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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Guilherme Germano Braga ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO PROCESSO PRODUTIVO NA FORMAÇÃO DE TENSÕES RESIDUAIS DE UMA PEÇA ESTAMPADA São João Del Rei, 2016

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Guilherme Germano Braga

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO PROCESSO PRODUTIVO NA

FORMAÇÃO DE TENSÕES RESIDUAIS DE UMA PEÇA

ESTAMPADA

São João Del Rei, 2016

Guilherme Germano Braga

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO PROCESSO PRODUTIVO NA

FORMAÇÃO DE TENSÕES RESIDUAIS DE UMA PEÇA

ESTAMPADA

São João Del Rei, 2016

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade

Federal de São João del-Rei, como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica

Área de Concentração: Materiais e Processos de

Fabricação

Orientador: Prof. Dr. Frederico Ozanan Neves

Co-Orientador: Prof. Dr. Márcio Eduardo Silveira

Dedico este trabalho aos meus pais, Vinícius e Margarida, e à minha esposa,

Nayara, pelo apoio e incentivo durante esta caminhada.

Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus que me concedeu saúde e força para superar

todas as diversidades enfrentadas nessa jornada.

Agradeço a minha esposa, Nayara, pelo carinho e apoio a todo o tempo, e

também pela compreensão nos momentos de ausência.

Aos meus pais, Vinícius e Margarida, meus irmãos, William e Hugo, que

sempre me apoiaram em todas as minhas decisões.

Ao professor Dr. Frederico Ozanan, orientador desta pesquisa, pelos

ensinamentos, pela paciência e por acreditar no meu trabalho.

Ao professor e amigo Dr. Márcio Silveira, co-orientador desta pesquisa, pelo

conhecimento compartilhado e disponibilidade em ajudar durante todo mestrado.

Ao professor Dr. Lecino Caldeira, pelos ensinamentos e por abrir as portas do

IF SUDESTE MG campus Juiz de Fora e permitir o uso dos laboratórios.

Ao amigo e parceiro de trabalho Rafael de Brites, que dividiu comigo muitos

esforços para o desenvolvimento dessa pesquisa.

Ao amigo Carlos Carvalho, pelo excepcional auxílio nos trabalhos

desenvolvidos no laboratório de simulação numérica.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica da UFSJ, por dividirem seus conhecimentos, pela atenção e incentivo.

Aos companheiros de mestrado Carlos Augusto, Fábio Rosa, Valéria Lima,

Samuel Alves,Rhuan Souza eBreno Siqueira pela amizade e contribuições para

realização deste trabalho.

Ao técnico CamiloLelis e auxiliar Luiz Zanitti pela amizade e peloexímio

trabalho desenvolvido na fabricação das ferramentas de estampagem e auxílio na

condução dos experimentos.

Enfim, agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente para

realização deste trabalho.

“Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que

entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino”

Leonardo da Vinci

Resumo

A estampagem é um processo de fabricação com larga aplicação industrial,

inclusive no setor automobilístico. Vários parâmetros deste processo podem

influenciar o desempenho de peças estampadas, no que diz respeito à confiabilidade

de peças expostas a tensões cíclicas e à natureza das tensões residuais, o que

pode trazer benefícios ou malefícios. O objetivo deste trabalho foi analisar a

influência que, o tipo de material e de lubrificante utilizados no processo de

estampagem de uma peça, tem sob a formação de tensões residuais. Para realizar

essa análise foram feitos testes experimentais e por simulação numérica. Foram

analisados três materiais: aço ABNT 1020, aço ABNT 1010 e Alumínio 1200 H14 e

quatro tipos de lubrificantes: um óleo mineral comumente utilizado na indústria, e

óleos vegetais de linhaça, mamona e algodão. A variável de resposta foi a

microdureza, como referência para análise sobre a introdução de tensões residuais.

Com auxilio de software de desenho e dos resultados da simulação numérica prévia

foram projetados e fabricados a matriz, punção e dispositivo de alinhamento para

execução de ensaios físicos, além de definir o blank para estampagem da peça.Para

os ensaios experimentaisfoi utilizado um planejamento fatorial completo aleatorizado

por níveis. Tais ensaios foram replicados por simulação numérica, utilizando o

software Hyperform®. Os resultados mostram que a variação dos materiais

utilizados no processo tem importante influência na formação de tensão residual, ao

passo que o melhor resultado foi percebido no uso do aço ABNT 1010 que obteve

maior incremento de tensões residuais de natureza compressiva. Também foi

possível perceber que não houve diferença significativa nos resultados de tensões

residuais através da variação do lubrificante utilizado. Tal fato leva a concluir que os

lubrificantes a base vegetal analisados podem substituir o lubrificante MZA20 no

processo estudado.

Palavras-chave: Tensões residuais. Estampagem. Lubrificação.Material

metálico.SimulaçãoNumérica.

Abstract

The stamping is a manufacturing process with wide industrial applications, including

the automotive sector. Various parameters of this process can influence the

performance of stampings, with regard to the reliability of parts exposed to cyclic

stresses and the nature of the residual stresses, which can benefit or harm. The aim

of this study is to analyze the influence that the type of material and lubricant used in

a part stamping process, has onresidual stresses formation. To perform this analysis

are made experimental procedures and numerical simulation tests. There were

employed three materials: ABNT 1020steel, ABNT 1010 steel and 1200 H14

aluminum and four types of lubricants: mineral oil, commonly used in industry, and

vegetable oils: linseed, castor and cotton. The variable response was the hardness,

translated into residual stress. The stamping device was designed and produced

based on the previous numerical simulation. For the tests we used a randomized

levels full factorial design. Experimental tests were replicated by numerical simulation

using the Hyperform® software. The results show that the variation of the materials

used in the process have an important influence on the formation of residual stress.

The best results were obtained using the ABNT 1010 steel due the higher increase of

compressive residual stresses. It was also possible to see that there was no

significant difference in the results of residual stresses by varying the lubricant. This

fact leads to the conclusion that the vegetable oils here analysed can replace the

MZA20 lubricant on this stamping process.

Keywords: Residual stresses. Stamping.Lubrication.Metallic material. FEM.

10

Lista de Figuras

Figura 1. Ilustração da ferramenta de estampagem. Fonte: Borges (2015)........... 18

Figura 2: Parâmetros do processo de estampagem. Fonte: Schaeffer (2004)....... 20

Figura 3 - Padrão típico de distribuição de tensões residuais ao longo da seção

de um eixo. Fonte: Ogata (2003)............................................................................ 22

Figura 4 - Superposição de tensão residual e tensão aplicada. Fonte: Nunes

(2008)...................................................................................................................... 23

Figura 5 - Tensões residuais do Tipo I. Fonte: Nunes (2008)................................ 26

Figura 6 - Tensões residuais do Tipo II. Fonte: Nunes (2008)............................... 27

Figura 7 - Tensões residuais do Tipo III. Fonte: Nunes (2008).............................. 28

Figura 8. Ilustração do projeto multiescala do material. Fonte: Haoet al., (2003)

apud Bruschi et al., (2014)...................................................................................... 45

Figura 9. Dobradiça de porta automotiva (A e B), Corpo de prova definido (C e

D)............................................................................................................................ 49

Figura 10. Desenho renderizado da matriz............................................................ 50

Figura 11. Desenho renderizado do punção.......................................................... 50

Figura 12. Angulação para reduzir esforços e evitar que a peça agarre................ 51

Figura 13. Desenho renderizado das ferramentas com guia para o punção.......... 51

Figura 14. Forno Mufla usado no tratamento térmico............................................. 52

Figura 15. Blank estimado pela simulação numérica............................................. 52

Figura 16. Corpos de prova cortados na chapa de aço ABNT 1020...................... 53

Figura 17. Corpo de prova para ensaio de tração de acordo com a norma ASTM

- A370..................................................................................................................... 54

Figura 18. Rheo Viscosímetro HÖPPLER – modelo KD 2.1.................................. 55

Figura 19. Região da peça destacada para análise............................................... 58

Figura 20. Amostra da região de análise da peça embutida.................................. 59

Figura 21. Pontos onde foram realizadas as indentações...................................... 59

Figura 22. MicrodurômetroMitutoyo modelo MVK G1........................................... 60

Figura 23. Tensão e deformação no regime plástico do material........................... 62

Figura 24. Modelo usado na simulação em 2D...................................................... 62

Figura 25. Modelo usado na simulação em 3D...................................................... 64

Figura 26. Micrografia do aço 1020 - microscópio ótico com ampliação de 500 x. 65

11

Figura 27. Micrografias feitas no MEV com 5000 vezes de ampliação. Aço

ABNT 1020 (A), aço ABNT 1010 (B)...................................................................... 66

Figura 28. Espectro do Aço ABNT 1010 gerado pelo EDS.................................... 66

Figura 29. Curvas sobrepostas obtidas pelo ensaio de tração do aço ABNT

1020........................................................................................................................ 68

Figura 30. Curvas sobrepostas obtidas pelo ensaio de tração do aço ABNT

1010........................................................................................................................ 68

Figura 31. Curvas sobrepostas obtidas pelo ensaio de tração do alumínio 1200

H14.......................................................................................................................... 69

Figura 32. Simulação com chapa retangular para definição do blank.................... 70

Figura 33. Simulação numérica com blank definido (com elementos 2D).............. 70

Figura 34: Tensões no eixo Y após o processo (com elementos 2D).................... 71

Figura 35: Tensão de vonMises para o MZA 20.................................................... 71

Figura 36: Pontos selecionados.............................................................................. 72

Figura 37. Deformações sofridas nos pontos analisados....................................... 72

Figura 38. Tensões normais no plano após a estampagem com aço 1020 e os

quatro lubrificantes analisados............................................................................... 73

Figura 39. Tensões normais no plano após a estampagem com aço 1010 e os

quatro lubrificantes analisados............................................................................... 73

Figura 40. Tensões normais no plano após a estampagem com Al 1200 H14 e

os quatro lubrificantes analisados........................................................................... 74

Figura 41. Peças estampadas em alumínio Al 1200 H14 (1-12)............................ 76

Figura 42. Peças estampadas em aço ABNT 1010 (13-24)................................... 77

Figura 43. Peças estampadas em aço ABNT 1020 (25-36)................................... 78

Figura 44. Teste de normalidade............................................................................ 80

Figura 45. Microdureza por material e por ponto (em HV)..................................... 83

Figura 46. Microdureza por material, ponto e lubrificante (em HV)........................ 83

Figura 47. Comparação entre materiais e lubrificantes.......................................... 84

Figura 48: Comparação entre resultados (HV) após estampagem e como

recebidos................................................................................................................. 84

12

Lista de Tabelas

Tabela 1. Composição química normativa............................................................. 47

Tabela 2. Planejamento experimental do trabalho................................................. 56

Tabela 3. Composição química do Aço ABNT 1010.............................................. 67

Tabela 4. Composição química do Al 1200 H14.................................................... 67

Tabela 5. Resultados de tensões residuais no eixo X (em MPa)........................... 75

Tabela 6. Resultados de tensões residuais no eixo Z (em MPa)........................... 75

Tabela 7. Resultados de dureza nos materiais como recebidos............................ 79

Tabela 8. Resultados de dureza nas amostras após processo de estampagem... 79

Tabela 9. Testes de normalidade........................................................................... 80

Tabela 10. Análise de variância (ANOVA)............................................................. 81

Tabela 11. Análise estatística - Contraste.............................................................. 82

Tabela 12. Resultados médios (HV) entre as réplicas feitas em Aço ABNT 1020. 82

Tabela 13. Resultados médios (HV) entre as réplicas feitas em Aço ABNT 1010. 82

Tabela 14. Resultados médios (HV) entre as réplicas feitas em AL 1200 H14...... 82

Tabela 15. Comparação entre resultados (HV) após estampagem e como

recebidos................................................................................................................. 84

13

Listas de Quadros

Quadro 1. Processos e produtos tipicos de conformacao plástica. Fonte:

Bresciani (2011)..................................................................................................... 19

Quadro 2. Comparação de diferentes métodos de medição de tensões residuais

(LU, 1996)............................................................................................................... 31

14

Sumário

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO............................................................................... 15

1.1 Introdução.................................................................................................... 15

1.2 Objetivo........................................................................................................ 16

1.3 Justificativa................................................................................................... 17

1.4 Estrutura do Trabalho................................................................................... 17

CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................... 18

2.1 Processos de Conformação Metal/Mecânica............................................... 18

2.2 Tensões Residuais....................................................................................... 21

2.2.1 Tipos de Tensões Residuais................................................................. 24

2.2.1.1 Tensões Residuais Macrotensões ou Macroscópicas................... 25

2.2.1.2 Tensões Residuais Microtensões ou Microscópicas..................... 27

2.2.1.3. Tensões Residuais Submicroscópicas ou do Tipo III................... 28

2.2.2 Técnicas de Medição de Tensões Residuais....................................... 29

2.2.2.1 Técnica da Indentação.................................................................. 32

2.2.2.2Características da DurezaVikers.................................................. 33

