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14 de agosto a 15 de setembro Guia de Discussão NSULT A CI ONAL ÀS IGREJAS E v a n g é l i c o s , d e m o c r a c i a e p a r t i c i p a ç ã o www.evangelicosparticipacao.org.br

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14 de agosto a 15 de setembro

Guia deDiscussão

NSULTACIONAL

ÀS IGREJAS

Evangélic

os, democracia e participação

www.evangelicosparticipacao.org.br

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DEMOCRACIA NAS RUAS:

PARA ONDE QUEREMOS IR?

As manifestações populares ocorridas no mês de junho trouxeram para o debate público a necessidade de repensar a democracia brasileira nos seus aspectos políticos e sociais. A juventude que saiu às ruas deman-dou, entre outras coisas, serviços de qualidade — transporte, educação, saúde, segurança etc. — e maior transparência nos gastos públicos — destacando-se os recursos destinados às obras da Copa e o enfrenta-mento da corrupção. Muitos outros segmentos da sociedade se soma-ram aos protestos da juventude, formando um movimento heterogêneo e complexo. No entanto, os manifestantes foram unânimes em se dirigirem com grande energia contra as autoridades eleitas, indicando que vivemos uma crise de representatividade política. As pessoas que foram às ruas querem participar mais das decisões que afetam suas vidas.

Ocorrendo em mais de 300 cidades brasileiras, mas com grande peso nas capitais, os protestos não só alcançaram o reconhecimento de sua demanda inicial e imediata — a revisão do aumento das tarifas de trans-porte —, como também uma resposta imediata do poder público quanto à necessidade de debater a Reforma Política. Este momento novo da de-mocracia brasileira reapresenta a possibilidade de discutir que tipo de so-ciedade estamos construindo e que tipo de democracia queremos. Mas também exige clareza tanto sobre o conteúdo dessa democracia, quanto sobre quem serão os atores dessa construção.

Muitos irmãos e irmãs participaram ativamente das manifestações, ex-pressando sua cidadania e desejo de maior participação social. As igrejas evangélicas têm a oportunidade de contribuir com esse amplo debate de forma organizada e a partir das bases: refletindo, orando e agindo confor-me suas possibilidades. Essa é a razão pela qual diferentes organizações e lideranças evangélicas se uniram para convocar essa ampla consulta às igrejas evangélicas. Essa é uma oportunidade única de unirmos forças com a população que foi às ruas para sermos participantes e responsá-veis pelos rumos de nosso país.

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As igrejas evangélicas, com poucas exceções, não assumiram um testemunho coerente no pré-Golpe de 1964 e durante o período da Ditadura Militar. Ou silenciaram ou colaboraram com o regime de exceção, negando-se a escutar os clamores das ruas que exigiam reformas de base. Uma leitura equivocada da realidade e uma teologia escapista e/ou conformista levaram a um contra-testemunho que ainda não foi inteiramente cicatrizado. Com a redemocratização, e a partir das vozes dos que resistiram e lutaram pela volta da democracia, as igrejas reavaliaram sua postura e decidiram investir mais na ação social e política.

Muitos ministérios e organizações cristãs surgiram nessa época, revendo o tradicional “crente não se mete em política”. Grande parte desse novo envolvimento político deveu-se ao protagonismo das igre-jas pentecostais e a partir de cargos eletivos, mas muitos também se envolveram mais organicamente em sindicatos, movimentos sociais e no trabalho associativo em geral (ONGs, associações de bairro, grupos ambientalistas etc.). Essa nova fase de participação exigiu um novo olhar sobre as Escrituras para compreender que valores e ensinamentos bíblicos poderiam orientá-la.

Muitos cristãos voltaram-se para os profetas do Antigo Testamento, reconhecendo ali alguns dos princípios que orientaram os ideais modernos de igualdade, justiça e bem comum. Isaías, Amós e Miquéias, entre outros, reclamaram esses princípios para a vida política de Israel. O Deus que os es-colhera tinha se levantado contra a opressão da escravidão no Egito, libertando-os. O próprio Jesus, quando iniciou o seu ministério itinerante, invocou a tradição dos profetas (Is 61.1, 2; Lc 4. 18-20) for-mando um grupo incomum de seguidores para anunciar um novo governo, que ele chamou de “reino de Deus”(cf. o Evangelho de Lucas e Marcos) ou “reino dos céus” (cf. o Evangelho de Mateus).

