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Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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CCAADDEERRNNOO PPEEDDAAGGÓÓGGIICCOO HHIIPPEERRAATTIIVVIIDDAADDEE:: UUMM DDEESSAAFFIIOO ÀÀ

AAÇÇÃÃOO EEDDUUCCAACCIIOONNAALL

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Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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Necessitamos de uma educação para a decisão, Necessitamos de uma educação para a decisão, Necessitamos de uma educação para a decisão, Necessitamos de uma educação para a decisão,

para responsabilidade social e política, onde a para responsabilidade social e política, onde a para responsabilidade social e política, onde a para responsabilidade social e política, onde a

escola se torne espaço de reflexão e partida de escola se torne espaço de reflexão e partida de escola se torne espaço de reflexão e partida de escola se torne espaço de reflexão e partida de

ações efetivas, pois o que acontece no ações efetivas, pois o que acontece no ações efetivas, pois o que acontece no ações efetivas, pois o que acontece no interior da interior da interior da interior da

escola é o reflexo de uma cultura social. A escola é o reflexo de uma cultura social. A escola é o reflexo de uma cultura social. A escola é o reflexo de uma cultura social. A

edueduedueducação deve ser acima de tudo umacação deve ser acima de tudo umacação deve ser acima de tudo umacação deve ser acima de tudo uma tentativa tentativa tentativa tentativa

constante de atitude, que leve o homem a uma constante de atitude, que leve o homem a uma constante de atitude, que leve o homem a uma constante de atitude, que leve o homem a uma

nova postura diante dos problemas do seu tempo e nova postura diante dos problemas do seu tempo e nova postura diante dos problemas do seu tempo e nova postura diante dos problemas do seu tempo e

de seu espaço.de seu espaço.de seu espaço.de seu espaço.

Pau Pau Pau Paulo Freire (1983)lo Freire (1983)lo Freire (1983)lo Freire (1983)

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

À Secretaria Estadual de Educação por incentivar a

Formação Continuada dos Professores da Rede Pública

Estadual do Paraná.

Aos Professores da Universidade Estadual de Ponta

Grossa, que apoiaram a nossa formação.

Em especial à Professora Orientadora Marinê Fecci

Batistão Leite, por sua sabedoria, dedicação e estímulo.

À toda Equipe de Coordenação do PDE, pela dedicação

inesgotável.

Ao Grupo de Trabalho em Rede, pela participação e

inspiração contagiante.

Aos colegas PDE, pela cumplicidade profissional,

entusiasmo e amizade.

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SSUUMMÁÁRRIIOO

Apresentação 06

Introdução 09

Tema 1: Hiperatividade e déficit de atenção 15

Tema 2: Entendendo um cérebroTDAH 19

Tema 3: Diagnóstico e tratamento do TDAH 24

Tema 4: Sugestões para trabalhar com

crianças e adolescentes com hiperatividade

e déficit de atenção

34

Tema 5: A família e a hiperatividade 40

Tema 6: Reflexões sobre situações que

envolvem o TDAH

47

Palavras Finais 56

Referências 60

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AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO___________________________________________

"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo.

Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa.

Por isso aprendemos sempre".

Paulo Freire

A elaboração deste Caderno Pedagógico que

trata da temática “Hiperatividade”, tem sua proposta

respaldada pela Lei Complementar nº 103, de

15/03/2004, que criou o Plano de Carreira do

Magistério, implantado pelo Decreto nº 4482, de

14/03/2005 e Resolução de abril de 2007 que

normatiza a operacionalização do Programa de

Desenvolvimento Educacional.

É urgente melhorar as condições de trabalho

dos profissionais da educação. Para tanto é

necessário favorecer e apoiar a mudança da prática

pedagógica, pesquisando a própria prática, criando

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espaço para atendimento das necessidades dos

alunos, formando um grupo docente aberto às

transformações.

O Programa de Desenvolvimento Educacional

(PDE), é uma política pública do Estado do Paraná

que estabelece o diálogo entre os professores da

Educação Superior e os da Educação Básica, através

de Estudos Orientados, Orientação de Trabalhos em

Rede, Elaboração de Material Didático, Intervenção

na Rede Escolar e a produção de um Artigo sobre a

temática escolhida.

O Programa tem como objetivos, ampliar os

conhecimentos e provocar mudanças qualitativas na

prática escolar da Escola Pública Paranaense.

Os professores participantes do PDE,

elaboraram um Plano de Trabalho apresentando

individualmente sua temática de estudo. O núcleo

central das atividades de um dos períodos do

Programa foi a construção deste Caderno Pedagógico

como produção de Material Didático Pedagógico pelo

professor PDE, com o acompanhamento do Professor

Orientador/IES e a colaboração do Grupo de

Trabalho em Rede.

Esse caderno pedagógico apresenta o título

“Hiperatividade: um desafio à ação educacional”. Foi

planejado para ser utilizado em um contexto de

formação, tendo como público-alvo profissionais da

educação e pretende: incentivar a prática de

formação docente; analisar concepções teórico-

práticas da inclusão de alunos hiperativos com

instabilidade de atenção; apresentar alternativas de

estudo sobre como atender as necessidades

educacionais dos alunos com Transtorno de Déficit

de Atenção/ Hiperatividade; contribuir para o debate

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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e a reflexão sobre o papel da escola e do professor na

perspectiva do desenvolvimento de uma prática de

transformação da ação pedagógica; favorecer a

criação de espaços de aprendizagem coletiva,

incentivando a prática de encontros para estudar e

trocar experiências e o trabalho em grupo nas

escolas; propiciar condições para que os professores

e especialistas em educação, possam fundamentar

sua prática pedagógica em relação ao Transtorno de

Déficit de Atenção/Hiperatividade.

Queremos esclarecer que além de informar, o

propósito deste trabalho é levar à ação. Do contrário

não terá cumprido seu real objetivo. É necessário

envolver-se pessoalmente nos desafios, sensibilizar-

se, mobilizar-se, ousar acreditar que a escola pode se

renovar a cada dia e que o conhecimento pode

romper com preconceitos e rótulos associados aos

alunos hiperativos, garantindo a eles o

desenvolvimento de suas potencialidades.

Bom estudo!

Matilde Esteves Perez

PDE

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www.plenarinho.gov.br

INTRODUÇÃO____________________ “... o nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no

ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isto os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber,

deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos”.

Rubens Alves

O tema escolhido “Hiperatividade” é assunto

de grande destaque na Educação do século XXI,

devido o aprofundamento dos estudos

neuropediátricos. Os transtornos de comportamento

em crianças e adolescentes hiperativos caracterizam-

se por uma série de sintomas como instabilidade de

atenção, agitação exagerada ou impulsividade,

gerando problemas de aprendizagem, de

relacionamento familiar, escolar e social.

Como lidar com essa criança ou adolescente

na escola?

É necessário conhecê-la e melhorar as

condições de trabalho dos profissionais da educação.

Para tanto as relações de poder devem ser

partilhadas, favorecendo e apoiando a mudança da

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prática pedagógica, pesquisando e analisando a

própria prática, criando espaço para atendimento das

necessidades educacionais dos alunos, formando um

grupo docente aberto às transformações. Ou seja,

buscando alternativas democráticas, propiciando

uma prática social transformadora e ampliadora do

conhecimento para todo o coletivo escolar.

Considerando a importância do conhecimento

sobre o Transtorno de Déficit de

Atenção/Hiperatividade, para todo educador e por

ser uma das dificuldades que vivenciamos em nosso

cotidiano como educadoras, é que esse estudo

pretende construir conhecimentos sobre: como o

professor tem trabalhado ou não com o aluno

hiperativo na sala de aula, na Rede Estadual de

Ensino, nas diversas disciplinas? Que alternativas

metodológicas se apresentam com potencial

pedagógico no sentido de garantir ao aluno

hiperativo do Ensino Fundamental, condições para

que obtenha sucesso em suas aprendizagens?

Na tentativa de encontrar possíveis soluções

para os questionamentos propostos, esse caderno

pedagógico foi organizado em 6 temas:

TEMA 1: HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO

No estudo desse tema estudaremos alguns

aspectos históricos da Inclusão, explicações sobre o

termo TDAH e como foi sua evolução do conceito de

lesão até o atual.

Ao estudar o tema 1, teremos a

oportunidade de:

- refletir sobre a importância da efetivação

dos processos inclusivos no ambiente escolar;

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- analisar o desenvolvimento do diagnóstico

do TDAH diante do processo histórico e diante da

inclusão educacional.

TEMA 2: ENTENDENDO UM CÉREBRO

TDAH

A partir de agora estudaremos os fatores

envolvidos na gênese da hiperatividade e os

problemas associados que interferem no

desenvolvimento educacional e social dos TDAH.

Esperamos que com o estudo do tema 2 seja

possível:

- reconhecer os fatores envolvidos na

gênese da hiperatividade;

- analisar os problemas associados a

hiperatividade, entendendo o que se passa de

diferente e especial dentro desses cérebros inquietos.

TEMA 3: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO

TDAH

Estabelecer critérios para identificação de

crianças e adolescentes TDAH sempre foi um desafio

enfrentado pela Psiquiatria e Psicologia.

Esses critérios que devem ser usados para a

avaliação do TDAH, serão discutidos nesse tema.

Assim, esperamos que com o estudo desse

tema seja possível:

- analisar os critérios para identificação dos

TDAH;

- identificar algumas etapas fundamentais

no processo de diagnóstico e tratamento do TDAH.