2.3 Materiais e Propriedades............................................................................. 33

2.3.1 Aços: Generalidades e Classificação................................................... 33

2.3.2 Alumínio Comercialmente Puro............................................................ 35

2.4 Lubrificantes................................................................................................. 36

2.5 Simulação Numérica.................................................................................... 40

2.5.1 Objetivos da Simulação na Indústria.................................................... 42

2.5.2 Requisitos para Atender aos Objetivos da Simulação na Indústria...... 42

2.5.3 Impactos e Desafios da Simulação....................................................... 45

CAPÍTULO 3 - MATERIAIS E MÉTODOS............................................................. 47

3.1 Materiais....................................................................................................... 47

3.1.1 Materiais Metálicos............................................................................... 47

3.1.2 Lubrificantes.......................................................................................... 48

3.2 Definição da Peça........................................................................................ 48

3.3 Definição do Ferramental............................................................................. 49

3.4 Determinação do Blank................................................................................ 52

3.5 CaracterizaçãoMicroestruturaldos Materiais.............................................. 53

15

3.6 Corpo de Prova para Ensaio de Tração....................................................... 54

3.7 Ensaios dos Lubrificantes............................................................................ 54

3.8 Estampagem das Peças.............................................................................. 55

3.9 Planejamento do Experimento..................................................................... 55

3.10 Procedimento Experimental....................................................................... 57

3.11 Preparação das Amostras.......................................................................... 58

3.12 Ensaio de Microdureza.............................................................................. 60

3.13 Simulação Numérica.................................................................................. 61

3.14 Simulação Prévia....................................................................................... 61

3.15 Simulação Numérica do Processo em 3D................................................. 63

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................... 65

4.1 Caracterização Microestrutural.................................................................... 65

4.1.1 Análise nos Microscópios Ótico e MEV................................................ 65

4.1.2 Composição Química do Alumínio – EDX (Fluorescência).................. 67

4.1.3 Ensaios de Tração................................................................................ 67

4.2 Resultados Preliminares de Simulação....................................................... 69

4.3 Resultados Finais da Simulação.................................................................. 71

4.4 Resultados dos Experimentos Físicos......................................................... 75

4.4.1 Teste de dureza.................................................................................... 79

CAPÍTULO 5-CONCLUSÕES.............................................................................. 86

CAPÍTULO 6 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................. 88

Referências............................................................................................................. 89

Anexos.................................................................................................................... 95

Anexo A – Desenho da Matriz................................................................................ 95

Anexo B – Desenho do Punção............................................................................. 96

Anexo C – Desenho do Suporte do Punção........................................................... 97

16

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

É perceptível que o tempo de projeto de novos modelos de automóveis tem

reduzido. Além disso, o número de novos modelos também aumenta a cada ano.

Essa redução do tempo de desenvolvimento, junto à tendência de redução de peso,

leva a uma reconstrução da forma convencional dos procedimentos de projeto e

fabricação de carros (TEKKAYA, 2000).

Nessa reconstrução dos processos de fabricação,peças automotivas tem

sofrido melhorias com o intuito de tornarem mais leves e resistentes, visando reduzir

o impacto ambiental e melhorar o desempenho (HAZRA et al, 2011). Um dos

recursos utilizados para redução de peso é a substituição de materiais, porém o

desempenho das peças/produtos também depende dos parâmetros utilizados nos

processos de fabricação (conformação metal/mecânica, por exemplo).

Uma das características marcantes dos processos de conformação

mecânica é a formação de tensões residuais. Tais tensões são inevitáveis em quase

todos os processos de manufatura e também podem surgir durante o uso de

produtos. Estas vão ocorrer em quaisquer circunstâncias que levem à tração ou

compressão de um corpo em que a tensão limite de escoamento for ultrapassada

(JAMES, 2011).

Ainda de acordo com James (2011), evoluções nos métodos de medição de

tensões residuais e dos computadores usados para modelagem e análise em

elementos finitos, traz a oportunidade para entender as causas de tensões residuais

e interpretar seus efeitos no desempenho da engenharia mecânica de uma forma

muito mais abrangente.

As tensões residuais resultam numa série de efeitos, podendo gerar

benefícios ou não, dependendo da aplicação do componente e da intensidade das

mesmas. O conhecimento da natureza destas é de extrema importância para

17

garantir a qualidade e confiabilidade de peças obtidas por conformação, que muitas

vezes trabalham submetidos a carregamentos cíclicos e podem falhar

prematuramente (MELO, 2014).

Em face disso, uma abordagem é reduzi-las ao máximo, através da

determinação de parâmetros ótimos de operação, porém encontrar tais parâmetros

não é fácil, já que a operação de conformação sofre a influência de muitas variáveis

como: geometria das ferramentas, velocidades do processo, natureza dos materiais,

lubrificação e refrigeração, entre outros.

Visto que a lubrificação é um parâmetro importante na maioria dos

processos de conformação, uma preocupação é avaliar sua influência na formação

de tensões residuais. Os óleos lubrificantes possuem duas origens, a biológica e a

não biológica. Estes são utilizados entre duas superfícies na conformação, com o

objetivo de diminuir os esforços e desgastes provenientes do movimento relativo

entre elas.

Além da possibilidade de avaliar o desempenho de lubrificantes alternativos,

fatores ecológicos têm ganhado importância em nossa sociedade, sendo o petróleo

base para a maioria dos óleos não naturais. Diante dessa perspectiva é justificada a

utilização crescente de óleos de origem vegetal. Pesquisadores têm avaliado o uso

de lubrificantes alternativos como Syahrullail (2011) que avaliou as propriedades do

óleo de palma na extrusão direta a frio e constatou que ele possui potencial para ser

utilizado como lubrificante vegetal.

Os lubrificantes vegetais possuem uma série de propriedades necessárias a

um lubrificante, tais como alto índice de viscosidade, alta lubricidade, baixa

volatilidade e algumas vantagens em comparação com o mineral, como não ser

nocivo ao homem e ser altamente biodegradável (WAN NIK et al., 2005).

1.2 Objetivo

Este trabalho visa investigar a influência do tipo de material e dos

lubrificantes na formação de tensões residuais, durante o processo de estampagem.

Espera-se com esta pesquisa poder avaliar o tipo de lubrificante e de material

18

adequados para o processo de estampagem de peças que demandam maior

confiabilidade em serviço, sem causar grande incremento no custo do processo

produtivo e inviabilidade operacional.

1.3 Justificativa

A correta definição dos parâmetros de fabricação pode gerar bons

resultados tanto nos aspectos de qualidade das peças e produtos quanto nos

impactos ambientais que os processos de produção podem gerar. No que diz

respeito ao processo de estampagem estudado, a definição do material pode reduzir

a formação de tensões residuais maléficas para desempenho do produto exposto a

tensões cíclicas. Além disso, a possibilidade de alteração de um lubrificante de base

mineral por um de base vegetal representa um ganho ambiental.

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho foi organizado no formato a seguir:

- Capítulo 1 -Introdução;

- Capítulo 2 -Revisão bibliográfica: com breve apresentação de conceitos

sobre conformação mecânica, Tensões Residuais (TR), métodos de medição de TR,

materiais, lubrificantes e simulação numérica;

- Capítulo 3 - Materiais e métodos:descrição dos materiais selecionados,

peça estudada e ferramentas de estampagem, técnicas para caracterização de

materiais, procedimentos experimentais e simulação;

- Capítulo 4 - Resultados e discussões: apresentação dos resultados obtidos

na pesquisa e análises desenvolvidas;

- Capítulo 5 - Conclusões;

- Capítulo 6 -Sugestões para trabalhos futuros;

- Referências bibliográficas;

- Anexos.

19

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Processos de Conformação Metal/Mecânica

As operações de conformação são aquelas onde um material metálico tem

sua forma alterada por deformação plástica. Estas são normalmente: estampagem;

forjamento; laminação; extrusão e trefilação, tais processos podem ser realizados

em temperatura ambiente (a frio) ou com temperatura elevada (a quente)

(CALISTER e RETHWISCH, 2014). Uma classificação em função do tipo de produto

é apresentada no Quadro 1.

A deformação nesses processos deve ser introduzida por força ou tensão

externa, com magnitude superior ao limite de escoamento do material. Sendo a

maioria dos materiais metálicos suscetíveis a esse tipo de procedimento

(CALISTERe RETHWISCH, 2014).

Os processos de conformação de chapas são operações de corte ou de

mudança de forma realizadas em metais sob a forma de chapas, tiras e bobinas.

Tais operações são, em geral, realizadas em processos de trabalho a frio e

usualmente efetuadas por meio de um conjunto de ferramentas compostos de um

punção e uma matriz (GROOVER, 2014). O punção é a parte positiva e a matriz é a

parte negativa do ferramental.Ilustrado na Figura1.

Figura 1. Ilustração da ferramenta de estampagem. Fonte: Borges (2015).

Blank

20

Quadro 1 - Processos e produtos típicos de conformação plástica. Fonte: Bresciani

(2011).

De acordo com Schaeffer (2004), o controle de vários parâmetros na

estampagem sãoimportantes para otimização do processo. Tais parâmetros podem

ser vistos naFigura 2.

21

O atrito na conformação é gerado devido ao contato direto entre o

ferramental e as superfícies do metal, e as pressões elevadas entre as superfícies

nestas operações.

Figura 2: Parâmetros do processo de estampagem. Fonte: Schaeffer(2004).

Segundo Groover (2014) na maioria dos processos de conformação dos

metais, o atrito é indesejável por diversas razões como: o fluxo de metal é reduzido,

provocando tensões residuais e, algumas vezes, defeitos no produto; as forças e

potências para realizar a operação são aumentadas; e o desgaste da ferramenta

pode levar a perda de precisão dimensional, resultando em partes defeituosas e

causando a necessidade de substituir o ferramental.

O atrito na conformação dos metais é diferente daquele encontrado na maior

parte dos sistemas mecânicos, tais como em engrenagens, eixos e rolamentos.

Estes outros casos são caracterizados por baixas pressões de contato, baixas a

moderadas temperaturas e extensa lubrificação para minimizar o contato metal-

metal.

Por outro lado, o ambiente de conformação dos metais apresenta altas

pressões entre a ferramenta e a peça de trabalho e deformação plástica do material

22

mais macio. Estas condições podem gerar coeficientes de atrito relativamente altos,

mesmo na presença de lubrificantes (GROOVER, 2014).

De acordo com Bruschiet al., (2014) o nível de desempenho do processo

precisa ser considerado na fase de projeto de processo, pois: (1) o processamento

altera a microestrutura do material e consequentemente suas propriedades; (2) o

desempenho do produto final é resultado das propriedades do material sintetizado e

também das técnicas de processamento utilizadas; (3) projetar materiais para

melhorar a sua conformabilidade em um determinado processo, permitirá o

desenvolvimento mais rápido de vários novos produtos, através do aumento da

gama de capacidade do processo.

2.2 Tensões Residuais

De acordo com Carvalho (2013) e Suterio (2005), as tensões residuais são

tensões internas nos materiais que se desenvolvem em componentes que se

apresentam em um estado de equilíbrio. Os campos de tensões residuais ocorrem

no material mesmo sem a existência de carregamentos externos, gradientes de

temperatura ou influência da gravidade.

Para Hauk (1997), as tensões residuais são tensões auto-equilibradas,

originadas sempre que o componente sofre deformação plástica localizada ou

deformação elástica não-homogênea.

Praticamente todas as operações de manufatura podem provocar o

aparecimento de tensões residuais. Portanto, pode-se afirmar que as tensões

residuais são normalmente ocasionadas por um ou mais motivos, que podem ser de

origem mecânica, química e/ou térmica, ou a interação destes.

Todo sistema de tensões residuais está em equilíbrio e o somatório das

forças resultantes e dos momentos produzidos será zero. O valor máximo em

módulo que as tensões residuais poderão chegar é o próprio limite de escoamento

do material.

23

A Figura3 mostra a distribuição de tensões residuais ao longo de um eixo,

com o valor máximo da tensão ocorrendo próximo da superfície e diminuindo à

medida que a profundidade aumenta. Depois ocorre uma inversão de sinal para

satisfazer a condição de equilíbrio das forças internas (OGATA, 2003).

Figura3 - Padrão típico de distribuição de tensões residuais ao longo da seção de

um eixo. Fonte: Ogata(2003).

Valores de tensões acima do limite de escoamento do material irão

ocasionar uma deformação plástica do material, havendo assim, uma redistribuição

das tensões residuais (LU, 1996).

Tensões residuais podem estar presentes nos componentes de

transmissões e tem importante papel na resistência às solicitações destes, pois elas

se somam às tensões externas atuantes, podendo aumentar ou diminuir sua

magnitude, determinando assim a capacidade de carga e vida útil do componente

(CARVALHO, 2013).

24

A Figura4 demonstra a superposição de dois tensores em um material. σS é

a tensão de serviço, e σR é a tensão residual. Quando os dois tensores se

sobrepõem, forma-se um novo tensor, que é a soma dos dois.

Figura4 - Superposição de tensão residual e tensão aplicada. Fonte: Nunes(2008).

As tensões residuais influenciam substancialmente nas características de

resistência mecânica e no funcionamento dos elementos de uma estrutura. Podem

causar uma série de efeitos que poderão ser benéficos ou prejudiciais, dependendo

da aplicação do componente, em relação aos esforços mecânicos, térmicos ou

químicos desempenhados (OGATA, 2003).

O conhecimento do valor e da distribuição das TRs é um fator muito

importante para a integridade da estrutura. A medição destas tensões é um passo

fundamental para assegurar o bom desempenho de um componente e pode ser

obtida durante a fabricação, permitindo corrigir possíveis imperfeições na execução

do projeto, facilitando o posterior controle da integridade e contribuindo para o

planejamento da manutenção (CARVALHO, 2013 e SOARES, 2003).

