guia definitivo: como escrever e publicar seu livro
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Por Otaviano Lacetwww.otavianolacet.com.brTRANSCRIPT
INTRODUÇÃO:
O Wattpad reúne múltiplas ‘espécies’ de escritores e com os mais
variados intuitos em relação a escrita. Há aqueles que buscam apenas um
lugar para desabafar (tal como num diário); outros querem comunicar ao
mundo sentimentos que estão ‘explodindo’ dentro deles (como é o caso das
poesias); há também os que escrevem para homenagearem ídolos e outras
obras (é a natureza das Fanfics); e no mesmo pacote, há também escritores
iniciantes ansiando por serem descobertos, assim como veteranos divulgando
seus mais recentes trabalhos lançados. E a paixão pela escrita une a todos
estes.
Em minhas ‘andanças’ por essa rica comunidade de apaixonados fui
colecionando impressões e questões advindas tanto de experiências pessoais,
quanto da de outros usuários e destas nasceu este guia. Sim, pois em várias
situações observei dificuldades literalmente paralisarem autores, ou até mesmo
os transformarem em ex-escritores... E isto me incomodou profundamente.
Mas, principalmente, observei que todas as respostas estão à disposição, só
que de forma desencontrada, dificultando o acesso ou a reunião destas. Eis aí
a nossa missão nada pretensiosa.
É certo que não existe nenhuma ‘fórmula mágica’ de sucesso que
abarque todas as necessidades. Há sim um conjunto de conhecimentos que,
combinados, podem nos auxiliar a atingir com excelência o objetivo que
traçamos para os nossos escritos. Não há atalhos e nem ninguém nasceu
sabendo, pois, tal como os heróis dos livros e filmes, necessitamos antes
adquirir experiências e ferramentas para que então tenhamos condição de
‘salvar a mocinha’ (no caso, nossas obras). E não se assuste: isso é bem mais
fácil e prazeroso do que você pode imaginar.
Espero, sinceramente, que você possa não apenas encontrar aqui o
auxílio que procura, mas que também se divirta neste processo. O prazer de
criar é a maior conquista do autor e sem isso não há razão de fazê-lo. Então,
seja bem-vindo a bordo e aproveite a viagem!
“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez. ” (Jean Cocteau)
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Antes de iniciar a leitura deste guia dê uma olhada no índice temático
(no canto superior esquerdo da tela) e veja quais assuntos têm mais a ver com
as suas dificuldades e/ou interesses no momento. Não se sobrecarregue de
informações: vença um leão de cada vez.
AUTOESTIMA LITERÁRIA:
O autor tem nele próprio o seu maior crítico – e isto tem um lado bom e
outro bem ruim. O primeiro caso tem a ver com a busca pela qualidade, a
excelência do trabalho, a persistência por entregar algo que não apenas
satisfaça o outro, mas principalmente a si mesmo. Já no segundo, temos um
cenário um tanto ‘pantanoso’, com elementos que, se não forem bem dosados,
acabam por ‘cegar’ o escritor ou lhe fornece uma visão sempre distorcida do
seu trabalho. Não raramente a ‘paralisia literária’ tem início aí.
É fato que nem tudo o que escrevemos é digno de ser chamado de
‘obra-prima’, mas daí a taxá-lo de ‘lixo’ tem um caminho muito longo. Sim, pois
quantas vezes já vimos textos completamente execrados pelos autores, mas
que foram aclamados pelos leitores?! Eu mesmo já tive tais experiências em
número suficiente para duvidar da minha própria opinião como sendo a última
palavra. Na verdade, muitos dos textos que produzi e que gostei menos foram
exatamente os mais elogiados... Vai entender, né?! Mas gosto não se discute e
o nosso não é o único que importa na ‘equação’. Aliás, vários fatores podem
pesar nessa ‘matemática’ e influenciar a nossa visão, por isso desconfie e
busque a opinião de terceiros, ponderando ambas.
O seu texto é algo vivo e que evolui junto com você ao longo dos anos,
se modificando tal como o seu corpo. Não acredita? Pegue algo que escreveu
a um ano atrás e releia... Aposto que você verá vários pontos os quais
escreveria de outra forma ou até mesmo nem isso, retirando-os do produto
final! E isso se dá porque estamos em constante mutação: de humor,
aparência, rol de amigos, escola, trabalho, cidade, casa, estações do ano etc.