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TEMA 4: SUGESTÕES PARA TRABALHAR

COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM

HIPERATIVIDADE E INSTABILIDADE DE

ATENÇÃO

Crianças e adolescentes com TDAH,

geralmente são caracterizadas como desatentas,

impulsivas e podem exibir uma variedade de

problemas dentro do contexto escolar.

O estudo dessas sugestões deverá oferecer a

oportunidade de:

- identificar as possibilidades de amenizar

os sintomas do TDAH através de estratégias de

intervenção no comportamento da criança ou

adolescente, tento em vista a melhoria da

aprendizagem;

- refletir sobre a necessidade de desenvolver

metodologias alternativas respeitando as

potencialidades individuais do aluno.

TEMA 5: A FAMÍLIA E A HIPERATIVIDADE

Neste tema apresentamos sugestões aos

pais, para que possam oferecer à criança e

adolescente hiperativo, um ambiente familiar mais

tranqüilo e desenvolvimento emocional mais

equilibrado.

Ao estudar este tema teremos a

oportunidade de:

- analisar a importância da família

encontrar seu ponto de equilíbrio no

relacionamento com a criança ou adolescente TDAH;

- compreender a importância da

participação da família como um elo de

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fortalecimento das relações no processo inclusivo do

aluno TDAH;

TEMA 6: REFLEXÕES SOBRE SITUAÇÕES

QUE ENVOLVEM O TRANSTORNO DE

DÉFICIT DE ATENÇÃO /HIPERATIVIDADE

Neste tema iremos refletir sobre alguns

casos relacionados a hiperatividade e instabilidade de

atenção.

Com o estudo deste tema teremos a

oportunidade de:

- refletir sobre os casos apresentados,

inferindo subsídios que contribuam para uma prática

pedagógica mais voltada para as reais necessidades

dos alunos TDAH;

- considerar como estas experiências de

vida podem contribuir para a ressignificação dos

processos pedagógicos.

Em consonância com perspectivas da

importância da inclusão educacional do aluno

hiperativo com instabilidade de atenção proposta

nesse caderno pedagógico, propomos reflexões, que

parecem-nos importantes recursos de aprendizagem.

Analise-as com atenção, retorne ao texto sempre que

tiver dúvidas. Propomos que você registre essas

atividades no diário de estudo no qual você poderá

também anotar suas dúvidas e tudo que julgar

interessante no seu processo de aprendizagem.

Esperamos que ao conhecer melhor as

situações que envolvem os TDAH, descubramos

alternativas que possam nos mostrar novos rumos

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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para o encaminhamento do processo de

aprendizagem.

Que esse estudo desperte em nós

educadores, um outro olhar sobre essa criança ou

adolescente TDAH, de mais justiça, mais

compreensão.E como pergunta Antunes(2001,p.82) :

Um dia... quem sabe? Breve, teremos currículos

flexíveis que permitam ao TDAH avançar nos

conhecimentos pelo tema que os interessa.

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TEMA 1

HIPERATIVIDADE E INSTABILIDADE

DE ATENÇÃO

Os transtornos de comportamento em crianças

e adolescentes considerados hiperativos,

caracterizam-se por uma série de sintomas como

dificuldades de atenção, agitação exagerada ou

impulsividade, gerando problemas de aprendizagem,

de relacionamento familiar, escolar e social. Na

escola muitas vezes o aluno é rotulado de

desobediente, inquieto, em razão de uma disfunção

cerebral ou Instabilidade de Atenção.

No início do século XX, esse distúrbio foi

chamado de Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome

da Ausência de Controle Moral, passando

posteriormente a ser chamado de Hipercinesia, ou

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Reação Hipercinética da Infância, logo a seguir,

Hiperatividade, nome que ficou mais conhecido e

perdurou por mais tempo. Em 1987, passou a ser

chamado de Distúrbio de Déficit de Atenção, ou

ainda Transtorno de Déficit de Atenção/

Hiperatividade (TDAH).

De acordo com SILVA (2003), sabe-se hoje,

que nenhum dos termos era exato quanto à origem

ou às diversas manifestações do comportamento

TDAH.

Em seu livro “Mentes Inquietas”, a autora

explica que adotou a sigla DDA, devido a ampliação

da percepção dos sintomas dessa alteração

comportamental, dando destaque especial ao déficit

de atenção que era subvalorizado em função da

hiperatividade e da impulsividade. Atualmente se

sabe que a desatenção é o núcleo básico, comum e

unificador desse tipo de funcionamento mental, os

sintomas de hiperatividade, impulsividade, ou

desatenção devem estar presentes antes dos sete

anos. Pessoas com TDAH geralmente apresentam os

três tipos de problemas, porém com diferentes graus

de intensidade. Esses problemas devem estar

presentes em pelo menos dois ambientes diferentes

(por exemplo: em casa, na escola, ou no trabalho), e

deve haver uma clara evidência de interferência com

o adequado desenvolvimento da funcionalidade

social, acadêmica ou ocupacional.

TDAH é um dos distúrbios neuro-

comportamental mais freqüentemente diagnosticado

na infância, afetando crianças desde a primeira

infância, passando pelo período escolar e chegando à

vida adulta.

TEMA 1

HIPERATIVIDADE E

INSTABILIDADE DE

ATENÇÃO

Após a leitura do tema vamos:

� refletir sobre a importância da efetivação dos processos inclusivos no ambiente escolar;

� analisar o desenvolvimento do diagnóstico do TDAH diante do processo histórico e diante da inclusão educacional.

Anotem as idéias principais no diário de estudo.

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GOLDSTEIN (1993), relata que estimativas

sugerem a ocorrência em 3% a 5% de todas as

crianças em idade escolar e que o distúrbio está

sendo diagnosticado mais freqüentemente hoje em

dia que há uma década atrás.

Historicamente o diagnóstico de TDAH tem

sido dificultado devido às discordâncias sobre sua

natureza: um distúrbio cerebral biológico ou uma

resposta comportamental a certos ambientes, tais

como a escola ou outras situações onde foram

colocadas demandas sobre a criança. A falta de

concordância sobre a definição do TDAH também

contribuiu para a controvérsia. Termos tais como

lesão cerebral mínima e disfunção cerebral mínima,

são apenas alguns dos termos que foram utilizados

para categorizar crianças que manifestaram o

distúrbio.

A maioria dos primeiros termos associados

aos diagnósticos tinham alguma conexão com

problemas neurológicos. Isto deveu-se em parte ao

fato de que crianças e adultos que tinham sofrido

algum tipo de lesão no cérebro mostravam-se

freqüentemente impulsivas, hiperativas e distraídas.

Entretanto, nenhuma deficiência neurológica

tem sido demonstrada para a maioria das crianças

com TDAH, nem existe qualquer doença óbvia

(CYPEL, 2000).

De acordo com CYPEL (2000):

As crianças hiperativas e desatentas sempre existiram na humanidade, sem que constituíssem um grupo reconhecido como apresentando alterações de comportamento. É possível que a educação familiar e os regimes escolares mais severos e rígidos, anteriores a esse século, de alguma forma tenham limitado o aparecimento desses comportamentos ou, então, os mantivessem contidos.( CYPEL ,2000,p.13).

Como afirma MATTOS (2001), todos sabem

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que crianças se tornam mal comportadas em função

do modo pelo qual foram criadas, mas é bem

diferente ter um transtorno bem específico, hoje só

confunde uma coisa com a outra quem realmente não

sabe nada sobre o TDAH.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CYPEL, S. A Criança com Déficit de Atenção e

Hiperatividade: atualização para pais, professores e

profissionais da saúde. São Paulo:Lemos Editorial, 2000.

GOLDSTEIN, S. GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: como

desenvolver a capacidade de atenção da criança. São Paulo:

Papirus, 1994.

MATTOS, P.. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre

transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em

crianças, adolescentes e adultos. São Paulo:Lemos Editorial,

2001.

SILVA, A. B. B. Mentes inquietas: entendendo melhor o

mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas.

São Paulo: Ed. Gente, 2003.

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TEMA 2

ENTENDENDO UM CÉREBRO

TDAH

- FATORES ENVOLVIDOS NA GÊNESE DA

HIPERATIVIDADE

Genéticos: Fatores genéticos desempenham

importante papel na gênese do TDAH. Estudos

mostram uma maior incidência da síndrome entre

parentes e crianças TDAH. Mas não existe um grau

de probabilidade determinado.

Lesões e disfunções cerebrais: distúrbio

relacionado com algum tipo de dano no cérebro. Um

exemplo são pessoas que tiveram encefalite letárgica;

seria como se o cérebro tivesse uma porção de fios

interligados e alguns deles não estavam devidamente

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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encapados, provocando um curto circuito. Podem

melhorar com medicamentos.

Disfunções neuroquímicas: na

abordagem da autora SILVA(2003), substâncias

neurotransmissoras, apresentam-se alteradas no

interior dos sistemas cerebrais, trata-se de uma

disfunção e não de uma lesão, a diferença está no

íntimo dos circuitos cerebrais que são movidos e

organizados pelos neurotransmissores que seriam os

combustíveis que alimentam, modulam as funções

cerebrais. O exame que melhor evidencia a atividade

funcional do cérebro é o PET ou SPECT, tomografias

realizadas por emissão de pósitrons que podem

visualizar a atividade das regiões cerebrais, em

determinado momento.

