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Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa Guia de Monitoramento e Avaliação em Convivência e Segurança Cidadã convivência e segurança cidadã

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Page 1: Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão ......Impresso no Brasil Tiragem: 150 exemplares Impressão: Athalaia Gráfica. 4 5 PREFÁCIO A Redução da Vulnerabilidade

Coletânea Convivência e Segurança Cidadã:Guias de Gestão Territorial Participativa

Guia de Monitoramento e Avaliação em Convivência e Segurança Cidadã

convivência e segurança cidadã

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Guia de Monitoramento e A

Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa

2ª Edição

convivência e segurança cidadã

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NIKY FABIANCICRepresentante-Residente

DIDIER TREBUCQ Diretor de País - PNUD Brasil

MARISTELA MARQUES BAIONIRepresentante Residente Assistente

Coordenação | Érica Mássimo Machado Analista de Programa - PNUD Brasil

Apoio | Carime Soares Guiotti Assistente de Programa - PNUD Brasil

Consultores PNUD | Alline Pedra, Bruna Pegna Hercog, Cíntia Yoshihara, Joselita Frutuoso de Araujo Macêdo Filha, Juliana Mattedi Dalvi, Marialina Côgo Antolini, Paulo Ricardo de Paiva e Souza, Ricardo de Lacerda Ferreira e Rita de Cássia Lima Andrea

Concepção e textos | Joselita Frutuoso de Araujo Macêdo Filha

Colaboração | Bruna Pegna Hercog, Cíntia Yoshihara, Juliana Mattedi Dalvi e Marialina Côgo Antolini

Edição | Bruna Pegna Hercog e Marialina Côgo Antolini

Projeto gráfico e editoração | Valentina Garcia

Revisão Ortográfica | Wilce Prota

Guia de monitoramento e avaliação em convivência e segurança cidadã. -- 2.ed. – Brasília : PNUD, Conviva, 2016. 48 p. – (Coletânea convivência e segurança cidadã : guias de gestão territorial participativa).

Incl. bibl. ISBN: 978-85-88201-42-2 ISBN da coleção: 978-85-88201-35-4

1. Segurança 2. Cidadania 3. Cultura de Paz 4. Comportamento Social 5. Participação Social 6. Gestão Territorial 7. Monitoramento 8. Avaliação 9. Guias I. PNUD II. Conviva: Convivência e Segurança Cidadã III. Série CDD 350.7

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - BRASIL

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.

Para elaboração dos textos desta Coletânea, optou-se pelo uso de linguagem não discriminatória em relação a gênero, raça, etnia ou classe social. Em muitos casos foi necessário o uso do genérico do masculino, a exemplo do termo “ator social”, ou de termos neutros como “crianças, adolescentes e jovens”. Mesmo nesses casos, entende-se que o genérico do masculino refere-se a todos os gêneros e que os termos neutros reúnem as especificidades e direitos adquiridos de cada cidadão e cidadã aqui representados.

Esta Coletânea segue as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

© PNUD 2016 Esta publicação está disponível em acesso livre ao abrigo da licença Atribuição-Uso Não-Comercial-Partilha 3.0 IGO (CC-BY-NC-SA 3.0 IGO) (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/igo/). Ao utilizar o conteúdo da presente publicação, os usuários aceitam os termos de uso do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Impresso no Brasil

Tiragem: 150 exemplaresImpressão: Athalaia Gráfica

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PREFÁCIO

A Redução da Vulnerabilidade e a Promoção da Segurança Cidadã formam um dos pilares da atuação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil. São claras as evidências de que os altos índices de criminalidade e de insegurança nos países da América Latina e Caribe têm imposto entraves significativos para o pleno desenvolvimento econômico e social da região, mesmo face às recentes melhorias na governança e na qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Neste sentido, o PNUD Brasil compartilha da prioridade brasileira de promover melhorias na segurança pública como caminho necessário ao que chamamos de desenvolvimento humano sustentável.

A contribuição a esta área vem da atuação de nossas equipes a partir da perspectiva conceitual da Convivência e Segurança Cidadã, que envolve a adoção de um enfoque integral, local e participativo no tratamento da segurança pública. Isto nos permitiu acumular, nos últimos anos, experiência corporativa relevante na área de Segurança, tanto em âmbito nacional quanto local, como resultado de várias atividades de prevenção do conflito, reforma institucional e construção de capacidades para a governabilidade democrática.

Por meio de práticas efetivas em gestão da Segurança Cidadã, o PNUD vem desenvolvendo um conjunto de metodologias, instrumentos e ferramentas que visam apoiar e fortalecer os territórios no âmbito das políticas de prevenção à violência. São instrumentos que recuperam experiências de sucesso da região

Em setembro de 2015, chefes de Estado, de Governo e altos represen-tantes da Organização das Nações Unidas reuniram-se em Nova York e adotaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a qual inclui os Objetivos de Desen-volvimento Sustentável (ODS). A nova Agenda de desenvolvimento propõe uma ação mundial coordena-da entre os governos, as empresas, a academia e a sociedade civil para alcançar os 17 ODS e suas 169 me-tas, de forma a erradicar a pobreza e promover vida digna para todos,

dentro dos limites do planeta. As in-formações apresentadas esclarecem as principais dúvidas que surgem quando falamos dos ODS: o proces-so de formatação dos novos Obje-tivos, a necessidade de continuar o trabalho iniciado pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e as formas de implementação e acom-panhamento dos novos Objetivos. Ao oferecer uma melhor compreensão dos ODS, o PNUD Brasil reforça que o desenvolvimento sustentável só será alcançado mediante o envolvi-mento, compromisso e ação de todos.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 8

O QUE É MONITORAMENTO E O QUE É AVALIAÇÃO 10

POR QUE MONITORAR E AVALIAR 17

COMO MONITORAR E AVALIAR 20PRINCÍPIOS 22CONCEITOS 24ETAPAS DO PROCESSO 26

Elaboração do Plano de Trabalho 30Coleta de Indicadores 32Análise Comparativa 36Definição de Instrumentos 40Socialização dos Resultados 41Replanejamento da Iniciativa 41

O QUE A PRÁTICA ENSINA 43

REFERÊNCIAS 45

em segurança cidadã e também colocam à disposição dos governos suas redes de especialistas certificados, com experiências concretas e exitosas em diversos países.

Um dos frutos desta experiência é esta Coletânea: Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa. As metodologias aqui apresentadas são frutos do crescente compartilhamento de responsabilidades na prevenção e no enfrentamento da violência, do âmbito nacional ao local, revelando o quanto a participação das comunidades é fundamental para o sucesso de projetos e programas na área da segurança.

Dessa forma, nosso objetivo é oferecer a governos, organizações, movimentos sociais, entre outros, materiais de referência para uma atuação local, integral e participativa na construção de uma cultura de prevenção à violência.

Desejamos uma excelente leitura a todas e todos bem como nossos votos de que este material encontre uso efetivo na promoção da Convivência e da Segurança Cidadã neste país.

Niky FabiancicCoordenador-Residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil e Representante-Residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil

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Desenho sobre foto de ação do Programa Conjunto da ONU Segurança com Cidadania

APRESENTAÇÃOO Guia de Monitoramento e Avaliação em Convivência e Segurança Cidadã é parte integrante da coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Composta por nove guias metodológicos – Marco Conceitual da Convivência e Segurança Cidadã; Preparação: Ações Iniciais no Território; Curso de Convivência e Segurança Cidadã; Diagnóstico Integral e Participativo; Plano Integral e Participativo; Intercâmbio de Experiências; Monitoramento e Avaliação, Comunicação e Mobilização Social; e Sistematização: Contando a História – a coletânea reúne conceitos, referências e ferramentas sobre o processo de gestão em Convivência e Segurança Cidadã. Compõem a Coletânea ainda, o Jogo Fica Seguro, que convida, de forma lúdica e dinâmica, para a vivência do conceito e das etapas de implementação de um projeto de Convivência e Segurança Cidadã; e o Diário de Bordo da Convivência e Segurança Cidadã, ferramenta de

auxílio ao processo de monitoramento das ações. O objetivo do PNUD é oferecer a governos, organizações e movimentos sociais, entre outros, materiais de referência para a atuação local na construção de uma cultura de prevenção à violência.

Este Guia tem como objetivo ser um instrumento que facilite o acompanhamento e o controle da execução do Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã, por meio da disponibilização de orientações sobre o desenvolvimento de processos de monitoramento e de algumas noções para contribuir com os processos de avaliação. Pretende-se, com isso, responder à necessidade de suprir gestores públicos, técnicos e representações dos movimentos sociais com subsídios para uma prática de monitoramento e avaliação que possa ser participativa, enquanto recurso de controle social, e instigante do processo de planejamento, como etapa fundamental para a governança local.

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como base para ajustar um plano, programa ou projeto e reorientá-los para o futuro. Desta forma, uma gestão que prioriza os resultados possibilita maior efetividade da iniciativa. São os resultados que provocam as mudanças esperadas em relação aos problemas ou necessidades inicialmente identificados.

Outro aspecto importante é garantir que seja não só uma Gestão Baseada em Resultados, mas uma Gestão para Resultados de Desenvolvimento. Isso faz toda a diferença quando o que se pretende realizar são transformações no âmbito do desenvolvimento humano, mantendo, assim, a ênfase e a coerência dos resultados para o alcance da melhoria real na vida das pessoas, com mudança nas opções e oportunidades que possuem.

