hajasaúde! edição de novembro/dezembro

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“Dezembro é sinónimo de Natal, de frio, de Bananeiro, de tradições e de irreverência!” “Porquê Paris?” “Desejo-vos boas festas e um próspero ano novo, esperando que neste novo ano a minha idiossincrasia não me abandone” PÁG. 26 PÁG. 21 PÁG. 15

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“Dezembro é sinónimo de Natal, de frio,

de Bananeiro, de tradições e de irreverência!”

“Porquê Paris?”

“Desejo-vos boas festas e um próspero ano novo, esperando que neste novo ano a minha idiossincrasia não me abandone”PÁG. 26PÁG. 21PÁG. 15

HajaEditorial! 3

HajaBreves! 4

HajaEntrevista! 5

HajaTecnologia! 13

HajaBraga! 15

HajaLivro! 17

HajaCinema! 18

HajaMúsica! 19

HajaExplicação! 21

HajaSexualidade! 23

HajaGula! 25

HajaPaciência! 26

Conselhos da Rebeca 27

HajaEditorial!3

Como decerto o sabem, a Medicina é uma arte (literalmente uma arte, já que deriva do latim ars medicina, que se traduz por “arte da cura”) muito antiga: há relatos de diversos procedimentos médicos que remontam aos séculos Antes de Cristo. Aliás, o célebre Juramento de Hipócrates foi escrito no século quinto Antes de Cristo. Conhecer a história da Medicina é realmente algo fascinante que nos permite perceber toda a evolução, desde as tradições dos antigos egípcios, passando pelo descobrimento dos antibióticos, aos m a i s r e c e n t e s d e s e n v o l v i m e n t o s tecnológicos. No entanto, houve alguns conhecimentos dos nossos antecessores q u e a c a b a r a m p o r s e r p o u c o implementados no mundo Ocidental e que aos poucos têm sido recuperados. Além disso, a progressiva globalização facilitou a transferência de conhecimento de uma ponta do planeta para a outra, permitindo a adoção de técnicas e conhecimentos de diferentes cultura. É disto exemplo a A c u p u n t u r a , a b o r d a d a n o n o s s o HajaEntrevista!, que integra um conjunto de terapias tradicionais designado pela Organização Mundial de Saúde como Medicinas Tradicionais e Complementares. É este o tema central desta edição. Podes contar com as tuas crónicas prediletas e ainda com novas surpresas! Desafio-te a folheares o jornal para conheceres, quiçá novos escritos, quiçá novos temas.

E é assim que o HajaSaúde! se despede, com a quinta e última edição deste ano. Esperamos que seja uma boa companhia para o descanso (bem

merecido!) que se avizinha. Deixamos ainda a todos os nossos leitores e a toda a comunidade da Escola de Ciências da Saúde votos de um Feliz Natal e um Bom Ano Novo! E, para o futuro deste jornal, desejamos apenas que te juntes a nós e faças este nosso projeto, de alunos para alunos, crescer! Para além de termos sempre as portas abertas, não te esqueças que também podemos ter bolachas à tua espera!

“Deixamos ainda a todos os nossos

leitores e a toda a comunidade da

Escola de Ciências da Saúde votos de um Feliz

Natal e um Bom Ano Novo!”

Sofia Milheiro, 5º Ano

“Uma história não tem princípio nem fim: escolhemos arbitrariamente um momento da experiência, de onde olhar para trás, ou olhar para diante”

Graham Greene

Catarina Pestana, 4º AnoHa

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Investigadores do ICVS/3B’s vencem PrémioNo passado dia 1 de dezembro, a equipa de investigação do ICVS/3B's da

Universidade do Minho,  coordenada por Rui L. Reis e que conta com ainda com a colaboração Ana Rita Duarte, Alexandre Barros, Estevão Lima e Jorge Correia Pinto, venceu o Grande Prémio da 11.ª edição do Concurso Nacional de Inovação do Novo Banco. A inovação premiada consiste no desenvolvimento de stents urológicos degradáveis, com base em materiais de origem natural e que englobam um variado leque de propriedades que os tornam mais apelativos para a prática clinica.

Acredita-se que o projeto premiado, cujos primeiros testes de validação in vivo foram realizados com sucesso, permitirá evitar mais de 240 mil intervenções médicas por ano, uma vez que evita uma segunda intervenção para a remoção do stent, diminuindo assim os custos do tratamento e melhorando a qualidade de vida do doente.

Ordem dos Médicos e ANEM pretendem a redução de vagas No dia 1 de dezembro, a Ordem dos Médicos e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) defenderam a redução das vagas nas faculdades médicas, com o intuito de garantir uma formação com qualidade e evitar que haja profissionais sem lugar nas especialidades. Esta redução de vagas foi apontada pelos responsáveis como a solução para a falta de capacidade do sistema em formar médicos especialistas depois de os clínicos cumprirem o seu “Ano Comum”.

Minho Medical Meeting

Nos dias 4,5,e 6 de dezembro, decorreu na Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho o VIII Minho Medical Meeting (MMM), organizado pelo Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho (NEMUM). Esta edição primou pela abordagem de temas como Neurociências, Novas Técnicas Cirúrgicas, Radiologia de Intervenção e Humanidades, sendo que em cada um deles participaram oradores e moderadores de renome nacional e internacional.

Por entre palestras e workshops, os congressistas também tiveram oportunidade de assistir a um concurso e exposição de posters científicos com o objetivo de premiar a investigação clinica e científica e de participar no jantar de gala.

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Pedro Peixoto, 5º Ano | Sofia Milheiro, 5º Ano

ENTREVISTADr. António Encarnação

HS!: Bom dia! Antes de mais, gostaria de agradecer a sua disponibilidade para fazer esta entrevista. Estamos muito interessados na Acupuntura Médica Contemporânea e, portanto, é esse o tema da nossa entrevista. Gostava, então, de começar por lhe perguntar o q u e é a a c u p u n t u r a m é d i c a contemporânea e qual o seu princípio de ação?

António Encarnação: Relativamente ao princípio de ação, iríamos ficar aqui imenso tempo a falar, mas, de uma forma bastante resumida, a Acupuntura Contemporânea é uma abordagem que tem t i d o u m d e s e n v o l v i m e n t o fundamentalmente nos países Anglo-saxónicos, Escandinavos, no Japão e na China e que vê a acupuntura mais como uma técnica terapêutica que pode ser integrada na medicina convencional e cujos princípios de ação se baseiam na modulação da ação do sistema nervoso

periférico e central, incluindo aqui o Sistema Nervoso Autonómico. Estes efeitos são obtidos através da inserção percutânea de agulhas metálicas, sólidas e finas, na pele e o tecido muscular, e consequente na estimulação dos aferentes existentes n e s s e s t e c i d o s . A A c u p u n c t u r a Contemporânea, também designada por Western Style Acupuncture, baseia-se no conhec imento da ana tomia e da neurofisiologia. É, portanto uma visão atual dessa técnica terapêutica que teve origem na China há alguns milhares de anos e que se baseia nos princípios de medicina ocidental convencional para explicar a sua ação terapêutica. É totalmente independente dos princípios da medicina tradicional chinesa antiga.

HS!: Então de que forma se distingue a acupuntura médica contemporânea da acupuntura tradicional chinesa? É por esses princípios…?

AE: Sim, e também pela abordagem. Em qualquer técnica terapêutica, o passo inicial é o estabelecimento de um d i a g n ó s t i c o e n a A c u p u n c t u r a Contemporânea este é atingido da mesma f o r m a q u e e m q u a l q u e r o u t r a Especialidade Médica. Em oposição, na acupunctura baseada na medicina tradicional chinesa, o diagnóstico é efetuado através dos princípios da Medicina Tradicional Chinesa.

A medicina tradicional chinesa que conhecemos atualmente no Ocidente é um conceito relativamente moderno e que foi desenvolvido, baseado na Medicina Chinesa antiga, a partir da revolução cultural da China, na altura em que o Mao Tsé-tung era o secretár io-geral do Part ido Comunista Chinês. Em 1824, a acupuntura tinha sido proibida pelo Imperador da China, na Cidade Proibida e, no final dos anos 20, quando a China ainda era

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6 governada na sua maior parte pelo Komintern e não pelo Partido Comunista, um grupo de médicos chineses que tinham feito a sua formação médica no Japão, q u a n d o v o l t a r a m p a r a a C h i n a , conseguiram que o Komintern proibisse a prática da acupuntura em todo o território controlado porque, naquela altura, não havia qualquer evidência do mecanismo de ação para esta técnica terapêutica. Só muito mais tarde, a partir de 1959, durante a revolução cultural, é que houve um esforço concertado do Partido Comunista para desenvolver a Medicina Chinesa e com três objetivos principais. Um deles era a falta de recursos, não havia recursos suficientes para tratar toda a população chinesa com a medicina convencional. Não tinham forma de comprar toda a medicação para tratar toda a população. Por outro lado, viram o desenvolvimento da medicina tradicional ch inesa, inc lu indo nesse grupo a acupuntura, como uma forma de afirmar a cultura chinesa e tornar a China mais visível, numa altura em que ainda se estavam a afirmar como o poder na China. Tiveram também outro objetivo, o de receber divisas estrangeiras através da exportação da medicina chinesa. Esse objetivo foi plenamente conseguido, porque, ainda hoje, uma das principais fontes de rendimento da China é a exportação da medicina tradicional chinesa: da venda de produtos de fitoterapia, de agulhas de acupuntura, aparelhos de eletroacupuntura, livros, médicos chineses que vêm para o exterior e depois enviam divisas para a China.

