hemocomponentes e hemoderivados

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CEDUP Curso Tcnico em Anlises Clnicas Disciplina: Hemoderivados e Hemocomponentes Professora Giseli Trento Andrade e Silva 1 ___________________________________________________________________________________________________________________________________________ CENTRO DE EDUCAO PROFISSIONAL ABLIO PAULO CRICIMA SC CURSO: TCNICO EM ANLISES CLNICAS DISCIPLINA: HEMODERIVADOS e HEMOCOMPONENTES - MDULO II OBJETIVO GERAL Conhecer o emprego teraputico do sangue, a transfuso dos seus componentes (hemocomponentes) e derivados (hemoderivados), alm de compreender sobre a seleo de doadores, colheita, tipagem, fracionamento e armazenamento. CONTEDOS PROGRAMTICOS: 1. Introduo hemoterapia conceitos e histrico 2. Processamento e armazenamento dos hemoderivados e hemocomponentes 3. Tipagem sangunea Sistema ABO 4. Fator Rh 5. Determinao laboratorial dos tipos sanguneos 6. Eritroblastose fetal 7. Sangue raro 8. Doao de sangue 9. Transfuses METODOLOGIA / RECURSOS TCNICOS As aulas tericas sero baseadas em apostila confeccionada pela professora, ministradas atravs de exposies dialogadas e com a utilizao de recursos audiovisuais (documentrios, slides, data show). As aulas prticas sero ministradas no Laboratrio de Anlises Clnicas. AVALIAES PARA O SEMESTRE: Prova terica valendo 10,0 pontos Hemocomponentes e Hemoderivados Trabalho valendo 10,0 pontos Doao de sangue e Transfuses Prova terica valendo 10,0 pontos Tipagem sangunea e Fator Rh Trabalho valendo 10,0 pontos Contedo do semestre Para fins de anlise qualitativa do rendimento dos alunos, sero considerados: assiduidade, compromisso, materiais, participao e pontualidade em todas as atividades supracitadas. Ser considerado aprovado o aluno que obtiver mdia final igual ou superior a sete (7), e que tenha frequncia, no mnimo, 75% das atividades do curso. Os alunos que faltarem (s) prova(s) devero proceder de acordo com o regimento interno do CEDUP. A segunda chamada das provas ser realizada conforme normas do curso. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Especializada. Guia para o uso de hemocomponentes. Braslia : Ministrio da Sade, 2008. 140 p. : il. (Srie A. Normas e Manuais Tcnicos)

H emodeerivados H emocomponentesProfessora: Giseli Trento Andrade e SilvaTcnica em Anlises Clnicas e Biloga - CRBio 53808-03D

Nome: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Turma: _ _ _ _ _ mdulo _ _ _ _ _

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1 - Introduo hemoterapia conceitosHemoterapia o emprego teraputico do sangue, que pode ser transfundido com seus componentes (hemocomponentes) e derivados (hemoderivados). Os componentes sanguneos (hemocomponentes) so obtidos atravs de processos fsicos e so eles:

Produtos Originados a Partir do Sangue Total

Concentrado de hemcias plasma fresco congelado concentrado de plaquetas crioprecipitado.

J os derivados sanguneos (hemoderivados) so fabricados atravs da industrializao do plasma e so eles:

albumina imunoglobulinas fatores da coagulao (Fator VII, Fator VIII, Fator IX, alm dos complexos protombnicos).

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2 - Introduo hemoterapia histrico1818 - James Blundell transfundiu sangue humano em mulheres com hemorragia ps parto,(primeira transfuso) 1901 - Karl Landstainer descobre os grupos sanguneos ABO, foram descobertos no incio do sculo XX (cerca de 1900 - 1901), dedicou a comprovar que havia diferenas no sangue de diversos indivduos. Ele colheu amostras de sangue de diversas pessoas, isolou os glbulos vermelhos (hemcias) e fez diferentes combinaes entre plasma e hemcias, tendo como resultado a presena de aglutinao dos glbulos em alguns casos, e sua ausncia em outros. Landsteiner explicou ento por que algumas pessoas morriam depois de transfuses de sangue e outras no. Em 1930 ele ganhou o Prmio Nobel por esse trabalho. 1936 - Em Barcelona surgiu o primeiro banco de sangue, durante a guerra civil espanhola. Enfrentavam problemas relacionados a coagulao do sangue.

