lições. Depois desse longo período de provações, Deus, certod dia, deu-lhe a visão da sarça em chamas. A sarça ardia, mas não se consumia. Deus, por meio desse fenômeno, concedeu-lhe autoridade. Passaremos agora adiante para ver como Moisés reagiu mais tarde, quando seu irmão Arão e sua irmã Miriã falaram contra ele e rejeitaram a autoridade que lhe fora delegada.

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Não dê ouvidos a palavras caluniosasPerguntaram a Moisés: “Só você fala em nome de Deus – você que se casou com uma

mulher etíope? Deus também não fala por nosso intermédio? Como pode a semente de Sem casada com a semente de Cam continuar no ministério de Deus? Não podemos ministrar, nós que somos filhos de Sem e não estamos casados com os filhos de Cam?”. A Bíblia, sobre esses acontecimentos, simplesmente registra: “E o Senhor ouviu isso”. Foi como se Moisés não tivesse ouvido a afronta. Encontramos aqui um homem que não se perturbava com as palavras dos homens, pois estava além do alcance de suas calúnias.

Quem deseja ser porta-voz de Deus e quer ajudar seus irmãos e irmãs deve aprender a não dar ouvidos a calúnias. Deixe que Deus se encarregue de ouvir. De sua parte, não dê a menor atenção às críticas; não se zangue por causa das palavras que ouve. Aqueles que se perturbam e se sentem esmagados por palavras caluniosas provam que não têm capacidade para receber autoridade delegada.Não se defenda

Vingança ou devesa ou qualquer outra reação deve proceder de Deus, não do homem. Aquele que se vinga não conhece Deus. Ninguém sobre a face da terra podia ter mais autoridade que Cristo, mas ele jamais se defendeu. A autoridade e a autodefesa são incompatíveis. Aquele contra quem você se defende torna-se seu juiz. Ele se coloca em posição mais alta quando você começa a responder às suas críticas. Quem fala de si mesmo está sob julgamento. Portanto, não tem autoridade. Quem tenta se justificar perde a autoridade.

Paulo se colocou diante dos crentes coríntios como autoridade delegada e declarou: “Nem eu julgo a mim mesmo” (1Co 4.3). A vingança vem de Deus. No momento em que você se justifica diante de uma pessoa, ela se torna seu juiz. E, quando tenta se explicar, cai diante dela.Muito manso

Números 12.2 registra que Deus ouviu a calúnia. No versículo 4 lemos que Deus agiu. Mas entre os dois está o versículo 3, como um parêntese, que afirma: “Ora, Moisés era um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra”. Moisés não argumentou porque percebeu que havia errado. Deus não pode conceder autoridade a uma pessoa teimosa. Ele estabelece como autoridades os mansos e sensíveis – e não se trata de uma mansidão comum, é a mansidão divina.

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Não devemos jamais tentar estabelecer nossa autoridade. Quanto mais tentamos, menos autoridade temos. Não são os violentos ou os fortes, mas um homem como Paulo – cuja presença física era fraca e cujas palavras não impressionavam – que Deus coloca em posição de autoridade. O Senhor disse que seu Reino não é deste mundo, portanto seus servos não precisam lutar por ele. A autoridade obtida por meio de luta não é concedida por Deus.

As pessoas geralmente presumem que os requisitos necessários para ter autoridade são: esplendor ou magnificência; personalidade forte, posicionamento e boa aparência; poder. Para se colocar em posição de autoridade, raciocinam, é preciso que a pessoa tenha forte determinação, idéias inteligentes e palavras eloqüentes. Mas não são essas qualidades que representam a autoridade; ao contrário, são próprias da carne.

No Antigo Testamento, ninguém ultrapassou Moisés em autoridade concedida por Deus, mas ele foi o mais manso de todos os homens. Enquanto estava no Egito, foi bastante violento, pois matou o egípcio e repreendeu os hebreus. Lidou com as pessoas com a própria mão. Por isso, naquela ocasião, Deus não o designou como autoridade. Após passar por muitas provações e ser moldado por Deus e depois que se tornou muito manso – mais que todos os homens da terra -, Deus o usou como autoridade. A pessoa menos cotada para receber autoridade é geralmente aquela que se considera autoridade. Do mesmo modo, quanto mais autoridade uma pessoa pensa que tem, menos a possui na realidade.Revelação: uma credencial de autoridade

“Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: ‘Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três’”. “Imediatamente” significa “inesperadamente”. Arão e Miriã devem ter falado contra Moisés muitas vezes, e Deus, abruptamente, convocou os três à Tenda da Congregação. Muitos que se rebelam contra a autoridade fazem-nos fora da tenda. É muito fácil e conveniente criticar em casa; mesmo assim, tudo será esclarecido na Tenda da Congregação. Quando os três se apresentaram na tenda, o Senhor disse a Arão e Miriã: “Ouçam as minhas palavras”. No passado murmuraram: “Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés?”. Agora o Senhor lhes pedia que ouvissem suas palavras, e isso revela o fato de que, antes, nunca tinham ouvido as palavras divinas. Arão e Miriã jamais souberam o que Deus dizia. Essa foi a primeira vez em que o Senhor lhes falou – e não foi uma revelação, mas uma repreensão; não a manifestação da glória de Deus, mas o julgamento de sua conduta.

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“Ouçam as minhas palavras” quer dizer não só que o Senhor não lhes havia falado antes, como também indica que desejava permissão para falar dessa vez, levando em consideração que eles já tinham falado muito. “Vocês que falam tanto, ouçam agora as minhas palavras!”. Disso concluímos claramente que as pessoas que falam muito não podem ouvir a voz de Deus – só os mansos podem. Moisés não era pessoa de falar muito, mas fazia o que lhe mandavam. Não lhe fazia diferença avançar ou retroceder, contanto que fosse ordem de Deus. Arão e Miriã, entretanto, eram diferentes; eram duros e obstinados. Assim, Deus chegou a dizer: “Quando entre vocês há um proveta...”, como se tivesse esquecido que eles eram profetas.

Embora Arão e Miriã fossem profetas, o Senhor só se revelava a eles em sonhos e visões. Com Moisés era diferente, porque Deus falava com ele boca a boca, claramente, e não por meio de enigmas. Essa foi a vingança divina. Moisés recebeu revelação, não Arão e Miriã, pois são aqueles que se encontram face a face com Deus que ele estabelece como autoridade. Estabelecer autoridades é algo que pertence ao domínio de Deus. O homem não tem permissão de se intrometer, tampouco, a calúnia humana pode repudiar qualquer autoridade. Deus estabelecera Moisés, e só Deus poderia rejeitá-lo. Esse era assunto divino. Portanto, nenhuma pessoa poderia interferir com o que Deus estabelecera.

O valor de um homem diante de Deus não se decide pelo julgamento dos outros ou do próprio homem. Ele é medido pela revelação que recebe de Deus. A revelação é o mesmo que a avaliação e a medida divinas. A autoridade estabelece-se sobre a revelação de Deus, e sua estimativa de uma pessoa, de acordo com essa revelação. Se Deus concede revelação, estabelece-se autoridade; mas quando sua revelação é retirada, o homem é rejeitado.

Se quisermos aprender a ter autoridade, devemos prestar atenção ao nosso estado diante de Deus. Se Deus está pronto a nos conceder revelação e a nos falar claramente; se temos com ele comunhão face a face, então ninguém pode nos eliminar. Se, porém, a nossa comunhão com ele for interrompida, e os céus se fecharem, e, apesar disso, continuarmos prosperando na terra, tudo resultará em nada. O céu aberto é o selo de Deus e o testemunho da filiação. Depois que o Senhor Jesus foi batizado, os céus se abriram para ele. O batismo simboliza morte. Só depois que ele entrou na morte e nos maiores sofrimentos, quando tudo escureceu à sua volta e não havia nenhuma saída, foi que os céus se abriram.

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A revelação, portanto, é evidência de autoridade. Precisamos aprender a não lutar nem falar por nós mesmos. Não devemos nos alistar nas fileiras de Arão e Miriã na luta pela autoridade. Na verdade, se lutarmos, só provaremos que nossa autoridade é totalmente carnal, das trevas, desprovida de visão celestial.

Moisés “é fiel em toda a minha casa” (Nm 12.7). Moisés, um tipo de Cristo, foi fiel na casa de Israel. Deus o chamou “meu servo”. Ser servo de Deus quer dizer que simplesmente pertenço a Deus, que sou sua propriedade, que fui comprado por ele e que, portanto, perdi minha liberdade. Isso explica por que Deus não pode permanecer quieto, mas fala quando seus servos são caluniados. Não temos necessidade de nos afirmarmos. Que bem recebo se falo, quando Deus não se adianta para fazê-lo? Por que tentar reforçar a própria autoridade? Se nossa autoridade vem de Deus, não necessitamos fortalecê-la. A revelação será a prova. Se existem aqueles que falam contra nós, que Deus desvie seus suprimentos e parte de se revelar a eles, provando assim que fomos por ele designados. Quem ofende a autoridade delegada por Deus ofende aquele que ela representa. Se o ofensor pertence ao Senhor, descobrirá que os céus estão fechados acima dele e terá que, humildemente, reconhecer a autoridade que Deus estabeleceu. Portanto, ninguém precisa fortalecer a própria autoridade: tudo depende da prova divina. Deus, ao interromper sua revelação aos rebeldes, prova-lhes a quem ele designou como sua autoridade delegada.Nenhum sentimento pessoal

“Por que não temeram criticar meu servo Moisés?”, perguntou Deus. Para ele, a calúnia era algo terrível. Deus, sendo Deus, sabe o que é amor, o que é luz e o que é glória. Mas será que sabe o que é medo? Sem dúvida, ele sabe, pois aqui ele temeu por Arão e Miriã. Como Deus, nada tinha a temer. Não obstante, declarou aos dois a ação terrível que praticaram. Portanto, deixou de falar com elas e afastou-se irado. Foi assim que Deus manteve sua autoridade, não a autoridade de Moisés. Ele não disse: “Por que vocês falaram contra Moisés?”, mas: “Por que vocês falaram contra meu servo Moisés?”. Ele não permite que ninguém prejudique sua autoridade. Se sua autoridade for desafiada, afasta-se irado. Assim, a nuvem que representava a presença de Deus afastou-se da tenda – e Miriã ficou leprosa. Arão viu aquilo e ficou com medo, pois ele também participara da rebelião, embora Miriã sem dúvida fosse a líder.

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Da tenda, não houve manifestação alguma, e Moisés não abriu a boca. Embora Moisés fosse um homem eloqüente, manteve-se em silêncio. Aqueles que não sabem controlar seu coração e seu lábios não servem como autoridade. Mas quando Arão rogou a Moisés, este clamou ao Senhor. Em todo esse episódio, Moisés agiu como simples espectador. Não tinha interesse pessoal. Não murmurou nem reprovou. Não tinha intenções de julgar ou punir. Mas tão logo o propósito de Deus se realizou, rapidamente perdoou.

A autoridade estabelece-se para executar ordens de Deus, não para edificação pessoal. Ela permite que os filhos de Deus ganhem maior consciência do Senhor, não de si mesmos. O que importa é ajudar as pessoas a se sujeitarem à autoridade de Deus. Para Moisés, ser rejeitado era assunto sem importância. Por isso, Moisés clamou ao Senhor: “Ó Deus, por misericórdia, concede-lhe cura!”. Devemos também nos libertar de sentimentos pessoais, visto que eles prejudicam os assuntos divinos e impedem que a mão de Deus atue.

Se Moisés não conhecesse a graça de Deus, certamente teria dito a Arão: “Por que você mesmo não ora a Deus, já que insiste em que Deus também lhe fala?”. E Moisés poderia também ter dito a Deus: “Vinga-me, ou pedirei demissão!”. Mas Moisés nem se defendeu nem procurou vingar-se de Arão e de Miriã. Tampouco se aproveitou da vingança divina. Não tinha sentimentos pessoais, porque não vivia para si mesmo. Sua vida natural já fora resolvida. Assim, prontamente rogou pela saúde de Miriã. Sua atitude foi como a de Cristo, quando pediu a Deus que perdoasse àqueles que o crucificaram.

Desse modo, Moisés provou ser autoridade delegada por Deus, pois foi capaz de representá-lo. Não foi prejudicado pela vida natural nem se protegeu procurando defesa ou vingança. A autoridade de Deus, sem nenhum impedimento, podia ser propagada por intermédio dele. Na verdade, as pessoas encontravam nele a autoridade de Deus. Ser autoridade delegada não é de modo nenhum uma coisa fácil, porque exige esvaziamento do ego.

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14O CARÁTER DA AUTORIDADE DELEGADA: BENEVOLÊNCIAA primeira reação de Moisés diante da rebelião: prostrou-se, rosto em terra

Não houve nenhuma rebelião, da parte dos israelitas, mais séria que a registrada em Números 16. O líder da rebelião foi Corá, filho de Levi, em conspiração com Datã e Abirão, filhos de Rúben, apoiados por 250 líderes da congregação. Reuniram-se e, com palavras fortes, atacaram Moisés e Arão (v.3). A calúnia de Números 12 foi apenas da parte de Arão e Miriã, e ainda assim foi mais discreta. Mas aqui a rebelião foi coletiva, e o ataque contra Moisés e Arão foi franco e direto. Portanto, nessa situação, prestaremos especial atenção à 1) posição e atitude pessoal de Moisés e 2) à reação dele diante da crise.