Mesmo nessa altura, na China, antes da revolução cultural, já havia investigação científica na área da acupuntura, mas após esse desígnio do Partido Comunista de que a orientação devia ser feita no sentido da medicina tradicional chinesa, a maior parte da investigação desviou-se de uma acupuntura mais científica para tentar provar a medicina tradicional chinesa, que foi criada na altura. Até àquela altura

existiam, na China, várias escolas de medic ina: hav ia a acupuntura, a fitoterapia (ou melhor, a matéria médica chinesa, pois não só plantas constituíam as fórmulas utilizadas para o tratamento dos vários síndromes), o Tai Chi, o Chi Kung; mas eram disciplinas separadas que se regiam por princípios algo diferentes. Naquela altura, houve um esforço de tentar unificar todo esse conhecimento num corpo médico único, o que levou a que a acupuntura tenha sofrido influência da medicina tradicional, que a acupuntura tivesse de se reger pelos mesmos princípios pelos quais a fitoterapia se regia e a que houvesse uma desvirtuação do que a acupuntura era na medicina chinesa antiga.

A partir do século XVI/XVII, em confronto com o Ocidente, a Medicina Chinesa entrou num longo processo de declínio.

Só a partir da 2.ª metade dos anos 70 é que começou a haver um maior conhecimento sobre os pr inc íp ios f i s io lógicos que regem os efeitos terapêuticos da acupuntura e foi a partir daí que se começou a criar o que atualmente é conhecido por acupuntura medica contemporânea. A Acupuntura Ocidental fundamentalmente baseia-se no conhecimento da anatomia, da fisiologia, do exame físico e, após um diagnóstico médico convencional, é aplicada a acupuntura como um técnica terapêutica. Mas mesmo na Europa há muitos países que ainda têm uma acupuntura muito baseada na medicina tradicional chinesa, como t a m b é m é o c a s o e m Po r t u g a l . Pr o v a v e l m e n t e , n e s t e m o m e n t o , estaremos numa fase em que 50% dos médicos que praticam acupuntura já o farão de acordo com os princípios ocidentais, mas a outra metade fá-lo-á segundo a medicina tradicional chinesa.

Portanto a acupuntura ocidental ou acupuntura médica contemporânea baseia-se exclusivamente nos princípios da

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fisiologia da medicina convencional e utiliza a acupuntura como uma técnica terapêutica, que é aplicada em algumas situações clínicas, não como uma medicina alternativa, mas sim como uma técnica terapêutica complementar à medicina convencional.

HS!: Que outras terapias da medicina tradicional chinesa estão agora ser adaptadas também para a Medicina Ocidental?

AE: Este ano realmente uma das agraciadas com o prémio Nobel da Medicina foi uma investigadora chinesa que descobriu a artemisina, o princípio ativo da artemísia, uma planta que era utilizada na medicina chinesa antiga no tratamento da Malária. Essa planta já era utilizada com esse fim na medicina chinesa há muitos seculos. Nós, médicos, achamos que seria bastante importante investigar a medicina chinesa antiga, não a medicina tradicional chinesa dos anos 60, mas a medicina chinesa antiga que, acredito, terá muitos conhecimentos que seria importante reavaliar à luz da fisiologia ocidental e tentar verificar o que de bom se pode aproveitar. Especialmente em termos de fitoterapia, a farmacopeia chinesa era bastante avançada até ao século XVI. Não se sabe ainda exatamente quais são os princípios ativos que compõem todas as fórmulas utilizadas na Medicina Chinesa, mas penso que seria interessante essa investigação e há alguns países que estão a fazer um esforço nessa área, nomeadamente a China e também outros países. Para além da fitoterapia chinesa, o Tai Chi e o Chi Kung que são exercícios terapêuticos também têm tido alguma divulgação.

HS!: Atualmente, quais as indicações médicas terapêuticas desta acupuntura?

AE: A principal indicação da acupuntura no ocidente é o tratamento da dor e, dentro da dor, os dois tipos de dor que respondem melhor à acupuntura, nos quais se tem verificado um efeito mais interessante, é

no tratamento da dor associada aos processos degenerativos articulares e o tratamento da dor associada aos síndromes da dor miofascial. São essas as duas principais indicações. Para além do tratamento da dor, nomeadamente na patologia funcional de órgãos internos e mais especificamente no tratamento da patologia do sistema reprodutor, tem havido alguma investigação nessa área na Suécia, onde tem sido investigado a ação da acupuntura no tratamento do Síndrome do Ovário Poliquístico.

A partir desses estudos, também se verificou que a acupunctura podia ter um efeito benéfico no Síndrome Metabólico e essa é uma aérea de investigação que está a ser seguida nesta altura. Tem também sido demonstrado que a acupunctura pode se r uma te rap ia i n te re s sante no tratamento de patologia do foro alérgico. Já em 1997 quando o NIH dos Estudos Unidos aprovou a acupuntura, a anti-emese, especificamente associada à quimioterapia foi uma das indicações iniciais.

HS!: Da sua experiência, até onde vão os resultados desta prática? E os efeitos são a curto ou longo-prazo?

AE: Depende muito da situação clínica. A acupuntura como uma técnica terapêutica depende muito da expectativa do doente e da relação que o médico consegue estabelecer com o doente que vai tratar. No caso da dor miofascial, o tratamento pode ser curativo, se for uma situação relativamente recente. No caso da patologia degenerativa, o tratamento poderá ter um efeito a longo-prazo s o b r e p o n í v e l a o u t r a s t é c n i c a s terapêuticas, sejam medicamentosas ou aos agentes físicos utilizados na Medicina Física e de Reabilitação. O efeito a longo prazo depende muito da situação clínica e depende, dentro de cada situação clínica, do estado clínico individual. Quando a terapêutica é eficaz, após a realização de uma série de tratamentos inicial, que será,

normalmente constituída por 6 a 10 sessões, muitas vezes consegue-se manter essa eficácia, se ao fim de algum tempo se repet i r o t ra tamento . Depo i s de estabelecer um bom nível de analgesia, podemos conseguir manter esse nível com um tratamento periódico, durante muito t e m p o , m a i s d e u m a n o a t é . Inclusivamente na Alemanha, há cerca de 8 anos (entre 2004-2008), foi feita uma série de estudos populacionais com um número de participantes bastante elevado, cerca de 2000 a 3000 doentes, para artrose do joelho, artrose da anca, lombalgia e, no caso da gonartrose, verificaram que o tratamento com a acupuntura era, pelo menos, tão eficaz como a toma de anti-in f lamatór ios , com uma sér ie de tratamentos relativamente curta. Os efeitos verificaram-se a nível da redução da dor e melhoria funcional. Conseguiram demonstrar que a analgesia e o nível f u n c i o n a l s e m a n t i n h a m o b t i d o s inicialmente se mantinham ao fim de seis meses , sem qua lquer t ra tamento adicional. Isso foi um estudo bastante interessante, que foi motivado pelo facto de que, até essa altura, a acupuntura na Alemanha era suportada por todas as companhias de seguro médico e chegou a um ponto em que eles resolveram comprovar que a acupuntura era eficaz e decidiram que só continuariam a pagar o tratamento aos seus segurados, se fosse demonstrado que a acupuntura era eficaz para aquela determinada patologia. Fizeram esses estudos para várias patologias e continuam a fazer.

A Alemanha é um dos países da comunidade europeia que mais praticantes tem de acupuntura e ao qual a população mais recorre. Só para ter uma ideia, na Alemanha há cerca 40000 médicos que praticam acupuntura como parte da sua prática normal. Na Noruega, cerca de 10% da população é tratada com acupuntura anualmente e estima-se que cerca de 40% da população norueguesa vá ser tratada com acupuntura durante a sua vida. Isto dá

para ter uma noção da relevância que a acupuntura tem nos países europeus, especificamente nos países do norte. Nos países do sul, a acupuntura ainda não é tão divulgada, ainda que em todos os países e x i s t a m S o c i e d a d e s M é d i c a s d e Acupunctura. Há um projeto italiano para tornar a acupunctura médica uma Especialidade. No Brasil, a acupunctura médica é já uma Especialidade.

HS!: Tem noção de qual é o estado da situação em Portugal relativamente a essas estatísticas?

AE: Não, não há estatísticas em Portugal da utilização da acupuntura pela nossa população.

HS!: Há tratamentos que sejam usados concomitantemente com a acupuntura?

AE: Sim, eu sou Especialista em Medicina Física e de Reabilitação e, portanto, desde que comecei a aprender a acupuntura, em 2004, sempre a vi como mais uma técnica terapêutica. Na minha prática clínica e no contacto que tenho com outros colegas, especialmente da minha área, mas também da Anestesiologia e da Medicina Geral e Familiar, que são as três especialidades que mais têm contribuído para o desenvolvimento da acupuntura cá em Portugal e que têm mais médicos que pratiquem a acupuntura, quase sempre a acupuntura não é uma técnica terapêutica única. Quase sempre é associada a outras técnicas de fisioterapia como a massagem, t e r m o t e r a p i a , c i n e s i t e r a p i a , fortalecimento muscular, ou, no caso dos colegas que trabalhem em unidades de dor, quase todos anestesistas, muitas vezes a acupuntura é uma técnica complementar dos outros tratamentos medicamentosos ou de outros procedimentos efetuados para o tratamento da dor. Portanto, é muito raro que um médico que pratique acupuntura utilize essa técnica como técnica terapêutica única, quase sempre é associada a outras técnicas terapêuticas.

