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GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO GESTÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS CHQAO Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais

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  • GESTO DA TECNOLOGIA

    DA INFORMAO

    GESTO DE MATERIAL E PATRIMNIO

    GESTO DE PESSOAS NA

    ADMINISTRAO PBLICA

    FUNDAMENTOSDO DIREITO

    PBLICO E PRIVADO

    ADMINISTRAO PBLICA BRASILEIRA

    GESTO ORAMENTRIA E FINANCEIRA

    GESTO DE QUALIDADE EM SERVIOS

    CHQAOCurso de Habilitao ao Quadro Auxiliar de Oficiais

  • Coordenao Didtico-PedaggicaStella M. Peixoto de Azevedo Pedrosa

    Redao PedaggicaAlessandra Muylaert ArcherFrieda MartiTito Ricardo de Almeida Tortori

    RevisoAlessandra Muylaert Archer

    Projeto Grfico e Diagramao Romulo Freitas

    Coordenao de ConteudistasRoberto Blaschek

    ConteudistaTatiana Braga Filippone

    ProduoPontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro

    Realizao EsIE Escola de Instruo EspecializadaExrcito Brasileiro

    Gesto da tecnologia da informao / coordenao

    didtico-pedaggica: Stella M. Peixoto de Azevedo Pedrosa ;

    redao pedaggica: Alessandra Muylaert Archer, Frieda Marti,

    Tito Ricardo de Almeida Tortori Rio de Janeiro : PUC-Rio,

    CCEAD, 2013.

    3 v. : il. (color.) ; 21 cm

    Inclui bibliografia

    Contedo: unidade 1. TI nas organizaes estratgia e

    conceitos / conteudista: Tatiana Braga Filippone.

    1. Tecnologia da informao. 2. Gesto do conhecimento.

    3. Sistemas de informao gerencial. 4. Comrcio eletrnico. I.

    Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    CDD: 004

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO

    Unidade 1 TI NAS ORGANIZAES ESTRATGIA E CONCEITOS

    CHQAOCurso de Habilitao ao Quadro Auxiliar de Oficiais

  • APRESENTAO

  • O Curso de Habilitao ao Quadro de Auxiliar de Oficiais (CHQAO),

    conduzido pela Escola de Instruo Especializada (EsIE), visa habilitar os

    subtenentes ocupao de cargos e ao desempenho de funes previstas

    para o Quadro Auxiliar de Oficiais.

    A disciplina Gesto da Tecnologia da Informao (GTI), iniciada nesta

    apostila, possui carga horria total de 60 horas.

    Os objetivos gerais dessa disciplina so:

    Desenvolver a capacidade de planejamento em TI.

    Construir competncias para a criao e inovao de estratgias

    vencedoras na rea de Tecnologia da Informao.

    Conhecer os principais sistemas de TI utilizados pelo Exrcito Brasileiro.

    Nesta apostila ser apresentada a Unidade I TI nas Organizaes

    Estratgia e Conceitos, cujos objetivos especficos estaro no incio

    de cada captulo.

    Boa leitura!

  • Tatiana Braga Filippone possui graduao em Administrao de Empresas

    pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); ps-graduao em Anli-

    se, Projeto e Gerncia de Sistemas pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio

    de Janeiro (PUC-Rio); e Mestrado pelo Instituto Coppead de Administrao

    (UFRJ) com nfase em Estratgia e Tecnologia da Informao. Pesquisadora

    do Laboratrio de Engenharia de Software (LES) da PUC-Rio, onde atua como

    gerente de diversos projetos. Tem experincia na rea de gerncia de projetos,

    planejamento estratgico, engenharia de software, qualidade de software,

    processos de desenvolvimento de software e implantao de pacotes.

    CONTEuDISTA

  • NDICE

    1. INTRODUO

    2. NEGCIOS NA ECONOMIA DIGITAL

    2.1 EMPRESA DIGITAL

    2.2 PAPEL DA TECNOLOGIA NA ECONOMIA DIGITAL

    2.3 A BOLhA DIGITAL E SEUS EFEITOS

    2.4 A GERAO V

    3. TENDNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAO

    4. PLANEJAMENTO E ESTRATGIA DE TI

    5. MODELO DE FORAS COMPETITIVAS DE PORTER

    5.1 MODELO DE CINCO FORAS COMPETITIVAS

    5.2 O MODELO DE CINCO FORAS E A INTERNET

    5.3 MODELO DA CADEIA DE VALOR

    6. WEB 2.0

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

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    O Ministrio da Defesa pleiteou espao na faixa de 700 Mhz, j bastante

    disputado pelas empresas de telefonia mvel. A Folha de So Paulo, em 16 de

    maio de 2013, informa que o Ministrio da Defesa protocolou o pedido junto

    Agncia Nacional de Telecomunicaes (Anatel) e que ser submetido rea

    tcnica e ao Conselho Diretor da Agncia.

    Se a Anatel aceitar, haver a necessidade de alterar o regulamento de uso da

    faixa, pois existir menos espao para operar o 4G, j que a ocupao da faixa

    seria dividida com sistemas do Exrcito e das polcias.

    A tecnologia 4G tem o potencial de oferecer um acesso veloz internet

    em qualquer lugar, levando ao surgimento de uma grande diversidade de

    servios para smartphones, telefones celulares, tablets e toda variedade de

    equipamentos mveis.

    Que mudanas a evoluo da Tecnologia da Informao (TI) ainda ir promo-

    ver nas tarefas do nosso dia a dia e em nosso cotidiano? O mundo que ns

    conhecemos sofrer uma transformao radical? Qual o impacto da TI na

    economia e nos modelos produtivos?

    Essas e outras questes sero abordadas na disciplina Gesto da Tecnologia da

    Informao.

    Boa leitura!

    1INTRODuO

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

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    Objetivos especficos

    Apresentar o conceito de empresa digital.

    Descrever o papel da tecnologia.

    Conceituar economia digital.

    Analisar a bolha digital e seus efeitos.

    Identificar a Gerao V.

    NEGCIOS NA ECONOMIA DIGITAL2

    Atualmente inquestionvel o quanto a internet j mudou e continuar

    mudando a vida das pessoas, empresas, governos e pases. A forma como as

    compras so efetuadas, como se buscam informaes, compartilha-se fotos

    e vdeos, interage-se e comunica-se est sendo ressignificada em ritmo acele-

    rado. Previses feitas h pouco menos de dez anos indicavam que a internet

    substituiria o sistema telefnico. Apesar de a telefonia usual no ter morrido

    definitivamente, a comunicao via aplicativos de comunicao por [VoIP], como Skype, Viber ou similares, j amplamente utilizada. A televiso tam-

    bm j no mais a nica forma de acessar contedo e isso muda bastante o

    cenrio dos negcios.

    hoje possvel assistir a filmes atravs de aparelhos, como o Playstation 3,

    que se conectam a uma rede wireless e a um provedor de contedo como o

    Netflix, garantindo acesso imediato a centenas de filmes, desenhos e seria-

    dos, por uma tarifa nica ao ms. Em jogos, como o Playstation e o Xbox, os

    programas identificam e instalam atualizaes gratuitas disponveis quando o

    usurio inicia um jogo.

    Inicialmente, o uso da internet era limitado s universidades e instituies de

    pesquisa, mas logo em seguida as Foras Armadas passaram a ser outro gran-

    de usurio. S posteriormente o governo permitiu o acesso para uso comercial.

    VoIP: voz sobre iP (identificao nica de um

    dispositivo).

    netflix um provedor de contedo sob demanda, dis-ponibilizado por streaming via internet, podendo ser acessado por dispositivos m-veis. Uma caracterstica inte-ressante que salva o ponto em que uma pessoa parou de assistir a um ttulo, permi-tindo-lhe continuar daquele ponto em diante, mesmo em outro dispositivo. alm disso, sugere ttulos a partir de ou-tros j visualizados.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

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    As empresas, ento, perceberam que, ao utilizar a internet, poderiam ajustar

    suas operaes e oferecer novos e melhores servios a seus clientes.

    Muito mudou desde os primrdios da internet at os dias atuais. A tecnologia

    est convertendo o [mercado de massa] em milhes de nichos. Enquanto no passado no havia opo alm das disponveis via veculos de massa como a

    televiso e os jornais, hoje h espao para pessoas e empresas desconhecidas

    ganharem admiradores atravs de blogs ou sites de distribuio de contedo

    como os sites de msica que, por no possurem a limitao das mdias tra-

    dicionais, distribuem contedos de artistas mais e menos conhecidos.

    As mudanas proporcionadas pela internet permitiram o surgimento da

    economia digital. Trata-se de uma economia baseada em tecnologias digi-

    tais, s vezes chamada economia da internet, nova economia ou economia

    web. Nela, as infraestruturas de rede, incluindo redes sem fio e [comunica-o digital], fornecem uma plataforma global em que pessoas e organiza-es planejam estratgias, interagem, comunicam-se, colaboram e procuram

    informaes. O termo economia digital tambm se refere [convergncia de tecnologias] de computao e comunicao atravs da internet e outras redes, e o fluxo resultante de informaes e tecnologia que est estimulando

    transaes eletrnicas e uma ampla transformao organizacional (Turban,

    Leinder, McLeam, Wetherbe, 2010).

    Enquanto na economia tradicional usualmente 20% dos produtos corres-

    pondem por 80% das vendas, na economia digital 98% dos produtos geram

    vendas. Da mesma forma, a proporo das vendas ainda maior nos chama-

    dos hits, porm, em termos absolutos, a quantidade de vendas de um cantor

    desconhecido, por exemplo, tambm tem sua representatividade. Somando-se

    todas essas representatividades menores, chega-se a uma boa lucratividade.

    o que descreve Chris Anderson (2006) como o fenmeno da Cauda Longa.

    Esse nome vem da curva de demanda do sculo XXI, em que o prolongamento

    inferior da curva muito comprido em relao cabea. A Figura 1 apresenta

    um grfico do tipo Cauda Longa, que expressa os filmes e sries de maior su-

    cesso da lista de [views] de um provedor de contedo. importante observar que a maioria dos ttulos disponveis no provedor ser visto todos os meses,

    ainda que por uma pequena quantidade de espectadores.

    Mercado de massa: mer-cado no segmentado em que

    produtos diferenciados de massa ou no (como sucos,

    alguns produtos de papelaria, entre outros) so oferecidos atravs de distribuidores de

    massa (como supermercados) e anunciados em mdias de

    massa como TV e rdio.

    Comunicao digital: a transferncia fsica de dados

    por um canal, como fibra ptica, cabos de rede, canais

    de comunicao sem fio, entre outros.

    Convergncia de tecno-logias: integrao de diferen-

    tes tecnologias.