Uma variável do processo de conformação que tem sido estudada é o tipo

de material e sua influência na formação das tensões residuais. Echeverri (2012) fez

análise numérica e experimental com três diferentes ligas de aço para verificar o

25

comportamento destes materiais, quanto à formação de tensões residuais, quando

submetidos a processo de têmpera.

Nanu (2011) realizou uma investigação experimental sobre a influência do

material sobre a interação entre as tensões residuais e recuperação elástica em

processo de estampagem de chapas finas de liga de alumínio e liga de aço.

Bocciarelli e Maier (2007) utilizaram uma série de métodos para medição de

tensões residuais, nesse processo os autores geraram um mapeamento das

deformações para identificar as TRs. O desempenho foi avaliado por meio de

análise numérica e comparado com dados experimentais disponíveis na literatura

para validação.

Sergejev, Kimmari e Viljus (2011) utilizaram a técnica de nanoindentação

para avaliar a tensão residual em diferentes materiais. Os resultados obtidos nos

experimentos realizados confirmaram as expectativas do comportamento dos

materiais, visto que estes resultados coincidiram com os valores calculados

anteriormente.

Sherbinyet al., (2014) desenvolveram um modelo 3-D para simulação

numérica de processo de estampagem profunda. O software utilizado na criação de

tal modelo dispõe de propriedades dos materiais e condições de contorno

simplificadas. Os autores identificaram que o raio do “adoçamento” da matriz tem

influência nos resultados de tensões residuais. Os dados obtidos na simulação

foram comparados com resultados experimentais para validação.

2.2.1 Tipos de Tensões Residuais

De acordo com a sua área de abrangência, isto é, o volume do material

sujeito à sua ação. Portanto, as tensões residuais podem ser classificadas

como:Macrotensões ou Macroscópicas; Microtensões ou Microscópicas; e

Submicroscópicas. As tensões residuais também podem ser classificadas quanto à

sua natureza. Estas podem ser trativas ou compressivas.

26

As tensões residuais trativas devem ser evitadas em peças submetidas a

esforços mecânicos cíclicos devido ao fato de facilitarem a nucleação e a

propagação de trincas, levando-as a falharem por fadiga mecânica (BIANCH et al.,

2000).

Já as compressivas, geralmente possuem um efeito benéfico na vida em

fadiga, propagação de trincas ou corrosão sob tensão (SUTERIO, 2005). Tomando

como exemplo o mecanismo de fadiga, a vida de um componente e sua integridade

estrutural, podem melhoraratravés da introdução de tensões residuais compressivas

na superfície.

Isto reduz a iniciação de trincas devido à diminuição do valor efetivo das

tensões de tração necessárias para a nucleação e crescimento de trincas (ROCHA,

2009). A presença de tensões residuais leva o projetista a superdimensionar as

peças, de modo a evitar sua falha prematura em serviço.

Uma alternativa de processo é submeter o elemento produzido a tratamento

térmico para alívio de tensões. Os dois casos representam custo adicional. No

segundo caso, outro inconveniente é a possibilidade de alterações dimensionais

durante o tratamento térmico, com perda das tolerâncias fixadas no projeto

(Carvalho, 2013).

2.2.1.1Tensões Residuais Macrotensões ou Macroscópicas

São tensões que se estendem sobre grandes porções volumétricas quando

comparadas com o tamanho de grão do material (RODRIGUES, 2007). As

Macrotensões, Tensões Macroscópicas ou Tensões Residuais do Tipo I,

apresentadas na Figura5, são homogêneas no volume de vários grãos e causam

deformações uniformes da rede cristalina na região em que atuam (GUIMARÃES,

1990).

O material é considerado como sendo homogêneo numa visão

macroscópica. São medidas por métodos de dissecção do material e secção. Estas

tensões são causadas pelas interações mútuas de zonas de tamanhos

27

macroscópicos do material. Elas podem ser originadas pelos processos de

manufatura e se superpõem às tensões externas aplicadas no componente.

A formação destas tensões é causada principalmente por fatores externos,

tais como efeitos de deformação plástica não uniforme no material durante os

processos de fabricação ou ainda gradientes de temperatura que causam

expansões não uniformes no material (NUNES, 2008).

As tensões residuais macroscópicas assumem um estado de equilíbrio e

qualquer alteração, como a retirada do material ou surgimento de uma nova

superfície, exige que as tensões se re-arranjem para que uma nova configuração de

equilíbrio seja atingida. Tais tensões são quantidades tensoriais, com magnitudes e

direções principais que variam em diferentes regiões do material.

Figura5 - Tensões residuais do Tipo I. Fonte:Nunes(2008).

28

Um exemplo típico de tensões residuais macroscópicas é encontrado em

união por processo de soldagem de chapas finas (SUTERIO, 2005). Também são

exemplos de tensões residuais macroscópicas, materiais deformados plasticamente

de maneira não uniforme, processos de laminação, gradientes térmicos e têmpera

em aço.

Em geral, as tensões residuais macroscópicas, ou do Tipo I,tem maior

interesse para a engenharia devido aos seus efeitos sobre os materiais.

2.2.1.2Tensões ResiduaisMicrotensões ou Microscópicas

As Tensões Residuais Microscópicas, Microtensões ou Tensões Residuais

do Tipo II cobrem uma distância de um grão ou uma parte de grão, assim, a região

de influência no equilíbrio destas tensões se estende a um pequeno número de

grãos. Estas tensões, ilustradas pela Figura6, ocorrem pelo simples processo de

orientação dos grãos, ou seja, pela não homogeneidade da estrutura cristalina do

material.

Figura 6 - Tensões residuais do Tipo II. Fonte: Nunes (2008).

29

2.2.1.3. Tensões ResiduaisSubmicroscópicas ou do Tipo III

Conhecidas também como Microtensões Localizadas ou Tensões Residuais

do Tipo III, as Tensões Residuais Submicroscópicas abrangem distâncias

interatômicas, sendo homogêneas em regiões bastante limitadas, menores que um

grão ou dentro de uma pequena porção de um grão. Ocorrem nos materiais

metálicos sujeitos a processos que produzam descontinuidades na rede cristalina,

como vazios, impurezas, falhas de empilhamento, entre outros (RODRIGUES,

2007). As tensões submicroscópicas são ilustradas na Figura7.

Figura7 - Tensões residuais do Tipo III. Fonte: Nunes (2008).

30

De acordo com Carvalho (2013), as imperfeições citadas acima provocam

pequenas flutuações no espaçamento dos planos da rede cristalina do material

próximas às discordâncias onde estão presentes. Não são direcionais em nível

macroscópico e não são mensuráveis, ou influem diretamente no comportamento

mecânico macroscópico.

2.2.2 Técnicas de Medição de Tensões Residuais

Existem várias técnicas ou métodos para medição de tensões residuais que

podem serclassificadas em métodos semidestrutivos, destrutivos; e não destrutivos.

Inicialmente as medições das tensões residuais eram feitas por técnicas

exclusivamente destrutivas e muitasvezes com a introdução de novas tensões

durante o ensaio. Porém, as técnicas de mediçãovêm sendo aperfeiçoadas e o

conceito de incerteza da medição está cada vez mais presente (MELO, 2014).

Os métodos semidestrutivos e destrutivos se baseiam na alteração do

estado deequilíbrio das tensões residuais, provocando alívio destas tensões no

ponto ou na região demedição. As deformações causadas pelo alívio são medidas e,

através de modelosmatemáticos adequados, são determinadas as tensões residuais

(MELO, 2014). Nestes dois métodossomente são analisadas as tensões residuais

macroscópicas.

Os métodos não destrutivos são baseados nas variações de parâmetros

físicos oucristalográficos do material em análise, relacionados com as tensões

residuais que provocamestas alterações. Estes métodos determinam de forma

combinada todas as tensões residuaisexistentes no material, sejam elas

microscópicas, submicroscópicas ou macroscópicas, sem apossibilidade de

distinção entre elas (SUTERIO, 2005).

De acordo com Lu (1996), dentre os métodos destrutivos, os mais utilizados

são ométodo da Remoção de Camadas e o método do Seccionamento. Os métodos

não destrutivosmais usados são o método da Difração de Raios-x, método da

Difração de Nêutrons, métododo Ultra-Som, método Magnético (Barkhausen).

31

Para Salazar (2008), dentre os principais métodos de medição de tensões

residuais, estãoadifração de raios X e o método do furo, devido a sua

confiabilidade,principalmente quando comparados a outros métodos mecânicos

destrutivos.

Enquanto atécnica de difração de raios X é reconhecida pela sua natureza

não-destrutiva (apesar de suamedição limitar-se às camadas muito próximas à

superfície e o equipamento ter um custoelevado, além de pouca portabilidade), a

técnica do furo apresenta as vantagens de serrelativamente simples, empregar

instrumentação portátil, ser de baixo custo e ter umalimitação apenas parcial na sua

aplicação em componentes, já que o furo executado não afetao funcionamento dos

mesmos (MELO, 2014).

De acordo com Suterio (2005) a escolha de uma técnica de medição deve

levar emconta a natureza da parte a ser analisada e o tipo de medição a ser

realizada. Estes parâmetrosincluem os aspectos a seguir:

A natureza do material- estrutura cristalográfica, textura, composição química e

fase;

O tipo de tensões residuais (macro tensão e micro tensão);

O gradiente de tensões residuais na parte analisada (gradiente através da

espessura ou da superfície);

A geometria e região da parte analisada (profundidade, dimensão e forma da

superfície);

O ambiente onde a medida é realizada (em campo ou em laboratório);

O tipo de intervenção (destrutiva ou não-destrutiva);

O tempo (razão de medição) e a extensão da intervenção;

A incerteza e a repetição do método;

O custo da medição e dos equipamentos necessários.

Lu (1996) apresentou uma análise comparativa resumindo as principais

técnicas demedição de tensões residuais, considerando níveis técnicos, econômicos

e práticos. No Quadro 2 são comparados os diferentes métodos de medição de

maneirageral.

32

Quadro 2: Comparação de diferentes métodos de medição de tensões residuais.

Fonte:LU(1996).

33

2.2.2.1 Técnica da Indentação

A indentação é uma técnica semidestrutiva e relativa a aplicação no ensaio

de dureza, basicamenteconsiste na aplicação de uma pressão ou carga sobre a

superfície da peça que se pretendeanalisar através de uma ponta aguda. A tensão

localizada que é exercida sobre a superfície dapeça é em torno de três vezes maior

que a tensão de escoamento do material, causando umadeformação plástica

localizada (RODACOSKI, 1997 apud MELO, 2014).

Este método consiste na aplicação de uma carga sobre a superfície do

material emestudo através de um penetrador rígido. O penetrador pode ter

diferentes geometrias; pode seresférico, cônico ou piramidal.

A pressão feita pelo penetrador provoca deslocamento ao redorda

indentação e causa um reequilíbrio no estado de tensão do corpo. A deformação

édecorrente da geometria do indentador, da carga aplicada, das propriedades do

material e damagnitude e direção das tensões residuais que estão presentes no

material (MELO, 2014).

Espera-se que um material deformado a frio, submetido a um ensaio de

dureza superficial, apresente um resultado diferente do resultado do mesmo ensaio

em um material não deformado.

Se a natureza das tensões residuais na superfície forem trativas, o ensaio

apresentará um valor menor para a dureza superficial em relação ao material não

deformado. Em caso contrário, sendo compressivas as tensões residuais na

superfície, a penetração será mais difícil e o resultado do ensaio apresentará valores

maiores (MELO, 2014).

Considerando os trabalhos já publicados pode-se afirmar que a

determinação das tensões residuais pode ser correlacionada através dos seguintes

efeitos:

Variação de dureza no material;

Relação entre força e a profundidade de indentação;

Medição da forma geométrica da indentação;

34

Medição da deformação ao redor da indentação.

2.2.2.2Características da Dureza Vikers

Através dos resultados de alguns estudos e pesquisas, o método de dureza

Vickersé considerado o mais vantajoso comparado com outros métodos. Alguns dos

motivos são: por este possuir uma escala contínua de dureza, produzir impressões

pequenas além da possibilidade de ser aplicado em diversos tipos de materiais

(MELO, 2014).

Com a evolução dos testes de dureza Vickers tornou-se possível realizar

ensaios de microdureza, os quais visam uma medição em pequenas áreas com

precisão e eficiência em regiões críticas como as afetadas pelo calor de uma

soldagem (TEIXEIRA et al. 2013). Estes ensaios são normalizados pela ASTM (E -

384) onde são definidos padrões para a carga e o tempo de aplicação para

determinado material.

Para a realização dos ensaios de microdureza, a superfície do material deve

ser muito bem preparada não podendo conter oxidações ou imperfeições. Contudo,

a superfície deve ser plana, limpa, lixada e polida para que não ocorram distorções

nas medidas. É necessário um microdurômetro para a medição das

microimpressõesdeixadas pelo indentador (MOTA, 2013).

2.3 Materiais e Propriedades

2.3.1 Aços: Generalidades e Classificação

Os aços são ligas ferro-carbono com teor de carbono entre 0,08 e 2,11% em

peso, que podem ou não conter elementos de liga em sua composição química,

como: Si, Mn, P, S, Al e inclusões não-metálicas(ECHEVERRI, 2012).

O aço é um dos principais materiais utilizados em industrialmente em todo o

mundo, devido à enorme gama de variações em seus elementos de liga; é possível

35

alterar muito as propriedades do material de forma a torná-lo muito versátil e

aplicável em várias aplicações distintas (GROOVER, 2007).

