edição v14n6 - novembro e dezembro de 2009

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v. 14, n. 6 novembro/dezembro 2009 ISSN 1415-5419 R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá v. 14 n. 6 nov./dez. 2009 p. 1-160 Revista Dental Press de ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL

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Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

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Page 1: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

v. 14, n. 6 novembro/dezembro 2009

ISSN 1415-5419R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá v. 14 n. 6 nov./dez. 2009p. 1-160

Revista Dental Press de

ORTODONTIAE ORTOPEDIA FACIAL

Page 2: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

Indexação:IBICT - CCN

Bases de dados:LILACS - 1998

BBO - 1998National Library of Medicine - 1999

SciELO - 2005

A REVISTA DENTAL PRESS DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA fAcIAL (ISSN 1415-5419) é uma publicação bimestral da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda.Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá / PR - Fone/Fax: (0xx44) 3031-9818 - www.dentalpress.com.br - [email protected].

DIrETOrA: Teresa R. D'Aurea Furquim - ANALISTA DA INfOrMAçãO: Carlos Alexandre Venancio - DIAgrAMAçãO: Fernando Truculo Evangelista - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Tatiane Comochena - rEvISãO/COPYDESK: Ronis Furquim Siqueira - TrATAMENTO DE IMAgENS: Andrés Sebastián - PrOgrAMAçãO: Hélio Ricardo de Castro - BIBLIOTECA: Jéssica Angélica Ribeiro - NOrMALIZAçãO: Marlene G. Curty - BANCO DE DADOS: Adriana Azevedo Vasconcelos - Cléber Augusto Rafael - E-COMMErCE: Soraia Pelloi - COOrDENAçãO DE ArTIgOS: Simone Lima Lopes Rafael - CurSOS E EvENTOS: Ana Claudia da Silva - Rachel Furquim Scattolin - INTErNET: Carlos E. de Lima Saugo - fINANCEIrO: Márcia Cristina Plonkóski Nogueira Maranha - Roseli Martins - COMErCIAL: Roseneide Martins Garcia - SECrETArIA: Luana Gouveia - IMPrESSãO: Gráfica Regente - Maringá/PR.

EDITOR cHEfEJorge faber Brasília - DF

EDITORA ASSOcIADATelma Martins de Araujo UFBA - BA

EDITORA ADJUNTA(artigos online)Daniela Gamba Garib HRAC/FOB-USP - SP

EDITOR ADJUNTO(Odontologia baseada em evidências)David Normando UFPA - PA

PUBLISHERLaurindo Z. furquim UEM - PR

cONSELHO EDITORIAL cIENTÍfIcOAdilson Luiz Ramos UEM - PRDanilo furquim Siqueira UNICID - SPHélio Hissashi Terada UEM - PRMaria f. Martins-Ortiz consolaro ACOPEM - SPOmar G. da Silva filho HRAC/USP - SPRosely Suguino CESUMAR - PR

cONSULTORES INTERNAcIONAISAdriana c. da SilveiraUniv. de Illinois / Chicago - EUABjörn U. ZachrissonUniv. de Oslo / Oslo - Noruegaclarice Nishio Université de MontrealJesús fernández SánchezUniv. de Madrid / Madri - EspanhaJosé Antônio Bósio Marquette Univ. / Milwaukee - EUAJúlia HarfinUniv. de Maimonides / Buenos Aires - ArgentinaLarry WhiteAAO / Dallas - EUAMarcos Augusto LenzaUniv. de Nebraska - EUAMaristela Sayuri Inoue AraiTokyo Medical and Dental UniversityRoberto JustusUniv. Tecn. do México / Cid. do Méx. - México

cONSULTORES NAcIONAISOrtodontiaAdriano de Castro UCB - DFAna Carla R. Nahás Scocate UNICID - SPAna Maria Bolognese UFRJ - RJAntônio C. O. Ruellas UFRJ - RJArno Locks UFSC - SCAry dos Santos-Pinto FOAR/UNESP - SPBruno D'Aurea Furquim CLÍN. PARTIC. - PRCarla D'Agostini Derech UFSC - SCCarla Karina S. Carvalho ABO - DFCarlos A. Estevanel Tavares ABO - RSCarlos H. Guimarães Jr. ABO - DF

Carlos Martins Coelho UFMA - MAClaudenir Rossato UEL - PRDécio Rodrigues Martins FOB/USP - SPEduardo C. Almada Santos FOA/UNESP - SPEduardo Santayana de Lima PUC-RS - RSEduardo Silveira Ferreira UFRGS - RSEnio Tonani Mazzieiro PUC - MGFlávia R. G. Artese UERJ - RJFlávio César de Carvalho UGF - RJGerson Ulema Ribeiro UFSC - SCGuilherme Janson FOB/USP - SPHaroldo R. Albuquerque Jr. UNIFOR - CEHugo Cesar P. M. Caracas UNB - DFJosé F. C. Henriques FOB/USP - SPJosé Nelson Mucha UFF - RJJosé Renato Prietsch UFRGS - RSJosé Vinicius B. Maciel PUCPR - PRJúlio de Araújo Gurgel FOB/USP - SPKarina Maria S. de Freitas Uningá - PRLeniana Santos Neves UFVJM - MGLeopoldino C. Filho HRAC/USP - SPLuciane M. de Menezes PUC-RS - RSLuiz G. Gandini Jr. FOAR/UNESP - SPLuiz Sérgio Carreiro UEL - PRMarcelo Bichat P. de Arruda UFMS - MSMárcia T. Oliveira Caetano UFF - RJMárcio R. de Almeida UNIMEP - SPMarco Antônio Almeida UERJ - RJMarco Antônio L. Feres UFPR - PRMarcos Alan V. Bittencourt UFBA - BAMargareth M. G. de Souza UFRJ - RJMaria B. Sasso Stuani FORP/USP - SPMaria C. Thomé Pacheco UFES - ESMarília Teixeira Costa UFG - GOMarinho Del Santo Jr. BioLogique - SPMirian Aiko N. Matsumoto FORP/USP - SPMônica T. de Souza Araújo UFRJ - RJOrlando M. Tanaka PUC-PR - PROsmar A. Cuoghi FOA/UNESP - SPOswaldo V. Vilella UFF - RJPatrícia Medeiros Berto CLÍN. PARTIC. - DFPedro Paulo Gondim UFPE - PERenata C. F. R. de Castro FOB/USP - SPRicardo Machado Cruz UNIP - DFRicardo Moresca UFPR - PRRobert W. Farinazzo Vitral UFJF - MGRoberto C. Bodart Brandão UFES - ESRoberto Hideo Shimizu UTP - PRRoberto M. A. Lima Filho UFRJ - RJRoberto Rocha UFSC - SCRodrigo Hermont Cançado Uningá - PRSávio R. Lemos Prado UFPA - PASebastião Interlandi USP - SPTatsuko Sakima FOAR/UNESP - SPWeber José da Silva Ursi FOSJC/UNESP - SPWellington Pacheco PUC - MGOrtopedia DentofacialDayse Urias CLÍN. PARTIC. - PRKurt Faltin Jr. UNIP - SPMarcos Nadler Gribel UNIUBE - MG

cirurgiaAntenor Araújo FOSJC/UNESP - SPEduardo Sant’Ana FOB/USP - SPLaudimar Alves de Oliveira UNIP - DFLiogi Iwaki Filho UEM - PRRoberto M. Suguimoto HRAC/USP - SPWaldemar Daudt Polido ABO/RS - RSDentísticaJosé Mondelli FOB/USP - SPSílvia S. Sábio UEM - PR Disfunção da ATMCarlos dos Reis P. Araújo FOB/USP - SPJosé Luiz Villaça Avoglio CTA - SPfonoaudiologiaEsther M. G. Bianchini CEFAC/FCMSC - SPImplantologiaCarlos E. Francischone FOB/USP - SPInformática na OrtodontiaCléber Bidegain Pereira CRO - RSOclusãoPaulo César Conti FOB/USP - SPOdontopediatriaLuiz Reynaldo de F. Walter UNOPAR - PRSoraya Leal UNB - DFBiologia e Patologia BucalAlberto Consolaro FOB/USP - SPEdvaldo Antonio R. Rosa PUC - PRVictor Elias Arana-Chavez USP - SPPeriodontiaEuloir Passanezi FOB/USP - SPMaurício G. Araújo UEM - PRPróteseMarco Antonio Bottino UNESP - SPRadiologiaRejane Faria Ribeiro-Rotta UFG - GO

cOLABORADORES cIENTÍfIcOSAdriana C. P. Sant’Ana FOB/USP - SPAlexis Molim Jr. EAP/ABO - PRAna Carla J. Pereira UNICOR - MGÂngelo José Pavan UEM - PRAntonio Carlos Passini SPO - SPCarlos Alberto Dotto UNICID - SPCarlos L. F. de Salles UEM - PRClóvis Monteiro Bramante FOB/USP - SPEdevaldo T. Camarini UEM - PRHélio Giacomo Papaiz UNIBAN - SPJoão H. N. Pinto HRAC/USP - SPJosé Alberto de S. Freitas HRAC/USP - SPJosé Carlos Pereira FOB/USP - SPLaércio Vasconcelos CLÍN. PARTIC. - SPLuiz Roberto Capella CRO - SPMaria Fidela L. Navarro FOB/USP - SPMário Roberto Leonardo FOAR/UNESP - SPMário Taba Jr. FORP - USPMurilo P. de Melo UEM - PRRaquel S. Suga Terada UEM - PRReinaldo Mazzotini HRAC/USP - SPRoberto M. Hayacibara UEM - PRSandra M. Maciel UEM - PR

Page 3: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

5 Editorial

10 Acontecimentos / Events

12 O que há de novo na Odontologia / What’s new in Dentistry

14 Insight Ortodôntico / Orthodontic Insight

19 Entrevista com Roberto carlos Bodart Brandão / Interview

S u m á r i o

Artigos Online / Online Articles

42 Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista

Study of the legality of orthodontic practice by General Practice Dentists

Ivan Toshio Maruo, Maria da Glória Colucci, Sérgio Vieira, Orlando Tanaka, Elisa Souza Camargo, Hiroshi Maruo

46 Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise

subjetiva do Padrão Facial

Comparative evaluation among facial attractiveness and

subjective analysis of Facial Pattern

Olívia Morihisa, Liliana Ávila Maltagliati

Artigos Inéditos / Original Articles

50 Prevalência de más oclusões em crianças com 12 a 36 meses de idade em João Pessoa, Paraíba

Prevalence of malocclusion in children aged 12 to 36 months in João Pessoa, Paraíba state

Sabrina Sales Lins de Albuquerque, Ricardo Cavalcanti Duarte, Alessandro Leite Cavalcanti, Érika de Morais Beltrão

58 Inter-relação entre o perfil dos lábios superiores e a posição da maxila e dos incisivos superiores em pacientes adultos

Inter-relationship between the upper lip and the maxillary positioning with upper incisors in adult patients

Luciano Del Santo, Marco Aurélio Bachega, Marinho Del Santo Jr.

65 Responsabilidade civil do cirurgião-dentista: a importância do assistente técnico

Surgeon dentist’s civil liability: The technical assistant’s importance

Ricardo Henrique Alves da Silva, Jamilly de Oliveira Musse, Rodolfo Francisco H. Melani, Rogério Nogueira Oliveira

72 Tratamento ortopédico com aparelho de Herbst: ocorrem mudanças verticais no padrão de crescimento facial?

Orthopedic treatment with the Herbst appliance: Do vertical changes occur in the facial growth pattern?

Luís Antônio de Arruda Aidar, Gladys Cristina Dominguez, Patrícia Lopes de Souza Alvarez Gonzalez, Melissa Gusmão Dutra Mantovani

Revista D

ental Press de Ortodontia e O

rtopedia FacialV

olume 14 - N

úmero 6 - N

ovembro / D

ezembro 2009

Dental Press International

ISSN 1415-5419

Volume 14 - Número 6 - Novembro / Dezembro 2009

VARIÁVEL

MoRdIdA AbERtA AntERIoR totAL

p¹ oR e IC² (95,0%)sim não

n % n % n %

GÊnERo

Masc. 58 36,0 103 64,0 161 100,00,872

1,04 (0,64 a 0,69)

1,00Fem. 46 35,1 85 64,9 131 100,0

TOTAL 104 35,6 188 64,4 292 100,0

FAIXA EtÁRIA (MESES)

13 – 24 15 24,2 47 75,8 62 100,00,034*

0,51 (0,27 a 0,96)

1,0025 – 36 89 38,7 141 61,3 230 100,0

TOTAL 104 35,6 188 64,4 292 100,0

1ª AUdIÊnCIA - AUdIÊnCIA dE ConCILIAÇÃoPERIto JUdICIAL

JUIZ

petição inicial intimação

contestação contestação

dEntIStAPACIEntE

Page 4: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

82 Efeitos do aparelho Jasper Jumper no tratamento da má oclusão de Classe II

Effects of the Jasper Jumper appliance in the treatment of Class II malocclusion

Rafael Pinelli Henriques, Guilherme Janson, José Fernando Castanha Henriques, Marcos Roberto de Freitas, Karina Maria Salvatore de Freitas

97 Avaliação ortopantomográfica das angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores com e sem a presença dos terceiros molares

Panoramic evaluation of the mesiodistal angulation of canine teeth, premolar and inferior molars with and without the presence of the third molars

Rodrigo Castellazzi Sella, Marcos Rogério de Mendonça, Osmar Aparecido Cuoghi

109 Avaliação das alterações dentárias na maxila em pacientes submetidos à expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente sem o envolvimento da sutura pterigomaxilar

Assessment of maxillary dental changes in patients submitted to surgically assisted rapid maxillary expansion with no involvement of pterygoid blade

Paulo Roberto Pelucio Camara, Fernanda C. Goldenberg, Dov C. Goldenberg, Nivaldo Alonso, Marco A. Scanavini

118 Prevalência de más oclusões em crianças de 9 a 12 anos de idade da cidade de Nova Friburgo (Rio de Janeiro)

Prevalence of malocclusion in children aged 9 to 12 years old in the city of Nova Friburgo, Rio de Janeiro State, Brazil

Daniel Ibrahim Brito, Patricia Fernanda Dias, Rogerio Gleiser

125 Distância interincisiva máxima em crianças respiradoras bucais

Maximum interincisal distance in mouth breathing children

Débora Martins Cattoni, Fernanda Dreux Miranda Fernandes, Renata Cantisani Di Francesco, Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre

132 caso clínico BBO / BBO case Report

Má oclusão de Classe I de Angle, com ausência congênita e impacção de dentes permanentes

Angle Class I malocclusion with congenitally absence and impaction of permanent teeth

Eduardo Silveira Ferreira

144 Tópico Especial / Special Topic

Fios ortodônticos: conhecer para otimizar a aplicação clínica

Orthodontic wires: Knowledge to optimize clinical application

Cátia Cardoso Abdo Quintão, Ione Helena Vieira Portella Brunharo

158 Normas para publicação / Norms for publishing

IdAdE (anos)

MédIA (mm)

ERRo PAdRÃo

IC 95% (média)

Mín. – MÁX. (mm)

7 43,29 0,92 41,39 – 45,19 31,12 – 51,05

8 43,85 1,07 41,61 – 46,09 31,55 – 51,67

9 42,99 0,98 40,94 – 45,04 35,24 – 52,20

10 43,86 1,77 39,94 – 47,77 36,07 – 55,83

11 44,20 1,18 41,63 – 46,77 35,40 – 53,04

Page 5: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 5 Maringá, v. 14, n. 6, p. 5-6, nov./dez. 2009

Nos primeiros anos de minha vida ortodôntica, ouvi certas vezes comentários sobre o comporta-mento dos pacientes em tratamento. Os comen-tários tratavam da cooperação no uso do aparelho ortodôntico em si ou dos seus acessórios, tais como elásticos intermaxilares, extrabucais, etc. Eram fra-ses pronunciadas com um tom reprovatório: “esse paciente é péssimo, não usa o extrabucal”, ou “não tem jeito, ela não usa o aparelho móvel”. Aqui, então, chego ao ponto nevrálgico desse editorial. Existem pacientes que usam mal os aparelhos, ou são os aparelhos que não se adequam aos pacientes?

Essa questão tem uma profunda raiz no método científico e no design de diferentes ensaios clínicos, bem como na leitura e compreensão de artigos de pesquisa. Para ilustrá-la, imaginem o cenário hipotético a seguir.

Um estudo é realizado para comparar a eficácia de dois diferentes protocolos de tratamento. Um total de 300 pacientes é envolvido na pesquisa e distribuído aleatoriamente em três grupos: 100 pacientes para o tratamento A, 100 para o B e 100 em um grupo controle. Esses tratamentos poderiam ser, por exemplo, (A) novo aparelho para correção da Classe II e (B) aparelho extrabucal. Nesse estudo, 82 pacientes concluíram o tratamento no grupo A (novo aparelho) e 93 no grupo B (extrabucal). Os resultados hipotéticos, excluindo o grupo controle, estão agrupados na tabela 1.

Os resultados de nosso estudo hipotético apre-sentam taxas de sucesso que diferiram entre si. O tratamento A (novo aparelho) teve uma taxa

de sucesso de 97,5%, enquanto o tratamento B (extrabucal) teve uma taxa de sucesso de 92,5%. Agora vem a pergunta intrigante: Qual o melhor tratamento, frente a esses resultados?

A resposta é clara. O tratamento B (extrabucal), com 92,5% de sucesso, foi, a princípio, MELHOR que o A (novo aparelho), com 97,5% de sucesso. Isso mesmo, o tratamento com menor taxa de suces-so foi o melhor tratamento para a Classe II. Por quê?

O número de indivíduos que terminaram o tratamento nos dois grupos foi diferente. Ele foi menor no tratamento A (novo aparelho) do que no tratamento B (extrabucal). Há relevante razão para considerarmos essa diferença como parte dos resultados do tratamento. Ou seja, mais pessoas desistem do novo aparelho porque ele é muito desagradável esteticamente, ou muito incômodo, ou possui alguma qualidade negativa que leva a taxas de adesão menores. Esse fato deve ser sempre analisado quando comparamos tratamentos, ou mesmo quando avaliamos séries de casos.

Existem pacientes que usam mal os aparelhos, ou são os aparelhos que não se adequam aos pacientes?

A interpretação dos resultados de artigos

E d i t o r i a l

TRATAMENTO* SUCESSON (%)

INSUCESSON (%) TOTAL

A (novo aparelho) 80 (97,5) 2 (2,5) 82 (100)

B (extrabucal) 86 (92,5) 7 (7,5) 93 (100)

TABELA 1 - Resultados de um estudo hipotético que compara dois trata-mentos para a Classe II, utilizando um novo aparelho (A) e o extrabucal (B). Nesse exemplo, há diferença significativa entre os tratamentos.

* Há diferença estatisticamente significativa entre os tratamentos hi-potéticos A e B.

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 6 Maringá, v. 14, n. 6, p. 5-6, nov./dez. 2009

EDITORIAL

Vamos interpor outro exemplo. Digamos que os mesmos resultados foram encontrados por um centro de oncologia quando comparava dois quimioterápicos diferentes para o tratamento de um tipo de câncer. O grupo com maior desistên-cia provavelmente utilizou uma droga que leva a mais efeitos colaterais ou complicações que o outro. Consequentemente, possui maiores taxas de desistência.

Se ninguém é mau utilizador de quimioterapia, por que alguém seria mau utilizador de extrabucal ou outro aparelho? Na verdade, não são – acontece que os tratamentos acarretam diferentes respostas nos pacientes. Por exemplo, muitos pacientes sim-plesmente não conseguem dormir com o extrabucal e não cogitam usá-lo em ambientes sociais. Nós, profissionais de saúde, administramos a variabilida-de das pessoas que tratamos e suas facilidades ou dificuldades de aderir a um tratamento qualquer, e temos que entender as dificuldades dos pacientes ao se submeterem a ele.

Esse fato tem sido negligenciado historicamen-te na literatura ortodôntica mundial. E há uma conduta na metodologia científica específica para gerir essa possível situação: a análise de intenção de tratar. Nessa conduta do pesquisador frente à casuística em análise, todos os pacientes incluídos no estudo no momento inicial serão acompanhados

até o final da pesquisa. Os objetivos são evidenciar e relatar as razões da não-finalização da terapia por parte de cada um dos incluídos no estudo. Sempre que possível, esses casos devem até ser englobados na análise estatística. Essa conduta de pesquisa possibilita salientar com mais precisão a vivência do paciente quando se submete a uma terapia.

Falhas ou más interpretações de resultados de estudos têm, historicamente, acarretado indicações inadequadas de tratamento e sobretratamentos. E algumas patologias, tratadas pela Odontologia, têm sofrido mais do que outras com a dificuldade de se examinar a literatura científica. Um exemplo é a disfunção temporomandibular (DTM).

O artigo que recebe o selo do editor nessa edição – Ortodontia e disfunções temporoman-dibulares: o estado da arte –, do Dr. Paulo Conti, fornece uma ideia clara do estado do conhecimento sobre a DTM. Hoje, não é nebuloso e tampouco controverso o tratamento dessa condição. A leitura do trabalho proporcionará uma visão cristalina do relacionamento da Ortodontia com o tratamento dessa patologia.

Sejam críticos. Boa leitura.

Jorge FaberEditor [email protected]

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28º CIOSPAnhembi - São Paulo - SP

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Nos vemos em

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 10 Maringá, v. 14, n. 6, p. 10-11, nov./dez. 2009

Palestra de despedida dos Profs. Kokich e Zachrisson

Aconteceram, nos dias 4 e 5 de setembro, na cidade de Dubrovnik, na Croácia, as palestras de despedida dos Profs. Vincent Kokich e Bjorn Zachrisson, dois gigantes cuja contribuição para a ciência e a arte da Or-todontia é imensurável. Os mesmos reuniram-se para dar palestras para o público internacional pela última vez. Durante os dois dias do evento, ambos os professores expuseram, de forma alternada, temas importantes, tendo como fonte de inspiração a beleza do local, com suas fortalezas medievais às margens do Mar Adriático.

Da esquerda para a direita, os Profs. Bjorn Zachrisson, Telma Martins de Araujo, Vincent Kokich e Carlos Jorge Vogel.

A bela cidade de Dubrovnik, que sediou a última palestra de dois dos maio-res ícones da Ortodontia atual.

doutorado na FoP - Unicamp

Luiz Renato Paranhos defendeu, na Faculdade de Odontologia de Piracicaba - Unicamp, no dia 31 de agosto, a tese intitulada "Associação entre o padrão esquelético facial, a morfologia da coroa do incisivo central superior e a forma do arco dental mandibular".

Da esquerda para a direita, Dr. Danilo Furquim Siqueira, Dr. Fernando César Torres, Dr. Luiz Renato Paranhos (candidato), Dr. Adilson Luiz Ramos, Dr. Marco Antonio Scanavini, Dr. Eduardo Daruge Júnior (orientador) e Dr. Fausto Bérzin (co-orientador).

a c o n t E c i m E n t o S

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 11 Maringá, v. 14, n. 6, p. 10-11, nov./dez. 2009

Acontecimentos

Cirurgiã-dentista ganha viagem a nova Iorque como prêmioOcorreu, entre os dias 15 e 18 de julho, a 19ª

edição do CIORJ, evento realizado pela ABO-RJ. Foi realizada, durante o congresso, a segunda edi-ção do Concurso de Painéis Científicos ABO-RJ/Oral B, a qual contou com a participação de 551 trabalhos. A cirurgiã-dentista Daniela Feu Rosa de Souza ficou em primeiro lugar com o painel “É pos-sível prevenir a instalação de hábitos de sucção de-letérios?”. Como prêmio, ganhou uma viagem, com todas as despesas pagas, para expor seu trabalho no The 2009 Greater New York Dental Meeting.

Aniversário de 70 anos da Profa. birte Melsen

Nos dias 7 e 8 de junho, a Profa. Birte Melsen co-memorou seu aniversário de 70 anos com um Simpó-sio e Festa de Gala na Universidade de Aarhus, Dina-marca. Participantes de todo o mundo compareceram para parabenizá-la. O Brasil foi representado pelos Drs. Arno Locks, Flavia Artese, Bernadete Stuani e Marcos e Maurício Lenza, que estiveram presentes nas festivi-dades. A Dra. Flavia apresentou palestra sobre mordida aberta durante o Simpósio. A Festa de Gala foi muito comovente, com discursos da família e amigos. A Dra. Birte solicitou doações em dinheiro, ao invés de pre-sentes de aniversário, que foram repassadas às crianças brasileiras que ela ajuda no estado de Roraima.

Arno Locks, Flavia Artese e Birte Melsen durante o jantar de boas-vindas.

Page 12: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 12 Maringá, v. 14, n. 6, p. 12-13, nov./dez. 2009

Ortodontia e disfunções temporomandibulares: o estado da arte

É cada vez mais comum recebermos indivíduos indicados por colegas da área médica, das mais di-versas especialidades, para tratamento de processos de dor e/ou disfunção da articulação temporoman-dibular (ATM) e da musculatura mastigatória, as co-nhecidas disfunções temporomandibulares (DTM). São, em geral, adolescentes ou adultos jovens que apresentam algum tipo de má oclusão esquelética e/ou dentária, já avaliados para a possível presença de outras doenças com potencial para causar dor ou disfunção no segmento cefálico, como cefaleias pri-márias, otites ou rinossinusites, entre tantas outras.

Ao examinar o paciente, encontra-se uma má oclusão passível de correção ortodôntica. Inicia-se, nesse momento, uma tempestade de pensamentos, dúvidas e receios do profissional: “Devo indicar o tratamento da má oclusão para o alívio dos sinais e sintomas de DTM? Há algum tipo de aparelho que deva ser evitado nesses casos específicos? Qual o risco de piora dos sintomas com a terapia orto-dôntica?”.