As conclusões foram unânimes em descrever

uma hipoperfusão cerebral localizada na região

frontal e pré-motora do cérebro. Nas pessoas TDAH,

essa região frontal recebe um menor aporte

sangüíneo e como conseqüência, há uma diminuição

do metabolismo nesta região, que, ao receber menos

glicose (do sangue), terá menos energia e funcionará

com desempenho reduzido. A forma como o lobo

frontal regula o comportamento, ocorre pelo

exercício das funções: fazer manutenção dos

impulsos sob controle; planejar ações futura; regular

o estado de vigília; filtrar estímulos irrelevantes,

acionar reações de luta e fuga; estabelecer conexão

com o sistema límbico ( centro das emoções); com o

centro da fome e sede; regular a sexualidade e outros

impulsos de aspecto fisiológico. Cabe ao lobo frontal

puxar o freio de mão do cérebro humano no que diz

respeito a seus pensamentos, impulso e velocidade de

atividades físicas e mentais. Sem freio o cérebro

TEMA 2

ENTENDENDO UM CÉREBRO TDAH

Faça uma revisão das informações e analise:

� os fatores envolvidos na gênese da hiperatividade;

� os problemas associados a hiperatividade, entendendo o que se passa de diferente e especial nesses cérebros inquietos.

Anote as idéias principais no Diário de estudo.

www.orientacoesmedicas.com.brart.net

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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TDAH é bombardeado por pensamentos e impulsos

numa velocidade acima da média. Isso irá ocasionar

uma desorganização interna que pode encobrir

potencialidades, aptidões, talento e muita

inteligência, num emaranhado mental.

No caso específico do déficit de atenção, os

neurotransmissores mais participativos seriam as

catecolaminas, que incluem a noradrenalina e a

dopamina.

Fatores do meio ambiente: doenças

metabólicas infecciosas ou mesmo degenerativas do

tecido nervoso. São observadas mudanças de

comportamento, quando as doenças estão no início.

Podem acontecer intoxicações com a ingestão

de alimentos que possuam aditivos químicos, álcool

na gestação, ou chumbo, causando inquietude e

desatenção.

Fatores emocionais: as atividades do

sistema nervoso estão ligadas às manifestações

emocionais e de comportamento, portanto há uma

relação ligada ao distúrbio TDAH.

- PROBLEMAS ASSOCIADOS A

HIPERATIVIDADE

Como afirma MATTOS (2001), é importante a

identificação de outros problemas associados, pois a

sua presença modificará o tratamento. A existência

de outros transtornos é denominada de

comorbidade.

O transtorno opositivo desafiador é um

comportamento em que a criança desafia ativamente

os pais e professores, se opondo a regras e limites.

Crianças com TOD, têm explosões de raiva, magoam-

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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se e magoam os outros com facilidade e também

perturbam outras pessoas deliberadamente.

Os comportamentos agressivos, impulsivos e

a pouca habilidade social, falar sem pensar, podem

resultar numa baixa aceitação ou rejeição.

Alterações mais graves estão presente nos

transtornos de conduta, medo intenso de fazer

qualquer coisa, como falar em público ou escrever no

quadro negro enquanto está sendo observado,

tristeza, longos períodos quietos, chora com

facilidade, etc.

Quando entram na adolescência, as crianças

com TDAH apresentam maior risco para uso de

substâncias químicas como o álcool, maconha e

outros, acreditando que tais substâncias ajudam a

concentrar e focalizar melhor a sua atenção.

É mais comum que portadores de TDAH

tenham mais problemas de comportamento do que

de notas, mas podem existir outras dificuldades que

aumentam os problemas na escola.

Dificuldade na leitura ou na escrita, com

trocas de fonemas, inversões de fonemas ou sílabas,

junções de palavras, omissões de sílabas ou palavras.

As causas são variadas. Entretanto os

elementos constantes são sempre em relação a falhas

de percepção visual e auditiva, além do

conhecimento da língua. A escola pode desempenhar

um papel ativo nas fases de detecção dos distúrbios e

de solicitação de diagnóstico e tratamento. Pode-se

também estabelecer laços de colaboração em alguns

tratamentos, entre professor e fonoaudiólogo, que

esteja em contato para o assessoramento em tarefas

psicopedagógicas relacionadas à área da

comunicação e linguagem.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MATTOS, P. . No mundo da lua: perguntas e respostas sobre

transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em

crianças, adolescentes e adultos. São Paulo:Lemos Editorial,

2001.

SILVA, Ana B. B. Mentes inquietas: entendendo melhor o

mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São

Paulo: Ed. Gente, 2003.

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TEMA 3

DIAGNÓSTICO E

TRATAMENTO DO TDAH

- NECESSIDADE DE UM DIAGNÓSTICO

ADEQUADO

A escola, sobretudo a escola pública, costuma

receber um público heterogêneo. Para muitas

crianças talvez esta seja a primeira oportunidade de

conviver com pessoas fora do seu meio familiar.

TOPCZEWSKI (2001), afirma que nem todas

as crianças inquietas sofrem de hiperatividade, logo é

necessário um diagnóstico feito por profissionais

adequados. Este diagnóstico deverá conter dados da

escola, da casa e um histórico familiar para

diferenciar a TDAH de agitação natural.

Os professores geralmente percebem que algo

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 25 -

não vai bem com seus alunos com dificuldades de

aprendizagem, embora não disponham de

conhecimento suficiente para dizer do que se trata. É

necessário repensar as capacitações e direcioná-las

para os problemas que estão afligindo cada vez mais

os educadores.

Segundo GOLDSTEIN (1994), para se

constatar o distúrbio, o indivíduo deve apresentar

pelo menos 5 (cinco) das seguintes características:

TDAH – TIPO DESATENTO

- Não enxerga detalhes ou faz erros por

falta de cuidado;

- Dificuldade em manter a atenção;

- Parece não ouvir;

- Dificuldade em seguir instruções e se

organizar;

- Evita tarefas e não gosta das que exigem

um esforço mental prolongado;

- Freqüentemente perde os objetos

necessários para uma atividade;

- Distrai-se com facilidade;

- Esquece as atividades diárias.

TDAH – TIPO HIPERATIVO

- Inquietação / mexe as mãos e os pés;

- Dificuldade em permanecer sentado;

- Corre sem destino ou sobe nas coisas

excessivamente (em adultos, há um

sentimento subjetivo de inquietação);

- Dificuldade em engajar-se numa

atividade silenciosamente;

- Fala excessivamente;

- Responde às perguntas antes delas

serem formuladas;

- Age como se fosse a motor;

TEMA 3

DIAGNÓSTICO E

TRATAMENTO DO

TDAH

Após a leitura do

texto:

� analise os

critérios para

identificação

dos TDAH;

� identifique as

etapas

fundamentais

no processo de

diagnóstico e

tratamento do

TDAH.

Anote o que

considerar mais

relevante no Diário de

Estudos.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 26 -

- Dificuldade em esperar a vez;

- Interrompe e se intromete.

TDAH – TIPO COMBINADO – apresenta os

dois conjuntos de critérios, dos tipos desatentos e

hiperativo/impulsivo.

TDAH – TIPO NÃO ESPECÍFICO – A

pessoa apresenta algumas características, mas de

número insuficiente de sintomas para se chegar a um

diagnóstico completo; estes sintomas porém,

desequilibram a vida diária.

COMPONENTES GENÉTICOS - o TDAH é

transmitido de pais para filhos. Crianças com pais e

irmãos hiperativos, têm mais chances de serem

hiperativos, mas só o fator genético isolado não é

suficiente para o aparecimento do distúrbio. É

necessária a soma de alguns fatores. Outros fatores

relevantes são: adversidades psicossociais; pais

alcoólatras e famílias desestruturadas.

A sociedade tem mecanismos de controle

social, para garantir que a maioria de seus membros

se conforme com normas estabelecidas. Dessa forma,

aqueles que não se adaptam , não são reconhecidos

como membros efetivos do corpo social, tornando-se

marginalizados e excluídos.

É preciso entender o ambiente e a criança

como um todo, e não apenas tratar a hiperatividade,

é necessário conhecer essa criança, seu mundo e suas

relações.

- QUEM SE TORNARÁ DEPENDENTE?

De acordo com SILVA (2003), todo DDA é

vulnerável a abusar de qualquer substância que

provoque alteração de comportamento com o

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 27 -

objetivo de diminuir os sentimentos desconfortáveis

que acompanham esse funcionamento cerebral.

Existem muitos fatores envolvidos no fato de uma

pessoa com DDA tornar-se dependente e outras não.

Vários fatores encontram-se envolvidos no processo.

Predisposição genética, neurobioquímica cerebral,

história familiar, traumas, estresse, tipos de drogas e

outros fatores físicos e emocionais fazem parte dessa

engrenagem. Parte essencial na determinação de

quem se tornará dependente ou não é a combinação e

a cronometragem (tempo de exposição) a esses

fatores. Um DDA pode ter uma predisposição

genética para o álcool mas, se ele opta por não beber,

consciente dos riscos aumentados que possui, nunca

se tornará um alcoólatra. O mesmo ocorre com as

demais drogas. Se um DDA nunca fumar maconha,

cheirar cocaína ou usar heroína, obviamente nunca

se tornará um dependente dessas substâncias,

independentemente de seu funcionamento e/ou de

seus outros fatores predisponentes. Por isso,

tratando-se de drogas e DDA, a máxima regente é

intervenção precoce e prevenção.