Sim, você está sujeito a tudo isso e muito mais! Alguns autores, por exemplo,
escreveram seus melhores trabalhos após literalmente passarem pelo “pão que
o diabo amassou” (Ernest Hemingway, Fiodor Dostoievski, Franz Kafka, Jack
Kerouac, Charles Bukowski...), mas outros paralisaram exatamente neste
ponto. Isso significa que uns estão certos e outros errados ou que uns são
fortes e outros fracos? Logicamente que não! Apenas que cada um tem a sua
‘kriptonita’ e que não somos ‘ótimos’ todos os dias – e nem precisamos ser.
A paciência consigo mesmo é algo realmente escasso nas prateleiras
dos escritores iniciantes, levando-os ao esgotamento antes mesmo de
atingirem o seu melhor. Isso foi uma coisa que vi aos montes no Wattpad e
geralmente era algo acompanhado de dizeres do tipo: “eu desisto”, “vou dar
um tempo na história”, “não sei quando vou escrever o próximo capítulo” etc. É
claro que inúmeros fatores podem ter pesado nessa decisão, mas em geral a
maioria dos motivos se repetiam e eram facilmente identificáveis. Neste ponto,
me permitam esmiuçar alguns deles (sem a intenção de criar uma ‘lista’
estática e definitiva):
1) O SUPER ESCRITOR: Algumas pessoas não visualizam ou percebem o
ato de escrever como algo a ser evoluído, tal como o faria um atleta de
uma modalidade esportiva. Eles olham os autores que admiram como se
estes já tivessem nascido com uma caneta nas mãos, textos prontos na
mente desde a maternidade e que o único trabalho que tiveram foi o de
transcreverem para o papel o que desde sempre sabiam. Ledo engano.
Um exercício muito benéfico a qualquer escritor iniciante é a leitura da
biografia de seus escritores preferidos, desconstruindo assim essa aura
miraculosa de ‘superseres’ que muitas vezes tecemos em torno deles.
Só assim é possível visualizar com propriedade que, por trás de um
texto bem construído, sempre há uma bagagem de vida, tentativas (com
erros e acertos), além de (muito) treino. Quer escrever bem? Escreva e
continue escrevendo. Mantenha também o hábito da leitura (algo que
VOCÊ goste e não simplesmente o que ‘alguém’ acha o máximo),
observando como os autores utilizam as ferramentas de textuais (de que
forma constroem os diálogos, descrevem ambientes, apresentam os
sentimentos dos personagens, se começam o livro de trás para frente ou
em sequência linear etc.).
2) SOMBRA LITERÁRIA: Não há nada mais normal do que elegermos
autores e obras dos quais gostamos mais, colhendo delas referenciais
importantes para o nosso texto. Sim, pois por mais ‘autênticos’ e
‘independentes’ que sejamos, a verdade é que nós também somos
influenciados e isto não faz de nós necessariamente ‘ilegítimos’ ou
plagiadores. Aliás, o que determinará se essa influência é ou não
benéfica será o uso dela em nosso trabalho cotidiano. Muitos autores,
conceituados ou desconhecidos, passam por algo que convim chamar
de ‘sombra literária’. Basicamente, isto significa fazer de um escritor e
seu respectivo estilo muito mais do que um referencial, mas sim um
parâmetro mesmo do que seja ‘certo’ ou ‘errado’ textualmente falando. E
assim, ao não conseguir reproduzir as mesmas características
estilísticas do autor admirado, o escritor/fã acaba frustrado e
considerando o seu texto ‘ruim’, ‘feio’, ‘incorreto’ e até mesmo indigno de
ser mostrado a terceiros. Vi isto acontecer milhares de vezes com jovens
fãs de J. K. Rowling (autora de Harry Potter) e outros autores
consagrados. E mesmo boa parte destes também passaram por esta
‘etapa’, como bem confessou Ernest Hemingway ao admitir ter
perseguido por anos a ‘sombra literária’ de Fiodor Dostoievski. Só que o
americano possuía um estilo ‘econômico’ de escrita e pouco inclinado a
sentimentalismos, sendo que o autor russo era diametralmente o oposto.
Foi preciso que Hemingway parasse de encarar como ‘incorreto’ o seu
próprio estilo, assim como de medi-lo a luz do de Dostoievski, para que
só então este pudesse fluir e evoluir através da prática.