Os principais componentes do sangue:1940 - Levine descobre o fator Rh positivo ou negativo. Quem Rh positivo possui uma protena chamada antgeno D na superfcie dos glbulos vermelhos. Quem no tem esse antgeno Rh negativo. Aps a II guerra mundial surgem no BRASIL os primeiros bancos de sangue privados. 1970 - Implantao dos HEMOCENTROS, iniciando uma poltica do sangue. Hoje, no Brasil, os Servios Hemoterpicos so regidos pelas normas tcnicas explicitadas na RDC 153, de 14 de Junho de 2004, seguindo-se os princpios da moderna Hemoterapia.

Plasma: cerca de 55% do sangue. constitudo por 92% de gua, o resto constitudo por protenas complexas, tais como globulina, fibrinognio e albumina. Plaquetas: cerca de 0,17% do sangue. Glbulos Brancos: cerca de 1% do sangue. Glbulos Vermelhos: cerca de 45% do sangue.

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O que Sangue?O sangue um tecido vivo que circula pelo corpo, levando oxignio e nutrientes a todos

3 - Processamento e armazenamento dos hemoderivados e hemocomponentesOs hemocomponentes e hemoderivados se originam da doao de sangue por um doador. No Brasil, este processo est regulamentado pela Lei n 10.205, de 21/3/2001, e por regulamentos tcnicos editados pelo Ministrio da Sade. Toda doao de sangue deve ser altrusta, voluntria e no-gratificada direta ou indiretamente, assim como o anonimato do doador deve ser garantido. Para a obteno destes produtos, os servios de hemoterapia so estruturados em rede, com nveis de complexidade diferentes, a depender das atividades que executam. Servios mais completos executam todas as etapas do ciclo do sangue, que correspondem captao de doadores, triagem clnica, coleta de sangue, ao processamento de sangue em hemocomponentes, s anlises sorolgicas e imunohematolgicas no sangue do doador, ao armazenamento e distribuio destes produtos e transfuso. As tcnicas de processamento atuais permitem o armazenamento de diferentes hemocomponentes em condies adequadas para preservao de suas caractersticas teraputicas, possibilitando que o receptor receba, em menor volume, somente hemocomponentes dos quais necessita, o que minimiza os riscos inerentes teraputica transfusional. Deste modo, a partir de uma nica doao, vrios pacientes podero ser beneficiados de forma mais segura. Hemocomponentes e hemoderivados so produtos distintos. Os produtos gerados um a um nos servios de hemoterapia, a partir do sangue total, por meio de processos fsicos (centrifugao, congelamento) so denominados hemocomponentes. J os produtos obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma por processos fsicoqumicos so denominados hemoderivados.

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os rgos. Ele composto por plasma, hemcias, leuccitos e plaquetas. O plasma a parte lquida do sangue, de

colorao amarela palha, composto por gua (90%), protenas e sais. Atravs dele circulam por todo o organismo as substncias nutritivas necessrias vida das clulas. Essas substncias so: protenas, enzimas, hormnios, fatores de coagulao, imunoglobina e albumina. O plasma representa aproximadamente 55% do volume de sangue circulante. As hemcias so conhecidas como glbulos vermelhos por causa do seu alto teor de hemoglobina, uma protena avermelhada que contm ferro. A hemoglobina capacita as hemcias a transportar o oxignio a todas as clulas do organismo. Elas tambm levam dixido de carbono, produzido pelo organismo, at os pulmes, onde ele eliminado. Existem entre 4,5 milhes a 5 milhes de hemcias por milmetro cbico de sangue. Os leuccitos, tambm chamados de glbulos brancos, fazem parte da linha de defesa do organismo e so acionados em casos de infeces, para que cheguem aos tecidos na tentativa de destrurem os agressores, tais como vrus e bactrias. Existem entre 5 mil a 10 mil leuccitos por milmetro cbico de sangue. As plaquetas so pequenas clulas que tomam parte no processo de coagulao sangunea, agindo nos sangramentos (hemorragias). Existem entre 200.000 a 400.000 plaquetas por milmetro cbico de sangue. O sangue produzido na medula ssea dos ossos chatos, vrtebras, costelas, quadril, crnio e esterno. Nas crianas, tambm os ossos longos como o fmur produz sangue.