    Views: visualizaes de um ttulo.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

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    A Cauda Longa viabilizada pela reduo dos custos para alcanar nichos. Na

    curva tradicional, a cauda no existe, pois no h a oferta de tanto contedo

    quanto na era digital. Trs foras possibilitam a reduo dos custos:

    Democratizao da produo: os computadores pessoais, as cmeras

    digitais, os softwares de tratamento de imagem e vrios outros propicia-

    ram que muito mais pessoas produzam contedo.

    Democratizao da distribuio: a internet converteu todos em

    distribuidores; um cadastro no eBay torna uma pessoa um distribuidor

    de contedo.

    Ligao entre oferta e demanda: a apresentao dos bens para os

    consumidores impulsionada pela internet, atravs do Google, iTunes,

    blogs, etc.

    Views

    ContedoHits Demais contedos

    Figura 1 - Cauda Longa em um provedor de contedo

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

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    2.1 EMPRESA DIGITAL

    Neste modelo econmico surge a empresa digital, que segundo Laudon

    e Laudon (2004), aquela em que praticamente todos os relacionamentos

    empresariais significativos com clientes, fornecedores e funcionrios so

    habilitados e mediados digitalmente. Os processos de negcios essenciais

    e os principais ativos corporativos propriedade intelectual, competncias

    essenciais, financeiras e ativos humanos so gerenciados por meio de

    redes digitais que abrangem toda a organizao ou que interligam mltiplas

    organizaes. Em uma empresa digital, qualquer informao necessria para

    dar suporte s principais decises de negcio est disponvel a qualquer hora

    e lugar. Assim, a empresa digital percebe e reage aos seus ambientes muito

    mais rapidamente e oferece oportunidades para uma organizao e adminis-

    trao mais globais.

    A empresa digital adota uma infraestrutura prpria de informaes cruciais,

    que exige um ambiente modular e interopervel, com arquiteturas digitais que

    interconectam o extremo da rede, ou seja, funcionrios fixos e mveis, parcei-

    ros e clientes espalhados pelo mundo, e o centro de dados corporativos.

    A empresa digital desloca o foco da gesto de recursos

    de TI individuais dispositivos, aplicativos e conjunto

    de dados para a orquestrao dos servios e fluxos de

    trabalho que definem o negcio e, em ltima instncia,

    entregam valor a clientes e usurios finais (Turban, Lein-

    der, McLeam, Wetherbe, 2010, p.22).

    h nela uma dependncia quase total de um conjunto de Tecnologias de Infor-

    mao (TI). A TI o cerne da empresa, a ferramenta primordial de administrao.

    Atualmente difcil a existncia de empresas 100% digitais, muitas esto no

    caminho para se tornarem digitais. O Quadro 1 apresenta alguns processos

    empresariais e como seriam endereados.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

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    PROCESSO EMPRESA DIGITAL

    Recrutamento e Seleo

    Vaga divulgada no website da empresa, candidatos preenchem um formulrio no website (no enviam o tradicional CV), provas classificatrias aplicadas via web com o resultado emitido on-line. Para algumas vagas no seria necessria a entrevista presencial.

    Vendas Vendas totalmente on-line pelo website da empresa.

    ComprasCompras realizadas via troca de mensagens (webser-vices) entre empresa e fornecedores.

    Ps-vendasTodos os pedidos de assistncia tcnica encaminha-dos pelo website da empresa.

    Treinamento Realizado on-line.

    Quadro 1 Processos empresariais numa empresa digital

    2.2 PAPEL DA TECNOLOGIA NA ECONOMIA DIGITAL

    Para operacionalizar as [transaes digitais] emergentes que fluem entre os diferentes setores da empresa e entre ela, seus clientes e fornecedores so

    necessrios mais recursos de processamento e armazenamento. Assim, preci-

    so entender a importncia dos novos requisitos tecnolgicos para a economia

    e para as empresas digitais.

    A tecnologia computacional, tanto em termos de hardware quanto de software,

    tem papel fundamental na economia digital (Laudon e Laudon, 2004), pois

    sua seleo e utilizao pode causar um profundo impacto sobre o desem-

    penho de uma empresa. Por isso, esses recursos organizacionais devem ser

    corretamente administrados.

    As empresas digitais ou aquelas que dependem fortemente de TI cos-

    tumam ter uma equipe dedicada a antecipar as necessidades da empresa e

    do mercado, para constantemente redimensionar as suas necessidades de

    hardware e software. Isso permite prever a necessidade de insumos para a

    atualizao constante do parque tecnolgico, impedindo que seus recursos

    fiquem obsoletos ou com baixa capacidade de processamento. Esse procedi-

    mento, chamado de planejamento de capacidade, prev quando um sistema

    de hardware de computador ficar saturado, atravs da medio e anlise

    de desempenho. Para tanto, considera o nmero mximo de usurios que o

    Transaes digitais: transaes realizadas digital-mente, cada vez mais atravs de dispositivos mveis.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    16

    sistema pode atender ao mesmo tempo, o impacto causado pelas aplicaes

    de software existentes e as futuras e, ainda, medies de desempenho. O pla-

    nejamento de capacidade assegura que a empresa tenha recursos suficientes

    para suas necessidades correntes e futuras.

    Os desafios administrativos para habilitar uma empresa para a era digital en-

    volvem (Laudon e Laudon, 2004):

    Ter uma viso mais ampla do desenvolvimento de infraestrutura: a in-

    fraestrutura deve conectar toda a empresa e ligar-se a outras infraestru-

    turas. Redes e aplicativos no podem mais ser isolados ou mantidos na

    fronteira empresarial.

    Selecionar tecnologias para a nova infraestrutura de Tecnologia da Infor-

    mao: gerentes podem encontrar dificuldades em selecionar o conjunto

    correto de tecnologias.

    As principais caractersticas da TI na economia digital podem ser assim resumidas:

    REA DESCRIO

    GlobalizaoComunicao e colaborao globais; mercados eletrni-cos globais. Clientes, fornecedores e parceiros globais.

    Sistemas DigitaisDa TV a telefones e instrumentao, os sistemas anal-gicos esto sendo convertidos em sistemas digitais.

    Velocidade

    Uma mudana nas transaes em tempo real, graas digitalizao de documentos, produtos e servios. Muitos processos de negcio foram acelerados em 90% ou mais.

    Sobrecarga de informaes

    Embora a quantidade de informaes geradas seja crescente, ferramentas de pesquisa inteligentes podem ajudar os usurios a localizar o que eles precisam.

    Mercados

    Os mercados esto se transformando em mercados on--line. Mercados fsicos esto sendo substitudos por mer-cados eletrnicos; novos mercados esto sendo criados, aumentando a concorrncia e a eficincia de mercado.

    DigitalizaoMsica, livros, fotos, filmes e muito mais so digitaliza-dos para distribuio rpida e barata.

    Modelos e processos de negcio

    Modelos e processos de negcio novos e aprimorados fornecem oportunidades a novas empresas e inds-trias. [Ciberintermediao] e nenhuma intermediao esto em alta.

    Ciberintermediao: intermediao atravs da

    internet.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    17

    REA DESCRIO

    InovaoInovaes digitais e baseadas na internet continuam a um passo rpido. Mais do que nunca patentes esto sendo concedidas.

    ObsolescnciaO ritmo acelerado das inovaes cria uma alta taxa de obsolescncia.

    Oportunidadesh uma abundncia de oportunidades em quase todos os aspectos da vida e dos negcios.

    FraudesCriminosos empregam uma grande quantidade de es-quemas inovadores na internet. Cibercriminosos esto em toda parte.

    GuerrasGuerras convencionais esto se transformando em guerras cibernticas.

    OrganizaesMuitas empresas esto tentando mudar para um status digital completo.

    Quadro 2 - As principais caractersticas da TI na economia digital (Turban et al, 2010)

    2.3 A bOLhA DIGITAL E SEuS EFEITOS

    Entre os anos de 1995 e 2000, formava-se a bolha digital. Essa expresso

    foi utilizada para descrever o fenmeno ocorrido naqueles anos em que,

    tal qual uma bolha, a quantidade de empresas ponto com foi crescendo,

    crescendo, a tal ponto que em um determinado momento estourou, sem

    conseguir mais se sustentar, assim como estoura uma bolha quando chega

    ao seu tamanho mximo.

    A bolha digital caracterizou-se tambm pela alta vertiginosa dos valores das

    aes dessas empresas, que receberam volumosos investimentos. Acreditava-se

    que as ponto.com iriam representar a nova economia de crescimento ilimita-

    do e na qual os lucros seriam altos.

    Os investidores apostavam nessas empresas sem utilizar os tradicionais mto-

    dos de avaliao de ativos. Aparentemente, bastava uma ideia e/ou um site

    para que o lucro fosse garantido.

    A combinao do rpido aumento dos preos das aes, da confiana de

    mercado que as empresas depositaram em lucros futuros, da especulao

    em aes individuais e da ampla disponibilidade de capital de risco criou um

    Os mtodos de avaliar o valor de um ativo (que pode ser uma empresa) so compostos de medidas subjetivas e obje-tivas. a marca de uma empre-sa no pode ser objetivamente medida, j o lucro lquido uma medida objetiva baseada em receitas menos despesas. Mtodos comuns de deter-minar o valor de um ativo in-cluem compar-lo a ativos si-milares e avaliar seu potencial de fluxo de caixa. na poca da bolha digital no havia com o que comparar e mesmo m-todos possveis de serem utili-zados foram deixados de lado pela euforia do momento.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    18

    ambiente de certa euforia, em que muitos investidores estavam dispostos

    a ignorar parmetros econmicos tradicionais em favor da confiana pela

    novidade tecnolgica. A confiana era to grande poca que, por exemplo,

    algumas empresas tiveram os preos de suas aes disparados, simplesmente

    adicionando ao seu nome o prefixo e - ou o sufixo .com.

    A Nasdaq, bolsa de valores criada especialmente para essa nova economia,

    teve seu pice em 10 de maro de 2000, quando enfim a bolha estourou e os

    preos das aes comearam a cair sem parar. O estouro da bolha foi provo-

    cado pela quebra de inmeras empresas que haviam feito seus [IPOs (Initial Public Offering) ou Oferta Pblica de Aes] antes mesmo de comearem a ter lucro. Os altos investimentos realizados foram reduzidos a nada.

    A estimativa de que US$ 5 trilhes em investimentos tenham evaporado

    junto com essa bolha. Especialistas indicam que, apesar disso, esse perodo foi

    determinante e at positivo para que a internet tivesse o tamanho e a impor-

    tncia que tem hoje. Isso porque naquele perodo houve um intenso incremen-

    to tecnolgico, que propiciou o desenvolvimento de sites como o Google, atu-

    almente uma das marcas mais valiosas do mundo. Alm disso, consolidou-se a

    popularizao da rede: enquanto o nmero de usurios era de 16 milhes de

    pessoas em 1995, em 2005 havia saltado para 957 milhes e em 2012 j era

    de mais de 2 bilhes de pessoas.