A literatura referente à possível relação entre o tratamento ortodôntico, a má oclusão e a DTM é sa-turada de trabalhos com os mais distintos modelos de execução, com conclusões também muitas vezes confusas e não-representativas da metodologia em-pregada. Um dos exemplos mais comuns refere-se a trabalhos de avaliação transversal, onde o indivíduo é examinado uma única vez e, eventualmente, en-contra-se a coexistência de má oclusão e DTM ou de história de tratamento ortodôntico e DTM. Mui-tos concluem haver uma relação de causa e efeito entre essas variáveis, o que não deveria ser afirma-do com base nesse tipo de pesquisa observacional. Se existente (o que também não se configura na

maioria dos trabalhos desse tipo1,2), tal relaciona-mento seria somente uma associação, impossibili-tando qualquer tipo de afirmação de qual fator an-tecedeu (ou causou) o outro.

Vários outros problemas também povoam esse cenário e alimentam a discussão acadêmica. Muitos ortodontistas afirmam haver uma melhora acentu-ada dos sintomas imediatamente após a instalação do aparelho ortodôntico, o que já seria efeito do “tratamento ortodôntico”. Tem sido aceito, no en-tanto, que grande parte dessa melhora seja devida ao ato de se instalar e criar um fato “novo” dentro da cavidade bucal. Ou seja, a instalação do apare-lho (e as trocas de fios...) desencadeia um processo de cognição, onde a nova situação funciona como um “alerta” para o paciente abandonar os hábitos de apertar os dentes e mascar chiclete, além de au-mentar sua aderência ao tratamento, incrementan-do o índice de sucesso do mesmo. Esse mecanismo é muito semelhante àquele causado inicialmente pela instalação de uma placa oclusal.

Como visto até aqui, as dificuldades são enormes em relação à metodologia e interpretação de resulta-dos. Esse processo deve-se, principalmente, à grande diversidade de variáveis presentes nessa relação: o paciente ortodôntico pode apresentar diversos tipos de má oclusão inicial, os métodos empregados para detectar ou não a presença de DTM são muitos, além da possível existência de outros fatores etioló-gicos, já que se trata de uma entidade multifatorial.

O avanço do conceito de Odontologia Basea-da em Evidências (OBE), no entanto, trouxe in-formações importantes acerca dessa controvérsia. Revisões sistemáticas, publicações com o mais alto grau de validade científica, têm demonstrado que

o q u E h á d E n o v o n a o d o n t o l o g i a

Paulo césar R. conti*

* Doutor em Reabilitação Oral pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado pela University of Medicine and Dentistry of New Jersey, EUA. Professor associado da Universidade de São Paulo. Coordenador do Programa de Pós-graduação em Reabilitação Oral e vice-presidente da Comissão de Pós-graduação da Universidade de São Paulo.

Page 13: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 13 Maringá, v. 14, n. 6, p. 12-13, nov./dez. 2009

CONTI, P. C. R.

não há associações significativas entre a Ortodon-tia e as DTM3,5.

Isso significa que indivíduos submetidos a trata-mento ortodôntico não apresentam maior ou menor risco de desenvolver sinais e sintomas de dor e/ou disfunção da ATM ou da musculatura mastigatória.

Esses achados são corroborados por um artigo re-cente4 que relata um acompanhamento longitudinal de 20 anos em que se procurou observar se havia algum ganho com a realização do tratamento orto-dôntico. Inicialmente, no ano de 1981, foram exa-minadas 1.081 crianças entre 11 e 12 anos de idade, e as mesmas foram novamente avaliadas após 3, 8 e 20 anos, sendo que, na última avaliação, a quantida-de de indivíduos analisados foi de 337, fato normal e aceitável num estudo observacional de longa du-ração. Para a mensuração da presença e severidade da DTM, utilizou-se o questionário anamnésico de Helkimo, associado a um exame físico. Quando indi-cado, o tratamento ortodôntico foi realizado por di-versos profissionais ou na Faculdade de Odontologia de Cardiff, na Grã-Bretanha. Aspectos psicológicos e comportamentais também foram mensurados por meio de inventários específicos.

A prevalência, como esperado, aumentou de 3% na avaliação inicial para 17% após 8 anos e dimi-nui para 10% quando os indivíduos já eram adultos, na avaliação após 20 anos. Um achado importante foi que a realização do tratamento ortodôntico não alterou de nenhuma forma os valores de prevalên-cia, nem de incidência (casos novos), em nenhum dos períodos de avaliação. Ainda, os únicos fatores que foram considerados como preditivos para a presença de DTM na idade adulta foram o gênero feminino e a presença de sinais e sintomas de DTM na adolescência. O fato da maior probabilidade de DTM em mulheres é devido, segundo os autores, a alterações hormonais, a uma maior sensibilidade a estímulos e à expressão de lassidão ligamentar. O trabalho de pesquisa aqui discutido4 usou, para a definição de DTM, um questionário que não per-mite subclassificação das mais diversas formas da patologia (articular, com ou sem deslocamentos

do disco, muscular, etc.). Isso pode ser considerado uma limitação, pois alguns fatores estudados pode-riam influenciar de maneira isolada alguma estru-tura do aparato mastigatório. Esse fato, no entanto, não interfere com a qualidade da pesquisa ou com a interpretação dos dados, realizada de maneira correta por análise estatística adequada.

O fato da presença da DTM na adolescência pre-dizer a doença na vida adulta nos alerta para a neces-sidade de controle de sintomas de maneira adequada para essa população, como forma de diminuição de risco futuro. A manutenção de sintomas por longos períodos leva, frequentemente, a alterações neuro-nais que podem se tornar irreversíveis. Deve ficar claro, porém, que esse controle de sintomas deve ser feito de maneira não-invasiva e reversível.

Após analisarmos os fatos acima, fica claro que não se deve sugerir terapia ortodôntica com o in-tuito de “prevenir” ou tratar sinais e sintomas de DTM. Por outro lado, também fica entendido que a Ortodontia consciente e bem realizada não deve ser vista como a “vilã” para pacientes que venham a apresentar DTM.

Endereço para correspondênciaPaulo César r. ContiAl. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75CEP: 17.012-901 – Bauru / SPE-mail: [email protected]

REfERêNcIAS

1. CONTI, A. C. C. F.; FREITAS, M. R.; CONTI, P. C. R. Avaliação da posição condilar e disfunção temporomandibular em pacientes com má oclusão de Classe II submetidos à protrusão mandibular ortopédica. R. Dental Press Ortodon. Ortop. facial, Maringá, v. 13, n. 2, p. 49-60, mar./abr. 2008.

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 14 Maringá, v. 14, n. 6, p. 14-18, nov./dez. 2009

i n S i g h t o r t o d ô n t i c o

O gene e a epigenética: as características dentárias e maxilares estão relacionadas com fatores ambientais

ou

Os genes não comandam tudo! ou

O determinismo genético acabou?

Alberto Consolaro*

A palavra gene foi criada em 1909 por Wi-lhelm Johannsen para substituir o conceito das unidades da hereditariedade conhecidas como “gêmulas”, criadas por Charles Darwin. Antes de Darwin, predominava o conceito de “deter-minantes”, criado por August Weismann. Antes dos determinantes, predominava o conceito de “pangenes”, inicialmente proposto por Hugo de Vries9,13.

Os conceitos das gêmulas, dos determinan-tes e dos pangenes tinham um princípio embu-tido: eram pré-formacionistas, pois tudo estaria pré-determinado. Mas, Johannsen sabia que isso estava equivocado: a transmissibilidade das ca-racterísticas de uma geração para outra não era bem assim e, para tirar essa conotação, criou-se o termo gene9,13.

A criação do conceito de gene acabou por gerar o determinismo genético: as característi-cas dos seres vivos são determinadas por unida-des hereditárias chamadas genes. Esse conceito, por ser muito incisivo e fechado, acabou por ser dogmaticamente utilizado. A transmissibilidade das características de um ser para outras gerações não depende exclusivamente dos genes; devemos considerar a célula como um todo – com o seu

citoplasma, suas mitocôndrias e o material gené-tico que carrega em sua estrutura –, assim como o organismo como um todo, e a complexidade do meio ambiente.

O significado didático da palavra gene im-plica em traduzi-lo como um fragmento do DNA que guarda uma informação completa relacionada à função celular. No corpo humano, temos em média 337g de DNA1. Alguns anos atrás, supúnhamos que o homem teria o maior número de genes entre as espécies. Hoje, sabe-mos que temos menos genes do que o arroz ou a vaca ou, ainda, que o rato. Imaginávamos que possuíamos 100 mil genes, mas tudo leva-nos a crer que temos aproximadamente entre 25 e 30 mil. O baixo número de genes mostra que a bio-logia é mais complicada do que muitas pessoas gostariam, afirmou Craig Venter, o fundador da Celera Genomics, empresa que tem a sua ver-são do genoma humano8. O início e o fim de um gene na estrutura filamentar do DNA podem ser permeados por um outro gene que usa apenas parte desse gene. Os genes estão imbricados e superpostos uns aos outros e, talvez, essa seja a razão de um certo sentimento de frustração gera-do com o anúncio do sequenciamento feito pelo

* Professor titular em Patologia da FOB-USP e da pós-graduação na FORP-USP.

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O gene e a epigenética: as características dentárias e maxilares estão relacionadas com fatores ambientais

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 18 Maringá, v. 14, n. 6, p. 14-18, nov./dez. 2009

influenciados e modificariam os fenótipos das estruturas pelas quais são responsáveis. Mudar a forma pode ter relação com alterações na cor e no número de dentes.

consideração finalA compreensão da morfologia dentária e dos

maxilares passa, necessariamente, pelos conceitos de epigenética, gene pleiotrópico e sistema poli-gênico, para explicar a interligação entre as várias características como cor, tamanho, número, for-ma, estrutura e posição dos dentes e dos próprios maxilares. A compreensão da etiopatogenia dos distúrbios do desenvolvimento dentário e dos maxilares também passa por esses três conceitos.

Estudar a inter-relação entre as morfologias dentárias e maxilares, assim como dos seus dis-túrbios do desenvolvimento, também denomi-nados como disgenesias, pode gerar insights para contribuir em pesquisas na identificação dos genes, cromossomos e mecanismos epigenéticos responsáveis pelas características dos dentes e

maxilares humanos.Não devemos afirmar que o projeto genoma

foi um marco histórico, pois esse nem mesmo acabou, nem sabemos exatamente quanto genes temos, em quais cromossomos estão e onde co-meçam e terminam na sequência do filamento de DNA11.

Questionado se o genoma humano poderia ser considerado o “livro da vida” e se o determinis-mo genético havia sofrido um duro golpe, Venter afirmou8: “[...] o genoma não é o retrato de um ser humano, não é um dicionário da vida. Ele tem importantes partes de nossa história, importan-tes instruções para nossas células e informações sobre como modificá-las. Mas você não pode ir em um cromossomo e encontrar instruções para fazer um coração, um cérebro. Essa discussão tem a ver com a complexidade do ser humano. A in-formação está nos níveis seguintes, ou seja, nas interações entre as proteínas, entre as estruturas das células. Tudo isso não está diretamente codifi-cado no nosso DNA”.

1. AMARAL, P. P. R.; NAKAYA, H. I. DNA não-codificador: o lixo que vale ouro? ciência Hoje, São Paulo, v. 38, n. 228, p. 36-42, 2006.

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8. FIORAVANTE, C.; PIVETTA, M. Golpe no orgulho vão. Revista fapesp, São Paulo, n. 62, p. 24-33, mar. 2001.

REfERêNcIAS

Endereço para correspondênciaAlberto ConsolaroE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 19 Maringá, v. 14, n. 6, p. 19-41, nov./dez. 2009

E n t r E v i S t a

Gostaria de convidar o caro leitor para desfrutar dos conhecimentos, pautados na experiência clínica com fundamento

científico, de um ícone da Ortodontia brasileira. Prof. Roberto Carlos Bodart Brandão demonstrou, nas respostas aos

entrevistadores, profundo conhecimento e segurança ímpar ao abordar os temas de disjunção, finalização, excelência

estética, oclusão, desgaste seletivo e contenção. Amante dos esportes, especialmente os náuticos, o Prof. Roberto faz

regularmente pesca oceânica, além de, ocasionalmente, velejar em wind-surf e jogar tênis. Inquieto, curioso e muito

crítico, especialmente de si mesmo, procura por seus erros, todos os dias, para não repeti-los. Gosta da tecnologia,

mas acredita que sua profissão é arte e background. Também aprecia cozinhar, especialmente para sua família e

amigos, que são, segundo ele, sua “maior riqueza”. É filho de Aloadyr da Silva Brandão e Wilda Bodart Brandão (ele,

dentista clínico-geral, aposentado, daqueles que trabalhavam das 7h às 21h, com dois empregos e consultório parti-

cular – incansável; ela, professora do ensino fundamental aposentada, chegou rapidamente ao cargo de diretora de

escola estadual, pela competência e seriedade, uma líder carismática). Dr. Roberto atua profissionalmente em sua

clínica particular, localizada em Vitória/ES, onde trabalha junto à sua esposa, Larissa – também ortodontista, com

formação acadêmica na Universidade Federal Fluminense. Desejo, por fim, um ótimo contato científico com esse

ortodontista cinco estrelas.

Telma Martins de Araujo

Roberto carlos Bodart Brandão

•GraduadoemOdontologiapelaUFESem1987.

•MestradoemOrtodontiapelaUFRJ,concluídoem1991.

•DoutoradoemOrtodontiapelaUNESP/Araraquara,concluídoem2000.

•ProfessordeOrtodontiadaUFES,desde1991.

•ProfessordaEspecializaçãoemOrtodontiadaFAESA.

•DiplomadopeloBBO,desde2005.

•Vice-presidentedaAssociaçãoBrasileiradeOrtodontia–SeçãoEspíritoSanto(ABOR-ES).

•ConsultordaRevistaDentalPressdeOrtodontiaeOrtopediaFacial.

•Ministroumaisde200palestrasecursos,possuiartigospublicadosemrevistasdeOrtodontiaeEstética.

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Entrevista

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 38 Maringá, v. 14, n. 6, p. 19-41, nov./dez. 2009

FIGURA 14 - A, b, C) Avaliação de má oclusão em MIH, detectando severa Classe III. d, E, F) Avaliação do mesmo paciente em RC, o que transforma o caso em tratamento mais simples, e passível de correção sem cirurgia. G, h, I) Correção em curso, baseada no uso de elásticos intermaxilares. J, K, L) Resultado final, incluindo restaurações incisais provisórias com resina composta.

A b C

d E F

G h I

J K L

considerando que há aumento na quantidade dos contatos oclusais após a remoção do apa-relho ortodôntico, como o senhor vê o uso, cada vez mais comum, de contensores termo-plásticos (placas de acetato) como dispositivo de contenção superior no pós-tratamento? Jonas Capelli Junior

Os contensores termoplásticos são placas que recobrem todos os dentes, inclusive em sua

superfície oclusal. Pelo fato de serem transparen-tes, agradam os pacientes. O ortodontista que o utiliza acredita na necessidade de contenção do movimento vertical dos dentes, evitando a aco-modação pós-tratamento. O que parece ser uma vantagem é de fato desastroso, quando se obser-va o que acontece nos seis meses que se sucedem à remoção dos aparelhos, pois a placa de aceta-to impede que haja um aumento significativo no

Page 18: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

BRANDÃO, R. C. B.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 39 Maringá, v. 14, n. 6, p. 19-41, nov./dez. 2009

A b C

FIGURA 15 - A) Paciente portador de má oclusão de Classe I com apinhamento. b, C) No início da fase de finalização, há necessidade de dobras em degrau para melhorar a intercuspidação. d, E, F) A eficiência da biomecânica só foi possível porque o contato prematuro foi previamente detectado, sendo reali-zado desgaste seletivo da crista marginal distal do dente 22 para permitir o movimento vertical. G, h, I) Resultado final, obtido em 26 meses de Ortodontia, sem perda de tempo e sem sequelas.

d E F

G h I

número de contatos oclusais8,20. O movimento dentário fisiológico no momento da irrupção é na-tural, desejável e necessário, aumentando a quanti-dade de contatos oclusais após o tratamento orto-dôntico ativo – para que, posteriormente, se possa distribuir esses contatos de forma qualitativa, por meio de ajuste oclusal com desgastes. De fato, por melhor que seja o profissional e seu cuidado na finalização, sempre haverá espaço para que a função muscular normal possa complementar a intercuspidação dentária de forma mais fisiológica

e estável. Não podemos dispensar essa ajuda da natureza, que estabelece uma potencial irrupção contínua dos dentes, melhorando o contato de um elemento com seu antagonista. Essa é a grande vantagem no uso dos aparelhos de contenção que não possuem qualquer tipo de material interposto entre os dois arcos dentários. É claro que estamos falando de mínimas acomodações pós-tratamento, e não de uma mordida aberta por falta de fina-lização do tratamento. Nossa escolha, via de re-gra, é pelo aparelho wraparound, o qual possui

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Entrevista

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 40 Maringá, v. 14, n. 6, p. 19-41, nov./dez. 2009

FIGURA 16 - A, d) Má oclusão Classe II divisão 1 em adulto. b, E) Resultado da oclusão imediatamente após o tratamento. C, F) Após seis meses de conten-ção, observa-se o aumento dos contatos oclusais pela ação muscular. G, h) Aparelho tipo wraparound que possibilita a acomodação após a Ortodontia, pois não há interferências oclusais. I) Sorriso final.

A b C

d E F

G h I

grampo contínuo passando na distal dos últimos dentes do arco superior, associado à barra colada nos caninos do arco inferior (Fig. 16). Quando se impede a irrupção dentária com uso de aparelhos termoplásticos, tende-se a aumentar a necessidade e quantidade de acréscimos, através de restaura-ções, visando a obtenção dos necessários contatos para o equilíbrio oclusal. Portanto, a evidência científica e a excelência clínica contraindicam o uso de aparelhos termoplásticos como contenção após o tratamento ortodôntico, e apontam para a

necessidade de se aguardar seis meses em conten-ção com aparelhos que não possuam interferência oclusal, para depois realizar ajustes por desgastes, visando o melhor equilíbrio oclusal2.

Endereço para correspondênciaroberto Carlos Bodart Brandão Av. Américo Buaiz, 501/1007 - Enseada da Praia do SuáCEP: 29.050-911 - vitória / ESE-mail: [email protected]

Page 20: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

BRANDÃO, R. C. B.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 41 Maringá, v. 14, n. 6, p. 19-41, nov./dez. 2009

Jonas capelli Junior- Livre-docência - uErJ.- Doutor em Odontologia - uErJ.- Especialista em Ortodontia - uErJ.

Luiz Gonzaga Gandini Junior- Livre-docência - unesp.- Pós-doutorado em Ortodontia - Baylor College of

Dentistry. - Doutor em Ortodontia - unesp/Araraquara.- Mestre em Ortodontia - unesp/Araraquara.- Especialista em Ortodontia - APCD/Araraquara.

Paulo césar Rodrigues conti - Livre-docência - fOB-uSP/Bauru.- Pós-doutorado - university of Medicine and Dentistry of

New Jersey/EuA.- Doutor em Odontologia - uSP/São Paulo.- Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor

Orofacial - fOB-uSP/Bauru.- Especialista em Prótese Dentária - uSP/São Paulo.

Telma Martins de Araujo- Doutora em Ortodontia - ufrJ.- Mestre em Ortodontia - ufrJ.- Professora titular de Ortodontia da ufBA.- Coordenadora do Curso de Especialização em

Ortodontia da ufBA.- Diretora do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia

facial.

Roberto Rocha- Doutor em Odontologia - ufrJ.- Mestre em Odontologia - ufrJ.

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REfERêNcIAS

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Page 21: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42-45, nov./dez. 2009

a r t i g o o n l i n E *

Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista**

Ivan Toshio Maruo***, Maria da glória Colucci****, Sérgio vieira*****, Orlando Tanaka******, Elisa Souza Camargo*******, Hiroshi Maruo********

Resumo

Objetivo: tendo em vista o conflito existente, no Ordenamento Jurídico brasileiro, entre o princípio da legalidade e o princípio da dignidade da pessoa humana no que diz respeito à prática da Ortodontia pelo cirurgião-dentista não-especialista, este trabalho teve como obje-tivo analisar a legislação e os julgados dos tribunais neste assunto. Metodologia: realizou-se o levantamento da legislação referente ao ensino e à prática da Ortodontia no Diário Oficial da União e nos órgãos competentes. Com relação aos julgados dos tribunais, a pesquisa foi reali-zada nos Tribunais de Justiça e nos extintos Tribunais de Alçada de todos os Estados-membros da República Federativa do Brasil, bem como do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, utilizando as palavras-chaves “Ortodontia”, “ortodôntico” e “ortodontista”. Resultados: a legislação brasileira classifica os cursos de pós-graduação em stricto sensu e lato sensu, os quais possuem normas de funcionamento próprias. As Diretrizes Curriculares Nacio-nais determinam que, no curso de graduação em Odontologia, seja apenas ministrada a Orto-dontia Preventiva. Os tribunais brasileiros entendem que, para a prática da Ortodontia Cor-retiva, é necessária habilitação em curso de pós-graduação. conclusão: o curso de graduação em Odontologia é competente para o ensino da Ortodontia Preventiva; somente os cursos de pós-graduação stricto sensu e lato sensu são competentes para ensinar a Ortodontia Corretiva; é inconcebível a interpretação de que o legislador faculta ao cirurgião-dentista não-especialista praticar a Ortodontia Corretiva; e o cirurgião-dentista não-especialista só pode praticar proce-dimentos que estejam incluídos na categoria de Ortodontia Preventiva e Interceptiva.

Palavras-chave: Ortodontia. Pós-graduação. Cirurgião-dentista. Clínico geral. Legalidade. Dignidade da pessoa humana.

*** Mestre e Doutorando em Odontologia, área de concentração Ortodontia, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Bacharel em Direito, Faculdade de Direito de Curitiba – Faculdades Integradas Curitiba (FIC).

**** Mestre em Direito Público, Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora titular da Faculdade de Direito de Curitiba – Faculdades Integradas Curitiba (FIC). Professora adjunta 04 da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Orientadora do Grupo de Biodireito e Bioética das Faculdades Integradas Curitiba (FIC).

***** Professor titular – graduação e pós-graduação em Odontologia – Dentística da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Coordenador do programa de pós-graduação em Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

****** Mestre e doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor titular – graduação e pós-graduação em Odontolo-gia – Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

******* Mestre e doutora em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora adjunta – graduação e pós-graduação em Odon-tologia – Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

******** Mestre e doutor em Ortodontia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor titular – graduação e pós-graduação em Odontolo-gia – Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

** Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade de Direito de Curitiba – Faculdades Integradas Curitiba (FIC).

* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

Page 22: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

MARUO, I. T.; COLUCCI, M. G.; VIEIRA, S.; TANAKA, O.; CAMARGO, E. S.; MARUO, H.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 45 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42-45, nov./dez. 2009

3) Quais outros tópicos concernentes ao viés legal da prática da Ortodontia devem ainda ser elucidados por trabalhos semelhantes a esse?

Esse foi o primeiro trabalho de uma série de três, que utilizaram a “Ciência do Direito” e a “Ortodontia baseada em evidências” para preen-cher as lacunas da legislação brasileira no que se refere à prática da Ortodontia. As leis e a juris-prudência devem ser interpretadas de maneira a trazer justiça para os profissionais sérios e para os pacientes.

Os outros dois artigos já foram aceitos para publicação na “Revista Dental Press de Ortodon-

tia e Ortopedia Facial”. O primeiro3 analisa se as conclusões do presente trabalho são compatíveis com o que ocorre em outros países; e o segun-do2, já publicado, trata das consequências que o presente artigo tem nos valores pagos pelos con-vênios odontológicos.

Mais trabalhos que utilizem as ferramentas da “Ciência do Direito” na resolução das dúvi-das legais dos ortodontistas devem ser realizados para valorizar e dar suporte legal aos profissio-nais que buscam, com a Ortodontia, trazer esté-tica, função, saúde e estabilidade no tratamento de seus pacientes.

Endereço para correspondênciaIvan Toshio Maruo rua Pasteur, 95 – Bairro BatelCEP: 80.250-080 – Curitiba / Pr E-mail: [email protected]

REfERêNcIAS

1. GUSMÃO, P. D. Introdução ao estudo do Direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.

2. MARUO, I. T.; SAGA, A.; CAMARGO, E. S.; GUARIZA FILHO, O.; TANAKA, O.; MARUO, H. Valores referenciais para pro-cedimentos odontológicos (VRPO) em Ortodontia. R. Dental Press Ortodon. Ortop. facial, Maringá, v. 14, n. 3, p. 40-43, maio/jun. 2009.

3. MARUO, I. T.; SAGA, A.; COLUCCI, M. G.; TANAKA, O.; MA-RUO, H. O exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista no Direito Comparado. R. Dental Press Ortodon. Ortop. facial. No prelo.

4. MORAES, M. C. B. Danos à pessoa humana. 1. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

5. RINCHUSE, D. J.; RINCHUSE, D. J. Orthodontics justified as a profession. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 121, no. 1, p. 93-96, Jan. 2002.

6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTODONTIA. A Ortodontia no Brasil antes da Sociedade Brasileira de Ortodontia. In: ______. Sua história e trajetória científicas. Rio de Janeiro, 2005.

Page 23: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46-49, nov./dez. 2009

a r t i g o o n l i n E *

Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise subjetiva do Padrão facial

Olívia Morihisa**, Liliana Ávila Maltagliati***

Objetivo: estudar duas análises subjetivas faciais utilizadas para o diagnóstico ortodôntico, a avaliação da agradabilidade facial e a definição de Padrão Facial, e verificar a associação existente entre elas. Métodos: utilizou-se 208 fotografias faciais padronizadas (104 laterais e 104 frontais) de 104 indivíduos escolhidos aleatoriamente, as quais foram submetidas à avaliação da agradabi-lidade por dois grupos distintos (grupo “Ortodontia” e grupo “Leigos”), que classificaram os indi-víduos em “agradável”, “aceitável” ou “desagradável”. Os indivíduos também foram classificados quanto ao Padrão Facial por três examinadores calibrados, utilizando-se apenas a vista lateral. Resultados e conclusão: após a análise estatística, verificou-se que houve associação fortemen-te positiva entre a agradabilidade facial e o Padrão Facial para a norma lateral, porém não para a frontal, em que os indivíduos tenderam a ser bem classificados mesmo no Padrão II.

