história da igreja

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HISTÓRIA DA IGREJA Introdução A História da Igreja tem sido sempre, desde o seu nascimento até o presente, a história da graça de Deus para com o homem e revelada na história humana. Antes de adentrarmos no estudo dos vinte séculos em que a igreja Cristã tem estado em atividade, veremos os grandes acontecimentos, os quais servem como divisória, e cada um deles assinala o término e início de uma época. Considerando cada um destes acontecimentos, sete ao todo, veremos que eles indicam os grandes períodos da História da Igreja: I - A pré-existência da Igreja II - A Igreja apostólica III - As Perseguições Imperiais IV - A Igreja Imperial V - A Igreja medieval VI - A Igreja Reformada VII - A Igreja atual Os estudos que se seguem fazem uma abordagem separada de cada fato histórico. Capítulo I - A PRÉ-EXISTÊNCIA DA IGREJA A ) A origem da Igreja A igreja de Cristo sempre existiu na mente e coração do Pai, desde antes da fundação do universo. “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele” - Ef 1.4 “O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” I Pe 1.20 O plano de salvação estava traçado por Deus desde o eterno passado. O sacrifício fora feito antes da fundação do universo, isto é, antes mesmo de ser efetuado no calvário, o cordeiro já era conhecido pelo Pai . Em uma ordem lógica, podemos admitir que: Deus fundou a Igreja, Jesus Cristo formou a Igreja e o Espírito Santo confirmou a Igreja. Assim, o projeto no coração de Deus, a formação pelo ministério de Cristo e a confirmação, no dia de Pentecostes, pelo poderoso derramamento do Espírito Santo. B ) A fundação da Igreja

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Page 1: História da Igreja

HISTÓRIA DA IGREJA

Introdução

A História da Igreja tem sido sempre, desde o seu nascimento até o presente, a história da graça de Deus para com o homem e revelada na história humana. Antes de adentrarmos no estudo dos vinte séculos em que a igreja Cristã tem estado em atividade, veremos os grandes acontecimentos, os quais servem como divisória, e cada um deles assinala o término e início de uma época. Considerando cada um destes acontecimentos, sete ao todo, veremos que eles indicam os grandes períodos da História da Igreja:

I - A pré-existência da IgrejaII - A Igreja apostólicaIII - As Perseguições ImperiaisIV - A Igreja ImperialV - A Igreja medievalVI - A Igreja ReformadaVII - A Igreja atualOs estudos que se seguem fazem uma abordagem separada de cada fato histórico.

Capítulo I - A PRÉ-EXISTÊNCIA DA IGREJA

A ) A origem da IgrejaA igreja de Cristo sempre existiu na mente e coração do Pai, desde antes da fundação do universo.

“Como também nos elegeu nele antes dafundação do mundo, para que fôssemossantos e irrepreensíveis diante dele” - Ef 1.4“O qual, na verdade, em outro tempo foiconhecido, ainda antes da fundação domundo, mas manifestado nestes últimostempos por amor de vós” I Pe 1.20

O plano de salvação estava traçado por Deus desde o eterno passado. O sacrifício fora feito antes da fundação do universo, isto é, antes mesmo de ser efetuado no calvário, o cordeiro já era conhecido pelo Pai .Em uma ordem lógica, podemos admitir que: Deus fundou a Igreja, Jesus Cristo formou a Igreja e o Espírito Santo confirmou a Igreja. Assim, o projeto no coração de Deus, a formação pelo ministério de Cristo e a confirmação, no dia dePentecostes, pelo poderoso derramamento do Espírito Santo.

B ) A fundação da Igreja“E demonstrar a todos qual seja a dispensaçãodo mistério, que desde os séculos esteve ocultoem Deus, que tudo criou por meio de JesusCristo” - Ef 3.9

A Igreja que antes era um mistério "oculta em Deus" fora revelada em Cristo, tornando-se o "segredo de Deus" conhecido aos homens. A expressão "oculto em Deus" indica que a igreja esteve sempre na mente de Deus, e vindo a ser conhecida pelo ministério terreno de Jesus Cristo e o Espírito Santo.A Igreja de Deus, começou a formar e revelar-se no tempo, quando João Batista disse: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Jo 1.36.

C ) O nascimento da IgrejaA Igreja de Cristo iniciou sua história com um movimento de âmbito mundial, no dia de pentecostes, cinqüenta dias após a ressurreição, e dez dias depois da ascensão do Senhor Jesus Cristo. Naquela manhã, enquanto os seguidores de Jesus, 120 ao todo, estavam reunidos em oração, o Espírito Santo, veio sobre eles.

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D ) A plenitude do tempoMas, vindo a plenitude dos tempos, Deusenviou seu Filho, nascido de mulher, nascidosob a lei – Gl 4.4

A "plenitude do tempo" não quer dizer que o mundo estivesse pronto a se tornar cristão, mas quer dizer que, nos desígnios de Deus, havia chegado o momento de enviar o seu filho ao mundo.

Características da Igreja primitivaNaquele tempo uma Igreja Cristã era comumente um pequeno grupo de crentes que vivam numa grande comunidade pagã. Quase todos eram pessoas pobres, alguns escravos, embora houvesse cristãos nas classes mais altas, especialmente na igreja de Roma. Em toda parte havia muita coisa que distinguia um cristão dos vizinhos pagãos. Eles se tratavam mutuamente por irmãos em Cristo, e realmente agiam como irmãos. Cuidavam desveladamente dos órfãos, dos doentes, das viúvas, dos desamparados. As coletas e a administração dos fundos de caridade constituíram uma das partes maisimportantes da vida dessas igreja primitivas. Dentro das Igreja todas as distinções foram abolidas. Escravos e senhores foram nivelados. As mulheres alcançaram uma posição de honra e de influência que jamais haviam conseguido emqualquer parte. Além disso, a atitude dominante dos cristãos era de contentamento e confiança admiráveis. Regozijavam-se no amor de Deus, o Pai; na comunhão com Cristo redivivo; no perdão dos pecados; na certeza da imortalidade. Assim desconheciam a tristeza e o desespero que oprimiam a vida de muitos que os cercavam. Essas características derivavam parte do seu vigor da constante expectação em que viviam esses discípulos quanto a iminente vinda do Senhor, em glória visível, para estabelecer seu reino triunfante sobre a terra. A predominância dessaesperança na Igreja apostólica nunca deve ser esquecida quando consideramos esse período histórico da Igreja.

Capítulo II - A IGREJA APOSTÓLICA30-100 d.C.Desde a Ascensão de Cristoaté o final do século I

A Igreja teve seu início na cidade de Jerusalém. Evidentemente, nos primeiros anos de sua história, as atividades da Igreja limitaram-se àquela cidade e arredores. Em todo o país, especialmente na província setentrional da Galiléia, havia grupos de pessoas que criam em Jesus como o Rei-Messias; no entanto, não chegaram até nós dados ou informações de nenhuma natureza que indiquem a organização nem o reconhecimento de tais grupos como igreja. As sedes gerais da Igreja daquela época eram o Cenáculo, no monte Sião, e o Pórtico de Salomão, no templo.

Seus membrosTodos os membros da Igreja primitiva eram judeus. Tanto quanto podemos perceber, nenhum de seus membros, bem como nenhum dos integrantes da companhia apostólica, a princípio podia crer que os gentios fossem admitidos comomembros da Igreja. Quando muito, admitiam que o mundo gentio se tornaria judeu, para depois aceitar a Cristo.Os judeus da época dividiam-se em três classes: os hebreus, os judeus gregos ou helenistas, e os prosélitos, e as três estavam representadas na igreja de Jerusalém.

Seus líderesA leitura dos seis primeiros capítulos do livros de Atos dá a entender que durante esse período o apóstolo Pedro era o líder da Igreja. Em todas as ocasiões, era Pedro quem tomava a iniciativa de pregar, de operar milagres e defender

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a igreja nascente. Isso não significa que Pedro fosse papa ou dirigente oficial nomeado por Deus. Tudo acontecia como resultado da prontidão de Pero em decidir, de sua facilidade de expressão e de seu espírito de liderança. Contudo, ao lado de Pedro, o homem prático, encontramos João, o homem contemplativo e espiritual, que raramente falava,mas que desfrutava de grande estima por parte dos crentes.

Seu governoNuma igreja comparativamente pequena em número, todos da mesma raça, todos obedientes à vontade do Senhor, todos na comunhão do Espírito de Deus, pouco governo humano era necessário. Esse governo era administrado pelos Doze, os quais atuavam como um só corpo, sendo Pedro apenas o porta-voz. Uma frase que se lê em At 5.13 indica o alto conceito em que eram tidos os apóstolos, tanto crentes como pelo povo.

Suas doutrinasNo início, a teologia da Igreja era simples. A doutrina sistemática foi desenvolvida mais tarde por meio de Paulo. Entretanto, pode-se encontrar nos sermões de Pedro três pontos doutrinários considerados essenciais. O primeiro ponto, o maior, era o caráter messiânico de Jesus, isto é, que Jesus de Nazaré era o Messias, o Cristo durantetanto tempo esperado por Israel, que agora reinava invisível do céu e ao qual todos os membros da Igreja deveriam demonstrar lealdade pessoal, reverência e obediência.Outra doutrina essencial era a ressurreição de Jesus. Em outras palavras, que Jesus fora crucificado, ressuscitado dentre os mortos e agora estava vivo, como cabeça da Igreja, para nunca mais morrer.A terceira das doutrinas cardinais, contidas nos discursos de Pedro, era a segunda vinda de Jesus, Mt 24.36; 1 Ts 4.15-17. Isto é, o mesmo Jesus foi levado ao céu no tempo determinado voltaria à terra, par reinar com sua Igreja. Apesar de Jesushaver declarado aos discípulos que nenhum homem, nem anjo algum, nem o próprio Filho, sabia quando se daria a sua segunda vinda, era geral a expectação de que esta poderia ocorrer em pouco tempo, até mesmo naquela geração.

A ) O crescimento da Igrejada ascensão de Cristo, 30 d.C.à pregação de Estevão, 35 d.C.E a multidão dos que criam no Senhor,tanto homens como mulheres,crescia cada vez mais.- At 5.14E crescia a palavra de Deus,e em Jerusalém se multiplicava muitoo número dos discípulos, e grande parte dossacerdotes obedecia à fé. - At 6.7

A arma usada pela igreja, através da qual a igreja crescia demasiadamente, era o testemunho de seus membros. Enquanto aumentava o número de membros aumenta o número de testemunhas, pois cada membro era um mensageiro de Cristo. De acordo com At 2.41-47, os motivos desse crescimento foram:- Perseveravam na doutrina dos apóstolos- Perseveravam na comunhão e partir dopão- Perseveravam na oração- Possuíam temor- Muitos sinais e maravilhas se faziam- Muita alegria e sinceridadeA Igreja primitiva era uma igreja poderosa na fé e no testemunho, pura em seu caráter, e abundante no amor. Entretanto, o seu defeito era a falta de zelo missionário. Foi necessário o surgimento de severa perseguição, para que sedecidisse a ir a outras regiões.

B ) A expansão da Igreja

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Essa época da história da Igreja, apesar de curta – com apenas quinze anos - , é de grande importância. Nessa época, decidiu-se a importantíssima questão: se o cristianismo deveria continuar como uma obscura seita judaica, ou sedeveria transformar-se em igreja cujas portas permanecessem para sempre abertas a todo mundo.Quando se iniciou este período, a proclamação do evangelho estava limitada à cidade de Jerusalém e às aldeias próximas; os membros da igreja eram todos israelitas por nascimento ou por adoção. Quando terminou, a Igreja já se haviaestabelecido na Síria, na Ásia Menor e alcançara a Europa. Além disso, os cristãos, agora não eram exclusivamente de nacionalidade judaica, mas predominavam os gentios. O idioma usado na Palestina era o hebraico ou aramaico; contudo, em outras regiões bem mais povoadas, a língua usada era o grego.

A pregação de Estêvão – At 6.1-4; 6.5; 6.11-14; 7.2-53; 7.57-60.Na igreja de Jerusalém, surgiu uma queixa contra o critério adotado na distribuição de auxílios aos pobres, pois as famílias dos judeus gregos ou helenistas prejudicadas. Os apóstolos convocaram a igreja e propuseram a escolha de uma comissão de sete homens para cuidarem desse serviço. Esse plano foi adotado, e os sete foram escolhidos, figurando em primeiro lugar o nome de Estevão, “homem cheio de fé e do Espírito Santo”. Apesar de haver sido escolhido para um trabalho secular, rapidamente atraiu a atenção de todos como pregador. Da acusação levantada contra ele, quando foi preso pelas autoridades judaicas, e da sua mensagem de defesa, é evidente que Estevão proclamou Jesus Cristo como Salvador não somente para os judeus, mas também para os gentios. Parece que Estevão foi o primeiro membroda Igreja a ter visão do evangelho para o mundo inteiro, e esse ideal levou-o a tornar-se o primeiro mártir cristão.

A perseguição realizada por Saulo, At 7.58; 22.3; 8.3; 26.9-11; 11.19,20; 8.4Entre aqueles que ouviram a defesa de Estêvão, e que se encolerizaram com suas sinceras, mas incompatíveis com a mentalidade judaica daqueles dias, estava um jovem de Tarso, cidade da costa da Ásia Menor, chamado Saulo. Esse jovem de Tarso, cidade da costa da Ásia Menor, chamado Saulo. Esse jovem havia sido educado sob a orientação o famoso mestre Gamaliel, sendo além disso, conhecido e respeitado intérprete da lei judaica. Saulo participou do apedrejamento de Estevão e, logo a seguir, fez-se chefe de terrível e obstinada perseguição contra os discípulos deCristo, prendendo e açoitando homens e mulheres. A igreja de jerusalém dissolveu-se nessa ocasião, e seu membros dispersaram-se por vários lugares. Entretanto, onde quer que chegassem, a Samaria ou a damasco, ou mesmo à longínqua Antioquia da Síria, eles se constituam em regadores do evangelho e organizavam igrejas. Dessa forma, oódio feroz de Saulo era um fator favorável à propagação do evangelho e da igreja.

Filipe em Samaria, At 6.5; 8.5-13; 8.14-17; 8.40Na lista dos sete nomes escolhidos para administrarem a distribuição das doações aos pobres, além de Estêvão, encontramos também a Filipe, um dos doze apóstolos. Depois da morte de Estevão, Filipe refugiu-se entre os samaritanos, um povo miscigenado, que não era judeu nem gentio, e por isso mesmo desprezado pelos judeus. O fatosignificativo de Filipe começar a pregar o evangelho aos samaritanos demonstra que ele se havia libertado do preconceito dos judeus. Filipe estabeleceu uma igreja em Samaria, a qual foi reconhecida pelos apóstolos Pedro e João. Foi essa a primeira igreja estabelecida fora dos círculos judaicos; contudo, não era exatamente uma igreja composta de membros genuinamente gentios. Mais tarde encontramos Filipe pregando e organizando igrejas nas cidades costeiras de Gaza, Jope e Cesaréia. Embora fossem considerada cidades gentias, todas possuíam densa população judaica.Nessas cidades, forçosamente, o evangelho teria de entrar em contato com o mundo pagão.

Pedro em Jope e Cesaréia, At 9.32-43; 10.9-16; 10.17-48Numa de suas viagens relacionadas com a inspeção da Igreja, Pedro chegou a Jope, cidade situada no litoral. Ali, Tabita, ou Dorcas, foi ressuscitada. Nessa cidade, Pedro permaneceu algum tempo em companhia de outro Simão, o curtidor. O fato de Pedro, sendo judeu, permanecer em companhia de um curtidor significa que ele se libertara das restritas regras dos costumes judaicos, pois todos os que tinham ofício de curtidor

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eram considerados “imundos” pela lei cerimonial. Foi em Jope que Pedro teve a visão do que parecia ser um grande lençol que descia, no qual havia todo tipo de animais, e foi-lhe dirigida uma voz que dizia: “ Não chame impuro ao que Deus purificou”. Nessa ocasião, chegaram a Jope mensageiros vindos de Cesaréia, que fica acerca de 48 quilômetros ao norte, e pediam a Pedro que fosse instruir Cornélio, um oficial romano temente a Deus.Pedro foi a Cesaréia sob a direção do Espírito, pregou o evangelho a Cornélio, e aos que estavam em sua casa e os recebeu na Igreja mediante o batismo. O Espírito de Deus, derramado como no dia de Pentecoste, testificou sua aprovação divina. Dessa forma, foi divinamente sancionada a pregação do evangelho aos gentios e sua aceitação na Igreja.

A conversão de Saulo, At 9.1-22Nessa época, possivelmente um pouco antes de Pedro haver visitado Cesaréia, Saulo, o perseguidor, foi surpreendido no caminho de Damasco por uma visão de Jesus ressuscitado. Saulo, que fora o mais temido perseguidor do evangelho, converteu-se em seu mais ardoroso defensor. Sua oposição fora dirigida especialmente contra a doutrina que eliminava a barreira entre judeus e gentios. Entretanto, quando se converteu, Saulo adotou imediatamente os mesmos conceitosde Estevão e tornou-se ainda maior que este na ação de fazer prosperar o movimento de uma igreja universal, cuja portas estivessem abertas a todos os homens quer que fosse judeus, fossem gentios. Em toda a história do cristianismo, nenhuma conversão a Cristo trouxe resultados tão importantes e fecundos pra o mundo inteiro como a conversão de Saulo, o perseguidor, e, mais tarde, o apóstolo Paulo.

A igreja em Antioquia, At 11.19-29; 11.22,23; 9.26,27; 11.25,26; 26.28; 1 Pe 4.16; At 11.27,30; 13.1Na perseguição iniciada com a morte de Estevão, como já foi dito, a Igreja em Jerusalém dispersou-se por toda parte. Alguns de seus membros fugiram para damasco; outros foram para a Antioquia da Síria, distante cerca de 480km. EmAntioquia, os fugitivos freqüentavam as sinagogas judaicas e davam testemunho de Jesus como o Messias. Em todas as sinagogas havia um local separado para os adoradores gentios; muitos deles ouviram o evangelho em Antioquia e aceitaram a fé em Cristo. Dessa forma, floresceu uma igreja em Antioquia, na qual judeus e gentios adoravam juntamente e desfrutavam o mesmo privilégio.Quando as notícias desses fatos chegaram a Jerusalém, a igreja igreja ficou alarmada e enviou um representante para examinar as relações dos judeus com os gentios. Felizmente, e para o bem de todos, a escolha do representante recaiu sobre Barnabé, homem de idéias liberais, coração aberto e generoso. Barnabé foi a Antioquia, observou as condições e, em lugar de condenar a igreja local por sua liberalidade, alegrou-se com essa circunstância, endossou a atitude dos crentes dali e permaneceu em Antioquia, a fim de participar daquele movimento. Anteriormente, Barnabé viajou para Tarso, acerca de 160 km de distância, trouxe Paulo com ele para Antioquia e o fez seu companheiro na obra da evangelização. A igreja em Antioquia, com esses esforços, elevou-se a tal proeminência que ali, pela primeira vez osseguidores de Cristo foram chamados “cristãos”, nome dado não pelos judeus mas pelos gregos, e somente três vezes mencionado no Novo Testamento. Os discípulos de Antioquia enviaram auxílio aos crentes pobres da Judéia, no tempo da fome, e seus líderes foram figuras de destaque na igreja primitiva.

A primeira viagem missionária, At 13 e 14Até então, os membros gentios da igreja eram somente aqueles que espontaneamente a procuravam. Daí em diante, sob a direção do Espírito Santo e de acordo com os anciãos, os dois líderes de maior destaque na igreja de Antioquiaforam enviados em missão evangelizadora a outras terras, pregando tanto para judeus como para gentios. Na história da primeira viagem missionária, nota-se certas características que se tornaram típicas em todas as viagens posteriores dePaulo. Essa viagem foi realizada por dois missionários. Inicialmente menciona-se “Barnabé e Saulo”, depois “Paulo e Barnabé”, e finalmente Paulo e seus companheiros, apontando Paulo como líder espiritual. Em relação à mudança do nome de Saulo, pode-se explicar da seguinte forma: era comum naqueles dias um judeu usar dois nomes; um entre os israelitas e outros entre os gentios. Os dois missionários levaram como auxiliar um homem mais jovem chamado João Marcos, o qual os abandonou em meio à viagem. Eles acolheram como principal campo de trabalho as grandes cidades, visitando Salamina e Pafos, na ilha de Chipre; Antioquia e Icônio, na Pisídia; Listra e Derbe, na Licaônia.

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Sempre que lhes era posível, iniciavam o trabalho de evangelização pregando nas sinagogas, pois nelas todos os judeus tinham o direito de falar; tratando-se de um metre reputado como era Paulo, que havia cursado a famosa escola de Gamaliel, era sempre bem recebido. Além disso, por meio das sinagogas, não só anunciavam o evangelho aos judeus, mas também aos gentios tementes ao Deus de Israel. Em Derbe, a última cidade visitada, estavam bem próximo de Antioquia, onde haviam iniciado a viagem. Em lugar de passarem pelas portas da Cilícia e regressarem a Antioquia,tomaram a direção oeste e voltaram pelo caminho que haviam percorrido, visitando novamente as igrejas que organizaram em sua primeira viagem e nomeando anciãos, de acordo com o costume usado nas sinagogas. Em todas as viagens que o apóstolo Paulo fez mais tarte, o mesmo método de trabalho foi posto em prática.

O Concílio de Jerusalém, c. 48,(At 15)Em todas as sociedades ou comunidades organizadas, há sempre duas classes de pessoas: os conservadores, olhando para o passado, e os progressistas, olhando para o futuro. Assim aconteceu naqueles dias. Os elementos ultrajudeus da igreja sustentavam que não podia haver salvação fora de Israel. Por essa, diziam, todos os discípulos gentios deveriam ser circuncidados e observar a lei judaica.Entretanto, os mestres progressistas, encabeçados por Paulo e Barnabé, declaravam que o evangelho era para os judeus e para os gentios, sobre a mesma base da fé em Cristo, sem levar em conta as leis judaicas. Surgiu, então, entre essesdois grupos uma controvérsia que ameaçou dividir a Igreja. Finalmente, realizou-se um concílio em Jerusalém para resolver o problema das condições dos membros gentios e estabelecer regras para a Igreja no futuro.Convém registrar que nesse concílio estiveram representados não somente os apóstolos, mas também os anciãos e toda a Igreja. Paulo e Barnabé, Pedro e Tiago irmão do Senhor, participaram dos debates. Chegou-se então, a esta conclusão: a lei alcançava somente os judeus, e não os gentios crente em Cristo. Com essa resolução, completou-se o período de transição de uma Igreja cristã judaica para um Igreja de todas as raças e nações. O evangelho podia, agora, avançar em sua constante expansão.

C ) A Igreja entre os gentiosDo concílio de Jerusalém, c. 48ao martírio de Paulo, 68Por decisão do concílio realizado em Jerusalém, a Igreja ficou com liberdade para iniciar uma obra de maior vulto, destinada a levar todas as pessoas, de todas as raças e de todas as nações ao reino de Jesus Cristo. Supunha-se que os judeus, membros da igreja, continuassem observando a lei judaica, muito embora as regras fossem interpretadas de forma ampla por alguns líderes, com Paulo. Contudo, os gentios podiam pertencer à grei cristã mediante a fé em Cristo e uma vida justa, sem se submeterem às exigências da lei.

AutoridadesPara se tomar conhecimento do que ocorreu durante os vinte anos seguintes aos Concílio de Jerusalém, depende-se do livro de Atos, das epístolas paulinas e, talvez, do primeiro versículo da primeira epístola de Pedro, que possivelmente se refere a países talvez visitados por ele. A essas fontes de informações, podem-se acrescentar algumas tradições do período imediato à era apostólica, que parecem ser autênticas.

Campo e membrosO campo de atividades da Igreja alcançava todo o império Romano, que incluía todas as províncias nas margens do mar Mediterrâneo e alguns países além de suas fronteiras, especialmente a leste. Nessa época, o número de membros de origem gentia continuava a crescer dentro da comunidade, enquanto o de judeus diminuía. À medida que o evangelho ganhava adeptos no mundo pagão, os judeus afastavam-se dele, e crescia cada vez mais o seu ódio contra o cristianismo. Em quase todos os lugares onde se manifestaram perseguições contra os cristãos, nesse período elas eram instigadas pelos judeus.

Líderes: Paulo, Pedro e Tiago, Gl 2.9; Mc 6.3, Gl 1.19, At 15.13-21Durante aqueles anos, três líderes destacaram-se na Igreja. O mais conhecido foi Paulo, o viajante incansável, o evangelista indômito, o implantador de igrejas e o eminente teólogo. Depois de Paulo, aparece Pedro, cujo nome apenas consta dos registros, embora tenha sido reconhecido por Paulo como uma das

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“colunas”. A tradição diz que Pedro esteve algum tempo em Roma., dirigiu a igreja nessa cidade e, por fim, morreu como marte no ano 67. O terceirodos grandes nomes dessa época foi Tiago, irmão mais moço do Senhor e líder da igreja de Jerusalém. Tiago era fiel conservador os costumes judaicos. Era reconhecido como líder dos judeus cristãos; todavia, não se opunha a que o evangelho fosse pregado aos gentios. A epístola de Tiago foi escrita por ele. Tiago foi morto no templo, por volta doano 62. Assim, todos os três líderes do período, dentre muitos outros menos proeminentes, perderam a vida como mártires da fé que abraçaram.