    2.4 A GERAO V

    A primeira gerao a crescer na era digital, conhecida como Gerao V, ou

    Gerao Virtual, ou ainda Gerao Net, pode ser caracterizada por suas aes

    on-line e pelo aumento crescente do uso de canais de mdia digital para des-

    coberta e compartilhamento de informaes. Essas aes acontecem na esfera

    virtual, em redes sociais, blogs, games e em postagens interativas, como, por

    exemplo, sites de venda. Seriam indivduos que em algumas esferas privilegia-

    riam a experincia virtual em detrimento da experincia fsica. Um exemplo:

    pessoas que no frequentam supermercados, s os utilizando em casos de

    emergncia, pois realizam todas as suas compras on-line.

    Ao contrrio da gerao anterior, que era um receptor passivo da comunicao

    em massa, essa gerao passa o seu tempo pesquisando, lendo, inspecionando,

    autenticando, colaborando e organizando. A internet torna a vida uma colabo-

    rao contnua e macia e essa gerao adora isso (Tapscott e Williams, 2006).

    IPO (Initial Public Ofering ou Oferta Pblica de Aes): acontece quan-

    do uma empresa passa a negociar aes em uma bolsa

    de valores. normalmente utilizado para levantar capital

    quando a empresa deseja expandir suas operaes.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    19

    h quatro nveis de envolvimento dentro da Gerao V (Gartner, 2013), que

    refletem a extenso na qual clientes iro interagir com outros clientes, bem

    como o nvel de interao necessria para os negcios tornarem essa comuni-

    dade possvel. Esses quatro nveis so:

    Criadores At 3% dos indivduos: geram contedo original e promo-

    vem produtos e servios.

    Contribuintes Entre 3 e 10% dos indivduos: essencialmente segui-

    dores, agregam valor a uma interao, mas no a iniciam. Eles podem

    recomendar produtos e servios.

    Oportunistas Entre 10 e 20% dos indivduos: podem promover

    contribuies s decises de compra e adicionar valor a uma interao

    enquanto consideram uma determinada compra.

    Observadores Aproximadamente 80% dos indivduos colhem os

    frutos da comunidade on-line, mas somente absorvem o que est sendo

    comunicado. Apesar disso, eles podem implicitamente contribuir e indi-

    retamente reportar o valor para o resto da comunidade.

    Todos esses nveis tm valor significativo para os negcios. As empresas, ao

    reconhecerem e focarem nesses nveis, podem aproveitar sua influncia para

    propsitos de marketing e, em ltima instncia, para transaes.

    Gartner (2013) faz as seguintes recomendaes para o marketing das empresas:

    Planeje segmentar e suportar todos os quatro nveis da comunidade.

    Cada nvel tem um valor significativo para o negcio e cada abordagem

    determinar a tecnologia a ser usada para suport-la.

    Estabelea objetivos. Tenha um plano para determinar o retorno do

    investimento (ROI), do contrrio, o que pode comear como uma forma

    de se conectar aos consumidores pode acabar por danificar a marca da

    empresa.

    Nesse contexto, acredita-se que deva se pensar, projetar e vender para per-

    fis virtuais, no para pessoas. Os perfis representam a personalidade que o

    indivduo assume naquela interao virtual. A Gerao V se comunica on-line

    atravs de seus perfis, e no de si prprias. Sendo assim, descobrir a verdadei-

    ra identidade do cliente se torna irrelevante. As empresas, portanto, criaro

    ambientes virtuais mltiplos e interativos como uma forma de direcionar a

    explorao do consumidor at o momento da compra.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    20

    Segundo a revista Forbes (2008), o crescimento da Gerao V uma conse-

    quncia direta da [consumerizao] de Tecnologia da Informao. Essa gera-o pode ser caracterizada por trs atributos chave de comportamento:

    Uso da tecnologia como uma ferramenta para facilitar a comunicao,

    que no limitada por barreiras geogrficas.

    Desejo de participar atravs do envolvimento em comunidades globais,

    utilizando perfis.

    Crena em um ambiente meritocrtico, em que o valor da colaborao, o

    valor do ns mais poderoso e valioso do que o eu, e que o compartilhar

    aumenta o valor das coisas ao invs de diminu-lo ou acab-lo.

    Consumerizao: fen-meno no qual as tecnologias so originadas, selecionadas e desenvolvidas no mundo

    dos usurios ao invs de nos departamentos de Ti das

    organizaes.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    21

    Objetivos especficos

    Identificar o papel da Tecnologia da Informao.

    Identificar as tendncias de TI.

    TENDNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAO3

    A maior tendncia apontada pela empresa de consultoria Gartner Group para

    os prximos anos o aumento da mobilidade, com a invaso dos dispositivos

    mveis (smartphones e tablets). Esse aumento derivado de uma tendncia

    mais antiga, de 2005, que a consumerizao de TI. A consumerizao o

    fenmeno no qual as tecnologias so originadas, selecionadas e desenvolvidas

    no mundo dos usurios ao invs de nos departamentos de TI das organiza-

    es. Os colaboradores passam a trazer seus prprios dispositivos mveis para

    utilizao no ambiente organizacional. o chamado BYOD Bring your Own

    Device, ou Traga seu Prprio Dispositivo, ou ainda CYOD Choose your Own

    Device, ou Escolha seu Prprio Aplicativo. O conceito est se expandindo

    para incluir tambm a utilizao de servios em nuvem pelos funcionrios

    adiante esse conceito ser aprofundado.

    Um dos desafios que os gerentes de tecnologia devem enfrentar atualmente

    o gerenciamento desses dispositivos mveis utilizados por seus colaboradores.

    Essa tendncia no pode ser interrompida e, assim como traz benefcios, tam-

    bm traz preocupaes. Os principais benefcios incluem aumento da produti-

    vidade, mobilidade e reduo de custos, enquanto os riscos envolvem questes

    de segurana e proteo dos dados e dos hardwares.

    Para lidar com esses desafios, os gestores precisam de ferramentas para geren-

    ciamento dos dispositivos mveis, solues conhecidas como Mobile Device

    Management (MDM) e Enterprise Mobility Management (EMM).

    Outra forte tendncia em Tecnologia da Informao o chamado Big Data.

    Mas o que o Big Data? Antes de conceitu-lo, importante entender e anali-

    sar primeiro a questo dos dados.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    22

    A quantidade de dados capturados, produzidos e armazenados pelas empre-

    sas cresce exponencialmente a cada dia. De fato, a cada segundo, milhes de

    transaes so armazenadas em computadores ao redor do mundo. Uma das

    causas desse crescimento exponencial o papel ativo dos consumidores na

    economia digital. As [mdias sociais] possibilitam uma produo, colaborao e troca muito maior de informaes entre os atores virtuais.

    Outra causa do crescimento atual de dados tendncia de TI para as prximas

    dcadas a internet das coisas ou, em ingls, internet of things (IoT).

    Como o prprio nome sugere, um conceito que se refere a um futuro em

    que todos os objetos estaro conectados e se comunicando atravs da inter-

    net. Na categoria de coisa, deve-se incluir os objetos em todos os sentidos,

    ou seja, mquinas, prdios, carros, estradas, roupas, eletrodomsticos, ani-

    mais, plantas e at mesmo seres humanos.

    O futuro, na realidade, j est acontecendo. Segundo pesquisa realizada pela

    Cisco (2013), a estimativa de que 99,4% dos objetos ainda no estejam co-

    nectados internet. No entanto, 0,6% restantes representam aproximadamen-

    te 10 bilhes de coisas conectadas e esse nmero crescer exponencialmente

    at 2020. A internet das coisas passar a se chamar a internet de tudo

    ou, em ingls, internet of everything(IoE), que acontecer devido conver-

    gncia de pessoas, processos, dados e coisas.

    A internet das coisas tambm pode ser chamada de computao onipre-

    sente (Turban, Leinder, McLeam, Wetherbe, 2010). Um exemplo de sua utili-

    zao so os crachs ativos, que seriam usados por funcionrios que desejas-

    sem permanecer em contato sempre que se deslocassem pelas dependncias

    da empresa. O crach conteria um microprocessador para transmitir a localiza-

    o deles aos sensores do edifcio, que ento enviariam a informao para um

    computador. Quando algum quisesse entrar em contato com esse funcion-

    rio, o nmero de telefone mais prximo seria indicado automaticamente por

    um sistema. Olhando por outro ngulo, tudo isso significa que a tecnologia

    auxilia diversas tarefas humanas sem que o indivduo perceba. Atualmente a

    tecnologia passiva, acionada, ou seja, voc acessa seu celular e solicita que

    a previso do tempo seja exibida. Amanh, como no exemplo acima, o auxlio

    vir de diversas formas automaticamente.

    Os celulares sero utilizados para que as pessoas saibam, por exemplo, de que

    composto determinado produto no supermercado, informaes nutricio-

    nais, se adequado ou no sua dieta, etc. O que j se viu em alguns filmes

    Mdias sociais: instru-mentos de comunicao

    social, nos quais as pessoas interagem, criando, trocando

    e consumindo contedo in-formaes, ideias, fotos, etc.

    nos vdeos sugeridos a seguir possvel saber um pouco mais sobre a chamada inter-net das coisas. Confira!

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    23

    futuristas, que a geladeira, por exemplo, poder indicar o que est faltando e

    j fazer a solicitao no supermercado, se tornar realidade. Ser uma forma

    totalmente nova de se relacionar com o mundo.

    A utilizao desse tipo de soluo tem um grande potencial para muitas inds-

    trias. Os dispositivos para identificar um objeto automaticamente atravs de

    sinais de rdio, recuperando e armazenando dados remotamente, os RFID, so

    os primeiros exemplos dessa utilizao. So etiquetas com chips ou transpon-

    ders que transmitem a informao a partir da passagem por um campo de in-

    duo. Os RFID j so usados h muito tempo em fbricas, por exemplo, para

    registrar se um determinado funcionrio realizou a manuteno programada

    para um equipamento especfico.

    Ainda segundo a pesquisa da Cisco, a internet de tudo ser direcionada por

    diversos fatores.

    Primeiro, as tendncias de tecnologias poderosas, tais como:

    O aumento na capacidade de processamento e armazenamento;

    Banda a custos menores;

    O crescimento da nuvem;

    As mdias sociais e a computao mvel;

    A habilidade de analisar os dados e torn-los informaes valiosas;

    habilidade de combinar hardware e software de forma a gerar mais

    valor atravs da conectividade.