A palavra monitoramento vem do termo em latim monere, que significa alertar, advertir, aconselhar. Em português, tem sido traduzida como monitoria ou monitoramento, sendo usada também como sinônimo de vigilância, acompanhamento, seguimento. Pode-se dizer que

monitorar é acompanhar algo para saber se seu desenvolvimento ou crescimento está ocorrendo conforme o esperado. Monitorar é um ato contínuo de observação no qual os atores sociais envolvidos, incluindo o poder público, obtêm retorno de informações sobre o progresso que tem sido feito para o alcance de metas e objetivos. Monitorar é constatar.

A avaliação, por sua vez, é estabelecer um juízo de valor, a partir de uma análise das vantagens e desvantagens dos procedimentos adotados, se estão respondendo ou não ao que se busca alcançar. Possibilita um olhar que identifica responsabilidades e processos a serem disseminados, reforçados ou reorientados. Em outras palavras, a avaliação é o processo de valoração das ações concluídas, ou em andamento, para determinar até que ponto os objetivos declarados estão sendo alcançados. Também contribui para a tomada de decisão do que deve permanecer, ser reorientado ou disseminado em determinada iniciativa. Avaliar é valorar.

GESTÃO BASEADA EM RESULTADOS (GBR)É centrada na garantia dos resultados demonstráveis e desempenho, tem como conceitos básicos: planejamento, monitoramento, avaliação e retroalimentação de boa qualidade para novamente planejar, num ciclo contínuo de fazer, aprender e melhorar.

GESTÃO PARA RESULTADOS DE DESENVOLVIMENTO (GPRD) Observa a GBR, mas centra-se nos resultados que são mudanças nas condições de desenvolvimento das pessoas e busca manter a ênfase do acompanhamento para o desenvolvimento, demonstrando resultados reais e significativos (PNUD, 2009).

O QUE É MONITORAMENTO E O QUE É AVALIAÇÃOToda ação, para ser bem executada, precisa ser planejada, monitorada e avaliada. Atualmente, a importância e o uso dos recursos de planejamento já estão bastante difundidos entre os implementadores de políticas públicas e de programas ou projetos sociais. No entanto, o uso da avaliação e, principalmente, do monitoramento ainda não foi suficientemente absorvido por gestores, técnicos e lideranças comunitárias como fundamental para os processos de gestão do território. Compreender quais são os instrumentos de medição adequados, a exemplo dos indicadores, bem como quais métodos de análise devem ser utilizados no acompanhamento da execução das iniciativas para o alcance dos resultados esperados ainda desponta como um desafio.

Desafio ainda maior, quando se trata de uma ação orientada pelo conceito de Convivência e Segurança Cidadã , que prevê o alcance efetivo da redução das práticas de violência e a promoção de uma cultura de paz no território, a partir de uma prática intersetorial,

interdisciplinar e participativa; tarefa que, para ser realizada, exige um horizonte de tempo específico, bem como o comprometimento e a corresponsabilização dos atores sociais envolvidos para garantir a sua realização. Portanto, deve-se pensar sobre esse desafio como um planejamento de curto, médio e longo prazos.

Para o PNUD, os processos de planejamento, monitoramento e avaliação possibilitam estabelecer laços claros entre o passado, o presente e o futuro. O monitoramento possibilita que seja visualizado todo o ciclo do programa ou projeto com suas implicações de efeito e impacto, demonstrando, através dos indicadores, a dinâmica provocada pelos resultados. Já a avaliação compreende as pausas no processo onde o que foi registrado pelo monitoramento é analisado em suas causas, consequências e possibilidades.

Ao monitorar e avaliar as ações desenvolvidas no território, é possível obter informações importantes sobre atividades em andamento ou já realizadas que podem ser usadas

Leia mais no Guia do Marco Conceitual

A Organização das Nações Unidas entende que o

contexto de paz exige a realização e a proteção das

necessidades básicas que estão

garantidas pelos direitos humanos.

Não há paz na dominação, na

discriminação, na exclusão. Uma

cultura de paz deve assegurar que os

conflitos inerentes ao relacionamento

humano sejam resolvidos de

forma não violenta, respeitando-se os

princípios de justiça, liberdade, equidade,

solidariedade, tolerância e respeito

pela dignidade humana. Leia mais

sobre cultura de paz no Guia do

Marco Conceitual de Convivência e

Segurança Cidadã.

CULTURA DE PAZ

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atores de articulação, assim como o entendimento das responsabilidades e das contribuições a serem dadas. Por isso, a metodologia adotada deve ser clara, discutida e acordada pelos parceiros e atores envolvidos.

E quais são os fatores que merecem mais atenção durante o processo de monitoramento e avaliação?

Uma das coisas importantes é a constituição de uma Linha de Base. Ela é anterior à implantação do projeto. Teoricamente, ela teria que dar os insumos para o detalhamento do projeto. Por exemplo: por que, em determinada ação de um projeto, é sugerida a capacitação de 300 pessoas? De onde saiu essa meta a ser alcançada? Temos a situação

atual, geradora de uma demanda (diagnóstico), que pode ser de mil pessoas capacitadas. No entanto, a decisão do projeto de atender a somente 300 numa primeira etapa, se baseou no tempo exíguo para a execução e em recursos limitados. Então, as primeiras recomendações são o estabelecimento de linha de base para orientar o planejamento da proposta de projeto, apoiar a avaliação da iniciativa e permitir, em um prazo maior, medir os impactos do projeto. O segundo ponto, muito importante, é que muitas vezes as pessoas não conhecem direito esse processo de acompanhamento de um projeto. Em certas ocasiões, os atores podem ter uma atividade mais executiva e conhecer bem

Clarice Zilberman Knijnik é consultora do PNUD em Monitoramento e Avaliação. Mestre em Planejamento de Políticas Públicas e Meio Ambiente pela Universidade de Paris XII, Clarice trabalha, desde 2006, com consultoria em desenho, monitoramento e avaliação de projetos em diferentes áreas de políticas públicas para organizações internacionais. Na entrevista abaixo, ela fala um pouco sobre os desafios dos processos de monitoramento e avaliação em Convivência e Segurança Cidadã.

ENTREVISTA | Clarice Zilberman Knijnik

Como diferenciar monitoramento e avaliação?

O monitoramento é um insumo da avaliação. Você não consegue avaliar perfeitamente se não tiver um processo de monitoramento bem definido e executado de maneira efetiva, ao longo de toda a implementação do projeto. Sem monitoramento, não se faz avaliação.

Quais as especificidades que uma iniciativa tão ampla como o Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã tem no viés do monitoramento e da avaliação?

A primeira delas é o monitoramento em longo prazo. Isso é um grande desafio, principalmente em

períodos de troca de governo. O monitoramento tem que ser um compromisso assumido pela comunidade, por técnicos e autoridades desde o início da formulação do projeto. Existem instituições coparticipantes que, independentemente das autoridades e das pessoas que estão incluídas no processo, podem assumir conjuntamente esse compromisso, porque isso é uma forma de assegurar que as atividades vão continuar. A segunda especificidade é a metodologia que será adotada. O monitoramento feito de forma participativa, com o envolvimento de ONGs, comunidade e instituições públicas, é um processo que exige maior capacidade dos diferentes

“É importante ter em mente que o monitoramento é um instrumento de participação, transparência e cidadania.”

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em mente que os processos e as articulações para a implantação de projetos são diferentes em cada lugar, respeitando as características das comunidades envolvidas.

Qual é o perfil ideal do comitê ou da pessoa que irá acompanhar o processo de monitoramento e avaliação?

O comitê deve ser constituído por um número não muito grande de pessoas, mas ele tem que ter pelo menos um membro representativo de cada uma das categorias de atores, parceiros e beneficiários envolvidos. É fundamental ter pessoas com um perfil comunicativo, que apresentem muita liderança, consigam receber informações, analisá-las e devolvê-las para as comunidades e que tenham poder de agregação grande. Essas pessoas devem saber escutar e disseminar o que foi decidido, além de trazer respostas de consultas à comunidade ou à instituição

que representam. Principalmente, pessoas que tenham a capacidade de pensar nos benefícios do projeto como um todo, deixando de lado os interesses específicos das suas instituições ou organizações para tratar os temas em termos de comunidade e cidadania. É um desafio em que as pessoas têm que deixar questões internas das suas entidades de lado e pensar sempre: qual é o objetivo e por que nós estamos aqui? Determinados temas muitas vezes exigem que o comitê apresente em sua composição uma pessoa neutra, altamente reconhecida pela sociedade e que aporte expertise em determinados temas. Essa pessoa atuará como um mediador nos conflitos que podem acontecer ocasionalmente nos processos de implantação de projetos e de planos.

certas etapas do projeto, reduzindo a visão do todo. Monitorar um projeto significa também ter uma visão completa dele. E quando esse processo é acompanhado por diversos atores, como é o caso, é importante ter em mente que o monitoramento é um instrumento de participação, transparência e cidadania. Ele exige e permite condições de transparência do que está sendo efetivamente executado, como está sendo e os avanços e dificuldades enfrentados na implantação do projeto. Em geral, algumas instituições públicas não criam espaços que permitam a participação da sociedade em termos de cobrança, colaboração e acompanhamento dos projetos. Este processo de planejamento participativo vem se incorporando com mais força nas ações públicas na última década. Assim, é preciso que a comunidade conheça os processos de planejamento participativo (incluindo monitoramento e avaliação), criando formas de colaboração

e de cobrança de resultados das instituições públicas, que têm sua existência voltada ao atendimento da sociedade. É um instrumento de participação, de exercício de cidadania e de governança.

O local onde o Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã e seus processos de monitoramento e avaliação estão sendo executados tem influência no perfil do projeto?