Uma das maneiras de classificar os aços é por meio de sua composição

química, especificamente, pelo teor de carbono. Os aços de baixo, médio e alto

carbono possuem, respectivamente, teores de carbono até 0,25%, entre 0,25 e

0,60% e entre 0,60 -1,0% (SOUZA, 2001 apud ECHEVERRI, 2012). Existem, no

entanto, alguns casos em que os aços ligados podem apresentar um teor de

carbono com até 2,5%; são os chamados aços ledeburíticos.

As ligas em baixo carbono não são tratáveis termicamente, mas possuem

alta formabilidade e sua produção é muito barata. Muitas vezes são utilizadas em

componentes estruturais de automóveis, vigas e chapas de tubulações.

Já os aços médio-carbono são tratáveis termicamente, sendo o revenimento

o tratamento mais usual. A adição de outros materiais como níquel, cromo e

molibdênio, melhora a capacidade do aço em ser tratado termicamente o que

permite uma ampla gama de combinações de resistência mecânica e formabilidade.

(CALLISTER 2008).

As aplicações variam muito, desde elementos estruturais como vigas, pregos

e arames para aços de baixa liga indo até aplicações como equipamentos cirúrgicos

e vasos criogênicos (CALLISTER, 2008).

Aços hipoeutetóides e hipereutetóides são aqueles contendo

respectivamente teores de carbono menores e maiores que o correspondente ao

ponto eutetóide (aproximadamente 0,76% de carbono).

Em geral, considera-se que os aços carbono são aqueles em que os teores

de elementos além do ferro e do carbono são pequenos, isto é, não contem mais

que 1,00% de Mn, 0,30% de Si, 0,05% de S e 0,04% de P (ECHEVERRI, 2012).

Segundo Tayer (2011), os aços de baixo carbono, caracterizam-se por um

acréscimo de tensão limite de escoamento (de aproximadamente 40 MPa) durante o

tratamento de recobrimento ou pintura.

36

Estes são geralmente usados, na indústria automobilística, em peças

visíveis tais como capôs, portas, portas traseiras para-lamas dianteiros e tetos, além

das peças estruturais tais como: assoalhos automotivos, reforços, suportes

transversais e peças anexas nos automóveis (GORNI, 2006).

2.3.2 Alumínio Comercialmente Puro

Com o intuito de reduzir o impacto ambiental e melhorar o desempenho, o

processo de desenvolvimento de peças automotivas tem sofrido melhorias que

visam tornarem mais leves e resistentes (HAZRA et al, 2011). Uma das práticas

comuns para redução de peso é a substituição de materiais, como a troca de peças

feitas em aço por peças em alumínio. Vale ressaltar que o alumínio não tem a

mesma resistência mecânica e conformabilidade do aço.

O alumínio é um material, que devido á combinação de suas propriedades

físicas e químicas vem sendo utilizado nas indústrias e está em constante expansão.

Possui estrutura cristalina cúbica de face centrada, número de coordenação igual a

12 e fator de empacotamento atômico igual a 0,74 (CARVALHO, 2013).Esteé

considerado comercialmente puro quando possui composição química com o

mínimo de 99% do elemento alumínio.

Considerado o terceiro elemento mais abundante da crosta terrestre, possui

as vantagens de ser resistente à corrosão, ter alta condutibilidade térmica e elétrica,

baixo peso específico, grande ductilidade, não deixar passar luz, oxigênio, odor e

umidade e ainda pode ser reciclado com facilidade.

De acordo com Carvalho (2013) o alumínio é amplamente utilizado no

mundo moderno devido ao seu excelente desempenho e às propriedades superiores

na maioria das aplicações, pois suas técnicas de fabricação permitem a manufatura

do produto acabado a preços competitivos no mercado. As características citadas

tornam o alumínio o metal não ferroso mais consumido no mundo.

Dentre as indústrias consumidoras de alumínio, estão as fabricantes de

tubos, que são utilizados em estruturas espaciais permitindo a cobertura de grandes

37

vãos com o mínimo de apoios, além de tubulações para irrigação e trocadores de

calor (ABAL, 2007).

2.4 Lubrificantes

O conceito básico de atrito pode ser descrito como a existência de uma força

que restringe um movimento. A causa fundamental das forças de atrito entre

superfícies metálicas parece residir em forças de atração entre as regiões em

contato superficiais deslizantes.

Estas superfícies apresentam irregularidades microscópicas que chegam a

construir uma solda no estado sólido, resultando na deformação plástica localizada.

As forças de atrito parecem ter sua origem na resistência ao cisalhamento destas

uniões (CETLIN, 1993).

Segundo Marcondes (2003), os efeitos funcionais dos lubrificantes são:

Reduzir os carregamentos necessários para a deformação;

Aumentar os limites de deformação antes da fratura;

Melhorar o controle do acabamento de superfície;

Minimizar a adesão do metal no ferramental;

Minimizar o desgaste das ferramentas;

Isolar termicamente as peças e ferramentas;

Resfriar as peças e ferramentas.

O lubrificante é qualquer película de um gás, líquido ou um sólido que se

interpõe entre duas superfícies, com o objetivo de diminuir os esforços e desgastes

provenientes do movimento relativo entre elas. O filme lubrificante que separa a

superfície dos corpos é geralmente muito fino, algumas vezes sendo de difícil

observação. A espessura dessas películas lubrificantes pode ir de 1 a 100 mícrons,

embora medidas maiores e menores ainda possam ser usadas (OLIVEIRA, 2015).

O conhecimento relacionado com o aprimoramento da efetividade desses

filmes lubrificantes em evitar danos e diminuir esforços é chamado de "lubrificação".

38

Ainda que não existam limitações quanto ao estado do material a ser usado na

lubrificação, os mais comuns são líquidos e sólidos.

O estudo específico de fluídos lubrificantes é chamado de "lubrificação

hidrodinâmica" e em relação aos sólidos é chamado de "lubrificação sólida". Uma

forma especializada da lubrificação hidrodinâmica, a qual envolve a interação física

entre os corpos em contato e o líquido lubrificante, é chamada de "lubrificaçãoelasto-

hidrodinâmica", possuindo inclusive considerável utilidade prática (KIMURA e

OKABE, 1982 apud OLIVEIRA, 2015).

Lubrificantes líquidos requerem a utilização de filtros, bombeamentos e

sistemas de refrigeração para manter o desempenho do lubrificante por mais tempo.

Junto a isso, o descarte e o reaproveitamento desses lubrificantes são problemas

comuns que fomentam as pesquisas em torno de lubrificantes (STACHOWIAK;

BATCHELOR, 1993 apud OLIVEIRA, 2015).

A principal limitação dos lubrificantes líquidos é relacionada à alta

temperatura e a degradação. Atualmente se faz necessário a utilização de aditivos

para melhorias físico-químicas. Do ponto de vista prático da engenharia, é essencial

prever a atuação do filme lubrificante.

Todavia, a complexidade do estudo ainda cria a necessidade da utilização

de uma parcela de empirismo nas análises de características do filme lubrificante.

Métodos de determinação do filme lubrificante para fluidos requerem conhecimentos

de hidrodinâmica, hidrostática e lubrificação elasto-hidrodinâmica. Para análises

mais sofisticadas, métodos computacionais têm de ser utilizados (STACHOWIAK;

BATCHELOR, 1993 apud OLIVEIRA, 2015).

A conformação de metais a frio exige a presença de lubrificação com o fito

de reduzir as forças envolvidas e o desgaste das ferramentas. Óleos lubrificantes

possuem duas origens, a biológica e a não biológica. Isso fornece uma enorme

gama de hidrocarbonetos compostos.

Essas substâncias estão presentes em misturas complexas as quais são

usadas com propósitos que vão além de lubrificar, como controle de desgaste e

atrito (OLIVEIRA; NEVES; BRAGA, 2010).

39

A utilização de lubrificantes naturais esbarra em alguns de seus

componentes, pouco adequados ao processo de lubrificação, ainda que possuam

compostos essenciais ao processo lubrificante. Dessa forma, lubrificantes naturais

ou óleos minerais são parcialmente refinados e impuros (THE TRIBOLOGY

HANDBOOK, 2005apud OLIVEIRA, 2015).

Os óleos biológicos podem ser de origem animal ou vegetal. Óleos de

origem biológica são mais empregados em ambientes de alto índice de

contaminação para que exista o mínimo de risco. Já os óleos minerais, muito

comuns em indústrias, muitas vezes são derivados do petróleo e possuem boa

estabilidade em temperaturas moderadas (OLIVEIRA, 2015).

Por fim, os óleos sintéticos são desenvolvidos artificialmente para substituir

os óleos minerais. São desenvolvidos especificamente para prover propriedades

superiores aos óleos minerais, como melhor comportamento a altas temperaturas.

As graxas não são essencialmente diferentes dos óleos, sendo também de origem

mineral ou sintética. Mais usados para uma lubrificação semipermanente

(STOLARSKI, 2000).

Uma das preocupações dos pesquisadores é a avaliação da substituição de

lubrificantes de base mineral por lubrificantes de base renovável (WILLING, A.,

2001; WAGNER; LUTHER; MANG, 2001).

Segundo Oliveira (2015), os óleos vegetais são geralmente constituídos de

triglicerídeos, que são moléculas de glicerol com três longas cadeias de ácidos

graxos ligados a um grupo hidroxilo por ésteres.

Os ácidos graxos encontrados em óleos vegetais naturais diferem pela

dimensão da cadeia e no número de ligações duplas. A longa cadeia de carbono é

geralmente mantida unida por até três cadeias duplas.

A estrutura do triglicerídeo fornece uma boa lubrificação. A longa e polar

cadeia de ácidos graxos pode fornecer alta força ao filme lubrificante na interação de

superfícies metálicas. As fortes ligações intermoleculares também são resistentes a

mudanças de temperatura e proveem uma viscosidade mais estável. Essas forças

interações intermoleculares fornecem durabilidade ao filme lubrificante.

40

Além disso, o lubrificante de origem vegetal se mantém biodegradável, bom

e de baixíssima toxidade em todos os estágios de sua vida útil (SYAHRULLAIL et

al., 2011).

Ainda que exibam uma série de vantagens, lubrificantes vegetais possuem

limitações, que muitas vezes requerem a utilização de aditivos, para melhorias em

relação ao desgaste e atrito, por exemplo (SYAHRULLAIL; NAKANISHI; KAMITANI,

2005).

Pesquisadores têm se concentrado em analisar os efeitos deste tipo de

lubrificante sobre a natureza e sobre o ser humano. Os resultados das análises têm

deixado bem estabelecido, o benefício advindo da sua aplicação. Além de serem

oriundos de fontes renováveis, tais lubrificantes são biodegradáveis, com um tempo

de degradação curto.

Contudo, um estudo completo da eficiência de tais lubrificantes nos

processos de fabricação, no sentido de redução dos esforços e qualidade do produto

no que tange à sua integridade superficial, livre de defeitos e tensões residuais não

foi ainda estabelecido (OLIVEIRA; NEVES; BRAGA, 2010 apud OLIVEIRA, 2015).

As operações para estampagem de chapas são tão diversas que testes

simples não fornecem uma indicação precisa sobre a estampabilidade de um

material que seja válida em diferentes aplicações.

Não há um índice simples e direto para a medição desta propriedade do

material que seja válido e aplicável a diversas situações, uma vez que um

determinado material que atendeu perfeitamente ao projeto de uma determinada

peça pode falhar quando da realização de outra peça. Portanto, a estampabilidade é

uma função do material e das características de processo.

O conhecimento das propriedades do material e a análise das variáveis do

processo são indispensáveis na determinação da probabilidade de sucesso na

produção de peças estampadas e no desenvolvimento de processos mais eficientes

(TAYLOR, 1988 e BOYLES, 1982).

No desenvolvimento do processo de estampagem existem vários fatores que

influenciam no alcance do produto. O atrito influencia diretamente na produção de

41

fluxos irregulares de metal, aparecimento de tensões residuais, na qualidade

superficial dos produtos, aumento do desgaste da ferramenta, elevação da

temperatura e aumento do consumo de energia necessária à deformação (Silva

2008).

Industrialmente existe uma enorme demanda sobre lubrificantes,

principalmente para que seja possível unir várias características específicas de uma

aplicação em um lubrificante, o que demonstra ser uma tarefa muito complexa. O

balanço nessa composição é um fator determinante entre pureza e impureza, sendo

essencial para a estabilidade a oxidação do óleo e variando de acordo com a

aplicação do lubrificante (STOLARSKI, 2000).

2.5 Simulação Numérica

A simulação numérica é uma ferramenta importante para todos os tipos de

projeto, e para o processo de estampagem não é diferente, pois o método de

utilização computacional proporciona o dimensionamento de ferramental para o

processo bem como prevê resultados de estampagem.

A primeira parte do processo de modelagem computacional de um fenômeno

físico consiste na identificação dos fatores que influenciam de maneira relevante no

problema. Isso implica na escolha adequada dos princípios físicos e das variáveis

dependentes e independentes que descrevem o problema.

Resultando assim, em um modelo matemático constituído por um conjunto

de equações diferenciais parciais, entre as quais se incluem a equação de Poisson,

Helmhotz, Navier-Stocks, etc. A segunda etapa do processo, consiste em obter a

solução do modelo matemático, tarefa atribuída aos métodos numéricos (RIBEIRO,

2004).

Em uma análise de um problema que envolve comportamentos não lineares,

a solução não pode ser calculada pela resolução de equações lineares. Ao contrário,

obtém-se a solução especificando-se o carregamento (térmico, mecânico, etc.) como

função do tempo e aumentando o tempo para obter a resposta não-linear.