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HS!: Existem efeitos adversos registados na acupuntura?

AE: Sim, existem efeitos adversos e estão bem identificados. Têm saído vários estudos internacionais, inclusivamente na China, onde até há pouco tempo quase sempre os estudos mostravam ausência de efeitos adversos. Os efeitos adversos dividem-se em eventos infecciosos e traumáticos. Até aqui há alguns anos as infeções eram mais comuns (apesar de serem bastantes raras) e surgiram casos de transmissão de Hepatite B, Hepatite C, H I V, i n f e çõe s po r e s t a f i l o c oco s , micobactérias. Atualmente, desde que a OMS defende que as agulhas usadas na acupuntu ra se jam de u so ún i co , descartáveis, a frequência de infeções diminuiu drasticamente. Entre os efeitos adversos traumáticos, o mais comum é o pneumotórax. Provavelmente, as revisões que têm sido feitas pecam por defeito e existem mais casos do que os reportados, porque, muitas vezes, os pneumotórax, quando acontecem na acupuntura, são de pequeno volume e não têm sintomas muito floridos, podendo passar despercebidos e resolver espontaneamente. Houve também alguns casos de puntura de baço, punctura de fígado, normalmente em doentes com espleno ou hepatomegalia. O segundo grupo de lesão traumática mais frequente são as lesões do sistema nervoso: lesão de nervos periféricos ou lesões do sistema nervoso central. São extremamente raras, felizmente. A maior parte delas não são muito graves e quase sempre são resultado de má prática. A maior parte dessas lesões têm surgido quando a acupuntura é praticada por profissionais não treinados medicamente, que não têm conhecimento detalhado da anatomia do sistema nervoso periférico ou do sistema nervoso central. As mais comuns têm sido as lesões do nervo peronial comum, lesões da medula espinhal, lesões dos gânglios espinhais, lesões do tronco cerebral. Em Portugal não há registo de terem acontecido esse tipo de lesões. Pensa-se que o que diferencia a técnica ser mais ou menos arriscada não é ser um médico ou um profissional não

médico que a está a executar, mas sim o c o n h e c i m e n t o d e a n a t o m i a , nomeadamente de anatomia de superfície, do sistema nervoso periférico e anatomia vascular que a pessoa que esteja a executar o tratamento possa ter. A formação em acupuntura por profissionais não médicos em muitos países não está muito bem regulamentada e os riscos são por essa razão muito variáveis. Tal como a prática também não está regulamentada em todos os países e, portanto há muitos países em que a prática é feita de forma mais ou menos informal e, nessas situações, o risco poderá ser um pouco maior.

HS!: E existem contraindicações?

AE: Sim. Há poucas contraindicações absolutas. Doentes imunodeprimidos normalmente não devem fazer acupuntura, doentes que tomem anticoagulantes não têm uma contraindicação mas é necessário te r a l guma p recaução durante o tratamento desses doentes. Doentes muito debilitados também teoricamente não devem ser tratados com acupuntura. Doentes com fobia de agulhas ou doentes com patologia psiquiátrica ou epilepsia não controladas também deverão ser tratados apenas se a avaliação individual do risco-benefício for favorável. Em todas as situações clínicas se deverá ponderar essa relação e apenas utilizar a acupuntura se se considerar que essa é a técnica mais indicada para aquela situação clínica.

HS!: E infeções cutâneas, por exemplo?

AE: Infeções cutâneas e linfedema são condições de contraindicação relativa. Não se deve puncturar perto de uma área com infeção cutânea ou com linfedema, pelo risco aumentado de infeção, mas estes doentes poderão ser tratados com a inserção de agulhas fora dessas áreas. Doentes hipocoagulados não devem fazer a lgumas técn icas da acupuntura , nomeadamente uma puntura mais vigorosa porque correm o risco de sofrerem um hematoma ou uma equimose extensa.

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Com anti-agregantes plaquetários, o risco é mais baixo, mas deve se ter também algum cuidado, quando se está a fazer a puntura, especialmente punctura peri-v a s c u l a r. N o c a s o e s p e c i a l d a eletroacupuntura, há algumas precauções em doentes com CDI ou pacemaker. Os doentes com CDI não devem ser tratados com acupuntura. Os doentes com pacemaker podem, desde que as agulhas sejam aplicadas em áreas distantes, de forma que a corrente elétrica não atravesse a face anterior do tórax e possa provoca alterações do funcionamento do pacemaker. Em doentes grávidas, é necessária alguma precaução na puntura, fundamentalmente da região abdominal.

HS!: Relativamente a aceitação atual na comunidade médica, em que ponto é que estamos?

AE: A experiência que nós temos é que cada vez mais há médicos interessados, uns em aprender acupuntura por uma questão de terem mais conhecimentos sobre o que é a acupuntura, quais são as suas potencialidades e quais são as suas indicações; e há depois um interesse também que tem vindo a crescer nos últimos anos e, possivelmente, desde que começou a haver formação regulamentada pela Ordem dos Médicos, o que aconteceu em 2003, especificamente naquelas três especialidades já referidas: a Fisiatria, a Anestesioloia e a Medicina Geral e Familiar. São as três especialidades que mais médicos têm formado nesta técnica terapêutica. Desde que a Ordem dos Médicos regulamentou a prática da acupuntura através da criação da Competência em Acupuntura Médica, cerca de 300 médicos foram formados, um número bastante considerável. Ainda existe, infelizmente, numa parte da comunidade médica algum preconceito contra a acupuntura e que, provavelmente tem muito a ver com o facto de esta ser vista como parte da Medicina Tradicional Chinesa e como uma técnica que não tem base científica para os seus efeitos

terapêuticos, o que é falso porque os efeitos fisiológicos da acupuntura estão muito bem elencados. De uma forma simplificada, os efeitos fisiológicos obtidos com a inserção e a manipulação das agulhas ou através da aplicação de uma corrente elétrica através da agulha inserida dividem-se em: efeitos locais, segmentares, extra-segmentares, centrais e modu lação do s i s tema nervoso autonómico. São bem conhecidos os efeitos a nível do local onde as agulhas são inseridas, já foram documentadas a libertação local, de forma anti-drómica, pelos aferentes da pele e músculo de vários neuropéptidos; são também conhecidos os efeitos fisiológicos que a c o n t e c e m n a m e d u l a e s p i n h a l , nomeadamente a modulação segmentar da atividade do Sistema Nervoso Simpático, com vaso-dilatação segmentar, o bloqueio da transmissão nociceptiva das estruturas inervadas pelo mesmo segmento no qual foram inseridas as agulhas, e a diminuição do tónus muscular; a nível do tronco cerebral, nomeadamente com a electro-acupunctura, foi documentada, já no final dos anos 70 do século passado, a ativação de vias descendentes inibitórias que modulam a transmissão nociceptiva a partir medula espinhal; a nível do encéfalo a acupunctura tem uma ação importante na modulação da atividade do sistema límbico e córtex pré-frontal e córtex somato-sensitvo. Já existe atualmente um corpo de conhecimento c ient í f ico suficiente para termos uma ideia bastante completa dos mecanismos da acupuntura, especialmente da sua ação na dor.

Uma das grandes dificuldades na ace i tação a largada desta técn ica terapêutica pela comunidade médica prende-se com a dificuldade que se tem mostrado a realização de estudos duplamente cegos, e com controlo, como é fácil perceber. É muito difícil fazer um estudo duplamente cego controlado, quando é necessário introduzir uma agulha através da pele. Qual poderá ser o controlo?

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Apesar de todas as tentativas de encontrar um placebo adequado nos últimos anos, inclusivamente foram criadas várias “ a gu l ha s p l a cebo” , t a l n ão t êm conseguido. Assim, torna-se difícil comprovar que a acupuntura tem um efeito superior ao placebo. Mas isto é verdade para qualquer agente físico, dos que utilizamos diariamente na Medicina Física e de Reabilitação e atrever-me-ia a dizer que nenhum dos agentes físicos que são utilizados na minha especialidade foram sujeitos a tanta investigação, e de tanta qualidade, como a acupunctura. Temos ainda o problema da acupunctura não ser objeto de estudo durante a formação médica, nem nas Escolas de medicina nem durante a Especialidade Médica.

Esta situação tem levado a que ainda exista um grupo de médicos mais céticos que não têm uma visão completa do que acupuntura pode ser, que leva a que a aceitação não seja o que poderia ser e já é noutros países.

Outra situação que, penso, dificulta a integração da acupunctura na prática médica convencional, é o facto de uma grande parte dos médicos que praticam acupunctura ainda o fazerem baseado no modelo tradicional, o utilizado na Medicina Tradicional Chinesa.

Por exemplo, como vos falei, na Alemanha mais de 40000 médicos praticam acupuntura e apesar de tudo a prática é ainda muito baseada na Medicina Tradicional Chinesa, não é tanto a visão contemporânea da acupuntura. Em Espanha acontece o mesmo, também a maior parte dos nossos colegas, que praticam acupuntura, fazem-no baseado na Medicina Tradicional Chinesa. A Inglaterra, a Escandinávia, o sul do Brasil, parte dos Estados Unidos e do Canadá, são os países que mais têm avançado na Acupuntura Ocidental. Esta situação contribui para que ainda exista um grande

preconceito da classe médica contra a acupunctura.