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Existem duas formas para obteno dos hemocomponentes. A mais comum a coleta do sangue total. A outra forma, mais especfica e de maior complexidade, a coleta por meio de afrese1. O processamento feito por meio de centrifugao refrigerada, por processos que minimizam a contaminao e proliferao microbiana, nos quais se separa o sangue total em hemocomponentes eritrocitrios, plasmticos e plaquetrios. Em funo das diferentes densidades e tamanhos das clulas sanguneas, o processo de centrifugao possibilita a separao do sangue total em camadas (figura 2), sendo que as hemcias ficam depositadas no fundo da bolsa. Acima delas forma-se o buffy-coat (camada leucoplaquetria), ou seja, uma camada de leuccitos e plaquetas. Acima do buffy-coat fica a camada de plasma que contm plaquetas dispersas. Solues anticoagulantes-preservadoras e solues aditivas so utilizadas para a conservao dos produtos sanguneos, pois impedem a coagulao e mantm a viabilidade das clulas do sangue durante o armazenamento. A depender da composio das solues anticoagulantes-preservadoras, a data de validade para a preservao do sangue total e concentrados de hemcias pode variar. O sangue total coletado em soluo CPDA-1 (cido ctrico, citrato de sdio, fosfato de sdio, dextrose e adenina) tem validade de 35 dias a partir da coleta e de 21 dias quando coletado em ACD (cido ctrico, citrato de sdio, dextrose), CPD (cido ctrico, citrato de sdio, fosfato de sdio, dextrose) e CP2D (citrato, fosfato e dextrose-dextrose). As solues aditivas so utilizadas para aumentar a sobrevida e a possibilidade de armazenamento das hemcias por at 42 dias em 4 2C. Um exemplo de soluo aditivaAfrese um procedimento caracterizado pela retirada do sangue do doador, seguida da separao de seus componentes por um equipamento prprio, reteno da poro do sangue que se deseja retirar na mquina e devoluo dos outros componentes ao doador.1

o SAG-M composto por soro fisiolgico, adenina, glicose e manitol.

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3.1 - Concentrado de HemciasO concentrado de hemcias (CH) obtido por meio da centrifugao de uma bolsa de sangue total (ST) e da remoo da maior parte do plasma. Seu volume varia entre 220ml e 280ml. Assim como o ST, o concentrado de hemcias deve ser mantido entre 2C e 6C e sua validade varia entre 35 e 42 dias, dependendo da soluo conservadora. Os concentrados de hemcias sem soluo aditiva devem ter hematcrito entre 65% e 80%. No caso de bolsas com soluo aditiva, o hematcrito pode variar de 50% a 70%.

3.3 - PlasmaO plasma fresco congelado (PFC) consiste na poro acelular do sangue obtida por centrifugao a partir de uma unidade de sangue total e transferncia em circuito fechado para uma bolsa satlite. Pode ser obtido tambm a partir do processamento em equipamentos automticos de afrese. constitudo basicamente de gua, protenas (albumina, globulinas, fatores de coagulao e outras), carboidratos e lipdios. completamente congelado at 8 horas aps a coleta e mantido, no mnimo, a 18C negativos, sendo, porm, recomendada a temperatura igual ou inferior a 25C negativos. Sua validade entre 25C negativos e 18C negativos de 12 meses. Se congelado a temperaturas inferiores a 25C negativos sua validade de 24 meses. O congelamento permite a preservao dos fatores da coagulao, fibrinlise e complemento, alm de albumina, imunoglobulinas, outras protenas e sais minerais, e mantm constantes suas propriedades.