É difícil dizer não as drogas, quando se tem

dificuldade em controlar os impulsos. Em outras

palavras, não é fácil resistir às drogas quando se é

atormentado por um cérebro ruidoso e um corpo

inquieto. Por isso mesmo é que se deve ter em mente

que, quanto mais cedo as crianças, adolescentes e

adultos com DDA forem tratados, mais aptos estarão

os profissionais a ajudá-los no processo de minimizar

ou eliminar o efeito da automedicação.

É importante destacar que muitos pais,

psicólogos e mesmo médicos, não especializados,

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 28 -

receiam usar medicamentos no tratamento dos

DDAs. Em primeiro lugar, é preciso que o uso de

medicações nesses casos não é uma obrigatoriedade e

sim uma escolha de cada DDA, na busca de um

padrão de confortabilidade para suas vidas e a dos

demais ao seu redor. Para aqueles que optam pelo

uso de medicamentos como um instrumento a mais

na busca desse objetivo, é importante lembrar que as

medicações devem ser receitadas por um médico

especializado no assunto e monitoradas de perto para

quem possam, de fato, prevenir ou minimizar a

necessidade de automedicação. Quando os

medicamentos ajudam os DDAs a se concentrarem,

controlarem seus impulsos e regularem seus níveis

de energia, eles se tornam menos propensos a se

automedicarem. Um tratamento informativo-

educacional para DDAs com história de abuso e/ou

dependência de drogas inclui as seguintes etapas:

1. Realização de uma avaliação

especializada para o DDA e

dependências correlatas;

2. Informação com caráter

educacional sobre como o

funcionamento DDA causa

impacto na vida dos indivíduos e

das pessoas que os cercam;

3. Envolvimento em grupos de

recuperação de dependência,

preferencialmente no programa

dos 12 passos (Alcoólicos, e

Narcóticos Anônimos);

4. Tratamento psicoterapêutico do

DDA: feito através de terapia de

base cognitivo-comportamental.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 29 -

Essa abordagem visa promover

uma mudança positiva no

comportamento e padrões de

pensamento de um DDA, através

de um entendimento adequado

de seus sintomas;

5. Tratamento medicamentoso do

DDA: deve ser efetuada toda vez

que os sintomas da síndrome

sejam responsáveis por um nível

muito elevado de desconforto

vital, manifestado pela presença

de incapacitações funcionais;

6. Trabalhar a busca de habilidades

que levem a um processo de

produtividade pessoal e

contribuam na reintegração

social, familiar e profissional do

individuo.

Silva (2003), relata o caso de uma

senhora que recebeu seu diagnóstico aos quarenta

anos, e o quanto isso foi impactante, mas saber que

todo o desconforto que sentia, até aquele momento,

tinha uma explicação, tratamento e controle, deu

uma sensação de extremo alivio.

Tive uma infância que considero feliz, adolescência angustiada e vida adulta confusa. Pratiquei esportes por anos, fiz curso superior e logo após a formatura iniciava minha vida profissional. Aos olhos dos outros tudo parecia dentro da normalidade, porém não era dessa forma que os meus olhos me viam. Sentia-me angustiada, ansiosa, exigente comigo mesma e em busca constante de algo que nunca soube definir o quê. Era como se eu não fizesse parte do contexto, apenas uma simples expectadora. Sonhadora, mas sem projetos, sem objetivos. Em eterna insatisfação, vivia apenas o presente, capaz de pensar e realizar várias coisas ao mesmo tempo, num ruído mental, que me levava à

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 30 -

exaustão. Aos 23 anos, na tentativa de minimizar meu desconforto, comecei a fazer uso de tranqüilizantes–automedicação favorecia pela minha própria profissão – que, com o passar do tempo, acarretou a inevitável dependência física e psíquica. Por 17 anos consecutivos experimentei uma grande variedade de tranqüilizantes que o mercado oferece e, especialmente, o Lorazepan que me acompanhou pelos últimos sete anos, em doses excessivamente altas. O uso crônico dos medicamentos levou–me a um estado depressivo e insone que me fez abandonar uma vida profissional relativamente estável. Quando procurei uma psiquiatra, me sentia cética e sem esperanças. Através de tratamentos psicológicos e medicamentos adequados e incentivos da médica que me assistiu, a depressão foi aos poucos se dissipando e fui me sentindo com mais vitalidade e desejo de um reinício. O diagnóstico do DDA estimulou-me a colher informações sobre o distúrbio, suas causas e conseqüências, as quais me fizeram identificar cada vez mais com seus sintomas característicos. O próximo passo foi libertar-me da dependência química. Embora tenha sido um processo tortuoso e doloroso, exigindo muita dedicação, empenho e paciência das pessoas que me eram intimas, transpor esse desafio foi absolutamente possível. Liberta do torpor dos efeitos dos tranqüilizantes e ainda em tratamento psicoterápico, aos poucos estou adquirindo autoconhecimento e, com isso, autocontrole, podendo administrar e gerenciar melhor meus pensamentos, emoções e talentos. Estou saindo da confusão mental para a objetividade. Abandonando o adiamento crônico dos compromissos, que tanto me angustia, e aprendendo a priorizar as tarefas. Saber ser portadora de DDA aos quarenta anos, acarinhou e enriqueceu minha alma, trouxe–me a paixão pela vida e mais respeito comigo mesma. Continuo sonhadora, mas hoje acalento meus sonhos, fazendo com que se projetem para o futuro de maneira prática, esperançosa e acreditando na possibilidade de realizações. (SILVA, 2003,p.154).

Os medicamentos psicoestimulantes, quando

adequadamente receitados e monitorados, são

eficazes para 75 a 80% das pessoas com DDA. Esses

medicamentos incluem a Ritalina®, Dexedrine®,

Adderal® e Dosoyn®. É importante frisar que

quando usados para tratar DDA, a dosagem utilizada

é muito menor do que alguns dependentes costumam

usar para ficarem “altos”. Quando um DDA é

propenso a esse tipo de medicamento, ele não se

sentirá “elétrico” ou “alto”; em vez disso, ele relatará

um aumento na habilidade de se concentrar e

� Na sua prática, já

vivenciou algum caso de DDA com dependência química?

� Qual a estratégia da escola para esse tipo de conflito?

� Como educador considera possível intervir para que a criança DDA não seja um dependente químico posteriormente?

Anote suas considerações no Diário de Estudo.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 31 -

controlar seu nível de atividade física e mental, assim

como seus impulsos.

Medicamentos não-estimulantes como

Efexor®, Pamelor®, Prozac®, Cylert®, Zyban®, e

Zoloft® também podem ser eficazes em aliviar os

sintomas de DDA em muitas pessoas. Tais

medicamentos são freqüentemente usados em

combinação com psicoestimulantes. Ambos em

pequenas doses. Os medicamentos não-estimulantes

não apresentam nenhum risco de abuso e/ou

dependência.

Até hoje, é comum médicos que hesitam, por

diversos motivos, em usar medicamentos

psicoestimulantes para tratar DDAs. No entanto; a

prática clínica nos tem revelado que quando uma

pessoa, em recuperação de dependência, mostra-se,

de fato, disposta a utilizar medicamentos com o

objetivo claro de aumentar a eficácia de seu

tratamento, a possibilidade de abuso é muito rara.

Na verdade, a chave de tudo é o envolvimento

do individuo em um programa de tratamento

informativo-educacional com uma supervisão dos

medicamentos, intervenções comportamentais e

participação em terapias individuais e/ou de grupos

no processo adaptativo dos DDAs e vinculação com

programas de recuperação de dependentes.

Uma escola para todos, e em que todos são

diferentes, exige dos professores a capacidade e a

flexibilidade para inovar, questionando as certezas

didáticas, valorizando o trabalho em equipe,

trabalhando de forma contextualizada, construindo

uma mentalidade curricular que ultrapasse o

burocrático e o peso da rotina, utilizando o

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 32 -

conhecimento sobre os diversos grupos para

organizarem um currículo de forma a estimular a

aprendizagem de todos os alunos, reconhecendo à

igualdade e o direito de todos à educação.

A modificação do comportamento da criança/adolescente, exige muita paciência, pois alguns comportamentos inadequados foram se fortalecendo ao longo dos anos, porque não existia nenhuma estratégia para modificá-lo até então. (MATTOS , 2001, p.65).

ANTUNES (2001), compara a vítima de

TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção/

Hiperatividade), ao míope. Explica que o míope

resolve tudo com um simples óculos, mas que

existem milhares de crianças portadoras de

inabilidades ainda invisíveis para seus professores.

Pela discriminação que sofrem os TDAH, é que é

necessário que se fale muito da ¨miopia da atenção”,

é imprescindível que se busquem depressa os

“óculos” para a TDAH e não faça de alunos com

deficiências contornáveis, pessoas predispostas à

crítica, amarguradas pela culpa. Isso é um ponto

negro na história da nossa escola.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ANTUNES, C. Miopia da atenção: problemas de atenção e

hiperatividade em sala de aula. São Paulo: Salesiana, 2001.

GOLDSTEIN, S. GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: como

desenvolver a capacidade de atenção da criança. São Paulo:

Papirus, 1994.

MATTOS, P. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre

transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em

crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos Editorial,

2001.

