hÁbitos e distÚrbios do sono em escolares da...
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Faculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto
Programa de Ps-graduao em Cincias da Sade
ELIANE APARECIDA DE MELLO TRONCOSO
HBITOS E DISTRBIOS DO SONO EM
ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE
ENSINO
So Jos do Rio Preto
2011
Eliane Aparecida de Mello Troncoso
HBITOS E DISTRBIOS DO SONO EM
ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE
ENSINO
Orientador: Prof. Dr. Nelson IguimarValerio
So Jos do Rio Preto
2011
Dissertaoapresentada Faculdadede
Medicina de So Jos do RioPreto para
obteno do Ttulo de Mestre no Curso
de Ps-graduao em Cincias da Sade.
Eixo Temtico: Medicina e Cincias
Correlatas.
Troncoso, Eliane Aparecida de Mello
Hbitos e distrbios do sono em escolares da rede municipal
deensino/ Eliane Aparecida de Mello Troncoso
So Jos do Rio Preto, 2011
202 p.
Dissertao (Mestrado) Faculdade de Medicina de So Jos do Rio
Preto FAMERP
Eixo Temtico: Medicina e Cincias Correlatas
Orientador: Prof. Dr. Nelson IguimarValerio
1. Sono; 2. Distrbios do Sono; 3. Estudantes; 4. Privao do Sono; 5. Sade da Criana.
ELIANE APARECIDA DE MELLO TRONCOSO
HBITOS E DISTRBIOS DO SONO EM
ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE
ENSINO
BANCA EXAMINADORA
DISSERTAO PARA OBTENO DO GRAU
DE MESTRE
Presidente e Orientador:___________________
2 Examinador: __________________________
3 Examinador: __________________________
Suplentes:__________________________
__________________________
So Jos do Rio Preto, ___/___/___.
SUMRIO
DEDICATRIA.................................................................................................. i
AGRADECIMENTOS........................................................................................ ii
EPGRAFE......................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... vii
LISTA DETABELASE QUADROS................................................................... viii
RESUMO.............................................................................................................. xi
ABSTRACT.......................................................................................................... xiii
INTRODUO..................................................................................................... 1
SONO.................................................................................................................... 3
. Distrbios do sono..................................................................................... 5
. Classificao dos Distrbios do Sono.......................................................... 7
. Epidemiologia sobre hbitos e distrbios do sono em crianas................... 12
. Complicaes dos hbitos e distrbios do sono em crianas....................... 16
. Instrumentos para Investigao Diagnstica dos Distrbios do Sono......... 20
. Intervenes.................................................................................................. 22
OBJETIVOS.......................................................................................................... 26
CASUSTICA E MTODO.................................................................................. 27
ANLISE DOS DADOS...................................................................................... 34
RESULTADOS..................................................................................................... 35
. Sesso I: Anlise Descritiva......................................................................... 36
Parte 1 - Descrio dos aspectos sociodemogrficos.......................... 37
Parte 2 - Questes relacionadas ao sono da criana............................ 49
Parte 3 Escala De Distrbios do Sono para Crianas (EDSC)......... 63
. Sesso II:Anlise/correlao estatstica....................................................... 66
Parte 1: Questes sobre aspectos sociodemogrficos versus
questes complementares relacionadas ao sono da criana...............
68
Parte 2: Questes relacionadas ao sono da criana versus DS....... 72
Parte 3: Questes sobre aspectos sociodemogrficos versus DS... 74
DISCUSSO......................................................................................................... 76
. Constituio da casustica.......................................................................... 76
. A.Prevalncia de Distrbios do Sono (DS)............................................... 79
. B. Descrio e correlao dos aspectos sociodemogrficos, questes
complementares sobre hbitos do sono e distrbios do sono................................
85
. C. Descrio e comparao entre questes complementares de hbitos do
sono e distrbios do sono, que no estabeleceram correlao estatstica com
aspectos sociodemogrficos..................................................................................
136
CONCLUSO....................................................................................................... 157
a) Caracterizao dos dados sociodemogrficos dos participantes (alunos e
pais/responsveis)..................................................................................................
157
b) Identificao e anlise dos distrbios e hbitos do sono dos alunos, a
partir da perspectiva de pais/responsveis.............................................................
158
c) Comparaes entre dados sociodemogrficos, hbitos e distrbios do
sono........................................................................................................................ 162
CONSIDERAES FINAIS............................................................................... 167
Limitaes do estudo...................................................................................... 169
Perspectivas futuras........................................................................................ 170
REFERNCIAS.................................................................................................. 172
APNDICES......................................................................................................... 196
ANEXOS............................................................................................................... 201
i
DEDICATRIA
A todas as crianas, portadoras ou no de distrbios do sono.
Aos meus pais, Antnio (in memorian) e Aparecida, que me receberam como
filha, educaram no amor e na fraternidade, dentro dos princpios cristos. Pai, embora
no esteja com a vestimenta carnal, sei que vibra por mim. Saiba que meu dolo, e
que, se eu findar esta existncia com uma parcela de sua sabedoria e humildade, j ter
valido a pena. Me, mesmo com nossas divergncias, o essencial o crescimento e o
amor. Obrigada por entender meus erros, me perdoar e reforar meus acertos. Amo
vocs .
ii
AGRADECIMENTOS
Deus, por permitir minha passagem pela esfera terrestre e prover, no da
maneira que eu sonhei, mas da forma que mereci.
Ao Alexandre Troncoso: Marido, amigo, cmplice, irmo; pessoa que sempre
me valorizou, fez-me acreditar que poderia estar aqui neste momento, e muito suportou,
permanecendo sempre ao meu lado.
Aos meus maiores tesouros, minha alegria, minha vida, meu tudo, meus filhos
Vincius e Ana Jlia, que so os pilares de minha sustentao, razo do meu viver, por
quem eu acordo, respiro, vivo e sonho.
Ao Prof. Dr. Nelson Iguimar Valerio, por ter acreditado em mim, ter respeitado
meus momentos de altos e baixos, alegrias e tristezas, desiluses e conquistas, sempre
me mostrando possibilidades. Agradeo pela orientao no somente cientfica, mas na
cincia humana, pela pacincia em guiar meus pequenos e trpegos passos. Tua
participao na minha vida vitalcia. Muito obrigada.
Aos meus irmos consanguneos: Regina, Sandra, Jos Augusto e Fabiana, que
sempre me incentivaram a estudar e progredir como profissional e como pessoa.
Aos meus sogros Baslio Troncoso Netto e Maria Dourado da Silva Troncoso,
que auxiliaram em todos os momentos de minha vida.
iii
Ao Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em Cincias da Sade
FAMERP, onde fui recebida e atendida com respeito.
Mara Castanho Cestaro, minha amiga-irm, que esteve ao meu lado quando
tudo corria bem vida, e quando tudo pareceu desmoronar, tambm permaneceu junto a
mim.
Clara Maria Zago, adorada amiga, que sempre teve uma palavra para levantar
meu astral, tua fora me d fora. Agradeo por fazer parte do meu mundo!
famlia da Biblioteca, que sempre, com muito profissionalismo e tica,
supriu minhas necessidades. Beijos no corao de todos vocs.
Adriana Freire Rocha, pela sua pacincia, dedicao e palavras de apoio.
Nilmara Barbosa de Oliveira, importante durante este trajeto percorrido; seu
sorriso e incentivo fizeram parte desta histria.
Profa. Dra. Nely Slvia Arago de Marchi, que me concedeu a oportunidade
de entrar no universo do Sono, agradeo pelos seus ensinamentos, incentivo e elogios,
muito importantes para a concluso deste trabalho, deste filho que tem orgulho por t-
la como madrinha.
Profa. Dra. Neide Aparecida Micceli Domingos, pela valiosa contribuio em
minha formao cientfica.
iv
A todos aprimorandos e aperfeioandos supervisionados por mim durante esta
jornada.
Agradecimento especial ao Aperfeioando Leandro Gomes Mendona, que
comeou uma etapa profissional comigo no momento em que eu precisava dedicar
dissertao. Agradeo pelo respeito que teve por mim, pelo meu trabalho e pela nossa
Equipe.
minha equipe de trabalho profissional (Cirurgia Torcica e Pneumologia),
que, alm de me valorizar, souberam respeitar meu tempo de dedicao pesquisa.
psicloga Profa Kelly Risso Grecca, por importante contribuio na eleio
dos instrumentos utilizados.
Ao Prof. Jos Antnio Cordeiro, essencial para o desenvolvimento de importante
parte deste trabalho.
A Secretaria de Educao de So Jos do Rio Preto, por autorizar a presente
pesquisa, bem como as diretoras das escolas.
Aos professores que dedicaram parte de seu precioso tempo no auxlio da
divulgao, entrega e recebimento dos instrumentos que compuseram o trabalho.
Aos alunos que ouviram os professores e transmitiram o recado aos
pais/responsveis sobre a importncia da participao.
v
A todos os pais/responsveis de alunos que receberam os materiais da pesquisa,
independente de t-los respondido ou no.
