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grão de tempo danilo arnaldo briskievicz
grão de tempo danilo arnaldo briskievicz
tipographia serrana – serro – brasil – 2010
grão de tempo os grãos de terra rolam ladeira abaixo o fim da terra solta é o rio levando para o oceano absoluto oceano o resto da construção das ruas das avenidas do casarão os grãos de terra deixam o alto da cidade se integram ao fundo do córrego desde novo dando no oceano como os portugueses desde sempre ligados pela estrada real à opressão total da colonização
tempo demora quanto tempo dia mês ano estão em uma hora?
descartáveis enquanto eu fico parado o mundo gira enquanto o encanto cessa o infinito eu passo horas dias meses anos enquanto eu fico atado ao seu mundo enquanto o desencanto cresce ao limite eu falo palavras frases verbos adjetivos enquanto eu fico chateado o mundo continua o ciclo rápido o giro perfeito dos descartáveis
múltiplo tempo o múltiplo tempo de cada ser da lesma correndo na folha do gavião coçando as penas da coruja pensando filosofia há tempos tantos espalhados não posso juntar seus pedaços a fragilidade é o conjunto deixa o tempo de cada ser ser apenas um tempo
só eu queria apenas desatar os nós tão sabiamente enovelados pela vida só sei que o nó dói mais quando fico só o nó dobrado é nó apertado do estar só
calçadão o calçadão da praia segue seu ritmo uns caminham para si mesmos outros procuram um olhar aquele mesmo que signifique amor no calçadão há uma estrutura de vida um tempo diverso do tempo da praia no calçadão a diversão é ver e sempre, acima de tudo, ser visto [mesmo que por si mesmo ali]
vaga a chuva cai caio vou escorro em ai saio sou a chuva é apenas é é eu não sou não sou ou sou não sei se chovo não sou a chuva sei que sou ou não sei se caio
passo passo pelo rosto as mãos o tempo está dentro da face oculta do dia inteiro feito eu agora o corpo pede apenas um banho o tempo está no corpo afora explícito no seu cheiro feito eu afora
sempre o pingo de chuva o canto da ave o sopro do vento sonoridade a tarde se perde entre som água a tarde me prende dentro tempo sempre
mundo chão debaixo da sola do sapato o mundo é nada poeira do chão debaixo da sola da sandália o mundo é pouco sentido que não
leque do absoluto o mar quando espalha em onda na praia abre um leque de água na areia o mar dá opções como a vida molhar se dentro secar se fora não é possível ficar incólume diante do tambor marítimo chamando para o ritual sagrado banhar-se no mar refazer a vida o destino rio jordão sou eu agora batizado quero andar sobre as águas do mar para entender de um outro ponto de vista o leque do absoluto
vida a vida se reserva ao direito de ser ela inteira dentro de si e ponto final a vida não detesta nem ama apenas ensina o que tiver que ser e sempre é a vida não é plena é apenas aresta de teia longa retecida a vida não é pouca é em si talvez oca cheia de verbos ecoada a vida é apenas o pouco o muito dado
duna os grãos de areia nas dunas são tantos tempos geológicos varridos dia e noite na formação do deserto
expectativa dar tempo ao tempo esperar que o vento sopre por dentro da fruta dar tempo ao vento aguardar que o tempo passe por fora do fruto
amor, sim o amor ah o amor está ainda em mim e rola pelo chão da cidade o amor pois bem o amor está pleno longe do fim e brota no dom da idade o amor se mistura ao cotidiano frágil ágil o amor me censura se cotidiano mutante antes o amor está o amor se dá do nascer ao pôr-do-sol
preguiça sonho leve longe breve sonho deve longe leve
sonho agora refaz vida
memória ainda me vejo parado no tempo ainda contemplo o momento do amor aquele momento ótimo onde o vento passa tão perfumado que marca a memória eu sei das horas passadas ao seu lado e das noites dormidas em sono comum acho mesmo que os sonhos eram os mesmos para que o amor pudesse ser imortal eu me lembro do primeiro beijo não esqueci a primeira música e como poderia esquecer-me da carta a mais amorosa carta de amor escrita não eu sei que não foi apenas uma ilusão o tempo destruiu as comportas da alma eu sei que não foi apenas bestial sentimento algo em mim não sou eu mesmo eu sei mudamos e o tempo mudou-nos o tempo dançou a sua valsa em torno e seduzidos pelo som da orquestra esquecemos de renovar o repertório o tempo passou muito rápido já não sei se lhe amo já não sei não sei
pensamento por debaixo do chão havia escondido um sentido para além do meu umbigo nasceu hoje entre a tarde e a noite uma revelação como açoite por entre a nuvem e a lua havia aparecido uma palavra muita densa para ser entendida hoje eu vi uma chuva de significados fortes cortando o céu de sul ao norte há palavra bela por toda a face terna e no fundo da terra há palavra cova entre as fases da lua que velha ou nova na flor se renova há palavra plena entre o vento e o tempo se faço pensamento
con[versação] se o vento do poema sopra belo como o firmamento eterno eu me dou um tempo singelo para ser apenas verbo se a hora soa nos quatro ventos o sentimento expulso velo entre palavras e o desejo sei o poema me encontrou frágil o poema me escolhe como parceiro de um tempo de outro olhar dado o tempo se casa comigo e o verbo se engata nos trilhos da emoção o poema sabe de mim como o tempo rouba em mim o verbo do verso
tema entre as pernas da tarde sopra o vento do dia de verão longo como futuro do subjuntivo entre as tetas da noite deleita o tempo de vida feita em verões como quem paga para ver e vê entre mim e a vida eu me ponho sutil o dia é longo e vário variação sobre o mesmo tema
perecível descartável a hora sem o futuro mesmo prisão do tempo descartável sou eu sem a loucura mesma paixão do sempre descartável a música sem a doçura mesmo afinação do ente descartável o momento é apenas perecível
resta o rosto o rosto me arrasta dentro de si o espelho me vê e sou outro outro tanto variado da forma e do conteúdo nunca quis a idade apenas novidade nunca quis o tempo apenas a eternidade o rosto me mostra por fora sei que assim não sou por dentro o tempo é um modificador atento me faz acreditar que minto muito
fuga das coisas que passam fica um pouco do vago
a imagem repassada deixa um tolo sem ego
das coisas que bastam fica o todo do laço
a figura mascarada mostra o logo do dado
do que se vai pouco atrai deixa ir fugir
vento o vento é filho do ar quente do ar frio em luta na atmosfera o ar se move originado pelos opostos o vento é filho do caótico girando nos trópicos na hora da chuva o ar se comove as árvores reviram suas emoções o vento é filho da dialética [mas quem criou os contrários?]