Viagens missionárias de PauloO registro desse período, conforme os 13 últimos capítulos Atos, refere-se somente às atividades do Apóstolo Paulo. Entretanto, nesse período outros missionários dever tem estado em atividade, pois logo após o fim dessa época sãomencionados nomes de igrejas que Paulo jamais visitou.

Primeira perseguição imperial (Nero), 65-68 d.C.A última geração do primeiro século, a que vai do ano 60 ao 100 AD, chamamos de "Era Sombria", em razão de as trevas da perseguição estarem sobre a igreja, e a falha de muitas informações sobre este período.

Perseguição sob NeroNero chegou ao poder em 54, todos os que se opunham à sua vontade, ou morriam ou recebiam ordens de se suicidar.Assim estavam as coisas quando em 64 AD aconteceu o incêndio em Roma. Diz-se que foi Nero, quem ateou fogo à cidade, Contudo essa acusação ainda é discutível. Entretanto a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. Afim de escapar dessa responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados do incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda perseguição. O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos lugares por mais três dias.- Milhares de cristãos foram torturados e mortos.- Muitos serviram de iluminação para a cidade, amarrados em postes e ateado fogo.- Muito foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães.- Nesta época morreram :- Pedro - Crucificado em 67- Paulo - Decapitado em 68- Tiago - Apedrejado depois de ser jogado do alto do temploAlém de matá-los fê-los servir de diversão para o público.

A Perseguição sob DomicianoNo ano 81 Domiciano sucedeu ao imperador Tito que invadira destruíra Jerusalém no ano 70. Com a destruição de Jerusalém Domiciano ordenou que todos os judeus deviam enviar à Roma as ofertas anuais, que eram enviadas a Jerusalém, estes, por sua vez não obedeceram, o que desencadeou a segunda perseguição, não somente aos judeus mas também aos cristãos. Durante esses dias milhares de cristão foram mortos, especialmente em Roma e em toda a Itália. Nesta época o apóstolo João, que vivia em Éfeso, foi preso e exilado na ilha de Patmos, foi quando recebeu a revelação do Apocalipse.

Capítulo III - AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS(100 - 313 d.C)Este período vai da morte do Apóstolo João até o Edito de Constantino

O fato de maior destaque na História da Igreja neste período foi, sem dúvida, as perseguições realizadas pelos Imperadores Romanos. Apesar de a perseguição não ter sido contínua, repetia-se por vezes, durante anos seguidos. Mesmo quando havia paz, a perseguição podia começar a qualquer momento, e cada vez mais violenta. A perseguição no século IV durou até o ano 313, quando o Edito de Constantino, o primeiro Imperador cristão, fez cessar todos os

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propósitos de destruir a Igreja. Surpreendente é o fato de se constatar que, durante esse período, alguns dos melhores imperadores foram mais ativos na perseguição ao cristianismo, ao passo que os considerados piores imperadores eram brandos na oposição ou então, não perseguiam o cristianismo.Antes de apresentar a história, investiguemos alguns dos motivos que forçaram um, governo, de um modo geral, justo e que procurava o bem-estar de seus cidadãos, a tentar durante duzentos anos suprimir uma instituição tão reta, tão obediente à lei e tão necessária, como era o cristianismo. Podem-se apresentar várias causas para justificar o ódio dos imperadores ao cristianismo.

Os Motivos das perseguições1. O Caráter inclusivo do paganismo e o caráter exclusivo do cristianismo

O paganismo, em suas práticas, aceitava novas formas e objetos de adoração que iam surgindo, enquanto o cristianismo rejeitava qualquer forma ou objetos de adoração. Onde os deuses já se contavam aos centos, talvez aos milhares, mais um ou menos um não representava diferença. Quando os habitantes de uma cidade desejavam desenvolver o comércio ou a imigração, construíam templos aos deuses que adoravam em outros países ou cidades, a fim de que os habitantesdesses países ou cidades fossem adorá-los. É por essa razão que nas ruínas da cidade de Pompéia, Itália, encontra-se um templo a Ísis, uma deusa egípcia. Esse templo foi edificado para fomentar o comércio de Pompéia com o Egito, fazendo os comerciantes egípcios se sentirem como em seu próprio país. Por outro lado, o cristianismo opunha-se a qualquer forma de adoração, pois somente admitia adoração ao verdadeiro Deus.Um imperador desejou pôr em Roma uma estátua de Cristo no Panteão, um edifício que existe em Roma até hoje, e no qual eram postos todos os deuses importantes. Os cristãos, porém, recusaram a oferta com desprezo. Não desejavam que o seu Cristo fosse meramente conhecido como um deus qualquer entre outros deuses.

2. A adoração aos ídolos entrelaçada com a vidaAdoração aos ídolos estava entrelaçada com todos os aspectos da vida. As imagens eram encontradas em todos os lares para serem adoradas. Em todas as festividades, eram oferecidas libações aos deuses. As imagens eram adoradas emtodas as cerimônias cívicas ou províncias. Os cristãos, é claro, não participavam dessas formas de adoração. Por essa razão, o povo não dado a pensar considerava-os insociáveis, taciturnos, ateus e aborrecedores de seus companheiros. Com reputação tão desfavorável por parte do povo em geral, apenas um passo os separava da perseguição.

3. A adoração ao imperador (2 Ts 2.3,4; At 17.7)A adoração ao imperador era considerada prova de lealdade. Nos lugares mais visíveis de cadacidade, havia uma estátua do imperador reinante.A essa imagem, era oferecida incenso, como seoferecia aos deuses. Parece que numa das primeirasepístolas de Paulo há uma referência cautelosacontra essa forma de idolatria. Os cristãosrecusavam-se a prestar tal adoração, mesmo umsimples oferecimento de incenso sobre o altar. Pelofato de cantarem hinos e louvores e adorarem a“outro Rei, um tal Jesus”, eram considerados, pelopovo, desleais e conspiradores de uma revolução.4. O reconhecimento do judaísmoA primeira geração dos cristãos era tida comorelacionada com os judeus, e o judaísmo erareconhecido pelo governo como religião permitida,apesar de os judeus viverem separados doscostumes idólatras e não comerem alimentosusados nas festas dos ídolos. Essa suposta relaçãopreservou os cristãos por algum tempo da

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perseguição. Entretanto, após a destruição deJerusalém, no ano 70, o cristianismo ficou isolado,sem nenhuma lei que protegesse seguidores doódio dos inimigos.5. As reuniões secretas dos cristãosAs reuniões secretas doscristãos despertaram suspeitas.Eles se reuniam antes do nascerdo sol, ou então à noite, quasesempre em cavernas ou nascatacumbas subterrâneas. A esse respeito,circulavam falsos rumores de que entre elespraticavam-se atos imorais e criminosos. Alémdisso, o governo autocrático do império suspeitavade todos os cultos e sociedades secretas, temendopropósito s desleais. A celebração da ceia doSenhor, da qual eram excluídos os estranhos, era,repetidas vezes, causa de acusações e deperseguições.6. A igualdade na Igreja cristãO cristianismo considerava todos os homensiguais. Não havia nenhuma distinção entre seusmembros, nem em suas reuniões. Um escravopodia ser eleito bispo na Igreja. Tudo isso eramcoisas inaceitáveis para a mentalidade dos nobres,para os filósofos e para as classes governamentais.Os cristãos eram considerados “niveladores dasociedade”, portanto anarquistas, perturbadores daordem social. Por isso, eram tidos na conta deinimigos do Estado.7. Os interesses econômicosNão raro, os interesses econômicos tambémprovocavam e excitavam o espírito de perseguição.Da mesma forma que o apóstolo Paulo, em Éfeso,esteve em perigo de morte em razão de um motimincitado por Demétrio, o ourives, muitas vezes osgovernantes eram influenciados a perseguir oscristãos por pessoas cujos interesses financeiroseram prejudicados pelo avanço da Igreja:sacerdotes e demais servidores dos templos pagãos,os que negociavam com imagens, os escultores, osarquitetos que construíam templos e todos os queganhavam a vida por meio da adoração pagã. Nãoera coisa rara ouvir-se o populacho gritar “oscristãos às feras, aos leões!”, quando seus negóciose sua arte estavam em perigo ou quandofuncionários públicos ambiciosos desejavamapoderar-se das propriedades de cristãos ricos.Os PerseguidoresImperador Trajano 98 a 117 AD - Estabeleceu aLei, que sendo cristão acusado de qualquer coisa enão negar fé, será castigado, não tendo acusaçãoestão livres. Mandava crucificar e lançar às feras.Imperador Adriano 117 a 138 AD - Morreu emagonia, gritando, " Quão desgraçado é procurar a

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morte e não encontrar ".Imperador Marco Aurélio 161 a 180 AD - Mandavadecapitar e lançar às feras. Apesar de possuir boasqualidades como homem e governante justo,contudo foi acérrimo perseguidor dos cristãos.Opunha-se, pois, aos cristãos por considerá-losinovadores. Milhares foram decapitados edevorados pelas feras na arena. Os Imperadoresacima mencionados, foram considerados como os "bons imperadores ", nenhum cristão podia podia serpreso sem culpa definida e comprovada. Contudo,quando se comprovava acusações e os cristãos serecusavam a retratar-se, os governantes eramobrigados, a por em vigor a lei e ordenar aexecução.Imperador Severo 193 a 211 AD - Mandavadecapitar e lançar às feras. Iniciou uma terrívelperseguição que durou até à sua morte em 211 AD.Possuía uma natureza mórbida e melancólica; eramuito rigoroso na execução da disciplina. Tão cruelfora o espírito do imperador, que foi consideradopor muitos como o anticristo.Imperador Décio 249 a 251 AD - Décio observavacom inveja o poder crescente dos cristãos, edeterminou reprimi-lo. Via as igrejas cheiasenquanto os templos pagãos desertos. Porconseqüência, mandou que os cristãos tinham quese apresentar ao Imperador para comunicar ereligião. Quem renunciava recebia um certificado,que não renunciava era considerado criminoso econduzidos às prisões e sujeitos às mais horrorosastorturas.Imperador Diocleciano 305 a 310 - A última, amais sistemática e a mais terrível de todas asperseguições deu-se neste governo. Em uma sériede editos determinou-se que :a) Todos os exemplares da Bíblia fossemqueimados.b) Todos os templos construídos em todoo império durante meio século, fossemdestruídos.c) Todos os pertencentes as ordensclericais fossem presos.d) Ninguém seria solto sem negar oCristianismo.e) Pena de morte para quem não adorasseaos deuses. Prendiam os cristãosdentro dos templos e depois ateavafogo. Consta que o imperador erigiuum monumento com esta inscrição"Em honra ao extermínio dasuperstição cristã ".Os Principais MártiresInácio - Provável discípulo de João, bispo emAntioquia, foi condenado no ano 107 AD por não

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adorar a outros deuses. Foi morto como mártir,lançado para as feras no anfiteatro romano, no ano108 ou 110 enquanto o povo festejava. Ele estavadisposto a ser martirizado, pois durante a viagempara Roma escreveu cartas às igrejas manifestandoo desejo de não perder a honra de morrer por seuSenhorPolicarpo - Bispo em Esmirna, na Ásia Menor,morreu no ano 155. Ao ser levado perante ogovernador, e instado para abandonar a fé e negaro nome de Jesus, assim respondeu: " Oitenta e seisanos o servi, e somente bens recebi durante todo otempo, Como poderia eu agora negar ao meuSalvador ? Policarpo foi queimado vivo.Justino Mártir - Era um dos homens maiscompetente de sue tempo, e um dos principaisdefensores da fé. Seus livros, que ainda existem,oferecem valiosas informações acerca da vida daigreja nos meados do segundo século. Seu martíriodeu-se em Roma, no ano 166.Os Efeitos Produzidos pelas PerseguiçõesAs perseguições produziram uma igrejapura pois conservava afastados todos aqueles quenão eram sinceros em sua confissão de fé. Ninguémse unia à igreja para obter lucros ou popularidade.Somente aqueles que estavam dispostos a ser fiéisaté a morte, se tornavam publicamente seguidoresde Cristo.A Igreja multiplicava-se. Apesar dasperseguições ou talvez por causa delas, a igrejacrescia com rapidez assombrosa. Ao findar-se operíodo de perseguição, a igreja erasuficientemente numerosa para constituir ainstituição mais poderosa do império.Apesar de considerarmos as perseguições ofato mais importante da História da Igreja, nosegundo e terceiro séculos, contudo, fatosinteressantes aconteceram neste período quedevem ser observados. Vejamos :Formação do Cânon do Novo TestamentoOs escritos do Novo Testamento foramconcluídos pouco depois do início do século II.Entretanto, a formação do Novo Testamento comos livros que o compõem, como cânon ou regra defé com autoridade divina, não foi imediata. Nemtodos os livros eram aceitos em todas igrejas comoescritos inspirados. Alguns deles, especialmenteHebreus, Tiago, a segunda epístola de Pedro e oApocalipse, eram aceitos no Oriente, emboratenham sido recusados durante muito tempo noOcidente. Por outro lado, alguns livros que hojenão são aceitos como canônicos eram lidos noOriente. Entre esses livros, estão os seguintes:Epístola de Barnabé, Pastor de Hermas, Didaqué [ouEnsino dos Doze Apóstolos] e o Apocalipse.

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Gradual e lentamente, os livros dos NovoTestamento, da forma como hoje usamos,conquistaram a proeminência de Escriturasinspiradas, ao passo que os outros livros foramgradualmente postos de lado e rejeitados pelasigrejas. Os concílios que realizavam de quando emquando não escolheram os livros para formar ocânon. Apenas ratificaram a escolha já feita pelasigrejas. Não é possível determinar a data exata doreconhecimento completo do Novo Testamento, talcom usamos atualmente, mas sabe-se que nãoaconteceu antes do ano 300. Qualquer pessoa queleia um Novo Testamento apócrifo e o comparecom o conteúdo do Novo Testamento canôniconotará imediatamente a razão por que tais livrosforam recusados e não reconhecidos comocanônicos.Desenvolvimento da organização eclesiásticaEm quanto viveram os primeiros apóstolos,a reverência geral a eles, como companheirosescolhidos por Cristo, primeiros líderes espirituaisda Igreja e homens dotados de inspiração divina,dava-lhes o lugar indiscutível de dirigentes daIgreja, até onde era necessário governá-la.Quando Lucas escreveu o livro de Atos, ePaulo, as epístolas aos Filipenses e a Timóteo, ostítulos “bispo” e “ancião” (presbítero) eram dadoslivremente àqueles que serviam às igrejas.Entretanto, sessenta anos depois, isto é, por voltado ano 125, nota-se que os bispos governavam asigrejas em toda parte, e cada um mandava em suaprópria diocese, tendo presbíteros e diáconos sobsuas ordens.O concílio de Jerusalém, por volta do ano50, era composto de “apóstolos e anciãos”, queexpressavam a voz de toda a Igreja, tanto dosministros (se é que existiam, o que duvidoso) comode todos os leigos. Entretanto, durante o períododa perseguição, seguramente depois do ano 150, osconcílios eram celebrados e as leis ditadas apenaspelos bispos.A forma episcopal de governo dominava noâmbito universal. A história de então não explica ascausas que conduziram a essa mudança deorganização; contudo não e difícil de descobri-las.Causas da mudança1. Perda de autoridade apostólicaA perda de autoridade apostólicacontribuiu para que fossem realizadas eleições denovos líderes. Os primeiros líderes da Igreja, Pedro,Paulo, Tiago, o irmão do Senhor, e João, o últimodos apóstolos, haviam morrido sem deixar homensiguais a eles, com a mesma capacidade quepossuíam. Depois da morte dos apóstolos Pedro ePaulo, num período de cerca de cinquenta anos, a

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história da Igreja tem suas páginas em branco. Asrealizações de homens como Timóteo, Tito e Apolosão desconhecidas. Entretanto, na geraçãoseguinte, surgem novos nomes como bispos comautoridade sobre várias dioceses.2. Crescimento da IgrejaO crescimento e a amplitude da Igreja foi acausa da organização e da disciplina. Enquanto asigrejas estavam dentro dos limites que tornavampossível receber a visita dos apóstolos, poucasautoridades eram necessárias. Contudo, quando aIgreja se expandiu para além dos limites do ImpérioRomano, chegando até as fronteiras da Índia,abarcando muitas nações e raças, então se julgounecessária a autoridade de um dirigente para suasdiferentes visões.3. PerseguiçõesA perseguição – um perigo comum –aproximou as igrejas uma das outras e exerceuinfluência para que ela se unissem e seorganizassem. Quando os poderes do Estado selevantavam contra a Igreja, sentia-se, então, anecessidade de uma liderança eficiente. Apareciam,pois, os líderes para a ocasião. Essa situação durousete gerações e fez a forma de governo seestabelecer em caráter definitivo.4. Seitas e heresiasA aparição de seitas e heresias na Igrejaimpôs, também, necessidade de se estabeleceremalguns artigos de fé e, com eles, algumasautoridades para executá-los. Note-se como ascontrovérsias sobre elas suscitaram o imperativodisciplinar para se impor aos hereges e manter aunidade da fé.5. Analogia com o impérioAo inquirir-se por que foi adotada essaforma de governo, isto é, um governo hierárquico,em lugar de um governo exercido por umministério em condições de igualdade, descobre-seque, por analogia, o sistema de governo imperialserviu de modelo usado no desenvolvimento daIgreja. O cristianismo não teve início numarepública em que os cidadãos escolhiam osgovernantes, mas surgiu num império governadocom autoritarismo. Por essa razão, quando se feznecessário algum governo para a Igreja surgiu aforma autocrática, isto é, o governo de bispos, aosquais as comunidades cristãs se submetiam, porestarem acostumadas à mesma forma de governodo estado. Convém notar que, durante todo operíodo que foi considerado até agora, nenhumbispo reclamou para si a autoridade de bispouniversal – autoridade sobre outros bispos - comomais tarde o fez o bispo de Roma.

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Capítulo IV - O desenvolvimento da doutrina

Outra característica que distingue esseperíodo é sem dúvida, o desenvolvimento dadoutrina. Na era apostólica a fé era do coração,uma entrega pessoal a vontade de Cristo.Entretanto no período que agora focalizamos, a fégradativamente passara a ser mental, era uma fé dointelecto, fé que acreditava em um sistema rigorosoe inflexível de doutrinas. O credo Apostólico, amais antiga e mais simples declaração da crençacristã, foi escrito durante esse período.Nesta época surgiram três escolasteológicas. Uma em Alexandria, outra na ÁsiaMenor e outra na África. Essas escolas foramestabelecidas para instruir aqueles que descendiamde famílias pagãs e que haviam aceitado a fé cristã.Entretanto, não tardou que tais escolas setransformassem em centros de investigação dasdoutrinas da Igreja. Grandes mestres ensinavamnestas escolas.1. Escola de Alexandria – Panteno, Clemente eOrígenesA Escola de Alexandria foi fundada no ano180 por Panteno, que fora filósofo na escola dosestóicos; como cristão, porém era fervoroso emespírito e eloquente no ensino oral. Apenas algunsfragmentos de seus ensinos sobrevivem. Pantenofoi sucedido por Clemente de Alexandria (queviveu em, aproximadamente, 150-215), e vários deseus livros (a maioria defendendo o cristianismocontra o paganismo) ainda existem. Entretanto, omaior vulto da escola de Alexandria, o expositormais competente desse período, foi Orígenes (185-254), que ensinou e escreveu sobre muitos temas,demonstrando possuir profundo saber e poderintelectual.2. Escola da Ásia Menor – IrineuA escola da Ásia Menor não estavalocalizada em determinado centro, mas consistianum grupo de mestres e escritores de teologia. Seumais expressivo representante foi Irineu, que“combinou o zelo de evangelista com habilidadede escritor consumado”. Nos últimos anos de suavida, mudou-se para a França, onde chegou a serbispo e, por volta do 200, morreu como mártir.3. Escola do norte da África – Tertuliano eCiprianoA escola do norte a África estavaestabelecida na cidade de Cartago. Mediante umelevado número de escritores e teólogoscompetentes, fez mais do que as outras em favor docristianismo, no sentido de dar forma aopensamento teológico da Europa. Os dois nomesde maior expressão que passaram por essa escola

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foram os do brilhante e fervoroso Tertuliano (160-220) e o do mais conservador porém hábil ecompetente bispo Cipriano, o qual morreu comomártir na perseguição de Décio, no ano 258.Os escritos desses eruditos cristãos, e bemassim os de muitos outros que com elestrabalharam e por eles foram inspirados, serviramde inestimável fonte de informações originaisacerca da Igreja, sua vida, suas doutrinas e suasrelações com o mundo pagão que a cercava,durante os séculos de perseguição.O aparecimento de Seitas e HeresiasJuntamente com o desenvolvimento dadoutrina teológica, desenvolviam-se também asseitas, ou como lhes chamavam, as heresias naigreja cristã. Enquanto a Igreja era judaica emvirtude de seus membros, a até mesmo depois,quando era orientada por homens do tipo judeucomo Pedro e até mesmo Paulo, havia apenas umaleve tendência para o pensamento abstrato eespeculativo. Entretanto, quando a Igreja em suamaioria se compunha de gregos, especialmente degregos místicos e instáveis da Ásia Menor,apareceram opiniões e teorias estranhas, de todasorte, as quais se desenvolveram rapidamente ali.Os cristãos dos séculos II e III lutaram nãosó contra as perseguições do mundo pagão, mastambém contra as heresias e doutrinascorrompidas dentro do próprio rebanho. Emseguida, vamos considerar apenas algumas dasmais importantes seitas desse período.1. Os Gnósticos (do grego gnósis, “sabedoria”).Acreditavam que Deus Supremo é espírito absolutoe causa de todo bem, enquanto a matéria écompletamente má criada por um ser inferior que éJeová. O propósito é então escapar deste corpo queaprisiona o espírito. Afim de chegar a libertação, énecessário que venha um mensageiro do reinoespiritual: Cristo. Cristo portanto, não era matéria(corpo físico), possuía somente a natureza divina.2. Os Ebionitas (do hebraico que significa "pobre")eram judeus-cristãos que insistiam na observânciada lei e dos costumes judaicos. Rejeitavam as cartasescritas por Paulo, porque nessas epístolas Pauloreconhecia os gentios convertidos como cristãos.Os ebionitas eram considerados como apostataspelo judeus não cristãos, mas também nãocontavam com a simpatia dos cristãos gentios, osquais, depois do ano 70, constituíam a maioria naIgreja. Os ebionitas foram reduzindo-se,gradualmente, no século II.3. Os Maniqueus, de origem persa, foramchamados por esse nome, em razão de seufundador ter o nome de Mani, o qual foi morto noano de 276, por ordem do governo persa. O ensino

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dos maniqueus dava ênfase a este fato: “O universocompõe-se do reino das trevas e da luz, e amboslutam pelo domínio do homem”. Rejeitavam aJesus, porém criam em um "Cristo celestial". Eramrigorosos quanto à obediência ao ascetismo erenunciavam ao casamento. Os maniqueus foramperseguidos tanto por imperadores pagãos comotambém pelos cristãos. Agostinho, o maior teólogoda Igreja, era adepto do maniqueísmo antes de seconverter a Cristo.4. Montanistas. Eram assim chamados por causade Montano, seu fundador, quase não podem serincluídos entre as seitas heréticas, apesar de seusensinos terem sido condenados pela Igreja. Osmontanistas eram puritanos e exigiam que tudovoltasse à simplicidade dos primeiros cristãos. Elescriam no sacerdócio de todos os verdadeiroscrentes, e não nos cargos do ministério.Observavam rígida disciplina na Igreja.Consideravam os dons de profecia um privilégiodos discípulos e possuíam muitos profetas eprofetisas em seus quadros. Tertuliano, um dosprincipais entre os pais da Igreja, aceitou as idéiasdos montanistas e escreveu em favor deles.Acerca dessas seitas, consideradas heresias,a dificuldade em compreendê-las ou julgá-las estáno fato de que (com exceção dos montanistas, e atémesmo estes, até certo ponto) seus escritosdesapareceram. Para formar nossa opinião acercadeles, dependemos exclusivamente daqueles quecontra eles escreveram, e eles foram,provavelmente, prejudicados com isso.Suponhamos, por exemplo, que adenominação metodista desaparecesse, com todosos seus escritos, e que mil anos mais tardeestudiosos procurassem conhecer seus ensinospesquisando os livros e panfletos combatendo JohnWesley, publicados durante o século XVIII. Comoseriam erradas suas conclusões! Que versãodistorcida do metodismo apresentariam!