3) MATURIDADE LITERÁRIA: O texto que escrevemos possui uma ‘idade’
própria e uma personalidade de acordo com esta. Isto significa que ele
será fruto não apenas do momento vivido pelo autor, mas também da
prática e da constância desta a que tem sido submetido. Complicou?!
Calma que vou explicar com uma analogia bem simples: sabe quando
no vídeo game empacamos numa fase ou num desafio do jogo? De
início estamos fadados a repetir inúmeras vezes a partida, mas você
deve ter reparado que a cada tentativa o que parecia ‘impossível’ vai
ficando gradativamente mais ‘fácil’ – até chegar ao ponto em que
passamos por ele com uma mão nas costas. Em outras palavras, tenha
paciência com o seu texto: ele está evoluindo. Preocupe-se apenas em
manter-se ‘jogando’ (escrevendo), pois a recompensa (habilidade)
certamente virá a quem persistir.
4) O QUE VOCÊ QUER: Se você chegou até este ponto na leitura deste
guia, eu imagino que tenha um interesse especial pela escrita – quem
sabe até mesmo um sonho relacionado a ela. Na verdade, saber a
resposta para isso talvez seja a coisa mais importante que você vá fazer
como um escritor – digo isto sem medo errar. Sim, pois é necessário que
você defina com seriedade qual o espaço a ser ocupado por esta
atividade em sua vida, sob pena de acabar relegando-a a um cantinho
obscuro qualquer e por fim abandoná-la. Exagero?! Acredite: não.
Permita-me fazer uma analogia: um atleta talentoso deve seu
desempenho não apenas as suas qualidades inatas, mas principalmente
ao treino físico constante, pois na verdade será isto que lhe permitirá
usar todo o seu potencial. Pegue, por exemplo, um jogador como
Neymar e prive-o de qualquer tipo de exercício físico por um mês
apenas... Você verá que, por mais habilidoso que seja, o seu
desempenho irá cair vertiginosamente. Seria porque o talento o
abandonou? De maneira alguma, ele continua lá dentro dele, mas sem
condições de ser exposto, pois para tanto é necessário um
condicionamento físico que responda as demandas exigidas.
Salvaguardadas as devidas proporções, o mesmo pode ser dito em
relação ao escritor que se distancia da escrita: o talento até permanece
com ele, mas pela falta de prática e/ou proximidade com o trabalho
desenvolvido, a experiência vai se tornando mais penosa e frustrante,
não fluindo como esperávamos. Por isso a importância de respondermos
ao questionamento feito no início deste tópico: para que não assistamos
nossas capacidades e esforços ‘murcharem’ tais como flores
negligenciadas num vaso sem água. É certo que nem todo mundo
almeja ser publicado ou mesmo seguir a carreira de escritor, e não há
nada de errado com isso. Mas definir prioridades é antes de tudo
‘economizar energia’, destinando-a na proporção certa para os objetivos
que de fato desejamos. Eu mesmo, durante anos, coloquei a escrita em
segundo e até terceiro plano na minha vida, priorizando coisas e
afazeres que não me trouxeram o retorno (em satisfação) que imaginei.
E por acreditar e seguir os modelos prontos de sucesso que terceiros
concebiam para mim, acabei relegando o dom que recebi a uma
categoria de algo ‘sem importância’ ou apenas a serviço de atividades
outras. O dinheiro, os títulos, os cargos e mesmo o reconhecimento, não
me deram aquilo que propagandeavam e nem valeram o morticínio do
sonho de me tornar um escritor. E agora, aos trinta e oito anos de idade,
cá estou no mesmo ponto de onde saí a vinte anos atrás, numa
reviravolta custosa, mas extremamente satisfatória. Com o risco de ser
clichê e piegas, digo que se tivesse ouvido a minha intuição desde o
começo, agora eu já estaria com vinte anos de estrada como escritor e
sabe lá Deus aonde isto teria me levado. Digo isso não como quem
lamenta, mas como quem aconselha: saiba o que você quer e faça!
Pague o preço para descobrir aonde a estrada termina, pois tudo nessa
vida é uma aposta e a previsibilidade é apenas uma das muitas ilusões
humanas, juntamente com o controle de tudo.