Eu também quando comecei a aprender a acupunctura, no ICBAS, em 2004, esse curso era mais baseado na Medicina Tradicional Chinesa e custou-me muito a aceitar aqueles conceitos e acabei por não os conseguir aplicar na minha prática clínica porque não os conseguia integrar com o conhecimento que tinha aprendido na escola de Medicina e durante a minha Especialidade.

H S ! : C o m o v ê u m p o s s í v e l enquadramento para a acupuntura contemporânea nos cursos de Medicina de Portugal?

AE: Quando fiz o curso de Medicina no ICBAS (acabei em 1996), nós não tivemos nenhum contacto com a acupunctura. Aliás, nós tínhamos uma disciplina de terapêutica no 5.º ano e nesta tínhamos umas Jornadas Terapêuticas, nas quais éramos livres de escolher o tema sobre qual íamos fazer o nosso trabalho. O trabalho do meu grupo era sobre terapêuticas não medicamentosas da dor. A minha parte do trabalho foi sobre eletroterapia, enquanto outro colega fez a parte dele sobre a acupuntura. Foi este basicamente o único contacto que tivemos com a acupuntura, durante o curso.

Em 2007, já era fisiatra e já praticava acupunctura desde há cerca de 2 anos, estive como médico da delegação portuguesa que esteve nas Universíadas em Bangkok, onde havia no grupo de atletas vários estudantes de Medicina. Verifiquei que era muito fácil, especificamente para os estudantes do ciclo básico entenderem como é que a acupuntura funcionava porque era muito fácil para eles perceber os mecanismos fisiológicos. Estavam muito f r e s c o s o s c o n h e c i m e n t o s d a neuroanatomia e da fisiologia. Os alunos dos anos c l ín icos já t inham mais dificuldade em aceitar a acupunctura.

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Neste momento em Portugal já está regulamentada a prática da acupuntura por profissionais não médicos, a Medicina Trad i c i ona l Ch i ne sa va i s e r uma licenciatura, o que é algo único a nível mundial. Em mais nenhum local do mundo a Medicina Tradicional Chinesa é uma licenciatura, nem na China! Portanto, penso que é importante que todos os médicos tenham conhecimento do que é a acupuntura, quais são as indicações, quais são as contraindicações, quais são os efeitos fisiológicos da acupuntura para que possam aconselhar os doentes porque, certamente, a acupuntura vai começar a ter mais visibilidade e os doentes vão procurar saber junto de quem os estiver a atender se devem ou não, para a sua situação clinica, ser tratados com acupuntura. Será muito importante que todos os médicos tenham conhecimento, pelo menos básico, do que é acupuntura porque de outra forma os doentes vão ter de continuar a ser esclarecidos por outros profissionais que não o seu médico assistente e penso que devia ser o médico a, pelo menos, aconselhar o doente se a sua situação clínica pode ou não ter i n d i c a ç ã o p a r a s e r t r a t a d a c o m acupunctura. Um dos grandes efeitos adversos, se assim o quisermos chamar, da utilização da acupunctura, será esta ser considerada uma Medicina Alternativa, com o decorrente risco do estabelecimento de um diagnóstico médico ser protelado.

HS!: Neste momento, quais as principais perspetivas para o futuro?

AE: A Ordem dos Médicos criou a Competência em Acupunctura Médica em 2002. Nessa altura, foram admitidos cerca de 70 médicos que já praticavam acupuntura no nosso país, alguns deles desde os anos 80 e de forma continuada. Inclusivamente, já nessa altura, existiam consultas de acupuntura dentro de hospitais nacionais, nomeadamente na Unidade de Dor do Hospital de Viseu já existia consulta de acupuntura, penso, desde os anos 90, praticada por um médico. E desde que a Competência foi

criada e que foi regulamentada a formação pós-graduada em acupuntura, abriram 4 cursos de pós-graduação diferentes: o primeiro foi o do ICBAS, que começou em 2003, logo no ano a seguir; depois em 2007/8, abriu o segundo curso, na FMUC; em 2010, abriu o primeiro curso de acupuntura contemporânea na FCM-UNL; e aqui, na ECS-UM abrimos em 2012. O ICBAS tem continuado quase todos os anos a ter cursos, Coimbra teve 2 ou 3 edições; em Lisboa, já fizemos 5 edições e, em Braga, vamos na 3.ª do conjunto dos 4 cursos, mais de 300 médicos fizeram formação, desde que a Competência foi criada. Dos dois cursos nos quais o meu grupo participa, em Lisboa e em Braga, já vamos em quase 200 médicos formados. Portanto, penso que as perspetivas serão de existir cada vez mais médicos formados nesta técnica terapêutica e espero que uma percentagem cada vez maior dos médicos que se formam tenham depois condições para incluir a acupuntura na sua prática clínica, seja no SNS, nos Hospitais, nos Centos de Saúde e também na sua prática privada. Na prática privada, tem sido mais fácil os colegas incluírem a acupuntura na sua prática cl ínica. Aqui a maior dificuldade prende-se com o facto de a acupuntura não ser comparticipada, nem pelos subsistemas de saúde, pelo SNS e, dos Seguros de Saúde privados, apenas um deles comparticipar a acupuntura médica. A p e s a r d e a l g u n s d o s o u t r o s comparticiparem a acupuntura, quando é praticada por outros profissionais, situação algo estranha. Eu espero que nos próximos anos haja condições para que a acupuntura médica tenha um desenvolvimento maior mas isso vai depender muito da intenção das Universidades em dar formação básica durante o processo formativo dos futuros médicos. A formação que podemos dar aos alunos de Medicina durante o curso é ensinar-lhes princípios básicos, indicações, contraindicações, efeitos adversos. A formação em acupuntura propriamente dita é uma pós-graduação, portanto só depois se serem médicos é que poderão aprender a fazer acupunctura. Vai

HajaEntrevista!13

depender também da abertura das autoridades médicas para a acupunctura e que esta possa ser integrada no SNS e, de preferência, se o for, seja feita por médicos. Atualmente temos alguns colegas que conseguem integrar a acupuntura nos Centros de Saúde.

Há já muitas consultas hospitalares de acupunctura médica. Aqui em Braga já houve, mas neste momento não tem havido. No Porto, nos hospitais S. João e Sto. António, em ambas as unidades de dor existe acupuntura. Na região de Lisboa, existem muitos hospitais que oferecem acupunctura à população que servem, integrada na unidade de dor ou na consulta de fisiatria. Há um ou outro que tem consulta independente de acupunctura médica. Todas estas asseguradas por

médicos com formação pós-graduada. Portanto, esperemos que continue a evoluir e que cada vez mais a população possa ter acesso a acupuntura.

HS!: Terminamos então a entrevista. Muito obrigada pelos seus esclarecimentos.

HajaTecnologia!

Jorge Silva, 5º Ano

A multinacional Americana “Google”, fundada no ano de 1998, é uma das mais conhecidas, importantes e bem-sucedidas empresas especializadas em produtos tecnológicos, sendo que foi o seu motor de busca online que se tornou uma das maiores revoluções da transição para o novo milénio (apesar de ter sido criado em 1997, previamente ao estabelecimento da “Google” como empresa).

O logótipo da Google, que acompanha fielmente a ferramenta de motor de busca, é também um marco intemporal do século XXI, com o nome da empresa desenhado e pintado com recurso a diversas cores. Contudo, quando acedemos à internet, e especificamente ao site da “Google”, deparámo-nos por vezes com algo distinto…

Os Google Doodles são alterações realizadas ao logótipo da “Google”, que objetivam celebrar ou relembrar algum acontecimento, data ou personalidade relevante. Apesar de cada vez mais frequentes nos últimos anos, estes são uma invenção que remonta praticamente ao início do motor de busca: o primeiro passa a surgir no dia 30 de Agosto de 1998, em honra ao encontro nacional “Burning Man” (um encontro que objetiva a expressão artística e cujo marco principal é a estátua de madeira de um homem que é queimada) (Figura 1). No total, foram 3 Doodles em 1998, 4 em 1999 e uma passagem para um total de 17 em 2000. Só no ano de 2014 totalizaram-se 114 Doodles, com vários específicos de alguns países apenas, mostrando assim o enorme sucesso desta pequena iniciativa, mas que geralmente alerta sempre o utilizador para determinado acontecimento.

Nos pormenores é que está a graça

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Contudo, como é que um pormenor tão pequeno num logótipo pode ser tão importante? Com mais de 100 biliões de procuras mensais no motor de busca, qualquer pequena diferença no logótipo desta ferramenta suscitará o interesse de milhões, podendo ser utilizado para alertar para algumas problemáticas e para dar a conhecer personalidades como cientistas, a t i v i s t a s d o s d i r e i t o s h u m a n o s , historiadores, entre outros. O próprio ato de clicar sobre o logótipo, remete para uma pesquisa acerca do tópico do próprio Doodle.

Nem algo que parece tão inócuo se escapa à controvérsia. Por exemplo, em 15 de Fevereiro de 2013 foi publicado um Doodle remetente ao asteroide 2012 DA14

(Figura 2), cuja rota em 2013 se aproximou muito da terra. Este Doodle foi removido, visto ter ocorrido a queda do meteorito Chelyabinsk na Rússia no mesmo dia, que culminou em mais de 1000 feridos, apesar d e a m b o s e v e n t o s n ã o e s t a r e m relacionados diretamente. Outro Doodle controverso surgiu em 31 de Março de 2013, relativo ao ativista Americano Cesar Chavez (Figura 3), que foi criticado por presumivelmente ter substituído o comum Doodle do dia de Páscoa.