Na constituição dos planos, apesar de serem semelhantes nos eixos de atuação, encontramos conteúdos diferentes. Significa que não tem uma única receita! Existe um quadro de referência para o planejamento das ações, que são os grandes eixos de desenvolvimento, mas podemos ver refletidas no Plano as dificuldades, as facilidades e as vantagens de cada localidade. Assim, é preciso que as especificidades dos territórios e das comunidades sejam respeitadas. A metodologia deve ser aplicada para atender aos anseios locais, tendo

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POR QUE MONITORAR E AVALIARMonitorar e avaliar iniciativas em Convivência e Segurança Cidadã significam ir além de fiscalizar ou de exercer controle social. Representam a possibilidade de tornar os programas melhores, mais flexíveis e criativos, para que se constituam, de fato, em alternativas para alterar as condições de violência de determinado território, em prol da construção de uma cultura de paz. O monitoramento e a avaliação são, portanto, ferramentas imprescindíveis para uma Gestão para Resultados de Desenvolvimento.

Juntas, essas ações possibilitam gerar informações fidedignas sobre os resultados alcançados, identificar restrições ou dificuldades enfrentadas na implantação, bem como elaborar recomendações para auxiliar a tomada de decisão a ser feita pelos gestores públicos e diversos atores sociais envolvidos com a iniciativa. É importante, portanto, saber se o que aconteceu foi, de fato, por causa da ação empreendida e quais mudanças essa ação provocou em relação ao problema que se pretendia resolver.

Todo o processo de avaliação é bastante complexo e ao estar articulado ao monitoramento, favorece que a

aprendizagem seja apropriada por todos os envolvidos na iniciativa, promovendo o desenvolvimento humano de forma cada vez mais efetiva. Existe uma correlação entre os diversos momentos de implementação que vão se constituindo numa nova configuração socioespacial em que as pessoas se vêm parte das mudanças ocorridas, assim insumos e atividades resultam em produtos a curto prazo, que geram resultados de efeitos, ou seja, mudanças nas instituições e nos comportamentos individuais ou de grupos e, por fim, geram resultados de impacto, que são a consolidação do que se propôs de novo para aquela comunidade ou sociedade, alterando, positivamente, a vida das pessoas e a vida de cada um.

Dessa forma, para serem efetivos, o monitoramento e a avaliação exigem métodos e recursos rigorosos e, muitas vezes, dispendiosos para a gestão pública. Apesar disso, quanto mais participativo for o processo, maior será a chance de obtenção de informações qualificadas e válidas para alimentar os indicadores e as análises e, como consequência, podem-se, também, baratear os custos e otimizar os recursos disponíveis.

TERRITÓRIO A noção de território está associada à ideia de pertencimento e de referência de identidade. Pode ser traduzida como “o chão mais a população” (SANTOS, 2003). É a base do trabalho, da residência, das trocas; ali se concretizam as relações sociais, de vizinhança, de solidariedade, de poder, ou seja, a convivência. Nesse sentido, o território é visto como uma unidade que pode ser estabelecida de diversas formas. Uma região, um município, um aglomerado e até mesmo um Estado pode ser entendido como um território e é ali que as ações de Convivência e Segurança Cidadã irão incidir.

Na prática, o monitoramento deve estar articulado com a avaliação. Os dois aparecem juntos nos processos de acompanhamento, pois possuem objetivos comuns: garantir que a ação programada alcance as metas e os resultados previstos da melhor forma, ou seja, de modo eficiente e eficaz. Ambos são processos contínuos e têm metodologias próprias. A diferença fundamental entre os dois é que a avaliação é mais abrangente e exige análises mais rigorosas – muitas delas feitas por pessoas externas – que possam indicar aos gestores e demais atores sociais envolvidos se estão ou não no caminho certo e o porquê de estarem ou não de acordo com o que era esperado.

Já o monitoramento fornece, em tempo real, informações que são necessárias à gestão, pois estas indicam a evolução do processo. Perguntas geradas no monitoramento devem, inclusive, ser respondidas pela avaliação. As lições aprendidas do monitoramento são discutidas periodicamente e usadas para reforçar as ações e decisões, de modo a garantir o alcance dos efeitos programados. As avaliações devem ser feitas para melhorias programáticas, enquanto a iniciativa ainda está em andamento, e para apoiar o planejamento de novos programas.

Monitorar é constatar. Avaliar é valorar. Juntos, monitoramento e avaliação fortalecem o planejamento e a aprendizagem, alimentando o ciclo do fazer, aprender e melhorar.

CONTROLE SOCIAL O termo refere-se ao controle exercido por setores organizados

da sociedade na formulação,

planejamento e execução de políticas

públicas, a partir do processo de

participação social.

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PARTICIPAÇÃO SOCIAL

O grande desafio dos processos de monitoramento e avaliação é fazê-los de modo participativo, garantindo que a sociedade civil organizada tenha acesso às informações e possa se apropriar das atividades de planejamento. A participação social pode ser fundamental para garantir a continuidade de projetos e programas de Convivência e Segurança Cidadã. Um exemplo foi o Projeto Travessia Cidadã, realizado em Lauro de Freitas (BA), no âmbito do Programa Conjunto da ONU Segurança com Cidadania. O projeto foi uma ação articulada que envolveu o poder público municipal por meio da coordenação do Gabinete de Gestão Integrada do Município (GGIM) e outras secretarias municipais, como Saúde, Cultura, Esporte, Lazer e Trabalho, Assistência Social; entidades da sociedade civil organizada e jovens. As principais ações realizadas pelo projeto foram a composição de uma comissão gestora formada por representantes do poder público municipal e da sociedade civil, a realização de três Feiras de Convivência e Segurança Cidadã durante os meses de abril a junho de 2013, bem como a realização de oficinas artístico-culturais e atendimentos nas áreas de saúde e justiça para moradores do bairro Itinga.

À medida que aconteciam, as ações do projeto iam sendo monitoradas pelo grupo

gestor por meio de reuniões periódicas. Nos intervalos entre uma feira e outra, o grupo apresentava os resultados de cada ação, a partir de dados e informações como números de atendimentos feitos pelas secretarias; percepção dos moradores sobre a funcionalidade da feira, a partir de entrevistas feitas com os participantes; repercussão do projeto na mídia, por meio de matérias divulgadas na imprensa, entre outros. A partir desse processo de monitoramento participativo, o grupo pôde reavaliar as estratégias adotadas, identificar novos caminhos para alcançar os resultados previstos e, principalmente, se corresponsabilizar pela solução dos problemas encontrados, dividindo atribuições e atividades.

Esse processo trouxe inúmeros aprendizados para o município, o que pode ser conferido em depoimentos como o de Mirian Souza, 16 anos, moradora de Itinga, que integrou o grupo gestor: “Foi na minha participação no Projeto Travessia Cidadã que eu descobri que para praticar políticas públicas não precisava estar aliada a um partido político e sim articular e lutar pelos direitos que vêm sendo violados e para fazer tudo isso basta ser um agente multiplicador dos seus conhecimentos, passando para frente tudo o que aprendeu”.

Monitoramento participativo: desafio que garante resultados

Embora sejam muitas as dificuldades para se assumir a participação social como prioridade, os ganhos posteriores e o nível de envolvimento da comunidade se configurarão em um legado que, aos poucos, tornará as práticas compartilhadas de monitoramento e avaliação imprescindíveis na gestão de qualquer iniciativa para o desenvolvimento local com base no desenvolvimento humano.

Todos os envolvidos no processo deverão ter oportunidade de monitorar e avaliar a implantação da ação. Assim, é possível identificar os efeitos e impactos alcançados, de modo que seja possível agregar, continuamente, valor ao que está sendo executado. Isso representa um aumento da capacidade governamental de responder às demandas da gestão da Convivência e Segurança Cidadã.

Em resumo, os processos de Monitoramento e Avaliação em iniciativas de Convivência e Segurança Cidadã possibilitam:

Gerar informações fidedignas sobre os resultados alcançados;

Identificar restrições ou dificuldades enfrentadas na implantação;

Checar o atendimento a diretrizes, ações e alcance de metas nos tempos previstos;

Aperfeiçoar a utilização dos recursos.

Potencializar os resultados;

Promover uma gestão transparente do processo;

Corresponsabilizar os atores para a execução das atividades e alcance dos efeitos e impactos esperados;

Maximizar o aprendizado sobre mudanças, quando necessárias, melhorando as chances de sucesso.

SAIBA MAIS SOBRE O PNUD

O PNUD é a rede de desenvolvimento global da Organização das Nações Unidas. Faz parcerias em todas as instâncias da sociedade para ajudar na construção de nações que possam resistir a crises, sustentando e conduzindo um crescimento capaz de melhorar a qualidade de vida para todos. Presente em mais de 170 países e territórios, o PNUD oferece uma perspectiva global aliada à visão local do desenvolvimento humano para contribuir com o empoderamento de vidas e com a construção de nações mais fortes e resilientes.

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indicadores que identificam a situação do território antes da implementação do projeto. Já as metas descrevem as mudanças desejadas e, por isso, precisam ser apresentadas de forma clara e objetiva.

É bom lembrar que, dependendo do tipo de iniciativa – política, programa, projeto –, o monitoramento terá dimensões diferenciadas. Por exemplo, em uma política de Convivência e Segurança Cidadã, poderá ser feito o monitoramento de um programa específico que tenha grande repercussão na mudança de cultura. Em um território que apresenta

como grande gerador de violência práticas inadequadas no trânsito, desenvolve-se um programa de educação no trânsito com diversos projetos específicos, como campanhas, fiscalização, educação na escola, entre outros. O monitoramento poderá verificar cada projeto individualmente ou o programa como um todo.