42

Assim, o programa de elementos finitos divide a simulação em determinado

número de incrementos e encontra a configuração aproximada de equilíbrio no final

de cada incremento de tempo (BORTOLETO, 2010).

De acordo com Bruschiet al., (2014) As ferramentas de prototipagem por

modelagem virtual de processos e sistemas tem grande valor na área da

estampagem de metal. Estas representam hoje em dia uma perspectiva real para a

indústria no que se refere a previsões precisas sobre as características geométricas

de peças e condições após o processo de fabricação (por exemplo, tensões

residuais) e possíveis defeitos e falhas na com base nos parâmetros do processo

escolhidos.

Graças a estas previsões, as decisões críticas no projeto do processo são

tomadas, afetando fortemente o sucesso técnico e econômico do processo, tais

como a seleção da cadeia de processo adequado, o projeto de ferramentas e

equipamentos, o projeto do processo considerandoas características da vida útil do

produto.

No entanto, para tornar as ferramentas de simulação numérica, confiáveis e

versáteis para previsões eficientes e precisasdos eventos e fenômenos que os

materiais, processos e produtos são submetidos,os pré-requisitos mais críticos estão

entre a criação de modelos úteis e eficientes e testes capazes de avaliar os

diferentes aspectos da resposta do material à deformação (BRUSCHI, 2014).

De acordo com Tekkaya (2000), os estudos pioneiros com aplicação da

análise por elementos finitos em processos de estampagem foram desenvolvidos

por Gotoh e Ishise (1978), Wang e Budiansky (1978) e Wifi (1976). Os primeiros

pesquisadores a considerar os efeitos da viscosidade no processo foram Wang e

Wenner (1978).

Segundo Tekkaya (2000), tensões residuais e springback estão entre

questões bastante críticas. Estes fenômenos são devidos ao regime elástico do

material após a deformação elasto-plástico. Portanto, um modelo matemático

extremamente preciso, na parte elasto-plástico da deformação é necessário, uma

vez que o estado de equilíbrio após a descarga depende das diferenças das tensões

no regime plástico.

43

2.5.1 Objetivos da Simulação na Indústria

Os objetivos da indústria quanto à simulação de processos de conformação

pode ser resumida em três grupos principais segundo Tekkaya(2000).

1. Redução de tempo:

Verificação antecipada de produtibilidade de peças;

A redução dos tempos de desenvolvimento;

Redução do número de tentativas;

Rápida resposta aos desejos de modificação.

2. Redução de custos:

Produtos mais baratos,

Redução de custos com ferramental de conformação,

Redução das dimensões de prensas,

Aumento da confiabilidade.

3. Aumento da qualidade do produto:

Seleção ideal do material da peça,

Produção de peças mais complicadas,

Acumulação de Know-how de novos materiais,

Repetibilidade de processo,

Otimização por variáveis.

2.5.2 Requisitos para Atender aos Objetivos da Simulação na Indústria

Os requisitos correspondentes a essas metas são diversos.

1. Processos e operações:

Espera-se que a ferramenta de simulação seja capaz de modelar vários

processos e operações de estampagem individualmente ou mesmo a combinação

de diversos processos:

44

Dobramento;

Processo de estampagem profunda (com “quebra rugas”, etc.);

Processo de estiramento;

Operação de corte;

Operação de flangeamento;

Reestampagem;

Hidro-estampagem.

2. A facilidade de uso:

Esta é uma questão crítica para a aplicação da ferramenta de simulação

numérica na indústria. A indústria espera que o uso do modelo deva ser tão simples,

que não haja necessidade de um especialista em elementos finitos. Além disso, a

ferramenta de simulação deve estar disponível lá onde é necessário, isto é, ela deve

ser utilizável na sala de projeto e não somente no departamento computacional da

empresa.

3. Interface Projeto e Simulação, Auxiliados por Computador (CAD/CAE/CAD):

O requisito ideal é que o modelo em CAD das ferramentas possa ser

facilmente transferido para o código de elementos finitos e que todas as

modificações geométricas realizadas durante o processo de simulação de elementos

finitos possa ser transferido de volta para o modelo de CAD e a partir daí para o

sistema CAM.

4. Eficiência de simulação:

Dependendo da fase de concepção e desenvolvimento em que a ferramenta

de simulação é utilizada, diferentes tempos computacionais são desejados.

Considerando o tempo de resposta inferior a uma hora são necessários nas fases de

projeto preliminar, respostas no dia seguinte são toleradas na principal fase de

projeto ou solução de etapas de problemas. No entanto, mesmo na concepção nas

principais etapas, a pressão para se ter tempo de resposta inferior a duas horas tem

aumentado por causa do objetivo de otimizar o processo.

45

5. Resultados de simulação:

O engenheiro industrial quer avaliar os seguintes resultados calculadospor

simulação numérica:

Distribuição de tensão e espessura no blank/peça;

Indicadores de falha por fratura, zonas soltas de metal, pontos baixos,

orelhamento, enrugamento, etc. (também usando, por exemplo diagramas

limite conformação);

Dados pós-falha, tais como número e amplitude de rugas;

Forma otimizada do blank;

Localização e posição dos drawbeads(quebra rugas);

Valor do spring-back(especialmente após o corte e geração de flanges);

Tensões residuais no produto acabado;

Rigidez e / ou pressão do prensa chapas, (dependente da posição);

Condições de lubrificação;

Cargas do punção.

6. Comportamento do material:

Anisotropia inicial, devido ao processo de laminação da chapa é um recurso

padrão necessário para o modelo de simulação de chapa metálica. Recentemente,

devido ao aumento da precisão desejada, análise da anisotropia induzida na forma

de modelos de endurecimento cinemático é necessária.

7. Precisão:

Os requisitos de precisão têm aumentado com a utilização da ferramenta de

simulação. Especialmente alta precisão é esperada para a determinação de falhas

(melhor do que 20%) e spring-back. Estes requerem um aumento da precisão na

modelagem do material e do atrito, mas também em técnicas de solução numérica.

É interessante notar que mesmo o módulo de elasticidade muda com o esforço, que

é da ordem de cerca de 3% para cada 10% de tensão para ligas de alumínio, por

exemplo. Está sendo seriamente considerada por algumas empresas industriais na

aproximação numérica(TEKKAYA, 2000).

46

2.5.3 Impactos e Desafios da Simulação

Através da densa compreensão da mecânica de processos existentes, pode-

se redirecionar a concepção de materiais para melhorar o nível de desempenho do

processo, levando a materiais com processabilidade melhorada, isto é,

maleabilidade, usinabilidade, etc. Como exemplo, Figura8 ilustra um bem sucedido

processo de concepção de material que foi desenvolvido a partir de um conceito

para a qualificação de voo em apenas oito anos e meio, usando apenas cinco

protótipos de ligas, economizando US $ 50 milhões em relação ao processo

empírico tradicional (BRUSCHIet al., 2014).

Figura8.Ilustração do projeto multiescala do material. Fonte: Haoet al., (2003) apud

Bruschiet al., (2014).

Segundo Bruschiet al., (2014), os novos desafios da simulação na indústria são:

Atrelar o material, processamento e a modelagem orientada a produtos, a fim

de oferecer modelos capazes de prever o comportamento dos materiais e

características do produto durante e após estampagem;

Fornecer orientações úteis para os projetistas de processos para calibrar os

modelos numéricos, usando os modelos mais adequados em função do

material/processo e as estratégias de projeto adotadas, bem como guias de

47

boas práticas para os profissionais industriais para uma verificação rápida in-

line da qualidade do produto.

48

CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo apresenta os materiais e métodos utilizados para realização

desta pesquisa, com o objetivo de investigar o desempenho do processo de

fabricação deuma peça de reforço estrutural para chassi de automóvel, quanto à

formação de tensões residuais inseridas pelo processo.

As variáveis avaliadas neste trabalho, quanto à influência na formação de

tensões residuais, são os materiais metálicos e o tipo de lubrificante usado no

processo. Já os métodos utilizados para tal avaliação são: a simulação numérica e o

processo de avaliação experimental.

3.1 Materiais

3.1.1 Materiais Metálicos

Os materiais escolhidos para esta análise foram aço ABNT 1010 e ABNT

1020 (aços de baixo teor de carbono - até 0,25% de carbono) e alumínio comercial

série 1000 (liga 1200 H14). Os aços ABNT 1010 E 1020 foram selecionados por

similaridade com o material do produto e o alumínio por ter um comportamento

mecânico similar e apresentar uma possibilidade de redução de peso no produto.

A composição química destes materiais, de acordo com as especificações

dos fabricantes, éapresentadana Tabela 1.

Tabela 1. Composição química normativa.

Material C Mn Si Max. S Max. P Max. Fe

ABNT 1010 0,080 - 0,13 0,30 – 0,60 0,100 0,050 0,030 Restante

ABNT 1020 0,180 - 0,23 0,30 – 0,60 0,100 0,050 0,030 Restante

Material Si Fe Cu Mn Zn Ti Al Mín.

Al 1200 H14 1,00 (Si+Fe) 0,05 0,05 0,10 0,05 99,00

49

Para o processo de estampagem, os materiais foram adquiridos em forma

de chapas com espessura de dois milímetros e área suficiente para reproduzir todas

as condições definidas para o experimento e suas respectivas réplicas.

De acordo com o fornecedor do material, o processo de fabricação do

mesmo foi a laminação a quente, resultando em uma boa condição do material para

o experimento, visto que reduz a orientação dos grãos do material (formação de

anisotropia) e consequentemente a influência dessa propriedade que não foi

analisada no experimento.

3.1.2 Lubrificantes

Com base nos trabalhos desenvolvidos por Tayer (2011), Menezes (2015) e

Oliveira (2015) foram escolhidos quatro tipos de lubrificantes para análise

experimental. Sendo estes: Renoform MZA 20 (de base mineral) e óleos de milho,

linhaça e mamona (de base vegetal).

O renoform MZA 20 é um lubrificante de base mineral com aditivos sólidos

de bissulfeto de molibdênio, esteéamplamente utilizado em processos de

conformação e, mais especificamente, em estampagem. Já os lubrificantes de base

vegetal foram escolhidos para avaliar a possibilidade de substituição do lubrificante

de base mineral, tendo como perspectiva, a redução de custos e de impacto

ambiental.

3.2Definição da Peça

O primeiro passo da pesquisa foi aescolha da peça de referência e a

criaçãodas ferramentas para realizar o processo de estampagem. Desta forma, foi

selecionada uma peça estampada com aplicação em veículos automotivos, para

possibilitar a criação de uma geometria específica, onde fosse possível avaliar as

tensões residuais geradas durante o processo de estampagem.

50

Assim, a geometria do corpo de prova foi definida de forma que este fosse

uma réplica de peça utilizada em produto com demanda de alta confiabilidade. Esta

peça tomada como referência trabalha sob tensões cíclicas, quando em

funcionamento, e tem apresentado falha por fadiga. A Figura 9 apresenta a peça

escolhida para este trabalho e destaca a região de avaliação das tensões residuais,

correspondente a região de falha do produto.

Figura9. Dobradiça de porta automotiva (A e B), Corpo de prova definido (C e D).

3.3 Definiçãodo Ferramental

Com auxilio de software de desenho e dos resultados da simulação

numérica prévia foram projetados a matriz, punção e dispositivo de alinhamento para

execução de ensaios físicos, além de definir o blank para estampagem da peça.

Para o desenvolvimento da matriz, foi feito uma peça com uma cavidade que

originaria a forma da parte externa da peça a ser estampada, conforme mostrada na

Figura10 edesenho técnico usado para fabricaçãono Anexo A.

Região

de falha

Região

de falha

A B D

C

51

Figura10.Desenho renderizado da matriz.

Similar ao projeto da matriz, a fabricação do punção foi feita com o intuito de

formar a parte interna da peça, o punção recebe a geometria da cavidade da matriz,

no entanto com dimensões diminuídas para suprir a folga necessária da chapa e a

película de fluido.Mostrado na Figura11 e desenho técnico usado para fabricação no

Anexo B.

Figura11.Desenho renderizado do punção.

Além disso, para evitar grandes esforços durante o processo de

estampagem e que a as ferramentas e peças agarrassem, foi adicionado no punção

uma angulação de dois graus em suas paredes, como mostrado na Figura12.

52

Figura12. Angulação para reduzir esforços e evitar que a peça agarre.

Para que o punção permaneça sempre na direção correta de estampagem,

sem que a mesma se desvie, foi preciso criar uma peça guia (suporte do punção),

como mostrada na Figura13 e desenho técnico usado para fabricaçãono Anexo C.

Figura13.Desenho renderizado das ferramentas com guia para o punção.

O material utilizado na fabricação dasferramentas foi o aço 1045. Este

possui um bom nível de usinabilidade, fator que facilitou o processo de usinagem,

além disso o material é suscetível ao tratamento térmico.

Depois de fabricadas, as ferramentas foram submetidas ao processo de

têmpera. O material foi aquecido a 880 graus Celsius em um forno do tipo Mufla por

um período de duas horas e depois resfriado em óleo de têmpera.Mostrado na

Figura 14.

Peça

Guia

53

Figura 14. Forno Mufla usado no tratamento térmico.

Esse processo foi realizado para aumentar a resistência mecânica e garantir

uma boa resistência ao desgaste. Estas características garantem bom desempenho

na repetibilidade do experimento e facilita a obtenção da geometria definida.

3.4Determinação do Blank

Uma simulação numérica prévia foi utilizada para definir a geometria do

blank mais favorável para o escoamento plástico na formação do produto. A

geometria definida é apresentada na Figura15.