tempestade a tempestade no fim de tarde revirou o ponto de vista eu que era apenas interior abri a janela para ver a paisagem a natureza modifica o ponto de vista nova janela se abre aos olhos a natureza sempre altera nós, os artificiais
caco do temporal poeira cósmica na sola do pé de onde viemos para onde vamos porque aqui permanecemos poeira cômica da eternidade na sola da vida de quem é ou de quem passa o tempo o único que merecemos poeira universal caco do temporal
travesti ele é outra pessoa fora querendo ser o de dentro o de dentro quando sai é resultado estranho a roupa a voz o jeito revela outra pessoa fora com desejo de ser o de dentro enclausurado
luz a luz da noite revela o dia eterno a luz da fábrica desperta o sono terno a luz do sol esconde a estrela bela a luz dos olhos acerta no alvo tela a luz foi feita num dia de treva início das eras
humano mundo o mundo o artefato de sentidos espalhados em vidas em nomes sobrenomes e identidades em retratos três por quatro em documentos em vozes diversas elevando-se na multidão eu vejo o mundo estando nele e dele sinto a existência transcorrer em antenas parabólicas em tentativas de sintonização com o todo mas o todo não existe o mundo é fragmento pedaços cacos restos de outros dias passados o mundo é sempre jovem e renascido pois basta apenas palavra nova para significado sempre renovado para ser sempre o mundo o mundo de carros estradas aviões e ônibus espacial especiarias conduziram encontros de mundos a rota da seda foi uma estrada para a novidade rara de mundos de marco pólo mundos de europa e oriente sempre o diferente somos mundos alheios até a palavra revelar quem somos por dentro há tempo outro no tempo fora há tempo todo dentro fora é apenas o mundo o belo mundo nosso redes virtuais em torno da palavra do ser e do ente e da filosofia de vida o mundo não se restringe amplia-se o mundo não se capta é a captação as coisas a extensão a finitude a multiplicidade a opacidade o característico o fugidio o vazio o mundo é também uma angústia eterna
dessas de acordar cedo e ter de se vestir do nome do tipo sanguíneo da fala do gênero do idioma de si mesmo eu queria perder meu mundo durante o sono os mundos parecem não sonhar nem sono parece ter o mundo lá fora se fosse dormir o travesseiro seria apenas a modificação o mundo não é alterado o tempo todo antes permanece intacto em suas estruturas pesadas como as curvas de niemeyer precisam de profundidade para sustentar-se o mundo esse é o artefato o grande artefato do homem deus não está nas coisas do mundo nem poderia: ele deixou o mundo para o mundano o mundano somos nós o nós que o censo demográfico conta de tempos em tempos nós somos corpos apenas corpos significativos sentidos desprotegidos se hão houver sempre o mundo o mundo é o humano o mundo é o humano o mundo é o humano
faber o que fica? nada fica tudo move chove o que passa? nada passa tudo arquiva espaço-nave o que será? nada será tudo está por fazer o que somos? nada fomos apenas homem homo faber
coração permanente o coração antes de ser órgão é o local onde eu me faço amor o coração antes de ser frágil é o mais forte dentro do espaço fácil o coração antes de ser sofredor é o mais verdadeiro eu acho diante da dor o coração antes de ser volátil é o mais constante em mim batida ágil o coração antes de ser órgão é o endereço do eterno seja o que for amor
ooops! surpresa abrir os olhos a vida como mesa banquete servir os molhos do dia como festa
palavra a palavra roda ônibus e fala a palavra cola tinta e folha a palavra esconde silêncio do homem a palavra revela cai de pára-quedas a palavra abre alas abre alas a palavra
ninho o ninho cabe vários corpos e o vôo também lá habita para uns é realidade e alimento para outros é questão de tempo o ninho fica no alto da árvore e defende uma família grande de pai e mãe e filhos pequenos em pouco tempo será ninho somente
sonho o sonho me permite ir longe em desejo em outros lugares em outras vidas o sonho me deixa leve passo a noite em cenas várias quando acordo sou apenas eu mesmo o sonho é um convite para a fuga de mim para outros de outros para mim é sempre divertido
livro o livro na estante me vê são olhos gigantes são vozes altas frases tantas de lá ele me pede o olhar a leitura de quem se faz só diante do tempo da hora eu se preciso pego na obra os arcos do entendimento se curvam diante das letras os lagos nos olhos inundam as retinas de sentidos o livro na estante me dá de si o todo a mim o necessário
inverno/verão quando venho no inverno a poeira vermelha da estrada quando venho no verão a lama vermelha e serração quando no inverno seco e azul quando no verão fresco e nublado eu vou e venho a estrada é o desenho o grande desenho na linha do mapa
céu o céu de olhos fechados chove de olhos abertos azul com ave
quarto de pousada eu num quarto padre rolim nomeia o espaço dele o patrono logo ele padre torto dele o nome logo ele inconfidente fugido eu num quarto histórias várias eu num ato vitória cara dormir o tempo acordar saudade
