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Guião científico Projeto Pais com Ciência Marco na Ciência Protocolos de atividade prática

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Guião científico – Projeto Pais com Ciência

Marco na Ciência Protocolos de atividade prática

Ficha Técnica

Título

Lanche com Ciência

Edição

1ª edicão (novembro, 2013)

Editor

Projecto Matemática Ensino – PmatE, Universidade de Aveiro

“Lanche com

Ciência”

Hummm!!!! São Scones

quentinhos com chá!

O tempo começa a arrefecer,

anunciando que chegou o

outono. E quando se aproxima a

hora do lanche, o que melhor se

pode desejar que um chá

perfumado e uns scones

quentinhos, barrados com

manteiga?

Apesar de este ser um lanche fácil

de confecionar, existe nele muita

ciência!

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Resumo da atividade

Esta atividade será realizada pelos

alunos em colaboração com os

professores e encarregados de

educação durante a feira do outono.

Pretende-se dar a conhecer à

comunidade educativa uma outra

vertente da ciência, neste caso,

associada à confeção de um lanche.

Assim, apela-se à sensibilização para

questões científicas associadas a

situações concretas do quotidiano de

uma forma atrativa e envolvente.

Enquadramento curricular

No que respeita ao enquadramento

curricular das atividades propostas,

pretende-se cumprir os seguintes

objetivos gerais, de acordo com o

programa de estudo do meio do ensino

básico:

• Identificar algumas propriedades

físicas da água (incolor, inodora,

insípida);

• Observar os efeitos da temperatura

sobre a água (ebulição);

• Identificar alimentos indispensáveis a

uma vida saudável;

• Reconhecer factos históricos e

reconhecer costumes e tradições de

outros povos;

• Observar e identificar plantas e

reconhecer as partes constituintes mais

comuns (raiz, caule, folhas, flores e

frutos).

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Para fazer os scones

Ingredientes:

225 g de farinha com fermento

1 colher de chá de fermento para bolos

50 g de manteiga

20 gr de açúcar

125 ml de leite

Algumas gotas de sumo de limão

Modo de preparação:

1. Misturar bem a farinha com o fermento.

Deitar a manteiga, fria, partida em

pedaços. Com as pontas dos dedos, ou com

um batedor de varas, trabalhar a mistura

até ficar com um aspeto de areia.

A ciência escondida…

A farinha e o fermento…

A farinha é obtida através da moagem dos

cereais e os seus constituintes maioritários

são, portanto, os mesmos: amido,

proteínas e lípidos.

As proporções destes componentes variam

consoante as diferentes farinhas. A

presença de proteínas pode ter valores

bastante variáveis, que podem ir de cerca

de 8% até cerca de 14%. Quando se junta à

farinha um líquido (água ou leite), estas

proteínas ligam-se entre si e formam o

glúten, uma rede forte e elástica.

Consoante a preparação culinária é

desejável ou não, que esta rede se forme: é

desejável no caso do pão ou da massa

folhada, mas já não o é quando

confecionamos um bolo, uma massa de

tarte, crepes ou scones, porque se

tornariam duros. A farinha que se vende

com fermento e que é usada para bolos

tem um baixo conteúdo em proteínas, o

que vai dificultar a formação desta rede.

Apesar de nesta receita a farinha já ter

fermento, vamos aumentar a quantidade,

juntando uma colher de chá de fermento

em pó. Trata-se de uma mistura de

bicarbonato de sódio (uma base) e de um

ácido em quantidade suficiente para

reagirem entre si.

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Quando se mistura o fermento com um

líquido, dá-se uma reação química entre o

bicarbonato e o ácido formando-se novos

produtos. Neste caso, o principal é a

formação de dióxido de carbono, que faz

com que a massa dos scones “cresça” e

estes fiquem mais leves.

A manteiga...

A manteiga acrescenta sabor e tem

essencialmente duas funções nos scones.

Torna-os mais macios, pois vai envolver as

proteínas da farinha, impedindo que elas

se liguem entre si, e cria camadas de

massa, funcionando como separador. A

utilização de pedaços de manteiga fria

mantém as camadas de massa separadas

no forno quente tempo suficiente para que

elas fiquem firmes e sejam afastadas pelo

vapor de água e pelo dióxido de carbono

que se formam.