Muitos cristãos, assim, têm entendido que uma das dimensões mais profundas do Evangelho de Jesus de Nazaré é sua contribuição para sociedades mais justas e mais igualitárias (Cf. Mt 5.13-16; Sl 82.3). Por isso se vêem como agentes de transformação na sociedade e empenham-se na luta pelo respeito aos direitos de todos, a começar pelos mais desprotegidos (Is 1.17).

O clamor das ruas se apresenta novamente como uma oportunidade ímpar para as igrejas evangélicas revisitarem as Escrituras, orarem e refletirem de que maneira também podem ser comunidades ativas e protagonistas na transformação da sociedade brasileira. É hora de ser voz profética e participar!

“Corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!”. (Amós 5.24)

UMA FÉ QUE RESPONDE

AOS CLAMORES DAS RUAS

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A sabedoria

clama lá fora;

pelas ruas

levanta a sua voz.(Provérbios 1.20)

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SOBREESTE GUIA

O QUE ÉEste guia é um recurso para que sua igreja, pequeno grupo, célula, classe de Escola Dominical, gru-po de juventude ou comunidade, no espaço que considerarem mais adequado, possam participar do amplo debate que a sociedade brasileira está fazendo a respeito de temas centrais para nossa democracia: reforma política, participação democrática, controle social e transparência pública.

QUANDOA proposta da consulta é que entre 14 de agosto e 15 de setembro você possa encontrar um espaço na agenda de sua igreja, comunidade local ou grupo para orar e conversar sobre os temas propostos.

COMOPropomos três momentos no que chamamos de Rodas de ConveRsa:

1. �Para�isso,�temos�um�pequeno�texto�explicativo�em�cada�tópico�e�um�glossário�ao�final�que�pode ajudar a compreender melhor os temas a serem discutidos. no site você pode encontrar também mais materiais (textos, cartilhas, vídeos etc.) para subsidiar a conversa.

2. após esse breve momento de contextualização, abra a conversa à participação do grupo, utilizando as questões provocadoras para iniciar o debate.

3. Termine a Roda de Conversa com um momento de oração e de encaminhamentos práticos da conversa.�Ao�final�deste�Guia�sugerimos�ações�concretas�com�as�quais�a�comunidade�local�ou�grupo podem se envolver.

4. envie-nos a sistematização da conversa através do site www.evangelicosparticipacao.org.br ou através do email [email protected] para que os resultados da discussão cheguem às autoridades.

DICAS

– Deve haver um facilitador e um relator para a boa condução da atividade.

– O primeiro coordenará e mediará a conversa, sem dela participar.

– É importante que as pessoas sintam que a condução é isenta e sensata.

– O relator deverá tomar notas dos principais momentos da discussão e dos seus resultados.

– Idealmente, não deve participar da discussão, mas se o grupo for muito pequeno, pode dar sua contribuição também.

– Estimule a participação de todos. Não tema as discordâncias.

– Dirija a discussão com honestidade e confiança, resumindo-a de vez em quando até aquele ponto para poder avançar.

– Procure manter a discussão dentro do assunto.

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“A igreja deve ser lembrada de que não é a mestra ou

a serva do Estado, mas sim a sua consciência… Ela deve

ser a guia e a crítica do Estado, nunca sua ferramenta.

Se a igreja não recuperar seu fervor profético,

ela se tornará um clube social irrelevante,

sem autoridade moral ou espiritual.”

Pr. Martin Luther King, Jr (1963), Strength To Love

Subsídios parao Diálogo

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DEMOCRACIANão podemos entender Democracia apenas como um simples regime político ou forma de governo onde se pode escolher representantes através do voto nas eleições. Democracia é mais do que isso, é uma forma de viver (prática sócio-politica) que envolve toda a sociedade e que se expressa em diferen-tes liberdades garantidas pela constituição. A democracia brasileira é nova. Após 21 anos de ditadura civil-militar, o país foi redemocratizado tendo como ponto alto a elaboração da Constituição de 1988. Gozamos do direito ao voto e de associação, de liberdade de expressão e eleições livres. A garantia de direitos políticos veio acompanhada de direitos sociais (ver o Artigo 6º.), ampliando a cidadania formal da população brasileira.