Situação da Igreja1. Uma Igreja purificadaUm dos efeitos produzidos pelas provaçõespor que passaram os cristãos desse período foi umaIgreja purificada. As perseguições conservavamafastados todos aqueles que não eram sinceros emsua confissão de fé. Ninguém se unia a umacomunidade cristã para obter lucros oupopularidade. Os fracos e os de coração dobreabandonavam a Igreja. Somente os que estavamdisposta a ser fiéis até a morte tornavam-sepublicamente seguidores de Cristo. A perseguiçãocirandou a Igreja, separando o joio do trigo.2. O ensino unificado da Igreja

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De modo geral, nessa época, o ensino daIgreja estava unificado. Tratava-se de umacomunidade de muitos milhões de pessoas,espalhadas em muitos países, incluindo muitasraças e falando vários idiomas. Apesar de tudo isso,tinham a mesma fé. As várias seitas surgiram,floresceram e pouco a pouco despareceram.As controvérsias revelaram a verdade, e atémesmos alguns movimentos heréticos deixaramatrás de si algumas verdades que enriqueceram o“depósito” da Igreja. Apesar da existência de seis ecismas, o cristianismo do Império Romano e dospaíses vizinhos estava unido na doutrina, nacomunhão e no Espírito.3. A organização da IgrejaEra uma Igreja inteiramente organizada. Jádescrevemos o sistema de organização na eraapostólica. No século III, a Igreja á estava divididaem dioceses, controlando com mãos firmes asrédeas de seu governo. A igreja era um exércitodisciplinado, unido, sob uma liderançacompetente. Dentro do império romano,exteriormente organizado, mas interiormente emdecadência, havia outro “império” de vidaabundante e de poder sempre crescente, que era aIgreja Cristã.4. O crescimento da IgrejaA Igreja multiplicava-se. Apesar dasperseguições, ou talvez por causa delas, ocristianismo crescia com rapidez assombrosa. Aofindar o período de perseguição, a Igreja erasuficientemente numerosa para constituir ainstituição mais poderosa do império.Gibbon, historiador dessa época, calculouque os cristãos, ao término da perseguição, erampelo menos a décima parte da população. Muitosescritores aceitaram as declarações de Gibbon.Contudo, faz algum tempo o assunto foicuidadosamente investigado, e a conclusão a queos estudiosos chegaram foi esta: o número demembros da Igreja e seus aderentes chegou a váriosmilhões sob o domínio de Roma. Uma das provasmais evidentes desse fato foi as catacumbas deRoma, túneis subterrâneos de vasta extensão, quedurante dois séculos foram os lugares de refúgio,reunião e sepultamento dos cristãos.As sepulturas dos cristãos nas catacumbas,conforme demonstram as inscrições e símbolossobre elas, de acordo com cálculos de alguns,sobem a milhões. Acrescentem-se a esses milhõesmuitos outros que não foram sepultados nascatacumbas, e teremos, então uma idéia de quãoeleado era o número de cristãos em todo o impérioRomano.

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Capítulo V - A IGREJA IMPERIALDesde o Edito de Constantino, 313 ADaté à queda de Roma em 476 AD.A “vitória” do Cristianismo

No ano 305, quando Diocleciano abdicou otrono imperial, a religião cristã eraterminantemente proibida, e aqueles que aprofessassem eram castigados com torturas emorte. Contra o cristianismo, estavam todos ospoderes do Estado. Entretanto, menos de oitentaanos depois, em 380, o cristianismo foi reconhecidocomo religião oficial do Império Romano, e umimperador cristão exercia autoridade suprema,cercado de uma corte constituída de cristãosprofessos.Dessa forma, passaram os cristãos de ummomento para o outro, das arenas romanas ondetinham de enfrentar os leões, a ocupar lugares dehonra junto ao trono que governava o mundo!1. Constantino, o primeiro imperador cristão,312-337Logo após a abdicação de Diocleciano, noano 305, quatro aspirantes à coroa estavam emguerra. Os dois rivais mais poderosos eramMajêncio e Constantino, cujos exércitos seenfrentaram na ponte Múvia sobre o Tibre, a 16 kmde Rom, no ano 312. Majêncio representava aperseguição aos cristãos, de natureza pagã.Constantino era favorável aos cristãos, apesar denão se confessar como tal.Constantinoafirmou ter vistono céu uma cruzluminosa com osseguintesdizeres: "In hocsigno vinces” poreste sinalvencerás.Constantino ordenou que seus soldadosempregassem para a batalha o símbolo que seconhece como "Labarum", e que consistia nasuperposição de duas letras gregas, X e P.Em batalha travada sobre a ponte Mílvio,Constantino venceu o exercito de Majêncio e estemorreu afogado caindo nas águas do rio. Após estevitoria Constantino fez aliança com Licínio eposteriormente com Maximino os outros doispretendentes a coroa.Pouco tempo depois, em 313, Constantinopromulgou o famoso Edito de Tolerância, queoficialmente pôs fim Às perseguições. Somente noano 323 foi que Constantino alcançou o postosupremo de imperador, e o Cristianismo foi então

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favorecido.

O caráter de Constantino não era perfeito.Apesar de ser considerado justo, de um modo geral,ocasionalmente era cruel e tirano. Dizia-se que “arealidade do seu cristianismo era melhor do que asua qualidade”. Ele retardou o ato de seu batismoaté a vésperas da morte, julgando que o ato dobatismo lavava todos os pecados que cometera,idéia prevalecente entre os cristãos naquela época.Se Constantino não foi um grande cristão, semdúvida foi um grande político, pois teve a idéia deunir-se ao movimento que dominaria o futuro deseu império.2. Bons resultados para a Igreja

* Fim da perseguição* Igrejas restauradas* Fim dos sacrifícios pagãos* Doações às igrejasDe repentina mudança das relações entre oImpério Romano e a Igreja surgiram resultados dealcance mundial. Alguns úteis e outros danosos,tanto para a Igreja como para o Estado. É fácilverificar em que sentido a nova atitude do governobeneficiou a causa do cristianismo.Cessaram, as perseguições. Duranteduzentos anos antes, em nenhum momento oscristãos estiveram livres de perigos, acusações emortes.

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Os templos das Igrejas foram restaurados enovamente abertos em toda parte. No períodoapostólico, celebravam-se reuniões em casasparticulares e em salões alugados. Mais tarde, nosperíodos em que cessavam as perseguições,construíam-se templos para as igrejas. Na últimaperseguição, durante o templo de Diocleciano,alguns desses templos foram destruídos econfiscados pelas autoridades.Todos os templos que ainda existiamquando Constantino subiu ao poder foramrestaurados, e aqueles que tinham sido destruídosforam pagos pelas cidades em que estavamlocalizados. A partir dessa época, os cristãosdesfrutaram de plena liberdade para edificartemplos, que começaram a ser erguidos por todaparte.Esses templos tinham a forma e tomavam onome de “basílica”, ou seja, do salão da corteromana, um retângulo dividido por filas de colunas,tendo na extremidade uma plataforma semicircularcom assentos para os clérigos. O próprioConstantino deu o exemplo mandando construirtemplos em Jerusalém, Belém e na nova capital,Constantinopla. Duas gerações depois, começarama aparecer as imagens nas igrejas. Os primeiroscristãos tinham horror a tudo que pudesseconduzir à idolatria.Nessa época, a adoração pagã era tolerada,embora houvessem cessado os sacrifícios oficiais. Ofato significativo de uma mudança tão rápida eradical em costumes que estavam intimamenteligados a todas as manifestações cívicas e sociaisprova que os costumes pagãos eram então meraformalidade e não expressavam a crença daspessoas inteligentes.Em muitos lugares os templos pagãosforam dedicados ao culto cristão. Esses fatossucediam principalmente nas cidades, enquantonos pequenos lugares a crença e adoração pagãsperduraram durante gerações. A palavra “pagão”originariamente significava “morador do campo”.Mais tarde, porém, passou a significar um idólatra,alguém que não praticava a verdadeira adoração.Em todo o império, os templos dos deusesdo paganismo eram mantidos pelo tesouro público,mas, com, a conversão de Constantino, passaram aser concedido às Igrejas e ao clero cristão. Empequena escala a princípio, mas logo depois demaneira generalizada e de forma liberal, o dinheiropúblico foi enriquecendo as igrejas, e os bispos, osministros e todos os funcionários do culto cristãoeram pagos pelo Estado. Era ima dádiva bemrecebida pela Igreja, porém de benefício duvidoso.Ao clero foram concedidos muitos

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privilégios, nem sempre facultados pela lei doimpério, mas por costume, que pouco depois setransformava em lei. Os deveres cívicosobrigatórios para todos os cidadãos, não se exigiamdos clérigos; estes estavam isentos de pagamentode impostos. Nas causas em que estivessemenvolvidos, os clérigos eram julgados por corteseclesiásticas, e não civis. Os ministros da Igrejalogo formavam uma classe privilegiada, acima dalei do país. Tudo isso foi, também um bemimediato que se transformou em prejuízo tantopara o Estado, como com a Igreja.O primeiro dia da semana (domingo) foiproclamado como dia de descanso e adoração, e aobservância em breve se generalizou em todo oimpério No ano 321, Constantino proibiu ofuncionamento das cortes e tribunais aosdomingos, exceto nos casos de libertação deescravos. Os soldados estavam isentos de exercíciosmilitares aos domingos. Mas os jogos públicoscontinuaram a ser realizados nos domingos, o queo tornava mais um feriado que um dia santo.3. Alguns bons resultado para o EstadoComo se vê, do reconhecimentodo Cristianismo como religião preferidasurgiram alguns bons resultados, tanto para o povocomo para a igreja. O Espírito da nova religião foiincutido em muitas ordens decretadas porConstantino e seus sucessores imediatos.A crucificação foi abolida. Note-se que acrucificação era uma forma comum de castigo paraos criminosos, exceto para os cidadãos romanos, osúnicos que tinham direito a ser decapitados, sefossem condenados à morte. Contudo, a cruz,emblema sagrado para os cristãos, foi adotada porConstantino como distintivo de seu exército e foiproibida como instrumento de morte.O infanticídio foi reprimido. Na história deRoma e suas províncias, era fato comum quequalquer criança que não fosse do agrado do paiera asfixiada ou abandonada para que morresse.Algumas pessoas dedicavam-se a recolher criançasabandonadas; criavam-nas e depois vendiam-nascomo escravos. A influência do cristianismoimprimiu um sentido sagrado à vida humana, atémesmo à das crianças, e fez o infanticídio serbanido do império.Através de toda a história da república e doImpério Romano antes que o Cristianismo chegassea dominar, mais da metade da população eraescrava, sem nenhuma proteção legal. Qualquersenhor podia matar os escravos que possuía, se odesejasse. Durante o domínio de um dos primeirosimperadores, um rico cidadão romano foiassassinado por um de seus escravos. Segundo a lei,

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como castigo, todos os 300 escravos daquelecidadão foram mortos, sem levar em consideraçãoo sexo, a idade, a culpa ou inocência. Entretanto, ainfluência do cristianismo tornou mais humano otratamento dado aos escravos. Foram-lhesoutorgados direitos legais que antes não possuíam.Podiam, de acordo com a lei, acusar seu amo detratamento cruel, e a emancipação foi assimsancionada e fomentada. Dessa forma, as condiçõesdos escravos foram melhoradas, e a escravidão foigradativamente abolida.As lutas de gladiadores foram proibidas.Essa lei posta em vigor na nova capital deConstantino, onde o hipódromo jamais foicontaminado por homens que se matavam uns aosoutros para satisfazer o prazer mórbidos dosespectadores.Contudo, os combates ainda continuaramno anfiteatro romano até o ano 404, quando omonge Telêmaco invadiu a arena e tentou apartaros gladiadores. O monge foi assassinado;entretanto, desde então, cessou a matança dehomens como espetáculo público.4. Alguns maus resultados da vitória cristãApesar de os triunfos do Cristianismohaverem proporcionado boas coisas ao povo,contudo a sua aliança com o Estado,inevitavelmente devia trazer, como de fato trouxe,maus resultados para a igreja. Se o término daperseguição foi uma benção, a oficialização docristianismo como religião do Estado foi, não hádúvida, maldição.As Igrejas eram mantidas pelo Estado eseus ministros privilegiados, não pagavamimpostos, os julgamentos eram especiais.Iniciou-se as perseguições aos pagãos,ocorrendo assim muitas conversões falsas.Todos queriam ser membros da Igreja equase todos eram aceitos. Tanto os bons como osmaus, os que buscavam a Deus e os hipócritasbuscando vantagens, todos se apressavam emingressar na comunhão. Homens mundanos,ambiciosos e sem escrúpulos, todos desejavampostos na Igreja, para, assim obterem influênciasocial e política. O nível moral do cristianismo nopoder era muito mais baixo do que aquele quedistinguia os cristãos nos tempos de perseguição.Os cultos de adoração aumentaram emesplendor, é certo, porém eram menos espirituais emenos sinceros do que no passado. Os costumes eas cerimônias do paganismo foram pouco a poucoinfiltrando-se nos cultos de adoração. Algumas dasantigas festas pagãs foram aceitas na Igreja, porémcom outros nomes. Por volta do ano 405, asimagens dos santos e mártires começaram a

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aparecer nos templos, como objetos de reverência,adoração e culto. A adoração a Vênus e Diana foisubstituída pela adoração a Virgem Maria. Asimagens dos mártires começaram a aparecer nostemplos, como objeto de reverência. A ceia doSenhor tornou-se um “sacrifício” em lugar de umato memorial da morte do Senhor. O “ancião”evoluiu de pregador a sacerdote.Como resultado da ascensão da Igreja aopoder, não se vêem, então, os ideais docristianismo transformando o mundo; o que se vê éo mundo dominando a Igreja. A humildade e asantidade da igreja primitiva foram substituídaspela ambição, pelo orgulho e pela arrogância deseus membros. Na verdade, ainda havia algunscristãos de espírito puro, como Mônica, a mãe deAgostinho, e bem assim ministros fiéis, comoJerônimo e João Crisóstomo. Entretanto, a onda demundanismo avançou e venceu muitos que sediziam discípulos do humilde Senhor.Se tivesse sido permitido ao cristianismodesenvolver-se normalmente sem o controle doEstado, e se o Estado se tivesse mantido livre daditadura da Igreja, ambos teriam sido mais felizes.No entanto, a Igreja e o Estado tornaram-se uma sóentidade quando o cristianismo foi adotado comoreligião do império, e dessa união não naturalsurgiram males sem conta nas províncias orientaise ocidentais. No Oriente, o Estado dominava de talmodo a Igreja que esta perdeu o poder que possuía.No Ocidente, como veremos adiante, a Igreja,pouco a pouco, usurpou o poder secular, e oresultado não foi cristianismo, e sim oestabelecimento de uma hierarquia mais ou menoscorrompida que dominava as nações da Europa,fazendo da Igreja uma máquina política.No ano 363 AD todos os governadoresprofessaram o Cristianismo e antes de findar oquarto século o Cristianismo, foi virtualmenteestabelecido como religião do Império.A Fundação de ConstantinoplaLogo após haver sido o Cristianismoelevado à religião do Império Romano, uma novacapital foi escolhida, construída e estabelecidacomo se da autoridade do império, fato que deumotivo a grandes acontecimentos tanto para aIgreja como para o Estado.1. A necessidade de uma nova capital.O Imperador Constantino compreendeuque a cidade de Roma estava intimamente ligada àadoração pagã, cheia de templos e estátuas, e opovo, inclinado à antiga forma de adoração; enfim,uma cidade dominada pelas tradições dopaganismo. Além disso, a posição geográfica deRoma, em meio a imensas planícies, deixava-a

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exposta aos ataques dos inimigos.No início da república, a cidade, mais deuma vez, fora cercada por exércitos estrangeiros.Mais tarde, também cercada por exércitos dasprovíncias, que por várias vezes destronaram eentronizaram imperadores. O sistema de governoorganizado por Diocleciano e continuado porConstantino não dava lugar a nenhuma parcela deautoridade do senado romano. Os imperadorespossuíam agora poderes ilimitados, e Constantinodesejava uma capital sem os laços da tradição, umacapital sob os auspícios da nova religião.2. Sua posição geográficaConstantino demonstrou grande sabedoriaao escolher a nova capital. O local escolhido foiBizâncio, cidade grega, cuja existência contavacerca de mil anos. Estava situada no ponto decontato entre a Europa e a Ásia, onde os doiscontinentes estão separados pelos dois estreitos; aonorte, o de Bósforo, e ao sul o de Helesponto, quejuntos, medem 96 km de comprimento, e em quasetoda a extensão, menos de 1 km de largura, comexceção de alguns trechos em que alcançam 5 ou 6km. A situação dessa cidade estava tão bemfortificada pela natureza que, durante mais de vintee cinco séculos de história, raras vezes foiconquistada por inimigos, ao passo que a sua rival,a cidade de Roma, várias vezes fora saqueada evencida. Em Bizâncio, Constantino estabeleceu acapital e planejou a construção da grande cidademundialmente conhecida durante muitos anos porConstantinopla, atualmente Istambul.3. A capital e a IgrejaNa nova capital, o imperador e o patriarca(esse foi o título que posteriormente recebeu obispo de Constantinopla) viviam em harmonia. AIgreja era honrada e considerada, mas eclipsadapela autoridade do trono. Em razão da presença edo poder do imperador e da índole submissa e dócildo povo, a Igreja, no Império romano do Oriente,tornou-se escrava do Estado, apesar de algunspatriarcas, como João Crisóstomo, afirmarem suaindependência.4. A Igreja de Santa SofiaNa nova capital, não havia templosdedicados aos ídolos, mas não tardou para que seedificassem várias igrejas. A maior de todas ficouconhecida como a de Santa Sofia, “SabedoriaSagrada”. Foi edificada por ordem de Constantino.Algum tempo depois, foi destruída por umincêndio, mas reconstruída pelo imperadorJustiniano (em 537), com tanta magnificência quesobrepujou todos os templos da época. Essetemplo, durante onze séculos, foi considerado acatedral do cristianismo, até o ano de 1453, quando

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a cidade foi conquistada pelos turcos. Logo após, otemplo foi transformado em mesquita, até depoisda Primeira Guerra Mundial.Divisão do Império RomanoLogo depois da fundação da nova capital,deu-se a divisão do império. As fronteirasdemasiado extensas, e o perigo de invasão dosbárbaros eram tão grande que um imperadorsozinho não podia defender seu vastíssimoterritório. Diocleciano havia inciado a divisão deautoridade em 305. Constantino também nomeouimperadores aliados. Em 395, Teodósio completoua separação.Desde o governo de Teodósio, o mundoromano foi dividido em oriental e ocidental,separados pelo mar Adriático. O império doOriente era denominado grego, ao passo que o doOcidente era chamado latino, em razão do idiomaque prevalecia em cada um deles. A divisão doimpério foi um presságio da futura divisão daIgreja.Supressão do paganismoUm dos fatos mais notáveis da História foia rápida transformação de um vasto império, depagão que era, para cristão. Aparentemente, noinício do século IV, os antigos deuses estavamarraigados na reverência do mundo romano;contudo, antes que se iniciasse o século IV, ostemplos pagãos haviam sido abandonados à própriaruína ou, então, transformados em temploscristãos. Os sacrifícios e as libações haviamcessado, e, oficialmente, o Império Romano eracristão.1. A tolerância de ConstantinoConstantino era tolerante, tanto portemperamento como motivos políticos, apesar deser enfático no reconhecimento da religião cristã.Não sancionava nenhum sacrifício as imagens queantes eram adoradas e determinou que cessassemas oferendas à estátua do imperador. Contudo,favorecia tolerância para com todas as formas dereligião e procurava a conversão gradativa do povoao cristianismo, mediante a evangelização, e nãopor decretos. Conservou alguns títulos pagãos doimperador, como o de “Pontifex Maximus”, sumopontífice, título adotado por todos os papas desdeesse tempo. Também manteve as virgens, asvestais, em Roma.2. A intolerância de seus sucessoresEntretanto, os sucessores de Constantinomostraram-se intolerantes. A conversão dos pagãoscrescia muito rapidamente, para o bem estar daIgreja. Contudo, os primeiros imperadores cristãosque sucederam Constantino procuraram acelerarainda mais o movimento de conversões, mediante

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uma série de leis drásticas e opressoras. Todas asofertas dadas aos templos pagãos ou aos seussacerdotes foram confiscadas e quase todastransferidas para os templos cristãos. Os sacrifício etiros de adoração pagãos foram proibidos, e a suaprática era considerada ofensa punida por lei. Logoapós o reinado de Constantino, seu filho decretou apena de morte a todos os adoradores de ídolos e oconfisco de suas propriedades. O paganismo, nageração que antecedeu a sua extinção, teve algunsmártires; contudo, bem poucos em paralelo com osmártires do cristianismo, cuja perseguição duroudois séculos.Muitos templos pagãos já tinham sidodedicados ao cristianismo. Depois de alguns anos,foi ordenado que aqueles que ainda restassemfossem demolidos, a não ser se considerassem úteisa adoração cristã. Um decreto proibia que se falasseou escrevesse contra a religião cristã, edeterminou-se que todos os livros contráriosfossem queimados. O resultado desse decreto foique o único conhecimento que temos das seitasheréticas ou anticristãs é obtido por meio de livrosescritos contra elas. A execução dessas leisrepressivas variava de intensidade nas diversaspartes do império. Contudo, seu efeito extinguiu opaganismo no decorrer de três ou quatro gerações.

Capítulo VI - Controvérsias e Concílios

Logo que o longo conflito do cristianismocom o paganismo terminou em vitória daquele,surgiu uma nova luta, uma guerra no campo dopensamento, uma série de controvérsias dentro daIgreja acerca de doutrinas. Enquanto a Igreja lutavapara sua própria sobrevivência contra aperseguição, conservou-se unida, apesar dosrumores de dissensões doutrinárias. Entretanto,quando a Igreja se viu a salvo e no poder, surgiramacalorados debates acerca de suas doutrinas, e tãofortes mostravam-se que lhe abalavam osfundamentos. Durante esse período, surgiram trêsgrandes controvérsias, além de outras de menorimportância. A fim de resolver essas questões,convocavam-se concílios de toda a Igreja. Nessesconcílios, somente os bispos tinham o direito avoto. Todos os demais clérigos e leigos deveriamsubmeter-se às decisões que aqueles tomassem.1. Arianismo – A doutrina da trindadeA Primeira Controvérsia apareceu porcausa da doutrina da Trindade, especialmente emrelação ao Pai e ao Filho. O Presbítero Ário deAlexandria defendia a tese de que Jesus erasuperior aos homens porém inferior ao Pai, nãoadmitia a existência eterna de Cristo. Seu principal

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opositor foi Atanásio também de Alexandria, queafirmava a unidade de cristo com o Pai e suadivindade.Constantino não teve êxito em resolver aquestão por isso convocou o concílio de Nicéia em325 AD onde a doutrina de Ário foi condenada.2. O apolinarianismo – a natureza de CristoPosteriormente apareceu outro cismaacerca da natureza de Cristo. Apolinário, Bispo emLaodicéia, declarou que a natureza divina tomoulugar da natureza humana de Cristo; que Jesus, naterra, não era um homem, mas Deus em formahumana. Este Heresia foi condenada no Concílio deConstantinopla em 381 AD.3. O pelagianismo – O pecado e a salvaçãoA única controvérsia prolongada desseperíodo, surgida na igreja do Ocidente, foi a quedizia respeito ao pecado e á salvação. Teve origemcom Pelágio, monge que foi da Bretanha paraRoma, por volta do ano 410. Sua doutrina declaravaque nós não herdamos as tendências pecaminosasde Adão, mas que a alma faz a própria escolha, separa pecar, seja para viver retamente. Que avontade humana é livre, e cada um é responsávelpor suas decisões. Contra essa idéia, surgiu, então,o maior intelecto da história do cristianismo,depois do apóstolo Paulo, o poderoso Agostinho,que sustentava que Adão representava toda a raçahumana, que no pecado de Adão todos os homenspecaram e são pecadores, e todo o gênero humanoé considerado culpado. Que o homem não podeaceitar a salvação unicamente por sua própriaescolha, mas somente pela vontade de Deus, o qualé quem escolhe aqueles que devem ser salvos. Adoutrina de Pelágio foi condena pelo Concílio deCartago, no ano 418, e a teologia de Agostinhotornou-se regra ortodoxa da Igreja. Somente maistarde, nos tempos modernos, na Holanda, sob aorientação de Armínio (ano de 1600), e no séculoXVIII, com John Wesley, é que a Igreja se afastoudo sistema doutrinário agostiniano.O Desenvolvimento do poder na Igreja RomanaRoma reclamava para si autoridadeapostólica. A Igreja de Roma era a única quedeclara poder mencionar o nome de dois apóstoloscomo fundadores, isto é, Pedro e Paulo. Aorganização da Igreja de Roma e bem assim seusdirigentes defendiam fortemente estas afirmações.Neste ponto há um contraste notável entre Roma eConstantinopla. Roma havia feito os imperadores,ao passo que os imperadores fizeramConstantinopla.Além disso Roma apresentava umCristianismo prático. Nenhuma outra igreja asobrepujava no cuidado para com os pobres, não

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somente com os seus membros , mas também entreos pagãos. Foi assim que em todo o ocidente obispo de Roma, começou a ser considerado comoautoridade principal de toda a igreja.Foi dessa forma que o Concílio Calcedônia,na Ásia Menor, no ano 451 AD, Roma ocupou oprimeiro lugar e Constantinopla o segundo lugar.O Cristianismo VivoO Cristianismo dessa época decadenteainda era vivo e ativo. Devemos mencionar aquialguns bispos e dirigentes da igreja nesse períodoque contribuíram para manter vivo o Cristianismo.Atanásio (296 - 373) Foi ativo defensor da fé noinício do período. Ja vimos como ele se levantou ese destacou na controvérsia de Ário; foi escolhidobispo de Alexandria. Cinco vezes exilado por causada fé, mas lutou fielmente até o fim.Ambrósio (340 - 397) Foi eleito bispo enquantoainda era leigo e nem mesmo batizado. Converteuseposteriormente, repreendeu o próprio imperador(Teodósio) por causa de um ato cruel e mais tardeo próprio imperador o tratou com alta distinção.Foi autor de vários livros.João Crisóstomo (345 - 407) " Boca de ouro " emrazão de sua eloqüência inigualável, foi o maiorpregador desse período. Chegou a ser bispo emConstantinopla. Entretanto, sua fidelidade, zeloreformador e coragem, não agradava à corte. Foiexilado e morreu no exílio.Jerônimo (340 - 420) Foi o mais erudito de todos.Estudou literatura e oratória em Roma. De seusnumerosos escritos, o que teve maior influência foia tradução da Bíblia para o latim, obra que ficouconhecida como Vulgata Latina, isto é, a Bíblia emlinguagem comum, até hoje usada pela Igrejacatólica Romana.Agostinho (354 - 430) O nome mais ilustre desseperíodo, bispo em Hipona na África. Escritor devários livros sobre o Cristianismo e sobre a própriavida. Porém a fama e a influência de Agostinhoestão nos seus escritos sobre a teologia cristã, daqual ele foi o maior expositor, desde o tempo dePaulo.

