guia de intercâmbio de experiências em convivência e segurança cidadã

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Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa Guia de Intercâmbio de Experiências em Convivência e Segurança Cidadã Empoderando vidas. Fortalecendo nações.

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Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa

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Page 1: Guia de Intercâmbio de Experiências em Convivência e Segurança Cidadã

Coletânea Convivência e Segurança Cidadã:Guias de Gestão Territorial Participativa

Guia de Intercâmbio de Experiências em Convivência e Segurança Cidadã

Empoderando vidas.Fortalecendo nações.

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Guia de Intercâmbio de Experiências em Convivência

e Segurança Cidadã

Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa

1ª Edição

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Programa das Nações UNidas Para o deseNvolvimeNto - Brasil

Jorge CHedieKRepresentante Residente

arNaUd PeralRepresentante Residente Adjunto

maristela marQUes BaioNiRepresentante Residente Assistente

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.

Para elaboração dos textos desta Coletânea, optou-se pelo uso de linguagem não discriminatória em relação a gênero, raça, etnia ou classe social. Em muitos casos, foi necessário o uso genérico do masculino, a exemplo do termo “ator social”, ou de termos neutros como “crianças, adolescentes e jovens”. Mesmo nesses casos, entende-se que o genérico do masculino refere-se a homem e mulher e que os termos neutros reúnem as especificidades e direitos adquiridos de cada cidadão e cidadã aqui representados.

Coordenação | Érica Mássimo Machado – PNUD Brasil

equipe técnica | Alline Pedra, Bruna Pegna Hercog, Cíntia Yoshihara, Cristiano Pereira da Silva, Joselita Frutuoso de Araujo Macêdo Filha, Juliana Mattedi Dalvi, Marialina Côgo Antolini, Paulo Ricardo de Souza e Paiva, Ricardo de Lacerda Ferreira e Rita de Cássia Lima Andrea

textos | Bruna Pegna Hercog, Cíntia Yoshihara, Joselita Frutuoso de Araujo Macêdo Filha, Juliana Mattedi Dalvi e Marialina Côgo Antolini

edição | Bruna Pegna Hercog e Marialina Côgo Antolini

Colaboradores | Claudia Ocelli, Daniel de Castro, Daniel Luz, Débora Sol, Eugenia Piza-Lopez, Fernanda dos Anjos, Gabriela Dutra, Gerardo Berthin, Hugo Acero, Jairo Matallana, João José Barbosa Sana, José Carlos Arruti Rey, Lina Salazar, Maristela Marques Baioni, Moema Freire, Nicolas Garrigue, Norma Peña

Projeto gráfico e editoração | Valentina Garcia

Publicado pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD).

© PNUD 2013Projeto Gráfico: Valentina GarciaPrimeira edição: dezembro de 2013Tiragem: 800 exemplaresImpressão: Estação Gráfica Ltda

Guia de intercâmbio de experiências em convivência e segurança cidadã. – Brasília : PNUD, 2013. 32 p. – (Coletânea convivência e segurança cidadã : guias de gestão territorial participativa).

Incl. bibl. ISBN: 978-85-88201-17-0

1. Segurança Cidadã 2. Direitos civis e políticos 3. Direitos humanos 4. Tolerância 5. Cultura de paz 6. Segurança humana 7. Participação social 8. Participação comunitária 9. Administração pública 10. Intercâmbio de informação 11. Política de desenvolvimento 12. Desenvolvimento humano 13. Brasil 14. Guias I. PNUD

Impresso no Brasil

PREFÁCIO

A Redução da Vulnerabilidade e a Promoção da Segurança Cidadã formam um dos pilares da atuação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil. São claras as evidências de que os altos índices de criminalidade e de insegurança nos países da América Latina e Caribe têm imposto entraves significativos para o pleno desenvolvimento econômico e social da região, mesmo face às recentes melhorias na governança e na qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Neste sentido, o PNUD Brasil compartilha da prioridade brasileira de promover melhorias na segurança pública como caminho necessário ao que chamamos de desenvolvimento humano sustentável.

A contribuição a esta área vem da atuação de nossas equipes a partir da perspectiva conceitual da Convivência e Segurança Cidadã, que envolve a adoção de um enfoque integral, local e participativo no tratamento da segurança pública. Isto nos permitiu acumular, nos últimos anos, experiência corporativa relevante na área de Segurança, tanto em âmbito nacional quanto local, como resultado de várias atividades de prevenção do conflito, reforma institucional e construção de capacidades para a governabilidade democrática.

Por meio de práticas efetivas em gestão da Segurança Cidadã, o PNUD vem desenvolvendo um conjunto de metodologias, instrumentos e ferramentas que visam apoiar e fortalecer os municípios no âmbito das políticas de prevenção à violência. São instrumentos que recuperam experiências de sucesso da região

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sUmÁrio

aPreseNtaCÃo 6

o QUe É o iNterCÂmBio de eXPeriÊNCia 8 em CoNvivÊNCia e segUraNça CidadÃ?

Por QUe realiZar? 9

Quais são os formatos de intercâmbio de experiências? 9

Missão de Conhecimento às UPPs Sociais 12 e formas de compartilhar o conhecimento

Papo de Responsa multiplica ações 19 de integração entre polícia e comunidade a partir da Mostra de Conhecimentos “Doadores de Experiência”

Doadores de Experiência: resultados para além das mesas de trabalho 21

“Doadores de Experiências” contribui para o surgimento 23 de projeto para melhora da relação entre polícia e comunidade

Como orgaNiZar? 24

etapa de Preparação 25

execução do intercâmbio de experiências 28

monitoramento 30

reFerÊNCia BiBliogrÁFiCa 31

em segurança cidadã e também colocam à disposição dos governos suas redes de especialistas certificados, com experiências concretas e exitosas em diversos países.

Um dos frutos desta experiência é esta Coletânea: Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa. As metodologias aqui apresentadas resultam do crescente compartilhamento de responsabilidades na prevenção e no enfrentamento da violência, do âmbito nacional ao local, revelando o quanto a participação das comunidades é fundamental para o sucesso de projetos e programas na área da segurança.