Em 2008 a Google decide lançar a campanha anual Doodle4Google, uma competição orientada para crianças, que lança o desafio de estas desenharem um Doodle para ser utilizado durante 24h, ganhando também bolsas de estudo para o vencedor e respetiva escola. A primeira vencedora foi Grace Moon, com o tema “What if…” (Figura 4). Outra característica interessante dos Doodles é a presença de alguma interatividade: alguns escondem um minijogo por trás (como por exemplo o Doodle do 30.º aniversário do Pac-Man, Figura 5) ou alguma peça musical (como o Doodle do 245.º aniversário de Beethoven).

É sempre importante estar alerta para os pormenores, pois nunca se sabe que pequenas surpresas poderão ser reveladas…

HajaT

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logia!

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Figura 1 – Primeiro Doodle do Google, dedicado ao Burning Man

Figura 2 – Doodle relativo ao asteróide 2012 DA14.

Figura 3 – Doodle relativo ao ativista Americano Cesar Chavez

Figura 4 – Doodle por Grace Moon, com o tema “What if…”

Figura 5 – Doodle comemorativo do 30.º aniversário do Pac-Man.

Figura 6 – Doodle comemorativo do 245.º aniversário de Beethoven.

HajaBraga!Joana Silva, 4º Ano

Dezembro da Irreverência

Dezembro é sinónimo de Natal, de frio, de Bananeiro, de tradições e de irreverência!

Irreverência porquê, perguntam vocês? Já lá vamos.

De forma a reavivar um bocado a história, foi na manhã do 1.º de Dezembro de 1640 que um grupo de fidalgos tomaram de assalto o Paço da Ribeira, matando Miguel de Vasconcelos e dominando a Duqeusa de Mântua, proclamando D. João IV como o novo Rei e acabando com o reinado dos espanhóis. De imediato, cartas foram enviadas para todos os cantos do nosso pequeno país, para que todos soubessem da Restauração da nossa Independência. Como na altura os meios de comunicação não eram tão céleres como atualmente (feliz e infelizmente – tudo tem as suas vantagens e desvantagens mas isso são outros quinhentos), a notícia apenas chega a Braga a 4 de dezembro. Como se não bastasse esse atraso, o Senado bracarense ainda demorou a aclamar o Rei (só o fez a 11 de dezembro),

no entanto, os estudantes do Colégio de S. Paulo (em Braga) deram logo asas à sua atitude proclamadora e saíram à rua festejando e mostrando todo o seu entusiasmo: “Forão os estudantes os primeiros, os quaes com aprazimento, e ordem de seus Mestres repicando-se o Relogia, e mais sinos do Collegio da Companhia de JESUS (sic), e logo os da Sé co r re rão a s rua s dando v i va s , e acclamando sua Magestade…” (Almeida, 1753).

Começou, en tão , uma nova tradição, a tradição de festejar o 1.º de dezembro. No entanto, tal tradição viria a ser interrompida em 1759 devido à expulsão dos jesuítas por parte do Marquês de Pombal (relembrar que o Colégio de S. Paulo – de onde se originaram a maioria das tradições da Academia Minhota - era um colégio jesuíta). Em 1868 voltaria a ser outra vez uma constante na cidade durante várias décadas assumindo-se Braga como uma das únicas cidades que mantinha a tradição ativa. Após alguns

Figura 7 – Azulejos na Reitoria, no Largo do Paço, representando os estudantes minhotos.

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anos sem o recordar, em 1991, no âmbito da recuperação das tradições da classe estudantil de Braga e da (re)criação da Academia Minhota, voltou-se a realizar o 1.º de dezembro, tradição que se mantém até aos dias de hoje.

Mas afinal… em que é que consistiam os festejos?

Segundo os arquivos guardados (notícias e testemunhos de pessoas), na véspera do 1.º de dezembro haveria música pelas principais ruas da cidade a anunciar os festejos e tocando à porta de todas as pessoas que tinham contribuído para que estes se realizassem. No 1.º de dezembro, para além dos tradicionais foguetes a irromperem pelo ar, realizava-se uma cerimónia na Sé Catedral, seguida de um cortejo pelas ruas onde os estudantes envergavam as suas capas, entoando o hino e exultando os heróis de 1640. Além disso, à noite, realizava-se uma récita no Teatro de S. Geraldo, onde se mostrava a “prata da casa”, onde a classe estudantil subia ao palco e encenava ou declamava p o e s i a , s e n d o s e m p r e a r é c i t a acompanhada do Hino da Independência Nacional e o Hino Académico. No entanto desengane-se quem pensa que a festa acabava por aqui! A festa só era findada com a tradicional ceia cuja ementa era arroz de frango (o tradicional “arroz de pica-no-chão”) – f rango este que desaparecia das capoeiras dos habitantes nas noites que antecediam o 1.º de dezembro - regado pelas garrafas de vinho que algumas pessoas gentilmente cediam.

Adicionalmente, esta celebração era acompanhada por um número único (o primeiro intitulado “um brinde às damas bracarenses”), documento de poucas páginas onde, em prosa ou verso, e pela mão de diversas personalidades e académicos, se revelavam preocupações e questões filosóficas acerca da vida a c a d é m i c a e b r a c a r e n s e , n u n c a esquecendo o espírito patriótico pelo qual se regia o 1.º de dezembro.

Atualmente, as celebrações resumem-se à Récita do 1.º de dezembro, sarau cultural onde todos os grupos culturais sobem ao palco do Theatro Circo e mostram o quanto vale a nossa Academia, tão variada e completa em si. Estranhamente, este ano a Récita realizou-se no dia 6 de dezembro no auditório do Parque de Expos ições de Braga, um bocado contraditório ao espírito daquilo que representa o 1.º de dezembro, mas isso são outros contos!

Assim, neste espírito reivindicativo, incentivo-vos insistentemente a começar (se ainda não o fizeram) a participar na Récita e que se deixem sempre inspirar pelo espírito revolucionário dos estudantes minhotos de sair à rua e proclamar o que é seu, de defender e lutar sempre pelo que será correto. Aos heróis de 1640: obrigada!

“Começou, então, uma nova tradição, a tradição de festejar o

1.º de dezembro.”

Nota: Para mais informações recomenda-se a leitura do livro

“Tradições Académicas de Braga”, editado e publicado pela Associação

Académica da Universidade do Minho.

HajaLivro!Gonçalo Cunha, 3º Ano

Desde sempre que o Homem se questionou sobre si mesmo, sobre o mundo que o rodeia e sobre tudo aquilo que dita o que somos. Será mesmo que “o Homem é o Homem e a sua circunstância” como defendia José Ortega y Gasset; será que aquilo por que passamos está na base de certos traços de personalidade ou será tudo uma questão genética?! Seguindo esta linha de pensamentos o psiquiatra José Luís Pio Abreu publicou “Quem Nos Faz Como Somos”, uma obra que aborda este tipo de questões “existências” e que acaba por nos permitir perceber que há muitas condicionantes no que diz respeito às nossas ações. Se, por um lado, somos considerados autónomos e livres nos mais diversos domínios, por outro essa autonomia e liberdade é, de um certo modo, condicionada nem que seja pelos meios de comunicação social que informam,

muitas vezes, de um modo profundamente parcial e influenciador. “Quem Nos Faz Como Somos” aborda, de um modo bastante realista, e, ao mesmo

tempo, intimista, uma temática que persegue o Homem desde o início dos tempos… Pio Abreu dá-nos a conhecer, de uma forma simples mas precisa, os diferentes pontos que devemos considerar para construir algo solido a este respeito.

No final de contas acaba tudo por ser uma questão “genética” humana, social, cultural e religiosa. Perguntamo-nos, frequentemente, “Quem Nos Faz Como Somos” no entanto, a alma ocupa um papel central no nosso pensamento mesmo que de uma forma inconsciente. Assim, tendo em conta a grande misticidade que a ela está associada, Pio Abreu resolveu abordar o tema noutra obra. “O Bailado da Alma”, o mais recente livro do psiquiatra incide, assim, sobre esta vertente focando-se, ligeiramente, na análise da origem das construções muitas vezes assombradoras do conceito de alma. O autor demonstra que todos nós somos influenciados por Descartes que separou o corpo da alma, no sentido de convencer a hierarquia (religiosa) de que o corpo se podia estudar, deixando assim este problema no ar. Do ponto de vista científico a alma corresponde à mente mas o

que será a mente para além do cérebro? Há certamente questões, como esta, que não conseguimos resolver e que decerto jamais conseguiremos solucionar sem a conciliação da ciência e da filosofia garante Pio Abreu.

Um livro extremamente ambicioso no qual é abordada uma teoria interessante, a teoria da sincronização que, de um modo geral, considera que todos os elementos no Universo têm a tendência de se sincronizar com o objetivo da harmonização. No entanto, nem sempre essa sincronização é alcançada ou mantida. Assim sendo, nasce o título da obra “O Bailado da Alma” uma vez que o baile corresponde a uma tentativa de sincronização entre os bailarinos. Um baile cheio de dissonâncias e consonâncias que, por isso, se assemelha a um tango.

Ambos os livros revelam um profundo conhecimento não só das temáticas sobre as quais refletem mas, acima de tudo, um profundo conhecimento do Homem, da sua dimensão interior e da procura pelo desconhecido. Por outro lado, e tal como em todas as suas obras, Pio Abreu expõe o seu raciocínio de um modo tão claro que qualquer um, mesmo que com poucos conhecimentos científicos, conseguirá perceber todas as questões por si abordadas. Neste sentido, “Quem Nos Faz Como Somos” e “O Bailado da Alma” são duas obras direcionadas a todo o tipo de leitores curiosos sobre o mundo desconhecido do interior humano.