Capítulo VII - A IGREJA MEDIEVAL476-1453 d.C.Este período vai desde a queda de Romaaté a queda de ConstantinoplaO progresso papal

O termo papa, significa simplesmente"papai", sendo, portanto, um termo de carinho erespeito, este termo era usado para qualquer bispo,sem importar se ele era de Roma. Como Roma era,pelo menos de nome, a capital do Império, a igreja

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e o bispo desta cidade logo se viram em posição dedestaque.Quando os bárbaros invadiram o Império,a igreja de Roma começou a seguir um rumo bemdiferente Constantinopla. No Ocidente, o Impériodesapareceu, e a igreja veio a ser a guardiã do querestava da velha civilização. Por isto, o papa,chegou a ter grande prestígio e autoridade.Porém, enquanto que no Orienteduvidava-se de sua autoridade, em Roma evizinhanças esta autoridade se estendia até alémdos assuntos religiosos. Tudo isto nos mostra queem uma época em que a Europa estava em caos, opapado preencheu o vazio, proporcionando certaestabilidade.O período de crescimento do poder papalcomeçou com o pontificado de Gregório I, oGrande, e teve o apogeu no tempo de Gregório VII,mais conhecido por Hildebrando. Hildebrandoreformou o clero que se havia corrompido, elevouas normas de moralidade de todo o clero, exigiucelibato dos sacerdotes, libertou a igreja dainfluência do estado, pondo fim à nomeação depapas pelos reis e imperadores. Hildebrando impôsa supremacia da igreja sobre o Estado.Origem e desenvolvimento do papadoA autoridade monárquica do papa, é frutode um longo processo. De um bispo igual aosoutros, o de Roma passa a ser o primeiro entre osdemais e finalmente cabeça incontestável da Igreja.Vários papas de grande envergadura, dos quaisdevemos citar: Inocêncio (402-417); Celestino (422-432); Leão I (440-461); e Gregório I (590-604).1. Até Constantino – Os antigos autores católicosinsistem que a Igreja de Roma foi fundada porPedro e que deste tenha tido uma linha de papas,vigários de Cristo, desde então.A lista dos primeiros bispos consta destesnomes: Lino, Cleto ou Anacleto, Clemente (91-100),Evaristo, Alexandre(109-119), Sixto I (119-127),Telesforo (127-138), Higino (139-142), Pio I (142-157),Aniceto (157-168), Soter (168-177), Eleutero (177-193).Estas datas são aproximadas e temos poucasinformações do seu pontificado.Vitor (193--202). Parece ser o primeiro a procurarestabelecer a autoridade papal além das fronteirade sua igreja. Cipriano, Bispo em Cartago durante opontificado de Cornélio e Estevão, contribuiubastante para fortalecer a autoridade do bispo deRoma. Defendeu as reivindicações petrinas (Mt16.18) sem entretanto colocar o papa sobre osdemais bispos.Estevão (253-257). Procurou forçar as demaisigrejas a seguir o costume romano quanto aocálculo da data da páscoa. Um outro elemento que

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contribuiu para fortalecer a posição de Roma nesteperíodo foi a crescente prática das igrejas rurais oude pequenas cidades serem relacionadas a algumaigreja em cidade grande ou incorporadas numsistema diocesano. Esta prática começou no IIséculo como resultado do sistema missionário dasigrejas mães.2. De Constantino a Gregório Magno - Aoficialização da Igreja trouxe em seu bojo rápidodesenvolvimento hierárquico. Constantino seconsiderava bispo e até bispo dos bispos em coisasformais e até doutrinárias. Sem sua permissão nãose pode reunir um sínodo.Roma surge como árbitro entre as igrejas.No conflito entre os arianos e Atanásio, estecontribuiu para fortalecer Júlio por ter recorrido aobispo de Roma, pedindo que convocasse umconcílio. Esta e outras questões entre as igrejas doleste e da África foram exploradas pelos papas parafortalecer suas próprias posições. Assim questõesreligiosas seriam resolvidas pelo "sumopontífice"de religião e não pelos magistrados civis.Siricius (354-398). Conseguiu que um concíliorealizado em Roma decretasse que nenhum bispodeve ser consagrado sem o conhecimento econsentimento do bispo de Roma. Mesmo que sejaum decreto falso, é muito antigo e exerceu grandeinfluência.Inocêncio I (402-417). Demonstrou grandeousadia em explorar as reivindicações de Roma,exigindo submissão universal a sua autoridade.Insistia que era a obrigação de todas as igrejasocidentais se conformarem aos costumes de Roma.Celestino (422-432). Durante o exercício do seupapado foi resolvido a mui agitada questão dodireito de apelar a Roma decisões nas províncias.Celestino manipulou as questões de uma maneiraque sempre saía ganhando o prestígio de Roma, atéo ponto de dispensar os cânones de um concíliogeral.Leão I (440)-461). Homem humilde, insistia queera sucessor de Pedro e que não se pode infringir aautoridade deste. Conseguiu do jovem e fracoimperador Valentino III um edito em que estereconhece a primazia da sé de Pedro e insiste queninguém pode agir sem a permissão desta sé.Gregório I (589-604). Possivelmente o maior papadeste período. filho de um senador, adotou ocostume monástico. Pretendia ser missionário aosingleses quando foi consagrado papa aos 49 anosde idade. Reclamou que Máximo foi eleito patriarcade Constantinopla no lugar de seu candidato esuspendeu todos os bispos que o consagraram sobpena de anátema de Deus e do apóstolo Pedro.Repreendeu o patriarca de Constantinopla por ter

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assumido o título de bispo ecumênico.A coroação de Carlos MagnoAbriu a história política e eclesiástica daEuropa um novo período, no qual os dois poderes ocivil e o papal aparecem intimamente ligados, embusca de ideal comum de poderio e domínio.Leão III (795-816). O período começa com Leão IIIassentado na cadeira pontificial. Foi ele quemcolocou Carlos Magno como imperador no ano800.Estevão IV (816-817). Este papa coroou o Rei Luizo Pio, em Roma ato que elevou ainda mais aposiçao do papa.Gregório IV (827-844). Foi nos dias desse papa queapareceram falsos documentos a favor daprerrogativa papal. Gregório defendeu Roma contraos sarracenos.Nicolau I (858-867). Ascendeu a cadeira papalnum momento de agitaçao e desordens,aproveitando-se dos documentos falsos a favor daabsoluta soberania e irresponsabilidade do papado,procurou firmar os direitos de supremacia do papae de sua juridiçao suprema.Adrião II (867-872). Trabalhou principalmente àsombra a influencia atingida pelo seu antecessor.João VIII (872-882). O maior problema durante opapado de Joao VIII foi a ameaça sarracena,forçando-o a pedir ao novo imperador Carlos a suaproteção, mas Carlos e o papa aceitou o tratadohumilhante com os sarracenos.O período de 882 a 903 caracteriza-se pelatorpe degradação do poder papal. O poder papalenfraqueceu-se notadamente. As eleiçõespontificiais feitas nesse período são memoráveispela torpeza que as acompanhou. O papa Formososubiu ao poder em 891 e, dois anos depois desanguinolento pontificado, morreu, provavelmenteenvenenado.Estevao VI, foi aprisionado e morto. Edepois foi eleito o Papa Marino, cujo pontificadodurou apenas meses. João X, feito papa, procurouabrogar os atos de Estevão, e de fato abrogoumuitos deles. Leão V, depois de um brevepontificado, foi morto por seu próprio capelão seusucessor, Mas ao assassino coube o mesmo fimtrágico, decorrido apenas oito meses.No período de 903 a 963 Com Sergio III,começa a influência perniciosa de uma aventureirade alta linhagem sobre o governo papal. De 936 a956 o papado esteve sob inf1uência de Alberico quenomeou quatro papas. Um filho do mesmo, sob onome de João XIII, assumiu o ofício papal sendo oseu pontificado havido como um dos mais imoraise licenciosos. Este papa morreu assassinado.Otão, O Grande, fez sentir a sua

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interferência no papado em 983, com a convocaçãode um sínodo para depor o imoral João XIII esubstituí-lo por Leão VIII. Durante este período,até 1073, foram nomeados vário papas e osimperadores ficaram no direito de nomear econtrolá-los para evitar a dissolução completa doclero.Hildebrando (1073). Foi inquestionavelmenteo maior estadista eclesiástico da IdadeMedia. Seu objetivo foi tornar um fato o domíniouniversal e absoluto do papado, e sua políticasubordinou-se completamente a este propósito.Este papa tomou o nome de Gregório VII.Concílio de Roma 10591- A nomeação do papa pelos bispos cardeaissancionada pelo clero cardeal e depois aprovadapelo clero inferior e os leigos.2- Nenhum oficial da igreja, sob pretexto algum,podia aceitar benefício algum de qualquer leigo ouser chamado a contar ou dar conta a jurisdição.3- Nenhum cristão podia assistir a missa rezada porpadre de quem se sabia ter concubina, apesar darenhida oposição, Hildebrando executou a riscoesses decretos. No entanto a vitoria deHildebrando, nunca foi completa e permanente.Inocêncio III (1198-1216), aproveitou asprerrogativas papais firmando umas e alargandooutras. Foi durante seu papado que o poder papal,que evoluía gradativamente através dos séculoschegou ao auge. Ele foi o maior papa do século.Declínio do poder papalDo século treze em diante começa o suavedeclínio do poder papal para o que concorreramfatos e circunstâncias históricas diferentes.1- Com o século XIII desapareceu completamente ogosto pelas cruzadas.2- A corrupção constante na corte de Roma, ofavoritismo e o mercantilismo que presidiam asdecisões do Papa e da Curia, igualmente estimulavaa dissidência.3- A imoralidade dominava o clero.4- A cadeira papal era objeto de ambição maisdesenfreada.5- A influência adquirida pelos franceses na Itália eSicília após queda dos imperadores germânicos foisobremodo prejudicial ao papado.Bonifácio VII (1294-l303), subiu a cadeirapontífica no meio destas condições tão favoráveisao papado, mas sem se adaptar a elas conservouaquele espírito de arrogância e mandonismo, muitocaracterístico de seus antecessores.Em 1305, foi eleito um francês, Clemente V,como papa. Este não foi a Roma, mas estabeleceusua corte Papal em Avignon e tornou sesubserviente de Felipe rei da frança. Aqui, ele e

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seus sucessores todos franceses serviram durantesetenta anos. Tão notório se tornaram as condiçõesque os historiadores católicos estigmatizaram operíodo de cativeiro babilônico do papado.Em virtude da presença da corte papal deRoma em Avignon, na França, a Europa conseguiumuitas inimizades. O catolicismo dividiu-se,ficando uma parte com a França e outra com aItália. Aparecem então dois papas um lançandomaldições sobre o outro e cada qual julgando-selegítimo chefe da cristandade.Em 1408, houve uma conferência emLivorno, entre representantes dos dois papas e umano depois reunia-se um concílio geral em Pisa.Discutida largamente a questão, ambos os papasforam declarados heréticos e excomungados. Oconcílio elegeu então a Papa, o cardeal de Milãoque tomou o nome de Alexandre V.A questão não ficou resolvida, pois, trêspapas levantaram-se disputando a cadeirapontificia, cada um formando em torno de si umconsiderado número de admiradores.O pontificado de Nicolau V (l448-1455) foinotável, tendo sido construído nesse tempo oVaticano e a Basílica de São Pedro, consideradoscomo duas magnificas obras de arte. Talvez nestaépoca tenha-se resolvido o problema dos trêspapas.Inocêncio VIII (l484-l492). para melhorar a fortunade seus filhos ilegítimos, pelejou contra Nápoles erecebia tributo anual de Sultão, por manter seuirmão e rival na prisão em vez de envia-lo comocabeça de um exercito contra os inimigos dacristandade.Isto se deu numa época de ignorância,senão no período do renascimento literário equando a Europa tinha entrado numa era deinvenções e descobrimentos destinados atransformar a civilização. O estado dedesmoralização em que a Igreja Romana se achavana véspera da reforma era um fato geralmentereconhecido.

Capítulo VIII - As Cruzadas

Um grande movimento da Idade Média,sob a inspiração e mandado da igreja, foram asCruzadas, que se iniciaram no fim do século onze.- A primeira cruzada foi anunciada pelo papaUrbano II, era composta de 275000 dos melhoresguerreiros, para combater os Sarracenos quetinham invadido Jerusalém. Após grande batalhaJerusalém foi reconquistada. A- A Segunda Cruzada foi convocada em virtude das

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invasões dos Sarracenos às províncias adjacentes aoreino de Jerusalém. Sob a influência de Luiz VII daFrança e Conrado III da Alemanha, um grandeexército foi conduzido em socorro dos lugaresreconhecido como santos. Enfrentara grandesdificuldades, mas obtiveram vitória.- A terceira Cruzada foi dirigida por Ricardo I "Coração de Leão", da Inglaterra e outros como;Frederico Barbarroxa, Filipe Augusto. Barbarroxamorrerá afogado e Filipe desentendeu-se comRicardo I e voltou para França. A coragem deRicardo I, sozinho, não foi suficiente para conduzirseu exército para Jerusalém. Contudo fez umacordo para que os cristãos tivessem direito avisitar o santo sepulcro.- A Quarta Cruzada foi um completo fracasso,porque causou grande prejuízo a igreja cristã. Oscruzados, se afastaram do propósito de conquistara Terra Santa e fizeram guerra a Constantinopla,conquistaram-na e saquearam-na. Constantinoplaficou, posteriormente, a mercê dos inimigos.- Na Quinta Cruzada, Frederico II, conduziu umexército até a Palestina e conseguiu um tratado noqual as cidades de Jerusalém, Haifa, Belém eNazaré, eram cedidas aos cristãos. Porém 16 anosdepois a cidade de Jerusalém foi tomada pelosmaometanos.- A Sexta Cruzada foi empreendida por São Luiz.Invadiu a Palestina através do egito, mas nãoobteve êxito, foi derrotado pelos maometanos elibertado por uma grande soma .- A sétima Cruzada teve também a direção de SãoLuiz juntamente com Eduardo I. A rota escolhidafoi novamente a África, porém São Luiz morreu eEduardo I voltou para ocupar o trono na Inglaterrae a cruzada teve um fracasso total. Esta foiconsiderada a última Cruzada, porém houve outrasde menor vulto.O Desenvolvimento da vida MonásticaEste movimento desenvolveu-segrandemente na Idade Média entre homens emulheres, com resultados bons e maus. Com ocrescimento dessas comunidades, tornava-senecessária alguma forma de organização, de modoque nesse período surgiram quatro grandes ordens.A Ordem dos Beneditinos - Fundada por por SãoBento em 529, em Monte Cassino. Essa ordemtornou-se a maior de todas as ordens monásticas daEuropa. Suas regras exigiam obediência ao superiordo mosteiro, a renúncia a todos os bens materiais, ebem assim a castidade pessoal.Cortava bosques, secava e saneavapântanos, lavrava os campos e ensinava ao povomuitos ofícios úteis.A Ordem dos Cistercienses - Surgiram em 1098,

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com objetivo de fortalecer a disciplina dosBeneditinos, que se relaxava. Seu nome deve-se acidade francesa de Citeaux, fundada por Sãoroberto. Deu ênfase às arte, arquitetura eespecialmente à literatura, copiando e escrevendolivros.A Ordem dos Franciscanos - Fundada em 1209por São Francisco de Assis. Tornou-se a maisnumerosa de todas as ordens. Por causa da cor queusavam, tornaram-se conhecido como os "fradescinzentos".A Ordem dos Dominicanos - Ordem espanholafundada por São Domingos, em 1215. OsDominicanos e os Franciscanos diferenciavam-sedas outras ordens, pois eram pregadores, iam portoda parte a fortalecer a fé dos crentes.No início, cada ordem monástica era um benefíciopara a sociedade. Vamos ver alguns bonsresultados.1. Os mosteiros davam hospedagem aos viajantes,aos enfermos e aos pobres. Serviam de abrigo eproteção aos indefesos, principalmente às mulherese crianças.2. Guardavam em suas bibliotecas muitas obrasantigas da literatura clássica e cristã. Sem as obrasescritas nos mosteiros, a Idade média teria passadoem branco.3. Os monges serviram como missionários naexpansão do evangelho, até mesmo entre osbárbaros.Apesar dos bons resultados que emanaram dosistema monástico, também houve péssimosresultados.1. O monacato apresentava o celibato como a vidamais elevada, o que é inatural e contrário àsEscrituras.2. Impôs a adoção da vida monástica a milhares depessoas das classes nobres da época.3. Os lares e as famílias foram, assim, constituídosnão pelos melhores, mas pelos de ideais inferiores,já que os melhores, não participavam da família,nem da vida social, nem da vida cívica nacional.4. O crescimento da riqueza dos mosteiros levou aindisciplina, ao luxo, à ociosidade e até aimoralidade.No início do século dezesseis, os mosteiros estavamtão desmoralizados no conceito do povo, que foramsuprimidos, e os que neles habitavam foramobrigados a trabalhar para se manterem.

Capítulo IX - Início da Reforma Religiosa

Cinco grandes movimentos de reformas surgiramna igreja; contudo, o mundo não estava preparadopara recebê-los, de modo que foram reprimidos

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com sangrentas perseguições.Os Albigenses - "Puritanos" surgiram em 1170 nosul da França. Eles rejeitavam a autoridade datradição, distribuíam o Novo Testamento eopunham-se às doutrinas romanas do purgatório, àadoração de imagens e às pretensões sacerdotais. Opapa Inocêncio III, promoveu uma grandeperseguição contra eles, e a seita foi dissolvida como assassinato de quase toda a população da região.Os Valdenses - Apareceram ao mesmo tempo, em1170, com Pedro Valdo, que lia, explicava edistribuía as Escrituras, as quais contrariavam oscostumes e as doutrinas dos católicos romanos.Foram cruelmente perseguidos e expulsos daFrança; apesar das perseguições, elespermaneceram firmes, e atualmente constituemuma parte do pequeno grupo de protestante naItália.João Wyclif - Nascido em 1324, Recusava-se areconhecer a autoridade do papa e opunha-se a ela.Era contra a doutrina da transubstanciação,considerando o pão e o vinho meros símbolos.Traduziu o Novo testamento para o Inglês e seusseguidores foram exterminados por Henrique V.João Huss - Nascido em 1369 foi um dos leitores deWyclif, pregou as mesmas doutrinas, eespecialmente proclamou a necessidade de selibertarem da autoridade papal. Foi excomungadopelo papa, e então retirou para algum esconderijodesconhecido. Ao fim de dois ano voltou a conviteda igreja para participar de um concílio católicoromanade Constança, sob a proteção de um salvoconduto.Entretanto, o acordo foi violado sob opretexto de que "Não se deve ser fiel a hereges".Assim João Huss foi condenado e queimado.Jerônimo Savonarola - Nascido em 1452 foimonge Dominicano, em Florença. A grandecatedral enchia-se de multidões ansiosas, não só deouví-lo, mas também para obedecer aos seusensinos. Pregava contra os male sociais,eclesiásticos e político de seu tempo. Foi preso,condenado e enforcado e seu corpo queimado napraça de Florença em 1498.A Queda de ConstantinoplaA queda de Constantinopla, em 1453, foiassinalada como linha divisória entre os temposmedievais e os tempos modernos. Província apósprovíncia do império foi tomada, até ficar somenteConstantinopla, que finalmente, em 1453, foitomada pelos turcos sob as ordens de Maomé II. Otemplo foi transformado em mesquita.Constantinopla tornou-se a capital do ImpérioTurco e assim terminou também o período daIgreja Medieval.Resumo da Apostasia

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Mencionaremos algumas das doutrinas que nãotem apoio nas Escrituras Sagradas, e quando foramimplantadas na igreja.Ano Doutrina310 Reza pelos defuntos,320 Uso de Velas,375 Culto dos santos,431 Culto à virgem Maria,503 Obrigatoriedade de se beijar os pés do papa,850 Uso da água benta,993 Canonização dos Santo,1073 Celibato Sacerdotal,1184 Instituição da Santa Inquisição,1190 Venda de Indulgências,1200 Substituição do pão pela hóstia,1215 Dogma da transubstanciação,1229 Proibição da leitura Bíblica,1316 Instituição da reza à Ave Maria,1546 Introdução dos livros apócrifos,1870 Dogma da infalibilidade papal,1950 Ascenção de Maria

Capítulo X - A IGREJA REFORMADADesde a queda de Constantinopla, 1453até o fim da Guerra dos Trinta Anos, 1648A Reforma na AlemanhaNeste período de duzentos anos, o grandeacontecimento foi a Reforma; iniciada naAlemanha, e teve como resultado oestabelecimento de igrejas nacionais que nãoprestavam obediência nem fidelidade a Roma.Anotemos algumas das forças que conduziram àReforma e ajudaram o seu progresso. Uma dessasforças foi, o movimento conhecido comoRenascença, ou despertar da Europa para um novointeresse pela literatura, pelas artes e pela ciência,isto é, a transformação dos métodos e propósitosmedievais em métodos modernos.A maioria dos estudiosos italianos desseperíodo eram homens destituídos de vida religiosa;até os próprios papas dessa época destacavam-semais por sua cultura do que pela fé. No norte dosAlpes, na Alemanha, na Inglaterra, e na França omovimento possuía sentimento religioso,despertando novo interesse pelas Escrituras, pelaslínguas grega e hebraica, levando o povo ainvestigar os verdadeiros fundamentos da fé,independente dos dogmas de Roma. Por todaparte, de norte a sul, a Renascença solapava a igrejacatólica romana.A invenção da imprensa veio a ser umarauto e aliado da Reforma que se aproximava. Aimprensa possibilitou o uso comum das Escrituras,e incentivou a tradução e a circulação da Bíblia emtodos os idiomas da Europa. As pessoas que liam a

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Bíblia, prontamente se convenciam de que a igrejapapal estava muito distanciada do ideal do NovoTestamento. Os novos ensinos dos Reformadores,logo que eram escritos, também eram logopublicados em livros e folhetos, e circulavam aosmilhões em toda a Europa.O patriotismo dos povos começou amanifestar-se, mostrando-se inconformados com aautoridade estrangeira sobre suas próprias igrejasnacionais; resistindo à nomeação de bispos, abadese dignitários da igreja feitas por um papa que viviaem um pais distante.Não se conformava, o povo, com acontribuição do "óbolo de S. Pedro", para sustentaro papa e para a construção de majestosos templosem Roma. Havia uma determinação de reduzir opoder dos concílios eclesiásticos, colocando o clerosob o poder das mesmas leis e tribunais queserviam para os leigos.Enquanto o espírito de reforma e deindependência despertava a Europa, a chama dessemovimento começou a arder primeiramente naAlemanha, no eleitorado da Saxônia, sob a direçãode Martinho Lutero, monge e professor daUniversidade de Wittenberg.O papa reinante, Leão X, em razão danecessidade de avultadas somas para terminar asobras do templo de S. Pedro em Roma, permitiuque um seu enviado, João Tetzel, percorresse aAlemanha vendendo bulas, assinadas pelo papa, asquais, dizia, possuíam a virtude de conceder perdãode todos os pecados, não só aos possuidores dabula, mas também aos amigos, mortos ou vivos, emcujo nome fossem as bulas compradas, semnecessidade de confissão, nem absolvição pelosacerdote.Tetzel fazia esta indagação ao povo:tão depressao vosso dinheirocaia no cofre,a alma de vossos amigossubirá do purgatórioao céu.Lutero, por sua vez, começou a pregarcontra Tetzel e sua campanha de venda deindulgências, denunciando como falso esse ensino.A data exata fixada pelos historiadorescomo início da grande Reforma foi registrada como31 de outubro de 1517.Na manhã desse dia, Martinho Luteroafixou na porta da Catedral de Wittenberg umpergaminho que continha noventa e cinco teses oudeclarações, quase todas relacionadas com a vendade indulgências; porém em sua aplicação atacava aautoridade do papa e do sacerdócio. Os dirigentes