Monitorar e avaliar de modo a garantir uma boa Gestão para Resultados de Desenvolvimento exigem a observância de princípios e conceitos importantes. A seguir, são listados alguns deles.

Sem um planejamento adequado e sem uma articulação com os resultados desejados não fica claro o que deve ser monitorado nem como fazê-lo, o que compromete o monitoramento;

Sem um planejamento eficaz, com resultados bem definidos, a base da avaliação é fraca, o que compromete a avaliação;

Sem um monitoramento atento, não se podem coletar os dados necessários, o que compromete a avaliação;

O monitoramento é necessário, mas não suficiente, para a avaliação;

O monitoramento facilita a avaliação, mas a avaliação utiliza

compilação de dados adicionais e diferentes quadros para análise;

O monitoramento e a avaliação de um programa, muitas vezes, podem apontar para a necessidade de mudanças em suas ações. Isso pode significar mudanças na coleta de dados para o monitoramento.

ALGUMAS DICAS IMPORTANTES SOBRE AS RELAÇÕES E DEPENDÊNCIAS ENTRE PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Fonte: PNUD, 2009

COMO MONITORAR E AVALIARO monitoramento e a avaliação são práticas complementares e interdependentes. Por isso, há necessidade de se estabelecer com cuidado o desenho da ação, considerando as demandas de informações que irão orientar tanto sua implementação quanto seu acompanhamento. Um bom planejamento permite definir objetivos e alcance da ação e articular com clareza as atividades aos resultados esperados, o que potencializa o monitoramento e a avaliação. Reduz, também, a chance de problemas inesperados, além de estimular a participação e compromisso dos atores sociais envolvidos na iniciativa. Elaborar um bom planejamento, portanto, é fundamental para garantir que os processos de monitoramento e avaliação sejam bem realizados e, desta forma, se obtenha uma Gestão para Resultados de Desenvolvimento.

O planejamento de programas e projetos de Convivência e Segurança Cidadã prevê a elaboração de um Plano Integral e Participativo , feito a partir do Diagnóstico Integral e Participativo. O principal objetivo do Plano é a redução da criminalidade

e da violência em um determinado território. Para isso, são definidas diretrizes, ações e metas visando à prevenção e o enfrentamento da violência e da criminalidade, por meio da atuação integrada entre poder público, comunidade local, sociedade civil organizada e setor privado. Tais diretrizes, ações e metas ainda são desdobradas em projetos elaborados e implementados de modo participativo desde o planejamento até a execução.

Dessa forma, o Plano é uma ferramenta que define o conjunto de as ações que serão realizadas, relacionando compromisso e responsabilidades dos diversos atores sociais envolvidos, além dos prazos e recursos necessários para a implementação. Ao definir as ações que serão detalhadas em programas e projetos, ele traça caminhos a serem trilhados para o alcance das mudanças desejadas. Esses caminhos, para que possam ser acompanhados, precisam de marcos que sinalizarão a fase na qual se está chegando. Estes marcos são chamados de indicadores e têm uma articulação direta com as estratégias apresentadas no Plano. A linha de base, por exemplo, contém

Leia mais no Guia do Diagnóstico Integral e Participativo

Leia mais no Guia do Plano Integral e Participativo

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As avaliações intermediárias e finais normalmente devem ser focadas nos resultados que possam mostrar mudanças mais rápidas, de acordo com o plano de trabalho e as metas a alcançar.

Eficácia, Eficiência e Efetividade | A eficácia observa a implementação do projeto em relação ao alcance dos efeitos para os beneficiários.

A eficiência, por sua vez, observa a forma como foram utilizados os recursos econômicos e insumos na promoção dos resultados, observando a relação entre os custos do projeto e efeitos. A efetividade observa se o que precisava ser modificado com a iniciativa alcançou o objetivo maior e se foi percebido pelas pessoas envolvidas com a iniciativa, principalmente aquelas para quem a iniciativa foi pensada.

Respeitar o contexto e as características da comunidade em sua dinâmica social possibilita envolvimento e criatividade no processo de participação

social .

EFICIÊNCIA | Condição e aptidão em selecionar e usar adequadamente os meios para executar uma tarefa proposta da melhor maneira possível, ou seja, com menos desperdício, em menor tempo, ou com características de maior qualidade (GROSSMANN, 2013). A obtenção de resultados ocorre quando se fazem bem as tarefas, se administram os custos, se reduzem as perdas e o desperdício, sem o desgaste ou sacrifício de recursos, sejam estes tangíveis ou não tangíveis (tempo, recursos naturais, solidariedade humana, confiança etc.). Relaciona-se tanto à realização de atividades para obtenção ou alcance de algo com menor custo, quanto à obtenção de um resultado maior com o custo inicialmente orçado (ZIMMERMANN, 2003). É um conceito com caráter relativo – pode haver mais ou menos eficiência. Pode-se dizer que ser eficiente é fazer a coisa da maneira certa (BARBOSA, 2013).

EFICÁCIA | É o alcance de objetivo ou meta (GROSSMANN, 2013), sem condicionar os resultados ao custo ou ao uso dos recursos (ZIMMERMANN, 2003), independentemente do esforço e do tempo que isso pode levar. Refere-se ao processo de escolha, de tomada de decisão para a obtenção de resultados por meio da ênfase nos

próprios resultados e nos objetivos a serem alcançados, com a exploração máxima do potencial dos processos. Significa a otimização das tarefas com a agilização de recursos para alcançar o resultado esperado (BARBOSA, 2013). É um conceito com caráter absoluto – há, ou não há eficácia. Pode-se dizer que ser eficaz é: fazer a coisa certa. (BARBOSA, 2013).

EFETIVIDADE | É a capacidade de se executar o que foi proposto (eficácia) da melhor maneira possível (eficiência) (GROSSMANN, 2013) para, de fato, alcançar a finalidade do plano/programa/projeto ou o impacto de desenvolvimento esperado (ZIMMERMANN, 2003). É, também, a capacidade de atender às expectativas de um pequeno grupo, uma comunidade ou uma sociedade inteira pela obtenção de resultados por meio da ênfase na percepção das pessoas para quem a ação é voltada. É um conceito-caráter comprovatório, o que significa que depende da satisfação das pessoas envolvidas e beneficiárias obtida pelos resultados alcançados na prática (BARBOSA, 2013). Pode-se dizer que ser efetivo é fazer a coisa certa de maneira certa para tornar as coisas melhores.

PRINCÍPIOS

Participação Social | Assegurar a participação ampla dos diversos atores sociais (representantes do poder público, comunidade, sociedade civil organizada e setor empresarial), em todas as etapas da iniciativa, com forte contribuição da comunidade, de modo consultivo, e de seus representantes, de modo deliberativo, o que favorece a apropriação da iniciativa pelo governo, comunidade e sociedade civil organizada, fortalecendo, assim, a capacidade institucional do governo.

Relevância e Aplicabilidade | Para serem relevantes, o monitoramento e a avaliação devem ser planejados para responder às demandas de Convivência e Segurança Cidadã consideradas importantes para a comunidade e os beneficiários da ação; e para solucionar os problemas identificados por eles. É preciso ter em vista também se o conteúdo do programa é consistente com as políticas e se as estratégias e abordagens adotadas são relevantes.

Adaptabilidade às Condições Locais | O planejamento deve considerar os contextos institucionais, sociais e econômicos nos quais a ação será desenvolvida. Isso envolve uma análise da disponibilidade e do grau de conhecimento dos atores sociais locais, bem como da possibilidade de acesso às informações e a capacidade

de disponibilização de recursos financeiros. Um bom planejamento também deve ser flexível, ou seja, ele orienta a ação, mas pode ter suas etapas, fases e procedimentos modificados, de acordo com as condições locais.

Sustentabilidade das Ações | Quando se planeja uma iniciativa de Convivência e Segurança Cidadã, visa-se a uma Gestão para Resultados de Desenvolvimento que busca garantir um Desenvolvimento Humano Sustentável. Portanto, é importante considerar as probabilidades de os efeitos continuarem a ocorrer depois de finalizada a iniciativa, até a consolidação do impacto desejado e, desse modo, novas práticas sejam apropriadas por todas as pessoas envolvidas no processo, de modo que permaneçam e sejam ampliados os resultados conquistados.

Tempo e Oportunidades | A implementação de um programa em Convivência e Segurança Cidadã, ou de um Plano em sua totalidade e os seus diferentes projetos, indica o prazo que é necessário para o alcance de determinados resultados e este é um importante elemento que deve ser considerado para a definição da frequência do monitoramento e dos momentos adequados de avaliação.

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

É entendida como “o processo mediante o qual as diversas

camadas sociais têm parte na produção,

na gestão e no usufruto dos bens de uma sociedade

historicamente determinada”

(BORDENAVE, 1983). Participar significa ter e tomar parte

nas diferentes etapas do processo

de desenvolvimento social, econômico,

político e cultural de um território.

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das atividades não se constitui, necessariamente, num resultado de desenvolvimento. As atividades devem estar relacionadas à criação de produtos ou bem de serviços tangíveis que, por sua vez, contribuirão para o alcance dos efeitos e do impacto.

Insumos | São os recursos necessários para a execução das atividades, sejam eles físicos, humanos, materiais, sejam tecnológicos. Devem ser identificados os insumos já existentes ou o investimento que deve ser feito para obtê-los.

TERMINOLOGIA EM GPRD PERGUNTAS ORIENTADORAS E TERMOS RELACIONADOS

ORIENTAÇÃO BÁSICA PARA UM QUADRO DE RESULTADOS

Impacto TERMOS: Visão, meta geral, objetivo, efeito em longo prazo, resultados em longo prazo

PERGUNTAS: O que pretendemos alcançar? Por que estamos trabalhando neste problema? Qual é a nossa meta geral?