A primeira reação de Moisés foi esta: “Prostrou-se, rosto em terra” (v.4). Essa atitude em particular é a que todo servo de Deus deve tomar. O povo estava nervoso e muitos falavam, mas só Moisés se prostrou no chão. Aqui, novamente, colocamo-nos diante de alguém que conhecia a autoridade. Como era verdadeiramente dócil, não tinha nenhum sentimento pessoal. Não se defendeu nem ficou irritado. A primeira coisa que fez foi prostrar-se. Depois, disse-lhes: “O Senhor mostrará quem lhe pertence e fará aproximar-se dele aquele que é santo, o homem a quem ele escolher” (v.5). Não foi necessário lutar. Moisés não se atreveu a dizer algo de si mesmo, porque sabia que o Senhor mostraria quem lhe pertencia. Seria melhor permitir que Deus fizesse a distinção. Moisés tinha fé e, assim, atreveu-se a confiar tudo a Deus. O Senhor faria seu julgamento na manhã seguinte, quando todos comparecessem diante dele com incenso. As palavras de Moisés foram mansas, mas de peso: “Basta, levitas!”. Esse foi o desabafo de um idoso que conhecia a Deus muito bem (v.7).Exortação e restauração

Moisés exortou Corá para restaurá-lo. Percebeu a seriedade do assunto e realmente estava preocupado com os rebeldes. Não só desabafou, mas exortou-os também:Agora ouçam-me, levitas! Não lhes é suficiente que o Deus de Israel os tenha separado do restante da comunidade de Israel e os tenha trazido para junto de si a fim de realizarem o trabalho no tabernáculo do Senhor e para estarem preparados para servir a comunidade [...] Ele trouxe você e todos os seus irmãos levitas para junto dele, e agora vocês querem também o sacerdócio? É contra o Senhor que você e todos os seus seguidores se ajuntaram! Quem é Arão, para que se queixem contra ele? (v.8-11). AVANÇA

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Exortar não é uma expressão de autoridade, mas de mansidão. Aquele que, diante de ataques, busca persuadir é, verdadeiramente manso. Mas aquele que permite que as pessoas permaneçam no erro, sem nenhuma intenção de restaurá-las, mostra que tem coração duro. Em uma situação dessas, não exortar seria falta de humildade e, obviamente, transmitiria a idéia de orgulho. Moisés, quando foi atacado, estava pronto a exortá-los e, depois, deu a seus caluniadores toda uma noite para que se arrependessem.

Moisés lidou com os rebeldes separadamente. Primeiro com Corá, o levita, depois com Datã e Abirão. Enviou alguém para buscar Datã e Abirão, mas eles se recusaram, indicando claramente que nada mais tinham que ver com Moisés (v.12). Na atitude de Moisés, vemos que aqueles que representam a autoridade buscam a restauração, não a divisão, mesmo depois de rejeitados. Os rebeldes acusaram Moisés de tê-los tirado de uma terra que manava leite e mel (v.13). Que acusação absurda! Já se haviam esquecido de que, no Egito, em vez de leite e mel, eram forçados a fazer tijolos e, às vezes, até mesmo sem o fornecimento de palha. Esses rebeldes não eram diferentes dos dez espias que, depois de ver claramente a abundância de Canaã, recusaram-se a entrar nela e ainda recriminaram Moisés por isso. Sua rebeldia atingiu um ponto sem retorno. Nada restava além do julgamento. Por isso, Moisés ficou muito zangado e procurou o Senhor para esclarecer os fatos (v.15).

Deus veio para julgar. Não só consumiria Corá, que era o principal instigador, mas também a congregação que o seguira. Mas Moisés caiu com o rosto em terra e rogou pela congregação (v.22). Deus atendeu ao seu pedido e poupou a congregação, mas ordenou que todos se afastassem das tendas dos culpados. Depois, julgou Corá, Datã e Abirão.Nenhum espírito de julgamento

Enquanto Deus se preparava para julgar os rebeldes, Moisés declarou: “O Senhor me enviou para fazer todas essas coisas e [...] isso não partiu de mim” (v.28). Se dependesse de seus sentimentos, não julgaria nenhum dos rebeldes. Quando insistiu em que aquelas pessoas não haviam pecado contra ele, mas contra Deus, provou ser verdadeiro servo de Deus. Que possamos aprender como tocar o espírito do homem. Em Moisés, conforme observamos, não havia a menor intenção de julgar. Agiu em obediência a Deus porque era seu servo. Não tinha sentimentos pessoais, apenas achava que haviam pecado contra Deus. Além disso, explicou que o Senhor o comprovaria ao criar algo novo (v.30).

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Assim, Deus executou um grande julgamento para estabelecer a autoridade de Moisés. Três famílias foram destruídas, e 250 líderes forma consumidos pelo fogo (v.27-35). O caminho da rebeldia leva ao Sheol. Portanto, rebelião e morte estão relacionadas. Autoridade é algo que Deus estabelece, e os que ofendem as autoridades estabelecidas pelo Senhor, na verdade, o despreza. Em Moisés, no entanto, encontramos uma autoridade delegada que nunca demonstrou opinião própria nem um espírito de julgamento.Intercessão e expiação

Embora toda a congregação de Israel testemunhasse que a terra se abrira e engolira as famílias rebeldes e embora tivessem fugido aterrorizados, era apenas medo do castigo, não se tratava de temor a Deus. Falharam em compreender. Moisés, e o coração deles permanecia intocado. Por isso, após uma noite de reflexão, rebelaram-se outra vez, no dia seguinte (v.41). Se a pessoa não tem um encontro com a graça de Deus, sua condição interior permanece a mesma.

Toda a congregação murmurou contra Moisés e Arão, declarando: “Vocês mataram o povo do Senhor” (v.41). Observemos agora toda a história de como essas autoridades delegadas reagiram diante de tal atitude.

Humanamente falando, Moisés deveria ficar zangado com o ataque. O acontecido, é óbvio, fora obra de Deus. Por que deveriam murmurar contra ele? Por que não murmuraram contra Deus, em vez de se voltar contra sua autoridade delegada? Mas a reação de Deus foi mais rápida que a de Moisés e Arão. A nuvem cobriu a tenda, e a glória do Senhor apareceu (v.42). Deus viera julgar a congregação e disse a Moisés e Arão que se afastassem do meio do povo. Foi como se Deus dissesse a Moisés e Arão: “A oração de ontem foi um erro, e hoje aniquilarei toda a congregação”.

Não obstante, Moisés e Arão prostraram-se com o rosto em terra pela terceira vez (v.45). O senso espiritual de Moisés era tão aguçado que percebeu imediatamente que o problema poderia ser solucionado apenas pela oração. O pecado anterior não fora tão declarado como o atual. Rapidamente, disse a Arão que pegasse seu incensário, fosse à congregação e fizesse expiação por eles (v.46). Moisés, certamente, era a pessoa indicada para ser a autoridade delegada. Ele sabia que conseqüências trágicas poderiam advir ao povo de Israel e, ainda, esperava que Deus fosse gracioso em perdoar.

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Seu coração estava cheio de amor e compaixão, o anseio de alguém que verdadeiramente conhece Deus. Moisés não era sacerdote, por isso pediu a Arão que fosse rapidamente fazer expiação pelo povo. Eis aí intercessão mais expiação. A praga já começara entre o povo. Arão, agora, se colocara entre os mortos e os vivos. A praga foi interrompida. Os que morreram da praga foram 14.700 pessoas (v.49). Se Moisés e Arão estivessem menos alertas, certamente muito mais pessoas teriam morrido.

A graça expiatória que vemos em Moisés foi admiravelmente semelhante à que vemos no Senhor. Preocupou-se com o povo de Deus e assumiu a responsabilidade pelos obedientes e pelo rebeldes. Uma pessoa que só se preocupa consigo mesma e que, geralmente, se queixa da responsabilidade que tem pelos outros, não serve para representar autoridade. O modo pelo qual reage mostra o tipo de pessoa que é. Moisés, entretanto, era fiel em toda a casa de Deus. É possível que, se a casa de Deus sofresse, Moisés, em sua carne, ficasse satisfeito, mas então não teria sido um servo fiel. Um servo fiel, embora pessoalmente rejeitado e desprezado, carrega o fardo de muitos. Os israelitas rebelaram-se contra Moisés, mas este assumiu os pecados deles. Eles se opuseram a ele e o rejeitaram, mas, ainda assim. Moisés intercedeu por eles. Se nos preocuparmos apenas com nossos sentimentos, não seremos capazes de assumir os problemas dos filhos de Deus.

Portanto, confessemos nosso pecado, reconhecendo que somos demasiadamente pequenos e inflexíveis. O desejo de Deus para nós é que tenhamos graça interior. Sejamos pessoas que permitem que Deus julgue todas as coisas. A graça para com os outros é o caráter daquele que está em posição de autoridade.

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15A BASE PARA A DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE: RESSURREIÇÃO

O Senhor disse a Moisés: “Peça aos israelitas que tragam doze varas, uma de cada líder das tribos. Escreva o nome de cada líder em sua vara. Na vara de Levi escreva o nome de Arão, pois é preciso que haja uma vara para cada chefe das tribos. Deposite-as na Tenda do Encontro, em frente da arca das tábuas da aliança, onde eu me encontro com vocês. A vara daquele que eu escolher florescerá, e eu me livrarei dessa constante queixa dos israelitas contra vocês”. Assim Moisés falou aos israelitas, e seu líderes deram-lhe doze varas, uma de cada líder das tribos, e a vara de Arão estava entre elas. Moisés depositou as varas perante o Senhor na tenda que guarda as tábuas da aliança. No dia seguinte Moisés entrou na tenda e viu que a vara de Arão, que representava a tribo de Levi, tinha brotado, produzindo botões e flores, além de amêndoas maduras. Então Moisés retirou todas as varas da presença do Senhor e as levou a todos os israelitas. Eles viram as varas, e cada líder pegou a sua. O Senhor disse a Moisés: “Ponha de volta a vara de Arão em frente da arca das tábuas da aliança, para ser guardada como uma advertência para os rebeldes. Isso porá fim à queixa deles contra mim, para que não morram”. Moisés fez conforme o Senhor lhe havia ordenado (Nm 17.1-11).

O propósito do incidente em Números 17 é resolver a rebelião do povo de Israel. No capítulo precedente, testemunhamos uma rebelião que sobrepujou todas as outras; no capítulo seguinte, vemos como Deus acabou com essa rebelião, ao libertar seu povo dessa atitude e de sua conseqüência, a morte. Deus provou a Israel que a autoridade procedia ele e que ele tinha uma base e uma razão para estabelecê-la. A pessoa à qual Deus garante autoridade deve ter essa experiência básica. Caso contrário, não pode ser designada por Deus.Vida ressurreta é base de autoridade

Deus ordenou aos doze líderes das tribos que pegassem doze varas, uma para cada chefe de família, e as colocassem na Tenda do Encontro diante do testemunho. A vara do homem que Deus escolhesse brotaria. A vara é um pedaço de madeira, um galho de árvore cortado nas duas pontas. Não tem folhas nem raízes. Já teve vida, mas agora está morta. Antes recebia seiva da árvore, portanto tinha capacidade de brotar e dar frutos, mas não passava de madeira morta. Nenhuma das doze varas tinha folhas nem raízes: todas estavam mortas e secas. Mas Deus disse que, se uma brotasse, essa seria a vara daquele que ele escolhera.

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Isso dá uma idéia de que a ressurreição é a base para a eleição, como também para a autoridade.No capítulo 16, o povo rebela-se contra a autoridade designada por Deus; no capítulo

17, Deus confirma a autoridade que escolheu. Deus determinou que a ressurreição era a base para a autoridade, acabando assim com a murmuração do povo. O povo não tinha o direito de pedir explicações a Deus, mas, apesar disso, Deus condescendeu em informar qual era sua base para o estabelecimento de autoridade. A base era a ressurreição, uma coisa contra a qual o povo de Israel não podia argumentar.

Naturalmente, Arão e os israelitas descendiam de Adão. Todos, em sua vida natural, eram filhos da ira; não havia diferença entre eles. Aquelas doze varas eram todas iguais, todas sem folhas nem raízes, mortas, sem vida. A base do ministério está na recepção da vida ressurreta à parte da vida natural. E isso constitui autoridade. A autoridade depende não da pessoa, mas da ressurreição. Arão não era diferente dos outros, exceto que Deus o escolhera e dera-lhe a vida ressurreta.O brotar da vara seca mantém os homens humildes

É Deus quem faz a vara brotar. É ele quem coloca o poder da vida em uma vara morta e seca. A vara que brota torna humilde seu dono e aquieta as murmurações dos donos das outras.A vara é seca, morta e sem esperanças, como a de Arão, mas se ela brotar e produzir flores e frutos no dia seguinte, devemos chorar diante de Deus dizendo: “Isso é coisa tua. Não tem nada que ver comigo. A glória é do Senhor, não minha!”. Naturalmente, devemos humilhar-nos diante de Deus, e não a nós. Só os tolos ficam orgulhosos. Os que são favorecidos se prostrarão diante de Deus, dizendo: “Isso foi feito por Deus. Não há nada de que o homem possa se gloriar. Tudo vem da misericórdia de Deus, não dos esforços humanos. O que há que não tenha sido recebido, uma vez que tudo é escolha de Deus?”.

Devemos igualmente perceber que a autoridade não se baseia em nós. Na realidade, não nos diz respeito. Daí em diante, sempre que Arão usasse sua autoridade para ministrar, ele confessaria: “Minha vara é tão morta quanto as outras. A única razão por que posso servir, e eles não, é por que tenho autoridade espiritual, e eles não. Isso não diz respeito às varas (pois todas estão igualmente secas): deve-se à misericórdia e à escolha de Deus”. Arão não servia conforme o poder da vara, mas conforme o poder que a vara tinha de brotar.

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A pedra de toque do ministério é a ressurreiçãoA vara indica a posição do homem, mas o brotar indica vida ressurreta. Quanto à

posição, aqueles doze homens todos eram líderes nas doze tribos de Israel. Arão representava apenas a tribo de Levi, uma das doze tribos. Ele não poderia servir a Deus fundamentado em sua posição, pois as outras tribos não concordariam com isso. Como Deus resolveu o problema? Ordenou que depositassem doze varas – uma para cada um – na Tenda do Encontro diante do testemunho. As varas deveriam ficar ali, a noite toda, e a que ele escolhesse brotaria.

Isso é vida que brota da morte. Só aqueles que passaram pela morte e pela ressurreição são reconhecidos por Deus como seus servos. A pedra de toque do ministério é a ressurreição. Ninguém pode visar tal posição: deve ser escolha de Deus. Depois que Deus fez a vara de Arão brotar, florescer e dar fruto e quando os outros líderes viram isso, nada mais tinham a dizer.

Autoridade, portanto, não vem pelo esforço. É estabelecida por Deus. Não depende de posição de liderança, mas da experiência da morte e ressurreição. Os homens são escolhidos para exercer autoridade espiritual não por serem diferentes dos demais, mas com base na graça, na eleição e na ressurreição. É preciso que haja muitas trevas e cegueira para que alguém se torne orgulhoso! No que nos diz respeito, embora possamos depositar nossas varas por toda uma vida, elas não brotarão. Hoje, a dificuldade é que poucos reconhecem que não são diferentes dos outros.Os tolos são orgulhosos

Quando o Senhor Jesus entrou em Jerusalém montado no jumentinho, as multidões gritaram: “Hosana ao Filho de Davi!” “Bendito é o que vem em nome do Senhor!” “Hosana nas alturas!” (Mt 21.9). Imaginemos, por um instante, que o jumento, ouvindo as exclamações de hosanas e vendo as palmas pelo caminho, se voltasse para o Senhor e perguntasse:”Esses brados de louvor são para mim ou para você?”, ou se voltasse para a jumenta e dissesse: “Afinal, sou mais nobre que você”. Seria evidente que, em ambos os casos, o jumentinho não estaria reconhecendo aquele que estava montado nele.