COMO PUBLICAR:
O período atual em que vivemos tem se mostrado extremamente
propício aos novos autores, principalmente graças à internet. Ela tem
proporcionado um novo equilíbrio de forças no mercado editorial, reescrevendo
inclusive o conceito de autopublicação e agregando ferramentas realmente
valiosas em termos de distribuição, vendagem e até mesmo de financiamento
completo do livro. Tal fato tem tirado o joelho dos escritores das soleiras das
editoras, colocando-os de pé e aptos a disputarem espaço nas livrarias.
Neste sentido, um dos instrumentos mais poderosos e inovadores a
serviço dos autores atualmente é sem dúvida o crowdfunding (ou financiamento
coletivo, numa tradução literal). Através dele é possível angariar 100% dos
recursos necessários a impressão da obra, sem que seja necessário pagar
nenhum centavo por isso ou contrair uma dívida. Está achando bom demais
para ser verdade?! Então entenda o conceito por trás disso: as plataformas de
crowdfunding (veja os exemplos no final do capítulo) disponibilizam um espaço
em seus sites para que você possa colocar uma breve explanação do seu
projeto e informar os valores necessários para viabilizá-lo. Feito isto, ele estará
apto a receber pequenas contribuições feitas pelos frequentadores destes
sites, tendo um prazo de 1 a 60 dias em média para arrecadar a quantia
pretendida. Caso não consiga, o dinheiro das contribuições será integralmente
devolvido aos doadores, sem prejuízo para nenhuma das partes. Gostou? Pois
você ficaria espantado com o número de pessoas e empresas, do mundo todo,
que contribuem e mais ainda com a quantidade de projetos que saem do papel
através deste meio – o seu pode ser um deles!
Ainda assim, isto não significa que um autor não deva trilhar o circuito do
envio de originais para as editoras. As verdadeiras (existem muitas empresas
picaretas fingindo serem...) não cobram nada dos autores para o publicarem,
vendo isto como um investimento e direcionando a estes uma porcentagem do
lucro das vendas. Além disso, uma boa editora possui um ótimo poder de
inserção no mercado, com espaço cativo nas melhores livrarias e ações de
marketing de efeito – algo que pode não só alavancar a carreira de um escritor,
mas perenizá-la. Assim sendo, eu recomendo sim aos escritores que iniciem o
caminho da publicação por esta via, mas que não se detenham nela e nem
desanimem caso não renda os frutos esperados: o importante é publicar! Se
não for por uma porta, será por outra.
Cada editora possui regras próprias quanto ao envio de originais, por
isso é muito importante visitar seus sites e verifica-las antes de mais nada.
Neste ponto não adianta ter ‘cara-de-pau’ ou ‘enviar e pronto’, pois neste caso
o seu original corre sério risco de ser descartado sem sequer ser lido. Sim, pois
algumas empresas só recebem manuscritos em determinados meses do ano;
outras exigem que eles estejam formatados num modelo preestabelecido (com
letra tal, em tamanho tal, espaçamento tal...); e há aquelas que simplesmente
estão temporariamente de ‘portas fechadas’ para novos autores. Então, para
dar um ‘tiro certeiro’ e não perder tempo, observe com carinho as regras da
casa para onde pretende enviar o seu trabalho.
Como eu havia prometido no começo do capítulo, abaixo estão os sites
de duas plataformas de crowdfunding (financiamento coletivo) as quais
recomendo. Existem inúmeras outras, mas estas são as que julguei serem as
melhores (caso desejem sugerir outras, ficarei agradecido e, após analisa-las,
as acrescentarei aqui). Esclareço de antemão que não tenho qualquer vínculo,
de nenhuma natureza, com os sites sugeridos aqui. Eles são sugestões fruto
de minhas pesquisas pessoais.
1) BOOKSTART (www.bookstart.com.br): como o nome bem sugere, é
a plataforma mais recomendada a autores de livros, pois destina-se
exclusivamente para este tipo de projeto. Outro diferencial é que,
além da plataforma de arrecadação de recursos coletivos,
disponibiliza também serviços editoriais (editoração, criação de capa,
impressão), além de possuir uma livraria própria
(livraria.bookstart.com.br) e também parceria com grandes redes
(como a Livraria Cultura e a Amazon) para a distribuição de e-books.
2) CATARSE (www.catarse.me): este site também oferece a plataforma
de arrecadação de recursos coletivos, mas se destina a vários tipos
de projetos, inclusive o de livros.