Efeito TERMOS: Primeiro resultado positivo ou resultado imediato, resultados intermediários, pré-requisitos, resultados em curto e médio prazos

PERGUNTAS: Em que situação queremos estar em cinco anos? O que queremos mudar de modo mais imediato? O que devemos ter antes que possamos alcançar nossos objetivos e gerar um impacto?

Produto TERMOS: Intervenções, programas, projetos PERGUNTAS: O que precisamos produzir ou proporcionar com os

programas ou projetos para alcançarmos os resultados em curto e médio prazos? O que devem fazer as diferentes partes interessadas?

Atividades TERMO: Ações PERGUNTAS: O que deve ser feito para obtenção dos produtos?

Insumos TERMO: Recursos PERGUNTAS: O que é preciso fazer para executar ou obter o produto?

Metas TERMOS: Mudanças previstas, transformações esperadas, alcance PERGUNTAS: Quais os avanços que se pretende alcançar em termos de

quantidade (percentual ou relativa) e em quanto tempo?

Indicadores TERMOS: medida, medição de desempenho, padrão de desempenho PERGUNTAS: Como sabemos se estamos bem encaminhados para

alcançar o que temos planejado?

Meios de Verificação TERMOS: Fontes de informação, evidências PERGUNTAS: Qual a informação necessária para medir nosso

desempenho? Quanto custará para obter esta informação? A informação permite um acompanhamento?

Fonte: PNUD, 2009.

CONCEITOSImpactos | São analisados os efeitos em médio e longo prazos, inclusive direta ou indiretamente, positiva ou negativamente, intencionais ou não. São as mudanças previstas ou reais que se relacionam com o objetivo geral do plano, programa ou projeto. No caso de iniciativas de Convivência e Segurança Cidadã, cujo foco é o desenvolvimento humano, o impacto vai se relacionar às mudanças substanciais e diretas que alteraram, em alguma medida, a vida das pessoas. O impacto desejado é que o território saia da situação de violência para uma situação de cultura de paz, como demonstra o diagrama conceitual da violência multicausal. Para que tais mudanças sejam observadas, normalmente é necessário um período de cinco anos.

Efeitos | Mudanças intermediárias ao impacto – previstas ou reais – que se relacionam aos objetivos específicos. São os avanços necessários para que o impacto seja alcançado. Os efeitos se relacionam às mudanças no desempenho institucional e no comportamento de indivíduos ou grupos. Os resultados de efeitos estão entre os resultados de produtos e os resultados de impacto, podendo ser

efeitos imediatos, intermediários ou em longo prazo. Quando se tratar do marco conceitual de Convivência Cidadã, os temas dos seis eixos individuais e dos dois eixos transversais serão amplamente observados em nível de efeitos, como, por exemplo, o alcance obtido de melhoria da eficiência e eficácia da capacidade institucional e do nível de participação social. Para que essas mudanças sejam percebidas, normalmente é necessário um período entre três e cinco anos.

Produtos | São resultados de desenvolvimento em curto prazo, gerados por projetos e outras atividades. É importante identificar aqueles produtos que, possivelmente, trarão maior contribuição para o alcance dos efeitos. Num Plano, os produtos são os programas e projetos que foram elencados. Devem ser concluídos dentro dos prazos estabelecidos no próprio Plano, e monitorados e avaliados, conforme o tempo necessário para sua execução. A observação dos insumos deve ocorrer durante todo o processo de execução.

Atividades | Descrevem as ações necessárias para a obtenção dos produtos planejados. A realização

Leia mais no Guia do Marco Conceitual

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Monitoramento e avaliação de resultados de produtos e processo

ETAPA Ação de Monitoramento e Avaliação Possíveis Perguntas 0rientadoras

O que estamos conseguindo realizar? Quais pessoas estão sendo envolvidas ou

alcançadas no processo? Há ações que precisam ser melhoradas? Cada ação alcançou o máximo que podia? Quais indicadores demonstram a eficiência e

eficácia do que se tem realizado?

O que foi executado até a metade do processo de implementação da iniciativa tem sido eficiente?

Os produtos previstos foram executados e têm alcançado o desempenho esperado?

Quais ajustes são necessários e quais modificações operativas são necessárias para a retomada do rumo da iniciativa para o alcance dos resultados pretendidos?

O que foi executado até a metade do processo de implementação da iniciativa tem sido eficiente?

Os produtos previstos foram executados e têm alcançado o desempenho esperado?

Quais ajustes são necessários e quais modificações operativas são necessárias para a retomada do rumo da iniciativa para o alcance dos resultados pretendidos?

Quais avanços quantitativos e qualitativos foram conquistados com a iniciativa?

O que estava previsto e não se conseguiu que fosse executado?

A iniciativa foi eficiente? Foi eficaz? A iniciativa tem sustentabilidade? Existem novas ações que são necessárias

para complementar ou ampliar o período de execução da iniciativa?

Quais foram as lições aprendidas? Quais foram as ações identificadas como boas

práticas?

Avaliação de meio-termo

Avaliação de meio-termo

Avaliação final

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DURANTE A EXECUÇÃO DO PLANO/PROGRAMA OU PROJETO

ETAPAS DO PROCESSO É importante que o monitoramento e a avaliação ocorram desde o início da implementação do programa ou projeto de Convivência e Segurança Cidadã, dialogando diferentemente e de forma transversal com cada etapa do processo. Os níveis de aprofundamento devem responder ao que se busca observar, lembrando que todas as etapas são realizadas de

forma articulada e complementar. O quadro a seguir apresenta, de forma sucinta, algumas sugestões de em qual etapa e quando o monitoramento pode ocorrer. Porém, cada iniciativa tem suas próprias características e por isso se devem definir os processos de monitoramento e avaliação de acordo com suas capacidades e necessidades.

NO DIAGNÓSTICO

DURANTE A EXECUÇÃO DO PLANO/PROGRAMA OU PROJETO

Elaboração de Linha de Base – Identificação de indicadores básicos que nortearão o desenho da proposta e nortearão todo o monitoramento e a avaliação da iniciativa de modo comparativo

ETAPA Ação de Monitoramento e Avaliação Possíveis Perguntas 0rientadoras

Quais os problemas e condições existentes? Quais as características do contexto no qual

ocorrerá a iniciativa que explica a dinâmica local? Quais as prioridades e importância da iniciativa

em relação à comunidade envolvida? Que demandas e expectativas a comunidade

apresenta? Quais as estatísticas e os dados que melhor

caracterizam o contexto e orientam a proposta? Quais indicadores poderão nortear o processo

de monitoramento e avaliação em todas as etapas de implementação e depois de implementada toda a proposta?

Quais as mudanças que se quer alcançar? O que é necessário para alcançar as mudanças

desejadas? Quais as pessoas que estarão envolvidas nas

ações? Quais indicadores demonstrarão os

desempenhos alcançados no processo? São necessários outros indicadores além dos

da linha de base?

Identificação de indicadores para o monitoramento e a avaliação em todas as etapas

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MOBILIZAÇÃO

Um processo de monitoramento e avaliação feito de forma participativa e que acompanhe todas as etapas de elaboração e execução de um plano, programa ou projeto de Convivência e Segurança Cidadã é um caminho importante para garantir a continuidade e a sustentabilidade das ações, principalmente em cenários em que ocorrem mudanças de gestão durante a realização da iniciativa. O município de Vitória (ES) deu um exemplo de como isso é possível. No âmbito do Programa Conjunto Segurança com Cidadania (2009-2013), a troca da gestão municipal tornou-se uma oportunidade inesperada de avaliação da metodologia utilizada no desenvolvimento de projetos na área de Convivência e Segurança Cidadã e gerou uma ação de monitoramento promovida pela Comissão de Comunicação e Mobilização Social Puxaí. O prefeito eleito, antes de tomar posse, realizou audiências públicas nas regiões administrativas do município, com o objetivo de ouvir as principais demandas da população local. A Comissão – composta principalmente por lideranças locais e jovens da região de São Pedro – aproveitou essa oportunidade para fazer a entrega do Plano ao novo prefeito, apresentando-o como uma demanda da comunidade local. Assim, de posse e conhecimento do Plano, o poder público e a sociedade civil podem verificar, ao

longo do tempo, se o que foi acordado estava sendo realizado, fazendo, desta forma, um exercício de monitoramento dos resultados para o desenvolvimento.

Processo semelhante aconteceu em Contagem (MG) e em Lauro de Freitas (BA), municípios que também participaram do Programa. Em ambos, foram criadas comissões locais de Comunicação e Mobilização Social. Formadas, em sua maioria, por lideranças comunitárias e jovens, as comissões deram um grande salto no processo de avaliação e monitoramento das ações e dos projetos previstos no Plano. Em Lauro de Freitas (BA), foram realizados encontros para estudo do Plano, que reuniram policiais militares, lideranças comunitárias, agentes de saúde e representantes de ONGs, entre outros. O Plano foi entregue pelo grupo à Comissão de Transição do prefeito eleito. Foi iniciado, também, nos três municípios, um processo de construção coletiva de conteúdos para compor uma Cartilha do Plano Integral de Convivência e Segurança Cidadã, com dicas e informações para orientar as pessoas a exercerem o seu papel de cidadãs no acompanhamento do cumprimento do Plano, buscando garantir que as ações e projetos previstos sejam executados.