Resumo

Palavras-chave: Ortodontia. Diagnóstico. Análise facial. Fotografia.

** Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). *** Professora doutora do programa de pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Umesp.

* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

Resumo do editor Com o propósito de contribuir com o estudo

do diagnóstico ortodôntico e das análises faciais, realizou-se este estudo para verificar a associa-ção existente entre a avaliação subjetiva da agra-dabilidade facial e os diferentes padrões faciais subjetivos. A amostra do estudo foi composta por fotografias iniciais preto-e-branco de frente e perfil de 104 pacientes ortodônticos com idades variando de 12 a 36 anos. A classificação da agra-dabilidade facial em “agradável”, “aceitável” ou “desagradável” foi realizada separadamente nas fotos de frente e perfil, em dois tempos distin-tos, por profissionais envolvidos com a Ortodon-tia e por leigos. A classificação do Padrão Facial, segundo Capelozza Filho, foi realizada por três

avaliadores (um professor doutor e dois mestran-dos do programa de pós-graduação). Verificou-se a associação entre a agradabilidade e o padrão fa-cial por meio do teste do qui-quadrado.

Para a análise de perfil, houve associação sig-nificativa entre as duas análises, considerando-se o julgamento dos grupos Ortodontia e Leigos (Tab. 1, 3). Em norma frontal, não houve asso-ciação entre a classificação de agradabilidade e o padrão facial, tanto no julgamento da Ortodontia como dos Leigos (Tab. 2, 4).

Estes resultados confirmam a hipótese de que indivíduos Padrão I, considerados com equilíbrio facial, em vista lateral apresentam maior agrada-bilidade ou aceitabilidade que indivíduos Padrão II ou III, que mostram mais evidentemente suas

Page 24: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

MORIHISA, O.; MALTAGLIATI, L. A.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 49 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46-49, nov./dez. 2009

Endereço para correspondênciaOlívia Morihisarua rua José Bertonha, 18 – Tangará CEP: 17.516-010 – Marília / SPE-mail: [email protected]

os grupos, tanto em vista lateral como frontal. En-tretanto, por sete vezes, houve julgamento “desa-gradável” concordante em todos os grupos forma-dos (GONL, GONF, GLNL e GLNF). Ou seja, os avaliadores parecem ter mais certeza daquilo que os desagrada do que daquilo que os agrada, corro-borando com Czarnecki et al.2 Dentre esses sete indivíduos, um deles era Padrão III (lembrando que na amostra havia apenas três Padrão III), cinco Padrão II e um Face Curta (o único Face Curta da amostra). Agora, em outros quatro casos, ocor-reu de o indivíduo ser considerado agradável em uma norma e desagradável em outra, utilizando os extremos de classificação. Desses, dois foram clas-sificados como Padrão I (agradável em NL e desa-gradável em NF) e dois como Padrão II (um deles agradável em NL e desagradável em NF, e o outro o contrário). Esse resultado não era esperado por

nós, porém vai ao encontro de nossos achados, de não haver concordância entre as NL e NF, apesar disso ter ocorrido apenas em quatro casos. Inte-ressante notar que, dos 47 casos Padrão I, ou seja, face equilibrada, em 17 houve classificação de de-sagradabilidade em norma frontal (11 indivíduos) ou em norma lateral (7 indivíduos), sendo que um deles foi classificado como “desagradável” tanto de frente quanto de perfil, independentemente do grupo de avaliadores. Com relação aos indivíduos Padrão III (três casos), todos foram julgados como “desagradável” (cinco vezes em seis possibilidades de classificação de agradabilidade) ou no máximo “aceitável” (uma vez em seis possibilidades), de forma igual para ambos os grupos de avaliadores. O único Face Longa da amostra também teve evi-denciada a desagradabilidade em três das quatro classificações (GONF, GONL e GLNF).

REfERêNcIAS

1. BURSTONE, C. J. The integumental profile. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 44, no. 1, p. 1-25, Jan. 1958.

2. CZARNECKI, S. T.; NANDA, R. S.; CURRIER, G. F. Percep-tions of a balanced facial profile. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 104, no. 2, p. 180-187, Aug. 1993.

3. FERRARIO, V. F.; SFORZA, C.; MIANÍ, A. Harmonic analysis and clustering of facial profiles. Int. J. Adult Orthodon. Orthognath. Surg., Chicago, v. 7, no. 3, p. 171-179, 1992.

4. KERR, W. J. S.; O’DONNELL, J. M. Panel perception of facial attractiveness. Br. J. Orthod., Oxford, v. 17, no. 4, p. 299-304, Nov. 1990.

5. MARTINS, L. F. Análise fotométrica em norma frontal, de adultos, brasileiros, leucodermas, não tratados ortodonti-camente, classificados pela estética facial. 2001. Disserta-ção (Mestrado em Odontologia)-Faculdade de Odontologia, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2001.

6. OKUYAMA, C. C.; MARTINS, D. R. Preferência do perfil facial tegumentar, em jovens leucodermas, melanodermas e xantodermas de ambos os sexos, avaliados por ortodontistas, leigos e artistas plásticos. Ortodontia, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 6-18, jan./abr. 1997.

7. SPYROPOULOS, M. N.; HALAZONETIS, D. J. Significance of the soft tissue profile on facial esthetics. Am. J. Orthod. Dentofa-cial Orthop., St. Louis, v. 119, no. 5, p. 464-471, May 2001.

Page 25: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

a r t i g o i n é d i t o

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42.e1 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42.e1-42.e10, nov./dez. 2009

Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista*

Ivan Toshio Maruo**, Maria da glória Colucci***, Sérgio vieira****, Orlando Tanaka*****, Elisa Souza Camargo******, Hiroshi Maruo*******

Resumo

Objetivo: tendo em vista o conflito existente, no Ordenamento Jurídico brasileiro, entre o princípio da legalidade e o princípio da dignidade da pessoa humana no que diz respeito à prática da Ortodontia pelo cirurgião-dentista não-especialista, este trabalho teve como ob-jetivo analisar a legislação e os julgados dos tribunais nesse assunto. Métodos: realizou-se o levantamento da legislação referente ao ensino e à prática da Ortodontia no Diário Oficial da União e nos órgãos competentes. Com relação aos julgados dos tribunais, a pesquisa foi reali-zada nos Tribunais de Justiça e nos extintos Tribunais de Alçada de todos os Estados-membros da República Federativa do Brasil, bem como do Superior Tribunal de Justiça e do Supre-mo Tribunal Federal, utilizando as palavras-chave “Ortodontia”, “ortodôntico” e “ortodontista”. Resultados: a legislação brasileira classifica os cursos de pós-graduação em stricto sensu e lato sensu, os quais possuem normas de funcionamento próprias. As Diretrizes Curriculares Nacio-nais determinam que, no curso de graduação em Odontologia, seja apenas ministrada a Orto-dontia Preventiva. Os tribunais brasileiros entendem que, para a prática da Ortodontia Cor-retiva, é necessária habilitação em curso de pós-graduação. conclusão: o curso de graduação em Odontologia é competente para o ensino da Ortodontia Preventiva; somente os cursos de pós-graduação stricto sensu e lato sensu são competentes para ensinar a Ortodontia Corretiva; é inconcebível a interpretação de que o legislador faculta ao cirurgião-dentista não-especialista praticar a Ortodontia Corretiva; e o cirurgião-dentista não-especialista só pode praticar proce-dimentos que estejam incluídos na categoria de Ortodontia Preventiva e Interceptiva.

Palavras-chave: Ortodontia. Pós-graduação. Cirurgião-dentista. Clínico geral. Legalidade. Dignidade da pessoa humana.

** Mestre e Doutorando em Odontologia, área de concentração em Ortodontia, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Bacharel em Direito, Faculdade de Direito de Curitiba – Faculdades Integradas Curitiba (FIC).

*** Mestre em Direito Público, Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora titular da Faculdade de Direito de Curitiba – Faculdades Integradas Curitiba (FIC). Professora adjunta 04 da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Orientadora do grupo de Biodireito e Bioética das Faculdades Integradas Curitiba (FIC).

**** Professor titular – graduação e pós-graduação em Odontologia – Dentística da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Coordenador do programa de pós-graduação em Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

***** Mestre e doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor titular – graduação e pós-graduação em Odontologia – Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

****** Mestre e doutora em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora adjunta – graduação e pós-graduação em Odon-tologia – Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

******* Mestre e doutor em Ortodontia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor titular – graduação e pós-graduação em Odontolo-gia – Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

* Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade de Direito de Curitiba – Faculdades Integradas Curitiba (FIC).

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Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42.e2 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42.e1-42.e10, nov./dez. 2009

INTRODUÇÃOCada país possui um único Ordenamento Ju-

rídico, o qual é a unificação lógica das normas e dos princípios jurídicos vigentes em um país13. A República Federativa do Brasil é um Estado De-mocrático de Direito e valoriza vários princípios.

O princípio da legalidade está expresso no ar-tigo 5º, inciso II, da Constituição Federal (CF) e pode ser melhor entendido através das máximas: “O Estado somente pode fazer o que a lei permi-tir” e “O particular pode fazer tudo o que a lei não proibir”. Como afirma Zanobini30, para os particu-lares, como a lei a eles é externa, se deve, em res-peito às suas liberdades, permitir tudo o que por elas não é mediata ou imediatamente restringido.

Seguindo esse raciocínio, em uma primeira aná-lise, a prática da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista parece ser lícita, uma vez que a Lei nº 5081/66, que regula o exercício da Odon-tologia, determina que compete ao cirurgião-den-tista praticar todos os atos, pertinentes à Odonto-logia, decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso regular ou em curso de pós-graduação e a Ortodontia faz parte do currículo dos cursos de graduação em Odontologia, desde 1856, com o título de “Ortopedia Dentária”28. Além disso, o Código de Ética Odontológica veda a titulação de especialista sem a inscrição da especialidade no Conselho Regional de Odontologia (CRO) e de-termina como infração ética anunciar ou divulgar títulos, qualificações, especialidades que não pos-sua ou que não sejam reconhecidas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), sem nada mencio-nar a respeito de sua prática.

Esta permissão é um problema e a mídia26, já em 1995, alertava que crescia o número de víti-mas de tratamentos ortodônticos feitos por profis-sionais sem especialização. Esses profissionais são formados pelo que Petrelli21 denominou de “Pragas da Ortodontia” e, além do tratamento odontológi-co, ofertam tratamento ortodôntico sem o preparo científico necessário20.

A Ortodontia está diretamente relacionada à

saúde humana24. Os danos causados pela má con-dução de um tratamento ortodôntico são uma vio-lação ao corpo do paciente e constituem dano à sua integridade psicofísica, a qual é um dos aspectos da dignidade da pessoa humana16. O princípio da dig-nidade da pessoa humana é expressamente men-cionado como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil no artigo 1º, inciso III, CF.

Os princípios jurídicos constitucionais são os fundamentos valorativos estruturantes e informa-dores que delimitam e conferem racionalidade sis-têmica a determinado Ordenamento Jurídico9 e o conflito entre eles não pode ser resolvido por mero critério hierárquico, mas sim por uma Teoria da Argumentação Jurídica9. Nessa teoria, o julgador procura argumentos dotados de racionalidade e consideravelmente aceitos pela sociedade – a partir de elementos como a lei, a fundamentação teórica e as decisões dos tribunais – para a resolução de cada caso concreto1.

Tendo em vista o conflito existente, no Orde-namento Jurídico brasileiro, entre os princípios da legalidade e da dignidade da pessoa humana no que diz respeito à prática da Ortodontia pelo cirurgião-dentista não-especialista, o objetivo des-te trabalho é avaliar a legislação e os julgados dos tribunais nesse assunto utilizando a Teoria da Ar-gumentação Jurídica.

MATERIAL E MÉTODOSPara entender qualquer Ordenamento Jurídi-

co, cabe utilizar-se da Ciência do Direito, que são conhecimentos metodicamente coordenados, re-sultantes do estudo ordenado das normas jurídicas, com o propósito de apreender o significado obje-tivo das mesmas e de construir o sistema jurídico, bem como de descobrir as suas raízes sociais e his-tóricas13. Segundo essa ciência, a República Federa-tiva do Brasil adota o sistema continental, ou Civil Law, em que a lei é a principal fonte do Direito, em detrimento do costume e do precedente judicial13.

Assim, inicialmente, foi realizado o levanta-mento das legislações referentes ao ensino e à prá-

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MARUO, I. T.; COLUCCI, M. G.; VIEIRA, S.; TANAKA, O.; CAMARGO, E. S.; MARUO, H.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42.e3 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42.e1-42.e10, nov./dez. 2009

tica da Ortodontia no Diário Oficial da União e nos órgãos competentes. Em seguida, essas foram organizadas conforme a hierarquia do sistema con-tinental13, que utiliza uma pirâmide em cujo ápice está a Constituição (que é a lei máxima) e, abaixo dela, estão as Leis Complementares, as Leis Ordi-nárias e os Regulamentos.

Com relação aos julgados dos tribunais, a pes-quisa foi realizada na homepage dos Tribunais de Justiça e dos extintos Tribunais de Alçada de todos os Estados-membros da República Federativa do Brasil, bem como do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. As palavras-chave utilizadas na busca foram “Ortodontia”, “orto-dôntico” e “ortodontista”. A partir dos resultados obtidos, através da leitura das ementas, foram se-lecionados somente os julgados que tratassem do ensino ou da prática da Ortodontia.

RESULTADOSLegislação brasileira sobre o ensino e a prática da OrtodontiaO ensino da Ortodontia como pós-graduação em Odontologia

A CF, em seu artigo 197, estabelece que são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e con-trole, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado; e, em seu artigo 205, dispõe que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao ple-no desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A Lei nº 9394/96 estabelece as diretrizes e ba-ses da educação nacional, tratando da Educação Superior em seu Capítulo IV. Nesse capítulo, no artigo 44, inciso III, define que a educação superior abrange cursos e programas de pós-graduação, com-preendendo programas de mestrado e doutorado,

cursos de especialização, aperfeiçoamento e ou-tros, abertos a diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino. Em se tratando da pós-graduação em Or-todontia, a legislação brasileira encontrada permite apenas a análise dos cursos de mestrado, de douto-rado e de especialização.

A Resolução nº 1/01 do Conselho Nacional da Educação estabeleceu normas para funciona-mento de cursos de pós-graduação, determinan-do que os cursos de pós-graduação são divididos em: stricto sensu, que compreende os programas de mestrado e doutorado, oferecidos somente por instituições de ensino superior devidamente auto-rizadas, dependendo de parecer favorável da Câ-mara de Educação Superior do Conselho Nacio-nal da Educação, fundamentado nos resultados da avaliação realizada pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e homologado pelo Ministro de Estado da Educação; e lato sensu, que seriam os cursos de especialização, oferecidos por instituições de ensino superior ou por instituições especialmente credenciadas para atuar nesse nível educacional, devendo ter corpo docente constituído por, pelo menos, 50% de professores portadores de título de mestre ou de doutor obtido em programa de pós-graduação stricto sensu reconhecido, estando sujeitos à supervisão dos órgãos competentes, a ser efetuada por ocasião do recredenciamento da instituição.

O CFO e os CROs foram instituídos pela Lei nº 4324/64 e regulamentados pelo Decreto nº 68704/71, cabendo-lhes zelar e trabalhar pelo bom conceito da profissão. São do CFO as Resolu-ções que tratam sobre a prática das especialidades odontológicas.

O artigo 1º da Resolução nº 22/01 do CFO define que a especialidade é uma área específica do conhecimento, exercida por profissional qua-lificado a executar procedimentos de maior com-plexidade, na busca de eficácia e da eficiência de suas ações.

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Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42.e4 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42.e1-42.e10, nov./dez. 2009

ma de 1.000 horas-aluno para a especialidade de Ortodontia. Em seu §3º, determina que o curso poderá ser ministrado em uma ou mais etapas, não excedendo o prazo de 36 meses. Pelo seu §2º (al-terado pela Resolução nº 38/03), das aulas da área de concentração, no mínimo 10% devem ser de natureza teórica e 80% de aulas práticas.

- O artigo 50, §1º, exige que a qualificação do coordenador de qualquer dos cursos de especia-lização seja, no mínimo, o título de mestre em programa de pós-graduação recomendado pela CAPES, ou revalidado por instituição de ensino superior de acordo com a Lei de Diretrizes e Ba-ses, e com experiência docente na área de conhe-cimento específico em curso de graduação e/ou pós-graduação em Odontologia.

- O artigo 51 determina que a qualificação mí-nima exigida do corpo docente na área de con-centração de qualquer curso de especialização é o título de especialista na área registrado no CFO.

- O artigo 53, §3º, exige que, após a conclusão do conteúdo programático, seja cobrada dos alunos apresentação da monografia num prazo de até 30 dias, perante uma banca examinadora constituída por dois examinadores e o professor orientador.

- O artigo 55, ainda, estabelece que a institui-ção responsável pelo curso somente emitirá cer-tificado de especialização aos alunos que tiverem frequência de, pelo menos, 85% da carga horária prevista; aproveitamento aferido em processo for-mal de avaliação equivalente a, no mínimo, 70%; e aprovação da monografia.

- O artigo 60 (alterado pela Resolução nº 26/02 e pela Resolução nº 44/03) determina que, no caso da Ortodontia, haverá uma entrada anual de alunos, respectivamente 4 ou 6, na dependên-cia do curso ser ministrado em 3 ou 2 anos, res-peitando sempre o limite de 12 no somatório das turmas. Além dessas exigências, o §6º institui que somente poderão ser deferidos reconhecimentos de cursos de especialização quando, na área de concentração, houver um número mínimo de 1 professor para cada 4 alunos.

A Ortodontia na pós-graduação stricto sensu segundo parâmetros legais

Segundo o artigo 8º, §1º, do Decreto nº 3860/01, o que caracteriza uma instituição de en-sino superior como universidade é a existência de programas de mestrado e doutorado em funcio-namento regular e avaliados positivamente pela CAPES.

A CAPES realiza uma avaliação trienal, com notas de 1 a 7, ao Programa de Pós-Graduação. Segundo determina a Portaria nº 13/02 da CA-PES, o programa que obtém nota igual ou supe-rior a 3 continua a integrar o Sistema Nacional de Pós-Graduação e tem a validade dos diplomas reconhecida pelo Ministério da Educação. Já os programas com notas 1 e 2 deixam de integrar o Sistema Nacional de Pós-Graduação e têm cance-lados o funcionamento e o reconhecimento dos cursos de mestrado e doutorado, impossibilitando a matrícula de novos alunos, e só têm validade os diplomas fornecidos enquanto usufruía de nota 3 ou superior.

Na Grande Área de Ciências da Saúde, na qual estão os mestrados e doutorados em Ortodontia, na avaliação do triênio 2001-200312, os crité-rios utilizados para a avaliação dos cursos foram: (1) Proposta do Programa; 2) Corpo Docente; (3) Atividades de Pesquisa; (4) Atividades de For-mação; (5) Corpo Discente; (6) Teses e Disserta-ções; (7) Produção Intelectual.

A Ortodontia na pós-graduação lato sensu segundo parâmetros legais

A responsabilidade sobre a aprovação e acom-panhamento dos cursos de especialização lato sen-su em Ortodontia é do CFO e é transmitida ao CRO do respectivo Estado, conforme a Decisão CFO nº 08/02.

A Resolução nº 22/01 do CFO baixa normas sobre anúncio e exercício das especialidades odon-tológicas e sobre cursos de especialização. Os cursos de Ortodontia são tratados nos seguintes artigos:

- O artigo 49 exige uma carga horária míni-

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MARUO, I. T.; COLUCCI, M. G.; VIEIRA, S.; TANAKA, O.; CAMARGO, E. S.; MARUO, H.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42.e5 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42.e1-42.e10, nov./dez. 2009

A partir da necessidade de se estabelecer pa-drões de excelência clínica no exercício da especia-lidade Ortodontia e Ortopedia Facial, em outubro de 1998, a ABOR criou a Comissão de Implanta-ção do Exame para Especialistas em Ortodontia4. Essa comissão apresentou projeto para a implanta-ção do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO) durante o 2º Congresso da ABOR, realizado em outubro de 1999, em Florianópolis4. O projeto foi discutido e avaliado em reunião or-dinária pelo Conselho Superior da ABOR, tendo sido aprovado em sua essência e com apoio da to-talidade de seus membros4.

No que diz respeito ao ensino e à prática da Ortodontia, destacam-se dois objetivos do BBO: “e) fornecer à comunidade as informações necessá-rias à avaliação dos serviços e cuidados especializa-dos de Ortodontia e Ortopedia Facial que lhe são disponibilizados” e “g) avaliar, mediante solicitação, entidades e instituições de formação de especialis-tas em Ortodontia e Ortopedia Facial, ficando com isso autorizada a divulgar a conceituação daquelas que se apresentarem com as condições de exce-lência estabelecidas pela BBO, podendo, nessa hi-pótese, conferir certificado de excelência de curso (“selo de qualidade”)”.

A prática profissional da OrtodontiaO artigo 5º, inciso XIII, da CF determina que

é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

No caso da Odontologia, a lei a ser adotada é a Lei nº 5081/66, que regula o exercício da Odon-tologia e determina, em seu artigo 6º, inciso I, que compete ao cirurgião-dentista praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de co-nhecimentos adquiridos em curso regular ou em curso de pós-graduação.

A Resolução nº 22/01 do CFO, em seu artigo 3º, determina que, para se habilitar ao registro e à inscrição como especialista, o cirurgião-dentista deverá: possuir título de mestre, livre-docente ou

O ensino da Ortodontia no curso de graduação em Odontologia

O Parecer nº 1300/01 do Conselho Nacional da Educação/Câmara de Ensino Superior determi-na que as diretrizes curriculares constituem orien-tações para a elaboração de currículos que devem ser necessariamente adotadas por todas as institui-ções de ensino superior. Nesse parecer estão inclu-ídas as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia.

As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia, que dirigem a formação dos ci-rurgiões-dentistas brasileiros, determinam em seu artigo 3º que “o Curso de Graduação em Odonto-logia tem como perfil do formando egresso/profis-sional o cirurgião-dentista, com formação genera-lista, humanística, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no ri-gor técnico e científico. Capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compre-ensão da realidade social, cultural e econômica de seu meio, dirigindo sua atuação para a transforma-ção da realidade em benefício da sociedade”.

A única menção que as Diretrizes Curriculares fazem à “Ortodontia” é no seu artigo 6º, nos con-teúdos essenciais para o Curso de Graduação em Odontologia, que devem estar relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade, integrado à realidade epidemioló-gica e profissional. A Ortodontia é citada somente nas Ciências Odontológicas, no seguinte contexto: “c) Odontologia pediátrica, onde serão ministrados conhecimentos de patologia, clínica odontopediá-trica e de medidas ortodônticas preventivas”.

O posicionamento do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia facial

O CFO emitiu a Portaria nº 27/03, designando como entidade consultora do CFO, nos assuntos atinentes à especialidade de Ortodontia, a Asso-ciação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR).

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Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42.e6 Maringá, v. 14, n. 6, p. 42.e1-42.e10, nov./dez. 2009

doutor, na área da especialidade, conferido por cur-sos que atendam às exigências do Conselho Nacio-nal de Educação; ou possuir certificado ou diploma conferido por curso de especialização ou programa de residência em Odontologia que atenda às exi-gências do CFO.

O Código de Ética Odontológica apenas veda, em seu artigo 16, a titulação de especialista sem a inscrição da especialidade no Conselho Regional; determina como infração ética, em seu artigo 34, inciso II, anunciar ou divulgar títulos, qualificações, especialidades que não possua ou que não sejam reconhecidas pelo CFO.

Julgados dos tribunais a respeito da prática e do ensino da Ortodontia

A Quinta Câmara Cível do Tribunal de Alçada de Minas Gerais reconheceu a responsabilidade do cirurgião-dentista sem título de especialista que realizou tratamento ortodôntico:

”Responsabilidade civil - dentista - Ortodontia - habilitação - prestação de serviço - cláusula con-tratual - processo disciplinar - responde civilmente pelos danos resultantes de tratamento ortodônti-co o profissional que utiliza material e aparelho fisioterápico inadequados, visto que tal responsa-bilidade decorre da imprudência ou imperícia no exercício da profissão. - a habilitação legal, por si só, não autoriza a prática da Ortodontia, sendo im-prescindível, ainda, a detenção de conhecimentos técnicos obtidos por meio de especialização”15.

Na Primeira Câmara Cível do extinto Tribunal de Alçada do Paraná também houve esse mesmo entendimento:

”Ação de indenização - responsabilidade civil - dentista - Ortodontia - habilitação - prestação de serviço - prova pericial idônea conclusiva no sentido de que o procedimento adotado não era o indicado para a correção da DTM (disfunção na articulação temporomandibular) - periodontopatia - negligên-cia em relação aos cuidados necessários durante o tratamento ortodôntico - imperícia - ausência de título de especialista - culpa - recurso desprovido.

1. Responde civilmente pelos danos resultantes de tratamento ortodôntico o profissional (dentista) que não adota as cautelas necessárias no exercício da profissão, agindo com imprudência, negligência e imperícia, causando sérios danos ao paciente.

2. A habilitação legal, por si só, não autoriza a prática da Ortodontia, sendo imprescindível, ain-da, a detenção de conhecimentos técnicos obtidos por meio de especialização.

3. Nos contratos de prestação de serviços odontológicos e médicos, considera-se implícita a cláusula de incolumidade do paciente, consisten-te no dever de cumprimento da obrigação sem produção de dano ou agravamento de sua saúde, ressalvando-se as hipóteses em que tal risco seja necessário, desde que haja prévia anuência daquele ou de seus familiares”18.