Aos funcionrios das escolas estudadas que me acolheram com carinho e
respeito.
vi
EPGRAFE
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma da elaborao do projeto retirada dos instrumentos das
escolas estudadas.. ...............................................................................30
Figura 2 Fluxograma da triagem e classificao dos instrumentos redao
final........................................................................................................33
Figura 3 Fluxograma da diviso didtica do captulo..........................................35
Figura 4 Fluxograma da Sesso I.........................................................................37
Figura 5 Devolutiva dos instrumentos.................................................................38
Figura 6 Fluxograma da Sesso II.......................................................................67
viii
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Quadro 1 Sntese de estudos apresentados pela OMS, referentes aos efeitos
do DS na sade de crianas e adolescentes.. ..............................18
Quadro 2 Frequncia dos hbitos do sono segundo perspectiva dos
pais/responsveis, a partir do instrumento Questes referentes
ao sono da criana (Apndice 2)................................................61
Tabela 1 Dados scios demogrficos sries/ perodo escolar (Escola A,
Escola B, Total). ........................................................................39
Tabela 2 Dados scios demogrficos moradia/ meios de transporte para
a escola/ renda familiar (Escola A, Escola B, Total)..................41
Tabela 3 Dados scios demogrficos caracterizao dos
pais/responsveis / idade/ escolaridade/etnia/ religio/
empregabilidade/ deficincias/ prtica de atividade fsica e de
lazer (Escola A, Escola B, Total)................................................44
Tabela 4 Dados scios demogrficos envolvimento escolar dos
pais/responsveis: conhecimento da professora, comparecimento
em reunio escolar, auxlio em tarefa escolar, conferncia de
boletim escolar (Escola A, Escola B, Total)...............................47
Tabela 5 Dados scios demogrficos sade, comportamento e
desempenho escolar da criana (Escola A, Escola B, Total)......49
Tabela 6 Questes relacionadas ao sono da criana comportamentos que
influenciam a qualidade do sono (Escola A, Escola B, Total)....50
Tabela 7 Questes relacionadas ao sono da criana hbitos antes de
ix
dormir - bebida / liquido / ingesta, agitao motora e mental,
higiene pessoal, Induo do sono (relaxamento) (Escola A,
Escola B, Total)..........................................................................52
Tabela 8 Questes relacionadas ao sono da criana - hbitos do adormecer
(Escola A, Escola B, Total)........................................................55
Tabela 9 Questes relacionadas ao sono da criana - comportamento
durante o sono / controle de esfncter (Escola A, Escola B,
Total)...........................................................................................56
Tabela 10 Questes relacionadas ao sono da criana - despertar (Escola A,
Escola B, Total)..........................................................................58
Tabela 11 Questes relacionadas ao sono da criana - comportamentos de
pais/responsveis em relao aos hbitos do sono (Escola A,
Escola B, Total)..........................................................................59
Tabela 12 Distrbios do Sono frequncia (Escola A: 36, Escola B: 30,
Total: 66).....................................................................................64
Tabela 13 Distrbios do Sono classificao por Distrbio (Escola A: 36,
Escola B: 30, Total: 66).............................................................66
Tabela 14 Dados sociodemogrficos (QUE) versus Hbitos do sono
(PERG)........................................................................................71
Tabela 15 Hbitos do sono (PERG) versus Distrbios do Sono (DS),
valores de p nestas escalas de DS, que representam correlaes
significantes (valor de p 0,005)...............................................73
Tabela 16 Dados sociodemogrficos (QUE) versus Distrbios do Sono
(DS), valores de p nestas escalas de DS, que representam
x
correlaes significantes (valor de p 0,005)............................75
Quadro 1 Sntese de estudos apresentados pela OMS, referentes aos efeitos
do DS na sade de crianas e adolescentes.. ..............................18
Quadro 2 Frequncia dos hbitos do sono segundo perspectiva dos
pais/responsveis, a partir do instrumento Questes referentes
ao sono da criana (Apndice 2)................................................62
xi
Hbitos e distrbios do sono em escolares da rede municipal de ensino
RESUMO
Introduo: Distrbios do sono (DS) constituem um problema no s no Brasil, j se
tornou condio de sade pblica mundial, prejudicando as pessoas, fsica e
emocionalmente, e at colocando-as em perigo de vida. Objetivos: Identificar, analisar
e comparar hbitos e distrbios do sono em uma amostra de alunos da rede municipal de
ensino de uma cidade de mdio porte do interior do estado de So Paulo. Mtodo:
Pesquisa descritiva, qualiquantitativa, com coleta de dados realizada entre novembro e
dezembro de 2009, em 188 crianas entre seis e 11 anos, de escolas municipais da
cidade de So Jos do Rio Preto, So Paulo, a partir de um Roteiro de dados
demogrficos, Questes sobre hbitos do sono e Escala de Distrbios do Sono para
Crianas (EDSC), preenchidos pelos pais/responsveis. A mesma foi conduzida dentro
dos padres exigidos pela Declarao de Helsinque, Resoluo 196/96 do Conselho
Nacional de Sade e aprovada pela comisso de tica da Faculdade de Medicina de So
Jos do Rio Preto - Parecer n 316/269. Resultados: No geral, a prevalncia de DS da
amostra em escolares de So Jos do Rio Preto, SP, atingiu ndice superior ao relatado
pela literatura, com maior frequncia entre os que estudavam no perodo matutino, e os
cujos pais/responsveis se consideraram pardos. Escolares pertencentes a famlias com
maior nmero de integrantes demonstraram maior tendncia para Distrbio Respiratrio
do Sono (DRS), os que tomavam remdio, para Sonolncia Excessiva Diurna (SED), e
aqueles que apresentavam queixa de dor ou incmodo, para todos os DS. Os meninos
apresentaram mais DS, hbitos desfavorveis ao sono saudvel e maior tendncia para
Hiperhidrose do Sono (HS) e enurese, quando comparados s meninas do estudo; foi
verificada maior ocorrncia e associaes entre HS e DRS. Escolares com problemas de
xii
comportamento, notas insuficientes e expulso, demonstraram tendncia para alguns DS
especficos, indicando uma estreita relao entre as variveis. Com relao aos hbitos
que influenciam a qualidade do sono, quantidade significativa de escolares tomava
muito lquido, incluindo o leite, prximo da hora de dormir, algumas crianas da escola
B responderam de forma afirmativa s brincadeiras vigorosas, e os da escola A aos
jogos de vdeo game ou computador. Aps deitar, foi alta a quantidade dos que faziam
uso espordico da televiso e que dormiam sem deslig-la, irregularidades quanto ao
horrio e local para dormir tambm foram identificadas em ambas as instituies, bem
como a permanncia de pais/responsveis no quarto at a criana adormecer.
Concluses: A HS, DS pouco abordado pela literatura cientfica, foi identificada com
alta frequncia na populao estudada, bem como o DRS. Participantes que mostraram
hbitos considerados desfavorveis ao sono constituem parcela significativa da amostra,
que podem estar influenciando tanto a quantidade quanto a qualidade do sono,
aumentando os riscos relacionados s doenas, bem como interferindo no
desenvolvimento das capacidades intelectuais e do comportamento escolar. Estudos
mais detalhados sobre HS, bem como inquritos populacionais so sugeridos, e
programas especficos de intervenes especializadas devem ser elaborados e
implantados para este pblico.
Descritores: Sono, Distrbios do Sono, Estudantes, Privao do Sono, Sade da
Criana.
{ XE "APRESENTAO" }
xiii
Habits and sleep disorders in school children of municipal schools
ABSTRACT
Introduction: Sleep disorders (SD) are a problem not only in Brazil, has become a
global public health condition, affecting people physically and emotionally, and even
putting them in danger of life. Objectives: To identify, analyze and compare habits and
SD in a sample of students from municipal schools in a midsize city in the state of Sao
Paulo. Method: A study descriptive, qualitative-quantitative, with data collection
conducted between November and December 2009, 188 children between six and 11
years of municipal schools in the city of Sao Jose do Rio Preto, Sao Paulo, from issues
data demographic, questions about sleep habits and the Sleep Disorders Scale for
Children (EDSC), completed by the parents / caregivers. The same was conducted
within the standards required by the Helsinki Declaration, Resolution 196/96 of the
National Health Council and approved by the ethics committee of the Faculty of
Medicine of So Jos do Rio Preto (Number 316/269). Results: Overall, that the
prevalence of SD in the sample school Sao Jose do Rio Preto, rate higher than that
reported in literature with greater frequency among those who studied in the morning,
and whose parents / caregivers are considered mulatto. Students belonging to families
with more members showed a greater tendency to Sleep Disordered Breathing (SDB),
those taking medication for Excessive Daytime Sleepiness (EDS), and those who
complained of pain or discomfort, for all SD. Boys were more SD, habits unfavorable to
wholesome sleep habits and more probability to Sleep Hyperhidrosis (HS) and enuresis,
compared to girls in the study; was found increased occurrence and association between
HS and SDB. Students with behavioral problems, expulsion and insufficient grade
xiv
school tended to some SD specific, indicating a relationship between the variables. With
regard to the habits that influence the quality of sleep, significant amount of students
took plenty of fluids, including milk, close to bedtime, some children from school B
responded in the affirmative to rough play, and the school A to the video game or
computer. After lying down, was the high amount of which were sporadic use of
television and slept without turning it off, irregularities in the time and place to sleep
were also identified in both institutions, as well as the permanence of parents /
caregivers in the room until the child fall asleep. Conclusions: The SH, SD poorly
addressed by the scientific literature was identified with high frequency in the
population studied, and the SDB. Participants who showed sleep habits that were
unfavorable constitute a significant portion of the sample, that may be influencing both
the quantity and quality of sleep, increasing the risks related to diseases, as well as
interfering with the development of intellectual abilities and school behavior. More
detailed studies on SH as well as surveys are suggested, and specialty specific
assistance programs should be developed and deployed for this community.
Key-words: Sleep, Sleep Disorders, Students, Sleep Deprivation, Child Health.
1
INTRODUO
Este estudo, de carter descritivo exploratrio, insere-se no mbito do Mestrado em
Cincias da Sade, Eixo Temtico Medicina e Cincias Correlatas, do Programa de Ps-
Graduao Stricto Sensu da Faculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto - FAMERP,
SP, Brasil.
A escolha do tema foi elaborada a partir da perspectiva do profissional de sade,
considerando este como educador e visualizando a criana portadora de Distrbio de Sono
de forma global, desde os hbitos inseridos no contexto familiar, at suas repercusses
pessoais, na sade/doena, escola e sociedade.
A motivao principal para investigar hbitos e distrbios do sono em escolares est
estreitamente relacionada ao mbito profissional da pesquisadora, que na funo de
fisioterapeuta membro da Equipe da Neurologia/Sono do Hospital de Base de So Jos do
Rio Preto, SP, se dedica aos estudos do sono e implementao fisioteraputica para estes
pacientes.
O pblico atendido pela equipe mencionada formado prioritariamente por adultos,
precipitando reflexes e inquietaes sobre tais doenas em crianas por parte desta
pesquisadora que observou, durante sua trajetria laboral e de vida, escassez de percepo e
investigao relacionada ao processo sade-doena-educao-preveno, bem como de
informaes sobre esta temtica pela famlia.
Pesquisas sobre o sono tm verificado que seus distrbios causam consequncias
fsicas e psicolgicas em crianas que, por sua vez, implicam em transtornos familiares, no
sistema de sade e na Instituio de Ensino. Neste sentido, produzir publicaes
cientficas, com aumento de artigos na rea de controvrsias, acrescentar dados e
2
informaes na literatura especfica, colaborando para novos conhecimentos profissionais a
partir dos resultados encontrados, de relevncia e justifica cientificamente a realizao
desta obra.