A Coletânea foi elaborada a partir da experiência de execução do Programa Conjunto Interagencial da Organização das Nações Unidas (ONU) Segurança com Cidadania: prevenindo a violência e fortalecendo a cidadania, com foco em crianças, adolescentes e jovens em condições vulneráveis nas comunidades brasileiras. Essa experiência de cooperação técnica foi desenvolvida entre os anos de 2010 e 2013, em três unidades territoriais das cidades brasileiras de Contagem (MG), Lauro de Freitas (BA) e Vitória (ES). A Coletânea apresenta não só as metodologias utilizadas, como também fatos e histórias marcantes, que ocorreram ao longo da implementação do Programa nos três municípios e que ilustram a riqueza e a diversidade de experiências bem-sucedidas e o impacto gerado nessas localidades.

Dessa forma, nosso objetivo é oferecer a governos, organizações, movimentos sociais, entre outros, materiais de referência para uma atuação local, integral e participativa na construção de uma cultura de prevenção à violência.

Desejamos uma excelente leitura a todas e todos bem como nossos votos de que este material encontre uso efetivo na promoção da Convivência e da Segurança Cidadã neste país.

Jorge ChediekCoordenador-Residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil e Representante-Residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil

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APRESENTAÇÃO

O Guia de Intercâmbio de Experiências em Convivência e Segurança Cidadã faz parte da Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), composta por um encarte conceitual e sete Guias: Preparação, Curso de Convivência e Segurança Cidadã, Diagnóstico Integral e Participativo, Plano Integral e Participativo, Intercâmbio de Experiências, Monitoramento e Avaliação e Comunicação e Mobilização Social e o Jogo Fica Seguro, que convida – de forma lúdica e dinâmica – para a vivência de todas as etapas da implementação de um projeto de Convivência e Segurança Cidadã. O objetivo do PNUD é oferecer a governos, organizações e movimentos

sociais, entre outros, materiais de referência para a atuação local na construção de uma cultura de prevenção da violência.

Este Guia apresenta a descrição da ferramenta de Intercâmbio de Experiências, cujo objetivo é estimular a troca de conhecimentos e vivências de Convivência e Segurança Cidadã. Aqui são apontados alguns caminhos para garantir o desenvolvimento de metodologias propostas no âmbito das políticas de Convivência e Segurança Cidadã, tais como: como planejar cada tipo de intercâmbio de experiências para o alcance dos resultados esperados e qual a importância dessa metodologia para o desenvolvimento de estratégias de Convivência e Segurança Cidadã nos territórios, entre outros

Desenho sobre foto de ação do Programa Conjunto da ONU ”Segurança com Cidadania”

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O QUE É O INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIA EM CONVIVÊNCIA E SEGURANÇA CIDADÃ?O Intercâmbio de Experiências em Convivência e Segurança Cidadã é uma ferramenta de socialização e divulgação de soluções possíveis para enfrentar as problemáticas nessa área. É um espaço de reflexão conjunta que permite aos participantes partilhar e dialogar sobre questões e desafios relacionados à elaboração de Planos Integrais e Paticipativos de Convivência e Segurança Cidadã, implementação de projetos e aprimoramento de políticas, programas e/ou projetos em execução.

Em um Intercâmbio de Experiências, os participantes são os protagonistas, contando com o apoio de especialistas. É a interatividade que vai garantir a troca de conhecimento mútuo. Trata-se, portanto, de um modelo que rompe com os formatos tradicionalmente empregados, em que os participantes são apenas ouvintes e recebedores do conhecimento.

O Intercâmbio de Experiências possibilita que sejam gerados processos de aprendizagem também para as instituições integrantes, uma vez que ao sistematizar a sua experiência para ser apresentada e ao interagir com os participantes durante

a exposição, elas conseguem identificar novos caminhos e compreender como aprimorar sua intervenção.

As experiências apresentadas podem ser replicadas se forem adaptadas e respeitarem as especificidades de cada território, por meio da análise e colaboração da gestão local. Deve-se considerar os pontos positivos do projeto apresentado, identificar aquilo que pode ser aplicado em outras realidades, bem como compreender de que forma os realizadores superaram as dificuldades. Assim, é possível aprender e transformar o conhecimento em ações concretas, pertinentes e necessárias.

Os diversos formatos de Intercâmbio de Experiências em Convivência e Segurança Cidadã podem ser utilizados em processos de elaboração de Planos Integrais e Participativos em Convivência e Segurança Cidadã, bem como em eventos de sensibilização e/ou capacitação na temática, encontros com e entre especialistas da área para compartilhamento de conhecimento, além de outras finalidades.

Em resumo, os Intercâmbios de

Experiência

São instrumentos inovadores, dinâmicos

e efetivos tanto para a identificação quanto

para a promoção de experiências

São eventos, uma vez que promovem

o encontro de atores locais e a troca de

experiências entre eles

São processos, porque durante essa interação há troca de

conhecimento

São espaços horizontais de diálogo,

dinâmicos, flexíveis e com múltiplos

formatos

São catalizadores de projetos,

produtos, serviços e outras iniciativas

de Convivência e Segurança Cidadã

Rompem com o modelo tradicional no qual há

um grupo detentor do conhecimento e outro

que irá recebê-lo

Promovem a transferência de

conhecimento entre pessoas e

organizações, com ênfase no “como fazer”

POR QUE REALIZAR?Um Intercâmbio de Experiências pode contribuir enormemente no processo de construção de um Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã, já que traz experiências diferentes e inspiradoras, que podem, de alguma forma, serem adaptadas para a realidade local. Em certas ocasiões, um detalhe ou uma etapa da experiência debatida pode vir à tona como uma possível solução para um problema diagnosticado.

Muitas vezes, o fato de atores locais estarem juntos, dialogando e pensando o futuro da região, por si só, é fator gerador de integração e incentivo à interssetorialidade.

Dessa forma, realizar um intercâmbio de experiências é importante porque:

Estimula a compreenssão da concepção integral e preventiva da Segurança Pública, ao invés de uma ideia de Segurança centrada em uma lógica reativa e setorizada

Propicia um espaço de aprendizado de diferentes metodologias e, assim, estimula que sejam desenhadas soluções para os problemas identificados no Diagnóstico Integral e Participativo em Convivência e Segurança Cidadã

Incentiva a formação de uma rede de conhecimento sobre boas práticas na área de Convivência e Segurança Cidadã para que possam servir de modelo para outras localidades do país

Aumenta o conhecimento sobre outras experiências brasileiras e latino-americanas na área de Convivência e Segurança Cidadã

Promove a apropriação da temática por parte da sociedade civil, gestão pública, academia e demais atores sociais envolvidos

Reforça os pilares da abordagem da Convivência e Segurança Cidadã: intersetorialidade, interdisciplinaridade, participação popular e governabilidade democrática

QUAIS SÃO OS FORMATOS DE INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS?