VIVENDO COMO ESCRITOR:
A leitura das palavras do título deste capítulo podem até incomodar, mas
é uma questão que ronda a mente de quem se aventura neste meio. Afinal de
contas: “dá para viver da escrita ou não?” É o que todo escritor iniciante teme
perguntar, sob pena de se desestimular. Mas numa resposta simples, lhe digo
que sim – e não sou eu apenas quem afirma isto, mas a vida de milhares de
escritores em todo o mundo.
O problema é que alguns autores iniciantes agem como se o planeta
estivesse em suspense, apenas aguardando a sua obra ser publicada. Eles
almejam o estrelato e o reconhecimento, mas acham que nada ou muito pouco
precisam fazer além de esperarem serem descobertos... Melhor arranjarem
uma cadeira, pois de pé cansa. Como bem disse Albert Einstein: “O único lugar
onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. O escritor que mira viver
da sua produção textual tem pela frente uma série de iniciativas visando tornar
o que almeja uma realidade.
A internet com certeza tornou este trabalho mais simples e ágil,
aproximando o escritor de seu público. Plataformas como o Wattpad, Youtube,
Facebook, Instagram, entre tantas outras, têm cumprido o papel não só de dar
vazão ao trabalho dos mais variados perfis de autores, mas principalmente o
de divulgar os mesmos, criando um canal direto entre estes e os leitores. E
esta capacidade de articulação e de autopromoção é muito bem recebida – até
mesmo procurada – pelas editoras atualmente, pois sinaliza a estas que se
trata de um autor com poder de trazer-lhes potenciais clientes, além de ser um
legítimo formador de opiniões. Não é à toa que muitos escritores populares no
Wattpad são procurados por editoras convencionais com a intenção de publicá-
los, pois além da obra em si, estes também trazem consigo a reboque um
séquito fiel e um comprovado poder de influência.
Um outro ponto que a internet facilitou foi quanto as barreiras
geográficas e o alcance dos autores. Não há mais porque mirar apenas no
Brasil, se agora o mundo inteiro está a sua disposição! E tal realidade também
faz cair por terra aquela velha e chorosa reclamação de que o mercado
nacional é difícil porque o brasileiro não tem o hábito da leitura. Pare de
reclamar e comece a agir, pois o momento é propício. Assim como trabalhos de
escritores estrangeiros chegam aos borbotões por aqui, também autores
brasileiros têm feito o caminho inverso e tido muito sucesso com isso, tais
como Eduardo Spohr (A Batalha do Apocalipse), Patrícia Melo (Elogio da
Mentira), Bernardo Carvalho (Nove Noites), Daniel Galera (Mãos de Cavalo),
Paulo Coelho (que possui o livro mais traduzido do mundo, O Alquimista, em
69 idiomas), entre muitos outros. E antes de falar coisas do tipo “ah, mas eles
são autores consagrados”, lembre-se que eles não nasceram assim,
precisaram se tornarem.
O ponto mais importante de todos eu preferi deixar para o último
parágrafo deste capítulo: divirta-se. A escrita é uma arte e só se aventura nela
quem gosta, tal como o pintor que ama as suas telas e o músico ao seu
instrumento. É lógico que dinheiro é importante e facilita muitas coisas, mas
não viemos a este mundo para vivermos em função da obtenção dele, muito
menos para submeter tudo o que fazemos ao crivo “gera ou não gera dinheiro”.
De nada adianta acumular frustrações e tristezas, mas ter grana para pagar a
conta do analista – isso é o mesmo que tirar água do mar. Portanto, corra atrás
da satisfação pessoal de estar fazendo aquilo que curte e eu tenho certeza que
as consequências disto serão as mais benéficas possíveis – inclusive
materialmente falando.
Para refletir:
Quando John Rockefeller, o primeiro bilionário do mundo, morreu, em seu
funeral um curioso perguntou a seu contador:
– E aí, quanto é que John Rockefeller deixou?
– O contador respondeu: “Deixou tudo, não levou nem um centavo”.
PROTEGENDO A SUA OBRA:
O seu texto é um bem a ser resguardado, pois sobre ele se alicerça a
sua carreira de escritor. Infelizmente, atitudes e posturas antiéticas podem ser
encontradas em qualquer meio, no que com a escrita não é diferente, havendo
milhares de casos de plágio descarado comprovando o que digo. Portanto,
aprenda a utilizar as ferramentas protecionais disponíveis, prevenindo futuros
desgostos e que espertalhões lucrem com aquilo que você suou para produzir.