Figura15. Blank estimado pela simulação numérica.

54

Os blanks foram cortados na direção de laminação para reduzir a influência

da anisotropia. O processo utilizado para o corte foi o jato d’água, sendo a escolha

deste procedimento para evitar a introdução de temperatura na região do corte e

consequentemente anisotropia e tensões residuais.Mostrado na Figura16.

Figura 16. Corpos de prova cortados na chapa de aço ABNT 1020.

Além disso, o corte por jato d’água tem ótima repetibilidade, gerando

geometrias muito semelhantes entre as peças, reduzindo influencias indesejadas no

resultado da pesquisa.

3.5 CaracterizaçãoMicroestruturaldos Materiais

Para realizar uma análise metalográfica dos materiais e verificar desde

composição química a características advindas do processo de fabricação do

material (como anisotropia), foi utilizado o Microscópio Eletrônico de Varredura

(MEV)com microanalisador por Energia Dispersiva (EDS) e o Microscópio Ótico.

O MEV é um equipamento capaz de produzir imagens de alta ampliação e

resolução. Além disso, ele é capaz de determinar quais os elementos químicos

estão presentes na amostra do material. Isso é possível devido ao Detector raio X de

Energia Dispersiva (EDX ou EDS) que consiste na emissão de um feixe de elétrons

Direção de

laminação

55

e leitura do nível de energia que cada átomo libera quando atingidos pelo feixe de

elétrons.

3.6 Corpo de Prova para Ensaio de Tração

Para verificar as propriedades mecânicas dos materiais nas condições como

recebidas, foram confeccionados três corpos de prova de cada material (aço ABNT

1010, 1020 e Alumínio1200 H14), de acordo com a norma ASTM - A370, Ilustrado

naFigura17.

Estes foram submetidos ao ensaio de tração, a fim de gerar a curva

tensão/deformação do material como entrada para as simulações numéricas do

processo de estampagem.

Figura17. Corpo de prova para ensaio de tração de acordo com a norma ASTM -

A370.

3.7Ensaios dos Lubrificantes

A caracterização do comportamento dos fluídos lubrificantes, no que

concerne a viscosidade foram analisadas por Oliveira (2015), no laboratório de

fluídos da UFSJ, utilizando o equipamento Rheo Viscosímetro HÖPPLER – modelo

KD 2.1, da empresa HaakeMedingen GMBH.Mostrado na Figura18.

56

Figura18.Rheo Viscosímetro HÖPPLER – modelo KD 2.1.

Os testes e análises feitas por Tayer (2011), Menezes (2015) e Oliveira

(2015) acerca do comportamento desses lubrificantes em processos de

conformação, foram utilizados como referência para os procedimentos experimentais

deste trabalho.

3.8 Estampagem das Peças

As peças foram estampadas em uma prensa hidráulica com capacidade de

40 toneladas. Devido à simplicidade da prensa hidráulica, que possui apenas um

controle quanto ao deslocamento do curso, todo o ferramental foi dimensionado de

forma a utilizar o fim de curso do equipamento. Em todos os ensaios, o punção teve

um deslocamento de aproximadamente 48 milímetros para executar a estampagem.

3.9 Planejamento do Experimento

Os ensaios físicos foram realizados através de um planejamento Fatorial

Aleatorizado por níveis.Este tipo de planejamento tem como objetivo avaliar os

efeitos das variáveis de influência selecionadas e estimá-las, através do teste de

hipóteses apropriado.

O experimento foi realizado de acordo com a sequênciaapresentada na

Tabela2.

57

Tabela 2. Planejamento experimental do trabalho

Planejamento experimental

Teste Material Lubrificante

1 Al 1200 H14 MZA 20

2 Al 1200 H14 Algodão

3 Al 1200 H14 Algodão

4 Al 1200 H14 Linhaça

5 Al 1200 H14 MZA 20

6 Al 1200 H14 Linhaça

7 Al 1200 H14 Mamona

8 Al 1200 H14 Algodão

9 Al 1200 H14 Mamona

10 Al 1200 H14 Mamona

11 Al 1200 H14 MZA 20

12 Al 1200 H14 Linhaça

13 Aço ABNT 1010 MZA 20

14 Aço ABNT 1010 Algodão

15 Aço ABNT 1010 Algodão

16 Aço ABNT 1010 Linhaça

17 Aço ABNT 1010 MZA 20

18 Aço ABNT 1010 Linhaça

19 Aço ABNT 1010 Mamona

20 Aço ABNT 1010 Algodão

21 Aço ABNT 1010 Mamona

22 Aço ABNT 1010 Mamona

23 Aço ABNT 1010 MZA 20

24 Aço ABNT 1010 Linhaça

25 Aço ABNT 1020 MZA 20

26 Aço ABNT 1020 Algodão

27 Aço ABNT 1020 Algodão

28 Aço ABNT 1020 Linhaça

29 Aço ABNT 1020 MZA 20

30 Aço ABNT 1020 Linhaça

31 Aço ABNT 1020 Mamona

32 Aço ABNT 1020 Algodão

33 Aço ABNT 1020 Mamona

34 Aço ABNT 1020 Mamona

35 Aço ABNT 1020 MZA 20

36 Aço ABNT 1020 Linhaça

58

Para esse teste, assume-se que os erros do modelo utilizado são

normalmente e independentemente distribuídos com média zero e variância igual

para todos os tratamentos (MELO, 2014).

3.10 Procedimento Experimental

O experimento foi realizado na sequência abaixo:

Preparação das ferramentas (Matriz e punção), dispositivo de interface (peça

guia) e Blanks;

Definição do deslocamento do punção (replicado para todas as condições e

réplicas);

Lubrificação das ferramentas e blanks com o Renoform MZA20;

Estampagem da peça, retirada do dispositivo e identificação da amostra;

Remoção do lubrificante das ferramentas com acetona;

Repetição dos passos anteriores utilizando os lubrificantes a base vegetal

(algodão, mamona e linhaça) e devidas réplicas para análise estatísticas;

Corte das amostras em tamanho adequado para o embutimento;

Embutimento das amostras cortadas em massa plástica;

Preparação das amostras embutidas para ensaio de microdurezaVikers

(lixamento e polimento);

Realização dos ensaios de microdurezaVikers e anotação dos resultados para

todas as amostras;

A comparação entre resultados advindos dos diferentes níveis de

lubrificantes/materiais utilizados na estampagem foi realizada através de uma

Análise da Variância (ANOVA), considerando o planejamento experimental

aleatorizado por níveis apresentado na Tabela 2.

59

3.11Preparação das Amostras

Uma amostra do material foi cortada de cada peça estampada em tamanho

adequado para realizar as indentações. Mostrado na Figura19.

Figura19. Região da peça destacada para análise.

Para cortar as amostras, foi usada uma máquina de corte com aplicação de

óleo refrigerante, com o intuito dereduzir a geração de calor na peça, garantindo

assim que o processo de corte tivesse pouca influência nas tensões residuais

geradas na estampagem.

Na sequência, as amostras foram embutidas em tubos de PVC de 25,4 mm

de diâmetro com comprimento de 20mm (o embutimentofoi emmassa plástica,pois a

mesma não necessita de aquecimento), por fim, estas foram lixadas com lixas de

granulometria 100, 240, 320, 400, 500, 600, 800 1000, 1200, 1500 e 2000. Em

seguida, o material foi polido com alumina cinco mícrons.

As amostras do material como recebido pelo fabricante também foram

atacadas quimicamente com Nital 5% (Acido Nítrico PA e Álcool Etílico), para gerar

as micrografias e fazer as análises químicas.

Pode-se observar na Figura20, que dois pontos foram marcados antes da

realização dos cortes. Estes pontos serviram como referência do eixo central da

60

peça, para fazer a medição de dureza na mesma região em todas as réplicas e para

possibilitar a comparação com a simulação numérica nos mesmos pontos.

Figura20.Amostra da região de análise da peça embutida.

Os testes de dureza foram feitos no microdurômetro alocado no laboratório

de caracterização de materiais da UFSJ. Para o posicionamento da peça na

máquina, inicialmente foi alinhada a peça na base, usando os pontos de referência

para padronizar os pontos de indentação.Mostradona Figura21.

Figura21.Pontos onde foram realizadas as indentações.

P1

P2

P3

Pontos de

Referência

61

Depois de alinhada com o ponto de referência superior, as amostras foram

movimentas com o ajuste da base do microdurômetro por quatro milímetros para

cima e três milímetros para cada um dos lados, fazendo três indentações (pontos:

P1, P2 e P3) em cada amostra.

3.12 Ensaio de Microdureza

As amostras das peças estampadas foram submetidas ao ensaio de

microdurezaVickers, conforme a norma ABNT NBR 6672. Este consiste na

penetração de um pequeno penetrador de diamante de geometria piramidal na

superfície do material a ser ensaiado, no qual, ao final do ensaio, o penetrador é

retirado.

A impressão deixada pelo penetrador é medida e a mesma é convertida em

índices de dureza. Neste ensaio foi utilizado o equipamento Microdurômetro MVK -

G1 Mitutoyo (MicrodurezaVikers - Laboratório de Microcospia da UFSJ). Este foi

ajustado com a carga de 500 g, tempo de 20 s e a lente com ampliação de

(x55).Mostrado na Figura22.

Figura22.MicrodurômetroMitutoyo modelo MVK G1.

62

3.13 Simulação Numérica

Para análise computacional foi utilizado o software de simulação numérica

via Métodos dos Elementos Finitos (adquiridos através de uma parceria com a

empresa Altair), que possui o pré-processamento Hyperform (usado em simulação

de processos de conformação), solverRadioss (software com formulação explícita,

robusta o suficiente para lidar com todas as não-linearidades - geométrica, material

e de contato - presentes nesta simulação) e pós-processamento Hyperview (para

visualização e análise dos resultados).

O software encontra-se instalado (e devidamente licenciado) no LASIN

(Laboratório de Simulação Numérica Aplicada) do Departamento de Engenharia

Mecânica da UFSJ.

A simulação numérica foi feita em duas etapas. Em ambas as etapas, foi

utilizado um pacote dedicado ao processo de estampagem dentro do software

Hyperworks®. Este pacote é oHyperform, onde é possível configurar o processo de

estampagem de uma forma mais rápida e simples, no entanto, só proporciona

análises de chapas em duas dimensões.

Neste primeiro momento foram realizadas simulações prévias que geraram

resultados importantes para a definição das ferramentas e quanto à geometria do

blank. Na segunda etapa o processo foi analisado em três dimensões.

3.14 SimulaçãoPrévia

A simulação prévia do processo de estampagem foi realizada através do

pré-processamento Hyperform com os seguintes dados de entrada:

Deslocamento do punção de 48 mm para baixo e após o processo 30 mm

para cima;

Atrito de 0,125 (padrão de entrada no Hyperform);

Material com densidade de 7,8 kg/m3; modulo de elasticidade de 210 GPa;

coeficiente de Poison 0,3 (Aço de baixo carbono selecionado no software -

CRDQ);

63

Espessura do blank de dois milímetros;

Os dados do regime plástico do material podem ser vistos na Figura23 abaixo.

Figura23. Tensão e deformação no regime plástico do material.

As restrições do processo foram matriz e punção rígidos; Matriz com posição

fixa e deslocamento do punção apenas no eixo Z. A quantidade de elementos

gerados foi de 2.512 elementos (tipo casca 2D com seis graus de liberdade por nó).

Para o processo de simulação em 2D, foi usada uma montagem enxuta, com

a finalidade de simplificar a análise, reduzir o tempo e memória usada durante o

processamento da estampagem. Foram usados parâmetros automáticos de malha,

sendo adotado elementos de 2mm, como ilustrado na Figura24.

Figura24. Modelo usado na simulação em 2D.

0

100

200

300

400

500

600

0,05 0,15 0,25 0,35 0,45 0,55 0,65 0,75 0,85 0,95

Ten

são

(M

Pa)

Deformação Plástica (є)

Tensão/Deformação Verdadeira - Regime Plástico

Tensão

64

Este processo foi necessário, pois serviu como base para correções

realizadas nos parâmetros, geometria e malha antes que se iniciasse a simulação

em elementos 3D.

3.15 Simulação Numérica do Processo em 3D

Na segunda etapa da simulação, também foi utilizado o pré-processamento

pela interface hyperform. Alguns parâmetros de entrada foram os mesmos da

simulação em 2D, como: deslocamento do punção (48mm) e espessura do blank

(2mm). Os parâmetros de atrito e propriedade dos materiais foram alterados

conforme as 12 condições apresentadas no planejamento do experimento.

Os coeficientes de atrito utilizados como entradas para a simulação do

processo de estampagem foram:

0,069 para o uso de óleo a base de algodão;

0,069 para o uso de óleo a base de linhaça;

0,379 para o uso de óleo a base de mamona;

0,035 para o uso do lubrificante Renoform MZA20.

Os coeficientes de atrito citados acima foram obtidos em experimento

realizado em laboratório.

Os parâmetros de propriedade dos materiais usados como entradas para a

simulação foram:

Densidade de 7,8 kg/m3; modulo de elasticidade de 210 GPa;

coeficiente de Poison 0,3; e os dados do regime plástico extraídos

dos ensaios de tração (para a simulação dos processos com os

açosABNT 1020 e 1010);

Densidade de 2,7 kg/m3; modulo de elasticidade de 70GPa;

coeficiente de Poison 0,33; e os dados do regime plástico extraídos

dos ensaios de tração (para a simulação dos processos com o

alumínio 1200 H14).