Acrescentar melhoria na formao e capacitao profissional dos autores,
aprendizagem metodolgica, domnio e elaborao no discurso cientfico associados a
crescimento curricular, so benefcios tambm vislumbrados no exerccio da execuo
deste, principalmente por se tratar da realidade brasileira que se apresenta incipiente na
formao e qualificao de pesquisadores de todos os campos de conhecimento, sobretudo
na rea da sade.
Para a Instituio FUNFARME/FAMERP, este trabalho significa uma produo
cientfica de relevncia para o cenrio da sade pblica, bem como a elaborao de
programas intervencionistas junto populao e atividades de extenso pelos seus
respectivos Departamentos e Servios.
Outra contribuio do presente estudo a implantao de um banco de dados sobre
os distrbios do sono em escolares de So Jos do Rio Preto, til aos profissionais
comprometidos com esse tipo de alterao na criana.
A presente Dissertao tem incio com fundamentao terica consideraes sobre o
sono normal, distrbios, classificao, epidemiologia, complicaes, ferramentas
diagnsticas e intervenes para Distrbios do Sono. Na sequncia, so apresentados os
objetivos e desenho metodolgico, seguidos pelos resultados descritivos e estatsticos, e
pela comparao destes com a literatura cientfica pertinente, em captulo de Discusso.
As concluses esto descritas em conformidade com os objetivos especficos deste trabalho
e findam-se com as consideraes dos autores que relatam as limitaes da investigao e
3
perspectivas futuras. As demais sesses posteriores constituem o ps-texto e compreendem
as referncias bibliogrficas, apndices e anexos.
. Sono
O sono um importante processo fisiolgico humano,(1)
altamente organizado(2)
fundamental nas funes fsica e psquica,(3)
que intervm na maturao do sistema
nervoso.(2)
Ocupa um tero do tempo de vida(4)
e imprescindvel para o desenvolvimento
da criana, j que influencia no crescimento, comportamento, cognio, aprendizagem e
ateno.(2)
H indcios crescentes de que o sono importante para o aprendizado,
memria e plasticidade neurais subjacentes.(5)
Sono e descanso podem ser explicados como
estado adaptativo, cuja funo central a conservao de energia e regulao do
comportamento.(6)
A organizao do sono varia de forma significativa do perodo neonatal
adolescncia. Ao nascimento, o recm-nascido apresenta perodos de trs a quatro horas de
sono contnuo, intercalados por mais ou menos uma hora de despertar. Ao final do primeiro
ms de vida, os perodos de sono noturno passam a ser mais longos. Com trs meses, o
sono ininterrupto no ultrapassa 220 minutos e, em torno de seis meses, no vai alm de
seis horas. Entre nove e dez meses, o lactente dorme em mdia nove a dez horas por noite
(com interrupes) e duas a trs horas por dia.(7)
A consolidao do sono noturno acontece aos doze meses, com permanncia das
sestas diurnas que tendem a diminuir em quantidade e durao. Aos trs anos, geralmente,
ocorre somente a sesta da tarde, que a partir dos cinco anos se apresenta de forma
espordica. Entre cinco e dez anos de idade h diminuio gradativa do tempo total do sono
4
noturno que, no perodo de onze a treze anos, apresenta durao em torno de nove
horas/noite e, na adolescncia, tende a reduzir para uma mdia de sete horas.(7)
No sono considerado normal observam-se cinco fases distintas: quatro fases de
movimentos oculares no rpidos (NREM), numerados de I a IV e uma fase dos
movimentos oculares rpidos (REM).(8)
A fase NREM do sono, em condies normais, aparece no incio do sono noturno
aps uma latncia aproximada de dez minutos. O estgio I representa 5% do tempo total do
sono; o estgio II, momento em que se torna mais difcil acordar o indivduo em relao ao
estgio I,(9)
constitui 45% a 54%; e os estgios III e IV, chamados de sono de ondas lentas
ou sono delta, de 8% a 15%, e esto associados restaurao fsica.(10)
Ainda nesta fase de sono (NREM) acontecem alteraes fisiolgicas na frequncia
cardaca e respiratria, presso arterial, dbito cardaco e tamanho da pupila, porm no
apresentam grandes variaes. Diminuio da atividade neuromuscular, atividade mental,
dissipao perifrica de calor com aumento da transpirao, reduo da taxa metablica
basal e fragmentao dos sonhos tambm ocorrem nas fases NREM.(10,11)
Aps 90 minutos, aproximadamente, inicia o primeira fase do sono REM (9)
que
constitui 20% a 25% de tempo total de sono,(8)
contempla a maior parte dos sonhos e
associa-se com a restaurao cognitiva e memria. Nesse perodo as alteraes fisiolgicas
so mais intensas, com atonia de todos os grupos musculares, exceto diafragma e
musculatura extrnseca dos olhos- (12)
predominncia nos msculos do pescoo, frequncias
cardaca e respiratria elevadas e irregulares, aumento da presso arterial sistmica, do
fluxo sanguneo e da temperatura cerebral.(10,13)
Ocorre ainda, aumento dos nveis
metablicos e do consumo de energia cerebral e reparo celular, onde se verifica a
5
substituio de enzimas alteradas por radicais livres, por outras enzimas recm-sintetizadas.
nessa fase que a memria das experincias vividas durante o dia fixada.(12)
Estudos demonstram que em uma noite de oito horas de sono ocorrem de quatro a
sete ciclos NREM-REM, que dependem de processos circadianos (oscilao entre alta e
baixa tendncia ao sono em um perodo de 24 horas), homeostticos (estado determinado
pela viglia anterior) e ultradianos (alternncia entre o sono NREM e REM).(10,11)
Alteraes na organizao normal do sono podem ocorrer precipitadas por
inadequao ambiental, maus hbitos que antecedem o perodo do sono, necessidades
ocupacionais, presena de doenas que induzem privao do sono ou fatores genticos.
Independente da causa motivadora da modificao do sono normal, quando persistentes ou
repetitivos podem acarretar distrbios do sono e evoluir para problemas mdicos ou
emocionais.(12,14)
. Distrbios do sono
Distrbios do sono (DS) so comuns na infncia(15)
e ocupam o quinto lugar na lista
de preocupaes dos pais, atrs de doenas, alimentao, problemas comportamentais e
deficincias fsicas.(16)
A queixa de DS, muitas vezes, no relatada pelos pais como um
assunto mdico, por outro lado, a consulta peditrica de rotina, geralmente, no questiona
aspectos do sono7
ou so menosprezados. No raro, esses DS progridem para situaes mais
severas e comprometem o desenvolvimento e bem-estar das crianas.(16)
Distrbios do sono
apresentam-se entre os transtornos clnicos, com grande impacto de sade e
socioeconmico, porm com baixo ndice de diagnstico e tratamento adequado.(17,18)
6
Diagnstico precoce de DS em crianas pode prevenir problemas comportamentais,
psiquitricos e neurocognitivos nessa populao.(19-21)
Aproximadamente 40% dos adultos relatam que a sonolncia diurna interfere com o
seu trabalho e funcionamento social pelo menos alguns dias em cada ms, como resultado
da insuficincia de sono noturno. Desestruturao social e/ou conjugal, transtornos do
humor e doenas mdicas ou psiquitricas graves so outros prejuzos causados pelos
DS(22)
que, alm de comprometer a qualidade de vida em qualquer fase, comprometem
tambm a segurana pblica, pois aumentam o nmero de acidentes industriais e de trfego.
Dentre as consequncias mdicas graves resultantes dos DS, encontram-se: aumento
da taxa metablica, aumento da atividade da tiride, resistncia insulina, hipotermia,
prejuzo da funo imune, hipertenso arterial sistmica e pulmonar, doena arterial
coronariana, insuficincia cardaca congestiva, arritmias, acidentes vasculares cerebrais, e
diminuio da libido. Uso e abuso de substncias como lcool e drogas tambm so
relatados como efeitos resultantes dos DS.