vaga memória vejo-me aí sabe como um pouco tudo e tudo muito vazio é assim: um som traz a dor se esparrama pelo sepulcro caiado de tantas vidas existidas neste sonho quase pesadelo velo o medo inconsútil de decidir esse frio na barriga sou eu essa dor na espinha sou eu esse ser-não-ser sou eu e é vaga a memória da pele afoga a ternura do ontem em minutos de congestão emocional preciso voltar daí, sabe como atar-me ontem com hoje ser-me novamente o mesmo mas mesmo é sempre muito do medo...
portugal vou-me antes de partir na imaginação ofegante no contorcionismo da pré-imagem passando slides de não vivência cumpro o ritual de sonhar pisar o chão de além mar mar além da alma quero voltar sóbrio de lá mas encantado pela sombra de outro continente sob meus pés
35 faz um ano faz talvez quatro eu me fiz quatro anos somente para mim foram quatro anos cheios de pequenos períodos longos imensos foram quatro anos repletos de uma intensidade verbal interna eterna não sei se fui em mesmo lá trás que fiz isso que chamam amor nem posso dizer que ontem fui eu a jurar amor eterno faz um ano talvez eu não sei... aqueles sonhos ainda existem agarrados aos calendários da parede? meu deus, as horas voaram pelas janelas e acho que você foi junto... quatro anos! assim não posso me perceber olhando os objetos fixos rígidos objetos sobre os moeis fixos sobre o tempo fixo da imobilidade eu me mudo tanto por dentro que por fora parece uma miragem mas sou eu mesmo contando as horas sepultadas em seu entorno faz um ano talvez quatro nem sei se muito ficou o quê, mesmo?
sentido deixa eu de lado dormindo para acordar de frente para a vida me revire por dentro para desvirar por fora abro a boca da noite para cantar o coração partido
pedra em volta o pensamento dá voltas espirais caracóis túneis em volta o pensamento dá notas aos sons aos tons aos dons o pensamento sai de mim e volta e volta frio quente puro impuro passeia pela vida e recolhe do dia a sensação a emoção a estação o pensamento me faz inteiro por fora pequeno por dentro intenso na vida o pensamento me traz as vidas da vida as ruas da vila pedras rolantes do tempo
bomba eu vou provocar uma catástrofe com meus sons internos eles depredam muros picham personalidades riem da realidade eu vou provocar uma hecatombe com minhas palavras elas vão cheias calor aos ouvidos de quem não está preparado eu vou provocar um desastre com meus atropelos eles se dão de dia de noite de sempre e me perco da rota eu vou procurar a cura em algum lugar longe de toda provocação
correios inverno é frio na pele e som na alma fondue na mesa e amor na cama vou remeter uma carta bomba por sedex para desfazer os erros de uma entrega total
ímpar olho no olho me vejo aceso sol no fim do dia seus olhos no meu corpo sou por do sol por de mim por de ti é por isso que amo: vivo percebendo. olho o que olho por que acredito no terceiro olho que fundo dois olhares em algo mais holístico que dois planos que haja três três três porque assim se faz a vida: de ímpar pluralidade olho por olho dente por dente vida por vida quanto mais vivo mais admiro as cores de cada manha quando a intuição brilha num ponto entre os dois olhos físicos minha alma me diz: veja para além de si mesmo (ao amar sinto que um novo olhar me funde com toda a realidade cósmica de cada momento)
para depois vou me perder na próxima esquina essa já foi vou me romper na próxima estação essa já foi vou me corrigir na próxima encarnação essa já foi
inovação prefiro olhar com olhos de dentro para que o fora seja sempre essa mistura de mim e de todo o universo pois melancolia não cabe quando o universo e a mente se cruzam e novas realidades se fazem tão profusamente que se fazem novas e novas ondas e partículas e por isso vejo o que vejo para me ver vendo o olhado sempre e eternamente para olhar o visto não quero fechar os olhos de dentro para ampliar os olhos de fora por que fora e dentro são realidades idênticas uma voltada para o outro e outra para o outro que sou eu vário a cada nova reconstrução não paro no sinal da vida que a vida mande novas mensagens psiquicamente graváveis para virar memória de um olhar sempre em inovação
surpresa a vida não surpresa é o que vivo agora sem medo de ser existência sem medo de ser apenas vida a vida não suspeita é o que sinto agora florida como jardim em inverno no serro do frio eterno na alma bem como gavião pousado na torre do cruzeiro olhando do alto mais alto de toda altitude de minha infância o mundo lá em baixo e aos poucos eu dentro dele colado ideoplasmado criptografado jungido a cada ato do outro dos outros da teia de relações da alma eu me sinto sobrevoando o ato e de cada fato retirando a lição própria do silêncio que ao final quer significar nada mais nada menos aprendizado saber calar-se saber ouvir as batidas da vida no oco da mente é lição de maturidade lição de jovialidade para quem nunca envelhece porque se renova a cada sobrevôo sobre os