Também é do extinto Tribunal de Alçada do Pa-raná, em decisão da Primeira Câmara Criminal, o entendimento de que a prática da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista não configura ilícito penal:

“Recurso “ex officio”. Art. 282 do Código Penal. Cirurgião-dentista. Prática de Ortodontia. Com-petência. Autorização legal. Fato atípico. Ordem concedida. Recurso improvido”19.

Nem mesmo ser especialista em outra área habilita o profissional à prática da Ortodontia e, caso um tratamento seja malsucedido, o dentista responderá por danos materiais e morais, como deixou clara a Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

”Apelações cíveis. Ortodontia. Insucesso no tratamento. Profissional sem especialização na área. Danos patrimoniais e morais configurados. Juros de mora. Estando comprovada a imperícia do profissional de Odontologia, notadamente por aventurar-se em área específica e complexa para a qual não tinha especialização – Ortodontia – con-figurado está o dever de indenizar, seja por danos materiais, seja por danos morais. A corroborar tal constatação está a excessiva extrapolação do prazo de tratamento, pois, de um período médio de 24

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meses, fora a paciente submetida a mais de 5 anos de acompanhamento. Ademais, está assente a incli-nação das arcadas. Todavia, vai acolhida, por funda-mentos outros, a irresignação quanto aos juros de mora, pois, a partir da data da entrada em vigor do Código Civil de 2002, a adoção do percentual de 1% ao mês é corolário lógico. Apelo do réu impro-vido. Apelo da autora em parte acolhido”25.

DIScUSSÃOA análise da legislação brasileira mostra que o

CFO, responsável por zelar e trabalhar pelo bom conceito da profissão, entende que as especialida-des devem ser exercidas por profissionais qualifica-dos a executar procedimentos de maior complexi-dade, ou seja, por profissionais formados em curso de pós-graduação. A pós-graduação stricto sensu é fiscalizada pela CAPES e a lato sensu pelo CFO.

As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Odontologia determinam que os cursos de Gra-duação em Odontologia devem enfatizar o ensino da Ortodontia Preventiva, que é perfeitamente compatível com o atual Paradigma de Promoção de Saúde29. Esse paradigma vem trazendo bons re-sultados, confirmados com o último levantamento Saúde Bucal/Brasil5 e no Programa Brasil Sorriden-te atualmente em curso no país. As Diretrizes Cur-riculares são um marco conceitual determinado por relações externas e de âmbito social, incluindo a ideologia profissional, influências internacionais, relações dos profissionais de saúde na sociedade e a estrutura e o contexto socioeconômico em deter-minado momento e contexto histórico27.

Desta forma, uma vez que cabe à Ortodontia Preventiva supervisionar e orientar o desenvolvi-mento de um aparelho mastigatório eficiente e equilibrado – sob o ponto de vista morfológico, estético e funcional11 –, nela não estão incluídos os aspectos referentes à Ortodontia Corretiva. No máximo, pode-se interpretar que procedimentos preventivos se confundem com interceptivos e podem ser chamados em conjunto como procedi-mentos da Fase I da Ortodontia8. Por isso, não é

surpresa a constatação de Haag e Feres14 de que, a respeito do ensino da Ortodontia nos Cursos de Graduação em Odontologia: não existe uniformi-dade na denominação da Disciplina, tanto nas fa-culdades federais quanto nas particulares; a perio-dicidade da Disciplina varia de semestral a anual; o programa ministrado apresenta conceitos básicos, teóricos e práticos, mas varia na extensão dos as-suntos abordados, sendo proporcional à carga ho-rária; a carga horária varia, tanto comparando-se instituições federais às particulares, quanto fede-rais e particulares entre si; e nenhum dos progra-mas de graduação dá condições do exercício pleno da especialidade de Ortodontia, havendo necessi-dade da realização de um curso de pós-graduação.

Se a interpretação da legislação deixa claro que o ensino da Ortodontia Corretiva cabe somente aos cursos de pós-graduação, faticamente, existem os cursos que se autodenominam de “atualização” e “aperfeiçoamento”. Segundo Petrelli22, alguns desses cursos são ministrados em fins de semana, com uma carga horária de 4 a 8 horas e não estão aptos a preparar o profissional para o exercício da Ortodontia Corretiva.

Além desses, há o que Petrelli21 denominou de “Pragas da Ortodontia”, que são os cursos de Typo-dont, cursos ministrados em clínicas particulares, utilizando as denominações de Centro, Fundação, Núcleo etc., e Cursos em certas faculdades de Odontologia. Essas “Pragas”, além do tratamento odontológico, ofertam tratamento ortodôntico sem o preparo científico necessário20. Nesse contexto, associações de classe combatem esses cursos, como por exemplo a Associação Goiana de Ortodontia2.

O BBO foi criado aos moldes do American Bo-ard of Orthodontics, o qual foi fundado em 1929 e tem como objetivo elevar a qualidade da prática da Ortodontia7. Por isso, é coerente que o BBO tenha o objetivo de esclarecer à comunidade a respeito da avaliação dos serviços e cuidados especializa-dos de Ortodontia. O fato de o BBO se propor a avaliar as instituições que formam o ortodontista mostra que a qualidade do ensino é fundamental

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Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista

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para elevar a qualidade dos serviços ortodônticos.A proclamação que, pelo princípio da legalida-

de, a lei faculta ao cirurgião-dentista não-especia-lista a prática da Ortodontia não pode prosperar, porque, quando se fala de tratamento ortodônti-co, está se tratando do princípio da dignidade da pessoa humana. Segundo Bernardo3, o princípio da dignidade da pessoa humana não cederá em face de qualquer outro, funcionando como critério de solução do conflito entre princípios: a solução se dará em favor do princípio que melhor se compa-tibilize com a dignidade da pessoa humana.

Quando a Lei nº 5081/66 faculta ao cirurgião-dentista praticar todos os conhecimentos obtidos em curso regular e de pós-graduação, está suben-tendido que isso ocorrerá em cursos que possuam algum parâmetro de fiscalização e, ao se tratar de Ortodontia Corretiva, somente os cursos de pós-graduação stricto sensu e lato sensu possuem do-cumentos legais com parâmetros de qualidade. Da mesma forma, quando o Código de Ética Odonto-lógica não proíbe a prática das especialidades, con-sidera que o profissional só pratica atos aos quais tenha sido devidamente preparado. Essa interpre-tação é a mais correta pois, segundo o artigo 197 da CF, é de responsabilidade do Poder Público regular, fiscalizar e controlar ações de saúde. A qualidade do tratamento ortodôntico é uma questão de saú-de pública, porque uma intervenção inadequada à má oclusão pode levar a danos irreparáveis10 e foi comprovado que cirurgiões-dentistas não-especia-listas tratam casos menos severos que a média e os terminam pior que a média, em comparação ao pós-graduado em Ortodontia23. Como já afirmou Moyers17, é inconcebível ver dois níveis de quali-dade de tratamento ortodôntico: do especialista (mais complexo e mais caro) e do não-especialista (mais simples e mais barato), pois o tratamento deve ser sempre de alto-padrão.

A análise dos julgados dos tribunais demonstra que, mesmo para os operadores da Lei, para a rea-lização do tratamento ortodôntico corretivo é ne-cessário preparo em curso de pós-graduação, sendo

que esse deve ser especificamente em Ortodontia. Ainda, quando o cirurgião-dentista não-especia-lista realiza o tratamento ortodôntico corretivo e não é bem sucedido, responde civilmente (ou seja, patrimonialmente), mas não penalmente (ou seja, com restrição de sua liberdade). Da mesma forma, existe o Projeto de Lei nº 5479/016, atualmente aguardando o parecer do relator, que altera o arti-go 2º da Lei nº 5081/66 e dá outras providências, estabelecendo que a especialidade ortodôntica só será permitida ao dentista diplomado que tenha feito curso de especialização.

cONcLUSõESUtilizando a Teoria da Argumentação Jurídica,

a interpretação da legislação e dos julgados dos tri-bunais é possível concluir que:

1) O curso de graduação em Odontologia é competente para o ensino da Ortodontia Preven-tiva.

2) Somente os cursos de pós-graduação stricto sensu e lato sensu são competentes a ensinar a Or-todontia Corretiva.

3) É inconcebível a interpretação que o legis-lador faculta ao cirurgião-dentista não-especialista praticar a Ortodontia Corretiva.

4) O cirurgião-dentista não-especialista só pode praticar procedimentos que estejam incluí-dos na categoria de Ortodontia Preventiva e Inter-ceptiva.

Enviado em: março de 2007Revisado e aceito: novembro de 2007

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Study of the legality of orthodontic practice by general Practice Dentists*

AbstractObjective: In view of the conflict in the Brazilian legal system between the principle of legality and the principle of human dignity with regard to the practice of orthodontics by General Practice Dentists, this study aimed to analyze the legislation and judgments passed by courts regarding this issue. Methods: The authors conducted a survey of the legislation in the Federal Official Gazette and the competent authorities concerning the teaching and practice of orthodontics. As regards judgments passed, searches were performed in the Courts of Justice and the defunct Courts of Appeals in all Member States of the Federative Republic of Brazil, as well as the Superior Court of Justice and the Federal Supreme Court, using the keywords “Orthodontics”, “orthodontic” and “orthodontist”. Results: Brazilian legislation classifies postgraduate courses as strict sense (stricto sensu) or broad sense (lato sensu) courses, each with its own rules of operation. National Curriculum Guidelines provide that only Preventive Orthodontics be taught at the undergraduate level. It is the understanding of Brazilian courts that a postgraduate certificate is a prerequisite for the practice of Corrective Orthodontics. conclusion: An undergraduate course in Dentistry is sufficient for the teaching of Preventive Orthodontics; only postgraduate programs in the strict and broad senses are competent to teach Correc-tive Orthodontics; any construal that legislation allows General Practice Dentists to practice Corrective Orthodontics is inconceivable; General Practice Dentists are only allowed to perform procedures comprised in the Preventive and Interceptive Orthodontics categories.

Keywords: Orthodontics. Postgraduation. Dentist. General practice dentist. Legality. Human dignity.

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Estudo da legalidade do exercício profissional da Ortodontia por cirurgião-dentista não-especialista

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Endereço para correspondênciaIvan Toshio Maruo rua Pasteur, 95 – Bairro BatelCEP: 80.250-080 – Curitiba / Pr E-mail: [email protected]

23. POULTON, D.; VLASKALIC, V.; BAUMRIND, S. Treatment outcomes in 4 modes of orthodontic practice. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 127, no. 3, p. 351-354, Mar. 2005.

24. RINCHUSE, D. J.; RINCHUSE, D. J. Orthodontics justified as a profession. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 121, no. 1, p. 93-96, Jan. 2002.

25. RIO GRANDE DO SUL. Quinta Câmara Cível do TJRS. Apelação cível no 70006265839. Relator Des. Antonio Vinicius Amaro da Silveira. 25/06/2004. Disponível em <http://www.tj.rs.gov.br/site_php/jprud2/2004_337892>. Acesso em: 2 jan. 2005.

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a r t i g o i n é d i t o

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Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise subjetiva do Padrão facial

Olívia Morihisa*, Liliana Ávila Maltagliati**

Objetivo: estudar duas análises subjetivas faciais utilizadas para o diagnóstico ortodôntico, ava-liação da agradabilidade facial e definição de Padrão Facial, e verificar a associação existente entre elas. Métodos: utilizou-se 208 fotografias faciais padronizadas (104 laterais e 104 frontais) de 104 indivíduos escolhidos aleatoriamente, as quais foram submetidas à avaliação da agrada-bilidade por dois grupos distintos (Grupo “Ortodontia” e Grupo “Leigos”), que classificaram os indivíduos em “agradável”, “aceitável” ou “desagradável”. Os indivíduos também foram classi-ficados quanto ao Padrão Facial por três examinadores calibrados, utilizando-se apenas a vista lateral. Resultados e conclusão: após a análise estatística, verificou-se que houve associação fortemente positiva entre a agradabilidade facial e o Padrão Facial para a norma lateral, porém não para a frontal, em que os indivíduos tenderam a ser bem classificados mesmo no Padrão II.

Resumo

Palavras-chave: Ortodontia. Diagnóstico. Análise facial. Fotografia.

* Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). ** Professora doutora do Programa de Pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Umesp.

INTRODUÇÃOO diagnóstico na Ortodontia já foi guiado pela

oclusão como sendo o principal objetivo do trata-mento ortodôntico e se acreditava que uma ótima oclusão levaria, consequentemente, a uma estética facial ideal1,30. Durante quase todo o século XX persistiu a ideia de oclusão em primeiro plano nos objetivos do tratamento, talvez impulsionada pela cefalometria, que guiava o tratamento por meio do padrão de normalidade dentoesquelética30.

Contrariamente, Tweed30 e Stoner28 foram unânimes em afirmar que a melhor estética é meta tão ou mais importante para o ortodontis-ta do que a oclusão. Nesse período, iniciou-se o estudo de algumas normas para tecidos moles nas análises cefalométricas dentoesqueléticas5,22.

Um dos precursores dessa tendência foi Burstone5, que concluiu que a análise esquelética e dentária poderia levar à falsa interpretação do tecido mole, fato que foi reiterado por Legan e Burstone15.

Brandão, Domínguez-Rodríguez e Capelozza Filho3 citaram que medidas cefalométricas nem sempre concordam com a análise clínica, já que essas visões bidimensionais do esqueleto seriam reflexos imperfeitos do que existe clinicamente.

Outros autores15,28 priorizaram os tecidos mo-les e criaram análises faciais cefalométricas que também possuíam valores próprios de normalida-de para a face, com média da amostra estudada. Entretanto, como já observado1,15,18, seria errôneo tratar todos os pacientes dentro dos valores mé-dios. Essa afirmação foi reforçada por Rodrigues

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Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise subjetiva do Padrão Facial

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46.e2 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46.e1-46.e9, nov./dez. 2009

e Carvalho24, que compararam alguns padrões médios de normalidade9 à amostra de brasileiros, e verificaram que os brasileiros apresentam seus próprios padrões médios de normalidade.

Fernández-Riveiro et al.12, em 2003, lembra-ram que as análises faciais informam sobre a mor-fologia do perfil, bem como sua relação com o tecido ósseo subjacente. Se estendermos essa con-clusão para as demais etnias existentes, verifica-remos valores de normalidade próprios para cada uma, assim como para diferentes raças15, variando inclusive o perfil médio de acordo com épocas diferentes11. Estudaram valores médios para os tecidos moles do perfil facial que pudessem ser utilizados como um guia a se alcançar ao final do tratamento estético e concluíram que os valores obtidos na amostra só poderiam ser comparados aos de indivíduos com as mesmas características e seguindo a mesma técnica fotogramétrica.

Ao observar que muitos indivíduos nunca apre-sentariam, ao final do tratamento, os valores nor-mais cefalométricos, estudos passaram a ser reali-zados enfatizando o equilíbrio individual da face. Assim, surgiram as Análises Faciais de Proporção10, onde se inclui a Análise de Proporção Áurea Fa-cial23 e, a denominada Análise Facial Subjetiva.

Para Landgraf et al.14, a Análise Facial sistema-tiza o diagnóstico ortodôntico e se associa à aná-lise cefalométrica para oferecer ao paciente uma oclusão funcional com a melhor harmonia facial possível.

Essas análises voltadas especificamente para a face ganharam força após 1980, com o cresci-mento e incentivo à cirurgia ortognática, já que é verdade que a superfície externa da face não está diretamente relacionada com o esqueleto subja-cente – devendo essa ser estudada independen-temente – e que o conhecimento das proporções faciais e a objetividade das análises subjetivas na avaliação da harmonia facial poderiam auxiliar na correção cirúrgica da região10.

Com o propósito de contribuir com o estudo do diagnóstico ortodôntico e das análises faciais,

realizou-se o presente estudo para verificar a as-sociação existente entre a avaliação subjetiva da agradabilidade facial e os diferentes padrões fa-ciais subjetivos descritos por Capelozza Filho6.

MATERIAL E MÉTODOSPara a realização desse estudo, foi utilizada

uma amostra composta por 208 fotografias, 104 em norma lateral (NL) e 104 em norma frontal (NF), de 104 indivíduos brasileiros escolhidos ao acaso, sendo 48 do gênero masculino e 56 do fe-minino, com idades entre 12 anos e 5 meses e 36 anos.

As fotografias, pertencentes ao acervo do de-partamento de pós-graduação em Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo, foram obtidas de forma padronizada. Das 208 fotogra-fias, 132 foram obtidas segundo o método de pa-dronização fotográfica descrito por Reis20, para as laterais, e Martins16, para as frontais. As demais 76 fotografias obedeceram ao processo de obtenção segundo a metodologia de Scanavini et al.25

A seleção das fotografias obedeceu aos se-guintes critérios: obtidas com os indivíduos em Posição Natural de Cabeça (PNC); ausência de interferências na face como, por exemplo, franja de cabelo, acessórios estéticos e bijuterias; os in-divíduos não deveriam estar sorrindo nas fotos; e ausência de tratamento ortodôntico ou cirúrgico facial prévios.

Depois de selecionadas, as imagens fotográfi-cas tiveram seus negativos digitalizados por uma empresa especializada em fotografia. Trabalhou-se tanto com as imagens fotográficas impressas em papel fotográfico quanto com as digitalizadas, com resolução de imagem de 150dpi. Modificou-se a coloração original para tons de cinza, para que se observasse um bom contraste da região do plano sagital mediano com o fundo da imagem fotográfi-ca, no caso das imagens em vista lateral; e para que características faciais como tom de pele e cor dos cabelos não influenciassem os avaliadores durante a avaliação das faces em ambas as vistas.

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MORIHISA, O.; MALTAGLIATI, L. A.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46.e3 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46.e1-46.e9, nov./dez. 2009

classificação da agradabilidade facial em norma lateral e frontal

Para essa fase da pesquisa, considerou-se ne-cessário dois grupos de avaliadores: Grupo “Orto-dontia” (GO) – composto por um especialista em Ortodontia e 24 alunos de pós-graduação em ní-vel de mestrado, área de concentração Ortodontia, da Umesp, somando-se 25 indivíduos com idade média de 36,9 anos, sendo 14 do gênero mascu-lino e 11 do gênero feminino; e Grupo “Leigos” (GL) – constituído de 25 indivíduos maiores de 18 anos, com idade média de 36,4 anos, sendo 6 do gênero masculino e 19 do gênero feminino, das mais diversas idades, graus de escolaridade, profis-sões, classes sociais e descendências.

Os dois grupos avaliaram as fotografias de for-mas distintas e em dois momentos diferentes:

• primeiro momento: avaliação subjetiva da face em norma lateral;

• segundo momento: avaliação subjetiva da face em norma frontal.

grupo “Ortodontia” Para a avaliação subjetiva da face em vista la-

teral e frontal, utilizou-se imagens fotográficas digitalizadas trabalhadas para que somente a face ficasse à mostra (excluiu-se ao máximo as orelhas na vista frontal e o cabelo, hastes do cefalostato e referência ao plano vertical em ambas as vistas). Essas foram montadas no Programa Microsoft Po-

werPoint® 2002, com plano de fundo na cor preta, organizadas aleatoriamente, alterando-se a ordem da apresentação das fotografias nos dois momen-tos, e numeradas de 1 a 104 (canto inferior direi-to). As imagens das fotografias foram apresentadas aos avaliadores por meio de projeção multimídia, em sala com pouca iluminação (Fig. 1).

grupo “Leigos”Para a avaliação subjetiva da face em vista la-

teral e frontal, utilizou-se imagens fotográficas impressas em papel fotográfico. Essas foram orga-nizadas em dois álbuns fotográficos e numeradas no canto inferior direito, sendo um para as foto-grafias em vista lateral e outro para as em vista frontal, seguindo a mesma ordem de apresentação do Grupo “Ortodontia” (Fig. 2).

No início das duas avaliações, ambos os grupos avaliadores receberam uma “Carta de informação aos avaliadores”, na qual constavam as regras para o julgamento. Cada avaliador teria no máximo 15 segundos para avaliar e classificar a face dos indiví-duos de acordo com sua opinião pessoal, tanto na vista lateral quanto na vista frontal. As opções de classificação eram: “agradável”, “aceitável” e “desa-gradável”20. Os avaliadores receberam uma ficha em que preencheram seus dados (nome, idade, gênero, raça) e uma das três opções para cada ima-gem fotográfica da face, fosse ela em vista lateral ou em vista frontal.

FIGURA 1 - Exemplo das imagens em normas lateral (A) e frontal (b) de indivíduo da amostra avaliado por meio do Programa Microsoft Power-Point®.

FIGURA 2 - Exemplo das imagens em normas lateral e frontal de indiví-duo da amostra avaliado por meio dos álbuns fotográficos.

A

37 96

b

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Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise subjetiva do Padrão Facial

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46.e4 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46.e1-46.e9, nov./dez. 2009

A diferença entre o primeiro e o segundo mo-mento de avaliação foi, em média, de 21,12 dias para o GO e 25,68 dias para o GL.

Foram classificados como esteticamente “agra-dável” os indivíduos que obtiveram com maior fre-quência a classificação “agradável”, esteticamente “aceitável” aqueles que obtiveram com maior fre-quência a classificação “aceitável” e como esteti-camente “desagradável” os que apresentaram com maior frequência a classificação “desagradável”.

Análise do Padrão facialPara a análise do Padrão Facial, três avaliadores

(um professor doutor e dois mestrandos do pro-grama de pós-graduação) estudaram, em conjunto, os tipos de Padrão Facial e discutiram as diferenças de opiniões até estabelecerem um consenso sobre as características dos Padrões Faciais.

Cada um analisou individualmente as 104 imagens fotográficas das faces dos indivíduos em vista lateral, montadas e apresentadas no Progra-

ma Microsoft PowerPoint® 2002. Classificaram as faces dos indivíduos em Padrão I, Padrão II, Padrão III, Face Curta ou Face Longa, de acordo com os critérios descritos por Capelozza Filho6.

Cada indivíduo da amostra teve, então, seu Pa-drão Facial classificado de acordo com a concor-dância de, no mínimo, dois avaliadores.

Caso cada um optasse por uma diferente clas-sificação do Padrão Facial, ou seja, se não houvesse concordância de no mínimo dois avaliadores, o in-divíduo seria automaticamente excluído, atribuin-do-se à imagem fotográfica a incerteza da avaliação.

Análise estatísticaPara a realização da análise estatística, utilizou-

se o programa estatístico R® versão 2.2.1, disponí-vel na internet (www.r-project.org).

Verificou-se a associação entre a agradabilidade e o padrão facial para os dois grupos de avaliadores e para as normas lateral e frontal. Utilizou-se nível de significância a 5%.

GRÁFICO 2 - Avaliação subjetiva da face em fotografias em norma fron-tal pelo grupo “Ortodontia”.

Grupo ortodontia Frontal

Desagradável 25%

Aceitável 67,31%

Agradável 7,69%

GRÁFICO 1 - Avaliação subjetiva da face em fotografias em norma late-ral pelo grupo “Ortodontia”.

Grupo ortodontia Lateral

Desagradável 28,85%

Aceitável 53,85%

Agradável 17,31%

GRÁFICO 4 - Avaliação subjetiva da face em fotografias em norma fron-tal pelo grupo “Leigos”.

Grupo Leigos Frontal

Desagradável 24,04%

Aceitável 67,31%

Agradável 8,65%

GRÁFICO 3 - Avaliação subjetiva da face em fotografias em norma late-ral pelo grupo “Leigos”.

Grupo Leigos Lateral

Desagradável 28,85%

Aceitável 55,77%

Agradável 15,38%

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MORIHISA, O.; MALTAGLIATI, L. A.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46.e5 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46.e1-46.e9, nov./dez. 2009

RESULTADOSPara a análise subjetiva da agradabilidade facial

realizada nesse estudo, a distribuição da amostra pela avaliação do GO e GL, tanto para a fotografia em NL quanto para NF, está apresentada nos grá-ficos de 1 a 4.

Nas tabelas 1 a 4, observa-se a associação en-tre a avaliação da agradabilidade e o Padrão Facial, para os grupos “Ortodontia” e “Leigos” nas normas lateral e frontal.

Para atender às pressuposições estatísticas, as categorias II e III do Padrão Facial foram agrupadas e as categorias Face Curta e Face Longa não foram incluídas, pois o grupo era pequeno ou inexistente.

Pelas tabelas 2 e 4, constatamos que não houve associação entre a classificação de agradabilida-de e o Padrão Facial, em norma frontal, tanto no grupo “Ortodontia” como no “Leigos”. Ressalta-se, porém, que o maior nível descritivo (valor de p) desses testes foi 0,059.

Já em normal lateral, houve associação positiva

para ambos os grupos “Ortodontia” e “Leigos” para a relação entre a classificação do Padrão e da agra-dabilidade facial (Tab. 1, 3).

DIScUSSÃOA maior parte dos estudos referentes às análi-

ses faciais subjetivas utilizou escalas como méto-do para quantificar a estética facial. Dentre elas, três tipos são mais citados na literatura: a escala visual análoga27,29, a de referência19 e a escala de ranking7,8,26,29. A primeira consiste em classificar a estética facial apresentada em cada fotografia em uma escala de 0 a 100, por exemplo, representada por uma linha horizontal dividida em 10 secções iguais. O segundo tipo consiste em se determinar uma fotografia de referência e dar um valor para ela, sendo que as demais fotografias receberiam notas maiores ou menores. A terceira forma con-siste em apresentar todas as fotografias para os avaliadores e esses colocarem as mesmas em or-dem, do menos para o mais estético.

TABELA 1 - Agradabilidade em norma lateral versus classificação do Padrão Facial (Grupo Ortodontia).

Nota: qui-quadrado = 24,8828, df = 2, valor de p = 3,952e-06 = 0,000003952.

noRMA LAtERAL

PAdRÃo FACIAL

totALFACE CURtA

FACE LonGA I II III

agradável 0 0 15 3 0 18

aceitável 0 0 29 26 1 56

desagradável 1 1 3 23 2 30

totAL 1 1 47 52 3 104

Nota: qui-quadrado = 5,631, df = 2, valor de p = 0,059.