Se é verdade que a Constituição Cidadã nos deu o passaporte para formalizar direitos individuais e coletivos nos igualando a muitas das sociedades modernas, ainda experimentamos enorme desigual-dade social e o distanciamento do legislativo dos anseios da população. O desafio que está diante da sociedade brasileira é aprofundar a democracia, a fim de que a dignidade e a vida plena seja realidade para todos os cidadãos e cidadãs. Para isso, precisamos aperfeiçoar os mecanismos de acompanha-mento das autoridades eleitas e dos órgãos públicos, e os instrumentos de democracia direta como plebiscito, referendo e lei de iniciativa popular.

Questões para discussão- O que você acha que falta para vivermos mais plenamente a democracia no Brasil?- Que dimensões da democracia brasileira precisamos aprofundar?- Por que mecanismos de democracia direta são tão pouco utilizados no Brasil?

PARTICIPAÇÃODemocracia pressupõe além de eleições e voto, o envolvimento de todos no processo de garantir que a soberania do povo seja respeitada em cada instância de decisão, elaboração de leis e gestão de políticas públicas no país, bem como na garantia de isenção e autonomia do poder judiciário. É certo que temos avançado em muitos aspectos de participação cidadã como os conselhos e conferências, mas ainda é pequeno os espaços em que a população intervém para assegurar que suas prioridades sejam acolhidas.

Muitas vezes nós culpamos os políticos pelas mazelas do país e desconfiamos dos partidos políticos e da maneira como eles nos representam nos espaços legislativos ou governam no executivo mas a democracia se constrói no processo participativo. É responsabilidade de cada cidadã e cidadão acompanhar os políticos eleitos e discutir as políticas públicas que queremos. Na democracia parti-cipativa o protagonismo é do povo organizado em associações e movimentos sociais, sindicatos e entidades profissionais, e as igrejas também podem e devem contribuir para uma sociedade mais justa e pacífica. A participação também zela pelas instituições através das quais a cidadania é garantida e as demandas populares são atendidas. Não se deve confundir participação com mera expressão de descontentamento.

Questões para discussão- Que experiências de participação podem fortalecer a democracia em nosso país? Dê exemplos.

- Que contribuição as igrejas têm dado à criação e ao aprofundamento de processos participativos?

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CONTROLE SOCIALA sociedade brasileira exige cada vez mais transparência na administração pública e boa governança por parte de gestores públicos. Novas leis, como a Lei de Acesso à Informação, e mecanismos de controle social, como o orçamento participativo, observatórios das licitações públicas, e os conselhos de políticas públicas são importantes instrumentos para combater a corrupção e mais frequentes hoje do que há 20 anos (em 1990 eram 9 conselhos nacionais. Em 2001, 18; e em 2010, 39).

A sociedade brasileira está mais atenta e participativa a fim de garantir o uso adequado e eficiente do dinheiro público. Com isso, previne-se e detecta-se a corrupção, um dos maiores desafios da nossa democracia. O combate à corrupção deve ser uma luta incansável da cidadania e para isso a socie-dade deve se organizar e buscar os meios mais efetivos para isso. Mas o controle social destina-se a mais do que isso: ele serve fundamentalmente a garantir que as aspirações de justiça não sejam frustradas por líderes políticos e servidores públicos negligentes ou insensíveis.

Questões para discussão- Que instrumentos de controle social vocês conhecem e de quais podem participar coletivamente

em sua comunidade ou cidade?

- Como as igrejas podem exercer ações de controle social na realidade brasileira de hoje?

REFORMA POLÍTICAMuitas vezes destacada como uma das principais reformas que o Brasil necessita, a Reforma Política exige um grande debate na sociedade para que as escolhas a serem feitas tenham efeitos positivos sobre o sistema partidário e eleitoral. Ela deve ser fruto de um amplo consenso e, ao mesmo tempo, necessita ser profunda o bastante para transformar e renovar as disputas eleitorais, garantindo maior transparência e igualdade de condições nas disputas eleitorais.

Basicamente, a Reforma Política deveria enfrentar alguns aspectos: 1) Garantir maior participação cidadã através de mecanismos de democracia direta, como plebiscito, referendo e leis de iniciativa popular; 2) Possibilitar maior diversidade de candidaturas, abrindo mais espaço para segmentos da população sub-representados no legislativo; 3) Garantir maior controle social sobre os mandatos re-presentativos, estabelecendo formas de transparência e prestação de contas; 4) Inibição da influência do poder econômico nas eleições e nas decisões legislativas.

Questões para discussão- Como as igrejas podem preparar melhor os seus membros para participar das iniciativas de reivin-

dicação da reforma política?