atos e os fatos a vida me é dada de maneira tão corriqueira que vegeto às vezes e de vegetação rasteira me faço mas não me iludo a vida é feita para as alturas dos vôos dos céus dos arranha-céus de cada asa composta de cada sonho brotada sim a vida é para os sem medo de altura sem medo de ternura sem medo de experimentar a vida é assim mesmo um grande laboratório de árvores envelhecendo a vida se faz pelo tempo cada tempo cada sentimento registrando arrastando uma caneta sobre a superfície lisa do tempo eu me marco no chão da vida para me fazer história e você o que tem feito com as marcas que o bisturi da eternidade jamais poderá arrancar eu me pego pensando e sentindo a vida por que só me posso pensar dentro dela e preenchido por cada espaço vazio de mim mesmo
etapa de frente para tuas portas me abri em várias formas flor de lótus no pântano de cada vida por baixo podre sim, havia ali entre teus quintais infernais um deus cego o ego de cada um derretendo as pedras de cada tempo nunca me detive na contemplação das horas que esfogueavam de teus relógios daqueles relógios bem colocados no pulso tic-tac da alma devolva minha alma eu preciso prosseguir entre as novas palmeiras não aquelas de tempestades imensas vistas do botavira preciso retornar para dentro para reinventar o meu mundo afora me devolva o voucher de cada tempo perdido como escamas do piau apanhado no rio fui tantos tempos ido e agora preciso de tantos tempos para ir novamente em paz devolva-me o sabor da infância para inspirar a reforma predial do entendimento essa chuva que me revira retira do telhado as passagens do ontem deslocando-me no teu tempo me vejo amparado por mãos familiares subindo descendo me dando me pedindo estou aqui agora dizendo -deixa-me ser sem teu tempo de portas abertas deixe-me fechar uma etapa!
entre entre uma música e outra eu me faço outro porque não sei deve ser essa nota nova a cada forma tempo-espaço entre um feijão cozinhando e arroz torrando em me vario porque não sei deve ser esse sabor novo a cada desejo satisfeito entre uma notícia velha e a mesma notícia refeita eu me revisito porque não sei deve ser essa mania de novidade em cada célula entre um livro e um e-mail eu me releio porque não sei são muitas histórias para se contar numa vida
esvaziamento a nuvem em cima do jardim novo florido verdejante arrumado me fala o sol sobre todas as cabeças da terra amarelinho quentinho bom me fala só não me falam as palavras cheias de silêncios em cada sílaba só não me falam os vazios da arquitetura humana de cada dia o jardim floresce o sol brilha a palavra emudece a razão o vazio é cheio de sentido
consumo eu imagem eu notícia eu quatro portas eu dinheiro eu a todo vapor ou a seco (compre) eu rótulo eu etiqueta eu promoção eu financiamento eu a todo calor ou ar condicionado (ligue) eu mensagem eu mala direta eu desconto eu faixa com telefone eu de todo dia ou comprador agora(invista)
clima interior nas pedras do rio eu rio nas pedras do chão eu brilho nas sombras das casas eu sonho ser apenas realidade na chuva da serra eu subo o nível na chuva inesperada eu tromba d’água nas águas correntes da vida eu sonho ser apenas tempestade nos olhos do furacão eu rodopio (a mente é furiosa) no vento de cada dia eu me esfrio por dentro no alto do pico eu me faço acima do mar quero apenas controlar meu clima interior
fio as células sabem do tempo mas eu que tenho células pelo corpo e dentro delas moléculas não sei do tempo e vazio fico olhando o ponteiro do relógio que tic-tac me leva não, ele não me leva sou eu que me levo de leve e livremente dentro do tempo que pulsa ardendo em cada célula que morre e renasce nos pés ao último fio de cabelo
coração partido partido coração me leve para dentro da vida me traga para dentro da rota da felicidade partido coração me faça mais real me parta mas igualmente entre mim e mim mesmo partido coração me leve no barco me deixe ao encargo da obra de ser eu arquiteto o tempo
trânsito do alto da cidade na mente apenas carros mão contramão farol lanterna vermelha transito pelo trânsito
desejo olho no olho boca na boca semente broto do desejo
papagaio paralelo paralelepípedo epíteto e elo papagaio papa-légua régua e galho parafuso paracetamol amor e uso
cerca: propriedade interior
há cerca de todos os tipos por dentro dela se prendem
galinha galo vaca boi mula burro pato pata marreco marreca
há cerca de vários formatos arame farpado é muito comum quando subo a serra do cipó
o arame me acompanha pela estrada e os bichos lá dentro estão felizes mais que eu que estou solto pelo mundo
há também cerca galvanizada de um arame que não corta apenas prende e separa quem está dentro quem está fora
até mesmo na estrada eu sei que há um limite entre as propriedades
em minas gerais há fazendas grandes e pequenas
latifúndios e sítios mas sem a cerca nada seriam a cerca é o certificado nítido e claro e óbvio da propriedade
como se a cerca trouxesse em si o lembrete exato afaste-se! eu sou o dono!