Não é necessário que a sua obra esteja terminada para que você faça o
registro dela e nem é caro fazê-lo (custa R$ 20, segundo a tabela atual). Isto é
algo extremamente importante principalmente para os escritores do Wattpad,
que vão publicando suas histórias ao passo em que as vão escrevendo. A
Biblioteca Nacional permite que o escritor registre parcialmente a sua obra e
posteriormente vá complementando este registro, através do que chamam de
averbação. Trataremos em minúcias este assunto nos subsequentes, mas por
hora fomente em si o urgente anseio de proteger o que escreveu: isto é sério.
A alguns anos atrás tive a ingrata surpresa de descobrir, em um folheto
comercial, o plágio de um texto meu na íntegra. E não se tratava de uma
empresinha de fachada, mas de uma marca de renome mundial, com
profissionais dotados de currículos estelares. E só descobri a tramoia porque,
sem perceberem (ou não se importarem...), eles me enviaram uma mala-direta
com a propaganda onde estava estampada a minha escrita. Entrei em contato
com a sede da empresa no Brasil e consegui falar com um alto executivo
desta, onde costuramos um acordo para a veiculação do material (que já tinha
sido impresso aos milhares e espalhado por todo o país) e tudo acabou bem.
Mas poderia não ter sido assim, pois de fato o meu texto não havia sido
registrado e sem isso não havia, legalmente, como comprovar a veracidade de
sua autoria. Neste caso, valeu a boa vontade da empresa em corrigir o seu erro
inicial, mas acredite: isto está longe de ser uma regra.
Vamos agora ao passo a passo para o registro da sua obra:
1) Entre no site da Biblioteca Nacional (Escritório Direitos Autorais – EDA)
através do link: www.bn.br/servico/direitos-autorais/registro-ou-
averbacao
2) Baixe o arquivo em PDF intitulado “Formulário de Requerimento de
Registro ou Averbação”, preencha-o e assine;
3) Na mesma página, no canto inferior direito, clique no link intitulado
“Impressão de GRU”. Preencha os dados solicitados (nome, CPF e o
valor da taxa – R$ 20*) e será gerado um boleto bancário para o
pagamento do registro ou averbação. Imprima o comprovante de
pagamento, pois ele deverá ser entregue juntamente com o restante da
documentação;
4) Assinado o formulário e pago o boleto da GRU, junte ambos em um
envelope e adicione os seguintes documentos:
– Cópia do RG e CPF;
– Cópia do comprovante de residência;
– Comprovante original de pagamento do boleto da GRU;
– Uma via impressa da obra intelectual (ela deve ter as páginas
numeradas e todas elas devem estar rubricadas);
5) Você pode encaminhar sua solicitação de Registro e/ou Averbação via
Correios (prefira carta registra ou SEDEX) ou fazer isto presencialmente
(para os dois caso o endereço é o mesmo):
Biblioteca Nacional - Escritório de Direitos Autorais (EDA)
Rua da Imprensa, nº.16, 12.º andar – Castelo
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20030-120
Horário atendimento: das 10:00 às 16:00hs (de 2ª a 6ª feira)
TRADUZINDO O SEU TEXTO PARA OUTROS IDIOMAS:
O mundo editorial de nossos dias traz consigo não apenas novas
demandas, mas também oportunidades além de nossas fronteiras nacionais.
Sim, pois tal como bem introduzimos no capítulo “Vivendo como escritor”, com
as distâncias geográficas ‘encurtadas’ pela internet não há razão para
mirarmos apenas o mercado brasileiro. E ao dizer isto não estou desprezando
um em detrimento do outro, pois não é necessário escolhermos: podemos
atuar em ambos, ampliando o alcance de nossas publicações.
A tradução é a ferramenta certa para esta finalidade, pois dificilmente um
editor estrangeiro se dará ao trabalho de traduzir a obra de um autor iniciante.
Aliás, quanto mais ‘finalizado’ estiver o seu trabalho (com revisão ortográfica,
diagramação no formato exigido pela editora, etc.) mais interessante ele será
para os editores, sejam eles de onde forem, pois o número de obras que eles
têm para avaliar os impedem de se deterem nestes detalhes – sai na frente
quem se antecipa. Assim sendo, o mínimo que se espera de um trabalho é que
ele venha transcrito no idioma do mercado onde será lançado.