Muitos servos de Deus, no entanto, pensam assim. Não havia nenhuma diferença entre o jumentinho e a jumenta. Obviamente, era o Senhor sobre o jumento que tinha de ser louvado. As exclamações de hosan não são para você, nem as palmas estendidas pelo chão. Só um tolo diria: “Eu sou melhor que você”. Quando Arão, pela primeira vez, viu a vara que brotara, sua reação imediata deveria ser de espanto. INÍCIO AVANÇA

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Seria natural ele exclamar: “Por que minha vara brotou? Não é igual às outras? Por que Deus me concedeu tal glória e poder? Eu mesmo jamais poderia fazer isso. O que é nascido da carne é carne. Eu sou igual ao povo de Deus”. Outros talvez ficassem confusos, mas Arão entendeu. Ele reconheceu que sua autoridade espiritual fora concedida por Deus. Nenhum de nós tem direito de ficar orgulhoso.

Se hoje recebemos misericórdia, é porque Deus assim o quis. Quem é competente para esse ministério? Nossa competência vem de Deus. Seria muito estranho alguém viver na presença de Deus e não ser humilde. Seria preciso tremenda quantidade de autoconfiança e tolice da parte do jumento para que imaginasse que o louvor daquele dia lhe era dirigido. Um dia, ele despertaria e ficaria envergonhado de si mesmo. É verdade que seremos glorificados, mas nossa glória está no futuro, não agora.

Os mais jovens deveriam aprender a lição da humildade. Todos nós precisamos saber que nosso progresso não depende nem um pouco de nós mesmos. Não nos devemos considerar diferentes dos outros só porque aprendemos algumas lições espirituais. Tudo é graça de Deus, tudo é concedido por Deus, nada vem de nós mesmos.

Arão sabia muito bem que fora Deus que fizera sua vara brotar, porque tudo aconteceu por meio do poder sobrenatural. Deus usou essa forma para falar a Arão como também ao povo de Israel. Arão, daquele momento em diante, ficou sabendo que todo ministério se baseia no brotar, não nele mesmo. Hoje, quando servimos a Deus, também devemos reconhecer que o ministério vem da ressurreição, e a ressurreição, de Deus.O que é a ressurreição?

A ressurreição refere-se ao que não é natural, que não vem do ego nem da capacidade pessoal. É aquilo que não posso fazer, pois está além de minha capacidade. Posso pintar e esculpir flores sobre a vara, mas não posso fazê-la brotar. Ninguém jamais ouviu falar de uma vara velha que tivesse brotado, nem de uma mulher idosa que tivesse concebido. Sara deu à luz Isaque: fora obra de Deus. Portanto Sara representa a ressurreição. A ressurreição é aquilo que eu não posso, mas Deus pode; o que eu não sou, mas o que Deus é. Não importa o que sou, pois meu ser está fundamentado em Deus. Minha espiritualidade não depende de grande inteligência nem de muita eloqüência, mas da operação do próprio Deus em mim.

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Teria sido absurdo e tolo Arão insistir que sua vara havia brotado porque era diferente das outras, mais polida e mais reta. Se, por um momento, pensamos que somos melhores que os outros, fazemos a coisa mais tola deste mundo. Qualquer diferença que haja vem do Senhor.

Isaque significa riso. Sara riu porque sabia que era velha demais para conceber. Ela considerava impossível dar à luz. Por isso, Deus chamou Isaque o filho dela. Quando servimos ao Senhor, também precisamos rir e dizer: “Não posso, tenho certeza de que não sou capaz, mas isso é obra do Senhor”. Se há alguma manifestação de autoridade, devemos confessar que a obra é do Senhor, não nossa.A ressurreição é regra permanente para o culto

Deus devolveu todas as varas a seus respectivos donos, exceto a de Arão, pois brotara. Ela tinha de permanecer na arca como lembrete eterno. Isso sugere que a ressurreição é a regra permanente para o culto. Se o cultuar não passar da morte para a ressurreição, não será aceito por Deus. O que ressuscita é de Deus, não de nós mesmos. Quem se julga louvável não sabe o que a ressurreição representa. Os que conhecem a ressurreição já se desiludiram consigo mesmos. Enquanto houver poder natural, o poder da ressurreição fica obscurecido.

Não é na criação que o poder de Deus se manifesta de maneira mais poderosa, e sim na ressurreição. Tudo que o homem é capaz de fazer não se compara à ressurreição. Devemos chegar ao ponto de nos considerar como nada, como cães mortos. Devemos humilhar-nos a ponto de poder dizer a Deus: “Haja o que houver, foi dado por ti. Tudo que foi feito, veio de ti. De agora em diante, não vou me enganar mais a respeito disso, pois estou totalmente persuadido de que de mim só vem o que está morto, e de ti, tudo o que é vivo”. Temos, portanto, de tomar consciência dessa diferença. O Senhor jamais entende mal, mas nós, geralmente, interpretamos errado. Era absolutamente impossível para Sara pensar que Isaque nascera por esforço dela. Deus deve nos levar ao ponto em que jamais interpretemos equivocadamente a ação dele.

A autoridade vem de Deus, não de nós mesmos. Somos apenas mordomos de sua autoridade. Essa percepção capacita-nos a receber autoridade delegada. Sempre que tentamos exercer a autoridade como se fosse nossa, somos imediatamente despojados dela. A vara seca só pode produzir morte. Onde houver ressurreição, há autoridade, porque a autoridade repousa na ressurreição, não é coisa natural.

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Levando-se em conta que aquilo que temos é natural, não temos autoridade, a não se no Senhor.

O que Paulo diz em 2Coríntios 4.7 harmoniza com a interpretação acima. Ele compara-se a um vaso terreno, e o tesouro, ao poder da ressurreição. Ele percebe muito bem que é meramente um vãos de barro, mas que o tesouro que há nele possui poder transcendente. Quanto a ele mesmo, é afligido de todas as maneiras, mas, ao mesmo tempo, manifesta vida. O apóstolo sempre se entregou à morte, mas, ao mesmo tempo, manifestava a vida. Onde a morte opera, manifesta-se a vida. Descobrimos o cerne do ministério de Paulo em 2Coríntios 4 e 5. E a regra de seu ministério é a morte e ressurreição. O que há em nós é morte, o que há no Senhor é ressurreição.

Não nos enganemos! A autoridade vem de Deus. Cada um de nós deve entender claramente que toda autoridade pertence ao Senhor. Nós meramente mantemos a autoridade do Senhor sobre a terra, mas nós mesmos não somos autoridade. Quando dependemos do Senhor, temos autoridade. Mas, logo que um pouco do natural se intromete, ficamos como os outros – sem autoridade. Tudo que é da ressurreição tem autoridade. A autoridade vem da ressurreição, e não de nós mesmos. Isso é mais que simplesmente depositar a vara diante de Deus, pois essa é a vara da ressurreição que permanece na presença de Deus.

Ser autoridade delegada por Deus não é simplesmente manifestar um pouco de ressurreição, mas é ter a vara brotando, florindo e produzindo frutos, transformando-se, assim, em vida ressurreta e amadurecida.

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16O ABUSO DE AUTORIDADE E A DISCIPLINA GOVERNAMENTAL DE DEUS

Não havia água para a comunidade, e o povo se juntou contra Moisés e contra Arão. Discutiram com Moisés e disseram: “Quem dera tivéssemos morrido quando os nosso irmãos caíram mortos perante o Senhor!” [...] E o Senhor disse a Moisés: “Peque a vara, e com o seu irmão Arão reúna a comunidade e diante desta fale àquela rocha, e ela verterá água. Vocês tirarão água da rocha para a comunidade e os rebanhos beberem”. Então Moisés pegou a vara que estava diante do Senhor, como este lhe havia ordenado. Moisés e Arão reuniram a assembléia em frente da rocha, e Moisés disse: “Escutem, rebeldes, será que teremos que tirar água desta rocha para lhes dar?” Então Moisés ergueu o braço e bateu na rocha duas vezes com a vara. Jorrou água, e a comunidade e os rebanhos beberam. O Senhor, porém, disse a Moisés e a Arão: “Como vocês não confiaram em mim para honrar minha santidade à vista dos israelitas, vocês não conduzirão esta comunidade para a terra que lhes dou”. Essas foram as águas de Meribá, onde os israelitas discutiram com o Senhor e onde ele manifestou sua santidade entre eles (Nm 20.2,3,7-13).

Naquele monte, perto da fronteira de Edom, o Senhor disse a Moisés e a Arão: “Arão será reunido aos seus antepassados. Não entrará na terra que dou aos israelitas, porque vocês dois se rebelaram contra a minha ordem junto às águas de Meribá. Leve Arão e seu filho Eleazar para o alto do monte Hor. Tire as vestes de Arão e coloque-as em seu filho Eleazar, pois Arão será reunido aos seus antepassados; ele morrerá ali”. Moisés fez conforme o Senhor ordenou; subiram o monte Hor à vista de toda a comunidade. Moisés tirou as vestes de Arão e as colocou em seu filho Eleazar. E Arão morreu no alto do monte. Depois disso, Moisés e Eleazar desceram do monte (Nm 20.23-28).

Naquele mesmo dia o Senhor disse a Moisés: “Suba as montanhas de Abarim, até o monte Nebo, em Moabe, em frente de Jericó, e contemple Canaã, a terra que dou os israelitas como propriedade. Ali, na montanha que você tiver subido, você morrerá e será reunido aos seus antepassados, assim como o seu irmão. Arão morreu no monte Hor e foi reunido aos seus antepassados. Assim será porque vocês dois foram infiéis para comigo na presença dos israelitas, junto às águas de Meribá, em Cades, no deserto de Zim, e porque vocês não sustentaram a minha santidade no meio dos israelitas. Portanto, você verá a terra somente à distância, mas não entrará na terra que estou dando ao povo de Israel” (Dt 32.48-52).INÍCIO AVANÇA

Page 111: Autoridade espiritual

A autoridade delegada deve glorificar o nome de DeusDepois de mais de trinta anos vagando pelo deserto, o povo de Israel tornou a

esquecer as lições aprendidas com a rebelião. Quando chegaram ao deserto de Zim e não acharam água, tronaram a discutir com Moisés e Arão, agredindo-os com palavras desagradáveis. Deus, porém, não se zangou com eles. Simplesmente ordenou que Moisés pegasse a vara e falasse à rocha para que pudesse dar água. Moisés pegou a vara, símbolo da autoridade de Deus. Contudo, estava tão tomado de ira que chamou o povo de rebelde e, depois, ignorando a ordem de Deus, bateu na rocha duas vezes com a vara. Errou, mas mesmo assim a água jorrou da rocha.

Em razão disso, Deus repreendeu seu servo: “Como vocês não confiaram em mim para honrar minha santidade à vista dos israelitas, vocês não conduzirão esta comunidade para a terra que lhes dou”. Isso queria dizer que Moisés não colocara Deus à parte de si mesmo e de Arão. Representara Deus indevidamente, pois agira seguindo seu espírito, não o do Senhor, e, desse modo, falara de maneira equivocada e, de forma igualmente errada, ferira a rocha. Deus repreendeu Moisés, como que dizemos: “Vi meu povo com sede e quis lhe dar água para beber: por que você os repreendeu?”. Deus não reprovou o povo, e sim Moisés. Desse modo, Moisés deu ao povo de Israel uma impressão errada de Deus, como se Deus fosse violento, vingativo e desprovido de graça.

Ser autoridade é representar Deus. Seja na ira, seja na misericórdia, uma autoridade sempre deve ser como Deus. Se, em tal posição, fizemos alguma coisa errada, devemos reconhecer que essa atitude é nossa. Jamais devemos envolver Deus em nossos erros. Como Moisés representou mal o seu Senhor, tinha de ser julgado. Se uma pessoa em posição de autoridade representa Deus de modo errado e não admite seu erro, o Senhor terá de se defender.

Assim, Deus mostrou ao povo de Israel que aquela fora uma atitude do próprio Moisés, não dele. É verdade que o povo havia murmurado, e talvez sua atitude fosse rebelde. Deus, porém, não os julgou. Como pôde Moisés ser tão impaciente julgando-os antes que Deus o fizesse e falando colericamente, sem controle? Essa atitude foi exclusivamente sua, como também sua foi a ira, mas, provavelmente, o povo de Israel ficou com a impressão de que a atitude e a ira eram de Deus. Por isso, Deus precisou eximir-se de culpa, separando-se de Moisés e Arão. INÍCIO AVANÇA

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Tomemos o cuidado de jamais responsabilizar a Deus pelo fracasso humano, dando a impressão errada de que ele está expressando sua atitude por meio de nós. Quando houver alguma atitude errada, Deus tornará clara sua inocência. Supõe-se que uma autoridade delegada deve administrar os eventos em nome de Deus. Se ficarmos zangados, confessaremos que essa ira é nossa, não de Deus. É preciso haver separação. Coisa terrível é misturar nossas atitudes com as de Deus.

Somos muito propensos ao erro. Em conseqüência disso, sempre que erramos, devemos reconhecer imediatamente que o erro é nosso. Assim, não daremos mau testemunho de Deus e não cederemos nenhum terreno ao mal, nem cairemos nas trevas. Se confessarmos logo, Deus não precisará se defender, e ficaremos livres de cair sob sua mão governamental.Ser autoridade delegada é um assunto sério Em conseqüência do incidente acima, Deus anunciou que Moisés e Arão não teriam permissão de entrar em Canaã. Se uma pessoa falar descuidadamente e fizer algo de maneira que não santifique a Deus, assim, no momento em que Deus tiver de se manifestar, justificando-se, não haverá mais oportunidade de perdão. Devemos temer e tremer quando dirigimos os assuntos divinos. Tomemos o cuidado de não nos tornar negligentes e imprudentes quando ficarmos mais velhos.