há cerca impedindo o gado
de chegar até outra parte do pasto o manejo é cuidadoso não há liberdade alguma tudo é vigiado
por isso certas cercas confluem em mata-burros para evitar que os bichos entrem e saiam quando quiserem
as cercas se espalham pela serra do cipó e se podem ver placas com alertas
PROPRIEDADE PARTICULAR
NÃO ENTRE mas se eu entrar terei sido comprado como o gado que pasta na forragem eu terei virado bicho a liberdade é fora da cerca ou pelo menos é a possibilidade de viver fora dela
os arames são atrelados aos paus de madeira para não saírem por aí como linhas de papagaio pelo céu azul da serra puxadas pelas mãos dos meninos sonhadores
ou permitindo que poetas escrevam
em linhas tortas do tempo a poesia bela fluida no passeio pela alta montanha
há dentro das cercas uma comunidade pode ser rural ou apenas de passeio de subsistência ou apenas de meia até mesmo os grãos produzidos ali estão cercados para sempre e têm sempre um dono que se diz o proprietário
as cercas podem ser quadradas retangulares ou mesmo e essa predomina ali arredondadas como se um compasso passasse no chão do planeta dando a cada um porção de terra
mas sei que a fragmentação das terras é resultado das partilhas centenárias feitas desde os portugueses há mais de trezentos anos
as cercas não choram nem sorriem estão estacionadas à mercê do tempo
não produzem outras cercas
não conversam entre si
pelo contrário as cercas são sempre sérias e fleumáticas e nunca permitem que se passem
por dentro de si sem fazer com o corpo uma inclinação como que para uma majestade
as cercas reinam absolutas na terra dos homens e dividem a humanidade por todos os lados os de dentro e os de fora os produtores e os consumidores os pobres e ricos os vivos e os mortos as plantas e as árvores
há sempre uma divisão em cada cerca e a multiplicação das cercas é resultado do
coração pequeno do homem
no coração não há cerca
há muros quais fortalezas no coração não há perda há sentimentos pastando
em tempo eterno
de tantas vidas
de vidas tantas
no coração não cabe a placa de proprietário eterno tudo passa é a existência que deixa sua marca
como o rio que não tem cerca porque livre escorre pelo mundo
levando sua vida a todos os cantos bem queriam os homens cercar os rios mas eles dão no absoluto
o oceano
eu vi a chuva caindo sobre a cerca e na frieza de suas estruturas pensei um pouco em mim e nas cercas da alma
le van ta das
preciso refazer a propriedade interior sou do mundo e do mundo eu sou
do casulo à borboleta até que a borboleta surja do casulo o mundo girou diversas vezes e trouxe a primavera e levou o outono e trouxe a floração e levou as folhas mortas
até que a borboleta sossegadamente apareça num mágico dia de sol depois da noite de luar é preciso que o tempo escorra na vida gerando filhos e fazendo-os morrer porque no tempo entre o casulo e a borboleta entre o abominável invólucro
e a cor que paralisa os olhos há uma imensidade de pequenas obras acontecendo no mundo
até que a borboleta resolva sair do útero
as janelas terão se aberto e fechado trazendo para dentro de casa o calor do sol o frio do vento de julho e o beija-flor de rabo branco trazendo a notícia de boa sorte lá de longe de onde suas asas frágeis
conseguem buscar a informação divina
quem diria que entre o casulo e a borboleta o planeta iria girar centenas de vezes e os dias verão as noites e as noites verão as madrugadas e as camas verão os corpos e serão abandonadas no dia seguinte já que os corpos humanos trabalham para seu sustento e para seu nervosismo diário
não, a borboleta no casulo não pensa, nem sabe que sua demora agita ainda mais o mundo que bombas se fazem nos túneis da faixa de gaza que crianças perdem seus pais em guerras civis
na áfrica na ásia ou no rio de janeiro se o farfalhar de suas asas faltam ao mundo o mundo escurece em fuligem bravia o mundo se deixa morrer sem cor e brilho
mal sabe a borboleta dentro do casulo das horas de terror sem suas cores belas nem poderia imaginar que entre os intervalos de sua gestação a morte cavalga rápida entre vidas jovens entre jovens mulheres
ah, se a morte tivesse uma borboleta para admirar pousada nas suas costas será que deixaria de aparecer nos telejornais?