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Sabes aquela sensação de chegar ao último ponto da última página de um livro que te prendeu durante horas e horas? E quando esse livro faz parte de uma trilogia ou coletânea de outro número e, além disso, é o último da mesma?

Esse sentimento de vazio que o tão esperado e temido “último ponto” nos deixa é equiparável àquele que nos assola aquando do frame final do derradeiro filme de uma aclamada saga.

Acompanhamos, durante anos a fio, aquelas mesmas personagens, interpretadas pelos mesmos atores. Afeiçoamo-nos a elas e a eles, conhecendo de cor as suas personalidades, as suas mais célebres deixas, a forma como falam e lidam com as mais diversas situações. E, depois, tudo acaba.

As semanas que antecedem a estreia de uma destas películas estão envoltas num ambiente de azáfama e expectativa ímpar, mesmo que já saibamos o final da história, mesmo que tenham passado 12 meses, ou mais, de espera pela sequela, mesmo que sejamos agora adultos e tenhamos começado a ver a saga ainda na infância.

Há uma certa magia dentro de uma sala de cinema, repleta de fãs, mais ou menos dedicados, enquanto visualizam uma destas obras. Ficam na memória os risos, os “oh”’s, os “ah”’s, os gritos e os choros. É um momento deveras especial para os amantes da sétima arte. Mas, depois, tudo acaba.

Enquanto deixamos para trás a tão confortável, ou não, cadeira, repleta de milho, de onde assistimos ao tão esperado filme, somos preenchidos por um estranho s en t imen to de s audade . Não ma i s esperaremos por novas cenas do querido enredo; não mais voltaremos a sofrer por e com aquelas personagens; não mais partilharemos com elas risos, sorrisos ou lágrimas.

É uma sensação poderosa, sim, mas não necessariamente má. Eu, pessoalmente, acho a saudade cinematográfica um sentimento nobre, diferente e um tanto ou quanto agradável. É o fim de uma viagem, mas, pelo menos, podemos “dar mais uma voltinha”, sempre que quisermos.

“Acompanhamos, durante anos a fio,

aquelas mesmas personagens,

interpretadas pelos mesmos atores.

Afeiçoamo-nos a elas e a eles, conhecendo de

cor as suas personalidades, as suas mais célebres

deixas, a forma como falam e lidam com as

mais diversas situações. E, depois,

tudo acaba.”

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a!João Dourado, 3º Ano

A Saudade Cinematográfica

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HajaMúsica!

Núria Mascarenhas, 3º Ano

Na madrugada de sexta-feira, 13 de novembro, Justin Bieber lançou oficialmente o álbum “Purpose". O cantor anunciou a novidade aos fãs através do seu perfil no Instagram. O disco traz músicas de sucesso de Bieber como "Sorry", "What Do You Mean?" e  “Where Are Ü Now?". O novo trabalho do cantor conta também com parcerias como:  Big Sean  em "No Pressure",  Travi$ Scott em "No Sense", Halsey em "The Feeling" e Ed Sheeran em “Love Yourself”.

"Purpose" traz uma sonoridade diferente dos seus álbuns anteriores. Neste, é possível ouvir um tom pop mais maduro, com um grande envolvimento do género eletrónico.

No dia seguinte ao lançamento do álbum “Purpose”, o cantor pop canadiense Justin Bieber divulgou o videoclipe de todas as faixas do disco. Os vídeos, disponíveis no YouTube, formam uma única grande história. A iniciativa parece inspirada no álbum visual de Beyoncé lançado em 2013, quando a cantora liberou todas as canções e os seus respetivos videoclipes. Deixamos aqui um pequeno cheirinho do álbum e os significados de cada música que o constituem:

"Mark My Words" ♫♬♪ Esta é uma das canções que o cantor admitiu ter sido composta a pensar na sua ex-namorada, a cantora Selena Gomez. "Por me expressar neste álbum, não posso omitir os momentos maus, os felizes ou as coisas que aconteceram com a minha ex-namorada", disse Bieber em entrevista com a Billboard. "I'll Show You" ♫♬♪ Uma música dedicada a todos os que lhe apontam o dedo e o julgam. Nela, ele admite os er ros que cometeu no passado, enfatizando que as pessoas precisam se lembrar que ele é apenas um humano passível de errar tal como qualquer outro. “What Do You Mean?" ♫♬♪ Produzido por Skrillex, o single também inspirado na Selena Gomez, foi a primeira canção liberada do novo disco do canadiense, conquistando o top musical britânico e americano. "Sorry" ♫♬♪ Através desta, também produzida por Skrillex, o músico pede desculpa aos fãs e a Selena Gomez por os erros por ele cometidos. Coescrita com Julia Michaels, a compositora afirma que Bieber tentou “capturar” um momento no seu relacionamento ou um momento específico da sua vida onde se apercebe que errou e está disposto a admiti-lo e a pedir perdão.

O Propósito de Justin Bieber

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"Love Yourself" ♫♬♪ Com a colaboração especial de Ed Sheeran, Justin compõe uma música que, apesar do nome, é repleta de indiretas e “alfinetadas”.

"Company" ♫♬♪ Com um estilo R&B, a canção é um pedido sexy à sua amada para que esta lhe faça companhia.

"No Pressure (Feat. Big Sean)" ♫♬♪ Com um refrão bem cativante, a faixa conta com a participação do rapper Big Sean e tem um estilo mais voltado ao hip-hop.

"No Sense (Feat. Travi$ Scott)" ♫♬♪ Esta faixa traz a colaboração do rapper Travi$ Scott, que inclui versos poderosos na música de Bieber. Nesta faixa ele dá a entender que ao percorrer o mundo, chegou à conclusão que se não “o” fizer com a pessoa amada, não faz sentido…

"The Feeling (Feat. Halsey)" ♫♬♪ A colaboração com a cantora Halsey, tem uma sonoridade electrónica e segue a mesma vibe das canções como "What Do You Mean?" e "Sorry".

"Life Is Worth Living" ♫♬♪ Esta faixa é uma mensagem para os que estão perdidos como ele, um dia, esteve. Em outubro, quando questionado sobre qual seria a sua composição favorita do álbum, o cantor respondeu, "Essa pergunta é difícil. Adoro todas elas. Mas “Life Is Worth Living” significa muito para mim."

"Where Are Ü Now?" ♫♬♪ Composta pelo próprio canadiense e produzida por Diplo e Skrillex para o projeto Jack Ü, a canção fez tanto sucesso que acabou por entrar no disco de Bieber e potenciou diversas parcerias com os dois DJs em "Purpose".

"Children" ♫♬♪ Mais uma faixa produzida pelo DJ Skrillex. Nela, Bieber encoraja os jovens a fazer a

diferença, transmitindo uma mensagem de incentivo à nova geração.

"Purpose" ♫♬♪ Acompanhado por um piano,  Just in Bieber  canta a faixa-título do disco de uma forma bem sincera falando sobre as suas tristezas, sobre os fãs e até mesmo sobre redescobrir o seu propósito de vida. Em entrevista a Ryan Seacrest em julho deste ano, Bieber disse que trabalhou intensamente no novo álbum porque quer que as pessoas se sintam inspiradas por ele: “Eu só quero que as pessoas pensem que a esperança é importante. Se o Justin pode, eu também posso…", diz o artista.

Curiosidade: Sabias que o novo álbum do cantor foi proibido no Oriente Médio?

De acordo com o site "TMZ", o disco foi vetado porque na sua foto de capa o cantor

aparece sem camisa e com uma tatuagem de uma cruz no peito, uma ofensa a certas

religiões orientais.

Após ouvirem este álbum, até os mais céticos ficaram indignados com a qualidade musical e a mudança de estilo do cantor. E tu? Serás o próximo Belieber? E, para os já rendidos aos encantos de Bieber, é com muito gosto que anuncio que ele confirmou a sua atuação no MEO Arena, em Lisboa, a 25 de novembro de 2016. Entra em contacto connosco e expressa a tua opinião em relação ao álbum!

HajaExplicação!21

Kelly Pires, 2º Ano

Em novembro de 2015, ISIS foi responsável por atos terroristas em Paris, França, que concluíram em mais de 100 vítimas mortais. Este foi o segundo ataque pelos extremistas Islâmicos que Paris vivenciou neste ano, seguindo os acontecimentos de janeiro em Charlie Hebdo. Embora tenham havido várias ameaças que o grupo terrorista iria atacar, ninguém esperava realmente que viesse a acontecer, muito menos duas vezes no mesmo ano. Então questionamos nós: porquê Paris? Nesta edição do HajaSaúde! tens uma explicação muito simplificada de um tema muito complicado, mas esperamos resolver algumas dúvidas e atualizar-te sobre o que se passa noutras partes do mundo.

Quando ISIS se declarou responsável pelo ataque referiu Paris como "a capital da prostituição e vício". Mas isto encontra-se, provavelmente, mais relacionado com as diferenças culturais entre França, ISIS e outros grupos extremistas. A França tem uma das maiores populações muçulmanas na Europa Ocidental, mas outros países como Alemanha e Holanda encontram-se estatisticamente muito próximo e nunca foram alvo de qualquer repercussão extremista. Contudo, a França tem sido abertamente agressiva acerca de alguns aspetos da

PORQUÊ PARIS?