Podem-se colocar pedaços relativamente

grandes de manteiga bem fria, pois

contribuem para uma melhor textura,

facilitando a formação de camadas de

massa. O uso do batedor de varas (em vez

dos dedos) contribui para que a manteiga

se mantenha o mais fria possível.

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2. Juntar o açúcar e mexer bem. Deitar no

leite, bem frio, algumas gotas de sumo de

limão e depois juntá-lo na mistura de

farinha, mexendo com uma faca. Quando

tudo estiver misturado, deitar sobre a

mesa e trabalhar com as mãos o mínimo

possível, só até a massa ligar.

O açúcar…

O açúcar vai contribuir para uma textura

mais macia, além de adoçar, e dificultar a

ligação entre as proteínas da farinha. O

sumo de limão, por ser ácido, também vai

reduzir essa ligação entre proteínas e

contribuir, por sua vez, para tornar a massa

mais macia, fazendo com que se torne

firme mais rapidamente no processo de

cozedura.

Os alimentos em que se pretende que a

rede de glúten se forme devem ser

amassados demoradamente, pois, deste

modo, promove-se a aproximação das

moléculas de proteína e a formação dessa

rede. Se, pelo contrário, esta não é

desejável, os alimentos não devem ser

muito amassados. É o que acontece neste

caso em que a massa deve ser apenas

amassada até ficar homogénea. Outra

razão é para evitar que o calor das mãos a

aqueça e assim manter a manteiga tão fria

quanto possível. É também pela mesma

razão que o leite deve estar bem frio.

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3. Deitar a massa sobre a mesa polvilhada

de farinha e, com um rolo levemente

enfarinhado, estender até ficar com cerca

de 2 cm de altura. Com um corta bolachas,

com cerca de 5 cm de diâmetro, cortar os

scones. Polvilhá-los com farinha e colocá-

los num tabuleiro de ir ao forno, também

polvilhado de farinha. Levar ao forno a

220°C, colocando o tabuleiro na parte

superior do forno, e deixar cozer por cerca

de 10 minutos.

O forno…

Por causa do calor, os scones vão adquirir

uma textura firme devido à coagulação das

proteínas e gelificação do amido na massa.

A parte exterior vai ficar estaladiça devido

à evaporação da água e depois de cozidos

ficam dourados. Esta cor resulta de uma

série de reações químicas complexas,

designadas por reações de Maillard, que se

dão entre açúcares e proteínas presentes

nos scones a estas temperaturas. Além da

cor, estas reações produzem moléculas

que dão um sabor agradável aos alimentos

cozinhados.

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Para fazer a manteiga

Ingredientes:

Natas pasteurizadas (de preferência

maturadas)

Sal

Material:

Frasco transparente com tampa

Modo de preparação:

1. Encher até ao meio o recipiente com

as natas;

2. Agitar o recipiente até obter uma

massa consistente;

3. Continuar a agitar até observar a

formação dos grãos de manteiga;

4. Drenar o líquido e lavar a manteiga

com água fria. Amassar manualmente

a manteiga obtida (pode utilizar um

garfo);

5. Adicionar sal;

6. Refrigerar.

A ciência escondida…

O que acontece é que, à medida que se

agita o frasco, as membranas dos glóbulos

de gordura são danificadas, o mesmo que

ocorre se se atirar um balão com água

contra uma parede. As moléculas de

gordura (triglicéridos) que estão no interior

dos glóbulos de gordura saem e vão-se

juntando umas às outras formando a

manteiga.

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Para fazer o chá

Ingredientes:

Água

Chá avulso ou em saquetas

Modo de preparação:

1. Ferver a água;

2. Aquecer o bule, enxaguando-o com

água quente. Isso garante que a água

permaneça a ferver quando entrar em

contacto com o chá;

3. Adicionar 1 colher de chá ou um

saquinho por pessoa. A proporção correta

é uma colher de chá para 185 ml de água;

4. Quando a água estiver a ferver,

despejar no bule. Colocar a tampa e deixar

o chá em infusão entre 3 a 5 minutos.

Breve história

Camellia sinensis é uma espécie da

família Theaceae, vulgarmente conhecida

como chá. A planta do chá é uma planta

lenhosa e de folhas persistentes. As flores

(c.f. figura 1 - Anexos) são pequenas,

brancas e aromáticas, geralmente com 4

ou 5 pétalas, e aparecem nas axilas das

folhas (c.f. figura 2 - Anexos) em grupos de

2, 3 ou 4. Os frutos são cápsulas tricocas,

globosas, com 2 a 3 cm de diâmetro.