Sustentabilidade das ações em segurança: monitoramento como grande aliado

DEPOIS DA EXECUÇÃO DO PLANO/PROGRAMA OU PROJETO

Monitoramento e avaliação de resultados de efeitos

Monitoramento e avaliação de resultados de impacto

ETAPA Ação de Monitoramento e Avaliação Possíveis Perguntas 0rientadoras

Os resultados alcançados já criam mudanças institucionais que contribuirão para a mudança geral proposta?

Os resultados alcançados são percebidos e vivenciados pelas pessoas e grupos em termos de mudanças comportamentais necessárias ao alcance da mudança geral proposta?

Segue-se o caminho para o desenvolvimento previsto ou novas ações serão necessárias?

Quais indicadores demonstram as mudanças intermediárias realizadas que apontam para o alcance da mudança geral proposta?

Qual a efetividade e a sustentabilidade da mudança geral alcançada?

Quais as lições e recomendações derivadas da iniciativa?

Comparando o antes e o depois, a mudança geral pretendida foi apropriada e está sendo vivenciada por organizações, grupos e pelas pessoas, individualmente?

Houve alcance do desenvolvimento humano pretendido?

Quais indicadores são necessários para demonstrar a efetividade e a sustentabilidade da mudança geral alcançada com a iniciativa?

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ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO

Um Plano de Trabalho de Monitoramento e Avaliação é fundamental para garantir a boa articulação entre etapas, responsáveis e prazos. É um instrumento que orienta o processo permanente de planejamento durante e depois da execução de determinada iniciativa. Por isso, é importante:

1. Realizar um alinhamento metodológico e conceitual de modo a garantir o envolvimento e o comprometimento dos atores sociais e de pessoas que interagem na iniciativa em questão por meio de curso de Monitoramento e Avaliação de Projetos de Convivência e Segurança Cidadã. Este curso, quanto mais no início do processo for realizado, melhor, pois contribui com a construção de uma nova cultura de gestão, além de instrumentar para uma leitura bastante cuidadosa da realidade, bem como de suas potencialidades e desafios, ações necessárias para a elaboração de um Plano de Monitoramento e Avaliação.

2. Responder às seguintes questões: O que vai ser monitorado e avaliado? Com que finalidade irá monitorar

e avaliar?

Que aspectos da iniciativa é preciso conhecer melhor e investigar? Como e quando serão feitas a

obtenção e a coleta de informações? Como e por quem serão analisadas

as informações coletadas? Para quem e como serão

comunicados os resultados das análises? Como e quem tomará as decisões

com base no que foi descoberto?

3. Identificar processos criativos para a garantia da realização do Monitoramento e Avaliação de forma integrada.

4. Elaborar o Plano de Trabalho, que deve: Propor atividades, produtos e

resultados; Definir pessoal e recursos financeiros

necessários para as atividades de monitoramento e avaliação, e a contrapartida de cada setor envolvido; Observar os resultados esperados

em curto, médio e longo prazos;

Definir os processos de acompanhamento e avaliação local dos avanços a serem alcançados com cada programa ou projeto do Plano, até a finalização do período estabelecido;

PASSO A PASSO

Para garantir que os processos de monitoramento e avaliação em iniciativas de Convivência e Segurança Cidadã sejam realizados de forma satisfatória, sugere-se o cumprimento de alguns procedimentos. É importante ressaltar que as etapas são apresentadas separadamente de forma didática, para que possam ser mais bem compreendidas. No entanto, elas podem ocorrer simultaneamente algumas vezes; por exemplo, se um plano de Convivência

e Segurança Cidadã tem sua duração prevista para cinco anos e um dos eixos trabalhados tenha seus programas concluídos em um ano, os efeitos já poderão ser monitorados e avaliados três anos depois de terminado o programa, ou seja, um ano antes da finalização do Plano. Por outro lado, os efeitos relativos a todo o plano só poderão ser observados três anos depois da finalização do próprio plano. O infográfico abaixo ilustra um modelo de passo a passo do monitoramento e da avaliação.

• Revisar o contexto político e operativo

• Definir papéis e responsáveis

• Elaborar de modo participativo um Plano de Trabalho de Monitoramento e Avaliação

• Reforçar a data de início do processo

• Recolher dados em ou por meio de:

• relatórios financeiros

• relatórios de atividades

• entrevistas

• relatório de visitas técnicas

• outras fontes

• Comparar o planejado e o observado

• Identificar o motivo do que foi alcançado e do que não foi alcançado

• Sugerir caminhos para recuperar os desvios e atrasos

• Identificar instrumentos que podem facilitar o monitoramento e a avaliação e estimular a participação social (ex: cartilhas; caderno do território; diário de bordo)

• Checar quais instrumentos melhor se adaptam à realidade local

• Informar aos gestores, às pessoas envolvidas, à comunidade e aos demais interessados:

• resultados da coleta dos indicadores

• alcances e não alcances do plano/programa/projeto

• sugestões de caminhos para recuperar os desvios e atrasos

• Usar os dados e a informação do monitoramento na gestão e tomada de decisões

ETAPAS DO MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO

SOCIALIZAÇÃO DE RESULTADOS

COLETA DE INDICADORES

ANÁLISE COMPARATIVA

DEFINIÇÃO DE INSTRUMENTOS

REPLANEJAMENTO DA INICIATIVA

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responder à questão “se” ou “quanto” progresso tem sido feito para alcançar os objetivos declarados. O uso de indicadores oferece uma visão do processo, identificando o desempenho do Plano de Trabalho e os resultados alcançados.

Algumas características devem ser atendidas na definição e seleção do indicador. São elas:

Ser significativo;

Ter objetividade e coerência;

Ser sensível às mudanças no tempo;

Ser de fácil mensuração, o que significa basear-se em informações acessíveis e de baixo custo;

Ser centrado em aspectos práticos, o que implica ser de fácil compreensão e gerar resultados facilmente apropriados;

Ter fontes seguras e diversificadas.

Além disso, é preciso observar:

A qualidade do indicador é mais importante do que a quantidade, pois o excesso de indicadores dificulta a sistematização e a interpretação dos dados;

Para cada etapa do processo – desenvolvimento de capacidades, diagnóstico, planejamento, implementação, monitoramento e avaliação, comunicação e

mobilização social e sistematização – devem ser definidos indicadores próprios que ajudem a conhecer o cumprimento dos objetivos e o alcance dos resultados;

Os indicadores devem traduzir a temática trabalhada, neste caso, Convivência e Segurança Cidadã.

Os indicadores podem ser quantitativos ou qualitativos. Como são processos distintos, há indicadores específicos para o monitoramento e para a avaliação, embora os indicadores de monitoramento sejam referências para a avaliação. Os indicadores de monitoramento atuam como sinalizadores para mostrar o que precisa ser investigado mais cuidadosa e profundamente nas avaliações. Estas, por sua vez, abordarão como foi feito, como poderia ser feito de uma melhor maneira, se foi importante para a comunidade, se a iniciativa tem sustentabilidade e, sobretudo, se sinalizarão seus resultados e mudanças (efeitos e impactos). No entanto, algumas vezes os indicadores definidos no monitoramento não são suficientes para aprofundar questões de processo que a avaliação pode estar querendo responder, sendo necessário estabelecer outros indicadores para isso. Alguns deles podem ser conferidos a seguir.

Leia mais no Guia de Sistematização

Definir o modo com que esse processo de monitoramento e avaliação possa ser apropriado pelos interlocutores e pontos focais nas zonas de trabalho; Considerar as dificuldades e os

pontos positivos existentes; Estabelecer prazos para a

análise dos avanços que vão sendo alcançados;

Observar a seleção de indicadores e metas anuais para alcance de produtos e resultados, bem como a identificação das prioridades; Estabelecer prazos para

proposição e execução de ajustes identificados como necessários ao bom desenvolvimento da iniciativa.

COLETA DE INDICADORES

No planejamento de iniciativas de Convivência e Segurança Cidadã é importante identificar instrumentos de medição que vão demonstrar o que mudou em um determinado período no contexto que está sendo monitorado e avaliado. Esses instrumentos são os já referidos indicadores. Os indicadores são peças-chave de qualquer monitoramento e avaliação e, apesar de serem considerados complicados, devem ser pensados e definidos no Plano de Monitoramento e Avaliação de modo que todos possam compreendê-los e utilizá-los. Fotografias, por exemplo, podem funcionar como instrumentos de medição: ao serem colocadas em sequência, demonstram a evolução ou retrocesso de determinada situação.

Se o objetivo do monitoramento, no entanto, for identificar o aumento do envolvimento de jovens na discussão de temáticas relacionadas à Convivência e Segurança Cidadã, pode-se definir como instrumento de medição, por exemplo, o número de jovens participantes de Rodas de Diálogo sobre violência. Se, anteriormente, fora definido como meta 400 jovens de determinada comunidade como participantes das rodas, pode-se, a cada dois meses verificar quantos jovens têm frequentado as atividades. Isso demonstrará se o nível de participação tem aumentado ou diminuído.

Dessa forma, como já dito, um indicador é um marco, uma referência, uma medida que possibilita que se verifique o desenrolar de determinado fenômeno ou situação. Por isso, é usado para

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pergunta-se: O facilitador tem uma metodologia pouco atrativa? A turma é muito heterogênea, em termos de idade? Os assuntos são inadequados

para a Roda de Diálogo? Essas são algumas possibilidades de questões a serem feitas e respondidas pela avaliação.

INDICADORES E SEUS MEIOS DE VERIFICAÇÃO

Para que os resultados propostos possam ser observados pelos indicadores é necessário que esses resultados possam ser mensuráveis e que, para isso, possuam meios de verificação correspondentes. Isso significa que os dados e as informações devem estar facilmente disponíveis. Assim, não adianta pensar em fotografias, se não houver possibilidade de realizar registros sistemáticos, assim como não é possível saber se houve mudança na quantidade de atendimentos às mulheres, se esses atendimentos não forem registrados e sistematizados pelos responsáveis. Por isso, é importante lembrar que, ao definir indicadores, é preciso considerar como os dados serão coletados durante o processo de monitoramento e avaliação.