3.2 - Concentrado de plaquetaO concentrado de plaquetas (CP) pode ser obtido a partir de unidade individual de sangue total ou por afrese, coletadas de doador nico. Cada unidade de CP unitrios contm aproximadamente 5,5 x 1010 plaquetas em 50-60ml de plasma. Dois mtodos diferentes so utilizados para a obteno de plaquetas pela centrifugao de sangue total. O primeiro consiste na centrifugao do sangue em duas etapas. Na primeira etapa, feita uma centrifugao leve, em que se obtm o plasma rico em plaquetas (PRP); este plasma novamente centrifugado, desta vez em alta rotao, para a obteno do concentrado de plaquetas (CP). O segundo mtodo baseia-se na extrao do buffy coat, ou camada leucoplaquetria, geralmente com a utilizao de extratores automatizados de plasma e com o uso de bolsas top and bottom. O sangue total submetido centrifugao, visando separao da camada leucoplaquetria. O plasma sobrenadante transferido para uma bolsa-satlite, pela sada superior (top) da bolsa e o concentrado de hemcias extrado pela sada inferior (bottom) da bolsa. A camada leucoplaquetria permanece na bolsa original.

3.4 - CrioprecipitadoO crioprecipitado (CRIO) uma fonte concentrada de algumas protenas plasmticas que so insolveis a temperatura de 1C a 6C. preparado descongelando-se uma unidade de plasma fresco congelado temperatura de 1C a 6C. Depois de descongelado, o plasma sobrenadante removido deixando-se na bolsa a protena precipitada e 10-15ml deste plasma. Este material ento recongelado no perodo de 1 hora e tem validade de 1 ano. A principal fonte de fibrinognio concentrado o crioprecipitado.

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Toda a transfuso traz em si riscos, sejam imediatos, ou tardios. Os benefcios da transfuso devem superar os riscos.Indicaes:

3.5 - HemoderivadosA indstria de hemoderivados desenvolve atividade de alta complexidade, na rea biotecnolgica. O grande diferencial, que torna a produo de hemoderivados um caso nico dentro do universo das indstrias farmacuticas, o fato de sua principal matriaprima ser o plasma humano, que no pode ser fabricado e nem comprado. No mercado internacional, o litro de plasma custa, para a indstria de hemoderivados, de 90 a 120 dlares. No Brasil, uma portaria do Ministrio da Sade estabelece que o plasma coletado pelos servios pblicos de Hemoterapia, que respondem por dois teros da coleta nacional, pertence ao SUS. Os quatro hemoderivados de base, que fazem parte da lista de medicamentos essenciais da Organizao Mundial de sade (OMS) so a albumina, as imunoglobulinas poliespecficas, tambm chamadas de imunoglobulinas normais, e os concentrados de Fator VIII e de Fator IX da coagulao. Estes dois ltimos produtos so utilizados no tratamento das pessoas portadoras de hemofilia A e B, respectivamente; a albumina utilizada no tratamento de grandes queimados, pessoas com cirrose, pacientes de terapia intensiva, entre outros. A imunoglobulina, de todos os hemoderivados, aquele que vem, tendo a maior utilizao em todo o mundo, com um consumo per capita de 70 g/ mil habitantes em pases como o Canad e os Estados Unidos. A imunoglobulina usada para o tratamento de pessoas com AIDS, para pessoas com outros dficits imunolgicos, para o tratamento de doenas auto-imunes e para o tratamento de diversas doenas infecciosas. Alm destes quatro produtos de base, existem hoje cerca de vinte diferentes tipos de hemoderivados disponveis no mercado mundial, que podem ser classificados em trs grandes grupos, de acordo com os quadros a seguir.

Concentrado de hemcias: deve ser realizada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberao de oxignio (O2) aos tecidos, ou seja, em casos de anemia, porm nem todo estado de anemia exige a transfuso de hemcias. Em situaes de anemia, o organismo lana mo de mecanismos compensatrios, tais como a elevao do dbito cardaco e a diminuio da afinidade da Hb pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o nvel de hipxia tecidual.

Concentrado de plaquetas: Basicamente, esto associadas s plaquetopenias desencadeadas por falncia medular, raramente indica-se a reposio em plaquetopenias por destruio perifrica ou alteraes congnitas de funo plaquetria.