- Que propostas concretas de reforma política podemos listar que promovam uma democracia mais participativa, mais protegida contra a corrupção e contra os interesses privados de grupos e pessoas, e mais efetiva na garantia dos direitos humanos e da justiça social e ambiental?

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- Ore por um grande despertamento da igreja que resulte em transformação de vidas e transformação social;

- Ore pelas crianças que são as maiores vítimas das injustiças e desigualda-des sociais;

- Ore para que as autoridades assumam compromissos concretos com a Reforma Política, favorecendo maior participação popular e maior transpa-rência nos processos eleitorais;

- Ore pela juventude brasileira para que o caminho da participação seja apro-fundado e renovado a fim de que os processos de transformação da socie-dade continuem.

- Ore por vocações políticas que assumam o compromisso radical com a ética do reino de Deus e o bem comum.

- Ore para que mais pessoas e grupos na sociedade brasileira se envolvam com o controle social e o monitoramento de políticas públicas para que o interesse da população e o uso eficiente dos recursos públicos seja regra, não exceção.

Após a discussão, separe um tempo de oração

a respeito do que foi discutido. Entre os motivos de oração,

podem-se incluir os seguintes:

Convite à Oração

O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também

clamará e não será ouvido.(Provérbios 21.13)

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ELEIÇÕES LIMPASLei de Iniciativa Popular (coleta de assinaturas)Organizações da sociedade que promoveram a Lei 9840 (compra de votos e uso da máquina ad-ministrativa nas eleições) e o Ficha Limpa, que torna mais rígidos os critérios de quem não pode se candidatar, lançam agora uma campanha para atacar as causas da corrupção no sistema eleitoral e seu financiamento. A proposta do projeto de iniciativa popular Eleições Limpas quer 1) retirar as em-presas do financiamento de campanhas; 2) menos candidatos e mais propostas; 3) mais liberdade de expressão na internet.

Até o início de setembro pretende-se arrecadar 1,6 milhões de assinaturas a fim de apresentar o pro-jeto ao Congresso a tempo de valer para as eleições de 2014.

https://eleicoeslimpas.org.br/

PLATAFORMA DE REFORMA DO SISTEMA POLÍTICOLei de Iniciativa Popular (coleta de assinaturas)Desde 2007, organizações, movimentos, articulações, redes e fóruns da sociedade civil formaram a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político com o objetivo de formular uma proposta ampla sobre a Reforma Política. Esse coletivo defende que a democratização do Estado passa por cinco eixos: 1) Fortalecimento da democracia direta; 2) Fortalecimento da democracia participativa;3) Aprimoramento da democracia representativa:sistema eleitoral e partidos políticos; 4) Democratização da informação e da comunicação; e 5) Democratização e transparência no Poder Judiciário.

http://www.reformapolitica.org.br/

CONSULTA PÚBLICA “PARTICIPAÇÃO SOCIAL COMO MÉTODO DE GOVERNO”Até 06 de setembro é possível fazer comentários e enviar contribuições para duas importantes propos-tas que estão em elaboração no governo federal. Uma é a “Política Nacional de Participação Social”, um marco legal para fortalecer o conceito e as práticas da Participação Social como método de governo no Brasil. A outra proposta é o “Compromisso Nacional pela Participação Social”, documento em de-bate que deverá ser assinado pelos governos federal, estaduais e municipais que se comprometerão a viabilizar a participação social na gestão pública, entendendo-a como um direito humano indispensável.

http://psocial.sg.gov.br

Convite à AçãoConvite à Ação

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OBSERVATÓRIO PARTICIPATIVO DA JUVENTUDE - PARTICIPATÓRIO

O PARTICIPATÓRIOObservatório Participativo da Juventude é um ambiente virtual interativo, voltado à produção do conhe-cimento sobre/para/pela juventude brasileira e à participação e mobilização social. Inspirado nas redes sociais, pretende promover espaços e discussões com foco nos temas ligados às políticas de juventude.

Funciona de forma integrada com as redes sociais e blogs, de forma que os diálogos que estão ocor-rendo nesses outros espaços possam alimentá-lo e vice-versa. Todos podem participar. Para isso, basta se cadastrar e começar a debater os assuntos que podem ser propostos por você ou por outros usuários do Participatório.

http://participatorio.juventude.gov.br/

FORMAÇÃO ÉTICO-TEOLÓGICA PARA MINISTÉRIOS SÓCIO-POLÍTICOSUm dos desafios mais urgentes que os evangélicos no Brasil enfrentam é a formação de seus mem-bros para atuar em espaços sócio-políticos. Temos grande oferta de eventos e capacitação para diversas áreas do ministério cristão enquanto aqueles que se sentem vocacionados para a militância sócio-política não encontram em suas igrejas apoio e formação. Seminários teológicos e congressos também deveriam incluir em seus programas estes temas. Um currículo para ministérios sócio-políti-cos precisa incluir além da compreensão bíblico-teológica sobre o tema, aspectos históricos e éticos a respeito da presença cristã na política.