TABELA 2 - Agradabilidade em norma frontal versus classificação do Padrão Facial (Grupo Ortodontia).

noRMA FRontAL

PAdRÃo FACIAL

totALFACE CURtA

FACE LonGA I II III

agradável 0 0 6 2 0 8

aceitável 0 0 34 36 0 70

desagradável 1 1 7 14 3 26

totAL 1 1 47 52 3 104

TABELA 3 - Agradabilidade em norma lateral versus classificação do Padrão Facial (Grupo Leigos).

Nota: qui-quadrado = 13,5754, df = 2, valor de p = 0,001.

noRMA LAtERAL

PAdRÃo FACIAL

totALFACE CURtA

FACE LonGA I II III

agradável 0 0 9 7 0 16

aceitável 0 1 33 23 1 58

desagradável 1 0 5 22 2 30

totAL 1 1 47 52 3 104

Nota: qui-quadrado = 5,9372, df = 2, valor de p = 0,051.

TABELA 4 - Agradabilidade em norma frontal versus classificação do Padrão Facial (Grupo Leigos).

noRMA FRontAL

PAdRÃo FACIAL

totALFACE CURtA

FACE LonGA I II III

agradável 0 0 7 2 0 9

aceitável 0 0 33 37 0 70

desagradável 1 1 7 13 3 25

totAL 1 1 47 52 3 104

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Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise subjetiva do Padrão Facial

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46.e6 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46.e1-46.e9, nov./dez. 2009

Poucos trabalhos foram realizados com o in-tuito de se determinar o melhor método para a quantificação da estética facial, como o trabalho de Faure, Rieffe e Maltha11 , que, em estudo piloto, examinaram a utilidade da cada método e conclu-íram não haver diferença entre esses.

No presente trabalho, utilizou-se uma forma semelhante à escala visual análoga, porém sem o artifício da linha horizontal, sendo que os avaliado-res livremente classificaram a estética facial dos in-divíduos em (1) “desagradável”, (2) “aceitável” ou (3) “agradável”, de acordo com os próprios critérios de beleza. O indivíduo considerado “desagradável” seria comparável na linha horizontal aos valores menores, enquanto “aceitável” estaria na média da escala, e “agradável” os com valores maiores. Seria um método mais simples e objetivo de classifica-ção, sugerido por Reis20 e Martins16. A mesma for-ma de classificação foi empregada por Okuyama e Martins17, que utilizaram os termos “bom”, “regu-lar” e “deficiente”; e por Kerr e O’Donnell13, porém com os termos (5) “muito boa aparência”, (4) “boa aparência”, (3) “mediano”, (2) “desarmonioso”e (1) “muito desarmonioso”, considerado pelos auto-res como fácil de operar e consistente.

Para cada um dos 104 indivíduos desta amos-tra, houve 50 votos classificadores de perfil e 50 votos classificadores em vista frontal, somando-se os grupos de avaliadores. Como o trabalho não pretendeu verificar a reprodutibilidade da classi-ficação dada pelos avaliadores, não foi realizada uma segunda avaliação, pois o que se pretendeu verificar foi a presença ou não de harmonia facial.

A distribuição diferencia-se dos dados de Reis20 para fotografias do perfil e de Martins16 para foto-grafias frontais, tendo as autoras avaliado os mes-mos indivíduos. Reis20 encontrou 89% da amostra no grupo “aceitável”, 3% “agradável” e 8% “desagra-dável”, enquanto Martins16 obteve 83% dos indi-víduos considerados “aceitável”, 12% “agradável” e 5% “desagradável”. No presente estudo, detectou-se uma distribuição menos discrepante entre os grupos, possivelmente pela menor quantidade de

opções de classificação, já que as autoras16,20 fizeram uso de 9 opções (notas de 1 a 9), e no presente tra-balho utilizou-se 3 opções (“aceitável”, “agradável” e “desagradável”).

AGRADABILIDADE fAcIAL x PADRÃO fAcIAL

Broadbent4 relembrou que, antes da cefalome-tria, a estética facial era avaliada exclusivamente por meio de fotografias, que serviam não somente para avaliação da parte estética da face, mas tam-bém para avaliação da parte esquelética.

Parece, então, estar havendo um retrocesso, pois Arnett e Bergman2, ao descrever o método de análise facial clínica utilizado por eles no diag-nóstico ortodôntico e ortodôntico-cirúrgico, afir-maram que o exame de modelos e/ou o exame clínico de oclusão indicavam a necessidade de cor-reção do posicionamento dentário, porém a análi-se facial identificaria as características faciais posi-tivas e negativas do indivíduo e, por conseguinte, indicaria como a má oclusão deveria ser corrigida, tendo como objetivo final modificações estéticas necessárias e vantajosas para o indivíduo.

A filosofia do método descrito por eles lembra a filosofia das “Bases Morfológicas para o Diagnós-tico em Ortodontia”, ou Análise do Padrão Facial de Capelozza Filho6, aqui discutida em sua asso-ciação com a agradabilidade facial.

Segundo o Padrão Facial, a amostra deste es-tudo ficou distribuída da seguinte maneira: 45,2% Padrão I, 50% Padrão II, 2,88% Padrão III, 0,96% Face Longa e 0,96% Face Curta.

Os resultados apresentados mostram que, na avaliação em norma lateral, houve associação en-tre agradabilidade facial e Padrão Facial para am-bos os grupos avaliadores. Especificamente para o GO, dos 18 indivíduos considerados “agradável”, 15 pertenciam ao Padrão I e nenhum ao Padrão III, enquanto para os 56 considerados “aceitá-vel”, houve um equilíbrio entre o Padrão I, com 29 indivíduos, e o Padrão II, com 26. Para o gru-po considerado “desagradável”, de 30 indivíduos,

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MORIHISA, O.; MALTAGLIATI, L. A.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46.e7 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46.e1-46.e9, nov./dez. 2009

23 eram Padrão II. Quando analisado o Padrão III, observou-se 3 indivíduos nesse grupo, sendo que 2 deles apresentavam-se no grupo “desagradável” e 1 no “aceitável”. Para o Padrão I, a distribuição dos indivíduos era mais concentrada nos grupos “agra-dável” e “aceitável”, enquanto, para o Padrão II, maior concentração nos grupos “aceitável” e “desa-gradável”. Os únicos indivíduos Padrão Face Curta e Padrão Face Longa do estudo foram classificados como “desagradável”, corroborando com o estudo de De Smit e Dermaut8, que observaram prefe-rência dos avaliadores pelo perfil reto com padrão vertical normal, seguido pelo perfil reto com al-tura facial anteroinferior reduzida e pelos perfis faciais com altura facial anteroinferior aumentada, que foram os menos apreciados, concluindo que, na avaliação do perfil, o padrão vertical foi mais importante do que a característica sagital.

Esses resultados confirmam a hipótese de que indivíduos Padrão I, considerados com equilíbrio facial, sagitalmente apresentam maior agradabili-dade ou aceitabilidade que indivíduos Padrão II ou III, que mostram mais evidentemente suas dis-crepâncias esquelético-faciais nessa vista21.

Na norma frontal ocorreu o oposto, não haven-do associação entre as variáveis de Padrão Facial e agradabilidade facial. Porém, não podemos deixar de destacar a maior presença de indivíduos con-siderados “agradável” no Padrão I, assim como a totalidade dos indivíduos Padrão III terem sido considerados “desagradável”.

Acreditamos que um indivíduo, quando avalia-do de frente, tem sua simetria facial analisada, além de inúmeros outros fatores como olhos, tamanho e formato do rosto, desviando a atenção das possíveis alterações esquelético-faciais que são mais eviden-tes no perfil. Além disso, em muitas situações, as discrepâncias, como a deficiência mandibular que caracteriza o Padrão II ou a deficiência maxilar que caracteriza o Padrão III, podem ficar “mascaradas” na vista frontal, não fornecendo a real severidade da deformidade esquelética, levando os indivíduos a serem melhor avaliados nessa vista.

A distribuição do total de indivíduos quanto ao Padrão Facial e agradabilidade facial para os gru-pos avaliadores mostrou muita semelhança, tanto na NL quanto na NF, sendo que na NF mesmo as distribuições individualizadas das variáveis foram praticamente idênticas, porém, estatisticamente não houve associação para a norma frontal.

Confrontando os estudos de Reis20 com Reis et al.21 quanto à análise subjetiva de agradabilidade lateral e frontal, pode-se observar que a amostra constituída somente de indivíduos Padrão I, consi-derada esqueleticamente equilibrada, apresentou indivíduos classificados como esteticamente “agra-dável” em maior porcentagem do que a amostra que englobava 100 indivíduos sem distinção quan-to ao Padrão Facial I, II e III, tanto para a vista la-teral quanto para a frontal (10% para perfil e 20% para frontal contra 3% e 12%, respectivamente), ocorrendo diminuição para os indivíduos classifi-cados como esteticamente “aceitável” (86,7% para perfil e 73,3% para frontal, contra 89% e 83%, res-pectivamente) e “desagradável”, sendo que houve aumento de desagradabilidade para a vista frontal (3,3% para perfil e 6,7% para frontal contra 8% e 5%, respectivamente). Deve-se lembrar que o gru-po Padrão I21 faz parte da amostra total analisada pelos mesmos avaliadores20. De acordo com Reis et al.21, esses resultados eram esperados, pois os pacientes classificados como Padrão I apresentam equilíbrio facial reconhecido, principalmente, na avaliação do perfil. Padrões II ou III moderados podem não macular a face quando essa é avaliada de frente, mas são prontamente identificados pelo aumento ou redução da convexidade do perfil. Por isso, acreditam ser os indivíduos Padrão I mais agradáveis, tanto de frente quanto de perfil, quan-do comparados a pacientes Padrão II ou III.

Foi calculada, por meio dos dados obtidos, a porcentagem de indivíduos “agradável”, “aceitável” e “desagradável” dentro do grupo Padrão I, para efeito de comparação com os resultados de Reis et al.21 (Quadro 1). Pode-se observar que para as foto-grafias NL “agradável” e NL e NF “desagradável”, há

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Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise subjetiva do Padrão Facial

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 46.e8 Maringá, v. 14, n. 6, p. 46.e1-46.e9, nov./dez. 2009

PRESEntEEStUdo REIS et al.21

% PI (n = 47) % PI (n = 30)*

orto lateral “agradável” 31,910

Leigos lateral “agradável” 19,15

orto frontal “agradável” 12,7620

Leigos frontal “agradável” 14,89

orto lateral “aceitável” 61,786,7

Leigos lateral “aceitável” 70,21

orto frontal “aceitável” 72,3473,3

Leigos frontal “aceitável” 70,21

orto lateral “desagradável” 6,383,3

Leigos lateral “desagradável” 10,64

orto frontal “desagradável” 14,896,7

Leigos frontal “desagradável” 14,89

qUADRO 1 - Distribuição da porcentagem de indivíduos Padrão I nos grupos de agradabilidade facial na comparação entre duas amostras distintas.

* Neste trabalho não foi avaliada a diferença entre os avaliadores.

maior proporção de indivíduos nos resultados do presente estudo, quando comparados aos de Reis et al.21, ou seja, é possível afirmar que no presen-te estudo houve maior distribuição dos indivídu-os Padrão I nos grupos de agradabilidade. Para NF “agradável”, a proporção no estudo de Reis et al.21 é relativamente maior que a desse trabalho, ou seja, os avaliadores daquele trabalho detectaram mais agradabilidade facial na fotografia frontal para indi-víduos Padrão I do que os avaliadores do presente estudo. Para o grupo “aceitável”, houve semelhança

entre os estudos, com predominância desse grupo no trabalho de Reis et al.21 Diferentemente do pre-sente estudo, a amostra de Reis et al.21 foi constitu-ída somente de indivíduos Padrão I, considerados mais harmoniosos, e acredita-se que exatamente por essa diferença de amostragem é que no pre-sente trabalho observou-se maior porcentagem de indivíduos agradáveis na vista lateral, pois um indi-víduo com face harmoniosa e boa relação sagital, ao ser analisado juntamente com faces Padrão II ou III, considerados deficientes sagitalmente, teria mais avaliações “agradável” do que a amostra em com-paração. Agora, ao avaliar o grupo “desagradável”, Reis et al.21 obtiveram menores proporções de in-divíduos que o presente estudo, possivelmente por ser uma amostra constituída apenas por indivíduos com harmonia das relações esquelético-faciais, em que o fator principal da desagradabilidade passa a ser outro.

cONcLUSÃOCom base nos resultados obtidos e de acordo

com a metodologia empregada, conclui-se que não houve associação entre a avaliação subjetiva da agra-dabilidade facial em norma frontal e o Padrão Facial em ambos os grupos de avaliadores; porém, em nor-ma lateral houve associação fortemente positiva.

Enviado em: junho de 2006Revisado e aceito: novembro de 2008

Comparative evaluation among facial attractiveness and subjective analysis of facial Pattern

AbstractAim: To study two subjective facial analysis commonly used on orthodontic diagnosis and to verify the association between the evaluation of facial attractiveness and Facial Pattern definition. Methods: Two hundred and eight stan-dardized face photographs (104 in lateral view and 104 in frontal view) of 104 randomly chosen individuals were used in the present study. They were classified as “pleasant”, “acceptable” and “not pleasant” by two distinct groups: “Lay people” and “Orthodontists”. The individuals were either classified according to their Facial Pattern using lateral view images. Results and conclusion: After statistical analysis, it was noted a strong positive concordance between facial attractiveness in lateral view and Facial Pattern, however, frontal view attractiveness classification did not have good concordance with Facial Pattern, tending to have good attractiveness classification even in Facial Pattern II.

Keywords: Orthodontics. Diagnosis. Facial analysis. Photograph.

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 50 Maringá, v. 14, n. 6, p. 50-57, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Prevalência de más oclusões em crianças com 12 a 36 meses de idade em João Pessoa, Paraíba*

Sabrina Sales Lins de Albuquerque**, ricardo Cavalcanti Duarte***, Alessandro Leite Cavalcanti****, Érika de Morais Beltrão**

Resumo

Objetivo: verificar a prevalência de más oclusões em crianças de 12 a 36 meses de idade, de cre-ches públicas no município de João Pessoa / PB. Métodos: a amostra constou de 292 crianças, sendo 161 meninos (55,1%) e 131 meninas (44,9%), selecionados aleatoriamente. As crianças foram examinadas nas dependências das instituições selecionadas, sob luz natural, e os dados foram registrados em um formulário pré-estruturado, sendo os exames feitos por um exami-nador calibrado (Kappa = 0,85), avaliando a presença de sobremordida, de sobressaliência, de mordida aberta anterior e de mordida cruzada posterior. Os dados foram analisados por meio do programa estatístico SPSS. Resultados e conclusões: a prevalência de má oclusão na amostra foi de 40,7%, com a mordida aberta anterior presente em 35,6% das crianças, a mordida cruzada posterior em 5,1%, e sobressaliência moderada e sobremordida moderada em 35,5% e 24,7%, respectivamente. Com o desenvolvimento da oclusão, a prevalência de mordida aberta anterior aumentou, demonstrando a magnitude desse problema na primeira infância.

Palavras-chave: Epidemiologia. Má oclusão. Lactente. Pré-escolar.

** Mestre em Odontologia Preventiva Infantil pela Universidade Federal da Paraíba. *** Professor adjunto do departamento de Clínica e Odontologia Social da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB. **** Professor titular do departamento de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande/PB.

* Baseado em dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Odontologia da Universidade Federal da Paraíba.

INTRODUÇÃOA Odontologia tem despertado para a impor-

tância da sua atuação nos níveis mais primários, desde a vida intrauterina, passando pelo recém-nascido, até a irrupção dos primeiros dentes decí-duos19.

Desse modo, o odontopediatra tem a oportuni-dade de atuar precocemente, no sentido de prevenir possíveis desvios da oclusão, que podem se instalar logo após o nascimento, interceptando-os e restabe-lecendo a integridade do sistema estomatognático, para que a dentadura decídua desenvolva-se ade-quadamente3. Ademais, se constitui no responsável

pelo primeiro diagnóstico das más oclusões9.A porcentagem da população acometida pelos

desvios morfológicos da oclusão normal é tão gran-de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a má oclusão como o terceiro problema odontológico de saúde pública24. Muitas más oclu-sões resultam da combinação de pequenos desvios da normalidade, cada qual demasiado suave para ser classificado como anormal, mas sua combina-ção e persistência ajudam a produzir um problema clínico que deve ser solucionado, recuperando a in-tegridade e o equilíbrio do conjunto3,5.

A observação da relação dos arcos dentários

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Prevalência de más oclusões em crianças com 12 a 36 meses de idade em João Pessoa, Paraíba

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 56 Maringá, v. 14, n. 6, p. 50-57, nov./dez. 2009

dos relatados na literatura16. Crianças com sobres-saliência leve (até 2mm) representaram 89,5% da amostra. A sobressaliência moderada foi encontra-da em 7,5% das crianças e a severa em 0,5% delas.

A amplitude da sobressaliência foi descrita por diversos autores6,13, variando de 26,0% a 38,8% para a sobressaliência moderada e leve. Esses re-sultados são compatíveis com os obtidos na pre-sente pesquisa.

Não foram observadas diferenças entre os gê-neros nem ocorrência de mordida aberta anterior (Tab. 3).

No tocante à amplitude da mordida aberta an-terior, a média obtida nesse estudo foi maior do que a descrita por Adair et al.1, que variou de 0,41 a 0,81mm.

Com relação à prevalência de crianças com mordida aberta anterior e o grupo de dentes pre-sentes, observou-se que a mesma foi menos elevada entre as crianças do grupo 1, existindo associação fortemente significativa entre o grupo de dentes e a ocorrência de mordida aberta anterior (Tab. 4). Esses resultados concordam com os existentes na literatura6,7,27, que reportaram uma maior prevalên-cia de mordida aberta anterior em relação à fase de desenvolvimento da dentadura decídua, observan-do um aumento significativo das más oclusões com a irrupção dos primeiros molares decíduos e eleva-ção da dimensão posterior. Talvez essa associação

explique por que as crianças da faixa etária de 25 a 36 meses apresentaram maior prevalência de mor-dida aberta anterior.

Considerando-se a epidemiologia das más oclu-sões, pode-se dizer que a população pesquisada apresentou uma alta prevalência de mordida aber-ta anterior e uma baixa prevalência de mordida cruzada posterior. Além disso, a associação entre a fase de desenvolvimento da dentadura decídua, no que se refere à irrupção dos elementos dentários, e a presença de mordida aberta anterior confirma a necessidade de um monitoramento precoce da oclusão de crianças de pouca idade3, para que pos-sa ser estabelecido em programa de prevenção aos desvios da oclusão.

cONcLUSÃODiante dos resultados, pode-se perceber a neces-

sidade de implantação de programas de prevenção e controle de más oclusões direcionados a crianças de faixas etárias menores, incluindo a orientação aos pais, com o objetivo de diminuir a prevalência de más oclusões já na primeira infância, para que essas alterações sejam interceptadas precocemente e não evoluam para as dentaduras subsequentes.

Enviado em: janeiro de 2007Revisado e aceito: julho de 2007

Prevalence of malocclusion in children aged 12 to 36 months in João Pessoa, Paraíba state

AbstractAim: This study aimed to verify the prevalence of malocclusion in children aged 12 to 36 months, attending public daycare centers in the city of João Pessoa, Paraíba. Methods: The sample consisted of 292 children, 161 boys (55.1%) and 131 girls (44.9%) randomly selected from various daycare centers. They were all examined in their day-care centers environments under natural illumination and the findings entered into a pre-structured form, carried out by one calibrated examiner (Kappa = 0.85), concerning overbite, overjet, anterior open bite and posterior crossbite. The data were analyzed through the statistical program SPSS. Results and conclusions: The prevalence of maloc-clusion in the sample was 40.7%, with anterior open bite detected in 35.6%, posterior crossbite in 5.1%, and moder-ate overjet and overbite in 35.5% and 24.7%, respectively. With the development of the occlusion, the prevalence of anterior open bite increased, with the results draw attention to the magnitude of the problem in childhood.

Keywords: Epidemiology. Malocclusion. Infant. Child, preschool.

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ALBUqUERqUE, S. S. L.; DUARTE, R. C.; CAVALCANTI, A. L.; BELTRÃO, E. M.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 57 Maringá, v. 14, n. 6, p. 50-57, nov./dez. 2009

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Endereço para correspondênciaAlessandro Leite CavalcantiAv. Ingá, 124 – Manaíra CEP: 58.038-250 – João Pessoa / PBE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 58 Maringá, v. 14, n. 6, p. 58-64, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Inter-relação entre o perfil dos lábios superiores e a posição da maxila e dos incisivos superiores em pacientes adultos

Luciano Del Santo*, Marco Aurélio Bachega**, Marinho Del Santo Jr.***

Introdução: tanto as avaliações profissionais quanto as avaliações de pessoas leigas não indicam um claro relacionamento entre as características de perfil duro e do perfil mole em pacientes ortodônticos. Por outro lado, há evidências concretas de que o ortodontista possa alterar o perfil facial de seus pacientes. Objetivos: este trabalho visou mensurar a contribuição das ca-racterísticas ósseas da maxila e a inclinação dos incisivos superiores à posição do lábio superior. Métodos: uma amostra de 147 pacientes adultos, 58 homens e 89 mulheres, com idades de 15 a 49 anos, sendo a maioria caucasiana, foi retrospectivamente selecionada na clínica particular de um dos autores. Presumiu-se que o perfil estético facial depende dos tecidos ósseos que o su-portam e de sua própria constituição, como espessura, tonicidade e composição. O modelo de pesquisa não havia sido desenhado para controlar as características intrínsecas do tecido mole. Para compor as linhas estéticas de Ricketts e de Burstone, as variáveis cefalométricas de maior interesse foram SNA e U1PP, quando simultaneamente avaliadas. Resultados: os coeficientes de regressão, embora estatisticamente significativos, não contribuíram definitivamente para ex-plicar as variáveis de interesse, as linhas estéticas pré-determinadas. Além disso, os resultados encontrados sugeriram uma correlação negativa entre a posição maxilar (SNA) e a inclina-ção anteroposterior dos incisivos superiores (U1PP), possivelmente devido às compensações impostas pelos lábios e pela língua. conclusões: os resultados não apresentaram evidências científicas conclusivas sobre a contribuição dos tecidos duros para o perfil facial de tecido mole.

Resumo

Palavras-chave: Perfil facial. Perfil labial. Lábio superior.

* Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – HospHel/SP. Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – CBCTBMF. Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Araraquara).

** Professor assistente do curso de especialização em Ortodontia da Universidade de Marília/SP. Especialista em Ortodontia pela Sociedade Paulista de Ortodontia (SPO). MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

*** Mestre em Anatomia pela Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mestre em Ortodontia pela Baylor College of Den-tistry, Dallas, EUA. Doutor em Anatomia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).

INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURAHá muitas formas de avaliação do perfil facial,

entretanto as que têm despertado maior atenção da comunidade ortodôntica são as que expressam o conceito de “beleza” sugerido por pessoas leigas.

De modo geral, as avaliações profissionais apresen-tam concordância significativa com a opinião de leigos11. Entre profissionais, há coerência entre as avaliações de ortodontistas e as de cirurgiões bu-comaxilofaciais18.

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DEL SANTO, L.; BACHEGA, M. A.; DEL SANTO JR., M.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 63 Maringá, v. 14, n. 6, p. 58-64, nov./dez. 2009

tratamentos propostos5. E os principais fatores envolvidos nessa diferença foram: espessura dos lábios e inclinação dos incisivos.

Os modelos de regressão múltipla testados melhor evidenciaram que os incisivos superiores contribuem para dar suporte aos lábios superiores se sua posição anteroposterior (aqui representada pelo ângulo SNA) e sua inclinação anteroposte-rior (aqui representada pelo ângulo U1PP) são si-multaneamente consideradas (Tab. 3).

Interessante notar a correlação negativa entre a posição anteroposterior dos incisivos e sua inclina-ção (Tab. 4). Essa correlação negativa é explicada pela ação natural de compensação muscular, ca-muflando más oclusões, muitas vezes esqueléticas, pela adaptação da posição dos incisivos.

Com a harmonização das pressões musculares da língua e dos lábios, quando os incisivos supe-riores estão anatomicamente vestibularizados, in-seridos ou não em maxilas anatomicamente ante-riorizadas, são mais sujeitos à pressão labial, que tende a retroincliná-los. Da mesma forma, inci-sivos anatomicamente lingualizados, inseridos ou não em maxilas anatomicamente retruídas, estão mais sujeitos à ação da língua, que tende a projetá-los anteriormente.

As variáveis regressoras, quando individu-almente consideradas, podem atuar como uma covariável, isto é, ao não serem controladas, con-fundem o quanto o perfil duro influencia o perfil mole. Isso porque, em potencial, a inclinação ante-rior dos incisivos pode, estatisticamente, neutrali-zar a projeção anterior da maxila.

cONcLUSõESBaseando-se nos resultados apresentados, é

possível concluir que: 1) Os resultados encontrados não embutem

suficiente evidência para rejeitar a hipótese nula de não haver substantiva relação entre o perfil do lábio superior e o perfil duro maxilar.

2) Matematicamente, as variáveis cefalométri-cas de perfil duro maxilar que melhor explicam o perfil do lábio superior, embora sem significativa clareza, são SNA e U1PP simultaneamente consi-deradas pela equação regressora.

3) Há discreta correlação negativa entre a po-sição e a angulação dos incisivos superiores, devi-do às pressões musculares dos lábios e da língua.