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da igreja procuravam em vão restringir e lisonjearMartinho Lutero. Ele, porém, permaneceu firme, eos ataques que lhe dirigiam, apenas serviram paratornar mais resoluta sua oposição às doutrinas nãoapoiadas nas Escrituras Sagradas.Após longas e prolongadas controvérsias ea publicação de folhetos que tornaram conhecidasas opiniões de Lutero em toda a Alemanha, seusensinos foram formalmente condenados. Lutero foiexcomungado por uma bula do papa Leão X, nomês de junho de 1520. Pediram então ao eleitorFrederico da Saxônia que entregasse preso Lutero,a fim de ser julgado e castigado. Entretanto, em vezde entregar Lutero, Frederico deu-lhe amplaproteção, pois simpatizava com suas idéias.Martinho Lutero recebeu a excomunhão como umdesafio, classificando-a de "bula execrável doanticristo". No dia 10 de dezembro, Lutero queimoua bula, em reunião pública, à porta de Wittemberg,diante de uma assembléia de professores,estudantes e do povo. Juntamente com a bula,Lutero queimou também cópias dos cânones ouleis estabelecidas por autoridades romanas. Esseato constituiu a renúncia definitiva de Lutero àigreja católica romana.Em 1521 Lutero foi citado a comparecerante a do Concílio Supremo do Reno. O novoimperador Carlos V concedeu um salvo-conduto aLutero, para comparecer a Worms. Apesar deadvertido por seus amigos de que poderia ter amesma sorte de João Huss, que nas mesmascircunstâncias, no Concílio de Constança, em 1415,apesar de possuir um salvo-conduto, foi morto porseus inimigos, Lutero respondeu-lhes: "irei aWorms ainda que me cerquem tantos demôniosquantas são as telhas dos telhados."Finalmente, no dia 17 de abril de 1521Lutero compareceu ao Concílio. Em resposta a umpedido de que se retratasse, e renegasse o que haviaescrito, após algumas considerações respondeu quenão podia retratar-se, a não ser que fossedesaprovado pelas Escrituras e pela razão, eterminou com estas palavras: "Aqui estou. Nãoposso fazer outra coisa. Que Deus me ajude.Amém." Instaram com o imperador Carlos para queprendesse Lutero, apresentando como razão, que afé não podia ser confiada a hereges. Contudo,Lutero pôde deixar Worms em paz.Enquanto viajava de regresso à sua cidade,Lutero foi cercado e levado por soldados do eleitorFrederico para o castelo de Wartzburg. Alipermaneceu durante um ano, enquanto astempestades de guerra e revoltas rugiam noimpério. Entretanto, durante esse tempo, Luteronão permaneceu ocioso; nesse período traduziu o

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Novo Testamento para a língua alemã, obra quepor si só o teria imortalizado, pois essa versão éconsiderada como o fundamento do idioma alemãoescrito. Isto aconteceu no ano de 1521. O AntigoTestamento só foi completado alguns anos maistarde. Ao regressar do castelo de Wartzburg aWittenberg, Lutero reassumiu a direção domovimento a favor da igreja Reformada,exatamente a tempo de salvá-la de excessosextravagantes.Em 1529 a Dieta reuniu-se na cidade deEspira, com o objetivo de reconciliar as partes emluta. Nessa reunião da Dieta os governadorescatólicos, que tinham maioria, condenaram asdoutrinas de Lutero. Os príncipes resolveramproibir qualquer ensino do luteranismo nos estadosem que dominassem os católicos. Ao mesmo tempodeterminaram que nos estados em quegovernassem luteranos, os católicos poderiamexercer livremente sua religião. Os príncipesluteranos protestaram contra essa leidesequilibrada e odiosa. Desde esse tempo ficaramconhecidos como protestantes, e as doutrinas quedefendiam também ficaram conhecidas comoreligião protestante.

A Contra-ReformaLogo após haver-se iniciado o movimentoda Reforma, um poderoso esforço foi tambéminiciado pela igreja católica romana no sentido derecuperar o terreno perdido, para destruir a féprotestante e para enviar missões a paísesestrangeiros. Esse movimento foi chamado Contra-Reforma.Tentou-se fazer a reforma dentro daprópria igreja por via do Concílio de Trento,convocado no ano de 1545 pelo papa Paulo III,principalmente com o objetivo de investigar osmotivos e pôr fim aos abusos que deram causa àReforma.O Concílio era composto de todos osbispos e abades da igreja, e durou quase vinte anos,durante os governos de quatro papas, de 1545 a1563. Todos esperavam que a separação entrecatólicos e protestantes teria fim, e que a igrejaficaria outra vez unida. Contudo, tal coisa nãosucedeu. Fizeram-se, porém, muitas reformas naigreja católica e as doutrinas foram definitivamenteestabelecidas. Os próprios protestantes admitemque depois do Concílio de Trento os papas seconduziram com mais acerto do que os quegovernaram antes do Concílio. O resultado dessareunião pode ser considerado como uma reformaconservadora dentro da igreja católica romana.De ainda maior influência na Contra-

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Reforma foi a Ordem dos Jesuítas, fundada em 1534pelo espanhol Inácio de Loyola. Era uma ordemmonástica caracterizada pela combinação da maissevera disciplina, intensa lealdade à igreja e àOrdem, profunda devoção religiosa, e um marcadoesforço para arrebanhar prosélitos. Seu principalobjetivo era combater o movimento protestante,tanto com métodos conhecidos como com formassecretas. Tornou-se tão poderosa a Ordem dosJesuítas, que teve contra ela a oposição mais severa,até mesmo nos países católicos; foi suprimida emquase todos os países da Europa, e por decreto dopapa Clemente XIV, no ano de 1773, a Ordem dosJesuítas foi proibida de funcionar dentro da igreja.Apesar desse fato, ela continuou a funcionar,secretamente durante algum tempo, mais tardeabertamente, e foi reconhecida pelo papa em 1814.Hoje é uma das forças mais ativas para divulgar efortalecer a igreja católica romana em todo omundo.A perseguição ativa foi outra armapoderosa usada para impedir o crescente espíritoda Reforma.É Certo que os protestantes tambémperseguiram, e até mataram, porém geralmenteisso aconteceu por sentimentos políticos e nãoreligiosos.Entretanto, no continente europeu, todosos governos católicos preocupavam-se em extirpara fé protestante, usando para isso a espada.Na Espanha estabeleceu-se a Inquisição,por meio da qual inumerável multidão sofreutorturas e muitas pessoas foram queimadas vivas.Nos Países-Baixos o governo espanholdeterminou matar todos aqueles que fossemsuspeitos de heresias.Na França o espírito de perseguiçãoalcançou o clímax na matança da noite de SãoBartolomeu, 24 de agosto de 1572, e que seprolongou por várias semanas. Segundo o cálculode alguns historiadores, morreram de vinte asetenta mil pessoas.Essas perseguições nos países em que ogoverno não era protestante não só retardavam amarcha da Reforma, mas, em alguns países,principalmente na Boêmia e na Espanha, aextinguiram.Os esforços missionários da igreja católicaromana devem ser reconhecidos, também, comouma das forças da Contra-Reforma. Esses esforçoseram dirigidos em sua maioria pelos jesuítas, etiveram como resultado a conversão das raçasnativas da América do Sul, do México e de grandeparte do Canadá.Na Índia e países circunvizinhos

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estabeleceram-se missões por intermédio deFrancisco Xavier, um dos fundadores da sociedadedos jesuítas. As missões católicas, nos paísespagãos, iniciaram-se séculos antes das missõesprotestantes e conquistaram grande número demembros e bem assim poder para a respectivaigreja.Como resultado inevitável de interesses epropósitos contrários dos estados da Reforma ecatólicos na Alemanha, iniciou-se então umaguerra no ano de 1618, isto é, um século depois daReforma. Essa guerra envolveu quase todas asnações européias. Na história ela é conhecida comoa Guerra dos Trinta Anos. As rivalidades políticas ereligiosas estavam ligadas a essa guerra. Ás vezesestados que professavam a mesma fé, apoiavampartidos contrários. A luta estendeu-se durantequase. uma geração, e toda a Alemanha sofreu ouseus efeitos terríveis.Finalmente, em 1648, a guerra terminou,com a assinatura do tratado de paz de Westfália,que fixou os limites dos estados católicos eprotestantes, que duram até hoje.O período da Reforma pode serconsiderado terminado nesse ponto.

Capítulo XI – Pós Reforma

Nos últimos três séculos, nossa atençãodirigir-se-á especialmente para as igrejas quenasceram da Reforma. Pouco depois da Reformaapareceram três grupos diferentes na igreja inglesa:- Os elementos romanistas que procuravamfazer amizade e nova união com Roma;- O anglicanismo, que estava satisfeito comas reformas moderadas estabelecidas nos reinadosde Henrique VIII e da rainha Elisabete;- E o grupo protestante radical que desejavauma igreja igual às que se estabeleceram emGenebra e Escócia. Este último grupo ficouconhecido, cerca do ano de 1654, como "ospuritanos", e opunha-se de modo firme ao sistemaanglicano no governo de Elisabete, e por essa razãomuitos de seus dirigentes foram exilados.Os puritanos também estavam divididosentre si: uma parte mais radical, era favorável àforma presbiteriana; a outra parte desejava aindependência de cada grupo local, conhecidoscomo "independentes" ou "congregacionais".Apesar dessas diferenças, continuavam comomembros da igreja inglesa.Na luta entre Carlos I e o Parlamento, ospuritanos eram fortes defensores dos direitospopulares. No início o grupo presbiterianopredominava. Por ordem do Parlamento, um

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concílio de ministros reunido em Westminster, em1643, preparou a "Confissão de Westminster" e osdois catecismos, considerados durante muitotempo como regra de fé por presbiterianos econgregacionais. Após a Revolução de 1688, ospuritanos foram reconhecidos como dissidentes daigreja da Inglaterra e conseguiram o direito deorganizarem-se independentemente.Do movimento iniciado pelos puritanossurgiram três igrejas, a saber, a Presbiteriana, aCongregacional, e a Batista.Nos primeiros cinqüenta anos do séculodezoito, as igrejas da Inglaterra, a oficial e adissidente, entraram em decadência. Os cultoseram formalistas, dominados por uma crençaintelectual, mas sem poder moral sobre o povo. AInglaterra foi despertada dessa condição, por umgrupo de pregadores sinceros dirigidos pelosirmãos João e Carlos Wesley e Jorge Whitefield.Dentre os três, Whitefield era o pregador maispoderoso, que comovia os corações de milhares depessoas, tanto na Inglaterra como na América doNorte. Carlos Wesley era o poeta sacro, cujos hinosenriqueceram a coleção hinológica a partir de seutempo. João Wesley foi, sem dúvida alguma, oindiscutível dirigente e estadista do movimento. Naidade de trinta e cinco anos, quandodesempenhava as funções de clérigo anglicano,João Wesley encontrou a realidade da religiãoespiritual entre os morávios, um grupo dissidenteda igreja Luterana.Em 1739 Wesley começou a pregar "otestemunho do Espírito" como um conhecimentopessoal interior, e fundou sociedades daqueles queaceitavam seus ensinos. A princípio essassociedades eram orientadas por dirigentes declasses, porém mais tarde Wesley convocou umcorpo de pregadores leigos para que levassem asdoutrinas e relatassem suas experiências em todosos lugares, na Grã-Bretanha e nas colônias norte americanas.Os seguidores de Wesley foramchamados "metodistas", e Wesley aceitou semrelutância esse nome. Na Inglaterra foramconhecidos como "metodistas wesleyanos", e antesda morte de seu fundador, contavam-se aosmilhares.Apesar de haver sofrido, durante muitosanos, violenta oposição da igreja de Inglaterra, semque lhe permitissem usar o púlpito para pregar,Wesley afirmava considerar-se membro da referidaigreja; considerava o movimento que dirigia comouma sociedade não separada, mas dentro da igrejada Inglaterra. Contudo após a revolução norteamericana,em 1784, organizou os metodistas nosEstados Unidos em igreja independente, de acordo

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com o modelo episcopal, e colocou"superintendentes", título que preferiu ao de"bispo". Nos Estados Unidos o nome "bispo" tevemelhor aceitação e foi por isso adotado. Nessetempo os metodistas na América eram cerca de14.000.O movimento wesleyano despertouclérigos e dissidentes para um novo poder na vidacristã. Também contribuiu para a formação deigrejas metodistas sob várias formas em muitospaíses. Na América do Norte, presentemente aigreja metodista conta com aproximadamente onzemilhões de membros. Nenhum dirigente na igrejacristã conseguiu tantos seguidores como JoãoWesley.A Igreja da Inglaterra (Episcopal), foi aprimeira religião protestante a estabelecer-se naAmérica do Norte, em 1607. A igreja, nos EstadosUnidos, tomou o nome oficial de Igreja ProtestanteEpiscopal. A igreja Episcopal reconhece estas trêsordens no ministério: bispos, sacerdotes ediáconos, e aceita quase todos os trinta e noveartigos da Igreja da Inglaterra, modificados paraserem adaptados à forma de governo norteamericano.Sua autoridade legislativa estáconcentrada em uma convenção geral que se reúnecada três anos. Trata-se de dois corpos, umacâmara de bispos e outra de delegados clérigos eleigos eleitos por convenções nas diferentesdioceses.Uma das maiores igrejas existentes naAmérica do Norte é a denominação Batista. Seusprincípios distintivos são dois: (1) Que o batismodeve ser ministrado somente àqueles queconfessam sua fé em Cristo; por conseguinte, ascrianças não devem ser batizadas. (2) Que a únicaforma bíblica do batismo é a imersão do corpo naágua, e não a aspersão ou derramamento.Os batistas são congregacionais em seusistema de governo. Cada igreja local éabsolutamente independente de qualquerjurisdição externa, fixando suas próprias regras.Não possuem uma Confissão de Fé nem catecismoalgum para instruir jovens acerca de seus dogmas.Surgiram os batistas pouco depois da Reforma, naSuíça, e espalharam-se rapidamente no norte daAlemanha e na Holanda. No princípio foramchamados anabatistas, porque batizavamnovamente aqueles que haviam sido batizados nainfância. Na Inglaterra, a princípio, estavam unidoscom os independentes ou congregacionais, maspouco a pouco tornaram-se um corpoindependente. Com efeito, a igreja de Redford, daqual João Bunyan era pastor, cerca do ano 1660, eque existe até hoje, considera-se tanto batista como

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congregacional.A maior igreja pentecostal de todos ostempos foi fundada a 18 de junho de 1911 na cidadebrasileira de Belém, capital do estado do Pará, aAssembléia de Deus, pelos missionários DanielBerg e Gunnar Vingren.Da igreja pioneira de Belém irradiou-se aobra pentecostal a todas as regiões do Brasil, vindoa corresponder, a partir de 1960, a 70% no quadrodo evangelismo nacional. As Assembléias de Deuscongregam 50 por cento dos evangélicosbrasileiros, predominando nas zonas rurais e nointerior, procurando alcançar, sobretudo, as classessociais mais humildes.Segundo informação da Secretaria da JuntaExecutiva das Deliberações da Convenção Geral dasAssembléias de Deus no Brasil, as Assembléias deDeus no Brasil reúnem 3 milhões de membros e 2milhões de congregados ( 1980 ).A forma de governo das Assembléias deDeus é congregacional, isto é, cada assembléiagoverna-se a si mesma e age de formaindependente, ao mesmo tempo que mantémcomunhão com as demais assembléias.

Capítulo XII - A Guerra dos 30 anos (1618-1648)

Do ponto de vista de Cairns, os Católicos romanos e luteranos se indispuseram porque muitos

governantes católicos, convertidos ao protestantismo, protestantizaram suas terras a despeito da Paz de

Augsburg, que determinava que os que tornassem protestantes deveriam entregar sua terras. Os calvinstas,

não reconhecidos nas negociações em Augsburg, tinham conquistado áreas na Alemanha e no Palatinado, e

queriam reconhecimento legal. Nessa escalada militar em 1608 os protestantes organizam uma união

evangélica, e em 1609, os romanos organizam liga católica.

A guerra teve quatro fases:

1. 1618-1633 = período boêmio, que resulta com a derrota dos protestantes na Alemanha;

2. 1625-1629 = período Dinamarquês, derrota dos protestantes, tendo que devolver terras;

3. 1630-1634 = período Sueco, vitória dos protestantes, recuperando norte da Alemanha;

4. 1635-1648 = período Francês, consolida vitórias protestantes.

A paz de Wesfália em 1648, Holanda e Suíça reconhecidos como territórios independentes e

protestantes, a tolerância religiosa para católicos, luteranos e calvinistas, a independência das nações

protestantes do Sacro Império Romano, a restituição de edifícios religiosos aos protestantes, o fim da

perseguição religiosa, perda de influência política do papa e o fim do poder político do Sacro Império

Romano Germânico.

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Ortodoxia Protestante

Depois da redescoberta do evangelho pelos reformadores, seguiu-se um longo período de

controvérsia e foi desses desentendimentos que veio a definição do posicionamento protestante. O período

entre a Reforma e o Iluminismo, ou mais precisamente o séc. XVII é conhecido na história como

“Escolasticismo protestante”, “Ortodoxia protestante” ou “período confessionalista”.

Uma época de preocupação profunda e sistemática pelo rigor doutrinário / Elaborando com detalhes os

posicionamentos teológicos da igreja / Período de sistematização das doutrinas da Reforma.

Ortodoxia Luterana é colocada a partir do livro da Concórdia (1580)

Livro da Concórdia (1580) = documento que contém todos os símbolos aceitos pela igreja Luterana;

Ortodoxia Reformada é considerada a partir dos escritos de Teodoro Beza (1519-1605);

Elementos geradores da ortodoxia protestante

1. A educação formal da época: Influência da filosofia de Aristóteles / Nesse tipo de formação temos: a

lógica dedutiva, e seu aspecto sistemático formal.

2. A controvérsia protestante: Disputa entre Lutero e Zuínglio a respeito da santa ceia / Controvérsias

calvinistas posteriores referente à predestinação (sínodo de Dort) / Um inimigo comum = Igreja Romana,

que através da contra-reforma recuperava o terreno;

3. Confiança na razão: Os teólogos posteriores à reforma estavam mais abertos às exigências da razão / Uma

tentativa de reduzir a vida cristã à razão / É o legado reformado – quanto mais se conhece, mais

compreende, mais pesquisa = menos se erra e mais próximos da verdade.

4. Preservação da Sã doutrina: Preservar as doutrinas bíblicas das heresias / O elemento doutrinário se

tornou muito mais importante para a ortodoxia do que para a Reforma (elemento espiritual teve mais valor)

5. A fé explícita: Ensinamento inteligível aos cristãos mais simples / Para que pudesse filiar-se a igreja,

conhecendo o que ela cria e ensinava / João Calvino combate a fé implícita, declarando que a nossa fé deve

ser explícita / Necessidade de um ensino e do estudo constante da palavra de Deus, a fim de que cada

indivíduo, tenha condições de se posicionar em relação a Deus de forma consciente / Fé explicita é

patenteada pela igreja através do ensino da Palavra.

Objetivo da ortodoxia protestante

Unificar toda a teologia / Harmonizar todo o conhecimento com a sua visão de Deus

Ênfase da ortodoxia protestante

Bíblia como fundamento da teologia / Deus inspirou os profetas e apóstolos / Palavra divina preservada

nas Escrituras / Bíblia era norma infalível para os cristãos / Escrituras são a maior interprete de si mesmo

= passagens difíceis podem ser esclarecida com a ajuda de outras / A interpretação literal do texto

sagrado = aceitava o seu significado mais simples e aparente (histórico)

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Pensadores teológicos deste período

Johann Gerdard (1582-1637) – professor de Teologia e dogmatista luterano, fez uma forte defesa a fé

protestante / Abraham Calov (1612-1686) – Professor em Wittenberg, trabalho na teologia sistemática

dentro do escolasticismo luterano / Gisbert Voetius (1588-1676) - professor, expoente do Calvinismo

escolástico, defendeu a pureza e independência da igreja / François Turrentin (1623-1687) – professor em

Genebra, publicou um importante texto sobre as Escrituras baseado em Calvino e nos Cânones de Dort, que

moldaram profundamente a teologia da Charles Hodge no século 19.

Capítulo XIII - Racionalismo

O século XVI foi marcado pelo surgimento do protestantismo e do desenvolvimento de suas idéias

básicas graças aos esforços de lideranças criativas como as de Calvino e Lutero. Infelizmente, durante o

século XVII o protestantismo desenvolveu-se apenas num sistema ortodoxo de doutrina para ser aceito

intelectualmente. Este sistema gerou um novo escolasticismo. Então, desenvolveram-se duas respostas a este

escolasticismo protestante:

A primeira foi o racionalismo, que teve no deísmo a sua expressão religiosa;

E a outra foi o Pietismo, que se desenvolveu duas ramificações que são o reavivalismo e o misticismo ou

luz interior.

No racionalismo, a questão é: como se chega à verdade ao verdadeiro conhecimento. Segundo essa

filosofia a verdade é estabelecida pela razão, especialmente através das observações da natureza, por meio

dos sentidos, ela rejeita a possibilidade de se chegar à verdade através de tradições do passado. Estas idéias

aparecem no período compreendido entre o fim da guerra dos 30 anos e o início da Revolução Francesa.

Renê Descartes (1596-1650) queria um conhecimento incontroverso, pondo grande confiança na

matemática. Para ele o conhecimento verdadeiro era aquele que não poderia ser posto em dúvida. Seu

pensamento mais famoso é “penso logo existo” = a existência reduzida a razão;

Voltaire (1694-1778) era hostil à igreja e sugeriu uma teologia feita a partir da natureza;

Rousseau (1712-1778) era contra qualquer forma de religião organizada, defendia o governo do

povo, pelo povo, não por Deus

Todo esse período é caracterizado por: Uma atitude de domínio da natureza e superioridade em relação ao

passado promovendo o método experimental (Empirismo), isto é, tudo o que pode ser experimentado e

provado é verdadeiro. A principal expressão religiosa do racionalismo foi o deísmo.

Deísmo ou Livres pensadores

O deísmo é a tentativa de uma religião natural e científica, o conhecimento vem pelo método

científico, nele o Deus (transcendente) abandonou a criação ao governo de um sistema de leis naturais, Deus

está além e acima da criação. Essa lei natural ao qual é regida a criação, elimina os milagres, a revelação, a

profecia e a deidade de Cristo. A Bíblia é um manual de leis éticas, a adoração tem seu foco em Deus, já que

Page 48: História da Igreja

Cristo foi personagem ético. O deísmo resultou em formalismo religioso e em não se levar a sério a

pecaminosidade humana. Contribuiu para o surgimento: Do fundamentalismo religioso / Do liberalismo

religioso, com mais tolerância religioso, em uma nova visão do Estado (contra o absolutismo); causas

humanistas e na contribuição na exegese e na busca do texto original.

O deísmo lutava contra duas correntes: Dogmatismo = que reinava no ramo do cristianismo /

Ceticismo extremado = que começa a surgir por causa do racionalismo

Temos então um período de crescimento na razão humana, na racionalidade da natureza, no método

científico e no deísmo e em novas teorias sociais, como o Iluminismo.

Iluminismo ou século das luzes

O Iluminismo é em grande parte fruto de dois sistemas filosóficos difundidos no séc. XVII, o

empirismo e o racionalismo. Ambos põem o critério de verdade no sujeito, rejeitando tudo o que o

transcende.

Sinais do pensamento iluminista – Declaração de independência dos E.U.A da América do Norte

(1776) e a Declaração dos direitos humanos e civis ratificada pela Assembléia Nacional Francesa

(1789) / Conceitos como a: liberdade, vida, a busca de felicidade, a propriedade, a segurança e o direito.

O Iluminismo, passa dessas posições à afirmação fundamental, que o ideal é a plena auto-

suficiência do homem, ou, ao menos, a tendência de atingir esse ideal. Com plena confiança nos próprios

recursos, o iluminista está decidido a acabar com o obscurantismo do passado, abrindo novos caminhos na

filosofia, na política, na economia, no direito, na moral e na religião.Um dos pressupostos mais importantes

da era do Iluminismo, e do pensamento moderno, foi o novo conceito de educação. A filosofia não era mais

considerada a serva da teologia. A educação foi libertada da influência da teologia e da metafísica

escolástica, passando a basear-se nas observações da experiência e em princípios racionais.