ACOMPANHAMENTO DA ATUAÇÃO DE “CONSELHOS POLÍTICOS” E DE LIDERANÇAS DAS IGREJASMuitas igrejas evangélicas têm adotado um modelo intencional de eleger representantes para as casas legislativas, criando “conselhos políticos”, indicando candidatos para seus membros votarem. No en-tanto, além desses candidatos não prestarem contas de seu mandato, assumem uma representação em nome de toda a comunidade evangélica. Às vésperas das eleições de 2014, um balanço dessa atuação seria muito bem-vinda, além de uma avaliação desses conselhos políticos de modo a indicar critérios éticos para sua atuação.

Convite à Ação

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Glossário

Controle Social É a participação da sociedade no acompanhamento e verificação das ações da gestão pú-blica na execução das políticas públicas, avaliando os objetivos, processos e resultados. O Controle Social das ações dos governantes e funcionários públicos é importante para assegurar que os recursos públicos sejam bem empregados em benefício da coletividade.

Democracia Democracia é o regime político fundado na soberania popular e no respeito integral aos direitos humanos. Esta breve definição tem a vantagem de agregar democracia política e democracia social. Em outros termos, reúne os pilares da “democracia dos antigos”, como a liberdade para a participação na vida pública, aos valores do liberalismo e da democracia moderna, quais sejam, as liberdades civis, a igualdade e a solidariedade, a alternância e a transparência nos poder, o respeito à diversidade e a tolerância.

Democracia Direta Forma de organização política do Estado, pelo qual a população manifesta diretamente sua vontade sobre assuntos de interesse público, sem a intermediação de representantes. A Constituição de 1988 abriu essa possibilidade através do Plebiscito, do Referendo e da Iniciativa de Lei Popular.

Financiamento Público É a criação de um fundo de recursos públicos destinado a partidos políticos, de acordo com sua representação no Congresso Nacional, para estes produzirem suas campanhas eleitorais. A Jus-tiça Eleitoral terá o poder de fixar um limite máximo de despesas de campanha dos candidatos, em cada eleição, bem como de pagar, a título de reembolso, uma quantia determinada, variável conforme a eleição, a cada candi-dato cujo patrimônio e cuja renda tributável não sejam superiores a determinado montante.

Governança Conceito amplo relacionado com o modo como as decisões são tomadas e implementadas e com a maneira como os cidadãos e outras organizações participam deste processo. A boa governança deve estar baseada em três princípios centrais: A) Participação: todos devem participar das decisões que afetam suas vidas. Para isto, são necessários mecanismos de prestação de contas e transparência. B) Serviço: o governo deve existir para o bem do povo e não dos que estão no poder. C) Justiça social: as políticas devem estar voltadas para a inclusão dos setores mais vulneráveis da sociedade, inclusive garantindo a justiça para todos.

Lei de Acesso à Informação A Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,regulamenta o direito à informa-ção garantido pela Constituição Federal, obrigando os órgãos públicos a considerar a publicidade como regra e o sigilo como exceção. São seus objetivos fomentar o desenvolvimento de uma cultura de transparência e o controle social na administração pública. Para isso, a divulgação de informações de interesse público ganha procedimen-tos, a fim de facilitar e agilizar o acesso por qualquer pessoa, inclusive com o uso da tecnologia da informação.

Lista Aberta É uma variante do sistema de eleição proporcional no qual as vagas conquistadas pelo partido ou coligação partidária são ocupadas por seus candidatos mais votados, até o número de cadeiras destinadas à agremiação. A votação de cada candidato pelo eleitor é o que determina, portanto, sua posição na lista de prefe-rência. É um sistema adotado no Brasil e na Finlândia.

Lista Fechada Variante do sistema de eleição proporcional no qual o eleitor vota somente no partido e este é que determina a ordem de cada um de seus candidatos na lista de classificação. Antes da eleição, o partido apre-senta a lista com o nome dos seus candidatos por ordem de prioridade. Esse sistema é utilizado na maior parte dos países que adotam o voto proporcional, mas não vigora no Brasil.