Plasma: As indicaes para o uso do plasma fresco congelado so restritas e correlacionadas a sua propriedade de conter as protenas da coagulao. O componente deve ser usado, portanto, no tratamento de pacientes com distrbio da coagulao, particularmente naqueles em que h deficincia de mltiplos fatores e apenas quando no estiverem disponveis produtos com concentrados estveis de fatores da coagulao e menor risco de contaminao viral.

Crioprecipitado: est indicado no tratamento de hipofibrinogenemia congnita ou adquirida, disfibrinogenemia ou deficincia de fator XIII. Pode ser til tambm no tratamento de sangramento ou no procedimento invasivo em pacientes urmicos, com o intuito de diminuir o tempo de sangramento (TS) e diminuir o sangramento.

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Hemoderivados usados para tratamento de coagulopatias

4 - Tipagem sangunea Sistema ABO e Fator RhOs tipos sanguneos so determinados pela presena, na superfcie das hemcias, de antgenos que podem ser de natureza bioqumica variada, podendo ser compostos por carboidratos, lipdeos, protenas ou uma mistura desses compostos. Embora a constituio fsica geral seja a mesma para todos, cada pessoa nica. Cada pessoa possui identificadores celulares que permitem ao corpo identificar suas prprias clulas. Os identificadores comuns so A e B. H um outro antgeno nos glbulos vermelhos denominado fator Rh. A presena ou ausncia desse antgeno determina se o sangue Rh+ ou Rh-. Desta forma, existem indivduos com sangue dos grupos A, B, AB e O, dependendo da presena ou ausncia de determinados antgenos nas hemcias. Um tipo sanguneo, tambm chamado de grupo sanguneo, a caracterizao do sangue baseada na presena ou ausncia de substncias antignicas herdveis presentes na membrana das clulas vermelhas. O sistema ABO, descoberto no incio do sculo XX, o mais importante sistema de tipagem sangunea e rege as transfuses de sangue at os dias atuais. Os antgenos do sistema ABO so produtos dos genes ABO localizados no cromossomo 9 de humanos.

Hemoderivados base de Protenas da Anti-Coagulao

Hemoderivados base de Imunoglobulinas Especficas

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Sua descoberta ocorreu quando cientistas observaram a ocorrncia de aglutinao de hemcias devido fixao de anticorpos a antgenos especficos presentes na membrana dessas clulas. A reao de aglutinao causada pelos anticorpos contra esses antgenos chamada de hemaglutinao. Os antgenos de grupo sanguneo esto organizados em mltiplas cpias na superfcie da hemcia, permitindo que as clulas se aglutinem quando sofrem reao cruzada com anticorpos. Assim, indivduos do tipo sanguneo A expressam somente antgenos A na superfcie das suas hemcias, enquanto os do tipo B expressam somente antgenos B. J os do grupo AB expressam ambos os antgenos na superfcie das hemcias e os do grupo O no expressam nenhum dos dois. Bactrias do trato gastrintestinal possuem em suas membranas antgenos similares ou idnticos queles do sistema ABO. Essas bactrias estimulam a formao de anticorpos contra antgenos ABO nos indivduos que no possuem o antgeno correspondente em suas prprias clulas. Por exemplo, indivduos do grupo AB que possuem antgenos A e B nas suas hemcias no desenvolvem anticorpos anti-A ou anti-B. J os indivduos do grupo O que no apresentam antgenos na superfcie das hemcias desenvolvem anticorpos anti-A e anti-B. Quando um indivduo recebe sangue de um grupo diferente do seu isso pode desencadear respostas imunolgicas que podem levar destruio das clulas vermelhas do sangue. Por exemplo, se um indivduo do grupo A (receptor) recebe sangue do grupo B (doador), os anticorpos anti-A presentes no sangue do doador reagem contra os antgenos da superfcie da clula vermelha do receptor provocando hemaglutinao, formao de cogulos e destruio em massa das hemcias do receptor levando morte. Portanto, fundamental a caracterizao dos grupos sanguneos antes dos procedimentos de transfuso. O sistema Rhesus o segundo mais importante sistema de tipagem e classificao sangunea. Foi descoberto da dcada de 40 quando cientistas perceberam que, ao injetar-se sangue do macaco do gnero Rhesus em cobaias, havia a produo de anticorpos para combater as hemcias introduzidas. Dessa constatao os cientistas concluram que na membrana das hemcias do macaco Rhesus havia um antgeno de membrana que foi denominado fator Rh (de Rhesus). Testando sangue humano com anticorpos anti-Rh cientistas verificaram que em 85% do sangue humano testado ocorria aglutinao, ou seja, os anticorpos anti-Rh reconheciam o antgeno Rh na superfcie das hemcias humanas. Foram descritos cinco antgenos Rh diferentes (C, c, D, E, e) sendo o antgeno Rh D o mais imunognico. Portanto, o termo fator Rh refere-se somente ao antgeno Rh D. Indivduos que apresentam o antgeno Rh D na superfcie das suas hemcias so denominados de Rh positivos (Rh+) e os que no possuem o antgeno Rh D so chamados de Rh negativos (Rh -).