    200M

    Computao fixa(voc vai at o dispositivo)

    Mobilidade/BYOD(voc anda como dispositivo)

    Internet das coisas(era dos

    dispositivos)

    Internet de tudo(pessoas, processos,

    dados, coisas)

    10B

    50B

    1995 2009 2013 2020

    Figura 2 - Da computao fixa internet de tudo Fonte: Cisco (2013)

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    24

    Segundo, porque as barreiras conectividade continuam a cair. O IPv6, evo-

    luo do IPv4, oferece endereamento ilimitado para dispositivos, permitindo

    que mais pessoas, processos, dados e coisas estejam conectados internet. O

    IPv6 cria capacidades infinitas de endereamento, necessrias para a quantida-

    de prevista de dispositivos que iro precisar de um endereo IP identificao

    nica de um dispositivo como, por exemplo, computador e impressora, em

    uma rede local ou pblica. Em outras palavras, as coisas tero que ter uma

    identidade, para se tornarem um smart device. Isto , precisam ser identifica-

    das unicamente, para que seja possvel saber, por exemplo, se uma determi-

    nada posio de trabalho em uma empresa est ou no ocupada e por quem.

    Nesse caso, h duas coisas, a cadeira e a pessoa, e cada uma possui um

    identificador nico.

    Terceiro, a reduo do tamanho dos aparelhos, que futuramente podero

    permitir conexo internet entre coisas que nem os olhos humanos podem

    ver. Por fim, a criao de valor para os negcios se deslocou para o poder das

    conexes e para a habilidade de criar inteligncia a partir delas. As empresas

    no podem mais somente confiar em suas competncias centrais e no conheci-

    mento dos funcionrios, mas sim capturar inteligncia rapidamente de muitas

    fontes externas.

    Tendo analisado a questo dos dados, possvel voltar a ateno ao Big Data.

    Como visto, os dados so oriundos de todo lugar:

    Sensores que capturam informaes climticas;

    Postagens em mdias sociais;

    Fotos e vdeos;

    Registros de transaes;

    Sinais de GPS, entre outros.

    Isso o Big Data, ou seja, composto de diversos tipos de dados, estruturados

    ou no estruturados. Segundo a consultoria de gesto McKinsey, o Big Data

    formado por esses grandes conjuntos de dados e ser uma base chave para a

    competio, suportando novas ondas de crescimento de produtividade, inova-

    o e valor para o cliente.

    O termo competncias cen-trais foi cunhado por Praha-lad e Hamel em seu artigo The Core Competence of the Corporation, publicado pela revista Harvard Business Re-view, em 1990. Refere-se s competncias que uma orga-nizao possui e que de fato a diferenciam no mercado, sendo difceis de serem imita-das e promovendo vantagem competitiva.

    O smart device um dispo-sitivo eletrnico sem fio, m-vel, conectado via wi-fi ou 3G/4G, com capacidade de comunicao de voz e vdeos, acesso a internet e e-mails e geolocalizao, como o iPho-ne e o iPad.

    Siga os pensadores de Big data no Twitter:< h t t p s : / / t w i t t e r. c o m /search?q=%23bigthinkers>.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    25

    Os grandes fornecedores, como IBM, Intel e Oracle, oferecem plataformas que

    suportam a aquisio, armazenamento e anlise das diversas fontes e tipos de

    dados. As decises de negcios no sero mais baseadas somente em [dados transacionais] armazenados em [bancos de dados relacionais].

    Outra tendncia de Tecnologia da Informao a computao em nuvem

    (do ingls, cloud computing). O que computao em nuvem e como esse

    conceito est relacionado ao que foi visto at agora?

    A computao em nuvem significa a oferta de infraestrutura de tecnologia

    como servio. Em um ambiente mais utpico, existiriam organizaes sem

    computadores e/ou servidores. Os funcionrios teriam um pequeno aparelho

    que se conectaria aos servidores na internet e que, por sua vez, forneceriam

    capacidade de processamento, armazenamento e softwares necessrios para a

    execuo de seu trabalho.

    Os ganhos na adoo do modelo de computao em nuvem so:

    Eliminao da necessidade de ter grandes [data centers] gerenciados internamente, reduzindo custos de manuteno e atualizao do parque

    tecnolgico; pessoal; licenas; energia; upgrades de softwares e pacotes.

    Reduo de custos quando se possui picos de utilizao com outros

    perodos de baixa ao longo do ano. Nos contratos de computao em

    nuvem ou simplesmente contratos de cloud, paga-se pelo que utiliza-

    do. Assim, uma empresa de vendas on-line, por exemplo, que tem picos

    nas datas comemorativas, no precisa ter um data center preparado

    para os picos e que passar o restante do tempo ocioso. Com a cloud,

    utiliza o que precisa em cada ms e paga somente por isso.

    Dados transacionais: dados de transaes relacio-nadas a objetos de negcios, por exemplo, dados de paga-mentos de funcionrios.

    bancos de dados rela-cionais: modelo baseado na teoria matemtica dos conjuntos e relaes. Os dados so armazenados em tabelas compostas de colunas e linhas, relacionadas entre si. Os itens so localizados atravs do cruzamento entre linhas e colunas.

    Data centers: centrais onde ficam localizados os servidores (de dados, de apli-caes, de armazenamento, entre outros), equipamentos de rede e telecomunicaes de uma empresa.

    Em tempo: para quem oferece os servios de cloud, isso

    tambm uma caracterstica positiva, j que quando h o

    declnio de necessidade de uma indstria, o de outra pode

    estar aumentando.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    26

    Facilidade de implantao: quando h um novo projeto, muito mais

    gil e simples fazer um contrato de cloud do que aumentar a capacida-

    de de um data center prprio.

    Facilidade de acesso remoto: os recursos da computao em nuvem

    podem ser acessados de qualquer lugar, a qualquer momento.

    No se trata somente de hardware, pois hoje a maioria das empresas j ofe-

    rece acesso remoto aos seus servidores, mas tambm de software. Assim, um

    gerente de projetos no precisa ter o MsProject instalado em todos os compu-

    tadores que usa para acessar seus arquivos de projeto da empresa.

    Portanto, a adoo do modelo de computao em nuvem permite que os

    departamentos de TI possam focar no que realmente trar valor para a empre-

    sa. Estima-se que muito do tempo do pessoal de TI seja dedicado a solucionar

    problemas de operao e de manuteno. Assim, a adoo desse novo modelo

    permite, ento, que empresas especializadas faam o trabalho especfico, pos-

    sibilitando empresa que adotou o modelo de computao em nuvem ficar

    livre para dedicar-se ao seu [core business]. Esse o conceito de terceirizao.

    Apesar de oferecer diversos benefcios, tambm h alguns pontos contra a

    nuvem:

    Segurana e privacidade: as empresas se preocupam muito quanto

    segurana dos seus dados na nuvem e se esto protegidos do acesso de

    pessoas no autorizadas.

    Links de dados: [links] costumam ser caros e nem sempre confiveis. Se o link cai, a empresa para.

    Confiabilidade na provedora do servio: h sempre a preocupao se

    a provedora ir manter o seu nvel de servio, se no ocorrer nenhum

    problema em seu data center ou mesmo se a provedora continuar a

    existir.

    Dificuldade de migrao (aprisionamento): no simples migrar entre

    nuvens, caso no haja satisfao com o servio contratado; e a integra-

    o entre nuvens nem sempre existe.

    Grandes empresas que j processam um alto volume de informaes, tais

    como Amazon e IBM, oferecem servios de computao em nuvem. Essas

    empresas enxergaram na ociosidade de seus prprios data centers uma gran-

    de oportunidade de negcio. Algumas, inclusive, passaram a ter na oferta de

    cloud sua linha de negcios, que traz mais lucratividade para a empresa.

    Core business: o ne-gcio principal da empresa,

    no qual seus maiores esforos devem estar concentrados.

    Links: ligaes entre dois ou mais pontos para transmis-

    so de dados entre eles.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    27

    O futuro parece apontar para que as empresas migrem para os servios de

    cloud ou os usem parcialmente , ou que montem a sua prpria nuvem.

    Agora que j foi visto o que o Big Data, a internet das coisas e a compu-

    tao em nuvem (cloud computing), simples pensar na integrao de tudo.

    As empresas necessitaro de muito mais capacidade de armazenamento e

    processamento para lidar com o volume grande de dados que ir povoar seus

    sistemas e bancos de dados. A computao em nuvem vem como uma das

    opes para solucionar o problema que se vislumbra para os prximos anos.

    Visite o site da amazon Web Services, disponvel em para conhecer os servi-os oferecidos pela amazon. O link a seguir de um moni-tor do servio de cloud ofere-cido pelo amazon: .

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    29

    Objetivos especficos

    Conhecer os princpios fundamentais do planejamento e estratgia de TI.

    Apresentar o posicionamento na estratgia de TI.

    Conhecer o modelo de Porter.

    PLANEjAMENTO E ESTRATGIA DE TI4

    O planejamento de Tecnologia da Informao , geralmente, um processo rea-

    lizado anualmente nas empresas e determina os objetivos (muitas vezes j em

    forma de projetos) e investimentos necessrios para atingir esses objetivos para

    o ano seguinte. Pode ser realizado trimestral ou semestralmente. Tipicamente,

    o planejamento envolve a diretoria de TI e as gerncias abaixo dela. Ser visto

    adiante, porm, a importncia de estar alinhado estratgia empresarial, que

    deve enderear tanto questes de infraestrutura quanto questes de aplicaes.

    O relatrio final de um planejamento de TI deve conter, pelo menos, as seguin-

    tes informaes:

    A relao de aplicaes a serem desenvolvidas, aprimoradas ou desligadas.

    A definio de investimentos no parque tecnolgico, adequando-os

    s necessidades que viro: mquinas e licenas a serem adquiridas ou

    renovadas, servidores que devero sofrer upgrade, links que devero ser

    aumentados, entre outros.

    O cronograma macro de desenvolvimento dos projetos ao longo do ano.

    Os recursos financeiros e humanos necessrios para desenvolver os pro-

    jetos aprovados.

    Os planejamentos podem ser de longo, mdio ou curto prazo, conforme expli-

    cado a seguir:

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    30

    Planejamento de longo prazo

    Especificam as orientaes gerais em termos de infraestrutura e dos requisitos dos recursos para atividades de TI em um intervalo de tempo de cinco a dez anos no futuro.

    Planejamento de mdio prazo

    Contm aqueles projetos que levaro mais de um ano para serem concludos e esto em consonncia com os planos de longo prazo.

    Planejamento tcito ou de curto prazo

    Contm oramentos e agendas para os projetos e as atividades no ano atual.