Missão, Feira e Mostra de Conhecimento são os formatos de Intercâmbio de Experiências abordados neste Guia. Cada um possui características próprias, que variam conforme o objetivo a ser alcançado.

atOr SOCIalUm determinado indivíduo é um ator social quando representa algo para a sociedade, encarna uma ideia, uma reivindicação, um projeto, uma promessa, uma denúncia. Uma classe social, uma categoria social ou um grupo podem ser atores sociais, assim como instituições: partidos políticos, jornais, igrejas etc. (SOUZA, 1991). Os atores sociais, são portanto, todos aqueles que tenham interesse na questão da Convivência e Segurança Cidadã. São, prioritariamente, aquelas que integram o território trabalhado, podendo se estender a todos que atuam com a temática.

Leia mais no Guia do Plano Integral e Participativo.

Leia mais no Guia do Diagnóstico Integral e Participativo.

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Missão de Conhecimento sobre Convivência e Segurança Cidadã

A Missão de Conhecimento prevê o deslocamento dos interessados para conhecer determinada experiência ao local de sua execução. Ela é composta por conferências com os técnicos, administradores ou idealizadores das experiências e visita guiada ao local de implantação da ação.

A escolha dos participantes para uma Missão de Conhecimento deve levar em conta a abordagem da Convivência e Segurança Cidadã, ou seja, as pessoas envolvidas devem representar todos os diferentes setores da sociedade: gestão pública, academia, sociedade civil e outros poderes constituídos.

Com a Missão de Conhecimento, espera-se que os participantes:

Conheçam in loco políticas, programas e projetos de prevenção e/ou enfrentamento da violência e da criminalidade

Participem de reuniões técnicas com todos os envolvidos no planejamento, implementação e execução da experiência visitada

Participem de visitas guiadas aos locais onde são desenvolvidas as experiências

Conversem com os beneficiários da experiência

visitem as agências de Convivência e Segurança Cidadã (observatórios, secretarias e centros de atendimento às vítimas de violência, entre outros)

Participem de conferências com especialistas sobre a temática da Convivência e Segurança Cidadã

É importante que, no último dia, todos os participantes façam a avaliação da Missão, a partir da aplicação de questionários individuais ou em grupo. Outro aspecto fundamental é a definição de estratégias de multiplicação do conhecimento aprendido. vale estimular os participantes a buscar instrumentos de Comunicação e Mobilização Social que sejam adequados às suas realidades para, a partir daí, provocar a sensibilização dos demais atores locais, com a finalidade de multiplicar o conhecimento adquirido.

A duração da Missão de Conhecimento varia de acordo com a disponibilidade dos participantes e do local da

experiência.

Leia mais no Guia de Comunicação e Mobilização Social.

A Missão de Conhecimento pode ser utilizada na Etapa de Preparação, como forma de sensibilização dos envolvidos. Por isso é importante que o local escolhido seja adequado, como, por exemplo, a Missão à Bogotá, na Colômbia, realizada em 2010, no âmbito do Programa Conjunto da ONU “Segurança com Cidadania” (2009 – 2013). Bogotá é uma cidade que possui modificações nos espaços urbanos (transmilênio, teleférico, bibliotecas em áreas de risco social, escolas com estruturas físicas adequadas) e foi possível realizar encontros com

os especialistas que planejaram essas modificações. Sugere-se, também, a promoção de Missões de Conhecimento na etapa da elaboração do Diagnóstico Integral e Participativo, pois a troca de informações e experiências pode contribuir para romper barreiras territoriais durante esta etapa. Em resumo, procura-se, em uma Missão, uma experiência específica que auxilie na dificuldade encontrada para elaborar o Plano local, ou que sensibilize para a temática, ou ainda que capacite os participantes, dependendo do objetivo.

Além do reconhecimento público, a participação no Intercâmbio de Experiências pode contribuir para a consolidação e a continuidade das experiências exitosas mediante o reconhecimento dos resultados

alcançados.

Leia mais no Guia de Preparação.

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pacificação

Uma das Missões Técnicas realizadas no âmbito das ações do Programa Conjunto da ONU “Segurança com Cidadania” foi a ida de policiais militares, representantes da sociedade civil e integrantes de órgãos da gestão pública de Lauro de Freitas (BA), Contagem (MG) e Vitória (ES), para o Rio de Janeiro. Durante a visita, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o Projeto UPP Social e de visitar duas comunidades cariocas pacificadas: Mangueira e Complexo da Penha. A ação inquietou e mobilizou os participantes. Ao retornar, o Major Paulo Sérgio Simões Ribeiro, no comando da 81ª CIPM e responsável pela Base Comunitária de Segurança de Itinga, em Lauro de Freitas, fez questão de multiplicar as informações, impressões e os diálogos vivenciados. A primeira ação foi preparar uma apresentação detalhada sobre a UPP Social e a realidade das favelas cariocas pacificadas, que foi utilizada durante a reunião mensal do Pleno do Gabinete de Gestão Iintegrada (GGIM), que reúne integrantes de todas as secretarias municipais. A partir da fala do Major, os representantes das secretarias de educação, saúde e políticas públicas

para mulheres foram se enxergando no todo e sugerindo ações a serem realizadas juntamente com a Base Comunitária de Segurança de Itinga: um exemplo de integração e transversalidade. Ou seja, um exemplo de Convivência e Segurança Cidadã. “O intercâmbio de experiências foi muito importante, afinal, precisamos explorar ao máximo a experiência de integração das políticas públicas desenvolvidas pela UPP Social no Rio de Janeiro, para ampliar o trabalho que já desenvolvemos em nosso município e garantir dignidade e cidadania à nossa população”, destaca Major Sérgio.

Integrante da comitiva capixaba da visita, Cintya Schulz, assessora do Programa Estado Presente, da Secretaria de Ações Estratégicas do Governo do Espírito Santo, garante que foi possível compartilhar as experiências vivenciadas durante a visita com a equipe dela. “Trabalhar com a redução dos indicadores de criminalidade é sempre um desafio muito grande. Por isso, ter a oportunidade de conhecer experiências exitosas de outros estados e a oportunidade de conhecer quem operacionaliza é muito importante”, conta.