Enviado em: janeiro de 2007Revisado e aceito: setembro de 2008

Inter-relationship between the upper lip and the maxillary positioning with upper incisors in adult patients

AbstractIntroduction: Professional evaluations and lay person evaluations as well do not show a clear relationship between hard tissue and soft tissue profiles in orthodontic patients. However, there are concrete evidences that the ortho-dontist can change the facial profile of the patients. Aim: This research project aimed to measure the contribution of the bone structure of the maxilla and the upper incisors inclination to the upper lip profile. Methods: A sample of 147 adult patients, 58 male and 89 female, aged from 15 to 49 years, the most of them Caucasians, was retro-spectively selected from the private practice of one of the authors. It was assumed that the esthetic facial profile depends of the hard tissues that support it besides its own features as thickness, strength and composition. The present research model was not set to control the intrinsic features of the soft tissue. To compose the Ricketts and Burstone esthetic lines, the main cephalometric variables were SNA and U1PP, when concomitantly considered. Results: The regression coefficients, although statistically significant, did not contributed expressively to explain the regard variables, the pre-defined esthetic lines. Furthermore, the results suggested a negative correlation be-tween the maxillary position (SNA) and the anteroposterior inclination of the upper incisors (U1PP), possibly due to the compensatory action of the lips and the tongue. conclusion: The results did not presented conclusive scientific evidences about the contribution of the hard tissues for the soft tissue facial profiles.

Keywords: Facial profile. Labial profile. Upper lip.

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Inter-relação entre o perfil dos lábios superiores e a posição da maxila e dos incisivos superiores em pacientes adultos

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 64 Maringá, v. 14, n. 6, p. 58-64, nov./dez. 2009

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Endereço para correspondênciaLuciano Del SantoAv. vereador José Diniz 3.725, conj. 81 – Campo Belo CEP: 04.603-004 – São Paulo / SPE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 65 Maringá, v. 14, n. 6, p. 65-71, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

responsabilidade civil do cirurgião-dentista: a importância do assistente técnico

ricardo Henrique Alves da Silva*, Jamilly de Oliveira Musse**, rodolfo francisco H. Melani***, rogério Nogueira Oliveira***

Resumo

Introdução: a responsabilidade do cirurgião-dentista pode ser entendida como obrigações de ordem penal, civil, ética e administrativa, às quais está sujeito no exercício de sua atividade. Assim, se comprovado um resultado lesivo ao paciente – por imprudência, imperícia ou ne-gligência –, o cirurgião-dentista estará sujeito às penalidades previstas no Código Civil, sendo obrigado a satisfazer o dano e indenizar segundo a consequência provocada. Em processos cíveis, as partes poderão contratar um assistente técnico para fornecer, aos respectivos ad-vogados, conhecimentos técnicos e científicos inerentes ao tema. Objetivo: informar sobre a importância da atuação de assistentes técnicos em processos cíveis, propiciando às partes uma maior compreensão dos aspectos técnicos, éticos e legais. conclusão: há a necessidade de um maior conhecimento, por parte dos profissionais em Odontologia, sobre os aspectos éticos e legais que norteiam a profissão.

Palavras-chave: Responsabilidade civil. Odontologia. Perícia.

* Professor doutor – Odontologia Legal – Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social – FORP/USP. ** Doutorado em Odontologia Social pela FO/USP. Docente do Curso de Odontologia da UEFS/Bahia. Odontolegista do Departamento de Polícia

Técnica de Feira de Santana, Bahia. *** Professor doutor do Departamento de Odontologia Social da FOUSP.

INTRODUÇÃOAo desempenhar atividade laborativa, além da

responsabilidade comum a todas as pessoas como cidadãos, compete ao trabalhador, também, uma responsabilidade específica: a de responder pelos atos cometidos no exercício da profissão.

Particularmente quando são consideradas as profissões da Saúde, essa obrigação de responder pelos atos praticados no desempenho da profissão (responsabilidade profissional) comporta um quá-druplo enquadramento: penal, civil, administrati-vo e ético25.

A difusão dos métodos de cura e a consciên-cia do dano sofrido têm conduzido a um aumento

significativo do número de pacientes que buscam a reparação por prejuízos em decorrência da culpa profissional. Entretanto, observa-se que os juristas nacionais pouco se dedicaram ao estudo da res-ponsabilidade civil dos cirurgiões-dentistas19. Tal enquadramento conduz à reflexão de que, em se tratando de vida humana, não há lugar para culpas pequenas17.

E, na atual realidade de mercado – altamente competitivo e no qual busca-se atingir, muitas ve-zes, apenas o lucro –, observa-se um aumento no número de processos contra profissionais da área da Saúde. Sendo a Odontologia uma das profis-sões intrinsecamente ligadas à Saúde Pública, a

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Responsabilidade civil do cirurgião-dentista: a importância do assistente técnico

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 70 Maringá, v. 14, n. 6, p. 65-71, nov./dez. 2009

fiel aos fatos ocorridos, serão abordadas pelo assis-tente técnico, podendo consultar especialistas na área do processo, a fim de procurar um melhor po-sicionamento na defesa de seu cliente. No entan-to, a necessidade do conhecimento da Legislação brasileira, bem como da Deontologia e Diceologia específicas, somado à experiência prática da ativi-dade aponta, como postura prudente, para a indi-cação de um profissional da Odontologia Legal.

Ainda em relação à assistência técnica, há uma série de sugestões, direcionadas especificamente aos advogados, no sentido de pautar sua atuação, em relação ao assistente técnico, dentro da nova sistemática que rege o processo civil no que tange à prova pericial18:

• Procurar contatar o assistente técnico antes mesmo do início da ação, pois esse poderá tornar-se um consultor técnico em todas as fases do pro-cesso, haja vista o desconhecimento do profissio-nal da área jurídica quanto aos aspectos técnicos da Odontologia.

• Antecipar-se à nomeação do perito oficial, permitindo ao assistente técnico tomar conheci-mento do processo, realizar um levantamento dos dados e propor sugestões de quesitos.

• Avisar ao assistente técnico da nomeação do perito oficial, fornecendo seu nome, endereço e telefone, para que ele possa contatá-lo com faci-lidade, a fim de fornecer-lhe as informações ne-cessárias e fazer as solicitações que eventualmente ocorram.

• Inteirar-se com o assistente técnico dos ho-norários que usualmente são cobrados pelos peri-tos oficiais naquele tipo de ação, que poderão ser guiados pelas tabelas profissionais ou costumes locais.

• Não manifestar-se com relação aos atos pra-ticados pelo perito oficial sem discutir o assunto com o assistente técnico, pois muitas vezes envol-vem temas de caráter restrito à categoria profissio-nal em que se inserem esses profissionais.

• Dar ciência ao assistente técnico do depósito dos honorários do perito oficial, a partir do qual a

perícia pode ter início a qualquer momento.• Comunicar ao assistente técnico sobre a de-

terminação para início da perícia, fornecendo-lhe o completo teor do despacho, pois muitos juízes costumam fixar dia e hora para a realização da vis-toria que, preferencialmente, deve contar com a presença do assistente técnico.

• Informar o assistente técnico de qualquer publicação sobre despacho relacionado à prova pericial, direta ou indiretamente.

• Fornecer ao assistente técnico, imediatamen-te, informação sobre publicação relativa à entrega do laudo pericial por parte do perito oficial.

• Tomar conhecimento, e passar ao assistente técnico, o teor da manifestação do assistente téc-nico da parte contrária sobre o laudo pericial en-tregue pelo perito oficial.

• Discutir com o assistente técnico o conteú-do de seu parecer sobre o laudo pericial emitido, pois o seu trabalho deve obedecer a uma linha de raciocínio e estratégia elaborada pelo advogado na construção da lide.

cONSIDERAÇõES fINAISÉ possível concluir que o assistente técnico

pericial desempenha uma função significativa em processos de responsabilidade profissional, pelo fornecimento de informações técnicas, biológicas e legais, devendo-se optar, preferencialmente, por profissionais da área de Odontologia Legal, haja vista que a atuação desse profissional não limita-se ao conhecimento técnico da área processada, mas a todo o trâmite do mesmo.

Observa-se, ainda, que as orientações de um assistente técnico podem trazer para o cirurgião-dentista vantagens, tais como: melhor organização da documentação odontológica, maior conhe-cimento de seus direitos e deveres e, sobretudo, maior segurança na sua atuação profissional.

Enviado em: janeiro de 2007Revisado e aceito: julho de 2007

Page 51: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

SILVA, R. H. A.; MUSSE, J. O.; MELANI, R. F. H.; OLIVEIRA, R. N.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 71 Maringá, v. 14, n. 6, p. 65-71, nov./dez. 2009

Surgeon dentist’s civil liability: The technical assistant’s importance

AbstractIntroduction: The dentist’s liability can be understood as the criminal, civil, ethical and administrative obligation that they have in their professional exercise. Thus, when producing a harmful result to the patient, due to impru-dence, ineptitude or recklessness, the dentists will be liable to the foreseen penalties on the Civil Code, where the compensation will be obligatory to satisfy the damage according to the reached consequence. In these types of processes, the involved parts will be able to contract a technical assistant to supply the respective lawyers about biological, technician and professional knowledge. Aim: This paper aim to report about the technical assistant’s importance, in the performance of each one of the involved parts in a civil process. conclusion: It is necessary a major knowledge, by dentists, about legal and ethical aspects in the professional activity.

Keywords: Civil liability. Dentistry. Peritial.

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Endereço para correspondênciaricardo Henrique Alves da Silvafaculdade de Odontologia de ribeirão Preto – uSPDepartamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e SocialAvenida do Café, s/n, Bairro Monte AlegreCEP: 14.040-904 – ribeirão Preto / SPE-mail: [email protected]

REfERêNcIAS

Page 52: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 72 Maringá, v. 14, n. 6, p. 72-81, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Tratamento ortopédico com aparelho de Herbst: ocorrem mudanças verticais no padrão de crescimento facial?

Luís Antônio de Arruda Aidar*, gladys Cristina Dominguez**, Patrícia Lopes de Souza Alvarez gonzalez***, Melissa gusmão Dutra Mantovani***

Resumo

Objetivo: o objetivo deste estudo prospectivo de 32 adolescentes com má oclusão de Classe II, divisão 1, associada a retrognatismo mandibular, tratados com aparelho de Herbst, construído so-bre bandas e coroas metálicas, foi avaliar cefalometricamente as possíveis mudanças no padrão de crescimento facial. Metodologia: as telerradiografias laterais foram obtidas ao início do tratamento (T1) e imediatamente após 12 meses de tratamento com o referido aparelho ortopédico (T2). Fo-ram utilizados o quociente de Jarabak e o VERT de Ricketts (modificado) para determinação do pa-drão facial em T1 e T2. Resultados: utilizando o quociente de Jarabak, os resultados evidenciaram que 27 casos (84,4%) apresentaram padrões hipodivergentes em T1 e permaneceram da mesma forma em T2. Cinco casos (15,6%) apresentaram padrão neutro em T1 e não exibiram mudanças em T2. Quando avaliado o VERT de Ricketts (modificado), não ocorreram mudanças no padrão facial em 31 pacientes. Em apenas um caso ocorreu mudança do tipo facial. conclusão: baseado nos resultados obtidos, pode-se concluir que, após 12 meses de tratamento com aparelho de Herbst, não ocorreram mudanças verticais no padrão de crescimento facial dos pacientes estudados.

Palavras-chave: Aparelho de Herbst. Cefalometria. Tipo facial.

* Professor doutor responsável pela disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Coordena-dor do curso de especialização em Ortodontia (Unisanta).

** Professora livre docente da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP-SP). *** Especialistas em Ortodontia pela Associação dos Cirurgiões-Dentistas de Santos, São Vicente e Região da Costa da Mata Atlântica (ACDSSV).

INTRODUÇÃOO aparelho de Herbst é um mecanismo te-

lescópico bilateral ancorado nos arcos superior e inferior que mantém a mandíbula em posição postural anterior contínua durante todas as fun-ções mandibulares14. Esse método de tratamento não depende da cooperação do paciente e, en-tre outras indicações, o aparelho era utilizado na

correção de DTMs, tais como estalidos e bruxis-mo14. Embora tenha sido proposto no início do século passado, existem poucas referências dessa técnica na literatura ortodôntica, até a mesma ter sido reintroduzida como método de tratamento, em 197914.

De acordo com uma avaliação realizada em seis dos maiores laboratórios dos Estados Unidos,

Page 53: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

Tratamento ortopédico com aparelho de Herbst: ocorrem mudanças verticais no padrão de crescimento facial?

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 80 Maringá, v. 14, n. 6, p. 72-81, nov./dez. 2009

terapia com Herbst. Foram encontrados, nos resulta-dos desse estudo, em média, aumentos significativos (p < 0,001) da altura facial anterior (N-Me), altura da face inferior (Xi-ENA.Xi-Pm) e altura facial pos-terior (S-Goc) (Tab. 1, 2) não alterando o padrão facial do paciente, segundo os critérios de Siriwat e Jarabak26, e o VERT de Ricketts4 (modificado). Isso parece lógico, especialmente porque o aumento na altura facial anterior durante o Herbst é devido ao efeito geométrico do reposicionamento mandibular anterior e ao aumento do comprimento mandibu-lar20 (p < 0,001 – Goc-Me) (Tab. 1).

Alguns estudos têm mostrado que o desenvol-vimento vertical do ramo aumenta durante o trata-mento com ativador30 e Herbst18. É importante res-saltar que, na presente pesquisa, o crescimento da base posterior do crânio (S-Ar) associado ao cres-cimento do ramo mandibular (Ar-Goc) aumentou significativamente (p < 0,001) entre T1 e T2, con-tribuindo para o aumento da altura facial posterior. As grandezas S-Gnc e N-Goc também tiveram modificações significativas (p < 0,001) em razão do aumento das alturas faciais anterior e posterior. Pelo fato de não ter sido utilizado um grupo con-trole, em razão da idade oportuna que os pacien-tes apresentavam no momento do tratamento, fica difícil saber quais foram os efeitos do tratamento e do crescimento. O tratamento com Herbst seria

mais útil naqueles casos de Classe II com falta de desenvolvimento vertical na altura facial anterior15. Por outro lado, resultados de um estudo21 mostra-ram que as mudanças esqueléticas e dentárias que contribuíram para a correção da Classe II não de-penderam da relação vertical das bases ósseas.

Embora não tenham ocorrido alterações verticais significativas com a correção da Classe II dos casos tratados, é de suma importância o acompanhamen-to longitudinal desse grupo de adolescentes para avaliação da estabilidade dos resultados obtidos.

Finalmente, todos os pacientes desse trabalho foram submetidos a uma segunda fase do tratamen-to ortodôntico, com montagem de aparelhagem fixa superior e inferior, com o objetivo de refinamento da oclusão. Após essa fase, novas avaliações serão realizadas no intuito de verificar a estabilidade do padrão facial dos pacientes estudados do início ao final do tratamento ortodôntico.

cONcLUSÃOBaseado nos resultados obtidos, pode-se con-

cluir que, após 12 meses de tratamento com apa-relho de Herbst, não ocorreram mudanças verticais que alterassem os padrões de crescimento facial dos pacientes estudados.

Enviado em: fevereiro de 2007Revisado e aceito: junho de 2008

Orthopedic treatment with the Herbst appliance: Do vertical changes occur in the facial growth pattern?

AbstractObjective: The aim of this prospective study was to evaluate through the exam of cephalograms the occurrence of changes in facial growth pattern. The sample was composed by 32 adolescent with Angle Class II, division 1 malocclusion and mandibular retrognathism. All patients were treated with the Herbst appliance built over bands and metal crowns. Methodology: Lateral cephalograms were taken at the beginning of treatment (T1) and imme-diately after 12 months of treatment with Herbst appliance (T2). Jarabak’s coefficient and Ricketts’ VERT (modified) were used to establish the facial pattern in T1 and T2. Results: According to Jarabak’s coefficient, in T1, 84.4% (27 cases) presented hypodiverging pattern and 15.6% (5 cases) presented neutral pattern. The facial growth pattern was maintained in all patients from T1 to T2. When the (modified) Ricketts’ VERT was used, 31 patients showed the same growth pattern from T1 to T2. Only one patient exhibited a different pattern. conclusion: Based on the results it can be concluded that, after 12 months of treatment with the Herbst appliance, there were no vertical changes in the facial growth pattern of the studied subjects.

Keywords: Herbst appliance. Cephalometrics. Facial pattern.

Page 54: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

AIDAR, L. A. A.; DOMINGUEZ, G. C.; GONZALEZ, P. L. S. A.; MANTOVANI, M. G. D.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 81 Maringá, v. 14, n. 6, p. 72-81, nov./dez. 2009

Endereço para correspondênciaLuís Antônio de Arruda Aidar rua Luís Suplicy 35, gonzagaCEP: 11.055-330 – Santos / SPE-mail: [email protected]

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REfERêNcIAS

Page 55: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 82 Maringá, v. 14, n. 6, p. 82-96, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Efeitos do aparelho Jasper Jumper no tratamento da má oclusão de Classe II

rafael Pinelli Henriques*, guilherme Janson**, José fernando Castanha Henriques**, Marcos roberto de freitas**, Karina Maria Salvatore de freitas***

Objetivo: o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos esqueléticos e dentoalveolares do trata-mento de pacientes com má oclusão de Classe II com o aparelho Jasper Jumper associado ao aparelho ortodôntico fixo, comparados a um grupo controle não-tratado. Métodos: a amostra foi constituída por 47 indivíduos, divididos em dois grupos: Grupo 1, contendo 25 pacientes com idade média de 12,72 anos, tratados com o aparelho Jasper Jumper por um tempo médio de 2,15 anos; Grupo 2 (controle), composto por 22 indivíduos com idade média de 12,67 anos, não-submetidos a tratamento ortodôntico e com má oclusão de Classe II, observados por um período médio de 2,12 anos. Foram avaliadas as telerradiografias ao início e ao final do tratamento ortodôntico para o Grupo 1 e do período de observação para o Grupo 2. As variá-veis cefalométricas iniciais, finais e as alterações com o tratamento foram comparadas entre os grupos por meio do teste t independente. Resultados: em comparação ao grupo controle, o grupo Jasper Jumper apresentou maior restrição do deslocamento anterior da maxila e maior retrusão maxilar, melhora da relação maxilomandibular, diminuição da convexidade facial, maior protrusão e intrusão dos incisivos inferiores e maior extrusão dos molares inferiores, além de maior diminuição dos trespasses horizontal e vertical e maior melhora da relação mo-lar. conclusão: a correção da Classe II no grupo tratado com o Jasper Jumper e aparelhagem fixa se deu principalmente devido à restrição do crescimento maxilar, protrusão e intrusão dos incisivos inferiores e extrusão dos molares inferiores.

Resumo

Palavras-chave: Má oclusão de Classe II. Cefalometria. Aparelho funcional.

* Mestre e doutor em Ortodontia pela FOB-USP. ** Professor titular do departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da FOB-USP. *** Mestre e doutora em Ortodontia pela FOB-USP. Coordenadora do mestrado em Ortodontia da Uningá.

INTRODUÇÃOAo analisar a prevalência das más oclusões, a

de Classe I está presente em 55% da população brasileira enquanto a de Classe II em 42%25. Essa última se caracteriza por uma desarmonia antero-posterior das bases ósseas, que influencia negati-vamente a estética e a autoestima dos pacientes, o que justifica o maior percentual desses em busca

por tratamento ortodôntico. Freitas et al.9 verifica-ram que 54% dos pacientes do gênero masculino e 58% do gênero feminino que procuraram soluções para os seus problemas dentoesqueléticos possuí-am a má oclusão de Classe II. Ela pode se manifes-tar precocemente, prejudicando não só a estética mas também algumas funções essenciais, como a mastigação, a deglutição e a fonação2.

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Efeitos do aparelho Jasper Jumper no tratamento da má oclusão de Classe II

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 94 Maringá, v. 14, n. 6, p. 82-96, nov./dez. 2009

deslocamento para anterior da maxila e da pro-trusão dos incisivos inferiores, estatisticamente significativas, associadas ao crescimento mandi-bular normal.

O trespasse vertical, ao início do tratamento, apresentava-se semelhantemente aumentado em ambos os grupos, porém, após o tratamento com o Jasper Jumper, o trespasse vertical diminuiu, corri-gindo o trespasse inicial aumentado. Um fator que pode ter auxiliado nessa correção é a intrusão dos incisivos inferiores verificada nesse grupo20,29,30. Além disso, houve uma extrusão significativa dos molares inferiores no grupo tratado, facilitando a correção desse trespasse.

Na fase final de tratamento, no grupo contro-le, os trespasses horizontal e vertical se mostraram significativamente aumentados com relação aos trespasses do grupo tratado (Tab. 7). Da mesma forma, a relação molar se mostrou melhor no gru-po experimental com relação ao controle (Tab. 7). Esse resultado era esperado, pois os dois gru-pos apresentavam inicialmente más oclusões de Classe II e, no grupo tratado, essa má oclusão foi corrigida, resultando na correção dos trespasses horizontal e vertical e da relação molar, que se mantiveram discrepantes e sem correção no grupo controle não-tratado.

cONSIDERAÇõES cLÍNIcASDe modo geral, pode-se observar que o apa-

relho Jasper Jumper, utilizado conjuntamente ao aparelho fixo, promoveu a correção da má oclusão de Classe II, divisão 1, presente nos pa-cientes ao início do tratamento. Verificou-se que essa correção se deu por meio de algumas alte-rações esqueléticas e, principalmente, dentoalve-olares1,4,5,16,17,18,20,22. Em virtude desses efeitos pre-dominantemente dentoalveolares, esse aparelho pode ser utilizado tanto em pacientes em cresci-mento como em pacientes adultos, que não apre-sentam mais potencial de crescimento18,21.

No grupo tratado com o Jasper Jumper e apa-relhagem fixa, houve uma restrição significativa

do crescimento e deslocamento anterior da ma-xila e também importantes compensações dento-alveolares, como a protrusão e intrusão dos incisi-vos inferiores e a extrusão dos molares inferiores. Dessa forma, o Jasper Jumper deverá ser indicado principalmente em casos com protrusão maxilar.

Assim, o mais importante do tratamento or-todôntico é o planejamento detalhado e a deter-minação correta do protocolo de tratamento a ser utilizado, sendo que as inúmeras pesquisas que ana-lisam as alterações de diversos aparelhos visam for-necer dados ao ortodontista para que esses possam utilizar o aparelho tendo o conhecimento pleno dos efeitos que o mesmo promove.

cONcLUSõES

Com relação ao grupo controle, o grupo Jasper Jumper apresentou maior restrição do desloca-mento anterior da maxila e maior retrusão maxi-lar, melhora da relação maxilomandibular, dimi-nuição da convexidade facial, maior protrusão e intrusão dos incisivos inferiores e maior extrusão dos molares inferiores, além de maior diminuição dos trespasses horizontal e vertical e maior melho-ra da relação molar.

A correção da Classe II no grupo tratado com o aparelho Jasper Jumper e aparelhagem fixa se deu principalmente devido à restrição do crescimento maxilar, à protrusão e intrusão dos incisivos infe-riores e à extrusão dos molares inferiores.

Enviado em: agosto de 2008Revisado e aceito: setembro de 2009

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Effects of the Jasper Jumper appliance in the treatment of Class II malocclusion

AbstractAim: The aim of this study was to evaluate the skeletal and dentoalveolar effects of the Class II malocclusion treatment with the Jasper Jumper appliance associated with fixed orthodontic appliances, compared to an untreated control group. Methods: The sample comprised 47 subjects, divided into two groups: Group 1, with 25 patients at a mean age of 12.72 years, treated with the Jasper Jumper appliance for a mean period of 2.15 years; Group 2 (Control), including 22 subjects at a mean age of 12.67 years, who were not submitted to orthodontic treatment and presenting Class II malocclusion, observed by a mean period of 2.12 years. It was evaluated the cephalograms before and after orthodontic treatment for Group 1 and observational period for Group 2. Initial and final cephalometric variables and changes with treatment were compared between the groups by independent t tests. Results: When compared to the control group, the Jasper Jumper group presented greater restriction of anterior displacement of the maxilla and a greater maxillary retrusion, improvement of maxillomandibular relationship, reduction of facial convexity, greater pro-trusion and intrusion of mandibular incisors and a greater extrusion of mandibular molars, besides a greater reduction of overjet and overbite and improvement of molar relationship. conclusion: The correction of the Class II in the group treated with the Jasper Jumper and fixed appliances was mainly due to restriction of maxillary growth, protrusion and intrusion of mandibular incisors and extrusion of mandibular molars.

Keywords: Class II malocclusion. Cephalometrics. Functional appliance.

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Efeitos do aparelho Jasper Jumper no tratamento da má oclusão de Classe II

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 96 Maringá, v. 14, n. 6, p. 82-96, nov./dez. 2009

Endereço para correspondênciaKarina Maria Salvatore de freitasrua Jamil gebara 1-25 apto 111CEP: 17.017-150 – Bauru / SPE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 97 Maringá, v. 14, n. 6, p. 97-108, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Avaliação ortopantomográfica das angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores com e sem a presença dos terceiros molares

rodrigo Castellazzi Sella*, Marcos rogério de Mendonça**, Osmar Aparecido Cuoghi**

Objetivos: comparar os valores médios normais das angulações mesiodistais dentárias, pro-postos por Ursi, em 1989, com as angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores em indivíduos com e sem a presença dos terceiros molares inferiores e idades entre 18 e 25 anos. Além disso, foram comparados os valores das angulações mesiodistais desses dentes nessas duas situações. Métodos: foram utilizadas 40 radiografias ortopantomográficas de indivíduos, de ambos os gêneros, que não receberam tratamento ortodôntico, divididos em dois grupos: Grupo I, constituído por 20 radiografias que não apresentavam os terceiros molares inferiores; e Grupo II, formado por 20 radiografias com os terceiros molares inferiores presentes. Resultados e conclusões: a análise dos resultados e a análise estatística permitiram concluir que ambos os grupos exibiram pré-molares e molares inferiores mais angulados em sentido mesial, quando comparados à oclusão normal. Por outro lado, a angulação mesiodistal de caninos inferiores mostrou-se semelhante àquela apresentada em casos de oclusão normal. Os dois grupos, quando comparados entre si, exibiram semelhantes valores angulares dos caninos, pré-molares e molares inferiores, de modo que a presença dos terceiros molares não exerceu influência sobre essas angulações mesiodistais dentárias.

Resumo

Palavras-chave: Terceiro molar. Ortopantomografia. Angulações dentárias. Movimentação dentária.