    Quadro 3 Tipos de planejamento (Turban et al, 2002)

    Os planos de longo prazo costumam ser chamados de PETI Planejamento

    Estratgico de Tecnologia de Informao. Por serem de longo prazo, tratam

    de questes que nortearo a TI da empresa nos anos subsequentes. Um dos

    assuntos normalmente endereados pelos planejamentos estratgicos de TI a

    questo da governana de TI.

    A governana de TI um brao da governana corporativa, que surgiu da ne-

    cessidade de haver mais transparncia nas organizaes. Como h alguns anos

    muitas empresas passaram a ser de capital aberto, ou seja, passaram a negociar

    suas aes na bolsa de valores, tornou-se necessrio ter uma forma de garantir

    aos novos acionistas que eles estariam contando com fontes confiveis de infor-

    mao. Assim como na governana corporativa, a governana de TI tambm visa

    dar mais transparncia aos [stakeholders], atravs da utilizao de controles.

    Assim, a governana de TI veio para auxiliar as organizaes a enfrentar os

    desafios corporativos e os requisitos reguladores maiores e mais complexos a

    cada dia. A implementao efetiva da governana de TI s possvel com o

    desenvolvimento de um [framework organizacional] especfico. Para tanto, devem ser utilizadas as melhores prticas existentes, como o BSC, PMBok,

    CobiT, ITIL, CMMI e ISO 17.799. Dentre esses, o CobiT o mais utilizado. Esse

    framework sugere uma srie de processos a serem seguidos, chamados de obje-

    tivos de controle, tais como: gerenciamento de incidentes, problemas, segurana

    da informao, indicadores e auditoria externa, para que se possa garantir o

    controle das informaes que se encontram em Sistemas de Informao.

    Em uma organizao, faz parte da governana de TI, por exemplo, a formao de

    alguns comits de gesto de TI. Os mais comuns so: gesto do portflio, gesto

    de demandas e gesto de projetos. Esses comits geram insumos para o processo

    Stakeholders: so as partes interessadas em uma

    empresa acionistas, execu-tivos, conselho, etc.

    Framework organi-zacional: um modelo utilizado para mapear a

    organizao. Como existem vrios modelos disponveis,

    cada um aborda diferentes aspectos. Os mais completos

    auxiliam no mapeamento tanto do nvel estratgico,

    quanto ttico e operacional.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    31

    de planejamento e/ou acompanham o andamento dos projetos. Nos comits de

    gesto acontecem reunies peridicas e cada um fornece insumos para o outro.

    A gesto do portflio visa garantir que as prioridades de TI e do negcio es-

    tejam alinhadas e que o portflio de aplicaes da empresa atenda o negcio

    a nvel estratgico, ttico e operacional. A gesto de demandas visa catalogar

    as demandas de melhorias e novos desenvolvimentos, priorizando-os junto s

    reas de negcio. A gesto de projetos, muitas vezes realizada ou alinhada por

    um [escritrio de projetos], tem o objetivo de gerenciar os projetos em suas diferentes esferas: escopo, cronograma, custo, stakeholders, benefcios, riscos

    e problemas, promovendo sinergias entre os projetos.

    A premissa mais importante da governana de TI o alinhamento entre as di-

    retrizes e objetivos estratgicos da organizao com as aes de TI. Existe o ali-

    nhamento da TI, entendida como um departamento da organizao, em que

    sua estratgia, estrutura, tecnologia e processos devem estar alinhados com os

    objetivos das [unidades de negcio]. E h, tambm, o alinhamento estratgico de SI (Sistemas de Informao) com a estratgia organizacional.

    O objetivo do alinhamento estratgico dos sistemas de informao assegu-

    rar que prioridades, decises e projetos de SI estejam em consonncia com as

    necessidades de toda a empresa. O no alinhamento correto do SI com a es-

    tratgia organizacional pode resultar em altos investimentos em sistemas que

    fornecem poucos benefcios ou no no investimento em sistemas que pode-

    riam fornecer muitos benefcios (Turban, Leidner, McLean e Wetherbe, 2002).

    A importncia do alinhamento estratgico entre a TI e o negcio uma das

    maiores questes enfrentadas pelos chefes de Tecnologia da Informao, os

    [CIOs]. Atingir o alinhamento estratgico no tarefa simples para os gestores de TI. necessrio utilizar diferentes abordagens para entender a utilizao

    de TI e dos sistemas na organizao. A governana uma das metodologias e

    ferramentas disponveis que facilitam o planejamento de TI. Outros exemplos

    sero apresentados abaixo.

    a. Modelo do planejamento de sistemas de negcio (BSP)

    O modelo BSP, desenvolvido pela IBM, inicia-se com a anlise das estratgias

    de negcio. Levanta os processos de negcio e as classes de dados envolvidas

    nos processos, e estes se tornam a base de uma arquitetura de informao. A

    partir dessa arquitetura so definidos os bancos de dados organizacionais e

    identificadas as aplicaes que daro suporte s estratgias de negcio.

    CobiT um framework e um conjunto de ferramentas de governana de Ti que permite aos gerentes ligar os requisitos de controle, as questes tcni-cas e os riscos do negcio. O CobiT habilita o claro desen-volvimento de uma poltica e boas prticas para controle de Ti ao longo das organizaes. enfatiza a observncia regula-tria, auxilia as empresas a au-mentar o valor obtido atravs da Ti, habilita o alinhamento e simplifica a implementao do framework.

    Conhea um pouco mais so-bre o CobiT visitando a pgi-na: .

    Escritrio de projetos: um escritrio de projetos ou PMO (do ingls, Project Management Office) uma unidade organizacional que centraliza e coordena o gerenciamento de projetos sobre seu domnio. Um PMO supervisiona o gerenciamen-to de projetos, programas ou uma combinao dos dois.

    unidade/linha de negcio: uma unidade de negcios uma diviso, linha de produtos ou outro centro de lucro de uma empresa.

    CIOs (Chief Infor-mation Officer): chefe de Tecnologia da informao. dependendo do tamanho da empresa, pode ser o diretor, o gerente geral ou o geren-te de Ti. essa posio est evoluindo para CKO (Chief Knowledge Officer) que engloba conhecimento e no somente informao.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    32

    b. Planejamento de cenrios

    A organizao elabora hipteses que podem ocorrer no futuro e procura

    desenvolver sua estratgia tendo em mente essas diferentes possibilidades. Os

    cenrios so projetados a partir do estudo das variveis externas organizao

    sobre as quais no tem controle. Podem ser tanto otimistas quanto pessimistas

    e a empresa precisa estar pronta para lidar com as diferentes hipteses. No

    adianta a empresa possuir uma equipe especialista no ambiente externo e uma

    boa projeo de cenrios se os executivos no acreditarem neles e no estive-

    rem preparados para mudanas.

    c. Service-Oriented Architecture (SOA)

    Com a mudana de orientao das empresas para uma orientao por ser-

    vios, o alinhamento estratgico de TI com a estratgia do negcio pode ser

    facilitado pelo estilo arquitetural SOA, possibilitando mais flexibilidade. Os

    desenvolvimentos so pensados em termos de servios, integrando a TI e as

    linhas de negcio, promovendo assim um alinhamento maior entre eles, e

    aumentando a velocidade de resposta s demandas em rpida e constante

    mudana. O SOA tambm prov um modelo arquitetural para integrar os

    servios de parceiros de negcios, clientes e fornecedores em um processo de

    negcio da empresa, o que reduz custos e aumenta a satisfao do cliente.

    As arquiteturas orientadas a servios possuem as caractersticas chave a seguir

    (Javaworld, 2013):

    Os servios SOA possuem interfaces auto descritivas em documentos

    XML independentes de plataforma. Web Services Description Language

    (WSDL) o padro para descrever os servios.

    Os servios SOA se comunicam com mensagens definidas por esquema

    XML.

    Os servios SOA so mantidos na empresa atravs de um registro que

    atua como um diretrio. As aplicaes podem invocar o servio direta-

    mente no registro, cujo padro o UDDI (Universal Description, Defini-

    tion and Integration).

    Cada servio SOA tem um nvel de servio associado (ANS, Acordo de

    Nvel de Servio; ou SLA, do ingls, Service Level Agreement). Alguns

    desses elementos so requisitos de segurana, [mensageria] confivel e polticas sobre quem pode invocar os servios.

    Mensageria: termo utili-zado para designar a trans-

    misso de mensagens em uma arquitetura orientada a

    servios.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    33

    d. Business Process Management (BPM)

    BPM uma abordagem sistemtica que foca na otimizao das operaes

    do negcio, tornando o [workflow organizacional] mais eficiente e capaz de se adaptar s mudanas. Possui grande nfase na melhoria contnua dos

    processos, documentando-os, gerenciando seus ciclos de vida e procurando

    eliminar ineficincias.

    Como o BPM define e gerencia o relacionamento entre pessoas, processos e

    sistemas de TI e auxilia no alinhamento estratgico entre a TI e os processos de

    negcio, frequentemente um ponto de conexo entre as linhas de negcio

    e o departamento de TI. O Business Process Execution Language (BPEL) e o

    Business Process Management Notation (BPMN) foram criados para facilitar a

    comunicao entre o negcio e a TI. So linguagens fceis de ler e aprender,

    assim os processos ficam claros para todas as partes.

    e. Arquitetura empresarial

    A arquitetura empresarial uma combinao de diversas outras arquiteturas:

    TI, infraestrutura, sistemas, negcio, dados, processos, etc. h vrias definies

    diferentes, muitas vezes sobrepostas ou mesmo divergentes, e as empresas

    trabalham com diferentes nveis de arquiteturas.

    Uma boa arquitetura empresarial pode responder a diversas perguntas, tais

    como:

    Quais so as aplicaes e tecnologias que suportam ambientes de

    misso crtica?

    A substituio de uma determinada tecnologia afetar quais objetivos

    estratgicos da organizao?

    Se houver uma mudana em um processo, que infraestrutura ser afetada?

    Como a estabilidade do ambiente que suporta o departamento X?

    Que tipo de equipamento ser necessrio para suportar um novo sistema?

    Sero abertas novas filiais? Qual o impacto na arquitetura atual?

    h vrios frameworks organizacionais para mapeamento da arquitetura em-

    presarial: The Zachman Framework, The U.S. Department of Defense Architec-

    ture Framework (DoDAF), The Open Group Architecture Framework (TOGAF),

    The United States Government Federal Enterprise Architecture (FEA), The

    Extended Enterprise Architecture Framework (E2AF) do Institute For Enterprise

    Architecture Developments e The Gartner Framework.

    Workflow organiza-cional: fluxos de trabalho de uma empresa.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    35

    Objetivos especficos

    Apresentar o modelo de foras competitivas de Porter.

    Identificar as fontes de barreira de entrada.

    Identificar o poder de barganha dos fornecedores.

    Identificar o poder de barganha dos clientes.