Perdas cognitivas, como deteriorao do desempenho, ateno e motivao,
diminuio da concentrao mental e capacidade intelectual e de aumento da probabilidade
de acidentes de trabalho, apresentam repercusses significativas para o indivduo, famlia e
sociedade.(23-25)
. Classificao dos Distrbios do Sono
Distrbios do sono (DS) so abordados a partir de trs sistemas de classificao:
Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais - DSM-IV-TR, Classificao
7
Internacional de Doenas - CID10 e Classificao Internacional dos Distrbios do Sono
CIDS 2. Estes sistemas so independentes e com utilizao de diferentes critrios de
incluso, porm o mais utilizado pelas sociedades de medicina do sono o CIDS 2.(7,26,27)
Sistemas de classificao dos Distrbios do Sono
1. Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais - DSM-IV-TR (American
Psychiatry Association, 2002): classificao psiquitrica que divide os transtornos do
sono em (a) primrios; (b) relacionados a transtornos mentais; (c) relacionados condio
mdica geral; e (d) induzidos por substncias.(28)
2. Classificao Internacional de Doenas - CID10 verso 2008: publicada pela
Organizao Mundial de Sade (OMS), a classificao utilizada por mdicos em geral, e
agrupam os transtornos em: (a) distrbios do incio e da manuteno do sono; (b)
distrbios do sono por sonolncia excessiva ou hiperssonia; (c) distrbios do ciclo viglia-
sono; (d) apnia do sono, (e) narcolepsia e cataplexia; (f) outros distrbios do sono; e (g)
distrbios do sono no especificados.(29)
3- Classificao Internacional dos Distrbios do Sono (CIDS-2): classificao detalhada e
a mais utilizada pelos profissionais da rea da medicina do sono. Divide os distrbios em
oito grupos que so, por sua vez, subdivididos conforme se seguem:(30)
I- Insnias
As insnias so definidas por dificuldade de iniciar ou manter o sono, com
despertares precoces(31)
e sono no restaurador,(32)
insuficientes para recomposio fsica e
psquica,(33)
refletida na sonolncia diurna.(32)
8
So subdivididas em: Insnia de Ajuste (Insnia aguda); Insnia Psicofisiolgica;
Insnia Paradoxal; Insnia Idioptica; Insnia causada por Doena Mental; Higiene
Inadequada do Sono; Insnia Comportamental da Infncia; Insnia causada por Drogas ou
Substncias; Insnia causada por Condies Mdicas; Insnia no causada por Substncias
ou Condio Fisiolgica conhecida, inespecfica (Insnia no-orgnica; no especificada de
outra forma); Insnia Fisiolgica (orgnica), inespecfica.(30)
II - Distrbios Respiratrios relacionados ao Sono
Constituem a causa mais comum de sonolncia entre indivduos que consultam o
mdico por transtorno do sono. Provoca um sono perturbado, hipoxemia e termina com o
despertar. Geralmente, causa sonolncia, gerando elevado risco de acidentes,
principalmente no trnsito.(34)
So subdivididos em: Sndromes da Apnia Central do Sono; Apnia Central do
Sono: Primria; Apnia Central do Sono causada pelo Padro de Respirao de Cheyne-
Stokes; Apnia Central do Sono causada pela Respirao Peridica da Alta Altitude;
Apnia Central do Sono causada por Condies Mdicas que no Cheyne-Stokes; Apnia
Central do Sono causada por Drogas ou Substncias; Apnia do Sono Primria da Infncia
(do recm-nascido); Sndromes da Apnia Obstrutiva do Sono (SAOS); Apnia Obstrutiva
do Sono, adulto; Apnia Obstrutiva do Sono, peditrica; Sndromes da
Hipoventilao/Hipoxemia relacionadas ao Sono- Hipoventilao Alveolar no-obstrutiva
relacionada ao sono, idioptica; Sndrome da Hipoventilao Alveolar Central Congnita;
Sndromes da Hipoventilao/Hipoxemia relacionadas ao Sono causadas por condies
Mdicas; Sndromes da Hipoventilao/Hipoxemia relacionadas ao Sono causadas por
9
doenas do parnquima e vasculatura pulmonar; Sndromes da Hipoventilao/Hipoxemia
relacionadas ao Sono causadas por obstruo das vias areas inferiores; Sndromes da
Hipoventilao/Hipoxemia relacionadas ao Sono causadas por doenas neuromusculares e
da caixa torcica; Outros Distrbios Respiratrios relacionados ao Sono; Apnia do Sono/
Distrbios Respiratrios relacionados ao Sono, inespecficos.(30)
III - Hipersonias de Origem Central no causadas pelos Distrbios do Ritmo
Circadiano do Sono, Distrbios Respiratrios relacionados ao Sono, ou outras causas de
sono noturno interrompido
Compreendem doenas do sono, caracterizadas por sonolncia diurna com
diferentes graus de severidade, no relacionadas com hbitos de sono, originadas por
disfuno do Sistema Nervoso Central (SNC).(30)
So subdivididas em: Narcolepsia com cataplexia; Narcolepsia sem cataplexia;
Narcolepsia causada por Condies Mdicas; Narcolepsia, inespecfica; Hipersonia
Recorrente; Sndrome de Kleine-Levin; Hipersonia relacionada menstruao; Hipersonia
Idioptica com tempo de sono prolongado; Hipersonia Idioptica sem tempo de sono
prolongado; Sndrome do Sono Insuficiente induzido comportamentalmente; Hipersonia
causada por Condies Mdicas; Hipersonia causada por Drogas ou Substncias;
Hipersonia no causada por Substncias ou Condio Fisiolgica conhecida (Hipersonia
no-orgnica; no especificada de outra forma); Hipersonia Fisiolgica (orgnica),
inespecfica (Hipersonia Orgnica, no especificada de outra forma).(30)
IV- Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Nervoso_Central
10
Constituem transtornos que se manifestam por desequilbrio entre o perodo do sono
do indivduo e o padro de sono considerado normal pela sociedade. O sono e a viglia
ocorrem em momentos inadequados.(35)
So subdivididos em: Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono, tipo fase do sono
atrasada (Distrbio da Fase do Sono Atrasada); Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono,
tipo fase do sono avanada (Distrbio da Fase do Sono Avanada); Distrbios do Ritmo
Circadiano do Sono, tipo sono-viglia irregular (Ritmo Irregular do Sono-Viglia);
Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono, tipo livre-curso (Tipo no sincronizado);
Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono, tipo Jet Lag (Distrbio de Jet Lag); Distrbios do
Ritmo Circadiano do Sono, tipo trabalho de turno (Distrbio do Trabalho de Turno);
Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono causado por condies mdicas; Outros
Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono (Distrbios do Ritmo Circadiano, no
especificado de outra forma); Outros Distrbios do Ritmo Circadiano do Sono causado por
drogas ou substncias.(30)
V- Parassonias
Manifestaes inconscientes ou comportamentos fisiolgicos atpicos ocorridos em
determinados perodos do sono e que geralmente no acarretam sonolncia diurna ou sono
no reparador. Podem ser classificadas pelas manifestaes motoras, comportamentais,
psicossensoriais e autonmicas ou de acordo com a fase do sono que elas costumam
ocorrer.(30)
So subdivididas em: Distrbios do Despertar (do sono NREM); Despertar
confusional; Sonambulismo; Terror Noturno; Parassonias usualmente relacionadas ao sono
11
REM; Distrbio Comportamental do sono REM; Paralisia do sono isolada e recorrente;
Distrbios de pesadelos; Outras Parassonias; Distrbios dissociativos relacionados ao sono;
Enurese do sono; Gemido relacionado ao sono; Sndrome da exploso da cabea;
Alucinaes relacionadas ao sono; Distrbio do comer relacionado ao sono; Parassonias,
inespecficas; Parassonias causadas por drogas ou substncias; Parassonias por condies
mdicas.(30)
VI- Distrbios do Movimento relacionados ao sono
Caracterizados por atividades motoras involuntrias durante o sono, de carter
crnico (intensidade estvel e de longa durao), com intenso impacto na qualidade de vida
do sujeito devido privao do sono e estresse. Os sintomas variam de intensidade - de
leves a intolerveis.(36)
So subdivididos em: Sndrome das Pernas Inquietas; Distrbio dos Movimentos
Peridicos dos Membros; Cimbras de pernas relacionadas ao sono; Bruxismo relacionado
ao sono; Distrbio de Movimentos rtmicos relacionados ao sono; Distrbio de Movimento
relacionado ao sono inespecfico; Distrbio de Movimento relacionado ao sono causado por
drogas ou substncias; Distrbio de Movimento relacionado ao sono causado por condies
mdicas.(30)
VII- Sintomas isolados, variantes aparentemente normais e de importncia no
resolvida
Constituem-se em distrbios do sono que se apresentam com informaes
insuficientes que justifiquem os mesmos.(36)
12
So subdivididos em: Dormidor longo; Dormidor curto; Ronco; Sonilquio;
Mioclonias do incio do sono; Mioclonia benigna do sono da infncia; Tremor dos ps
hipnaggicos e alternncia de ativao dos msculos das pernas durante o sono; Mioclonia
proprioespinal no incio do sono; Mioclonia fragmentria excessiva.(30)
VIII- Outros Distrbios do Sono
Esta classificao composta pelos DS que englobam sndromes heterogneas sem
requisitos para definies especficas.(37)
So subdivididos em: Outros distrbios do sono fisiolgicos (orgnicos); Outros
distrbios do sono no causados por substncia ou condio fisiolgica conhecida;
Distrbios do sono ambientais.(30)
. Epidemiologia sobre hbitos e distrbios do sono em crianas
Estudos que descrevem hbitos de sono em escolares so escassos. No entanto, os
dados demonstram que 25% a 40% das crianas possuem alguma alterao no sono durante
a infncia,(38,39)
e pesquisas epidemiolgicas registram prevalncia elevada de DS na
populao peditrica, com ndices de 10% a 37% nas diferentes faixas etrias.(40,41)
Owens (2008) (42)
publicou um artigo de reviso de literatura sobre a epidemiologia
do DS da infncia em que relata 25% deste transtorno em crianas sem comprometimentos
neurolgicos prvios ou outras condies mdicas especficas, como rinites, sinusites,
cefalias, cncer, e dor em outras condies crnicas. Limitaes da maioria dos estudos
avaliados pela autora, cujos instrumentos consistiam em questionrios respondidos pelos
pais, foram a possibilidade de superestimar ou subestimar alteraes do sono.
13
Estudo com 103 escolares saudveis indianos (trs a 10 anos) em consulta mdica
ou para vacinao verificou ndices de DS pouco acima dos relatados pela literatura, em
torno de 42,7%;(43)
na China, pesquisa com 1019 escolares de seis a 14 anos,(44)
e nos Pases
Baixos,(45)
os resultados foram semelhantes entre si e com a maioria dos estudos nesta
populao: 23,56% e 25%, respectivamente.(44,45)
Owens (2008) (42)
disserta que muitas das pesquisas existentes comparam e associam
DS com dficits no desempenho escolar, envolvimento social e problemas
comportamentais. Questo tambm observada pela autora (2008), em outros estudos, foi
que estes sugeriam que a prevalncia de DS em crianas pobres e/ou vulnerveis podem ser
significativamente maiores e com consequncias mais graves, tanto como resultado de
privaes domiciliares impostas pela condio econmica quanto pelo acesso limitado aos
servios de sade.
No ano de 2005, Silva et al., estudaram 2472 questionrios sobre DS, respondidos
pelos pais, traduzidos para o portugus e adaptados s crianas brasileiras de sete a dez
anos. As variveis dependentes foram: rituais antes de deitar (beber leite, dormir com a luz
acesa ou a televiso ligada, dormir com objetos de estimao), cochilos diurnos, sonolncia
diurna, tempo total de sono (maior ou menor que oito horas por noite), e hora de dormir.
Observaram que 57% destas crianas seguiam pelo menos um ritual para dormir e, 2,3%
apresentaram trs rituais. No houve diferena significante em relao ao gnero nas
variveis beber leite e dormir com a luz acesa ou a televiso ligada, porm esses hbitos
diminuram com o aumento da idade. Dormir com um objeto, foi mais prevalente nas
meninas e no houve alterao com o passar do tempo. Cochilos foram frequentes em 17%
da amostra sem diferena quanto ao gnero e idade, porm ocorreram em escolares que
14
estudavam no perodo da manh. Quanto ao tempo total, 91,5% das crianas tiveram sono
maior que oito horas por noite, e 8,5% menor que oito; s houve diferena na reduo de
horas dormidas aps os dez anos de idade, e o horrio mais frequente para o adormecer foi
entre 22h e 22h49min.(46)
Hayes et al. (2001) (47)
observaram que crianas em idades pr-escolar que dormiam
na cama dos pais, apresentavam maior prevalncia de DS (despertares mais frequentes e
atraso para iniciar o sono) e problemas comportamentais (menor capacidade de adaptao).