* Mestre em Ortodontia pelo programa de pós-graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp. Doutorando em Orto-dontia pelo programa de pós-graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp. Professor do departamento de Anatomia, área de Anatomia Humana, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina – UEL.

** Professor assistente doutor do departamento de Odontologia Infantil e Social, Disciplina de Ortodontia Preventiva, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp.

INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURAAo longo da história da Ortodontia, foram

demonstradas diferentes formas de se obter a an-gulação correta dos dentes ao término do trata-mento ortodôntico. Primeiro por meio de dobras artísticas nos fios, seguidas por braquetes soldados

angulados nas bandas, de acordo com Holdaway13, e culminando na mais recente evolução para ob-tenção desse objetivo da Ortodontia: os braquetes totalmente ajustados desenvolvidos por Andrews2, que incorporam aos braquetes padrão os requisi-tos necessários para obtenção das “seis chaves para

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SELLA, R. C.; MENDONçA, M. R.; CUOGHI, O. A.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 107 Maringá, v. 14, n. 6, p. 97-108, nov./dez. 2009

Os caninos, por sua vez, demonstraram não sofrer influência da má oclusão e dos terceiros molares. Dessa forma, devem ter suas angulações mesiodistais avaliadas pelo clínico, que provavel-mente não as alterará, pois, conforme o presente estudo, apresentam seus valores médios semelhan-tes ao padrão de normalidade.

cONcLUSÃOOs Grupos I e II, com e sem a presença dos

terceiros molares inferiores, compostos por indi-víduos que nunca haviam recebido tratamento ortodôntico e apresentavam má oclusão, quando comparados com o Grupo Controle de oclusão normal, exibiram:

- Pré-molares e molares inferiores mais angula-dos mesiodistalmente.

- Caninos inferiores com angulações mesiodis-tais semelhantes.

Os dois grupos avaliados apresentaram valores das angulações mesiodistais de caninos, pré-mola-res e molares inferiores semelhantes, de modo que:

- A presença dos terceiros molares não exerceu influência sobre essas angulações dentárias.

- A maior angulação mesiodistal nos pré-mola-res e molares inferiores de ambos os grupos sugere que essa é uma característica relacionada com os fatores inerentes à má oclusão e muito pouco en-volvida com os terceiros molares.

Enviado em: julho de 2007Revisado e aceito: maio de 2009

Panoramic evaluation of the mesiodistal angulations of canine teeth, premolar and inferior molars with and without the presence of the third molars

AbstractAim: To compare the normal mean values of the mesiodistal axial angulation, proposed by Ursi in 1989, with the mesiodistal axial angulation of canine teeth, premolar and inferior molars in individuals with and without the pres-ence of the third inferior molars and ages between 18 and 25 years. Besides, the values of the mesiodistal axial angulation of these teeth were compared in these two situations. Methods: Forty panoramic x-rays were used from individuals of both genders that didn’t receive orthodontic treatment, divided in two groups: Group I, constituted by 20 x-rays that didn’t present the third inferior molars, and Group II, formed by 20 x-rays with the presence of the third inferior molars. Results and conclusions: The results analysis and the statistical analysis allowed to conclude that both Groups exhibited inferior premolar and molars more angled in mesial direction when compared to the normal occlusion. On the other hand, the mesiodistal axial angulation of inferior canine teeth was similar to the presented in cases of normal occlusion. The two groups, when compared amongst themselves, exhibited similar angular values of the canine teeth, premolar and inferior molars, so that the presence of the third molars didn’t exercise influence on these dental angulations.

Keywords: Third molar. Panoramic x-ray. Tooth angulation. Tooth movement.

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Avaliação ortopantomográfica das angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores com e sem a presença dos terceiros molares

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Endereço para correspondênciarodrigo Castellazzi Sellarua Jonatas Serrano, 825 – CentroCEP: 86.060-220 – Londrina/PrE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 109 Maringá, v. 14, n. 6, p. 109-117, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Avaliação das alterações dentárias na maxila em pacientes submetidos à expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente sem o envolvimento da sutura pterigomaxilar*

Paulo roberto Pelucio Camara**, fernanda C. goldenberg***, Dov C. goldenberg****, Nivaldo Alonso*****, Marco A. Scanavini******

Objetivo: avaliar as alterações nos arcos dentários superiores no sentido transversal e a quan-tidade de inclinações nos dentes de apoio do aparelho de expansão tipo Hyrax em pacientes submetidos à expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente (ERMAC) e a efetividade dessa técnica cirúrgica utilizada. A amostra foi composta por 34 pares de modelos de gesso de 17 pacientes, sendo 6 do gênero masculino e 11 do gênero feminino. Métodos: as medidas foram realizadas em modelos de gesso por meio de medição das alterações nos planos vertical e transversal. O procedimento cirúrgico adotado foi uma osteotomia nas paredes laterais da maxila sem o envolvimento da lâmina pterigoide, osteotomia da espinha nasal à linha média dentária (incisivos centrais anteriores), separação da sutura palatina mediana por meio de cin-zel e separação do septo nasal. O início das ativações ocorreu no terceiro dia pós-operatório, sendo uma pela manhã e uma à noite. Resultados: houve expansão significativa estatistica-mente na região dos caninos, primeiros e segundos pré-molares, primeiros e segundos molares, respectivamente de 6,03mm, 9,82mm, 8,66mm, 9,72mm e 5,67mm. Avaliando o comporta-mento dos dentes de apoio do disjuntor quanto às inclinações das coroas dentárias, notou-se que ocorreu uma vestibularização assimétrica, pois para os primeiros molares os valores en-contrados foram 6,89º (direito) e 9,56º (esquerdo), e para os primeiros pré-molares os valores obtidos foram 4,74º (esquerdo) e 3,26º (direito), sendo esse considerado estatisticamente não-significativo. conclusões: a técnica cirúrgica empregada para esta pesquisa mostrou ser eficiente para se obter alteração transversal maxilar, ocorrendo inclinação dentoalveolar dos dentes de apoio do disjuntor.

Resumo

Palavras-chave: Expansão maxilar. Cirurgia ortognática. Modelos dentários.

** Mestre em Ortodontia pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). Ortodontista do Serviço de Deformidade Craniofacial do Departamento de Cirurgia Plástica e Queimaduras da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP.

*** Doutora em Ciências pela Unifesp. Professora titular do programa de pós-graduação em Odontologia (mestrado), área de concentração Ortodontia, da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).

**** Doutor em Cirurgia Plástica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. ***** Professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. ****** Diretor da Faculdade de Odontologia e coordenador do programa de pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Universi-

dade Metodista de São Paulo (Umesp).

* Baseado na tese de mestrado apresentada à Universidade Metodista de São Paulo Umesp.

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Avaliação das alterações dentárias na maxila em pacientes submetidos à expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente sem o envolvimento da sutura pterigomaxilar

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 116 Maringá, v. 14, n. 6, p. 109-117, nov./dez. 2009

posteriores, os resultados observados mostraram um comportamento assimétrico para esse grupo de dentes, onde os elementos dentários do lado esquerdo apresentaram uma inclinação maior para vestibular, podendo ser uma característica da amostra analisada. A metodologia empregada para essa amostra permite medir individualmen-te a quantidade de inclinação que cada elemento dentário sofreu.

As alterações dos primeiros molares superiores direito e esquerdo foram calculadas nos intervalos de tempo T1 e T2, com a finalidade de quantificar a movimentação ocorrida. Os valores encontrados foram estatisticamente significativos, conforme mostra a tabela 2. A variação média observada foi de 6,89º, mostrando uma significativa inclinação para vestibular no molar do lado direito. Para o molar do lado esquerdo, foi observada uma inclina-ção média de 9,56º para vestibular. Os resultados observados mostraram um comportamento assi-métrico para esse grupo de dentes, sendo que os dentes do lado esquerdo apresentaram uma incli-nação estatisticamente maior para vestibular, po-dendo ser uma característica da amostra analisada.

As alterações encontradas nos primeiros pré-molares superiores direito e esquerdo nos interva-los de tempo T1 e T2 mostraram comportamentos diferentes, conforme a tabela 2. Para o lado direito, a variação média observada foi de 3,26º, estatis-ticamente não-significativa. Porém, a inclinação vestibular medida para os primeiros pré-molares do lado esquerdo mostrou-se estatisticamente sig-nificativa, com variação de 4,74º. A inclinação me-dida para esses dentes também mostrou um com-portamento assimétrico quanto à movimentação vestibular dos dentes posteriores.

A amostra demonstrou que existe uma efeti-vidade para o ganho transversal, porém ocorreu movimento pendular, para vestibular, das coroas dos dentes de apoio do aparelho Hyrax. Os dentes que mostraram maiores mudanças transversais fo-ram os primeiros pré-molares e os primeiros mo-lares superiores. As alterações sobre esses dentes

são resultado da composição de dois efeitos: o movimento expansivo transversal que ocorre em decorrência do afastamento ósseo e a inclinação das coroas dos dentes para vestibular. A inclina-ção vestibular poderá ser considerada um efeito indesejável, de acordo com a necessidade clínica de cada paciente, pois o movimento lateral dos dentes desejável deveria ser mais paralelo.

cONcLUSõESPode-se concluir, diante dos resultados obtidos

com a técnica cirúrgica utilizada na ERMAC, que:• Quanto às alterações transversais, houve um

aumento estatisticamente significativo nas dis-tâncias transversais na região dos caninos, primei-ros e segundos pré-molares, primeiros e segundos molares.

• Houve um aumento estatisticamente signifi-cativo nas inclinações dos primeiros molares dos lados direito e esquerdo, e dos primeiros pré-mo-lares de um dos lados, sugerindo um comporta-mento assimétrico dos dentes avaliados a partir da ERMAC.

• A técnica cirúrgica utilizada mostrou-se efetiva, pois permitiu que ocorressem alterações transversais na maxila, porém com inclinação para vestibular das coroas dos dentes de apoio do apa-relho expansor.

Enviado em: setembro de 2007Revisado e aceito: junho de 2008

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CAMARA, P. R. P.; GOLDENBERG, F. C.; GOLDENBERG, D. C.; ALONSO, N.; SCANAVINI, M. A.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 117 Maringá, v. 14, n. 6, p. 109-117, nov./dez. 2009

Assessment of maxillary dental changes in patients submitted to surgically assisted rapid maxillary expansion with no involvement of pterygoid blade

AbstractAim: To assess the changes to the superior dental arches, in the transversal direction, and the amount of inclinations in the support teeth of the Hyrax expansion appliance in patients who underwent surgically assisted rapid maxillary expansion (SARME), as well as the effectiveness of the surgical technique used. The sample was composed of 34 pairs of cast models, of 17 patients – 6 males and 11 females. Methods: The measurements were performed on cast models, by measuring the changes on the vertical and transversal planes. The surgical procedure used was the lateral osteotomy on maxillary walls with no involvement of the pterygoid blade, osteotomy of nasal spine on dental midline (anterior central incisors), chisel separation of palatine suture, and separation of the nasal septum. The activa-tion was initiated on the third postoperative day, consisting of two activations, one in the morning and another at night. Results: There were statistically significant expansions in the regions of canines, first and second premolars, first molars, and second molars; respectively, 6.03 mm, 9.82 mm, 8.66 mm, 9.72 mm, and 5.67 mm. The evaluation of the behavior of the support teeth of the expansion appliance regarding the inclination of the dental crowns has shown that an asymmetric vestibularization had taken place, because the values found for the first molars were 6.89º (right) and 9.56º (left); the values for the first premolars were 4.74º (left) and 3.26º (right); this last value was not statistically significant. conclusions: The surgical technique used in this research has been shown to be efficient to obtain maxil-lary transversal alterations, and there was dental-alveolar inclination of the support teeth of the expansion appliance.

Keywords: Maxillary expansion. Orthognathic surgery. Dental casts.

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Endereço para correspondênciaPaulo roberto Pelucio Camararua Apeninos 930 cj. 93, ParaísoCEP: 04.104-020 – São Paulo / SPE-mail: [email protected]

Page 65: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 118 Maringá, v. 14, n. 6, p. 118-124, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Prevalência de más oclusões em crianças de 9 a 12 anos de idade da cidade de Nova friburgo (rio de Janeiro)

Daniel Ibrahim Brito*, Patricia fernanda Dias*, rogerio gleiser**

Resumo

Introdução: o conhecimento da situação epidemiológica da população é importante para o planejamento e execução dos serviços odontológicos. Objetivos: avaliar a prevalência de más oclusões em escolares de 9 a 12 anos de idade da rede municipal de ensino da cidade de Nova Friburgo (Rio de Janeiro). Métodos: a amostra, selecionada aleatoriamente, foi composta por 407 crianças (53,1% do gênero feminino), que foram avaliadas por um profissional treinado, após autorização de seus responsáveis. Resultados: as más oclusões mais prevalentes foram apinhamento (45,5%), sobressaliência exagerada (29,7%), mordida cruzada posterior (19,2%), diastemas anteriores (16,2%), dente parcialmente irrompido (12,0%) e sobremordida exagera-da (10,8%). A relação molar mais presente foi a de Classe I (76,7%). A presença de diastemas foi maior no gênero feminino e a sobremordida exagerada foi mais prevalente no gênero mas-culino, ambas na dentição mista. Sobressaliência negativa e presença de dente parcialmente irrompido tiveram maior prevalência na dentição permanente. conclusão: observou-se que a simples avaliação da prevalência das más oclusões não revela a gravidade nem a hierarquia da necessidade de tratamento, fatores importantes no planejamento em Saúde Pública.

Palavras-chave: Prevalência. Má oclusão. Criança. Saúde pública.

* Mestres em Odontopediatria, departamento de Odontopediatria e Ortodontia, pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

** Professor adjunto do departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

INTRODUÇÃOAs más oclusões, ou problemas da oclusão den-

tária, são o resultado da adaptabilidade da região bucofacial a vários fatores etiológicos, resultando em diversas implicações que variam da insatisfa-ção estética às alterações na fala, mastigação, de-glutição, disfunções de ATM e dor bucofacial23. Elas possuem a terceira maior prevalência entre as patologias bucais, perdendo apenas para a cárie e a doença periodontal, encontrando-se, portanto,

na terceira posição da escala de prioridades quan-to aos problemas odontológicos de Saúde Pública mundial18.

Segundo a Organização Mundial da Saúde18, as principais doenças bucais devem ser submeti-das a levantamentos epidemiológicos periódicos. O conhecimento da situação epidemiológica da população é essencial tanto para o planejamento de programas de atenção quanto para a execução de serviços de prevenção e tratamento20.

Page 66: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

BRITO, D. I.; DIAS, P. F.; GLEISER, R.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 123 Maringá, v. 14, n. 6, p. 118-124, nov./dez. 2009

seu responsável pelo tratamento. Ou seja, outros critérios, além dos avaliados, devem ser utilizados em estudos futuros.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) não assiste efetivamente problemas de oclusão. Como uma parcela significativa da população depende exclusivamente desse sistema público, é esperado que muitos pacientes portadores de más oclusões não estejam sendo assistidos. Cabe enfa-tizar a importância de levantamentos epidemioló-gicos como o presente, que colocam as alterações oclusais e funcionais em destaque, para incluir ser-viços de interceptação e correção a esta parcela da população não-assistida.

cONcLUSõESHouve uma elevada prevalência de más oclu-

sões na população avaliada (80,84% da amostra), sendo que as mais encontradas foram: apinhamen-to (45,5%), sobressaliência exagerada (29,7%), mordida cruzada posterior (19,2%), diastemas anteriores (16,2%), dente parcialmente irrompido (12%) e sobremordida exagerada (10,8%).

Diastemas anteriores foram mais encontra-dos em meninas e em dentição mista. Dentes

parcialmente irrompidos, inclinados ou impacta-dos contra adjacentes foram mais frequentes na dentição permanente. A sobremordida exagerada foi mais observada em meninos e na dentição mis-ta e a sobressaliência negativa teve maior preva-lência em dentição permanente.

Observou-se que a simples determinação dessa prevalência, apesar de explicitar com clareza da-dos objetivos das más oclusões, não revela a gra-vidade nem a hierarquia da necessidade de trata-mento, fatores importantes no planejamento em Saúde Pública. Sugere-se, então, a utilização de um índice ortodôntico em estudos adicionais com essa finalidade.

Enviado em: março de 2007Revisado e aceito: novembro de 2007

Prevalence of malocclusion in children aged 9 to 12 years old in the city of Nova friburgo, rio de Janeiro State, Brazil

AbstractIntroduction: Knowledge of a population’s epidemiological situation is important in the planning and provision of dental services. Objectives: Assess the prevalence of malocclusion in children aged 9 to 12 years old from public schools in the city of Nova Friburgo, Rio de Janeiro State, Brazil. Methods: A randomly selected sample consist-ing of 407 children (53.1% female) who were evaluated by a trained professional, after parental consent. Results: The most prevalent malocclusions were crowding (45.5%), excessive overjet (29.7%), posterior crossbite (19.2%), anterior diastema (16.2%), partially erupted teeth (12.0%) and excessive overbite (10.8%). Class I molar relationship prevailed (76.7%). The presence of diastemas was higher in females and excessive overbite was more prevalent in males, both in mixed dentition. Negative overjet and the presence of partially erupted teeth had a higher preva-lence in permanent dentition. conclusion: It was observed that the mere evaluation of malocclusion prevalence does not reveal case severity or treatment need, both of which are important factors in public health planning.

Keywords: Prevalence. Malocclusion. Children. Public health.

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Prevalência de más oclusões em crianças de 9 a 12 anos de idade da cidade de Nova Friburgo (Rio de Janeiro)

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 124 Maringá, v. 14, n. 6, p. 118-124, nov./dez. 2009

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Endereço para correspondênciaDaniel Ibrahim Britorua Ivan Soares de Oliveira, 400CEP: 36.036-350 – Parque Imperial, Juiz de fora / MgE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 125 Maringá, v. 14, n. 6, p. 125-131, nov./dez. 2009

a r t i g o i n é d i t o

Distância interincisiva máxima em crianças respiradoras bucais

Débora Martins Cattoni*, fernanda Dreux Miranda fernandes**, renata Cantisani Di francesco***, Maria do rosário Dias de Oliveira Latorre****

Introdução: a distância interincisiva máxima é um importante aspecto na avaliação miofuncio-nal orofacial, pois distúrbios miofuncionais orofaciais podem limitar a abertura da boca. Obje-tivo: mensurar a distância interincisiva máxima de crianças respiradoras bucais, relacionando-a com a idade, e comparar as médias dessas medidas com as médias dessa distância em crianças sem queixas fonoaudiológicas. Métodos: participaram 99 crianças respiradoras bucais, de am-bos os gêneros, com idades entre 7 anos e 11 anos e 11 meses, leucodermas, em dentadura mista. O grupo controle foi composto por 253 crianças, com idades entre 7 anos e 11 anos e 11 meses, leucodermas, em dentadura mista, sem queixas fonoaudiológicas. Resultados: os achados evidenciam que a média das distâncias interincisivas máximas das crianças respirado-ras bucais foi, no total da amostra, de 43,55mm, não apresentando diferença estatisticamente significativa entre as médias, segundo a idade. Não houve diferença estatisticamente signifi-cativa entre as médias da distância interincisiva máxima dos respiradores bucais e as médias dessa medida das crianças do grupo controle. conclusões: a distância interincisiva máxima é uma medida que não variou nos respiradores bucais, durante a dentadura mista, segundo a idade, e parece não estar alterada em portadores desse tipo de disfunção. Aponta-se, também, a importância do uso do paquímetro na avaliação objetiva da distância interincisiva máxima.

Resumo

Palavras-chave: Face. Medidas. Boca. Criança. Respiração bucal.

* Especialista em Motricidade Orofacial pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa). Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universida-de de São Paulo (FMUSP). Doutora em Ciências pela FMUSP.

** Professora associada do curso de Fonoaudiologia da FMUSP. *** Doutora em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Médica assistente doutora da divisão de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da

FMUSP. **** Professora titular do departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

INTRODUÇÃOUm dos distúrbios miofuncionais orofaciais

mais frequentes na clínica fonoaudiológica é a respiração bucal, destacada como tendo alta pre-valência na população, em todas as idades10. A ava-liação, bem como a detecção precoce, do indivíduo com respiração bucal é extremamente impor-tante, pois tal distúrbio é considerado altamente

comprometedor no desenvolvimento do processo nasomaxilar, devido à ruptura do equilíbrio fisio-lógico em que se baseia a arquitetura dentomaxi-lofacial. Os efeitos da respiração bucal têm sido muito discutidos na literatura, que aponta as alte-rações do desenvolvimento normal da face, ossos e oclusão, em função do desequilíbrio provocado nas relações entre os tecidos muscular, ósseo e

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Distância interincisiva máxima em crianças respiradoras bucais

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 130 Maringá, v. 14, n. 6, p. 125-131, nov./dez. 2009

Ao comparar a distância interincisiva máxima das duas populações estudadas, observa-se que não foi verificada diferença estatisticamente sig-nificativa entre as médias, segundo a idade, indi-cando que nos respiradores bucais essa medida parece não estar comprometida.

Vale ressaltar, por fim, que os respiradores bucais que participaram desse estudo são oriun-dos de um hospital terciário, sendo que a gene-ralização dos dados obtidos nessa pesquisa pode apresentar-se limitada. Nesse sentido, seria inte-ressante não só duplicar esse tipo de estudo em outros serviços de atenção à saúde, mas também com diferentes populações e em outros períodos da dentição.

No que se refere às considerações finais, tem-se que o uso do paquímetro mostra-se útil na avaliação fonoaudiológica, complementando o julgamento visual com medidas quantitativas.

É relevante apontar que o seu uso necessita de padronização quanto aos procedimentos, para que se obtenha uma análise precisa da distância interincisiva máxima.

cONcLUSõES1) Não houve diferença estatisticamente sig-

nificativa entre as médias para a distância interin-cisiva máxima das crianças respiradoras bucais, segundo a idade.

2) Não houve diferença estatisticamente sig-nificativa entre as médias da distância interinci-siva máxima dos respiradores bucais e as médias dessa medida de crianças sem queixas fonoaudio-lógicas, segundo a idade.

Enviado em: julho de 2007Revisado e aceito: fevereiro de 2009

Maximum interincisal distance in mouth breathing children

AbstractIntroduction: The maximum interincisal distance is an important aspect in the orofacial myofunctional evaluation, because orofacial myofunctional disorders can limit the mouth opening. Aim: To describe the maximum interincisal distance of the mouth breathing children, according to age, and to compare the averages of the maximum interincisal distance of mouth breathing children to those of children with no history of speech-language pathology disorders. Methods: Ninety-nine mouth breathing children participated, of both genders, with ages ranging from 7 to 11 years and 11 months, Caucasian, in mixed dentition. The control group was composed by 253 children, with ages ranging from 7 years to 11 years and 11 months, Caucasian, in mixed dentition period, with no history of speech-language pathology disorders. Results: The results show that the average of the maximum interincisal distance of the mouth breathing children was, considering the total sample, 43.55 millimeters, and it did not show statistically significant difference between averages according to age. There is no statistically significant difference between the maximum interincisal distance’s averages of the mouth breathing children and the averages of this distance of the control group children. conclusions: The maximum interincisal distance is one measure that did not modify in mouth breathing children, during mixed dentition period, according to age, and seems not to be altered in this population. It is also observed the importance of use of the caliper in objective evaluation of the maximum interincisal distance.

Keywords: Face. Measurements. Mouth. Child. Mouth breathing.

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CATTONI, D. M.; FERNANDES, F. D. M.; DI FRANCESCO, R. C.; LATORRE, M. R. D. O.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 131 Maringá, v. 14, n. 6, p. 125-131, nov./dez. 2009

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Endereço para correspondênciaDébora Martins Cattonirua Barão da Passagem, 1330 apto. 91C CEP: 05.087-000 – São Paulo / SPE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 132 Maringá, v. 14, n. 6, p. 132-143, nov./dez. 2009

c a S o c l í n i c o B B o

Má oclusão de Classe I de Angle, com ausência congênita e impacção de dentes permanentes*

Eduardo Silveira ferreira**

Este artigo relata o tratamento ortodôntico de um paciente com 14 anos e 6 meses de idade, portador de má oclusão de Classe I de Angle, que apresentava ectopia e impacção do dente 45 e ausência congênita do dente 35. O caso foi tratado com extração do dente 45 e fechamento dos espaços inferiores. Documentações inicial, final e pós-tratamento serão apresentadas e discutidas. Esse caso foi apresentado à Diretoria do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortope-dia Facial (BBO), representando a categoria 7, livre escolha, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Diplomado pelo BBO.

Resumo

Palavras-chave: Ausência congênita. Má oclusão de Classe I de Angle. Ortodontia corretiva. Impacção dentária.

** Mestre e doutor em Ortodontia pela UFRJ. Professor adjunto de Ortodontia da UFRGS. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.

HISTÓRIA E ETIOLOGIAO paciente se apresentou para consulta inicial

aos 14 anos e 6 meses de idade, com bom estado geral de saúde, salientando que possuía rinite alér-gica e respiração nasobucal. Não relatava histórico de doenças graves ou traumatismos. Apresentava-se na curva descendente do crescimento puberal e sua história odontológica incluía higiene bucal deficiente, com presença de gengivite marginal. Sua queixa principal estava relacionada aos espa-ços edêntulos inferiores, sendo que o tratamento ortodôntico foi recomendado pelo dentista clínico geral. O paciente não havia realizado qualquer in-tervenção ortodôntica até aquele momento.

DIAGNÓSTIcOApresentava padrão esquelético de Classe I,

com ANB igual a 1º (SNA = 81° e SNB = 80°), e

ângulos do plano mandibular FMA e Eixo Y au-mentados em relação às medidas das análises de Steiner e Downs (FMA = 31° e Eixo Y = 64°). Es-sas informações podem ser visualizadas na figura 4 e na tabela 1.