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Tabela 1 - Compatibilidade de clulas de glbulos vermelhos Recebedor O O O+ A A+ B B+ AB AB+ O+ A A+ Doador B B+ AB AB+

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5 - Determinao laboratorial dos tipos sanguneos

Sangue _ _ _ _ _ _ _ _ _

Sangue _ _ _ _ _ _ _ _ _ TIPAGEM SANGUNEA - PROCEDIMENTO: 1. Limpar bem uma lmina com lcool 70% e deixar secar. 2. Identificar a lmina com o nmero do protocolo ou nome do paciente. 3. Escrever sobre a lmina as indicaes para os anticorpos anti-A, anti-B e anti-D (Rh). 4. Pingar uma gota do soro desejado no local indicado da lmina e, logo aps, uma gota de sangue sobre o soro (sangue previamente coletado por puno venosa). 5. Homogeneizar bem com palito de madeira utilizando um palito (ponta) para cada soro. 6. Observar a aglutinao por at 5 minutos e concluir o tipo sanguneo para os sistemas ABO e Rh. 7. Observando-se o resultado, temos: a) Se no houver aglutinao em nenhum dos lados, o sangue em exame do grupo O. b) Se houver aglutinao nos dois lados, o sangue do grupo AB. c) Se houver aglutinao somente com o soro anti-A, o sangue do grupo A. d) Se aglutinar somente com o soro anti-B, o sangue do grupo B. Sangue _ _ _ _ _ _ _ _ _ Sangue _ _ _ _ _ _ _ _ _

Registrar os resultados na requisio do paciente. Preencher a carteirinha indicando o tipo sanguneo e o fator Rh.

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6 - Eritroblastose fetalO problema se manifesta durante a gravidez de mulheres RH negativo que estejam gerando um filho RH positivo. A Eritroblastose fetal, tambm conhecida como Doena hemoltica do recm-nascido (DHRN) causada pela incompatibilidade sangunea do Fator RH entre o sangue materno e o sangue do beb. O problema se manifesta durante a gravidez de mulheres RH negativo que estejam gerando um filho RH positivo. Para que isso acontea, o pai da criana precisa necessariamente ter o Fator RH positivo. As hemcias do feto, que carregam o Fator RH positivo desencadearo um processo no qual o organismo da me comear a produzir anticorpos. Estes anticorpos chegaro at a circulao do feto, destruindo as suas hemcias. desta maneira que a Eritroblastose se origina. Pesquise: Quais os sintomas ou consequncias, tratamento e a preveno da DHRN para a me e para o feto. Fazer manuscrito e entregar no dia _ _ _ / _ _ _ / _ _ _ _ .

7 Sangue raroO fator RH um sistema de antgenos (substncias que provocam a formao de anticorpos) presente nas hemcias (glbulos vermelhos do sangue). Uma pessoa que seja do tipo Rh nulo apresenta uma rarssima mutao gentica (em torno de 1 caso para cada 100.000 pessoas) que faz com que o indivduo no produza na superfcie das hemcias nenhuma protena do sistema Rh. Isso bem diferente de ser Rh negativo, que quando a pessoa no possui apenas uma das protenas do sistema RH. Esta caracterstica est presente em 15% da populao. O indivduo que possui fator RH nulo pode receber sangue de doadores com fator RH diferente apenas uma vez. Esse contato faz com que se desenvolvam anticorpos contra os antgenos do sistema RH (tambm comum que isso acontea durante a gestao). A partir da, essas pessoas s podem receber sangue de indivduos RH nulo.