Distrbios respiratrios do sono (DRS) so os transtornos mais prevalentes na
infncia, perfazendo 11% a 12% do total.(48,49)
Entretanto, estudo que verificou os padres
de sono e prevalncia de DS em escolares de uma amostra representativa da cidade de
Gandia, Espanha, apontou resultado em torno de 5,7%, valor abaixo dos relatados por
literatura pertinente.(50)
Outra pesquisa, realizada por meio de entrevista aos pais ou
responsveis de 346 crianas, com idades de 2 a 6 anos, participando de consultas de
puericultura em Brooklyn, NY, apontou prevalncia de 9,4% de DRS.(51)
Evidncias sugerem que os DRS so mais comuns em meninos e com maior ndice
de massa corporal. Dados disponveis ainda so insuficientes para diferenciar este distrbio
por idade. Alguns resultados sugerem maior prevalncia entre crianas afroamericanas em
comparao com as crianas brancas dos Estados Unidos, embora as diferenas baseadas
em raa ou etnia entre outras populaes mundiais sejam menos evidentes.(5,52)
Ronco,
apnia, sonolncia excessiva diurna (SED), hiperatividade, despertares noturnos, sono
agitado, enurese, respirao oral (RO) diurna, mau desempenho escolar, cefalia matinal e
dor de garganta frequente so sinalizadores dos DRS.(48)
15
Estudos realizados por Reimo (2004) citam a prevalncia de roncos em 7,7% de
uma populao infantil brasileira,(49)
ndice pouco acima do verificado por Bharti et al.
(2006) em 103 escolares saudveis indianos,(43)
e inferior ao encontrado por Goldstein et
al. (2011), com crianas em consulta de puericultura em Nova York, que apontou resultado
de 13,9%.(51)
Artigo de reviso sobre os padres e problemas de sono em crianas de Singapura,
Indonsia, indica que ronco ocasional e ronco habitual ocorrem em 28,1% e 6,0%,
respectivamente, e se associam com obesidade, rinite alrgica, dermatite atpica, tabagismo
e aleitamento maternos.(53)
Lumeng e Chervin (2008), apontam a Sndrome da Apnia
Obstrutiva do Sono (SAOS), que constituem outro tipo de DRS mais grave que os roncos,
com prevalncia entre 1% e 4%.(52)
Estudo epidemiolgico do sono e de sade realizado em seis escolas de ensino
mdio na cidade de Jinan, na China, com 1056 adolescentes e 838 pais que responderam a
um questionrio em maro e abril de 2005 demonstrou que 16,1% tinham insnia. (66)
Insnia comportamental da infncia, uma nova categoria no CIDS-2, um tipo de insnia
aprendida, com uma prevalncia estimada de 10% a 30%, enquanto que a insnia infantil
mantm seus valores em torno de 1% a 6%.(41)
Dificuldades para iniciar e manter o sono
podem ser consideradas sintomas da insnia e so apontadas como problemas comuns na
hora de dormir na populao peditrica, com prevalncia que varia de 11% a 47%.(14)
A Sonolncia Excessiva Diurna (SED), sinalizadora de DS, apresenta incidncia de
20% a 50%, relatada por Dewald et al. (2010); 17,9% apontada por Liu et al. (2005), e
13% por Toms Vila et al. (2008).
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=%22Goldstein%20NA%22%5BAuthor%5Dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=%22Lumeng%20JC%22%5BAuthor%5Dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=%22Chervin%20RD%22%5BAuthor%5D
16
Smedje, Broman e Hetta, em 1999, estudaram a prevalncia e correlaes de DS em
1844 crianas de cinco a sete anos de idade e detectaram que a enurese apareceu sempre
como um distrbio singular e foi associada s crianas hiperativas.(49)
Trabalho realizado
na Espanha verificou este distrbio em torno de 5,3%50
; na ndia de 18,4%;(43)
e em
Quebec, Canad, de 25%.(55)
Para crianas saudveis, o Sonambulismo apresenta de acordo com pesquisas
recentes uma variao entre 12,5% e 18,4%;(41,43,49,50,55)
Terror Noturno relatado entre
2,9% na ndia e 29,8% no Canad;(41,43,50,55)
Movimentos Rtmicos dos Membros variam de
9,2% a 17,2%;(41,55)
Bruxismo, entre 11,6% e 45,6%;(41,43,55)
Sonilquio, entre 14,6% e
84,4%;(41,43,55)
Pesadelos, de 3% a 50%;(41,43,49,50)
Despertar Confusional, 17%; Atraso da
fase do sono, 5% a 16%; Narcolepsia, 4%; e Sndrome das Pernas Inquietas, 2%.(41)
Dados epidemiolgicos dos DS diferem de acordo com culturas, etnias e abordagens
metodolgicas, mas, no geral, apresentam algumas semelhanas, conforme apresentados
nos pargrafos anteriores.
. Complicaes dos hbitos e distrbios do sono em crianas
Na atualidade, a rotina infantil normalmente marcada por fatores estressantes
relacionadas s atribuies dirias. A cobrana quanto ao desempenho escolar, associado
aos xitos esportivos e/ou em cursos complementares, so exemplos normalmente vistos na
vida da criana e podem precipitar prejuzos para sua sade, em especial ao sono, conforme
indicam diferentes estudos.(1,4,5,7,8,32,40)
17
Algumas alteraes do sono apresentadas pela criana so transitrias, sem base
orgnica e com pouca repercusso sobre as atividades da mesma; outras afetam
intensamente a qualidade de vida e com risco de coloc-la em perigo.(33,42,56)
No ano de 2004, a Organizao Mundial de Sade (OMS) reuniu 21 especialistas e
epidemiologistas em medicina do sono para discusso em torno dos efeitos dos DS na
sade infantil, com elaborao e publicao de um documento que demonstrou resultados
dessa reunio,(23)
conforme visualizados no Quadro1.
Problemas do sono, normalmente ocorrem relacionados com ansiedade e depresso
e podem, tambm, serem considerados como sintomas destas dificuldades.(57,58)
Segundo
Leite e Lass (1994) e Nrcio (2010), os Distrbios do Sono em idade precoce tm sido
associados como os primeiros sinais de conflitos emocionais na infncia.(59,58)
Privao, fragmentao e/ou distrbios do sono aparecem relacionados com
temperamentos difceis, alteraes de comportamento diurno e noturno, atraso no
desenvolvimento neurofuncional(58,60)
e comprometimento da sade em crianas.(61)
Sono insuficiente, m qualidade do sono e sonolncia excessiva diurna (SED) so
problemas comuns nesta faixa etria e podem estar relacionados com prejuzos de memria,
aprendizagem e rendimento escolar.(14)
A hiperssonolncia diurna causada por essas
alteraes interfere na memria e inteligncia, e tem ligao com comportamentos
hiperativos.(21,57,58,62)
Quadro 1. Sntese de estudos apresentados pela OMS, referentes aos efeitos do DS na sade
de crianas e adolescentes.
Pesquisadores Ano Grupo de estudo Resultados obtidos
18
Patten et al., 2000 Adolescentes entre 12 a 18 anos Correlao entre DS e tabagismo,
fortemente associado com relato de
ansiedade e depresso.
Bruusgaard et al., 2000 548 escolares, idades entre dez e 15 anos Forte associao entre o relato de dor
fsica, cansao mental e problemas de
sono.
Patten et al., 2000 7957 adolescentes de 12 a 18 anos Sintomas depressivos precediam o
desenvolvimento de DS.
Johnson et al., 2000 Crianas e adolescentes deprimidos Crianas com dificuldade para dormir
tiveram aumento do desenvolvimento de
depresso /ansiedade.
Aronen et al., 2000 Crianas com idade entre sete e 12 anos Diminuio da quantidade do sono foi
associada com agressividade,
comportamento delinquente, problemas
sociais e somticos.
Johnson e Breslau,
2001 13831 adolescentes Correlao entre DS e uso de drogas
ilcitas.
Sekine et al., 2002 8274 crianas, seis e sete anos de idade Correlao entre poucas horas de sono e
obesidade infantil.
Gregory e
O'Connor,
2002 480 crianas de quatro a 15 anos Aumento da correlao entre problemas de
sono e depresso/ansiedade.
Roberts et al., 2002 4275 adolescentes de 11 a 17 anos Adolescentes insones apresentavam
funcionamento diurno prejudicado e
sintomas depressivos.
Sadeh et al., 2002 Crianas de nove a 12 anos Diminuio de sono por uma hora/dia foi
associado com a diminuio da ateno e
da funo neurocomportamental.
Crabtree et al., 2003 Crianas de cinco a sete anos, com
distrbio de movimento peridico dos
membros, comparadas com crianas da
mesma idade com dficit de
ateno/hiperatividade
Fragmentaes do sono causadas pelo
distrbio de movimento peridico dos
membros favoreceram o desenvolvimento
de sintomas semelhantes aos observados
nas crianas com dficit de ateno.
Gottlieb et al., 2003 30195 crianas com cinco anos de idade Crianas com DRS tiveram maior
probabilidade de SED e problemas de
comportamento (hiperatividade, dficit de
ateno e agressividade).
Pesquisa realizada no Ambulatrio da Disciplina de Otorrinolaringologia Peditrica
da Universidade Federal de So Paulo - Escola Paulista de Medicina, no perodo de outubro
de 2004 a setembro de 2005, mostrou diferenas estatisticamente significantes no grupo
Sndrome da Apnia Obstrutiva do Sono (SAOS) e grupo Ronco Primrio (RP) em relao
ao grupo controle, quanto a capacidade de reteno de estmulo novo e nvel atencional que
interferem no processamento da memria. Em contrapartida, no houve prejuzo na
19
memria de longo prazo, e testes de ateno apresentaram resultados semelhantes nos trs
grupos.(63)
Neves e Reimo (2007) em estudo com 49 crianas com transtorno de dficit de
ateno e hiperatividade, observaram que 24% queixaram-se de sono agitado, 8% de
insnia, 6% dos distrbios ligados aos hbitos do sono, 4% de pouco tempo para dormir,
despertar a noite, sonilquio, pesadelos, e sono durante o dia, respectivamente, e 2% com
diagnstico de SED, paralisia do sono, apnia, ronco, bruxismo e terrores noturnos.(64)
Touchette et al. (2007) mostraram que indivduos que dormiam menos de dez horas
por noite na primeira infncia tinham mais problemas comportamentais e pior desempenho
em testes psicolgicos em comparao com aqueles que dormiam tempo maior ao
mencionado.(65)
Estudos realizados com crianas que apresentavam SAOS demonstraram que a falta
de tratamento dessa situao responsvel por alteraes sistmicas significativas, como
hipertenso pulmonar e hipertenso arterial.(66)
Dados da literatura na rea indicam que por volta dos oito anos de idade ocorre um
aumento nas ondas lentas do sono, aumento do sono REM e muitos pesadelos. O nmero
excessivo destes eventos causa irregularidades na secreo do hormnio de crescimento,
influenciando na estatura da criana, que tende a ficar mais baixa que outras da mesma
idade.(67)
Outras pesquisas evidenciaram relao entre DS e obesidade, como as de von Kries
et al. (2002) que investigaram 6861 participantes com idades compreendidas entre cinco e
seis anos, e verificaram que a prevalncia do excesso de peso, obesidade e o excesso de
gordura corporal foram menores entre aqueles com maior durao de sono.(68)
Resultados
20
semelhantes foi encontrado por Snell et al. (2007) que estudaram 2281 crianas de trs a 12
anos e concluram que aquelas que dormiam menos, dormiam tarde ou acordavam cedo
tinham ndice de massa corporal aumentado aps cinco anos e estavam mais susceptveis ao
ganho de peso.(69)
Owens et al. (2008) constataram que 54% das crianas e adolescentes de
trs a 18 anos, com suspeitas de DRS, eram obesos ou tinham risco para obesidade.(38)
Como apontados nos pargrafos anteriores, so vrias e significantes as
complicaes dos DS para as crianas, que podem apresentar repercusses negativas em
todos os aspectos de sua vida: fsico, emocional, familiar, educacional e social. Procurar
compreender tais complicaes a partir de instrumentos fundamentados e de consenso entre
especialistas da rea, se faz necessrio.