a borboleta dorme dentro do casulo e naquele escuro silencioso e mudo o milagre vai acontecendo como o tecer do fio do bicho-da-seda forte
e o laço entre o nascimento e a vida se fortalece nas paredes da casa mãe a borboleta bem poderia romper o casulo e deixar suas asas crescerem límpidas no cenário da floresta ou da cidade precisamos de sua cor para enfeitar a vida que passa
des co lo ri da men te
entre os grãos de tempo da existência vem, borboleta, espalhar um pouco de cor e vida
ao mundo sem cor ao mundo onde a dor
se mistura com o dia-a-dia
até que a borboleta surja do casulo eu espero o milagre acreditando nele
até que a borboleta transmute a vida eu aguardo o novo estado de um novo mundo
mais fraterno mais colorido mais simplesmente
humano
libertação a noite me entregou a manhã puramente sem nenhuma culpa puritanamente a noite me lavou por dentro igualmente e por fora me deu de volta o sorriso externamente a noite me libertou dos medos
ausência
outros lados da mesma vida não vejo sei que não consigo ver os vários lados da mesma vida é tarefa do absoluto que só ele sabe do todo do pleno da totalidade
outros lados da mesma vida há sempre uma parcialidade no meu modo de ver de conduzir a mente diante do espelho que o outro me fornece outros lados tantos e muitos e múltiplos e eu múltiplo pouco sei do todo fazendo dele apenas uma constante forma de fugir para o transcendental
outros lados da vida de quem vejo de quem percebo de quem me toca os sentidos do corpo eu sei que jamais poderei saber do todo jamais saberei do conjunto da obra a obra é vasta demais e perpassa vidas tantas múltiplos corpos e tantos tempos isso que dói os tempos dados a cada um de nós para sermos sempre parciais sempre pequenos diante do absoluto como o rio diante do mar é apenas uma contribuição para o conjunto eu sou apenas um lado das vidas dos outros e dos outros sei apenas um lado o tempo é vastidão eu sou apenas uma pedra que se tornará grão e quando miúda saberá mais do absoluto que o concreto muro do absurdo espero me tornar apenas um grão de tempo pequeno por isso complexo mínimo por isso participante do todo espero me tornar um grão de tempo
ponteiro o tempo não se acumula é apenas um em tudo em mim o tempo não engana é verdadeiro na face na vida o tempo não anula é realização está em tudo está no fim o tempo não abana é o vento no ponteiro no inteiro
grão o mistério do grão é ser em todo um resto de razão o sacrilégio do pão é faltar à mesa mesmo pouco em grão o profético do grão é ser memória da poeira do chão
mão do tempo a mão sobre a cabeça ainda está pousada ela nunca sairá daí está atada ao passado o passado das lembranças das grandes e infinitas daquelas sem fim que deixam marcas o momento único eterno não apenas pela mão mas acima de tudo pela mão falando pelo coração
re-tardar a tarde quando acaba morta feita bêbado de cidade pequena abandonada e sem jeito quase sem graça eu me volto para o interior é na tarde silenciada em noite me vejo parado diante do tempo o grande tempo que trago dentro um longo tempo meu e de mais ninguém a tarde se deixa jogada resignada e não insiste não clama diz nada não pode se furtar ao desejo de voltar ela sabe assim como o tempo que um dia [re]tardará
tempo paulinho da viola
Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito. Paulinho da Viola
a emoção da vida no corpo e do corpo com alma é assim um samba de paulinho da viola manso e calmo em fim de tarde a sutileza da vida passageira e do corpo-passado se fazendo é assim como um sambinha leve em caixa de fósforo de paulinho da viola o samba dele parece anunciar outro tempo na vida será verdade ou mentira?
o que passa debaixo da ponte passa a água limpa ou suja não pára debaixo dos pés gruda o pó de onde vem? ninguém saberá
temperatura inútil pensar o tempo foge pelos ralos da realidade fútil falar o tempo arde na pele da sensibilidade
labirinto do sonho o labirinto das imagens perdidas entre vozes e situações absurdas que comovem o labirinto dos arquétipos misturados entre nós e vidas estranhas que lembro a lembrança é frágil como o vento da noite na face é quase inexistente para quem dorme o sonho sempre o sonho
convenção mundial o calendário amassado na parede ou no relógio folheado a ouro passa os dias um a um devagar sem perguntar se autorizo o calendário na agenda anual ou pior: permanente feita para lembrar o tempo convencional pula rápido entre o sol que nasce lua que se apaga o calendário me rouba a vida e eu me calo há uma convenção mundial contra mim
grão de fé grão de café moído na hora como o tempo quando visto seja no papel ou na parede tem cheiro tem sabor tem vida grão de fé usada na morte como o tempo quando perdido seja na vida bestial ou heróica tem efeito tem cura tem sorte
miragem de vida apesar de descer dos mundos desconhecidos apesar de contemporâneos somos estranhos apesar de querer-te a fundo descabido apesar de ser eu apaixonado somos inabitados eu não coube na tua vida tua vida muita sobrou na minha descer novamente novos mundos para conhecer-te no profundo
estrela de avião no avião a lua estava próxima poderia tocar sua brancura do distante chão no avião as estrelas estavam perto como luzes na ponta da asa invadindo a imaginação dentro do avião as estrelas mais próximas que todo o real chão