Deste modo, já no século XVII, aconteceu que o assim chamado sistema natural de conhecimento,

baseado na idéia que a erudição humanista, a religião e a moral, a lei e a política, podem ser fundamentadas

em princípios racionais específicos, comuns aos homens de todas as épocas, começou a desenvolver-se. Esse

conhecimento natural era considerado como sendo autônomo, imediatamente acessível e na íntegra evidente

a todos, sem ter sido obscurecido pelo pecado original. A cultura do Iluminismo distinguia-se por sua

crescente secularização. A nova forma de ciência natural se ocupava com uma explicação imanentista do

mundo. A cultura secular desenvolvia-se independente de igreja e confissões. O estado, de modo similar,

libertava-se de suas finalidades religiosas e de sua conexão com as confissões cristãs.

O processo de secularização, contudo, não implicou na rejeição do cristianismo ou da religião, mas

trouxe consigo profunda alteração dos pressupostos para a teologia e a pregação cristã.

John Locke (1632-1704) – diz que o conhecimento verdadeiro é o que vem pela experiência / David

Hume (1711-1704) – estudando como se adquire o conhecimento chegou a conclusão de que não é

possível um conhecimento final e absoluto. Seu sistema é conhecido por Cepticismo / Imanuel Kant

(1724-1804) – segue os passos de Hume. Afirma, entretanto, que a pessoa nasce com certas categorias

Page 49: História da Igreja

fundamentais na mente, categorias que ordenam os dados recebidos dos sentidos. Immanuel Kant – o

iluminismo era chegada do homem à maioridade, isto se dava quando o homem sai da imaturidade que o

levava a confiar nas autoridades externas tais como a Bíblia, a igreja e o Estado para dizer-lhe o que

havia de pensar e fazer. Rejeitou a possibilidade de um conhecimento puramente objetivo da realidade,

pois, percebemos as coisas como a mente as ordena. Também disse que a razão era limitada, mas poderia

conhecer o mundo físico. O mundo metafísico não poderia ser abordado pela razão, já que não havia

dados sendo recebidos pelos sentidos. A teologia, portanto, deveria partir de outro ponto, não da razão.

Sua sugestão é que se estudasse o senso moral (ética). Não é possível provar a existência de Deus pela

razão.

Todo esse labor filosófico acerca de como se produz o conhecimento afetou em cheio a reflexão

teológica. Até esse momento os teólogos estavam tentando fazer suas afirmações com fundamentação

racional e científica. Agora que é impossível conhecer a Deus pela razão e natureza, como então conhece-lo?

Liberalismo Teológico do século XIX

Kant = propôs o estudo do senso moral / Ritschl = é um teólogo influenciado por essa noção, tanto é que

propõe que a verdadeira religião é uma questão de prática e moral / Schleiermacher (1768-1834) =

propõe o afeto. A religião é sentimento de dependência de Deus. Esse senso de depender de Deus é uma

revelação psicológica de Deus na natureza. A Bíblia e a teologia são o registro de experiência de cada

geração;

Subjetivismo: a única autoridade é a experiência imediata (contra autoridade bíblica);

Hegel (1770-1831) – propõe a observação da dialética histórica, onde teses chocam-se com antítese,

revelando Deus e o verdadeiro conhecimento (síntese). A idéia de Hegel influenciou Marx e Darwin.

Influenciou teólogos como:

Baur (1792-1860) – que começou a ver no Novo Testamento choques entre Pedro e Paulo; Harnack

(1851-1930) – que via uma tensão entre o Jesus histórico e o Cristo da fé; Kierkegaard (1813-1855) –

propõe a decisão (vontade) da fé (salto da fé). Crer para experimentar, a verdade embora pessoal,

também fica no campo subjetivo. A revelação de Deus virá depois do salto da fé. Depois de crer

percebe-se;

Todas essas respostas mostram um esforço teológico sendo feito a partir do homem.

Observações: Pressupõe ineficácia da revelação / Pressupõe eficácia da mente humana para conhecer a Deus

/ Pressupõe fontes alternativas para conhecer a Deus (na natureza) / Acaba minando a fé.

Novo liberalismo

No final do século XIX o liberalismo estava desgastado. Tantos diziam tantas coisas, e às vezes tão

opostas, que alguns começaram a questionar se o caminho para a reflexão teológica seria mesmo o

criticismo científico. Com o pessimismo resultante da Primeira guerra mundial, contrário as expectativas de

triunfo da humanidade, segundo os liberais, o movimento liberal sofre um baque.

Page 50: História da Igreja

Karl Barth publica em 1919 seu “comentário a Epístola de Romanos”, propondo:

1. Transcendência e soberania de Deus / Pecaminosidade humana / Necessidade da graça divina / Ênfase

renovada nas Escrituras como base para a teologia / Só Cristo é o revelador de Deus ao homem /

Encontro existencial com Deus.

Capítulo XIV - A Reação conservadora

Toda a reflexão do liberalismo teológico, difícil de se acompanhar, em tom mais filosófico que

bíblico, acompanhada do criticismo bíblico geraram algumas reações conservadoras. Entre essas podemos

destacar: o pietismo, o avivalismo, o fundamentalismo, o dispensacionalismo e o movimento missionário.

O Pietismo

É um movimento que acontece dentro das igrejas estatais. Todo movimento dentro e fora da

cristandade demonstra uma reação, uma insatisfação e um protesto, contra o pensamento e a prática da

igreja. O Pietismo, o avivalismo, o fundamentalismo, o dispensacionalismo e os movimentos missionários

no decorrer da história demonstraram essa faceta. Com a reação ao liberalismo dos séculos XVIII e XIX,

surgem o movimento pietista na Alemanha e o movimento avivalista na Inglaterra e nos Estados Unidos. O

movimento Pietista vai surgir na Alemanha, como uma tendência a enfatizar mais os aspectos práticos da

vida cristã e menos as estruturas teológicas ou eclesiásticas. Esse movimento surgiu no sec. XVII e explodiu

no sec. XIX. O Pietismo acentuou e acelerou a individualização e a interiorização da vida religiosa,

desenvolvendo novas formas de piedade pessoal e de vida em sociedade.

Ao acentuar o individualismo e a espiritualização da fé, o Pietismo procurou superar o

confessionalismo, ao qual considerava estéril em conseqüência das discussões escolásticas, da hierarquia, da

frouxidão ética. Acentuou a teologia experiencial contra a teologia cognitiva, lutou pela regeneração pessoal

contra a preocupação com o dogma correto, que levava a controvérsias nada edificantes.

Como o Pietismo nasce dentro do luteranismo, ele ataca a justificação pela fé de Martinho Lutero,

como a seguinte frase: “justificação é ficção; renascimento é fato”, por isso, os pietistas foram incansáveis

em afirmar o pecado pessoal, a conversão provocada pelo Espírito Santo e a manifestação deste

acontecimento em vida santificada.

Algumas frase famosas como: “vida é melhor que doutrina”, “ religião é questão de coração e não de

cabeça”, e outras são consideradas como frases de efeito que surgiram no meio pietista, além disso,

acentuava-se: a internalização da fé contra a exteriorização representada por pia batismal, púlpito,

confessionário e altar / Ao acentuarem aspectos da Reforma radical do século XVI, os pietistas atendiam-se

como uma continuação da reforma / A doutrina fora reformada, agora era hora de reformar a vida.

Alguns historiadores caracterizam a teologia pietista em quatro aspectos fundamentais: Seu caráter

experiencial – os pietistas são pessoas em cujo coração o viver cristão é a preocupação fundamental / Seu

ideal de perfeição –busca de uma renovação espiritual e ética – perfeição ética / Sua concepção eclesiológica

Page 51: História da Igreja

– acentuou o lado subjetivo da igreja = separatismo e congregação / Seu interesse reformador – oposição

àquilo que consideram frieza e esterilidade na formas e práticas estabelecidas na vida cristã.

Causas do surgimento do Pietismo

As causas mais importantes para o surgimento do movimento pietista podem ser classificados como:

O clero mais interessado em disputas filosóficas e retóricas / A guerra dos 30 anos / Igreja sufocada por

causa do fracionamento político da Alemanha.

Em 1669 ou 1675, Philipp Jakob Spener / 1686 – capelão / 1691 – governante da prússia / Instituiu

os collegia pietatis (assembléia piedosa) grupo de crescimento que se reuniam para orar e discutir trechos

bíblicos, Spener também publicou o Pia Desideria (desejos piedosos) propondo as seguintes questões: Uso

mais extensivo das Escrituras / Renovação do sacerdócio de todos os crentes / Cristianismo é mais que

conhecimento, é prática (ética) / Deve haver moderação nas disputas de natureza teológica (ecumenismo) /

Ministros devem ter treinamento em piedade e devoção, além do acadêmico / Mensagens devem ser

acessíveis ao povo / Crítica a interferência do estado em assuntos da igreja / Estímulo à fé calorosa, mais do

que a doutrina fria. Os cristãos devem sempre se relacionar com a sociedade ao seu redor, mas não absorver

os seus valores / Spener negava muitos prazeres mundanos e insistia na moderação em relação a coisas

como uso de bebidas alcoólicas, mas ao mesmo tempo pedia aos cristãos que servissem aos outros de todas

as formas possíveis / Spener esperava a conversão dos judeus / Destruição da Ig. Cat. Romana / Gloriosa

propagação do governo de Cristo sobre toda a terra.

Seis propostas concretas para alcançar uma reforma: uma leitura e estudo mais extensivo da Bíblia tanto no

âmbito público quanto no privado / Uma ênfase renovada no sacerdócio de todos os crentes que garantiria

maior participação dos leigos / O cultivo da vida espiritual através de gestos de amor ao próximo e não

apenas conhecimento / Evitar discussões teológicas / Um procedimento para treinar futuros ministros que

juntassem a piedade com os ensinamentos incluindo no currículo a literatura devocional / Incentivo de

pregações com um conteúdo edificante e que tivessem como objetivo o desenvolvimento do homem interior

Pode-se pensar no Pietismo como uma reação positiva: no sentido de promover uma ação social, pois

ajudou na fundação de escolas e universidades / teve grande vigor no evangelismo missionário, a busca da

comunhão pessoal com Deus / teve interesse numa hermenêutica científica, mas dirigida pelo Espírito

Santo / preocupação em integrar os estudos críticos dos originais com uma leitura devocional. Mas que

carrega consigo alguns perigos: Subjetivismo / antiintelectualismo / Individualismo / Emocionalismo /

Legalismo / Subestimar o valor das tradições cristãs e abandono da igreja formal.

Os Moravianos

Nicolas Ludwig Zinzendorf

Page 52: História da Igreja

Nasceu em 1700 na cidade de Dresden, Alemanha. Filho de nobres saxônios. Esteve, desde cedo, sob os

cuidados de sua avó materna, mulher piedosa que sempre recebia em sua casa irmãos piedosos, como

Spener. Dos dez aos dezesseis anos estudou em Halle, recebendo a influência pessoal de Franke quanto à

consagração ao Senhor numa vida santa e também voltada ao espírito missionário. Estudou Direito na

Universidade de Wittenberg, centro do luteranismo ortodoxo (1716 a 1719). Tentou, sem sucesso, conciliar

os estudos nas universidades de Halle e Wittenberg. Em viagens pela Europa, Zinzendorf fez contato com a

teologia da Reforma, com grupos não vinculados à igreja tradicional e com católicos romanos. Foi

funcionário público do governo na Saxônia. Mais tarde usou seu patrimônio para comprar terras em

Berthelsdorf, onde ofereceu refúgio para cristãos perseguidos provenientes da Moravia (os irmãos

moravianos). O líder destes irmãos era Christian David. Zinzendorff acabou fundando uma comunidade

cristã chamada Herrnhut (“O Abrigo do Senhor”), a qual ele estabeleceu em suas terras e da qual era o líder

espiritual. Outros grupos cristãos uniram-se a eles, entre os quais a ênfase era de uma busca do Senhor com

todo o coração, com uma fé profundamente espiritual e de experiência, e um evangelismo de âmbito não

apenas local, mas mundial e com relacionamentos de unidade com outros grupos. Dali enviaram seus

primeiros missionários para o Caribe, Groenlândia, América do Norte e outras regiões do planeta. Forçado a

exilar-se por causa da perseguição religiosa, ele estabeleceu outras comunidades na Alemanha, na Inglaterra

e nos Estados Unidos, onde procurou unir os grupos evangélicos, mas fracassou. Em seus últimos anos

provou grande tragédia pessoal, com a morte do filho e da esposa, e ainda com dificuldades financeiras.

Zinzendorf era apaixonado por Jesus e o que mais o comovia era o fato de Jesus ter sofrido tanto e morrido

também só por ele, pelos seus pecados. O grande lema de sua vida era: “Tenho uma única paixão: Jesus, Ele

e somente Ele”. Escreveu nada menos que 2.000 hinos, alguns dos quais cantados pelos cristãos até hoje.

Zinzendorf morreu aos 60 anos de idade, tendo sido um dos homens que mais buscaram ardentemente a

comunhão com o Senhor.

Irmandade de Herrnhut

Nikolaus Ludwig Graf von Zinzendorf (1700-1760) permitiu, a partir de 1722, que fugitivos de Böhmen e

Mähren ficassem nas suas propriedades em Oberlausitz (Saxonia). São descendentes dos irmãos boêmios,

que não podiam mais viver sua fé evangélica na sua pátria. Conforme a vontade dos dirigentes Habsburgos,

eles tinham que pertencer à igreja católica. Nas terras de Zinzendorf eles fundam Herrnhut. Surge uma

comunidade cristã. Fé, vida e trabalho caminham juntas. De todas as tendências da igreja chegam pessoas,

que procuram aqui um novo impulso para sua fé. Herrnhut cresce rapidamente. Surgem mais povoados na

Alemanha e na Europa. Seis anos após a derrubada da primeira árvore para a construção de Herrnhut,

Zinzendorf coloca pela primeira vez, na reunião vespertina de 3 de maio de 1728, a palavra para o dia

seguinte. É o verso: "Amor o conduziu para cá, amor o arrancou do trono, e eu não deveria amá-lo?" Com

isto se iniciou a história dos versos bíblicos diários (Losungen). Três anos depois surge a primeira edição

impressa das Losungen. Desde então o livreto é editado anualmente, sem interrupções, mesmo em tempo de

guerra. Em 1732 os primeiros missionários de Herrnhut viajam para o Caribe. Seu destino são as Ilhas

Page 53: História da Igreja

Virgens. Eles querem levar aos escravos subjugados a boa nova de Jesus Cristo. É o início do trabalho

missionário de Herrnhut. Logo ele se estende a todos os continentes. Deste trabalho missionário surgiram

dezenove igrejas independentes. Todas elas tem uma organização em comum, apesar das diferenças

idiomáticas, culturais, regionais e étnicas. Muitas praticam trabalho missionário local. Após a reunificação

alemã a Irmandade de Herrnhut suspendeu sua divisão em dois distritos. Mesmo assim a igreja mantém uma

estrutura não convencional. Pertencem a ela não somente as comunidades na Alemanha ocidental e oriental,

mas também na Dinamarca, Estônia, Holanda, Suécia e Suíça. Na Holanda desenvolveu-se, principalmente

nas últimas três décadas, uma nova organização missionária da comunidade. Muitos imigrantes do

Suriname, uma antiga colônia holandesa na América do Sul, são participantes da Irmandade de Herrnhut. Na

sua pátria surgiu uma Igreja Popular de Herrnhut, a partir da missão. Escolas de Herrnhut em

Königsfeld/Floresta Negra, Tossens/Mar do Norte e Herrnhut se baseiam na antiga tradição pedagógica de

Johann Amos Comenius. Além disso pertencem a Irmandade de Herrnhut instalações diaconais, como asilos

para idosos, jardins de infância, casas para reuniões e a casa de repouso Bad Boll, ou estão ligadas a ela,

como p.ex. a organização diaconal "Emmaus" em Niesky/Oberlausitz. A Igreja de Moravios é uma

comunhão protestante que tem ligação próxima ao Luteranismo. Tem suas raízes no reformation czech e é

uma continuação direta dos irmãos bohemian. Influenciado pelo legado espiritual de John Huss, o irmão

Gregory fundou a unidade bohemian dos irmãos, que, funcionando dentro do grupo de Utraquist de Hussites

por uma década, separados em 1467 e estabelecidos um ministro independente. O movimento da reforma

baseou-se unicamente na Bíblia, e seus líderes podiam obter ordenação não romana de um bispo dos

Waldenses. O perseguição ocasional da unidade tornou-se sistemático no 1º século, um período marcado

pela criatividade teológica de Lukas de Praga (c. 1460 - 1528) e August (1500 - 72) e pelo contato com

outros reformadores protestantes. A tolerância obtida em 1609 foi vivida brevemente enquanto os

Protestantes tchecos foram expelidos por avanços de Catholicos na guerra dos trinta anos (1627). John Amos

Comenius, último bispo da unidade, conduziu ao grupo ao exílio. Um século mais tarde, os representantes de

Pietismo alemão incentivaram sobreviventes da unidade migrar de Moravia para a Saxônia, onde em 1722 a

comunidade de Herrnhut foi fundada. Graf von Zinzendorf teve a liderança, e deu proteção espiritual para a

congregação em 1727. Os morávios foram os protestantes pioneiros em missões estrangeiras, procurando a

renovação o cristianismo europeu e a evangelização do mundo não cristão. Gottlieb Spangenberg, enviado

para América em 1735, fundou igrejas em Geórgia, em Pensilvânia, e em Carolina do Norte. Zinzendorf

estimulou a igreja, a sua liderança, os missionários e tinha gênio religioso, e participação especial nas

celebrações cúlticas. Ajudou também a igreja com instabilidade financeira e contra os excessos devocionais

que quase a destruíram no 1740s. Após sua morte a liderança mais moderada foi introduzida por

Spangenberg. O Moravianismo é basicamente presbiteriano na estrutura, e seus bispos são escolhidos no

mérito espiritual no serviço pastoral e cúlticos melhor que nos administrativos. Composto de

aproximadamente 360.000 membros, a igreja dos moravianos teve papel principal no desenvolvimento da

adoração, do evangelismo, das missões, e da teologia protestante nos últimos três séculos.

Page 54: História da Igreja

Resumo: O fundador da irmandade moraviana (pietistas radicais) foi o Conde Nicolau Luís

Zinzendorf (1700-1760), nobre austríaco que foi profundamente influenciado pelo Pietismo. Quando moço,

pensou em reunir numa comunidade um grande número de pessoas verdadeiramente religiosas que se

tornassem uma fonte de vida espiritual para as igrejas e comunidades religiosas vizinhas. Quando tinha

apenas vinte e um anos de idade, comprou um território da Saxônia, com o intuito de levar a termo o seu

plano. Em pouco tempo foi essa região habitada de um modo providencial. Certos membros da Irmandade

da Boêmia, corpo religioso resultante da obra de João Huss, tendo sido perseguidos e expulsos dos seus lares

na Morávia, conseguiram permissão de Zinzendorf para se estabelecerem no território a ele pertencente.

Assim começou a formação dessa comunidade que tomou o nome de Hernhut = abrigo do Senhor. Foi a

causa desses Moravianos que o grupo tomou o nome de Irmandade dos Moravianos, não obstante haver

entre eles grande número de alemães da redondeza.

Os trabalhos missionários, que tornaram famosos os Moravianos, começaram em 1731. Dois deles

foram enviados a S. Tomás, nas Índias Ocidentais, e dois outros foram para a Groelândia, onde o herói

norueguês, Hans Egede, já tinha plantado o Evangelho. Seguiu a estes uma verdadeira torrente de

missionários, de sorte que durante a vida de Zinzendorf havia muitos dos seus irmãos trabalhando na

Europa, Ásia, África, América do Norte e América do sul. Em poucos anos a pequena irmandade dos

Moravianos enviou mais missionários do que o protestantismo europeu o fizera em duzentos anos. Eles

foram aos lugares mais difíceis e perigosos, e aos povos menos promissores.

O Avivalismo

A ênfase na pregação tinha sido (re)iniciada naquela região por "Dominie" Theodore J.

Frelinghuysen, o pastor de uma das Igrejas Reformadas holandesas, que eram muitas por causa da antiga

colonização holandesa e que continuaram a crescer mesmo depois da conquista de Nova Amsterdã pelos

ingleses. Nesse sentido, o Rev. Theodore era herdeiro de uma ênfase do puritanismo holandês, que por sua

vez tinha recebido muita influência do puritanismo inglês não somente uma doutrina e fé bíblicas, mas

também uma ética e comportamento bíblicos. Quando, pois, o jovem ministro Gilbert Tennent começou a

pregar como o seu colega reformado (1733), isso não foi algo estranho ao puritanismo presbiteriano

americano. Ao mesmo tempo, o Senhor estava operando nas Igrejas Congregacionais do nordeste americano

(1734) e algum tempo depois o Rev. Jonathan Edwards pregou o seu célebre sermão "Pecadores nas mãos

de um Deus irado" (1741). Na Inglaterra, a pregação de George Whitefield e de John Wesley levou muitas

pessoas ao Senhor, e quando Whitefield fez uma campanha evangelística nas colônias (1739-1741), em dois

anos mais de trinta mil pessoas foram ganhas, ou seja, 10% da população americana da época.

Na Inglaterra

John Wesley: Em 17 de julho de 1703 nascia em Lincolnshire, na Inglaterra, o fundador da Igreja

Metodista: John Wesley, cuja mãe chamava-se Susanna, era o 12º dos dezenove filhos do reverendo

Samuel Wesley, um pároco de Epworth. Quando completava seis anos, quase perdeu a vida num

Page 55: História da Igreja

incêndio à noite, provocado por um grupo de malfeitores. O fogo se alastrava no teto de palha da

paróquia onde eles moravam, começando a estilhaçar brasas sobre as camas. Subitamente, Hetty Wesley,

um dos irmãos menores, acordou assustado e correu até o quarto de sua mãe. E logo todo mundo estava

em pé, tentando conter o domínio das chamas, enquanto a pequena criada, agarrando o bebê Charles nos

braços, chamava as crianças para um lugar mais seguro. A essa altura, Twice Susanna Wesley forçava a

porta contra as costas, numa tentativa desenfreada de proteger-se. A família finalmente conseguiu sair de

casa e, apavorada, reuniu-se no jardim, pois descobrira que o pequeno Jeckie havia ficado lá dentro

dormindo. Voltaram correndo, mas era tarde: a escada estava em cinzas e tornava impossível resgatá-lo.

O rapaz chegou até aparecer na janela, porém não podiam segurá-lo, visto que a casa ficava no segundo

piso. Todavia, um pequeno homem pulou sobre o largos ombros do pai de Wesley e, num esforço

desmedido, conseguiu salvar a criança. Conseqüentemente, uma profunda ternura passou a residir no

coração de Jackie que, mesmo depois de homem, considerava que havia escapado aquela noite porque

Deus tinha um propósito muito especial em sua vida. Várias vezes ele chegou a comemorar este dia em

seu diário secreto que escreveu: "Arrancado das Chamas". Seis anos depois, em Charter House School,

Jeckie matriculou-se na Universidade em Oxford, tornando-se um estudante da igreja de Cristo. Quatro

anos mais tarde graduou-se em bacharel de artes e em 1726 foi eleito acadêmico do Colégio Lincoln.

Enquanto John Wesley era ordenado ao ministério e ajudava o pai em casa, Charles, o irmão mais novo,

organizava em Oxford um pequeno grupo de estudantes para orações regulares, estudos bíblicos e outros

serviços cristãos. O Clube Santo, como era chamado, incluía vários integrantes, que, mais tarde,

tornaram-se pioneiros de um avivamento, ocorrido no século XVIII, destacando-se, entre outros

Whitefield. Obedecendo ao Senhor, John Wesley viajou para colônia em Geórgia, como capelão, em

1736. Charles nesta época, era secretário do governador e o piedoso trabalho em Geórgia, embora com

muitas lutas, teve sucesso mais tarde. O reverendo Whitfield, depois de visitar a sede do movimento,

escreveu: "O eficiente trabalho de John Wesley na América é impressionante. Seu nome é muito

precioso entre o povo, pois tem edificado as fundações que, espero, nem homens nem demônios a

abalem".