. Instrumentos para Investigao Diagnstica dos Distrbios do Sono
Para investigao dos DS existem, atualmente, diagnsticos classificados como
objetivos e subjetivos. Actigrafia, Polissonografia e Teste de Latncia Mltipla do Sono so
mtodos tidos como objetivos para deteco de DS, enquanto que os Questionrios so
considerados uma forma subjetiva de avaliao, utilizada tambm para triagem e estudos
dos distrbios.(70)
Actigrafia um mtodo diagnstico que consiste em um relgio com sensor (70)
que
detecta e registra movimentos dos membros (acelermetros) por 24 horas, inclusive durante
o sono.(71)
Sua vantagem de que pode ser usada em ambiente natural do indivduo,
fornecendo informaes durante um perodo de tempo prolongado (por exemplo, 1-2
semanas).(14)
21
Polissonografia (PSG) um exame do sono realizado em um laboratrio noturno.
Considerado padro ouro para diagnstico de DRS, a PSG inclui monitorizao
cardiorrespiratria, eletroencefalogrfica, eletro-oculogrfica e eletromiogrfica, medidas
de fluxo oronasal, movimento traco-abdominal, eletrocardiograma e oximetria de pulso.
Outros parmetros opcionais podem ser registrados, como posio corprea, ronco e
derivaes suplementares de eletroencefalograma.(52,72)
Teste de latncia mltipla do sono (TMLS) consiste em cinco registros
polissonogrficos de 20 minutos diurnos com intervalos de duas horas. considerado
mtodo de escolha para avaliao de sonolncia diurna excessiva. Ao contrrio da PSG,
deve ser realizado no perodo diurno.(52)
Os questionrios so ferramentas subjetivas teis e amplamente utilizadas na
medicina clnica e pesquisa do sono,(73)
elaborados com fins diagnsticos ou para
levantamento de DS,(70)
como: a) Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ), utilizado para
identificar pacientes de alto risco para SAOS, movimentos peridicos durante o sono,
insnia ou SED;(74)
b) Escala Peditrica de Sonolncia Diurna (EPSD), desenvolvida para
mensurar a SED em adolescentes, mostrou-se tambm confivel em predizer o impacto
negativo do DRS e SED;(75)
c) Cleveland Adolescent Sleepiness Questionnaire (CASQ),
instrumento breve, auto-aplicvel para medir a SED em adolescentes;(76)
O Cleveland
questionrio sonolncia adolescente: uma nova medida para avaliar a sonolncia diurna
excessiva em adolescentes. d) Questionrio de Berlim (QB): ferramenta de rastreio da
SAOS em cuidados de sade primrios;(77)
e) Escala de sonolncia de Epworth, utilizada
para avaliar a SED;(78)
f) Inventrio dos Hbitos de Sono para pr-escolares avalia a
presena de alteraes do sono de crianas de dois a seis anos; g) Questionrio sobre
22
comportamento do sono investiga a qualidade e quantidade de problemas do sono em
crianas de sete a quatorze anos; e h) Questionrio dos hbitos do sono que verifica as
condies do sono, como: horrio de dormir e acordar, despertares noturnos, ocorrncia de
sestas, pesadelos, SED e outros DS.(79)
Outro instrumento para identificao de DS especficos foi elaborado por Bruni et
al., em 1996, que desenvolveram a "Escala de Distrbios do Sono para Crianas"-
EDSC,(70)
validada para lngua portuguesa por Ferreira (2009). Essa escala, tambm
utilizada no presente trabalho, composta de 26 questes referentes aos comportamentos
relacionados ao sono de crianas e adolescentes. (80)
Tem como objetivos avaliar a presena
dos DS e a necessidade do encaminhamento para maior investigao clnica,(70)
conforme
descrita no captulo de Mtodos.
. Intervenes
Apesar de no constituir focos de ateno do presente trabalho, a preveno e o
tratamento de problemas de sono em crianas demonstram-se relevantes. Informaes
adequadas ao desenvolvimento sobre a capacidade infantil para um sono sustentado e auto-
regulado deve ser uma parte importante do programa de educao dos pais.(81)
Dados da literatura indicam algumas intervenes que visam interferir junto aos DS,
colaborando para uma melhor qualidade de vida das crianas, pais/responsveis,
educadores e sociedade(82)
e, consequentemente, preveno de efeitos deletrios, conforme
descritos adiante: tratamentos no farmacolgico, farmacolgico e combinado.
Tratamento no farmacolgico
23
Este tipo de interveno apresenta algumas vantagens sobre o farmacolgico: menos
efeitos colaterais, o paciente protagonista ativo de sua melhora e, a longo prazo, tem
menos risco de recada. Entretanto, possui a desvantagem de ser mais difcil de
implementar, porque requer mudanas no estilo de vida e exigem mais esforo e habilidade
por parte dos terapeutas, dos prprios pacientes e seus responsveis:
1) Hbitos de higiene do sono: a higiene do sono, uma forma de preveno e
tratamento dos DS, refere-se ao estabelecimento e manuteno de condies adequadas a
um sono saudvel e efetivo. Esse processo envolve uma lista de comportamentos e
condies ambientais, dentre eles: a) deitar e levantar sempre na mesma hora; b) manter
uma rotina para os cochilos diurnos das crianas pequenas e evitar cochilos no final da
tarde; c) criar uma rotina para a hora de dormir da qual faa parte um momento agradvel
com os pais (ler histrias, ouvir msica etc.); d) criar um ambiente que leve ao sono e que
recompense as noites bem dormidas; e) colocar a criana na cama ainda acordada; f) limitar
o tempo dirio na cama ao tempo necessrio de sono. No deix-la adormecer tomando
leite, assistindo TV ou em outro lugar que no seja a prpria cama; g) evitar a ingesto de
substncias estimulantes do sistema nervoso central; h) no alimentar a criana durante a
noite; i) evitar lev-la para a cama dos pais para dormir ou acalmar-se; j) se a criana
acordar durante a noite para ir ao banheiro ou por causa de pesadelos, ficar no quarto at
que ela se acalme e avis-la de que voltar para seu quarto quando ela adormecer; k)
realizar atividades fsicas, porm evit-las imediatamente antes de deitar; l) evitar
atividades excitantes previamente ao adormecer; m) tomar banho com gua na temperatura
corporal, devido seu efeito relaxante; n) comer em intervalos regulares, porm evitar
24
alimentos de difcil digesto antes de deitar; e o) manter condies ambientais adequadas
(temperatura, rudo, luz, colcho).(83)
2) Terapias comportamentais: srie de tcnicas que buscam o relaxamento
fsico e mental: a) controle de estmulo - reassociar a cama a um incio rpido do sono,
imaginao guiada e sugerida; b) inteno paradxica - tratar o medo ou ansiedade da
possibilidade de deitar e no dormir, pedir ao paciente que fique acordado a noite inteira em
vez de esforar-se para conciliar o sono, estabelecer horrios; e c) relaxamento muscular
progressivo - treinar o relaxamento mental mediante um profundo relaxamento fsico,
biofeedback assistido por mecanismos de udio e/ou visual.
3) Psicoterapia cognitivo-comportamental: interveno que visa melhorar a
qualidade e estilo de vida para evitar situaes emocionais que atrapalhem um bom sono -
ensinar mecanismos de manejo para o estresse, controle emocional, melhorar
relacionamentos para evitar conflitos e motivar a prtica de atividades de lazer e
relaxamento necessrios para um bom descanso, bem como modificar e controlar
pensamentos negativos e ansiolticos que aparecerem ao deitar.(84)
Tratamento farmacolgico
Caso haja necessidade de tratamento farmacolgico, o mesmo dever ser
direcionado, a partir de uma avaliao mdica detalhada, por: a) padro dos sintomas; b)
alvos teraputicos; c) respostas teraputicas prvias; d) preferncias do paciente; e) custos;
f) disponibilidade de outros tratamentos; g) condies comrbidas; h) contra-indicaes; i)
interaes medicamentosas; e j) efeitos colaterais.(85)
25
Tratamento combinado
Constitui a associao do tratamento farmacolgico com terapias
comportamentais,(85)
buscando uma reduo da dose medicamentosa e, consequentemente,
retirada dos frmacos, com melhora da qualidade de vida dos pacientes dependentes das
drogas utilizadas.(31)
Na ocorrncia de DS, quaisquer que sejam as alteraes, pais ou cuidadores so
fundamentais no sentido de favorecer condies ambientais e fsicas adequadas instalao
e manuteno do sono. Ateno diante das exigncias e dificuldades da criana como
transmitir segurana, proporcionar alimentao prvia adequada, e mudana de
comportamentos, tambm so condutas imprescindveis que devem ser adotadas pelo
responsvel.(46,86)
Considerando os apontamentos indicados nas questes anteriores, os estudos
relacionados, bem como, as lacunas existentes na literatura, foram elaborados os objetivos
geral e especficos do presente trabalho.