65

O modelo criado para a simulação em 3D possui uma malha mais refinada,

além da criação de um blank em três dimensões. Portanto,este obteve um

incremento significativo no número de elementos, sendo 35.471 elementos do tipo

3D com seis graus de liberdade por nó. Mostrado na Figura25.

Figura 25. Modelo usado na simulação em 3D.

Pode observar-se que neste modelo, foi utilizada uma geometria um pouco

mais otimizada com relação à anterior, com o intuito de reduzir o número de

elementos desnecessários à análise.

Nas simulações em 3D, foi possível manter uma malha refinada e ainda

adicionar cinco elementos de geometria quadrada ao longo da espessura da chapa,

o que possibilita a avaliação de resultados ao longo da espessura.

Ao final da estampagem, o contato da matriz com a peça foi desabilitado.

Não foi utilizado o recurso de spring-back ou relaxamento de tensões nas

simulações dos processos em 3D.

66

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este tópico apresenta todos os resultados obtidos durante a pesquisa,

demonstrando os dados obtidos pela simulação numérica bem como os testes de

dureza realizadosem laboratório. Posteriormente éapresentada uma discussão sobre

tais resultados.

4.1 Caracterização Microestrutural

4.1.1Análise nos Microscópios Ótico e MEV

Após a preparação das amostras dos aços ABNT 1010 e 1020 como

recebidos (citada no Tópico 3.11), estas foram submetidas à análise no microscópio

ótico com ampliação de 500 vezes. Essas imagens serviram de referência para

verificar se o material apresentava orientação dos grãos. Uma das micrografias

geradas é apresentada na Figura 26. Através desta, percebe-se que o material como

recebido não apresentava orientação significativa dos grãos.

Figura 26.Micrografia do aço 1020 - microscópio ótico com ampliação de 500 x.

67

As micrografias com ampliação de 5000 vezes geradas pelo Microscópio

Eletrônico de Varredura (MEV) com tensão de aceleração de elétrons de 15kV são

apresentadas na Figura27 abaixo.

Figura 27. Micrografias feitas no MEV com 5000 vezes de ampliação. Aço ABNT

1020 (A), aço ABNT 1010 (B).

A análise química pontual dos elementos foi realizada através

domicroanalisador EDS (acoplado ao MEV) e possibilitou a identificação da

presença dos elementos Ferro, Silício e Carbono nas amostras de aço ABNT 1010 e

1020. O resultado obtido para a amostra do aço 1010 é mostrado na Figura28.

Figura28. Espectro do Aço ABNT 1010 gerado pelo EDS.

A técnica de EDS não é indicada para avaliação quantitativa de elementos

leves, com número atômico menor que 11, portanto a Tabela 3 abaixo apresenta

resultados de composição atômica apenas para Ferro e Silício.

0 2 4 6 8 10 12 14keV

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

cps/eV

Fe Fe C Si

A B

68

Tabela 3. Composição química do Aço ABNT 1010.

4.1.2 Composição Química do Alumínio – EDX (Fluorescência)

Para verificar a composição química do alumínio 1200 H14 foi utilizada a

espectroscopia (análise por fluorescência - EDX). O resultado obtido é apresentado

na Tabela 4.

Tabela4. Composição química do Al 1200 H14.

Os resultados apresentados da caracterização, tanto dos aços ABNT 1020 e

1010, quanto do alumínio 1200 H14, indicam que a porcentagem atômica dos

elementos está dentro da especificação.

4.1.3 Ensaios de Tração

Foram ensaiadas três amostras de cada material. Após o ensaio, as curvas

tensão/deformação geradas foram tratadas de forma que essas fossem convertidas

em curvas verdadeiras, em seguida foram sobrepostas para se obter uma média

Elemento C Atom. (at. %)

Ferro 81,69

Silício 0,07

69

aproximada dos resultados. As curvas obtidas, nos ensaios do aço ABNT 1020,

1010 e alumínio 1200 H14, são demonstradas nas Figuras 29, 30 e 31

respectivamente.

Figura 29. Curvas sobrepostas obtidas pelo ensaio de tração do aço ABNT 1020.

Figura 30. Curvas sobrepostas obtidas pelo ensaio de tração do aço ABNT 1010.

0

100

200

300

400

500

600

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

Ten

são

Ve

rdad

eir

a (M

Pa)

Deformação Plástica Verdadeira

Curva 1

curva 2

Curva 3

0

100

200

300

400

500

600

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

Ten

são

Ve

rdad

eir

a (M

Pa)

Deformação Plástica Verdadeira

Curva 1

Curva 2

Curva 3

70

Figura 31. Curvas sobrepostas obtidas pelo ensaio de tração do alumínio 1200 H14.

As curvas matemáticas obtidas nos ensaios foram: y = 192127x4 - 84713x3 +

9149,7x2 + 919,79x + 293,58 - R² = 0,9987 (para o aço ABNT 1020); y = 259312x4 -

113527x3 + 13045x2 + 737,05x + 294,78 - R² = 0,9979 (para o aço ABNT 1010); e y

= -7E+07x4 + 7E+06x3 - 256226x2 + 4284x + 98,463 - R² = 0,9996 (para o alumínio

1200 H14).

4.2 Resultados Preliminares de Simulação

Foi determinada uma geometria inicial da chapa a ser estampada. Este

objeto inicial foi submetido à simulação do processo com intuito de estimar o formato

necessário do blank para obter a peça desejada. Demonstrado na Figura32.

Com o uso de software de desenho e com base nos resultados obtidos na

simulação em 2D, foi criada uma peça que proporcionasse a avaliação das tensões

residuais geradas no processo de estampagem, bem como promover uma região em

que o tipo de lubrificante seja um fator importante no processo de fabricação

escolhido. A geometria final da peça ainda como chapa (blank) foi apresentada na

Figura 15.

0

20

40

60

80

100

120

140

0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050

Ten

são

Ve

rdad

eir

a (M

Pa)

Deformação Plástica Verdadeira

Curva 1

Curva 2

Curva 3

71

Figura32. Simulação com chapa retangular para definição do blank.

O blank definido foi submetido a novo processo de simulação numérica, que

possibilitou analisar os esforços ao longo do processo de estampagem, e também as

tensões de vonMises no material. Ilustrado na Figura33.

Figura33. Simulação numérica com blank definido (com elementos 2D).

Outro resultado obtido nas análises preliminares é apresentado na Figura34.

Esta indica a formação de tensões residuais no eixo Y após a simulação da

estampagem da peça.

Pode-se observar, na região sombreada, que neste caso foi feita a remoção

do punção sobre a peça estampada, permitindo assim que o material sofresse o

retorno elástico (spring-back) e alívio das tensões, de forma a ficar no estado final,

ou seja, permita a avaliação das tensões residuais geradas na peça.

MPa

MPa

72

Figura34: Tensões no eixo Y após o processo(com elementos 2D).

4.3 Resultados Finais da Simulação

Na simulação em 3D foram gerados resultados quanto aos esforços ao

longo do processo, quanto à deformação do material e por fim foram avaliadas as

tensões após a execução da estampagem.

AFigura35 demonstra a simulação completa da peça estampada. Esta

apresenta as tensões de vonMises obtidas no processo com o uso do lubrificante

MZA 20.

Figura35: Tensão de vonMises para o MZA 20

PunçãoRe

movido MPa

MPa

73

A partir desta simulação foi possível selecionar os três elementos que

representam os três pontos de avaliação. Ilustrados na Figura 36. Na sequência

foram gerados resultados para as 12 condições do experimento, combinando os

quatro lubrificantes aos três materiais utilizados na estampagem das peças.

Figura36: Pontos selecionados.

A Figura37 abaixo apresenta os resultados obtidos das deformações

sofridas pelos elementos nos três pontos analisados. O material simulado neste

caso foi o aço ABNT 1020.

Figura37. Deformações sofridas nos pontos analisados.

P3

P2

P1

74

AsFiguras38, 39 e 40 abaixo apresentam os resultados obtidos das tensões

após o processo de estampagem, nos pontos analisados.

Figura38. Tensões normais no plano após a estampagem com aço 1020 e os quatro

lubrificantes analisados.

Figura39. Tensões normais no plano após a estampagem com aço 1010 e os quatro

lubrificantes analisados.

75

Figura40. Tensões normais no plano após a estampagem com Al 1200 H14 e os

quatro lubrificantes analisados.

Os resultados apresentados na Figura 37 indicam que os pontos avaliados

sofreram deformação de natureza compressiva no eixo X e trativa no eixo Z. Tal

comportamento é esperado devido ao dobramento que o material sofre

considerando o eixo X e o estiramento que este sofre no eixo Z. O mesmo

comportamento foi identificado nas simulações com o aço ABNT 1010 e o alumínio

1200 H14.

Os resultados de tensão após o processo, apresentados nas Figuras38, 39 e

40 tem o comportamento esperado, sendo de natureza trativa no eixo X e

compressiva no eixo Z. Durante o processo. O corpo sofre um alongamento na

direção Z, na região estudada.

Após, a deformação, as tensões residuais geradas tem sentido inverso ao

percebido durante o processo. Já na direção X, durante o processo, o corpo sofre

uma redução. O que gera tensões residuais trativas após a retirada da ferramenta.

Os resultados apresentados nas Figuras38, 39 e 40 são mostrados também

nas Tabelas5 e 6 abaixo.

76

Tabela5. Resultados de tensões residuais no eixo X (em MPa).

Aço 1020 Aço 1010 Alumínio 1200 H14

P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3

Algodão 542,439 520,189 334,407 520,277 466,016 484,51 152,179 153,218 106,297

Linhaça 604,995 467,412 476,056 542,589 513,37 628,023 133,636 169,224 112,795

Mamona 595,697 400,17 440,643 485,332 330,784 493,262 48,676 42,411 44,124

MZA 20 559,661 527,595 372,991 556,997 437,407 603,498 109,271 150,657 127,908

Tabela6. Resultados de tensões residuais no eixo Z (em MPa).

Aço 1020 Aço 1010 Alumínio 1200 H14

P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3

Algodão -66,079 -280,744 -355,781 -137,033 -299,993 -155,611 -4,931 -37,604 -48,081

Linhaça -55,872 -312,949 -146,905 -118,262 -245,143 -23,108 -29,596 -30,606 -54,704

Mamona -67,58 -221,232 -249,457 -177,318 -383,858 -192,356 -92,574 -144,494 -90,579

MZA 20 -90,931 -272,6 -241,764 -103,591 -345,829 -8,897 -5,036 -24,227 -1,742

As tensões residuais nas simulações das peças em alumínio são menores

do que nas peças em aço. Este fato foi confirmado nos resultados experimentais.

Como não foi utilizado o recurso de spring-back ou relaxamento de tensões

nas simulações dos processos em 3D, os resultados são pouco confiáveis quanto à

magnitude das tensões apresentadas. O mesmo fator gerou uma oscilação do

material após a retirada do contato das ferramentas. Esta oscilação apresentou

resultados ora positivos e ora negativos para a tensão residual, dificultando assim, a

interpretação sobre a influência dos materiais e lubrificantes utilizados.

4.4 Resultados dos Experimentos Físicos

Os ensaios foram realizados de acordo com o planejamento do

experimentoapresentado na Tabela 2. As peças estampadas são apresentadas nas

Figuras41, 42 e 43. Na Figura41 são mostradas as 12 peças em alumínio (1-12) que

foram reproduzidas aleatorizando os lubrificantes utilizados, sendo estes, MZA 20,

77

linhaça, mamona e algodão. O mesmo acontece na Figura42 com as peças em aço

ABNT 1010 (13-24) e na Figura43 com as peças em aço ABNT 1020 (25-36).

Figura41. Peças estampadas em alumínio Al 1200 H14 (1-12).

1 2 3

4 5 6

7 8 9

10 11 12

78

Figura42. Peças estampadas em aço ABNT 1010 (13-24).

13 14 15

16 17 18

19 20 21

22 23 24

79

Figura43. Peças estampadas em aço ABNT 1020 (25-36).

25 26 27

28 29 30

31 32 33

34 35 36

80

4.4.1 Teste de dureza

Os resultados dos testes de dureza nos materiais como recebidos são

apresentados na Tabela7 abaixo. Foram escolhidos três pontos arbitrários em tais

amostras, por não haver uma relação geométrica com as peças estampadas.

Tabela7. Resultados de dureza nos materiais como recebidos.

Material HV Ponto 1 HV Ponto 2 HV Ponto 3 Média

Aço 1010 104,0 113,0 113,0 110,0

Aço 1020 119,0 125,0 112,0 118,7

Alumínio 42,3 40,8 42,0 41,7

A Tabela8 apresenta os resultados de dureza para todas as condições do

experimento, nos três pontos citados no Tópico 4.3e demonstrados na Figura36.

Tabela8. Resultados de dureza nas amostras após processo de estampagem.