Temos atrás, quando a ira de Moisés se inflamou e ele quebrou em pedaços as tábuas em que Deus escrevera a Lei, Deus não o acusou. Seu zelo, no entanto, tocara o coração de Deus, e, por isso, sua ira foi justificada. Agora, Moisés, depois de seguir o Senhor por muitos anos, bate na rocha duas vezes e pronuncia palavras precipitadas, falhando em obedecer. Ele não representou a pessoa divina como deveria. Por isso, não teve permissão de entrar em Canaã.

Israel rebelou-se contra Deus muitas vezes, mas ele foi paciente para com seu povo. Moisés e Arão, ao contrário, cometeram um erro e não tiveram permissão de entrar em Canaã. Isso é prova da seriedade da autoridade delegada. Deus é mais severo com aqueles que o representam. Em Números 18, o Senhor diz a Arão: “Você, os seus filhos e a família de seu pai serão responsáveis pelas ofensas”. Quanto mais autoridade for delegada, mais severa é a atitude de Deus. O Senhor também disse: “A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (Lc 12.48).

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Realmente, era um belo quadro, Moisés, Arão e Eleazar subindo juntos o monte Hor. Todos foram obedientes a Deus, aceitando humildemente o julgamento divino. Nem sequer oraram, pois conheciam a Deus. Arão sabia que seu dia havia chegado, e Moisés também estava consciente do próprio futuro. Deus ordenou a Moisés que realizasse a troca, uma vez que, junto às águas de Meribá, esta fora também a personagem principal. Vendo como Arão partia, Moisés ficou sabendo como também partiria.

Ao ser despido de suas roupas santas, Arão morreu. Pessoas comuns não morrem quando se lhes tiram as roupas santas, mas Arão sim, porque sua vida era mantida pelo serviço. Isso faz-nos compreender que a vida de quem serve a Deus acaba quando acaba o serviço.

Muitos anos se passaram desde então, mas o juízo de Deus não foi alterado. Finalmente, ele agiu com Moisés da mesma maneira que agira com Arão. Convocou Moisés ao monte Nebo onde morreria, apesar de sua fidelidade de muitos anos. Antes de sua morte, Moisés abençoou o povo de Israel com um hino, mas não pediu que fosse poupado da sentença que recebera. (v. Dt 33). Ele também se humilhou sob a poderosa mão de Deus. Ele, que representara a autoridade de Deus e que o obedecera toda a sua vida, exceto naquela ocasião em Meribá, em conseqüência disso não teve permissão, já idoso, de entrar em Canaã. Que tremenda perda para Moisés! Não pôde participar da promessa que Deus fizera a Abraão seiscentos anos antes!

Nada é mais sério, nem considerado com maior severidade, que a atitude equivocada da autoridade delegada. Toda vez que exercemos a autoridade, devemos pedir para ficar unidos com Deus. Se houver erro, devemos rapidamente separar esse equívoco de Deus a fim de não incorrermos em seu julgamento. Antes de decidir qualquer coisa, procuremos saber o que ele pensa. Só depois é que podemos agir em seu nome. Moisés não podia declarar que aquilo que fizera junto às águas de Meribá fora feito em nome do Senhor. Não sejamos tolos, mas aprendamos a temer e tremer diante de Deus. Não julgue com leviandade. Controle seu espírito e sua boca, especialmente no momento da provocação. Quanto mais alguém conhece Deus, menos descuidado é. As vezes, a pessoa pode receber perdão depois de ter caído sob a mão governamental de Deus, mas isso não acontece sempre. O governo de Deus não deve ser ofendido. Devemos ter clareza a esse respeito.

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Page 114: Autoridade espiritual

Autoridades delegadas não devem errarPara que nosso trabalho seja aprovado por Deus, não devemos servir com as próprias

forças, mas fundamentados na ressurreição. Nós mesmos não temos autoridade, estamos apenas representando a autoridade. Assim, a carne não tem lugar. Se fizermos algo de acordo com nossas inclinações, causaremos problemas. A igreja teme não somente a ausência de autoridade, mas também a autoridade errada. Deus tem um pensamento: estabelecer a autoridade dele.

Na igreja, a submissão à autoridade deve ser absoluta. Sem submissão não pode haver igreja. Do mesmo modo, a atitude de temor e tremor naqueles que representam a autoridade também deve ser absoluta. Há duas dificuldades na igreja: a falta de submissão absoluta e a presença de autoridade errada. Devemos aprender a não falar inadvertidamente, a não dar opinião levianamente. Nosso espírito deve sempre se manter aberto para o Senhor, esperando que sua luz se manifeste a nós. Caso contrário, envergonharemos o Pai com nossos erros e faremos coisas em seu nome que não vêm dele. Por isso, devemos aprender, de um lado, como nos submeter e, de outro lado, como representar Deus. Isso quer dizer que devemos conhecer a cruz e a ressurreição. Se a igreja tem um futuro, isso depende muitíssimo de quão bem aprendemos nossas lições.A autoridade vem do ministério; o ministério, da ressurreição

A autoridade de uma pessoa baseia-se em seu ministério, e seu ministério, por sua vez, na ressurreição. Se não houver ressurreição, não pode haver ministério; se não houver ministério, não haverá autoridade. O ministério de Arão veio da ressurreição; sem ela, ele não poderia nem ter servido. Deus jamais estabeleceu como autoridade alguém que não tem ministério.

Atualmente, autoridade não é questão de posição. Onde falta ministério espiritual, não pode haver posição de autoridade. Quem tem trabalho espiritual diante de Deus tem autoridade diante dos homens. Isso quer dizer que o ministério espiritual de uma pessoa concede, entre os filhos de Deus, autoridade à pessoa. Quem, portanto, pode lutar por essa autoridade, levando-se em consideração que não há meio de se lutar pelo ministério? Assim como o ministério é concedido pelo Senhor, a autoridade também é decidida por ele.

Toda autoridade fundamenta-se no ministério.INÍCIO AVANÇA

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Arão possuía autoridade porque tinha serviço a prestar diante de Deus. Seu incensário fez expiação pelo povo e foi capaz de parar a praga, enquanto os incensários do 250 líderes foram amaldiçoados por Deus. A rebelião de Números 16 não foi dirigida somente contra a autoridade, mas também contra o ministério. Arão estava em posição de autoridade, pois tinha um ministério. A autoridade de uma pessoa não pode ser maior que seu ministério.

Não devemos tentar ultrapassar a autoridade delegada a nosso ministério. Nossa atitude deve sempre ser a de não nos atrever a fazer coisas grandes demais ou maravilhosas demais para nós (v. Sl 131.1). Ao contrário, aprendamos a ser fiéis diante de Deus de acordo com nossa posição. Muitos imaginam, equivocadamente, que podem assumir autoridade ao acaso, pois não sabem que a autoridade que vem do ministério jamais se impõe aos filhos de Deus. A autoridade de uma pessoa diante dos homens é igual ao ministério dela diante de Deus. A medida do ministério determina a proporção da autoridade. Se a autoridade excede o ministério, torna-se posicional e, portanto, já não é mais espiritual.

Se uma autoridade delegada erra, Deus a julgará. O mais alto princípio no governo divino é sua afirmação como tal. Levando-se em consideração que Deus está pronto a nos dar seu nome e permitiu que o usemos – exatamente como alguém nos confia seu selo para nosso uso -, o Senhor, portanto, deve exonerar-nos quando o representamos mal. O Senhor dirá ao povo que a falha é nossa, não dele.

Arão morreu, e Moisés também. Não tiveram permissão de entrar em Canaã. Lutaram contra Deus? Não, porque estavam conscientes de que a justificação de Deus era muito mais importante que a entrada deles em Canaã. Moisés, como se pode observar em Deuteronômio 32, esforçou-se para explicar ao povo que a falha fora de Israel, não de Deus. Portanto, devemos manter a incondicionalidade da verdade. Nenhum servo do Senhor deveria procurar uma saída fácil ou conveniente. A vindicação divina é muito mais importante que o prestígio do homem. Embora Moisés e Arão tivessem desculpas, não argumentaram nem intercederam por si mesmos. Muitas vezes eles haviam intercedido pelo povo de Israel, mas agora nada pediram para si mesmos. Esse silêncio é preciosíssimo. Preferiam enfrentar a dificuldade, se com isso conferissem a Deus a oportunidade de se eximir de erro.

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A autoridade vem do ministério. Flui para o coração das pessoas e as torna conscientes de Deus. O ministério brota da vida da ressurreição e está enraizado em Deus. Quando um ministro representa mal a autoridade Deus, seu ministério cessa, exatamente como aconteceu com Moisés e Arão. Aprendamos, portanto, a manter o testemunho do Senhor. Não ofereçamos conselhos levianamente, para não cairmos em juízo.

Que o Senhor seja gracioso conosco e nos deixe ser instruídos por ele! Que conceda graça à sua Igreja neste final dos tempos. Como necessitamos orar! Ò Senhor, que sua autoridade se manifeste na igreja e leve cada irmão e irmã a reconhecer o que é autoridade. A igreja local se revelará quando Deus for capaz de expressar sua autoridade por intermédio dos homens. E aqueles que ocupam posições de responsabilidade não mais representarão Deus de modo errado, e, desse modo, o povo não os interpretará mal. Todos saberão qual é seu lugar, e, assim, o Senhor poderá agir.

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17As autoridades delegadas devem permanecer sob autoridade

Saul voltou da luta contra os filisteus e disseram-lhe que Davi estava no deserto de Em-Gedi. Então Saul tomou três mil de seus melhores soldados de todo o Israel e partiu à procura de Davi e seus homens, perto dos rochedos dos Bode Selvagens. Ele foi aos currais de ovelhas que ficavam junto ao caminho; havia ali uma caverna, e Saul entrou nela para fazer suas necessidades. Davi e seu soldados estavam bem no fundo da caverna. Eles disseram: “Este é o dia sobre o qual o Senhor lhe falou: ‘Entregarei nas suas mãos o seu inimigo para que você faça com ele o que quiser”. Então Davi foi com muito cuidado e cortou uma ponta do manto de Saul, sem que este percebesse. Mas Davi sentiu bater-lhe o coração de remorso por ter cortado uma ponta do manto de Saul, e então disse a seus soldados: “Que o Senhor me livre de fazer tal coisa a meu senhor, de erguer a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor” (1Sm 24.1-6).

Davi e Abisai entraram à noite no acampamento. Saul estava dormindo, e tinha fincado sua lança no chão, perto da cabeça. Abner e os soldados estavam deitados à sua volta. Abisai disse a Davi: “Hoje Deus entregou o seu inimigo nas suas mãos. Agora deixe que eu crave a lança nele até o chão, com um só golpe; não precisarei de outro”. Davi, contudo, disse a Abisai: “Não o mate! Quem pode levantar a mão contra o ungido do Senhor e permanecer inocente? Juro pelo nome do Senhor”, disse ele, “o Senhor mesmo o matará; ou chegará a sua hora e ele morrerá, ou ele irá para a batalha e perecerá. O Senhor me livre de levantar a mão contra o seu ungido. Agora, vamos pegar a lança e o jarro com água que estão perto da cabeça dele, e vamos embora”. Dito isso, Davi apanhou a lança e o jarro que estavam perto da cabeça de Saul, e eles foram embora. Ninguém os viu, ninguém percebeu nada e ninguém acordou. Estavam todos dormindo, pois um sono pesado vindo do Senhor havia caído sobre eles (1Sm 26.7-12).

Então Davi perguntou ao jovem que lhe trouxera as notícias: “Como você sabe que Saul e Jônatas estão mortos?” O jovem respondeu: “Cheguei por acaso ao monte Gilboa, e lá estava Saul, apoiado em sua lança. Os carros de guerra e os oficiais da cavalaria estavam a ponto de alcançá-lo. Quando ele se virou e me viu, chamou-me gritando, e eu disse: Aqui estou. Ele me perguntou: ‘Quem é você?” “Sou amalequita, respondi. Então ele me ordenou: ‘Venha aqui e mate-me! Estou na angústia da morte!”.’Por isso aproximei-me dele e o matei, pois sabia que ele não sobreviveria ao ferimento. AVANÇA

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Peguei a coroa e o bracelete dele e trouxe-os a ti, meu senhor”. Então Davi rasgou suas vestes; e os homens que estavam com ele fizeram o mesmo. E se lamentaram, chorando e jejuando até o fim da tarde, por Saul e por seu filho Jônatas, pelo exército do Senhor e pelo povo de Israel, porque muitos haviam sido mortos à espada. E Davi perguntou ao jovem que lhe trouxera as notícias: “De onde você é?” E ele respondeu: “Sou filho de um estrangeiro, sou amalequita”. Davi lhe perguntou:”Como você não temeu levantar a mão para matar o ungido do Senhor?” Então Davi chamou um dos seus soldados e lhe disse: “Venha aqui e mate-o!” O servo o feriu, e o homem morrreu (2Sm 1.5-15).

Passado algum tempo, Davi perguntou ao Senhor: “Devo ir para uma das cidades de Judá?” (2Sm 2.1).

Aconteceu então que Recabe e Baaná, filhos de Rimom, de Beerote, foram à casa de Is-Bosete na hora mais quente do dia, na hora do seu descanso do meio-dia. Os dois entraram na casa como se fossem buscar trigo, transpassaram-lhe o estômado e depois fugiram. Eles haviam entrado na casa enquanto Is-Bosete estava deitado em seu quarto. Depois de o transpassarem e o matarem, cortaram-lhe a cabeça. E, levando-a, viajaram toda a noite pela rota da Arabá. Levaram a cabeça de Is-Bosete, filho de Saul, teu inimigo, que tentou tirar-te a vida. Hoje o Senhor vingou o nosso rei e senhor, de Saul e de sua descendência”. Davi respondeu a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de Rimom, de Beerote: “Juro pelo nome do Senhor, que me tem livrado de todas as aflições: quando um homem me disse que Saul estava morto, pensando que me trazia boa notícia, eu o agarrei e o matei em Ziclague, como recompensa pela notícia que trouxe! Muito mais agora, que homens ímpios mataram um inocente em sua própria casa e em sua própria cama! Vou castigá-los e eliminá-los da face da terra porque vocês fizeram correr o sangue dele!” Então Davi deu ordem a seus soldados, e eles os mataram. Depois cortaram as mãos e os pés deles e penduraram os corpos junto ao açude de Hebrom. Mas sepultaram a cabeça de Is-Bosete no túmulo de Abner, em Hebrom (2Sm 4.5-12).