Plebiscito Assim como o referendo, é uma consulta feita à população para que decida sobre questão de rele-vância a respeito de matéria constitucional, legislativa ou administrativa. É convocado antes de um ato legislativo ou administrativo, para que a população aprove ou não, pelo voto, a proposta a ela submetida.

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Projeto de Lei de Iniciativa Popular É um instrumento de democracia direta como plebiscitos e referen-dos, através do qual a população pode propor mudanças no funcionamento da estrutura sócio-política do país. A sociedade pode apresentar um projeto de lei à Câmara dos Deputados desde que a proposta seja assinada por um número mínimo de cidadãos (um por cento do eleitorado nacional) distribuídos por pelo menos cinco Estados brasileiros

Referendo É a consulta pública, feita na forma de voto pelos cidadãos, sobre algum assunto de interesse público. É utilizado para consultas feitas após a edição de uma norma, com a finalidade de ratificá-la ou não, em oposição a plebiscito, feito antes da edição da norma.

Transparência Pública Transparência é o que permite a qualquer cidadão saber onde, como e por que o di-nheiro público está sendo gasto. Uma Administração Pública transparente é aquela que funciona de maneira aber-ta, sem nada às escondidas, baseada em princípios éticos e democráticos, em função da facilidade que têm os cidadãos em acessar as informações públicas (documentos, atos oficiais, decisões governamentais não sigilosas). Em um Estado Democrático, a transparência constitui-se direito do cidadão e dever da Administração Pública.

Valores democráticos Por valores democráticos entendem-se: a) a virtude do amor à igualdade e o conse-quente repúdio a qualquer forma de privilégio; b) o respeito integral aos direitos humanos, cuja essência consiste na vocação de todos - independentemente de diferenças de raça e etnia, sexo, instrução, credo religioso, julga-mento moral, opção política ou posição social - a viver com dignidade, o que traz implícito o valor da solidariedade; c) o acatamento da vontade da maioria, legitimamente formada, porém com constante respeito pelos direitos das minorias, o que pressupõe a aceitação da diversidade e a prática da tolerância.

Valores republicanos São basicamente: a) o respeito às leis, acima da vontade de todos, e entendidas como “educadoras”. b) o respeito ao bem público, acima do interesse privado e patriarcal; c) o sentido de responsa-bilidade no exercício do poder. Em política, a responsabilidade tem dois significados: o dever de prestar contas, englobando todos os mandatários, isto é, os que exercem o poder em nome de outrem; e a sujeição de todos, governantes ou governados, ao rigor das sanções legalmente previstas.

Voto Distrital Espécie de voto destinado a eleger vereadores, deputados federais, estaduais e distritais a partir da divisão do território (país, estado ou município) em circunscrições menores (distritos). Cada distrito elege um representante, a partir da apresentação dos candidatos escolhidos pelos partidos políticos. O mais votado é o elei-to. Pode haver ou não segundo turno, dependendo do tipo de sistema vigente. É adotado na Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Itália e França, com características próprias a cada país. O Brasil já adotou o voto distrital duas vezes: durante o Império (1822-1889) e na República Velha (de 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 1930).

Voto Distrital Misto É uma combinação do voto proporcional e do voto majoritário. Os eleitores têm dois votos: um para candidatos no distrito e outro para as legendas (partidos). Os votos em legenda (sistema propor-cional) são computados em todo o estado ou município, conforme o quociente eleitoral (total de cadeiras divididas pelo total de votos válidos). Já os votos majoritários são destinados a candidatos do distrito, escolhidos pelos partidos políticos, vencendo o mais votado.

Fontes para o Glossário

GOVERNO FEDERAL. Portal da Transparência Pública. Disponível em http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acessado em 31/07/2013.

BENEVIDES, Maria Victoria de Mesquita. Educação para a democracia. Lua Nova, São Paulo, n. 38, Dez.1996. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451996000200011&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 31/07/2013.

SENADO FEDERAL. Glossário Legistativo. Disponível em http://www12.senado.gov.br/noticias/glossario-legislativo. Acessa-do em 31/07/2013. Acessado em 31/07/2013.

TEARFUND. Por que defender e promover direitos na área de governança e corrupção? 2012. Disponível em http://tilz.tearfund.org/webdocs/Tilz/Research/Why%20advocate%20on%20G%2BC%20Portuguese.pdf. Acessado em 31/07/2013.

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