Infelizmente essa postura mercadológica cosmopolita ainda é algo
‘tímido’ no Brasil, principalmente devido a preconceitos bairristas que não
resistem a um sopro. Sim, pois por mais incrível que pareça ainda há os que
encaram como ‘antipatriótico’ ou um ato de ‘subserviência’ o fato de um autor
buscar publicar seu livro em outros países. Isto não poderia ser mais inverídico.
O escritor brasileiro que assim o faz está representando o nosso país lá fora e
isto é motivo de orgulho, não de demérito. E basta uma ida a qualquer livraria
brasileira para perceber que os autores estrangeiros não têm este tipo de
‘prurido nacionalista’ ou ‘pudor hipócrita’ para serem publicados por aqui, pelo
contrário: eles lotam as prateleiras.
O autor brasileiro que, portanto, desejar traduzir o seu trabalho para
outro idioma deverá procurar profissionais habilitados a esta finalidade, sob
pena de prejudicar a qualidade e até mesmo o nexo de sua obra. Sim, pois
além da tradução em si, o tradutor precisará ter a capacidade de fazer
transposições culturais dos elementos textuais – que sem isso acabariam se
tornando sem sentido para um leitor estrangeiro –, mas sem corromper a
essência do texto. Então não basta pedir aquele amigo do amigo que faz curso
de idiomas no fim-de-semana para fazer a tradução ou colocar o texto no
Google Translate e apertar o ‘enter’.
Existem opções de qualidade e acessíveis na internet, no que disponho
aqui algumas sugestões sem querer pinta-las como únicas, pelo contrário. Tal
como venho dizendo ao longo deste guia, elas são fruto de minhas pesquisas
pessoais, mas se alguém desejar acrescentar outros itens ficarei feliz em
analisa-los, dispondo-os aqui se estiverem aptos. Lembrando que eu não tenho
qualquer tipo de vínculo com as empresas citadas e nem estou recebendo
qualquer compensação por indica-las. Dito isto, vamos as sugestões, para
todos os tipos de bolsos, e ao comentário destas:
1) NATIVO TRADUÇÕES (www.nativotraducoes.com.br): É uma
empresa com muita experiência, que oferece múltiplas opções de
idiomas (inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, japonês e chinês) e
a possibilidade de parcelar o pagamento do trabalho em até 12 vezes no
cartão de crédito. Orçamentos podem ser solicitados diretamente no
site.
2) SPARK ENGLISH (sparkenglish.com.br): Oferece serviços muito
completos de tradução e revisão textuais não apenas para livros, mas
também legendas de filmes, contratos empresariais, textos técnicos,
científicos, etc. Isso em si já demonstra a cancha que eles possuem em
traduções, pois quanto mais plural for a experiência de uma empresa
neste sentido, maior será a sua capacidade de fazer com qualidade as
transposições culturais dos elementos textuais de que falamos
anteriormente. Orçamentos podem ser solicitados diretamente no site.
3) FREELANCER (www.br.freelancer.com): Como o nome bem sugere,
este site oferece os serviços de profissionais freelancers (autônomos,
numa tradução literal do termo), não apenas voltados ao trabalho de
tradução, mas aos mais variados tipos e finalidades possíveis. O formato
é bem interessante, pois o usuário é que posta o anúncio de suas
necessidades (ex: tradução, diagramação, confecção de capa etc.) e os
profissionais interessados entram em contato, oferecendo um orçamento
para ser avaliado. É necessário, porém, ter atenção antes de contratar
um trabalho, avaliando as referências de quem vai estar à frente dele, os
comentários de quem já o contratou anteriormente e não se fiar apenas
pelo preço interessante.
4) FIVERR (br.fiverr.com): Este site é semelhante ao Freelancer e
também destinado a contratação de profissionais autônomos, mas difere
do primeiro em questão dos anúncios (os trabalhadores é que os
postam, neles descrevendo as características do tipo de serviço que
oferecem). É interessante porque é possível visualizar, de antemão, as
qualificações dos profissionais (que são ranqueados de acordo com as
recomendações positivas que recebem de quem já realizou trabalhos
com eles, sendo cotados em nível 1, nível 2 e Vendedor Super
Qualificado).