    Identificar a ameaa de produtos substitutos.

    Identificar a rivalidade entre competidores existentes.

    Analisar o impacto da internet no modelo.

    Conhecer o paradoxo da internet.

    Apresentar o modelo da cadeia de valor.

    Analisar o impacto da internet na cadeia de valor.

    Apresentar conceitos de concessionria pblica de informao.

    Autor de vrios livros e artigos sobre competitividade, o professor da Universi-

    dade de harvard, Michael Porter concebeu o modelo analtico da competio

    entre as empresas considerando cinco foras competitivas para que as empre-

    sas possam desenvolver uma estratgia empresarial eficiente.

    Os modelos das foras competitivas e da cadeia de valores de Michael Porter so

    ferramentas importantes a serem utilizadas, respectivamente, na anlise do po-

    tencial dos Sistemas de Informao em uma organizao e tambm como base

    para explicar o suporte que a TI pode oferecer para as operaes da empresa.

    5.1 MODELO DE CINCO FORAS COMPETITIVAS

    A essncia da formulao de uma estratgia competitiva relacionar uma

    empresa com o seu meio ambiente. O aspecto principal do meio ambiente a

    indstria ou as indstrias em que compete. A concorrncia em uma indstria

    depende de cinco foras competitivas bsicas, cujo conjunto determina o poten-

    cial de lucro final na indstria (Porter, 1986). O modelo de foras competitivas

    MODELO DE FORAS COMPETITIVAS DE PORTER5

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    36

    de Porter (Figura 3) identifica essas cinco foras no ambiente de uma organiza-

    o que influenciam a concorrncia.

    ENTRANTES POTENCIAS

    COMPRADORES

    RIVALIDADE ENTRE AS EMPRESAS EXISTENTES

    PODER DENEGOCIAO DOS

    FORNECEDORES

    AMEAA DE PRODUTOSOU SERVIOS SUBSTITUTOS

    AMEAAS DE NOVOS ENTRANTES

    PODER DENEGOCIAO DOSCOMPRADORES

    CONCORRENTESNA INDSTRIA

    SUBSTITUTOS

    FORNECEDORES

    Figura 3 - Foras que dirigem a concorrncia na indstria Fonte: Porter (1986)

    A seguir sero descritas cada uma das cinco foras do modelo.

    a) Ameaa de novos entrantes

    O incio das operaes de uma nova empresa pode ser considerado uma nova

    entrada ou a aquisio de uma empresa j existente na indstria para construir

    uma posio no mercado. Em ambos os casos h uma ameaa, uma vez que

    novos recursos so introduzidos na indstria, podendo causar uma queda nos

    preos ou aumentos dos custos dos participantes.

    O tamanho da ameaa est diretamente relacionado s barreiras de entrada

    da indstria, ou seja, s dificuldades que um novo entrante dever enfrentar

    e superar. Quanto mais altas so as barreiras, menor a ameaa. Porm, a

    retaliao tambm maior caso uma empresa se aventure em uma indstria

    de barreiras elevadas. Uma indstria nessa situao possui uma posio um

    pouco mais confortvel e a concorrncia tende a ser amigvel. Quando as

    barreiras so baixas, h uma alta competio entre os concorrentes, j que

    eles so mais numerosos e disputam a mesma fatia do mercado.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    37

    Segundo Porter, so seis as principais barreiras de entrada:

    (1) Economias de escala:

    Referem-se aos declnios nos custos unitrios de um produto (ou operao

    ou funo que entra na produo de um produto), medida que o volume

    absoluto por perodo aumenta. Podem estar presentes em qualquer parte

    da cadeia de valores.

    (2) Diferenciao do produto:

    As empresas que esto no mercado h mais tempo j tm grande reco-

    nhecimento de sua marca e conquistaram a lealdade dos clientes a seus

    produtos. Os custos para construir uma marca e fidelizar os clientes so

    muito altos; se no atingem o objetivo, no tm valor residual.

    (3) Necessidades de capital:

    Refere-se quantidade de recursos financeiros que devem ser injetados

    para entrar em uma indstria. Quanto mais alta, maior essa barreira de

    entrada, especialmente em atividades de alto risco.

    (4) Custos de mudana:

    Representa os custos que o comprador tem quando troca de fornecedor.

    Quando esses custos so altos, a empresa entrante precisa oferecer uma

    significativa reduo no custo do produto ou servio ou uma diferenciao

    que traga vantagens ao comprador que compensem os custos de mudana.

    (5) Acesso aos canais de distribuio:

    Os [canais de distribuio] j esto atendendo s empresas estabelecidas. Assim, para que os novos entrantes sejam atendidos, estes devem dar aos

    canais, por exemplo, verbas para campanha de publicidade em coopera-

    o, o que pode representar um volume alto de investimento, reduzindo

    consideravelmente seus lucros. Essa barreira pode ser to alta que o novo

    entrante precise criar um canal de distribuio completamente novo.

    (6) Desvantagens de custo independentes de escala:

    Vantagens de custo podem ser impossveis de serem igualadas por novos

    entrantes, tais como:

    Tecnologia patenteada do produto;

    Acesso favorvel s matrias-primas;

    Localizaes favorveis;

    Subsdios oficiais;

    Curva de aprendizagem ou de experincia.

    Canais de distribuio: o caminho atravs do qual os produtos oferecidos por uma empresa chegaro aos consumidores.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    38

    b) Rivalidade entre as empresas existentes

    A intensa rivalidade entre as empresas existentes consequncia da interao

    de vrios fatores estruturais. So eles:

    Concorrentes numerosos ou bem equilibrados;

    Crescimento lento da indstria;

    Custos fixos ou de armazenamento altos;

    Ausncia de diferenciao ou custos de mudana;

    Capacidade desenvolvida em grandes incrementos;

    Concorrentes divergentes;

    Grandes interesses estratgicos;

    Barreiras de sada elevadas.

    c) Ameaa de produtos ou servios substitutos

    Produtos substitutos so aqueles que desempenham a mesma funo de um

    determinado produto de maneira semelhante, porm com os mesmos objeti-

    vos alcanados. So exemplos: a cmera digital que substituiu a cmera com

    rolo de filme e os sistemas de segurana que reduziram ou eliminaram, em

    alguns casos, a necessidade de guardas de segurana.

    Os produtos substitutos reduzem os retornos potenciais de uma indstria, co-

    locando um teto nos preos que as empresas podem fixar com lucro. Quanto

    mais atrativa for a alternativa de preo-desempenho oferecida pelos produtos

    substitutos, mais firme ser a presso sobre os lucros da indstria.

    d) Poder de negociao dos compradores

    Quanto mais poder estiver nas mos dos compradores, mais sujeita estar a

    indstria a uma guerra de preos ou a uma constante necessidade de ofere-

    cer mais qualidade ou mais servios. A lucratividade fica comprometida. As

    seguintes circunstncias fazem um grupo ser poderoso:

    Estar concentrado ou adquirir grandes volumes em relao s vendas

    do vendedor.

    Os produtos adquiridos da indstria representam uma frao signifi-

    cativa de seus prprios custos ou compras.

    Os produtos que compra da indstria so padronizados ou no

    diferenciados.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    39

    Enfrenta poucos custos de mudana.

    Consegue lucros baixos.

    Compradores que so uma ameaa concreta de integrao para trs.

    O produto da indstria no to importante para a qualidade dos pro-

    dutos ou servios do comprador.

    O comprador tem total informao.

    e) Poder de negociao dos fornecedores

    Os fornecedores podem exercer poder na indstria elevando preos ou redu-

    zindo a qualidade dos bens e servios prestados. Semelhante ao poder dos

    compradores, um grupo fornecedor poderoso nas seguintes circunstncias:

    dominado por poucas companhias e mais concentrado do que a

    indstria para a qual vende.

    No est obrigado a lutar com outros produtos substitutos na venda

    para a indstria.

    A indstria no um cliente importante para o grupo fornecedor.

    O produto dos fornecedores um insumo importante para o negcio do

    comprador.

    Os produtos so diferenciados ou o grupo desenvolveu custos de mudana.

    O grupo de fornecedores uma ameaa concreta de integrao para

    frente.

    ESTRATGIAS COMPETITIVAS GENRICAS

    Para enfrentar as foras competitivas descritas anteriormente,

    Porter (1986) prope trs estratgias competitivas genricas

    para buscar a liderana na indstria.

    1. Liderana no custo total: atingir a liderana no custo total atravs de um conjunto de polticas funcionais orientadas para esse objetivo.

    2. Diferenciao: diferenciar o produto ou o servio ofereci-do pela empresa, criando algo que seja considerado nico ao

    mbito de toda a indstria.

    3. Enfoque: focar em um determinado grupo comprador, seg-mento da linha de produtos ou mercado geogrfico.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    40

    5.2 O MODELO DE CINCO FORAS E A INTERNET

    O maior impacto da internet foi possibilitar a reconfigurao de indstrias

    existentes que estavam limitadas por altos custos de comunicao, coleta de

    informao ou realizao de transaes. A internet at criou novas indstrias,

    mas a sua utilizao, em sua maioria, ocorreu alterando a interface do pro-

    cesso de indstrias j existentes (Porter, 2001). Um exemplo so os websites

    de compra e venda. Essa atividade j existia em classificados de papel. O que

    mudou foi a forma como a oferta e a compra so efetuadas. A internet deve

    ser vista como , uma tecnologia habilitadora, um conjunto de poderosas

    ferramentas que podem ser usadas em quase qualquer indstria, como parte

    de quase qualquer estratgia (Porter, 1999).

    A internet deve ser utilizada como um complemento s opera-

    es da empresa, no como uma forma totalmente nova de se

    fazer negcios.

    Muitas empresas falharam em suas estratgias virtuais, pois no analisaram as

    bases da indstria, que de onde realmente vem a lucratividade do negcio.

    Devido a sinais prematuros de um mercado promissor, as empresas tomaram

    iniciativas sem analisar, pelas formas convencionais, os custos e receitas de

    determinada operao. Mtricas financeiras distorcidas e no confiveis foram

    utilizadas. As empresas no poderiam ter esquecido da criao de valor eco-

    nmico verdadeiro. Somente gerar receitas ou reduzir custos no significa que

    algum valor tenha sido criado.

    A internet pode criar valor?

    Para ter essa resposta, deve se olhar tambm para a estrutura da indstria e para

    a vantagem competitiva sustentvel. Esses direcionadores de lucratividade so

    universais e transcendem qualquer tecnologia ou tipo de negcios (Porter, 1999).

    O modelo de foras competitivas continua sendo vlido para a anlise de uma

    indstria, seja nova ou velha. As cinco foras ainda determinam a lucrativida-

    de, mesmo que os fornecedores, canais, substitutos ou competidores mudem.