Representantes de todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom: “Somos sangue do teu sangue. No passado, mesmo quando Saul era rei, eras tu quem liderava Israel em suas batalhas. E o Senhor te disse: ‘Você pastoreará Israel, o meu povo, e será o seu governante”. Então todas as autoridades de Israel foram perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel (2Sm 5.1-3). INÍCIO AVANÇA

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Aconteceu que, entrando a arca do Senhor na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, observava de uma janela. E, ao ver o rei Davi dançando e celebrando perante o Senhor, ela o desprezou em seu coração. Eles trouxeram a arca do Senhor e a colocaram na tenda que Davi havia preparado; e Davi ofereceu holocaustos e sacrifícios de comunhão perante o Senhor. Após oferecer os holocaustos e os sacrifícios de comunhão, ele abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos, e deu um pão, um bolo de tâmaras e um bolo de uvas passas e cada homem e a cada mulher israelita. Depois todo o povo partiu, cada um para a sua casa. Voltando Davi para casa para abençoar sua família, Mical, filha de Saul, saiu ao seu encontro e lhe disse: “Como o rei de Israel se destacou hoje, tirando o manto na frente das escravas de seus servos, como um homem vulgar!” Mas Davi disse a Mical: “Foi perante o Senhor que eu dancei, perante aquele que me escolheu em lugar de seu pai ou de qualquer outro da família dele, quando me designou soberano sobre o povo do Senhor, sobre Israelç perante o Senhor celebrarei e me rebaixarei ainda mais, e me humilharei aos meu próprios olhos. Mas serei honrado por essas escravas que você mencionou”. E até o dia de sua morte, Mical, filha de Saul, jamais teve filhos (2Sm 6.16-23).

Então o rei Davi entrou no tabernáculo, assentou-se diante do Senhor, e orou: “Quem sou eu, ó Soberano Senhor, e o que é a minha família, para que me trouxesses a este ponto?” (2Sm 7.18).

O rei disse então a Itai, de Gate: “Por que você está indo conosco? Volte e fique com o novo rei, pois você é estrangeiro, um exilado de sua terra. Faz pouco tempo que você chegou. Como eu poderia fazê-lo acompanhar-me? Volte e leve consigo os seus irmãos. Que o Senhor o trate com bondade e fidelidade!” (2Sm 15.19,20).

Zadoque também estava lá, e com ele todos os levitas que carregavam a arca da aliança de Deus; Abiatar também estava lá. Puseram no chão a arca de Deus até que todo o povo saísse da cidade. Então o rei disse a Zadoque: “Leve a arca de Deus de volta para a cidade. Se o Senhor mostrar benevolência a mim, ele me trará de volta e me deixará ver a arca e o lugar onde ela deve permanecer. Mas, se ele disser que já não sou do seu agrado, aqui estou! Faça ele comigo a sua vontade” (2Sm 15.24-26).

Chegando o rei Davi a Baurim, um homem do clã da família de Saul chamado Simei, filho de Gera, saiu da cidade proferindo maldições contra ele.

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Ele atirava pedras em Davi e em todos os conselheiros do rei, embora todo o exército e a guarda de elite estivessem à direita e à esquerda de Davi. Enquanto amaldiçoava, Simei dizia: “Saia daqui, saia daqui! Assassino! Bandido! O Senhor retribuiu a você todo o sangue derramado na família de Saul, em cujo lugar você reinou. O Senhor entregou o reino nas mãos de seu filho Absalão. Você está arruinado porque é um assassino!” Então Abisai, filho de Zeruia, disse ao rei: “Por que esse cão morto amaldiçoa o rei, meu senhor? Permite que eu lhe corte a cabeça”. Mas o rei disse:”Que é que vocês têm com isso, filhos de Zeruia? Ele me amaldiçoa porque o Senhor lhe disse que amaldiçoasse Davi. Portanto, quem poderá questioná-lo?” Disse então Davi a Abisai e a todos os seus conselheiros: “Até meu filho, sangue do meu sangue, procura matar-me. Quanto mais este benjamita! Deixem-no em paz! Que amaldiçoe, pois foi o Senhor que mandou fazer isso. Talvez o Senhor considere a minha aflição e me retribua com o bem a maldição que hoje recebo”. Assim, Davi e os seus soldados prosseguiram pela estrada, enquanto Simei ia pela encosta do monte, no lado oposto, amaldiçoando e jogando pedras e terra. O rei e todo o povo que estava com ele chegaram exaustos a seu destino. E lá descansaram (2Sm 16.5-14).

Em todas as tribos de Israel o povo discutia, dizendo: “Davi nos livrou das mãos de nossos inimigos; foi ele que nos libertou dos filisteus. Mas agora fugiu do país por causa de Absalão; e Absalão, a quem tínhamos ungido rei, morreu em combate. E, por que não falam em trazer o rei de volta?” Quando chegou aos ouvidos do rei o que todo o Israel estava comentando. Davi mandou a seguinte mensagem aos sacerdotes Zadoque e Abiatar: “Perguntem às autoridades de Judá: Por que vocês seriam os últimos a conduzir o rei de volta ao seu palácio? Vocês são meus irmãos, sangue do meu sangue! Por que seriam os últimos a ajudar no meu retorno? E digam a Amasa: Você é sangue do meu sangue! Que Deus me castigue com todo o rigor se, de agora em diante, você não for o comandante do meu exército em lugar de Joabe”. As palavras de Davi conquistaram a lealdade unânime de todos os homens de Judá. E eles mandaram dizer ao rei que voltasse com todos os seus servos. Então o rei voltou e chegou ao Jordão. E os homens de Judá foram a Gilgal, ao encontro do rei, para ajudá-lo a atravessar o Jordão (2Sm 19.9-15).

Nos tempos do Antigo Testamento, Davi foi o segundo a quem Deus consagrou rei; o primeiro rei, Saul, também foi estabelecido pelo Senhor.

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Davi era a nova autoridade estabelecida por Deus, o novo ungido do Senhor, enquanto Saul era a autoridade rejeitada, aquele cuja unção era coisa do passado, pois o Espírito de Deus já o havia deixado. Observemos agora como Davi estava sujeito à autoridade e não se esforçava para estabelecer sua autoridade.Esperar em Deus para garantir a autoridade

Em 1Samuel 24, lemos o que aconteceu em Em-Gedi. Davi cortou um pedaço do manto de Saul, e seu coração o acusou, porque sua consciência era extremamente sensível. O capítulo 26 conta como Davi tomou a lança e o cantil de Saul. Provavelmente, pensava que, ao tirar essas coisas de Saul, daria provas de sua presença e seria, assim, ouvido com mais atenção. Isso, entretanto, é o modo de agir de um advogado, não de um cristão. O cristão preocupa-se com os sentimentos, não com o raciocínio; lida com fatos, não com evidências. É verdade que Davi, no princípio, agiu como advogado, mas como tinha sentimentos de cristão, seu coração podia imediatamente ser tocado. Diante de Deus, somos pessoas que se preocupam com atos, não com a política. Por isso, não enfatizamos os processos. Embora o ato de cortar do manto e retirar a espada e o cantil nos tornasse mais populares, nosso coração haveria de nos acusar.

Davi era capaz de se sujeitar à autoridade. Jamais anulou a autoridade de Saul. Simplesmente, aguardava que Deus garantisse a autoridade que lhe concedera. Não ajudaria Deus a fazê-lo. Ao contrário, prontamente aguardaria que Deus agisse. Para ser autoridade delegada por Deus, a pessoa deve aprender a não tentar estabelecer a autoridade por si mesmo.As autoridades precisam ser escolhidas por Deus e pela igreja

O primeiro capítulo de 2Samuel conta que um homem matou Saul, mas Davi, por sua vez, julgou o assassino. Por quê? Porque o homicida violou a autoridade! Embora a violação não se dirigisse contra Davi, ele julgou o assunto, porque houvera violação de autoridade.

Depois da morte de Saul, Davi perguntou a Deus para qual cidade deveria ir. Humanamente falando, Davi, com seu exército, deveria descer rapidamente a Jerusal~em, pois ali estava o palácio. Era uma oportunidade que não deveria ser perdida. Mas ele perguntou a Deus, e este lhe disse que fosse a Hebrom. Essa cidade era pequena e sem importância. A ida de Davi para lá provou que ele não estava tentando usurpar a autoridade por iniciativa própria. Esperou ser ungido pelo povo de Deus. Samuel já o ungira, pois era o escolhido do povo.

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Essa atitude tipifica a igreja, quando esta faz sua escolhas. Davi não poderia se opor a que o povo o ungisse nem se recusar a isso. Ele não poderia dizer: “Uma vez que já tenho a unção de Deus sobre mim, não preciso da unção de vocês”. Ser ungido por Deus é uma coisa; ser ungido por seu povo é outra. É preciso que haja a escolha da igreja e a escolha de Deus. Ninguém pode impor-se aos outros.

Davi não subiu a Jerusalém, pois ainda esperava que o povo de Deus o ungisse. Permaneceu sete anos em Hebrom. Embora não fosse um período curto. Davi não ficou impaciente. Deus jamais escolhe alguém que esteja cheio de egoísmo e que procure a própria glória para ser autoridade. Deus ungira Davi para ser rei sobre toda a nação de Israel, como também sobre Judá, mas o povo de Deus ainda não o aceitaria totalmente. Quando a casa de Judá o ungiu, tornou-se rei primeiro sobre aquela casa. Quanto ao resto, não estava ansioso: podia esperar.

Depois de reinar sete anos sobre Judá em Hebrom, todas as tribos de Israel ungiram Davi seu rei. Depois disso, foi rei em Jerusalém 33 anos. Por sua natureza, a autoridade não pode ser promovida nem imposta aos outros: deve ser estabelecida por Deus e ungida pelos homens. Para estar em autoridade sobre os filhos de Deus, é necessário que haja as duas coisas, a unção do Senhor e a unção do povo. Jamais Davi, durante aqueles 7 anos, desde seus 30 anos até os 37, duvidou que seria ungido pelo povo de Israel. Em relação a esse assunto, submeteu-se a Deus.

Todos aqueles que conhecem Deus podem esperar. Se a atitude de uma pessoa está correta, ela será reconhecida não só pelo Senhor como seu representante, mas também pela igreja como representante de Deus. Jamais lutemos com as armas carnais, nem mesmo para levantar um dedo. Ninguém pode levantar-se e afirmar: “Sou autoridade estabelecida por Deus, vocês todos devem submeter-se a mim”. Primeiro, devemos aprender a ter o ministério espiritual diante do Senhor e, depois, à hora designada por Deus, entraremos no meio de seus filhos para servi-los.Manter a autoridade

Por que Davi teve de esperar em Hebrom? Porque, depois da morte de Saul, seu filho Is-Bosete o sucedeu como rei em Jerusalém. Mais tarde, Recabe e Baaná assassinaram Is-Bosete e trouxeram sua cabeça a Hebrom, pensando que traziam boas notícias. Ao contrário, Davi mandou matar os assassinos. Davi os julgou, pois se rebelaram contra a autoridade.

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Quanto mais uma pessoa aprender a ser autoridade, mais capaz será de manter a autoridade. Ninguém deveria permitir que a autoridade de outra pessoa fosse prejudicada, a fim de estabelecer a sua. Sempre que há rebelião contra a autoridade – mesmo que não seja diretamente contra você -, ela deve ser julgada. Não aja com as pessoas só quando elas infringirem sua autoridade.Nenhuma autoridade diante de Deus

Davi, quando já era rei sobre todo o Israel, dançou diante da arca (2Sm 6). Mical, sua mulher, filha de Saul, viu-o e desprezou-o em seu coração. Ela achava que, por Davi ser rei, ele deveria se santificar diante do povo de Israel, isto é, deveria manter sua dignidade exatamente como seu pai Saul fizera. Davi entendia de maneira diferente. Ele achava que, na presença de Deus, não tinha autoridade nenhuma, pois era vil e desprezível. Em pensamento, Mical cometeu a mesma falha de seu pai que, mesmo depois que Deus o rejeitou, quis salvar seu prestígio pedindo a Samuel que o honrasse diante do povo de Israel. Mical estava familiarizada com esse jeito de fazer as coisas, mas era diferente com Davi. O resultado foi que Deus aceitou Davi, mas julgou sua mulher, fechando seu ventre. Até hoje, todos os que andam pelo caminho de Mical são privados de descendência.

Qualquer um que represente a autoridade deve ser manso e humilde diante de Deus e do povo. Não deve ser presunçoso nem procurar manter a própria autoridade entre os homens. Embora Davi fosse o rei sobre o trono, diante da arca de Deus era igual a seu povo. Mical achava que Davi também era rei na presença de Deus. Não agüentou vê-lo dançando diante da arca, por isso caçoou dele: “Que bela figura fez o rei de Israel hoje!”. Embora alguns sejam escolhidos para ficar em posição de autoridade na igreja, todos são iguais diante de Deus. Eis aí a base e o segredo da autoridade.Autoridade sem presunção

Gosto de maneira especial das palavras de 2Samuel 7.18: “Então o rei Davi entrou no tabernáculo, assentou-se diante do Senhor...”. Ali, Deus fez uma aliança com Davi, e ali, Davi fez uma oração maravilhosa. Nessa oração, descobrimos um espírito terno e sensível. Antes de se tornar rei, Davi foi um poderoso guerreiro; ninguém podia enfrentá-lo. Agora que era rei, assentou-se humildemente no chão. Continuou sendo um homem humilde.

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Mical, que nascera no palácio, quis reter sua majestade, exatamente como seu pai. Não via a diferença entre o homem que entrava na presença de Deus e o que saía de sua presença. Sair é falar e agir, com autoridade, em nome de Deus, mas entrar é prostrar-se aos pés do Senhor, reconhecendo a própria indignidade. Davi foi verdadeiramente um rei estabelecido por Deus, pois tinha a autoridade de Deus. Cristo não só era filho de Abraão, mas também filho de Davi. O nome do último rei mencionado em toda a Bíblia é o de Davi. Portanto, não é surpreendente que Davi, mesmo sendo rei, não tivesse consciência de sua realeza, só de sua indignidade?