Missão de Conhecimento às UPPs Sociais e formas de compartilhar o conhecimento

As Feiras de Conhecimento são espaços de divulgação, documentação e celebração de programas, projetos e ações promissoras e/ou inovadoras na área de Convivência e Segurança Cidadã. Podem ser experiências desenvolvidas pelo setor público, pela sociedade civil e/ou pelos trabalhadores da área da segurança pública em suas instituições.

O objetivo de uma Feira de Conhecimento é dar visibilidade a experiências nesse campo temático, além de proporcionar um espaço para seus protagonistas trocarem informações e estabelecerem protocolos ou intenções de cooperação entre as atividades que desenvolvem. É importante lembrar que as temáticas escolhidas devem levar em conta a abordagem multicausal da violência.

As Feiras de Conhecimento podem ter diferentes formatos, dinâmicas e finalidades. Podem ser presenciais e, também virtuais, tendo em vista a facilidade permitida pelas tecnologias da informação e da comunicação.

vale lembrar que a Feira de Conhecimento virtual não exclui a presencial, ao contrário, elas são complementares e podem, inclusive, ser realizadas simultaneamente.

Dessa forma, as Feiras de Conhecimento sobre Convivência e Segurança Cidadã:

Promovem e facilitam a assinatura de cartas (protocolos) de intenção para a transferência de conhecimento e/ou de assistência técnica entre os participantes

Materializam o enfoque da Convivência e Segurança Cidadã por meio da exposição de experiências exitosas (estandes, banners, catálogos, apresentações, mesas redondas)

Possibilitam a capacitação dos atores institucionais diretamente envolvidos com as experiências para a produção de metodologias de replicação de suas ações

Fomentam a criação de uma rede de atores sociais envolvidos em experiências de Convivência e Segurança Cidadã

Feira de Conhecimento em Convivência e Segurança Cidadã

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As Feiras virtuais de Conhecimento são espaços criados na internet (sites ou blogs) para difundir as experiências em Convivência e Segurança Cidadã. Podem existir apenas no campo virtual ou, também, simultaneamente ao acontecimento da Feira presencial. Neste caso, a Feira virtual transmite em tempo real o que se passa no local do evento. Uma das vantagens da Feira virtual é que sua realização exige um aporte menor de recursos financeiros e logísticos do que o evento presencial.

Outro ponto positivo da Feira virtual é a facilidade em ser acessada a qualquer hora e por pessoas em qualquer parte do mundo. Essa flexibilidade otimiza a troca e a retroalimentação de conhecimento. A Feira virtual também funciona como um repositório de informações, que podem continuar a ser acessadas mesmo após o término do evento e, se tornar, desta forma, um espaço permanente de reflexão e troca de conhecimento, transformando-se em uma comunidade de prática.

A Feira virtual pode ser composta de:

Espaço de Boas Vindas | apresenta as informações básicas sobre a Feira virtual e a Presencial.

Espaço do Conhecimento | durante a realização da Feira Presencial, esse espaço transmite em tempo real as principais atividades. Depois do encerramento do evento, pode-se incluir nesse espaço artigos produzidos pelos participantes, documentos e demais informações sobre as experiências.

Sala de Leitura | repositório de documentos, artigos que serviram de referência para as experiências, textos conceituais e de relevância para compreender melhor a temática da Convivência e Segurança Cidadã.

Sala de Comunicação | contem textos de divulgação, matérias veiculadas na mídia, vídeos postados pelos participantes, depoimentos e imagens do evento.

Espaço de Interação | local onde os participantes podem fazer perguntas a quem apresenta a experiência, o que pode acontecer em chats online ou a partir do envio de perguntas que serão respondidas posteriormente.

COMUNIDaDE DE PrÁtICa

Grupo social constituído para a construção de um

dado conhecimento específico, por meio

do intercâmbio de experiências.

ExEMPLOS DE FEIRAS VIRTUAIS: • Luces para La Igualdad de Género (2009). www.americalatinagenera.org• Feria Virtual de Intercâmbio de Conocimiento (2009). www.americalatinagenera.org

Feira Virtual de Conhecimento sobre Convivência e Segurança Cidadã

A Feira Presencial requer um espaço físico polivalente, que comporte ações simultâneas, salas modulares ou locais próximos, que possam ser divididos por temáticas. Para cada resultado esperado, devem ser propostas atividades e dinâmicas correspondentes. Aprofundamento das experiências, troca de informações, construção e consolidação de alianças e parcerias são exemplos de resultados esperados com a realização de uma Feira Presencial de Conhecimento. Abaixo, apontamos algumas formas de organização do espaço físico da Feira, de acordo com o objetivo esperado.

Plenária | auditório para conferências, apresentações e aulas inaugurais.

Praça Central ou de Exibição | é o “coração” da Feira, onde acontece a interação informal entre os participantes. Trata-se de um local aberto e permanente para a instalação de stands, banners, totens e outras peças gráficas, bem como para a realização de apresentações artísticas e culturais.

Espaço dos Encontros | um local que favoreça o diálogo horizontal entre os participantes, a partir da realização de reuniões, grupos de trabalho, ou

reuniões simultâneas divididas por temas.

Em cada um desses espaços, acontecem dinâmicas de trocas específicas. Cada dinâmica tem um desenho particular. Abaixo, algumas sugestões de ferramentas para possibilitar a troca de conhecimentos, que podem ser utilizadas todas em uma Feira ou escolhidas aquelas que melhor se inserem no contexto local.

Totem | Estrutura móvel que reúne resumidamente a descrição das experiências, com as principais informações da atividade, fotos e depoimentos.

Banner | Semelhante ao totem, é uma peça gráfica móvel que traz, a partir de elementos gráficos (fotografias, ilustrações, etc.), as principais informações sobre a experiência.

Estande | Estrutura fixa, montada no local, para divulgação de projetos ou serviços de assessoria em temáticas de Convivência e Segurança Cidadã. Os materiais expostos no estande vão depender do tipo de experiência apresentada. Os formatos dos estandes podem ser aqueles comumente utilizados ou diferenciados de acordo com o layout da Feira ou do expositor.

Feiras Presenciais de Conhecimento sobre Convivência e Segurança Cidadã

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Oficina | É uma atividade de capacitação, troca de experiência ou qualquer outra modalidade de transferência de conhecimento. Pressupõe produção e interação.