� Como identificar os alunos que sofrem de instabilidade de atenção e ajudá-los a continuar aprendendo?

� Concorda que conhecer os sintomas e aprender a lidar com o problema é uma obrigação do professor que não queira causar danos a seus alunos?

� Os professores que têm alunos hiperativos precisam de paciência e disponibilidade, pois eles exigem tratamento diferente, mais atenção e uma rotina especialmente estimulante.Como tem vivenciado isso na sua realidade escolar?

Anote suas considerações no Diário de Estudo.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 33 -

SILVA, Ana B. B. Mentes inquietas: entendendo melhor o

mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São

Paulo: Ed. Gente, 2003.

TOPCZEWSKI, A. Hiperatividade: como lidar? São Paulo:

Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda, 2001.

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TEMA 4

SUGESTÕES PARA TRABALHAR

COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

COM HIPERATIVIDADE E

INSTABILIDADE DE ATENÇAO

Crianças e adolescentes com TDAH

(Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade)

geralmente são caracterizadas como desatentas,

impulsivas e hiperativas, e podem exibir uma

variedade de problemas dentro do contexto escolar.

Esses estudantes geralmente apresentam

dificuldades em manter a atenção e seguir ordens.

Estudos mostram que é possível amenizar os

sintomas do TDAH através de estratégias de

intervenção no comportamento, com feed-back

freqüente e supervisão individual para ajudar a

manter a atenção da criança.

Como afirma BENCZIK (2002):

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- 35 -

O comportamento inadequado mostrado pelos alunos com TDAH freqüentemente interrompe a concentração de seus colegas e geralmente resulta em relações pobres com os demais alunos. Adicionalmente, esses problemas geralmente são acompanhados por outros associados (por exemplo, baixa auto-estima, depressão ) que pode afetar significativamente a aprendizagem. (BENCZIK ,2002, p.39).

Conforme DIMENSTIEN (1997), algumas

sugestões para trabalhar com alunos que apresentem

esse tipo de comportamento, lembrando sempre que

todo comportamento considerado inadequado deverá

ser encaminhado para orientação específica, pois

pode estar contido em um espectro mais amplo,

talvez até precisando de ajuda profissional

especializada.

- Olhe sempre nos olhos - Você consegue "trazer

de volta" uma criança TDAH através dos olhos nos

olhos . Isso ajuda a evitar a distração que prejudica

tanto estes alunos.

- Organizar as carteiras em círculos, ou em

forma de U, ao invés de fileiras - Facilita o

contato com os demais membros da classe, uma vez

que esse tipo de aluno costuma estar " na turma do

fundão ", não podendo visualizar os olhos dos

companheiros de estudo, o que o torna ainda mais

disperso ;

- Cuidado com as cores - O estímulo multi-

colorido costuma deixá-los mais excitados e menos

atentos ainda, devendo ser evitadas cores fortes no

ambiente(do espectro vermelho e amarelo), inclusive

na vestimenta da criança;

- Adotar um ritmo dinâmico de aula - De tal

forma a criar oportunidade para que todos os alunos

participem, sempre com o cuidado de não permitir

que o aluno com TDAH se empolgue demais ;

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 36 -

- Usar recursos e formas de apresentação não

habituais - Crianças e adolescentes com TDAH

adoram novidades; explorar o seu cotidiano e fazer

disso motivo para uma aula posterior ou mesmo

criando um "gancho" na aula atual costuma ser muito

proveitoso.

- Utilizar metodologia preferencialmente

visual - As crianças e adolescentes TDAH aprendem

melhor visualmente que por outros métodos,

portanto escreva palavras-chave ao mesmo tempo

que fala sobre o assunto ;

- Estimular a criatividade - Propor tarefas que

exijam a criatividade do aluno (explorar, construir,

criar) e não passivas (questionários com respostas

tipo x );

- Ser claro e objetivo ao definir as regras de

comportamento dentro da sala de aula - Criar,

juntamente com os alunos, um código de conduta

(simples, com poucas palavras, para facilitar a

memorização ) e escrever em uma tabela visível.

- Repita e repita as diretrizes - Como dito acima,

as pessoas com TDAH necessitam ouvir as coisas

mais de uma vez, pois são profundamente visuais,

aprendendo com mais facilidade quando as coisas

são apresentadas da forma visual.

- As crianças e adolescentes com TDAH

necessitam de um ambiente estruturado. Faça

listas, tabelas, lembretes, apresente o programa das

aulas do dia no final do dia anterior, pelo menos

informe o assunto da aula do dia seguinte antes do

término da aula anterior, pois essas crianças

necessitam de diretrizes, organização, regras claras.

- Ao dar instruções para a classe, solicitar que

o aluno com TDAH repita para toda a classe -

TEMA 4

COMO TRABALHAR COM

O TDAH Após o estudo desse tema, faça uma pausa para refletir:

� sobre as possibilidades de amenizar os sintomas do TDAH através de estratégias de intervenção no comportamento da criança ou adolescente, tendo em vista a melhoria da aprendizagem;

� sobre a necessidade de desenvolver metodologias alternativas, respeitando as potencialidades individuais do aluno.

Anote suas considerações no Diário de Estudo.

www.uniaosaude.com.br

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 37 -

Isso dar-lhe-á duas oportunidades : de que tenha

certeza de ter entendido o que é esperado dele ( e dos

demais ) e ter sua auto-estima reforçada ;

- A memória é um grave problema para eles -

Ensine mnemônicos, quadrinhas, dicas, rimas, pois

eles tem problemas com a Memória de Trabalho

Ativa e esses processos ajudam sobremaneira a

aumentar essa memória ;

- O desafio costuma motivar o portador de

TDAH - Deve então o professor estabelecer de

antemão com o aluno qual a tarefa a ser feita, quando

será considerada concluída e quais os pontos para

isso (check-list a ser verificado no final da mesma).

Isso dará aos poucos ao portador de TDAH formas de

lidar com sua ansiedade, e falhas de terminar as

tarefas a que se propõe, pois em geral ele concebe

projetos grandiosos demais, os quais não consegue

finalizar ;

- Elogiar o aluno com constância - NÃO

APENAS QUANDO ELE TERMINA A TAREFA, mas

DURANTE o transcorrer da mesma,

INCENTIVANDO o seu término, uma vez que para o

aluno com TDAH o CONCLUIR a tarefa é bastante

difícil, exigindo quase o triplo de concentração

(praticamente inexistente) que os demais;

- Estabelecer para o aluno com TDAH tarefas

de conclusão rápida - Inicialmente, para que este

comece a finalizar adequadamente as tarefas, e, aos

poucos, ir inserindo maior complexidade e maior

duração nas tarefas dele exigidas, visto que o

aprendizado de organização para essas pessoas é

extremamente penoso ;

- Divida as grandes tarefas em tarefas

menores - Isso possibilita ao aluno vislumbrar que

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 38 -

a tarefa pode ser terminada, algo que é

extremamente difícil para os portadores de TDAH,

possibilitando ao professor trabalhar a capacidade da

criança, geralmente minimizada por ela (baixa auto-

estima...) além do que evita acessos de fúria pela

frustração antecipada de não terminar a tarefa em

crianças menores, e as atitudes provocadoras dos

maiores ;

- Utilize uma agenda de contato com a família

- Isso facilita a troca de informações.

- Utilizar exercícios físicos - Exercícios ajudam a

liberar o excesso de energia, concentrar a atenção em

um objetivo facilmente entendido e visualizado

(correr até a linha vermelha), estimula a fabricação

de endorfina, além de ser muito divertido.

- Não deixe que a panela de pressão expluda -

Propicie uma válvula de escape como, por exemplo,

sair da sala de aula por alguns instantes, (isso se for

permitido pela direção da escola) indo buscar algo na

classe vizinha; dar um recado para alguém que se

encontra fora da sala de aula, (inicialmente entregar

um bilhete a uma pessoa, pois eles esquecem o

recado a ser dado ), ir ao banheiro, pois isso fará com

que ele deixe (sob controle) a sala e não fuja dela,

além de começar a aprender meios de auto-

observação e auto-monitoramento.

O professor para lidar com um aluno TDAH,

deve ser capaz de modificar as estratégias de ensino,

de modo a adequá-las ao estilo de aprendizagem e às

suas necessidades. Precisa ter entusiasmo, acreditar

no potencial do seu aluno, desenvolvendo uma

metodologia que facilite o aprendizado, já que cada

um aprende de maneira diferente.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 39 -

De acordo com MATTOS (2001, p.109),

“justiça não é dar a todo mundo a mesma coisa, mas

dar a qualquer um o que cada um precisa”.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BENCZIK. E.B.P. Transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade: atualização diagnóstica e

terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e Editora

Ltda, 2002.

DIMENSTIEN, G. Como lidar com alunos agitados e

dispersivos. Coluna Aprendiz do Futuro.

(http://www.aprendiz.com.br)

MATTOS, P. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre

transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em

crianças, adolescentes e adultos. São Paulo:Lemos Editorial,

2001.

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TEMA 5

A FAMÍLIA E A HIPERATIVIDADE

As crianças com instabilidade de atenção e

hiperatividade têm problemas para controlar seu

comportamento, conseqüentemente seu rendimento

escolar pode ser insuficiente, o que representa um

desafio para seus pais, professores, pediatras e para

eles mesmos.