Observar os meios de verificação é fundamental, pelos motivos listados a seguir.

Meios de verificação bem definidos evitam que haja definição de metas e objetivos demasiados;

Meios de verificação acessíveis, a partir de informações facilmente disponibilizadas, contribuem para delimitar com mais precisão o alcance do projeto e, consequentemente, demonstrar o nível de sucesso da iniciativa;

Tipos de informações que serão necessárias para garantir a obtenção de resultados, definidos com clareza, bem como custos necessários e o esforço para obtê-los, contribuem para não pôr em risco a integridade da iniciativa;

Resultados e indicadores baseados em dados mensuráveis e verificáveis de forma independente evitam que se questione até que ponto a iniciativa é realista ou executável;

Meios de verificação definidos de forma participativa e interativa contribuem para a compreensão e o apoio à iniciativa, bem como para o conhecimento, por parte dos envolvidos e interessados – quesito fundamental para a verificação da obtenção dos resultados.

INDICADORES DE MONITORAMENTO

INDICADORES DE LINHA DE BASEInformam sobre o contexto existente na implantação do programa ou projeto e servem de referência para comparação posterior, à medida que demonstram a situação encontrada e indicam o caminho a ser seguido para solucioná-la, como: número de jovens desempregados; número de projetos de lazer que atendem à comunidade; taxa de homicídio, entre outros.

INDICADORES DE PROCESSOInformam sobre a dinâmica das ações e atividades realizadas, ou seja, recursos e insumos utilizados, aproveitamento das capacitações, avaliação qualitativa das ações, parcerias envolvidas, análise realizada pelos atores sociais envolvidos. Desta forma, demonstram se a ação está no caminho certo e se os passos dados conferem. Número de jovens

participantes das ações formativas, percentual de projetos voltados para enfrentamento à violência contra a mulher iniciados ou fortalecidos são alguns exemplos de indicadores de processo.

INDICADORES DE RESULTADOApontam o grau em que os objetivos e metas foram alcançados, tais como: resultados de produtos (exemplo de número de cursos realizados e quantidade de programas implantados, entre outros); ou resultados de efeito, por exemplo, nível maior de respeito às leis de trânsito; ou, ainda, resultados de impacto na população beneficiada, como, por exemplo, a redução da violência. Assim, demonstram se o trabalho alcançou o objetivo esperado e verificam até que fase se conseguiu chegar.

INDICADORES DE AVALIAÇÃO

A definição de indicadores para avaliação deve ser feita em função dos aspectos que se quer avaliar, medir ou acompanhar, de acordo com critérios de resultados de eficiência, eficácia e efetividade. Uma boa definição de indicadores contribui para um conhecimento aprofundado das organizações e dos sistemas

que se quer transformar, sinalizando dificuldades, facilidades e tendências a serem mantidas ou reorientadas.

No exemplo anterior de monitoramento de jovens das Rodas de Diálogo, é preciso saber por que a frequência está ou não sendo atendida. Em caso negativo,

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ImpactoConvivência Cidadã e Cultura de Paz consolidadas no território

Efeito 1 – Eixo Prevenção dos Fatores de Risco – Juventude com atuação no mercado de trabalho assegurada

Produto 1 Jovens participativos e atuantes nos projetos e atividades técnico-profissionalizantes

Taxas de criminalidade que envolva crianças, adolescentes e jovens de 10 a 24 anos (homicídio, agressão, ameaça e crime contra o patrimônio)

Número de programas/projetos de inserção profissional para a juventude em funcionamento

Número de jovens atendidos

Número de jovens inseridos no mercado de trabalho

Sentimento de segurança profissional dos jovens

Número de cursos profissionalizantes para jovens

Número de jovens do território em cursos técnicos profissionalizantes

% de empregabilidade dos jovens em 2016

Índice de Homicídio na Adolescência (IHA) – 8,23 em 2008

5 programas/projetos de inserção profissional para a juventude existentes e funcionando

204 jovens atendidos nos programas existentes

26 jovens sentindo-se seguros no mercado de trabalhoEm 2008

Nenhum curso profissionalizante para jovens

Nenhum jovem do território em cursos técnicos profissionalizantes

11% dos jovens empregados

Reduzir as taxas de criminalidade em 30% até 2013

Criar 7 projetos para a juventude

Ampliar 3 projetos para a juventude

Atender mais 1.350 jovens em projetos

100 jovens sentindo-se seguros no mercado de trabalho até 2013

2 cursos profissionalizantes para jovens

450 jovens do território em cursos técnicos profissionalizantes

35% dos jovens empregados

IHA

Relatórios técnicos das Secretarias de Cultura, Educação, Desenvolvimento Social e Saúde

Relatórios técnicos da secretaria de Educação

Pesquisa de empregabilidade

RESULTADOS INDICADORES LINHA DE BASE METAS MEIOS DE VERIFICAÇÃO

QUADRO DE RESULTADOS EM CONVIVÊNCIA E SEGURANÇA CIDADÃ ANÁLISE COMPARATIVA

Para a realização do monitoramento e avaliação, é necessário realizar análises comparativas que demonstrarão o avanço ou não avanço no processo. Nesse sentido, a análise comparativa deve:

Comparar o planejado e o observado – até que ponto o que foi planejado está sendo observado? As informações levantadas são fidedignas com a realidade?

Identificar o motivo do que foi alcançado e do que não foi alcançado, buscar compreender quais os fatores que interferiram

positivamente ou negativamente para o desenvolvimento do processo: Existem dificuldades que estão impedindo a realização das ações? São dificuldades de qual ordem (financeira, de pessoal, de parcerias)? Qual setor está mais afinado e comprometido? O que podemos aprender com a prática do que foi feito?

Sugerir caminhos para recuperar os desvios e atrasos.

Confira um exemplo de quadro de resultados que pode orientar um monitoramento na tabela ao lado.

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DINÂMICA DA AVALIAÇÃO DE RESULTADOS PARA O DESENVOLVIMENTO

AVALIAÇÃO DE PROCESSODurante a execução do Programa ou Projeto – Realizada pelos executores

Realizada durante todo o processo de implantação; Avalia continuamente as reações das pessoas envolvidas e os efeitos dos produtos ou das atividades, durante ou depois da sua execução.

AVALIAÇÃO ANTERIOR OU EX-ANTE (Diagnóstico/Linha de Base)

Antes do início da iniciativa - Realizada pelos propositores e envolvidos

Apreende características do contexto, demandas e expectativas locais; Orienta resultados da ação, com dados e estatísticas relevantes; Garante coerência entre os objetivos, estratégias e resultados pretendidos; Identifica viabilidade da iniciativa; Aponta indicadores de avaliação para medir o efeito da iniciativa nas demais etapas.

AVALIAÇÃO DE MEIO-TERMO OU INTERMEDIÁRIANa metade do tempo da iniciativa - Realizada por pessoa externa

Analisa a eficiência das realizações e dos processos de implementação; Afere o desempenho e os produtos da ação; Orienta possíveis ajustes com modificações para alcance dos resultados pretendidos.

AVALIAÇÃO FINALNo término da iniciativa - Realizada por pessoa externa

Analisa eficiência, eficácia e sustentabilidade; Orienta as mudanças necessárias; Identifica a necessidade de novas ações para completar ou ampliar o projeto.

AVALIAÇÃO DE EFEITODepois do término da iniciativa (cerca de 3 anos) - Realizada por pessoa externa

Analisa se os resultados obtidos apontam para o alcance da mudança prevista; Verifica as mudanças ocorridas nas organizações; Verifica se houve mudanças comportamentais.

AVALIAÇÃO DE IMPACTO OU EX-POSTDepois do término da iniciativa (mínimo de 5 anos) - Realizada por pessoa externa

Analisa a efetividade e a sustentabilidade; Identifica as lições e recomendações; Orienta maior eficácia e eficiência de experiências futuras; Orienta replicação da iniciativa; Exige a comparação entre o “antes” e o “depois”.

Fonte: PEDROSO; ROCHA, 2010 (Adaptado).

EFEITOS OBTIDOS

METAS PROPOSTASCUSTOS PREVISTOS

CUSTOS EXECUTADOS

METAS ALCANÇADASCUSTOS EXECUTADOS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA

SITUAÇÃO ANTES DA INICIATIVA (EX-ANTE)

OBJETIVA Verifica mudança

quantitativa

SUBSTANTIVA Verifica mudança qualitativa

na vida dos beneficiários

SUBJETIVAVerifica mudança

comportamental ou de cultura

SITUAÇÃO DEPOIS DA INICIATIVA (EX-POST)

AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE

ANÁLISE COMPARATIVA PARA A AVALIAÇÃOCom relação aos meios de verificação dos processos de avaliação, vale observar os objetivos, conforme ilustra o gráfico abaixo.

Objetivos e critérios da avaliação de resultados

OBJETIVO 1 | MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS Identifica o que foi realizado e em que medida; Verifica a validade dos planos, programas e projetos e os valores definidos em relação ao alcance dos indicadores estabelecidos;

OBJETIVO 2 | REVISÃO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO Analisa o que está ocorrendo ou ocorreu no processo para o alcance do objetivo; Verifica como a implantação afeta o desenvolvimento Verifica se houve planejamento adequado.