Conferência/Painel | É um espaço de debate conduzido por especialistas para o alinhamento dos temas gerais sobre Convivência e Segurança Cidadã, no qual interagem os protagonistas das experiências, os participantes e demais visitantes da Feira. Em geral, são convidados de três a cinco palestrantes e um facilitador para mediar o debate.

Visita Guiada | Momento em que os participantes podem se aproximar das experiências, conhecer o local onde a experiência está sendo realizada, constatar seus resultados e conversar com os beneficiários. A visita guiada é conduzida por um debatedor que auxilia na discussão e podem acontecer várias visitas simultâneas. A realização da visita Guiada está condicionada ao local de realização da Feira, caso existam experiências que possam ser visitadas ou não.

Roda de Negócios | Promove e facilita a assinatura de protocolos ou intenções de cooperação (cartas de intenções), instrumentos que selam

vínculos entre os protagonistas das experiências, expositores e participantes, o que garante a continuidade da transferência de conhecimento e de assistência técnica. Todo o processo de negociação deve ser mediado por facilitadores qualificados.

Mesa de construção coletiva | Geralmente é dividida por temáticas. Seu objetivo é a elaboração de produtos coletivos e o estabelecimento de uma agenda comum de trabalho, de recomendações e definição de perfis de projetos conjuntos, entre outras ações.

Espaço cultural e artístico | Local para abrigar manifestações culturais, tais como: feira de artesanato, mostra fotográfica, mostra de desenhos, exibição de filmes e apresentações musicais e teatrais. vale lembrar que todas as expressões culturais e artísticas são ferramentas poderosas de comunicação e mobilização social, voltadas para a sensibilização sobre a temática da Convivência e Segurança Cidadã.

Premiação/Escolha Popular | É um instrumento de interatividade e valorização das experiências. Oferece a oportunidade dos visitantes da

Feira escolherem sua experiência preferida. A premiação não precisa necessariamente ser em dinheiro, podendo se configurar em um reconhecimento simbólico.

Avaliação | Instrumento importante para checar se os resultados estão sendo alcançados. Pode ser feita a avaliação de cada atividade separadamente ou do evento como um todo. Mesclar as duas formas de avaliação também é uma opção.

A duração da Feira de Conhecimento varia de acordo com a finalidade e a disponibilidade financeira do realizador. Em geral, dois a quatro dias são suficientes. A Feira de Conhecimento em Segurança Pública com Cidadania realizada em 2009, no âmbito das ações da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, por exemplo, durou três dias. Quando a feira é realizada dentro de outro evento, como um seminário ou congresso, um dia pode ser suficiente.

A vantagem da Feira é a irradiação dos conhecimentos, já que, pela sua amplitude, se reúnem especialistas com a finalidade de construir diretrizes sobre como lidar com o fenômeno da violência.

A Feira de Conhecimento citada anteriormente, realizada durante a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, apresentou as seguintes temáticas: 1) gestão democrática, controle social e externo, integração e federalismo; 2) financiamento e gestão da política pública de segurança; 3) valorização profissional e otimização das condições de trabalho; 4) repressão qualificada da criminalidade; 5) prevenção social do crime e das violências e construção da paz; 6) diretrizes para o sistema penitenciário; e 7) diretrizes para o sistema de prevenção, atendimentos emergenciais e acidentes. Os sete eixos foram escolhidos a partir do perfil de violência urbana do Brasil.

SEGUEM ExEMPLOS DE FEIRAS DO CONhECIMENTO PRESENCIAIS: • Seguridad Compromiso Centroamérica (Panamá, 2010). www.compromisocentroamerica.org• EXPOPAZ Feria de construcción de paz desde las regions (Colombia, 2010). www.expopaz.org.co• Segurança com Cidadania (Brasil, 2009). www.conseg.gov.br/portal/conseg

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Mostra de Conhecimento sobre Convivência e Segurança Cidadã

A Mostra de Conhecimento sobre Convivência e Segurança Cidadã é um espaço que intercala painéis e mesas de construção coletiva e tem como objetivo fomentar a discussão democrática e a construção coletiva de ações de prevenção e enfrentamento da violência em determinada localidade. A Mostra pode ser utilizada com diferentes propósitos. Neste caso, vamos abordá-la como ferramenta para auxiliar a elaboração dos Planos Integrais e Participativos da Convivência e Segurança Cidadã.

Para garantir que os objetivos da Mostra sejam alcançados, é importante que os participantes compreendam e estejam preparados para relacionar os conhecimentos adquiridos com o processo de construção do Plano. Da mesma forma, para buscar uma ação articulada, é importante, também, que a Comissão de Comunicação e Mobilização Social do projeto seja envolvida em todas as etapas de desenvolvimento da Mostra.

A duração de uma Mostra de Conhecimento pode variar de dois dias e meio a quatro dias, dependendo do número de áreas temáticas que serão trabalhadas. A mostra “Doadores de Experiências”, por exemplo, realizada em 2012, no município baiano de Lauro de Freitas, no âmbito das ações do Programa Conjunto da ONU “Segurança com Cidadania”, teve duração de três dias, durante os quais foram trabalhdos sete eixos temáticos transversais: violência e Juventude, violência Intrafamiliar e Contra a Mulher, Espaços Urbanos Seguros, Relação Polícia-Comunidade, Controle de Armas de Fogo, Gestão Pública, Participação e Controle Social. Essas temáticas foram escolhidas para contribuir na construção dos Planos Integrais e Participativos em Convivência e Segurança Cidadã, a partir dos Diagnósticos que apontaram as dificuldades de segurança nos três municípios integrantes do Programa: Contagem (MG), vitória (ES) e Lauro de Freitas (BA).