Vê-se segundo estatísticas, a incidência com

maior freqüência nos meninos que nas meninas e os

afeta principalmente na idade pré-escolar. Eles

sabem que seu comportamento é de uma criança

muito travessa e que é difícil controlar-se, conduta

que os pais devem entender, para oferecer todo o

apoio.

De acordo com GOLDSTEIN (1994, p.79):

Os professores da pré-escola podem e devem ser treinados a identificar crianças pré-escolares sob o risco não apenas de problemas de hiperatividade, mas também de sinais precoces de incapacidades de aprendizado e outros distúrbios psicológicos, como aqueles relacionados com a ansiedade e a depressão.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 41 -

É possível os professores ajudarem os pais a

entenderem que as deficiências de atenção, controle

do impulso e nível de atividade , quanto mais cedo

forem percebidas, mais chance de ajudar essa

criança. A ajuda e o apoio que hoje receberem de

seus pais, professores e pediatras, será fundamental

para se tornarem adultos felizes e comprometidos.

O comportamento das crianças com TDAH

pode criar tensão nos pais e na família. Sem

tratamento continuará afetando a toda a família; é

possível ajudá-lo estabelecendo horários diários para

levantar-se, comer, tomar banho, ir à escola e

dormir, sendo consistente com ele; no possível

evitando colocá-lo em situações que possam

superestimulá-lo.

Os medicamentos que melhoram a atenção

são muito úteis em seu tratamento. Pode ser

estranho dar estimulantes às crianças com

hiperatividade, mas funcionam. O medicamento que

mais se usa para as crianças em idade escolar é a

Ritalina (hidrocloruro de metilfenidato), outros são

Dexedrina (dextroanfetamina), tricíclicos e clonidina.

Estes medicamentos não são aditivos, mas podem ter

efeitos colaterais como dor de cabeça, perda de sono

e apetite e depressões; devem ser utilizados

unicamente sob a vigilância do médico, necessária

para ter a segurança na ação.

Segundo GOLDSTEIN (1994, p.124), a falta de conhecimento mais profundo sobre o assunto, faz com que os pais adquiram concepções sobre hiperatividade, baseadas no senso comum, o que pode intensificar o problema ao invés de solucioná-lo.

� A família pode colaborar apoiando e

supervisionando os programas e atividades que se proponham com relação à escola.

� Conseguindo-se uma relação

construtiva com a família, sabemos

que as possibilidades de melhora se ampliam

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 42 -

O momento de transição global em que nos

encontramos evidencia que o processo familiar ainda

não encontrou o seu ponto de equilíbrio frente às

novas imposições da vida contemporânea. Há ainda

muita confusão quanto aos papéis de cada um na

família; à divisão de trabalho; à competição pelo

poder; ao exercício da autoridade; à diminuição do

tempo de convívio entre pais e filhos.

Tudo isto colabora para o aumento dos

conflitos conjugais, da insegurança quanto à

educação dos filhos, geradora de sentimento de

culpa. Se este sentimento é exagerado, ocorre um

excesso de indulgências, que acaba por conceder aos

filhos um poder que eles não estão maduros para

assumir.

Os problemas psico-afetivos geram inquietude

nas crianças, e podem se acentuar e evoluir para um

comportamento hiperativo.

Segundo GOTMAN ( 1995, p.82):

Dentre as diversas condições psico-afetivas existentes, as que cursam com uma ansiedade crescente são as que mais contribuem para a instalação de um comportamento hiperativo. Por isso, cabe observar quais os principais fatores ansiogênicos na infância: separação dos pais, desavenças familiares que terminem em violência, a utilização de Deus, da culpa e do pecado como instrumento de manipulação e coação visando atingir um determinado comportamento por parte da criança, família muito numerosa ,estimulação ambiental inadequada, falta de interação dos pais para com os filhos.

A interação do hiperativo com o meio pode

resultar em dois tipos de condutas distintas: ou ele se

submete, retrai-se e torna-se introvertido e

depressivo, ou ele confronta e desenvolve um

comportamento opositivo e ansioso.

Nas crianças hiperativas há um predomínio da

tendência ao isolamento, baixo nível de envolvimento

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 43 -

social, dificuldade na tomada de decisões e maior

dependência.

Há que se diferenciar bem: a criança até os

seis anos é normalmente "hiperativa", na acepção

literal do termo, e se essas crianças forem educadas

sem noção de limites, passam a apresentar um

comportamento visto como "patológico".

A atitude dos pais frente a filhos hiperativos é

bastante variável. Situada entre a extrema rigidez e a

extrema tolerância, varia, na mesma pessoa, entre

um extremo e outro, em função do próprio estado de

humor, acarretando um sentimento de insegurança

crescente na criança, o que agrava o quadro.

O exemplo mais comum de problemas no lar,

consiste na incapacidade dos pais em colocar limites

aos seus filhos. Ser demasiadamente conivente com

todo o tipo de expressão dos sentimentos da criança.

( birra, choro excessivo, agressividade, manha).

De acordo com GOTMAN (1995), podem ser

identificados dois extremos de educação familiar:

Existem pais hiperautoritários, o excesso de

autoridade geralmente aparece em pais que têm

dificuldades de aceitar seu filho tal como ele se

apresenta, idealizando sempre um modelo de

comportamento conforme suas conveniências ou

idéias pré-estabelecidas. Muitas vezes projetam nos

seus filhos suas frustrações e ideais reprimidos.

Dependendo do temperamento dos filhos,

estes podem se rebelar e desenvolver sentimentos de

ódio, agressividade e revolta ou, como ocorre na

maioria dos casos de pais dominadores, os filhos

tornam-se submissos na frente dos pais, porém,

longe destes, mantêm a desobediência, geralmente

ocultada por mentiras e corrupções. Há os pais

TEMA 5

A FAMÍLIA E A HIPERATIVIDADE

Considerando o tema apresentado analise:

� A importância da família encontrar seu ponto de equilíbrio no relacionamento com a criança ou adolescente TDAH;

� A participação da família como um elo de fortalecimento das relações no processo inclusivo do aluno TDAH.

Argumente, justificando sua resposta no Diário de Estudo.

Hiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educHiperatividade: um desafio à ação educacionalacionalacionalacional

- 44 -

hiperindulgentes, aqueles que tentam realizar todos

os desejos da criança, atitude desencadeada pelos

mais diversos motivos, entre eles: sentimento de

culpa, vontade de proporcionar aos filhos o que não

tiveram na infância, indulgentes são também

permissivos, isto é, permitem que a criança faça tudo

o que bem entender desde que não incomode o

adulto, numa condição de submissão dos pais aos

filhos. A indulgência tem uma certa relação com

"querer se ver livre dos filhos". Por exemplo: a mãe

que permite ao filho comer quantos doces desejar,

contanto que não a incomode ou atrapalhe por

determinado momento.

A manifestação da falta de limites,

principalmente através de um comportamento

hiperativo, pode ser interpretada como um pedido de

ajuda, visando à realização de determinado

aprendizado e aquisição da compreensão necessária

para ter a segurança na ação.

O comportamento hiperativo desencadeado

pela falta de limites pode não levar a criança a

apresentar instabilidade de atenção e, se o fizer, será

mais por distraibilidade do que por incapacidade de

focar a atenção.

A falta de limites gera angústia e incerteza,

que pode levar a um comportamento inadequado, o

qual, por sua vez, gerará mais angústia e também

culpa, revolta, sensação de impotência e talvez

agressividade. O comportamento hiperativo pode ser

apenas uma conseqüência da repetição crônica desse

processo.

As chamadas "mães de profissão", isto é,

aquelas que investem toda a sua vida unicamente na

educação dos filhos, apresentam maior dificuldade

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- 45 -

de colocar limites devido principalmente à

necessidade que elas têm de satisfazer os desejos dos

filhos para se auto-realizarem no seu papel de mãe,

não permitindo a aquisição de maior autonomia por

parte do filho.

Segundo SUCUPIRA (1998, p.05), pediatra e

pesquisadora da USP, em artigo publicado no jornal

de pediatria:

Não querendo admitir o seu fracasso, o sistema necessitou medicalizar um problema social (psicopedagógico) que é o mau rendimento escolar. Virou modismo levar as dificuldades escolares para o consultório médico. A medicalização do fracasso escolar é uma ótima saída para isentar o sistema escolar e as condições familiares e sociais, transferindo para o nível individual e orgânico a responsabilidade pelo mau rendimento escolar. Em outras palavras, podemos entender que a medicalização da hiperatividade infantil é uma forma dissimulada de controle social.

Apesar da crítica, é incontestável a existência

de indivíduos que, já nos primeiros anos de vida,

apresentam uma dificuldade maior em manter o foco

de seu interesse em uma determinada atividade,

mesmo as de natureza lúdica.

Por outro lado, para muitas das crianças ditas

"hiperativas", seu comportamento é tão ativo quanto

sua dinâmica interna a impele a ser, e qualquer

exigência em contrário resultará em respostas

comportamentais e motoras prejudiciais à própria

criança.

É surpreendente como ações pequenas, podem

transformadoras. Na verdade, falta esclarecimento,

também para os pais de crianças que não são

hiperativas, é função da escola como mediadora na

formação do homem e transformadora da sociedade

promover esses esclarecimentos, lutando pela não

exclusão em todos os sentidos.