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ação

! populações muçulmanas na Europa Ocidental, mas outros países como Alemanha e Holanda encontram-se estatisticamente muito próximo e nunca foram alvo de qualquer repercussão extremista. Contudo, a França tem sido abertamente agressiva acerca de alguns aspetos da cultura religiosa. 

Em 2004, foi institucionalizada a proibição da utilização de símbolos religiosos conspícuos nas escolas públicas francesas. Mas muitos acreditam que a lei se referia essencialmente ao uso do Hijab por mulheres muçulmanas. Em 2009, o ex-presidente Nicolas Sarkozy apoiava também a proibição de burqas. 

O governo francês tem sido ainda mais mordaz no extremismo desde o ataque em Charlie Hebdo. Em janeiro, o primeiro-ministro francês declarou uma guerra ao "Islão radical". Simultaneamente, cerca de 7,5% da população é muçulmana que frequentemente acaba por habitar um bairros suburbandos, os banlieue. São áreas de baixo rendimento e elevada taxa de desemprego que, usualmente, sofrem escrutínio político e policial, assim como separação cultural, alienação e marginalização de novos imigrantes. Esta distinção entre franceses e não-franceses tem sido comparada com o apartheid. Um elevado número de jovens i n s a t i s f e i t o s , d e s e m p r e g a d o s e marginalizados têm sido reportado como a razão para os motins de 2005.Então, a França tem, domesticamente, marginalizado a população muçulmana e demostrado a sua oposição ao islamismo r ad i ca l , c r i ando cond i çõe s pa ra o desenvolvimento de terrorismo interno. De facto, pelo menos um dos responsáveis dos ataques de novembro era de nacionalidade francesa e, até agora, cerca de 1700 cidadãos franceses ingressaram o grupo ISIS, tornando a França uma das maiores fontes de recrutas estrangeiros. 

A diplomacia francesa tem, também, sido acusada. Embora não tenha sido confirmado, relatos afirmam que um dos salteadores armados de Paris gritou "isto é pela Síria" antes de abrir fogo. Em setembro de 2014, a França iniciou ataques aéreos

contra o Estado Is lámico no Iraque demonstrando publicamente a sua oposição ao regime de Bashar al-Assad na Síria. Nos últimos meses, iniciou também ataques bombistas a fortalezas da ISIS dentro da própria Síria, tendo destruído recentemente uma fonte importante de petróleo e gás.

Embora os EUA e ISIS sejam inimigos primários, é muito mais difícil viajar para lá e realizar um ataque. Em geral, as ações opositoras da Franças tornaram na num alvo. Esta podes ser única tanto cultural como politicamente mas quase todos os países eu ropeus pa r t i l ham ca rac te r í s t i ca s potencialmente visadas a um ataque, o que leva à especulação que os acontecimentos em Paris tinham sido mais oportunistas do que puramente ideológicos.

“Esta distinção entre franceses e não-

franceses tem sido comparada com o

apartheid. Um elevado número de jovens

insatisfeitos, desempregados e

marginalizados têm sido reportado como a

razão para os motins de 2005.”

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HajaSexualidade!23

João Barbosa Martins, 4º Ano

A primeira vez é, e deve ser, especial. Sendo esta a minha primeira intervenção no HajaSaúde!, também sinto a típica e trivial inquietação, tão peculiar daquela etapa dominada pela aflita taquicardia, pelo rubefaciente entusiamo e pelo turbilhão de neurotransmissores que flui por entre os condutos nervosos de todo o corpo imaculado. Adiante…

Ora bem, é comum vermos os galãs atores de cinema partirem diretamente para a ação sem a devida proteção, já que nem o afamado agente secreto britânico com ordem para matar, se parece lembrar que a ordem filogenética a que pertence não se encontra solitária neste nosso pátio soalheiro a que gostamos de chamar Terra. Coexistem então, seres ou entidades que, até prova em contrário, inocentemente, habitam esse pedaço anatómico, tão diferente entre os dois géneros ou tão igual entre os mesmos mas que engenhosa e artisticamente se encaixam. Refiro-me, obviamente, às hostes de microrganismos, entre eles, bactérias e parasitas e aos inanimados vírus, que compõem o arsenal das Infeções Sexualmente Transmissíveis. Certamente que já todos ouviram falar, não tão veemente narrado pelos fanfarrões, como outros feitos heróicos consumados, dos desfechos menos gloriosos de i n feções , como a gonorre ia , a tricomoniase, o herpes genital, a clamídia ou mais desastrosos (como a sífilis, a hepatite B e a infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana) ou então a tardia, mas carcinogénica infeção por alguns papilomas vírus humanos. Ora, segundo a Organização Mundial de Saúde, as infeções sexualmente transmissíveis são propagadas pelo contacto sexual pessoa a pessoa, como

aparenta ser lógico, já que sem ovos não se fazem omeletas. Não há abébias para as situações em que estas possam transferir-se, seja perante essa primordial, imberbe e enfim chegada luxúria ou no ato já atordoado pelo liquor noctâmbulo, num quarto prematuramente aquecido pelo suor exalado dos corpos ainda vestidos, chegados da discoteca, ou até num ápice conduzido pelo instinto. Assim sendo, é importante deter o ímpeto libidinoso e pensar, pois existem mais de 30 bactérias, vírus e parasitas inquietos, que caso lhes fosse possível experimentar qualquer emoção, cobiçariam expandir a sua sociedade para outros mercados genitais. Como alguém por aí há de ter dito, “quem não sente não é filho de boa gente”. Ora, nestas andanças, nalguns casos, os infetados não se sentem sintomáticos, assim como estas doenças podem atingir todas as classes sociais, sexos e idades, se não se utilizarem as devidas precauções. Algumas destas patologias manifestam-se tardiamente por quadros cl ínicos graves, tais como, infertilidade feminina, morte fetal ou lesões cardíacas, neurológicas e/ou imunológicas irreversíveis, incuráveis e potencialmente fatais. Como um mal nunca vem só e, já não fossem as conhecidas razões mais que suficientes para se praticar a cópula segura, surge agora descrita num estudo recente realizado em Londres, uma nova infeção sexualmente transmissível, que pode ter infetado algumas centenas ou mesmo mi lhares de pessoas, sem qualquer advertência ou sem aquela desejada e utópica mensagem do dia seguinte. E desenganem-se, pois esta contaminação, aliás à imagem de todas as outras, não tem a elegância de convidar primariamente para um romântico café ou jantar, entrando sem

Mais uma alternativa aos dissabores venusianos tradicionais

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ação

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bater à porta. Refiro-me a uma pequena bactéria chamada Mycoplasma genitalium, conhecida desde 1980, que emprega o sugestivo nome do local, que agora se sabe ser-lhe predileto, causando sintomas, como uretrite aguda no homem e cervicite na mulher. Palavras eruditas e proferidas em “mediquês”, para quem não é da área, descreve-se então, respetivamente, uma inflamação ou infeção do aqueduto que os cavalheiros usam para se aliviar e inflamação ou infeção do colo do útero das senhoras, onde confortavelmente esta bactéria se senta. Como se não bastasse, o seu micro e modesto altruísmo pode ainda promover descargas genitais ou sangramentos pós coito, podendo mesmo culminar com a infertilidade feminina. Evidente que não é motivo para que se prive de uma vida sexual ativa e saudável e se fique a velar para que a cegonha chegue de Paris ou para que o caprichoso cupido, exausto, esgote as suas setas. Todavia, é necessária proteção, sensatez e comedimento, já que a promiscuidade e o sexo desprotegido predispõem a este e a outros dissabores já referidos. Felizmente, no que respeita a esta infeção, ela é facilmente curável com o antibiótico adequado, o que já não sucede com outras mais dramáticas. Desenganem-se aqueles que pensam que estas conspurcações se previnem com a toma da pilula, ou com o coito interrompido ou que só saem do banco para entrar em jogo no término dos preliminares ou ainda que só sucedem aos outros. O preservativo masculino ou feminino é o método mais eficaz na prevenção destas desventuras de quem se ama, principalmente de forma única, rápida e efémera. Isso em nada nos diz respeito, pois se Einstein expôs que o tempo é relativo, tal como presunção e água benta cada um toma o que quer e com quem quer, assim diagnostica o livre arbítrio. Questões metafisicas à parte, é de salientar que estas doenças não aparecem escritas ou anunciadas na testa daquela pessoa que instintivamente despoletou a partilha da intimidade. Desta forma, tão precocemente quanto possível, deve ser procurado um médico, caso se sintam incómodos ou lesões

na região genital e, caso seja diagnosticado, deve ser comunicado aos parceiros das últimas semanas, meses ou até anos. Se a preguiça é a mãe de todos os vícios, a prevenção claramente é aquele tio chato que sempre reclama que o bacalhau, no Natal, está salgado. Contudo, este tem do seu lado a razão, pelo temor ou, pelo menos, no que respeita à parte cardiovascular. Mas citando alguém: “isso são outras núpcias”.

Findo, desejando que Haja Saúde, mas também que Haja Sexualidade segura, consciente e nunca menos prazenteira, já que, mesmo com a barreira de látex, é possível cumprir a premissa anunciada pelos antigos filósofos, porquanto diziam eles, que é neste ato que as duas almas trocam cargas iónicas e alguns aminoácidos.