COMISSãO DE COMUNICaçãO

E MObIlIzaçãO SOCIal

Grupo de trabalho permanente do Comitê Gestor

Local, formado para acompanhar as

atividades do projeto, contribuindo na

difusão, mobilização e divulgação de

informações e conceitos. É composta

por representantes da comunidade local

e outros atores sociais, tais como

representantes de diferentes setores

do poder público municipal, da

sociedade civil e universidades,

entre outros.

diálogo

Uma articulação composta por policiais civis cariocas de vanguarda dispostos a estabelecer um diálogo entre polícia e juventude. Este é o Papo de Responsa, projeto apresentado durante a Mostra de Conhecimentos “Doadores de Experiência”, realizada no âmbito das ações do Programa Conjunto da ONU “Segurança com Cidadania” e recebido com muito interesse pelos pontos focais do Programa, bem como pelos integrantes dos comitês locais. Passado o evento, começaram as articulações para que o Papo de Responsa fosse incluído nas ações realizadas pelas agências do Sistema ONU integrantes do Programa, com o foco na capacitação das forças policiais. Para o Ponto Focal de Lauro de Freitas no período de 2010 a 2012, José Carlos Arruti, que sugeriu a inclusão do projeto nas oficinas de Policiamento Comunitário, foi muito importante para os agentes de segurança escutar e trocar informações com os policiais do Papo de Responsa. “É policial

falando para policial, isso muda tudo”, destaca Arruti. Essa identificação começava logo na abertura da oficina. “Eu não estou aqui para dar palestra. Minha linguagem é a da rua. Tenho marca de balas pelo corpo. Sei o que vocês passam diariamente. É um papo de igual para igual”. Estas eram as palavras disparadas de forma certeira pelo policial civil Richard Ybars, do Papo de Responsa, ao dar início ao curso. Pedro Strozenberg, secretário executivo do Intituto de Estudos da Religião (ISER), uma das instituições parcerias do Programa Conjunto e responsável por realizar as Oficinas de Policiamento Comunitário, concorda que a inclusão do Papo de Responsa nas oficinas foi um importante incremento na metodologia utilizada. “De fato, o resultado foi muito interessante, pois colocamos sempre dois olhares diferentes para dialogar com os policiais do curso: o ponto de vista de um acadêmico e o ponto de vista de um policial como eles”.

Papo de Responsa multiplica ações de integração entre polícia e comunidade a partir da Mostra de Conhecimentos “Doadores de Experiência”

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O que pode ter em uma Mostra de Conhecimento sobre Convivência e Segurança Cidadã?

PaiNÉis

Nos painéis, cada palestrante tem em média 30 minutos de apresentação e mais 30 minutos para responder a perguntas, dúvidas e comentários dos participantes. Sugere-se que sejam apresentadas três experiências para cada um dos sete eixos temáticos, de acordo com o Marco Conceitual.

Cada apresentação deve ter:

Conceito do projeto

Quais os recursos orçamentários, humanos e de infraestrutura necessários

Fatores de sucesso, dificuldades enfrentadas e como foram superadas

Tempo médio de implantação

Monitoramento e avaliação dos resultados

Fatores de sustentabilidade

Elementos audiovisuais (fotos, vídeos, filmes)

Indicação bibliográfica

Leia mais sobre o conceito de Convivência e Segurança Cidadã no Guia de apresentação.

integração

A Mostra de Conhecimento Doadores de Experiência, realizada no âmbito do Programa Conjunto da ONU “Segurança com Cidadania”, apresentou um resultado que foi além da inspiração de projetos para o Plano Integral e Participativo: o fortalecimento dos comitês gestores locais de Vitória (ES) e Contagem (MG).

“O Doadores de Experiência foi um marco para a integração dos atores do Comitê Local, tanto da prefeitura quanto da comunidade”, conta Gioavanna Canal, membro do Comitê Local e assistente social do Projeto Terra Mais Igual, da Secretaria de Gestão Estratégica da Prefeitura Vitória. Essa integração foi possível graças à troca de experiências compartilhada entre moradores da comunidade de São Pedro, técnicos de diversas secretarias da Prefeitura, policiais militares e civis, guardas municipais e membros do governo do Estado. Todos esses atores viajaram juntos, ficaram hospedados por três dias no mesmo hotel e tiveram a oportunidade de se conhecer melhor, para além da mesa de reunião do comitê local.

“Eu vejo essa experiência como um investimento nas pessoas. Algumas ali

nunca tinham viajado de avião. Então, foi dada a elas a oportunidade de conhecer outra realidade, sair do lugar comum. Elas puderam perceber que nós não somos nem melhor, nem pior, mas somos iguais, com contribuições diferentes a dar. Com isso, o compromisso das pessoas em relação àquilo muda, aumenta”, diz João José Barbosa Sana, Ponto Focal de Vitória para o Programa no período de 2010 a 2012. “Esse intercâmbio com outras experiência enriqueceu muito o processo, nos aproximou. Na viagem para Lauro de Freitas, foi importante essa relação que a gente criou com a comunidade e a equipe técnica”, confirma Denise Lima, membro do comitê e representante da Secretaria de Gestão estratégica da Prefeitura.

O Comitê Gestor Local de Contagem também voltou fortalecido após o evento. O Capitão Davidson Júnior, da 38ª Cia de Polícia Militar e membro do Comitê mineiro, relata que a relação entre polícia e comunidade se estreitou após a Oficina. “Essa viagem proporcionou uma oportunidade de diálogo aberto com a comunidade que não existia antes, e teve um reflexo muito bom”, conta.

Doadores de Experiência: resultados para além das mesas de trabalho

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Mesas de Construção Coletiva

Após as apresentações, são formadas as Mesas de Construção Coletiva. Se forem poucas pessoas, forma-se apenas um grupo. Se forem muitas, devem ser formados subgrupos. Cada grupo deve ter de 25 a 30 pessoas no máximo, possuir um coordenador, que será responsável por orientar o grupo quanto ao tempo e o objetivo da discussão, um relator, que ficará a cargo de anotar as deliberações, e um facilitador, que deverá mediar as discussões.

O tempo de duração da Mesa de Construção Coletiva varia de uma hora e meia a duas horas. Durante esse período, os palestrantes podem passar em cada grupo para responder dúvidas e para ajudar a pensar em soluções para os problemas levantados.

No último dia da Mostra de Conhecimento é aberto um espaço de 30 minutos para que o(s) grupo(s) discuta(m) sobre o resultado das suas observações e faça(m) uma avaliação da Mostra. Em seguida, cada relator deve apresentar para todos os participantes as conclusões da discussão e da avaliação.