� È bom ter necessidades e expressá-las;

� está bem não saber resolver nossas necessidades;

� há outras pessoas que podem cuidar da gente e é bom receber ajuda;

� a orientação profissional competente consiste em uma ajuda imprescindível para acolher as angústias vividas pelos pais , familiares e educadores contribuindo para que se crie o melhor arranjo de intervenção visando o desenvolvimento

em cada caso específico.

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- 46 -

As crianças que apresentam este distúrbio não

são menos inteligentes ou capazes, apenas precisam

de atenção especial e que sejam integradas na

sociedade em condições normais.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GOLDSTEIN, S. GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: como

desenvolver a capacidade de atenção da criança. São Paulo:

Papirus, 1994.

GOTMAM, J. Inteligência emocional e a arte de educar

nossos filhos. São Paulo: Objetiva, 1995.

SUCUPIRA, A. C. S. L. A criança hiperativa.Jornal de

Pediatria, São Paulo. V.64(5), 1998.

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TEMA 6

REFLEXÕES SOBRE SITUAÇÕES QUE

ENVOLVEM O TRANSTORNO DE

DÉFICIT DE

ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

Para as crianças hiperativas e suas

famílias; a vida é uma louca corrida que os médicos tentam controlar

Quem nunca ouviu falar ou conhece aquela

criança tão agitada, que se transforma no martírio

das mães, na tortura dos professores e no terror das

comemorações?

“Ele não tem amigos e as outras crianças

ficam muito assustadas com seu comportamento”,

geralmente é a preocupação das mães de hiperativos.

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O professor que observa o aluno em atividade

frenética, incansável, pode enxergar nele apenas uma

criança muito levada. Pode ainda julgar que os pais o

educam com liberdade excessiva, é um menino

mimado e, no fundo, tudo se resolveria com umas

boas palmadas.

As crianças ou adolescentes acometidas de

TDAH têm dificuldade em se concentrar mesmo em

atividades simples como assistir TV. Na sala de aula

do colégio, um ruído que vem da rua e o simples

tique-taque de um relógio podem distraí-las a ponto

de não ouvirem mais a voz da professora. O

rendimento escolar freqüentemente é sofrível. Com

os colegas, elas tendem a querer controlar as

brincadeiras. São também campeãs em acidentes

porque agem por impulso e não avaliam o perigo. O

professor é quem geralmente chama a atenção dos

pais para o problema porque, antes de a criança

alcançar a idade escolar, eles acham que aquela fase

de excesso de traquinagens vai passar com o tempo, o

que não acontece.

Mudam de escola com freqüência, e há casos

de pais que se recusam a renovar a matrícula de seus

filhos ao saber que naquela turma há um hiperativo.

Os pais de alunos com esse transtorno são obrigados

a ouvir em reuniões reclamações de outros pais que

não conhecem o problema.

Quando vão com seus filhos a locais públicos,

os pais de crianças com TDAH costumam andar em

estado de alerta para evitar as travessuras mais

inconvenientes.

Até há dez anos, os médicos e terapeutas

acreditavam que o distúrbio de hiperatividade e

TEMA 6

REFLEXÕES SOBRE

SITUAÇÕES QUE

ENVOLVEM O TDAH

Reflita sobre as

situações

apresentadas:

� inferindo subsídios

que contribuam

para uma prática

pedagógica voltada

para as reais

necessidades dos

alunos TDAH;

� analisando como

essas experiências

de vida podem

contribuir para a

ressignificação dos

processos

pedagógicos.

Anote suas

considerações no

Diário de Estudo.

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déficit de atenção atingia apenas as crianças – seus

sintomas desapareciam com a idade.

Hoje, cada vez mais adultos recebem esse

diagnóstico nos consultórios. Em geral, ao descobrir

que suas dificuldades têm um nome, ou seja, são

conseqüências de um distúrbio detectado pela

medicina, costumam sentir-se aliviados.

Existem alunos que costumam derrubar seus

objetos no chão, apenas para poderem apanhá-los e

se movimentar um pouco. Querem sair da sala de

aula a todo instante, com uma desculpa qualquer.

Existem adultos que fazem parte de

comunidades de hiperativos que, longe de lamentar

a própria sorte, sentem até certo orgulho pela sua

condição. Muitos adultos com TDAH se gabam de ter

mais energia para o trabalho e se dizem capazes de

tomar decisões mais rápidas. Muitos pais também

consideram suas crianças mais espertas que as outras

apenas por causa da energia inesgotável. Os médicos

costumam advertir para o outro lado da moeda: a

possibilidade de alguém acenar ao fato de sofrer de

TDAH para justificar os próprios fracassos

profissionais ou as alterações de comportamento dos

filhos que obedecem a outras causas.

A maioria dos médicos, no entanto, é

cautelosa ao administrar remédios a pacientes com

sintomas de TDAH, principalmente em se tratando

de crianças. Primeiro, porque esses medicamentos

têm efeitos colaterais indesejáveis, como diminuição

do apetite, insônia, irritabilidade e até mesmo

diminuição do ritmo de crescimento. Segundo,

porque muitas vezes o comportamento hiperativo ou

a falta de concentração de uma criança podem ter

� Os adultos que apresentam DHDA não atropelam pessoas com carrinhos no supermercado, mas dificilmente se adaptam a profissões que exigem concentração e disciplina. Podem ser bons artistas ou vendedores eficientes, mas sofrem muito se presos a uma mesa de escritório

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causas não diretamente ligadas ao TDAH. Os

próprios neurologistas chamam atenção também

para o fato de que, com muita freqüência, se

ministram remédios a crianças hiperativas que

poderiam ser tratadas apenas com psicoterapia e a

ajuda dos pais.

A autora SILVA (2003), e diversas publicações

relatam sobre características de personalidades

famosas na história com suposto transtorno de

déficit de atenção /hiperatividade.

Quem nunca ouviu falar da irreverência de

Albert Einstein, questionador, não suportava decorar

os conteúdos. Apresentava um sintoma encontrado

no TDAH, a hiperconcentração, sabe-se que o TDAH

faz com que a pessoa se concentre por horas em

temas que sejam do seu interesse.

A Teoria da Relatividade foi elaborada de

forma intuitiva, sendo comprovada mais tarde por

outros cientistas.

Sobre esse aspecto peculiar, temos as

seguintes afirmações: (SILVA, 2003)

“Quando me examino e a meus métodos de

pensamento, chego à conclusão de que o dom da

fantasia significou muito mais para mim do que meu

talento para absorveu conhecimento positivo.”

“Os homens ainda vão levar muito tempo para perceber

que pessoas como Gandhi serão presenças raras na

história da humanidade.”

“A bomba atômica não é a pior de todas as bombas. A

maior delas ainda está por vir, e será acionada pela

desintegração das relações humanas, que irá ocorrer no

futuro.”

Polêmico, amado, odiado, invejado... uma das figuras mais importantes do século XX, Einstein, o velhinho simpático das caretas e da alegria, foi uma eterna criança que soube transformar a ilimitada imaginação infantil em uma grande contribuição para toda a humanidade.

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Na obra de Fernando Pessoa observam-se

traços indicativos de um comportamento DDA. Como

no poema “Liberdade”, no qual fustiga o tédio e

desafia conceitos estabelecidos:

Ai. Que prazer/não cumprir um dever/ter um livro para

ler/ e não o fazer!/Ler é maçada,/estudar é nada./O sol

doira sem literatura/O rio corre bem ou mal,/sem

edição original/E a brisa, essa, de tão naturalmente

matinal/como tem tempo, não tem pressa.../Livros são

papeis pintados com tinta/Estudar é uma coisa que está

indistinta/A distinção entre nada e coisa

nenhuma/Quanto melhor é quando há bruma/Esperar

por D. Sebastião,/quer venha ou não!/Grande é a

poesia, a bondade e as danças.../Mas o melhor do

mundo são crianças,/flores, música, o luar, e o sol que

peca/só quando, em vez de criar, seca/E mais do que

isso/É Jesus Cristo,/que não sabia nada de

finanças,/nem consta que tivesse biblioteca...(SILVA,

2003).

Em sua obra transparece traços de baixa auto-

estima , era inquieto, alternava tristeza e alegria

rapidamente, com humor instável.

Existem aqueles que têm uma atração

irresistível em correr riscos, vivendo sempre no

limite. James Dean, astro e mito do cinema

americano e mundial, morto aos 24 anos, dirigindo

em alta velocidade; Ayrton Senna são exemplos que

sugerem comportamento TDAH.

Leonardo da Vinci, também apresentava uma

mente inquieta, além de grande mestre da pintura,

foi também arquiteto, botânico, urbanista, cenógrafo,

cozinheiro, inventor, geógrafo, físico e até músico.

Começava vários projetos ao mesmo tempo, uma

característica bem comum em mentes com

funcionamento TDAH. Muitos o julgavam fracassado

por deixar tantas obras incompletas.

� Atividades de enriquecimento podem ser desenvolvidas em diferentes disciplinas ou áreas;

� o treinamento afetivo, a compreensão de si mesmo e dos outros,lidar com conflitos, medos,senso de humor, planejar o futuro;

� aprender a ouvir, observar e perceber detalhes;

� descobrir habilidades específicas à área de interesse.

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Segundo SILVA (2003), Ludwig Van

Beethoven era o sexto filho de uma família de cinco

irmãos deficientes. Seu professor de composição,

Albrechtsberger, dizia que era um indisciplinado e

nunca aprenderia nada de música. Dizia que

Beethoven era um caso perdido como compositor. O

tempo passou e o genial maestro, inquieto, polêmico

e incompreendido – semelhante a uma mente com

funcionamento TDAH –, presenteou o mundo com

seu talento.