Distribuio dos tipos sanguneos com o respectivo fator Rh.

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8 - Doao de sangueDoao de sangue o processo pelo qual um doador voluntrio tem seu sangue coletado para armazenamento em um banco de sangue ou para um uso subsequente em uma transfuso de sangue. Trata-se de um processo de fundamental importncia para o funcionamento de um hospital ou centro de sade. Todos os procedimentos mdicos que demandam transfuso de sangue precisam dispor de um fornecimento regular e seguro deste elemento. Da a importncia de se manter sempre abastecidos os bancos de sangue por meio das doaes, que no engrossam nem afinam o sangue do doador. fcil e seguro, e no se pode mentir nem omitir informaes, pois quem recebe o sangue pode ser contaminado. Doar sangue um procedimento simples, rpido, sigiloso e seguro. Para o doador em geral no h riscos, porm algumas complicaes podem eventualmente aparecer:

Ter entre 18 e 65 anos Ter peso acima de 50 kg Se homem, no pode ter doado h menos de 60(90) dias Se mulher, no pode ter doado h menos de 90(120) dias Ter passado pelo menos trs meses de parto ou aborto No estar grvida No estar amamentando Estar alimentado e com intervalo mnimo de duas horas do almoo Ter dormido pelo menos seis horas das 24h que antecedem a doao No ter feito tatuagem, piercing ou acupuntura h menos de um ano No ter recebido transfuso de sangue ou hemoderivados a menos de um ano No ter ingerido bebidas alcolicas nas 24 horas que antecedem a doao No ser usurio de drogas injetveis No ser portador de doenas infectocontagiosas como sfilis, doena de chagas e HIV (I ou II)

Queda de presso e tontura Hematoma no local da picada Nusea e vmito Dor local e dificuldade para movimentao do brao Desmaios

Quem no deve doarNo devem doar sangue as pessoas que se enquadrarem em uma das condies abaixo: Por segurana se:

Requisitos para a doao:Quem pode doarNo Brasil e Portugal, qualquer pessoa poder doar sangue, desde que sejam observadas algumas condies, a fim de garantir a segurana e a qualidade do procedimento:

Alguma vez utilizou drogas por via endovenosa Sendo homem ou mulher, teve contactos sexuais com mltiplos(as) parceiros(as) ocasionais ou eventuais sem uso de preservativo.

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Se o seu parceiro sexual:

No Brasil, o Ministrio da Sade exige a realizao de alguns procedimentos especficos antes e depois da doao, a fim de prevenir complicaes para o doador e contaminao para o receptor durante o perodo de janela imunolgica de doenas. Antes da doao, o candidato ir passar por uma entrevista de triagem clnica, na qual podem ser detectadas algumas condies adicionais que possam impedir a doao. Aps cada doao sero realizados os seguintes exames no sangue coletado:

soropositivo, ou seja, se portador do Vrus de Imunodeficincia Humana VIH (HIV); Ou portador crnico do Vrus da Hepatite B e Hepatite C VHB, VHC. Fez endoscopia nos ltimos 6 meses Fez tatuagem ou piercing nos ltimos 6 meses Fez transfuso Fez transplante de crnea ou dura-mter Fez tratamento com hormnio de crescimento, pituitria ou gonadotrofina de origem humana Foi operado nos ltimos 6 meses Teve cncer (inclusive leucemia). Antecedentes de carcinoma in situ da crvix uterina e de carcinoma basocelular de pele no impedem a doao de sangue Tem Epilepsia, Diabetes insulino-dependente ou Hipertenso grave Tem histria familiar de Doena de Creutzfeldt-Jakob e variante DCJ, vDCJ Teve Paludismo/Malria nos ltimos 3 anos Teve parto nos ltimos 6 meses Teve um(a) novo(a) parceiro(a) sexual nos ltimos 6 meses

Ou ainda se:

Tipagem sangunea ABO e Rh Pesquisa de anticorpos eritrocitrios irregulares (PAI) Teste de Coombs Indireto Fenotipagem do Sistema Rh Hr (D,C,E.c,e), Fenotipagem de outros sistemas Testes sorolgicos para: Hepatite B, Hepatite C, Doena de Chagas, Sfilis, HIV (AIDS), HTLV I/II

Esse procedimento se repetir aps cada doao e os resultados sero comunicados ao doador.