Código Lubrificante Material HV Ponto 1 HV Ponto 2 HV Ponto 3

T13 L1 M1 MZA 20 Aço 1010 188,0 152,0 145,0 T25 L1 M2 MZA 20 Aço 1020 150,0 147,0 150,0 T1 L1 M3 MZA 20 Alumínio 43,5 41,4 41,9 T14 L2 M1 Algodão Aço 1010 188,0 190,0 173,0 T26 L2 M2 Algodão Aço 1020 176,0 130,0 155,0 T2 L2 M3 Algodão Alumínio 47,3 39,3 40,2 T19 L3 M1 Mamona Aço 1010 167,0 144,0 159,0 T31 L3 M2 Mamona Aço 1020 142,0 154,0 172,0 T7 L3 M3 Mamona Alumínio 48,6 41,1 44,8

T16 L4 M1 Linhaça Aço 1010 178,0 156,0 168,0 T28 L4 M2 Linhaça Aço 1020 152,0 175,0 159,0

T4 L4 M3 Linhaça Alumínio 43,1 41,5 40,3

T17 L1 M1 MZA 20 Aço 1010 188,0 159,0 158,0 T29 L1 M2 MZA 20 Aço 1020 177,0 176,0 150,0 T5 L1 M3 MZA 20 Alumínio 46,7 47,2 42,7 T15 L2 M1 Algodão Aço 1010 169,0 129,0 173,0 T27 L2 M2 Algodão Aço 1020 192,0 177,0 183,0 T3 L2 M3 Algodão Alumínio 43,7 39,3 42,8 T21 L3 M1 Mamona Aço 1010 158,0 160,0 164,0 T33 L3 M2 Mamona Aço 1020 176,0 154,0 160,0

T9 L3 M3 Mamona Alumínio 40,3 40,6 48,0 T18 L4 M1 Linhaça Aço 1010 152,0 176,0 172,0 T30 L4 M2 Linhaça Aço 1020 165,0 150,0 162,0

T6 L4 M3 Linhaça Alumínio 47,2 40,8 42,8

81

Código Lubrificante Material HV Ponto 1 HV Ponto 2 HV Ponto 3

T23 L1 M1 MZA 20 Aço 1010 201,0 190,0 194,0 T35 L1 M2 MZA 20 Aço 1020 170,0 184,0 182,0 T11 L1 M3 MZA 20 Alumínio 45,4 43,5 43,1 T20 L2 M1 Algodão Aço 1010 175,0 167,0 174,0 T32 L2 M2 Algodão Aço 1020 179,0 154,0 159,0 T8 L2 M3 Algodão Alumínio 42,1 42,9 45,7 T22 L3 M1 Mamona Aço 1010 164,0 139,0 175,0 T34 L3 M2 Mamona Aço 1020 180,0 181,0 180,0

T10 L3 M3 Mamona Alumínio 39,7 40,3 46,4 T24 L4 M1 Linhaça Aço 1010 190,0 185,0 191,0 T36 L4 M2 Linhaça Aço 1020 171,0 160,0 159,0

T12 L4 M3 Linhaça Alumínio 44,9 42,8 48,7

Foram realizados testes de normalidade para validar os resultados

estatísticos apresentados. Os resultados de tais testes são apresentados na Tabela

9 e na Figura44abaixo.

Tabela 9. Testes de normalidade.

Testes de Normalidade

Testes Estatísticas P-valores

Anderson - Darling 0,414 0,319

Kolmogorov - Smirnov

0,125 0,164

Shapiro - Wilk 0,968 0,371

Ryan - Joiner 0,986 0,399

Figura44. Teste de normalidade.

82

Os resultados dos P valores apresentados na Tabela 9 são superiores a

0,05. Indicando assim, que os resultados de dureza dos ensaios possuem

comportamento normal. O mesmo pode ser percebido pela dispersão dos resultados

na Figura44.

Também foi realizada a análise devariância dos resultados de dureza

apresentados na Tabela 6 paraverificar se existe influência, do tipo de material e dos

óleos lubrificantes utilizados na estampagem, quanto ao resultado de dureza.

A variável de influência A é relativa ao ponto de medição (P1, P2 e P3). A

variável B é relativa ao tipo de material estampado (Aço 1010, 1020 e Alumínio 1200

H14). Já a variável de influência C é referente ao óleo lubrificante utilizado no

processo (MZA20, Algodão, Linhaça e Mamona). Os resultados da análise de

variância são apresentados na Tabela10 abaixo.

Tabela10. Análise de variância (ANOVA).

SS GL MSS Fc Ftab

TOTAL 384174,257 107 A 164,356 2 82,178 0,003 3,124 NÃO INFLUENCIA

B 365970,248 2 182985,124 7,114 3,124 INFLUENCIA C 418,281 3 139,427 0,005 2,732 NÃO INFLUENCIA

AB -2049637,218 4 -512409,305 -19,921 2,499 NÃO INFLUENCIA AC -1677438,873 6 -279573,146 -10,869 2,227 NÃO INFLUENCIA BC -2038725,178 6 -339787,530 -13,210 2,227 NÃO INFLUENCIA ABC 3931410,248 12 327617,520 12,737 1,889 INFLUENCIA

Pelo resultado apresentado na Tabela10, verifica-se que, estatisticamente, a

variação do ponto de medição e o tipo de óleo lubrificante não possuem influência

no resultado de microdureza.Somente o material apresentou influência nos

resultados.

Como o tipo de lubrificante não influenciou o resultado de microdureza,

podemos afirmar que qualquer um dos óleos testados pode ser utilizado no processo

de estampagem da peça avaliada, sem prejuízo da resistência da peça na região

avaliada, quando se considera a presença de tensões residuais. Pode-se,

assim,considerar-se outros critérios de seleção de lubrificantes para este processo,

comoocusto ou a redução do impacto ambiental.

83

Um teste de contraste foi realizado para avaliar se existe diferença

significativa entre os lubrificantes avaliados. Os resultados estão apontados na

Tabela11.

Tabela11. Análise estatística - Contraste.

Contraste

1010x1020 4140,500 0,161 3,974 IGUAL 1010xALUM 1028512,627 39,985 3,974 DIFERENTE

1020xALUM 1163168,361 45,220 3,974 DIFERENTE

Percebe-se pela análise de contraste que a diferença entre os aços ABNT

1010 e 1020 quanto ao resultado de dureza não é estatisticamente significativa. A

diferença é significativa quando são comparados os aços com o alumínio.Esse

resultado é esperado devido à natureza do comportamento mecânico de tais

materiais.

As Tabelas12, 13 e 14 apresentam os resultados médios entre as réplicas

para todas as condições do experimento. Sendo a Tabela12 referente ao Aço ABNT

1020, Tabela13 ao Aço ABNT 1010 e Tabela14 ao Alumínio 1200 H14.

Tabela12. Resultados médios (HV) entre as réplicas feitas em Aço ABNT 1020. Média P1 Média P2 Média P3

MZA 20 165,7 169,0 160,7 Algodão 182,3 153,7 165,7 Mamona 166,0 163,0 170,7

Linhaça 162,7 161,7 160,0

Tabela13. Resultados médios (HV) entre as réplicas feitas em Aço ABNT 1010.

Média P1 Média P2 Média P3

MZA 20 192,3 167,0 165,7 Algodão 177,3 162,0 173,3 Mamona 163,0 147,7 166,0

Linhaça 173,3 172,3 177,0

Tabela14. Resultados médios (HV) entre as réplicas feitas em Al 1200 H14.

Média P1 Média P2 Média P3

MZA 20 45,2 44,0 42,6 Algodão 44,4 40,5 42,9 Mamona 42,9 40,7 46,4

Linhaça 45,1 41,7 43,9

84

Os resultados apresentados nas Tabelas12, 13 e 14,confirmam que não há

diferença significativa na medida de microdureza entre os pontos de medição P1, P2

e P3. Da mesma forma, não se verificou diferença entre os lubrificantes. Isto pode

ser visualmente percebido nasFiguras45 e 46 abaixo.

Figura45. Microdureza por material e por ponto (em HV).

Figura46. Microdureza por material, ponto e lubrificante (em HV).

A Figura47 mostra as médias das durezas por material e por lubrificante,

onde percebe-se de forma mais clara a influência do tipo de material nos resultados.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

AÇO 1010 AÇO 1020 ALUMÍNIO

Microdureza por material e por ponto (em HV)

PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3

0

50

100

150

200

250

O 1

01

0

O 1

02

0

ALU

MÍN

IO

O 1

01

0

O 1

02

0

ALU

MÍN

IO

O 1

01

0

O 1

02

0

ALU

MÍN

IO

O 1

01

0

O 1

02

0

ALU

MÍN

IO

MZA ALGODÃO MAMONA LINHAÇA

Microdureza por material, ponto e lubrificante (em HV)

PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3

85

Sendo os maiores resultados apresentados para os aços ABNT 1020 e 1010, que

são iguais entre si.

Figura47. Comparação entre materiais e lubrificantes.

ATabela15 e Figura48mostram uma comparação entre os resultados de

microdureza nos materiais como recebidos e nas peças estampadas.

Tabela15. Comparação entre resultados (HV) após estampagem e como recebidos.

Aço 1020 Aço 1010 AL 1200 H14

Após Estampagem 165,1 169,8 43,4

Como Recebidos 118,7 110,0 41,7

Figura48: Comparação entre resultados (HV) após estampagem e como recebidos.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

MZA ALGODÃO MAMONA LINHAÇA

Média da microdureza por material e por lubrificante (em HV)

AÇO 1010 AÇO 1020 ALUMÍNIO

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

180,0

Aço 1020 Aço 1010 AL 1200 H14

Du

reza

em

HV

Materiais

Média das durezas por materiais

Após Estampagem

Como Recebidos

86

Os resultados indicam que o processo de estampagem das peças gerou um

incremento na microdureza dos materiais. O incremento de microdureza gerado

representa uma formação de tensões residuais com natureza compressiva, este fato

ocorre devido àresistência à penetração do indentador, percebida nos ensaios de

microdureza. Entre os três materiais, o aço ABNT 1010 foi aquele que sofreu maior

incremento de tensões residuais.

Considerando que as peças analisadas nesta pesquisa são utilizadas em

produtos que sofrem aplicação de tensões cíclicas, e que tensões residuais

compressivas são benéficas para retardar falhas devido a esse tipo de solicitação, o

material que apresenta melhores resultados quanto à formação de tensões residuais

é o aço ABNT 1010.

87

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

O objetivo deste trabalho foi estudar as tensões residuais resultantes do

processo de fabricação por estampagem de uma peça com aplicação industrial e

submetida a tensões cíclicas. As variáveis de influência estudadas foram o tipo de

material da peça e o processo de lubrificação. O estudo foi desenvolvido por meio de

experimentos físicos e associadoà simulação numérica. Os resultados obtidos

permite concluir que:

- Na região da peça estudada foi verificada a introdução de tensões residuais

compressivas. Entretanto, não houve diferença significativa ao longo desta mesma

região, avaliada através dos pontos P1, P2 e P3.Entre os três materiais, o aço ABNT

1010 foi aquele que sofreu maior incremento de tensões residuais.

- A simulação numérica mostrou que os pontos avaliados sofreram deformação de

natureza compressiva no eixo X e trativa no eixo Z. Tal comportamento corresponde

ao esperado, devido ao dobramento que impõeuma compressãono eixo X e o

estiramento que este sofre no eixo Z.

- Os resultados de tensão residual após o processo, avaliado por simulação

numérica, mostraramcomportamento como esperado, sendo de natureza trativa no

eixo X e compressiva no eixo Z. Essas tensões são contrarias às tensões

percebidas ao longo da deformação dos materiais.

-Na simulação numérica, como não foi utilizado o recurso de spring-back ou

relaxamento de tensões nas simulações dos processos em 3D, os resultados são

pouco confiáveis quanto à magnitude das tensões apresentadas. O mesmo fator

gerou uma oscilação do material após a retirada do contato das ferramentas. Esta

oscilação apresentou resultados ora positivos e ora negativos para a tensão

residual, dificultando, assim, a interpretação sobre a influência dos materiais e

lubrificantes utilizados.

88

- Os resultados indicam que o tipo de óleo lubrificante não teve influência nos

resultados de microdureza na peça em questão. Assim, é possível concluir que

pode-se utilizar os lubrificantes vegetais estudados em substituição ao lubrificante

mineral estudado. Além disso, pode-se ainda optar entre os lubrificantes de menor

custo de aquisição, de descarte, de impacto ambiental ou aquele que gere menor

desgaste nas ferramentas utilizadas.

- Como já se esperava, o comportamento mecânico do material mostrou-se influente

na geração de tensões residuais, tanto parte experimental, quanto na simulação

numérica. Pela análise de contraste verifica-se que não há diferença significativa

entre os aços ABNT 1010 e 1020, quanto ao resultado de dureza. Contudo,a

diferença é significativa quando se compara os aços com o alumínio.

- Considerando que as peças analisadas nesta pesquisa são utilizadas em produtos

que sofrem aplicação de tensões cíclicas, e que tensões residuais compressivas são

benéficas para retardar falhas devido a esse tipo de solicitação, o material que

apresenta melhores resultados quanto à formação de tensões residuais é o aço

ABNT 1010.

89

CAPÍTULO 6

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com base nas conclusões obtidas nesta pesquisa, os seguintes trabalhos

futuros são sugeridos:

- Aplicar o recurso de relaxamento de tensões nas simulações dos processos em

3D;

- Fazer análise econômica e de impacto ambiental, quanto ao uso dos lubrificantes

vegetais como alternativa ao mineral;

- Avaliar o uso de outros lubrificantes não líquidos;

- Desenvolver estudo de fadiga nas peças apresentadas neste trabalho;

- Avaliar a influência das tensões residuais na corrosão de materiais sob tensões

cíclicas.

90

Referências

ABAL: Associação Brasileira do Alumínio. Fundamentos e Aplicações do Alumínio.

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Anexos

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Anexo A – Desenho da Matriz

Anexo B – Desenho do Punção

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Anexo C – Desenho do Suporte do Punção

98