Não, qualquer um que pense e sinta que é autoridade não é digno dessa autoridade. Quanto mais autoridade alguém possui, menos consciência tem dela. Aquele que representa a autoridade de Deus deve ter em si esta bendita ingenuidade: ter autoridade, mas não ter consciência de ser uma autoridade.A autoridade não precisa ser mantida por esforço próprio

A rebelião de Absalão foi dupla: como filho, rebelou-se contra seu pai; como cidadão, revelou-se contra seu soberano. Quando Davi fugiu da cidade, tinha uma necessidade terrível de seguidores. Mesmo assim, pôde dizer de Itai: “Volte e fique com o novo rei, pois você é estrangeiro, um exilado de sua terra” (2Sm 15.19). Como o coração de Davi sensível! Mesmo em seu desespero, não queria levar ninguém consigo. Não é fácil conhecer verdadeiramente uma pessoa no palácio, mas na provação ela se revela claramente.

Depois, os sacerdotes vieram com a arca. Se a arca viesse com Davi, muitos dentre o povo de Israel certamente o teriam seguido. Mas Davi se elevou acima de sua aflição. Não permitiria que a arca o seguisse. Preferia deixar que Deus fizesse com ele o que julgasse bom. Sua atitude foi de absoluta sujeição sob a poderosa mão de Deus. Ele disse: “Se o Senhor mostrar benevolência a mim, ele me trará de volta e me deixará ver a arca e o lugar onde ela deve permanecer. Mas, se ele disser que já não sou do seu agrado, aqui estou! Faça ele comigo a sua vontade” (2Sm 15.25,26). Assim, ele persuadiu Zadoque e todos os sacerdotes que carregavam a arca a voltar.

Essas palavras parecem fáceis de dizer, mas, na hora da fuga, são extremamente difíceis de pronunciar. Os que fugiram da cidade eram poucos, e Jerusalém estava cheia de gente rebelde. Contudo, Davi pôde mandar seus bons amigos de volta. INÍCIO AVANÇA

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Como o coração de Davi era puro! Subiu ao monte das Oliveiras, chorando pelo caminho, descalço e com a cabeça coberta. Como era manso e humilde!

Essa, realmente, é a condição da autoridade estabelecida por Deus. Por que lutar contra os homens? Deus é quem decide se alguém deve ser rei ou não. Não depende das multidões de seguidores, nem mesmo da presença da arca. Davi não sentiu necessidade de tentar estabelecer sua autoridade.A autoridade suporta a provocação

O espírito rebelde é contagioso. Simei apareceu no caminho e amaldiçoava Davi sem parar, atirando pedras nele e acusando-o: “O Senhor retribuiu a você todo o sangue derramado na família de Saul” (2Sm 16.8). Nada poderia estar mais longe da verdade, uma vez que Davi não derramou nenhum sangue da casa de Saul. No entanto, Davi não argumentou nem procurou vingar-se ou resistir. Tinha ainda, a seu lado, seus homens de guerra e tinha poder para matar aquele homem. Mas os impediu de matar Simei, dizendo: “Deixem-no em paz! Quem amaldiçoe, pois foi o Senhor que mandou fazer isso” (v.11).

Que homem quebrantado e manso era Davi! Ao ler a Bíblia, precisamos captar o espírito de Davi retratado nesse momento. Desesperado e solitário, como se encontrava na ocasião, certamente poderia, pelo menos, desabafar um pouco sobre Simei. Mas Davi era homem de obediência absoluta. Submetia-se a Deus e aceitava qualquer coisa que viesse do Senhor.

Que todos os irmãos aprendam esta lição: o homem de autoridade, a quem Deus estabelece, é capaz de suportar a provocação! Se você, na posição de autoridade, for incapaz de ofender-se, então está qualificado para permanecer nessa posição. Não pense que você, apenas porque foi escolhido por Deus, pode exercer autoridade livremente. Só os obedientes têm capacidade para ficar em posição de autoridade. INÍCIO AVANÇA

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Aprenda a humilhar-se sob a poderosa mão de DeusDavi não retornou ao palácio imediatamente após a morte de

Absalão. Por quê? Porque Absalão também já fora ungido rei pelo povo. Portanto, tinha de aguardar. Depois, as onze tribos vieram ao rei e pediram-lhe que voltasse, mas a tribo de Judá permaneceu em silêncio. Assim, para animá-lo, enviou uma mensagem a Judá, porque ele mesmo era daquela tribo, embora tivesse sido expulso por eles. Queria que todo o povo lhe pedisse para voltar. É verdade que Davi foi originariamente estabelecido por Deus. Mas, quando surgiram as provações, ele aprendeu a humilhar-se sob a poderosa mão de Deus. Não se sentia ansioso, nem lutou por si mesmo. Todas as suas batalhas foram pelo povo de Deus.

Todos os que são usados por Deus em posição de autoridade devem ter o espírito de Davi. Que ninguém se defenda nem fase por si mesmo! Aprendamos a esperar e a humilhar-nos diante de Deus. Aquele que sabe obedecer é o mais qualificado para ficar em posição de autoridade. Quanto mais alguém se prostra diante de Deus, mais depressa o Senhor o defende.

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18A VIDA DIÁRIA E A MOTIVAÇÃO INTERIOR DAS AUTORIDADES DELEGADAS

Nisso Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram: “Mestre, queremos que nos faças o que vamos te pedir”. “O que vocês querem que eu lhes faça?”, perguntou ele. Eles responderam: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”. Disse-lhes Jesus: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado?” “Podemos”, responderam eles. Jesus lhes disse: “Vocês beberão o cálice que estou bebendo e serão batizados com o batismo com que estou sendo batizado; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados”. Quando os outros dez ouviram essas coisas, ficaram indignados com Tiago e João. Jesus os chamou e disse: “Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser torna-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.35-45).Beber o cálice do Senhor e ser batizado com o batismo do Senhor

Enquanto esteve aqui na terra, nosso Senhor raramente ensinou como exercer autoridade, pois seu propósito não era esse. A passagem mais clara em que o Senhor instrui sobre autoridade é a que encontramos em Marcos 10. Se alguém deseja saber como exercer autoridade deve ler esse texto. Ali, o Senhor mostra-nos o caminho da autoridade. Tudo começou com Tiago e João. Desejavam assentar-se um de cada lado do Senhor em sua glória. Conhecendo a impropriedade de tal pedido, não se atreveram a fazê-lo diretamente, mas, sutilmente, sugeriram que o Senhor lhes prometesse qualquer coisa que pedissem. Quiseram obter uma promessa do Senhor antes de se manifestar.

Mas o Senhor não consentiu prontamente. Ao contrário, perguntou o que desejavam que fizesse por eles. Por isso, responderam: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”> Esse pedido encerrava dois desejos: primeiro, ficar perto do Senhor; segundo, ter mais autoridade. INÍCIO AVANÇA

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Tudo bem que desejassem ficar mais perto do Senhor, mas o desejo de ter mais autoridade que os outros dez discípulos demonstrava algo além disso. Como o Senhor respondeu? Como ele, antes disso, havia perguntado o que queriam que ele lhes fizesse, declarou-lhes que eles não sabiam o que estavam pedindo.

O Senhor não rejeitou o desejo que tinham de ficar perto dele ou de ficar em posição de autoridade, nem os culpou por desejarem sentar-se à sua direita e à sua esquerda. Simplesmente respondeu que teriam de beber seu cálice e ser batizados com seu batismo antes que pudessem assentar-se à sua direita e à sua esquerda. Tiago e João pensaram que poderiam obter o que desejavam apenas pedindo, mas o Senhor replicou que não era pedindo, e sim bebendo o cálice e recebendo o batismo. Portanto, fica evidente que, se não bebemos o cálice do Senhor e não receberemos seu batismo, não poderemos nos aproximar dele nem receber autoridade.O que é o cálice e o batismo do Senhor?

Qual o significado do cálice do Senhor? No jardim do Getsêmani, um cálice foi colocado diante do Senhor, e ele orou: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39). Naquele momento, o cálice e a vontade de Deus não eram uma só coisa. O cálice poderia ser removido, mas a vontade não poderia ser modificada. O Senhor não precisaria beber o cálice, embora desejasse cumprir, de maneira absoluta, a vontade de Deus. Se a vontade de Deus fosse que ele bebesse, então ele beberia; mas se essa não fosse a vontade de Deus, ele não beberia do cálice.

Essas palavras despertam nossa adoração. Ele só queria saber se o cálice era ou não a vontade de Deus. Depois de orar três vezes dessa forma, ficou sabendo que o cálice e a vontade de Deus eram uma coisa só. Portanto, acrescentou rapidamente: “Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?” (Jô 18.11), No jardim, havia ainda a possibilidade de o cálice ser afastado, porque o cálice e a vontade de Deus ainda não se haviam tornado a mesma coisa. Depois da experiência no jardim, entretanto, o Senhor sabia que o cálice e a vontade de Deus eram uma só coisa. Assim, já fora do jardim, o cálice fazia parte da vontade de Deus. Era o cálice dado pelo Pai: teria de bebê-lo.

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Essa é uma lição espiritual muito profunda. O Senhor não se preocupou especificamente com a cruz, pois estava interessado apenas em fazer a vontade de Deus. Embora a crucificação fosse tremendamente importante, não poderia substituir a vontade de Deus. A cruz, sobre a qual morreu, em resgate por muitos, não poderia sobrepujar a vontade de Deus. Ele não veio para ser crucificado, mas para fazer a vontade de Deus. O desejo do Pai é maior que a cruz. Portanto, a crucificação do Senhor não foi graças à cruz, mas graças ao cumprimento da vontade de Deus. Por amor ao Pai, ele foi crucificado. A crucificação não tinha relacionamento direto com a cruz, mas estava diretamente relacionada com a vontade de Deus. Sua escolha era a vontade de Deus, não a cruz. De acordo com isso, o beber o cálice traduzia sua sujeição à suprema autoridade de Deus, sua obediência à vontade do Senhor. Por isso, perguntou a Tiago e João: “Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo?”.

Muitos são capazes de se relacionar à consagração, ao sofrimento ou ao trabalho, mas devemos manter nosso relacionamento direto apenas com a vontade de Deus. Algumas pessoas quando engajadas no trabalho não servem para mais nada. Ficam tão envolvidos no trabalho que se mergulham nele. Não podem mais aceitar nenhuma outra vontade de Deus. Insistem em ira até o fim, uma vez que não estão trabalhando por causa da vontade de Deus, mas por amor ao trabalho. Isso não aconteceu com o Senhor. Ele estava tão concentrado em fazer a vontade de Deus que lhe seria possível não ser crucificado. Assim que ficou claro que a vontade de Deus para ele era a cruz, imediatamente a aceitou, apesar dos sofrimentos indizíveis. Por isso, a pergunta que fez a Tiago e João na verdade foi: ”Vocês estão prontos a se submeter à vontade de Deus como eu me submeto?”. Esse é o cálice do Senhor.

Aqueles que são obedientes a Deus estão ligados apenas à vontade de Deus, tudo o mais fica sujeito às mudanças. Antes de fazer a vontade de Deus, devem primeiro submeter-se à autoridade de Deus. No jardim do Getsêmani, o Senhor atingiu o ápice de sua obediência. Não misturou o cálice com a vontade de Deus. O objeto de sua obediência era a vontade de Deus; o cálice não era seu objetivo. Ele era eternamente obediente à vontade de Deus, porque a considerava superior a tudo. Não é o trabalho nem o sofrimento, nem mesmo a cruz, mas a vontade de Deus. O Senhor parecia dizer a Tiago e João: assentar-se ou não à minha direita e à minha esquerda depende de vocês beberem o meu cálice, que, nesse caso, é a absoluta obediência à vontade de Deus.

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E qual é o sentido de “batismo do Senhor?” Ele não se refere ao batismo no rio Jordão, uma vez que esse era um acontecimento passado. Não, ele aponta para o futuro, para sua morte na cruz: “Tenho que passar por um batismo”, disse o Senhor, “e como estou angustiado até que ele se realize!” (Lc 12.50). ele antecipava sua libertação. A plenitude da glória de Deus estava tolhida em seu corpo físico. Como se sentia preso e angustiado! Quando fosse libertado, que bênção seria! A cruz era, portanto, a libertação da vida além da expiação pelo pecado. Deus lhe libertaria a vida por intermédio da cruz.

Logo que a vida de Deus é liberada, ela irradia-se, pois é como um fogo lançado sobre a terra. Causará divisão, em vez de paz. Tudo que é tocado pelo fogo queima. Casas serão divididas; crentes e incrédulos entrarão em conflito; os que têm vida e os que não têm vida lutarão uns contra os outros; o que for tocado pelo fogo entrará em conflito com o que não for tocado pelo fogo. Isso se chama batismo do Senhor. Onde há vida, há luta, não paz. Os que receberam esse batismo estão separados daqueles que não o receberam.

Portanto, parece que aqui o Senhor está dizendo: “Vou para a cruz a fim de liberar a vida para que as pessoas possam lutar umas contra as outras: vocês são capazes de fazer a mesma coisa?”. O batismo em si mesmo é, primeiramente, morte e, depois, vida liberada; a conseqüência do batismo é a divisão. Isso se parece com esta declaração de Paulo: “Em nós atua a morte; mas em vocês, a vida” (2Co 4.12). No batismo, o Senhor desfaz a casca pela morte e assim libera a vida.

Devemos fazer o mesmo hoje. Devemos quebrantar o homem exterior para que a vida interior possa fluir. Quando a casca se rompe, a pessoa se aproxima dos outros, e a vida pode fluir facilmente. Caso contrário, a vida ficará encoberta, o espírito não será facilmente revelado, e assim o caminho da vida ficará bloqueado para os outros. Esse é o momento em que o grão de trigo cai sobre a terra e a casca se rompe para que a vida comece a fluir. Por isso, o Senhor disse: “Quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará” (Mt 16.25),

O Senhor não diz “morrer”, mas “ser batizado” – para que ninguém entenda mal e imagine que Tiago e João participaram da expiação. Quando à expiação, Cristo, na qualidade de nosso Sumo Sacerdote, expia nosso pecados sozinho. Não há ninguém mais que possa expiar ou participar da expiação.

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No que se refere à parte expiatória de sua morte na cruz, não participamos dela; mas da parte que proporciona vida todos participamos. Por conseguinte, o Senhor aqui fala unicamente do aspecto de sua morte que libera vida, nada relacionado com a expiação.

Assim, parece dizer: “O batismo que receberei arrebentará minha casca e libertará vida. Vocês estão prontos a ser batizados desse mesmo modo?”. Se a pessoa não for quebrantada, a vida não poderá ser libertada. E manterá grande distância entre si e os outros. Embora se assente bem perto das pessoas, não pode tocá-las, porque sua vida interior não pode fluir livremente.