26
OBJETIVOS
Geral
Identificar, analisar e comparar hbitos e distrbios do sono em uma amostra de
alunos de escolas pblicas da rede municipal de ensino de uma cidade de mdio porte do
interior do Estado de So Paulo- Brasil.
Especficos
- Caracterizar dados sociodemogrficos dos participantes (alunos e pais/responsveis).
- Identificar e analisar distrbios e hbitos e do sono dos alunos, a partir da perspectiva
de pais/responsveis.
- Comparar dados sociodemogrficos, hbitos e distrbios do sono entre escolares de
duas escolas da rede municipal de ensino de uma cidade de mdio porte do interior
do Estado de So Paulo- Brasil, denominadas escola A e B.
27
CASUSTICA E MTODO
Para atingir os objetivos formulados foi elaborado o percurso metodolgico
abrangendo: participantes da pesquisa, materiais e instrumentos, e procedimentos de
atuao utilizados para a coleta dos dados, conforme se seguem:
. Participantes
Fizeram parte do estudo uma amostra de 188 escolares com idade variando de seis
a dez anos, ambos os gneros, matriculados nas etapas iniciais e finais dos ciclos I e II do
Ensino Fundamental na rede municipal de ensino da cidade de So Jos do Rio Preto, SP,
com atividades nos perodos matutino e vespertino. A princpio, todas as escolas foram
listadas e agrupadas de acordo com a localizao geogrfica. Posteriormente, foi realizada
consultoria estatstica, que, aps anlise das mesmas, sugeriu excluso das situadas nas
regies leste e oeste, por apresentarem perfil diferente das localizadas na regio norte e sul
(maior nmero de classes, com mais alunos em cada uma delas) e excluso da instituio da
regio central por ser nica. Permaneceram no processo de seleo as das regies norte e
sul e, por agrupamento de semelhana de espao fsico e de quantidade de alunos, foi
escolhida uma escola para representar cada uma destas regies (Figura 1).
Critrios de excluso: no participaram do estudo escolas que tinham atividades
somente em um dos perodos.
. Materiais e instrumentos
28
- Protocolo contendo dados de caracterizao dos participantes quanto s condies
sociodemogrficas, sade e comportamento escolar. Este instrumento foi dividido em
quatro mdulos, contendo: a) questes gerais referentes criana (iniciais do nome, idade,
srie e perodo escolar, com quem mora, se a escola que estuda fica no bairro onde reside e
qual meio de transporte utiliza para se deslocar at a instituio de ensino), b) perguntas
sobre os pais/responsveis pelo aluno, c) tens sobre a sade, e d) comportamento escolar
da criana (Apndice 1- Dados sociodemogrficos, sade e comportamento escolar).
- Protocolo contendo questes complementares sobre hbitos de sono: elaborado
pelos pesquisadores a partir de referncias cientficas. composto por 39 itens que
investigam hbitos que podem interferir ou corroborar na qualidade do sono infantil, como
rotinas durante o dia, antes do adormecer, ao deitar, ao despertar e comportamentos dos
pais/responsveis em relao ao sono da criana (Apndice 2- Questes relacionadas ao
sono da criana).
- Escala de Distrbios de Sono em Crianas (EDSC): traduzida, adaptada e
validada para Portugus do Brasil a partir da forma original italiana, intitulada Scala per la
valutazione dei distrbios del sonno, desenvolvida em 1996 por Bruni et al., e concebida
para crianas em idade escolar. A verso brasileira do EDSC foi adaptada culturalmente e
validada por Ferreira, em 2009, no ambulatrio de Neuro-Sono Clnica da Disciplina de
Neurologia da UNIFESP, e apresentou adequada coerncia interna, validade convergente e
validade discriminatria. O estudo para validao do EDSC foi realizado com um total de
100 crianas, de trs a 18 anos (42 feminino e 58 masculino), acompanhados pelos pais e /
ou responsveis, em duas fases: (1) sessenta crianas, com posterior envio de traduo,
retro traduo, pr-teste, e clculo do tamanho da amostra; (2) processo de validao com
29
40 crianas, verificao da confiabilidade, anlise convergente e validade discriminatria
(comparao entre escores do teste com os resultados da polissonografia). Este instrumento
composto por 26 itens que avaliam a presena de Distrbios Respiratrios do Sono
(DRS), Distrbio de Incio e Manuteno do Sono (DIMS), Distrbio do Despertar (DD),
Distrbio da Transio Sono-viglia (DTSV), Sonolncia Excessiva Diurna (SED) e
Hiperhidrose do Sono (HS).(80)
As seis subescalas so pontuadas em cinco indicadores
gradativos em formato de escala de Likert, compreendendo os ltimos seis meses de vida
da criana avaliada (Anexo1 - Escala de Distrbios de Sono em Crianas).(73)
. Procedimentos de atuao para a coleta dos dados
Sero descritos a seguir os passos do procedimento, a partir das fases relacionadas
elaborao do projeto, coleta de informaes, e tabulao e anlise dos dados.
Da elaborao do projeto retirada dos protocolos de instrumentos das escolas
estudadas (Figura 1):
1. Passo: elaborao do Projeto, submisso e aprovao pelo Comit de tica
CEP, em Pesquisa da Faculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto, SP, sob Parecer n
316/269.
2. Passo: solicitao para autorizao junto a Secretaria Municipal de Educao,
justificando a relevncia do presente estudo anexada s cpias do Projeto e do Termo de
Aprovao do Comit de tica;
30
3. Passo: levantamento das escolas da rede municipal de ensino da cidade de So
Jos do Rio Preto, SP, bem como seus endereos, a partir de informaes fornecidas pela
Secretaria Municipal de Ensino SME;
3. Lista de escolas da rede municipal de ensino de So Jos do Rio Preto.
4. Mapeamento e agrupamento das escolas.
Consultoria com Profissional Estatstico.
Excluso das escolas das regies Leste, Oeste e Central.
Permanncia no processo de seleo escolas das regies Norte e Sul.
Reagrupamento das escolas por caractersticas semelhantes e antagnicas.
7. Autorizao das diretoras das escolas escolhidas e agendamento.
1. Elaborao do Projeto, submisso e aprovao pelo CEP.
2. Autorizao da Secretaria Municipal de Educao.
8. Entrega dos envelopes contendo os instrumentos s professoras responsveis.
6. Organizao dos instrumentos para coleta dos dados.
10. Retirada dos instrumentos pelos pesquisadores.
5. Escolha pareada de uma escola para cada regio (Norte e Sul).
Denominao das escolas: Escola A (regio Sul), escola B (regio Norte).
9. Explicao aos professores responsveis sobre a pesquisa solicitao de entrega aos alunos.
Figura 1: Fluxograma da elaborao do projeto retirada dos instrumentos das escolas estudadas.
31
4. Passo: mapeamento e agrupamento das escolas, de acordo com a regio
geogrfica do municpio (Norte, Sul, Leste, Oeste e Central). Aps anlise das
caractersticas das escolas (quantidade de alunos, classes e perodos de atividades) e
consulta tcnica ao estatstico, as escolas das regies leste e oeste foram excludas do
sorteio por serem em menor nmero e possuir maior quantidade de alunos e classes; e a da
regio Central por ser nica e no permitir pareamento. As escolas das regies norte e sul
permaneceram no processo de seleo por possurem perfis semelhantes em relao a
quantidade de classes e alunos, e antagnicos quanto a localizao geogrfica e condies
socioeconmico-cultural, caracterizando foco de interesse do presente trabalho;
5 Passo: escolha pareada de uma escola para cada regio (norte e sul), que
estabeleciam semelhanas entre quantidade de classes e de alunos, denominadas Escola A
(regio Sul) e Escola B (regio Norte);
6. Passo: instrumentos de coleta de dados foram envelopados e organizados na
seguinte sequncia: capa (elaborada pelos autores) (Apndice 1), duas vias do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE1 (Apndice 4), protocolo de dados
sociodemogrficos (Apndice 2), EDSC (Anexo 1), e questes sobre hbitos do sono
(Apndice 4);
7. Passo: solicitao de autorizao junto s Diretorias das respectivas escolas, com
apresentao e justificativa verbal sobre finalidades, procedimentos e relevncias do
presente estudo, bem como agendamento para entrega e devoluo dos instrumentos;
1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, fundamentado nos princpios estabelecidos pela
Resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Sade que destaca a necessidade de proteo dos sujeitos
envolvidos, preservao da identificao e garantia de participao espontnea e livre aos responsveis,
posteriormente aos esclarecimentos sobre objetivos e procedimentos da pesquisa (Apndices 4 ).
32
8. Passo: envelopes contendo os instrumentos foram entregues nas escolas, aos
professores de cada classe, em data previamente agendada, e estabelecido o perodo de
devolutiva dos mesmos;
9. Passo: cada professora recebeu orientaes detalhadas a respeito do projeto de
pesquisa, em especial sobre o contedo dos instrumentos e do preenchimento dos mesmos
pelos pais/responsveis, e ficaram encarregadas de transmitir tais informaes de forma
clara aos seus alunos, enfatizando a importncia da entrega, preenchimento e devoluo dos
envelopes, devidamente lacrados, para a mesma, no perodo estabelecido; e
10. Passo: retirada dos instrumentos pelos pesquisadores nas escolas em data
previamente agendada.
Da triagem e classificao dos instrumentos devolvidos redao final (Figura
2):
11. Passo: dos instrumentos que retornaram foram excludos aqueles identificados
com preenchimento incorreto, incompleto ou no assinalamento;
12. Passo: os envelopes contendo os protocolos foram classificados, pelos
pesquisadores, de acordo com as escolas (A e B), classes (2, 3, 4 e 5 anos) e perodos
(matutino e vespertino);
13. Passo: elaborao de planilha no Microsoft Excel for Windows verso 2007,
contendo todas as variveis pesquisadas nos instrumentos;
14. Passo: correo manual de todos os instrumentos pelos pesquisadores,
catalogando-os por nmeros/cdigos correspondentes ao lanado na planilha digital (cada
33
aluno foi representado por um envelope contendo um nmero/cdigo, para facilidade de
organizao e acesso dos dados);
15. Passo: lanamento em planilha digital dos dados corrigidos, de acordo com
numerao dos envelopes;
16. Passo: organizao, tabulao e anlise descritiva dos dados, pelos
pesquisadores;
17. Passo: consultoria com profissional Estatstico para anlise dos dados;
18. Passo: interpretao pelos pesquisadores das anlises realizadas pelo
Estatstico, e elaborao da redao referente aos mesmos.