OBJETIVO 3 | EXAME DAS RELAÇÕES DE CAUSALIDADE Determina se os resultados alcançados foram devido à intervenção realizada com a iniciativa;

Analisa a relação de causalidade entre a iniciativa e o impacto apresentado.

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SOCIALIZAÇÃO DE RESULTADOS

REPLANEJAMENTO DA INICIATIVA

Um dos aspectos que garantem um alto nível de participação social e de apropriação por todos os atores sociais envolvidos é a maneira como o conhecimento adquirido no monitoramento e na avaliação é compartilhado. Para isso deve-se pensar em modos de socialização dos resultados que permitam informar aos gestores, à comunidade e aos demais interessados: os resultados da coleta dos indicadores; alcances e não alcances da ação e de caminhos

para recuperar os desvios e atrasos constatados.

É importante destacar que uma boa comunicação resulta numa mobilização eficiente e maior aceitação por parte dos interessados. Além disso, a eficácia dos processos comunicativos ajuda a esclarecer objetivos, papéis e responsabilidades, bem como as informações sobre o andamento e o desempenho do projeto. Essa clareza contribui, também, para a otimização dos recursos.

A cada etapa do monitoramento ou da avaliação, as descobertas realizadas poderão indicar a necessidade de um replanejamento da iniciativa, com reajustes nas ações que visem garantir as mudanças a serem alcançadas. A avaliação de meio termo poderá orientar de forma mais global o replanejamento; a avaliação final será muito útil quando houver a

perspectiva de reedição da experiência, mas é o monitoramento, em especial, que sinalizará por todo o processo o que precisará ir sendo ajustado gradualmente. Esses serão momentos importantes em que a gestão utilizará os dados e as informações obtidas e orientará com eles a sua tomada de decisões.

Leia mais no Guia de Comunicação e Mobilização Social

DEFINIÇÃO DE INSTRUMENTOS

Para garantir que os processos de monitoramento e avaliação sejam efetivos, é importante criar mecanismos de participação que se adaptem à realidade vivida pela comunidade local na qual a iniciativa de Convivência e Segurança Cidadã será implementada. Alguns instrumentos podem facilitar bastante esse processo. Aqui, serão apresentados alguns exemplos já aplicados nos programas e projetos desenvolvidos pelo PNUD.

Cartilha do Plano | É o Plano apresentado em linguagem clara, direta, de fácil entendimento. Seu objetivo é fazer com que grande parte da comunidade conheça o conteúdo do Plano, munindo-a de ferramentas para buscar sua execução, exercendo, assim, o controle social.

Diário de Bordo | O Diário que acompanha esta Coletânea é utilizado para apoiar o monitoramento, por meio de processos participativos. Orienta a composição de um Grupo de Trabalho que ficará a cargo desse processo. A proposta é que o Diário seja preenchido individualmente e que haja uma orientação para que, no fim do processo de monitoramento, o grupo construa um Diário coletivo, o

Diário de Visão Compartilhada, que irá reunir as informações coletadas numa única publicação.

Caderno do Território | É um instrumento de sistematização que, além de contar a história da iniciativa, faz uma análise dos conhecimentos desenvolvidos, das metodologias utilizadas, das lições aprendidas e registra a quantidade de pessoas envolvidas em cada ação. Além de ser muito útil para preservar e compartilhar a experiência e seu modo de fazer, funciona como linha de base para o monitoramento da iniciativa. Traz informações como o número e os tipos de ações, os números de pessoas envolvidas em cada processo.

Roda de Diálogo | É um método de escuta ativa que tem como objetivo reunir um grupo de atores sociais envolvidos na iniciativa de Convivência e Segurança Cidadã para discutir sobre um tema específico. Nas rodas, são realizadas exposições dialogadas e um alinhamento dos conceitos básicos a serem abordados. A roda estimula a participação social e o comprometimento dos atores envolvidos com o desenvolvimento do programa ou projeto.

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O QUE A PRÁTICA ENSINAAs experiências de monitoramento e avaliação trouxeram importantes lições. A principal delas é a de que, para que esses processos sejam efetivos, é preciso que o desenho da iniciativa de Convivência e Segurança Cidadã seja feito de forma criteriosa e flexível, de modo a maximizar o aprendizado sobre mudanças, quando forem necessárias, melhorando as chances de sucesso. Algumas vezes o desenho é elaborado de modo bastante articulado, mas ocorrências imprevistas podem e devem ser consideradas para uma reorientação do planejamento. Vale destacar também a importância da participação social dos diversos atores em todas as etapas de planejamento, ou seja, desde o diagnóstico, passando pela elaboração de planos, implementação e até depois de finalizada a experiência para identificação de efeitos e impactos.

A utilização de processos mobilizadores ou que favoreçam o acesso às informações daqueles que normalmente não se integram em ações de planejamento é uma estratégia que pode atuar de modo educativo na constituição de uma

cidadania crítica e ativa. Rodas de diálogos, rodas de conversa, grupos focais, entrevistas individuais, elaboração de ferramentas como uma cartilha do Plano, um diário de bordo, um caderno que sistematize a experiência ou um álbum de acompanhamento do plano, programa ou projeto favorecem a participação. Essas ações também atuam como espaços e ferramentas de escuta qualificada e de compartilhamento de conhecimentos e experiências; possibilitam, ainda, os registros necessários para o monitoramento, para a avaliação e para a sistematização da experiência. Desse modo, a participação social proporciona melhor execução dos planos, programas e projetos, fortalecendo a efetividade e a eficiência e incentivando a definição de responsabilidades para a garantia da efetividade da iniciativa.

Em resumo, vale destacar: O uso de espaços de controle social – já existentes na sociedade, como comitês, conselhos e outros – favorece o processo participativo para o acompanhamento das ações planejadas. O que contribui, portanto,

MOBILIZAÇÃO SOCIAL

O PNUD realizou, no âmbito do projeto Aliança para o Desenvolvimento (parceria com Fundação Vale e apoio da prefeitura municipal de Canaã de Carajás), encontros denominados Rodas de Conversa – Segurança Cidadã em Canaã dos Carajás: dilemas e potencialidade . As rodas foram promovidas como uma das estratégias para elaboração da linha de base da Convivência e Segurança Cidadã dentro do projeto Aliança para o Desenvolvimento. A partir delas, realizaram-se conversas com atores sociais estratégicos para a implementação do projeto. A Roda de Conversa é um método de escuta ativa, no qual a reunião de grupos de atores sociais realiza exposições dialogadas, depois de um alinhamento dos conceitos básicos a serem abordados. Nos encontros, foram discutidas as dinâmicas da violência na região,

com seus desafios e potencialidades. Em Canaã dos Carajás, as rodas foram feitas, separadamente, com comerciantes, empresários, associações de produtores rurais, representantes do Poder Público local (Executivo, Legislativo e Judiciário), Polícias Militar e Civil e lideranças comunitárias. Ao final, foi realizado um encontro que contou com representantes de todos os grupos para compartilhamento, comparação e validação das informações levantadas, o que possibilitou hierarquizar as informações e estabelecer novos compromissos para o desdobramento das discussões. Os participantes destacaram que, com os encontros, puderam conhecer melhor a comunidade onde moram ou atuam e tiveram a oportunidade de se apropriar das metodologias trabalhadas para replicá-las no seu dia a dia.

Rodas de Conversas mobilizam comunidade, gestores e sociedade civil para atuarem em Canaã dos Carajás (PA)

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REFERÊNCIASBARBOSA, M. S. Qual a diferença entre eficiência, eficácia e efetividade? In Projeto Gerenciado. 24 set./2013. Disponível em: <http://projetogerenciado.com.br/qual-a-diferenca-entre-eficiencia-eficacia-e-efetividade/> Acesso em: 24 fev. 2015.

BORDENAVE, J. D. O que é participação. São Paulo: Brasiliense, 1983.

GROSSMANN, T. Eficácia, eficiência e efetividade. Revista Cliche. 22 jan. 2013. Disponível em: <http://www.revistacliche.com.br/2013/01/eficacia-eficiencia-e-efetividade/> Acesso em: 24 fev. 2015.

PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Manual de Planificacion, Seguimiento y Evaluacíon de Los Resultados de Desarrollo. 2009.

SANTOS, M. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2003.

ZIMMERMANN, N. C. Curso de Especialização em Gestão pública: Apostila: Elaboração e Monitoramento de Projetos. Brasília: ENAP 2003.

para a aprendizagem coletiva, pois o desenvolvimento de cada pessoa promove o desenvolvimento de toda a sociedade;

Com a realização de práticas qualificadas de monitoramento e avaliação, garante-se maior alcance das metas estabelecidas e a sustentabilidade do que foi proposto. A execução de cada plano, programa ou projeto, terá maior chance de sucesso à medida que o monitoramento e a avaliação sejam observados e praticados de forma sistemática e responsável, como instrumentos de tomada de decisões e de maior participação dos beneficiários no acompanhamento da iniciativa, exigindo de todos um alinhamento contínuo do uso dos recursos com maior transparência e referencial técnico;

Monitorar o que é feito no momento em que está sendo feito, analisar, continuamente, o andamento da execução do plano, medir a distância entre meta e resultado, avaliar em momentos estratégicos para se apropriar dos processos de como estão sendo feitos e se estão sendo bem feitos e aprender com essa experiência, tudo isso contribui para que a iniciativa transforme-se em uma prática sustentável;

O monitoramento e a avaliação podem ser entendidos como fase do planejamento e como atividades que afetam todas as demais etapas. É um mecanismo usado para aprender com o que pode ser melhorado e com os sucessos e, consequentemente, melhorar a gestão da experiência.

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Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoCasa das Nações Unidas no Brasil

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