Com as Mesas de Construção Coletiva espera-se compreender:

Como os projetos apresentados podem auxiliar nos problemas de violência e criminalidade do território

Quais são os fatores locais que favorecem ou dificultam a implantação de um projeto nessa temática

Como podem ser superadas as dificuldades para se implantar uma ação como esta na localidade

papo reto

Uma relação de preconceito e desconfiança mútua: foi este o tipo de relação detectada entre polícia e comunidade no Diagnóstico Integral e Participativo da região de São Pedro, em Vitória (ES), realizado no âmbito das ações do Programa Conjunto da ONU “Segurança com Cidadania”. O Capitão Alves Christ, que assumiu em 2010 o comando da 5ª Cia do 1º Batalhão da Polícia Militar, situado em São Pedro, já sabia da necessidade de mudar essa relação quando participou da Mostra de Conhecimentos Doadores de Experiência. Membro do Comitê Local do Programa, Christ pôde assistir durante o evento à apresentação do projeto Papo de Responsa, da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O Papo de Responsa é um projeto de aproximação entre polícia e juventude que inspirou a comitiva capixaba a pensar que algo parecido poderia ser feito em São Pedro. Neste dia surgiu a ideia de criar o Papo Reto, nome escolhido com base na

linguagem dos jovens capixabas. O projeto, inserido no Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã do território foi ganhando características próprias e passou a ser desenvolvido com apoio da Equipe Técnica. Alguns encontros com os mentores do Papo de Responsa ajudaram na formatação da ideia, que desde o início foi pensada em equipe, que, além da Polícia Militar, envolve também moradores da comunidade e técnicos das secretarias de Cidadania e Direitos humanos, Cultura, Educação e Segurança da Prefeitura de Vitória. A Polícia Civil também se juntou ao Papo Reto, criando uma parceria pioneira entre as corporações neste tipo de trabalho. Essa equipe já está trabalhando para flexibilizar os debates e possibilitar a troca de conhecimentos, construindo pontes de diálogo no lugar dos muros invisíveis de preconceito até então construídos por ambas as partes na região.

“Doadores de Experiências” contribui para o surgimento de projeto para melhora da relação entre polícia e comunidade

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COMO ORGANIZAR?O processo de elaboração do Intercâmbio de Experiências deve ser realizado em comum acordo com o Comitê Gestor Local e a gestão pública, para que os resultados esperados sejam realmente alcançados. A escolha do tipo de intercâmbio, do local e de seus objetivos deve acontecer de forma participativa. A construção do Intercâmbio de Experiências possui três etapas fundamentais: preparação, execução e acompanhamento dos resultados. A figura abaixo ajuda a compreender o processo:

1. escolha o melhor formato conforme o objetivo principal: missão de conhecimento, feira do conhecimento ou troca de conhecimento

2. Identifique as áreas a serem potencializadas e priorize para que todas as temáticas abordadas tenham pelo menos uma experiência relacionada a elas

3. realize um levantamento das experiências em Convivência e segurança Cidadã

4. selecione as experiências, considerando sempre o formato escolhido e o objetivo do intercâmbio de experiências

5. Planeje toda a logística do evento (local, divulgação, alimentação, transporte, fornecedores, etc.)

6. execute o intercâmbio de experiências

7. monitore os resultados

ETAPAS DO INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS

PreParaçÃo eXeCUçÃo moNitorameNto

Fonte: PNUD, 2012 (adaptado)

Importante ressaltar que todas as etapas do Intercâmbio de Experiências serão realizadas pela Equipe Técnica, sempre dialogando com a gestão local e considerando o tempo e os recursos

disponíveis.

ETAPA DE PREPARAÇÃOA Etapa de Preparação de um Intercâmbio de Experiências é a mais importante. Afinal, quanto melhor for o planejamento, maiores são as chances de o evento ser bem sucedido. O tempo para essa etapa pode variar entre dois e nove meses, a depender do formato selecionado.

SEGUEM ExEMPLOS DE BANCOS DE ExPERIêNCIAS:• The Hive é um portal que visa a comunicação entre especialistas e o compartilhamento de experiências e de conhecimento: www.thehivefcv.org• O Projeto URBAL divulga, em seu site, exemplos de boas práticas para a prevenção da violência no Brasil e no mundo: www.urbalpernambuco.org

1. escolha do Formato de intercâmbio de experiências

A escolha do formato deve ser realizada a partir do objetivo que se deseja alcançar. Aqui serão apresentados três formatos: Missão de Conhecimento, Feira de Conhecimento e Mostra de Conhecimento (descritos previamente).

2. Identificação das Áreas a Serem Potencializadas ou temas a serem trabalhados

A escolha das áreas potencializadas deve ser realizada a partir do marco teórico que compreende a violência como um fenômeno multicausal composto por sete eixos. O ideal é que independente do formato de

intercâmbio escolhido, cada um dos sete eixos do Marco Conceitual seja contemplado por pelo menos uma experiência.

3. levantamento das experiências

O levantamento das experiências em Convivência e Segurança Cidadã pode ser realizado de diversas formas. Consultar bancos de experiências, núcleos e/ou centros de pesquisa, observatórios sobre o tema, sites, periódicos e/ou revistas são algumas das possibilidades para se conhecer e organizar uma lista de possíveis experiências com a temática escolhida. O importante é pesquisar bastante para garantir que o Intercâmbio de Experiências seja diversificado e proveitoso.

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4. seleção de experiências

Na escolha das experiências é importante estabelecer alguns critérios de acordo com os objetivos do Intercâmbio. No caso daqueles promovidos para auxiliar a elaboração do Plano Integral e Participativo em Convivência e Segurança Cidadã, é fundamental que as experiências sejam escolhidas a partir dos resultados apontados no Diagnóstico Integral e Participativo. A modalidade de escolha das experiências também pode variar. Se o objetivo for divulgar e/ou reunir experiências e especialistas em um evento, pode-se fazer um chamamento público, por meio de edital. Agora, se o objetivo for contribuir com a elaboração do Plano, sugere-se a escolha das experiências que mais se adaptem. Neste caso, lançar um edital pode ser um processo demorado e atrasar a elaboração do Plano.

5. logística

As questões logísticas são fundamentais para garantir que o Intercâmbio de Experiências seja realizado de forma exitosa. São vários os aspectos que precisam ser considerados. Listamos, abaixo, alguns deles.

Programação | a programação é a espinha dorsal do Intercâmbio de Experiências e a logística do evento deve ser pensada a partir dela. Portanto, é imprescindível:

Atentar para o formato e a duração do evento (deve-se considerar o número de atividades simultâneas para garantir o planejamento adequado)

Intercalar atividades culturais e artísticas, principalmente as de abertura e encerramento

Escolha do local | cada formato de Intercâmbio pede um espaço com características específicas.