Logo que essa vida interior flui, a terra perde sua paz, e a luta começa. Muitas divisões ocorrerão por causa daqueles que têm essa vida interior. É grande a diferença entre os que pertencem ao Senhor e os que não pertencem. Muitas dificuldades surgirão entre os que têm o Senhor e os que não têm; entre os que conhecem Deus e os que não o conhecem; entre os que pagam o preço e os que não o pagam; entre os que são fiéis e os que são infiéis; entre os que aceitam as provações e os que as recusam. O Senhor aparentemente, disse a Tiago e João: “Uma vez que vocês me pedem para ser diferentes dos demais, assentando-se à minha direita e à minha esquerda, também são capazes de hoje ser diferentes do restante dos filhos de Deus? Vocês devem primeiro beber o cálice e ser batizados com o batismo para poder se assentar à minha direita e à minha esquerda na glória”. Tiago e João responderam presunçosamente: “Somos capazes!”.

Mesmo assim, o Senhor não lhes prometeu os ambicionados lugares a seu lado. Embora eles pedissem de forma equivocada, o Senhor tinha de responder corretamente. Seu pensamento é: se um homem não beber o cálice e não for batizado com o batismo do Senhor, não pode se sentar à direita ou à esquerda. E memso que beba desse cálice e se batizado, pode, mesmo assim, não se sentar a seu lado, uma vez que esses lugares se destinam àqueles para os quais Deus os reservou.Autoridade não é mandar, mas servir humildemente

O Senhor continuou ensinando sobre a questão da autoridade. Reuniu seus discípulos e instruiu-os sobre as coisas futuras na glória. Disse que, entre os gentios, os homens buscam autoridade a fim de poder governar sobre os outros. É bom buscar a glória futura, mas não devemos ter o pensamento de governar os filhos de Deus ou de mandar neles. Se assim fizéssemos, isso nos levaria a cair no estado dos gentios. Exercer autoridade e governar são desejos dos gentios. Um espírito assim deve ser expulso da igreja.

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Aqueles a quem o Senhor usa são os que conhecem o cálice do Senhor e seu batismo. Quando bebemos o cálice e recebemos o batismo, naturalmente teremos autoridade. Horrenda coisa é procurar governar sobre os homens externamente. Devemos expulsar de nós o espírito dos gentios. Caso contrário, não estaremos aptos a liderar os outros.

Aqueles que procuram exercer autoridade não devem ocupar posição de autoridade, pois Deus jamais concede autoridade a essas pessoa. Quanto mais o espírito dos gentios domina uma pessoa, menos Deus pode usá-la. Mas o que reconheceu a própria incompetência é aquele a quem Deus concede autoridade. Esse é o caminho do Senhor e esse deveria ser nosso caminho. Jamais deveremos ser como os políticos que se ocupam com a diplomacia, uma arte política. Não deveríamos conceder uma posição a alguém apenas por que tememos que ele se rebele se não o fizermos. O caminho na cada de Deus deve ser espiritual, não político. Embora nossa atitude deva ser mansa e gentil, devemos ser fiéis diante de Deus. O homem necessita prostrar-se diante de Deus para poder ser usado, pois sempre que se engrandece é rejeitado por Deus.

Que diferença enorme há entre a autoridade dos gentios e da igreja! Os primeiros governam por posição, mas a segunda governa pelo ministério da vida espiritual. É totalmente prejudicial para a igreja cair no estado dos gentios. Ela deve manter uma separação restrita deles. Se qualquer um entre nós se considera qualificado para ser autoridade, esse indivíduo, na verdade, está totalmente desqualificado. Devemos manter essa sensibilidade em nosso meio.Para ser grande, é preciso ser servo

A autoridade que Deus designa precisa de antecedentes espirituais – deve beber o cálice, isto é, obedecer de maneira absoluta à vontade de Deus, e deve receber o batismo, isto é, aceitar a morte para que a vida seja liberada. Também não deve ter nenhuma intenção de exercer autoridade. Ao contrário, deve estar preparado para servir como servo e escravo de todos. Em outras palavras, possuir, de um lado, base espiritual e, de outro lado, espírito de humildade. Quando a pessoa não procura ser autoridade, Deus pode usá-la como tal. É descabido falar sobre autoridade, se o cálice não for bebido e o batismo não for recebido. Para aquele que é verdadeiramente humilde e se considera inadequado para qualquer coisa que não seja servir a todos, a esse, o Senhor pode tornar grande.

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A condição para a autoridade é, consequentemente, o senso de incompetência e indignidade. Podemos concluir, fundamentado na Bíblia, que Deus nunca usa uma alma orgulhosa. No momento em que uma pessoa fica orgulhosa, Deus a deixa de lado. Seu orgulho escondido, mais cedo ou mais tarde, se revelará por intermédio das palavras, pois estas não cessam de escapar. No futuro tribunal divino, até mesmo os humildes ficarão surpresos. E, se isso é verdade, quanto maior será o horror dos orgulhosos naquele dia! Devemos sentir nossa incompetência, porque Deus só usa os inúteis. Diplomacia polida não se aplica aqui. É preciso ter o sentimento sincero de que somos servos inúteis. Embora tenhamos cuidado do rebanho e cultivado o solo, ainda somos servos inúteis. Não nos esqueçamos de permanecer na posição de servo. Deus jamais confia sua autoridade aos que têm justiça própria e se apóiam apenas na própria competência. Rejeitemos o orgulho, aprendamos a ser humildes e mansos e a não falar de nós mesmos. Aprendamos a nos conhecer à luz de Deus.

Finalmente, o Senhor disse: “O Filho do homem [...] não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. O Senhor não veio para exercer autoridade; veio para servir. Quanto menos convencida e mais humilde for a pessoa, mais útil será. Quanto mais cheia de importância e preconceitos, menos útil será. Nosso Senhor, ao nascer em semelhança de homem, assumiu a forma de escravo. Ele jamais estendeu a mão em busca de autoridade, pois a recebeu de Deus. O Senhor Jesus foi exaltado, mas da humildade para as maiores alturas. Esse foi seu princípio de vida. Não estendamos nossas mãos carnais para agarrar a autoridade carnal. Sejamos escravos de todos até que um dia Deus nos confie uma responsabilidade particular. Assim, aprenderemos a representar Deus. Portanto, o ministério é a base da autoridade. O ministério vem da ressurreição; o serviço vem do ministério; a autoridade vem do serviço. Que o Senhor nos liberte da altivez!

Quão severo será o juízo sobre aqueles que, com suas mãos carnais, se apossam da autoridade de Deus! Temamos a autoridade como tememos o fogo do inferno. Representar Deus não é coisa fácil, é grande demais e maravilhosa demais para se tocar. Devemos andar estritamente no caminho da obediência. O caminho para nós é a obediência, não a autoridade; é sermos servos, não cabeças; é sermos escravos, não governadores. Moisés e Davi foram as maiores autoridades, mas nunca tentaram estabelecer a própria autoridade. Aqueles que hoje desejam ficar em posição de autoridade devem seguir as pegadas deles. É necessário temor e tremor no exercício da autoridade.

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19AS AUTORIDADES DELEGADAS DEVEM SANTIFICAR-SE

Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade (Jô 17.19).

Já vimos que a autoridade espiritual fundamenta-se na espiritualidade. Não é algo concedido por homens nem simplesmente designado por Deus. Devemos lembrar-nos de que ela, de um lado, se fundamenta na espiritualidade e, de outro, na condição humilde e obediente do homem diante de Deus. Acrescentaremos agora mais um ponto, a saber, que aquele que deve ser colocado em posição de autoridade precisa santificar-se dentre a multidão. Embora nosso Senhor fosse enviado de Deus e tivesse comunhão ininterrupta com ele, ainda assim declarou: “Em favor deles [dos discípulos], eu me santifico.”O que o Senhor quis dizer com “Eu me santifico”?

Por amor aos seus discípulos, o Senhor deixou de fazer muitas coisas perfeitamente legítimas; de falar muitas coisas que poderia ter falado licitamente; de assumir muitas atitudes que poderia justificavelmente assumir; de usar muitas roupas que poderia usar; de aceitar muitos alimentos que poderia aceitar. Sendo o Filho de Deus que não conheceu o pecado, sua liberdade excedia a de qualquer outro sobre a terra. Não podemos fazer muitas coisas, porque temos defeitos; não podemos falar muito, porque somo impuros. Mas não havia essa dificuldade na vida de nosso Senhor, uma vez que ele era santíssimo. Devemos humilhar-nos, pois nossa natureza é cheia de orgulho. Mas nosso Senhor jamais foi orgulhoso e, portanto, não necessitava de humildade. Mais que isso, precisamos de paciência, porque somos naturalmente impacientes. Nosso Senhor, entretanto, nunca foi impaciente, por isso não necessitou de paciência. Não precisou restringir-se em muitas coisas, uma vez que era totalmente sem mácula. Até mesmo sua ira foi sem pecado. Apesar de tudo, ele disse: “Em favor deles eu me santifico”. Ele estava pronto a se restringir em muitas coisas.

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Quanto à santidade, o Senhor não só tem em vista a própria santidade, mas também a nossa. Seja qual for nossa santidade, ela nos separa do mundo. Por conseguinte, há muitas coisas que não podemos fazer. Além da própria santidade, ele acrescenta a nossa, por isso ele se santifica. Por nossa causa, ele aceita as restrições que vêm dos homens. Levando-se em consideração que ele fala e age de acordo com sua santidade, enquanto os homens sempre falam ou julgam de acordo com os próprios pecados, o Senhor estava pronto a aceitar restrições para não ser mal-interpretado pelos pensamentos pecaminosos dos homens. Nossa motivação para não agir é o pecado, mas o Senhor colocava-se sob restrições, por causa da santidade. Não fazemos algo porque não devemos; mas ele não fazia aquilo que poderia fazer. Em virtude da autoridade de Deus, ele evitava fazer muits coisas a fim de manifestar sua separação do mundo. Isso é o que o Senhor quer dizer com “Eu me santifico”.Autoridade, geralmente, é sinônimo de solidão

Quando aprendemos a ficar em posição de autoridade, devemos santificar-nos diante dos irmãos e irmãs. Não podemos fazer nem dizer muitas coisas que nos são lícitas. Devemos ser santificados em palavras e em sentimentos. Segundo nosso ponto de vista, assumimos determinadas atitudes, mas dentre os filhos de Deus devemos ser santificados. Até mesmo nossa comunhão com os irmãos e irmãs deve ter um limite, além do qual não podemos ser nem descuidados nem frívolos. Antes, devemos perder nossa liberdade, ficar sozinhos. A solidão é a marca da autoridade. Não por causa de orgulho, mas em conseqüência da autoridade de Deus, que representamos.

Aqui não está envolvida a questão do pecado, só a da santificação. O oposto à santidade é o que é comum, não o pecado. Ser santificado é ser diferente dos outros. Não devemos fazer muitas coisas que não são lícitas nem proferir muitas palavras que podem ser ditas. Não é pretensão, mas restrição de Deus no espírito. Só desse modo podemos constituir-nos a autoridade delegada por Deus.

Aquele que se encontra em posição de autoridade representa Deus em cada palavra ou ação. Conforme vemos em Números 20.12, Moisés falhou em santificar Deus diante do povo de Israel e não se sanificou diante deles. Interpretou Deus de modo errado, por isso não pôde entrar em Canaã. Os pardais voam em bandos, enquanto as águias voam sozinhas.

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Se só podemos voar baixo, por não agüentar a solidão das alturas, não estamos capacitados a ser autoridade . estar em posição de autoridade exige restrição; é preciso santificar-se. Outros podem fazer, mas você não pode. Você deve obedecer ao Espírito do Senhor conforme ele lhe instrui no íntimo. Talvez, você se sinta abandonado e sinta falta do fervor da multidão. No entanto, não se atreve a misturar-se com os irmãos e irmãs nas brincadeiras e gracejos indevidos. Esse é o preço da autoridade. Se não nos santificarmos como nosso Senhor, não estaremos qualificados para ficar em posição de autoridade.

Mesmo assim, no que se refere a ser membros uns dos outros, qualquer um que esteja em posição de autoridade deve ser perfeitamente normal e manter a comunhão do corpo com todos os irmãos e irmãs. Do mesmo modo, por ser representante de Deus, deve-se santificar sob a restrição divina a fim de que seja um exemplo para todos. Já na qualidade de membro do corpo, deve servir com todos os irmãos em harmonia, jamais assumindo a falsa posição de pertencer a uma categoria especial.Estar em posição de autoridade exige restrição nas afeiçoes

Levítico 10.1-7 registra o julgamento de Nadabe e Abiu, porque não se sujeitaram à autoridade de seu pai Arão. No mesmo dia em que o pai foi ungido, os quatro filhos de Arão também foram ungidos, no santuário, como sacerdotes. Não deveriam servir individualmente, mas ajudar o pai no trabalho de Deus. Portanto, não tinham permissão de agir por conta própria. Nadabe e Abiu, porém, sem a permissão do pai, seguindo os próprios pensamentos, ofereceram fogo estranho e, por conseguinte, foram consumidos pelo fogo. Depois, Moisés disse a Arão: “Foi isto que o Senhor disse: ‘Aos que de mim se aproximam santo me mostrarei’”. Nesse incidente, Deus revela uma coisa: os que estão perto dele jamais devem ser negligentes. Para esses, há uma disciplina muito mais severa que aquela destinada ao povo em geral.

O que Arão teve de fazer quando dois de seus quatro filhos. Nadabe e Abiu, morreram no mesmo dia? Ele tinha um relacionamento duplo aqui: era sacerdote diante de Deus, mas também era o cabeça de sua família. Pode uma pessoa servir a Deus a ponto de esquecer o próprio filho? De acordo com o costume do povo de Israel, quando havia uma morte na família, os membros deveriam soltar os cabelos e rasgar as roupas. Mas, nesse caso, Moisés ordenou que os corpos fossem levados para fora e proibiu Arão e seu dois filhos remanescentes de seguir o costume.

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O lamento é um sentimento humano normal, perfeitamente legítimo. Mas, para aqueles israelitas que serviam a Deus, isso lhes foi proibido, para que não morressem. Como isso era sério! Os que serviam a Deus eram julgados de maneira diferente dos israelitas comuns. O que todos os outros israelitas podiam fazer, eles não podiam. Um pai chorar seu filho e os irmãos chorarem seus irmãos eram coisas lícitas e naturais. Não obstante, aqueles que tinham o óleo santo sobre si deveriam se santificar. Isso não envolvia nenhum pecado, pode ser feito de modo indiscriminado. A questão não está relacionada com o pecado, mas com a santificação.