turbulência no espaço sem chão não há rodas apenas avião a turbulência é o barulho dos 810 km/h rápidos sem chão
saliência ar sem chão turbulência de avião ar com chão saliência desaceleração
falésia gostaria de saber do tempo das falésias mas a miséria é muita elas subsistirão à minha procura pela tempo absoluto
pressão o ouvido não ouve cheio de pressão explode em bolhas de congestão sinto a cabeça tonta dentro da aeronave apenas sei que lá fora há um ar puro um ar puro feito o mundo sem pressão
cinto o cinto de segurança aperta no meio o corpo sente a mão visível de outro tentando paralisar o movimento contrário do acidente o cinto de segurança prende sinto muito
trem de pouso o trem de pouso não tem trilho segue a pista do aeroporto apenas suporta a todos a altura foi vencida
meninas de natal as meninas pobres do subúrbio correm uma atrás da outra e se escondem atrás das árvores o dia passa para elas normal para mim o dia é outro diferente de outro dia por isso me perco na singeleza da cena a brisa do mar as meninas a brincadeira algo de frágil no ar
turista o turista em passeio não muda a vida de ninguém nem das árvores nem das praias nem dos rios nem dos pássaros o turista é apenas um passageiro rápido tão apressado que sua chegada é retorno em sete dias ou oito noites sempre eu, turista, não mudo suas vidas nem poderia para elas sou ninguém a vida vai continuar a mesma depois que eu for embora para longe o mar o mesmo absoluto as ondas as mesmas pra lá e pra cá
sol o sol nasce atrás da vegetação litorânea o mar avisa ao dia a chegada da renovação maré alta ou baixa peixes nas redes ou livres a ponta negra continua bela terminando nervosamente no morro do careca o sol está agora entre as últimas nuvens e seu rosto claro e alvo surge entre os galhos da última árvore no alto da montanha alta da mata atlântica eu sei que o dia será renovador e cheio de vida o sol anuncia uma vida nova sempre
fortaleza aquela estrela de cinco pontas no meio do mar é o forte dos reis magos dos magos da antiguidade mas os magos antigos sabiam da paz interior não se preparavam para a guerra nem para o sangue do inimigo aquele forte com paredes tão grossas em pedras tem uma capela bem no meio anunciando a terrível política estrangeira da cruz e da espada e da morte o forte é apenas o medo da invasão por todos os lados os homens ainda fazem guerra a guerra existe ainda no mundo fortes e fracos no mundo
tapioca tapioca com carne de sol e dentro da tapioca fechada em duas partes iguais o queijo derretido a moça da tapioca sorri alegre a carne tem sol dentro de si por isso uma luz interior surge diante da tapioca
a moça as moças do interior do rio grande do norte são sorridentes e falam como se houvesse diante de si uma pessoa sempre importante tratada com uma superioridade incrível as moças comedoras de camarão ficam nas calçadas ou pelas ruas dentro das barracas ou mercados e têm os olhos puxados como os índios
outrora para o visitante a vida é outra passeios e alegria mas uma vida real prossegue dura e sem graça sinto no ar um outro mundo diverso do meu sinto no mar uma outra onda diversa da minha
buggy de natal as rodas traseiras gigantes sobem as dunas a areia é como gelatina no seu caminho não há caminho difícil a trilha é fácil deslizar lateralmente pelas dunas ou subir aceleradamente pelo atalho a emoção do deserto significa muito para quem sente um grande vazio o buggy acelera eu me perco na visão onírica e ao mesmo tempo cheia de realismo das dunas
severo, o motorista severo dirige o buggy na praia sob a ponte nas dunas a fotografia é o registro da velocidade do deserto nas dunas
magnatas na praia de jacumã uma casa chamou a atenção aristocrática com seguranças e pessoas vazias tomando champanhe que se passava ali? não saberei jamais nem quero somos apenas os mesmos em tempos outros os magnatas das casas morrerão como os trabalhadores como as mulheres operárias como eu pequeno e cheio de prazer
esse mar esse mar em azul escuro distante como se captasse dentro de si em espelho o frescor da nuvem nascida no céu esse mar que próximo se enverdece em algas tantas enganando a retina azul como se uma mata invisível ali habitasse esse mar que amo em tonalidades tantas no litoral do brasil feito encantamento de orixá em dia de lua cheia esse mar me devolve o melhor de mim nele sou apenas o pequeno ser aprendendo o mistério dos elementos no absoluto
ressaca marinha o que houve no fundo do mar na noite que passou em sonho? as algas e corais se despediram da vida marinha a praia se encheu de corpos mortos desprendendo seu último colorido sorriso
cajueiro vou estender meu neurônios numa praia de areia branca e de vez em quando terei uma ideia para gerar um fruto colorido o maior cajueiro do mundo sou eu quando penso
pitanga o potiguar comedor de camarão o rio potengi de camarão tanto a pitanga doce de sobremesa
cajá as frutas do litoral são ácidas de um amarelo extremo de um vermelho extremo as frutas do litoral são pequenas de um tamanho mínimo de um encanto máximo as frutas confundem pelo nome pequi ou cajá?