13. Elaborao de planilha no Microsoft Excel.
14. Correo manual de todos os instrumentos.
Numerao dos envelopes.
15. Lanamento em planilha digital dos dados corrigidos.
17. Consultoria com profissional Estatstico para anlise dos dados.
18. Interpretao das anlises realizadas pelo Estatstico.
Redao final.
11. Triagem e classificao dos instrumentos devolvidos.
12. Organizao dos envelopes contendo os instrumentos por escola, classes e perodo.
Figura 2: Fluxograma da triagem e classificao dos instrumentos redao final.
16. Organizao, tabulao e anlise descritiva dos
dados.
34
ANLISE DOS DADOS
A organizao e tabulao dos dados foram realizadas no programa Microsoft Excel
for Windows verso 2007. A anlise dos dados baseou-se, em um primeiro momento, na
caracterizao da amostra estudada, consistindo em medidas descritivas. Para tanto, foram
utilizados frequncias e valores percentuais, apresentados em tabelas para demonstrao
dos resultados relacionados s variveis investigadas.
Para todos os testes estatsticos utilizados foi considerado nvel de significncia
=0,05. Correlaes entre DS e escolas (A e B), DS e dados sociodemogrficos e a varivel
idade, foram estabelecidas pelo teste no paramtrico de Kruskal-Wallis com ajuste de
Bonferroni no nvel de significncia f = 0,15 (familiar) passando cada comparao binria
de categorias a indicar resultado significante quando valor - p f /2, onde k a
quantidade de categorias em comparao.
Tabelas de frequncias cruzadas (dados sociodemogrficos dos participantes e
questes complementares relacionadas aos hbitos de sono) foram avaliadas pelo teste qui-
quadrado (Pearson Chi-Square), ou o de Fisher quando as frequncias esperadas
apresentaram valores menores que cinco.
35
RESULTADOS
Para melhor entendimento e compreenso, este captulo foi dividido didaticamente
em duas Sesses (Sesso I: Anlise Descritiva e Sesso II: Anlise/correlao estatstica) e
respectivas Partes e Mdulos (Figura 3).
RESULTADOS
SESSO I SESSO II
Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 1 Parte 2 Parte 3
Cinco
Mdulos
Seis
Mdulos
Dois
Mdulos
Quatro
Mdulos
Cinco
Mdulos
Quatro
Mdulos
Figura 3: Fluxograma da diviso didtica do captulo.
36
Sesso I: Anlise Descritiva (Figura 4).
Descrio dos aspectos sociodemogrficos, dividida por mdulos: a) Caracterizao
dos alunos; b) Caracterizao do perfil sociodemogrfico da famlia (Moradia: constituio
familiar, regio onde mora, se a escola est situada no mesmo bairro em que a criana
mora, tipo de moradia, tempo de moradia, quantidade de pessoas que moram juntas; Meios
de transporte para escola; e Renda familiar); c) Caracterizao do perfil dos
pais/responsveis (idade, escolaridade, etnia, religio, condies empregatcias,
deficincias, atividade fsica e lazer); d) Caracterizao quanto ao envolvimento escolar
(conhecimento sobre a professora, reunio escolar, auxlio na tarefa e conferncia de
boletim); e) Sade, comportamento e desempenho escolar da criana (uso de medicao,
cirurgias, dor ou incmodo e atividade fsica) (Parte 1).
Questes relacionadas ao sono da criana, dividida por mdulos: a)
Comportamentos que influenciam a qualidade do sono, b) Hbitos antes de dormir
(bebida/lquido/ingesta, agitao motora e mental, higiene pessoal, induo do sono
relaxamento), c) Hbitos do adormecer, d) Comportamento durante o sono / controle de
esfncter, e) Despertar, f) Comportamento de pais/responsveis com relao aos hbitos do
sono da criana (Parte 2).
Escala de Distrbios do Sono para Crianas (EDSC), dividida em dois mdulos: a)
Constitui resultados em conformidade com a interpretao do instrumento, e b) Quantidade
de distrbios apresentados por cada criana (Parte 3).
37
SESSO I: Anlise Descritiva
Parte 1: Descrio dos
aspectos
sociodemogrficos
Parte 2: Questes
relacionadas ao sono da
criana
Parte 3: Escala de
Distrbios do Sono
para Crianas (EDSC)
Mdulos Mdulos Mdulos
a) Caracterizao dos
alunos
b) Perfil
sociodemogrfico da
famlia
c) Perfil dos
pais/responsveis
d) Envolvimento escolar
dos pais/responsveis
e) Sade, comportamento
e
desempenho escolar da
criana
a) Comportamentos que
influenciam a qualidade do
sono
b) Hbitos antes de dormir
c) Hbitos do adormecer
d) Comportamento durante
o sono / controle de esfncter
e) Despertar
f) Comportamento de
pais/responsveis com
relao aos hbitos do sono
da criana.
a) EDSC
b) Quantidade de DS
por criana
Figura 4: Fluxograma da Sesso I.
Parte 1 - Descrio dos aspectos sociodemogrficos
Foram entregues 571 instrumentos (escola A: 224=39,22%; escola B: 347 =
60,77%) e devolvidos 217 (38%). Dos protocolos devolvidos, 143 (63,83%) pertenciam a
escola A e 74 a escola B (21,32%), e, destes, 29 (13,36%) foram excludos por
38
preenchimento errado, incompleto ou no preenchimento, totalizando uma amostra com
188 (32,92%) estudantes (escola A: 123=65,42%; escola B: 65=34,57%) (Figura 5).
a) Mdulo: Caracterizao dos alunos (Tabela 1).
Dos 188 sujeitos envolvidos no presente estudo, 94 (50%) eram meninos (escola A:
57 = 46,34%; escola B: 37 = 56,92%) e 94 (50%) meninas (escola A: 66 = 53,65%; escola
B: 28 = 43,07%), com mdia de idade de 8,58 anos (escola A: 8,74; escola B: 8,28).
Cento e doze (59,57%) crianas estudavam no perodo da manh (escola A: 55 =
44,71%; escola B: 57 = 87,69%) e 76 (40,23%) no perodo da tarde (escola A: 68 =
Figura 5: Devolutiva dos instrumentos.
571 Instrumentos entregues
Escola A = 224 Escola B = 347
217 Instrumentos devolvidos = 38%
Escola A = 143
(63,83%)
Escola B = 74
(21,32%)
29 Instrumentos excludos = 13,36%
Escola A = 20
(13,98%)
Escola B = 9
(12,16%)
Participantes do estudo = 188 (32,92%)
Escola A = 123
(65,42%) Escola B= 65
(34,57%)
39
55,28%; escola B: 8= 12,30%). As classes 2, 3 4 anos perodo da tarde da escola B no
devolveram os instrumentos, portanto no fizeram parte da pesquisa.
Participaram da pesquisa 50 matriculados no 2 ano do Ensino Fundamental (EF)
(escola A: 27 =54%; escola B: 23 =46%), 52 no 3 ano (escola A: 35 = 67,30%; escola B:
17 =32,69%,), 43 no 4 (escola A: 40 = 92,02%; escola B: 3 = 6,97%) e 43 no 5 (escola A:
21 =46,66%; escola B: 22 =53,34%).
Tabela 1: Dados sociodemogrficos sries/perodo escolar (Escola A = 123, Escola B=65,
Total= 188).
Escola A Escola B Total
Srie Perodo f % F % f %
2 ano Manh 9 7,31 23 35,38 32 17,02
Tarde 18 14,63 0 0 18 9,57
Subtotal 27 54 23 46 50 100
3 ano Manh 18 14,63 17 26,15 35 18,61
Tarde 17 13,82 0 0 17 9,04
Subtotal 35 67,30 17 32,69 52 100
4 ano Manh 20 16,26 3 4,61 23 12,.23
Tarde 20 16,26 0 0 20 10,63
Subtotal 40 92,02 3 6,97 43 100
5 ano Manh 8 6,50 9 13,84 17 9,04
Tarde 13 10,56 13 20 26 13,82
Subtotal 21 46,66 22 53,34 43 100
Manh 55 44,71 52 80 107 56,91
Tarde 68 55,28 13 20 81 43,08
Total 123 65,43 65 32,97 188 100
b) Mdulo: Perfil sociodemogrfico da famlia (Tabela 2).
Dos 188 respondentes, 113 (60,10%) por ocasio do estudo moravam com pai e me
(escola A: 78=63,41%; escola B:35= 53,84%), 40 (21,27%) somente com a me (escola A:
40
23 =18,69%; escola B: 17 =26,15%), 16 (8,51%) com me e padrasto (escola A: 11 =
8,94%; escola B: 5 = 7,69%), e 14 (7,44%) com avs (escola A: 9 = 7,31%; escola B: 5 =
7,69%).
Cem (53,19%) participantes relataram morar na regio sul da cidade (escola A: 100
= 81,30%), 79 (42,02%) na regio norte (escola A:14 = 11,38%; escola B: 65 = 100%),
cinco (2,65%) oeste (escola A = 4,06%), e quatro (2,12%) leste (escola A = 3,25%).
Cento e quinze (61,17%) crianas residiam no bairro em que se localizava a escola
(escola A:68 = 55,28%; escola B: 60 = 92,30%) e 73 (38,82%) em outros bairros (escola A:
55 = 45,08%; escola B: 5 = 7,69%).
Quanto ao tipo de moradia, 111 (59,04%) famlias habitavam moradia prpria
(escola A: 65 = 52,84%; escola B:46 = 70,76%), 58 (30,85%) alugada (escola A:48 =
39,02%; escola B:10 = 8,13%) e 19 (10,10%) (escola A:10 = 8,13%; escola B:9 = 13,84%)
emprestada.
A maior parte das famlias (120 = 63,82%) relatou morar em So Jos do Rio Preto
h mais de 10 anos (escola A: 82 = 66,66%; escola B:38 = 58,46%), 18 (9,57%) entre 7 e
10 anos (escola A: 8 = 6,50%; escola B:5 = 7,69%), 15 (7,97%) entre 1 e 3 anos (escola
A:10 = 8,13%; escola B:5 = 7,69%), 14 (7,44%) entre 5 e 7 anos (escola A:9, 7,31%; escola
B:5 = 7,69%), 12 (6,38%) entre 3 e 5 anos (escola A:7 = 5,69%; escola B: 5 = 7,69%); e
nove (4,78%) h menos de um ano (escola A:7 = 5,69%; escola B: 2 = 3,07%).
Os dados sobre a composio familiar demonstram que em 67 famli