Freqüentemente Beethoven era acometido de

devaneios e distrações, como seus amigos

afirmavam. Mais um sinal de um possível

comportamento TDAH.

Enfrentando problemas de surdez, chegou a

ser considerado acabado. Melancólico e deprimido,

até o mesmo pensou em suicídio, mas desistiu e disse

o porquê em uma carta: “Foi a arte e apenas ela, que

me reteve. Aaah! Parecia-me impossível deixar o

mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava

em mim”.

Vivia em dificuldades financeiras, bebendo

muito e com a saúde debilitada. Além disso, sofreu

com a perda prematura de vários dos seus filhos.

Certa vez perguntaram a Mozart como se dava

o seu processo criativo e ele respondeu:

Como é que eu trabalho e como executo grandes

composições musicais? Não posso na realidade lhe

dizer senão isso: quando me sinto bem disposto, seja

em carruagem quando viajo, seja de noite quando

durmo, acodem-me idéias aos jorros, soberbamente.

Como e donde, eu não sei...

� Beethoven

produziu

obras geniais

mesmo sem

escutá-las.

Elas

brotavam de

sua mente

irrequieta,

imune a sua

surdez.

� Viveu até o

seu último dia

conversando

com o

silêncio,

enquanto a

platéia

escutava

perplexa sua

música

imortal.

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- 53 -

Outro gênio incompreendido foi Vicent Van

Gogh, nasceu e morreu pobre com 37 anos.

Não fosse a ajuda de seu irmão Theo, Van

Gogh talvez não tivesse nem chegado aos 37 anos de

idade, quando veio a falecer.

Pintava o que via, o que acontecia em torno

dele, mas com os olhos de uma alma extremamente

sensível. Foi o pintor da tristeza, da revolta, da

solidão e da incompreensão, chegando a um

desespero que o levou ao suicídio.

Van Gogh pintou 879 quadros e só vendeu um.

Quanto a isso, declarou:

“Tenho uma estranha lucidez quando

a natureza é excepcionalmente bela.

Não sou mais eu, perco a consciência,

e as imagens vêm a mim como num sonho”.

“É tão fácil pintar um bom quadro

como encontrar um diamante

ou uma pérola. Significa obstáculos

e você arrisca sua vida por isso”.

“Não posso evitar o fato de que meus

quadros não sejam vendáveis. Mas

virá o tempo que as pessoas verão que

eles valem mais que o preço da tinta”.

Retrato do Doutor Gachet, um dos seus

quadros mais famosos, foi vendido em 15 de maio de

1990, em apenas três minutos de leilão por US$

82,5 milhões.

O filme Amadeus relata a vida e a obra deste

genial compositor, Wolfgang Amadeus Mozart. Aos

17 anos, Mozart já era dono de 22 composições

sacras, 21 sinfonias, 6 quartetos, 18 sonatas para

violino e cravo, além de serenatas, divertimentos,

danças e uma infinidade de peças menores.

���� Indícios de um comportamento TDAH são vistos em vários aspectos de sua personalidade. Inquieto, polêmico, com instabilidade de humor, baixa auto-estima e principalmente uma sensibilidade extrema, Van Gogh entrava facilmente em tristeza profunda quando se via rejeitado.

���� Passou por várias fases até chegar ao Impressionismo. Van Gogh transcendeu e imprimiu seu estilo próprio com cores muitos fortes. Seus quadros são como um grito desesperado de socorro de um homem angustiado com o mundo.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SILVA, A. B. B. Mentes inquietas: entendendo melhor o

mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas.São

Paulo: Ed. Gente, 2003.

Sugestão de vídeo: HAPPY FEET – O PINGÜIM WARNER BROS PICTURES

� Os pingüins imperadores nasceram para cantar. Exceto o jovem Mano, que

parece ter nascido para dançar...e sapatear! Esse comportamento pouco comum

para um pingüim o lança em um mundo enorme e frio. O filme nos leva a

acreditar que sendo fiel àquilo que acredita qualquer pessoa pode fazer diferença

no mundo.

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PALAVRAS FINAIS

Educar não é tarefa fácil... quanto esforço é necessário

para levar a criança à plenitude de sua vida! Educar é dar-se, é compreender , é conhecer ...

Guy Jacquin

O tema “Hiperatividade: um desafio à ação

educacional”, foi escolhido por ser uma

problemática, que está presente no meio familiar e

na escola e que aflige os educadores. O estudo

procurou estimular o respeito mútuo, a justiça, o

diálogo, a auto-estima, reafirmando a importância de

não exclusão, pois todas as pessoas são dignas de

respeito, não importa sexo, idade, cultura, raça,

religião, classe social ou grau de instrução.

Existem muitas barreiras à procura de ajuda e

tratamento para o TDAH, que vão desde a

dificuldade que pais e professores têm de reconhecer

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a necessidade de procurar ajuda profissional, a

dificuldades financeiras, a expectativas negativas

quanto ao tratamento e temor do estigma, as

dificuldades de encaminhamento pela rede pública

de ensino.

As iniciativas educacionais podem melhorar as

possibilidades de detecção e encaminhamento

precoce do TDAH para o tratamento. Educadores

lidam diariamente com a relação entre aprender,

ensinar, trabalhar com os valores diferenciados,

limites, atenção e tantos outros detalhes... mas estes

são exemplos de conceitos muito amplos e não temos

por hábito de formação, pesquisar ou definir dentro

dos nossos grupos de trabalho, para que nossas

atividades se diversifiquem dentro de um mesmo

ideal, objetivo e com a mesma direção nos conceitos

a serem avaliados.

Segundo Freire (1983, p.88):

Necessitamos de uma educação para a decisão, para

responsabilidade social e política, onde a escola se torne

espaço de reflexão e partida de ações efetivas, pois o que

acontece no interior da escola é um reflexo de uma

cultura social. A educação deve ser acima de tudo uma

tentativa constante de atitude, que leve o homem a uma

nova postura diante dos problemas de seu tempo e de

seu espaço.

Acreditamos que o professor é o condutor do

processo pedagógico, deve abrir discussões e junto

com seus alunos levá-los a refletir, tomar decisões e

fazerem opções.

Como afirma FREINET (1995, p.125): “somos

aprendizes, às vezes com pretensão de mestres e

ocultando a nós mesmos, as nossas imperfeições e as

nossas impotências”.

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- 58 -

Por sermos aprendizes, estamos em fase de

descoberta e transformação. Nada é definitivo, a não

ser o reconhecimento de que somos aprendizes.

A educação deve afetar a todos os que

participam do processo educativo. Questionar o

preconceito, ter critérios para selecionar e justificar

os conteúdos; preocupar-se com a repetição de

apelidos, piadas e ironias que encobrem idéias

preconceituosas; tratamento afetivo diferente;

banalização de situações de discriminação e

preconceito. Deve construir uma relação

democrática, que supere o autoritarismo, que

repense os diferentes aspectos da cultura escolar e o

sistema de ensino como um todo, que nos faça

refletir sobre nossas práticas.

Há necessidade de se formar educadores

preparados para lidar com a diversidade em sala de

aula, e também para criticar o currículo e suas

práticas. Educadores reflexivos, que busquem

modificar o ambiente escolar a fim de torná-lo menos

opressor, o que não seria uma ação isolada, que

apenas reforça as diferenças. A bagagem de

conhecimento do educador deve ser articulado às

mudanças gerais, sendo importante estar alerta para

o fato de que apenas formar e conscientizar o

professor não é o suficiente pois, embora muitos

deles tenham certa consciência da necessidade de

enfrentar as questões que dizem respeito à

diversidade e até venham tomando iniciativas nesse

sentido, também fica claro que pouco pode ser feito

se o projeto pedagógico da escola não incorporar essa

perspectiva.

O que almejamos é uma educação que

privilegie o conhecimento, trocas, enriquecimento,

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- 59 -

interação, entre os indivíduos. Isso não é tarefa fácil,

é um processo e exige prosseguir sempre.

A educação, o conhecimento e o cérebro

continuam sendo os maiores pontos de estudo

científico, a fim de melhorar e entender a vida no seu

todo. Cabe a nós educadores entrarmos nesta ciranda

de pesquisa, afinal o futuro somos todos nós;

hiperativos ou não, dando agora o primeiro passo, já

adiantamos uma parte do caminho.

Ao finalizarmos este estudo, queremos

ressaltar que as novas tecnologias já estão presentes

em nosso cotidiano escolar, convidamos você

professor, a contribuir, escrevendo no Portal sobre a

repercussão da temática no exercício da práxis, se foi

significativa em relação à produção de conhecimento

e em sua vida pessoal.

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- 60 -

REFERÊNCIAS

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atenção/hiperatividade: atualização diagnóstica e

terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e

Editora Ltda, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes

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Brasília: 1996

________. Ministério da Educação. Secretaria de

Educação Especial. Diretrizes Adicionais para a

Educação Especial na Educação Básica. 3. ed.

Brasília: MEC/SEESP, 2003.

________. Ministério da Educação. Secretaria de

Educação Especial. Projeto Escola Viva:

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alunos na escola – alunos com necessidades

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CYPEL, S. A criança com déficit de atenção e

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2000.

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MICHAELIS. Dicionário escolar da língua

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