menina do baldinho a menina de maria chiquinha brincava na praia seu biquíni amarelo sobre a pela branca de dois anos emoldurava a tarde em sua infantilidade ela sustentava a teoria de que poderia fazer uma piscina cabendo seu corpo minúsculo com a água do mar carregada num balde cor-de-rosa seus olhos grandes e negros e brilhantes não sufocavam a fantasia da brincadeira ela tão cheia de si diante do mar absoluto ela tão absoluta na sua fantasia desmedida ela imitando o mar em seu vai e vem trazendo para o mundo outras formas de som de volume de colorido ela ainda não sabe do tempo que o mar ensina a vida vai levar a fantasia como balde vai deixar muitas vezes as mãos vazias para depois com alegria encher novamente o mar é uma entidade pedagógica ensinando à menina a eterna menina que um dia sairá do tempo da fantasia a lição do tempo e da onda da chuva e da semente um dia a menina de biquíni amarelo saberá do mundo agora com seu tempo insignificado até mesmo para ela ela não está nem aí para a filosofia ela não se preocupa com o tempo o tempo bate em ondas e vai continuar batendo
vendedor de peixes o vendedor de peixes equilibra-os em feixes num pau percorre o calçadão sem dentes na boca oferece o fruto do mar
grão de areia os grãos de areia cada um com seu tempo unidos nas palmas da minha mão ou roçando os pés na caminhada matinal os grãos de areia são tantos e cada um é si mesmo cada um tem sua cor própria e sua história de movimento que o mar sabe girar o tempo para fazer a alegria das pedras quantos tempos diferentes em cada grão estão enterrados na areia? na ilusão da areia concreta erigida em milhões de anos fragmentos unidos em tempos tantos
mar alto o menino-tempo empina o sol ele surge como pipa atrás do morro do careca e faz do dia de sol mar que alegra
ligação os destinos se cruzam na praia tempos em grãos sobre os pés
[sempre a areia] como ela somos vários ligados pelo absoluto
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aceleração dentro do tempo o pior de tudo é a sensação de sua rapidez aceleração excessiva
equilíbrio a mão do mar conduz o surfista na linha do seu corpo a onda o mar absoluto é dono de si e de todos que estão dentro ou sobre ele e o equilíbrio é característica do perfeito
tolice eu tenho dentro de mim o vazio o nada nadifica o mar é todo o mar pensa o todo sem etapas ou apenas me aparece assim – como sou tolo!
falésia gostaria de saber do tempo das falésias mas a miséria é muita elas subsistirão à minha procura pela tempo absoluto
mais que eu o mar paralisa se o cabelo alisa o mar assombra se o corpo sobra o mar agita se o eu gravita o mar ma habita mais que eu ele o mar de nada absolutamente nada necessita
DANILO ARNALDO BRISKIEVICZ nasceu em Serro, Minas Gerais. Sua primeira publicação poética foi Identidade (1993), seguida de Tonel da memória (1994), Oratório de versos (2000), 300 (2002), Chão de poemas (2004), De tudo e de amor (2006), O cheiro sem cheiro da rosa sobre a mesa (2008), Transmutação (2009), Maresia (2009), Cotidiano (2009), Manhã(2009), Tarde (2009), Noite (2009), Olhos de concreto (2009), Cem módulos (2009). Participou da II Antologia Nacional de Poesia Mares Diversos, mar de versos (2009),da Antologia Vozes da alma (2009) e também da antologia Textos seletos (2010). Publicou também O vento do tempo no relógio do templo - Infância (2010) e O vento do tempo no relógio do templo - Adolescência (2010), O vento do tempo no relógio do tempo - Maturidade (2010), e Resíduo orgânico (2010). Interessado pela história serrana realizou diversas pesquisas e registros, publicando o que pretende ser uma série histórica com outros temas que se encontram no prelo. Assim, surgiu A arte da tipografia e seus periódicos (2002) e A arte da crônica e suas anotações (2007).
Reeditou o clássico serrano Memória sobre o Serro antigo (2008), de Dario Augusto Ferreira da Silva, de 1928, no qual fez, além do ensaio crítico sobre o poder no século XVIII, a adequação lingüística. Publicou no Serro três números da Revista de História do Serro, em 2002-2003.
Procurando novas formas de registro histórico, publicou Serro duas vezes (2008), trazendo uma visão poética e fotográfica da cidade do Serro. No enfoque fotográfico e histórico publicou Rostos 1998(2009). Publicou o ensaio fotográfico Urbanometria (2009), Cor do tempo (2009), Unicidade (2009), Interior sagrado (2009) e Luz interior (2010).
Foi redator do Jornal Livre Pensador e um dos criadores da Bolerata do Serro. Publica, desde 2006, O fóssil, jornal digital distribuído pela Internet.
Publicou artigos de Filosofia no Recanto das Letras, entre eles Hannah Arendt e a violência política, Michel Foucault: violência, racismo biopoder, A
noção de Gramática em Wittgenstein, Maquiavel: Estado, Política e sociedade civil, Violência e poder em Hannah Arendt (dissertação de mestrado), entre outros.
É formado em Filosofia pela PUC-Minas, pós-graduado em Temas Filosóficos pela UFMG e mestre em Filosofia Social e Política, também pela UFMG.
Acesse o site do autor: http://recantodasletras.uol.com.br/autores/doserro
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Capa e contracapa Fotografias do Rio Grande do Norte - Praia de Jacumã e Maracajaú.
Janeiro de 2010, Danilo Arnaldo Briskievicz.
Contato Danilo Arnaldo Briskievicz [email protected]