Em contato com German Moravian Christians na América, Wesley questionava sobre as verdades

cristãs. Sabia muito bem que o êxito de seus trabalhos estava nas mãos de Deus e, por isso, começou a

buscá-lo em oração. Não demorou muito tempo e, em 24 de maio de 1738, acabou encontrando a

resposta quando, de volta para a Inglaterra, resolveu registrar tudo quanto acontecera naquele dia: "A

tarde, visitando a sociedade em Aldersgate Street, li o ‘Prefácio da epístola aos Romanos’ na versão de

Lutero, cujas palavras tocaram-me profundamente. Senti meu coração bater fortemente. E, desde aquele

momento, aprendi a confiar em Cristo como meu Salvador. Estou seguro de que os meus pecados estão

perdoados. Me salvei da lei do pecado e da morte". Esta experiência mudou o rumo da vida de Wesley

que, a partir daquele momento, passou a ser uma nova criatura, sendo consagrado o maior apóstolo da

Inglaterra. John Wesley começou o trabalho de pregação ao ar livre quando viajava para Bristol a fim de

ajudar Whitefield, que na época era conhecido como o mais eloqüente pregador da Inglaterra. Wesley, a

Page 56: História da Igreja

princípio, rejeitou a idéia, mas uma vez convencido da vontade de Deus, acabou se tornando mais

famoso que Whitefield. Viajava 11 quilômetros por ano. Experimentou os mais cruéis sofrimentos e

oposições em toda sua vida. Estava freqüentemente em perigo. Embora fosse sábio e proeminente, o

itinerante evangelista era um homem simples e executou muitas obras sociais. As suas poderosas

mensagens muito influenciaram a igreja que, no ano de 1739, adquiriu uma sede para o movimento

protestante, que crescia vertiginosamente. Comprou uma casa de fundição em ruínas, na cidade de

Moofield, e transformou-a num templo. O prédio passou por uma rigorosa reforma que custou, na época,

800 libras (quantia superior ao da compra que foi de 115 libras), mas valeu a pena. Depois de pronta, a

capela passou a comportar cerca de mil e quinhentas pessoas. Era o primeiro edifício metodista em

Londres, onde a verdadeira doutrina de Cristo era proclamada. Pessoas sedentas por ouvir a gloriosa

mensagem do evangelho cruzavam todos os domingos a escuridão das estradas de Moorfield com

lanternas, para ouvir os ensinamentos de Wesley. O prédio dispunha de sala de reuniões, com capacidade

para 300 pessoas, sala de aula e biblioteca. Mais tarde, John Wesley instalou a sua própria casa na parte

superior da capela, onde passou a morar com a sua família. Em 1746, abriu um centro de atendimento

médico e escola gratuitos, com capacidade para 60 estudantes, contratou farmacêutico, cirurgião e dois

professores e, em 1748, alugou uma casa conjugada para refugiar viúvas e crianças. Muitos foram os

patrimônios conseguidos pela igreja durante os 40 anos do movimento metodista em Moorfield,

organizada por John Wesley. Entretanto, devido a expiração do contrato imobiliário, a sede teve de

mudar-se para um outro lugar. Próximo dali, em City House, encontrava-se um vasto campo onde jaziam

os túmulos de Bunhill Field e o de sua mãe Sussana Wesley. Um lugar de pântanos, recentemente

aterrado, onde foi construída a catedral de Saint Paul. Havia também no local algumas pedras de

moinho, utilizadas para moer milho trazido do Thames, que era transformado em trigo. John Wesley

alugou quatro mil metros quadrados destas terras em 1777 para construir a nova capela. E, finalmente,

em 21 de abril do mesmo ano, sob forte chuva, lançou a pedra fundamental, com a seguinte gravação:

"Provavelmente, esta pedra não será vista por algum olho humano, mas permanecerá até que a terra e o

trabalho sejam consumados". Naquele dia, Wesley improvisou um púlpito sobre a pedra e pregou em

Nm 23.23.

Em 1 de novembro de 1778, dezoito meses depois, no Dia de Todos os Santos, a capela estava

próxima de ser aberta para a adoração pública. Apesar dos ventos das dificuldades (além de ter contraído

muitas dívidas, os trabalhadores tiveram as ferramentas roubadas), Deus recompensou grandemente o

esforço de Wesley, levantando voluntários dentre os membros. O rei George III, por exemplo, doou

mastros de navios de guerra para o suporte das galerias. Conta a história que um certo dia Wesley ficou

de um lado do templo e Taylor, um dos cooperadores do outro, com os chapéus nas mãos, e conseguiram

arrecadar 7 libras; o suficiente para a conclusão das obras. Toda a galeria foi coberta com gesso e os

bancos de madeira de carvalho, doadas pelas igrejas da América, Canadá, Sul da África, Austrália, Oeste

da Índia e Irlanda. As janelas vitrificadas, as impressões no teto foram trabalhados no estilo Adams

(réplica antiga), e a casa de Wesley construída num pátio em frente à capela. Estas raridades, depois de

Page 57: História da Igreja

reformadas em 1880, no centenário da morte de Wesley, memorizam as epopéias deste bravo soldado de

Cristo.

Mesmo depois de velho quase cego e paralítico, John Wesley continuava pregando em City Road e

Latherhead. E, quando percebeu que sua vida estava chegando ao fim sentou-se numa cama, bebeu um

chá e cantou: "Quando alegre eu deitar este corpo e minha vida for coroada de bênção, quão triunfante

será o meu fim! Eu glorificarei a meu Criador enquanto tenho fôlego; E, quando a minha voz se perder

na morte, empregarei minhas forças; em meus dias o glorificarei enquanto tiver fôlego até o fim de

minha existência". Wesley foi enterrado no Jardim-túmulo, em frente à capela em City Road, sob as

luzes das lanternas, na manhã de 2 de março de 1791. Morreu com os olhos abertos e balbuciando a

seguinte palavra: "Farwell" (adeus). Cerca de 10 mil pessoas acompanharam o funeral. E a lápide até

hoje indica o significado histórico: "À memória do venerável John Wesley: o último companheiro do

Lincoln College, Oxford...".

Charles Wesley (1707-88): era o irmão mais novo, tendo-se tornado amigo e apoiante de John e

ocasionalmente seu crítico. A ligação entre eles era tão forte que as suas diferenças de opinião nunca

provocaram mais do que uma frieza temporária. Tal como John, Charles foi ordenado na Igreja

Anglicana e permaneceu fiel a ela. Nos primeiros anos, após as suas conversões Charles também

percorreu o país a cavalo, pregando. Em 1749 casou com Sara Gwynne e juntamente com os filhos de

Samuel e Susanna Wesley gozou de grande paz familiar. Mais tarde o casal fixou-se primeiramente em

Bristol e depois em Londres, onde exerceu o seu ministério junto dos Metodistas ali residentes. Charles é

principalmente lembrado e amado pelos seus hinos - escreveu mais de 7.000. Foi o maior escritor Inglês

de hinos de todos os tempos.

Nos Estados Unidos:

J. Edwards: Jonathan Edwards, um pastor congregacional que viveu no século XVIII, é hoje

considerado pelos historiadores um dos maiores teólogos e pensadores da história dos Estados Unidos.

Ele foi não somente um dos instrumentos do primeiro grande reavivamento ocorrido naquele país, mas o

maior estudioso e intérprete desse fenômeno. Através de vários livros que escreveu, ele analisou os

eventos cuidadosamente, em seus diferentes aspectos. Em essência, Edwards apoiou alegremente o

reavivamento, vendo nele a manifestação genuína do Espírito de Deus, mas também foi um crítico

severo dos desvios, exageros e impropriedades que por vezes ocorreram. Uma de suas principais

preocupações foi mostrar em seus escritos quais os critérios pelos quais se pode reconhecer a

autenticidade de uma experiência religiosa dessa natureza. A maior contribuição de Jonathan Edwards

para a igreja evangélica está nos importantes livros que escreveu como teólogo e intérprete do

avivamento. Curiosamente, sua obra mais conhecida é pouco representativa do seu pensamento como

um todo. Trata-se do célebre sermão "Pecadores nas mãos de um Deus irado," que ele pregou na cidade

de Enfield em 1741. A ênfase maior dos seus escritos e sermões não está na ira de Deus, e sim na sua

majestade, glória e graça. Além de muitas conversões e santificação de vidas, o Grande Despertamento

Page 58: História da Igreja

também aprofundou uma divisão entre os líderes que eram favoráveis ao avivamento e aqueles que não

eram. O problema ficou mais sério quando, após a obra de pregadores sérios e equilibrados com

Edwards e Whitefield, surgiram imitadores sensacionalistas que manipulavam emocionalmente as

pessoas. O Dr. Lloyd-Jones diz que Edwards lutou em duas frentes: contra os adversários do avivamento

e contra os extremistas; contra o perigo de extinguir o Espírito e contra o perigo de deixar-se levar pela

carne e ser iludido por Satanás. Nesse contexto, Edwards propos-se a defender o avivamento como obra

do Espírito de Deus, ao mesmo tempo que combateu os excessos e desvios que muitas vezes ocorriam.

Foi nesse sentido que ele escreveu vários livros de grande valor, o primeiro deles sendo a Narrativa Fiel

da Surpreendente Obra de Deus (1736-37), em que descreveu o recente despertamento em sua cidade e

regiões vizinhas. Alguns anos depois, ele escreveu Alguns Pensamentos sobre o Atual Reavivamento da

Religião na Nova Inglaterra (1742), analisando o movimento mais amplo. Esta obra baseia-se

parcialmente em algumas profundas experiências espirituais da sua esposa Sarah.

George Whitefield: A partir de 1737, com apenas 23 anos, Whitefield (1714-1770) assustou a Inglaterra

com uma série de sermões que transformaram a sociedade britânica. Atacado pelo clero, pela imprensa e

até por uma multidão de insatisfeitos, Whitefield se tomou o pregador mais popular naquela época.

Entretanto, antes disso, ele passou por situações muito semelhantes as que experimentam alguns

missionários nos dias atuais. Repetidas vezes, ele teve de pregar fora dos portões do templo pelo simples

fato de sua pregação apaixonada ser muito distante da usual formalidade dos pastores daquele tempo. Ele

chegou a ser agredido em algumas ocasiões. Na cidade de Basingstoke, por exemplo, foi espancado a

pauladas. Em Moorfield, destruíram a mesa que lhe servia de púlpito. Em Exeter, durante uma pregação

para dez mil pessoas, Whitefield foi apedrejado. Nada, porém, podia conter aquela mensagem. A

influência de Whitefield cresceu de tal forma que ele era capaz de manter atentas 20 mil pessoas,

encantadas com seus sermões, por mais de duas horas. Durante 34 anos, a voz de Whitefield ressoou na

Inglaterra e América do Norte. Whitefield era um calvinista firme, de origem metodista. Era um

evangelista agressivo que cruzou o Oceano Atlântico 13 vezes a fim de proclamar a salvação também na

América. Ele se tornou o pregador favorito dos mineiros de carvão e dos valentões de Londres porque ia

até eles em vez de esperá-los dentro das igrejas. Whitefield, ao contrário do que muitos imaginavam, era

um evangelista-missionário. Jamais quis abrir igrejas para levar seus milhares de convertidos. Pelo

contrário: ele os orientava a procurarem igrejas locais. Isso porque, dizem seus biógrafos, sua missão

evangelística tomava-o de tal forma que não havia nele qualquer interesse na abertura de templos ou em

ter conforto. Nas 13 vezes em que realizou cruzadas evangelísticas nos Estados Unidos, Whitefield

viajou, a princípio, para colaborar com o orfanato que abrira no estado da Geórgia. Ele adorava pregar

para os órfãos e, para muitos deles, Whitefield era a única referência paterna. Aos 65 anos de idade, já

muito doente, Whitefield ministrou durante duas horas para uma multidão que o esperava em Exeter,

Inglaterra. Na mesma noite, partiu para a cidade de Newburysport, a fim de hospedar-se na casa do

pastor local. Durante a madrugada, falou ainda com alguns colegas por cerca de 30 minutos e subiu as

Page 59: História da Igreja

escadas para o seu dormitório. Lá, morreu, pregando a Palavra de salvação até o último minuto de vida

ao seu companheiro de quarto.

Finney: Nasceu de uma família descrente e se criou num lugar onde os membros da igreja conheciam

apenas a formalidade fria dos cultos. Tornou-se um advogado que, ao encontrar nos seus livros de

jurisprudência muitas citações da Bíblia, comprou ume exemplar com a intenção de conhecer as

Escrituras. Eis um trecho de sua biografia: Ao ler a Bíblia, ao assistir às reuniões de oração, e ouvir os

sermões do senhor Galé, percebi que não me achava pronto a entrar nos céus... Fiquei impressionado

especialmente com o fato de as orações dos crentes, semana após semana, não serem respondidas. Li na

Bíblia “pedi e dar-se-vos-á”. Li, também, que Deus é mais pronto a dar o Espírito Santo aos que lho

pedirem, do que os pais terrestres a darem boas coisas aos filhos. Ouvia os crentes pedirem um

derramamento do Espírito Santo e confessarem, depois, que não o receberam. Exortavam uns aos

outros a se despertarem para pedir, em oração, um derramamento do Espírito de Deus e afirmavam que

assim haveria um avivamento com a conversão de pecadores... Foi num domingo de 1821 que assentei

no coração resolver o problema sobre a salvação da minha alma e ter paz com Deus. (...) Fui vencido

pela convicção do grande pecado de eu envergonhar-me se alguém me encontrasse de joelhos perante

Deus, e bradei em alta voz que não abandonaria o lugar, nem que todos os homens da terra e todos os

demônios do inferno me cercassem. O pecado parecia-me horrendo, infinito. Fiquei quebrantado até o

pó perante o Senhor. Nessa altura, a seguinte passagem me iluminou: “ Então me invocareis, e ireis, e

orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso

coração”. A conversão de Finney e o seu imediato batismo no Espírito Santo, contados em sua

biografia, são impressionantes. O amor a Deus, a fome de sua Palavra, a unção para testemunhar e

anunciar do Evangelho vieram sobre ele no dia de sua entrega a Jesus. Imediatamente, o advogado

perdeu todo o gosto pela sua profissão e tornou-se um dos mais famosos pregadores do Evangelho. Eis o

segredo dos grandes pregadores, nas palavras do próprio Finney: Os meios empregados eram

simplesmente pregação, cultos de oração, muita oração em secreto, intensivo evangelismo pessoal e

cultos para a instrução dos interessados. Eu tinha o costume de passar muito tempo orando; acho que, às

vezes, orava realmente sem cessar. Achei, também, grande proveito em observar freqüentemente dias

inteiros de jejum em secreto. Em tais dias, para ficar inteiramente sozinho com Deus, eu entrava na

mata, ou me fechava dentro do templo. Conta-se acerca deste pregador que depois de ele pregar em

Governeur, no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro na cidade durante seis

anos. Calcula-se que somente durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas

para Cristo pelo ministério de Finney. Na Inglaterra, durante nove meses de evangelização, multidões

também se prostraram diante do Senhor enquanto Finney pregava. Descobriu-se que mais de 85 pessoas

de cada 100 que se convertiam sob a pregação de Finney permaneciam fiéis a Deus; enquanto 75 pessoas

de cada cem, das que professaram conversão nos cultos de algum dos maiores pregadores, se desviavam.

Parece que Finney tinha o poder de impressionar a consciência dos homens sobre a necessidade de um

viver santo, de tal maneira que produzia fruto mais permanente.

Page 60: História da Igreja

Resultado:

Interesse pelos assuntos espirituais / Maior vitalidade nas igrejas / Evangelismo em massa / Tentativa de

restaurar o cristianismo primitivo / Ecumenicidade / Reformas humanitárias – abolicionismo,

abstinência, educação, direitos da mulher e dos trabalhadores; Movimentos de reforma social / Abolição

da escravidão / Proibição do uso de bebidas alcoólicas / Direitos das mulheres / Estímulo as missões e a

ação social / Pregação emocional e popular / Participação dos leigos / Conflitos e cismas.

Capítulo XV - O Fundamentalismo

O fundamentalismo é uma atitude de vida, que também se reflete na teologia e eclesiologia. É uma

tendência ultra conservadora frente as manifestações destrutivas da crítica liberal.

O fundamentalismo surge nos EUA, em meados do século XIX, procurando afirmar os pontos

fundamentais da fé cristã. Os fundamentalistas estão em todos os lugares. Talvez hoje mesmo você tenha

encontrado com um ou talvez você seja um. Afinal, os fundamentalistas não estão tão distantes assim:

surgiram nos Estados Unidos e sempre estão de posse de uma Bíblia. No final do século 19, o avanço da

ciência e a progressiva liberação dos costumes separou os membros das igrejas protestantes americanas

batistas, metodistas e presbiterianos em duas facções. Enquanto os liberais mantinham-se

desorganizados, os conservadores tomaram força nas Conferências de Niágara, reuniões anuais de

estudos bíblicos realizadas entre 1883 e 1897, próximo às famosas cataratas. O termo

"fundamentalismo" veio de uma série de 12 panfletos publicados pelos conservadores em 1902,

intitulados Os Fundamentos. Em 1910, a assembléia geral da Igreja Presbiteriana reforçou os princípios

ao publicar uma lista dos Cinco Fundamentos (leia ao lado) da fé, que nenhum cristão legítimo poderia

negar. Ou seja, no sentido original, não fazia sentido falar de fundamentalistas islâmicos. Mas com o

tempo,"fundamentalismo" passou a ter um sentido mais amplo, referindo-se a qualquer grupo religioso

que rejeite o liberalismo moderno e defenda uma interpretação literal dos livros sagrados.

1. Bíblia como palavra infalível de Deus. A Bíblia é infalível: tudo o que está lá aconteceu ou acontecerá

exatamente como está escrito. Os fundamentalistas rejeitam a Teoria da Evolução e o Big Bang. A Terra

tem apenas 6 500 anos.

2. Nascimento virginal e era um ser divino

3. Jesus foi morto no lugar dos homens, como castigo de Deus pelos pecados deles

4. Milagres

5. Jesus ressuscitou com o mesmo corpo sagrado

6. Jesus voltará à Terra novamente encarnado num homem. Volta visível e gloriosa de Jesus

Promoveu conferências bíblicas, evangelismo de massa, institutos bíblicos conservadores;

Deus grande ênfase em missões;

Page 61: História da Igreja

Patrocinou publicações de artigos defendendo os fundamentos da fé cristã. Em 1909 saiu uma coletânea

chamada “Os fundamentos”, que teve caráter transdenominacional.

Adotou a escatologia dispensacionalista (31 artigos escritos por dispensacionalistas)

Problemas: Resultou em cismas denominacionais / Rejeitou a reflexão científica / Estreitismo ético /

Negativismo cultural / Individualismo espiritualista / Escapismo escatológico / Conservadorismo

político.

O Dispensacionalismo

O dispensacionalismo é um sistema teológico centrado na escatologia, sendo detentor de uma

hermenêutica especial. Embora seja bastante heterodoxo em muitas de suas afirmações, ficou associado ao

conservadorismo evangélico por se posicionar a favor da inerrância das Escrituras .

O surgimento: A primeira pessoa a postular a idéia de um arrebatamento da igreja separado da volta de Jesus

foi o padre jesuíta Emanuel Lacunza (1731-1801), no Chile. Lacunza foi expulso do Chile, e, na Itália,

publica o livro com suas idéias pré-milenistas e pré-tribulacionais = 45 dias de intevalo entre os

acontecimentos. Eduard Irving, organizador de uma igreja dissidente da Igreja Anglicana, tentando

estabelecer a teologia pré-milenista para seu grupo (igreja dos irmãos), descobre o livro de Lacunza e o

traduz para o inglês. No prefácio coloca sérias ressalvas a teologia geral contida no livro, mas publica (1827)

por ser uma obra pré-milenista. O próprio Irving confessa não acreditar na volta de Cristo em duas etapas.

Posteriormente, adota a idéia do arrebatamento pré-tribulacional, mas dizendo que o intervalo de tempo seria

de 3 anos e meio. Em 1827 J.N. Darby abandona a Igreja Anglicana e torna-se membro da igreja dos Irmãos.

Familiarizado com as teorias de Lacunza, passou a estudar o Antigo Testamento.

Em 1830, numa visita a uma congregação que queria se filiar a Igreja dos Irmãos ouve uma profecia

de uma adolescente de 15 anos, Margareth MacDonald (que veio a falecer com 29 anos, e, segundo o

atestado de óbito, era insana mentalmente), dizendo que o intervalo entre a 1ª e a 2ª vinda de Jesus seria de

7 anos. Darby rejeitou o ensino avivalista e de arrebatamento parcial que floresciam naquela igreja, mas

parece ter adotado a partir dali a idéia de uma intervalo de 7 anos entre as duas vindas de Cristo. Darby

publicou 40 livros expondo suas teorias, as quais, embora estranhas à tradição apostólica, tiveram ouvidos

por estarem embaladas num discurso fundamentalista .

Vários autores e seguidores o seguiram:

C.H. MacKintosh; Campbell Morgam; C.I. Scofield – autor da primeira bíblia evangélica notas de

rodapé;

Características da teologia dispensacionalista :

1. Hermenêutica literalista / Hermenêutica que vem do Antigo Testamento para o Novo Testamento /

Existência de 2 povos de Deus: Israel e a Igreja / Tratamento diferenciados de Deus em cada etapa da

história: dispensações / Diferenciação entre o Reino dos Céus (futuro) e o Reino de Deus (espiritual e

presente) / Arrebatamento secreto pré-tribulacional / Escatologia centrada em Israel / Duas voltas de

Jesus e 3 ressurreições.

Page 62: História da Igreja

Como os conservadores foram missionários aguerridos, as áreas de influência missionária norte-

americana receberam esta escatologia estranha a história da igreja / A maioria das editoras brasileiras só

publica obras dispensacionalistas;

Capítulo XVI - Protestantismo Americano

A SOCIEDADE COLONIA

Apesar das tradicionais diferenças entre as colônias do “norte” e do “sul”, a maioria da sociedade

colonial passou a defender o ideal de emancipação, uma vez que os interesses do capitalismo inglês

opunham-se frontalmente às possibilidades de desenvolvimento colonial. Esse antagonismo era percebido

principalmente nas colônias do centro norte, onde já existia uma burguesia, que acumulava capitais

principalmente a partir do comércio triangular e que acabou comandando o movimento de independência,

contando com o apoio das demais camadas sociais, inclusive de grande parte dos proprietários rurais do sul.

Na década anterior à Guerra de Independência, podemos dizer que a sociedade estava dividida entre duas

correntes políticas: os Patriotas ou Whigs, favoráveis à emancipação, mesmo que através da guerra, e os

Legalistas ou Tories, fiéis ao Rei da Inglaterra, contrários à idéia de independência. A primeira corrente

pertencia a maior parte da burguesia colonial, os pequenos proprietários, as camadas intelectualizadas, os

comerciantes, artesãos, trabalhadores assalariados. Na Segunda corrente encontravam-se os altos

funcionários da administração colonial, parcela dos latifundiários do sul, alguns grupos de comerciantes e de

congregações religiosas. Se por um lado grande parte dos colonos estava influenciada pelas idéias

iluministas, foi a mudança da política colonial inglesa, após a Guerra dos Sete Anos (1756 –1763), a

responsável pela definição política da maioria a favor da independência. 4 Julho de 1776 - representantes

das treze colônias aprovaram a declaração de Independência dos Estados Unidos da América.

Processo de implantação

Povoamento / Colônias / Passagem para o oriente

Protestantismo

Os americanos ofereceram desde o primeiro momento asilo aos radicais religiosos. Força calvinista de

início: Puritanos / moralismo e o legalismo da piedade / regulamentação da vida por meio de normas /

Anglicanos / Estabeleceram-se como os Episcopais / Congregacionais / Holandeses reformados / Luteranos

alemães.

Comunidades religiosas utópicas na América do Norte

1. Ordem dos solitários

Page 63: História da Igreja

Líder: Conrad Beissel (1690-1786) e John Peter (1710-1796) / Pensilvânia / Características: ascetismo

rigoroso / Sábado, o sétimo dia / Pacifismo / Bens comuns / Batismo de adultos.

2. Sociedade Unida dos crentes na segunda vinda de Cristo

Líder: Ann Lee Stanley (1736-1784) / Características: Mãe Ann Lee acreditava ser o Cristo em sua

segunda vinda. / As relações sexuais são a raiz de todos os males / Pacifismo / Universalismo /

Comunicação com os mortos / Glossolalia / Dança em grupo / Deus era visto como feminino e

masculino / O milênio começou em 1787

3. Sociedade do amigo público universal

Líder: Jemima Wilkinson (1752-1819) / Características: transformação de Jemima no amigo público

universal, o disseminador da Verdade, depois de morrer e ter seu corpo sido habitado pelo Espírito da

vida os seguidores de Jemima acreditavam que ela fosse Cristo em sua segunda vinda.

4. Comunidade de Oneida

Líder: John Humphrey (1811-1886) / Perfeccionismo / Bens comuns / Casamento complexo =

procriação comunitária – por meio da decisão comunitária

Capítulo XVII - O TRABALHO MISSIONÁRIO NA AMÉRICA LATINA

No século XIX o protestantismo despertou de sua inatividade e deu início a uma intensa obra

missionária na América Latina, com a implantação de muitas denominações nessa época.

Em termos humanos, a entrada dos protestantes na América Latina dependeu das pressões

econômicas aplicadas externamente pela Inglaterra e Estados Unidos, e também de pressões ideológicas

liberais e anticlericais internas. O protestantismo teve um início audacioso com a chegada do educador

James (Diego) Thompson em 1819 na Argentina e com a concessão da liberdade de culto aos estrangeiros

no Brasil em 1823. O crescimento foi bastante demorado e a resistência Católica foi grande durante todo o

século XIX. Somente no século XX, a partir da 2ª Grande Guerra o protestantismo veio a ter influência e

começou a colheita do que foi semeado no século anterior. A penetração do protestantismo na América

Latina no século XIX faz parte do que Latourette chamou de “O Grande Século do Avanço Missionário”, e

ao qual ele dedicou três dos sete volumes de sua obra. A history of the Expansion of Christianity (Uma

História da Expansão do Cristianismo).

O protestantismo implantado dava mais ênfase à doutrina correta e ao compromisso pessoal do

indivíduo. Embora todo tipo de protestantismo tenha buscado fazer um lugar para si mesmo, os que

Page 64: História da Igreja

colocaram maior ênfase na evangelização, juntamente com o compromisso pessoal de mudança do

comportamento, cresceram mais rapidamente.