Conforme já mencionamos, o oposto da santidade é o comum. Santidade quer dizer que os outros podem, mas eu não posso. O que os discípulos podem fazer, o Senhor não pode. O que outros irmãos podem fazer, aqueles que estão em posição de autoridade não podem. Até mesmo os afetos lícitos precisam ser colocados sob controle. Caso contrário, a morte pode ser a conseqüência. O povo de Israel morreu em conseqüência de seus pecados, mas os sacerdotes poderiam morrer por não se santificar. Com os israelitas, o que matava deveriam morrer. Arão, entretanto, se chorasse por seu filhos, teria de morrer. As pessoas em posição de autoridade devem pagar o preço.

Arão nem sequer podia sair do tabernáculo; outros tiveram de enterrar os mortos. O povo de Israel não vivia no tabernáculo, enquanto Arão e seus filhos não tinham permissão de sair dele. Deveriam diligentemente guardar os encargos de Deus. O óleo da unção santifica-nos dos afetos naturais como também da conduta costumeira. Devemos respeitar o óleo da unção que Deus nos concede.

Tenhamos, portanto, uma conduta íntegra diante de Deus no que se refere à nossa santificação diante do povo. O mundo e os irmãos e irmãs comuns podem continuar com seus afetos familiares, mas as autoridades delegadas por Deus devem manter a glória de Deus. Não devem dar vazão aos próprios afetos nem agir negligentemente ou com rebeldia. Em vez disso, devem louvar ao Senhor, pois podem ver sua glória.

Aqueles que servem são ungidos por Deus. Devem sacrificar os próprios afetos, negando até mesmo os legítimos. Todos os que desejam manter a autoridade de Deus devem saber como se opor a seus sentimentos pessoais, como deixar de lado os mais profundos afetos para com seus parentes, amigos e amados. A exigência de Deus é rigorosa. Se a pessoa não deixa de lado seus afetos pessoais não pode servir a Deus.

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Aquele que é santificado é servo de Deus; aquele que não é santificado é uma pessoa comum.Santificado na vida e no prazer

Por que Nadabe e Abiu ofereceram fogo estranho? Lemos que, depois do que lhes aconteceu, Deus disse a Arão: “Você e seus filhos não devem beber vinho nem outra bebida fermentada antes de entrar na Tenda do Encontro” (Lv 10.9). Todos aqueles que sabem como ler a Bíblia concordam em que aqueles dois homens ofereceram fogo estranho porque estavam embriagados. O povo de Israel tinha permissão de beber vinho e bebidas fortes, mas os sacerdotes de Deus estavam absolutamente proibidos de tocar nelas.

Essa é, portanto, uma questão de prazer. Outros podem desfrutar, mas nós não. Outros podem alegrar-se com certos prazeres (pois o vinho fala de alegria), mas nós não. As pessoas que servem a Deus estão sob disciplina e devem ser capazes de fazer distinção entre o que é santo e o que é comum, entre o puro e o imundo. Embora precisemos realmente manter a comunhão do corpo com todos os irmãos e irmãs, em ocasiões de trabalho especial, no entanto, não devemos ser negligentes. Qualquer coisa que afrouxe as rédeas da restrição deve ser evitada.

Levítico 21 registra as exigências especiais feitas por Deus, para a santificação dos sacerdotes. Essas exigências eram as seguintes.

1.Nenhum deles deveriam contaminar-se com os mortos entre o povo, exceto pelos parentes mais próximos. (Era uma exigência comum).

2.Todos deveriam santificar-se, quer em relação à roupa, quer em relação ao corpo. Não deveriam cortar os cabelos, nem aparar as pontas da barba (os egípcios na adoração ao Sol faziam isso), nem cortar a própria carne (os africanos faziam isso).

3.Todos deveriam santificar-se no casamento.4. O sumo sacerdote deveria cumprir as exigências de Deus, as quais, para as pessoas

que ocupavam essa posição, eram ainda mais severas. Não podia tocar nenhum cadáver, nem mesmo se contaminar com o próprio pai ou com a mãe.

Quanto mais alta a posição, mais severa a exigência. O grau de proximidade de Deus mais confia, mais ele exige. Deus preocupa-se, especialmente, com o fato de seus servos santificarem ou não a si mesmos. INÍCIO AVANÇA

Page 139: Autoridade espiritual

A autoridade fundamenta-se na santificaçãoA autoridade tem seus fundamentos na santificação. Sem santificação, não pode

haver autoridade. Se você deseja viver com a multidão, não pode ocupar posição de autoridade. Você não pode representar Deus, se mantiver uma comunicação muito liberal e frouxa com as pessoas. Quanto mais alta a autoridade, maior a separação. Deus é a autoridade máxima. Por conseguinte, está acima de todos. Aprenderemos a nos santificar de coisas impuras e comuns. O Senhor Jesus poderia fazer o que bem quisesse, mas, por amor aos seus discípulos, santificou a si mesmo. Colocou-se de lado e ficou do lado da santidade.

Desejemos de todo o coração agradar a Deus, buscando também uma santificação mais profunda. Isso quer dizer que seremos diferentes do comum, embora não separados dos filhos de Deus, como se fôssemos mais santos que eles. Quanto mais nos santificamos e nos sujeitamos à autoridade de Deus, mais autoridade nos é concedida. Se aqueles que estão em posição de autoridade na igreja fracassam, como a obediência pode ser mantida? Se a questão da autoridade não for resolvida, a igreja permanecerá sempre em situação caótica.

Aquele que está em posição de autoridade não se apossa dela, mas serve a Deus, está pronto a pagar o preço e não procura nenhum alvoroço. Estar em posição de autoridade requer que se suba alto, que não se tema a solidão e que haja santificação. Que sejamos aqueles que colocam tudo o que possuem sobre o altar para que a autoridade de Deus seja restaurada. Esse é o caminho do Senhor na igreja.

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20AS CONDIÇÕES PARA A DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE

Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor [...] Maridos, ame cada um a sua mulher, assim com Cristo amou a igreja e entregou-se por ela [...] Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo [...] Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito (Ef 5.22,25,28,33).

Filhos, obedeçam a seu pais no Senhor, pois isso é justo. [...] Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor [...] Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas (Ef 6.1,4,9).

É Deus quem preside à assembléia divina; no meio dos deuses, ele é o juiz. “Até quando vocês vão absolver os culpados e favorecer os ímpios?” (Sl 82.1,2).

É preciso que o presbítero seja irrepreensível, marido de uma só mulher e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão. Por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível: não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro desonesto. Ao contrário, é preciso que ele seja hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, consagrado, tenha domínio próprio (Tr 1.6-8).

Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filho sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o Diabo (1Tm 3.4-6).

É isso que você ensinar, exortando-os e repreendendo-os com toda a autoridade. Ninguém o despreze. (Tt 2.15).

Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (1Tm 4.12).

Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos (1Pe 2.21).

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Na família, Deus estabeleceu autoridade: os pais em relação aos filhos, o marido em relação à mulher, e os senhores em relação aos servos. No mundo, as autoridades são os reis em relação aos súditos e os governantes em relação aos que lhes estão sujeitos. Na igreja, os presbíteros em relação ao povo de Deus e os leigos em relação a seu trabalho. Há, para todas essas variadas autoridades, suas respectivas condições.

1.Maridos. A Bíblia ensina que a mulher deve estar sujeita a seu marido; mas o marido deve exercer autoridade com uma condição. Em Efésios 5, os maridos são convocados, três vezes, a amar sua mulher como amam a si mesmos. Indubitavelmente, há autoridade precisam preencher as exigências de Deus.

O amor de Cristo pela igreja estabelece o tipo de amor que o marido deve dedicar à mulher. Assim como Cristo ama a igreja, o marido deve amar sua mulher.

Se o marido quiser representar a autoridade de Deus, deve amar sua mulher.2.Pais, Sem dúvida nenhuma, os filhos devem obedecer aos pais. Mesmo assim, a

autoridade dos pais tem sua responsabilidade e condições também. As Escrituras dizem: “Pais, não irritem seu filhos”. Apesar de os pais terem autoridade, eles devem aprender a se controlar diante de Deus. Não devem tratar os filhos de acordo com seus caprichos, pensando que têm direito absoluto de assim fazer, uma vez que os geraram e os estão criando. Embora Deus tenha nos criado, ele jamais nos maltratou. Não é certo fazer aos filhos o que, geralmente, não ousaríamos fazer aos amigos, alunos, subordinados ou parentes.

É extremamente necessário que os pais se controlem, isto é, que sejam capazes de se controlar por intermédio do Espírito Santo.

Há um limite para o que os pais podem fazer aos filhos. O objetivo de toda a autoridade que os pais têm para com os filhos é instruí-los e criá-los na disciplina e admoestação do Senhor. Nenhuma idéia de dominação ou castigo está envolvida; a intenção é a educação e proteção amorosa.

3. Senhores. Os servos devem ser obedientes a seus senhores, mas ser senhor também envolve condições. Os senhores não devem ameaçar nem provocar seu servos. Deus não permitirá que sua autoridade delegada aja com falta de moderação. Ela deve ter temor de Deus. Os senhores devem saber que aquele que é o Senhor deles e de seus servos está no céu e que ele não é parcial (Ef 6.9). INÍCIO AVANÇA

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Os senhores também se devem lembrar de que estão sob autoridade. Embora os servos se encontrem sob sua autoridade, aqueles também estão sob autoridade – a autoridade de Deus. Em conseqüência disso, não podem ficar sem controle. Quanto mais uma pessoa reconhece a autoridade, menos arrogante e ameaçadora se torna. Atitudes indispensáveis, por parte daqueles que se encontram em posição de autoridade, são a gentileza e o amor. Se alguém ameaça e julga os outros, ele mesmo logo será julgado por Deus. Portanto, os senhores devem tremer diante de Deus.

4.Governantes. Devemos sujeitar-nos às autoridades governantes. Em todo o Novo Testamento, não há nenhuma instrução sobre como governar. Seria isso indício de que Deus deu o mundo para que os não-crentes governassem no lugar dos cristãos? De acordo com o Novo Testamento, parece que Deus não tem a intenção de que os cristãos desta época sejam governantes na terra.

O Antigo Testamento, no entanto, descreve as condições exigidas dos governantes. As exigências básicas para as autoridades governantes são a justiça, a imparcialidade, a honestidade e o cuidado para com os pobres. Esses são os princípios que os governantes devem seguir. Não devem procurar o próprio bem-estar, mas manter a justiça absoluta.

5. Presbíteros. Os presbíteros são as autoridades na assembléia local. Os irmãos devem aprender a se sujeitar aos presbíteros. Uma qualidade essencial dos presbíteros, conforme citada em Tito 1, é o domínio próprio. Os que não conhecem a lei jamais podem conseguir o cumprimento da lei à força. Tampouco o rebelde pode ser levado à submissão. Os presbíteros devem, em primeiro lugar, ter extremo autocontrole. Como o fenômeno da ausência de controle prevalece entre os homens! Na eleição dos presbíteros, que sejam escolhidos os especialmente disciplinados. Levando-se em consideração que os presbíteros são designados para cuidar da igreja, eles mesmos devem, em primeiro lugar, saber como obedecer e ficar sob controle para que possam ser exemplo para todos os outros. Deus jamais indica para presbítero alguém que gosta de ficar em evidência (como Diótrefes, 3Jo90. Levando-se em consideração que os presbíteros são a mais alta autoridade dentro da assembléia local, eles devem ser pessoas com autocontrole.

Em 1Timóteo 3 e 4, menciona-se outra qualidade essencial ao presbítero: deve governar bem sua casa. Isso se refere principalmente aos filhos. Os filhos devem ser mantidos em submissão e respeito de todas as maneiras. INÍCIO AVANÇA

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Aquele que sabe ser um bom pai pode ser escolhido para presbítero. Se exercer a devida autoridade no lar, está qualificado para ser presbítero na igreja.

O presbítero não deve ser convencido. Os anciãos de uma assembléia local não devem ser inclinados à prepotência. Aquele que abusa da autoridade não serve para ser presbítero nem pode dirigir bem os negócios da igreja. Só as pessoas mesquinhas são orgulhosas, e estas não podem ter a glória de Deus nem sua confiança, tampouco, podem usá-las. Por isso, o crente novo não deve ser escolhido para presbítero, isso para que não fique convencido e não caia na condenação do Diabo. (A palavra grega para “noviço” é ilustrada por um aprendiz de carpinteiro que manuseia pela primeira vez um machado).

6. Obreiros. Em Tito 2.15, encontra-se a condição para os obreiros, como autoridades delegadas. Tito não era presbítero da igreja, mas servia ao Senhor como apóstolo. Paulo o exortou: “É isso que você deve ensinar, exortando-os e repreendendo-os com toda a autoridade. Ninguém o despreze”. A pessoa, para não ser desprezada, deve-se santificar. Se não for diferente dos outros na vida e na conduta, se vive relaxadamente e sem disciplina, não pode evitar ser desprezado. É preciso domínio próprio para que outros nos respeitem e para sermos qualificados como representantes de Deus. Paulo, com esse mesmo espírito, fala a Timóteo. Embora seja verdade que o leigo não procura a glória e a honra dos homens. Ele não pode permitir-se ser desprezado por falta de santificação.

Em todo o Novo Testamento, só dois livros foram escritos para os jovens leigos. Em ambos, Paulo exorta-os a que não se deixem servir de exemplo para os outros cristãos. Devem rejeitar todas as coisas que possam levá-los a ser desprezados. Ficar em posição de autoridade custa caro. É preciso santificar-se com relação aos demais e preparar-se para uma vida solitária. Aqueles que são exemplos diferem dos demais quando se santificam. Mas ninguém se deve exaltar por isso, embora não deva também permitir que o desprezem. Jamais seja convencido, mas também nunca se deixe menosprezar. Quando o leigo se torna muito igual ao povo, perde seu ministério. Sua utilidade desaparece, e sua autoridade perde-se.

É extremamente importante que a autoridade de Deus seja mantida. A autoridade é manifesta na santificação, não no trivial. Representar autoridade é representar Deus. Estar em posição de autoridade é ser exemplo para todos.

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