Pensa-se que a utilização do chá começou

por ter um carácter medicinal e o seu uso

como bebida, preparada a partir da infusão

das folhas de chá, teve origem há milénios.

Segundo a lenda, a descoberta das

propriedades estimulantes da folha do chá

deve-se ao imperador chinês Shen Nung

(2737 A C.).

A cultura do chá foi introduzida no Japão

no início do séc. IX por um monge budista,

Saicho, que trouxe da China algumas

sementes.

A sua introdução na Europa só se verificou

no início do séc. XVII, como consequência

do comércio que se estabelecia entre a

Europa e o Oriente. Os holandeses foram

os primeiros a trazer o chá para a Europa,

sendo responsáveis pela intensificação do

seu comércio que mais tarde foi

desenvolvido pelos ingleses.

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A partir de meados do séc. XVIII, o seu

consumo intensificou-se rapidamente na

Inglaterra tornando-se a bebida de eleição

de todas as classes sociais. É de salientar o

lugar que esta bebida ocupa na vida de

todo o cidadão britânico ainda hoje.

A sua popularidade estendeu-se primeiro

aos EUA depois à Austrália e ao Canadá,

por serem países onde a influência inglesa

se fez sentir. Na atualidade, o chá é a

bebida mais consumida em todo o mundo.

Em território português, atualmente, o chá

só é cultivado em S. Miguel nos Açores (c.f.

figura 3 - Anexos). Foi em 1874 que

chegaram aos Açores as primeiras

sementes da planta do chá. Alguns anos

mais tarde, foram chamados dois

especialistas chineses que se dedicaram a

ensinar aos fabricantes locais as técnicas

de preparação das folhas. Isto porque

todas as variedades de chá provêm dos

rebentos verdes frescos desta planta. As

diferenças derivam do clima, do período da

colheita e do tratamento a que são

submetidos posteriormente.

Composição química do chá

Cerca de metade da composição de um

rebento de chá, da matéria seca, é

insolúvel em água e dela fazem parte a

fibra bruta, celulose, proteínas, gorduras,

amido, etc.

Por outro lado, a matéria seca insolúvel em

água contém polifenois, aminoácidos,

cafeína, açúcares e ácidos gordos.

A folha de chá contém teores de cafeina

normalmente compreendidos entre 2,5 % e

5,5 %, enquanto nos grãos de café anda à

volta de 1,5 %.

Os polifenóis são os componentes da folha

do chá que se encontram em doses mais

elevadas (cerca de 30% da matéria seca

dos rebentos). Estes compostos são

também os mais importantes e

característicos da folha do chá, pois são os

principais intervenientes nas alterações

químicas que ocorrem no seu processo de

fabrico.

Na folha podemos encontrar ainda diversas

vitaminas entre as quais a riboflavina

(vitamina B2) que se mantém durante o

processamento do chá e ácido ascórbico

(vitamina C), que é totalmente oxidado

durante o processo de fermentação.

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Glossário

Amido: polímero natural de unidades de

açúcares simples.

Bicarbonato de sódio: sólido cristalino de

cor branca, solúvel em água, com um sabor

ligeiramente alcalino.

Dióxido de carbono: gás resultante da

combinação de dois elementos simples: o

carbono e o oxigénio.

Fermentação: transformação química que

promove transformação de açúcares em

etanol e dióxido de carbono.

Glúten: rede tridimensional formada por

dois tipos de proteínas da farinha de trigo

(gliadinas e glutelinas) que estabelecem

ligações S-S.

Lípidos: macromoléculas formadas por

carbono, oxigénio e hidrogénio que não se

misturam com a água. Têm como principal

função no nosso organismo o

armazenamento de energia.

Molécula: menor partícula de uma

substância que pode normalmente existir

de maneira independente. É formada

quando átomos do mesmo ou diferentes

elementos se combinam.

Proteína: constituída por aminoácidos

unidos por ligações peptídicas. São as

macromoléculas mais abundantes nas

nossas células.

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Anexos

Figura 1: Flor de Camellia sinensis

Figura 2: Folhas de Camellia sinensis

Figura 3: Plantação de Camellia sinensis