1. Origens do protestantismo na América Latina

James (Diego) Thompson, um pastor batista, foi para a Argentina com o objetivo de fundar ali

escolas usando o método pedagógico de Lancaster. Basicamente esse método possuía dois pontos positivos

que o adequavam perfeitamente ao trabalho missionário. Em primeiro lugar, fazia uso dos melhores alunos

para ensinar os principiantes. Segundo, utilizava-se de passagens das Escrituras como textos para ensinar

gramática e alfabetizar. Portanto, esse era um método fácil para ensinar a Bíblia e transmitir aos alunos o

conteúdo da Revelação. A fama de Thompson espalhou-se rapidamente através da América espanhola. Ele

estabeleceu 100 escolas Lancaster só em Buenos Aires. O protestantismo na América Latina no século XIX

colocou muita ênfase na evangelização e compromisso pessoal (mudança comportamental).

2. Convenções que trabalharam na América Latina

As denominações que começaram seu trabalho na América Latina foram os Anglicanos, Luteranos,

Irmãos (Plymouth), Congregacionais, Presbiterianos, Metodistas, Batistas, Menonitas e Adventistas (Sétimo

Dia). As missões anglicanas, luteranas e menonitas trabalharam quase exclusivamente com os emigrantes

que determinaram tanto a forma cultural quanto a extensão do alcance dessas denominações. Prot. De

Emigração. As demais trabalharam com os nativos em sua própria linguagem e cultura, embora quase

sempre houvesse uma imposição inconsciente do lastro cultural e expectativas do missionário. Prot. De

Missão. O Catolicismo Romano não foi muito simpático com o avanço missionário protestante. Os três

séculos de Padroado não se prestaram à introdução do pluralismo religioso. Com exceção da primeira

metade do século XIX, quando houve relativa aceitação dos missionários principalmente no Brasil. No mais

havia muita intolerância e perseguição. Os protestantes encontraram aliados e até protetores entre os

políticos liberais, o que provocou reação ainda mais forte entre os “ultramontanistas” do clero.

Principalmente no Brasil, onde a hierarquia do clero temia pela protestanização do país através da

imigração. Como resultado desses conflitos, o protestantismo da América Latina assumiu um perfil anti-

católico.

Os primeiros brasileiros presbiterianos são conhecidos pela sua polêmica com o jesuíta Leonel

Franca. Em certos momentos a literatura de homens como Álvaro Reis, Eduardo Carlos Pereira, Ernesto

Luiz de Oliveira, colocaram o debate num plano acadêmico elevado que não podia ser desprezado como as

escrevinhações de hereges ignorantes. Mesmo assim, os evangélicos foram tentados a levarem uma vida de

refúgio sob a proteção de comunidades tipo “gueto”, de onde se afastavam somente para ir a busca de novas

conversões. E o que foi muito notável é que o mais simples ou mais humilde entre os crentes que estudara a

Bíblia apenas na Escola Bíblica Dominical, era capaz de defender a sua fé diante de sacerdotes e do povo

Page 65: História da Igreja

com argumentos ousados e sedimentados na palavra de Deus. Outro fato significativo na história dos

primórdios do protestantismo latino-americano foi que a evangelização teve seu início associado à venda de

Bíblias e a alfabetização de novos convertidos. As pessoas se convertiam, compravam Bíblias e como não

sabiam ler ou escrever, se dedicaram à alfabetização para se dedicarem à leitura das Sagradas Escrituras.

Estas características no seio do protestantismo eram tão forte que os crentes passaram a ser chamados de os

“Bíblias”.

3. Implantação

Foram dois os incidentes que se destacaram no rompimento eventual do monopólio católico-romano.

A pressão externa aplicada pela Inglaterra, forçando um tratado com o Brasil. / Outro foi a nomeação de

Diego Thompson em 1819 como diretor da educação primária na Argentina, feita pelo governo sob

orientação dos liberais.

A Grã-Bretanha forçou as portas da colônia portuguesa. No início do século XIX caiu o Império

Português. A Inglaterra tornou-se senhora dos mares, ao destruir as armadas francesas e espanholas. A

Inglaterra forçou o governo Português sediado no Rio de Janeiro, a abrir os portos brasileiros ao comércio

mundial. Em tratado assinado com a Inglaterra em 1810, o Governo Português se comprometeu a permitir a

construção de casas de adoração para os estrangeiros, contanto que não tivessem a aparência de igrejas. Era

proibido colocar-se a cruz nas construções. Na Constituição de 1823 foi acrescentado o direito de liberdade

de culto e a manutenção de cemitérios protestantes. Os anglicanos foram os primeiros a construírem um

templo na América do Sul em 1819. O anglicanismo limitou-se mais à comunidade inglesa, sendo que a

partir de 1889 passou a ter um lento crescimento. Enquanto isso na Argentina, James Thomson, um pastor

batista, fundou escolas e com base no método pedagógico de Lancaster, em sua essência, adequando ao

trabalho missionário. Desta forma fazia uso dos melhores alunos para ensinar aos principiantes. E, utilizava

as passagens bíblicas como textos para ensinar gramática e alfabetizar. A implantação definitiva do

protestantismo na América Latina dependeu de um avanço duplo da imigração e dos missionários. Sendo

que esse avanço ocorreu em maior parte na segunda metade do século XIX depois das mudanças sócio-

políticas terem aberto as portas para o testemunho evangélico. A partir de meados de 1940, o protestantismo

avançou rapidamente na América Latina, especialmente no Brasil. Não enfatizamos neste estudo os

aspectos doutrinários da implantação da igreja na América Latina. Mas é certo que todo esse período de

formação do protestantismo latino, os missionários introduziram uma teologia conservadora baseada nas

Escrituras como norma de fé. Fundamentalista. O protestantismo latino-americano do século XIX brilhou

nos campos da educação e da medicina. Berçários e orfanatos foram fundados em grande número.

A Igreja na América Latina

1. Contexto

Page 66: História da Igreja

Igreja vive e viveu em contextos mundiais / Sua história = imperialismo europeu e o imperialismo norte-

americano / Revoluções, teologias e ideologias.

2. Períodos

Primeiro – descobrimento até meados do séc. XVI / Domínio exercido pela elite européia / Segundo –

séc XVI até 1620 / Minas do Peru e de Potosé no sul / Estrutura formada / Chegada dos jesuítas (1549) /

Terceiro – 1620- 1700 / Cristianismo barroco / Início de uma nova sucessão / Espanha e Portugal / Crise

na revolução industrial e emancipação das colônias / Quarto – 1807-1830 / Guerras de emancipação /

Organização nacional

Características dos colonizadores (1492)

1. Intransigência religiosa

Cruzadas e idéias de conquista / Profunda rivalidade entre os cristãos / Marcas: portugueses, espanhóis e

protestantes / Acrescentar aos povos sua fé / Destruir aqueles que a querem controlar / O evangelho da

vida era patrocinador da morte = inversão do conteúdo do evangelho.

2. Padroado, Cristandade e expansão

Expansão européia = Espanha / Expansão econômica do capitalismo = busca de metais preciosos e mão

de obra escrava / Colonização = políticos-militares / Exploração econômico-social / Conquista espiritual

= destruição de culturas, religiões e línguas.

Capítulo XVIII - O Protestantismo no Brasil (Alderi Souza de Matos)

I. Período Colonial

Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no período colonial. Dois grupos são

particularmente relevantes:

1. Os franceses na Guanabara (1555-1567): no final de 1555, chegou à Baía da Guanabara uma

expedição francesa comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon, para fundar a "França

Antártica”.Esse empreendimento teve o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto

no massacre do dia de São Bartolomeu (24-08-1572). Em resposta a uma carta de Villegaignon, Calvino e a

igreja de Genebra enviaram um grupo de crentes reformados, sob a liderança dos pastores Pierre Richier e

Guillaume Chartier (1557). Fazia parte do grupo o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde estudou na

Academia de Genebra e tornou-se pastor (†1611). Ele escreveria um relato da expedição, História de uma

Viagem à Terra do Brasil, publicado em Paris em 1578. Em 10 de março de 1557, esses reformados

celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e talvez das Américas. Todavia, pouco tempo depois

Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha

em que se encontravam.

Page 67: História da Igreja

Alguns meses depois, os colonos reformados embarcaram para a França. Quando o navio ameaçou

naufragar, cinco deles voltaram e foram presos: Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André

Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, escreveram uma bela declaração de suas

convicções, a "Confissão de Fé da Guanabara" (1558). Em seguida, os três primeiros foram mortos e Lafon,

o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada. Balleur fugiu para São Vicente, foi preso e levado para

Salvador (1559-67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os últimos franceses foram

expulsos. A França Antártica é considerada como a primeira tentativa de estabelecer tanto uma igreja quanto

um trabalho missionário protestante na América Latina.

2. Os holandeses no Nordeste (1630-54): depois de uma árdua guerra contra a Espanha, a Holanda

calvinista conquistou a sua independência em 1568 e começou a tornar-se uma das nações mais prósperas da

Europa. Pouco tempo depois, Portugal caiu sob o controle da Espanha por sessenta anos – a chamada "União

Ibérica" (1580-1640). Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo

de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: o

nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no

ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do Nordeste. O maior

líder do Brasil holandês foi o príncipe João Maurício de Nassau-Siegen, que governou o nordeste de 1637 a

1644. Nassau foi um notável administrador, promoveu a cultura, as artes e as ciências, e concedeu uma boa

medida de liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus.

Sob os holandeses, a Igreja Reformada era oficial. Foram criadas vinte e duas igrejas locais e

congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-

1646). Mais de cinqüenta pastores ou "predicantes" serviram essas comunidades. A Igreja Reformada

realizou uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência, foi

preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação

de pastores indígenas. Em 1654, após quase dez anos de luta, os holandeses foram expulsos, transferindo-se

para o Caribe. Os judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, a futura Nova York.

II. Brasil Império

O século XIX testemunhou a implantação definitiva do protestantismo no Brasil.

1. Primeiras manifestações:

Após a expulsão dos holandeses, o Brasil fechou as suas portas aos protestantes por mais de 150 anos.

Foi só no início dos século XIX, com a vinda da família real portuguesa, que essa situação começou a se

alterar. Em 1810, Portugal e Inglaterra firmaram um Tratado de Comércio e Navegação, cujo artigo XII

concedeu tolerância religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos começaram a chegar, entre eles um

bom número de reformados. Depois da independência, a Constituição Imperial (1824) reafirmou esses

Page 68: História da Igreja

direitos, com algumas restrições. Em 1827 foi fundada no Rio de Janeiro a Comunidade Protestante Alemã-

Francesa, que veio a congregar, ao lado de luteranos, reformados alemães, franceses e suíços. Um dos

primeiros pastores presbiterianos a visitar o Brasil foi o Rev. James Cooley Fletcher (1823-1901), que aqui

chegou em 1851. Fletcher foi capelão dos marinheiros que aportavam no Rio de Janeiro e deu assistência

religiosa a imigrantes europeus. Ele manteve contatos com D. Pedro II e outros membros destacados da

sociedade; lutou em favor da liberdade religiosa, da emancipação dos escravos e da imigração protestante.

Ele escreveu o livro O Brasil e os Brasileiros (1857), que foi muito apreciado nos Estados Unidos. Fletcher

não fez nenhum trabalho missionário junto aos brasileiros, mas contribuiu para que isso acontecesse. Foi ele

quem influenciou o Rev. Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah P. Kalley a virem para o Brasil, o que

ocorreu em 1855. Kalley fundou a Igreja Evangélica Fluminense em 1858. No ano seguinte, chegou ao Rio

de Janeiro o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, o Rev. Ashbel G. Simonton.

2. Protestantismo de Imigração :

"Ao iniciar-se o século XIX, não havia no Brasil vestígio de protestantismo" (B. Ribeiro,

Protestantismo no Brasil Monárquico, 15). Em janeiro de 1808, com a chegada da família real, o príncipe-

regente João decretou a abertura dos portos do Brasil às nações amigas. Em novembro, novo decreto

concedeu amplos privilégios a imigrantes de qualquer nacionalidade ou religião. Em fevereiro de 1810,

Portugal assinou com a Inglaterra tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação. Este, em seu

artigo XII, concedeu aos estrangeiros "perfeita liberdade de consciência" para praticarem sua fé. Tolerância

limitada: proibição de fazer prosélitos e falar contra a religião oficial; capelas sem forma exterior de templo

e sem uso de sinos. O primeiro capelão anglicano, Robert C. Crane, chegou em 1816. A primeira capela foi

inaugurada no Rio de Janeiro em 26-05-1822; seguiram-se outras nas principais cidades costeiras. Outros

estrangeiros protestantes: americanos, suecos, dinamarqueses, escoceses, franceses e especialmente alemães

e suíços de tradição luterana e reformada.

"Quando se proclamou a Independência, contudo, ainda não havia igreja protestante no país. Não havia

culto protestante em língua portuguesa. E não há notícia de existir, então, sequer um brasileiro protestante"

(B. Ribeiro, ibid., 18). Com a independência, houve grande interesse na vida de imigrantes, inclusive

protestantes. Constituição Imperial de 1824, art. 5º: "A religião católica apostólica romana continuará a ser a

religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em

casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo”. 1820 – suíços católicos iniciaram a

colônia de Nova Friburgo; logo a área foi abandonada e oferecida a alemães luteranos que chegaram em

maio de 1824: um grupo de 324 imigrantes acompanhados do seu pastor, Friedrich Oswald Sauerbronn

(1784-1864). A maior parte dos imigrantes alemães foram para o sul: cerca de 4.800 entre 1824 e 1830 (60%

protestantes). Primeiros pastores: Johann Georg Ehlers, Karl Leopold Voges e Friedrich Christian

Klingelhöffer.

Junho 1827: fundação da Comunidade Protestante Alemã-Francesa do Rio de Janeiro, por iniciativa do

cônsul da Prússia Wilhelm von Theremin. Luteranos e calvinistas. Primeiro pastor: Ludwig Neumann.

Page 69: História da Igreja

Primeiro santuário em 1837 (alugado); o edifício próprio foi inaugurado em 1845. Por falta de ministros

ordenados, os primeiros luteranos organizaram sua própria vida religiosa. Elegeram leigos para serem

pastores e professores, os "pregadores-colonos." Na década de 1850, a Prússia e a Suíça "descobriram" os

alemães do sul do Brasil e começaram a enviar-lhes missionários e ministros. Isso criou uma igreja mais

institucional e européia. Em 1868, o Rev. Hermann Borchard (chegou em 1864) e outros colegas fundaram o

Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul, que foi extinto em 1875. Em 1886, o Rev.

Wilhelm Rotermund (chegou em 1874), organizou o Sínodo Rio-Grandense, que tornou-se modelo para

outras organizações similares. Até o final da Segunda Guerra Mundial as igrejas luteranas permaneceram

culturalmente isoladas da sociedade brasileira. Uma conseqüência importante da imigração protestante é o

fato de que ela ajudou a criar as condições que facilitaram a introdução do protestantismo missionário no

Brasil. Erasmo Braga observou que, à medida que os imigrantes alemães exigiam garantias legais de

liberdade religiosa, estadistas liberais criaram "a legislação avançada que, durante o longo reinado de D.

Pedro II, protegeu as missões evangélicas da perseguição aberta e até mesmo colocou as comunidades não-

católicas sob a proteção das autoridades imperiais" (The Republic of Brazil, 49). Em 1930, de uma

comunidade protestante de 700 mil pessoas no país, as igrejas imigrantes tinham aproximadamente 300 mil

filiados. A maior parte estava ligada à Igreja Evangélica Alemã do Brasil (215 mil) e vivia no Rio Grande do

Sul.

3. Protestantismo Missionário :

As primeiras organizações protestantes que atuaram junto aos brasileiros foram as sociedades bíblicas:

Britânica e Estrangeira (1804) e Americana (1816). Traduções da Bíblia: protestante – Rev. João Ferreira de

Almeida (1628-1691); católica – Pe. Antonio Pereira de Figueiredo (1725-1797). Primeiros agentes oficiais:

SBA – James C. Fletcher (1855); SBBE – Richard Corfield (1856). O trabalho dos colportores. A Igreja

Metodista Episcopal foi a primeira denominação a iniciar atividades missionárias junto aos brasileiros

(1835-41). Obreiros: Fountain E. Pitts, Justin Spaulding e Daniel Parish Kidder. Fundaram no Rio de Janeiro

a primeira escola dominical do Brasil. Também atuaram como capelães da Sociedade Americana dos

Amigos dos Marinheiros, fundada em 1828.

Daniel P. Kidder: figura importante dos primórdios do protestantismo brasileiro. Viajou por todo o

país, vendeu Bíblias, contactou intelectuais e políticos destacados, como o Pe. Feijó, regente do império

(1835-37). Escreveu Anotações de Residência e Viagens no Brasil, publicado em 1845, clássico que

despertou grande interesse pelo nosso país.

James Cooley Fletcher (1823-1901): pastor presbiteriano, estudou em Princeton e na Europa, casou-se

com uma filha de César Malan, teólogo calvinista de Genebra. Chegou ao Brasil em 1851 como novo

capelão da Sociedade dos Amigos dos Marinheiros e como missionário da União Cristã Americana e

Estrangeira. Atuou como secretário interino da legação americana no Rio e foi o primeiro agente oficial da

Sociedade Bíblica Americana. Promotor entusiasta do protestantismo e do "progresso." Escreveu O Brasil e

os Brasileiros, publicado em 1857.

Page 70: História da Igreja

Robert Reid Kalley (1809-1888): nascido na Escócia, estudou medicina e em 1838 foi trabalhar como

missionário na Ilha da Madeira. Oito anos depois, escapou de violenta perseguição e foi com seus

paroquianos para os Estados Unidos. Fletcher sugeriu que fosse para o Brasil, onde Kalley e sua esposa

Sarah Poulton Kalley (1825-1907) chegaram em maio de 1855. No mesmo ano, fundaram em Petrópolis a

primeira escola dominical permanente do país (19-08-1855). Em 11 de julho de 1858, Kalley fundou a Igreja

Evangélica, depois Igreja Evangélica Fluminense (1863), cujo primeiro membro brasileiro foi Pedro

Nolasco de Andrade. Kalley teve importante atuação na defesa da liberdade religiosa. Sua esposa foi autora

do famoso hinário Salmos e Hinos (1861).

Igreja Presbiteriana: missionários pioneiros – Ashbel Green Simonton (1859), Alexander L. Blackford

(1860), Francis J.C. Schneider (1861). Primeiras igrejas: Rio de Janeiro (12-01-1862), São Paulo e Brotas

(1865). Imprensa Evangélica (1864), seminário (1867). Primeiro pastor brasileiro: José Manoel da

Conceição (17-12-1865). A Escola Americana foi criada em 1870 e o Sínodo do Brasil surgiu em 1888.

Imigrantes americanos: estabeleceram-se no interior de São Paulo após a Guerra Civil americana

(1861-65). Foram seguidos por missionários presbiterianos, metodistas e batistas. Pioneiros presbiterianos

da Igreja do sul dos Estados Unidos (PCUS): George N. Morton e Edward Lane (1869). Fundaram o

Colégio Internacional (1873).

Igreja Metodista Episcopal (sul dos EUA): enviou Junius E. Newman para trabalhar junto aos

imigrantes (1876). O primeiro missionário aos brasileiros foi John James Ransom, que chegou em 1876 e

dois anos depois organizou a primeira igreja no Rio de Janeiro. Martha Hite Watts iniciou uma escola para

moças em Piracicaba (1881). A partir de 1880, a I.M.E. do norte dos EUA enviou obreiros ao norte do Brasil

(William Taylor, Justus H. Nelson) e ao Rio Grande do Sul. A Conferência Anual Metodista foi organizada

em 1886 pelo bispo John C. Granbery, com a presença de apenas três missionários.

Igreja Batista: os primeiros missionários, Thomas Jefferson Bowen e sua esposa (1859-61) não foram

bem sucedidos. Em 1871, os imigrantes de Santa Bárbara organizaram duas igrejas. Os primeiros

missionários junto aos brasileiros foram William B. Bagby, Zachary C. Taylor e suas esposas (chegados em

1881-82). O primeiro membro e pastor batista brasileiro foi o ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque,

que já estivera ligado aos metodistas. Em 1882 o grupo fundou a primeira igreja em Salvador, Bahia. A

Convenção Batista Brasileira foi criada em 1907.

Igreja Protestante Episcopal: última das denominações históricas a iniciar trabalho missionário no

Brasil. Um importante e controvertido precursor havia sido Richard Holden (1828-1886), que durante três

anos (1861-64) atuou com poucos resultados no Pará e na Bahia. O trabalho permanente teve início em 1890

com James Watson Morris e Lucien Lee Kinsolving. Inspirados pela obra de Simonton e por um folheto

sobre o Brasil, fixaram-se em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, estado até então pouco ocupado por outras

missões. Em 1899, Kinsolving tornou-se o primeiro bispo residente da Igreja Episcopal do Brasil.

Page 71: História da Igreja

4. Igrejas Pentecostais e Neo-Pentecostais :

As três ondas do pentecostalismo brasileiro: (a) Décadas 1910-1940: chegada simultânea da Congregação

Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, que dominam o campo por 40 anos; (b) Décadas 1950-1960:

campo pentecostal se fragmenta, surgem novos grupos – Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo, Deus

é Amor e muitos outros (contexto paulista); (c) Anos 70 e 80: neopentecostalismo – Igreja Universal do

Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e outras (contexto carioca).

Congregação Cristã no Brasil: fundada pelo italiano Luigi Francescon (1866-1964). Radicado em Chicago,

foi membro da Igreja Presbiteriana Italiana e aderiu ao pentecostalismo em 1907. Em 1910 (março-

setembro) visitou o Brasil e iniciou as primeiras igrejas em Santo Antonio da Platina (PR) e São Paulo, entre

imigrantes italianos. Veio 11 vezes ao Brasil até 1948. Em 1940, o movimento tinha 305 "casas de oração" e

dez anos mais tarde 815.

Assembléia de Deus: fundadores: suecos Daniel Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933). Batistas

de origem, abraçaram o pentecostalismo em 1909. Conheceram-se numa conferência pentecostal em

Chicago. Assim como Luigi Francescon, Berg foi influenciado pelo pastor batista W.H. Durham, que

participou do avivamento de Los Angeles (1906). Sentindo-se chamados para trabalhar no Brasil, chegaram

a Belém em novembro de 1910. Seus primeiros adeptos foram membros de uma igreja batista com a qual

colaboraram.

Igreja do Evangelho Quadrangular: fundada nos Estados Unidos pela evangelista Aimee Semple McPherson

(1890-1944). O missionário Harold Williams fundou a primeira IEQ do Brasil em novembro de 1951 (São

João da Boa Vista). Em 1953 teve início a Cruzada Nacional de Evangelização, sendo Raymond Boatright o

principal evangelista. A igreja enfatiza quatro aspectos do ministério de Cristo: aquele que salva, batiza com

o Espírito Santo, cura e virá outra vez. As mulheres podem exercer o ministério pastoral.

Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo: fundada por Manoel de Mello, um evangelista da

Assembléia de Deus que depois tornou-se pastor da IEQ. Separou-se da Cruzada Nacional de Evangelização

em 1956, organizando a campanha "O Brasil para Cristo," da qual surgiu a igreja. Filiou-se ao CMI em 1969

(desligou-se em 1986). Em 1979 inaugurou seu grande templo em São Paulo, sendo orador oficial Philip

Potter, secretário-geral do CMI. Esteve presente o cardeal arcebispo de São Paulo, Paulo Evaristo Arns.

Manoel de Mello morreu em 1990.

Igreja Deus é Amor: fundada por David Miranda (nascido em 1936), filho de um agricultor do Paraná.

Vindo para São Paulo, converteu-se numa pequena igreja pentecostal e em 1962 fundou sua igreja em Vila

Maria. Logo transferiu-se para o centro da cidade (Praça João Mendes). Em 1979, foi adquirida a "sede

mundial" na Baixada do Glicério, o maior templo evangélico do Brasil (dez mil pessoas). Em 1991 a igreja

afirmava ter 5.458 templos, 15.755 obreiros e 581 horas diárias em rádios, bem como estar presente em 17

países (principalmente Paraguai, Uruguai e Argentina).

Page 72: História da Igreja

Igreja Universal do Reino de Deus: fundada por Edir Macedo (nascido em 1944), filho de um comerciante

fluminense. Trabalhou por 16 anos na Loteria do Estado (subiu de contínuo para um posto administrativo).

De origem católica, ingressou na Igreja de Nova Vida na adolescência. Deixou essa igreja para fundar a sua

própria, inicialmente denominada Igreja da Bênção. Em 1977 deixou o emprego público para dedicar-se ao

trabalho religioso. Nesse mesmo ano surgiu o nome IURD e o primeiro programa de rádio. Macedo viveu

nos EUA de 1986 a 1989, quando voltou ao Brasil, transferiu a sede da igreja para São Paulo e adquiriu a

Rede Record. Em 1990 a IURD elegeu três deputados federais. Macedo esteve preso por doze dias em 1992,

sob a acusação de estelionato, charlatanismo e curandeirismo.

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