“Ora, segundo a Organização Mundial

de Saúde, as infeções sexualmente

transmissíveis são propagadas pelo

contacto sexual pessoa a pessoa, como

aparenta ser lógico, já que sem ovos não se

fazem omeletas.”

HajaGula!25

João Dourado, 3º Ano

INGREDIENTES

- 3 ovos inteiros;

- 2 chávenas de açúcar;

- 2 chávenas de farinha;

- 100 gramas de nozes moídas;

- 1 chávena de óleo;

- 1 chávena de leite;

- 1/2 cálice de vinho do Porto;

- 1 colher de chá de fermento.

INSTRUÇÕES:

1) Bater os ovos com o açúcar;

2) Juntar o óleo, o vinho e o leite, mexendo sempre após cada adição;

3) Juntar e misturar as nozes moídas;

4) Peneirar a farinha e o fermento e misturar ao preparado anterior;

5) Levar ao forno em forma untada e enfarinhada, durante cerca de 35 minutos (15 minutos a 200ºC + 20 minutos a 180ºC).

Bolo de Noz Natalício

Decora o teu bolo com motivos natalícios e faz um brilharete em tua casa!

HajaP

aciên

cia!

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Tiago Rosa, 4º Ano

Warning: A seguinte rubrica pretende despertar sentimentos de espanto e estupefação com a estupidez. Obrigado. Reader discretion is advised (or not).

(Previously) Anonymous writer is wishing for someone to “Wake me up when November ends” so I can write the next edition news.

Capítulo 7: Que venham o frio e a chuva, mas que as doenças morram longe, lá bem longe, no meio dos pinguins, mas sem os adoecer, por favor.

No exército não se brinca… pouco.

No mundo existem exércitos que são especialistas em armamento bélico e outros que são especialistas em soldados rijos. O exército chinês resolveu apostar nos seus soldados e, por isso, submeteu alguns a um treino especial de inverno: uma batalha de bolas de neve! Engraçado, não acham? Fácil também, se nos esquecermos da parte mais especial do treino: batalha de bolas de neve, em tronco nu, num campo onde estavam -26ºC. Sim, -26ºC, uma temperatura bastante agradável para uma amigável brincadeira de fim de tarde, não acham?

Alguém dirá, possivelmente o exército chinês, que é assim que se distinguem os homens dos meninos. Mas eu, tal como vocês, sou um homem de barba rija, mas não sou maluco. Haja paciência. (YES! Finalmente consegui usar o nome da rubrica numa frase deste texto pseudo-noticioso. Aqui está a prova de que sou minimamente inteligente.).

Que animais, estes artistas! Ou será ao contrário?

O jardim zoológico Buttonwood – vou deixar o prazer de fazer aqui uma piada para vocês, é demasiado fácil, como se diz por aí da prima de muita gente. Recomeçando:

O jardim zoológico Buttonwood (parem lá de se rir, já percebemos que temos t o d o s u m a m e n t e p o l u í d a ) , e m Massachusetts, nos EUA, realizou um leilão de obras de arte pintadas por alguns dos seus animais. As mais de 50 obras postas a leilão tinham preços entre os 37€ e os 165€ e a receita gerada seria utilizada em programas

educacionais do jardim zoológico. A obra mais cara, que se encontra abaixo, foi pintada em conjunto pela elefanta Ruth, o lagarto Rosie e a foca Blue.

Olhando para esta obra-prima, eu vejo um pássaro preto, apoiado num ramo verde, no meio dumas plantas, de asas abertas, com o bico e o olhar voltados para o céu, para testemunhar o fantástico fogo-de-artifício laranja e vermelho. E tu, o que vês nesta belíssima obra de arte? Envia já as tuas t e o r i a s p a r a euvejoumpassaropretoapoiadonumramoverdenomeiodumasplantasdeasasabertascomobicoeoolharvoltadosparaoceuparatestemunharofantasticofogodeartificiolaranjaevermelho@hajapaciencia.hajasaude.uminho.pt. Vou ficar ansiosamente à espera das vossas respostas. Desejo-vos boas festas e um próspero ano novo, esperando que neste novo ano a minha idiossincrasia não me abandone. Me out.

HajaHumor!

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Conselhos da RebecaEste Natal, o Melhor do Mundo está em sua casa. Pagaram-me bem para dizer isto.

Ah, o Natal!... O Natal! O Natal! Oh, Natal, Natal... Natal. Por esta altura a palavra já perdeu o seu significado. Para mim, é como se denomina o conjunto de natas que se bate por fora antes de se juntar à mistura final na confeção de um bolo chiffon de chocolate da marca GostosinhoTM.

Mas, para muita gente, é uma coisa boa. Apesar de não ser das minhas épocas preferidas do ano – sou uma mulher que aprecia umas boas marteladas em junho, assim como o próprio dia de S. João –, respeito imenso quem faz deste o momento ideal para explorar o seu espírito solidário, generosamente pondo de parte o egocentrismo que o domina nos restantes 364 dias do ano (365, se for bissexto; uma porrada deles, se for Chinês). Na verdade, é o dia em que tudo faz sentido: ninguém contesta que o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, 3.º Esquerdo, Lda. seja simbolizado por um gordo mal-lavado vestido de vermelho – haveria outra maneira de o representar?... –; já a palhaçada que é conceber um coelho dentução que defeca bolinhas de amêndoa e chamar a isso a ressurreição do Messias… que brincadeira de mau gosto é essa?... Vá. Juízo.

E porque gosto da magia que esta época acarreta, trago-vos hoje a história de como é o Natal em minha casa. Mas, primeiro, trago-vos a história de como é a minha casa.

Erigida sobre os remanescentes de um cemitério índio, a Residência dos Rebeccões desde cedo fazia inveja a todas as outras casas de 2.ª categoria da rua. De três assoalhadas e quatro sótãos, a sua fachada de estilo predominantemente clássico apetrechada de postiços com apontamentos góticos fazia prever que o seu interior estaria repleto de contos inacreditáveis sobre paixões desmedidas e diarreias medidas. Na verdade, é sobre um destes contos que nos vamos debruçar…

Roxanne era uma rapariga comum. Tão linda como a próxima, tão badalhoca como a anterior. Talvez até mais badalhoca um bocadinho, porque só vem depois dela. Nunca ela julgara vir a encontrar o seu grande amor na feira local em meados de maio; no entanto, em setembro ali estava ele, junto à barraca das meias. O seu olhar dizia “quero-te”, o seu placar, “leve 3 pague 2”. A fusão dos dois era simplesmente irresistível. Com efeito, Roxanne logo jogou fora tudo o que tinha na mão – a mala, sacos de compras, o seu bebé. A missão era de fazer um novo, um melhor, com novos estofos. E nessa mesma noite, quando tudo apontava para arrebatamento ardente, Roxanne adquire uma gastroenterite e inicia um quadro de dejeções líquidas frequentes. Ambos pararam com a sua atividade de carícia e decidiram medir o alcance com uma régua. Amor pode esperar, mas entrada direta no Guiness, só muito de vez em quando!...

Guiness, diga-se, que é precisamente a bebida alcoólica sob cujo efeito me encontro durante a redação desta história. O trago inicial é algo áspero, hostil até, mas é apenas um pequeno fait-divers no mundo absorvente que é a dança entre o malte e o lúpulo da fermentada. Rapidamente o amargo se torna margo, o instinto se torna tinto e o sangue me sobe todo à cabeça da borracheira indecente que estou a apanhar. A sério, tirem-me este computador da frente, se não eu… eu bebo-o. Por fim, o after-taste, esse magnífico momento, é brisa gentil e passageira numa manhã de outono precoce: sabe bem como o c*#$&%!.

Brisa muito semelhante a essa, aquela que se fazia sentir precisamente no dia em que celebramos o Natal lá em casa. Engraçado por ser uma brisa tão típica de outono precoce; mas perde toda a piada quando alerto para o facto de nós celebrarmos o Natal, efetivamente, por volta do outono precoce. Antes esperávamos até dezembro, mas é muito frio, pá, não se aguenta. Os miúdos saem de lá sempre a espirrar, e como já estão cheios de sono nós é que temos de os levar ao colo. Ali, a levar com o bafo do Júnior na cara, rais’parta o pequeno mafarrico. Era quem lhe desse um par de chapadas a ver se ele parava de respirar para cima de mim. Ou de todo. Pois, meus amigos, não é esse o verdadeiro espírito de Natal? Dar?... Um cachecol, uma caixa da Lego, um bofete no nalguedo… O conteúdo não é importante, mas sim a simbologia. Pois ao fim do dia, há apenas uma coisa que realmente importa: não ficar cheia de perdigotos dos fedelhos nas ventas. Retardados de m*#$&.

Jornal Haja Saúde!Edição: Joana Silva, Ana Sofia MilheiroColaboradores: Ana Sofia Milheiro; António Mateus-Pinheiro; Catarina Pestana; Gonçalo Cunha; Joana Silva; João Dourado; Jorge Silva; Kelly Pires; Núria Mascarenhas; Pedro Peixoto; Sofia Leal Santos Tiago Rosa. Paginação & Grafismo: Catarina Fontão

NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do MinhoEscola de Ciências da Saúde da Universidade do MinhoCampus de Gualtar, 4710 - 057 BRAGA

Email: [email protected]

Fotografia: http://www.center-ao.com.br/_FILES/imagens/25112015-125622-shutterstock_v_shutterstock.jpg

Foto de capa disponível em: http-//wellness-center.ru/wp-content/uploads/2014/07/aupultura-1024x768.jpeg