    Devido fora de cada uma dessas cinco foras variar consideravelmente de

    indstria para indstria, seria errneo tirar concluses gerais sobre o impacto

    da internet na lucratividade. Porm, algumas tendncias so descritas na figura

    a seguir (Porter, 2001):

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    41

    importante analisar o impacto em cada uma das foras:

    Barreiras de entrada: em muitas indstrias, a internet facilita a en-

    trada de novos concorrentes, por seu alcance geogrfico, reduo dos

    investimentos em fora de vendas, em especial nos setores nos quais os

    competidores so intermedirios ou onde o produto ou servio digital.

    Rivalidade entre competidores existentes: como difcil manter

    as informaes em segredo, a diferena entre os concorrentes diminui.

    Alm disso, a internet tende a reduzir os custos variveis em relao aos

    Rivalidade entrecompetidores

    existentes

    (-)A competio migrada para preo

    Reduz os custosvarireis sem relaoaos custos fixos,aumentando a pressopor desconto de preo

    Aumenta o mercado geogrfico, aumentandoo nmero de competidores

    Reduz a diferena entre competidores, bem como difcil manter as ofertasprioritrias

    ClientesPoder debarganhados canais

    Poder debarganha dosusurios finais

    Ameaa de produtosou servios substitutos

    Poder de barganhados fornecedores

    Barreiras de entrada

    Ao tornar a indstria como um todo mais eficiente, a internet pode expandir o tamanho do mercado

    (+)

    A proliferao das abordagens para internet criam novas ameaas de substitutos

    (-)

    Elimina canais poderosos ou melhora o poder de barganha em canais tradicionais

    (+)

    Transfere o poder de barganha para os usurios finais

    Reduz custos de mudana(-)

    (-)

    (-)

    (+/-)

    A internet fornece um canal para fornecedores atingirem usurios finais, reduzindo a influncia de empresasintermedirias

    A aquisio via internet e os mercados digitais tendem a dar a todas as empresas acesso igual aos fornecedores, levam aquisi-o a produtos padronizados que reduzem a diferenciao.

    Reduz barreiras entrada e a proliferao de competidores transferindo o poder para os fornecedores

    A aquisio usando a internettende a aumentar o poder de barganha sobre fornecedores, porm tambm pode dar aos fornecedores mais acessoaos clientes

    Uma enxurrada de novos entrantes surgiu em muitas indstrias

    Reduz barreiras de entrada como a necessidade de uma fora de vendas, acesso a canais e ativos fsicos - qualquer coisa que a tecnologia da internet elimine ou facilite a fazer, reduz barreiras de entrada

    Aplicaes de internet so difceis de serem proprietrias contra novos entrantes

    Figura 4 - Como a internet influencia a estrutura da indstria Fonte: Porter (2001)

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    42

    custos fixos, o que leva a desconto nos preos. Ambos os fatores enco-

    rajam uma competio destrutiva de preos na indstria.

    Ameaa de produtos ou servios substitutos: o risco de substitutos

    maior em indstrias da informao como, por exemplo, livros e msica.

    Clientes: os compradores possuem muito mais acesso s informaes dos

    fornecedores e produtos, com isso seu poder de barganha aumenta muito.

    Poder de barganha dos fornecedores: ao mesmo tempo em que, a

    princpio, o poder dos fornecedores diminui, pois os compradores podem

    comparar e procurar por outros fornecedores mais facilmente, com a in-

    tegrao digital das cadeias de suprimento os custos de mudana aumen-

    tam. h custos de desenvolvimento envolvidos, o que garante que o poder

    dos fornecedores no seja reduzido ou em alguns casos at aumente.

    Em linhas gerais, a anlise das foras indica que a tecnologia da internet

    continuar a pressionar a lucratividade de muitas indstrias, com a base de

    competio se transferindo para preo e o poder se transferindo para os

    clientes. Como a combinao de novas e antigas empresas geralmente dimi-

    nui as barreiras de entrada, a maior parte das indstrias dever acabar com

    um nmero maior de competidores e rivalidade mais intensa do que antes da

    internet (Porter, 2001). Ainda segundo Porter, o paradoxo da internet que

    boa parte de seus benefcios tornar informaes amplamente disponveis;

    reduzir as dificuldades para comprar, comercializar e distribuir; possibilitar que

    os compradores e vendedores se encontrem e realizem negcios entre si mais

    facilmente tambm torna mais difcil para as empresas capturarem esses

    benefcios sob a forma de lucro.

    Nesse contexto, para garantir uma vantagem competitiva sustentvel, a empre-

    sa precisa operar a um custo menor, ou possuir um preo premium, ou ambos.

    Tais vantagens podem ser obtidas atravs de eficincia operacional ou posicio-

    namento estratgico.

    A eficincia operacional hoje mais fcil de ser atingida, pois as tecnologias

    esto mais acessveis e mais fceis de implementar do que h alguns anos.

    Porm, pelos mesmos motivos, tambm so mais facilmente copiveis. Logo, a

    facilidade de acesso e de implementao no mais uma vantagem competiti-

    va sustentvel (aquela que a empresa consegue manter por um longo perodo

    de tempo, representando uma forte barreira de entrada). Nesse cenrio, o

    posicionamento estratgico se torna cada vez mais importante. Porm, muitas

    empresas ainda enxergam a internet como fonte de eficincia operacional.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    43

    5.3 MODELO DA CADEIA DE VALOR

    Enquanto o modelo de cinco foras utilizado na anlise das foras compe-

    titivas de uma indstria, o modelo da cadeia de valor de Porter ampla-

    mente utilizado na anlise das atividades da empresa e na identificao de

    suas fontes de vantagem competitiva. Em outras palavras, o primeiro modelo

    analisa fatores externos empresa e ajuda a traar algumas estratgias para

    enfrent-los; j a cadeia olha para o interior da empresa, suas partes com-

    ponentes, seus processos e, fundamentalmente, as atividades que a empresa

    desempenha para atingir suas metas, com o objetivo de identificar onde esto

    seus pontos fortes, onde possui vantagens sobre seus concorrentes, sendo,

    ento, fontes de criao de valor.

    INFRAESTRUTURA DA EMPRESA

    GERNCIA DE RECURSOS HUMANOS

    DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA

    AQUISIO

    LOGSTICAINTERNA

    OPERAES LOGSTICAEXTERNA

    MARKETING E VENDAS SERVIO

    MARGEM

    ATIVIDADES PRIMRIAS

    ATIVIDADES DE APOIO

    Figura 5 - A cadeia de valores genrica Fonte: Porter (1989)

    Uma empresa rentvel se o valor que impe a seus produtos ultrapassa os

    custos envolvidos na sua produo. A cadeia de valores (Figura 5) exibe esse valor

    total e consiste em atividades de valor e margem. As atividades de valor so as

    atividades fsica e tecnologicamente distintas, atravs das quais uma empresa cria

    um produto valioso para os seus compradores. A margem a diferena entre o

    valor total e o custo coletivo da execuo das atividades de valor (Porter, 1989).

    As atividades de valor so divididas em:

    Atividades primrias: aquelas diretamente envolvidas na criao do

    produto.

    Atividades de apoio: aquelas que atendem cada atividade em separa-

    do, mas tambm os processos da cadeia como um todo.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    44

    A infraestrutura da empresa necessariamente apoia a cadeia inteira. Em uma

    empresa de engenharia, por exemplo, entre as atividades primrias possvel

    citar o oramento da obra, o projeto de arquitetura e a construo do edifcio.

    Entre as atividades de apoio, o recrutamento e seleo, o desenvolvimento e

    aquisio de solues tecnolgicas podem ser citados. Em uma empresa de

    recrutamento e seleo, tal atividade estaria nas atividades primrias.

    Quando Porter idealizou a cadeia de valores, a tecnologia ainda no tinha o

    papel que passou a ter alguns anos depois. Assim, chega a ser citada em seu

    livro Vantagem Competitiva, mas como tecnologia de Sistemas de Informao,

    citando sistemas de apoio s operaes e comeando a pensar na integrao

    dos processos, mas nada com muito destaque. Alguns anos mais tarde no

    havia mais como negligenciar o papel da Tecnologia da Informao na cadeia

    de valores e uma nova verso da cadeia incorporou a TI (Figura 6).

    Figura 6 - A Tecnologia da Informao impregna a cadeia de valores Fonte: Porter (1999)

    Modelos de planejamento

    Programao de pessoal automatizada

    Projeto baseado em computador Pesquisa de mercado eletrnica

    Fornecimento on-line de peas

    Depsitosautomatizados

    Processamentosde pedidosautomatizados

    Fabricaoflexvel

    Telemarketing

    Manuteno remota deequipamentos Programao e definio de roteiros por computador para caminhes de servios

    MARGEM

    Infraestruturada empresa

    Gesto de Recursos Humanos

    Desenvolvimentoda tecnologia

    Suprimentos

    ATIVIDADES DE APOIO

    A Tecnologia da Informao passou a permear todos os pontos da cadeia,

    transformando a maneira como as atividades de valor so desempenhadas e

    a natureza do elo entre elas. Tambm passou a afetar o escopo competitivo

    e a reformular a maneira como os produtos satisfazem s necessidades dos

    compradores. Esses efeitos bsicos explicam por que a Tecnologia da Informa-

    o adquiriu significado estratgico e diferente das muitas outras tecnologias

    utilizadas (Porter, 1999).

    Com o uso da internet, as informaes geradas na cadeia de valores em suas ati-

    vidades em separado e em seus elos podem ser amplamente difundidas dentro

    da empresa, para seus parceiros, fornecedores e clientes. Isso pode fortalecer a

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    45

    empresa de diferentes maneiras. Por exemplo, uma empresa j forte no mundo

    real, ao oferecer um servio de qualidade via website de informaes de seus

    produtos e ps-venda, pode conquistar a lealdade de seus clientes.

    Voltando ao posicionamento estratgico citado anteriormente, este pode ser

    melhor defendido se a cadeia de valores estiver altamente integrada e ajus-

    tada. Ter uma estratgia questo de disciplina. Requer um foco forte em

    lucratividade, habilidade para definir uma proposio de valor nica e uma

    vontade de realizar trocas duras ao escolher o que no fazer. Quando as ativi-

    dades de uma empresa se combinam em um sistema autorreforvel, qualquer

    competidor, para imitar sua estratgia, deveria replicar todo o sistema, ao invs

    de copiar somente algumas caractersticas do produto ou formas de realizar

    algumas atividades em particular (Porter, 2001).

    Alm de transformar os produtos e processos, a Tecnologia da Informao

    tambm est mudando a prpria natureza da competio. No obstante o uso

    crescente da Tecnologia da Informao, os setores sempre se diferiro quanto

    intensidade da informao e quanto velocidade da mudana (Porter, 1999).