DireitosO trabalhador sob o regime da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) poder deixar de comparecer ao servio, sem prejuzo do salrio, por um dia, em cada doze meses de trabalho, em caso de doao voluntria de sangue devidamente comprovada (art. 473 da CLT). Os funcionrios pblicos civis federais, sem qualquer prejuzo, podem se ausentar do servio por um dia para doao de sangue, sem limite anual de doaes (art. 97 da Lei n 8.112/1990).

ProcedimentosA coleta de sangue para doao consiste na retirada de cerca de 450ml de sangue, atravs do uso de material descartvel, de uso nico e estril. O tempo de permanncia do doador no Banco de Sangue, incluindo coleta e triagem, de aproximadamente 30 minutos

CEDUP Curso Tcnico em Anlises Clnicas Disciplina: Hemoderivados e Hemocomponentes Professora Giseli Trento Andrade e Silva 16 ___________________________________________________________________________________________________________________________________________

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O doador passa pelas seguintes etapas:Recepo e Identificao Com um documento Oficial de identidade feito o cadastro do doador, incluindo seus dados pessoais e endereo.

traumatismos, hemorragias digestivas ou em outros casos em que tenha havido grande perda de sangue. A transfuso um evento irreversvel que acarreta benefcios e riscos potenciais ao receptor. Apesar da indicao precisa e administrao correta, reaes s transfuses podem ocorrer. Portanto, importante que todos profissionais envolvidos na prescrio e administrao de hemocomponentes estejam capacitados a prontamente identificar e utilizar estratgias adequadas para resoluo e preveno de novos episdios de reao transfusional. A ocorrncia destas reaes est associada a diferentes causas, dentre as quais fatores de responsabilidade da equipe hospitalar como erros de identificao de pacientes, amostras ou produtos, utilizao de insumos inadequados (equipos, bolsa, etc.), fatores relacionados ao receptor e/ou doador como existncia de anticorpos irregulares no detectados em testes pr-transfusionais de rotina. A reao transfusional , portanto, toda e qualquer intercorrncia que ocorra como conseqncia da transfuso sangunea, durante ou aps a sua administrao. Podem ser classificadas em imediatas (at 24 horas da transfuso) ou tardias (aps 24 horas da transfuso), imunolgicas e no-imunolgicas. A Hemoterapia moderna se desenvolveu baseada no preceito racional de transfundir-se somente o componente que o paciente necessita, baseado em avaliao clnica e/ou laboratorial, no havendo indicaes de sangue total. As indicaes bsicas para transfuses so restaurar ou manter a capacidade de :

Sinais Vitais So verificados os batimentos cardacos, presso arterial, temperatura, peso e altura. Teste de anemia coletada uma pequena gota de sangue para verificar se o candidato a doador no ou est anmico.

Triagem clnica Entrevista confidencial e avaliao com o mdico, quando a sinceridade nas respostas s perguntas fundamental. Todas as informaes prestadas pelo doador so tratadas com sigilo absoluto pelos tcnicos do hemocentro.

Coleta feita a coleta de sangue (aproximadamente 450 ml). Lanche final O doador recebe um lanche e aconselhado a tomar bastante lquido e repousar.

9 - TransfusesA transfuso de sangue uma prtica mdica que consiste na transferncia de sangue ou de um componente sanguneo de uma pessoa (o doador) para outra (o receptor). um tipo de terapia que tem se mostrado muito eficaz em situaes de choque, hemorragias ou doenas sanguneas. Frequentemente usa-se transfuso em intervenes cirrgicas,

transporte de oxignio volume sangneo hemostasia