Quanto ao aspecto dentário, como pode ser ob-servado nas figuras 1 e 2, era portador de uma má oclusão de Classe I de Angle, com problemas loca-lizados (espaços) na região dos segundos pré-mo-lares inferiores, desvio da linha média inferior de 1mm à esquerda, apinhamento anteroinferior de 1mm, sobressaliência de 2mm, sobremordida de 3mm e giroversão nos dentes 15, 25, 22, 23 e 31.

Na avaliação facial, apresentava ligeira protru-são labial, com lábio inferior à frente do superior (LS = 1mm e LI = 3,5mm). Apresentava selamen-to labial passivo, terço inferior levemente aumen-tado e não era portador de assimetrias evidentes

* Relato de caso clínico, categoria 7, livre escolha, aprovado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

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Má oclusão de Classe I de Angle, com ausência congênita e impacção de dentes permanentes

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 142 Maringá, v. 14, n. 6, p. 132-143, nov./dez. 2009

FIGURA 17 - Radiografia cefalométrica de perfil (A) e traçado cefalométrico (b) de controle cinco anos após o término do tratamento.

A b

FIGURA 18 - Sobreposições total (A) e parciais (b) dos traçados cefalométricos inicial (preto), final (vermelho) e de controle cinco anos após o término do tratamento (verde).

A b

evolução após o término do tratamento2. Os ter-ceiros molares superiores foram extraídos e a área da lesão cística se apresenta com aspecto ósseo nor-mal. Os valores cefalométricos e as distâncias entre os caninos e molares apresentaram pequena varia-ção, como pode ser observado nas tabelas 1 e 2.

cONSIDERAÇõES fINAISOs resultados do tratamento foram obtidos

com o fechamento dos espaços ocasionados pela ausência congênita do dente 35 e pela necessidade

de exodontia do dente 45. O paciente foi exce-lente colaborador no uso dos dispositivos orto-dônticos, assíduo nas consultas e responsável em seus deveres. Foi informado aos responsáveis a situação difícil em relação à reabsorção das raízes do dente 46 e não foi descartada a necessidade de extração do mesmo, para futura colocação de implante/prótese, devido à pouca inserção radi-cular provocada pela lesão cística e pela movi-mentação ortodôntica. Os registros de cinco anos após o término do tratamento demonstram boa

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FERREIRA, E. S.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 143 Maringá, v. 14, n. 6, p. 132-143, nov./dez. 2009

Endereço para correspondênciaEduardo Silveira ferreirarua Dona Laura, 87 conjunto 301 – bairro rio BrancoCEP: 91430-091 – Porto Alegre / rSE-mail: [email protected]

Angle Class I malocclusion with congenitally absence and impaction of permanent teeth

AbstractThis article reports the orthodontic treatment of a 14 year and 6 months old patient that had a Angle Class I maloc-clusion with an ectopic position and impaction of the tooth 45 and congenitally absence of tooth 35. This case was treated with the extraction of the tooth 45 and space closure in the lower arch. Initial, final and post-treatment orth-odontic records will be presented and discussed. This case was presented to the Brazilian Board of Orthodontics and Facial Orthopedics (BBO), representing the category 7, free choice, as part of the requirements for achieving the title of BBO diplomate.

Keywords: Angle Class I malocclusion. Tooth impaction. Congenitally missing tooth. Corrective Orthodontics.

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Enviado em: agosto de 2009Revisado e aceito: setembro de 2009

estabilização dessa situação. Controle radiográ-fico periapical periódico foi realizado durante o tratamento. O primeiro molar inferior do lado esquerdo (36) também apresentou reabsorção radicular, certamente pela extensa movimentação para mesial, até obter contato com o dente 34. As sobreposições dos traçados cefalométricos to-tal (da face) e parciais (de maxila e mandíbula) demonstram a evolução do padrão facial associa-do à mecânica ortodôntica descrita no plano de

tratamento (Fig. 13, 18). O paciente permanece em controle com o cirurgião bucomaxilofacial, responsável pela remoção da lesão, prévia ao iní-cio do tratamento ortodôntico, para diagnosticar qualquer recidiva.

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 144 Maringá, v. 14, n. 6, p. 144-157, nov./dez. 2009

t ó p i c o E S p E c i a l

fios ortodônticos: conhecer para otimizar a aplicação clínica

Cátia Cardoso Abdo Quintão*, Ione Helena vieira Portella Brunharo**

A grande variedade de fios ortodônticos presente no mercado pode gerar dúvidas quanto à melhor escolha para situações clínicas. Assim, o conhecimento das propriedades mecânicas dos mesmos facilita a escolha para aplicação do movimento ortodôntico na dependência da fase em que o tratamento se encontra. A evolução da tecnologia de manufatura dos fios e a elaboração de novas técnicas ortodônticas geraram a busca por uma melhor qualidade das ligas, a fim de torná-los biologicamente mais efetivos no que diz respeito aos dentes e tecidos de suporte. O presente artigo resume as principais características dos fios utilizados em Or-todontia, em relação ao histórico, propriedades mecânicas e aplicação clínica, de acordo com fases específicas de tratamento.

Resumo

Palavras-chave: Fios ortodônticos. Propriedades mecânicas. Efeito memória de forma. Ortodontia.

* Doutora em Ortodontia pela UFRJ. Professora adjunta da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UERJ. Coordenadora do curso de doutorado (área de concentração Ortodontia) da UERJ. Professora convidada da Faculdade de Odontologia da UFJF e da Universidad Mayor San Marcos – Lima/Peru.

** Doutora em Ortodontia pela UERJ. Professora visitante da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UERJ.

INTRODUÇÃOO bom ortodontista deveria possuir a habi-

lidade manual de um artesão e o conhecimento profundo da ciência ortodôntica. Porém, o pro-fissional poderia se questionar: “Estudar fios or-todônticos melhoraria a habilidade manual do ortodontista, ou aumentaria a sua clientela?”. Se apenas a habilidade manual bastasse, grandes ar-tesãos seriam excelentes ortodontistas. Portanto, o conhecimento a respeito de fios ortodônticos permite ao profissional realizar movimentos mais eficientes e evitar danos aos dentes e tecidos de suporte.

A mecânica ortodôntica é baseada no princí-pio da acumulação de energia elástica e transfor-mação dessa energia em trabalho mecânico, por meio da movimentação dos dentes. Cada ajuste

do aparelho armazena e controla o mecanismo de transferência e distribuição das forças. Um ótimo controle do movimento dentário requer a aplica-ção de um sistema de forças específico, que é devi-damente guiado por meio de acessórios, tais como os fios ortodônticos.

Apesar do grande número de marcas disponíveis no mercado e do grande apelo comercial, os fios ortodônticos mais utilizados atualmente se distri-buem em quatro grupos básicos de ligas, sendo elas: o aço inoxidável; as ligas de níquel-titânio (NiTi) com suas variações durante o processo de fabrica-ção (superelásticos, termodinâmicos e com adição de cobre); as ligas de beta-titânio e as estéticas de compósitos, recentemente lançadas no mercado. Portanto, torna-se imprescindível aos ortodontistas o conhecimento das propriedades mecânicas e da

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Fios ortodônticos: conhecer para otimizar a aplicação clínica

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 156 Maringá, v. 14, n. 6, p. 144-157, nov./dez. 2009

AGRADEcIMENTOSÀ professora Dra. Telma Martins de Araujo,

professora titular da disciplina de Ortodontia da UFBA, pela honra que nos concedeu com o con-vite para escrever sobre o tema. Agradecemos a oportunidade.

Aos editores da Revista Dental Press de Orto-dontia e Ortopedia Facial, especialmente o pro-fessor Dr. Jorge Faber, pelo excelente trabalho de qualidade realizado na revista.

Enviado em: abril de 2009Revisado e aceito: setembro de 2009

Orthodontic wires: Knowledge to optimize clinical application

AbstractThe huge variety of orthodontic wires brands available in market might generate confusion as regard to the best choice for clinical application. Therefore mechanical properties knowledge about wires would help the professional to apply the best orthodontic technique depending on the treatment phase. The wires manufacturing evolution and the new orthodontic techniques proposed guided the market into the search for better quality alloys, in order to make them biologically more effective to teeth and support tissues. This paper aims to summarize some main characteristics of orthodontic wires related to their history, mechanical properties and clinical application as regard to individual phase of treatment.

Keywords: Orthodontic wires. Mechanical properties. Shape memory effect. Orthodontics.

fibras e fraturas rentes à superfície intralaminar21. A utilização de arcos cujas dimensões podem

permanecer constantes enquanto suas proprieda-des mecânicas são alteradas, a fim de atingir aque-las desejadas em determinada fase do tratamento, em teoria, poderia levar a uma menor quantidade de trocas de arco. Porém, para desempenhar esse papel de forma satisfatória, é preciso saber se o arco em questão apresenta a durabilidade neces-sária para permanecer na cavidade bucal por um período igual ou maior do que a média de perma-nência dos arcos utilizados até então.

cONcLUSõESConhecer cientificamente os fios ortodônti-

cos é tarefa árdua e longa. O tema, entretanto, se torna fascinante na medida em que possibilita ao profissional escolher o melhor protocolo de tra-tamento para o paciente, realizando tratamentos mais eficazes, mais rápidos, de menor custo e com menor possibilidade de causar danos aos dentes e tecidos de suporte. O mais importante advento do conhecimento de fios, entretanto, reside no fato de permitir ao ortodontista optar por materiais com segurança na escolha, sem se deixar influenciar apenas por recursos de propagandas.

Page 76: Edição V14N6 - Novembro e Dezembro de 2009

qUINTÃO, C. C. A.; BRUNHARO, I. H. V. P.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 157 Maringá, v. 14, n. 6, p. 144-157, nov./dez. 2009

1. A clinical trial of alignment of teeth using a 0.019 inch thermal nitinol wire with a transition temperature range between 31 degrees C. and 45 degrees C. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 78, no. 5, p. 528-537, 1980.

2. ANUSAVICE, K. J. Ligas trabalhadas e trefiladas. In: BRANTLEY, W. A. Materiais dentários. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 602-603.

3. BISHARA, S. et al. Comparisons of the thermodynamic proper-ties of three nickel-titanium orthodontic archwires. Angle Orthod., Appleton, v. 65, no. 2, p. 117-122, 1995.

4. BURSTONE, C. J. Variable-modulus orthodontics. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 80, no. 1, p. 1-16, 1981

5. BURSTONE, C. J.; GOLDBERG, J. Beta-titanium: A new orth-odontic alloy. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 77, no. 2, p. 121-132, 1980.

6. BURSTONE, C. J.; QIN, B.; MORTON, J. Y. Chinese NiTi wire: A new orthodontic alloy. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 87, no. 6, p. 445-452, 1985.

7. BUZZONI, R. fricção superficial dos bráquetes self-ligated. 2006. Dissertação (Especialização em Ortodontia)-Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

8. CHEN, R.; ZHI, Y. F.; ARVYSTAS, M. Advanced Chinese NiTi alloy wire and clinical observations. Angle Orthod., Appleton, v. 62, no. 1, p. 59-66, 1992.

9. COUNCIL ON DENTAL MATERIALS AND DEVICES. New American Dental Association Specification No. 32 for orth-odontic wires not containing precious metals. Council on Dental Materials and Devices. J. Am. Dent. Assoc., Chicago, v. 95, no. 6, p. 1169-1171, Dec. 1977.

10. FERNANDES, D. J. et al. Soldagem em Ortodontia - parte I: soldagem à prata e a ouro - uma abordagem clínico-metalúrgi-ca. Rev. clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 6, n. 4, p. 42-49, ago./set. 2007.

11. GOLDBERG, J.; BURSTONE, C. J. An evaluation of beta titanium alloys for use in orthodontic appliances. J. Dent. Res., Alexandria, v. 58, no. 2, p. 593-600, 1979.

12. HERSHEY, H. G. The orthodontic appliance: Esthetic consider-ations. J. Am. Dent. Assoc., Chicago, v. 117, no. 4, p. 29E-34E, 1988.

13. HUANG, Z. M. et al. Fabrication of a new composite orth-odontic archwire and validation by a bridging micromechanics model. Biomaterials, Guilford, v. 24, no. 17, p. 2941-2953, 2003.

14. HUSMANN, P. et al. The frictional behavior of coated guiding archwires. J. Orofac. Orthop., München, v. 63, no. 3, p. 199-211, 2002.

REfERêNcIAS

15. KAPILA, S. et al. Effects of clinical recycling on mechanical properties of nickel-titanium alloy wires. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 100, no. 5, p. 428-435, 1991.

16. KAPILA, S.; SACHDEVA, R. Mechanical properties and clinical applications of orthodontic wires. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 96, no. 2, p. 100-109, 1989.

17. KUSY, R. P. A review of contemporary archwires: Their proper-ties and characteristics. Angle Orthod., Appleton, v. 67, no. 3, p. 197-207, June 1997.

18. KUSY, R. P. Orthodontic biomaterials: From the past to the pres-ent. Angle Orthod., Appleton, v. 72, no. 6, p. 501- 512, 2002.

19. KUSY, R. P.; DILLEY, G. J. Elastic property ratios of a triple-stranded stainless steel arch wire. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 86, no. 3, p. 177-188, 1984.

20. KUSY, R. P.; STEVENS, L. E. Triple-stranded stainless steel wires – evaluation of mechanical properties and comparison with titanium alloy alternatives. Angle Orthod., Appleton, v. 57, no. 1, p. 18-32, 1987.

21. MARTINS, C. C. R. Propriedades mecânicas de fios estéticos obtidas em ensaios de tração. 2007. 96 f. Dissertação (Mes-trado em Odontologia)-Faculdade de Odontologia, Universi-dade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

22. MENEZES, L. M.; QUINTÃO, C. A.; BOLOGNESE, A. M. Uri-nary excretion levels of nickel in orthodontic patients. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 131, no. 5, p. 635-638, 2007.

23. MIURA, F.; MOGI, M.; OKAMOTO, Y. New application of superelastic NiTi rectangular wire. J. clin. Orthod., Boulder, v. 24, no. 9, p. 544-548, 1990.

24. MOHLIN, B. et al. Examination of Chinese Ni-Ti wire by a combined clinical and laboratory approach. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 13, no. 5, p. 386-391, 1991.

25. O’BRIEN, W. J.; RYGE, G. An outline of dental materials and their selection. Philadelphia: W. B. Saunders, 1973.

26. PARVIZI, F.; ROCK, W. P. The load/deflection characteristics of thermally activated orthodontic archwires. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 25, no. 4, p. 417-421, 2003.

27. QUINTÃO, C. et al. Force-deflection properties of initial orth-odontic archwires. World J. Orthod., Carol Stream, v. 10, no. 1, p. 29-31, 2009.

28. VAN HUMBEECK, J.; CHANDRASEKARAN, M.; DELAEY, L. Shape memory alloys: Materials in action. Endeavour, Oxford, v. 15, no. 4, p. 148-1454, 1991.

29. VAN VLACK, L. H. Princípios da ciência dos materiais. São Paulo: E. Blücher, 1970.

30. VILLELA, O. V. O desenvolvimento da Ortodontia no Brasil. Rio de Janeiro: Pedro Primeiro, 1995.

Endereço para correspondênciaCátia Cardoso Abdo QuintãoAvenida rio Branco, 2.595 sala 1.204, CentroCEP: 36.010-011 – Juiz de fora / MgE-mail: [email protected]

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 158 Maringá, v. 14, n. 6, p. 158-160, nov./dez. 2009

— A Revista DENTAL PRESS DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL, dirigida à classe odontológica, destina-se à publicação de artigos de investigação científica, relatos de casos clínicos e de técnicas, artigos de interesse da classe ortodôntica solicitados pelo Corpo Editorial, revisões significativas, comunicações breves e atualidades.

— Autores interessados em publicar na Revista Dental Press de Orto-dontia e Ortopedia Facial poderão submeter eletronicamente seus artigos no endereço:

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— Normas completas: www.dentalpress.com.br/normas/pesquisa.

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— A cada edição o Conselho Editorial selecionará, dentre os artigos considerados favoráveis para publicação, aqueles que serão publica-dos imediatamente.

— A Dental Press, ao receber os artigos, não assume o compromisso de publicá-los.

— Os artigos podem ser retirados a qualquer momento antes de serem selecionados pelo Conselho Editorial.

— As afirmações assinadas são de responsabilidade integral dos auto-res.

— Para envios que não sejam por internet, os textos devem ser apre-sentados em CD num editor de texto (com o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências), acompanhado de duas cópias impressas.

— As notas elucidativas devem ser restringidas ao número essencial e devem ser apresentadas no fim do texto.

— Quanto ao texto, exige-se: correção do Português e do Inglês.

— Os quadros, tabelas e figuras deverão ser incluídos no texto e nume-rados em algarismos arábicos (com suas respectivas legendas).

— Não utilizar notas de rodapé.

— A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mes-mas devem conter todos os dados necessários à sua identificação.

— Todos os autores citados no texto devem constar na lista de referên-cias.

— As referências devem ser apresentadas no final do texto, obedecen-do às normas da ABNT 6023 - 2002, não ultrapassando o limite de 30 (com exceção de revisões sistemáticas da literatura), conforme os exemplos a seguir:

Livro com um autor

BRASKAR, S. N. Synopsis of oral pathology. 5th ed. St. Louis: Mosby, 1977.

Livros com até três autores

HENDERSON, D.; McGIVNEY, G. P.; CASTLEBERRY, D. J. McCraken’s removable partial prosthodontics. 7th ed. St. Louis: C.V. Mosby, 1985.

Livro com mais de três autores

APRILE, H. et al. Anatomia odontológica orocervicofacial.5. ed. Buenos Aires: El Ateneo, 1975.

Capítulo de livro

GONÇALVES, N. Técnicas radiográficas para o estudo da articulação temporomandibular. In: FREITAS, A.; ROSA, J. E.; FARIA, S. I. Radiologia odontológica. 2. ed. São Paulo: Artes Médicas, 1988. p. 247-258.

tese e dissertação

PEREIRA, A. C. Estudo comparativo de diferentes métodos de exame, utilizados em odontologia, para diagnóstico da cárie dentária. 1993. Dissertação (Mestrado)-Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.

Artigo de revista

CAPELOZZA FILHO, L. Uma variação no desenho do aparelho expansor rápido da maxila no tratamento da dentadura decídua ou mista precoce. R. dental Press ortodon. ortop. Facial, Maringá, v. 4, n. 1, p. 69-74, jan./fev. 1999.

STEPHAN, R. M. Effect of different types of human foods on dental health in experimental animals. J. dent. Res., Chicago, v. 45, p. 1551-1561, 1966.

Citações de autores no textoCom o objetivo de facilitar a leitura do texto, ficou determinado que as citações dos autores serão numéricas, respeitando a ordem alfabética dos autores na lista de referências.

— Devem ser normalizadas as abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”.

— As ilustrações devem ter originais com qualidade apresentável, pre-ferencialmente na forma de slides ou em CD com imagem em alta resolução (300 dpi).

— Os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Conselho Editorial.

— Os quadros e tabelas, numerados em algarismo arábico, com suas respectivas legendas devem vir em folhas separadas, porém inseri-das no texto.

— Os textos devem ser acompanhados do resumo estruturado em Português e Inglês que não ultrapasse 250 palavras, bem como de 3 a 5 palavras-chave também em Português e em Inglês.

— Os textos devem ter, na primeira página, identificação do autor (nome, instituição de vínculo, cargo, título, endereço, e-mail) que não ultrapasse 5 linhas.

— Por motivo de isenção na avaliação dos trabalhos pelo Conselho Editorial, a segunda página deve conter título em Português e In-glês, resumo, palavras-chave, abstract, key-words, omitindo nomes ou quaisquer dados referentes aos autores.

— Todos os artigos devem ser submetidos eletronicamente pelo ende-reço abaixo:

normaS dE aprESEntação dE originaiS

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— “THE DENTAL PRESS ORTHODONTICS AND FACIAL

ORTHOPEDICS” magazine, addressed to the dental class,

manages the publishing of scientific investigation articles, clinical

cases and technical reports, articles concerned to the orthodontic

class interest requested by the Editorial Staff, significant reviews,

brief communications and news.

— The scientific articles will be submitted in the electronic address:

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— For more informations: www.dentalpress.com.br/normas/pesquisa.

— The texts will be submitted to the Magazine Editorial Staff point of

view, that will indicate corrections and/or suggest changes, as well

as decide if they will be published or not.

— In each edition, the Editorial Staff will select, among the articles

considered favorable for publishing, those that will immediately be

published.

— Receiving the articles, Dental Press company do not assume the

compromise of publishing them.

— The articles can be withdrawn at any time, before being selected by

the Editorial Staff.

— The signed statements are from the authors total responsibility.

— For sendings that are not for Internet, the texts must be sent in a

text editor, enclosing two printed copies and one in a CD (4.000

words maximum, including references and legends).

— The elucidative notes must be restricted to the essential number

and must be presented in the end of the text.

— Regarding the text, it demands: correction of the Portuguese and of

the English.

— The pictures, tables and illustrations should be included in the text

and numbered in Arabic numbers (with their respective legends).

— Do not use baseboard notes.

— The references accuracy is the authors’ responsibility; and

these references must embrace all the data necessary to their

identification.

— All the authors mentioned in the text must be in the list of

references.

— References should be listed at the end of the text in compliance

with the ABNT 6023 - 2002 standards, not exceeding the limit of

30 (except for systematic reviews) as the following examples:

book with an author

BRASKAR, S. N. Synopsis of oral pathology. 5th ed. St. Louis:

Mosby, 1977.

book of a maximum of three authors

HENDERSON, D.; McGIVNEY, G. P.; CASTLEBERRY, D. J.

McCraken’s removable partial prosthodontics. 7th ed. St. Louis: C.V.

Mosby, 1985.

book with more than three authors

APRILE, H. et al. Anatomia odontológica orocervicofacial. 5. ed.

Buenos Aires: El Ateneo, 1975.

Chapter of a book

GONÇALVES, N. Técnicas radiográficas para o estudo da

articulação temporomandibular. In: FREITAS, A.; ROSA, J. E.;

FARIA, S. I. Radiologia odontológica. 2. ed. São Paulo: Artes

Médicas, 1988. p. 247-258.

thesis and dissertation

PEREIRA, A. C. Estudo comparativo de diferentes métodos de exame, utilizados em odontologia, para diagnóstico da cárie dentária.

1993. Dissertação (Mestrado)–Faculdade de Saúde Pública,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.

Magazine Article

CAPELOZZA FILHO, L. Uma variação no desenho do aparelho

expansor rápido da maxila no tratamento da dentadura decídua

ou mista precoce. R. dental Press ortodon. ortop. Facial, Maringá,

v. 4, n. 1, p. 69-74, jan./fev. 1999.

STEPHAN, R. M. Effect of different types of human foods on

dental health in experimental animals. J. dent. Res., Chicago,

v. 45, p. 1551-1561, 1966.

Author citations in the text

With the purpose of facilitating the reading of the text, it was

certain that authors’ citations will be numeric.

— The abbreviations of the periodicals titles must be adjusted

according to the “Index Medicus” and “Index to Dental Literature”

publications.

— The illustrations must embrace originals of good quality, showed,

preferably, in slides or in CD in a high resolution image (300 dpi).

— The drawings sent can be improved or traced again by the magazine

production, according to the Editorial Staff criteria.

— The figures and tables, in Arabic numbers, and with their respective

legends, must be sent in separated papers, but inserted in the text.

— The texts must enclose the structured abstract in Portuguese and

English of a maximum of 250 words, as well as 3 to 5 key-words

also in Portuguese and English.

— On the first page the texts must present the author’s identification

(name, institution, post, title, address, e-mail) of a maximum of 5

lines.

— By reason of exemption in the evaluation of the studies by the

Editorial Staff, the second page must bring the title in Portuguese

and English, the abstract, the key-words, as well as names or any

data related to the authors.

— All the articles must be electronically submitted in the following

url:

Editorial normS

http://www.dentalpress.com.br/pubartigos

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 160 Maringá, v. 14, n. 6, p. 158-160, nov./dez. 2009

1. o registro de ensaios clínicos

Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências

para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo pro-

jeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista

intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de

causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter

interferência sobre a saúde dos envolvidos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clí-

nicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados

e registrados antes de serem iniciados.

O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de

identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos

resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas cien-

tíficas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como

pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de

instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com

interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite

reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas,

observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas

nos assuntos.

Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revis-

tas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões inter-

nacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas

científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic

Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Ca-

ribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas

exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram in-

cluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de

registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área

da saúde.

Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Jour-

nal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que

exijam dos autores o número de registro no momento da submissão

de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos

Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos en-

dereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados,

os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios

estabelecidos pela OMS.

2. Portal para divulgação e registro dos ensaios

A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros

de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Se-

arch Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index.html), com

interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa,

nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clí-

nicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os

ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para

a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos corres-

pondente.

A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pe-

los produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede

recém criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical

Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores

dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e

controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros

primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical

Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (Internatio-

nal Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRC-

TN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possí-

vel, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para

os recomendados pela OMS.

A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem

ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação,

data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financia-

mento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinado-

res, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas,

título público do estudo, título científico, países de recrutamento, pro-

blemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e ex-

clusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário,

tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de

resultados primárias e secundárias.

Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três

categorias:

- Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e

contribuem para o Portal;

- Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas

enviam os dados para o Portal somente através de parceria com

um dos Registros Primários;

- Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria

do Portal, ainda não contribuem para o Portal.

3. Posicionamento da Revista dental Press de ortodontia e ortopedia

Facial

A REVISTA DENTAL PRESS DE ORTODONTIA E ORTOPE-

DIA FACIAL apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Or-

ganização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/en/)

e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE

(http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.

org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas

para o registro e divulgação internacional de informação sobre estu-

dos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações

da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS

e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesqui-

sas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um

dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabele-

cidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site

do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação

deverá ser registrado ao final do resumo.

Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o

registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.

Atenciosamente,

Jorge Faber, CD, MS, Dr

Editor Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial –

ISSN 1415-5419

e-mail - [email protected]

comunicado aoS autorES E conSultorES - rEgiStro dE EnSaioS clínicoS