    Observe a matriz a seguir:

    A matriz apresentada na Figura 7 est relacionada com a intensidade da infor-

    mao na cadeia de valores e com o contedo de informao no produto. A

    intensidade da informao refere-se quantidade e importncia das infor-

    maes nas diversas atividades da empresa.

    REFINO DEPETRLEO

    BANCOS

    JORNAIS

    EMPRESAS DE AVIAO

    CIMENTOINTENSIDADE DEINFORMAES DACADEIA DE VALOES

    CONTEDODE INFORMAODO PRODUTO

    Figura 7: Matriz de intensidade da informao Fonte: Porter (1999)

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    46

    Quando a posio de uma indstria na matriz alto-alto, como nos bancos,

    a tecnologia desempenha uma funo central na empresa. necessrio proces-

    samento, armazenamento, inovao, criatividade. Se h uma posio alto em

    intensidade de informao, porm baixo em contedo do produto, como no

    refino do petrleo, o atual parque tecnolgico deve ser suficiente para suprir as

    necessidades da empresa, j que no h expectativa de um aumento exponen-

    cial de informaes vindas de produtos. Na posio baixo-baixo, a tecnologia

    desempenha funes secundrias, no tendo a ateno das reas de negcio o

    processamento fsico continua dominante. Finalmente, se uma indstria possui

    alto contedo de informao do produto, tambm tem uma alta intensidade na

    cadeia de valores, uma coisa est relacionada a outra. Assim, no h exemplos

    de indstrias na posio baixa intensidade-alto contedo.

    Como o custo do hardware e do software tende a diminuir, a tendncia que

    as indstrias se desloquem para os quadrantes de um contedo de informao

    mais elevado.

    Como o Exrcito est posicionado nessa matriz? No h dvi-

    das de que a intensidade da informao na cadeia de valores

    alta. Mas, e o contedo de informao no produto? O Exrcito

    no comercializa produtos, porm possvel pensar em ter-

    mos de produtos que podem processar informaes, como os

    automveis, os armamentos, entre outros.

    Como visto anteriormente, a internet das coisas est chegando. Assim,

    h um desafio para todos os gestores: entender como sua organizao pode

    redesenhar seus processos visando uma maior eficincia/eficcia. Como a em-

    presa est posicionada na matriz?

    Na era da informao, os gerentes devem, ento, realizar algumas anlises.

    So elas:

    Avaliar a intensidade da informao.

    Determinar o papel da Tecnologia da Informao na estrutura setorial.

    Identificar e classificar as maneiras pelas quais a Tecnologia da Informa-

    o seria capaz de criar a vantagem competitiva.

    Investigar como a Tecnologia da Informao geraria novos negcios.

    Desenvolver um plano para se beneficiar com a Tecnologia da Informao.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    47

    WEb 2.06h muitas definies diferentes de Web 2.0, no havendo um consenso sobre

    o que exatamente. Essa divergncia vem do fato de alguns autores a defini-

    rem a partir do ponto de vista tecnolgico, outros do ponto de vista sociolgi-

    co e outros ainda pelo ponto de vista econmico-financeiro.

    uma tecnologia? colaborao? cauda longa? So os modelos de negcio?

    O termo foi utilizado pela primeira vez como ttulo de uma srie de confern-

    cias promovidas pela empresa OReilly Media, em 2004. Na poca, Dale Dou-

    gherty, pioneiro da web e vice-presidente da OReilly, apontou que, apesar de

    ter quebrado aps o estouro da bolha em 2001, a web estava mais impor-

    tante do que nunca, com novas aplicaes emocionantes e sites surgindo com

    uma regularidade surpreendente. Alm disso, as empresas que sobreviveram

    ao colapso pareciam ter algo em comum. A conferncia Web 2.0 nasceu da

    convico dos executivos da OReilly de que o colapso marcou algum tipo de

    virada para a web. Tim OReilly, fundador da empresa, define:

    A Web 2.0 a revoluo do negcio na indstria do

    computador causada pela mudana da internet como

    plataforma e uma tentativa de entender as regras para o

    sucesso nessa nova plataforma. A principal dessas regras

    essa: construir aplicaes que dominem os [efeitos de rede] para melhorarem quanto mais pessoas a utilizarem. (OReilly apud Shuen, 2008, p.14)

    Olhando do ponto de vista puramente tecnolgico, pode-se dizer que a Web

    2.0 surge aps a bolha da internet ter estourado em 2001, quando uma srie

    de novas tecnologias possibilitou que os websites se tornassem mais din-

    micos, no lugar dos primeiros websites estticos a que todos estavam habi-

    tuados. Os websites dinmicos se somam grande mudana de paradigma

    analisada nesta Unidade, fazendo parte da mudana de nos vermos como

    meros espectadores e consumidores de informaes de massa para participan-

    tes ativos, criadores e compartilhadores de conhecimento.

    Efeitos de rede: so os efeitos que ocorrem quando um bem ou servio fica mais valioso quanto mais usurios

    o utilizam.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    48

    As principais tecnologias que possibilitaram a Web 2.0 so:

    AJAX (Asynchronous Java Script and XML): o termo designado

    para expressar a utilizao de um conjunto de tecnologias existentes

    Java Script, XML, hTML, XhTML, XLT, Documento Object Model, CSS

    para criar aplicaes web mais interativas. Possibilita adicionar contedo

    a uma pgina sem ter que recarreg-la. Exemplo: ao realizar uma busca

    no Google, a cada palavra digitada so sugeridas algumas palavras-cha-

    ve ou frases mais procuradas. A pgina est se conectando ao servidor

    para trazer essas informaes, mas no precisa ser recarregada a cada

    letra que voc digita.

    XML (Extensible Markup Language): possibilitou que o contedo

    fosse separado da forma, assim o conhecimento pode ser exportado

    e compartilhado sem complicaes. Possibilita a criao de dados que

    podem ser lidos por qualquer aplicao em qualquer plataforma.

    CSS (Cascading Style Sheets): mecanismo para adicionar estilo (fonte,

    cor, espaamento) a documentos web.

    RSS (Really Simple Syndication): o RSS uma forma do usurio reu-

    nir em um s local informaes de vrias fontes, como notcias de vrios

    jornais, posts de diferentes blogs, entre outros.

    Webservices: componentes de software que podem ser entregues via

    internet e habilitam a comunicao entre uma aplicao e outra sem

    exigir converso, independente de sistema operacional, linguagem de

    programao ou dispositivo cliente (Laudon, Laudon, 2004).

    Software open source: permite que qualquer um olhe o cdigo utiliza-

    do para criar a aplicao. Esse cdigo pode ser utilizado para criar outra

    aplicao ou ainda pode ser aprimorado. O movimento open source ga-

    rantiu que muitas novas aplicaes fossem desenvolvidas melhor e mais

    rapidamente, sendo uma das peas da chamada democratizao da web.

    Um exemplo da Web 2.0 bastante utilizado o GoogleMaps. Nele, possvel

    buscar um endereo e depois navegar ao redor do ponto localizado, aumen-

    tando ou reduzindo a imagem e at mesmo vendo fotos do local. Caso a

    pgina tivesse que ser recarregada a cada dado recebido do servidor, no seria

    possvel haver aplicativos como esse.

  • GESTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAO - U1

    49

    Para tornar ainda mais clara a compreenso, veja uma lista de caractersticas,

    aplicaes/tipos de aplicaes possibilitadas pela Web 2.0:

    Blogs: sites para postagens de ideias, trabalhos, comentrios, pontos de

    vista, etc.

    Wikis, como a Wikipedia: criao e compartilhamento de conheci-

    mento/informao.

    Redes sociais como o Facebook: conectar-se a amigos, compartilhar

    informaes.

    Servios baseados no Google e outros servios gratuitos: mode-

    los de negcios possibilitados pelas novas tecnologias (ver mais detalha-

    do abaixo).

    Mash-ups: pgina ou aplicao web que combina dados, apresentao

    ou funcionalidade de duas ou mais fontes para criar novos servios. Suas

    caractersticas so combinao, visualizao e agregao. Um exemplo

    a aplicao, ainda em fase beta, da Wikipedia junto com o Google. Nela

    so apresentadas em tempo quase real as atualizaes feitas na Wikipe-

    dia no mapa do GoogleMaps.

    Enciclopdias interativas e dicionrios: criao e compartilhamento

    de conhecimento/informao.

    Jogos avanados: possibilidade de jogar em rede, com oponentes

    desconhecidos.

    Tags/folksonomias: um sistema de classificao na web que permite

    agrupar e localizar as informaes mais facilmente. A partir das [tags] que os usurios inserem em suas fotos, por exemplo, os sites de fotogra-

    fias aprendem sobre os hbitos, tipos de imagens e outras informaes

    das fotos. As [hashtags], por exemplo, #melissadodia (do Instagram das sandlias Melissa), so utilizadas para divulgaes e promoes,

    criando uma cultura/clube virtual em torno daquela marca. Uma pessoa

    tira uma foto e na sua legenda escreve um comentrio que contenha o

    texto #melissadodia. Todo dia, uma foto de uma sandlia da coleo

    ou de uma coleo passada selecionada e indicada como a Melissa

    do Dia. Uma loja de roupas pode, por exemplo, imaginar uma hashtag

    #promo_lookdodia, solicitar a seus seguidores que postem fotos com

    essa hashtag e todas que o fizerem estaro concorrendo a uma roupa.

    So muitas possibilidades.

    O instagram um aplicativo que permite tirar fotos a par-tir dos celulares, alm de apli-car filtros e public-las direta-mente no Facebook, Twitter e Tumblr.

    Tag/hashtag: so palavras-chave inseridas em uma postagem. a diferena que a hashtag precedida do sinal #, que converte em um link a palavra-chave, ligando o post a um assunto sendo discutido no Twitter, instagram, etc.

  • Curso de Habilitao ao Quadro auxiliar de ofiCiais

    50

    Social bookmarking: websites que permitem ao usurio colecionar o

    que ele acha de melhor na internet e compartilhar com outros usurios

    suas opinies e preferncias. Funciona como a opo Favoritos da

    barra do Internet Explorer, porm reunido em uma nica interface, com

    possibilidade de compartilhamento e colaborao. A Figura a seguir

    apresenta um primeiro acesso ao site Stumbleupon.com. O site informa

    que quando o usurio no gostar de alguma coisa que ele tenha reco-

    mendado, outra sugesto ser dada, de modo que o site estar apren-

    dendo a partir do que o usurio informar para eles.

    Figura 8 - Primeiro acesso ao site Stumbleupon.com

    Passando a anlise para o ponto de vista sociolgico, muitos afirmam que ns

    somos a web e que a internet no mais somente uma ferramenta, mas um

    local mais soci