Missão | o local deve reunir várias experiências e oferecer condições de acessibilidade e segurança, uma vez que os participantes farão as visitas Guiadas, por isso devem ser considerados itens como segurança e deslocamento

Feira | o local deve contar com uma infraestrutura apropriada de telecomunicação, serviços públicos e rotas de acesso, além de condições de acessibilidade e segurança em todas as salas, auditórios e espaços abertos, transporte público adequado para

chegar até o local e acesso fácil a aeroporto, rodoviária e estacionamento. Devem ser previstas, ainda, as condições adequadas de hospedagem, de acordo com o número de participantes esperados. Centro de convenções, parques, escolas e universidades são algumas sugestões de locais para este formato de Intercâmbio.

Mostra | o local deve contar com um número de salas correspondente ao número de participantes, uma vez que serão compostas as Mesas de Construção, possuir condições de segurança e acessibilidade e contar com um auditório para a realização dos Painéis. O ideal é que o evento seja realizado em um hotel que possua um espaço para eventos, para evitar a dispersão dos participantes.

Para garaNtir QUe tUdo aCoNteça CoNForme o deseJado É PreCiso:

Selecionar, contratar e capacitar a equipe responsável pela logística do evento

Providenciar todos os documentos necessários para a realização do evento

Realizar licitação e contratação das empresas de prestação de serviços

Organizar passagens e hospedagem dos expositores, protagonistas das experiências, especialistas e Equipe Técnica

Providenciar o transporte dos expositores, protagonistas das experiências, especialistas e equipe técnica ao local do evento

Garantir alimentação em quantidade e qualidade adequadas

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EXECUÇÃO DO INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIASNa execução do evento, independente do formato, os seguintes momentos devem ser observados:

Credenciamento | momento de identificação dos participantes e palestrantes e entrega de materiais.

Abertura | pode ser realizada na noite anterior ao início das atividades ou no primeiro dia do evento. Dura, em média, de uma a duas horas. Na abertura, é importante que seja ressaltada aos participantes a importância da ação e os resultados esperados. A mesa de abertura pode ter a presença de autoridades e/ou contar com uma conferência conduzida por um especialista de renome na área de Convivência e Segurança Cidadã.

Avaliação | é importante garantir que todos (participantes e palestrantes) preencham o questionário de avaliação.

Encerramento | é o momento de celebrar a realização do evento e todo o conhecimento partilhado e construído ao longo de sua realização. A depender do formato escolhido, pode variar a forma de encerrar o Intercâmbio. Em média, a duração é

de uma a duas horas, podendo contar com algum tipo de premiação ou apresentação cultural.

As ações de comunicação e de sistematização também são fundamentais no processo de execução do Intercâmbio de Experiências. Para garantir a mobilização dos participantes, a ampla divulgação do evento e o registro de todas as atividades é de extrema importância contar com uma equipe qualificada e realizar um planejamento estratégico em comunicação. No caso da Mostra de Experiências realizada com intuito de contribuir com a elaboração do Plano Integral e Participativo em Convivência e Segurança Cidadã é importante envolver e empoderar a Comissão de Comunicação e Mobilização Social neste processo. O planejamento e a execução das ações de comunicação vão garantir:

A mobilização de participantes (envio de convites e contatos telefônicos);

A ampla difusão do objetivo do Intercâmbio de Experiência (envio

de releases para a imprensa; entrevistas em rádios e outros meios de comunicação, etc.)

O desenvolvimento de uma identidade visual para o evento (criação de nome e logomarca);

A cobertura completa do evento (registros em vídeo, fotografia e textos)

A difusão, nos meios de comunicação, da temática de Convivência e Segurança Cidadã (envio de releases, realização de pressconferences, criação de um site do evento, etc.)

A sistematização do encontro, para garantir o registro detalhado de todas as atividades realizadas durante o Intercâmbio de Experiências

Entre as peças de comunicação produzidas para o evento, sugere-se a criação de guias didáticos para os participantes e palestrantes. O objetivo dos guias é auxiliar o público a entender a metodologia do Intercâmbio e obter todas as informações necessárias para desfrutá-lo da melhor forma, e, portanto, devem conter todas as informações do evento (local, horário, nomes das experiências que serão apresentadas, programação, telefones, e-mails e sites para contato). Um mapa do local onde será realizado o intercâmbio também é algo que pode facilitar bastante a locomoção do público pelo espaço.

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MONITORAMENTOPara verificar se o evento conseguiu atingir os seus objetivos deve-se realizar o monitoramento e a avaliação dos seus resultados: transferência do conhecimento, acordos, ampliação da rede de parceiros, criação ou potencialização de comunidades práticas, planos integrais. Em geral, as atividades de monitoramento costumam ter duração de seis meses a dois anos após o evento, fornecendo subsídios para a avaliação final.

Ao lado, um exemplo de quais podem ser os indicadores em cada etapa do processo:

ETAPA INDICADORES

PREPARAçãO Número e representatividade das experiências mapeadas e recursos para o evento

ExECUçãO Números de protocolos ou intenções de cooperação (cartas de intenções) firmados entre os participantes

Número de pessoas que circularam no evento (participantes, expositores, palestrantes, entre outros)

Declaração firmada ou temática inserida na agenda local

Registro de cobertura da mídia sobre o evento

Nível de satisfação dos participantes, expositores e palestrantes

MONITORAMENTO Incorporação das recomendações nas políticas públicas, nos programas e nos projetos

Transferência de conhecimento realizada a partir das cartas de intenção, dos projetos visitados, ou das experiências mostradas

Existência de uma rede, de uma comunidade de pessoas ou de instituições que seguem compartilhando em médio prazo (pelo menos um ano após)

Fonte: PNUD, 2012 (adaptado)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAPNUD. Ferias de Conocimiento Mecanismo de cooperación horizontal y transferencia de conocimiento. Serie Metodológica en Gestión de Conocimiento, Proyecto Comparatir Conocimiento para el Desarrollo. Unidad de Gestión de Conocimiento, Centro Regional del PNUD para América Latina y el Caribe, 2012.

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Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoCasa das Nações Unidas no Brasil

Complexo Sergio Vieira de Mello - Módulo ISetor de Embaixadas Norte, Quadra 802 - Conjunto C, Lote 17

Brasília – DF CEP: 70800-400Telefone: + 55 (61) 3038-9300

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